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Direito Constitucional III Prof. Me. Gilberto Júnior Silva Lima
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Base Referencial:
● BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. 292 p.
● BRASIL. Lei n. 9.868 (...) ● BRASIL. Lei n. 9.882 (...) ● BRASIL. Lei n. 12.063 (...) ● BRASIL. Lei n. 12.562 (...) ● Lenza, Pedro. Direito Constitucional esquematizado. 21 ed. São
Paulo: Saraiva, 2017. ● Masson, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. 3. ed. rev. e
atual. Juspodivm, 2015. ● Vicente Paulo, Marcelo Alexandrino. Direito Constitucional
descomplicado. 15. ed. rev. e atual. - Rio de Janeiro; São Paulo: Método 2016.
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE - PARTE 2
ADC, ADO, ADPF e IF.
AÇÃO DIRETA DE CONSTITUCIONALIDADE (ADC)
1. Visa declarar a constitucionalidade de lei ou ato normativo FEDERAL.
2. Introduzida em nosso ordenamento pela EC 03/93 que alterou a
redação do art. 102, I, “a” e acrescentou os § 2° (que sofreu alteração pela
EC 45/2004) do artigo 102 e § 4° do artigo 103, a saber:
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal,
precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-
lhe:
I – processar e julgar, originariamente:
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou
ato normativo federal ou estadual e a ação
declaratória de constitucionalidade de lei ou ato
normativo federal.
§ 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo
Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de
inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de
constitucionalidade produzirão eficácia contra todos
e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos
do Poder Judiciário e à administração pública direta
e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal.
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Art. 103. Podem propor ação direta de inconstitucionalidade e a
ação declaratória de constitucionalidade:
PR
MSF
MCD
PGR
CFOAB
PP
MAL - DF MCL - DF
GOV – E
GOV - DF
CONF. SIND
ENT D CLASSE
Art. 103. (...)
§ 4°. (Revogado pela EC 45/2004)
Apresentava apenas 04 legitimados para propor ADC,
sendo que a redação do artigo 103, caput, ampliou esse
rol em 2004.
3. A ação declaratória de constitucionalidade está regulamentada na Lei
9.868/99.
3.1 Todas as Lei não se presumem constitucional?
o Sim! Ocorre que existe uma Presunção Relativa (juris tantum)
e por ser relativa cabe prova em contrário.
3.2 E qual seria a utilidade dessa ação?
o O objetivo da ADC é transformar uma presunção relativa de
constitucionalidade em presunção absoluta (jure et de jure),
não mais se admitindo prova em contrário contra a norma.
4. A Petição Inicial em uma ADC deverá indicar:
● O dispositivo da LEI ou ATO NORMATIVO questionado;
● Os fundamentos jurídicos do pedido;
Neutros ou Universais
Interessados ou Especiais
LEI “A” PRESUNÇÃO RELATIVA
AÇÂO DIRETA DE CONSTITUCIONALIDADE QUESTIONANDO A LEI “A”
LEI “A” PRESUNÇÃO ABSOLUTA
Apenas o PLENO DO STF não é vinculado,
podendo rever a Lei no futuro.
Busca afastar a insegurança jurídica ou incerteza sobre validade e aplicação de lei ou ato normativo FEDERAL.
Não Vincula o Judiciário e nem a Administração
Pública
Vincula o Judiciário e a Administração Pública
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● O pedido, com suas especificações;
● A Existência de controvérsia judicial relevante;
● Instrumento de procuração, quando subscrita por advogado:
o Nos casos de: PP; CONF. SIND ou ENT D CLASSE.
4.1 A petição inicial será apresentada:
o DUAS VIAS;
o Com cópias da LEI ou ATO NORMATIVO questionado; e
o Os documentos necessários para comprovar a procedência
do pedido.
4.2 A petição inicial caso seja:
o INEPTA;
o NÃO FUNDAMENTADA; e/ou
o MANIFESTAMENTE IMPROCEDENTE.
5. Não se admite desistência na ADC.
6. É admitida a figura do amicus curiae1:
O relator, considerando a relevância da matéria e a representatividade
dos postulantes, poderá, por despacho irrecorrível, admitir, observado o
prazo de 30 (trinta) dias, a manifestação de outros órgãos ou entidades.
7. Decorrido o prazo das informações alhures será ouvido o:
o PGR – 15 dias – Opinativo
8. Vencidos os prazos, o relator lançará o relatório, com cópia a todos os
Ministros, e pedirá dia para julgamento.
o Caso haja necessidade de esclarecimento de matéria ou
circunstância de fato ou de notória insuficiência das
informações existentes nos autos, poderá o relator:
1 Amicus curiae ou amigo da corte ou também amigo do tribunal (amici curiae, no plural) é uma
expressão em Latim utilizada para designar uma instituição que tem por finalidade fornecer subsídios às decisões dos tribunais, oferecendo-lhes melhor base para questões relevantes e de grande impacto.
LIMINARMENTE INDEFERIDAS PELO
RELATOR
CABE AGRAVO
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▪ Requisitar informações adicionais;
▪ Designar Perito ou Comissão de Peritos para que
emita parecer sobre a questão;
▪ Fixar data para, em audiência pública, ouvir
depoimentos de pessoas com experiência e
autoridade na matéria.
o O relator poderá, ainda, solicitar informações:
▪ Tribunais Superiores
▪ Tribunais Federais
▪ Tribunais Estaduais
9. Da Medida Cautelar em ADC:
o STF por decisão da MAIORIA ABSOLUTA de seus membros
poderá deferir pedido de medida cautelar;
o Que consistirá na determinação de que os juízes e os
Tribunais suspendam o julgamento dos processos que
envolvam a aplicação da lei ou do ato normativo objeto da
ação até seu julgamento definitivo.
o Concedida a Medida Cautelar o STF fará publicar em seção
especial do DOU a parte dispositiva da decisão no prazo de
10 (dez) dias, devendo o Tribunal proceder ao julgamento da
ação no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, sob pena de
perda da sua eficácia.
10. ADC e ADI ações dúplices ou ambivalentes (Ações com Sinais
Trocados)
● A improcedência do pedido na ADC se assim decididos pelo STF,
serão os mesmos da hipótese de deferimento da ADI, qual seja a
INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI.
● A procedência de uma implica na improcedência de outra.
11. A decisão sobre a Constitucionalidade da lei ou ato normativo
somente será tomada se presentes na sessão pelo menos 08 (oito)
Ministros.
PRAZO DE 30 DIAS CONTADOS DA
SOLICITAÇÃO DO RELATOR
Acerca da aplicação da norma questionada no âmbito de sua
jurisdição
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● Pelo menos 06 (seis) devem votar;
● Se ausentes Ministros em número que possa influir no julgamento,
este será suspenso a fim de aguardar-se o comparecimento dos
Ministros ausentes, até que se atinja o número necessário para
prolação da decisão de constitucionalidade.
● A decisão que Declara a Constitucionalidade é IRRECORRÌVEL,
ressalvada a interposição de embargos declaratórios2.
● Dentro o prazo de 10 (dez) dias após o trânsito em julgado da
decisão, o STF fará publicar em seção especial do Diário da
Justiça e do Diário Oficial da União a parte dispositiva do
acórdão.
● A declaração de constitucionalidade, têm eficácia contra todos e
efeito vinculante em relação aos órgãos do Poder Judiciário e a
Administração Pública federal, estadual e municipal.
ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL (ADPF)
1. Previsão Constitucional prevista desde a EC 3/93:
Art. 102 (...)
