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UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE CIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA ANIMAL Avaliação do potencial funcional de frutos tradicionais e a sua influência na saúde Filipa Inês Brito Santos DISSERTAÇÃO MESTRADO EM BIOLOGIA HUMANA E AMBIENTE 2013

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UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE CIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA ANIMAL

Avaliação do potencial funcional de

frutos tradicionais e a sua influência

na saúde

Filipa Inês Brito Santos

DISSERTAÇÃO

MESTRADO EM BIOLOGIA HUMANA E AMBIENTE

2013

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UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE CIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA ANIMAL

Avaliação do potencial funcional de

frutos tradicionais e a sua influência

na saúde

Filipa Inês Brito Santos

Orientada por:

Doutora Helena Soares Costa - Departamento de Alimentação e Nutrição, Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, I.P.

Profª Doutora Deodália Maria Antunes Dias - Departamento de Biologia Animal, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa

DISSERTAÇÃO

MESTRADO EM BIOLOGIA HUMANA E AMBIENTE

2013

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O presente trabalho de investigação insere-se no projecto “Compostos

bioactivos e os seus benefícios para a saúde” (2012DAN730), financiado pelo Instituto

Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, I.P., e coordenado pela Doutora Helena

Soares Costa.

As referências bibliográficas apresentadas nesta dissertação encontram-se de

acordo com o estilo bibliográfico de Vancouver.

A presente dissertação não foi escrita ao abrigo do novo acordo ortográfico.

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i

Agradecimentos

A concretização desta dissertação só foi possível devido à contribuição de várias

pessoas, às quais quero agradecer.

À Doutora Helena Soares Costa que tão bem me recebeu, facultando todas as

condições para a realização da minha dissertação, ressalvando sempre o grau de

exigência necessário para a realização do trabalho.

À Mestre Tânia Albuquerque, que foi incansável no apoio, acompanhamento,

disponibilidade e indicação do melhor caminho para a composição da dissertação.

À Dra. Maria Antónia Calhau, Coordenadora do Departamento de Alimentação e

Nutrição, e ao Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, que possibilitou a

concretização deste trabalho.

À Professora Doutora Deodália Maria Antunes Dias, por ter aceitado orientar a minha

tese de mestrado e pela atenção e ajuda disponibilizados.

A todos os profissionais do Departamento de Alimentação e Nutrição que me apoiaram

e ajudaram durante todas as horas que estive no Instituto, em especial à Doutora Ana

Teresa Silva, responsável pela minha decisão em realizar a dissertação.

A todas as amigas que me acompanharam nas horas de almoço e ao longo de tantos

dias, em especial à Denise Costa, pela enorme paciência e incansável apoio moral.

Às amigas especiais e aos não menos especiais BJ com quem passei momentos

indiscritíveis e que permitiram momentos de emoção e lazer que jamais esquecerei.

A todos aqueles amigos especiais sem os quais eu não consigo viver.

À minha família que contribuiu para que pudesse fazer todo este caminho.

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ii

Resumo

A Ilha da Madeira, devido às suas condições climáticas, é um local privilegiado para a

produção de anona, fruto muito apreciado, com caraterísticas organolépticas e

nutricionais distintas, mas ainda pouco estudado no que respeita ao seu valor

nutricional e teor de compostos bioactivos. Identificar estes compostos é de extrema

importância para compreender os mecanismos de ação subjacentes e as interações

com o organismo humano, no que diz respeito aos efeitos na saúde. Para além de

avaliar a composição do alimento, é também fundamental caracterizar os subprodutos

(ex. casca e sementes), os quais podem fornecer extractos naturais de grande valor,

com aplicação na indústria alimentar, cosmética ou farmacêutica.

Neste trabalho os objectivos foram aprofundar o conhecimento sobre quatro cultivares

da espécie Annona cherimola Mill., recorrendo a técnicas cromatográficas e

espectrofotométricas, de modo a determinar o teor em carotenóides e vitaminas e

avaliar a actividade antioxidante.

De acordo com os resultados obtidos, verificou-se que a casca da anona apresentava

maior quantidade de carotenóides (luteína, β-criptoxantina, β-caroteno), em

comparação com as outras partes do fruto. A vitamina E (α-tocoferol) foi quantificada

em todas as partes do fruto, mas no caso das sementes os valores foram superiores.

Quando comparadas todas as partes do fruto (polpa, casca e sementes) dos

diferentes cultivares em estudo, verifica-se que a casca apresentou os teores mais

elevados de ácido L-ascórbico. Relativamente à avaliação da actividade antioxidante,

o cultivar Madeira apresentou uma maior actividade antioxidante, e um teor mais

elevado de compostos fenólicos e flavonóides totais.

Neste trabalho de investigação foram identificadas fontes promissoras de extractos

naturais de alto valor, que poderão vir a ter aplicação na indústria alimentar,

farmacêutica e/ou cosmética. Para além disso, este trabalho pretende contribuir com

dados fundamentais para manter a biodiversidade, promover o desenvolvimento

sustentável e a exploração de frutos tradicionais da Região Autónoma da Madeira.

Palavras-Chave: Anona, Subprodutos, Compostos bioactivos, Carotenóides,

Vitaminas, Actividade antioxidante

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iii

Abstract

Madeira Island, due to its climatic conditions, is a prime location for the production of

cherimoya, a fruit which is much appreciated, with distinct organoleptic and nutritional

characteristics, but there is a lack of information on the nutritional value and bioactive

compounds content for this fruit. Identifying these compounds is of utmost importance

to understand the underlying mechanisms of action and interactions with the human

body, with regard to the health effects. In addition to evaluating the composition of the

edible part (pulp), it is also important to characterize its by-products (e.g. peel and

seeds), which can provide natural extracts of great value, with application in the food

industry, cosmetic or pharmaceutical.

The objectives of this study were to deepen the knowledge on four cultivars of the

species Annona cherimola Mill. using chromatographic and spectrophotometric

techniques, in order to determine the contents of carotenoids and vitamins, and to

evaluate the antioxidant activity.

According to our results, it was found that the peel of cherimoya had a higher

concentration of carotenoids (lutein, β-cryptoxanthin, β-carotene) in comparison with

the other parts of the fruit. Vitamin E (α-tocopherol) was quantified in all parts of the

fruit, but the highest values were found in seeds. When comparing all parts of the fruit

(pulp, peel and seeds) of the different studied cultivars, the peel presented higher

levels of L-ascorbic acid. Regarding the evaluation of the antioxidant activity, Madeira

cultivar showed a higher antioxidant activity and a higher content of total phenolics

compounds and flavonoids.

In this study promising sources of natural extracts with high value have been identified,

that might have application in the food, pharmaceutical and/or cosmetic industries.

Furthermore, this study seeks to contribute with important data to maintain biodiversity,

promote sustainable development and exploitation of traditional fruits of the

Autonomous Region of Madeira.

Keywords: Cherimoya, By-products, Bioactive compounds, Carotenoids, Vitamins,

Antioxidant activity

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Abreviaturas

1O2 Singleto de oxigénio

ACN Acetonitrilo

ADN Ácido desoxirribonucleico

AU Absorvência

BHA 2-terc-butil-4-metoxifenol

BHT 2,6-di-terc-butil-4-metilfenol

DAD Detector de díodos

DHA Ácido desidroascórbico

DMBA 7,12-dimetilbenz(a)antraceno

DOP Denominação de Origem Protegida

DPPH• 2,2-difenil-1-picril-hidrazilo

EAG Equivalentes de ácido gálico

EC50 Concentração de extracto correspondente a 50% de inibição

EEC Equivalentes de epicatequina

H2O2 Peróxido de hidrogénio

HPLC Cromatografia líquida de alta eficiência

LDL Lipoproteínas de baixa densidade

MDA Malondialdeído

O2•- Anião superóxido

OH• Radical hidroxilo

RAE Equivalentes de actividade do retinol

RE Equivalentes de retinol

ROO• Radical peróxilo

ROS Espécies reactivas de oxigénio

Rpm Rotações por minuto

SOD Superóxido dismutase

TCA Tabela da composição de alimentos

TCEP Tris(2-carboxietil)fosfina cloridrato

TEA Trietilamina

UHPLC Cromatografia líquida de ultra eficiência

UV-Vis Ultravioleta-visível

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Índice

1. Introdução ............................................................................................................................... 1

1.1. Os frutos na alimentação .................................................................................................. 1

1.1.1. Frutos tropicais ......................................................................................................... 2

1.1.2. O género Annona ...................................................................................................... 3

1.1.2.1. A anona da Madeira....................................................................................... 4

1.1.2.2. Produção de anona em Portugal ................................................................... 4

1.1.2.3. Composição química e valor nutricional ........................................................ 5

1.1.2.4. Propriedades funcionais ................................................................................ 6

1.1.2.5. As espécies de anona.................................................................................... 7

1.2. Compostos bioactivos ...................................................................................................... 7

1.2.1. Carotenóides ............................................................................................................. 8

1.3. Vitaminas ........................................................................................................................ 12

1.3.1. Vitamina E ............................................................................................................... 12

1.3.2. Vitamina C .............................................................................................................. 14

1.4. Actividade antioxidante ................................................................................................... 16

1.4.1. Espécies reactivas de oxigénio .............................................................................. 16

1.4.2. Antioxidantes .......................................................................................................... 18

1.4.3. Os frutos como antioxidantes ................................................................................. 20

1.4.4. Técnicas para determinar a actividade antioxidante in vitro ................................... 21

1.4.4.1. Capacidade de capturar electrões ............................................................... 21

1.4.4.2. Polifenóis totais ............................................................................................ 22

1.4.4.3. Flavonóides totais ........................................................................................ 23

1.5. Subprodutos ................................................................................................................... 23

2. Objectivos ............................................................................................................................. 26

3. Materiais e Métodos ............................................................................................................. 27

3.1. Selecção e preparação de amostras .............................................................................. 27

3.2. Determinação do teor de carotenóides, retinol e α-tocoferol ......................................... 28

3.3. Determinação do teor de vitamina C .............................................................................. 34

3.4. Determinação da actividade antioxidante in vitro ........................................................... 36

3.4.1. Capacidade de capturar electrões .......................................................................... 37

3.4.2. Determinação dos polifenóis totais ......................................................................... 38

3.4.3. Determinação dos flavonóides totais ...................................................................... 39

3.5. Análise estatística ........................................................................................................... 39

4. Resultados e Discussão ...................................................................................................... 40

4.1. Carotenóides, retinol e α-tocoferol ................................................................................. 40

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4.1.1. Optimização ............................................................................................................ 40

4.1.2. Análise quantitativa dos carotenóides e α-tocoferol ............................................... 45

4.2. Vitamina C ...................................................................................................................... 53

4.2.1. Optimização ............................................................................................................ 53

4.2.2. Análise quantitativa da vitamina C .......................................................................... 53

4.3. Actividade antioxidante in vitro ....................................................................................... 58

4.3.1. Optimização ............................................................................................................ 58

4.3.2. Capacidade de capturar electrões .......................................................................... 59

4.3.3. Análise dos polifenóis e flavonóides totais ............................................................. 63

5. Conclusões ........................................................................................................................... 68

6. Bibliografia ............................................................................................................................ 71

ANEXO I ...................................................................................................................................... 82

Comunicações Nacionais e Internacionais sob a forma de poster ......................................... 83

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Índice de Figuras

Figura 1. Annona cherimola Mill. 4

Figura 2. Clivagem do β-caroteno pela enzima 15-15’ β-caroteno dioxigenase. 9

Figura 3. Classificação de antioxidantes. 19

Figura 4. Exemplo da acção de um antioxidante enzimático. 20

Figura 5. Cultivares de anona (Annona cherimola Mill.) analisados. 27

Figura 6. Diferentes partes do fruto anona (Annona cherimola Mill.) analisadas. 28

Figura 7. Metodologia aplicada para a determinação de carotenóides, retinol

e α-tocoferol nos cultivares de anona (Annona cherimola Mill.) analisados.

31

Figura 8. Principais etapas para a determinação do teor de carotenóides, retinol e

α-tocoferol. A e B – Pesagem da amostra; C e D – Extracção da amostra; e

E – Sistema cromatográfico de UHPLC.

32

Figura 9. Metodologia aplicada para a determinação do teor de vitamina C nos

cultivares de anona (Annona cherimola Mill.) analisados.

35

Figura 10. Metodologia aplicada para a determinação da actividade antioxidante nos

cultivares de anona (Annona cherimola Mill.) analisados.

37

Figura 11. Metodologias aplicadas para a preparação dos padrões dos carotenóides,

retinol e α-tocoferol.

41

Figura 12. Cromatograma ilustrativo dos padrões de carotenóides - procedimento 1.

(1) Luteína, (2) Zeaxantina, (3) β-criptoxantina, (4) Licopeno, (5) α-caroteno,

e (6) β-caroteno.

42

Figura 13. Cromatograma ilustrativo dos padrões de carotenóides - procedimento 2.

(1) Luteína, (2) Zeaxantina, (3) β-criptoxantina, (4) Licopeno, (5) α-caroteno,

e (6) β-caroteno.

43

Figura 14. Cromatograma ilustrativo dos padrões de carotenóides - procedimento 3.

(1) Luteína, (2) Zeaxantina, (3) β-criptoxantina, (4) Licopeno, (5) α-caroteno,

e (6) β-caroteno.

43

Figura 15. Cromatograma ilustrativo dos padrões de carotenóides - procedimento 4.

(1) Luteína, (2) Zeaxantina, (3) β-criptoxantina, (4) Licopeno, (5) α-caroteno,

e (6) β-caroteno.

43

Figura 16. Cromatograma ilustrativo dos padrões de carotenóides e α-tocoferol -

gradiente de eluição (22 min). (1) Luteína, (2) Zeaxantina,

(3) β-criptoxantina, (4) Licopeno, (5) α-caroteno, (6) β-caroteno, e

(7) α-tocoferol.

45

Figura 17. Cromatograma ilustrativo dos padrões de carotenóides e α-tocoferol -

gradiente de eluição (18 min). (1) Luteína, (2) Zeaxantina,

(3) β-criptoxantina, (4) Licopeno, (5) α-caroteno, (6) β-caroteno, e

(7) α-tocoferol.

45

Figura 18. Cromatograma dos padrões dos seis carotenóides. (1) Luteína,

(2) Zeaxantina, (3) β-criptoxantina, (4) Licopeno, (5) α-caroteno,

(6) β-caroteno, e (7) α tocoferol.

46

Figura 19. Cromatograma do padrão de α-tocoferol. (7) α-tocoferol. 46

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Figura 20. Cromatograma do padrão de retinol. (8) Retinol. 47

Figura 21. Cromatogramas dos carotenóides presentes na casca da anona do cultivar

Madeira, (A) sem saponificação e (B) com saponificação. (2) Luteína,

(3) β-criptoxantina, (6) β-caroteno.

48

Figura 22. Cromatograma do α-tocoferol presente na casca da anona do cultivar

Madeira, (A) sem saponificação e (B) com saponificação.

48

Figura 23. Cromatograma do padrão de ácido L-ascórbico (1 µg/mL). 54

Figura 24. Cromatograma do extracto da polpa de Annona cherimola Mill. cultivar

Madeira. (A) Ácido L-ascórbico (0,404 µg/mL). (B) Vitamina C total (5,35

µg/mL).

54

Figura 25. Teor (mg/100 g) de vitamina C total (L-ascórbico + desidroascórbico) das

diferentes partes da Annona cherimola Mill. dos quatro cultivares analisados.

57

Figura 26. Comportamento cinético do DPPH• ao longo de 30 minutos. 59

Figura 27. EC50 (mg/mL) das diferentes partes da Annona cherimola Mill. dos quatro

cultivares analisados.

61

Figura 28. EC50 (mg/mL) dos antioxidantes sintéticos analisados. 63

Figura 29. Teor de polifenóis totais (mg de EAG/100 g) das diferentes partes da Annona

cherimola Mill. dos quatro cultivares analisados.

64

Figura 30. Teor de flavonóides totais (mg de EEC/100 g) das diferentes partes da

Annona cherimola Mill. dos quatro cultivares analisados.

66

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ix

Índice de Quadros

Quadro 1. Composição nutricional (por 100 g de parte edível) da anona, baseada em

diferentes bases de dados de composição de alimentos.

6

Quadro 2. Representação estrutural dos carotenóides em estudo. 10

Quadro 3. Coeficientes de extinção (ε) e comprimentos de onda (λ) para os

carotenóides, retinol e α-tocoferol.

30

Quadro 4. Condições cromatográficas utilizadas para a análise dos carotenóides, retinol

e α-tocoferol.

33

Quadro 5. Gama de concentrações, equação das rectas de calibração e coeficientes de

determinação dos seis carotenóides e duas vitaminas.

42

Quadro 6. Gradiente de eluição para determinação dos carotenóides e vitaminas. 44

Quadro 7. Teor de carotenóides, equivalentes de retinol e equivalentes da actividade do

retinol (µg/100 g) da casca de Annona cherimola Mill. para os diferentes

cultivares.

50

Quadro 8. Teor (mg/100 g) de vitamina E (α-tocoferol) das diferentes partes da Annona

cherimola Mill. dos quatro cultivares analisados.

51

Quadro 9. Teor de vitamina C (mg/100 g) da polpa dos quatro cultivares de Annona

cherimola Mill. analisados.

55

Quadro 10. Teor de vitamina C (mg/100 g) da casca dos quatro cultivares de Annona

cherimola Mill. analisados.

55

Quadro 11. Teor de vitamina C (mg/100 g) das sementes dos quatro cultivares de Annona

cherimola Mill. analisados.

56

Quadro 12. Gama de concentrações, equação das rectas e coeficientes de determinação

dos diferentes extractos de Annona cherimola Mill. para o ensaio da

capacidade de capturar electrões.

60

Quadro 13. Gama de concentrações, equação das rectas e coeficientes de determinação

dos antioxidantes sintéticos para o ensaio da capacidade de capturar

electrões.

62

Quadro 14. Gama de concentrações, equação das rectas e coeficientes de determinação

dos padrões de ácido gálico e epicatequina.

63

Quadro 15. Coeficiente de Pearson para as correlações entre polifenóis totais,

flavonóides totais e DPPH•.

66

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Introdução

1

1. Introdução

1.1. Os frutos na alimentação

Nos últimos anos tem-se assistido a um aumento do interesse pelo papel que a

alimentação desempenha na saúde humana. Para além das propriedades nutricionais

e sensoriais, amplamente conhecidas, alguns alimentos têm sido reconhecidos por

possuir compostos que exibem uma acção protectora (1). Nesta temática, os frutos

têm sido os alimentos aos quais têm sido atribuídas mais funções de protecção.

Alguns estudos epidemiológicos têm indicado que uma alimentação equilibrada, onde

esteja incluída a ingestão de frutos e vegetais, ajuda na manutenção de uma vida

saudável, sendo o seu baixo consumo muitas vezes relacionado com o aumento da

probabilidade de incidência de doenças como a diabetes ou a obesidade (2).

A identificação de compostos bioactivos é então de extrema importância, de

modo a compreender os mecanismos de acção dos produtos naturais no organismo

humano, onde para além dos benefícios ao nível do próprio individuo, estes

compostos, isolados das fontes naturais em geral e em particular dos frutos, podem

levar ao desenvolvimento de compostos que podem potencialmente ser usados em

novas terapêuticas (2). O valor nutritivo e a actividade biológica dos frutos relacionada

com a saúde dependem não só da concentração em nutrientes, mas também do seu

teor em compostos bioactivos, bem como da quantidade que é ingerida diariamente e

da sua disponibilidade (3,4).

Nos dias de hoje a alimentação tem uma importância fundamental quando

falamos da relação dieta e saúde. Não só é importante assegurar o consumo de

alimentos variados, como também assegurar que esses alimentos possuem todos os

compostos necessários para o equilíbrio sustentável do nosso organismo. Entre os

alimentos que nos trazem um sem número de vantagens ao serem consumidos,

encontram-se os frutos. Ricos em vitaminas e compostos bioactivos, são essenciais

em qualquer dieta, encontrando-se cada vez mais variedade destes alimentos nas

sociedades mais desenvolvidas, sendo o seu baixo consumo muitas vezes relacionado

com o aumento da probabilidade de incidência de doenças como a diabetes ou

obesidade.

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Introdução

2

1.1.1. Frutos tropicais

A procura de frutos tropicais pelos consumidores tem aumentado nos últimos

anos, quer devido às mudanças do mercado global, quer pelo aumento de

conhecimento relativo às propriedades sensoriais, organolépticas, conteúdo em

vitaminas, minerais e compostos bioactivos, tais como polifenóis ou carotenóides

(5,6,7). Estes frutos tropicais, designados como ‘crescendo sob condições climáticas

específicas e num ecossistema bastante complexo’ sendo a sua produção restrita a

áreas geográficas limitadas, também são agora mais comuns nos países não tropicais

(2,6,8).

Podem ser bastante susceptíveis a perdas qualitativas e quantitativas, incluindo

perdas ao nível sensorial, microbiano e nutricional (6). Devido ao aumento da procura,

a produção tem também aumentado de ano para ano, apesar de devido à falta de

conhecimento e distância dos locais de produção em relação ao mercado do Ocidente,

muitos destes frutos continuarem a ser desconhecidos para uma grande parte dos

consumidores (2). Existe uma clara falta de informação no que diz respeito à

composição nutricional dos frutos tropicais, sendo escassa a informação sobre os

compostos bioactivos presentes nos alimentos. Esta compilação de valores relativos à

informação nutricional é muitas vezes apresentada em tabelas de composição de

alimentos e é essencial em várias vertentes, nomeadamente para avaliar os efeitos na

saúde e na doença associados ao consumo destes alimentos (6).

Há então uma necessidade de caracterizar estes frutos em termos da sua

constituição fitoquímica, valores nutritivos, níveis de bioactividade e segurança

alimentar, existindo um esforço no que diz respeito ao desenvolvimento de novas

tecnologias para identificar e avaliar a actividade biológica dos frutos (2,6).

O conteúdo em compostos bioactivos presente nos frutos e vegetais pode levar a

que estes alimentos exibam um espectro de efeitos quimioprotectivos, através de

variados mecanismos (9). Os frutos tropicais, podem ajudar a diminuir o risco de

desenvolvimento de doenças crónicas, como as doenças cardiovasculares, artrite ou

diabetes, devido ao conteúdo em micronutrientes ou à presença de compostos

bioactivos (2,9,10) estando esses efeitos benéficos associados à actividade

antioxidante destes compostos presentes em elevadas quantidades nestes frutos.

