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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO - CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – ICS CURSO DE BACHARELADO EM FARMÁCIA _________________________________________________________________________________ AVALIAÇÃO DAS RECEITAS MÉDICAS DE PACIENTES ATENDIDOS PELO SUS NO MUNICÍPIO DE SINOP-MT: INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS E MEDICAMENTOS INAPROPRIADOS THAÍS DE OLIVEIRA GOMES Sinop-MT 2017/2

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO - CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – ICS CURSO DE BACHARELADO EM FARMÁCIA

_________________________________________________________________________________

AVALIAÇÃO DAS RECEITAS MÉDICAS DE PACIENTES ATENDIDOS PELO SUS

NO MUNICÍPIO DE SINOP-MT: INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS E

MEDICAMENTOS INAPROPRIADOS

THAÍS DE OLIVEIRA GOMES

Sinop-MT

2017/2

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO - CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – ICS CURSO DE BACHARELADO EM FARMÁCIA

_________________________________________________________________________________

AVALIAÇÃO DAS RECEITAS MÉDICAS DE PACIENTES ATENDIDOS PELO SUS

NO MUNICÍPIO DE SINOP-MT: INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS E

MEDICAMENTOS INAPROPRIADOS

THAÍS DE OLIVEIRA GOMES

Trabalho de Curso apresentado ao Curso de

Farmácia da Universidade Federal de Mato

Grosso – UFMT, campus de Sinop como

requisito parcial para obtenção do título de

Farmacêutico, sob a orientação da Professora

Dra. Regiane de Castro Zarelli Leitzke.

Sinop-MT

2017/2

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO - CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – ICS CURSO DE BACHARELADO EM FARMÁCIA

AVALIAÇÃO DAS RECEITAS MÉDICAS DE PACIENTES ATENDIDOS PELO SUS

NO MUNICÍPIO DE SINOP-MT: INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS E

MEDICAMENTOS INAPROPRIADOS

THAÍS DE OLIVEIRA GOMES

Trabalho de curso de graduação apresentado e defendido ao Instituto de Ciências da Saúde da

Universidade Federal de Mato Grosso como requisito parcial para a obtenção do título de

Bacharel(a) em Farmácia.

Aprovado em: 24 de Novembro de 2017.

BANCA EXAMINADORA

Dedico este trabalho aos meus pais que são meus

exemplos de vida em todos os aspectos, que

trabalharam incansavelmente, se sacrificaram, se

dedicaram, abdicaram de tempo e de projetos

pessoais para que eu obtivesse a oportunidade de

estudar.

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à Deus, por ter me dado forças para suportar os desafios ao decorrer

da graduação. Minha família, por ser meu porto seguro em todas as ocasiões, mas em especial

minha mãe, que sempre acreditou em meu potencial e fez de tudo para que eu alcançasse

meus objetivos. Aos meus amigos que mesmo nos momentos de estresse permaneceram ao

meu lado ajudando superá-los. Aos meus professores que não só transmitiram o conhecimento

profissional, como também contribuíram para minha formação pessoal. E a minha orientadora

Regiane de Castro Zarelli Leitzke, pela paciência, compreensão, incentivo acadêmico e

profissional bem como por todos os ensinamentos.

“O que sabemos é uma gota; o que ignoramos é um oceano.”

Isaac Newton

RESUMO

GOMES, T. O. AVALIAÇÃO DE RECEITAS MÉDICAS DE PACIENTES

ATENDIDOS PELO SUS NO MUNICÍPIO DE SINOP-MT: INTERAÇÕES

MEDICAMENTOSAS E MEDICAMENTOS INAPROPRIADOS. 2017. [50 páginas]

Trabalho de Curso de Farmácia – Universidade Federal de Mato Grosso, Campus de Sinop.

Palavras-chaves: [interações medicamentosas, reações adversas, uso racional de

medicamentos, idosos].

As interações medicamentosas (IM) são definidas como alteração do efeito do medicamento

quando administrada simultaneamente com um ou mais medicamentos ou alimentos, estas

podem ser alterações farmacocinéticas ou farmacodinâmicas, desejáveis ou indesejáveis. À

medida que a população envelhece, e múltiplos medicamentos são prescritos a um número

crescente de pacientes, o potencial de interações medicamentosas aumenta, bem como a

quantidade de reações adversas. Assim, o objetivo do presente trabalho é conhecer e

comparar o perfil de interações medicamentosas das prescrições dos pacientes atendidos pelo

SUS no município de Sinop. Trata-se de um estudo seccional de corte transversal, com

coleta de dados por conveniência. Foram coletados dados dos receituários dos pacientes que

procuraram acesso aos medicamentos na Farmácia Regional no município de Sinop, no

período matutino de maio a dezembro de 2014 e maio a dezembro de 2015. Estes dados

foram classificados e organizados em planilhas eletrônicas, e avaliados com base em um

banco de dados no qual incluem-se o Vade-mécum de medicamentos, bulários profissionais

registrados na ANVISA, artigos científicos, e livros didáticos. No ano de 2014 foram

analisados 1860 receituários, e em 2015 um total de 1004 receituários. Os resultados do ano

de 2015 mostraram uma frequência de 37,85% de IM nas 1004 receitas, das quais 85 foram

consideradas polifarmácia, e dessas 83 apresentaram IM. No primeiro período os idosos

correspondiam a 23,70% dos receituários (441) e apresentaram 34,69% (153) de potenciais

casos de interações medicamentosas. No segundo período, os idosos correspondiam a

27,69% (278) e apresentaram 56,12% (156) de potenciais casos de IM. Com relação aos

medicamentos, em 2014 foram prescritos 3688 medicamentos, variando de 1 a 8

medicamentos por prescrição, e em 2015 foram prescritos 2329 medicamentos, variando de

1 a 10. Assim, a média de medicamentos prescritos por paciente em 2014 foi de 2

medicamentos por prescrição e no ano seguinte foi de 2,32. No ano de 2015, foram

prescritos 169 medicamentos inapropriados para os idosos. Dentre as classes mais prescritas

em ambos os períodos, encontram-se anti-hipertensivos, antibióticos e anti-inflamatórios, os

quais são responsáveis por grande parte das potenciais IM. Desta maneira, como o grande

desafio dos profissionais da área da saúde é contribuir para promoção do uso racional dos

medicamentos, cabe aqui um cuidado cauteloso no que se refere às possíveis interações

medicamentosas que podem acontecer pelo uso irracional de medicamentos prescritos ou

não, podendo estas causar danos à saúde do paciente, decorrentes das falhas na efetividade e

segurança com relação aos medicamentos utilizados. Esses cuidados levam a melhores ações

da saúde pública e colaboram para a melhoria da qualidade de vida da população atendida

pelo sistema público de saúde do município.

LISTA DE TABELAS

TABELA 1. Número de medicamentos por prescrição em 1004 prescrições do SUS no

município de Sinop em 2015................................................................................................... 26

TABELA 2. Percentagem e número de interações medicamentosas por prescrições

classificadas por gênero e número de medicamentos prescritos por receituário no ano de

2015...........................................................................................................................................27

TABELA 3 – Comparação entre a média de medicamentos prescritos em diferentes regiões e

municípios

Brasileiros.................................................................................................................................28

TABELA 4. Número de prescrições classificadas por gênero que apresentaram interações

medicamentosas nos anos de 2014 e 2015................................................................................29

TABELA 5. Comparativo de percentual de interações medicamentosas por faixa etária nos

anos de 2014 e 2015..................................................................................................................30

31

TABELA 6. Classificação dos receituários de 2015 por faixa etária, sexo, número e

percentual de interações............................................................................................................31

31

TABELA 7. Distribuição dos medicamentos inapropriados para idosos segundo Critérios de

Beers-Fick, considerando-se evidências científicas que demonstram que os riscos superam

claramente os benefícios...........................................................................................................33

