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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC MARCELO DANTAS DE OLIVEIRA SEGUNDO AVALIAÇÃO HEMATOLÓGICA EM EQUINOS DA RAÇA QUARTO DE MILHA ANTES E APÓS OS TREINOS OFICIAIS DE VAQUEJADA MACEIÓ - AL 2019/1

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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC

MARCELO DANTAS DE OLIVEIRA SEGUNDO

AVALIAÇÃO HEMATOLÓGICA EM EQUINOS DA RAÇA

QUARTO DE MILHA ANTES E APÓS OS TREINOS

OFICIAIS DE VAQUEJADA

MACEIÓ - AL 2019/1

MARCELO DANTAS DE OLIVEIRA SEGUNDO

AVALIAÇÃO HEMATOLÓGICA EM EQUINOS DA RAÇA

QUARTO DE MILHA ANTES E APÓS OS TREINOS

OFICIAIS DE VAQUEJADA

Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito final, para conclusão do curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário Cesmac sob a orientação da professora Dra. Raíssa Karolliny Salgueiro Cruz e coorientação da professora Dra. Isabelle Vanderlei Martins Bastos.

MACEIÓ - AL 2019/1

REDE DE BIBLIOTECAS CESMAC

SETOR DE TRATAMENTO TÉCNICO

O48a Oliveira Segundo, Marcelo Dantas de

Avaliação hematológica em equinos da raça quarto de

milha antes e após os treinos oficiais de vaquejada /

Marcelo Dantas de Oliveira Segundo .— Marechal Deodoro:2019

19 f.: il.

TCC(Graduação em Medicina Veterinária)- Centro Universitário

CESMAC, Marechal Deodoro, AL 2019

Orientadora: Raíssa Karolliny Salgueiro Cruz

1. Exercícios. 2. Hematologia. 3. Equinos.

I. Cruz, Raíssa Karolliny Salgueiro Cruz. II. Título.

CDU:636.1

Bibliotecário: Evandro Santos Cavalcante CRB/4

MARCELO DANTAS DE OLIVEIRA SEGUNDO

AVALIAÇÃO HEMATOLÓGICA EM EQUINOS DA RAÇA

QUARTO DE MILHA ANTES E APÓS OS TREINOS OFICIAIS

DE VAQUEJADA

Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito final, para conclusão do curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário Cesmac sob a orientação da professora Dra. Raíssa Karolliny Salgueiro Cruz e coorientação da professora Dra. Isabelle Vanderlei Martins Bastos.

APROVADO EM: 22/05/2019

Profa. Dra. Raíssa Karolliny Salgueiro Cruz - Orientadora

BANCA EXAMINADORA

Profª Dra. Muriel Magda Lustosa Pimentel

M. V. Patrícia Karla de Luna Magalhães

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente Deus por me permitir realizar esse sonho, também a

meus queridos pais Marcelo e Odete que sempre acreditaram em mim e me deram

todo apoio que precisei, nunca me deixaram fraquejar nessa caminha, me serviram

de exemplo. Me dando bons exemplos.

Aos meus irmãos, Otto, Marcela e Matheus por estarem comigo em todas as

escolhas e decisões de minha vida, pelos conselhos, abraços e puxões de orelhas,

obrigado por tudo amo cada um de vocês.

À minha amada esposa Jéssica, que é um exemplo de mãe, mulher e

companheira. À meus filhos queridos, Arthur, Rafael e Maria Liz por me fazer uma

pessoa melhor a cada dia e ser minha maior motivação.

À todos os funcionários e professores que contribuíram para a minha

formação, em especial minha orientadora, Raíssa, minha co-orientadora calmaria em

pessoa Isabelle, por toda paciência que teve comigo no laboratório, Dr Paulinho da

CEDRE, Dr Arthur Bandão por me passarem seus conhecimentos, todos os amigos

que fiz nessa jornada.

