aula 05 - cópia

50
CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ICMS-DF PROFESSOR: FREDERICO DIAS 1 www.pontodosconcursos.com.br Aula 5 - Controle da Constitucionalidade – parte 1 Bom dia! Hoje trataremos do assunto mais interessante do direito constitucional: controle de constitucionalidade das leis. Aliás, vamos começar a estudá- lo, pois esse assunto será abordado também na próxima aula. Posso dizer que o controle de constitucionalidade agrupa o conhecimento de toda a matéria de Direito Constitucional. Outro aspecto interessante é que esse assunto exige uma maior capacidade de compreensão do candidato, privilegiando o raciocínio em detrimento da mera capacidade de memorização. E isso é muito bom! Mas vamos já começar a falar de controle... Desde criança, já podemos ter uma noção do que é controle, por meio do respeito às regras estabelecidas pelos nossos pais. Mas só vamos, de fato, conhecer o verdadeiro controle a partir do casamento, não é?...rs Brincadeiras à parte, o que é o controle de constitucionalidade? Posso nesta introdução ser bem simplista e afirmar que se trata de um mecanismo de fiscalização da validade de todas as normas do ordenamento jurídico frente às regras estabelecidas pela Constituição. Ou seja, vamos estudar hoje os instrumentos existentes no nosso ordenamento jurídico que objetivam verificar a compatibilidade de atos do poder público com a Constituição Federal. Digamos que ao final da aula, você deve ser capaz de responder: quais são os sistemas, modelos e momento do controle? Quem pode provocar o controle de constitucionalidade? Quem tem competência para julgar a constitucionalidade de leis e atos normativos? Quais os efeitos da declaração de inconstitucionalidade? E por aí vai... Veja o conteúdo da Aula de hoje 1 – Noções de Controle de Constitucionalidade 1.1 – Supremacia da Constituição e controle de constitucionalidade 1.2 – Espécies de inconstitucionalidade 1.3 – Sistemas, momentos, modelos e vias de controle 1.4 – Breve histórico evolutivo do controle de constitucionalidade brasileiro 1.5 – Teoria da nulidade e mitigação do princípio da nulidade 2 – Controle difuso 2.1 – Recurso Extraordinário 2.2 – Efeitos da decisão 2.3 – Atuação do Senado Federal 3 – Ação Direta de Inconstitucionalidade 3.1 – Objeto

Upload: thyagosmesme

Post on 06-Dec-2015

28 views

Category:

Documents


1 download

DESCRIPTION

dc

TRANSCRIPT

Page 1: Aula 05 - Cópia

CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ICMS-DF PROFESSOR: FREDERICO DIAS

1 www.pontodosconcursos.com.br

Aula 5 - Controle da Constitucionalidade – parte 1 Bom dia! Hoje trataremos do assunto mais interessante do direito constitucional: controle de constitucionalidade das leis. Aliás, vamos começar a estudá-lo, pois esse assunto será abordado também na próxima aula. Posso dizer que o controle de constitucionalidade agrupa o conhecimento de toda a matéria de Direito Constitucional. Outro aspecto interessante é que esse assunto exige uma maior capacidade de compreensão do candidato, privilegiando o raciocínio em detrimento da mera capacidade de memorização. E isso é muito bom! Mas vamos já começar a falar de controle... Desde criança, já podemos ter uma noção do que é controle, por meio do respeito às regras estabelecidas pelos nossos pais. Mas só vamos, de fato, conhecer o verdadeiro controle a partir do casamento, não é?...rs Brincadeiras à parte, o que é o controle de constitucionalidade? Posso nesta introdução ser bem simplista e afirmar que se trata de um mecanismo de fiscalização da validade de todas as normas do ordenamento jurídico frente às regras estabelecidas pela Constituição. Ou seja, vamos estudar hoje os instrumentos existentes no nosso ordenamento jurídico que objetivam verificar a compatibilidade de atos do poder público com a Constituição Federal. Digamos que ao final da aula, você deve ser capaz de responder: quais são os sistemas, modelos e momento do controle? Quem pode provocar o controle de constitucionalidade? Quem tem competência para julgar a constitucionalidade de leis e atos normativos? Quais os efeitos da declaração de inconstitucionalidade? E por aí vai... Veja o conteúdo da Aula de hoje 1 – Noções de Controle de Constitucionalidade

1.1 – Supremacia da Constituição e controle de constitucionalidade

1.2 – Espécies de inconstitucionalidade

1.3 – Sistemas, momentos, modelos e vias de controle

1.4 – Breve histórico evolutivo do controle de constitucionalidade brasileiro

1.5 – Teoria da nulidade e mitigação do princípio da nulidade

2 – Controle difuso

2.1 – Recurso Extraordinário

2.2 – Efeitos da decisão

2.3 – Atuação do Senado Federal

3 – Ação Direta de Inconstitucionalidade

3.1 – Objeto

Page 2: Aula 05 - Cópia

CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ICMS-DF PROFESSOR: FREDERICO DIAS

2 www.pontodosconcursos.com.br

3.2 – Procedimentos

3.3 – Participação do PGR e do AGU

3.4 – Amicus curiae

3.5 – Efeitos da Decisão

3.6 – Medida Cautelar em ADI

4 – Exercício de fixação

Boa aula!

1 - Noções de Controle de ConstitucionalidadeO controle de constitucionalidade relaciona-se com a fiscalização da conformidade das leis e atos normativos frente à Constituição. Assim, o objetivo do controle de constitucionalidade é exatamente verificar a observância das normas constitucionais por parte das demais leis. Trata-se de verificar a compatibilidade das demais normas frente à Constituição. Assim, a princípio, todas as leis são válidas. É dizer: as leis e atos normativos estatais são considerados válidos, constitucionais, até que venham a ser formalmente declarados inconstitucionais. Essa noção relaciona-se com o denominado princípio da presunção de constitucionalidade das leis. Bem, mas por que a lei deve respeito à Constituição? Você já se perguntou por que um conflito entre a Constituição e uma norma qualquer se resolve sempre em detrimento desta última, prevalecendo sempre a primeira? Isso pode parecer óbvio, mas não é. As leis devem respeitar a Constituição exatamente pelo fato de que ela dispõe de superioridade hierárquica sobre todo o ordenamento jurídico. Significa que ela está acima das demais normas, funcionando como fundamento de validade de todas elas. Em suma, podemos dizer: I) a princípio, até que se diga o contrário, toda lei deve ser seguida e respeitada, devido à presunção de legitimidade das leis; II) entretanto, para ser válida de fato, a lei deve estar de acordo com a norma superior (Constituição), sob pena de nulidade.

1.1 - Supremacia da Constituição e controle de constitucionalidadePara o estudo do controle de constitucionalidade, partimos da premissa de que a nossa Constituição é do tipo rígida, o que faz nascer o princípio da supremacia formal da Constituição.

Page 3: Aula 05 - Cópia

CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ICMS-DF PROFESSOR: FREDERICO DIAS

3 www.pontodosconcursos.com.br

Recordar é viver! Se a nossa Constituição é rígida, ela exige um procedimento especial para sua alteração, mais dificultoso do que o das demais normas. Pois se o procedimento de alteração da Constituição for o mesmo das demais leis, uma simples lei poderia alterar a Constituição. Afinal, imagine um sistema de Constituição flexível, em que tanto as normas constitucionais quanto as demais normas exigem apenas maioria simples de votos para sua produção... Nessa hipótese, qualquer lei aprovada após a Constituição que esteja em conflito com ela poderá revogar seus dispositivos. Isso porque nos sistemas de Constituição flexível, não há superioridade formal entre as normas constitucionais e as demais leis. Assim sendo, estas não precisam respeitar aquelas. Objetivamente: a rigidez é que posiciona a nossa Constituição Federal no vértice, no topo do ordenamento jurídico. É nos ordenamentos de Constituição rígida que vigora o princípio da supremacia formal da Constituição. E, por conseqüência, todos os atos e manifestações jurídicas, para permanecerem no ordenamento jurídico, devem estar de acordo com a Lei Maior, a Constituição. Daí a necessidade da existência de controle de constitucionalidade, para verificar a compatibilidade desses atos e manifestações com as regras e princípios da Constituição Federal. Lembre-se: supremacia material e supremacia formal não se confundem! Essa superioridade que posiciona a Constituição em um plano superior e exige conformidade das demais normas com seus princípios e suas regras consiste na supremacia formal (supremacia decorrente das formalidades especiais exigidas para a alteração das normas constitucionais). Observe que essa força das normas constitucionais não existe devido ao seu conteúdo. Não é a dignidade do tema tratado que faz nascer essa superioridade. Ela decorre do simples fato de a norma estar dentro da Constituição rígida. É que também existe a supremacia material, aí sim, decorrente da matéria, do conteúdo da norma. Essa supremacia decorre do fato de uma norma tratar de matéria relevante, substancialmente constitucional. Não há qualquer relação com o processo de elaboração da norma ou com o fato de ela estar dentro ou fora de um documento único. Objetivamente: I) o estabelecimento de um procedimento mais dificultoso para a alteração das normas constitucionais (rigidez) propicia o surgimento de uma supremacia formal da Constituição;

Page 4: Aula 05 - Cópia

CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ICMS-DF PROFESSOR: FREDERICO DIAS

4 www.pontodosconcursos.com.br

II) assim, a Constituição passa a se situar num plano hierárquico superior a todo o ordenamento jurídico, funcionando como fundamento de validade das normas inferiores; III) portanto, só serão válidas as leis que respeitarem a Constituição (tanto no que diz respeito ao conteúdo da lei quanto no que se refere ao seu processo de formação); IV) o instrumento para verificação dessa compatibilidade denomina-se controle de constitucionalidade. Portanto, o que quero que você compreenda é que só faz sentido falar-se em controle de constitucionalidade se a Constituição estiver acima das leis (onde haja supremacia formal constitucional, decorrente da rigidez). Pois, nesse caso, a lei sempre sucumbirá frente à Constituição, seja por incompatibilidade formal ou material. Muito bonito tudo isso, não? Bem, antes de continuar, convido-o a resolver esta questão. 1) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) A supremacia

jurídica da Constituição é que fornece o ambiente institucional favorável ao desenvolvimento do sistema de controle de constitucionalidade.

É isso mesmo! O controle de constitucionalidade tem como ponto de partida a supremacia da Constituição, que deriva da rigidez constitucional. Item certo.

1.2 - Espécies de inconstitucionalidadePodemos considerar que é inconstitucional toda ação ou omissão que ofenda, mesmo que parcialmente, a Constituição. Entretanto, saiba que não poderão ser declaradas inconstitucionais: I) normas constitucionais produzidas pelo poder constituinte originário; II) normas pré-constitucionais (até se admite o controle de constitucionalidade de normas anteriores à Constituição; todavia, esse confronto se resolve pela recepção/revogação da norma, e não pela constitucionalidade/inconstitucionalidade). Terminamos o item anterior mencionando a incompatibilidade formal e a incompatibilidade material. Está clara para você a diferença entre as duas? Bem, a inconstitucionalidade pode originar-se do conteúdo da lei ou do seu processo de formação. A inconstitucionalidade material ocorre quando o conteúdo da lei desrespeita a Constituição (por exemplo, uma lei que permitisse a

Page 5: Aula 05 - Cópia

CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ICMS-DF PROFESSOR: FREDERICO DIAS

5 www.pontodosconcursos.com.br

contratação de servidores sem concurso para cargos efetivos estaria contrariando o art. 37, II). A inconstitucionalidade formal ocorre quando o processo de elaboração da norma contraria as regras estabelecidas pela Constituição. A título meramente exemplificativo, podemos citar as seguintes situações: a) uma lei municipal trata de assunto de competência privativa da União – trata-se da inconstitucionalidade formal orgânica; b) uma lei ordinária trata de assunto reservado à lei complementar – trata-se de vício formal objetivo; c) uma lei resultante de iniciativa parlamentar trata de assunto cuja iniciativa privativa compete ao presidente da República – trata-se de vício formal subjetivo, ligado à pessoa. Deixe-me usar uma questão recente para falar um pouco mais desse assunto. 2) (CESPE / ANALISTA ADMINISTRATIVO / DPU / 2010) A

inconstitucionalidade formal se verifica quando a lei ou ato normativo apresenta algum vício em seu processo de formação. O desrespeito a uma regra de iniciativa exclusiva para o desencadeamento do processo legislativo constitui exemplo de vício formal objetivo.

Segundo a doutrina, a inconstitucionalidade formal pode decorrer de: (i) aspectos orgânicos (se for violada a competência legislativa de um ente); (ii) vícios formais propriamente ditos (que podem ser subjetivos – de iniciativa - e objetivos); e (iii) violação a pressupostos objetivos do ato normativo. Quanto a esta última forma (pressupostos objetivos do ato normativo), segundo o prof. Pedro Lenza, ocorre quando não são cumpridos certos pressupostos para a adequada formulação do ato (por exemplo, uma medida provisória que não respeite os pressupostos de relevância e urgência). A questão está errada, pois o vício de iniciativa é vício formal subjetivo (e não objetivo). Item errado.

A inconstitucionalidade pode se dar tanto por ação quanto por omissão. A primeira quando decorre de uma conduta comissiva, positiva. A última quando o Poder Público deixa de atuar em situações em que a Constituição obriga determinada medida (por exemplo, quando o Congresso deixa de elaborar uma lei, cuja edição era determinada pela Constituição).

