execução de penas e medidas privativas da liberdade - análise evolutiva e comparativa

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EXECUÇãO DAS PENAS E MEDIDAS PRIVATIVAS DA LIBERDADE Análise Evolutiva e Comparativa Pela D. ra Maria João Simões Escudeiro Análise dos diplomas legislativos relativos à Execução das Penas e Medidas Privativas da Liberdade: Anteprojecto de 1969, Decreto- -Lei n.º 265/79, de 1 de Agosto e Lei n.º 115/2009, de 12 de Outubro. Introdução Após a prática de um acto tipificado na lei criminal e o decurso do respectivo processo-crime, segue-se, em regra, o cumprimento de uma pena, algumas das quais privativas da liberdade. Assim sendo, após a revisão penal e processual penal, era imperativo uma revisão do regime de execução das penas. Parece-me importante começar, por caracterizar, ainda que de forma breve, a conjuntura penitenciária que tínhamos aquando da elaboração dos diversos diplomas, nomeadamente e concretamente desde 1936, pois a minha pretensão não é fazer uma descrição minuciosa da nossa evolução histórica nesta matéria. A meu ver, o factor mais importante que se pode retirar da reforma de 1936, é a situação de pela primeira vez ter sido anali- sada a questão prisional na perspectiva prática do sistema de exe- cução, olhando o sistema executor numa lógica coerente e dirigida para o resultado concreto, construindo o sistema de baixo para cima, erigindo o enquadramento do preso de forma a se perceber o

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EXECUÇãO DAS PENAS E MEDIDASPRIVATIVAS DA LIBERDADEAnálise Evolutiva e Comparativa

Pela D.ra Maria João Simões Escudeiro

Análise dos diplomas  legislativos relativos à Execução das Penas eMedidas  Privativas  da  Liberdade: Anteprojecto  de  1969,  Decreto--Lei n.º 265/79, de 1 de Agosto e Lei n.º 115/2009, de 12 de Outubro.

Introdução

Após a prática de um acto tipificado na lei criminal e o decursodo respectivo processo-crime, segue-se, em regra, o cumprimentode uma pena, algumas das quais privativas da liberdade. Assimsendo, após a revisão penal e processual penal, era imperativo umarevisão do regime de execução das penas.

Parece-me importante começar, por caracterizar, ainda que deforma breve, a conjuntura penitenciária que tínhamos aquando daelaboração dos diversos diplomas, nomeadamente e concretamentedesde 1936, pois a minha pretensão não é fazer uma descriçãominuciosa da nossa evolução histórica nesta matéria.

A meu ver, o factor mais importante que se pode retirar dareforma de 1936, é a situação de pela primeira vez ter sido anali-sada a questão prisional na perspectiva prática do sistema de exe-cução, olhando o sistema executor numa lógica coerente e dirigidapara o resultado concreto, construindo o sistema de baixo paracima, erigindo o enquadramento do preso de forma a se perceber o

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sentido prático e útil da pena aplicada, possibilitando a concretiza-ção dos princípios e das normas e a sua reconstrução evolutivaquando aconselhável.

Assim a reforma geral nesta matéria só vem a efectivar-secom a Organização Prisional de 1936 (Decreto n.º 26 643, de 28 deMaio de 1936) que segundo Eduardo Correia “bem pode conside-rar-se a mais acabada articulação legal da ciência penitenciária daépoca”(1) e que Jescheck diz ser “de alta importância no domínioda penologia”(2). 

Foi a “obra” de Beleza dos Santos que tornou possível quePortugal tivesse sido apontado por muitos especialistas estrangei-ros, como um dos países mais progressivos em matéria de direitose realizações penitenciárias.

Sobre os tempos pós 36 há ainda que registar a enorme impor-tância da segunda metade da década de cinquenta e dos anos ses-senta como tempos de enorme investimento na melhoria das condi-ções  de  reclusão.  A  reforma  criou  duas  grandes  classes  deestabelecimentos prisionais: as prisões, por um lado, e os estabele-cimentos para medidas de segurança, por outro. 

Assinale-se que se sucedeu uma autêntica proliferação demodificações  ao diploma de 1936, de  carácter mais ou menosadministrativo — facto a que a rigidez do sistema progressivo quea reforma instituía não foi alheia — dando origem a uma situação aque urgia pôr cobro. 

Nesse  sentido,  e  inscrevendo-se  no  amplo movimento  derenovação penitenciária verificado em diversos países, foi feita areforma dos Tribunais de Execução de Penas de 1976 e também alei de execução das penas e medidas privativas de liberdade de1979, aprovada pelo Decreto-Lei n.º 265/79, de 1 de Agosto, e queentrou em vigor a 1 de Janeiro de 1980.

(1) CORREIA, EDUARDO, Prof. Doutor José Beleza dos Santos, discurso proferidona sessão de homenagem à memória do Prof. Doutor José Beleza dos Santos, realizada naArrifana, em 3 de Novembro de 1973, p. 13. In ANABELA MIRANDA RODRIGUES, “NovoOlhar sobre a Questão Penitenciária”, Coimbra Editora 2002, pág. 13, nota 10. 

(2)  JESCHECK, “La Reforme Pénale Allemande et Portugaise”, Estudos “in memo-riam” do Prof. Doutor José Beleza dos Santos, BFD, Suplemento XVI, p. 433 s. In ANA-BELA MIRANDA RODRIGUES, Novo olhar sobre a Questão Penitenciária, Coimbra Editora2002, pág. 13, nota 11.

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Esta reforma veio consagrar, no campo dos direitos e deveresdos reclusos, da responsabilidade da administração e da jurisdicio-nalização da execução, a mudança evolutiva inevitável que sopravainternacionalmente e que, foram o anúncio que precedeu às altera-ções produzidas na legislação penal e processual dos anos oitenta e,de algum modo, a definição da política criminal hoje em vigor.

Importa sublinhar que foi clara, entre nós, a evolução da posi-ção do recluso desde o séc. XIX até aos nossos dias. Evolução que,se de início, se suporta fundamentalmente na reacção às condiçõesem que se executava a pena, se desenvolve depois, tendo comometa e ideia da ressocialização do preso e da criação de condiçõesobjectivas que pudessem favorecer tal propósito e, por último seafirma na perspectiva essencial do recluso sujeito e não objecto daexecução, com todas as consequências inerentes relativamente àsobrigações daí decorrentes para o Estado e a discussão sobre limi-tes que em si mesma comporta.

A tensão dialéctica entre, por um lado, os objectivos últimosda execução das penas e a posição do recluso como sujeito da exe-cução e, por outro, as condições físicas e técnicas com que a admi-nistração materializa o cumprimento das penas e medidas e osparâmetros definidores dos conceitos de ordem e segurança nosestabelecimentos  prisionais,  permanece  como  nó  górdio  destatemática, e a síntese que permanentemente se busca atingir.

Não cessou, de facto, antes se tornou no desafio mais actual, adiscussão sobre a exacta medida em que o exercício dos direitosfundamentais constitucionalmente garantidos, que a própria natu-reza da prisão não inibe temporariamente, pode e deve sofrer com-pressão durante a execução da pena.

Justifica-se, neste incurso expositivo, duas notas, tal comorefere a Professora Doutora Anabela Miranda Rodrigues(3).

Em primeiro lugar, é digno de relevo que, ao invés, do quesucedeu noutros países, a orientação da execução da pena de prisãopara a socialização do delinquente não tenha sido questionada. Naverdade, a ideia de recuperação do delinquente — que inspirara,

(3)  RODRIGUES, ANABELA MIRANDA, “Novo Olhar sobre a Questão Penitenciária”,Coimbra Editora 2002, págs. 14 e ss.

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um pouco por todo o lado, a execução da pena de prisão — sofreu,em alguns países, inflexões consideráveis, quando não verdadeirasperversões, sendo noutros, pura e simplesmente abandonada. 

Portugal manteve-se fiel ao ideário socializador.Para além disto, e em segundo lugar, Portugal acompanhou a

autentica  “revolutio”  que  significou  reconhecer  o  recluso  comosujeito de direitos, “parte” na relação jurídica que o liga à administra-ção penitenciária, e consagrar o controlo jurisdicional da execução(4).

É já hoje um lugar-comum dizer-se que a regulação jurídicado  estatuto  do  recluso  constitui  um  dos  pilares  do  modernodireito penitenciário. No lento e complexo processo de consoli-dação da posição jurídica do recluso, surge, em primeiro lugar, oreconhecimento  das  garantias  constitucionais  e,  em  segundolugar, a valorização dos direitos dos reclusos que é, de algummodo, ainda, reflexo do movimento geral de defesa dos direitosfundamentais. 

Neste ponto, parece-me importante referir qual o sentido dajurisdicionalização da execução. O que está aqui em causa é ter-sereconhecido que a tutela efectiva dos direitos dos reclusos supõeque estes possam dirigir-se a órgãos jurisdicionais. Pese embora olabor legislativo de conformação do estatuto jurídico do recluso— ou, de uma certa perspectiva, exactamente por isso —, é essen-cial a institucionalização de um órgão jurisdicional a que caibafiscalizar  o  âmbito  das  limitações  àqueles  direitos. A  não  serassim, estar-se-á sempre na iminência de que a aplicação práticadas  leis  prisionais  acabe  por  esvaziar  de  conteúdo  princípiosgarantísticos.

Em 1944, num tempo, que não era ainda o dos “direitos dosreclusos”, a jurisdicionalização da execução obedeceu a uma preo-cupação de evitar — nas palavras de Beleza dos Santos — “umainterferência de carácter judiciário na vida interna das prisões, istoé, na efectivação ou na fiscalização do regime penitenciário que aídeve observar-se”(5). 

(4)  RODRIGUES, ANABELA MIRANDA, Coimbra,  1982,  “A Posição  Jurídica  doRecluso na Execução da Pena Privativa de Liberdade. Seu Fundamento e Âmbito”,págs. 58 e ss.

(5) BELEZA DOS SANTOS, “Os Tribunais de Execução de Penas”, p. 290. Ao tempo,

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O primeiro passo no sentido da jurisdicionalização da execu-ção das penas e medidas de segurança privativas da liberdade foidado, em Portugal, com a criação do Tribunal de Execução dePenas  (Lei  n.º  2000,  de  16  de Maio,  posta  em  execução  peloDecreto n.º 34 540, de 27 de Abril de 1945).

A execução das penas e medidas de segurança privativas daliberdade jurisdicionalizou-se num duplo sentido: conferindo com-petência para intervir a uma jurisdição especializada — o Tribunalde Execução de Penas — e alargando o âmbito da jurisdicionaliza-ção, o que se viria a traduzir numa repartição de competênciasentre os novos tribunais e os tribunais da “condenação”.

Um  outro  notável  diploma  é  o Decreto-Lei  n.º  265/79,  areforma de Eduardo Correia. Este diploma enfrenta a necessidadede responder às grandes questões de consagração e salvaguarda daposição do recluso, do sentido das regras que devem presidir àreinserção dos reclusos e da modernização e actualização dos ser-viços.

Passados cerca de dez anos sobre o Decreto-Lei n.º 265/79,criado que fora o Instituto de Reinserção Social em 1982, publi-cado o Código Penal em 83, e quatro anos depois o Código de Pro-cesso Penal, estabelecidas, portanto, as bases e as linhas estrutu-rantes da política criminal em vigor. Passado o tempo marcadopelo terrorismo e pelo rescaldo deste, ganham, na questão prisio-nal, no período final dos anos oitenta, importância prioritária ascondições físicas dos estabelecimentos prisionais, a resposta àsquestões do tratamento penitenciário, o suicídio, a toxicodepen-dência, a SIDA, entre outros. A planificação de crescimento doparque penitenciário inicia-se, mas a arma principal de combate àsobrelotação, que se impõe como problema maior, continua a ser operdão de penas e a famosa “amnistia”.

Sabemos hoje, olhar o recluso como pessoa, titular de direitosque lhe devem ser garantidos. As reformas do nosso tempo estão

afastavam-se os nossos tribunais de execução das penas dos juízes de vigilância italia-nos, dado que não tinham, diferentemente destes, “funções de inspecção ou de vigilân-cia nos estabelecimentos prisionais, nem qualquer intervenção nos estabelecimentosprisionais, nem qualquer intervenção nas questões entre reclusos e a Direcção” (p. 289,nota 1).

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aí, um pouco por todo o lado, a mostrar que aprendemos a lição damodernidade.

A nova plasticidade da pós-modernidade permite-nos olhar apessoa do recluso de uma forma descomprometida de preconceitos,categorias e estereótipos formais e interrogamo-nos sobre os seusdireitos. A elaboração científica e uma legiferação racional não sepodem distrair deste novo olhar sobre a questão penitenciária.

