pequenos frutos

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Bernardo Sabugosa Portal Madeira Director revista AGROTEC Técnico Científica Engº- Doutorado Ciências Agrárias FCUP Tel. 91 90 56 253 [email protected] Sessão esclarecimento - Pequenos Frutos

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Page 1: Pequenos Frutos

Bernardo Sabugosa Portal Madeira

Director revista AGROTEC – Técnico Científica Engº- Doutorado Ciências Agrárias – FCUP

Tel. 91 90 56 253 [email protected]

Sessão esclarecimento - Pequenos Frutos

Page 2: Pequenos Frutos

www.agrotec.pt

Page 3: Pequenos Frutos

Pequenos frutos • Bagas - frutos moles, suculentos, que não se abrem quando maduros, e sementes membranosas ou tenras. (Ex. Groselha, mirtilo e uva)

• Drupas e polidrupas - frutos moles, suculentos, que não se abrem quando maduros, e sementes envolvidas num endocarpo pétreo ou coriáceo. (Ex. Amoras e framboesas)

• Pseudo-fruto de aquénios - receptáculo carnudo, entumescido, em que as sementes (verdadeiros frutos) são aquénios. (Ex. Morango)

• Bagas de sépalas acrescentes (Physalis alkekengi e Physalis peruviana)

-Outros

Page 4: Pequenos Frutos

• A designação de “frutos vermelhos” não é, de todo, a mais correcta, pois existem framboesas, uvas, camarinhas e groselhas que são brancas ou douradas.

• E igualmente é errado referirmo-nos como “frutos silvestres”, uma vez que apenas algumas variedades de morangos alpinos, algumas groselhas e os mirtilos silvestres é que são “verdadeiramente próximos das qualidades” silvestres, os restantes “pequenos frutos” cultivados são variedades muito melhoradas ou mesmo híbridos.

Page 5: Pequenos Frutos

Tal como no caso das árvores fruteiras também neste segmento a família Rosaceae é a que contribui com maior número de espécies e variedades:

Rosaceae = Cereja; Morango; Framboesa, Amora e seus híbridos

Moraceae = Morus spp. (amoreira)

Ericaceae = Mirtilo, Medronho, Camarinha (Corema album)

Vitidaceae = Videira

Saxifragaceae (sin. Grossulaceae) = Groselhas (espécies do género Ribes spp.)

Outros...

Page 6: Pequenos Frutos

Goji

Feijoa

Kunkuat

Cereja do Rio grande

Cornus mas

Page 7: Pequenos Frutos

• A forte acidez de alguns, o sabor exótico de outros, a raridade (só conhecidos em mercados locais), a exigência por determinados solos, e a dificuldade de colheita e a sua perecibilidade fez com que a maioria fosse desconhecido dos mercados mais massificados.

• Na verdade, só o morango, a framboesa e a uva de mesa é que constituíam, até aos anos 80, e na Europa, o grande mercado de pequenos frutos.

• Os restantes frutos apenas se apresentavam em mercados locais e em nichos muito específicos.

• Entretanto, uma melhor divulgação através dos viveiristas, o aparecimento de variedades melhoradas (mais produtivas ou com menos espinhos e formando sebes mais compactas), a divulgação na culinária “gourmand” e finalmente a propaganda associada aos benefícios associados aos antioxidantes vieram a suscitar o interesse por estes frutos.

Page 8: Pequenos Frutos

Em todo o caso, e apesar de na maioria destes frutos a mecanização das culturas já ter evoluído muito, dada a fragilidade destas frutas, a parte que é destinada para o mercado de consumo em fresco exige uma colheita manual e cuidada, pelo que o seu preço é sempre elevado!

Page 9: Pequenos Frutos

Morangueiro

•A sua origem é múltipla e actualmente são cultivadas várias espécies procedentes de vários continentes e seus híbridos. Porém, a principal é o híbrido Fragaria x ananassa, que tem como espécies pai o Fragaria chiloensis (do Chile) e o Fragaria virginiana.

• É uma espécie 8n ou seja, octapolóide.

•O morangueiro europeu, o Fragaria vesca, tem cultivo mais restrito, principalmente no estado puro, sendo o mais conhecido o Morango selvagem, “fraise des bois” ou morango dos alpes.

Page 10: Pequenos Frutos
Page 11: Pequenos Frutos

• Algumas espécies e variedades de morangueiro são sensíveis ao fotoperíodo, e algumas particularmente exigentes no que diz respeito aos somatórios de horas de frio.

