aula n. 3 - penas privativas de liberdade

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DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE. REGIMES PENITENCIÁRIOS. São previstas três espécies de regimes penitenciários: a) Fechado: cumpre a pena em estabelecimento penal de segurança máxima ou média. b) Semiaberto: cumpre a pena em colônia penal agrícola, industrial ou estabelecimento similar. c) Aberto: trabalha ou frequenta cursos em liberdade, durante o dia, e recolhe-se em Casa do Albergado ou estabelecimento similar à noite e nos dias de folga. De acordo com o art. 110 da LEP, o Juiz deverá estabelecer na sentença o regime inicial de cumprimento da pena, com observância do art. 33 do CP, que estabelece a distinção quanto a pena de reclusão e detenção. PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE São as seguintes: a) Reclusão: cumprida em regime fechado, semiaberto ou aberto; b) Detenção: cumprida em regime semiaberto ou aberto, salvo a hipótese de transferência excepcional para o regime fechado; c) Prisão simples: prevista apenas para as contravenções penais e pode ser cumprida nos regimes semiaberto ou aberto. Existem algumas críticas na distinção entre as penas de Reclusão e Detenção, pois sua diferenciação seria tão pequena que não se justifica a diferenciação entre ambas. No entanto, em vários aspectos a lei concede tratamento diferente para as pessoas que praticam delitos que preveem uma ou outra pena. Vejamos algumas diferenças: 1. No caso de concurso material (dois crimes, duas penas diferentes), aplicando-se cumulativamente as penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela (art. 69, caput e 76 do CP).; 2. como efeito da condenação, a incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, somente ocorrerá com a prática de crime doloso punido com reclusão, cometido contra filho, tutelado ou curatelado (art. 92, II do CP) 3. no que diz respeito à aplicação da medida de segurança, se o fato praticado pelo inimputável for punível com detenção, o juiz poderá submetê-lo a tratamento ambulatorial (art. 97 do CP) 4. a prisão preventiva, presentes os requisitos do art. 312 do CPP, poderá ser decretada nos crimes dolosos punidos com reclusão. Nos casos de detenção, somente se admitirá a prisão preventiva quando se apurar que o indiciado é vadio ou, havendo dúvida sobre sua identidade, não fornecer ou não indicar elementos para esclarecê-la (art. 313, I e II do CPP) 5. a autoridade policial poderá conceder fiança nos casos de infração punida com detenção (art. 322 do CPP) 6. a intimação da sentença de pronúncia nos crimes dolosos contra a vida apenados com reclusão, portanto inafiançáveis, será sempre feita ao réu, pessoalmente (art. 414 do CPP). REGIME PENITENCIÁRIO DA PENA DE RECLUSÃO. a) Se a pena imposta for superior a 8 anos: inicia-se o cumprimento em regime fechado;

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Material de Direito Penal - Penas privativas de liberdade.

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  • DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE.

    REGIMES PENITENCIRIOS.

    So previstas trs espcies de regimes penitencirios:

    a) Fechado: cumpre a pena em estabelecimento penal de segurana mxima ou mdia.b) Semiaberto: cumpre a pena em colnia penal agrcola, industrial ou estabelecimento similar.c) Aberto: trabalha ou frequenta cursos em liberdade, durante o dia, e recolhe-se em Casa do Albergado ou

    estabelecimento similar noite e nos dias de folga.

    De acordo com o art. 110 da LEP, o Juiz dever estabelecer na sentena o regime inicial de cumprimento da pena, com observncia do art. 33 do CP, que estabelece a distino quanto a pena de recluso e deteno.

    PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE

    So as seguintes:

    a) Recluso: cumprida em regime fechado, semiaberto ou aberto;b) Deteno: cumprida em regime semiaberto ou aberto, salvo a hiptese de transferncia excepcional para

    o regime fechado;c) Priso simples: prevista apenas para as contravenes penais e pode ser cumprida nos regimes

    semiaberto ou aberto.