A finalidade última da execução da pena privativa da liber-dade é a socialização do recluso, contudo esta continua entre nós aser um mito. A prisão em vez de ser socializadora é verdadeira-mente dessocializadora.

O sistema sancionatório repousa na concepção básica de que aprivação da liberdade constitui a última ratio da política criminal.

Desta concepção derivam consequências, já denunciadas em2002 por Anabela Rodrigues, a dois níveis: (1) o da reconformaçãoda pena de prisão no sentido de se minimizar o seu efeito negativoe criminógeno e outorgar-lhe, em contrapartida, um sentido posi-tivo, prospectivo e socializador; (2) o da limitação da aplicaçãoconcreta da prisão, preconizando a sua substituição, sempre quepossível, por penas não institucionais(6). Para além disto, «o delin-quente tende a converter-se num inimigo e o direito penal num“direito penal para inimigos”. o requisitório é naturalmente afavor de um sistema eficaz que alie instrumentos e critérios repres-sivos a utensilagens e princípios de modernidade, postulando, aolado de um direito penal social (de colarinho azul), repressivo daviolência, um direito penal tecnocrático (de colarinho branco),orientado pelos fins. Tudo isto à custa de uma perda de memória,em que estavam inscritos princípios e razões que haviam formadoo património penal: os da protecção da dignidade da pessoahumana e da subsidiariedade da intervenção penal.

É igualmente certo que a “coerência” sem limites de uma polí-tica criminal preventiva não pode deixar de repudiar-se. Desde logo,porque não se pode desconhecer que a “racionalidade funcional estáaqui pré-ordenada à salvaguarda de bens jurídicos fundamentais”.

(6)  RODRIGUES, ANABELA MIRANDA, “Um Olhar sobre a Questão Penitenciária”,Coimbra, 2002, pág. 31.

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o que, por um lado, quer dizer que o sistema não se auto-legitima e, por outro, que é fragmentário. Se é verdade que os limi-tes à definição de bem jurídico apenas podem ser “tolerados” pela“ideia de fim” e entendidos como factores de “disfuncionalidade”por uma política criminal norteada pela prevenção, não é menosverdade que esses limites continuam a ser essenciais e irrenunciá-veis a uma pré-compreensão do direito penal»(7).

Contudo, nada disto tem razão de ser quando a socialização seconfinar aos seus indispensáveis limites. Acontece assim quando,como é pacífico entre nós, ela se faz radicar no dever que o Estadoincumbe — e que entronca na sua vertente social — de ajuda e desolidariedade para com os membros da comunidade que se encon-trem em especial estado de necessidade, como é o caso do recluso.Dever que se traduz em oferecer-lhe o máximo de condições paraprosseguir a vida sem que pratique crimes, por essa forma prevenindoa reincidência. Só nisto se exprime a exigência de socialização. Nãoem qualquer  imposição  coactiva de valores,  a  dar  cobertura ummodelo médico de tratamento ou à negação do direito à diferença.

Na década de setenta a socialização perdeu o seu estatuto deelemento chave da política criminal. As atenções viraram-se, nessaaltura, para outras intenções punitivas, tais como a dissuasão, apunição como justa retribuição, a prevenção situacional, a diversãoou não intervenção.

A situação agravou-se, na década de oitenta, quando qualquerdebate sério sobre “o que corria bem” com a socialização estevepraticamente interdito.

O “modelo de justiça”, dito neo-clássico, que pretendeu subs-tituir-se ao modelo socializador, talvez não tenha colocado seria-mente em causa a limitação das sanções através do princípio daproporcionalidade e da culpa. A verdade, porém, é que a importân-cia dada à noção de “justa punição” — sobretudo quando articu-lada com objectivos utilitários de inocuização ou de intimidaçãogeral — levou a que se gerasse, em muitos países, um clima repres-sivo e potencialmente desumanizante.

(7)  RODRIGUES, ANABELA MIRANDA, “Um Olhar sobre a Questão Penitenciária”,Coimbra, 2002, págs. 32 e 33.

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Entretanto,  o  abandono  do  modelo  socializador  que  estemovimento representou, não produziu as mudanças desejadas: acriminalidade não decresceu, as prisões ficaram cada vez maissobrelotadas, o sistema judiciário tornou-se mais moroso, o climadentro das prisões piorou visivelmente e a motivação profissionaldo pessoal diminuiu.

Perante este cenário era premente uma actualização da legis-lação penitenciária, face à desactualização das leis (Decreto-Leide 265/79 de 1 de Agosto, alterado pelos Decretos-lei n.º 49/80, de22 de Março, e n.º 414/85, de 18 de Outubro, e a Lei Orgânica dosTribunais de Execução das Penas, Decreto-Lei n.º 222/77, de 30 deMaio, e n.º 204/78, de 24 de Julho).

Ao  longo destas décadas  alterou-se o perfil  da populaçãoreclusa e verificou-se uma concreta evolução das técnicas de inter-venção seguidas na Europa. Contudo, nos diversos pareceres anali-sados(8) é notória uma preocupação generalizada. Todos fazemuma ressalva, no sentido de se interrogarem sobre se a alteraçãolegislativa,  mesmo  tão  substancial,  é  suficiente  para mudar  o“estado de coisas”. 

São hoje, já sobejamente conhecidas as criticas realizadas àinexistência de condições básicas de execução das penas e medidasde segurança, quer nas prisões, quer nos estabelecimentos de saúdeonde  se encontram os cidadãos a cumprir medidas de  interna-mento. O relatório de 2003 do Senhor Provedor de Justiça, “AsNossas Prisões”(9) alerta para vários problemas, nomeadamente, asobrelotação das cadeias, a não diferenciação entre reclusos a cum-prir penas e cidadãos a cumprirem medidas de coação de prisãopreventiva, a ausência de programas de trabalho para muitos reclu-sos, bem como, condições sanitárias absolutamente degradantes(caso do balde higiénico — situação denunciada pelo Comité dePrevenção da Tortura(10) — ou caso de celas com áreas muitopequenas,  sem ventilação). Apesar  de  o Relatório  de  2009  do

(8) Parecer do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, site www.smmp.pt;Parecer da Associação Sindical dos Juízes Portugueses, site www.asjp.pt.

(9) Ver site www.provedor-jus.pt.(10) Parecer  do  Comité  Europeu  para  a  Prevenção  da  Tortura,  19  de Março

de 2008, pág. 25, ponto 46.

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Comité de Prevenção da Tortura, afirmar que as condições dos nos-sos estabelecimentos prisionais são aceitáveis, não deixam de refe-rir a necessidade de uma regulamentação formal adoptada pelogoverno(11). Jamais, nos poderemos esquecer do imperativo consti-tucional de que a pena de prisão apenas implica que se retire aliberdade aos cidadãos e não o seu bem maior, a dignidade.

Análise

Nos últimos tempos, assistiu-se mesmo a uma “renovação” dopensamento socializador que se pode explicar de diversas manei-ras. Desde logo, porque os resultados da política de “justa punição”não foram satisfatórios.

A socialização deverá ter como finalidades fundamentais doisvectores:

a)  Evitar a dessocialização;b)  Promover a não dessocialização.Em relação ao primeiro vector, para se evitar a dessocializa-

ção deve fazer-se uma real aproximação à vida em liberdade. Isto épossível através de factores tão simples como permitir ao recluso autilização do seu próprio vestuário.

A socialização tem de ser pensada em termos tais que possa satis-fazer as necessidades dos reclusos para que a reincidência não acon-teça. É, por isso, que se defende que as prisões devem oferecer umasérie de serviços (psicológicos, médicos, sociológicos...). Os progra-mas de socialização não têm de ser feitos com o intuito do objectivofinal que é a não reincidência, mas em termos mais pessoais.

O êxito da socialização passa pelo processo em si e não somenteno objectivo final o da não reincidência. A socialização e a interven-ção nesta área nunca poderão ser coactivas. Mas, isto traz dificul-dade, porque é preciso saber o que é esse tratamento/ essa interven-ção, e quais as regras dentro de um estabelecimento prisional. Não se

(11) Parecer  do  Comité  Europeu  para  a  Prevenção  da  Tortura,  19  de Marçode 2008, pág. 15, pontos 16 e 17.

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pode obrigar nenhum recluso a participar nestes programas de inter-venção pessoal. A execução das penas e medidas de segurança priva-tivas da liberdade visa a reinserção do agente na sociedade, prepa-rando-o para conduzir a sua vida de modo socialmente responsável,sem cometer crimes, protegendo bens jurídicos e defendo a socie-dade — art. 2.º n.º 1 Lei n.º 115/2009, de 12 de Outubro.

O Decreto-Lei n.º 265/79, acabou com o programa progres-sivo. Os estabelecimentos prisionais fogem de um regime de plani-ficação individual de reabilitação porque, os chamados PIR, sãomuito difíceis de realizar. Os funcionários públicos trabalham porobjectivos e há casos em que se tem efectivamente avançado comos PIR. Quando estes têm sucesso existe um regime premial para orecluso, porque quando há um trabalho cumprido regularmentepelo recluso isso reduz automaticamente o seu tempo de pena.

A este respeito parece-me importante referir que uma medida quese poderia adoptar para atingir este fim, e que já se realiza na Suécia eem Inglaterra, é a entrevista motivadora com o objectivo evolutivo eque tem como finalidade um aspecto mais contratual ou premial.

Hoje, a execução de penas e medidas de segurança orienta-sepelo princípio da individualização do tratamento prisional e tempor base a avaliação das necessidades e riscos próprios de cadarecluso — art. 5.º n.º 1. 

Para além disto, existe um plano individual de readaptaçãoque visa a preparação para a liberdade, estabelecendo as medidas eactividades adequadas ao tratamento prisional do recluso, bemcomo a sua duração e faseamento, nomeadamente, nas áreas deensino, formação, trabalho, saúde, actividades sócio-culturais econtactos com o exterior — art. 21.º n.º 3. Este plano deve contarcom a participação do recluso. Para além disso, este plano indivi-dual  de  readaptação,  bem  como,  as  alterações  que  sofrer,  sãohomologados pelo Tribunal de Execução das Penas.

Penso que é por aqui que tem de passar a socialização, é coma ajuda destas medidas legislativas que se deve formular a base desocialização.

Em relação ao segundo vector, a promoção da não dessociali-zação, existem também alguns pontos que me parece importantereferir.

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Do ponto de vista do recluso, a posição jurídica é, por um lado,meramente “negativa” — analisa-se em direitos de liberdade oudefesa — e, por outro lado, “positiva”, integrada por direitos a pres-tações, exequíveis enquanto direitos subjectivos mediados por lei.

Os reclusos detêm, efectivamente, todos os direitos inerentesa todos os cidadãos, com excepção da liberdade. A Lei estabelece,hoje, um estatuto jurídico ao recluso (art. 6.º), tendo-se verificadouma cada vez maior convergência com os direitos e deveres doscidadãos não reclusos. Temos, um vasto elenco de direitos e deve-res dos reclusos nos arts. 7.º e 8.º, respectivamente, o que constituiuma inovação no ordenamento jurídico português. 

Desta inovação, destacam-se, o direito à informação, consultae aconselhamento  jurídico por parte de advogado, o direito deacesso ao seu processo individual, a ampliação do direito a manterconsigo filhos até à idade dos cinco anos, o direito de sufrágio e odireito à protecção da vida privada e familiar. Contudo, observa-seuma excepção, pois os deveres do recluso são orientados para umavivência respeitadora das regras existentes no meio prisional comoforma de preparação cívica para o regresso à sociedade. Para termi-nar, resta-me referir um aspecto inovador da execução de penasque é a problemática das visitas íntimas (art. 59.º). Um outro factogerador de preocupação é o Relatório do Comité para a Prevençãoda Tortura denunciar que muitos detidos nas prisões portuguesas sequeixam que não lhes tenha sido permitido o contacto com os seusadvogados(12).

O novo diploma consagrou a protecção das vítimas como fac-tor de ponderação na tomada de algumas decisões — ex: arts. 14.ºn.º 1 al. b), 19.º n.º 2, 46.º n.º 1 al. b), 68.º n.º 2, 71.º n.º 1, 73.º, 75.ºn.º 3, 78.º n.º 2 al. b), 126.º n.º 1, 173.º n.º 1 al. b), 188.º n.º 4 al. b),225.º n.º 2 al. b). Sucintamente, no momento de ingresso, o reclusoé avaliado, tendo em conta, além do mais, os riscos que ele repre-senta para terceiros, para a comunidade e para a vítima; na conces-são de licenças de saída, ponderam-se entre outros, as necessidadesde protecção da vítima; a remuneração auferida pelo recluso é par-cialmente  afectada  ao  cumprimento  de  obrigações  judiciais,

(12)  Ibidem, pág. 15 e 17, ponto 19, 20, 23 e 24.

