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FACULDADE DE PARÁ DE MINAS Curso de Pedagogia Laís Fernanda Moura Xavier BIBLIOTECA ESCOLAR: um estudo sobre práticas de leitura Pará de Minas 2013

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FACULDADE DE PARÁ DE MINAS

Curso de Pedagogia

Laís Fernanda Moura Xavier

BIBLIOTECA ESCOLAR:

um estudo sobre práticas de leitura

Pará de Minas

2013

Laís Fernanda Moura Xavier

BIBLIOTECA ESCOLAR:

um estudo sobre práticas de leitura

Monografia apresentada à Coordenação de

Pedagogia, da Faculdade de Pará de Minas, como requisito parcial para a conclusão do Curso de

Pedagogia.

Orientador: Prof. Ms. Irani Gonçalves Cardozo Ribeiro.

Pará de Minas

2013

Laís Fernanda Moura Xavier

BIBLIOTECA ESCOLAR:

um estudo sobre práticas de leitura

Monografia apresentada à Coordenação de

Pedagogia, da Faculdade de Pará de Minas, como requisito parcial para a conclusão do Curso de

Pedagogia.

Aprovada em: _____/ _____/ _____

__________________________________________________

Prof. Ms. Irani Gonçalves Cardozo Ribeiro

__________________________________________________

Prof. Ms. Vanessa Faria Viana

Dedico este trabalho aos meus PAIS que me

ajudaram a chegar até aqui e a todos que

contribuíram para esta minha vitória.

Agradeço, primeiramente, a Deus, por estar

presente em todos os momentos. Aos mestres e

à minha orientadora Irani, por terem

contribuído para minha formação, tanto

profissional, quanto pessoal.

“Por vezes sentimos que aquilo que fazemos

não é senão uma gota de água no mar. Mas o

mar seria menor se lhe faltasse uma gota”.

Madre Teresa de Calcutá

RESUMO

A leitura é primordial na formação intelectual do ser humano, visto que a sociedade atual é

caracterizada pela busca da informação e do conhecimento. Na educação escolar ela é um dos

pilares, pois é na escola que as práticas de leitura e escrita são sistematizadas formalmente. O

processo de construção e reconstrução do conhecimento se dá em espaços como a escola e a

biblioteca, uma vez que, a partir do momento em que se reconhece o papel da escola na

formação do leitor, torna-se possível uma mudança de práticas, objetivando dar ao aluno

competência em utilizar a leitura como um instrumento útil em sua vida. A proposta da

pesquisa relatada neste trabalho monográfico é analisar as práticas de leitura realizadas no

contexto escolar, especificamente, em uma biblioteca escolar. Para tanto, buscamos conhecer

a realidade dentro da própria biblioteca, verificando se há uma biblioteca na escola e como ela

é utilizada; identificando as práticas de leitura desenvolvidas com os alunos do 4º e 5º ano no

contexto escolar escolhido e investigando os trabalhos desenvolvidos na escola para estimular

a leitura, com o intuito de formação de leitores. Para este estudo, procuramos um

embasamento teórico que abordasse sobre a história da leitura no Brasil; os tipos de leitura, a

biblioteca, a “biblioteca escolar” e sua importância como suporte para práticas de leitura. Para

realização da pesquisa de campo, optamos por uma escola municipal da rede pública de

ensino da cidade de Pará de Minas, cujos resultados foram compilados e analisados.

Palavras-chave: Leituras. Práticas de leitura. Biblioteca. Biblioteca escolar. Escola. Leitor.

Alunos.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................... 08

1.1 Delimitação do tema e justificativa............................................................................. 08

1.2 Objetivos........................................................................................................................ 09

1.3 Metodologia................................................................................................................... 09

1.4 Estrutura e relevância deste estudo............................................................................ 11

2 A HISTÓRIA DO ENSINO DA LEITURA NO BRASIL........................................... 13

3 TIPOS DE LEITURA..................................................................................................... 16

3.1 Leitura ouvida............................................................................................................... 16

3.2 Leitura vista.................................................................................................................. 17

3.3 Leitura falada............................................................................................................... 18

3.4 O leitor........................................................................................................................... 19

3.5 Estratégias e estímulos para formação de leitores.................................................... 21

3.6 As práticas de leitura realizadas na escola................................................................. 22

3.6.1 O professor e as estratégias de leitura........................................................................ 25

4 BIBLIOTECA ESCOLAR: QUE ESPAÇO É ESSE?................................................. 28

4.1 O ambiente bibliotecário.............................................................................................. 29

4.1.1 Espaço físico................................................................................................................ 29

4.1.2 Acervo.......................................................................................................................... 30

4.1.3 Serviços oferecidos...................................................................................................... 31

4.2 A função pedagógica da biblioteca escolar................................................................. 32

4.3 A atuação do bibliotecário........................................................................................... 34

4.4 Bibliotecário x professor.............................................................................................. 35

4.5 O papel da biblioteca na formação do leitor.............................................................. 36

5 PESQUISA DE CAMPO – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS............. 40

5.1 Relatório sobre as observações obtidas em campo.................................................... 41

6 ANÁLISES DOS GRÁFICOS........................................................................................ 49

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................... 66

REFERÊNCIAS................................................................................................................. 67

APÊNDICE......................................................................................................................... 70

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1 INTRODUÇÃO

“Sempre imaginei que o paraíso será uma espécie de biblioteca”. Jorge Luis Borges

Este estudo monográfico apresenta uma abordagem sobre a biblioteca escolar e suas

práticas de leitura, tendo em vista que a biblioteca é um espaço importantíssimo e essencial

para tornar indivíduo/aluno em leitor.

A leitura é o ato de ler. Ler implica diversos fatores que rodeiam esse ato como o

estímulo, o acesso aos suportes a serem lidos, dentre outros. Hoje, para que um indivíduo seja

ativo na sociedade, é indispensável dominar, compreender, mobilizar conceitos e relações,

devido à diversidade de situações com que se defronta. É fato presente no cotidiano de todos

os povos, a necessidade de ler, pois segundo Gagliari (2002), “as pessoas que não leem são

pessoas vazias ou subnutridas de conhecimento”.

Desde pequena, a criança faz parte do mundo letrado, através das vastas possibilidades

de leitura – oral ou visual – que a rodeia, por meio de mediadores – família e sociedade – que

a estimulam, apresentando-lhe diferentes aspectos do seu cotidiano. Na escola, um dos

requisitos fundamentais consiste em fazer com que a criança adquira capacidade de leitura e

tenha acesso às informações disponíveis em meios escritos. No âmbito escolar há um lugar,

em especial, destinado ao discente leitor: a biblioteca, que tem como finalidade social,

integrar os indivíduos à sociedade e ao tempo em que estão vivendo, com o auxilio da leitura

e da informação à sua comunidade. (AGUIAR; CATTANI, 1993).

1.1 Delimitação do tema e justificativa

O interesse por este estudo decorre, inicialmente, de um anseio em conhecer como a

biblioteca escolar é utilizada em relação as suas práticas de leitura, por parte dos professores,

bibliotecário e alunos. E, para tanto, será apresentada uma pesquisa de Estudo de Caso sobre o

tema em questão. Dada à impossibilidade de estender esta pesquisa, perante a sua dimensão e

profundidade, pretendemos neste estudo referenciar apenas uma escola municipal da rede

pública de Pará de Minas, MG, a fim de averiguar as práticas existentes de leitura com alunos

do ciclo complementar do ensino fundamental I (4º e 5º ano), no espaço bibliotecário.

Segundo Rosa (2013, p. 213), hoje a realidade das bibliotecas e bibliotecários perante o

âmbito bibliotecário, é:

9

... os mesmos dirigentes (bibliotecários) preocupam-se em mostrar o espaço físico,

não se detendo em observações sobre o acervo, nem sobre as atividades

desenvolvidas, muito menos sobre a liderança dos profissionais que respondem por

esse setor da escola. Na verdade, o que está à mostra é um conjunto de prateleiras

que abrigam livros, algumas revistas (...). E o que é pior: referem apenas um

cantinho do almoxarifado destinado ao armazenamento de livros velhos.

Deixando de lado a sua ação pedagógica, que é a de enfatizar a importância da sua

existência na escola, com um trabalho com atividades referidas ao aprendizado do conteúdo e

principalmente, no despertar para o gosto/hábito da leitura. Em vista que, é nela que todo o

tempo, todo o espaço e todo projeto pedagógico estão voltados para a aprendizagem do aluno.

(NASCIMENTO; SOLIGO, 2001).

1.2 Objetivos

Tendo em vista que a biblioteca tem o seu papel indispensável, tanto no ambiente

escolar, quanto na vivência do aluno, exclusivamente, com a criança, pretendemos com esta

pesquisa conhecer as práticas infantis de leitura infantis desenvolvidas com o público alvo

(alunos do 4º e 5º ano). Inicialmente, verificar se há uma biblioteca na escola e como ela é

utilizada; identificar as práticas existentes no contexto escolar escolhido e investigar os

trabalhos desenvolvidos na escola para estimular a leitura, com o intuito de formação de

leitores.

1.3 Metodologia

Objetivando a análise das práticas de leitura realizadas com os alunos do ciclo

complementar do ensino fundamental I (4º e 5º ano), no âmbito da biblioteca, escolhemos

para realização deste trabalho, a abordagem de “Estudo de Caso de cunho qualitativo e

quantitativo”. Delimitamos como campo de estudo, uma escola pública da rede municipal de

ensino de Pará de Minas/MG.

A escolha dessa metodologia partiu de um anseio em conhecer como o bibliotecário e

os professores trabalham a leitura dentro do espaço escolar. O Estudo de Caso foi escolhido

porque, segundo Trivinõs citado por Lakatos (2007, p. 274), essa abordagem “é uma

categoria de pesquisa cujo objeto é uma unidade que se analisa profundamente”,

proporcionando ao pesquisador um levantamento mais aprofundado sobre o caso pesquisado.

Esse tipo de investigação procura abordar, entender e esclarecer as questões levantadas pelo

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pesquisador através da utilização das metodologias qualitativas e quantitativas. Durante a

pesquisa foram coletados dados por meio de levantamento bibliográfico sobre o objeto de

estudo; na escola, utilizamos de aplicação de questionário sistemático estruturado

(quantitativa) e observação não participativa (qualitativa).

No método quantitativo, os pesquisadores valem-se de amostras amplas e de

informações numéricas, enquanto que no qualitativo as amostras são reduzidas, os dados são analisados em seu conteúdo psicossocial e os instrumentos de coleta não

são estruturados. (LAKATOS, 2007, p. 269).

A primeira parte do presente estudo partiu-se do levantamento bibliográfico, em busca

de pesquisadores e autores que discutem sobre o tema. Gil (2010, p. 29) explica sobre o

conceito de uma pesquisa bibliográfica, dizendo que:

A pesquisa bibliográfica é elaborada com base em material já publicado.

Tradicionalmente, esta modalidade de pesquisa inclui material impresso, como

livros, revistas, jornais, teses, dissertações e anais de eventos científicos. (...), bem

como o material disponibilizado pela Internet.

O levantamento bibliográfico é de grande importância para aqueles que pesquisam

sobre determinado tema. No início de toda pesquisa é necessário haver embasamento teórico,

através de materiais como livros, artigos, dentro da mesma linha de estudo, para podermos

identificar todas as experiências que serão vivenciadas durante o desenvolvimento da

pesquisa. Ou seja, buscar respostas ou hipóteses sobre as questões levantadas durante a

pesquisa. Um levantamento bibliográfico bem elaborado é a chave para o bom

desenvolvimento e conclusão de uma investigação.

A segunda parte do trabalho parte-se dos dados coletados na pesquisa de campo, no

âmbito educacional escolhido. Para coleta desses dados, foi utilizada de observação não

participante, uma pesquisa qualitativa das práticas realizadas objetivando o estímulo e

desenvolvimento da leitura. Na observação não participante, “o pesquisador entra em contato

com a comunidade, grupo ou realidade estudada, sem integrar-se a ela, apenas participa do

fato, sem participação efetiva ou envolvimento, age como espectador”. (LAKATOS, 2007, p.

276-277). Flick (2009, p.25-37) diz que esse tipo de pesquisa,

não se baseia em um conceito teórico e metodológico unificado.” “Se dirige a

análise de casos concretos em suas peculiaridades locais e temporais, partindo das

expressões e atividades das pessoas em seus contextos sociais.

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Ou seja, a pesquisa qualitativa não se parte de levantamento teórico, e sim dos dados

concretos coletados e vivenciados dentro de um determinado grupo, por meio de observações,

entrevistas, etc.

Utilizamos também da aplicação de questionário sistemático estruturado

(quantitativa). (APÊNDICE A). O questionário, segundo Lakatos (2007, p. 201),

é um instrumento de coleta de dados, constituído por uma série ordenada de

perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador.

em geral, o entrevistador envia o questionário ao informante, (...); depois de

preenchido, o pesquisado devolve-o.

Esse questionário foi direcionado aos alunos do 4º e 5º ano da escola escolhida, onde

também realizamos observações durante um período de três semanas. O questionário foi

estruturado com dez questões fechadas e uma aberta, anexo ao trabalho. Ao final, serão

apresentados os resultados do questionário através de gráficos, por meio de uma amostragem,

pois os questionários foram respondidos somente por duas turmas da escola. Esse tipo de

pesquisa é de cunho quantitativo, segundo Sabino (1966, p. 204) citado por Lakatos (2007, p.

