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Autor: Salete Mota Ilustrações: Sofia Ferreira 2015 Uma iniciativa: Com apoio:

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Page 1: Autor: Salete Mota Ilustrações: Sofia Ferreira · Fazer lavagem local Antes de a introduzir ... Após a higiene das mãos Com técnica adequada Vestir bata e calçar luvas (estéreis)

Autor: Salete Mota

Ilustrações: Sofia Ferreira

2015

Uma iniciativa: Com apoio:

Page 2: Autor: Salete Mota Ilustrações: Sofia Ferreira · Fazer lavagem local Antes de a introduzir ... Após a higiene das mãos Com técnica adequada Vestir bata e calçar luvas (estéreis)

Foi, talvez há um par de anos, que em conversa do tipo social, fiquei a conhecer o lado poético da minha amiga Salete, enfermeira com vasta experiência na área do controlo de infeção hospitalar. Daqui surgiu a ideia da elaboração deste livro.

As intervenções aqui descritas são uma parte importante e fundamental, de uma estratégia multimodal para a prevenção e controlo das infeções associadas aos cuidados de saúde (IACS).

O objetivo é que “Versejar, para as infeções evitar e o doente bem tratar” seja um instrumento de comunicação inovador, que ao mesmo tempo seja didático, divertido e facilite a interiorização de recomendações específicas por parte de todos os profissionais de saúde.

Muito se pode escrever sobre este assunto, ficando aqui lançado o desafio para o desenvolvimento de novos versos, nomeadamente sobre as resistências aos antimicrobianos, medidas de isolamento, precauções básicas …

Para terminar, relembro que,

“O controlo de infeção é da responsabilidade de todos”

Isabel VelosoPresidente da Associação Nacional

de Controlo de Infeção (ANCI)Uma iniciativa: Com apoio:

Título:

Versejar… Para a infeção evitar e o doente bem tratar

Textos:

Salete Mota

Ilustrações:

Sofia Ferreira

Design e paginação:

Blue Line

Impressão:

IDG

2015

Nota Introdutória

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“A partir de hoje, 15 de maio de 1847, todo estudante ou médico,

é obrigado, antes de entrar nas salas da clínica obstétrica, a

lavar as mãos, com uma solução de ácido clórico, na bacia

colocada na entrada. Esta disposição vigorará para todos, sem

exceção”.

Ignaz Semmelweiss

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Capítulo I - Higiene das mãos

Capítulo I

Higiene das mãos

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Capítulo I - Higiene das mãos Capítulo I - Higiene das mãos

Há muito, muito tempo Já no século XIX

Existiu um certo médicoSemmelweiss era o seu nome

 Tinha nascido na HungriaMas foi pra Viena estudar

Acabou em medicinaE deu muito que falar

 Em partos, numa clínica

Começou a trabalhar Mas percebeu de repente

Que algo se estava a passar 

Morriam mães e criançasSem haver explicação

Mas com sua persistênciaDescobriu a relação

 Sabia também que ao lado

Numa clínica igualAs infeções eram menos

Taxas fora do normal

Na clínica em questão Só trabalhavam parteirasE por estranho que fosseFaziam menos asneiras

 As taxas muito inferioresMenos mortes pra contarFilhos e mães mais felizesEra mesmo de estranhar

 Fez muitas contas e contasE comparou muitas taxas

Para perceber porquêA razão de tantas baixas

 As infeções que matavam

Vinham nas mãos dos doutoresQue praticavam autópsiasLá fora noutros corredores

 Ele chamou a atenção

Para esse pormenorA todos os seus colegas

E disse o que era melhor

Lavar as mãos muitas vezesAntes de entrar lá no quarto

Antes de fazer o toqueAntes de assistir ao parto

 Com o ácido clórico Juntou água na bacia

E finalmente consegueProvar o que ele queria

 Era mesmo pelas mãos

Que as infeções se passavamDos cadáveres para as mãosE que pela ”carne” entravam

 Com a lavagem das mãos

Ficou pra sempre lembradoIntroduziu o conceito

Mas foi muito contestado 

Foi considerado malucoPor acreditar em tal

Seria injustiçadoE acabou muito mal

Internado no HospícioAcabou por lá morrer

E as ditas bactériasNão chegou a conhecer

E agora neste tempoNa era tecnológica

Faz mesmo muito sentidoTudo tem mesmo uma lógica

 Existem outras medidas

De prevenção importantesMas a higiene das mãos

Uma das mais relevantes 

E apesar do know how E de tanta informação

Nem o Semmelweiss nos valeNo combate à infeção

 Obrigada Semmelweiss

Tiveste sempre razãoVais ter de nos perdoarNão prestamos atenção

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Capítulo II - Prevenção da IACS: Infeção do trato urinário

