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ÉTICA, MORAL E ENGENHARIA

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Cap. III.5 - Síntese histórica do desenvolvimento do Cristianismo

(Filosofia e Ética Medievais – Ocidente)

Uma religião que pretende a expansão e a adesão de todos os povos:

Ide, então, fazei de todos os povos discípulos, batizando-os ..., ensinando-os a guardarem tudo o que vos mandei. Mt 28,19-20

Jesus como mensageiro e expressão divina.

No princípio existia o Verbo, o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. Tudo foi feito por Ele, e sem Ele nada se fez. Nele está a vida e a vida é a luz dos homens. A Luz brilha na escuridão e a escuridão não a pode extinguir. O Verbo é a Luz, a verdadeira Luz que, vindo ao mundo, ilumina todo o homem. E o Verbo se fez carne e habitou entre nós.

A graça e a verdade nos vieram por meio de Jesus Cristo. Jo 1,1-18

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Ninguém viu a Deus. O Filho Unigênito, que é com Deus, o revelou. Jo 1,1-18

Jesus é o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. Jo 1,29

A reafirmação da supremacia do Amor:

Se eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, mas não tivesse Amor, seria um bronze que soa ou um sino que toca...

Observe: Amor = Caridade = C a R i T a S

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A reafirmação da supremacia do Amor:

Se eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, mas não tivesse Amor, seria um bronze que soa ou um sino que toca...

Observe: Amor = Caridade = C a R i T a S →

→ C h i R S T o S = Amor Eterno

(De modo que aquele que tem este Amor, também seria eterno.)

... E se tivesse o dom da profecia e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e se eu tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, mas não tivesse Amor, não seria nada.

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... Ainda que distribuísse todos os meus bens para o sustento dos pobres, e entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tiver Amor, isto não me serve de nada.

O Amor é paciente; o Amor é bondoso; não é invejoso; O Amor não é arrogante, nem orgulhoso. Ele não faz o que é inconveniente, não busca o seu interesse, não se irrita, nem se julga ofendido. Não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade.

Ele tudo perdoa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

O Amor nunca passará. Pelo contrário, as profecias vão desaparecer; as línguas vão acabar; a ciência desaparecerá....

Agora estas três coisas permanecem: a Fé, a Esperança e o Amor. Mas a maior delas é o Amor.

I Cr 13,1-135

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A primeira comunidade:

Constituída quase que exclusivamente por judeus, com sede em Jerusalém.

Permaneciam constantes no ensino dos apóstolos, na comunhão fraterna, na cerimônia do partir do pão e nas orações. Os fiéis viviam todos unidos e tinham tudo em comum. Vendiam suas propriedades e seus bens, repartindo tudo entre todos, conforme a necessidade de cada um. At 2,42-47 At 4,32-36

No início o cristianismo é caracterizado como uma obscura seita judaica. As comunidades à medida que se formam e expandem a parir de Jerusalém, são descentralizadas, com lideranças politicamente independentes e visões múltiplas da mensagem de Jesus. Múltiplos costumes e abordagens teológicas. O cristianismo se torna uma rede complexa de partes individuais, grupos, seitas e denominações.

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Início dos conflitos com o Judaísmo e com Roma

Logo após seu surgimento, iniciam as repressões e conflitos com o Judaísmo e com os judeus, com oposição, expulsão das Sinagogas e eventual morte.

Logo depois, começam os primeiros conflitos com Roma. A repressão aos primeiros cristãos, acarreta na perda ou destruição (queima) de muitos textos cristãos primitivos. Na visão romana, os cristãos eram desobedientes, supersticiosos, e até mesmo não religiosos e ateus. O rigor monoteísta judeu e cristão, frente a tolerância religiosa romana, gerou óbvias divergências.

A religião romana tradicional, permitia o culto a qualquer divindade (tolerância religiosa), desde que não ofendesse a tradição romana (as leis e costumes fundamentais). Tinha como característica, absorver as divindades e os cultos de outros povos ao invés de erradicá-los ou substituí-los.

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Nos séculos I e II, os cristãos eram impopulares para o povo em geral, devido as suas práticas estranhas aos costumes tradicionais.

41 d.C. – Repressão e algumas mortes, pelo Procurador Romano na Judéia, Agripa I

44 d.C. – O Sumo Sacerdote Anás II, executa o Apóstolo Tiago Maior. O primeiro dos 10 apóstolos posteriormente mortos, inclusive Pedro e sua esposa.

Fato marcante, local, no período

64 d.C. – Os cristãos em Roma, são culpados pelo grande incêndio, para combater os boatos que havia sido o Imperador o responsável. Sob as ordens de Nero, muitos são mortos com requintes de crueldade. (Uma questão local )

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Tácito afirma que "para se ver livre do boato, Nero prendeu os culpados e infligiu as mais requintadas torturas em uma classe odiada por suas abominações, chamada cristãos pelo populacho".

"... uma grande multidão foi condenada não apenas pelo crime de incêndio mas por ódio contra a raça humana. E, em suas mortes, eles foram feitos objetos de esporte, pois foram amarrados nos esconderijos de bestas selvagens e feitos em pedaços por leões, ou cravados em cruzes, ou incendiados, e, ao fim do dia, eram queimados para servirem de luz noturna".

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Início dos conflitos entre as seitas cristãs

A partir do século II os cristãos começaram a condenar as diversas religiões praticadas no Império.

Em meados deste mesmo século, não era difícil encontrar grupos tentando apedrejar os cristãos, incentivados, muitas vezes, por seitas rivais.

Gnosticismo Cristão

O Gnosticismo Cristão é a primeira das diversas visões teológicas a ser combatida pelos cristãos majoritários. Tem sua origem em uma série de textos “apócrifos” do cristianismo primitivo.

Visão Cosmológica: ....

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Entre suas fontes primárias estão as obras de Valentiniano ( ou Valentinius, ou Valentino 100 d.C. – 180 d.C.) e Basilides (132 d.C. - ? d.C.), continuadas por Clemente de Alexandria.

Gnose quer dizer conhecimento empírico. Ou seja, um conhecimento fruto de uma experiência direta. (Por exemplo: Eu sei que Curitiba existe porque a conheço pessoalmente.)

Representa uma via mística de experiência direta com o Divino e de fatos a Ele relacionados. Tal vivência seria causa suficiente de salvação e seria fruto de um processo de auto-conhecimento e auto-exploração.

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Contrastes com a doutrina cristã, que viria a se tornar a oficial:

- A distinção entre o Salvador Humano (Jesus), inferior e o Divino (Christos), superior.

- Rejeição da autoridade eclesiástica (todos são iguais).

- Todos podiam ministrar sacramentos e efetuar a pregação.

- As mulheres tinham tratamento praticamente igual ao dos homens. Podiam ser professoras, evangelizadoras, madres (padres), etc..

- O Deus Criador é imperfeito e inferior ao Absoluto

- O conhecimento superior é independente da fé e é este primeiro, o capaz de efetuar a salvação dos homens.

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- A religião gnóstica Cristã, transfere a moralidade para o arbítrio do indivíduo. Segundo Irineu, os gnósticos podem fazer o que desejem e a gnose torna qualquer regra fixa de fé (de moral) impossível.

- Segundo o gnosticismo, o valor dos rituais está no envolvimento interior do praticante.

- Os gnósticos eram indiferentes aos critérios de pureza alimentar, inclusive alimentando-se, se necessário, de oferecimentos aos ídolos, prática temida por seguidores de outras correntes cristãs e condenada pela igreja primitiva.

O Marcionismo (144 d.C.) dualista, rejeitava o Velho Testamento, bem como o irado Javé.

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Arianismo

Uma outra importante doutrina teológica cristã surge com São Luciano de Antioquia (240 d.C. – 312 d.C.) e se consolida com Árius (250 d.C. – 336 d.C.), cristão de Alexandria no Egito; o Arianismo.

São Luciano foi Presbítero (sinônimo de Epíscopo, que posteriormente passou a ser denominado Bispo; líder de Congregação; fundador da Escola de Antioquia). Foi considerado herege e excomungado por cristãos, depois preso e torturado. A seguir reconciliado e por fim executado.

Pelo Arianismo, o Filho de Deus é entidade subordinada a Deus Pai, com base no dizer “O Pai é maior do que eu.” Jo 14,28, e outros.. Considera Jesus uma criatura de Deus Pai e se opõe à doutrina teológica trinitária (Deus único com três aspectos). A Arianismo

exerceu grande influência no leste do Mediterrâneo. 14

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Os Bispos Marcelo de Ancyra e Photinus de Sirmium, na mesma linha, defendem a idéia de que Jesus era um homem simples.

Perseguição ativa dos Cristãos e Maniqueístas pelo Império Romano

No século III, ocorre a perseguição ativa aos cristãos. Sofreram repressões violentas, porém esporádicas, breves e limitadas em abrangência.

193 d.C – 211 d.C. – O Imperador Séptimo Severo proíbe a conversão dos súditos ao cristianismo ou ao judaísmo.

235 d.C – 238 d.C. – O Imperador Maximiano persegue por todo o Império, as lideranças cristãs.

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250 d.C. – Os Imperadores Décio e Valeriano determinam aos cristãos, oferecer sacrifícios aos deuses ou serem presos e executados. A atitude promove uma renúncia em massa da fé (apostasia).

257 d.C – O Imperador Valeriano condena os cristãos ao exílio ou ao trabalho nas minas. Um ano depois, os condena a morte.