283), “a análise quantitativa se efetua com toda informação numérica resultante da

investigação, que se apresentará como um conjunto de quadros, tabelas e medidas”, que

possibilita ao entrevistador oportunidades de esclarecimento dos dados coletados, bem como

oferece subsídios aos questionamentos surgidos no decorrer do mesmo.

Depois de reunidos os dados coletados na escola durante o período de observação,

para análise e respostas aos prováveis questionamentos levantados no início desse projeto, os

resultados obtidos foram observados e retratados de maneira fiel ao material coletado durante

as pesquisas, contribuindo para a elaboração e apresentação do projeto final de conclusão do

curso de graduação de Licenciatura em Pedagogia.

1.4 Estrutura e relevância deste estudo

Para melhor compreensão deste trabalho, o mesmo está dividido em seis capítulos,

sendo o primeiro destinado à Introdução que contém definição e delimitação do problema,

justificativa, determinação dos objetivos e da metodologia utilizada, além da própria estrutura

e relevância da pesquisa.

No capítulo dois, apresentamos um breve estudo histórico da leitura no Brasil, com o

foco nas práticas de leitura realizadas pelas primeiras instituições de escolarização, dentre

outras; o capítulo três trata sobre tipos de leituras, estratégias e estímulos para formação de

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leitores, práticas de leituras na escola; o capítulo quatro aborda sobre a biblioteca escolar e no

capítulo cinco, fizemos a análise dos dados obtidos a partir da pesquisa de campo. Ao final,

são apresentadas as considerações finais e as referências bibliográficas.

Esperamos que esta pesquisa possa servir como suporte e pesquisa para professores,

bibliotecários, comunidade escolar em geral, pois temos a “Biblioteca Escolar” como um

espaço precioso dentro da nossa escola, sendo utilizada em benefício do aprendizado dos

nossos estudantes, bem como um ponto de partida para a realização de outros trabalhos

científicos sobre o tema.

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2 A HISTÓRIA DO ENSINO DA LEITURA NO BRASIL

Etimologicamente, ler vem do latim legere e significa ler e colher. (QUEVEDO,

2005, p. 44).

Uma concepção mais contemporânea define a leitura como um ato de atribuições de

significado a um texto escrito. (...), uma relação que se estabelece entre o leitor e o texto escrito, relação na qual o leitor, através de algumas estratégias básicas,

reconstrói um significado do texto no ato de ler. (BARBOSA, 2008, p. 118).

Até meados do século XIX, os livros de leitura praticamente não existiam nas escolas,

porque, antes da imprensa, os livros eram confeccionados pelos escribas e o acesso à leitura

dessas obras era muito difícil e para poucos. Quem detinha o saber e o poder nessa época,

eram os soberanos, alguns privilegiados da corte e o clero, e, mais tarde, a aristocracia e a

burguesia. Com a chegada da imprensa veio o aumento, a circulação e o consumo de livros.

Segundo Chartier (1998), citado por Oliveira (2004, p. 148),

a primeira revolução da leitura se fez com Gutenberg no século XV, proporcionando

o livre comércio de livros, com uma produção em grande escala e, como

consequência, um aumento de leitores nunca antes imaginado.

A escolarização no Brasil se iniciou no período colonial, com as chamadas escolas

primárias que se davam, na maioria das vezes, nos próprios engenhos e fazendas, por alguém

mais letrado. As mulheres e os escravos não tinham o direito de frequentá-las, pois o ensino

ainda era bem restrito. Os livros didáticos de leitura, até meados do século XIX, praticamente

não existiam; as fontes dos relatos vinham de viajantes e autobiografias. Os documentos de

cartórios e cartas serviam de base para a prática pedagógica da leitura. A chegada da imprensa

Régia em 1808 dá início sistemático à impressão de livros no Brasil. Mas raros eram os

objetos disponíveis para a leitura e poucos os lugares onde alguém poderia adquiri-los, pois o

acesso aos livros continuava difícil. Dessa maneira, as pessoas que sabiam ler se estabeleciam

em lugares privilegiados e de maior destaque na sociedade.

Na segunda metade do século XIX, ainda que impressos na Europa, começaram a

surgir livros de leitura destinados às séries iniciais da escolarização. Um dos primeiros a ter

publicações, dentre as mais editadas e conhecidas, foi Abílio César Borges, em 1868. Suas

obras eram consideradas inovadoras e passaram a substituir as cartilhas grosseiras ou

manuscritas. (OLIVEIRA, 2004).

Esse tipo de leitura causava náuseas e angústia nos alunos, que não conseguiam

entender as lições. Com o passar do tempo, porém, confessam eles, apesar das

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dificuldades e da falta de prazer, tais práticas ampliaram seus horizontes e fizeram

com que conhecessem outros mundos. (OLIVEIRA, 2004, p. 152).

Dentre os debates entre acadêmicos, principalmente os da Faculdade de Direito do

Largo São Francisco, em São Paulo, nascem os gabinetes de leitura que cumpriam a função de

alfabetizar, incentivar a leitura e propagar as ideias abolicionistas e republicanas. Embora essa

instituição na época se constituísse como um imenso aparelho repressor, onde lecionavam

professores que repudiavam a iniciativa, “os gabinetes de leitura eram vistos pelos homens do

poder com desdém e os acadêmicos que estavam à sua frente eram considerados como

bacharéis românticos ou mera estudantada”. (OLIVEIRA, 2004, p. 152). Os gabinetes

obtiveram relativo sucesso, mas, na época, seu progresso ainda foi mínimo para erradicar o

analfabetismo e ampliar o acesso à leitura. Esse tipo de processo de leitura permaneceu até

1960, uma vez que houve uma profunda crise na escola devido às instalações de grandes

multinacionais no país. Portanto, cresceu a necessidade de mão de obra especializada para

trabalhar na produção. Em vista disso, a instituição pública de ensino começa a se abrir e

permitir a integração da população mais desfavorecida, preparando, assim, mão de obra

alfabetizada para o mercado de trabalho.

Até o final da década de 1970 e início dos anos 1980, a escola tradicional, pública ou

privada, valorizou o material literário da cultura erudita e, consequentemente, desvalorizou os

materiais da produção de massa. Logo após, começam a entrar nas escolas outros materiais de

leitura como os jornais, os livros infantis, etc.; ficando os textos mais atrativos. Nos anos de

1990, o avanço tecnológico, através da Internet, nos trouxe a leitura na tela, caracterizando-se

apenas como mais um espaço de leitura, com modificações mais específicas quanto ao

suporte. (OLIVEIRA, 2004).

A chegada do século XXI foi marcada por outra grande revolução nas tecnologias da

linguagem. A sua instituição educativa está passando por transformações significativas,

devido às mudanças na legislação brasileira, mas, principalmente, em função da rapidez e

agilidade que acontecem descobertas e as novas tecnologias, que influenciam as relações

humanas, modificando, assim, a maneira de olhar o mundo. (AFONSO, 2008).

Segundo Afonso (2008) que cita Imbernón (2000, p. 5), diz que conforme os seus

estudos, a escola do século XXI “deve deixar de ser o lugar onde se aprende o básico e se

reproduz o conhecimento dominante para assumir que precisa ser também uma manifestação

de vida em toda sua complexidade”. E essa tal complexidade, refere-se a incluir o

aprendizado do que é ser cidadão, implicando nas instâncias democráticas, sociais,

igualitárias, interculturais, ambientais e solidárias.

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Por isso, a reflexão sobre a leitura no Brasil ainda é bastante complexa, pois

num país em que o analfabetismo ainda não foi erradicado, emergem aparatos

tecnológicos que vêm sofisticar os suportes de leitura e possibilitar novas formas de

ver o mundo, fazendo um novo traçado na história da leitura. (OLIVEIRA, 2004, p.

147).

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3 TIPOS DE LEITURA

A leitura é como uma música que se vivencia. Ela nos enleva em sua ação

libertadora e criativa ao mesmo tempo. (BOMTEMPO, 2011, p. 7).

Ler uma grande viagem, uma aventura do espírito, algo que nos faz ir além. (...).

Mas, acima de todo, ler significa refletir, pensar, estar a favor ou contra, comentar, trocar opinião, posicionar-se: enfim, exercer, desde sempre, a cidadania.

(GUIMARÃES; JOVER; SILVA, 1998, p. 10).

“Ler é uma atividade voluntária, inserida num projeto individual e/ou coletivo”.

(BARBOSA, 2008, p. 121). As pessoas aprendem a ler antes de serem alfabetizadas. Os

primeiros contatos e aproximações da criança ao mundo da cultura se dão através da família,

dado que se entende que ela, como núcleo inaugural da vida social de uma criança, deve ser a

primeira mediadora de leitura na vida dos pequenos, oferecendo o acolhimento e o acesso à

literatura. (PARREIRAS, 2005). Desde pequenos, somos conduzidos a entender um mundo

que se transmite por meio de letras e imagens. (ZILBERMAN, 2006). Para Parreiras (2005), a

leitura começa no âmbito da intimidade (em casa) e depois alcança o âmbito público (a

biblioteca, a escola). Depois, cabe à escola dar prosseguimento ao processo de mediação da

leitura. “A soma de esforços das famílias, das escolas e de outros organismos sociais que

contribuirá para a formação leitora das crianças”. (PARREIRAS, 2005, p. 26).

“Por leitura se entende toda manifestação linguística que uma pessoa realiza para

recuperar um pensamento formulado por outra e colocado em forma escrita”. (GAGLIARI,

2002, p. 155).

Em relação à leitura, ela pode ser ouvida, vista ou falada.

3.1 Leitura ouvida

“Um texto escrito pode ser decifrado e decodificado por alguém que traduz o escrito

numa realização da fala”. (GAGLIARI, 2002, p. 155).

A leitura ouvida ocorre mais comumente nos primeiros contatos das crianças com a

leitura, quando os adultos leem histórias para elas. Uma vez que ouvir histórias é, sim, uma

forma de ler. (GAGLIARI, 2002). Quando se fala em ler para os pequenos que, ainda, não

dominam a leitura sozinhos, é indiscutível a importância da leitura das histórias infantis. O

primeiro contato das crianças com a leitura se dá através da leitura auditiva.

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A audição pode ser caracterizada como um processo fisiológico, que depende do

funcionamento do cérebro, da coordenação nervosa, do ouvido; é uma resposta

conscientemente dirigida ao som; é uma distinção cuidadosa entre os sons.

(BUENO, 1982, p. 3).

Desde os primórdios, a audição tem um papel relevante na aprendizagem, pois,

pesquisando a história do homem, vê-se que durante muito tempo tudo que ele aprendia era

pela audição, como lutar com mais eficiência; como pescar; como construir casas, etc. A cada

nova descoberta, a cada conquista, eram tudo histórias passadas oralmente de pai para filho.

Até que surgiu a escrita. Com o surgimento da escrita não se encerrou a era da audição, pelo

contrário, hoje, mais do que nunca, o indivíduo precisa aprender a ouvir, porque para um

mundo cada vez mais informatizado, onde os fatos acontecem rapidamente, a toda hora

surgem veículos para transmitirem rapidamente os acontecimentos, como TV, internet, rádio,

escola, dentre outros. (BUENO, 1982).

O que se ouve nesses meios de comunicação são leituras, pois “a leitura oral é feita

não somente por quem lê, mas pode ser dirigida a outras pessoas, que também “leem” o texto

ouvindo”. (GAGLIARI, 2002, p. 155). Uma criança exposta a essas manifestações tem um

conhecimento prévio mais amplo sobre aquelas que não têm o acesso.

Quando chega à escola, no pré-escolar, a criança já ouviu muitos sons, porém,

certamente, escutou pouco desses sons. Ouviu os sons da natureza, sons vocais, mas talvez

não tenha adquirido noções concretas de som-silêncio-barulho nem conhecido as intensidades

do som forte-normal-fraco, dentre outros. Tal carência decorre na ausência da formação das

habilidades de ouvir; no desconhecimento do motivo pelo qual deveria ouvir; no desinteresse

em ouvir porque o assunto estava em desacordo com as suas possibilidades ou necessidades.

(BUENO, 1982).

Para Bueno (1982), devem-se conscientizar as crianças de que em todos os momentos

nos quais ouvem, elas devem fazê-lo com finalidade. Ou seja, ouvir “para apreciar histórias,

músicas, poemas, anedotas... para obter informações; para fazer críticas e avaliar e, para

enfim, ser agente da comunicação”. (BUENO, 1982, p. 4).

3.2 Leitura vista

“Ouvir uma leitura equivale a ler com os olhos”. (GAGLIARI, 2002, p. 156). A única

diferença está no canal pelo o qual a leitura é conduzida do texto ao cérebro. Nossa sociedade

tem muito preconceito com relação a isso.

18

A nossa cultura, durante um longo período, se constituiu de livros escritos e das

leituras silenciosas visuais, devido às poucas instituições, como os conventos, conservarem o

hábito da leitura em voz alta, leitura pública, onde o leitor lê para um determinado grupo ou

para uma comunidade. (GAGLIARI, 2002). Hoje, a leitura visual silenciosa ainda é muito

comum entre as pessoas por possibilitar uma velocidade maior de leitura, comodidade, por

não inibir o leitor em relação às questões linguísticas. Esse tipo de leitura permite que o leitor

leia dentro do ônibus, enquanto espera uma consulta médica, na fila do banco, etc. Para

algumas pessoas, a leitura silenciosa favorece maior reflexão e compreensão sobre o texto.