§ 1°. A arguição de descumprimento de preceito
fundamental, decorrente desta Constituição, será
apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei.
2. Regulamentada pela Lei 9.882 de 03 de dezembro de 1999.
● Dispõe sobre o processo e julgamento de arguição de
descumprimento de preceito fundamental, nos termos do § 1° do
art. 102 da Constituição Federal.
3. Objeto – Lei 9.882/99:
2 É o instrumento pelo qual uma das partes de um processo judicial pede ao magistrado para que reveja
alguns aspectos de uma decisão proferida. Deverá ser feito quando verificado que determinada decisão judicial foi: OMISSA, CONTRADITÓRIA ou OBSCURA.
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Arguição Autônoma Arguição Incidental Art. 1°, caput. A arguição prevista no § 1° do art. 102 da Constituição Federal será proposta perante o STF, e terá por objeto EVITAR ou REPARAR lesão a preceito fundamental, resultando de ato do poder público.
Parágrafo único do artigo 1°. Caberá também ADPF: I – Quando for RELEVANTE o fundamento da controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal (e por consequência os Distritais “DF”), incluídos os anteriores à Constituição.
Caráter Preventivo
EVITAR
Caráter Repressivo
REPARAR
Deve-se comprovar a divergência jurisdicional relevante na aplicação do ato normativo, violador de preceito fundamental.
Lesão a preceito fundamental resultante de ato do poder público (qualquer ato administrativo). É necessário demonstrar: NEXO DE CAUSALIDADE entre o ato e a lesão.
É necessário ser uma “demanda concreta” – Art. 6°, § 2° da Lei 9882/99.
4. A ADPF é um instrumento de análise em abstrato de recepção de lei ou
ato normativo.
● ADPF 33 – “É possível discussão na ADPF de declaração de
ilegitimidade ou não de recepção de norma pela ordem
constitucional superveniente”.
5. O que é Preceito Fundamental?
CF OMISSA LEI OMISSA STF VAGO DOUTRINA
Segundo o professor Cássio Juvenal Faria, preceito fundamental seriam as normas qualificadas, que veiculam princípios e servem de vetores de interpretação das demais normas constitucionais, seriam os princípios fundamentais (art. 1° ao 4°); os integrantes da cláusula pétrea (art. 60 § 4°); os princípios constitucionais sensíveis (art. 34, VII); os que integram e enunciam os direitos e garantias fundamentais; e ainda os princípios gerais da atividade econômica (art. 170). Segundo Bulos3, preceito fundamental são os grandes preceitos que informa o sistema constitucional que estabelecem os comandos basilares e imprescindíveis à defesa dos pilares da manifestação constituinte originária. (Art. 1°, 2°, 5°, 37, 207 ... entre outros).
3 BULOS, Uadi Lammêgo. Constituição Federal anotado. São Paulo: Saraiva, 2000.
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6. Competência e Legitimidade da ADPF:
● Compete ao STF (art. 102, § 1° CF/88);
● Os legitimados são os mesmos da ADI (art. 103, I a IX da CF/88 ou
Art. 2°, I a IX da Lei 9868/99).
● Aplica-se o mesmo entendimento do STF para os legitimados
especiais.
7. Além dos legitimados no rol taxativo é possível que uma pessoa
interessada possa representar uma solicitação? Se sim, a quem?
● Sim; Ao Procurador Geral da República mediante representação.
8. Princípio da Subsidiariedade
Art. 4. (...)
§ 1°. Não será admitida arguição de descumprimento de
preceito fundamental quando houver qualquer outro meio
eficaz de sanar a lesividade.
Ou seja: Se for caso de ADI, ADC, ADO ou IF não há o que se falar em
ADPF.
9. A petição inicial da ADPF deverá conter:
● A indicação do preceito fundamental que se considera violado;
● A indicação do ato questionado;
● A prova da violação do preceito fundamental;
● O pedido, com suas especificações;
● Se for o caso, a comprovação da existência de controvérsia
judicial relevante sobre a aplicação do preceito fundamental que
se considera violado;
9.1 A petição inicial será apresentada:
o DUAS VIAS;
o Com cópias do ato questionado; e
o Os documentos necessários para comprovar a impugnação
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9.2 A petição inicial caso seja:
o FALTAR REQUISITOS DE LEI; ou
o FOR INAPTA.
10. Da Medida Cautelar em ADPF:
o STF por decisão da MAIORIA ABSOLUTA de seus membros
(pelo menos 6 Ministros) poderá deferir pedido de medida
cautelar na ADPF;
o Em caso de extrema urgência ou perigo de lesão grave, ou
ainda, em período de recesso, poderá o relator conceder a
liminar, ad referendum4 do Tribunal Pleno.
o O relator poderá ouvir os órgãos ou autoridades
responsáveis pelo ato questionado, bem como o AGU ou o
PGR, no prazo comum de 05 (cinco) dias.
o A liminar poderá consistir na determinação de que juízes e
tribunais suspendam o andamento de processo ou os
efeitos de decisões judiciais, ou de qualquer outra medida
que apresenta relação com a matéria objeto da arguição de
descumprimento de preceito fundamentada, salvo se
decorrentes de coisa julgada.
11. Informações na ADPF:
▪ Se entender necessário, poderá o Relator:
● Ouvir as partes nos processos que ensejaram a
arguição;
● Requisitar informações adicionais;
● Designar perito ou comissão de peritos;
● Fixar data para declarações, em audiência
pública, de pessoas com experiência e
autoridade na matéria.
4 Ad referendum: para ser submetido á apreciação dos interessados.
LIMINARMENTE
INDEFERIDAS PELO RELATOR
CABE AGRAVO
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▪ Ainda poderá ser autorizados, a critério do relator:
● Sustentação oral; e
● Juntada de memoriais.
o Ambos por requerimento dos
interessados no processo.
o Excepcionalmente o STF vem admitindo amicus curiae na
ADPF, aplicando, por analogia, o artigo 7°, § 2° da Lei
9.868/99, desde que se demonstrem a relevância da matéria
e a representatividade dos postulantes. (ADPF 33, 46, 73, 132,
183, 205 etc.).
11. Decorrido o prazo das informações, o relator lançará o relatório, com
cópia a todos os ministros, e pedirá dia para julgamento.
● O Ministério Público, nas arguições que não houver formulado,
terá vista do processo, por cinco dias, após o decurso do prazo
para informações.
12. A decisão sobre a ADPF somente será tomada se presentes na sessão
pelo menos dois terços (ou oito) dos Ministros.
● Julgada a ação far-se-á comunicação às autoridades ou órgãos
responsáveis pela prática dos atos questionados, fixando-se as
condições e o modo de interpretação e aplicação do preceito
fundamental.
● O Presidente do Tribunal determinará o imediato cumprimento da
decisão, lavrando-se o acórdão posteriormente.
● Dentro do prazo de 10 (dez) dias contado a partir do trânsito em
julgado da decisão, sua parte dispositiva será publicada em seção
especial do Diário da Justiça e do Diário Oficial da União.
● A decisão terá eficácia contra todos e efeito vinculante
relativamente aos demais órgãos do Poder Público.
13. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, na ADPF,
e tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional
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interesse social, poderá o STF, por maioria de dois terços de seus
membros:
● Restringir os efeitos daquela declaração; ou
● Decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em
julgado (ex nunc) ou de outro momento que venha a ser fixado.
14. A decisão da ADPF é IRRECORRÍVEL.
15. Caberá RECLAMAÇÃO contra o descumprimento da decisão proferida
pelo STF, na forma do seu Regimento Interno.