Em Portugal, a produção de frutos tropicais tem verificado um aumento nos

últimos anos, devido a uma maior procura por parte dos consumidores. Apesar do

clima em Portugal não permitir a produção de muitos frutos exóticos, a região da

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Introdução

3

Madeira possui excelentes condições para a produção de alguns frutos desta

natureza, nomeadamente a anona (6). Para além da Região Autónoma da Madeira

existe produção portuguesa de frutos tropicais ao longo da Região Autónoma dos

Açores e na Região do Algarve, nomeadamente ao nível de frutos como o ananás ou o

abacaxi (11). Para este trabalho a atenção recaiu sobre um dos frutos tropicais mais

apreciados em Portugal, a Anona.

1.1.2. O género Annona

A anona é um fruto tropical climatérico, pertencente à família das Annonaceae,

sub-familia Annonoideae e género Annona e é originária da América do Sul, estando já

descritas espécies como a Annona squamosa, Annona muricata, Annona reticulata ou

Annona cherimola (Figura 1) (12,13,14).

Os representantes do género Annona são plantas lenhosas, de porte arbóreo

ou arbustivo, de folha caduca ou semi-perene, de pequeno porte, cuja produção está

distribuída pelas regiões tropicais e subtropicais, estando presente em regiões como

África, Ásia ou sul da Europa (15,16). A sua época de produção estende-se desde

Outubro até meados de Junho, sendo os meses frios os ideias para o consumo deste

fruto, apesar de a sua perecibilidade e colheita restrita a dois meses, limitar a sua

comercialização (17). Para além disso o facto de este fruto amadurecer rapidamente

faz com que existam alterações ao nível da parece celular, levando a uma

solubilização da pectinas e hemiceluloses (18).

A árvore da anona, a anoneira, possui ramificações que variam entre 3 e 10

metros. As folhas são decíduas ou semi-decíduas devido ao pecíolo mirtiforme. Estas

são alternadas, com pecíolos pilosos, de forma oval a elíptica, com ligeira pilosidade

na parte superior da folha e aveludada na parte inferior. As flores são perfumadas,

aparecem sozinhas ou em grupos de 2 ou 3, possuem caules curtos e pilosos.

Possuem 3 tépalas exteriores, de cor verde e carnosas e 3 tépalas interiores

menores (16).

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Introdução

4

Figura 1. Annona cherimola Mill.

1.1.2.1. A anona da Madeira

A anona da Madeira (Annona cherimola Mill.) é um fruto volumoso geralmente

de casca verde e grossa, cuja polpa é bastante cremosa, doce e tem um agradável

sabor (14). Tem uma forma de coração, possuindo uma casca com algumas pequenas

protuberâncias. A sua polpa - produto obtido a partir das partes comestíveis de frutos

da mesma espécie, sem eliminação do sumo, de acordo com o Decreto-Lei

n.º 225/2003 de 24 de Setembro - é branca, cremosa e suculenta, tendo um sabor

ligeiramente ácido e delicado, com uma acentuada fragância (7,19). A cor da casca

pode variar entre o verde-claro, verde-amarelo ou verde-bronze e possui entre seis e

nove sementes por 100 g de polpa, variando entre 100 g e 2 kg de peso (19).

Em 1992, a União Europeia criou um sistema de designação de produtos de

qualidade, incluindo a Designação de Origem Protegida (DOP), Indicação Geográfica

Protegida e Especialidade Tradicional Garantida, que protege os alimentos tradicionais

registados e permite que os produtores comercializem produtos regionais de elevada

qualidade (20). Em 2000, a União Europeia concedeu à anona da Madeira o estatuto

de DOP, tornando-se a primeira fruta a nível regional a receber este grau de protecção

internacional (12).

O género Annona inclui aproximadamente 140 espécies. De entre os cultivares

de anona com maior interesse agronómico-comercial em Portugal encontram-se os

cultivares Madeira, Funchal, Perry Vidal e Mateus II, que foram objecto de estudo

neste trabalho (12).

1.1.2.2. Produção de anona em Portugal

A Região Autónoma da Madeira, devido às suas condições edafoclimáticas,

nomeadamente em termos de solo e clima, combinadas com as técnicas de cultivo e o

conhecimento da população, deram a este fruto características especiais, fazendo com

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Introdução

5

que a anona da Madeira se inclua na designação de DOP (12). Esta actividade

remonta ao tempo da colonização das Ilhas e hoje em dia desempenha um importante

papel no desenvolvimento económico da região. Depois da banana, a anona é o fruto

mais exportado da Madeira, sobretudo para o continente, sendo ainda exportada para

alguns países europeus como França ou Inglaterra (12,16).

Com uma produção estimada de cerca de 600 toneladas por ano e dado a sua

sensibilidade, a produção deste fruto gera enormes quantidades de subprodutos, que

são muitas vezes desperdiçados e utilizados como fertilizantes, apesar de existirem

estudos que colocam as sementes da anona como uma viável fonte de biodiesel

(12,16,21). Pereira et al. (2008) refere também que os subprodutos da anona podem

ser potenciais compostos a utilizar na alimentação animal (22). No entanto, a

valorização destes subprodutos carece ainda de muita investigação de modo a

entender quais as reais propriedades e aplicações da anona nas diversas indústrias.

1.1.2.3. Composição química e valor nutricional

A composição dos alimentos tem sido alvo de constante preocupação por parte

dos consumidores, que desejam ter ao seu dispor informações sobre os produtos que

ingerem, não só devido à quantidade mas cada vez mais devido à qualidade dos

mesmos. Este conhecimento permite que se possa seleccionar os alimentos de acordo

com as necessidades de cada indivíduo, facilitando muitas vezes a ligação entre a

alimentação e doenças associadas. A composição nutricional varia em função de

diversos factores, nomeadamente da espécie e variedade em questão, do

processamento pré e pós-colheita, do estado de desenvolvimento aquando da colheita

ou do clima (23).

Na literatura é atribuído à anona um valor calórico de cerca de 75 calorias por

100 gramas, possuindo elevadas quantidades de água, açúcares, hidratos de carbono,

aminoácidos e proteínas, baixo conteúdo em colesterol (5,16,24). Apresenta uma

relativa variedade de vitaminas (B1, B2, B3, B6 e C), apesar do seu teor em vitamina A

ser reduzido (16). É característica a apresentação de um elevado conteúdo em

polifenóis totais, particularmente flavonóides, para além de ser rica em fibra e conter

um elevado teor de minerais, nomeadamente ferro, cálcio, fósforo, potássio (Quadro 1)

(5,14,16).

As propriedades benéficas atribuídas aos frutos do género Annona parecem

ser significativamente influenciadas pelo conteúdo em nutrientes e em diversos

compostos bioactivos, estando as propriedades antioxidantes intimamente

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Introdução

6

relacionadas com a presença de esteróis vegetais, flavonóides, polifenóis ou com a

composição em ácidos gordos (24,25).

Quadro 1. Composição nutricional (por 100 g de parte edível) da anona, baseada em diferentes bases de dados de composição de alimentos.

USDA Danish TCA

Valor energético (kcal) 75 79 75

Macronutrientes

Cinza (g) 0,65 0,6 0,55

Água (g) 79,4 79,4 77,7

Proteína (g) 1,57 1,7 1,7

Lípidos totais (g) 0,68 0,6 0,4

Hidratos de carbono (g) 17,7 17,7 16,8

Fibra alimentar (g) 3 2,3 2,4

Amido (g) 0,0 --- 2

Açúcares totais (g) 12,9 --- ---

Minerais

Cálcio (mg) 10 8 6

Ferro (mg) 0,27 0,3 0,3

Magnésio (mg) 17 --- 23

Fósforo (mg) 26 26 31

Potássio (mg) 287 --- 235

Sódio (mg) 7 --- 11

Zinco (mg) 0,16 --- 0,2

Vitaminas

Vitamina C (mg) 12,6 11,5 17

Vitamina E (mg) 0,27 --- 0,1

Vitamina A (IU) 5 6 6

Danish – Danish Food Composition Databank (Adaptado de: http://www.foodcomp.dk/v7/fcdb_ default.asp), TCA – Tabela da Composição de Alimentos (Adaptado de: Tabela da Composição de Alimentos. Centro de Segurança Alimentar e Nutrição. Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge. 1.ª Edição (Reimpressão). Lisboa, 2007.), USDA – United States Department of Agriculture (Adaptado de: http://ndb.nal.usda.gov/)

1.1.2.4. Propriedades funcionais

A anona é bastante usada na indústria de produtos naturais, devido à elevada

presença de metabolitos secundários que possuem actividade antimicrobiana,

anti-inflamatória e mesmo citogenotóxica (14,26,27).

Para além das propriedades antimicrobianas, já foi comprovado cientificamente

que este fruto possui uma elevada actividade antioxidante. A actividade antioxidante

da anona pode ser atribuída à inibição e supressão da formação de espécies reactivas

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Introdução

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de oxigénio (ROS) quer seja por inibição de enzimas ou por quelação de elementos

envolvidos na formação de radicais livres (24). Para além destas propriedades, as

anonas apresentam elevadas quantidades de um composto exclusivo da família

Annonaceae, as acetogeninas, compostos que exibem um largo espectro de

propriedades biológicas, como actividades citotóxica, imunossupressora, pesticida,

antiparasita, antimicrobiana e especialmente antitumoral (16,28). O consumo deste

fruto pode não só suprir as carências a nível de certas vitaminas, mas também

representar uma fonte de compostos bioactivos que podem prevenir ou atenuar a

progressão de vários problemas relacionados com o stress oxidativo, nomeadamente

a nível cardiovascular, neuro degenerativo, ou oncológico (5,7,24,28).

1.1.2.5. As espécies de anona

De acordo com o estudo de Gupta-Elera et al. (2011), parece ser benéfico

consumir todos os componentes da anona, apesar de ser o sumo do fruto o que

apresenta maior potencial antioxidante em condições de stress oxidativo (28).

Diversas espécies de anonas já foram alvo de variados estudos de modo a

perceber os seus efeitos benéficos na saúde humana, nomeadamente a Annona

squamosa, que segundo Suresh et al. (2006), tem um potente papel quimioprotectivo

da carcinogénese oral induzida pela genotoxicidade do 7,12-dimetilbenz(a)antraceno

(DMBA), além de ter uma elevada actividade antioxidante e actuar ao nível de

problemas cardíacos ou úlceras, tal como a Annona salzmannii A. Dc (29-34). As suas

sementes mostraram também um elevado conteúdo em acetogeninas, que são

conhecidas por inibir células tumorais resistentes a múltiplas drogas (35). No caso da

casca da Annona reticulata L., esta tem sido apontada como agente inflamatório, e

analgésico (36). Também os subprodutos da Annona muricata (cascas e folhas) e da

Annona senegalensis (raízes) apresentam actividade antibacteriana e antifúngica,

além do poder antioxidante das acetogeninas, e da sua capacidade de actuar contra

células cancerígenas (37-39). Lima et al. (2012) associou também as sementes de

Annona carnifolia a efeitos citocidas e antioxidantes (40).

1.2. Compostos bioactivos

Nos últimos anos tem-se verificado um aumento do interesse noutros

compostos presentes na alimentação para além dos nutrientes, que influenciam a

saúde e o bem-estar dos consumidores. Estes compostos são denominados

compostos bioactivos, sendo definidos como “constituintes não-nutritivos e inerentes

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Introdução

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aos alimentos, que quando ingeridos estão associados a efeitos promotores ou

benéficos para a saúde” (41).

Os compostos bioactivos estão presentes em níveis significativos nos

alimentos designados como funcionais ou nutracêuticos. São estas as substâncias

bioactivas, constituintes naturais nos alimentos, que providenciam benefícios na saúde

que vão para além do valor nutricional básico do produto (42). Estes variam

consideravelmente no que diz respeito à sua estrutura química e função biológica, mas

apresentam características em comum, como o facto de pertencerem a alimentos do

reino vegetal, serem substâncias orgânicas com baixo peso molecular e não serem

indispensáveis nem sintetizados pelo organismo (43).

Já muito tem sido feito na identificação dos vários compostos bioactivos,

tornando-se cada vez mais uma área de interesse devido aos avanços tecnológicos na

determinação da sua estrutura e constituindo uma oportunidade no campo da

investigação destes componentes de frutos e vegetais, principalmente relativo aos

frutos tropicais, abrindo perspectivas de desenvolvimento de novos produtos

orientados para mercados relacionados com a saúde dos consumidores (2).

Apesar do ponto de vista nutricional os frutos serem maioritariamente

consumidos, existem partes dos frutos que não são comestíveis, mas que apresentam

tanta ou maior actividade biológica do que a parte edível do próprio fruto, tornando-se

essencial caracterizar também os compostos bioactivos presentes nestes subprodutos

(2). A quantidade e concentração de compostos bioactivos podem variar em função do

tipo de cultivar, estado de maturação do fruto, condições de armazenamento,

processamento e do local dentro do próprio fruto (23).

Devido ao interesse manifestado pelos compostos bioactivos com actividade

antioxidante, presentes nos alimentos, onde se incluem diversas classes como as

vitaminas, carotenóides ou polifenóis segue-se uma breve descrição dos compostos

bioactivos com maior relevância nos estudos de investigação (44).

1.2.1. Carotenóides

Os carotenóides são pigmentos naturais dos frutos e vegetais, responsáveis

pelas cores amarela, laranja ou vermelha dos frutos, tais como a papaia ou os

alperces (45). Do ponto de vista químico, estes compostos dividem-se em dois grupos:

a) carotenos e b) xantofilas (46). Os carotenos (ex. β-caroteno e licopeno), que apenas

contém átomos de carbono e hidrogénio e xantofilas, que são derivados oxigenados

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Introdução

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(ex. luteína), contendo também átomos de oxigénio na sua estrutura (47). A

representação estrutural dos carotenóides em estudo está apresentada no Quadro 2.

A sua característica estrutural baseia-se num esqueleto de tetraterpeno,

consistindo num sistema de ligação dupla conjugado, que influencia as suas

propriedades químicas e bioquímicas (45,46). A composição em carotenóides nos

alimentos é influenciada por diversos factores, tais como a espécie e variedade do

fruto, a parte da planta consumida (maioritariamente na superfície dos tecidos, como a

casca), o estado de maturação, o local de produção ou ainda as condições de

processamento e armazenamento (45). Os factores naturais fazem também variar o

conteúdo em carotenóides, nomeadamente o solo, a luz ou a temperatura (48,49).

Apesar da comum ocorrência dos carotenóides na natureza, o organismo

humano não possui a capacidade de os sintetizar, sendo que apenas cerca de 40 dos

700 carotenóides descritos na literatura conseguem ser absorvidos, metabolizados

e/ou usados pelo nosso organismo, dependendo sempre de características como a

matriz alimentar ou o tipo de alimentos ingeridos (50).

Fazemos portanto uso destes carotenóides para, por exemplo, obtermos o

fornecimento necessário de provitamina A. O organismo humano consegue

metabolizar estes carotenóides em vitamina A (retinol), onde cerca de 10% destes

compostos possuem a estrutura principal necessária para esta conversão,

designadamente um anel β-ionona não substituído, com uma cadeia lateral poliénica

com um mínimo de 11 carbonos (50,51). Esta conversão é feita pela enzima 15-15’

β-caroteno dioxigenase, que divide o β-caroteno na dupla ligação central 15-15’

(Figura 2).

Figura 2. Clivagem do β-caroteno pela enzima 15-15’ β-caroteno dioxigenase. Adaptado de: Garcia EF, Lérida IC, Galán MJ, Fernández JG, Gálvez AP, Méndez DH. Carotenoids bioavailability from foods: From plant pigments to efficient biological activities. Food Res Int 2012; 46:438-450 (50).

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Introdução

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Quadro 2. Representação estrutural dos carotenóides em estudo.

Denominação IUPAC Nome Comum Fórmula Estrutura

1,3,3-trimetil-2 ((1E,3E,5E,7E,9E,11E,13E,15E,17E)-3,7,12,16-tetrametil-18-(2,6,6-trimetilciclohex-2-en-1-il)octadeca-1,3,5,7,9,11,13,15,17-nonaenil)ciclohexano

α-caroteno C40H56

1,3,3-trimetil-2-((1E,3E,5E,7E,9E,11E,13E,15E,17E)-3,7,12,16-tetrametil-18-(2,6,6 trimetilciclohexen-1-il)octadeca-1,3,5,7,9,11,13,15,17-nonaenil)ciclohexano

β-caroteno C40H56

4-((1E,3E,5E,7E,9E,11E,13E,15E,17E)-18-(4-hidroxi-2,6,6-trimetilciclohex-2-en-1-il)-3,7,12,16-tetrametiloctadeca-1,3,5,7,9,11,13,15,17-nonaenil)-3,5,5-trimetilciclohex-3-an-1-ol

Luteína C40H56O2

1R)-4-((1E,3E,5E,7E,9E,11E,13E,15E,17E)-18-((4R)-4-hidroxi-2,6,6-trimetilciclohexan-1-il)-3,7,12,16-tetrametiloctadeca-1,3,5,7,9,11,13,15,17-nonaenil)-3,5,5-trimetilciclohex-3-an-1-ol

Zeaxantina C40H56O2

(6E,8E,10E,12E,14E,16E,18E,20E,22E,24E,26E)-2,6,10,14,19,23,27,31-octametildotriaconta-2,6,8,10,12,14,16,18,20,22,24,26,30-tridecaeno

Licopeno C40H56

(1R)-3,5,5-trimetil-4-((1E,3E,5E,7E,9E,11E,13E,15E,17E)-3,7,12,16-tetrametil-18-(2,6,6-trimetilciclohexen-1-il)octadeca-1,3,5,7,9,11,13,15,17-nonaenil)ciclohex-3-an-1-ol

β-criptoxantina C40H56O

Adaptado de: The PubChem Project (Online). 2013 Julho 10; Disponível em URL: http://www.pubchem.ncbi.nlm.nih.gov/ e de ChemSpider The free chemical database (Online). 2013 Julho 15; Disponível em URL: http://www.chemspider.com/ IUPAC - “International Union of Pure and Applied Chemistry”

O β-caroteno, α-caroteno e β-criptoxantina são os compostos que apresentam

pelo menos um dos anéis β-ionona não substituído, sendo o β-caroteno o mais

representativo e o que apresenta maior actividade provitamínica, dado que cada

molécula de β-caroteno consegue produzir duas de retinol, ocorrendo posteriormente a

redução a vitamina A (45,50).

Os carotenóides desempenham funções, designadamente como antioxidantes

e potenciadores de resposta imunitária, tendo um papel preponderante em termos de

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Introdução

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efeitos benéficos para a saúde, designadamente na melhoria do sistema imunitário e

redução do risco de algumas doenças degenerativas, nomeadamente o cancro,

doenças cardiovasculares e degeneração macular (45, 52-54). Este papel antioxidante

está relacionado com a capacidade que os carotenóides possuem em bloquear e

inactivar as espécies reactivas de oxigénio (ROS), onde podem, por exemplo, reagir

com um radical peróxilo (ROO•) dando origem a produtos inactivos (55).

A acção sobre o singleto de oxigénio (1O2) é também bastante conhecida,

sendo que a capacidade de bloquear estes radicais livres depende do número de

ligações duplas conjugadas dos carotenóides e do tipo e número de grupos funcionais

na estrutura em anel das moléculas. Para existir um efectivo bloqueio dos singletos de

oxigénio, o composto tem de possuir no mínimo 7 ligações conjugadas, sendo que à

medida que este número aumenta, vai aumentar também a eficiência do efeito

bloqueador (45,56). Esta relação directa entre os efeitos benéficos na saúde e o

consumo de alimentos ricos em carotenóides tem de ser feita com algumas reservas,

na medida em que os efeitos na saúde podem estar também dependentes dos outros

compostos ingeridos em conjunto com os carotenóides (50). É importante também ter

em conta que tal como alguns compostos, o β-caroteno pode actuar como

pro-oxidante quando se apresentam elevadas quantidades de oxigénio (56).

Os métodos analíticos mais frequentemente utilizados para a quantificação de

carotenóides baseiam-se na extracção e saponificação, seguida de cromatografia

líquida de alta eficiência (HPLC), que nos permite fazer uma análise robusta e

sensível, permitindo separar os carotenóides e quantificá-los com grande precisão. Ao

sistema de HPLC está normalmente acoplado um detector de díodos (DAD),

possibilitando a identificação dos compostos (47). Este processo é geralmente

demorado e abrange custos elevados, limitando a análise destes compostos (57).

Atendendo a este facto as etapas preliminares à análise cromatográfica são de

extrema importância. A saponificação, processo essencial para simplificar a

separação, remove substâncias que podem interferir com a análise cromatográfica,

nomeadamente a clorofila ou compostos lipídicos. Há que ter no entanto cuidados,

pois existe sempre o risco de perdas de amostra, não sendo indicado no caso de

análise de compostos sensíveis, ou quando a amostra analisada não é rica em

lípidos (45).

Entre as metodologias alternativas ao HPLC, surgem a cromatografia em

camada fina (TLC) ou a cromatografia em coluna aberta (OCC). A primeira possui uma

desvantagem na altura da adsorção dos compostos na placa, estando sujeitos à

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Introdução

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degradação e isomerização, sendo no entanto utilizada para fazer uma análise

preliminar rápida, para isolar e purificar os carotenóides (45,57). A cromatografia em

coluna aberta tem uma desvantagem em relação ao HPLC, a coluna utilizada tem de

ser empacotada com resina para cada análise, aumentando a exposição dos

compostos à luz ou ao ar. Também a cromatografia gasosa é inapropriada para a

determinação destes compostos, dado a termolabilidade e baixa volatilidade dos

carotenóides (45,59). Recentemente tem emergido a cromatografia líquida de ultra

eficiência (UHPLC), que oferece uma separação mais rápida e eficiente, uma maior

resolução, sensibilidade, e um significativo decréscimo no tempo de análise e

consumo de solventes da fase móvel (59,60).