    Existem algumas crticas na distino entre as penas de Recluso e Deteno, pois sua diferenciao seria to pequena que no se justifica a diferenciao entre ambas. No entanto, em vrios aspectos a lei concede tratamento diferente para as pessoas que praticam delitos que preveem uma ou outra pena.

    Vejamos algumas diferenas:

    1. No caso de concurso material (dois crimes, duas penas diferentes), aplicando-se cumulativamente as penas de recluso e de deteno, executa-se primeiro aquela (art. 69, caput e 76 do CP).;

    2. como efeito da condenao, a incapacidade para o exerccio do ptrio poder, tutela ou curatela, somente ocorrer com a prtica de crime doloso punido com recluso, cometido contra filho, tutelado ou curatelado (art. 92, II do CP)

    3. no que diz respeito aplicao da medida de segurana, se o fato praticado pelo inimputvel for punvel com deteno, o juiz poder submet-lo a tratamento ambulatorial (art. 97 do CP)

    4. a priso preventiva, presentes os requisitos do art. 312 do CPP, poder ser decretada nos crimes dolosos punidos com recluso. Nos casos de deteno, somente se admitir a priso preventiva quando se apurar que o indiciado vadio ou, havendo dvida sobre sua identidade, no fornecer ou no indicar elementos para esclarec-la (art. 313, I e II do CPP)

    5. a autoridade policial poder conceder fiana nos casos de infrao punida com deteno (art. 322 do CPP)

    6. a intimao da sentena de pronncia nos crimes dolosos contra a vida apenados com recluso, portanto inafianveis, ser sempre feita ao ru, pessoalmente (art. 414 do CPP).

    REGIME PENITENCIRIO DA PENA DE RECLUSO.

    a) Se a pena imposta for superior a 8 anos: inicia-se o cumprimento em regime fechado;

  • b) Se a pena imposta for superior a 4 anos, mas no exceder a 8 anos: inicia-se o cumprimento em regime semiaberto;

    c) Se a pena imposta for igual ou inferior a 4 anos: inicia-se o cumprimento em regime aberto;d) Se o condenado for reincidente: em regra, inicia no regime fechado, no importando a quantidade da

    pena imposta.

    Deve-se observar a Smula 269/STJ, onde se afirma que admissvel a adoo do regime prisional semiaberto aos reincidentes condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se favorveis as circunstncias judiciais.

    O STF j decidiu que se a condenao anterior que gerou a reincidncia aplicou apenas a pena de multa e a atual condenao for inferior a 4 anos, possvel iniciar-se o cumprimento em regime aberto.

    e) Se as circunstncias do art. 59 forem desfavorveis ao condenado o regime inicial pode ser o fechado. f) Em caso de condenao inferior a 8 anos, a aplicao do regime fechado reclama fundamentao

    adequada, nos termos do art. 33, 2, alneas b, c e d e do 3.

    Regras do Regime Fechado (art. 34):

    - No incio do cumprimento de pena o condenado deve ser submetido a exame criminolgico de classificao e individualizao;

    - A pena cumprida em penitenciria;- O condenado fica sujeito a trabalho no perodo diurno e isolamento durante o repouso noturno

    (1);- Dentro do estabelecimento penal o trabalho ser em comum, em conformidade com as

    ocupaes anteriores do condenado, desde que compatveis com a execuo da pena (2);- O trabalho externo permitido em obras pblicas, desde que tomadas cautelas para evitar a

    fuga (3);- O trabalho ser sempre remunerado (art. 39);

    REGIME PENITENCIRIO DA PENA DE DETENO.

    a) Se a pena imposta for superior a 4 anos: inicia-se o cumprimento em regime semiaberto;b) Se a pena imposta for igual ou inferior a 4 anos: inicia-se o cumprimento em regime aberto;c) Se o condenado for reincidente: inicia sempre no regime mais gravoso, ou seja, o semiaberto, no

    importando a quantidade da pena imposta. d) Se as circunstncias do art. 59 forem desfavorveis ao condenado o regime inicial pode ser o

    semiaberto.e) No existe regime inicial fechado na pena de deteno, a qual comea obrigatoriamente nos regimes

    semiaberto ou aberto. O regime fechado possvel apenas em caso de regresso, conforme deciso do STJ.

