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CURSO ON-LINE – TRIBUNAL REGULAR – DIREITO CIVIL Prof: Dicler Ferreira 1 www.pontodosconcursos.com.br AULA 5 - Direito das obrigações (parte 1) Comceito de obrigação O renomado autor Caio Mario definiu a obrigação como sendo um vínculo jurídico em virtude do qual uma pessoa (sujeito ativo) pode exigir de outra (sujeito passivo) uma prestação economicamente apreciável. Deste conceito podemos listar dois tipos de elementos: 1) elementos subjetivos: são as pessoas, a que pode exigir (credor) e a que pode ser exigida (devedor), caracterizando-se, respectivamente, o sujeito ativo e o sujeito passivo; e 2) elemento objetivo: é a prestação, que deve ser de natureza patrimonial, dessa forma, também se caracteriza a patrimonialidade (valoração econômica). Modalidades das obrigações A seguir listaremos as principais classificações das Obrigações: - QUANTO AO CONTEÚDO DO OBJETO OBRIGACIONAL, as obrigações podem ser: Vejamos as características principais de cada uma. 1. Obrigações de dar (positivas): POSITIVAS NEGATIVAS NÃO FAZER DAR FAZER COISA CERTA COISA INCERTA FUNGÍVEL INFUNGÍVEL Ex: uma jóia, um quadro, etc. Ex: um boi dentro da boiada. Ex: pintar um muro (qualquer um pode fazer) Ex: show da Ivete Sangalo. (apenas uma pessoa específica pode fazer) Ex: não trazer animais domésticos para o cômodo alugado.

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AULA 5 - Direito das obrigações (parte 1)

Comceito de obrigação

O renomado autor Caio Mario definiu a obrigação como sendo um vínculo jurídico em virtude do qual uma pessoa (sujeito ativo) pode exigir de outra (sujeito passivo) uma prestação economicamente apreciável.

Deste conceito podemos listar dois tipos de elementos:

1) elementos subjetivos: são as pessoas, a que pode exigir (credor) e a que pode ser exigida (devedor), caracterizando-se, respectivamente, o sujeito ativo e o sujeito passivo; e

2) elemento objetivo: é a prestação, que deve ser de natureza patrimonial, dessa forma, também se caracteriza a patrimonialidade (valoração econômica).

Modalidades das obrigações

A seguir listaremos as principais classificações das Obrigações:

- QUANTO AO CONTEÚDO DO OBJETO OBRIGACIONAL, as obrigações podem ser:

Vejamos as características principais de cada uma.

1. Obrigações de dar (positivas):

POSITIVAS

NEGATIVAS NÃO FAZER

DAR

FAZER

COISA CERTA

COISA INCERTA

FUNGÍVEL

INFUNGÍVEL

Ex: uma jóia, um quadro, etc.

Ex: um boi dentro da boiada.

Ex: pintar um muro (qualquer um pode fazer)

Ex: show da Ivete Sangalo. (apenas uma pessoa específica pode fazer)

Ex: não trazer animais domésticos para o cômodo alugado.

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Nestas obrigações compromete-se o devedor a entregar alguma coisa, que pode ser, todavia, certa ou incerta, específica ou genérica.

a) coisa certa: (art. 233 a 242 do CC) consiste no vínculo jurídico pelo qual o devedor fica adstrito a fornecer ao credor determinado bem, perfeitamente individualizado, que tanto pode ser móvel como imóvel. A coisa certa há de constar de objeto preciso, que se possa distinguir, por características próprias, de outros da mesma espécie, a ser entregue pelo devedor ao credor, no tempo e pelo motivo devidos. Essa obrigação só confere ao credor simples direito pessoal e não real.

Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso.

Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos.

Art. 235. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu.

Art. 236. Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e danos.

Art. 237. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação. Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes.

Art. 238. Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da perda.

Art. 239. Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos.

Art. 240. Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, recebê-la-á o credor, tal qual se ache, sem direito a indenização; se por culpa do devedor, observar-se-á o disposto no art. 239.

Art. 241. Se, no caso do art. 238, sobrevier melhoramento ou acréscimo à coisa, sem despesa ou trabalho do devedor, lucrará o credor, desobrigado de indenização.

Art. 242. Se para o melhoramento, ou aumento, empregou o devedor trabalho ou dispêndio, o caso se regulará pelas normas deste Código atinentes às benfeitorias realizadas pelo possuidor de boa-fé ou de má-fé. Parágrafo único. Quanto aos frutos percebidos, observar-se-á, do mesmo modo, o disposto neste Código, acerca do possuidor de boa-fé ou de má-fé.

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Um assunto bastante cobrado em provas de concurso diz respeito à conseqüência quando a coisa certa se deteriorar ou se perder antes da obrigação de dar ser cumprida. Imagine que eu tenha que lhe entregar o cavalo Bravo e que após você me pagar o preço ocorra a morte do animal antes de ser entregue. Neste caso o que acontece?

A resposta não é simples, depende de haver ou não culpa de minha parte.

Dessa forma, a tabela a seguir pode lhe ajudar a solucionar muitas questões de concursos:

Sem culpa do devedor Com culpa do devedor

Perda da coisa (art 234) Resolve a obrigação (devolve o $) Equivalente + Perdas e danos

Deterioração da coisa (arts. 235 e 236)

1) Resolve a obrigação 2) abatimento no preço

- Equivalente + Perdas e danos - Aceitar a coisa + Perdas e danos

Perda da coisa restituível

(arts 238 e 239) Resolve a obrigação Equivalente + Perdas e danos

Deterioração da coisa restituível (art 240)

Recebe a coisa sem direito à indenização Equivalente + Perdas e danos

- Perda da coisa = coisa se extingue totalmente

- Deterioração da coisa = perda parcial

- Sobre a coisa restituível, imagine um empréstimo onde antes da coisa ser restituída ocorre a perda ou deterioração.

b) coisa incerta: (art. 243 a 246 do CC) nessa modalidade de obrigação o respectivo objeto ou o conteúdo da prestação, indicado genericamente no começo da relação, vem a ser determinado por um ato de escolha, no instante do pagamento. Então aqui o pagamento é precedido de um ato preparatório de escolha, que individualizará ou determinará a coisa a ser entregue ao credor. Feita a escolha esta obrigação transforma-se em obrigação de dar coisa certa, nos termos do art. 245 do CC. (Ex: escolher 10 cavalos dentre 100 possíveis).

Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade.

Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor.

Perceba que o devedor só deverá indenizar PERDAS E DANOS quando houver CULPA DO DEVEDOR.

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Art. 245. Cientificado da escolha o credor, vigorará o disposto na Seção antecedente.

Art. 246. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito.

Dentre os artigos listados, destaca-se o art. 246 do CC. Até o momento da concentração (escolha), todos os riscos são suportados pelo devedor Trata-se, aqui, da aplicação do velho princípio do direito romano (genus nunquan perit), ou seja, o gênero nunca perece. Como a coisa ainda não estava individualizada, a sua perda ou deterioração, ainda que por caso fortuito ou força maior, não aproveita ao devedor. Isto significa que a obrigação de entregar continua existindo. Assim, se um fazendeiro se obrigou a entregar 10 (dez) cavalos e, antes da entrega, todos os cavalos existentes em sua fazenda venham a perecer (morrer), ainda estará ele obrigado a fazer a entrega, mesmo porque poderá obter em outras fazendas. A não ser que o gênero da obrigação seja limitado. Digamos, voltando ao exemplo anterior, se o fazendeiro tivesse se obrigado a entregar 10 (dez) cavalos de sua fazenda. Aí sim, perecendo todos, a obrigação estaria resolvida.

2. Obrigações de fazer (positivas): (arts. 247 a 249 do CC)

Consistem num ato do devedor ou num serviço deste. Qualquer forma de atividade humana lícita e possível pode constituir o objeto da obrigação. As obrigações de dar são também, por vezes, de fazer, todavia, distinguem-se porque nas de dar a prestação consiste na entrega de uma coisa certa ou incerta, enquanto que nas obrigações de fazer, o objeto consiste num ato ou serviço do devedor. A diferença está exatamente em se verificar se o dar ou o entregar são ou não conseqüência do fazer. Assim se o devedor tem de dar ou entregar alguma coisa sem que para o cumprimento da prestação tenha que fazê-la previamente, a obrigação é de dar; todavia, se primeiramente ele tem de confeccionar a coisa para depois entregá-la, se ele tem que realizar algum ato, do qual será mero corolário o de dar, a obrigação é de fazer.

Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exeqüível.

Art. 248. Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas e danos.

Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível. Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido.

Na obrigação de car coisa incerta a perda/deterioração por caso fortuito ou força maior, antes da escolha, não exime a obrigação do devedor.

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A regra geral é a de que a obrigação de fazer pode ser executada pelo próprio devedor ou por terceiro à custa deste (obrigação de fazer fungível), salvo quando a pessoa do devedor é eleita em atenção às qualidades que lhe são próprias, quando, por exemplo, se contratam os serviços de um advogado de nomeada ou se encomenda determinado quadro a um pintor célebre (obrigação de fazer infungível).