“Ler uma peça de teatro não é o mesmo que vê-la encenada”. (GAGLIARI, 2002, p.

156). O autor diz que nem sempre esse tipo de leitura é a mais adequada para aqueles textos

que foram feitos com a intenção de serem lidos oralmente ou ouvidos. Por isso, nem todos os

textos podem ser lidos e interpretados de forma silenciosa. Gagliari (2002), afirma que

“ouvir” uma leitura também favorece muito a reflexão. Ou seja, ouvir a leitura, para algumas

pessoas, ajuda na compreensão porque ao ouvirem o texto elas melhoram a pronúncia das

palavras. Na escola, ensina-se com mais frequência aos alunos o uso da leitura visual

silenciosa para reflexão individual do que a leitura oral pública, devido a uma prática ou a um

treinamento específico.

3.3 Leitura falada

A leitura é um ato linguístico e está essencialmente presa a todo mecanismo de

funcionamento da linguagem, da língua específica que está sendo lida. (...). Por fala

se entende a realidade linguística, a língua na sua plenitude de realização, não

apenas os sons da linguagem. (GAGLIARI, 2002, p. 159).

O ato de ouvir se justapõe ao ato da fala. Como a audição, a fala também é um

processo fisiológico que adapta e utiliza órgãos para emitir os sons. Segundo o professor

Othon Maria Garcia em seu livro COMUNICAÇÃO EM PROSA MODERNA, citado por

Bueno (1982, p. 4), “falar é encontrar ideias, coordená-las, concatená-las e expressá-las de

maneira eficaz”. Bueno (1982, p. 3) diz que “é pela linguagem que os homens fazem o

diálogo.” E o que o diálogo representa para os homens? Para ele, “é uma chance de

solucionar situações/problemas; uma chance de aproximar pessoas; é ausência de solidão; é

devolver ao homem sua dimensão de humanidade”.

Ler é fácil para quem sabe, para quem domina a decifração da escrita. Ou seja, para

quem perpassa pelo processo de decifração que pressupõe, não só tudo o que se disse respeito

19

da escrita, o que é, para que serve etc., como também exige do leitor uma análise da escrita

que irá remeter-se ao cérebro, a fim de proceder à programação neurolinguística que irá pôr

em funcionamento mecanismos da produção da fala correspondente; assim, o leitor poderá

compreender o texto programado em muitos aspectos pelo escritor e complementado ao leitor,

e, se for o caso, até reproduzi-lo oralmente. (GAGLIARI, 2002). A leitura em voz alta, além

de levar em conta o que deve ser feito para dizer algo em termos de produção sonora da fala,

proporciona uma interação constante entre o leitor e o texto. Nesse tipo de leitura, o leitor

deve, em primeiro lugar, decifrar o que está escrito para depois reproduzir oralmente o que foi

decifrado.

Como ocorre com a audição, quando inserida na etapa escolar a criança já possui a sua

fala e os padrões linguísticos do seu meio, devido ao seu grupo familiar. O propósito da

escola é ensinar ao aluno a desenvolver sua capacidade de raciocínio, a formar ideias para ser,

tanto quanto possível, exato, claro, objetivo e fiel na expressão de seu pensamento. (BUENO,

1982). Porém, a escola comete uma injustiça com as crianças não levando em conta essa

dificuldade muito real e séria que é a decifração da leitura. Está errado dizer que a leitura não

é decifração da escrita, exigindo-se da criança que aprenda a ler desempenhando atividades

que só o leitor treinado e habilidoso domina. As crianças precisam de um tempo de

decifração, que varia de acordo com cada uma.

Em relação à leitura em voz alta, a escola às vezes possui hábitos estranhos de

surpreender os alunos. Um aluno não lê como um gravador reproduz uma fita; tem que haver

uma preparação para esse tipo de leitura. Para a criança ler um texto é preciso deixar, antes,

que ela estude-o, decifre-o e treine sua leitura. No início do processo escolar, esse tipo de

leitura deve ser enfatizado porque auxilia a própria compreensão do texto, sobretudo numa

fase em que o aluno ainda está muito amarrado à decifração da escrita, possibilitando desde

cedo que a criança não faça aquele tipo de leitura silabada, truncada por pausas, sem

entonação. (GAGLIARI, 2002).

3.4 O leitor

(...), há muitas formas de “compreender ser leitor”, dependendo da perspectiva que

oferecermos à pergunta e à resposta, mas uma definição primeira, da qual não se

pode escapar, é a de que leitor é aquele que sabe ler e que lê com certa frequência,

para estudar, para informar-se, para conhecer, experimentar vida, fazer coisas...

Desde logo, essa definição de leitor supõe mais que simplesmente saber ler,

implicando uma atitude diante das coisas do mundo. (BRITTO, 2005, p. 18-19).

20

A leitura permite ao leitor manipular o próprio tempo, envolvendo-o em ideias,

acontecimentos e fazendo-o interagir como o mundo de forma mais atraente.

(BOMTEMPO, 2001, p. 7).

Hoje, para alguém ser um indivíduo ativo, é indispensável dominar conceitos e

relações; compreender, mobilizar e ampliar conhecimentos de modo pertinente, devido à

diversidade de situações sociais com que se defronta. “A leitura faz-se importante na vida de

todos os cidadãos, uma vez que por meio desta ferramenta é possível desenvolver o

pensamento crítico e criativo perante a sociedade”. (LERNER apud AFONSO, 2008, p. 5-6).

Uma vez que, é fato presente no cotidiano de todos os povos, a necessidade de ler.

Para ser leitor atualmente, Jolibert (1994) citado por Afonso (2008, p. 5), diz que:

É preciso superar algumas concepções sobre o aprendizado inicial da leitura. A

principal delas é de que ler é simplesmente decodificar, converter letras em sons,

sendo a compreensão consequência natural dessa ação. Por conta dessa concepção

equivocada a escola vem produzindo grande quantidade de leitores capazes de

codificar qualquer texto, mas com enormes dificuldades para compreender o que

tentam ler.

Ler é muito mais que isso, visto que o universo da leitura é constituído de diversas

partes. Ler é um aprendizado significativo, ativo, com objetivos claros e relacionados ao

conhecimento anterior e às expectativas do leitor. Não basta ser um simples leitor, pois a

grande maioria dos problemas que os alunos encontram ao longo dos anos de estudo é

decorrente de problemas de leitura. A leitura na escola é algo muito importante. A partir do

momento em que a criança se insere no processo escolar, os educadores devem estar cientes

que devem desenvolver nos alunos a capacidade e o gosto pela leitura, ou seja, formar

leitores. (AFONSO, 2008). Britto (2005, p. 21) diz que, no âmbito escolar,

A formação do leitor, (...), corresponde aos processos pedagógicos que fazem com

que o aluno alcance a condição de leitor, isto é, que seja alguém que, com crítica e

autonomia, realize as atividades que caracterizam o leitor. Isso implica não apenas

aprender o sistema da escrita, mas também, e principalmente, incorporar um

conjunto de atitudes e de referenciais que tornem significativo e pertinente o ato de

ler (...).

Para Britto (2005) o simples hábito de ler de forma descomprometida, sem reflexão,

sem orientação, numa situação em que o indivíduo é levado pelas circunstâncias e motivado

por interesses pragmáticos, caracteriza-se como uma alienação. Ou seja, o que é alienado é

automatizado, mecânico, a pessoa não tem controle ou consciência nem da atitude nem das

21

coisas nela implicadas; não compreende o alcance e as consequências dos fatos e dos gestos e,

portanto, não é capaz de ampliar seus horizontes.

Em vista disso, a escola precisa formar leitores competentes: aquele capaz de

compreender o que lê; que aprende a ler também o que não está escrito, identificando

elementos implícitos; que compreende que podem ser atribuídos diversos sentidos a um texto

e estabelece relações entre o texto que lê e outros textos já lidos, conseguindo, assim,

justificar e validar a sua leitura. Esse tipo de formação só se constitui mediante uma prática

constante de leitura de textos, a partir de um trabalho de organização em torno da diversidade

de textos que circulam socialmente, para que o aluno se transforme em um leitor moderno.

(AFONSO, 2008).

O leitor moderno caracteriza-se a partir da sua capacidade de variar uma ou mais

estratégias de leitura diante de diferentes gêneros textuais, atendendo melhor aos seus

objetivos enquanto leitor, representando um equilíbrio específico e momentâneo entre o leitor,

o texto e seus objetivos do momento. Essa situação pode ser denominada como flexibilidade

no ato de ler. Ela foi desenvolvida nos Estados Unidos em 1950. (BARBOSA, 2008). A

escola, por sua vez, não tem levado em conta a existência dessas diversas modalidades de

leitura, porque ela continua se preocupando exclusivamente com um modelo imutável de

leitura, voltada somente para livros e obra literárias, enquanto deixa de lado aquelas presentes

na nova tecnologia.

A escola, juntamente com o professor, deve propor a leitura como uma de suas

principais metas, porque “no mundo em que vivemos é muito mais importante ler do que

escrever”. (GAGLIARI, 2002, p. 168). Ao professor, também, cabe incentivar e desenvolver

nos alunos o gosto pela leitura, apresentar para a criança livros e textos de diferentes gêneros

textuais, fazer leituras em locais diferentes, assistir vídeos, ouvir CDs, visitar a sala de

informática, se houver; bem como criar espaços que estimulem a sua prática. “É nesse sentido

que o incentivo à leitura desempenha um papel importante, isto é, conduzir as crianças ao

mundo novo e desconhecido”. (KLEIMAN apud AFONSO, 2008, p. 6).

3.5 Estratégias e estímulos para formação de leitores

A universalidade do ato de ler provém do fato de que todo indivíduo está

intrinsecamente capacitado a ele, a partir de estímulos da sociedade e da vigência de códigos que se transmitem preferencialmente por intermédio de um alfabeto.

(AGUIAR, 1993, p. 11).

22

Ao se falar em estímulo, está se falando em estimular alguém a realizar determinada

atividade. Quando se fala em estratégias de leitura, o estímulo é o pontapé inicial para

formação de leitores.

Desde pequena, a criança faz parte do mundo letrado. Através das vastas

possibilidades de leitura – oral ou visual – que a rodeia, ela provém de habilidades de

letramento mesmo antes de aprender a ler. Isto se dá porque existem mediadores – família e

sociedade – que a estimulam, apresentando diferentes aspectos do seu cotidiano. No trabalho

pedagógico, um dos requisitos fundamentais consiste em fazer com que a criança adquira

capacidade de leitura e tenha acesso às informações disponíveis em meios escritos.

Gagliari (2002, p. 12), diz que “as pessoas que não leem são pessoas vazias ou

subnutridas de conhecimento”. Para que isso não aconteça, na escola, deve haver sempre

trabalhos que procuram estimular no aluno o gosto e o hábito pela leitura, uma vez que a

leitura é muito importante para o processo de escolarização e para o desenvolvimento da

aprendizagem. Aguiar (1993, p. 7) reafirma sobre a importância da leitura na escola, quando

diz que “a área da leitura ocupa, no encadeamento anual da aprendizagem, um lugar em

destaque. Resultado da alfabetização, sua prática ocupa toda a carreira escolar do aluno

(...)”. A iniciação à leitura faz a criança compreender a imagem gráfica representada em

qualquer tipo de suporte, a fim de buscar o caminho progressivo, o qual vai da imagem ao

texto. Ela precisa ser constantemente estimulada, sendo necessário criar nela o hábito, o gosto

e/ou prazer de ler. A leitura deve ser bem trabalhada por parte dos professores, porque quem

lê bem tem maior chance de ter uma boa escrita. E isso será a peça chave para o sucesso do

aluno durante toda sua trajetória acadêmica.

3.6 As práticas de leitura realizadas na escola

A leitura é uma prática social que envolve atitudes, gestos e habilidades que são

mobilizados pelo leitor, no seu ato de leitura propriamente dito, como no que a

antecede e no que decorrer dela. Assim, o sujeito demonstra conhecimento de leitura

quando sabe a função de um jornal, quando se informa sobre o que tem sido

publicado, quando localiza locais de acesso público e privado aos textos impressos

(bibliotecas), quando identifica pontos de compra de livros (livraria, bancas etc.).

(NASCIMENTO; SILVA, 2011, p. 390).

A leitura é primordial na formação intelectual do ser humano. A sociedade atual é

caracterizada pela busca da informação e do conhecimento. A educação dos indivíduos

precisa enfatizar a leitura como via de inclusão social e para uma formação consciente.

Atitudes como se interessar pela leitura e pelo gosto em ler livros são constituídos, em

23

algumas pessoas, quer seja no espaço familiar, e em outras esferas de convivência em que a

escrita circula, mesmo antes do início da alfabetização. Mas, para outras, é, sobretudo na

escola que este gosto pode ser incentivado, pelo fato de não terem tido acesso ao meio letrado.

Em vista disso que as intervenções da família e, principalmente, da escola são fundamentais

para que a criança se motive às leituras.

