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Direito do Consumidor para Analista do CNMP. Professora: Aline Santiago Aula - 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 74 AULA 02: Qualidade de Produtos e Serviços. Prescrição e Decadência. Desconsideração da Personalidade Jurídica. Olá amigos! Na aula de hoje estudaremos a qualidade de produtos ou serviços. Nosso estudo será feito em dois momentos: primeiramente vamos ver a responsabilidade pelo fato do produto ou serviço, em seguida veremos a responsabilidade pelo vício do produto ou serviço, e encerraremos a aula falando sobre a prescrição e decadência e a desconsideração da personalidade jurídica. Esta matéria é muito requisitada em provas de concurso, portanto, tenha muita atenção na leitura da aula, e, se precisar, leia mais de uma vez. ;) Reitero que, no caso de dúvidas, você não deve hesitar. Entre em contato através do fórum ou por e-mail! Coragem! OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: este curso é protegido por direitos autorais (copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. Grupos de rateio e pirataria são clandestinos, violam a lei e prejudicam os professores que elaboram os cursos. Valorize o trabalho de nossa equipe adquirindo os cursos honestamente através do site Estratégia Concursos ;-) -

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AULA 02: Qualidade de Produtos e Serviços. Prescrição e Decadência. Desconsideração da

Personalidade Jurídica.

Olá amigos!

Na aula de hoje estudaremos a qualidade de produtos ou serviços. Nosso estudo será feito em dois momentos: primeiramente vamos ver a responsabilidade pelo fato do produto ou serviço, em seguida veremos a responsabilidade pelo vício do produto ou serviço, e encerraremos a aula falando sobre a prescrição e decadência e a desconsideração da personalidade jurídica.

Esta matéria é muito requisitada em provas de concurso, portanto, tenha muita atenção na leitura da aula, e, se precisar, leia mais de uma vez. ;)

Reitero que, no caso de dúvidas, você não deve hesitar. Entre em contato através do fórum ou por e-mail!

Coragem!

OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: este curso é protegido por direitos autorais (copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências.

Grupos de rateio e pirataria são clandestinos, violam a lei e prejudicam os professores que elaboram os cursos.

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Sumário

- Primeiras noções. .................................................................................................................................. 3

- Responsabilidade pelo fato do produto. .............................................................................................. 6

- Periculosidade. .................................................................................................................................... 10

- Periculosidade adquirida. ............................................................................................................... 10

- Periculosidade inerente. ................................................................................................................. 11

- Causas de exclusão da responsabilidade. ........................................................................................... 12

- A responsabilidade dos comerciantes ................................................................................................ 14

- O direito de regresso. ......................................................................................................................... 15

-A responsabilidade pelo fato do serviço.............................................................................................. 16

- A questão da culpa concorrente do consumidor como atenuante da responsabilidade civil dos fornecedores e prestadores. ................................................................................................................. 18

- Vício do produto e do serviço X vícios redibitórios. ....................................................................... 19

- Responsabilidade pelo vício do produto CDC. .................................................................................... 20

- Vícios de qualidade. ........................................................................................................................ 20

- Vícios de quantidade. ..................................................................................................................... 21

- As opções do consumidor. .............................................................................................................. 23

- Responsabilidade pelo vício do Serviço no CDC. ................................................................................ 25

- A responsabilidade objetiva do fornecedor pelo vício de qualidade, de quantidade e de serviço. ... 26

- Decadência e prescrição no CDC. ....................................................................................................... 27

- Decadência. ..................................................................................................................................... 29

- Causas que obstam o prazo decadencial. ....................................................................................... 30

- Prescrição. ....................................................................................................................................... 31

- Garantia Contratual X Garantia Legal. ................................................................................................ 31

- Os serviços públicos. ........................................................................................................................... 32

- Desconsideração da personalidade jurídica. ...................................................................................... 34

- A desconsideração da personalidade jurídica no Código Civil. ....................................................... 36

- A desconsideração da personalidade jurídica no Código de Defesa do Consumidor..................... 36

- As Teorias da Desconsideração da Personalidade Jurídica............................................................. 37

- Possibilidade da desconsideração inversa da personalidade jurídica. ........................................... 38

- Responsabilidade entre empresas controladas, consorciadas e coligadas. ................................... 39

- QUESTÕES E SEUS RESPECTIVOS COMENTÁRIOS. .............................................................................. 41

- LISTA DE QUESTÕES E GABARITO. ...................................................................................................... 60

Anexo - Lei nº 8.078/1990 (Leitura pertinente a esta aula) ................................................................. 69

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- Primeiras noções.

Quando se estuda a responsabilidade no Direito Civil se vê que ela pode originar-se tanto de uma relação contratual (como no caso em que uma pessoa deixa de cumprir com o que foi acordado em um contrato) como de uma relação extracontratual (também chamada de aquiliana, quando a responsabilidade de originará de um ato ilícito, como um atropelamento, por exemplo).

No Direito do Consumidor esta dicotomia é afastada, ou seja, a origem da responsabilidade do fornecedor não será oriunda de uma relação contratual típica ou, então, do tipo aquiliana (oriunda do ato ilícito). Aqui a responsabilidade terá origem em uma relação de consumo, seja ela contratual ou não.

A regra geral, no que toca a responsabilidade civil na relação de consumo, é de que a responsabilidade será OBJETIVA – ou seja, não se investigará se o fornecedor/fabricante do produto ou o prestador de serviço agiram com culpa1. A única hipótese em que a culpa será avaliada (responsabilidade subjetiva) será no caso do profissional liberal – veremos este ponto mais adiante na aula.

Neste sentido, pela teoria do risco da atividade ou do empreendimento, todo aquele que fornece produto ou serviço no mercado de consumo cria um risco de dano aos consumidores e, este vindo a se concretizar, surgirá o dever de repará-lo independentemente da comprovação de dolo ou culpa2.

Veja então que nas relações de consumo ocorre uma situação diferente daquela encontrada na maioria dos casos presentes no Código Civil/2002, neste, em regra, é necessária a apuração da culpa do agente. No código civil a responsabilidade objetiva (independente de culpa) será exceção, já no CDC é a regra.

Vamos as palavras de Flávio Tartuce3: “O Código Brasileiro de Defesa do Consumidor consagra como regra a responsabilidade objetiva e solidária dos fornecedores de produtos e prestadores de serviços, frente aos consumidores. Tal opção visa a facilitar a tutela dos direitos do consumidor, em prol da reparação integral dos danos, constituindo um aspecto material do acesso à justiça. Desse modo, não tem o consumidor o ônus de comprovar a culpa dos réus nas

1 Neste tipo de responsabilidade (objetiva) a vontade do fornecedor/fabricante não será levada em consideração. Neste tipo de relação jurídica acontecendo o dano haverá a responsabilização, mesmo que o fornecedor não quisesse aquele resultado. 2 Dolo ou culpa são expressões de Direito Penal. Dolo quer dizer que a pessoa agiu com vontade, ela queria o resultado, já na culpa a pessoa não tomou o devido cuidado, e por negligência, imprudência ou imperícia ocorreu o dano. 3 Flávio Tartuce. Daniel Amorim Assumpção Neves. Manual de Direito do Consumidor. Vol. Único, 2013. Pág. 124.

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hipóteses de vícios ou defeitos dos produtos ou serviços” (grifos nossos).

Assim, o Código Civil não regulará a responsabilidade derivada de danos causados por produtos ou serviços de consumo. Eventualmente poderá ser aplicado, mas quando não contrariar o sistema – de proteção do consumidor e os princípios – que vimos na aula passada.

Atente para o quadro a seguir:

Os elementos que deverão ser comprovados para que seja caracterizada a responsabilidade objetiva nos termos do CDC são:

O prejuízo causado ao consumidor (evento danoso). O defeito ou vício do produto ou serviço. A relação de causalidade entre o defeito/vício e o prejuízo/evento

danoso.

A comprovação do vício ou defeito do produto ou serviço, inicialmente, deverá ser feita pelo consumidor. Porém, em juízo e a critério do juiz, caberá a inversão do ônus da prova, com o objetivo de facilitar a defesa do consumidor, desde que constatada a verossimilhança das suas alegações ou a hipossuficiência do postulante, de acordo com o art. 6º, VIII, do CDC.

Art. 6º. São direitos básicos do consumidor: VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil,

Em REGRA, a responsabilidade civil é subjetiva, fundada na

culpa lato sensu ou em sentido amplo.

A EXCEÇÃO é a responsabilidade civil

objetiva para casos previstos em lei ou em

atividades de risco.

Código Civil/2002 A REGRA é que a

responsabilidade será objetiva - tanto para os fabricantes de produtos

quanto para os prestadores de serviços.

A EXCEÇÃO será para os profissionais liberais,

para os quais a responsabilidade será

subjetiva.

CDC - Lei 8.078/90

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quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;

Também o dano está previsto no art. 6º:

Art. 6º. São direitos básicos do consumidor: VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;

Outra noção importante para este começo de aula, é que o CDC concentra a abordagem da responsabilidade civil no produto e no serviço.

Os produtos e serviços postos no mercado devem cumprir com duas funções: a ¹função econômica específica - para que aquele produto ou serviço se destina, e também a ²função de segurança.

O não cumprimento da primeira função – econômica específica, acarreta o vício de quantidade ou de qualidade por inadequação, e que se refere ao vício do produto ou do serviço (que veremos na próxima aula).

O não cumprimento da segunda função acarreta o vício de qualidade por insegurança, e que se refere ao fato do produto ou do serviço.

Cuidado! Vício é algo diferente de defeito (também chamado de fato).

O vício acontecerá quando o problema ficar restrito ao produto ou ao serviço – quando não extravase. Já o fato (ou defeito) acontecerá quando este problema extravasar – quando o problema atingir as pessoas.

Assim, o vício estaria ligado à inadequação do produto ou serviço aos fins a que se destinam e o defeito refere-se à insegurança do bem de consumo.

“Você pode explicar melhor isso?”

Vamos utilizar um exemplo bem didático utilizado por Flávio Tartuce4:

“De início, determinado consumidor compra um ferro de passar roupas. Certo dia, passando uma camisa em sua casa, o aparelho explode, não atingindo nada nem ninguém. Neste caso, está presente o vício do produto. Por outra via, se o mesmo eletrodoméstico explode, causando danos físicos no consumidor, há fato do produto ou defeito” (grifos nossos).

4 Flávio Tartuce. Daniel Amorim Assumpção Neves. Manual de Direito do Consumidor. Vol. Único, 2013. Pág. 134.

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Assim, podemos afirmar que quando o dano permanecer nos limites do produto e do serviço estaremos diante de um vício, mas quando o dano sair desta órbita, e atingir o consumidor, estaremos diante de fato ou defeito, é o chamado acidente de consumo.

Desta situação, resultam as quatro hipóteses de responsabilidade civil tratadas pelo CDC:

- responsabilidade pelo fato do produto.

- responsabilidade pelo fato do serviço.

- responsabilidade pelo vício do produto.

- responsabilidade pelo vício do serviço.

- Responsabilidade pelo fato do produto.

Vimos que, para que ocorra o fato (ou defeito) do produto, o problema precisa extravasar, sair da órbita do produto, e atingir diretamente o consumidor, provocando-lhe um dano.

Para Claudia Lima Marques5 o fato do produto é: “a desconformidade de um produto ou serviço com as expectativas legítimas dos consumidores e que têm a capacidade de provocar acidentes de consumo” (grifos nossos).

Da leitura deste conceito podemos perceber dois requisitos para que seja caracterizada a responsabilidade pelo fato do produto – ¹a desconformidade de um produto ou serviço com as expectativas legítimas e a sua ²capacidade de provocar acidentes.

5 Manual de Direito do Consumidor. Ed. Revista dos Tribunais; 4ª edição; 2012.Pág. 148.

Vício ͻ o dano fica RESTRITO ao produto ou serviço.

Fato

ou

Defeito

ͻ o dano NÃO FICARÁ RESTRITO ao produto ouserviço, ele atingirá a pessoa configurando umacidente de consumo.

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Os dois requisitos devem estar juntos para que tal tipo de responsabilidade (pelo fato ou defeito) seja caracterizada, pois se uma pessoa comprou determinado produto e a cor não estava de acordo com a suas expectativas, no entanto tal produto não irá provocar nenhum acidente, não estaremos diante de um vício de qualidade por insegurança, mas sim diante de um vício de qualidade por inadequação.

Também não estarão presentes os requisitos - desconformidade de um produto ou serviço com as expectativas legítimas e a sua capacidade de provocar acidentes, se uma pessoa compra um veneno ou uma faca, pois sabe que estes produtos podem vir a causar acidentes, ou seja, não existe a expectativa de que sejam inofensivos.

Neste ponto devemos trazer uma observação: o objetivo do Direito do Consumidor não é eliminar todo e qualquer risco de produtos e serviços. Nos dias atuais, com a produção em massa de produtos ou de serviços, é praticamente impossível que algum produto não venha com algum tipo de vício. Deste modo, e em regra, o CDC atuará quando estes vícios do produto ou do serviço ultrapassarem a normalidade e a previsão do risco, ou seja, quando virarem verdadeiros defeitos.

A responsabilidade pelo fato do produto está prevista no art. 12 do CDC:

Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador RESPONDEM, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.

Quanto aos produtos, estabeleceu três modalidades de responsáveis: ¹o real – que será o fabricante, o construtor e o produtor; ²o presumido – que será o importador e ³o aparente – que será o comerciante quando deixar de identificar o responsável real.