3. Obrigações de não fazer (negativas): (arts. 250 e 251 do CC)

São aquelas obrigações através das quais o devedor se compromete a não praticar certo ato, que poderia livremente praticar, se não houvesse se obrigado. A obrigação de não fazer é muito comum e confunde-se com a matéria de servidão.

Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar.

Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos. Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer, independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido.

As obrigações de não fazer são mais freqüentes nos contratos onde o devedor se compromete a não obstar o exercício de algum direito por parte do credor. Exemplos:

a) obriga-se o devedor a não se estabelecer comercialmente em uma determinada rua, num determinado bairro, ou numa determinada cidade;

b) compromete-se o negociante a não fazer concorrência a um outro sócio

c) obriga-se o inquilino a não trazer animais domésticos para o cômodo alugado;

- QUANTO AOS ELEMENTOS, as obrigações podem ser:

Sempre que houver urgência na obrigação de fazer (art. 249) ou de não fazer (art. 251) o credor pode mandar fazer ou desfazer independentemente de autorização judicial.

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Quanto aos seus elementos são divididas em simples e complexas. As obrigações simples apresentam-se com um sujeito ativo, um sujeito passivo e um único objeto. Estando um desses elementos no plural a obrigação é considerada composta ou complexa (pode ser composta por multiciplidade de sujeitos ou de objetos).

As obrigações compostas por multiplicidade de objetos são divididas em cumulativas (ou conjuntivas) e alternativas (ou disjuntivas). Nas cumulativas os objetos se apresentam ligados pela conjunção “e”, ou seja, deve-se entregar uma coisa e outra concomitantemente . A obrigação só é cumprida se for entregue as duas coisas. Na obrigação alternativa os objetos se apresentam ligados por “ou”; deve-se entregar apenas uma ou outra coisa e não as duas para o cumprimento da obrigação.

As obrigações compostas por multiciplidade de sujeitos podem ser: divisíveis,

indivisíveis e solidárias (art. 257 a 285 CC/02). Divisíveis são aquelas em que o objeto

da prestação pode ser dividido entre os sujeitos, ao contrário das indivisíveis; sendo que

SIMPLES OU SINGULARES

COMPOSTAS

Possuem 1 Sujeito Ativo, 1 Sujeito Passivo e 1 objeto.

PLURALIDADE DE OBJETOS

PLURALIDADE DE SUJEITOS

CUMULATIVA

ALTERNATIVA

DIVISÍVEL

INDIVISÍVEL

SOLIDÁRIAS

Ex: dar um carro e um apartamento.

Ex: dar um carro ou um apartamento.

Ex: conta corrente conjunta no banco. (marido e esposa)

Ex: A, B e C alugam um imóvel de D.

Ex: A, B e C alugam um imóvel de D, E e F.

ATIVA

PASSIVA

MISTA

Vários credores

Vários devedores

Vários devedores e credores

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ambas podem ser ativas (vários credores) ou passivas (vários devedores).

O conhecimento se uma obrigação é divisível ou indivisível só se faz necessário apenas se houver multiplicidade de credores ou devedores.

Vejamos as características principais de cada uma. a) obrigações simples:

A obrigação é simples quando a prestação abrange um único ato, ou uma coisa só, singular ou coletiva. Aqui libera-se o devedor entregando precisamente o objeto devido. Não pode entregar outro ainda que mais valioso. A substituição da prestação só é possível, havendo expressa anuência do credor.

b) obrigações cumulativas: São aquelas em que seu cumprimento exige efetiva entrega de todas as

prestações prometidas. Segundo se haja convencionado, o pagamento poderá ser simultâneo ou sucessivo. Mas o credor não pode ser obrigado a receber, nem o devedor a pagar, por partes, se assim não se ajustou. Nesta modalidade existem tantas obrigações distintas quantas as prestações devidas; todavia, para que existam, preciso será que as várias prestações sejam discriminadas ou especificadas.

c) obrigações alternativas: (arts. 252 a 256 do CC)

Neste tipo de obrigação, embora haja pluralidade de prestações, o devedor só está obrigado ao cumprimento de uma delas. Aqui apesar de haverem várias prestações contempladas na relação jurídica o devedor se libera da obrigação com a satisfação de apenas uma. As obrigações alternativas se caracterizam por dois traços fundamentais: pluralidade de prestações e exoneração do devedor mediante realização de uma única prestação.

Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou. § 1o Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra. § 2o Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção poderá ser exercida em cada período. § 3o No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo unânime entre eles, decidirá o juiz, findo o prazo por este assinado para a deliberação. § 4o Se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou não puder exercê-la, caberá ao juiz a escolha se não houver acordo entre as partes.

Art. 253. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornada inexeqüível, subsistirá o débito quanto à outra.

Art. 254. Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das prestações, não competindo ao credor a escolha, ficará aquele obrigado a pagar o valor da que por último se impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso determinar.

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Art. 255. Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível por culpa do devedor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e danos; se, por culpa do devedor, ambas as prestações se tornarem inexeqüíveis, poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenização por perdas e danos. Art. 256. Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a obrigação.

Pelo fato de existir mais de um objeto possível, algumas perguntas costumam aparecer em provas de concursos, tais como:

I - Se uma das prestações perecer ou se deteriorar o que acontece?

A tabela a seguir apresenta as respostas:

Obrigação Alternativa

Escolha do devedor Escolha do credor

Com culpa do devedor

Sem culpa do devedor

Com culpa do devedor

Sem culpa do devedor

Perecimento de

1 prestação Subsiste o débito quanto à outra

prestação

2 possibilidades: - Prestação subsistente - Valor da que pereceu + P/D

Subsiste o débito quanto à outra prestação

Perecimento das 2

prestações

Valor da que se impossibilitou

por último + P/D

Resolve a obrigação

(devolução do $)

Valor de qualquer uma das prestações + P/D

Resolve a obrigação

(devolução do $)

Perceba que, em se tratando de obrigação alternativa, nem sempre a culpa do devedor está associada à indenização por perdas e danos (P/D).

Imagina que João (devedor) deva entregar um boi ou um cavalo para Pedro (credor) e a escolha caiba a Pedro. Diante disso, se o boi morrer por culpa de João (perecimento de 1 prestação), então Pedro poderá escolher o cavalo sem indenização por P/D ou escolher o valor do boi com indenização por P/D.

II - Quem escolhe a obrigação a ser entregue (devedor ou credor)?

Conclui-se que, no caso de obrigação alternativa, com o perecimento de uma das prestações e o credor escolhendo a prestação subsistente não cabe indenização por perdas e danos.

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1. (CESGRANRIO - ADVOGADO JUNIOR – Empresa de Pesquisa Energética – EPE – 2007) João e José, respectivamente, na qualidade de credor e devedor, pactuaram uma obrigação alternativa, com prestações periódicas. A esse respeito, assinale a afirmação correta. (A) A escolha cabe a João, se outra coisa não se estipulou. (B) A opção deverá ser exercida por José em cada período. (C) A opção deverá ser exercida por José antes do encerramento do primeiro período. (D) A opção deverá ser exercida por João antes do encerramento do primeiro período. (E) É facultado a José obrigar João a receber parte em uma prestação e parte, em outra.

No Direito Penal existe um brocado bastante conhecido por todos: “in dúbio pro reo”. Entretanto, fazendo uma analogia com o Direito Civil, temos: “in dúbio pro devedor”. Ou seja, quando, na relação obrigacional, couber a escolha de determinado fato a alguém, a regra é que a escolha seja feita pelo devedor.

Ressalta-se que a diretriz acima não é absoluta, pois admite situações opostas convencionadas pelas partes e outras, tal como o art. 252 do CC.

Gabarito: B

d) obrigações divisíveis e indivisíveis: (arts. 257 a 263 do CC)

Ao estudarmos essas modalidades de obrigação, observaremos que a classificação em divisíveis e indivisíveis não tem em mira o objeto, pois, seu interesse reside e se manifesta quando ocorre pluralidade de sujeitos.

Podemos afirmar, portanto, que divisíveis são as obrigações possíveis de cumprimento fracionado e indivisíveis são aquelas que só podem ser cumpridas em sua integralidade. Algo é indivisível quando as partes divididas têm as mesmas propriedades do todo. Existe indivisibilidade quando decorre da própria natureza da coisa (indivisibilidade natural); a indivisibilidade pode ser por força da lei (indivisibilidade convencional); ou pode ser objeto absolutamente divisível, no entanto, por convenção contratual a obrigação só poderá ser cumprida por inteiro (indivisibilidade convencional).

O art. 257 do C.C./02, trata os casos em que existe mais de um credor ou mais de um devedor, a obrigação "divide-se" em tantas quantos sejam os sujeitos ativos e passivos. Na pluralidade de sujeitos, a obrigação divide-se; haverá obrigações distintas, recebendo cada credor de devedor comum ou pagando cada devedor ao credor comum sua quota na prestação.

Há, contudo, alguma dificuldade e necessidade de conceituação quando o objeto da prestação for indivisível diante da pluralidade de sujeitos, mas o legislador ajudou o operador do Direito dispondo os arts. 259 e 260 do CC. O devedor, nesta hipótese, estará obrigado pela dívida toda, ficando este com direito de cobrar o que for devido do outro

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devedor, nos termos do parágrafo único do art. 259 CC. Pela pluralidade de credores de prestação indivisível, estes devem ser considerados credores solidários, enquanto persistir a indivisibilidade (art. 261 CC), "o credor que remite a dívida abre mão de seu cumprimento. Em se tratando de prestação indivisível, porém, os demais credores não podem ser prejudicados: a dívida deve ser paga aos credores não remitentes, mas estes, ai exigi-la, devem descontar a quota remitida.

