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Câmara Municipal de Vila Real de Santo António Volume I Relatório Ambiental Rf_t07058b/04 Set-2009 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente

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Câmara Municipal de Vila Real de Santo António

Volume I

Relatório Ambiental

Rf_t07058b/04 Set-2009

Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental i

Avaliação Ambiental

do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente

Volume I - Relatório Ambiental

Volume II - Resumo não técnico

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ii Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

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Avaliação Ambiental

do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente

Volume I – Relatório Ambiental

Índice

1. Introdução 1 

1.1. Nota prévia 1 

1.2. Plano de Pormenor e entidade responsável pela aprovação 3 

1.3. Equipa responsável pela Avaliação Ambiental 3 

1.4. Avaliação Ambiental 4 

1.4.1. Enquadramento legal 4 

1.4.2. Abordagem metodológica 5 

1.4.3. Faseamento 12 

2. Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente 17 

2.1. Objectivos e justificação 17 

2.2. Enquadramento geográfico 18 

2.3. Descrição geral 19 

2.3.1. Estrutura e composição urbana 19 

2.3.2. Tipologias do edificado e do espaço 22 

2.3.3. Arquitectura 24 

2.3.4. Rede viária 25 

2.4. Alternativas 26 

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iv Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

2.5. Outros planos e programas complementares ou subsidiários 26 

3. Âmbito da Avaliação Ambiental 27 

3.1. Quadro de Referência Estratégico 27 

3.2. Pareceres das entidades sobre o âmbito da Avaliação Ambiental 28 

3.3. Definição de âmbito e alcance da informação 30 

3.4. Pareceres das entidades sobre o Relatório Ambiental 34 

4. Caracterização da Situação de Referência 37 

4.1. Introdução 37 

4.2. Desenvolvimento socioeconómico (FCD 1) 38 

4.2.1. Desenvolvimento turístico 38 

4.2.2. População, emprego e desemprego 47 

4.2.3. Qualidade de vida e do espaço urbano 50 

4.2.4. Evolução da situação de referência na ausência do plano 58 

4.3. Ordenamento do território (FCD 2) 60 

4.3.1. Usos do solo 60 

4.3.2. Instrumentos de ordenamento aplicáveis 61 

4.3.3. Estrutura verde urbana 74 

4.3.4. Evolução da situação de referência na ausência de plano 75 

4.4. Protecção dos valores locais e regionais (FCD 3) 76 

4.4.1. Ecologia e biodiversidade 76 

4.4.2. Património arquitectónico, arqueológico e etnográfico 87 

4.4.3. Paisagem 93 

4.4.4. Evolução da situação de referência na ausência de plano 97 

4.5. Qualidade do ambiente e utilização de recursos naturais (FCD 4) 99 

4.5.1. Geologia e geomorfologia 99 

4.5.2. Solo 101 

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4.5.3. Energia 102 

4.5.4. Recursos hídricos 117 

4.5.5. Gestão de resíduos 128 

4.5.6. Ambiente sonoro 134 

4.5.7. Evolução da situação de referência na ausência do plano 140 

4.6. Riscos naturais e tecnológicos (FCD 5) 143 

4.6.1. Risco de erosão costeira 143 

4.6.2. Risco de inundações 144 

4.6.3. Riscos sísmicos 150 

4.6.4. Mecanismos de actuação para fazer face a catástrofes naturais 152 

4.6.5. Evolução da situação de referência na ausência do plano 153 

5. Avaliação Ambiental de Efeitos Significativos 155 

5.1. Introdução 155 

5.2. Desenvolvimento socioeconómico (FCD 1) 156 

5.2.1. Desenvolvimento turístico 156 

5.2.2. População, emprego e desemprego 158 

5.2.3. Qualidade de vida e do espaço urbano 161 

5.2.4. Oportunidades e Riscos 163 

5.3. Ordenamento do território (FCD 2) 164 

5.3.1. Conformidade com os instrumentos de ordenamento do território aplicáveis 164 

5.3.2. Estrutura verde urbana 168 

5.3.3. Oportunidades e Riscos 169 

5.4. Protecção dos valores locais e regionais (FCD 3) 170 

5.4.1. Ecologia e biodiversidade 170 

5.4.2. Património arquitectónico, arqueológico e etnográfico 173 

5.4.3. Paisagem 175 

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vi Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

5.4.4. Oportunidades e Riscos 178 

5.5. Qualidade do ambiente e utilização dos recursos naturais (FCD 4) 179 

5.5.1. Geologia e geomorfologia 179 

5.5.2. Solo 179 

5.5.3. Energia 181 

5.5.4. Recursos hídricos 188 

5.5.5. Gestão de resíduos 191 

5.5.6. Ambiente sonoro 195 

5.5.7. Oportunidades e Riscos 197 

5.6. Riscos naturais e tecnológicos (FCD 5) 198 

5.6.1. Risco de erosão costeira 198 

5.6.2. Risco de inundações 198 

5.6.3. Riscos sísmicos 200 

5.6.4. Mecanismos de actuação para fazer face a catástrofes naturais 200 

5.6.5. Oportunidades e Riscos 202 

6. Avaliação Global do Plano de Pormenor 203 

7. Recomendações 209 

8. Programa de Gestão e Monitorização 211 

8.1. Medidas de Gestão 211 

8.2. Sistema de Indicadores de Desenvolvimento Sustentável 213 

9. Lacunas de Conhecimento 215 

10. Nota Final 217 

Bibliografia 219 

Anexo I – Figuras 231 

Anexo II – Fotografias 271 

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental vii

Anexo III – Consulta relativa à Proposta de Definição de Âmbito – Pareceres emitidos 279 

Anexo IV – Requisitos energéticos do Regulamento dos Sistemas Energéticos de Climatização de Edifícios (RSECE) 293 

Anexo V – Instrumentos fiscais e financeiros de apoio à utilização de energia solar 297 

Anexo VI – Recolha selectiva de resíduos para reciclagem 301 

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viii Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

Índice de quadros

Quadro 1.3.1 – Composição da Equipa Técnica 4 

Quadro 1.4.1 – Métrica para avaliação de oportunidades e riscos 11 

Quadro 2.3.1 – Quadro resumo de áreas (valores globais, m2) 22 

Quadro 2.3.2 – Construções novas: edificabilidade máxima 23 

Quadro 2.3.3 – Construções novas: n.º de camas, de fogos e de lugares de estacionamento 24 

Quadro 3.2.1 – Entidades consultadas e sumário dos pareceres emitidos 29 

Quadro 3.3.1 – Factores Críticos de Decisão, Domínios de Análise e Principais Indicadores 31 

Quadro 3.4.1 – Sinopse dos pareceres das entidades sobre o Relatório Ambiental (versão Abril de 2009) e sobre o Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente (versão Março de 2009) 34 

Quadro 4.2.1 – Factores distintivos do Algarve por produto estratégico para a região 39 

Quadro 4.2.2 – Campos de golfe existentes nos concelhos de Tavira, Castro Marim e Vila Real de Santo António 41 

Quadro 4.2.3 – Distribuição dos equipamentos hoteleiros por freguesia do concelho de Vila Real de Santo António segundo o tipo de equipamento (2002) 42 

Quadro 4.2.4 – N.º de estabelecimentos turísticos (classificados) e respectiva capacidade (n.º de camas), segundo o tipo de estabelecimento – Concelho de Vila Real de Santo António (2002 e 2006) 42 

Quadro 4.2.5 – Oferta hoteleira de Monte Gordo (2007) 43 

Quadro 4.2.6 – Evolução do número de dormidas no Algarve e no Concelho de Vila Real de Santo António (2004-2006) 44 

Quadro 4.2.7 – Indicadores seleccionados de população e desemprego por freguesia do Concelho de Vila Real de Santo António (2001) 47 

Quadro 4.2.8 – Estimativa do crescimento da população do Algarve e do Concelho de Vila Real de Santo António (2001-2007) 48 

Quadro 4.2.9 – Distribuição dos desempregados inscritos nos centros de emprego por concelho da área do Centro de Emprego de VRSA, segundo as suas principais características (Dezembro de 2007) 49 

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Quadro 4.2.10 – Equipamentos de saúde por freguesia do Concelho de Vila Real de Santo António (2002) 52 

Quadro 4.2.12 – Dotação em equipamentos desportivos por freguesia do Concelho de Vila Real de Santo António (2008) 54 

Quadro 4.2.13 – Dotação em equipamentos de cultura e lazer por freguesia do Concelho de Vila Real de Santo António (2008) 54 

Quadro 4.2.14 – Estimativa das carências habitacionais de VRSA (2001) 55 

Quadro 4.2.15 – Dotação de VRSA em habitação a custos controlados promovida pela Câmara Municipal e respectiva taxa de ocupação, por freguesia e bairro (2008) 56 

Quadro 4.2.16 – Previsão de nova habitação a custos controlados (localização/bairro e n.º de fogos), por freguesia (2008) 57 

Quadro 4.4.1 – Elementos patrimoniais conhecidos na freguesia de Monte Gordo 92 

Quadro 4.5.1 – Medidas de eficiência energética do PNAC 2006 ao nível do consumo103 

Quadro 4.5.2 – Regulamentos para a eficiência energética de edifícios 105 

Quadro 4.5.3 – Valores limite estabelecidos para edifícios com fins turísticos 108 

Quadro 4.5.4 – Consumo de energia final por sector de actividade, no Algarve 111 

Quadro 4.5.5 – Consumo de energia final no Algarve, por forma de energia 111 

Quadro 4.5.6 – Consumo de energia eléctrica (VRSA, 1994-2002) 112 

Quadro 4.5.7 – Aproveitamento de energias renováveis no Algarve 116 

Quadro 4.5.8 – Volume armazenado nas albufeiras de Beliche e Odeleite 122 

Quadro 4.5.9 – Balanço hídrico do Sotavento Algarvio 123 

Quadro 4.5.10 – Estações de tratamento de água do Sotavento 124 

Quadro 4.5.11 – Redes de distribuição de água para abastecimento do Concelho de Vila Real de Santo António 125 

Quadro 4.5.12 – Redes de drenagem de águas residuais no Concelho de Vila Real de Santo António 126 

Quadro 4.5.13 – Estações de tratamento de águas residuais do Concelho de Vila Real de Santo António 126 

Quadro 4.5.14 – ETAR de Vila Real de Santo António 127 

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x Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

Quadro 4.5.15 – Geração e destino dos resíduos gerados no concelho 129 

Quadro 4.5.16 – Recolha de resíduos sólidos urbanos de contentores de superfície 131 

Quadro 4.5.17 – Ecopontos no concelho de Vila Real de Santo António 131 

Quadro 4.5.18 – Limites de exposição sonora segundo o Regulamento Geral do Ruído135 

Quadro 4.5.19 – Receptores sensíveis 137 

Quadro 4.5.20 – Níveis sonoros – Situação existente 139 

Quadro 4.6.1 – Legislação relativa a prevenção e mitigação de cheias 147 

Quadro 5.2.1 – Oportunidades e Riscos: FCD 1 – Desenvolvimento socioeconómico 163 

Quadro 5.3.1 – Avaliação de efeitos significativos em termos de Ordenamento do Território 164 

Quadro 5.3.2 – Oportunidades e Riscos: FCD 2 – Ordenamento do território 169 

Quadro 5.4.1 – Oportunidades e Riscos: FCD 3 – Protecção dos valores locais e regionais 178 

Quadro 5.5.1 – Fontes de energia utilizadas nas unidades hoteleiras do Algarve 183 

Quadro 5.5.2 – Utilização de combustíveis fósseis num hotel 5 estrelas no Algarve 183 

Quadro 5.5.3 – Principais utilizações da electricidade em unidades hoteleiras 183 

Quadro 5.5.4 – Custo relativo de energia por dormida em unidades hoteleiras 185 

Quadro 5.5.5 – Eficiência energética de parques de estacionamento subterrâneos 186 

Quadro 5.5.6 – Previsível disponibilidade de infra-estruturas para gestão de resíduos 193 

Quadro 5.5.7 – Oportunidades e Riscos: FCD 4 – Qualidade do ambiente e utilização dos recursos naturais 197 

Quadro 5.6.1 – Oportunidades e Riscos: FCD 5 – Riscos naturais e tecnológicos 202 

Quadro 6.1 – Matriz de Oportunidades e Riscos de graus elevado e médio identificados ao longo do Capítulo 5 207 

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental xi

Índice de figuras

Figura 1.4.1 – Factores Críticos de Decisão (Diagrama de Venn) 7 

Figura 1.4.2 – Desenvolvimento metodológico de uma Avaliação Ambiental Estratégica com Domínios de Análise Relevantes 9 

Figura 1.4.3 – Procedimento de Avaliação Ambiental definido pela legislação 13 

Figura 4.2.1 – Evolução da taxa de ocupação-cama (bruta) no Algarve e no Concelho de Vila Real de Santo António (2004-2006) (%) 45 

Figura 4.2.2 – Evolução da proporção de residentes nacionais nas dormidas no Algarve e no Concelho de Vila Real de Santo António (2004-2006) (%) 45 

Figura 4.2.3 – Distribuição do total de dormidas no Concelho de Vila Real de Santo António por país de origem (2006) (%) 46 

Figura 4.2.4 – Evolução do peso relativo (%) dos residentes em “Outros países da UE-25” no total de dormidas ocorridas no Concelho de Vila Real de Santo António (2004-2006) 46 

Figura 4.2.5 – Evolução do rácio Desemprego registado / População activa estimada (%) na área do Centro de Emprego de VRSA, no Algarve e no Continente (Dezembro de 2004 – Dezembro de 2007) 48 

Figura 4.5.1 – Insolação e quantidade total de radiação global em Portugal continental 110 

Figura 4.5.2 – Evolução do consumo de electricidade (VRSA, 1994-2002) 112 

Figura 4.5.3 – Consumo de electricidade por sector de actividade (VRSA, 2002) 113 

Figura 4.5.4 – Consumo de electricidade por tipo de actividade (VRSA, 2002) 113 

Figura 4.5.5 – Consumo de combustíveis fósseis (VRSA, 2002) 114 

Figura 4.5.6 – Procura e oferta de electricidade (1998 - 2002) 115 

Figura 4.5.7 – Sistema de abastecimento de água do Sotavento Algarvio 124 

Figura 4.5.8 – Recolha selectiva no concelho de Vila Real de Santo António 132 

Figura 4.5.9 – Efeito da sazonalidade sobre a recolha selectiva no Concelho de Vila Real de Santo António 133 

Figura 4.5.10 – Receptores sensíveis 138 

Figura 4.6.1 – Carta de riscos do PROT Algarve 149 

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xii Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

Figura 5.5.1 – Repartição do consumo de electricidade em Hotéis-apartamento 182 

Figura 5.5.2 – Repartição do consumo de electricidade em unidades hoteleiras 184 

Figura 2.2.1 – Enquadramento geográfico 233 

Figura 2.3.1 – Planta de Implantação da Proposta de Plano de Pormenor 235 

Figura 2.3.2 – Perfis longitudinais e transversais da Proposta de Plano de Pormenor 237 

Figura 2.3.3 – Planta de Transformação Fundiária e Demolições 239 

Figura 4.3.1 – Extracto da Planta de Síntese do POOC de Vilamoura – Vila Real de Santo António 241 

Figura 4.3.2 – Extracto da Planta de Condicionantes do POOC de Vilamoura – Vila Real de Santo António 243 

Figura 4.3.3 – Planta de Condicionantes da Proposta de Plano de Pormenor 245 

Figura 4.3.4 – Extracto da Planta Síntese de Ordenamento – Uso dos Solos do PDM de VRSA 247 

Figura 4.3.5 – Extracto da Planta Síntese do Plano de Salvaguarda e Estrutura do PDM de VRSA 249 

Figura 4.3.6 – Delimitação da REN 251 

Figura 4.4.1 – Carta de património: visibilidades 253 

Figura 4.4.2 – Carta de unidades de Paisagem 255 

Figura 4.5.1 – Carta geológica 257 

Figura 4.5.2 – Extracto da Carta de Capacidade de Uso dos Solos 259 

Figura 4.5.3 – Mapa de ruído à cota de 4m – Situação existente – Indicador Lden 261 

Figura 4.5.4 – Mapa de ruído à cota de 4m – Situação existente – Indicador Ln 263 

Figura 5.5.1 – Mapa de ruído à cota de 4m – Situação prevista – Indicador Lden 265 

Figura 5.5.2 – Mapa de ruído à cota de 4m – Situação prevista – Indicador Ln 267 

Figura 5.5.3 – Faixas de incumprimento de Zona Mista – Situação prevista – Indicadores Lden e Ln 269 

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 1

1. Introdução

1.1. Nota prévia

O Plano de Pormenor da Zona de Expansão Poente de Monte Gordo, promovido pela Câmara Municipal de

Vila Real de Santo António, abrange uma área de 2,87 ha, situada na costa algarvia, junto à praia, no

extremo poente da vila de Monte Gordo. Contempla um conjunto de parcelas descontínuas sobrantes que

permeiam a malha urbana existente e para as quais se prevê a construção de dois edifícios destinados a

função turística (estabelecimento hoteleiro e/ou apartamentos turísticos), de três edifícios habitacionais,

de um apoio de praia completo com equipamento e de espaços públicos de estadia e lazer servidos por

restauração, comércio e serviços.

O presente documento apresenta-se revisto face ao Relatório Ambiental datado de Abril de 2009,

incidindo sobre uma versão alternativa do Plano (datada de Julho de 2009) face à proposta urbanística (de

Março de 2009) discutida na conferência de serviços realizada, em Faro, no dia 29 de Maio de 2009. Em

particular, o presente relatório incorporou, não apenas as alterações entretanto introduzidas no Plano de

Pormenor de Monte Gordo Poente, evidenciando as diferenças face à versão anterior desse plano, mas

também a maioria das recomendações específicas ao Relatório Ambiental emanadas pelas entidades

presentes na citada conferência e/ou que produziram pareceres escritos nesse âmbito. Em particular, o

presente relatório responde às observações da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do

Algarve constantes da Informação n.º AMB-INF-2009-80, de 29 de Julho de 2009.

Assim, o relatório ora apresentado incorpora já a ponderação das consultas realizadas junto das entidades

com responsabilidades ambientais específicas (e/0u que estão a acompanhar o desenvolvimento do Plano

de Pormenor de Monte Gordo Poente), incidindo sobre uma versão desse plano também ela ponderada

com base nas mesmas consultas.

Desta forma, esta versão revista do Relatório Ambiental corporiza e contribui para a própria natureza

interactiva e construtiva dos processos de avaliação ambiental e de elaboração de planos municipais de

ordenamento do território, indo ao encontro das disposições legais instituídas pelo Decreto-Lei n.º

232/2007, de 15 de Junho (que transpôs a Directiva comunitária n.º 2001/42/CE, de 27 de Junho) e pelo

Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro (alterado e republicado pelos Decretos-Lei n.os 316/2007, de 19

de Setembro, e 46/2009, de 20 de Fevereiro), bem como de boas práticas em Avaliação Ambiental

Estratégica.

Importa relembrar que a área de intervenção do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente sobrepõe-se

parcialmente com uma área classificada como zona sensível do ponto de vista de conservação da

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2 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

natureza, integrada na Lista Nacional de Sítios da Rede Natura 2000 (Sítio de Importância Comunitária Ria

Formosa / Castro Marim, PTCON0013). Esta razão, por si só, recomendava a realização de uma Avaliação

Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente nos termos do Decreto-Lei n.º 232/2007, de 15

de Junho.

O âmbito da avaliação ambiental realizada, bem como o alcance da informação incluída no presente

relatório, foram definidos mediante a observância dos pareceres emitidos pelas entidades às quais foi

submetida uma Proposta de Definição de Âmbito do Relatório Ambiental, por lhes puderem interessar os

efeitos ambientais resultantes da aplicação do referido plano, em virtude das suas responsabilidades

ambientais específicas (n.º 3, artigo 5.º, Decreto-Lei n.º 232/2007).

O presente relatório ambiental está estruturado da forma seguidamente indicada:

O Capítulo 1, de natureza introdutória, apresenta sumariamente o Plano de Pormenor de Monte Gordo

Poente, bem como a equipa técnica responsável pela elaboração da respectiva avaliação ambiental,

descrevendo detalhadamente o processo de Avaliação Ambiental, nomeadamente quanto ao seu

enquadramento legal, metodologia e faseamento.

No Capítulo 2 apresenta-se uma descrição da Proposta de Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente (na

sua última versão, datada de Julho de 2009) e identificam-se ainda os instrumentos de ordenamento do

território em vigor aplicáveis à área de intervenção.

O Capítulo 3 apresenta o Quadro de Referência Estratégico do Plano bem como o Âmbito da Avaliação

Ambiental, incluindo uma súmula dos pareceres emitidos pelas entidades consultadas, quer para efeito de

validação prévia desse âmbito, quer já no quadro da validação do anterior Relatório Ambiental (datado de

Abril de 2009) em conferência de serviços.

O Capítulo 4 apresenta a caracterização ambiental da situação de referência e sua provável evolução por

Factor Crítico de Decisão e respectivos Domínios de Análise.

O Capítulo 5 apresenta um sumário da avaliação dos efeitos ambientais significativos da aprovação e

implementação do Plano de Pormenor, por Domínios de Análise, com identificação de Oportunidades e

Riscos por Factor Crítico de Decisão.

A Avaliação global do Plano, com a construção de matrizes globais de Oportunidades e Riscos, é efectuada

no Capítulo 6.

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Segue-se o Capítulo 7, que contém um conjunto de recomendações formuladas com o objectivo de

potenciar as oportunidades e de minimizar os riscos decorrentes da concretização da Proposta de Plano

de Pormenor.

O Capítulo 8 é dedicado ao Programa de Gestão e Acompanhamento, contendo um conjunto de medidas

gerais de gestão e de acompanhamento, bem como uma proposta de indicadores de acompanhamento.

O Capítulo 9 refere a ausência de lacunas de conhecimento que condicionem os principais resultados

obtidos e, no Capítulo 10, é realizado um apontamento final sobre o presente relatório ambiental.

1.2. Plano de Pormenor e entidade responsável pela aprovação

O Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente é uma iniciativa da Câmara Municipal de Vila Real de Santo

António com o objectivo de consolidar o extremo ocidental da Vila de Monte Gordo. A Área de Intervenção

do Plano caracteriza-se pela descontinuidade e desarticulação face à malha urbana existente, com efeitos

negativos na fruição do espaço público, no aproveitamento do potencial turístico do sítio e na própria

imagem que Monte Gordo transmite como “cidade”.

O Plano de Pormenor da Zona de Expansão Poente de Monte Gordo é da autoria do atelier BCLC e

Associados – Planeamento, Urbanismo e Arquitectura, Lda. e inclui um relatório (memória descritiva), um

regulamento e 25 peças desenhadas, incluindo as plantas de implantação e de condicionantes.

1.3. Equipa responsável pela Avaliação Ambiental

A Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente foi realizada pela empresa NEMUS –

Gestão e Requalificação Ambiental, Lda. A direcção geral do projecto foi assumida pelo Dr. Pedro

Bettencourt Correia.

A demais equipa técnica é apresentada no Quadro 1.3.1, tendo sido mobilizados técnicos com

competências e formações muito diversas, envolvendo as seguintes áreas: Economia (Desenvolvimento

socioeconómico); Biologia (Ecologia, Flora, Fauna e Conservação da Biodiversidade); Engenharia do

Ambiente (Qualidade do Ambiente, Ar, Água, Ambiente sonoro); Geologia (Solo, Geologia e Geotecnia e

Recursos hídricos subterrâneos); Arquitectura Paisagista (Paisagem e Ordenamento do território) e

Arqueologia.

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4 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

Quadro 1.3.1 – Composição da Equipa Técnica

Nome Formação Função Vínculo

Pedro Bettencourt Correia

Geólogo; Especialista em Geologia

Marinha Direcção do Projecto Quadro da NEMUS

Pedro Afonso Fernandes

Economista; Mestre em Planeamento Regional e Urbano e em Economia

Co-coordenação do Projecto; Desenvolvimento socioeconómico;

Urbanismo; Metodologia de Avaliação Ambiental Estratégica

Quadro da NEMUS

Cristina Marques Engenheira do Ambiente

Co-coordenação de Projecto; Ordenamento do território;

Qualidade do ambiente; Riscos de inundação e mecanismos de actuação

Quadro da NEMUS

Cláudia Fulgêncio Engenheira do Ambiente Sistema de Gestão da Qualidade Quadro da NEMUS

João Ferreira Biólogo;

Doutorando em Ecologia Flora e Vegetação Quadro da NEMUS

Sofia Gomes Arqueóloga Património Arqueológico e Arquitectónico Quadro da NEMUS

Elisabete Teixeira Arquitecta Paisagista Paisagem e Estrutura verde urbana Quadro da NEMUS

Sónia Alcobia Geóloga Recursos hídricos subterrâneos;

Geologia e geomorfologia; Riscos de erosão costeira e sísmicos

Quadro da NEMUS

Gonçalo Dumas Técnico SIG Cartografia e SIG Quadro da NEMUS

1.4. Avaliação Ambiental

1.4.1. Enquadramento legal

A Avaliação Ambiental de um plano tem por fim integrar as considerações ambientais, sociais e

económicas relevantes no respectivo processo de elaboração, aprovação e implementação, influenciando

o processo de tomada de decisão. Esta disposição legal foi instituída pelo Decreto-Lei n.º 232/2007 de 15

de Junho, em transposição da Directiva Europeia 2001/42/CE de 27 de Junho relativa à Avaliação

Ambiental Estratégica de planos e programas.

O Decreto-Lei n.º 232/2007 estabelece a obrigatoriedade de realizar a avaliação ambiental estratégica de

planos que constituam enquadramento para a aprovação de projectos sujeitos ao regime de avaliação

ambiental no âmbito do Decreto-Lei n.º 69/2000, de 3 de Maio, na sua actual redacção. Ficam também

sujeitos a avaliação ambiental os planos que possam ter efeitos sobre zonas sensíveis para a conservação

da natureza abrangidas pelo Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de Abril, na redacção conferida pelo Decreto-Lei

n.º 49/2005, de 24 de Fevereiro.

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O Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro, com a redacção que lhe foi conferida pelos Decretos-Lei n.os

316/2007, de 19 de Setembro, e 46/2009, de 20 de Fevereiro, indica, no n.º 5 do seu Artigo 74.º, que os

planos de pormenor que impliquem a utilização de pequenas áreas apenas são objecto de avaliação

ambiental caso se determine que são susceptíveis de ter efeitos significativos no ambiente. O n.º 6 do

mesmo artigo refere que a decisão compete à Câmara Municipal, de acordo com os critérios estabelecidos

no anexo ao Decreto-Lei n.º 232/2007, de 15 de Junho.

A existência de uma sobreposição parcial da área de implementação do Plano de Pormenor de Monte

Gordo Poente com o Sítio de Importância Comunitária Ria Formosa / Castro Marim (PTCON0013) da Lista

Nacional de Sítios da Rede Natura 2000 torna imperativa a realização de uma Avaliação Ambiental do

Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente, nos termos do Decreto-Lei n.º 232/2007, de 15 de Junho, com

vista a integrar as considerações ambientais e sociais na sua elaboração, aprovação e execução.

Assim, foi solicitado um parecer, sobre o âmbito da avaliação ambiental e sobre o alcance da informação a

incluir no relatório ambiental, às entidades às quais, em virtude das suas responsabilidades ambientais

específicas, possam interessar os efeitos ambientais resultantes da aplicação do Plano de Pormenor, nos

termos do Decreto-Lei n.º 232/2007, de 15 de Junho (n.º 3, Artigo 5.º), e do Decreto-Lei n.º 316/2007, de

19 de Setembro (n.º 7, Artigo 74.º).

O presente documento constitui o Relatório da Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte

Gordo Poente, realizada em consonância com os pareceres emitidos pelas entidades consultadas para

efeitos de definição de âmbito (cf. Secção 3.2).

1.4.2. Abordagem metodológica

A abordagem metodológica utilizada no processo de Avaliação Ambiental baseia-se, fundamentalmente,

nos seguintes elementos:

• A legislação aplicável em vigor;

• O Guia de Boas Práticas para Avaliação Ambiental Estratégica publicado pela APA (Partidário,

2007);

• As Orientações para a Avaliação Ambiental de Planos e Programas em termos de Conservação da

Natureza e da Biodiversidade preparadas por uma equipa do ICNB (Silva et al., 2008);

• O Guia de Avaliação Ambiental da Avaliação Ambiental dos Planos Municipais de Ordenamento

do Território (DGOTDU, 2008);

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• O Practical Guide to the Strategic Environmental Assessment Directive adoptado pelo Governo

Britânico (Office of the Deputy Prime Minister, 2005);

• O Handbook of Strategic Environmental Assessment (SEA) for Cohesion Policy 2007-2013

desenvolvido pela Greening Regional Development Programmes Network e recomendado pela

Comissão Europeia – DG REGIO e DG AMBIENTE (GRDP, 2006);

• A experiência da equipa técnica em Avaliação Ambiental Estratégica, em Avaliação de Impacte

Ambiental, em Apoio Multicritério à Decisão e em avaliação de programas e projectos.

Em termos introdutórios, é importante referir que a Avaliação Ambiental (AA) tem uma natureza diferente

da Avaliação de Impacte Ambiental (AIA), apesar de ambas possuírem um tronco comum: a avaliação de

impactes.

De facto, enquanto a AIA incide sobre projectos concretos, num estado avançado de determinado

processo de decisão (perspectiva de curto e médio prazo e processo discreto motivado por propostas

concretas de intervenção, conhecidas com elevado detalhe e certeza), a AA intervém numa fase mais

precoce do processo de tomada de decisão, tipicamente marcada pela incerteza quanto aos efeitos

ambientais das decisões, contribuindo de forma construtiva para um processo (desejavelmente) cíclico e

contínuo que deverá culminar com a adopção de soluções sustentáveis a longo prazo.

Mais do que um fim em si mesma, a AA deve ser um meio para uma tomada de decisão mais consciente e

bem fundamentada, assegurando uma visão de longo prazo e propondo, eventualmente, estratégias ou

soluções alternativas que conduzam a um desenvolvimento mais sustentável, no sentido em que o bem-

estar das gerações vindouras não é comprometido pelo bem-estar das actuais gerações. É por isso que a

AA se deve focalizar nos aspectos essenciais da tomada de decisão, adoptando simultaneamente uma

postura metodológica integrada, interdisciplinar, participativa, interactiva, verificável e orientada para a

sustentabilidade (Partidário, 2007).

É neste sentido que a AA incorpora habitualmente uma dimensão estratégica:

“A Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) é um instrumento de avaliação de impactes de natureza

estratégica cujo objectivo é facilitar a integração ambiental e a avaliação de oportunidades e riscos

de estratégias de acção no quadro de um desenvolvimento sustentável” (Partidário, 2007).

Quando assume este tipo de postura, a AAE não apenas se afasta dos limites da AIA em termos de

capacidade de influenciar decisões ou opções estratégicas, como incorpora uma visão contemporânea da

tomada de decisão, entendida como um processo sistémico onde a actividade de consultoria de apoio à

decisão pode (e deve) ter um importante papel facilitador caso adopte “uma abordagem interactiva,

construtiva e de aprendizagem” (Bana e Costa, 1993).

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De facto, a AAE tem evidentes pontos de contacto com a abordagem do Apoio Multicritério à Decisão

(AMCD), nomeadamente, na sua interpretação mais francófona1:

“O apoio à decisão é a actividade daqueles que facilitam a obtenção de respostas para as questões

que se colocam a determinado actor que intervém num processo de tomada de decisão,

recorrendo, para o efeito, a modelos claramente explicitados mas não necessariamente

formalizados na íntegra. Essa actividade procura clarificar a tomada de decisão, produzindo

recomendações ou, simplesmente, favorecendo a coerência entre, por um lado, a evolução do

processo de tomada de decisão e, por outro lado, a concretização dos objectivos e dos valores

associados aos vários actores envolvidos nesse processo” (Roy e Boyssou, 1993) 2.

Em particular, a AAE aproxima-se da abordagem do AMCD quando propõe, como elemento integrador e

estruturante do exercício de Avaliação Ambiental, o conceito de Factores Críticos de Decisão (FCD), que

“constituem os temas fundamentais para a decisão sobre os quais a AAE se deve debruçar, uma vez que

identificam os aspectos que devem ser considerados pela decisão na concepção da sua estratégia e das

acções que a implementam, para melhor satisfazer objectivos ambientais e um futuro mais sustentável”

(Partidário, 2007).

De facto, a focalização do exercício de Avaliação Ambiental em factores críticos é coerente,

nomeadamente, com a abordagem de apoio à decisão centrada nos valores dos actores e nos respectivos

objectivos (Value-Focused Thinking) de Keeney (1992) ou com a abordagem de Bana e Costa (1992 e 1993)

dos Pontos de Vista Fundamentais, que procura integrar quer os valores/ objectivos dos actores quer as

características da acção ou alternativa em avaliação (plano ou programa, no caso particular da AA).

Figura 1.4.1 – Factores Críticos de Decisão (Diagrama de Venn)

1 A escola americana de AMCD centra-se mais na tomada de decisão propriamente dita e não tanto no processo

que conduz a esse acontecimento. Ou seja, o facilitador (consultor) intervém fundamentalmente na fase final da

tomada de decisão e não tanto desde o início do processo, como defende a escola francesa. A Avaliação Ambiental

(Estratégica) insere-se mais nesta última linha de pensamento.

2 Tradução livre do original em Francês.

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8 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

Como sugere o Diagrama de Venn acima, em Avaliação Ambiental Estratégica, os FCD correspondem ao

subconjunto formado pela intersecção de três conjuntos (Partidário, 2007):

• Quadro de Referência Estratégico (QRE): reúne os macro-objectivos de política ambiental e de

desenvolvimento sustentável estabelecidos a nível nacional, europeu e internacional em planos,

programas, estratégias e outros documentos de política com os quais o plano ou programa em

avaliação se relaciona;

• Questões Estratégicas (QE): traduzem os objectivos estratégicos e as linhas de força do plano ou

programa e o seu potencial com implicações ambientais;

• Factores Ambientais (FA): remetem para os aspectos ambientais relevantes dado o alcance e a

escala do plano ou programa em avaliação; este conjunto não integra, por princípio, todos os

factores ambientais considerados habitualmente em AIA mas apenas aqueles que se afigurem

pertinentes dados os problemas ambientais existentes bem como o contexto particular de

decisão.

Desta forma, uma Avaliação Ambiental não é um exercício exaustivo de Avaliação de Impacte Ambiental.

Em primeiro lugar, porque inclui, para além dos factores ambientais (FA), outros elementos de índole

estratégica, de natureza macro (QRE) e micro (QE). Em segundo lugar, porque os esforços analíticos

devem concentrar-se apenas nos factores críticos ou fundamentais para a decisão, tendo como fim último

apoiar os actores (públicos e/ou privados) numa etapa inicial ou intermédia do processo de tomada de

decisão, fornecendo-lhes apenas os elementos que são determinantes para a construção e consolidação

do próprio sistema de decisão (composto por valores/ objectivos e acções/ alternativas).

Nesse sentido, a Avaliação Ambiental é um dos vários inputs para um processo que se pretende

interactivo, participado e dinâmico e que culminará, numa fase mais adiantada, com a tomada de decisão

propriamente dita.

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Questões Estratégicas

Plano ou Programa em avaliação

Factores Ambientais

Problemas ambientais

Quadro de Referência Estratégico

Factores Críticos de Decisão

Domínios de Análise Relevantes

Indicadores (ou questões específicas)

Outros Planos, Programas e Estratégias

Tendências de evolução

Avaliação de efeitos significativos

Oportunidades e Riscos

Recomendações específicas e globais

Plano de Gestão e Monitorização

Figura 1.4.2 – Desenvolvimento metodológico de uma Avaliação Ambiental Estratégica com Domínios de

Análise Relevantes

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10 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

É por isso que os FCD não podem ser muito numerosos [entre três a oito, segundo Partidário (2007)] e

devem, sempre que possível, totalizar um número ímpar (propiciando o desempate em problemas

decisionais em que os vários FCD têm a mesma importância relativa), sob pena de os resultados do

exercício avaliativo serem muito pouco úteis para os actores envolvidos no processo de tomada de

decisão, fruto da dispersão por aspectos menos (ou nada) relevantes em termos estratégicos.

Também designados por “Factores ambientais e de sustentabilidade” (FCT-UNL, 2007) ou por “Aspectos

ambientais-chave” [Key Environmental Issues (GRDP, 2006)], os Factores Críticos de Decisão podem estar,

por sua vez, associados a um conjunto de Objectivos Ambientais Relevantes [Relevant Environmental

Objectives (GRDP, 2006)] – nomeadamente, quando está em causa a avaliação de programas/planos com

forte conteúdo estratégico em termos de desenvolvimento regional/territorial – ou, alternativamente, a

Domínios de Análise Relevantes, que espelhem os principais problemas e factores ambientais em

presença (cf. Figura 1.4.2) – uma abordagem mais adequada a planos de pormenor ou outros, pensados à

escala da cidade.

A parcimónia associada aos FCD deve estender-se aos Domínios de Análise bem como aos respectivos

Indicadores (de natureza quantitativa ou qualitativa). Como sugere a Figura 1.4.2, os Domínios de Análise

e os Indicadores devem ser orientados para a formulação de Tendências – e não para uma análise estática

(mais importante em AIA) – e para a identificação de Oportunidades e Riscos.

A identificação de oportunidades e riscos é um aspecto central em Avaliação Ambiental Estratégica dado

que fornece elementos suficientes para que se possa efectuar uma avaliação global do plano (Partidário,

2007). De facto, a condensação dos resultados numa Matriz de Oportunidades e Riscos, organizada por

Factor Crítico de Decisão, possibilita aferir em que medida existem, ou não, argumentos suficientes, do

ponto de vista ambiental e do desenvolvimento sustentável, para validar a prossecução do plano. Essa

matriz, bem como as recomendações específicas por FCD, são igualmente essenciais à formulação de

recomendações globais.

A Matriz de Oportunidades e Riscos poderá envolver alguma selectividade, nomeadamente, quando se

está na presença de um conjunto numeroso de oportunidades e riscos nem sempre de elevada

significância. Para efeito, a NEMUS tem vindo a utilizar uma métrica comum de classificação de

oportunidades e riscos, semelhante à adoptada no relatório de Avaliação Ambiental Estratégica do

“Estudo para Análise Técnica Comparada das Alternativas de Localização do Novo Aeroporto de Lisboa na

Zona da Ota e na Zona do Campo de Tiro de Alcochete” (LNEC, 2008) (cf. Quadro 1.4.1).

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 11

Quadro 1.4.1 – Métrica para avaliação de oportunidades e riscos

Oportunidades Riscos

Elevadas

Criação de novas ou elevadas

oportunidades de desenvolvimento e

criação de riqueza a nível regional e/ou

local; benefícios elevados em termos de

quantidade, qualidade ou protecção dos

recursos e valores locais ou regionais

Elevados

Perda de recurso ou afectação de

qualidade irreversível e insubstituível;

custos elevados

Médias Vantagens, oportunidades e benefícios de

importância média Médios

Perda de recurso ou afectação de

qualidade que exige a aplicação de

directrizes; custos médios

Baixas Benefícios baixos ou insignificantes Baixos

Perda de recurso ou afectação de

qualidade irrelevante ou minimizável;

custos baixos ou irrelevantes Fonte: LNEC (2008) (adaptado)

O avaliador ambiental deve também propor um Programa de Gestão e Monitorização. Como sugere a

Figura 1.4.2, a prévia definição de indicadores poderá ser de extrema utilidade para a estabilização de uma

bateria de indicadores de monitorização da implementação do plano em termos ambientais e de

desenvolvimento sustentável. Naturalmente, esses indicadores deverão remeter para os principais riscos

identificados, apesar de ser também desejável o cálculo de indicadores relacionados com os objectivos

ambientais cuja concretização, a nível regional ou nacional, depende, pelo menos em parte, do

plano/programa em avaliação.

Os indicadores de monitorização não deverão ser muito numerosos e o seu cálculo deverá ser possível

com actualidade e fiabilidade. Poderão ser indicadas as fontes de informação bem como os procedimentos

de recolha de informação (no caso de indicadores alimentados por informação de natureza primária) e do

respectivo tratamento. Em determinados casos, por exemplo, quando existem objectivos especificados a

nível nacional, regional ou local, poderão ser especificadas metas ou normas.

O Programa de Gestão de Monitorização poderá também incluir algumas medidas de gestão, aplicáveis à

generalidade dos planos/programas similares, que deverão ser adoptadas como boas práticas em termos

ambientais e de desenvolvimento sustentável.

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1.4.3. Faseamento

A Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente, em cumprimento dos trâmites

legais, integra as seguintes etapas processuais, também indicadas na Figura 1.4.3:

• Avaliação da necessidade de realizar a avaliação ambiental do plano;

• Definição do âmbito da avaliação ambiental;

• Avaliação ambiental e preparação do respectivo relatório;

• Consulta a entidades e consulta pública;

• Ponderação de resultados das consultas;

• Decisão final e elaboração da Declaração Ambiental.

A VRSA – Sociedade de Gestão Urbana, E.M. contou com colaboração da NEMUS na definição do âmbito da

Avaliação Ambiental, na ponderação dos resultados das consultas já realizadas (para validação da

definição de âmbito) e na avaliação e preparação do (presente) Relatório Ambiental.

A NEMUS participará ainda na ponderação dos resultados das consultas a realizar no âmbito do Relatório

Ambiental bem como na elaboração da Declaração Ambiental.

Nas secções seguintes, descrevem-se os principais aspectos metodológicos associados às tarefas

realizadas (ou a realizar) pela NEMUS.

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Fonte: Partidário, 2007, por aplicação do Decreto-Lei n.º 232/2007, de 15 de Junho

Figura 1.4.3 – Procedimento de Avaliação Ambiental definido pela legislação

1.4.3.1. Definição do Âmbito do Relatório Ambiental

Esta fase teve como objectivo determinar como o objecto da avaliação se posiciona no quadro estratégico,

identificar as questões chave para a avaliação e os factores ambientais significativos e determinar quais as

autoridades a consultar quanto ao âmbito e alcance do relatório ambiental.

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14 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

Esta fase incluiu as etapas seguidamente descritas:

1. Análise do plano, seus objectivos e relação com outros planos e programas pertinentes;

2. Levantamento do quadro de referência estratégico;

3. Identificação do Factores Críticos de Decisão (FCD);

4. Proposta de definição do âmbito da avaliação ambiental e alcance da informação a incluir no

relatório (Domínios de Análise e Indicadores);

5. Consulta às entidades relevantes sobre a proposta de definição de âmbito e alcance da

informação – entidades às quais, em virtude das suas responsabilidades ambientais específicas

possam interessar os efeitos ambientais resultantes da aplicação do plano (n.º 3, Artigo 5.º,

Decreto-Lei n.º 232/2007, de 15 de Junho).

Nesse âmbito, foram consultadas as seguintes entidades:

• Agência Portuguesa do Ambiente (APA);

• Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB);

• Parque Natural da Ria Formosa;

• Instituto da Água;

• Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR);

• Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve (CCDR Algarve);

• Regional de Saúde do Algarve;

• Região de Turismo do Algarve;

• Turismo de Portugal, I.P.

À data de envio da proposta de Definição de Âmbito da Avaliação Ambiental Estratégica do Plano de

Pormenor às entidades a consultar, a Administração de Região Hidrográfica do Algarve encontrava-se em

fase de instalação. O ponto de contacto correspondia, então, à respectiva Comissão de Coordenação e

Desenvolvimento Regional, já incluída na lista de entidades a contactar.

Os resultados das consultas realizadas para a definição do âmbito da avaliação ambiental do Plano foram

condensados na Secção 3.2.

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1.4.3.2. Avaliação e preparação do Relatório Ambiental

A avaliação ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente compreendeu as etapas

seguidamente indicadas, em cumprimento do disposto no Artigo 6.º do Decreto-Lei n.º 232/2007:

1. Caracterização ambiental da situação actual, de acordo com a definição de âmbito, e sua provável

evolução;

2. Identificação de eventuais problemas ambientais e de objectivos de protecção ambiental

pertinentes;

3. Avaliação de efeitos significativos no ambiente;

4. Medidas de gestão para minimização de efeitos adversos e maximização de efeitos positivos;

5. Medidas de avaliação e controlo para acompanhamento da execução do plano;

6. Preparação do relatório síntese da avaliação ambiental realizada, que acompanhará o Plano de

Pormenor para efeito de consulta pública.

A avaliação ambiental contempla não só a avaliação de efeito negativos / riscos, mas também os efeitos

positivos / oportunidades decorrentes da aplicação do plano, numa perspectiva de desenvolvimento

sustentável.

Durante esta fase, a equipa técnica responsável pela avaliação verificou em que medida os objectivos

relevantes de protecção ambiental estabelecidos a nível internacional, comunitário ou nacional foram

tomados em consideração durante a preparação do plano.

As componentes metodológicas indicadas reflectem-se na estrutura do presente Relatório Ambiental.

1.4.3.3. Ponderação dos resultados das consultas

Após a consulta das entidades relevantes e a consulta pública da proposta de plano e do respectivo

Relatório Ambiental, procede-se à ponderação de resultados, nos termos do artigo 9.º do Decreto-Lei n.º

232/2007. Os resultados serão considerados pelo promotor na elaboração da versão final do Plano a

aprovar.

O presente Relatório Ambiental incorpora já a ponderação da consulta às entidades com

responsabilidades ambientais específicas e/ou envolvidas no processo de elaboração do Plano de

Pormenor de Monte Gordo Poente, na sequência da conferência de serviços realizada, em Faro, no dia 29

de Maio de 2009.

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1.4.3.4. Declaração Ambiental

Na sequência da ponderação das consultas, é elaborada uma Declaração Ambiental com os elementos

estipulados no Artigo 10.º do Decreto-Lei n.º 232/2007, incluindo, nomeadamente, a forma como as

considerações ambientais e o Relatório Ambiental foram integrados na versão final do Plano, a

ponderação dos resultados das consultas efectuadas, a fundamentação das opções tomadas face às

alternativas razoáveis e as medidas de controlo previstas.

A Declaração Ambiental, tal como o Plano aprovado, serão enviados à APA – Agência Portuguesa do

Ambiente. Para além disso, a Declaração Ambiental será disponibilizada ao público para consulta (através

da página na Internet da entidade promotora do Plano).

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2. Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente

2.1. Objectivos e justificação

O Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente é motivado pelo objectivo geral de construir um conjunto

edificado e espaço público de qualidade, restabelecendo a continuidade urbana, e tendo como

denominador comum os materiais de construção e o tratamento dos espaços públicos, por forma a

contribuir determinantemente para a identidade do local e a qualificação da frente de mar de Monte Gordo

(BCLC e Associados, 2009a).

A elaboração de um Plano de Pormenor para a área em causa resulta da necessidade de colmatar uma

situação desintegrada da restante estrutura urbana do aglomerado e minimizar os efeitos negativos sobre

a qualidade urbana das edificações construídas no local em desrespeito pelos parâmetros urbanos da

envolvente e pelas disposições dos instrumentos de gestão territorial em vigor, designadamente do Plano

Director Municipal de Vila Real de Santo António. Torna-se, assim, necessário desenvolver um instrumento

urbanístico que permita não só integrar adequadamente a área de intervenção no contexto do restante

aglomerado, como integrar as construções existentes num todo coerente mais alargado.

Paralelamente, as transformações expectáveis relativas a ocupações hoje existentes, bem como a fraca

qualidade urbana da zona tornam oportuna e necessária a elaboração deste Plano.

Entre os objectivos específicos de ordenamento e requalificação urbana assumido pela proposta

urbanística, destacam-se os seguintes (BCLC e Associados, 2009a):

• Prever a localização de espaços de restauração, espaços de estadia e lazer e percursos de

atravessamento optimizados que permitam e potenciem a vivência do espaço;

• Definir as condições de ocupação dos terrenos edificáveis com volumetrias de enquadramento,

criando tipologias que permitam gerar potenciais utilizadores do espaço urbano e das unidades

comerciais e de restauração a criar, definindo as condições de ocupação dos terrenos edificáveis

ao nível de cérceas e alinhamentos, criando ao mesmo tempo os critérios de qualidade plástica e

de coerência como referência para a elaboração dos projectos de arquitectura;

• Criar espaço público confortável, respeitando princípios de salubridade que se configurarão em

termos de ventilação natural e conforto térmico, que deverão ter reflexo no espaço exterior e

complementarmente no espaço interior das edificações;

• Identificar as situações dissonantes que a estrutura urbana existente apresente, visando a sua

eliminação ou correcção, no que diz respeito à escalas urbanas distintas, vazio urbanos,

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18 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

descontinuidades de malha urbana, relações ambíguas de espaço público e privado, indefinições

ou impasses em termos de sistema viário;

• Regularizar a situação de desconformidade entre a situação real existente e os instrumentos

urbanísticos em vigor, uma vez que uma zona prevista no PDM como Zona Turística de Expansão

está ocupada com diversas construções de uso habitacional.

2.2. Enquadramento geográfico

O Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente abrange uma área de aproximadamente 2,87 ha situada na

costa algarvia, junto à praia, no extremo poente da Vila de Monte Gordo, sede da freguesia com o mesmo

nome, no Concelho de Vila Real de Santo António (Figura 2.2.1 – Anexo I, inserido no final deste volume).

A área afecta à proposta do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente é constituída por terrenos

descontínuos, de propriedade municipal e particular, que permeiam a malha urbana existente em

resultado da implantação desordenada de edificações com volumetrias dispares e da rede viária

implantada. Algumas das parcelas encontram-se terraplanadas (núcleos A, B e D) e apenas a parcela

correspondente ao N.F mantém o antigo relevo de formação eólica. Os núcleos C e E encontram-se

ocupados por edificações com volumetrias desajustadas e sem conexão urbanística (Fotografias 2.2.1,

2.2.2, 2.2.3, 2.2.4 e 2.2.5 – Anexo II), algumas das quais em situação irregular. A zona abrangida pelo

Plano apresenta, assim, uma situação de descontinuidade urbana relativamente à restante malha do

aglomerado.

Segundo o Plano Director Municipal de Vila Real de Santo António, a área de intervenção do Plano de

Pormenor é abrangida pelas seguintes categorias de espaço urbano: Zona Turística de Expansão (ZTE) e

Zona de Habitação de Expansão (H2).

Actualmente, a área afecta à proposta do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente confronta com as

seguintes ocupações do solo:

• Norte e Este – malha urbana de Monte Gordo:

• Norte – moradias unifamiliares de dois pisos;

• Este – edifícios de seis a nove andares acima do solo;

• Sul – Dunas (dunas primárias e zona interdunar);

• Oeste – Mata Nacional das Dunas Litorais de Vila Real de Santo António.

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A Área de Intervenção é delimitada por diversos arruamentos, designadamente:

• a Norte, pela Rua dos Pescadores;

• a Sul, pela Av. Infante Dom Henrique (estrada marginal) e zona dunar;

• a Poente, pela Rua que separa a área urbanizável da zona natural e pela Rua Nova de Lisboa;

• a Nascente, pela Rua da Praia.

A rede rodoviária principal que serve a freguesia de Monte Gordo é a seguinte (CMVRSA, 2007):

• Estrada Municipal n.º 511, EM 511, assim classificada no PDM VRSA (Monte Gordo – EN 125;

Monte Gordo – Via do Infante; Monte Gordo – Vila Real de Santo António);

• Estrada Nacional n.º 125, EN 125 (Lagos- Faro-Cacela- Vila Real de Santo António);

• Via do Infante (Portimão-Faro-Vila Real de Santo António);

• Via do V Centenário (Sevilha-Castro Marim-Vila Real de Santo António).

Os aeroportos internacionais mais próximos são o aeroporto de Faro (a 55Km pela Via do Infante) e o

aeroporto de Sevilha (a 150 Km pela Via do V Centenário). Existem transportes rodoviários que asseguram

a ligação Monte Gordo – Vila Real de Santo António, sede de concelho que, por sua vez, possui ligações a

Faro, Lisboa e Sevilha. Existem ainda ligações ferroviárias de Vila Real de Santo António a Faro e Lisboa e

ligação fluvial por Ferry Boat entre Vila Real de Santo António e Ayamonte, Espanha (CMVRSA, 2007).

2.3. Descrição geral

A presente secção tem por base a versão mais recente (Julho de 2009) do Relatório (memória descritiva) e

do Regulamento que acompanham a Planta de Implantação, a Planta de Condicionantes e as demais peças

desenhadas que constituem a Proposta de Plano de Pormenor da Zona de Expansão Poente de Monte

Gordo, da autoria do atelier BCLC e Associados – Planeamento, Urbanismo e Arquitectura, Lda.

2.3.1. Estrutura e composição urbana

O Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente, abrangendo uma área de 2,87 ha (28.745,5 m2), pretende

atingir os objectivos de consolidação e requalificação urbana enunciados na Secção 2.1. Assim, a

composição geral proposta pelo atelier BCLC e Associados (2009a) procura responder às seguintes

necessidades:

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20 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

• Necessidade de organizar as morfologias urbanas, que variam entre usos e ocupação do solo, em

que se pretende criar e controlar o desenvolvimento de núcleos hierarquizados que evidenciam

um tipo de vivência específico e que isso seja objectivamente demonstrado ao nível das

construções que pertencem a cada um dos referidos núcleos;

• Necessidade de preservar e valorizar alinhamentos que existem pela pré-existência de uma

malha urbana adjacente e que devem mantidos, implicando, em alguns casos, um redesenho ou

uma reformulação das formas urbanas a propor, em que se deve dar um especial ênfase à Av.

Infante Dom Henrique;

• Necessidade de rematar malhas que se encontram incompletas, nomeadamente nos nós

ortogonais dos arruamentos existentes, mas principalmente na envolvente à rotunda existente na

área de intervenção, em que a aposta numa imagem de modernidade para os hotéis a propor

deverá ser aliada a um especial cuidado na implantação do novo edificado;

• Necessidade de valorizar o espaço público, com predominância para zonas verdes de estar e

lazer, com a criação de espaços verdes devidamente tratados, que serão alvo de projecto próprio.

Estes espaços serão dotados de mobiliário urbano adequado em que se pretende convidar os

utentes ao seu usufruto e permanência, complementado por uma oferta de terciário qualificadora

de vivências.

Estes princípios gerais de composição urbana foram aplicados, com as necessárias adaptações, aos oitos

núcleos em que se organiza a proposta urbanística (A a H; cf. Figura 2.3.1 – Anexo I).

No caso dos núcleos a manter G e H, que englobam, respectivamente, as habitações unifamiliares de dois

pisos da Rua dos Pescadores e as torres de habitação plurifamiliar confinantes com a Av. Infante Dom

Henrique, importa garantir a manutenção do uso e escala urbana existente sendo permitido e licenciável,

de acordo com o Regulamento do Plano, o tipo de obras que se enquadram nos requisitos propostos.

Já no que se refere aos núcleos a edificar C e E, a solução pretende enquadrar e fazer a transição entre

diversos tipos de estruturas morfológicas urbanas, nomeadamente entre situações de uma malha de rua

estreita e lotes de pequena largura situados a Norte com as malhas de maior porte e diversa organização

espacial situados a Nascente.

A implantação desordenada das edificações que aqui foram construídas, nomeadamente dos dois edifícios

isolados que se localizam sensivelmente a meio da área de intervenção (núcleos NH1 e NH2), conduz

necessariamente a que a solução proposta procure reafirmar e estruturar alinhamentos por forma a

integrar esta área num todo urbano que é relativamente regrado. Estes edifícios, por serem alheios à regra

imposta pelas edificações no contexto das áreas adjacentes, e na impossibilidade de serem demolidos,

pelo impacto social e económico que tal operação implicaria, constituem um forte desequilíbrio na

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morfologia urbana. O novo desenho proposto tenta colmatar essa menor valia do território com a

consagração de volumetrias e cérceas equiparadas aos edifícios em questão.

Assim, os núcleos a edificar A e B vêm marcar e rematar todo o alinhamento de edifícios que constituem a

frente da marginal ao longo da praia, confinantes com Av. Infante Dom Henrique. De igual modo os

núcleos C e D também rematam e complementam as frentes de rua em que se inserem, fazendo a

transição de escala entre edificado no directo relacionamento com as áreas contíguas.

No núcleo D, em particular, foi tida em especial atenção as condicionantes, nomeadamente, índice e

cércea impostos pelo POOC Vilamoura-Vila Real de Santo António.

Paralelamente, o núcleo B conjuntamente com o núcleo C definem o alinhamento do arruamento situado a

Nascente e que é perpendicular à referida marginal (Rua das Praias), criando entre eles uma bolsa

estacionamento e desafogando o espaço envolvente à torre de habitação existente.

Tendo em vista uma cabal qualificação do extremo Poente de Monte Gordo, o atelier BCLC e Associados

propõe o núcleo F, localizado no final da Avenida Infante Dom Henrique junto à praia. Trata-se de um

Apoio de Praia Completo com Equipamento Associado, previsto na Unidade Balnear 1 do Plano de Praia de

Monte Gordo, inserido em “Área de Enquadramento” integrada na UOPG IX – Faixa Litoral de Monte Gordo

do POOC Vilamoura-Vila Real de Santo António. O plano em avaliação propõe a respectiva deslocação

ligeiramente para Este (permanecendo, contudo, dentro dos limites da Unidade Balnear 1) de modo a

potenciar a sua integração com o desenho urbano proposto. As características desse equipamento devem

conformar-se com o disposto no POOC (de acordo com o próprio PP) e propiciar um adequado remate da

área de enquadramento que se desenvolve desde nascente em parques de estacionamento e áreas de

recreio.

Os seguintes aspectos foram alvo de especial atenção por parte de equipa projectista (BCLC e Associados,

2009a):

• Criação de espaço público devidamente enquadrado, privilegiando-se as áreas de estadia e lazer,

interrelacionadas com actividades de restauração, fomentando a existência de locais de

permanência exterior; para esse efeito, os circuitos viários foram restringidos ao mínimo e os

espaços arborizados propostos procuram atenuar o impacto das edificações menos cuidadas

existentes e permitem a criação de percursos pedonais qualificados;

• Requalificação da rede viária com manutenção dos eixos fundamentais existentes;

• Previsão de adequadas redes de infra-estruturas.

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22 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

2.3.2. Tipologias do edificado e do espaço

O Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente contempla os seguintes grupos de tipologias do edificado,

cuja distribuição espacial é apresentada na Figura 2.3.1 (Anexo I): turismo, habitação e actividades

terciárias. Concretamente, o Plano identifica os seguintes núcleos em termos de uso de solo, indicados na

Planta de Implantação (artigo 9.º do regulamento da proposta de Plano, BCLC e Associados, 2009a):

• Núcleos A e B – Função turística;

• Núcleo C – Função habitacional e de comércio e serviços, condicionada à demolição das

edificações existentes (cf. também Figura 2.3.3 – Anexo I);

• Núcleo D – Função habitacional, em edificações a construir;

• Núcleo E – Função habitacional em edificações a construir, condicionada à demolição das

edificações existentes;

• Núcleo F – Função apoio de praia;

• Núcleos G e H – Função habitacional, em edificações existentes e a manter, sujeitas a renovação

urbana.

Os quadros seguintes resumem a capacidade proposta pelo Plano:

Quadro 2.3.1 – Quadro resumo de áreas (valores globais, m2)

Área de intervenção do Plano 28.745,5

Áreas de implantação

de edifícios

Edifícios A construir 8.593,0

Existentes a manter (valor estimado) 2.422,8

Total 11.015,8

Área Bruta de

Construção

Edifícios A construir 26.751,0

Existentes a manter (valor estimado) 7.266,5

Total 34.017,5

Espaços não edificados

Domínio público 15.099,7

Domínio privado 1.698,7

Domínio privado de uso público 2.505,4

Total 19.303,8 Fonte: BCLC e Associados (2009a).

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 23

Quadro 2.3.2 – Construções novas: edificabilidade máxima

Núcleo Área

Implantação

máxima

(m²)

Cotas de

Soleira

N.º máximo de

pisos

Área Bruta de Construção

máxima (m²)

Acima

Cota

Soleira

Abaixo

Cota

Soleira

Habitação Comércio

/Serviços Turismo

Código Área (m²)

N.A 7.097,0 3.814,8 6,00 9 2 - - 13.168,0

N.B 3.638,2 1.187,8 5,70 9 2 - - 6.331,0

N.C 2.328,7 911,9 6,00 6 1 2.021,0 626,0 -

N.D 3.900,2 1.319,5 7,00 3 1 1.770,0 - -

N.E 2.041,0 1.029,0 7,00 4 1 2.605,0 - -

N.F 4.682,9 330,0 6,00 / 6,50 1 - - 230,0 -

Total 23.688,0 8.593,0 - - - 6.396,0 856,0 19.499,0 Fonte: BCLC e Associados (2009a).

De acordo com esses quadros, a área bruta de construção (ABC) proposta (construções novas) é de cerca

de 26.751 m2, com a seguinte repartição pelos diferentes usos: habitação – 6.396 m2; comércio/serviços –

856 m2 e turismo/hotelaria – 19.499 m2. Caso se considere também os edifícios a manter, a ABC total

atinge os 34.017,5 m2.

Dada a área do plano (28.745,5 m2), o índice de utilização bruto (ou índice bruto de construção)3 é de

1,183. O índice de implantação bruto4 é de 0,45 e o índice de utilização líquido5 é de 2,65, notando que a

área de implantação dos oito núcleos é de 12.854,4 m2 (cf. Quadro 2.3.1 e Figura 2.3.1 – Anexo I).

Refira-se que o núcleos A, B, C, E, F, G e H (ou seja, todos os núcleos com excepção do D) apresentam um

índice de utilização bruto de 1,298 (= 32.247,5 / 24.845,3). Nos casos particulares dos núcleos D e F, esse

parâmetro urbanístico assume os valores de 0,45 e 0,05, respectivamente.

3 Quociente entre a superfície de pavimento (ABC acima da cota de soleira) e a superfície total do plano.

4 Quociente entre a superfície total dos lotes/núcleos (área de implantação) e a superfície total do Plano.

5 Quociente entre a superfície de pavimento (ABC acima da cota de soleira) e a superfície total dos lotes/núcleos

(área de implantação).

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24 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

Quadro 2.3.3 – Construções novas: n.º de camas, de fogos e de lugares de estacionamento

Núcleo N.º de

máximo

de camas

turísticas

N.º de

fogos

N.º de lugares de estacionamento

Turismo Habitação Comércio

/Serviços Total

Código

N.A 580 - 58 - - 58

N.B 280 - 28 - - 28

N.C - 17 - 30 21 51

N.D - 15 - 26 - 26

N.E - 22 - 40 - 40

N.F - - - - 2 2

Total 860 54 86 96 23 205 Fonte: BCLC e Associados (2009a).