De acordo com as palavras de Claudia Lima Marques6:

“O fabricante, expoente da lista legal, é o sujeito mais importante da sociedade de consumo. É ele que, por assim dizer, domina o processo através do qual os produtos chegam às mãos dos distribuidores e varejistas e, a partir destes, ao consumidor”.

6 Manual de Direito do Consumidor. Ed. Revista dos Tribunais; 4ª edição; 2012. Pág. 156.

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E continua:

“Na hipótese de um determinado produto ter mais de um fabricante (um de matéria-prima, outro de componente e outro do produto final), todos são solidariamente responsáveis pelo defeito e por suas consequências, cabendo, evidentemente, ação regressiva contra aquele que, efetivamente, deu causa ao defeito. Na medida em que cada um desses agentes econômicos é responsável pelo dever de segurança, não lhes sendo permitido alegar ignorância do vício ou mesmo carência de culpa, são todos chamados a responder solidariamente pela colocação do produto defeituoso no mercado”.

Seguindo em nossa análise, vamos aprofundar um pouco mais o estudo do chamado defeito, aquele que constitui o fato gerador da responsabilidade. No art. 12, §1º, encontramos um conceito de produto defeituoso:

Art. 12. § 1°. O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se espera, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:

I - sua apresentação;

II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam;

III - a época em que foi colocado em circulação.

Desta forma, um produto será considerado defeituoso, quando não oferecer a expectativa de segurança que é legitimamente esperada pelo consumidor. E esta expectativa de segurança, de acordo com o dispositivo legal citado, será a que era vigente há época em que o produto foi posto em circulação e não a do momento em que se deu o dano (ou ainda quando este foi julgado pelo juiz).

Temos três tipos de defeitos: os defeitos de fabricação, de concepção e de comercialização. Atente que todos eles estão previstos de forma expressa no CDC.

1. Defeitos de fabricação estão previstos no art. 12, caput:

Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.

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Os defeitos de fabricação possuem três características básicas (as quais você precisa dedicar certa atenção).

A primeira delas é a inevitabilidade – mesmo que seja fabricado com a melhor das técnicas não é possível eliminar tal defeito (lembre-se que vimos acima que todo produto ou serviço apresentará uma margem de insegurança).

A segunda característica é a possibilidade de este tipo de defeito ser previsto estatisticamente – ou seja, que o cálculo estatístico possa prever a frequência de sua ocorrência.

E, por último, tal defeito se manifesta de maneira limitada – portanto não ocorrerá em todos os produtos, aparecerá em alguns produtos de maneira individual.

Os defeitos de fabricação produzirão uma série de efeitos jurídicos. Dentre eles, o dever de reparar os danos causados e o dever de, quando possível, reparar o produto.

2. Os defeitos de concepção também estão previstos no art. 12:

Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.

Este defeito pode ocorrer mesmo que o produto não apresente falhas na sua produção, isto porque o defeito é preexistente, está relacionado a elaboração do projeto.

Também ensejará a reparação do dano causados a vítima consumidora. Do mesmo modo que o defeito anterior, este, possui três características básicas: a inevitabilidade – uma vez que não é possível saber que um produto recém criado apresentará um defeito de criação; a dificuldade de se fazer uma previsão estatística; e a sua manifestação universal, uma vez que se manifestará em todos os produtos daquela série (já que está relacionado ao projeto). Por esta última característica, atingirá o produto de uma forma coletiva.

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3. Por fim, o defeito de comercialização, art. 12:

Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.

Este defeito, como já vimos nesta aula, está relacionado a informação. A rigor, a informação deverá ser prestada antes mesmo que o produto seja posto no mercado, além disso, deverá acompanhá-lo até o consumidor final.

Pode acontecer de o produto ser vendido sem que se saiba da sua nocividade – sem que se saiba que aquele produto pode vir a causar danos ao consumidor e, neste caso, o dever do comerciante será de avisar seus consumidores a posteriori – mas neste caso o comerciante não estará isento de indenizar se informação não chegar a tempo ao consumidor. Como exemplo podemos pensar em um remédio que quando lançado não se sabia que seu uso continuado poderia causar uma úlcera no estômago, mas que com o passar do tempo e com os consumidores o utilizando se constata tal nocividade.

- Periculosidade.

Quanto à segurança dos produtos e serviços temos dois grupos: a periculosidade inerente (ou latente) e a periculosidade adquirida. Vamos ver cada um dos grupos.

- Periculosidade adquirida.

A periculosidade adquirida tem origem em um defeito que o produto apresenta. A sua principal característica será a imprevisibilidade.

Existem em três modalidades: ¹defeitos de comercialização, ²defeitos de concepção e ³defeitos de fabricação.

Os defeitos de comercialização estão ligados a informação que o vendedor deve fornecer quanto a correta utilização do produto ou serviço.

Os defeitos de concepção são aqueles que tem sua origem no projeto do produto ou na elaboração do serviço.

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Os defeitos de fabricação são aqueles que advém da montagem do produto em fábrica ou da própria prestação do serviço.

Qualquer destes tipos de defeitos acarretará para o consumidor uma potencialidade danosa, algo que o consumidor não espera, por isso a imprevisibilidade.

- Periculosidade inerente.

Aqui a periculosidade está atrelada ao tipo de produto ou ao tipo de serviço que será prestado. Advém de uma característica própria de determinados produtos ou serviços. Como exemplo de um produto com periculosidade inerente citamos o veneno utilizado para matar baratas. É inerente às suas características a capacidade de causar dano e a possibilidade de matar.

Observe que, neste caso, temos presentes dois requisitos marcantes: ¹a normalidade em relação ao produto ou serviço e ²a previsibilidade em relação ao consumidor.

Dada as características dos produtos, o dano originário de produtos ou serviços com periculosidade inerente, em regra, não será indenizável. Obviamente você precisa entender que estes casos serão analisados de maneira singular pelo juiz, e ele deverá investigar as condições de cada consumidor, seja de entendimento dos riscos envolvidos ou até mesmo quanto ao uso correto do produto.

Dentro da periculosidade inerente poderemos encontrar um outro tipo de periculosidade. A periculosidade exagerada, que é uma espécie da periculosidade inerente. Ela será considerada exagerada porque, mesmo com a correta informação prestada aos consumidores, não será possível afastar os seus riscos.

Os produtos ou serviços de periculosidade exagerada não podem ser comercializados tendo em vista a desproporção entre os custos X benefícios sociais – de acordo com Claudia Lima Marques7: “são considerados defeituosos por ficção”.

7 Manual de Direito do Consumidor. Ed. Revista dos Tribunais; 4ª edição; 2012.Pág. 154.

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- Causas de exclusão da responsabilidade.

O Código de Defesa do Consumidor adotou a responsabilidade objetiva, como regra, no entanto em seu art. 12, tratou das causas que excluem a responsabilidade. As hipóteses apresentadas são consideradas numerus clausus, ou seja, as hipóteses elencadas são as únicas admitidas pelo ordenamento jurídico.

Art. 12. § 3°. O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando provar:

I - que não colocou o produto no mercado;

II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste;

III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

Assim, a responsabilidade será excluída em três situações:

¹Quando o fabricante não colocou o produto no mercado, como, por exemplo, nos casos de produtos pirateados ou de cargas que foram roubadas;

²Quando inexistir o defeito. Aqui o responsável legal pelo produto terá que provar que embora tenha ocorrido um dano, este não foi provocado por defeito, ou ainda, poderá provar que o dano apesar de ter sido causado pelo produto, não foi resultado de nenhuma ação ou omissão sua;

Periculosidade adquirida

ͻ produtos os serviços tornaram-se perigosos em função de um defeito que apresentam.

ͻ Possuem três modalidades: defeito de fabricação; defeito de concepção e defeito de comercialização.

Periculosidade inerente

ͻ trazem um risco intrínseco a sua própria natureza ou modo de funcionamento.

ͻ mesmo sendo capaz de causar acidentes, a periculosidade dos produtos ou serviços está de acordo com as expectativas legítimas dos consumidores.

Periculosidade exagerada

ͻ produtos ou serviços com alto grau de nocividade ou periculosidade.

ͻ são considerados defeituosos por ficção, e em razão disto não podem ser comercializados.

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³Também será excluída a responsabilidade se comprovado que o dano tenha sido causado por culpa exclusiva da vítima ou de terceiros – afastando o nexo de causalidade (o terceiro de que fala o inciso III é qualquer pessoa alheia à relação de consumo).

Atenção:

A culpa concorrente não excluirá a responsabilidade, apenas atenuará.

O comerciante não é terceiro, ele faz parte da cadeia de fornecimento.

O caso fortuito e a força maior, em regra, excluem a responsabilidade. O Código Civil diz que o caso fortuito ou a força maior existem quando uma determinada ação gera consequências, efeitos imprevisíveis, impossíveis de evitar ou impedir:

Caso fortuito + Força maior = Fato/Ocorrência imprevisível ou difícil de prever que gera um ou mais efeitos/consequências inevitáveis.

O STJ já se pronunciou a respeito de que somente o caso fortuito externo afasta a responsabilidade do fornecedor.

“E qual seria a diferença entre o caso fortuito interno e externo?”

A diferença entre caso fortuito interno e externo é aplicável, especialmente, nas relações de consumo. O caso fortuito interno incide durante o processo de elaboração do produto ou execução do serviço, não eximindo a responsabilidade civil do fornecedor. Já o caso fortuito externo é alheio ou estranho ao processo de elaboração do produto ou execução do serviço, excluindo a responsabilidade civil.

Ainda, quanto aos excludentes de responsabilidade, temos o caso dos riscos de desenvolvimento.

Os riscos de desenvolvimento são defeitos que eram desconhecidos do fabricante na época em que ele colocou seu produto no mercado e que, em momento posterior, devido ao avanço das técnicas científicas, tornaram-se conhecidos.

Por fim, entenda que, em regra, a responsabilidade não será afastada, pois cabe sempre ao fabricante acompanhar e controlar seus produtos depois de colocá-los no mercado, ou mesmo depois destes produtos já terem chegado ao consumidor final.

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- A responsabilidade dos comerciantes

Também para os comerciantes teremos uma regra específica:

Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando:

I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados;

II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou importador;

III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis.

Excepcionalmente o comerciante será chamado a responder - sua responsabilidade será subsidiária em relação aos demais responsáveis listados no art. 12.

Nas palavras de Claudia Lima Marques8:

“O chamamento subsidiário do comerciante não exclui a responsabilidade civil dos outros obrigados (o fabricante, o produtor, o construtor e o importador). Isso porque a sua inclusão vem mais como medida para favorecer o consumidor e não como forma para aliviar o dever de reparar dos outros responsáveis. Por isso mesmo a sua responsabilização é solidária, dando, dessa forma, melhor proteção ao consumidor”.

Assim, de acordo com o artigo 13, teremos três situações nas quais o comerciante será considerado responsável subsidiário (e solidário): ¹quando não for possível identificar o responsável principal, ²quando o produto não tiver a identificação adequada do responsável principal e ³quando os produtos perecíveis forem mal conservados.

A primeira causa em que o comerciante irá ocupar o lugar dos responsáveis principais será o caso do produto anônimo.

Quanto a este assunto temos um julgado do STJ:

“É vedada a denunciação da lide em processos nos quais se discuta uma relação de consumo, especificamente na hipótese de responsabilização do comerciante pelos defeitos apresentados pelos produtos por ele comercializados. Sempre que não houver identificação do responsável pelos defeitos nos produtos adquiridos, ou seja ela difícil, autoriza-se que o

8 Manual de Direito do Consumidor. Ed. Revista dos Tribunais; 4ª edição; 2012. Pág. 168.

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consumidor simplesmente litigue contra o comerciante, que perante ele fica diretamente responsável”.

(REsp. 1052244, j. 26/08/2008, rel. Min. Nancy Andrighi, DJ 05/09/2008)

Assim, se durante o processo for possível identificar quem são os produtores, estes não poderão ser incluídos no processo. Caberá ao comerciante pagar a indenização para o consumidor e depois exercitar seu direito de regresso contra os produtores.

A segunda causa é aquela em que não consta a correta identificação do produtor no produto. No primeiro caso a identificação do produtor não é possível, neste segundo caso há o descumprimento da regra prevista no art. 31.

Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores.

Em ambos os casos o comerciante será transformado – por uma ficção jurídica em fabricante, produtor, construtor ou importador aparente. Utilizando o exemplo de Claudia Lima Marques9: “É o que sucede com o supermercado que, usando sua própria marca, comercializa produtos sem esclarecer o consumidor – repita-se, adequadamente – sobre a identificação real do fabricante, produtor ou importador”.

E como última causa temos o caso da má conservação de produtos perecíveis. Deste modo, o consumidor que adquire um produto em má qualidade poderá acionar os responsáveis elencados no art. 12 como também o próprio dono do estabelecimento comercial – todos ligados por um vínculo de solidariedade.

- O direito de regresso.

Vimos acima que o CDC estipulou uma solidariedade legal entre os responsáveis pelo dano. Mas não seria justo que uma pessoa que não tenha causado o dano sozinha ou, ainda, que não tenha feito nada para contribuir com o dano, venha a arcar com todo o prejuízo.

Assim, no art. 13, parágrafo 4º, temos o direito de regresso:

9 Manual de Direito do Consumidor. Ed. Revista dos Tribunais; 4ª edição; 2012. Pág. 171.

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Art. 13. Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o direito de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua participação na causação do evento danoso.

