saÚde das mulheres privativas de liberdade: inclusÃo social e direitos humanos

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1 Discentes do curso de Gerência em Saúde 2 Docente: Ma. Valdirene Silva Pires Macena http://lattes.cnpq.br/3679347673113763 [email protected] SAÚDE DAS MULHERES PRIVATIVAS DE LIBERDADE: Inclusão Social e Direitos Humanos Alice Barbosa Leite 1 ; Elizângela Silva Garcia 1 ; Marilda Santos Lima Lobo 1 ; Rosangela Lima Oliveira 1 ; Talita Carolina Lucas Lima 1 ; Valdirene Silva Pires Macena 2 ; Verônica Caceres 1 ; Williams Gomes Piato 1 CAMPO GRANDE – MS 2017 1

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Page 1: SAÚDE DAS MULHERES PRIVATIVAS DE LIBERDADE: INCLUSÃO SOCIAL E DIREITOS HUMANOS

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1 D i s c e n t e s d o c u r s o d e G e r ê n c i a e m S a ú d e2 D o c e n t e : M a . Va l d i r e n e S i l v a P i r e s M a c e n a

h t t p : / / l a t t e s . c n p q . b r / 3 6 7 9 3 4 7 6 7 3 11 3 7 6 3v a l p i r e s m a c e n a @ h o t m a i l . c o m

SAÚDE DAS MULHERES PRIVATIVAS DE LIBERDADE: Inclusão Social e Direitos Humanos

Alice Barbosa Leite1; Elizângela Silva Garcia1; Marilda Santos Lima Lobo1; Rosangela Lima Oliveira1; Talita Carolina Lucas Lima1; Valdirene Silva Pires Macena2; Verônica Caceres1; Williams Gomes Piato1

CAMPO GRANDE – MS2017

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A SAÚDE E AS MULHERES PRIVATIVAS DE LIBERDADE

No processo de adoecer e morrer das populações e de cada pessoa em particular, as desigualdades sociais, econômicas e culturais se revelam de maneira diferenciada;

As pessoas que são mais vulneráveis e vivem menos são populações expostas a condições precárias de vida, dentre elas estão as populações privadas de liberdade;

Ao privar ou restringir uma pessoa de sua liberdade, o Estado, e a sociedade como um todo, não pode negar-lhe outros direitos, como o caso do Direito a Saúde.

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Nas unidades prisionais femininas ou estabelecimentos penais mistos, encontram-se pavilhões, alas e celas adaptadas para as mulheres;

A grande maioria das unidades não há qualquer forma ou condição mínima para que a pessoa ao deixar aquele local, tenha um retorno ao seu meio social e tenha condições de recomeçar ou reorganizar a sua vida;

Em relação à saúde, esses ambientes não apresentam condições mínimas para a prevenção, promoção e recuperação da saúde das pessoas que ali se encontram.

AS UNIDADES PRISIONAIS ÀS MULHERES PRIVATIVAS DE LIBERDADE

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ALÉM DISSO...

Nas unidades prisionais femininas geralmente não existem creches e berçários aos filhos destas mulheres. Os agravos decorrentes do confinamento podem potencializar doenças psicossociais. Os profissionais que atuam nesses locais deveriam ter um olhar atento para a identificação de possíveis transtornos mentais e para o uso de álcool e de outras drogas. Assim, o impacto que a situação de privação da liberdade têm sobre as mulheres pode desencadear transtornos mentais ou potencializar os já existentes (SANTOS; BERMUDEZ, 2012) *.

*Fonte: http://carceraria.org.br/wp-content/uploads/2015/08/Anexo-Saude-da-Mulher-Presa.pdf

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As mulheres privadas de liberdade vivenciam uma situação de maior vulnerabilidade a doenças como: câncer de colo uterino e mama, DST e Aids, transtornos mentais (depressão) e transtornos relacionados ao uso de drogas;

Dados estatísticos apontam que a prevalência de doença mental entre a população privada de liberdade está no percentual de 42%, ao passo que na comunidade em geral é de 15% (BRASIL, 2015).

NO CONTEXTO PRISIONAL...

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PORTANTO, SE FAZ NECESSÁRIO LEMBRAR QUE...

O trabalho desenvolvido pelas equipes de Atenção Básica de Saúde é fundamental para: a prevenção de doenças, o diagnóstico precoce e o acompanhamento das mulheres em geral;

Este trabalho não deve ser diferente para as equipes de saúde que atuam nas prisões= EQUIDADE;

Para isso, as ações desenvolvidas na rotina dessas equipes, deverá destacar àquelas relacionadas ao controle do câncer do colo de útero e de mama e às Doenças Sexualmente Transmissíveis.

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PORQUE... De acordo com estimativa do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV e Aids (UNAIDS), a prevalência da Aids entre pessoas privadas de liberdade é mais alta que entre a população geral;

As condições de confinamento, de assistência inadequada e a falta de perspectivas são fatores que aumentam a vulnerabilidade dessas pessoas ao HIV/Aids e a outras doenças sexualmente transmissíveis.