O Artigo 27.º do Regulamento do Plano admite um máximo de 860 camas turísticas, repartidas pelos

núcleos A (580) e B (280) que poderão assumir as formas, nomeadamente, de estabelecimentos hoteleiros

e/ou de apartamentos turísticos com categoria mínima de 4 estrelas. O estacionamento a associar a estes

dois núcleos será de (pelo menos) 86 lugares (58 + 28 lugares, respectivamente), sem prejuízo do respeito

pelos requisitos mínimos previstos na Portaria n.º 327/2008, de 28 de Abril (cf. Quadro 2.3.3 e n.º 3 do

Artigo 20.º do Regulamento).

Paralelamente, a proposta urbanística prevê a construção de 54 fogos (assumindo uma área média de

120m2 por fogo), aos quais estão associados 96 lugares de estacionamento (1,5 lugares por fogo

acrescidos de 20% de estacionamento público). O Plano prevê ainda mais 23 lugares de estacionamento,

afectos aos usos de comércio/serviços. Desta forma, o n.º total de lugares de estacionamento previstos é

de 205 (cf. o mesmo quadro).

2.3.3. Arquitectura

O proposto regulamento para o Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente inclui várias cláusulas que

procuram salvaguardar a qualidade arquitectónica do novo edificado (BCLC e Associados, 2009a).

Em particular, o Artigo 18.º refere que “todas as fachadas devem ser objecto de tratamento arquitectónico

cuidado, pelo que os materiais das fachadas devem ser duráveis e de baixa manutenção, e devem manter

a coerência formal em unidades como frentes de rua ou quarteirões”. E adianta que “as empenas visíveis

dos novos edifícios ou as resultantes do acréscimo de pisos em edifícios existentes são sempre revestidas

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com materiais de qualidade, preferencialmente os utilizados na fachada principal” e que “os materiais e

cores a utilizar deverão ser devidamente integrados no plano marginal em que se inserem, articulados

com os aplicados na área envolvente e a sua selecção devidamente justificada”.

No que se refere ao edifícios habitacionais a construir, “a composição arquitectónica deve garantir a

correcta integração do edifício no ambiente local” (Artigo 26.º). Adicionalmente, “a escolha dos materiais

a utilizar deve assegurar a coerência e a continuidade urbana e o cumprimento do disposto no Artigo

18.º”.

Para os edifícios destinados a função turística (núcleos A e B) é proposto um articulado paralelo ao nível

do Artigo 27.º do Regulamento.

No caso concreto do Núcleo F – Edifício destinado a Apoio de Praia Completo com Equipamento Associado,

o Regulamento consagra o seu carácter diferenciado “em relação às características urbanas da restante

envolvente, privilegiando-se a utilização de materiais metálicos, madeira e vidro com carácter amovível”

bem como as disposições constantes no POOC Vilamoura-VRSA, “designadamente no que respeita às

características construtivas e implantação” (Artigo 28.º).

Para além do edificado propriamente dito, a proposta de Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente

estende as preocupações de garantia da qualidade arquitectónica ao próprio espaço público urbano,

nomeadamente, aos futuros espaços intersticiais entre núcleos existentes e a edificar. Em particular, no

Artigo 21.º do Regulamento é referido que “todos os passeios e arruamentos devem respeitar a

configuração e os materiais constantes dos elementos que acompanham o Plano, designadamente das

Plantas e dos Perfis” e, no Artigo 29.º, que “o espaço público e as áreas verdes definidas no Plano são de

utilização pública e têm como função a valorização urbanística da área de intervenção”.

Apesar do Plano não conter qualquer estudo arquitectónico, no respectivo relatório foi inserida uma

visualização tridimensional da proposta urbanística (Secção 10), que se poderá revelar de extrema

utilidade para os futuros projectistas.

2.3.4. Rede viária

O Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente não propõe alterações de fundo da rede viária local, que

manterá os seus eixos fundamentais (BCLC e Associados, 2009a).

De facto, as principais alterações dizem essencialmente respeito a repavimentações, seja para conservar o

pavimento existente seja para dar continuidade e coerência a situações verificadas. Deste modo, são

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propostas várias áreas em que se substitui o pavimento betuminoso por calçada em cubos de calcário

10x10 cm, marcando as zonas de baixo tráfego e de cariz misto de pedonal/viário.

A Avenida Infante Dom Henrique sofrerá algumas variações de pavimentação garantindo a sua resolução

formal, fechando a via pedonal que se desenvolve desde nascente.

A rotunda existente será reposicionada, não só para reforçar a clareza da estrutura viária mas também por

uma questão funcional, uma vez que a actual situação não funciona de forma conveniente. O Relatório do

Plano sugere o desenvolvimento de um projecto distinto para o círculo central da rotunda, “devendo este

ser um elemento singular emblemático da nova imagem” de Monte Gordo.

2.4. Alternativas

A versão datada de Julho de 2009 do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente (BCLC & Associados,

2009a) constitui uma alternativa viável face à versão anterior do Plano, datada de Março de 2009 (BCLC &

Associados, 2009) e já sujeita a conferência de serviços (realizada no dia 29 de Maio de 2009, em Faro).

Ao longo do presente Relatório Ambiental são referidos, em particular, os riscos ambientais evitados ou

minimizados com esta versão mais actual do Plano, bem como a forma como foram incorporadas as

recomendações anteriormente formuladas pelo avaliador ambiental (vertidas na versão de Abril de 2009

do Relatório Ambiental).

2.5. Outros planos e programas complementares ou subsidiários

De momento, não são conhecidos planos ou programas complementares ou subsidiários ao Plano de

Pormenor de Monte Gordo Poente.

Apenas a título informativo, refira-se que se encontra em elaboração um outro plano de pormenor para a

mesmo núcleo urbano, o Plano de Pormenor de Monte Gordo Nascente, também sujeito a processo de

Avaliação Ambiental. Ambos os planos promovem a concretização do potencial turístico da Vila de Monte

Gordo, propondo unidades de alojamento turístico de natureza complementar.

Estes dois planos de pormenor dão enquadramento ao desenvolvimento de iniciativas independentes, de

promotores distintos, sendo díspares no seu conteúdo. Não obstante, estes planos poderão dar origem a

efeitos cumulativos nas vertentes ambiental e socioeconómica.

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3. Âmbito da Avaliação Ambiental

3.1. Quadro de Referência Estratégico

Tendo por objectivo o estabelecimento de um quadro de referência para o Plano de Pormenor de Monte

Gordo Poente, foram analisados, ainda na fase de Definição de Âmbito, os principais documentos

estratégicos e programáticos de ordenamento do território, desenvolvimento regional e ambiente.

Em particular, foram considerados os seguimentos instrumentos, de âmbito nacional, regional e

municipal:

• Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território (PNPOT) – Lei n.º 58/2007, de 4 de

Setembro;

• Estratégia Nacional de Desenvolvimento Sustentável (ENDS) – Resolução do Conselho de

Ministros n.º 109/2007, de 20 de Agosto;

• Programa Nacional para as Alterações Climáticas (PNAC2006) – Resolução do Conselho de

Ministros n.º 104/2006, de 23 de Agosto;

• Estratégia Nacional para a Energia – Resolução do Conselho de Ministros n.º 169/2005, de 24 de

Outubro;

• Plano Nacional da Água – Decreto-Lei n.º 112/2002, de 17 de Janeiro;

• Plano Estratégico para os Resíduos Sólidos Urbanos 2007-2016 (PERSU II) – Portaria n.º

187/2007, de 12 de Fevereiro;

• Plano Estratégico de Abastecimento de Água e Saneamento de Águas Residuais (PEAASAR II) –

Despacho n.º 2339/2007, de 14 de Fevereiro;

• Programa Nacional para o Uso Eficiente da Água (versão preliminar) – Estudo elaborado pelo

Laboratório Nacional de Engenharia Civil com apoio do Instituto Superior de Agronomia (MAOT /

INAG, 2001);

• Plano Sectorial da Rede Natura 2000 – Resolução do Conselho de Ministros n.º 115-A/2008, de 21

de Julho;

• Plano Estratégico Nacional do Turismo (PENT) – Resolução do Conselho de Ministros

n.º 53/2007, de 4 de Abril;

• Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) 2007-2013 (MAOTDR, 2007);

• Plano Regional de Ordenamento do Território do Algarve (PROTAL) – Resolução de Conselho de

Ministros n.º 102/2007, aprovada em Conselho de Ministros a 24 de Maio de 2007 e publicada no

Diário da República, a 3 de Agosto de 2007;

• Plano de Bacia Hidrográfica das Ribeiras do Algarve – Decreto Regulamentar n.º 12/2002, de 9 de

Março;

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28 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

• Plano de Bacia Hidrográfica do Guadiana – Decreto Regulamentar n.º 16/2001 de 12 de Maio;

• Plano Director Municipal de Vila Real de Santo António (PDM VRSA) – Ratificado pela Portaria n.º

347/92 de 16 de Abril e publicado em Diário da República (II série) a 14 de Julho de 1992.

Posteriormente alvo de várias alterações de pormenor.

Nem todos estes documentos apresentam a mesma relevância, dado o objecto em processo de Avaliação

Ambiental (um plano de pormenor), bem como o regime de coordenação dos âmbitos nacional, regional e

municipal do sistema de gestão territorial, definido nas bases da política de ordenamento do território e

de urbanismo (Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro, com as alterações introduzidas pelo Decreto-

Lei n.º 316/2007, de 19 de Setembro).

Não obstante, as orientações estratégicas mais relevantes e pertinentes (dado a natureza do plano em

avaliação) dos documentos acima listados foram convenientemente incorporadas nas análises

desenvolvidas ao longo dos capítulos 4 e 5.

3.2. Pareceres das entidades sobre o âmbito da Avaliação Ambiental

Com base no Quadro de Referência Estratégico e nas características da proposta de Plano de Pormenor de

Monte Gordo Poente apresentada, a NEMUS procedeu à elaboração de uma Proposta de Definição de

Âmbito, com indicação do alcance da informação a incluir no Relatório Ambiental.

Seguindo os trâmites legais (n.º 3, Artigo 5.º, Decreto-Lei n.º 232/2007, de 15 de Junho), a Proposta de

Definição de Âmbito foi enviada às entidades às quais, em virtude das suas responsabilidades ambientais

específicas, possam interessar os efeitos ambientais resultantes da aplicação do Plano, tendo-lhes sido

solicitado parecer. A legislação determina que as entidades dispõem de 20 dias para emissão desses

pareceres. Para efeitos da presente avaliação optou-se por considerar um período de 20 dias úteis.

O Quadro 3.2.1 apresenta a lista de entidades consultadas bem como um breve sumário do conteúdo dos

pareceres emitidos, sendo estes integralmente reproduzidos no final do presente volume (Anexo III).

Todos os pareceres recebidos foram integrados na análise, mesmo os que excederam o tempo útil de

resposta e que poderiam, por isso, ter sido arquivados.

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 29

Quadro 3.2.1 – Entidades consultadas e sumário dos pareceres emitidos

Entidade Resumo do parecer emitido Referência no texto

Agência Portuguesa do

Ambiente

Em resultado da vocação local do plano de pormenor, a CCDR Algarve, em virtude das suas atribuições regionais, é a entidade melhor vocacionada para emitir o parecer solicitado.

-

ICNB

-

Reserva Natural do

Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo

António

Aprovação do documento condicionada à introdução das seguintes alterações:

A. Descritor Turismo - acrescentar indicador "capacidade de carga em termos de camas turísticas", existente e a estabelecer;

4.2, 5.2

B. Descritor Ecologia e biodiversidade - incluir indicador "Valorização do património natural" que traduza a sustentabilidade do Plano considerando a sensibilidade da área envolvente à zona de intervenção (Rede Natura 2000)

4.4.1, 5.4.1, 7

C. Referir especificamente a Mata das Dunas Litorais de Vila Real de Santo António. Está em elaboração o Plano de Gestão Florestal da mesma. 4.3, 5.3, 7

D. Descritor Ordenamento do território - inclusão de um indicador "Desenho urbano sustentável" que traduza a reflexão sobre (…) uma estrutura verde urbana e a sua articulação com o meio natural envolvente (mata).

3.3, 4.3.3, 5.3.2, 7

E. Descritor Utilização dos recursos naturais - sugere-se inclusão de um descritor relativo ao solo,

3.3, 4.5.2, 5.5.2, 7

Subsolo e à geomorfologia da área. 3.3, 4.5.1, 5.5.1, 7

Parque Natural da Ria Formosa Não foi recebido qualquer parecer. -

Instituto da Água

Concorda genericamente com a abordagem, sugerindo:

A. A Vertente Ambiental do Quadro de Referência Estratégico deve incluir os PBH do Guadiana e Ribeiras do Algarve

3.1, 4.3.2

B. Relatório ambiental

a) Caracterização da situação de referência - Recursos hídricos

i. Fontes de informação: o Quadro de Referência Estratégico deve constituir fonte de informação para o relatório ambiental.

4.5.4

ii. Incluir indicador da disponibilidade de água na origem, no contexto das disponibilidades/necessidades de água e considerando situações hidrológicas extremas. Âmbito geográfico deve englobar a área afecta às origens de água.

3.3, 4.5.4

b) Avaliação ambiental de efeitos significativos - Recursos hídricos

i. Avaliar os efeitos do plano no contexto das disponibilidades/necessidades de água, qualidade da água e infra-estruturas de saneamento, tendo por base o Quadro de Referência Estratégico e os objectivos de protecção ambiental relevantes.

4.5.4, 5.5.4

ii. Deverão ser propostas medidas de minimização para os efeitos adversos significativos. 5.5.4, 7

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30 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

Entidade Resumo do parecer emitido Referência no texto

CCDR Algarve

Considera-se que a proposta está bem estruturada, sugerindo-se ainda a análise do factor Riscos Naturais e Tecnológicos, na perspectiva dos seguintes descritores:

a) riscos de inundação,

b) riscos sísmicos (consequências de eventos de grande magnitude);

c) mecanismos de actuação para fazer face a catástrofes naturais.

3.3, 4.6, 5.6, 7

IGESPAR Não foi recebido qualquer parecer. -

Região de Turismo do

Algarve "…nada encontramos que obste à aprovação dos documentos em epígrafe." -

Turismo de Portugal, I.P.

"…atentas as atribuições cometidas ao Turismo de Portugal, I.P., não detém este Instituto competências para emissão do parecer solicitado…" -

Administração Regional de Saúde do Algarve

"…não existe nada a opor do ponto de vista higio-sanitário." -

Do cruzamento da proposta inicial da NEMUS com a ponderação dos pareceres emitidos pelas diversas

entidades consultadas, bem como do amadurecimento da própria abordagem metodológica a uma

Avaliação Ambiental com conteúdo estratégico, resultou a definição de âmbito e o nível de

pormenorização da informação apresentados na secção seguinte.

3.3. Definição de âmbito e alcance da informação

Os Factores Críticos de Decisão resultaram de um exercício de intersecção entre os aspectos centrais da

proposta urbanística (sintetizada no Capítulo 2), o Quadro de Referência Estratégico (descrito na Secção

3.1) e os Factores Ambientais passíveis de consideração, nomeadamente, em termos legais e na sequência

dos pareceres emitidos pelas entidades competentes (cf. Secção 3.2) – seguindo a abordagem

metodológica sugerida pelo Diagrama de Venn da Figura 1.4.1. Desta forma, foram considerados os

seguintes Factores Críticos de Decisão (FCD):

• FCD 1 – Desenvolvimento socioeconómico;

• FCD 2 – Ordenamento do território;

• FCD 3 – Protecção dos valores locais e regionais;

• FCD 4 – Qualidade do ambiente e utilização de recursos naturais;

• FCD 5 – Riscos naturais e tecnológicos.

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 31

Estes factores ambientais críticos foram, por sua vez, operacionalizados em Domínios de Análise e em

Indicadores, seguindo as etapas metodológicas constantes na Figura 1.4.2. No quadro seguinte

apresentam-se esses Domínios de Análise bem como os principais indicadores utilizados (sem prejuízo da

consideração de outros indicadores):

Quadro 3.3.1 – Factores Críticos de Decisão, Domínios de Análise e Principais Indicadores

Factores Críticos de

Decisão

Domínios de Análise Principais Indicadores

Desenvolvimento socioeconómico

(FCD 1)

Desenvolvimento turístico

Factores distintivos do produto turístico do Algarve, do Sotavento e de Monte Gordo. Principais características da oferta hoteleira de Monte Gordo. Tendências da procura turística dirigida a Monte Gordo (e a VRSA). Contributo (potencial) do Plano de Pormenor para o reforço da oferta hoteleira de Monte Gordo em termos quantitativos e qualitativos (diversificação e valorização do produto). Contributo do Plano de Pormenor para a geração de riqueza. Contributo (potencial) do Plano de Pormenor para a concretização da estratégia de desenvolvimento turístico.

População, emprego e

desemprego

Principais indicadores demográficos. Evolução recente da população residente. Evolução recente do desemprego. Estrutura actual do desemprego. Principais sectores de actividade em termos de emprego. Efeito (esperado) do Plano de Pormenor na população residente e flutuante. Efeito (esperado) do Plano de Pormenor na criação de emprego.

Qualidade de vida e do espaço urbano

Características morfológicas da Área de Intervenção e respectiva relação com a imagem da “cidade” e a vivência do espaço público. Acesso a equipamentos, comércio e serviços. Demolições e realojamentos. Contributo (potencial) do Plano de Pormenor para o reforço da imagem da “cidade”, para uma maior vivência do espaço público e para o acesso a equipamentos, comércio e serviços. Efeitos do Plano de Pormenor sobre transportes e acessibilidades.

Ordenamento do território (FCD 2)

Usos do solo e protecção das

funções territoriais

Usos do solo. Instrumentos de ordenamento do território aplicáveis. Conformidade do Plano de Pormenor com esses instrumentos.

Desenho urbano sustentável Estrutura verde urbana.

Protecção dos valores locais e

regionais (FCD 3)

Ecologia e biodiversidade

Espécies e habitats protegidos existentes na envolvente na área de intervenção. Valorização do património natural.

Património arquitectónico, arqueológico e

etnográfico

Edifícios, vestígios ou símbolos histórico-culturais existentes.

Paisagem Efeitos na qualidade da paisagem.

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32 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

Factores Críticos de

Decisão

Domínios de Análise Principais Indicadores

Qualidade do ambiente e

utilização dos recursos naturais

(FCD 4)

Geologia e geomorfologia

Formações geológicas aflorantes. Morfologia.

Solo Carta de solos e carta de capacidade de uso dos solos.

Energia Eficiência energética dos edifícios. Potencial de utilização de energia solar.

Recursos hídricos

Disponibilidades/necessidades de água:

• Considerando situações hidrológicas extremas (seca);

• Capacidade das infra-estruturas existentes. Qualidade da água e infra-estruturas de saneamento.

Gestão de resíduos

Geração de resíduos. Infra-estruturas existentes de gestão de resíduos. Possíveis pontos de contaminação ambiental e risco para a saúde pública.

Ambiente sonoro

Receptores sensíveis. Zonamento. Área de influência acústica. Situação existente e prevista/futura.

Riscos naturais e tecnológicos

(FCD 5)

Risco de erosão costeira

Deriva da linha de costa. Susceptibilidade aos galgamentos oceânicos.

Risco de inundações

Carta de vulnerabilidade a inundações (freguesia de Monte Gordo).

Riscos sísmicos Consequências de sismos de grande magnitude.

Mecanismos de actuação Organização do Serviço Municipal e Distrital de Protecção Civil.

Como se pode verificar pela comparação do quadro anterior com a Proposta de Definição de Âmbito

submetida às entidades relevantes, o Ambiente sonoro deixou de constituir um Factor Crítico de Decisão

por si só, passando a integrar, como Domínio de Análise, o FCD 4 – Qualidade do ambiente e utilização de

recursos naturais. Esta organização não implicou, contudo, qualquer alteração em relação à metodologia

inicialmente prevista para o tratamento desse domínio. O propósito desta reorganização foi apenas

contribuir para uma maior clareza e pertinência do modelo de apoio à decisão, uma vez que a estrutura

inicial atribuía, implicitamente, uma dimensão crítica desproporcionado ao referido descritor face aos

demais factores.

Paralelamente, o Ordenamento do território passou a ser encarado como um Factor Crítico de Decisão

(FCD 2) autónomo. Esta perspectiva é mais equilibrada do que a proposta inicial (que o comparava a um

Domínio de Análise) tendo em conta que o Plano de Pormenor determina a ocupação do território e é

determinado, de forma não completamente resolvida, por condicionantes do uso do solo que o podem

inviabilizar, pelo menos parcialmente.

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 33

Ainda ao nível dos Factores Críticos de Decisão, refira-se a inclusão do FCD 5 – Riscos Naturais e

Tecnológicos segundo recomendação da CCDR Algarve. Este factor ambiental agrega os Domínios de

Análise: Risco de erosão costeira; Risco de inundações; Riscos sísmicos e Mecanismos de actuação para

fazer face a catástrofes naturais.

Ao nível quer dos Factores Críticos de Decisão quer dos Domínios de Análise, registam-se várias alterações

em resultado do parecer condicional do ICNB. Este parecer sugere a inclusão de um descritor “relativo ao

solo, subsolo e à geomorfologia da área” no factor de decisão “Utilização dos recursos naturais”. Aquando

da elaboração da Proposta de Definição de Âmbito submetida às entidades, estes domínios foram

excluídos por se entender que, dadas as características particulares da área de estudo, nomeadamente, a

pobreza do solo, a inexistência de recursos no subsolo (com excepção do aquífero de Monte Gordo, a

considerar no descritor “Recursos hídricos”) e a descrição da zona costeira como um local de acressão

sem particulares preocupações do ponto de vista geomorfológico, estes factores não teriam um carácter

estratégico para a tomada de decisão. No entanto, para dar resposta às indicações do ICNB, os referidos

Domínios de Análise foram alvo de avaliação no presente relatório. Apenas por uma questão de

organização das disciplinas, consideram-se dois domínios adicionais no FCD 4 – Qualidade do ambiente e

utilização de recursos naturais: Solos e Geologia e geomorfologia.

Também no seguimento do parecer do ICNB, optou-se por incluir no FCD 2 – Ordenamento do Território um

Domínio de Análise dedicado ao Desenho Urbano Sustentável, cujo propósito é avaliar a qualidade e

sustentabilidade do espaço urbano preconizado pela proposta do Plano de Pormenor, nomeadamente em

termos de consolidação de uma estrutura verde urbana. As questões relativas à qualidade urbanística e

arquitectónica – também apontadas pelo ICNB no mesmo âmbito – foram trabalhadas ao nível do FCD 1 –

Desenvolvimento socioeconómico, mais precisamente no Domínio de Análise dedicado à Qualidade de

vida e do espaço urbano. Nesse domínio foram também analisadas as carências habitacionais e a oferta

de habitação a custos controlados, indo-se ao encontro de preocupações manifestadas ulteriormente pela

CCDR Algarve.

Ao nível dos indicadores, foram efectuados vários ajustamentos de modo a ir ao encontro das indicações

expressas pelas diversas entidades que se pronunciaram a esse respeito. Em particular, foi considerada

neste âmbito a recomendação do INAG no sentido de avaliar as disponibilidades de água na origem, “no

contexto das disponibilidades/necessidades de água e considerando igualmente situações hidrológicas

extremas”.

Paralelamente, foram abandonados alguns indicadores que se vieram a revelar pouco relevantes para a

avaliação de efeitos que se pretende centrada nos aspectos mais significativos e estratégicos para a

tomada de decisão. No mesmo sentido, foram mobilizados alguns indicadores adicionais, sendo o

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34 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

tratamento do FCD 1 – Desenvolvimento socioeconómico paradigma dessa situação (as citadas carências

habitacionais é um bom exemplo neste âmbito).

3.4. Pareceres das entidades sobre o Relatório Ambiental

A versão anterior do Relatório Ambiental, datada de Abril de 2009, foi submetida a consulta das entidades

com responsabilidades ambientais específicas, nos termos do Artigo 7.º do Decreto-Lei n.º 232/2007, de

15 de Junho. Essa consulta decorreu em simultâneo com a referente ao PP de Monte Gordo Poente

propriamente dito, tendo sido os pareceres emitidos em conferência de serviços realizada, em Faro, no dia

29 de Maio de 2009.

No quadro abaixo indicam-se, de forma sumária, as recomendações das entidades relativas ao Relatório

Ambiental e, sem propósitos de exaustividade, também as principais recomendações relativas ao PP (na

sua versão anterior, datada de Março de 2009), pertinentes no presente contexto avaliativo:

Quadro 3.4.1 – Sinopse dos pareceres das entidades sobre o Relatório Ambiental (versão Abril de

2009) e sobre o Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente (versão Março de 2009)

Entidade Relatório Ambiental Plano de Pormenor

Administração da Região

Hidrográfica do Algarve, I.P.

Nada a assinalar

Relocalização do apoio de praia de modo a incidir na Unidade Balnear (UB) 1; O apoio de praia e a zona envolvente deverão ter um carácter ligeiro, amovível, em estruturas sobrelevadas, de modo a cumprir o disposto no POOC (de acordo com o sugerido no Relatório Ambiental).

Administração Regional de Saúde

do Algarve Nada a assinalar Nada a assinalar

Autoridade Nacional de

Protecção Civil – Comando Distrital de

Operações de Socorro de Faro

Nada a assinalar

Implementação de faixas de gestão de combustíveis, no que concerne à defesa da floresta contra incêndios; Demarcação de zonas inundáveis e salvaguarda de que as cotas dos pisos de habitação são superiores à cota local de máxima cheia; Implementação de medidas de segurança contra o risco de incêndio; Implementação de medidas mitigadoras relativamente ao risco sísmico, tsunamis e galgamentos oceânicos; Mencionar as opções do Plano não colocam pessoas, bens e ambiente em perigo e reflectem os riscos naturais e tecnológicos existentes.

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 35

Entidade Relatório Ambiental Plano de Pormenor

CCDR Algarve

Inclusão, no Sistema de Indicadores de Desenvolvimento Sustentável (Secção 8.2), de indicadores relacionados com as densidades de ocupação e de uso do solo; Verificar a compatibilidade do equipamento proposto (apoio de praia) com o POOC Vilamoura-VRSA; Reponderar o quadro de oportunidades e riscos relativo ao FCD 2 – Ordenamento do Território, no que se refere ao Uso do Solo e à Estrutura Verde Urbana; Avaliar a capacidade de carga de Monte Gordo em termos de camas turísticas; Verificar a incorporação das recomendações do Relatório Ambiental.

Apresentação de uma solução alternativa, mais equilibrada no que se refere aos parâmetros urbanísticos (índice de utilização bruto, volumetria, densidade habitacional); Incorporação de áreas destinadas a equipamentos de utilização colectiva; Distribuição dos benefícios e encargos; Aplicar a Portaria n.º 216-B/2008, de 3 de Março, no que se refere aos espaços verdes propostos; Outros aspectos pontuais.

Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade, I.P. – DG Áreas Classificadas e

Zonas Húmidas

Verificar a incorporação das recomendações do Relatório Ambiental.

Integração no Plano e no respectivo regulamento das recomendações e medidas de gestão indicadas no Relatório Ambiental, nomeadamente:

• Plantação nos espaços verdes de espécies autóctones;

• Medidas relacionadas com a salvaguarda do património natural e da paisagem em áreas adjacentes ao Plano.

Requalificação da área da Mata Nacional das Dunas Litorais de VRSA contígua ao Plano.

IGESPAR, I.P. – Extensão

Territorial de Silves

Inclusão de elementos complementares na caracterização, na avaliação, nas recomendações e nas medidas de gestão; Verificar a articulação com outros planos de ordenamento, nomeadamente, com o PROT.

Inclusão de elementos complementares no Regulamento, Relatório e Planta de Implantação.

Turismo de Portugal, I.P. Nada a assinalar

Identificação da dotação de estacionamento para a instalação de empreendimentos turísticos; Especificação da categoria mínima dos empreendimentos turísticos, de modo a promover a qualificação da oferta turística; Identificação de parâmetros (n.º de unidades de alojamento, n.º de camas, n.º mínimo de lugares de estacionamento).

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4. Caracterização da Situação de Referência

4.1. Introdução

A caracterização da situação de referência incidiu sobre os Domínios de Análise associados aos cinco

Factores Críticos de Decisão indicados no capítulo anterior (cf. também Quadro 3.3.1):

• FCD 1 – Desenvolvimento socioeconómico;

• FCD 2 – Ordenamento do território;

• FCD 3 – Protecção dos valores locais e regionais;

• FCD 4 – Qualidade do ambiente e utilização de recursos naturais;

• FCD 5 – Riscos naturais e tecnológicos.

Estes factores foram abordados de forma integrada no território em estudo e na sua envolvente,

reportando sempre à legislação em vigor, bem como aos planos de ordenamento e outros diplomas

considerados pertinentes para a dinâmica funcional dos sistemas em análise.

A base espacial de análise foi definida tendo em conta a área de influência do Plano de Pormenor que,

para alguns Factores/Domínios de Análise, corresponde directamente à Área de Intervenção do Plano e,

para outros, é mais alargada. Assim, a caracterização da situação de referência foi realizada a diferentes

escalas, dependendo do tópico em análise, de modo a permitir a avaliação adequada dos potenciais

efeitos da implementação do Plano.

Para cada Factor Crítico de Decisão foi efectuada uma projecção da evolução da situação de referência na

ausência do Plano, que constitui um termo de comparação para a avaliação dos eventuais efeitos

positivos e negativos inerentes à aprovação e implementação do Plano.

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4.2. Desenvolvimento socioeconómico (FCD 1)

O Factor Crítico de Decisão Desenvolvimento socioeconómico foi trabalhado segundo a perspectiva

estratégica de uma Avaliação Ambiental abordada na Secção 1.4.2. Assim, não se pretende descrever

exaustivamente a situação de referência (como é comum em estudos de Avaliação de Impacte Ambiental)

mas apenas isolar os aspectos mais relevantes dada a natureza da Proposta de Plano de Pormenor de

Monte Gordo Poente.

Em particular, privilegiou-se a identificação das principais tendências em detrimento de uma análise

estática, de modo a potenciar-se uma visão estratégica a médio e longo prazo. Adicionalmente, focalizou-

se o esforço de investigação num conjunto limitado de Domínios de Análise (sem prejuízo, contudo, dos

compromissos assumidos em sede de Proposta de Definição de Âmbito), a saber:

• Desenvolvimento turístico;

• População, emprego e desemprego;

• Qualidade de vida das populações e do espaço urbano.

4.2.1. Desenvolvimento turístico

4.2.1.1. A importância estratégica do Algarve no desenvolvimento turístico nacional

O Governo divulgou, em Janeiro de 2006, o Plano Estratégico Nacional do Turismo 2006-2015 (PENT), que

viria a ser transposto para a Resolução do Conselho de Ministros n.º 53/2007, de 4 de Abril.

O PENT assume a seguinte “visão estratégica ambiciosa, mas exequível: Portugal deverá ser um dos

destinos de maior crescimento na Europa [no horizonte de 2015], através do desenvolvimento baseado na

qualificação e competitividade da oferta, transformando o sector num dos motores de crescimento da

economia nacional” (Governo da República Portuguesa, 2007b).

Essa visão assenta numa proposta de valor para Portugal ancorada em quatro Elementos Diferenciadores

– Clima e Luz; História, Cultura e Tradição; Hospitalidade e Diversidade Concentrada – que se cruzam, por

sua vez, com três Elementos Qualificadores: Autenticidade Moderna; Segurança e Qualidade Competitiva.

No caso concreto do Algarve, os objectivos operacionais do PENT apontam para 13,7 a 13,9 milhões de

dormidas em 2015, correspondendo a um crescimento médio de 2,7% ao ano. Em termos de receitas

(proveitos dos estabelecimentos hoteleiros), os objectivos são mais ambiciosos, apontando para a

duplicação dos valores observados em 2006.

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 39

O desempenho previsto para esta região “deverá ser suportado pela requalificação e o crescimento em

valor, efectuando-se uma aposta no Sol e Mar multi-segmentado, e na redução da sazonalidade

potenciada pela aposta no Turismo de Negócios e no Golfe. Pretende-se ainda aumentar a diversidade,

desenvolvendo outros produtos e potenciar Resorts Integrados com oferta hoteleira de referência

internacional” (MEI, 2006)6.

O Algarve caracteriza-se, aliás, por permitir o desenvolvimento de vários produtos, de entre os dez

Produtos Turísticos Estratégicos indicados pelo PENT, a saber:

• Sol e Mar;

• Touring Cultural e Paisagístico;

• City Break;

• Turismo de Negócios;

• Turismo de Natureza;

• Turismo Náutico (incluindo Cruzeiros);

• Saúde e Bem-Estar;

• Golfe;

• Resorts Integrados e Turismo Residencial;

• Gastronomia e Vinhos.

Quadro 4.2.1 – Factores distintivos do Algarve por produto estratégico para a região

Produto turístico estratégico Factores distintivos do Algarve

Sol e Mar Qualidade das praias e condições do mar

Clima ameno todo o ano

Turismo de Negócios Clima ameno

Oferta hoteleira de qualidade disponível na época alta do produto

Golfe Concentração de campos de qualidade

Número de horas de sol diárias Clima ameno todo o ano

Turismo Náutico Resorts Integrados e Turismo Residencial

Saúde e Bem-Estar

Rede de instalações náuticas Clima ameno todo o ano

Fonte: Governo da República Portuguesa (2007b)

De facto, para além do Sol e Mar, o produto core do Algarve, bem como do Golfe e do Turismo de

Negócios, que surgem a um segundo nível como produtos complementos estratégicos do produto core

6 Os negritos são da responsabilidade da NEMUS.

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40 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

(visando a multi-segmentação e a redução da sazonalidade), o Algarve possui grandes potencialidades em

termos de desenvolvimento dos produtos Turismo Náutico, Resorts Integrados e Turismo Residencial e

Saúde e Bem-Estar – como o próprio PENT reconhece. Tal deriva de um conjunto de factores distintivos,

que se indicam no quadro anterior.

4.2.1.2. As potencialidades do Sotavento e de Monte Gordo

O Sotavento Algarvio e, em particular, Monte Gordo possuem condições óptimas para o desenvolvimento

do principal produto turístico do Algarve: Sol e Mar. De facto, nessa sub-região, os factores distintivos do

Algarve nesse âmbito surgem em grande evidência: praias dunares contínuas ao longo de dezenas de

quilómetros, de areia fina e com condições óptimas de mar para a prática balnear e clima mais ameno face

ao do Barlavento.

Adicionalmente, o golfe tem vindo a assumir uma importância estratégica na qualificação do produto

turístico algarvio que se observa nos últimos anos. Aliás, o Algarve é hoje considerado um dos principais

destinos de golfe na Europa, atraindo a atenção de importantes operadores turísticos e de investidores

estrangeiros, nomeadamente, de origem alemã e norte americana7.

Ora, os concelhos mais orientais do Algarve (Tavira, Castro Marim e Vila Real de Santo António) têm vindo

a posicionar-se de forma muito interessante na oferta de golfe do Algarve. De facto, estão já a operar

nessa sub-região seis campos de golfe de grande qualidade e considerados referenciais na oferta algarvia

(cf. Quadro 4.2.2).

Apesar de nenhum destes campos de golfe se localizar na Freguesia de Monte Gordo, todos eles estão

relativamente próximos (a menos de 20 km), notando ainda que é no Concelho de Vila Real de Santo

António que se localizam os campos mais recentes (entre os indicados no Quadro 4.2.2), bem como as

principais intenções de investimento em novos campos. Monte Gordo está, desta forma, numa posição

estratégica para se assumir como local de oferta de alojamento dirigido ao golfista que procura o

Sotavento Algarvio, complementar à proporcionada pelos próprios resorts integrados.

7 São disso ilustração o investimento de uma participada do Grupo TUI num hotel de 4 estrelas com 600 camas

inserido no resort Quinta da Ria (CMVRSA, 2006) bem como o investimento de 30 milhões de euros da

Guggenheim Nicklaus Partners (GNP) no projecto imobiliário do resort Monte Rei (Monte Rei, s.d.). Notar que

ambos os investimentos têm como destino a Freguesia de Vila Nova de Cacela do Concelho de Vila Real de Santo

António, do qual faz parte também a Freguesia de Monte Gordo (para além da freguesia sede de concelho).

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 41

Quadro 4.2.2 – Campos de golfe existentes nos concelhos de Tavira, Castro Marim e Vila Real de Santo

António

Nome Localidade Concelho Arquitecto Ano de

abertura

N.º de

buracos Par

Compri-

mento

(m)

Benamor Conceição de

Tavira Tavira

Sir Henry

Cotton 2000 18 71 5.500

Castro Marim Castro Marim Castro

Marim Terry Murrey 2000 18 72 6.250

Quinta do Vale Monte S.

Francisco

Castro

Marim

Severiano

Ballesteros 2007 18 72 6.510

Quinta da Ria Vila Nova de

Cacela VRSA

Rocky

Roquemore 2002 18 72 6.016

Quinta de Cima Vila Nova de

Cacela VRSA

Rocky

Roquemore 2002 18 72 6.256

Monte Rei

Sesmarias –

Vila Nova de

Cacela

VRSA Jack Nicklaus 2007 18 72 6.567

Total 108 - 37.099 Fontes: Portugal Virtual (2008) e Portal de Turismo do Algarve (2008)

Monte Gordo pode também vir a ser um destino interessante de Turismo de Negócios, quer pela

concentração de oferta hoteleira que já possui (cf. mais abaixo), quer pelo suporte urbano que oferece. O

desenvolvimento desse produto é, como se referiu na secção anterior, de interesse estratégico para o

Algarve.

Contudo, o posicionamento de Monte Gordo nesses dois produtos turísticos (golfe e negócios) de elevado

valor acrescentado exige a requalificação, a diversificação e a valorização da respectiva oferta hoteleira.

O facto de Monte Gordo constituir já um perímetro urbano é, desde logo, uma potencialidade em termos

de desenvolvimento turístico. De facto, de acordo com o PROT Algarve, “dentro dos aglomerados urbanos

será permitida qualquer tipologia de empreendimentos turísticos, sem limite de número de camas e sem

prejuízo das normas de salvaguarda dos sistemas do litoral e de protecção e valorização ambiental

definidos no PROT Algarve” (CCDR Algarve, 2007a).

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42 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

4.2.1.3. Uma oferta hoteleira desequilibrada e de qualidade mediana

A oferta hoteleira do Concelho de Vila Real de Santo António localiza-se fundamentalmente em Monte

Gordo. De facto, como revela o Quadro 4.2.3, de acordo com o último inventário por freguesia realizado

pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), em 2002, 23 dos 30 equipamentos hoteleiros do citado

concelho localizavam-se na Freguesia de Monte Gordo, ou seja, 77%.

Quadro 4.2.3 – Distribuição dos equipamentos hoteleiros por freguesia do concelho de Vila Real de Santo

António segundo o tipo de equipamento (2002)

Freguesia

Hot

el

Hot

el

apar

tam

ento

Pen

são

Est

alag

em

Mot

el

Pou

sada

Ald

eam

ento

tu

ríst

ico

Pou

sada

da

juve

ntud

e

Par

que

de

cam

pism

o

Col

ónia

de

féri

as

Tur

ism

o em

es

paço

rur

al

Tot

al

Vila Nova de Cacela 1 0 0 0 0 0 1 0 1 0 0 3

Vila Real de Santo António 2 0 1 0 0 0 0 1 0 0 0 4

Monte Gordo 6 10 5 0 0 0 1 0 1 0 0 23

Total 9 10 6 0 0 0 2 1 2 0 0 30

Fonte: INE (2006)

Como evidencia o mesmo quadro, a oferta hoteleira de Monte Gordo é também ela desequilibrada, com o

predomínio de hotéis apartamento em detrimento da hotelaria tradicional e dos aldeamentos turísticos. A

excessiva importância relativa dos aparthotéis é um problema relativamente comum no Algarve,

amplamente apontado por outros diagnósticos regionais e locais [cf., nomeadamente, (Martins e Centeno,

1999)], que resultou de uma certa focalização do investimento turístico-imobiliário nesse tipo de oferta ao

longo das décadas de 60, 70 e 80 do séc. XX, não constituindo Monte Gordo excepção no contexto

regional.

Quadro 4.2.4 – N.º de estabelecimentos turísticos (classificados) e respectiva capacidade (n.º de camas),

segundo o tipo de estabelecimento – Concelho de Vila Real de Santo António (2002 e 2006)

Indicador de oferta turística

2002 2006

Hotéis Pensões Outros Total Hotéis Pensões Outros Total

N.º de estabelecimentos 7 4 6 17 8 4 7 19

Capacidade de alojamento (n.º de camas) 1.826 184 1.948 3.958 3.039 106 2.155 5.300

Nota: os dados apresentados abrangem apenas os estabelecimentos classificados pela Direcção-Geral do Turismo / Turismo de Portugal, I.P. Fonte: INE (2004) (2007a)

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 43

O número de estabelecimentos classificados pela Direcção-Geral do Turismo / Turismo de Portugal, I.P. é

inferior. Em 2002, de acordo também com o INE (2004), só 17 dos 30 equipamentos indicados no Quadro

4.2.3 estavam classificados: 7 hotéis, 4 pensões e 6 outros estabelecimentos turísticos. Em 2006, esse

número elevava-se a 19, fruto da classificação de mais um hotel e de um estabelecimento não especificado

(“outro”). Em 2006, o número total de camas turísticas do Concelho Vila Real de Santo António8 era de

5.300, mais +33,9% face ao volume observado em 2002 (3.958; cf. Quadro 4.2.4).

Quadro 4.2.5 – Oferta hoteleira de Monte Gordo (2007)

Tipo Estabelecimento Categoria

Hotel-Apartamento

Hotel Apartamento Iberotel Praia de Monte Gordo * * * * Hotel Apartamento Dunamar * * * * Hotel Apartamento Monte Sol * * *

Hotel Apartamento Calema Jardim * * * Hotel Apartamento Calema * * *

Hotel Apartamento Alba * * *

Hotel

Hotel Casablanca Inn * * * * Hotel Baía de Monte Gordo * * *

Hotel dos Navegadores * * * Hotel Alcazar * * *

Hotel Vasco da Gama * * * Apartamentos Turísticos Apartamentos Turísticos Guadiana * * *

Pensão Pensão Restaurante Promar 3.ª

Pensão Vila Formosa Residencial 3.ª Pensão Paiva Residencial 2.ª

Parque de Campismo Parque de Campismo Municipal de Monte Gordo * Fonte: MEI (2007)

Informação mais recente a que a NEMUS teve acesso, tendo como fonte o Inventário de Recursos

Turísticos do Turismo de Portugal, I.P. (MEI, 2007), confirmam o predomínio da tipologia hotel

apartamento em Monte Gordo na actualidade (6 estabelecimentos) face aos hotéis (5), aos apartamentos

turísticos (um), pensões (3) e parque de campismo (1) o número de estabelecimentos turísticos classifica

(cf. Quadro 4.2.5).

Desta forma, em Monte Gordo existem actualmente 16 estabelecimentos turísticos classificados. Os dados

fornecidos pelo Turismo de Portugal, I.P. sugerem ser essa oferta hoteleira, em geral, de qualidade

mediana. De facto, predominam em Monte Gordo as unidades de 3 estrelas, existem apenas 3 unidades de

4 estrelas (das quais, 2 hotéis apartamento) e não existe qualquer hotel classificado com 5 estrelas. A

mesma fonte revelou também 4 ocorrências objecto de parecer favorável mas com o respectivo processo

de licenciamento ainda não concluído. Tratam-se de 3 projectos de alterações, referentes a um hotel

apartamento, a um conjunto de apartamentos turísticos e a uma pensão existentes (não identificados pelo

8 Esta informação mais actual é divulgada pelo INE com uma desagregação máxima por concelho.

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44 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

Turismo de Portugal, I.P.), bem como de um projecto para um novo conjunto de apartamentos turísticos de

3 estrelas.

Estas intenções de investimento confirmam a tendência para a especialização de Monte Gordo num

segmento médio e médio-baixo da oferta turística, que importa contrariar dadas as potencialidades

referidas anteriormente bem como a procura revelada recentemente (cf. secção seguinte).

4.2.1.4. Uma procura turística em afirmação

O carácter algo desequilibrado e mediano da oferta hoteleira do Concelho de Vila Real de Santo António (e

de Monte Gordo, em particular) não tem impedido, contudo, o crescimento sustentado da respectiva

procura turística, em contra-ciclo com as tendências que se observam para o Algarve em geral.

Quadro 4.2.6 – Evolução do número de dormidas no Algarve e no Concelho de Vila Real de Santo António

(2004-2006)

Região / Concelho N.º de dormidas Taxa de variação (%)

2004 2005 2006 2004-05 2005-06 2004-06

Algarve 13.252.873 13.814.274 14.163.652 4,2 2,5 6,9

VRSA 798.897 920.308 968.448 15,2 5,2 21,2 Fontes: INE (2005, 2006a e 2007a)

De facto, sabe-se que a procura turística dirigida ao Algarve tem vindo a apresentar, nos últimos anos,

uma ligeira recuperação, tendo evoluído de (aproximadamente) 13,3 milhões de dormidas em 2004 para

14,2 milhões de dormidas em 2006 (crescimento acumulado de +6,9%; cf. Quadro 4.2.6). Ora, o Concelho

de VRSA apresentou um aumento muito significativo do número de dormidas ao longo desse período

(+170 mil), correspondendo a um crescimento acumulado de +21,2% em apenas dois anos.

Em termos relativos, VRSA passou a absorver, em 2006, 6,8% da procura turística dirigida ao Algarve

quando, em 2004, representava apenas 6% da mesma. Ou seja, em apenas dois anos, VRSA aumentou o

seu share na procura turística regional em 0,8 pontos percentuais.

VRSA apresenta também, no contexto regional, valores mais favoráveis em termos de taxa de ocupação

das respectivas camas turísticas. De facto, como revela a Figura 4.2.1, ao longo do período analisado

(2004-2006), o concelho em estudo apresentou sempre uma taxa de ocupação superior à média do

Algarve (apesar de acompanhar as tendências regionais). Em particular, em 2006 a taxa de ocupação foi

de 51% para VRSA, ou seja, 6,8 pontos percentuais acima da média do Algarve. Essa diferença

acentuou-se ao longo do período: em 2004, era de apenas 2,5 pontos percentuais. Estes indicadores são

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 45

importantes porque revelam uma maior escassez de camas face à procura no Concelho de VRSA,

comparativamente com o que se observa em geral para o Algarve.

40,9

42,5

44,2

43,4

47,7

51,0

40

42

44

46

48

50

52

2004 2005 2006

Algarve Vila Real de Santo António

23,6

22,9

23,5

33,8

35,3 35,8

20

25

30

35

40

2004 2005 2006

Algarve Vila Real de Santo António

Fontes: INE (2005, 2006a e 2007a) Fontes: INE (2005, 2006a e 2007a)

Figura 4.2.1 – Evolução da taxa de ocupação-cama

(bruta) no Algarve e no Concelho de Vila Real de

Santo António (2004-2006) (%)

Figura 4.2.2 – Evolução da proporção de residentes

nacionais nas dormidas no Algarve e no Concelho de

Vila Real de Santo António (2004-2006) (%)

O Sotavento Algarvio sempre se caracterizou pela importância relativa dos portugueses na procura

turística que lhe é dirigida, fruto do seu desenvolvimento ulterior face a outros sub-destinos mais

conhecidos e internacionalizados (por exemplo, Albufeira). VRSA não escapa a essa regra, apresentando

um peso relativo de residentes nacionais no total de dormidas de 35,8%, em proporção algo superior aos

23,5% verificados para o Algarve em 2006 (cf. Figura 4.2.2). Aliás, o concelho em estudo apresentou, entre

2004 e em 2006, uma tendência de crescimento da importância relativa dos portugueses na procura

turística, não observada ao nível da Região (cf. a mesma figura).

Paralelamente, a procura turística com origem no estrangeiro apresenta também um padrão algo diferente

face ao que é comum no Algarve. De facto, o Reino Unido e a Alemanha, não deixando de ser mercados de

origem importantes para a oferta hoteleira de VRSA (15,2% e 5,6% das dormidas, respectivamente), são

suplantados neste concelho do Sotavento por uma forte procura tendo como origem os Países Baixos e

também “outros países” da UE-25 (União Europeia excepto Portugal, Países Baixos, Reino Unido,

Alemanha, Espanha, França e Itália) (25,3% e 9,5% das dormidas em 2006). Importa ainda realçar o peso

relativo nas dormidas dos países não pertencentes à UE-25 (3,8%), próximo do referente a Espanha (4,3%)

(cf. Figura 4.2.3).

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46 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

Portugal35,8%

Países Baixos25,3%

Reino Unido15,2%

Outros países UE 259,5%

Alemanha5,6%

Espanha4,3%

França0,3% Itália

0,1%Outros países

3,8% Portugal

Países Baixos

Reino Unido

Outros países EU-25

Alemanha

Espanha

França

Itália

Outros países

(*) Não inclui Portugal, Alemanha, Espanha, França, Itália, Países Baixos e Reino Unido. Fontes: INE (2005, 2006a e 2007a)

Figura 4.2.3 – Distribuição do total de dormidas no Concelho de Vila Real de Santo António por país de

origem (2006) (%)

Em particular, a procura proveniente dos “Outros países da UE-25” apresentou uma importante tendência

de crescimento entre 2004 e 2006 em VRSA (passou de 7,5% para 9,5% das dormidas), não se tendo

verificado o mesmo tipo de tendência ao nível da Região (passou de 9,8% para 9,3% no mesmo período;

cf. Figura 4.2.4).

9,8

8,9

9,3

7,5

7,7

9,5

7

8

9

10

2004 2005 2006

Algarve Vila Real de Santo António

Nota: A categoria “Outros países da UE” não inclui Portugal, Alemanha, Espanha, França, Itália, Países Baixos e Reino Unido. Fontes: INE (2005, 2006a e 2007a)

Figura 4.2.4 – Evolução do peso relativo (%) dos residentes em “Outros países da UE-25” no total de

dormidas ocorridas no Concelho de Vila Real de Santo António (2004-2006)

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 47

Esta progressiva especialização de VRSA em mercados emissores como os Países Baixos, bem como em

outros países tradicionalmente menos importantes na estrutura da procura turística do Algarve (ainda

muito dominada pelo Reino Unido e pela Alemanha, para além de Portugal), revela uma interessante

capacidade em complementar a oferta já existente na Região.

É de esperar que uma significativa parte desses “novos turistas” que estão a procurar Monte Gordo (e o

concelho de Vila Real de Santo António) sejam provenientes dos países nórdicos (Noruega, Suécia,

Dinamarca e Finlândia), fruto de um conhecido acordo efectuado entre uma das mais modernas unidades

hoteleiras dessa vila e os operadores nórdicos de um importante grupo turístico multinacional, de origem

germânica (Grupo TUI).

4.2.2. População, emprego e desemprego

A Freguesia de Monte Gordo apresenta indicadores demográficos típicos de um território urbano: a

densidade populacional é elevada (937 habitantes por km2) no contexto local e regional e o

envelhecimento não é muito acentuado (79 residentes com 65 e mais anos por cada 100 residentes com

menos de 15 an0s) (cf. Quadro 4.2.7).

Quadro 4.2.7 – Indicadores seleccionados de população e desemprego por freguesia do Concelho de Vila

Real de Santo António (2001)

Região / Concelho / Freguesia

População residente

Densidade populacio-

nal

Índice de envelheci-mento (*)

Taxa de desemprego (sentido lato)

Ambos os sexos Mulheres

N.º Hab./km2 % %

Algarve 395.218 79,1 127,5 6,2 8,1

Vila Real de Santo António (Concelho) 17.956 295,0 112,4 8,4 12,3

Vila Nova de Cacela 3.462 75,2 184,4 6,9 13,2

Vila Real de Santo António (Freguesia) 10.542 991,7 108,5 8,1 10,9

Monte Gordo 3.952 936,5 78,7 10,1 15,4

(*) Pop. 65 + anos / Pop. 0-14 anos x 100 Fonte: INE (2001)

Não é conhecida a evolução, desde 2001, da população residente em Monte Gordo. No entanto, as

estimativas intercensitárias divulgadas pelo INE apontam para uma tendência de crescimento da

população do Concelho de Vila Real de Santo António a uma taxa de +0,40% ao ano. Trata-se de um

crescimento moderado no contexto regional dado que se estima que a população algarvia tenha crescido,

entre 2001 e 2007, a uma taxa média anual de +1,18% (cf. Quadro 4.2.8).

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48 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

Quadro 4.2.8 – Estimativa do crescimento da população do Algarve e do Concelho de Vila Real de Santo

António (2001-2007)

Região / Concelho

População Residente (n.º de habitantes)

Taxa de Crescimento Médio Anual

(%) 2001 2007

Algarve 395.218 423.957 +1,18

Vila Real de Santo António (Concelho) 17.956 18.393 +0,40

Fonte: INE (2001) (2008)

Assumindo que a população de Monte Gordo cresceu, desde 2001, a uma taxa idêntica à média observada

para o respectivo concelho entre 2001 e 2007, a freguesia em estudo deverá ter, actualmente (2008), cerca

de 4.064 habitantes [≅ 3.952 * (1,004) ^ 7]. Ou seja, a população residente em Monte Gordo deverá estar

estabilizada em torno dos 4 mil habitantes. Na época alta balnear (Julho-Agosto), a população presente

deverá oscilar, muito provavelmente, entre 12 a 16 mil habitantes – de acordo com o que se sabe

relativamente a outros aglomerados urbanos do litoral algarvio com características similares a Monte

Gordo, que triplicam ou mesmo quadruplicam a respectiva população residente (AdA e Hidroprojecto,

2007).

6

7

8

9

10

11

12

Dez. 2004 Dez. 2005 Dez. 2006 Dez. 2007

Vila Real de Santo António Área CTE VRSA

Algarve Continente

Fonte: IEFP (2004) (2005) (2006) (2007) e INE (2008)

Figura 4.2.5 – Evolução do rácio Desemprego registado / População activa estimada (%) na área do Centro

de Emprego de VRSA, no Algarve e no Continente (Dezembro de 2004 – Dezembro de 2007)

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 49

Em 2001, Monte Gordo apresentava indicadores preocupantes de desemprego (em sentido lato), com

taxas de desemprego total e feminina (10,1% e 15,4%, respectivamente) muito superiores às observadas

quer para o Concelho de Vila Real de Santo António (8,4% e 12,3%) quer, sobretudo, para o Algarve (6,2%

e 8,1%) (cf. Quadro 4.2.7, acima).

A evolução mais recente (Dezembro de 2004 – Dezembro de 2007) do fenómeno, não sendo conhecida

para o caso concreto de Monte Gordo mas apenas por concelho, aponta para a manutenção da posição

desfavorável de Vila Real de Santo António – tendo permanecido, nos últimos anos, como o concelho do

Sotavento com maior incidência de desemprego9 (cf. Figura 4.2.5 e Quadro 4.2.9).

Quadro 4.2.9 – Distribuição dos desempregados inscritos nos centros de emprego por concelho da área do

Centro de Emprego de VRSA, segundo as suas principais características (Dezembro de 2007)

Território

Desemprego registado nos centros de emprego

Total Mulheres DLD (b) 1.º emprego

< 25 anos

Rácio (c)

N.º % (a) % % % % %

Alcoutim 38 2,6 50,0 28,9 13,2 21,1 3,5

Castro Marim 153 10,6 70,6 17,6 7,2 17,0 5,9

Tavira 582 40,4 67,5 12,2 4,8 14,6 5,3

Vila Real de Santo António 666 46,3 71,6 12,2 5,1 19,2 7,7

Área Centro Emprego VRSA 1.439 0,4 69,3 13,2 5,4 17,2 6,2

Algarve 14.035 3,7 61,9 16,5 5,8 15,1 6,9

Continente 377.436 100,0 59,9 41,8 9,4 13,5 7,7

(a) Para os quatro concelhos da área do CTE de VRSA: % relativa ao total dessa sub-região; para os demais casos: % face ao Continente (b) Desemprego de longa duração, ou seja, com pelo menos 12 meses contínuos (c) Rácio desemprego registado / população activa estimada – Aproximação à taxa de desemprego Fontes: IEFP (2007), INE (2001 e 2008)

Os dados mais recentes disponibilizados pelo IEFP (Dezembro de 2007), confirmam a importância do

desemprego feminino no Concelho de Vila Real de Santo António – e, muito provavelmente, no caso

9 A taxa de desemprego por concelho foi aproximada pelo rácio entre os desempregados inscritos nos centros de

emprego do IEFP (Instituto do Emprego e Formação Profissional) e a população activa, esta última estimada com

base nas estimativas intercensitárias do INE (2008) e na taxa de actividade apurada também pelo INE, nos Censos

2001 (uma variável estrutural que habitualmente oscila pouco a curto prazo). Este procedimento analítico justifica-

se, por um lado, pelo facto do Inquérito ao Emprego do INE não estimar taxas de desemprego por concelho (a sua

representatividade máxima é a região NUTS II) e, por outro lado, por a taxa de desemprego apurada pelos Censos

ser pouco actual (2001) e muito lata em termos conceptuais, inviabilizando uma análise precisa do fenómeno do

desemprego.

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particular de Monte Gordo, dada a situação já observada em 2001 (cf. indicações anteriores). De facto, as

mulheres representam cerca de 72% dos 666 desempregados inscritos no Centro de Emprego de Vila Real

de Santo António que residem nesse mesmo concelho. É importante notar que essa proporção é superior

às médias observadas para o Sotavento (59,9%), para o Algarve (61,9%) e para o Continente (59,9%) (cf.

Quadro 4.2.9).

Um traço característico da estrutura dos desempregados residentes em Vila Real de Santo António remete

para a importância dos mais jovens. Se é verdade que encontrar o primeiro emprego não parece ser muito

difícil (apenas 5,1% desses desempregados estão à procura de primeiro emprego), porventura fruto das

oportunidades sazonais que as actividades da fileira do turismo propiciam, também é verdade que 19,2%

dos desempregados residentes no concelho em estudo têm menos de 25 anos. Ora, essa proporção é mais

baixa quer no Sotavento (16,7%), quer no Algarve (15,1%), quer ainda no Continente (13,5%).

4.2.3. Qualidade de vida e do espaço urbano

4.2.3.1 Vivência do espaço urbano

O perímetro urbano de Monte Gordo é muito confinado e apresenta apenas duas vias de acesso: uma a

norte, que conecta com a EN 125 e que constitui a principal entrada/saída da Vila; outra a nascente

(EM 511), mais vocacionada para o tráfego local e urbano (Monte Gordo ↔ Vila Real de Santo António) e

que emboca directamente na Av. Infante Dom Henrique – a via marginal, que estrutura grande parte da

malha urbana de Monte Gordo. A Área de Intervenção do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente é

acedida preferencialmente através desta avenida que, nesta zona, termina numa rotunda com alguns

problemas funcionais (BCLC e Associados, 2009a).

As zonas consolidadas de Monte Gordo caracterizam-se, em geral, por um desenho urbano pouco

conseguido, algures entre um padrão orgânico herdado do antigo povoado piscatório e uma malha

ortogonal algo monótona e sem pontos focais de interesse, bem como por um edificado de altimetria

muito diversa e, em geral, pouco conseguido em termos de linguagem arquitectónica.

O carácter compartimentado e orgânico de Monte Gordo resulta, em alguns casos, numa vivência

interessante da rua e do espaço público, destacando-se, neste âmbito, a marginal (Av. Infante Dom

Henrique) bem como o núcleo de circulação pedonal estruturado pela Rua Pedro Álvares Cabral. Para essa

vivência mediterrânea do espaço público contribuem, de forma muito positiva, as actividades económicas

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 51

do comércio e da restauração10 que, em Monte Gordo, ainda assumem características tradicionais e de

proximidade – reforçando a imagem de vila genuína, acolhedora e familiar, não deixando de ser,

simultaneamente, cosmopolita.

No entanto, mesmo no estio, essa vivência da “cidade” tende a perder-se à medida que se caminha para

as franjas do povoado. De facto, Monte Gordo apresenta ainda alguns espaços sobrantes, por consolidar e

mal articulados com as malhas urbanas existentes, que contribuem para uma imagem de “cidade”

globalmente pouco favorável. Esses espaços coincidem, fundamentalmente, com as franjas mais

periféricas do perímetro urbano, quer a norte e a nascente (por onde se acede à Vila), quer a poente.

De facto, a zona mais ocidental de Monte Gordo apresenta uma situação de descontinuidade urbana

relativamente à restante malha do aglomerado. Ao longo do tempo têm sido implementadas

desordenadamente diversas construções de volumetrias muito diferenciadas, sem uma aparente conexão

ou articulação urbanística. Existem ainda terrenos livres de propriedade municipal e particular,

correspondendo a espaços sobrantes que resultam da implantação das diversas edificações entretanto

construídas e da rede viária desenvolvida (BCLC e Associados, 2009a).

Em particular, as formas urbanas existentes nessa zona, para além de apresentarem escalas muito

diversas – oscilando entre lotes de pequena largura com habitação unifamiliar (alguns herdados da antiga

ocupação piscatória), a norte, e edifícios isolados em altura, a sudeste –, não propiciam uma boa vivência

do espaço público. A própria localização periférica dessa área, comparável (quase) a um “beco sem

saída”, também não favorece a respectiva apropriação e fruição pelas populações, acentuando os

problemas morfológicos que decorrem de uma consolidação incipiente e de um crescimento desordenado.

10 O comércio a retalho é a actividade económica mais importante do Concelho de Vila Real de Santo António,

empregando 733 activos, ou seja, aproximadamente 16% de um total de 4.672 pessoas ao serviço dos

estabelecimentos localizados nesse concelho (de acordo com os Quadros de Pessoal do Ministério do Trabalho e

da Solidariedade Social de 2005). As actividades hoteleiras são a segunda actividade mais importante em termos de

emprego (663 pessoas ao serviço), seguida da restauração e similares (607). Estes dados referem-se apenas a activos

inseridos no quadro de pessoal dos estabelecimentos, não incorporando emprego de natureza temporária e

sazonal.

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52 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

4.2.3.2 Equipamentos colectivos

Monte Gordo parece apresentar algumas carências em termos de equipamentos colectivos de

proximidade. Em particular, essa freguesia não detinha, em 2002, equipamentos de saúde relativamente

comuns em territórios com características urbanas comparáveis, nomeadamente, clínicas particulares,

consultórios médicos, postos de enfermagem ou serviços auxiliares de diagnóstico (análises clínicas,

radiologia, TAC).