• As variedades podem, assim, ser divididas em:

Remontantes – frutificam continuamente ou em várias camadas ao longo do ano.

Não remontantes – Só frutificam uma vez por ano.

Page 12: Pequenos Frutos

•Há plantas que são neutras quanto ao fotoperíodo (nº de horas/dia), de dias curtos ou de dias longos.

•As plantas de dias longos (>12h), “everbearing” ou remontantes, são plantas normalmente cultivadas apenas a nível amador (florescem mais tarde).

•As plantas de dias curtos iniciam o desenvolvimento dos seus botões florais quando as temperaturas são inferiores a 15ºC ou <14horas de sol (florescem na Primavera).

Page 13: Pequenos Frutos

•O género Fragaria caracteriza-se pela sua plasticidade, uma vez que suporta uma grande gama de solos e de climas, incluindo aqueles em que no inverno a neve cobre o solo.

•Estas plantas, se bem preparadas no Verão, com arrefecimento progressivo, e desde que saudáveis, são capazes de resistir a -46ºC.

•Porém, as produções mais vantajosas localizam-se nos países quentes, por exemplo da orla mediterrânica, não porque ele aqui produza melhor ou mais, mas sim porque produz mais cedo, em contra-safra.

•E actualmente, numa cultura tão competitiva como a do morango, só o preço conta, pois a produção “produzir muito” já não é garantia de sucesso.

Page 14: Pequenos Frutos

•Nas variedades de dias curtos a diferenciação floral ocorre no Verão anterior à floração e é prejudicada pelas altas temperaturas e se elas forem excessivas há uma maior produção de rama e menos de gomos florais.

•A redução das temperaturas e do comprimento dos dias induz um estado de dormência. Esta dormência, para ser eficientemente quebrada, deve passar por um período de 4 a 6 semanas a temperaturas inferiores a 10ºC (-1 a 10ºC), sendo que o 0ºC é o mais eficiente.

•Nos países quentes a produção destas variedades de dias curtos é possível recorrendo à plantação anual de plantas que foram mantidas em câmara frigoríficas (a não ser assim só é rentável a produção de plantas neutras ou de dias longos).

Page 15: Pequenos Frutos

•Nos países mediterrânicos, como Portugal, onde a vantagem competitiva na produção de morango está na antecipação da produção, é comum a plantação em abrigo ou estufa de plantas que foram previamente “vernalizadas” em câmaras frigoríficas, para assim abreviar o período de acumulação de baixas temperatudas e iniciarem a floração e frutificação mais cedo.

•Nesta cultura a forçagem chega ao ponto de utilização de sistemas de cultura sem terra, de hidroponia ou semi-hidroponia, nomeadamente em tabuleiros.

•A vantagem deste tipo de cultura é uma maior comodidade nos tratos culturais, e maior controlo de doenças.

•Como desvantagem. . . Uma má imagem comercial deste produto “produzido” só a químicos.

Page 16: Pequenos Frutos

Além dos químicos “nutrientes” é comum o uso de hormonas vegetais, como o Ácido Giberélico, que antecipa o alongamento dos botões florais e a floração, etileno para sincronizar o amadurecimento, e em estufa é possível aumentar a produção com atmosfera rica em Dióxido de Carbono.

Deste modo a colheita é possível logo 8 semanas depois de feita a plantação!

Praticamente toda a produção é colhida de forma manual pois, embora existam algumas máquinas de colher que alegadamente são capazes de o fazer com elevados níveis de qualidade, na prática são apenas empregadas nas culturas no solo destinadas a processamento, ou seja, pastas, purés e sumos de morango.

A multiplicação normalmente é feita em centrais especializadas, não aproveitando os estolhos quando as plantas são destinadas aos sistemas anuais, em comoros, adotando-se apenas o sistema de multiplicação por renovação vegetativa (estolhos) quando a plantação é feita à rasa e plurianual.

Page 17: Pequenos Frutos

•O produto de excelência não deve ter terra, podridões nem mazelas.

•Para o efeito, é importante que as plantas não tenham os frutos em contacto com o solo, para o que se faz, obrigatoriamente, a aplicação de um “mulching” que pode ser de palha ou de plástico.

•A aplicação de ambos os sistemas é mecanizável, embora, haja vantagens para a palha na simplicidade de remoção e desvantagem e custo de instalação.