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nomeadamente, prestações de alimentos e indemnizações à vítima;mediante consentimento, o recluso participa em programas de jus-tiça restaurativa e de reparação da sua ofensa. 

Tal como se pode ler no Parecer do Sindicato dos Magistradosdo Ministério Público (SMMP) “talvez fosse o momento própriopara aprofundar uma discussão sobre qual o papel da vítima e doofendido no nosso Direito Penal”(13).

Não  chocaria,  por  exemplo,  que  “a  liberdade  condicionalpudesse ser concedida após o cumprimento de um terço da pena deprisão nos crimes de natureza exclusivamente patrimonial, em quetivesse ocorrido um ressarcimento completo da vítima durante aexecução da pena, desde que o mesmo fosse efectuado de formavoluntária pelo condenado”(14).

O recluso, encontra-se hoje, inserido nas políticas nacionais desaúde, formação, trabalho, ensino e apoio social, concretizando-seestas inovações na participação das entidades públicas e privadas,que dinamizam a reinserção e a reintegração do recluso. O períodode reclusão deve ser visto como uma oportunidade para reforçar oslaços de cidadania do recluso, aumentando a sua inclusão na socie-dade. Para atingir este objectivo, a execução da pena deve realizar-se em cooperação com a comunidade, mantendo-se os seus direitoscivis e políticos, nomeadamente, o direito ao sufrágio. 

Tal como já referia o relatório do Provedor de Justiça, este novodiploma, veio concretizar a integração do recluso no Serviço Nacio-nal de Saúde permitindo uma igualdade com o cidadão livre(15).Uma das maiores preocupações neste campo, estão relatadas no rela-tório do Provedor de Justiça e que passo a transcrever: “Nesta maté-ria, é imperioso lembrar que persiste, aspecto marcante no quadrode propostas e recomendações traçado pelo Provedor de Justiçadesde 1996, a quase inexistência de políticas de redução de riscosno seio dos estabelecimentos prisionais, isto ligando o fenómeno datoxicodependência ao das doenças infecciosas, de que o exemplomais conhecido é a SiDA mas que tem um parceiro não menos terrí-vel, por mais insidioso e menos mediático, na Hepatite C.

(13)  Parecer do SMMP, ponto 2.(14)  Idem, ponto 6.(15)  Provedor de Justiça, Relatório “As Nossas Prisões”, 2003, pág. 31.

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Assim, no que toca à prevenção da transmissão por viasexual, embora a situação seja melhor que em 1996, continua porencontrar a efectiva disponibilização de meios materiais e conteú-dos que minimizem o risco em situação de confinamento, maisparecendo que se persiste em confiar no discernimento de quem,porventura e apesar dos esforços, não o possui verdadeiramentepara uma decisão informada.

mesmo após a feitura de meritória investigação em meio pri-sional, que confirmou a existência de consumo de drogas por viaparentérica, insiste-se em negar o risco que representa a partilha,por muitos, de escassos instrumentos, por vezes artesanais, deinjecção.

Desde logo, e é só isso que se defende, custa a perceber asrazões impeditivas do estudo e análise sem preconceitos de solu-ções neste campo, o qual, aliás, tem registado progressos notáveisem países aqui bem próximos.

Tratando-se de questão cuja resolução não é isenta de dúvi-das e riscos, daí mesmo se comprovando a necessidade de estudo eexperimentação, é bem de ver que importa ganhar para esta causaa colaboração motivada de elementos tão essenciais para osucesso de qualquer medida, como são os funcionários prisionais.importa, assim, numa concertação de perspectivas e de experiên-cias, garantir uma clarificação desta matéria, como se explicitaráadiante.

Se quanto ao consumo de estupefacientes tenho essa posição,julgo que ainda muito há a fazer no domínio ao combate ao tráficodos mesmos, em geral enquadrando-os nas questões de segurançaque, de modo tão cruel e visível, ensombraram a realidade peni-tenciária nos últimos anos.

Também aqui a personalização de regimes, em termos desegurança, de acordo com informação correctamente adquirida etratada, permitirá minimizar o risco ou mesmo obviar à repetiçãode tais sucessos. No domínio estrito do tráfico de estupefacientes,para além da dotação de equipamentos e remodelação de estrutu-ras de que muitos estabelecimentos bem carecidos estão, volto ainsistir, pelo aproveitamento que representam de recursos públicose pela desejável transparência que deve presidir à execução de

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penas, no recurso a meios externos ao sistema, designadamentedos cinotécnicos das forças de segurança, e na escrupulosa obser-vância do mais estrito sigilo na preparação de acções de revista,que devem ser mais frequentes e abrangentes do que têm sido”(16).

O Parecer do Comité para a Prevenção da Tortura, recomendaque as autoridades portuguesas tomem as providências necessáriaspara eliminar o fornecimento e circulação de drogas ilegais nomeio prisional, bem como, devem prevenir o consumo e o tráficopor  parte  dos  reclusos.  Para  a  concretização  destes  factores  énecessário que as autoridades desenvolvam programas de desinto-xicação, devidamente, acompanhados psicologicamente e fomen-tando a sua educação(17).

Outros factores como o ensino, a formação profissional e otrabalho devem ser proporcionados numa lógica de empregabili-dade e de reinserção social. 

Também neste campo, a ressocialização tem o papel funda-mental, reforçando as competências pessoais, sociais e familiaresdo recluso. Ganha relevo nesta abordagem a questão da ocupação,aqui entendida não como ergoterapia ou modo de aquisição dedinheiro de bolso durante a reclusão, mas como um verdadeiromodo realização do ser humano, na obtenção ou na expressão dassuas competências, direccionado eminentemente para a melhoriadas condições de base com que poderá prover a sua subsistência nomomento da libertação.

O trabalho prisional está hoje regulamentado com base noregime geral das relações laborais, respeitando sempre que possí-vel as suas características. Os trabalhadores reclusos têm direitos edeveres, horários, regalias sociais, subsídio de desemprego, aci-dentes de trabalho, doenças profissionais, bem como, direito à sus-pensão e dissolução da relação laboral. Finalmente, no que toca àremuneração parte do salário visará garantir a futura reinserção dorecluso. A definição de trabalho, encontra-se clarificada na Pro-posta de Lei n.º 252/X(18), pois alarga-se o conceito à prestação de

(16)  Idem, págs. 30-32.(17)  Supra nota 10, págs. 26 e 27, ponto 49 a 52.(18)  Proposta de Lei n.º 252/X, Presidência do Conselho de Ministros, exposição

de motivos, pág. 7.

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serviços auxiliares de limpeza e manutenção das instalações. Tra-balho esse que deve ser  remunerado equitativamente e benefi-ciando de protecção em matéria de acidentes de trabalho e doençasprofissionais.

Contudo, “não basta conceder ou ministrar cursos de forma-ção, se o mercado não acolher positivamente esses conhecimentose experiências, por não satisfazerem necessidades de trabalho emmeio livre. Tão pouco releva minimamente, para o desempenho deuma actividade profissional em liberdade a esmagadora maioriade faxinas, que corresponde ao grosso da ocupação laboral dosreclusos. A intervenção das autarquias, das instituições públicasligadas ao emprego, das associações empresariais e empresas daregião, das iPSS e outras entidades do sector social, em articula-ção estreita com o sistema, deve portanto, ser potenciada a nívellocal como nacional”(19).

Quanto à responsabilidade pela ordem, segurança e disciplinanos estabelecimentos prisionais e a programação e execução deprogramas de tratamento penitenciário, esta é da exclusiva compe-tência dos serviços prisionais.

Os regimes de detenção, foram também clarificados, sendo osestabelecimentos prisionais constituídos por uma ou várias unida-des, diferenciadas em função dos factores previstos nas als. a), b),c) e d) do art. 9.º.

De acordo com o Parecer do SMMP, denotam-se algumasdúvidas sobre a sua aplicação à generalidade do território nacional,se não existir investimento em infra-estruturas prisionais(20).

Tendo em conta a avaliação do recluso e a sua evolução aolongo da execução, as penas e medidas privativas da liberdade sãoexecutadas  em  regime  comum,  aberto  ou  de  segurança  —arts. 13.º, 14.º e 15.º. O art. 13.º define como regime geral o regimeaberto, uma vez que o condenado só é colocado em regime comumquando a execução da pena não possa decorrer em regime aberto.Vamos ver se num futuro próximo a população portuguesa vai con-cordar com esta solução.

(19)  Supra nota 15, pág. 30.(20)  Supra nota 13, ponto 3.1.

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Também o art. 14.º, que na versão original da Lei n.º 115/2009,poderia desacreditar a justiça, no que diz respeito à colocação dorecluso em regime aberto no exterior, devido à dificuldade em com-preender que um indivíduo condenado à pena máxima (25 anos deprisão) possa, passados pouco mais de 6 anos circular sem vigilân-cia no exterior do estabelecimento prisional. Na opinião do SMMPo regime aberto deverá ser reservado para um momento próximo daliberdade condicional(21).

Parece-me que, de facto, esta situação passa, uma imagem demaior impunidade, num momento em que se verifica um aumentoda criminalidade. Para além disso, na versão original esta Lei con-tinha alguns problemas, pois de acordo com a anterior redacção oart. 14.º n.º 6 al. b), a colocação do recluso em regime aberto noexterior é da competência do director-geral dos Serviços Prisio-nais, nomeado politicamente. Esta norma poderia levantar ques-tões muito delicadas, sobretudo se os condenados fossem figuraspúblicas com ligações à vida política, pois um elemento ligado aopoder executivo  teria mais  influência no cumprimento de umapena do que uma decisão do Poder Judicial.

Em consequência, poder-se-ia verificar alguma promiscui-dade entre o poder executivo e o poder judicial. Mas, a críticapoderia ir ainda mais longe porque, o director-geral dos ServiçosPrisionais poderia utilizar esta sua competência como uma formade gestão dos meios prisionais.

Todavia, este problema já tinha sido um pouco esbatido, aoassegurar-se na redacção original do n.º 8 do mesmo artigo, que “asdecisões de colocação em regime aberto no exterior, são comunica-das ao Ministério Público junto do Tribunal de Execução das Penaspara verificação da legalidade”.

Contudo, com todas estas críticas, o poder legislativo apres-sou-se a tentar resolver esta questão, alterando o diploma com vistaa incorporar nesta matéria a necessidade de esta decisão de coloca-ção do recluso em regime aberto no exterior depender de homolo-gação prévia do Tribunal de Execução das Penas, nos termos donovo artigo 172.º-A — art. 14.º n.º 8 da Lei n.º 115/2009, após as

(21)  Idem, ponto 4.

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actualizações(22). Estas actualizações vieram em bom tempo, vistoverificar-se uma situação perigosa e dúbia no sistema anterior-mente adoptado. O processo de homologação encontra-se definidono art. 172.º-A, sendo que “o Juiz pode solicitar parecer ao conse-lho técnico(23) e proceder à audição do recluso”. Após a tomada dedecisão, esta deve ser notificada ao Ministério Público e comuni-cada ao director-geral dos Serviços Prisionais(24).

O novo diploma incorporou o instituto da modificação da exe-cução da pena de prisão — anteriormente previsto na Lei n.º 36/96,de 29 de Agosto — alargando o seu âmbito de aplicação aos conde-nados afectados por doença grave, evolutiva e irreversível que jánão respondam às terapêuticas disponíveis; aos condenados porta-dores de deficiência permanente grave, que obrigue à dependênciade terceiros e seja incompatível com a normal manutenção emmeio prisional ou afecte a sua capacidade para entender o sentidoda execução da pena. Este largamento parece-me perfeitamenteaceitável, sobretudo, por uma questão de humanidade e de genero-sidade social, desde que não se descorem as exigências de preven-ção ou de ordem e paz social.

Com efeito, a relação que se estabelece entre o recluso e aadministração, depende do modo e da proporção como a execuçãoincorpore elementos do  tipo meramente “negativo” ou de  tipo“positivo”.

Se, naquele primeiro sentido, o enfoque se põe em limitar asconsequências nocivas que advém da privação da liberdade — oque, juridicamente, se traduz na protecção dos direitos dos reclusos— já aqueloutro, pressupondo uma execução que  lhe deve ser“útil”, compreende o dever de assegurar a efectivação de presta-ções, no sentido de contribuir para a realização de determinadosobjectivos.