296 d.C. – Diocleciano persegue os Maniqueístas, um movimento gnóstico dualista não cristão de linhagem persa. (Seguidores de Mani, nascido na Babilônia, 216 d.C – 276 d.C. Tendo a forte influência do Zoroastrismo, concebiam uma eterna luta entre dois deuses de idêntico poder e a oposição do espiritual mundo bom da Luz e o material mundo mau das Trevas.) Sua lideranças são condenadas à fogueira “juntamente com suas escrituras abomináveis.”

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303 d.C. – Os Imperadores Diocleciano e Galério promovem a última e mais grave repressão aos cristãos de modo geral, residentes sob seus domínios na parte oriental do Império, expedindo decretos que revogavam seus direitos legais e exigiam a prática religiosa tradicional (pagã), o sacrifício aos deuses ou a execução, a proibição de práticas cristãs e a prisão do clero.

Os co-Imperadores Maximiano e Constâncio do Ocidente (Gália,Espanha, Bretanha, ... ) não seguiram tais éditos e os cristãos destas regiões não foram molestados.

Fim das repressões contra o Cristianismo (306 d.C.)

306 d.C. – Constantino I ao chegar ao poder, restaura a plena igualdade jurídica dos cristãos e devolve propriedades deles confiscadas.

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313 d.C. – Os Imperadores Constantino I e Licínio, proclamam a tolerância religiosa no Império, através do Édito de Milão.

321 d.C. – Árius taxado de heterodoxo por certas correntes do cristianismo.

Uso político do Cristianismo pelo Império Romano

O Imperador Romano Constantino I, preocupado com a ameaça crescente de desintegração e dissolução do Império decide promover o fortalecimento da unidade política, baseada no poderio bélico, pela criação de uma identidade cultural baseada no Cristianismo. As comunidades cristãs, apesar de organizadas, apresentavam independência política e diversidade doutrinária. Necessário então, para formar a identidade cultural, promover uma unidade doutrinária no Cristianismo. 18

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O Império Romano, na figura de seu Imperador, se envolve ativamente a partir daí, com a organização da Igreja e com a fé cristã, que se torna a peça chave de identidade cultural do Império.

Concílio de Nicéia e o início do estabelecimento de uma doutrina oficial

325 d.C. – Constantino convoca, sob as suas custas, lideranças cristãs de todo o Império, para o Concílio de Nicéia, o qual ocorre com sua participação ativa.

O Concílio é fortemente influenciado pela crença vigente na Cesaréia (localizada no litoral do Mediterrâneo, no atual Estado de Israel, entre Tel Aviv e Haifa)

Neste se estabelece a doutrina oficial da relação de Jesus com o Deus Pai (motivo teológico básico da convocação).

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Nele se faz também a redação do Credo Niceno e os primeiros esboços do direito canônico e da organização da Igreja Cristã.

Estabelece Jesus Cristo como filho de Deus unigênito e delineia a doutrina da Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo.

Também neste Concílio se estabelece que a Igreja de Alexandria, tal como já ocorria com a Igreja de Roma, tem autoridade em outras regiões, além de sua sede provincial.

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O Credo, que passa a ser recitado nas cerimônias cristãs oficiais se torna uma “senha” para identificar não hereges, os seguidores da “crença correta”.

“...E em um Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus, gerado do Pai [o unigênito, isto é, da essência do Pai, Deus de Deus], Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não feito, de uma só substância com o Pai...

[Mas aqueles que dizem: 'Houve uma época em que ele não era’; e ‘Ele não era antes, ele foi feito’, e ‘Ele foi feito do nada', ou, 'Ele é de outra substância ou essência’ , ou ‘O Filho de Deus é criado’, ou, ‘mutável’, ou, ‘alterável' - são condenados pela Igreja, Santa, Católica e Apostólica.]”

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Censura ao Arianismo, ao Gnosticismo Cristão e de outras correntes em não conformidade com a doutrina oficializada.

O Arianismo é condenado. É o primeiro confronto do Cristianismo oficializado. (Posteriormente, bárbaros, numa missão política de Imperador Constâncio II, convertem o povo germânico ao cristianismo ariano. Com a invasão dos germânicos; godos e vândalos; no séc. V, o Arianismo é reintroduzido. O conflito entre Nicenos e o Arianismo se mantem até o século VI.)

Pelas divergências com a doutrina oficial, os gnósticos foram vistos como hereges rivais, em especial, a partir do Império de Constantino I e por algum tempo, a sua maior ameaça.

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Início da repressão ativa dos hereges (cristãos que não seguiam a doutrina oficial) e dos pagãos (seguidores de outras religiões), pelas lideranças do cristianismo “correto” e pelo Império Romano. O Imperador passa a defensor e líder da Igreja, ao lado dos Bispos.(336 d.C.)

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Na figura, Constantino I, representado com a auréula dos Santos, presidindo a queima de manuscritos pelos fiéis.

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336 d.C. - A Igreja de Constantinopla e o Conselho de Sirmium rejeitam as idéias dos Bispos Marcelo e Photinus. Constantino exila os que se recusavam a aceitar o Credo de Nicéia e promove a queima dos livros que expressavam a doutrina de Árius. Árius é envenenado.

A polêmica do Arianismo permaneceu e fez surgir 14 redações diferentes do Credo, entre 340 d.C e 360 d.C.

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Época do fim da Filosofia Antiga e início da Filosofia e Ética Medievais. Início da Era das Trevas no Ocidente (Mais de Um Milênio Perdido).

A Filosofia Medieval e a Filosofia Ética no período, está principalmente subordinada à Igreja Católica, e seus representantes capitais são Santo Agostinho e São Tomás de Aquino. É quase totalmente uma filosofia escolástica. Há ainda alguns filósofos de origem árabe ou judaica, mas não fazem parte da tradição filosófica ocidental, embora seus trabalhos tenham sido fundamentais para que o pensamento antigo atingisse nossos dias.

Características do Período: Pobreza de textos literários, de registros históricos, cultural e artística.

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A atividade intelectual e filosófica praticamente desaparece. Opiniões divergentes da doutrina ortodoxa estabelecida, esmagada por prisão, excomunhão, tortura, morte. (Tanto pelos governantes quanto pelos líderes do cristianismo oficial.) A Heresia passa gradualmente a ser ilegal, no conceito dos governos europeus.

Domínio da Igreja sobre todos os documentos escritos. ( Só os religiosos eram alfabetizados.)

Especulação filosófica tinha que estar em sintonia com os dogmas da Igreja. Fim da liberdade de pensamento e expressão, fundamentais para o exercício filosófico e o desenvolvimento científico.

Os “filósofos” medievais são praticamente todos, monges ou padres.

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Petrarca (~ 1330 ) quanto ao período afirma “Em meio ao erro resplandeceu homens de gênio; não menos interessados eram seus olhos, embora estivessem rodeados por densas trevas e escuridão.”

Segundo Kant e Voltaire, foi um período de regressão social, que ultrapassou o fim da Idade Média.

“Um tempo da ignorância e da superstição, que colocou a palavra de autoridades religiosas acima da experiência pessoal e da atividade racional”

Santo Agostinho de Hipona (354 d.C - 430d.C.) – “Jamais permitirei que as investigações filosóficas vão além da autoridade de Deus.”Santo Agostinho de Hipona se converte do Maniqueísmo para o Cristianismo. Como Bispo, se coloca contra os Donatistas.

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Os Donatistas eram os intolerantes aos sacerdotes e bispos que renunciaram à fé durante a perseguição diocleciana e depois a ela retornaram. Taxados de “traditores”, isto é “pessoas que tinham entregue” textos cristãos para destruição (queima).

Após a tentativa do Imperador Justiniano, no seu mandato em manter a pluralidade e a liberdade religiosa,

Estabelecimento do Cristianismo oficial como única religião permitida no Império e continuação do delineamento do Cristianismo Oficial (381 d.C.)

381 d.C. – Os Imperadores Romanos Teodósio I e Graciano, publicam decreto determinando que todos os súditos do Império, devem professar a fé Nicéia, ou ser entregue à punição se não o fizer.

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Trabalham no sentido de formar uma única doutrina cristã e torná-la a única religião oficial do Império Romano. A medida é uma continuidade da ação política de manutenção da sobrevivência e unidade do Império. As demais religiões são suprimidas, transformadas ou absorvidas.

Nesta mesma data, ocorre o Primeiro Concílio de Constantinopla. Neste se efetua a redação definitiva do Credo.

“ ... E em um Jesus Cristo, o Filho Unigênito de Deus, gerado do Pai antes de todos os mundos (éons), Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não feito, de uma só substância com o Pai;

... desceu dos céus e se encarnou pelo Espírito Santo da Virgem Maria, e foi feito homem;

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.. E no Espírito Santo, Senhor e doador da vida, que procede do Pai, que com o Pai e o Filho é adorado e glorificado, que falou pelos profetas.

... Em uma Igreja una, santa, católica e apostólica, nós reconhecemos um batismo para a remissão dos pecados, nós esperamos a ressurreição dos mortos e a vida no mundo vindouro. Amén.”

O Apolinarismo é condenado. Numa orientação gnóstica, seus seguidores criam que a mente de Jesus teve seu lugar tomado pelo Logos Divino. A natureza humana de Jesus teria sido absorvida por sua divindade.