    REGRAS DO REGIME semiaberto (art. 35).

    - No incio do cumprimento de pena o condenado poder ser submetido a exame criminolgico (art. 35, caput do CP e art. 8 da LEP);

    - O condenado fica sujeito a trabalho remunerado e em comum no perodo diurno em colnia penal agrcola, industrial ou similar (1);

    - O trabalho externo, bem como a frequncia em cursos supletivos ou profissionalizantes, de instruo de segundo grau ou superior permitido (2);

    A jurisprudncia vinha entendendo que, na ausncia de vagas no regime semiaberto, o condenado deveria aguardar a vaga no regime fechado. O STJ, entretanto, j decidiu de forma contrria entendendo ser problema atribuvel ao Estado no podendo o condenado responder pela ineficincia do Poder Pblico.

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  • O preso do regime semiaberto tem direito, com autorizao judicial, sada temporria da colnia com finalidade de visitar familiares, frequentar cursos ou participar de outras atividades relevantes para sua ressocializao por prazo no superior a 7 dias, renovvel 4 vezes por ano (arts. 12, 123 e 124 da LEP).

    REGRAS DO REGIME ABERTO (art. 36).

    Baseia-se na autodisciplina e no senso de responsabilidade do condenado (art. 36), uma vez que permanecer fora do estabelecimento e sem vigilncia para trabalhar, frequentar curso ou exercer outra atividade autorizada e, durante o perodo noturno e dias de folga, dever recolher-se priso-albergue.

    Nos termos do art. 117 da LEP, tratando-se de pessoa maior de 70 anos, pessoa com doena grave, com filho menor ou doente mental ou condenada gestante, excepcionalmente o sentenciado pode cumprir o regime aberto em priso-albergue domiciliar, circunstncia em que dever se recolher em sua casa durante o perodo noturno e dias de folga.

    A jurisprudncia tem admitido priso domiciliar fora dos casos do art. 117 quando no existe na comarca albergue no qual o sentenciado possa recolher-se.

    PRISO DOMICILIAR: O regime aberto deve ser cumprido em priso-albergue, priso com estabelecimento adequado e priso domiciliar (arts. 33 1, c, CPB e art. 117 da LEP). Assim, foroso concluir que a priso domiciliar uma espcie do gnero aberto e, como exceo, exige a presena de mais requisitos para sua concesso.

    REGIME INICIAL NA PENA DE PRISO SIMPLES.

    Somente admissvel o regime semiaberto ou aberto, devendo a pena ser cumprida em estabelecimento especial ou de priso comum, sem rigor penitencirio. Neste caso, nem mesmo a regresso pode levar o condenado ao regime fechado.

    PROGRESSO DE REGIME (art. 33, 2 do CP e art. 112 da LEP).

    Art. 33, 2 As penas privativas de liberdade devero ser executadas em forma progressiva, segundo o mrito do condenado, observados os seguintes critrios e ressalvadas as hipteses de transferncia a regime mais rigoroso

    Art. 112. A pena privativa de liberdade ser executada em forma progressiva com a transferncia para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerrio, comprovado pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progresso. (Redao dada pela Lei n 10.792, de 1.12.2003)

    As penas privativas de liberdade devem ser executadas de forma progressiva, de acordo com o mrito do condenado. Assim, o condenado poder gradativamente passar de um regime mais rigoroso para mais brandos, desde que preenchidos os requisitos legais, a fim de estimular e possibilitar a ressocializao.

    O direito progresso de regime respeita duas regras:

    1) Objetiva, de carter meramente temporal: discriminada no art. 112 da Lei de Execuo Penal LEP, onde se permite a progresso para regime mais brando depois de 1/6 de cumprimento da pena.

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  • 2) Subjetiva, observando o mrito do condenado: o mesmo art. 112 aponta o mrito do condenado, que verificado mediante seu bom comportamento carcerrio, comprovado pelo diretor do estabelecimento penal.

    vedada a progresso por saltos.