A fase móvel é também um componente bastante importante quando falamos

da análise de carotenóides. Acetonitrilo (ACN) e metanol ou uma mistura destes

solventes são as fases móveis mais usadas, recorrendo-se por vezes à adição de

modificadores da fase móvel como a trietilamina (TEA) ou acetato de amónio para

reduzir a perda ou degradação dos compostos. As características da coluna são

também importantes, dado que alterações ao nível da temperatura podem alterar

significativamente a análise (46).

A análise dos carotenóides nem sempre é fácil, nomeadamente no que diz

respeito à obtenção e armazenamento de padrões com elevados graus de pureza e

devido ao facto de serem compostos muito susceptíveis à isomerização e oxidação

durante a análise (45,61). Os carotenóides surgem também em grande número,

variando quantitativa e qualitativamente entre os alimentos, havendo uma desigual

distribuição destes compostos nas amostras. Para minimizar os problemas inerentes à

análise dos carotenóides, espera-se que esta se faça no mínimo de tempo possível,

em condições desprovidas de grandes quantidades de oxigénio e protegida da luz,

evitando altas temperaturas. Muitas vezes a análise não consegue ser realizada logo

após a recolha, não sendo possível evitar as alterações durante o armazenamento,

sendo sugerido um processo de liofilização, processo que também por si pode

provocar a degradação dos compostos (58).

1.3. Vitaminas

1.3.1. Vitamina E

Vitamina E é o nome genérico usado para descrever um grupo de compostos,

nomeadamente tocoferóis e tocotrienóis, que partilham uma estrutura em comum, com

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Introdução

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uma anel cromanol e uma cadeia lateral isoprenóide (62). É uma vitamina lipossolúvel

que se pode apresentar na natureza sob a forma de 8 estereoisómeros, α-, β-, γ-,

δ-tocoferol e α-, β-, γ-, δ-tocotrienol. Estes compostos diferem no número e posição

dos grupos metilo ligados ao anel cromanol, sendo o α-tocoferol a forma mais activa

nos humanos e o primeiro análogo de vitamina E a ser reconhecido (54,62,63). É

também o α-tocoferol o único que preenche os requisitos do organismo em relação a

esta vitamina, pois é o único que consegue reverter os sintomas da deficiência em

vitamina E (64).

Entre os alimentos mais ricos em vitamina E, destacam-se os cereais, as nozes

e as amêndoas, sendo o seu óleo bastante rico em α-tocoferol (64). A vitamina E

parece ter efeitos anticancerígenos, cardioprotectores e neuro protectores, ao possuir

a capacidade de reduzir a concentração de dióxido de nitrogénio (NO2), além de

possuir actividade anti-inflamatória e antioxidante (56,62,63). Devido ao facto de ser

lipossolúvel, o α-tocoferol protege as membranas celulares dos danos causados pelos

radicais livres, actuando ao nível da protecção contra a peroxidação lipídica,

protegendo os fosfolípidos e o colesterol contra a oxidação e consequente formação

de produtos nocivos para o organismo. Em relação aos benefícios do próprio fruto, a

vitamina E tem o poder de proteger os lípidos insaturados contra a oxidação,

permitindo a sua conservação (62).

Quando a vitamina E está presente, o grupo -OH no anel cromanol vai reagir

com o radical peróxilo e formar um radical tocoferoxilo e um hidroperóxido lipídico.

Assim sendo a vitamina E actua como um antioxidante de quebra de cadeia, fazendo

com que os radicais peróxilo ataquem mais facilmente a molécula de vitamina E do

que os ácidos gordos polinsaturados. Estes radicais tocoferoxilo podem reagir com

outros radicais e formar produtos não-reativos ou podem ser reconvertidos à forma

não oxidada, através de outros antioxidantes, nomeadamente a vitamina C. No

entanto, este processo de ‘reciclagem’ da vitamina E pode fazer com que haja uma

depleção dos outros antioxidantes, sendo necessário assegurar a manutenção dos

níveis adequados destes antioxidantes presentes na alimentação de forma a manter

as concentrações de vitamina E (64).

Tal como nas restantes vitaminas, elevadas doses de α-tocoferol podem levar a

efeitos nefastos para a saúde dos consumidores, nomeadamente devido à presença

do radical tocoferoxilo, que ao possuir um tempo de vida longo pode reiniciar a

peroxidação lipídica, se não estiverem outros antioxidantes presentes para reagir (64).

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Introdução

14

O método analítico HPLC tem sido a técnica mais utilizada para a

determinação dos diferentes tocoferóis, permitindo o uso de solventes orgânicos de

modo a favorecer a solubilidade dos lípidos (62). Esta técnica possui vantagens sobre

outras como a fluorimetria ou cromatografia gasosa, devido à sua maior rapidez ou

capacidade de ultrapassar possíveis interferências com certas impurezas (65).

Podemos hoje em dia utilizar esta técnica para determinar as várias formas de

vitamina E potencialmente presentes nas diversas matrizes alimentares, permitindo

que haja uma maior informação sobre a composição alimentar (66).

1.3.2. Vitamina C

O ácido L-ascórbico, vulgarmente conhecido como vitamina C, é uma vitamina

hidrossolúvel e uma das mais importantes presentes nos alimentos, principalmente em

frutos e vegetais, sendo bastante usada como suplemento alimentar e antioxidante

(6,54). A vitamina C engloba todos os compostos que exibem actividade biológica

equivalente ao ácido ascórbico, incluindo os seus produtos de oxidação, esteres e

formas sintéticas (67). Nos humanos, devido à ausência da enzima L-gulonolactona

oxidase, não se consegue sintetizar esta vitamina, sendo necessário para o seu aporte

o consumo de alimentos (68).

Devido ao facto da vitamina C ser um composto solúvel em água, é facilmente

absorvida, não ficando armazenada no organismo. O ácido ascórbico está

maioritariamente presente em frutas frescas e vegetais, para além de estar presente

em frutos como a laranja, limão, manga, entre outros (68).

O ácido L-ascórbico (forma reduzida) e o ácido desidroascórbico (forma

oxidada) são as duas formas principais de vitamina C encontradas nos alimentos,

sendo importante quantificar ambas as formas de modo a determinar correctamente o

conteúdo total em vitamina C (67,68). É conhecida a capacidade da vitamina C doar

electrões, sendo que esta vai sequencialmente doar dois electrões da dupla ligação

C2-C3, formando um composto intermediário instável, denominado ácido semi-

desidroascórbico. Este composto não é muito reactivo e não tende a interagir com

outros compostos para formar espécies reactivas, sendo possível a sua conversão a

ascorbato (56,64). A oxidação do ácido semi-desidroascórbico leva posteriormente à

formação do ácido desidroascórbico, que pode ser também reduzido a ascorbato,

através de reacções enzimáticas (64).

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Introdução

15

A forma reduzida do ácido ascórbico é a forma biológica mais activa desta

vitamina, sendo um eficaz antioxidante, devido ao seu elevado poder em doar

electrões e rápida conversão à sua forma reduzida (6). É também bastante susceptível

à oxidação quando na presença de iões metálicos, como o Cu2+ ou Fe2+, sendo esta

oxidação influenciada por factores como o calor, luz, pH ou concentração de

oxigénio (56).

A actividade antioxidante baseia-se maioritariamente na doação de um átomo

de hidrogénio para os radicais lipídicos, no bloqueio do singleto de oxigénio e remoção

do oxigénio molecular, sendo a primeira linha de defesa contra as ROS em meio

aquoso (56).

A vitamina C e a vitamina E possuem uma inter-relação, na medida em que

atuam de forma sinérgica na interface membrana-citosol, regenerando a vitamina E

oxidada que se encontra ligada à membrana (69). Dado que a vitamina E é um

antioxidante lipofílico, esta vai reagir com os componentes lipídicos das membranas,

protegendo-os dos danos oxidativos. A vitamina E vai sofrer assim uma oxidação,

ocorrendo a transformação em radicais tocoferoxilo reativos, que podem reagir com os

lípidos insaturados, dando inicio à oxidação lipídica, com efeito pro-oxidante (70).

Para evitar esta situação o ácido ascórbico vai reduzir a vitamina E à sua forma

inicial, através do ião ascorbato, que reage com o radical tocoferoxilo, através da

doação de átomos de hidrogénio (56,69). O ascorbato pode também actuar como

bloqueador de radicais aquosos directamente no plasma, antes destes oxidarem a

vitamina E na fase lipídica (70). É preciso no entanto ter em conta que em elevadas

doses o ácido ascórbico, ao doar hidrogénios, fica passível de receber electrões,

podendo apresentar também ele actividade pró-oxidante (71).

O escurecimento que aparece nos frutos parece levar a uma perda da

capacidade destes para regenerar o ácido ascórbico, sendo este responsável por

prevenir os danos oxidativos ocorridos no fruto (72). O conteúdo em ácido ascórbico

pode ser afectado por muitos factores, nomeadamente factores genéticos, ambientais,

estados de maturação e práticas agrícolas (67,73). Sanchez et al. (2003) encontrou

também variações dentro do próprio fruto, ocorrendo diferenças nos conteúdos de

ácido ascórbico entre a polpa e a casca (72).

O consumo de vitamina C parece diminuir o risco de diversas doenças

crónicas, nomeadamente doenças cardiovasculares, diabetes, cancro ou doenças

neurodegenerativas (6). Desempenha também um papel bastante importante na

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Introdução

16

manutenção do colagénio, que representa cerca de um terço do total da proteína

corporal. Para além disso, intervém na reparação de feridas e nos processos de

reparação de tecidos, pois estimula a síntese de colagénio (68). Ingerir sumo de

laranja, rico em vitamina C, está relacionado com o aumento das concentrações de

vitamina C no plasma e redução do stress oxidativo in vivo, através da diminuição da

concentração de biomarcadores e de ácido úrico (74).

Existem variados métodos analíticos para determinar a vitamina C,

nomeadamente métodos titulométricos e espectrofotométricos. Relativamente às

titulações, apesar de simples e pouco dispendiosas não conseguem calcular o ácido

desidroascórbico, pois apenas quantificam o ácido ascórbico. Métodos analíticos como

a cromatografia líquida não necessitam de uma grande quantidade de amostra,

minimizam perdas devido à degradação das amostras, além de permitirem fazer a

análise simultânea do ácido desidroascórbico e do ácido ascórbico (75).

1.4. Actividade antioxidante

1.4.1. Espécies reactivas de oxigénio

Um radical livre pode ser um átomo ou uma molécula, contendo um ou mais

electrões desemparelhados, apresentando forte reactividade com a maioria das

espécies químicas, levando à sua oxidação. Os radicais livres derivados de oxigénio

são conhecidos como ROS e responsáveis por causar diversos efeitos no

organismo (55).

As ROS podem surgir como consequência de processos celulares de

oxidação-redução na cadeia respiratória mitocondrial, pela β-oxidação de lípidos ou

processos de inflamação (30,54). As ROS que circulam pelo organismo, tendem a

reagir com os electrões de outras moléculas presentes no nosso corpo, afectando

vários sistemas enzimáticos e causando danos que podem contribuir para vários

problemas de saúde, induzindo danos a variadas biomoléculas, como os ácidos

nucleicos ou proteínas (30). As ROS são capazes de iniciar reacções em cadeia que

propagam danos oxidativos, levando a modificações no ácido desoxirribonucleico

(ADN), nomeadamente ao nível das bases de purina e pirimidina ou levar mesmo à

carcinogénese (28). Estas alterações podem contribuir para o aparecimento de

doenças como o cancro, aterosclerose, doenças cardiovasculares e outras doenças

inflamatórias, bem como processos de envelhecimento (5,54). De entre os

componentes celulares susceptíveis de sofrer a acção dos radicais livres, as

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Introdução

17

mitocôndrias são um dos alvos mais fáceis para este ataque. Devido ao facto de a

cadeia respiratória ser constituída por proteínas transmembranares situadas na

membrana mitocondrial interna, vai ocorrer uma formação de ROS muito perto desta

membrana, existindo uma facilidade no acesso aos lípidos constituintes da membrana,

levando a que ocorra um processo denominado peroxidação lipídica (55).

A peroxidação lipídica vai levar à formação de um radical peróxilo, radical esse

que se não for neutralizado por antioxidantes, vai rapidamente desencadear um

fenómeno de propagação da peroxidação lipídica reagindo com outros lípidos

adjacentes. Esta reacção em cadeia pode suscitar danos potencialmente muito

superiores às ROS que iniciaram a reacção. Pode ainda ser formado um composto

citotóxico e mutagénico, o malondialdeído (MDA), que pode causar lesões em outros

constituintes celulares como as proteínas ou o ADN (54,55,76).

Mas as fontes endógenas não são as únicas responsáveis pela formação

destes radicais livres. Existem inúmeros factores ambientais que podem causar a

formação de radicais livres, como por exemplo o fumo do tabaco ou a radiação ultra

violeta, que após penetrarem no organismo são decompostos ou metabolizados em

espécies reactivas (54).

As ROS desempenham um duplo papel actuando tanto como compostos

tóxicos como benéficos. Estes, quando presentes em baixas quantidades tendem a

exercer efeitos que podem ser considerados benéficos para varias funções celulares

ou para a resposta imunitária. São também necessários na maturação de estruturas

celulares, podendo actuar em mecanismos de defesa e em diversos processos

fisiológicos de sinalização e regulação (54,55). Apesar de o oxigénio molecular ser

essencial para as funções aeróbias, a produção contínua de ROS e a sua remoção

através dos diversos mecanismos de defesa antioxidante, resultam num balanço que

se pensa ser indispensável para o funcionamento do organismo (55).

Numa célula normal existe um equilíbrio entre os compostos químicos capazes

de produzir espécies reactivas com potencial tóxico, os pró-oxidantes e os

antioxidantes (30). Mas quando a produção de ROS excede a actividade antioxidante

ou quando as células não conseguem destruir adequadamente os radicais livres em

excesso que se formaram, ocorre o processo deletério que se denomina stress

oxidativo. Nestas situações as ROS em excesso podem oxidar e danificar

drasticamente as membranas celulares e outras estruturas como proteínas, levando à

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Introdução

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sua modificação e frequentemente à sua inutilização, inibindo a sua função normal

(54,55).

Existem vários tipos de ROS, onde se incluem espécies químicas derivadas do

oxigénio, tais como o anião superóxido (O2•−), peróxido de hidrogénio (H2O2), ou o

radical hidroxilo (OH•) (10). O O2•− é formado nas mitocôndrias, através da adição de

um electrão ao oxigénio molecular (O2), electrões esses provenientes da cadeia

respiratória, que erradamente reduzem o O2 a um radical livre em vez de o reduzir a

moléculas de água (55). Esta espécie química pode interagir com outras moléculas e

formar outros radicais, nomeadamente o H2O2, ou o OH•, estando deste modo

associado quer directa quer indirectamente à indução de diversos danos em moléculas

como proteínas ou ADN (76). O OH• é considerado o ROS mais reactivo, sendo que

causa um maior número de danos, nomeadamente ao nível do ADN e das suas bases,

afectando tanto purinas como pirimidinas, levando a processos de mutagénese,

carcinogénese e envelhecimento (55).

A eliminação destes radicais é então fundamental para os organismos vivos,

pois para além da sua acção, estes podem reagir entre si provocando efeitos bastante

danosos para diversos componentes do organismo (5). Além das defesas endógenas

que o nosso organismo tem, existe um grande número de moléculas naturais ou

sintéticas com propriedades antioxidantes e que podem ser considerados como um

mecanismo exógeno de defesa.

1.4.2. Antioxidantes

Um antioxidante pode ser definido como uma substância que quando presente

num alimento, mesmo em baixas concentrações, reduz e/ou previne significativamente

os efeitos adversos dos radicais livres, em funções fisiológicas normais nos humanos

(7,77). Podemos considerar a existência de antioxidantes naturais e sintéticos, sendo

que as constantes preocupações com os efeitos nefastos produzidos pelos

antioxidantes sintéticos, como o 2-terc-butil-4-metoxifenol (BHA), têm levado a um

aumento substancial do interesse pelos antioxidantes naturais, nomeadamente os

compostos fenólicos, capazes de exercer funções no bloqueio de radicais livres (78).

Os antioxidantes podem então ser divididos em duas categorias, antioxidantes

enzimáticos e não enzimáticos (Figura 3).

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Introdução

19

Antioxidantes

Antioxidantes Enzimáticos

Enzimas Primárias

SOD, catalase, glutationa peroxidase

Enzimas Secundárias

Glutationa redutase, glucose-6-fosfato,

desidrogenase

Antioxidantes Não Enzimáticos

Vitaminas

A,C,E,K

Minerais

Zinco, selénio

Carotenóides

β-caroteno, licopeno, luteína

Polifenóis

Figura 3. Classificação de antioxidantes. SOD – superóxido dismutase. Adaptado de: Ratnam D,

Ankola D, Bhardwaj V, Sahana D, e Kumar M. Role of antioxidants in prophylaxis and therapy: A pharmaceutical perspective. J Control Release 2006; 113:189-207 (79)

Os enzimáticos incluem enzimas capazes de remover as ROS, como a

superóxido dismutase (SOD), que catalisa a dismutação de aniões superóxidos a H2O2

ou a catalase que converte o H2O2 em oxigénio molecular e água (Figura 4) (80).

Estas enzimas exercem o seu efeito também através da estabilização de radicais de

metais de transição, nomeadamente o ferro ou o cobre.

As defesas antioxidantes enzimáticas são em grande número e encontram-se

espalhadas por todo o organismo, tanto no meio intracelular como no meio

extracelular, havendo uma interacção com os radicais livres através da prevenção e

reparação dos danos causados por estes (54). Os antioxidantes enzimáticos podem

actuar de diversas formas, nomeadamente através do sequestro de ROS, da

eliminação de ROS envolvendo a doação de hidrogénio ou através da transferência de

electrões envolvendo uma recção redox (82,83). Podem também inibir e suprimir a

formação de espécies reactivas devido à quelação de oligoelementos envolvidos na

formação de radicais livres (7). Estes antioxidantes podem ainda diminuir a

concentração de oxigénio ou interceptar o singleto de oxigénio (10).

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Introdução

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Figura 4. Exemplo da acção de um antioxidante enzimático. H2O2 – peróxido de

hidrogénio O2•− anião superóxido, OH• – radical hidroxilo, O2 – oxigénio molecular, SOD – superóxido

dismutase. Adpatado de: Kyaw M, Yoshizumi M, Tsuchiya K, Izawa Y, Kanematsu Y e Tamaki T. Atheroprotective effects of antioxidants through inhibition of mitogen-activated protein kinases. Acta Pharmacol Sin 2004; 25(8): 977-985 (81)

A maioria dos antioxidantes não enzimáticos é adquirida através da

alimentação, nomeadamente no consumo de frutos e vegetais, sendo denominados

antioxidantes naturais. Os frutos são ricos nestes antioxidantes, tendo sido já

evidenciado que estes compostos permitem reduzir o risco de aparecimento de

doenças crónicas através da protecção contra os danos oxidativos causados por

radicais (52). Estes antioxidantes quando destroem os radicais livres tornam-se eles

próprios oxidados, sendo necessário o constante restabelecimento destes compostos

através da alimentação (84).

1.4.3. Os frutos como antioxidantes

O consumo de frutos é então a melhor forma de proteger o organismo do efeito

destes radicais, pois estamos a ingerir alimentos ricos em substâncias antioxidantes.

Muitos estudos têm sido realizados de modo a demonstrar esta actividade antioxidante

dos frutos. Soong et al. (2004) demonstrou que a actividade antioxidante de diversos

frutos pode variar consoante o tipo de fruto e dentro do próprio fruto. O conteúdo em

polifenóis é determinante para esta actividade e estes compostos puderam ser

encontrados tanto na parte edível como nas sementes de frutos como abacate, manga

ou tamarilho (85).

Southon et al. (2000) mostrou que um elevado consumo de frutos e vegetais

ricos em carotenóides diminuía a susceptibilidade das lipoproteínas de baixa

densidade (LDL) à oxidação e referiu uma relação significativa entre as elevadas

concentrações de carotenóides no sangue e baixos níveis de danos oxidativos do ADN

(52). Gupta-Elera et al. (2011) afirma também que certos antioxidantes, como a

vitamina C ou E ajudam a proteger as células contra a peroxidação lipídica e podem

mesmo contribuir para a regulação da tiróide e homeostase da glucose (28). Loizzo et

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Introdução

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al. (2012) refere mais tarde que pode existir um efeito sinergético entre os diferentes

antioxidantes, levando a que o efeito antioxidante total seja maior do que quando

falamos da soma dos antioxidantes individuais (7).

1.4.4. Técnicas para determinar a actividade antioxidante in vitro

Os antioxidantes podem responder de diferentes maneiras a diferentes

radicais, por exemplo os carotenóides, que não são particularmente bons

sequestradores de radicais peróxilo, relativamente aos compostos fenólicos e outros

antioxidantes, mas são excepcionais quando falamos no sequestro do singleto de

oxigénio, em que os outros compostos fenólicos e antioxidantes são relativamente

ineficazes (82). Outra dificuldade com que nos deparamos é a elevada quantidade de

diferentes antioxidantes contidos nos frutos, sendo bastante difícil medir cada um

destes compostos separadamente.

Existem muitos antioxidantes diferentes e a actividade antioxidante tem sido

determinada usando vários métodos e técnicas, embora nenhum destes métodos

possa ser considerado um método óptimo para determinar a actividade antioxidante

total, devido ao facto de estes medirem apenas a capacidade dos antioxidantes

sequestrarem certos radicais, capacidade de inibir a peroxidação lipídica ou a

quelação dos iões metálicos, sendo necessário adoptar mais do que um método para

garantir que a informação recolhida sobre a actividade antioxidante total dos

compostos é precisa (86,87). Alguns desses métodos estão descritos em seguida.

1.4.4.1. Capacidade de capturar electrões

Este método, que determina a actividade antioxidante, baseia-se na

transferência de electrões de um composto antioxidante para um oxidante (71). O

DPPH• (2,2-difenil-1-picril-hidrazilo) é um radical estável, com absorção a 517 nm, cuja

reacção ocorre quando os seus electrões se tornam emparelhados com um agente

redutor e a solução perde a cor estequiometricamente, após a redução a 1,1-difenil-1-

picril-hidrazilo (88,89). A actividade do DPPH• vai aumentar com o aumento da

percentagem de inibição dos radicais livres (32,5). A percentagem de DPPH•

remanescente é proporcional à concentração de antioxidante e a concentração que

causa uma diminuição de 50% na concentração do DPPH• inicial é definido como EC50

(concentração de extracto correspondente a 50% de actividade antioxidante) (82).