Os Maniqueístas perdem seus direitos civis e os seus monges são condenados à morte.

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Noventa anos após tais medidas o Império Romano do Ocidente desmorona.

385 d.C. – Primeiro caso documentado de imposição de pena de morte a um herege, Prisciliano, por divergências quanto à Santíssima Trindade.

431 d.C. – O Concílio de Éfeso, convocado pelo Imperador Teodósio II, proclama Maria como Mãe de Deus. Se opõe ao Nestorianismo, que surgiu com o Patriarca de Constantinopla Nestório. Segundo ele, numa orientação gnóstica, existem duas pessoas distintas em Jesus. O Concílio reafirma como ilegal a qualquer homem, apresentar, ou escrever, ou compor de forma diferente o Credo Niceno-Constantinopolitano.

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AULA 08 33

A perseguição das Igrejas Nestorianas promove um grande cisma. Fogem para o Império Sassânida (persa). Gnósticos Sírios evoluem para a atual Igreja Síria do Oriente.

451 d.C. – O Concílio de Calcedônia repudia a doutrina do Monofisismo (Apolinarismo, Eutychianismo) Segundo ela, ocorreu em Jesus, a fusão da sua natureza humana com a divina. A natureza humana de Jesus “se dissolveu como uma gota de mel no mar.” O cisma resultante, das Igrejas Armênias, Sírias e Egípcias evoluiu para a atual Igreja Ortodoxa Oriental.

496 d.C. – Seguidores de outra religião que habitavam a Gália (atual França) são perseguidos até a conversão.

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AULA 08 34

As origens do grande cisma, entre a Igreja Ocidental e a Igreja Oriental:

Século V – Neste século, haviam 5 centros de liderança (Pentarquias) independentes, para todo o Cristianismo do Império Romano, dentre elas a de Alexandria e a de Roma que teria a primazia (isto é, que era e é reconhecida como a primeira a surgir). Roma começou a agir e se considerar como líder universal e detentora de direito dado por Deus. A natureza conciliar e colegial da igreja primitiva passou progressivamente a ser abandonada em favor da supremacia ilimitada do poder papal.

As 4 pentarquias orientais defendiam a independência politica e a não hegemonia. Consideravam todos os bispos de todas as pentarquias como sucessores de Pedro. Roma não seria nem infalível nem teria autoridade absoluta.

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Esta divergência, bem como as diferenças gerais de cultura e paulatinas de doutrina, afastou progressivamente, ao longo de cinco séculos, os dois blocos.

O pretexto final para a separação, foi a inserção sem consulta, unilateral e ilegítima por Roma, no credo de Nicéia, do termo Filioque (e do filho)

A clausula alterada por Roma, ficou com a redação, “...O Espírito Santo, Senhor e Doador da vida, que procede do Pai e do Filho ...”

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AULA 08 36

476 d.C. – Marco do início da Idade Média, com a desintegração do Império Romano do Ocidente, pelas invasões e ataques dos “bárbaros”.

O Cristianismo oficial domina toda a Europa e exerce fortíssima influência sobre toda a sociedade. Esta é dividida em três classes: o clero (culto), a nobreza (guerreira) e o povo (servo). Se estabelece o regime feudal. O Ocidente perde o contato com grande parcela do seu passado.

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AULA 08 37

Textos Perdidos

Textos antigos que não confirmam ou negam a doutrina oficial são destruídos ou não mais copiados.

(Teólogos, baseados no Gênesis, fixam a origem do homem, aproximadamente em 3.000 a.C. Em consequência, os textos que não confirmam tal conclusão são destruídos.

Teólogos consideram que princípios Cristãos anteriores a Jesus ou servem para antecipar seu advento, ou então são obras do mal para confundir os fiéis, assim os textos referentes a isto são destruídos.

Obras cientificas que contrariam aparentemente os textos sagrados são destruídas.)

553 d.C. – O Segundo Concílio de Constantinopla reafirma a condenação dos escritos Nestorianos.

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AULA 08 38

Destruições parciais e a total da Grande Biblioteca de Alexandria

642 d.C. – Destruição final (4a) da Biblioteca de Alenxandria, logo após a conquista da cidade pelos muçulmanos. (Se o textos estão no Alcorão, não precisamos deles. Se não estão, também deles não precisamos.)

A primeira destruição ocorreu acidentalmente por incêndio, por Júlio César em 48 a.C.

A segunda, no ataque de Aureliano, em 3 d.C., quando parte dos textos foram levados para Constantinopla.

A terceira por decreto Papal em 391 d.C.

(O Patriarca de Alexandria exibiu em público e ridicularizou os artefatos sagrados do Templo pagão e seus Mistérios.

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AULA 08 39

O povo se revoltou e foi reprimido pelas armas, indo se refugiar no Templo de Serápis, que provavelmente ainda abrigava parte da Grande Biblioteca de Alexandria ( A Biblioteca estava localizada no interior dos Templos.).

Os Templos pagãos foram destruídos por ordem papal e do Imperador, e o fato visto como um grande triunfo do Cristianismo sobre as outras religiões.

O filósofo Hypatia foi linchado e esfolado pelos monges cristãos. Logo a seguir, como vimos, o paganismo é declarado ilegal (391 d.C.))

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AULA 08 40

680 d.C. – Ocorre o Terceiro Concílio de Constantinopla. Nele é repudiado o Monotelismo. Nele, numa orientação gnóstica existiriam em Jesus, duas vontades: uma humana e outra divina.

787 d.C. – O Segundo Concílio de Nicéia, restaura a veneração às imagens sagradas (ícones).

Início da Escolástica (787 d.C.)

Mediante decreto, no mesmo ano, o Rei Carlos Magno cria escolas (pontos) de aprendizagem. Por influência da Igreja, tais escolas são formadas nos Mosteiros. A partir desta data, temos o período denominado por Escolástica. No entanto muito pequena quantidade de textos estava a

disposição nestas Instituições. 40

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AULA 08 41

Séc. IX a XII – Conversão dos dinamarqueses, eslavos, sérvios e russos.

Séc X a XV – Seguidores do Judaísmo e do Islamismo, reprimidos (eventualmente com morte), levados à conversão a força e mudança de nome, ou expulsos dos países europeus.

1071 d.C. – Derrota do Império Romano Bizantino pelo Islamismo

Período das Cruzadas (1095 d.C)

1095 d.C. – Papa convoca as Cruzadas.

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AULA 08 42

Séc. XI a XIII – Período das Cruzadas. Movimentos militares promovidos pelo Cristianismo, contra seguidores de outras religiões, hereges e cismáticos: Islamismo na Terra Santa, no sul da Espanha, no sul da Itália e na Sicília; pagãos do nordeste da Europa (Cruzada dos Cavaleiros Teutônicos; Cruzada Albigense)

1054 d.C. – Cisma, com excomunhão mútua, entre as Igrejas do Oriente e a de Roma no Ocidente, fruto de um longo período de distanciamento, como comentado anteriormente.

Séc XII – Nascimento das Universidades Medievais, sob controle das Ordens Clericais rivais.

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AULA 08 4343

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Surgimento das estruturas formais de Inquisição

Os diversos ramos de Inquisição que foram criados a partir de 1184, tinham como objetivo, reprimir com violência, agora de forma mais organizada, as heresias (não conformidade com a doutrina oficial ) e as apostasias (abandono da fé). Também era utilizada para garantir o cumprimento das leis canônicas, as quais regem o comportamento do clero.

O termo se refere tanto à Instituição e sua estrutura, quanto seus tribunais, os julgamentos realizados por eles e todo o movimento de repressão.

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AULA 08 44

Inquisição Medieval (Episcopal e Papal)

1184 d.C. – Criação da Santa Inquisição Medieval (Episcopal e Papal), voltada contra os apóstatas e heréticos. Ou “inquérito sobre a perversidade herética”. Os Inquisidores eram escolhidos principalmente entre os monges dominicanos, devido a sua história de lutas contra a heresia.

Antes desta data já haviam prisões e a pena de morte contra os hereges.

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AULA 08 45

Perseguição das seitas gnósticas fundadas principalmente por membros da 2a Cruzada.

Repressão dos Cátaros ( o propósito do homem é o de transcender a matéria, renunciar ao poder, e alcançar a união com o princípio imaterial do Amor) e Albigenses (Cruzada dos Albigenses, 1209 d.C.-1229 d.C.), de linha gnóstica, taxados como Maniqueístas.

O último grande Cátaro conhecido ( Guillaurme Belibaste), foi queimado em 1321.

Perseguição aos Paulicianos (rejeitavam o Antigo Testamento e consideravam o pecado primordial de Adão, uma benção disfarçada) e Bogomils (fundado pelo padre Bogomil no século X, perdurando até o século XIV.), também seguidores do gnosticismo.

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Perseguição aos Valdenses na Alemanha e Itália, que não reconheciam o sacerdócio e não veneravam santos ou mártires.

A Inquisição efetuava a condenação e entregava os hereges às autoridades seculares para a execução da pena. As leis seculares da época previam os crimes religiosos (heresia, ...) Dentre as penas, tinha-se a queima do condenado vivo na fogueira.

1204 d.C. – Ruptura final das relações entre as Igrejas do Oriente e do Ocidente (Roma) com o saque de Constantinopla, inclusive da Igreja

Cristã de Santa Sofia, pela 4a Cruzada.