Temos um outro princípio que não podemos deixar de anali-sar, o princípio da jurisdicionalização da execução, ampliando-sesignificativamente a  intervenção do Tribunal de Execução das

(22)  Lei n.º 33/2010, de 2 de Setembro e Lei n.º 40/2010, 3 de Setembro.(23)  As competências do conselho técnico encontram-se descritas no art. 142.º da

Lei n.º 115/2009.(24)  Art. 172.º-A n.º 5 da Lei n.º 115/2009.

EXECUÇãO DAS PENAS E MEDIDAS PRIVATIVAS DA LIBERDADE 583

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Penas e também passando o Ministério Público a verificar a legali-dade das decisões da Administração Prisional. 

Alguns exemplos concretos, são as decisões relativas à colo-cação do recluso quer em regime aberto, quer em regime de segu-rança, as decisões de retenção de correspondência e as decisões deaplicação de medidas especiais de segurança mais gravosas, sãocomunicadas ao Ministério Público junto do Tribunal de Execu-ção de Penas para verificação da respectiva legalidade. Quanto háproblemática da comunicação da leitura de correspondência — acomunicar pelo Ministério Público, nos termos do art. 68.º n.º 4 —deve ser feita uma pequena análise. Isto porque, se suscita a ques-tão  da  compatibilidade  constitucional  da  solução,  que  apenaspassa pela intervenção jurisdicional sobre a retenção da corres-pondência. 

Mas, não basta a afirmação dos direitos, é preciso que osreclusos possam recorrer aos tribunais para os defender. Isto é ajurisdicionalidade da execução das penas. No novo diploma refor-çam-se as garantias do recluso na sua relação com a administraçãopenitenciária, alargando o leque de decisões que o recluso podeimpugnar perante o Tribunal de Execução das Penas. Assim, orecluso passa a poder impugnar a legalidade das decisões de proi-bição de visitas, de restrição de contactos telefónicos, de não auto-rização de entrevista, de revogação de licença de saída ou de apli-cação das medidas disciplinares de permanência obrigatória noalojamento e de internamento em cela disciplinar, independente-mente da graduação temporal destas sanções. 

Esta jurisdicionalização do processo de execução permite ummaior controlo das decisões da administração numa área em queexiste uma forte tensão entre a Segurança do Estado e a Liberdadedo indivíduo, opinião expressa no Parecer do SMMP(25). O reclusopassa a poder impugnar judicialmente as decisões do Director doEstabelecimento Prisional que mais fortemente comprimem osseus direitos. Este novo diploma aproximou a estrutura do Tribunalde Execução das Penas à de qualquer outro tribunal, em que osrepresentantes do Ministério Público promovem a acção, cabendo

(25)  Parecer SMMP, ponto 3.3.

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o controlo e a decisão ao juiz. Conferiu legitimidade ao MinistérioPúblico para recorrer das decisões do Tribunal de Execução dasPenas e, pela primeira vez, para participar no Conselho Técnico.Não podemos esquecer que, o Ministério Público é o defensor dosdireitos e interesses legalmente protegidos do cidadão recluso e dalegalidade democrática. 

Assim sendo, não poderia somente promover a acção do Tri-bunal de Execução das Penas, mas também acompanhar e contri-buir para a fiscalização da respectiva actividade.

No que diz respeito ao regime de execução de penas quantoaos presos preventivos, não podemos deixar de salientar que esteainda beneficia da presunção de inocência e que não pode ser pre-judicado pelo facto de este estatuto jurídico se manter, em muitoscasos,  por  longos  períodos,  não  podendo  beneficiar  de  certosaspectos do regime de execução de penas. Assim sendo, a nova Leiprevê que a avaliação do preso preventivo seja feita com o intuitode suscitar a sua adesão, sempre voluntária, a actividades e progra-mas. Esta avaliação pode posteriormente ser valorada pelo tribunalà ordem do qual cumpre a medida de coacção, possibilitando umaeventual alteração da medida. Finalmente, salvaguarda-se tambéma hipótese de o preso preventivo poder receber visitas, sempre quepossível todos os dias, salvo algumas restrições. 

No  que  toca  à  saída  jurisdicional  de  preso  preventivo,segundo a Associação Sindical dos Juízes Portugueses (ASJP), estanão deve ser da competência do Tribunal de Execução das Penas,mas sim do Tribunal competente para decidir a manutenção oualteração da prisão preventiva, que continuará a ser o Tribunal de1.ª Instância(26). Contrariamente, atribui-se hoje, ao Tribunal deExecução das Penas a competência para acompanhar e fiscalizar aexecução da prisão e do internamento preventivos, subordinando-se algumas das suas decisões à concordância do tribunal à ordemdo qual se cumpre a medida de coacção, mas impondo-se sempreque lhe sejam comunicadas as decisões tomadas pelo Tribunal deExecução de Penas. Segundo a exposição de motivos da Propostade Lei n.º 252/X, verificam-se “três razões para fundamentar esta

(26)  Parecer ASJP, pág. 13.

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opção: (1.ª) o tribunal que ordenou a prisão preventiva não estásensibilizado para questões de regime de execução e de exercícioda actividade penitenciária, por isso tende a não acompanhar efec-tivamente o modo como é executada a medida de coacção, o quepode redundar num tratamento mais desfavorável do preso preven-tivo, absolutamente contrário à presunção jurídico-constitucionalde inocência de que é beneficiário; (2.ª) a igualdade de tratamentode todos os indivíduos privados da liberdade por ordem judicial; e(3.ª) prevendo-se um recurso especial para uniformização de juris-prudência dos Tribunais de Execução das Penas, convém concen-trar neste  tipo de tribunais  tudo quanto respeita à execução demedidas privativas da liberdade”(27). Apesar destes fortes argu-mentos, tendo a concordar com a ASJP.

Também o regime disciplinar sofreu alterações que o torna-ram mais compatível com a Constituição, nomeadamente, atravésdo cumprimento do princípio da legalidade e do reforço das garan-tias de defesa. Temos uma enumeração taxativa das infracções dis-ciplinares, classificadas em dois escalões, a admissão da suspensãoda execução da medida disciplinar e a possibilidade expressa de orecluso apresentar provas para sua defesa. Hoje, o Tribunal de Exe-cução das Penas tem um papel muito mais activo, garantindo-seassim, uma maior protecção do recluso.

O presente diploma atribuiu exclusivamente ao Tribunal deExecução das Penas a competência para acompanhar e fiscalizar aexecução de medidas privativas da liberdade, após o trânsito emjulgado da sentença que as aplicou. Consequentemente, a interven-ção do tribunal de condenação cessa com o trânsito em julgado dasentença que decretou o ingresso do agente do crime num estabele-cimento prisional, a fim de cumprir medida privativa da liberdade. 

No seu Parecer, o SMMP considera que esta pretensão só serácorrectamente exequível se for criada uma base de dados únicaonde se introduziriam todos os mandados de detenção pendentes,com vista ao cumprimento de penas, bem como, todas as decisõesque decretaram a prisão preventiva. Esta base de dados evitaria que

(27)  Proposta de Lei n.º 252/X, Presidência do Conselho de Ministros, exposiçãode motivos, ponto 16.

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o Tribunal de Execução das Penas pudesse libertar um condenadoquando existem processos judiciais em que foi decretada a prisãopreventiva relativamente ao mesmo ou aquele que tem penas deprisão para cumprir à ordem de outro processo(28). 

Contudo, surge aqui uma possível incongruência do sistema,pois o art. 470.º do CPP continua a dispor que a execução correnos próprios autos perante o presidente do Tribunal de 1.ª Instân-cia. Questiona-se se esta norma não colidirá com os poderes dopresidente do Tribunal definidos no novo regime do Mapa Judi-ciário(29).

Problematiza-se ainda, neste novo diploma, a questão da fun-damentação, nomeadamente, na decisão sobre licença de saídajurisdicional — art. 192.º. Não obstante existir um dever geral defundamentação constitucionalmente obrigatório e incontornável,entende-se que este artigo deveria fazer menção à fundamentaçãoda decisão, ainda que sumariamente, para não se suscitarem dúvi-das futuras. Finalmente, foi levantada a questão de saber se, deacordo com o art. 182.º, a pena se extingue quando a liberdade con-dicional é substituída pela antecipação da execução da pena aces-sória de expulsão? 

Se a pena se extinguir nesse momento assistiríamos a umadiminuição da pena, o que será uma situação de desigualdade entrecondenados. Se a pena não se extinguir, cria-se uma situação devazio até à data da extinção da pena.

No entendimento do SMMP, que eu corroboro inteiramente,deveria permitir-se a continuação da aplicação do regime da liber-dade condicional, mesmo aos cidadãos que sejam expulsos, sendo-lhes imposto a condição de não regressarem ao território nacionaldurante esse período(30).

Em conclusão a socialização tem como aspecto preponderanteos programas de tratamento, mas também a manutenção e afirma-ção dos direitos. Estes factores pretendem a autonomização e a res-ponsabilização dos reclusos.

(28)  Parecer do SMMP, ponto 3.4.(29)  Idem, ponto 3.5.(30)  Ibidem, ponto 5.

EXECUÇãO DAS PENAS E MEDIDAS PRIVATIVAS DA LIBERDADE 587

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Com este encadeamento de ideias parece-me ser importante,neste momento, fazer uma breve alusão aos direitos humanos dosreclusos em termos gerais, principalmente, ao nível de direito com-parado.

O respeito pelos direitos individuais dos reclusos, e em parti-cular da legalidade e da execução de penas, deve estar asseguradapela regulamentação nacional, através, de autoridade judicial ou,por qualquer outra autoridade legalmente habilitada, para visitar osreclusos, mas que não pertençam à administração penitenciária.

Vou, portanto, desenvolver um estudo comparativo dos meca-nismos de controlo, próprios do espaço europeu-ocidental.

Assim, passarei ao estudo dos principais sistemas de controlojudicial  penitenciário  da  Europa,  começando  por  uma  análisegeral, do que se poderá chamar, sistemas indirectos ou impróprios,ou seja, aqueles em que a intervenção do juiz do tribunal, especia-lizado ou não, apenas acontece em recurso com carácter, mera-mente, de justiça revisora, geralmente, de última instância.

A Suécia, é um dos países em que temos um sistema indirectoou impróprio. Nada põe em dúvida que a Suécia é um dos Estadosque mais tem apoiado os esquemas de tratamento penitenciáriobaseados na individualização científica dos reclusos. O panoramapenal com que esta lei ópera, caracteriza-se por um sistema depenas totalmente distinto do que podemos observar no nosso país:a prisão aberta existe para a maior parte dos condenados com penasprivativas da liberdade, sendo a única excepção os condenados portráfico de estupefacientes, mas apenas nos casos em que as penassão superiores aos anos daquelas que, em princípio, se prevê umregime fechado. O sistema sueco é um sistema, sobretudo, de con-trolo  administrativo;  é  a  autoridade  administrativa  que  decidesobre a ida de um recluso para um determinado centro, sendo que aprópria lei penitenciária refere, que os condenados a penas de umano, em geral, as cumpram em centros locais e as superiores a umano em estabelecimentos nacionais. 

Para além da Suécia, um outro sistema de controlo adminis-trativo é o alemão.

Mas é no sistema suíço, que o controle judicial é todavia maisindirecto.

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Quanto aos sistemas directos ou próprios temos como exem-plo a França.

Com efeito, no caso do sistema francês, existe a figura do Juizde aplicação de penas. Este não se limita apenas às funções de resol-ver certos incidentes que surjam durante a aplicação das penas pri-vativas de liberdade, mas também, durante a liberdade condicionalexercem um amplo controlo sobre os condenados, nomeadamente,dando assistência pós-penitenciária aos ditos libertados, bem como,aos vagabundos e, para além disto, exercem um efectivo controlosobre o cumprimento de penas restritivas de liberdade.

Actualmente, o conteúdo desta instituição é a seguinte: emprincípio tem competências para determinar para cada condenado,qual o tratamento penitenciário mais indicado, quais as condiçõesem que deve ser exercido, mas sempre dentro das previsões da lei(exterior, semi-liberdade, redução, fraccionamento, suspensão dapena, permissões de saída, revogação em algumas condições daliberdade condicional…). Cabe-lhe também decidir sobre o tipo decentro em que deve ser cumprida a pena.

Apesar de tudo isto, o “Calcanhar de Aquiles” desta institui-ção é tratar-se de somente um juiz, com a categoria de Magistrado,fazendo parte de um Tribunal de Instância Superior e que não podeexcluir-se das suas funções jurisdicionais ordinárias.

