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CÍNTIA DA SILVA NORONHA AVALIAÇÃO DA DESCARGA DE PESO E PREVALÊNCIA DE DOENÇA DEGENERATIVA NAS ARTICULAÇÕES DO QUADRIL DE INDIVÍDUOS COM AMPUTAÇÃO TRANSFEMORAL OU TRANSTIBIAL Juiz de Fora 2009

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CÍNTIA DA SILVA NORONHA

AVALIAÇÃO DA DESCARGA DE PESO E PREVALÊNCIA DE DOENÇA

DEGENERATIVA NAS ARTICULAÇÕES DO QUADRIL DE INDIVÍDUOS COM

AMPUTAÇÃO TRANSFEMORAL OU TRANSTIBIAL

Juiz de Fora 2009

CÍNTIA DA SILVA NORONHA

AVALIAÇÃO DA DESCARGA DE PESO E PREVALÊNCIA DE DOENÇA

DEGENERATIVA NAS ARTICULAÇÕES DO QUADRIL DE INDIVÍDUOS COM

AMPUTAÇÃO TRANSFEMORAL OU TRANSTIBIAL

Trabalho de Conclusão de

Curso apresentado a Faculdade de Medicina, Departamento de Fisioterapia, da Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF, como pré-requisito para a conclusão de curso.

Orientador Prof. Dr. Eduardo José Danza Vicente Co-orientadora Profa. Jennifer Granja Peixoto

Juiz de Fora 2009

Noronha, Cíntia da Silva.

Avaliação da descarga de peso e prevalência de doença degenerativa nas articulações do quadril de indivíduos com amputação transfemoral ou

trastibial / Cíntia da Silva Noronha. – 2009.

49 f. : il.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Fisioterapia)–

Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2009.

1.Osteoatrite. 2. Osteoartrite do quadril. 3. Amputação. I. Título

CDU 616.72-002

CÍNTIA DA SILVA NORONHA

AVALIAÇÃO DA DESCARGA DE PESO E PREVALÊNCIA DE DOENÇA

DEGENERATIVA NAS ARTICULAÇÕES DO QUADRIL DE INDIVÍDUOS COM

AMPUTAÇÃO TRANFEMORAL OU TRANSTIBIAL

Trabalho de Conclusão de

Curso apresentado a Faculdade de Medicina, Departamento de Fisioterapia, da Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF, como pré-requisito para a conclusão de curso.

Aprovado em 30/06/2009

BANCA EXAMINADORA

__________________________________

Prof. Dr. Eduardo José Danza Vicente

1º Membro

__________________________________

Fisioterapeuta Diogo Simões FONSECA

2º Membro

__________________________________

Profa. Dra. Lílian Pinto da Silva

3º Membro

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho...

A minha mãe, que mesmo distante sempre acreditou no meu potencial e me

deu forças para nunca desistir. Por todos os ensinamentos de vida e amor

incondicional.

A minha família e amigos que sempre estiveram ao meu lado, torcendo por

esta conquista.

AGRADECIMENTOS Agradeço...

A Deus, por me abençoar durante toda minha formação.

Aos meus pais José Benedito e Maria Olívia, a minha irmã Renata e ao meu

sobrinho Vinícius, por sempre me oferecerem amor, compreensão e confiança, e

ainda por entenderem que nem sempre era possível estarmos juntos.

Ao Vinícius, por me apoiar com seu amor, carinho e paciência.

Ao meu orientador Eduardo, pela competência, atenção e dedicação no

desenvolvimento deste trabalho.

A minha co-orientadora Jennifer, pela atenção dedicada.

Aos queridos pacientes que permitiram a realização deste trabalho.

A todos os professores e amigos que estiveram ao meu lado em todas as etapas

importantes da minha formação.

Às amigas Cristina e Luciana, por compartilharem comigo momentos de stress e

diversão, tornando mais fácil essa etapa final.

A todos aqueles que, embora não mencionados aqui, contribuíram para a realização

deste trabalho.

RESUMO

Introdução: Amputados de membro inferior enfrentam significantes alterações

físicas e desafios emocionais resultantes de suas amputações. Alterações físicas

decorrentes da idade; sobrepeso, pela perda de mobilidade e as alterações

biomecânicas resultantes do tipo de prótese podem favorecer o desenvolvimento de

osteoartrite (OA) de quadril, devido à sobrecarga e ao aumento do esforço

mecânico. Objetivo: Avaliar a descarga de peso nos membros inferiores de

indivíduos com amputação transfemoral ou transtibial e correlacionar essa descarga

com tempo de protetização, com a idade e com o grau de degeneração articular no

quadril do membro intacto. Metodologia: Foram analisados 12 indivíduos de ambos

os sexos, com idade variando de 19 a 64 anos, com amputações transtibial ou

transfemoral, que tiveram a descarga de peso avaliada por meio de um sistema de

baropodometria eletrônica. Em seguida esses indivíduos foram submetidos a uma

avaliação radiográfica por um médico radiologista e por uma avaliação clínica, por

um médico reumatologista. Resultados: Todos os indivíduos apresentaram

assimetria na descarga de peso, sendo a média da porcentagem de descarga no

membro intacto de 53,5% (± 7,47) e no membro protetizado de 46,5% (±7,47) mas

esta assimetria não foi estatisticamente significativa (p = 0,1331). Com relação à

análise radiográfica 75% dos indivíduos apresentaram leve diminuição do espaço

articular e leve degeneração articular, no entanto nenhum indivíduo recebeu

diagnóstico clínico de OA de quadril. Não houve correlação entre descarga de peso

nos membros inferiores e tempo de protetização, idade e prevalência de diagnóstico

de OA na articulação do quadril do membro intacto. Conclusão: Foi possível avaliar

que indivíduos com amputação de membros inferiores sofrem uma sobrecarga

mecânica na articulação do quadril, tanto do membro intacto como do membro

protetizado, sendo de extrema importância uma reabilitação adequada e direcionada

para atenuar essas sobrecargas e assim prevenir o desenvolvimento de doenças

degenerativas.

Palavras-chaves: Osteoartrite de quadril. Descarga de peso. Amputação de

membros inferiores.