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AULA 08 47

Marco da primeira re-introdução de doutrinas cristãs antigas e de textos gregos e romanos na Europa, bem como de doutrinas de outras religiões do Oriente.

O contato com o mundo Islâmico, que neste período histórico, atravessava seu apogeu, caracterizado por grande desenvolvimento cultural plural e grande tolerância e liberdade de pensamento, deu acesso à produção cultural Grega e Árabe (cujos principais representantes são Avicena e Averróis). Os textos gregos eram muito prezados e estudados pelos muçulmanos cultos da época.

O contato se deu através da Espanha e Sicília, sob domínio Islâmico e através dos que participaram das Cruzadas.

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Repressão da Igreja oficial ao pensamento antigo

Séc. XIII – Proibição de ensinamentos oriundos dos textos re-introduzidos, taxados como heréticos. (p. ex. Tratados de Física de Aristóteles)

Em 1210 o Bispo de Paris condena como heréticos os escritos panteístas e a filosofia natural de Aristóteles. A leitura é proibida, sob pena de excomunhão.

Em 1290 o Bispo de Paris condena mais uma vez das doutrinas de Aristóteles e os textos de origem islâmica, tais como o de Averróis, sob pena de excomunhão automática e entrega à Inquisição Medieval, caso houvesse persistência.

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AULA 08 49

Adaptação parcial da doutrina oficial ao pensamento grego

Por fim passa a circular no interior das Universidades e dos Mosteiros, as traduções do árabe e grego para o latim (patrocinadas também pelas Universidades), parte dos principais trabalhos, dos principais autores antigos.

Os europeus exploram a China e a Índia, iniciando a influência do pensamento e da cultura oriental.

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AULA 08 50

São Tomas de Aquino (1225 – 1274) “Hereges devem ser excomungados e mortos depois da primeira ou segunda admoestação.”

“Os que receberam a fé ‘verdadeira’ dela se afastam e depois retornam, não podem ser protegidos da sentença de morte.”

“A filosofia é uma serva da Teologia.”

É considerado o maior teólogo e filósofo pela Igreja Católica.

É o criador da filosofia (escolástica) predominante em uso nos seminários católicos da atualidade.

Se empenhou em adaptar as filosofias de Aristóteles e Platão à doutrina Cristã oficial.

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AULA 08 5151

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Autorização do uso de tortura nas Inquisições

1252 d.C. – O Papa autoriza o uso de técnicas de tortura, além da prisão de longo prazo e queima na fogueira, na fase de investigação de heresias, pela Inquisição.

Anselmo Boaventura afirma que a “razão pode descobrir a Verdade somente quando a Filosofia é iluminada pela fé religiosa.”

Na figura, tortura pela remoção dos intestinos.

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Manutenção da condenação de parte do pensamento antigo:

Por exemplo, em

1277 d.C. – Os peripatéticos são condenados (Escola de Aristóteles).

"... Que o mundo é eterno como a todas as espécies nela contidas; e que o tempo é eterno, assim como o movimento, a matéria, o agente e o destinatário, e porque o mundo é do poder infinito de Deus, é impossível que haja novidade em um efeito sem novidade na causa. "

(A eternidade de tudo e o encadeamento de reações e ações.)

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AULA 08 53

Continuidade das Repressões contra os hereges:

As Beguines (seita de mulheres) são condenadas por heresia.

Os Cavaleiros Templários, ou Ordem do Templo ou Templários (ordem eclesial militar criada pelo Papa para proteger os peregrinos à Terra Santa) e também chamada de Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão são igualmente condenados como hereges.

Foi criada na época das Cruzadas (1119 d.C.) e declarada extinta em 1312 d.C. Tinha por lema, “Não para si, mas para Deus.”

Seu quartel general encontrava-se no Monte do Templo, em Jerusalém.

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AULA 08 5454

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As lideranças dos Cavaleiros Templários, por ação do Rei da França, juntamente com a do Papa, são torturados e queimados vivos, defronte da Catedral de Notre Dame.

A condenação foi motivada por razões econômicas (...) e possivelmente também, devido à eventual influência do

Gnosticismo Cristão, originário dos contatos com o Oriente, sobre os mesmos.

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O Método Empírico

Roger Bacon (1214 d.C.-1294 d.C.) foi aluno e depois professor da Universidade de Oxford (Inglaterra). Na sequência, professor da Universidade de Paris. Em 1256 decide se tornar frade franciscano. A partir daí deixa de lecionar. Sua produção intelectual passa a ser prejudicada pelo estatuto geral da Ordem, que proíbe a publicação de textos, sem autorização específica prévia. Em 1278 é preso por heresia e colocado sob prisão domiciliar. Posteriormente é liberto, terminando seus dias no convento de Oxford.

Foi conhecido pelo título de “professor maravilhoso”. Defendeu o método empírico (determinação da verdade através da experiência), que é a base do moderno método científico, e inspirado em Platão e Aristóteles.

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A Navalha de Ockham e suas consequências inesperadas:

Guilherme Ockham (1288 d.C.-1348 d.C.) foi frei franciscano inglês escolástico. Na tentativa de cercear as especulações filosóficas e aquelas referentes às consequências lógicas dos fatos objetivos observados, propõe a parcimônia ontológica (Navalha de Ockham):

“As explicações devem ser efetuadas em termos do menor número possível de causas, fatores, ou variáveis.”

“Nada sem uma razão dada, a menos que seja auto-evidente, ou sabido por experiência, ou provado pela autoridade das Sagradas Escrituras”

“A única realidade necessária é Deus, o resto é contingente.”

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Desta forma se colocou contrário ao princípio da razão suficiente (Anaximandro de Mileto 610 a.C-546 a.C. ; Gottfried Leibniz 1646 d.C-1716 d.C.).

Para cada proposição “p”, se “p” é verdadeira, então existe uma explicação suficiente para que “p” seja verdadeira. (Entrelaçamento entre motivo e causa; nada acontece por acaso.)

A intenção de Ockham de amenizar o poder destruidor das idéias de Bacon e do pensamento antigo sobre a doutrina foram diametralmente contrariadas.

A navalha de Ockham passou a ser empregada pela ciência até hoje.

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AULA 08 58

Com a comprovação gradual de que a autoridade das Escrituras é inexistente ou pelo menos muito discutível, a limitação da especulação filosófica quanto as consequências e as causas dos fatos observados (navalha de Ockham), tornou a figura de Deus dispensável e escancarou as portas para o materialismo, tanto na ciência, quanto na sociedade de modo geral.

Abriu desta forma, as portas para a descrença generalizada.

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AULA 08 5959

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FÍSICA

O Provavelmente não Desejado por Ockham

Causas Concretas Fato Observado Consequências Concretas

METAFÍSICA

Causas Abstratas Consequências Abstratas

O que comprometeria a doutrina oficial.

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AULA 08 6060

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FÍSICA

O Pretendido por Ockham

Causas Concretas Fato Observado Consequências Concretas

METAFÍSICA

A visão oficial de Deus e das Escrituras Doutrina Oficial não alterada

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AULA 08 6161

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FÍSICA

O Obtido por Ockham → Uma divisão e uma barreira na Filosofia.

Causa Concreta Fato Observado Consequência Concreta

METAFÍSICA

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AULA 08 62

1378 d.C. a 1416 d.C. – Período histórico onde há dois Papas e conjuntos de Cardeais simultaneamente (Roma e Avignon) e depois de 1409, três Papas simultaneamente.

Início dos movimentos de Reforma da Igreja

John Wycliffe (1330-1384) denuncia a corrupção na Igreja e efetua a primeira tradução da Bíblia do latim para o inglês. Prega a supremacia deste texto para promover a relação direta do homem com Deus, sem a interferência do clero. Ele e seus seguidores são perseguidos pelo Cristianismo do Ocidente e declarados hereges.

Jan Hus (1369-1415) um tcheco, igualmente denuncia a corrupção na Igreja. É excomungado e executado em 1415. A revolta popular subsequente (1419 a 1436) é reprimida com armas pela guerra.

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1431 d.C. – Joana D’Arc é condenada por heresia (se vestia como homem) pela Inquisição e queimada viva na fogueira (razões políticas).

Martinho Lutero

Martinho Lutero (séc. XVI), Frade agostiniano, Mestre em Teologia e Professor Catedrático em Wittemberg (Alemanha) alega que a corrupção da Igreja é devida à corrupção da doutrina.

Inicia um movimento de Reforma do cristianismo vigente.

Publica um documento de 95 afirmações, discutido por um Concílio de cléricos versados em teologia, denominado “Disputa sobre o poder e a eficácia das Indulgências (1517)”

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AULA 08 64

“Não há arrependimento interior sem a participação da carne” (obras de misericórdia).

Inúmeras outras afirmações que comprovam teologicamente que as indulgências papais (cartas de perdão) não são eficazes e sua venda não é moral. (Como também não, a cobrança pelos sacramentos.).

Os líderes da Igreja se opõem à reforma. Os simpatizantes do movimento Protestam contra a decisão conservadora.

Os reformadores consideram que a doutrina verdadeira se encontra nas escrituras. (Uma só escritura, uma só fé.).

Se auto-denominam Evangélicos, pois defendem o retorno para o verdadeiro evangelho.

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Martinho Lutero é condenado por heresia. Os reformadores gradualmente rejeitam a autoridade e a hierarquia de Roma.