16. ADPF pode ser conhecida como ADI? Se sim, o princípio da
fungibilidade teria natureza ambivalente? Ou seja, ADI poderia ser
conhecida como ADPF?
Sim, respeitado o entendimento do STF, consideração a noção de dúvida
objetiva e a proibição da incidência de erro grosseiro, vejamos:
CASO 1: “Tendo em conta o caráter subsidiário da ADPF, consubstanciado
no § 1° do art. 4° da Lei 9882/1999, o Tribunal resolveu questão de ordem
no sentido de conhecer, como ação direta de inconstitucionalidade – ADI,
a ADPF ajuizada pelo Governador do Estado do Maranhão, em que se
impugna a Portaria 156/2005, editada pela Secretaria Executiva de
Estado da Fazenda do Pará, que estabeleceu, para fins de arrecadação
do ICMS, novo boletim de preços mínimos de mercado para os produtos
que elenca em seu anexo único. Entendeu-se demonstrada a
impossibilidade de se conhecer da ação como ADPF, em razão da
existência de outro meio eficaz para impugnação da norma, qual seja a
ADI, porquanto o objeto do pedido principal é a declaração de
inconstitucionalidade de preceito autônomo por ofensa a dispositivos
constitucionais, restando observados os demais requisitos necessários à
propositura da ação direta” (ADFP 72 QO/PA Rel. Min. Ellen Gracie, j.
1.º.06.2005 – Inf. 390 STF).
CASO 2: Conhecer ADPF como ADI (Princípio da fungibilidade – art. 4°, § 1°
da Lei n. 9.882/99 – e perfeita satisfação dos requisitos exigidos à
propositura da Ação Direta da Inconstitucionalidade – legitimidade ativa,
objeto, fundamentação e pedido), cf. a reautuação da ADPF 143 como ADI
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4.180-REF-MC (j. 19.12.2008), bem como a reautuação da ADPF 178 como ADI
4.277 (j. 21.07.2009), tendo sido discutido, nesta última, o importante tema
da união homoafetiva.
CASO 3: O STF admitiu que pedido formulado em ADI fosse conhecido
como ADPF, aplicando-se o princípio da fungibilidade. É lícito conhecer
ADI como ADPF, quando coexistentes todos os requisitos de
admissibilidade desta, em caso de inadmissibilidade daquela. (ADI 4.163,
Rel. Min Cezar Peluso, j. 29.02.2012, Plenário, DJE de 1.°.03.2013
CASO 4: Recentemente (2014) o tema da fungibilidade veio a ser discutido
pela Corte. No julgamento monocrático da ADPF 158, o Min. Gilmar
Mendes não admitiu a fungibilidade por se tratar de situação clara para
o cabimento de ADI; no caso, o objeto da ADPF era uma lei federal
editada após a promulgação da CF/88. Esse entendimento foi
confirmado pelo Plenário no julgamento do agravo regimental interposto
(ADPF 158 AgR/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 19.11.2014, Plenário, DJE de
02.02.2015).
CASO 5: Em outro julgado, o STF reafirmou que dúvida razoável sobre o
caráter autônomo de atos Infralegais, como decretos, resoluções e
portarias, assim como alterações supervenientes de normas
constitucionais poderiam justificar a fungibilidade. No caso concreto,
porém, por se tratar de lei ordinária federal editada depois da
promulgação da CF/88, longe de envolver dúvida objetiva, não
configuraria a fungibilidade por se tratar de erro grosseiro na escolha
do instrumento, violando, assim, o art. 4°, § 1° da Lei n° 9.882/99 (ADPF 314
AgR/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 11.12.2014, Plenário, DJE de 19.02.2015).
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO (ADO)
1. Trata-se de inovação da CF/88, inspirada no art. 283 da Constituição
portuguesa. O que se busca com a ADO é:
● COMBATER uma “doença”, chamada pela doutrina de “síndrome de
inefetividade das normas constitucionais”.
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2. O artigo 103, § 2° da CF/88 determina que, declarada a
inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma
constitucional, será dada ciência ao poder competentes para a adoção
das providências necessárias e, em se tratando de órgão administrativo,
para fazê-lo em 30 (trinta) dias.
● O que se busca é tornar efetiva norma constitucional destituída de
efetividade, ou seja, somente as normas constitucionais de eficácia
limitada!
Para refrescar sua memória:
Eficácia das Normas Constitucionais (José Afonso da Silva5)
EFICÁCIA PLENA EFICÁCIA CONTIDA EFICÁCIA LIMITADA a) São aquelas que não precisam de regulamentação infraconstitucional (Lei). b) Estão aptas a produzir todos os seus efeitos. c) Conhecida também como normas:
● AUTOAPLICAVEIS
d) Características de sua aplicabilidade:
● Direta;
● Imediata;
● Integral
a) São aquelas onde a Constituição regulou os interesses relativos a determinada matéria, mas permitiu a atuação restritiva do poder público. b) Conhecida também como normas:
● REDUTÍVEL
● RESTRINGÍVEL
c) Características de sua aplicabilidade:
● Direta;
● Imediata;
● NÃO Integral
a) São aquelas que no momento da promulgação da Constituição não possuem o condão de produzir efeitos; b) Necessita de uma regulamentação para produção de efeitos. c) Características de sua aplicabilidade:
● Reduzida;
● Indireta;
● Mediata.
3. Nesse sentido, devendo o poder público ou órgão administrativo
regulamentar norma constitucional de eficácia limitada e não o fazendo,
surge a “doença”, a omissão, que poderá ser “combatida” por um
“remédio” chamado ADO, de forma concentrada no STF.
5 Quadro sinóptico confeccionando pelo Professor Gilberto Júnior Silva Lima, atrelado com os
fundamentos e razões do professor José Afonso da Silva.
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4. Espécies de Omissão:
A omissão poderá ser total ou parcial:
● Total6 ou Absoluta, quando houver o cumprimento constitucional o
dever de legislar;
● Parcial, quando houver lei integrativa infraconstitucional, porém
de forma insuficiente.
o Parcial propriamente dita:
▪ A lei existe, mas regula de forma deficiente o texto.
Como exemplo, temos o artigo 7°, IV, que dispõe sobre
o direito ao salário mínimo. A lei fixando o seu valor
existe, mas o regulamentada de forma deficiente, pois
o valor fixado é muito inferior ao razoável para
cumprir toda a garantia da referida norma.
o Parcial relativa:
▪ A lei existe e outorga determinado beneficio a certa
categoria, mas deixa de concedê-lo a outra, que
deveria ter sido contemplada. Nesse caso, tem
prevalecido a Súmula 339/STF, potencializada com a
sua conversão na SV n. 37/2014: “não cabe ao Poder
Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar
vencimentos de servidores públicos sob o fundamento
de isonomia”.
5. Objeto da ADO
● O artigo 103, § 2°, fala em “omissão de medida” para tornar efetiva
norma constitucional em razão de omissão de qualquer dos
Poderes ou de órgão administrativo.
6 Como exemplo de inconstitucionalidade por omissão total ou absoluta é o artigo 37, VII da CF/88 que
prevê o direito de greve para os servidores públicos, ainda não regulamentado por lei.
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● A omissão, então, pode ser do PODER LEGISLATIVO, do PODER
EXECUTIVO (atos secundários de caráter geral, como
regulamentos, instruções, resoluções etc.), ou do próprio PODER
JUDICIÁRIO (por exemplo, a omissão em regulamentar algum
aspecto processual em seu Regimento Interno).
