frutos do cerrado

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FRUTOS DOS CERRADOSREPORTAGEM

Preservao gera muitos frutos

Maria Fernanda Diniz Avidos Lucas Tadeu Ferreira

Os cerrados possuem 204 milhes de hectares e grande diversificao de fauna e floraFotos: Jos Antnio da Silva

Brasil possui cerca de trinta por cento das espcies de plantas e de animais conhecidas no mundo, que esto distribudas em seus diferentes ecossistemas. o pas detentor da maior diversidade biolgica do planeta. A regio dos cerrados, com seus 204 milhes de hectares aproximadamente 25% do

como uma espcie de patinho feio, regio de solos pobres e pouco frteis, que no despertavam muito interesse nos agricultores e nos rgos de defesa ambiental. A partir dos anos 60, com a transferncia da capital federal do Rio de Janeiro para Braslia, localizada no corao dos cerrados, com a construo de estradas e com a adoo da

o de alimentos do pas, contribuindo com mais de 25% da produo nacional de gros alimentcios, alm de abrigar mais de 40% do rebanho bovino do pas. Apesar das limitaes impostas ao crescimento e ao desenvolvimento das plantas pelo regime de chuvas e pelas caractersticas do solo, o ecossistema cerrados apresenta surpreendente va-

territrio nacional apresenta grande diversificao faunstica e florstica em suas diferentes fisionomias vegetais. At meados deste sculo, essa regio, que abrange principalmente os estados de Minas Gerais, Gois, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Bahia, Maranho, Piau e Distrito Federal, era considerada secundria para a produo agrcola. Naquele perodo, em que o mundo inteiro voltava a ateno para a Amaznia, preocupado com a devastao do que se costumava chamar de o pulmo do mundo, os cerrados apareciam assim36 Biotecnologia Cincia & Desenvolvimento

poltica de interiorizao e de integrao nacional, essa regio foi inserida no contexto da produo de alimentos e de energia. Dessa maneira, de pequena atividade agrcola de subsistncia e criao extensiva de gado, a regio passou a contribuir com grande parte da produo de gros e a abrigar expressivo nmero do rebanho bovino do pas. Hoje, graas ao desenvolvimento de pesquisas e tecnologias que viabilizaram a sua utilizao em bases econmicas, a regio dos cerrados um dos mais importantes plos de produ-

riabilidade de espcies. Distinguemse, nessa regio, mais de 40 tipos fisionmicos de paisagens, dentre esses o cerrado, o cerrado, o campo limpo, o campo sujo, a vereda, a mata de galeria e a mata calcrea. Essa vegetao, ainda pouco estudada, apresenta grande potencial alimentar, madeireiro, combustvel, agroindustrial, forrageiro, medicinal e ornamental. Fruteiras nativas As fruteiras nativas ocupam lugar de destaque no ecossistema do cerra-

do e seus frutos j so comercializados em feiras e com grande aceitao popular. Esses frutos apresentam sabores sui generis e elevados teores de acares, protenas, vitaminas e sais minerais e podem ser consumidos in natura ou na forma de sucos, licores, sorvetes, gelias etc. Hoje, existem mais de 58 espcies de frutas nativas dos cerrados conhecidas e utilizadas pela populao da regio e de outros estados. O consumo das frutas nativas dos cerrados, h milnios consagrado pelos ndios, foi de suma importncia para a sobrevivncia dos primeiros desbravadores e colonizadores da regio. Atravs da adaptao e do desenvolvimento de tcnicas de beneficiamento dessas frutas, o homem elaborou verdadeiros tesouros culinrios regionais, tais como licores, doces, gelias, mingaus, bolos, sucos, sorvetes e aperitivos. O interesse por essas frutas tem atingido diversos segmentos da sociedade, entre os quais destacam-se agricultores, industriais, donas-de-casa, comerciantes, instituies de pesquisa e assistncia tcnica, cooperativas, universidades, rgos de sade e de alimentao, entre outros. O interesse industrial pelas frutas nativas dos cerrados foi intensificado aps os anos 40. A mangaba, por exemplo, foi intensivamente explorada durante a Segunda Guerra Mundial, para explorao de ltex. O babau e a macaba foram bastante estudados na dcada de 70, em decorrncia da crise de petrleo, e mostraram grandes possibilidades para utilizao em motores de combusto, em substituio ao leo diesel. O pequi j foi industrializado, sendo o seu leo enlatado e comercializado. A polpa e o leo da macaba so utilizados na fabricao de sabo de coco. O palmito da guariroba, de sabor amargo, comeou a ser comercializado em conserva recentemente, semelhana do palmito doce. Os sorvetes de cagaita, araticum, pequi e mangaba continuam fazendo sucesso nas sorveterias do Distrito Federal e de Belo Horizonte. Extrativismo pode ser ameaa Atualmente, possvel encontrar grande quantidade de frutas nativas dos cerrados sendo comercializadas em feiras da regio e nas margens das