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P O L Í T I C A N A C I O N A L D E AT E N Ç Ã O I N T E G R A L À S A Ú D E D A M U L H E R – P N A I S M

“A saúde é direito de todos e dever do Estado”(Constituição Federal - Art. 196, de 5 de outubro de 1988)

Em 2004

Mulheres Privativas de Liberdade: Inclusão Social, Direitos Humanos e reivindicações dos movimentos sociais

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Institui a Política Nacional de Atenção às Mulheres em Situação de Privação de Liberdade e Egressas do Sistema Prisional - PNAMPE

Em2014

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2004: A POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DA MULHER - PNAISMÉ o resultado das reivindicações dos movimentos de mulheres e dos grupos feministas;Atende as mulheres em todos os ciclos de vida, resguardando as especificidades das diferentes faixas etárias e dos distintos grupos populacionais (mulheres negras, indígenas, residentes em áreas urbanas e rurais, residentes em locais de difícil acesso, em situação de risco, em situação de prisão, de orientação homossexual, com deficiência, dentre outras);

Considera que a atenção integral à saúde da mulher refere-se ao conjunto de ações de promoção, proteção, assistência e recuperação da saúde executadas nos diferentes níveis de atenção à saúde;

Utiliza as práticas em saúde mediante aos princípios da humanização, de acordo com as atitudes e comportamentos do profissional de saúde para reforçar o caráter da atenção à saúde como direito, que melhorem o grau de informação das mulheres em relação ao seu corpo e suas condições de saúde, ampliando sua capacidade de fazer escolhas adequadas ao seu contexto e momento de vida.

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2014: A POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO ÀS MULHERES EM SITUAÇÃO DE PRIVAÇÃO DE LIBERDADE E EGRESSAS DO SISTEMA PRISIONAL - PNAMPE

A Portaria Interministerial nº. 210/2014 do Ministério de Justiça e da Secretaria de Política estabelece: Art. 2º São diretrizes da PNAMPE: I - prevenção de todos os tipos de violência contra mulheres em situação de privação de liberdade, em cumprimento aos instrumentos nacionais e internacionais ratificados pelo Estado Brasileiro relativos ao tema;

IV - humanização das condições do cumprimento da pena, garantindo o direito à saúde, educação, alimentação, trabalho, segurança, proteção à maternidade e à infância, lazer, esportes, assistência jurídica, atendimento psicossocial e demais direitos humanos;

V - fomento à adoção de normas e procedimentos adequados às especificidades das mulheres no que tange a gênero, idade, etnia, cor ou raça, sexualidade, orientação sexual, nacionalidade, escolaridade, maternidade, religiosidade, deficiências física e mental e outros aspectos relevantes.

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A PORTARIA Nº 210/2014 TAMBÉM ESTABELECE...

Acesso a atendimento psicossocial desenvolvido no interior das unidades prisionais, por meio de práticas interdisciplinares nas áreas de dependência química, convivência familiar e comunitária, saúde mental, violência contra a mulher e outras, as quais devem ser articuladas com programas e políticas governamentais;

Atenção específica à maternidade e à criança intramuros, observando: identificação da mulher quanto à situação de gestação ou maternidade; quantidade e idade dos filhos e das pessoas responsáveis pelos seus cuidados e demais informações; inserção da mulher grávida, lactante e mãe com filho em local específico e adequado.

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A MATERNIDADE NA UNIDADE PRISIONAL: O PONTO DE VISTA

Para uma mulher no sistema prisional, a maternidade pode ter caráter positivo, por suavizar a solidão e a falta dos demais filhos e da família, reduzindo o sofrimento pela perda da liberdade. Por outro lado, a saúde dos filhos e o ambiente do sistema prisional, inadequado para o crescimento saudável de uma criança, são preocupações mencionadas quando essas mulheres são ouvidas (DA SILVA; LUZ; CECCHETTO, 2011)*.

*Fonte: http://carceraria.org.br/wp-content/uploads/2015/08/Anexo-Saude-da-Mulher-Presa.pdf

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A GRAVIDEZ DAS MULHERES PRIVATIVAS DE LIBERDADE...

A atenção à mulher grávida no sistema prisional é um desafio, por se tratar de um espaço de múltiplas segregações: primeiro a dos indivíduos encarcerados da sociedade, depois a dos indivíduos dentro do ambiente prisional (COLARES; CHIES, 2010)*.

*Fonte: http://carceraria.org.br/wp-content/uploads/2015/08/Anexo-Saude-da-Mulher-Presa.pdf

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Embora a gravidez seja um processo fisiológico, ela apresenta riscos e exige cuidados e atenção;

Nos casos da gestação por mulheres privadas de liberdade, a detecção precoce de problemas, a prevenção e o tratamento de infecções, assim como a preparação para o parto, deverão fazer parte dos processos planejados para o cuidado da equipe de saúde.