1

1

ABSTRACT

Introduction: The Amputateds of lower limb faced significant physical changes and

emotional challenges resulting from their amputations. Physical changes resulting

from age; overweight, loss of mobility and biomechanical changes resulting from the

type of prosthesis may promote the development of hip osteoarthritis (OA), due to

overload and increased mechanical stress. Objective: Evaluate the weight discharge

in the lower limbs of individuals with below-knee or above-knee amputation and

correlate this discharge with time of prosthetization, with age and with the degree of

joint degeneration in the hip of the intact limb. Methodology: The weight discharge

from 12 individuals of both gender and age between 19 and 64 years old, with

above-knee or below-knee amputations, was measured through the computerized

baropodometry; then these individuals were submited to a radiographic evaluation by

a radiologist doctor and to a clinical evaluation by a rheumatologist doctor. Results:

All subjects had asymmetry in the weight discharge, being the average percentage of

the discharge in the intact limb of 53.5% (± 7.47) and in the prosthetizated limb of

46.5% (± 7.47) but this asymmetry was not statistically significant (p = 0.1331). In

relation to radiographic analysis 75% of the subjects had remote decrease in the joint

space and a remote joint degeneration, however any individual received a clinical

diagnosis of hip OA. There was no correlation between weight discharge in lower

limb and the time of prosthetization, age and prevalence of the OA diagnostic in hip

joint of the intact limb. It’s necessary new studies with a more homogeneous sample

in relation to the time of prosthetization and individuals age. Conclusion:

Conclusion: It was possible to assess that individuals with lower limb amputation

suffer a mechanical overload in the hip joint, both the intact member and the

prosthetizated member, being of extreme importance a appropriate rehabilitation and

targeted to reduce these overload and so prevent the development of degenerative

diseases.

Key words: Hip Osteoarthritis. Weight discharge. Lower limb amputation.

1

2

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Porcentagem (%) da descarga de peso nos membros inferiores dos

indivíduos protetizados............................................................................18

Figura 2 - Resultado da análise no baropodômetro de um voluntário protetizado à

esquerda, que apresentou menor assimetria entre os membros

inferiores, com maior descarga no membro amputado...........................19

Figura 3 - Resultado da análise no baropodômetro de um voluntário protetizado à

direita, que apresentou maior assimetria entre os membros inferiores,

com maior descarga no membro intacto...............................................20

Figura 4 - Radiografia ântero-posterior da articulação do quadril, sem diminuição do

espaço articular nem degeneração articular bilateralmente. Membro

íntegro esquerdo e membro protetizado direito.......................................21

Figura 5 - Radiografia ântero-posterior da articulação do quadril, apresentando leve

diminuição do espaço articular e leve degeneração. Membro integro

direito e membro protetizado esquerdo...................................................22

Figura 6 - Radiografia ântero-posterior da articulação do quadril, apresentando leve

diminuição do espaço articular e leve degeneração bilateralmente.

Membro integro direito e membro protetizado esquerdo.................... ....22

1

3

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Tabela de pontuação para a análise de degeneração e/ou diminuição

do espaço articular no quadril.................................................................14

Tabela 2 - Tabela de pontos para o diagnóstico de osteoartrite (OA) de quadril, de

acordo com os critérios do ACR, observando os sinais de dor,

crepitação, rigidez matinal e sinovite e associando ao diagnóstico

radiográfico..............................................................................................14

Tabela 3 - Média, desvio padrão (DP), valor mínimo e máximo da idade (em anos),

índice de massa corpórea (Kg/m²) e tempo de protetização (em anos)

dos indivíduos estudados........................................................................16

Tabela 4 - Média, desvio padrão (DP), valor mínimo e máximo da porcentagem da

descarga de peso (PDP) nos membros inferiores dos indivíduos

estudados................................................................................................17

Tabela 5 - Resultado da avaliação radiológica da articulação do quadril do membro

intacto e protetizado dos indivíduos amputados, de acordo com o grau

de degeneração e/ou diminuição do espaço articular.............................23

Tabela 6 - Resultado da avaliação clínica reumatológica da articulação do quadril do

membro intacto e protetizado dos indivíduos amputados, de acordo com

o grau de degeneração e/ou diminuição do espaço articular..................24

Tabela 7 - Tempo de protetização (em meses e anos) e porcentagem de descarga

de peso no membro intacto (MI) e no membro protetizado (MP)............25

Tabela 8 - Idade (em anos) e porcentagem de descarga de peso no membro intacto

(MI) e no membro protetizado (MP)........................................................25

Tabela 9 - Maiores e menores assimetrias de descarga de peso, no membro intacto

(MI) e no membro protetizado (MP) e diagnóstico de osteoartrite

(OA).........................................................................................................26

1

4

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................... .....................................................................................6

2 OBJETIVOS.......................................................................................................... 11

3 MATERIAIS E MÉTODOS .....................................................................................12

3.1 Materiais ............................................................................................................12

3.1.1 Permanentes ...................................................................................................12

3.2 Aspectos éticos ................................................................................................12

3.3 Indivíduos .........................................................................................................12

3.4 Procedimento experimental .............................................................................13

3.4.1. Avaliação da descarga de peso ......................................................................13

3.4.2. Avaliação radiográfica e reumatológica ...........................................................13

3.5 Análise Estatística ............................................................................................14

4 RESULTADOS.......................................................................................................15

4.1 Características dos indivíduos .......................................................................15

4.2 Análise da descarga de peso ..........................................................................16

4.3 Análise radiográfica .........................................................................................21

4.4 Avaliação clínica reumatológica .....................................................................23

4.5 Descarga de peso e tempo de protetização ...................................................24

4.6 Descarga de peso e idade ...............................................................................25

4.7 Descarga de peso e osteoartrite .....................................................................25

5 DISCUSSÃO ......................................................................................................... 27

5.1 Discussão dos métodos ..................................................................................27

5.2 Discussão dos resultados ...............................................................................29

5.3. Limitações do estudo .......................................................................................31

6 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 32

REFERÊNCIAS .................................................................................................. 33

APÊNDICE A ......................................................... 40

APÊNDICE B.......................................................... 42

ANEXO A ................................................................43

1

5

1. INTRODUÇÃO

Amputados de membro inferior enfrentam significantes alterações físicas e

desafios emocionais resultantes de suas amputações (Norvell et al., 2005). Com o

passar dos anos alterações osteomusculares, pela maior sobrecarga no membro

intacto e por alterações mecânicas no corpo devido tanto a perda do membro quanto

ao uso de prótese, afetam diretamente a mobilidade e a qualidade de vida destes

indivíduos (Gailey et al., 2008). Alterações físicas decorrentes da idade; sobrepeso,

pela perda de mobilidade e as alterações biomecânicas resultantes do tipo de

prótese podem favorecer o desenvolvimento de osteoartrite (OA) de quadril, devido à

sobrecarga e ao aumento do esforço mecânico (Andrews, 1996; Kulkarni et al.,

1998; Royer e Wasilewski, 2005).

A OA é um processo inflamatório degenerativo (Royer e Koenig, 2005) que

acomete as articulações sinoviais (Dequeker, 1985) e caracteriza-se por um

desequilíbrio entre a síntese e a degradação da cartilagem articular (Dequeker et al.,

2003; Gailey et al., 2008; Howell et al., 1992). Observa-se um desgaste e uma

destruição da cartilagem (Dequeker et al., 2003; Gailey et al., 2008), e uma

remodelação do osso subcondral (Gailey et al., 2008; Dequeker, 1985). Como

conseqüência há uma deteriorização funcional (Gailey et at., 2008; Kraus, 1997),

visto que o osso torna-se mais rígido que um osso saudável, absorvendo menos as

forças de impacto e transmitindo essas para a cartilagem (Gailey et al., 2008;

Dequeker,1985).

