biografema de mÁrio de andrade -do plural · 2011. 12. 16. · trans/form/ação, são paulo 9/10:...

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Trans/Form/Ação, São Paulo 9/10: 57-85, 1986/87. BIOGRAFEMA DE MÁRIO DE ANDRADE - DO PLURAL Elisa ANGOTTI KOSSOVITCH* RESUMO: Este texto é a primeira pae do terceiro capſtulo de minha tese de doutoramento - MÁRIO DE ANDRADE, PLURAL (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas - Universidade de São Paulo). A tenta-se a produção de um biografema à maneira de Roland Bahes, de quem é a eprgrafe do capulo. O bio- grafema é uma livre-pdução textual na medida em que não deriva de significado (como a biografia), mas, enfa- tizando imagens, cenas, gestos, fragmentos textuais, pulsões, opera significâncias. O biografema não dispensa a biografia - usa-a, desmembra-a, desgasta-a. Disseminação, o biografema não hesita em lançar mão de todos os operadores de linguagem à disposição. Se a biografia opera com dados, instituindo a verossimilhança no bio- grafado, o biografema retém o arbitrário na produção do ser-de-tinta que imprime no papel. UNITERMOS: Verossrmil; arbitrário; doxa; paradoxo; texto; escritura; enunciação; enunciadores; enunciado; biografia; memória; significância; intertextualidade; polifonia; semiologia. Si j'étais écriva in, et mort, comme j'a imerais que ma vie se réduisit, par les soins d'un biographe amical et désinvolte, à quelques détails, à quelques goüts, à quel- ques inflex ions, disons: des "biographêmes ", dont la dist inction et la mobilité pourraient voyager hors de tout destin et ven ir toucher, à la façon des atomes épi- curiens, quelques corps futur, prom is à la même dispersion". (R . Barthes - Sade, Fourier, Loyola , p. 1 4) Exatamente como a mosca na sopa, o biografema é o estranho: o deslocado. Biogra- fema, não biografia. Esta preserva o duplo sen tido de "grafia ", "gravura ", pois, com o graphein , põe em relação escritura e pintura. Em graphein, opera perigraphein (circunscri- ção, delimitação, por gravura, de contorno); ainda que aperigraphein (ilimitação, por gra- vura, de contorno, inesgotabilidade) não deva ser excluído, o fechamento se impõe (um dos eixos principais da querela bizanti na e ntre iconódulos e iconoclastas situa-se preci - samente nesta oposição, pois é ela que propõe a legi timidade, ou não, da figuração icôni- cal. O incontornado subsumido ao contornado opera, por exe mplo, nas Vidas , de Plutar- co: na comparação das de Alexandre e César, põe em paralelo escritura e pintura, uma vez que fixam ou os traços de um caráter (kharakter) ou os de um rosto, respectivamente. Distinguindo-se da história, que expõe os aco ntecime ntos pormenorizadamente, sejam eles magnos ou ínfimos, P lutarco situa a biog rafia em plano disti nto: não se prendendo Departamento de Ciências Sociais Aplicadas à Educação - Faculdade de Educação - UNICAMP - 13100 - Campinas - SP.

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Trans/Form/ Ação, São Pau l o 9/ 1 0: 57- 85, 1 986/87.

BIOGRAFEMA DE MÁRIO DE ANDRADE - DO PLURAL

E l isa A N G OTTI K O S S OV I TC H *

RESUMO: Este texto é a primeira parte do terceiro capftulo de minha tese de doutoramento - M Á R I O D E A N D RA D E , PLU R A L (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas - Universidade de São Paulo). Ar, tenta-se a produção de um biografema à maneira de Roland Barthes, de quem é a eprgrafe do caprtulo. O bio­grafema é uma livre-produção textual na medida em que não deriva de significado (como a biografia), mas, enfa­tizando imagens, cenas, gestos, fragmentos textuais, pulsões, opera significâncias. O biografema não dispensa a biografia - usa-a, desmembra-a, desgasta-a. Disseminação, o biografema não hesita em lançar mão de todos os operadores de linguagem à disposição. Se a biografia opera com dados, instituindo a verossimilhança no bio­grafado, o biografema retém o arbitrário na produção do ser-de-tinta que imprime no papel.

UNI TERMOS: Verossrmil; arbitrário; d oxa; paradoxo; texto; escritura; enunciação; enunciadores; enunciado; biografia; memória; significância; intertextualidade; polifonia; semiologia.

S i j ' éta i s écr iva i n , et m o rt, co m m e j ' a i mera i s q u e m a v i e se réd u is it, pa r l es so i n s d ' u n b i o g ra p h e a m ica l e t d és i nvo lte, à q u e l q ues d éta i l s, à q u e l q u es g o üts, à q u e l ­q u es i n f lex i o n s, d i so ns : d e s " b i o g ra p h ê m es", d o nt l a d isti n ct io n e t l a m o b i l i té pou rra ien t voya ger h o rs de to ut dest i n et ve n i r to uche r, à la faço n des ato m es é p i ­cu r i ens , q u e l q ues c o r p s futu r, p ro m i s à l a m ê m e d i spers i o n " . ( R . B a rt h es - Sade, Fourier, Loyola , p. 1 4)

E xata me nte como a mosca na sopa, o b iog rafema é o estra n ho : o des locado. B iog ra ­fe ma, n ã o b iog rafi a . E sta p rese rva o d u p lo sent ido de "g rafia" , " g ravu ra" , pois , com o graphein, põe em re lação esc r i tura e p i ntu ra . E m graphein, opera perigraphein ( c i rcu n scr i ­ção, de l im itação, por g ravu ra, de conto rno ) ; a i n d a q u e aperigraphein ( i l i m itação, po r g ra ­v u ra , de conto rno, i n esgota b i l i dade ) não deva ser exc l u ído, o fecham ento se i m põe ( u m dos e ixos pr i nc ipa is da q u e re la b iza nt i na e nt re ico n ó d u los e iconoc lastas s i tu a - se p reci ­sa me nte nesta opos ição, po is é e la q u e p ro põe a l eg i t im idade, o u não , da fi g u ração i cô n i ­ca l . O i nconto rnado su bsu m i d o ao co nto rnado opera , p o r exem p lo , nas Vidas , de P l uta r ­co : na co m pa ração das de A lexa n d re e Césa r, põe em para le lo escr i tu ra e p i nt u ra , u m a vez q u e fixam ou o s traços de u m ca ráter (kharakter) o u os d e u m rosto, respect iva m e nte. D i sti n g u i n d o - se da h istór ia , que ex põe os aconteci m entos pormeno r izad a mente, sej a m eles mag nos ou ínf i mos, P l uta rco s i t u a a b iog rafia e m p l a n o d i st i nto : n ã o s e p rendendo

� Depa rtam ento de C i ê nc ias Soci a i s A p l icadas à E d u cação - Facu l d a d e d e E d ucação - U N I C A M P -1 3 1 00 - C a m p i nas - S P .

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nem aos g ra ndes eventos nem aos l a nces notáve is dos retrata dos, va l o r i za as pa rt icu l a r i ­dades q u e l h es ev i denc iem as v i rtudes e os víc ios. E s boça ndo, ass im, u m a b iog rafia d e se nt ido m o ra l , destaca o a n edót ico, não porém co mo si n g u l a r ida de, porq u e o m i ú do é a penas s i gn if icat ivo, po is adequado à v isada mora l . A b iog rafi a const itu i - se, ne le , como ence nação, ta nto no m i ú d o q u a nto no g ra ú d o ( q u e são atos s i gn i ficat ivos em si mesm os, pois m e m o ráve is ) , de fi g u ra , em q u e o aperigraphein opera nos p a rã m et ros do perigra­phein : o a n edótico ou o pito resco não se i n sc revem no a l eatór io , po is efetu ados com o sa ­l i ênc ia q u e re itera a c i rcu nscr ição ( m icro - sentido que não a b a l a a i soto p ia do texto ) . D i ­fe rentemente da de l i m itação b iog ráf ica, represe ntat iva, o b iog rafema aciona de modo a leatór io e leme ntos q u a i sq u e r de u m siste m a de escr i tu ra ( g rafema ) , des loca ndo, ass i m , o verossím i l , a q u e o p rópr io pito resco pertence, com a f lutuação prod utiva da si g n if icâ n ­c ia . T a l d i st inção entre b iog raf ia e b iog rafema corresponde em g rande pa rte à q u e R o ­l a n d B a rthes opera entre escrevê nc ia e esc r itu ra : e n q u a nto aque l a é reprodução, pois s i g n if ica d o d e l i m ita d o po r reg ras que p rescrevem o verossím i l , esta é produção; não se de ixando ca ptu ra r, com o aque l a , por doxa , i n screve - se, fl u tua nte, no pa radoxo.

O g rafema produz s i gn i fi cânc ia na d i ssem i n ação, posto que não encena or igem, de que ser ia o s i n a l . O b iog rafema não de r iva de s i g n if ica do (como a b iog rafia ) , mas, s ig n i fi ­cânc ia , faz q u e os sent idos fl utuem na escr itu ra ou nas imagens (fotog rafi a , p i ntu ra , fita , etc . ) ; q u a ndo recu pera a l g u m si g n if icado, este é pu l s i ona l , po i s as i nte ns idades vêm com o a rb ít r io do factíc io, em que se i n c l u i o gosto ( N ota 1 ) . O b iog rafemador é, assi m , o re ­l has fl u tua ntes e o b iog rafema, t ravessia de escutas pu l s iona i s . O o perador eng ata desejo nos textos q u e g rafa, atração por a l g u m s igno -texto b iog rafemat izáve l : a m biva l ênc ia da sed ução, pois, ne l a engatada , atra i o le i tor . A a m biva lênc ia opera com o um tru nfo, a ser bem em p reg ado : o m e n o r equ ívoco com uta a sed ução em re pu lsa . Por i sso, a atenção fl u tua nte se m a ntém sob co nsta nte tensão : a do texto -tutor , que engata a do b iog rafema, q u e engata a do o perado r ( n o b iog rafema são s i m u ltâ neas as pu lsões do texto -tutor ) e as que engata m , out ras d ife rentes, no b iog rafemador ( 1 2 , p. 1 2 ) .

O b iog rafema de M á r io não s e desencade ia co m o d i scu rso q u e reitera ou va l i da o i n s ­t itu ído ( nã o m e n o s a rb i t rá r io no efeito de ve rossi m i l h a nça q u e prod u z ) , po is , engata n d o textos, fl u tua e faz f lu tuar , s i g n if icâ nc ia . P l u ra l , o d i scu rso de M á r i o suscita le i tu ras q u e o p l u ra l i zem, com o as das fi g u ras ou e n u nc i adores m ú lt i p los e tensivos que , des l i zando pe lo d i scu rso , i ns i stem na produção de b iog rafema . N a escuta de tantas vozes ( N ota 2 ) , a co rpoacta nc i a l i dade d i spersa o corpo na e n u nc iação p ie r rô - a r leq u i n a l , entre m u itas efe ­tu áveis.

Ped ro N ava va i ti ra ndo do baú escu l tu ras, p i ntu ras, pasté is, fotog raf ias, engenhando com p lexo b iog rafe m a de M á rio : b iog rafema nos efeitos de b iog rafi a q u e p roduz com a verossi m i l h a nça, repa rt i d o ra das i magens entre adeq uadas e i nadequa das . R et ratos ve ­rossíme is o ra nas pa rtes, postu ra cor reta do pescoço e do c rân io em An ita , ma i s p recisa a i n d a em F i g u e i ra ou B ru no G io rg i , i m p ress iona nte na másca ra m o rtuá r i a , o ra no co n ­j u nto : P o rt i na r i n ã o p i nta M á rio , m a s " megaforma" de "We nces l au P i etro P ietra . É tórax dema is e q ue ixo dema is"; Sega l l ca pta bem a m iop i a , F l áv io de Ca rva l h o a a m a rg u ra , Ta rs i l a a res ig nação ( N ota 3 ) . É N e lson N ó b rega q u e at i nge a ma i s exata " pa rece nça e penetração psico lóg ica", i sto é, rea l i za os p r i nc íp ios do ve rossím i l de Pedro N ava ( 1 7 , p. 26). Na fotog rafi a , a d i st i nção entre i nsta ntâ neo e a rte ( q u e t

Oem o tem po d a s u r p resa na

ete rn i zação ps ico lóg ica do mode lo ) ( 1 7 , p . 26 ) . H á fotos q ue ca pta m o " je i tão" no M á r i o ­s o l d a d o , n o M á r io - tu r ista , no M á r io da Aven ida R i o B ra nco ( 1 7 , pp . 26-27 ) . N a s foto g r a ­fia s de Bend ito J . D u a rte, o M á r i o a leg re ( 1 7 , p. 2 8 ) ; nas de Warchavch i k, - exce lente aná ­l i se de m etades por N ava ( N ota 4 ) - , os " p rod íg ios de sem e l h a nça fís ica e de pu nção psico l óg ica" ( 1 7 , p. 27 ) . O verossím i l , a rt icu l ado co m o adeq u ação fís ica e psíq u ica, refo r ­çado na "ete rn i dade" e n o "futu ro", efetuado como se m e l h a nte (ou idê ntico ) ao p resente do b iog rafemador ( 1 7 , pp . 25 e 28 ) , d á -se no fechamento da conco rdânc ia psicofís ica e da u n i fo rm idade tem po r a l . O pe ração q u e desfaz a ci rcu nscr ição bem co nseg u i d a : não nos

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pedaços de A n ita , F i g u e i ra ou B ru n o G io rg i , q u e i m p l i ca m convergênc ia , nem no q u e se ­ri a m as trezentas e ta ntas faces de u m mesmo po l ied ro, nem mesmo na convergênc ia i g u a l a d o ra dos tem pos no p resente do e n u nc iador, m a s no a leatór io das i m a g ens ( nem gené r icas, nem mora l istas, nem a n edót icas ou pito rescas ) que Pedro N a va seleciona ; em bora po r vezes v a l o rize a convergênc ia de c i rcu nscr ição, mostra, na se leção, não u m á l b u m que i nteg ra l i ze personagem, mas o ca le id oscó p io q u e d i ssem i n a o b iog rafemado (até nas u n i fi cações pa rc i a i s q u e efetu a ) . A ênfase na fa l a , suas d i fe renças exte rnas e i n ­ternas ( N ota 5 ) , v a i des l oca ndo o b iog rafemado pa ra out ros l a dos. D a í o í nd i ce - e m b lema , "trezentos e c i nqüenta" ( N ota 6 ) .

