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13º Congresso Interinstitucional de Iniciação Científica – CIIC 2019 30 e 31 de julho de 2019 – Campinas, São Paulo ISBN: 978-85-7029-149-3 1 Autora, Bolsista CNPq (PIBIC): Graduação em Geografia, PUCC, Campinas-SP; [email protected]. 2 Colaborador, Pesquisador da Embrapa Territorial, Campinas-SP. 3 Orientador: Pesquisador da Embrapa Territorial, Campinas-SP; [email protected]. TIPIFICAÇÃO DOS MUNICÍPIOS DO BIOMA MATA ATLÂNTICA PRODUTORES DE MILHO E SOJA POR MEIO DE ANÁLISE MULTIVARIADA Verônica Chaves de Oliveira¹; Sérgio Gomes Tôsto 2 ; André Luiz dos Santos Furtado³ Nº 19507 RESUMO – O objetivo desta pesquisa foi tipificar, por meio de análise multivariada, os municípios produtores de milho e soja do bioma Mata Atlântica. No presente estudo, foram utilizadas tabulações especiais do Censo Agropecuário 2006, fornecidas pelo IBGE, contendo 147 variáveis. As tabulações consistiram de registros de estabelecimentos agropecuários produtores de milho e soja. Para a estruturação da tipologia, foram considerados descritores qualitativos e quantitativos como: tipo de agricultor, grau de espacialização do investimento, tipo de mão de obra, área plantada e produtividade. O resultado da análise de componentes principais (PCA) demonstrou que, do total de 144 variáveis, as variáveis área colhida e produção responderam por aproximadamente 40% da variância. Para as duas culturas, foram definidos 6 clusters que foram representados em mapa, mas há evidências de que a formação dos clusters não foi determinada somente pelas variáveis área colhida e produção. Palavras-chaves: análise de componentes principais, análise de cluster, censo agropecuário.

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Page 1: TIPIFICAÇÃO DOS MUNICÍPIOS DO BIOMA MATA ATLÂNTICA ... T/RE19507.pdf · bioma Mata Atlântica. Esse bioma representa 13% do território nacional (1,1 milhão km2) e contém 3.429

13º Congresso Interinstitucional de Iniciação Científica – CIIC 2019

30 e 31 de julho de 2019 – Campinas, São Paulo

ISBN: 978-85-7029-149-3

1 Autora, Bolsista CNPq (PIBIC): Graduação em Geografia, PUCC, Campinas-SP; [email protected]. 2 Colaborador, Pesquisador da Embrapa Territorial, Campinas-SP. 3 Orientador: Pesquisador da Embrapa Territorial, Campinas-SP; [email protected].

TIPIFICAÇÃO DOS MUNICÍPIOS DO BIOMA MATA ATLÂNTICA PRODUTORES DE MILHO E

SOJA POR MEIO DE ANÁLISE MULTIVARIADA

Verônica Chaves de Oliveira¹; Sérgio Gomes Tôsto2; André Luiz dos Santos Furtado³

Nº 19507

RESUMO – O objetivo desta pesquisa foi tipificar, por meio de análise multivariada, os municípios

produtores de milho e soja do bioma Mata Atlântica. No presente estudo, foram utilizadas

tabulações especiais do Censo Agropecuário 2006, fornecidas pelo IBGE, contendo 147 variáveis.

As tabulações consistiram de registros de estabelecimentos agropecuários produtores de milho e

soja. Para a estruturação da tipologia, foram considerados descritores qualitativos e quantitativos

como: tipo de agricultor, grau de espacialização do investimento, tipo de mão de obra, área

plantada e produtividade. O resultado da análise de componentes principais (PCA) demonstrou

que, do total de 144 variáveis, as variáveis área colhida e produção responderam por

aproximadamente 40% da variância. Para as duas culturas, foram definidos 6 clusters que foram

representados em mapa, mas há evidências de que a formação dos clusters não foi determinada

somente pelas variáveis área colhida e produção.

Palavras-chaves: análise de componentes principais, análise de cluster, censo agropecuário.