32

LISTA DE ABREVIATURAS

AB – Atenção Básica

AINES – Anti-inflamatórios Não Esteroidais

CAPS – Centro de Apoio Psicossocial

CEM – Centro de Especialidade Médicas

CEO – Centro de Especialidade Odontológicas

CFT – Comissão de Farmácia Terapêutica

COR – Centro de Odontologia Regional

DCNT – Doenças Crônicas Não Transmissíveis

IM – Interações Medicamentosas

IECA – Inibidores da Enzima Conversora de Angiotensina

LAMAC – Laboratório Municipal de Análises Clínicas

MII – Medicamentos Inapropriados para Idosos

MPI - Medicamentos Potencialmente Inapropriados

OMS – Organização Mundial da Saúde

PIM – Potenciais Interações Medicamentosas

RAM – Reações Adversas a Medicamentos

REMUME – Relação Municipal de Medicamentos Essenciais

RENAME – Relação Nacional de Medicamentos Essenciais

SAE – Serviço de Atendimento Especializado

SUS – Sistema Único de Saúde

UBS – Unidades Básicas de Saúde

UPA – Unidade de Pronto Atendimento

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 12 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................. 14

2.1 Uso Racional de Medicamentos ..................................................................................... 14 2.2 Polifarmácia .................................................................................................................... 15 2.3 Interações Medicamentosas ............................................................................................ 16 2.4 Idosos .............................................................................................................................. 17 2.5 Medicamentos Inapropriados para Idosos ...................................................................... 21

3.OBJETIVOS .......................................................................................................................... 23 3.1 OBJETIVO GERAL ....................................................................................................... 23

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................................... 23 4. MÉTODOS ........................................................................................................................... 24

4.1 Local da Pesquisa ........................................................................................................... 24 4.2 Tipo de Estudo, Caracterização e Recrutamento da Amostra ........................................ 24 4.3 Análise de dados ............................................................................................................. 25

4.4 Considerações éticas da pesquisa ................................................................................... 25 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................................... 27

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 36 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 37

ANEXO A ................................................................................................................................ 43 ANEXO B ................................................................................................................................ 46 ANEXO C ................................................................................................................................ 47

ANEXO D ................................................................................................................................ 48

12

1. INTRODUÇÃO

Os medicamentos são produtos farmacêuticos elaborados com a finalidade de curar

doenças, diminuir ou eliminar sintomas e causas, corrigir uma função corporal deficiente,

além de auxiliar na prevenção de doenças. Desta forma, um medicamento pode proporcionar

ao indivíduo benefícios ou problemas de saúde, que variam de acordo com a forma de

utilização. Dentre os fatores que interferem em sua efetividade encontram-se o não

entendimento do paciente, as fases cronológicas do organismo de cada indivíduo, as reações

adversas aos medicamentos (RAM) e a presença de interações medicamentosas (IM)

(BRASIL,1973).

As IM são definidas como alteração do efeito do medicamento quando administrada

simultaneamente com outro(s) medicamento(s) ou alimento(s), podendo ser: farmacocinéticas

ou farmacodinâmicas. Ou ainda serem classificadas em: menor ou leve; moderada; maior ou

grave (YUNES, 2011). Uma terceira classificação, subdivide as IM em duas grandes

categorias: desejáveis ou indesejáveis, que englobam as categorias anteriormente

mencionadas (CORDEIRO, 2005).

Além disso, os medicamentos podem ter seu uso aumentado por vários fatores como

os maus hábitos alimentares, a falta da prática de atividade física, a crença na cura de todos os

males por meio de medicamentos, o efeito farmacológico múltiplo, prescrições múltiplas,

polifarmácia, a não compreensão do paciente em relação ao tratamento farmacológico, uso

abusivo de medicamentos, desinformação dos prescritores e dispensadores, o uso de

medicamentos por automedicação, e dentre outros fatores contribuem para a ocorrência de

interações medicamentosas (TAVARES, 2012).

Com o aumento da expectativa de vida os idosos merecem especial atenção com

relação ao uso de medicamentos, uma vez que, durante o envelhecimento ocorrem alterações

em níveis molecular, tecidual e orgânico que contribuem para o declínio progressivo da

capacidade funcional de seu organismo, acarretando um decréscimo da capacidade de

adaptação às demandas de atividade celular e do meio externo, principalmente em condições

de sobrecarga funcional, o que dificulta à resposta aos estímulos, complicando a manutenção

da homeostasia corporal (CASSONI, 2011), podendo apresentar polimorbidades e

consequentemente fazerem uso de vários medicamentos na tentativa de reestabelecer esse

equilíbrio de funcionamento corporal como um todo (RAMOS, et al. 2016; PASCHOAL, et

al. 2005).

13

A polifarmácia, definida como o uso de cinco ou mais medicamentos, costuma ser

comum nas terapias dos idosos e está associada ao aumento do risco e da gravidade das RAM,

de precipitar IM, de causar toxicidade cumulativa, de ocasionar erros de medicação, de

reduzir a adesão ao tratamento e elevar a morbimortalidade. O amplo uso de medicamentos

tem impacto no âmbito clínico e econômico repercutindo na segurança do paciente, pois, esta

prática relaciona-se diretamente aos custos assistenciais, que incluem medicamentos e os

impactos relacionados a esse uso, como custos de consulta a especialistas, atendimento de

emergência e de internação hospitalar (SECOLI, 2010).

Dessa forma, a análise de receituários para verificação de interações e agravos

advindos da polifarmácia, bem como o estudo do uso dos medicamentos são ferramentas

importantes para fornecer informações sobre a prescrição de medicamentos, o que direciona

implantação de políticas de saúde e inúmeras possibilidades de intervenção dentro das ações

de assistência farmacêutica. Estratégias como educação continuada aos prescritores são

fundamentais para promover a racionalização do uso de medicamentos, que sem dúvida, é um

dos grandes desafios da saúde pública do século.

Portanto, o presente trabalho tem por objetivo conhecer e comparar o perfil de

interações medicamentosas das prescrições dos pacientes atendidos pelo SUS no município de

Sinop no período de maio a dezembro de 2014 (TRENTO, 2016) e maio a dezembro de 2015.

14

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Uso Racional de Medicamentos

A Política Nacional de Medicamentos (PNM), aprovada pelo Ministério de Saúde, por

meio da Portaria nº 3.916, de 30 de outubro de 1998, tem como diretriz, assegurar o acesso da

população a medicamentos seguros, eficazes e de qualidade, ao menor custo possível. A PNM

também define o Uso Racional de Medicamentos (URM) como “O processo que compreende

a prescrição apropriada; a disponibilidade oportuna e a preços acessíveis; a dispensação em

condições adequadas e o consumo nas doses indicadas, nos intervalos definidos e no período

de tempo indicado de medicamentos eficazes, seguros e de qualidade” (BRASIL, 2001).

Baseado neste conceito, e no fato da terapêutica medicamentosa ser considerada

essencial para o tratamento e/ou controle da maioria das enfermidades, devemos considerar o

fato dos fármacos não serem completamente seguros, uma vez que todos, em diferentes níveis

de complexidade, estão suscetíveis a desencadear reação adversa a medicamentos (RAM). A

RAM definida como “uma resposta nociva e não intencional ao uso de um medicamento que

ocorre em associação a doses normalmente empregadas em seres humanos para profilaxia,

diagnóstico e tratamento de doenças e/ou para a modificação de funções fisiológicas,

excluídos os casos de falha terapêutica” (PASSARELLI, 2007).

O uso inadequado dos medicamentos prescritos, associado com a automedicação pode

resultar em graves complicações para o paciente e quando estes são idosos os riscos são ainda

maiores, uma vez que são especialmente vulneráveis às RAM em virtude de fatores

característicos como: particularidades farmacocinéticas e farmacodinâmicas, presença de

múltiplas doenças (comorbidades), uso de número elevado de medicamentos (polifarmácia) e

o tipo de medicamentos prescritos (adequados ou inadequados). Alguns medicamentos ou

classes de medicamentos não deveriam ser prescritos para indivíduos idosos por apresentarem

risco elevado de reações adversas graves, evidência insuficiente de benefícios e pela

existência de opções terapêuticas mais eficazes e seguras. Tais medicamentos, denominados

inapropriados para idosos, são definidos por meio de consensos de especialistas, como os

critérios de Beers Fick, muito empregados na prática clínica, em pesquisa e em educação

médica (PASSARELLI, 2007; GORZONI et al. 2008).