● O STF já decidiu que, pendente julgamento de ADO, se a norma
que não tinha sido regulamentada é revogada, a ação deverá ser
extinta por perda do objeto.
● O STF também entendeu a impossibilidade do princípio da
fungibilidade de ADO com o MANDADO DE INJUNÇÃO, tendo em
vista a diversidade de pedidos: “Impossibilidade jurídica do pedido
de conversão do mandado de injunção em ação direta de
inconstitucionalidade por omissão” (MI 395-QO, Rel. Min. Moreira
Alves, DJ de 11.09.1992).
6. Competência e Legitimidade (ADO)
● Compete originariamente ao STF;
● Os legitimados para propositura da ADO são os mesmos da ADI:
o Art. 103 CF/88.
▪ Atendido ao entendimento do STF para legitimados
especiais e sua demonstração de pertinência
temática.
7. Procedimento (ADO)
● É praticamente o mesmo da ADI genérica, com algumas
peculiaridades, a saber:
● Nos termos do art. 12-B da Lei n. 9.868/99, a petição inicial,
acompanhada de instrumento de procuração, se for o caso, será
apresentada em 02 (duas) vias, devendo conter cópias dos
documentos necessários para comprovar a alegação de omissão e
indicará:
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o A omissão inconstitucional total ou parcial quanto ao
cumprimento de dever constitucional de legislar ou quanto à
adoção de providência de índole administrativa;
o O pedido, com suas especificações.
● A petição inicial caso seja:
o INEPTA;
o NÃO FUNDAMENTADA; e/ou
o MANIFESTAMENTE IMPROCEDENTE.
● Proposta a ação, não se admitira desistência.
● O Relator poderá solicitar a manifestação do AGU, que deverá ser
encaminhada no prazo de 15 (quinze) dias.
● O PGR nas ações que não for autor terá vista do processo, por 15
(quinze) dias, após o decurso do prazo para informações.
8. Medida Cautelar (ADO)
● Nesse ponto, a Lei n. 12.063/2009 inovou a matéria, passando a
admitir medida cautelar em ADO.
● Segundo artigo 12-F da Lei n. 9868/99, em caso de excepcional
urgência e relevância da matéria, o STF, por decisão da maioria
absoluta de seus membros (ou seja, 06 Ministros “STF”), observado
o disposto no art. 22 (quórum de instalação da sessão de
julgamento com no mínimo 8 Ministros), poderá conceder medida
cautelar, após a audiência dos órgãos ou autoridades
responsáveis pela omissão inconstitucional, que deverão
pronunciar-se no prazo de 05 (cinco) dias.
● A medida cautelar poderá consistir na suspensão da aplicação da
lei ou do ato normativo questionado, no caso de omissão parcial,
bem como na suspensão de processos judiciais ou de
LIMINARMENTE
INDEFERIDAS PELO RELATOR
CABE AGRAVO
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procedimentos administrativos, ou ainda em outra providência a
ser fixada pelo Tribunal.
● O relator, julgando indispensável, ouvirá o PGR no prazo de 03
(três) dias.
● Será ainda facultada a sustentação oral aos representantes
judiciais do requerente e das autoridades ou órgãos responsáveis
pela omissão inconstitucional, na forma do previsto no Regimento
do Tribunal.
● Concedida a medida cautelar, o STF fará publicar, em seção
especial do Diário Oficial da União e do Diário da Justiça da
União, a parte dispositiva da decisão no prazo de 10 dias, devendo
solicitar as informações à autoridade ou ao órgão responsável
pela omissão inconstitucional.
9. Efeitos da Decisão (ADO)
● O artigo 103, § 2°, estabelece efeitos diversos para o poder
competente e para o órgão administrativo:
o Poder competente: será dada ciência ao poder competente,
não tendo sido fixado qualquer prazo para a adoção das
providências necessárias;
o Órgão Administrativo: deverá suprir a omissão da medida no
prazo de 30 dias, sob pena de responsabilidade, ou, na
dicção do artigo 12-H, § 1° da Lei 9868/99, em prazo razoável7
7 O prazo razoável também pode ser aplicado aos poderes competentes, por causa da inertia deliberandi
das Casas Legislativas, é o que ficou decidido na ADO 3.682, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 09.05.2007, DJ de 06.09.2007. Questionando os efeitos práticos da ADO 3.682, em 11.09.2008, o Presidente da Câmara dos Deputados encaminhou o Ofício n. 1073/2008/SGM/P, de 02.09.2008, ao Presidente do STF, dizendo não ter tomado conhecimento de decisão que “obrigasse” o Parlamento a elaborar a LC, assim como alertando sobre o risco de a decisão do STF violar o princípio da separação de poderes (art. 2° da CF/88), caso fosse realmente impositiva a decisão proferida. Por seu turno, o Min. Presidente do STF determinou, em 12.09.2008, por meio do Ofício n. 346/GP, fosse oficiado o Presidente da Câmara dos Deputados, encaminhando o inteiro teor do acórdão de fls. 132-187, e esclareceu: “não se trata de impor um prazo para a atuação legislativa do Congresso Nacional, mas apenas da fixação e um parâmetro temporal razoável, tendo em vista o prazo de 24 meses determinado pelo Tribunal nas ADI ns. 2.240, 3.316, 3.489 e 3.689 para que as leis estaduais que criam municípios ou alteram seus limites territoriais continuem vigendo, até que a lei complementar federal seja promulgada contemplando as realidades desses municípios”.
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a ser estipulado excepcionalmente pelo Tribunal, tendo em
vista as circunstancias especificas do caso e o interesse
público envolvido.
10. A atual jurisprudência do STF admite a fungibilidade entre ADI e ADO?
SIM. (ADI 875; ADI 1.987; ADI 2.727, voto do Rel. Min. Gilmar Mendes, j.
24.02.2010. Plenário, DJE de 30.04.2010).
REPRESENTAÇÃO INTERVENTIVA (IF)
1. O artigo 18, caput, da CF/88 estabelece que a organização político-
administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os
Estados, o DF e os Municípios, todos autônomos. Vale dizer, como regra
geral, nenhum ente federativo deverá intervir em qualquer outro.
2. Excepcionalmente, no entanto, a CF prevê situações (de anormalidade)
em que poderá haver a intervenção:
● UNIÃO poderá intervir em:
o ESTADOS (art. 34)
o DF (art. 34)
o MUNICÍPIOS (localizados em Território Federal) (Art. 35)
● ESTADOS poderão intervir em:
o MUNICÍPIOS (art. 35).
Intervenção:
UNIÃO ESTADOS I - manter a integridade nacional; II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra; III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública; IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida fundada; II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei; III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde;
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unidades da Federação; V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que: a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior; b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei; VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial; VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais: a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático; b) direitos da pessoa humana; c) autonomia municipal; d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta. e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.
3. A IF (Representação Interventiva) surgiu com a Constituição de 1934, e
apresenta-se como um dos pressupostos para a decretação da
intervenção federal, ou estadual, pelos Chefes do Executivo, nas
hipóteses contempladas na CF/88. Assim, reforce-se, nessa modalidade
de procedimento, quem decreta a intervenção não é o Judiciário, mas o
Chefe do Poder Executivo.
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4. As fases do procedimento da IF:
● 1. Fase jurisdicional
● 2. Fase da intervenção branda
● 3. Fase da intervenção efetiva
FASE 1 FASE 2 FASE 3 Fase jurisdicional: o STF ou TJ analisam apenas os pressupostos para a intervenção, não nulificando o ato que a ensejou. Julgando procedente o pedido, requisitam a intervenção para o Chefe do Executivo.