O osso responde às cargas mecânicas impostas sobre o mesmo, dessa forma

diante de uma sobrecarga tem-se um aumento da densidade mineral óssea e vice

versa (Fischer et al., 1996; Sumner e Andriacchi, 1996; Royer e Koenig, 2005).

Assim, Radin e Rosa (1986) sugerem que o aumento da densidade no osso

subcondral pode ser um sinal de alerta para OA. Entretanto, se a OA já estiver

instalada, diante da degradação articular e conseqüente diminuição na capacidade

de absorver forças de impacto haverá maiores cargas sobre o osso, o que

aumentará sua densidade mineral (Burke et al., 1978; Melzer et al., 2001; Royer e

Koenig, 2005).

Essa patologia apresenta como principais sintomas, dor (Yelin et al., 1987;

Kaufmana, 2001; Symmons, 2001) e diminuição da mobilidade articular (Yelin et al.,

1

6

1987; Kaufmana, 2001), resultando em uma perda da independência funcional do

indivíduo (Davis et al., 1991; Kaufmana, 2001; Peat et al., 2001) que apresentará de

forma progressiva limitações significantes na habilidade de levantar de uma cadeira,

ficar em pé, andar confortavelmente ou subir escadas (Kaufmana, 2001).

Peat et al., (2001) observaram que 50% dos indivíduos com OA no joelho,

diagnosticada por meio de radiografias, não apresentavam dor, uma vez que o grau

de degeneração articular, observado nestes exames, não é diretamente proporcional

aos relatos de dor (Maly, Costigan e Olney, 2008). Não obstante, o diagnóstico da

OA depende da correlação entre os sinais radiográficos e clínicos (Hungerford e

Cockin, 1975; Lemaire e Fisher, 1994; Melzer, Yekutiel e Sukenik, 2001). A idade é

um fator importante na incidência de OA (Robbins et al., 2001), sendo a mais

prevalente forma de doença degenerativa nos idosos (Davis et al., 1991). Em

indivíduos entre 35 a 54 anos a incidência é ligeiramente maior do que em adultos

jovens. Já em indivíduos com idade entre 55 a 74 anos a porcentagem aumenta

para 150%, 360% e 800%, para as articulações do joelho, sacroilíaca e quadril,

respectivamente (Robbins et al., 2001).

Provavelmente um dos fatores que levam ao desenvolvimento da OA em

indivíduos com idade avançada é o incremento brusco nas forças de impacto

durante a locomoção que ocorre em indivíduos a partir de 50 anos de idade. Isto

provavelmente ocorra em virtude do ajustamento postural decorrente da

instabilidade causada por um declínio da sensibilidade plantar táctil (Robbins et al.,

2001). Em amputados unilaterais existe uma perda total desta sensibilidade.

Articulações submetidas a um incremento na sobrecarga articular apresentam

uma maior suscetibilidade a OA (Croft et al., 1992; Norvell et al., 2005, Gailey et al.,

2008, Hurwitz et al., 2002; Sharma et al., 1998; Royer e Koenig, 2005), tanto em

indivíduos com sobrepeso (Marks, 2007) como no membro intacto de indivíduos com

amputações de membro inferior (Eberhart et al., 1954; Burke et al., 1978; Lemaire &

Fisher, 1994; Kulkarni et al., 1998; Melzer et al., 2001; Norvell et al., 2005; Royer e

Koenig, 2005, Gailey et al., 2008; Sanderson e Martin, 1997). Nos amputados essa

degeneração pode acometer tanto a articulação do quadril como a do joelho ou

ambas (Burke et al., 1978; Kulkarni et al., 1998; Royer e Wasilewski, 2005).

Entretanto, Gailey et al., (2008) descrevem que existe um maior risco para o

desenvolvimento de OA no quadril devido à sobrecarga durante a marcha (Gailey et

al., 2008).

1

7

Um aumento do esforço mecânico torna o indivíduo mais susceptível a OA de

quadril (Gailey et al., 2008; Hurwitz et al., 1998). Burke et al., (1978) foi o primeiro a

descrever, através de evidência radiográfica, um ligeiro aumento de OA na

articulação do membro intacto, que foi 16,7% maior quando comparado ao membro

amputado (Gailey et al., 2008; Burke et al., 1978). Kulkarni et al., (1998) examinaram

44 veteranos amputados da segunda guerra mundial e através de dados

radiográficos detectaram 61% de OA na articulação do quadril do membro amputado

contra 23% de OA do membro intacto, sendo que a incidência foi maior em

amputações transfemorais do que em transtibiais (Gailey et al., 2008; Kulkarni et al.,

1998).

George et al. (2001), relataram um aumento de 18.9% da densidade mineral

óssea no acetábulo femoral ao comparar o membro intacto e membro acometido de

17 indivíduos com amputação unilateral de membro inferior (sendo 14 com

amputação transfemoral e 3 transtibial). Relataram ainda, que a densidade mineral

óssea era proporcional ao tempo de protetização. Rush et al., (1994) encontraram

densidade mineral óssea normal entre indivíduos saudáveis e o membro intacto de

indivíduos com amputação transfemoral, no entanto encontraram uma densidade

mineral óssea 28% menor no acetábulo femoral do membro protetizado. Isso ocorre

porque as próteses transfemorais são projetadas para transmitir cargas mecânicas

predominantemente para a região de pelve e não para o fêmur, havendo assim

menor sobrecarga na região do acetábulo femoral (Royer e Koenig, 2005).

Além disso, nos amputados, o risco de desenvolver OA aumenta com o nível

da amputação, tempo de protetização, idade, massa corporal, fatores genéticos,

alterações biomecânicas nos joelhos e tipo da prótese (Kulkarni, et al., 1998, Royer

e Koenig, 2005). A presença de desigualdade no comprimento do membro também

pode contribuir para o aumento do estresse no membro intacto (Dixon & Campbell-

Smith, 1969). Segundo Borgmann (1959), esses desequilíbrios fazem com que a

articulação do quadril e do joelho, do membro intacto dos amputados tenham uma

grande chance de desenvolver OA. Mas nenhum autor descreveu até o momento de

quanto é o desequilíbrio ou a desigualdade na descarga de peso nos membros

inferiores dos amputados.

Gailey et al., (2008) e Kulkarni et al., (1998), mostraram suas preocupações

com indivíduos que utilizam próteses há muito tempo, descrevendo que esses

1

8

pacientes devem aprender a dividir a massa corporal entre o membro protetizado e o

membro intacto, evitando dessa forma a degeneração articular no membro intacto.