Agradeço a todos os animais que passaram na minha vida, em especial os

equinos, que são a maior paixão que tenho por terem me permitido amá-los e

despertado todo o amor que tenho por eles, em especial meus cavalos, Pônei (in

memória) e Kind Point, ao lado deles aprendi muito e tive experiências incríveis

AVALIAÇÃO HEMATOLÓGICA EM EQUINOS DA RAÇA QUARTO DE MILHA ANTES E APÓS OS TREINOS OFICIAIS DE VAQUEJADA

HEMATOLOGICAL EVALUATION IN EQUINE EUQESTS OF THE FOURTH MILE RACE BEFORE AND AFTER THE OFFICIAL TRAINS OF

VAQUEJADA

Marcelo Dantas de Oliveira Segundo Graduando do curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário Cesmac

[email protected]

Raíssa Karolliny Salgueiro Cruz [email protected]

Doutora em Clínica Veterinária pela Unesp Docente no curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário Cesmac

Isabelle Vanderlei Martins Bastos

[email protected] Doutora em Ciência Veterinária pela UFRPE

Docente no curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário Cesmac

RESUMO

A utilização de equinos em esportes equestres vem crescendo e ganhando grande espaço devido à utilização destes animais, aumentando assim o número de pesquisas nesta área. O presente estudo teve como objetivo avaliar os parâmetros hematológicos de equinos da raça Quarto de Milha em repouso e imediatamente após os treinos oficiais de vaquejada no Estado de Alagoas. Para tal, os parâmetros hematológicos foram analisados em 20 equinos da raça Quarto de Milha, de diferentes idades, pesos e de ambos os sexos. Foi realizado teste de normalidade para cada variável e para comparação das médias, foi utilizado o teste T e teste de Wilcoxon. Foram observadas elevações significativas, dentre os momentos de análise, para os valores de hemácias, hemoglobina, hematócrito, plaquetas e proteínas plasmáticas totais (PPT). Os valores de concentração de hemoglobina globular média sofreram reduções significativas entre o M0 e o M1 e as outras variáveis hematológicas oscilaram dentre os momentos de análise, mas sem apresentar significância estatística. Com base nos resultados obtidos conclui-se que a prova de vaquejada ocasiona alterações hematológicas, mas os valores da maioria dos parâmetros hematológicos permaneceram nos limites fisiológicos para a espécie.

PALAVRAS-CHAVE: Exercício. Hematologia. Equinos

ABSTRACT

The use of horses in equestrian sports has been recovering and gaining a lot of space due to the use of these animals, thus increasing the number of researches in this area. The present study had as objective to evaluate the hematological parameters of Quarter Horse horses at rest and immediately after the official trains of vaquejada in the State of Alagoas. For this, hematological parameters were analyzed in 20 Quarter Horse horses of different ages, weights and of both sexes. A normality test was performed for each variable and for comparing the means, the T test and the Wilcoxon test were used. Significant elevations were observed for the values of red blood cells, hemoglobin, hematocrit, platelets and total plasma proteins (PPT). The values of mean hemoglobin concentration were significantly reduced between M0 and M1 and the other hematological variables oscillated between the moments of analysis, but without statistical significance. Based on the results obtained it is concluded that the vaquejada test causes hematological alterations, but the values of most hematological parameters remained within the physiological limits for the species.

KEYWORDS: Exercise. Hematology. Horses

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 7 2 MATERIAIS E MÉTODOS ....................................................................................... 8 3 RESULTADOS ......................................................................................................... 9 4 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 11 5 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 15 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 16

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1 INTRODUÇÃO

A Medicina Veterinária esportiva equina vem ganhando grande espaço devido a

maior utilização destes animais em diversos esportes equestres, levando assim a um

número maior de estudos nesta área (SALES et al., 2013). Sendo assim,

conhecimentos específicos devem ser exigidos em relação ao desempenho atlético

desses animais (FRANCISCATO et al., 2006; ZOBBA et al., 2014).