    Para a progresso do regime fechado para o semiaberto, o condenado dever ter cumprido no mnimo 1/6 da pena imposta na sentena ou do total de penas, em caso de vrias execues. Deve ter demonstrado bom comportamento carcerrio.

    Alm disso, necessrio o parecer da Comisso Tcnica de Classificao. O exame criminolgico para a progresso no se encontra mais previsto legalmente. Todavia, caso se entenda justificado, possvel a imposio.

    Para a progresso do regime semiaberto para o aberto, necessrio o cumprimento de 1/6 do restante da pena caso tenha advindo do regime fechado ou do total da pena, quando tenha iniciado no semiaberto. Alm disso, exige-se que o reeducando aceite as condies do programa da priso-albergue, as condies impostas pelo Juiz, que esteja trabalhando ou comprove a possibilidade de faz-lo imediatamente e, por fim, que seus antecedentes e os exames a que se tenha submetido indiquem que ir se ajustar ao regime aberto observando a autodisciplina e senso de responsabilidade.

    Para a progresso de regime, a oitiva do Ministrio Pblico imprescindvel, sob pena de nulidade.

    A Lei n. 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos) estabelece que os crimes hediondos, o trfico de entorpecentes, o terrorismo e a tortura deveriam ser cumpridos integralmente em regime fechado vedando, portanto, a progresso. No entanto, interpretao do dispositivo pelo STF reconheceu ser inconstitucional a impossibilidade de o juiz avaliar a possibilidade de conceder a progresso.

    Em caso de preso provisrio, como no se trata de cumprimento de pena a progresso no admissvel a progresso. O STF, entretanto, entende ser possvel a progresso desde que a sentena condenatria tenha transitado em julgado para a acusao e presentes os requisitos para a progresso (Sumulas 716 e 717, do STF).

    PROGRESSO EM CRIMES HEDIONDOS:

    Os condenados em crimes hediondos e assemelhados devem iniciar o cumprimento da pena em regime fechado.

    A lei n. 8.072/90 previa que os condenados por crimes hediondos e assemelhados deveriam cumprir a pena em regime integralmente fechado, onde se permitia apenas o Livramento condicional.

    O dispositivo que previa a imposio foi considerado inconstitucional pelo STF.

    A partir de ento se estabeleceu discusso legislativa culminando na lei n. 11.464/07, que reconheceu o direito progresso. A partir de ento, condenados por crimes hediondos tm direito progresso desde que:

    a) Cumpra 2/5 (40%) da pena, se primrio;b) Cumpra 3/5 (60%) da pena em caso de reincidncia.

    As demais progresses, tambm respeitam estas mesmas fraes.

    REGRESSO DE REGIME.

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  • a transferncia do condenado para qualquer dos regimes mais rigorosos, nas hipteses previstas em lei.

    Nos termos do art. 118 da LEP, a regresso possvel:

    a) Quando o agente praticar fato definido como crime doloso: neste caso, para a regresso, no necessrio o transito em julgado da condenao pelo novo crime, mas apenas que o delito seja praticado. No entanto, existem opinies que exigem o trnsito em julgado da sentena que reconheceu a prtica do novo crime, baseado no princpio da inocncia.

    b) Quando o agente praticar falta grave: fuga, participao em rebelio, posse de instrumento capaz de lesionar pessoas, descumprimento das obrigaes e outras descritas no art. 50.

    c) Quando o agente sofre nova condenao, cuja soma com a pena anterior torna incabvel o regime atual.

    Alm disso, em conformidade com o art. 36, 2 do CP, se o sentenciado estiver no regime aberto, dar-se- a regresso se ele frustrar os fins da execuo (parar de trabalhar, no comparecer na priso-albergue etc) ou, podendo, no pagar a pena de multa cumulativamente imposta. COMENTAR ESTE TPICO. Inaplicvel desde o advento da Lei n. 9.268/96, que considerou a multa como dvida de valor para fins de cobrana no podendo repercutir na liberdade do condenado.