Engsberg et al., (1993), Hamil et al., (1983) e Powers et al., (1994)

observaram as forças de reação ao solo e encontraram que indivíduos com

amputação unilateral apresentam um desequilíbrio dessa força de até 23%,

dependendo do tipo de prótese, enquanto que em indivíduos sem amputação esse

desequilíbrio é menor que 10%. Desta forma, um ajuste adequado da prótese pode

atenuar esse desequilíbrio de forças que atuam na articulação contralateral (Gailey

et al., 2008; Lewallen et al., 1985; Hurley et al., 1990). Entretanto Hurley et al.,

(1990) descrevem que esse ajuste é perdido ao longo do tempo e que podem

ocorrer compensações menores que irão sobrecarregar o membro intacto e

predispor a instalação de OA (Gailey et al., 2008).

Atualmente os indivíduos amputados apresentam maior expectativa quanto ao

seu desempenho físico nas tarefas diárias e de lazer. O aumento da intensidade

dessas atividades leva a um maior tempo de sustentação sobre os membros, intacto

e protetizado, afetando a longo prazo o sistema osteomuscular (Gailey et al.,2008).

A avaliação dessa sobrecarga poderá melhorar a qualidade de vida desses

indivíduos.

Alterações na marcha decorrentes da protetização do membro inferior têm

sido bem documentadas, incluindo aumento no gasto energético; diminuição na

velocidade da marcha; aumento do tempo da fase de apoio e diminuição da fase de

balanço do membro intacto e portanto, passos mais longos com o membro

protetizado (Zuniga et al.,1972; Czernieck, 1996; Seroussi et al., 1996).

Nos indivíduos amputados, o aumento da fase de apoio com o membro

intacto aumenta a reação da força do solo neste, o que evidencia uma maior

descarga de peso na articulação do membro intacto (Robbins et al., 2001;

Sanderson et al.,1997). Royer e Wasilewski (2005), descreveram o comprimento da

passada 1% maior no membro protetizado em relação ao membro intacto e o tempo

de apoio e a fase balanço do membro intacto eram 2% maior e 4% menor,

respectivamente, com relação ao membro protetizado. Há conseqüentemente, uma

maior exigência do membro intacto. Há ainda, autores que defendem a idéia de que

essas assimetrias na marcha são decorrentes de uma combinação de fatores no

lado amputado que envolve: fraqueza muscular, déficit na percepção sensorial,

1

9

instabilidade no membro, limitação funcional ou dor à descarga de peso (Royer e

Wasilewski, 2005; Al-Zahrani e Bakheit, 2002).

Alguns autores associam a OA de quadril a uma maior amplitude de

movimento (ADM) em abdução da coxa durante a marcha e a uma maior densidade

mineral óssea no acetábulo femoral do membro intacto, quando comparado com

indivíduos saudáveis (Hurwitz et al., 1998; Nevitt et al., 1995). Royer e Koenig

(2005), relataram uma maior ADM em abdução da coxa durante a marcha, 33%

maior no membro intacto quando comparado com o membro protetizado e ao

comparar com indivíduos saudáveis encontraram uma ADM 23% maior no membro

intacto e 8% no membro protetizado. Underwood et al., (2004) observaram uma

diferença na ADM de abdução de coxa durante a marcha entre o membro intacto e o

membro protetizado de 29%, e Royer e Wasilewsli (2005) encontraram uma

diferença de 39% em indivíduos com amputação transtibial. Hurwitz et al., (1998)

observaram uma correlação significativamente positiva entre a ADM de abdução de

coxa durante a marcha e a densidade mineral do acetábulo femoral em pacientes

com OA de quadril. George et al., (2001) descreveram uma densidade mineral óssea

18,9% menor no quadril protetizado em comparação ao membro intacto,

similarmente Royer e Koenig (2005) descreveram uma diferença de 12% a mais no

membro intacto (Royer e Koenig, 2005).

De acordo com Royer e Koenig (2005), a sobrecarga articular, nos indivíduos

amputados acomete as articulações tanto em repouso como durante a marcha.

Entretanto, a maioria dos trabalhos com amputados estuda somente as alterações

durante a marcha, de forma dinâmica, e a avaliação da sobrecarga em posição de

repouso, ortostática, é negligenciada pela maioria dos estudos.

1 10

2. OBJETIVOS

O objetivo desse trabalho é avaliar a descarga de peso nos membros inferiores

de indivíduos com amputação transfemoral ou transtibial e correlacionar essa

descarga com o tempo de protetização, com a idade e com o grau de degeneração

articular no quadril do membro intacto. Assim, será possível avaliar se há sobrecarga

mecânica no quadril destes indivíduos, possibilitando direcionar uma reabilitação

adequada.

1 11

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. Materiais

3.1.1. Permanentes:

Foi utilizado um sistema de baropodometria eletrônica, marca IST

Informatique, modelo FootWork, pertencente ao Laboratório de imagens em

diagnóstico cinético funcional, Anderson Daibert.

3.2. Aspectos éticos

O projeto foi submetido à avaliação do Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade Federal de Juiz de Fora (CEP-UFJF), nos termos da portaria 196/96 do

Conselho Nacional de Saúde. Em um primeiro contato com os participantes foi

realizada a conscientização, esclarecimento da natureza e propósito desta pesquisa,

seleção e assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido (Apêndice A) e

termo de consentimento para utilização de imagem, caso necessário (Apêndice B).

3.3. Indivíduos

Participaram desta pesquisa 12 indivíduos adultos, de ambos os sexos, com

idade variando de 19 a 64 anos com amputações transfemorais ou transtibiais de

membro inferior, reabilitados no setor de Fisioterapia do Centro de Atenção à Saúde

(CAS-HU) da UFJF.

Foram excluídos do estudo indivíduos com diagnóstico prévio de doenças

neuromusculares, degenerativas ou reumáticas; os que fazem uso de medicamentos

1 12

para outras doenças significantes (Hsu et al., 2006); os indivíduos já submetidos à

procedimentos cirúrgicos no membro inferior contrário à amputação (Burke, 1978) ou

os que tenham lesões significantes neste quadril (Imeokparia et al.,1994; Coggon et

al., 2000; Lau et al., 2000).

3.4. Procedimento Experimental

3.4.1. Avaliação da descarga de peso

No primeiro dia de coleta foi solicitado ao indivíduo que realizasse dez vezes

o passo interrompido, terminando sempre em cima do baropodômetro,

permanecendo em posição ortostática, durante 30 segundos sobre o

barapodômetro, olhando para um ponto fixo imaginário, localizado na parede. A

partir do momento que o indivíduo repetisse por quatro vezes iguais à posição

funcional de parada dos membros inferiores, a análise da porcentagem de massa

corpórea descarregada no membro amputado e no membro intacto foi realizada

através do baropodômetro, por meio de 2074 captadores, trabalhando a uma

freqüência fixa de 150 Hz.