Durante as atividades equestres de vaquejada, os cavalos são extremamente

exigidos e precisam ter um excelente preparo físico, podendo ocorrer variações na

fisiologia do organismo, que podem ser avaliadas com as mensurações de temperatura

corporal, batimento cardíaco e frequência respiratória (LOPES et al., 2009; ARARIPE,

2010). Para compensar as condições de estresse às quais os equinos são submetidos

durante o exercício o organismo animal reage com algumas alterações nos parâmetros

fisiológicos para adaptar-se a condição do ambiente (ALONSO et al., 2013).

De acordo com Failace (2003), o hemograma é muito utilizado para avaliação

de alterações na clínica médica equina, sendo um indicador muito preciso de

alterações que passam despercebidas ao exame clínico, além de servir como

procedimento para avaliar a saúde animal e auxiliar no fechamento de um diagnóstico.

A avaliação dos elementos celulares do sangue, quantitativamente e qualitativamente,

fornece informações indispensáveis ao controle evolutivo das doenças (FAILACE,

2009). Alguns fatores de origens intrínsecas como raça, idade, sexo, resistência,

adaptação, rusticidade ao ambiente, estresse após as competições entre outros, são

fatores que podem interferir nos parâmetros sanguíneos dos equinos (ASSENZA et al.,

2013).

Os exames laboratoriais são indispensáveis em equinos atletas, tais exames

requerem conhecimento das alterações relacionadas ao esforço físico de alta

intensidade que levam a fadiga muscular (BALARIN et al., 2006). As avaliações de

desempenho podem ser realizadas em laboratório equipado com esteira de alta

velocidade ou a campo pelo controle da velocidade por meio de cronômetros (ANGELI;

LUNA, 2008) e envolvem a avaliação das relações entre a velocidade do animal e a

frequência cardíaca, a velocidade e o lactato sanguíneo, eritrograma e leucograma pré

e pós-exercício e consumo de oxigênio (EVANS, 2007). Notadamente, as

determinações de hemograma e dos exames bioquímicos são de suma importância

8

para o início da compreensão das modificações fisiológicas que acontecem durante a

execução de determinados exercícios em cavalos atletas (CONCEIÇÃO et al., 2001).

Existem muitas pesquisas envolvendo a fisiologia do exercício e avaliando o

desempenho de cavalos atletas em provas funcionais (THOMASSIAN et al., 2007;

SALES et al., 2013). Porém, são escassas as pesquisas envolvendo equinos de

vaquejada no Estado de Alagoas, onde são submetidos a exercícios de alta

intensidade e curta duração. Objetivou-se com o presente estudo avaliar os parâmetros

hematológicos de equinos da raça Quarto de Milha em repouso e imediatamente após

os treinos oficiais de vaquejada.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

O estudo foi realizado em treinos oficiais de vaquejada, entre as 17 e 19 horas,

nas cidades de Marechal Deodoro, Pilar e Piaçabuçu, Estado de Alagoas. Os

procedimentos foram realizados após aprovação do parecer de Protocolo

Nº:01A/2018 pela Comissão de Ética no Uso de Animais do Centro Universitário

Cesmac, Maceió, Alagoas.

Foram utilizados 20 equinos da raça Quarto de Milha, sendo 4 fêmeas e 16

machos, com idade entre três e dez anos, peso médio de 400 kg, em repouso, antes

das atividades equestres e imediatamente após a derrubada de um boi na pista. Os

animais foram submetidos ao exame clínico criterioso, por meio de avaliação das

mucosas aparentes, grau de hidratação, tempo de preenchimento capilar (TPC), pulso

arterial e digital, mensuração das frequências cardíacas e respiratória e aferição de

temperatura retal para a constatação da higidez desses animais.

As amostras sanguíneas foram coletadas por venopunção da jugular externa,

em tubos de pressão negativa (Vacuette®) com ácido etileno diamino tetracético

(EDTA), armazenadas em caixas isotérmicas contendo gelo reciclável e

encaminhadas para análise no laboratório.