A v o z ta m bém p o n t u a o M á r io , de N i n o G a l o : "aque le s e u vozei rão de bar ítono fa ­n hoso" ( N ota 7 ) . Diferente mente do b iog rafema de Ped ro N ava, q u e sente "de esta lo a i m ensa s im pat i a , a a m iza de em estado nascente e a enorme i n fl u ê nc ia de sua perso n a ­l i dade so b re o raro q u e eu escrevi a" ( 1 7 , p. 28 ) , o texto de N i no G a l o desenvolve o p ro ­cesso , ca ptado em ta ntos s i gn if ica ntes e refe renc ia is, de conve rsão dos afetos, que eng a ­ta, a l é m d o s s ignos a nti pát icos de " d a n d ismo", out ra conversão, a d o s efeitos d o s sa be­res do b iog rafado sobre o suje ito do e n u nc iado : " E u não gostava de M á ri o de A n d rade ( . . . ) . Apenas cons iderava M á r io de A n d rade u m suje ito que , ent r inche i rado a t rás daque les seus g rossos ócu l os de m u itas d io ptr ias , se, d ive rt ia a solta r paradoxos, pa ra i m p ressi o n a r s e u s o uvi ntes e a s i próp r io" ( 1 4, p. 1 63 ) . E u m a b iog rafi a , d i r i g i da po r m o ra l i s m o e doxa censora, que , nada de ixando esca pa r, p roduz , n o p rocesso mesmo de sua conversão, s i gn if icantes soltos de s istema : a lém da "tr i nche i ra", o " postiço" e " i ns i ncero", "todo che io de u nção, e l evava aos l á b ios um bojudo copo de vmho fra ncês", as meias " m u ito ca ras, enxad rezadas de vermel ho e a z u l " ( 1 4, p . 1 63 ) . C o rte, outra cen a : Teatro M u n ic ipa l , em no ite de ga l a ( a na rrat iva va i mora l i z ando e n q u a nto o pera refe renc i a i s exatíss imos ) : casacas, ex i b ição de d i n h e i ro , estu p idez h u m a na ; fasci nado por Verd i , d i r i g e - se, "sem sa ber por q u e", a M á r io, "encosta do na pa rede", só : vaza ndo sent i m entos, sofre co rte no i m a g i n á r io , " h o r ríve l , meu ca ro, h o r r íve l" , compensado por s im pat i a , "espera - me à sa í ­da , pa ra i r m os j u ntos tom a r q u a l q u e r co i sa" , e a l i ção q u e lhe co r r ige a " fo rm a ção m u s i ­ca i de secu ndár io ita l i a no" ( 1 4 , p . 1 64 ) . Depois , a convivênc ia d i á r i a c o m o fu nci o n á rio ­chefe, "Co lona de pés enormes, do P o rt i n a ri q u e enfeitava seu g a b i nete de t raba l h o " ( 1 4, p. 1 64 ) . O acú m u lo de s i gn i fica ntes e m ic ror refe renc i a i s te r m i n a em h i no , e os pa radoxos se meta mo rfose i am em m u ito saber : " Fo i a â ns ia de perfe ição, a l uta co ntra o V u l g a r e o L u g a r C o m u m , q u e fez M á r io de A n d rade o g ra n d e M á r i o de A n d rade" ( 1 4, p. 1 65 ) . N ão é ma is o pa radoxo, mas a su per io r idade q u e co n cebe u m fo ra pa ra o l u g a r - co m u m e o v u l g a r, d i m i n u ídos com a m a i úscu l a , i nventa ndo pa ra si mesm o m u n do à pa rte. A de ­m a rcação mora l i sta dos espaços do vu lga r e do su per io r, a m i n u dênc ia refe renci a l e a memór ia exata efetuam u m a c l ass if icação su m a ríss i m a , na q u a l se exe rce u m a s im pat ia oceân i ca , desdobrada em a u tocr ít ica d i reta , os eq u ívocos dos p reconceitos ( 1 4, p . 1 63 ) . E sse ca lo r h u m a n o confo rta M á rio : em ca rta a P a u l o D u a rte, vem : " O ( . . . ) N i no , q u e é o t ipo do suje ito q u e a gente q u e r bem e o t i po do ó leo ca nfo ra d o p ra rea n i m a r" ( 1 4 , p . 1 63 ) . N a b iog raf ia de N i no G a lo , a h i pe r - es pecif icação dos eventos e das cenas, em q u e s e i m br ica m j u ízos de va l o r sobera nos, t e m t u d o do fec h a m e nto; o efeito de verossi m i ­l ha nça, ne la , contra põe - se à ve rossi m i l h a nça de efeito no o iog rafema de Pedro N ava .

O b iog rafema e a b iog rafi a , aqu i esco l h idos a r b r ita r i amente ( h á -os exce lentes de P a u l o D u a rte, O neyda A lva renga , etc . ) , não se exe rcem a penas a pa rt i r de textos, rem e ­tem - se à convivênc ia c o m o b iog rafado ou b iog rafemado . C o n q u a nto o b iog rafema d i fi ra da b iog rafia, o ve rossím i l pode se r usado como proced i m ento de efeito textua l , u m a vez q u e o s ign if ica nte e o refe rente são o pe ráveis com o texto -tutor . A pa ráfrase, m ot ivada e a n a l óg i ca, não é menos pert i nente q u e a s i gn if icâ nc ia e seu a rb ít r io : i ntertexto, o b iog ra ­fem a pode prod u z i r atestado de nasci m e nto, com o na fa lsa citação :

Trans/Form/Ação, S ã o P a u l o , 9/ 1 0 : 57- 85, 1 986/87.

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São P a u l o o vi u p r ime i ro, 9 de outu b ro de 1 893. / N a rua Au rora nasceu . / N ome : M á r io R a u l , d igo , L u a r, d i go R a u l , de M a r ia L u ísa e Ca r los Augusto . / M a s q u e bom se r ia si ( . . . ) pudesse ju nta r o nome da ( . . . ) Mãe ao nome do ( . . . ) Pa i , sem fica r (se ) pa recendo com n i n g u ém ! ( N ota 8)

o b iog rafema tam bém pode opera r a n á l i ses ou i nte rp retações na f lutu ação da sig n i fi ­cânc ia do p rópr io texto - tuto r, sem ne le i nterv i r . Pode reter, ass im, a " B i o g rafi a" ,

S ã o Pau lo o v iu p r i m e i ro F o i em 93 . N asceu , aco m p a n hado daque l a est rag osa sens i b i l i dade q u e dep r ime os seres e p reju d ica a s ex istênc ias, m ed roso e h u m i l de. E , pa ra a p u b l icação destes poemas, sent i u - se m a i s med roso e ma i s h u m i l de, q u e a o nascer ( 5 , p . 8 ) ,

q u e denu nc ia o e n u nc ia dor na i m pesso a l idade da terce i ra pessoa ou no d i sta nci a m ento fi n g i d o, que tudo co n h ece do b iog rafado, até m esmo seu s pred icados, "estrag osa sens i ­b i l i dade" , "med roso e h u m i lde" . O b iog rafema põe - se à escuta de " L i ra P a u l i sta na", q u e ressoa a utob iog rafi as : o e n u nci a d o r s e pe rso n a l i za , denu nc ia o l u g a r de o r i g e m ou d e nasc i me nto e p e d e à mãe a l u a :

N a r u a Au rora eu n asci Na a u ro ra da m i n ha v ida E n u m a a u ro ra cresc i . ( . . . ) M a mãe ! me dá essa l u a . (6 , p. 298 )

N a s crô n i cas, o b iog rafe m a s u r preende o "sueto, a vá lvu l a verdadei ra por o n de eu me d esfat igava de m im" ( 1 1 , p . 9 ) , a b revi dade e o l u d i smo no prazer da escr itu ra . E lê "Xa rá, xa r a p i m , xêra" ; i ron i zando , como o b iog rafemado, a h o m o n ím ia , deseja heteron ím ia pa ra q u e e l e n ã o fiq u e se " pa recen d o com n i n g uém" ( 1 1 , p . 1 5 1 ) . N a p ista dos homôn i ­mos , o b iog rafemado ta m bém se perso n a l i za co m o co leção : os xa rás, co mo as fig u ras da e n u nc iação e do e n u nc iado a n d ra d i no , fo rmam leg ião .

O b iog rafema pode ocasi o n a r desenco ntro, o l iv ro equ ivoca do. À ag itação su scitada n o b iog rafe m a d o r pe lo nome na ca pa : - Um i n éd ito?, seg u e - se a resti tu ição pe la contra ­ca pa : "em ca l m a o ser" . Ne l a , a foto e, por trás dos ócul os, o neg ro, "tão átr ica" ( 1 , p . 1 1 4 ) , " a penas mais um xêra , enfi m , seu Xa ra p i m " ( 1 1 ,p . 1 50 ) , o homôn imo , do outro lado do ocea no .

Quando desenvolve os nomes q u e va i i nscreve ndo no texto, o b iog rafema o pe ra m o ­t ivação nos efe itos d e ca usa l idade ou de rea l i dade q u e va i p roduz indo . Lê os nomes, as le t ras dos nomes, a s i g n i ficâ nc ia que produzem, n u nca se f ixa ndo nos s i gn if icados que

. l h es i m pedem a d issem i nação e a d e riva . P o r isso, a i nterpretação n ão o pera , aqu i , com o s ig n if ica do ( q u e pode ser decr i pta do, evidenc iado , desocu ltado : fi xado ) ( N ota 9 ) . E m M á ­r i o R a u l , o b iog rafema l ê o a n a g ra m a de M a r ia L u ísa e Ca r los A u g u sto e a i nda "conj u g ( a ) a s m e m ó ri a s de ( se u ) P a i c o m ( sua ) M ãe" ( 1 1 , p . 1 50 ) . A l é m de de riva r - se de M a r i a , M á ­r i o R a u l está e m M a ri a L u ísa q u ase i ntei ro, fa lta ndo a M a r ia L u ísa o R d e M ário Ra u l . Tam bém, R a u l a n a g ra mat iza o n o m e de Car los A u g u sto, tom a ndo d e Carlos o R e o L m ed i a n os e d e Augusto o A i n ic i a l e o U de d u p l a oco rrênc ia . O a n a g rama p rossegue

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br i nca ndo na i nversão d e R a u l , L u a r, q u e i l u m i na M á r io , ne le a ss i n a l a n do, e m b a ra l ha das as letras, o a n a g ra m a MOira , a um tem po "atr i bu ição", "desti no" , " m a rca" . N a m u lt i p l ic i ­dade dos g rafem as, bio ma rca o Mo i ra , L u a r, de rivado b iog rafemicam ente: P i e r rô L u n a r, emb lema i nvert ido de M á r io R a u l , Ar leq u i m , m ú lt i p lo como seu s a n a g ra mas . Fazendo os nomes pro l i fe ra r, o b iog rafema e n g ata a a n á l i se d a hete ro n í m i a ( N ota 1 0 ) escr itu ra i a n ­d ra d i n a , q ue, d i fe rentemente d a pessoa na , d á - se no i n t ratexto, extravasa n d o - se pa ra o i ntertexto q u e de le se der iva . V icto r K n o l l desenvolve u m a das moda l i dades dessa " h e ­teron ím ia" , q u e s e co nst itu i , a ntes, co m o pa rag ra m a ( N ota 1 1 ) , a n a l i sa n d o os "Ve rsos R e - Ve rsejados" ( 1 5, pp. 75 -99 ) : ve rsos, est rofes, q u e reto m a m out ros poemas, o ma i s das vezes em co ntexto d ive rso, efetuando a u tocitação, pa rag ram as, i ntertextu a l i dade ( N ota 1 2 ) . P a rt i ndo - se da noção de " pa ra g ra ma", e l a borada po r S a u ss u re ( 1 8 , pp. 20, 23, 27, 3 1 -32 , 6 1 -65 ) , esta beleceu - se co nce i to de i nte resse n o fu nci o n a mento da l i n g u a g e m , o "pa ra g r a m at ismo", q u e co ns iste na a p ro p r iação de textos p o r ou t ro ( N ota 1 3 ) q u e com ­b ina , em p ri nc íp io i ndefi n i d a m ente, e l ementos seus (frases, pa l avras , etc . ) , p rodução . S a u ssu re tendeu a o pa ra g ra m at ismo com a n oção de " pa ra g ra m a " , entend ido como com b i nação de fonemas, não de le t ras ( 1 8, p . 28 ) , f ixa n d o - se na "d i fo n i a " ( 1 8 , pp . 46 -47 ) , com b i nação de do is sons, q u e se const itu i como o p r i nc íp io q u e d i st i n g u e entre " a n a ­g ra m a " ( fo r m a pe rfe ita de asson â nc ia do conju nto d e s íl a bas de u m a pa lavra , a const itu i r h a rmon i as fô n i cas; S a ussu re não e m p regava todos o s fo nemas const itut ivos d e u m a p a ­l a v r a o u de u m verso, o q u e p rod uz i r i a , pa ra e le , u m jogo seme l h a nte a o s i m p l es t roca ­d i l h o ) ( 1 8, pp . 27 -28 ) e h i po g ra m a ( q u e é o rea l ce de u m nome ou de u ma p a lavra , " pa l a ­vra - tema" no h i po g r a m a ) ( 1 8 , p . 3 1 ) . Da d i fo n i a passou à " p o l ifo n i a " , com b i nação, n ã o de do is , mas de vár ios sons, q u e opera no pa rag rama ( 1 8, p . 48 ) . A pa rti r da d i fo n i a , a ti n ­g i u a s com bi nações d e letras e , enfi m , o texto ( a i n d a q u e de modo i nd i reto, po is, co mo su g e re Sta ro b i nsk i , os estudos sa u ssu r i anos de poesia não poder i am ci n g i r - se à fo nét i ­ca ) .