A leitura é um dos pilares da educação escolar, pois é prioritariamente na escola que as

práticas de leitura e escrita são sistematizadas formalmente. O processo de construção e

reconstrução do conhecimento se dá em espaços como a escola e a biblioteca, uma vez que,

“há crianças que têm pouco contato com a leitura em seu ambiente familiar, e, por isso,

apresenta dificuldades no seu processo de aprendizagem”. (CONSTANCIO; MENDONÇA;

PAIVA, 2009, p. 1). A escola é fundamental nesse processo, pois a partir do momento em que

se reconhece o papel da escola na formação do leitor, torna-se possível uma mudança de

práticas, tendo como objetivo dar ao aluno a competência de utilizar a leitura como um

instrumento útil em sua vida.

As questões sobre a leitura não são fáceis de serem respondidas e para repensar essa

temática, quem melhor que o professor para refletir para que serve a aula de leitura? Qual a

construção do sentido da leitura na sala de aula? Ou, como despertar em seus alunos o prazer

da leitura?

São muitas as atividades que podem ser desenvolvidas em sala de aula com esse

objetivo. Promover um debate, por exemplo, para discutir cenas ou situações presentes num

livro que acaba de ser lido pela turma é uma prática importante e, muitas vezes, esquecida.

Devem-se criar meios para que esse processo tenha prazer para o aluno e que ele sinta mais

motivado, promovendo em sala de aula um espaço interativo, participativo e extrair dos

discentes o conhecimento tácito que estes têm para enriquecimento da discussão, uma vez que

diversificadas são as referências que compõem cada um. Assim, a prática da leitura reflete

positivamente na sociedade mudando hábitos e inovando costumes, promovendo o resgate da

cidadania e devolvendo um olhar crítico. (NASCIMENTO; SILVA, 2011).

O ensino da leitura nas escolas tem sido um tema em destaque nas discussões e

pesquisas no âmbito acadêmico. As principais reflexões sobre o tema, segundo Nascimento e

Silva (2011, p. 390) oscilam entre encontrar respostas para “o interesse do aluno na aula e

buscar meios de sua participação de forma ativa no processo de ensino e aprendizagem”. Há,

também, uma constante análise e crítica por parte de autores brasileiros da área de língua

portuguesa aos estudos que enfatizam a importância da leitura de forma crítica reflexiva na

formação do indivíduo, ou seja, que o trabalho com a leitura seja realizado de forma

24

significativa e contextualizado para o aluno, pois “tudo o que ensina na escola está

diretamente ligado à leitura e depende dela para se manter e se desenvolver”. (GAGLIARI,

2002, p. 149). Nesse contexto, o professor deve criar oportunidades que permitam o

desenvolvimento cognitivo, ou seja, com conhecimento dos aspectos envolvidos na

compreensão e das diversas estratégias que compõem estes processos. Assim, Nascimento e

Silva (2011, p. 394) dissertam:

A partir de reflexões acerca da relevância em promover uma aprendizagem

significativa e contextualizada os alunos poderão perceber a importância da leitura.

As vantagens de se ter na escola uma leitura significativa pode ser relacionados a

diversas situações do contexto dos alunos, procurando auxiliá-los a generalizar os

conceitos aprendidos.

O novo momento educacional em que se vive é repleto de possibilidades e exige novas

posturas dos educadores. Os profissionais da área de educação têm uma responsabilidade para

a construção de um mundo mais justo e igualitário na medida em que promovem ações que

visem incentivar a leitura, através de situações concretas para o aluno pensar, avaliar. A

educação no Brasil nas décadas passadas, segundo Nascimento e Silva (2011), deixou muito a

desejar, desconsiderando, tanto certos problemas sociais e econômicos, quanto a própria

formação dos indivíduos para o seu bem estar social e, principalmente, os gestores da época

se esqueceram de que a educação é o fator primordial. “... é a obra prima para o crescimento

de uma nação”. (NASCIMENTO; SILVA, 2011, p. 395).

A leitura qualitativa é hoje fator muito pouco desenvolvido em nosso meio nas escolas

ou no sistema educacional pelo fato de a leitura não ser praticada. A população não está

preocupada com as práticas da leitura ou podem estas estar esquecidas no âmbito escolar. Isso

é, ao fazer parte do cotidiano escolar do aluno como todas as outras regras, caem no

esquecimento. Para reverter esse quadro, deve-se continuar perseverando no objetivo maior de

conscientizar a sociedade para a relevância da leitura para a formação de uma sociedade

consciente, estimulando bibliotecários e professores para a criação de programas de leitura e

reflexão sobre a qualidade dos projetos existentes com adaptação às demandas informacionais

da sociedade atual. “A leitura é a extensão da escola na vida das pessoas. A maioria do que

se deve aprender na vida terá de ser conseguido através da leitura fora da escola. A leitura é

uma herança maior do que qualquer diploma”. (GAGLIARI, 2002, p. 148).

3.6.1 O professor e as estratégias de leitura

25

Nos dias atuais, ser professor significa conhecer o termo educar, para que possa

desenvolver nos educandos as competências necessárias para se incluírem na

sociedade, ou seja, para que sejam capazes de gerirem suas vidas nos âmbitos

pessoal e profissional e social. (AFONSO, 2008, p. 3).

O professor é o principal responsável pelo ensinar da criança quando inserida no

contexto escolar. Na fase inicial de escolarização, ele é tido como referência de exemplo e

curiosidade por parte dos alunos.

Na relação indivíduo-leitura que é constituída de forma global, considera-se que o

papel do professor é fundamental para a formação social do aluno como leitor e cidadão que

tem direito a uma educação de qualidade. “Ter acesso à boa leitura é dispor de uma

informação cultural que alimenta a imaginação e desperta o prazer pela leitura”. (AFONSO,

2008, p. 9).

Desde cedo, a intenção de fazer com que as crianças apreciem o momento de sentar

para ouvir histórias exige que o professor, como leitor, preocupe-se em ler com interesse,

criando um ambiente apropriado e convidativo à escuta atenta, mobilizando todas as

expectativas dos educandos. Na fase inicial da leitura, os educadores precisam fazer o que for

possível para seus alunos, devendo organizar um ambiente apropriado e aconchegante para

que possam dispor os livros de forma que as crianças possam manipulá-los e lê-los.

(AFONSO, 2008).

Afonso (2008) cita em um de seus artigos uma pesquisa de campo realizada com dez

professores da Rede Municipal de Educação Infantil na cidade de São José do Rio Preto/SP.

Segundo ele, a pesquisa mostra a grande diversidade de estratégias que eles utilizaram para

enriquecer as atividades de leitura, como ler um texto, depois fazer com que as crianças

levantem hipóteses sobre o tema, oferecer informações que situem sobre a leitura; propiciar o

diálogo entre as crianças para que possam compartilhar o efeito que a leitura produziu e trocar

opiniões e comentários. A principal estratégia para desenvolver o hábito da leitura foi através

dos gêneros textuais como poesias, parlendas, os jogos de palavras, embalagens, quadrinhos,

outdoors, propagandas etc., possibilitando às crianças adentrarem não só aos conteúdos, mas

também à forma, aos aspectos sonoros de linguagem como rimas, além das questões culturais

e afetivas envolvidas.

Diante disso, Miller (2003) diz que o trabalho realizado na escola deve levar em conta

a necessidade de focalizar variados tipos de textos considerados em suas especificidades de

contextualização, organização e funcionamento. É fundamental diversificar as atividades

26

como momentos de leitura individual, coletiva e pelo professor. Além disso, o educador tem

que dar às crianças oportunidade de lerem textos não dirigidos especificamente para elas,

Para Kleiman (1998) citada por Rosa (2013, p. 8), “ninguém gosta de fazer aquilo que

é difícil demais, nem aquilo do qual não consegue extrair o sentido”. Para Mollo e Nóbrega

(2011, p. 9), “ser apaixonado pela leitura e manter acesa a curiosidade são requisitos

essenciais para o exercício dessa tarefa que promove o encontro amoroso entre o texto e o

leitor”. Por isso que, na hora da leitura, os alunos precisam ser capazes de tomar uma posição

frente ao que leem para perceberem não só o que está explícito, o que está entendido, mas

compreender as intenções do autor e suas motivações para apresentarem a informação de

determinado modo. (FERNANDES, 2013).

A demanda informacional e cultural da sociedade atual faz aumentar ainda mais a

necessidade de se criar na escola uma comunidade de usuários ativos da língua. Para que isso

ocorra, será preciso despertar nos alunos o desejo e, consequentemente, o hábito de ler. Por

isso, as atividades de leitura na escola deverão ser promovidas de acordo com o nível de

desenvolvimento cognitivo do aluno, afim de que ele possa estabelecer sentido ao que ler.

Com isso, o educando poderá, paulatinamente, ir se apropriando dos conteúdos socioculturais

e construindo sua participação autônoma e crítica na sociedade. “Tal “modelo de leitor”

requer um “modelo de escola” que dialoga, desafia, confronta, convoca o aluno a

participação, fornece orientação, prove ambiente favorável a leitura”. (FOUCAMBERT

apud MIILER, 2003, p. 339).

Se a sociedade contemporânea está a exigir a formação de pessoas críticas,

participativas e autônomas, (...), a escola deve objetivar a formação do aluno leitor

inserida no contexto de uma educação que vise ao desenvolvimento da autonomia e

do espírito critico do aprendiz. (MILLER, 2003, p. 337).

Nesse âmbito escolar há um espaço, em especial, destinado ao leitor, que pode servir

como suporte no trabalho com a leitura: a biblioteca. Segundo Carvalho (1981) citada por

Campello (2003, p. 2), a biblioteca tem como ação pedagógica o objetivo de

criar nos educandos os hábitos indispensáveis de leitura e trabalho intelectual, que

lhe serão úteis não somente durante a vida de estudante, mas que lhe

proporcionarão, no futuro, meios para um desempenho melhor na vida social e

profissional.

27

4 BIBLIOTECA ESCOLAR: QUE ESPAÇO É ESSE?

A definição de biblioteca, encontrada no Dicionário Miniaurélio da Língua Portuguesa,

é:

Biblioteca: sf. 1. Coleção pública ou privada de livros e documentos congêneres,

para estudo, leitura e consulta. 2. Edifício ou recinto onde ela se instala. 3. Móvel onde se guardam e/ou ordenam livros. (FERREIRA, 2008, p. 175).

Pode-se ver na definição de Ferreira (2008) que o termo “biblioteca” está muito

próximo daquela que faz parte da nossa sociedade atualmente, pois se faz referência às

bibliotecas, públicas e privadas, que possuem um acervo que é disponibilizado para um

determinado grupo social ou institucional. A partir dessa definição, procurou-se conhecer um

pouco da biblioteca escolar, ou seja, daquela que presta serviço exclusivamente à comunidade

escolar.

Não há uma definição específica em relação ao termo “biblioteca escolar”, porém,

Aguiar e Cattani (1993. p. 134) a definem assim:

A biblioteca escolar é um espaço democrático, conquistado e construído através do

“fazer” coletivo (alunos, professores e demais grupos sociais) – sua função básica é

a transmissão da herança cultural às novas gerações de modo que elas tenham condições de reapropriar-se do passado, enfrentar os desafios do presente e projetar-

se no futuro.

Contudo, não é bem assim que acontece. A maioria dos brasileiros desconhece o

verdadeiro papel de uma biblioteca em suas vidas. Isso se dá porque, às vezes, eles têm uma

visão distorcida em relação a ela, conceituando-a como um lugar sagrado, para desfrute de

alguns eleitos ou como um local de uso restrito para consulta e pesquisa. O conceito de um

local onde se encontra o prazer da leitura, de conhecer e de se informar, só vem daqueles que

a frequentam.

Esse contexto teve uma atenção maior por parte do governo, pois o Congresso

Nacional promulgou em 24 de maio de 2010 a Lei nº 12.224 (BRASIL, 2010, p. 3), que nos

artigos 1o, 2

o, 3

o e 4

o, preveem a “universalização das bibliotecas nas instituições de ensino

do País”. A citada Lei possibilita a revisão dos paradigmas, amplia os horizontes e estabelece

amparo legal para criação de bibliotecas com espaço físico adequado, acervo selecionado e

concretiza a presença do profissional especializado. (FRAGOSO, 2005). Assim, fica para trás

aquela imagem clássica de biblioteca, que nos remete a uma sala ampla, muito silenciosa e

28

com ambiente austero, passando a ser, no caso de bibliotecas infantis, um ambiente

aconchegante que desperta a atenção por partes dos visitantes, e até o silencio é menos

rigoroso, dando chance ao “zunzunzum”. (NASCIMENTO; SOLIGO, 2001). Para Aguiar

(1993, p. 145), “a biblioteca escolar é uma das formas que a escola e a comunidade dispõem

para impor a sua marca na cultura e na história”.

Campello (2003) cita Lourenço Filho quando, em uma conferência sobre ensino e

biblioteca, em 1944, ele disse que “ensino e biblioteca não se excluem, completam-se. Uma

escola sem biblioteca é instrumento imperfeito. A biblioteca sem ensino, (...), será, (...),

instrumento vago e incerto”. (CAMPELLO, 2003, p. 1).

4.1 O ambiente bibliotecário

A finalidade social de uma biblioteca, escolar ou não, é a de integrar os indivíduos,

com o auxílio da leitura e da informação, à sua comunidade, à sociedade e ao tempo em que

estão vivendo. (AGUIAR; CATTANI, 1993).