15

Neste contexto, as interações medicamentosas (IM) fazem parte do conjunto de

informações necessárias para a promoção do uso racional e correto dos medicamentos. Sendo,

portanto, de suma importância que os profissionais de saúde compreendam as informações

disponíveis a respeito das especialidades farmacêuticas bem como os efeitos clínicos das IM

para que então possam auxiliar no cuidado do paciente e evitar problemas

farmacoterapêuticos, pois as IM podem gerar consequências indesejáveis para o paciente e

para o sistema de saúde, além de favorecer o aparecimento das reações adversas (GUIDONI,

et al. 2011).

2.2 Polifarmácia

A OMS define polifarmácia como o uso de cinco ou mais medicamentos

simultaneamente. O cenário demográfico e epidemiológico do Brasil, caracterizado pelo

aumento progressivo da expectativa de vida e pela alta prevalência de doenças crônicas não

transmissíveis (DCNTs), muitas delas concomitantes, tem como consequência a utilização de

vários medicamentos (SILVEIRA, 2014).

Sendo uma prática frequente e muito comum entre os idosos, a polifarmácia, é

considerada um dos principais fatores de risco para ocorrência de IM e RAM, que por sua

vez, amplia a morbimortalidade entre os idosos, pois, ela expõe o paciente a um tratamento

mais complexo, exigindo maior atenção, memória e organização diante dos horários de

administração dos fármacos (FLORES, 2005).

No intuito de facilitar o uso dos vários medicamentos surgiram as associações

medicamentosas, cujos principais objetivos são: a potencialização dos efeitos terapêuticos, a

diminuição de efeitos adversos e das doses terapêuticas, a prevenção de resistência, a

obtenção de ações múltiplas e amplas e proporcionar maior comodidade ao paciente. No

entanto, as associações medicamentosas promovem a ocorrência de interações

medicamentosas, sendo que estas podem aumentar, significativamente, o risco de reações

adversas (SIMÕES, et al. 2005).

Assim sendo, a polifarmácia pode ser considerada uma terapêutica personalizada,

desde que o médico prescreva somente medicamentos necessários para a patologia

apresentada e de acordo com as condições específicas de cada paciente. Uma medida que

tende a evitar os efeitos colaterais de componentes desnecessários e reduzir o custo do

16

tratamento. A modificação dos efeitos farmacológicos por interação entre fármacos pode ser

no sentido de alterar a eficácia terapêutica ou os efeitos indesejáveis. Podem aparecer também

efeitos totalmente desconhecidos, diferentes dos observados com quaisquer das drogas

utilizadas isoladamente, ou pode não ocorrer qualquer modificação no efeito final, apesar da

cinética e do metabolismo de uma ou ambas as drogas terem sido alterados (SIMÕES, et al.

2005).

O grande desafio dos profissionais da área da saúde é contribuir na promoção do uso

racional dos medicamentos, pois o mesmo deve ser seguido continuamente ou até o final do

tratamento, sendo de extrema importância para que se evite o gasto excessivo e

consequentemente o uso excessivo e desnecessário de medicamentos, bem como as possíveis

interações medicamentosas que podem vir a acontecer, podendo estas causar dano à saúde do

paciente. Esses cuidados levam a melhores ações da Saúde Pública e colaboram para a

melhoria da qualidade de vida da população atendida pelo sistema público de saúde (PINHO,

2012).

2.3 Interações Medicamentosas

A interação medicamentosa ocorre quando os efeitos e/ou a toxicidade de um fármaco

são modificados pela presença de outro. Pode ser classificada em: benéfica (com consequente

aumento da eficácia dos fármacos em associação – sinergismo de potencialização, de adição)

ou maléfica (ocorrendo a diminuição da eficácia e/ou toxicidade de fármacos administrados

em doses terapêuticas). As interações ainda podem ser do tipo: farmacocinéticas (alterações

na absorção, distribuição, metabolismo e excreção) ou farmacodinâmicas (sinergismo ou

antagonismo da ação) (MELGAÇO, 2011).

As interações farmacocinéticas ocorrem quando um fármaco modifica os parâmetros

de absorção, distribuição, metabolismo (quando o fármaco for indutor ou inibidor enzimático)

e excreção de outro fármaco, alterando, assim, a concentração desse fármaco ativo no

organismo; Já as farmacodinâmicas ocorrem quando um fármaco modifica a resposta dos

tecidos-alvo ou não alvo a outro fármaco ao nível dos sítios de ação (receptor, pré-receptor e

pós-receptor), sendo conhecidas como interações agonistas e antagonistas (YUNES, 2011).

Contudo, a farmacocinética, a farmacodinâmica e os resultados clínicos são afetados

por uma série de fatores além do próprio medicamento, ou seja, são específicos do paciente,

incluindo idade, sexo, etnia, genética (englobando níveis e especificidade das proteínas

17

plasmáticas; alterações renais e hepáticas) processos de doença, polifarmácia, posologia de

administração da droga, e fatores sociais (RODRIGUES M.C.S., OLIVEIRA C., 2016).

Desta forma, podem também ser classificadas em: menor ou leve, quando a interação

pode causar efeitos clínicos restritos, podendo incluir um aumento na frequência ou gravidade

de efeitos colaterais, mas em geral não requer mudança de terapia medicamentosa; moderada,

quando a interação resulta em exacerbação do quadro clínico e/ou requer mudanças na terapia

medicamentosa; e maior ou grave quando a interação pode ser crônica e/ou requer intervenção

médica para minimizar ou prevenir reações adversas graves, como por exemplo, a

administração de antídotos e suspensão ou alteração da terapia ao qual o paciente estava

submetido (YUNES, 2011).

Dentro desse contexto é importante lembrar que existem interações medicamentosas

desejáveis e indesejáveis. As interações medicamentosas desejáveis ou benéficas têm por

objetivo tratar doenças concomitantes, reduzir efeitos adversos, prolongar a duração do efeito,

impedir, ou retardar o surgimento de resistência bacteriana, aumentar a adesão ao tratamento,

incrementar a eficácia e/ou permitir a redução de dose. Já as interações indesejáveis, por sua

vez, são as que determinam redução do efeito ou resultado contrário ao esperado, aumento na

incidência e na gama de efeitos adversos e no custo da terapia, sem incremento no benefício

terapêutico, geralmente são difíceis de detectar e podem ser responsáveis pelo fracasso da

terapia ou progressão da doença (CORDEIRO, 2005).

Assim, ao se avaliar a possibilidade de IM, faz-se necessário uma atenção significativa

aos fatores determinantes de sua ocorrência, tais como a natureza química do fármaco, o

número de medicamentos utilizados, a idade avançada e a presença de hepatopatias e de

nefropatias, uma vez que a metabolização e eliminação de grande parte das substâncias é

realizada através dos órgãos acometidos nessas patologias (MARQUITO, et al. 2014).

2.4 Idosos

O envelhecimento da população é um dos maiores triunfos da humanidade e também

um dos grandes desafios. No decorrer do século XXI, o envelhecimento global causará um

aumento das demandas sociais e econômicas em todo o mundo. A proporção de pessoas com

60 anos ou mais está crescendo mais rapidamente que a de qualquer outra faixa etária. Entre

1970 e 2025, espera-se um crescimento de 223%, ou em torno de 694 milhões, no número de

18

pessoas mais velhas. Em 2025, existirá um total de aproximadamente 1,2 bilhões de pessoas

com mais de 60 anos. Até 2050 haverá dois bilhões, sendo 80% nos países em

desenvolvimento (WHO, 2005).

Durante as últimas décadas, o mundo passou por uma transformação demográfica,

com um rápido crescimento da população idosa e, portanto, tanto a demanda para a

manutenção da saúde deste grupo populacional, quanto o consumo de medicamentos

aumentaram exponencialmente (BALDONI, et al. 2010). No Brasil estima-se que 23% da

população consome 60% da produção nacional de medicamentos, especialmente as pessoas

acima de 60 anos (SECOLI, 2010).

Por este motivo, a Organização Mundial da Saúde argumenta que os países podem

custear o envelhecimento se os governos, as organizações internacionais e a sociedade civil

implementarem políticas e programas de “envelhecimento ativo” que melhorem a saúde, a

participação e a segurança dos cidadãos mais velhos. Com base neste princípio, no Brasil

foram elaboradas leis e políticas direcionadas ao indivíduo idoso.

A política nacional do idoso, Lei nº8. 842, de 4 de janeiro de 1994, e o estatuto do

Idoso, Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, define idoso pessoas com 60 anos ou mais.