Deste modo, quem arcou com a indenização poderá “cobrar” dos outros responsáveis. Assim os codevedores legais não virão a pagar por algo que vá além de sua contribuição para que ocorresse o dano.

-A responsabilidade pelo fato do serviço.

A responsabilidade pelo fato do serviço está prevista no art. 14:

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.

Pela leitura do artigo percebemos que a responsabilidade dos prestadores de serviços também será objetiva, mas, ao contrário da responsabilidade por produtos, ela não será fragmentada, ou seja, via de regra o fornecedor do serviço será a própria pessoa – física ou jurídica, que o presta. Quando acontecer de o serviço ser prestado por terceiros todos serão considerados responsáveis objetivamente pelos danos causados.

Como vimos nos produtos, também para os serviços o que acarretará a responsabilização será o defeito – será ele que causará um acidente de serviço.

Quanto aos serviços os defeitos poderão ser de prestação, de concepção ou de comercialização.

1. O defeito de prestação se manifesta no momento da prestação do serviço, que se afastará dos padrões de qualidade.

2. O defeito de concepção se equipara ao defeito de concepção dos produtos, e aparece no momento do planejamento do serviço, na sua concepção e escolha de seus métodos.

3. O defeito de comercialização decorre de informações insuficientes ou inadequadas sobre seu uso e seus riscos, se equivale ao defeito de comercialização dos produtos.

Quanto as causas de exclusão da responsabilidade objetiva do fornecedor de serviços temos duas: ¹a inexistência do defeito no serviço e ²a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiros. De acordo com o art. 14, parágrafo 3º:

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Art. 14. § 3°. O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:

I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;

II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

Na responsabilidade pelos serviços o caso fortuito e a força maior também serão consideradas causas de exclusão, aqui também o caso fortuito interno não exclui a responsabilidade e o caso fortuito externo excluirá a responsabilidade.

Também os riscos do desenvolvimento – como nos produtos, não afastam a responsabilidade.

Art. 14. § 2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas.

Atenção: o Código de Defesa do Consumidor possui uma exceção ao princípio da responsabilização objetiva para os acidentes de consumo – os serviços oferecidos pelos profissionais liberais. Estes profissionais se submeterão ao sistema tradicional de apuração da responsabilidade que é o baseado na culpa.

De acordo com o § 4º do art. 14:

§ 4°. A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa.

Assim,

Somente quanto a este ponto é que são diferentes, no mais seguem todas as regras do CDC.

A responsabilidade pessoal do profissional liberal é que será investigada com base na culpa.

Se o profissional liberal trabalhar para alguma pessoa jurídica – como um hospital por exemplo, a responsabilidade desta pessoa jurídica será objetiva.

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- A questão da culpa concorrente do consumidor como atenuante da responsabilidade civil dos fornecedores e prestadores.

Inicialmente, esta questão foi abordada pelo Enunciado nº 46 da I Jornada de Direito Civil que dizia:

“A possibilidade de redução do montante da indenização em face do grau de culpa do agente, estabelecida no parágrafo único do art. 944 do novo Código Civil, deve ser interpretada restritivamente, por representar uma exceção ao princípio da reparação integral do dano, não se aplicando ás hipóteses de responsabilidade objetiva”.

Na IV Jornada de Direito Civil foi proposto uma alteração que foi concretizada no Enunciado nº 380:

“Atribui-se nova redação ao Enunciado nº 46 da I Jornada de Direito Civil, com a supressão da parte final: não se aplicando às hipóteses da responsabilidade objetiva”.

Atualmente esta questão encontra-se concretizada no Enunciado nº 459 da V Jornada de Direito Civil:

“A conduta da vítima pode ser fator atenuante do nexo de causalidade no responsabilidade civil objetiva”.

Assim, nas palavras de Flávio Tartuce10: “Trata-se de incidência da máxima da equidade, retirada da isonomia constitucional e do bom senso (art. 5º, caput, da CF/1988). Deve ficar bem claro que o fato concorrente da vítima não é fator excludente da responsabilidade do fornecedor, mas simplesmente um fator de diminuição do dever de reparar. Desse modo, a indenização será fixada com razoabilidade, de acordo com as contribuições dos envolvidos, seja por culpa, fato ou risco assumido”.

“Ufa professora! Quanta informação!”

Então vamos recapitular o que estudamos até agora, para entrarmos no vício dos produtos e serviços com a “cuca fresca”.

Vimos que a responsabilidade no CDC está baseada no produto e no serviço, mais precisamente no vício do produto ou do serviço e no fato do produto ou do serviço.

10 Flávio Tartuce. Daniel Amorim Assumpção Neves. Manual de Direito do Consumidor. Vol. Único, 2013. Pág. 205.

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A responsabilidade originada pelo fato do produto ou do serviço já foi estudada. Ela é aquela que resulta de um “defeito” mas que não fica restrito ao produto ou serviço, ou seja, este defeito ultrapassa o produto ou o serviço e atinge a pessoa causando-lhe um dano, que será devidamente indenizado.

Já no vício do produto ou do serviço este fica restrito. O vício não ultrapassa o produto ou o serviço, ele não atinge o consumidor.

Quanto a isso temos as palavras de Leonardo Roscoe Bessa11:

“Enquanto na responsabilidade pelo fato a preocupação maior é com a segurança dos produtos e serviços, na responsabilidade pelo vício o foco principal é a sua adequação real às finalidades próprias, ou seja, o ar condicionado deve esfriar o ambiente, a televisão transmitir imagens e sons, a caneta possibilitar a escrita, o serviço de colocação de telhas impedir que a água ingresse no imóvel etc”.

- Vício do produto e do serviço X vícios redibitórios.

Quem já teve contato com a disciplina de Direito Civil, na parte de contratos, já teve ter visto os chamados Vícios Redibitórios.

Os vícios redibitórios são defeitos ocultos da coisa, já existentes ao tempo de sua aquisição, que a tornam imprópria ao uso a que é destinada ou lhe diminuem o valor. É uma garantia legal ao comprador que, antes de adquirir a coisa, não percebeu seus vícios e defeitos, podendo, por esse motivo, rescindir o contrato ou pedir abatimento do preço.

Deste modo, no que toca a responsabilização por defeitos ou vícios ocultos, o Código de Defesa do Consumidor e o Código Civil andam juntos. Na análise do caso concreto serão utilizados ambos os diplomas legais para a solução.

Sobre isso fala Leonardo Roscoe Bessa12: “Ressalte-se, desde já: a incidência do Código de Defesa do Consumidor não dispensa a realização de diálogo das fontes com o Código Civil (Capítulo IV). As soluções jurídicas, tanto para um setor como para o outro, decorrem de análise simultânea e comparativa dos diplomas legais (CDC e CC), com pretensão de harmonia entre as fontes, considerando principalmente o projeto constitucional de tutela dos interesses do consumidor (art. 5º, XXXII)”.

11 Manual de Direito do Consumidor, 4ª ed. 2012; Ed. Revista dos Tribunais. Pág. 179. 12 Manual de Direito do Consumidor, 4ª ed. 2012; Ed. Revista dos Tribunais. Pág. 180.

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- Responsabilidade pelo vício do produto CDC.

Esta matéria está regulada no CDC no capítulo IV - Da Qualidade de Produtos e Serviços, da Prevenção e da Reparação dos Danos, particularmente na seção III - Da Responsabilidade por Vício do Produto e do Serviço. E logo o primeiro artigo, referente a matéria, nos fala o que são os vícios do produto.

Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.

- Vícios de qualidade.

Da leitura do art. 18 podemos entender que haverá vícios de qualidade quando tornar os produtos impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminua o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com as indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária.

Assim, existem três tipos diferentes de vícios do produto: ¹vícios que tornem o produto impróprio ou inadequado, ²vícios que diminuam o valor do produto e ³vícios decorrentes da disparidade (diferença) das características dos produtos com as que constavam na oferta e publicidade.

Vícios Redibitórios

• Vício oculto.• Vício grave.• Vício contemporâneo

ao contrato.

Vício no CDC

• Vício oculto ou aparente.

• Vício grave ou leve.• Vício contemporâneo

ou não.

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Quanto ao primeiro vício - vícios que tornem o produto impróprio ou inadequado, temos o § 6º do art. 18.

§ 6°. São impróprios ao uso e consumo:

I - os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos;

II - os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados, corrompidos, fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as normas regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação;

III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se destinam.

Assim, não existe a exigência de que o vício seja grave para que seja efetuada a sua reparação, basta que este não esteja de acordo com alguma norma regulamentar para que seja considerado impróprio.

Quanto ao último tipo de vício – diferença do produto em relação ao que foi veiculado na oferta, este constitui uma novidade tendo em vista que via de regra, a responsabilidade ficava restrita ao bom funcionamento do produto ou não.

- Vícios de quantidade.

O art. 19 especifica os vícios de quantidade.

Art. 19. Os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios de quantidade do produto sempre que, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, seu conteúdo líquido for inferior às indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou de mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:

I - o abatimento proporcional do preço;

II - complementação do peso ou medida;

III - a substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo, sem os aludidos vícios;

IV - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos.

Nos vícios de quantidade haverá uma disparidade, uma diferença para menos em seu conteúdo líquido em relação ao que está especificado no recipiente, na embalagem, na rotulagem ou na mensagem publicitária.

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Ao ser configurado tal vício, poderá o consumidor pedir o abatimento proporcional do preço, ou a complementação do peso ou medida, ou a substituição do produto por outro que não esteja viciado, ou, por fim, a devolução do valor pago. Ressalte-se que a devolução do valor pago monetariamente atualizado, não prejudica uma eventual ação por perdas e danos.

O art. 19 em seu § 2º, acrescenta, ainda, uma regra a respeito da responsabilidade do fornecedor imediato.

Art. 19. § 2°. O fornecedor imediato será responsável quando fizer a pesagem ou a medição e o instrumento utilizado não estiver aferido segundo os padrões oficiais.

Este fornecedor imediato de que fala o § 2º é o comerciante, que será responsabilizado quando ele fizer a medição ou pesagem dos produtos.

Também será considerado responsável no caso do § 5º do art. 18.

Art. 18. § 5° No caso de fornecimento de produtos in natura, será responsável perante o consumidor o fornecedor imediato, exceto quando identificado claramente seu produtor.

Nesta situação o dono do mercado por exemplo, compra vários vegetais e os coloca todos juntos para a venda. Se ele não indicar sua procedência será responsabilizado perante o consumidor.

Assim, o fornecedor imediato será responsável pelos vícios do produto quando seus instrumentos de medição e pesagem não estiverem aferindo de acordo com os padrões oficiais e quando fornecer produtos in natura sem identificar, claramente, seu produtor.

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- As opções do consumidor.

O § 1º do art. 18 trata das opções do consumidor para o caso de seu produto conter vício.

§ 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:

I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso;

II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;

III - o abatimento proporcional do preço.

Porém, antes de o consumidor escolher dentre uma das três opções, o § 1º fala: “Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias...”, assim, antes da substituição do produto, restituição do valor pago ou abatimento do preço, o fornecedor terá 30 dias para sanar o vício.

A instituição deste prazo tem como finalidade evitar atitudes desproporcionais, como no caso do exemplo que Leonardo Roscoe Bessa13: “Imagine-se, para ilustrar, um vício no dispositivo que regula a posição do espelho retrovisor de um veículo novo e a desproporcional exigência de troca imediata do carro ou devolução do dinheiro”.

Portanto, através de casos concretos, será posto limites ao exercício dos direitos do consumidor.

13 Manual de Direito do Consumidor, 4ª ed. 2012; Ed. Revista dos Tribunais. Pág. 195.

Vício de qualidade

•tornam o produto impróprio para o consumo.

•tornam o produto inadequado ao consumo.

•diminuem o valor do produto.

•produto em desacordo com as informações da oferta.

Vício de quantidade

•conteúdo líquido ou qualquer outra unidade de medida inferior às informações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou de mensagem publicitária.

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Porém, existe a possibilidade de tal prazo ser afastado em razão da extensão do vício, conforme § 3º.

§ 3°. O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1° deste artigo sempre que, em razão da extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder comprometer a qualidade ou características do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial.

Desta maneira, se a substituição das partes viciadas puder comprometer a qualidade ou característica do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial – que é aquele que possui importância para as atividades cotidianas do consumidor ou que foi comprado para um evento específico que irá ocorrer em breve, o consumidor poderá fazer uso imediato das três opções que dispõe.

Existe, ainda, a possibilidade de este prazo de 30 dias do § 1º ser ampliado ou reduzido de acordo com o § 2º.

§ 2°. Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação do prazo previsto no parágrafo anterior, não podendo ser inferior a sete nem superior a cento e oitenta dias. Nos contratos de adesão, a cláusula de prazo deverá ser convencionada em separado, por meio de manifestação expressa do consumidor.

Este prazo não será aplicado quando o vício decorrer de diferença entre a oferta e o produto (art. 35) e quando o vício for de quantidade (art. 19).

Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre escolha:

I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou publicidade;

II - aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente;

III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos.

Atente que o artigo não faz qualquer menção ao prazo estipulado no § 1º do art. 18, como também não o faz o art. 19 que trata do vício por quantidade.

Art. 19. Os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios de quantidade do produto sempre que, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, seu conteúdo líquido for inferior às indicações constantes do recipiente, da

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embalagem, rotulagem ou de mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:

I - o abatimento proporcional do preço;

II - complementação do peso ou medida;

III - a substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo, sem os aludidos vícios;

IV - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos.