Page 18: Pequenos Frutos

Outra rosácea com grande afinidade com o morango, é o Framboeseira (Rubus idaeus) uma espécie de silva que foi domesticada.

Dentro do género Rubus distinguimos:

1 – Framboesas

2 – Amoras

3 – Amoras híbridas (com as primeiras ou outras espécies)

Os comportamentos são distintos entre os framboeseiros e as silvas.

Framboeseira

Page 19: Pequenos Frutos

•As framboesas distinguem-se das amoras e dos outros frutos “Rubus” pelo facto de serem ocas.

•Por outro lado são, geralmente, muito perfumadas, sendo este aroma característico que as valoriza.

•Existem várias cores.

Page 20: Pequenos Frutos

•Tal como no caso dos morangueiros existem também plantas que são remontantes e não remontantes.

•É de extrema importância, para o sucesso da cultura, conhecer, BEM, a variedade e o tipo de plantas que adquirimos, pois o desastre é eminente caso se proceda de forma errada na condução e poda da cultura.

Page 21: Pequenos Frutos

•Todas as framboeseiras devem ser cultivadas em linhas (simples ou duplas) e aramadas, para que não tombem. Embora a plantação se faça a um espaçamento determinado a cultura tende sempre para a formação de uma linha contínua, pois é uma planta que emite inúmeros rebentos, aproveitando-se os que nascem na linha e rejeitando os que nascem na entrelinha, que têm de ser combatidos, sob pena de o campo se tornar num “silvado de framboesas”.

Page 22: Pequenos Frutos

•Geralmente deve-se usar dois arames a par ou desencontrados no meio dos quais crescem as varas, não sendo necessário amarrar.

•Há variedades, como a Autumn Bliss que são anunciadas como resistentes e não necessitando, de armação. Porém, tal decisão deve resultar de prévia experiência no local da instalação, pois, na produção profissional, este requisito impõe-se.

Page 23: Pequenos Frutos

Muita atenção aos sistemas em que se usam mantas para controlo de infestantes,

pois pequenos orifícios não permitem a emissão dos rebentos.

Não esquecer que o rendimento depende da densidade, de modo que quanto maior

o número de plantas maior o rendimento, de modo que o espaço da entre linha deve

ser apertado, optando-se por tractores mais pequenos.

Page 24: Pequenos Frutos

Variedades não remontantes

•Nestas variedades, devidamente identificadas nos catálogos, a floração dá-se em exclusivo nas varas do ano anterior.

•Todos os anos nascem, das raízes, novas varas, que endurecem no Verão e na Primavera seguinte irão frutificar.

•Uma vez frutificadas deve-se proceder à remoção de todas as varas que deram frutos, seleccionando as melhores varas para o ano seguinte (cerca de 8 a 10 caules por metro linear).

Page 25: Pequenos Frutos

Variedades remontantes

•Esta característica é muito interessante na pequena cultura amadora, pois permite, com uma só plantação, a produção contínua de fruto em todo o Verão.

•Mas, normalmente, é desprezada na cultura industrial, pois para a primeira produção usam-se as variedades não remontantes e a vantagem das remontantes é a produção tardia, fora de época, que se torna até impraticável nos climas mais frios. (daí a necessidade do uso de ESTUFAS...)

•Assim, e para uma grande simplificação, a poda destas variedades que, amadoramente, consistiria na remoção do último terço das varas no final do Outono, e remoção total no final do ano seguinte, simplifica-se a uma poda radical todos os anos depois da colheita, e a uma monda “verde” dos novos rebentos de primavera, para que a produção não seja excessiva.

•Estas plantas produzem flores nos ramos do próprio ano (no último terço) e no ano seguinte no terço intermédio.

Page 26: Pequenos Frutos

•No caso das variedades “não remontantes” há também um sistema de poda total que implica a existência de anos de safra e contra-safra.

•Este sistema que permite uma mecanização total da poda e até da colheita, tem a desvantagem de reduzir a vida da plantação e uma redução total de cerca de 20% da produção.

•Em contrapartida simplifica todas as práticas culturais e sobretudo reduz a competição entre plantas em produção e renovos.

Page 27: Pequenos Frutos

A framboesa pode ser orientada para mercado em fresco e para mercado

de congelação e indústria.