Em situações que a obrigação se resumir em perdas e danos, perde o caráter de indivisível (art. 263 do CC),pois, a indenização é feita em dinheiro que é divisível por excelência. Se a culpa que motivou a indenização é todos os devedores, responderão todos por partes iguais (art. 263, §1º do CC); se a culpa for de um só, apenas este responderá por perdas e danos (§2º), mas pelo valor da prestação, responderão todos.

A nulidade da obrigação declarada com relação a um dos devedores estende-se a todos. Um ato defeituoso danifica toda a relação jurídica. Na insolvência de um dos devedores não prejudicará o credor, que poderá exigir o cumprimento da obrigação pelos demais.

Art. 257. Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores.

Art. 258. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico.

Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um será obrigado pela dívida toda. Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em relação aos outros coobrigados.

Art. 260. Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira; mas o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando: I - a todos conjuntamente; II - a um, dando este caução de ratificação dos outros credores.

Art. 261. Se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a cada um dos outros assistirá o direito de exigir dele em dinheiro a parte que lhe caiba no total.

Art. 262. Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os outros; mas estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor remitente. Parágrafo único. O mesmo critério se observará no caso de transação, novação, compensação ou confusão.

Art. 263. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos. § 1o Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos os devedores, responderão todos por partes iguais. § 2o Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os outros, respondendo só esse pelas perdas e danos.

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d) obrigações solidárias: (arts. 264 a 266 do CC)

Diz-se solidária a obrigação quando a totalidade da prestação puder ser exigida indiferentemente por qualquer dos credores de quaisquer dos devedores. Cada devedor deve o todo e não apenas sua fração ideal, como ocorre nas obrigações indivisíveis. Diferencia-se da indivisibilidade, visto que esta se relaciona ao objeto da prestação, enquanto a solidariedade se funda em relação jurídica subjetiva.

Art. 264. Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda.

Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes.

Art. 266. A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos co-credores ou co-devedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro.

Dessa forma, se um casal está devendo o pagamento do aluguel da casa onde moram, o locador pode cobrar todo o aluguel tanto do marido como da esposa.

d1) Solidariedade Ativa (arts. 267 a 274)

Configura-se pela presença de vários credores, chamados concredores, todos com o mesmo direito de exigir integralmente a dívida ao devedor comum (art. 267 do CC).

A solidariedade ativa é rara porque na sua principal característica está sua principal inconveniência (269). Assim, o devedor não precisa pagar a todos os concredores juntos, como na obrigação indivisível (art. 260, I do CC). Pagando apenas a um dos credores solidários, mesmo sem autorização dos demais, o devedor se desobriga, e se este credor for desonesto ou incompetente, e reter ou perder a quota dos demais, os concredores nada poderão reclamar do devedor, terão sim que reclamar daquele que embolsou o pagamento.

Mas caso algum dos concredores já esteja executando judicialmente o devedor, o pagamento deverá ser feito ao mesmo (art. 268 do CC), o que se chama de prevenção, ficando tal credor prevento para receber o pagamento com prioridade em nome de todos os concredores.

Outro inconveniente é que se um dos credores perdoar a dívida, o devedor fica liberado, e os demais concredores terão que exigir sua parte daquele que perdoou (272).

Como se vê, na solidariedade ativa cada credor fica sujeito à honestidade dos outros concredores. Por estes inconvenientes a solidariedade ativa é rara, afinal não interessa ao credor.

Art. 267. Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimento da prestação por inteiro.

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Art. 268. Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor comum, a qualquer daqueles poderá este pagar.

Art. 269. O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi pago.

Art. 270. Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível.

Art. 271. Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos, a solidariedade.

Art. 272. O credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento responderá aos outros pela parte que lhes caiba.

Art. 273. A um dos credores solidários não pode o devedor opor as exceções pessoais oponíveis aos outros.

Art. 274. O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais; o julgamento favorável aproveita-lhes, a menos que se funde em exceção pessoal ao credor que o obteve.

d1) Solidariedade Passiva (arts. 275 a 285)

Ocorre a solidariedade passiva quando mais de um devedor, chamado coobrigado, com seu patrimônio, se obriga ao pagamento da dívida toda (art. 275 do CC).

Assim, havendo três devedores solidários, o credor terá três pessoas para processar e exigir pagamento integral, mesmo que a obrigação seja divisível. O credor escolhe se quer processar um ou todos os devedores (art. 275, § único do CC). Aquele devedor que pagar integralmente a dívida, terá direito de regresso contra os demais coobrigados (art. 283 do CC).

Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto. Parágrafo único. Não importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores.

Art. 276. Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um devedor solidário em relação aos demais devedores.

Art. 277. O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtida não aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência da quantia paga ou relevada.

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Art. 278. Qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional, estipulada entre um dos devedores solidários e o credor, não poderá agravar a posição dos outros sem consentimento destes.

Art. 279. Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado.

Art. 280. Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a ação tenha sido proposta somente contra um; mas o culpado responde aos outros pela obrigação acrescida. Art. 281. O devedor demandado pode opor ao credor as exceções que lhe forem pessoais e as comuns a todos; não lhe aproveitando as exceções pessoais a outro co-devedor.

Art. 282. O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores. Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos demais.

Art. 283. O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos co-devedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os co-devedores.

Art. 284. No caso de rateio entre os co-devedores, contribuirão também os exonerados da solidariedade pelo credor, pela parte que na obrigação incumbia ao insolvente.

Art. 285. Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores, responderá este por toda ela para com aquele que pagar.

- QUANTO AO MOMENTO DE CUMPRIMENTO, as obrigações subdividem-se em: a) instantâneas: é aquela cumprida imediatamente após a sua constituição.

b) de execução diferida: é aquela cujo cumprimento deverá ocorrer de uma só vez no futuro. Ex: pagamento com cheque pós-datado ou pré-datado.

c) de execução continuada ou de trato sucessivo: é aquela cujo cumprimento se dá por meio de subvenções periódicas. Ex: a locação de um imóvel com pagamento mensal do aluguel.

- QUANTO AO ÔNUS DA PROVA DA CULPA, as obrigações dividem-se em: a) obrigações de meio: o devedor obriga-se a empregar diligências para atingir a meta colimada pelo ato. Neste caso, o credor deve provar que o objetivo visado não foi atingido por culpa do devedor. É o caso do advogado.

b) obrigações de resultado: são aquelas em que se obriga o devedor a realizar um fato determinado, como por exemplo no contrato de transporte, onde o transportador tem que conduzir o passageiro do ponto de embarque, a salvo, até o ponto de destino. Neste caso

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o credor deve apenas provar que o resultado não foi atingido; já o devedor, só se libera da responsabilidade se comprovar que o resultado não foi atingido por caso fortuito ou força maior. Também é o caso da cirurgia plástica estética, pois a cirurgia reparadora é considerada uma obrigação de meio.

- QUANTO AOS ELEMENTOS ACIDENTAIS, podem ser: a) puras e simples: são aquelas que ocorrem quando sua eficácia não fica subordinada a qualquer termo, condição ou encargo. Por exemplo a obrigação do vendedor entregar a coisa após sua venda; a obrigação do comodatário restituir a coisa findo o prazo para tal.

b) condicionais: quando dependem de acontecimento futuro e incerto, que pode se verificar ou não. Por exemplo, a venda a prazo com reserva de domínio, a venda com pacto de melhor comprador, etc.

c) modais: quando se impõe um ônus ao devedor beneficiado com determinada liberdade. Por exemplo, a doação com encargo.

d) a termo: quando a eficácia do ato é submetida a prazo, certo ou incerto, inicial ou final, como por exemplo, a obrigação de satisfazer uma dívida em determinado dia do calendário.

- QUANTO A AUTONOMIA DA EXISTÊNCIA, as obrigações dividem-se em: a) principais: são aquelas dotadas de vida própria e autônoma;

b) acessórias: são aquelas que se acham subordinadas às primeiras.

Destaca-se ainda a OBRIGAÇÃO PROPTER REM, também denominada REIPERSECUTÓRIA ou AMBULATÓRIA ou HÍBRIDA. Tal obrigação se origina do fato da pessoa ser titular de um direito real. Possui as seguintes características:

- o devedor não se obriga por sua vontade, e sim pelo fato de ser proprietário do bem;

- o devedor se exonera da obrigação se renunciar ao direito de propriedade ou abandonar a coisa;

- o sucessor a título singular assume automaticamente a dívida, ainda que não saiba da sua existência.

Exemplos:

- obrigação de pagar o IPTU;

- obrigação de pagar o condomínio; etc.

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Transmissão das Obrigações

Existem dois tipos de transmissão das obrigações: a que se opera causa mortis (regulada pelo direito das sucessões) e a que se opera inter vivos (regulada pelo direito das obrigações). Dessa forma, a transmissão de obrigações inter vivos pode ocorrer no pólo ativo da obrigação (cessão de crédito) ou no pólo passivo da relação obrigacional (assunção de dívida).