E m ca rta a M a nue l B a n d e i ra , de 1 922 , M á r i o enfat iza a s e u m odo a m o d e r n i d a d e a q u e t a m b é m s e l i g a S a u ssu re; o " h a rmon ismo" refuta a i m itação :

Se i q u e d izem de mim que i m ito Coctea u e P a p i n i . ( . . . ) É verdade que m o ­v o , c o m o e les, a s mesmas á g u a s d a modern idade . I sso não é i m ita r : é se ­g u i r o esp ír ito d u m a é poca. As d i sposições ti pog ráf icas dos meus ve rsos co r respo ndem não às teo r ias dos modern i stas B a u d o u i n , Aragon ou Soffi ­c i , mas às m i n has p rópr i as teo r ias do harmonismo (vert ica l i dade dos aco r ­d e s ) (2 , p . 1 2 ) .

É p recisa m ente essa "vert ica l i dade de aco rdes" q u e está , so n o ra , na b a s e do pa rag ra m a ­t i smo de J u l i a K r i steva ; co m b i n a n d o - se textos q u e devem s e r l i d o s "s i m u lta neamente", mas o perando -se ta m bém com a noção de sent idos que se mod i fica m m ut u a m e nte, re ­d u p l i ca dos, exc l u ídos, etc. ( 1 6 , pp . 256 - 7 ) , efetu a - se a sucess iv idade da cade ia fôn i co ­textua l :

H a r m o n i a : com bi nação de sons si m u ltâ neos / Exemp lo : / Ar rou bos . . . L utas . . . Setas . . . C a nt igas . . . / Povoa r ! . . . . . ( . . . ) / S i p ro n u nc io "Arrou bos", co m o faz pa rte / de frase ( me lod i a ) , a pa l avra c h a m a a atenção / pa ra seu i nsu l a m e nto e fica v ib rando , à espera / duma frase que lhe faça adquirir signi­ficado e / Q U E N ÃO V E M ( . . . ) / M a s, si em vez de usa r só pa l avras soltas, uso / frases soltas : mesma sensação de su perpos ição, não j á de pa l av ras ( notas ) m a s de frases / ( me lod ias ) . P o rtanto : po l i fo n i a poét ica" ( l O , p. 23 ) .

O exe rcíc io da po l i fon i a poética i nsc reve M á r io na cade ia de produção do parag ramat is ­mo, que , dev ido a o ca ráte r d i a l óg ico - po l i fôn i co de paráfrase parod ística , a paga fronte i -

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ras, e l i m i n a cód i g os, efetua co n stelações de si g n if ica ntes na s i gn if icâ nc ia , movência a berta de pe rmutações, o u a i n da , i ntertextu a l i dade .

P rodução , a i nte rtextu a l i dade i n sta nc ia desti n atá r io , q u e pode ser o própr io pa ra g ra ­mat izado r efetuado em s i tuação d e fa l a d i st inta , n a q u a l não passa d e e n u nc iador q u e p o é em re lação texto - tuto r e texto p r o d u z i d o . E m ta l fa l a , af loram parâ m etros co m pa ra ­t istas, co m o p o r exem p lo , o p l ág io , q u e denu nc ia e n u nc iado r m o ra l i zado ; po is , n a co m ­pa ração, efetua - se consc iênc ia u n if icado ra , q u e ca ptu ra o a leató r io d o pa rag ra mat ismo; 'efe ito do e n u nc iador , a consc iênc ia d e n u nc ia a ident idade d i ss i m u lada ( p l á g i o ) q u e a n u l a o texto p rod uz ido su bsu m i nd o - o ao tutor . M e s m o q u a n d o s e ex p l ica e s e j u stif ica , pre­texta ndo " l a cu nas da m e m ór ia" ( N ota 1 4 ) , não va i a l ém de raci o n a l i zação das re lações dos dois textos ( q u e podem se r l eg i ão ) . O ra p rogram ática ( l i m i tad o ra das poss i b i l i dades de pe rmutação) o ra a rb i t rá r ia ( p rod uto ra de a leatór io l úd i co, sem pa râmetros assi n a l a ­d o s ) , a p rodução é sem p re m otivada ; a m otivação não entra em co nfl i to co m a s i gn if icâ n ­c i a : n o s a n a g ra m a s d e M á r io , a perm utação d e letras, s í la bas, sent idos, pa l avras des loca ­se por co m b i nações e reco m b i n ações em p ri nc íp io i nacabadas ao mesmo tem po q u e m ot ivadas nos nexos q u e reco n d u zem ao texto -tutor . Opera n d o l i n g ü i st icame nte, a m o ­t ivação é, no e n u nc iador co m pa ratista, rem otivada na atr i bu i ção à consciênc ia , m e m ó ria , i m a g i nação ( su je i to ) do p rocesso com b i natór io . I nst itu i - se nesses efeitos s u bjet iv izado res u m a espécie de razão reco r re nte, t ida por i n o bse rva da ( e m bora opera nte) no p rocesso : meca n ic i smo, q u e t ransfi g u ra a ratio em causa do texto p roduz ido e a s im u l tane idade em sucessivi dade tem po ra l . A n u l a m - se, ass i m , i ntertextua l i dade e o pe rações d i spa rata das, i n sta l a n d o - se, ao mesmo tem po, o e n u nci ado r na s i tuação de descobr ido r de nexos, su bjetiva m ente motiva dos, o u na de j ust if ica do r de a na log ias , a serem sa lvas do p l ág io . Ta l j u stif ica d o r rem otiva a motivação l i n g ü ística nos efeitos de consci ê nc ia , q u e atesta ( e é i rôn i co ) a a nter io r idade do i ntertexto re lat iva mente à consci ênc ia ( n o caso, confusa e o bscu ra ) q u e p retexta ser .

O seu " N otu rno" é u m a das co isas de você que eu gosto mais. M u ito l i e me l e m b rava m u ito dele. Fo i ce rta mente por isso que f icado no su bcons ­c ie nte, eu me encontra ndo n u m caso ma i s ou menos idêntico (o "Asso m ­b ração" é verda de i ro ) , c r ie i p e l a a na l o g i a do caso u m poema i d ênt ico, mesm o processo técn i co, mesmo a m biente ps ico lóg ico, em ú lt ima a n á l ise, m esma idé ia . Mas cr iado o poema, "me esq uec i" i m ed iata mente do de vo ­cê, o seq ü estre i , até o nome de le seq ü estrei (2 , p. 338 ) .

O seq ü estro q u ase a bso l u to co m p rovado p e l o enu nc iad o r va l o riza o pa ra g ra m a e n ­q u a nto encena os m o m e ntos dos d iversos m o d o s da con sci ênc ia , corre latos a o q u e d i z da produção textu a l . E n u nc iado sem e l h a nte ao do Cea rense, q u e d i z o i nte rtexto e , n ã o o ex p l i cita ndo e m chave e rud ita, m a i s se a p rox i m a da produção ( N ota 1 5 ) .

O parag ramat i smo su scita com p u lsão de procu ra : em todo texto, o i ntertexto, o i ntra ­texto, o su btexto ( o bsessão dessa espécie se l ê nos ca dernos de Sa ussu re ) . P rod ut iva, ta l p u l são a l he ia so rtes de gê neses idea is , a d a m i s m os, cr iac ion i smos, n i i l i smos de ca rênc ias a s u p r i r o u de vaz ios a encher; co m b i natór io e des locador , o pu l s i ona l é l ú d ico o mais das vezes nos eng ates e pro l iferações que efetu a . O ca le idoscó p io exem p l i fica o m ovi mento i n cessa nte de com b i nações de fra g m e ntos, cujos reg istros ta m bém pro l ifera m : a n á l i ses, fi g u rações, j u ízos, etc . , engatadas no texto - tutor . N i sso, a i ntertext u a l i dade a n d rad i na não tem fi m , cu jo contrapo nto teór ico, a a be rtu ra e o i n aca bado, const itu i - se co mo e m ­blema co nceitu a l do parag ra m at i smo. Ta m bém as ca rtas (éd itas, i néd itas, l acradas ) o p e ­ram i ntertextu a l i dade q u e r na m u lt i p l i c idade em q u e s e a c h a m , q u e r no parag ramat ismo que rem ete umas às out ras, reto m a n d o - se, ree l a bo ra n d o - se, engata ndo poemas, contos, crôn icas, fontes po p u l a res: i ntertextu a l i dade i l i m ita da , ca le idoscóp io .

Trans/ Form/ Ação, S ã o Pa u lo , 9/ 1 0 : 57· 85, 1 986/87.

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Intertextualidade epistolar: neste exem plo , g r i fa m -se os termos retomados; a i nte rtex ­tua l i dade, a q u i , efetua pa rag ra m ati smo de repetição tota l o u de fa l sa c itação (perma nece o contexto ) .

A desagradá vel e a meu ve r errada co m p a ração ent re criação artística e dor fís ica da parturição fem i n i na . A criação artística é u m momento sublime, u m a ejaculação a bso rvente, extas ia nte, u m des l u m bramento tota l i nco m pa ráve l , m a ravi l h oso, d iv ino ( . . . ) . Pe la n ossa experiência masculina a criação só pode se r co m p a rada com o momento do êxtase sexual (7 , p . 290 ) .

o momento da criação é u m prazer sublime, e estou completamente em desa­cordo com os q u e o cons ideram u m parto ( . . . ). O momento de criação é gos­tos íss imo, verda de i ra m e nte aque l a sublimidade de i nteg ração e dad ivosi ­dade do ser, em q u e a gente fica na ejaculação sexual (3 , p. 35 ) .

R i l ke, você v i u , chega a com pa ra r a produção da poesia ao trabalho sublime e penoso do parto . A a p roxi mação a l i á s é reve l h a e m e desa g rada m u ito. A n ­tes de m a i s nada , é feia po rque evoca as i m a g e n s do parto q u e p o r sublimes e respeitáve is q u e sej am, nada têm positivamente de bonito . Além d i sso, e o q u e é p io r, não q u e r d i zer nada , não h á assi m i lação possíve l , ta nto ma i s i m a g i nada por um homem ( 8 , p. 38 ) . .

Intertextualidade poética I :

Fo lc l o re ou refrões popu l a res

"O meu boi morreu O q u e será de m i m , M a n d a buscar outro, Morena, lá no Piauí "

( Mea ri m ) varo

"Vá por Seca e Meca!" "O dote q u e e le me dava Oropa, França e Bahia"

( Cf. Asce nso Fe rre i ra , Poemas, p. 201 )

"Bata!' assat ô fôm!" (fu r n ) varo

"Yayá, fruta do conde, Castanha-da-Pará!"

Tra ns/Form/Ação, S ã o Pa u lo , 9/ 1 0: 57- 85, 1 986/87.

Poes ia

"S i um deus morre, i re i no Piauí buscar outro!"

( Poesias Completas, p. 1 57 ) P a rag rama de repetição p a rc i a l (co m ree l aboração de co ntexto )

" M o ra l i dade, l e i sêca, vá -se E m bo ra ! Vá por Seca e Meca! Darei Seca, Meca e Bahia" .

( Poesias Completas, p. 1 7 1 ) P a ra g rama de repet ição pa rci a l ( c o m ree l aboração de co ntexto )

"Bata!' assat' ô fum!" (Poesias Completas, p. 44 )

P a ra g ra m a de repetição tota l ou fa lsa cita ­ção (com ree l a b o ração de co ntexto )

" Yayá, fruta do conde, Castanha-da-Pará!"

( Poesias Completas, p. 1 1 8 ) P a ra g ra m a de repet ição tota l ou fa l sa cita ­ção ( com ree l aboração de contexto )

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Intertextualidade poética " :

P O E S I A

" Q u oth t h e Raven, 'Nevermore' " . ( E d g a r A l l a n Poe, "The R ave n " )

" P edro, antes que o galo cante, três vezes me negarás"

( M ate u s, 26, 34; M a rcos, 1 4, 30; L u cas, 22 , 34; J o ão, 1 3 , 38)

"Kennst du das Land wo die Zitronen blühen ?"

( G oethe, " M i g n o n " , Balladen )

"As armas e os barões assinalados Que da Ocidental praia lusitana "

( C a m ões, Os Lusíadas, C a nto I , 1 )

P O E S I A

" M ate r i a l i zação d a C a n a a n d o meu Poe ! Never more!"

(Poesias Completas , p. 47 ) P a ra g ra m a de repet ição pa rci a l ou fa lsa c itação (com ree la boração d e contexto )

"T ia M i sér ia ta lvez antes que o galo cante Me negarás três vezes Tia M i sé ri a "

(Poesias Completas , p. 2 2 3 ) P a ra g ra m a de repetição pa rci a l ( c o m ree l a b o ração d e co ntexto )

"Kennst du das Land Wo die Zitronen blühen ?"

(Poesias Completas , pp. 1 00 - 1 0 1 ) P a r a g r a m a de repetição tota l ou fa l sa citaçã o (com ree l a bo ração de co ntexto )

" - 'Sen h o res, as armas!' . . . e os barões assinalados Que da ocidental praia lusitana . . . Marco a cadência com versos de Camões".