Apesar da apanha mecânica ser uma forma de reduzir custos, em áreas

de grandes dimensões, implica que muita fruta perca qualidade, sendo,

idealmente, orientada para processamento, pelo que recebe um preço

inferior (as cotações para congelação são inferiores, embora mais

estáveis).

A vantagem competitiva de Portugal (graças aos baixos salários) é a

apanha manual, especialmente fora de época. Para a produção fora de

época pode ser necessária a introdução de práticas culturais especiais,

como vernalização forçada (como no morango).

A apanha deve ser feita com pequenos

intervalos, pro exemplo 3 dias. Variando o

rendimento de apanha entre os 2 e os 7

kg/hora/homem (depende do apanhador e da

época da produção).

Page 28: Pequenos Frutos

Amoras e híbridos As amoras, que mais não são do que os frutos melhorados de várias espécies selvagens de silvas, apresentam uma forma de condução um pouco diferente das framboesas (que normalmente têm caules verticais, curtos, não retombantes). Porém, assemelham-se às variedades não remontantes no que diz respeito à produção, pois frutificam nos ramos do ano anterior, que devem ser removidos depois de produzir.

Page 29: Pequenos Frutos

•Até aos anos 70 – 80, as silvas que estavam em produção tinham o inconveniente grave de serem armadas com acúleos que dificultavam muito a sua condução e colheita.

•Porém, actualmente existem variedades seleccionadas sem esse inconveniente, e que satisfazem muitos outros requisitos em termos de qualidade dos frutos.

•Além do esforço no melhoramento de plantas de silvas ser grande, existe um mercado separado para os diversos híbridos entre silvas e framboesas e entre diversas espécies de silvas.

•Destes híbridos o mais antigo e conhecido em Portugal é a Loganberry. Trata-se de uma planta muito produtiva, espinhosa, de um fruto ácido, indicado para a indústria.

Page 30: Pequenos Frutos

•A produção híbridos está cheia de mitos e segredos industriais, e a maioria das variedades que surge no mercado não tem esclarecida a sua origem, salvo em raros casos.

•Como já anteriormente mencionado, Portugal é o país da Europa com maior riqueza e diversidade de espécies de silvas, mas mais uma vez não presta qualquer atenção a esta riqueza, acabando por importar plantas levadas de cá e melhoradas no exterior, como:

•SilvanBerry – Um híbrido proveniente da Austrália mas que, no nome, não nega a sua origem. Terá sangue de “Rubus ursinus x outros desconhecidos”.

Page 31: Pequenos Frutos

Groselhas As groselhas pertencem à família Saxifragaceae e dentro desta há várias espécies todas pertencentes ao Género Ribes.

Ribes nigrum (entre outros) – Groselha preta e Cassis

Ribes uva-crispa sin. R. grossularia – Groselha espinhosa

Ribes rubrum – Groselha vermelha

Page 32: Pequenos Frutos

•De uma forma geral todas as groselhas são frutos ácidos e não são agradáveis como sobremesa.

•Alguns são usados como decoração, ou para acidificar alguns pratos salgados ou doces ( Ex: pato com especiarias, sopa de pequenos frutos, tarte de chocolat).

•Apesar de, por exemplo em 2012, a cotação ter chegado aos 30 €/kg (produção precoce, relativamente fácil em Portugal), tal não significa que, caso se aumente a produção, e baixando o preço, seja possível escoar a fruta, pois o mercado consumidor é inelástico, ou seja, não aumenta o consumo só porque há mais groselha no mercado ou mais barata.

Page 33: Pequenos Frutos

•As groselhas pretas comportam-se de modo diferente das restantes.

•Como as plantas produzem na lenha do ano anterior é importante garantir que há um bom número de rebentos novos todos os anos, a fertilização é muito importante e, na plantação, o colo da planta deve ser também enterrado.

•A poda anual consiste na remoção de lenha fraca e envelhecida. Todos os anos os ramos que produziram são cortados a cerca de 10 cm do solo de onde emergirão novos rebentos. Porém a lenha com mais de 4 anos deve ser eliminada.

Page 34: Pequenos Frutos

•As groselhas espinhosas e vermelhas (e ainda os seus mutantes dourados e brancos) têm um comportamento semelhante.

•São plantas rústicas mas que exigem uma condução atenta. Inclusivamente em cordão, se for essa a opção.