Intervenção branda: o Chefe do Executivo, por meio de decreto, limita-se a suspender a execução do ato impugnado, se essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade. E o Controle político? Não. Nesta fase 2, está dispensada a apreciação pelo Congresso Nacional ou pela Assembleia Legislativa.
Intervenção efetiva: se a medida tomada durante a fase 2 não foi suficiente, o Chefe do Executivo decretará a efetiva intervenção, devendo especificar a amplitude, o prazo e as condições de execução e que, se couber, nomeará o interventor. E o Controle político? Sim. Nesta fase 3, deverá o decreto do Chefe do Executivo ser submetido à apreciação do Congresso Nacional ou da Assembleia Legislativa do Estado, no prazo de 24 horas, sendo que, estando em recesso, será feita a convocação extraordinária, no mesmo prazo de 24 horas.
5. Representação Interventiva Federal (ADI interventiva federal)
● Art. 36, III, da CF/88, primeira parte, estabelece que a decretação da
intervenção dependerá de provimento, pelo STF, de representação
do PGR, na hipótese do art. 34, VII, quais sejam, os princípios
sensíveis da Constituição.
● Durante a vigência do texto de 1988, jamais se passou da fase 1
(judicial) para a fase 2 (decretação pelo Chefe do Poder Executivo),
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muito embora alguns poucos pedidos de intervenção, com base no
art. 36, III, destacando-se:
CASO 1: IF 114 (07.02.1991): pedido de intervenção em razão de omissão do
poder público no controle de linchamento de presos no Estado de Mato
Grosso. No mérito, o STF entendeu que não era caso de intervenção,
indeferindo, portanto, o pedido;
CASO 2: IF 4.822 (08.04.2005): pedido de intervenção no Centro de
Atendimento Juvenil Especializado (Caje), com base em deliberação do
Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH), que
condenou a sua estrutura física e gerencial (matéria pendente de
julgamento pelo STF);
CASO 3: IF 5.129 (05.10.2008): pedido de intervenção formulado pelo PGR
contra o estado de Rondônia, por suposta violação a direitos humanos
no presídio Urso Branco, em Porto Velho, que se encontra em situação de
“calamidade”. Segundo o então PGR, Antonio Fernando Souza, “... nos
últimos oito anos contabilizaram-se mais de cem mortes e dezenas de
lesões corporais [contra presos], fruto de motins, rebeliões entre presos e
torturas eventualmente perpetradas por agentes penitenciários”
(Notícias STF, 08.10.2008) (matéria pendente de julgamento pelo STF);
CASO 4: IF 5.179 (11.02.2010): pedido de intervenção por suposto esquema de
corrupção no DF. No mérito, o pedido foi julgado improcedente.
6. Objeto (IF)
● Lei ou Ato normativo que viole princípios sensíveis;
● Omissão ou incapacidade das autoridades locais para assegurar
o cumprimento e preservação dos princípios sensíveis, por
exemplo, os direitos da pessoa humana;
● Ato governamental estadual que desrespeito os princípios
sensíveis;
● Ato administrativo que afronte os princípios sensíveis;
● Ato concreto que viole os princípios sensíveis;
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7. Observação: A fase judicial da intervenção não se confunde com a fase
judicial das demais ações de inconstitucionalidade, pois, como visto, na
ADI Interventiva (ou, por alguns, denominada representação interventiva),
o Tribunal não nulificará, na hipótese de lei, o ato normativo. Em relação
à omissão, trata-se de importante avanço, já sugerido pela doutrina e,
posteriormente, sedimentado na jurisprudência do STF, bem como na Lei
n. 12.562/2011.
8. Princípios sensíveis
● Cabe o pedido de intervenção, já referimos, quando houver
violação aos denominados princípios sensíveis, que estão expostos
no art. 34, VII, “a” – “e”:
o Forma republicana, sistema representativo e regime
democrático;
o Direitos da pessoa humana;
o Autonomia municipal;
o Prestação de constas da Administração Pública, direta e
indireta;
o Aplicação do mínimo exigido da receita resultante de
impostos estaduais, compreendida a proveniente de
transferências, na manutenção e no desenvolvimento do
ensino e nas ações e nos serviços públicos de saúde.
9. Competência e Legitimidade (IF)
● Representação Interventiva Federal é competência originária do
STF;
● O único e exclusivo legitimado ativo para a propositura da
representação interventiva federal é:
o PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA, que tem total
autonomia e discricionariedade para formar o seu
convencimento de ajuizamento.
o O PGR atua em defesa da ordem jurídica, do regime
democrático e dos interesses sociais e individuais
indisponíveis, sobretudo, no caso, a defesa do equilíbrio
federativo.
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● Legitimado passivo deve ser entendido como o ente federativo no
qual se verifica a violação ao princípio sensível da CF/88, devendo
ser solicitadas informações às autoridades ou aos órgãos
estaduais ou distritais responsáveis, como a Assembleia Legislativa
local ou o Governador, neste último caso representado pelo
Procurador-Geral do Estado ou do Distrito Federal (art. 132 da
CF/88).
10. Procedimento (IF)
● O procedimento da representação interventiva federal estava
previsto na Lei n. 4.337, de 1.º.06.1964, assim como nos arts. 20 e 21
da Lei n. 8.038/90 e nos arts. 350 a 354 do RISTF.
● Contudo, cabe alertar a publicação da Lei n. 12.562, de 23.12.2011,
regulamentando o inciso III do art. 36 da Constituição Federal, para
dispor sobre o processo e julgamento da representação
interventiva perante o STF.
● Proposta a ação pelo Procurador-Geral da República, no STF, a
petição inicial deverá conter:
o a indicação do princípio constitucional sensível (art. 34, VII,
da CF/88) que se considera violado ou, se for o caso de
recusa à aplicação de lei federal, das disposições
questionadas;
o a indicação do ato normativo, do ato administrativo, do ato
concreto ou da omissão questionados;
o a prova da violação do princípio constitucional ou da recusa
de execução de lei federal;
o o pedido, com suas especificações.
● A petição inicial será apresentada em 2 vias, devendo conter, se for
o caso, cópia do ato questionado (estadual ou distrital) e dos
documentos necessários para comprovar a impugnação.
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● Se a petição inicial:
o NÃO FOR O CASO DE IF;
o FALTAR OS REQUISITOS DE LEI;
o FOR INPETA.
● Recebida a inicial, o relator deverá tentar dirimir
(administrativamente) o conflito que dá causa ao pedido,
utilizando-se dos meios que julgar necessários, na forma do
regimento interno.
● Não solucionado o problema e não sendo caso de arquivamento,
apreciado eventual pedido de liminar ou, logo após recebida a
petição inicial, e não houver pedido de liminar, o relator solicitará
as informações às autoridades responsáveis pela prática do ato
questionado, que as prestarão em até 10 dias.
● Decorrido o prazo para prestação das informações, serão ouvidos:
o AGU – 10 dias
o PGR – 10 dias
● O relator, se entender necessário, poderá:
o Requisitar informações adicionais;
o Designar perito ou comissão de peritos para que elabore
laudo sobre a questão;
o Fixar data para declarações, em audiência pública, de
pessoas com experiência e autoridade na matéria.
● Podendo ainda ser autorizadas, a critério do relator:
o A manifestação e a juntada de documentos por parte dos
interessados no processo. (Reconhecendo assim a
manifestação do amicus curiae).
● Vencidos os prazos ou, se for o caso, realizadas as diligências, o
relator lançará o relatório, com cópia para todos os Ministros e
pedirá dia para julgamento.