Page 6: Aula 05 - Cópia

CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ICMS-DF PROFESSOR: FREDERICO DIAS

6 www.pontodosconcursos.com.br

A inconstitucionalidade por conduta omissiva geralmente ocorre diante de uma norma constitucional de eficácia limitada, e apenas nos casos em que a Constituição exige (não se trata de mera faculdade) a produção de uma lei para tornar efetivo determinado direito. E qual instrumento (já estudado no início deste curso) funcionaria como mecanismo hábil para o controle da inconstitucionalidade por omissão, diante de casos concretos? Se você respondeu o mandado de injunção é isso mesmo! Ademais, mais à frente, estudaremos também a ADI por omissão que se trata do controle em abstrato da omissão inconstitucional. A inconstitucionalidade pode ser ainda originária ou superveniente. A inconstitucionalidade originária ocorre quando a norma nasce inconstitucional, frente à Constituição de sua época. Já a inconstitucionalidade superveniente ocorre quando uma norma é válida frente à Constituição de sua época. Entretanto, revogada a Constituição antiga é promulgada uma nova Constituição tratando aquele assunto de forma diferente. Assim, essa norma passa a desrespeitar o novo regramento constitucional daquele tema. Assim, imagine que uma Constituição admita a tortura e o Congresso edite a lei “A” regulamentando esse assunto. Essa lei, a princípio, é válida. Entretanto, se uma nova Constituição é promulgada suprimindo a possibilidade de tortura, aquela lei “A” estaria incompatível com a nova Constituição, por fator superveniente (a mudança se deu após a edição da norma). Mas, no Brasil, não se admite a inconstitucionalidade superveniente. Assim, não faça confusão: nesse exemplo, a lei “A” seria revogada pela nova Constituição. Porque a incompatibilidade entre uma lei e a Constituição superveniente se resolve pela revogação daquela, e não pela declaração de inconstitucionalidade. Objetivamente: não há inconstitucionalidade superveniente no Brasil.

1.3 – Sistemas, momentos, modelos e vias de controleApresentarei neste item as diversas classificações existentes para o controle de constitucionalidade. Assim, veremos os sistemas, momentos, modelos e vias de controle. Vimos que o controle de constitucionalidade origina-se na fiscalização da conformidade das leis e atos normativos com a Constituição. Logo de início, você tem de ter em mente que esse controle de constitucionalidade nem sempre é atribuído ao Poder Judiciário (chamado sistema jurisdicional). Na verdade, há ainda os chamados

Page 7: Aula 05 - Cópia

CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ICMS-DF PROFESSOR: FREDERICO DIAS

7 www.pontodosconcursos.com.br

sistemas de controle político e misto. Trata-se de diferentes sistemas de controle. O mais óbvio é o controle jurisdicional, em que a Constituição outorga competência ao Judiciário para realizar o controle de constitucionalidade das leis. Segundo a doutrina, atualmente, a maioria das Constituições adota esse modelo, incluindo a brasileira. Já o sistema de controle político ocorre quando essa competência é atribuída a órgão externo ao Judiciário, de natureza política (por exemplo, quando, na Europa do século passado, o controle era função do próprio Poder Legislativo). Ocorre o controle misto quando a Constituição submete determinadas categorias de leis ao controle político e outras ao controle jurisdicional. Bem, apesar de, em regra, no Brasil, o controle de constitucionalidade ser função do Judiciário (sistema jurisdicional), você deve ter em mente que convivemos com exemplos de controle não-jurisdicional, em que, de forma excepcional, os poderes Executivo e Legislativo exercem controle de constitucionalidade. No que se refere ao Poder Legislativo, o controle de constitucionalidade é exercido: a) na apreciação preventiva da Comissão de Constituição e Justiça – CCJ das proposições legislativas; b) na sustação dos atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites da delegação legislativa (art. 49, V); e c) na apreciação das medidas provisórias. O Poder Executivo também realiza controle de constitucionalidade ao: a) vetar projetos de lei inconstitucionais (veto jurídico, nos termos do §1° do art. 66 da CF/88); b) determinar aos órgãos a ele subordinados que deixem de aplicar determinada lei por considerá-la inconstitucional; e c) determinar a intervenção a fim de restabelecer a obediência à Constituição Federal. Sintetizando:

Page 8: Aula 05 - Cópia

CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ICMS-DF PROFESSOR: FREDERICO DIAS

8 www.pontodosconcursos.com.br

Outro aspecto importante que você já deve ter observado: o sistema de controle de constitucionalidade brasileiro inclui manifestações não só repressivas, mas também preventivas (como o veto jurídico do Presidente da República e a atuação da Comissão de Constituição e Justiça das Casas Legislativas). Assim, enquanto o controle repressivo tem por finalidade afastar a aplicação de uma lei ou retirá-la do ordenamento jurídico, o controle preventivo visa a impedir a entrada em vigor de uma norma inconstitucional. Um exemplo de controle preventivo: se um projeto de lei inconstitucional estiver tramitando no Congresso, pode um parlamentar impetrar mandado de segurança para assegurar seu direito líquido e certo de não participar da elaboração de uma norma inconstitucional. Nesse caso, poderá o STF sustar a tramitação daquele projeto de lei (repare que se trata de um controle preventivo exercido pelo Poder Judiciário). Quanto ao modelo, o controle de constitucionalidade pode se dar: (i) de forma difusa ou (ii) de forma concentrada. De forma difusa, o controle é atribuição de todos os membros do judiciário. Esse modelo, também conhecido como “aberto”, é baseado no controle de constitucionalidade dos Estados Unidos da América. De forma concentrada, a atribuição de fiscalizar a constitucionalidade é restrita ao órgão de cúpula do Poder Judiciário. O modelo concentrado, ou reservado, originou-se na Áustria, sob a influência do jurista Hans Kelsen. No Brasil, esses modelos são combinados, no sentido de que há controle de constitucionalidade difuso, mas também controle de constitucionalidade em sua forma concentrada, ações, desde o princípio, de competência do órgão de cúpula do Judiciário. Uma classificação importante para entender o controle de constitucionalidade diz respeito às via de controle. Uma lei pode ser impugnada perante o Poder Judiciário em concreto (diante de ofensa a

exercido por órgãos externos ao Poder Judiciário Controle não-jurisdicional

Legislativo

Executivo Veto do Poder Executivo (art. 66, §1°)

Inaplicação da lei pelo chefe do executivo

Processo de intervenção

CCJ

Veto legislativo (art. 49, V)

Apreciação de medidas provisórias

Page 9: Aula 05 - Cópia

CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ICMS-DF PROFESSOR: FREDERICO DIAS

9 www.pontodosconcursos.com.br

direito, em determinado caso concreto submetido à apreciação do Poder Judiciário), ou em abstrato (quando a lei é impugnada “em tese”, sem vinculação a um caso concreto). E qual a diferença? No controle concreto (via incidental ou de exceção), qualquer pessoa prejudicada por uma lei pode requerer, em qualquer processo judicial concreto submetido à apreciação do Poder Judiciário, perante qualquer juiz ou tribunal, a declaração da inconstitucionalidade dessa lei a fim de afastar a sua aplicação (com efeitos restritos a esse caso concreto - eficácia inter partes).

Controle concreto (via incidental ou de exceção) I) Qualquer prejudicado é legitimado ativo II) Qualquer juiz ou tribunal está apto a deixar de aplicar a lei naquele caso concreto III) Não há ação específica, pois ocorre em qualquer processo submetido à apreciação do Judiciário IV) eficácia inter partes

No controle abstrato (via principal ou de ação direta), só é dado a determinados legitimados argüir o órgão de cúpula do Judiciário, a respeito da constitucionalidade ou inconstitucionalidade de uma lei. Nesse caso, a análise se dá em tese, independentemente de um problema concreto, com o fim de proteger a harmonia do ordenamento jurídico. Esse julgamento ocorre mediante uma ação especial, que trará efeitos para todos (eficácia geral ou erga omnes).

Controle abstrato (via principal ou de ação direta) I) Os legitimados ativos se restringem aos indicados na CF/88 (art. 103) II) Somente os órgãos de cúpula do Judiciário julgam essas ações III) Há ações específicas: ADI, ADC, ADO e ADPF IV) eficácia geral ou erga omnes

Repare que o nome via principal (via de ação ou controle abstrato) decorre exatamente do fato de que nessa ação não há lide: o pedido principal é precisamente a declaração de inconstitucionalidade ou de constitucionalidade da lei. Ao contrário, na via incidental o pedido principal é a satisfação de um direito do impetrante, e a questão de inconstitucionalidade surge apenas incidentalmente no julgamento do caso. São vários os aspectos, mas o esquema abaixo pode te auxiliar a memorizar esses detalhes. Sintetizando:

Page 10: Aula 05 - Cópia

CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ICMS-DF PROFESSOR: FREDERICO DIAS

10 www.pontodosconcursos.com.br

Vamos ver algumas questões. 3) (ESAF/EPPGG/MPOG/2009) No Brasil, o controle de

constitucionalidade realiza-se mediante a submissão das leis federais ao controle político do Congresso Nacional e as leis estaduais, municipais, ou distritais ao controle jurisdicional.

O controle misto existe quando a Constituição submete determinadas categorias de leis ao controle político e outras ao controle jurisdicional. Observe que a questão está remetendo a esse tipo de modelo. Como você sabe, não é esse modelo o adotado pelo Brasil. No sistema de controle de constitucionalidade brasileiro, todos os membros do Poder Judiciário exercem jurisdição constitucional, não só de leis nacionais, quanto das leis estaduais e municipais. Todavia, você deve ter em mente que há, ainda, no Brasil, exemplos de controle não-jurisdicional, em que, de forma excepcional, os poderes Executivo e Legislativo exercem controle de constitucionalidade. Item errado. 4) (ESAF/EPPGG/MPOG/2005) Somente o Supremo Tribunal Federal

(STF) é competente para desempenhar o controle incidental de constitucionalidade no Brasil.

A assertiva está errada porque o controle incidental (concreto) é realizado por qualquer tribunal ou juiz do Poder Judiciário. Diante de um caso concreto, qualquer juiz ou tribunal do Poder Judiciário pode declarar a inconstitucionalidade de uma lei, para afastar a sua aplicação a esse caso concreto. Lembre-se que há, ainda, o chamado controle de constitucionalidade não-jurisdicional, realizado incidentalmente por órgãos não-pertencentes ao Judiciário: chefe do Executivo, Poder Legislativo ou os tribunais de contas.

Page 11: Aula 05 - Cópia

CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ICMS-DF PROFESSOR: FREDERICO DIAS

11 www.pontodosconcursos.com.br

Aliás, mesmo que a questão se restringisse ao controle abstrato, não estaria totalmente correta, visto que também os Tribunais de Justiça realizam controle em tese, só que tendo a Constituição Estadual como parâmetro. Vamos aprofundar esse detalhe mais à frente. Item errado. 5) (ESAF/AFRFB/2009) O sistema de controle Judiciário de

Constitucionalidade repressiva denominado reservado ou concentrado é exercido por via de ação.

De fato, em regra, o sistema concentrado (também conhecido como reservado) de controle de Constitucionalidade é exercido por via de ação. Item certo. 6) (ESAF/EPPGG/MPOG/2009) No Brasil, a jurisdição constitucional

concentrada é reconhecida a todos os componentes do Poder Judiciário e pode se dar mediante iniciativa popular.

De forma concentrada, a atribuição de fiscalizar a constitucionalidade é restrita ao órgão de cúpula do Poder Judiciário. O modelo concentrado, ou reservado, originou-se na Áustria, sob a influência do jurista Hans Kelsen. Ademais, não há iniciativa popular para instaurar esse controle. Item errado. 7) (ESAF/EPPGG/MPOG/2009) A supremacia da Constituição exige

que todas as situações jurídicas se conformem com os princípios e preceitos da Constituição, mas ainda não existe instrumento jurídico capaz de corrigir omissão inconstitucional.

Como vimos, a supremacia formal situa a Constituição no ápice do ordenamento jurídico, sendo que todas as situações devem se conformar às suas normas. Assim, não só os atos comissivos mas também os comportamentos omissivos devem estar em conformidade com a Constituição. A questão está ERRADA, pois, ao contrário do que afirma, há instrumento destinado à correção da omissão inconstitucional. Trata-se da chamada ADI por omissão, prevista no art. 103, § 2° (que ainda abordaremos). Ademais, o mandado de injunção também tem finalidade de controle da omissão inconstitucional (art. 5º, LXXI). Item errado.

O aluno que conhece o controle de constitucionalidade já percebeu que muitas vezes os termos controle abstrato e concentrado são tratados como sinônimos (até mesmo pelas bancas examinadoras). O mesmo ocorre com as expressões controle difuso e incidental.

Page 12: Aula 05 - Cópia

CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ICMS-DF PROFESSOR: FREDERICO DIAS

12 www.pontodosconcursos.com.br

Repare que não se trata exatamente da mesma coisa. É que, de fato, regra geral, o controle incidental é realizado no modelo difuso, enquanto a fiscalização abstrata é exercida de forma concentrada. Entretanto, existem hipóteses em que o controle é concentrado no STF, mas ele se dá diante de um problema concreto. Exemplo: mandado de segurança impetrado por parlamentar contra projeto de lei flagrantemente inconstitucional. Trata-se de um caso concreto (direito subjetivo do parlamentar) exercido de forma concentrada no STF. Bem, antes de fazermos algumas questões relacionadas com esse assunto, vale a pena chamar sua atenção para o fato de que você tem de separar muito bem o controle incidental, diante de casos concretos, do controle abstrato, em que se discute a lei em tese, como pedido principal da ação. Ou seja, no controle abstrato, o impetrante não tem um interesse próprio na causa, ele aciona o órgão de cúpula do Poder Judiciário para dizer se determinada lei é ou não válida perante o ordenamento jurídico. Por fim, lembre-se de que o controle abstrato ocorre em duas vertentes. A primeira visa a analisar a compatibilidade da norma frente à Constituição Federal, em que o controle abstrato ocorre exclusivamente perante o STF (nenhum outro órgão realiza controle abstrato frente à Constituição Federal). Em outra vertente, há o controle em âmbito estadual, em que se analisa a compatibilidade da norma frente à Constituição Estadual. Nesse caso, o controle abstrato ocorre exclusivamente perante o Tribunal de Justiça local, uma vez que é ele o guardião, quem diz a última palavra sobre a Constituição Estadual. Tendo esses aspectos bem compartimentados na sua cabeça, você já terá dado um grande passo para entender todo o controle de constitucionalidade. E o mais importante: um grande passo para acertar as questões sobre esse assunto. Falando nisso, posso te dizer que ao acertar uma única questão mediana de controle de constitucionalidade você passa na frente de milhares de candidatos que não conseguem compreender muito bem esse assunto. Uma questão tornará mais clara essa distinção entre controle face à Constituição Federal e controle face à Constituição Estadual. 8) (ESAF/EPPGG/MPOG/2005) Os tribunais de justiça nos Estados

podem desempenhar o controle abstrato de leis estaduais e municipais em face diretamente da Constituição Federal.