•As groselhas espinhosas (algumas variedades têm pequenos espinhos insensíveis e existem várias cores) têm os seus ramos munidos de espinhos muito afiados que exigem protecção na condução da cultura.

Page 35: Pequenos Frutos

•Para esta planta a poda é uma arte, como na vinha, com intervenções constantes quer de Inverno quer de Verão.

•Estas plantas normalmente não emitem rebentos a partir das raízes, comportando-se como um verdadeiro arbusto.

•A frutificação dá-se na lenha velha, e é necessário equilibrar cargas. Para o efeito poda-se no inverno de modo a que se eliminem os ramos doentes e se reduza o comprimento dos rebentos anuais. No Verão, se o vigor for elevado e houver boa disponibilidade de água, será conveniente, no final de Junho, contrariar o excessivo desenvolvimento vegetativo, que poderia resultar em ramos mal atempados e promover-se a concentração de nutrientes nos frutos.

•A reprodução das groselhas faz-se por estacaria.

Page 36: Pequenos Frutos

De entre os pequenos frutos actualmente cultivados em Portugal a groselha

é o que apresenta um menor número de variedades adaptadas às nossas

condições, nomeadamente por exigirem um período de frio prolongado para

que rebentem e floresçam na Primavera.

Os requisitos de frio não diferem do que encontramos no caso da Cerejeira,

porém, naquele caso temos uma grande oferta de variedades, variáveis em

termos de requisitos de frio.

Page 37: Pequenos Frutos

•Actualmente a estrela dos “pequenos frutos” é o mirtilo (Blueberry) Vaccinium corymbosum (americano) e o Vaccinium myrtillus (europeu) (também chamado de Bilberry), não só porque a sua produção ganhou alguma notoriedade pelos resultados financeiros alcançados, como pela atenção que tem merecido pelos mercados que o encaram como um fruto de elevada qualidade para a saúde.

•Estes arbustos surgem selvagens quer nas zonas temperadas da Europa quer dos EUA, que foram o país que deu maior notoriedade à cultura.

Blueberry

Bilberry

Mirtilo

Page 38: Pequenos Frutos

Mirtilo = Arandano Selvagem (Gerês) Cultivado (EUA e Canadá)

Vaccinium myrtillus (mirtilo selvagem europeu)

• Ainda não estudado para cultivo;

• Menores produções;

• Pior adaptação transporte e

conservação;

• Excelente sabor;

• Grande potencial em termos

económicos, por ser selvagem há

mercados que o valorizam.

Espécies principais: • Vaccinium corymbosum (highbush)

•Vaccinium ashei (rabbiteye = olho coelho)

Híbridos: •Híbridos com mirtilo anão (V. angustifolium)

e outros

Slides e informação retirada de:

www.contamaisconsultoria.wordpress.com

Page 39: Pequenos Frutos

•Trata-se, tal como o medronho, de uma Ericácea, e juntamente com o “Bilberry” ou mirtilo anão e o Cranberry (Vaccinium oxycoccos e outras espécies) exige solos particularmente ácidos para que produza bem. Aliás, como o exigem os rododendros e as azáleas.

•Esta particularidade faz com que várias regiões de Portugal apresentem condições naturais para o seu cultivo.

•Além da acidez do solo, um clima temperado, boa disponibilidade de água de rega são essenciais, não sendo exigente quanto aos nutrientes.

Mecanismo e colheita de mirtilo (bilbery)

Page 40: Pequenos Frutos

Mirtilo rabbiteye – olho coelho Mirtilo highbush (tipo mais comum)

Raro o lowbush sem ser hibrido

Norte (northern) Sul (southern)

- Adaptado ao frio

invernal;

- Floração e maturação

mais tardia;

- Exigência de

vernalização (horas de

frio);

- Igualmente sensível à

geada, se não estiver

adaptado ao local;

- Adequado ao locais

com Invernos

temperados (Sul, junto

ao mar e estufa);

- Tem pequena, ou

nenhuma, exigência de

frio (vernalização);

- Floresce e frutifica

mais cedo;

- Poda diferente;

- Maior vigor;

- Pode nem perder todas

as folhas no inverno.

- Fruta diferente do highbush;

- Requisitos de frio intermédios;

- Produção tardia (fim de Verão);

- Muito vigor. Podendo chegar a

passar os 4 metros de altura.