A cessão de crédito (arts. 286 a 298 do CC) é o negócio jurídico pelo qual o credor de uma obrigação transfere os seus direitos a outra pessoa, independentemente da anuência do devedor. É um instituto similar à compra e venda, porém, esta trata de bens corpóreos, ao passo que a cessão tem por objeto o crédito, que é um bem incorpóreo (imaterial).

O credor que realiza a cessão é chamado de cedente, o terceiro que adquire o crédito é chamado de cessionário e o devedor, cuja anuência é dispensável, é chamado de cedido.

Art. 286. O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor; a cláusula proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar do instrumento da obrigação.

Art. 287. Salvo disposição em contrário, na cessão de um crédito abrangem-se todos os seus acessórios.

Art. 288. É ineficaz, em relação a terceiros, a transmissão de um crédito, se não celebrar-se mediante instrumento público, ou instrumento particular revestido das solenidades do § 1o do art. 654.

Art. 289. O cessionário de crédito hipotecário tem o direito de fazer averbar a cessão no registro do imóvel.

A cedido

B cedente

$crédito

C cessionário

transferência do crédito

não precisa aceitar a

transferência

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Art. 290. A cessão do crédito não tem eficácia em relação ao devedor, senão quando a este notificada; mas por notificado se tem o devedor que, em escrito público ou particular, se declarou ciente da cessão feita.

Art. 291. Ocorrendo várias cessões do mesmo crédito, prevalece a que se completar com a tradição do título do crédito cedido.

Art. 292. Fica desobrigado o devedor que, antes de ter conhecimento da cessão, paga ao credor primitivo, ou que, no caso de mais de uma cessão notificada, paga ao cessionário que lhe apresenta, com o título de cessão, o da obrigação cedida; quando o crédito constar de escritura pública, prevalecerá a prioridade da notificação.

Art. 293. Independentemente do conhecimento da cessão pelo devedor, pode o cessionário exercer os atos conservatórios do direito cedido.

Art. 294. O devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe competirem, bem como as que, no momento em que veio a ter conhecimento da cessão, tinha contra o cedente.

Art. 295. Na cessão por título oneroso, o cedente, ainda que não se responsabilize, fica responsável ao cessionário pela existência do crédito ao tempo em que lhe cedeu; a mesma responsabilidade lhe cabe nas cessões por título gratuito, se tiver procedido de má-fé.

Art. 296. Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela solvência do devedor.

Art. 297. O cedente, responsável ao cessionário pela solvência do devedor, não responde por mais do que daquele recebeu, com os respectivos juros; mas tem de ressarcir-lhe as despesas da cessão e as que o cessionário houver feito com a cobrança.

Art. 298. O crédito, uma vez penhorado, não pode mais ser transferido pelo credor que tiver conhecimento da penhora; mas o devedor que o pagar, não tendo notificação dela, fica exonerado, subsistindo somente contra o credor os direitos de terceiro.

A assunção de dívida (arts. 299 a 303 do CC) é um negócio jurídico em que um terceiro assume a responsabilidade pela dívida do devedor, com ou sem o consentimento deste, mas sempre com a anuência expressa do credor.

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IMPORTANTE !!! - Cessão de crédito: independe da anuência do devedor; - Assunção de dívida: depende da anuência do credor.

Art. 299. É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o credor o ignorava. Parágrafo único. Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que consinta na assunção da dívida, interpretando-se o seu silêncio como recusa.

Art. 300. Salvo assentimento expresso do devedor primitivo, consideram-se extintas, a partir da assunção da dívida, as garantias especiais por ele originariamente dadas ao credor.

Art. 301. Se a substituição do devedor vier a ser anulada, restaura-se o débito, com todas as suas garantias, salvo as garantias prestadas por terceiros, exceto se este conhecia o vício que inquinava a obrigação.

Art. 302. O novo devedor não pode opor ao credor as exceções pessoais que competiam ao devedor primitivo.

Art. 303. O adquirente de imóvel hipotecado pode tomar a seu cargo o pagamento do crédito garantido; se o credor, notificado, não impugnar em trinta dias a transferência do débito, entender-se-á dado o assentimento.

2. (FGV - FISCAL DE RENDAS – RJ – 2009) A respeito da cessão de crédito, analise as afirmativas a seguir:

A cedente

B cedido

$crédito

C cessionário

transferência da dívida

Pode ou não aceitar a

transferência

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I. O devedor pode opor ao cessionário as exceções que tinha contra o cedente no momento em que veio a ter conhecimento da cessão. II. Na cessão de crédito por título oneroso, ainda que não se responsabilize, o cedente fica responsável ao cessionário pela existência do crédito ao tempo em que lhe cedeu. III. A cessão de crédito apenas é eficaz em relação ao devedor quando a este notificada ou quando o devedor se declarar ciente da cessão por meio de escrito público ou particular. Assinale: (A) se somente a afirmativa I estiver correta. (B) se somente a afirmativa II estiver correta. (C) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. (D) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas. (E) se todas as afirmativas estiverem corretas.

Análise das afirmativas:

I. CERTA. Conforme o art. 294 do CC.

O crédito é transferido com as mesmas características que possuía à época da cessão, não podendo o cedente por óbvio, transferir mais direito do que tenha. O cessionário passa a ter os mesmos direitos do cedente, incluindo bônus e ônus. Sendo assim, poderá o devedor opor contra o cessionário todas as formas de defesa de que dispunha contra o cedente, ao tempo em que teve conhecimento da cessão.

II. CERTA. Conforme o art. 295 do CC.

Para exemplificar, se eu tenho um crédito de $ 100 com João e cedo onerosamente esse crédito a você, por $ 80, independente de haver ou não cláusula expressa de responsabilidade, eu sou responsável pela existência dos $ 100 no momento da transferência. Caso o crédito transferido de $ 100 seja nulo ou inexistente, eu deverei ressarcir a você os prejuízos causados.

III. CERTA. Conforme o art. 290 do CC.

Se um crédito for cedido, o devedor deve ser notificado para “pagar certo”, ou seja, para pagar ao novo credor (cessionário). Caso o devedor declare que tem ciência da cessão do crédito, então a notificação se faz desnecessária.

Gabarito: E

3. (FGV - JUIZ SUBSTITUTO – TJ-MS – 2005) Com base no Código Civil, a respeito da assunção de dívida, analise as proposições a seguir: I. É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo ainda que, ao tempo da assunção, fosse insolvente e o credor conhecesse essa situação. II. Mesmo com o assentimento expresso do devedor primitivo, consideram-se extintas, a partir da assunção da dívida, as garantias especiais por ele originariamente dadas ao credor. III. O novo devedor pode opor ao credor as exceções pessoais que competiam ao devedor primitivo.

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Assinale: (A) se apenas a proposição I estiver correta. (B) se apenas a proposição II estiver correta. (C) se apenas as proposições I e II estiverem corretas. (D) se todas as proposições estiverem corretas. (E) se nenhuma proposição estiver correta.

Análise das afirmativas:

I. ERRADA. Em desacordo com o art. 299 do CC.

Se o novo devedor já é insolvente ao tempo da assunção da dívida, então o devedor primitivo não fica exonerado da obrigação, pois, neste caso, a transferência da dívida irá prejudicar o credor.

II. ERRADA. Em desacordo com o art. 300 do CC.

As chamadas garantias especiais dadas pelo devedor primitivo ao credor, ou seja, aquelas garantias que não são da essência da dívida e que foram prestadas em atenção à pessoa do devedor, como, por exemplo, as garantias dadas por terceiros (fiança, aval, hipoteca de terceiro), só subsistirão se houver concordância expressa do devedor primitivo e, em alguns casos, também do terceiro que houver prestado a garantia.

III. ERRADA. Em desacordo com o art. 302 do CC.

O novo devedor não poderá opor ao credor as defesas pessoais (ex: incapacidade, vício de consentimento, etc.) que eram cabíveis ao devedor primitivo. Se assim é, somente poderá opor as exceções preexistentes à cessão do débito (ex: pagamento, extinção ou nulidade da obrigação.) ou as exceções pessoais que lhe disserem respeito, ou decorrentes da própria relação jurídica. (ex: compensação, novação, etc.).

Gabarito: E

4. (ESAF – PGDF – PROCURADOR – 2007) Assinale a opção falsa. a) A “cessão de crédito” e a “assunção de dívida” constituem modalidades de transmissão das obrigações. b) Podem os contratantes estabelecer cláusula proibitiva da cessão de crédito. Tal cláusula proibitiva não poderá ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar do instrumento da obrigação. c) A partir da assunção de dívida, salvo assentimento expresso do devedor primitivo, consideram-se extintas as garantias especiais por ele originariamente dadas ao credor. d) Como na assunção de dívida, o que se transmite é a “obrigação originária”, o novo devedor pode opor ao credor as exceções pessoais que competiam ao devedor primitivo. e) Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que consinta na assunção de dívida, interpretando-se o seu silêncio como recusa.

Análise das alternativas:

(A) CERTA. Dispensa comentários.

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(B) CERTA. Conforme o art. 286 do CC.