LIMINARMENTE
INDEFERIDAS PELO RELATOR
CABE AGRAVO
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● A decisão sobre a representação interventiva somente será
tomada se presentes na sessão pelo menos 8 Ministros (quorum de
instalação da sessão de julgamento, como se verifica, também, na
ADI), devendo ser proclamada a procedência ou improcedência do
pedido formulado na representação interventiva se num ou noutro
sentido se tiverem manifestado pelo menos 6 Ministros (maioria
absoluta).
● Estando ausentes Ministros em número que possa influir na
decisão sobre a representação interventiva, o julgamento será
suspenso, a fim de se aguardar o comparecimento dos Ministros
ausentes, até que se atinja o número necessário para a prolação
da decisão.
● Julgado procedente o pedido, far-se-á a comunicação às
autoridades ou aos órgãos responsáveis pela prática dos atos
questionados, e, se a decisão final for pela procedência do pedido
formulado na representação interventiva, o Presidente do STF,
publicado o acórdão, levá-lo-á ao conhecimento do Presidente da
República para, no prazo improrrogável de até 15 dias, dar
cumprimento aos §§ 1.º e 3.º do art. 36 da Constituição Federal.
● Dentro do prazo de 10 dias, contado a partir do trânsito em
julgado da decisão, a parte dispositiva será publicada em seção
especial do Diário da Justiça e do Diário Oficial da União.
● Por se tratar de “requisição”, e não mera solicitação, o Presidente
da República não poderá descumprir a ordem mandamental, sob
pena de cometimento tanto de crime comum como de
responsabilidade, devendo, então, decretar a intervenção
(Intervenção Branda).
● O Presidente da República, nos termos do art. 36, § 3.º, por meio de
decreto, limitar-se-á a suspender a execução do ato impugnado.
Caso essa medida não seja suficiente para o restabelecimento da
normalidade, aí, sim, o Presidente da República decretará a
intervenção federal (Intervenção Efetiva).
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● Nesse último caso, o decreto de intervenção (efetiva), que
especificará a amplitude, o prazo e as condições de execução e
que, se couber, nomeará o interventor afastando as autoridades
responsáveis de seus cargos (art. 84, X, CF/88), será submetido à
apreciação do Congresso Nacional no prazo de 24 horas (controle
político). Se o Congresso Nacional não estiver funcionando, far-se-
á convocação extraordinária, no mesmo prazo de 24 horas (art. 36,
§§ 1.º e 2.º, CF/88).
● Cessados os motivos da intervenção, as autoridades afastadas de
seus cargos a estes voltarão, salvo por impedimento legal (art. 36, §
4.º, CF/88).
● Cabe alertar que a decisão que julgar procedente ou
improcedente o pedido da representação interventiva é:
o Irrecorrível;
o Insuscetível de impugnação por ação rescisória;
11. Medida Liminar (IF)
● Art. 5.º da Lei n. 12.562/2011 admitiu expressamente o cabimento de
medida liminar na representação interventiva, mas somente por
decisão da maioria absoluta dos Ministros.
● Para concessão da liminar, o relator poderá ouvir os órgãos ou
autoridades responsáveis pelo ato questionado, bem como o AGU
ou o PGR, no prazo comum de 05 (cinco) dias.
● A liminar poderá consistir na determinação de que se suspenda o
andamento de processo ou os efeitos de decisões judiciais ou
administrativas ou de qualquer outra medida que apresente
relação com a matéria objeto da representação interventiva.
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12. Representação interventiva estadual (ADI Interventiva Estadual)
● Com o advento da Lei n. 12.562/2011, que tratou de toda a matéria, a
nosso ver, a Lei n. 4.337/64 foi totalmente revogada e, assim, o
procedimento deverá observar no que couber, as novas regras
introduzidas pela referida Lei n. 12.562/2011.
● O art. 35, IV, da CF/88, por sua vez, dispõe que a intervenção
estadual, a ser decretada pelo Governador de Estado, dependerá
de provimento pelo TJ local de representação para assegurar a
observância de princípios indicados na CE, ou para prover a
execução de lei, de ordem ou de decisão judicial. As regras vêm
previstas nas Constituições estaduais e nos regimentos internos
dos tribunais locais, devendo, em essência, por simetria, seguir o
modelo federal, de acordo com o seguinte quadro:
ADI INTERVENTIVA
FEDERAL
ADI INTERVENTIVA ESTADUAL
FASE 1 – “Judicial”
OBJETO
Lei ou ato normativo, ou omissão, ou ato governamental estaduais ou distritais que desrespeitem os princípios sensíveis previstos no art. 34, VII, “a” – “e”, da CF/88.
Lei ou ato normativo, ou omissão, ou ato governamental municipais que desrespeitem os princípios sensíveis indicados na CE.
COMPETÊNCIA
STF: Originária
TJ: Originária
LEGITIMADO
ATIVO
PGR – Chefe do Ministério
Público da União (Art. 129, IV, da CF/88).
PGJ – Chefe do Ministério
Público Estadual (Art. 129, IV, da CF/88).
LEGITIMADO PASSIVO
Ente federativo (Estado ou DF) no qual se verifica a violação ao princípio sensível da CF/88, devendo ser solicitadas informações às autoridades ou aos órgãos estaduais ou distritais responsáveis pela violação aos princípios sensíveis.
Ente federativo (Município) no qual se verifica a violação ao princípio sensível da CE, devendo ser solicitadas informações às autoridades ou aos órgãos municipais responsáveis pela violação aos princípios sensíveis.
PROCEDIMENTO
Proposta a ação pelo Procurador-Geral da República, no STF, quando a lei ou o ato normativo de natureza estadual (ou distrital), ou omissão, ou ato governamental contrariarem os princípios sensíveis da CF, buscar-se-á a solução administrativa. Não sendo o caso, nem o de arquivamento, serão
Proposta a ação pelo Procurador-Geral de Justiça, no TJ, quando a lei ou o ato normativo, ou omissão, ou ato governamental de natureza municipal contrariarem os princípios sensíveis previstos na CE, buscar-se-á a solução administrativa. Não sendo o caso, nem o de arquivamento, serão
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PROCEDIMENTO
solicitadas informações às autoridades estaduais ou distritais responsáveis e ouvido o PGR, sendo, então, o pedido relatado e levado a julgamento. Julgado procedente o pedido (quorum do art. 97, maioria absoluta), o Presidente do STF imediatamente comunicará a decisão aos órgãos do Poder Público interessados e requisitará a intervenção ao Presidente da República, que, por se tratar de “requisição”, e não mera solicitação, não poderá descumprir a ordem mandamental, sob pena de cometimento tanto de crime comum como de responsabilidade, inaugurando-se, assim, a fase 2 do procedimento.