Para resumir a aplicação do prazo do art. 18 temos as palavras de Leonardo Roscoe Bessa14: “Na verdade, a regra é o uso imediato da tríplice alternativa (troca, devolução ou abatimento do preço), salvo hipótese configuradora de abuso, qual seja: quando produto não for essencial para aquele consumidor – a essencialidade varia conforme as circunstancias do caso – e, adicionalmente, a substituição das partes viciadas não comprometer a qualidade do produto nem diminuir-lhe o valor. Neste caso excepcional – e apenas neste – tem incidência o prazo máximo de 30 dias em favor do fornecedor para sanar o vício”.

Uma última observação quando as três opções do consumidor do § 1º do art. 18.

Art. 18. § 4°. Tendo o consumidor optado pela alternativa do inciso I do § 1° deste artigo, e não sendo possível a substituição do bem, poderá haver substituição por outro de espécie, marca ou modelo diversos, mediante complementação ou restituição de eventual diferença de preço, sem prejuízo do disposto nos incisos II e III do § 1° deste artigo.

- Responsabilidade pelo vício do Serviço no CDC.

O CDC reservou para esta parte específica da matéria dois artigos.

Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:

I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível;

II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;

14 Manual de Direito do Consumidor, 4ª ed. 2012; Ed. Revista dos Tribunais. Pág. 196.

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III - o abatimento proporcional do preço.

O conceito de serviço impróprio está no § 2º.

§ 2°. São impróprios os serviços que se mostrem inadequados para os fins que razoavelmente deles se esperam, bem como aqueles que não atendam as normas regulamentares de prestabilidade.

Assim, deparando-se o consumidor com uma impropriedade no serviço poderá exigir alternadamente qualquer das opções dos incisos I, II ou III.

Poderá também o consumidor escolher a reexecução do serviço por terceiro, porém, estabelece o § 1º, que está correrá por conta e risco do fornecedor.

§ 1°. A reexecução dos serviços poderá ser confiada a terceiros devidamente capacitados, por conta e risco do fornecedor.

No outro artigo referente a matéria temos a imprescindibilidade da autorização do consumidor para que se utilize peças usadas ou recondicionadas no fornecimento do serviço.

Art. 21. No fornecimento de serviços que tenham por objetivo a reparação de qualquer produto considerar-se-á implícita a obrigação do fornecedor de empregar componentes de reposição originais adequados e novos, ou que mantenham as especificações técnicas do fabricante, salvo, quanto a estes últimos, autorização em contrário do consumidor.

- A responsabilidade objetiva do fornecedor pelo vício de qualidade, de quantidade e de serviço.

Assim como na responsabilidade pelo fato do produto ou do serviço, a responsabilidade pelo vício será solidária entre todos os fornecedores que participaram da cadeia de produção e comercialização do produto.

Diz respeito à chamada solidariedade passiva, na qual o consumidor terá o direito de exigir de qualquer um dos fornecedores, de forma parcial ou total, a dívida comum.

Aqui também será proibida a denunciação da lide – que é a forma de intervenção de terceiros na qual estes são chamados ao processo na

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qualidade de litisconsorte da parte que o chamou. O litisconsórcio é um fenômeno processual caracterizado pela pluralidade de sujeitos, em um ou em ambos os polos de um processo judicial (vários autores ou vários réus da ação).

Esta proibição encontra-se no art. 88 do CDC:

Art. 88. Na hipótese do art. 13, parágrafo único deste código, a ação de regresso poderá ser ajuizada em processo autônomo, facultada a possibilidade de prosseguir-se nos mesmos autos, vedada a denunciação da lide.

Art. 13. Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o direito de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua participação na causação do evento danoso.

Quanto a este ponto temos Leonardo Roscoe Bessa15 citando Arruda Alvin: “o entendimento da não admissibilidade do uso dos institutos de intervenção de terceiros nas ações subordinadas ao Código de Proteção e Defesa do Consumidor, porque, em sua maioria, são institutos destinados a favorecer o réu, enquanto o Código de Proteção e Defesa do Consumidor tem como objetivo precípuo o favorecimento do autor-consumidor. Ainda, porque o uso desses institutos fatalmente causaria maior demora na decisão respeitante à relação de consumo propriamente dita (...). Releva notar, então, ser facultado ao fornecedor, após indenizar o consumidor, promover ação autônoma contra os outros fornecedores, pela parte que lhes couber na indenização, por força da precedente solidariedade”.

Como na responsabilidade pelo fato do produto, a responsabilidade pelo vício do produto também será objetiva.

Art. 23. A ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por inadequação dos produtos e serviços não o exime de responsabilidade.

Art. 25. É vedada a estipulação contratual de cláusula que impossibilite, exonere ou atenue a obrigação de indenizar prevista nesta e nas seções anteriores.

- Decadência e prescrição no CDC.

Antes de começarmos a falar sobre o assunto, permita-me fazer uma pergunta a você: Será que o exercício de um direito pode ficar pendente indefinidamente no tempo? Obviamente que não. Isto não pode acontecer.

15 Manual de Direito do Consumidor, 4ª ed. 2012; Ed. Revista dos Tribunais. Pág. 192.

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O direito deve ser exercido dentro de um determinado prazo. Caso isto não ocorra, pode o titular deste direito perdê-lo, ou seja, pode o titular perder a prerrogativa de fazer valer seu direito. O tempo exerce influência abrangente no direito, em todos os campos, no direito público e no direito privado.

O direito, por exemplo, exige que o devedor cumpra sua obrigação e, também, permite ao credor valer-se dos meios necessários para receber seu crédito. Se o credor, porém, mantém-se inerte por determinado tempo, deixando estabelecer situação jurídica contrária a seu direito, este será extinto.

Num primeiro momento, pode parecer injusto que uma pessoa perca seu direito pelo decorrer do tempo, mas se não fosse o tempo determinado para o exercício dos direitos, toda pessoa teria que, por exemplo, guardar indefinidamente todos os documentos relativos a negócios realizados e até mesmo os documentos relativos às gerações passadas. Existe, pois, interesse de ordem pública na extinção dos direitos o que justifica os institutos da prescrição e da decadência.

A prescrição nasce a partir do momento em que um direito é violado, o titular deste direito pode agir juridicamente para garanti-lo, isto é o que chamamos pretensão (a pretensão à ação).

A decadência é a extinção do direito, tendo em vista a inércia do seu titular. Veja que o objeto da decadência é o próprio direito. Enquanto a prescrição atinge diretamente a ação e por via oblíqua faz desaparecer o direito por ela tutelado, a decadência, ao contrário, atinge diretamente o direito material e por via oblíqua acaba por atingir a ação. Segundo Maria Helena Diniz16: “A decadência dá-se quando um direito potestativo17 não é exercido extrajudicialmente ou judicialmente dentro do prazo”.

No Código de Defesa do Consumidor temos dois artigos regulando tal matéria: art. 26 (trata da decadência) e art. 27 (trata da prescrição).

16 Maria Helena Diniz, Curso de Direito Civil 1, 28 ed., pág. 450. 17 Direitos potestativos são aqueles para os quais não se contrapõe um dever de quem quer que seja, são direitos sem pretensão, porque não podem ser violados, trata-se apenas de uma sujeição de alguém.

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- Decadência.

Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em:

I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis;

II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis.

Os prazos decadenciais de 30 e 90 dias tratam do direito de reclamar dos vícios dos produtos e dos serviços.

Atente que os produtos duráveis são aqueles que não se consomem com o primeiro uso, ao contrário dos não duráveis que são consumidos por inteiro no primeiro uso – como um picolé por exemplo.

Esta durabilidade e não durabilidade no que toca aos serviços está ligada ao resultado, aos efeitos do serviço para o consumidor.

Quanto ao início da contagem dos prazos temos o § 1º e o § 3º.

§ 1°. Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou do término da execução dos serviços.

§ 3°. Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito.

Percebam que existe uma diferença no começo da contagem do prazo para os vícios que são aparentes e para os que estão ocultos.

Vamos ver o que Leonardo Roscoe Bessa18 mais uma vez citando Claudia Lima Marques fala sobre a contagem do prazo decadencial do vício oculto: “Se o vício é oculto, porque se manifesta somente com o uso, experimentação do produto ou porque se evidenciará muito tempo após a tradição, o limite temporal da garantia legal está em aberto, seu termo inicial, segundo o § 3º do art. 26, é a descoberta do vício. Somente a partir da descoberta do vício (talvez meses ou anos após o contrato) é que passarão a correr os 30 ou 90 dias. Será, então, a nova garantia eterna? Não, os bens de consumo possuem uma durabilidade determinada. É a chamada vida útil do produto”.

Deste modo se o vício for oculto o prazo decadencial - de 30 dias para os produtos não duráveis e de 90 dias para os produtos duráveis, só começará a correr no momento da descoberta de tais vícios.

18 Manual de Direito do Consumidor, 4ª ed. 2012; Ed. Revista dos Tribunais. Pág. 204.

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“Você poderia dar um exemplo da contagem do prazo decadencial no vício oculto?

Claro, imaginem que você contrate um serviço de dedetização para sua casa de praia. No dia combinado a empresa vai a sua residência e aplica o veneno específico. Dois meses depois da aplicação em sua casa começam a aparecer insetos. A partir deste momento – da constatação de que o serviço não apresentou o resultado esperado é que começará a correr o prazo para você reclamar e exigir uma das três opções do art. 20.

Com relação a um produto imagine que você tenha adquirido uma máquina de lavar e que depois de três meses da compra a máquina não quer mais centrifugar as roupas. A partir da constatação do problema você terá 90 dias para fazer sua reclamação (tendo em vista ser a máquina de lavar um produto durável).

Com o vício oculto independentemente de a garantia, dada pelo fornecedor, já ter expirado ou não, o consumidor tem 30 ou 90 dias para fazer a queixa, e o ônus é do fabricante ou fornecedor, que, para se eximir de arcar com o conserto, tem de provar que o produto saiu da fábrica sem o defeito

- Causas que obstam o prazo decadencial.

O parágrafo 2º do art. 26 traz duas causas que obstam que o prazo decadencial corra.

§ 2°. Obstam a decadência:

I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca;

II - (Vetado).

III - a instauração de inquérito civil, até seu encerramento.

São dois os casos que obstam o prazo decadencial de se esgotar: ¹reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor e ²instauração de inquérito civil.

Quanto ao primeiro caso – reclamação, esta pode ser apresentada por meio eletrônico, por telefone, por escrito e até pelos serviços de atendimento ao consumidor que as empresas fornecem e colocam a disposição dos fornecedores. O que será de extrema importância é que o consumidor comprove que efetuou tal reclamação perante o fornecedor.

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O inquérito civil (segunda hipótese que obsta a decadência) é um procedimento administrativo utilizado pelo Ministério Público através do qual ele irá investigar a possível lesão a direitos coletivos e que servirá de base para o ajuizamento de ação coletiva.

- Prescrição.

Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.

Este prazo prescricional de 5 anos refere-se ao direito do consumidor requerer indenização pelos danos sofridos de fato pelo produto ou serviço.

- Garantia Contratual X Garantia Legal.

Ainda sobre o assunto da responsabilidade temos o art. 50 do CDC.

Art. 50. A garantia contratual é complementar à legal e será conferida mediante termo escrito.

Parágrafo único. O termo de garantia ou equivalente deve ser padronizado e esclarecer, de maneira adequada em que consiste a mesma garantia, bem como a forma, o prazo e o lugar em que pode ser exercitada e os ônus a cargo do consumidor, devendo ser-lhe entregue, devidamente preenchido pelo fornecedor, no ato do fornecimento, acompanhado de manual de instrução, de instalação e uso do produto em linguagem didática, com ilustrações.

Sobre o assunto o STJ já tomou posição no sentido de os prazos das garantias não correrão simultaneamente. O prazo decadencial se iniciará após o término do prazo de garantia contratual.

Atente para o seguinte julgado STJ:

“Na verdade, se existe uma garantia contratual de um ano tida como complementar à legal, o prazo de decadência somente pode começar da data em que encerrada a garantia contratual, sob pena de submetermos o consumidor a um engodo com o esgotamento do prazo judicial antes do esgotamento do prazo de garantia. É isso que o art. 50 do Código de Defesa do Consumidor quis evitar”.

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(REsp. 225.859, j. 15.02.2001, rel. Min. Waldemar Zveiter, DJ 13.08.2001, do voto do Min. Carlos Alberto Menezes Direito)

- Os serviços públicos.

Sobre os serviços públicos assim dispõe o CDC:

Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.

Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma prevista neste código.

Quanto a responsabilidade dos órgãos públicos temos divergências doutrinárias. A primeira está relacionada ao campo de aplicação do CDC, ou seja, para quais serviços públicos será aplicado o CDC?

Inicialmente vamos lembrar dos arts. 3º, caput e 6º, X.

Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.

Diante destes artigos que relacionamos, não resta dúvidas de que o CDC será aplicado aos serviços públicos. O que gera as controvérsias é a remuneração destes serviços. Se a atividade deverá ser remunerada diretamente por tarifa, preço público ou taxa, ou se será suficiente que a remuneração seja indireta através de impostos.

Vamos fazer um parêntese para, de forma concisa, esboçar os conceitos de taxa, tarifa e preço público.

