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AVALIAÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES DA ATIVIDADE DE MECANISMO DE DESENVOLVIMENTO LIMPO DO PROJETO DE QUEIMA DE BIOMASSA SÓLIDA DE ÁGUAS CLARAS DO SUL AO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Chana Michelli Brum Guillen (UFRGS) [email protected] Aline Vieira Malanovicz (UFRGS) [email protected] O Protocolo de Quioto estabeleceu, entre outras ferramentas, o mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL) que permite a atuação dos países em desenvolvimento, tais como China, Índia e Brasil, uma participação relevante no chamado mercado de ccarbono. Essa participação consiste no desenvolvimento de projetos para redução da emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE) que objetivam contribuir para o cumprimento da meta de redução das emissões estabelecida para os países industrializados, bem como promover o desenvolvimento sustentável nos países anfitriões, que sediam os projetos. Assim, o objetivo deste trabalho foi analisar um Projeto de implantação do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, identificando suas contribuições para o desenvolvimento sustentável. Para atingir este objetivo, foram identificados os principais modelos de avaliação das contribuições de atividades de MDL para o desenvolvimento sustentável e foi utilizado um modelo para avaliação dos projetos de MDL brasileiros Foi então realizado um estudo de caso do “Projeto de Substituição de Combustível Fóssil da indústria de bebidas Ambev”. Conclui-se, com base no caso analisado, que o projeto apresenta contribuições para o Desenvolvimento Sustentável do país, principalmente nas dimensões ambiental e econômica, todavia, o MDL não foi o principal motivador para a realização da atividade, portanto, é muito provável que esta fosse realizada mesmo sem o apoio financeiro obtido através do MDL. Palavras-chaves: Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). Desenvolvimento Sustentável, Protocolo de Quioto XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.

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AVALIAÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES DA

ATIVIDADE DE MECANISMO DE

DESENVOLVIMENTO LIMPO DO

PROJETO DE QUEIMA DE BIOMASSA

SÓLIDA DE ÁGUAS CLARAS DO SUL

AO DESENVOLVIMENTO

SUSTENTÁVEL

Chana Michelli Brum Guillen (UFRGS)

[email protected]

Aline Vieira Malanovicz (UFRGS)

[email protected]

O Protocolo de Quioto estabeleceu, entre outras ferramentas, o

mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL) que permite a atuação

dos países em desenvolvimento, tais como China, Índia e Brasil, uma

participação relevante no chamado mercado de ccarbono. Essa

participação consiste no desenvolvimento de projetos para redução da

emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE) que objetivam contribuir

para o cumprimento da meta de redução das emissões estabelecida

para os países industrializados, bem como promover o

desenvolvimento sustentável nos países anfitriões, que sediam os

projetos. Assim, o objetivo deste trabalho foi analisar um Projeto de

implantação do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, identificando

suas contribuições para o desenvolvimento sustentável. Para atingir

este objetivo, foram identificados os principais modelos de avaliação

das contribuições de atividades de MDL para o desenvolvimento

sustentável e foi utilizado um modelo para avaliação dos projetos de

MDL brasileiros Foi então realizado um estudo de caso do “Projeto de

Substituição de Combustível Fóssil da indústria de bebidas Ambev”.

Conclui-se, com base no caso analisado, que o projeto apresenta

contribuições para o Desenvolvimento Sustentável do país,

principalmente nas dimensões ambiental e econômica, todavia, o MDL

não foi o principal motivador para a realização da atividade, portanto,

é muito provável que esta fosse realizada mesmo sem o apoio

financeiro obtido através do MDL.

Palavras-chaves: Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL).

Desenvolvimento Sustentável, Protocolo de Quioto

XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção

Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.

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XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção

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1. Introdução

O desenvolvimento sustentável e as mudanças climáticas têm sido objeto da atenção mundial,

sendo que frequentemente são realizados estudos no sentido de identificar as consequências

do aquecimento global sobre a vida humana e sobre as atividades econômicas

(MARCOVICH, 2006, IPCC, 2007, FLANNERY, 2008, MCMICHAEL, 2012).