Porém, faz-se necessário o entendimento de que a idade cronológica não é um marcador

preciso para as mudanças que acompanham o envelhecimento. Existem diferenças

significativas relacionadas ao estado de saúde, participação e níveis de independência entre

pessoas que possuem a mesma idade (WHO, 2005). Desta maneira, o conhecimento

individualizado do metabolismo e do organismo como um todo de cada paciente,

especialmente os idosos, requer cuidados específicos quando se trata da farmacoterapia.

O corpo do paciente idoso sofre mudanças dependentes da idade na função e

composição do corpo o que pode vir a acarretar complexidades distintas com relação à

absorção, metabolização, distribuição de medicamentos, excreção/eliminação de metabólitos

ou substâncias inalteradas, eficácia e funcionalidade dos receptores, gerando possíveis

consequências que ocasionam um desequilíbrio da homeostasia corporal, convergindo para

diferentes comorbidades ou doenças crônicas que necessitam de terapia medicamentosa e

requerem atenção para com a possível conduta terapêutica, devendo-se considerar potenciais

interações medicamentosas e reações adversas às substâncias químicas as quais o paciente for

exposto, uma vez que existam tais alterações metabólicas (GOMES, et al. 2008).

19

O envelhecimento é caracterizado por uma perda progressiva de capacidades

funcionais da maioria, se não todos os órgãos, uma redução em resposta à estimulação do

receptor e mecanismos homeostáticos, e perda de conteúdo de água e aumento do teor de

gordura no organismo (TURNHEIM, 1998), o que ocasiona alterações na biodisponibilidade

dos fármacos.

As mudanças que caracterizam o envelhecimento incluem: mudanças na composição

bioquímica dos tecidos; diminuição progressiva da capacidade fisiológica; reduzida

capacidade de se adaptar a estímulos; aumento da susceptibilidade e vulnerabilidade a

doenças e consequentemente o aumento do risco de morte. Dentre essas, as doenças crônicas

relacionadas com a idade, como dislipidemia, hipertensão, diabetes, depressão, geralmente

requerem o uso de múltiplas drogas, uma condição conhecida como polifarmácia. Estima-se

que mais de 40% dos adultos com 65 anos ou mais usam 5 ou mais medicamentos, e 12%

usam 10 ou mais medicamentos diferentes. No entanto, a magnitude do problema entre os

idosos ainda é pouco conhecido na maioria dos países, uma vez que há necessidade de tratar

as patologias, mas cada organismo apresenta uma taxa de metabolização distinta, alterando a

biodisponibilidade e excreção de fármacos em diferentes proporções, que podem vir a

culminar em inúmeras reações adversas, incluindo as potenciais interações medicamentosas

(RODRUIGUES, et al. 2016).

Com relação às principais alterações farmacocinéticas no paciente idoso pode-se

mencionar alterações no pH devido à menor produção do suco gástrico (em uma parcela da

população geriátrica), e alterações na motilidade gastrintestinal como redução no

esvaziamento gástrico e redução dos movimentos peristálticos. Entretanto, apesar dessas

mudanças serem evidentes e possam interferir na solubilidade e permeabilidade de fármacos,

sua influência na biodisponibilidade dos mesmos ainda não foi completamente elucidada.

(FRANCO, et al. 2007).

Outro diferencial entre o metabolismo do idoso se comparado a de um adulto

encontra-se na quantidade de massa muscular que apresenta-se reduzida e portanto acarreta

diminuição do volume de distribuição de fármacos hidrofílicos, como aspirina e muitos

antimicrobianos e consequentemente uma maior concentração plasmática do mesmo,

aumentando a probabilidade da ocorrência de reações adversas. Em acréscimo, a massa

adiposa aumenta em 18-36% nos homens e 33-45% nas mulheres, o que proporciona um

aumento no volume de distribuição de fármacos lipossolúveis como os anestésicos gerais e

20

benzodiazepínicos que acabam por serem armazenados por mais tempo nesse tecido,

resultando num tempo de meia-vida mais longo e consequentemente prolongando seus efeitos

(FRANCO, et al. 2007; MANSO, et al. 2015).

Com relação ao processo de metabolização, os pacientes idosos podem apresentar uma

redução da massa hepática com diminuição na quantidade de hepatócitos funcionais e redução

do fluxo sanguíneo hepático, o que pode vir a provocar alterações na concentração de fármaco

ativo, disponível, e/ou conjugado à proteínas plasmáticas, ou ainda dificuldades para eliminar

os metabólitos ou a própria substância, inalterada, do organismo. Além disso, ainda se

tratando de alterações farmacocinéticas, esses pacientes podem apresentar, associado aos

fatores anteriores ou isoladamente, uma redução na função renal em decorrência de alterações

na taxa de filtração glomerular, fluxo sanguíneo renal e secreção tubular. E em consequência

os principais desfechos em pacientes com doenças renais são as suas complicações, tais como

anemia, acidose metabólica, alteração do metabolismo mineral e desnutrição, decorrentes da

perda funcional renal, e até o óbito (principalmente por causas cardiovasculares) (BASTOS et

al. 2010).

Além disso, o uso concomitante de medicamentos, como diuréticos, anti-inflamatórios

não esteroidais, a presença de patologias, como a nefroesclerose provocada pela hipertensão

arterial e a insuficiência cardíaca congestiva podem contribuir juntamente com o fator idade

para a deterioração da função renal (HÄMMERLEIN, 1998).

Registra-se então a necessidade de uma racionalização de medicamentos com relação a

terapia escolhida, uma vez que se tratando de pacientes idosos o uso frequente de

medicamentos pode ser visto não somente como uma tentativa de tratar morbidades, mas,

sobretudo, como uma forma de amenizar situações comuns do envelhecimento, e diante de

todas as alterações o resultado pode ser longe do esperado (OLIVEIRA, et al. 2016). Por fim,

quanto às alterações farmacodinâmicas, apesar do amplo conhecimento com relação à

resposta farmacocinética nos idosos, poucas respostas foram encontradas quanto às mudanças

farmacodinâmicas nesses pacientes. Sabe-se por enquanto apenas que a farmacodinâmica está

relacionada ao número de receptores específicos na resposta intracelular à ocupação do

receptor pelo fármaco (transdução de sinais) e nos processos que regulam a homeostase,

preservando o equilíbrio funcional do organismo (TURNHEIM, 2003).

21

2.5 Medicamentos Inapropriados para Idosos

O envelhecimento demográfico, somado à transição epidemiológica, aumenta a

prevalência das doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs) que, paralelamente ao declínio

das doenças transmissíveis enquanto causas de morte, tornam-se as principais causas de

morbidade e mortalidade no País, uma vez que esses pacientes, por serem mais propensos a

diversas patologias, costumam fazer uso de mais de cinco medicamentos, o que aumenta a

probabilidade de confusão durante a administração das drogas, o risco de interações

medicamentosas, e incidência das reações adversas a medicamentos, comprometendo sua

capacidade funcional (RAMOS, et al. 2016).

O risco de RAM com o uso concomitante de dois fármacos é de 13%, valor que chega

a 58% quando se administram cinco medicamentos, e alcança 82% quando a farmacoterapia

chega a sete ou mais. Além do risco de RAM, deve-se ressaltar que quanto maior o número de

fármacos prescritos em conjunto, maior a chance da ocorrência de interação medicamentosa

(MANSO, et al. 2015). Dessa forma, a multiplicidade de doenças e de fármacos associada a

alterações relacionadas ao envelhecimento desencadeia, constantemente, graves interações

medicamentosas e reações adversas nesses pacientes.

Portanto, a prescrição de fármacos realizada por profissionais habilitados e que

apresenta risco significativo de produzir um evento adverso, apesar da existência de

alternativas farmacológicas mais eficazes, é definida como prescrição inadequada de

medicamentos. Esta ocorre quando o risco de aparecimento de efeitos adversos pelo

medicamento ultrapassa evidências científicas suficientes para seu uso, quando existem

alternativas farmacológicas mais seguras disponíveis ou quando o uso do medicamento possa

agravar a doença do idoso, e está mais apta a ocorrer quando não é o geriatra que realiza a

prescrição (MANSO, et al. 2015).