Quadro 4.2.10 – Equipamentos de saúde por freguesia do Concelho de Vila Real de Santo António (2002)

Tipo de Equipamento Freguesia

V.N. Cacela V.R. Santo António Monte Gordo

Hospital geral público 0 0 0

Centro de saúde ou extensão 1 1 1

Hospital/Clínica particular 0 0 0

Farmácia 1 3 1

Consultório médico 0 9 0

Posto de enfermagem 0 0 0

Análises clínicas Não Sim Não

Radiologia Não Sim Não

Ecografia Não Sim Não

TAC Não Sim Não

Centro de atendimento a toxicodependentes Não Sim Não

Clínica de tratamento de toxicodependência Não Não Não

Centro de reabilitação de deficientes motores Não Não Não

Centro de apoio a doentes com sida Não Não Não

Clínica de tratamento de alcoolismo Não Não Não Fonte: INE (2006)

Em termos de acção social, Monte Gordo possui apenas a valência de creche, prestada pelo Centro Infantil

“A Cegonha” (propriedade da Santa Casa da Misericórdia de VRSA), num concelho onde a maior parte das

valências de acção social são prestadas por equipamentos localizada na Cidade de VRSA (cf. Quadro

4.2.11).

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Quadro 4.2.11 – Número de respostas de acção social por freguesia do Concelho de Vila Real de Santo

António (2008)

Tipo de Equipamento por Área de Intervenção de Acção Social

Freguesia Concelho

de VRSA V.N. Cacela

V.R. Santo António

Monte Gordo

Infância e Juventude

Centro de Acolhimento Temporário 1 1

Creches 1 1 2

Sub-total 0 2 1 3

População Idosa

Apoio Domiciliário Integrado (ADI) 1 1

Centro de Dia 1 2 3

Lar de Idosos 1 1 2

Serviço de Apoio Domiciliário 1 2 3

Sub-total 3 6 0 9

Família e Comunidade

Refeitório/Cantina Social 1 1

Atendimento/Acompanhamento Social 1 1

Residência para pessoas com HIV/SIDA 1 1

Sub-total 0 3 0 3

Total 3 11 1 15 Fonte: MTSS (2008)

Em termos de equipamentos de cultura, lazer e desporto, Monte Gordo apresenta, actualmente (2008),

uma dotação menos desfavorável, notando que muitos equipamentos deste tipo apenas fazem sentido

existir nas sedes de concelho, por questões de racionalidade e eficiência económica.

De facto, apesar de Monte Gordo não possuir uma biblioteca pública ou museu, é dotado de cinema, de

um grande campo de jogos, de dois pequenos campos de jogos, de dois pavilhões desportivos, de dois

ginásios (ou salas de desporto), de sete campo de ténis, de três piscinas cobertas e de três piscinas ao ar

livre (cf. quadros 4.2.12 e 4.2.13).

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Quadro 4.2.12 – Dotação em equipamentos desportivos por freguesia do Concelho de Vila Real de Santo

António (2008)

Tipo de Equipamento

Freguesia

Vila Nova de

Cacela

Vila Real de

Santo António Monte Gordo

Grande campo de jogos 0 4 1

Pista de atletismo 0 1 0

Pista de atletismo coberta 0 1 0

Pequeno campo de jogos 6 15 2

Pavilhão desportivo 1 9 2

Ginásio / Sala de desporto 0 4 2

Campo de ténis 1 11 7

Piscina coberta 0 1 3

Piscina ao ar livre 0 2 3

Centro de equitação 0 0 0

Campo de golfe 3 0 0

Sala de squash 0 0 0 Fontes: informação disponibilizada pela Câmara Municipal de VRSA, INE (2006) e Portugal Virtual (2008)

Quadro 4.2.13 – Dotação em equipamentos de cultura e lazer por freguesia do Concelho de Vila Real de

Santo António (2008)

Tipo de Equipamento Freguesia

Vila Nova de Cacela

Vila Real de Santo António Monte Gordo

Centro Cultural/ Teatro/ Auditório Não Sim Não

Biblioteca aberta ao público Não Sim Não

Serviço de biblioteca itinerante Não Não Não

Museu Sim Não Não

Cinema Não Sim Sim

Clube recreativo, associação desportiva Sim Sim Sim Fonte: : informação disponibilizada pela Câmara Municipal de VRSA e INE (2006)

Monte Gordo é também dotado de um moderno casino (inaugurado em 1996), numa região que tem

apenas três equipamentos deste tipo (Vilamoura e Praia da Rocha são os demais casinos), o que lhe

confere uma posição de destaque na oferta de cultura e lazer no extremo mais oriental do Algarve.

O facto de Monte Gordo se localizar relativamente perto (cerca de 2,5 km) da sede do respectivo concelho

justifica grande parte das lacunas detectadas em equipamentos colectivos de proximidade, apesar de ser

evidente a existência de algumas oportunidades de desenvolvimento, nomeadamente, em matéria de

serviços de saúde privados e de apoio à família e ao jovem.

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4.2.3.3. Carências habitacionais e habitação a custos controlados

Em 2001, no Concelho de VRSA residiam 97 famílias em alojamentos não clássicos, ou seja, assumindo as

formas de “barraca, alojamento móvel, casa rudimentar de madeira, alojamento improvisado em

construção não destinada à habitação e outros locais não destinados à habitação (grutas, vãos de escada,

pontes, etc.)” (INE, 2001). A maioria (71%) dessas carências referia-se à sede do Concelho, havendo a

reportar apenas três famílias a residir de forma precária em Monte Gordo em 2001 (cf. Quadro 4.2.14).

Estas eram as carências habitacionais mais prementes de VRSA, mas não as únicas. Adoptando a

conhecida metodologia de Cardoso (1991), comummente utilizada em planos municipais e estudos sobre

habitação [cf., por exemplo, Plural (2004)], as carências habitacionais totais de VRSA estimavam-se em

790 fogos, tomando 2001 como ano de referência. Essas necessidades habitacionais ocorriam

fundamentalmente na Freguesia de VRSA (459 fogos), cifrando-se em 138 fogos no caso concreto de

Monte Gordo11 (cf. o mesmo quadro).

Quadro 4.2.14 – Estimativa das carências habitacionais de VRSA (2001)

Território

Famílias em alojamentos não clássicos

Famílias em fogos

partilhados

Famílias em alojamentos superlotados

Alojamentos anteriores a

1946

Carências habitacionais - Estimativa

(a) (b) (c) (d) (e)

Monte Gordo 3 58 300 17 138

Vila Nova de Cacela 25 35 252 202 194

VRSA (Freguesia) 69 128 686 291 459

VRSA (Concelho) 97 221 1.238 510 790

NOTA: Carências habitacionais (e) = a + 0,5.b + 0,33.c + 0,33.d Fonte: INE (2001)

11 Como evidencia o Quadro 4.2.14, as necessidades habitacionais foram estimadas considerando como ponto de

partida o número de famílias em alojamentos não clássicos acrescido de metade das famílias em fogos partilhados,

de um terço das famílias em alojamentos superlotados e das famílias em alojamentos obsoletos. Esta última grandeza

foi aproximada a um terço do total de alojamentos anteriores a 1946, notando que a idade técnica limite de

edifícios com uso habitacional é próxima dos 60 a 70 anos (Plural, 2004).

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Quadro 4.2.15 – Dotação de VRSA em habitação a custos controlados promovida pela Câmara Municipal e

respectiva taxa de ocupação, por freguesia e bairro (2008)

Freguesia e bairro N.º total de fogos

N.º de fogos ocupados por regime Taxa de

Ocupação

(%) Arrenda-

mento Compra Total

Monte Gordo

Bairro Navegantes 36 36 0 36 100

Bairro Sol Nascente 36 0 36 36 100

Sub-total 72 36 36 72 100

Vila Nova de Cacela

Bairro da Manta Rota 36 18 18 36 100

Bairro Social dos 24 Fogos 24 3 21 24 100

Sub-total 60 21 39 60 100

VRSA

Bairro do Encalhe 112 24 88 112 100

Bairro da Barquinha 144 75 69 144 100

Bairro Caminhos-de-Ferro 48 40 8 48 100

Bairro Operário Lazareto 52 3 48 51 98,1

Bairro da CP 13 12 0 12 92,3

Bairro Camarário da Rua Jorge

Padre Leiria 12 0 12 12 100

Bairro Social dos 160 Fogos 160 146 14 160 100

Sub-total 541 300 239 539 99,6

Total 673 357 314 671 99,7 Fonte: informação disponibilizada pela Câmara Municipal de VRSA

O número de pedidos/processos de solicitação de habitação a custos controlados actualmente (2008)

abertos nos serviços camarários referem-se a 765 pessoas, ou seja, a cerca de 270 famílias12. Tal

evidencia, porventura, uma situação mais aguda face a 2001, quando as necessidades mais críticas não

ultrapassavam, como se disse, a centena de famílias residentes em alojamentos não clássicos.

No Concelho de VRSA existem actualmente 12 bairros de habitação a custos controlados

promovidos/geridos pela Câmara Municipal. Apenas dois estão localizados na freguesia de Monte Gordo:

o Bairro Navegantes, com 36 fogos (todos em regime de renda apoiada), e o Bairro Sol Nascente, também

com 36 fogos (todos adquiridos a custos controlados) (cf. Quadro 4.2.15).

12 Considerando um número médio de 2,8 pessoas por família, observado para o Concelho de Vila Real de Santo

António em 2001 (INE, 2001).

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Os bairros Navegantes e Sol Nascente são os únicos bairros sociais existentes em Monte Gordo, num

concelho caracterizado por uma grande profusão de edificado desse tipo (cerca de ¼ do total) e cuja

iniciativa de construção nem sempre partiu da Câmara Municipal. De facto, em VRSA e em Monte Gordo

existem outros 12 bairros sociais promovidos por associações e cooperativas de moradores (em alguns

casos, apoiados pelo meteórico Programa SAAL – Serviço de Apoio Ambulatório Local) bem como por

entidades como a Igreja, a GNR ou os Bombeiros [cf. (CMVRSA, 2006a)].

Quadro 4.2.16 – Previsão de nova habitação a custos controlados (localização/bairro e n.º de fogos), por

freguesia (2008)

Freguesia Localização / Bairro N.º de Fogos

Monte Gordo Avenida da Catalunha 170

Sertão 24

VRSA

Sítio do Matadouro 34

Zona do Intermarché 84

Bairro dos Ideais 30

Zona da antiga EDP 28

Junto à rotunda do Bairro dos 160 Fogos 48

Total 418 Fonte: informação disponibilizada pela Câmara Municipal de VRSA

Actualmente, não existem fogos disponíveis a custos controlados em Monte Gordo, sendo esse também o

diagnóstico geral aplicado ao Concelho de VRSA. Dada esta escassez face ao número significativo de

pedidos/processos, a Câmara Municipal de VRSA está a implementar um ambicioso plano de investimento

em habitação social, envolvendo sete novos bairros e um total de 418 fogos (cf. Quadro 4.2.16). A sua

plena concretização permitirá aumentar em 60% a actual dotação em habitação a custos controlados (de

promoção camarária), com uma significativa margem de manobra face às necessidades existentes.

A maioria desses bairros projectados (ou já em construção) localiza-se na Cidade de VRSA. Não obstante,

para Monte Gordo está prevista a construção de 194 fogos a custos controlados (cf. Quadro 4.2.16).

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4.2.4. Evolução da situação de referência na ausência do plano

As principais tendências observadas em termos de desenvolvimento turístico, população, desemprego e

qualidade de vida e do espaço urbano permitem perspectivar a evolução de Monte Gordo a médio e longo

prazo em termos dos principais aspectos críticos do ponto de vista socioeconómico, mesmo num cenário

em que não se concretize o plano de pormenor em avaliação (alternativa zero). O próprio carácter

confinado da Vila torna esse exercício prospectivo menos arriscado na medida em que as possibilidades

de desenvolvimento urbano em extensão estão limitadas à partida por condicionantes do uso do solo.

Monte Gordo teve um período áureo em termos turísticos nas décadas de 60-70, quando concentrava uma

significativa parte da capacidade hoteleira algarvia de então. Muitos equipamentos hoteleiros existentes

na Vila datam dessa época, pautando-se os mesmos, em geral, por uma qualidade mediana e por

características pouco adaptadas às necessidades e aos gostos do turista contemporâneo (por exemplo,

hotéis apartamento de categoria média em torre). O próprio casino – um tipo de equipamento conotado

com um turismo mais tradicional – apresenta alguns problemas de rentabilidade económica e financeira,

que a proximidade à Andaluzia não contraria completamente.

Desta forma, Monte Gordo apresenta uma tendência latente para a decadência (parcial) do seu produto

turístico, que transparece, nomeadamente, na redução do número de unidades hoteleiras que se tem

observado nos últimos anos ou na afirmação do desemprego estrutural. Contudo, essa tendência não é

ainda “pesada” no sentido de não poder ser contrariada.

De facto, as praias do Sotavento são consideradas, por muitos, como as melhores do Algarve, não

constituindo Monte Gordo excepção. Para tal contribui também um clima muito ameno e a proximidade de

espaços naturais (protegidos) e, mais recentemente, de uma oferta de campos de golfe de elevada

qualidade. Paralelamente, a vila em estudo mantém ainda algum encanto e um ambiente muito genuíno,

que tem atraído, nos últimos anos, quer operadores turísticos relevantes (exemplo: Grupo TUI) quer

turistas nacionais e estrangeiros. Em particular, Monte Gordo (e o concelho de Vila Real de Santo António)

tem sido muito procurado por turistas provenientes dos países nórdicos e da Holanda, para além do

turista nacional.

Ora, caso o plano em avaliação não se concretize, bem como o plano de pormenor relativo ao remate

nascente da Vila, muito provavelmente o desfecho destas duas tendências que coexistem actualmente em

Monte Gordo – simultaneamente de decadência e de afirmação do produto turístico – não seria feliz. De

facto, Monte Gordo necessita de requalificar o seu espaço urbano, nomeadamente a sua zona poente, que

permanece desintegrada da demais malha urbana e contribui para uma imagem pouco favorável de

“cidade”.

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Adicionalmente, perder-se-ia, porventura, uma oportunidade única de reposicionar a oferta hoteleira, de

habitação turística e de espaços comerciais de Monte Gordo, notando que o espaço livre disponível no

respectivo perímetro urbano é muito escasso.

Relativamente à oferta de habitação a custos controlados, a Câmara Municipal de VRSA está já a executar

um ambicioso plano envolvendo a construção de 418 fogos, 170 dos quais localizados em Monte Gordo e

que cobrem a totalidade das carências habitacionais estimadas para essa freguesia (138 fogos).

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4.3. Ordenamento do território (FCD 2)

O ordenamento do território é indispensável para garantir a coexistência espacial harmoniosa dos diversos

valores anteriormente mencionados, assegurando a coerência e funcionalidade das unidades territoriais e

paisagísticas, incluindo as redes de mobilidade.

A presente secção desenvolve-se em consonância com a metodologia previamente indicada na Proposta

de Definição de Âmbito da Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente e descrita

nas secções 1.4 e 3.3. As principais fontes de informação utilizadas consistem nos instrumentos de

ordenamento relevantes em vigor, designadamente, os planos e programas de âmbito territorial aplicáveis

à área em estudo. O âmbito geográfico, em função do indicador considerado, inclui a área afecta ao Plano,

a Freguesia de Monte Gordo ou o contexto regional do Sotavento Algarvio.

4.3.1. Usos do solo

A área afecta à proposta do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente consiste em terrenos municipais e

privados que, actualmente, têm os seguintes usos (Figura 2.2.1 – Anexo I):

• Terrenos expectantes, terraplanados;

• Edifícios de características habitacionais, em situação de desconformidade com o Plano Director

Municipal em vigor;

• Vias não pavimentadas de acesso às edificações, em situação irregular, construídas no interior do

quarteirão.

Actualmente, a área afecta à proposta do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente confronta com as

seguintes ocupações do solo:

• Norte e Este – Malha urbana de Monte Gordo:

• Norte, moradias unifamiliares de dois pisos;

• Este, edifícios de seis a nove pisos acima do solo.

• Sul – Dunas (dunas primárias e zona interdunar); existem, actualmente, caminhos informais

relativamente largos que comprometem a conservação destas formações ao longo da faixa litoral

de Monte Gordo;

• Oeste – Mata Nacional das Dunas Litorais de Vila Real de Santo António.

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4.3.2. Instrumentos de ordenamento aplicáveis

As bases da política de ordenamento do território e de urbanismo em Portugal foram criadas com a

aprovação da Lei n.º 48/98 de 11 de Agosto. O Decreto-Lei n.º 380/99 de 22 de Setembro estabeleceu o

regime jurídico dos instrumentos de gestão territorial. A entrada em vigor da Lei nº 56/2007 de 31 de

Agosto e do Decreto-Lei nº 316/2007 de 19 de Setembro veio introduzir um conjunto significativo de

alterações ao Decreto-Lei n.º 380/99 e ao regime jurídico dos instrumentos de ordenamento do território.

Os instrumentos de ordenamento do território, em vigor, aplicáveis à área geográfica de implementação

do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente são os seguintes:

• Instrumentos de âmbito Nacional:

1. Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território (PNPOT), aprovado pela Lei

n.º 58/2007, de 4 de Setembro (rectificada pela Declaração de Rectificação

n.º 80-A/2007, de 7 de Setembro);

- Planos sectoriais com incidência territorial:

2. Plano de Ordenamento da Orla Costeira Vilamoura – Vila Real de Santo António (POOC

V-VRSA), aprovado pela Resolução de Conselho de Ministros n.º 103/2005, de 27 de

Junho;

3. Plano de Bacia Hidrográfica (PBH) do Guadiana, aprovado por Decreto Regulamentar

n.º 16/2001, de 5 de Dezembro (rectificado pela Declaração de Rectificação

n.º 21-C/2001, de 31 de Dezembro);

4. Plano de Bacia Hidrográfica (PBH) das Ribeiras do Algarve, aprovado pelo Decreto

Regulamentar n.º 12/2002, de 9 de Março;

5. Plano Regional de Ordenamento Florestal (PROF) do Algarve, aprovado pelo Decreto

Regulamentar n.º 17/2006, de 20 de Outubro;

6. Plano Sectorial da Rede Natura 2000 (PSRN2000), aprovado pela Resolução de

Conselho de Ministros n.º 115-A/2008, de 21 de Julho;

• Instrumentos de âmbito Regional:

7. Plano Regional de Ordenamento do Território (PROT) para o Algarve, cuja revisão foi

aprovada pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 102/2007, de 3 de Agosto

(rectificada pela Declaração de Rectificação n.º 85-C/2007, de 2 de Outubro e alterada

pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 188/2007, de 28 de Dezembro);

• Instrumentos de âmbito Municipal:

8. Plano Director Municipal de Vila Real de Santo António, ratificado pela Portaria

n.º 347/92, de 16 de Abril, publicado por Declaração a 14 de Julho de 1992 (Diário da

República 2.ª série n.º 160) e alterado por: Declaração n.º 324/2002 (2.ª série), de 26

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de Outubro; Resolução do Conselho de Ministros n.º 114/2004, de 30 de Julho;

Declaração n.º 160/2005 (2.ª série), de 26 de Julho; Aviso n.º 728/2008 (2ª série), de 8

de Janeiro e Regulamento n.º 103/2008 (2.ª série), de 29 de Fevereiro.

4.3.2.1. Planos de ordenamento do território

A. Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território

O Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território (PNPOT) foi aprovado pela Assembleia da

República, constando da Lei n.º 58/2007 de 4 de Setembro.

O Relatório do PNPOT, no seu capítulo 3, apresenta o contexto e as orientações estratégicas para cada

uma das regiões do País. A área afecta ao Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente insere-se na região

algarvia, tomada pelo PNPOT como uma unidade de gestão. Seguidamente, transcrevem-se os aspectos

mais relevantes para a região do Algarve, no âmbito do presente estudo.

“Com efeito, nas últimas décadas o desenvolvimento do Algarve baseou-se quase exclusivamente

na exploração intensa de factores territoriais, em particular os ligados ao clima, ao sol e à praia. Por

um lado, conseguiu criar uma imagem internacional que se traduziu num forte crescimento dos

fluxos turísticos. Por outro, gerou-se uma procura de espaços residenciais que, envolvendo

também elementos determinantes de especulação fundiária, alimentou um grande dinamismo da

construção civil, tendo o ritmo de construção acelerado fortemente no final dos anos 90. (…) O

Algarve transformou-se numa economia de construção e de serviços, mas sem que o impulso do

turismo se tenha traduzido em equivalente qualificação do terciário.(…) Este modelo de

crescimento envolve diversos desequilíbrios, que importa ultrapassar no sentido de concretizar o

potencial para, nas próximas duas décadas, o Algarve se situar entre as regiões desenvolvidas da

Europa.”

O PNPOT preconiza a seguinte estratégia de desenvolvimento regional para o Algarve:

• Qualificar e diversificar o segmento Turismo/Lazer;

• Qualificação dos recursos humanos;

• Desenvolver um modelo territorial equilibrado e competitivo;

• Consolidar um sistema ambiental sustentável.

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Neste contexto, o PNPOT define, entre outras, as seguintes opções estratégicas territoriais para o Algarve:

• Criar as condições de qualificação do turismo e promover a diversificação da economia e a

emergência de actividades da sociedade do conhecimento;

• Promover a inserção competitiva do Algarve no contexto europeu, reforçando os factores de

atracção de funções terciárias de âmbito nacional ou supra-nacional;

• Garantir níveis elevados de protecção dos valores ambientais e paisagísticos e preservar os

factores naturais e territoriais de competitividade turística;

• Qualificar o espaço público e preparar programas integrados de renovação ou recuperação de

áreas urbanas e turísticas em risco de degradação;

• Assegurar o planeamento e a gestão integrados do litoral, visando nomeadamente a protecção da

orla costeira e das áreas vitais para a rede ecológica regional;

• Aproveitar de forma sustentável os recursos hídricos da região e garantir a qualidade da água.

B. Plano de Ordenamento da Orla Costeira

O Plano de Ordenamento da Orla Costeira Vilamoura – Vila Real de Santo António (POOC V-VRSA) foi

aprovado pela Resolução de Conselho de Ministros n.º 103/2005, de 27 de Junho. De acordo com a Planta

de Síntese do POOC V-VRSA [Folha 3/3, Desenho n.º 01.DE-S.003(08) do POOC], a área afecta ao Plano de

Pormenor de Monte Gordo Poente insere-se nas seguintes classes e categorias de uso do solo (cf. Figura

4.3.1 complementada pela Figura 2.3.1 – Anexo I):

• Espaços urbanizados

• Espaços turísticos (núcleos A, B e E);

• Espaços de urbanização programada (Núcleo D);

• Perímetro urbano (Núcleo C) – POOC V-VRSA não é aplicável.

• Espaços naturais – Áreas de enquadramento (Núcleo F).

Da observação da Figura 4.3.1 é também possível verificar que a parcela destinada à função apoio de praia

(o citado Núcleo F) se insere na unidade operativa de planeamento e gestão UOPG IX – Faixa Litoral de

Monte Gordo (Artigo 89.º, regulamento do POOC V-VRSA) para a qual se determina a realização de um

projecto de intervenção e requalificação pelo ministério responsável pela área do ambiente com a

colaboração da Câmara Municipal de VRSA. A intervenção e requalificação deve contemplar a criação de

uma área de estacionamento, a requalificação do passeio marginal e a criação de áreas de lazer, na classe

de espaço “Áreas de Enquadramento”, susceptíveis de conferir uma vivência exterior diversificada nas

vertentes culturais e desportivas da praia de Monte Gordo.

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64 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

O regulamento do POOC estabelece que os espaços turísticos integram as áreas de aptidão preferencial

para implantação de equipamentos turísticos, maioritariamente de ocupação hoteleira (Artigo 18.º, n.º 1),

de acordo com os instrumentos de planeamento territorial aplicáveis.

Os espaços de urbanização programada são constituídos pelas áreas que, não possuindo ainda as

características de espaço urbanizado consolidado, as possam vir a adquirir de acordo com os

instrumentos de planeamento territorial aplicáveis (artigo 20.º). Os parâmetros urbanísticos aplicáveis nos

espaços de urbanização programada na área de intervenção do POOC V-VRSA (Anexo I) em Monte Gordo

são:

• Índice máximo de construção: 0,45;

• Número máximo de pisos: três;

• Cércea máxima: 10 metros.

As áreas de enquadramento são constituídas por zonas de grande importância do ponto de vista

ambiental e paisagístico, constituindo objectivos prioritários de ordenamento a valorização ambiental,

paisagística, cultural e recreativa (Artigo 33.º). Nesta subcategoria de espaço apenas são permitidas

construções de apoio às actividades de recreio. Constituem actividades condicionadas à prévia

autorização pelas entidades competentes, entre outras: a realização de obras de edificação; a abertura e

consolidação de vias de acesso automóvel ou de áreas de estacionamento; a instalação de equipamentos

desportivos e recreativos ao ar livre que não impliquem alterações profundas à morfologia do solo e não

impliquem a sua impermeabilização.

O Núcleo F integra uma área de enquadramento sujeita a duas faixas de protecção em litoral baixo e

arenoso (cf. figuras 4.3.1 e 4.3.3 complementadas pela Figura 2.3.1 – Anexo I):

• Faixa contendo relevo dunar frontal estabelecido e activo;

• Faixa de susceptibilidade no galgamento intermédio ou elevado.

Nas faixas de susceptibilidade ao galgamento intermédio ou elevado (Artigo 49.º, n.º 2) é interdita

qualquer construção ou instalação, excepto os apoios de praia amovíveis e sazonais em época balnear,

previstos nos planos de praia, obrigatoriamente assentes em estrutura sobrelevada.

Nas faixas contendo relevo dunar frontal estabelecido e activo (Artigo 50.º) é interdita a abertura ou

alargamento de acessos, com excepção dos acessos pedonais sobrelevados e acessos de serviço

propostos nos planos de praia. É igualmente interdita qualquer construção ou instalação, excepto os

apoios de praia previstos nos planos de praia.

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 65

Estas formações dunares, classificadas como espaços naturais de enquadramento e protecção,

apresentam grande fragilidade ao pisoteio e à circulação de veículos existindo, actualmente, caminhos

informais relativamente largos que comprometem a conservação destas formações a Sul da área de

intervenção.

C. Planos de Bacia Hidrográfica

A franja litoral da freguesia Monte Gordo não tem drenagem superficial para as bacias hidrográficas das

ribeiras do Algarve ou do rio Guadiana. No entanto, o aquífero de Monte Gordo e o Concelho de Vila Real

de Santo António são parcialmente abrangidos por ambos os planos.

O Plano de Bacia Hidrográfica (PBH) das Ribeiras do Algarve foi aprovado pelo Decreto Regulamentar

n.º 12/2002, de 9 de Março. A região abrangida por este plano inclui a totalidade do Barlavento Algarvio e

parte do Sotavento, excluindo-se o sector Sudoeste, correspondente à bacia hidrográfica do rio Guadiana.

O concelho de Vila Real de Santo António compreende 60,66 km2 de superfície, dos quais 30,37 km2,

correspondentes a 50,06% do total, fazem parte do âmbito territorial do PBH das Ribeiras do Algarve. Este

PBH integra três unidades distintas do ponto de vista geológico, morfológico e pedológico: a serra, o

barrocal e o litoral. O concelho de Vila Real de Santo António insere-se na Unidade de Planeamento e

Gestão UPG5 – Ria Formosa.

O PBH do Guadiana foi aprovado pelo Decreto Regulamentar n.º 16/2001, de 12 de Maio. Neste caso,

Monte Gordo é parcialmente abrangido pela Unidade Hidrográfica de Planeamento UHP 11 – Estuário.

Na sequência da análise dos PBH referidos, não foram encontradas disposições de âmbito espacial

aplicáveis à área de estudo.

D. Plano de Ordenamento Florestal do Algarve

O Plano Regional de Ordenamento Florestal do Algarve (PROF Algarve) foi publicado através do Decreto

Regulamentar n.º 17/2006 de 20 de Outubro. Este plano abrange todos os concelhos do distrito de Faro. O

concelho de Vila Real de Santo António insere-se na sub-região homogénea do Litoral.

Segundo o regulamento do PROF Algarve (artigo 8.º), a Mata Nacional das Dunas Litorais de Vila Real de

Santo António está sujeita a regime florestal, sendo obrigatória a elaboração do respectivo Plano de

Gestão Florestal (PGF). De acordo com os serviços do ICNB (parecer emitido relativamente à Proposta de

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66 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

Definição de Âmbito da presente avaliação ambiental, cf. Anexo III), a Reserva Natural do Sapal de Castro

Marim e Vila Real de Santo António encontra-se a elaborar o referido PGF.

O Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente confina com essa mata nacional, mais precisamente no seu

limite poente que fica próximo do proposto Núcleo D com função habitacional (cf. figuras 2.3.1 e 4.3.3 –

Anexo I).

E. Plano Sectorial da Rede Natura 2000

A Rede Natura 2000 é uma rede ecológica que tem por objectivo contribuir para assegurar a

biodiversidade através da conservação dos habitats naturais e da fauna e da flora selvagens no território

da União Europeia.

O Plano Sectorial da Rede Natura 2000 (PSRN2000), aprovado pela Resolução do Conselho de Ministros

n.º 115-A/2008, de 21 de Julho, é um instrumento de gestão territorial, de concretização da política

nacional de conservação da diversidade biológica, visando a salvaguarda e valorização das Zonas de

Protecção Especial (ZPE) – ao abrigo da Directiva Aves (Directiva n.º 79/409/CEE, do Conselho, de 2 de

Abril) – e dos Sítios da Lista Nacional [e respectivas fases posteriores de classificação: Sítios de

Importância Comunitária (SIC) e Zonas Especiais de Conservação (ZEC)] – ao abrigo da Directiva Habitats

(Directiva n.º 92/43/CEE, do Conselho, de 21 de Maio) – do território continental, bem como a manutenção

das espécies e habitats num estado de conservação favorável nestas áreas. Na sua essência, é um

instrumento para a gestão da biodiversidade.

O PSRN2000 vincula as entidades públicas, dele se extraindo orientações estratégicas e normas

programáticas para a actuação da administração central e local, devendo as medidas e orientações nele

previstas ser inseridas nos planos municipais de ordenamento do território (PMOT) e nos planos especiais

(PEOT). De facto, as medidas e orientações de gestão previstas no PSRN2000 apenas serão vinculativas

para os particulares quando forem inseridas nestes instrumentos de gestão territorial.

A área de intervenção do Plano de Pormenor de Monte Gordo Nascente sobrepõe-se parcialmente com o

Sítio Ria Formosa / Castro Marim (PTCON0013), aprovado a nível comunitário pela Decisão n.º

2006/613/CE, de 19 de Julho, relativa à região mediterrânica (cf. figuras 4.3.2 e 4.3.3 – Anexo I). Este sítio é

notável pelo seu elenco florístico excepcional, pelo seu valor para algumas espécies de fauna e pela

grande variedade de habitats que congrega, perfazendo uma área total de 17 520 hectares (Governo da

República Portuguesa, 2008).

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No entanto, é importante notar que a cartografia dos valores naturais que suporta o PSRN2000 “deve ser

considerada como um instrumento de orientação e enquadramento, atendendo à sua escala de referência

(1:100 000) e ao dinamismo inerente aos sistemas naturais, que implicam a contínua necessidade de

actualização desta informação de base” [Governo da República Portuguesa, 2008, p. 4536-(21)].

Como o próprio PSRN2000 reconhece, “a sistematização para a escala 1:100 000 da informação de base

cartográfica disponível, em diversos formatos (polígonos, estruturas lineares, pontos de amostragem e

levantamentos em quadrícula) e com escalas de levantamento variadas, implicou simplificações e

generalizações que carecem de posterior aferição e validação, para efeitos da sua mais adequada

utilização na transposição de orientações para os IGT [Instrumentos de Gestão Territorial]”. E adianta que

“o trabalho de compatibilização e adaptação das disposições do PSRN2000 deverá ter por base a

informação contida nas fichas de caracterização ecológica e de gestão dos valores naturais e a sua

cartografia, produzida com uma metodologia ajustada à escala 1:25 000 ou maior, necessária à adequada

inserção em plano municipal ou especial de ordenamento do território das orientações do PSRN2000”

[Governo da República Portuguesa, 2008, p. 4536-(8)].

Aliás, em termos de orientações de gestão para o PSRN2000, é encarado como medida prioritária, entre

outras, a revisão da cartografia dos habitats naturais mais deficitária, “adoptando como base de produção

a escala de 1:25 000” [Governo da República Portuguesa, 2008, p. 4536-(18)].

Nesse sentido, o PSRN2000 propõe uma metodologia geral de integração do disposto nesse plano em

qualquer outro instrumento de gestão territorial, nomeadamente, em PMOT, que poderá seguir os

seguintes trâmites de acordo com o articulado no PSRN2000 [Governo da República Portuguesa, 2008, p.

4536-(21)]:

a) Transposição dos limites de Sítios e ZPE, para a respectiva escala de elaboração, devendo esse

polígono ser vertido para a planta de condicionantes;

b) Análise do conteúdo das fichas de Sítios e ZPE onde é efectuada uma caracterização genérica da

área classificada e identificados os valores naturais (habitats e as espécies da flora e da fauna,

dos anexos I e II da Directiva Habitats, e espécies do anexo I da Directiva Aves) que nelas

ocorrem, com especial destaque para os valores naturais cuja relevância ao nível nacional e

europeu foi determinante para a criação do respectivo Sítio ou ZPE;

c) Aferição da informação cartográfica relativa à ocorrência e distribuição dos valores naturais

constantes dos documentos de base do PSRN2000, para a respectiva escala de elaboração com

base em cartografia com uma metodologia adequada à escala 1:25 000 ou maior.

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68 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

A cartografia de suporte ao PSRN2000 deve ser actualizada por confrontação com o uso e

ocupação actual do solo previstos nos Planos Especiais de Ordenamento do Território e PMOT,

procedendo-se deste modo à sua aferição, sempre com base na existência ou não de valores

naturais protegidos cujas necessidades de gestão e conservação deverão ser ponderadas nas

opções de planeamento.

Se verificada qualquer discrepância entre a informação sobre os valores naturais recolhida à

escala do plano, programa ou projecto e a informação de base do PSRN2000, essa discrepância

deve ser claramente identificada e comunicada ao ICNB, que validará a nova informação

disponível, no respectivo quadro do acompanhamento da elaboração do IGT.

d) Fixada a informação sobre a existência de valores naturais, são aplicáveis a esses elementos as

orientações de gestão determinadas pelo PSRN2000 para os respectivos valores, ou outras, que

venham a ser identificadas e acordadas, de modo a garantir o cumprimento das disposições

contidas no Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de Abril, com a redacção dada pelo Decreto-Lei n.º

49/2005, de 24 de Fevereiro.

e) Dentro dos limites dos territórios classificados no âmbito da Rede Natura 2000, encontram-se

áreas qualificadas como solo rural e como solo urbano.

Nos PMOT, as áreas de ocorrência dos valores naturais ou necessárias à sua conservação e

restabelecimento integram obrigatoriamente as estruturas ecológicas municipais, integradas nas

diferentes categorias de acordo com as exigências ecológicas, necessidades de gestão e o grau

de protecção necessário à concretização dos objectivos de conservação dos valores em presença.

Este grau de protecção deverá ser estabelecido em função da importância do território para a

manutenção ou a recuperação do valor natural num estado favorável de conservação, e de acordo

com as respectivas fichas de caracterização.

São identificados os espaços afectos a solo urbano existentes e outros que se revelem

comprovadamente necessários, face à dinâmica demográfica, ao desenvolvimento económico e

social e à indispensabilidade de qualificação urbanística. No entanto, quaisquer propostas de

reclassificação do solo rural como solo urbano, são avaliadas tendo em vista a manutenção num

estado de conservação favorável dos valores naturais que ocorrem no território em causa.

f) Os regulamentos dos PMOT estabelecem os parâmetros de ocupação e de utilização do solo, de

modo a assegurar a compatibilização das funções de conservação, regulação com os usos

produtivos, o recreio e o bem-estar das populações.

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 69

Notar que a adopção desta metodologia pressupõe que em territórios concelhios abrangidos por áreas

classificadas no âmbito da Rede Natura 2000, o ICNB esteja representado nas respectivas Comissões de

Acompanhamento, bem como nas conferências decisórias, enquanto entidade à qual, em virtude das suas

responsabilidades ambientais específicas, interessam os efeitos ambientais resultantes da aplicação dos

PMOT [Governo da República Portuguesa, 2008, p. 4536-(21)].

F. Plano Regional de Ordenamento do Território do Algarve

O Plano Regional de Ordenamento do Território (PROT) para o Algarve foi originalmente aprovado pelo

Decreto Regulamentar n.º 11/91, de 21 de Março (rectificado pela Declaração de Rectificação n.º 145/91, de

6 de Junho); a sua revisão foi aprovada pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 102/2007, de 3 de

Agosto (rectificada pela Declaração de Rectificação n.º 85-C/2007, de 2 de Outubro).

Este Plano fornece o quadro de referência estratégica de longo prazo, que permite aos municípios

abrangidos estabelecerem as suas opções de desenvolvimento e definirem as respectivas políticas

municipais de gestão territorial, de acordo com o modelo e as directrizes consagradas para a Região, as

quais pressupõem a coordenação das políticas sectoriais a nível regional.

O PROT Algarve tem como ambição a afirmação do Algarve como uma região dinâmica, competitiva e

solidária no contexto da sociedade do conhecimento (devendo afirmar-se como uma das regiões mais

desenvolvidas do País e da Europa).

A concretização da ambição da Região significa prosseguir quatro grandes objectivos estratégicos,

definidos em torno da consolidação dos conceitos fundamentais do desenvolvimento — competitividade

económica, coesão social e sustentabilidade ambiental que devem ser entendidos como um todo

interdependente:

• Qualificar e diversificar o cluster turismo/lazer;

• Robustecer e qualificar a economia, promover actividades intensivas em conhecimento;

• Promover um modelo territorial equilibrado e competitivo;

• Consolidar um sistema ambiental sustentável e durável.

Dada esta visão e estes objectivos estratégicos, o PROT Algarve estabeleceu um conjunto de prioridades

de actuação que foram, posteriormente, sintetizadas na forma de sete opções estratégicas:

• Sustentabilidade Ambiental, que traduz preocupações de protecção e valorização de

recursos naturais e da biodiversidade;

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• Reequilíbrio Territorial, na qual se reflectem objectivos de coesão territorial e de fomento do

desenvolvimento nas áreas mais desfavorecidas do interior da Região;

• Estruturação Urbana, através da qual se orienta o sistema urbano na perspectiva de uma

melhor articulação com os espaços rurais, do reforço da competitividade territorial e da

projecção internacional da Região;

• Qualificação e Diversificação do Turismo, com o objectivo fundamental de melhorar a

competitividade e a sustentabilidade do cluster turismo/lazer, evoluindo para uma oferta de

maior qualidade e para uma maior diversidade de produtos turísticos;

• Salvaguarda e Valorização do Património Cultural Histórico-Arqueológico, que traduz o

reconhecimento do potencial aproveitamento deste recurso territorial;

• Estruturação das Redes de Equipamentos Colectivos, que constituem elementos

estruturantes da reorganização territorial da Região;

• Estruturação das Redes de Transportes e Logística, numa lógica de competitividade e

equilíbrio territorial e de melhor inserção nos espaços nacional e europeu.

Para cada uma destas setes opções estratégicas foram, por sua vez, definidos um conjunto de Objectivos

Operativos que remetem, necessariamente, para o desenvolvimento de acções concretas. Em particular, o

PROT Algarve apresenta um conjunto de objectivos operativos com vista à estruturação urbana, incluindo

os seguintes: assegurar a adequada infra-estruturação e dotação de equipamentos colectivos; promover a

descompressão das áreas de ocupação urbanística no litoral, através da delimitação de áreas vitais para a

estrutura ecológica municipal, incluindo, entre outros, espaços verdes urbanos, linhas de água, espaço

livre não edificado no interior das áreas urbanas; promover o planeamento e a gestão integrada do litoral.

O PROT define ainda um Modelo Territorial, que traduz espacialmente as referidas opções estratégicas e

visa orientar a reconfiguração territorial e funcional do Algarve. Este modelo é composto por cinco

sistemas estruturantes (Capítulo III, Secção 2.1):

• Sistema Urbano;

• Sistema do Turismo;

• Sistema do Litoral;

• Sistema Ambiental;

• Sistema de Acessibilidade.

No que se refere ao Sistema do Turismo, o PROT prevê diversas formas de ocupação turística do território.

Em particular, dentro dos perímetros urbanos é genericamente admissível qualquer tipologia de

empreendimentos turísticos, sem limite de número de camas e sem prejuízo das normas de salvaguarda

dos sistemas do litoral e de protecção e valorização ambiental definidos no PROT (Capítulo III, Secção

2.3.2.1, alínea f). Para efeito deste instrumento de planeamento, os perímetros urbanos “compreendem as

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áreas urbanizadas e aquelas cuja urbanização é possível programar, bem como outras afectas à estrutura

ecológica urbana, dos aglomerados tradicionais, ou seja, de génese não turística” (Capítulo V, Secção

3.2.1).

As normas orientadoras relativas ao Sistema do Litoral (Capítulo V, Secção 3.4) referem, nomeadamente,

que “não são autorizadas novas construções na «Zona Terrestre de Protecção» (faixa de 500 metros a

contar da «Margem»), fora dos perímetros urbanos de aglomerados tradicionais, isto é, de génese não

turística, à excepção de infra-estruturas e equipamentos colectivos de iniciativa pública e de inequívoco

interesse público, e bem assim de infra-estruturas e equipamentos de apoio balnear e marítimos e, ainda,

de operações de relocalização em Espaços de Ocupação Turística”.

Ainda no âmbito do Sistema do Litoral, o PROT já previa a concretização de uma ciclovia entre VRSA e

Sagres (Ecovia do Litoral), que está actualmente a ser implementada com a coordenação da AMAL –

Comunidade Intermunicipal do Algarve (cf. http://www.ecoviasalgarve.org/).

O Modelo Territorial do PROT assenta ainda na divisão da Região em quatro grandes Unidades Territoriais:

Litoral Sul e Barrocal; Costa Vicentina; Baixo Guadiana e Serra. A freguesia de Monte Gordo insere-se na

Unidade Territorial do Litoral Sul e Barrocal, Sub-unidade de Cacela/Altura/Manta Rota/Monte Gordo.

Para esta sub-unidade, o PROT adopta as seguintes orientações específicas (Capítulo V, Secção 3.5.1.15):

• Elaborar os planos de urbanização de Vila Real de Santo António e zona das Hortas;

• Elaborar, em sede de revisão do PDM, um estudo urbanístico da faixa costeira entre Vila Real de

Santo António e Manta Rota, de forma a determinar os instrumentos urbanísticos mais

adequados a cada situação.

O PROT Algarve estabelece ainda um conjunto de orientações para a Administração Local (Capítulo V,

Secção 2.2.3), das quais se destacam as seguintes:

• Aplicar programas e medidas de apoio à qualificação dos espaços urbanos e outros,

designadamente do litoral, e dos espaços envolventes às áreas urbanas e às infra-estruturas

viárias, e de supressão das carências em espaços públicos, equipamentos e serviços;

• Exigir elevados padrões de qualidade para a imobiliária de lazer e para a integração de serviços

adequados à procura específica deste sector;

• Apoiar a inventariação dos valores naturais e das paisagens culturais a salvaguardar e valorizar,

numa perspectiva local e regional.

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G. Plano Director Municipal de Vila Real de Santo António

O Plano Director Municipal de Vila Real de Santo António (PDM VRSA), ratificado pela Portaria n.º 347/92,

de 16 de Abril, publicado por Declaração a 14 de Julho de 1992 (Diário da República 2.ª série n.º 160) e alvo

de várias alterações pontuais (cf. acima), insere a área de intervenção do Plano de Pormenor de Monte

Gordo Poente no perímetro urbano de Monte Gordo e nas seguintes categorias de uso do solo, de acordo

com a respectiva Planta Síntese de Ordenamento – Uso dos Solos, Zona de Monte Gordo – Aldeia Nova,

Desenho n.º 2-3, de Junho de 1991 (cf. Figura 4.3.4 – Anexo I):

• Áreas de Produção – Zona Turística de Expansão (ZTE MG 4);

• Áreas Residenciais – Zona de Habitação de Expansão (H2 – Média densidade).

Notar que, actualmente, existem vários edifícios habitacionais implementados na Zona Turística de

Expansão MG 4, em evidente desconformidade com o PDM (BCLC e Associados, 2009a).

Segundo o regulamento do PDM VRSA, as Áreas de Produção têm como objectivo assegurar o

aproveitamento mais racional dos recursos naturais, das infra-estruturas e dos investimentos projectados

e criar as melhores condições ao desenvolvimento das actividades económicas (PDM VRSA, Artigo 21.º,

n.º1). Em particular, a instalação de quaisquer empreendimentos turísticos na Zona Turística de Expansão

MG 4 será precedido da elaboração de plano de pormenor que observará as seguintes normas (n.º 3,

Artigo 50.º, PDM VRSA):

• Índice de utilização bruto13: menor ou igual a 0,5;

• Área mínima de estacionamento na proporção de um lugar por cada três camas turísticas (esta

área pode localizar-se na cave dos edifícios);

• Cuidada integração paisagística com máxima protecção de coberto vegetal existente.

Relativamente a áreas classificadas como Zona de Habitação de Expansão de média densidade (H2), são

aplicáveis as seguintes regras de loteamento (n.º 2, Artigo 64.º, PDM VRSA):

• Índice de utilização bruto: menor ou igual a 0,15;

• Área de estacionamento público: um lugar por fogo, excepto quando o regulamento do

loteamento impuser garagem privativa, caso em que este valor será de 0,5 por fogo;

• Largura mínima dos arruamentos conforme definido no n.º 6 do artigo 15.º.

13 Quociente entre a superfície de pavimento (área bruta de construção) pela superfície total do prédio a lotear

(artigo 8.º do PDM VRSA).

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4.3.2.2. Servidões administrativas e restrições de utilidade pública

Foram identificadas as seguintes servidões administrativas e restrições de utilidade pública aplicáveis à

área de implementação do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente:

• Reserva Ecológica Nacional;

• Outros condicionamentos.

A. Reserva Ecológica Nacional

A Reserva Ecológica Nacional (REN) é uma estrutura biofísica que integra o conjunto das áreas que, pelo

valor e sensibilidade ecológicos ou pela exposição e susceptibilidade perante riscos naturais, são objecto

de protecção especial.

A REN é uma restrição de utilidade pública, à qual se aplica um regime territorial especial que estabelece

um conjunto de condicionamentos à ocupação, uso e transformação do solo, identificando os usos e as

acções compatíveis com os objectivos desse regime nos vários tipos de áreas.

O Decreto-Lei n.º 166/2008 de 22 de Agosto, com as alterações introduzidas pela Declaração de

Rectificação n.º 63-B/2008 de 21 de Outubro, estabeleceu o regime jurídico da REN e revogou o Decreto-

Lei n.º 93/90, de 19 de Março (alterado pela quinta vez e republicado pelo Decreto-Lei n.º 180/2006, de 6

de Setembro). De acordo com o novo diploma, a delimitação da REN compreende dois níveis:

• O nível estratégico, que é concretizado através de orientações estratégicas de âmbito

nacional e regional, de acordo com os critérios constantes do Anexo I do citado decreto-lei.

As orientações estratégicas de âmbito nacional são elaboradas pela Comissão Nacional da

REN, com a colaboração das comissões de coordenação e desenvolvimento regional (CCDR);

as orientações estratégicas de âmbito regional são elaboradas pelas CCDR, com a

colaboração das administrações das regiões hidrográficas (ARH), em articulação com os

municípios da área territorial abrangida;

• O nível operativo, que é concretizado através da delimitação, em carta de âmbito municipal,

das áreas integradas na REN, tendo por base as orientações estratégicas de âmbito nacional

e regional. Compete à câmara municipal elaborar a proposta de delimitação da REN a nível

municipal, devendo esse procedimento ser acompanhado e aprovado pela CCDR e outras

entidades administrativas com interesses a ponderar.

No entanto, de acordo com o Artigo 41.º do Decreto-Lei n.º 166/2008, até à publicação das orientações

estratégicas de âmbito nacional e regional, a delimitação da REN a nível municipal segue o procedimento

estabelecido no Artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 93/90, sendo aprovada por portaria do membro do Governo

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74 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

responsável pela área do ambiente e do ordenamento do território. Trata-se do caso particular do

município de Vila Real de Santo António, tendo sido a respectiva REN aprovada pela Portaria n.º 163/2009

de 13 de Fevereiro.

A área de intervenção do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente não coincide, nem sequer

pontualmente, com a REN assim delimitada (cf. Figura 4.3.6 – Anexo I).

B. Outros condicionamentos

A Planta Síntese do Plano de Salvaguarda e Estrutura (Zona de Monte Gordo – Aldeia Nova, Desenho

n.º 3-3, de Junho de 1991) do PDM VRSA não indica a existência de infra-estruturas ambientais, isto é, de

emissário, ETAR, estação elevatória, conduta de água depósitos ou furo, na área do Plano de Pormenor de

Monte Gordo Poente (Figura 4.3.5 – Anexo I).

4.3.3. Estrutura verde urbana

A estrutura verde urbana da parte poente de Monte Gordo abrangida pelo Plano é praticamente

inexistente, cingindo-se aos espaços verdes de enquadramento e para recreio que se encontram ao longo

da Avenida Infante Dom Henrique.

Na envolvente ao perímetro urbano, referenciam-se a Mata Nacional das Dunas Litorais de Vila Real de

Santo António e as dunas ao longo da praia, que fazem parte da estrutura verde rural que delimita a Vila

de Monte Gordo.

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4.3.4. Evolução da situação de referência na ausência de plano

De acordo com o Plano Director Municipal de Vila Real de Santo António, a área do Plano de Pormenor de

Monte Gordo Poente integra a classe de Áreas de Produção, nas categorias Zona Turística de Expansão e

Zona de Habitação de Expansão (H2), estando integrada no perímetro urbano do povoado tradicional de

Monte Gordo, de génese piscatória, ou seja, não turística.

O POOC Vilamoura-Vila Real de Santo António reconhece essa vocação turística e habitacional da área de

intervenção com excepção da sua zona Sul (Núcleo F), classificada como área de enquadramento e para a

qual se prevê a criação de estacionamento, a requalificação do passeio marginal e a criação de áreas de

lazer, no âmbito da (mais vasta) unidade operativa de planeamento e gestão UOPG IX – Faixa Litoral de

Monte Gordo e sem prejuízo das condicionantes previstas no POOC para faixas de protecção em litoral

baixo e arenoso. Em particular, prevê-se a concretização do Plano de Praia de Monte Gordo,

designadamente, no que se refere à instalação de um Apoio de Praia Completo com Equipamento

Associado na Unidade Balnear (UB) 1.

Assim, mesmo num cenário de não aprovação do presente plano de pormenor, a respectiva área de

intervenção deverá aprofundar a sua vocação turística e relacionada como o recreio e lazer,

complementada com alguma oferta habitacional e em coerência com o disposto no POOC e no PDM.

Não é, contudo, inverosímil um cenário de progressiva degradação da qualidade visual e funcional do

espaço, quer pela manutenção da situação actual, quer pelo eventual desenvolvimento urbanístico menos

regrado e integrado (fruto da ausência de um plano específico), com consequências negativas na

atractividade turística e habitacional de Monte Gordo. Aliás, é o próprio PDM que reconhece a necessidade

de um plano de pormenor para esta área, dado integrar Zonas Turísticas de Expansão.

A sobreposição parcial da área do Plano de Pormenor de Monte Gordo Nascente com o SIC Ria

Formosa/Castro Marim parece dever-se à macro-escala (1:100.000) com que Rede Natura 2000 foi

marcada. Aliás, a sobreposição da mesma com o actual perímetro urbano (consolidado) de Monte Gordo é

disso sinal evidente. O recente PSRN2000 reconhece este tipo de limitações da cartografia da Rede Natura

2000, propondo uma metodologia geral de integração do desenvolvimento dos PMOT com a aferição da

informação cartográfica dessa rede a uma escala mais apropriada (1:25.000 ou maior). Assim, é expectável

que se venha a desenvolver um processo de aferição global dos limites da Rede Natura 2000, e do SIC Ria

Formosa/Castro Marim em particular – como, aliás, um ofício do Presidente do ICNB, datado de 26 de

Março de 2008 (ou seja, anterior à aprovação do PSRN2000), já antecipava (ICNB, 2008).

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76 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

4.4. Protecção dos valores locais e regionais (FCD 3)

O património natural e cultural constitui uma das riquezas e recursos do Sotavento Algarvio, a proteger

pelo seu valor intrínseco mas também enquanto factor de competitividade do turismo local e regional. Os

valores locais e regionais considerados na presente secção incluem designadamente, a biodiversidade e

os ecossistemas, o património arquitectónico, arqueológico e etnográfico e a paisagem.

4.4.1. Ecologia e biodiversidade

4.4.1.1. Introdução

No âmbito do Factor Crítico de Decisão “Protecção dos valores locais e regionais”, o Domínio de Análise

“Ecologia e Biodiversidade” adquire justificada importância, desde logo tendo em conta que o Plano de

Pormenor de Monte Gordo Poente (PPMGP) incide parcialmente sobre uma área classificada em termos de

conservação da natureza: o Sítio de Importância Comunitária (SIC) “Ria Formosa/Castro Marim”, integrado

na Rede Natura 2000, ao abrigo da Directiva Habitats (D.C. 92/43/CEE), e reconhecido como SIC pela

Portaria n.º 829/2007, de 1 de Agosto. A Mata Nacional das Dunas Litorais de Vila Real de Santo António

(MNDLVRSA), que integra este Sítio, estende-se desde as imediações da área do PPMGP, para Oeste, ao

longo de cerca de 2 Km.

A área de incidência do PPMGP situa-se ainda próximo de outras áreas classificadas, a saber:

• A Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António (RNSCMVRSA), criada

pelo Decreto n.º 162/75, de 27 de Março (limites da Área Protegida publicados, como

“rectificação”, no Diário da República, I, n.º 104, de 6 de Maio de 1975), cujo limite mais próximo

se situa a cerca de 700 metros a Norte;

• A Zona de Protecção Especial “Sapais de Castro Marim” (PTZPE0018), integrada na Rede Natura

2000, classificada pelo Decreto-Lei n.º 384-B/99, de 23 de Setembro, ao abrigo da Directiva Aves

(D.C.79/409/CEE), cujo limite mais próximo se situa a cerca de 900 m a Norte;

• O Parque Natural da Ria Formosa, criado pelo Decreto-Lei n.º 373/87, de 9 de Dezembro, cujo

limite mais próximo se situa a cerca de 6 km a Oeste;

• A Zona de Protecção Especial “Ria Formosa” (PTZPE0017), integrada na Rede Natura 2000,

classificada pelo Decreto-Lei n.º 384-B/99, de 23 de Setembro, ao abrigo da Directiva Aves

(D.C.79/409/CEE), cujo limite mais próximo se situa a cerca de 6 km a Oeste.

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A região enquadrante da área objecto do PPMGP apresenta assim, em termos gerais, uma importância

conservacionista que decorre da presença de habitats naturais e de valores florísticos e faunísticos

considerados relevantes à escala nacional e comunitária.

Não obstante a relevância ecológica e conservacionista da região enquadrante, incluindo de parte da sua

envolvente próxima, a área do PPMGP insere-se na malha urbana de Monte Gordo, sendo parte de um

continuum marcadamente humanizado. De facto, os cerca de 2,87 hectares correspondem, na maioria (7)

dos 8 núcleos considerados na proposta urbanística, a terrenos expectantes ou já edificados, não

apresentando qualquer relevância do ponto de vista ecológico e conservacionista. Neste contexto, apenas

uma parte do núcleo localizado mais a Sul (F) não se apresenta totalmente artificializada, apesar de,

mesmo neste caso, se observarem já formas artificializadas – nomeadamente, a presença de um parque de

estacionamento com pavimento betuminoso (cf. figuras 2.2.1 e 2.3.1 – Anexo I).

Seguidamente, efectua-se uma caracterização da componente ecológica da área de incidência do PPMGP,

com especial incidência no citado Núcleo F, caracterização essa que será estendida, ainda que de forma

sucinta, às zonas envolventes à área do PPMGP com relevância ecológica e conservacionista.

4.4.1.2. Habitats

Com o intuito de sustentar uma avaliação dos potenciais efeitos do PPMGP neste domínio, efectua-se uma

caracterização da situação de referência dos habitats em presença, incluindo a sua identificação e

caracterização florística e faunística.

Um habitat define-se como uma porção de território com características bióticas e abióticas indicadas ao

desenvolvimento de um ser vivo ou de uma comunidade biológica, porção de território esta que poderá

apresentar um grau variável de humanização (Alves et al, 1998). Uma vez que a distribuição dos seres

vivos, principalmente das plantas, é fortemente condicionada pelas características edáficas,

geomorfológicas e climáticas do território, estabeleceu-se que as comunidades vegetais características

constituem a base estrutural dos habitats e permitem o seu reconhecimento, uma vez que são indicadoras

de determinadas condições físicas que condicionam o seu desenvolvimento (Alves et al, 1998).

A caracterização agora efectuada incide fundamentalmente sobre os diferentes macro-habitats da área de

estudo, resultantes das distintas formas de ocupação do solo.

Sempre que adequado, far-se-á a correspondência entre estes macro-habitats e os habitats naturais e

semi-naturais protegidos pela legislação nacional e comunitária, nomeadamente os integrados no Anexo I

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da Directiva Habitats (Directiva 92/42/CEE, transposta pelo Decreto-Lei n.º 140/99, com as modificações

introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 49/2005).

Metodologia

A cartografia dos habitats presentes na área de estudo seguiu a seguinte metodologia:

• Em ambiente SIG (ArcView 9.1), procedeu-se à fotointerpretação de ortofotomapas da área de

estudo. O resultado deste processo de fotointerpretação foi uma delimitação preliminar dos

habitats em presença;

• A delimitação preliminar foi posteriormente aferida e corrigida durante uma visita técnica à área

de estudo, que decorreu durante o mês de Janeiro de 2008, tendo sido caracterizadas as

diferentes unidades em presença.

Durante essa visita foi realizada uma inventariação sumária dos elementos florísticos e faunísticos em

presença. Esta inventariação foi conjugada e complementada com a consulta de bibliografia especializada

com incidência sobre a área de estudo, tendo este processo constituído a base da caracterização

qualitativa agora efectuada.

Caracterização de habitats

Em termos gerais, a área de estudo apresenta um elevado grau de artificialização, com franco predomínio

de áreas totalmente artificializadas, desprovidas de coberto vegetal.

Apenas a área situada mais a Sul (Núcleo F), não obstante a sua proximidade face às restantes bem como

o seu carácter parcialmente artificializado, constitui um tipo de habitat diferenciado. Trata-se de uma

franja marginal de uma antiga formação dunar, parcialmente aterrada no passado para efeito de

construção da Av. Infante D. Henrique bem como do (confinante) parque de estacionamento parcialmente

integrado nesse núcleo (F).

Na envolvente ocidental da área de incidência do PPMGP desenvolvem-se, ao longo de faixas paralelas à

linha de costa, outros tipos de habitats: dunas móveis do cordão dunar; retamais sobre dunas

estabilizadas; e povoamentos de pinheiro-bravo (Pinus pinaster) sobre formações dunares interiores.

(Estes habitats não foram visitados durante o trabalho de campo, sendo a sua caracterização efectuada

com recurso à bibliografia disponível.)

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Seguidamente, efectua-se uma caracterização de cada um dos habitats anteriormente identificados, no

que se refere à sua composição florística e faunística típica.

Áreas artificializadas

Grande parte da área de incidência do PPMGP corresponde a terrenos expectantes ou apresentando já

algumas edificações ou infra-estruturas. No seu conjunto, constituem áreas marcadas por uma profunda

intervenção antrópica que, para além de ter provocado alterações orográficas, eliminou a totalidade do

coberto vegetal. Este tipo de alterações ocorreram, aliás, também no núcleo menos artificializado (F) do

PPMGP (cf. observações anteriores).

Relativamente à fauna, é de admitir a possibilidade de ocorrência ocasional unicamente de espécies

antropofílicas e de grande tolerância ecológica.

Tratam-se, naturalmente, de áreas sem qualquer valor ecológico ou conservacionista.

Formações dunares

Este habitat desenvolve-se paralelamente à linha de costa, contactando com a praia e abrangendo toda a

envolvente costeira à área do PPMGP sobre a qual são susceptíveis de se repercutirem efeitos indirectos

da implementação do mesmo.

Consiste num extenso cordão arenoso, ao longo do qual se sucedem, num perfil transversal à linha de

costa partindo desta para o interior, tipos de dunas diversos, umas ainda em formação (embrionárias),

outras já formadas (primárias), mas tendo em comum o facto de se tratarem, em qualquer dos casos, de

dunas instáveis. Na parte mais interior, as partículas arenosas apresentam maior estabilidade, sendo a

vegetação dominante caracteristicamente composta por comunidades arbustivas esparsas de baixo porte.

Ainda mais interiormente, sucede-se o retamal sobre dunas estabilizadas. Ao longo de todo este perfil,

manifestam-se gradientes ambientais fortes que determinam uma zonação típica da vegetação.

Em termos genéricos, predominam neste habitat as espécies herbáceas perenes e as arbustivas baixas,

com baixa cobertura. As dunas móveis da MNDLVRSA são reduto de algumas espécies protegidas da flora,

de que é exemplo Linaria lamarckii, um endemismo lusitano (Franco, 1984) que, de acordo com ERENA

(2007), ocorre um pouco por todo o cordão dunar da MNDLVRSA, na vertente da duna virada ao mar.

A parte não artificializada do Núcleo F corresponde a uma zona de duna já bastante intervencionada. O

depósito de terras, e mesmo de algum entulho, estabilizou o substracto, sendo a vegetação constituída

por um estrato arbustivo composto por Retama monosperma e por espécies ruderais e antropófilas

dominando o estrato herbáceo.

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Ao longo da extensão de terreno ocupada pelas dunas móveis da MNDLVRSA, marcam presença diversos

habitats de interesse comunitário, constantes do anexo I da Directiva Habitats, a saber: “Dunas móveis

embrionárias”, “Dunas móveis do cordão dunar com Ammophila arenaria (dunas brancas)”, “Dunas fixas

com vegetação herbácea (dunas cinzentas); Subtipo 1 – Duna cinzenta com matos camefíticos dominados

por Armeria pungens e Thymus carnosus” – considerado habitat prioritário, “Dunas com prados de

Malcolmietalia; Subtipo 1 – Dunas costeiras com prados anuais oligotróficos” (Governo da República

Portuguesa, 2008) (ERENA, 2007).