Todas as variedades aguentam o frio do Inverno de Portugal Continental e o risco de queima por geada ocorre em todas as

variedades em que a floração se dê muito cedo. (IMPORTANTE CONHECER DADOS METEOROLÓGICOS)

Quando a exigência de horas de frio é pequena a planta “rebenta” muito cedo, podendo ser queimada. Se plantas com grandes

requisitos de frio forem plantadas em zonas temperadas ou em estufa podem ter um abrolhamento irregular, redução de

produção, e ser útil aplicar hormonas (como no kiwi) para que se quebre a dormência e o abrolhamento seja sincronizado.

Page 41: Pequenos Frutos

Características dos solos e parcela

• Acidez ou alcalinidade:

O pH ideal está compreendido entre 4,2 e 5,5. Acima de pH 5,0 deve-se controlar

regularmente o pH e procurar acidificar, por exemplo na fertirega.

• Matéria Orgânica:

O teor em matéria orgânica deve ser > 3% (é o mínimo). Quanto maior o teor de

matéria orgânica maior a tolerância a variações do pH e melhor uso de nutrientes.

• Requisito ideal, à plantação de:

- 150 ppm Potássio K

- 150 ppm Fósforo P

Adubar, antes da plantação, para atingir estes valores. Não interessa superar estes

teores. A partir deste nível deve-se aplicar fertilizantes para reposição.

Evitar solos pesados (argila) por não ter arejamento. Porém pode ser modificado

com doses elevadas de matéria orgânica ou uma cultura em faixas com

substrato.

Page 42: Pequenos Frutos

Quantidade (unidades; kg; m2) Prc unitário (€)

Análises elementares. 2 24

Adubo orgânico 1300 3510

Adubo fundo 40 816

Aplicação de

fertilizantes 1 200

Preparação do solo 2 400

Rasgos 1 250

Mão de obra 1 600

Plantas mirtilo 1m x

2,5 4000 11200

Rega (inclui Bombas) 1 6.000

Telas 6000 2100

Cinturões, baldes de

apanha, tesouras 30 420

Custo Total 25.520 €

Estimativa de Custos de uma plantação base de Mirtilo

(1 hectare e 4.000 plantas de densidade).

Não inclui, furo de água, depósito, rede anti pássaro, vedações, construções, baixada elétrica, estufa nem desmatamento.

Page 43: Pequenos Frutos

Cenário 1

Produção média no pico de 10.000 kg/ha Preços por kg: 3,5€

Sem considerar ajudas PRODER

1º anos balanço (-) explicado pela amortização do investimento inicial

(não é perceptível em caso de apoio PRODER)

2º A mão de obra do empresário agrícola (auto-salário) imputado como

custo “mão de obra”.

Cenário de elevado

interesse quer para

agricultura empresarial

(investimento) quer

para agricultura

familiar.

Oportunidades:

1 - Aumentar produção

2 – Melhores preços/época

Page 44: Pequenos Frutos

Cenário 2

Produção média no pico de 5.000 kg/ha Preços por kg: 3,5€

Sem considerar ajudas PRODER

1º anos balanço explicado pela amortização do investimento inicial

2º A mão de obra do empresário agrícola (auto-salário) imputado

como custo “mão de obra”.

Cenário em que a cultura é

feita no “vermelho”,

Apenas de interesse para

Agricultura Familiar.

Há que aumentar

produtividade

Page 45: Pequenos Frutos

Demonstração de Resultados Previsional

2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030 2031

Vendas 0 0 10.733 21.000 26.133 36.400 42.000 42.000 42.000 36.400 36.400 36.400 31.267 31.267 31.267 26.133 26.133 26.133 21.000 21.000

Gastos de

Manutenção 0 1.730 2.430 2.430 2.430 2.430 2.430 2.430 2.430 2.430 2.430 2.430 2.430 2.430 2.430 2.430 2.430 2.430 2.430 2.430

Gastos com o

pessoal 299 504 4.373 8.149 10.020 13.888 16.248 16.403 16.558 14.558 14.693 14.828 12.932 13.050 13.167 11.198 11.297 11.396 9.354 9.435

Resultado

Operacional 299 2.234 3.930 10.421 13.683 20.082 23.322 23.167 23.012 19.412 19.277 19.142 15.904 15.787 15.670 12.505 12.406 12.307 9.216 9.135

Depreciação e

amortização 6.198 6.198 6.198 6.198 6.198 6.198 6.198 6.198 6.198 6.198 5.888 5.888 5.888 5.888 5.888 5.888 5.888 5.888 5.888 5.888