Em âmbito federal (tendo a CF/88 por parâmetro), a jurisdição constitucional abstrata se dá apenas no Supremo Tribunal Federal. Na verdade, temos o controle abstrato no Tribunal de Justiça apenas na esfera estadual (tendo a Constituição Estadual como parâmetro).

Page 13: Aula 05 - Cópia

CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ICMS-DF PROFESSOR: FREDERICO DIAS

13 www.pontodosconcursos.com.br

Portanto, fique atento! São dois tipos distintos de controle abstrato no Brasil: um perante o Supremo Tribunal Federal (STF) e outro perante os Tribunais de Justiça (TJ). O primeiro protegendo a supremacia da CF/88, este último garantindo o respeito à Constituição Estadual. E é relevante que você cuide de separá-los bem ao estudar esse assunto (e na prova também). Objetivamente: I) STF → controle abstrato em face da Constituição Federal II) TJ → controle abstrato em face da Constituição Estadual Item errado. 9) (ESAF/AFRFB/2009) O Supremo Tribunal Federal não admite

controle concentrado pelo Tribunal de Justiça local de lei ou ato normativo municipal contrário, diretamente, à Constituição Federal.

O controle concentrado de constitucionalidade frente à Constituição Federal é realizado apenas perante o Supremo Tribunal Federal. O controle abstrato realizado pelos tribunais de justiça limita-se à aferição da validade de leis e atos normativos estaduais e municipais em face da Constituição Estadual (CF, art. 125, §2º), jamais em confronto direto com a Constituição Federal. Item certo.

Frisei bem a diferença entre o controle exercido pelo STF e o controle exercido pelo Tribunal de Justiça local. Agora, uma última pergunta, para dar um nó geral na sua cabeça... podemos concluir que o TJ não realiza controle de constitucionalidade tendo a Constituição Federal como parâmetro? Não, não podemos. Por quê? Porque, incidentalmente, no controle difuso, poderá o TJ desempenhar o controle concreto das leis em face diretamente da Constituição Federal. Vamos fazer mais algumas questões? 10) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) Segundo

jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a norma constitucional originária não é passível de controle de constitucionalidade.

De fato, se todas as normas constitucionais originárias foram elaboradas pelo poder constituinte originário, não há hierarquia entre elas. Considerando ainda que não há limites nem condições para o exercício do Poder constituinte originário, não há que se falar em controle de constitucionalidade de norma originária. Por outro lado, as normas constitucionais derivadas, resultantes de emendas à Constituição, podem ser objeto de controle de constitucionalidade. É que, para serem válidas, as emendas à

Page 14: Aula 05 - Cópia

CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ICMS-DF PROFESSOR: FREDERICO DIAS

14 www.pontodosconcursos.com.br

Constituição devem respeitar as regras e limitações – circunstanciais, processuais e materiais - do art. 60 da Constituição Federal. Item certo. Interessante que a Funiversa também já cobrou esse tipo de coisa... 11) (FUNIVERSA/ANALISTA/APEX/2006) É impossível o controle de

constitucionalidade das normas originárias. Não há que se falar em controle de constitucionalidade de normas originárias. Item certo. 12) (ESAF/AFRF/TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA/2005) Não há

possibilidade de manifestar-se o Supremo Tribunal Federal, ainda que incidentalmente, sobre a constitucionalidade de uma proposta de emenda à Constituição, uma vez que o controle de constitucionalidade no Brasil é repressivo e essa manifestação ofenderia o princípio de separação dos poderes.

Você sabe que as emendas à Constituição devem estar de acordo com o art. 60 da CF/88. Em especial, de acordo com as cláusulas pétreas previstas no art. 60, § 4°. Pois bem, poderia uma proposta de emenda constitucional (PEC) ser questionada quanto à sua constitucionalidade, caso previsse a instituição da pena de morte, por exemplo? Sim, poderia, desde que no âmbito do controle incidental de constitucionalidade por meio de mandado de segurança interposto no Supremo Tribunal Federal, por congressista da Casa Legislativa em que a PEC estiver tramitando. Vale comentar que o sistema de controle de constitucionalidade brasileiro inclui manifestações não só repressivas, mas também preventivas (como o veto jurídico do Presidente da República e a atuação da Comissão de Constituição e Justiça das Casas Legislativas). E se essa PEC não fosse impugnada e passasse a integrar a Constituição, poderia a norma resultante ser questionada no Supremo? Sim, poderia. Tanto incidentalmente, quanto por meio de ADI. Guarde essas diferenças. Item errado.

1.4 – Breve histórico evolutivo do controle de constitucionalidade brasileiroMuitos alunos não gostam de estudar controle de constitucionalidade, devido aos inúmeros detalhes envolvidos. É importante mencionar que a Constituição de 1988 é, em parte, culpada disso, tendo em vista que

Page 15: Aula 05 - Cópia

CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ICMS-DF PROFESSOR: FREDERICO DIAS

15 www.pontodosconcursos.com.br

enriqueceu significativamente o controle de constitucionalidade brasileiro. Mas, vejamos, de forma esquemática, como se deu a evolução do controle no Brasil, desde a sua criação. Sintetizando:

13) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) A Constituição de 1988 trouxe inúmeras inovações ao controle de constitucionalidade, entre elas a ampliação do rol de legitimados para a propositura da Ação Direta de Inconstitucionalidade.

A CF/88 ampliou significativamente a legitimação ativa da ADI (art. 103, I ao IX), antes exclusiva do Procurador-Geral da República. Além disso: criou a inconstitucionalidade por omissão, controlada por meio de mandado de injunção (art. 5º, LXXI) e a ADI por omissão (art. 103, § 2º); criou a ADPF (art. 102, § 1º); em 1993, a EC nº 3/1993 criou a ADC (art. 102, I, a); em 2004, a EC nº 45/2004 criou a súmula vinculante para as decisões do STF (art. 103-A) e ampliou a legitimação ativa da ADC, igualando-a à legitimação em ADI (art. 103, I a IX). Item certo.

1.5 – Teoria da nulidade e mitigação do princípio da nulidadeTendo em vista o princípio da supremacia da Constituição, a regra é a aplicação do princípio da nulidade da lei declarada inconstitucional. Isso

1967/1969

1891

1934

1937

1946

1988

criou o controle difuso

criou (i)a representação interventiva; (ii) a reserva de plenário; e (iii) a competência do Senado Federal para suspender a execução da lei definitivamente declarada inconstitucional pelo STF no controle difuso

criou a possibilidade de o Presidente da República submeter ao Parlamento a decisão do Judiciário que havia declarado a inconstitucionalidade da lei

(i) criou a ADI de leis federais e estaduais; e (ii) estabeleceu a possibilidade de controle concentrado nos Estados-membros

(i) suprimiu o controle concentrado nos estados; e (ii) criou a representação interventiva estadual, para fins de intervenção do Estado em Município.

(i) ampliou a legitimação ativa do controle abstrato; (ii) criou o Mandado de Injunção e a a ADO ; (iii) criou a ADPF; (iv) criou a ADC (EC nº 3/1993 ); e (v) criou a súmula vinculante (EC nº 45/2004)

Page 16: Aula 05 - Cópia

CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ICMS-DF PROFESSOR: FREDERICO DIAS

16 www.pontodosconcursos.com.br

significa que, dada a superioridade da Constituição, uma lei que contrarie a Carta Maior é nula desde a sua edição, não podendo produzir efeitos (ou seja, a declaração de inconstitucionalidade de uma lei produziria efeitos retroativos, ex tunc, como se atestasse que aquela norma nunca fez parte do ordenamento jurídico). Entretanto, como comentado, essa é a regra. Na realidade, haverá situações concretas em que essa declaração de nulidade causará transtornos imensos. Imagine uma lei que criasse um órgão público, mas sofresse vícios de iniciativa que resultam na sua inconstitucionalidade. Agora, imagine que a declaração de inconstitucionalidade ocorresse apenas anos após a criação desse órgão. Nessa situação hipotética, se a lei fosse declarada nula desde a sua origem, resolveríamos o problema jurídico, mas estaríamos diante de um problema real: todos os atos praticados pelo órgão poderiam ser impugnados por nulidade. Nessa situação hipotética extrema, se aquele órgão tivesse firmado contratos, emitido certidões, contratado servidores, nada disso teria validade. Os contratos, por exemplo, poderiam ser desfeitos. E os servidores poderiam ir para a rua... Assim, em homenagem aos princípios da segurança jurídica, do interesse social e da boa fé, tem-se admitido a modulação dos efeitos temporais da decisão de inconstitucionalidade. Ou seja, o Supremo admite que a lei produza efeitos, estabelecendo uma data a partir da qual aquela lei passa a ser inválida. Isso permite uma adequação dos efeitos da declaração de inconstitucionalidade à realidade fática. Com isso, podemos considerar que a jurisprudência desenvolveu uma flexibilização da rigidez da teoria da nulidade. Esse entendimento já está positivado pelo art. 27 da Lei 9.868/99: “Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado.” Em suma, por razões de segurança jurídica ou diante de relevante interesse social, poderá o STF, ao proclamar a inconstitucionalidade, desde que por deliberação de dois terços dos seus membros: I) restringir os efeitos da sua decisão → isso significa que poderia o Supremo afastar determinados efeitos da sua declaração a determinados atos ou situações;

Page 17: Aula 05 - Cópia

CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ICMS-DF PROFESSOR: FREDERICO DIAS

17 www.pontodosconcursos.com.br

II) outorgar efeitos ex nunc (dali pra frente) à sua decisão → isso significa afastar a retroatividade de sua manifestação, preservando atos já praticados com base naquela norma; por conseqüência a declaração surtiria efeitos apenas dali pra frente; III) determinar outro momento para o início da eficácia → isso significa que poderá o STF entender que o melhor momento para o início da eficácia da sua decisão não é a data da publicação da lei (ex tunc) nem a data da declaração da inconstitucionalidade (ex nunc); assim, fixaria um outro momento para o início da produção de efeitos daquela declaração de inconstitucionalidade. Um clássico exemplo da aplicação dessa flexibilização no âmbito do controle difuso foi o caso do município de Mira Estrela (SP), em que se considerou contrária à Constituição Federal a lei orgânica municipal, que previa 11 vereadores em um município de apenas 2.651 habitantes (entendeu-se que o correto seria a previsão do mínimo de 9 vereadores). Na época do julgamento, vários atos já haviam sido realizados com a composição de 11 vereadores. A aplicação pura e simples da teoria de nulidade nesse caso acarretaria a nulidade de todos os atos produzidos pelo legislativo municipal desde então. Imagine o caos! Considerando o princípio da segurança jurídica, admitiu-se que se tratava de situação excepcional, em que a declaração de nulidade, com seus normais efeitos ex tunc, resultaria grave ameaça a todo o sistema legislativo vigente. Prevaleceria então o interesse público para assegurar, em caráter de exceção, efeitos pro futuro (ex nunc) à declaração incidental de inconstitucionalidade (RE 197.917/SP, rel. Min. Maurício Corrêa, julgamento 06/06/02). Chega de bla bla bla... Objetivamente: I) a regra é a declaração de inconstitucionalidade com efeitos ex tunc; II) entretanto, o Supremo poderá, excepcionalmente, dar a ela efeitos ex nunc, ou mesmo estabelecer um outro momento para o início da produção de efeitos da declaração de inconstitucionalidade. Daí se dizer que é válida (em caráter excepcional) a declaração de inconstitucionalidade sem a pronúncia de nulidade da lei. 14) (ESAF/AFRF/TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA/2005) Ao declarar a

inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, no processo de ação direta de inconstitucionalidade, por razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, o Supremo Tribunal Federal, por quórum qualificado, poderá restringir os efeitos daquela declaração.

Como vimos, os efeitos das decisões do STF são, em regra, ex tunc (ou retroativos). Entretanto, em ocasiões excepcionais, é admitida a modulação de efeitos temporais por parte da Corte.

Page 18: Aula 05 - Cópia

CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ICMS-DF PROFESSOR: FREDERICO DIAS

18 www.pontodosconcursos.com.br

Vale destacar que é admitida a modulação de efeitos temporais mesmo no âmbito do controle incidental. Item certo.