Taxa: é a cobrança que a administração faz em troca de algum serviço público. Neste caso, há um destino certo para a aplicação do dinheiro. Diferentemente do imposto, a taxa não possui uma base de cálculo e seu valor depende do serviço prestado. Como exemplos, estão a taxa de iluminação pública e de limpeza pública, instituídas pelos municípios.

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Preço público: A noção de preço público está relacionada à contraprestação auferida pelo Estado na venda de seus bens materiais e imateriais. Assim, o preço será a soma de dinheiro que o comprador paga ou se obriga a pagar, ao vendedor, em troca de bens ou serviços adquiridos.

Tarifa: emprega-se o termo tarifa para designar a cobrança que nos é imposta pela utilização de água potável, energia elétrica, telefone, transporte público coletivo etc.

O certo é que deverá haver uma certa correspondência entre os serviços prestados e os valores pagos – deve existir uma correlação entre o que se paga e o que se recebe.

Deste modo será aplicado o CDC os serviços de telefonia, transporte coletivo, energia elétrica, água, de acordo com os arts. 173 e 175 da Constituição Federal.

Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.

Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.

De acordo com Leonardo Roscoe Bessa19: “Em relação à natureza da remuneração, não importa se é taxa ou tarifa (preço público): importa haver certa correlação entre o pagamento e o serviço prestado”.

Portanto, os serviços públicos em que sua remuneração – independentemente da natureza, seja feita diretamente pelo consumidor20 estão sujeitos ao CDC

A segunda divergência que vamos ver está relacionada à possibilidade de corte no fornecimento de energia elétrica e água quando ocorrer o inadimplemento do consumidor.

Quanto a este problema duas possibilidades são aceitas: a possibilidade de que os serviços públicos sejam cortados e a impossibilidade de corte. O critério que será utilizado será o da dignidade da pessoa humana. É este critério que servirá de paradigma para a decisão se o corte de água ou energia elétrica será justo.

19 Manual de Direito do Consumidor, 4ª ed. 2012; Ed. Revista dos Tribunais. Pág. 216. 20 O STJ possui entendimento diversos quanto à natureza da remuneração dos serviços relativos ao fornecimento de água e esgoto.

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Para encerrar o assunto vamos usar uma citação de Leonardo Roscoe Bessa21: “É, em última análise, esta a preocupação dos votos vencidos de alguns Ministros do Superior Tribunal de Justiça (Min. Luiz Fux e Min. José Delgado). V., a respeito, REsp 684.442, j. 03/02/2005. No julgamento do REsp 853.392, ficou ressalvada justamente a situação em que o corte “possa acarretar lesão irreversível à integralidade física do usuário, consoante observado no voto vogal”, destacando-se, em seguida, que “não é o caso dos autos”. Na ocasião, em voto-vista, o Min. Herman Benjamim observa com propriedade: “No caso em tela, a situação pessoal do consumidor-devedor não indica estado de hipervulnerabilidade, não se configurando situação a ensejar especial atenção do aplicador da lei, conforme se constata da leitura dos autos e da decisão do e. Relator. Não custa lembrar que ocorrerão hipóteses excepcionais em que o corte de energia só poderá ser feito de forma judicial, como, por exemplo, quando estiver em jogo a integridade física do consumidor. Será assim, exemplificativamente, se a residência abrigar enfermo, que dependa de máquina de hemodiálise lá instalada”.

(REsp 853.392, j. 21/09/2006, rel. Min. Castro Meira, DJ 05/09/2007).

- Desconsideração da personalidade jurídica.

Da necessidade de conjugação de esforços, para a realização de determinados fins, temos a atribuição de capacidade jurídica a entes abstratos, formados ora pelo ¹conjunto de pessoas, ora por ²conjugação patrimonial.

As pessoas jurídicas são entidades as quais a lei confere personalidade. Uma vez tendo personalidade jurídica, estas pessoas podem ser sujeitos de direitos e obrigações.

É importante observarmos que a personalidade da pessoa jurídica não se confunde, em regra, com a personalidade de cada um dos seus membros.

A natureza jurídica das pessoas jurídicas é classificada como realidade técnica. A pessoa jurídica decorre da técnica do direito, é uma criação jurídica para a realização de certos objetivos.

Neste sentido temos que as pessoas jurídicas possuem existência distinta em relação a seus membros. Existem, porém, determinados casos onde esta distinção entre a pessoa jurídica e a pessoa natural não pode ser mantida. Casos estes em que a personalidade da pessoa jurídica foi utilizada para fugir das suas finalidades, para lesar terceiros.

21 Manual de Direito do Consumidor, 4ª ed. 2012; Ed. Revista dos Tribunais. Pág. 221.

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Quando isto acontece, a personalidade jurídica deve ser desconsiderada, decidindo o julgador como se o ato ou negócio houvesse sido praticado pela pessoa natural.

Não se trata de considerar sistematicamente nula a pessoa jurídica, mas, em casos específicos e determinados, apenas desconsiderá-la temporariamente. O assunto está regulado pelo artigo 50 do CC:

Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo ¹desvio de finalidade, ou pela ²confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.

Portanto, a teoria da desconsideração (ou disregard of the legal

entity), como assinala Venosa22, “...autoriza o juiz, quando há desvio de finalidade, a não considerar os efeitos da personificação, para que sejam atingidos bens particulares dos sócios ou até mesmo de outras pessoas jurídicas, mantidos incólumes, pelos fraudadores, justamente para propiciar ou facilitar a fraude”.

O art. 28 do CDC assim estipula:

Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração.

§ 5°. Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores.

Atente para as palavras do mestre Flávio Tartuce23: “Deve ficar claro, é que a desconsideração da personalidade jurídica não significa a sua extinção, mas apenas uma ampliação das responsabilidades, quebrando-se com sua autonomia. Ademais, a medida é tida como excepcional, dependendo de autorização judicial. Em suma, não se pode confundir a desconsideração com a despersonificação da pessoa jurídica. No primeiro instituto, apenas desconsidera-se a regra pela qual a pessoa jurídica tem

22 Silvio de Salvo Venosa, Direito Civil I, 11 ed. 23 Flávio Tartuce. Daniel Amorim Assumpção Neves. Manual de Direito do Consumidor. Vol. Único, 2013. Pág. 447.

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existência distinta de seus membros. Na despersonificação, a pessoa jurídica é dissolvida ou extinta”.

Da leitura do art. 28 do CDC e do art. 50 do CC vimos que existem diferenças nas hipóteses da desconsideração da personalidade jurídica. A partir de agora vamos estuda-las de forma pontual.

- A desconsideração da personalidade jurídica no Código Civil.

Como vimos o art. 50 do CC estabelece como hipótese para a desconsideração o abuso da personalidade jurídica caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial e que o requerimento poderá ser feito tanto pela parte como pelo Ministério Público.

- A desconsideração da personalidade jurídica no Código de Defesa do Consumidor.

Já para o CDC as hipóteses para a desconsideração são mais amplas.

Na primeira parte do caput do art. 28 temos as hipóteses clássicas de desconsideração:

Quando em detrimento do consumidor houver Abuso de direito

Excesso de poder infração da lei fato ou ato ilícito violação dos estatutos ou contrato social.

Na parte final do caput temos:

Quando houver Falência

Estado de insolvência Encerramento ou inatividade por má administração

Assim, caberá ao juiz quando na análise do caso concreto a verificação de quando a má administração geradora do fim das atividades da sociedade será capaz de legitimar a desconsideração de sua personalidade jurídica.

Temos ainda o § 5º do art. 28 do CDC que nos traz uma espécie de cláusula geral da desconsideração ao afirmar que haverá a perda da personalidade sempre que esta for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores.

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Este dispositivo vem concretizar o que está disposto no art. 6º, VI do CDC.

Art. 6º. São direitos básicos do consumidor:

VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;

Deste modo, a desconsideração da personalidade jurídica será admitida para que se garanta o ressarcimento integral do consumidor vulnerável.

- As Teorias da Desconsideração da Personalidade Jurídica.

A Teoria da Desconsideração da Personalidade Jurídica originariamente foi feita para atingir casos de fraude e de má-fé. Existem, no entanto, duas teorias sobre a desconsideração:

A Teoria maior ou subjetiva, em princípio, exige dois requisitos: o abuso e o prejuízo. É a teoria adotada pelo art. 50 do Código Civil. Apenas observando que no caso de confusão patrimonial, esta será o pressuposto necessário e suficiente.

Teoria menor ou objetiva, onde a desconsideração da personalidade jurídica exige como requisito apenas o prejuízo ao credor. Esta foi a teoria adotada pelo art. 28 do CDC.

Esta diferença quanto a adoção das teorias maior pelo CC e da teoria menor pelo CDC já foi reconhecida pela jurisprudência do STJ, como exemplo citamos:

“Responsabilidade civil e Direito do consumidor. Recurso especial. Shopping Center de Osasco-SP. Explosão. Consumidores. Danos materiais e morais. Ministério Público. Legitimidade ativa. Pessoa Jurídica. Desconsideração. Teoria maior e teoria menor. Limite de responsabilização dos sócios. Código de defesa do consumidor. Requisitos. Obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. Art. 28, § 5º - Considerada a proteção do consumidor um dos pilares da ordem econômica, e incumbindo ao Ministério Público a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis, possui o Órgão Ministerial legitimidade para atuar em defesa de interesses individuais homogêneos de consumidores, decorrentes de origem comum. A teoria maior da desconsideração, regra geral do sistema jurídico brasileiro, não pode ser aplicada com a mesma demonstração de estar a pessoa jurídica insolvente para o cumprimento de suas obrigações. Exige-se, aqui, para além da prova de insolvência ou a demonstração de desvio de finalidade (teoria subjetiva da desconsideração), ou a demonstração de confusão patrimonial (teoria objetiva da

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desconsideração). A teoria menor da desconsideração, acolhida em nosso ordenamento jurídico excepcionalmente no Direito do Consumidor e no Direito Ambiental, incide com a mera prova de insolvência da pessoa jurídica para o pagamento de suas obrigações, independentemente da existência de desvio de finalidade ou de confusão patrimonial. – Para o teoria menor, o risco empresarial normal às atividades econômicas não pode ser suportado pelo terceiro que contratou com a pessoa jurídica mas pelo sócio e/ou administradores desta, ainda que estes demonstrem conduta administrativa proba, isto é, mesmo que não exista qualquer prova capaz de identificar conduta culposa ou dolosa por parte dos sócios e/ou administradores da pessoa jurídica. – A aplicação da teoria menor da desconsideração às relações de consumo está calcada na exegese autônoma do § 5º do art. 28 do CDC, porquanto a incidência desse dispositivo não se subordina à demonstração dos requisitos previstos no caput do artigo indicado, mas apenas à prova de causar, a mera existência da pessoa jurídica, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. Recursos especiais não conhecidos”.

(REsp. 279.273/SP, Rel. Ministro Ari Pargendler – Rel. p/ Acórdão Ministra Nancy Andrighi - Terceira Turma; DJ 29.03.2004, p. 230).

- Possibilidade da desconsideração inversa da personalidade jurídica.

Assim como para o Direito Civil, para o Direito do Consumidor também será possível a desconsideração inversa da personalidade jurídica.

Este é o teor do Enunciado nº 283 da IV Jornada de Direito Civil: “É cabível a desconsideração da personalidade jurídica denominada ‘inversa’ para alcançar bens de sócio que se valeu da pessoa jurídica para ocultar ou desviar bens pessoais, com prejuízo a terceiros”.

A situação que ocorre é a seguinte: O sócio, com objetivo prejudicar a terceiro, oculta ou desvia seus bens pessoais para a pessoa jurídica. Estes “bens da pessoa jurídica” (na realidade são bens ocultos do sócio) poderão ser atingidos em uma desconsideração.

Sobre este assunto temos mais dois Enunciados:

Enunciado nº 281 da IV Jornada de Direito Civil: “A aplicação da teoria da desconsideração, descrita no CC 50, prescinde da demonstração de insolvência da pessoa jurídica”.

Enunciado nº 284 da IV Jornada de Direito Civil: “As pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos ou de fins não econômicos estão abrangidas no conceito de abuso da personalidade jurídica”.

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- Responsabilidade entre empresas controladas, consorciadas e coligadas.

O art. 28 que trata da desconsideração da personalidade jurídica nas relações de consumo, estabeleceu, em seus parágrafos 2º, 3º e 4º, quando restaria configurada a responsabilidade de empresas controladas e integrantes de grupos societários diante de atos da sociedade controladora, e também entre as sociedades consorciadas e sociedades coligadas.

Art. 28. § 2°. As sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades controladas, são subsidiariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código.

O conceito do que é uma sociedade controlada está no art. 1.098 do Código Civil:

Art. 1.098. É controlada:

I - a sociedade de cujo capital outra sociedade possua a maioria dos votos nas deliberações dos quotistas ou da assembléia geral e o poder de eleger a maioria dos administradores;

II - a sociedade cujo controle, referido no inciso antecedente, esteja em poder de outra, mediante ações ou quotas possuídas por sociedades ou sociedades por esta já controladas.

Art. 28. § 3°. As sociedades consorciadas são solidariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código.

As sociedades consorciadas são aquelas que se constituem para executar determinado empreendimento, como por exemplo, uma complexa obra pública.

§ 4°. As sociedades coligadas só responderão por culpa.

Por sua vez o conceito de sociedade coligada está no art. 1.099 do Código Civil:

Art. 1.099. Diz-se coligada ou filiada a sociedade de cujo capital outra sociedade participa com dez por cento ou mais, do capital da outra, sem controlá-la.