Para as análises hematológicas, as amostras contendo EDTA serão

homogeneizadas e imediatamente processadas em analisador hematológico

veterinário, da marca Labtest®, modelo SDH-3 VET, para obtenção de contagem de

leucócitos totais, contagem de eritrócitos, dosagem de hemoglobina, hematócrito,

volume corpuscular médio (VCM), concentração de hemoglobina corpuscular média

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(CHCM), coeficiente de variação da distribuição do diâmetro eritrocitário (RDW - Red

blood cell Distribution Width) e contagem de plaquetas.

O diferencial leucocitário será realizado através da análise microscópica de 100

células em esfregaço sanguíneo, corado com corante rápido para hematologia,

avaliado em objetiva de imersão de 100x. No mesmo esfregaço, serão avaliadas a

morfologia e presença de inclusões celulares.

As proteínas plasmáticas totais (PPT) serão determinadas pelo método de

refratometria, do mesmo modo que o fibrinogênio plasmático, seguindo a técnica de

precipitação térmica, em banho-maria a 57ºC, segundo Jain (1986).

3 RESULTADOS

Os parâmetros hematológicos oriundos dos equinos participantes das

atividades equestres de vaquejada encontram-se descriminados na tabela 1, onde

foram encontradas elevações significativas, dentre os momentos de análise, para os

valores de He (Figura 1), Hb (Figura 2), Ht (Figura 3), Plaquetas (Figura 4) e PPT

(Figura 5). Os valores de CHGM (Figura 6) sofreram reduções significativas entre o

M0 e o M1 e as outras variáveis oscilaram dentre os momentos de análise, mas sem

apresentar significância estatística (Tabela 1).

Tabela 1: Parâmetros hematológicos de 20 equinos da raça Quarto de Milha antes e após as

atividades equestres de vaquejada.

Parâmetros

M0 M1 Valores de referência

JAIN, N.C (1993)

Hemácias (µl) 7,39a±0,75 9,27

b±1,27 6,5 – 12,5

Hemoglobina (g/dL) 11,86a±1,25 14,91

b±2,02 11 – 19

Hematócrito (%) 35,97a±4,04 46,27

b±6,58 32 – 52

VGM (FI) 48,95a±2,21 49,95

a±2,11 34 – 58

HGM (PG) 16,07a±0,71 16,03

a±0,67 12 – 15

CHGM (%) 32,8a±0,73 32,1

b±1.12 31 – 37

Plaquetas (µl) 218,4a±63,5 229.368

b±92.377 100.000 – 350.000

PPT (g/dL) 6,85a±0,73 7,92

b±2,08 5,2 – 7,9

Fibrinogênio (mg/dL) 282a±181,9 262

a±153,2 100 -400

Leucócitos (µl) 8.480a±1.963 9.720

a±2.732 5.500 – 12.500

Bastonetes 0,55a±1,39 1,1

a±1,88 0 – 2

Segmentados 40,9a±27,4 35,7

a±27 30 – 65

10

Figura 1 - Distribuição e probabilidade Plot para os valores de hemácia de 20 equinos da raça Quarto de Milha antes e após as atividades equestres de vaquejada. Fonte: Dados da pesquisa.

Figura 2 - Distribuição e probabilidade Plot para os valores de hemoglobina de 20 equinos da raça Quarto de Milha antes e após as atividades equestres de vaquejada. Fonte: Dados da pesquisa.

Linfócitos 41,35a±19,25 43,25

a±19,57 25 - 70

Monócitos 6,45a±4,58 10,7

a±19,35 1 – 7

Eosinófilos 5,1a±2,77 5

a±2,85 0 – 11

Basófilos 3,4a±3,6 3,2

a±3 0 – 3

Legenda: M0= Momento zero (antes da corrida); M1= Momento pós corrida. Letras diferentes na

mesma linha apresentam significância estatística.

Figura 3 - Distribuição e probabilidade Plot para os valores de hematócrito de 20 equinos da raça Quarto de Milha antes e após as atividades equestres de vaquejada. Fonte: Dados da pesquisa.

Figura 4 - Distribuição e probabilidade Plot para os valores de plaquetas de 20 equinos da raça Quarto de Milha antes e após as atividades equestres de vaquejada. Fonte: Dados da pesquisa.