Considerando-se que as mudanças climáticas resultam do aumento dos gases de efeito estufa,

causado por fatores relacionados ao atual padrão de desenvolvimento, é necessário haver uma

mudança para um padrão de desenvolvimento sustentável, destacando-se o uso de fontes

energéticas renováveis, a substituição dos combustíveis fósseis e a mudança no consumo

(BRASIL, 2009, HUQ et al., 2006,).

O Protocolo de Quioto, assinado por mais de 150 países em dezembro de 1997, estabeleceu,

entre outras ferramentas, o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), que incentiva o

desenvolvimento de Projetos para redução da emissão de gases de efeito estufa, objetivando

contribuir para o cumprimento da meta de redução das emissões estabelecida para os países

industrializados, bem como promover o desenvolvimento sustentável nos países que sediam

tais Projetos (MCT, 2010; CGEE, 2008; MULLER, 2007; FIGUERES, 2006; UNFCCC, 2001).

Assim, o objetivo deste trabalho foi analisar um Projeto de implantação do Mecanismo de

Desenvolvimento Limpo, identificando suas contribuições para o desenvolvimento sustentável.

Para atingir este objetivo, foram identificados os principais modelos de avaliação das

contribuições de atividades de MDL para o desenvolvimento sustentável e foi desenvolvido

um modelo para avaliação dos projetos de MDL brasileiros. Foi então realizado um estudo de

caso do Projeto de Substituição de Combustível Fóssil da indústria de bebidas Ambev.

Nas seções seguintes deste trabalho, são apresentados os principais conceitos do MDL, sua

contribuição para o Desenvolvimento Sustentável; Método de pesquisa utilizado; caracterização

do Caso em estudo; análise dos Resultados, e Conclusões sobre os achados da pesquisa.

2. Mecanismo de Desenvolvimento Limpo e Desenvolvimento Sustentável

O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) consiste na redução das emissões de gases

de efeito estufa em Projetos que viabilizem o desenvolvimento sustentável de países em

desenvolvimento, permitindo a venda das Reduções de Emissão Certificadas para os países

industrializados cumprirem suas metas de redução (CGEE, 2008).

Através do MDL, países em desenvolvimento podem vender créditos de redução para

empresas de países industrializados que precisam desses créditos para cumprir metas de

redução atribuídas pelo Protocolo de Quioto (DEPLEDGE, 2008). A idéia é que os países que

acharem muito elevado o custo de reduzir emissões no próprio país possam pagar por

reduções nas emissões em outros lugares, com custos menores.

Operacionalmente, as atividades de um Projeto de MDL incluem etapas como: elaboração do

documento do Projeto (contendo: descrição das atividades do projeto, seus participantes,

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metodologia de cálculo da redução de emissões, plano de monitoramento, período de

obtenção de créditos, relatório de impactos ambientais e justificativa de adicionalidade);

validação, aprovação e registro (no Brasil, pela Comissão Interministerial de Mudança Global

do Clima); monitoramento do projeto; verificação e certificação das emissões, e emissão e

aprovação das Reduções Certificadas de Emissões (MIGUEZ, 2009).

No Protocolo de Quioto, o Desenvolvimento Sustentável foi definido como um dos objetivos

principais do Mecanismo (FIGUERES, 2006). O conceito de Desenvolvimento Sustentável ficou

consagrado como “aquele que atende às necessidades das gerações presentes sem comprometer a

capacidade de gerações futuras de suprir suas próprias necessidades” (WCED, 1987).

O conceito se destaca por dois aspectos: “satisfação das necessidades”, prioritariamente

“necessidades essenciais de um grande número de pessoas em países em desenvolvimento que

não possuem suas necessidades básicas atendidas, tais como alimentação, vestuário e moradia”

além de “melhoria da qualidade de vida”, e “necessidades de gerações futuras”, pois se deve

“observar limitações impostas pelo estado da tecnologia e da organização social sobre a

capacidade do meio ambiente de satisfazer necessidades presentes e futuras” (WCED, 1987).