3.4.2. Avaliação radiográfica e reumatológica

No segundo dia de coleta, os indivíduos foram submetidos a uma avaliação

radiográfica por um médico radiologista e posteriormente, uma avaliação clínica, por

um médico reumatologista, pertencentes ao serviço de Clínica Médica do CAS/HU

para diagnóstico da osteoartrite de acordo com os critérios do “American College of

Rheumatology” (ACR). Para que a avaliação das articulações fosse mais objetiva, foi

criada uma tabela de pontos de forma que o médico radiologista classificasse o

espaço articular do quadril em 0 (sem diminuição), 1 (leve diminuição), 2 e 3

(moderada a intensa degeneração). O médico reumatologista utilizou a mesma

1 13

tabela e de acordo com os critérios do ACR, observou dor, crepitação, rigidez

matinal e sinovite, associando ao diagnóstico radiográfico. A pontuação final foi de 0

para ausência de osteoartrite de quadril; 1, 2 e 3 para leve, moderada e intensa

osteoartrite de quadril, respectivamente (Tabelas 1 e 2).

Tabela 1 – Tabela de pontuação para a análise de degeneração e/ou diminuição do espaço articular no quadril.

PONTUAÇÃO CLASSIFICAÇÃO 0 Sem diminuição do espaço articular e/ou degeneração

1 Leve diminuição do espaço articular e/ou degeneração

2 Moderada diminuição do espaço articular e/ou

degeneração 3 Intensa diminuição do espaço articular e/ou

degeneração Tabela 2 – Tabela de pontos para o diagnóstico de osteoartrite (OA) de quadril, de acordo com os critérios do ACR, observando os sinais de dor, crepitação, rigidez matinal e sinovite e associando ao diagnóstico radiográfico.

PONTUAÇÃO CLASSIFICAÇÃO

0 Ausência de OA

1 OA Leve

2 OA Moderada

3 OA Intensa

3.5. Análise Estatística

A partir dos dados obtidos, foi realizada uma análise exploratória por meio do

cálculo de medidas de tendência central de todas as variáveis analisadas. A seguir

foi feita a variação percentual de indivíduos com diagnóstico médico de osteoartrite.

Por conseguinte, a análise de normalidade da variável de desfecho (descarga de

peso).

Como o teste de normalidade apresentou distribuição normal na população,

foi utilizado o teste paramétrico T de Student para a análise dos dados.

1 14

4. RESULTADOS

4.1. Características dos indivíduos

A amostra foi composta por 12 indivíduos, sendo que 41,7% (5/12) eram

protetizados após amputações transtibiais e 58,3% (7/12) protetizados após

amputações transfemorais. Desses indivíduos, 16,7% (2/12) eram mulheres, uma

com amputação transtibial e outra com transfemoral, e 83,3% (10/12) eram homens,

sendo quatro com amputação transtibial e seis com transfemoral.

A idade média foi de 50,33 anos (±13,62), tendo o voluntário mais jovem 19

anos e o mais velho, 64 anos. Esses indivíduos apresentaram índice de massa

corpórea com média de 24,4 Kg/m² (±3,25), variando de 18,8 a 30,8 e média do

tempo de protetização de 10,54 (±12,89) anos, variando de 0,42 a 32 anos (Tabela

3).

1 15

Tabela 3 - Média, desvio padrão (DP), valor mínimo e máximo da idade (em anos), índice de massa corporal (Kg/m²) e tempo de protetização (em anos) dos indivíduos estudados.

Indivíduos Idade (anos) Índice de massa

corpórea (Kg/m²)

Tempo de protetização

(anos)

1 50 23,22 29

2 19 24,4 5

3 60 21,45 32

4 39 24,64 3,5

5 37 25,3 30

6 61 23,6 6

7 62 30,8 0,5

8 56 30,8 0,4

9 61 22,3 0,5

10 42 24,72 0,6

11 64 18,82 1

12 53 29,7 18

Média 50,33 24,44 10,54

DP 13,62 3,25 12,89

Mínimo 19 18,82 0,4

Máximo 64 30,8 32

4.2. Análise da descarga de peso

Em relação à descarga de peso nos membros inferiores dos 12 indivíduos

participantes da pesquisa pode-se observar que 100% (12/12) deles apresentavam

assimetria na descarga de peso (Tabela 4 e Figura 1). No membro intacto, a média

da porcentagem de descarga foi de 53,5% (± 7,41), variando de 41% a 64%. Já no

membro protetizado, a média da porcentagem de descarga de peso foi 46,5%

(±7,41) variando de 36% a 59% (Tabela 4). Desses indivíduos, o que apresentou

menor assimetria foi de 51% no membro protetizado e 49% no intacto (Figura 2) e o

1 16

que apresentou a maior assimetria foi de 64% no membro intacto e 36% no membro

amputado (Figura 3).

Tabela 4 - Média, desvio padrão (DP), valor mínimo e máximo da porcentagem da descarga de peso (PDP) nos membros inferiores dos indivíduos estudados.

Indivíduos PDP membro inferior

intacto

PDP membro inferior

protetizado

1 49% 51%

2 49% 51%

3 64% 36%

4 41% 59%

5 46% 54%

6 49% 51%

7 57% 43%

8 60% 40%

9 56% 44%

10 64% 36%

11 59% 41%

12 49% 51%

Média 0,535 0,465

Desvio Padrão 0,0741 0,0741

Mínimo 0,41 0,36

Máximo 0,64 0,59

1 17

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

Porcentagem (%) de descarga de peso nos MMII

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Indivíduos

Membro Intacto

Membro Protetizado

Figura 1 - Porcentagem (%) da descarga de peso nos membros inferiores dos

indivíduos protetizados.

1 18

Figura 2 – Resultado da análise no baropodômetro de um voluntário protetizado à esquerda, que apresentou menor assimetria entre os membros inferiores, com maior descarga no membro amputado.

1 19

Figura 3 – Resultado da análise no baropodômetro de um voluntário protetizado à direita, que apresentou maior assimetria entre os membros inferiores, com maior descarga no membro intacto.

A análise estatística desses resultados foi feita pelo teste T de Student para

descarga de peso nos membros dos indivíduos amputados, apresentando valor de

p=0,1223, não demonstrando portanto, diferença estatisticamente significativa

(p<0,05) (Tabela 3 ).

1 20

4.3. Análise radiográfica

Pela análise radiográfica dos indivíduos protetizados pode-se observar que

25% (3/12) não apresentaram nenhuma alteração degenerativa nem diminuição do

espaço articular na articulação do quadril bilateralmente, não recebendo nenhum

ponto (Figura 4).

Dentre os indivíduos restantes 75% (9/12), 66,7% (6/9) apresentaram grau

leve de diminuição do espaço articular e leve presença de degeneração na

articulação do quadril homolateral ao membro protetizado (Figura 5), 11,1% (1/9) na

articulação do quadril contralateral ao membro protetizado e 22,2% (2/9)

bilateralmente na articulação do quadril (Figura 6). Todos esses indivíduos

receberam um ponto na análise radiológica (Tabela 5).