FIG. 1. rea de Cerrado degradada. Ausncia de prticas de conservao do solo e presena de voorocas e aoriamento de vereda

rodovias a preos competitivos e alcanando grande aceitao popular. Observa-se, hoje, a existncia de mercado potencial e emergente para as

Apesar da existncia de leis de proteo fauna, flora e ao uso do solo e gua, elas so ignoradas pela maioria dos agricultores, que utilizam esses recursos naturais erroneamente, na expectativa de maximizarem seus lucros. Neste cenrio, o ecossistema cerrado tem sido agredido e depredado pela ao do fogo e dos tratores, colocando em risco de extino vrias espcies de plantas, entre elas algumas fruteiras nativas, antes mesmo de serem classificadas pelos pesquisadores.

FIG. 2. Desmatamento irracional, onde nem as plantas jovens so poupadas. Seu principal destino a carvoaria

FIG. 3. Comercializao de frutos de araticum, oriundos de explorao extrativista e predatria, s margens das estradas da regio

frutas nativas do cerrado, a ser melhor explorado pelos agricultores, pois todo o aproveitamento desses frutos tem sido feito de forma extrativista e predatria.FIG. 4. Frutos de pequi (Caryocar brasiliense Camb.)

A destruio de plantas e animais e a poluio do solo, dos rios e da atmosfera vm ocorrendo em processo acelerado, o que certamente comprometer de maneira significativa as

Biotecnologia Cincia & Desenvolvimento

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FIG. 5. Frutos de baru ( Dipteryx alata Vog.), na planta

FIG. 6. Amndoas/sementes de frutos de baru ( Dipteryx alata Vog.)

futuras geraes. O maior predador , sem dvida, o prprio homem, que desconhece o potencial de utilizao racional desse ecossistema, onde podem estar guardados muitos segredos de sua alimentao, sade, proteo e da sua prpria vida.

sustentvel. A Embrapa, atravs de uma de suas 39 unidades de pesquisa: a Embrapa Cerrados, localizada em Planaltina, DF, tem realizado vrios estudos sobre a germinao das sementes, produo de mudas, plantio, valor nutricional, beneficiamento, aproveitamento alimentar e armazenagem dos frutos dos cerrados. Uma boa soluo para conter a devastao da regio do cerrado, como explica o pesquisador da Embrapa Recursos Genticos e Biotecnologia, tambm localizada em Braslia, DF, Dijalma Barbosa da Silva, utilizar as reas j abertas e abandonadas, para a produo, pois assim no seria preciso devastar novas reas. Alm disso, a utilizao dessas reas reduziria os custos para os produtores, visto que j esto preparadas e limpas para o plantio, exigindo apenas investimentos em corretivos, adubaes e prticas conservacionistas. Existem vrias tecnologias viveis e disponveis para isso. J tempo do conceito de quantidade de rea explo-

FIG. 8. Frutos de mangaba (Hancornia speciosa Gomez.)

FIG. 7. Frutos de araticum ( Annona crassiflora Mart.)