A infeção urináriaÉ um grave problema

E para a prevenirTens de dominar o tema

 Será preciso ou nãoUsar sonda vesicalEvitar a introduçãoSeria mesmo o ideal

 Mas quando é mesmo preciso

E não tens mais opçõesUsa a mais adequada

Em termos de dimensões

Agora que tem de serHá regras para cumprir

Fazer lavagem localAntes de a introduzir

 Não poderás esquecer De as mãos desinfetar

Antes de calçar as luvas E o ato começar

Capítulo II

Prevenção da IACS:Infeção do trato urinário

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Capítulo II - Prevenção da IACS: Infeção do trato urinário Capítulo II - Prevenção da IACS: Infeção do trato urinário

Material organizadoColocado a preceito

Vai correr bem de certezaSe pra isso tiveres jeito

 Não podes sujar o campo Nem colocar em questãoToda a técnica asséticaPresta muita atenção

 Depois vem um pormenorQue não podes esquecer

O circuito fechadoQue será para manter

Depois de bem colocadaFixada com primor

Certificar que o doenteNão sentirá qualquer dor

 Agora que terminou

A tua atuaçãoA prevenção continua

Pra evitar infeção

Todos os dias irásColocar uma questão

“Será mesmo necessárioutilizá-la, ou não?”

 Há que garantir ainda

O circuito fechadoUm contentor sempre limpo

No despejo efetuado 

Higiene do meatoFeita diariamente

Ao doente algaliadoÉ prevenção certamente

 Mas não há como esquecer

Aquela dita medidaA higiene das mãos

Tem sempre de ser cumprida.

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Capítulo III - Prevenção da IACS: Associada a cateter venoso central

Capítulo III

Prevenção da IACS:Associada a cateter venoso central

Uma outra infeçãoCom impacto enorme

É a bacteriémiaE que no sangue ocorre

 Normalmente associada

A um cateter centralColocado numa veiaÉ bastante habitual

 Mas pode ser prevenidaComo as outras infeçõesQue às vezes tiram vidas

E que custam uns milhões 

Por isso vamos saberSe temos de colocarEste cateter centralOu se vamos adiar

 Mas antes de colocarO cateter em questãoReunir todas as coisasTer o material à mão

De preferência já em kit Com tudo bem separadoSoro, seringas e campos

O que está recomendado 

Mas quem introduz o cateterTem de ser muito experienteQue sabe o que está a fazerQue pode mexer em gente

 Antes de mais é preciso

O cateter escolherQuantos lúmens são precisos

E onde se vai meter 

Pode ser na jugularSerá sempre uma opção

Mas é a subcláviaA veia de eleição

 Normalmente associadaA menos complicaçõesMenos risco pro doenteMenos risco de infeções

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Capítulo III - Prevenção da IACS: Associada a cateter venoso central Capítulo III - Prevenção da IACS: Associada a cateter venoso central

Após a higiene das mãosCom técnica adequada

Vestir bata e calçar luvas (estéreis)

Com máscara bem colocada 

O cabelo também deveEstar coberto com toucaOs campos esterilizados

E que tapem bem a roupa 

Já a pele desinfetadaÉ mesmo fundamental

Com clorohexidina alcoólicaAplicada no local

 Deixar atuar o álcoolNo local de inserção

Durante o tempo correto É a melhor opção

 Manter técnica asséticaDurante a introdução

É mais do que importanteÉ uma obrigação

Depois de introduzido O cateter no local

Tem de ser bem fixadoPara nada correr mal

 Já o penso deve ser

Opaco ou transparenteDeve ser esterilizado

Confortável pro doente 

Mas agora que já estáNão acaba a prevenção

Há que manter certas normasPra evitar a infeção

 O penso deste cateter

Deve ser sempre mudadoQuando descola e está sujo Ou quando fica encharcado

 A desinfeção local

No local da inserçãoÉ mesmo fundamentalNão há como dizer não

Normalmente é por aquiQue a bactéria invade

Entre a pele e o cateterSe houver oportunidade

 Há ainda a lembrarAquela desinfeção

Das tampas e das torneirasSe houver manipulação

 Substituir os sistemas

Não pode ser esquecidoPrincipalmente naqueles

Em que há sangue envolvido 

Os da alimentaçãoSão também para tirar

Ao fim de um dia de usoNão há nada que enganar

 Ainda há uns sistemas

Que com meia dúzia de horasTêm de ser removidos

Com pressa e sem demoras

Mas para os outros sistemasSem sangue e sem emulsão

Só depois de 4 diasHá a substituição

Mas em todas as tarefasNão podes nunca esquecer

A higiene das mãosE de todo o seu poder

 O poder de evitar

Infeções hospitalaresE outras complicações

E até vidas salvares 

Detetar precocemente Este tipo de infeções

Estar atento a pormenoresPode poupar uns milhões

 Não é só milhões de euros

Mas de vidas de pessoasE que é o mais importante

De todas as coisas boas

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Capítulo IV - Prevenção da IACS: Infeção do local cirúrgico