Tal conceito é muito semelhante ao Ecodesenvolvimento (SACHS, 1993; NOBRE, 2002),

contemplando, como faz a maioria dos autores, as dimensões Econômica, Social e Ambiental

(GIDDINGS et al., 2002; BANSAL, 2005), além das dimensões tais como cultural,

geográfica/territorial, política e institucional, por vezes também abordadas pelos autores.

Na dimensão Econômica, destaca-se a distinção entre crescimento econômico (aumento do PIB,

produção e consumo), e crescimento associado a transformações na estrutura da distribuição de

renda (VEIGA, 2008), com a satisfação das necessidades locais, aliando distribuição de renda,

aumento do consumo e consequentemente crescimento econômico (NASCIMENTO et al., 2008).

A dimensão Social corresponde à melhoria da qualidade de vida da população, justiça social,

equidade na distribuição da renda, melhoria substancial de direitos e condições de grande

parte da população e redução da distância entre os padrões de vida de ricos e pobres,

abrangendo necessidades materiais e não-materiais, como saúde, educação, habitação e

segurança (algumas medidas pelo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da ONU)

(SACHS, 1986, 2002; WCED, 1987; VEIGA, 2008).

A dimensão Ambiental contempla o uso dos recursos naturais, a preservação e a conservação

do meio ambiente, por meio da adequada gestão dos recursos naturais (SACHS, 1993, 2002;

CARSON, 1962; BRASIL, 2009), para não se prejudicar o equilíbrio térmico do planeta

(SACHS, 1986), impedindo as empresas de despejar resíduos sólidos e gasosos que poluem o

ar, a água ou o solo; destruir florestas naturais e substituir ecossistemas naturais por

monoculturas que reduzem drasticamente a biodiversidade (CAPPELLIN; GIULIANI, 2006).

Quanto à avaliação da contribuição das atividades de MDL para o desenvolvimento sustentável, cabe

ressaltar que o MDL é um mecanismo de mercado em nível de projeto, portanto restrito no

que se refere à promoção do desenvolvimento sustentável (OLHOFF et al., 2004). Mesmo

assim, as atividades de MDL podem contribuir para o desenvolvimento sustentável nos países

em desenvolvimento, através de transferência de tecnologias limpas e recursos financeiros,

melhoria da eficiência energética e conservação de energia, desenvolvimento de sistemas

distribuídos de energia renováveis, e também com melhoria da qualidade do ar e da água pela

redução da poluição, redução da pobreza pela geração de renda e emprego, desenvolvimento

da capacidade do setor público, capacitação, educação e saúde (OLHOFF et al., 2004).

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Diversos autores têm realizado esforços no sentido de desenvolver modelos de avaliação das

contribuições das atividades de MDL para o desenvolvimento sustentável (OLSEN;

FENHANN, 2008; COSBEY, 2006; OLHOFF et al., 2004; HEUBERGER et al., 2003,

SUTTER, 2003). Diferentes propostas usam métodos como checklist (mais simples, como por

exemplo o método de avaliação de projetos de MDL do Brasil, México, Índia e África do

Sul), análise de conteúdo (mais complexo, como por exemplo o método desenvolvido por

Olsen e Fenhann (2008)), e análise multicritério (mais abrangente, como por exemplo a Matriz

SSN de sustentabilidade (SOUTHSOUTHNORTH, 2009) e a ferramenta MATA-CDM

Multi-atributiva de Avaliação de Projetos de MDL (SUTTER, 2003)).

Os modelos utilizam diferentes métodos e critérios para a avaliação da sustentabilidade, os

quais, em geral, contemplam as dimensões Ambiental, Econômica e Social. Percebeu-se que

os modelos contemplam aspectos bastante semelhantes, incluindo: (Ambiental) Qualidade do

ar; Quantidade e qualidade da água, Condições do solo, Proteção da biodiversidade;

Conservação de recursos naturais; (Econômica) Geração de empregos diretos, Transferência

de tecnologia e desenvolvimento tecnológico, Distribuição do retorno do projeto,

Desenvolvimento regional); (Social) Impacto sobre a população local, Qualidade do emprego,

Capacitação e desenvolvimento, Envolvimento dos stakeholders, entre outros.