Não há impedimentos para que os contratantes estabeleçam uma cláusula proibitiva da cessão do crédito, entretanto, para evitar que terceiros de boa-fé, possíveis adquirentes do crédito, não fiquem prejudicados, então a proibição de cessão do crédito deve estar prevista expressamente no contrato. Desta forma, um possível adquirente, ao tomar ciência da cláusula proibitiva, não mais irá adquirir o crédito através da cessão.

(C) CERTA. Conforme comentários da afirmativa II da questão anterior.

(D) ERRADA. Conforme comentários da afirmativa III da questão anterior.

(E) CERTA. Conforme o art. 299, § único do CC.

Pode-se estipular, judicial ou extrajudicialmente, prazo ao credor para que concorde na cessão do débito, interpretando seu silêncio, durante tal lapso temporal (normalmente utiliza-se 15 a 30 dias), como recusa na substituição do antigo devedor pelo terceiro.

Gabarito: D

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LISTA DOS EXERCÍCIOS APRESENTADOS NA AULA

1. (CESGRANRIO - ADVOGADO JUNIOR – Empresa de Pesquisa Energética – EPE – 2007) João e José, respectivamente, na qualidade de credor e devedor, pactuaram uma obrigação alternativa, com prestações periódicas. A esse respeito, assinale a afirmação correta. (A) A escolha cabe a João, se outra coisa não se estipulou. (B) A opção deverá ser exercida por José em cada período. (C) A opção deverá ser exercida por José antes do encerramento do primeiro período. (D) A opção deverá ser exercida por João antes do encerramento do primeiro período. (E) É facultado a José obrigar João a receber parte em uma prestação e parte, em outra.

2. (FGV - FISCAL DE RENDAS – RJ – 2009) A respeito da cessão de crédito, analise as afirmativas a seguir: I. O devedor pode opor ao cessionário as exceções que tinha contra o cedente no momento em que veio a ter conhecimento da cessão. II. Na cessão de crédito por título oneroso, ainda que não se responsabilize, o cedente fica responsável ao cessionário pela existência do crédito ao tempo em que lhe cedeu. III. A cessão de crédito apenas é eficaz em relação ao devedor quando a este notificada ou quando o devedor se declarar ciente da cessão por meio de escrito público ou particular. Assinale: (A) se somente a afirmativa I estiver correta. (B) se somente a afirmativa II estiver correta. (C) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. (D) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas. (E) se todas as afirmativas estiverem corretas.

3. (FGV - JUIZ SUBSTITUTO – TJ-MS – 2005) Com base no Código Civil, a respeito da assunção de dívida, analise as proposições a seguir: I. É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo ainda que, ao tempo da assunção, fosse insolvente e o credor conhecesse essa situação. II. Mesmo com o assentimento expresso do devedor primitivo, consideram-se extintas, a partir da assunção da dívida, as garantias especiais por ele originariamente dadas ao credor. III. O novo devedor pode opor ao credor as exceções pessoais que competiam ao devedor primitivo. Assinale: (A) se apenas a proposição I estiver correta. (B) se apenas a proposição II estiver correta. (C) se apenas as proposições I e II estiverem corretas. (D) se todas as proposições estiverem corretas. (E) se nenhuma proposição estiver correta.

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4. (ESAF – PGDF – PROCURADOR – 2007) Assinale a opção falsa. a) A “cessão de crédito” e a “assunção de dívida” constituem modalidades de transmissão das obrigações. b) Podem os contratantes estabelecer cláusula proibitiva da cessão de crédito. Tal cláusula proibitiva não poderá ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar do instrumento da obrigação. c) A partir da assunção de dívida, salvo assentimento expresso do devedor primitivo, consideram-se extintas as garantias especiais por ele originariamente dadas ao credor. d) Como na assunção de dívida, o que se transmite é a “obrigação originária”, o novo devedor pode opor ao credor as exceções pessoais que competiam ao devedor primitivo. e) Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que consinta na assunção de dívida, interpretando-se o seu silêncio como recusa.

Gabarito: 1-B 2-E 3-E 4-D

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EXERCÍCIOS COMENTADOS DA BANCA CESPE/UnB

1. (FSCMP-PA – Advogado – 2004) A obrigação de dar ou restituir coisa certa é aquela em que o devedor está obrigado a entregar ou devolver um bem que não pode ser substituído por outro de igual valor, qualidade ou quantidade.

Na obrigação de dar o devedor somente se desonera da obrigação com a entrega

do bem (tradição) que foi contratado. Abrange a obrigação de transferir a propriedade (ex:

compra e venda), entregar a posse (ex: locador ou comodante que deve entregar a coisa)

e restituir (ex: locatário ou comodatário de devolver a coisa quando termina o contrato).

Gabarito: Certa.

2. (MPE/RN – Promotor de Justiça – 2009) Na obrigação de dar coisa certa, se a coisa se perder sem culpa do devedor antes da tradição, este fica obrigado a ressarcir ao credor as perdas e os danos, sem prejuízo da eventual restituição do preço recebido.

Nobre concurseiro (a), quando se estuda o direito das obrigações, em 99% da

vezes que a questão menciona culpa do devedor, para o credor surge a possibilidade de

indenização por perdas e danos. Dessa forma, como regra, temos o seguinte:

CULPA DO DEVEDOR = PERDAS E DANOS (em 99% dos casos)

Como o enunciado diz que não houve culpa do devedor, então, conforme a regra

do quadro azul, não há que se falar em perdas e danos.

Gabarito: Errada.

3. (TJ/AC – Juiz Substituto – 2007) Na obrigação de restituir, caso a coisa se deteriore, por culpa ou não do depositário, tornando impossível o cumprimento da obrigação, esta será considerada resolvida e o proprietário da coisa deverá recebê-la tal qual se ache, sem direito a indenização.

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Seguindo a mesma linha de raciocínio da questão anterior, se a coisa se deteriorar

por culpa do depositário (devedor), então será devida a indenização por perdas e danos.

Gabarito: Errada.

4. (DESO-SE – Advogado - 2004) Nas obrigações de dar coisa incerta, se ocorrer a perda ou a deterioração da coisa antes que se dê a escolha, não pode o devedor pretender exonerar-se da obrigação, salvo se a perda ou deterioração dever-se a caso fortuito ou força maior.

Coisa incerta indica que a obrigação tem objeto indeterminado (o objeto é

indicado de forma genérica no início da obrigação), no entanto, tal objeto deve ser

indicado, ao menos, pelo gênero e quantidade, faltando determinar a qualidade. Como

exemplo temos a obrigação de dar cinco vacas (gênero = vacas ; quantidade = cinco).

Falta apenas individualizar quais as vacas que serão entregues.

Como a coisa ainda não estava individualizada (coisa incerta), a sua perda ou

deterioração, ainda que por caso fortuito ou força maior, não aproveita ao devedor, ou

seja, a obrigação de entregar permanece. Assim, se um fazendeiro se obrigou a entregar

10 (dez) sacas de milho e, antes da entrega, todas as sacas desse produto existentes em

sua fazenda venham a perecer, ainda estará ele obrigado a fazer a entrega, mesmo

porque poderá obter em outra fazenda, ou mesmo no comércio, o milho prometido.

Gabarito: Errada.

5. (MPE/RN – Promotor de Justiça – 2009) Tratando-se de coisas determinadas pelo gênero e quantidade, antes de cientificado da concentração, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito, salvo se o objeto da dívida for limitado.

Esta questão apresenta, em sua parte final, uma exceção à regra apresentada na

questão anterior. Imagine que eu tenha a obrigação de lhe dar um quadro do famoso

pintor Zezinho. Sabe-se que o pintor em questão pintou apenas dez quadros em toda a

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sua vida e que eu sou o proprietário desses 10 quadros. Não existem outros quadros no

mercado disponíveis para venda, ou seja, o objeto da dívida é limitado.

Diante do contexto apresentado, caso um ladrão entre na minha casa e furte os

dez quadros do pintor Zezinho, desde que não haja culpa de minha parte, eu poderei

alegar a perda da coisa, pois não há como buscar o objeto da obrigação (um quadro do

pintor Zezinho) em outro lugar.

Gabarito: Certa.

6. (MPE/RN – Promotor de Justiça – 2009) Na obrigação de prestar determinado fato, sobrevindo a morte do devedor antes do advento do termo, a obrigação transmite-se aos herdeiros ou sucessores do devedor.

A obrigação de fazer consiste na prestação de um serviço ou ato positivo (material

ou imaterial) do devedor (ex: trabalho manual, intelectual, científico ou artístico, etc.).

A morte do devedor torna impossível a prestação do fato sem culpa por sua parte.

Neste caso, a obrigação fica resolvida, ou seja, extinta e, por isso, não se transmite aos

herdeiros ou sucessores do devedor.

Gabarito: Errada.

7. (TRE-TO – Analista Administrativo – 2005) Nas obrigações de fazer e não fazer, pode o credor, quando verificada a urgência, mandar executar o fato ou desfazer aquilo que o devedor era obrigado a não fazer, às suas expensas, desde que autorizado judicialmente.

A obrigação de não fazer é aquela pela qual o devedor se compromete a não

praticar certo ato que poderia livremente praticar se não houvesse se obrigado.

Sabemos que nas duas situações (fazer e não fazer), quando ficar caracterizada

uma situação de urgência, não há necessidade de autorização judicial.