( Poesias Completas , p. 97 ) P a ra g ra m a de repetição tota l ou fa lsa c itação (com ree l a b o ração de contexto )

Nota : Todos os assi n a l ados efetu a m , re l at iva m e nte ao texto de referênc ia , a l é m de novo contexto, em que a i ro n i a é a nota p redo m i n a nte, des loca m e nto de sent ido, co m o ta m bé m f lutuação n a le i tu ra si m u ltâ nea�

E x e m p l o d e i ntertext u a l i d a d e po l i fô n i ca e h íbr ida ( i m p l íc ita e exp l ícita ) é o poem a " Q u a n d o eu m o rrer . . . " . N a le i tura , produzem -se i soto p ias ( d isse m i n ação, m u lt i p l icação, etc. ) , i nt ratextu a l i d a d e ( referênc ia a out ros textos de mesmo e n u nc iador ) ex p l ícita de tu ­tores m ú lt i p los : Macunaíma, p r i m e i ro poe m a de " O Ca rro d a M i sér i a" , p ri m e i ro de " R e ­m ate de M a l es", etc., com o ta m b é m i m pl íc ita d o a rt igo " A m o r e M edo". N a le i tu ra ta m ­bém s e produz i n te rtextua l id a d e i m p l íc ita n a referênc ia a poemas d e Álva res d e Azevedo, co m o p o r exem p lo , "Se e u m o r resse a m a n h ã ! " o u " O poema m o r i b u ndo", os q u a is , por sua vez , i n te rtextu a l i z a m poemas de Byro n e B oca ge . Ta nto e m Álva res de Azevedo co ­mo em M á ri o de A n d ra de , a i nte rtextu a l i d a d e efetu a corpoacta nci a l i d a d e d es m e m b rada ( a r l eq u i n a l ) e co mentár io i rô n ico do sent i m e nto ro m â nt ico d a m o rte; a i ro n i a descontex ­tu a l iza a produção de Álva res de Azevedo do R o m a nt ismo b ras i l e i ro e o co mentár io co ntextua l i za a produção de M á r io de A n d ra d e n a modern i dade . A i nte rtextu a l idade se faz como le i tu ra s i m u ltânea :

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MÁRIO DE ANDRADE

Macuna(ma

( p. 43 ) . . . . "O herói picado em vinte vezes trinta tor resm i n h os"

( p. 1 43 ) . . . . "Sem perna direita, sem os dedões sem os cocos-da-Bahia sem orelhas sem nariz sem nenhum dos seus teso u ros ( . . . ) . As piranhas tinham co­mido também o beiço dele e a muiraquitã!"

Poesias Completas

( " O Ca rro d a M i sér i a" ) ( p . 2 1 7 ) . . . . "Aos pedaços m e v i m - eu ca i o ! -

aos pedaços disperso / P rojeta d o em vitra i s nos joe l hos nas ca iça ras".

( " R e m ate de m a les") ( p. 1 57 ) . . . . "Eu sou trezentos, sou trezentos-e-cincoenta" .

Aspectos da Literatura Brasileira ( "Am o r e M edo") ( p p . 1 98 - 229 ) . (A i ntertextu a l i d a d e é m ot ivada não pe lo o bjeto d o e n u n ciado, o

medo do a m o r, m a s pe lo suje ito do m esmo e n u nc iado )

ÁL VARES DE AZEVEDO

"O poeta m o r i b u ndo"

MÁRIO DE ANDRADE

" Poeta s ! Amanhã ao meu cadáver Minha tripa cortai m a i s so no rosa ! . . . Faça m dela uma corda e ca ntem ne la Os amores da vida esperançosa!"

" Q u a n d o eu m o r re r"

"Quando eu morrer quero ficar, N ã o co ntem aos meus i n i m igos, Sepultado e m m i n h a c idade,

S a u dade .

Meus pés enterrem n a r u a A u ro ra , N o P a i ssa n d u deixem meu sexo, Na Lopes C h aves a cabeça

Esqueçam.

N o Pát io do C o l é g i o afundem O meu coração pa u l ista n o : U m coração vivo e u m defunto

B e m j u ntos.

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Escondam no Corre io o ouvido Direito, o esquerdo nos Telégrafos , Quero saber da v ida a l he ia ,

S e re ia .

o nariz guardem nos rosa is, A língua no a lto do I p i ra n g a Pa ra ca nta r a l i be rd a d e

S a u da d e . . .

Os olhos l á no J a ra g u á Assistirão a o q u e h á de vi r, O joelho n a U n ivers idade,

S a u dade . . .

As mãos atirem por a í Q u e desviva m co m o vivera m , As tripas atirem p ro D ia bo, Que o espírito será de Deus.

Adeu s."

( Dos m u itos versos de Álva res de Azevedo que fa l a m da m o rte co m o perda e p a rt ida e q u e i ro n iz a m o se nt imento ro m â nt ico da mesma m o rte, retêm - se, a q u i , a pe n a s a l g u ns exe m p l a res) .

ÁL VARES DE AZEVEDO

" S e eu m o rresse a m a n h ã ! "

"Se eu morresse amanhã, v i r i a ao menos Fecha r meus o l hos m i n ha triste i rm ã ; C • . } Qua(1ta glória pressinto em meu futuro! Que aurora de porvir e que amanhã! Eu perdera chorando essas coroas

Se eu morresse amanhã!"

"O poeta m o r i b u ndo" e em pa rte " Q u a n d o eu m o r rer" efet u a m isoto p ias disseminação e/ou multiplicação, p rod utoras de i n te rtextu a l i dade . "Se eu m o r resse a m a n h ã ! " e em pa rte " Q u a n d o eu m o rrer" efetu a m isoto p ias partida-perda (Á lva res de Azevedo ) e ficar­ganhar ( M á ri o de A n d ra d e ) . As i soto p ias disseminação e/ou multiplicação têm nas i soto p ias partida-perda e ficar-ganhar co r respo ndênc ias e entrecru za m entos, o u seja , a disseminação da co rpoacta nci a l i da d e a r l eq u i n a l , q u e ta m bé m é multiplicação, possi b i l i d a d e ú n ica de fi­car, e, a l é m d i sso, perda d e u n i d a d e e ganho em m u lt i p l icação. Qua nto ao "eu " româ ntico, e n u nc ia a m o rte co m o perda e m "Se e u m o r resse a m a n h ã ! " - "ao menos", "tr iste", " Q u a nta g l ó r i a p ress i nto", "eu pe rd e ra chorando" - e e m pa rte de " Q u a ndo eu m o r re r", "sa u d a de", e co m o desm e m b r a m e nto e m " O poeta m o r i bu n do" e e m pa rte de " Q u a n d o eu m o rre r". A p e n a s o " m i n h a t r i pa co rta i " perm ite ao e n u nc iado r ficar no ca nto, " u m a co rda e cantem n e l a " . A corpoacta n c i a l i d a d e azeved i a n a efetua a m o rte co m o partir, se­pa ração da vida, a o passo que a n d ra d i n a a efetua co m o ficar ("sepu ltado", "ente r rem", "de ixem", "esq ueça m", "afu n d e m " , "esco n d a m " , " g u a rdem", "ass ist i rão", "at i rem", "se rá", co r poacta n c i a l i d a des i nsta n c i a d o ras, em g ra u s d ive rsos, d o ficar p la nta do na vi ­d a ) .

Trans/Form/ Ação, São P a u l o , 9/ 1 0 : 57- 85, 1 986/87.

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A i ntertextu a l i dade co m o p rocesso é a r l eq u i n a l na d i sse m i n ação e m u l t i p l icação do b r i n q uedo vár io d a produção textu a l ; é a p e n a s a r leq u i n a l , po is não se fa z com p rojeto tra nsce nde nte, q u e se encena das p rescr ições e c la ssif icações d a fi g u ra o posta à m u lti p l i ­c idade, P ie r rô.

É convenci o n a l o p l a n o que div ide o Padre Jesuíno do Monte Carmelo e m duas pa rtes, v ida e obra . Contudo, p roteg endo o ficc i o n a l ( " V i d a " ) da p r i m e i ra pa rte co m refo rço d o ­cu m e nta i e m a pênd ice de notas ou com a n á l ises exa u st ivas ( " O b ra " ) na seg u nd a pa rte, o B ióg rafo d i ssolve os l i m ites esta be lec idos p a ra texto de i n st i tu ição docu menta l ( S P H A N ) . Po is a própr ia p a rt ição em dois , com q u e se defende , osci l a : a d m it i n d o a adequ ação à "cient ifi c idade" req u e r i d a , o enu nc iador das ca rta s a R o d r i g o M e l l o F ra nco de A n d rade i ns iste, todavi a , e m textu a l idade d i ve rsa d a ca n ô n ica; a p retexta ção, j á v ista , de se r poeta é d i r ig ida menos pelo a p u ro da redação do q u e pela pa ixão do b iog rafa d o (4, p. 1 83 ) . A va lo r i zação do " l ite rá r io" da b iog rafi a , recusa n d o o m ode lo text u a l i m posto, d i l u i a p ró­pr ia pa rt ição: d i ssem i n a m - se pe la pa rte a n a l ít ica s i g n if ica ntes de pa ixão ( N ota 1 6 ) . E ssa explosão d e l i m ites, q u e r os d a ca n ô n ica i n st i tuc i o n a l por b i o g raf ia co nceb ida co m o "tom ficção" (4, p . 1 83 ) , "conto" ( N ota 1 7 ) , " n ove la ro m a n esca " ( N ota 1 8 ) , q ue r os da p ró p r ia d iv isão do texto, n ão confi g u ra b iog rafe m a , i n a d e q u a do , p o r ser d i ssem i n a d o , ao fec h a ­me nto p reesta be lec ido. À c i rc u n scr ição d o texto é dev ida à p reva lênc ia do se nt ido so bre a si g n i ficâ nci a : não decorre, ass i m , a pe n a s d a a n a l i t i c idade, que a rt icu l a conceito e sent i ­do, deve - se, pr i nc ipa l m e nte, à ci rcu nscr ição de ca ráte r ( o b iog rafa d o ) ; e m b o ra o tutor , l a ­cu na r ( o doc u m e nto é ra ro ) , e nseje a d isse m i n ação, o b ióg rafo cerca o seu o bjeto. O P a ­d re J esu íno é em b lem ático: a efetuação ps ico l óg i ca q u e m a rca o texto o pera ta nto a c i r ­cu nscr ição d a perso n a g e m q u a nto o m a pea m e nto eco n ô m i co, po l ít ico, re l i g i oso, etc., q u e especif ica a a rte da S ão P a u l o co lo n i a l . Fech a m e nto de ca ráter e de ca rtog rafi a , req u i sitos de e m b l e m a ( q u e rep rese nta um outro, a que co rrespo n d e por ide nt if icação de p red ica ­dos reco rta dos no rep resenta nte e no rep resenta d o ) . E ssa co r res p o n d ênc ia é d i fe re n c i a l ; esta belecendo - se em v é r i o s n íveis , o e m b l e m a " P a d re J esu íno" p o d e ser re lac i o n a d o com outro e m b l e m a , "Ale i j a d i n ho" . E m b l e m ático, este rep resenta a C o l ô n i a ( refe r ida a u m p r i m e i ro a q u e t ransgr ide como defo r m ação ex p ressi o n i sta nos do is sent idos da a m ­p l i fi caç ão) co m o s u a síntese; ta m bém e m b l e m ático, o P a d re J esu íno rep resenta , n ão co ­mo o Ale i ja d i n ho , a C o l ô n i a toda, m a s a ca pita n i a de São P a u l o : o A le ij a d i n h o corres­ponde h a r m o n iosa m e nte a o co nju nto, o P a d re J esu íno co r respo nde , espedaçado, a o su bco nju nto espedaçado. E n q u a nto o Ale i j a d i n h o é e m b l e m a s i ntético, o P a d re J es u í n o é em b lema hete rócl ito (e re p resenta p o b reza m a l esta renta , d i áspo ra de h o m ens, esta g n a ­ção eco n ô m ica, etc . ) ( N ota 1 9 ) . Assi m , hete rócl i to , o P a d re J esu íno c l ass ifica - se ent re o s i nc lassif icáveis; espre m i d o entre o e r u d ito, a q u e n ã o a lcança , e o fo l c l ó r ico, de cuja e n e r ­g i a ca rece, não pe rte nce a n e n h u m dos do is : e m b l e m a , m a is , e m b l e m a p o rq u e fratu ra do, d o d i spe rso, não e n g ata, rep rese ntat ivo, b iog rafe m a ( po i s a d i spersão é s i g n if ica d a , m a s não efetu a d a ) .

Apesa r de p i ntor m ú lt i p lo , enca r n a d o r de i m a g ens, ca nta d o r de m ú sicas, r isca d o r de a rq u itetu ras : J esu íno não é u m a síntese. E sta s íntese a rea l i z a , bastante h a r m o n i osa m e nte, o u tro a rt i sta u m p o u c o s e u contem porâ neo, e de m a i o r g ê n io , o A le i ja d i n h o . J esu íno n ão . J es u í n o n ã o rep resenta sínte ­se n e n h u m a . É u m co nju nto desesperado de espécies co ntra d i tór i as (9 , p. 200 ) .

J esu íno fica nesse ent rem e i o m a l esta rento ent re a a rte fo lc ló r ica l eg ít i m a e a a rte e r u d ita l eg ít i m a . H á u m q u ê de i r reg u l a r idade , de . . . de ba ixeza mesma na o b ra dêle, que n ã o tem nada d a s fô rças, fo r m a s e fata l i da des d a a rte fo lc l ór ica . M a s J es u íno n ã o chega a e r u d ito. E u m po p u l a resco ( . . . ) . T a m b é m n isto ê l e s e reco nfi r m a no g ru po d o s a rt ista s bras i l e i ros d a C o l ô ­n i a , e representa c o m m a i s a g u deza q u e a m a i o ri a d êles, o q ue e r a a cu l ­tu ra a rtíst ica naci o n a l d e seu te m po (9 , p . 202 ) .

T rans/Form/ Ação, S ã o Pau lo , 9/ 1 0 : 57- 85, 1 986/87.