3. Método de Pesquisa

A estratégia utilizada para a realização da pesquisa foi o estudo de caso (YIN, 2005). O caso

selecionado é o Projeto de MDL da Ambev, cuja atividade principal é a substituição de óleo

combustível por casca de arroz para geração de vapor na fabricação de cerveja (AMBEV,

2009).

Para coleta de dados, foram utilizadas as seguintes técnicas: Pesquisa Documental com base

em fontes oficiais e públicas como Documento de Concepção do Projeto, Relatório de

Validação do Projeto, site institucional, trabalhos acadêmicos e publicações sobre a empresa;

e Entrevista Semi-estruturada realizada com o Especialista de Meio Ambiente na sede da

empresa.

A análise dos dados foi realizada com base em um modelo adaptado do MATA-CDM

(SUTTER, 2003) especificamente para avaliar a contribuição dos projetos de MDL brasileiros

para o desenvolvimento sustentável, contemplando todos os critérios definidos pela autoridade

brasileira com o seguinte sistema de pontuação, relativo à situação sem o projeto:

+2 (contribui fortemente), +1 (contribui), 0 (não modifica), -1 (compromete), -2 (compromete fortemente).

A Figura 1 apresenta graficamente a disposição dos resultados da avaliação, e a Figura 2

apresenta uma descrição de cada um dos critérios de avaliação do modelo desenvolvido.

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Figura 1 – Gráfico de Avaliação e Interpretação dos Dados

Figura 2 – Critérios para avaliar a Contribuição dos Projetos de MDL para o Desenvolvimento Sustentável

4. Análise dos Resultados – Descrição do Projeto

Esta seção apresenta o Projeto de MDL, com o histórico e a descrição da empresa e atividade

do projeto, e a avaliação das contribuições da atividade do projeto para o desenvolvimento

sustentável, segundo o modelo apresentado na seção de Método (Figura 1 e Figura 2).

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O Projeto “Queima de Biomassa Sólida para Geração de Vapor de Processo na Fabricação de

Cervejas em Substituição ao Óleo Combustível BPF3 na Filial Águas Claras do Sul” da

indústria de bebidas Ambev é um projeto de substituição de combustível fóssil por biomassa

que obteve aprovação registro no Conselho Executivo da ONU em novembro de 2007.

Estima-se que o projeto reduza aproximadamente 27.000 toneladas de CO2 por ano, o que

corresponde 324.000 toneladas de CO2 no primeiro período de redução de emissões, que é de

7 anos, renovável por até duas vezes (UNFCCC, 2007).

A Ambev (Companhia de Bebidas das Américas) é uma empresa de capital aberto, sediada

em São Paulo, possui operações em 14 países das Américas do Sul, Central e do Norte.

A empresa produz e comercializa cervejas, refrigerantes e outras bebidas não-alcoólicas,

empregando mais de 39 mil funcionários, sendo 23 mil no Brasil e é líder no ranking das

cervejarias na América Latina. Em 2008, comercializou 146,9 milhões de hectolitros de

bebidas, obtendo a receita líquida de R$ 20,9 bilhões (AMBEV, 2009).

Em 2008, a empresa destinou R$ 206 milhões para ações socioambientais, sendo as principais

ações relacionadas à substituição de combustíveis fósseis por biomassa para a geração de

energia e redução no consumo de água. No final de 2008, sete unidades fabris da Ambev já

geravam energia através de biomassa.

Através do Projeto de Águas Claras do Sul, no Rio Grande do Sul, a Ambev foi a primeira

indústria de bebidas a registrar um projeto de MDL na UNFCCC. O que motivou a empresa à

realização do projeto de MDL foi o alinhamento do projeto com a política ambiental da

empresa que determina a busca de tecnologias, processos e insumos que minimizem os

impactos ambientais das atividades desenvolvidas. Além destes aspectos, foi relevante o

caráter de inovação tecnológica para o ramo de atividade da empresa e a opção pelo uso de

tecnologias limpas, assim como a viabilidade financeira do negócio (STEPHANOU, 2010).