Igreja Anglicana

Na Inglaterra, o Rei entra em conflito com Roma, pois desejava anular seu casamento com Catarina de Aragão. Com a negativa, se torna o chefe da Igreja Inglesa, “Igreja Anglicana Reformada e Católica, mas não Romana.”

Dela atualmente existem inúmeras correntes, desde aquelas extremamente semelhantes à Igreja Católica Romana, como aquelas bem distantes. (Rituais diferentes e simplificados, sacerdotes mulheres, permissão de divórcio, casamentos entre homossexuais...)

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A oposição oficial contra os movimentos de Reforma:

O Concílio de Trento (1545 d.C. – 1563 d.C) com base na Filosofia Escolástica, rejeita as objeções protestantes e reafirma a estrita ortodoxia católica, a simonia (pagamento pelos sacramentos); o absenteísmo do clero (ausência de dever ou obrigação); o nepotismo (favorecimento de parentes e amigos, independentemente do mérito); o celibato; a estrutura clerical; todos os sete sacramentos; a transubstanciação; a veneração de relíquias, ícones, santos e a Virgem Maria; a necessidade de fé e de boas obras para a salvação (a postura majoritária entre os protestantes era a de predestinação); a existência do purgatório; a validade (agora não mais cobrada) de indulgências.

Com tal Concílio, mesmo católicos levemente discordantes da doutrina oficial, passaram a correr o risco de serem declarados hereges. É

a Contra-Reforma. 66

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AULA 08 6767

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A invenção de método de reprodução de textos em larga escala:

1440 d.C.- Johannes Gutemberg inventa a prensa móvel, usando tipos móveis. A capacidade de reproduzir textos aumenta vertiginosamente. A Bíblia é copiada, traduzida para linguagem popular, a baixo custo. Este e outros textos são disseminados entre a população européia. O povo letrado tem a possibilidade de entrar em contato direto com a mensagem de Jesus.

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Marco convencional do fim da Idade Média e da Era das Trevas

1453 d.C. – Marco do fim da Idade Média, quando ocorre a desintegração do Império Romano no Oriente, com a queda de Constantinopla, para o Império muçulmano Otomano.

Os cristãos orientais fogem de Constantinopla e levam os manuscritos gregos antigos com eles para o Ocidente, o que levou ao período da Renascença no Ocidente (até 1520) e o surgimento da Filosofia Humanista.

Início da Filosofia Moderna e da Filosofia Ética Moderna. Dentre os notáveis do período estão Espinosa, Giordano Bruno, Leibniz, Hume e Kant.

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Inquisição Espanhola

1478 d.C. – O casal de reis de Aragão e Castela criam a Inquisição Espanhola (Tribunal do Santo Ofício da Inquisição), composta por membros do clero. O foco inicial é sobre os muçulmanos e judeus convertidos, os protestantes e os cristãos ortodoxos gregos. Em 1492 a Espanha expulsa os mucúlmanos e os judeus. Com os descobrimentos e a formação das colônias espanholas na América, Tribunais do Santo Ofício são criados no México e no Peru, em 1569, para cobrir todos os territórios espanhois da América do Sul e Central. Em 1610, um terceiro é formado na Colômbia. Especificamente a Inquisição Espanhola termina no México com a sua independência, em 1822, liderada por Vicente Guerrero e Agustin de Iturbine, entre outros. Esta Inquisição específica termina também em toda a América do Sul espanhola, com sua independência em 1825, promovida por Simón Bolivar e José de San Martin. A Inquisição Espanhola termina na própria Espanha em 1834.

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1480 d.C. – As oficinas de impressão, utilizando a prensa de tipos móveis de Gutenberg já se encontram em 108 grandes centros urbanos. Apenas 20 anos após, já existem em 226 cidades.

O cristianismo mantém a fortíssima influência na Europa e se dissemina pelo mundo com o início da Era dos Descobrimentos, marcado pela descoberta da América, em 1492 d.C. Início da conversão dos povos autóctones daquelas regiões.

Inquisição Portuguesa

1536 d.C. – O Papa e o rei de Portugal criam a Inquisição Portuguesa. Judeus são obrigados a se converter. Conversão forçada generalizada de não cristãos de modo geral (hindus, muçulmanos...). Voltada para heresias e práticas relacionadas (adivinhação, magia, bigamia, etc.) Com os descobrimentos os Tribunais são instalados nas colônias (inclusive Brasil). Esta específica Inquisição é por fim abolida em 1821. 70

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Inquisição Romana

1542 d.C. – Depois do surgimento da Reforma Protestante , Papa cria um novo sistema de tribunais inquisicionais, realizada por cardeais e outros membros do clero, denominada “Suprema Sagrada Congregação da Inquisição Universal” e referenciada historicamente por Inquisição Romana, para distingui-la das demais (Inquisição Medieval, Inquisição Episcopal, etc.) Seu objetivo é garantir “a integridade da fé e proibir os erros e falsas doutrinas”. Também declaradamente “assustar (o povo) e manter longe os males que eles (os hereges) cometem.”. Também se dedicava a julgar “as blasfêmias” proferidas por não-cristãos. As penas eram variadas: flagelação, penitências (p.ex. carregar uma cruz), uso de roupas identificadoras (coloridas em X), prisão, confisco de bens, tortura, morte, prisão inclusive perpétua. As confissões e penas eram realizadas em público e denominadas “autos de fé.”

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Massacre do Dia de São Bartolomeu, dos huguenotes (protestantes calvinistas), pelos católicos em Paris.

A Inquisição católica só conseguiu atuar sobre os países que se mantiveram católicos. No entanto as leis dos paises protestantes se mantiveram contra a heresia e a magia.

Revolução Científica1543 d.C. – Textos filosóficos e outros circulam em grande número. Marco convencional para o início da Revolução Científica na Europa, que começa na Renascença (renascimento) e se estende para além do período conhecido como Iluminismo.

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Igreja Oriental

A Igreja Ortodoxa Russa se mantém fora do domínio muçulmano.

O Sultão Otomano faz do Patriarca de Constantinopla o líder de todos os cristãos ortodoxos do Império. Para o Islamismo, Jesus é um grande Profeta e os cristãos são também povo do Livro Sagrado.Deste modo a Igreja Ortodoxa não é perturbada.

No entanto a ação de conversão é reprimida; cristão convertido ao islamismo, e que depois retorna ao cristianismo, é apóstata punido com a morte; proibição da construção de novas igrejas; Patriarcas submetidos aos Sultões entre os séculos XV a XIX e frequentemente mortos, forçados à abdicação ou ao exílio.

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Continuidade dos Tribunais Inquisidores e da repressão das heresias:

Giovanni Pico della Mirandola (1463 d.C-1494 d.C.), filósofo renascentista. Dentre outras obras escreveu a “Oração sobre a Dignidade do Homem”, para acompanhar as suas 900 teses. O Papa taxou 13 delas como “teses heréticas, escandalosas, e ofensivas aos ouvidos piedosos, reproduzindo os erros dos filósofos pagãos.” Condenado pela Inquisição a retirá-las, o que recusou. Foge para a França em 1488 e lá é preso, a pedido dos representantes do Papa. Em 1494, morre envenenado por arsênico.

Dentre outras coisas, Mirandola condenou a astrologia em voga na época, bem como as suas bases intelectuais.

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Giordano Bruno (1548 d.C.-1600 d.C.) Frei dominicano e filósofo afirma, dentre outras coisas que o Universo contem infinitos mundos habitados, povoados por seres inteligentes. Condenado por heresia e panteísmo pela Inquisição Romana.

Preso por sete anos em Roma. Motivos da condenação: “Expressa opiniões contrárias à fé católica e fala contra ela e

seus ministros”; divergências teológicas diversas; “acredita na metempsicose e na transmigração”; “nega a virgindade de Maria”;...

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Recusou a retratação completa de suas opiniões e conclusões e pediu clemência ao Papa.

O Papa por sua vez foi favorável a um veredicto de culpado e recomendou expressamente a sentença de morte.

Ao líder dos oito cardeais defronte dele no Tribunal (um dos quais posteriormente também se tornou Papa), declarou:

“Talvez você esteja pronunciando esta sentença, com um medo maior do que eu em recebe-la.”

Entregue enfim às autoridades seculares para ser queimado vivo na fogueira (em público), com a língua enganchada (presa) “por causa de suas palavras maliciosas.”

Suas obras foram inseridas no “Index Librorum Prohibitorum” (Lista dos livros proibidos.)

É considerado o maior mártir da liberdade de pensamento e das idéias científicas modernas.

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Nicolau Copérnico em 1543, sugere o heliocentrismo.

O historiador J. D. Bernal, quanto a este período afirma: “A Renascença permitiu uma revolução científica que levou os estudiosos a olhar o mundo sob uma luz diferente. A Religião, a Superstição e o Medo, foram substituídos pela Razão e o Conhecimento.”

Humanismo Renascentista

O Movimento foi criado com a intenção de “formar cidadãos e cidadãs capazes de falar e escrever com eloquência e clareza, para promover ações virtuosas e prudentes.” Nas Universidades, passou-se a ensinar Lógica, Filosofia Natural (ciência), Direito, Medicina e Teologia. Os principais centros do movimento eram Florença e Nápoles. Os humanistas foram grandes colecionadores de manuscritos antigos. Com a invenção da impressão em larga escala, o movimento se espalhou para a França, Alemanha, Holanda e Inglaterra, e terminou por influir na Reforma Protestante.