A situação da biblioteca nas instituições de ensino no Brasil é reflexo do contexto em

que ela existe, ou seja, a maioria das instituições contam com uma biblioteca, cuja

infraestrutura deixa bastante a desejar. O espaço físico, na maioria das vezes, é um local mal

arejado; o acervo é insuficiente, e, muitas vezes, é guardado em locais improvisados, de difícil

acesso por parte dos leitores; e o profissional responsável não é capacitado. Essas questões

contribuem para o mau funcionamento das bibliotecas. (FRAGOSO, 2002b).

Em 2010, foram criados os Parâmetros para Bibliotecas Escolares, elaborado pelo

Conselho Federal de Biblioteconomia (CFB) e o Grupo de Estudos em Biblioteca Escolar

(GEBE) da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG. Esse referencial possui

orientações para criação e avaliação de bibliotecas escolares. Ele aponta alguns indicadores

que visam à melhoria da qualidade das bibliotecas escolares do país, como espaço físico,

acervo, serviços e atividades para usuários.

4.1.1 Espaço físico

A concepção pedagógica proposta pelos PCN vem, com certeza, reforçar o papel da

biblioteca dentro da escola (...). O planejamento do espaço da biblioteca deve ser feito em função do acervo e do uso que se pretende dele fazer. Além de salas para

abrigar o acervo geral, a coleção de referência e a de periódicos, devem ser previstas

salas para uso individual e de grupos (...), lugar separado para a coleção infantil para

atividades com crianças menores, (...). Tal espaço facilitará o planejamento e o

29

desenvolvimento do programa da biblioteca. Se esse ideal não é possível, será

necessário planejar criteriosamente as atividades na biblioteca, otimizando-se o uso

dos locais disponíveis. (CALDEIRA apud CAMPELLO, 2010, p. 12).

Campello (2010) traz, no referencial, parâmetros para um espaço físico exclusivo,

acessível a todos os usuários, como:

a) no nível básico: de 50m2 até 100m2;

b) no nível exemplar: acima de 300m2.

A biblioteca escolar possui assentos para acomodar usuários que ali vão para consultar

os materiais e/ou realizar atividades:

a) no nível básico: assentos suficientes para acomodar simultaneamente uma classe

inteira, além de usuários avulsos;

b) no nível exemplar: assentos suficientes para acomodar simultaneamente uma

classe inteira, usuários avulsos e grupos de alunos.

Além de ambientes para os serviços a fim, a biblioteca escolar conta com ambiente

para serviços técnicos e administrativos:

a) no nível básico: um balcão de atendimento, uma mesa, uma cadeira e um

computador com acesso à internet, para uso exclusivo do (s) funcionário (s);

b) no nível exemplar: um balcão de atendimento e ambiente específico para

atividades técnicas, com uma mesa, uma cadeira e um computador com acesso à

internet, para uso exclusivo de cada um dos funcionários.

Enfim, define-se um espaço cujo ambiente seja agradável, arejado, confortável e

seguro para leituras, consultas, pesquisas, empréstimos, ou seja, adequado para tal finalidade.

4.1.2 Acervo

O acervo da biblioteca reflete a proposta de aprendizagem baseada nos textos

autênticos: precisa abrigar a variedade de discursos e seus portadores, mantendo-se

atualizado e dinâmico, acompanhando a produção acelerada dos recursos

informacionais na atualidade. (CAMPELLO; 2010, p. 13).

30

Os livros devem estar registrados, catalogados, (...). devem estar dispostos em

prateleiras, estantes, mesas, cestas, com algum critério de separação e identificação

pelo usuário. (PARREIRAS, 2005, p. 27).

Parâmetros que auxiliam a biblioteca a obter um acervo de livros compatível com o

número de alunos:

a) no nível básico: a partir de um título por aluno;

b) no nível exemplar: a partir de quatro títulos por aluno, não sendo necessário mais

do que cinco exemplares de cada título.

O acervo contempla a diversidade de gêneros textuais e de fontes de informação

destinadas aos variados usos escolares, tais como: enciclopédias, dicionários, almanaques,

atlas, etc. Além de livros a biblioteca escolar conta com revistas e outros materiais não

impressos como documentos sonoros, visuais e digitais.

E em relação à organização do acervo:

a) no nível básico: o catálogo da biblioteca inclui pelo menos os livros do acervo,

permitindo recuperação por autor, título e assunto;

b) no nível exemplar: o catálogo da biblioteca é informatizado e possibilita o acesso

remoto a todos os itens do acervo; permite – além de recuperação por autor, título e

assunto – recuperação por outros pontos de acesso.

A organização do acervo deve ser realizada de forma funcional, atendendo às

necessidades da escola. Também é fundamental que ele seja organizado com carinho e com

critérios, abrangendo as distintas áreas de conhecimento, a diversidade de textos e de

portadores, deixando tudo à mão para que o aluno localize com facilidade e utilize.

(NASCIMENTO; SOLIGO, 2001). “Ela deve ser organizada de forma a permitir que o livro

ou material certo seja encontrado com facilidade e rapidez”. (CAMPELLO, 2010, p. 15).

4.1.2 Serviços oferecidos

A biblioteca escolar oferece serviços de apoio à aprendizagem, disponibilizando

livros e outros recursos informacionais aos membros da comunidade escolar,

possibilitando-lhes tornarem-se pessoas críticas e usuários competentes de

informações em todos os formatos e meios. (IFLA/UNESCO, 2010, p. 16).

31

O trabalho dentro de uma biblioteca escolar possibilita inúmeras inserções educadoras,

pois os indivíduos, ao conviverem em um espaço onde se desenvolvam projetos de leituras, há

grandes chances de se tornarem leitores e, consequentemente, futuros cidadãos conscientes.

(FRAGOSO, 2005).

Além do espaço físico e do acervo, a biblioteca deverá dispor de um bibliotecário que

garanta o acesso às consultas, empréstimos, pesquisas e que exerça as funções propostas.

A biblioteca oferece serviços regularmente:

a) no nível básico: consulta no local, empréstimo domiciliar, atividades de incentivo à

leitura e orientação à pesquisa;

b) no nível exemplar: consulta no local, empréstimo domiciliar, atividades de

incentivo à leitura e orientação à pesquisa, além de serviço de divulgação de novas

aquisições, exposições e serviços específicos para os professores, tais como

levantamento bibliográfico e boletim de alerta.

A biblioteca deve funcionar como um espaço onde essas coisas aconteçam,

organizando-se para que os estudantes, sob orientação, encontrem possibilidades de estudo,

pesquisa e descoberta e não para que reproduzam mecanicamente o que lhes foi ensinado na

sala de aula, mas, sim, para que ampliem e tornem vivos e significativos tais aprendizados.

(BRITTO, 2005).

Portanto, “o que melhor caracteriza uma biblioteca não é a beleza de sua decoração,

mas sim a qualidade de seu acervo e a funcionalidade dos seus serviços”. (AGUIAR;

CATTANI, 1993, p. 143). É preciso “arregaçar as mangas” para delinear a proposta da

biblioteca escolar e concretizá-la. (AGUIAR; CATTANI, 1993).

4.2 A função pedagógica da biblioteca escolar

Possuir uma biblioteca, ou uma sala especial para a leitura, é uma importante

conquista da escola para o desenvolvimento das atividades pedagógicas e para a

formação de leitores. Ali, todo o espaço, todo o tempo e toda a energia se destinam à

prática de ler. (NASCIMENTO; SOLIGO, 2001, sem paginação).

A biblioteca tem uma função pedagógica muito importante na comunidade escolar,

pois, conforme citação acima, Nascimento e Soligo (2001) enfatizam a importância da sua

existência na escola para o trabalho com atividades referentes ao aprendizado do conteúdo e,

32

principalmente, para despertar o gosto/hábito da leitura. É nela que todo o tempo, todo o

espaço e todo projeto pedagógico estão voltados para a aprendizagem do aluno. Como

qualquer outro equipamento escolar,

A biblioteca precisa estar enraizada no projeto pedagógico da escola, já que é peça

relevante para a formação de usuários competentes da linguagem escrita, que se

constitui como uma dimensão capacitadora das aprendizagens em todas as áreas.

Mas, para que possa atuar como centro de informação, além do diálogo entre os

profissionais que atuam na instituição, a biblioteca precisa estar equipada e

organizada para funcionar bem. Essa demanda se traduz em um espaço agradável,

além de um acervo com títulos impressos e digitais que atenda às demandas da

pesquisa escolar e da leitura literária. (MOLLO; NÓBREGA, 2005, p. 8).

Fragoso (2005) diz que a biblioteca escolar tem funções fundamentais a desempenhar:

a função educativa e a função cultural.

Na função educativa, ela representa ampliação à ação do corpo docente,

desenvolvendo habilidades de estudo independente, agindo como instrumento de autoeducação, motivando uma busca do conhecimento, incrementando o gosto pela

leitura; e o corpo discente, auxiliando na formação de hábitos e atitudes de

manuseio, consulta e utilização do acervo, de biblioteca e da informação. (...). Em

sua função cultural, a biblioteca torna-se complemento da educação formal, ao

oferecer múltiplas possibilidades de leitura e, com isso, levar os alunos a ampliar

seus conhecimentos e suas ideias acerca do mundo. (FRAGOSO, 2005, p. 12).

No entanto, essas funções raramente são postas em prática, pois percebe-se que ainda

não mencionam a biblioteca como um recurso a mais como apoio na proposta pedagógica.

Portanto, atentando para esta dificuldade, deve-se sintonizar o papel da biblioteca na escola

como um espaço de estímulo e motivação para a leitura enquanto instrumento de aprendizado.

Esse drama só será superado quando construirmos uma sociedade leitora pautada em valores

éticos e solidários. (FRAGOSO, 2002b). Acredita-se que

Mudanças surgirão, à medida que a comunidade escolar – bibliotecários,

educadores, educandos, administradores, pais e funcionários se mobilizarem a

atuarem em ações concretas, acreditando na força dinamizadora e transformadora de

leitura. (FRAGOSO, 2002b, p. 255).

Assim, “a organização de uma biblioteca escolar perde o seu caráter de promoção

individual, transformando-se no resultado de um esforço da comunidade, voltado

principalmente à recuperação de sua autonomia e iniciativa criadora”. (AGUIAR;

CATTANI, 1993, p. 140).

33

4.3 A atuação do bibliotecário

O que é um bibliotecário? As definições encontradas sobre o termo são:

Bibliotecário: s.m. Aquele superintende uma biblioteca. (FERREIRA, 2008, p. 175).

Bibliotecário, s.m. indivíduo que cuida de uma biblioteca. (FERREIRA, 2008, p.

68).

Segundo as definições acima, o termo “Bibliotecário” refere-se a um indivíduo que

administra uma biblioteca. E não é um individuo comum, pois segundo a Lei nº. 4.084 de 30

de junho de 1962, o exercício da profissão de bibliotecário, em qualquer de seus ramos, só

será permitido:

(a) aos Bacharéis em Biblioteconomia, portadores de diplomas expedidos por

Escolas de Biblioteconomia de nível superior, oficiais, equiparadas, ou oficialmente

reconhecidas;

b) aos Bibliotecários portadores de diplomas de instituições estrangeiras que

apresentem os seus diplomas revalidados no Brasil.

Portanto, de acordo com a lei acima, para exercer a profissão de bibliotecário o

profissional deverá ser bacharel em Biblioteconomia. Entretanto, segundo Fragoso (2005), nas

bibliotecas escolares das escolas públicas não é isso que acontece, porque:

conta-se, às vezes, com profissionais sem qualificação, (...), sem motivação, e

aguardando a hora de se aposentar, como também se encontra profissionais sem

habilitação, mas que buscam atuar nesse ambiente. (FRAGOSO, 2005, p. 170).

Fragoso (2002a, p. 255), ainda falando da carência profissional, diz que:

Na maioria das vezes, concebemos apenas a dimensão de profissionais burocráticos,

sem emoção, sem empatia verdadeira e sem compromisso pedagógico com a

instituição. Nesse estado letárgico, aguardam ansiosos a saída do último leitor, a fim de apagarem as luzes. Dessa forma, também se apaga a esperança de todos aqueles

que penetram surdamente no reino das palavras, em busca das soluções para seus

problemas cotidianos.

A primeira e a segunda fala de Fragoso mostram-nos a realidade da administração de

nossas bibliotecas, que provém, na maioria das vezes, de profissionais sem formação e sem

motivação para desempenhar sua função. Em vista disso, de nada serve uma bela biblioteca

escolar, com espaço físico e acervo suficiente se, para exercer e cumprir suas funções, ela não

contar com a presença de um profissional consciente, com habilitações específicas e

34

sensibilidade para manter esse espaço de educação, cultura e informação, oportunizando aos

leitores o questionamento, a descoberta e as aprendizagens significativas (FRAGOSO, 2005).

Um espaço bem decorado e um bom acervo não são suficientes para o funcionamento

efetivo da biblioteca sem a figura do educador, seja ele professor ou bibliotecário. (MOLLO;

NÓBREGA, 2005). Por isso, Fragoso (2002a, p. 258) conclui que:

Seja ele bibliotecário especializado ou não, sua atuação dentro da instituição de

ensino dependerá de sua postura e consciência cidadã. Cabe a este profissional

gerenciar com habilidade o espaço privilegiado da escola, transformando a

biblioteca num local de encontro entre a alegria de ler e o questionamento em torno

do que se quer aprender.