Nenhum indivíduo apresentou uma diminuição de espaço articular ou

degeneração articular com grau moderado ou intenso.

Figura 4 – Radiografia ântero-posterior da articulação do quadril, sem diminuição do espaço articular nem degeneração articular bilateralmente. Membro íntegro esquerdo e membro protetizado direito.

1 21

Figura 5 – Radiografia ântero-posterior da articulação do quadril, apresentando leve diminuição do espaço articular e leve degeneração. Membro integro direito e membro protetizado esquerdo.

Figura 6 - Radiografia ântero-posterior da articulação do quadril, apresentando leve

diminuição do espaço articular e leve degeneração bilateralmente. Membro integro direito e membro protetizado esquerdo.

1 22

Tabela 5 – Resultado da avaliação radiológica da articulação do quadril do membro intacto e protetizado dos indivíduos amputados, de acordo com o grau de degeneração e/ou diminuição do espaço articular.

0 - Sem diminuição do espaço articular e/ou presença de degeneração 1 - Grau leve de diminuição do espaço articular e/ou presença de leve degeneração

4.4. Avaliação clínica reumatológica

A análise clínica reumatológica, realizada de acordo com os critérios do ACR

incluindo os sinais radiográficos, demonstrou que 100% (12/12) dos indivíduos não

apresentavam nenhum dos sinais ou sintomas que pudesse levar ao diagnóstico de

OA como dor, crepitação, rigidez matinal e sinovite. Desta forma, de acordo com a

tabela de pontuação, todos os indivíduos tiveram pontuação 0 (Tabela 6).

Indivíduos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Pontuação para degeneração

e/ou diminuição do espaço

articular no quadril do membro

intacto

1

0

1

0

0

0

0

0

0

1

0

0

Pontuação para degeneração

e/ou diminuição do espaço

articular no quadril do membro

protetizado

1 1 1 1 0 1 0 1 1 0 1 0

1 23

Tabela 6 – Resultado da avaliação clínica reumatológica da articulação do quadril do membro intacto e protetizado dos indivíduos amputados, de acordo com o grau de degeneração e/ou diminuição do espaço articular.

0 – Ausência de dor, crepitação, rigidez matinal e sinovite

4.5. Descarga de peso e tempo de protetização

Em relação ao tempo de protetização e descarga de peso, os

indivíduos com menor tempo de uso de prótese, com 5 meses, 6 meses e 8 meses

apresentaram, respectivamente, descarga de peso de 60%, 56% e 64% no membro

intacto e 40%, 44% e 36% no membro protetizado. Os indivíduos com maior tempo

de uso de prótese, 29, 30 e 32 anos apresentaram, respectivamente, descarga de

peso de 49%, 46% e 64% no membro intacto e 51%, 54% e 36% no membro

protetizado (Tabela 7).

Indivíduos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Pontuação para degeneração

e/ou diminuição do espaço

articular no quadril do membro

intacto na avaliação clínica

reumatológica

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

Pontuação para degeneração

e/ou diminuição do espaço

articular no quadril do membro

protetizado na avaliação clínica

reumatológica

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

1 24

Tabela 7 – Tempo de protetização (em meses e anos) e porcentagem de descarga de peso no membro intacto (MI) e no membro protetizado (MP). Tempo de Protetização Descarga de peso no

MI Descarga de peso no

MP 5 Meses 60% 40% 6 Meses 56% 44% 8 Meses 64% 36% 29 Anos 49% 51% 30 Anos 46% 54% 32 Anos 64% 36%

4.6. Descarga de peso e idade

Ao relacionar a descarga de peso e a idade do indivíduo, observou-se que os

indivíduos de maior idade, 64, 62 e 60 anos apresentaram, respectivamente,

descarga de peso de 59%, 57 e 64% no membro intacto e 41%, 43% e 36% no

membro protetizado. E os indivíduos de menor idade, 19, 37 e 42 anos,

apresentaram, respectivamente, descarga de peso de 49%, 46% e 64% no membro

intacto e 51%, 54% e 36% no membro protetizado (Tabela 8).

Tabela 8 – Idade (em anos) e porcentagem de descarga de peso no membro intacto (MI) e no membro protetizado (MP).

Idade Descarga de peso no MI

Descarga de peso no MP

64 Anos 59% 41% 62 Anos 57% 43% 60 Anos 64% 36% 42 Anos 64% 36% 37 Anos 46% 54% 19 Anos 49% 51%

4.7. Descarga de peso e osteoartrite

Quando se correlacionou o desequilíbrio de descarga de peso com a

prevalência de diagnóstico de OA na articulação do quadril do membro intacto, de

1 25

acordo com os critérios do ACR, pode-se observar que nenhum dos pacientes

recebeu diagnóstico de OA.

Assim, não houve correlação quando se comparou a descarga de peso nos

membros inferiores com tempo de protetização, idade e prevalência de diagnóstico

de OA na articulação do quadril do membro intacto (Tabela 9).

Tabela 9 – Maiores e menores assimetrias de descarga de peso, no membro intacto (MI) e no membro protetizado (MP) e diagnóstico de osteoartrite (OA).

Assimetrias Descarga de peso no MI

Descarga de peso no MP

Diagnóstico de OA

64% 36% Ausência de OA Maiores Assimetrias 60% 40% Ausência de OA 49% 51% Ausência de OA Menores Assimetrias 46% 54% Ausência de OA

1 26

5. DISCUSSÃO

5.1. Discussão dos métodos

No presente estudo os indivíduos apresentavam amputação transtibial ou

transfemoral unilateral de membros inferiores, não havendo uma distinção entre as

causas da amputação, visto que vários autores não correlacionam as mesmas com

os possíveis desequilíbrios de descarga de peso entre o membro intacto e o membro

protetizado (Eberhart et al., 1954; Burke et al., 1978; Lemaire & Fisher, 1994;

Kulkarni et al., 1998; Melzer et al., 2001; Nolan et al., 2002; Norvell et al., 2005;

Royer e Koenig, 2005; Mussman et al., 1983). Já no estudo de Baraúna et al., (2005)

os indivíduos amputados avaliados apresentavam como causa da amputação

somente a etiologia traumática, comparando-se os mesmos com indivíduos sem

amputações.

Poucos estudos associaram o sexo com a OA de quadril (Cibulka et al., 2009;

D`Ambrósia, 2005; Jordan et al.,1995; O`Connor, 2007 e Quintana et al., 2008).

Tepper e Hochberg (1993) observaram que homens têm uma ligeira predominância

(0,2%) em desenvolver OA de quadril. O presente estudo utilizou indivíduos de

ambos os sexos visto que a OA é causa de inabilidade tanto em homens como em

mulheres no mundo inteiro (Contreras-Hernández et al., 2008).