    REGIME DISCIPLINA DIFERENCIADO RDD.

    O art. 52 da LEP, com a redao dada pela Lei n. 10.792 de 01/12/2003, estabeleceu o chamado Regime Disciplinar Diferenciado RDD, para o condenado definitivo e o preso temporrio que cometerem crime doloso capaz de ocasionar subverso da ordem ou disciplina interna.

    De acordo com o 1 do art. 52, o Regime Disciplinar Diferenciado tambm poder abrigar presos provisrios ou condenados, nacionais ou estrangeiros, que apresentem alto risco para a ordem e a segurana do estabelecimento penal ou da sociedade.

    J no 2 do mesmo dispositivo, que estar igualmente sujeito ao regime disciplinar diferenciado, o preso provisrio ou o preso condenado o qual recaiam fundadas suspeitas de envolvimento ou participao, a qualquer ttulo, em organizaes criminosas, quadrilha ou bando.

    Neste caso, a prtica de um novo crime, alm de ser considerada falta grave, se ocasionar subverso da ordem ou disciplina interna, sujeitar o preso ao regime disciplinar diferenciado RDD, com as seguintes caractersticas:

    a) Durao mxima de 360 dias, at o limite de 1/6 da pena, sem descurar a possibilidade de repetio da sano por cometimento de novo crime;

    b) Recolhimento em cela individual; c) Visitas semanais de duas pessoas, sem contar as crianas, com durao de duas horas; d) Sada da cela por 2 horas dirias, para banho de sol

    REGIME ESPECIAL (art. 37).

    As mulheres devem cumprir pena em estabelecimento prprio, observando-se o direito inerente sua condio pessoal.

    A Lei n. 9.045/95 acrescentou um 2 ao art. 83 da LEP, determinando que os estabelecimentos penais destinados s mulheres sejam dotados de berrio onde as condenadas possam amamentar seus filhos.

    O art. 89 da LEP j previa que a penitenciria feminina dever ser dotada de seo para gestante e parturiente e de creche.

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  • REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DE PENA: O estabelecimento do regime inicial de cumprimento de pena compete ao Juiz da condenao, pois deve integrar o ato decisrio final. A fixao, entretanto, provisria, pois fica sujeita progresso ou regresso.

    DIREITOS DO PRESO (art. 38).

    - Direito vida;- Direito integridade fsica e moral;- Direito Igualdade;- Direito de Propriedade;- Direito liberdade de pensamento e convico religiosa;- Direito inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem;- Direito de petio aos Poderes Pblicos em defesa de direito ou abuso de poder;- Direito Assistncia Jurdica;- Direito educao e cultura;- Direito ao trabalho remunerado;- Direito indenizao por erro judicirio;- Direito alimentao, vesturio e alojamento com instalaes higinicas;- Direito de Assistncia sade;- Direito assistncia social;- Direito individualizao de pena;- Direito de receber visitas;- Direitos polticos: a condenao transitada em julgado acarreta a suspenso dos direitos

    polticos enquanto durarem seus efeitos (art. 15, III, da CF). Trata-se de efeito extrapenal automtico e genrico da condenao, que independe da execuo ou suspenso condicional da pena principal. A perda de mandado eletivo decorre de condenao praticada com abuso de poder ou violao de dever para com a administrao pblica quando a pena for igual ou superior a 1 ano ou, nos demais casos, quando a pena for superior a 4 anos (Lei n. 9.268/96). Trata-se de efeito extrapenal especfico que precisa ser motivadamente declarado na sentena.

    TRABALHO DO PRESO (Art. 39): Nos termos do art. 39, do CPB, o trabalho do preso ser sempre remunerado, sendo-lhe garantidos os direitos da previdncia.

    DA REMIO (art. 126 da LEP): o condenado que cumpre pena no regime fechado ou semiaberto pode descontar, para cada 3 dias trabalhados, 1 dia no restante da pena. A remio deve ser decretada pelo Juiz, ouvido o Ministrio Pblico. Se posteriormente for punido por falta grave, o condenado perde o direito ao tempo remido (art. 127 da LEP). A remio aplica-se para efeito de progresso de regime e livramento condicional. Somente so computados os dias em que o preso desempenha a jornada normal de trabalho. A autoridade administrativa informa mensalmente, atravs de relatrio ao Juiz da execuo, os dias trabalhados.