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C l assif icação q u e d i sti n g u e com va l o res, " l e g ít i m o"; é b iog rafi a , po is o pe ra como se n ­t ido . O e m b l e m a fra turado c i rcu nscreve a b iog rafi a , ta nto d o Padre Jesuíno q u a nto da correspo ndênc ia q u e, entre 1 94 1 e 1 945, M á r i o desenvolve a seu respeito com Rod r igo Mel lo F ranco d e A n d ra d e (em d o i s reg i st ros, ínt i m o e ofic i a l ) . S ã o textos s i m u ltâneos: enq u a nto a co rrespondência i n s iste em desco bertas, d i f icu l d a des, recom eços, o l i vro se esc reve vár ias vezes (c i nco, seg u n d o o d i reto r d o S P H A N ) ( N ota 20 ) . N e n h u m dos do is é tutor do o utro, nem seu espe l h o : passos de ca rtas são desenvo lv idos no l iv ro, q u e é re­su m i d o consta nte m e nte p o r re latór ios o u co r respo n d ênc ia pessoa l : a re l açã� é de t ra b a ­l h o , e m q u e os textos s ã o reto m a dos n o s d o i s sent idos, i n defi n i d a m ente. E na ca rta d e d o i s d e feve rei ro d e 1 943 q u e o b ióg rafo enfat iza o sent ido d a p rodução do P a d re J esu í ­no, q u e o l ivro desenvolve. É a ênfase q u e põe o P a d re J esu íno em re lação com o Ale i j a ­d i n ho; e n q u a nto este, pe r m a n ece ndo n o s q u a d ros iconog ráficos esta be lec idos, t ransg ri ­de a fo r m a , defo r m a n d o - a , a q u e le , p reso aos pad rões fo r m a i s assentados, v i o l a a ico n o ­g raf ia bra nca c o m a m ã o parda . C o m o P a d re J esu íno , o m u lato i r rompe co ntra a co n ­ve nção, i d e a l , d a p i ntu ra h a g iog ráfica ; i ntrod u z i n d o o pa rdo, - a njos, b ispo, sa ntos - , d e ­s idea l i z a o m o d e l o co m a observação ( N ota 2 1 ) . O retrato é o espaço do pa rdo : em q u a ­d ros o u fo rros, a observação s e i nt romete na i d e a l i d a d e branca , q u e é , de l o n ge, pred o ­m i n a nte e m J es u ín o . N essa i nt ro m i ssão, a re lação c r u z a d a n o s a n j i n hos : q u a ndo seus ca be los são p ixa i m , h á b ra n q u e a m e nto; q u a n do a pe le é parda , os ca be los se a l i s a m . D is­s i m u lação que ta m bé m opera o h i e ra rca, b ra nco e neg ro:

Ê sse sa nto é um m u l ato. E é um m u lato m u ito nosso co n h ecido, m u ito d a n o s s a p rát ica , d e q u a ntos d e nós co nvive r a m a i n d a l a rg a m e nte na i nfâ nc ia , com ex- escravos e neg ros ve l hos . D i r - se - i a mesmo q u e é u m neg ro, a pe ­sa r d a cô r d i sfa rça d a . É u m h a u ssá de' n a r i z a q u i l i n o , maçãs s a l i e ntes, q u e os o utros sa ntos não repete m , o l h i n hos so r r ide ntes, e u m a b o n d a d e g e r a l der iva d a d e m u ita obed iênc ia , m u ita i g n o râ nc ia e m u ito sofr i m ento ( N ota 2 2 )

E ste h a u ssá b r a n q u e a d o é co n st i tuído po r d i ss i m u l ação e leme nta r (cor ) ; os a n j i n hos, q u atro, são p i nta d o s co m co r e cabelo entrecruzados. Das q u at ro deze n a s de convenc io­n a is, são os ú n icos pousados e m a l g u m p iso ; dos q u atro, a pe n a s u m não se d i sfa rça , é pa rdo tanto n a pe le q u a nto n o p ix a i m d o ca be lo :

Não de ixa de ser i m p ressi o n a nte a m a n e i ra co m q u e o a rt i sta m u l ato m a l ­trata os ca be los d o s seus a njos. E le d esco n h ece, i g nora , o s ca be los crespos à eu ro péi a , fofos e leves, f lexuosa m e nte e n c respados. S e os faz, po r essa época , d e a njos posit iva mente b r a n cos, são cabe los l i sos, d u ma l i su ra r ís ­p i d a d u ra , por vêzes, s e m nen h u m a ex per iênc ia sensíve l de observação. Mas se os faz c respos, logo os e n c respa em cachos g o rdos, m u ito d a nossa ex per iênc ia e d a n ossa v ida bras i l e i r a . E a té, se observa rmos o a n j i n h o q u e ( . . . ) seg u ra u m a flo r ( . . . ) to pamos q u ase q u e g a ra n t i d a m ente c o m u m a fi ­g u ra q u e, a l é m de neg ró i d e no t i po, t raz u m a cabe le i ra pouco m e n os q u e p ixa i m ! E fáci l a o bjeção: M a s por q u e êste a nj i n h o é b r a n co d e pe le , e o a njo m u l ato se d i sfa rça? N ã o é ve rdade q u e êste ú lt i m o se d i sfa rce, ê le é fra nca m e nte m u l ato n a côr d a pe le . ( N ota 23 )

É o céu que o d i ss i m u l a , o peração d o co nju nto:

S ó que o seu bod i n h o fo i ca r m e l i ta n a m ente d i sfa rça do, recebendo a q u ê l e ba n h o d e l u z ce lesti a l q u e p rovàve l m ente no o u t r o m u n d o nos to r n a r á to ­dos i g u a is . M a s entre a p rofu são das q u atro dezenas de a nj i n hos, o a rtista m u lato conq u i sto u o d i reito d e a pe n a s um exem p l a r m u lato. Ê ste porém de fra n ca m u lata r ia (9 , p . 1 88 - 9 ) .

Trans/ Form/Ação, S ã o P a u l o , 9/ 1 0 : 57- 85, 1 986/87.

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o d i sfa rce por entrecru z a m e nto de característ icas i m p l ica o retrato. Os q u atro q u a d ros d e sa ntos, do 'conju nto exta nte de o i t o , - S a nta Teresa de J esus, S ã o S i m ã o Stock, Sa nto An ido e São J o ão da C ruz - , são retratos pois fog e m à convenção. F i l hos do p i nto r, e o b ióg rafo va i motiva ndo o a rbitrá r io e to r n a n d o a r b i t rár io o motiva do, i n cessa ntem ente. M otivação no nome : o retrato de São S i m ão Stock tem por mode lo o fi l h o de mesmo nome; o de Sa nta Teresa , a fi l h a M a r i a Teresa ( N ota 24 ) . Arb i t rár io do n o m e : o b iog rafa ­do d i ss i m u l a a motivação, fazendo do h o m e m S i m ão mode lo de out ro S a nto ( n o q u e rem otiva a motivaçã o : o d isfa rce é motiva d o ) (cf. 24 ) . J á o S ã o J oã o d a C ru z t e m o fi l h o E l ias po r mode lo ( o q u e é asseg u ra d o p e l a a q u a re l a do patr ia rca d o s Dutra , q u e o retrata ) (9, pp. 1 78 - 9 ) . M a s : os q u atro a n j i n hos d i ss i m u l a dos ( m e nos u m , até ce rto po nto ) e os q u atro sa ntos (ass im co m o o M e n i n o J esus de P ra g a que repete um dos a n j i n hos ) (9 , p. 1 85; 4, p. 1 7 1 ) são retratos dos fi l hos. E n q u a nto a ca rta i n s iste n a idea l i dade das sa ntas, o Padre Jesuíno do Monte Carmelo reco rta deste co nju nto fe m i n i n o S a nta Te resa, cujo mode lo é a fi l h a ( N ota 25) o ret rato d ife re d a i m a g e m i d e a l i z a d a porq u e a c i rcu n sc reve com o ca rater, n ã o menos pa rdace nto do q u e o dos fi l h os va rões:

A adesão que ê le t i n h a p a ra co m êsse retrato da S a nta Te resa era outra, der ivada de outro a m o r, d e outra p refe rênci a . J es u í n o retratava a l g u é m . A m e u ver, a fi l h a . E ra a adesão de u m p a i . E êsse rosto d i fe rente ta m bé m s u g e re o seu ta l o u q u a l m u lat ismo (9 , p. 1 84 ) .

O retrato é ci rcu nscr ito pe l a o bse rvação e excl u i a i d e a l i da d e repetit iva da co nvenção; a g e n e ra l i d a d e e a i n d i fe renc iação desta são o postas ao i n d iv id u a l , não são s i n g u l a r, po is são per ig raf ia do sent ido. A extensão do retrato a u m co l et ivo q u a l q u e r, " m u la ta r i a" , o pe ra resse m a nt ização, efetuada ps ico l o g i ca m e nte nos textos; a s d escobe rtas vão, ass i m , ex pl ic ita ndo o sent ido ded ut ivo da i nvesti gação : i n d ic i ada por u m a " p u l g a atrás da o re ­l h a " ( N ota 2 6 ) , o pe ra c o m co r re l ações entre a p i ntu ra e a ps ico l o g i a ( i n d iv id u a l , co l et iva ) . Assi m , o ca ráte r ci rcu n scr ito pe lo retrato opera resse m a nt ização d ive rsas c o m co n ste l a ­ç ã o de re lações d e b ra n co e pa rdo, q u e s e ex p l ic ita m e m pe l o m e n o s três oco rrênc ias : a s fig u ra s pa rdas i nva dem o fo r ro bra nco d e I t u , d i ss i m u l a d a s entre fi g u ra s tam bém b ra n ­ca s d a co nvenção ( N ota 27 ) ; o pa rdo casa -se com bra nca e m c idade ca rente d e h o m e m ( N ota 28 ) ; a pesa r de esti m a e res peito ded icados a o pa rdo por F e i j ó ( N ota 29 ) e out ros brancos, ele não co n se g u e ser a d m it ido na O rd e m T e rce i ra de N ossa S e n h o ra d o C a rmo, de bra ncos, i n g ressa n d o na Confra r i a da Boa M o rte, l i g a d a ao Ca rmo, e d esti n a d a a pre­tos e m u l atos ( N ota 30 ) . O b ióg rafo rea rtic u l a essas re l ações entre o pa rdo e o b r a n co , resse m a nt iza ndo a p i ntu ra d o P a d re J esu íno; n a s três espécies de re lação , o pa rdo é defi ­c iente, po is o p rópr io casa m e nto com a a lvu ra é at r i b u íd o à ra reza de va rões; m a is , a d i s ­s im u l a ção dos p a r d o s p e l a s fi g u ra s a lvas e pe la l u z b ra n q u ea d o ra ( e m q u e o p e ra a excl u ­dênc ia d e ca racter íst ica por outra : tez e t raços faci a i s neg ró ides a l i sam o s cabe los; ca be lo p ix a i m a lveja a pe le e os t raços ) é d ra m at izada com d i á logo :

P o r ce rto q u e u m pr io r Lou renço de A l m ei d a P ra d o n u nca pode r i a i m a g i ­n a r q u e o a rt ista de co nd ição h u m i lde t ivesse a a u d ác i a de bot a r u m pa rdo nos o rg u l h osos céus ca rme l ita nos. - Que é a q u i l o , J esu íno F ra nc isco? Por q u e a q u e l e a nj o está m e sa i n do tão escu ro? - F a ltou t inta , se n h o r Lou renço, fa lto u t i nta (9 , p. 1 89 ) .

A s re lações entre bra nco e pa rdo não d isse m i n a m n a d a , p o i s o p e r a m o posit iva m ente ci r ­cu nscr ição. O seq üestro n a p i ntu ra de J esu íno é resse m a nt iz a d o r, p o i s seq üestra s e ­q ü estro por d i ss i m u l ação; não sendo macu n a ím ico, ta l seq ü estro n ã o produz l i n h a s d e fu g a , a ntes s e a p ro p r i a sor rate i r a m e nte na p i ntu ra d o s va lo res esta be lec idos. Absorção q u e resgata o pa rdo n a própr ia cena e m que é seq ü estrado, co m os bra n cos, de q u e se

Trans/Form/Ação, São P a u l o , 9/ 1 0 : 57- 85, 1 986/87.

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a p rox i m a , no céu b r a n co q u e a to dos i g u a l a ( N ota 3 1 ) : a p i ntu ra , q u e rese rva cant i n h o de céu pa ra a fa m í l i a , resse m a nt iza -se a l egor i ca m e nte a o este n d e r -se à redenção d a co leti ­v idade m u l ata . M a s a redenção pe lo retrato, i n d iv i d u a l ( e fa m i l i a l ) , a lego r iza a de todo o g r u po : d i s p osit ivo sa lváfico q u e tem a v i n g a nça p o r p r i n cíp io . O seqü estro de seq üestro jesu ín ico não leva a o céu m a c u n a í m ico; i ncapaz d e m u d a r s ít io , "est re l i n ha" , reafi rma os va l o res que o seq ü estra m , d i ss i m u l a n d o - se , resse nt ido, e m seu céu de p i ntura (9 , p. 1 90 ) . C o m o q u est i o n a a rep ressão (9 , p . 200 ) , i g u a l a com d i sfa rces os b r a n cos q u e no c é u têm assento e, a l e g o r ica m e nte, os pa rdos que, re ite r a n d o os va lo res, po r e les são su b i dos.

O retrato, a um tem po i nd iv id u a l e fa m i l i a l (e , a l e g o r ica m ente, co l etivo ) , é c i rcu nscr ição q u e recebe, em J esu íno , sent i d o genea l ó g ico ( N ota 3 2 ) .