2 - Controle difusoNesse item passamos a analisar o funcionamento do controle difuso de constitucionalidade realizado de forma incidental, diante de casos concretos. Como vimos, o controle difuso é atribuição de todos os membros do judiciário. Esse modelo, também conhecido como “aberto”, é baseado no controle de constitucionalidade dos Estados Unidos da América. Ou seja, o que o caracteriza é o fato de que qualquer componente do Poder Judiciário, juiz ou tribunal, poderá declarar a inconstitucionalidade de uma norma, diante de um caso concreto. E ele nem precisa ser provocado a isso. É dizer, diante de um caso concreto, mesmo que não seja questionada a inconstitucionalidade da lei pelas partes, poderá o magistrado agir de ofício, afastando a aplicação da lei naquele caso concreto. De qualquer forma, você deve saber que essas decisões proferidas por esses juízes e tribunais do Poder Judiciário não serão capazes de extinguir a norma do ordenamento jurídico, pois elas valem apenas naquele caso que eles estão decidindo. Ademais, no controle difuso, as decisões dos órgãos inferiores do Judiciário não serão definitivas, pois poderão ser levadas ao Supremo Tribunal Federal por meio de recurso extraordinário, como veremos mais à frente. Agora me diga: quais são as ações do controle difuso? Quem entende muito de controle de constitucionalidade já sacou: não há ação específica para o controle difuso. O controle incidental poderá ocorrer em meio a qualquer processo judicial, independentemente da sua natureza ou espécie. Assim, mandados de segurança, habeas corpus, ação civil pública etc. todas essas ações poderão ser utilizadas para o exercício do controle de constitucionalidade na via incidental, diante de casos concretos. Agora, veja como o controle de constitucionalidade é cheio de detalhes interessantes. Vimos que qualquer juiz que esteja decidindo um caso concreto poderá, monocraticamente, deixar de aplicar a lei por entendê-la inconstitucional. Não há necessidade de submissão da questão ao tribunal a que se vincula (observe que se trata da via difusa). Entretanto, no caso dos tribunais, há uma restrição às decisões do controle de constitucionalidade. É que eles se submetem à chamada

Page 19: Aula 05 - Cópia

CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ICMS-DF PROFESSOR: FREDERICO DIAS

19 www.pontodosconcursos.com.br

reserva de plenário, regra segundo a qual somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público (CF, art. 97). Essa regra vincula qualquer tribunal (incluindo o STF). Sobre isso, já há até uma Súmula Vinculante:

“Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua incidência, no todo ou em parte.” (Súmula Vinculante n° 10)

Mas guarde os seguintes detalhes sobre a reserva de plenário: I) se já houver decisão do plenário, do órgão especial ou mesmo do STF sobre a inconstitucionalidade da lei cria-se, digamos, um precedente; e não precisará mais o tribunal respeitar a reserva de plenário, sendo possível que seja apenas seguida aquela decisão anterior (é dizer, a reserva de plenário é aplicável apenas à primeira análise sobre a inconstitucionalidade de uma norma); II) a reserva de plenário é regra aplicável à declaração de inconstitucionalidade, ou seja, não obriga as decisões sobre a recepção ou revogação do direito pré-constitucional. Por fim, vale comentar que, segundo o STF, os Tribunais de Contas, no exercício de suas atribuições, podem apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do poder público diante de casos concretos (Súmula 347). Ressalte-se que a cláusula de reserva de plenário também se aplica às cortes de contas, que só poderão declarar a inconstitucionalidade de uma norma pelo voto da maioria absoluta de seus membros. Bem, antes de estudar os efeitos de uma decisão no âmbito do controle difuso, é importante aprender um instituto relacionado ao Poder Judiciário, mas que tem estreita ligação com o controle de constitucionalidade: o recurso extraordinário.

2.1 – Recurso ExtraordinárioO recurso extraordinário constitui meio hábil a conduzir ao STF controvérsia judicial que esteja sendo suscitada em instâncias inferiores. Isso porque, quando se trata de respeito à Constituição Federal, a última palavra é do STF. Afinal, ele é o guardião da Constituição (CF, art. 102, caput). Assim, compete ao STF julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida:

Page 20: Aula 05 - Cópia

CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ICMS-DF PROFESSOR: FREDERICO DIAS

20 www.pontodosconcursos.com.br

a) contrariar dispositivo desta Constituição; b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição. d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. Observe que, se afetou a Constituição Federal, é tema para o Supremo (o “guardião”). Quero chamar sua atenção para a alínea “d” acima. Para concursos, ela é a mais relevante na medida em que configura alteração proporcionada pela EC n° 45/2004. Mas essa modificação é bem razoável, tendo em vista que conflito entre lei local e lei federal é conflito envolvendo repartição de competências, ou seja, assunto substancialmente constitucional, que envolve a estabilidade do sistema federativo. Falando em inovação promovida pela Reforma do Judiciário, deixe-me te apresentar mais uma. Trata-se da exigência de comprovação de repercussão geral para a interposição de recurso extraordinário perante o STF. Segundo o art. 102, § 3º da CF/88: “No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros”. Essa regra visa evitar que cheguem ao STF casos concretos sem nenhuma relevância jurídica (briga de crianças, canelada de aluno em professor de curso preparatório etc.). Assim, cabe ao recorrente demonstrar que a questão vai além do mero interesse das partes, adquirindo repercussão geral. Em suma, ao interpor o recurso extraordinário, o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões discutidas. Se entender que o autor não conseguiu comprovar essa repercussão geral, o STF poderá recusar o recurso extraordinário. Mas observe que: I) a regra é a admissão da repercussão geral e do recurso extraordinário; II) poderá o STF recusar o recurso extraordinário por ausência da comprovação da repercussão geral, mas será necessária a manifestação de dois terços dos membros do Tribunal. Fique atento! O requisito de dois terços é para a recusa, e não para a admissão.

Page 21: Aula 05 - Cópia

CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ICMS-DF PROFESSOR: FREDERICO DIAS

21 www.pontodosconcursos.com.br

Segundo a Lei 11.418/06, haverá repercussão geral sempre que o recurso impugnar decisão contrária a súmula ou jurisprudência dominante do Tribunal. Na análise da repercussão geral, o relator poderá admitir a manifestação de terceiros, que não sejam parte da ação, na qualidade de amicus curiae. 15) (CESPE/AGENTE DE POLÍCIA CIVIL SUBSTITUTO/PCRN/2008)

Compete ao STF julgar, em recurso extraordinário, as causas decididas em única instância, quando a decisão recorrida julgar válida lei local contestada em face de lei federal.

Nos termos do art. 102, III, “d” da CF/88, compete ao STF julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida julgar válida lei local contestada em face de lei federal. Item certo.

2.2 – Efeitos da decisãoNo controle incidental, o que se busca é o afastamento da lei no caso concreto em questão. Ou seja, a argüição de inconstitucionalidade é um mero incidente, uma questão à parte do pedido principal do autor da ação. Afinal, o que ele deseja é a satisfação de um determinado pleito, e não a inconstitucionalidade da norma em si. Assim, a decisão tem efeitos restritos às partes daquele processo (eficácia inter partes). Portanto, a lei não deixa de existir, ela continua válida e regulando as demais situações que se enquadrem em seus comandos. Isso significa que todas as pessoas que desejem afastar a aplicação da lei inconstitucional diante do seu caso concreto deverão acionar o Judiciário, a fim de garantir sua pretensão. Por outro lado, quanto ao aspecto temporal, o controle difuso, como regra, apresenta efeitos ex t roage. unc. Ou seja, a decisão ret De qualquer forma, mesmo no controle difuso, admite-se a chamada modulação dos efeitos temporais, em que se atribui à decisão efeitos ex nunc (prospectivos ou pro futuro). Nesse sentido, tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por dois terços de seus membros, decidir que aquela declaração só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado. Vamos resolver algumas questões sobre esse e outros aspectos... 16) (ESAF/AFRFB/2009) Na via de exceção, a pronúncia do Judiciário

sobre a inconstitucionalidade não é feita enquanto manifestação

Page 22: Aula 05 - Cópia

CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ICMS-DF PROFESSOR: FREDERICO DIAS

22 www.pontodosconcursos.com.br

sobre o objeto principal da lide, mas sim sobre questão prévia, indispensável ao julgamento do mérito.

É certo que na via de exceção, a decisão sobre a constitucionalidade ou inconstitucionalidade da lei não é o pedido principal da lide. É aspecto inerente, acessório ao julgamento do mérito. Item certo. 17) (ESAF/AFRFB/2009) A cláusula de reserva de plenário não veda a

possibilidade de o juiz monocrático declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público.

A cláusula de reserva de plenário (prevista no art. 97 da CF/88) aplica-se à decisão dos tribunais ou órgão especial. Não veda a declaração de inconstitucionalidade por decisão de um juiz monocrático. Item certo. 18) (ESAF/AFRFB/2009) Declarada incidenter tantum a

inconstitucionalidade da lei ou ato normativo pelo Supremo Tribunal Federal, referidos efeitos serão ex nunc, sendo desnecessário qualquer atuação do Senado Federal.

A declaração incidental de inconstitucionalidade tem, em regra, efeitos ex tunc. Ademais, a atuação do Senado Federal altera o alcance da decisão, e não sua eficácia temporal. Item errado.

Agora, eu gostaria de mencionar dois aspectos relevantes (e avançados!) do controle de constitucionalidade difuso. Um se refere ao recurso extraordinário e o outro trata da simultaneidade de ações de representação de inconstitucionalidade em âmbito estadual e em âmbito federal. O recurso extraordinário é o meio hábil a conduzir ao STF controvérsia judicial que esteja sendo suscitada em instâncias inferiores. Entretanto, o que você precisa saber também é que, na hipótese de ajuizamento de ADI perante o TJ local com a alegação de ofensa a dispositivo da Constituição Estadual que reproduz norma da Constituição Federal de observância obrigatória pelos estados, contra a decisão do TJ é cabível recurso extraordinário para o STF. Não entendeu nada? Vejamos um exemplo então. Uma lei municipal está sendo questionada em sede de ADI perante o TJ local por ofensa ao art. Y da Constituição Estadual. Ocorre que esse art. Y é uma norma de reprodução obrigatória de dispositivo da Constituição Federal (vários dispositivos da CF são de reprodução obrigatória pela Constituição do Estado).

Page 23: Aula 05 - Cópia

CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ICMS-DF PROFESSOR: FREDERICO DIAS

23 www.pontodosconcursos.com.br

Nessa hipótese, o TJ apreciará a ADI, firmando sua posição sobre a validade (ou não) da lei. Então, contra essa decisão, será cabível a interposição de recurso extraordinário perante o STF. Vale destacar que a decisão do STF nesse recurso extraordinário contra decisão do TJ em ADI terá eficácia geral (erga omnes), por se tratar de controle abstrato. Em suma, admite-se recurso extraordinário para o STF contra decisão do TJ no controle abstrato sempre que a norma da Constituição Estadual eleita como parâmetro para a declaração da inconstitucionalidade da norma estadual ou municipal impugnada for de reprodução obrigatória da Constituição Federal. A decisão do STF nesse recurso extraordinário é dotada de eficácia erga omnes. Veja como esta questão cobrou o assunto. 19) (CESPE / PROCURADOR / MP / ES / 2010) Segundo jurisprudência

majoritária do STF, a decisão proferida em sede de recurso extraordinário interposto contra decisão de mérito proferida em controle abstrato de norma estadual de reprodução obrigatória da CF possui eficácia erga omnes.

Exato! Como comentado, dispõe de eficácia erga omnes a decisão do STF em um recurso extraordinário interposto contra decisão de mérito em controle abstrato estadual cujo parâmetro escolhido seja norma estadual de reprodução obrigatória de norma da CF/88. Item certo. 20) (ESAF/PROCURADOR DO DISTRITO FEDERAL/2007) O Tribunal

de Justiça deve declarar a inconstitucionalidade da lei, se apurar que o diploma fere dispositivo da Lei Orgânica do Distrito Federal ou, mesmo que não contrarie essa Lei Orgânica, se verificar que está em desacordo com a Constituição Federal. Neste último caso, porém, da decisão caberá recurso extraordinário para o Supremo Tribunal Federal.

Observe que foi proposta uma ADI no TJ para que se avalie a lei frente à Lei Orgânica do DF. Assim, no controle em tese, não há análise do TJ tendo como parâmetro a Constituição Federal. Assim, ERRADA a questão. Quanto ao recurso extraordinário, só será cabível se a alegação da inicial for de ofensa a dispositivo da Constituição Estadual (ou Lei Orgânica do DF) que é de reprodução obrigatória da Constituição Federal. Como a questão não comentou nada sobre isso está ERRADA. Item errado.

Page 24: Aula 05 - Cópia

CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ICMS-DF PROFESSOR: FREDERICO DIAS

24 www.pontodosconcursos.com.br

Já que estamos falando de situações hipotéticas o que acontece se forem propostas duas ADIs simultaneamente, contra a mesma norma estadual, uma perante o STF e outra perante o TJ? Suponha que a lei A (norma estadual) seja impugnada em sede de ADI no TJ (frente à Constituição estadual) e que, simultaneamente, essa mesma norma venha a ser impugnada em sede de ADI no STF (frente à Constituição Federal). Veja que interessante! Nesse caso, o TJ suspenderá o julgamento da ação até que o STF se posicione. Se o STF declarar inconstitucional a lei, ela estará fora do mundo jurídico, não havendo mais o que analisar o TJ, estando, portanto, prejudicada a ação em âmbito estadual. Por outro lado, caso o STF a declare constitucional, o TJ dará continuidade à ação, podendo posicionar-se pela constitucionalidade ou pela inconstitucionalidade, tendo como parâmetro dispositivo específico (autônomo) da Constituição Estadual. Isso porque a lei pode não desrespeitar a Constituição Federal (daí o STF ter decidido pela sua constitucionalidade), mas contrariar Constituição Estadual. Situação na qual caberá ao TJ a declaração de sua inconstitucionalidade. 21) (ESAF/PROCURADOR DO DISTRITO FEDERAL/2007) Se depois

de ajuizada a ação direta de inconstitucionalidade perante o Tribunal de Justiça, e antes do seu julgamento, for também proposta ação direta de inconstitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal contra a mesma lei, os processos deverão ser reunidos para o julgamento conjunto perante o Supremo Tribunal Federal.

Não faz sentido a reunião das ações no STF, tendo em vista que são ações completamente distintas. Nesse caso hipotético, enquanto o STF apreciará a lei frente à CF, o Tribunal de Justiça apreciará a lei frente à Lei Orgânica do DF. Como visto, no caso de ações diretas simultâneas no STF e no TJ, suspende-se o julgamento do TJ até a decisão final do STF. Caso o STF declare a inconstitucionalidade da lei, o TJ não apreciará mais a ação. Por outro lado, se o STF declarar a constitucionalidade da lei, o TJ apreciará a lei normalmente frente à Lei Orgânica do DF, podendo declará-la constitucional ou inconstitucional. Item errado. 22) (CESPE/PROCURADOR/MP/ES/2010) Segundo jurisprudência

pacífica do STF, na hipótese de propositura simultânea de ação direta de inconstitucionalidade contra lei estadual perante o STF e o TJ, o processo no âmbito do STF deverá ser suspenso até a deliberação final do TJ estadual.

Page 25: Aula 05 - Cópia

CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ICMS-DF PROFESSOR: FREDERICO DIAS

25 www.pontodosconcursos.com.br

Como vimos, quem suspende o julgamento é o TJ, e não o STF. Item errado.