RESULTADO

ANTES DE

IMPOSTOS -6.497 -8.431 -2.267 4.224 7.486 13.885 17.124 16.969 16.814 13.215 13.390 13.254 10.017 9.900 9.782 6.618 6.519 6.420 3.328 3.247

Imposto sobre o

rendimento do

período 0 0 0 0 1.871 3.471 4.281 4.242 4.204 3.304 3.347 3.314 2.504 2.475 2.446 1.654 1.630 1.605 832 812

RESULTADO

LÍQUIDO DO

PERÍODO -6.497 -8.431 -2.267 4.224 5.614 10.414 12.843 12.727 12.611 9.911 10.042 9.941 7.513 7.425 7.337 4.963 4.889 4.815 2.496 2.436

Pressuposto 10.000 kg/ha/ano

Preço venda fresco, médio, 3,5€/kg

Page 46: Pequenos Frutos

• Há quem produza 30 toneladas por hectare ano;

• Algumas grandes explorações chegam a passar a média dos 15 ton/há;

• As médias a nível nacional estão inferiores a 6 ton/ha.

Há que fazer bem.

Com estudo, bom senso, e inter-ajuda.

Metas e Exemplos

Page 47: Pequenos Frutos

O Crambery (uma espécie norte americana próxima do mirtilo), só é produzido em terrenos pantanosos, o que restringe a sua zona de produção. Mas também permite o aproveitamento de áreas marginais, incluindo em Portugal.

Page 48: Pequenos Frutos

•Todas as plantas produtoras de pequenos frutos podem ser atacadas por diversas doenças, sendo as podridões brancas e os míldios os que são mais temidos.

•Seguindo-se os vírus, para os quais se previnem pela utilização de plantas certificadas.

•Quando em pequena cultura os pássaros poderão ser problemáticos, nomeadamente no caso dos frutos de pequenas dimensões.

•As aves só causam impacto quando as áreas de cultura são reduzidas, dispersas e incluem mais do que uma espécie. (há que ponderar, com exactidão, o Nivel Económico de Ataque).

•Para prevenção, nestes casos, existem canhões de ar comprimido que “assustam” as aves, porém, como este tipo de equipamento causa impacto vicinal e stress, tornando-se o uso de redes de protecção a principal medida de proteção.

•Em todo o caso, tal só se exige na pequena propriedade, quase à escala amadora.

Page 49: Pequenos Frutos

Portuguese Crowberry

“A camarinha é um arbusto endémico sempre verde, com uma altura inferior a 1 metro e os seus

ramos estão sempre levantados. Tem folhas estreitas e verde escuras. A flor é cor-de-rosa e as suas

pétalas são irregularmente franjadas na margem, a flor encontra-se no terminal dos ramos. Encontra-

se muito em terrenos arenosos, por norma perto de pinheiros. É possível encontrar este arbusto no

litoral, mas também aparece longe do litoral, desde que o terreno seja arenoso.

Entre Março e Maio floresce. Entre Julho e Setembro aparece o fruto (contudo o tempo do

aparecimento do fruto tem aumentado, pois chove com menos frequência e isso faz com que o fruto

prolongue a sua existência).”

Torreira - Aveiro

http://www.aussiegardening.com.au/findplants/plant/Corema_album

Camarinhas - Corema album Fruto delicioso – o futuro nacional ?

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Em conclusão:

- Há uma enorme diversidade de pequenos frutos.

- Alguns ainda não têm mercado criado, mas ele existe e é receptivo a novidades ou

a saudades.

- A maioria adapta-se bem em Portugal

- Todos são altamente rentáveis. Graças à procura e preços altos.

- Exigem um bom sistema de logísitica (perecíveis)

- Exigentes em mão de obra.

Como pontos fortes Portugal permite:

- Frutos de qualidade superior em aroma, sabor e cor (graças ao calor)

- Elevadas produções

- Disponibilidade de mão de obra barata (mais rentável que a apanha mecanica)

- Produção muito precoce (no Sul a mais precoce da Europa).

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www.agrotec.pt

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Bernardo Sabugosa Portal Madeira

Director revista AGROTEC – Técnico Científica Engº- Doutorado Ciências Agrárias – FCUP

Tel. 91 90 56 253 [email protected]

Sessão esclarecimento - Pequenos Frutos