T a l g e n e a l o g i a é u m si m u l acro : d esce n d e nte dos Voado res, J esu íno é excrescê nc ia d e ra m o pa rdo, a q u e o m ite p o r s u p ressão do so brenome, a pe n a s g ra fa n do " G u sm ão" em docu m e ntos que o ex igem i m pe rat iva m e nte (9 , p . 1 90 ) i g n o ra d a a d o n o m e, defende a d a sa lvação, com i ntenso senti d o afetivo, d o s s e u s e , a l ego r ica m e nte, d o g ru po, ge nea l o g i a q u e reci rcu nscreve o retrato co m o seq ü e stro resse nt ido de seq ü estro escravista na i m a ­g e m sag ra da . I ns ist i n d o - se na b iog raf ia , q u e s e i m b ri ca na genea l o g i a , a p i ntu ra jes u í n i ca se retra i , po is red u z o d ife rente ao m esmo, a si mesmo ( N ota 33 ) . N ova ci rcu nscr ição q u e to r n a h i pe r - pe r i g ráfica a p i ntu ra , efetu a d a por b iog rafi a q u e se m a nt iza o s i g n i ficado, h i ­pert rofi a n d o - o à m e d i d a q u e o desenvolve. P o i s, co m o o retrato q u e i nterpreta e re inte r ­p reta , a b iog raf ia é , d ra m atica m ente, sua re p resentação e m a bismo. À m e d i d a q u e cerca o b iog rafa do, mesmo n a a l egor ia q u e o co let iv i za , ci b ióg rafo, e n u nc ia ndo os d i re itos do poeta, vai operando em otiva m e nte, nova ci rcu n scr ição; é do b ióg rafo a tese de que os d oc u m e ntos devem ser person if ica dos, d ra m at iza n d o - se o e m b l e m a J esu íno (o q u e , em certa m e d i d a , ta m bé m ocorre com o Ale i ja d i n h o ( N ota 34 ) . A l i teratu ra , co m o ficçã o, conto, novela ro m a nesca, p redete r m i n a o sent ido, pe l o m e n os e n q u a nto ca ptu ra da s i g ­n i ficã nc ia ; o mesmo se p o d e d i z e r das i m a g ens, q u e r das fotog rafi a s ou das de M i g u e l A rca njo Dutra , a rt icu l a d a s n o sent i d o d o cerco do b iog rafado. N e m os m u latos da p i ntu ra co n st i tuem si n g u l a r i d a d e text u a l , pois o pera m , a ntes, co m o foco d i reto r de e m oções ( " c u r i os íss i m o", " i m po rta nt íss i m o " se diz d e sua d esco berta ) , h i pérbo le que fi g u ra no texto, não u m a desco nt i n u i da de , mas o m á x i m o d e re levo ( ta m bé m , em n e n h u m m o ­m e nto a fi g u ra é desco n st r u íd a p o r outra , i ro n i a , p a r ó d i a , etc. ) . H i pe r - pe r i g ráfica , a b i o ­graf ia , o p e r a d a p o r sema nt izações e resse m a n tizações, não a d m ite o b iog rafe m a .

Lei a - se a ú l t i m a ca rta d i r i g i d a a R o d r i g o M e l l o F ra nco de A n d rade, q u e fa l a n a m ã o pa rda . M ã o p a rd a , m ã o l a d ra : o m a n u c ri sto env iado pa ra o R i o é o bj eto de a r repend i ­mento,

A pa rte da b iog raf ia é que m e ata neza , p reciso re l e r, m o d if ica r. É p reciso. Tive, com a fu g a d o l ivro pra a í, o que q u e r d i z e r que em bora a i n d a não p u b l i cada , a o b ra p r i n c i p i o u v ivendo por s i , se m m i n h a a utor ização nem co n d esce n d ênc ia , t ive a noção exata de que, se o tom ficção está ce rto pro caso, me de ixe i l eva r à s vezes pra u m a , co m o d i zer , pra u m a l i berdos idade, uma l i ce nc ios idade l i te r á r i a , uma i m o d éstia no t rata m e nto d o to m . So­b retudo n a q u e l e refrão d e J esu íno tom a r co nsc iênc ia de seu m u l at ismo, o l h a n d o n a frente a mão m u lata de le , p i nta ndo , toca ndo nos órg ãos. É ter fe ito d i sso um refrão que to rnou l i cenc iosa a a n á l i se ps ico lóg ica . E u só po­dia faz e r d i sso um refrão se t ivesse a po i o b i b l i o g ráfico (4, p. 1 87 ) .

A m ã o p a rd a , q u e m a n i p u l a o Padre Jesuíno, é efetu ação psico l óg ica q u e, fi g u ra l m ente, segu ra o texto, ta nto como s i n édoq u e d a p i ntu ra ( ta m bém da m úsica e d a a rq u itetu ra ) , q u a nto co m o m etáfo ra a legor iza nte da a rte m u l ata e , po r exte nsão, da co l o n i a l pa u l i sta .

Trans/Form/Ação, S ã o Pa u l o , 9/ 1 0 : 57- 85, 1 986/87.

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N o s efeitos d e gên ese psico l óg i ca q u e o texto produz , a m ã o parda é o ve rossí m i l d e to ­dos os ve rossím eis q u e de le esco rrem. N o enta nto, a mão é i n ve rossím i l , não está a po i a ­da em docu m e nto. P ro d u z - se c o m a m ã o efeito d e fra g m e ntação e d isse m i n ação dos efe itos de ve rossi m i l h a nça, que a rt icu l a m o s iste m a , a n u l a n d o - se o t raba l ho i nte r p retati ­vo do b ióg rafo. Porque dest itu ída de fu n d a m e nto docu m e nta l , a i nte rpretação em seu co nju nto f ica escr itu ra l m e nte co m p ro met i d a . A m ã o :

N a sua fre nte enxerg a a q u e l a m ã o p i nta n d o . E le era u m pa rdo (9 , p. 45 ) .

J esu íno F ra nc isco n ã o perde v ista a s u a m ão , essa m ã o q u e na frente dê le p in ta nas p i ntu ras e nos órgãos , a pe le de u m dos a n j i n hos l h e sem p re a o l h a r de d ed i l h a n d o nos órgãos ( . . . ) . N a revo a d a de a nj i n hos q u e ê le des­pertou e fêz voa r pe lo a lv íssi m o fô rro d a Ca r m o, e n x e rg a n d o a q u e l a mão q u e ê le é ta nto fo rça d o a o l h a r n a p intura e nos órg ãos, a pe le de um dos a nj i n h os lhe sa i u exata m e nte da cô r da m ã o (9, p. 49).

S i g n i ficâ nc ia , a m ã o desconstrói o s i stem a co n stru íd o com s i g n i fica dos ( a pesa r dos pro­testos d o poeta ) . F i g u ra a rt icu l a d o ra de fi g u ras, n ã o é verossím i l . I n screve, p o r i sso, o b iog rafe m a na b iog rafi a , ou m e l h o r, fa z da b iog raf ia efeito verossím i l de b iog rafe m a . Po is a t é a motivação d a m ão parda e dos a n j i n hos m u l atos na c itação é a r b i t rá r i a e , a s ­si m , a motivação é e la m e s m a efeito de a rb ít r io , d i sse m i nação de efeitos de sent i d o s i s ­tem ático. Desa rt i c u l a d o e , ass i m , a rt icu l a d o , o b iog rafe m a d o r - b i óg rafo d i z a r re pende r - se

. dos excessos, seu eq u ívoco. P romete e m e n d a r o texto, m a s a correspondênc ia se i nter -ro m pe.

Trans/Form/Ação, S ã o Pau lo , 9/ 1 0: 57- 85, 1 986/87.

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A N G OTTI K O S S O V I TC H , E . - B i o g ra p h e m e d e M á ri o de A n d ra d e : d u p l u r i e l . Tra ns/Form/Ação,

S ã o Pa u l o , 9 / 1 0 : 55- 84, 1 986/87.

RÉSUMÉ: Ce texte est une partie du troisieme chapitre de mon Doctorat de 3 eme Cycle - M á ri o de A n ­d ra d e: Pluriel (Faculté de Philosophie, Lettres et Sciences Humaines - Université de São Paulo). li s'agit d'un essai de production d'un biographeme, à la façon de Roland Barthes. Le biographeme c'est de la production tex­tuelle à la dérive des signifiants. Ne s 'inquiétant point de la vérité, le biographeme joue à la vraisemblance tout en la déjouant. Dissémination, un biographeme n 'hesite pas à metre en oeuvre tous les opérateurs de langage a sa porteé. Agissant de la sorte, il fait usage de la biographie, I'écartelle en la rendant a utre à I ' éca rt Si la biogra­phie travaille a vec des faits en vue de I'établissement du vraisemblable du biographé, le biographeme retient I'ar­bitraire de la production de cet "être-en-encre" qu 'il imprime sur le papier. Son enjeu c'est donc le jeu des ima­ges, des scenes, des gestes, des fragments textuels, des pulsions, c'est-à-dire, des signifiances.

UNITERMES: Vraisemblable; arbitraire; d oxa; paradoxe; texte; écriture; énonciation; énonclateurs; énon­cé; biographie mémoire; signifiance; intertextualité; polyphonie; sémiologie.

N OTAS

1 . B A R T H E S , R o l a nd - Roland Barthes par Roland Barthes . Pa r is , S e u i l , 1 975. p . 1 1 4: " Le b i o g ra p h e m e n 'est r i en d ' a utre q u ' u n e a n a m n ese fact ice : ce l l e q u e je prête à I ' a uteu r q u e j ' a i m e " .

2 . " L' au teu r q u i v i ent de son texte e t va d a n s n otre v i e n ' a p a s d ' u n i té, i l est u n s i m p i e p l u r i e l de 'ch a rmes ' , l e l i eu de q u e l q u es d éta i l s tén us , so u rce cepe n d a n t de v ives l u e u rs ro m a n esq ues, un chan t d i scont i n u d ' a m a b i l i tés L . . ) ; ce n ' est pas u n e perso n ne (c iv i l e , m o ra l e) , c 'est u n co rps" ( 1 2, p . 1 3)

3. " M á ri o de A n d rade" - I ntrod ução de Ped ro N ava a Correspondente Contumaz. R i o de J a n e i ro , N o ­va Fronte i ra , 1 982, p . 25- 26: " O retrato de Port i n a r i , o b ra - pr i m a de p i ntu ra não dá u m a i d é i a perfeita d e M ár i o . E I El é ex p ress i o n a l i z a d o n u m a meg afo rma q u e c a b e r i a m e l h o r ao g i g a nte We n ­ces l a u P i etro P i etra . E tó rax d e m a i s e q u e ixo d e m a i s . Fo ra i sto e fa lta rem o s ócu los -:- a seme l h a n ­ça é q u ase tota l . O de Lasa r S e g a l a p rox i m a - se m a i s e d á i d é i a perfeita da m i o p i a e do q u e e l a a d i c i o n a à ex p ressão . Trata -se de u m retrato de moc idade e os o l hos de M á r i o a i n d a n ã o t i n h a m a d q u i r i d o a a m a rg u ra q u e j á tra nspa rece n o ó l eo de F l áv io d e C a rva l h o , n e m a resi g n a d a sa nti ­d a d e q u e está n o pastel de Ta rs i l a . O utro paste l , o de A n ita M a lfatti é d esseme l h a nte e só d á bem a noção d e sua postu ra d e pescoço e c râ n i o . E sta a i n d a a pa rece m e l h o r nas ca beças escu l p i das de Joaq u i m F ig u e i ra e B ru n o G i o r g i e mesmo n a i m o b i l i d a d e terrível d a m á sca ra m o rtuá r i a de M a ­r i o e n o r m e d e A n d ra d e " .

4. S o bre as foto g rafi as de W a rchavc h i k , M á ri o - p l u ra l íss i m o nas q u atro m eta des d o rosto : " M u ito de i n d ústr ia d e i xe i pa ra o fi m as m e l h o res foto g raf ias de M á r io de A n d rade . As t i radas por W a r­chavc h i k . Q u a l q ue r d e l i,l s é foto g raf ia d e a rte p r i nc i pa l m e nte d i fíci l d e rea l i z a r p o rq u e a p a n h a o m o d e l o de frente. L .. ) E o retrato d e u m h o m e m em p l e n a fo rma e sem a p resenta r certos s i n a i s de m a g reza fo rçada e d e q ue d a de traços t ra d u z i n d o reg i m e , m o l ést i a e ve l h i ce . M a s q u e retra ­to . . . D i v i d i d o p o r u m a ho r izo nta l q u e passasse pe l a po nta d o n a r i z te mos e m ba i xo o q ue ixo vo l u ntar ioso e possa nte dum d i o n ís i o so r r ide nte. Já a m eta de de c i m a é a de uma g o rg o n a m ío pe ato rmenta d a p e l a s p róp r ias serpe ntes . Se f i zermos o m e s m o j o g o co m u m a vert ica l , o l a ­do esq u e rd o é o d u m fri o e l úc i do o bse rva dor , o o l h a r a g u d o e co rtante se esg u e i r a n d o de d e n ­t r o d a defo r m ação ha b i tu a l m e nte aca rreta d a p e l a s l en tes dos ócu los . A m e i a boca é i rôn ica e a l ­t iva . M a s a m eta d e d i reita mostra u m o l h a r m o rto de sofre d o r e m á rt i r e n q u a nto o resto de s u a b oca t e m o hero ísmo e a e n d u rãnc i a d e co nti n u a r sorr i n d o a pesa r de t u d o " . I n A n d rade , M á r io d e . Correspondente Contumaz: Cartas a Pedro Nava, 1 925 - 1 944 , o .c . I n t r o d u ç ã o de P e d r o N a v a , p . 2 7 .

5 . I b i d e m , p p . 28- 29; a s mesmas d i ferenças exte rnas e i nte rnas o bserva das n a i m a gem são enfati ­zadas na fa l a : " E como é? q u e fa l a va esse g ra n g a nz á do M á r i o . C o m a m e l h o r voz e o m o d o

Trans/Form/Ação, S ã o P a u l o , 9/ 1 0 : 57- 85, 1 986/87 . .

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m a is m a c i o . Como que l u br if icava as p a l a v ras baba n d o as s í l a bas que sa ía m n o seu sota q u e prov i n c i a n o , sepa radas feito cu bos de g e l o c u j o s â n g u l os e a restas fossem émoussés por de rre­ter. S u as s í l abas e p a l avras se a rred o n davam e esco rreg avam so bretu d o nos seus CH H . M a rc h a . M a rc h a r, W a rchavc h i k . C h i q u e . M esch ick . E t i n h a a p ropr i edade d e fa l a r se r i n d o - e ria, como ele ria! riaté sem razão . E e ra n essa mesma fa l a de pa u l i sta no sem se i m posta r nem se i m porta r q u e e l e e r a u m i ntérprete a d m i ráve l de poes ia e prosa . Lem b ro d e tê- l o v i sto e o u v i d o l e r co isas suas em casa d e R o d r i g o . Sua construção o ra l t i n h a , entã o , m o d u l ações de frase m u s i ca l . E n ã o e ra que dec l a m asse, Deus m e l i v re ! O que e l e e ra é u m d i zed o r fa bu loso a té de frase d e co nve rsa . Deg ustava a p a l avra e essa s u a v o l ú p i a p a l ata l é q u e deve ter i n s p i ra d o seu C o n g resso de Lí n ­g u a Nac i o n a l C a ntad a " .