Preservao dos cerrados Nos ltimos anos, rgos de pesquisa, ensino, proteo ambiental e extenso rural da regio tm estudado e divulgado o potencial de utilizao das espcies do cerrado, alm de investir na conscientizao dos agricultores quanto importncia de preserv-las e utiliz-las de forma racional e38 Biotecnologia Cincia & Desenvolvimento

rada ser definitivamente substitudo pelo conceito de produtividade, onde o uso dos fatores de produo (solo, gua, insumos, servios etc.) so maximizados e a produo verticalizada, atravs de enfoque duradouro de sustentabilidade do sistema de produo. Em pleno sculo XXI, conscientes de tantos erros do passado, no podemos admitir que a regio dos cerrados continue a ser explorada semelhana

de uma agricultura itinerante, como faziam nossos ancestrais, enfatiza Dijalma. Segundo o pesquisador, h cerca de duas dcadas, a Embrapa iniciou trabalho de investigao com as comunidades rurais e indgenas da regio, com o objetivo de descobrir novas formas de aproveitamento das fruteiras nativas dos cerrados. A riqueza dos cerrados ainda pouco conhecida, como afirma Dijalma. De acordo com ele, o potencial mais conhecido hoje a utilizao das fruteiras, mas muito ainda tem que ser feito para o seu melhor aproveitamento. Atualmente, essas frutas so consumidas mais na forma in natura e a sua comercializao ainda feita de maneira informal, ressalta o pesquisador. Dentre as possibilidades atuais de utilizao das fruteiras do cerrado, destacam-se: o plantio em reas de proteo ambiental; o enriquecimento da flora das reas mais pobres; a recuperao de reas desmatadas ou degradadas; a formao de pomares domsticos e comerciais; e o plantio em reas de reflorestamento, parques e jardins, e em reas acidentadas. Nesse sentido, muitos agricultores e chacareiros j esto implantando pomares de frutas nativas dos cerrados e os viveiristas esto intensificando a produo de mudas. Fruteiras nativas tm que ganhar novos espaos Dijalma lembra que h grande potencial para a exportao dessas frutas, j que possuem um sabor sui

FIG. 9. Frutos de cagaita (Eugenia dysenterica DC.) FIG. 10. Frutos de buriti (Mauritia vinfera Mart.)

FIG. 11. Frutos de gabiroba (Camponesia cambessedeana Berg.)

FIG. 12. Frutos de Jatob (Hymenaea stigonocarpa Mart.)

generis e no so encontradas em outros pases. Hoje, o licor de pequi j exportado para o Japo e a amndoa do baru demandada pela Alemanha; mas existem ainda muitas possibilidades de exportao de outras espcies nativas. Precisamos investir na divulgao da importncia dessas fruteiras e fazer com que elas saiam da beira da estrada, onde so vendidas hoje, e cheguem s prateleiras dos supermercados no Brasil e em outros pases, afirma. Entretanto, como explica o pesquisador, existem muitas limitaes para a explorao comercial das fruteiras nativas, j que ainda no foram domesticadas e vm sendo exploradas de forma extrativista e predatria. Em 1999, a Embrapa Cerrados iniciou a plantao do pequi e da mangaba para pesquisa. O objetivo avaliar o comportamento dessas espcies em condies de cultivo, inclusive com irrigao. Em cerca de cinco anos, poderemos ver os primeiros resultados, afirma Dijalma. muito importante investir no trabalho de domesticao das fruteiras nativas dos cerrados para que possam ser cultivadas em lavouras comerciais, afirma o pesquisador. Dessa forma, evita-se o extrativismo predatrio, ao mesmo tempo em que se conservam as espcies em seu hbitat natural. As pesquisas desenvolvidas pela Embrapa tm ainda como objetivos a propagao vegetativa atravs de enxertia, estaquia e cultura de tecidos e o melhoramento gentico das frutas nativas, atravs de cruzamentos entre espcies, o que certamente vai contribuir ainda mais para aumentar a exportao e a comercializao em larga escala. O cultivo das fruteiras nativas dos cerrados em escala comercial evita os riscos de sua extino, aumenta a renda dos agricultores, fornece matria-prima para a agroindstria e alimentos saudveis para a populao, finaliza Dijalma. Informaes Sobre as Fotos: Pequi - Figura 4 Nome popular: pequi, pequi-docerrado Nome cientfico: Caryocar brasiliense Camb. Famlia botnica: Caryocaceae Vegetao de ocorrncia: Cerrado, Cerrado e Mata Seca Caractersticas da planta: rvore de