4.4 Bibliotecário x professor

A biblioteca, quando inserida no contexto escolar, possui como um de seus

principais objetivos ser uma ferramenta que auxilie e facilite o processo de ensino-

aprendizagem. Desta forma, se faz necessário a existência de um esforço de interação e cooperação entre professores e bibliotecários no sentido de proporcionar

aos alunos, maior qualidade dos serviços oferecidos pela biblioteca. Fazendo com

que, deste modo, os alunos possam ver a biblioteca como um espaço não de cunho

educacional formal, rígido e inflexível mas, como um espaço recreativo, prazeroso e

agradável capaz de estabelecer laços com o real e o imaginário e, sobretudo, lhes

proporcionar uma maior interatividade com a sociedade e com o mundo que os

cerca. (MOTA, 2005, sem paginação).

Em uma escola, a relação entre bibliotecário e professor, historicamente, não é das

mais fáceis, pois se percebe que, muitas vezes, o professor desconhece o acervo existente na

biblioteca devido à n fatores, tais como: falta de divulgação por parte dos bibliotecários, dos

produtos e serviços oferecidos pela biblioteca; falta de interesse por parte dos professores,

devido à ausência do hábito de ler, entre outras coisas. (MOTA, 2005). Devido a esses

fatores, persiste a falha de comunicação entre eles.

Sem a prática necessária para o desenvolvimento de projetos integrados, a relação

bibliotecário/comunidade escolar ainda é distante, uma vez que, nesse contexto, esse

profissional corre o risco de se transformar em um guardião de livros, distanciando-se de sua

função primordial: estar em constante interação com a comunidade escolar. (FRAGOSO,

2005).

Há também a relação entre leitor (toda comunidade pedagógica, escolar) e

bibliotecário. Percebe-se que essa relação ainda é muito burocrática, ou seja, as iniciativas de

incentivo à leitura não são desenvolvidas através da biblioteca, pois esta se apresenta apenas

como um suporte para as atividades. Nesse caso é estabelecida uma situação de “leitores

35

perdidos, sem encontrar respostas para seus questionamentos diante de profissionais alheios,

que não satisfazem os anseios dos que transitam pelo ambiente”. (FRAGOSO, 2005, p. 171).

Porém, a existência de tais empecilhos não deve ser motivo para desânimo e acomodação por

parte dos bibliotecários, bem como dos professores e demais integrantes das instituições

escolares. (MOTA, 2005).

Mollo e Nóbrega (2005, p. 9) afirmam que,

O bom funcionamento da biblioteca escolar depende de ações estratégicas. É o

trabalho conjunto de professores e bibliotecário que fará com que os serviços

prestados por ela sejam relevantes para todos: funcionários, professores, alunos. Um

trabalho dessa natureza torna a biblioteca necessária à comunidade escolar, que

sente falta do que lá se experimenta, dos materiais disponíveis, das informações

desejadas.

Em vista disso, Aguiar e Cattani (1993) dizem que o planejamento e a efetivação da

biblioteca escolar requerem uma “mudança na mentalidade” por parte dos educadores, tanto

professores quanto bibliotecários, principalmente porque envolve a participação dos alunos e

grupos comunitários na gestão e desenvolvimento dos projetos educacionais. No manifesto da

UNESCO/IFLA sobre a biblioteca escolar foi dito que,

Quando os bibliotecários e os docentes cooperam entre si, os alunos conseguem

alcançar níveis mais altos de conhecimento, leitura, aprendizagem, solução de

problemas e competências no que diz respeito à utilização de tecnologias da

informação e da comunicação. (MOTA, 2005, sem paginação).

Por isso, a interação entre o professor e o bibliotecário é indispensável e necessária

para o bom desenvolvimento do trabalho de ambos, colaborando para melhoria das práticas de

leituras dos discentes.

4.5 O papel da biblioteca na formação do leitor

Ler é dialogar com o outro por meio dos textos. (...) E é pelas mãos de professores

ou bibliotecários que os leitores iniciantes podem realizar suas primeiras aproximações com os textos. (...). Ainda que não seja a salvação da escola e da

educação pública, a biblioteca escolar pode ser um lugar privilegiado que contribua

para a qualidade do ensino, ao promover práticas de leitura e acesso à informação de

qualidade, integrando equipe técnica, professores e alunos à sua comunidade.

(MOLLO; NÓBREGA, 2005, p. 7-8).

A biblioteca tem um papel fundamental na formação do leitor, pois, na maioria das

vezes, é através dela que o aluno tem o seu primeiro contato com a leitura, ou seja, com os

36

livros. Ela é um espaço de congregação da leitura e da cultura, um local que recebe e oferece

ao leitor as novidades, de troca e apropriação do conhecimento. (PARREIRAS, 2005). “Lugar

de todo o saber, a catedral do conhecimento”. (BRITTO, 2005, p. 23). A biblioteca, quando

inserida no contexto escolar, possui como um de seus principais objetivos ser um suporte que

facilite e auxilie no processo de ensino-aprendizagem. (MOTA, 2005). Pois, Aguiar e Cattani

(1993) citam e concordam com Polke (1973), quando dizem que:

Nenhuma outra instituição (escola) tem condições melhores para reunir e dinamizar

material bibliográfico condizente com as aptidões de leitura das crianças do que a

biblioteca escolar: a proximidade da sala de aula, a interação professor-bibliotecário-

aluno, as orientações mais atuais do ensino impedem a criança para a busca-

descoberta através de diferentes textos (...). (AGUIAR; CATTANI, 1993, p. 137).

No manifesto da UNESCO/IFLA sobre a biblioteca escolar, foi dito que:

A biblioteca escolar possui como uma de suas funções básicas, proporcionar ao

aluno competências para o aprendizado ao logo de sua vida e ainda contribuir para o

desenvolvimento de sua imaginação permitindo que os mesmos adotem postura e

conduta de cidadãos responsáveis. (MOTA, 2005, sem paginação).

Mota (2005) reforça a perspectiva de que a biblioteca escolar é extremamente

importante para o desenvolvimento do aluno, tanto no que diz respeito ao seu percurso na

escola, ao aprendizado, quanto na conduta e postura pessoal.

Quanto ao leitor, a leitura lhe traz a possibilidade de “viajar”, de viver situações

imaginárias de outras personagens, de outros cenários. Ao ler, ele se subjetiva, se refaz, recria,

reinventa a sua vida. (PARREIRAS, 2005). A biblioteca, por sua vez, é um lugar que reúne

livros. O leitor, em função de suas necessidades e interesses, encontra textos para ler, fazer

pesquisas e estudar. (BRITTO, 2005). Assim, a biblioteca funciona como um centro de trocas

culturais, de contato com as novidades, de modo que a leitura de cada aluno, de cada

educador, de cada funcionário que a frequente deve ser respeitada. (PARREIRAS, 2005).

Aguiar e Cattani (1993) citam o escritor Ivan Ângelo, que ao discorrer sobre o

problema do livro no Brasil, disse que:

Ler é um ato de libertação. Quanto maior a vontade consciente de liberdade, maior o

índice da leitura. Um dos efeitos da leitura é o aprimoramento da linguagem de

expressão, nos níveis individual e coletivo. Uma sociedade que se sabe expressar

sabe o que quer, (...). (AGUIAR; CATTANI, 1993, p. 136).

37

A fala do escritor acima nos mostra e reforça a hipótese de que é a partir da leitura que

aprendemos a escrever e a nos expressar cada vez melhor.

Parreiras (2005, p. 28) acrescenta que “o exercício da liberdade é o que deve ser feito

a partir da leitura de uma obra”. Uma vez que, “se não educarmos para a liberdade de ler,

produzimos leitores adestrados que, tão logo se veem livres das coerções escolares,

abandonam a leitura”. (MOLLO; NÓBREGA, 2005, p. 7).

A grande dificuldade em relação à formação de leitores, segundo Mollo e Nóbrega

(2005, p. 5), é que:

Boa parte dos educadores – a quem cabe a tarefa de formar leitores – certamente também não vivenciou as possibilidades que uma biblioteca pode representar na

vida de uma pessoa e, portanto, na vida da comunidade. Para muitos, biblioteca

ainda é o “coletivo de livros”, um espaço pouco representativo na instituição escolar.

Essa realidade perpassa pela maioria do professorado devido à falta de oportunidade

de frequentar uma biblioteca. Em vista disso, não possuem o hábito de ler e,

consequentemente, não conseguem “passar” para seus alunos habilidades que os levem a

obter esse hábito, pois, muitas vezes, não usam ou têm a dificuldade de utilizar esse ambiente

como um instrumento de incentivo e gosto pela leitura.

A escola se transformou no principal órgão responsável pelo ensino do registro verbal

da cultura, posto que o acesso à leitura significa ter acesso à escola e nela obter as habilidades

e os conhecimentos necessários à participação no mundo da escrita. (AGUIAR; CATTANI,

1993). É por isso que a biblioteca é tão importante no processo de aprendizagem, juntamente

com a leitura, pois é o espaço de contato e desenvolvimento de práticas de leitura do leitor.

Para cumprir seu ideal, a biblioteca precisa ser essencial à vida acadêmica e cultural da

escola, inscrevendo-se em seu projeto pedagógico, nos planejamentos dos professores. Precisa

ser sensível às necessidades da comunidade em que se insere, estabelecer diálogo com as

bibliotecas municipais e com as manifestações culturais do município. (MOLLO;

NÓBREGA, 2005, p. 5). A sua eficiência,

Depende não da forma de oferta de texto, mas do quanto a comunidade escolar

aprofunda o projeto de formação e o transforma em ações e espaços que tornem do

quanto prevê ações de estudo e de partilha de conhecimento e de experiências

intelectuais e existenciais a partir da atividade orgânica de estudar, de ler e de

procurar organizar informação para pensar e intervir no mundo. (BRITTO, 2005, p.

25).

A ausência ou o mau uso das bibliotecas configuram-se como um item a mais de uma

“disfunção maior”, ou seja, do desrespeito e opressão que atualmente atingem e dificultam o

38

trabalho consciente e transformador por parte dos educadores. (AGUIAR; CATTANI, 1993).

Por isso, a biblioteca pode e deve continuar sendo lugar privilegiado de uma educação

formativa. (BRITTO, 2005).

39

5 PESQUISA DE CAMPO – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

A leitura é uma prática social que envolve atitudes, gestos e habilidades que são

mobilizados pelo leitor, no seu ato de leitura propriamente dito. O sujeito demonstra

conhecimento de leitura quando sabe a função de um jornal, quando se informa sobre o que

tem sido publicado, quando localiza locais de acesso público e privado aos textos impressos

(bibliotecas), etc. (NASCIMENTO; SILVA, 2011).

A sociedade atual é caracterizada pela busca da informação e do conhecimento, com

isso, a leitura se torna de extrema importância para a formação intelectual do ser humano, pois

a educação dos indivíduos precisa enfatizar a leitura como via de inclusão social e para uma

formação consciente, mesmo antes do início da alfabetização. A leitura é um dos pilares da

educação escolar, pois é prioritariamente na escola que as práticas de leitura e escrita são

sistematizadas formalmente. O processo de construção e reconstrução do conhecimento se dá

em casa ou em espaços como a escola e a biblioteca. Nesse processo a escola é fundamental,

pois a partir do momento em que se reconhece o papel da escola na formação do leitor, torna-

se possível uma mudança de práticas, tendo como objetivo, dar ao aluno a competência em

utilizar a leitura como um instrumento útil em sua vida.

A partir de algumas leituras sobre a importância das práticas de leituras, decidimos

pesquisar sobre tais práticas. Partiu-se de um anseio em conhecer como o bibliotecário e os

professores trabalham a leitura com os alunos do ciclo complementar do ensino fundamental

I, no âmbito escolar, tanto na sala de aula com o professor, quanto na biblioteca com o

bibliotecário.

Após um longo período na busca de embasamentos teóricos, partimos para uma

pesquisa de campo, por meio de um Estudo de caso de cunho qualitativo e quantitativo,

utilizando de observação não participante e aplicação de questionário para os alunos das

turmas escolhidas. O material de análise do presente trabalho se constitui de um relatório

sobre as observações obtidas durante os dias 16, 22, 23, 29 de abril de 2013, durante os

momentos de leitura dos alunos. De posse das informações obtidas, formulamos um

questionário estruturado, composto de onze perguntas direcionadas a vinte alunos de duas

turmas, sendo dez alunos do 4º e dez alunos do 5º ano, com o intuito de investigar questões

referentes ao aluno como leitor, ao seu gosto literário, à sua frequência na biblioteca da

escola, aos momentos de leitura realizados na escola, etc. No questionário constou ao

solicitado também um breve comentário para análises posteriores.

40

A aplicação do mesmo foi realizada no dia 30 de abril de 2013, para todos os alunos

presentes. Dessa forma, em ambas as turmas, 48 alunos executaram a tarefa proposta, cujo

resultado analisou em forma de gráficos, para melhor visualização. Após uma avaliação

criteriosa, decidiu-se optar pela amostragem de 40%, estabelecendo um estudo mais apurado

em apenas vinte questionários, sendo dez questionários do 4º e dez questionários do 5º ano.

Isso se deve ao fato de não ser possível uma análise profunda em todos os questionários, por

falta de tempo e espaço nesse trabalho monográfico, optando assim pela amostragem. O

questionário escolhido durante o trabalho de pesquisa encontra-se em apêndice, organizado de

A a J (questionário de alunos do 4º ano) e de L a U (questionário de alunos do 5º ano).