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ABSTRACT – We used multivariate analysis to typify the cities that produce maize and soybean at

the Mata Atlântica (Atlantic Rainforest) biome. We used special tables from Brazilian IBGE's 2006

Agricultural Census, which contained 147 variables. The tables registered information on

agricultural businesses that produce maize and soybean. When structuring the typology, we

considered qualitative and quantitative descriptors such as: type of farmer, investment spatialization

level, type of labor, planted area, and productivity. The results of the principal component analysis

(PCA) showed that out of the 144 available variables, "harvested area" and "production" accounted

for nearly 40% of the variance. For both crops, six clusters were defined and plotted onto a map, but

evidences show that the clusters were not determined only by the "harvested area" and "production"

variables.

Keywords: principal component analysis; cluster analysis; agricultural census.

1 INTRODUÇÃO

A complexidade da agricultura nacional é resultado da interação múltipla de diversos fatores

(cultural, ambiental, social e econômico), o que torna difícil sua compreensão (Gonçalves, 2009;

Santos et al. 2018; Vazquez Soares; 2018; Zaiatz et al., 2018). Além disso, são observados

distintos graus de desenvolvimento agrícola no País. Regiões onde predomina a monocultura

intensiva de alto investimento, com significativo rendimento e produtividade, referência de

modernização tecnológica, convivem, por vezes, com áreas destinadas a agricultura tradicional ou

familiar.

Uma das formas de se buscar a compreensão dessa complexidade é por meio da utilização

de métodos estatísticos, mais especificamente a análise multivariada, que emprega técnicas

analíticas cujo propósito é identificar a similaridade entre indivíduos de grupos específicos.

Portanto, procuramos obter agrupamentos homogêneos, em uma determinada situação ou

intervalo de tempo, representados por uma série de variáveis ou características comuns que os

diferenciem, em parte ou completamente, dos demais agrupamentos.

Nosso objetivo foi tipificar os municípios brasileiros produtores de grãos (milho e soja) do

bioma Mata Atlântica por meio de análise de agrupamento (clusters). Esse processo de

classificação e hierarquização consiste na extração automática de padrões de um grande grupo de

dados.

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2 MATERIAL E MÉTODOS

A área de estudo compreende os municípios produtores milho e soja que fazem parte do

bioma Mata Atlântica. Esse bioma representa 13% do território nacional (1,1 milhão km2) e contém

3.429 municípios (IBGE, 2018).

Para a elaboração deste estudo, foram utilizadas tabulações especiais do Censo

Agropecuário 2006, fornecidas pelo IBGE (2017). Essas tabulações consistiram de registros de

estabelecimentos agropecuários produtores de milho e soja agregados por município. Por questão

de sigilo, não foram considerados nas análises os municípios com menos de três declarantes.

No total, tivemos acesso a 147 variáveis, tais como: características da produção, uso da

terra, pessoal ocupado, despesas, investimentos, entre outras. Foram utilizadas neste estudo 144

delas. As variáveis não consideradas foram: número de informantes, investimentos em outros tipos

de investimento e estabelecimentos com investimentos em outros tipos de investimento, pois essas

duas últimas variáveis foram nulas. A descrição completa das variáveis pode ser obtida em

Oliveira et al. (2018).

Os procedimentos estatísticos foram feitos utilizando o software OriginPro 2019 v. 9.6.0.172

(Originlab Corporation). Para reduzirmos o número de variáveis, selecionando somente aquelas

representativas, utilizamos a análise de componentes principais, a qual mantém as características

originais da matriz de variância e covariância.

Um dos pontos fundamentais na análise de cluster é a predefinição das variáveis a serem

consideradas, ou seja, aquelas que são fundamentais na separação das amostras. Considerando o

grande número de variáveis quantitativas coletadas no senso agropecuário do IBGE e a sua

complexidade, resultado da diferente especificidade e magnitude, optamos por aplicar a análise de

componentes principais antes da análise de cluster. Dessa forma, foi possível simplificar o conjunto

de variáveis e aumentar a eficácia da análise.

Para fazermos a análise de cluster, em decorrência da natureza intrínseca de cada variável,

ou seja, da diferente amplitude métrica, os dados foram previamente normalizados. Cada variável

xi foi normalizada usando a Equação 1, na qual y representa a média e σ, o desvio padrão.

(𝑥𝑖 − 𝑦)/𝜎 (1)

Foram utilizados os seguintes parâmetros: (a) Tipo de distância – o coeficiente de

correlação de Pearson, uma vez que ele representa melhor a similaridade entre os elementos de

cada conjunto, e (b) Método – Ward (método da mínima variância), pois constrói o cluster

maximizando a homogeneidade intragrupos, a partir da redução da variância interna.