Este método é simples e rápido, permitindo a análise de um largo número de

amostras (77). Por outro lado, sendo o radical DPPH bastante estável, pode apenas

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Introdução

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reagir com os compostos fenólicos mais reativos, não detectando as substâncias

menos reactivas, mas que podem ter também actividade antioxidante (91). A sua

interpretação é dificultada também quando temos compostos como carotenóides, cujo

espectro se sobrepõe ao do DPPH•, além de que este radical pode apenas ser

dissolvido em meios orgânicos (especialmente em meios alcoólicos), não em meios

aquosos, sendo uma importante limitação quando se pretende interpretar o papel dos

antioxidantes hidrofílicos (82,88).

1.4.4.2. Polifenóis totais

O termo polifenóis ou compostos fenólicos refere-se a um amplo e numeroso

grupo de moléculas encontradas em muitos vegetais e frutos, encontrando-se

amplamente distribuídos no reino vegetal, sendo que a identificação e quantificação

destes compostos permite obter informações relativas à actividade antioxidante do

alimento bem como dos potenciais efeitos benéficos para a saúde (43,91,92).

O conteúdo nestes compostos fenólicos depende de diversos factores, entre os

quais a maturação no momento da colheita, processamento e armazenamento e ainda

alguns factores ambientais como por exemplo factores pedoclimáticos (tipo de solo,

exposição ao sol) ou agronómicos (diferentes tipos de agricultura). Os compostos

fenólicos podem ser encontrados em todas as partes da planta, sendo a sua

distribuição diferente nos diversos órgãos e consoante as diferentes populações

dentro da mesma espécie, sendo que muitas vezes se encontram mais compostos

fenólicos na casca e sementes do que na parte edível do fruto (48,72).

Em relação aos efeitos benéficos ao nível da saúde, estes compostos são

considerados anti mutagénicos, antimicrobianos e com uma elevada actividade

antioxidante, levando a que muitos estudos epidemiológicos mostrassem que um

aumento no consumo destes compostos levaria a uma redução do risco de doenças

cardiovasculares e certos tipos de cancro (56).

O teste de Folin-Ciocalteau é o mais usado na determinação destes

compostos, sendo simples, sensível e reprodutível (82,83). Este é um método que

envolve a oxidação dos polifenóis numa solução alcalina, sendo formados pigmentos

azuis, cuja absorvância máxima depende da composição em polifenóis (93). Por outro

lado, apesar de este método ser conhecido como ensaio de polifenóis totais, não é

específico para compostos fenólicos, dado que pode ser reduzido por compostos não

fenólicos, como o ácido ascórbico. Para além disso, ao ter de ser feito em meio

aquoso não pode ser aplicado em antioxidantes lipofílicos (77,83).

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Introdução

23

1.4.4.3. Flavonóides totais

Os flavonóides fazem parte de um ampla classe de polifenóis vegetais de baixo

peso molecular, caracterizados por um núcleo flavânico. Estão distribuídos pelas

folhas, sementes, casca e flores das plantas e de acordo com a estrutura química,

mais de 4000 flavonóides já foram identificados e classificados (54,94).

Os efeitos benéficos dos flavonóides na saúde humana parecem residir

maioritariamente na sua potente actividade antioxidante e quelante (54,94). Ajudam

também suprimir a peroxidação lipídica através da reciclagem de outros antioxidantes,

como o α-tocoferol, através da redução do radical α-tocoferoxilo (91,95).

Podem também prevenir os danos causados pelos radicais livres através da

inibição de certas enzimas, responsáveis pela produção do anião superóxido (96).

Propriedades anti-inflamatórias, relacionadas com a inibição de enzimas, parecem

estar também ligadas aos flavonóides, ao mesmo tempo que um elevado aporte de

flavonóides possui efeitos favoráveis no que diz respeito à protecção de doenças

cardiovasculares, devido à capacidade de inibir a oxidação das LDL, para além de

desempenharem um papel de protecção na carcinogénese (94,95,97).

Várias técnicas têm sido sugeridas no que diz respeito à determinação dos

flavonóides. Algumas delas referem-se a métodos cromatográficos, nomeadamente à

técnica de HPLC de fase reversa, utilizando variados tipos de detectores de absorção,

nomeadamente ultravioleta-visível (UV-Vis). Neste trabalho recorreu-se a um teste

espectrofotométrico dos flavonóides totais, de modo a quantificar a presença destes

compostos na anona.

1.5. Subprodutos

Em muitos casos o fruto não é consumido directamente, sofrendo em primeiro

lugar um processamento para separar o produto desejado dos outros constituintes do

fruto, por exemplo a casca ou as sementes (48).

Nos últimos anos, e devido ao aumento da procura de mais e melhores

produtos alimentares, a intensidade da produção tem gerado enormes quantidades de

produtos vegetais, estimando-se que sejam geradas cerca de 800000 toneladas de

resíduos vegetais por ano, gerando uma enorme quantidade de material sem qualquer

tipo de aplicação, representando um problema grave a nível ambiental e um custo

adicional para os produtores (21,23,98).

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Introdução

24

Estes subprodutos, normalmente sem qualquer uso posterior e prontamente

desperdiçados, contêm elevadas de quantidades compostos bioactivos, com

propriedades antioxidantes e antimicrobianas, com claros benefícios para a saúde. A

quantidade e a concentração destes compostos variam consideravelmente,

dependendo do fruto (23,98). Existem diversos frutos que apresentam maior

quantidade destes compostos na casca do que propriamente na parte edível do fruto,

nomeadamente nos resultados descritos por Lee et al. (2003), onde a casca da maçã

mostrou uma maior contribuição para a actividade antioxidante e proliferativa total do

fruto do que a polpa (3,98,99).

Os subprodutos de frutos frescos minimamente processados mais comuns são

a casca e as sementes. Estes são reconhecidos por conterem elevadas quantidades

de compostos bioactivos com elevada atividade antioxidante e capacidade

antimicrobiana, oferecendo uma protecção ao produto fresco (23). Deste modo os

consumidores teriam acesso a produtos frescos, ao mesmo tempo que eram

garantidas vantagens ao nível da sua saúde, contribuindo também para uma

diminuição dos resíduos e aumento da rentabilidade industrial (21,23). A actividade

antioxidante dos subprodutos permite também desenvolver produtos

‘anti-escurecimento’ (causado pela polifenoloxidase), ajudando a manter a qualidade

dos frutos frescos (48).

Um exemplo de excesso de subprodutos em Portugal é o caso da produção da

banana da Madeira. Após a colheita de um único cacho, é produzida uma enorme

quantidade de resíduos, sendo estes deixados no solo da plantação e usados como

fertilizante. Estes subprodutos da banana da Madeira já mostraram que possuem uma

variada gama de compostos bioactivos, nomeadamente esteróis e vitaminas (100).

Além destes resíduos, são acumuladas muitas vezes grandes quantidades da própria

fruta, devido ao facto de estarem danificadas ou não preencherem os requisitos para

serem vendidos comercialmente, levando a que estes frutos sejam descartados muitas

vezes de forma imprópria, contribuindo para o aumento dos problemas ambientais.

No caso da anona, existem evidências de que os subprodutos, nomeadamente

as folhas e as sementes, possuem efeitos benéficos para a saúde, ao nível da

diabetes, problemas cardíacos ou cancro (29). As sementes da anona são um dos

subprodutos que tem atraído maior interesse nos últimos anos. Branco et al. (2009)

refere que já existem alguns estudos que avaliam a sua aplicação como fonte de

biodiesel, sendo também já conhecido o seu poder antioxidante, beneficiando-se de

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Introdução

25

uma completa utilização das sementes, nomeadamente como fonte de aditivos

alimentares naturais (21,85,101).

Kumar et al. (2012) refere também a aplicação de um método que utiliza um

extracto aquoso de casca de Anona squamosa em nitrato de prata (AgNO3) para

sintetizar nanopartículas de prata (102). Samonte et al. (2013) refere também que

devido à elevada quantidade de fibra insolúvel presente na casca da anona, esta

torna-se menos fermentável devido à sua estrutura fibrosa levando a que se torne um

produto com um elevado potencial funcional (103).

A exploração de todas as partes do fruto pode então ter benefícios económicos

para os produtores e um efeito benéfico no ambiente, ao evitar grandes quantidades

de desperdícios (48).

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Objectivos

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2. Objectivos

O objectivo geral deste trabalho foi aprofundar o conhecimento sobre a anona

da Ilha da Madeira para manter a biodiversidade, promover o desenvolvimento

sustentável, aumentar a sua exploração e consumo. Com este trabalho também se

pretendeu desenvolver e optimizar técnicas analíticas que nos permitam obter dados

de composição em compostos bioactivos e vitaminas que sejam fiáveis, precisos e

representativos. Para além disso, pretendeu-se aprofundar o conhecimento científico

sobre a anona da Madeira, determinando a concentração em compostos bioactivos e

vitaminas, nomeadamente carotenóides, vitamina C e E, e avaliando a actividade

antioxidante. Os subprodutos dos frutos tradicionais (ex: casca, sementes) foram

também estudados com a finalidade de identificar fontes promissoras de extractos

naturais de alto valor, com aplicação na indústria alimentar, farmacêutica e/ou

cosmética. Foram seleccionados os cultivares de anona existentes na Região

Autónoma da Madeira com a finalidade de caracterizar do ponto de vista funcional

todos os cultivares de modo a obter dados experimentais relacionados com a

actividade antioxidante dos frutos e dos seus subprodutos, a fim de comprovar as

alegações de saúde e reforçar a sinergia entre a promoção da saúde e as

características destes frutos, para além de adquirir novos dados de composição

nutricional para inclusão na Tabela da Composição dos Alimentos.

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Materiais e Métodos

27

3. Materiais e Métodos

3.1. Selecção e preparação de amostras

Para a execução desta dissertação foram utilizadas anonas provenientes de

quatro cultivares, Funchal, Madeira, Mateus II e Perry Vidal (Figura 5), amavelmente

cedidas por: Empresa Municipal "Terra Cidade” e Gabinete de Promoção do Comércio

Agro-alimentar da Direcção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural.

Figura 5. Cultivares de anona (Annona cherimola Mill.) analisados.

Durante o mês de Janeiro de 2013 os frutos seleccionados de cada cultivar

foram colhidos manualmente e de forma aleatória a partir de diferentes árvores e

diferentes partes de cada árvore, tendo em conta o estado de maturação. Para

minimizar a perda de nutrientes, vitaminas e compostos bioactivos durante o

transporte para o laboratório, foram usados acumuladores de frio no acondicionamento

dos frutos. Após a chegada ao laboratório as amostras foram divididas manualmente

entre parte edível (polpa) e não edível (casca e sementes) (Figura 6).

Madeira Funchal

Perry Vidal Mateus II

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Figura 6. Diferentes partes do fruto anona (Annona cherimola Mill.) analisadas.

A polpa e a casca foram homogeneizadas durante 1 min a 5000 rpm e 5 min a

5000 rpm, respectivamente, com recurso a um homogeneizador Grindomix (Modelo

GM 200, Retsch, Alemanha). As sementes, devido à sua natureza, foram trituradas

com recurso a um triturador doméstico Taurus (Barcelona, Espanha). Em seguida as

amostras foram acondicionadas em frascos fechados sob atmosfera de azoto e

mantidas ao abrigo da luz a -80 °C. Às amostras que posteriormente iriam ser usadas

na determinação de vitamina C, foi adicionada uma solução de estabilização antes de

serem colocadas a -80 °C.

3.2. Determinação do teor de carotenóides, retinol e

α-tocoferol

Os carotenóides são muitas vezes responsáveis pela coloração observada nos

frutos, sendo que para a sua quantificação e identificação, utilizando métodos

cromatográficos, é necessário recorrer à extracção e saponificação com solventes

orgânicos.

Reagentes e soluções

Todos os solventes e reagentes usados para a preparação das amostras e

posterior análise cromatográfica foram de grau de HPLC, ou pelo menos de grau

analítico. O acetonitrilo (ACN), n-hexano, metanol (MeOH), diclorometano (DCM),

etanol (EtOH), acetato de amónio e hidróxido de potássio (KOH) foram adquiridos à

Merck (Darmstadt, Alemanha). O carbonato de magnésio (MgCO3) foi fornecido por

Carlo Erba (Rodano, Itália), o cloreto de sódio (NaCl) de Riedel-de-Haën (Seelze,

Alemanha) e o 2,6-di-terc-butil-4-metilfenol (BHT) de Fluka (Madrid, Espanha). O

all-trans retinol (pureza 95%), o β-caroteno (pureza 95%), o α-tocoferol (pureza

96%), o licopeno (pureza 90-95%) e a luteína (pureza 75%) foram adquiridos à

empresa Sigma-Aldrich (Madrid, Espanha). A zeaxantina (pureza 97%),

SementesPolpaCasca

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β-criptoxantina (pureza 97%) e o α-caroteno (pureza 97%) foram obtidos na

CaroteNature (Lupsingen, Suíça). A água ultrapura utilizada para a realização deste

trabalho foi obtida a partir de um sistema de purificação Milli-Q (Millipore, Bedford,

EUA). Para a dissolução dos padrões dos carotenóides foram previamente preparadas

soluções de etanol absoluto com 0,01% BHT (p/v) e de n-hexano com 0,01% BHT

(p/v). Durante a preparação das amostras e processamento das mesmas as condições

de luminosidade e temperatura foram controladas, por forma a evitar a oxidação e

degradação dos analitos em estudo. Foi preparada uma solução que foi utilizada para

a extracção dos carotenóides e vitaminas das amostras sendo composta por

n-hexano/etanol (4:3, v/v), contendo 0,01% de BHT (p/v). A fase móvel utilizada para a

determinação dos carotenóides e vitaminas foi composta por ACN/MeOH (com acetato

de amónio 0,05 M)/DCM (75:20:5, v/v/v). A fase móvel foi filtrada com um filtro de

membrana em GHP de 0,22 µm (Pall, Gelman laboratory, Canadá) e desgaseificada

durante 30 min.

Preparação de padrões e rectas de calibração

As soluções stock dos seis carotenóides e das duas vitaminas foram

preparadas individualmente dissolvendo cada um dos padrões em solventes

apropriados (Quadro 3), nas seguintes concentrações: β-caroteno (250 µg/mL),

α-caroteno (50 µg/mL), β-criptoxantina (50 µg/mL), licopeno (50 µg/mL), luteína (50

µg/mL), zeaxantina (50 µg/mL), all-trans retinol (130 µg/mL) e α-tocoferol (300 µg/mL).

Posteriormente estas soluções foram divididas e armazenadas a -80 °C. No dia das

análises, as soluções stock dos padrões foram descongeladas, diluídas

apropriadamente e as suas concentrações foram confirmadas num espectrofotómetro

UV-Vis Evolution 300 (Thermo Scientific, Madison, EUA), através da leitura da sua

absorvência num determinado comprimento de onda (λ), usando posteriormente os

coeficientes de extinção (ε) apropriados para os solventes onde foram preparadas as

soluções, e a lei de Beer para calcular a concentração de cada solução padrão

(Quadro 3).

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Quadro 3. Coeficientes de extinção )( %1

1cm e comprimentos de onda (λ) para os

carotenóides, retinol e α-tocoferol.

Composto λmáx (nm) )( %1

1cm Solvente Referências

Zeaxantina 450 2540 Etanol (49,104)

Luteína 445 2550 Etanol (104,105)

β-criptoxantina 451 2460 Hexano (106)

Licopeno 472 3450 Hexano (104,105)

α-caroteno 444 2800 Hexano (104,106)

β-caroteno 450 2560 Hexano (49)

Retinol 325 1835 Etanol (107)

α-tocoferol 292 72 Etanol (107)

As rectas de calibração foram preparadas em sete níveis de concentração e de

acordo com as seguintes gamas de trabalho: zeaxantina (0,60; 0,57; 1,07; 1,58; 2,09;

2,59 e 3,10 µg/mL), luteína (0,11; 0,61; 1,11; 1,61; 2,10; 2,60 e 3,10 µg/mL),

β-criptoxantina (0,06; 0,65; 1,24; 1,83; 2,42; 3,01 e 3,60 µg/mL), licopeno (0,04; 0,44;

0,84; 1,24; 1,64; 2,04 e 2,44 µg/mL), α-caroteno (0,05; 0,35; 0,65; 0,95; 1,25; 1,55 e

1,85 µg/mL), β-caroteno (0,05; 1,51; 2,97; 4,43; 5,88; 7,34 e 8,80 µg/mL), retinol (0,05;

1,78; 3,50; 5,23; 6,95; 8,68 e 10,4 µg/mL) e α-tocoferol (0,06; 5,50; 10,4; 15,3; 20,2;

25,1 e 30,0 µg/mL). Cada um dos níveis de concentração das rectas de calibração foi

preparado num balão de 10 mL, diluindo com fase móvel, e continha a mistura dos

seis carotenóides e das duas vitaminas, de modo a obter as concentrações desejadas.

Em primeiro lugar, foram adicionados os padrões de retinol, α-tocoferol, luteína e

zeaxantina. Estes padrões foram evaporados até à secura sob corrente de azoto e

foram posteriormente adicionados os restantes padrões, β-criptoxantina, α-caroteno,

β-caroteno e por fim o licopeno. De seguida, estes padrões também foram evaporados

até à secura e reconstitui-se com fase móvel.

Preparação das amostras

O processo de extracção foi realizado de acordo com o método desenvolvido

por Sanches-Silva et al. (2013), Fanciullino et al. (2006) e Mertz et al. (2009), com

algumas modificações (Figuras 7 e 8) (60,108,109).

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Figura 7. Metodologia aplicada para a determinação de carotenóides, retinol

e α-tocoferol nos cultivares de anona (Annona cherimola Mill.) analisados.

Foram adicionados 5 g de amostra a um tubo de 50 mL contendo 120 mg de

MgCO3, utilizado como agente neutralizante, de modo evitar vestígios de ácidos

orgânicos possivelmente presentes nas amostras (58). Adicionaram-se 30 mL dos

solventes de extracção n-hexano/etanol (4:3, v/v) e colocou-se a agitar num

Ultra-turrax (IKA®, Staufen, Alemanha), durante 5 min a 5600 rpm. De seguida, a

mistura foi colocada num agitador See-saw rocker Stuart SSM4 (Staffordshire, Reino

Unido) durante 30 min a 70 rpm, por forma a obtermos uma melhor extracção. Por fim,

a mistura foi centrifugada (Eppendorf Modelo 5804 R, Hamburg, Alemanha) durante 5

min, com uma temperatura de 4 °C a 289 x g. Repetiu-se a extracção usando as

mesmas quantidades de solventes e condições referidas. As fases orgânicas foram

então colocadas num evaporador rotativo (Büchi, R-210, Labortechink, Suíça) à

temperatura de 25 °C, até à secura.

O processo de saponificação foi adaptado do método descrito por Fanciullino

et al. (2006) (108). Após a evaporação da fase orgânica, o extracto foi redissolvido

com 20 mL de n-hexano e 10 mL de KOH metanólico 10% (p/v), sendo deixado a

repousar durante 4 horas num balão periforme e ao abrigo da luz. As amostras foram

posteriormente transferidas para ampolas de decantação e lavadas sucessivamente

Amostra homogeneizada

Extracção

Centrifugação

Evaporação

Reconstituição

Filtração

Injecção no sistema cromatográfico

Com saponificação Sem saponificação

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com 2 x 50 mL de NaCl (10%, p/v) e 3 x 50 mL de água ultrapura, até atingir um pH

próximo de 7, verificado com um indicador universal de pH 0-14 (Merck, Darmstadt,

Alemanha). As fases orgânicas foram transferidas para um novo balão periforme e

colocadas num evaporador rotativo, à temperatura de 25 °C, até à secura.

Figura 8. Principais etapas para a determinação do teor de carotenóides, retinol e α-tocoferol. A e B – Pesagem da amostra; C e D – Extracção da amostra; e E – Sistema cromatográfico de UHPLC.

Tanto no caso das amostras sem saponificação, como nas amostras sujeitas

ao processo de saponificação, redissolveram-se os compostos com fase móvel num

balão de 5 mL. A amostra foi filtrada com recurso a um filtro de seringa PTFE de 0,22

µm (Millipore, Bedford, EUA) e colocada em viais âmbar para ser analisada no sistema

de UHPLC. Cada amostra foi injectada no mínimo duas vezes. O manuseamento e

processamento das amostras foi sempre efectuado sob luz amarela e com

temperatura abaixo dos 25 °C, de modo a evitar a degradação dos carotenóides e

vitaminas durante a extracção e saponificação.

Análise cromatográfica

Quando a composição da fase móvel é alterada gradualmente ao longo da

eluição cromatográfica, por aumento e posterior diminuição da percentagem de

eluentes trata-se de uma eluição em gradiente. Nos casos em que a composição da

fase móvel se mantém constante durante toda a análise o tipo de eluição é designado

como isocrático. No presente trabalho de investigação por forma a conseguir a

separação de todos os compostos analisados, foram testadas diferentes proporções

dos solventes A e B, sendo que as condições óptimas da análise cromatográfica estão

descritas no Quadro 4.

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Quadro 4. Condições cromatográficas utilizadas para a análise dos carotenóides, retinol e α-tocoferol.

Condições Descrição

Equipamento Sistema de cromatografia líquida de ultra eficiência, ACQUITY UPLC®,

(Waters, Milford, MA, EUA), equipado com um sistema binário de mistura de solventes e um detector de díodos

Coluna ACQUITY UPLC® BEH C18

(50 x 2,1 mm d.i., 1,7 µm tamanho de partícula)

Pré-coluna ACQUITY UPLC® BEH C18

(5,0 x 2,1 mm d.i., 1,7 µm tamanho de partícula)

Temperatura da coluna 20 °C

Temperatura do injector 5 °C

Volume de injecção 10 µL

Tempo total de análise 18 min

Fluxo 0,5 mL/min

Detector de díodos 210 - 500 nm

Fase móvel

Eluente A ACN/MeOH (com acetato de amónio 0,05 M)/DCM (75:20:5, v/v/v)

Eluente B Água ultrapura

Gradiente de eluição

Tempo de análise (min)

Fluxo (mL/min) Eluente A (%) Eluente B (%)

0 0,5 75 25

6 0,5 78 22

9 0,5 100 0

13 0,5 100 0

16 0,5 75 25

18 0,5 75 25

Os carotenóides e vitaminas determinados foram identificados por comparação

entre os tempos de retenção e espectros de absorção de UV-Vis dos padrões com as

amostras. As áreas dos picos dos oito compostos foram quantificadas utilizando o

software Empower™ versão 2.0 (Waters, Milford, MA, EUA).