Tomemos como exemplo o fazendeiro que havia se obrigado a não impedir mas

impede o curso das águas de um rio que serve para irrigar a plantação de outra fazenda.

Neste caso, o fazendeiro prejudicado pode desfazer o obstáculo que impede o curso das

águas do rio independentemente de autorização judicial, pois, se a plantação não for

irrigada, será toda perdida.

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Gabarito: Errada.

8. (SENADO FEDERAL - Consultor Legislativo - 2002) Se Jurandir obrigou-se a entregar a Jonas um veículo e um animal, ele firmou uma obrigação composta cumulativa.

A obrigação cumulativa é aquela em que o devedor deve entregar dois ou mais

objetos, decorrentes da mesma causa ou mesmo título. O inadimplemento de um objeto

acarreta o descumprimento total; ou seja, o devedor só se exonera da obrigação

realizando a entrega de todos os objetos envolvidos na relação jurídica.

Gabarito: Certa.

9. (DESO-SE – Advogado – 2004) A obrigação alternativa é dotada de prestações múltiplas, uniformes ou não, em que o obrigado se libera prestando todas elas.

A obrigação alternativa é aquela em que existe duas ou mais prestações com

objetos distintos, permitindo ao devedor exonerar-se da obrigação satisfazendo a

qualquer uma delas.

Gabarito: Errada.

10. (TRF 1a Região – Juiz Substituto – 2009) Nas obrigações alternativas, se todas as prestações se tornarem impossíveis em razão de força maior, ainda assim subsistirá a obrigação pactuada originariamente.

Neste caso a obrigação se exaure por falta de objeto, desde que não tenha havido

culpa do devedor ou do credor. É a chamada “impossibilidade inocente”. Entretanto, vale

ressaltar que o devedor estará obrigado a restituir o que houver recebido pelas

prestações que se impossibilitarem.

Gabarito: Errada.

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11. (DPE/PI – Defensor Público – 2009) Por se entender a obrigação como um processo voltado à entrega da prestação ao credor com a liberação do devedor, havendo mais de um devedor, presume-se a solidariedade passiva como meio de garantir maior efetividade à obrigação.

A base legal da questão é o art. 265 do CC.

Art. 265 do CC - A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes.

O artigo em pauta elenca as duas únicas fontes da solidariedade: a lei ou a

vontade das partes. Dessa forma, não havendo previsão expressa na lei ou no contrato,

presume-se inexistente a solidariedade.

Gabarito: Errada. A solidariedade não se presume.

12. (Prefeitura de Aracajú-SE – Procurador - 2008) Na obrigação solidária passiva, cada um dos devedores está obrigado ao cumprimento integral da obrigação, que pode ser exigido de todos conjuntamente ou de apenas um deles.

O conceito de solidariedade é fornecido através do art. 264 do CC.

Art. 264 do CC - Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda.

Chama-se de solidária a obrigação quando a totalidade da prestação puder ser

exigida indiferentemente por qualquer dos credores de quaisquer dos devedores. Ou seja,

cada devedor deve o todo e não apenas sua fração ideal, como ocorre nas obrigações

indivisíveis. Entretanto, a solidariedade diferencia-se da indivisibilidade, visto que esta se

relaciona ao objeto da prestação, enquanto a solidariedade se funda em relação jurídica

subjetiva (entre as pessoas). Tanto é assim que, quando a obrigação não é cumprida e

ocorre a conversão em perdas e danos, desaparece a indivisibilidade, permanecendo, no

entanto, a solidariedade (arts. 263 e 271 do CC).

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Gabarito: Certa.

13. (INSS – Analista: Direito - 2008) Se a prestação se converte em perdas e danos, extingue-se a solidariedade.

Segundo o art. 263 do CC, a indenização pelas perdas e danos é expressa

sempre em dinheiro, sendo a obrigação pecuniária divisível por sua própria natureza. Por

outro lado, analisando o art. 271 do CC, a solidariedade independe do objeto da

prestação (divisível ou não), pois representa um vínculo entre as pessoas.

Segue tabela resumo:

HAVENDO CONVERSÃO DA PRESTAÇÃO EM PERDAS E DANOS

A INDIVISIBILIDADE TERMINA

A SOLIDARIEDADE PERMANECE

Gabarito: Errada.

14. (TJ/AC – Juiz Substituto – 2007) É solidária a obrigação quando houver mais de um devedor em obrigação indivisível que se baseie em uma mesma causa ou fundamento jurídico, sendo únicos a natureza e o objeto da prestação, bem como a condição e o prazo para todos os devedores. Assim, o cumprimento da prestação deve ser feito, de forma integral e necessariamente, por todos os devedores conjuntamente, sob pena de extinção da solidariedade e da unidade da prestação.

Conforme os comentários da questão 12, a solidariedade tem como base uma

relação jurídica entre as pessoas, independentemente do tipo de obrigação (divisível ou

indivisível).

Além do erro apontado, existem outras incoerências na questão, tais como:

- se houver mais de um devedor, temos a solidariedade passiva, porém, também é

possível haver a multiplicidade de credores, cada um com direito a exigir a dívida

toda, caracterizando-se a solidariedade ativa;

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- mesmo havendo solidariedade a obrigação pode ser pura e simples para um dos

co-credores ou co-devedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar

diferente, para o outro (art. 266 do CC); e

- o cumprimento da obrigação pode ser feito por apenas um devedor. Neste caso,

aquele que pagar tem direito a exigir de cada um dos co-devedores a sua

respectiva quota (art. 283 do CC).

Gabarito: Conclui-se que a questão está errada.

15. (MPE/RN – Promotor de Justiça – 2009) A solidariedade não subsiste para os herdeiros do credor solidário, mas conserva a vinculação em relação aos demais cocredores, salvo se a obrigação for indivisível.

Segue o artigo do CC que soluciona a questão:

Art. 270 do CC - Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível.

Já estudamos nas duas questões anteriores que a solidariedade está relacionada

a uma idéia de vínculo entre as pessoas. Dessa forma, imagine uma situação em que A

(inquilino de um apartamento) deve R$ 6.000,00 para B, C e D (proprietários do

apartamento) que são credores solidários. Entretanto, B falece e deixa dois filhos como

herdeiros (X e Y).

Na situação descrita anteriormente, cada filho de B tem direito a exigir apenas a

sua quota do crédito, ou seja R$ 1.000,00. Entretanto, imaginemos a mesma situação

com um objeto indivisível (ex: um cavalo de raça campeão de corrida).

R$ 6.000,00 A

D

C

B X

1000

Y 1000

Continuam credores solidários

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Nesta segunda hipótese, não é possível X e Y exigirem apenas a respectiva quota

do crédito (1/6 cada um), pois não é viável cortar o cavalo em pedaços. Diante disso, cria-

se a possibilidade jurídica de X ou Y exigirem todo o cavalo e indenizarem os demais no

respectivo valor de cada um..

Gabarito: Certa.

16. (MPE/SE – Promotor Substituto – 2010) Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes (A) será obrigado a pagar a dívida que corresponder ao devedor solidário falecido, se a obrigação for divisível. (B) será obrigado a pagar a totalidade da dívida, se a obrigação for divisível, com direito de ação regressiva contra os demais devedores. (C) será desobrigado de qualquer pagamento, pois a responsabilidade pelo pagamento não é transmitida aos herdeiros. (D) será obrigado a pagar apenas a cota que corresponder ao seu quinhão hereditário, se a obrigação for divisível. (E) só será obrigado a pagar a totalidade da dívida se os demais herdeiros não tiverem recursos e a obrigação for divisível.

Esta questão é o inverso da questão anterior, ou seja, ao invés do credor solidário

falecer, temos aqui o falecimento de um dos devedores solidários. Apesar da situação

estar invertida, os efeitos jurídicos são os mesmos. Vejamos o art. 276 do CC:

Art. 276 do CC - Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um devedor solidário em relação aos demais devedores.

cavalo A

D

C

B X

Y

Continuam credores solidários

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Dessa forma, imagine uma situação em que A, B e C (inquilinos de um

apartamento), devedores solidários, devem R$ 6.000,00 para D (proprietário do

apartamento). Entretanto, A falece e deixa dois filhos como herdeiros (X e Y).

Na situação descrita, cada herdeiro (X e Y), por se tratar de uma obrigação

divisível, só é obrigado a pagar a quota correspondente ao respectivo quinhão (R$

1.000,00).

Gabarito: D

17. (DPE/PI – Defensor Público – 2009) A solidariedade passiva determina que qualquer um dos devedores responde pelas perdas e pelos danos decorrentes da impossibilidade do objeto, mesmo que estes tenham sido causados por apenas um dos devedores, o que se dá em virtude de o instituto servir à proteção do credor.

A assertiva está em desacordo com o art. 279 do CC.

Art. 279 do CC - Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado.

Conclui-se que não havendo culpa, resolve-se a obrigação. Havendo culpa de

todos os co-devedores, todos eles responderão solidariamente pelo valor da prestação e

pelas perdas e danos. Entretanto, se a culpa foi de apenas um dos co-devedores, então

só o culpado responderá pelas perdas e danos, mas a obrigação de repor ao credor o

R$ 6.000,00

A

D

C

B X

1000

Y 1000

Continuam devedores solidários

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equivalente em dinheiro pela prestação que se impossibilitou será de todos e, quanto a

esta, permanece a solidariedade.