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Foram analisados 2.527 municípios produtores de milho (95,8%), com 689.250 informantes,

área total colhida de 5,1 milhões de hectares e produção total de 22,3 milhões toneladas

(Tabela 1). No caso da soja, foram analisados 884 (83%) municípios produtores de soja, com

188.832 informantes, área total colhida de 7,0 milhões de hectares e produção total de 17 milhões

toneladas (Tabela 1).

Tabela 1. Número de municípios, número de declarantes e número de variáveis do Censo Agropecuário (2006) consideradas na tipificação dos municípios produtores de milho e soja no bioma Mata Atlântica.

Cultura Municípios

produtores

Municípios

considerados* % Informantes

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considerados %

Milho 2.637 2.527 95,8 689.404 689.250 99,98

Soja 1.065 884 83,0 189.064 188.832 97,9

*Por questões de sigilo, municípios com menos de três declarantes não foram considerados.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A área total de milho colhida no bioma Mata Atlântica foi de 5,1 milhões de hectares e foram

produzidos 22,3 milhões de toneladas do grão, com destaque para os municípios de São

Tiago (MG), Dourados (MS), Jaborá (SC), Itaporã (MS) e Caarapó (MS). Nesses municípios foram

colhidos 292,5 mil hectares, ou seja, 5,7% do total (Figura 1) e foram produzidos, respectivamente,

540,4, 221,2, 302,3, 117,2 e 120,3 mil toneladas de milho, o que representa aproximadamente 20%

do total (Figura 2). Ponto Belo (ES), Salinas da Margarida (BA), Canguaretama (RN) e

Marataízes (ES) apresentaram valores de área colhida inferior a 0,5 ha. A mediana calculada para

as duas distribuições independentes foi de 524,5 ha e 1.649,8 t.

Em 2006, a produtividade municipal no bioma Mata Atlântica variou de 0,07 t ha-1 a

11,8 t ha-1, com valor médio de 3,3 t ha-1. Os municípios que apresentaram maior produtividade

foram Capivari de Baixo (SC, 11,8 t ha-1), Carambeí (PR, 8,9 t ha-1), Lauro de Freitas (BA, 8,8 t ha-

1), Canas (SP, 8,8 t ha-1) e Itabela (BA, 8,9 t ha-1) (Figura 3). Esses valores, que expressam a

eficiência do processo de produção, são inferiores àqueles estimados na América do Norte, onde o

desenvolvimento e uso generalizado de novas tecnologias agrícolas (fertilizantes, maquinário e

biotecnologia) resultaram em aumento acentuado da produtividade (Edgerton, 2009). Em 2018, a

produtividade média norte-americana foi de aproximadamente 12 t ha-1 (USDA, 2018). Em 2017,

segundo a FAO (2018), a produtividade média de milho estimada para a União Europeia, foi de

7,7 t ha-1 e a brasileira foi de 5,7 t ha-1.

Os resultados indicam que o processo produtivo no bioma Mata Atlântica necessita de

medidas específicas de racionalização, dentro de um contexto empresarial, que reduzam as

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oscilações indesejáveis na produtividade, de forma a mantê-la não somente constante, mas

também elevá-la, de forma sustentável e consistente.

No caso da soja, foram colhidos 7,0 milhões de hectares e produzidas 17,1 milhões de

toneladas no bioma Mata Atlântica em 2006. A área colhida mínima foi de 0,03 ha, no município de

Tamboara, situado na região noroeste do estado do Paraná, e o valor máximo, aproximadamente

140.000 ha, foi mensurado no município de Ipiranga (PR), seguido pelos municípios de Dourados

(MS), Palmeira das Missões (RS) e Cruz Alta (RS) (Figura 4). A área colhida nesses municípios foi

superior à média e à mediana calculada para o bioma, respectivamente 7,9 mil e 3,4 mil hectares.

Os maiores valores de produção foram observados nos municípios de Dourados (MS,

290,4 mil toneladas), Palmeira das Missões (RS, 216,3 mil toneladas), Marilândia do Sul (PR,

210,5 mil toneladas), Palmeira (PR, 191,7 mil toneladas) e Cruz Alta (RS, 188,8 mil toneladas),

valores esses superiores à média e à mediana, respectivamente, 19,7 t e 8,0 t (Figura 5).