Um outro exemplo destes sistemas directos ou próprios são oitaliano e o polaco.

Para além destes e para finalizar este ponto, temos, obvia-mente o sistema português que tem na sua base o Tribunal de Exe-cução de Penas.

As competências do Tribunal de Execuções de Penas esten-dem-se: à declaração de perigosidade, da qual resulta se os reclu-sos ficam sujeitos a penas ou a medidas de segurança; decide asalterações ou o cessamento do estado de perigosidade; decide oprolongamento das penas impostas a delinquentes de difícil correc-ção ou configurados como muito perigosos; decide acerca da subs-tituição da pena pela liberdade vigiada ou por caução no caso dedelinquentes qualificados como de difícil correcção ou de extremaperigosidade. Além destas, tem também faculdades para substituiruma medida de segurança por outras menos graves; concede e

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revoga a liberdade condicional, assim como reduz a duração dasmedidas de segurança não privativas da liberdade…

Para além destes dois sistemas, temos o Brasil, onde existeum sistema misto.

O sistema brasileiro é o mais antigo ao nível de controlo dalegalidade dos actos administrativos-penitenciários, por órgãos inde-pendentes da Administração penitenciária, e que antecede inclusiva-mente as normas da Sociedade das Nações, que data de 1924.

Este sistema qualifica-se como misto, porque as competências decontrolo, hoje em dia, se repartem entre esse órgão não judicial inde-pendente chamado de Conselho Penitenciário e de composição emi-nentemente fiscalizadora, e por outro lado, o Juiz de Execução Penal.

O juiz penitenciário tem a competência, sobretudo, de cruzarCirculares ou Instruções aos órgãos administrativos penitenciários,determinando assim o sentido em que a administração deve ajustara sua actuação às prescrições legais. Esta é uma função conside-rada mais própria de um órgão administrativo que de um verda-deiro órgão jurisdicional.  

Encontra-se, assim, finalizado este breve estudo comparativodos vários sistemas europeus, bem como, toda a análise do con-teúdo dos diversos diplomas legais relevantes nestas matérias.

Conclusão

Após  a  concretização  de  nova  legislação  nesta  matéria,parece-me importante, focar as sugestões feitas pelo Comissáriodos Direitos Humanos, Álvaro Gil-Robles, aquando da sua visita aPortugal, em Maio de 2003, que me parecem de suma importância.Pela sua relevância, transcrevo as recomendações do seu Relatóriorelativas à administração da justiça e ao sistema prisional:

a) (…) “atribuir mais meios ao poder judicial e pôr em práticaas reformas necessárias para combater a lentidão dos proce-dimentos judiciários, em particular no caso dos processos-crime que envolvam longos períodos de prisão preventiva;

b) estudar, em conformidade com as normas europeias, umaalteração da definição de prisão preventiva, a fim de pre-

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ver a sua interrupção no caso de uma condenação em pri-meira instância;

c) desenvolver mais soluções de substituição da prisão pre-ventiva, nomeadamente por meio de pulseira electrónica,prevista na Lei n.º 122/99, e incentivar a aplicação destassoluções;

d) desenvolver novas medidas alternativas a fim de reduzir apopulação prisional;

e) reorganizar e reforçar o Instituto de Reinserção Social(IRS) para responder a estas necessidades;

f) responder  ao  problema do  sobrelotação  aumentando  acapacidade de acolhimento das prisões e desbloqueandoos fundos necessários à construção de novos estabeleci-mentos prisionais;

g) tratar  o  problema  da  toxicodependência  nas  prisões,incluindo a criação de unidades livres de droga noutrosestabelecimentos; assegurar um controlo pós-cura eficazdos reclusos aquando da sua libertação (com vista a favo-recer  o  seu  emprego  e  reintegração  social)  ou  do  seuregresso ao meio prisional comum.” (…)

Todas estas sugestões continuam-me a parecer plenamenteválidas, e são também algumas das repetidas críticas formuladasnos diversos parecer analisados, o que significa que com pouco sepode fazer muito pelo nosso sistema penitenciário.

Em síntese, temos hoje, uma legislação bastante mais desen-volvida, pois regulamenta de forma exaustiva todas matérias rele-vantes para a Execução das Penas e Medidas Privativas da Liber-dade.

Parece-me que se verificou um maior cuidado no tratamentodo recluso e dos seus direitos enquanto ser humano privado daliberdade. A ressocialização e a reinserção do agente estão hojemais garantidos, pelo menos legalmente, verificou-se um esforçoefectivo para uma reintegração responsável na sociedade, aquandoda libertação. “Para além da dignidade mínima que todo o serhumano tem de dispor, quanto às necessidades básicas da vida, aprivação da liberdade, no que indigno necessariamente acarreta,pela ablação de uma dimensão essencial de desenvolvimento do

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percurso vital de cada um, na busca da felicidade, deve, em ordemà sua perfeita justificação ética e jurídica, almejar suprir as cau-sas últimas que ocasionam a sua existência”(31).

Tendo em conta a análise comparativa realizada, apraz-medizer que a nossa legislação anterior, apesar de em vigor já hávárias décadas, muitos dos seus princípios fundamentais “transferi-ram-se” para a Lei n.º 115/2009.

Portanto, como tantas vezes é referido pela doutrina, ao nívellegislativo estamos sempre na linha da frente, o que me faz con-cluir que é necessária uma maior determinação política para a suaconcretização. Apela-se neste momento para esta situação tendoem conta que nesta área a questão da “law in action” é fundamentalpara que se não crie uma ilusão de que uma nova lei tudo vai resol-ver. Ao contrário, uma nova  lei, por muito boas  intenções quetenha, nada resolverá se não forem criadas condições para que sejaaplicada de uma forma efectiva(32). E essas condições não estão, detodo, implementadas em muitos dos estabelecimentos prisionaisnacionais  bem  como  nos  estabelecimentos  onde  se  encontramreclusos a cumprir medidas de internamento, tal como se pode con-cluir do Parecer da ASJP. Parece-me que no âmbito de aplicaçãoprática deste novo diploma, é importante não esquecer que a Segu-rança é uma função essencial do Estado e que este não se devedemitir da mesma por razões económicas. Muitos dos normativospresentes necessitam de meios humanos para a sua efectiva con-cretização,  e  isso  envolve  um  esforço  financeiro  por  parte  doEstado. Por outro lado, o Estado também não pode tentar “manipu-lar” o funcionamento dos estabelecimentos prisionais, fomentandomecanismos para colocar os condenados em regimes abertos, ouseja, fora dos estabelecimentos, tentando diminuir as despesas egerindo a população prisional. É errado supor-se que a política cri-minal deve ser determinada pela necessidade de gestão do sistema,e não vice-versa. Não se pode delinear e executar uma política cri-minal fundada em juízos valorativos decorrentes de realidade que,afinal, não está no seu cerne, mas sim ao seu serviço. Natural-

(31)  Provedor de Justiça, Relatório “As Nossas Prisões”, 2003, pág. 22.(32)  Parecer ASJP, pág. 2.

592 MARIA JOãO SIMÕES ESCUDEIRO

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mente, que a política criminal afecta a política penitenciária, já queesta tem de se enquadrar naquela e dar resposta às necessidades porela geradas. Qualquer facilitismo por que se queira enveredar nestamatéria, gera uma possível quebra de legitimidade do direito insti-tuído pela comunidade. Na verdade, em termos puramente direc-cionados para o sistema prisional e o que a comunidade dele devepretender, a resposta não está na diminuição nem no agravamentodas penas, mas sim, em que estas sirvam para alguma finalidadepositiva, não se diluindo curtas ou longas, na utilidade dos dias quepassam. 

É precisamente ao nível da eficácia do sistema que tem de serlida a evolução do número de reclusos presentes ao longo dos últi-mos 30 anos. A ressocialização do agente, mas sobretudo, a ordeme a paz social tem de ser sempre, o ponto de partida nestas maté-rias. Contudo, parece-me que algumas soluções aqui concretizadasserão dificilmente compreendidas pela comunidade portuguesa.O futuro o dirá, mas temo no que diz respeito a algumas matérias,o sistema punitivo português tenha saído mais desacreditado e des-credibilizado.

EXECUÇãO DAS PENAS E MEDIDAS PRIVATIVAS DA LIBERDADE 593

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Conteúdo e

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594 MARIA JOãO SIMÕES ESCUDEIRO

ConteúdoDL n.º 265/79, de 1 de Agosto

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Lei n.º 115/2009de 12 deOutubroArtigos

Órgãos superioresdos serviçoscriminais e dosserviços depreparação dopessoal.

Art. 1.ºa

Art. 6.º_____ _____ _____

Hoje, encontra-seem diplomaavulso.

Dos serviços deobservação.

Art. 7.ºa

Art. 12.º

Art. 169.ºe

Art. 170.º

Competênciasdos centros deobservação.

Título XVI

Capítulo III

Hoje, temos medidasde segurança deinternamento.

Brigadas móveis.Art. 13.º Art. 171.º Brigadas móveis. _____ _____

Funções dos anexospsiquiátricos.

Art. 15.º Art. 172.ºFunções dos anexos

psiquiátricos._____ _____

Direcção dos anexospsiquiátricos.

Art. 16.º Art. 173.ºDirecção dos anexos

psiquiátricos._____ _____

Autorização deinternamento.

Art. 17.º  Art. 174.ºAutorização deinternamento.

_____ _____

Competência doshospitais

psiquiátricos. Art. 18.º

Art. 167.º n.º 3

Competência doshospitais

psiquiátricos._____ _____

Internamento dereclusos. 

Art. 19.º Art. 175.ºTempo de

internamento._____ _____

__________ Art. 166.ºFunções dos

hospitais prisionais.Art.126.º n.º 2

As medidas deinternamento sãoexecutadas emunidade de saúdemental ou em

estabelecimentosprisionais

especialmentevocacionados. 

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EXECUÇãO DAS PENAS E MEDIDAS PRIVATIVAS DA LIBERDADE 595

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ArtigosConteúdo

Lei n.º 115/2009de 12 deOutubroArtigos

Conteúdo e

Diferenças

Funções dosestabelecimentos

prisionais.Art. 21.º _____ _____ _____ _____

__________ Art. 157.ºExecução das

medidas privativasde liberdade.

Art. 1.º n.º 1

Execução das penas emedidas privativas deliberdade. Somenteforam acrescentadosos estabelecimentos

destinados aointernamento deinimputáveis.

Postos de detenção.Art. 22.º  Art. 164.º Postos de detenção. _____ _____

Estabelecimentospara a execução dasmedidas privativasde liberdade.

Art. 23.º Art. 158ª

Estabelecimentospara a execução dasmedidas privativasde liberdade.

Art. 9.º

Organização dosestabelecimentos

prisionais.Hoje, a organização

destesestabelecimentos foielaborada em funçãodas necessidades dos

reclusos.

Centros deobservação e

anexos psiquiátricos.Art. 24.º

Art. 168.º

Centros deobservação e

anexos psiquiátricos._____ _____

Estabelecimentosprivativos da Polícia

Judiciária. Art. 26.º Art. 163.º

Estabelecimentosprivativos da Polícia

Judiciária._____ _____

Internamento dereclusos em

estabelecimentos quenão correspondam àsua situação penal.

Art. 27.º _____ _____ _____ _____

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596 MARIA JOãO SIMÕES ESCUDEIRO

Tribunaismetropolitanos eultramarinos.

Art. 28.º _____ _____ _____ _____

Classificação emfunção da segurança.

Art. 29.º Art. 159.ºClassificação em

função da segurança.Art. 10.º

A classificaçãopassou a ser feita emfunção do nível desegurança, mastambém da

complexidade degestão.

Aquisição de bens.Art. 30.º Art. 165.ºAfectação deencargos.

_____ _____

Lotação.Art. 31.º Art. 179.º Lotação. _____ _____

__________ Art. 180.ºProibição desuperlotação.

_____ _____

Estrutura dosestabelecimentos.

Art. 32.º  Art. 176.ºEstrutura dos

estabelecimentos.Art. 11.º

A estrutura orgânicaé definida no

Regulamento Geral.

Separação dosreclusos.

Art. 33.ºArt. 12 n.º 1

Separação dosreclusos.

Art. 20.º

Afectação aestabelecimento

prisional ou unidade.Conteúdos idênticos,mas acrescentam-se

várias outrasponderações.

Característicasespeciais das prisõespara mulheres.

Art. 34.º Art. 161.ºInstalações especiaispara mulheres.

Art. 4.º n.º 3 e

Art. 9.º n.º 2al. d)

Devem existirestabelecimentosprisionais paramulheres. Estesdevem respeitar assuas necessidades

específicas.