2.3 – Atuação do Senado FederalVimos que os efeitos da decisão do STF no âmbito do controle difuso afetam apenas as partes do processo. Mas nosso controle de constitucionalidade prevê um importante instrumento capaz de fazer a decisão do Supremo no controle concreto atingir a terceiros que não sejam parte da ação. Trata-se da atuação do Senado Federal. Nos termos do art. 52, X da CF/88, compete ao Senado Federal suspender a execução de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal. Assim, declarada a inconstitucionalidade pelo STF de determinada lei, no âmbito do controle difuso, a decisão é comunicada ao Senado, a quem caberá a faculdade de suspender a execução da lei, conferindo eficácia erga omnes à decisão do Supremo. Assim, a decisão definitiva em recurso extraordinário comunicada ao Senado Federal gera para essa Casa legislativa a faculdade de suspender a execução de lei declarada inconstitucional pela maioria absoluta dos membros do Supremo Tribunal Federal no julgamento daquele recurso. Se o Senado suspender a lei (ato discricionário), a declaração de inconstitucionalidade alcançará outros (e não só as partes), adquirindo eficácia geral (erga omnes). Mas o Senado não poderá alterar a decisão do Supremo. Sua competência é exclusivamente dar efeitos erga omnes àquela decisão proferida no controle incidental. Assim, se o Supremo só declarou inconstitucional um dos incisos (ou parte dele), o Senado deverá seguir estritamente aquela decisão, não podendo interpretá-la ou ampliá-la, por exemplo, declarando inconstitucional toda lei, ou outros artigos não impugnados pelo STF. Enfim, a suspensão pelo Senado Federal poderá se dar em relação a leis federais, estaduais, distritais ou municipais, desde que tenham sido declaradas inconstitucionais pelo STF, de modo incidental. Vejamos alguns detalhes concernentes a essa competência do Senado: I) o exercício dessa competência é facultativo; ou seja, o Senado não está obrigado a suspender a execução da lei; II) não há prazo para que o Senado possa suspender a execução da lei; mas, suspensa a lei, o Senado não poderá voltar atrás (a decisão é irretratável);

Page 26: Aula 05 - Cópia

CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ICMS-DF PROFESSOR: FREDERICO DIAS

26 www.pontodosconcursos.com.br

III) a espécie normativa utilizada é a resolução; e ela também está sujeita a controle de constitucionalidade normalmente. 23) (ESAF/AFRF/TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA/2005) A atribuição do

Senado Federal de suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal é vinculada.

Declarada inconstitucional a lei no âmbito do controle incidental, pode o Senado estender seus efeitos a todos, dando a essa decisão eficácia geral (erga omnes). Ou seja, essa é uma atuação discricionária do Senado Federal, e não vinculada. Item errado.

Passemos a enfocar o controle abstrato, exercido por meio de ADI, ADO, ADC e ADPF. Como vimos, no controle abstrato a constitucionalidade da lei é verificada em tese independentemente de um caso concreto. O controle abstrato origina-se na Europa, na Constituição da Áustria de 1920. O importante é você entender que a finalidade do controle abstrato não é a solução de uma lide, a resolução de um conflito. Esse controle tem a nobre missão de defender o ordenamento jurídico. Ou seja, quando uma ADI é impetrada no STF, seu autor não alega lesão a direito próprio, mas lesão ao ordenamento, à Constituição, tendo por fim o interesse público. Daí ser importante, você ter em mente que o controle abstrato tem natureza de processo objetivo, em que não há partes, pois se cuida do ordenamento jurídico e não de interesse próprio ou alheio. Daí a diferença entre os efeitos no controle incidental e no controle abstrato: I) no controle incidental, a lei considerada inconstitucional deixa de ser aplicada àquele caso em particular; II) no controle abstrato, a lei considerada inconstitucional deixa de existir, é considerada nula.

3 - Ação Direta de InconstitucionalidadeA ADI é ação típica do controle abstrato, de competência do Supremo Tribunal Federal. A finalidade dessa ação é o reconhecimento da invalidade de uma lei ou ato normativo. Ou seja, ao perceber que determinada lei ou ato normativo está desrespeitando a Constituição, o autor provoca o Supremo Tribunal Federal. Confirmada a incompatibilidade da lei, a Suprema Corte declarará sua nulidade, retirando-a do ordenamento jurídico.

Page 27: Aula 05 - Cópia

CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ICMS-DF PROFESSOR: FREDERICO DIAS

27 www.pontodosconcursos.com.br

E quem são as autoridades competentes para provocar esse controle de constitucionalidade? A lista dos legitimados à interposição de ADI está expressa no art. 103 da CF/88: “Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade: I - o Presidente da República; II - a Mesa do Senado Federal; III - a Mesa da Câmara dos Deputados; IV - a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal; VI - o Procurador-Geral da República; VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; VIII - partido político com representação no Congresso Nacional; IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.” Já de início, chamo sua atenção para o seguinte: o Advogado-Geral da União não dispõe de competência para a proposição de ADI. Muita gente confunde isso... Continuando nossa análise, você precisa lembrar que isso não significa que qualquer legitimado possa propor ADI sobre qualquer norma. Com efeito, a jurisprudência estabeleceu diferenciações: há os legitimados universais e os legitimados especiais. Os legitimados universais não sofrem restrição quanto à interposição de ADI no Supremo. É dizer: podem propor a ação independentemente do assunto sobre o qual trate a norma, desde que ela esteja entre os objetos da ADI. Em suma, se uma lei pode ser impugnada por ADI, ela pode ser proposta pelos legitimados universais, independentemente do tema de que trate a norma. Os legitimados universais são: o Presidente da República; as Mesa do Senado e da Câmara; o Procurador-Geral da República; o Conselho Federal da OAB; e os partido político com representação no Congresso Nacional. Diversamente, os legitimados especiais devem cumprir o requisito da pertinência temática, ou demonstração do interesse de agir. Ou seja, para ser cabível a ação, a norma impugnada deve ter alguma relação de pertinência com a função desempenhada pelo órgão ou entidade.

Page 28: Aula 05 - Cópia

CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ICMS-DF PROFESSOR: FREDERICO DIAS

28 www.pontodosconcursos.com.br

Nesse caso, pode ocorrer de ser cabível a ADI de determinada norma, mas não estar o legitimado especial apto a propor essa ação, por não apresentar a referida pertinência temática. E quais são esses legitimados especiais? Os governadores, as confederações sindicais ou entidades de classe de âmbito nacional e as Mesas de Assembléia Legislativa (ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal). Ou seja, esses legitimados especiais só podem impugnar em ADI uma norma que esteja relacionada com a sua função. Assim, por exemplo, o governador de Estado só poderá impugnar uma norma que afete os interesses daquele estado-membro (mesmo que essa norma seja editada por outro estado-membro). Vejamos uma questão da Funiversa sobre esse assunto. 24) (FUNIVERSA/ANALISTA/APEX/2006) Têm legitimação ativa

universal para propor a ação direita de inconstitucionalidade os Governadores de Estado.

Na realidade, o governador de um estado-membro é legitimado especial (e não universal). Item errado.

Vale ressaltar que a ampliação da legitimação ativa em ADI foi uma inovação da CF/88. Na Constituição anterior, a interposição dessa ação era de competência única e exclusiva do Procurador Geral da República. A seguir, três entendimentos jurisprudenciais relevantes sobre o assunto. I) Os legitimados possuem capacidade processual plena e capacidade postulatória no âmbito da ADI, podendo praticar quaisquer atos privativos de advogado. Essa regra não se aplica apenas: (i) aos partidos políticos e (ii) às confederações sindicais ou entidades de classe de âmbito nacional. II) Para fazer jus à legitimidade ativa em ADI, os partidos políticos precisam demonstrar pelo menos um único representante em uma das Casas Legislativas. Ademais, esse requisito deve ser verificado no momento da propositura da ADI. Significa dizer que a perda superveniente de representação não prejudica a ação direta iniciada. III) O STF firmou entendimento de que é cabível a instauração do controle abstrato por iniciativa das “associações de associações” (trata-se das associações que congregam exclusivamente pessoas jurídicas). Quanto às ações de inconstitucionalidade no âmbito dos estados-membros (tendo a Constituição Estadual como parâmetro), segundo o

Page 29: Aula 05 - Cópia

CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ICMS-DF PROFESSOR: FREDERICO DIAS

29 www.pontodosconcursos.com.br

§ 2º do art. 125 da CF, compete aos Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou municípios em face da Constituição estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir a um único órgão. Assim, os Estados-membros podem instituir a representação de inconstitucionalidade. E não precisa ser respeitada simetria ao modelo Federal no que tange à legitimidade ativa da ação. Entretanto, a Constituição veda a atribuição de legitimação para agir a um único órgão. Vamos resolver algumas questões para ver se você entendeu. 25) (ESAF/TFC/CGU/2008) Tem legitimidade para propor ação direta de

inconstitucionalidade e ação declaratória de constitucionalidade, exceto:

a) o Governador de Estado e do Distrito Federal. b) o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil. c) os Prefeitos. d) o Presidente da República. e) partido político com representação no Congresso Nacional. Revimos a lista dos legitimados à interposição de ADI, que está expressa no art. 103 da CF/88. Observa-se que prefeitos não têm legitimidade de proposição de ADI. Por isso, a resposta é letra “c”. Gabarito: “c” 26) (CESPE/PROCURADOR/TCE-ES/2009) Não se exige, para fins de

ajuizamento e conhecimento da ADI, a prova da pertinência temática por parte das Mesas do Senado Federal, da Câmara dos Deputados, das assembléias legislativas dos estados ou da Câmara Legislativa do DF.

A exigência de pertinência temática recai apenas sobre: I) a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; II) o Governador de Estado ou do Distrito Federal; III) confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional. Assim, para impetrarem ADI, esses legitimados deverão demonstrar o seu interesse de agir, materializado na relação existente entre o ato impugnado e as funções exercidas. Item errado.

Page 30: Aula 05 - Cópia

CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ICMS-DF PROFESSOR: FREDERICO DIAS

30 www.pontodosconcursos.com.br

27) (CESPE/AGENTE ADMINISTRATIVO/MMA/2009) Para que um partido político tenha representação no Congresso Nacional, é suficiente que o partido tenha um só parlamentar em qualquer uma das Casas do Congresso.

Para ter legitimidade para propor as ações do controle abstrato, os partidos políticos necessitam de representação no Congresso Nacional. A questão está correta, tendo em vista que qualquer número de representantes no Congresso já é suficiente para fazer jus à legitimação (basta um representante em qualquer uma das Casas). Não se esqueça daquele detalhe já comentado: entende o Supremo que esse requisito deve ser aferido exclusivamente no momento da propositura da ação. É dizer que a superveniente perda de representação no Congresso Nacional não retira do partido político a legitimidade ativa sobre as ações por ele anteriormente propostas. Item certo. 28) (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA JUDICIÁRIA/TRT 5ª

REGIÃO/2008) As confederações sindicais de âmbito nacional não prescindem de demonstrar a pertinência temática entre seu objeto social e os dispositivos legais que pretendem impugnar.

As confederações sindicais de âmbito nacional são um dos legitimados especiais. Assim, precisam (ou “não prescindem”) demonstrar a pertinência temática entre o seu objeto social e os dispositivos impugnados. Item certo. 29) (CESPE/AGENTE ADMINISTRATIVO/MS/2008) O ministro da

Saúde, desde que autorizado por lei de iniciativa do presidente da República, pode ajuizar ação direta de inconstitucionalidade contra lei autorizativa de aborto.

O ministro da Saúde não se encontra entre os legitimados para impetração de ADI, expressos no art. 103 da CF/88. Item errado.

3.1 - ObjetoQue tipos de norma podem ser impugnados por meio de ADI? Bem, antes de responder a essa questão, vale comentar que o controle abstrato ocorre não só em âmbito federal (perante o STF), mas também em âmbito estadual (perante do TJ). I) STF → controle abstrato em face da Constituição Federal II) TJ → controle abstrato em face da Constituição Estadual

Page 31: Aula 05 - Cópia

CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ICMS-DF PROFESSOR: FREDERICO DIAS

31 www.pontodosconcursos.com.br

Assim, a ação direta de inconstitucionalidade ajuizada perante o Supremo Tribunal Federal tem por objeto as leis ou atos normativos federais e estaduais. Em segundo plano, a ADI impetrada perante os tribunais de justiça tem por objeto as leis estaduais e municipais. Assim, as normas municipais (inclusive a Lei Orgânica do Município) não podem ser impugnadas em sede de ADI perante o STF. O direito municipal somente poderá ser declarado inconstitucional pelo Supremo em sede de controle difuso, quando determinada contenda é remetida ao tribunal mediante recurso extraordinário, ou, por meio de argüição de descumprimento de preceito fundamental – ADPF, nos casos previstos em lei. Bem, você já aprendeu que o DF acumula as competências estaduais e municipais. Pois bem, sendo assim, será cabível ADI de leis ou atos normativos distritais apenas no exercício da sua competência estadual. Vamos a um exemplo. Imagine que a Câmara Legislativa do DF aprove duas leis. A Lei “A” modifica as regras relativas ao IPTU (imposto de competência municipal). A Lei “B” trata de ICMS (imposto de competência estadual). A pergunta é: qual delas poderia ser questionada perante o STF, em sede de ADI? Apenas a Lei “B”, pois ICMS é tributo de competência estadual. A Lei “A” trata de assunto de competência municipal (IPTU) e, por isso, não pode ser objeto de ADI no Supremo. Agora, para tirar nota dez com louvor: podemos dizer que não seria possível então o controle abstrato da Lei “A”, por tratar de assunto de competência municipal? Não, não podemos. Em primeiro lugar, em sede de ADPF (que será estudada logo à frente), poderão ser impugnadas as leis municipais ou distritais no exercício da competência municipal. Ademais, frente à LODF, poderá essa lei ser questionada no controle abstrato perante o Tribunal de Justiça. Em suma, só constituem objeto de ADI perante o STF leis e atos normativos federais, estaduais ou distritais (neste último caso, desde que editados no âmbito de sua competência legislativa estadual). Entretanto, não são todas as leis e atos normativos federais e estaduais, que poderão ser objeto de ADI perante o Supremo, conforme a jurisprudência daquela Corte. Para que uma norma possa ser objeto de ADI, deverá ela atender às seguintes exigências: a) ter sido editada na vigência da CF/88; b) ser dotada de abstração, generalidade e impessoalidade; c) possuir natureza autônoma (não regulamentar); e