O projeto consiste na substituição do óleo combustível, utilizado na geração de vapor para produção

industrial de bebidas, por biomassa sólida renovável. Suas atividades reduzem as emissões de

gases de efeito estufa, pois evitam a queima de combustíveis fósseis (AMBEV, 2007).

Atualmente, o material utilizado é a casca de arroz, em função da disponibilidade, poder

calorífico e custo do resíduo. O estado do Rio Grande do Sul produz aproximadamente

6 milhões de toneladas de arroz por ano, e 22% desse total corresponde ao volume de

produção de casca.

Algumas empresas produtoras de arroz já utilizam o resíduo para geração de energia elétrica.

No Estado, a Camil, produtora de arroz, foi uma das pioneiras do setor de alimentos a investir

no aproveitamento da casca para geração de energia. Em 2001, instalou uma termelétrica na

unidade de Itaqui (RS) que produz 4,5 MW de energia (PORTAL, 2006).

A tecnologia empregada para a geração de energia na Ambev foi desenvolvida e fornecida por

empresas nacionais, tendo em vista que a tecnologia empregada para construção de caldeiras

de biomassa encontra-se bastante difundida no Brasil.

Nas atividades do projeto são utilizadas, em média, 2.200 toneladas de casca de arroz por mês

para geração de vapor, que é usado em diversas áreas da fábrica, tais como aquecimento de

líquidos nos processos intermediários de produção da cerveja, assepsia de tanques,

equipamentos, tinas e tubulações, assepsia das garrafas no processo de engarrafamento da

cerveja e processo de pasteurização da cerveja (AMBEV, 2007; UNFCCC, 2009).

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Importante ressaltar que não foram considerados os créditos de carbono para a viabilidade

financeira do negócio, ou seja, o negócio é viável mesmo sem os créditos. O projeto foi

aprovado pela sua inovação tecnológica. Sendo assim, a ONU aceitou que existia uma

barreira tecnológica para a substituição do combustível fóssil e que o usual é a utilização de

óleo combustível. Diante desta circunstância, a empresa registrou apenas um projeto, pois não

foi possível comprovar adicionalide para os demais projetos da empresa (STEPHNOU, 2010).

Para colocar em prática o Projeto, a Ambev firmou parceria com empresas beneficiadoras de

arroz, visando assegurar um fornecimento contínuo de resíduos de arroz. Os fornecedores são,

principalmente, dos municípios de Nova Santa Rita, Eldorado do Sul e eventualmente

Camaquã. Os principais critérios considerados na escolha dos fornecedores foram a

capacidade de fornecimento e a distância em relação à fábrica.

Através das atividades do projeto, foram consumidas aproximadamente 26.000 toneladas de

cascas de arroz, o que gerou uma redução no consumo de óleo de aproximadamente 8.000

toneladas por ano, conforme Tabela 1. Para calcular o consumo equivalente de óleo, foi

utilizada a média de consumo dos anos de 2003, 2004 e 2005, nos quais foi obtida uma

relação proporcional de 14 kg de vapor para cada kg de óleo combustível consumido.

Tabela 1 – Reduções de Co2 da AmBev Águas Claras em 2008

Fonte: Adaptado de UNFCCC (2009)

5. Análise dos Resultados – Contribuição do Projeto para o Desenvolvimento Sustentável

Esta seção apresenta a análise da contribuição do projeto em cada dimensão/critério do

desenvolvimento sustentável, com sua pontuação e uma descrição qualitativa dessa avaliação,

além de uma descrição gráfica. A Figura 3 apresenta graficamente o resultado da avaliação

das contribuições do Projeto. Ao analisar essa apresentação gráfica da pontuação do Projeto e a

avaliação qualitativa descrita, percebe-se que, de modo geral, o projeto contribui positivamente para

o desenvolvimento sustentável. A Figura 4 apresenta uma descrição qualitativa mais detalhada.