Relativamente à fauna, a diversidade e abundância de espécies de vertebrados terrestres associados a

estas condições ecológicas são normalmente reduzidas (ERENA, 2007), não existindo nenhum estudo

específico de caracterização desta área. Uma espécie de réptil habitualmente associada a este tipo de

habitat é a Lagartixa-do-mato-ibérica (Psamodromus hispanicus).

Considera-se que esta unidade, na área estrita de incidência do PPMGP, apresenta um estado de

conservação desfavorável, devido aos factores de perturbação em presença, de que se destaca a pressão

antrópica resultante da utilização balnear das praias associadas ao cordão arenoso bem como os aterros e

depósitos de terra (e entulhos) efectuados no passado.

Habitats naturais situados na envolvência da área do PPMGP

Na envolvência da área de incidência do PPMGP situam-se, para além das formações dunares, outros dois

habitats ainda não descritos: o retamal sobre dunas estabilizadas; e os povoamentos de pinheiro-bravo

(Pinus pinaster) sobre formações dunares interiores.

O retamal corresponde a uma extensa faixa paralela à linha de costa que se inicia a Oeste da área do

PPMGP e se prolonga por vários quilómetros, ao longo da MNDLVRSA. Situa-se fora da área de incidência

do PPMGP. A sua implementação não acarretará, por conseguinte, consequências directas sobre este

habitat, muito embora dela possam advir efeitos indirectos, dada a óbvia proximidade.

Tratam-se de matagais altos (mais densos nas zonas de depressão e menos densos nas orlas),

desprovidos de estrato arbóreo e com estrato arbustivo alto dominado exclusivamente por Retama

monosperma. Ao nível do estrato arbustivo baixo e estrato herbáceo, ocorrem espécies como Pycnocomon

rutifolium, Helichrysum picardii, Crucianella maritima, para além de espécies com elevado valor

conservacionista, como Thymus carnosus (espécie rara), Linaria pedunculata e Ononis variegata.

Juntamente com os pinhais, esta é a área prioritária para conservação do Camaleão (Chamaeleo

chamaeleon). Estas zonas de retamal, mais próximas da praia, são todavia ainda mais importantes do que

o retamal que constitui o sob-coberto do pinhal, uma vez que aqui se localizam – nas áreas de interface

dunas móveis/ retamal – áreas privilegiadas para a ovideposição (Rosário, 1997 in ERENA, 2007).

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Relativamente à avifauna, ocorrerão neste habitat espécies normalmente associadas a zonas de matos,

como a Felosa-do-mato (Sylvia undata) e a Toutinegra-de-cabeça-preta (Sylvia melanocephala).

Esta unidade constitui um habitat de interesse comunitário, constante do anexo I da Directiva Habitats:

“Matos mediterrânicos pré-desérticos; Subtipo 1 – Piornais psamófilos de Retama monosperma”. A

MNDLVRSA é considerada um dos locais mais importantes a nível nacional para a preservação deste

habitat, que tem presentemente ocorrência pontual na região do Mediterrâneo (ERENA, 2007).

Considera-se que apresenta um estado de conservação favorável. Atendendo à relevância das formações

vegetais em presença e aos factores de perturbação que sobre ele impendem – naturais e antropogénicos

– considera-se também que apresenta uma elevada vulnerabilidade ecológica.

Quanto aos povoamentos de pinheiro-bravo (Pinus pinaster), apresentam um estrato arbóreo em geral

denso, constituído quase exclusivamente por pinheiro-bravo (Pinus pinaster). Ocupa áreas de areias

dunares interiores, estabilizadas. É o habitat dominante na área da MNDLVRSA. Ao longo de um perfil

perpendicular à linha de costa, este habitat situa-se mais interiormente, sucedendo ao retamal, com o qual

contacta. Tipicamente, este último prolonga-se para o interior do pinhal constituindo o seu sob-coberto. O

pinhal apresenta assim um estrato arbustivo alto – mais denso nas zonas em que o coberto arbóreo se

apresenta menos denso – em que predomina Retama monosperma, e baixo, no qual marca presença, entre

outras espécies, Helichrysum picardii.

Esta unidade constitui um habitat de interesse comunitário, considerado prioritário, constante do anexo I

da Directiva Habitats: “Dunas com florestas de Pinus pinea e Pinus pinaster”.

Em termos faunísticos, a par do retamal, este é um habitat prioritário para a conservação do Camaleão

(Chamaeleo chamaeleon) a nível nacional (Miraldo et al, 2005 in ERENA, 2007), tal como referido

anteriormente. Os pinhais dunares são bastante ricos e diversificados ao nível da avifauna, atraindo

tendencialmente espécies de áreas florestais mas também espécies tipicamente associadas aos matos

dunares.

Este habitat apresenta-se num estado favorável de conservação. Atendendo aos valores florísticos e

faunísticos em presença, bem como aos possíveis factores de perturbação que sobre ele impendem,

relacionados fundamentalmente com a pressão antrópica que se faz sentir nas suas imediações, e a

características intrínsecas que determinam uma elevada susceptibilidade a esse tipo de perturbação,

considera-se que este habitat apresenta elevada vulnerabilidade ecológica.

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4.4.1.3. Flora e Vegetação

No âmbito do presente subcapítulo, é efectuada uma caracterização da situação de referência relativa à

flora e vegetação da área em estudo. Serão abordados os aspectos considerados mais relevantes para a

compreensão das principais características e particularidades da flora e vegetação em presença,

designadamente a possível presença de espécies e formações vegetais importantes do ponto de vista da

conservação, suportando esta informação uma posterior avaliação ambiental dos efeitos significativos do

PPMGP nesta componente, em capítulo subsequente.

Metodologia

Com o intuito de caracterizar a flora e vegetação da área de incidência do PPMGP, durante o mês de

Janeiro de 2008, foi efectuada uma prospecção sistemática por toda a área. Procurou-se inventariar o

máximo número de espécies, só se registando presenças e ausências. As espécies não identificadas no

local foram herborizadas e posteriormente identificadas com recurso a bibliografia especializada (Franco,

1972 e 1984; Franco e Rocha Afonso, 1994 e 1998).

A presente caracterização utiliza ainda dados obtidos no âmbito de outros estudos realizados na área em

causa, incluindo o Plano Sectorial da Rede Natura 2000 (Governo da República Portuguesa, 2008) e a

proposta de Plano de Ordenamento da RNSCMVRSA (ERENA, 2007), entretanto aprovada pela Resolução

do Conselho de Ministros n.º 181/2008 de 10 de Julho, especialmente no que diz respeito às espécies e

formações vegetais com relevância conservacionista.

Enquadramento fitogeográfico

Do ponto de vista biogeográfico, a área de estudo, situada no sotavento algarvio, enquadra-se na Região

Mediterrânica, Sub-região Mediterrânica Ocidental, Província Gaditano-Onubo-Algarviense, no Sector

Algarviense e no Superdistrito Algárvico (Costa et al, 1998).

A flora do Superdistrito Algárvico inclui uma série de endemismos, dos quais se salientam: Picris

willkommii, Thymus lotocephalus e Tuberaria major. De realçar ainda neste território a presença de outros

elementos botânicos de grande interesse: Armeria gaditana, Armeria macrophylla, Limonium algarvense,

Limonium diffusum, Limonium lanceolatum, Limoniastrum monopetalum, Linaria lamarckii, Pycnocomon

rutifolium, Retama monosperma, Thymus carnosus, Ulex australis ssp. australis, entre outros. (Costa et al,

1998).

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Em relação à vegetação, são consideradas comunidades endémicas, entre outras, as associações Thymo

lotocephali-Coridothymetum capitati e Pycnocomo rutifoliae-Retametum monospermae. Esta última

encontra-se bem representada na área da MNDLVRSA (ERENA, 2007).

Espécies com interesse conservacionista

ERENA (2007) lista um conjunto de 15 espécies da flora, importantes do ponto de vista da conservação,

cuja ocorrência foi confirmada na área da Mata Nacional das Dunas Litorais de Vila Real de Santo António

(MNDLVRSA). Durante a prospecção realizada pela área de incidência do PPMGP apenas uma destas

espécies – Retama monosperma – foi observada. Este facto reflecte o carácter significativamente

intervencionado de parte substancial da área do PPMGP, que determinou alterações na composição e

estrutura das comunidades florísticas. Entretanto, é de admitir a possibilidade de ocorrência na

envolvente próxima à área de incidência do PPMGP, designadamente nos habitats em melhor estado de

conservação e, em especial, em alguns dos habitats de interesse comunitário acima mencionados, de

algumas das espécies que a seguir se listam:

• Thymus carnosus – espécie constante do Anexo II da Directiva Habitats; endemismo lusitano

segundo Franco (1984); ERENA (2007) considera-a quase endémica de Portugal, existindo

também numa pequena área da Andaluzia. Ocorre pontualmente na área da RNDLVRSA, na orla

costeira do pinhal, sob-coberto de retamal. Foi descrita a existência de um núcleo desta espécie,

neste habitat, a cerca de 500 m da área do PPMGP (ERENA, 2007).

• Thymus lotocephalus – espécie constante do Anexo II da Directiva Habitats; endémica do Algarve;

localmente frequente onde ocorre, existe referência apenas para uma ocorrência (Governo da

República Portuguesa, 2008) na área da MNDLVRSA. ERENA (2007) sugere que seja bastante rara

neste local.

• Linaria lamarckii – endemismo lusitano segundo Franco (1984); ERENA (2007) considera-a quase

endémica de Portugal, existindo também na Andaluzia, sendo embora ali muito rara. Ocorre na

MNDLVRSA um pouco por todo o cordão dunar, na vertente da duna virada ao mar, em

populações pouco numerosas, mas cobrindo uma grande área.

• Ononis variegata – Endemismo da região mediterrânica, globalmente frequente, apresenta em

Portugal uma distribuição restrita principalmente ao sotavento algarvio. Habita somente em

dunas costeiras mais ou menos estabilizadas, sendo frequente na área da MNDLVRSA,

juntamente com Linaria pedunculata.

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84 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

• Linaria pedunculata – Endemismo ibérico com ocorrência escassa em Portugal; ocorre com

alguma frequência na área da MNDLVRSA, distribuindo-se um pouco por toda a vertente interior

da duna e orla externa do pinhal adjacente, coexistindo frequentemente com Ononis variegata.

Durante os trabalhos de campo, não se registou a ocorrência na área em estudo de nenhuma das espécies

acima listadas nem qualquer outra espécie com estatuto legal de protecção, integrando os Anexos II e IV

da Directiva Habitats, ou com estatuto de “rara”, “endémica”, “ameaçada” ou “em perigo de extinção”

(habitualmente designadas por espécies RELAPE).

Conforme anteriormente referido, o grau de transformação e artificialização profundas a que a área de

incidência do PPMGP foi submetida determinou uma alteração ao nível da diversidade específica e uma

consequente diminuição do valor florístico desta área, hoje praticamente nulo. Não obstante, a região

enquadrante da área do PPMGP apresenta uma elevada riqueza florística, com ocorrência de um conjunto

alargado de espécies importantes do ponto de vista da conservação, o que contribuiu para a sua

classificação como Sítio de Importância Comunitária.

Vegetação da área de incidência

A vegetação é inexistente na maior parte da área de incidência do PPMGP. Apenas a parte menos

artificializada do Núcleo F apresenta um estrato arbustivo bem desenvolvido, constituído por Retama

monosperma.

Entre as formações herbáceas, os taxa predominantes – que apresentam um acentuado pendor ruderal e

antropófilo – inserem-se principalmente na classe fitossociológica Stellarietea media (vegetação nitrófila

que ocupa áreas urbanas, agrícolas e margens de caminhos), reflectindo a intensa pressão antrópica

exercida sobre a área.

Nas imediações desta unidade marcam presença Acacia sp. e Casuarina sp., duas exóticas lenhosas

introduzidas, a primeira das quais apresentando potencial infestante.

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 85

4.4.1.4. Fauna

A fauna da área de estudo, de acordo com elementos colhidos de ERENA (2007) e tendo em conta os

resultados da prospecção de campo, é caracteristicamente pobre, não ocorrendo zonas de especial

interesse para espécies consideradas prioritárias. Não sendo de excluir a possibilidade de ocorrência

ocasional de espécies com algum estatuto de protecção, ela será sempre improvável e ocasional, tendo

em conta a ampla disponibilidade de habitat nas áreas envolventes, em bom estado de conservação e

sujeitos a menor pressão antrópica.

Na maior parte da área de incidência do PPMGP a fauna ocorrente apresenta características antropófilas

bem marcadas.

Metodologia

A caracterização da fauna ocorrente na área de estudo foi efectuada com recurso a bibliografia

especializada e a trabalhos anteriores realizados na área em estudo (ERENA, 2007; Governo da República

Portuguesa, 2008; Malkmus, 2004; Ferrand de Almeida et al, 2001; Bruun, 1995; Mathias et al, 1999). A

informação obtida por esta via foi posteriormente aferida com o conhecimento dos habitats da área de

incidência do PPMGP e o seu estado de conservação – caracterizados durante os trabalhos de campo.

Serão consideradas para efeitos da presente caracterização as espécies com ocorrência potencial, ainda

que ocasional, nestes habitats.

Herpetofauna

Durante os trabalhos de campo, não foram detectados na área de incidência do PPMGP quaisquer massas

de água, corrente ou parada, como charcos, poços, tanques, lagoas ou represas. Este facto limitará a

possibilidade de ocorrência de anfíbios, sendo de admitir a possibilidade de ocorrência unicamente de

algumas espécies mais terrícolas como o Sapo-de-unha-negra (Pelobates cultripes), o Sapo-corredor (Bufo

calamita), espécies constantes do Anexo IV da Directiva Habitats sem estatuto de ameaça a nível nacional

(ICN, 2005), tipicamente associadas a locais de solo pouco compactado, como zonas arenosas e dunas

costeiras (Ferrand de Almeida, 2001) e o Sapo-comum (Bufo bufo), com ocorrência típica numa grande

variedade de habitats.

Quanto aos répteis, é de destacar a possível ocorrência do Camaleão (Chamaeleo chamaeleon), mas

apenas nos pinhais e retamais situados a Oeste da área do PPMGP. Outras espécies com ocorrência

potencial na área de estudo são: Osga (Tarentola mauritanica), a Lagartixa-do-mato (Psamodromus

algirus), a Lagartixa-do-mato-ibérica (Psamodromus hispanicus) e o Sardão (Lacerta lepida), a Cobra-de-

pernas-pentadáctila (Chalcides bedriagai), a Cobra-cega (Blanus cinereus) e a Cobra-rateira (Malpolon

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86 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

monspessulanus). Destas, apenas a Lagartixa-do-mato-ibérica apresenta o estatuto de “Quase

ameaçada”, não apresentando, as restantes, qualquer estatuto de ameaça a nível nacional (ICN, 2005).

Avifauna

ERENA (2007) estabeleceu um elenco avifaunístico para a área da MNDLVRSA. Este elenco inclui 87

espécies, das quais 18 apresentam um estatuto de ameaça a nível nacional igual ou superior a “Quase

Ameaçado” e 10 constam do Anexo I da Directiva Habitats. Todavia, a maior parte destas espécies, em

especial aquelas que apresentam mais elevado estatuto de protecção, não ocorrerão na área do PPMGP.

Os tipos de habitats em presença na área estrita de incidência do PPMGP (dunas e áreas humanizadas)

são pouco relevantes em termos avifaunísticos, não apresentando as espécies que aqui ocorrem particular

relevância em termos conservacionistas (ERENA, 2007). Apenas uma pequena percentagem das espécies

do elenco avifaunístico da MNDLVRSA – aquelas com características mais antropófilas – ocorrerá

potencialmente na área do PPMGP.

Assim, o elenco avifaunístico da área do PPMGP incluirá potencialmente passeriformes comuns, com

elevada tolerância ecológica, como o Pombo-doméstico (Columba livia), a Rola (Streptopelia turtur), a

Rola-turca (Streptopelia decaocto), a Andorinha-dos-beirais (Delichon urbica) e o Pardal-comum (Passer

domesticus), entre outras com ocorrência ocasional, nomeadamente espécies residentes na envolvente à

área de incidência do PPMGP (áreas de pinhal e retamal), entre as quais se contam: o Cuco (Cuculus

canorus), o Mocho-galego (Athene noctua), a Cotovia-pequena (Lullula arborea), a Toutinegra-de-cabeça-

preta (Sylvia atricapilla), o Chapim-azul (Parus caeruleus), o Chapim-real (Parus major) e a Trepadeira-

comum (Certhia brachydactyla). Entre as espécies estivais contam-se ainda o Papa-figos (Oriolus oriolus) e

entre as invernantes o Pisco-de-peito-ruivo (Erithacus rubecula) e a Estrelinha-de-cabeça-listada (Regulus

ignicapillus). São migradoras de passagem o Papa-moscas-cinzento (Muscicapa striata) e o Papa-moscas-

preto (Ficedula hypoleuca) (Queirós, 1982 in ERENA, 2007).

De entre as espécies acima listadas, apenas a Cotovia-pequena (Lullula arborea) se encontra listada no

Anexo I da Directiva Habitats, muito embora o seu estatuto a nível nacional seja “Pouco Preocupante”

(ICN, 2005). O Papa-moscas-cinzento (Muscicapa striata) apresenta em Portugal o estatuto de “Quase

Ameaçado” (ICN, 2005).

Mamíferos

São escassos os trabalhos de inventariação da mamofauna na área de estudo. ERENA (2007) propõe um

elenco específico para a área da RNDLVRSA que inclui 11 espécies, sendo que nenhuma delas apresenta

um elevado estatuto de ameaça (ICN, 2005). De entre estas, é de admitir a possibilidade de ocorrência na

área em estudo principalmente de roedores como o Rato-do-campo (Apodemus sylvaticus), a Ratazana-

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preta (Rattus rattus), a Ratazana-castanha (Rattus norvegicus) e o Rato-doméstico (Mus domesticus),

todos eles de características antropófilas. Na envolvente à área do PPMGP, é ainda de admitir a ocorrência

do Coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus), espécie com o estatuto “Quase Ameaçada” a nível nacional cuja

ocorrência tem sido referida como frequente (ERENA, 2007).

4.4.2. Património arquitectónico, arqueológico e etnográfico

4.4.2.1. Introdução

A abordagem ao Património Cultural decorre da crescente necessidade de conciliar o progresso económico

e social das regiões com a memória colectiva dos seus habitantes, materializada em testemunhos da

presença humana no território. Para proceder a uma correcta análise é necessário considerar todos os

indícios que permitam uma apreciação da história local, abrangendo assim imóveis classificados,

edificações (património arquitectónico), elementos construídos relacionados com o passado recente ainda

bem vincado na memória da população (património etnográfico) e património móvel (vestígios

arqueológicos), ou seja, testemunhos materiais que permitem um reconhecimento dos vários processos

de ocupação do território afecto ao projecto em análise.

Na política de conservação do Património Cultural há duas fases distintas: uma primeira fase de recolha de

informação de modo a que as ocorrências patrimoniais (quer se tratem de vestígios arqueológicos,

elementos arquitectónicos ou de interesse etnográfico) possam ser reconhecidas e devidamente

registadas, e uma segunda fase onde se procede à avaliação destes registos, equacionando os sítios que

podem e devem ser conservados, bem como as áreas de particular interesse que devem manter a sua

integridade histórico – cultural.

Do estudo decorrerá a proposta de medidas com vista a assegurar a solução mais adequada para os

elementos patrimoniais identificados e a contribuir, por um lado, para o conhecimento, preservação e

revalorização do património, e por outro, para a própria valorização e dinâmica do espaço onde os

elementos patrimoniais se inserem.

Os próximos pontos especificam os meios e métodos de abordagem empregues no estudo, procurando

indicar e descrever as ocorrências patrimoniais que de alguma forma possam ser alvo de impacte.

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88 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

4.4.2.1. Metodologia

No âmbito da análise do presente descritor foram considerados elementos patrimoniais distintos,

nomeadamente os materiais, as estruturas, sítios e outras fontes de informação de interesse

arqueológico, arquitectónico e etnográfico, incluídos nos seguintes âmbitos:

• Elementos abrangidos por figuras de protecção, nomeadamente os imóveis classificados ou

outros monumentos e sítios incluídos na carta de condicionantes do Plano Director Municipal de

Vila Real de Santo António;

• Elementos abrangidos por figuras de protecção, nomeadamente os imóveis classificados ou

outros monumentos e sítios incluídos no PROT Algarve;

• Elementos de reconhecido interesse patrimonial e/ou científico, que constem em inventários

patrimoniais, em trabalhos científicos, e ainda aqueles cujo interesse e valor se encontra

convencionado;

• Elementos singulares e vestígios materiais ou etnológicos de antropização do território,

ilustrativos de processos tradicionais de organização do espaço e de exploração dos seus

recursos naturais, em suma, do modus vivendi de povos e populações que aí tenham habitado ou

passado.

Assim, considera-se de facto, um amplo espectro de realidades passíveis de integrar o âmbito do presente

relatório:

• Vestígios arqueológicos numa acepção restrita (achados isolados, manchas de dispersão de

materiais, estruturas parcial ou totalmente cobertas por sedimentos, contudo passíveis de

detecção);

• Vestígios de rede viária e caminhos antigos;

• Vestígios de mineração, pedreiras e outros indícios materiais de exploração de matérias-primas;

• Estruturas hidráulicas e industriais;

• Estruturas defensivas e delimitadores de propriedade;

• Estruturas de apoio a actividades agro-pastoris;

• Edifícios/ estruturas associadas a cultos religiosos;

• Outros tipos de estruturas e vestígios arqueológicos e patrimoniais.

A metodologia geral de caracterização da situação de referência envolve quatro etapas fundamentais:

• Recolha de informação;

• Trabalho de campo;

• Registo e inventário;

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 89

• Gestão da informação obtida.

Nos parágrafos seguintes descrevem-se as metodologias seguidas para cada uma destas etapas.

Trabalho de campo

O trabalho de campo, realizado por um arqueólogo, compreendeu dois níveis de inquérito ao espaço físico

que definem critérios de abordagem metodológicos distintos:

• Recolha de informação oral junto da população local e posterior confirmação de indícios e dados

de natureza patrimonial;

• Prospecção selectiva na área em estudo.

Neste sentido, pretende-se abranger o maior leque de variáveis possíveis de modo a encerrar toda a

informação existente.

O terreno de características dunares encontrava-se, no seu todo, com boas condições de visibilidade,

estando grande parte do terreno já alterado, encontrando-se apenas preservado a parcela de terreno

localizada mais a sul.

Gestão da informação obtida

Com base em toda a informação obtida, procedeu-se à identificação e avaliação de impactes que poderão

decorrer sobre o património histórico-cultural, que se apresenta no ponto 5 do presente relatório. Após

ponderação do potencial científico e patrimonial elaboram-se propostas genéricas de protecção e

conservação dos registos inventariados, que se apresentam no ponto 8.1.

Seguidamente, apresentam-se de forma mais detalhada as tarefas específicas realizadas para efeito de

caracterização do património arqueológico e histórico-cultural, no contexto do plano em avaliação.

4.4.2.3. Breve enquadramento histórico – cultural

O Algarve, do ponto de vista geomorfológico, está marcado por todas as condições necessárias para a

preservação de sítios arqueológicos de forma exemplar, consistindo na sequência detrítica litoral, na

sequência fluvio-marinha oriental resultante da evolução do rio Guadiana e nos relevos cársicos do maciço

calcário. Esta realidade conjugada com a presença dos recursos naturais base, nomeadamente a água

potável, os recursos cinegéticos e as matérias-primas para o fabrico da utensilagem, faz com que o

Algarve esteja marcado pela presença de vestígios Paleolíticos e Mesolíticos. No entanto, apesar de todas

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90 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

as condições que reúne, os conjuntos artefactuais conhecidos são pouco explícitos quanto ao seu facies

cronológico, dificultando o seu balizamento temporal.

Um dos sítios emblemáticos do Algarve onde se assiste à presença humana numa das suas formas mais

antigas é, precisamente, na Aldeia Nova, a cerca de 600 metros Noroeste da área do Plano de Pormenor

(cf. Figura 4.4.1 – Anexo I). As primeiras descobertas no Barreiro de Aldeia Nova foram feitas por Mariano

Feio, em 1949, no âmbito do estudo que levou a cabo sobre os terraços do Guadiana a jusante do Ardila.

De acordo com este investigador, as formações geológicas estão escalonadas em três níveis: 8 a 12

metros; 28 a 35 metros e a 49 metros, todos formados por acção conjugada do rio Guadiana (dando

origem aos terraços fluviais) e o Oceano Atlântico (dando origem às praias fluviais). De acordo com este

estudo, os terraços de Aldeia Nova integram o grupo dos 8 a 12 metros e seria claramente um terraço

estuarino.

O terraço trata-se, efectivamente, de uma sucessão de características marcadamente fluviais, processada

provavelmente na dependência do rio Guadiana, possuindo uma orientação Norte-Sul. É possível admitir

um modelo de sedimentação deltaico, talvez resultante do enchimento progressivo de um estuário pré-

existente, em estreita dependência de acarreios continentais grosseiros (RAPOSO: 1997a, 157-8).

Actualmente, questiona-se a cronologia da utensilagem recolhida na Aldeia Nova cujas afinidades com a

indústria languedocense com elementos mirenses poderão reportá-la para uma época posterior ao

paleolítico, já que é hoje de conhecimento geral que no litoral alentejano o mirense é fini e pós-paleolítico

(RAPOSO:1997b, 149). No entanto, a Oeste de Aldeia Nova, na envolvente do vértice geodésico de Cabeço,

Abel Viana identificou um conjunto de indústria mustierense constituída por cerca de uma centena de

peças de quartzito, quartzo e grauvaque, integradas nas chamadas série III – Acheulense Final-

Mustierense e série IV – Mustiero-Languedocense, onde se incluem núcleos mustierenses, lascas de

planos de percussão preparados, alguns utensílios sobre lascas (raspadores, bicos, denticulados, etc.),

numerosos seixos talhados, etc., reforçando assim a importância que se dá à região para a compreensão e

conhecimento das primeiras comunidades humanas no actual território português.

Das restantes épocas ocupacionais, nomeadamente da pré-história recente, proto-história, período

clássico e medieval pouco ou nada se conhece na freguesia de Monte Gordo, devendo-se esse facto não à

sua inexistência, mas muito provavelmente à falta de trabalhos direccionados para a identificação de

sítios arqueológicos. Esta interpretação é reforçada pela presença de um conjunto diversificado de sítios

arqueológicos nas freguesias vizinhas, nomeadamente Altura (Castro Marim) e Cacela (Vila Real de Santo

António).

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 91

4.4.2.4. Resultados da recolha de informação

A elaboração do presente descritor resulta da análise diacrónica e sincrónica dos factos histórico-

arqueológicos decorridos num espaço geográfico restrito, limitado à freguesia de Monte Gordo. Em termos

macro-espaciais, a área de implantação do projecto corresponde à língua dunar litoral, limitada a Norte

pelo sapal de Vila Real de Santo António e a sul pelo mar, sendo as povoações mais próximas Altura

(Castro Marim), Aldeia Nova e Vila Real de Santo António.

Destaca-se, de entre as fontes de informação utilizadas, a Divisão de Inventário, Documentação e Arquivo

(DIDA) do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR) que cedeu a

georeferenciação do património da freguesia de Monte Gordo. Foi ainda consultada a Direcção Regional da

Cultura do Algarve que, em parecer (625/DRF/07), refere a inexistência de imóveis protegidos na área de

estudo.

Foi ainda realizada uma consulta ao Centro de Investigação e Informação do Património de Cacela (CIIP) da

Câmara Municipal de Vila Real de Santo António no sentido de se obter informação sobre eventuais

registos patrimoniais dentro da área de projecto. Na sequência do pedido, a Câmara Municipal de Vila Real

de Santo António Informou a não existência de elementos patrimoniais nas imediações da área de estudo.

O estudo tem ainda como suporte a observação directa da área de projecto e envolvente, realizada em

prospecção selectiva ao local em Janeiro de 2008.

A recolha de informação compreendeu o levantamento bibliográfico, com desmontagem comentada do

máximo de documentação específica disponível, dando-se particular destaque aos títulos de âmbito local

e regional. A documentação e bibliografia consultada são de natureza distinta:

• Inventários patrimoniais de organismos públicos (Instituto Português de Arqueologia, Instituto

Português do Património Arquitectónico);

• Bibliografia especializada;

• Plano Director Municipal de Vila Real de Santo António.

Da pesquisa bibliográfica resultou um conjunto de elementos patrimoniais bastante pequeno (Quadro

4.4.1), de que se destaca o conhecimento exclusivo de um sítio arqueológico terrestre. A numeração

apresentada em CNS (Código Nacional de Sítio) corresponde ao código de inventário nacional que abrange

todos os elementos arqueológicos inventariados pelo IGESPAR.

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92 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

Quadro 4.4.1 – Elementos patrimoniais conhecidos na freguesia de Monte Gordo

CNS Designação Tipologia Cronologia Breve descrição

Património Arqueológico

7616 Aldeia Nova Estação Ar Livre Paleolítico Dezenas de peças de indústria lítica recolhida pelos

serviços (IPPAR, 1994)

29371 Brigue Naufrágio 1846 Referência bibliográfica

26663 Forte de Sto Antº

de Arnilla Fortificação Moderno Ruínas de fortificação submersas

29385 Naufrágio Naufrágio 1749 Referência bibliográfica

Património Arquitectónico

-- Igreja de Nossa

Senhora das Dores Templo Indeterminado

Provavelmente da época de origem de Monte

Gordo. Sobrepõe-se a uma estrutura de origem

indeterminada.

-- Bateria de Monte

Gordo Bateria Séc. XVIII? Demolida em 1929.

A pesquisa incidiu também sobre documentação cartográfica, sendo preconizado um levantamento

toponímico. Neste trabalho foi utilizada como suporte a Carta Militar de Portugal 1:25 000, fl 600. A análise

da toponímia tem como principal pressuposto metodológico o complementar da informação disponível de

natureza arqueológica e patrimonial. No entanto, nesta acção não se identificaram quaisquer topónimos

de interesse histórico-arqueológico.

Para a análise fisiográfica fez-se o cruzamento de dados obtidos na carta militar portuguesa 1:25 000 com

a carta geológica 1:100 000, de modo a identificar áreas potenciais de ocupação humana.

Com a análise fisiográfica foi possível perceber que o local terá correspondido anteriormente a um cordão

dunar que se iniciava na costa e se estenderia ao longo da mesma na direcção da foz do Guadiana. O local

pertence ao antigo estuário deste rio e terá sido sujeito a um assoreamento progressivo, do qual resulta o

sapal existente a Norte de Monte Gordo.

4.4.2.5. Elementos patrimoniais identificados durante o trabalho de campo

A metodologia inicialmente prevista para o trabalho de campo previa uma prospecção selectiva de acordo

com vários elementos base. No entanto, por não se ter identificado registos patrimoniais em bibliografia e

como a área é bastante reduzida, optou-se por se realizar prospecções sistemáticas de toda a área

abrangida pelo Plano de Pormenor.

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 93

No local, foi possível perceber que a área definida para o Plano se encontra parcialmente antropizada,

mais especificamente os contextos de superfície. Apenas a fracção mais a Sul do Núcleo F do Plano de

Pormenor se encontra relativamente preservada correspondendo a um contexto dunar, já em ambiente de

praia.

Não foram identificados elementos patrimoniais nos vários núcleos que compõem o Plano de Pormenor;

não obstante, esses elementos poderão surgir em níveis soterrados pela deposição dunar e pelos aterros

aí existentes. Este cenário surge do conhecimento da pré-existência de uma ocupação datada da pré-

história antiga nos terraços fluviais (8-12metros) da Aldeia Nova. Tal como aí, os artefactos poderão surgir

apenas após o corte do solo.

4.4.3. Paisagem

4.4.3.1. Introdução e metodologia

Sendo a paisagem a imagem de um território, na qual se relacionam a estrutura física, a componente

ecológica e a vertente humana, interessa perceber o modo como estas intervêm, de modo a entender a

forma como evoluirá um território perante uma determinada acção.

No caso da intervenção que concretizará o Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente, apesar da área se

integrar dominantemente no tecido urbano, este não está consolidado, e parte do tipo de ocupação

prevista implicará a alteração dos usos actuais, assim como a colmatação do tecido urbano, podendo

destacar-se e ter impactes na paisagem envolvente. Por este motivo, interessa perceber o modo como a

intervenção prevista com o plano de pormenor alterará a paisagem actual, como se integrará no espaço

envolvente e nas áreas onde terá influência visual. Por outro lado, é ainda importante entender o modo

como a qualidade da paisagem será afectada.

Neste contexto, efectua-se seguidamente uma análise da paisagem tendo como pressuposto que esta é

constituída por componentes cuja organização conduz a uma determinada percepção do ponto de vista

visual e cénico. Analisam-se assim:

• a componente física, determinada pela morfologia do terreno e pela rede hidrográfica;

• a componente biótica, cujo elemento mais importante é a vegetação e/ou a ocupação natural;

• a componente humana, reflectida nos diversos tipos de estruturas efectuadas pelo homem,

assim como nas ocupações, quer sejam pontuais, extensivas ou lineares.

A caracterização das componentes referidas, através da análise da morfologia e da ocupação do solo,

permitiu definir unidades de paisagem, correspondentes a porções de território com características

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homogéneas. Foi ainda definida a qualidade visual da paisagem e estudada a visibilidade da paisagem da

área do plano de pormenor. Por outro lado, para além da caracterização da paisagem actual na área de

influência do projecto, tiveram-se em conta as perspectivas de evolução da paisagem sem a

implementação do plano de pormenor.

Para este descritor definiu-se como área de estudo a que é abrangida pelo projecto, assim como a sua

envolvente directa. Seguidamente analisam-se os factores considerados mais importantes para a análise

da paisagem.

4.4.3.2. Morfologia

A área do plano de pormenor enquadra-se numa zona aplanada, possuindo dominantemente uma

morfologia artificializada devido ao facto de se encontrar construída e/ou impermeabilizada. Integra ainda

zonas com relevo dunar, que se encontram para Sul e Oeste da área urbana. No capítulo referente à

“geologia” pode encontrar-se uma descrição mais pormenorizada da morfologia do terreno.

Refere-se ainda que, de acordo com os elementos disponíveis, não se verificam na área de intervenção

quaisquer linhas de drenagem natural.

4.4.3.3. Ocupação do solo

Em termos de ocupação a área do plano de pormenor é dominantemente coincidente com a área urbana

de Monte Gordo, sendo envolvida por esta para Norte e para Nascente. O PP abrange ainda uma franja

marginal de uma zona de dunas, que se encontra relativamente artificializada na área imediatamente

adjacente à Av. Infante D. Henrique e ao parque de estacionamento (parcialmente integrado no Núcleo F) e

mais naturalizada nas zonas mais afastadas dessas infra-estruturas urbanas. A envolver a área urbana

para Oeste, encontram-se ainda zonas de mata, correspondentes à Mata Nacional das Dunas Litorais de

Vila Real de Santo António, na qual domina um coberto arbóreo de pinheiro-bravo que se estende por uma

extensa área para poente. Pontualmente, surgem na mata algumas construções, principalmente na zona

contígua com a área urbana. Para Sul da área urbana, para além das dunas, nas quais se distribuem

passadiços de acesso à praia, estão presentes areias sem vegetação (onde se implantam construções que

são utilizadas para apoio à actividade balnear), seguidas da praia e do mar.

Particularmente no Verão, tanto a área urbana como a praia são intensamente utilizadas, principalmente

para actividades balneares.

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4.4.3.4. Unidades de paisagem

Da análise da área de estudo, e tendo por base as suas características morfológicas e de ocupação, podem

diferenciar-se as seguintes unidades de paisagem, delimitadas na carta de unidades de paisagem (Figura

4.4.2 – Anexo I):

• Área urbana (Fotografias 4.4.1-3, 4.4.5-8 e 4.4.10 – Anexo II) – corresponde à área urbana de

Monte Gordo, sendo caracterizada pela topografia plana e por ter uma malha urbana que na área

de intervenção do plano se encontram pouco consolidada, possuindo diversos espaços

expectantes. A malha urbana da zona envolvente à área do plano encontra-se dominantemente

consolidada, integrando principalmente edifícios residenciais. A altura dos edifícios presentes

nesta parte da área urbana é variável, verificando-se uma tendência para a presença de edifícios

mais altos na frente urbana adjacente à Avenida Infante Dom Henrique, assim como na sua

proximidade (edifícios com cerca de10 pisos) e de edifícios mais baixos na parte posterior e no

limite Oeste da área urbana nesta zona (edifícios da ordem dos 2-3 pisos).

A malha urbana na parte poente de Monte Gordo estrutura-se em função da Avenida Infante Dom

Henrique, à qual são paralelos ou sub-paralelos grande parte dos arruamentos, assim como da

Rua de Lisboa, que define um eixo em torno do qual se dispõe o edificado coincidente com o

limite poente da localidade. A malha urbana é rematada a poente por um arruamento, que

confina com a Mata Nacional das Dunas Litorais de Vila Real de Santo António.

É ainda de referir que para Sul do edificado que delimita a Avenida Dom Afonso Henriques, se

verifica a diferenciação de uma subunidade no interior da unidade de paisagem área urbana,

caracterizada pela presença de grandes parques de estacionamento automóvel, de diversos

espaços verdes de enquadramento e da importância dos espaços pedonais que se desenvolvem

paralelamente aos limites do edificado e do areal. Com excepção para estas zonas, que integram

alguns espaços verdes, na área urbana coincidente com o plano de pormenor e na sua envolvente

próxima, não se verifica a presença de outros espaços verdes dignos de nota.

• Mata (Fotografia 4.4.9 – Anexo II) – Esta unidade integra a Mata Nacional das Dunas Litorais de

Vila Real de Santo António, caracterizada por relevos de origem dunar que estão cobertos por um

extenso pinhal com subcoberto arbustivo e herbáceo. Constitui uma unidade extensa e uniforme

que se inicia a partir dos limites da área urbana e se estende, a Norte, até às zonas agrícolas e

construídas que se desenvolvem ao longo da EN-125 e, a Oeste, até sensivelmente um

quilómetro. A Sul, esta unidade é delimitada por dunas com coberto vegetal herbáceo e

arbustivo. Próximo da área urbana, esta unidade é pontuada por alguns edifícios.

• Duna com vegetação herbácea e arbustiva (Fotografias 4.4.4, 4.4.7, 4.4.9-10 – Anexo II) –

constituída pelas dunas mais recentes que delimitam a praia de Monte Gordo e que se encontram

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96 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

entre esta e a mata ou a área urbana. Sobre as dunas desenvolvem-se passadiços de acesso à

praia.

• Areal com construções (Fotografias 4.4.5-7 – Anexo II) – esta unidade dispõe-se adjacentemente

à área urbana e é constituída por areias que, em determinados casos, apresentam vegetação a

revesti-las. No entanto, a principal marca desta unidade é o facto de sobre estas areias se

disporem uma série de construções, grande parte das quais associadas a cafés e a restaurantes,

assim como outras estruturas de apoio à actividade balnear. Encontram-se também estruturas

associadas à actividade piscatória.

• Praia (Fotografia 4.4.5-7 – Anexo II) – constituindo um extenso areal que, durante a época de

praia se encontra dotado de diversas estruturas de apoio à actividade balnear, incluindo

estruturas para toldos, passadeiras de madeira, etc.

• Mar (Fotografia 4.4.5-6 – Anexo II) – a delimitar a praia, constituindo uma unidade extensa que se

desenvolve até à linha do horizonte.

A área do plano de pormenor é dominantemente coincidente com a unidade de paisagem área urbana,

abrangendo ainda a unidade de paisagem duna com vegetação herbácea e arbustiva.

4.4.3.5. Visibilidades

A determinação da visibilidade sobre a zona onde se pretende localizar o plano de pormenor é importante,

na medida em que pode influenciar o impacte visual que se efectivará com sua implementação no terreno.

Neste âmbito analisou-se a visibilidade da área de estudo a partir das áreas adjacentes, tendo-se

concluído que a área do plano de pormenor é visível a partir dos seguintes locais:

• Do interior da área urbana, em especial a partir da rede viária e pedonal adjacente, assim como a

partir dos edifícios que se encontram na envolvente e a partir dos quais é possível obter vistas

sobre a área do plano de pormenor;

• A partir da praia e dos acessos à praia, em particular no caso do edificado mais alto e das zonas

coincidentes com a unidade duna com vegetação herbácea e arbustiva;

• A partir do actual limite Sul da área urbana, no caso da unidade duna com vegetação herbácea e

arbustiva.

É ainda de salientar o facto da zona do plano de pormenor ter uma boa acessibilidade por se integrar no

interior da área urbana de Monte Gordo, factor que contribui para uma maior visualização da área.

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4.4.3.6. Qualidade visual

Relativamente à qualidade visual da área onde se pretende intervir, verifica-se que relativamente à

unidade de paisagem área urbana, esta é caracterizada pela presença de áreas expectantes com extensão

considerável, que se apresentam como terrenos com o solo nú e, em determinados casos, com edifícios

degradados. Verifica-se ainda a ausência de espaços exteriores tratados na zona de intervenção e um

carácter de abandono, que leva à constituição de um aspecto degradado. Assim, no conjunto, a área de

intervenção do plano de pormenor e a sua envolvente directa apresentam, no que respeita às áreas de

incidência na unidade de paisagem área urbana, uma qualidade visual dominantemente baixa.

No que respeita à unidade de paisagem duna com vegetação herbácea e arbustiva, apesar desta se

encontrar pontualmente degradada adjacentemente à área urbana, esta é uma unidade com um carácter

naturalizado e que representa o sistema natural de transição entre o meio marítimo e o meio terrestre,

apresentando do ponto de vista visual um aspecto harmonioso. Considera-se que esta unidade tem uma

qualidade visual elevada.

4.4.4. Evolução da situação de referência na ausência de plano

Ecologia e biodiversidade – As comunidades biológicas ocorrentes numa dada área geográfica são

determinadas pelas condições abióticas do meio, pelos habitats presentes nesse território e pelo tipo de

intervenções e gestão antrópica desenvolvidas. Assim, no cenário de ausência do PPMGP, prevê-se que a

evolução da situação de referência seja marcada pela manutenção dos actuais factores de perturbação e

por uma pressão antrópica já hoje bastante elevada. Daqui decorrerá, no essencial, uma manutenção dos

habitats e comunidades biológicas em presença e do seu actual estado de conservação. As espécies

exóticas em presença parecem estar relativamente contidas, não manifestando o seu potencial de

invasibilidade, sendo previsível que esta situação se mantenha no futuro, salvaguardada a inexistência de

factores adicionais de perturbação. O nível de base de perturbação que marca a situação de referência, a

manter-se, dificilmente possibilitará o recrutamento para a área de incidência do PPMGP de valores

florísticos e faunísticos de maior relevância ecológica e conservacionista (existentes nas áreas envolventes

da MNDLVRSA) face aos actualmente existentes.

Património arquitectónico, arqueológico e etnográfico – No âmbito do património histórico-cultural, a

evolução da situação de referência na ausência de intervenção poderá permitir a manutenção dos

elementos patrimoniais eventualmente existentes, em condições idênticas às actuais. A erosão potencia a

destruição dos níveis arqueológicos conservados e o desenvolvimento de matos oculta quaisquer

elementos, dificultando a identificação de jazidas arqueológicas através de materiais de superfície.

Embora se desconheça a existência de outras intenções de intervenção na área em estudo, ressalva-se

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98 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

que uma futura ocupação desregrada da área, sem objectivos programados ou não sujeitos a uma

avaliação de impactes, poderá levar à destruição dos elementos patrimoniais aí existentes, assim como de

elementos de valor arqueológico que possam vir a ser descobertos na sequência de intervenções no

subsolo.

Paisagem – As perspectivas de evolução da paisagem na área do plano de pormenor são aquelas que são

indicadas pelos instrumentos de gestão territorial em vigor para essa área. Neste âmbito, está prevista

uma ocupação dominante por equipamentos turísticos, assim como uma parte de ocupação habitacional.

Por outro lado, está ainda prevista a criação de espaços de uso público na frente urbana de Monte Gordo.

Assim, caso sejam desenvolvidas as perspectivas dos instrumentos de gestão territorial em vigor, espera-

se que a área venha a transformar-se no sentido de assumir as características referidas. Caso contrário, a

não implementação do que está previsto, levará a que a paisagem na área do plano de pormenor se

mantenha como está, com uma área urbana com zonas expectantes e com uma qualidade visual

dominantemente baixa.

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4.5. Qualidade do ambiente e utilização de recursos naturais (FCD 4)

O Factor Crítico de Decisão, designado por Qualidade do ambiente e utilização dos recursos naturais,

integra os descritores geologia e geomorfologia, solo, energia, recursos hídricos, gestão de resíduos e

ambiente sonoro, por se considerar que estes sub-temas são determinantes para a sustentabilidade e

qualidade ambiental das actividades preconizadas no Plano de Pormenor que se encontra em elaboração.

4.5.1. Geologia e geomorfologia

A inclusão do Domínio de Análise Geologia e geomorfologia no âmbito da presente avaliação ambiental

surge no seguimento do parecer emitido pela Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de

Santo António à Proposta de Definição de Âmbito apresentada.

Neste âmbito apresenta-se um enquadramento regional da área afecta ao Plano de Pormenor e uma

caracterização geológica e geomorfológica locais. A análise da geologia e da geomorfologia da área afecta

ao Plano de Pormenor é suportada pela informação bibliográfica e cartográfica disponível, reflectindo uma

análise e interpretação dos elementos recolhidos. Destacam-se como fontes de informação a Carta

Geológica do Algarve, folha oriental, à escala 1:100 000, bem como os dados disponibilizados pelo

Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação [INETI, instituto ao qual pertence o ex-Instituto

Geológico e Mineiro e a partir do qual se criou o Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG) – cf.

Resolução do Conselho de Ministros nº 124/2006 de 3 de Outubro de 2006] no que diz respeito à

exploração de recursos geológicos minerais metálicos e não metálicos.

A área afecta ao Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente insere-se num troço costeiro arenoso de baixa

altitude, que se pode delimitar de forma geral, a Oeste, pela Ria Formosa, a Este, pelo troço terminal do

estuário do Guadiana e, a Norte, por uma zona entre marés que se desenvolve entre Castro Marim e Vila

Real de Santo António (correspondendo ao Esteiro da Carrasqueira). Entre a Ria Formosa e Vila Real de

Santo António, a linha de costa apresenta um traçado inicial orientado WSW-ENE, passando a E-W,

próximo de Monte Gordo, inflectindo a partir desta localidade e até ao molhe de Vila Real de Santo

António para uma orientação próxima de NNW-SSE.

As formações geológicas aflorantes na área afecta ao Plano de Pormenor correspondem a materiais

detríticos incoerentes de granulometria seleccionada pelo vento – areias de duna, sedimentos recentes

que constituem um corpo arenoso contínuo que gradualmente vai aumentando de largura à medida que se

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avança do limite oriental da Ria Formosa para o molhe de Vila Real de Santo António (cf. Figura 4.5.1 –

Anexo I).

A ocupação humana tem sido um factor preponderante na modelação do litoral Algarvio. Na área afecta ao

Plano de Pormenor, e atendendo à sua localização em meio maioritariamente urbano, a maioria das areias

de duna não apresentam características de sistemas dunares evoluídos. Ao longo da praia da frente

marítima de Monte Gordo verifica-se que o sistema dunar frontal, que no passado manteria a continuidade

entre as dunas que se desenvolvem desde o limite Este da Ria Formosa e aquelas que se desenvolvem

depois desta localidade até Vila Real de Santo António, se encontra praticamente todo ocupado por

parques de estacionamento e infra-estruturas de apoio a serviços de restauração e actividade balnear. No

limite ocidental da frente marítima de Monte Gordo permanece ainda um troço de dunas frontais, que

evidenciam sinais de degradação associados ao pisoteio.

A morfologia local é marcada por um relevo plano, apresentando a maioria da área afecta ao plano uma

reduzida altimetria e cotas muito pouco contrastantes entre si (cotas máximas médias do troço costeiro

junto ao mar da ordem dos 2 m (referente ao Nível Médio do Mar) e para o interior compreendidas entre 7

m e 14 m (referente ao Nível Médio do Mar).

De acordo com a informação disponibilizada pelo Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação

no respectivo sítio (www.ineti.pt), no concelho de Vila Real de Santo António não existem actualmente

ocorrências minerais com interesse económico, que estejam a ser exploradas ou que venham a justificar

futuras explorações. No que diz respeito aos recursos minerais não metálicos, na base de dados do INETI,

onde está compilada informação acerca das pedreiras que registaram movimentos de processos de

licença, constantes do Boletim de Minas, desde 1964, não foram igualmente identificadas quaisquer

explorações.

Na área afecta ao Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente não se localiza nenhuma estrutura, forma ou

unidade geológica classificada como património geológico nacional, regional ou municipal ou que esteja

referenciada como tendo interesse geológico ou geomorfológico pela sua singularidade, grandiosidade,

importância científica ou didáctica.

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4.5.2. Solo

Este Domínio de Análise foi introduzido também em resultado do parecer emitido pela Reserva Natural do

Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António (ICNB). O âmbito geográfico corresponde à área de

intervenção do Plano de Pormenor de Monte Gordo Nascente. Pretende-se, com este descritor, avaliar em

que medida a implementação do Plano de Pormenor que se encontra em avaliação representa uma boa

utilização do solo, tendo em conta as características do mesmo. Essas características são seguidamente

apresentadas de forma sumária.

A presente secção contém uma caracterização sumária do solo e da capacidade de uso do solo na área de

intervenção do Plano de Pormenor que se encontra em avaliação, nomeadamente quanto à sua

diferenciação em horizontes pedológico, quanto à sua capacidade para suportar comunidades bióticas ou

agricultura e quanto ao seu potencial para sofrer erosão. A caracterização foi realizada com base na

consulta as seguintes fontes de informação:

• “Solos de Portugal - sua Classificação, Caracterização e Génese, 1 – A Sul do Rio Tejo” elaborado

pelo por José de Carvalho Cardoso, Secretaria de Estado da Agricultura, Direcção-Geral dos

Serviços Agrícolas;

• Carta de capacidade de uso do solo, escala 1:50 000 (n.º 50D), Ministério da Economia, Secretaria

de Estado da Agricultura;

• Levantamento fotográfico da área de intervenção.

De acordo com a Figura 4.5.2 (Anexo I), os solos na área de estudo pertencem à unidade pedológica Rg -

Regossolos pesamíticos, não húmidos. Os Regossolos Pesamíticos inserem-se na Subordem dos

Regossolos, Grupo dos Regossolos dos Climas Sub-húmidos e Semi-áridos, sendo constituídos por

materiais detríticos arenosos mais ou menos grosseiros. Os Regossolos Pesamíticos não húmidos são

solos arenosos, soltos, mais ou menos ácidos e muito pouco ou nada diferenciados em horizontes

pedológicos, possuindo, quando muito, um delgado horizonte superficial com pequena acumulação de

matéria orgânica. Em geral, estes solos apresentam vegetação xerófita esparsa. Incluem as areias de

dunas e doutras formações geológicas mais antigas. A pobreza mineralógica das areias destes solos é

extrema, sendo constituídas, quase exclusivamente por quartzo, quer nas fracções mais grosseiras quer

nas mais finas.

Em resultado das características enunciadas, a capacidade de uso do solo na área de intervenção do Plano

de Pormenor, segundo a cartografia anteriormente referenciada, insere-se na classe E, sub-classe Es

(Limitações do solo na zona radicular), correspondendo a solos incipientes. O Ministério da agricultura

define os solos da Classe E como apresentando: Limitações muito severas; Riscos de erosão muito

elevados; Não susceptível de utilização agrícola; Severas a muito severas limitações para pastagens,

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102 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

matos e exploração florestal ou servindo apenas para vegetação natural ou floresta de protecção ou

recuperação ou não susceptível de qualquer.

A área de intervenção é composta por áreas bastante artificializadas, englobando, principalmente,

caminhos não pavimentados e terrenos expectantes, na sua maioria terraplanados onde é visível

vegetação degradada e esparsa. Nesta situação, o potencial erosivo por acção do vento e da água da

chuva é elevado.

Em suma, o solo na área de estudo classificam-se como Regossolos Pesamíticos não húmidos - solos

arenosos, pouco ou nada diferenciados em horizontes pedológicos, pobres em matéria orgânica minerais

e vegetação (xerófita). Em resultado das características enunciadas, a capacidade de uso do solo na área

de intervenção do Plano de Pormenor, insere-se na categoria Es, correspondendo a solos incipientes com

limitações muito severas e riscos de erosão muito elevado, não susceptível de utilização agrícola.

A área de intervenção é composta por áreas bastante artificializadas, englobando, principalmente,

caminhos não pavimentados e terrenos expectantes, na sua maioria terraplanados onde é visível

vegetação degradada e esparsa. Nesta situação, o potencial erosivo por acção do vento e da água da

chuva é particularmente elevado.

4.5.3. Energia

O Domínio de Análise “Energia” é analisado neste estudo, não por se considerar que está em causa a

geração de eventuais efeitos adversos impeditivos da aprovação do Plano de Pormenor de Monte Gordo

Poente ou dos projectos que nele recebem enquadramento, mas sim por se entender que a energia é um

factor estratégico e de oportunidade para a redução dos custos, económicos e ambientais, de

funcionamento das unidades e empreendimentos turísticos, tendo em conta o presente quadro legal e de

incentivos.

O presente subcapítulo começa com uma introdução que tem por objectivo situar a gestão da energia no

contexto nacional através de um enquadramento estratégico e legal, de que resulta também uma

abordagem à eficiência energética de edifícios e ao aproveitamento de energia solar.

Apresenta-se uma resenha da legislação vigente em matéria de eficiência energética de edifícios, apesar

destas disposições se aplicarem aos projectos que receberão enquadramento com a aprovação do Plano

de Pormenor e não ao plano propriamente dito. A razão para esta inclusão prende-se com o facto de

muitas das medidas previstas nos regulamentos aplicáveis, obrigatórias ou facultativas, deverem ser

avaliadas antes do início da construção, para que possam ser integradas nas estruturas de raiz, assegurar

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o seu correcto funcionamento, facilidade de instalação e minimização de custos e tempo dispendidos.

Trata-se não só de zelar pela legalidade mas também de agir com pragmatismo face às condicionantes, em

prol da conciliação dos vários interesses em jogo.

De seguida, efectuou-se o levantamento dos dados disponíveis relativos ao consumo de energia a nível

concelhio. As principais fontes de informação utilizadas consistem nas estatísticas da Direcção Geral de

Energia e Geologia relativas à energias renováveis e na matriz de consumos de energia concelhios,

compilada pela AREAL – Agência Regional de Energia e Ambiente do Algarve. Procurou-se, ainda, efectuar

o levantamento das medidas de promoção da eficiência energética, do aproveitamento de energias

renováveis e das principais linhas de orientação estratégica junto da ADENE – Agência Nacional para a

Energia.

4.5.3.1. Enquadramento estratégico

Portugal assumiu recentemente uma política de promoção da eficiência energética e da valorização das

energias endógenas, de forma a promover a modernização e competitividade da economia portuguesa e

salvaguardar a qualidade de vida, presente e futura, inclusivamente, pela redução de emissões de gases

de efeito de estufa, como o dióxido de carbono.

Quadro 4.5.1 – Medidas de eficiência energética do PNAC 2006 ao nível do consumo

MRe3 – Eficiência Energética nos Edifícios

Adopção dos novos regulamentos, com um aumento da eficiência térmica dos novos edifícios em 40%

MRe4 – Programa Água Quente Solar para Portugal

i) 2005 e 2006: 13000 m2/ano

ii) 2007-2020: instalação de 100.000 m2/ano, com o efeito da entrada em vigor plena de nova legislação sobre edifícios

MAe3 – Melhoria da eficiência energética ao nível da procura de electricidade

i) Introdução de uma taxa sobre lâmpadas de baixa eficiência

ii) Programa de Eficiência Energética lançado pela ERSE com orçamento de €10M/ano

MAr1 – Aumento da carga fiscal sobre o gasóleo de aquecimento

Harmonização fiscal entre o gasóleo de aquecimento e o gasóleo rodoviário (harmonização progressiva atingindo o pleno em 2014)

Fonte: PNAC 2006

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104 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

As medidas preconizadas aplicam-se a todo o sistema energético nacional, desde a produção e transporte,

até à distribuição e consumo. Os planos nacionais para as alterações climáticas de 2004 e 2006 (PNAC

2004 e PNAC 2006) promovem a transformação do sector electroprodutor, apostando nas fontes de

energias renováveis, nomeadamente, solar, eólica, e biocombustíveis, na utilização de gás natural em

detrimento de outros combustíveis fósseis mais poluentes e no incentivo à co-geração, entre outras

medidas.

Quanto à promoção da eficiência no consumo, o Quadro 4.5.1 destaca algumas medidas aplicáveis aos

sectores residencial e de serviços que poderão ter relevância no âmbito do presente estudo.

Também a nível sectorial, a Estratégia Nacional para o Desenvolvimento Sustentável refere

especificamente o apoio à “instalação obrigatória de soluções de aproveitamento de energia solar para

aquecimento e produção de electricidade no sector habitacional nas áreas metropolitanas e complexos

turísticos”.

Em termos regionais, o PROT Algarve indica, como norma orientadora, o incentivo à utilização de energia

solar para aquecimento de água no sector habitacional, na hotelaria e no alojamento turístico em geral e a

introdução de critérios de eficiência energética na selecção de projectos de desenvolvimento turístico.

4.5.3.2. Enquadramento legal, fiscal e financeiro

Recentemente, entrou em vigor um conjunto de legislação que regulamenta a eficiência energética de

edifícios, estabelecendo requisitos relativamente à construção, à utilização de energia solar para

aquecimento de águas sanitárias, à eficiência energética e à qualidade do ar interior. Esta legislação

resulta da transposição parcial de uma directiva comunitária (Directiva n.º 2002/91/CE, do Parlamento

Europeu e do Conselho de 16 de Dezembro e publicada a 4 de Janeiro de 2003). O âmbito de aplicação dos

regulamentos em vigor e os requisitos de eficiência energética e de qualidade do ar por estes

determinados, são descritos sumariamente no Quadro 4.5.2.

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Quadro 4.5.2 – Regulamentos para a eficiência energética de edifícios

Regulamento Regulamento de Características de

Comportamento Térmico dos Edifícios (RCCTE)

Regulamento dos Sistemas Energéticos de Climatização de

Edifícios (RSECE)

Diploma Decreto-Lei n.º 80/2006 de 4 de Abril Decreto-Lei n.º 79/2006 de 4 de Abril

Aplicação

Todos os novos edifícios de habitação e todos os novos edifícios de serviços sem sistemas de climatização centralizados. Grandes intervenções de remodelação ou de alteração na envolvente ou nas instalações de preparação de águas quentes sanitárias dos edifícios de habitação e dos edifícios de serviços sem sistemas de climatização centralizados já existentes. As ampliações de edifícios existentes, exclusivamente na nova área construída.

Disposições transitórias até à publicação de portaria específica: Edifícios de serviços novos e existentes com uma área útil superior a 1000 m2 (500 m2 no caso de centros comerciais, supermercados, hipermercados e piscinas aquecidas cobertas). Edifícios ou fracções autónomas residenciais e de serviços, novos, com uma potência instalada para climatização superior a 25 kW.

Requisitos energéticos

Limitação das necessidades nominais de energia útil para aquecimento, arrefecimento e produção de água quente sanitária e de necessidades globais de energia primária. Obrigatório o recurso a sistemas de colectores solares térmicos para aquecimento de água sanitária sempre que haja exposição solar adequada nos termos da lei14. Em alternativa à utilização de colectores solares térmicos podem ser utilizadas quaisquer outras formas renováveis de energia que captem, numa base anual, energia equivalente à dos colectores solares. Requisitos mínimos de qualidade térmica e ambiental dos edifícios (coeficiente de transmissão térmica superficiais máximos da envolvente; área e factor solar dos vãos envidraçados; inércia térmica interior; protecção solar das coberturas).

São estabelecidos requisitos com condições distintas de aplicação:

a) Independentemente da sua viabilidade económica;

b) Caso não exista estudo que demonstre a sua inviabilidade económica.

É definido um Indicador de Eficiência Energética (IEE) do Edifício, que deve cumprir determinados requisitos. Para informação pormenorizada consultar o Anexo IV no final do presente volume.

Requisitos de qualidade do ar

interior

Nenhum (taxa de renovação do ar interior de 0,6 renovações/hora apenas para efeito de cálculo)

Recomenda valores para assegurar conforto (temperatura, humidade, velocidade do ar). Estabelece valores limite para a concentração ambiente de determinados poluentes (partículas, CO2, CO, O3, formaldeído, COV, radão). Estabelece valores limite de concentração para determinados parâmetros biológicos (bactérias, fungos e Legionella).

14 Exposição solar adequada – a existência de cobertura em terraço ou de cobertura inclinada cuja normal esteja

orientada numa gama de azimutes de 90º entre S e SW, que não sejam sombreadas por obstáculos significativos no

período que se inicia diariamente duas horas depois do nascer do Sol e termina duas horas antes do ocaso.

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106 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

O Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios (RCCTE) estabelece

requisitos de qualidade para os novos edifícios de habitação e de pequenos serviços sem sistemas de

climatização, nomeadamente, ao nível das características da envolvente15 (paredes, envidraçados,

pavimentos e coberturas), limitando as perdas térmicas e controlando os ganhos solares excessivos. Este

regulamento impõe limites aos consumos energéticos da habitação para aquecimento / arrefecimento

ambiente e produção de águas quentes, incentivando a utilização de sistemas eficientes e a redução do

consumo de energia primária. A nova legislação determina a obrigatoriedade da instalação de colectores

solares sempre que a exposição solar seja adequada e valoriza a utilização de outras fontes de energia

renovável na determinação do desempenho energético do edifício (ADENE, 2007a).

O Regulamento dos Sistemas Energéticos de Climatização em Edifícios (RSECE) define um conjunto de

requisitos aplicáveis a edifícios de serviços e de habitação dotados sistemas de climatização. Para além

dos aspectos da qualidade da envolvente16 e da limitação dos consumos energéticos, abrange a eficiência

e manutenção dos sistemas de climatização dos edifícios, obrigando à realização de auditorias periódicas

e estipulando requisitos para as taxas de renovação do ar interior nos espaços e a concentração máxima

dos principais poluentes, de forma a salvaguardar a qualidade do ar interior (ADENE, 2007a).