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Equivalentes de retinol

Devido à importância dos carotenóides, as bases de dados da composição dos

alimentos incluem também os carotenóides com actividade pró-vitamina A convertidos

em equivalentes de retinol (RE) ou equivalentes de actividade de retinol (RAE). Para

calcular os RE presume-se que 30% de carotenóides com actividade pró-vitamina A

são absorvidos e 50% é convertida em β-caroteno, e 25% em β-criptoxantina e

α-caroteno. Portanto, um RE é equivalente a 1 μg de retinol ou 6 μg β-caroteno ou 12

μg dos outros carotenos com actividade pró-vitamina A. Hoje em dia o teor de vitamina

A é expresso em RAE, onde um RAE é equivalente a 1 μg de retinol, 2 μg β-caroteno

dissolvido em óleo, 12 μg β-caroteno ou 24 μg de outros carotenóides com actividade

pró-vitamina A (60, 105, 109). A actividade de vitamina A foi expressa em μg de RE e

em μg de RAE por 100 g de amostra.

3.3. Determinação do teor de vitamina C

A vitamina C pode ser encontrada em muitos frutos, tanto na sua forma

reduzida (ácido L-ascórbico) como na forma oxidada (ácido desidroascórbico),

dependendo o seu teor de variados factores e, existindo várias técnicas analíticas para

a sua quantificação, nomeadamente HPLC. A redução do ácido desidroascórbico é

realizada com recurso a um agente redutor. Após a conversão do ácido

desidroascórbico a L-ascórbico, a amostra é analisada novamente para calcular o

conteúdo total de vitamina C. A mesma amostra é então injectada duas vezes: a

amostra original para a determinação da concentração do ácido L-ascórbico inicial; e a

amostra reduzida para concentração total da vitamina C. Desta forma, no presente

estudo foram testadas as seguintes concentrações do agente redutor (1,25; 2,5; 5,0 e

10,0 mM).

Reagentes e soluções

Todos os reagentes usados para a análise cromatográfica foram de grau

HPLC. O ácido L-ascórbico (pureza 97%) utilizado nas análises foi adquirido na

Riedel-de-Haën (Seelze, Alemanha). O ácido perclórico 70% e o dihidrogenofosfato de

amónio foram adquiridos na Merck (Darmstadt, Alemanha), ácido metafosfórico na

Prolabo (França), ácido ortofosfórico na Panreac (Barcelona, Espanha), e o

Tris(2-carboxietil)fosfina cloridrato (TCEP) na Fluka (Madrid, Espanha). Todas as

soluções foram preparadas com água ultrapura obtida a partir do sistema de

purificação Milli-Q (Millipore, Bedford, EUA). A solução de estabilização e

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desproteinização foi preparada misturando ácido perclórico a 10% (v/v) com ácido

metafosfórico a 1% (p/v). A fase móvel foi composta por dihidrogenofosfato de amónio

(20 mM) a pH 3,5 contendo 0,015% de ácido metafosfórico (p/v). Para ajustar o valor

de pH (780 pH Meter, Metrohm Herisau, Suiça) foi usado ácido ortofosfórico a 85%,

v/v. A mencionada fase móvel foi filtrada utilizando um filtro de membrana de GHP de

0,22 µm e depois foi desgaseificada durante 30 min.

Preparação de padrões e recta de calibração

Em cada dia de análises das anonas para determinação do teor de vitamina C,

a solução stock do padrão de ácido L-ascórbico foi preparada numa concentração de

1 mg/mL. De seguida foram preparadas com fase móvel as soluções de trabalho nas

seguintes concentrações: 1, 20, 40, 60, 80 e 100 µg/mL.

Preparação das amostras

As análises do ácido L-ascórbico e da vitamina C total (Figura 9) foram

realizadas de acordo com os métodos descritos e validados por Valente et al. (2011) e

Chebrolu et al. (2012) (6,110).

Figura 9. Metodologia aplicada para a determinação do teor de vitamina C nos cultivares de anona (Annona cherimola Mill.) analisados.

Foram pesadas 4 g de amostra num tubo de centrífuga de 50 mL,

adicionaram-se 12 mL de uma solução estabilizadora constituída por ácido perclórico

(10%, v/v) com ácido metafosfórico (1%, v/v). De seguida esta mistura foi agitada

utilizando um vórtex (IKA®, Staufen, Alemanha), durante 1 min até se observar a

dissolução da amostra. Posteriormente, passou-se esta mistura para balão de 50 mL.

Adicionou-se fase móvel até perfazer o volume do balão. A amostra foi filtrada duas

vezes, na primeira com um filtro de papel de 150 mm Ø da Macherey-Nalgel

(Macherey-Nalgel Gmbh & Co.KG, Alemanha) e de seguida filtrada com um filtro de

Amostra homogeneizada

Diluição

Redução com TCEP

FiltraçãoInjecção no

cromatógrafo

Alíquota 1

Alíquota 2

FiltraçãoEstabilização

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seringa em PVDF de 0,45 µm (Millipore, Bedford, MA, EUA). Para a análise da

vitamina C total adicionou-se 1 mL da solução anterior e juntou-se 1 mL de TCEP

(5 mM), esperando-se 30 min até esta ser filtrada em filtro de seringa de 0,45 µm, para

posterior injecção no cromatógrafo. As determinações analíticas do teor de vitamina C

total e ácido L-ascórbico foram realizadas em duplicado.

Análise cromatográfica

As amostras foram analisadas para determinação do teor de vitamina C com

recurso ao HPLC (Waters Alliance® 2695 HPLC (Milford, EUA), equipado com detector

de díodos e software Empower 2.0.), utilizando uma coluna Phenomenex Synergi™

Hydro-RP (150 x 4,6 mm, 4,0 µm tamanho de partícula) (Torrance, EUA) e uma

pré-coluna Phenomenex AQC18 (40 x 2,0 mm, 5,0 µm tamanho de partícula)

(Torrance, EUA). O fluxo foi de 0,6 mL/min, a temperatura da coluna foi de 30 °C, a

temperatura do injector automático foi de 4 °C, o volume de injecção foi de 10 µL e o

tempo total de análise de 6 minutos. As análises cromatográficas foram realizadas em

triplicado. O sinal de detecção do ácido L-ascórbico foi obtido a um comprimento de

onda de 245 nm e as amostras foram quantificadas utilizando o software Empower™

versão 2.0 (Waters, Milford, MA, EUA).

3.4. Determinação da actividade antioxidante in vitro

A actividade antioxidante dos quatro cultivares de anona em estudo foi

determinada utilizando os seguintes métodos: capacidade de capturar electrões,

Folin-Ciocalteau e flavonóides totais. As condições de extracção citadas na literatura

por Julián-Loaeza et al. (2011), Roesler et al. (2006), Moure et al. (2004), foram

testadas (24,101,111). Para a determinação da actividade antioxidante presente nos

quatro cultivares de anona, e tanto na parte edível (polpa) como não edível (casca e

semente), foram optimizadas as seguintes condições: toma de amostra, solvente de

extracção e volume do solvente de extracção. Deste modo as condições óptimas para

a determinação da actividade antioxidante estão apresentadas nas secções seguintes

para cada um dos métodos aplicados.

Reagentes e soluções

Todos os reagentes usados para a análise da actividade antioxidante foram de

grau analítico. O etanol, hidróxido de sódio (NaOH) 1 M (p/v) e ácido gálico foram

comprados à Merck (Darmstadt, Alemanha). Foi utilizada água ultrapura purificada

com um sistema Milli-Q (Millipore, Bedford, EUA). O ácido L-ascórbico e o carbonato

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de sódio (Na2CO3) foram adquiridos na Riedel-de-Haën (Seelze, Alemanha), o 2,6-di-

terc-butil-4-metilfenol (BHT) provinha da Fluka (Madrid, Espanha). As soluções de

nitrito de sódio (NaNO2) e o cloreto de alumínio (AlCl3) foram adquiridas na Fluka

(St.Louis, EUA). A solução de Folin-Ciocalteu (2 M) e a epicatequina foram obtidas na

Sigma (St.Louis, EUA).

Preparação dos extractos de anona

Para a análise da actividade antioxidante foram preparados extractos

etanólicos dos diversos componentes da anona. Procedeu-se à pesagem de 6 g de

amostra, adicionando-se em seguida 20 mL de etanol (90%, v/v). Esta mistura foi

colocada a agitar no Ultra-turrax (IKA® T25, Staufen, Alemanha), durante 10 min a

4500 rpm, sendo em seguida filtrada com um funil que continha algodão. O extracto

obtido foi então colocado no escuro para imediata utilização (Figura 10).

Figura 10. Metodologia aplicada para a determinação da atividade antioxidante nos cultivares de anona (Annona cherimola Mill.) analisados.

3.4.1. Capacidade de capturar electrões

No método do DPPH• a descoloração que se observa quando analisado

espectrofotometricamente a 517 nm deve-se à acção dos compostos antioxidantes,

sendo um método relativamente fácil e rápido. Para este ensaio seguiu-se uma

metodologia previamente descrita por Julián-Loaeza et al. (2011), com ligeiras

modificações (24). Misturaram-se 2,5 mL das várias concentrações do extracto de

cada amostra, no caso da casca as concentrações variaram entre os 0,025 e os 0,5

mg/mL, nas sementes e na polpa entre 0,5 e 5,5 mg/mL, com excepção da polpa do

cultivar Madeira, em que se utilizou valores entre os 0,2 e 1,25 mg/mL. Estes 2,5 mL

foram misturados com 2,5 mL de solução etanólica de DPPH• (0,004%, p/v), sendo lida

Amostra homogeneizada

Alíquota 2 (Folin-Ciocalteau)

Extracção

Alíquota 1 (DPPH)

Alíquota 3 (Flavonóides totais)

Filtração

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a absorvência de imediato a 517 nm. De seguida, a mistura foi colocada a agitar no

escuro (See-saw rocker, SSM4, Stuart, Staffordshire, Reino Unido) e após 30 minutos

de reacção procedeu-se a uma nova leitura da absorvência num espectrofotómetro

(Evolution 300 Thermo Scientific, EUA). Para este método usou-se como branco uma

solução que continha 2,5 mL de etanol (90%, v/v) e 2,5 mL DPPH•.

O cálculo da percentagem de inibição (IP) do radical DPPH foi realizado

recorrendo à seguinte fórmula:

IP = (Absbranco-Abs30min)/(Absbranco) * 100

em que a Absbranco é a absorvência da solução utilizada como branco e a

Abs30min é a absorvência da solução analisada após 30 min.

A actividade antioxidante foi expressa pelo parâmetro EC50, que exprime a

concentração do extracto que dá origem à redução de 50% da absorvência do DPPH•,

sendo estes valores calculados através de regressão linear. Todas as análises foram

realizadas em duplicado.

Preparação dos antioxidantes sintéticos

Para comparar com a actividade antioxidante dos extractos etanólicos das

diferentes partes do fruto da anona pertencentes a quatro cultivares foram preparadas

soluções stock dos seguintes antioxidantes sintéticos: BHT (10 mg/mL), ácido gálico

(10 mg/mL) e ácido L-ascórbico (10 mg/mL).

Posteriormente, as soluções stock de cada um destes antioxidantes foram

diluídas e tratadas de acordo com o método aplicado para a determinar capacidade de

capturar electrões nas amostras em estudo. A actividade antioxidante foi expressa

pelo parâmetro EC50, que foi obtido por regressão linear, sendo que para as rectas de

calibração de cada antioxidante sintético foram preparados no mínimo cinco níveis de

concentração. Todas as determinações foram efectuadas pelo menos em duplicado.

3.4.2. Determinação dos polifenóis totais

Os polifenóis totais foram determinados nas amostras dos quatro cultivares de

anona de acordo com a metodologia previamente descrita por Julián-Loaeza et al.

(2011), com algumas modificações (24). A uma alíquota de 0,1 mL da solução do

extracto etanólico com a amostra, adicionou-se 0,1 mL de solução de Folin-Ciocalteau

(2 M) e 4,6 mL de água ultrapura. Deixou-se repousar durante 3 minutos no escuro e

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Materiais e Métodos

39

adicionou-se 0,3 mL de Na2CO3 (2%, p/v), de modo a alcalinizar a solução. As

alíquotas foram então colocadas em banho de água (40 °C, 1 hora), sendo

posteriormente lida a absorvência no espectrofotómetro (Evolution 300 Thermo

Scientific, EUA) a um comprimento de onda de 760 nm, contra um branco contendo

apenas etanol a 90% (v/v). O padrão de ácido gálico foi utilizado para a recta de

calibração que foi preparada em sete níveis de concentração, com o seguinte intervalo

de concentrações de 0,1 a 1,4 mg/mL. Os resultados foram expressos em mg de

equivalente de ácido gálico (EAG) por 100 g de extracto, através da interpolação da

curva de calibração do ácido gálico. Todas as análises foram realizadas em duplicado.

3.4.3. Determinação dos flavonóides totais

Os flavonóides totais foram determinados de acordo com o método de Barreca

et al. (2011), com algumas modificações (5). A uma alíquota (0,1 mL) do extracto

etanólico que continha a amostra foram adicionados 2 mL de água ultrapura e 0,15 mL

de uma solução de NaNO2 (5%, p/v). A mistura foi agitada durante 5 min e

adicionou-se em seguida 0,15 mL de AlCl3 (10%, p/v), voltando a agitar durante 1 min.

Adicionou-se 1 mL de uma solução de NaOH (1 M, p/v) e agitou-se durante 1 min,

sendo lida imediatamente a absorvência a um comprimento de onda de 490 nm num

espectrofotómetro (Evolution 300 Thermo Scientific, EUA). O padrão de epicatequina

foi utilizado para a recta de calibração com sete níveis de concentrações que variavam

entre 0,1 e 4,0 mg/mL. Os resultados foram expressos em mg de equivalentes de

epicatequina (EEC) por 100 g de extracto, através da interpolação da curva de

calibração da epicatequina. Todas as análises foram realizadas em duplicado.

3.5. Análise estatística

Todos os resultados obtidos foram analisados com recurso ao Microsoft Office

Excel® 2010. A análise foi baseada na observação dos valores dos compostos

presentes nos cultivares. Foram efectuados também testes de correlação de Pearson

na análise da actividade antioxidante e as médias foram comparadas utilizando o teste

de Tukey. Em todos os testes foi considerado estatisticamente significativo o valor de

p <0,05.

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Resultados e Discussão

40

4. Resultados e Discussão

4.1. Carotenóides, retinol e α-tocoferol

A metodologia analítica seguida neste trabalho foi proposta por Sanches-Silva

et al. (2013), Fanciullino et al. (2006) e Mertz et al. (2009), para a quantificação de

carotenóides, retinol e α-tocoferol em diversas matrizes (60,108,109). O método

analítico utilizado no presente estudo foi anteriormente validado por Sanches-Silva et

al. (2013).

4.1.1. Optimização

Preparação dos padrões

Todo o processo de extracção foi realizado segundo o método descrito (secção

3.2), tendo sido feitas alterações ao nível da preparação dos padrões e das condições

cromatográficas do gradiente de eluição (Figura 11).

Para a preparação da recta de calibração externa para quantificação dos seis

carotenóides, retinol e α-tocoferol foi necessário preparar cada um dos padrões

individualmente de acordo com os solventes mais apropriados e posteriormente

preparar uma solução com todos os 8 compostos (Quadro 5). Durante o presente

trabalho de investigação, verificou-se que este era um aspecto crucial para a

separação cromatográfica de alguns dos compostos analisados, como por exemplo a

luteína e a zeaxantina. Por esse motivo foram testadas e optimizadas algumas

condições que estão apresentadas na Figura 11 e que diferem sobretudo na ordem

em que se juntam os compostos: (1) Preparação da solução com todos os compostos

(excepto o licopeno), evaporação e reconstituição com fase móvel; (2) Preparação da

solução evaporando em primeiro lugar os compostos que estavam dissolvidos em

hexano (excepto o licopeno), de seguida adicionou-se os outros compostos que

estavam dissolvidos em etanol e por último reconstitui-se com a fase móvel;

(3) Preparação da solução evaporando em primeiro lugar os compostos que estavam

dissolvidos em etanol, de seguida adicionou-se os outros compostos que estavam

dissolvidos em hexano (excepto o licopeno) e por último reconstitui-se com a fase

móvel; e (4) Preparação da solução evaporando em primeiro lugar os compostos que

estavam dissolvidos em etanol, de seguida adicionou-se os outros compostos que

estavam dissolvidos em hexano e por último reconstitui-se com a fase móvel.

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Resultados e Discussão

41

Figura 11. Metodologias aplicadas para a preparação dos padrões dos carotenóides, retinol e α-tocoferol.

Procedimento 1

ZeaxantinaLuteína

β-criptoxantinaβ-carotenoα-caroteno

Retinolα-tocoferol

Evaporação sob corrente de azoto

Licopeno

Procedimento 2

α-carotenoβ-criptoxantinaβ-caroteno

Evaporação sob corrente de azoto

Licopeno

Procedimento 3 Procedimento 4

ZeaxantinaLuteína

α-tocoferolRetinol

Evaporação sob corrente de azoto

α-carotenoβ-criptoxantinaβ-caroteno

Evaporação sob corrente de azoto

Licopeno

ZeaxantinaLuteína

α-tocoferolRetinol

Evaporação sob corrente de azoto

α-carotenoβ-criptoxantinaβ-carotenoLicopeno

Evaporação sob corrente de azoto

ZeaxantinaLuteína

α-tocoferolRetinol

Evaporação sob corrente de azoto

Reconstituição com fase móvel

Filtração

Injecção no cromatógrafo

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Resultados e Discussão

42

Todas as soluções dos vários procedimentos acima descritos foram preparadas

para balão de 10 mL. O que se observou durante a preparação da solução com a

mistura de padrões de acordo com os vários procedimentos, foi que no procedimento

1, 2 e 3, havia precipitação de alguns compostos, para além de não ser possível obter

uma separação entre os compostos luteína e zeaxantina (Figuras 12 a 14). O

procedimento 4 que foi aquele que foi utilizado neste estudo uma vez que permitiu

uma boa separação entre a luteína e zeaxantina, mantendo a separação dos outros

compostos (Figura 15).

Figura 12. Cromatograma ilustrativo dos padrões de carotenóides - procedimento 1. (1) Luteína, (2) Zeaxantina, (3) β-criptoxantina, (4) Licopeno, (5) α-caroteno, e (6) β-caroteno. λ = 450 nm. AU - absorvência.

Quadro 5. Gama de concentrações, equação das rectas de calibração e coeficientes de determinação dos seis carotenóides e duas vitaminas.

Composto Gama de

concentrações (µg/mL)

Equação das rectas de calibração

Coeficiente de determinação (r2)

Zeaxantina 0,06 – 3,10 y = 165587x - 5715 0,9990

Luteína 0,11 – 3,10 y = 149618x - 477,21 0,9993

β-criptoxantina 0,06 – 3,60 y = 215141x + 9162,2 0,9995

Licopeno 0,04 – 2,44 y = 136675x + 3340,4 0,9938

α-caroteno 0,05 – 1,85 y = 182927x + 6212,5 0,9924

β-caroteno 0,05 – 8,80 y = 189584x + 21049 0,9949

Retinol 0,05 – 10,4 y = 196372x + 9013,7 0,9999

α-tocoferol 0,06 – 30,0 y = 7460,2x - 4522,5 0,9993

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Resultados e Discussão

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Figura 13. Cromatograma ilustrativo dos padrões de carotenóides - procedimento 2. (1) Luteína, (2) Zeaxantina, (3) β-criptoxantina, (4) Licopeno, (5) α-caroteno, e (6) β-caroteno. λ = 450 nm. AU - absorvência.

Figura 14. Cromatograma ilustrativo dos padrões de carotenóides - procedimento 3. (1) Luteína, (2) Zeaxantina, (3) β-criptoxantina, (4) Licopeno, (5) α-caroteno, e (6) β-caroteno. λ = 450 nm. AU - absorvência.

Figura 15. Cromatograma ilustrativo dos padrões de carotenóides - procedimento 4. (1) Luteína, (2) Zeaxantina, (3) β-criptoxantina, (4) Licopeno, (5) α-caroteno, e (6) β-caroteno. λ = 450 nm. AU - absorvência.

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Resultados e Discussão

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Gradiente de eluição

A fase móvel utilizada no presente estudo foi a referida por Sanches-Silva et al.

(2013), sendo composta por (A) ACN/MeOH (com acetato de amónio 0,05 M)/DCM

(75:20:5, v/v/v) e (B) Água ultrapura. Um método cromatográfico é reconhecido como

isocrático nos casos em que a composição da fase móvel se mantem constante ao

longo do tempo de análise. Por outro lado se a composição da fase móvel varia ao

longo do tempo, estamos perante um gradiente de eluição. O gradiente permite que

uma amostra que contém compostos de uma vasta gama de polaridades possa ser

separada num curto período de tempo sem perda de resolução dos picos anteriores ou

alargamento excessivo de picos posteriores (45). Foi optimizado o gradiente de

eluição, porque com o gradiente apresentado no Quadro 6, o pico do α-tocoferol

aparecia na rampa do gradiente.

Quadro 6. Gradiente de eluição para determinação dos carotenóides e vitaminas.

Tempo de análise (min)

Fluxo (mL/min)

Eluente A (%)

Eluente B (%)

0 0,5 75 25

11 0,5 83 17

13 0,5 100 0

17 0,5 100 0

20 0,5 75 25

22 0,5 75 25

Deste modo, com a modificação do gradiente, além de alterar o tempo de

retenção do composto acima referido foi possível reduzir o tempo de análise de 22 min

(Quadro 6, Figura 16) para 18 min (Quadro 4, Figura 17), mantendo na mesma a

separação e resolução de todos os outros compostos em análise.