solicitadas informações às autoridades municipais responsáveis e ouvido o PGJ, sendo, então, o pedido relatado e levado a julgamento. Julgado procedente o pedido (quorum do art. 97, maioria absoluta), o Presidente do TJ imediatamente comunicará a decisão aos órgãos do Poder Público interessados e requisitará a intervenção ao Governador do Estado, que, por se tratar de “requisição”, e não mera solicitação, não poderá descumprir a ordem mandamental, sob pena de cometimento tanto de crime comum como de responsabilidade, inaugurando-se, assim, a fase 2 do procedimento
FASE 2 – “Intervenção Branda”
DECRETO DO EXECUTIVO
O Presidente da República, nos termos do art. 36, § 3.º, por meio de decreto, limitar-se-á a suspender a execução do ato impugnado, se essa medida bastar para o restabelecimento da normalidade. Nessa fase, está dispensada a apreciação pelo Congresso Nacional (controle político)
O Governador do Estado, nos termos do art. 36, § 3.º, por meio de decreto, limitar-se-á a suspender a execução do ato impugnado, se essa medida bastar para o restabelecimento da normalidade Nessa fase, está dispensada a apreciação pela Assembleia Legislativa (controle político)
FASE 3 – “Intervenção Efetiva”
DECRETO DO EXECUTIVO E CONTROLE POLÍTICO
DECRETO DO EXECUTIVO E CONTROLE POLÍTICO
Caso a medida de mera suspensão não seja suficiente para o restabelecimento da normalidade, aí, sim, o Presidente da República decretará a efetiva intervenção no Estado ou no DF, executando-a com a nomeação de interventor, se for o caso, e afastando as autoridades responsáveis de seus cargos (art. 84, X, da CF/88) Nesse caso de intervenção efetiva, haverá controle político pelo Congresso Nacional no prazo de 24 horas a contar do decreto interventivo. Se o Congresso Nacional não estiver funcionando, far-se-á convocação extraordinária Cessados os motivos da intervenção, as autoridades afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo impedimento legal
Caso a medida de mera suspensão não seja suficiente para o restabelecimento da normalidade, aí, sim, o Governador do Estado decretará a efetiva intervenção no Município, executando-a com a nomeação de interventor, se for o caso, e afastando as autoridades responsáveis de seus cargos (art. 84, X, da CF/88) Nesse caso de intervenção efetiva, haverá controle político pela Assembleia Legislativa no prazo de 24 horas a contar do decreto interventivo. Se a Assembleia Legislativa não estiver funcionando, far-se-á convocação extraordinária Cessados os motivos da intervenção, as autoridades afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo impedimento legal
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CONTROLE ABSTRATO DE CONSTITUCIONALIDADE NOS ESTADOS-MEMBROS
1. Nos termos do art. 125, § 2.º, da CF/88, cabe aos Estados a instituição de
representação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos
estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual, vedada a
atribuição da legitimação para agir a um único órgão.
2. Nesse sentido, o constituinte consagrou o controle abstrato de
constitucionalidade estadual, fixando regras claras:
● Somente leis ou atos normativos estaduais ou municipais poderá
ser objeto de controle;
● Apesar de não fixar os legitimados, vedou a atribuição da
legitimação para agir a um único órgão;
● O órgão competente para o julgamento da ação pela via principal
será, exclusivamente, o TJ local.
3. Pelo princípio da simetria, muito embora o art. 125, § 2.º, tenha fixado
somente a possibilidade de instituição de representação de
inconstitucionalidade (que corresponderia à ADI), parece-nos
perfeitamente
possível que, desde que respeitadas as regras da CF/88, se implementem
os demais meios de controle, especialmente a ADO para combater a
inércia do Legislativo estadual.
4. Objeto: A teor do art. 125, § 2.º, da CF/88, o controle abstrato estadual
terá por objeto exclusivamente leis ou atos normativos estaduais ou
municipais.
● Pode-se afirmar, assim, que o TJ local nunca julgará, em controle
concentrado e abstrato, lei federal. Ou, em outras palavras, as leis
federais só poderão ser objeto de controle abstrato perante o STF.
Ou, ainda, o STF não julgará em ADI lei municipal perante a CF (só
por meio de ADPF, como visto, ou, excepcionalmente, nas hipóteses
de RE de normas de reprodução obrigatória
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5. Competência e Legitimados
● Somente o TJ local será o órgão competente para, exercendo
competência originária, julgar o controle de constitucionalidade
abstrato estadual (art. 125, § 2°).
● A regra constitucional não especificou os legitimados. Apenas
proibiu a atribuição da legitimação para agir a um único órgão.
Assim, cabe às Constituições Estaduais a delimitação da regra, e,
nesse sentido, como se trata de manifestação do poder
constituinte derivado decorrente, deve-se respeitar, pela simetria,
o art. 103 da CF/88, consoante o quadro abaixo:
Art. 103 – CF/88 – Legitimados para o Controle Concentrado perante o STF
Art. 125, § 2° CF/88 – Legitimados para o Controle Concentrado perante o TJ local – “princípio da simetria”.
Art. 125, § 2° CF/88 – Legitimados para o Controle Concentrado perante o TJ local “princípio da simetria” – Especialmente em relação a leis ou atos municipais.
Presidente da República
Governador de Estado
Prefeito
Mesa do Senado Federal
Mesa da Câmara dos
Deputados
Mesa de Assembleia
Legislativa
Mesa de Câmara Municipal
PGR
PGJ
-
CFOAB
Conselho Seccional da OAB
-
Partido político com Representação no
Congresso Nacional
Partido político com Representação na
Assembleia Legislativa
Partido político com
Representação na Câmara do Município
Confederação Sindical
Entidade de Classe de âmbito nacional
Federação Sindical
Entidade de Classe de âmbito
estadual
● A pergunta que surge é se poderia a Constituição Estadual
ampliar para Deputados Estaduais, Procurador-Geral do Estado
ou do Município, Defensor Público-Geral do Estado, ou ainda por
iniciativa popular (ação popular — Popularklage), legitimados que
não guardam simetria com o art. 103 (que não fixou legitimação
para Deputado Federal ou Senador, ou para o AGU ou Procurador
da Fazenda, ou Defensor Público Geral da União etc.) ?
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o SIM! Até porque tal previsão prestigiaria a intenção do
constituinte de 1988, que foi no sentido de ampliar o rol de
legitimados para a propositura de ADI.
o STF já se manifestou a respeito em relação aos Deputados
Estaduais: “Legitimação ativa de Deputado Estadual para
propor ação direta de inconstitucionalidade de normas
locais em face da Constituição do Estado, à vista do art. 125,
§ 2.º, da Constituição Federal. Precedente: ADI 558-9-MC,
Pertence, j. 16.08.91, DJ 26.03.93” (RE 261.677, Rel. Min. Sepúlveda
Pertence, j. 06.04.2006, DJ de 15.09.2006).
o Outrossim, no precedente citado (ADI 558-9-MC), em
julgamento de medida cautelar (pendente a apreciação do
mérito), o STF entendeu como constitucional o art. 162 da
Constituição do Estado do Rio de Janeiro, com o seguinte
teor: “Art. 162. A representação de inconstitucionalidade de
leis ou de atos normativos estaduais ou municipais, em face
desta Constituição, pode ser proposta pelo Governador do
Estado, pela Mesa, por Comissão Permanente ou pelos
membros da Assembleia Legislativa, pelo Procurador-Geral
da Justiça, pelo Procurador-Geral do Estado, pelo
Procurador-Geral da Defensoria Pública, Defensor Público
Geral do Estado, por Prefeito Municipal, por Mesa de
Câmara de Vereadores, pelo Conselho Seccional da Ordem
dos Advogados do Brasil, por partido político com
representação na Assembleia Legislativa ou em Câmara de
Vereadores, e por federação sindical ou entidade de classe
de âmbito estadual”.
o Assim, ampliar, em âmbito estadual, os parâmetros
estabelecidos pelo artigo 103, CF/88, parece perfeitamente
possível.
“SIMULTANEUS PROCESSUS”
● E as leis estaduais?
● As leis estaduais, em se tratando de controle concentrado pela via
em abstrato, sofrem dupla fiscalização, tanto por meio de ADI no
TJ e tendo como parâmetro a CE como perante o STF e tendo
como parâmetro a CF.