OS DIREITOS HUMANOS DAS MULHERES PRIVATIVAS DE LIBERDADE: SAÚDE E GRAVIDEZ

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PARA REDUZIR A MORTALIDADE MATERNA E INFANTIL...

Desde 1996, a Organização Mundial da Saúde (OMS) realiza: O Plano individual em conjunto com a mulher durante a gestação e seu marido ou companheiro para determinar onde e por quem o nascimento será realizado; Avalia o risco gestacional durante o pré-natal e a reavalia cada contato com o sistema de saúde;Fornecimento da assistência obstétrica no nível mais periférico onde o parto for viável e seguro dando a mulher o direito à privacidade no local do parto; Monitoramento fetal por meio de ausculta intermitente;Monitoramento cuidadoso do progresso do parto, por meio do uso do partograma da OMS;Monitoramento do bem-estar físico e emocional da mulher durante trabalho de parto e ao término do processo de nascimento; A Liberdade de posição e movimento durante o trabalho de parto;

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Utiliza métodos não invasivos e não farmacológicos de alívio da dor durante o trabalho de parto, como massagem e técnicas de relaxamento; Estimula a posições não supinas durante o trabalho de parto; Administra ocitocina no terceiro estágio do parto em mulheres com risco de hemorragia no pós-parto, ou que correm perigo da perda de até uma pequena quantidade de sangue; Usa condições estéreis ao cortar o cordão; Previne a hipotermia do bebê; Mantém o contato cutâneo precoce entre mãe e filho e apoia o início da amamentação na primeira hora após o parto, segundo as diretrizes da OMS sobre aleitamento materno; Realiza exame rotineiro da placenta e das membranas ovulares.

AINDA...

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PARA ASSEGURAR OS DIREITOS ÀS ESTAS MULHERES...

A PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº. 210, DE 16 DE JANEIRO DE 2014: Autoriza a presença de acompanhante da parturiente, devidamente cadastrada (o) junto ao estabelecimento prisional, durante todo o período de trabalho de parto, parto e pós-parto imediato conforme disposto no art. 19-J da Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990;

Proíbe o uso de algemas ou outros meios de contenção em mulheres em trabalho de parto e parturientes, observada a Resolução n.º 3, de 1º de junho de 2012, do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP);

Insere a gestante na Rede Cegonha, junto ao SUS, desde a confirmação da gestação até os dois primeiros anos de vida do bebê.

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E...

As Unidades Básicas de Saúde devem ter disponíveis os testes rápidos de HIV, Sífilis e Hepatites B e C; Tratar as doenças na gestação, entre elas Sífilis, HIV positivo e infecções urinárias são imprescindíveis para a saúde de um recém-nascido e a minimização de riscos para a mulher;A presença de acompanhante em todo o trabalho de parto e no parto é um direito previsto em lei para a mulher fora do sistema prisional (Lei n.º 11.108, de 7 de abril de 2005).

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ALÉM DISSO, EM CONJUNTO... A REDE CEGONHA

São estratégias do Ministério da Saúde que visa organizar uma rede de cuidados que garante: o acesso, o acolhimento e a resolutividade às:Mulheres: o direito ao planejamento reprodutivo e à atenção humanizada à gravidez, parto, abortamento e

puerpério;Crianças de 0 a 02 anos: o direito ao nascimento seguro e humanizado e ao crescimento e desenvolvimento

saudável.

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PARA PACTUAR ESTAS AÇÕES ÀS PRIVATIVAS DE LIBERDADE...

A PORTARIA Nº 1.459/2011 ASSEGURA... Art. 1° A Rede Cegonha, instituída no âmbito do Sistema Único de Saúde, consiste numa rede de cuidados que visa assegurar à mulher o direito ao planejamento reprodutivo e à atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério, bem como à criança o direito ao nascimento seguro e ao crescimento e ao desenvolvimento saudáveis (BRASIL, 2011).

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REFERÊNCIAS BRASIL. PORTARIA Nº 1.459, DE 24 DE JUNHO DE 2011. Institui, no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS - a Rede Cegonha. Brasília, 2011. Disponível em:http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt1459_24_06_2011.html. Acesso em: 14 jan. 2017.

BRASIL. Ministério da Justiça. PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº 210, DE 16 DE JANEIRO DE 2014. Institui a Política Nacional de Atenção às Mulheres em Situação de Privação de Liberdade e Egressas do Sistema Prisional, e dá outras providências. Brasília, 2014.

BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional Portaria Interministerial n. 01, de 02 de janeiro de 2014. Brasília, 2015.

RAMOS, Almir José. SAÚDE DA MULHER PRESA. Disponível em: http://carceraria.org.br/wp-content/uploads/2015/08/Anexo-Saude-da-Mulher-Presa.pdf. Acesso em: 14 jan. 2017.