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Resultados e Discussão

45

Figura 16. Cromatograma ilustrativo dos padrões de carotenóides e α-tocoferol - gradiente de eluição (22 min). (1) Luteína, (2) Zeaxantina, (3) β-criptoxantina, (4) Licopeno, (5) α-caroteno, (6) β-caroteno, e (7) α-tocoferol. λ = 295 nm. AU - absorvência.

Figura 17. Cromatograma ilustrativo dos padrões de carotenóides e α-tocoferol - gradiente de eluição (18 min). (1) Luteína, (2) Zeaxantina, (3) β-criptoxantina, (4) Licopeno, (5) αcaroteno, (6) β-caroteno, e (7) α-tocoferol. λ = 295 nm. AU - absorvência.

4.1.2. Análise quantitativa dos carotenóides e α-tocoferol

A identificação dos carotenóides é normalmente feita com recurso à

cromatografia líquida de alta eficiência, sendo que neste trabalho se optou por uma

técnica com maior sensibilidade, a cromatografia líquida de ultra eficiência. Apesar de

se tratar de uma matriz complexa, esta técnica permitiu distinguir com clareza os

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Resultados e Discussão

46

carotenóides, baseando a sua identificação nos tempos de retenção e na comparação

dos espectros com os padrões puros. Toda a manipulação das amostras e padrões foi

realizada no menor tempo possível de modo a prevenir a oxidação ou decomposição

dos carotenóides e vitaminas.

O método desenvolvido permitiu-nos obter cromatogramas com uma elevada

resolução referente aos padrões de carotenóides (Figura 18) e às vitaminas (Figuras

19 e 20).

Figura 18. Cromatograma dos padrões dos seis carotenóides. (1) Luteína, (2) Zeaxantina, (3) β-criptoxantina, (4) Licopeno, (5) α-caroteno, (6) β-caroteno, e (7) α-tocoferol. λ = 450 nm. AU - absorvência.

Figura 19. Cromatograma do padrão de α-tocoferol. (7) α-tocoferol. λ = 295 nm. AU - absorvência.

1 2

3

4

6

5

Minutos

AU

7

Minutos

AU

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Resultados e Discussão

47

Figura 20. Cromatograma do padrão de retinol. (8) Retinol. λ = 325 nm.

AU - absorvência.

Apesar da dificuldade em separar os picos da zeaxantina e da luteína, devido

ao facto de estes carotenóides apenas diferirem na posição da dupla ligação num dos

anéis terminais conseguiu-se obter uma boa separação (47).

Com o objectivo de conhecer os teores dos seis carotenóides e das duas

vitaminas presentes nos vários constituintes da anona, foram avaliados 4 cultivares

(Perry Vidal, Madeira, Mateus II e Funchal), conforme descrito na amostragem,

extraídos pelo menos em duplicado. As Figuras 21 e 22 representam cromatogramas

dos carotenóides e α-tocoferol da casca de anona pertencente ao cultivar Madeira,

com e sem saponificação.

8

Minutos

AU

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Resultados e Discussão

48

Figura 21. Cromatogramas dos carotenóides presentes na casca da anona do cultivar Madeira, (A) sem saponificação e (B) com saponificação. (2) Luteína, (3) β-criptoxantina, (6) β-caroteno. λ = 450 nm. AU - absorvência.

Figura 22. Cromatograma do α-tocoferol presente na casca da anona do cultivar Madeira, (A) sem saponificação e (B) com saponificação. (7) α-tocoferol. λ = 295 nm. AU - absorvência.

(A)

(B)

(A)

(B)

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Resultados e Discussão

49

A saponificação permitiu a hidrólise dos ésteres dos carotenóides e a remoção

das clorofilas e outras substâncias que pudessem interferir com a análise (112). No

entanto, e como já foi referido por Scott (1992), este procedimento por vezes também

pode provocar a perda de alguns carotenóides, como se pode observar nas Figuras 21

e 22 (113). Em relação à quantificação dos carotenóides, RE, RAE e vitamina E

presentes nos quatro cultivares de Annona cherimola Mill. analisados no presente

estudo, os valores estão indicados nos Quadros 7 e 8. Os resultados obtidos para o

teor dos carotenóides indicam que a polpa e as sementes não apresentam nenhum

dos carotenóides em estudo. O mesmo não se verificou para a casca (Quadro 7) das

amostras analisadas em que foi possível para a maior parte dos cultivares, quantificar

três carotenóides (luteína, β-criptoxantina e β-caroteno).

A luteína e o β-caroteno apresentaram perdas significativas, perdas essas que

já tinham sido reportadas em outras matrizes, nomeadamente por Oliver et al. (1998)

(114). Estas perdas ocorrem principalmente no momento da lavagem do KOH, devido

à formação de uma emulsão. O processo de saponificação foi no entanto

indispensável para obter os teores de β-criptoxantina, que foram quantificados em 3

dos 4 cultivares analisados e o seu teor médio variou entre 11,2 e 14,5 µg/100 g para

os cultivares Madeira e Funchal, respectivamente, não tendo sido encontradas

diferenças significativas entre os cultivares. Wondracek et al. (2012) já tinha observado

a mesma tendência em polpas de maracujá, afirmando que a saponificação promovia

a hidrólise de carotenóides hidroxilados, que se encontravam parcial ou totalmente

esterificados (115). Isabelle et al. (2010) apresenta valores para a polpa de Annona

muricata (0,05 µg/g), tratando-se no entanto de uma matriz diferente (116). Khachik et

al. (1991) tinha concluído que no caso da papaia o processo de saponificação permite

resultados mais satisfatórios (117).

Relativamente à luteína, os valores médios mais elevados foram observados

nas amostras do cultivar Mateus II, com um teor médio de 61,6 µg/100 g nas amostras

saponificadas e de 232 µg/100 g nas amostras não saponificadas. Estes valores são

semelhantes aos apresentados por Isabelle et al. (2010) na polpa da espécie Annona

muricata, onde os valores se situavam nos 60 µg/100 g, apesar de estarmos perante

espécies e partes do fruto diferentes (116). Murillo et al. (2010) reporta teores de

luteína de 230 µg/100 g em Annona purpúrea (118). Os valores médios obtidos para o

teor de luteína da casca dos diferentes cultivares apresentaram diferenças

estatisticamente significativas apenas no caso das amostras não sujeitas a

saponificação, enquanto que quando estas foram sujeitas ao processo de

saponificação não se verificaram diferenças estatisticamente significativas.

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Resultados e Discussão

50

Quadro 7. Teor de carotenóides, equivalentes de retinol e equivalentes da actividade do retinol (µg/100 g) da casca de Annona cherimola Mill. para os diferentes cultivares.

Cultivares Saponificação

Luteína β-criptoxantina β-caroteno RE RAE

Média ± DP (µg/100 g)

CV (%)

Média ± DP (µg/100 g)

CV (%)

Média ± DP (µg/100 g)

CV (%)

Média (µg/100 g)

Média (µg/100 g)

Funchal s/ sap 137abc ± 15 11 n.d. 87,5b ± 5 6 14,6b 7,29b

Madeira s/ sap 172ab ± 3 2 n.d. 139ab ± 14 10 23,2ab 11,6ab

Mateus II s/ sap 232a ± 26 11 n.d. 174a ± 11 6 29,0a 14,5a

Perry Vidal s/ sap 129c ± 4 3 n.d. 87,3b ± 9 10 14,6b 7,28b

Funchal c/ sap 33,3a ± 1 2 14,5a ± 1 9 84,8ab ± 9 11 15,3ab 7,67ab

Madeira c/ sap 40,7a ± 4 10 11,2a ± 1 7 98,3a ± 3 3 17,3a 8,66a

Mateus II c/ sap 61,6a ± 12 19 12,3a ± 1 11 117a ± 21 18 20,5a 10,3a

Perry Vidal c/ sap 39,0a ± 2 5 n.d. 64,7b ± 3 5 10,8b 5,39b

c/sap – com saponificação, CV – coeficiente de variação, DP – desvio padrão, n.d. – não detectado (<0,016 μg/mL), RAE – equivalentes da actividade do retinol, RE – equivalentes de retinol, s/sap – sem saponificação As médias na mesma coluna assinaladas com letras diferentes (a, b, c) são estatisticamente diferentes de acordo com o teste de Tukey (p <0,05).

Os valores médios aqui apresentados para o β-caroteno, que variam entre os

64,7 ± 3 e 117 ± 21 µg/100 g nas amostras saponificadas e 87,3 ± 9 e 174 ±

11 µg/100 g nas amostras não saponificadas, apresentando diferenças

estatisticamente significativas em ambos os casos (com e sem saponificação). Os

resultados obtidos são no entanto mais elevados do que os reportados por Isabelle et

al. (2010), com 0,05 µg/g, mas bastante mais baixos do que os encontrados por Souza

et al. (2012), que indicou valores entre 0,57 e 1,21 mg/100 g (116,119). Mais uma vez

é importante referir que os valores encontrados na bibliografia foram relativos à polpa

do fruto, enquanto que no caso do presente estudo não se quantificou β-caroteno na

polpa da Annona cherimola Mill. Este composto, o mais potente carotenóide com

acção de pró-vitamina A está mais presente em frutos que possuem tons

amarelo/laranja. Em comparação com outras espécies, cuja polpa possui uma cor

amarelada, a Annona cherimola Mill. possui uma polpa esbranquiçada.

Os teores de RE para a casca da anona variaram entre 10,8 µg/100 g de

amostra (com saponificação) e 29,0 µg/100 g de amostra (sem saponificação), para os

cultivares Perry Vidal e Mateus II, respectivamente. O valor mais elevado de RAE

(14,5 µg/100 g de amostra) foi observado nas amostras que não foram sujeitas à

saponificação. Tanto para o RE como para o RAE foram encontradas diferenças

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Resultados e Discussão

51

estatisticamente significativas entre cultivares e entre amostras saponificadas e não

saponificadas.

A vitamina E (α-tocoferol) foi sem dúvida o composto presente em maiores

quantidades (Quadro 8). Esta vitamina foi quantificada em todas as partes do fruto,

mas no caso da casca e da polpa encontramos valores superiores nas amostras sem

saponificação. As sementes das amostras em estudo apresentaram os teores mais

elevados de α-tocoferol nas amostras saponificadas, variando os valores médios entre

0,76 ± 0,13 e 1,1 ± 0,07 mg/100 g de amostra.

Quadro 8. Teor (mg/100 g) de vitamina E (α-tocoferol) das diferentes partes da Annona cherimola Mill. dos quatro cultivares analisados.

Cultivares Saponificação

Casca Polpa Semente

Média ± DP (mg/100 g)

CV (%)

Média ± DP (mg/100 g)

CV (%)

Média ± DP (mg/100 g)

CV (%)

Funchal s/ sap 0,48a ± 0,06 13 0,22a ± 0,01 7 n.a.

Madeira s/ sap 0,50a ± 0,06 12 0,23a ± 0,01 4 0,74a ± 0,11 15

Mateus II s/ sap 0,51a ± 0,12 24 0,15b ± 0,01 6 0,80a ± 0,11 14

Perry Vidal s/ sap 0,62a ± 0,04 7 0,071c ± 0,00 6 0,34b ± 0,05 15

Funchal c/ sap 0,24a ± 0,02 10 0,13a ± 0,03 19 n.a.

Madeira c/ sap 0,28a ± 0,02 8 0,11a ± 0,01 12 1,0a ± 0,04 4

Mateus II c/ sap 0,30a ± 0,05 16 0,069b ± 0,01 18 1,1a ± 0,07 6

Perry Vidal c/ sap 0,36a ± 0,09 17 0,056b ± 0,00 19 0,76a ± 0,13 16

c/sap – com saponificação, CV – coeficiente de variação, DP – desvio padrão, n.a. – não analisado, s/sap – sem saponificação As médias na mesma coluna assinaladas com letras diferentes (a, b, c) são estatisticamente diferentes de acordo com o teste de Tukey (p <0,05).

Simeone et al. (2009) também já tinham reportado valores elevados de

α-tocoferol em frutos de Imbuia (árvore da família da Lauraceae), na ordem dos 180

mg/kg (120). Takemoto et al. (2001) mostrou que as sementes de baru (fruto típico do

Cerrado brasileiro) continham elevados teores desta vitamina, cerca de 5 mg/100 g

(121). Isabelle et al. 2010 apresentou teores de α-tocoferol, para a polpa de anona, de

0,012 mg/100 g, bastante mais baixos do que os encontrados no nosso estudo, que

variaram entre 0,071 e 0,23 mg/100 g (sem saponificação), para a polpa dos cultivares

Perry Vidal e Madeira, respectivamente.

Para as cascas dos cultivares de anona analisados neste estudo, em relação

ao teor de α-tocoferol não se verificaram diferenças estatisticamente significativas,

tanto no procedimento com saponificação como sem saponificação.

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Resultados e Discussão

52

Tratando-se a Vitamina E de uma vitamina lipossolúvel, e dado as sementes

dos frutos de forma geral serem ricas em gordura e ácidos gordos, já seria de esperar

que esta parte do fruto apresentasse maiores teores de α-tocoferol relativamente aos

outros constituintes da anona (polpa e casca) (122).

Os resultados obtidos neste trabalho de investigação indicam que a espécie e

cultivares aqui analisados podem contribuir para a lista de espécies do género Annona

que apresentam diferentes carotenóides essenciais. A casca da fruta apresentou uma

maior diversidade de carotenóides, o que está de acordo com a informação reportada

na literatura uma vez que é junto da casca que estes compostos normalmente se

encontram pois contribuem para as defesas do próprio fruto (123-125). Wondracek et

al. (2012) referiu também a importância de se usar tanto os extractos não

saponificados como os saponificados, dado que para a análise dos carotenos livres é

utilizado o procedimento sem saponificação, enquanto que a saponificação permite a

análise dos carotenóides esterificados (115).

Apesar de alguns autores terem quantificado outros carotenóides na polpa de

outras espécies de anona, nomeadamente zeaxantina, α-caroteno e licopeno, tal não

se verificou no nosso estudo (116,118,119). Tal facto pode ser justificado pela

diferença entre cultivares e condições de cultivo. Apesar de ser noutros frutos (citrinos)

Wang et al. (2008) também registou maiores concentrações de carotenóides na casca

de citrinos do que na própria polpa (126). Na mesma linha de estudo, Hart e Scott

(1995) já tinham apontado o facto de frutos como as maçãs possuírem cerca de 5

vezes mais luteína e β-caroteno na casca do que na própria polpa do fruto. No

entanto, verifica-se que existe falta de trabalhos de investigação científica nos

subprodutos dos frutos, onde se poderá encontrar valores de carotenóides superiores

aos encontrados nas partes edíveis (106). Huang et al. (2010) também referiu a

mesma situação no caso da Annona squamosa, onde observou um maior teor de β-

caroteno na casca do fruto do que na polpa e sementes (122).

A análise dos carotenóides é um processo complicado, devido à sua

diversidade, instabilidade, complexidade e presença de isómeros (127). Em 2009, foi

realizado um estudo que concluiu que o teor em carotenóides estava dependente de

vários factores, sendo que estes aumentavam com o grau de maturação do fruto.

Ainda neste estudo afirmou-se que os níveis de carotenóides na polpa do fruto podem

estar associados positivamente ao teor de gordura presente na mesma (124).

Segundo os dados apresentados nas tabelas da composição de alimentos (Quadro 1),

a polpa da anona não é um fruto rico em gordura, podendo também este facto estar

relacionado com a não detecção de carotenóides na polpa dos cultivares analisados.

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Resultados e Discussão

53

No entanto, é interessante ressalvar que é a primeira vez que se faz um estudo

sobre os carotenóides presentes nestes cultivares de Anona cherimola Mill.,

salientando não só a importância para contribuir com dados para as tabelas de

composição alimentar, bem como para o conhecimento dos consumidores em geral.

Para além disso, é necessário reforçar a ideia de que é preciso ter em conta os

cultivares dos frutos analisados, pois a sua composição pode apresentar diferenças

muito importantes (49). O facto de no presente trabalho de investigação também terem

sido estudados os componentes não edíveis do fruto (casca e sementes) pode

contribuir para a reutilização destes subprodutos em outras indústrias como a

farmacêutica e/ou cosmética, ou até mesmo para a indústria alimentar permitindo o

desenvolvimento de novos alimentos funcionais enriquecidos em carotenóides e

vitaminas.

4.2. Vitamina C

4.2.1. Optimização

Existem diversos estudos na literatura que reportam a determinação do teor de

vitamina C utilizando várias técnicas analíticas. Dado que alguns destes estudos

apenas quantificam o ácido L-ascórbico foi necessário proceder à optimização do

método por forma a permitir a determinação do ácido L-ascórbico e vitamina C total.

Assim sendo conseguiríamos obter por diferença o teor de DHA. Com base no método

analítico descrito por Valente et al. (2011) e Chebrolu et al. (2012) testou-se a

concentração de TCEP que se deveria adicionar à amostra (6,110). Devido à

dificuldade de detecção directa do DHA, dado que no máximo de absorção (225 nm)

possui uma baixa sensibilidade e selectividade, a quantificação deste foi feita de modo

indirecto através do método de subtracção, usando o TCEP como agente redutor,

dado que a vitamina C total nos alimentos é a soma do conteúdo em ácido L-ascórbico

com o conteúdo em ácido desidroascórbico (128). Foram testadas várias

concentrações de TCEP, nomeadamente 1,25; 2,5; 5 e 10 mM. A estas concentrações

foram adicionadas as amostras e esperou-se 30 minutos. Após o tratamento dos

resultados obtidos, decidiu-se utilizar a concentração de 5 mM, pois os resultados com

esta concentração foram os melhores.

4.2.2. Análise quantitativa da vitamina C

O método analítico utilizado no presente estudo foi anteriormente validado por

Valente et al. (2011). As Figuras 23 e 24 apresentam os cromatogramas obtidos após

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Resultados e Discussão

54

a análise de um padrão de ácido L-ascórbico e do extracto da polpa de anona do

cultivar Madeira. De forma geral podemos dizer que estes cromatogramas indicam boa

resolução, principalmente no caso da vitamina C total (Figura 24 B), onde o pico é

bastante simétrico e com uma linha de base relativamente estável. As rectas de

calibração construídas com as soluções padrão de ácido L-ascórbico (1 - 100 µg/mL)

foram preparadas no menor tempo possível, tendo em conta a instabilidade deste

composto (129). Obteve-se a seguinte equação da recta y = 9,88e+004x + 9,12e+004,

com um coeficiente de determinação (r2) de 0,9997.

Figura 23. Cromatograma do padrão de ácido L-ascórbico (1 µg/mL). 1 – Ácido L-ascórbico. AU - absorvência.

Figura 24. Cromatograma do extracto da polpa de Annona cherimola Mill. cultivar Madeira. (A) Ácido L-ascórbico (0,404 µg/mL) (B) Vitamina C total (5,35 µg/mL). 1 - Ácido L-ascórbico (antes da redução). 2 - Ácido L-ascórbico (após a redução). AU-absorvência.

Pode observar-se nos Quadros 9 a 11 os resultados obtidos no presente

estudo no que diz respeito ao teor de ácido L-ascórbico, ácido desidroascórbico e

vitamina C total para os quatro cultivares de Annona cherimola Mill. analisados.

1

Minutos

AU

1

Minutos

AU

(A)2

Minutos

AU

(B)

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Resultados e Discussão

55

Quadro 9. Teor de vitamina C (mg/100 g) da polpa dos quatro cultivares de Annona cherimola Mill. analisados.

Compostos

Madeira Funchal Mateus II Perry Vidal

Média ± DP (mg/100 g)

Média ± DP (mg/100 g)

Média ± DP (mg/100 g)

Média ± DP (mg/100 g)

Ácido L-ascórbico 0,485 ± 0,0 0,795 ± 0,0 1,33 ± 0,0 1,25 ± 0,1

Ácido desidroascórbico 6,24 ± 0,1 1,33 ± 0,1 3,16 ± 0,3 1,38 ± 0,1

Vitamina C total 6,73 ± 0,1 2,12 ± 0,1 4,49 ± 0,3 2,63 ± 0,1

DP – desvio padrão

O teor de vitamina C total na polpa variou entre 2,12 ± 0,1 e 6,73 ± 0,1

mg/100 g, apresentando um valor médio de 3,99 ± 2,1 mg/100 g. O cultivar da Madeira

foi aquele que apresentou o maior teor de vitamina C total (6,73 mg/100 g). No

entanto, quando comparado com os outros cultivares verifica-se que os cultivares que

contém maior quantidade de ácido L-ascórbico são o Mateus II e o Perry Vidal (1,33 e

1,25 mg/100 g, respectivamente).

Quadro 10. Teor de vitamina C (mg/100 g) da casca dos quatro cultivares de Annona cherimola Mill. analisados.

Compostos

Madeira Funchal Mateus II Perry Vidal

Média ± DP (mg/100 g)

Média ± DP (mg/100 g)

Média ± DP (mg/100 g)

Média ± DP (mg/100 g)

Ácido L-ascórbico 0,227 ± 0,0 0,544 ± 0,0 3,22 ± 0,1 4,41 ± 0,1

Ácido desidroascórbico 4,22 ± 0,1 3,65 ± 0, 0 1,88 ± 0,1 0,755 ± 0,1

Vitamina C total 4,45 ± 0,2 4,19 ± 0,0 5,10 ± 0,0 5,17 ± 0,1

DP – desvio padrão

Para a casca dos cultivares de anona analisados verificou-se que as amostras

que apresentaram maior teor de vitamina C total, também são as que têm maior

quantidade de ácido L-ascórbico. Os teores médios de vitamina C total na casca foram

de 4,73 ± 0,5 mg/100 g, sendo que o cultivar Perry Vidal foi aquele que apresentou o

teor mais elevado.

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Resultados e Discussão

56

Quadro 11. Teor de vitamina C (mg/100 g) das sementes dos quatro cultivares de Annona cherimola Mill. analisados.

Compostos

Madeira Funchal Mateus II Perry Vidal

Média ± DP (mg/100 g)

Média ± DP (mg/100 g)

Média ± DP (mg/100 g)

Média ± DP (mg/100 g)

Ácido L-ascórbico 1,17 ± 0,1 1,58 ± 0,0 0,665 ± 0,1 0,782 ± 0,1

Ácido desidroascórbico 0,862 ± 0,1 0,292 ± 0,0 0,894 ± 0,1 0,761 ± 0,1

Vitamina C total 2,03 ± 0,1 1,87 ± 0,0 1,56 ± 0,0 1,54 ± 0,1

DP – desvio padrão

No que diz respeito às sementes, os valores de vitamina C total são inferiores

aos das outras partes (casca e polpa) das anonas analisadas. A amostra que

apresentou um maior conteúdo em ácido L-ascórbico foi a que pertencia ao cultivar

Funchal (1,58 ± 0,0 mg/100 g) e aquela em que se observou a menor quantidade foi a

do cultivar Mateus II.