No intuito de reduzir os agravos à saúde do paciente nessa faixa etária, há

aproximadamente duas décadas surgiram instrumentos visando detectar potenciais riscos de

iatrogenia medicamentosa em idosos, sendo o de Beers-Fick o mais utilizado deles. BEERS et

al. (1991) estabeleceram critérios, baseados em trabalhos publicados sobre medicamentos e

farmacologia do envelhecimento, para definir lista de fármacos potencialmente inapropriados

a adultos com 65 ou mais anos de idade. FICK et al. (2003) atualizaram esses critérios,

dividindo-os em dois: 1) Medicamentos ou classes deles que deveriam ser evitados em idosos,

22

independentemente do diagnóstico ou da condição clínica, devido ao alto risco de efeitos

colaterais e pela existência de outros fármacos mais seguros; 2) Medicamentos ou classes

deles que não devem ser utilizados em determinadas circunstâncias clínicas (GORZONI, et al.

2008).

Outra revisão ocorreu em 2012, trazendo 53 medicamentos e incluindo a abordagem

baseada em evidências científicas. Os fármacos considerados inapropriados foram incluídos

em uma das três categorias: (i) medicamentos e classes de medicamentos potencialmente

inapropriados a serem evitados em idosos; (ii) medicamentos potencialmente inapropriados

para uso por idosos devido a interações entre medicamento e doença; e (iii) medicamentos

que devem ser prescritos com cautela para idosos (MANSO, et al. 2015). A aplicação dos

Critérios pode permitir um amplo e completo monitoramento do uso de drogas e melhores

resultados do paciente (CAMPANELLI, 2012).

23

3.OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar as prescrições médicas dos pacientes atendidos pelo SUS, bem como conhecer

e comparar o perfil destas no período de maio a dezembro de 2014 e maio a dezembro de

2015.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Avaliar as interações medicamentosas presentes nas receitas no ano de 2015.

Comparar as interações medicamentosas no ano de 2014 e 2015.

Verificar a existência de polifarmácia no ano de 2015.

Analisar os medicamentos inapropriados para idosos prescritos no ano de 2015.

24

4. MÉTODOS

4.1 Local da Pesquisa

O município de Sinop localiza-se na região médio norte do estado de Mato Grosso,

possui população de 129.916 habitantes, conforme IBGE (2015). A rede de atenção básica é

composta por 40 unidades de saúde sob a coordenação do Secretário de Saúde do município.

O município possuía no período da pesquisa 3 Farmácias Regionais que atendem as receitas

provenientes do SUS bem como algumas receitas particulares.

O município de Sinop conta com 1 Centro de Apoio Psicossocial (CAPS), 1 Serviço

de Atendimento Especializado (SAE), 1 Unidade de Pronto Atendimento (UPA), 13 Unidades

Básicas de Saúde no perímetro urbano e 1 no perímetro rural, 1 Centro de Especialidades

Médicas (CEM), 1 Centro de especialidades odontológicas (CEO), 1 Centro de Atenção

Especializado em Odontologia (CEO), 2 Unidades de Reabilitação, 3 Postos de Coleta anexos

às Farmácias Regionais, 1 Centro de Referência em Hanseníase e Tuberculose, 5 Centros de

Saúde, (DATASUS).

As coletas de dados para a pesquisa foram realizadas na Farmácia Regional de Sinop

MT, situada na Av. André Maggi, cujo horário de funcionamento é de segunda à sexta-feira,

das 7:00 às 17:00.

4.2 Tipo de Estudo, Caracterização e Recrutamento da Amostra

Esta pesquisa faz parte do projeto de extensão intitulado Caracterização do

atendimento na farmácia regional no município de Sinop MT que é um sub-projeto do projeto

Análise da Assistência Farmacêutica no SUS, município de Sinop/MT, que teve início em

maio de 2014 e continua em andamento.

O tipo de estudo realizado é um delineamento observacional de coorte transversal

realizado com o receituário dos pacientes atendidos na Farmácia Regional do município de

Sinop.

Foram observadas 1.860 prescrições médicas dos pacientes que procuram acesso aos

medicamentos na farmácia regional de Sinop MT, no ano de 2014 (TRENTO, 2016). Além de

outras 1004 prescrições médicas dos pacientes que procuram acesso aos medicamentos na

25

farmácia regional de Sinop MT, no ano de 2015 onde avaliaram-se as possíveis interações

medicamentosas. A coleta destes dados foi realizada todos os dias na farmácia regional no

período matutino, os dados foram coletados de maio a dezembro de 2014 e maio a dezembro

de 2015, sendo considerada uma amostra por conveniência.

Os dados coletados foram: nome do paciente, idade, UBS à qual o mesmo pertencia,

medicamentos prescritos, quantidade de medicamentos dispensada, se o medicamento fazia

parte da REMUME, se estava de acordo com normas da DCB, e se atendeu a demanda.

4.3 Análise de dados

Os dados coletados na farmácia regional foram organizados, digitados e classificados,

em planilhas do Microsoft Excel, a partir dos quais foram geradas comparações e análises

qualitativas e quantitativas dos dois períodos de coleta. Cada paciente correspondia a uma

linha da planilha inicial, e as colunas separavam medicamento por medicamento (para facilitar

a classificação das IM), bem como os demais dados supracitados no tópico anterior.

Outras planilhas foram desenvolvidas para facilitar o estudo e análise dos dados.

Elaboraram-se uma planilha apenas de pacientes do sexo feminino e seus respectivos

medicamentos, uma do sexo masculino, e outra somente de pacientes idosos, ambas

finalizavam com uma coluna correspondente a idade do paciente, que estava organizada de

maneira crescente, isto é do paciente mais novo ao paciente mais idoso.

Os medicamentos foram classificados de acordo com a classe terapêutica descrita no

Vade-mécum de medicamentos (2008/2009), e com a REMUME (2015). As potenciais IM

foram identificadas com base em artigos científicos, livros de interações medicamentosas

(BACHMANN et al. 2006; FONSECA, 2008; WILLIAMSON et al. 2012), livro de

farmacologia (RANG, 2011), bulário digital da ANVISA versão profissional (vide o tópico

referências).

4.4 Considerações éticas da pesquisa

Este projeto é parte integrante do projeto de extensão intitulado Caracterização do

atendimento na farmácia regional no município de Sinop MT que está vinculado ao projeto de

pesquisa “Análise da Assistência Farmacêutica no SUS, município de Sinop/MT”, submetido

26

ao comitê de ética Plataforma Brasil na data de 17/12/2014 com parecer número 921.127.

(ANEXO A).

27

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nos anos de 2014 e 2015, foram analisadas 2864 receitas e um total de 6017

medicamentos. Em 2014 verificou-se uma média de 2 medicamentos por receita e as

prescrições continham de 1 a 8 medicamentos (TRENTO, 2016), no ano de 2015 essa média

subiu para 2,32 medicamentos por receita, e as prescrições variavam de 1 à 10 medicamentos,

o que indicou aumento dos medicamentos prescritos de um período para o outro, e isto pode

significar uma tendência a polifarmácia (TABELA 1). A OMS, propõe a faixa de 1,3 a 2,2,

medicamentos por prescrição como uma faixa de prescrição racional considerando não

predispor a polimedicação (WHO, 1994), em 2014 o número médio de medicamentos por

prescrição estava dentro dos valores aceitos, porém em 2015 o número médio foi superior à

faixa apresentada pela OMS predispondo a polimedicação (BRASIL, 2001).

TABELA 1. Número de medicamentos por prescrição em 1004 prescrições do SUS no município

de Sinop em 2015.

Número de medicamentos por receita (n) prescrições Número de

medicamentos na

prescrição

1 353 353

2 310 620

3 164 492

4 92 368

5 44 220

6 24 144

7 9 63

8 4 32

9 3 27

10 1 10

Total de Medicamentos Prescritos 1004 2329

média (total med./1004) 2,3197

De acordo com MIBIELLI (2014) o tratamento das enfermidades deve ser feito

preferencialmente com o menor número de medicamentos. Porém, em muitos casos e por

diversos motivos, é necessário o uso concomitante de dois ou mais medicamentos, o que traz

a possibilidade de aumentar o índice de polimedicação, bem como de interação entre eles.

Assim, dentre os eventos adversos que podem comprometer a qualidade da assistência à

saúde, as interações medicamentosas ocupam lugar de destaque e têm sido pouco estudadas

no Brasil.