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Dentre diversos outros pontos, o movimento reabilitou a imagem dos Epicuristas, antes taxados como demoníacos. (O ético é buscar uma vida agradável; o prazer).

“Se as pessoas que vivem agradavelmente são epicuristas, nenhum é mais verdadeiro epicurista do que o justo e o piedoso.” “... pelo contrário, Ele (Jesus) só nos mostra a vida mais agradável de todas e a mais cheia de verdadeiro prazer.” Erasmo.

O Cristianismo é portanto mostrado em harmonia com o Epicurismo.

O humanista Maquiavel, sublinha as virtudes da liberdade intelectual e da expressão individual, ainda cerceadas no período.

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contrária ao afirmado nas escrituras). “Obrigado a negar, maldizer e detestar suas conclusões.” Condenado à prisão domiciliar. Proibição da publicação de qualquer texto seu. É um marco importante na história da relação entre religião e ciência.

Galileu Galilei (1564 d.C.-1642 d.C). “A Terra não está no centro e se move.” Condenado e julgado por heresia, em Inquisição Papal, em 1633 (declaração

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Tommaso Campanella (1568 d.C-1639 d.C), monge dominicano. Denunciado à Inquisição e confinado ao convento até 1597. Torturado em 1600, aleijado (mutilado), e condenado à prisão perpétua. Preso em Nápoles até 1626 (por 27 anos). Transferido e mantido em Roma pelo Santo Ofício. Libertado em 1629, fugindo para a França em 1634, onde permaneceu protegido pelo Cardeal Richelieu. Terminou seus dias no interior do Convento.

Puritanos perseguidos na Inglaterra, migram para a América do Norte, onde se estabelecem sem preocupações quanto a conversão forçada.

1644 d.C. – A Inglaterra promove a caça às bruxas.

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Descartes

Iluminismo

O Iluminismo ocorre num período de grande desenvolvimento intelectual e social na Europa, no séc. XVIII.

É conhecida como a Idade da Razão, já bem mais livre da adesão servil à tradição, à autoridade e à superstição.

O grande precursor do movimento foi René Descartes (1596 d.C.– 1650 d.C.), que defendia que as verdades devem ser obtidas por meio da razão pura.

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Voltaire

Rousseau Diderot

Nesta época, “Les Philosophes” – Voltaire, Rousseau, Diderot e vários outros, promovem a redação da “Encyclopedie”, a Coletânea do conhecimento racional humano até então.

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Os ideais filosóficos do período, levam à busca de alternativas de governo mais igualitárias.

Levam também, diretamente, à libertação das colônias norte-americanas.

Em seguida, na França, berço do Iluminismo, e a partir da experiência americana bem sucedida, ocorre a Revolução Francesa (1789), com a queda do regime monárquico.

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A filosofia, juntamente com os fatos concretos observados na América e na França, promovem em seguida, as bem sucedidas revoluções anti-colonialistas e anti-monarquistas generalizadas.

Os governos monárquicos, sempre intimamente ligados ao clero, gradualmente desaparecem, e em todo o Ocidente, ocorre a separação entre Estado e Igreja.

Complementarmente, o ideal Iluminista de Liberdade, leva à libertação gradual dos escravos pelas nações do mundo

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Ética Contemporânea

De meados do século XIX (1848) até o presente, temos as chamadas Filosofia e a História Contemporânea e a Ética Contemporânea, difíceis de avaliar com isenção, pois estamos com elas diretamente envolvidos. Os Filósofos Naturais passam a ser denominados pelo termo cientistas, palavra criada por William Whewell.

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Atualidades:

Destino da Inquisição Romana

Em 1908, a Inquisição Romana, “Suprema Sagrada Congregação da Inquisição Universal”, mudou seu nome para “Suprema Sagrada Congregação do Santo Ofício”.

Em 1965, mudou novamente de nome para “Congregação para a Doutrina da Fé” Esta supervisiona a doutrina católica romana oficial e tem sua sede central no Vaticano.

Em 1988 o Papa João Paulo II estabeleceu: É seu objetivo “promover e salvaguardar a doutrina sobre a fé e da moral em todo o mundo católico.” “Por esta razão, tudo o que toca essa questão é de sua competência.”

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Postura recente:

Condenação da Teologia da Libertação. Pregava a opção preferencial pelos pobres (os insignificantes, marginalizados, necessitados, desprezados e os indefesos).

Preferência implicaria na “universalidade do Amor de Deus que não exclui ninguém”. O Termo preferência teria o sentido do que vem em primeiro.

Podia ser considerada uma tentativa de voltar à estrutura da Igreja Original, política e culturalmente descentralizada, através da criação das assim chamadas comunidades de base.

Era um movimento politicamente ativo, buscando a justiça social, os direitos humanos e combate à pobreza. Efetuava uma crítica da sociedade e da fé católica e do cristianismo, através dos olhos dos pobres.

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Pelo parecer da Inquisição, a caracterização da Igreja como Povo de Deus é “um mito marxista”. A Igreja do Povo é “antagonista da Igreja Hierárquica.”

Os padres foram proibidos de ensinar tais doutrinas. As lideranças suspensas (p. ex. Leonardo Boff) ou censuradas ou excomungadas.

Pareceres recentes da Inquisição:

2002 - Sobre o reconhecimento legal de uniões entre homossexuais.

2002 – Quanto aos votos e votantes e quanto a legislação a respeito da clonagem terapêutica.

2007 – Quanto ao aborto.

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2007 – Freiras de Arkansas excomungadas por heresia.

2008 – Determinação de negar informações contidas nos registros paroquianos aos Mórmons (e evitar o re-batismo póstumo)

De 1981 até 2005, o Prefeito (Presidente) do Tribunal da Inquisição, foi Joseph Ratzinger Aloisius (o Papa atual)

Destino do Arianismo

Continuadores do semi-arianismo na atualidade, são, dentre outros, as Testemunhas de Jeová e a Igreja de Deus do Sétimo Dia. Dos documentos desta última pode-se ler:

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“ Acreditamos em um Deus verdadeiro que é o Criador de tudo.

Ele é Onipotente, Onisciente e Onipresente.

Ele enviou seu Filho para a Terra para ser um sacrifício pelos nossos pecados.

Ele é um ser separado de seu filho, Jesus.

O Espírito Santo é o poder de Deus e não um ser separado com uma consciência separada.

Nós não acreditamos na doutrina da Trindade, na qual o Espírito Pai, Filho e Espírito Santo são três partes de um único ser que é Deus.

Nós acreditamos que o Pai e o Filho são seres distintos com consciências distintas e que o Espírito Santo não é um ser consciente, mas sim o poder de Deus.”

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Destino do Gnosticismo Cristão

Receberam influência do Gnosticismo Cristão da linhagem Sírio-Egípcia, os atuais múltiplos movimentos gnósticos e aqueles de origem teosófica.

A Cabala (tradição mística judaica), originária do sul da Espanha e França, entre os séculos XI e XIII, igualmente contem parcela das idéias centrais do gnosticismo.

Dentre os pensadores influenciados pelo Gnosticismo estão Arthur Schopenhauer, Hans Jonas e Carl Jung, o qual escreveu um tratado gnóstico , exaltando Abraxas como Ente que combina todos os opostos em si.

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A TÍTULO DE CONCLUSÃO

Como mostrado acima, a denominada “filosofia” medieval na qual se inclui a “Ética” medieval, ligada diretamente à Era das Trevas, não pode ser considerada uma verdadeira filosofia.

Filosofia significa Amor pelo saber, o que redunda numa busca racional livre, da Verdade.

Na Era das Trevas, os “filósofos” medievais não buscavam a Verdade, pois esta era supostamente a estabelecida pela doutrina oficial vigente. Tampouco exerciam o raciocínio com Liberdade.

A liberdade de pensamento na área da metafísica (o que está além do mundo material visível), que se refletia em todas as demais áreas da

filosofia, inclusive da filosofia natural (ciência), foi inexistente. 93

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Os esforços ditos filosóficos, eram efetuados, com a única intenção de compatibilizar a razão e a lógica, com idéias preconcebidas, sem qualquer análise de valor.

Desde Constantino I, no início do século IV, se observa na Europa e depois nas Américas e outras colônias européias, a intolerância e a ausência de liberdade de pensamento, tanto quanto à religião, quanto à ciência e os demais ramos da Filosofia, dentre as quais a Ética. A pluralidade de pensamento, extremamente benéfica ao desenvolvimento da filosofia, foi inexistente.

A prática do clero e dos governos cristãos, numa visão macroscópica, muito pouco ou nada tem a ver com os ensinos de Jesus e frequentemente se opõe frontalmente com aquilo por Ele ensinado.

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Como observado na retrospectiva anterior, os séculos se caracterizaram por violentas repressões, guerras e massacres sangrentos, expulsões, julgamentos e condenações, práticas institucionalizadas de tortura, intimidação e constrangimento, bem como assassinatos com requintes de extrema crueldade, tudo realizado pretensamente em favor de Cristo. A tônica no mundo Ocidental, foi a da intolerância.

A Inquisição Romana ainda existe até o presente, apesar de renomeada, e atua no cerceamento da liberdade de pensamento do clero e na intimidação da opinião dos fiéis da Igreja (comunidade) Católica (Universal) Apostólica (que guarda a sucessão de bispo a bispo) Romana (com sede em Roma).

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As Religiões de modo geral, quando oficiais de um dado País, influenciam sobremaneira a moral e consequentemente as leis seguidas pelo povo.