5.1 Relatório sobre as observações obtidas em campo

No período de observação na escola, conhecemos e avaliamos variadas questões sobre

as práticas de leitura realizadas tanto na biblioteca, quando nas salas de aula das turmas

escolhidas. Tais observações aconteceram durante os dias 16, 22, 23, 29 de abril de 2013, na

própria escola. Durante esses dias, procuramos conhecer a escola, o corpo docente envolvido

e as atividades que estavam acontecendo.

Ao expor nossa pesquisa e os objetivos que nos levaram a pesquisa, a supervisora

aceitou de imediato e nos deu total liberdade para realizar nossas atividades. A escolha pelo 4º

e 5º ano foi nossa, mas a escolha das turmas, foram feitas por sugestão da supervisora.

As observações, em ambas as turmas, começaram em sala de aula durante o

“Momento LA”, que é um projeto desenvolvido em todas as escolas de Educação Infantil e

Ensino Fundamental da rede municipal pela Secretaria Municipal de Educação de Pará de

Minas, desde 2006. Tal projeto visa construir na escola uma política de formação de leitores

letrados, na qual todos possam contribuir para desenvolver uma prática constante de leitura

que envolva o conjunto da unidade escola. Na escola, às segundas e terças-feiras, nos 15

minutos iniciais das aulas, os alunos estarão lendo diferentes textos contidos em suportes.

41

FIGURA 1 – Sala de aula do 4° ano

Fonte: foto tirada pela autora

Em ambas as turmas, acompanhamos dois dias durante o “Momento LA”, no primeiro

momento, a professora escolhe na biblioteca livros do gênero escolhido para aquela semana.

Depois, ao tocar o sinal, ela os dispõe em cima de sua mesa para que os alunos os escolham e

para que comecem a lê-los. Durante esse intervalo, a escola propicia um ambiente silencioso

para que todos os estudantes leiam de forma que haja compreensão e reflexão sobre a leitura.

Ao toque do segundo sinal, a professora recolhe os livros para começar suas atividades. No 4º

ano, logo após o “Momento LA”, a professora retomou outro projeto de leitura que é realizada

dentro da sua própria sala. Tal projeto é intitulado como “Asas da imaginação”. Há uma

maleta em que o aluno, após a escolha do livro, leva a tal maleta para casa, para que com os

pais, o discente leia o livro. Depois, na sala de aula, o aluno relata para seus colegas o que

escreveu sobre a história, no livro do projeto. Esse tipo de atividade é muito rica, uma vez

que, o aluno, acompanhado de seus pais, praticam a leitura.

42

FIGURA 2 - Projeto “Asas da imaginação”

Fonte: foto tirada pela autora.

FIGURA 3 - Projeto “Asas da imaginação”

Fonte: foto tirada pela autora.

43

FIGURA 4 - Projeto “Asas da imaginação”

Fonte: foto tirada pela autora.

Em ambas as salas de aula, há minibibliotecas à disposição dos alunos.

FIGURA 5 – Minibiblioteca do 5° ano

Fonte: foto tirada pela autora.

44

FIGURA 6 – Minibiblioteca do 4° ano

Fonte: foto tirada pela autora.

Na escola, há uma biblioteca toda equipada, pois conta com uma profissional com

formação em pedagogia; com um acervo organizado e de fácil acesso dos estudantes; há

computadores novos para o uso, com a monitoria da bibliotecária, dentre outros. Veja as fotos

abaixo.

FIGURA 7 – Biblioteca da escola

Fonte: foto tirada pela autora.

45

FIGURA 8 – Biblioteca da escola

Fonte: foto tirada pela autora.

FIGURA 9 – Biblioteca da escola

Fonte: foto tirada pela autora.

46

FIGURA 10 – Biblioteca da escola

Fonte: foto tirada pela autora.

Durante os dias em que estivemos na instituição, estava sendo desenvolvido na

biblioteca um projeto sobre valores intitulado como “Construindo Valores para um Mundo

Melhor”, objetivando proporcionar ao aluno condições para que ele se concretize da

necessidade de respeito entre todos através do reconhecimento da aplicação dos direitos e

deveres de cada um, formando valores éticos e morais para o exercício da cidadania. Segundo

a bibliotecária, o desenvolvimento do projeto acontecerá em etapas durante o ano. Cada etapa

corresponde aos meses em que serão trabalhados alguns valores Veja o cronograma:

QUADRO 1 – Cronograma do projeto “Construindo valores para um mundo melhor”

Abril Convivência e regras Agosto Respeito

Maio Responsabilidade Setembro Solidariedade

Junho Amizade (amor/ afeto) Outubro Paz (honestidade, justiça, verdade).

Fonte: disponibilizada pela bibliotecária.

Em relação a esse projeto, pudemos observar uma atividade com os alunos do 4º ano.

No dia em questão, a bibliotecária trabalhou “a amizade”, por meio de um vídeo da Turma da

Mônica, passado no data show. Logo após, ela explorou o tema através de uma dinâmica do

espelho. Tal dinâmica aconteceu da seguinte maneira: dentro da biblioteca, os alunos se

sentaram em circulo, a bibliotecária foi escolhendo os alunos aleatoriamente, depois os

entregava uma caixa, onde eles tinham que olhar seu conteúdo, mas não poderiam contar para

os demais. A bibliotecária ia fazendo algumas perguntas, tais como, “esse seu amigo que você

47

está vendo é responsável”? Fazendo com que ele próprio se olhasse no espelho e reflitisse

sobre ele mesmo, para responder as questões.

FIGURA 11 – Atividades do projeto

Fonte: foto tirada pela autora.

FIGURA 12 – Atividades do projeto

Fonte: foto tirada pela autora.

48

6 ANÁLISES DOS GRÁFICOS

Existem muitas formas de “compreender o leitor”, dependendo da perspectiva que

oferecermos à pergunta e à resposta, mas uma definição primeira, da qual não se pode

escapar, é a de que leitor é aquele que sabe ler e que lê com certa frequência, para se informar,

para estudar, para informações, etc. Desde logo, essa definição de leitor supõe mais que

simplesmente saber ler, implicando uma atitude diante das coisas do mundo. (BRITTO,

2005).

Hoje, para alguém ser um indivíduo ativo é indispensável dominar conceitos,

compreender, mobilizar e ampliar conhecimentos de modo pertinente, devido à diversidade de

situações sociais com que se defronta. “A leitura faz-se importante na vida de todos os

cidadãos, uma vez que por meio desta ferramenta é possível desenvolver o pensamento crítico

e criativo perante a sociedade”. (LERNER apud AFONSO, 2008, p. 5-6).

Com o intuito de saber dos alunos a respeito de como são como leitores, da biblioteca

da sua escola, das metodologias utilizadas em relação à leitura, aplicamos um questionário

com as seguintes questões, aqui já com os resultados em forma de gráficos.

49

GRÁFICOS 1 e 2 - Você se considera um leitor?

4º ano

10

00

2

4

6

8

10

12

Sim Não

de a

lun

os

5º ano

10

00

2

4

6

8

10

12

Sim Não

de a

lun

os

Fonte: dados levantados pela autora.

Os GRÁFS. 1 e 2, nos mostra que, em ambas as turmas, os alunos se consideram

leitores, e isso é muito bom, pois na escola a leitura é algo muito importante, já que o sucesso

ou o fracasso acompanharão o aluno por toda vida acadêmica e social.

A partir do momento em que a criança se insere no processo escolar, os educadores

devem estar cientes que precisam desenvolver nos alunos a capacidade e o gosto pela leitura,

ou seja, formar leitores. No período de observação, analisamos as práticas desenvolvidas tanto

pelos professores das turmas envolvidas quanto pelo bibliotecário. Tais atividades envolviam

os alunos, levando a reflexão e, consequentemente, ao aprendizado sobre o que leu por meio

de miniprojetos dentro da própria sala de aula e na biblioteca, com o empréstimo de livros.

Portanto, as propostas pedagógicas referentes à leitura na escola em questão, seguem o

pensamento de Britto (2005, p. 21), quando diz que a formação do leitor na escola,

50

(...) corresponde aos processos pedagógicos que fazem com que o aluno alcance a

condição de leitor, isto é, que seja alguém que, com crítica e autonomia, realize as

atividades que caracterizam o leitor. Isso implica não apenas aprender o sistema da

escrita, mas também, e principalmente, incorporar um conjunto de atitudes e de

referenciais que tornem significativo e pertinente o ato de ler (...).

GRÁFICOS 3 e 4 - Seu primeiro contato com a leitura, ou seja, com os livros, foi?

4º ano

5 5

0 00

1

2

3

4

5

6

Em casa Na biblioteca da

sua escola

Na igreja Outros

de a

lun

os

5º ano

7

3

0 00

1

2

3

4

5

6

7

8

Em casa Na biblioteca da

sua escola

Na igreja Outros

de a

lun

os

Fonte: dados levantados pela autora.

O GRÁF. 3, nos mostra que metade dos alunos entrevistados teve o seu primeiro

contato com a leitura em casa; e a outra metade, teve esse primeiro contato na biblioteca da

sua escola. No GRÁF. 4, sete alunos tiveram o seu primeiro contato em casa e três na

biblioteca. Nesses gráficos, fica clara sobre a importância a inserção da leitura, tanto no

ambiente familiar, quanto no escolar, visto que, desde pequenos, somos conduzidos a

entender um mundo que se transmite por meio de letras e imagens. (ZILBERMAN, 2006).

Parreiras (2005), diz que nós, indivíduos de uma sociedade, aprendemos a ler antes

mesmo de sermos alfabetizados, uma vez que, os nossos primeiros contatos e aproximações

51

ao mundo da cultura se dão através da família, dado que se entende, por considerá-la como

núcleo inaugural da vida social de uma criança, sendo assim, sua primeira mediadora em suas

práticas de leitura, oferecendo o acolhimento e o acesso à literatura. Para o leitor, a leitura

começa no âmbito da intimidade (em casa) e depois alcança o âmbito público (a biblioteca, a

escola). Demonstração através dos gráficos.

GRÁFICOS 5 e 6 - Nos livros, seu gênero preferido é:

4º ano

1

7

2

00

1

2

3

4

5

6

7

8

Contos de fada Quadrinhos Suspense Outros

de a

lun

os

5º ano

0

7

3

00

1

2

3

4

5

6

7

8

Contos de fada Quadrinhos Suspense Outros

de a

lun

os

Fonte: dados levantados pela autora.

Nos GRÁFS. acima, o primeiro e o segundo nos mostram que a maioria dos

entrevistados têm a preferência pelo gênero textual revista em quadrinhos, mais conhecido

como Gibi; ficando em segundo lugar as histórias de Suspense e em terceiro os Contos de

fada.

As principais características das histórias em quadrinhos são: a) a sua estrutura

narrativa, que é apresentada por meio de mensagem icônica e mensagem linguística; b) há

52

utilização de metáforas visuais; c) seus textos são sintéticos e diretos e se apresentam em

forma de balões ou legendas. Isso permite ao leitor melhor compreensão e, por sair dos

padrões de um texto de livros, que há somente palavras, chama mais a atenção,

principalmente das crianças.

O Letramento, conforme definição de Soares (1999, p. 3, apud GAZZETA;

SOBRINHO, 2002, p. 24) é o estado ou condição de quem não só sabe ler e escrever, mas

exerce as práticas sociais de leitura e de escrita que circulam na sociedade em que vive,

conjugando- as com as práticas sociais de interação oral. O trabalho com gêneros textuais é

importantíssimo porque, segundo Gazzeta e Sobrinho (2002), esse tipo de proposta coloca o

aluno diante de diversas situações, além de ser uma maneira de torná-lo apto para escolher

como ele vai suportar ao ter que elaborar um discurso, seja ele formal ou informal. Uma vez

que a escola é responsável pela formação intelectual do aluno, é essencial analisar a

importância que ela deve estabelecer para o tratamento dos gêneros textuais. Assim, o

aprendiz assume a diversidade de textos presentes na sociedade, contribuindo para a sua

formação.

53

GRÁFICOS 7 e 8 - As leituras desses tipos de livros contribuem para que tenha o “prazer em

ler”?

4º ano

8

2

00

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Sim Não Às vezes

de a

lun

os

5º ano

10

0 00

2

4

6

8

10

12

Sim Não Às vezes

de a

lun

os

Fonte: dados levantados pela autora.

Os GRÁFS. 5 e 6 abordam a questão sobre os gêneros textuais preferidos para leituras.

Já os GRÁFS. 7 e 8, nos mostram se a leitura desses suportes contribuem para que os alunos

obtenham o “prazer em ler”.

No GRÁF. 7, a maioria dos entrevistados afirma que esses tipos de leitura dão prazer

em ler. No GRÁF. 8, é unânime a reposta afirmando que sim, essas leituras contribuem para o

prazer em ler. Isso nos mostra, como já foi citado na questão anterior, a importância do

trabalho com os gêneros textuais, pois eles são responsáveis pela comunicação humana.

Bakhtin (apud BALTAR, 2004) citado por Gazzeta e Sobrinho (2002), diz que “os homens se

comunicam entre si através de gêneros, não através de orações ou palavras, ou seja, são

padrões comunicativos utilizados”. Daí a importância de usá-los como uma vertente de

proposta pedagógica.

54

GRÁFICOS 9 e 10 - Você tem o hábito de frequentar a biblioteca da sua escola?