28

Assim, a partir da análise dos dados das planilhas do Excel foi possível compilarmos

os dados na Tabela 2, que ilustra a quantidade de medicamentos prescritos por receituário no

ano de 2015, indicando a relação entre o índice de IM e a quantidade de medicamentos

existente na prescrição do paciente classificados de acordo com o gênero.

TABELA 2. Percentagem e número de interações medicamentosas por prescrições classificadas

por gênero e número de medicamentos prescritos por receituário no ano de 2015.

Nº de Medicamentos Nº de

receitas

Nº total de

receitas com

IM

%

Receitas

FEM com

IM

Receitas MAS

com IM

1 353 0 0% 0 0

2 310 115 37,09% 70 45

3 164 105 64,02% 57 48

4 92 78 84,78% 52 26

5 44 41 93,18% 27 14

6 24 24 100% 19 5

7 9 9 100% 6 3

8 4 4 100% 3 1

9 3 3 100% 2 1

10 1 1 100% 0 1

TOTAL 1004 380 37,85% 236 144

Os receituários com polimedicação apresentaram interações medicamentosas

crescentes, uma vez que a medida em que o número de medicamentos por receita aumentou, o

mesmo foi observado quanto ao número de interações medicamentosas. Essas receitas

requerem análise redobrada nas faixas etárias de risco, principalmente idosos, uma vez que os

mesmos apresentam uma vulnerabilidade elevada, aos problemas decorrentes do uso de

medicamentos, o que se deve a complexidade dos problemas clínicos, à necessidade de

múltiplos agentes terapêuticos e às alterações farmacocinéticas e farmacodinâmicas inerentes

ao envelhecimento.

Contudo, a média de medicamentos por prescrição apesar de estar acima da faixa

recomendada pela OMS, encontra-se bem próxima a média nacional segundo a OPAS -

Organização Pan-Americana da Saúde (2005), cujo valor é de 2,3. Assim, percebe-se uma

dificuldade em definir valores ótimos para esse indicador, uma vez que sofre influência de

diferentes fatores fortemente dependentes de características regionais e locais, como,

característica do serviço de saúde, perfil socioeconômico e de morbimortalidades da

população e existência de lista de medicamentos padronizados (SANTOS E NITRINI, 2004),

como observado na Tabela 3.

29

TABELA 3 – Comparação entre a média de medicamentos prescritos em diferentes regiões e

municípios Brasileiros

Indicadores de Prescrição Número de amostras Média de medicamentos por

prescrição

Sinop - MT (Trento, 2016) 1860 2

Sinop – MT (2015) 1004 2,32

Anápolis - GO (Borges, 2010) 100 2,4

Turabão - SC (Souza, 2012) 100 2,4

Felizes - RS (Mortari, 2014) 2744 2,04

Ribeirão Preto - SP (Santos, 2004) 6692 2,2

Passo Fundo - RS (Liell, 2009) 546 2,62

Esperança - PB (Portela, 2007) 600 2,4

As classes de medicamentos mais prescritos em 2014 foram analgésicos 13,07%;

diuréticos 10,03%; antibacterianos sistêmicos 9,46%; anti-inflamatórios e antirreumáticos

7,6%, sendo que 40,5% dos medicamentos pertenciam a REMUME (TRENTO, 2016). Em

2015, as classes mais prescritas foram diuréticos 17,75%, anti-hipertensivos 39,84%,

antibacterianos sistêmicos 22,61%, AINE’S/antirreumáticos/analgésicos 35,85%, sendo que

53% dos medicamentos faziam parte da REMUME.

De acordo com a PNM integram o elenco dos medicamentos essenciais (pertencentes à

REMUME) aqueles produtos considerados básicos e indispensáveis para atender a maioria

dos problemas de saúde da população. Assim o aumento de 12,5% na quantidade de fármacos

prescritos pertencentes a REMUME do ano de 2015 em relação ao de 2014, pode ser um

indicador de melhorias da qualidade dos serviços farmacêuticos no que diz respeito ao

processo de planejamento e aquisição de medicamentos essenciais, apesar de ainda estar

distante do ideal, a OMS recomenda que as prescrições realizadas a partir da lista de

medicamentos essenciais deva ser de aproximadamente 70%.

No estudo realizado por SOUZA, et al. (2012), apesar de 91,5% do número de

fármacos prescritos estarem de acordo com a REMUME, os autores ainda sugerem uma

revisão quanto à adequabilidade da lista de medicamentos às características da população por

uma Comissão de Farmácia e Terapêutica (CFT), uma vez que isto é de suma importância

para garantir o uso racional de medicamentos, além de colaborar com a racionalização dos

recursos da saúde e garantir acesso aos medicamentos, pois os medicamentos essenciais são

os básicos e indispensáveis para atender a maioria dos problemas de saúde da população,

devendo estar disponíveis regularmente aos que necessitam nas formas farmacêuticas,

concentrações e quantidades adequadas.

30

Com relação as potenciais IM, verificou-se que as classes de medicamentos que mais

apresentaram interações medicamentosas droga-droga no ano de 2014 foram bloqueadores do

canal de cálcio, beta bloqueadores, hipoglicemiantes, AINES, IECA (TRENTO, 2016). Com

relação ao ano de 2015 foram anti-hipertensivos (bloqueadores do canal de cálcio, beta

bloqueadores), diuréticos, AINES, hipoglicemiantes, IECA. Com isso percebe-se que as

potenciais IM continuam praticamente mantendo o mesmo padrão, porém acompanhando o

aumento do número de medicamentos consumidos pelos pacientes. No quadro 3 (ANEXO C)

encontram-se descritos as principais classes que apresentam possíveis IM e o desfecho

clínico.

Verificou-se que no ano de 2014, das 1860 prescrições, cerca de 341 receitas

apresentaram IM (18,3%) sendo 214 pacientes do sexo feminino e 127 do sexo masculino

(TRENTO, 2016). Em 2015, das 1004 receitas, 380 receitas apresentaram IM (37,85%),

sendo 144 de pacientes do sexo masculino, e 236 do feminino. É importante também

mencionarmos que dessas 1860 receitas, no ano de 2014, 1130 eram de pacientes do sexo

feminino (60,75%), e 730 do sexo masculino (39,25%). Em 2015, das 1004 receitas, 361

receitas eram de pacientes do sexo masculino (35,96%), e 643 receitas do sexo feminino

(64,04%). Considerando as 2864 receitas analisadas, pacientes do sexo feminino

correspondem a 61,91% das prescrições e masculinos somente 38,09%. (Tabela 4). Fato esse

que pode estar relacionado ao motivo de que os homens, em geral, padecem mais de

condições severas e crônicas de saúde do que as mulheres e também morrem mais do que elas

pelas principais causas de morte (GOMES, et al. 2007).

TABELA 4. Número de prescrições classificadas por gênero que apresentaram interações

medicamentosas nos anos de 2014 e 2015.

2014 2015

Sexo

Masculino %

Sexo

Feminino %

Sexo

Masculino %

Sexo

Feminino %

Nº de

pacientes

atendidos

730 39,25 1130 60,75 361 35,96 643 64,04

Nº de

indivíduos que

apresentaram

IM

127 37,24 214 62,76 144 37,89 236 62,11

A faixa etária com maior IM foi com 60 anos ou mais, o que de acordo com a OMS, se

refere a população idosa. De acordo com SECOLI (2010), o uso de medicamentos constitui-

se hoje uma epidemia entre idosos, cuja ocorrência tem como cenário o aumento exponencial

31

da prevalência de doenças crônicas e das comorbidades que acompanham o avançar da idade.

Em 2014 foram atendidos 441 pacientes idosos e destes 153 apresentaram IM (TRENTO,

2016), o correspondente a 34,69% de interações. No ano de 2015 foram atendidos 278

pacientes idosos, e destes 156 apresentaram interações medicamentosas, o correspondente a

56,12%. (TABELA 5)

TABELA 5. Comparativo de percentual de interações medicamentosas por faixa etária nos anos

de 2014 e 2015

IDADE

(anos)

2014 2015

Nº de

Pacientes

Atendidos

Nº de IM % de IM

Nº de

Pacientes

Atendidos

Nº de IM % de IM

0 – 9 300 7 2,33% 98 22 22,45%

10 – 19 197 11 5,58% 81 10 12,34%

20 – 59 922 170 18,44% 534 187 35,02%

≥ 60 441 153 34,69% 278 156 56,12%

Não

informada – – – 13 5 38,46%

Total 1860 341 18,33% 1004 380 37,84%

No período de 2015, classificaram-se os dados coletados por faixa etária, sexo, e

número de interações, conforme ilustrado na TABELA 6, esquematizada para esclarecer

dentro das categorias criança, adolescente, adultos e idosos o percentual de IM, também

distinto entre os gêneros.