6 . I b i d e m , p . 3 1 : "Ti n h a n a d a q u e co m p ree n d ê - l o m a i s do q u e e l e estava s e mostra n d o n a s u a fa ntást ica d i ve rs i d a d e (trezento s ! trezentos e c i n q ü enta ! )" .

7 . A rt i g o env i ado pa ra p u b l icação em O Estado de São Paulo ; recu sado , é d i v u l g a d o p e l a se ns i b i l i ­d a d e de P a u l o D u a rte. Cf. D UA R T E , Pa u l o . Mário de Andrade por Ele mesmo. S ã o Pa u l o , E d a rt, 1 97 1 .

8 . O p r i m e i ro seg m e nto está e m " H á u m a G ota d e S a n g u e e m cada Poe m a " , in Obra Imatura , p . 8; o seg u n d o , em " L i ra Pa u l i sta n a " , in Poesias Completas, p. 298; o terce i ro seg m e nto está em " X a rá , x a ra p i m , xê ra " , in Os Filhos da Candinha , p. 1 5 1 .

9 . B A R T H E S , R o l a n d . S/Z. Par i s , S eu i l , 1 970, p . 1 2: i nterp reta r u m texto , "ce n 'ést pas l u i d o n n e r u n sens ( p l u s o u mo ins fo n d é, p l u s o u mo ins l i b re l . c' est a u co ntra i re , a p p réci e r de q u e l p l u r i e l i l est f a i t . ( . . . ) Ce texte e s t u n e g a l a x i e d e s i g n i f i a nts, n o n u n e st ructu re d e s i g n i f i és" .

1 O. A l g u n s dos p r i m e i ros escritos de Már io de A n d ra d e são p u b l i cados sob n o m es d iversos : M á ri o S o b ra l ass i n a " H á u m a Gota de S a n g u e e m ca d a P o e m a " e a rt i g os d a época , M á r io R a u l ass i n a outros, M . S . ou M . R . o u M . de A . o u M . A . , e out ros . . . As pe rso n a g e n s em q u e p r o l i fe ram o s í nd ices da e n u nc i ação : Juca , de "Vesti d a de N e g ro " e de " Frede r ico Pac i ênc i a" ; M e n i n o d a C a ­m i so l i n h a ; Pa u l i n o ; M e n i n o Tre l e nto, de " R eco n h ec i m e nto d e N ê m es i s" ; o n a rra d o r- perso n a ­gem de " P e r u de N ata l " ; J a n j ã o , S i o m a ra P o n g a , Pasto r F i d o , S a r a h L ig ht, d e O Banquete; no Diário Nacional escreve com o pseu d ô n i m o d e Lu ís P i n h o (Entrevistas e Depoimentos, p . 9 ) ; neste m esmo texto , p . 7 , outros pseu d ô n i mos : J. H . de A. e G . de N .

1 1 . J u l i a K r i steva d i sti n g u e , em Séméiotiké , ( Pa r is , S eu i l , 1 970) , p p . 256- 257, três espéc ies de pa ra ­g ra m a , fazendo v a l e r o negat i vo : 1 . N e g ação tota l : " La séq u e nce étra n g êre es t tola lement n i ée et le se ns du texte réfé rent i e l est i n ve rsé " ; 2. Negação s i m étr ica : " Le sens g é n é ra l l o g i q u e des fra g m e nts est l e m ême; i l n ' em pêc h e que l e pa ra g r a m m e ( . . . ) d o n n e a u texte d e réfé rence un n o ­vea u sens" ; 3 . N e g ação p a rc i a l : " U n e seu l e pa rt i e d u texte référe nti e l est n i ée " . P a ra essas espé­c ies (o utras poderi a m ser eventu a l m ente esta be lec idas ) , a s i m u lta n e i d a d e d e l e i tu ra é conditio si­ne qua non de efetu ação de pa rag ra m at i smo . D esta q u e-se q u e , na c l ass i f icação d e K ri steva , o pe­ra -se a i n ve rsão o u a m u d a nça de sent i d o d o novo texto o u do texto d e referênc ia ( o u d a re l ação q u e a l e itu ra s i m u ltâ nea p roduz ) . Afi rm a r, n a efetuação pa rag ramát ica o u na i ntertextu a l i d a d e , o sentido , a i n d a q u e novo , é reto rn a r ao q u e este tra b a l h o recusa , um sentido . Pe lo co ntrá r i o , p ro­p o r p l u ra l i d a d e de sent idos e d i ssem i ná - los n a s i m u lta n e i d a d e d a s i g n if icâ nc i a que os prod u z . A l ém d i sso, o pa ra g ra m at i smo ( o u a i ntertextu a l i d a d e) o pera t a n t o d i a l 6g i ca q u a nto p o l i fo n i ca ­m e nte ( s'e n d o a dua l apenas a re l ação m í n i m a , m e ro .caso entre os possíve i s ) . To d a v i a , d o i s tex­tos n o m ín i m o const itu em referênc ia do texto p ro d u z i d o . Na re l ação m ú lt i p l a e ntre a refe rênc i a e o texto prod u z i d o i nfr i n g e m -se os p r i n c íp ios q u e se a p l i c am às l i n g u a g e n s e n q u a nto as d efi nem o perac i o n a l me nte. Por i sso , o i ntertexto pode efetu a r, sem ca usa r espéc ie , ta uto l o g i as, repet i ­ções, fa lsas c i tações, em q u e os mesmos texto , trec h o , verso , frase, p a l avra não são os m esmos em novo seg m e nto; ta m bém pode efetu a r, sem estra n h eza , contra d i ç ões (o texto de refe rênc ia é

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contra d ita d o pe lo novo: pa radoxo , i n a d m issíve l nas l i n g u a g e n s d a doxa ) ; pode efetu a r , a i n d a , i ncom pat i b i l i d a d e o u i ncom possi b i l i d a d e , em q u e o p rod u z i d o e o texto -tuto r não podem co n ­ceber-se como coex i ste ntes e n e m mesmo co m o c o m possíve is ( i d ea l m ente) ; p o d e efetu a r , enf i m , desart i cu l ação d e p a l a vras, sons , o u até de sent i d o , n a produção do texto; cons id e re m - se a i n d a os pa rag ramas ex p l íc itos e i m p l íc i tos, a q u e les ta m bém opera ntes n a repet ição ou na fa lsa c ita ­ção e estes, d i sfa rçados de toda espéc ie , q u e m asca ram a referê nc i a . Exem p l o de paragramas ex p l íc i tos : " S e nos m i ctór ios p ú b l icos f lo resce a a rte p ropri a m ente ' i m o ra l " , as latr i nas p ú b l icas são uma enc i c l o péd i a d e dese n hos , q u a d r i n has , frases" (Namoros com a Medicina , p . 89) e o verso : " N u m m ictó r io de S ã o Pa u l o 1 Po uco depo i s l i u m a vez, 1 S o b re o dese n h o d u m pên i s , 1 R e i dos R e is" ( " Li ra P a u l i sta n a " , p . 30 1 ) ; de i m p l íc i tos : O Ateneu e " Freder ico Pac iênc i a " , cu jo í nd ice está n o a rt i g o " O Ate n e u " ; o e n g ate que efetu a o pa rag rama é a i soto p i a adolescência . O i nter­texto , poét ico, c r it i co , etc . , é prod ução textu a l que fratu ra a s i g n if icação co m o poss i b i l i d ade , ta l ­vez ú n i ca , de s i g n if icâ n c i a . Exem p l o : Foto e l e g e n d a de M á r io d e A n d rade , re p ro d u z i d a s por Te lê P . A . Lo pez - " R o u pas fre u d i a nas 1 Fo rta leza 1 5-V I I - 27 1 Foto g raf ia refo u l enta IRefo u le ­m e nt" , in Mário de Andrade: Ramais e Caminho , p. 79. A q u i , a s i g n if icã nc ia não é o pera d a pe lo contraste d o branco e d o p reto , o pos ição óbv i a de s i g n i f icação, mas pe lo i nterva l o da imagem e d a l e g e n d a , o seu "sent ido o btuso " , q u e resi ste à i nterp retação . A l é m d i sso, a i ntertextu a l i d a d e at iça a prod ut i v i d a d e l ú d ica , em q u e, por exe m p l o , dadas certas reg ras, efetu a m -se co m b i n a ­ções.

1 2. Cava l ca nt i Proença expõe m u itos e l e m e ntos i ntertextu a i s de Macunaíma em seu e l a bo rad íssi mo estu d o d a s a p ro p ri ações d o fo l c l o re , provérb ios , a d i v i n h as, cant i gas de ro d a , etc. Cf . o seu Rotei­ro de Macunaíma , R i o de J a n e i ro , C i v i l i zação B ras i l e i ra , 1 969, pp . 26- 50 e 1 45- 1 54. Também M á ­r io C h a m i e c h a m a a ate nção , em Intertexto , pp . 427- 478, pa ra a i ntertextu a l i dade em Macunaíma . João Pacheco , em Poesia e Prosa de Mário de Andrade, São P a u l o , M a rt i ns , 1 970, pp . 50- 54, i n s iste na referênc ia p o p u l a r em versos de M á ri o de A n d rade , a q u e d e n o m i n a " rem i n iscênc ias" e "conta m i n ações". Te lê P. A . Lo pes a n a l i sa em p o r m e n o r os p rocessos d e a p rove ita me nto (se­m e l h a nças e tra nsfo rmações) d o Vom Roraima zum Orinoco , de Theo d o r Koch - G rü n berg , em Macu­nafma ( Cf. o seu Macunafma: a Margem e o Texto , S ã o P a u l o , H u citec/S ecreta r i a de C u ltu ra , 1 974, pp. 27- 72 ) . N ites T h e rez i n h a Feres e M a ri a H e l ena G rem becki a rro l a m as a n otações m a rg i n a i s de M á ri o , ressa lta n d o as q u e fo ram poste r io rmente ree l a boradas em textos e contextos d i versos. ( Cf. FE R E S , N. T . Leituras em francês de Mário de Andrade. São Pa u l o , I . E. B. I U S P , 1 969, pp . 56- 76; G R E M B E C K I , M . H . Mário de Andrade e "L 'Esprit Nouveau". S ã o Pa u l o , I. E. B. I U S P , 1 969, pp . 23- 42) .

1 3. K R I ST E V A , J ú l i a - Séméiotiké, p. 255: O p a ra g ra m at i smo é ' ' I ' a bsorpt i on d ' u n e m u lt i p l i c ité de textes (de sens )" .

1 4. S TA R O B I N S K I , Jea n . Les mats sous les mots . Pa r is , G a l l i m a rd , 1 97 1 , pp . 1 8- 1 9: "Ma is I m a g i nat ion sur lacune d e m é mo i re est l e p r i n c i p a l facteu r de c h a n g ement avec vo lo nté de reste r a u trement dans l a tra d i t i o n . Dans l e d o m a i n e l i n g u i st i q u e, o n vo i t f leu r i r, exactement de m ême , toute u n e caté g o r i e d e fo rm ati o n s i n g é n i euses provoq u ées p a r le défaut de mémoire " .

1 5. O A n ô n i mo d i z c o m propr i edade , em Memór i a s de d i tos d o sertão do Ceará : " A s fa l as d o fa l adô co m põem-se de ta ntas fa l a s 1 q u e n e m pode s i a l em brá 1 mas q u e a g o ra eu vou contá" .

1 6. Cartas de Trabalho , p . 1 53, em q u e a pa ixão é s i g n if icâ nc i a ( "tres le r" ) : "De ta nto estu d a r e ver Je­s u í n o , aca be i a m a n d o Jesu íno e d esco nf io que esto u tres l e n d o um boca d o . As co isas de le me a rrebatam e p rec iso a d q u i r i r ma i s eq u i l íb r i o " . S i g n if ica ntes d i sse m i n a dos : " 'meu ' pad re Jesu í ­no" (pp . 1 40, 1 45, 1 50); à p . 1 83, caem as aspas , a n u l a - se o m í n i m o d e afasta me nto re l at iva ­m e nte à posse, " m e u Jesu í n o " . D o i s s i g n if ica ntes, n ã o - p ro n o m i n a i s , mas a djet ivq : "o nosso í n ­c l ito p a d re " ( p . 1 64) ; o u su bsta nt i vo : "esse pera lta d o p a d re Jesu íno" ( p . 1 47) .

Trans/Form/Ação, S ã o P a u l o , 9/ 1 0 : 57- 85, 1 986/87.

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1 7. Padre Jesuíno do Monte Carmelo . p . 27: " E u s e i m u ito b e m q u e a v i d a . do p a d re Jes u í n o do M o nte Ca rme lo . fo i conce b i d a q u ase como um 'co nto ' b i o g ráfi co . I nterprete i b i o g raf ica m ente".

1 8. Cartas de Trabalho . p. 1 47; a pa ixão ope ra n d o a n o ve l a : " E stava d i sposto a escrever m a i s u m a b iog raf ia d o p a d re Jesu í no . estrita m e nte c i e ntffi ca . o que não me custa nada . S erão a penas u n s d o i s d i a s de tra b a l h o . pega n d o no j á escrito e red u z i n d o a equação . E m a n d a r i a as d u a s versões pa ra você esco l h er . Nem perderei meu tra ba l h o l i te rá r io com isso. pois o desenvo lv i a n u m a n o ­ve l a ro m a n esca basta nte dese nfrea d a . q u e a v i d a d o p a d re dá b e m p ra isso " .