O valor de produtividade da soja variou entre 0,1 t ha-1 e 6,1 t ha-1 (mediana 2,5 t ha-1).

Os municípios que apresentaram maior produtividade de soja foram Pirassununga (SP, 6,1 t ha-1),

Celso Ramos (SC, 5,2 t ha-1) e Lebon Régis (SC, 4,2 t ha-1). A menor produtividade foi observada

nos municípios de Tamboara (PR, 0,1 t ha-1), Mampituba (RS, 0,25 t ha-1) e Salto Grande (SP,

0,4 t ha-1). Para efeitos comparativos, a produtividade média nacional, em 2006, foi de 2,4 t ha-1 e,

em 2017, de 3,4 t ha-1.

Figura 1. Área colhida (ha) de milho dos 30 principais municípios do bioma Mata Atlântica em 2006.

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Figura 2. Produção (t) de milho dos 30 principais municípios do bioma Mata Atlântica em 2006.

Figura 3. Produtividade ( t ha-1) de milho dos 30 principais municípios do bioma Mata Atlântica em 2006.

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Figura 4. Área colhida (ha) de soja dos 30 principais municípios do bioma Mata Atlântica em 2006.

Figura 5. Produção (t) de soja dos 30 principais municípios do bioma Mata Atlântica em 2006.

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O resultado da análise de componentes principais (PCA) demonstrou que, do total de

144 variáveis, 50 foram determinantes: área colhida (AC), quantidade produzida (QP), quantidade

vendida (QV), estabelecimentos que mecanizaram (MEC), estabelecimentos que irrigaram (IRR),

estabelecimentos que utilizaram agrotóxico (AGRO), estabelecimentos que não adubaram (NAD),

estabelecimentos que usaram adubação química (ADQ), estabelecimentos que usaram adubação

(ADO), estabelecimentos que usaram adubação química e orgânica (ADQO), quantidade de silos

ou depósitos de grãos (QS), capacidade total dos silos ou depósitos de grãos (CS), quantidade de

tratores (QT), quantidade de arados de disco ou aiveca (QA), quantidade de grades/enxadas (QG),

quantidade de roçadeiras (QR), quantidade de semeadeiras e/ou plantadeiras (QS), quantidade de

colheitadeiras (QC), quantidade de pulverizadores e atomizadores (QP), quantidade de adubo e

distribuição de calcário (QAD), quantidade de ceifadores e picadores de forragem (QCE),

quantidade de caminhões (QCA), quantidade de utilitários (QU), quantidade de automóveis

(QAUTO), quantidade de reboques (QREB), quantidade de motos (QMOT), quantidade de aviões e

aeronaves de uso agrícola (QAVI), quantidade de veículos de tração animal (QTAN), quantidade de

embarcações (QEM), estabelecimentos com trator (ET), estabelecimentos com arados de disco ou

aiveca (EA), estabelecimentos com grades/enxadas (EG), estabelecimentos com roçadeiras (ER),

estabelecimentos com semeadeiras e/ou plantadeiras (ES), estabelecimentos com colheitadeiras

(EC), estabelecimentos com pulverizadores e atomizadores (EP), estabelecimentos com adubação

e distribuição de calcário (EAD), estabelecimentos com ceifadores e picadores de forragem (ECE),

estabelecimentos com caminhões (ECA), estabelecimentos com utilitários (EU), estabelecimentos

com automóveis (EAUTO), estabelecimentos com reboques (EREB), estabelecimentos com motos

(EMOTO), estabelecimentos com aviões e aeronaves de uso agrícola (EAVI), estabelecimentos

com veículos de tração animal (ETAN), estabelecimentos com embarcações (EEM),

estabelecimentos que utilizam energia elétrica (EEE), estabelecimentos com acesso à internet

(EINTER), estabelecimentos que utilizaram força de tração animal (EFAN), estabelecimentos que

utilizaram força de tração mecânica (ETM) (Figura 6). Somadas, essas variáveis explicaram

aproximadamente 90% da variância e, portanto, foram as variáveis consideradas na análise de

cluster.

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Figura 6. Variância (%) e variância acumulada (%), resultado da análise de componentes principais

(PCA) para as 50 variáveis determinantes.