Gabarito: Errada.

18. (DPE/PI – Defensor Público – 2009) A solidariedade passiva da obrigação determina que, feito o pagamento total da dívida por um dos devedores, os demais devedores ficam solidariamente obrigados perante o pagador pela parte da dívida que não lhe couber.

A questão não corresponde ao art. 283 do CC.

Art. 283 do CC - O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos co-devedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os co-devedores.

O co-devedor que paga a dívida sozinho, paga além da sua parte e, por isso, tem

o direito de reaver dos outros coobrigados, através de uma ação regressiva, apenas a

quota correspondente de cada um.

Gabarito: Errada

19. (PGE/AM – Procurador – 2004) Em caso de inadimplência de obrigação propter

rem, a ação deve ser proposta contra o devedor, que sempre será o proprietário, não importando se conhecia ou não da onerosidade do bem ao tempo que o adquiriu.

As obrigações propter rem são obrigações híbridas – parte direito real, parte direito

pessoal. Ou seja, recaem sobre uma pessoa, por força de um direito real.

Ex: obrigação de um proprietário de não prejudicar a segurança, sossego e saúde dos

vizinhos; a do condômino de contribuir para a conservação da coisa comum ou de não

alterar a fachada externa do edifício; adquirente de imóvel hipotecado de pagar o débito

que o onera, etc.

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O exemplo mais cobrado em provas de concursos é o do condômino que, devendo

contribuições condominiais, vende a sua unidade. Diante disso, a pessoa que adquiriu o

apartamento não devia nada ao condomínio, mas quando se torna proprietária assume as

dívidas do bem, inclusive as contribuições passadas e não pagas pelo antigo proprietário

(art. 1.345 do CC). O adquirente, no entanto, tem direito de regresso contra o alienante.

Trata-se, portanto de obrigação que acompanha a coisa.

Art. 1.345 do CC - O adquirente de unidade responde pelos débitos do alienante, em relação ao condomínio, inclusive multas e juros moratórios.

Gabarito: Certa.

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LISTA DAS QUESTÕES DA BANCA CESPE/UnB

1. (FSCMP-PA – Advogado – 2004) A obrigação de dar ou restituir coisa certa é aquela em que o devedor está obrigado a entregar ou devolver um bem que não

pode ser substituído por outro de igual valor, qualidade ou quantidade.

2. (MPE/RN – Promotor de Justiça – 2009) Na obrigação de dar coisa certa, se a coisa se perder sem culpa do devedor antes da tradição, este fica obrigado a ressarcir ao credor as perdas e os danos, sem prejuízo da eventual restituição do preço recebido.

3. (TJ/AC – Juiz Substituto – 2007) Na obrigação de restituir, caso a coisa se deteriore, por culpa ou não do depositário, tornando impossível o cumprimento da obrigação, esta será considerada resolvida e o proprietário da coisa deverá recebê-la tal qual se ache, sem direito a indenização.

4. (DESO-SE – Advogado - 2004) Nas obrigações de dar coisa incerta, se ocorrer a perda ou a deterioração da coisa antes que se dê a escolha, não pode o devedor

pretender exonerar-se da obrigação, salvo se a perda ou deterioração dever-se a caso fortuito ou força maior.

5. (MPE/RN – Promotor de Justiça – 2009) Tratando-se de coisas determinadas pelo gênero e quantidade, antes de cientificado da concentração, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito, salvo se o objeto da dívida for limitado.

6. (MPE/RN – Promotor de Justiça – 2009) Na obrigação de prestar determinado

fato, sobrevindo a morte do devedor antes do advento do termo, a obrigação transmite-se aos herdeiros ou sucessores do devedor.

7. (TRE-TO – Analista Administrativo – 2005) Nas obrigações de fazer e não fazer,

pode o credor, quando verificada a urgência, mandar executar o fato ou desfazer

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aquilo que o devedor era obrigado a não fazer, às suas expensas, desde que autorizado judicialmente.

8. (SENADO FEDERAL - Consultor Legislativo - 2002) Se Jurandir obrigou-se a entregar a Jonas um veículo e um animal, ele firmou uma obrigação composta

cumulativa.

9. (DESO-SE – Advogado – 2004) A obrigação alternativa é dotada de prestações múltiplas, uniformes ou não, em que o obrigado se libera prestando todas elas.

10. (TRF 1a Região – Juiz Substituto – 2009) Nas obrigações alternativas, se todas as prestações se tornarem impossíveis em razão de força maior, ainda assim subsistirá a obrigação pactuada originariamente.

11. (DPE/PI – Defensor Público – 2009) Por se entender a obrigação como um processo voltado à entrega da prestação ao credor com a liberação do devedor, havendo mais de um devedor, presume-se a solidariedade passiva como meio de garantir maior efetividade à obrigação.

12. (Prefeitura de Aracajú-SE – Procurador - 2008) Na obrigação solidária passiva, cada um dos devedores está obrigado ao cumprimento integral da obrigação, que pode ser exigido de todos conjuntamente ou de apenas um deles.

13. (INSS – Analista: Direito - 2008) Se a prestação se converte em perdas e danos, extingue-se a solidariedade.

14. (TJ/AC – Juiz Substituto – 2007) É solidária a obrigação quando houver mais de um devedor em obrigação indivisível que se baseie em uma mesma causa ou fundamento jurídico, sendo únicos a natureza e o objeto da prestação, bem como a condição e o prazo para todos os devedores. Assim, o cumprimento da prestação deve ser feito, de forma integral e necessariamente, por todos os devedores conjuntamente, sob pena de extinção da solidariedade e da unidade da prestação.

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15. (MPE/RN – Promotor de Justiça – 2009) A solidariedade não subsiste para os herdeiros do credor solidário, mas conserva a vinculação em relação aos demais cocredores, salvo se a obrigação for indivisível.

16. (MPE/SE – Promotor – 2010) Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes (A) será obrigado a pagar a dívida que corresponder ao devedor solidário falecido, se a obrigação for divisível. (B) será obrigado a pagar a totalidade da dívida, se a obrigação for divisível, com direito de ação regressiva contra os demais devedores. (C) será desobrigado de qualquer pagamento, pois a responsabilidade pelo pagamento não é transmitida aos herdeiros. (D) será obrigado a pagar apenas a cota que corresponder ao seu quinhão hereditário, se a obrigação for divisível. (E) só será obrigado a pagar a totalidade da dívida se os demais herdeiros não

tiverem recursos e a obrigação for divisível.

17. (DPE/PI – Defensor Público – 2009) A solidariedade passiva determina que qualquer um dos devedores responde pelas perdas e pelos danos decorrentes da impossibilidade do objeto, mesmo que estes tenham sido causados por apenas um dos devedores, o que se dá em virtude de o instituto servir à proteção do credor. E

18. (DPE/PI – Defensor Público – 2009) A solidariedade passiva da obrigação determina que, feito o pagamento total da dívida por um dos devedores, os demais devedores ficam solidariamente obrigados perante o pagador pela parte da dívida que não lhe couber. E

19. (PGE-AM – Procurador – 2004) Em caso de inadimplência de obrigação propter

rem, a ação deve ser proposta contra o devedor, que sempre será o proprietário, não importando se conhecia ou não da onerosidade do bem ao tempo que o adquiriu.

Gabarito: 1-C 2-E 3-E 4-E 5-C 6-E 7-E 8-C 9-E 10-E 11-E 12-C 13-E 14-E 15-C 16-D 17-E 18-E 19-C

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LISTA DE QUESTÕES DA BANCA FCC

1. (TRF 4a – Analista Judiciário – Judiciário – 2010) A respeito das obrigações de dar, considere: I. Nas obrigações de dar coisa incerta, antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, exceto por força maior ou caso fortuito. II. Em regra, a obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela, embora não mencionados. III. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu. IV. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço. De acordo com o Código Civil brasileiro, está correto o que consta APENAS em (A) I, II e IV. (B) III e IV. (C) I, II e III. (D) II e III. (E) II, III e IV.

2. (TRF 2ª – Analista Judiciário – Especialidade Execução de Mandados – 2007) A respeito das obrigações de dar, considere: I. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu. II. Se a obrigação for de restituir coisa certa e sobrevier melhoramento ou acréscimo à coisa, sem despesa ou trabalho do devedor, lucrará o credor, desde que indenize o devedor. III. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertencerá ao credor, se o contrário não resultar do título da obrigação. Está correto o que consta APENAS em (A) I. (B) I e II. (C) I e III. (D) II e III. (E) III.

3. (TJ/AP – Juiz de Direito Substitututo – 2009) Na obrigação de dar coisa certa, (A) até a tradiçãp pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e crescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço e se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigaçao. (B) os frutos, pendentes ou percebidos, são do devedor. (C) desde a realização do negócio jurídico e independentemente da tradição, pertencerá ao credor a coisa, com os seus melhoramentos e acessórios, pelos quais não será obrigado a qualquer pagamento adicional. (D) deteriorada a coisa antes da tradição, sem culpado devedor, resolve-se de pleno direito a obrigação. (E) deteriorada a coisa, antes da tradição, sem culpado devedor, o credor será obrigado a aceitar a coisa, com abatimento proporcional do preço.