A idade é um fator importante para a predisposição de OA de quadril,

ocorrendo frequentemente a partir dos 60 anos (Cibulka et al., 2009). De acordo com

Kowalczyk et al., (2006) a OA de quadril acomete 5% dos indivíduos com idade

acima de 60 anos. Tepper e Hochberg (1993) encontraram uma associação

significativa para OA de quadril de 1.30 (Intervalo de confiança, IC, de 95%) para

idades entre 60 a 64 anos, 2.38 (IC de 95%) para idades entre 65 a 69 anos, e 2.38

(IC de 95%) para idades entre 70 a 74 anos. Entretanto, na maioria dos artigos

estudados a idade não é delimitada, uma vez que amostras homogêneas de

indivíduos amputados de membros inferiores unilaterais ou bilaterais, são difíceis de

serem conseguidas. No presente estudo, os 12 indivíduos amputados

unilateralmente apresentavam idade variando de 19 a 64 anos, 5 deles estavam com

1 27

mais de 60 anos e 4 deles demonstraram pela análise radiográfica uma leve

degeneração articular, porém sem diagnóstico clínico de OA.

Segundo Felson (1992) um fator de risco adicional para a OA é o sobrepeso e

a obesidade. Sendo o sobrepeso definido pelo Índice de Massa Corporal (IMC) entre

25-30 kg/m² e a obesidade acima de 30 kg/m² (Paans et al., 2009). Alguns estudos

relacionaram o IMC com o desenvolvimento de OA de quadril (Cooper et al., 1998;

Lievense et al., 2003; Vingard et al., 1991). Entretanto, outros estudos mostraram

que o IMC tem pouca ou nenhuma relação com OA de quadril (Gelber, 1999; Grotle

et al., 2008; Jacobsen et al., 2004; Jacobsen, 2006 e Lievense et al., 2002). A

evidência mais atual não relaciona o IMC com OA de quadril (Reijman et al., 2006), e

de acordo com Marks e Allegrante (2002) a obesidade está provavelmente

associada com a progressão da OA de quadril e não com seu desenvolvimento.

Em nosso estudo os indivíduos apresentaram um índice de massa corpórea

(IMC) médio de 24,44 Kg/m² (±3,25), sendo que 4 dos 12 indivíduos apresentaram

IMC entre 25 Kg/cm² e 30 Kg/cm², não recebendo diagnóstico clínico de OA de

quadril. Entretanto, o único indivíduo dos 12 com IMC maior que 30 Kg/cm²

apresentou diminuição leve do espaço articular no quadril do membro amputado, de

acordo com a avaliação radiológica.

A baropodometria computadorizada, um instrumento de aplicabilidade fácil,

rápido e não invasiva, foi testada e validada no estudo de Oliveira et al., (1998), o

qual analisou os valores de pico de pressão plantar dinâmica e força vertical estática

e dinâmica de cada seguimento do pé comparando com o peso corporal do

indivíduo, encontrando correlações estatisticamente significativas. Em nosso estudo

a baropodometria computadorizada foi utilizada para quantificar os possíveis

desequilíbrios na descarga de peso nos indivíduos com amputações transtibial ou

transfemoral unilaterais. Durante a análise baropodométrica, os indivíduos ficavam

em posição ortostática, durante 30 segundos sobre a plataforma de pressão,

olhando para um ponto fixo imaginário, localizado na parede. Este tempo para coleta

dos dados foi o mesmo adotado por Baraúna et al., (2005) que ao estudar as

oscilações no plano sagital e no plano frontal em indivíduos amputados e não

amputados, perceberam que as maiores oscilações do corpo ocorrem neste intervalo

de tempo.

1 28

5.2. Discussão dos resultados

No presente estudo pode-se observar, por meio da baropodometria

computadorizada, uma média na descarga de peso no membro intacto de 53,5% (±

7,4) e no membro amputado uma média de 46,5% (± 7,4) não apresentando

diferença estatisticamente significativa. Essa assimetria na descarga de peso entre o

membro intacto e protetizado identificada no baropodômetro foi observada pela

primeira vez neste estudo, visto que nenhum outro autor utilizou esse equipamento

para esse tipo de análise.

Mussman et al., (1983) aplicando um questionário em 47 amputados

protetizados de membro inferior observaram que 64% deles afirmavam descarregar

mais o peso do corpo sobre o membro intacto, durante atividades físicas.

Baraúna et al., (2005) ao comparar as oscilações do centro de gravidade no

plano sagital e no plano frontal, em indivíduos amputados de membro inferior e em

indivíduos não amputados, observaram que os indivíduos amputados oscilam mais

para o lado intacto. Geurts e Mulder (1994), também afirmam que amputados, na

posição estática, tendem a ter desequilíbrios para o lado de maior massa, ou seja,

para o lado intacto. E ainda, Isakov et al., (1992) ao compararem equilíbrio e

descarga de peso entre amputados transtibiais com indivíduos não amputados,

verificaram aumento das oscilações para o lado não amputado. No presente estudo

50% dos indivíduos apresentaram maior descarga de peso sobre o membro intacto.

Segundo Royer e Koenig (2005), a densidade mineral do osso pode ser um

fator importante para avaliar a presença de doenças degenerativas em indivíduos

com amputação unilateral, visto que o osso responde as cargas impostas sobre o

mesmo aumentando sua densidade mineral óssea. Alguns autores descrevem que

na OA de quadril há um aumento de densidade óssea na articulação do quadril

devido a maior amplitude de movimento em abdução da coxa durante a marcha,

gerando sobrecarga articular (Hurwitz et al., 1998; Nevitt et al., 1995). E de acordo

com Burke et al., (1978) e Melzer et al., (2001) esta sobrecarga ocorre

predominantemente no membro intacto desses indivíduos.

George et al., (2001) descreveram uma densidade mineral óssea 18,9%

menor no quadril protetizado em comparação ao membro intacto, similarmente

Royer e Koenig (2005) descreveram uma diferença de 12% a mais no membro

1 29

intacto. No presente estudo o desequilíbrio na descarga de peso encontrado na

postura estática pode estar influenciando na densidade mineral óssea da articulação

do quadril, o que pode predispor ou acelerar o desenvolvimento de OA de quadril

(Radin e Rosa, 1986).

Segundo Cibulka et al., (2009) a análise radiográfica permite identificar a

presença de OA de quadril ao se observar, principalmente, o espaço articular que

deve ser de 3 a 5 mm na articulação do quadril. Uma redução do espaço articular,

igual ou menor a 0,5 mm é considerada uma redução clínica leve (Atman et al.,

2004). Bierma-Zeinstra et al., (2002) consideram uma redução moderada quando o

espaço articular é menor que 2,5 mm e grave quando o espaço articular é menor

que 1,5 mm (Cibulka et al., 2009).