1 9. Padre Jesuíno do Monte Carmelo. p. 3 1 . O des loca m e nto d o m a r i d o d a m ã e de Jesu íno é exem p l o dessa d i áspora . a u sênc i a d e h o m e ns; sabe-se d a m ã e q u e " e r a casa d a . m a s q u a n d o Jesu í n o l h e n asce u . j á de m u ito q u e não v i v i a c o m o m a ri d o . o q u a l se a u senta ra p a ra o C u i a bá - a obses­são a u r ígera dos p a u l i stas d a q u e l es tem pos" .

20 . Cartas de Trabalho . p. 1 77 : q u a rta versão ; p . 1 78: q u i nta versã o . N o P refác io ao Padre Jesuíno do Monte Carmelo . q u e n ã o ass i n a . R o d r i g o M e l l o Fra nco de A n d rade i n s i ste em c i n co versões ( p . 1 6) .

2 1 . Padre Jesuíno do Monte Carmelo . p p . 1 77- 1 78; Cartas de Trabalho . p . 1 7 1 ; a q u estão é . a q u i . p ro ­posta de m o d o s i ntét i co : "A p rocu ra de 'afr ica n i sm os' nas f is i o n o m i as . m e levou a u m desco ­b r imento novo. m u ito g rac ioso . É q u e entre as vá r i as deze nas d e a n j o s d esse céu i tu a n o . u m a car i n h a Jesu íno re pet i u i nteg ra l m e nte no med a l h ã o d o S r. Jesus de P r a g a q u e p i nto u p a ra essa m esmo C a r m o de I tu . O ra com esta ver if i cação. o p ro b l e m a d o retrato . d a re p ro d ução d e u m a pesso a v iva e a p reci a d a s e i m p u n h a ãs m i n has pesq u i sas . E fo i e l a q u e m e l evou a d esco br i r n a t ã o d r a m ática fase fi n a l d a o b ra do a rt i sta . a ex i stênc i a d e u m retrato i nco ntestáve l . E u m retrato de fa m l l i a . q u e poderá m u ito bem ser um a uto- retrato ! ( ... ) S e ho je um docu m e nto ou tra d ição nos d i ssesse que este E l i a s e os dos santos d e Jesu íno e ram retratos d e i rm ãos. o u d e p a i e f i ­l ho . o u mesmo de uma s6 pessoa . não h a ver i a n i n g u é m bem - i nte n c i o n a d o ( . . . ) a p ô r em d ú v i d a a tra d ição" .

22 . Padre Jesuíno do Monte Carmelo . p . 1 89; Cartas de Trabalho . p . 1 70: " N esse mesmo céu ca rme l i ta n o de Itu . u m d o s sa ntos po ntíf ices co n sa g rados . s e de tez d i sfarça d a m e nte a r i a n íss i m a . n ão d e i x a de ser. como t i po . bel e t bien u m m u l ato ve l h o . I sto p a ra n ã o d izer . com m a i s fra n q ueza . u m n e ­g ro ve l ho . desses q u e fo ram 'escravo d e meu a v ô ' m u ito d o n osso co n h ec i m e nto " .

23. Padre Jesuíno do Monte Carmelo . p . 1 88; Cartas de Trabalho . p. 1 69: " O caso d e l i c ioso d e l e t e r p i n ­t a d o u m a n j o m u l ato n o teto d a ca pe l a - m o r d a C a r m o itu a n a " .

24. I b i d e m . pp . 1 79- 1 80: " O m a i s prováve l é p o i s q u e o S ã o S i m ã o Stock seja o f i l h o S i m ã o Stock. que ser i a m u ito pa reci d o com o p a d re E l i as . a o passo q u e o . fi s i o n ô m ica m e nte d i screpa nte. es­p i g a d o S a nto A n i d o fôsse o o utro fi l h o E l i seu . O u quem sabe se o co ntrá r i o pra desp i sta r . . . E a S a nta Teresa ser ia a f i l h a . i r m ã M a r i a Teresa d o M o nte C a r m e l o . p o r seu n o m e tod o " .

25. Padre Jesufno do Monte Carmelo. pp . 1 83- 1 84; n a ca rta de 2 d e fevere i ro . a s sa ntas s ã o conce b idas sem exceção nos pad rôes d a i dea l i d ade : " N a s sa ntas. n ão ; n ã o a p a rece nen h u m ·afr ica n i smo · . . . b i oti p o l 6 g ico . D i r - se - i a que n a cont i n g ê n c i a de p i ntar a m u l h e r. u m i m pe d i m e nto q u a l q u e r o faz i a se esqu ecer d e sua m esti ç agem" (Cartas de Trabalho . p. 1 70) .

26. Cartas de Trabalho . pp. 1 69- 1 70: a i nterre l ação p i ntu ra - ps i co l o g i a e o sent i d o ded ut ivo d a pesq u i ­s a ex p l i c i ta - se n o passo : " N o m e u estudo d a o b ra d e l e (Jesu íno ) ve io s e fi rm a n d o a o s p o u cos em m i n h a con v icçã o o m u l at i smo revo lta d o d o a rt ista . u m verd a d e i ro 'co m p l exo de i nfe r i o r i d a ­d e ' convert i d o em afi rmação o rg u l h osa o e u . p rova d o em vár i as af i rmações cu r ios íss i m a s ( o u seja . as i r ru pções pa rdas n a i co n o g rafi a ) ( . . . ) . C o m se m e l h a nte p u l g a atrás d a o re l h a . m e botei a

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estu d o s ma is atentos a res peito dos t i pos p i nta dos por Jesu íno e f iz d esco b r i mentos q u e , dado esse e l e m e nto i n ic i a l e ram fáce i s d e fazer , mas que n ã o de ixam de ser uma cur ios idade e i nte­resse i m po rta ntíss i m o s no g e ra l d a p i ntu ra re l i g i osa bras i l e i ra " . S e g u e - se a pa rt i r deste po nto a expos ição da p i ntu ra d e fi g u ras m u l atas.

27. Padre Jesufno do Monte Carmelo, p. 1 88, q u a nto ã citaçã o exem p l a r, t i ra d a d e lu ís G a m a : " E ntre o c ô ro d o s a n j i n h o s 1 Ta m bém h á m u itos bod i n h os". A expos ição pormenor i zada da i rru pção m u l ata nos céus bra ncos, cf . pp. 1 74 ess.

28. I b i d e m , pp. 44- 45: " N ã o se a d m ite so l te i ro em Itu . A l g u n s pa i s so n h a ri a m Jes u í n o F ra nc i sco pa ra m a r i d o das fi l h as , esq uece n d o sem q u erer o o n d u l a d o dos cabe los do m u l ato j á c l a ro , f i l h o d e p a r d a , neto d e p a r d a , m u ito a l veja d o p e l o s sa bôes das I l h as ( • • .l. M a r i a Fra nc isca , a n o iva p ro m et ida era tão b ranca , rosto red o n d o , l i so , d u m a a l v u ra i m passíve l " .

2 9 . I b i d e m , p p . 74- 78. Traz a o ração fú n e bre d e Fe i jó , à s p p . 205- 2 1 3.

30. Padre Jesufno do Monte Carmelo , p. 66: " A V e n eráve l O rd e m Terce i ra d e N . S . do M o nte Ca rme lo d a v i l a d e Itu , consc iente das 'v i rtudes d o postu l a nte, i m petrou d a S a nta S é u m b reve m a n d a n ­do a d m it i r e m s e u g rê m i o o p a d re Jesu í n o d o M o nte C a r m e l o ' . M a s ou o b reve n u nca ve io ou fo i n e g a d o , e a v i tó r i a d e Jesu íno term i n o u nessa bofeta d a . Pa rdo , fi l h o de pa rd a , neto de par ­d a . Negro" . (Cf . , ta m bé m , p p . 1 80, 1 99) .

3 1 . Padre Jesufno do Monte Carmelo , p. 1 97 : "Jes u í n o é u m m estiço e se revo l ta co ntra as cond ições soc i a i s q u e o a b atem . Jesu íno se v i n g a e faz j u r i sp ru d ênc i a co ntra a s le is d a soc i edade em q u e v ive . C r i a n a s u a p i ntu ra , p a ra os m u l atos e os n e g ros, u m l u g a r de i g u a l d a d e - ser ia de i g u a l ­d a d e ? • • • - n o re i n o d o s céus . E ssa a fase m a i s o r i g i n a l d a o b ra d o a rt i sta " .

32. Padre Jesurno do Monte Carmelo , p . 1 90: " O processo genea l ó g ico d a p i ntu ra é o retrato . Por certo sem consc i ênc i a determ i n a d a d êsse l a d o g e n e a l ó g ico do retrato , n u m a a p a rênc ia apenas de ca ­ríc i a afet iva e pate rn a l , o m u l ato c r i a p a ra os seu s a t ra d ição fam i l i a l , retrata ndo a l g u ns dos fi ­l h o s em a n j i n h o s " .

33. I b i d e m , p . 1 98: "A s u a ( d e Jesu íno ) perso n a l i d a d e a rtística e o s e u d o g m at i smo re l i g ioso não t i ­n h a m a m e n o r ca pac idade pa ra a b i o g raf ia . • • dos o utros. Jes u í n o só s a b i a , e s e m q u e rer , s e b i o g rafa r a s i m esm o " .

34. Padre Jesufno do Monte Carmelo , p . 2 7 : " le n d o Á lva ro Li ns , v i George S a ntaya n a reco n h ece ndo que a H i stó r i a , se p o r u m l ado é c i ênc i a na tra d ução d o s d o c u m e ntos, é ta m bém u m a 'a rte d ra ­m át ica ' pe lo e m q u e é o b r i g a d a a perso n a l i z a r a s i d é i a s e as pa i xões d o s m o rtos" .

R E FE R Ê N C I A S B I B LI O G R Á F I C A S

1 . A N D R A D E , M . de - Carnaval carioca. In: ___ O bras co m p l etas . S ã o P a u l o , M a rt i n s E d . , 1 960. v . 2, P o e s i a s co m p l etas. ( P u b l i cada ta m bém em C l a n do Ja bot i , em 1 927) .

2. A N D RA D E , M. d e - Cartas a Manuel Bandeira . R i o de J a n e i ro , S i mões, 1 958.

3. A N D R A D E , M. de - Cartas a urn jovem escritor. R i o de J a n e i ro , R ecord , 1 98 1 .

4 . A N D R A D E , M . d e - Cartas de trabalho: correspondencia com Rodrigo Mello Franco de Andrade, 1936- 1 945. B ras í l i a , S P H A N 1 Fu n dação P ró - M e m ó r i a , 1 98 1 .

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5. A N D R A D E , M . de - Há uma g ota de sa n g u e em ca d a poe m a . In: __ Obras completas. S ã o P a u l o , M a rt i n s E d . , 1 960. v. 1 , O b ra i m at u ra .

6. A N D R A D E , M . de - Li ra Pa u l i sta n a . In: __ Obras completas. S ã o Pa u l o , M a rt i n s E d . , 1 960, v. 2, Poes ias co m p l etas.

7. A N D R A D E , M. de - Mário de Andrade - Oneyda Alvarenga: cartas. São Pa u l o , D u as C i d a d es, 1 983.

8. A N D R A D E , M. de - N ã o sei o q u e é poes i a ; ca rta a G i l d a de M e l l o e S o u z a . Revista Banas, p . 33, 1975.

9. A N D R A D E , M . de - Pad re Jesu íno d o M o nte C a r m e l o . In : --- Obras Completas. São Pa u lo , M a rt i ns E d . , 1 960. v. 1 6, Pa d re Jesu íno d o M o nte C a r m e l o .

1 0.A N D R A D E , M . de - P refác io i nteressa ntíss i m o . Pa u l icé i a desva i ra d a . In: __ Obras comple­tas . S ã o P a u l o , M a rt i n s E d . , 1 960. v . 2, Poes ias com p l etas.

1 1 . A N D R A D E , M. de - X a rá , x a ra p i m , sera . In: __ Obras completas. S ã o P a u l o , E d . M a rt i n s E d . , 1 960. v. 1 5, Os fi l h os d a C a n d i n h a .

1 2. B A R T H E S , R . - Sade, Fourier, Loyola . Par i s , S eu i l , 1 97 1 .

1 3. B A R T H E S , R . - Roland Barthes par Roland Barthes . Pa r is , S eu i l , 1 97 5.

1 4. D U A R T E , P. - Mário de Andrade por ele mesmo . S ã o Pa u l o , E d a rt, 1 97 1 .

1 5. K N O LL, V . - Paciente arlequinada: uma leitura da obra poética de Mário de Andrade . S ã o P a u l o , H u ­c i tec / S ecreta r i a d a C u ltu ra , 1 983.

1 6. K R I STEVA, J . - Séméiotiké - Recherches pour une sémanalyse . Par i s , S eu i l , 1 969.

1 7. N A V A , P . - I ntrod ução . In: A N D R A D E , M. de - Correspondente contumaz; C a rtas a Ped ro Nava , 1 925- 1 944. R io de J a n e i ro , N ova Fronte i ra , 1 982.

1 8. STA R O B I N S K I , J. - Les mats sous les mots . Par i s , G a l l i m a rd , 1 97 1 .

B I B LI O G R A FI A

1 . O B R A S D E M Á R I O D E A N D R A D E

A N D R A D E , M á r i o d e - Obras Completas. São P a u l o , M a rt i n s E d . , 1 960-

V o l . I : Obra Imatura . 1 960. P a rte 1 : Há uma Gota de Sangue em Cada Poema; P a rte 2 : Primeiro Andar; Parte 3: A Escrava que não é Isaura .

Vo I . 1 1 : Poesias Completas . 1 966.

V o l . 1 1 1 : A m a r, Verbo I ntra ns i t ivo . 5. ed . 1 976.

V o l . V : Os Contos de Belazarte . 5. e d . I N L, 1 972.

Trans/Form/Ação, São P a u l o , 9/ 1 0 : 57- 85, 1 986/87.

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Vo I . V I : Ensaio Sobre a Música Brasileira . 3. e d . I N L, 1 972.

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