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EXECUÇãO DAS PENAS E MEDIDAS PRIVATIVAS DA LIBERDADE 597

Característicasespecíficas de cadaestabelecimento deacordo com o tipo de

segurança. 

Art. 35.ºa 

Art. 37.º_____ _____ Art. 10.º

As classificações sãodefinidas através de

portaria doMinistério da Justiça.

Pessoal dosestabelecimentos.

Art. 38.ºArt. 194.ºn.º 1 e 2

Pessoal dosestabelecimentos.

_____ _____

Direcção doestabelecimento.

Art. 39.º Art. 182.ºDirecção do

estabelecimentoArt. 11.ºn.º 2

Os cargos de directore subdirector sãoescolhidos por

despacho do Ministroda Justiça, sob

proposta do Director--Geral dos Serviços

Prisionais.

Órgãos deassistência moral e

espiritual.Art. 40.º Art. 192.º

Órgãos de assistênciamoral e espiritual.

Art. 56.º e

Art. 57.º

A terminologia foialterada para“AssistênciaReligiosa”,Título X.

O princípio daliberdade de religiãoe de culto mantém-se.

Órgãos deassistência à saúde.

Art. 41.º Art. 193.ºÓrgãos de assistência

à saúde.

Art. 32.º a 

Art. 37.º

Hoje, temos todo oTítulo VII, a definire a determinar a

protecção da saúde.

Pessoalespecializado dosestabelecimentos.

Art. 42.ºArt. 194.ºn.º 3

Pessoal especializadodos estabelecimentos.

Art. 11.ºn.º 1

Esta matéria édefinida pelo

Regulamento Geral.

Pessoal de vigilância.Art. 43.º _____ _____ _____ _____

Pessoal dos quadrospermanentes.

Art. 44.º _____ _____ _____ _____

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Conteúdo e

Diferenças

Nomeação do pessoaldos estabelecimentos.

Art. 45.ºArt 194n.º 5

Nomeação do pessoaldos estabelecimentos.

_____ _____

Serviços doestabelecimento

Art. 46.º Art. 181.ºServiços do

estabelecimento_____ _____

Composição doConselho

Administrativo.Art. 47.º Art. 188.º

Composição doConselho

Administrativo._____ _____

__________ Art. 189.ºCompetência do

ConselhoAdministrativo.

_____ _____

Composição doConselho Técnico.

Art. 48.º Art. 186.ºComposição do

Conselho Técnico.Art. 143.º

Hoje, define-se acomposição, mas

também a presidência.Esta compete ao Juiz

do Tribunal deExecução de Penas.

__________ Art. 187.ºCompetência doConselho Técnico.

Art. 142.º

As competências sãoidênticas, mas define-se que o ConselhoTécnico é um órgão

com funçõesconsultivas auxiliardo Tribunal de

Execução de Penas.

__________ Art.183.º

Competência dosdirectores dos

estabelecimentoscentrais e especiais.

_____ _____

__________ Art. 184.º

Competência dosdirectores dos

estabelecimentosregionais.

_____ _____

Page 33: Execução de Penas e Medidas Privativas da Liberdade - Análise Evolutiva e Comparativa

EXECUÇãO DAS PENAS E MEDIDAS PRIVATIVAS DA LIBERDADE 599

__________ Art. 185.ºRegulamentointerno.

_____ _____

CantinaArt. 49.º _____ _____ _____ _____

Pessoas que podementrar nos

estabelecimentosprisionais.

Art. 50.º _____ _____ _____ _____

Posição do recluso.Art. 51.º Art. 4.º n.º 1 Posição do recluso. Art. 6.ºEstatuto jurídico do

recluso.

Internamento dosreclusos.

Art. 52.º Art. 7.º Internamento dos

reclusos.Art. 17.º

Ingresso, foramacrescentadas duasalíneas: b) e e).

__________ Art. 10.ºDistribuiçãoprovisória dosreclusos.

Art. 19.ºn.º 1

Avaliação do recluso.

__________ Art. 11.ºCritérios de afectação

a umestabelecimento.

Art. 20.º

Afectação aestabelecimento

prisional ou unidade.A novidade é, sempreque possível a audição

do recluso.

__________ Art. 12.ºSeparação dosreclusos.

Art. 20.ºn.º 1 al. a)

Deve ser ponderado ocumprimento anteriorde pena de prisão, anatureza do crime

cometido e a duraçãoda pena a cumprir.

Transferências.Art 54.º

eArt. 55.º

Art. 13.º Transferências. Art. 22.º

Hoje, o artigo é umpouco mais completo,pois regula o meiocomo deve serefectuada atransferência.

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600 MARIA JOãO SIMÕES ESCUDEIRO

__________ Art. 14.ºEstabelecimentosabertos e fechados.

Art. 13.º,Art. 14.º,Art. 15.º

Regime comumaplica-se sempre quea pena ou medida

privativa da liberdadenão possa ser

executada em regimeaberto ou desegurança.

__________ Art. 15.ºPreparação para a

liberdade._____ _____

__________ Art. 16.ºMomento dalibertação.

Art. 24.ºMomento dalibertação.

Princípio de ingressodos reclusos.

Art. 56.º Art. 6.ºPrincípios de

ingresso dos reclusos.Art. 16.º

Princípios deingresso.

Registo dos reclusos.Art. 57.ºn.º 3

Art. 6.º n.º 4

Registo dos reclusos.Art. 16.ºn.º 7, 8 e 9

O Regulamento Geralconcretiza os

procedimentos deingresso.

Bens apreendidos.Art. 58.º _____ _____Art. 28.º n.º 2 e 3

Os objectos e valoresproibidos sãoapreendidos.

Informações a darao recluso.

Art. 59.ºArt. 6n.º 2

Informações a darao recluso.

Art. 16.º n.º 2

Os direitos e deveresdo recluso são-lheimediatamentecomunicados,explicados etraduzidos.

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Informações sobreo recluso.

Art. 60.º _____ _____ _____ _____

O processoindividual.

Art. 61.ºArt. 8.º 

eArt. 9.º

Observação paratratamento e planoindividual dereadaptação.

Art. 21.ºPlano individual de

readaptação.

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EXECUÇãO DAS PENAS E MEDIDAS PRIVATIVAS DA LIBERDADE 601

__________ Art. 17.ºAlojamento durante

o trabalho etempo livre.

_____ _____

__________ Art. 18.º Alojamento. Art. 26.º

Alojamento.Foram garantidosmais direitos aos

reclusos.

__________ Art. 19.º

Decoração do quartode internamento eposse de objectos

pessoais.

Art. 26.ºn.º 6

O recluso podemanter consigoobjectos a que

atribua valor afectivo.

Vestuário.Art. 63.ºArt. 20.ºn.º 3 e 4

Vestuário.Art. 30.ºn.º 3

Vestuário. Deve sermantido em bom

estado deconservação.

Vestuário.Art. 64.ºn.º 1e 2

Art. 20.ºn.º 1 e 2

Vestuário.Art. 30.º n.º 2 e 3

Vestuário.Características do

vestuário. 

Vestuário próprio.Art. 64.ºn.º 3

Art. 21.ºVestuário próprio.

Art. 30.º n.º 1 e 4

Vestuário próprio.

__________ Art. 22.º Roupa de cama.Art. 30.º n.º 5

Roupa de cama.

__________ Art. 23.º Higiene pessoal. Art. 27.º Higiene.

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Alimentação.Art. 65.ºn.º 1

Art. 24.º n.º 1 e 2

Alimentação.Art. 31.º n.º 1, 2 e 3

Alimentação.

Alimentação.Art. 65.ºn.º 2

Art. 24.ºn.º 4

Alimentação.Art. 31.ºn.º 1 in fine

A alimentação deverespeitar as

convicções filosóficase religiosas do

recluso.

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Diferenças

Alimentação especial.Art. 66.ºArt. 24.ºn.º 3

Alimentação especial.Art. 31.º n.º 2

Valor nutricional dasrefeições.

Géneros ou alimentosconfeccionados forado estabelecimento.

Art. 67.º Art. 26.ºGéneros ou alimentosconfeccionados forado estabelecimento.

Art. 31.º n.º 4 e 5

Géneros alimentícios.Ofertas ao reclusovindas do exteriordo estabelecimento.

Confecção dealimentos.

Art. 68.º Art. 25.ºConfecção dealimentos.

_____ _____

Proibição de bebidasalcoólicas.

Art. 69.º Art. 28.ºProibição de bebidas

alcoólicas._____ _____

Coacção para sealimentar.

Art. 70.º _____ _____ _____ _____

__________ Art. 27.º

Aquisições degéneros alimentíciose produtos parahigiene pessoal.

_____ _____

Tratamento médico.Art. 71.º  Art. 105.ºMédico da confiança

do recluso.Art. 32.º n.º 4

O recluso pode serassistido por médicoda sua confiança.

Local do tratamentomédico.

Art. 72.º _____ _____ _____ _____

Internamento emestabelecimentohospitalar nãoprisional.

Art. 73.º Art. 104.º

Internamento emestabelecimentohospitalar nãoprisional.

Art. 34.º

Cuidados de saúdeem ambulatório einternamentohospitalar nãoprisional. Os

requisitos necessáriosforam muitosimplificados.

Encargos com otratamento.

Art. 74.º _____ _____ _____ _____

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EXECUÇãO DAS PENAS E MEDIDAS PRIVATIVAS DA LIBERDADE 603

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Diferenças

__________ Art. 95.ºServiços médico--sanitários do

estabelecimento.

Art. 32.ºn.º 1, 2 e 3

Ao recluso égarantido o acesso acuidados de saúde.

__________ Art. 96.º Assistência à saúde. Art. 33.º

Defesa e promoçãoda saúde.

Asseguraram-se ummaior número de

direitos aos reclusos.

__________ Art. 97.º

Assistência médico--sanitária nos

estabelecimentospara mulheres.

_____Não há diferenciação

de género.

__________ Art. 98.ºAssistência médicano período de licença. 

_____ _____

__________ Art. 99.ºTratamento médicopara reinserção social.

_____ _____

__________ Art. 100.ºOrganização dos

serviços de assistênciamédico-sanitária.

_____ _____

__________ Art. 101.º Deveres do médico. Art. 37.º

Deveres do pessoalclínico. Alargou-seos deveres a todo opessoal clínico.

__________ Art. 102.ºPróteses e outrosmeios auxiliares.

_____ _____

__________ Art. 103.ºTransferência dos

reclusos por razões detratamento médico. 

_____ _____

__________ Art. 106.ºPermanência a céu

aberto.Art. 51.º

Permanência a céuaberto.

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Conteúdo e

Diferenças

__________ Art. 107.ºNotificação em casode doença ou de

óbito.Art. 36.º

Notificação em casode internamento,doença grave ou

morte.

Dever do trabalhoArt. 75.º Art. 64.º Dever do trabalho. Art. 41.º e ss.

Não háobrigatoriedade detrabalho, mas este émuito incentivado,bem como o ensino

e a formaçãoprofissional.

Princípios gerais dotrabalho.

Art. 76.º Art. 63.ºPrincípios gerais do

trabalho.Art. 41.º

Princípios gerais dotrabalho.

Organização dotrabalho.

Art. 77.º Art. 67.ºOrganização do

trabalho.Art. 42.º n.º 1

Organização dotrabalho.

Organização decampos de trabalho.

Art. 78.º _____ _____ _____ _____

Característicasdos campos detrabalho.

Art. 79.º _____ _____ _____ _____

Brigadas de trabalho.Art. 80.º _____ _____ _____ _____

Competênciasdas brigadas de

trabalho.Art. 81.º _____ _____ _____ _____

Aproveitamento dotrabalho dos presos.

Art. 82.º _____ _____ _____ _____

__________ Art. 65.ºAproximação dotrabalho na vida em

liberdade.Art. 42.º n.º 2

A aproximação dotrabalho à vida emliberdade é um dosprincípios daorganização do

trabalho.

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EXECUÇãO DAS PENAS E MEDIDAS PRIVATIVAS DA LIBERDADE 605

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ArtigosConteúdo

Lei n.º 115/2009de 12 deOutubroArtigos

Conteúdo e

Diferenças

__________ Art. 66.ºLivre emprego etrabalho por conta

própria.

Art. 42.º n.º 3

Com a devidaautorização o reclusopode trabalhar porconta própria.

__________ Art. 69.ºIsenção do dever de

trabalho._____ _____

__________ Art. 70.ºColaboração da

comunidade exterior._____ _____

Remuneração dotrabalho.

Art. 83.ºe

Art. 84.ºArt. 71.º

Remuneração dotrabalho.