Simultaneamente, foi criado um Sistema Nacional de Certificação da Eficiência Energética e da Qualidade

do Ar Interior nos Edifícios (SCE), com a aprovação do Decreto-Lei n.º 78/2006 de 4 de Abril, cuja função é

garantir a aplicação dos regulamentos anteriores, identificar medidas correctivas ou de melhoria de

desempenho e permitir ao utente / consumidor uma interpretação simples do nível de desempenho

energético dos edifícios. À luz do regulamento aplicável a cada edifício, será calculada uma estimativa do

consumo de energia (kg ou kW) por metro quadrado, valor que permitirá qualificar o desempenho

energético do edifício no sistema nacional de certificação.

O sistema de certificação entra em vigor de forma faseada, segundo calendarização definida na Portaria

n.º 461/2007 de 5 de Junho. Assim, o SCE será aplicável a:

• Novos edifícios destinados à habitação com área útil superior a 1000 m2 e os edifícios de serviços,

novos ou que sejam objecto de grandes obras de remodelação, cuja área útil seja superior aos

15 O Anexo II do RCCTE define: Envolvente exterior – conjunto dos elementos do edifício ou da fracção autónoma

que estabelecem a fronteira entre o espaço interior e o ambiente exterior. Envolvente interior - a fronteira que

separa a fracção autónoma de ambientes normalmente não climatizados (espaços anexos “não úteis”), tais como

garagens ou armazéns, bem como de outras fracções autónomas adjacentes em edifícios vizinhos.

16 O Anexo I do RSECE define: Envolvente – componente do edifício que marca a fronteira entre o espaço interior

e o ambiente exterior. Está intimamente ligada à arquitectura e à construção da “pele” do edifício propriamente dita

mas também depende das relações físicas desta com as fundações, a estrutura e os demais elementos construtivos.

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 107

limites mínimos estabelecidos nos n.º 1 ou 2 do artigo 27.º do RSECE, de 1000 m2 ou de 500 m2,

consoante a respectiva tipologia, cujos pedidos de licenciamento ou autorização de edificação

sejam apresentados à entidade competente a partir de 1 de Julho de 2007;

• Todos os edifícios novos, independentemente da sua área ou fim, cujos pedidos de licenciamento

ou autorização de edificação sejam apresentados à entidade competente a partir de 1 de Julho de

2008;

• Todos os edifícios, a partir de 1 de Janeiro de 2009.

Os edifícios novos necessitam de estar certificados no âmbito do SCE para que se possa efectuar o pedido

de licença de utilização. A certificação de edifícios é um requisito necessário para a celebração de

contratos de venda, locação ou arrendamento de edifícios para habitação ou serviços, novos ou

existentes. Caso o edifício esteja em conformidade com os regulamentos aplicáveis, o edifício receberá um

certificado e uma etiqueta que qualifica o respectivo desempenho energético. Esta classificação poderá

influenciar o valor de venda ou aluguer do imóvel.

Os proprietários de edifícios de serviços abrangidos pelo RSECE são responsáveis pela afixação de cópia

de um certificado energético e de qualidade do ar interior, válido, em local acessível e bem visível junto à

entrada (ADENE, 2007c). O não cumprimento do RSECE, quando aplicável, poderá dar lugar a coimas e

mesmo à suspensão da licença de utilização.

Tendo em conta as condicionantes legais, considera-se oportuno aprofundar um pouco mais as temáticas

da eficiência energética de edifícios e do aproveitamento de energia solar.

A. Eficiência energética de edifícios

As medidas de eficiência energética de edifícios destinam-se a reduzir o consumo de energia de modo a

minimizar o impacte ambiental da utilização e exploração de edifícios, reduzindo também a factura

energética associada. Estas medidas procuram minimizar o recurso à iluminação artificial e minimizar, ou

mesmo evitar, a utilização de sistemas de ar condicionado para ventilação, aquecimento ou arrefecimento

forçado do ambiente, mantendo as necessárias condições de habitabilidade e conforto no interior dos

edifícios. Os principais vectores de actuação possível são:

• Minimizar as perdas de energia térmica no Inverno;

• Maximizar o aquecimento devido à energia solar passiva durante o Inverno;

• Evitar o sobreaquecimento devido à exposição solar durante o Verão;

• Favorecer o arejamento dos espaços interiores por ventilação natural;

• Favorecer o aproveitamento de luz natural.

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108 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

Estes objectivos podem ser concretizados através de medidas ao nível da envolvente dos edifícios,

definida nos termos do RCCTE e RSECE, e de medidas de aproveitamento de energia solar passiva. Os

regulamentos vigentes incidem, essencialmente sobre a componente da envolvente, designadamente

considerando: coeficientes de transmissão térmica superficiais máximos da envolvente; área e factor solar

dos vãos envidraçados; inércia térmica interior; protecção solar das coberturas; pontes térmicas e os

ganhos solares pela envolvente opaca.

Medidas solares passivas consistiriam, por exemplo, no ajuste da orientação do edifício de forma a

promover uma boa distribuição de temperatura e luz ou a criação de sombreamento através de construção

de varandas ou outras estruturas salientes na fachada voltada a Sul.

O RCCTE tem em conta o zonamento climático em que o edifício se insere para o cálculo das necessidades

energéticas admissíveis. Este regulamento estabelece limites às necessidades nominais de energia útil

(aquecimento, arrefecimento e produção de água quente sanitária e de necessidades globais de energia

primária) através de requisitos mínimos de qualidade térmica e ambiental dos edifícios. O RSECE, para

além dos aspectos da qualidade da envolvente na limitação dos consumos energéticos (isolamento, vãos

envidraçados, caixas de estores, caixilhos de janelas, etc.), abrange a eficiência e manutenção dos

sistemas de climatização dos edifícios, promovendo, por exemplo, a utilização de equipamento de

recuperação de calor nos sistemas de ventilação e obrigando à realização de auditorias periódicas.

O RSECE define um Indicador de Eficiência Energética do edifício (IEE), calculado de acordo com o método

indicado no Anexo IX do Decreto-Lei n.º 79/2006, para o qual impõe limites de consumo por sector de

actividade. Os limites estabelecidos para edifícios com fins turísticos são apresentados no Quadro 4.5.3.

Quadro 4.5.3 – Valores limite estabelecidos para edifícios com fins turísticos

Valores limite dos consumos globais específicos dos edifícios existentesa

Tipologia do edifício IEE (kgep/m2.ano)

Empreendimentos turísticos, quando aplicável, de 4 ou mais estrelas 60

Empreendimentos turísticos, quando aplicável, de 3 ou menos estrelas 35

Valores de referência limite dos consumos nominais específicos de novos edifíciosb

Tipologia do edifício

Aquecimento e arrefecimento Aquecimento

IEE (kgep/m2.ano) IEE (kgep/m2.ano)

Hotéis de 4 ou mais estrelas 45 30

Hotéis de 3 ou menos estrelas 25 19

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 109

Valores alternativos de IEE para algumas tipologias de edifíciosc

Tipologia do edifício

Edifícios novos

IEE (kgep/dormida)

Edifícios existentes

IEE (kgep/dormida)

Empreendimentos turísticos, quando aplicável, de 4 ou mais estrelas 11 15

Empreendimentos turísticos, quando aplicável, de 3 ou menos estrelas 6 10

Fonte: Decreto-Lei n.º 79/2006 de 4 de Abril: a – Anexo X; b – Anexo XI; c – Anexo XII.

Adicionalmente, o Anexo XI do Decreto-Lei n.º 79/2006 de 4 de Abril define valores limite para os

consumos nominais das seguintes actividades complementares: estacionamento, cozinhas, lavandarias e

armazéns. Para obter informação técnica mais detalhada, recomenda-se a consulta da legislação

anteriormente indicada.

B. Energias renováveis

As energias renováveis utilizadas no Algarve correspondem à energia hídrica, à biomassa recolhida em

operações de limpeza florestal e energia solar, esta última em quantidade muito reduzida, apesar do

elevado potencial para o seu aproveitamento. Face a esse potencial não explorado, optou-se por fazer

uma exposição mais detalhada sobre a energia solar.

A energia solar pode ser utilizada para vários fins, classificados da seguinte forma (DGEG, 2007):

• Energia solar fotovoltaica – Produção de energia eléctrica através de painéis fotovoltaicos –

energia, geralmente, utilizada na iluminação de edifícios e parques ou ligação à rede eléctrica;

• Energia solar térmica – Aquecimento de um fluido térmico através de colectores solares –

utilizada no aquecimento de piscinas, água quente sanitária e aplicações industriais;

• Energia solar passiva – Não envolve utilização de equipamento de conversão energética, mas sim

o design de edifícios e o planeamento urbanístico de forma a tirar partido da radiação solar para

aumentar os níveis de conforto, ventilação natural e luz natural, diminuindo o consumo de

energia eléctrica ou de combustíveis fósseis.

A potência incidente sobre uma superfície terrestre não é constante, sendo condicionada pela época do

ano e a distância da Terra ao Sol, a latitude, a altitude e condições meteorológicas (DGEG e AQS, 2007).

Portugal é um dos países da Europa com melhores condições para aproveitamento deste recurso.

Tal como referido anteriormente, o RSECE estabelece a obrigatoriedade de, caso não exista estudo que

demonstre a inviabilidade económica, recurso a sistemas de climatização que usem fontes de energia

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110 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

renováveis. A utilização de energias renováveis é ainda incentivada de forma indirecta, uma vez que as

energias renováveis utilizadas não são contabilizadas no Índice de Eficiência Energética.

Por sua vez, o RCCTE estabelece a obrigatoriedade de utilização de sistemas de colectores solares

térmicos para aquecimento de água sanitária sempre os novos edifícios, a que este regulamento é

aplicável, tenham exposição solar adequada nos termos da lei. Por exposição solar adequada entende-se

a existência de cobertura em terraço ou de cobertura inclinada cuja normal esteja orientada numa gama de

azimutes de 90º entre sudeste e sudoeste, que não sejam sombreadas por obstáculos significativos no

período que se inicia diariamente duas horas depois do nascer do Sol e termina duas horas antes do

ocaso.

O turismo no Algarve apresenta forte sazonalidade, de que resulta um pico de procura de energia nos

meses de Verão, especialmente Agosto. É precisamente durante o pico de procura que a disponibilidade

de radiação solar para aproveitamento é maior. O Algarve, pelo seu clima e predominância de dias de céu

limpo é um local propício à utilização da energia solar.

Fonte: Atlas do Ambiente (1975)

Figura 4.5.1 – Insolação e quantidade total de radiação global em Portugal continental

A freguesia de Monte Gordo localiza-se numa zona que regista um valor médio de 3000 e a 3100 horas

anuais de insolação, sendo que a quantidade total de radiação global (directa e difusa) varia entre 160 e

165 kcal/cm2 (SMN, 1975), tal como se pode constatar pela Figura 4.5.1.

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 111

Para além dos instrumentos legais, apresentam-se ainda os instrumentos fiscais e financeiros em vigor (cf.

Anexo V, inserido no final do presente volume) que poderão pesar nas escolhas dos agentes económicos

cujas actividades receberão enquadramento com a aprovação do Plano de Pormenor. Esta informação é

pertinente pois completa o quadro de tomada de decisão.

4.5.3.3. Consumo de energia na região

A procura de energia final no Algarve, por sector de actividade e por forma de energia, é apresentada no

Quadro 4.5.4 e Quadro 4.5.5, respectivamente, tal como consta no PROT Algarve, Volume II, Anexo K1

(CCDR Algarve, 2007a).

Quadro 4.5.4 – Consumo de energia final por sector de actividade, no Algarve

Sector Consumo de energia final (ktep)

1990 2000*

Residencial 63,4 91,4

Terciário 38,9 67,9

Agricultura e Pescas 43,6 44,1

Indústria extractiva 2,8 3,3

Indústria transformadora 86,8 113,8

Construção civil 9,8 13,2

Transportes 251,8 341,7

Total 497,1 675,4

Fonte: PROT Algarve (CCDR Algarve, 2007a). * Projecção do Plano estratégico Regional.

Quadro 4.5.5 – Consumo de energia final no Algarve, por forma de energia

Forma de energia Consumo de energia final (ktep)

1990 2000*

Electricidade 70,2 107,4

Gás 35,1 58,5

Derivados do petróleo 319,6 420,1

Carvão 35,5 43,6

Biomassa 36,6 45,3

Solar 0,2 0,5

Total 497,2 675,4

Fonte: PROT Algarve (CCDR Algarve, 2007a). * Projecção do Plano estratégico Regional.

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112 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

Em 2004, a AREAL – Agência Regional de Energia e Ambiente do Algarve compilou os dados relativos ao

consumo de energia na região do Algarve durante o período 1994 – 2002, publicando a “Grelha/Matriz dos

Consumos Energéticos dos Concelhos da Região do Algarve”. Seguidamente, apresentam-se os dados de

consumo de electricidade e de combustíveis fósseis relativos ao concelho de Vila Real de Santo António

(VRSA) divulgados no referido documento (AREAL, 2004).

Quadro 4.5.6 – Consumo de energia eléctrica (VRSA, 1994-2002)

Ano 1994 1998 2002 Variação (1994-2002)

Habitantes (n.º) 14.150 13.880 17.922 + 26,7 %

Consumidores (n.º) 13.110 15.043 17.126 + 30,6 %

Consumo total de electricidade (106 kWh) 37,118 44,657 55,114 + 48,5 %

Consumo per capita (103 kWh/hab) 2,62 3,22 3,07 + 17,2 %

Consumo por consumidor (kWh/consumidor) 2,83 2,97 3,22 + 13,7 %

Fonte: AREAL, 2004.

0

10

20

30

40

50

60

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

Ano

Cons

umo

tota

l de

elec

trici

dade

(1

06 kw

h)

2,6

2,7

2,8

2,9

3

3,1

3,2

3,3

3,4

Consumo individual

(103 kw

h/consumidor)

Consumo total deelectricidade (kWh)Consumo por consumidor(kWh/consumidor)

Fonte: AREAL, 2004.

Figura 4.5.2 – Evolução do consumo de electricidade (VRSA, 1994-2002)

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 113

Construção e

obras públicas

4,3%

Agricultura e

Pescas

1,2%

Indústria

2%

Comércio

11,8%

Outros serviços

16,6%

Doméstico

37,6%Transportes

0,19%

Banca e seguros

3,50%

Elevação e

abastecimento de

água

0,03%

Restauração,

hotelaria e

similares

22,80%

Fonte: AREAL, 2004.

Figura 4.5.3 – Consumo de electricidade por sector de actividade (VRSA, 2002)

Doméstico

37,6%

Não doméstico

42,2%

Iluminação

interna de

edifícios do

Estado

6,7%

Iluminação de

vias públicas

4,8%

Agricultura

1,2%

Indústria

7,5%

Fonte: AREAL, 2004.

Figura 4.5.4 – Consumo de electricidade por tipo de actividade (VRSA, 2002)

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114 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002Ano

Con

sum

o de

com

bust

ível

(ton

elad

as)

Gás Butano Gás PropanoGasolina Petróleo Gasóleo Fuel Óleo Gás Auto *

Fonte: : AREAL, 2004.

Figura 4.5.5 – Consumo de combustíveis fósseis (VRSA, 2002)

Os dados disponíveis revelam o aumento do consumo de electricidade total, bem como do consumo

individual de cada consumidor. A desagregação dos consumos de electricidade por sector de actividade e

por tipo de actividade no concelho de Vila Real de Santo António, em 2002, revela o peso relativo do

consumo doméstico (37,6%), da restauração, hotelaria e similares (22,8%), face aos restantes sectores.

A Grelha/Matriz dos Consumos Energéticos dos Concelhos da Região do Algarve (AREAL, 2004) não

discrimina quais as fontes de energia primária utilizadas na produção da electricidade consumida no

concelho. De facto, não foi possível obter dados de desagregados por concelho.

4.5.3.4. Aproveitamento de energias renováveis na Região

Os dados relativos ao consumo de electricidade disponíveis encontram-se desagregados por concelho

(1994-2002), tal como indicado anteriormente. Já os dados de produção de electricidade a partir de fontes

de energia renováveis disponíveis (1998-2007) apenas estão desagregados por distrito, o que

corresponde a uma análise bastante mais geral e menos específica. No entanto, é possível concluir que,

nos anos em que as duas séries de dados se encontram disponíveis, o total de electricidade produzido a

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 115

partir de fontes de energia renováveis no distrito de Faro (Algarve) é inferior às necessidades de

electricidade do concelho de Vila Real de Santo António consideradas independentemente, pelo que, a

utilização de energias renováveis apenas dava resposta a uma fatia relativamente pequena das

necessidades de electricidade.

0

10

20

30

40

50

60

1998 1999 2000 2001 2002

Ano

Ele

ctric

idad

e (G

Wh) Procura no concelho de VRSA

Produção a partir de renováveis no distrito de Faro(excluindo fotovoltaica)

Fonte: Dados de procura – AREAL 2004; Dados de oferta – DGEGa 2007.

Figura 4.5.6 – Procura e oferta de electricidade (1998 - 2002)

Apresentam-se, de seguida, os dados relativos ao aproveitamento de energias renováveis para produção

de electricidade na região do Algarve, distrito de Faro. Como mencionada anteriormente, a desagregação

de dados por concelho não está disponível. Indica-se, não só a quantidade de electricidade produzida,

como também a tendência de evolução da potência instalada e da potência licenciada.

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116 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

Quadro 4.5.7 – Aproveitamento de energias renováveis no Algarve

Evolução da energia eléctrica produzida através de renováveis (excuindo fotovoltaica)

Região Data

Unidade 2004 2005 2006 Julho 2007

Portugal continental 12.588 8.667 16.122 não disponível GWh

Distrito de Faro 45 49 49 não disponível GWh

Evolução histórica da potência instalada de renováveis (excluindo a grande hídrica >30 MW e fotovoltaica)

Região Data

Unidade 2004 2005 2006 Julho 2007

Portugal continental 1.519 2.030 2.668 2.989 MW

Distrito de Faro 23 24 36 36 MW

Evolução da potência licenciada

Região Eólica

Unidade até 2004 2005 2006 Jul-07

Portugal continental 220 2.520 3.082 3.345 MW

Distrito de Faro 78 96 147 190 MW

Região Total acumulada

Unidade até 2004 2005 2006 Jul-07

Portugal continental 7.628 8.004 8.604 8.917 MW

Distrito de Faro 79 97 158 201 MW

Fonte: DGEG 2007a

Inverno e Lamarão (2004) referem um inquérito às unidades hoteleiras do Algarve, ao qual responderam

13 hotéis de 5 estrelas, 35 hotéis de 4 estrelas e 26 hotéis-apartamento. Do universo de respostas ao

inquérito, 17% das unidades turísticas utilizavam sistemas solares para produção de água quente

sanitária ou aquecimento de piscinas.

4.5.3.5. Nota final

Ao nível do quadro regulamentar, destaque-se a aprovação do Regulamento das Características de

Comportamento Térmico dos Edifícios (RCCTE), o Regulamento dos Sistemas Energéticos de Climatização

em Edifícios (RSECE) e o Sistema Nacional de Certificação da Eficiência Energética e da Qualidade do Ar

Interior nos Edifícios (SCE).

A procura de energia final no Algarve tem vindo a aumentar nas últimas décadas e o peso de sector

terciário tem crescido substancialmente. Os dados disponíveis revelam o aumento do consumo de

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 117

electricidade total, bem como do consumo individual de cada consumidor. A desagregação dos consumos

de electricidade por sector de actividade e por tipo de actividade no concelho de Vila Real de Santo

António, em 2002, revela o peso relativo do consumo doméstico (37,6%), da restauração, hotelaria e

similares (22,8%), face aos restantes sectores. A capitação do consumo de electricidade tem aumentado,

acompanhando a tendência para a utilização de maior número de aparelhos eléctricos.

As energias renováveis utilizadas no Algarve correspondem à energia hídrica, à biomassa recolhida em

operações de limpeza florestal e energia solar, esta última em quantidade muito reduzida, apesar do

elevado potencial para o seu aproveitamento.

O turismo no Algarve apresenta forte sazonalidade, de que resulta um pico de procura de energia nos

meses de Verão, especialmente Agosto. É precisamente durante o pico de procura que a disponibilidade

de radiação solar para aproveitamento é maior. O Algarve, pelo seu clima e predominância de dias de céu

limpo é um local propício à utilização da energia solar.

Um inquérito às unidades hoteleiras do Algarve, indica que apenas 17% das unidades turísticas que

responderam utilizavam sistemas solares para produção de água quente sanitária ou aquecimento de

piscinas (Inverno e Lamarão, 2004).

4.5.4. Recursos hídricos

A água é um factor estratégico da maior importância, não só para a salvaguarda da saúde e qualidade de

vida das populações, mas também para o desenvolvimento das actividades económicas e a para a

afirmação do Algarve como um destino turístico de qualidade.

A presente secção foi elaborada tendo em linha de conta as recomendações contidas nos pareceres

emitidos pelo INAG e pela CCDR Algarve à proposta de definição de âmbito apresentada às entidades

relevantes. Começa-se com o enquadramento da gestão de recursos hídricos no contexto nacional e

regional, tendo em conta a legislação relevante e o quadro de referência estratégico traçado no Capítulo 3.

De seguida, apresenta-se uma caracterização sumária da situação de referência dos recursos hídricos sob

os seguintes aspectos:

• Caracterização dos Recursos hídricos:

• Recursos hídricos subterrâneos - Quantidade e qualidade;

• Recursos hídricos superficiais - Quantidade e qualidade.

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118 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

• Capacidade das infra-estruturas existentes:

• Disponibilidades / necessidades de água para abastecimento e capacidade das

infra-estruturas existentes;

• Infra-estruturas de saneamento.

Foi efectuado um levantamento das infra-estruturas de abastecimento de água e saneamento que servem

o concelho de Vila Real de Santo António, existentes e previstas.

Assim, o âmbito geográfico considerado engloba, não só a área afecta ao Plano de Pormenor proposto,

mas também as redes dos sistemas de abastecimento de água e de saneamento águas residuais da

freguesia de Monte Gordo, existentes ou previstas.

As entidades seguidamente indicadas constituem as principais fontes de informação utilizadas:

• Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve;

• Águas do Algarve, S.A., empresa concessionária dos sistemas multimunicipais de abastecimento

de água e saneamento do Algarve;

• Instituto da Água, nomeadamente, através dos seguintes projectos:

• O Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos – base de dados para

caracterização da qualidade e quantidade dos recursos hídricos;

• O Inventário Nacional de sistemas de Abastecimento de Água e de Águas Residuais

(última actualização: 2005).

4.5.4.1. Enquadramento estratégico e legal

A nível estratégico nacional, destacam-se os seguintes documentos no que toca ao planeamento e gestão

de recursos hídricos:

• Plano Nacional da Água, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 112/2002, de 17 de Janeiro;

• Programa Nacional para o Uso Eficiente da Água – Bases e Linhas Orientadoras, diploma

aprovado pela Resolução de Conselho de Ministros n.º 113/2005 e publicada a 30 de Junho;

• Plano Estratégico de Abastecimento de Água e Saneamento de Águas Residuais para o período

de 2007-2013 (PEAASAR) – Despacho n.º 2339/2007 de 14 de Fevereiro;

• Plano de Bacia Hidrográfica das Ribeiras do Algarve – Decreto Regulamentar n.º 12/2002 de 9 de

Março;

• Plano de Bacia Hidrográfica do Guadiana – Decreto Regulamentar n.º 16/2001 de 12 de Maio;

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• Plano Regional de Ordenamento do Território do Algarve – Resolução do Conselho de Ministros

nº 102/07 de 3 de Agosto.

Mais especificamente, as principais prioridades para a gestão de recursos hídricos no Algarve foram

identificadas através da consulta de documentos estratégicos adicionais consistem em:

• Superar os défices hídricos e controlar a sobre-exploração dos recursos subterrâneos (Programa

Nacional da Política de Ordenamento do Território);

• Introdução do critério de uso eficiente da água na selecção de projectos de desenvolvimento

turísticos no Algarve (Plano Regional de Ordenamento do Território do Algarve - PROT Algarve);

• Reduzir o uso de água potável em fins menos nobres, como seja a rega de espaços verdes e a

reutilização de águas residuais tratadas para fins compatíveis, através da reutilização de

efluentes tratados em usos compatíveis (PROT Algarve e PEAASAR). No entanto, a concretização

deste potencial exige o adequado funcionamento dos sistemas de tratamento de efluentes.

Fundamental é também a legislação, nacional e comunitária, nesta matéria. A nova lei quadro da Água,

Lei n.º 58/2005 de 29 de Dezembro, transpõe para a ordem jurídica nacional a Directiva n.º 2000/60/CE,

do Parlamento Europeu e do Conselho, de 23 de Outubro, estabelecendo as bases e o quadro institucional

para a gestão sustentável das águas. O Decreto-Lei n.º 226-A/2007 de 31 de Maio estabelece o regime de

utilização dos recursos hídricos.

O Decreto-Lei n.º 236/98 de 1 de Agosto é igualmente importante, pois estabelece as normas, critérios e

objectivos de qualidade da água, quer no meio receptor quer na água para utilização em diversos fins,

como seja o consumo humano e a rega de culturas agrícolas.

4.5.4.2. Caracterização dos recursos hídricos

A presente secção apresenta uma breve descrição da qualidade e quantidade de recursos hídricos

existentes, tendo em conta o carácter estratégico e abrangente do estudo.

A. Climatologia

A acentuada variabilidade pluviométrica sazonal e anual, caracterizada pela ocorrência frequente de séries

de anos secos, associada à distribuição irregular dos recursos disponíveis no espaço, confere à água um

carácter de recurso limitante, decisivo para o desenvolvimento da região algarvia (Águas do Algarve,

2007).

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120 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

O Verão, período de menor abundância de água para captação, corresponde precisamente ao pico de

procura de água para abastecimento público devido a uma maior afluência de turistas. Assim, esta região

é mais susceptível à escassez de água.

B. Recursos hídricos subterrâneos

A área afecta ao Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente desenvolver-se-á sobre formações geológicas

detríticas com uma porosidade e permeabilidade que lhes conferem elevada aptidão hidrogeológica e que

permitem a individualização de um sistema aquífero de dimensão regional – o sistema aquífero de Monte

Gordo.

O sistema aquífero de Monte Gordo ocupa uma área total da ordem dos 10 Km2 e apresenta uma espessura

relativamente reduzida (espessuras máximas nas areias de duna da ordem dos 20 m). O sistema aquífero

de Monte Gordo desenvolve-se entre Vila Real de Santo António e a praia Verde, a Oeste da área do Plano

de Pormenor, sendo limitado a Este pelo Rio Guadiana, a Norte pelo Esteiro da Carrasqueira e a Sul pelo

mar, o que implica a presença de uma interface água doce/água salgada a Norte (estuário do Guadiana) e

de outra a Sul (mar).

As dunas de Vila Real de Santo António – Monte Gordo constituem um sistema aquífero livre poroso, que

satisfez, até à entrada em funcionamento do Sistema Multimunicipal de Abastecimento Público do

Algarve, as necessidades de água das populações de Vila Real de Santo António, para consumo humano e

agricultura. Até à entrada em funcionamento do sistema multimunicipal eram extraídos de captações de

água subterrânea pertencentes à Câmara Municipal de Vila Real de Santo António caudais da ordem dos

650 000 m3/ano. Actualmente as águas subterrâneas têm uma utilização muito restrita. De acordo com o

Inventário Nacional de Sistemas de Abastecimento de Água e de Águas Residuais (INSAAR) do ano de

2005 (ano em que se verificou em Portugal uma situação de seca crítica), o concelho de Vila Real de Santo

António teve em serviço duas captações de água subterrânea, as quais extraíram cerca de 1 163 000 m3

para o abastecimento de aproximadamente 19 600 habitantes.

A recarga, estimada da ordem dos 3x106 m3/ano, faz-se directamente por infiltração da precipitação, sendo

que a produtividade oscila entre 1 l/s e 12 l/s (PROT Algarve, CCDR Algarve, 2007a).

“Neste sistema aquífero as extracções são diminutas ou inexistentes e as variações dos níveis

piezométricos devem-se essencialmente às variações naturais do aquífero em função da recarga” (PROT

Algarve, CCDR Algarve, 2007a).

De acordo com o ultimo relatório da Direcção de Serviços de Monitorização Ambiental da CCDR Algarve

relativamente à situação dos recursos hídricos na região do Algarve (CCDR Algarve, 2007), no semestre

húmido anterior a Maio de 2007, a subida do nível de água foi de pequena amplitude, encontrando-se este

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acima dos valores médios da série de observações. De acordo com os registos da CCDR Algarve, relativos

ao período compreendido entre 1980 e 2008, até 1990 a cota do nível piezométrico foi sempre inferior a 1

m, denotando-se uma subida gradual nos últimos anos, embora para cotas sempre inferiores a 2.5 m.

No que diz respeito à qualidade da água, verificou-se no mesmo semestre que as concentrações de

nitratos e sulfatos se mantiveram relativamente constantes, no entanto, registou-se uma concentração de

cloretos muito elevada (atingindo os 450 mg/l) e que ultrapassam o Valor Máximo Recomendável (VMR)

da classe A1 - águas doces superficiais para consumo humano (200 mg/L)), enquanto que as

concentrações de sulfatos e de nitratos se mantiveram relativamente constantes, situando-se abaixo do

VMR da classe A1 (CCDRA, 2007). A concentração de cloretos superou os valores do histórico disponível e

excedeu largamente o Valor Máximo Recomendado em água para rega (70 mg/L) estabelecido pelo

Decreto-Lei n.º 236/98 de 1 de Agosto.

De acordo com a Norma de Riverside (do U.S. Salinity Laboratory Staff), a maioria das águas analisadas,

cerca de 70%, pertence à classe C3S1, representando um alto perigo de salinização e baixo perigo de

alcalinização dos solos. Foram ainda obtidas águas pertencentes a classes com maiores riscos de

salinização e alcalinização dos solos, nomeadamente C3S2 (7%), C4S1 (4%), C4S2 (11%), C4S3 (7%).

Os problemas de qualidade da água subterrânea extraída neste sistema aquífero devido à presença do ião

cloreto são registados desde a década de 90 do século XX. As elevadas concentrações do ião cloreto, mas

também a condutividade eléctrica, contribuem para a degradação da qualidade do sistema aquífero,

indicando intrusão salina.

Devido aos problemas de avanço da cunha salina e da sobreexploração dos sistemas aquíferos do Algarve,

no âmbito do Plano Regional de Ordenamento do Território para o Algarve (Resolução do Conselho de

Ministros n.º 102/2007 de 30 de Agosto), procedeu-se à delimitação de um conjunto de áreas críticas à

extracção de águas subterrâneas. Estas áreas críticas à extracção de águas subterrâneas foram

delimitadas em função de diversos factores, entre eles as áreas de recarga dos sistemas aquíferos e a

evolução da composição físico-química das águas subterrâneas. A área afecta ao Plano de Pormenor está

inserida numa destas áreas críticas à extracção de águas subterrâneas, abrangendo a totalidade do

sistema aquífero de Monte Gordo.

A área afecta ao Plano de Pormenor possui, na generalidade, uma elevada vulnerabilidade à poluição,

tendo inclusivamente sido considerado no Plano de Bacia das Ribeiras do Algarve como tendo uma

vulnerabilidade máxima. A elevada vulnerabilidade à poluição é o resultado da elevada permeabilidade

das formações aquíferas, facilitando, deste modo, a dispersão de poluentes em profundidade e a

degradação das características de qualidade primárias do meio hídrico subterrâneo.

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122 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

C. Recursos hídricos superficiais

Devido à grande porosidade e permeabilidade do substrato, favorável à infiltração da precipitação, a área

afecta ao plano não apresenta linhas de água ou quaisquer outros recursos hídricos superficiais (lagos,

rios e albufeiras).

A captação de água para abastecimento de sotavento algarvio é efectuada nas albufeiras das ribeiras de

Beliche e Odeleite, ambas pertencentes à bacia hidrográfica do rio Guadiana. O quadro seguinte mostra

um resumo da a evolução do volume armazenado nestas albufeiras.

Quadro 4.5.8 – Volume armazenado nas albufeiras de Beliche e Odeleite

Albufeira Capacidade

(m3)

Volume médio armazenado (%)

1990/2000 2006/07 2007/08

Beliche 48 x 106 57 75 48

Odeleite 130 x 106 73 90 72

Fonte: Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos (http://snirh.pt, acesso em 30/11/2007)

Relativamente a situações hidrológicas extremas, verifica-se um desfasamento entre a seca meteorológica

e a seca hidrológica devido à capacidade de regularização inter anual dos aproveitamentos hidráulicos da

bacia hidrográfica do rio Guadiana. No entanto, a ocorrência de secas plurianuais, como as que ocorreram

em dois períodos de seca no início e no fim dos anos noventa, levaram à diminuição progressiva das

reservas superficiais sendo que a bacia do Guadiana foi uma das mais afectadas do País, de tal forma que

a situação de armazenamento na bacia, nos períodos 1993-1995 e em 2003, se situava no intervalo de 21 a

40% da capacidade instalada (INAG, 2005b).

De acordo com o Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos (SNIRH), desenvolvido pelo INAG,

a qualidade da água nas ribeiras e albufeiras de Beliche e Odeleite classifica-se como Boa (B), numa

escala de Excelente (A) a Muito má (E).

Não são recolhidas amostras de água para análise junto dos pontos de descarga de águas residuais da

freguesia de Monte Gordo (CMVRSA, 2007c). Na freguesia de Vila Real de Santo António são recolhidas

amostras em alguns esteiros. Regra geral, os valores medidos para os vários parâmetros cumprem os

objectivos de qualidade ambiental mínima para águas superficiais estabelecidas pelo Decreto-Lei

n.º 236/98, com excepção dos Sólidos Suspensos Totais (SST) no Esteiro da Carrasqueira e,

ocasionalmente, em vários pontos, a Carência Bioquímica de Oxigénio (CBO). Estes parâmetros são

indicativos de uma elevada carga orgânica, tipicamente associada aos esgotos domésticos não tratados

ou insuficientemente tratados.

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Não obstante, as cinco zonas balneares designadas do concelho de Vila Real de Santo António (Fábrica-

mar, Lota, Manta Rota, Monte Gordo e Santo António) apresentaram água de Boa qualidade no período

balnear de 2007 (numa escala de quatro níveis: Boa, Aceitável, Má e Interdita). Considera-se oportuno

referir este aspecto, não só por razões ambientais e de saúde pública, mas também atendendo à

importância das zonas balneares costeiras para o produto turístico algarvio.

D. Balanço hídrico

O balanço entre as disponibilidades e as necessidades de água permite diagnosticar as situações mais

críticas em termos de gestão de recursos hídricos. Tal balanço é realizado ao nível das bacias hidrográficas

do rio Guadiana e das Ribeiras do Algarve nos respectivos Planos de Bacia Hidrográfica e ao nível regional

e sub-regional no PROT Algarve (Sotavento e Barlavento). Presentemente, a disponibilidade de água no

Sotavento supera as necessidades (Quadro 4.5.9), auxiliando mesmo a colmatar o deficit registado no

Barlavento em resultado do atraso da entrada em funcionamento da Barragem de Odelouca.

Quadro 4.5.9 – Balanço hídrico do Sotavento Algarvio

Recursos hídricos utilizáveis (hm3) Necessidades hídricas (hm3)

Origem de Água

Sem sobre-exploração

Com sobre-exploração Uso Consumo

Odeleite-Beliche 75 80 Rega 70

Aquíferos 35 55

Abastecimento doméstico 25

Abastecimento industrial 1

Campos de golfe 3

Abastecimento ao Barlavento 4

Total 110 135 Total 103

Fonte: PROT Algarve (CCDR Algarve, 2007)

No entanto, esta situação pode alterar-se com a entrada em funcionamento do Sistema de Aproveitamento

Hidroagrícola do Sotavento Algarvio (sistema de rega que cobre cerca de 8 100 ha) e com o aumento dos

consumos domésticos nesta sub-região. Ao nível das demais sub-regiões estas têm consumos reduzidos e

encontram-se em situação de equilíbrio (PROT Algarve, Volume II – Caracterização e diagnóstico, Anexo H

– Recursos hídricos, Planeamento e Gestão do Recursos Água, CCDR Algarve, 2004a).

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4.5.4.3. Sistemas de abastecimento e distribuição de água potável

O Concelho de Vila Real de Santo António é, actualmente, abastecido pelo Sistema Multimunicipal de

Águas do Algarve, mais concretamente pelo subsistema do Sotavento Algarvio (Figura 4.5.7) inaugurado

em Janeiro de 1999. Em 2001, 96% da população residente no concelho de Vila Real de Santo António era

servida pelo referido sistema de abastecimento (MAOTDR, 2007).

Fonte: INAG (2007), em http://snirh.pt/snirh/dados_sintese/abastecimento/sistabas_sotav.html (acesso em 16/10/2007)

Figura 4.5.7 – Sistema de abastecimento de água do Sotavento Algarvio

Este subsistema recorre ao aproveitamento de recursos hídricos das barragens de Beliche e Odeleite,

situadas nas ribeiras do mesmo nome, afluentes do rio Guadiana. O INAG é a entidade gestora destas

barragens.

Quadro 4.5.10 – Estações de tratamento de água do Sotavento

ETA Origem da água

Capacidade máxima Concelhos servidos

População servida (hab)

Volume anual

tratado (m3) (m3/dia) (m3/ano) (hab)

Beliche Albufeira de Beliche 13.000a 4.745.000 30.000a

Alcoutim, Castro Marim e

Vila Real de Santo António

6.126b 1.579.707b

Tavira Albufeiras de Odeleite e

Beliche 190.000a 69.350.000 ~435.000a Vários 173.207b 32.331.960b

Fonte: a - Águas do Algarve (2007); b - INSAAR, INAG (2005) disponível em http://insaar.inag.pt/ (acesso em 16/10/2007)

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 125

O sistema do Sotavento dispõe de duas Estações de Tratamento de Água (ETA) em funcionamento e de um

sistema de adução para transporte da água desde a barragem de Odeleite à ETA de Tavira, geridas pela

Águas do Algarve, S.A. (Quadro 4.5.10). Esta entidade é responsável por transportar a água potável até

aos reservatórios dos municípios que serve.

O Quadro 4.5.10 permite verificar que, actualmente, em média anual a ETA de Beliche está a funcionar a

cerca de um terço da sua capacidade e a ETA de Tavira a metade, aproximadamente, funcionando a maior

capacidade para responder aos picos de procura sazonais e aos eventos de maior pluviosidade. O centro

operacional do Sistema do Sotavento, em termos de exploração, está localizado na Estação de Tratamento

de Água de Tavira, estação de maiores dimensões.

Por sua vez, o Município de Vila Real de Santo António gere duas redes de distribuição de água para

abastecimento, tal como indicado no Quadro 4.5.11.

Quadro 4.5.11 – Redes de distribuição de água para abastecimento do Concelho de Vila Real de Santo

António

Rede Freguesia Bacia hidrográfica

População servida (hab)

Volume total distribuído (m3)

Santa Rita / Vila Nova de Cacela Vila Nova de Cacela Ribeiras do

Sotavento 3.448 204.429

Vila Real de Santo António /Monte

Gordo

Vila Real de Santo António,

Monte Gordo

Ribeiras do Sotavento, Guadiana

14.494 958.118

Fonte: INSAAR, INAG (2005) disponível em http://insaar.inag.pt/ (acesso em 16/10/2007)

De acordo com um estudo realizado pela Deco - Proteste (2006), baseado no preenchimento de um

questionário por parte do município, as perdas de água na rede de distribuição estimam-se em 25,74%. O

plano de redução de perdas existente previa uma primeira fase de cadastro do sistema de abastecimento

de água potável e uma segunda fase de implementação de medidores de caudal para identificação dos

pontos críticos aos quais deve ser dada prioridade na implementação de acções correctivas.

O consumo médio de água da rede no Concelho em 2005 traduzia-se numa capitação de 190

litros/hab./dia (Deco - Proteste, 2006). Associado à sazonalidade do turismo, os meses de Verão,

correspondentes ao pico de ocupação e a um clima mais quente e seco, estarão associados a um maior

consumo de água no Concelho e na freguesia de Monte Gordo em particular, apesar de não estarem

disponíveis dados que mostrem o grau de variação.

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4.5.4.4. Sistemas de drenagem e saneamento de águas residuais

O Estado Português atribuiu a concessão do Sistema Multimunicipal de Saneamento do Algarve à Águas

do Algarve, em Maio de 2001, por um período de 30 anos. Esta empresa estabeleceu contratos de recolha

de efluentes com os municípios accionistas culminando, em 22 de Março de 2004, com a adesão do

município Vila Real de Santo António ao Sistema (Águas do Algarve, 2007).

De acordo com o PROT Algarve (MAOTDR, 2007), em 2001, 85% da população residente no concelho era

servida por um sistema de drenagem de efluentes, no entanto, apenas 8% era servida por um sistema de

tratamento de águas residuais. A geração de águas residuais no concelho, em 2005, traduzia-se numa

capitação de 150 litros/hab./dia (Deco - Proteste, 2006).

A autarquia gere várias redes de drenagem de águas residuais, tal como indicado no Quadro 4.5.12. De

acordo com os dados reunidos pelo projecto INSAAR – Inventário Nacional de Sistemas de Abastecimento

de Água e de Águas Residuais relativos ao ano de 2005, concelho de Vila Real de Santo António dispunha

das infra-estruturas para o tratamento de águas residuais que se indicam no Quadro 4.5.13.

Quadro 4.5.12 – Redes de drenagem de águas residuais no Concelho de Vila Real de Santo António

Rede Freguesia Bacia hidrográfica População servida (hab)

Volume total drenado (m3)

Monte Gordo Monte Gordo Ribeiras do Sotavento, Guadiana 4.951 320.142

Monte Fino Monte Gordo Guadiana 117 6.387

Vila Real de Santo António

Vila Real de Santo António Guadiana 8.991 410.515

Vila Nova de Cacela Vila Nova de Cacela Ribeiras do Sotavento 3.333 213.634

Fonte: INSAAR, INAG(2005) disponível em http://insaar.inag.pt/ (acesso em 16/10/2007)

Quadro 4.5.13 – Estações de tratamento de águas residuais do Concelho de Vila Real de Santo António

Designação Tipo Freguesias servidas

Bacia hidrográfica

Grau de tratamento

População servida (hab)

Volume anual

tratado (m3)

Vila Nova de Cacela / Manta

Rota

ETAR urbana Vila Nova de Cacela Ribeiras do

Sotavento Secundário 3.333 360.000

Monte Fino Fossa

séptica colectiva

Monte Gordo Guadiana - 117 10.789

Fonte: INSAAR, INAG (2005) disponível em http://insaar.inag.pt/ (acesso em 16/10/2007)

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Como se pode verificar pelas quantidades indicadas em ambas as tabelas e pelo que foi dito inicialmente,

verifica-se uma grande insuficiência no que toca ao tratamento das águas residuais do concelho. Para

resolver o problema de descarga de águas residuais em bruto no meio receptor e substituir sistemas de

tratamento com deficiências de funcionamento, está em construção uma ETAR na freguesia de Vila Real de

Santo António, junto ao rio Guadiana. O Quadro 4.5.14 apresenta um sumário das características desta

estação, dimensionada para servir uma população equivalente a 116 500 habitantes (Águas do Algarve,

2007a). A entrada em funcionamento da ETAR de Vila Real de Santo António está prevista para o Verão de

2009, de acordo com o Engenheiro Armando Peres da Águas do Algarve, S.A. em comunicação telefónica

no dia 18 de Outubro de 2007. Será, então, possível dar um tratamento de nível superior (terciário) às

águas residuais, face ao existente actualmente, sendo de esperar uma melhoria da qualidade da água no

meio receptor.

Quadro 4.5.14 – ETAR de Vila Real de Santo António

ETAR Concelhos servidos

Horizonte de projecto

População servida em época alta (hab)

Tratamento

Arranque Horizonte de projecto

Vila Real de Santo António

Vila Real de Santo António, Castro Marim

2018 97.500 116.500 Terciário

Fonte: Procesl, 2001.

4.5.4.5. Nota final

A acentuada variabilidade pluviométrica sazonal e anual, caracterizada pela ocorrência frequente de séries

de anos secos, associada à distribuição irregular dos recursos disponíveis no espaço, confere à água um

carácter de recurso limitado (Águas do Algarve, 2007).

Os recursos hídricos são um factor de vulnerabilidade do Algarve. O Verão, período de menor abundância

de água para captação, corresponde precisamente ao pico de procura de água para abastecimento público

resultante de uma maior afluência de turistas. Assim, esta região é mais susceptível à escassez de água.

Por outro lado, um maior consumo de água por parte da população traduz-se numa maior geração de

águas residuais. O pico de emissão de águas residuais associado à elevada taxa de ocupação turística,

nos meses de Verão, propicia a ocorrência de descargas não controladas no meio receptor e consequente

degradação das condições ambientais.

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O Concelho de Vila Real de Santo António é abastecido de água potável pelo Sistema Multimunicipal de

Águas do Sotavento Algarvio, alimentado pelas barragens de Beliche e Odeleite. O aquífero das dunas de

Vila Real de Santo António – Monte Gordo era, até há poucos anos, utilizado para abastecimento da

população e rega. Assim, constitui-se como uma origem de água alternativa ao sistema de abastecimento

mas que apresenta alguma degradação da água disponível nos anos secos, em quantidade e qualidade,

indicando intrusão salina. Devido à grande porosidade e permeabilidade do substrato, favorável à

infiltração da precipitação, a área afecta ao plano não apresenta linhas de água à superfície.

O município Vila Real de Santo António aderiu ao Sistema Multimunicipal Saneamento do Algarve em

Março de 2004. Actualmente, encontra-se em construção uma ETAR na freguesia de Vila Real de Santo

António, dimensionada para servir uma população equivalente a 116 500 habitantes, cuja entrada em

funcionamento está prevista para o Verão de 2009 (Águas do Algarve, 2007).

4.5.5. Gestão de resíduos

A gestão de resíduos faz parte do âmbito da Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo

Poente por se considerar importante determinar se a aprovação do plano e a concretização das

actividades económicas nele previstas poderão levar à ruptura do sistema de gestão de resíduos

actualmente existente e, em caso afirmativo, quais as medidas necessárias para resolver o problema. Esta

é a questão fundamental do ponto de vista estratégico por uma questão de salvaguarda da saúde humana

e qualidade do ambiente que, inclusivamente, não sendo devidamente acautelada pode colocar em perigo

a qualidade do destino turístico de Monte Gordo, muito contrariamente ao que se pretende alcançar com a

aprovação do plano.

A presente secção começa com o enquadramento da gestão de resíduos no contexto nacional, a título

introdutório. De seguida, apresentam-se os dados disponíveis relativos à geração e gestão de resíduos a

nível concelhio. As principais fontes de informação consistem na Comissão de Coordenação e

Desenvolvimento Regional do Algarve (CCDRA) e na ALGAR, Valorização e Tratamento de Resíduos

Sólidos, S.A. – Sistema Multimunicipal de gestão de Resíduos Sólidos Urbanos do Algarve.

O âmbito geográfico de estudo do presente descritor fica definido pela área de implementação do plano

proposto e pelo sistema de gestão de resíduos da freguesia de Monte Gordo, parte integrante do sistema

ALGAR.

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 129

4.5.5.1. Enquadramento estratégico e legal

O Plano Estratégico Sectorial de Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos II (PERSU II), aprovado pela

Portaria n.º 187/2007 de 12 de Fevereiro, é o principal documento nacional estratégico de enquadramento

à gestão de resíduos para o período 2007-2016, seguindo as orientações da legislação comunitária e

nacional em matéria de resíduos, valorização e reciclagem.

As principais prioridades relacionadas com os resíduos dizem respeito à redução dos materiais

valorizáveis que vão para aterro, aumentando o respectivo nível de valorização, através de reciclagem,

compostagem, incineração ou outra operação aplicável.

Em matéria de legislação nacional para a gestão de resíduos, destacam-se os seguintes diplomas:

• Decreto-Lei n.º 178/2006 de 5 de Setembro – Regime Geral da Gestão dos Resíduos – estabelece

disposições sobre a recolha, transporte, armazenamento, tratamento, valorização e eliminação

de resíduos, de forma a que estes não constituam perigo ou causem prejuízo para a saúde

humana ou para o ambiente;

• Portaria n.º 209/2004 de 3 de Março – Lista Europeia de Resíduos e de operações de valorização

e eliminação.

4.5.5.2. Geração de resíduos

Em 2005, os resíduos gerados no concelho de Vila Real de Santo António, segundo dados divulgados pelo

Instituto Nacional de Estatística, são os seguintes:

Quadro 4.5.15 – Geração e destino dos resíduos gerados no concelho

Tratamento final Aterro

(toneladas)

Reciclagem (toneladas)

Total (toneladas)

2002 13.000 337 13.337

2003 13.391 415 13.806

2004 13.532 510 14.042

2005 13.516 650 14.166

Fonte: INE (2007) (acesso em 11/10/2007)

Em 2005, foi registada a geração de 14.166 toneladas de resíduos, das quais 650 toneladas foram

recolhidas selectivamente. Estes dados traduziam-se numa capitação média anual de 778 kg/hab.ano de

resíduos gerados e 36 kg/hab.ano de resíduos recolhidos selectivamente.

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130 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

4.5.5.3. Operações de gestão de resíduos

A ALGAR, Valorização e Tratamento de Resíduos Sólidos, S.A. é um Sistema Multimunicipal que integra os

16 municípios algarvios e que detém a exclusividade da concessão da exploração e gestão do sistema

multimunicipal de resíduos sólidos urbanos. Este Sistema Multimunicipal engloba dois subsistemas de

gestão de resíduos: o Barlavento e o Sotavento, sendo o concelho de Vila Real de Santo António servido

pelo segundo. A ALGAR recebe apenas Resíduos Sólidos Urbanos e equiparados, classificados como não

perigosos.

O subsistema do Sotavento dispõe das seguintes instalações de gestão e tratamento de resíduos (CCDR

Algarve, 2005 e ALGAR, 2007):

• Aterro sanitário de Cortelha, situado em Barranco do Velho, Loulé. Entrou em funcionamento em

Junho de 2000, com uma vida útil de 24 anos. Dispõe de sistema de tratamento de lixiviados por

osmose inversa;

• Quatro estações de transferência de resíduos, localizadas em S. João da Venda, Loulé, Fonte

Salgada (Tavira), Vale da Zorra (Castro Marim) e Balurco de Cima (Alcoutim);

• Estação de triagem, em S. João da Venda, Loulé (CCDR Algarve, 2005). Consoante a natureza dos

resíduos recolhidos selectivamente, estes podem necessitar de triagem,

prensagem/compactação, enfardamento e armazenagem. Os materiais recuperados são depois

encaminhados pela Sociedade Ponto Verde, entidade a nível nacional encarregue pela gestão dos

resíduos de embalagem, para diversas empresas transformadoras a nível nacional e estrangeiro

(ALGAR, 2007);

• Unidade de compostagem de “resíduos verdes” provenientes do corte e manutenção de jardins,

situada junto da Estação de Transferência de Tavira, entrou em funcionamento em Março de

2002.

A recolha de resíduos sólidos urbanos indiferenciados é da responsabilidade do município (Quadro

4.5.16). A Câmara Municipal recolhe os resíduos indiferenciados e monstros, entregando os mesmos na

Estação de Vale da Zorra, em Castro Marim. Os resíduos são diariamente transportados para o Aterro

Sanitário de Cortelha pela ALGAR. Os resíduos verdes recolhidos pelos serviços da Câmara Municipal são

transportados para a estação de compostagem de Tavira.

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 131

Quadro 4.5.16 – Recolha de resíduos sólidos urbanos de contentores de superfície

Freguesia Época Baixa Época Alta

Vila Nova Cacela 217 235

Monte Gordo 62 66

Vila Real Santo António 200 210

Total do Concelho 479 511

Fonte: http://www.cm-vrsa.pt (CMVRSA, 2007b).

A. Recolha selectiva

A recolha selectiva no concelho de Vila Real de Santo António é efectuada através de uma rede de

ecopontos. A Algar é responsável pela recolha dos resíduos depositados nos ecopontos. Os materiais alvo

de recolha selectiva no concelho são: papel e cartão, vidro, embalagens de plástico e metal e pilhas

(ALGAR, 2007).

A autarquia recolhe também papel/cartão, embalagens de vidro e resíduos verdes, deixados junto dos

contentores para recolha de resíduos indiferenciados, encaminhando-os para a ALGAR para valorização. A

autarquia recolhe ainda pilhas depositadas nos pilhómetros existentes nos estabelecimentos de ensino,

supermercados (CMVRSA, 2007b).

A ALGAR recebe ainda monos (electrodomésticos, colchões, madeiras, sucata diversa, etc.), que são

triturados e separados para reciclagem (junto do aterro sanitário), e resíduos de construção e demolição

(só no aterro do Barlavento) (CCDR Algarve, 2005).

O Quadro 4.5.17 indica o número de contentores utilizados na recolha selectiva no concelho e a

Figura 4.5.8 apresenta a evolução anual das quantidades recolhidas, com excepção das pilhas, para as

quais ainda não existem dados. Verifica-se, para todos os resíduos recolhidos selectivamente, uma taxa

de crescimento positiva mas com tendência para abrandar, indicando alguma maturidade do sistema de

recolha.

Quadro 4.5.17 – Ecopontos no concelho de Vila Real de Santo António

Ecoponto Resíduos recolhidos Número de contentores Verde Vidro 87

Azul Papel e cartão 68

Amarelo Embalagens de plástico e metal 69

Fonte: ALGAR, 2007.

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132 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450to

nela

das

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006*

Vidro Papel e cartão Embalagens de plástico e metal

*Período de Novembro de 2005 a Outubro de 2006, equivalente a 12 meses. Fonte: ALGAR, 2007.

Figura 4.5.8 – Recolha selectiva no concelho de Vila Real de Santo António

As quantidades mensais de resíduos recolhidos selectivamente para reciclagem no Concelho de Vila Real

de Santo António, relativas ao período de Novembro de 1998 a Outubro de 2006, são apresentados em

anexo (cf. Anexo VI, inserido no final do presente volume). Verifica-se que as quantidades recolhidas são

coerentes com uma maior taxa de ocupação turística do concelho nos meses de Verão, Junho, Julho,

Agosto e Setembro. A figura seguinte (Figura 4.5.9) permite comparar os valores atingidos nos meses de

Verão com o resto do ano, considerando o período Novembro 2005 a Maio 2006 e Outubro 2006. As

embalagens e o vidro são mais afectados pela sazonalidade, chegando a atingir valores de 2,5 e 3 vezes

superiores à média no resto do ano. Provavelmente, este facto está associado não só a uma maior

ocupação humana mas também ao aumento do consumo individual de água e outras bebidas refrescantes

“engarrafadas”, durante o Verão.

Em termos práticos, o aumento sazonal das quantidades de resíduos indiferenciados e de recolha

selectiva gerados traduz-se numa maior pressão sobre o funcionamento das estações de transferência,

triagem e aterro do subsistema do Sotavento.

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 133

2006*

0102030405060708090

Média excluindomeses de Verão

Junho Julho Agosto Setembro

Tone

lada

s

0,00,51,01,52,02,53,03,54,0

Média excluindomeses de Verão

Junho Julho Agosto Setembro

Fact

or d

e m

ultip

licaç

ão

Vidro Papel e cartão Embalagens de plástico e metal

* Período de Novembro de 2005 a Outubro de 2006, equivalente a 12 meses Fonte: ALGAR, 2007.

Figura 4.5.9 – Efeito da sazonalidade sobre a recolha selectiva no Concelho de Vila Real de Santo António

4.5.5.4. Nota final

Os resíduos sólidos urbanos gerados no concelho de Vila Real de Santo António são geridos pelo Sistema

Multimunicipal do Algarve, a ALGAR, Valorização e Tratamento de Resíduos Sólidos, S.A.. O concelho faz

parte do subsistema do Sotavento. Os destinos finais previstos que integram o subsistema, utilizados em

função da natureza dos resíduos e modo de recolha, são: reciclagem (vidro, papel e cartão e embalagens

de plástico e metal), compostagem (resíduos de jardim) e aterro sanitário.

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134 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

Em 2005, o concelho gerou 14.166 toneladas de resíduos, das quais 650 toneladas foram recolhidas

selectivamente. Estes dados traduziam-se numa capitação média anual de 778 kg/hab.ano de resíduos e

36 kg/hab.ano de resíduos recolhidos selectivamente.

Verifica-se que as quantidades recolhidas são coerentes com uma maior taxa de ocupação turística do

concelho nos meses de Verão, Junho, Julho, Agosto e Setembro. O aumento sazonal das quantidades de

resíduos indiferenciados e de recolha selectiva geradas traduz-se numa maior pressão sobre o

funcionamento das estações de transferência, triagem e aterro do subsistema do Sotavento.

4.5.6. Ambiente sonoro

A poluição sonora constitui, actualmente, um dos principais factores de degradação da qualidade de vida

e do bem-estar das populações, originando, por vezes, situações de tensão social. Esta degradação é

traduzida não só pelo decréscimo do conforto acústico mas também pelos efeitos a nível de saúde pública

com o potencial aparecimento de problemas auditivos (desde a fadiga ao trauma), psíquicos (stress e

irritabilidade), fisiológicos (perturbação do sono) e efeitos negativos no trabalho (afectação da capacidade

de concentração).

Assim, o ambiente sonoro foi considerado como parte integrante do âmbito do presente estudo, tendo em

mente a necessidade de considerar o ruído numa fase precoce de planeamento e projecto e as

responsabilidades específicas dos municípios.

4.5.6.1. Enquadramento legal

O enquadramento legal, em matéria de ambiente sonoro, é dado pelo Regulamento Geral do Ruído (RGR),

aprovado pelo Decreto-Lei n.º 9/2007, de 17 de Janeiro (rectificado pela Declaração de Rectificação

n.º 18/2007, de 16 de Março e alterado pelo Decreto-Lei n.º 278/2007, de 1 de Agosto).

Este regulamento apresenta, no seu Artigo 3.º, as seguintes definições:

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 135

• “Indicador de ruído diurno-entardecer-nocturno (Lden)” – indicador de ruído, expresso em

dB(A), associado ao incómodo global, dado pela expressão:

⎥⎦

⎤⎢⎣

⎡ ++

×+×+×= 1010Ln

105Le

10Ld

108103101324

110.logLden

• “Indicador de ruído diurno (Ld) ou (Lday)” – nível sonoro médio de longa duração,

determinado durante uma série de períodos diurnos representativos de um ano (período

diurno – das 7 às 20 horas);

• “Indicador de ruído do entardecer (Le) ou (Levening)” – nível sonoro médio de longa

duração, determinado durante uma série de períodos do entardecer representativos de um

ano (período do entardecer – das 20 às 23 horas);

• “Indicador de ruído nocturno (Ln) ou (Lnight)” – nível sonoro médio de longa duração,

determinado durante uma série de períodos nocturnos representativos de um ano (período

nocturno – das 23 às 7 horas).

O RGR estabelece o regime de prevenção e controlo da poluição sonora, visando a salvaguarda da saúde

humana e o bem-estar das populações; e define, em função deste objectivo, zonas sensíveis e zonas

mistas, nas quais devem ser respeitados os valores limite de exposição que se apresentam no quadro

seguinte (Artigo 11.º do RGR):

Quadro 4.5.18 – Limites de exposição sonora segundo o Regulamento Geral do Ruído

Zona Sensível Zona Mista

Área definida em plano municipal de ordenamento do

território como vocacionada para usos habitacionais,

existentes ou previstos, bem como escolas, hospitais ou

similares, ou espaços de lazer, existentes ou previstos,

podendo conter pequenas unidades de comércio e de

serviços destinadas a servir a população local, tais com

cafés e outros estabelecimentos de restauração, papelarias

e outros estabelecimentos de comércio tradicional, sem

funcionamento no período nocturno.

Limites de Exposição

Lden ≤ 55 dB(A) e Ln ≤ 45 dB(A)

Área definida em plano municipal de ordenamento do

território, cuja ocupação seja afecta a outros usos,

existentes ou previstos, para além dos referidos na definição

de zona sensível.

Limites de Exposição

Lden ≤ 65 dB(A) e Ln ≤ 55 dB(A)

Nota: Até à classificação das zonas sensíveis e mistas, aplicam-se aos receptores sensíveis (edifícios habitacionais, escolares, hospitalares ou similares ou espaços de lazer, com utilização humana) os seguintes valores limite: Lden ≤ 63 dB(A) e Ln ≤ 53 dB(A).

Segundo o Artigo 6.º do RGR, a classificação, a delimitação e a disciplina das zonas sensíveis e das zonas

mistas são da competência dos municípios, no âmbito dos respectivos PMOT, que devem assegurar a

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136 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

qualidade do ambiente sonoro, promovendo a distribuição adequada dos usos do território e

considerando as fontes de ruído existentes e previstas. Os municípios devem também acautelar, no

âmbito das suas atribuições de ordenamento do território, a ocupação dos solos com usos susceptíveis de

vir a determinar a classificação da área como zona sensível, verificada a proximidade de infra-estruturas

de transporte existentes ou programadas.

De acordo com o Artigo 7.º do RGR, as câmaras municipais devem elaborar relatórios sobre recolha de

dados acústicos para apoiar a elaboração de planos de pormenor, sem prejuízo de poderem elaborar

mapas de ruído sempre que tal se justifique. A elaboração destes mapas deve ter em conta a informação

acústica adequada (obtida por técnicas de modelação apropriadas ou por recolha de dados acústicos

realizada de acordo com técnicas de medição normalizadas) e deve ser realizada para os indicadores Lden

e Ln, reportados a uma altura de 4 m acima do solo.

4.5.6.2. Área de influência acústica

A área de influência acústica do Plano de Pormenor corresponde à área em que será humanamente

perceptível o ruído proveniente, directa ou indirectamente, das actividades que recebem enquadramento

com a aprovação do plano.

De forma aproximada, a área de influência directa do ruído resultante das fontes de emissão associadas à

implementação do Plano de Pormenor é delimitada pela localização dos receptores sensíveis mais

próximos da área de intervenção, uma vez que os edifícios mais avançados actuam como barreiras

acústicas para os edifícios mais recuados. Além da distância e da existência de obstáculos, a altura dos

obstáculos é também determinante, neste caso, a altura relativa dos edifícios mais próximos / recuados.

A análise compreende, não só os receptores sensíveis existentes junto da área afecta ao plano, mas

também os receptores sensíveis previstos para o futuro.

No que concerne à influência indirecta do Plano de Pormenor, considera-se que esta estará associada a

um eventual acréscimo dos níveis de tráfego nas vias rodoviárias de acesso existentes. Neste caso,

interessará analisar os níveis de ruído ambiente junto dos receptores sensíveis situados na proximidade

de vias em que o tráfego gerado em resultado da implementação do plano possuirá alguma expressão. À

partida, ressalvando que não foi efectuado um estudo de tráfego específico, as principais vias existentes

potencialmente afectadas serão:

• Avenida Infante Dom Henrique;

• Rua Nova de Lisboa;

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 137

• Rua dos Pescadores;

• Rua periférica Poente de Monte Gordo;

• Rua da Praia.