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Figura 3 – Avaliação das Contribuições do Projeto AmBev para o Desenvolvimento Sustentável

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Figura 4 Avaliação das Contribuições do Projeto AmBev para o Desenvolvimento Sustentável

As principais contribuições do Projeto AMBEV são na dimensão ambiental, uma vez que ao

substituir um combustível fóssil por biomassa renovável propicia melhoria da qualidade do ar

pela não geração de alguns poluentes, tais com SOx e NOx, todavia, apesar de reduzido

continua a ser emitido material particulado, além de dar destino adequado para os resíduos,

neste caso, casca de arroz (STEPHANOU, 2010).

O processo de geração de energia a partir de biomassa não apresenta impactos ambientais

significativos. A Fundação Estadual de Proteção Ambiental do RS (FEPAM), em sua

avaliação, não identificou nenhum impacto ambiental adverso. Um dos maiores impactos

percebidos é a geração de cinzas, que são parte do processo da queima. Visando dar um

destino adequado a esse resíduo, a Ambev mistura estas cinzas ao lodo oriundo da estação de

tratamento de efluentes da fábrica em um processo de compostagem, o que resulta em um

fertilizante (MCT, 2006).

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No que se refere aos benefícios econômicos e sociais, há a geração de empregos diretos na

própria Ambev e também nas empresas beneficiadoras, além do incremento do número de

fretes. Os benefícios sociais do projeto são ligados aos empregos gerados, como capacitação.

Conclusões

Este trabalho alcançou seu objetivo ao analisar um Projeto de implantação do Mecanismo de

Desenvolvimento Limpo, identificando suas contribuições para o desenvolvimento sustentável.

O “Projeto de Substituição de Combustível Fóssil” da Ambev foi caracterizado, sendo descrito

seu histórico e contexto organizacional, e avaliado quanto a sua contribuição, o que permitiu

perceber que o projeto realmente contribui positivamente para o desenvolvimento sustentável.

Na dimensão Ambiental, contribui principalmente para a redução da poluição do ar pela

redução de emissão de gases poluentes; na dimensão Econômica, contribui principalmente

para o aumento do emprego e da renda nas empresas beneficiadoras e transportadoras; e na

dimensão Social, contribui principalmente com empregos e capacitação da população.

Um destaque pode ser feito no que se refere à transferência de tecnologia, pode ser percebido,

no Projeto analisado, que não há transferência de tecnologia, todavia o projeto é inovador no

que se refere ao uso de biomassa para geração de energia no ramo de bebidas. Portanto, ao

contrário do que se esperava, o projeto de MDL não tem servido para catalisar um fluxo de

investimentos em tecnologias “verdes” que antes não estavam disponíveis no país, mas sim

para disseminar para outros setores ou regiões uma tecnologia “verde” já existente e em uso

no país.

A análise do Projeto foi realizada de acordo com os critérios de avaliação da contribuição para

o desenvolvimento sustentável nas dimensões Ambiental, Econômica e Social, os quais foram

elaborados e avaliados de acordo com os modelos de avaliação amplamente pesquisados e

analisados na literatura da área. Entre os principais resultados deste trabalho de pesquisa está a

proposição de um modelo de avaliação específico para os Projetos de MDL brasileiros,

incluindo os critérios atualmente utilizados pela autoridade brasileira.

Com relação à análise das contribuições das atividades de MDL para o desenvolvimento

sustentável, acredita-se que a forma para a avaliação dos projetos de MDL utilizada pela

autoridade brasileira precisa ser redefinida com a obrigatoriedade de parâmetros mínimos de

contribuição ou aspectos específicos para o qual um projeto deva contribuir.

Para resolver este problema, sugere-se a adoção de um modelo de avaliação multicritério, tal

como o que foi proposto e utilizado neste estudo, com critérios específicos e bem definidos,

incluindo dados quantitativos, quando existirem. Associado à modificação do modelo poderia

ser estabelecido um padrão mínimo de contribuição, como por exemplo, que o Projeto deva

incluir, além da contribuição ambiental, a distribuição de renda, definida por vários autores

como requisito básico para que se considere que um desenvolvimento seja sustentável.

Referências

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Social/_PDF/AMBEV_RA2008_20090609_port.pdf> Acesso em 18/11/2009.

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AMBEV. Queima de biomassa sólida no processo de geração de vapor para a fabricação de cerveja

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