4. (TRF 5ª – Analista Judiciário – Administrativa – 2008) Analise as seguintes assertivas sobre as obrigações de dar coisa certa e incerta: I. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu. II. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais não poderá exigir aumento do preço. III. Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, recebê-la-á o credor, tal qual se ache, sem direito a indenização. IV. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, na obrigação de dar coisa incerta, a escolha pertence ao credor, se o contrário não resultar do título da obrigação. De acordo com o Código Civil é correto o que se afirma APENAS em: (A) II e III. (B) II, III e IV. (C) I, III e IV. (D) I, II e IV. (E) I e III.

5. (MPE/SE – Técnico do Ministério Público – Administração – 2009) Com relação a obrigação de dar coisa certa e incerta é correto afirmar que,

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(A) deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, não poderá o credor resolver a obrigação, devendo aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu. (B) a obrigação de dar coisa certa, em regra, não abrange os acessórios dela não mencionados. (C) até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço. (D) os frutos percebidos são do credor, cabendo ao devedor os pendentes. (E) se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder antes da tradição, responderá o devedor pelo equivalente, mais perdas e danos.

6. (MPE/CE – Promotor de Justiça – 2009) Nas obrigações de não fazer (A) a mora ocorrerá pelo simples descumprimento da obrigação, ainda que não haja fato ou omissão imputável ao devedor. (B) não poderá o credor exigir que o devedor desfaça o ato, ainda que isto seja materialmente possível. (C) se descumprida, somente é possível a condenação do réu a abster-se do ato, sob pena de multa diária. (D) o devedor ficará isento de qualquer conseqüência de ordem pecuniária, se o credor não provar o prejuízo. (E) se descumprida, em caso de urgência poderá o credor desfazer ou mandar desfazer, independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido.

7. (TRT 15ª – Analista Judiciário – Administrativa – 2009) Nas obrigações (A) alternativas, a escolha cabe ao credor, se outra coisa não se estipulou. (B) solidárias, não importa em renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores. (C) indivisíveis, se um dos credores remitir a dívida, a obrigação ficará extinta para com os outros. (D) de dar coisa certa, deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação e exigir do devedor o valor que perdeu em decorrência da deteriorização. (E) de não fazer, praticado pelo devedor o ato a cuja abstenção se obrigara, extingue-se a obrigação pela perda do objeto, não tendo o credor direito a indenização.

8. (TJ/PA – Auxiliar Judiciário – 2009) Nas obrigações alternativas, (A) pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra. (B) a escolha cabe ao credor, se outra coisa não se estipulou. (C) pode o credor exigir do devedor a receber parte em uma prestação e parte em outra. (D) a escolha cabe ao devedor, se algo diferente não foi estipulado. (E) se uma das duas prestações tornar-se inexequível, não substituirá o débito quanto à outra.

9. (TRT 16ª - Analista Judiciário – Administrativa – 2008) Para o cumprimento de obrigações alternativas, (A) o credor e o obrigado não podem modificar nada sem expressa autorização judicial. (B) o credor pode exigir do obrigado o pagamento de parte em uma prestação e parte em outra. (C) o modo de escolha cabe sempre ao credor. (D) o obrigado pode exigir do credor o recebimento de parte em uma prestação e parte em outra. (E) a escolha cabe ao obrigado, se de maneira diversa nada tiver sido estipulado.

10. (PBGÁS – Advogado – 2007) Nas obrigações alternativas, (A) se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, o pagamento deve ser feito pelo equivalente em dinheiro. (B) o devedor pode obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra. (C) se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornar inexeqüível, não subsistirá o débito quanto à outra. (D) quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção poderá ser exercida em cada período. (E) a escolha cabe ao credor, se nada tiverem as partes estipulado a respeito no contrato.

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11. (TRF 3ª – Analista Judiciário – Judiciária – 2007) Nas obrigações alternativas em que a escolha cabe ao devedor, (A) se uma das duas prestações se tornar inexeqüível, não subsistirá o débito quanto à outra em razão da impossibilidade de exercício do direito de escolha. (B) se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das prestações, ficará o devedor obrigado a pagar o valor da que por último se impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso determinar. (C) quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção só poderá ser exercida no primeiro período, valendo a escolha feita para os demais. (D) se for conveniente ao devedor, poderá obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra. (E) se todas as prestações se tornarem impossíveis, sem culpa do devedor, a obrigação resolver-se-á em perdas e danos, calculadas com base na obrigação de maior valor.

12. (TRT 15ª – Analista Judiciário – Judiciário – 2009) Nas obrigações (A) divisíveis, havendo dois ou mais devedores, cada um será obrigado pela dívida toda. (B) alternativas, pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra. (C) solidárias, o credor pode renunciar a solidariedade em favor de um ou de alguns dos devedores. (D) de dar coisa incerta, indicada pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao credor, se o contrário não resultar do título da obrigação. (E) de fazer, se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, responderá este por perdas e danos.

13. (TJ/SE – Analista Judiciário – Direito – 2009) A respeito das modalidades das obrigações, é correto afirmar que (A) a obrigação de dar coisa certa não abrange os acessórios dela se isso não tiver sido mencionado expressamente no título. (B) nas obrigações de dar coisa incerta, antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito. (C) nas obrigações alternativas, pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra. (D) não perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolva em perdas e danos. (E) convertendo-se a prestação em perdas e danos, extingue-se, para todos os efeitos, a solidariedade.

14. (TRT 3ª – Analista Judiciário - Área Judiciária – 2009) A respeito das modalidades das obrigações, considere: I. Nas obrigações solidárias, convertendo-se a prestação em perdas e danos, não mais subsiste a solidariedade. II. Nas obrigações de dar coisa incerta nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação. III. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos. Está correto o que se afirma APENAS em (A) I. (B) I e II. (C) I e III. (D) II e III. (E) III.

15. (TRT 7ª – Analista Judiciário – Administrativa – 2009) Nas obrigações solidárias, no que concerne à solidariedade passiva, é correto afirmar: (A) se a ação tiver sido proposta somente contra um dos devedores solidários, os demais não respondem pelos juros de mora. (B) importa em renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores. (C) se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, não subsistirá a dos demais.

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(D) se o credor receber de um dos devedores o pagamento parcial da dívida, os demais devedores ficarão desobrigados do pagamento do restante. (E) impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente, mas pelas perdas e danos só responde o culpado.

16. (TRT 7ª – Analista Judiciário - Área Judiciária – 2009) A respeito das modalidades das obrigações, é correto afirmar que (A) nas obrigações alternativas, se uma das duas prestações se tornar inexeqüível, subsistirá o débito quanto à outra. (B) se extingue a obrigação de não fazer se, por culpa do devedor, se lhe tornar impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar. (C) nas obrigações divisíveis, havendo dois ou mais devedores, cada um será obrigado pela dívida toda. (D) nas obrigações de fazer, o credor, mesmo em caso de urgência, depende de autorização judicial para executar ou mandar executar o fato, quando houver recusa ou mora do devedor. (E) a obrigação solidária não pode ser pura e simples para um dos co-devedores e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para outro.

17. (DPE/PA – Defensor Público – 2009) No que tange ao Direito das Obrigações, é correto afirmar que (A) nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, mesmo se outra coisa se estipulou. (B) a obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico. (C) a obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos co-credores ou co-devedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro. (D) nas obrigações de fazer, incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor inadimplente, exceto se recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exeqüível. (E) nas obrigações de dar coisa incerta, tratando-se de coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao credor, se o contrário não resultar do título da obrigação.

18. (TRE – AL – Analista Judiciário - Judiciária – 2010) Considere as seguintes assertivas a respeito da transmissão das obrigações: I. Ocorrendo várias cessões do mesmo crédito, prevalece a primeira cessão formalmente e legalmente realizada independentemente da tradição. II. Independentemente do conhecimento da cessão pelo devedor, pode o cessionário exercer os atos conservatórios do direito cedido. III. Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela solvência do devedor. IV. Em regra, consideram-se extintas, a partir da assunção da dívida, as garantias especiais originariamente dadas pelo devedor primitivo ao credor. De acordo com o Código Civil Brasileiro está correto o que se afirma APENAS em (A) I, II e III. (B) I e IV. (C) II e III. (D) II e IV. (E) II, III e IV.

19. (TJ/AP – Juiz de Direito Substituto – 2009) É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor (A) podendo aquele, entretanto, opor ao credor as exceções pessoais que competiam ao devedor primitivo. (B) independentemente do consentimento do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o credor o ignorava. (C) com o consentimento expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o credor o ignorava. (D) mas não se extinguem, com a assunção da dívida, as garantias especiais dadas pelo devedor primitivo Originariamente; (E) sendo que, notificado o credor para que consinta na assunção da dívida em certo prazo, o seu silêncio interpreta-se como aceitação.

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GABARITO: 1-E 2-A 3-A 4-E 5-C 6-E 7-B 8-D 9-E 10-D 11-B 12-C 13-B 14-D 15-E 16-A 17-C 18-E 19-C