Assim, as sociedades controladas ou integrantes de grupos societários responderão de forma subsidiária, uma vez que não estão em posição de igualdade na busca de objetivos comuns.

Já as consorciadas, por buscarem objetivos comuns, responderão solidariamente entre si.

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E por fim as sociedades coligadas somente responderão mediante a comprovação de culpa (responsabilidade subjetiva).

Chegamos ao fim de mais uma aula teórica, não deixe de resolver os exercícios propostos a seguir.

E, também, não deixe de olhar o fórum de dúvidas do curso. Muitas vezes a sua dúvida já foi questionada por outro colega, ou os colegas questionam assuntos que você nem pensou em perguntar mas que ao ler, você também aprende.

Mas caso você não entenda algum assunto abordado no curso não hesite em perguntar ;)

Mande um e-mail ou utilize o fórum de dúvidas.

Um grande abraço.

Bons estudos!

Aline Santiago

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- QUESTÕES E SEUS RESPECTIVOS COMENTÁRIOS.

01. FCC 2014/TJ-CE/Juiz. Fábio Henrique adquiriu um computador e o fabricante exigiu, para efeito de manutenção da garantia contratual, que um seu funcionário o instalasse, o que ocorreu dez dias depois. Ao utilizá-lo, Fábio percebe de imediato a inadequação do produto às suas necessidades, pois o aparelho não funcionava com seus programas. Nesse caso, Fábio terá

a) Noventa dias para reclamar do defeito do produto, contados da data da compra, sob pena de caducidade.

b) Noventa dias para reclamar o conserto do vício do produto, contados da data do serviço de instalação, sob pena de decadência.

c) Noventa dias para reclamar o conserto do vício do produto, contados da data do serviço de instalação, sob pena de prescrição.

d) Oitenta dias para reclamar do defeito do produto, por ser de fácil constatação, contados da data da compra, sob pena de decadência.

e) Oitenta dias para reclamar do vício do produto, contados da data da compra, sob pena de prescrição.

Comentário:

Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em:

II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis.

§ 1°. Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou do término da execução dos serviços.

Gabarito letra B.

02. FCC 2014/TJ-CE/Juiz. Em relação à qualidade dos produtos e serviços, da prevenção e da reparação dos danos nas relações de consumo, examine os seguintes enunciados:

I. Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações necessárias e adequadas a seu respeito.

II. O fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos ou perigosos à saúde ou segurança deverá informar, de maneira ostensiva e adequada, a respeito da sua nocividade ou periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras medidas cabíveis em cada caso concreto.

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III. O fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto ou serviço que sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde ou segurança. Se souber posteriormente dessa nocividade ou periculosidade, deverá retirar imediatamente o produto ou serviço do mercado de consumo, comunicando o fato às autoridades competentes para que estas o comuniquem aos consumidores mediante anúncios publicitários nos meios de comunicação.

IV. Recall é o ato pelo qual o fornecedor informa o consumidor a respeito do defeito do produto que tem potencialidade para causar dano ou prejuízo à sua saúde ou segurança, chamando de volta o produto nocivo ou perigoso para a correção do risco que apresenta.

Estão corretos

a) II, III e IV, apenas. b) I, II e III, apenas. c) I, II e IV, apenas. d) I, II, III e IV. e) I, III e IV, apenas.

Comentário:

Afirmativa I – correta.

Art. 8° Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações necessárias e adequadas a seu respeito.

Afirmativa II – correta.

Art. 9° O fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos ou perigosos à saúde ou segurança deverá informar, de maneira ostensiva e adequada, a respeito da sua nocividade ou periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras medidas cabíveis em cada caso concreto.

Afirmativa III – errada.

Art. 10. O fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto ou serviço que sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde ou segurança.

§ 1° O fornecedor de produtos e serviços que, posteriormente à sua introdução no mercado de consumo, tiver conhecimento da periculosidade que apresentem, deverá comunicar o fato imediatamente às autoridades competentes e aos consumidores, mediante anúncios publicitários.

Afirmativa IV – correta. O recall não está previsto expressamente no CDC apesar de ser um instrumento utilizado pelo fabricante.

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Gabarito letra C.

03. FCC 2014/TJ-AP/Juiz. Nas relações de consumo, entende-se por saneamento dos vícios,

a) A substituição das partes viciadas, que pode ser executada a qualquer tempo pelo fornecedor.

b) A substituição das partes viciadas de um produto, que deve ser executada pelo fornecedor, desde que sua execução não comprometa a qualidade do produto ou possa diminuir-lhe o valor, no prazo de 30 dias

c) A substituição das partes viciadas que deve ser executada pelo fornecedor, incondicionalmente, no prazo de 30 dias.

d) O direito de o consumidor exigir a substituição do produto, a restituição da quantia paga ou o abatimento do preço no prazo de 30 dias.

e) O direito de o consumidor exigir, a qualquer tempo, a substituição do produto, a restituição da quantia paga ou o abatimento do preço.

Comentário:

Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.

§ 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:

I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso;

II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;

III - o abatimento proporcional do preço.

§ 2° Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação do prazo previsto no parágrafo anterior, não podendo ser inferior a sete nem superior a cento e oitenta dias. Nos contratos de adesão, a cláusula de prazo deverá ser convencionada em separado, por meio de manifestação expressa do consumidor.

§ 3° O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1° deste artigo sempre que, em razão da extensão do vício, a substituição

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das partes viciadas puder comprometer a qualidade ou características do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial.

Gabarito letra B.

04. FCC 2014/AL-PE/Analista Legislativo. Divinéia levou um vestido de festa para lavar na lavandeira “XXX Ltda”. Quando da retirada, ela percebeu que o serviço não foi prestado adequadamente uma vez que as sujeiras não teriam sido removidas adequadamente, apesar de não ter ocorrido nenhum dano na referida peça. Tratando-se de fornecimento de serviço não durável, de acordo com o Código de Defesa do Consumidor, o direito de Divinéia reclamar da prestação do serviço inadequado caducará em

a) Um ano. b) Sessenta dias. c) Noventa dias. d) Cinco anos. e) Trinta dias.

Comentário:

Atenção para o seguinte: o produto (roupas, sapatos, tapetes) que você leva para a lavanderia é considerado um bem durável, mas o serviço que a lavanderia presta é considerado não durável, pois o produto irá sujar novamente.

Desta forma, como o vício do serviço foi aparente o prazo será de 30 dias, de acordo com o art. 26, I do CDC:

Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em:

I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis;

Gabarito letra E.

05. FCC 2014/AL-PE/Analista Legislativo. No tocante à desconsideração da personalidade jurídica, são solidariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes do Código de Defesa do Consumidor as sociedades

a) Consorciadas, apenas. b) Integrantes de grupos societários, apenas. c) Controladas, apenas. d) Integrantes de grupos societários e as controladas. e) Integrantes de grupos societários e as consorciadas.

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Comentário:

Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração.

§ 3° As sociedades consorciadas são solidariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código.

Gabarito letra A.

06. FCC 2014/Câmara Municipal de São Paulo/Procurador Legislativo. No que se refere à disciplina jurídica das relações de consumo, é correto afirmar:

a) Nas relações de consumo, a responsabilidade dos profissionais liberais é apurada sempre pela responsabilidade objetiva, na modalidade do risco atividade, excluindo-se-a nos casos de culpa de terceiro, caso fortuito ou força maior e culpa exclusiva da vítima.

b) Os direitos previstos no Código de Defesa do Consumidor não excluem outros decorrentes de tratados ou convenções internacionais de que o Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária, de regulamentos expedidos pelas autoridades administrativas competentes, bem como dos que derivem dos princípios gerais do direito, analogia, costumes e equidade.

c) O comerciante é responsável, nas relações de consumo, nas mesmas situações em que se responsabiliza o fabricante do produto por ele comercializado.

d) Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão em nenhuma situação riscos à saúde ou segurança dos consumidores.

e) O fornecedor de serviços responde, desde que se comprove sua culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.

Comentário:

Alternativa “a” – errada.

Atenção: o Código de Defesa do Consumidor possui uma exceção ao princípio da responsabilização objetiva para os acidentes de consumo – os serviços oferecidos pelos profissionais liberais. Estes profissionais se submeterão ao sistema tradicional de apuração da responsabilidade que é o baseado na culpa.

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De acordo com o § 4º do art. 14:

§ 4°. A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa.

Alternativa “b” – correta.

Art. 7° Os direitos previstos neste código não excluem outros decorrentes de tratados ou convenções internacionais de que o Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária, de regulamentos expedidos pelas autoridades administrativas competentes, bem como dos que derivem dos princípios gerais do direito, analogia, costumes e equidade.

Alternativa “c” – errada. No fato do produto, a responsabilidade do comerciante será subsidiária, de acordo com o art. 13 do CDC:

Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando:

I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados;

II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou importador;

III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis.

Alternativa “d” – errada.

Art. 8° Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações necessárias e adequadas a seu respeito.

Alternativa “e” – errada.

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.

Gabarito letra B.

07. FCC 2013/MPE-SE/Analista. Quanto à decadência e à prescrição no Código de Defesa do Consumidor, é correto afirmar:

a) O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em 30 dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis.

b) O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em 90 dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis.

c) A instauração de inquérito civil obsta a decadência desde que celebrado termo de ajustamento de conduta.

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d) Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou do término da execução dos serviços.

e) Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que o consumidor notificar o fabricante.

Comentário:

Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em:

I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis;

II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis.

§ 1° Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou do término da execução dos serviços.

§ 2° Obstam a decadência:

I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca;

II - (Vetado).

III - a instauração de inquérito civil, até seu encerramento.

§ 3° Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito.

Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.

Gabarito letra D.

08. FCC 2013/AL-PB/Procurador. A desconsideração da personalidade jurídica de sociedade fornecedora de produto ou de serviço se dará

a) Por decisão judicial ou de autoridade administrativa competente quando se verificar confusão patrimonial, apurada pela existência de bens da sociedade em nome dos sócios e administradores.

b) Apenas quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade provocados por má administração.

c) Por decisão judicial, e em nenhuma hipótese por decisão administrativa, quando, em detrimento do consumidor, houver abuso

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de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social.

d) Apenas nos casos de comprovada fraude contra credores ou de execução em detrimento dos consumidores, por decisão judicial.

e) Por decisão judicial ou de autoridade administrativa competente quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social.

Comentário:

Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração.

Gabarito letra C.

09. FCC 2013/TJ-PE/Juiz. Analise os enunciados abaixo, em relação à responsabilidade pelo fato do produto e do serviço.

I. O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se espera, levando-se em consideração circunstâncias relevantes, como sua apresentação, o uso e os riscos razoavelmente esperados e a época em que foi colocado em circulação.

II. O serviço é tido por defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em conta circunstâncias relevantes, como o modo de seu fornecimento, o resultado e os riscos razoavelmente esperados e a adoção de novas técnicas.

III. O comerciante é responsabilizado quando o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados, ou quando o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou importador ou, ainda, quando não conservar adequadamente os produtos perecíveis.

Está correto o que se afirma em

a) I e II, apenas. b) I e III, apenas. c) I, II e III. d) II, apenas. e) II e III, apenas.

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Comentário:

Afirmativa I – correta.

Art. 12. § 1° O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se espera, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:

I - sua apresentação;

II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam;

III - a época em que foi colocado em circulação.

Afirmativa II – errada.

§ 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:

I - o modo de seu fornecimento;

II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;

III - a época em que foi fornecido.

§ 2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas.

Afirmativa III – correta.

Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando:

I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados;

II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou importador;

III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis.

Gabarito letra B.

10. FCC 2013/TJ-PE/Juiz. Quanto aos prazos prescricionais e decadenciais nas relações de consumo, é correto afirmar:

a) Decai em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.

b) O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em noventa dias, tratando- se de fornecimento de serviço e de produto não duráveis.

c) Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no pagamento do produto ou do serviço.

d) O prazo prescricional pode ser suspenso ou interrompido, mas não o prazo decadencial, que não se interrompe ou suspende mesmo nas relações consumeristas.

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e) Na aferição dos vícios de fácil ou aparente constatação, o prazo decadencial se inicia tão logo seja entregue o produto ou terminada a execução do serviço.

Comentário:

Alternativa “a” – errada.

Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.

Alternativa “b” – errada.

Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em:

I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis;

II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis.

Alternativa “c” – errada.

Art. 26. § 3°. Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito.

Alternativa “d” – errada.

§ 2° Obstam a decadência:

I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca;

II - (Vetado).

III - a instauração de inquérito civil, até seu encerramento.

Alternativa “e” – correta.

Art. 26. § 1°. Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou do término da execução dos serviços.

Gabarito letra E.

11. FCC 2012/TRF 5º Região/Analista Judiciário. Cibelle das Flores comprou em uma loja de departamento uma máquina fotográfica, uma caixa de bombons, um pijama e uma TV de LCD de 42 polegadas. De acordo com o Código de Defesa do Consumidor, o direito de Cibelle reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caducará, contado da efetiva entrega do produto, no prazo de

a) Trinta dias para a caixa de bombons e noventa dias para a máquina fotográfica, o pijama e a TV.