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Figura 5 - Distribuição e probabilidade Plot para os valores de PPT de 20 equinos da raça Quarto de Milha antes e após as atividades equestres de vaquejada. Fonte: Dados da pesquisa.

Figura 6 - Distribuição e probabilidade Plot para os valores de CHGM de 20 equinos da raça Quarto de Milha antes e após as atividades equestres de vaquejada. Fonte: Dados da pesquisa.

4 DISCUSSÃO

O hemograma fornece dados essenciais para investigar tanto saúde quanto

alterações de origem patológica, podendo ser utilizado na rotina para acompanhar

clinicamente o desenvolvimento e o desempenho de atletas. A diversidade de

informações que o hemograma pode fornecer torna este exame auxiliar um dos mais

requisitados (GROTTO, 2009).

De acordo com Kingston (2004), nos equinos as principais determinações

avaliadas pelo hemograma são o número de hemácias, o volume globular (ou

hematócrito) e a concentração de hemoglobina. Zobba et al. (2011) estudaram

cavalos de polo após um jogo internacional e encontraram as mesmas respostas

observadas neste estudo: aumento dos valores de eritrócitos, hemoglobina e

hematócrito. E estas elevações podem ter ocorrido, devido à liberação de

catecolaminas e consequente contração esplênica ocorrida em resposta ao

exercício, visando manter as concentrações adequadas de oxigênio nos tecidos,

principalmente muscular, diante do exercício de alta intensidade promovido pela

vaquejada, gerando aumento na capacidade aeróbica do animal, resultando em

melhor desempenho atlético (MUÑOZ et al., 1998; MCGOWAN, 2008). Alterações

nessas variáveis após o exercício também podem ser relacionadas à

12

hemoconcentração, por troca transitória de 47 fluidos intercompartimentais ou pela

perda de líquidos através da sudorese (SNOW et al., 1983), o que justificaria o

aumento significativo observado da PPT deste estudo.

Veiga et al. (2006), avaliando cavalos crioulos encontraram valores maiores

para PPT do que os descritos nesse trabalho. Lopes et al. (2009), avaliando a

influência das competições de vaquejada sobre os parâmetros indicadores de

estresse em equinos, também encontraram valores mais elevados para esta

variável, entretanto diferente do observado no presente estudo, os autores não

registraram variação estatística nos momentos em repouso e depois da prova de

vaquejada.

Ao decorrer das provas de enduro, os cavalos da raça Puro Sangue Árabe,

aumentam progressivamente o Ht e as PPT ao longo do percurso (MARTINEZ et al.,

2000). E estes autores verificaram sinais de cansaço, desidratação e fadiga pelos

cavalos durante a prova. De acordo com Kowal et al. (2006), a perda de fluidos está

relacionada com a duração e a intensidade do exercício, voltando aos valores

normais até 30 minutos depois do esforço, o que pode ter acontecido no presente

estudo para equinos da raça Quarto de Milha, participantes da modalidade

vaquejada, por tratar-se de um esporte de curta duração, os animais estudados não

apresentaram nenhum dos sinais relatados pelos autores citados acima. Entretanto,

os animais não foram avaliados 30 minutos após o exercício, mas cinco minutos

após.

Houve também aumento do número de plaquetas entre os momentos e de

acordo com alguns estudos realizados em humanos, são encontrados aumentos de

18 a 80% do número de plaquetas após sessões de exercício na esteira e em

bicicleta, de acordo com o esforço (DAVIS et al., 1990; WANG et al., 1994). O

exercício físico exerce efeito sobre vários fatores de coagulação e fibrinolíticos, bem

como sobre a função das plaquetas no sangue. Curiosamente, as sessões agudas

de exercício produzem diferentes efeitos na homeostasia em comparação com os

efeitos produzidos pelo treinamento físico (exercício crônico) (SOSSDORF et al.,

2011). Sendo assim, a elevação plaquetária não deve ser levada em consideração

quando os demais valores do hemograma estiverem dentro dos valores de

normalidade, o que aconteceu neste estudo, pois a elevação do número de

plaquetas foi decorrente da esplenocontração (RIBEIRO, 2006).