Page 32: Aula 05 - Cópia

CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ICMS-DF PROFESSOR: FREDERICO DIAS

32 www.pontodosconcursos.com.br

d) estar em vigor. Assim, somente podem ser objeto de ADI normas que tenham sido editadas sob a vigência da Constituição Federal de 1988, e que estejam em vigor. A impugnação, em abstrato, do direito anterior à atual Carta (direito pré-constitucional) só ocorrerá em sede de argüição de descumprimento de preceito fundamental – ADPF (em ADI não). O direito pré-constitucional pode ainda ter sua validade aferida frente à Constituição de 1988 no âmbito do controle difuso, para o fim de reconhecimento de sua recepção ou revogação, diante de casos concretos. Vale comentar ainda que só podem ser impugnados mediante ADI, perante o Supremo, atos que possuam normatividade (generalidade e abstração). Ou seja, aqueles que se aplicam a número indefinido de pessoas e de casos (todos que se enquadrem na situação hipotética abstratamente descrita no ato normativo). Diante disso, os atos de efeitos concretos, desprovidos de generalidade, impessoalidade e abstração, não se prestam ao controle abstrato de normas. No entender da Suprema Corte, a Constituição adotou como objetos desse processo somente os atos tipicamente normativos, dotados de um mínimo de generalidade e abstração. Interessante observar que essa restrição não se aplica aos atos de efeitos concretos aprovados sob a forma de lei em sentido estrito (lei formal), isto é, aos atos aprovados pelo Poder Legislativo e sancionados pelo Chefe do Poder Executivo. Nesse sentido, o Supremo reviu sua posição ao admitir Ação Direta de Inconstitucionalidade tendo por objeto Lei de Diretrizes Orçamentárias, uma vez que se trata de lei formal (ADIMC 4.048/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, 17.04.2008). Assim, mesmo sendo desprovidas de generalidade e abstração (sendo lei de efeitos concretos), as leis formais, como a Lei de Diretrizes Orçamentárias, podem ser objeto de Ação Direta de Inconstitucionalidade. De se destacar que somente podem ser impugnados em ADI os atos normativos que disponham de caráter autônomo, ou seja, desrespeitem diretamente a Constituição (não sejam meramente regulamentares). Assim, decretos do Presidente da República e do Governador de Estado podem ser objeto de ADI, desde que sejam autônomos e não apenas regulamentares. Assim, é cabível ADI contra normas que ofendam diretamente à Constituição. Mas não seria cabível essa mesma ação contra um decreto

Page 33: Aula 05 - Cópia

CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ICMS-DF PROFESSOR: FREDERICO DIAS

33 www.pontodosconcursos.com.br

que, editado para regulamentar uma lei, desrespeite essa norma (pois, nesse caso, há ofensa à lei e não à Constituição). Por fim, cabe comentar que não se discute em sede de ADI a validade de normas revogadas, ainda que flagrantemente contrárias à Constituição. E como o objetivo da ADI é justamente a retirada da norma inconstitucional do ordenamento, a revogação da norma torna a ação sem objeto. Desse modo, se a ADI for proposta após a revogação da lei, a ação não será conhecida pelo STF (por ausência de objeto); se a revogação ocorrer após a propositura da ação, a ação perde seu objeto na data em que a lei foi revogada. De qualquer forma, vale destacar que, se a revogação da norma ocorrer quando já em pauta a ADI (ou seja, já na pauta de julgamento do STF), excepcionalmente não haverá prejuízo à ação direta, que será julgada regularmente. Objetivamente, podem ser objeto de ADI: - emendas constitucionais (normas originárias da Constituição não); - Constituições estaduais; - tratados e convenções internacionais; - normas primárias federais e estaduais (medidas provisórias, decretos autônomos, decretos legislativos, regimentos internos de tribunais); Podem ainda ser objeto de ADI resoluções e decisões administrativas dos tribunais do Poder Judiciário; atos normativos de pessoa de direito público (emanados de autarquias e fundações, por exemplo); pareceres normativos do Poder Executivo. Entretanto, não se admite ADI contra súmulas do Poder Judiciário, contra sentenças normativas da Justiça do Trabalho e nem contra convenções e acordos do trabalho. Anote aí no seu caderno mais um aspecto relevante. Segundo o STF, a ocorrência dos pressupostos de relevância e urgência para a edição de medidas provisórias não está de todo imune ao controle jurisdicional. Assim, excepcionalmente, admite-se o controle de constitucionalidade desses pressupostos, apenas em casos de abuso manifesto. Essa restrição se deve ao caráter discricionário do juízo político que envolve essa análise, confiado ao Poder Executivo, sob censura do Congresso Nacional (ADI 525-MC, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 12-6-91). Vejamos algumas questões da Funiversa sobre isso.

Page 34: Aula 05 - Cópia

CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ICMS-DF PROFESSOR: FREDERICO DIAS

34 www.pontodosconcursos.com.br

30) (FUNIVERSA/ADVOGADO/ADASA/2009) Compete ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar, originariamente, a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal e estadual.

De fato, nos termos do art. 102, I, “a” da CF/88, compete ao STF processar e julgar a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual. Cabe lembrar que esse controle abstrato é realizado tendo a Constituição Federal como parâmetro. Afinal, tendo a Constituição estadual como parâmetro, a competência para julgamento passa a ser do respectivo TJ local. Item certo. 31) (FUNIVERSA/ADVOGADO/ADASA/2009) A propositura de ação

direta de inconstitucionalidade só se admite em relação à impugnação de leis ou atos normativos expedidos após 5/10/1988.

Primeira coisa é saber o que ocorreu em 05/10/88... Se você não sabe, é bem intuitivo, certo? Evidentemente a questão se refere à entrada em vigor da Constituição da República de 1988. Como vimos, em sede de ADI, só se admite a impugnação de normas que tenham sido expedidas após a entrada em vigor da Carta Maior (ter sido editada na vigência da CF/88). Item certo. 32) (FUNIVERSA/ADVOGADO/ADASA/2009) Não é cabível ação direta

de inconstitucionalidade, perante o Supremo Tribunal Federal, contra lei do Distrito Federal que discipline assunto de interesse local.

Sabe-se que o DF acumula as competências estaduais e as municipais. Como só podem ser impugnados em ADI as normas federais e estaduais, as leis e atos normativos distritais só poderão constituir objeto válido de uma ADI se eles forem editados no exercício de competência estadual. É dizer: aquelas normas distritais editadas no exercício da competência municipal (regulamentando assuntos de interesse local) não poderão ser objeto de ADI. Item certo. 33) (FUNIVERSA/ANALISTA/APEX/2006) Decreto executivo, que

editado para regular lei, venha a divergir de seu sentido ou conteúdo, poderá ser objeto de ação direta de constitucionalidade.

Se, ao regulamentar uma lei, um decreto a contraria, trata-se de ilegalidade e não de inconstitucionalidade. Ou seja, não há ofensa à Constituição. Assim, não é cabível ADI tendo essa norma por objeto.

Page 35: Aula 05 - Cópia

CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ICMS-DF PROFESSOR: FREDERICO DIAS

35 www.pontodosconcursos.com.br

Item errado.

3.2 – ProcedimentosA lei estabelece quórum mínimo para a instalação da sessão de julgamento (oito ministros) e um número mínimo de votos para que seja proferida a decisão de mérito (seis ministros, que representam a maioria absoluta). Como vimos, o controle abstrato tem natureza objetiva. Assim, uma vez proposta a ação direta, não poderá o autor dela desistir. Afinal, no controle em abstrato, o legitimado pela Constituição Federal não atua na defesa de interesse próprio, mas sim na defesa da Constituição. Portanto, não poderá dispor sobre a ação, desistindo dela, inclusive quanto ao pedido de medida cautelar formulado. Outro aspecto relevante diz respeito à alegação de impedimento ou suspeição. Segundo o STF, não cabe arguição de suspeição de Ministro nos processo de controle abstrato, dado o caráter objetivo da ação. Entretanto, é possível a alegação de impedimento de Ministro, nos casos em que o Ministro do STF tenha atuado anteriormente no processo na condição de Procurador-Geral da República, Advogado-Geral da União, requerente ou requerido. Vale comentar ainda que a propositura de ADI não se sujeita a prazo prescricional ou decadencial e a qualquer tempo poderá ser ajuizada a ação direta, pois a inconstitucionalidade não se convalida com o tempo. Outro aspecto cobrado em concursos diz respeito à distinção entre pedido e causa de pedir no âmbito do controle abstrato. Guarde o seguinte bordão: em ação direta de inconstitucionalidade, o Supremo Tribunal Federal vincula-se ao pedido, mas não à causa de pedir, pois esta é aberta. I) Vinculado ao pedido → isso significa que o Supremo está condicionado à análise daqueles artigos que estão sendo impugnados pelo autor. Ou seja, a atuação do STF restringe-se àqueles dispositivos questionados pelo autor; não pode a Corte declarar a inconstitucionalidade de outros artigos não impugnados na inicial. II) Causa de pedir aberta → isso significa que o STF não se vincula à causa de pedir, ao parâmetro. Nesse sentido, pode o Supremo declarar a inconstitucionalidade de um artigo de uma lei, mas por motivo totalmente diverso daquele manifestado pelo autor na inicial. Em primeiro lugar, o autor (legitimado) fundamentará juridicamente a alegação de inconstitucionalidade. Entretanto a análise do Supremo será sobre a compatibilidade daquele dispositivo impugnado com toda a

Page 36: Aula 05 - Cópia

CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ICMS-DF PROFESSOR: FREDERICO DIAS

36 www.pontodosconcursos.com.br

Constituição, podendo até mesmo declará-lo inconstitucional, mas por motivo diverso daquele alegado inicialmente. Às vezes, cobra-se em concurso a natureza ambivalente da ação direta de inconstitucionalidade. O que é isso? É que ao analisar a ADI, a decisão do Supremo pela sua procedência indica a invalidade da norma, uma vez que ela foi declarada em desconformidade com a Constituição. De outro lado, a decisão pela improcedência indica a validade da norma. Ou seja, pelo fato de a causa de pedir ser aberta, ao analisar determinada lei (ou um dispositivo em particular) o Supremo a estará confrontando com todo o ordenamento constitucional. E se a ADI foi improcedente, isso quer dizer que não há ofensa a nenhuma norma ou princípio constitucional, o que significa a constitucionalidade da norma. Em suma, I) se a ação direta é julgada procedente, estará sendo declarada a inconstitucionalidade da norma impugnada; II) se a ação direta é julgada improcedente, estará sendo declarada a constitucionalidade da norma impugnada. Daí a ideia de caráter dúplice ou ambivalente da ADI. Ela surte efeitos num e noutro sentido (tanto na procedência, quanto na improcedência). 34) (ESAF/TRT/7ª REGIÃO/JUIZ SUBSTITUTO/2006) Na ação direta de

inconstitucionalidade, a atividade judicante do STF está condicionada pelo pedido, mas não pela causa de pedir, que é tida como “aberta”.

Em ação direta de inconstitucionalidade, o Supremo Tribunal Federal vincula-se ao pedido, mas não à causa de pedir, pois esta é aberta. Item certo. 35) (ESAF/TRT/7ª REGIÃO/JUIZ SUBSTITUTO/2006) O requerente não

pode desistir da ação direta de inconstitucionalidade que haja proposto.

Trata-se do chamado “princípio da indisponibilidade”, ao qual se submetem todas as ações do controle abstrato perante o STF. Isso ocorre porque as ações do controle abstrato de constitucionalidade têm natureza objetiva (não buscam tutela de interesses pessoais do autor). O papel do autor é acionar o Supremo, para que este desempenhe sua função de guardião da Constituição. Suscitada a controvérsia na Corte Maior, perde o legitimado a disposição sobre aquela ação. Daí não se admitir a desistência no âmbito de ADI (nem de outras ações do controle abstrato). Afinal de contas, esse interesse público protegido é indisponível.

Page 37: Aula 05 - Cópia

CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ICMS-DF PROFESSOR: FREDERICO DIAS

37 www.pontodosconcursos.com.br

Aliás, não se admite nem mesmo o pedido de desistência de medida cautelar em sede de ADI. Item certo.

3.3 – Participação do PGR e do AGUTanto o Procurador-Geral da República quanto o Advogado-Geral da União desempenham papéis fundamentais no controle de constitucionalidade em sede de ADI. No caso do PGR, além de ser um dos legitimados universais para propor ADI (e demais ações), ele deve ser previamente ouvido em todas as ações do controle em abstrato perante o STF. Nesse caso, sua manifestação deverá ser imparcial, podendo opinar tanto pela constitucionalidade, como pela inconstitucionalidade da norma. Seu parecer é opinativo, e não vincula os Ministros do STF. Poderá o PGR opinar até mesmo nas ações diretas por ele propostas (inclusive poderá propor ADI requerendo a declaração da inconstitucionalidade e, no parecer, pronunciar-se pela improcedência da ação). Não poderá, entretanto, desistir da ação direta por ele proposta (como já visto). Já o Advogado-Geral da União deve ser citado para defender o ato ou texto impugnado, conforme o art. 103, § 3º da CF/88, cabendo a ele defendê-lo. Aliás, a jurisprudência tradicional do STF era a de que não caberia ao AGU opinar pela inconstitucionalidade da norma impugnada, sob pena de desrespeito à sua missão constitucionalmente indicada (CF, art. 103, § 3º). Assim, por mais evidente que fosse a inconstitucionalidade da norma, não era dado ao Advogado-Geral da União deixar de defender a norma questionada. Entretanto, recentemente, o STF alterou o seu entendimento sobre essa matéria, passando a flexibilizar essa regra. Assim, segundo o STF, não é necessariamente obrigatória a defesa da norma pelo AGU. Com efeito, o STF decidiu que o AGU tem autonomia para agir, podendo haver casos que justifiquem sua opção pela inconstitucionalidade da lei, conforme sua livre convicção jurídica sobre a matéria (ADI 3.916, rel. Min. Eros Grau, julgamento em 07/10/2009). Por exemplo, quando a lei contrariar os interesses da União (que devem ser defendidos pelo AGU) e quando inconstitucionalidade for extremamente flagrante. Já adiantando dois aspectos que serão vistos mais à frente. Segundo o STF, o Advogado-Geral da União não atuará nos processos de ação declaratória de constitucionalidade (ADC), afinal, nessa ação

Page 38: Aula 05 - Cópia

CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ICMS-DF PROFESSOR: FREDERICO DIAS

38 www.pontodosconcursos.com.br

não há norma impugnada (o autor requer a constitucionalidade da norma, como veremos). Quanto à participação do AGU na ADI por omissão, a tradicional jurisprudência do STF era a de que a função do Advogado-Geral da União como defensor da norma impugnada não ocorreria em ADI por omissão (ADO). Entretanto, recentemente, foi editada a nova lei da ADO (Lei nº 12.063/2009), que estabelece que o relator poderá solicitar manifestação do AGU, a ser encaminhada no prazo de 15 dias.