No caso da análise de cluster, o procedimento inicial adotado foi permitir que o software

definisse o número de subconjuntos sem interferência do operador. A partir da análise do resultado

obtido, foram definidas seis classes, agregadas pelas propriedades específicas similares entre os

membros de cada subgrupo.

A Tabela 2 apresenta o número de municípios em cada cluster, calculados para as duas

culturas, com destaque para o município mais representativo e o menos representativo de cada

cluster. Incialmente acreditamos que os clusters seriam determinados principalmente pelas

AC

QP

QV

ME

CIR

RA

GR

ON

AD

AD

QA

DO

AD

QO

QS

CS

QT

QA

QG

QR

QS

QC

QP

QA

DQ

CE

QC

AQ

UQ

AU

TO

QR

EB

QM

OT

QA

VI

QT

AN

QE

M ET

EA

EG

ER

ES

EC

EP

EA

DE

CE

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AE

UE

AU

TO

ER

EB

EM

OT

OE

AV

IE

TA

NE

EM

EE

EE

INT

ER

EF

AN

ET

M

0

10

20

30

40

50

Va

riâ

ncia

(%

)

Milho

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Va

riâ

ncia

acu

mu

lada

(%

)

AC

QP

QV

ME

CIR

RA

GR

ON

AD

AD

QA

DO

AD

QO

QS

CS

QT

QA

QG

QR

QS

QC

QP

QA

DQ

CE

QC

AQ

UQ

AU

TO

QR

EB

QM

OT

QA

VI

QT

AN

QE

M ET

EA

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ER

ES

EC

EP

EA

DE

CE

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AE

UE

AU

TO

ER

EB

EM

OT

OE

AV

IE

TA

NE

EM

EE

EE

INT

ER

EF

AN

ET

M

0

10

20

30

40

50

Variância

(%

)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Variância

acum

ula

da (

%)

Soja

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variáveis área colhida e produção, pois essas duas variáveis responderam por entre 40% e 50% da

variância nas duas culturas (Figura 6), mas outras variáveis tiveram papel representativo na

formação dos clusters, como pode ser visto na Figura 7, que exemplifica o conjunto de dados para

área colhida e produção em cada um dos clusters. Municípios com valores similares de área

colhida e produção foram agrupados em clusters distintos, como aqueles pertencentes aos

clusters 3 e 6. A espacialização desses clusters está representada nas Figuras 8 e 9.

Tabela 2. Número de elementos nos clusters.

Cluster

Cultura 1 2 3 4 5 6 Milho 431 238 356 163 330 1009 Município mais representativo

Engenheiro Beltrão

Cabo Verde Ataléia Consolação Bandeirante Itapema

Município menos representativo

Marumbi Santa Rosa do Sul

Antônio Carlos

Piranga Faxinalzinho Cruz machado

Soja 274 114 43 199 183 71 Município mais representativo

Correia Pinto

Centralina Batayporã Santa Clara do Sul

Corbélia Ajuricaba

Município menos representativo

Nova América da

Colina

Gramado dos

Loureiros

Campo Novo Jacuizinho Salvador das Missões

Brasilândia do Sul

Figura 7. Valores de área colhida (ha) e produção de milho (t) em cada um dos seis clusters.

1 2 3 4 5 6

0

20.000

40.000

60.000

80.000

100.000 Área colhida (ha)

Produção (ton/ha)

Cluster

Áre

a c

olh

ida (

ha)

0

100.000

200.000

300.000

400.000

500.000

600.000 P

rodução (

ton/h

a)

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Verificamos que, no caso do milho, os municípios do cluster 1, de maneira geral, estão

situados na região Sul do País (78,8%), os municípios do cluster 2 estão na região Sul (50,6%) e

no sul de Minas Gerais (22,7%), e os municípios do cluster 3 estão distribuídos principalmente nos

estados Bahia, Espírito Santos e Minas Gerais (61,5%) e em alguns estados do Nordeste (19,7%).

Os municípios dos clusters 4 e 5 estão situados principalmente na região Sul (9,8%) e no estado de

Minas Gerais (5,4%), e os municípios do cluster 6 estão distribuídos na extensão do litoral (78,8%)

e no oeste do estado de São Paulo (29,8%).