Através da análise radiográfica esse estudo observou que 75% (9/12) dos

indivíduos apresentaram grau leve de diminuição do espaço articular e leve

presença de degeneração na articulação do quadril. Destes, 66,7% (6/9)

apresentaram grau leve de diminuição do espaço articular e leve presença de

degeneração na articulação do quadril homolateral ao membro protetizado, 11,1%

(1/9) na articulação do quadril contralateral ao membro protetizado e 22,2% (2/9)

bilateralmente na articulação do quadril. Todos esses indivíduos receberam um

ponto na análise radiológica.

Quando associado à análise radiográfica com a avaliação clínica

reumatológica, percebemos que nenhum dos doze indivíduos estudados recebeu

diagnóstico clínico de OA no quadril homolateral ou contralateral à amputação, não

apresentando sinais nem sintomas tais como dor, sinovite, rigidez matinal e

crepitação.

Cibulka et al., (2009) descrevem como resultados clínicos úteis para o

diagnóstico de OA de quadril os seguintes itens: dores laterais ou anteriores

moderadas no quadril durante a descarga de peso, idade superior a 50 anos, rigidez

matinal e limitação maior que 15º na flexão e rotação interna de quadril ao se

comparar o lado doloroso com o lado sadio.

Em relação às variáveis, tempo de protetização, idade dos indivíduos e grau

de degeneração articular comparadas com a descarga de peso entre os membros

inferiores, pode-se observar que dos indivíduos que usavam prótese há mais tempo

apenas um apresentou grandes desequilíbrios na descarga de peso entre o membro

1 30

amputado e intacto, e todos aqueles indivíduos com menor tempo de protetização

apresentaram um maior desequilíbrio na descarga de peso.

O que se percebe é que quanto maior o tempo de protetização, menor a

porcentagem da assimetria entre as descargas de peso. Isto é compatível com os

achados de Baraúna et al., (2005), que ao estudar as oscilações corporais dos

indivíduos protetizados, observaram que estas são menores quanto maior for o

tempo em anos de uso da prótese.

Neste trabalho, não houve relação estatisticamente significativa entre tempo

de protetização e descarga de peso e entre a idade dos voluntários e a descarga de

peso. Isto pode ser explicado em virtude da não homogeneidade da amostra em

relação ao tempo de protetização e idade. A maioria dos trabalhos com amputados,

quando apresentam um número satisfatório de indivíduos, não conseguem uma

amostra homogênea; e quando a amostra é homogênea, o grupo é pequeno demais

para que conclusões sejam encontradas.

5.3. Limitações do estudo

Há necessidade de novos estudos com uma amostra mais homogênea com

relação ao tempo de protetização e idade dos indivíduos.

1 31

6. CONCLUSÃO

Foi possível avaliar que indivíduos com amputação de membros inferiores

sofrem uma sobrecarga mecânica na articulação do quadril, tanto do membro intacto

como do membro protetizado, sendo de extrema importância uma reabilitação

adequada e direcionada para atenuar essas sobrecargas e assim prevenir o

desenvolvimento de doenças degenerativas.

1 32

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1 39

APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Nome do projeto:

Correlação entre descarga de peso e prevalência de doença degenerativa nas

articulações do quadril de indivíduos com amputação transfemoral ou transtibial.

Responsável:

Prof. Dr. Eduardo José Danza Vicente

Eu, _______________________________________, RG N.º _____________,

residente à _________________________________ n.º _____________, bairro

__________________, na cidade de _____________________________, estado

_______________________, declaro ser conhecedor das condições sob as quais

me submeterei no experimento acima citado, detalhado a seguir:

A) O objetivo desse trabalho é avaliar a descarga de peso nos membros inferiores

de indivíduos com amputação transfemorais ou transtibiais e correlacionar essa

descarga com tempo de protetização e com o grau de degeneração articular no

quadril Assim, será possível saber se há sobrecargas mecânicas no quadril destes

indivíduos, possibilitando direcionar uma reabilitação adequada.

B) Inicialmente serei submetido a uma avaliação clínica por um médico

reumatologista, pertencente ao serviço de Clínica Médica do Centro de Atenção à

Saúde – CAS/HU para diagnóstico da osteoartrite no quadril de acordo com os

critérios da American College of Rheumatology.

C) Num outro momento, serei submetido à avaliação no baropodômetro. Terei que

realizar dez vezes a marcha com o passo interrompido, terminando sempre em cima

do baropodômetro; sendo que quando este repetir por quatro vezes iguais a minha

posição funcional de parada de membros inferiores, esta será a posição computada

pelo equipamento.

D) Sei que os resultados dos testes serão disponibilizados para mim ao final do

estudo.

1 40

F) Os dados obtidos neste trabalho, inclusive se houverem fotografias, serão

mantidos em sigilo e não poderão ser consultados por outras pessoas sem a

minha autorização por escrito. No entanto, poderão ser utilizados para fins

científicos, desde que resguardada a minha privacidade.

G) Minha identidade será preservada em todas as situações que envolvam

discussão, apresentação ou publicação dos resultados da pesquisa, a menos

que haja uma manifestação da minha parte por escrito, autorizando tal

procedimento.

H) Estou ciente que minha participação no presente estudo envolve risco.

Entretanto, os próprios pesquisadores se responsabilizam se necessário pelo

transporte e internação no Hospital Universitário.

I) Minha participação nesse estudo é estritamente voluntária. Não receberei qualquer

forma de remuneração pela minha participação no experimento, no entanto serei

incluído nos agradecimentos, quando da publicação futura desse trabalho. Os

resultados obtidos a partir dele serão propriedades exclusivas dos

pesquisadores, podendo ser divulgados de quaisquer forma, a critério dos

mesmos.

J) A minha recusa em participar do procedimento não me trará qualquer prejuízo,

estando livre para abandonar o experimento a qualquer momento.

Eu li e entendi todas as informações contidas neste documento, assim como as

da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.

Juiz de Fora, _______ de _____________________ de 2008.

_______________________________ _________________________

Prof. Dr. Eduardo José Danza Vicente Assinatura do Voluntário (a)

Coordenador do Projeto

1 41

APÊNDICE B - TERMO DE CONSENTIMENTO PARA USO DE IMAGEM

Nome do projeto:

Correlação entre descarga de peso e prevalência de doença degenerativa nas

articulações do quadril de indivíduos com amputação transfemoral ou transtibial.

Responsável:

Prof. Dr. Eduardo José Danza Vicente

Eu,_______________________________________, RG_________________,

residente à _________________________________ n.º ________________,

bairro______________________________________________, na cidade de

_______________________________, estado de_________, venho por meio

desse autorizar a utilização de minhas Imagens, devendo as mesmas serem

utilizadas apenas para fins científicos, resguardando minha privacidade.

Juiz de Fora, _______ de _____________________ de 2008.

_______________________________ _________________________

Prof. Dr. Eduardo José Danza Vicente Assinatura do Voluntário (a)

Coordenador do Projeto

1 42

ANEXO - PARECER

1 43