13

Boucher et al. (1981) relataram redução do VGM, porém aumento da CHGM

após prova de enduro. Já Smith et al. (1989), depois de exercício de alta velocidade,

e Pellegrini-Masini et al. (2000), após intensa atividade física, observaram elevação

do VGM e redução da CHGM, o que corrobora com o presente estudo. Segundo

Muñoz et al. (2008), a diferença entre pesquisadores pode ser explicada por

exercícios de diferentes intensidades, tempo de coleta das amostras sanguíneas,

alimentação, procedimentos analíticos, magnitude e direção de água e íons

induzidos pelo exercício.

Não houveram alterações significativas nas concentrações de leucócitos

(p>0,05). Isso se deve às condições pertinentes ao experimento; no qual os animais

estavam adaptados ao vaqueiro e ao local; pois o estresse é um dos fatores que

contribuem para a elevação na concentração de leucócitos, principalmente nos

animais resistentes a venopunção. Ao submeter o cavalo a um treinamento, deseja-

se que este induza a mudanças fisiológicas que maximizem o desempenho e

mantenha a integridade física. Sabe-se que imediatamente após o exercício existe

pouca mudança na contagem total de leucócitos e fatores como estresse e

treinamento alteram a leucometria (HINCHCLIFF et al., 2004; COSTA et al., 2015).

Ainda em relação ao leucograma, foi possível observar aumento no número

de linfócitos imediatamente após o exercício. Tal alteração se deve à

esplenocontração que ocorre em consequência da liberação de catecolaminas em

resposta ao exercício, fazendo com que o baço libere não só eritrócitos na

circulação, mas também linfócitos (SANTOS; GÓNZALES, 2006). Como o baço é

um importante produtor de linfócitos, o aumento na circulação, imediatamente após

o exercício, é proporcionalmente maior relacionado aos linfócitos do que a outros

tipos de leucócitos (ZOBBA et al., 2011). Da mesma forma, alterações leucocitárias

foram relatadas em equinos Quarto de milha submetidos à modalidade de rédeas e

team penning (KÄSTNER et al., 1999, MIRANDA et al., 2011), contudo os valores

destes parâmetros permaneceram dentro dos limites fisiológicos antes e após o

exercício, o que também foi observado no presente trabalho. Além disso, exercícios

repetitivos induzem adaptação fisiológica (MATTOSINHO et al., 2017).

Neste estudo, os animais apresentaram um aumento sem significância nos

valores de monócitos (M1) e basófilos (M0 e M1), estando esses parâmetros acima

dos limites fisiológicos para a espécie. Segundo Thrall et al. (2007), o estresse

também gerar eosinopenia e monocitose. Os animais estudados apresentaram

14

redução do número de eosinófilos e aumento do número de monócitos após o

exercício, entretanto, com permanência dos valores dentro dos limites de

normalidade dos eosinófilos, podendo esta monocitose e a basofilia ter ocorrido

devido ao estresse do exercício físico ocorrido após o treino de vaquejada.

O fibrinogênio é um indicador sensível de processos inflamatórios e é útil

como ferramenta para rastrear animais com queda de desempenho (HODGSON;

ROSE, 1994; EVANS, 2007). Nos animais estudados, o valor encontrado estava

dentro dos padrões de normalidade para todos os indivíduos, mostrando a

confiabilidade da avaliação pré-pesquisa, para inserção dos animais no projeto.

15

5 CONCLUSÃO

Os equinos atletas avaliados neste estudo através de treinos de simulação de

vaquejada encontram-se fisicamente condicionados a intensidade do exercício

proposto, apresentando um bom desempenho atlético, sendo caracterizado pelo

rápido reestabelecimento das variáveis avaliadas, estando aptos a competirem em

provas de vaquejada. A avaliação dos componentes sanguíneos se mostrou uma

importante ferramenta para a avaliação da recuperação dos animais.

16

REFERÊNCIAS

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