at 8 metros de altura, com tronco tortuoso de casca spera e rugosa. No perodo de setembro a dezembro, surgem flores grandes amarelas. Fruto: A polpa de colorao amarelo intensa envolve um caroo duro formado por grande quantidade de pequenos espinhos. Frutifica-se de outubro a maro. Em cem gramas de polpa de pequi podemos encontrar 20 mil microgramas de vitamina A. Cultivo: Como todas as fruteiras nativas do Cerrado, as mudas de pequi devem ser produzidas em viveiros a cu aberto, logo aps a coleta dos frutos, em meados da estao chuvosa e o plantio pode ser feito no incio da estao chuvosa seguinte. A planta prefere regies quentes, sendo ideais as regies norte e centro-oeste do Brasil. A germinao das sementes demorada. Para aceler-la, deve-se coloc-las em imerso, em uma soluo de cido giberlico, na concentrao de 0,5g por litro de gua, por um perodo de 48 horas. Cada planta adulta poder produzir, em mdia, at dois mil frutos por safra. O preo do litro de caroos de pequi, com aproximadamente 17 unidades, tem sido comercializado no varejo, em feiras livres e Ceasa-DF, ao preo que varia entre R$1,50 a R$3,00. A frutificao ocorre normalmente aos cinco anos aps o plantio. Aproveitamento alimentar: O pequi muito apreciado nas regies onde ocorre: o arroz, o frango e o feijo cozidos com pequi so pratos fortes da culinria regional; o licor de pequi tem fama nacional e j exportado para outros pases; e h, tambm, uma boa variedade de receitas de doces aromatizados com seu sabor. Outros usos: planta melfera, ornamental, medicinal, cosmtico e tinturaria. Baru - Figura 5 (frutos de baru) Figura 6 (amndoas/sementes dos frutos de baru) Nome popular: Baru e cumbaru Nome cientfico: Dipteryx alata Vog. Famlia botnica: Leguminosae Papilionoideae Vegetao de ocorrncia: Cerrado, Cerrado e Mata Seca Caractersticas da planta: rvore de at 10 metros de altura com tronco que pode atingir 70 cm de dimetro. Copa densa e arredondada. Flores pequeBiotecnologia Cincia & Desenvolvimento 39

nas, de colorao alva e esverdeada, que surgem de outubro a janeiro. Fruto: Fruto castanho com amndoa e polpa comestveis, que amadurecem de setembro a outubro. Cem gramas de amndoas de Baru fornecem 617 calorias e 26% de protena. Cultivo: O ndice de germinao da semente superior a 90%. No viveiro e no campo, aps o plantio, as mudas mostram um rpido crescimento e aos quatro anos j iniciam a frutificao. Aproveitamento alimentar: O baru fornece alimentos para o homem e para os animais; torrada, a amndoa tem sabor igual ao do amendoim; e o cultivo comercial poder salv-lo da extino. Embora tenha bom potencial econmico, o fruto no comercializado nas cidades. Pode ser apreciado apenas como planta nativa nas fazendas do centro-oeste, onde alguns fazendeiros se preparam para iniciar seu cultivo racional principalmente em meio a reas de pastagens. Outros usos: ornamental e medicinal. Araticum - Figura 7 Nome popular: anona; pinha-do-cerrado; corao de boi; cabea-de-negro; bruto, marolo Nome cientfico: Annona crassiflora Mart. Famlia botnica: Annonaceae Vegetao de ocorrncia: Cerrado, Cerrado e Campo Rupestre Caractersticas da planta: rvore de tamanho varivel, podendo atingir at sete metros de altura, de acordo com a espcie. Flores freqentemente carnosas, de colorao esverdeada ou branco-amarelada. Florescem de setembro a outubro. Fruto: Globoso ou alongado chegando a pesar at cinco quilos, contendo numerosas sementes presas a uma polpa amarelada, envolvida por uma casca de colorao amarelo amarronzada, recoberta por escamas carnosas. Frutificam de dezembro a abril. Cultivo: A germinao das sementes demorada. Para aceler-la, deve-se colocar as sementes em imerso, em uma soluo de cido giberlico, na concentrao de 1,0g por litro de gua, por um perodo de 36 horas. Prefere clima quente com pouca chuva e estao seca bem definida. Pode comear a produzir em trs anos aps o plantio. Aproveitamento alimentar: Alm do40 Biotecnologia Cincia & Desenvolvimento