Nos países onde a Religião está separada do Estado (Estados laicos), como é o caso do Brasil, as Religiões majoritárias igualmente, através da pressão política e dos votos de seus fiéis, influenciam nas leis a serem seguidas por todos, inclusive pela minoria, seguidora de outras doutrinas ou de postura liberal e independente.

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Dentre outros aspectos do período, o surgimento da filosofia da parcimônia ontológica (Navalha de Ockham), inicialmente criada ao que tudo indica, para defender a doutrina cristã oficial, se tornou regra geral nos estudos da Filosofia Natural, e terminou por levar ao Materialismo e a sua Universalização.

A Navalha de Ockham, dividiu a Filosofia em duas partes, a Física e a Metafísica, criando uma barreira até hoje intransponível entre ambas.

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Por outro lado, o obscurantismo não impediu, que por via mística e não racional, houvesse o contato de muitos fiéis com o Transcendental. Por exemplo, Santa Teresa d’Ávila (“Minha alma já não se satisfaz com nada menos que Deus”) e São Francisco de Assis (Vide a oração de São Francisco).

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Igualmente, muitos verdadeiros seguidores de Jesus, através de suas ações altruístas, ao que tudo indica, também dele se aproximaram, além de terem levado a Misericórdia, a inúmeros de nós. Dentre muitos exemplos, teríamos

a Irmã Dulce e a Madre Teresa de Calcutá.

Por fim,“Pelos seus atos os haveis de reconhecer...”

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CAPÍTULO IV – ÉTICA OCIDENTAL NUMA PERSPECTIVA HISTÓRICA.

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CAPÍTULO IV.1 – ÉTICA; DEFINIÇÕES E CLASSIFICAÇÃO

Filosofia – É a totalidade do saber humano, bem como o seu estudo.

Ética – É o ramo da Filosofia que busca determinar o comportamento adequado do ser humano.

Pode ser classificada em três áreas:

*Ética Prática → Estabelece se uma ação específica, particular, objetiva e fixa é certa ou errada. Se deve ou não ser efetuada. Usada pelos que defendem ou condenam alguma ação

São exemplos do modo de operação na ética prática:

“Guardar o sábado ! Guardar o sábado é certo.”

“Não venerar imagens ! Venerar imagens é errado.”

Se ajusta ao que conceituamos anteriormente como “Moral”, e frequentemente está relacionada com a Filosofia da Religião.

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*Ética Normativa → Apresenta teorias gerais e orientações sobre o que é certo e o que é bom, que podemos usar em casos práticos.

Baseada em nossas ações e suas consequências; tipo de pessoa que podemos ser ou nos tornar, etc ...

Apresenta características racionais e gerais e se enquadra com o conceituado anteriormente, como “Ética” propriamente dita.

A Ética Normativa pode ser dividida em Deontológica e Axiomática, apesar de que tal divisão é tênue e permeia também, em parte a Ética Prática.

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É um exemplo do modo de operação da Ética Normativa, numa linha Deontológica (do grego “deon” → deve-se):

“É ético fazer tudo o que consiste em nosso dever.”

“É meu dever, como soldado alemão, obedecer a Hitler. Assim é ético matar judeus.”

São exemplos do modo de operação da Ética Axiomática:

É ético fazer ao outro aquilo, o que faríamos a nós mesmos.”

“Eu não me condeno e penalizo pelos erros cometidos. Assim não vou condenar e penalizar o outro.”

“Eu não quero morrer. Assim eu não vou matar.”

“É Ético agir com Bondade, Generosidade, Temperança, Prudência, Justiça, etc....”

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*Metaética → do grego “acima”, “além”, “após”.

Estudo, conceituação e busca relacionada às próprias idéias de certo e errado; bom ou mau; verdadeiro ou falso, o que entra também na área da Filosofia do Conhecimento.

Em suma, a Metaética é a base das Ética Normativa e Prática.

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DIVISÃO TEMPORAL DA ÉTICA OCIDENTAL

FILOSOFIA E ÉTICA ANTIGA

Surgimento e desenvolvimento pelos gregos e romanos. Repartida em período pré-socrático e o pós-socrático. Seu término coincide aproximadamente com a queda de Roma, no século IV.

PSEUDO FILOSOFIA MEDIEVAL E PSEUDO ÉTICA MEDIEVAL (ERA DAS TREVAS)

Totalmente subordinada à Igreja e à Doutrina oficial Cristã. Seu início ocorre quando, por ação dos Imperadores Romanos Constantino I e Teodósio I, todas as demais religiões e correntes de pensamento cristãs, discordantes do estabelecido por Concílios, dos quais o primeiro foi o Concílio de Nicéia, passam a ser perseguidas e proibidas.

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A Filosofia e a Ética são empregadas com o único propósito de confirmar a doutrina vigente.O personagem que marca o início deste período é Santo Agostinho. O que marca a proximidade do fim é São Tomás de Aquino.

A Filosofia Medieval se estende até aproximadamente o século XV, quando ocorre a queda de Constantinopla e a invenção da reprodução de textos em larga escala por Johannes Gutemberg, o que garantiu e reentrada da Filosofia Antiga no Ocidente e a sua não obstaculizável disseminação.

FILOSOFIA E ÉTICA MODERNA

O período que compreende a Filosofia Moderna vai do final da Idade Média até fins do século XIX. Pode ser repartida em Filosofia da Renascença (Renascimento) e Filosofia Moderna.

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A primeira é marcada pela reintrodução na Europa, de obras do mundo grego e romano. Na segunda, predomina o Iluminismo, a proposta de investigação racional não dogmática da Verdade, e a conquista científica e técnica da realidade. Dentre seus representantes de maior destaque temos, Galileu, Bacon, Descartes, Pascal, Hobbes, Espinosa, Leibniz, Locke, Berkeley, Newton, Hume, Mill e Kant.

FILOSOFIA E ÉTICA CONTEMPORÂNEA

Estende-se até nossos dias. Na área da ética, podemos destacar o desenvolvimento da Psicologia, da Antropologia, da Sociologia e da Psicanálise, Hans Jonas, e os estudos na área da Ética Evolucionária Natural.

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CAPÍTULO IV.2 – ÉTICA ANTIGA

A Ética Antiga, apesar de cronologicamente anterior à “Filosofia” Medieval, em termos de seus efeitos sobre o pensamento e comportamento, se constitui no início das considerações racionais quanto à Ética no Ocidente.

Seus expoentes são os filósofos da Grécia e posteriormente aqueles oriundos dos domínios de Roma, muitos dos quais sendo os fundadores e/ou líderes de Academias formais de instrução.

Em tais Academias, todos os ramos do saber humano (da Filosofia) eram estudados, dentre os quais, a Filosofia Natural (ciência), a Filosofia do Comportamento (Ética/ciência) e a Filosofia Cosmológica ( Deus, Teologia, Religião, e estrutura visível e invisível; concreta e imaterial do Universo)

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CAPÍTULO IV.2.1 – PITÁGORAS (571 a.C – 496 a.C.)

Pitágoras nasceu na ilha de Samos, no século VI a.C. Diz-se que estudou com os melhores professores da Grécia, fez-se sacerdote no Egito e posteriormente instruiu-se na Babilônia.

Com cerca de 56 anos retornou à cidade natal e depois fundou sua escola na colônia grega de Crótona, na Itália. Neste local ergueu-se a sede de sua Academia, o assim chamado Templo das Musas.

Casado, pai de três filhos, terminou morto com boa parte de seus alunos devido a uma revolta popular. Ao que se sabe, seu aluno Lysis, sintetizando o essencial da doutrina pitagórica, é o autor dos Versos de Ouro de Pitágoras.

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VERSOS DE OURO DE PITÁGORAS(Tradução do texto francês

de Fabre d’Olivet, pelo Professor Paranaense Dario Vellozo)

Aos Deuses imortais o culto consagrado rende, e tua fé conserva.

Apolo, Atena, Afrodite, ...

Qual Fé ?

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Aos Deuses imortais o culto consagrado rende, e tua fé conserva.

Apolo – Deus da Verdade, Perfeição, Harmonia, Razão → Procurar ser verdadeiro, manter a harmonia e agir com racionalidade.

Atena – Deusa da Sabedoria, Justiça → Buscar a sabedoria e procurar agir com justiça.

Afrodite – Deusa do Amor, Beleza → Procurar ser amoroso, bondoso.

...

Qual fé ? Confiança

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Prestigia dos sublimes Heróis a imárcida lembrança,

Héracles, Jasão...

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AULA 08 113

Prestigia dos sublimes Heróis a imárcida lembrança,

→ Imitar seus exemplos

Héracles

1.º Trabalho - Matou o Leão de Neméia. Acabada a luta, arrancou a pele do animal e passou a utilizá-la como vestuário.

5.º Trabalho - Limpou em um dia os currais do rei Aúgias, que continham três mil bois e que há trinta anos não eram limpos.

11.º Trabalho - Colheu as maças de ouro do Jardim das Hespérides. Sustentou o Céu nos ombros.

12.º Trabalho - Desceu ao Palácio de Hades (o mundo dos mortos) e de lá retornou.