Então, sugere-se que o consumo de vários medicamentos como tentativa de

reestabelecer esse equilíbrio do funcionamento corporal como um todo pode propiciar ao uso

inadequado de medicamentos e consequentemente maior incidência de efeitos adversos, que

podem ser evitados pelo uso racional dos medicamentos (RAMOS, et al. 2016; PASCHOAL,

et al. 2005).

32

TABELA 6. Classificação dos receituários de 2015 por faixa etária, sexo, número e percentual de

interações

Faixa Etária:

N° de

prescrições

masculinas

N° de

prescrições

masculinas

com IM

% de IM

Masculin

o

N° de

prescriçõe

s

femininas

N° de

prescrições

com IM

% de IM

Feminino

Sem Idade:

13 Receitas 2 1 50,00 11 4 36,36

Cri

an

ça

0-9 Anos:

98 Receitas 45 13 28,88 53 9 16,98

Ad

ole

scen

te

10-19 Anos:

81 Receitas 24 4 16,67 57 6 10,53

Ad

ult

os

20-29 Anos:

127 Receitas 41 7 17,07 86 14 16,28

30-39 Anos:

115 Receitas 28 11 39,28 87 21 24,14

40-49 Anos:

148 Receitas 40 18 45,00 108 46 42,59

50-59 Anos:

144 Receitas 49 21 42,86 95 49 51,58

Idoso

s

60-69 Anos:

155 Receitas 77 41 53,25 78 46 58,97

70- 79 Anos:

42 Receitas 40 18 45,00 51 33 64,70

80-89 Anos: 4

Receitas 15 10 66,67 16 8 50,00

90-99 Anos: 1

Receita - - 0,00 1 - 0,00

TOTAL 361 144 39,89% 643 236 36,70%

Nota-se a partir dos dados um percentual significativo de interações medicamentosas

na faixa etária acima de 60 anos. Obteve-se para este grupo (idosos) um total de 785

medicamentos prescritos (o correspondente a 33,7% do total de 2329 medicamentos prescritos

no período), com média de 2,82 medicamentos por idoso. Destes fármacos, 169 (21,53%)

33

foram considerados inapropriados para idosos, segundo os Critérios de Beers Fick e

PRISCUS (TABELA 7).

A literatura destaca que essas versões dos denominados Critérios de Beers não

abrangem todas as principais causas de prescrição potencialmente inapropriada em idosos

nem de interações medicamentosas, não contemplando ainda situações tais como sub

dosagens medicamentosas, uso de fitoterápicos e automedicação. Critica-se a listagem, ainda,

por não considerar especificidades de prescrições regionais e incluir somente alguns

medicamentos em determinadas classes, destacando-se que os fármacos da lista não são

absolutamente contraindicados em idosos. Mesmo assim, por serem de fácil memorização e

por sua praticidade, estes critérios são vistos como úteis na prática clínica e têm sido

referenciados como um padrão para identificar o uso inadequado de medicamentos neste

segmento etário, inclusive em sistemas de saúde privados. Os critérios devem servir como um

guia e indicam a necessidade de monitoramento próximo quando algum medicamento da lista

for prescrito a um idoso (MANSO, et al. 2015).

Apesar das listas de medicamentos potencialmente inapropriados (MPI) aos idosos de

acordo com Beers-Fick (ANEXO B) definidos como fármacos com risco de provocar efeitos

colaterais superiores aos benefícios em idosos, serem auxiliares úteis na prática clínica para

essa ação preventiva, existem críticas a esses critérios, particularmente quanto a sua

abrangência medicamentosa e adaptabilidade a farmacopeias específicas em cada país.

Procurando reduzir esses aspectos merecedores de crítica dos critérios de Beers-Fick, HOLT

et al. (2010) definiram lista de MPI a idosos – denominada PRISCUS (ANEXO B) – para

utilização primariamente na Alemanha. A lista contém 83 fármacos do total de 18 classes

medicamentosas e inclui observações, mas não é adaptada a farmacopeia brasileira

(GORZONI, et al. 2012).

Além da prescrição de medicamentos inapropriados para idosos, outro agravante no

decorrer do estudo no ano de 2015 foi a relação existente entre polifarmácia e PIM, conforme

demonstrado na TABELA 2, uma vez que o risco de interação droga–droga aumenta com o

número de medicamentos usados, ocorrendo em 13% dos pacientes que tomam dois

medicamentos e em 85% dos pacientes que tomam mais de seis medicamentos

(SICRIGNOLI, et al 2016).

34

TABELA 7. Distribuição dos medicamentos inapropriados para idosos segundo Critérios de

Beers-Fick, considerando-se evidências científicas que demonstram que os riscos superam

claramente os benefícios.

Classe Terapêutica Medicamento Nº de Prescrições

Anticolinérgicos Anti-histamínicos

Dexclorfeniramina 03

Prometazina 02

Antiespasmódico Escopolamina 01

Cardiovasculares

Bloqueadores α-1 Doxazosina 09

Agonista α-1 de ação

central Metildopa 01

Antiarrítmicos Amiodarona 04

Digitálico Digoxina 08

Antagonistas dos

canais de cálcio Nifedipina 12

Diurético poupador de

potássio Espironolactona 11

Endócrinos Insulina 16

Antianêmicos Sulfato ferroso 03

Gastrointestinal

Antiemético Metoclopramida 01

Laxante Óleo Mineral 02

Antiemético Dimenidrinato 01

Dor

AINES

AAS 70

Diclofenaco 02

Ibuprofeno 21

Meloxicam 01

Relaxantes

Musculoesqueléticos Ciclobenzaprina 01

Assim, como os medicamentos potencialmente inapropriados (MPI), apesar da

evidência de resultados ruins associados ao uso, continuam a ser prescritos e utilizados como

primeira linha tratamento para alguns pacientes mais vulneráveis, a aplicação dos Critérios

permitirá um maior monitoramento do uso de drogas e melhores resultados do paciente

(CAMPANELLI, 2012). Faz-se necessário, além dos critérios, priorizar portanto o uso

racional de medicamentos, pois como descrito nas recomendações em relação à conduta

(ANEXO D), existem situações em que não se há alternativas de prescrição com relação à

35

medicamentos considerados inapropriados, como mencionado na Tabela 7: insulina, sulfato

ferroso e alguns medicamentos para tratar “dor”, uma vez que se tratando de pacientes

atendidos pelo SUS e considerando apenas os medicamentos disponibilizados gratuitamente

pelo sistema, não existem outras alternativas se não a melhor orientação do paciente,

conscientizando-o sobre os riscos e benefícios e priorizando portanto sua segurança e uma

melhor qualidade de vida dentro das condições em que se encontra (LUCCHETTI, et al.

2010; SILVA, et al. 2012).

36

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A situação de saúde da população brasileira e o atual estágio de desenvolvimento do

Sistema Único de Saúde (SUS) impõem, aos gestores, aos profissionais e aos trabalhadores da

Saúde o desafio da garantia da integralidade do cuidado. Porém a realidade observada no

município de Sinop, durante a coleta dos dados para o presente trabalho, demonstrou que

ainda estamos distantes de cumprir com esse objetivo.

Do ano de 2014 para o ano de 2015, o perfil de interações medicamentosas manteve-se

semelhante, e houve um crescimento significativo quanto ao número de fármacos

pertencentes à REMUME, contudo, o número médio de medicamentos por prescrição

aumentou o que pode estar relacionado com o maior perfil de polifarmácia no período de

2015, que está associada ao aumento do risco e da gravidade das RAM, de precipitar IM, de

causar toxicidade cumulativa, de ocasionar erros de medicação, de reduzir a adesão ao

tratamento e elevar a morbimortalidade (BRASIL, 2014). Assim, essa prática relaciona-se

diretamente aos custos assistenciais, principalmente quando estes pacientes são mais

vulneráveis, como no caso analisado em relação aos idosos.