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b) Trinta dias para a caixa de bombons e sessenta dias para a máquina fotográfica, o pijama e a TV.

c) Sessenta dias para a caixa de bombons e cento e vinte dias para a máquina fotográfica, o pijama e a TV.

d) Sessenta dias para a caixa de bombons, a máquina fotográfica, o pijama e a TV.

e) Trinta dias para a caixa de bombons e o pijama e cento e vinte dias para a máquina fotográfica e a TV.

Comentário:

Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em:

I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis;

II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis.

Gabarito letra A.

12. FCC 2012/DPE-SP/Defensor Público. Em se tratando de responsabilidade do fornecedor pelo fato do produto e do serviço, a pretensão à reparação do consumidor pelos danos causados prescreve em

a) 30 dias. b) 90 dias. c) 180 dias. d) 3 anos. e) 5 anos.

Comentário:

Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.

Gabarito letra E.

13. FCC 2011/TRT 1ª Região (RJ)/Juiz. De acordo com o Código de Defesa do Consumidor, é correto afirmar:

a) Em relação aos produtos e serviços, o ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária cabe a quem as patrocina.

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b) O fornecedor de serviços ou produtos responde subjetivamente pelos vícios de qualidade respectivos, desde que demonstrada sua culpa sobre eles.

c) Se o dano for causado por peça ou componente incorporados ao produto ou serviço, serão responsáveis subsidiários seu fabricante, construtor ou importador.

d) O fornecedor só pode exonerar-se de sua responsabilidade contratual pela garantia legal de adequação do produto ou serviço se houver termo expresso a respeito.

e) O fornecedor de produtos e serviços é responsável pelos vícios de qualidade respectivos, a não ser que demonstre sua ignorância em relação a eles.

Comentário:

Alternativa “a” – correta. Vamos ver este assunto em nossa próxima aula (03), quando tratarmos Das Práticas Comerciais, mas vamos adiantar o assunto:

Art. 38. O ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária cabe a quem as patrocina.

Alternativa “b” – errada.

Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.

Alternativa “c” – errada.

Art. 25. § 2°. Sendo o dano causado por componente ou peça incorporada ao produto ou serviço, são responsáveis solidários seu fabricante, construtor ou importador e o que realizou a incorporação.

Alternativa “d” – errada.

Art. 25. É vedada a estipulação contratual de cláusula que impossibilite, exonere ou atenue a obrigação de indenizar prevista nesta e nas seções anteriores.

Alternativa “e” – errada.

Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.

Gabarito letra A.

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14. FCC 2011/TJ-PE/Juiz. A prescrição da pretensão relativa à reparação dos danos causados pelo fato do produto ou do serviço

a) Consuma-se no prazo de noventa dias contados do respectivo fornecimento.

b) Consuma-se no prazo de cinco anos contados do conhecimento do dano.

c) Consuma-se no prazo de cinco anos contados do momento em que ficar evidenciado o defeito.

d) Não ocorre. e) Depende de prévia reclamação formulada pelo consumidor.

Comentário:

Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.

Gabarito letra B.

15. FCC 2011/TJ-PE/Juiz. No fornecimento de serviços, a responsabilidade pela reparação dos danos causados aos usuários, depende da demonstração de culpa dos

a) Prestadores de serviços em geral. b) Caminhoneiros em autoestrada. c) Profissionais liberais. d) Prepostos de pessoas jurídicas de direito privado. e) Servidores públicos.

Comentário:

Atenção: o Código de Defesa do Consumidor possui uma exceção ao princípio da responsabilização objetiva para os acidentes de consumo – os serviços oferecidos pelos profissionais liberais. Estes profissionais se submeterão ao sistema tradicional de apuração da responsabilidade que é o baseado na culpa.

De acordo com o § 4º do art. 14:

§ 4°. A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa.

Gabarito letra C.

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16. FCC 2011/TJ-AP/Titular de Serviços de Notas e de Registros. De acordo com o direito consumerista, o direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em

a) Trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produto duráveis.

b) Trinta dias, a partir da entrega efetiva do produto ou do término da execução de qualquer serviço.

c) Trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produto não duráveis.

d) Noventa dias, a partir da entrega do produto ou do término da execução de qualquer serviço.

e) Noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produto não duráveis.

Comentário:

Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em:

I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis;

II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis.

Gabarito letra C.

17. FCC 2011/TJ-PE/Juiz. Na superveniência de vício de qualidade do produto, o consumidor poderá fazer uso imediato dos seus direitos reparatórios sempre que

a) Tiver adquirido o produto mediante pagamento à vista. b) O fornecedor abrir mão do direito e proceder ao saneamento do vício. c) O produto, por ser essencial, não comportar saneamento. d) Não tiver decorrido o prazo máximo de trinta dias. e) Não tiver decorrido o prazo máximo de noventa dias.

Comentário:

Art. 18. § 3°. O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1° deste artigo sempre que, em razão da extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder comprometer a qualidade ou características do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial.

Gabarito letra C.

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18. FCC 2010/Banco do Brasil/Escriturário. Tratando-se de fornecimento de serviços e de produtos não duráveis, o direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em

a) 360 dias. b) 180 dias. c) 120 dias. d) 90 dias. e) 30 dias.

Comentário:

Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em:

I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis;

II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis.

Gabarito letra E.

19. FCC 2009/TJ-GO/Juiz. O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, EXCETO

a) O fim a que se destina. b) O modo de seu fornecimento. c) Os riscos que razoavelmente dele se esperam. d) A época em que foi fornecido. e) A adoção de novas técnicas de sua prestação.

Comentário:

Art. 14. § 2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas.

Gabarito letra E.

20. FCC 2008/TCE-AL/Procurador. O comerciante será responsável por fato do produto,

a) Quando o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou importador.

b) Somente se não conservar adequadamente os produtos perecíveis.

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c) Se, embora identificado o fabricante, este vier a falir ou cair em insolvência, impossibilitando a indenização do consumidor.

d) Apenas se o fabricante ou produtor não puder ser identificado. e) Sempre que o consumidor preferir demandá-lo em lugar do

fabricante, dada a responsabilidade solidária de ambos, podendo, porém, exercer direito de regresso contra o fabricante.

Comentário:

Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando:

I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados;

II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou importador;

III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis.

Gabarito letra A.

21. CESPE 2007/DPU/Defensor Público. Os vícios de inadequação são aqueles que afetam a prestabilidade do produto, prejudicando seu uso e fruição ou diminuindo o seu valor. Esses vícios ocorrem, ainda, quando a informação prestada não corresponde verdadeiramente ao produto, que se mostra, de qualquer forma, impróprio para o fim a que se destina e desatende a legítima expectativa do consumidor.

Comentário:

Conforme colocamos na aula, esta afirmação está correta e é muito didática.

Item correto.

CESPE 2012/DPE-SE/Defensor Público. Julgue os itens acerca da responsabilidade do fornecedor pelo fato e pelo vício do produto ou serviço.

22. Todos aqueles que participam da introdução do produto ou serviço no mercado devem responder solidariamente por eventual defeito ou vício, ficando a critério do consumidor a escolha dos fornecedores solidários que integrarão o polo passivo da ação.

Comentário:

Como estudamos na aula, o consumidor vítima poderá acionar qualquer dos responsáveis elencados no art. 12, que responderão solidariamente pelos danos causados pelo defeito do produto.

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Item correto.

23. A responsabilidade pelo fato do produto ou do serviço, que é objetiva, alcança o comerciante, mesmo quando o fabricante for claramente identificado e houver conservação adequada dos produtos perecíveis.

Comentário:

O comerciante será chamado a responder pelos danos em três situações: quando da impossibilidade de identificação do responsável principal; quando da ausência, no produto, de identificação do responsável principal; e a má conservação dos produtos perecíveis.

Item errado.

CESPE 2012/DPE-AC/Defensor Público. Acerca da responsabilidade pelo fato do produto e do serviço, assinale a opção correta.

24. A culpa concorrente da vítima consumidora não autoriza a redução de eventual condenação imposta ao fornecedor.

Comentário:

Art. 12. § 3°. O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando provar:

I - que não colocou o produto no mercado;

II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste;

III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

O artigo fala em culpa exclusiva da vítima e não em culpa concorrente, assim, no caso de a vítima concorrer para o dano será aplicado o Código Civil/2002 que em seu artigo 945 autoriza a redução da indenização para o caso de a vítima ter concorrido para o evento danoso.

Item errado.

25. O descumprimento, pelo fornecedor, do dever de informar o consumidor gera os chamados defeitos de concepção, inquinando o produto de vício de qualidade por insegurança.

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Comentário:

Tenha cuidado para não confundir os conceitos de defeitos. Nesta afirmação eles tentam confundir – porque você não vai cair na pegadinha, os conceitos de defeito de comercialização com o defeito de concepção.

Lembre-se:

Os defeitos de concepção estão previstos no art. 12.

Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.

Este defeito se apresenta mesmo que o produto tenha sido produzido da maneira mais impecável possível, tendo em vista ser um defeito na elaboração do projeto. Também ensejará a reparação do dano causados a vítima consumidora.

Item errado.

26. O defeito gera a inadequação do produto ou serviço e dano ao consumidor; assim, há vício sem defeito, mas não defeito sem vício.

Comentário:

Esta afirmação está correta, uma vez que o vício poderá ocorrer mas sem causar nenhum problema maior como o dano ao consumidor, por exemplo. Assim, poderá haver um vício sem que haja um defeito, mas não haverá um defeito sem um vício.

Item correto.

27. Um produto é considerado obsoleto e defeituoso quando outro de melhor qualidade é colocado no mercado de consumo.

Comentário:

Art. 12. § 2º O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor qualidade ter sido colocado no mercado.

Questão literal.

Item errado.

28. CESPE 2012/Banco da Amazônia/Técnico Cientifico. Se um consumidor, devido ao uso inadequado de um aparelho eletrodoméstico no

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preparo de alimentos, sofrer danos físicos de pequena gravidade, o fabricante do produto responderá por tais danos, mesmo que seja provada a culpa exclusiva do consumidor na ocorrência do acidente.

Comentário:

Lembre-se do Enunciado nº 459 da V Jornada de Direito Civil que vimos em aula: “A conduta da vítima pode ser fator atenuante do nexo de causalidade no responsabilidade civil objetiva”. Além disso o art. 12 em seu parágrafo 3º traz os casos em que o fabricante não será responsabilizado.

Art. 12. § 3°. O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando provar:

I - que não colocou o produto no mercado;

II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste;

III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

Item errado.

29. CESPE 2012/Banco da Amazônia/Técnico Cientifico. O fornecedor de produto ou serviço é solidariamente responsável pelos atos de seus prepostos ou representantes autônomos.

Comentário:

Art. 34. O fornecedor do produto ou serviço é solidariamente responsável pelos atos de seus prepostos ou representantes autônomos.

Item correto.

30. CESPE 2012/TJ-PI/Juiz. Para acionar judicialmente o fabricante, será necessária a demonstração da ocorrência de conduta culposa.

Comentário:

Vimos que a responsabilidade no que diz respeito ao Direito do Consumidor será objetiva, ou seja, a culpa não será levada em consideração para a aferição da responsabilidade.

Item errado.

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- LISTA DE QUESTÕES E GABARITO.

01. FCC 2014/TJ-CE/Juiz. Fábio Henrique adquiriu um computador e o fabricante exigiu, para efeito de manutenção da garantia contratual, que um seu funcionário o instalasse, o que ocorreu dez dias depois. Ao utilizá-lo, Fábio percebe de imediato a inadequação do produto às suas necessidades, pois o aparelho não funcionava com seus programas. Nesse caso, Fábio terá

a) Noventa dias para reclamar do defeito do produto, contados da data da compra, sob pena de caducidade.

b) Noventa dias para reclamar o conserto do vício do produto, contados da data do serviço de instalação, sob pena de decadência.

c) Noventa dias para reclamar o conserto do vício do produto, contados da data do serviço de instalação, sob pena de prescrição.

d) Oitenta dias para reclamar do defeito do produto, por ser de fácil constatação, contados da data da compra, sob pena de decadência.

e) Oitenta dias para reclamar do vício do produto, contados da data da compra, sob pena de prescrição.

02. FCC 2014/TJ-CE/Juiz. Em relação à qualidade dos produtos e serviços, da prevenção e da reparação dos danos nas relações de consumo, examine os seguintes enunciados:

I. Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações necessárias e adequadas a seu respeito.

II. O fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos ou perigosos à saúde ou segurança deverá informar, de maneira ostensiva e adequada, a respeito da sua nocividade ou periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras medidas cabíveis em cada caso concreto.

III. O fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto ou serviço que sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde ou segurança. Se souber posteriormente dessa nocividade ou periculosidade, deverá retirar imediatamente o produto ou serviço do mercado de consumo, comunicando o fato às autoridades competentes para que estas o comuniquem aos consumidores mediante anúncios publicitários nos meios de comunicação.

IV. Recall é o ato pelo qual o fornecedor informa o consumidor a respeito do defeito do produto que tem potencialidade para causar dano ou prejuízo à sua saúde ou segurança, chamando de volta o produto nocivo ou perigoso para a correção do risco que apresenta.

Estão corretos

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a) II, III e IV, apenas. b) I, II e III, apenas. c) I, II e IV, apenas. d) I, II, III e IV. e) I, III e IV, apenas.