Quando comparadas todas as partes do fruto (polpa, casca e sementes) dos

diferentes cultivares em estudo, verifica-se que foi a casca que apresentou teores

médios mais elevados de ácido L-ascórbico (2,10 ± 2,0 mg/100 g). Em relação à

polpa, esta apresentou valores médios muito mais baixos, na ordem dos 0,966 mg/100

g (Figura 25).

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Resultados e Discussão

57

Figura 25. Teor (mg/100 g) de vitamina C total (L-ascórbico + desidroascórbico) das diferentes partes da Annona cherimola Mill. dos quatro cultivares analisados.

Amoo et al. (2008) e Vasco et al. (2008) estudaram também os teores de

vitamina C e ácido ascórbico na Annona cherimola Mill., indicando valores de 42,4

mg/100 g e de 4 a 6 mg/100 g, respectivamente (13,87). Os valores de Amoo et al.

(2008) apresentam-se bastante superiores aos encontrados no presente estudo (13).

No entanto, os de Vasco et al. (2008) são bastante semelhantes, tendo em conta no

entanto que os valores que mais se assemelham foram encontrados na casca e

sementes (87). Huang et al. (2010) reportou que para os frutos analisados houve uma

tendência para a casca possuir um maior teor de vitamina C comparando com os

subprodutos (122). Relativamente ao teor de DHA na polpa, Spínola et al. (2012)

encontrou recentemente valores de 6,7 mg/100 g que são muito semelhantes aos

resultados do nosso estudo para o cultivar Madeira (6,2 mg/100 g) (67). Ainda neste

estudo de Spínola et al. (2012) podem ser encontrados dados que mostram que tanto

os teores de ácido L-ascórbico como de DHA decrescem significativamente com o

tempo, começando a ser degradados imediatamente após a colheita, continuando de

forma constante durante o armazenamento (67,130). No caso do presente estudo, por

forma a minimizar as perdas a solução estabilizadora foi imediatamente adicionada

aquando da recepção das amostras no laboratório. No entanto, as diferenças

encontradas entre os resultados obtidos por nós e por outros autores podem estar

relacionadas para além de outros factores, com o estado de maturação e condições de

cultivo. Outro aspecto que é muito importante na determinação do teor de vitamina C é

o agente redutor que é usado. No presente trabalho de investigação foi usado como

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

Funchal Madeira Mateus II Perry Vidal Funchal Madeira Mateus II Perry Vidal Funchal Madeira Mateus II Perry Vidal

Polpa Casca Sementes

Vit

am

ina C

To

tal

(mg

/100 g

de a

mo

str

a)

Ácido desidroascórbico

Ácido L-ascórbico

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Resultados e Discussão

58

agente redutor o TCEP, sendo que na literatura são referenciados outros agentes

como o ditiotreitol ou o β-mercaptoetanol.

De acordo com Chebrolu et al. (2012) não são tão eficientes na redução do

ácido ascórbico como o TCEP (110). Tal facto também pode justificar a diferença dos

valores obtidos no nosso estudo em relação aos resultados apresentados por Spínola

et al. (2012) que utilizou o ditiotreitol, agente redutor não muito eficaz em soluções

ácidas, como é o caso da nossa fase móvel (pH 3,5) (67,110). De acordo com a

literatura, as condições de pré-colheita podem promover a degradação do ácido

ascórbico (131). No nosso estudo observaram-se valores de DHA elevados em

algumas partes do fruto, o que poderá ser característico do fruto analisado, já que

Spínola et al. (2011) tinha verificado que as anonas possuíam, de entre diversos frutos

e vegetais, uma das maiores percentagens de DHA relativamente à vitamina C total

(67). Também Chebrolu et al. (2012) e Gökmen et al. (2000) observaram valores

elevados de DHA em relação à vitamina C total em diversas matrizes, nomeadamente

em salsa, ananases ou pimentos (110,132).

Relativamente à polpa e à casca verificaram-se diferenças estatisticamente

significativas entre os cultivares para o conteúdo de ácido L-ascórbico, ácido

desidroascórbico e vitamina C total, enquanto que as sementes não mostraram

diferenças significativas para estes compostos.

4.3. Actividade antioxidante in vitro

4.3.1. Optimização

Para a determinação da actividade antioxidante presente nas quatro

variedades de anona, e tanto na parte edível (polpa) como não edível (casca e

sementes), foram pesadas diferentes quantidades de amostra para preparar extractos

de modo a fazer uma posterior análise dos resultados, sendo que estes extractos

também foram estudados com diferentes solventes e através de diferentes métodos de

extracção. Para tal foram testadas as seguintes condições de extracção citadas na

literatura pelo autor Julián-Loaeza et al. (2011), Roesler et al. (2006), Moure et al.

(2004) (24,101,11).

Em relação à toma de amostra foram testadas tomas que variaram entre os 2 g

e 6 g. Posteriormente identificou-se que os melhores resultados foram obtidos através

dos ensaios que utilizaram 6 g de amostra. Relativamente ao processo de extracção

em si, foi testada a extracção por evaporação do solvente num evaporador rotativo

(Büchi, R-210, Labortechink, Suiça) e a extracção com agitação no Ultra-turrax (IKA®

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Resultados e Discussão

59

T25, Staufen, Alemanha). Através da observação dos resultados, verificou-se que a

extracção com agitação no ultra-turrax apresentava melhores resultados, tendo sido

feita posteriormente a optimização do tempo de extracção, sendo testados os tempos

de 5, 10, 15 e 20 minutos. O tempo de extracção com melhores resultados foi o de 10

minutos. No que diz respeito aos solventes utilizados para a extracção, no presente

estudo foram testados o etanol a 90% (v/v), o metanol e a água ultrapura. Após

análise dos resultados obtidos verificou-se que a extracção era mais eficiente quando

era utilizado o etanol a 90% (v/v). Em relação ao volume de solvente para a extracção

utilizado, também foram testados os seguintes volumes: 10, 20 e 25 mL. Verificou-se

que a extracção melhorava quando era utilizado um volume de 20 mL.

Testaram-se também diferentes concentrações de DPPH• (0,0015% (p/v) e de

0,004% (p/v)). Com a primeira não obtivemos a reacção desejada, tendo sido

adoptada a concentração de 0,004% (p/v). Num passo posterior da optimização deste

método foi testado o tempo da reacção com a solução de DPPH•. Isto é, foi avaliado o

decréscimo da absorvência ao longo do tempo, num período compreendido entre os 0

e os 30 minutos. Neste caso observou-se que a solução de DPPH• não estabilizava

antes dos 30 minutos (Figura 26), e que a partir desse tempo a absorvência se

mantinha constante, razão pela qual foi adoptado esse tempo para a análise

espectrofotométrica.

Figura 26. Comportamento cinético do DPPH• ao longo de 30 min. λ = 517 nm.

4.3.2. Capacidade de capturar electrões

De acordo com Brand-Williams et al. (1995) o método de DPPH• baseia-se na

habilidade redutora dos antioxidantes presentes na amostra sobre o DPPH•, através

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0 5 10 15 20 25 30

Ab

sro

vên

cia

Tempo (min)

Casca Polpa Sementes

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Resultados e Discussão

60

de uma reacção de transferência de electrões, a qual é medida através do decréscimo

da absorvência a 517 nm, sendo necessário ter alguma precaução na interpolação dos

resultados obtidos devido à interacção do DPPH• com outras substâncias.

No presente estudo, para cada tipo de amostra (polpa, casca e sementes) e

para cada cultivar, foram feitas no mínimo cinco soluções com concentrações

diferentes, a partir das quais se obteve as respectivas percentagens de inibição. Foi

assim possível construir as diversas rectas de regressão linear (Quadro 12), por forma

a obter os valores de EC50 para cada amostra, sendo este a concentração da amostra

que causa uma inibição de 50% no radical DPPH.

Quadro 12. Gama de concentrações, equação das rectas e coeficientes de determinação dos diferentes extractos de Annona cherimola Mill. para o ensaio da capacidade de capturar electrões.

Cultivares Partes do

fruto

Gama de concentrações

(mg/mL) Equação das rectas

Coeficiente de determinação (r2)

Funchal

Polpa 1,5 – 5,5 y = 9,5845x + 6,6509 0,9981

Casca 0,05 – 0,4 y = 145,22x + 2,6487 0,9948

Madeira

Polpa 0,2 – 1,25 y = 39,784x + 11,367 0,9945

Casca 0,025 – 0,25 y = 261,08x + 4,0728 0,9957

Sementes 0,5 – 4,0 y = 13,627x + 6,508 0,9966

Mateus II

Polpa 0,5 -4,5 y = 11,56x + 10,171 0,9940

Casca 0,05 – 0,3 y = 212,08x + 1,678 0,9939

Sementes 0,5 – 4,0 y = 13,606x + 6,227 0,9983

Perry Vidal

Polpa 1,5 – 5,5 y = 11,858x – 4,4381 0,9962

Casca 0,05 – 0,5 y = 109,9x + 9,4661 0,9953

Sementes 0,5 – 5,0 y = 11,752x + 0,1568 0,9995

Na Figura 27, estão apresentados os valores de EC50 (mg/mL) das diferentes

partes da Annona cherimola Mill. dos quatro cultivares analisados. As amostras que

apresentaram os menores valores de EC50 são as que apresentam maior actividade

antioxidante.

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Resultados e Discussão

61

Figura 27. EC50 (mg/mL) das diferentes partes da Annona cherimola Mill. dos quatro cultivares analisados.

Relativamente aos valores para a polpa, podemos verificar que os cultivares

Perry Vidal e Funchal não apresentam grandes diferenças entre si, tendo o cultivar

Madeira apresentado o maior efeito bloqueador, revelando um poder antioxidante

bastante maior do que qualquer um dos outros cultivares, com um EC50 de 0,97 0,01

mg/mL, enquanto que os cultivares Perry Vidal, Funchal e Mateus II apresentaram um

EC50 de 4,60 ± 0,06; 4,52 ± 0,01 e 3,45 ± 0,11 mg/mL, respectivamente. Estes valores

estão de acordo com a literatura, em que Loaeza et al. (2011) já tinha reportado que a

polpa de Annona diversifolia apresentava valores de EC50 entre os 1,70 e 2,00 mg/mL

(24). Dos cultivares de Annona Cherimola Mill. analisados, o cultivar Madeira foi

aquele que apresentou o menor valor de EC50, ou seja maior actividade antioxidante,

do que o valor indicado por Loaeza et al. (2011).

Sendo que o nosso método foi baseado no autor que obteve os resultados

acima descritos, será com estes valores que poderemos comparar as amostras, dado

que existem inúmeros métodos diferentes com o radical DPPH e consequentemente

inúmeros resultados diferentes tendo em conta o método utilizado. É necessário ter

em conta que as anonas com as quais os resultados obtidos foram comparados

possuem texturas e cores bastante diferentes da Annona cherimola Mill.

Em relação aos valores exibidos na Figura 27, reconhecemos a mesma

tendência observada anteriormente para a polpa, onde o cultivar Madeira se apresenta

como o melhor bloqueador de electrões em relação ao subproduto casca, com um

valor de EC50 de 0,18 0,00 mg/mL, que é bastante reduzido.

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

4,5

5,0

Funchal Madeira Mateus II Perry Vidal Funchal Madeira Mateus II Perry Vidal Madeira Mateus II Perry Vidal

Polpa Casca Sementes

EC

50

(mg

/mL

)

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Resultados e Discussão

62

Os outros cultivares também apresentam valores bastante mais baixos do

que os registados na polpa e novamente bastante semelhantes entre si. O EC50 do

cultivar Perry Vidal foi de 0,37 0,01 mg/mL, o do cultivar Funchal foi de 0,33 0,00

mg/mL, e o do cultivar Mateus II foi de 0,23 0,00 mg/mL. O facto de a casca

apresentar a maior actividade está de acordo com os resultados apresentados na

literatura, dado que muitos dos compostos bioactivos presentes nos frutos estão

contidos neste subproduto (98,99). No entanto, Gupta-Elera et al. (2011) apresentou

resultados que não são tão coerentes com os observados neste trabalho, dado que

encontrou uma maior actividade antioxidante no sumo da polpa da anona do que na

casca (28). Loizzo et al. (2012) encontrou valores de EC50 de 0,06 mg/mL,

demonstrando uma maior actividade antioxidante quando comparado com os

cultivares analisados no nosso estudo, apesar de ter encontrado a mesma tendência

na actividade antioxidante, ou seja observou uma maior actividade na casca do que na

polpa (7).

Relativamente às sementes da anona, pela observação da Figura 27

verifica-se que todos os cultivares têm uma resposta semelhante, não sendo

evidente a diferença no cultivar Madeira como se verificou anteriormente. O cultivar

que apresentou o maior valor de EC50 foi o Perry Vidal (4,24 0,34 mg/mL), seguido

pelo cultivar Mateus II (3,22 0,08 mg/mL) e por último o cultivar Madeira (3,19

0,08 mg/mL). Comparando estes valores de EC50 com os referidos em outros

estudos, nomeadamente Lima et al. (2010), que encontrou valores de EC50 de 0,03

mg/mL nas sementes de Annona cornifolia, podemos afirmar que a Annona

cherimola Mill. cultivar Madeira possui uma menor actividade antioxidante (84).

A actividade antioxidante dos extractos obtidos neste trabalho de investigação

foi comparada com a actividade de alguns antioxidantes sintéticos, nomeadamente o

ácido gálico, ácido L-ascórbico e BHT, encontrando-se os respectivos parâmetros da

regressão linear e gama de trabalho no Quadro 13.

Quadro 13. Gama de concentrações, equação das rectas e coeficientes de determinação dos antioxidantes sintéticos para o ensaio da capacidade de capturar electrões.

Antioxidantes sisntéticos

Gama de concentrações

(mg/mL) Equação das rectas

Coeficiente de determinação (r2)

BHT 0,01 – 0,1 y = 0,6002x – 1,2754 0,9970

Ácido gálico 0,0005 – 0,0025 y = 26,169x + 2,9502 0,9904

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Resultados e Discussão

63

Ácido ascórbico 0,0001 – 0,0005 y = 11,286x – 0,2628 0,9912

Todos os antioxidantes sintéticos revelaram um grande poder antioxidante

(Figura 28) quando comparados com o EC50 dos extractos de anona analisados neste

estudo (Figura 27).

Figura 28. EC50 (mg/mL) dos antioxidantes sintéticos analisados.

As metodologias para a determinação da actividade antioxidante são

numerosas, podendo estar sujeitas a várias interferências, além do facto de se

basearem em diversos fundamentos. Dado este facto tem-se utilizado para esta

determinação duas ou mais técnicas, já que nenhum ensaio por si consegue

isoladamente determinar a actividade antioxidante total de uma amostra (82,83).

4.3.3. Análise dos polifenóis e flavonóides totais

No presente trabalho de investigação foram preparadas no mínimo cinco

soluções com concentrações diferentes dos padrões de ácido gálico e epicatequina,

com a finalidade de obtermos rectas de calibração para determinação do teor de

polifenóis e flavonóides totais dos extractos das amostras em estudo (Quadro 14).

Quadro 14. Gama de concentrações, equação das rectas e coeficientes de determinação dos padrões de ácido gálico e epicatequina.

Compostos Gama de

concentrações (mg/mL)

Equação das rectas Coeficiente de

determinação (r2)

Ácido gálico 0,1 – 1,4 y = 1,032x + 0,0834 0,9932

Epicatequina 0,1 – 4 y = 0,4432x + 0,1764 0,9967

Os compostos fenólicos podem ser encontrados em todas as partes da planta,

sendo a sua distribuição diferente nos diversos órgãos e consoante os diferentes

0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10

BHT

Ácido gálico

Ácido L-ascórbico

EC50 (mg/mL)

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Resultados e Discussão

64

cultivares dentro da mesma espécie, sendo que muitas vezes se encontram mais

compostos fenólicos na casca e sementes do que na parte edível do fruto (48, 72).

De acordo com os resultados obtidos no presente trabalho de investigação

(Figura 29), verifica-se que o teor de polifenóis totais variou entre 19,6 0,15 mg de

EAG/100 g para a casca do cultivar Mateus II e 3,06 0,03 mg de EAG/100 g para a

polpa do cultivar Funchal. Em relação às sementes para todos os cultivares se

obtiveram valores bastante próximos, variando entre 3,35 0,01 mg de EAG/100 g

(cultivar Perry Vidal) e 4,16 0,02 mg de EAG/100 g de amostra (cultivar Mateus II).

Já no caso da polpa, podemos observar que o cultivar Madeira possui um conteúdo

em polifenóis totais cerca de 3 a 4 vezes superior aos teores encontrados para os

outros cultivares. De acordo com os resultados apresentados na literatura, os teores

de polifenóis totais são superiores aos obtidos neste trabalho, chegando a ser de

42 mg de EAG/100 g em anonas da espécie Annona muricata, e podendo ainda ser

mais elevados (>120 mg de EAG/100 g), em polpas congeladas também de Annona

muricata (134,135). No entanto, existem outros estudos, nomeadamente o realizado

por Loizo et al. (2012) que encontrou teores de polifenóis totais com concentrações de

14,6 mg de ácido cloragénico/100 g (polpa) e de 12,6 mg de ácido cloragénico/100 g

(casca) (7).

Figura 29. Teor de polifenóis totais (mg de EAG/100 g) das diferentes partes da Annona cherimola Mill. dos quatro cultivares analisados.

Os resultados obtidos no nosso estudo indicam um maior teor de polifenóis

para a casca do que para a polpa em todos os cultivares. Este método para avaliar a

actividade antioxidante, apesar de muito utilizado, não permite obter valores muito

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

Funchal Madeira Mateus II Perry Vidal Funchal Madeira Mateus II Perry Vidal Madeira Mateus II Perry Vidal

Polpa Casca Sementes

Po

life

is to

tais

(m

g d

e E

AG

/100 g

)

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Resultados e Discussão

65

exactos uma vez que possui algumas limitações, como por exemplo sobrestimar o

conteúdo em compostos fenólicos (136). Uma das razões para a existência de

interferência neste método é a presença de ácido ascórbico na matriz em

estudo (71,135). A polpa das anonas apresenta diferenças significativas ao nível dos

compostos fenólicos entre os quatro cultivares em estudo, sendo que estas diferenças

não se verificam no caso da casca e da semente.

Em relação ao teor de flavonóides nos vários cultivares da anona analisados

(Figura 30), o cultivar Madeira obteve os valores mais elevados, nomeadamente ao

nível da polpa (15 0,01 mg de EEC/100 g de amostra), em que o teor médio é cerca

de 10 vezes maior do que nos cultivares Funchal e Perry Vidal. No caso da casca,

também foi o cultivar Madeira que apresentou o maior teor de flavonóides totais (44,7

0,1 mg de EEC/100 g de amostra). Por outro lado, em relação às sementes de

anona analisadas, o teor de flavonóides totais variou entre 3,06 0,02 e 6,75 0,05

mg de EEC/100 g para os cultivares Mateus II e Perry Vidal, respectivamente. No caso

dos flavonóides totais verifica-se a mesma tendência, com a polpa a ser a única parte

do fruto onde se verificam diferenças significativas para os cultivares em estudo.

Resultados semelhantes foram divulgados por Onyechi et al. (2011), cuja polpa

de Annona muricata apresentou teores médios de flavonóides totais de cerca de 9,32

mg de EEC/100 g (137). Loaeza et al. (2011) demonstrou resultados mais elevados,

variando entre 107,41 e 152,04 mg de EEC/100 g para a polpa de Annona diversifolia

(24). Num outro estudo realizado por Loizzo et al. (2012) foram reportados valores os

seguintes valores: 8,2 mg de quercetina/100 g para a casca e 3,8 mg de

quercetina/100 g para a polpa (7). Contudo, regista-se a mesma tendência, ou seja,

valores mais elevados para a casca do que para a polpa da Annona cherimola Mill.

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Resultados e Discussão

66

Figura 30. Teor de flavonóides totais (mg de EEC/100 g) das diferentes partes da Annona cherimola Mill. dos quatro cultivares analisados.

Com o objectivo de estabelecer relações entre os conteúdos de polifenóis,

flavonóides e o valor de EC50, foi feito um teste de correlação de Pearson. Este

coeficiente mede a intensidade da associação linear existente entre as variáveis,

podendo tomar valores entre -1 e 1, estando os resultados visíveis no Quadro 15.

Quadro 15. Coeficiente de Pearson para as correlações entre polifenóis totais, flavonóides totais e DPPH•.

Polifenóis totais (mg de EAG/100 g)

Flavonóides totais (mg de EEC/100 g)

DPPH• (mg/100 g)

Polifenóis totais 1 - -

Flavonóides totais 0,978258 1 -

DPPH• -0,964056 -0,922448 1

DPPH• – 2,2-difenil-1-picril-hidrazilo, EAG – Equivalentes de ácido gálico, EEC – Equivalentes de epicatequina.

Desta maneira verificou-se a existência de uma correlação fortemente positiva

entre o teor de polifenóis e o teor de flavonóides, e uma correlação fortemente

negativa, entre os polifenóis e o radical DPPH, e entre os flavonóides e o radical

DPPH. A correlação entre os polifenóis totais e o DPPH• deve-se essencialmente ao

facto de estes terem o mesmo mecanismo de acção, ou seja, ambos transferem

electrões. Esta correlação é negativa porque o valor de EC50 varia inversamente ao

teor de polifenóis e flavonóides, ou seja, quanto menor o valor de EC50, maior a

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

40,0

45,0

50,0

Funchal Madeira Mateus II Perry Vidal Funchal Madeira Mateus II Perry Vidal Madeira Mateus II Perry Vidal

Polpa Casca Sementes

Fla

vo

ides t

ota

is

(mg

de E

EC

/100 g

)

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Resultados e Discussão

67

actividade antioxidante a ele associado. Kuskoki et al. (2006) já tinha também referido

esta correlação directa entre o conteúdo total de compostos fenólicos e a actividade

antioxidante (138).