Portando tal estudo foi de suma importância para o conhecimento do perfil das

prescrições dispensadas pela farmácia regional do município de Sinop-MT nos anos de 2014 e

2015. Pode-se perceber que o quadro apresentou algumas melhorias, porém agravantes em

falhas. Assim despertam-se novas ideias para propor melhorias no sistema como um todo,

aprimorando a qualidade dos serviços médicos e farmacêuticos, o que consequentemente pode

vir a reduzir reações adversas e a maioria das IM, potencializando a eficácia e a efetividade

dos medicamentos e garantindo a segurança do paciente e proporcionando uma melhor

qualidade de vida.

37

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43

ANEXO A

44

45

46

ANEXO B

47

ANEXO C

Medicamentos e classes terapêuticas associadas a reações adversas em idosos

SECOLI,2010

Interações medicamentosas potenciais e respectivos desfechos clínicos

SECOLI,2010

48

ANEXO D

Tabela referente aos medicamentos inapropriados e possíveis recomendações (Fonte: adaptação e

aperfeiçoamento de: http://geriatriag.dominiotemporario.com/doc/listademedicamentos.pdf)

Medicamento Motivo da inapropriação

Recomendação Recomendações

se ele não puder

ser evitado

Dexclorfeniramina

Causa efeitos anticolinérgicos

potentes, além de sedação

prolongada e fraqueza

Prometazina

Forte recomendação para

Evitar.

- Efeitos anticolinérgicos;

- Ocorre diminuição do

clearance com a idade;

- Ocorre o desenvolvimento de

tolerância quando utilizado

como hipnótico;

- Alto risco de: confusão,

xerostomia; constipação e outros

efeitos anticolinérgicos;

- Chances de ocorrer toxicidade

Para quadros de

alergia aguda, o mais

recomendado é

difenidramina;

- Fexofenadina.

Monitoramento

clínico para

eventuais

ocorrências dos

efeitos colaterais;

- Ajuste da dose

para o clearance

Escopolamina

Forte Recomendação para evitar.

-Efeitos colaterais

anticolinérgicos;

- Efetividade incerta.

-Pode ser utilizado

com a finalidade de

diminuir a

quantidade de saliva;

- Domperidona.

Monitorização

clínica para o

desenvolvimento

dos efeitos

colaterais.

Doxazosina

Potencialmente inadequado;

- Forte recomendação para evitar

o uso como antihipertensivo.

- Hipotensão;

- Xerostomia;

- Incontinência urinária;

- Efeitos no SNC: vertigem,

sonolêcia;

- Risco aumentado de

desenvolvimento de doenças

cardiovasculares e

cerebrovasculares;

- Em monoterapia para

hipertensão pode levar a ICC.

- Clonidina;

- Para hiperplasia

prostática benigna,

utilizar a terapia

combinada de

doxazosina +

finasterida.

Monitoramento da

função

cardiovascular;

- Monitoramento

de efeitos no SNC

e por outros

efeitos colaterais.

Metildopa

- Potencialmente

inadequado;

- Forte recomendação para

evitar.

- Hipotensão ortostática;

- Bradicardia;

- Clonidina. Monitoramento da

função

cardiovascular.

49

- Sedação;

- Alto risco de efeitos colaterais

no SNC

Amiodarona

Forte Recomendação para

Evitar.

- É associada com quadros

múltiplos de toxicidade,

incluindo doenças na tireóide,

desordens pulmonares e

prolongamento do intervalo QT

- Evitar o uso de

antiarrítmicos como

primeira linha de

tratamento nos casos

de

fibrilação atrial;

- Para FA: verapamil

ou digitálicos

- Monitoramento

clínico que inclui

ECG, função

pulmonar, função

tireoidiana e

possíveis

quadros de

intoxicação

Digoxina

- Potencialmente

inadequado;

- Forte recomendação para

evitar doses > 0,125 mg/dia

- Riscos de intoxicação e

elevada

sensibilidade aos glicosídeos

(principalmente em mulheres)

- Para taquicardia/

fibrilação atrial:

betabloqueadores

- Para falência

cardíaca congestiva:

diuréticos ou IECA.

Função renal

(ajuste de dose);

- Monitoramento

da função

cardíaca;

- Monitoramento

da dose

terapêutica;

- Correção da dose

em função da

idade.

Nifedipina

(liberação imediata)

- Potencialmente

inadequado;

- Forte recomendação para

evitar.

- Aumento do risco de isquemia

no miocárdio;

- Potencial para hipotensão;

- Aumento da mortalidade em

pessoas idosas.

- Clonidina;

- Nifedipino

apresentação

liberação

prolongada.

- Monitoramento

da função

cardiovascular;

- Monitoramento a

procura de edema

periférico

Espironolactona

> 25 mg/dia

Forte recomendação para

evitar (principalmente em

pacientes com falência

cardíaca e Clearance

< 30mL/min)

- Nos casos de falência cardíaca

o risco de

hipercalemia é maior em idosos

principalmente se estiverem

utilizando > 25 mg/dia ou

utilizando concomitantemente

um

AINES, IECA, bloqueador do

receptor de

angiotensina ou suplemento de

potássio

- Caso a dosagem de

espironolactona

utilizada seja > do

que 25 mg/dia e o

paciente necessite de

um maior efeito

diurético, avaliar a

possibilidade da

troca

por um diurético de

alça e em baixa

dosagem.

- Dosagem

frequente de

potássio sérico;

- Monitoramento

cardíaco através

de um ECG.

50

Insulina (escala

móvel) Riscos superam os benefícios

Monitoramento e orientação adequada

sobre o uso terapêutico Sulfato ferroso

Risco constipação em doses

superiores a 325mg/dia

Metoclopramida

Forte recomendação para evitar.

- Pode causar efeitos

extrapiramidais incluindo

discinesia tardia, sendo que o

risco pode ser ainda maior em

pacientes idosos com quadros

mais graves.

- Evitar o uso a não

ser em casos de

gastroparesias;

- Ondasentrona.

- Caso esteja

prescrito SN,

trocar por ACM.

Óleo Mineral

Forte recomendação para evitar.

- Potencial para aspiração e

efeitos adversos;

- Existem alternativas mais

seguras

- Bisacodil;

- Lactulose;

- Fleet enema.

Cuidado e

acompanhamento

da enfermagem

no momento da

administração.

Dimenidrinato

(Dramin®)

Potencialmente inadequado

- Efeitos anticolinérgicos.

- Domperidona;

- Metoclopramida

(atenção com os

efeitos

extrapiramidais).

- Monitoramento

dos efeitos

anticolinérgicos;

- Alerta sobre o

risco de quedas.

AAS

Forte recomendação para

evitar doses > 325 mg/dia

Aumenta o risco de

sangramentos no TGI e

surgimento de úlcera péptica em

grupos de alto risco, incluindo

com idade > 75 ou em uso de

corticosteróides,

anticoagulantes, ou

antiagregantes plaquetários. O

uso de inibidores da bomba

de prótons diminui mas não

elimina o risco

- Evitar o uso

crônico, a não ser

que as

outras alternativas

não sejam eficazes e

o

pacientes possa

utilizar um inibidor

da

bomba de prótons.

Monitorar

alterações no TGI,

assim como as

provas de

coagulação

sanguínea

Diclofenaco Grande propensão para causar dispepsia e pirose, além

de ulceração gástrica e duodenal. Outro efeito importante

são os distúrbios da função plaquetária, com aumento do

tempo de sangramento. Quanto à função renal, esses

AINEs podem diminuir o fluxo sanguíneo renal e a taxa

de filtração glomerular, principalmente em pacientes que

já possuem morbidades cardíacas, hepáticas e renais.

Os AINEs também promovem a retenção de sal e água,

por reduzirem a inibição da reabsorção de cloreto e da

ação do hormônio antidiurético, causando edema e

descompensação da pressão arterial em pacientes

hipertensos controlados, além de poderem levar à

hiperpotassemia.

Monitorar

alterações no TGI.

Monitorar a

terapia do paciente

Ibuprofeno

Meloxicam

Ciclobenzaprina

51