4º ano

9

01

0

2

4

6

8

10

Sim Não Às vezes

de a

lun

os

5º ano

9

01

0

2

4

6

8

10

Sim Não Às vezes

de a

lun

os

Fonte: dados levantados pela autora.

Tanto no GRÁF. 9, quanto no GRÁF. 10, observa-se o alto índice de frequência

rotineira dos alunos à biblioteca da escola. Isso, pelo que pude observar, se dá por causa das

atividades que acontecem dentro da biblioteca, como empréstimos de livros, miniprojetos,

contação de histórias, dinâmicas de grupo, etc.

Nascimento e Soligo (2001) falam sobre a função pedagógica da biblioteca na

comunidade escolar, enfatizando a importância da sua existência na escola para o trabalho

com atividades referentes ao conhecimento, ao aprendizado e, principalmente, para despertar

o gosto/hábito da leitura. Nela, todo o tempo, todo o espaço e todo projeto pedagógico estão

voltados para a aprendizagem do aluno.

55

GRÁFICOS 11 e 12 - Com que frequência?

4º ano

10

0 00

2

4

6

8

10

12

Semanalmente Mensalmente Às vezes

de a

lun

os

5º ano

9

01

0

2

4

6

8

10

Semanalmente Mensalmente Às vezes

de a

lun

os

Fonte: dados levantados pela autora.

Nos GRÁFS. 11 e 12, vemos que, praticamente, todos os alunos frequentam a

biblioteca semanalmente, o que é um bom sinal, pois como se sabe, a biblioteca está inserida

neste espaço escolar para servir de integração dos indivíduos, com o auxílio da leitura e da

informação, a serviço da comunidade. (AGUIAR; CATTANI, 1993). Deve-se sintonizar o

papel da biblioteca na escola como um espaço de estímulo e motivação para a leitura,

facilitando e auxiliando no processo de ensino-aprendizagem. (MOTA, 2005).

56

GRÁFICO 13 e 14 - A biblioteca da sua escola é organizada de forma que permita que os

livros sejam encontrados com facilidade?

4º ano

10

0 00

2

4

6

8

10

12

Sim Não Às vezes

de a

lun

os

5º ano

10

0 00

2

4

6

8

10

12

Sim Não Às vezes

de a

lun

os

Fonte: dados levantados pela autora.

Em ambas as turmas, os entrevistados afirmam que a biblioteca da sua escola é

organizada, de forma que os livros estão dispostos de maneira acessível, fáceis de serem

encontrados. Esse tipo de organização está de acordo com a fala de Campello (2010, p. 15),

quando diz que a biblioteca “(...) deve ser organizada de forma a permitir que o livro ou

material certo seja encontrado com facilidade e rapidez”.

A organização do acervo deve ser realizada de forma funcional, atendendo às

necessidades da escola, sendo fundamental que ele seja organizado com carinho e com

critérios, abrangendo as distintas áreas de conhecimento, a diversidade de textos e de

portadores, deixando tudo à mão para que o aluno localize com facilidade e utilize.

(NASCIMENTO; SOLIGO, 2001).

57

GRÁFICOS 15 e 16 - Esta biblioteca dispõe de um bibliotecário?

4º ano

10

00

2

4

6

8

10

12

Sim Não

de a

lun

os

5º ano

10

00

2

4

6

8

10

12

Sim Não

de a

lun

os

Fonte: dados levantados pela autora.

Como os GRÁFS. 15 e 16 mostram, a biblioteca da escola em questão dispõe sim de

um responsável, um bibliotecário, mas ele não possui um diploma específico em

Biblioteconomia, como exige a Lei nº. 4.084 de 30 de junho de 1962, para o exercício da

função. Mas na falta desse profissional, há, na maioria das vezes, um professor, como é o caso

desta escola.

Para Fragoso (2005), de nada serve uma bela biblioteca escolar, com espaço físico e

acervo suficiente se, para exercer e cumprir suas funções, ela não contar com a presença de

um profissional consciente, sendo ele professor ou bibliotecário, com uma sensibilidade para

manter esse espaço de educação, cultura e informação, a fim de oportunizar aos leitores o

questionamento, a descoberta e as aprendizagens significativas.

58

GRÁFICOS 17 e 18 - A metodologia utilizada pelo bibliotecário ou professor é importante

para sua compreensão em leituras pedagógicas ou informativas?

4º ano

10

0 00

2

4

6

8

10

12

Sim Não Às vezes

de a

lun

os

5º ano

10

0 00

2

4

6

8

10

12

Sim Não Às vezes

de a

lun

os

Fonte: dados levantados pela autora.

Os entrevistados, quando perguntados se a metodologia utilizada pelo bibliotecário ou

professor é importante para sua compreensão em leituras pedagógicas ou informativas,

responderam com totalidade que sim, como vimos nos GRÁFS. 17 e 18.

Na relação “indivíduo e leitura”, que é constituída na escola de forma global,

considera-se que o papel do educador é fundamental para a formação social do aluno como

leitor e cidadão que tem direito a uma educação de qualidade, pois “ter acesso à boa leitura é

dispor de uma informação cultural que alimenta a imaginação e desperta o prazer pela

leitura”. (AFONSO, 2008, p. 9). Em vista disso, para que haja uma boa metodologia, tem que

haver bastante estudo, domínio e um bom planejamento por parte dos educadores,

principalmente porque envolve a participação dos alunos e grupos comunitários.

59

GRÁFICOS 19 e 20 - Você considera que suas práticas de leitura ajudam na aprendizagem

dos conteúdos?

4º ano

10

0 00

2

4

6

8

10

12

Sim Não Às vezes

de a

lun

os

5º ano

9

01

0

2

4

6

8

10

Sim Não Às vezes

de a

lun

os

Fonte: dados levantados pela autora.

Nos GRÁF. 19 e 20, pode-se ver que as respostas dos alunos em relação à questão de

suas práticas de leitura ajudarem na aprendizagem dos conteúdos, foram, mais uma vez,

quase unânimes afirmamente.

No trabalho pedagógico, um dos requisitos fundamentais, consiste em fazer com que a

criança adquira capacidade de leitura e tenha acesso às informações disponíveis em meios

escritos. Para que isso aconteça, na escola, deve haver sempre trabalhos que procuram

estimular no aluno o gosto pela leitura, uma vez que a leitura é muito importante para o

processo de escolarização e para o desenvolvimento da aprendizagem. Aguiar (1993, p. 7)

reafirma sobre tal importância, quando diz que “a área da leitura ocupa, no encadeamento

anual da aprendizagem, um lugar em destaque. Resultado da alfabetização, sua prática

ocupa toda a carreira escolar do aluno (...)”. Se a leitura for bem trabalhada por parte dos

60

professores, isso será a peça chave para o sucesso do aluno durante toda sua trajetória

acadêmica.

E assim, termina a fase de análises estatísticas.

Conforme já foi dito, foram colhidos vinte questionários, de ambas as turmas. Nesse

questionário, da primeira à décima questão, foram empregadas perguntas fechadas, de marcar

com x; a décima primeira questão pede que os alunos entrevistados descrevam através de um

pequeno comentário sobre os momentos de leitura realizados na sua escola.

A seguir, estão dispostas as respostas reproduzidas a partir do documento original, dos

seguintes alunos:

Alunos do 4º ano

Aluno A

Aluno B

Aluno C

Aluno D

61

Aluno E

Aluno F

Aluno G

Aluno H

Aluno I

Aluno J

62

Alunos do 5º ano:

Aluno L

Aluno M

Aluno N

Aluno O

Aluno P

Aluno Q

63

Aluno R

Aluno S

Aluno T

Aluno U

Perante todos os comentários feitos pelos alunos, fica claro que na escola em questão,

em ambas as turmas, os alunos gostam muito dos momentos de leitura que lá acontecem. A

maioria deles, dizem que “é muito legal porque ajuda na aprendizagem...”. (ALUNO L).

“Acho um momento muito bom porque aprendemos muito...”. (ALUNO S). “Eu acho muito

legal porque enquanto eu leio fico imaginando o que está acontecendo...”. (ALUNO E).

“Ótimo, porque agente entra na história...”. (ALUNO I); dentre muitos outros.

A escola se transformou no principal órgão responsável pelo ensino do registro verbal

da cultura, posto que o acesso à leitura significa ter acesso à escola e nela obter as habilidades

e os conhecimentos necessários à participação no mundo da escrita. (AGUIAR; CATTANI,

1993).

Face ao exposto, cabe à escola, através de seus educadores, propor a leitura como uma

de suas principais metas, devendo incentivar e desenvolver nos alunos o gosto pela leitura,

apresentar para a criança livros e textos de diferentes gêneros textuais, fazer leituras em locais

diferentes, assistir vídeos, ouvir CDs, visitar a sala de informática, se houver; bem como criar

64

espaços que estimulem a sua prática. “É nesse sentido que o incentivo a leitura desempenha

um papel importante, isto é, conduzir as crianças ao mundo novo e desconhecido”.

(KLEIMAN apud AFONSO, 2008, p. 6).

65

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após este estudo sobre as práticas de leitura na biblioteca escolar, pudemos constatar,

por meio de levantamento bibliográfico, a importância desse espaço dentro do contexto

escolar. Autores como Campello (2010), Fragoso (2002a; 2002b; 2005), Zilberman (2006),

dentre outros, nos ajudaram a entender e a conhecer melhor o tema estudado.

O objetivo principal, levantado no inicio dessa pesquisa, foi conhecer as práticas

infantis de leitura desenvolvidas com os alunos do ciclo complementar de alfabetização, 4° e

5° ano, juntamente com alguns levantamentos como: verificar se há uma biblioteca na escola

e como ela é utilizada; identificar as práticas existentes no contexto escolar escolhido e

investigar os trabalhos desenvolvidos na escola para estimular a leitura, objetivando a

formação de leitores. Para responder tais questões, realizamos uma pesquisa de campo.

Durante a pesquisa de campo, através das observações das práticas de leitura das

turmas em questão, constatamos que na escola, há sim uma biblioteca e também um

bibliotecário responsável. Nesse contexto, ela é utilizada para estudos, pesquisas,

empréstimos de livros, realização de pequenos projetos de leitura, como contação de histórias;

atividades utilizando computadores, etc. Em relação às práticas, há sim projetos que visam

estimular os alunos a lerem, tanto na biblioteca (pelo bibliotecário), quanto na sala de aula

(pelo professor). As práticas existentes, pelo que pudemos observar, são propostas

pedagógicas muito consistentes, estimulantes e incentivadoras para o estímulo à formação do

leitor. Tais atividades me pareceram eficazes, pois, pelo que pudemos analisar nas respostas

dos alunos aos questionários, ficou visível o sucesso das metodologias utilizadas pelos

educadores.

Essa pesquisa possuiu limitações, que foram relacionadas principalmente ao tempo

disponível para a sua realização. O que esperamos é que a bibliografia consultada e a

realidade concreta estudada possam fornecer ao seu conjunto, elementos para inspiração de

novas pesquisas e ações que estimulem cada vez mais a utilização da biblioteca pela

comunidade escolar. E quem sabe, num futuro próximo, possamos aprofundar neste tema tão

instigante.

Face ao exporto, citamos o pensamento de Bill Gates: “... meus filhos terão

computadores, sim, mas antes, terão livros. Sem livros, sem leitura, os nossos filhos serão

incapazes de escrever, inclusive sua própria história”.

66

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69

APÊNDICE A - Questionário

QUESTIONÁRIO

Prezado (a) aluno (a) do ensino fundamental I, da escola A da rede pública municipal de ensino de Pará de

Minas/ MG. Sou estudante do 7º período de Pedagogia da Faculdade de Pará de Minas – FAPAM, e estou

fazendo uma pesquisa sobre Práticas de Leitura. Necessito de sua atenção para preencher este formulário, pois

pretendo verificar ações e concepções sobre o processo no âmbito escolar. Desde já agradeço a colaboração e

garanto o sigilo dos dados. Idade:_______ Ano/ Série: ______ Data: ____/ ____/ ____

1. Você se considera um leitor?

( ) sim ( ) não

2. Seu primeiro contato com a leitura, ou seja, com os livros, foi?

( ) em casa ( ) na biblioteca da sua escola ( ) na igreja ( ) outros

3. Nos livros, seu gênero preferido é:

( ) contos de fada ( ) quadrinhos ( ) suspense ( ) outros

4. As leituras desses tipos de livros contribuem para que tenha o “prazer em ler”?

( ) sim ( ) não ( ) às vezes

5. Você tem o hábito de frequentar a biblioteca da sua escola?

( ) sim ( )não ( ) às vezes

6. Com que frequência?

( ) semanalmente ( ) mensalmente ( ) ás vezes

7. A biblioteca da sua escola é organizada de forma que permita que os livros sejam

encontrados com facilidade?

( ) sim ( ) não ( ) às vezes

8. Esta biblioteca dispõe de um bibliotecário?

( ) sim ( ) não

9. A metodologia utilizada pelo bibliotecário ou professor é importante para sua

compreensão em leituras pedagógicas ou informativas?

( ) sim ( ) não ( ) às vezes

10. Você considera que suas práticas de leitura ajudam na aprendizagem dos

conteúdos?

( ) sim ( ) não ( ) ás vezes

70

11. Faça um breve comentário sobre o que você acha dos momentos de leitura

realizados na sua escola.

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