Art. 41.º n.º 5

A remuneração dotrabalho é um dosprincípios gerais do

trabalho.

Repartição daremuneração.

Art. 85.º  Art. 72.ºRepartição daremuneração.

Art. 46.ºn.º 1 e 2

Destino e repartiçãoda remuneração.

Alterações àrepartição daremuneração.

Art. 86.º Art. 73.ºAlterações àrepartição daremuneração.

Art. 46.ºn.º 3

O director-geral dosServiços Prisionaispode autorizar umarepartição diferente.

Impenhorabilidadeda remuneração.

Art.88.º Art. 75.ºImpenhorabilidadeda remuneração.

_____ _____

Condições detrabalho.

Art. 89.º Art. 68.ºCondições detrabalho.

Art. 41.ºn.º 3

Manteve-se aaproximação aosdireitos dos

trabalhadores nãoreclusos.

__________ Art. 74.º Fundo disponível. _____ _____

__________ Art. 76.º Dinheiro de bolso.  _____ _____

__________ Art. 77.ºDinheiro de transiçãopara a vida livre.

Art. 46.º n.º 1 al. b)

A remuneração temcomo objectivo oapoio à reinserção

social.

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Conteúdo e

Diferenças

__________ Art. 78.ºCustas de

internamento._____ _____

Escolaridadeobrigatória.

Art. 90.º Art. 80.ºEscolaridadeobrigatória

Art. 38.º n.º 2

Escolaridadeobrigatória.

Tempo de frequênciadas aulas.

Art. 91.º _____ _____ _____ _____

__________ Art. 81.ºSubsídios com fins

formativos.Art. 39.º

Incentivos aoensino.

Ocupação dostempos livres.

Art. 92.ºe

Art. 93.ºArt. 83.º

Ocupação dostempos livres.

Art. 50.º Tempo livre.

Reclusos menoresArt. 94.º _____ _____ _____ _____

Trabalhos manuaisvoluntários.

Art. 95.º Art. 88.ºTrabalhos manuais

voluntários.Art. 45.º

Actividadeocupacional.

Rádio e televisão.Art. 96.º Art. 86.º Rádio e televisão. Art. 49.º

Actividades sócio--culturais e

desportivas. Hoje, dá--se maior relevo às

actividadesdesportivas.

Jornais e revistas.Art. 98.º Art. 85.º Jornais e revistas.

Biblioteca.Art. 99.º Art. 84.º Biblioteca.

__________ Art. 87.ºPosse de objectospara a ocupação dos

tempos livres. _____ _____

Liberdade dereligião e de culto.

Art. 102.º eArt. 103.º

Art. 89.ºLiberdade de

religião e de culto.Art. 56.º

Liberdade dereligião e de culto.

__________ Art. 90.ºManifestaçõesreligiosas.

_____ _____

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Conteúdo e

Diferenças

Assistência espiritual.Art. 104.º Art. 91.º Assistência espiritual. _____ _____

__________ Art. 92.ºPosse de objectos

de culto._____ _____

Proibição deassistência a

cerimónias religiosas.Art. 105.º _____ _____ _____ _____

Assistência moralaos reclusos.

Art. 106.º _____ _____ _____ _____

Colaboração naassistência moral e

espiritual.Art. 107.º Art. 94.º

Colaboração naassistência moral e

espiritual.Art. 57.º Ministros de culto.

__________ Art. 93.º Serviços religiosos.Art. 56.º n.º 5

O Regulamento Geralconcretiza a forma

como são prestados osserviços religiosos.

Direito a recebervisitas.

Art. 108.ºn.º 1 e 2 

Art. 29.ºe

Art. 30.º

Direito a recebervisitas.

Art. 58.º

Princípios geraissobre as visitas.Verifica-se umainovação, pois orecluso pode fazercontactos através devideoconferência,

desde que autorizado.

Visitas de advogadose notários.

Art. 108.ºn.º 3

Art. 32.º e

Art. 33.º

Visitas de advogadose notários.

Art. 61.º

Visitas de advogados,notários,

conservadores esolicitadores. Deu-seum alargamento dasprofissões jurídicas.As novas tecnologias

no âmbito docontrolo, são também

uma novidade.

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Conteúdo e

Diferenças

Vigilâncias dasvisitas.

Art. 109.ºArt. 34.º eArt. 35.º

Vigilâncias dasvisitas.

Art. 63.ºVigilância econtrolo.

Revista aosvisitantes.

Art. 110.º n.º 6

Art. 30.º n.º 3

Revistas aosvisitantes.

__________ Art. 37.ºEntrega de objectosdurante a visita.

Princípiosfundamentais.

Art. 110.º n.º 1 e 2 

Art. 29.º n.º 2

Princípiosfundamentais.

Art. 59.ºVisitas pessoais. Estamatéria está maisregulamentada.

Visitas de menoresde 16 anos.

Art. 110.º n.º 3

Art. 30 n.º 5

Visitas de menoresde 16 anos. 

Art. 58.ºn.º 4

Visitas de menoresde 16 anos.

Proibição de visitas.Art. 110.º n.º 4 e 5

Art. 31.º Proibição de visitas. Art. 65.º

Não autorização eproibição de visita.Esta matéria está

mais regulamentada.

Visitas a reclusoestrangeiro.

Art. 111.º Art. 38.ºVisitas a reclusoestrangeiro.

Art. 62.ºVisitas de entidadesdiplomáticas ouconsolares.

__________ Art. 36.º Interrupção da visita. Art. 64.º Interrupção da visita.

__________ Art. 39.ºVisitas especialmente

autorizadas.Art. 66.º

Visitas aosestabelecimentos

prisionais.

Direito àcorrespondência.

Art. 112.º Art. 40.ºDireito à

correspondência.Art. 67.º n.º 1

Correspondência.

Correspondência dosreclusos analfabetos.

Art. 113.ºn.º 2

Art. 41.ºCorrespondência dosreclusos analfabetos.

Art. 67.º n.º 2

O recluso pode serauxiliado na leitura.

Despesas com acorrespondência.

Art. 113.º n.º 3Art. 40.º n.º 3

Despesas com acorrespondência.

_____ _____

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Licenças de saídas decurta duração.

O período de saídafoi aumentado deum máximo de48 horas para ummáximo de 3 dias. 

Contactos telefónicose respectivo controlo.Hoje, já não se faz

menção aostelegramas e regula--se de forma maisexaustiva os

contactos telefónicos.

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Conteúdo e

Diferenças

Comunicaçãoaquando dadetenção.

Art. 114.º _____ _____ _____ _____

Controle e retençãoda correspondência.

Art. 115.ºArt. 42.º 

eArt. 43.º

Controle e retençãoda correspondência.

Art. 68.º e 

Art. 69.º

Controlo e retençãoda correspondência.

Processo crime.Art. 116.º _____ _____ _____ _____

__________ Art. 44.ºExpedição erecepção da

correspondência.

Art. 67.ºn.º 1

Esta matéria éregulada no

Regulamento Geral.

__________ Art. 45.ºUtilização das

informações obtidas.Art. 73.º Dever de sigilo.

__________ Art. 46.ºRequisição dacorrespondência.

_____ _____

__________ Art. 47.ºViolação das regrasda correspondência.

_____ _____

__________ Art. 48.ºTelefonemas etelegramas.

Art. 70.º e

Art. 71.º

Saídas em regimeaberto ou de meia

liberdade.  Art. 117.º Art. 60.º

Licenças de saída decurta duração.

Art. 80.º

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Diferenças

Comparência emjuízo ou outro

motivo justificado.Art 118.º Art. 62.º-A

Comparência emjuízo ou outro

motivo justificado.

Art. 76.º n.º 4 al. a)

É autorizada a saídacustodiada para

comparência em actojudicial ou em actode investigação

criminal.

__________ Art. 62.º-B _____ Art. 83.º

Licenças de saída depreparação para aliberdade. Estamatéria está hojedevidamenteregulamentada.

Contagem do tempodas saídas.

Art. 119.º Art. 54.ºContagem do tempo

das saídas.Art. 77.º n.º 1

Disposições comuns.

Saídas concedidas atítulo excepcional.

Art. 120.º _____ _____ _____ _____

__________ Art. 49.ºCompetência para aconcessão de licença

de saída.

Art. 76.ºn.º 5

O RegulamentoGeral dispõe sobreos procedimentosrelativos aos

procedimentos desaída.

__________ Art. 50.º Requisitos para aconcessão de

licenças de saída.Art. 78.º

Requisitos e critériosgerais. Esta matériaestá, hoje, maisregulamentada.

__________ Art. 51.ºMedidas alternativasà concessão delicenças de saída.

_____ _____

__________ Art. 52.ºImpossibilidade deconcessão de licençasde saída prolongada.

Art. 77.ºn.º 3, 4, 5, 6,

7 e 8

Situações específicasde concessão de

licenças.

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__________ Art. 53.ºRevogação daslicenças de saídaprolongadas.

Art. 85.ºIncumprimento das

condições.

__________ Art. 55.ºNão concessão delicenças de saída. 

Art. 77.º n.º 3

A não concessão delicença não pode, emcaso algum, serconsiderada comomedida disciplinar.

__________ Art. 56.ºDespesas com aslicenças de saída.

Art. 54.ºn.º 3 al. c)

Despesas com aslicenças de saída.

__________ Art. 57.º

Colaboração dasociedade eavaliação dosresultados.

_____ _____

__________ Art. 58.ºFlexibilidade na

execução._____ _____

__________ Art. 59.ºLicenças de saídaprolongadas.

_____ _____

__________ Art. 61.ºLicenças de saídaprolongadas.

_____ _____

__________ Art. 62.ºSaída do

estabelecimento pormotivos especiais.

Art. 82.ºLicenças de saída

especiais.

Comunicação àfamília dos presos.

Art. 121.º _____ _____ _____ _____

Informações aprestar aos reclusossobre familiares.

Art. 122.º _____ _____ _____ _____

Direitos dos reclusos.Art. 123.ºArt. 4.º n.º 1

Direitos dos reclusos. Art. 7.º

Direitos do recluso.Hoje, temos umelenco de direitosmuito exaustivo.

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__________ Art. 143.ºRecurso interposto

de sançõesdisciplinares.

_____ _____

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Diferenças

Autorização paracasamento. 

Art. 124.º _____ _____ _____ _____

Tratamento pelonome.

Art. 125.º _____ _____Art. 7.º 

n.º 1 al. d)

O recluso tem direitoa ser tratado pelo

nome.

Possibilidade defumar.

Art. 126.º _____ _____ _____ _____

Obrigações dosreclusos.

Art. 127.º Art. 110.º Regras de conduta. Art. 8.º Deveres do recluso.

Direito de exposiçãoe de queixa.

Art. 128.º Art. 138.ºDireito de exposição

e de queixa.

Art. 7.º al. m) e Art. 116.º

O recluso tem direitoa ser ouvido, a

apresentar pedidos,reclamações, queixase recursos. O recluso

tem direito dereclamação, petição,queixa e exposição.

__________ Art. 139.ºDireito de exposiçãoao juiz do tribunal deexecução das penas.

_____ _____

__________ Art. 140.ºAudição no conselhotécnico de elementos

estranhos.Art. 116.º n.º 5 

O RegulamentoGeral concretiza as

condições deexercício dos

direitos referentes areclamações,

petições, queixas eexposição.

__________ Art. 141.ºNotificação do

recluso._____ _____

__________ Art. 142.º Acta das secções. _____ _____

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Diferenças

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__________ Art. 144.º Efeito do recurso. _____ _____

__________ Art 145.ºComunicação dainterposição do

recurso._____ _____

__________ Art. 146.º Audiência do recurso. _____ _____

__________ Art. 147.ºAlteração ouconfirmação damedida recorrida.

_____ _____

__________ Art. 148.ºForma de proferir a

decisão._____ _____

__________ Art. 149.ºNão admissão do

recurso._____ _____

__________ Art. 150.º

Acesso aos órgãos desoberania e direito departicipação na vida

pública.

_____ _____

__________ Art. 151.ºRecurso para o

Tribunal dos Direitosdo Homem.

Art. 116.º n.º 4Recursos para outrasinstituições nacionaise internacionais.

Proibições dosreclusos.

Art. 129.º _____ _____ _____ _____

Dinheiro próprio.Art. 130.º Art. 120.º Dinheiro próprio. _____ _____

Caderneta.Art. 131.º _____ _____ _____ _____

Momento dalibertação.

Art. 132.ºArt. 155.º n.º 2

Momento dalibertação.

Art. 25.ºn.º 4 e 5

Libertação.

Utilização do fundodisponível.