Também se procurou saber se a actividade antioxidante estava de alguma

maneira relacionada com o teor de vitamina C, mostrando uma correlação fracamente

negativa entre os dois (r =-0,46444). No entanto, podemos também verificar que o

cultivar Madeira, que exibe a maior actividade antioxidante, possui também o maior

teor em vitamina C total. Daqui podemos depreender que a actividade antioxidante

não deve ser apenas atribuída a um composto, mas sim à acção combinada de

diferentes compostos bioactivos. Quando se avalia uma matriz complexa é

fundamental ter em conta os efeitos sinergísticos ou antagonísticos entre os diferentes

compostos presentes na amostra, não se podendo excluir a possível existência de

moléculas não antioxidantes que podem vir a afectar a actividade antioxidante,

nomeadamente alcanóides (139).

É também possível que as amostras não estivessem todas no mesmo grau de

maturação, podendo justificar-se algumas das diferenças observadas, para além de

eventuais diferenças genéticas entre os cultivares, condições do solo e temperatura.

Podemos observar que tanto a nível dos carotenóides como de vitaminas e

compostos antioxidantes, as partes não edíveis do fruto apresentaram teores mais

elevados do que os componentes edíveis, sendo que podem ser potencialmente

usadas como suplementos na alimentação ou mesmo como nutracêuticos.

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Conclusões

68

5. Conclusões

A Ilha da Madeira é uma região com condições climáticas excelentes para a

produção de alguns frutos exóticos e tropicais, como o abacate, a anona, a banana e o

maracujá. A procura de frutos exóticos e tropicais tem aumentado nos últimos anos

devido às suas propriedades sensoriais, além de serem considerados uma boa fonte

de vitaminas e outros compostos bioactivos, como os polifenóis e os carotenóides.

Devido a este novo mercado, há uma crescente necessidade de novos estudos sobre

os benefícios para a saúde associados ao consumo destes frutos. No entanto, quando

comparados com outros frutos comuns, há uma grande lacuna a preencher, a fim de

compensar a actual falta de conhecimento sobre os frutos tradicionais da Região

Autónoma da Madeira.

No presente estudo, foi determinado o conteúdo em carotenóides, vitamina E

(α-tocoferol) e vitamina C (ácido L-ascórbico e desidroascórbico) e avaliou-se a

actividade antioxidante em quatro cultivares (Funchal, Madeira, Mateus II e Perry

Vidal) da espécie Annona cherimola Mill. cultivados na Região Autónoma da Madeira.

Acresce ainda referir que para além destes teores terem sido determinados na parte

edível do fruto, a polpa, foram também quantificados nos respectivos subprodutos, a

casca e as sementes.

Relativamente aos métodos analíticos utilizados no presente estudo foi

realizada a prévia optimização, nomeadamente do método para determinação de

carotenóides e vitamina E, bem como para a determinação de vitamina C e avaliação

da actividade antioxidante. A metodologia optimizada para determinação do teor de

carotenóides e vitamina E por UHPLC provou ser a mais adequada, permitindo uma

boa separação cromatográfica e reduzindo o tempo de análise. Em relação à técnica

de HPLC para determinação do teor de vitamina C, foi optimizada a concentração do

agente redutor, que é fundamental para obtermos a completa redução do ácido

ascórbico e consequentemente adquirirmos resultados fiáveis e precisos para as

amostras em estudo.

A análise cromatográfica por UHPLC dos extractos da polpa de Annona

cherimola Mill., e dos seus respectivos subprodutos (casca e sementes) permite-nos

concluir que a anona pode ser considerada uma fonte de carotenóides e de vitaminas.

De acordo com os resultados obtidos, a casca apresentou uma maior quantidade de

carotenóides, observando-se a presença se luteína, β-criptoxantina, β-caroteno. Em

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Conclusões

69

relação ao α-tocoferol foi possível quantificá-lo em todas as partes do fruto, sendo que

os teores mais elevados foram encontrados nas sementes.

A determinação do teor de vitamina C (ácido L-ascórbico e desidroascórbico)

permite concluir que os cultivares analisados de forma geral, não apresentaram

valores muito elevados relativamente ao teor em ácido L-ascórbico. No entanto, foi na

casca que se registou a maior quantidade deste composto. Tal facto pode estar

relacionado com as características do fruto estudado, a polpa da anona, que é

extramente sensível à oxidação, sendo que todos os cuidados necessários para

minimizar estas perdas foram tidos em atenção aquando do transporte, preparação e

análise das amostras.

As propriedades antioxidantes devem-se principalmente ao elevado teor em

compostos bioactivos, nomeadamente polifenóis e flavonóides, havendo no entanto

uma variação entre os diversos cultivares, podendo estas variações ocorrer devido

não só a factores genéticos mas também a diferentes estados de maturação. A

comparação da actividade antioxidante e de diferentes compostos bioactivos dos

quatro cultivares de anona (Mateus II, Perry Vidal, Madeira e Funchal) foi realizada, de

modo a verificar a existência de diferenças significativas entre os mesmos, além de se

ter estabelecido uma correlação entre a actividade antioxidante e o teor em alguns

compostos bioactivos. Para além disso, recorreu-se a diversas técnicas analíticas para

determinação da atividade antioxidante, dado que de acordo com a literatura é

necessário aplicarmos vários métodos por forma a obtermos um perfil antioxidante

completo.

Os resultados obtidos permitem afirmar que todos os cultivares analisados

apresentam actividade antioxidante. O cultivar Madeira foi aquele que teve os maiores

teores em termos de compostos fenólicos e flavonóides totais, além de ter sido

registado um EC50 menor, revelando uma maior actividade antioxidante. O cultivar que

apresentou valores mais baixos foi o Perry Vidal, e os restantes apresentaram valor

intermédios e semelhantes entre si, sendo que esta actividade antioxidante parece

estar directamente correlacionada com a presença de polifenóis e flavonóides.

Os teores de compostos bioactivos e a actividade antioxidante dos cultivares

da Annona cherimola Mill. em estudo, tornam-na um fruto importante e que deve fazer

parte de alimentação saudável e equilibrada da nossa população. Para além disso,

este estudo apresenta pela primeira vez dados não só para a parte edível do fruto,

bem como para a não edível (casca e sementes). Os subprodutos representam cada

vez mais um interesse acrescido do ponto de vista ambiental e, principalmente,

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Conclusões

70

económico. A valorização de subprodutos é uma questão de grande relevo no cenário

actual, dado que cada vez mais desperdiçamos e não aproveitamos a presença de

compostos bioactivos naturais de elevado valor e com grande potencial que estão

amplamente presentes nesses subprodutos.

A anona, como fruto tropical, provou a sua importância no mercado, não só

devido às suas características organolépticas mas também devido ao facto de ser

considerado uma fonte de compostos bioactivos que podem beneficiar a saúde do

consumidor. Este trabalho pretende contribuir com dados fundamentais para manter a

biodiversidade, promover o desenvolvimento sustentável e a exploração de frutos

tradicionais da Região Autónoma da Madeira.

Em termos futuros, deveria ser realizado um estudo complementar ao trabalho

de investigação aqui apresentado e discutido, no sentido de identificar e quantificar

individualmente os compostos fenólicos e os flavonóides. Do mesmo modo seria

importante identificar os outros compostos, apresentados nos cromatogramas,

presentes na casca deste fruto, recorrendo se necessário a outras técnicas como a

cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massa. Por último, poderiam ser

desenvolvidos os estudos in vivo de bioactividade e biodisponibilidade, a fim de

comprovar as alegações de saúde e para reforçar a sinergia entre a promoção da

saúde e as características destes frutos tradicionais.

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ANEXO I

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T.G. Albuquerque, F. Santos, A. Sanches-Silva e H. S. Costa. Portuguese fresh meats with

quality product designation. 2nd Annual Meeting and Conference of EuroFIR Nexus (EuroFIR

- European Food Information Resource Network), Ljublijana, Eslovénia, 4-8 de Março de 2013.

F. Santos, T. G. Albuquerque, M. B. Oliveira, A. Sanches-Silva e H. S. Costa. Evaluation of

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F. Santos, T. G. Albuquerque, M. B. Oliveira, A. Sanches-Silva e H. S. Costa. Antioxidant

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IMEKO TC 8, TC 23 and TC 24 - Symposium on Symposium on Traceability in Chemical, Food

and Nutrition Measurements, Lisboa, Portugal, 22-25 de Setembro de 2013.

F. Santos, T. G. Albuquerque, M. B. Oliveira, A. Sanches-Silva e H. S. Costa. Carotenoids

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An overview of Portuguese traditional foods with quality product

designations

T. G. Albuquerquea,b; F. Santosa; A. Sanches-Silvaa; H. S. Costaa

a Departamento de Alimentação e Nutrição, Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, I.P., Av. Padre Cruz, 1649-016, Lisboa, Portugal

Introduction. Traditional foods constitute an important part of the culture, history, identity,

heritage and local economy of a region or country and they are key elements of the dietary

patterns of each country (1). These foods are commonly perceived as foods that have been

consumed locally or regionally for a long time and the methods of preparation of such foods

have been passed from generation to generation (2). The Portuguese cuisine is characterized

by a variety of rich, filling and fully-flavoured dishes. It is a Mediterranean cuisine, with Atlantic

characteristics (high consumption of fish and seafood) and influence from different places

around the world. The cuisine across Portuguese regions and islands is varied (3). In 1992, the

European Union (EU) created quality product designation systems, including Protected

Designation of Origin (PDO), Protected Geographical Indication (PGI) and Traditional Speciality

Guaranteed (TSG), which protect registered traditional foods and enable producers to market

distinctive high-quality regional products (4, 5). In this study a review among Portuguese

traditional foods with quality product designation has been carried out.

Results. Our results show that up to now 116 traditional foods have been registered in the EU,

from which 58 are PDO and 58 are PGI (Table 1). With respect to TSG until now only 1

traditional food has applied for this denomination. According to the DOOR database

(http://ec.europa.eu/agriculture/quality/door) foods are divided into classes.

Table 1. Portuguese traditional foods with quality product designations.

Food classes PDO PGI

Fresh meat (and offals) 15 12

Meat products (cooked, smoked, salted, etc) 2 34

Cheeses 11 1

Other products of animal origin (eggs, honey, dairy products, etc) 10 ---

Oils and fats (butter, margarine, oil, etc) 6 ---

Fruit, vegetables and cereals (fresh or processed) 14 10

Bread, pastry, cakes, confectionery, biscuits and others --- 1

Conclusions. A great variability of Portuguese traditional foods has been already registered as

PDO or PGI. Nevertheless, some of these foods have never been characterized with respect to

the nutritional composition and bioactive compounds content. This review aims to compile and

up-to-date information of the Portuguese traditional foods with quality product designations and

to increase interest among food researchers, manufacturers and consumers on these foods.

References.

(1) Costa HS, Vasilopoulou E, Trichopoulou A, Finglas P (2010). Eur. J. Clin. Nutr., 64, S73-S81. (2) Trichopoulou A, Soukara S, Vasilopoulou E (2007). Trends Food Sci Technol 18, 420–427. (3) Weichselbaum E, Benelam B, Costa HS (2009). Synthesis report No. 6: Traditional Foods in Europe. Available at: http://www.eurofir.net (accessed on 30 August 2012). (4) Commission of the European Communities (2006). Council Regulation No. 509/2006 of 20 March 2006 on agricultural products and foodstuffs as traditional specialities guaranteed. Off. J. Eur. Union L93, 1–11. (5) Commission of the European Communities (2006). Council Regulation (EC) No. 510/2006 of 20 March 2006 on the protection of geographical indications and designations of origin for agricultural products and foodstuffs. Off. J. Eur. Union L93, 12–25.

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Antioxidant activity of Annona cherimola Mill. (Annonaceae)

T. G. Albuquerquea,b; F. Santosa; A. Sanches-Silvaa; D. Costaa; H. S. Costaa

a Departamento de Alimentação e Nutrição, Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge,

I.P., Av. Padre Cruz, 1649-016, Lisboa, Portugal b REQUIMTE/Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, R. Jorge Viterbo Ferreira 228,

4050-313 Porto, Portugal

Objectives: In this study, the antioxidant capacity of pulp and seeds of ripe fruits of Annona

cherimola Mill. was determined. Moreover, two organic solvents were compared regarding their

radical scavenging activity (RSA). The present research intends to carry out a study on the best

extraction method for further use in the evaluation of RSA in several cultivars of traditional fruits

from Madeira’s island.

Method: Annona cherimola Mill. fruits were acquired in local supermarkets. Fruits were selected

and peel, seeds and pulp were separated. Then, each part of the fruits was homogenised in a

blender for 1 min at 5000 rpm. Samples (pulp or seeds) were extracted with 25 mL of solvent

(ethanol 90%, v/v, or methanol) and filtered through cotton wool. Afterwards, DPPH• radical was

used for antioxidant capacity determination, which in presence of an antioxidant is reduced to

DPPH-H decreasing its spectrophotometric absorbance at 517 nm. The scavenging activity of

the extracts was expressed as the percentage of inhibition of the DPPH• radical.

Results: The IC50 value, representing the concentration of the extract that gives rise to 50%

reduction in DPPH• absorbance was determined by linear regression analysis. IC50 for pulp and

seeds was lower for ethanolic extracts than for methanolic extracts.

Conclusions: Due to the importance of antioxidant compounds to prevent several diseases

such as cancer, and cardiovascular diseases, it is very important to compare the antioxidant

capacity of different fruits, fruit components, as well as extract solvents. Ethanol gave higher

IC50 in all the tested extracts. These results will support further research on traditional fruits from

Madeira’s island.

Acknowledgements: Tânia Gonçalves Albuquerque is grateful for research grant (BRJ/DAN-

2012) funded by INSA. Ana Sanches Silva is grateful for the postdoctoral contract in the frame

of the Program ‘Science 2007’, funded by FCT.

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Portuguese fresh meats with quality product designation

T. G. Albuquerquea,b; F. Santosa; A. Sanches-Silvaa; H. S. Costaa

a Departamento de Alimentação e Nutrição, Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, I.P., Av. Padre Cruz, 1649-016, Lisboa, Portugal

b REQUIMTE/Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, R. Jorge Viterbo Ferreira 228, 4050-313 Porto, Portugal

Objectives: The main objective of the present research is to update information on the

Portuguese traditional foods from fresh meat group with quality product designations. Moreover,

this study reviews published data on nutritional composition and bioactive compounds of these

foodstuffs.

Method: Portuguese fresh meats with quality product designation were identified and

categorized in Protected Designation of Origin (PDO) and Protected Geographical Indication

(PGI), according to the information available in DOOR database

(http://ec.europa.eu/agriculture/quality/door). A literature review from scientific publications with

peer-review has been also carried out to compile the information available on nutritional

composition and bioactive compounds, namely, total fat content, individual fatty acids,

cholesterol, α-tocopherol, γ-tocopherol and β-carotene.

Results: A total of 29 Portuguese fresh meats with quality designation are registered (16 PDO

and 13 PGI). In Portugal, there are 12 bovine meats with protected names, of which 9 PDO

(Barrosã, Mirandesa, Maronesa, Arouquesa, Marinhoa, Carnalentejana, Mertolenga, Cachena

da Peneda and Charneca) and 3 PGI (Vitela de Lafões, Açores and Cruzado Lameiros do

Barroso). Nevertheless, only 44% of all these fresh meats were characterized regarding the

nutritional composition and bioactive compounds content. Total fat content varied between 0.5 -

2.7 g/100 g for Mertolenga and Arouquesa, respectively while cholesterol ranged from 41 - 64

mg/100 g for Mirandesa and Maronesa, respectively.

Conclusions: Fresh meats with protected designation represent 25% of the Portuguese

traditional foods with quality product designation. Nevertheless, there is a vast number of

traditional fresh meats that have never been characterized with respect to nutritional and

bioactive compounds content and this review aims to evaluate the state-of–the art in this

research field and to promote investigation and the interest among food researchers,

manufacturers and consumers on these foods.

Acknowledgements: Tânia Gonçalves Albuquerque is grateful for research grant (BRJ/DAN-2012)

funded by Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, I.P. (INSA). The authors are grateful for the

postdoctoral contract of Ana Sanches Silva in the frame of the Program ‘Science 2007’, funded by

Fundação para a Ciência e a Tecnologia, Portugal.

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Evaluation of antioxidant activity of seeds, pulp and peel from Annona

cherimola Mill. (Annonaceae)

F. Santosa; T. G. Albuquerquea,b; M. B. Oliveirab; A. Sanches-Silvaa, H. S. Costaa

a Departamento de Alimentação e Nutrição, Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, I.P., Av. Padre Cruz, 1649-016, Lisboa, Portugal

b REQUIMTE/Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, R. Jorge Viterbo Ferreira 228, 4050-313 Porto, Portugal

Background and Objectives: The antioxidant compounds of fruits are very important when we

want to prevent several diseases, such as cardiovascular diseases or even cancer. In this

study, the antioxidant capacity of pulp, seeds and peel of ripe fruits of Annona cherimola Mill.

was determined with two different methods, DPPH• and Folin-Ciocalteu.

Methods: Annona cherimola Mill. fruits were acquired in local supermarkets. Each part of the

fruits (peel, seeds and pulp) was homogenised. For DPPH• assay, three extracts were

prepared: ethanolic, methanolic and aqueous. The ethanolic extract was also applied to

ascorbic acid, BHT and gallic acid, which were employed as controls. The total phenolic

concentration was measured using the Folin-Ciocalteu method and gallic acid as standard.

Results: For DPPH• assay, from the three solvents tested, aqueous extracts showed the lowest

antioxidant activity for pulp and peel. In the case of peel, the EC50 is about half with methanol

than with ethanol while the opposite was observed in the case of seeds. EC50 was similar for

both organic solvents in the case of pulp. The synthetic antioxidants used as reference were

more effective DPPH• radical scavengers than all of the studied extracts.

Conclusions: The two different methods showed that pulp has a lower antioxidant activity,

when compared with peel and seeds. None of the extracts were as effective DPPH• radical

scavengers as the standard controls, vitamin C, gallic acid and BHT. These results will

contribute to preserve biodiversity and promote several cultivars of traditional fruits from

Madeira’s island.

Acknowledgements: Tânia Gonçalves Albuquerque is grateful for the research grant

(BRJ/DAN-2012) funded by INSA and Ana Sanches Silva is grateful for the postdoctoral

contract in the frame of the Program ‘Science 2007’, funded by FCT.

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Antioxidant capacity, phenolic content and total flavonoids of Annona

cherimola Mill. (Annonaceae)

F. Santosa; T. G. Albuquerquea,b; M. B. Oliveirab; A. Sanches-Silvaa, H. S. Costaa

a Departamento de Alimentação e Nutrição, Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge,

I.P., Av. Padre Cruz, 1649-016, Lisboa, Portugal

b REQUIMTE/Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, R. Jorge Viterbo Ferreira 228,

4050-313 Porto, Portugal

Nowadays, consumers are much more aware of food composition and have foremost interest in

tropical fruits due to their bioactive compounds and antioxidant activity, which are very important

to prevent some diseases. The antioxidant capacity of ethanolic extract of pulp, seeds and peel

of four ripe cultivars of Annona cherimola Mill. (Mateus, Perry Vidal, Madeira and Funchal) were

investigated, comparing several methods, such as DPPH•, Folin-Ciocalteu method and total

flavonoids assay. Total phenols were measured applying the Folin-Ciocalteu method with gallic

acid as standard and the total flavonoids content was determined spectrophotometrically using

epicatechin as standard. For DPPH• assay, the peel showed the highest antioxidant activity,

with an EC50 value below 0.3 mg/mL, whereas for the pulp it was higher than 3 mg/mL. The

highest value for total phenols and flavonoids was found in the peel (19.9 mg GAE/g and 13.2

mg EC/g respectively). For pulp total phenols content was 3 mg GAE/g and for seeds flavonoids

content was 1.3 mg EC/g. Madeira cultivar showed a higher antioxidant activity than all the

other cultivars. The three different methods showed that Annona cherimola Mill. have

compounds with great antioxidant properties, in particular the peel.

Acknowledgements: This work was funded by National Institute of Health Dr. Ricardo Jorge

(INSA), I.P. under project “Compostos bioactivos e os seus benefícios para a saúde”

(2012DAN730). Tânia Gonçalves Albuquerque is grateful for the research grant (BRJ/DAN-

2012) funded by INSA.

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Carotenoids and vitamin E content of four cultivars of Annona cherimola

Mill. including its by-products

F. Santosa, T. G. Albuquerquea,b, M. B. Oliveirab, A. Sanches-Silvaa, H. S. Costaa

aDepartment of Food and Nutrition, National Institute of Health Dr. Ricardo Jorge, Av. Padre

Cruz, 1649-016 Lisbon, Portugal bREQUIMTE/Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, R. Jorge Viterbo Ferreira 228,

4050-313 Porto, Portugal

Tropical fruits are known by their bioactive compounds and vitamins, which are essential in a

healthy diet. In this study, six carotenoids and vitamin E were quantified in the pulp and by-

products (seeds and peel) of four cultivars of Annona cherimola Mill. Fruit parts were separated

and homogenised. Carotenoids and vitamin E (α-tocopherol) were extracted from samples with

hexane/ethanol (4:3, v/v) and quantified using a validated method by Ultra-high Pressure Liquid

Chromatography with diode array detection. Our results showed higher carotenoids content in

the peel than in the pulp and seeds. Lutein was the major carotenoid (229 26 μg/100 g) found

in the peel of “Mateus” cultivar followed by β-carotene with a content of 174 11 μg/100 g. The

mean value found for α-tocopherol content in seeds was higher than 0.90 mg/100 g. This

vitamin was quantified in all the fruit parts and the content increased in the following order:

pulp<peel<seeds. Annona cherimola Mill. by-products (peel and seeds) can be potentially rich

in bioactive compounds, especially lutein and α-tocopherol, indicating promising sources of high

value natural extracts that can have potential to be used in the development of nutraceuticals or

pharmaceuticals to benefit human health.

Acknowledgements: This work was funded by National Institute of Health Dr. Ricardo Jorge

(INSA), I.P. under project “Compostos bioactivos e os seus benefícios para a saúde”

(2012DAN730). Tânia Gonçalves Albuquerque is grateful for the research grant (BRJ/DAN-

2012) funded by INSA.