consumo in natura, so inmeras as receitas de doces e bebidas que levam o sabor perfumado e forte de sua polpa; entre elas, incluem-se: batidas, licores, refrescos, bolachas, bolos, sorvetes, cremes, gelias etc. Outros usos: ornamental e medicinal. Mangaba - Figura 8 Nome popular: Mangaba Nome cientfico: Hancornia speciosa Gomez. Famlia botnica: Apocynaceae Vegetao de ocorrencia: Cerrado, Cerrado e reas de Caatinga Caractersticas da planta: rvore com 4 a 6 metros de altura por 4 a 6 metros de dimetro de copa. Durante a Segunda guerra mundial, essa planta foi usada intensivamente para extrao de ltex. Fruto: A cor da casca do fruto maduro verde-amarelada ou verde-rosada e a polpa viscosa esbranquiada. A frutificao ocorre entre os meses de outubro e dezembro. Cultivo: As sementes perdem rapidamente o poder germinativo. Por isso, devem ser semeadas logo aps a sua extrao dos frutos. O uso de calcrio e o excesso de irrigao e/ou matria orgnica no substrato, para a formao de mudas, prejudica o desenvolvimento delas, alm de favorecer o ataque de doenas do sistema radicular. A frutificao ocorre normalmente aos cinco anos aps o plantio. Aproveitamento alimentar: A polpa e a casca fina so consumidas in natura e o fruto pode ser usado para fazer sorvete, gelia, doces e licores. Outros usos: planta melfera, ornamental, medicinal e industrial. Cagaita - Figura 9 Nome popular: cagaiteira Nome cientfico: Eugenia dysenterica DC. Famlia botnica: Myrtaceae Vegetao de ocorrncia: Cerrado e Cerrado Caractersticas da planta: rvore de porte mdio que pode atingir de trs a oito metros de altura. Flores brancas e aromticas. Fruto: Frutos de colorao amareloplida, com 1 a 3 sementes brancas envoltas em polpa de colorao creme, de sabor acidulado. Cultivo: No viveiro e no campo, aps

FIG. 13. Frutos de Jenipapo (Genipa americana L.)

FIG. 14. Frutos de macaba (Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd.)

FIG. 15. Processamento artesanal de frutos de cagaita

Fig. 16. Importncia ecolgica da vegetao para a fauna. Casas de Joo-de-barro do tipo BNH (Banco Nacional de Habitao). At quando os pssaros tero rvores para fazer suas casas?

o plantio, as mudas mostram um rpido crescimento e aos quatro anos de idade j iniciam a frutificao. Aproveitamento alimentar: a polpa utilizada como ingrediente de sucos, refrescos, sorvetes, doces, gelias e licores. Os frutos maduros, se consumidos em excesso, principalmente aqueles cados no solo e fermentados ao sol, provocam reaes intestinais desagradveis com diarrias. Outros usos: planta melfera, ornamental e medicinal. Buriti - Figura 10 Nome popular: Buriti, mirit, palmeira-dos-brejos Nome cientfico: Mauritia vinfera Mart. Famlia botnica: Palmae Vegetao de ocorrncia: Mata de Galeria e Veredas Caractersticas da planta: Palmeira de porte elegante com at 15 metros de altura. Flores em longos cachos de at trs metros de comprimento, de colorao amarelada. Fruto: Castanho-avermelhado, coberto por escamas, com polpa marcadamente amarela e rica em clcio. Frutifica de outubro a maro. Cultivo: A germinao lenta e irregular. No perodo de 60 dias germinam cerca de 30% e mais 30% germinam aos 10 meses aps a semeadura. As mudas podem ser produzidas em laboratrio atravs da cultura de embries. O crescimento da planta lento. Aproveitamento alimentar: Dos frutos do buriti, aproveita-se a polpa amarelo-ouro. Com ela, so preparados doces e outros subprodutos tradicionais. A polpa pode tambm ser congelada e conservada por mais de um ano. Com ela, produzem-se, hoje em dia, diferentes tipos de sorvetes, cremes, gelias, licores e vitaminas de sabores exticos e alta concentrao de vitamina A. Outros usos: ornamental, medicinal e artesanato. Gabiroba - Figura 11 Nome popular: Gabiroba e guavira Nome cientfico: Camponesia cambessedeana Berg. Famlia botnica: Myrtaceae Vegetao de ocorrncia: Cerrado, Cerrado e Campo Sujo Caractersticas da planta: Arbusto com 60 a 80 centmetros de altura.