Art. 133.º _____ _____ _____ _____

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Utilizaçãoinconveniente do

pecúlio.Art. 134.º _____ _____ _____ _____

Princípiosfundamentais.

Art. 135.º Art. 108.ºPrincípios

fundamentais.Art. 86.º

Princípios geraissobre ordem,segurança edisciplina.

__________ Art. 109.ºCompetência da

direcção.Art. 87.º

A manutenção daordem e da segurançacompete aos serviços

prisionais.

__________ Art. 116.º Revista. Art. 89.ºRevista pessoal e

busca.

__________ Art. 117.ºMeios de

identificação._____ ______

Medidas especiaisde segurança.

Art. 136.º Art. 111.ºMedidas especiais de

segurança.Art. 88.º

Tipos, finalidades eutilização dos meios

de ordem esegurança.

__________ Art. 112.º Algemas. Art. 91.ºUtilização dealgemas.

__________ Art. 113.ºIsolamento em cela

especial desegurança.

Art. 92.º Cela de separação.

__________ Art. 114.º

Competência econtrole médico naaplicação dasmedidas.

_____

Não há um artigoespecífico sobre estamatéria. O controlomédico é definido nosartigos referentes acada matéria.

__________ Art. 115.ºTransferências

por razões especiaisde segurança.

Art. 22.º n.º 1 in fine

Transferência porrazões de ordem e

segurança. 

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Conteúdo e

Diferenças

__________ Art. 118.º Direito de captura. Art. 97.ºEvasão ou ausêncianão autorizada.

__________ Art. 119.º Posse de objectos. Art. 28.ºPosse de objectos e

valores.

__________ Art. 121.º

Compensação degastos e

indemnização pordanos.

_____ _____

__________ Art. 122.ºPrincípios gerais dosmeios coercivos.

Art. 94.ºPrincípios gerais dosmeios coercivos.

__________ Art. 124.ºPrincípio da

proporcionalidadeArt. 94.º n.º 2

Os meios coercivostêm de respeitar osprincípios danecessidade, daadequação e da

proporcionalidade.

__________ Art. 123.º Coacção física. Art. 95.ºTipos e condições deutilização dos meios

coercivos.

__________ Art. 125.º Intimidação. _____ _____

Regras gerais sobreo emprego de armas.

Art. 137.º Art. 126.ºRegras gerais sobre oemprego de armas.

_____ _____

Inquérito escritosobre o emprego de

armasArt. 138.º _____ _____ _____ _____

__________ Art. 127.ºMeios coercivos notocante aos cuidados

com a saúde.Art. 35.º

Cuidados de saúdecoactivamente

impostos. Este artigosaiu do título sobremeios coercivos parao título da saúde.

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Conteúdo e

Diferenças

Valor das condutasdos presos.

Art. 139.º _____ _____ _____ _____

Prémios concedidosaos reclusos.

Art. 140.º _____ _____ _____ _____

Pressupostos dasmedidas

disciplinares.Art. 141.º Art. 128.º

Pressupostos dasmedidas

disciplinares.Art. 98.º

Princípios do regimedisciplinar.

Assistência médica eoutras visitas. 

Art. 144.º n.º 5 Art. 137.ºAssistência médicae outras visitas.

Art. 109.º Assistência médica.

__________ Art. 131.º Processo. Art. 110.ºPrincípios gerais do

procedimentodisciplinar.

__________ Art. 132.ºInfracçõesdisciplinares.

Art. 102.º, 103.ºe 104.º

Classificações dasinfracções

disciplinares:simples e graves.

__________ Art. 134.ºCondições da cela

disciplinar.Art. 108.º

Internamento emcela disciplinar.

__________ Art. 129.ºExecução dasmedidas

disciplinares.Art. 113.º

Execução dasmedidas

disciplinares.

Princípio daproporcionalidade

Art. 142.º Art. 130.ºPrincípio da

proporcionalidade_____ _____

Tipos de medidasdisciplinares.

Art. 143.º Art. 133.ºTipos de medidasdisciplinares.

Art. 105.ºMedidas

disciplinares.

Competência emmatéria disciplinar.

Art. 144.º n.º 1 Art. 136.ºCompetência emmatéria disciplinar.

Art. 112.º Competência.

Audição do recluso.Art. 144.º n.º 2 Art. 131.º Audição do recluso. Art. 110.º n.º 2Direito do reclusoa ser ouvido.

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Conteúdo e

Diferenças

Poder de aconselhar.Art. 145.º Art. 135.º Poder de aconselhar. _____ _____

Fuga dos reclusos.Art. 146.º _____ _____ _____ _____

Falecimento dosreclusos.

Art. 147.º _____ _____ _____ _____

Realização deautópsias.

Art. 148.º _____ _____ _____ _____

Encargos com osfunerais dosreclusos.

Art. 149.º _____ _____ _____ _____

Espólio dosreclusos.

Art. 150.º  _____ _____ _____ _____

Libertação dosreclusos.

Art. 151.º Art. 152.ºLibertação dosreclusos.

Art. 23.ºMandado delibertação.

Dever do directorArt. 152.º Art 153.º Dever do director. _____ _____

Recluso doente.Art. 153.º Art. 154.º Recluso doente. Art. 25.º n.º1Libertação derecluso doente.

Transporte dorecluso libertado.

Art. 154.º _____ _____ _____ _____

Momento delibertação.

Art. 155.º Art. 155.ºMomento dalibertação.

Art. 24.ºMomento dalibertação.

Do indulto.Art. 157.º _____ _____ Art. 223.º a 228.º Indulto.

__________ Art. 195.ºPessoal além do

quadro._____ _____

__________ Art. 196.ºSelecção e

preparação dopessoal.

_____ _____

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618 MARIA JOãO SIMÕES ESCUDEIRO

ConteúdoAnteprojecto

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ArtigosConteúdo

Lei n.º 115/2009de 12 deOutubroArtigos

Conteúdo e

Diferenças

__________ Art. 197.ºDistribuição dosfuncionários.

_____ _____

__________ Art. 198.ºDever de

colaboração._____ _____

__________ Art. 199.ºConselho deassessores.

_____ _____

__________ Art. 200.ºInvestigação

criminal e execuçãoda pena.

_____ _____

__________ Art. 201.º

Internamento emcentros de detenção

para maioresimputáveisde 25 anos. 

Art. 126.º

Princípios gerais damedida de segurançade internamento einternamento deimputável portador

de anomaliapsíquica.

__________ Art. 202.ºAssistência pós-penitenciária.

Art. 128.ºPlano terapêutico ede reabilitação.

__________ Art. 203.ºAuxilio namaternidade.

Art. 4.º n.º 3

A execução daspenas e medidasprivativas daliberdade

aplicadas a mulheresdeve proteger-se amaternidade.

__________ Art. 204.ºAssistência

medicamentosa._____ _____

__________ Art. 205.ºRegisto denascimento.

_____ _____

__________ Art. 206.º  Reclusas com filhos.Art. 7.ºn.º 1 al. g)

Direito do reclusode manter filho

consigo.

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ArtigosConteúdo

Lei n.º 115/2009de 12 deOutubroArtigos

Conteúdo e

Diferenças

__________ Art. 207.º 

Princípiosfundamentais sobre

reclusosestrangeiros.

Art. 4.º n.º 4

Princípiosorientadores para os

reclusosestrangeiros.

__________ Art. 208.ºAcesso a meios que

facilitem acomunicação.

_____ _____

Execução da prisãopreventiva.

Art. 158.º Art. 209.ºExecução da prisão

preventiva._____ _____

Regime deexecução da prisão

preventiva.Art. 159.º  Art. 210.º

Regime deexecução da prisão

preventiva.Art. 123.º Prisão preventiva.

Incomunicabilidade.Art. 160.º Art. 211.º Incomunicabilidade _____ _____

Visitas.Art. 161.ºal. a) e b) Art. 212.º Visitas. _____ _____

Vestuário.Art. 161.º al. c) Art. 213.º Vestuário. _____ _____

Alimentação.Art. 161.º al. d) Art. 214.º Alimentação. _____ _____

Trabalho.Art. 162.º Art. 215.º Trabalho. _____ _____

__________ Art. 216.ºMaiores imputáveis

até 25 anos._____ _____

__________ Art. 216.º-A _____ _____ _____

Conduta a adoptarna execução de

penas e medidas desegurança

Art. 163.º _____ _____ _____ _____

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ArtigosConteúdo

Lei n.º 115/2009de 12 deOutubroArtigos

Conteúdo e

Diferenças

Objectivo dointernamentoresultante da

aplicação de umamedida desegurança.

Art. 164.º Art. 217.º

Objectivo dointernamentoresultante da

aplicação de umamedida desegurança.

_____ _____

__________ Art. 218.ºAplicação de outras

normas._____ _____

Regime da execuçãode penas e medidasde segurança.

Art. 167.º _____ _____ _____ _____

Execução das penase medidas de

segurança quantoàs mulheres.

Art. 168.º Art. 222.º

Medidas desegurança em

estabelecimentospara mulheres.

_____ _____

Reclusos menores.Art. 169.º aArt. 174.º

_____ _____ _____ _____

Reclusos por crimescontra a segurança

do Estado.

Art. 175.º eArt. 176.º

_____ _____ _____ _____

Doentes, anormaispsíquicos, alcoólicose outros intoxicados.

Art. 177.ºa

Art. 181.º_____ _____ _____ _____

Prisão por diaslivres.

Art. 184.º _____ _____

Internados emprisões abertas.

Art. 182.º _____ _____ _____ _____

Regime de meialiberdade.

Art. 183.º _____ _____ Art. 125.ºPrisão por dias

livres e em regimede semidetenção.

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ArtigosConteúdo

Lei n.º 115/2009de 12 deOutubroArtigos

Conteúdo e

Diferenças

Remissão da multapelo trabalho.

Art. 185.º aArt. 192.º

_____ _____ _____ _____

Regime da prova.Art. 193.º a Art. 195.º

_____ _____ _____ _____

Assistência Socialdos ServiçosCriminais.

Art. 196.º aArt. 204.º

_____ _____ _____ _____

Fundo de Fomento ePatronato Criminal.

Art. 205.º a Art. 207.º

_____ _____ _____ _____

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Bibliografia

CORREIA, ANTÓNIO DOS SANTOS MALÇA — Tratamento Penitenciário, Lis-boa, 1981.

RODRIGUES, ANABELAMIRANDA— A Posição Jurídica do recluso na Execu-ção da Pena Privativa da Liberdade. Seu fundamento e âmbito, Coim-bra Editora, 1982.

  ____ A Determinação da medida da Pena Privativa de Liberdade, CoimbraEditora, 1995.

  ____ um olhar sobre a Questão Penitenciária, Coimbra Editora, 2002.

SANTOS, BELEZA DOS — os tribunais de execução das penas em Portugal(razões determinantes da sua criação — Estrutura — resultados esugestões), Supl. 15, Homenagem ao Doutor José Alberto dos Reis, I,p. 287-335, 1961.

Pareceres e Relatórios

Relatório especial do Provedor de Justiça à Assembleia da República — AsNossas Prisões II — In site www.provedor-jus.pt, 1998.

Relatório  sobre  o  Sistema  Prisional  —  As  Nossas  Prisões  —  In  sitewww.provedor-jus.pt, 2003.

Parecer da Associação Sindical dos Juízes Portugueses relativo Anteprojectode  Proposta  de  Lei  que  aprova  o  Código  da  Execução  das  Penase Medidas  Privativas  da  Liberdade —  In  site  www.asjp.pt,  Junhode 2008.

Parecer da Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades eGarantias relativo à Proposta de Lei n.º 252/X/4.ª — In site www.parlamento.pt, Março de 2009.

Report to the Portuguese Government on the Visit to Portugal carried out byEuropean Committee for the Prevention of Torture and Inhuman orDegrading Treatment or Punishment (CPT) — In site www.cpt.coe.int,19 de Março de 2008.

Parecer do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público relativo Códigoda Execução das Penas e Medidas Privativas da Liberdade — In sitewww.smmp.pt, Abril de 2009.

622 MARIA JOãO SIMÕES ESCUDEIRO

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Parecer da Associação Sindical dos Juízes Portugueses relativo Proposta deLei 252/X, Coordenação de António João Latas e Mouraz Lopes — Insite www.asjp.pt, Abril de 2009.

Proposta de Lei n.º 252/X/4.ª (Gov) – Texto Final e Relatório da Discussão eVotação na Especialidade — In site www.parlamento.pt, Julho de 2009.

EXECUÇãO DAS PENAS E MEDIDAS PRIVATIVAS DA LIBERDADE 623

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