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● Isso significa que a mesma lei estadual poderá ser objeto de
controle concentrado no TJ e no STF. Se isso acontecer, estaremos
diante do fenômeno da simultaneidade de ações diretas de
inconstitucionalidade, também denominado simultaneus
processus.
● Nessa situação, em sendo o mesmo objeto (vale dizer, a mesma lei
estadual), assim como o parâmetro estadual de confronto, norma
de reprodução obrigatória prevista na Constituição Federal, o
controle estadual deverá ficar suspenso (em razão da causa de
suspensão prejudicial do referido processo), aguardando o
resultado do controle federal, já que o STF é o intérprete máximo
da Constituição. Confira:
“EMENTA: Ajuizamento de Ações Diretas de
Inconstitucionalidade tanto perante o Supremo Tribunal
Federal (CF, art. 102, I, ‘a’) quanto perante Tribunal de
Justiça Local (CF, art. 125, § 2.º). Processos de fiscalização
concentrada nos quais se impugna o mesmo diploma
normativo emanado de Estado-membro, não obstante
contestado, perante o Tribunal de Justiça, em face de
princípios, que, inscritos na carta política local, revelam-se
impregnados de predominante coeficiente de federalidade
(RTJ 147/404 — RTJ 152/371-373). Ocorrência de ‘simultaneus
processus’. Hipótese de suspensão prejudicial do processo
de controle normativo abstrato instaurado perante o
Tribunal de Justiça local. Necessidade de se aguardar, em
tal caso, a conclusão, pelo Supremo Tribunal Federal, do
julgamento da Ação Direta. Doutrina. Precedentes (STF)”.
● Verificado o fenômeno do simultaneus processus, as seguintes
hipóteses poderão surgir a partir da decisão a ser proferida pelo
STF:
o STF declara inconstitucional a lei estadual perante a CF — a
ADI estadual perderá o seu objeto, não mais produzindo a lei
efeitos no referido Estado;
o STF declara constitucional a lei estadual perante a CF — o
TJ poderá prosseguir o julgamento da ADI da lei estadual
diante da CE, pois, perante a Constituição Estadual, a
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referida lei poderá ser incompatível (mas, naturalmente,
desde que seja por fundamento diverso).
● Vamos imaginar agora que a ação seja proposta perante o TJ
estadual e que este julgue a ação que transita em julgado. Poderá
no futuro a mesma lei ser examinada em controle abstrato perante
o STF e tendo como parâmetro a CF? Duas são as hipóteses:
o TJ declara previamente a lei estadual constitucional —
naturalmente, para essa hipótese, não se tratará de
simultaneidade. Assim, em sendo no futuro ajuizada a ADI
perante o STF, tendo por objeto a mesma lei estadual, o STF
poderá reconhecê-la como inconstitucional diante da CF.
Como o STF é o intérprete máximo da constitucionalidade
das leis e o responsável por apontar a força normativa da
Constituição, a nova decisão do STF prevalecerá inclusive
sobre a coisa julgada estadual;
o TJ declara previamente a lei estadual inconstitucional —
entendemos que não haveria mais sentido falar em controle
perante o STF, já que a lei estadual foi retirada do
ordenamento jurídico.
A UTILIZAÇÃO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO NO CONTROLE CONCENTRADO E EM
ABSTRATO ESTADUAL
● De modo geral, da decisão do TJ local em controle abstrato (ADI)
de lei estadual ou municipal diante da CE não cabe recurso para o
STF, já que o STF é o intérprete máximo de lei (federal, estadual ou
distrital de natureza estadual) perante a CF, e não perante a CE.
● Excepcionalmente, contudo, pode surgir situação em que o
parâmetro da CE nada mais seja que uma norma de observância
obrigatória ou compulsória pelos Estados-Membros (norma de
reprodução obrigatória).
● Nesse caso, se a lei estadual, ou mesmo a municipal, viola a CE, no
fundo, pode ser que ela esteja, também, violando a CF. Como o TJ
não tem essa atribuição de análise, buscando evitar a situação de
o TJ usurpar competência do STF (o intérprete máximo da
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Constituição), abre-se a possibilidade de se interpor recurso
extraordinário contra o acórdão do TJ em controle abstrato
estadual para que o STF diga, então, qual a interpretação da lei
estadual ou municipal perante a CF.
● Trata-se, pois, de utilização de recurso típico do controle difuso
(pela via incidental) no controle concentrado e em abstrato
estadual.
● O recurso extraordinário será um simples mecanismo de se levar
ao STF a análise da matéria. Assim, a decisão do STF nesse
específico recurso extraordinário produzirá os mesmos efeitos da
ADI, ou seja, por regra, erga omnes, ex tunc e vinculante, podendo
o STF, naturalmente, nos termos do art. 27 da Lei n. 9.868/99,
modular os efeitos da decisão. Portanto, não se aplicará a regra do
art. 52, X, não tendo o Senado Federal qualquer participação.
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QUADRO COMPARATIVO DO SISTEMA JURISDICIONAL MISTO DE CONTROLE POSTERIOR OU REPRESSIVO DE
CONSTITUCIONALIDADE NO BRASIL
Controle Objeto Competência Legitimação Ativa Cautelar Controle Difuso – atos normativos.
Qualquer lei ou ato de indiscutível caráter normativo, contrário à Constituição (via de exceção ou defesa — declaração de inconstitucionalidade (incidenter tantum)
Qualquer juízo ou Tribunal.
Qualquer pessoas física ou jurídica, no caso concreto.
Possível, seguindo-se as regras processuais
Controle Difuso – omissões – mandado de injunção individual ou coletivo.
Falta de medida regulamentadora de artigo da Constituição de eficácia limitada, prescrevendo direitos, liberdades constitucionais e prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania
Arts. 102, I, “q”, 102, II, “a”, 105, I, “h”, 121, § 4.º, V, e 125, § 1.º (qualquer juiz ou tribunal, observadas as regras de organização judiciária)
Qualquer pessoa, física ou jurídica, no caso concreto
Impossibilidade. Contudo, tendo em vista as novas tendências, pode-se pensar na modificação desse entendimento.
ADI genérica (controle concentrado no STF)
Lei ou ato normativo federal, estadual ou distrital (natureza estadual), contestados em face da CF/88 (via de ação, controle abstrato, em tese)
STF — competência originária
Arts. 103 da CF/88 e 2.º da Lei n. 9.868/99
Possível (CF, art. 102, I, “p”)
Arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF)
Evitar ou reparar lesão a preceito fundamental, resultante de ato do Poder Público e quando for relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo federal, estadual, municipal, distrital, incluídos os anteriores à Constituição
STF — competência originária
Arts. 103 da CF/88 e 2.º da Lei n. 9.882/99 (os mesmos da ADI)
Possível (art. 5.º da Lei n. 9.882/99)
ADI por omissão (ADO)
Falta de medida regulamentadora de artigo da Constituição de eficácia limitada
STF — competência originária
Arts. 103 da CF/88 e 12-A da Lei n. 9.868/99
Possível (art. 12-F da Lei n. 9.868/99)
Representação Interventiva (ADI Interventiva)
Lei ou ato normativo, ato administrativo, ato concreto, ou omissões, estaduais ou distritais que violam princípios sensíveis da CF/88
STF — competência originária
Procurador-Geral da República — art. 36, III, da CF/88
Possibilidade (art. 5.º da Lei n. 12.562).
ADC
Lei ou ato normativo federal
STF — competência originária
Art. 103 da CF/88 (modificado pela EC n. 45/2004)
Possibilidade (jurisprudência do STF — ADC 4)