    Em caso de cometimento de falta grave o preso perde direito ao tempo remido, iniciando-se novo perodo a partir da infrao disciplinar (art. 127 da LEP).

    SUPERVENIENCIA DE DOENA MENTAL DO CONDENADO (art. 41): sobrevindo doena mental depois da condenao, o condenado deve ser transferido para hospital de custdia e tratamento psiquitrico e a pena poder ser substituda por medida de segurana (art. 183 da LEP). Caracteriza constrangimento ilegal a manuteno do condenado em cadeia pblica quando for caso de medida de segurana. Nestes casos, deve ser instaurado um procedimento incidente na execuo para a converso da pena para medida de segurana, caso contrrio, apesar de ficar no hospital de custdia, o condenado continuar cumprindo pena e, ao final desta, dever ser colocado em liberdade, mesmo que no tenha recobrado a higidez mental.

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  • DETRAO PENAL (art. 42): o cmputo, na pena privativa de liberdade e na medida de segurana, do tempo de priso provisria, no Brasil ou no estrangeiro, o de priso administrativa e o de internao em hospital de custdia e tratamento ou estabelecimento similar. Ou seja, se o indivduo ficou preso durante o processo, o tempo de permanncia no crcere ser descontado do tempo da pena privativa de liberdade imposta na sentena final.

    Priso provisria o tempo em que o ru esteve preso em virtude de flagrante, por fora de priso preventiva ou de priso temporria, de sentena condenatria recorrvel ou de pronncia.

    A detrao aplica-se qualquer que tenha sido o regime de cumprimento fixado na sentena, ainda que seja aplicada pena substitutiva.

    No se aplica condenao de multa, pois a redao do art. 51 veda a converso da multa em deteno.

    Em relao ao sursis, tambm no se aplica a detrao, pois a pena substitutiva no guarda proporo com a pena privativa de liberdade aplicada na sentena.

    O art. 42 permite a detrao em caso de medida de segurana. Entretanto, na medida de segurana o prazo de cumprimento indeterminado, posto que o Juiz apenas fixa o prazo mnimo de seu cumprimento (de 1 a 3 anos) e a sua continuidade perdura enquanto no for averiguada, por percia mdica, a cessao da periculosidade. Caso no seja constatada a cura, o Juiz determina a continuidade da internao at a prxima percia e assim sucessivamente. Assim, a detrao aplica-se ao prazo mnimo estabelecido pelo Juiz para fazer a primeira percia.

    A competncia exclusiva para conhecer da detrao do Juzo da Execuo, no cabendo ao juiz da condenao aplic-la, desde logo, para poder fixar um regime de pena mais favorvel ao acusado, pois se daria incio execuo, antes do conhecimento da pena definitiva.

    Priso provisria em outro processo: a questo se pode descontar o tempo preso provisoriamente em que resultou sentena absolutria em outro processo com resultado condenatrio. Existem 3 posies:

    - Sim, desde que o crime pelo qual o ru foi condenado tenha sido praticado antes da priso no processo em que o ru foi absolvido, para evitar que o agente fique com um crdito para com a sociedade;

    - Sim, desde que o crime pelo qual houve condenao tenha sido anterior absolvio no outro processo;

    - Sim, desde que haja conexo ou continncia entre os crimes de processos distintos.

    A posio mais defensvel a primeira, interpretando-se o art. 111 da LEP, que permite a detrao em processos distintos, ainda que os crimes no sejam conexo, combinado com a CF, art. 5, LXXV, que obriga o Estado a indenizar o condenado por erro judicirio ou quem permanecer preso por tempo superior ao fixado na sentena, situao equivalente a quem foi submetido a priso processual e posteriormente absolvido.

    Detrao e Prescrio: possvel.

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