A infeção em cirurgiaUma das principais

Poderá ser prevenidaCom medidas triviais

 Com o aumento das taxas

A que estamos a assistirTemos de abraçar a causa

Não podemos desistir 

Começa sempre por serNa fase pré cirurgia

Que temos de intervirCom muita sabedoria

 O banho, muito importanteNa véspera e no próprio dia

Em que o doente vai serSujeito à cirurgia

 Clorohexidina sabãoVamos ter de utilizar

Para os banhos de chuveiroNão há nada que enganar

Depois a tricotomia (se mesmo necessária)

Não vai ser muito alargadaFeita com máquina própria

Perto da hora marcada 

Perto da hora marcadaDa hora da operação

Não deve ser muito cedoNem provocar abrasão

 Mas um aspeto fulcral

É a profilaxiaAté 60 minutos

Prévios à cirurgia 

E esta não pode ser Mantida mais do que um dia

Passava a tratamentoNão a profilaxia

 Depois há outros aspetosDe importância elevada

Como a higiene das mãos E com roupa adequada

Capítulo IV

Prevenção da IACS:Infeção do local cirúrgico

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Capítulo IV - Prevenção da IACS: Infeção do local cirúrgico Capítulo IV - Prevenção da IACS: Infeção do local cirúrgico

O álcool isopropílicoOu sabão com antisséticoPra desinfeção das mãos

Durante um tempo correto 

E para entrar na salaHá que cumprir certas normas

Batas e luvas estéreisMáscaras de várias formas

 Depende muito do tipo

Do doente a operarDo local da cirurgia

E do que tem pra drenar 

A zona a operarQue já está preparadaPrecisa de desinfeçãoAlcoólica ou iodada

 Os antissépticos tópicos

Devem ficar a atuar Deixar secar bem a pele

Pra flora eliminar

Há quem ainda optePor usar mais proteções

Que impedem as bactériasDe provocar infeções

 Ainda assim o doentePrecisará de manter

Temperatura constantePra não ficar a tremer

  O açúcar controladoNo peri operatório

Outra medida importanteÉ mais do que perentório

 E todo o material

Que irá ser utilizadoDeve estar funcional

E também esterilizado 

Durante o ato cirúrgicoE com o doente abertoManter técnica asséticaÉ sempre o mais correto

Não deixar sangrar demaisCorrigir perda de líquidos

Boa técnica cirúrgicaA arte dos bons peritos

 Para fazer o pensoDeve ser utilizado

Penso estéril que protejaA ferida do operado

 Já no pós-operatório

Há que vigiar sintomasObservar o local

Garantir todas as normas 

Se tudo for bem cumpridoCom a ajuda do doenteNão vai haver infeção

Assim vai ser certamente

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Capítulo V - Prevenção da IACS: Pneumonia associada à ventilação

Agora outra infeçãoQue dá muito que falar

Uma das principaisDifícil de eliminar

 É uma pneumonia

E que afeta os pulmõesÉ uma das mais perigosas

Também faz gastar milhões 

Relacionada com um tuboPro doente respirar

Quando ele está em comaOu quando tem falta de ar

Se cumpridas certas regrasTambém se pode evitarComo outras infeções

Não dá para relaxar 

Aqui também se colocaSempre a velha questão

Será que é mesmo precisoSerá preciso, ou não?

Capítulo V

Prevenção da IACS:Pneumonia associada à ventilação

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Capítulo V - Prevenção da IACS: Pneumonia associada à ventilação Capítulo V - Prevenção da IACS: Pneumonia associada à ventilação

Depois para entubarTambém tem de se ter jeito

Colocar bem a cabeçaAlinhá-la com o peito

 Depois de ser colocado O tubo lá nos pulmões

Deve ser bem fixado Pra não provocar lesões

 Depois o ventilador

Que tem de ser conectadoCom traqueias à misturaTudo bem desinfetado

  As medidas preventivas

Daquela dita infeçãoSão simples e exequíveis

Estarão na tua mão 

Ao mexer no circuitoE quando é para aspirarA desinfeção das mãos

Será pra realizar

Cabeceira a 30ºSem nunca baixarLevantar a sedação

Se se puder levantar 

Ter cuidados com a bocaE fazer desinfeção

Com colutório específicoQue previna a infeção

 É a clorohexidina

O que está recomendadoPra eliminar a flora oral

No doente ventilado

Uma medida tambémQue se pode aplicarÉ o circuito fechado

Para o ar não contaminar 

Pode ser aplicadaAspiração a dobrar

Chamada de subglóticaQue aspira sem parar

   Evita que na traqueia

Se acumulem secreçõesCheias de bactérias

Que provocam infeções 

Mas sempre que for possívelRemover ventilação

É a medida mais forte No controlo da infeção

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