4.5.6.3. Receptores sensíveis

Os receptores sensíveis, correspondentes a edifícios residenciais, mais expostos à influência directa do

ruído gerado em resultado da implementação do Plano de Pormenor, dado que estão situados a uma

maior proximidade da área de intervenção e de edificações a construir no âmbito de implementação do

plano, foram identificados como sendo os descritos no Quadro 4.5.19 e indicados na Figura 4.5.10.

Quadro 4.5.19 – Receptores sensíveis

Receptor Localização Proximidade à área afecta ao

plano

R1 Moradias situadas ao longo da Rua dos Pescadores, no quarteirão afecto ao Plano de Pormenor Contíguo

R2 Moradias geminadas na terminação Sul do alinhamento de casas geminadas, ao longo da Rua Nova de Lisboa e da via periférica Poente de Monte Gordo Contíguo

R3 Edifício de dois pisos sito na Rua Nova de Lisboa, contíguo ao Núcleo E Contíguo

R4 Dois edifícios (de 6 e 9 andares) situados no quarteirão afecto ao Plano de Pormenor Contíguo

R5 Edifícios de habitação colectiva e hotelaria situados do lado Nascente da via que une a Rua dos Pescadores à Avenida Infante D. Henrique (Rua da Praia) 15 - 20 metros

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138 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

Figura 4.5.10 – Receptores sensíveis

A somar aos receptores indicados no quadro anterior, identificam-se vários outros edifícios de habitação,

construídos em situação de desconformidade com o Plano Director Municipal. No entanto, tais edifícios

serão demolidos ou transformados e incorporados nos edifícios previstos, pelo que se considera que a

realização de tais operações obrigarão à saída temporária de tais receptores sensíveis durante os

trabalhos para implementação do Plano de Pormenor.

Há ainda que considerar a influência indirecta da implementação do Plano de Pormenor sobre os níveis

sonoros. Os receptores sensíveis situados na imediata envolvente das vias rodoviárias existentes onde o

tráfego gerado em resultado da implementação do Plano de Pormenor tenha alguma expressão, estarão

mais expostos. Estes receptores localizam-se, previsivelmente, nos arruamentos mencionados no ponto

anterior (secção 4.5.6.2), próximo da área afecta ao plano.

R1

R4 R2

R4

R5

R5

R3

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 139

4.5.6.4. Mapas de ruído

De forma a dar cumprimento ao Regulamento Geral do Ruído, a autarquia de Vila Real de Santo António

encomendou à empresa Sonometria a elaboração de mapas de ruído do concelho, segundo as novas

disposições legais (cf. secção 4.5.6.1).

A geração dos mapas de ruído teve por base a construção de um modelo digital do terreno, introdução dos

elementos necessários, nomeadamente, fontes sonoras e elementos que actuam como barreiras à

propagação do som, e a criação de uma malha equidistante de pontos de cálculo. Para cada um dos

pontos da malha, o modelo calcula os níveis de ruído adicionando as contribuições de todas as fontes de

ruído, tendo também em consideração os trajectos de propagação e as atenuações, de acordo com o

estipulado pelos métodos específicos aprovados pelas entidades competentes.

Nas Figuras 4.5.3 e 4.5.4 (inseridas no Anexo I) são apresentados os mapas de ruído da situação existente

na área de intervenção, para os indicadores Lden e Ln, respectivamente.

De acordo com Sonometria (2009), a zona do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente é uma área

calma em termos de ambiente sonoro. Em particular, as actividades nocturnas ligadas ao turismo, como

esplanadas, bares ou restaurantes não têm peso relevante no nível sonoro médio à escala anual pelo que

não se reflectem nos mapas de ruído apresentados nas figuras 4.5.3 e 4.5.4 (Anexo I). O tráfego rodoviário

constitui a fonte de ruído mais relevante, embora apresente também níveis sonoros reduzidos.

Como era expectável, verifica-se um decréscimo dos níveis sonoros existentes durante o dia para os que

ocorrem durante a noite, com valores inferiores a 10 dB(A).

Quadro 4.5.20 – Níveis sonoros – Situação existente

Local Indicador de nível sonoro

Ambiente sonoro Lden (dBA) Ln (dBA)

R1 De ≤ 55 a ≤ 65 De ≤ 45 a ≤ 60 Pouco perturbado a moderadamente perturbado

(pontualmente muito perturbado)

R2 De ≤ 60 a ≤ 65 De ≤ 50 a ≤ 55 Moderadamente perturbado

R3 De ≤ 55 a ≤ 65 De ≤ 45 a ≤ 55 Pouco perturbado a moderadamente perturbado

R4 ≤ 55 De ≤ 45 a ≤ 50 Pouco perturbado

R5 De ≤ 55 a ≤ 65 De ≤ 45 a ≤ 55 Pouco perturbado a moderadamente perturbado

Fonte: Sonometria (2009) e Figuras 4.5.3 e 4.5.4 (Anexo I).

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140 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

Os níveis sonoros actuais junto dos receptores sensíveis identificados na Secção 4.5.6.3 são indicados no

Quadro 4.5.20, tendo sido classificados de acordo com os seguintes critérios:

• Pouco Perturbado – Lden ≤ 55 dB(A) e Ln ≤ 45 dB(A);

• Moderadamente Perturbado – 55 dB(A) < Lden ≤ 65 dB(A) e 45 dB(A) < Ln ≤ 55 dB(A);

• Muito perturbado – Lden > 65 dB(A) ou Ln > 55 dB(A).

Assim, os níveis de ruído ambiente registados junto dos receptores sensíveis R4 e R5 correspondem, em

geral, a um ambiente sonoro pouco perturbado compatível com limites de exposição para zona sensível.

Os receptores R2 e R3 estão expostos, em geral, a um ambiente sonoro moderadamente perturbado com

características de zona mista. Finalmente, os receptores sensíveis R1 beneficiam de um ambiente sonoro

com características de zona sensível na fachada sul e, na fachada norte, são ocasionalmente expostos a

níveis de ruído que excedem os limites legais para zonas mistas, nomeadamente no período nocturno

[Ln > 55 dB(A)], o que se traduz num ambiente sonoro pontualmente muito perturbado. Os mapas de ruído

mostram claramente que a causa da perturbação do ambiente sonoro reside no tráfego que circula nas

vias rodoviárias.

4.5.7. Evolução da situação de referência na ausência do plano

Geologia e geomorfologia – A área prevista para o desenvolvimento do Plano de Pormenor de Monte

Gordo Poente insere-se, na sua maioria, num troço costeiro artificializado, não se prevendo alterações

significativas às características geológicas e geomorfológicas locais. As alterações mais visíveis poderão

verificar-se no troço de dunas frontal, alterações essas relacionadas com a dinâmica própria dos sistemas

dunares frontais.

Solo – Não se antecipam alterações significativas do solo, uma vez que este é extremamente pobre do

ponto de vista mineralógico e de matéria orgânica e os horizontes pedológicos são praticamente

inexistentes. Não obstante, caso não seja tomadas medidas correctivas, prevê-se o progressivo

alargamento dos trilhos existentes na área de intervenção e na envolvente próxima, com provável

mobilização, por acção do vento, dos materiais detríticos que compõe o solo. Uma vez que estes solos são

predominantemente grosseiros, prevê-se que sejam transportados ao longo de curtas distâncias,

depositando-se no meio natural envolvente ou no meio urbano adjacente. Este resultado pode trazer

algum desconforto para os transeuntes e pode também resultar na deposição de areias nas infra-

estruturas em meio urbano.

Energia – A nível concelhio, prevê-se o crescimento da população e da actividade económica pelo que será

de esperar que a electricidade total consumida continue a aumentar, apesar das medidas governamentais

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 141

destinadas ao aumento da eficiência energética do lado da oferta e procura. Já a evolução do consumo

individual resultará do balanço entre a eficácia das campanhas de sensibilização e da procura e oferta de

bens de consumo que consomem energia. Dada a incerteza associada aos inúmeros factores macro e

microeconómicos que contribuem para a evolução destes indicadores, não é efectuada qualquer previsão

quantitativa. Quanto ao consumo de combustíveis fósseis no concelho, é expectável que as taxas de

utilização, inclusivamente as taxas de utilização relativa, continuem a variar de forma pouco previsível, em

função dos preços de mercado e dos sinais dados pelo governo através das cargas fiscais e incentivos

aplicáveis. Será de esperar um incremento da utilização de colectores de energia solar para aquecimento

de águas nos sectores residencial e de serviços, em resultado dos regulamentos RCCTE e RSECE

recentemente aprovados, bem como da aplicação dos instrumentos fiscais e financeiros disponíveis. Na

ausência de um plano de pormenor e assumindo que se mantém o mesmo tipo de uso do solo na área de

estudo, prevê-se que os consumos se mantenham relativamente estáveis de ano para ano, ainda que com

uma ligeira tendência para aumentar devido às exigências, cada vez maiores, dos consumidores, não

obstante eventuais campanhas de sensibilização que venham a ser efectuadas.

Recursos hídricos superficiais – A recente Lei da Água (Lei n.º 58/2005 de 29 de Dezembro),

salvaguardando o princípio do valor social da água, pretende imprimir racionalidade económica à gestão

deste recurso escasso. Por esta razão, no futuro, será de esperar o aumento do custo da água e

saneamento. A nível concelhio, prevê-se o crescimento da população e da economia pelo que será de

esperar que o consumo de água para abastecimento das populações aumente, não obstante os sinais

políticos expressos nos tarifários de água e saneamento. Relativamente aos sistemas de saneamento,

prevê-se uma elevação dos consumos de água pelo que será expectável observar o aumento da produção

de efluentes. No entanto, com a entrada em funcionamento da ETAR de Vila Real de Santo António, será

possível dar um tratamento de nível superior (terciário) às águas residuais, face ao existente actualmente,

sendo de esperar uma melhoria da qualidade da água no meio receptor. Na ausência de um plano de

pormenor e assumindo que se mantém o mesmo tipo de ocupação e a mesma carga humana na freguesia

e na área de estudo, prevê-se uma ligeira tendência para o aumento do consumo de água devido às

exigências, cada vez maiores, dos consumidores, não obstante eventuais campanhas de sensibilização

que venham a ser efectuadas.

Recursos hídricos subterrâneos – O sistema aquífero de Monte Gordo insere-se numa área crítica à

extracção de águas subterrâneas, estando, de acordo com o Plano Regional de Ordenamento do Território

para o Algarve (Resolução do Conselho de Ministros n.º 102/2007 de 30 de Agosto), limitada a captação

de água nas zonas costeiras de forma a controlar a intrusão salina. Os recursos hídricos subterrâneos

constituem uma reserva estratégica de água no Algarve, pelo que a utilização de alguns dos furos

localizados neste sistema aquífero ocorrerá sobretudo em situações de emergência (seca, escassez de

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142 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

água proveniente de outras origens superficiais, mas também subterrâneas, ou devido a acidentes) para

complementar os volumes de água necessários para o abastecimento público.

Gestão de resíduos – A nível concelhio, prevê-se o crescimento da população e da economia pelo que será

de esperar que a quantidade de resíduos indiferenciados e de resíduos recolhidos selectivamente

continue a aumentar e que se mantenha a variação sazonal observada. A evolução da capitação será

afectada pela eficácia das campanhas de sensibilização / educação lançadas a nível nacional e regional.

Não obstante, o valor poderá continuar a aumentar face à crescente procura e oferta de bens de consumo,

com maior grau de processamento e mais material de embalagem. Na ausência de um plano de pormenor

e assumindo que se mantém o mesmo tipo de ocupação e a mesma carga humana, prevê-se uma ligeira

tendência para o aumento da geração de resíduos devido às exigências, cada vez maiores, dos

consumidores, não obstante eventuais campanhas de sensibilização que venham a ser efectuadas.

Ambiente sonoro – O Plano Director Municipal de Vila Real de Santo António classifica a área do Plano de

Pormenor de Monte Gordo Poente como Áreas de produção – Zona Turística de Expansão e Zona de

Habitação de Expansão. Caso o Plano de Pormenor não seja aprovado, prevê-se que a tendência de

evolução seja para a manutenção da situação actual, com eventual aumento do número de construções

que não respeitam as disposições do PDM. A inexistência de um instrumento de ordenamento que defina

um zonamento adequado em termos de ruído a nível local possibilita a instalação contígua de usos pouco

compatíveis ou menos adequados. Este cenário traduzir-se-á, provavelmente, na manutenção dos actuais

níveis sonoros, não se pondo, contudo, de parte um cenário de progressiva degradação nesse âmbito. A

informação disponível indica que, em geral, o ambiente sonoro se apresenta pouco a moderadamente

perturbado na área de intervenção, sendo o tráfego rodoviário a principal fonte de ruído.

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4.6. Riscos naturais e tecnológicos (FCD 5)

O Factor Crítico de Decisão “Riscos Naturais e Tecnológicos” foi incluído na Avaliação Ambiental do Plano

de Pormenor de Monte Gordo Poente por recomendação da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento

Regional do Algarve. A abordagem adoptada, bem como o nível de detalhe da informação incluída na

avaliação do presente factor ambiental, segue as orientações constantes do parecer emitido pela referida

entidade (cf. Secção 3.2). Assim, foram considerados, como domínios de análise, os riscos de erosão

costeira, de inundações e sísmicos, complementados por análise centrada nos mecanismos de actuação

para fazer face a catástrofes naturais.

4.6.1. Risco de erosão costeira

A caracterização do litoral em que se insere o Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente e a análise do

risco de erosão foi efectuado tendo por base a informação disponível em estudos e trabalhos científicos,

bem como o Plano de Ordenamento da Orla Costeira entre Vilamoura e Vila Real de Santo António

(Resolução do Conselho de Ministros nº 103/2005 de 27 de Junho), no qual se estabelecem os princípios a

que deve obedecer a ocupação, uso e transformação da faixa costeira.

O Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente insere-se num troço litoral arenoso baixo que se desenvolve

desde a zona do Ancão, englobando a Ria Formosa, até à embocadura do rio Guadiana, em Vila Real de

Santo António.

Os fenómenos de erosão estão bem marcados na costa portuguesa, quer pela diminuição da largura das

praias e pelo recuo dos cordões dunares e das arribas que constituem uma importante barreira de

protecção da zona terrestre ao avanço do mar, quer por diversas obras de defesa costeira construídas para

proteger os principais núcleos populacionais e as infra-estruturas localizadas a poucos metros da linha de

costa. Os problemas de erosão na costa portuguesa têm ainda expressão pelo/a:

• Avanço da cunha salina, conduzindo a alterações nas características físico-químicas dos terrenos

agrícolas, dos sistemas naturais de transição e das águas superficiais e subterrâneas interiores;

• Afectação dos sistemas naturais, conduzindo a alterações significativas nas características físicas

e ecológicas de zonas sensíveis e com estatuto de protecção;

• Ocorrência de galgamentos oceânicos.

Não obstante os problemas de erosão costeira que afectam grande parte do litoral português, o troço

costeiro em que se insere o Plano de Pormenor encontra-se em acreção, ou seja, verifica-se a acumulação

e o avanço da linha de costa. Todo o sector compreendido entre o limite nascente da Ria Formosa e a foz

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144 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

do Guadiana está em fase de acumulação activa, em parte induzida pelas obras da barra do rio Guadiana.

A comparação cartográfica revela que, entre 1951 e 1976, o crescimento da praia foi da ordem dos 25 m na

zona de Monte Gordo (Bettencourt, 1985 in Alveirinho, 1988).

O trânsito aluvionar tem uma resultante preferencial de Oeste para Este, verificando-se a acumulação das

areias em trânsito na costa de encontro ao molhe poente de Vila Real de Santo António. De acordo com o

Mapa Fisiográfico do Litoral Atlântico Algarve-Andaluzia (Junta de Andalucia & MAOT; 2001), estima-se que

a resultante anual da deriva litoral no troço costeiro compreendido entre Monte Gordo e Vila Real de Santo

António seja da ordem dos 150 000 m3. De acordo com o mesmo documento estima-se que o crescimento

da praia de areia em frente a Monte Gordo seja da ordem de 1.6 m/ano.

O molhe de Vila Real de Santo António funciona como um obstáculo ao trânsito litoral, potenciando a

acumulação progressiva das areias que são transportadas pelas correntes de deriva litoral de Oeste para

Este. Esta progressiva acumulação ao longo da costa, e particularmente de encontro ao molhe, justificou a

construção, a cerca de 1 km a Oeste deste, de um esporão com aproximadamente 300 m de extensão. As

taxas de acumulação continuam a ser grandes junto ao molhe e ao esporão, apresentando-se o troço de

praia compreendido entre Monte Gordo e Vila Real de Santo António com mais de uma centena de metros

de largura.

Atendendo às características do troço costeiro, a área afecta ao Plano de Pormenor de Monte Gordo

Poente apresenta reduzido risco de erosão marinha, tendo sido classificado na Carta de riscos no PROT

Algarve como sendo um litoral em acumulação. Não obstante, e considerando o enquadramento da área

afecta ao Plano de Pormenor (sobretudo as intervenções previstas para a frente marítima), são possíveis

episódios pontuais de galgamento oceânico associados a tempestades, razão pela qual esta área foi

considerada, no Plano de Ordenamento da Orla Costeira, como de intermédia a elevada susceptibilidade

ao galgamento.

4.6.2. Risco de inundações

Em resultado do substrato litológico poroso e permeável e da morfologia quase plana da malha urbana

costeira de freguesia de Monte Gordo, na área de intervenção não são visíveis linhas de água à superfície,

intermitentes ou permanentes. Por esta razão, à partida, seria de excluir a análise do risco de inundações.

No entanto, a CCDR alerta especificamente para este tipo de ocorrência na freguesia de Monte Gordo, pelo

que o assunto será abordado em maior profundidade.

As inundações são fenómenos preocupantes para a sociedade devido às consequências negativas, por

vezes devastadoras, que geram. Destaca-se, neste âmbito, a perda de vidas humanas, o desalojamento e

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 145

evacuação de pessoas; danos materiais (propriedade pública ou privada, vias de comunicação e de outras

infra-estruturas e equipamentos); interrupção do fornecimento de bens ou serviços básicos (água potável,

electricidade, telefone, combustível, etc.) acarretando riscos para a saúde pública; o isolamento de

povoações; a destruição de explorações agrícolas e afectação de outras actividades produtivas ou

socioeconómicas; o custo das acções de protecção civil, incluindo o realojamento e tratamento de vítimas

e, eventuais custos ambientais.

O presente subcapítulo começa com uma introdução ao tema, em que se abordam as causas e factores de

risco que contribuem para a ocorrência de inundações. De seguida, apresenta-se o quadro legal referente

à prevenção de cheias. Finalmente, é efectuada a caracterização da vulnerabilidade de Monte Gordo à

ocorrência de inundações com base nas fontes seguidamente indicadas:

• Plano Nacional da Água, carta de zonas vulneráveis a cheias;

• Plano de Bacia Hidrográfica do Guadiana e Plano de Bacia Hidrográfica das Ribeiras do Algarve -

cartas de riscos;

• Plano de Ordenamento da Orla Costeira Vilamoura - Vila Real de Santo António - planta síntese;

• Plano Regional de Ordenamento do Território do Algarve (CCDR Algarve, 2007a) – carta de riscos

(mapa 10);

• Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos (http://snirh.pt/) - Mapas SNIRH / INAG

(2007);

• Autoridade Nacional de Protecção Civil;

• Carta militar e ortofotomapa;

• Informação sobre cheias na zona da Monte Gordo disponibilizada on-line pelos orgãos da

comunicação social.

O âmbito geográfico da análise cinge-se à área de intervenção do plano proposto.

4.6.2.1. Causas e factores de risco

As inundações podem ter origem natural ou podem resultar, directa ou indirectamente, de infra-estruturas

ou actividades humanas ou tecnológicas. Nas latitudes a que Portugal se encontra, as inundações de

origem natural estão associadas de eventos de precipitação caracterizados por grande intensidade e/ou

de duração prolongada, de que resulta o aumento do caudal dos cursos de água superficiais e

consequente galgamento das margens.

Nestes casos, o caudal, a altura de cheia e o tempo que decorre entre o fenómeno de precipitação e a

cheia são influenciados não só pela precipitação em si, mas também pela dimensão e forma da bacia

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146 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

hidrográfica, pela litologia, o coberto vegetal e a ocupação do solo. Em termos puramente hidráulicos,

quanto menor a bacia hidrográfica, menor é o tempo que decorre entre o fenómeno de precipitação e o

evento de inundação, pelo que o intervalo disponível para dar o alerta às populações é mais reduzido.

Junto à linha de costa, podem ocorrer inundações em resultado do efeito cumulativo de tempestades, forte

ondulação e maré alta. As zonas de costa baixa arenosa, sujeitas a erosão por acção do mar, estão

particularmente expostas a este tipo de inundações.

Quanto às inundações de origem tecnológica ou que combinam causas naturais com a intervenção

humana, são de referir a ruptura de barragens, mas principalmente as alterações induzidas nas condições

de drenagem natural em zonas urbanas, destacando-se a construção de edifícios em leito de cheia, a

artificialização dos cursos de água e o seu estrangulamento, a impermeabilização de extensas áreas

potenciando o aumento do caudal superficial e a falha dos sistemas de drenagem de águas pluviais ou de

sistemas de drenagem de águas residuais pseudo-separativos. A falha dos sistemas de drenagem pode

ocorrer em resultado do caudal de ponta de um evento de precipitação exceder o caudal de

dimensionamento do sistema, por falha de equipamento ou por falta de limpeza e manutenção do

sistema.

4.6.2.2. Enquadramento legal

A problemática das inundações é abordada em numerosos diplomas legais e documentos de planeamento

estratégico. Segundo o Plano Nacional da Água, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 112/2002 de 17 de Abril, a

diminuição dos efeitos negativos sobre pessoas e bens decorrentes de fenómenos naturais numa escala

urbana, como as cheias ou a erosão, passa pela definição de regras restritivas de uso do solo.

A lei quadro da água, Lei n.º 58/2005 de 29 de Dezembro, no seu artigo 40.º, relativo a medidas de

protecção contra cheias e inundações, estabelece disposições bastante claras relativamente à

classificação de zonas inundáveis, à marcação de zonas inundáveis ou ameaçadas por cheias e normativos

aplicáveis em instrumentos de planeamento de recursos hídricos e de gestão territorial, à definição de

zonas em que a edificação é proibida ou condicionada para segurança de pessoas e bens e quais as

competências da administração da região hidrográfica e da autoridade nacional da água, em articulação

com o Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil.

Segundo este diploma, constituem zonas inundáveis ou ameaçadas pelas cheias as áreas contíguas à

margem dos cursos de água ou do mar que se estendam até à linha alcançada pela maior cheia com

probabilidade de ocorrência num período de retorno de um século. Uma vez classificadas, as zonas

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inundáveis ou ameaçadas pelas cheias ficam sujeitas às interdições e restrições de utilidade pública

previstas na lei para as zonas adjacentes, constantes no artigo 25.º da lei quadro da água.

O Decreto-Lei n.º 226-A/2007 de 31 de Maio, relativo ao regime de utilização dos recursos hídricos

estabelece também algumas restrições, destacando-se a secção VI referente a construções (artigo 62.º),

apoios de praia e equipamentos (artigo 63.º) e infra-estruturas (artigo 64.º).

Quadro 4.6.1 – Legislação relativa a prevenção e mitigação de cheias

Diploma Conteúdo

Lei n.º 58/2005 de 29 de Dezembro Lei quadro da água.

Decreto-Lei n.º 226-A/2007 de 31 de Maio Regime de utilização dos recursos hídricos.

Decreto-Lei n.º 364/1998 de 21 Novembro

Estabelece a obrigatoriedade de elaboração da carta de zonas inundáveis nos municípios com aglomerados urbanos atingidos por cheias.

Decreto-Lei n.º 409/1993 de 14 Dezembro

Aprova o Regulamento de Pequenas Barragens. Reporta-se ao cálculo de caudais de projecto.

Portaria n.º 846/1993 de 10 Setembro Aprova as Normas de Projecto de Barragens.

Decreto-Lei n.º 89/1987 de 26 Fevereiro

Estabelece medidas de protecção às zonas ameaçadas pelas cheias, introduzindo alterações ao Decreto-Lei n.º 468/71, de 5 de Novembro. (Altera Decreto-Lei n.º 468/71 nomeadamente, o Artigo 14.º Zonas ameaçadas pelas cheias e o Artigo 15.º Regime das zonas adjacentes).

Decreto-Lei n.º 468/1971 de 5 Novembro

Revê, actualiza e unifica o regime jurídico dos terrenos do domínio público hídrico.

Fonte: Adaptado de http://snirh.inag.pt/snirh/divulgacao/legislacao/site/entrada.php.boa_OLD?zona=1&sid=2 (acesso em 27/11/2007).

Finalmente, o POOC V-VRSA estabelece restrições com vista à protecção de espaços naturais ameaçados

pelas cheias (Artigo 30.º – Áreas húmidas e áreas ameaçadas pelas cheias e Artigo 31.º – Linhas de água e

margens).

O Quadro 4.6.1 indica a legislação nacional relacionada com a prevenção e mitigação de cheias,

consistindo numa adaptação da informação disponibilizada no website do Sistema Nacional de Informação

de Recursos Hídricos.

4.6.2.3. Caracterização dos riscos de inundação

Seguidamente, apresenta-se uma caracterização dos riscos de inundação para o caso concreto de Monte

Gordo, segundo a cartografia de riscos de inundação disponível nas várias fontes consultadas.

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• A malha urbana costeira de Monte Gordo não é assinalada como zona inundável no Plano de

Bacia Hidrográfica do Guadiana nem no Plano de Bacia Hidrográfica das Ribeiras do Algarve;

• Monte Gordo não é assinalado como zona vulnerável a cheias (Carta de Zonas Vulneráveis a

Cheias, disponibilizada pela Autoridade Nacional de Protecção Civil e que consta do "Plano

Nacional da Água", Volume I, Capítulo II);

• Em Monte Gordo não são assinaladas marcas de cheia, pontos de inundação, pontos ou troços

críticos segundo estudo do LNEC, área de influência em caso de ruptura de barragem ou área de

inundação considerando um evento com um tempo de retorno de 100 anos ou a máxima cheia

conhecida (Carta de Zonas Inundáveis - Continente, disponibilizada pelo Sistema de Informação

Geográfica do Atlas do Ambiente que integra o Sistema Nacional de Informação de Recursos

Hídricos (http://snirh.pt/) - Mapas SNIRH / INAG, 2007);

• A Figura 4.6.1 apresenta um excerto da carta de riscos (Mapa 10) do PROT Algarve (CCDR Algarve,

2007a), que reúne a informação relativa aos riscos de cheia, erosão costeira, incêndio e riscos

sísmicos. Segundo esta carta, a freguesia de Monte Gordo não apresenta riscos de inundação,

severos ou moderados, quer dentro ou fora do perímetro urbano. Refira-se ainda que a evolução

do litoral arenoso junto a Monte Gordo revela tendência para a acumulação de sedimentos, não

apresentando, portanto, riscos de erosão litoral. Este facto contribui para minimizar o risco de

inundação devido à invasão da terra pelo mar.

Assim, conclui-se que os núcleos que integram a área afecta ao Plano de Pormenor se situam num local

que não está classificado como zona inundável. A informação relativa ao risco de inundação na área de

estudo é confirmada pelas várias fontes cartográficas consultadas. No entanto, não foi possível determinar

qual a linha alcançada pela maior cheia com probabilidade de ocorrência num período de um século na

praia de Monto Gordo. A consulta do POOC V-VRSA veio colmatar esta lacuna, como se constatará na

Secção 5.5.2.

Não obstante, encontram-se registos da ocorrência de inundações em Monte Gordo, inclusivamente já no

ano de 2007. Não ficando claro, a partir de tais registos, qual a zona da freguesia em que as inundações

ocorreram, a observação da topografia e do ortofotomapa da freguesia (CMVRSA, 2007 e) sugere que tais

eventos se verifiquem essencialmente na parte Norte da freguesia, junto ao Esteiro da Carrasqueira.

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Fonte: Mapa 10 - Riscos, PROT Algarve. (CCDR Algarve, 2007a)

Figura 4.6.1 – Carta de riscos do PROT Algarve

A ocorrência de inundações na freguesia de Monte Gordo poderá resultar da combinação de factores

naturais aliados a factores antropogénicos, nomeadamente:

• Precipitação intensa coincidente com a preia-mar (nível máximo anual da maré cheia, resultante

do alinhamento do sol e da lua no mesmo sentido), que poderá impedir o escoamento e causar o

refluxo nos colectores e emissários de águas pluviais, uma vez que Monte Gordo se situa a cotas

bastante baixas, poucos metros acima do nível médio do mar, com pequeno declive;

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• Falta de limpeza dos pontos críticos do sistema de drenagem de águas pluviais na sequência de

um período prolongado em que não ocorreu precipitação significativa;

• Existência de troços em que o sistema de drenagem de águas residuais e águas pluviais é

unitário ou pseudo-separativo e, eventualmente, sub-dimensionamento do sistema de drenagem

face ao caudal propiciado pelo evento de precipitação extrema.

4.6.3. Riscos sísmicos

A análise e a caracterização do risco sísmico é efectuada tendo por base os elementos bibliográficos e

cartográficos disponíveis, nomeadamente a Carta Neotectónica de Portugal Continental, à escala

1:1 000 000, a Carta de Isossistas de Intensidades Máximas, publicada pelo Instituto de Meteorologia e os

estudos realizados sobre esta temática e no âmbito do Plano Regional de Ordenamento do Território do

Algarve (PROT-Algarve, CCDR Algarve, 2007a).

O risco sísmico é uma descrição probabilística das consequências para a sociedade da ocorrência de

sismos. O risco sísmico é essencialmente percepcionado a partir dos efeitos de alguns grandes sismos

cujos efeitos ficam na memória das populações.

A região do Algarve está situada a escassas centenas de quilómetros da fronteira de placas Açores-

Gibraltar, à qual se encontra associada importante actividade sísmica (Marques, 1999). Alguns dos sismos

mais importantes sentidos em Portugal Continental, e em especial no Algarve, resultam de sismicidade

inter-placas, dos esforços de compressão entre as placas Euroasiática e Africana, cujos limites

correspondem à falha Açores-Gibraltar. Não obstante a sismicidade interplacas, na região Algarvia são

comuns sismos intra-placas, ou seja, sismos resultantes da movimentação de falhas activas que se

definem no território Português.

Os registos históricos mostram terem ocorrido vários sismos com epicentro localizado no interior do

Algarve, nomeadamente os sismos de 06/03/1719 (Portimão), 27/12/1722 (Tavira), ambos com

intensidade máxima, na escala de Mercalli de grau IX, e o sismo de 12/1/1856 (Loulé) com grau VIII. Na

bibliografia é ainda referido o sismo de 27 de Dezembro de 1722, que afectou vários centros urbanos do

Algarve provocando danos consideráveis em Loulé e que teve o seu epicentro, provavelmente, no mar e

gerou um tsunami local em Tavira (Baptista et al., 2006, in Miranda et al, 2007). O sismo de 1722 teve, no

concelho de Vila Real de Santo António, uma intensidade de grau VII na escala de Mercalli Modificada.

O sismo de 1 de Novembro de 1755, um dos maiores sismos de que há memória histórica (intensidade

sísmica de grau IX no concelho de Vila Real de Santo António), teve consequências catastróficas no

território Português, causando destruição significativa no Algarve (em particular em Faro, Silves e Lagos).

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 151

Em resultado deste episódio sísmico verificou-se a morte de 60 000 a 80 000 pessoas, sendo grande parte

desse número em consequência do tsunami que se seguiu. No Algarve ter-se-á verificado o galgamento de

arribas com 60 m de altura, matando mais de 2000 pessoas (Frazão, 1992; in Rebelo, 2001).

Mais recentemente, no Algarve foram sentidos sismos em 1964 e 1969, com intensidade de grau VII e VI,

respectivamente, no concelho de Vila Real de Santo António.

Os registos históricos parecem evidenciar uma concentração de sismicidade na região litoral meridional,

com três pólos principais de actividade nas áreas de Portimão, Loulé-Faro e Tavira-Vila Real de Santo

António. O limite desta faixa de maior actividade sísmica parece estar controlado pela estrutura da Orla

Mesocenozóica Meridional (Cabral, 1995).

Na Carta Neotectónica de Portugal, à escala 1:1 000 000, estão identificados os principais acidentes

tectónicos com registo ou indícios de actividade nos últimos dois milhões de anos e potencialmente

geradores de sismos. De acordo com a cartografia, na zona de Monte Gordo ocorre o limite nascente de

uma falha activa provável, que se desenvolve desde Portimão com uma orientação geral Este-Oeste. Esta

falha começa por ter uma movimentação desconhecida, passando a apresentar, entre Albufeira e

Quarteira, uma movimentação vertical do tipo inverso, e novamente uma movimentação desconhecida. No

litoral próximo foi ainda identificada uma falha activa provável, embora também com movimentação

desconhecida.

No Anuário Macrossismológico de Portugal (IM, 2003), relativo ao ano de 2003 (último ano disponível),

estão registados dois sismos em Vila Real de Santo António (ocorridos em Abril e Julho de 2003). O sismo

ocorrido em Abril de 2003 teve uma intensidade de II (muito fraco)-III (fraco) na escala de Richter e foi

unicamente sentido neste concelho. O sismo ocorrido em Julho de 2003 teve uma intensidade de III-IV

(moderado), tendo sido sentido ainda nas localidades de Aljustrel, Castro Verde, Ourique, Almodôvar,

Alcoutim, S. Brás de Alportel e Faro.

Na Carta de Intensidades Máximas Históricas do Instituto de Meteorologia (IM, 2000), o concelho de Vila

Real de Santo António apresenta intensidades sísmicas máximas de grau IX (desastroso) na Escala de

Mercalli Modificada. Num sismo de grau IX verifica-se o pânico geral, abrem-se fendas no chão, são

afectadas canalizações e verificam-se danos consideráveis em construções muito sólidas.

Segundo o RSAEEP (Regulamento de Segurança e Acções para Estruturas de Edifícios e Pontes, 1983), a

área afecta ao Plano de Pormenor insere-se na Zona Sísmica A de Portugal Continental, caracterizada por

terrenos do Tipo III (solos coerentes de consistência média a moles). A esta zona sísmica corresponde um

coeficiente de sismicidade de 1,0, equivalente à zona de maior sismicidade de entre as quatro em que

Portugal Continental se encontra dividido.

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152 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

No âmbito do Plano Regional de Ordenamento do Território do Algarve foi efectuada uma primeira

avaliação das condições de amplificação das ondas sísmicas dos solos superficiais das principais

formações geológicas do Algarve. Com base na análise de um conjunto de parâmetros relacionados com a

velocidade de propagação das ondas sísmicas e com as características geológicas e geotécnicas dos solos

classificou-se a zona de Vila Real de Santo António como possuindo um reduzido risco de amplificação das

ondas sísmicas.

Associado ao risco sísmico, existe o risco de tsunami, que pode ocorrer devido a sismos com epicentro no

mar.

4.6.4. Mecanismos de actuação para fazer face a catástrofes naturais

Os conteúdos apresentados nesta secção foram extraídos e adaptados dos websites oficiais da

Autoridade Nacional de Protecção Civil e da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António

(http://www.cm-vrsa.pt). Para prever a evolução da situação de referência, foi igualmente consultado o

novo Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) 2007-2013 (MAOTDR, 2007).

4.6.4.1. Serviços de protecção civil

A Autoridade Nacional de Protecção Civil tem como missão articular os serviços e operações de protecção

civil a nível nacional. A nível regional, essa responsabilidade cabe ao Comando Distrital de Operações de

Socorro (CDOS) de Faro e, a nível concelhio, cabe ao Serviço Municipal de Protecção Civil.

O Serviço Municipal de Protecção Civil tem como principais objectivos:

• Assegurar a coordenação dos agentes de Protecção Civil em situações de emergência;

• Por indicação do Presidente da Câmara Municipal, cabe ainda a este Serviço activar o Centro

Municipal de Operações de Emergência e Protecção Civil;

• Avaliar riscos de forma a que seja possível manter actualizado o Plano Municipal de Emergência;

• Assessorar a Comissão Municipal de Defesa da Floresta contra Incêndios;

• Integrar o Conselho Municipal de Segurança;

• Assegurar a coordenação dos exercícios de teste dos Planos de Emergência nas escolas do

Conselho;

• Coordenar as entidades envolvidas na prevenção em eventos realizados no Município.

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 153

O Centro Municipal de Operações de Emergência e Protecção Civil é constituído pelas seguintes entidades:

Presidente da Câmara Municipal; Coordenador do Serviço Municipal de Protecção Civil; Representantes

das três Juntas de Freguesia (Vila Real de Santo António, Monte Gordo e Vila Nova de Cacela); Corpo dos

Bombeiros Voluntários de Vila Real de Santo António; Brigada Territorial da Guarda Nacional Republicana;

Brigada Fiscal da mesma força de segurança; Polícia de Segurança Pública; Capitania do Porto de Vila Real

de Santo António; Polícia Marítima; Núcleo de Vila Real de Santo António da Cruz Vermelha Portuguesa;

Delegação de Saúde de Vila Real de Santo António; Centro de Saúde de Vila Real de Santo António;

Delegação de Vila Real de Santo António do Centro Regional de Segurança Social; Instituto Nacional de

Emergência Médica (INEM); Veterinário Municipal; um representante da Reserva Natural do Sapal de

Castro Marim e Vila Real de Santo António; um representante da Santa Casa da Misericórdia de Vila Real

de Santo António; um Representante da Associação de Beneficência Mão Amiga.

A articulação de todas estas entidades tem como objectivo dar resposta a qualquer situação de catástrofe

que possa surgir.

4.6.5. Evolução da situação de referência na ausência do plano

A evolução da situação em termos de riscos naturais e tecnológicos na ausência do Plano de Pormenor,

segundo os Domínios de Análise estudados, é seguidamente indicada:

Risco de erosão costeira – com a implementação ou não do Plano de Pormenor de Monte Gordo continuará

a verificar-se a acumulação de areias transportadas pelas correntes de deriva litoral ao longo do troço

litoral compreendido entre a Ria Formosa e o molhe de Vila Real de Santo António. No que diz respeito à

evolução a longo prazo do troço de costa arenoso, estudos realizados para o território Português indicam

taxas de subida do nível do mar, nas estações maregráficas de Cascais e Lagos, compreendidas entre 1.3

+/- 0.1 mm/ano (para um período de 104 anos e até 1987) e 1.5+/- 0.2 mm/ano (para um período de 78

anos e até 1987) (Dias & Taborda, 1988; Taborda & Dias, 1998; in Magalhães, 1997; in SIAM, 2002).

Risco de inundação – Caso o Plano de Pormenor que se encontra em elaboração não seja implementado,

prevê-se a manutenção da situação actual, eventualmente aumentando o número de construções

desajustadas à evolvente, por iniciativa individual do proprietário do terreno. Considera-se que esta forma

de intervenção parcelar, desintegrada de um todo coerente, propicia a implementação de sistemas

drenagem ineficientes, unitários e mesmo a criação de ligações ou ramais ilícitos. Tal desintegração

propicia a proliferação de pontos de estrangulamento do escoamento de águas pluviais. Em resultado,

será expectável um aumento da probabilidade de ocorrência de cheias localizadas por falta de limpeza das

sarjetas ou de outras estruturas de drenagem. Assim, será de esperar que a falta de planeamento e a

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154 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

intervenção não estruturada na área de estudo contribua para aumentar a vulnerabilidade do local à

ocorrência de cheias associadas a causas antropogénicas.

Risco sísmico – Embora os sismos sejam eventos aleatórios, impossíveis de prever, a sismicidade histórica

significativa que o território Português apresenta e os efeitos gerados pelos maiores sismos ocorridos

expressam bem a vulnerabilidade de todo o país, mas sobretudo do troço costeiro em que se insere o

Plano de Pormenor. Para além do risco natural associado ao enquadramento sismotectónico em que se

insere o país, acresce a intensa ocupação do litoral do Algarve e os potenciais danos, sobre pessoas e

bens, induzidos pela ocorrência de sismos.

Mecanismos de actuação – O Eixo Prioritário III – Prevenção, Gestão e Monitorização de Riscos Naturais e

Tecnológicos do Programa Operacional Temático de Valorização do Território inserido no QREN 2007-2013

(MAOTDR, 2007) abrange três domínios de intervenção, dos quais se destaca a Prevenção e Gestão de

Riscos. Os objectivos do domínio de intervenção “Prevenção e Gestão de Riscos” abrangem a melhoria do

sistema nacional de protecção civil, designadamente através do reforço das infra-estruturas,

equipamentos, meios e instrumentos necessários a todas as fases do processo de protecção civil, com

especial enfoque na prevenção e gestão de riscos naturais e tecnológicos. Os possíveis beneficiários são a

Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), a Direcção-Geral de Infra-estruturas e Equipamentos (DGIE)

do Ministério da Administração Interna, as forças de segurança pública, os Governos Civis, Municípios e

Associações humanitárias de bombeiros. Face ao QREN 2007-2013, prevê-se que os mecanismos de

actuação para fazer face a catástrofes naturais apresentem uma melhoria significativa a curto prazo,

independentemente da aprovação do Plano de Pormenor.

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 155

5. Avaliação Ambiental de Efeitos Significativos

5.1. Introdução

Com o presente capítulo pretende-se identificar e avaliar os potenciais efeitos ambientais significativos,

positivos e negativos, decorrentes da implementação do proposto Plano de Pormenor de Monte Gordo

Poente (descrito no capítulo 2 do presente relatório), nos termos do Decreto-Lei n.º 232/2007 de 15 de

Junho (Artigo 6.º).

As metodologias seguidas para identificar e avaliar os potenciais efeitos ambientais significativos

correspondem ao esboçado na Proposta de Definição de Âmbito submetida à entidades relevantes

segundo os trâmites legais, com os devidos acertos resultantes da incorporação dos pareceres entretanto

emitidos nesse âmbito.

Foi também incorporada uma perspectiva estratégica, de acordo com a abordagem metodológica descrita

na Secção 1.4.2, em coerência com as boas práticas preconizadas pela Agência Portuguesa do Ambiente

para o exercício de Avaliação Ambiental (Partidário, 2007). De facto, a avaliação ambiental de efeitos

significativos apresentada nas secções seguintes está organizada por Factores Críticos de Decisão e

apresenta, como produto final, um conjunto Oportunidades e Riscos para cada um desses factores – que

serão objecto de uma avaliação global no Capítulo 6.

Apesar de o plano alvo da presente avaliação ambiental se tratar de um plano de pormenor,

correspondendo ao nível de planeamento mais detalhado e pormenorizado previsto na lei, a informação

disponível não corresponde a dados detalhados dos projectos previstos mas sim a parâmetros que têm

como objectivo balizar a definição dos referido projectos. De acordo com o Guia de Boas Práticas para

Avaliação Ambiental Estratégica (Partidário, 2007):

“O pormenor da informação e os resultados em Avaliação Ambiental Estratégica não devem

ultrapassar o pormenor dos respectivos planos e programas.”

Assim, os resultados da presente Avaliação Ambiental são predominantemente qualitativos. Não obstante,

os mesmos são suficientes para sustentar algumas recomendações e medidas de gestão e monitorização

de efeitos ambientais e socioeconómicos (cf. capítulos 7 e 8).

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156 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

5.2. Desenvolvimento socioeconómico (FCD 1)

A avaliação dos efeitos socioeconómicos significativos foi organizada pelos Domínios de Análise

especificados na Secção 4.2 (Desenvolvimento turístico, População, emprego e desemprego e Qualidade

de vida das populações e do espaço urbano), sem prejuízo dos principais aspectos avançados desde logo

em sede de Proposta de Definição de Âmbito.

Na Secção 5.2.4 indicam-se os principais Riscos e Oportunidades do ponto de vista socioeconómico

associados ao Plano de Pormenor, na sequência dos efeitos entretanto identificados bem como das

principais tendências observadas para o território em estudo (cf. Secção 4.2).

5.2.1. Desenvolvimento turístico

O programa urbanístico proposto pelo Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente privilegia o

desenvolvimento de edifícios destinados a função turística, nomeadamente, nas formas de

estabelecimento hoteleiro e/ou de apartamentos turísticos (Artigo 27º do Regulamento). De facto, prevê-

se que os dois núcleos com serventia para a Av. Infante Dom Henrique e vista frontal de mar (A e B)

tenham exclusivamente esse uso, correspondendo a 73% da nova ABC – Área Bruta de Construção total

(26.751 m2) proposta.

Desta forma, o Plano não é muito inovador em termos de oferta hoteleira, apostando em tipologias já

muito exploradas em Monte Gordo, sobretudo na vertente dos estabelecimentos hoteleiros. A

diferenciação positiva poderia ser conseguida caso as duas novas unidades assumissem características de

hotel clássico (dado o predomínio de aparthotéis na vila em estudo), com categoria nunca inferior a 4

estrelas e, se possível, com 5 estrelas em pelo menos um dos casos – notando que em Monte Gordo não

existe ainda qualquer unidade hoteleira com esta classificação. Com estas condições garantidas, o Plano

de Pormenor de Monte Gordo Poente seria uma oportunidade única de se complementar a oferta hoteleira

existente e de fazer a valorização do destino, de forma cumulativa com as unidades hoteleiras previstas na

proposta de Plano de Pormenor de Monte Gordo Nascente.

É importante notar que, na sequência do próprio processo de avaliação ambiental, mais precisamente de

recomendações inseridas em versão anterior (de Abril de 2009) do Relatório Ambiental, foram

introduzidas alterações no Plano visando a qualificação da oferta hoteleira de Monte Gordo. De facto, de

acordo com o n.º 4 do Artigo 27.º do respectivo regulamento revisto em Julho de 2007, “os

empreendimentos turísticos a instalar devem ter a categoria mínima de 4 estrelas” (BCLC & Associados,

2009a).

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A fixação de riqueza a nível local (e regional) poderá ser significativa. Só os dois hotéis / aparthotéis

poderão ter um valor de mercado próximo dos 44 milhões de euros, dada a respectiva ABC total de

19.499 m2 (BCLC, 2006) e assumindo um valor unitário de 2.250 euros por m2 indicado pela Câmara

Municipal de Vila Real de Santo António17.

Para além destes efeitos potenciais de diversificação e qualificação da oferta turística local e de criação de

valor, o plano em avaliação poderá contribuir, de forma positiva, para a própria concretização da

estratégia de desenvolvimento turístico estipulada para o Algarve.

De facto, o Plano Estratégico Nacional do Turismo 2006-2015 (PENT) considera o produto “Sol e Mar multi-

segmentado” como a principal aposta do turismo algarvio (Governo da República Portuguesa, 2007b).

Ora, o Plano de Monte Gordo Poente poderá contribuir, não apenas para a consolidação do Algarve como

destino Sol e Mar de excelência (dadas as óptimas condições naturais para a prática balnear aí existentes),

mas também para a própria multi-segmentação desse produto, pela diferenciação positiva (caso ocorra a

instalação de uma unidade clássica de 5 estrelas) e também pelas oportunidades em desenvolver o

Turismo de Negócios ou o próprio Golfe.

De facto, as duas unidades hoteleiras previstas, caso venham a ser dotadas de salas de reuniões e de

congressos, poderão afirmar Monte Gordo como um destino de Turismo de Negócios, aproveitando a

amenidade do clima, a proximidade a Espanha bem como a diferenciação positiva já proporcionada pela

existência de um casino.

Paralelamente, Monte Gordo tem condições para se afirmar como um local de alojamento complementar

dirigido ao golfista, que funcione como retaguarda dos vários resorts existentes ou previstos no Sotavento

e, em particular, no próprio Concelho de Vila Real de Santo António. Aliás, no Algarve existem já alguns

exemplos de cadeias que gerem, simultaneamente, resorts com golfe e unidades hoteleiras “isoladas”

mas não muito distantes desses resorts, que funcionam como reserva em caso de esgotamento da

capacidade de alojamento integrado, para além da respectiva valência como produto autónomo18.

17 No âmbito do trabalho de avaliação ambiental que a NEMUS realizou para o Plano de Pormenor de Monte Gordo

Nascente.

18 Um exemplo ilustrativo dessa estratégia remete para a cadeia JJW Hotels & Resorts, do empresário saudita

Mohamed Bin Issa Al Jaber, que possui um hotel apartamento de 4 estrelas na Praia do Ancão de apoio ao resort

Pinheiros Altos da Quinta do Lago (cf. http://www.jjwhotels.com/en/golf/index.shtml), e que muito recentemente

adquiriu, também no Algarve, o Hotel D. Filipa (Vale do Lobo) e o resort Penina (Alvor – Portimão). O Grupo Vigia

é outro bom exemplo, com várias opções de alojamento nas proximidades do resort Parque Floresta em Vila do

Bispo (cf. http://www.vigiagroup.com/parque_da_floresta/about/home_page.html).

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158 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

É importante recordar que o Turismo de Negócios bem como o Golfe são assumidos pelo PENT como

produtos estratégicos para o Algarve, permitindo atenuar a sazonalidade do produto Sol e Mar, que é

particularmente sentida em Monte Gordo fruto das características da sua oferta hoteleira actual.

5.2.2. População, emprego e desemprego

A versão mais recente (Julho de 2009) do PP de Monte Gordo Poente prevê um máximo de 860 camas

turísticas, ou seja, menos 16% face às 1.020 camas propostas na versão anterior do mesmo (Março de

2009), que foi sujeita a conferência de serviços [cf. (BCLC & Associados, 2009 e 2009a)].

Com esta revisão, em baixa, da capacidade do plano em termos de camas, o acréscimo de população

flutuante ficará abaixo das mil pessoas, correspondendo a uma situação de plena ocupação das novas

unidades hoteleiras em época alta do turismo de sol e mar, ou seja, nos meses de Julho e Agosto.

Em termos cumulativos, a actual versão do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente conduz a um

acréscimo de 49% de população flutuante (e de camas turísticas) esperado para Monte Gordo caso se

concretizem, quer o plano em avaliação, quer o Plano de Pormenor de Monte Gordo Nascente, dadas as

cerca de 900 camas previstas para este último19. É importante notar que, na sua anterior versão (de Março

de 2009), o PP era responsável pela maioria (54%) desses efeitos cumulativos, tendo-se invertido esta

situação entretanto.

Não obstante, o impacte do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente em termos de camas turísticas

adicionais continua a ter algum significado, dada a situação de referência. De facto, as 860 camas

previstas representam um acréscimo de 16% face às 5.300 camas existentes no Concelho de Vila Real de

Santo António (valor de referência relativo a 2006, cf. Secção 4.2.1). Em particular, tal pode-se

consubstanciar numa significativa pressão adicional sobre a Praia de Monte Gordo, já hoje muito

procurada no estio.

Relativamente ao programa habitacional, os 54 fogos previstos deverão implicar a fixação de

aproximadamente 150 habitantes no extremo ocidental de Monte Gordo, notando que, no Concelho de

VRSA, as famílias têm uma dimensão média de 2,8 pessoas (INE, 2001). Contudo, o acréscimo de

19 De acordo com o apurado pela NEMUS no respectivo processo de avaliação ambiental.

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população residente deverá ser (ligeiramente) inferior, dado que se prevê a demolição de nove habitações

(cf. Figura 2.3.3 – Anexo I), seis das quais habitadas permanentemente20.

Desta forma, o impacte esperado no aumento da população residente na Freguesia de Monte Gordo cifra-

se em cerca de +3,5%, relembrando que a mesma se encontra estabilizada nos 4 mil habitantes (cf. Secção

4.2.2). Tal corresponde a apenas 5% dos efeitos cumulativos, dada a importante valência residencial

associada ao paralelo Plano de Pormenor de Monte Gordo Nascente (quase 1.100 fogos) 21.

Não se conhecem ainda pormenores relativos ao faseamento da construção ou à dimensão e

características dos equipamentos e dos espaços de restauração, comércio e serviços previstos, pelo que é

arriscado apurar quais serão os efeitos da concretização do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente

em termos de criação de emprego.

Em todo o caso, dada a ABC – Área Bruta de Construção (total) prevista para novas construções

(26.751 m2) bem como a complexidade construtiva (esperada) para uma parte do edificado

(nomeadamente, para os dois edifícios destinados a função turística), mesmo num esquema faseado de

implementação (que a adopção de uma única unidade de execução parece afastar), certamente serão

envolvidas várias dezenas de activos nos trabalhos construção. Os efeitos na absorção local do

desemprego – que, recorde-se, é muito sentido no Concelho de Vila Real de Santo António (cf. Secção

4.2.2) – dependerão muito da política de contratação de mão-de-obra dos empreiteiros e respectivos

subempreiteiros, bem como das próprias características do stock de desempregados no futuro.

Já no que se refere à criação directa de postos de trabalho na fase de exploração dos vários usos

propostos, os principais efeitos positivos deverão estar associados às duas unidades hoteleiras. As

características de ambas serão determinantes no grau de significância desses efeitos. De facto, a hotelaria

tradicional gera mais postos de trabalho do que os hotéis apartamento. Também a categoria é

determinante: um hotel de cinco estrelas exige um quadro de pessoal mais numeroso do que um hotel de

quatro estrelas (e mais qualificado e experiente), nomeadamente, pelos serviços que deverá fornecer para

deter esse estatuto (exemplo: cabeleireiro).

Da avaliação de outros projectos turísticos, a NEMUS tem conhecimento de que unidades hoteleiras de 4

estrelas com cerca de 100 quartos e 200 camas turísticas requerem, tipicamente, 70 postos de trabalho.

Notando que, de acordo com o Artigo 27.º do Regulamento (na sua versão mais recente), as unidades

hoteleiras terão pelo menos 4 estrelas, a maior das mesmas (Núcleo A: 580 camas) poderá gerar, com

20 De acordo com um levantamento habitacional realizado pela CMVRSA em Abril de 2007 e inserido no relatório

que integra a proposta de Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente (BCLC e Associados, 2009a).

21 Cf. Relatório Ambiental elaborado pela NEMUS, datado de Dezembro de 2008.

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relativa facilidade, entre 150 a 200 postos de trabalho, e o menor (núcleo B: 280 camas), pelo menos 100.

Ou seja, os dois hotéis/aparthotéis previstos deverão originar, em princípio e caso sejam operados por

cadeias distintas, entre 250 a 300 novos postos de trabalho22.

Relativamente aos espaços destinados a restauração, comércio e serviços ou a apoio de praia (núcleos C e

F), é mais arriscado prever os efeitos directos na criação de emprego, por múltiplas razões.

Em primeiro lugar, em Monte Gordo residem, como se disse, apenas 4 mil pessoas, o que poderá constituir

uma séria limitação para a abertura de novos espaços destinados a restauração, comércio e serviços. É de

esperar, porventura, alguma dificuldade de colocação desses espaços (sobretudo no caso do núcleo C), o

que pode limitar ainda mais os efeitos directos (e indirectos) na criação de emprego a médio prazo.

Em segundo lugar e na sequência do argumento anterior, quando se desenvolvem novos espaços de

restauração, comércio e serviços num povoado de pequena dimensão e com vocação sobretudo para a

residência sazonal, é relativamente frequente assistirem-se a efeitos de deslocação: a abertura de uma

nova loja, restaurante, clínica ou escritório (por exemplo) na nova zona pode levar ao fecho dessa mesma

actividade em zona mais antiga – sendo, por isso, os efeitos no emprego nulos ou pouco significativos.

Paralelamente, podem ocorrer efeitos negativos na qualidade do espaço urbano mais antigo, fruto da

deslocalização de actividades económicas para zonas mais recentes.

Notando que a restauração é, em geral, uma actividade económica mais intensiva em mão-de-obra do que

o comércio (para uma mesma área útil), e mesmo não se conhecendo a afectação a esse tipo de uso dos

espaços propostos no Plano de Pormenor para o Núcleo C, é crível colocar-se a hipótese que poderão ser

criados pelo menos 15 a 25 novos postos de trabalho nas novas áreas de restauração e (eventualmente)

de comércio, dado estarem em causa cerca de 850 m2 de ABC, 230 dos quais pré-afectados a um

equipamento de apoio de praia (Núcleo F; cf. Secção 2.3.2).

Em suma, daquilo que é possível vislumbrar na presente fase, espera-se a criação directa de 270 a 330

postos de trabalhos na fase de exploração dos usos previstos no Plano. Caso fosse concretizado de

imediato, o PP de Monte Gordo Poente poderia debelar cerca de metade do desemprego existente no

Concelho de VRSA (cf. Secção 4.2.2). Esses efeitos poderão ser, contudo, limitados por alguma

deslocalização de actividades (esperada dada a pequena dimensão da Vila) ou por dificuldades de

22 Se forem operados pela mesma cadeia, as duas unidades hoteleiras e/ou de apartamentos turísticos terão

previsivelmente um menor impacte na criação de emprego por ser esperada a partilha de alguns recursos humanos

pelas duas unidades, por exemplo, a nível administrativo ou de serviços internos de manutenção (espaços verdes,

redes técnicas, etc.).

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colocação no mercado dos espaços comerciais – notando que a zona em causa se situa num extremo de

Monte Gordo, menos acessível e central face, nomeadamente, ao extremo nascente.

Pelo contrário, poderão ser criados (ou mantidos) mais alguns postos de trabalho por efeito

induzido/indirecto, nomeadamente ao nível de serviços de apoio à hotelaria (manutenção de espaços

verdes, manutenção de redes, panificação, etc.).

5.2.3. Qualidade de vida e do espaço urbano

A proposta urbanística nada refere sobre uma eventual afectação, parcial ou total, dos 54 fogos

associados aos núcleos C, D e E a habitação social ou a custos controlados. No entanto, de acordo com

indicações da VRSA – Sociedade de Gestão Urbana, E.M., esses fogos serão, em princípio, dedicados a

“habitação com objectivo de realojamento” (CMVRSA, 2007b).

A confirmar-se este cenário de produção de habitação para realojamento, por um lado estariam satisfeitas

as necessidades de realojamento associadas à própria concretização do Plano (6 famílias, cf. secção

anterior) e, por outro lado, seria possível reforçar a oferta de habitação a custos controlados já em

construção ou programada para o Concelho (418 fogos, 170 dos quais localizados em Monte Gordo; cf.

Secção 4.2.2.3).

A área de intervenção do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente apresenta vários problemas

morfológicos, identificados na Secção 4.2.3.1, que prejudicam a imagem, a identidade e a vivência do

espaço (Lynch, 1990).

Para lidar com este “vazio urbano”, os projectistas propõem uma solução urbanística que preserva e

valoriza os alinhamentos e remata as malhas existentes. Em particular, os lotes A e B vêm marcar e

rematar todo o alinhamento de edifícios que constituem a frente da marginal ao longo da praia (BCLC e

Associados, 2009a). Juntamente com os núcleos C e E e com o edificado existente nas ruas dos Pescadores

e Nova de Lisboa, esses dois núcleos permitem delimitar um quarteirão que se caracterizará por uma

grande permeabilidade, conferindo um sentido de modernidade à solução urbanística proposta.

De facto, os circuitos viários no interior desse quarteirão “foram restringidos ao mínimo mantendo-se, no

interior da área, apenas as serventias a edifícios já existentes ou as necessárias a acesso de veículos de

emergência” (BCLC e Associados, 2009a). Esta estratégia possibilitou libertar o espaço público para o

desenvolvimento de áreas de estadia e lazer, tratadas e arborizadas, com percursos pedonais e com zonas

destinadas a actividades de comércio e restauração, previsivelmente com serventia de esplanada. Alguns

desses espaços públicos assemelham-se a praças (ou pracetas), numa clara evocação da cidade de

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162 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

tradição clássica e mediterrânea, onde esse elemento morfológico desempenha o papel principal (Goitia,

2003).

O objectivo da vivência do espaço público está igualmente patente na proposta de qualificação da frente

marítima. De facto, os projectistas propõem uma ocupação no extremo Poente de Monte Gordo, o núcleo

F, no final da Avenida Infante Dom Henrique, junto à praia, com um Apoio de Praia Completo com

Equipamento Associado, coerente com o POOC Vilamoura-VRSA e com o Plano de Praia de Monte Gordo,

(cf. Secção 5.3) que dará suporte às actividades balneares e de lazer. Paralelamente, esse equipamento

permitirá rematar a “Área de Enquadramento” que se desenvolve desde nascente em parques de

estacionamento e áreas de recreio (BCLC e Associados, 2009a).

Desta forma, com a criação de um ponto de interesse numa zona algo comparável a um “beco sem saída”,

pretende-se captar a procura, já hoje intensa na época balnear, pela marginal de Monte Gordo,

favorecendo-se a fruição pedonal de um local mais periférico da Av. Infante Dom Henrique mas de grande

interesse paisagístico, e reforçando-se, simultaneamente, a identidade do sítio e a respectiva imagem

(Lynch, 1990).

Em suma, a Proposta de Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente certamente favorecerá a qualidade de

vida e do espaço urbano bem como a imagem da “cidade” percepcionada pelo visitante e pelo residente,

quer pela qualidade urbanística das soluções preconizadas, quer pelo carácter desarticulado e

descontinuo que a Área de Intervenção apresenta actualmente face à malha urbana existente. Em

complemento, o promotor (Câmara Municipal) mostra abertura para conferir uma dimensão social à

intervenção urbanística, com a previsível afectação de parte do edificado a habitação para realojamento.

A proposta em avaliação também poderá melhorar a fluidez e a segurança da circulação automóvel,

mediante o reposicionamento da rotunda existente no topo da Avenida Infante Dom Henrique, para além

das repavimentações previstas para os eixos abrangidos.