Normalmente ocorrem em moitas. Flores pequenas de colorao cremeesbranquiada. Fruto: Arredondados de colorao verde-amarelada. Polpa amarelada, suculenta, envolvendo numerosas sementes. Frutifica de setembro a dezembro. Cultivo: semelhana da mangaba,

medicinal. Jenipapo - Figura 13 Nome popular: Jenipapo Nome cientfico: Genipa americana L. Famlia botnica: Rubiaceae Vegetao de ocorrncia: Cerrado, Cerrado, Mata de Galeria e Mata Seca Caractersticas da planta: A rvore tem de seis a oito metros de altura por quatro a seis metros de dimetro de copa. Fruto: A cor da casca do fruto maduro amarronzada, assim como a polpa. Cultivo: No viveiro e no campo, aps o plantio, as mudas mostram um rpido crescimento e aos cinco anos j iniciam a frutificao. Aproveitamento alimentar: A polpa pode ser consumida in natura ou utilizada para doces e licores. Outros usos: medicinal e artesanato. Macaba - Figura 14 Nome popular: bocaiva, cocobabo, macaiba Nome cientfico: Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd. Famlia botnica: Palmae Vegetao de ocorrncia: Mata de Seca e Cerrado Caractersticas da planta: Palmeira com caule densamente espinhoso de at 10 metros de altura. O leo extrado dos frutos dessa planta foi bastante estudado durante os anos da crise do petrleo, como fonte alternativa para a substituio do leo diesel, e mostrou grande viabilidade tcnica. Esse mesmo leo pode ser usado para a fabricao de sabes. Fruto: Amarelo-castanho com polpa branca e amarelada. Semente redonda e comestvel. Frutifica de maro a junho. Cultivo: A germinao baixa e irregular. No perodo de 200 at 360 dias, germinam cerca de apenas 40%. A produo de frutos inicia-se aos seis anos aps o plantio. Aproveitamento alimentar: a polpa dos frutos pode ser consumida in natura, ou na forma de doces e gelias. A amndoa pode ser consumida in natura ou na forma de paocas. Outros usos: planta melfera, ornamental, medicinal e industrial.Biotecnologia Cincia & Desenvolvimento 41

FIG. 17. Produtos artesanais elaborados com os frutos nativos do Cerrado

suas sementes perdem rapidamente o poder germinativo. Por isso, devem ser semeadas logo aps a sua extrao dos frutos. Pode ser cultivada em canteiros. Aproveitamento alimentar: Alm do consumo in natura, a gabiroba pode ser aproveitada na forma de sucos, doces e sorvetes, bem como servir de matria-prima para um saboroso licor. Jatob-do-cerrado - Figura 12 Nome popular: Jatob-do-cerrado, jata e juta. Nome cientfico: Hymenaea stigonocarpa Mart. Famlia botnica: Leguminoseae Vegetao de ocorrncia: Cerrado e Cerrado Caractersticas da planta: rvore com at dez metros de altura por quatro a oito metros de dimetro de copa. Fruto: A poca de coleta dos frutos de setembro a novembro e a cor da casca do fruto maduro castanhoamarronzada, com a polpa branca e amarelada Cultivo: As sementes devem ser escarificadas mecanicamente e imersas em gua por 24 horas antes da semeadura. O crescimento da planta lento. Aproveitamento alimentar: A polpa consumida in natura e na forma de gelia, licor e farinhas para bolos, pes e mingaus. Outros usos: ornamental, industrial e