3.4 – Amicus curiaeSegundo o parágrafo 2° do art. 7° da Lei n.° 9.868/99, o relator, considerando a relevância da matéria e a representatividade dos postulantes, poderá admitir a manifestação de outros órgãos ou entidades. Esse é o chamado amicus curiae (amigo da corte), entidades ou órgãos cuja manifestação possa contribuir com a qualidade da decisão do Supremo sobre determinado assunto, notadamente quando se tratar de tema técnico, complexo ou altamente controverso. Observe que, a rigor, não é caso de intervenção de terceiros. Aliás, o próprio art. 7° da Lei n.° 9.868/99 não admite intervenção de terceiros no processo de ação direta de inconstitucionalidade (a intervenção de terceiros é figura existente no direito processual civil, mas que visa a assegurar o direito de terceiros interessados na causa ingressarem na lide). Interessante observar que não há direito subjetivo de associações e entidades interessadas em participar como amicus curiae de determinado processo. Essa decisão compete ao relator do processo levando em conta a representatividade da entidade e a relevância da matéria. Segundo o Supremo Tribunal Federal, a admissão da figura do amicus curiae não lhe assegura o direito de interpor recursos no âmbito do processo. Afinal, ele não é parte. Cabe registrar que o STF já admitiu sustentação oral por parte do amicus curiae; ou seja, admite-se que sua participação ocorra na fase de julgamento e não necessariamente por escrito. Ademais, hoje se admite a participação de amicus curiae no exame da repercussão geral, no âmbito do recurso extraordinário, bem como no procedimento de aprovação de súmula vinculante pelo Supremo Tribunal Federal (por expressa disposição legal).

Page 39: Aula 05 - Cópia

CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ICMS-DF PROFESSOR: FREDERICO DIAS

39 www.pontodosconcursos.com.br

3.5 – Efeitos da DecisãoPodemos considerar que as decisões de mérito em ADI serão dotadas dos seguintes efeitos: I) eficácia contra todos ou erga omnes (na medida em que alcança a todos, não apenas as partes de um determinado processo); II) efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual, distrital e municipal (pois nenhum outro órgão do Poder Judiciário ou da Administração Pública poderá desrespeitar a decisão); III) efeitos retroativos ou ex tunc (uma vez que alcança a lei desde a sua edição); IV) efeitos repristinatórios (pois retoma a validade da legislação anteriormente revogada). Quanto ao efeito vinculante, se o STF declarou a inconstitucionalidade, não poderão os demais órgãos do Poder Judiciário ou a Administração Pública dar aplicação à lei. Se a manifestação foi pela constitucionalidade, eles não poderão negar aplicação à lei. Observe que o efeito vinculante dessas decisões do STF não alcança: o próprio STF, nem o Poder Legislativo, no tocante à função legislativa. Ou seja, em tese, o próprio STF poderá posteriormente rever o seu entendimento sobre a respectiva matéria. Ademais, a declaração da inconstitucionalidade de uma lei pelo STF nas ações do controle abstrato não impede que o Poder Legislativo edite posteriormente nova norma de igual conteúdo. E se não for respeitado esse efeito vinculante? Bem, caso haja desrespeito à decisão proferida em sede de ADI, o prejudicado poderá valer-se do instrumento processual denominado reclamação, proposta diretamente perante o STF, para que este garanta a autoridade de sua decisão, determinando a anulação do ato da administração ou a cassação da decisão judicial reclamada. Quanto ao uso da reclamação, vale destacar que razões de segurança jurídica impedem a utilização da ação reclamatória para desconstituir decisão que transitou em julgado: “Não cabe reclamação quando já houver transitado em julgado o ato judicial que se alega tenha desrespeitado decisão do Supremo Tribunal Federal. (Súmula 734)” No que se refere à retroatividade da decisão, já vimos que a Lei nº 9.868/1999 possibilitou a modulação dos efeitos temporais da decisão de inconstitucionalidade. Nesse sentido, presentes os pressupostos exigidos pela lei (razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse público), poderá o STF por dois terços de seus membros

Page 40: Aula 05 - Cópia

CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ICMS-DF PROFESSOR: FREDERICO DIAS

40 www.pontodosconcursos.com.br

conferir à decisão efeitos ex nunc (não retroativos) ou mesmo fixar outro momento para o início da eficácia da sua decisão. Vimos, inclusive, a possibilidade dessa modulação dos efeitos no âmbito do controle incidental. Por outro lado, na análise do direito pré-constitucional frente à Constituição vigente, não se admite a modulação temporal dos efeitos. Nesse caso, a revogação da lei antiga pela nova Constituição não poderá ter seus efeitos diferidos após pronunciamento definitivo do STF. Por fim, vale destacar o caráter de definitividade da decisão do Supremo no âmbito do controle abstrato. Nesse sentido, a decisão é irrecorrível. Não cabe nem mesmo a interposição de ação rescisória a fim de desconstituí-la (a decisão do STF nesse caso transita em julgado). São admitidos, entretanto, embargos de declaração a fim de suprir eventual omissão, obscuridade ou contradição contida no acórdão. Vamos resolver algumas questões da Funiversa? 36) (FUNIVERSA/ADVOGADO/ADASA/2009) As decisões definitivas de

mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de inconstitucionalidade produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, exclusivamente na esfera federal.

Nos termos do § 2º do art. 102 da CF/88, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo STF, nas ações diretas de inconstitucionalidade produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. Assim, o efeito vinculante alcança as demais esferas, e não exclusivamente a esfera federal. Item errado. 37) (FUNIVERSA/ADVOGADO/ADASA/2009) Em regra, a decisão do

Supremo Tribunal Federal em ação direta de inconstitucionalidade é dotada de efeito repristinatório em relação à legislação anterior.

De fato, entre os efeitos da ADI, há a restauração da validade da legislação anteriormente revogada (efeitos repristinatórios). Item certo.

Page 41: Aula 05 - Cópia

CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ICMS-DF PROFESSOR: FREDERICO DIAS

41 www.pontodosconcursos.com.br

3.6 – Medida Cautelar em ADIEstabelece a CF/88, em seu art. 102, I, "p", que compete ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar o pedido de medida cautelar nas ações diretas de inconstitucionalidade. A medida cautelar (concedida mediante liminar) é aquela concedida antes da apreciação do mérito do pedido principal e consiste no provimento judicial imediato, visando garantir a utilidade da futura decisão definitiva. Assim, aplica-se a situações em que o transcorrer do tempo entre o pedido e a decisão definitiva poderá acarretar a ineficácia da prestação jurisdicional. Nesse caso, intenta-se sustar, desde logo e até o exame do mérito da ação, a eficácia da norma impugnada. Comprovada a fumaça do bom direito (fumus boni iuris) e a existência de perigo da demora (periculum in mora) é cabível a medida cautelar que dê provimento imediato e provisório ao pedido do autor, enquanto se aguarda o julgamento definitivo. Pois bem, a medida cautelar ou liminar será concedida mediante voto da maioria absoluta dos ministros do Supremo, havendo necessidade da presença de pelo menos oito ministros na seção. Outros aspectos da cautelar: I) a regra de concessão da cautelar por maioria absoluta não se aplica nos casos de urgência e no período de recesso do STF, em que será concedida monocraticamente (decisão sujeita à confirmação do Plenário); II) ao contrário da decisão de mérito, a medida cautelar terá, em regra, efeitos ex nunc ou prospectivos (dali pra frente); mas caberá a modulação dos efeitos temporais (outorgando-se a ela eficácia retroativa), como na decisão de mérito; III) a medida cautelar também é dotada de alcance geral (erga omnes) e efeito vinculante. É interessante observar que, concedida a medida cautelar, suspende-se a eficácia da norma até o julgamento do mérito da ação direta, e esta decisão vincula os demais órgãos do Poder Judiciário e a Administração Pública direta e indireta. Por outro lado, se for negada a medida cautelar, a norma permanece em plena eficácia até o julgamento de mérito da ação direta, mas essa decisão não vincula os demais órgãos do Poder Judiciário e a Administração Pública direta e indireta. A medida cautelar tem efeitos repristinatórios e torna provisoriamente aplicável a legislação anterior acaso existente que tenha sido revogada pela norma impugnada, salvo manifestação em contrário do STF.

Page 42: Aula 05 - Cópia

CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ICMS-DF PROFESSOR: FREDERICO DIAS

42 www.pontodosconcursos.com.br

Dessa forma, a concessão da medida cautelar em ADIN tem efeito repristinatório em relação ao direito anterior, que havia sido revogado pela norma impugnada na ação direta. Com o afastamento da eficácia da lei impugnada até o julgamento do mérito da ação direta, a lei original, que havia sido revogada pela lei impugnada, torna-se automática e provisoriamente aplicável nesse período, salvo manifestação em contrário do Supremo. Antes de passar à análise de outras ações do controle abstrato, vejamos um esquema que apresente os principais aspectos da ADI. Logo a seguir, vamos resolver algumas questões sobre esse assunto. Sintetizando:

Vejamos mais algumas questões sobre a ADI. 38) (FUNIVERSA/ANALISTA/APEX/2006) Compete ao Supremo

Tribunal Federal processar e julgar, originalmente, a ação direta de inconstitucionalidade de ato federal, estadual ou municipal.

Não é cabível ADI de normas municipais. Item errado.

Page 43: Aula 05 - Cópia

CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ICMS-DF PROFESSOR: FREDERICO DIAS

43 www.pontodosconcursos.com.br

39) (FUNIVERSA/ADVOGADO/ADASA/2009) A decisão que declara a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade de lei ou do ato normativo em ação direta é irrecorrível, sendo possível a ação rescisória em caso de interpretação equivocada do Supremo Tribunal Federal.

De fato, a decisão é irrecorrível, sendo cabível apenas embargos de declaração (e não ação rescisória) a fim de suprir eventual omissão, obscuridade ou contradição contida no acórdão. Item errado. 40) (FUNIVERSA/ADVOGADO/ADASA/2009) A repercussão geral é

requisito indispensável para a propositura da ação direta de constitucionalidade.

A demonstração da repercussão geral ocorre na admissão do recurso extraordinário (CF, art. 102, § 3º). Não constitui requisito para a propositura de ADI. Item errado. 41) (ESAF/AFRFB/2009) Para a propositura da Ação Direta de

Inconstitucionalidade, se faz necessário observar um dos requisitos objetivos pertinente ao prazo prescricional.

Não há prazo prescricional para a impetração de ADI. Item errado. 42) (ESAF/AFRFB/2009) Antes da concessão da liminar em sede de

Ação Direta de Inconstitucionalidade, é possível que seu autor peça desistência da mesma.

Não se admite desistência em ADI, tendo em vista o caráter objetivo do processo de ADI (em que o autor não defende interesse próprio). Item errado. 43) (ESAF/AFRFB/2009) O Supremo Tribunal Federal, em sede de Ação

Direta de Inconstitucionalidade, exige pertinência temática, quando a ação é proposta pelo Governador do Distrito Federal.

Os governadores estão entre os legitimados especiais, para os quais se exige pertinência temática para que possam impetrar as ações do controle abstrato. Trata-se dos indicados nos incisos IV, V e IX do art. 103 da Constituição Federal (Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; Governador de Estado ou do Distrito Federal; confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional). Item certo. 44) (ESAF/AFRFB/2009) Atos estatais de efeitos concretos se

submetem, em sede de controle concentrado, à jurisdição abstrata.

Page 44: Aula 05 - Cópia

CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ICMS-DF PROFESSOR: FREDERICO DIAS

44 www.pontodosconcursos.com.br

Essa alternativa está um pouco mal formulada. É certo que os atos de efeito concreto não se submetem a controle de constitucionalidade por meio de ADI. Entretanto, recentemente o Supremo reviu sua posição ao admitir Ação Direta de Inconstitucionalidade tendo por objeto lei orçamentária, por ser lei formal (ADIMC 4.048/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, 17.04.2008). Assim, continuaria sendo incabível ADI de atos de efeitos concretos. O mesmo não se pode dizer das leis formais aprovadas pelo Poder legislativo e sancionadas pelo chefe do Poder Executivo. Item errado. 45) (ESAF/AFRFB/2009) Proclamada a inconstitucionalidade do

dispositivo, pelo Supremo Tribunal Federal, julgar-se-á improcedente a ação direta de inconstitucionalidade.

Ao se declarar a inconstitucionalidade de um ato normativo, declara-se procedente a ADI. Item errado. 46) (ESAF/AFRFB/2009) As Súmulas, por apresentarem densidade

normativa, são submetidas à jurisdição constitucional concentrada. Não se admite ADI, tendo por objetos súmulas de tribunais. Item errado. 47) (CESPE/PROCURADOR/AGU/2010) Para o STF, o indeferimento

da medida cautelar na ADI não significa confirmação da constitucionalidade da lei com efeito vinculante.