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 163

5.2.4. Oportunidades e Riscos

Em termos do FCD 1 – Desenvolvimento socioeconómico, a Proposta de Plano de Pormenor de Monte

Gordo Poente encerra fundamentalmente oportunidades, algumas de intensidade elevada, apesar de

existirem também alguns riscos (sobretudo de intensidade média ou fraca) associados à sua

implementação – como evidencia o quadro seguinte:

Quadro 5.2.1 – Oportunidades e Riscos: FCD 1 – Desenvolvimento socioeconómico

Domínio de Análise Oportunidades Riscos

Desenvolvimento Turístico

Diversificação e qualificação da oferta hoteleira de Monte Gordo (***) Consolidação e valorização de Monte Gordo como destino Sol e Mar (***) Fidelização de turistas provenientes de mercados com elevado poder de compra (nórdico e holandês) (***) Geração e fixação de riqueza a nível local (**) Diminuição da sazonalidade da procura turística (turismo de negócios e complemento/retaguarda ao alojamento de golfe) (*) Contributo para a estratégia de desenvolvimento regional (*)

Incapacidade em contrariar, por completo, algumas tendências latentes (pesadas?) para a decadência do produto turístico e da oferta hoteleira de Monte Gordo (**)

População, emprego e desemprego

Aumento da população residente e presente ao longo do ano (***) Criação directa de emprego (sobretudo através das duas unidades hoteleiras) (***) Redução do desemprego a nível local (**) Criação (ou manutenção) de postos de trabalhos em serviços induzidos pelos novos usos (*)

Aumento da pressão sobre a praia de Monte Gordo por incremento da procura turística, de forma cumulativa com o previsto Plano de Pormenor de Monte Gordo Nascente (***)

Qualidade de vida e do espaço urbano

Valorização da imagem da “cidade” (resolução de um “vazio urbano” e remate da marginal) (***) Reforço da vivência do espaço público em zonas mais periféricas e não consolidadas da Vila (***) Diversificação e qualificação da oferta local de restauração e lazer (**) Reforço da oferta local de habitação a custos controlados para realojamento – a confirmar (**) Melhoria na fluidez e segurança do tráfego no topo poente da Av. Infante Dom Henrique (*)

Dificuldades de colocação dos novos espaços comerciais, com efeitos perniciosos na vivência da rua e do espaço público (**) Efeitos negativos em zonas urbanas mais antigas fruto da deslocalização de actividades económicas para os novos espaços comerciais (*)

Legenda: *** – Elevada(o); ** – Média(o); * – Baixa(o)

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164 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

5.3. Ordenamento do território (FCD 2)

O tratamento do Factor Crítico de Decisão 2 – Ordenamento do território envolveu, por um lado, a

verificação do cumprimento das condicionantes previstas nos instrumentos de gestão territorial aplicáveis

e, por outro lado, a avaliação do efeito do Plano de Pormenor na consolidação da estrutura verde urbana.

5.3.1. Conformidade com os instrumentos de ordenamento do território aplicáveis

A avaliação de efeitos significativos foi realizada mediante a verificação da coerência entre a proposta

urbanística e as linhas directrizes constantes nos instrumentos de gestão territorial, nas servidões e nas

restrições de utilidade pública relevantes. Esta análise foi condensada no quadro seguinte:

Quadro 5.3.1 – Avaliação de efeitos significativos em termos de Ordenamento do Território

Instrumento

estratégico

Disposições

aplicáveis Coerência do PP

Planos de ordenamento do território

Plano de

Ordenamento da

Orla Costeira

(POOC) de

Vilamoura – Vila Real

de Santo António

Objectivos e

condicionantes

associados aos

espaços abrangidos

(espaços turísticos,

espaços de

urbanização

programada e áreas

de enquadramento/

UOPG IX/ UB 1)

A proposta de Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente

corporiza a aptidão preferencial para a implantação de equipamentos

turísticos que está subjacente à classificação dos espaços

turísticos pelo POOC V-VRSA, sendo coerente com os demais

instrumentos de planeamento aplicáveis e visando, acima de tudo, a

qualificação do espaço público e do destino turístico.

Paralelamente, essa proposta procura consolidar uma malha

classificada como espaço de urbanização programada, sem

prejuízo do respeito pelos limites impostos pelo POOC nesse

âmbito (o Núcleo D respeita um índice máximo de

construção/utilização de 0,45, três pisos e 10 metros de cércea).

O previsto Núcleo F (Apoio de Praia Completo com Equipamento

Associado) é também coerente com os objectivos associados aos

espaços naturais classificados pelo POOC como áreas de

enquadramento, em particular com as intervenções

perspectivadas para a UOPG IX – Faixa Litoral de Monte Gordo e

para a Unidade Balnear (UB) 1 do respectivo plano de praia, caso

sejam respeitadas as condicionantes do POOC para faixas de

protecção em litoral baixo arenoso – como os próprios

Regulamento e Relatório do PP sugerem, desde logo (BCLC &

Associados, 2009a).

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 165

Instrumento

estratégico

Disposições

aplicáveis Coerência do PP

Planos de Bacia

Hidrográfica (PBH)

das Ribeiras do

Algarve e do

Guadiana

Recomendações para

os PMOT no âmbito

da conservação e

valorização dos

recursos hídricos

Não aplicável. Estas recomendações não estão ainda disponíveis.

Plano Regional de

Ordenamento

Florestal (PROF) do

Algarve

Orientações

estratégicas florestais

constantes no PROF

Algarve

O PP de Monte Gordo Nascente confina, a poente e junto ao

proposto Núcleo D, com a Mata Nacional das Dunas Litorais de

VRSA (cf. Secção 4.3.2.1 – Ponto D. e Figura 4.3.3 – Anexo I).

Por motivo de precaução, aconselha-se a consulta da AFN –

Autoridade Florestal Nacional para efeito de verificação do

cumprimento das orientações do PROF e das linhas directrizes que

estarão subjacentes ao futuro Plano de Gestão Florestal (PGF) da

Mata Nacional das Dunas Litorais de VRSA (em elaboração pelo

ICNB – Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e VRSA).

Plano Sectorial da

Rede Natura 2000

(PSRN2000)

Metodologia geral de

integração do

desenvolvimento dos

PMOT com a

aferição cartográfica

da Rede Natura

2000

O PSRN2000 reconhece que a respectiva cartografia “deve ser

considerada como um instrumento de orientação e enquadramento,

atendendo à sua escala de referência (1.100 000)” [Governo da

República Portuguesa, 2008, p. 4536-(21). Por isso, esse plano

considera prioritária a aferição dos limites da Rede Natura 2000 a

uma escala apropriada (1:25 000 ou maior), tomando também em

consideração a evolução dos sistemas naturais. Aliás, o Presidente

do ICNB, em ofício relativo a uma eventual aferição dos limites do

SIC Ria Formosa / Castro Marim (PTCON013), antecipava, ainda

antes da aprovação do PSRN2000, a necessidade em se proceder a

uma aferição dos limites da Rede Natura 2000.

Monte Gordo é um bom exemplo da necessidade em se proceder à

aferição dos limites do SIC Ria Formosa / Castro Marim (pela

manifesta sobreposição da Rede Natura 2000 com o perímetro

urbano, inclusive, já consolidado), não sendo, aliás, caso único no

Concelho de VRSA.

Desta forma, o processo de elaboração, avaliação ambiental e

aprovação do PP de Monte Gordo Poente, bem como os processos

similares relativos aos demais PMOT em elaboração para o

Concelho de VRSA (com incidência no citado SIC), constituem

oportunidades únicas para se iniciar um processo que conduza à

aferição do SIC Ria Formosa / Castro Marim, no integral respeito

pela metodologia geral de integração do desenvolvimento dos

PMOT com a aferição cartográfica da Rede Natura 2000 consagrada

no PSRN2000.

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166 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

Instrumento

estratégico

Disposições

aplicáveis Coerência do PP

Plano Regional de

Ordenamento do

Território (PROT)

para o Algarve

Objectivos e opções

estratégicas

O PP de Monte Gordo Poente contribui para os objectivos

estratégicos do PROT Algarve de “Qualificar e diversificar o cluster

turismo/lazer”, de “Robustecer e qualificar a economia” e de

“Consolidar um sistema ambiental sustentável e durável” dado o seu

enfoque no turismo, no lazer e na consolidação e qualificação da do

espaço público e da oferta turística de Monte Gordo (cf. Secção

5.2).

Normas

orientadoras

O PP respeita as normas orientadoras do PROT Algarve para o

Sistema do Turismo bem como para “Zona Terrestre de Protecção”

do Sistema do Litoral dado que está em causa o desenvolvimento de

empreendimentos turísticos inseridos no perímetro urbano de um

aglomerado tradicional de génese não turística.

O PP é também coerente com as principais funções urbanas a

desenvolver no pólo de Monte Gordo de acordo com o PROT

(turismo e habitação).

Dada a qualidade das soluções urbanísticas propostas (para um

local/sítio particularmente complexo), o PP é igualmente coerente

com as orientações gerais para a Administração Local estabelecidas

pelo PROT Algarve (cf. Secção 4.3.2.1 – Ponto F).

Plano Director

Municipal (PDM) de

Vila Real de Santo

António

Regulamento e

Planta Síntese de

Ordenamento –

Usos do Solo

O PP concretiza os usos previstos no PDM para a respectiva área de

intervenção.

Em particular, vai desde logo ao encontro do estipulado no

regulamento do PDM para a Zona Turística de Expansão de Monte

Gordo, que condiciona a instalação de empreendimentos turísticos à

elaboração de planos de pormenor (Artigo 50.º, n.º 3).

Apesar do índice de utilização bruto (IUB) proposto para os núcleos

integrados na ZTE de Monte Gordo (todos com excepção do

Núcleo D) ser superior ao previsto na alínea a) do n.º 3 do Artigo

50.º do Regulamento do PDM (1,183 versus 0,5, cf. Secção 2.3.2),

não está em causa uma alteração de uso e não se prevê a edificação

na ZTE localizada no extremo sudoeste do perímetro urbano de

Monte Gordo (cf. Desenho 4.3.4 – Anexo I).

Adicionalmente, para o Núcleo F (Apoio de Praia Completo com

Equipamento Associado) é proposta uma solução com um IUB de

apenas 0,049, coerente com as condicionantes previstas no POOC

(cf. acima).

No caso do Núcleo D, o IUB (0,454) é também superior ao

estipulado pelo PDM (0,15), neste caso para Zonas de Habitação de

Expansão de média densidade H2 (alínea b) do n.º 2 do Artigo 61.º);

contudo, também neste caso não se prevê a alteração de uso e

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 167

Instrumento

estratégico

Disposições

aplicáveis Coerência do PP

cumpre-se o disposto no POOC (um instrumento de planeamento

de nível superior) para espaços de urbanização programada (cf.

acima).

Em todo o caso, está-se na presença de uma proposta que excede

os IUB previstos no PDM para as categorias de espaço (“zonas”) em

causa, que o Relatório do PP (p. 6) considera “indispensável” de

modo a “permitir o desenvolvimento das volumetrias adequadas que

prefazem todos os remates e transições de escala pelo território”

(BCLC & Associados, 2009a).

O estacionamento afecto aos 54 fogos (96 lugares, i.e., 1,77 lugares

por fogo) é superior ao previsto no Regulamento do PDM para

Zonas de Habitação de Expansão H2 (alínea b) do n.º 2 do Artigo

61.º).

O número mínimo de lugares de estacionamento associados ao uso

turístico (86) é bastante inferior ao previsto na alínea b) do n.º 3 do

Artigo 50.º no Regulamento do PDM (isto é, um lugar por cada três

camas), apesar do n.º 3 do Artigo 20.º do Regulamento do PP

salvaguardar o cumprimento da Portaria n.º 327/2008, de 28 de

Abril, nesta matéria.

Servidões administrativas e restrições de utilidade pública

Reserva Ecológica

Nacional (REN)

Restrições impostas

pelo Decreto Lei n.º

166/2008 de 22 de

Agosto e pela

Portaria n.º 63/2009

de 13 de Fevereiro

Não aplicável. A área de intervenção do PP não coincide, nem

sequer pontualmente, com áreas integradas na REN do Concelho de

VRSA (cf. Figura 4.3.6 – Anexo I).

Protecção a redes de

captação, adução e

distribuição de água e

a redes de drenagem

de esgotos

Faixas de protecção

e outros

condicionamentos

previstos nos artigos

16.º e 17.º do

Regulamento do

PDM de VRSA

A área de intervenção do PP não é dotada de qualquer infra-

estrutura ambiental (emissário, ETAR, estação elevatória, conduta

de água depósitos ou furo) de acordo com a Planta Síntese do Plano

de Salvaguarda e Estrutura do PDM VRSA.

O PP é acompanhado de um conjunto de desenhos com o traçado

esquemático das principais infra-estruturas, incluindo as ambientais

(abastecimento de água, drenagem de águas residuais domésticas,

drenagem de águas residuais pluviais e resíduos sólidos urbanos).

Desta forma, foram detectados efeitos positivos significativos em termos de Ordenamento do Território,

na medida em que a proposta urbanística em avaliação respeita as disposições aplicáveis constantes no

POOC V-VRSA e no PROT Algarve, concretizando, aliás, os usos turísticos, habitacionais e de

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168 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

enquadramento já consignados nesses dois documentos de planeamento, bem como no Plano de Praia de

Monte Gordo (UB 1).

Apesar da proposta respeitar o zonamento constante no PDM de VRSA, observam-se índices de utilização

brutos (IUB) acima dos previstos no PDM para Zonas Turísticas de Expansão e de Habitação de Expansão.

Mesmo não estando em causa uma alteração de usos, nem a urbanização de uma parcela edificável de

acordo com o PDM (ZTE localizada no extremo sudoeste de Monte Gordo), a proposta comporta alguns

riscos de densificação do tecido urbano.

Em todo o caso, o PP de Monte Gordo Poente constitui uma oportunidade de concretização de objectivos

estratégicos e territoriais preconizados pelo PROT Algarve, bem como de se iniciar um processo que

conduza à aferição dos limites da Rede Natura 2000 (no que diz respeito ao SIC Ria Formosa / Castro

Marim), no integral respeito pela metodologia geral de integração do desenvolvimento dos PMOT com a

aferição cartográfica da Rede Natura 2000 consagrada no PSRN2000.

Não se prevêem efeitos negativos em espaços florestais nem em outros espaços com interesse ecológico,

dado que a área do PP não coincide (apenas confina) com a Mata Nacional das Dunas Litorais de VRSA e

exclui servidões afectas à REN.

5.3.2. Estrutura verde urbana

De acordo com o descrito na Secção 4.3.3, a estrutura verde urbana na parte poente de Monte Gordo está

limitada essencialmente aos espaços verdes existentes ao longo da Avenida Infante Dom Henrique. Por

esse motivo, e uma vez que o Plano de Pormenor contempla diversos espaços verdes que integrarão a

área urbana a intervir, prevê-se que venham a verificar-se melhorias importantes a este nível.

Como é referido na página 21 do Relatório que acompanha o PP de Monte Gordo Poente:

“A estrutura verde a propor tem a dupla função de atenuar ao nível do peão o impacto das

edificações existentes e menos cuidadas no relacionamento com os percursos pedonais, e de criar

uma estrutura verde de ensombramento entremeada com superfícies relvadas aprazíveis como

percurso e zona de estar.

“Estes espaços verdes tratados, que permitam a criação de percursos pedonais qualificados ligam e

permitem percorrer diversas zonas ou bolsas intersticiais entre os diversos edifícios, criando uma

matriz alternativa diversificada no que diz respeito à apropriação desta porção de cidade” (BCLC &

Associados, 2009a).

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 169

Desta forma, prevêem-se efeitos positivos na consolidação de estrutura verde urbana na parte mais

ocidental de Monte Gordo, que deverão ser significativos dada a sua fraca presença na situação actual.

5.3.3. Oportunidades e Riscos

A Proposta de Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente encerra essencialmente oportunidades em

termos de ordenamento do território, como evidencia o quadro seguinte:

Quadro 5.3.2 – Oportunidades e Riscos: FCD 2 – Ordenamento do território

Domínio de Análise Oportunidades Riscos

Usos do solo e protecção das funções

territoriais

Desenvolvimento urbanístico consentâneo com os usos previstos no POOC V-VRSA e no PROT Algarve e no PDM VRSA (***) Oportunidade para iniciar a aferição da cartografia da Rede Natura 2000 (SIC Ria Formosa / Castro Marim, PTCON013) de acordo com a metodologia prevista no PSRN2000 (**) Concretização de objectivos estratégicos e territoriais do PROT Algarve (**)

Densificação urbana dado o elevado índice bruto de utilização, superior ao previsto no PDM VRSA para Zonas Turísticas de Expansão (ZTE) em Monte Gordo e para Zonas de Expansão de Habitação de média densidade, atenuada pela não edificação de uma ZTE prevista no PDM (***)

Desenho urbano sustentável (Estrutura

verde urbana)

Consolidação da estrutura verde urbana num local onde a mesma é praticamente inexistente (***)

Nada a assinalar

Legenda: *** – Elevada(o); ** – Média(o); * – Baixa(o)

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170 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

5.4. Protecção dos valores locais e regionais (FCD 3)

5.4.1. Ecologia e biodiversidade

A caracterização da situação de referência relativa aos ecossistemas e biodiversidade da área de

incidência do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente (PPMGP) e sua envolvente, anteriormente

efectuada (Secção 4.4.1), suportou uma avaliação dos efeitos significativos da implementação do PPMGP

nesta mesma componente da área em estudo, que seguidamente se efectua. Esta avaliação terá em conta

os objectivos de protecção ambiental estabelecidos, a nível nacional e comunitário, analisando em que

medida os mesmos se coadunam com a implementação do PPMGP.

5.4.1.1. Orientações estratégicas

A região envolvente da área de incidência do PPMGP apresenta, em termos gerais, uma importância

conservacionista que decorre da presença de habitats naturais e de valores florísticos e faunísticos

considerados relevantes à escala nacional e comunitária, justificando a sua inclusão na Rede Natura 2000.

A Rede Natura 2000 constitui a base para a conservação da vida selvagem e dos ecossistemas na União

Europeia. A constituição desta rede ecológica transnacional assenta no reconhecimento internacional da

importância da biodiversidade e dos serviços dos ecossistemas.

A própria área de incidência do PPMGP está parcialmente incluída numa área classificada para a

conservação da Natureza (Núcleo D): o Sítio de Importância Comunitária (SIC) “Ria Formosa/Castro

Marim”, integrado na Rede Natura 2000, ao abrigo da Directiva Habitats (D.C. 92/43/CEE), e reconhecido

como SIC pela Portaria n.º 829/2007, de 1 de Agosto.

O Plano Sectorial da Rede Natura 2000 (Governo da República Portuguesa, 2008) estabelece para este

Sítio um conjunto de factores de ameaça e de orientações de gestão. Entre os primeiros, contam-se a

pressão turística e urbana (edificação, utilização de áreas dunares para estacionamento e abertura de

acessos) e a erosão costeira, entre outros. Relativamente às orientações de gestão, preconiza-se a

preservação dos ecossistemas dunares, devendo ser assegurada a promoção do uso sustentável dos

recursos existentes, particularmente pelas actividades de turismo, recreio e lazer. Ao nível das orientações

específicas salienta-se, para os habitats naturais em presença na área do PPMGP, o impedimento de

introdução de espécies não autóctones e o controlo das existentes.

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 171

5.4.1.2. Potenciais efeitos da implementação do Plano de Pormenor

Não obstante o PPMGP incidir parcialmente sobre terrenos incluídos na Rede Natura 2000 (Sítio Ria

Formosa/Castro Marim), em termos gerais, conclui-se da caracterização efectuada que não se encontram

representados na área de intervenção do PPMGP – ou encontram-se representados com muitas lacunas e

em área não integrada nesse Sítio (parte do Núcleo F) – os valores ecológicos que justificaram a inclusão

da região na Rede Natura 2000.

Este facto decorre do elevado grau de artificialização a que foi sujeita a área do Plano, incluindo o

respectivo Núcleo D (o único formalmente integrado na Rede Natura 2000, cf. figuras 2.3.1 e 4.3.3 – Anexo

I), que determinou uma profunda alteração das comunidades biológicas outrora em presença.

Deste modo, as alterações a introduzir nos habitats da área estrita de incidência do PPMGP, em termos

gerais, não colocam em causa os objectivos de conservação estabelecidos para o Sítio “Ria

Formosa/Castro Marim” nem a integridade territorial do mesmo.

A implementação do PPMGP produzirá efeitos não apenas na sua área estrita de incidência, mas também

numa área envolvente mais ou menos alargada, desde logo em resultado do previsível incremento da

pressão antrópica. Neste caso, esses efeitos poderão ser potencialmente negativos e significativos, tendo

em conta o acrescido valor ecológico e conservacionista das áreas em questão e a sua elevada

vulnerabilidade.

Em todo o caso, a última versão do PP (de Julho de 2009) comporta menos riscos neste âmbito face à

versão (de Março de 2009) que foi sujeita a conferência de serviços (realizada em Faro, no dia 29 de Maio

de 2009), na medida em que o número de camas turísticas diminuiu 16% (de 1.020 para 860).

Adicionalmente, o proposto regulamento para o PP de Monte Gordo Poente possui uma cláusula [alínea d)

do n.º 2 do Artigo 30.º] que prevê, como razão de incompatibilidade que pode fundamentar a recusa de

aprovação, licenciamento ou autorização, as utilizações, ocupações ou actividades a instalar que

“prejudiquem a salvaguarda e valorização do património (…) ambiental”, entre outras razões (BCLC e

Associados, 2009a), pelo que foram assegurados os mecanismos legais para garantir a salvaguarda da

área envolvente ao PPMGP.

Paralelamente, a última versão (Julho de 2009) do Relatório que acompanha o PP incorporou várias

preocupações relacionadas com a conservação e salvaguarda do património natural e da paisagem nas

áreas adjacentes, inclusive na sequência de recomendações do ICNB e do avaliador ambiental (NEMUS) e

inseridas na anterior versão (Abril de 2009) do presente documento. Em particular, prevê-se o

desenvolvimento de algumas medidas de gestão constantes no Relatório Ambiental, “em especial as que

possam ser promovidas pela CMVRSA” [cf. página 16 do citado relatório (BCLC & Associados, 2009a)].

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172 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

Espécies com interesse conservacionista

Não se prevê que venham a ser afectadas espécies protegidas da flora e da fauna na área estrita de

incidência do PPMGP, em particular na zona integrada na Rede Natura 2000, dado o carácter artificializado

da mesma (Núcleo D). Mesmo no caso do menos artificializado Núcleo F, que não está integrado no Sítio

Ria Formosa/Castro Marim, não são expectáveis efeitos significativos neste âmbito, dadas as espécies

existentes no local.

Nas áreas da MNDLVRSA envolventes à área de incidência do PPMGP ocorrem algumas espécies com

elevado valor conservacionista, em especial uma, Thymus carnosus, constante do Anexo II da Directiva

Habitats. A intensificação da pressão antrópica nestas áreas (aumento do pisoteio, etc.), em resultado da

implementação do PPMGP, poderá constituir um factor de ameaça para esta espécie. Este potencial efeito

negativo poderá todavia ser atenuado ou mesmo anulado com a adopção de medidas de gestão de efeitos

adversos, que protejam convenientemente as áreas em questão e salvaguardem os valores biológicos que

acolhem – algo que, como se referiu acima, a versão mais recente do Plano (Julho de 2009) perspectiva,

nomeadamente, no caso de medidas que possam ser promovidas pela CMVRSA.

Em todo o caso, jamais estará em causa, mesmo num cenário de elevada pressão antrópica, a integridade

do Sítio Ria Formosa/Castro Marim.

Habitats afectados

Pelas mesmas razões, também não são expectáveis efeitos negativos em termos de habitats, dado que o

núcleo (D) inserido em Rede Natura 2000 encontra-se totalmente artificializado, assumindo a forma de

uma zona urbana expectante infra-estruturada, que constitui o remate final – não consolidado – do

quarteirão que bordeja o limite Poente do perímetro urbano de Monte Gordo (cf. Figura 2.2.1 – Anexo I).

Paralelamente, o núcleo mais a Sul (F) – que está apenas parcialmente integrado na Rede Natura 2000 –

apresenta um grau de conservação mediano a desfavorável, devido à proximidade de áreas sujeitas a

intensa pressão antrópica. Refira-se que grande parte dos elementos florísticos diagnosticantes não

encontram aqui representação e que existe uma ampla disponibilidade deste habitat em melhor estado de

conservação ao longo do cordão dunar da MNDLVRSA.

Introdução/disseminação de espécies exóticas

Dado o reduzido número de espécies exóticas actualmente existentes e o facto de se encontrarem

claramente confinadas, não se prevê que o conjunto das intervenções a desenvolver no âmbito do PPMGP

comporte um elevado risco de disseminação dessas espécies.

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 173

Não obstante, por motivo de precaução e na sequência de recomendações do ICNB e/ou do avaliador

ambiental (inseridas na versão de Abril de 2009 do Relatório Ambiental), a última versão do Regulamento

do Plano (Julho de 2009) inclui uma cláusula especial (n.º 6 do Artigo 29.º) com a seguinte redacção: “nas

áreas verdes de utilização pública deve privilegiar-se a plantação de espécies autóctones” (BCLC &

Associados, 2009a).

5.4.2. Património arquitectónico, arqueológico e etnográfico

No presente subcapítulo são avaliados os principais impactes esperados sobre o património em resultado

do desenvolvimento de projectos que contemplem a ocupação prevista na Proposta de Plano de Pormenor

de Monte Gordo Poente. Uma vez que a avaliação inerente ao presente relatório se remete à fase de plano,

sugere-se o seu aprofundamento nas fases de projecto subsequentes.

Genericamente, os principais riscos que pendem sobre o património são as acções de movimentação e de

escavação do solo.

De facto, a fase de construção dos futuros projectos que recebem enquadramento com a aprovação do PP

de Monte Gordo Poente comporta um conjunto de obras e intervenções, potencialmente geradoras de

impactes sobre os potenciais elementos patrimoniais, a saber:

• Desmatação e limpeza de terreno;

• Implantação do estaleiro de apoio à obra;

• Movimentação de veículos e equipamentos;

• Preparação do terreno/movimentação de terras;

• Reperfilamento de vias existentes;

• Modelação do terreno para a construção.

A não identificação de elementos patrimoniais à superfície não é suficiente, neste caso em particular, para

afirmar a sua total ausência pois a presença de contextos da pré-história antiga, a cerca de 600 metros

Norte da área do Plano de Pormenor, em terraços fluviais de 8-12 metros sugerem a possibilidade de uma

continuidade dessa realidade ao longo de todo esse terraço, que se poderá prolongar, com ou sem

interrupção, até à actual foz do Guadiana. Caso este cenário se venha a concretizar, o efeito será negativo,

de significativo a muito significativo, de acordo com a densidade dos materiais e estado de conservação

dos contextos. Caso contrário, os efeitos serão nulos.

Durante a fase de exploração dos projectos que recebem enquadramento com a aprovação do Plano de

Pormenor, serão necessárias acções de manutenção/ conservação das infra-estruturas que poderão

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174 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

implicar obras pontuais com eventual afectação do subsolo. No entanto, e uma vez que esta área já foi

intervencionada na fase de construção, não se esperam efeitos negativos significativos. No caso de ser

necessário uma intervenção de grande envergadura nos locais onde possam existir vestígios

arqueológicos, deverão ser aplicadas medidas de minimização, a definir caso a caso.

Em todo o caso, o proposto regulamento para o PP de Monte Gordo Poente possui uma cláusula [alínea d)

do n.º 2 do Artigo 30.º] que prevê, como razão de incompatibilidade que pode fundamentar a recusa de

aprovação, licenciamento ou autorização, as utilizações, ocupações ou actividades a instalar que

“prejudiquem a salvaguarda e valorização do património edificado”, entre outras razões (BCLC e

Associados, 2009a).

Adicionalmente, na versão mais recente (Julho de 2009) desse regulamento foi inserido – na sequência de

recomendações do IGESPAR e da NEMUS (constantes no Relatório Ambiental datado de Abril de 2009) –

um artigo específico (12.º) relativo aos “Vestígios arqueológicos”, com a seguinte redacção:

1. “O aparecimento de vestígios arqueológicos durante a realização de operações

urbanísticas na área de intervenção obriga à suspensão imediata dos trabalhos e à

comunicação da ocorrência à Câmara Municipal de Vila Real de Santo António e aos

serviços da administração do património cultural;

2. “O reinício dos trabalhos fica dependente da pronúncia das entidades referidas no

número anterior quanto ao disposto no n.º 2 do artigo 79.º da Lei de bases da política e

do regime de protecção e valorização do património cultural;

3. “O prazo de validade das licenças ou das admissões de comunicação prévia de

operações urbanísticas suspende-se na eventualidade de suspensão dos trabalhos

pelos motivos previstos no n.º 1 e por todo o período que durar aquela suspensão”

(BCLC & Associados, 2009a).

Paralelamente, o Relatório (também revisto em Julho de 2009) que acompanha o PP, para além de

mencionar esse articulado, clarifica, na sua página 16, que “na área de intervenção do Plano de Pormenor

não se verifica a existência de elementos patrimoniais arqueológicos”, estando esta constatação “em

consonância com os estudos realizados no âmbito da revisão do PDM de Vila Real de Santo António”

(BCLC & Associados, 2009a) 23.

23 Tratam-se de estudos desenvolvidos sob coordenação da Prof.ª Ana Margarida Arruda, cujos principais resultados

foram integrados no Capítulo 12 do Volume II do Relatório de Diagnóstico e Caracterização elaborado no âmbito do

processo (em curso) de revisão do PDM de VRSA (UTL- IST, 2009).

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 175

Com estes melhoramentos, considera-se que a versão mais recente do Plano de Pormenor de Monte Gordo

Poente é genericamente coerente com os seguintes objectivos de conservação e valorização do

património cultural:

• “Conservar e valorizar a biodiversidade, os recursos e o património natural, paisagístico e

cultural”, previsto no PNPOT [alínea a) do n.º 2 do Artigo 5.º da Lei n.º 58/2007, de 4 de

Setembro);

• “Salvaguarda e Valorização do Património Cultural Histórico-Arqueológico”, assumido pelo PROT

Algarve (ponto 5 do n.º 1 do Capítulo III da Resolução do Conselho de Ministros n.º 102/2007, de

3 de Agosto), e com o respectivo objectivo operativo de implementar inventários municipais do

património existente e de os transpor para os respectivos planos municipais de ordenamento do

território (indicado no n.º 1.5 do mesmo capítulo);

• “Defesa e valorização dos recursos naturais e do património histórico e cultural”, assumido pelo

POOC Vilamoura-VRSA [alínea e) do Artigo 2.º da Resolução do Conselho de Ministros n.º

103/2005, de 27 de Junho];

• “Protecção dos valores concelhios” e “Enquadramento do património cultural e ambiental”,

indicados no Artigo 9.º do Regulamento do PDM de VRSA.

5.4.3. Paisagem

Da análise da situação de referência na área de intervenção concluiu-se que esta se inclui

predominantemente na unidade de paisagem “área urbana”, integrando ainda uma franja periférica e

parcialmente intervencionada (e degradada) da unidade “duna com vegetação herbácea e arbustiva”.

Seguidamente, abordam-se as orientações consideradas para a avaliação da adequação do plano de

pormenor ao que está definido em termos estratégicos especificamente para a paisagem. Posteriormente

abordam-se os efeitos que o plano de pormenor terá na paisagem, em termos das transformações

esperadas relativamente à situação actual e no que respeita à sua qualidade.

5.4.3.1. Orientações estratégicas

A paisagem constitui a resultante de um conjunto de interacções, naturais e humanas, que ocorrem num

determinado local, constituindo a síntese, num determinado momento, da evolução conjunta das diversas

componentes que a constituem. Tendo por base este pressuposto, e não existindo instrumentos de gestão

territorial que abordem especificamente a temática das paisagens, toma-se como referência na presente

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176 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

avaliação o Plano Regional de Ordenamento do Território do Algarve (PROT Algarve), uma vez que é o

instrumento de gestão territorial que define as linhas orientadoras para a região do Algarve, ditando as

directrizes que poderão influenciar a evolução da paisagem.

No que respeita à paisagem especificamente, o PROT Algarve não apresenta directrizes específicas. No

entanto, o Modelo Territorial Proposto permite compreender a forma como se perspectiva a evolução do

território em termos regionais, permitindo também antever o que está previsto para a zona do Plano de

Pormenor.

O Modelo Territorial Proposto define Monte Gordo como integrada numa aglomeração urbana, localizada

na unidade litoral, que abrange ainda Altura, Vila Real de Santo António e Castro Marim, sendo a

localidade envolvida pela “Área de Requalificação da Faixa Costeira”, assim como pela “Estrutura Regional

de Protecção e Valorização Ambiental” (ERPVA), com objectivos de Conservação da Natureza e de

preservação do litoral. Especificamente no que se refere à ERPVA, esta é coincidente com áreas definidas

como nucleares, com grande importância para a conservação da natureza e biodiversidade, exigindo que

sejam formuladas orientações de planeamento e gestão que garantam a compatibilização entre as

actividades humanas e a conservação dos valores naturais. No entanto, o seu planeamento e gestão

devem ter uma atenção especial para os imperativos de conservação da biodiversidade.

Assim, a alteração que se fará na paisagem da área do Plano de Pormenor de acordo com o previsto no

PROT Algarve, será “condicionada” por factores relacionados com Conservação da Natureza na área que

não se encontra inserida pelo perímetro urbano de Monte Gordo. No entanto, no interior do perímetro

urbano, a requalificação dos espaços construídos e a estruturação urbanística, deverão ser asseguradas

por planos de pormenor ou de urbanização, em particular para as freguesias com funções turísticas, tal

como está classificada Monte Gordo no PROT Algarve.

Assim, considera-se que em termos da evolução previsível para a paisagem, o Plano de Pormenor em

avaliação concretiza, no essencial, a estratégia regional prevista para a zona em causa, que está

integralmente inserida em perímetro urbano, de acordo com o PDM (cf. Figura 4.3.4 – Anexo I).

5.4.3.2. Potenciais efeitos da implementação do Plano de Pormenor

A implementação do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente deverá levar aos seguintes efeitos

principais com relevância para a paisagem:

• A consolidação da malha urbana existente no limite poente de Monte Gordo, tanto em termos

espaciais como volumétricos;

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 177

• A criação de novos espaços verdes exteriores, de lazer e estadia em áreas significativas,

considerando a situação actual, e a continuidade dos existentes ao longo da praia para poente.

Os principais efeitos expectáveis sobre a paisagem prendem-se com os aspectos acima referidos,

esperando-se efectivamente uma melhoria significativa da qualidade da paisagem urbana, devido à

estruturação da morfologia urbana actualmente desordenada, e à ocupação dos espaços expectantes e

degradados. Os próprios princípios que estiveram na base do desenvolvimento do plano (como a

necessidade de organizar as morfologias urbanas, de preservar e valorizar alinhamentos, rematar malhas

urbanas, valorizar o espaço público e qualificar a zona), remetem para uma requalificação da paisagem

urbana que, avaliando a proposta preliminar do Plano de Pormenor, se julga conseguida.

Efectivamente, desde que os projectos a implementar posteriormente sejam de qualidade, espera-se que

uma área urbana não consolidada e com qualidade visual baixa, se venha a assumir como uma zona

estruturada e com qualidade, dotada de espaços verdes e exteriores que, para além da faixa longitudinal

que se distribui ao longo do limite Sul da área urbana, são praticamente inexistentes na parte poente de

Monte Gordo. Por outro lado, verificar-se-á igualmente um reforço da imagem da área urbana

percepcionada pelo visitante e pelo residente, devido à uniformização dos alinhamentos do edificado em

função ou considerando as pré-existências, para além dos efeitos positivos esperados em termos de

qualificação do espaço público.

Para a franja de unidade de paisagem “duna com vegetação herbácea e arbustiva” a intervencionar

(Núcleo F), o Plano propõe a requalificação desse espaço, já parcialmente aterrado e apresentando

evidentes sinais de degradação, através da criação de um Apoio de Praia Completo com Equipamento

Associado (previsto no POOC Vilamoura-VRSA e no Plano de Praia de Monte Gordo, cf. Secção 5.3) que

possibilite rematar o extremo poente de Monte Gordo, em articulação com os equipamentos de lazer

existentes e envolvendo a criação de áreas pedonais.

Aliás, como se referiu anteriormente, a última versão (Julho de 2009) do Relatório do Plano inclui várias

preocupações relacionadas com a conservação e salvaguarda do património natural e da paisagem nas

áreas adjacentes, que resultaram de recomendações do ICNB e/ou da NEMUS [cf. página 16 desse

relatório (BCLC & Associados, 2009a)].

Assim, considera-se que as acções previstas na proposta de PPMGP beneficiarão a paisagem urbana de

Monte Gordo, em particular na sua parte oeste, prevendo-se deste modo impactes visuais positivos e

significativos, que se tornarão permanentes à medida que o Plano for sendo implementado.

Por motivo de precaução, o proposto regulamento do Plano possui uma cláusula [alínea d) do n.º 2 do

Artigo 30.º] que prevê, como razão de incompatibilidade que pode fundamentar a recusa de aprovação,

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178 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

licenciamento ou autorização, as utilizações, ocupações ou actividades a instalar que “prejudiquem a

salvaguarda e valorização do património (…) paisagístico”, entre outras razões (BCLC e Associados,

2009a).

5.4.4. Oportunidades e Riscos

No FCD 3 – Protecção dos valores locais e regionais, os riscos e oportunidades associados ao Plano de

Pormenor de Monte Gordo Poente estão associados fundamentalmente ao Domínio de Análise

“Paisagem”, onde a qualidade visual do programa proposto faz antever efeitos positivos significativos na

paisagem urbana de Monte Gordo.

Quadro 5.4.1 – Oportunidades e Riscos: FCD 3 – Protecção dos valores locais e regionais

Domínio de Análise Oportunidades Riscos

Ecologia e biodiversidade

Desincentivo do pisoteio das formações dunares na envolvente (*)

Desenvolvimento de medidas de conservação e salvaguarda do património natural em áreas adjacentes ao Plano, passíveis de realização pela CMVRSA (**)

Perturbação de espécies e/ ou habitats com interesse conservacionista (*)

Património arquitectónico, arqueológico e

etnográfico

Recolha, catalogação e estudo de vestígios arqueológicos da época paleolítica (*)

Coerência do Plano com objectivos de salvaguarda e valorização do património cultural consignados no PNPOT, PROT Algarve, POOC V-VRSA e PDM VRSA (**)

Perturbação de vestígios arqueológicos da época paleolítica (*)

Paisagem

Melhoria da qualidade da paisagem urbana (consolidação da malha urbana existente, remate do extremo Poente da marginal de Monte Gordo, novos espaços verdes exteriores, de lazer e estadia em áreas significativas, qualidade visual do programa proposto) (***) Desenvolvimento de medidas de conservação e salvaguarda da paisagem em áreas adjacentes ao Plano, passíveis de realização pela CMVRSA (**)

Nada a assinalar

Legenda: *** – Elevada(o); ** – Média(o); * – Baixa(o)

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5.5. Qualidade do ambiente e utilização dos recursos naturais (FCD 4)

5.5.1. Geologia e geomorfologia

Atendendo às actuais condições fisiográficas do troço costeiro em que se insere o Plano de Pormenor de

Monte Gordo Poente (troço litoral fortemente artificializado), não se espera que a reconversão do uso do

solo, gere, para a maioria da área a afectar, efeitos negativos na geologia e geomorfologia locais.

O Plano de Pormenor contempla uma pequena parcela a Sul (Núcleo F) destinada à construção de um

apoio de praia e de uma área pedonal sobre um antigo troço de dunas, entretanto, já parcialmente

intervencionado/aterrado. Trata-se de um relevo que, apesar do seu carácter incipiente e degradado, tem,

por um lado, uma relação de continuidade com o sistema dunar que se desenvolve desde o limite Este da

Ria Formosa e o limite poente de Monte Gordo e, por outro lado, constitui um dos últimos espaços

naturais da frente urbana de Monte Gordo. A afectação, ainda que restrita, destes pequenos relevos

corresponde a um efeito permanente na morfologia local, cumulativo com as alterações fisiográficas já

verificadas no sistema dunar de Monte Gordo, mas que se avalia como tendo uma magnitude reduzida e

pouco significado no troço costeiro em que se insere, dado tratar-se de um terreno já (parcialmente)

intervencionado.

A área afecta ao Plano de Pormenor não afectará qualquer forma, estrutura ou formação com interesse

geológico, sedimentológico, geomorfológico ou tectono-estrutural e que se encontre classificada a nível,

municipal, regional, nacional ou comunitária, pelo que deste ponto de vista os efeitos da implementação

de qualquer uma das componentes do Plano de Pormenor são nulos.

Paralelamente, não é abrangido qualquer recurso geológico importante nos termos do Decreto-lei nº

90/90 de 16 de Março (diploma que rege o regime de revelação e aproveitamento de bens naturais

existentes na crosta terrestre, integrados no domínio público, com excepção dos hidrocarbonetos), ou que

se destine à revelação e ao aproveitamento de depósitos minerais naturais, nos termos do Decreto-lei nº

88/90 de 16 de Março, ou de massas minerais, nos termos do Decreto-lei nº 340/2007 de 12 de Outubro.

5.5.2. Solo

As actividades previstas no Plano de Pormenor implicam a ocupação, compactação e impermeabilização

do solo na área de intervenção, nomeadamente nas áreas afectas à construção de edifícios, alargamento

da rede viária, criação de outros pavimentos e circulação em obra. Tal como foi descrito na Secção 4.5.2, o

solo na área de intervenção corresponde a um recurso bastante pobre do ponto de vista físico, químico e

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180 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

biótico, uma vez que a diferenciação em horizontes pedagógicos é praticamente inexistente e não

apresenta minerais ou matéria orgânica em teores suficientes para suportar comunidades bióticas com

elevado índice de produtividade, sejam essas comunidades naturais ou sistemas agrícolas. Neste

contexto, a implementação do Plano de Pormenor representa a afectação de solo com produtividade e

capacidade de suporte muito reduzida e pouca valia enquanto recurso. Nesse sentido, o local

seleccionado para a operação de desenvolvimento urbanístico é bom por não implicar a perda de solo

produtivo.

Relativamente à potencial erosão e potenciais efeitos indirectos sobre outros factores ambientais, há a

referir dois aspectos distintos:

• Erosão do solo na área de intervenção durante as obras de construção das edificações e

transformação do espaço público – a movimentação de maquinaria e a exposição directa do solo

aos agentes erosivos terão efeitos negativos, directos e indirectos e de fraca magnitude,

considerando-se pouco significativos tendo em conta a situação de referência, em que existem

vários terrenos expectantes terraplanados e caminhos não pavimentados com grande potencial

para a erosão do solo arenoso. De um ponto de vista estratégico, tendo em conta a pobreza do

solo em questão enquanto recurso e o carácter temporário e reversível do potencial efeito, este

considera-se nulo;

• Erosão do solo na área de intervenção durante a fase de exploração das actividades enquadradas

pelo Plano de Pormenor – A reocupação ou re-vegetação dos terrenos terraplanados ou caminhos

de areia existentes, correspondem a uma redução do actual potencial erosivo. Admitindo que os

espaços verdes previstos são devidamente criados e mantidos, o efeito considera-se positivo,

reversível, permanente, embora tendencialmente nulo;

• Erosão do solo na envolvente da área de intervenção devido a uma maior carga de utilização

turística enquadrada pelo Plano de Pormenor, principalmente, nos acessos à zona balnear - o

potencial aumento do pisoteio das dunas, caso não fosse contrariado por medidas correctivas,

teria efeito negativo, permanente, reversível, de magnitude crescente no tempo. Admitindo a

adopção das medidas minimizadoras recomendadas no Capítulo 7, este efeito consideram-se

tendencialmente nulo.

Considera-se que o efeito da compactação do solo sobre a recarga do aquífero e possibilidade de

contaminação química do solo, dadas as características de permeabilidade e porosidade do substrato, são

questões mais prementes em termos de recursos hídricos subterrâneos sendo abordadas noutro local.

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Assim, tendo em conta todas as considerações anteriores e mantendo uma perspectiva estratégica,

considera-se que a implementação do Plano de Pormenor tem um efeito global tendencialmente nulo

sobre o solo.

Em todo o caso, a proposta urbanística prevê a criação de vários espaços verdes. Ora, a vegetação e a

manutenção adequada dos referidos espaços tenderá a minimizar a eventual erosão do solo nos mesmos.

5.5.3. Energia

A optimização da eficiência energética de edifícios, bem como a utilização de energias renováveis,

constituem prioridades nacionais e sectoriais, por razões económicas e ambientais. A premência das

questões energéticas decorre da necessidade de garantir a competitividade da economia nacional e da

necessidade de assegurar o cumprimento dos compromissos internacionais que Portugal assumiu

relativamente à emissão de gases com efeito de estufa. Para o turismo do Algarve, a energia representa

um custo de exploração que interessa reduzir, de forma a aumentar a competitividade e a retenção, a nível

local, da riqueza gerada.

O Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente dá enquadramento à criação das seguintes tipologias de

ocupação, identificadas em fase de proposta preliminar:

• Sector hoteleiro, nas modalidades de hotel/aparthotel;

• Equipamentos de restauração, lazer e apoios de praia;

• Outros.

Estas unidades serão alvo de estudo, seguidamente, focando-se a análise nos potenciais consumos

energéticos associados à fase de exploração dos empreendimentos que recebem enquadramento com a

aprovação do plano. Os consumos associados à fase de construção são excluídos por se considerar que

terão pouco peso nos consumos globais de energia, considerando o tempo de vida útil das estruturas a

criar, fazendo pouco sentido num exercício avaliativo que se pretende estratégico.

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182 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

A. Sector hoteleiro

O Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente dá enquadramento à criação de duas unidades turísticas nas

modalidades de hotel ou aparthotel24. Em função das características das edificações, será necessário

averiguar a aplicação dos regulamentos para a eficiência energética de edifícios em vigor, RSECE e/ou

RCCTE.

A Figura 5.5.1 mostra dados relativos à estrutura de consumo de electricidade em aparthóteis de três e

quatro estrelas, situados no arquipélago da Madeira, dada a indisponibilidade de dados específicos para

os aparthotéis do Algarve. Por climatização entenda-se o sistema que permite ventilar, regular a

temperatura, humidade e purificar o ar interior. Os gastos com aquecimento do ar ambiente são nulos na

região autónoma da Madeira. No entanto, crê-se ser esta uma aproximação razoável dado o clima

moderado que se faz sentir no Algarve e na área de estudo.

Fonte: AREAM, 1999.

Figura 5.5.1 – Repartição do consumo de electricidade em Hotéis-apartamento

Os apartamentos turísticos constituem um meio termo entre o sector residencial e o sector terciário.

Consultando a bibliografia, verifica-se que a estrutura de consumo de electricidade é relativamente

semelhante ao das habitações convencionais. Ainda assim, observa-se maior consumo de lavandaria,

como seria de esperar devido a uma maior rotatividade dos ocupantes, e um menor peso da cozinha,

provavelmente associado a um maior recurso à restauração ou a refeições rápidas volantes (DGEG, 2004 e

AREAM, 1999).

24 Para efeitos do presente estudo, os resultados do sector de habitação consideram-se agregados aos do sector

hoteleiro, dado o peso reduzido da componente de habitação convencional na solução proposta.

Aparthotéis

Climatização10% Iluminação

19%

Lavandaria14%

Outros39%

Cozinha18%

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 183

As principais fontes de energia utilizadas nas unidades hoteleiras do Algarve, em 1999, eram a

electricidade, o gás propano e o gasóleo (Inverno e Lamarão, 2004), de acordo com o Quadro 5.5.1.

Quadro 5.5.1 – Fontes de energia utilizadas nas unidades hoteleiras do Algarve

Unidades hoteleiras Energia eléctrica Gás propano Gasóleo

4 e 5 estrelas 55,2% 45,8%

3 estrelas 53% 40% 7,00%

Fonte: Inverno e Lamarão, 2004.

Uma vez que não se dispõe de dados específicos da desagregação do consumo de gás e de gasóleo

quanto às suas utilizações finais relativos ao universo de unidades hoteleiras do Concelho de Vila Real de

Santo António, apresenta-se a estrutura de desagregação registada numa importante unidade hoteleira de

5 estrelas da região algarvia, no ano de 2003 (Inverno, 2007), tal como consta no Quadro 5.5.2.

Quadro 5.5.2 – Utilização de combustíveis fósseis num hotel 5 estrelas no Algarve

Combustível Utilização

Água quente Vapor Cozinha

Gás propano 67% 19% 14%

Gasóleo 59% 41% -

Fonte: Inverno, 2007.

O Quadro 5.5.3 e a Figura 5.5.2 evidenciam a distribuição do consumo de energia eléctrica pelas suas

utilizações finais em unidades hoteleiras de tipologias diferentes, segundo um inquérito realizado na

Região Autónoma da Madeira (AREAM, 1999). No caso do estudo referenciado, os gastos com

aquecimento do ambiente eram nulos. Verifica-se, portanto, que a distribuição da energia eléctrica pelas

diversas utilizações finais pode variar com o número de estrelas atribuídas à unidade hoteleira.

Quadro 5.5.3 – Principais utilizações da electricidade em unidades hoteleiras

Unidade hoteleira Principais utilizações (representando mais de 50%)

5 estrelas Climatização (20%), lavandaria (17%), cozinha (16%)

4 estrelas Climatização (45%) e iluminação (15%)

2 e 3 estrelas Lavandaria (36%) e cozinha (18%)

Fonte: AREAM, 1999.

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Hotéis de 5 estrelas

Cozinha24%

Outros31%

Lavandaria17%

Iluminação 8%

Climatização20%

Hotéis de 4 estrelas

Cozinha11%

Outros26%

Lavandaria3%

Iluminação 15%

Climatização44%

Hotéis de 2 e 3 estrelas

Cozinha22%

Outros16%

Lavandaria36%

Iluminação 10%

Climatização16%

Fonte: AREAM, 1999.

Figura 5.5.2 – Repartição do consumo de electricidade em unidades hoteleiras

Com o objectivo de comparar os diferentes tipos de empreendimento turístico quanto ao custo de energia

por dormida, foi calculado o factor de multiplicação face ao escalão que apresenta um consumo mínimo,

correspondente aos hotéis de 2 ou 3 estrelas. Os resultados são apresentados no Quadro 5.5.4.

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Quadro 5.5.4 – Custo relativo de energia por dormida em unidades hoteleiras

Unidade hoteleira Energia total

(CDE /CDEmin)

Electricidade

(CDE /CDEmin)

5 estrelas 2,4 2,9

4 estrelas 1,7 2,2

2 e 3 estrelas 1 1

Aparthotel 1,1 1,3

Fonte: CED – custo de energia por dormida; CEDmin – custo de energia por dormida para o escalão de consumo mínimo (hotéis de 2 ou 3 estrelas). Adaptado de AREAM, 1999.

Assim, verifica-se que o consumo de energia por dormida aumenta substancialmente com o grau de

comodidade oferecido pelas unidades hoteleiras. Os aparthotéis apresentam custos de energia por

dormida relativamente reduzidos comparativamente às unidades hoteleiras de maior qualidade.

B. Equipamentos de restauração e apoio de praia

O PP prevê a criação de um apoio de praia (Núcleo F) e de outras áreas destinadas a comércio/serviços,

que podem vir a ser ocupadas com equipamentos de restauração (Núcleo C, cf. Figura 2.3.1 – Anexo I).

Tipicamente, a electricidade é a fonte de energia mais utilizada para assegurar as utilizações finais

associadas a este tipo de equipamentos, nomeadamente, para iluminação, funcionamento de máquinas e

equipamentos eléctricos e electrónicos, ventilação e regulação da temperatura ambiente.

Caso a(s) unidade(s) de restauração inclua(m) cozinha, será de esperar a utilização de uma fonte de

energia adicional, nomeadamente GPL, para o funcionamento de fornos e/ou fogões. Um estudo do

consumo energético das unidades de restauração, realizado na região autónoma da Madeira (AREAM,

1999), indicava a seguinte distribuição de consumo: electricidade 57% e GPL 43%.

C. Outros

A concretização do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente acarretará a realização de um conjunto de

infra-estruturas de diferente natureza (como as próprias desenhadas incluídas no Plano antecipam), cujo

funcionamento terá consumos ou perdas de energia inerentes, seguidamente tipificados:

a) Redes de água e saneamento:

• Adução e distribuição de água para consumo;

• Distribuição de água para bocas de incêndio;

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186 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

• Drenagem de efluentes domésticos e pluviais (sistema separativo).

O consumo de energia dever-se-á essencialmente ao funcionamento do equipamento de bombagem

necessário.

b) Redes de distribuição de energia de baixa tensão:

As perdas de energia na rede eléctrica devem-se à dissipação por efeito joule, sendo este

inversamente proporcional à tensão eléctrica da linha.

c) Iluminação pública:

O consumo de energia eléctrica estará directamente associado ao funcionamento do sistema. Para

evitar o funcionamento desnecessário quando há claridade, o sistema deverá ser accionado por

equipamento acoplado a sensores de luminosidade. O consumo será também influenciado pela

eficiência energética das lâmpadas, devendo optar-se por soluções de baixo consumo.

Adicionalmente, a proposta prevê a criação de parques de estacionamento subterrâneos, para servir os

núcleos previstos libertando, assim, espaço de superfície para outras funções urbanas.

O RSECE estabelece várias restrições em relação à eficiência energética e qualidade do ar em parques de

estacionamento subterrâneos, dos quais se destacam a imposição de limites de IEE em função do perfil de

utilização (Quadro 5.5.5) e a necessidade de criar sistemas de ventilação com condutas de ar autónomas

para evitar a contaminação do ar no interior dos edifícios residenciais ou de serviços com os poluentes

associados aos escapes dos veículos.

Quadro 5.5.5 – Eficiência energética de parques de estacionamento subterrâneos

Perfil de utilização IEE

(kgep / m2.ano)

10 h/ dia, de segunda a sexta 12

9 h/ dia, todos os dias 15

10 a 12 h/ dia, todos os dias 19

Fonte: RSECE.

Tendo presentes os aspectos anteriormente focados, conclui-se que a implementação do Plano de

Pormenor de Monte Gordo Poente levará, previsivelmente, ao aumento na quantidade de energia

consumida na área de estudo, particularmente, energia eléctrica, devido ao aumento local da carga de

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ocupação, associada essencialmente à actividade turística. Em época alta, a população (flutuante)

adicional será próxima das mil pessoas (cf. Secção 5.2.2).

Numa perspectiva de análise de impacte ambiental de projecto, o acréscimo da quantidade de energia

consumida, representa um efeito negativo, com magnitude reduzida a nível concelhio, e média ao nível da

freguesia. O efeito previsível terá algum pendor sazonal, esperando-se maior consumo nas épocas de

maior ocupação turística, ainda que, de acordo com Inverno (2007), as unidades hoteleiras,

particularmente as de maior qualidade, tenham custos energéticos de base elevados mesmo na ausência

de hóspedes. O efeito identificado será irreversível, embora pouco significativo, admitindo a

implementação da legislação vigente sobre eficiência energética de edifícios e a adopção de boas práticas

por parte das entidades com responsabilidades nesta matéria.

Aliás, o próprio regulamento proposto para o Plano possui um artigo específico (33.º) que refere que

“devem adoptar-se soluções que garantam as melhores condições de sustentabilidade ambiental,

nomeadamente no que respeita às componentes energéticas, nos termos do regime legal aplicável” (BCLC

e Associados, 2009a).

Numa perspectiva de avaliação ambiental estratégica, o Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente

representa uma oportunidade de aplicação da legislação vigente sobre eficiência energética e utilização

de energias renováveis em edifícios de forma integrada, potenciando a maximização da eficácia das

medidas preconizadas e do aproveitamento do potencial da região algarvia em termos de utilização de

energia solar.

Estima-se que a aplicação dos regulamentos recentemente aprovados permitam um aumento da eficiência

térmica dos edifícios que se traduza numa redução de 40% da factura energética (PNAC 2006). Ou seja, a

aprovação do Plano de Pormenor representa uma oportunidade para a construção de edifícios 40% mais

eficientes em termos energéticos face a edifícios comparáveis existentes.

Assim, admitindo a implementação da legislação vigente e a adopção de boas práticas por parte das

entidades com responsabilidades na matéria, é expectável que a implementação do Plano de Pormenor

contribua para o aumento da eficiência energética do parque edificado a nível local e concelhio. Este efeito

classifica-se como positivo, de magnitude média a reduzida a nível concelhio, certo, permanente e

irreversível. O grau de significância expectável varia de pouco significativo a significativo, em função do

grau de cumprimento dos requisitos e da fidelidade ao espírito dos regulamentos recentemente

aprovados.

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188 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

5.5.4. Recursos hídricos

Os recursos hídricos são um factor crítico para o desenvolvimento do Algarve, tal como referido em

secções anteriores. O Verão, período de menor abundância de água para captação, superficial ou

subterrânea, corresponde precisamente ao pico de procura de água para abastecimento público devido a

uma maior afluência de turistas. Por outro lado, um maior consumo de água por parte da população

traduz-se numa maior geração de águas residuais, propiciando a ocorrência de descargas não controladas

para o meio receptor e consequente degradação das condições ambientais.

Atendendo à situação específica do Algarve, o presente estudo pretende determinar em que medida a

aprovação do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente dá enquadramento a actividades que poderão

alterar a qualidade ou disponibilidade de recursos hídricos, tendo em conta a sua localização sobre um

sistema aquífero regional (sistema aquífero de Monte Gordo) e tendo em conta as infra-estrutras de

abastecimento de água e saneamento existentes e o enquadramento legal vigente. Seguidamente,

procura-se identificar quais as salvaguardas previstas na proposta de plano para evitar ou minimizar esses

eventuais efeitos adversos, seguindo a metodologia estabelecida na Proposta da Definição de Âmbito da

Avaliação Ambiental em curso. Caso seja expectável a geração de potenciais efeitos adversos

significativos, será oportuno equacionar medidas para resolver o problema nesta fase precoce de

planeamento. Esta avaliação é motivada pela necessidade de salvaguardar a saúde humana, a qualidade

do ambiente e a qualidade de Monte Gordo enquanto destino turístico.

Para a realização desta etapa de avaliação, foram consultadas diversas fontes de informação, tais como os

Planos de Bacia Hidrográfica das Ribeiras do Algarve e do Guadiana, o Programa Nacional para o Uso

Eficiente da Água (2001), o PEAASAR II e demais legislação aplicável.

Como âmbito geográfico considerou-se, não só a área de implementação do plano, mas também o sistema

de abastecimento de água e tratamento de águas residuais afecto à freguesia de Monte Gordo.

5.5.4.1. Potenciais efeitos da implementação do plano

A presente secção pretende identificar os potenciais efeitos adversos da aprovação do plano, através da

implementação das actividades a que este dará enquadramento, sobre os recursos hídricos e o

funcionamento das estruturas de abastecimento de água potável e de saneamento de águas residuais.

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A. Água potável

A implementação do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente cria enquadramento para usos do solo

distintos dos actualmente praticados na área afecta ao plano. As actividades previstas identificadas como

potenciadoras do consumo de água são, nomeadamente, a hotelaria, a habitação, a restauração e os

apoios de praia.

A exploração das actividades económicas previstas e o aumento sazonal da carga de ocupação estimado

contribuem para o aumento expectável do consumo de água potável. Estima-se que o aumento sazonal da

carga de ocupação possa atingir cerca de 1000 utentes/dia em época de maior ocupação turística, o que

constitui um efeito negativo. Uma vez que se desconhece a evolução mensal da população flutuante de

Monte Gordo ou do concelho, não será possível quantificar o peso deste efeito sobre as necessidades de

água para consumo; no entanto, estima-se que o efeito terá magnitude reduzida a nível concelhio e

magnitude média ao nível da freguesia. A adopção de medidas e boas práticas para a minimização de

perdas de água no sistema de distribuição e para a utilização racional de água, poderá contribuir para

reduzir a magnitude destes efeitos.

Ema vez que está prevista a construção de um novo reservatório de água potável para o abastecimento da

população de Monte Gordo, entre outras infra-estruturas previstas, não sendo de esperar, portanto, que a

implementação do Plano de Pormenor coloque em causa o abastecimento de água à população de Monte

Gordo ou o cumprimento da legislação nacional relativa às normas de qualidade da água para consumo

humano (Decreto-Lei n.º 36/98 de 1 de Agosto). Em suma, o efeito expectável terá pendor sazonal,

irreversível e pouco significativo.

Não obstante, este efeito será cumulativo com as necessidades de água da restante região servida pelas

albufeiras de Beliche e Odeleite em época de maior ocupação turística. Crê-se que tal efeito cumulativo

não deve ser descurado ao nível do planeamento, ainda que o Plano de Pormenor não seja a sede

adequada para confrontar o problema, sendo necessário estudá-lo a nível (sub)regional e não a nível local.

B. Águas residuais

A aprovação do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente dá lugar à implantação de actividades

geradoras de águas residuais. A geração de efluentes domésticos está directamente ligada ao consumo de

água admitindo-se, geralmente, para efeitos de dimensionamento de infra-estruturas, que o caudal de

efluentes a drenar é uma fracção do caudal de água consumido. Esta relação de proporcionalidade directa

implica que as tendências expectáveis para o consumo de água, anteriormente indicadas, se apliquem

também à geração de águas residuais, particularmente se for criado um sistema de drenagem separativo

de efluentes domésticos e pluviais, como propõe o Plano (BCLC e Associados, 2009a).

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190 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

Assim, será de esperar um acréscimo das águas residuais geradas, representando um efeito negativo com

magnitude reduzida, a nível concelhio, e magnitude média, ao nível da freguesia. A adopção de medidas e

boas práticas para a utilização racional de água poderá contribuir para reduzir a magnitude destes efeitos.

O efeito previsível terá pendor sazonal, irreversível e pouco significativo, uma vez que se encontra em

construção uma nova ETAR em Vila Real de Santo António.

Não se prevê que a implementação do Plano de Pormenor coloque em causa o cumprimento da legislação

nacional relativa aos valores limite de emissão na descarga de águas residuais ou aos objectivos de

qualidade mínimos para águas superficiais do meio receptor (Decreto-Lei n.º 236/98 de 1 de Agosto),

desde que a ligação de Monte Gordo à referida ETAR seja devidamente assegurada.

C. Efeitos sobre o sistema aquífero de Monte Gordo

O Plano de Pormenor desenvolver-se-á sobre formações geológicas que constituem a principal área de

recarga do sistema aquífero de Monte Gordo – as areias de duna que permitem a infiltração directa da

precipitação incidente. O sistema aquífero possui uma área da ordem dos 10 km2, sendo que a afectação

da sua área de recarga pode ser considerada desprezável – atendendo que, actualmente, a grande parte

da área a afectar já se apresenta artificializada e, consequentemente, diminuída da sua capacidade de

infiltração.

O sistema aquífero abrangido pelo Plano de Pormenor apresenta uma elevada vulnerabilidade à poluição.

Não existe, contudo, nenhuma componente do Plano susceptível de potenciar, a curto, médio ou a longo

prazo, a degradação da qualidade da água armazenada em profundidade, pelo que deste ponto de vista

os efeitos são nulos. Neste âmbito, importa ainda referir que o abastecimento de água para consumo

humano será proveniente do sistema multimunicipal, pelo que não se prevê o recurso a águas

subterrâneas e, consequentemente, alterações de qualidade induzidas pelo avanço da cunha salina.

Assim, nada obsta a que seja preservada a água subterrânea como um recurso estratégico, nos termos

definidos no âmbito do Plano de Bacia Hidrográfica das Ribeiras do Algarve e do Plano de Ordenamento do

Território do Algarve. Adicionalmente, o Plano de Pormenor não põe em causa os objectivos estabelecidos

pela Lei da Água (Lei n.º 58/2005, de 29 de Dezembro).