Em relação à soja, 97,5% dos municípios estão situados nas regiões Sul, Sudeste e Centro-

Oeste e 2,4% dos municípios, na região Nordeste.

Até o momento, não nos foi possível identificar claramente as variáveis que definiram os

clusters. Uma das dificuldades está relacionada à natureza das variáveis às quais tivemos acesso,

como estabelecimentos que utilizaram agrotóxico (AGRO), estabelecimentos que não adubaram

(NAD), estabelecimentos que usaram adubação química (ADQ), estabelecimentos que usaram

adubação (ADO), estabelecimentos que usaram adubação química e orgânica (ADQO). Os dados

originais indicam apenas se o proprietário usou ou não determinado insumo, e não é

disponibilizada informação sobre tipo ou quantidade utilizada. Portanto, dois municípios podem ter

o mesmo valor numérico para essas variáveis, mas apresentar realidades distintas.

4 CONCLUSÃO

Apesar de sua utilidade e praticidade, a análise de cluster apresenta limitações. O resultado

da análise, ou seja, o número e a dimensão dos clusters, depende de definição prévia de

parâmetros pelo operador. Portanto, a definição dos clusters e a interpretação da análise estão

diretamente associadas, por exemplo, à escolha da medida de similaridade e ao método de

Figura 8. Distribuição espacial dos clusters

no bioma Mata Atlântica (milho).

Figura 9. Distribuição espacial dos clusters

no bioma Mata Atlântica (soja).

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agrupamento determinados pelo operador e, portanto, o resultado dos clusters pode variar em

função das escolhas do operador.

Será necessário analisar posteriormente as variáveis menos representativas da variância,

para que possamos identificar aquelas que influenciaram a formação dos grupos. Além disso,

outras variáveis, como solo, relevo, excedente hídrico e clima, podem estar afetando a

configuração dos clusters.

5 AGRADECIMENTOS

A bolsista Verônica Chaves de Oliveira agradece ao CNPq, pela bolsa de iniciação científica

concedida, e à Embrapa Territorial, pela oportunidade de estágio.

6 REFERÊNCIAS

EDGERTON, M. D. Increasing crop productivity to meet global needs for feed, food, and fuel. Plant Physiology, v. 149, p. 7-13, 2009.

FAO. FAOSTAT. Disponível em: <http://www.fao.org/faostat/en/#data/QC>. Acesso em: 24 out. 2018.

GONÇALVES, J. S. Transformações da agricultura e aumento da complexidade setorial necessidade de aprimoramento dos indicadores econômicos. São Paulo em Perspectiva, São Paulo, v. 23, n. 2, p. 78-92, jul./dez. 2009.

IBGE. Mapa de biomas e de vegetação. Disponível em: <https://ww2.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/21052004biomashtml.shtm>. Acesso em: 18 dez. 2018.

IBGE. Tabulação especial do Censo Agropecuário 2006. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2017.

OLIVEIRA, V. C. de; FURTADO, A. L. dos S.; VILELA, G. F.; TÔSTO, S. G. Tipificação da produção de grãos na Amazônia. In: CONGRESSO INTERINSTITUCIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 12., 2018, Campinas. Anais... Campinas: Instituto Agronômico (IAC), 2018. 12 p.

SANTOS, L. F. dos; FERREIRA, M. A. M.; CAMPOS, A. P. T. de. Rural development and family agriculture in the Brazilian state of Minas Gerais in the light of multivariate data analysis. Interações (Campo Grande), Campo Grande, v. 19, n. 4, p. 827-843, dez. 2018.

USDA. United States Department of Agriculture. Charts and maps. Disponível em: <https://www.nass.usda.gov/Charts_and_Maps/Field_Crops/cornyld.php>. Acesso em: 24 out. 2018.

VAZQUEZ SOARES, H. Agropecuária e indústria no Centro-Oeste brasileiro entre as décadas de 1960 e 1980: uma análise de classes. History of Social Sciences, Medellín, n. 35, p. 241-267, dez. 2018.

ZAIATZ, A. P. S. R.; ZOLIN, C. A.; VENDRUSCULO, L. G.; LOPES, T. R.; PAULINO, J. Agricultural land use and cover change in the Cerrado/Amazon ecotone: A case study of the upper Teles Pires River basin. Acta Amazonica, Manaus, v. 48, n. 2, p. 168-177, abr. 2018.