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AULA 08 114

Jasão

Após várias aventuras, o rei Eetes da Cólquida exige que Jasão cumpra várias tarefas para obter o Velocino de Ouro, inclusive arar um campo com touros que cospem fogo, semear os dentes de um dragão, lutar com o exército que brota dos dentes semeados e, por fim, passar pelo dragão que guarda o próprio Tosão. Com o Velocino de Ouro

nas mãos, Jasão se casa com Medéia, filha de Eetes

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AULA 08 115

E a memória eteral dos supernos Espíritos. → Os benfeitores

Bom filho, reto irmão, terno esposo e bom pai sê. → Bondade para com os familiares.

E para amigo o amigo da virtude escolhe, e cede sempre a seus dóceis conselhos. → A importância dos bons exemplos e dos bons conselhos.

Segue de sua vida os trâmites serenos.

Sê sincero e bondoso, e não o deixes nunca, se possível te for, pois uma lei severa agrilhoa o Poder junto à Necessidade.

→ O valor de bons amigos bons; a importância do diálogo...

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AULA 08 116

Está em tuas mãos combater e vencer tuas loucas paixões; aprende a dominá-las. → Autodomínio.

Sê sóbrio, ativo e casto; as cóleras evita.

Em público, ou só, não te permitas nunca o mal, e mais que tudo a ti mesmo respeita-te.

Pensa antes de falar, pensa antes de agir; sê justo. → Prudência...

Rememora: um poder invencível ordena de morrer e os bens e as honrarias, fáceis de adquirir, são fáceis de perder. → Valores espirituais e não materiais; a fugacidade e a impermanência dos bens materiais.

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Quanto aos males fatais que o destino acarreta, julga-os pelo que são: suporta-os, procura, quão possível te seja, o rigor abrandar-lhes. → A falta de controle sobre o meio externo.

Os Deuses, aos mais cruéis, não entregam os sábios.

Como a Verdade, o Erro adoradores conta.→ Existem pessoas que seguem o erro.

O filósofo aprova, ou adverte com calma, e se o Erro triunfa, ele se afasta, e espera.→ A atitude do sábio frente ao erro.

Ouve, e no coração grava as minhas palavras, fecha os olhos e o ouvido a toda prevenção. → Tolerância

Teme o exemplo de um outro, e pensa por ti mesmo.

Consulta, delibera e escolhe livremente. → Auto-gestão e Autonomia.

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Deixa aos loucos o agir sem um fim e sem causa.

Tu deves contemplar no presente o futuro. → Planejamento

Não pretendas fazer aquilo que não saibas.

Aprende: tudo cede à constância e ao tempo.

Cuida em tua saúde, e ministra com método,

Alimentos ao corpo e repouso ao espírito. → Equilíbrio

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Pouco ou muito cuidar evita sempre; o zelo igualmente se prende a um e a outro excesso.

Têm o luxo e a avareza efeitos semelhantes.

Deves buscar em tudo o meio justo e bom. → Temperança; Moderação

Que se não passe um dia, amigo, sem buscares saber: Que fiz eu hoje? E, hoje, que olvidei?

Se foi o mal, abstém-te; e, se o bem, persevera. → Observar-se e corrigir-se a cada dia.

Meus conselhos medita; e os estima; e os pratica, e te conduzirão às divinas virtudes.

Por esse que gravou em nossos corações a Tétrade sagrada, imenso e puro símbolo, fonte da Natureza, e modelo dos Deuses, juro.

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Antes, porém, que a tua alma, fiel a seu dever, invoque, e com fervor, os Deuses, cujo socorro imenso, valioso e forte te fará concluir as obras começadas, segue-lhes o ensino, e não te iludirás.

Dos seres sondarás a mais estranha essência; conhecerás de tudo o princípio e o termo; e, se o Céu permitir, saberás que a Natura, em tudo semelhante, é a mesma em toda parte.

Conhecedor assim de todos teus direitos, terás o coração livre de vãos desejos, e saberás que o mal que aos homens cilicia, de seu querer é fruto; e que esses infelizes procuram longe os bens cuja fonte em si trazem.

Seres que saibam ser ditosos, são mui raros. Joguetes das paixões, oscilando nas vagas, rolam, cegos, num mar sem bordas e sem termo, sem poder resistir nem ceder à tormenta.

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Salvai-os, grande Zeus, abrindo-lhes os olhos! ...

Mas, não: aos Homens cabe - eles, raça divina - o erro discernir, e saber a Verdade.

A Natureza os serve. E tu que a penetraste, homem sábio e ditoso, a paz seja contigo!

Observa minhas leis, abstém-te das coisas que tua alma receie, em distinguindo-as bem; sobre teu corpo reine e brilhe a Inteligência, para que, te ascendendo ao Eiter fulgurante, mesmo entre os Imortais consigas ser um Deus! → Todos somos na verdade imortais.

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CAPÍTULO IV.2.2 – SÓCRATES (469 A.C. – 399 A.C.)

O meio de se alcançar a Ética e o Conhecimento: o Método Socrático.

Pré-requisito do Método Socrático – A abertura Mental.

Quanto mais conscientes nós estivermos da nossa ignorância, mais abertos estamos para procurar a Verdade.

Aqueles que conseguem reconhecer a sua ignorância são, por isso mesmo, aqueles que estão mais perto da Sabedoria.

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Método Socrático Propriamente Dito – o Diálogo Dirigido.

No diálogo, os amantes da Verdade, podem encontrar os significados profundos de virtude, temperança, coragem, justiça, piedade,...

Com a sucessão de perguntas adequadas e dirigidas, a reflexão pessoal para encontrar as respostas, e o uso de exemplos concretos, as controvérsias se suavizam e se chega a idéias mais verdadeiras.

Os interlocutores reexaminam as suas próprias idéias; questionam os seus dogmas (pretensas verdades não racionalmente comprovadas) e são levados a abandonar as suas crenças e opiniões inconsistentes.

Os interlocutores expontaneamente substituem as idéias e opiniões inadequadas por novas idéias; opiniões e conceitos mais claros e mais próximos da verdade.

A Verdade absoluta final, no entanto, não pode ser atingida.

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A Essência do Método Socrático

A maior parte daqueles que se julgam sábios, nem sequer se apercebem da sua ignorância. Pelo contrário, Sócrates se dizia saber que não sabia nada e, por isso, estava em melhores condições para procurar o conhecimento, partindo da máxima antiga “conhece-te a ti mesmo”.

O método socrático leva a profundas reflexões pessoais e a uma crescente descoberta de verdades interiores. É um método de auto-

conhecimento.

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As Virtudes e o Conhecimento

Todas as virtudes se reduzem a uma única realidade = o conhecimento.

A virtude é conhecimento. Portanto tem uma existência objetiva. (Para os sofistas, ao contrário, a virtude era aquilo que cada indivíduo desejava que fosse.)

Segundo Sócrates o mal é sempre produto da ignorância.

O que leva o homem a agir mal ou agir bem é ponderar os resultados que advirão das suas ações.

Saber este a que chama arte do comedimento (Prudência) e que, forçosamente, se fundamenta também no conhecimento; assim, aquele que erra, erra por ignorância.

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Ponderar os resultados que advirão das ações, é o conhecimento do bem. Sem conhecimento não é possível a realização da “vida boa”.

Desta forma, a virtude é o conhecimento do bem; do que é bom para o homem. Desta forma, o Conhecimento; a Virtude é útil ao homem.

É um absurdo conhecer o bem e fazer o mal. Decorre daí, que o mal é resultado da ignorância.

Progredir é o resultado esperado de qualquer aprendizagem.

A Virtude (aretê) não pode ser ensinada de modo formal

A virtude tem que ser descoberta e encontrada na mente de cada um. A tarefa é descobrir a essência de todas as virtudes particulares.

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“Conhece-te a ti mesmo”, gravado no Templo de Delfos é a primeira espécie de Sabedoria e o único caminho que leva à virtude.

Para Sócrates, uma vida não examinada, não questionada, não merece ser vivida.

Embora não seja possível transmitir de modo eficaz a Verdade, através do uso de uma técnica tradicional, é possível e desejável dizer aos homens que eles devem procurar encontrá-la.

Neste sentido, o auto-exame diário proposto por Pitágoras é potencialmente útil.

A virtude é uma só.

A virtude é conhecimento.

É impossível conhecer em profundidade uma virtude, sem com isto, conhecer as demais.

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É preferível sofrer o mal do que praticar o mal.

O caráter corrosivo e subversivo do Método Socrático que ensina a pensar de modo independente e não aceitar informações tradicionais e impostas como verdades, foi o que conduziu Sócrates à condenação a morte.

A TÍTULO DE CONCLUSÃO DA ÉTICA SOCRÁTICA

Conseguirmos reconhecer a nossa profunda ignorância, é o primeiro passo para nos tornarmos mais sábios.

Através do diálogo, da reflexão e da exploração de nosso universo interior é que alcançamos o conhecimento e a sabedoria. Tais descobertas tem caráter essencialmente individual. Podem ser tutoriadas, mas dependem na verdade, do buscador e da sua abertura a novos pensamentos.

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Todas as virtudes tem uma só essência e se baseiam num só princípio, o Conhecimento. Conhecendo-se em profundidade uma dada virtude particular e sua essência, automaticamente se passa a conhecer o essencial de todas as demais.

O mal resulta em não saber avaliar os resultados das ações. É sempre fruto da Ignorância.

A virtude é o conhecimento daquilo que é bom para o homem. A virtude é útil ao homem. Uma vida virtuosa torna o homem feliz.

É preferível sofrer o mal, do que praticar o mal.

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