Uma eventual situação de degradação da qualidade da água poderá estar associada à ocorrência de um

acidente, durante a fase de construção ou de exploração das diferentes componentes do Plano de

Pormenor. A ocorrência de um acidente com substâncias contaminantes corresponderá a um efeito

negativo, certo, de magnitude e significados variáveis de acordo com a dimensão do incidente e o tipo de

substância contaminante introduzida no sistema aquífero, embora minimizável e reversível. Na maior

parte da área, e considerando que em todas as fases de desenvolvimento do Plano de Pormenor serão

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implementadas medidas de protecção do ambiente, não se espera que ocorra um acidente de grande

dimensão, pelo que o efeito negativo será local, reversível, pouco significativo e de magnitude reduzida.

O Plano de Pormenor prevê a construção de um a dois pisos abaixo da cota de soleira para os vários

núcleos previstos [com excepção do Núcleo F, cf. (BCLC e Associados, 2009a)], o que implicará a realização

de escavações em profundidade. Atendendo que o nível freático no sistema aquífero de Monte Gordo está

relativamente pouco profundo, as escavações poderão vir a intersectar os níveis aquíferos locais. A

intersecção dos níveis freáticos poderá originar o rebaixamento local de captações próximas, constituindo

um efeito negativo, de magnitude reduzida, pouco significativo, atendendo que as captações não se

destinam ao abastecimento público, e reversível.

5.5.5. Gestão de resíduos

A principal questão estratégica que se coloca em matéria de gestão de resíduos, no âmbito da avaliação

ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente, consiste em determinar se a aprovação do plano

e a concretização das actividades económicas nele previstas poderão levar à ruptura do sistema de gestão

de resíduos actualmente existente e, em caso afirmativo, quais as medidas necessárias para resolver o

problema. Tal como referido na Secção 4.5.5, esta avaliação é motivada pela necessidade de salvaguardar

a saúde humana, a qualidade do ambiente e a qualidade de Monte Gordo enquanto destino turístico.

Será de averiguar, ainda, se estarão assegurados os meios e infra-estruturas necessários para que a

ocupação da área afecta ao plano concorra para a concretização das orientações definidas no PERSU II e

demais legislação aplicável à gestão de resíduos. Recorde-se, no entanto, que a abordagem pretende-se

estratégica pelo que não há lugar para uma análise detalhada e exaustiva de todos os potenciais impactes

mas apenas dos que poderão ter carácter estratégico. Essa análise mais pormenorizada deverá realizar-se

posteriormente, em sede avaliação de impactes ambientais de projecto.

As fontes de informação que servem de base à elaboração do presente subcapítulo são as seguintes:

Plano Estratégico para os Resíduos Sólidos Urbanos (PERSU II), legislação aplicável e o regulamento

municipal de resíduos sólidos da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António.

Neste caso, o âmbito geográfico de estudo tem dois níveis diferentes: o nível local da área de afecta ao

plano proposto e um nível mais alargado que comporta o sistema de gestão de resíduos da freguesia de

Monte Gordo, ou do concelho de Vila Real de Santo António em função do grau de desagregação dos

dados disponíveis.

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A aprovação do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente dá lugar à implantação de actividades e usos

do solo potencialmente geradoras das seguintes tipologias de resíduos:

• Resíduos sólidos urbanos ou equiparados – Produzidos por habitações, apartamentos turísticos,

unidades hoteleiras e equipamentos de restauração, lazer e apoios de praia, apresentando

características semelhantes aos resíduos de origem doméstica;

• Resíduos perigosos – Poderão vir a ser gerados nas unidades hoteleiras, por exemplo, em

resultado do funcionamento de motores eléctricos ou da lavandaria, ainda que previsivelmente

em pequenas quantidades;

• Resíduos de construção e demolição – entulho, terras, óleos de motores, resíduos de embalagem

(perigosos e não perigosos), associados à demolição de algumas edificações existentes em

desconformidade com os instrumentos de gestão territorial aplicáveis.

A responsabilidade pelos resíduos cabe ao respectivo produtor. A Câmara Municipal de Vila Real de Santo

António assume a responsabilidade pela recolha dos resíduos gerados pelos pequenos produtores

domésticos, ficando as restantes operações de gestão a cargo da ALGAR – sistema multimunicipal do

Algarve, tal como foi referido na Secção 4.5.4. A autarquia poderá também assumir a responsabilidade

pelos resíduos equiparados a urbanos gerados por pequenos produtores do comércio e serviços, não

excedendo os 1100 l/dia, mediante acordo entre as partes. Os restantes resíduos são da exclusiva

responsabilidade dos produtores (CMVRSA, 2007c).

A. Produção de resíduos

A construção das unidades hoteleiras, das habitações bem como dos equipamentos de restauração e lazer

previstos implicará, certamente, uma produção acrescida de resíduos sólidos urbanos, dado ser

expectável uma carga humana adicional de pelo menos mil pessoas em época de maior ocupação turística

(cf. Secção 5.2.2). Prevê-se que este efeito sazonal tenha uma magnitude reduzida a nível concelhio e

média a nível da freguesia. Contudo, não é possível efectuar uma estimativa quantitativa do acréscimo de

resíduos gerados uma vez que os dados de capitação disponíveis correspondem a médias anuais, não se

conhecendo a distribuição da produção sazonal de resíduos indiferenciados.

De modo a salvaguardar a correcta deposição deste volume adicional de resíduos, o Relatório do Plano de

Pormenor de Monte Gordo Poente prevê a implementação de um sistema de recolha selectiva, com

separação dos resíduos sólidos urbanos indiferenciados dos recicláveis: papel/cartão, vidro e embalagens

(BCLC e Associados, 2009a).

Neste sentido, “foi preconizado um conjunto de [quatro] parques de contentores enterrados (3 e 5 m3), os

quais permitirão um maior aproveitamento da superfície e um menor impacte visual, apenas deixando

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visíveis os marcos de deposição, com diferentes cores, consoante o tipo de resíduo a depositar. Para além

destas vantagens, os contentores enterrados permitirão uma maior capacidade de armazenamento” (BCLC

e Associados, 2009a).

Serão ainda instaladas papeleiras, com um afastamento máximo de 40m, para que os utentes depositem

os resíduos produzidos no exterior das edificações.

B. Potenciais efeitos sobre o sistema de gestão de resíduos

A presente secção pretende efectuar uma análise qualitativa do risco da capacidade do sistema de gestão

de resíduos ser excedido em época alta, tendo em conta a capacidade do sistema e o potencial acréscimo

de produção de resíduos resultante da implementação do plano.

O quadro seguinte apresenta os possíveis destinos a atribuir às diversas tipologias de resíduos

identificadas e previsível disponibilidade de infra-estruturas no futuro.

Quadro 5.5.6 – Previsível disponibilidade de infra-estruturas para gestão de resíduos

Resíduos Destino Disponibilidade prevista

Urbanos ou equiparados

Aterro sanitário do Sotavento

Exploração prevista até 2024, havendo capacidade para receber resíduos que possam vir a ser gerados em resultado da

implementação do plano, independentemente de picos de produção associados à época de maior ocupação turística.

Reciclagem a cargo da

Sociedade Ponto Verde

Capacidade garantida para receber resíduos que possam vir a ser gerados em resultado da implementação do plano, com recurso a

entidades nacionais ou internacionais, face ao objectivo nacional de aumentar quantidades de materiais valorizáveis reciclados.

Perigosos Operadores licenciados

Capacidade garantida dada a abundância de operadores licenciados, no concelho e a nível nacional, para a gestão de resíduos perigosos,

cuja lista está acessível em http://www.inresiduos.pt.

Fonte: CCDRA (2007) (acesso em 11/10/2007); ALGAR (2007); CMVRSA (2007b).

Em função das dimensões e características de projecto das unidades hoteleiras previstas, estas podem vir

a gerar alguns resíduos perigosos tais como sejam os óleos minerais, associados, por exemplo, ao

funcionamento de motores eléctricos. No entanto, tratar-se-ão de situações a tratar individualmente, da

responsabilidade do produtor dos resíduos, e que não terão importância estratégica dada a

disponibilidade de empresas licenciadas para a recolha, transporte e tratamento de resíduos perigosos.

Face à informação que consta do Quadro 5.5.6, considera-se que as actividades que recebem

enquadramento com a aprovação do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente não colocam em causa o

funcionamento das infra-estruturas de tratamento de resíduos existentes. Fica por avaliar o efeito sobre o

sistema de recolha e o funcionamento das estações de transferência e triagem. Considera-se, no entanto,

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que tais insuficiências são relativamente simples de resolver, através de aquisição de novo equipamento e

contratação de pessoal, não exigindo o tempo e investimento necessário para a construção das unidades

de tratamento de resíduos.

Assim, prevê-se que o efeito da aprovação do Plano de Pormenor sobre o sistema de gestão de resíduos

existente seja tendencialmente nulo.

C. Possíveis pontos de contaminação

A presente secção pretende identificar os possíveis pontos de contaminação das componentes

naturais/focos de problemas para a saúde pública em caso de sobrecarga das infra-estruturas

eventualmente associados à implementação do Plano de Pormenor que se encontra em elaboração.

Os possíveis pontos de contaminação das componentes naturais e focos de problemas para a saúde

pública, caso o acréscimo de resíduos gerados potenciado pela implementação do plano não for

acautelada, correspondem aos seguintes locais:

• Área afecta ao plano – incapacidade de resposta do sistema de recolha de resíduos ou

incumprimento de responsabilidades por parte dos grandes produtores do comércio e serviços;

• Estações de transferência que recebem resíduos de Monte Gordo – sobrecarga das infra-

estruturas;

• Estação de triagem de São João da Venda de Loulé – sobrecarga da infra-estrutura.

Para evitar que possam surgir problemas na área afecta ao plano, a autarquia deverá fazer cumprir o

“Regulamento Municipal de Resíduos Sólidos, Higiene e Limpeza Pública do Concelho de Vila Real de

Santo António” (CMVRSA, 2007c):

• Assegurar a colocação de contentores, adequadamente distribuídos, na via pública e uma

frequência de recolha suficiente junto dos produtores domésticos e pequenos produtores do

comércio e serviços;

• Em caso de incumprimento por parte de terceiros, aplicar as coimas e sanções previstas no

regulamento.

Já as questões relacionadas com as estações de transferência e triagem dizem respeito à ALGAR. Assim, é

importante manter estreita comunicação e uma relação de cooperação entre a autarquia e esta entidade, o

que não deverá constituir uma dificuldade atendendo a que o município é um accionista da mesma. Assim,

admitindo o cumprimento da regulamentação e legislação aplicável, bem com a adopção de boas práticas

por parte das várias entidades envolvidas, prevê-se que o efeito da aprovação do Plano de Pormenor

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tenha um efeito tendencialmente nulo sobre possíveis pontos de contaminação, não representando riscos

acrescidos para a saúde pública.

5.5.6. Ambiente sonoro

De acordo com Sonometria (2009), “com a execução da operação do Plano, poderá haver um acréscimo do

tráfego rodoviário nas vias já existentes”. Considerando um acréscimo de 20% (estimativa

sobredimensionada) em relação ao tráfego nas vias contíguas e vias existentes, o acréscimo expectável

nos níveis sonoros será inferior a 1 dB(A), mantendo-se, assim, o cumprimento do disposto no Artigo 11º

do Regulamento Geral do Ruído.

Da análise dos mapas de ruído da situação prevista com a concretização do Plano (cf. desenhos 5.5.1 e

5.5.2 – Anexo I), é possível concluir que, caso se classifique a totalidade da área de intervenção do Plano

como “zona mista” [como prevê o Artigo 8.º do Regulamento, cf. (BCLC e Associados, 2009a)],

praticamente não existem incumprimentos em ambos os indicadores (Lden e Ln) junto às ocupações

sensíveis existentes.

Apenas junto ao edificado existente e previsto ao longo das ruas Nova Lisboa e dos Pescadores poderá

existir incumprimento, sendo este inferior a 5 dB(A) (cf. Desenho 5.5.3 – Anexo I). Para essas fachadas o

nível sonoro está no limiar do valor limite de exposição, sendo eventuais incumprimentos inferiores aos

2 dB(A) admissíveis como margem de erro dos próprios mapas de ruído (Sonometria, 2009).

Dado que esse (expectável) incumprimento é inferior a 5 dB(A), a proposta urbanística é compatível com a

excepção prevista na alínea b) do n.º 7 do Artigo 12.º do RGR para “novos edifícios habitacionais em zonas

urbanas consolidadas” desde que a zona em causa seja abrangida por um plano municipal de redução de

ruído (Sonometria, 2009).

Em coerência com estas conclusões, o Artigo 8.º do Regulamento do PP de Monte Gordo Poente (BCLC &

Associados, 2009a) classifica a área de intervenção como zona mista, estipulando ainda que “devem ser

executados planos municipais de redução do ruído, para as faixas onde são ultrapassados os valores

limite de exposição, as quais se encontram devidamente assinaladas nas peças desenhadas que constam

do anexo VI ao relatório do ruído, elemento que acompanha o presente Plano” (peças reproduzidas no

Desenho 5.5.3, inserido no Anexo I ao presente relatório ambiental).

Como é referido na página 17 do Relatório que acompanha a última versão do Plano (datado de Julho de

2009),“tendo em conta a obrigação legal que decorre para a Câmara Municipal de Vila Real de Santo

António de elaborar os mencionados planos municipais de redução de ruído, e embora do RGR não resulte

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196 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

a exigência legal de esse plano de redução de ruído acompanhar os planos municipais de ordenamento do

território (veja-se que nas alterações introduzidas pelo RGR à Portaria n.º 138/2005, de 2 de Fevereiro não

consta a necessidade desde elemento), foi elaborado plano municipal de redução de ruído para as

mencionadas faixas de incumprimento [cf. Desenho 5.5.3 – Anexo I], o qual será submetido à Assembleia

Municipal, para aprovação, em momento simultâneo ao da aprovação do presente Plano” (BCLC &

Associados, 2009a).

Adicionalmente, o citado Artigo 8.º do Regulamento passou a incluir um ponto (2) que obriga “os

projectos das edificações localizadas nas faixas referidas no número anterior [isto é, de incumprimento do

RGR] prever as disposições construtivas necessárias para garantir o conforto acústico adequado no

interior das edificações”.

Desta forma, os previsíveis efeitos negativos da concretização do Plano em termos de ambiente sonoro

foram convenientemente prevenidos, inclusive para além do previsto na legislação.

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 197

5.5.7. Oportunidades e Riscos

Os riscos que o Plano de Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente encerra em termos de Qualidade do

ambiente e utilização dos recursos naturais (FCD 4) são baixos. Pelo contrário, foram identificadas várias

oportunidades de melhoria da qualidade do ambiente, de grau médio em alguns casos – como evidencia o

quadro seguinte:

Quadro 5.5.7 – Oportunidades e Riscos: FCD 4 – Qualidade do ambiente e utilização dos recursos naturais

Domínio de Análise Oportunidades Riscos

Geologia e Geomorfologia Nada a assinalar Afectação da morfologia local (*)

Solo Re-ocupação ou re-vegetação de áreas terraplanadas e caminhos existentes (*) Erosão ou compactação do solo (*)

Energia

Possibilidade de criação de edifícios de elevada qualidade ambiental em termos de eficiência energética e qualidade do ar interior (**)

Aumento da eficiência energética do parque habitacional a nível local e concelhio (*)

Aumento do consumo energético local (*)

Recursos hídricos Implementação de sistema de drenagem de águas residuais separativo (**)

Aumento do consumo de água e geração de águas residuais (*)

Gestão de resíduos Nada a assinalar Aumento da geração de resíduos (*)

Ambiente sonoro

Classificação da área de intervenção como zona mista (Artigo 8.º do Regulamento), identificação de faixas de incumprimento do RGR e desenvolvimento de plano municipal de redução de ruído para lidar com essa situação (**)

Nada a assinalar

Legenda: *** – Elevada(o); ** – Média(o); * – Baixa(o)

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198 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

5.6. Riscos naturais e tecnológicos (FCD 5)

5.6.1. Risco de erosão costeira

O desenvolvimento do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente não alterará as condições de evolução

da linha de costa observadas actualmente. De facto, a área afecta ao mesmo localiza-se num troço

costeiro em acreção, não se esperando, a curto/médio prazo, episódios de recuo da linha de costa que

possam colocar em causa a segurança futura das infra-estruturas e dos edifícios existentes ou previstos.

Não obstante, e considerando o enquadramento de parte da área intervenção na faixa de susceptibilidade

intermédia a elevada ao galgamento oceânico indicada no Plano de Ordenamento da Orla Costeira (POOC)

Vilamoura-VRSA (cf. figuras 4.3.1 e 4.3.3 – Anexo I), não é totalmente inverosímil que o apoio de praia

previsto para o Núcleo F possa vir a ser afectado por tempestades. Nesse sentido, deverão ser adoptadas,

em fase de projecto, as disposições do POOC previstas para essas faixas, nomeadamente, o

desenvolvimento de apoios de praia amovíveis e assentes em estrutura sobrelevada – como o próprio

Regulamento do PP de Monte Gordo Poente já salvaguarda, através do n.os 2 e 5 do respectivo Artigo 28.º

(BCLC & Associados, 2009a).

5.6.2. Risco de inundações

A área de intervenção do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente não está integrada em zona

classificada como inundável ou ameaçada por cheias, nos termos da Lei n.º 58/2005, de 29 de Dezembro.

Não obstante, existem registos recentes da ocorrência de inundações em Monte Gordo, nomeadamente,

quando fenómenos de precipitação intensa coincidem com a preia-mar (Barlavento online, 2007). Os

efeitos associados a estes factores naturais são, provavelmente, agravados pela falta de limpeza e

colmatação parcial das infra-estruturas de drenagem, refluxo nos colectores e emissários de águas

pluviais que descarregam para o mar e eventual sub-dimensionamento do sistema de drenagem face ao

caudal propiciado pelos eventos de precipitação extrema.

Apesar de Monte Gordo se situar numa linha da costa portuguesa que não se encontra em risco de erosão,

tendo em conta que a área de intervenção do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente se situa a cotas

de poucos metros acima do nível médio do mar, distando cerca de 150 metros da praia e tendo em conta

as considerações anteriores, não se exclui completamente a hipótese de ocorrência de inundações na área

afecta ao Plano.

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 199

Assim, foram identificados como possíveis efeitos adversos da implementação do Plano de Pormenor:

• Aumento da superfície do solo impermeabilizada associada à construção de novos edifícios e

pavimentação de vias e acessos, conduzindo a um maior escoamento superficial durante a

ocorrência de precipitação intensa e continuada;

• Infra-estruturação da área com sistemas de drenagem de águas pluviais e águas residuais que

constituem novos pontos possíveis de obstrução do escoamento, contribuindo para a

possibilidade de ocorrência de cheias de pequeno alcance;

• Aumento da população, residente e flutuante, com o consequente aumento do número de

pessoas (e bens) expostos a eventuais inundações.

A implementação do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente apresenta também algumas

oportunidades face ao domínio em análise, das quais se destacam:

• Tratando-se de uma área onde é necessária a criação de novas infra-estruturas, é possível

implementar um sistema separativo de drenagem de águas pluviais e águas residuais,

beneficiando da experiência adquirida e evitando os problemas verificados na malha urbana

contígua; este tipo de sistema é, aliás, sugerido pelo próprio relatório e peças desenhadas que

acompanham o Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente (BCLC e Associados, 2009a);

• O Plano de Pormenor permite intervir sobre a área de estudo de forma integrada, evitando

ligações ilícitas ou mal planeadas ao sistema de drenagem, que dificultam o escoamento, a

visitação e desobstrução dos colectores;

• Tratando-se de uma área onde é necessária a criação de novas infra-estruturas, será possível

recorrer às mais recentes recomendações técnicas relativas à concepção de sistemas de

drenagem como forma de prevenção de cheias em meio urbano, particularmente, junto à costa.

Paralelamente, na sequência da conferência de serviços (realizada, em Faro, no dia 29 de Maio de 2009),

bem como da reunião de concertação que se lhe seguiu, entre a CMVRSA e a ANPC – Autoridade Nacional

de Protecção Civil (realizada em VRSA, no dia 25 de Junho de 2009), foi possível incorporar diversos

melhoramentos na última versão do Plano (datada de Julho de 2009).

Em particular, no Artigo 15.º do Regulamento do Plano foi inserido um novo ponto (2) que clarifica que: “as

cotas de soleira (…) foram definidas acima da cota da máxima cheia conhecida” (BCLC & Associados,

2009a).

Adicionalmente, no Relatório que acompanha o Plano foi inserido, por sugestão da ANPC, um parágrafo

genérico que refere que: “as opções do Plano de Pormenor tiveram em consideração, na medida em que

tal é possível, todos os aspectos susceptíveis de colocar pessoas, bens e ambiente em perigo, procurando

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200 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

adoptar as soluções urbanísticas adequadas a minimizar os riscos inventariados” – neles se integrando,

naturalmente, o risco de inundações.

Assim, da ponderação dos potenciais efeitos adversos e das medidas de minimização já vertidas no

Regulamento e no Relatório do Plano, considera-se que os efeitos associados ao Plano, no que se refere

aos risco de inundações, são tendencialmente nulos e de fraca magnitude.

A probabilidade de ocorrência deste tipo de fenómeno dependerá de factores naturais mas também do

grau em que as medidas para a prevenção de inundações forem tidas em linha de conta na concepção e

exploração dos sistemas de drenagem a criar, em particular. Admitindo a adopção de boas práticas na

concepção e licenciamento dos projectos que recebem enquadramento com a aprovação do plano, prevê-

se que a probabilidade de ocorrência seja tendencialmente reduzida. Assim, este efeito considera-se

pouco significativo, caso sejam adoptadas as citadas boas práticas.

5.6.3. Riscos sísmicos

O Plano de Pormenor não contempla nenhum uso susceptível de originar sismicidade induzida. Contudo, e

uma vez que se localiza numa zona com importante sismicidade histórica, poderá ser afectada por um

evento sísmico, bem como por efeitos secundários decorrentes (tsunami). Importa, contudo, frisar que o

tipo de substrato geológico contribui para a atenuação do risco sísmico.

Também na sequência da conferência de serviços bem como da reunião de concertação com a ANPC (cf.

secção anterior), foi possível introduzir no Relatório do Plano um parágrafo com a seguinte redacção: “por

ser uma área de grande proximidade à linha de costa caberá à Câmara Municipal em articulação com as

autoridades responsáveis pela Protecção Civil alertar a população e executar os planos de evacuação e

medidas de sensibilização em eventuais situações de risco, nomeadamente sismos, tsunamis ou

galgamentos oceânicos” (BCLC & Associados, 2009a).

5.6.4. Mecanismos de actuação para fazer face a catástrofes naturais

A implementação do Plano de Pormenor proposto dá enquadramento à criação de empreendimentos com

tipologias semelhantes às que se encontram na malha urbana envolvente e com a qual formarão um

contínuo. Uma vez que o Plano de Pormenor não dá lugar à criação de novas tipologias de uso do solo,

instalações ou infra-estruturas, considera-se que a sua implementação não causa o surgimento de novos

riscos, face aos que, actualmente, se colocam na malha urbana adjacente. Por esta razão, não se

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 201

considera necessário criar novos mecanismos de actuação face a catástrofes naturais. Simplesmente, os

mecanismos de Protecção Civil existentes devem ser estendidos à área geográfica de intervenção do Plano

de Pormenor.

Na eventualidade de ocorrência de uma catástrofe natural, considera-se que os necessários mecanismos

de actuação estão assegurados, colocando-se somente a questão da existência de recursos humanos e

materiais suficientes para dar uma resposta atempada à situação. Entende-se, no entanto, que tal análise

ultrapassa o âmbito da avaliação ambiental do presente plano.

Assim, considera-se que a aprovação do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente terá um efeito

tendencialmente nulo sobre os mecanismos de actuação para fazer face a catástrofes naturais.

Em todo o caso, e como se referiu anteriormente, quer o Relatório quer o Regulamento do Plano (nas suas

versões mais recentes, de Julho de 2009), incorporaram diversos articulados tendo em vista prevenir os

efeitos de eventuais catástrofes naturais. Para além da adopção de medidas visando prevenir os riscos de

sismo, tsunami ou galgamento oceânico (cf. secção anterior), foi dada especial atenção ao risco de

incêndio florestal, tendo o Relatório incorporado um parágrafo específico sobre a matéria (“No que

concerne à defesa da floresta contra incêndios, as medidas necessárias estão asseguradas através do

Plano Municipal de Defesa da Floresta Contra Incêndios”), complementado por um novo artigo (23.º) em

sede de Regulamento (“Na execução do Plano devem ser cumpridas todas as disposições aplicáveis

constantes da Portaria 1532/2008, de 29 de Dezembro, bem como do Plano Municipal de Defesa da

Floresta contra Incêndios Florestais (PMDFCI), aprovado por deliberação da Câmara Municipal de Vila Real

de Santo António de 11 de Dezembro de 2007”).

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202 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

5.6.5. Oportunidades e Riscos

Os riscos mais significativos que afectam a Área de Intervenção do Plano de Pormenor de Monte Gordo

Poente são os seguintes: galgamento oceânico, sismo e tsunami. No entanto, essa área não se encontra

exposta a esse tipo de riscos de forma mais acentuada face à demais malha urbana litoral de Monte

Gordo.

Quadro 5.6.1 – Oportunidades e Riscos: FCD 5 – Riscos naturais e tecnológicos

Domínio de Análise Oportunidades Riscos

Risco de erosão costeira

Salvaguarda, em sede do próprio Regulamento do Plano, das disposições do POOC V-VRSA relativas a equipamentos (como o apoio de praia proposto) localizados em faixas de susceptibilidade de galgamento intermédio ou elevado (***)

Perda de vidas e bens devido a galgamento oceânico (**)

Risco de inundações

Adopção das mais recentes boas práticas na concepção de sistemas de drenagem para prevenção de cheias em meio urbano junto à costa (*)

Criação de edificações ou equipamento sujeito a inundações (*)

Riscos sísmicos Criação de edifícios de acordo com os regulamentos de construção aplicáveis (*)

Perda de vidas e bens devido a sismo ou tsunami (**)

Mecanismos de actuação para fazer face a

catástrofes naturais

Incorporação, no Regulamento e no Relatório do Plano, de diversas disposições visando prevenir os efeitos de catástrofes decorrentes, nomeadamente, de sismo, tsunami, galgamento oceânico, inundação, incêndio florestal, entre outros riscos naturais e tecnológicos (***)

Nada a assinalar

Legenda: *** – Elevada(o); ** – Média(o); * – Baixa(o)

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6. Avaliação Global do Plano de Pormenor

Fazendo uma análise em linha do Quadro 6.1 – no qual se isolaram, de forma matricial, os principais riscos

e oportunidades identificados ao longo do Capítulo 5 – é desde logo evidente que o FCD 1 –

Desenvolvimento socioeconómico é favorável à prossecução do Plano de Pormenor de Monte Gordo

Poente na medida em que foram identificadas fundamentalmente oportunidades, quer de grau elevado

(diversificação e qualificação da oferta hoteleira, consolidação do destino, fidelização de turistas com

elevado poder de compra, fixação de população residente, criação directa de emprego, valorização da

imagem e da vivência do espaço público), quer de grau médio (geração e fixação de riqueza, redução do

desemprego, diversificação da oferta local de restauração e lazer, expectável reforço da dotação em

habitação para realojamento).

No entanto, foram também identificados alguns riscos ao nível do FCD 1, nomeadamente, o aumento da

procura e da pressão turística sobre a praia de Monte Gordo (porventura, o risco de grau mais elevado no

âmbito do FCD 1), a incapacidade em contrariar, por completo, as tendências para a decadência do

produto turístico de Monte Gordo ou a provável dificuldade de colocação de alguns espaços comerciais e

de serviços – acentuada pela própria conjuntura económica actual.

Também ao nível do FCD 2 – Ordenamento do território se verifica o predomínio de oportunidades,

sobretudo de grau elevado – desenvolvimento consentâneo com os usos previstos no POOC Vilamoura-

VRSA, PROT Algarve e PDM de VRSA e consolidação da estrutura verde urbana (praticamente inexistente

na área de intervenção) – e também de grau médio – oportunidade em se iniciar/despoletar um processo

(paralelo) de aferição da cartografia da Rede Natura 2000 e concretização de objectivos estratégicos

PROT.

Ao nível deste FCD apenas se identificaram os riscos de (sobre)densificação associados a índices de

construção/utilização acima dos previstos no PDM – apesar deste facto não ser, por si só, impeditivo da

aprovação do Plano, dado o respeito pelos usos previstos no Plano Director Municipal bem como a opção

de não edificação numa zona classificada no PDM como sendo “turística de expansão”.

No caso do FCD 3 – Protecção dos valores locais e regionais, apesar de terem sido identificados alguns

riscos, assumem sempre pouca relevância face à evidente oportunidade de melhoria da qualidade da

paisagem urbana numa zona particularmente crítica nesse âmbito. De facto, está em causa a consolidação

da malha urbana existente, o remate da marginal de Monte Gordo e a criação de novos espaços verdes

exteriores, de lazer e estadia (em áreas significativas) de acordo com um programa de qualidade visual

elevada.

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204 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

Adicionalmente, e já após a conferência de serviços realizada no dia 29 de Maio de 2009, foi possível

aperfeiçoar o Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente que, na sua versão mais recente (Julho de 2009),

passou a corporizar duas novas oportunidades (de grau médio) em termos de protecção dos valores locais

e regionais, a saber:

• Desenvolvimento de medidas de conservação e salvaguarda do património natural e da paisagem

em áreas adjacentes ao Plano, passíveis de realização pela Câmara Municipal de VRSA;

• Coerência do Plano com objectivos de salvaguarda e valorização do património cultural

consignados no PNPOT, PROT Algarve, POOC V-VRSA e PDM de VRSA.

Também na sequência de alterações entretanto introduzidas no Plano, são, agora, mais evidentes as

oportunidades em termos de Qualidade do ambiente e utilização dos recursos naturais (FCD 4). Assim,

para além das oportunidades já associadas à anterior versão (Março de 2009) do Plano de Pormenor de

Monte Gordo Poente, relativas à criação de edifícios de elevada qualidade ambiental e de implementação

de um sistema separativo de drenagem de águas residuais (que minimize os riscos de inundação),

procedeu-se a uma correcta gestão dos potenciais efeitos negativos em termos de ruído ambiente,

inclusive para além do previsto na lei, através da classificação da área de intervenção como “zona mista”,

da identificação de faixas de incumprimento do Regulamento Geral do Ruído bem como do

desenvolvimento de plano municipal de redução de ruído para lidar com essa situação de incumprimento

(que será aprovado em simultâneo com o plano em avaliação).

Por último, o FCD 5 – Riscos naturais e tecnológicos evidencia os riscos de perda de vidas e bens

decorrentes de eventual galgamento oceânico, sismo ou tsunami que não são, contudo, exclusivos da área

de intervenção do Plano, sendo partilhados com o demais perímetro urbano de Monte Gordo.

Para lidar com estes riscos, bem como com outras catástrofes, o Plano de Pormenor de Monte Gordo

Poente contém um conjunto de salvaguardas, porventura exemplares no contexto das práticas correntes

de planeamento em Portugal, que resultaram da citada de conferência de serviços bem como de uma

reunião (posterior) de concertação entre a Câmara Municipal de VRSA e a Autoridade Nacional de

Protecção Civil (ANPC).

Assim, está-se na presença de avaliação ambiental globalmente favorável, na medida em que todos os

factores críticos de decisão são favoráveis à prossecução do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente,

na sua actual versão (Julho de 2009) que resultou, relembre-se, de um processo de articulação entre a

Câmara Municipal de VRSA e as entidades com responsabilidades ambientais específicas, ou seja,

envolvidas no processo de Avaliação Ambiental, entre outras.

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 205

Neste contexto, é importante relembrar que a anterior versão do Relatório Ambiental, datada de Abril de

2009 e incidindo sobre a versão de Março de 2009 do Plano, não conduzia a uma avaliação global

unânime. De facto, se três factores críticos já se revelavam, então, claramente favoráveis (FCD 1, 2 e 3), um

era tangencialmente favorável (FCD 4) e outro era desfavorável (FCD 5) à concretização do Plano.

Desta forma, está-se na presença de uma solução alternativa do Plano de Pormenor de Monte Gordo

Poente preferível face à discutida na conferência de serviços de 29 de Maio de 2009, que soube incorporar

a própria natureza dialéctica e interactiva dos processo de Avaliação Ambiental Estratégica.

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Quadro 6.1 – Matriz de Oportunidades e Riscos de graus elevado e médio identificados ao longo do Capítulo 5

Factor Crítico de

Decisão

Oportunidades Riscos

Elevadas Médias Elevados Médios

FCD 1 – Desenvolvimento Socioeconómico

• Diversificação e qualificação da oferta hoteleira de Monte Gordo

• Consolidação e valorização de Monte Gordo como destino Sol e Mar

• Fidelização de turistas provenientes de mercados com elevado poder de compra (nórdico e holandês)

• Aumento da população residente e presente ao longo do ano

• Criação directa de emprego (sobretudo através das duas unidades hoteleiras)

• Valorização da imagem da “cidade” (resolução de um “vazio urbano” e remate da marginal)

• Reforço da vivência do espaço público em zonas mais periféricas e não consolidadas da Vila

• Geração e fixação de riqueza a nível local

• Redução do desemprego a nível local

• Diversificação e qualificação da oferta local de restauração e lazer

• Reforço da oferta local de habitação a custos controlados para realojamento – a confirmar

• Aumento da pressão sobre a praia de Monte Gordo por incremento da procura turística, de forma cumulativa com o previsto Plano de Pormenor de Monte Gordo Nascente

• Incapacidade em contrariar, por completo, algumas tendências latentes (pesadas?) para a decadência do produto turístico e da oferta hoteleira de Monte Gordo

• Dificuldades de colocação dos novos espaços comerciais, com efeitos perniciosos na vivência da rua e do espaço público

FCD 2 – Ordenamento do Território

• Desenvolvimento urbanístico consentâneo com os usos previstos no POOC V-VRSA, no PROT Algarve e no PDM VRSA

• Consolidação da estrutura verde urbana num local onde a mesma é praticamente inexistente

• Oportunidade para iniciar a aferição da cartografia da Rede Natura 2000 (SIC Ria Formosa / Castro Marim, PTCON013) de acordo com a metodologia prevista no PSRN2000

• Concretização de objectivos estratégicos e territoriais do PROT Algarve

• Densificação urbana dado o elevado índice bruto de utilização, superior ao previsto no PDM VRSA para Zonas Turísticas de Expansão (ZTE) em Monte Gordo e para Zonas de Expansão de Habitação de média densidade, atenuada pela não edificação de uma ZTE prevista no PDM

Nada a assinalar

FCD 3 – Protecção de Valores Locais e Regionais

• Melhoria da qualidade da paisagem urbana (consolidação da malha urbana existente, remate do extremo Poente da marginal de Monte Gordo, novos espaços verdes exteriores, de lazer e estadia em áreas significativas, qualidade visual do programa proposto)

• Desenvolvimento de medidas de conservação e salvaguarda do património natural e da paisagem em áreas adjacentes ao Plano, passíveis de realização pela CMVRSA

• Coerência do Plano com objectivos de salvaguarda e valorização do património cultural consignados no PNPOT, PROT Algarve, POOC V-VRSA e PDM VRSA

Nada a assinalar Nada a assinalar

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208 Rf_t07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

Factor Crítico de

Decisão

Oportunidades Riscos

Elevadas Médias Elevados Médios

FCD 4 – Qualidade do Ambiente e Utilização dos

Recursos Naturais Não aplicável

• Possibilidade de criação de edifícios de elevada qualidade ambiental em termos de eficiência energética e qualidade do ar interior

• Implementação de sistema de drenagem de águas residuais separativo

• Classificação da área de intervenção como zona mista (Artigo 8.º do Regulamento), identificação de faixas de incumprimento do RGR e desenvolvimento de plano municipal de redução de ruído para lidar com essa situação

Nada a assinalar Nada a assinalar

FCD 5 – Riscos Naturais e Tecnológicos

• Salvaguarda, em sede do próprio Regulamento do Plano, das disposições do POOC V-VRSA relativas a equipamentos (como o apoio de praia proposto) localizados em faixas de susceptibilidade de galgamento intermédio ou elevado

• Incorporação, no Regulamento e no Relatório do Plano, de diversas disposições visando prevenir os efeitos de catástrofes decorrentes, nomeadamente, de sismo, tsunami, galgamento oceânico, inundação, incêndio florestal, entre outros riscos naturais e tecnológicos

Nada a assinalar Nada a assinalar • Perda de vidas e bens devido a galgamento oceânico

• Perda de vidas e bens devido a sismo ou tsunami

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7. Recomendações

Na sequência do diagnóstico realizado anteriormente (capítulos 4 e 5), e tendo como ponto de apoio a

Matriz de Oportunidades e Riscos (apresentada no Capítulo 6), no presente capítulo propõe-se um

conjunto de recomendações, que visam assegurar a integração das questões ambientais e de

desenvolvimento sustentável no processo de elaboração do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente,

com o duplo objectivo de:

• Gerir/ minimizar os efeitos adversos (riscos) associados à concretização do Plano;

• Potenciar as oportunidades de desenvolvimento sustentável identificadas.

As sugestões apresentadas dizem respeito directamente ao Plano em avaliação e foram elaboradas tendo

em vista o eventual aperfeiçoamento do mesmo.

É importante notar que o Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente na sua actual versão (datada de

Julho de 2009) incorpora já a maioria (e as principais) recomendações do avaliador ambiental, indicadas

na versão de Abril de 2009 do Relatório Ambiental.

Em particular, foram incorporadas as recomendações relativas ao cumprimento do Artigo 49.º do POOC

Vilamoura-VRSA (protecção de infra-estruturas e equipamentos localizados em faixas susceptíveis de

galgamento oceânico), de gestão dos efeitos potenciais em termos de ruído ambiente, de plantação de

espécies vegetais preferencialmente autóctones bem como de garantia da instalação de empreendimentos

turísticos com pelo menos 4 estrelas (cf. Capítulo 5 do presente Relatório Ambiental).

Em todo o caso, importa manter algumas recomendações já enunciadas na anterior versão do Relatório

Ambiental, não devendo a sua concretização ser encarada como indispensável para efeito de aprovação

do Plano, mas antes como eventuais melhoramentos ainda passíveis de incorporação na versão final do

mesmo:

• Assegurar a afectação, parcial ou mesmo total, do programa habitacional proposto

(54 fogos) a objectivos de realojamento, nomeadamente, das famílias cuja residência

permanente será demolida por efeito de implementação do Plano de Pormenor;

• Considerar a criação de uma ciclovia bem como a sua articulação com a ciclovia regional

costeira (Ecovia) em implementação no Algarve.

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8. Programa de Gestão e Monitorização

8.1. Medidas de Gestão

Para além das recomendações específicas ao Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente (apresentadas

no capítulo anterior), isolaram-se algumas medidas de gestão que se traduzem em boas práticas

aplicáveis a qualquer operação de loteamento urbano com características similares às do plano em

avaliação, incluindo recomendações que se consideram pertinentes para a futura gestão da área a

intervencionar.

Trata-se de um conjunto de Medidas de Gestão mais reduzido face ao apresentado na versão de Abril de

2009 do Relatório Ambiental, fruto dos melhoramentos entretanto introduzidos no Plano de Pormenor de

Monte Gordo Poente, referidos ao longo do Capítulo 5 do presente Relatório Ambiental.

• Assegurar, na fase de projecto do Apoio de Praia Completo com Equipamento Associado

(Núcleo F), uma adequada articulação com os serviços do Ministério do Ambiente, do

Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional, no integral respeito pelo Artigo 89.º

do POOC Vilamoura-VRSA (relativo à UOPG IX – Faixa Litoral de Monte Gordo);

• Assegurar o cumprimento de todas as normas legais em matéria de salvaguarda e valorização do

património cultural, para além do articulado específico (Artigo 12.º) introduzido no Regulamento

do Plano de Pormenor;

• Desenvolver acções acessórias de requalificação do espaço naturalizado envolvente, de

informação e/ou de sensibilização ambientais, em coerência com o previsto no ponto 4.7 do

Relatório do Plano de Pormenor. Em particular, poderão ser desenvolvidas iniciativas como:

• Seleccionar, demarcar e assinalar, preferencialmente com passadiços elevados, os

caminhos de acesso, encerrando os demais trilhos paralelos existentes e

promovendo a sua revegetação;

• Colocar painéis informativos sobre a importância da conservação das dunas, da

mata de protecção e do SIC Ria Formosa / Castro Marim (PTCON0013), nos pontos

de maior fluxo de pedestres, no acesso à praia ou em outros locais pertinentes;

• Ponderar a possibilidade de realizar visitas guiadas sobre a fauna, flora e

importância das dunas e da mata, particularmente, durante a época de maior

ocupação turística;

• Tomar em consideração as orientações de gestão do Plano Sectorial da Rede Natura

2000 (Ficha do Sítio “Ria Formosa/Castro Marim”) (Governo da República

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Portuguesa, 2008) relativas aos habitats e espécies cuja existência nas imediações

da área de incidência do Plano de Pormenor é identificada no presente relatório.

• Promover a interacção dos promotores dos empreendimentos com as entidades com

competências específicas na área de energia (ADENE e AREAL) para obterem a necessária

informação sobre os instrumentos fiscais e financeiros disponíveis para apoio à instalação de

colectores solares para produção de águas quentes sanitárias;

• Estabelecer orientações para que a concepção do sistema de distribuição de água na área de

intervenção do Plano de Pormenor preveja a instalação de medidores de caudais nos pontos-

chave do sistema, segundo directrizes técnicas, de forma a possibilitar a detecção futura de

eventuais fugas de água. A identificação dos pontos críticos onde se registam perdas de água

significativas no sistema de distribuição permitirá desenvolver acções correctivas de forma a

minimizar as perdas não facturadas deste recurso fundamental;

• Promover, em articulação com a ALGAR, a implementação de recolha selectiva junto das unidades

de alojamento e equipamento que recebem enquadramento com a aprovação do Plano;

• Cooperar com as administrações de Região Hidrográfica (ARH) e demais entidades responsáveis

pela concretização dos Programas de Prevenção e Minimização dos Efeitos das Cheias, Secas e

dos Acidentes de Poluição (Programa 04) dos planos de bacia hidrográfica do Guadiana e das

Ribeiras do Algarve;

• Desenvolver todos os esforços e bons ofícios no sentido de, pelo menos uma das duas unidades

previstas, deter a classificação de 5 estrelas, notando que em Monte Gordo não existe qualquer

hotel com esse estatuto;

• Favorecer, nomeadamente através de protocolos tripartidos com o Centro de Emprego de Vila

Real de Santo António e com os vários promotores, o encaminhamento de desempregados

residentes nesse concelho para as actividades de construção e, posteriormente, para actividades

de exploração (nomeadamente, para as futuras unidades hoteleiras); esses protocolos podem

também envolver entidades formadoras, em caso de detecção de necessidade de formação;

• Desenvolver uma política de discriminação positiva no âmbito das novas áreas comerciais (por

exemplo, em matéria de taxas municipais), caso a colocação dessas áreas no mercado se venha a

revelar problemática, fruto da reduzida dimensão da procura local em época baixa bem como do

carácter periférico da Área de Intervenção;

• Assegurar que as obras de construção civil serão planeadas de forma a evitar, tanto quanto

possível, os períodos de maior ocupação turística da freguesia, particularmente, os meses de

Julho e Agosto, com vista à minimização da população afectada.

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8.2. Sistema de Indicadores de Desenvolvimento Sustentável

Tendo em vista uma adequada monitorização dos efeitos decorrentes da implementação do Plano em

termos de desenvolvimento sustentável, propõe-se o apuramento, com periodicidade anual e durante a

vigência do Plano (isto é, 10 anos), dos seguintes indicadores de acompanhamento:

• Capacidade instalada de alojamento turístico (n.º alojamentos e n.º de camas);

• Intensidade turística (unidades de alojamento/ha e camas/ha);

• Fogos a custos controlados ou destinados a habitação social (n.º e % face ao total de fogos);

• Espaços verdes de utilização pública (% área de intervenção);

• Árvores plantadas (n.º);

• Lugares de estacionamento público criados (n.º);

• Camas turísticas por lugar de estacionamento (n.º);

• Ecopontos instalados (n.º);

• Papeleiras instaladas (n.º);

• Indicadores de ruído diurno-entardecer-nocturno (Lden) e nocturno (Ln) junto dos receptores

sensíveis localizados na Rua Nova de Lisboa e na Rua dos Pescadores;

• Famílias residentes na área de intervenção realojadas na nova habitação prevista para a

mesma (n.º);

• Postos de trabalhos criados e mantidos pelas actividades económicas instaladas na área de

intervenção (n.º);

• Distância mínima alcançada pelo espraio/rebentação das ondas a apoios de praia ou infra-

estruturas urbanas na frente marítima da área de intervenção (em evento de tempestade ou

em períodos de maior amplitude de maré) (m) ou, caso ocorra algum galgamento de área

onde se situem apoios de praia ou área urbanizada, extensão máxima alcançada pelo

espraio/rebentação das ondas para o interior destas áreas (m);

• Número de incêndios registados na área de intervenção e na mata envolvente (n.º);

• Número de inundações e sismos com repercussões graves e muito graves na área de

intervenção (n.º).

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9. Lacunas de Conhecimento

Ao nível de detalhe pretendido no âmbito da Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo

Poente, não foram encontradas lacunas de informação que comprometam as conclusões das avaliações

parciais ou da avaliação global realizada.

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10. Nota Final

O normativo que rege os processos de Avaliação Ambiental (Decreto-Lei n.º 232/2007) é relativamente

recente, sendo datado de 15 de Junho de 2007. As orientações metodológicas e boas práticas emanadas

pela APA – Agência Portuguesa do Ambiente são ainda mais recentes, reportando a Outubro de 2007

(Partidário, 2007). Por último, a primeira grande Avaliação Ambiental que se fez em Portugal, referente ao

novo aeroporto de Lisboa (LNEC, 2008) e incorporando uma postura metodológica estratégica (coerente

com a abordagem do apoio à decisão), foi divulgada publicamente somente em Janeiro de 2008.

Desta forma, em Portugal está ainda em curso um processo de amadurecimento metodológico e de

aprendizagem mútua entre as várias partes envolvidas nos processos de Avaliação Ambiental. O presente

relatório ambiental espelha o contexto volátil em que foi desenvolvido: pensado inicialmente para assumir

um conteúdo próximo do esperado para um Estudo de Impacte Ambiental, acabou por evoluir no sentido

de um Estudo de Avaliação Ambiental de natureza estratégica, ancorado em Factores Críticos de Decisão e

tendo como output central uma Matriz de Oportunidades e Riscos.

Esta evolução foi natural e não apenas induzida pela divulgação de boas práticas em Avaliação Ambiental

(Partidário, 2007) ou pelo citado estudo referencial (LNEC, 2008). De facto, a transposição da metodologia

de Avaliação de Impacte Ambiental para a avaliação de um plano de pormenor não é imediata e nem

sempre se mostra adequada para determinados descritores ambientais devido à própria natureza do

objecto em avaliação, que é menos detalhado e preciso face a um ante-projecto ou estudo prévio.

Contudo, a reorientação do Estudo não implicou abdicar dos aspectos previstos na Proposta de Definição

de Âmbito ou sugeridos posteriormente pelas entidades com responsabilidade ambientais específicas. De

facto, o presente relatório ambiental cobre, de forma exaustiva, os vários aspectos considerados

relevantes para efeito de Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente – não

deixando, contudo, de apresentar a informação de uma forma que evidencia os aspectos estratégicos da

tomada de decisão.

Em particular, a abordagem metodológica adoptada permitiu evidenciar um conjunto significativo de

oportunidades associadas ao Plano de Pormenor, nomeadamente de diversificação e qualificação da

oferta hoteleira e do produto turístico de Monte Gordo, de criação de emprego ou de qualificação do

espaço público e da paisagem urbana.

Essa abordagem também permitiu compreender que existem alguns riscos associados à concretização do

Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente. Contudo, dado tratarem-se de riscos tipicamente com uma

intensidade média a fraca, são passíveis de gestão e minimização, caso se concretizem as recomendações

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que têm vindo a ser sugeridas pelo avaliador ambiental, bem como pelas entidades envolvidas no

processo de avaliação ambiental e de acompanhamento da elaboração do Plano.

Na sua actual versão (Julho de 2009), o Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente já incorporou grande

parte dessas recomendações. Em particular, a avaliação ambiental revela-se globalmente favorável e

unânime, no que se refere aos factores críticos de decisão considerados, no que se refere à aprovação do

Plano.

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Anexo I – Figuras

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Figura 2.2.1 – Enquadramento geográfico

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Figura 2.3.1 – Planta de Implantação da Proposta de Plano de Pormenor

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Figura 2.3.2 – Perfis longitudinais e transversais da Proposta de Plano de Pormenor

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Figura 2.3.3 – Planta de Transformação Fundiária e Demolições

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Figura 4.3.1 – Extracto da Planta de Síntese do POOC de Vilamoura – Vila Real de Santo António

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Figura 4.3.2 – Extracto da Planta de Condicionantes do POOC de Vilamoura – Vila Real de Santo António

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Figura 4.3.3 – Planta de Condicionantes da Proposta de Plano de Pormenor

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Figura 4.3.4 – Extracto da Planta Síntese de Ordenamento – Uso dos Solos do PDM de VRSA

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Figura 4.3.5 – Extracto da Planta Síntese do Plano de Salvaguarda e Estrutura do PDM de VRSA

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Figura 4.3.6 – Delimitação da REN

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Figura 4.4.1 – Carta de património: visibilidades

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Figura 4.4.2 – Carta de unidades de Paisagem

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Figura 4.5.1 – Carta geológica

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Figura 4.5.2 – Extracto da Carta de Capacidade de Uso dos Solos

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Figura 4.5.3 – Mapa de ruído à cota de 4m – Situação existente – Indicador Lden

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Figura 4.5.4 – Mapa de ruído à cota de 4m – Situação existente – Indicador Ln

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 265

Figura 5.5.1 – Mapa de ruído à cota de 4m – Situação prevista – Indicador Lden

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 267

Figura 5.5.2 – Mapa de ruído à cota de 4m – Situação prevista – Indicador Ln

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 269

Figura 5.5.3 – Faixas de incumprimento de Zona Mista – Situação prevista – Indicadores Lden e Ln

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Anexo II – Fotografias

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272 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 273

Fotografia 2.2.1 – Vista geral da área de intervenção (limite Nascente, vista Norte - Sul)

Fotografia 2.2.2 – Área de intervenção (Nordeste – Sudoeste)

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274 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

Fotografia 2.2.3 – Vista geral da área de intervenção (extremo SE, vista Poente - Nascente)

Fotografia 2.2.4 – Centro da área de intervenção (Sul - Norte)

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 275

Fotografia 2.2.5 – Vista geral da área de intervenção (ao centro, vista Poente - Nascente)

Fotografia 4.4.1 – Vista para a unidade de paisagem área urbana na zona do plano de pormenor

Fotografia 4.4.2 – Vista para a Avenida Infante Dom Henrique (unidade de paisagem área urbana)

Fotografia 4.4.3 – Vista para a Avenida Infante Dom Henrique e para a área do plano de pormenor

(unidade de paisagem área urbana)

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276 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

Fotografia 4.4.4 – Vista para a unidade de paisagem duna com vegetação herbácea e arbustiva

Fotografia 4.4.5 – Vista para as unidades de paisagem área urbana, areal com construções, praia e mar

Fotografia 4.4.6 – Vista para as unidades de paisagem areal com construções, praia e mar

Fotografia 4.4.7 – Vista para as unidades de paisagem praia, duna com vegetação herbácea e arbustiva,

areal com construções e, ao fundo, área urbana

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 277

Fotografia 4.4.8 – Vista para a área do plano de pormenor (unidade área urbana)

Fotografia 4.4.9- Vista para as unidades de paisagem duna com vegetação herbácea e arbustiva, e mata

Fotografia 4.4.10 – Vista para as unidades duna com vegetação herbácea e arbustiva, e área urbana

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278 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 279

Anexo III – Consulta relativa à Proposta de Definição de Âmbito – Pareceres emitidos

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280 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 281

Entidades consultadas e prazos de consulta

Entidade Recepção por parte da entidade

Prazo limite para emissão

de parecer

20 dias 20 dias úteis

APA 2007/10/19 8/11/2007 19/11/2007

CCDRA 2007/10/23 12/11/2007 21/11/2007

INAG 2007/10/19 8/11/2007 19/11/2007

ICNB 2007/10/19 8/11/2007 19/11/2007

Parque Natural da Ria Formosa 2007/10/19 8/11/2007 19/11/2007

Turismo de Portugal 2007/10/22 11/11/2007 20/11/2007

Região de Turismo do Algarve 2007/10/24 13/11/2007 22/11/2007

IGESPAR 2007/10/22 11/11/2007 20/11/2007

Região de Saúde do Algarve 2007/10/19 8/11/2007 19/11/2007

Resposta das entidades consultadas

Entidade Recepção de parecer

APA Sim

CCDRA Sim

INAG Sim

ICNB Sim

Parque Natural da Ria Formosa Não foi recebido qualquer parecer

Turismo de Portugal Sim

Região de Turismo do Algarve Sim

IGESPAR Sim

Região de Saúde do Algarve Sim

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 293

Anexo IV – Requisitos energéticos do Regulamento dos Sistemas Energéticos de Climatização de Edifícios

(RSECE)

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 295

Regulamento dos Sistemas Energéticos de Climatização de Edifícios (RSECE)

Decreto-Lei n.º 80/2006 de 4 de Abril

Requisitos energéticos estipulados:

Independentemente da viabilidade económica:

• Ausência de unidades individuais de climatização com potência de ar condicionado inferior a 12 kW

em edifícios de serviços licenciados após entrada em vigor do DL 118/98;

• Adopção de meios de registo do consumo próprio de energia nos sistemas de climatização;

• Instalação de dispositivos para contagem dos consumos de energia de cada uma das fracções ou

edifícios em sistemas de climatização comuns a várias fracções/edifícios;

• Eficiência dos equipamentos de aquecimento e arrefecimento iguais ou superiores aos valores das

directivas europeias transpostas para legislação nacional;

• Recurso à repartição da potência de aquecimento em contínuo ou por escalões;

• Meios de registo individual para contagem dos consumos de energia em todos os equipamentos dos

sistemas de climatização com potência eléctrica superior a 12 kW ou potência térmica em

combustíveis fósseis superior a 100 kW;

• Elementos propulsores de fluidos de transporte com classificação mínima EFF2, rendimento máximo

nas condições nominais de funcionamento e potência adequada às perdas de carga;

• Isolamento térmico de todas as redes de transporte de fluidos e respectivos acessórios e

componentes;

• Utilização de acessórios para monitorização e manutenção preventiva dos sistemas.

Caso não exista estudo que demonstre a inviabilidade económica:

• Produção térmica centralizada em edifícios com mais do que uma fracção autónoma cuja soma das

potências de climatização seja superior a 100 kW;

• Recurso a sistemas de climatização que usem fontes renováveis;

• Ligação de sistemas a redes urbanas de distribuição de calor e de frio;

• Instalação de sistemas próprios de cogeração (só certas tipologias e acima de 10.000 m2 de área útil);

• Potência eléctrica para aquecimento por efeito de Joule inferior a 5% da potência térmica de

aquecimento e limitada a 25kW por fracção autónoma de edifício;

• Potência de re-aquecimento terminal nos sistemas exclusivamente de arrefecimento limitada a 10%

da respectiva potência;

• Recuperação de energia no ar de rejeição, na estação de aquecimento, com eficiência mínima de 50%,

quando potência térmica de rejeição for superior a 80 kW;

• Instalação de dispositivos que permitam arrefecimento gratuito em sistemas de climatização do tipo

“tudo ar” com um caudal de insuflação superior a 10.000 m3/h.

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296 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 297

Anexo V – Instrumentos fiscais e financeiros de apoio à utilização de energia solar

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A informação seguidamente disponibilizada foi extraída integralmente de “Linhas de Apoio Fiscais e

Financeiras à Energia Solar Térmica” (ADENE).

Incentivos Fiscais

IRC – Imposto sobre o Rendimento Colectivo

O Despacho Regulamentar nº 22/99, de 6 de Outubro, estipula um período mínimo de vida útil de 4 anos

do sistema solar, para efeitos de reintegração e amortização do investimento. Esta medida permite uma

redução no IRC anual, acumulável com outros incentivos, que pode ter um impacte substancial na

recuperação do investimento.

Beneficiários: as empresas privadas e públicas, as cooperativas e as demais pessoas colectivas de direito

público ou privado. As empresas de venda de energia sob a forma de água quente serão aquelas que,

entre outras, maiores proveitos poderão tirar deste incentivo.1

IVA – Imposto de Valor Acrescentado

De acordo com a Lei nº 109-B/2001, de 27 de Dezembro, os equipamentos específicos para a captação e

aproveitamento da energia solar estão sujeitos à taxa intermédia de 12%.

Incentivos Financeiros

Apoios MAPE – Medida de Incentivo

A Medida de Apoio ao Aproveitamento do Potencial Energético e Racionalização de Consumos (MAPE),

regulamentada pela Portaria nº 394/2004, de 19 de Abril, concede incentivos para a instalação de

sistemas de aquecimento que utilizem colectores solares térmicos ou sistemas híbridos em que a fonte de

energia solar é complementada com gás natural ou electricidade, para abastecimento próprio ou a

terceiros de água quente.

Os incentivos podem atingir 40% das despesas elegíveis (para montantes superiores a 10 000 euros, até

ao valor máximo de incentivo de 1 500 000 euros) e têm a forma de subvenção mista, composta por 50%

de incentivo reembolsável e 50% de incentivo não reembolsável. O recurso ao MAPE/PRIME impõe o

cumprimento de regras e requisitos específicos estabelecidos na Portaria nº 394/2004.

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300 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

Beneficiários: as empresas, as câmaras municipais, as associações empresariais e sindicais, os

estabelecimentos de ensino, os estabelecimentos de saúde e acção social e as entidades que

desenvolvam actividades de protecção civil, sendo que, no caso dos beneficiários serem entidades

públicas, o apoio concedido é na totalidade não reembolsável.

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Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental 301

Anexo VI – Recolha selectiva de resíduos para reciclagem

Concelho de Vila Real de Santo António

(de Novembro de 1998 a Outubro de 2006)

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302 Rf_07058b/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poente: Relatório Ambiental

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Toneladas

Evolução da Recolha Selectiva no Concelho de Vila Real de Sto. António- Vidro -

0

20

40

60

80

100

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

1998 4,21 4,52

1999 7,12 5,32 10,01 6,96 8,49 12,68 12,51 12,46 12,79 10,02 4,22 7,49

2000 5,12 4,42 7,37 4,06 8,70 10,35 10,15 30,73 14,86 8,48 9,65 0,00

2001 16,37 6,94 12,24 12,43 7,48 11,80 15,48 45,64 14,47 17,08 3,69 13,48

2002 8,15 11,22 10,66 17,79 7,15 20,20 25,90 42,79 19,99 16,69 9,84 8,52

2003 11,57 16,04 14,86 14,64 16,26 26,91 27,82 52,45 22,46 21,64 7,34 22,37

2004 13,88 14,46 18,58 25,72 17,33 31,13 45,51 51,02 42,28 15,55 22,28 16,18

2005 20,10 20,96 22,57 22,41 22,15 41,13 48,67 81,98 36,16 23,30 27,11 21,14

2006 19,20 29,84 18,50 33,64 18,35 41,50 48,63 80,12 44,08 19,78

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Δ Acumulado 2006/2005 = 4.2% Total de Contentores = 87

Total

8.73

100.08

113.89

177.10

198.89

254.36

313.92387.67

353.64

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0

4

8

12

16

20

24

28 1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

1998 3,22 3,27

1999 5,03 3,58 3,77 2,47 4,16 2,61 6,27 2,65 8,29 1,97 4,90 3,91

2000 2,29 2,54 2,50 3,47 2,68 5,59 5,06 10,42 5,48 5,49 7,23 3,78

2001 10,47 6,46 6,74 16,53 5,63 6,61 10,70 19,22 7,37 8,18 8,37 3,16

2002 8,12 4,68 5,01 7,94 6,07 6,99 12,28 14,40 10,44 8,72 5,91 7,16

2003 7,40 6,29 5,85 9,51 6,47 9,43 14,50 19,55 13,13 10,87 6,60 9,91

2004 7,41 9,41 10,37 10,68 9,36 12,41 15,54 21,36 13,38 11,66 9,96 10,85

2005 12,21 9,47 11,25 11,07 10,67 13,65 18,28 23,79 14,88 12,44 11,63 11,20

2006 12,63 11,77 12,82 13,13 14,88 19,23 21,03 24,65 19,35 13,33

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Toneladas

Evolução da Recolha Selectiva no Concelho de Vila Real de Sto. António- Papel/Cartão -

Total

6.49

49.63

56.53

109.44

97.72

119.51

142.39

162.82

160.55

Δ Acumulado 2006/2005 = 18.2 % Total de Contentores = 68

Page 325: Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor de Monte Gordo Poentecms.cm-vrsa.pt.vf-host.com/upload_files/client_id_1/website_id_1... · 4.6. Riscos naturais e tecnológicos ... Métrica

Toneladas

Evolução da Recolha Selectiva no Concelho de Vila Real de Sto. António - Embalagens -

0

2

4

6

8

10

12

141998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

1998 0,40 1,15

1999 1,02 0,64 1,16 0,99 0,74 1,13 0,96 1,86 0,90 0,22 1,28 0,27

2000 0,71 0,43 0,82 1,13 0,76 1,20 1,09 2,89 1,83 1,17 0,86 1,04

2001 0,28 1,72 0,58 2,39 1,00 2,00 3,35 4,09 2,34 1,50 1,86 0,84

2002 1,46 1,94 1,19 1,28 1,90 2,01 4,10 6,59 2,32 1,64 1,93 1,43

2003 1,80 1,74 1,80 2,70 1,67 4,64 5,36 8,74 5,10 2,76 2,28 2,86

2004 2,64 2,16 3,66 3,68 3,13 5,01 7,53 10,93 5,03 3,80 3,04 3,16

2005 2,60 3,73 4,20 3,25 4,13 6,21 7,73 12,39 6,81 4,70 4,12 3,82

2006 4,54 3,92 4,62 5,06 4,52 7,17 10,88 13,17 8,75 5,44

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Δ Acumulado 2006/2005 = 22.1% Total de Contentores = 6968.07

Total

1.55

11.17

13.93

21.96

27.79

41.45

53.77

63.89