Exatamente! Show de bola essa assertiva. Deixe-me tentar explicar essa situação de forma mais detalhada... Imagine que um dos legitimados (CF, art. 103) tenha entrado com ADI no STF a fim de declarar inconstitucional determinada norma. Se essa ação inicial contiver pedido de medida cautelar, o STF avaliará o preenchimento dos pressupostos para a sua concessão. Negada a medida cautelar, isso não significa que o STF se posicionou pela constitucionalidade da norma. Significa apenas que os pressupostos da medida cautelar não foram preenchidos. Então a Suprema Corte continuará analisando a ação regularmente, sem os efeitos da medida cautelar, podendo vir a considerá-la constitucional ou inconstitucional posteriormente. Nesse sentido, podemos dizer que a medida cautelar, quando concedida, tem efeito vinculante. Todavia, o mesmo não pode ser afirmado quanto ao seu indeferimento, que não dispõe desse mesmo efeito. Assim, os demais juízes poderão continuar a declarar a inconstitucionalidade de tal norma nos seus processos. Item certo.

Page 45: Aula 05 - Cópia

CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ICMS-DF PROFESSOR: FREDERICO DIAS

45 www.pontodosconcursos.com.br

48) (ESAF/PROCURADOR DO DISTRITO FEDERAL/2007) É juridicamente legítimo que uma sentença em ação civil pública movida pelo Ministério Público afirme a inconstitucionalidade de lei.

De acordo com a jurisprudência do Supremo, o uso de ação civil pública para controle de constitucionalidade é admitido, desde que seja incidentalmente, no âmbito de um processo judicial e com efeitos restritos àquele caso concreto. Ou seja, no âmbito da ação civil pública em que se discute a defesa do patrimônio público, por exemplo, pode ser suscitada a questão sobre a inconstitucionalidade de determinado ato, mas apenas como fundamento do pedido principal. Entretanto, não se admite que a ação civil pública funcione como substituta da ADI, isto é tendo como pedido principal a declaração em tese da inconstitucionalidade da lei e com efeitos erga omnes. Afinal de contas, o controle abstrato frente à Constituição Federal é de competência exclusiva do Supremo. Item certo. 49) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) A decisão de

mérito proferida em sede de controle concentrado é irrecorrível, salvo a hipótese de embargos declaratórios, e não está sujeita à desconstituição pela via da ação rescisória.

Devido ao caráter objetivo do controle de constitucionalidade em tese, não cabe recurso contra a decisão proferida nessas ações, nem mesmo a desconstituição pela via da ação rescisória (que é a ação própria para desconstituição de decisões que transitam em julgado). Ressalva-se, entretanto, a interposição de embargos de declaração, que servem para suprir eventual omissão, obscuridade ou contradição contida no acórdão. Item certo. 50) (CESPE/PROCURADOR/TCE-ES/2009) Consoante jurisprudência

firmada no âmbito do STF, a declaração final de inconstitucionalidade, quando proferida em sede de fiscalização normativa abstrata, importa restauração das normas anteriormente revogadas pelo diploma normativo objeto do juízo de inconstitucionalidade, considerado o efeito repristinatório que lhe é inerente.

Você entendeu a pergunta? Vamos exemplificar essa situação. Inicialmente, estava vigente a Lei 1. Posteriormente, foi editada a Lei 2, que revogava a Lei 1. Caso a Lei 2 seja posteriormente declarada inconstitucional em sede de controle abstrato, isso significa que a Lei 2 deixa de existir. Por conseqüência não existe mais a lei que revogava a

Page 46: Aula 05 - Cópia

CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ICMS-DF PROFESSOR: FREDERICO DIAS

46 www.pontodosconcursos.com.br

Lei 1 e ela (Lei 1) retoma sua eficácia normalmente. A esse fenômeno, a gente dá o nome de repristinação. Bem, é aquela história: se a Lei 2 é nula, ela não pode ter tido eficácia, e ela não pode ter produzido efeitos. Se ela não produziu efeitos não revogou a Lei 1. Assim, a Lei 1 teria sido apenas “supostamente revogada” e, portanto, retoma sua eficácia automaticamente. Ou seja: a declaração da inconstitucionalidade de uma lei pelo STF tem efeito repristinatório tácito em relação à legislação anterior, que havia sido revogada por essa lei que agora é declarada inconstitucional. Re-explicando... Suponha que uma lei (Lei A) preveja multa para quem for flagrado andando embriagado pela rua (ou seja, se você for pego após um chope, deve pagar uma quantia para o Estado). Pois bem, suponha que amanhã venha uma nova lei (Lei B) revogando a anterior (Lei A) e estabelecendo a pena de reclusão para o mesmo comportamento (andar embriagado pela rua). A partir de então, você poderá ser preso se flagrado andando por aí após aquele chope de sexta-feira (afinal, está valendo a Lei B). Caso, posteriormente, essa nova lei (Lei B) seja declarada inconstitucional em sede de controle abstrato, o que acontece? Você não poderá mais ser preso, afinal aquela lei é nula (a Lei B é nula). Entretanto, se for pego bêbado por aí, pagará aquela multa anteriormente prevista na Lei A, afinal, a lei anterior (Lei A) retoma automaticamente sua eficácia. E como se denomina esse efeito? Repristinação da Lei A! Item certo.

Por hoje é só. Continuaremos este assunto na próxima aula. Fique com alguns exercícios. Um abraço e bons estudos! Fred Dias

4 – Exercícios de Fixação51) (ESAF/EPPGG/MPOG/2005) Uma lei declarada inconstitucional

pelo STF em sede de ação direta de inconstitucionalidade, como regra geral, a) não pode ser reeditada pela Casa Legislativa que a votou, sob pena de ofensa à autoridade da decisão da Suprema Corte.

Page 47: Aula 05 - Cópia

CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ICMS-DF PROFESSOR: FREDERICO DIAS

47 www.pontodosconcursos.com.br

b) é considerada inválida desde quando editada, e, portanto, desde antes da decisão do STF. c) somente deixa de produzir efeitos jurídicos a partir do trânsito em julgado da decisão do STF. d) somente é considerada excluída do ordenamento jurídico depois de suspensa a sua vigência pelo Senado Federal. e) somente deixa de ser considerada válida nas relações jurídicas de que faça parte o autor da ação.

52) (ESAF/APO/MPOG/2005) As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal nas ações diretas de inconstitucionalidade, por força de expressa determinação constitucional, produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante, apenas no âmbito da administração pública direta e indireta federal.

53) (CESPE/TÉCNICO DE NÍVEL SUPERIOR/SUPORTE ÀS ATIVIDADES NA ÁREA DE DIREITO/PS/MS/2008) A manutenção da supremacia da CF é o objetivo das ações de fiscalização abstrata de constitucionalidade das leis e deve nortear a interpretação destas.

54) (ESAF/APO/MPOG/2005) Para que o Supremo Tribunal Federal admita recurso extraordinário, é preciso que o recorrente demonstre a repercussão geral da questão constitucional discutida no caso concreto; porém, a recusa, pelo Tribunal, da admissão do recurso extraordinário só poderá ocorrer pela manifestação de dois terços de seus membros.

55) (CESPE/AUDITOR INTERNO/AUGE/MG/2008) No controle incidental, os juízes e tribunais só podem se manifestar sobre a inconstitucionalidade de uma lei, deixando de aplicá-la a casos concretos, se, antes, tiverem sido provocados por uma das partes.

56) (CESPE/AUDITOR INTERNO/AUGE/MG/2008) No Brasil, o controle exercido pelo Poder Judiciário sobre a constitucionalidade das leis e dos atos normativos, ocorre tanto pela via difusa quanto pela via concentrada.

57) (CESPE/ADVOGADO DA UNIÃO/AGU/2008) É admissível o controle de constitucionalidade de emenda constitucional antes mesmo de ela ser votada, no caso de a proposta atentar contra cláusula pétrea, sendo o referido controle feito por meio de mandado de segurança, que deve ser impetrado exclusivamente por parlamentar federal.

58) (ESAF/AFRF/2005) No caso de um partido político perder sua representação no Congresso Nacional após ter proposto uma ação direta de inconstitucionalidade, essa ação é considerada

Page 48: Aula 05 - Cópia

CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ICMS-DF PROFESSOR: FREDERICO DIAS

48 www.pontodosconcursos.com.br

prejudicada, por perda superveniente de legitimidade ativa para a sua propositura.

59) (ESAF/ADVOGADO/IRB/2006) Segundo o novel entendimento do Supremo Tribunal Federal, é possível a aplicação, no direito brasileiro, do conceito de inconstitucionalidade de normas constitucionais originárias, defendido na obra de Otto Bachof, uma vez que a enumeração de cláusulas pétreas, no texto original da Constituição, imporia uma hierarquia entre as normas constitucionais originárias.

60) (ESAF/ENAP/2006) Nos termos da legislação que disciplina a matéria, não há, na ação direta de inconstitucionalidade, possibilidade de intervenção de terceiros ou de manifestação de quaisquer outros órgãos ou entidades distintos daquele que propôs a ação.

61) (CESPE/PROCURADOR/BACEN/2009) O ordenamento jurídico nacional admite o controle concentrado ou difuso de constitucionalidade de normas produzidas tanto pelo poder constituinte originário, quanto pelo derivado.

62) (CESPE/PROCURADOR MUNICIPAL/PGM/NATAL/2008) No Brasil, o controle de constitucionalidade é feito apenas de modo repressivo.

63) (CESPE/ANALISTA DE GESTÃO CORPORATIVA: ADVOGADO/HEMOBRÁS/2008) O controle de constitucionalidade preventivo pode ser exercido pelas Comissões de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, e pelo veto do presidente da República.

64) (CESPE/PROCURADOR/AGU/2010) De acordo com entendimento do STF, o controle jurisdicional prévio ou preventivo de constitucionalidade sobre projeto de lei ainda em trâmite somente pode ocorrer de modo incidental, na via de exceção ou defesa.

65) (CESPE/PROCURADOR/TCE-ES/2009) O STF admite o controle preventivo de constitucionalidade sobre projeto de emenda constitucional em trâmite perante o Poder Legislativo federal, mediante o ajuizamento de ADI ao STF.

66) (CESPE/PROCURADOR/PGE-PE/2009) No controle de constitucionalidade político, a atividade de controle é desempenhada por um órgão integrante da estrutura do Poder Judiciário, no entanto a fundamentação das decisões tem por conteúdo uma solução ao caso concreto, mesmo sem uma fundamentação jurídica.

67) (ESAF/ENAP/2006) Não cabe nenhum recurso contra a decisão do Supremo Tribunal Federal que declara a inconstitucionalidade de uma norma em uma ação direta de inconstitucionalidade; tampouco caberá ação rescisória.

Page 49: Aula 05 - Cópia

CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ICMS-DF PROFESSOR: FREDERICO DIAS

49 www.pontodosconcursos.com.br

68) (ESAF/ACE/TCU/2006) A legitimidade ativa do Governador do Distrito Federal, para propor ação direta de inconstitucionalidade, não sofre restrições quanto à pertinência temática, sendo esse requisito exigido quando da verificação da legitimidade ativa da entidade de classe de âmbito nacional.

69) (ESAF/TRT/7ª REGIÃO/JUIZ SUBSTITUTO/2006) Leis revogadas antes da propositura da ação direta de inconstitucionalidade não são objetos idôneos dessa demanda.

70) (ESAF/ESPECIALISTA/MPOG/2005) Os tribunais de justiça nos Estados podem desempenhar o controle abstrato de leis estaduais e municipais em face diretamente da Constituição Federal.

71) (ESAF/AFRE/MG/2005) Um juiz estadual, confrontado com uma questão de inconstitucionalidade de lei estadual, deve suspender o processo e submeter a questão ao Plenário ou ao órgão especial do Tribunal de Justiça a que se vincula.

72) (ESAF/AFRE/MG/2005) O Congresso Nacional está expressamente autorizado pela Constituição a declarar a inconstitucionalidade de leis que ele próprio editou.

73) (CESPE/ANALISTA ADMINISTRATIVO/DPU/2010) O sistema jurisdicional instituído com a Constituição Federal de 1891, influenciado pelo constitucionalismo norteamericano, acolheu o critério de controle de constitucionalidade difuso, ou seja, por via de exceção, que permanece até a Constituição vigente. No entanto, nas constituições posteriores à de 1891, foram introduzidos novos elementos e, aos poucos, o sistema se afastou do puro critério difuso, com a adoção do método concentrado.

74) (CESPE/PROCURADOR/TCE-ES/2009) Não se exige, para fins de ajuizamento e conhecimento da ADI, a prova da pertinência temática por parte das Mesas do Senado Federal, da Câmara dos Deputados, das assembléias legislativas dos estados ou da Câmara Legislativa do DF.

75) (CESPE/PROCURADOR/TCE-ES/2009) O ajuizamento da ADI sujeita-se à observância do prazo decadencial de dez anos.

76) (CESPE/OFICIAL DE JUSTIÇA/TJ/CE/2008) Como a causa de pedir é aberta, o STF pode julgar ação direta de inconstitucionalidade por outros fundamentos que não os alegados na petição inicial.

77) (CESPE/PROCURADOR/AGU/2010) No processo objetivo de controle de constitucionalidade, o amicus curiae tem legitimidade para interpor recurso nas mesmas hipóteses facultadas ao titular da ação.

Page 50: Aula 05 - Cópia

CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ICMS-DF PROFESSOR: FREDERICO DIAS

50 www.pontodosconcursos.com.br

GABARITOS OFICIAIS

51. B 52. E 53. C 54. C 55. E 56. C

57. C 58. E 59. E 60. E 61. E 62. E 63. C

64. C 65. E 66. E 67. E 68. E 69. C 70. E

71. E 72. E 73. C 74. E 75. E 76. C 77. E

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito Constitucional Descomplicado, 2009. HOLTHE, Leo Van. Direito Constitucional, 2010. LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado, 2009. MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional, 2009. MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo, 2007. MORAES, Alexandre. Direito Constitucional, 2010. José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo, 2010. http://www.stf.jus.br http://www.mp.mg.gov.br http://www.cespe.unb.br http://www.esaf.fazenda.gov.br http://www.universa.org.br/