03. FCC 2014/TJ-AP/Juiz. Nas relações de consumo, entende-se por saneamento dos vícios,

a) A substituição das partes viciadas, que pode ser executada a qualquer tempo pelo fornecedor.

b) A substituição das partes viciadas de um produto, que deve ser executada pelo fornecedor, desde que sua execução não comprometa a qualidade do produto ou possa diminuir-lhe o valor, no prazo de 30 dias

c) A substituição das partes viciadas que deve ser executada pelo fornecedor, incondicionalmente, no prazo de 30 dias.

d) O direito de o consumidor exigir a substituição do produto, a restituição da quantia paga ou o abatimento do preço no prazo de 30 dias.

e) O direito de o consumidor exigir, a qualquer tempo, a substituição do produto, a restituição da quantia paga ou o abatimento do preço.

04. FCC 2014/AL-PE/Analista Legislativo. Divinéia levou um vestido de festa para lavar na lavandeira “XXX Ltda”. Quando da retirada, ela percebeu que o serviço não foi prestado adequadamente uma vez que as sujeiras não teriam sido removidas adequadamente, apesar de não ter ocorrido nenhum dano na referida peça. Tratando-se de fornecimento de serviço não durável, de acordo com o Código de Defesa do Consumidor, o direito de Divinéia reclamar da prestação do serviço inadequado caducará em

a) Um ano. b) Sessenta dias. c) Noventa dias. d) Cinco anos. e) Trinta dias.

05. FCC 2014/AL-PE/Analista Legislativo. No tocante à desconsideração da personalidade jurídica, são solidariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes do Código de Defesa do Consumidor as sociedades

a) Consorciadas, apenas. b) Integrantes de grupos societários, apenas.

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c) Controladas, apenas. d) Integrantes de grupos societários e as controladas. e) Integrantes de grupos societários e as consorciadas.

06. FCC 2014/Câmara Municipal de São Paulo/Procurador Legislativo. No que se refere à disciplina jurídica das relações de consumo, é correto afirmar:

a) Nas relações de consumo, a responsabilidade dos profissionais liberais é apurada sempre pela responsabilidade objetiva, na modalidade do risco atividade, excluindo-se-a nos casos de culpa de terceiro, caso fortuito ou força maior e culpa exclusiva da vítima.

b) Os direitos previstos no Código de Defesa do Consumidor não excluem outros decorrentes de tratados ou convenções internacionais de que o Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária, de regulamentos expedidos pelas autoridades administrativas competentes, bem como dos que derivem dos princípios gerais do direito, analogia, costumes e equidade.

c) O comerciante é responsável, nas relações de consumo, nas mesmas situações em que se responsabiliza o fabricante do produto por ele comercializado.

d) Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão em nenhuma situação riscos à saúde ou segurança dos consumidores.

e) O fornecedor de serviços responde, desde que se comprove sua culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.

07. FCC 2013/MPE-SE/Analista. Quanto à decadência e à prescrição no Código de Defesa do Consumidor, é correto afirmar:

a) O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em 30 dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis.

b) O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em 90 dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis.

c) A instauração de inquérito civil obsta a decadência desde que celebrado termo de ajustamento de conduta.

d) Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou do término da execução dos serviços.

e) Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que o consumidor notificar o fabricante.

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08. FCC 2013/AL-PB/Procurador. A desconsideração da personalidade jurídica de sociedade fornecedora de produto ou de serviço se dará

a) Por decisão judicial ou de autoridade administrativa competente quando se verificar confusão patrimonial, apurada pela existência de bens da sociedade em nome dos sócios e administradores.

b) Apenas quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade provocados por má administração.

c) Por decisão judicial, e em nenhuma hipótese por decisão administrativa, quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social.

d) Apenas nos casos de comprovada fraude contra credores ou de execução em detrimento dos consumidores, por decisão judicial.

e) Por decisão judicial ou de autoridade administrativa competente quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social.

09. FCC 2013/TJ-PE/Juiz. Analise os enunciados abaixo, em relação à responsabilidade pelo fato do produto e do serviço.

I. O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se espera, levando-se em consideração circunstâncias relevantes, como sua apresentação, o uso e os riscos razoavelmente esperados e a época em que foi colocado em circulação.

II. O serviço é tido por defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em conta circunstâncias relevantes, como o modo de seu fornecimento, o resultado e os riscos razoavelmente esperados e a adoção de novas técnicas.

III. O comerciante é responsabilizado quando o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados, ou quando o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou importador ou, ainda, quando não conservar adequadamente os produtos perecíveis.

Está correto o que se afirma em

a) I e II, apenas. b) I e III, apenas. c) I, II e III. d) II, apenas. e) II e III, apenas.

10. FCC 2013/TJ-PE/Juiz. Quanto aos prazos prescricionais e decadenciais nas relações de consumo, é correto afirmar:

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a) Decai em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.

b) O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em noventa dias, tratando- se de fornecimento de serviço e de produto não duráveis.

c) Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no pagamento do produto ou do serviço.

d) O prazo prescricional pode ser suspenso ou interrompido, mas não o prazo decadencial, que não se interrompe ou suspende mesmo nas relações consumeristas.

e) Na aferição dos vícios de fácil ou aparente constatação, o prazo decadencial se inicia tão logo seja entregue o produto ou terminada a execução do serviço.

11. FCC 2012/TRF 5º Região/Analista Judiciário. Cibelle das Flores comprou em uma loja de departamento uma máquina fotográfica, uma caixa de bombons, um pijama e uma TV de LCD de 42 polegadas. De acordo com o Código de Defesa do Consumidor, o direito de Cibelle reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caducará, contado da efetiva entrega do produto, no prazo de

a) Trinta dias para a caixa de bombons e noventa dias para a máquina fotográfica, o pijama e a TV.

b) Trinta dias para a caixa de bombons e sessenta dias para a máquina fotográfica, o pijama e a TV.

c) Sessenta dias para a caixa de bombons e cento e vinte dias para a máquina fotográfica, o pijama e a TV.

d) Sessenta dias para a caixa de bombons, a máquina fotográfica, o pijama e a TV.

e) Trinta dias para a caixa de bombons e o pijama e cento e vinte dias para a máquina fotográfica e a TV.

12. FCC 2012/DPE-SP/Defensor Público. Em se tratando de responsabilidade do fornecedor pelo fato do produto e do serviço, a pretensão à reparação do consumidor pelos danos causados prescreve em

a) 30 dias. b) 90 dias. c) 180 dias. d) 3 anos. e) 5 anos.

13. FCC 2011/TRT 1ª Região (RJ)/Juiz. De acordo com o Código de Defesa do Consumidor, é correto afirmar:

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a) Em relação aos produtos e serviços, o ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária cabe a quem as patrocina.

b) O fornecedor de serviços ou produtos responde subjetivamente pelos vícios de qualidade respectivos, desde que demonstrada sua culpa sobre eles.

c) Se o dano for causado por peça ou componente incorporados ao produto ou serviço, serão responsáveis subsidiários seu fabricante, construtor ou importador.

d) O fornecedor só pode exonerar-se de sua responsabilidade contratual pela garantia legal de adequação do produto ou serviço se houver termo expresso a respeito.

e) O fornecedor de produtos e serviços é responsável pelos vícios de qualidade respectivos, a não ser que demonstre sua ignorância em relação a eles.

14. FCC 2011/TJ-PE/Juiz. A prescrição da pretensão relativa à reparação dos danos causados pelo fato do produto ou do serviço

a) Consuma-se no prazo de noventa dias contados do respectivo fornecimento.

b) Consuma-se no prazo de cinco anos contados do conhecimento do dano.

c) Consuma-se no prazo de cinco anos contados do momento em que ficar evidenciado o defeito.

d) Não ocorre. e) Depende de prévia reclamação formulada pelo consumidor.

15. FCC 2011/TJ-PE/Juiz. No fornecimento de serviços, a responsabilidade pela reparação dos danos causados aos usuários, depende da demonstração de culpa dos

a) Prestadores de serviços em geral. b) Caminhoneiros em autoestrada. c) Profissionais liberais. d) Prepostos de pessoas jurídicas de direito privado. e) Servidores públicos.

16. FCC 2011/TJ-AP/Titular de Serviços de Notas e de Registros. De acordo com o direito consumerista, o direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em

a) Trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produto duráveis.

b) Trinta dias, a partir da entrega efetiva do produto ou do término da execução de qualquer serviço.

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c) Trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produto não duráveis.

d) Noventa dias, a partir da entrega do produto ou do término da execução de qualquer serviço.

e) Noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produto não duráveis.

17. FCC 2011/TJ-PE/Juiz. Na superveniência de vício de qualidade do produto, o consumidor poderá fazer uso imediato dos seus direitos reparatórios sempre que

a) Tiver adquirido o produto mediante pagamento à vista. b) O fornecedor abrir mão do direito e proceder ao saneamento do vício. c) O produto, por ser essencial, não comportar saneamento. d) Não tiver decorrido o prazo máximo de trinta dias. e) Não tiver decorrido o prazo máximo de noventa dias.

18. FCC 2010/Banco do Brasil/Escriturário. Tratando-se de fornecimento de serviços e de produtos não duráveis, o direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em

a) 360 dias. b) 180 dias. c) 120 dias. d) 90 dias. e) 30 dias.

19. FCC 2009/TJ-GO/Juiz. O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, EXCETO

a) O fim a que se destina. b) O modo de seu fornecimento. c) Os riscos que razoavelmente dele se esperam. d) A época em que foi fornecido. e) A adoção de novas técnicas de sua prestação.

20. FCC 2008/TCE-AL/Procurador. O comerciante será responsável por fato do produto,

a) Quando o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou importador.

b) Somente se não conservar adequadamente os produtos perecíveis. c) Se, embora identificado o fabricante, este vier a falir ou cair em

insolvência, impossibilitando a indenização do consumidor. d) Apenas se o fabricante ou produtor não puder ser identificado.

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e) Sempre que o consumidor preferir demandá-lo em lugar do fabricante, dada a responsabilidade solidária de ambos, podendo, porém, exercer direito de regresso contra o fabricante.

21. CESPE 2007/DPU/Defensor Público. Os vícios de inadequação são aqueles que afetam a prestabilidade do produto, prejudicando seu uso e fruição ou diminuindo o seu valor. Esses vícios ocorrem, ainda, quando a informação prestada não corresponde verdadeiramente ao produto, que se mostra, de qualquer forma, impróprio para o fim a que se destina e desatende a legítima expectativa do consumidor.

CESPE 2012/DPE-SE/Defensor Público. Julgue os itens acerca da responsabilidade do fornecedor pelo fato e pelo vício do produto ou serviço.

22. Todos aqueles que participam da introdução do produto ou serviço no mercado devem responder solidariamente por eventual defeito ou vício, ficando a critério do consumidor a escolha dos fornecedores solidários que integrarão o polo passivo da ação.

23. A responsabilidade pelo fato do produto ou do serviço, que é objetiva, alcança o comerciante, mesmo quando o fabricante for claramente identificado e houver conservação adequada dos produtos perecíveis.

CESPE 2012/DPE-AC/Defensor Público. Acerca da responsabilidade pelo fato do produto e do serviço, assinale a opção correta.

24. A culpa concorrente da vítima consumidora não autoriza a redução de eventual condenação imposta ao fornecedor.

25. O descumprimento, pelo fornecedor, do dever de informar o consumidor gera os chamados defeitos de concepção, inquinando o produto de vício de qualidade por insegurança.

26. O defeito gera a inadequação do produto ou serviço e dano ao consumidor; assim, há vício sem defeito, mas não defeito sem vício.

27. Um produto é considerado obsoleto e defeituoso quando outro de melhor qualidade é colocado no mercado de consumo.

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28. CESPE 2012/Banco da Amazônia/Técnico Cientifico. Se um consumidor, devido ao uso inadequado de um aparelho eletrodoméstico no preparo de alimentos, sofrer danos físicos de pequena gravidade, o fabricante do produto responderá por tais danos, mesmo que seja provada a culpa exclusiva do consumidor na ocorrência do acidente.

29. CESPE 2012/Banco da Amazônia/Técnico Cientifico. O fornecedor de produto ou serviço é solidariamente responsável pelos atos de seus prepostos ou representantes autônomos.

30. CESPE 2012/TJ-PI/Juiz. Para acionar judicialmente o fabricante, será necessária a demonstração da ocorrência de conduta culposa.

Gabarito:

1.B 2.C 3.B 4.E 5.A 6.B 7.D 8.C 9.B 10.E

11.A 12.E 13.A 14.B 15.C 16.C 17.C 18.E 19.E 20.A

21.C 22.C 23.E 24.E 25.E 26.C 27.E 28.E 29.C 30.E

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Anexo - Lei nº 8.078/1990 (Leitura pertinente a esta aula)

CAPÍTULO IV Da Qualidade de Produtos e Serviços, da Prevenção e da Reparação dos Danos

SEÇÃO II

Da Responsabilidade pelo Fato do Produto e do Serviço Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos. § 1° O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se espera, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais: I - sua apresentação; II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam; III - a época em que foi colocado em circulação. § 2º O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor qualidade ter sido colocado no mercado. § 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando provar: I - que não colocou o produto no mercado; II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste; III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando: I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados; II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou importador; III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis.

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Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o direito de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua participação na causação do evento danoso. Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. § 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais: I - o modo de seu fornecimento; II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam; III - a época em que foi fornecido. § 2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas. § 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar: I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. § 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa. Art. 15. (Vetado). Art. 16. (Vetado). Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento.

SEÇÃO III Da Responsabilidade por Vício do Produto e do Serviço

Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas. § 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:

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I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso; II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; III - o abatimento proporcional do preço. § 2° Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação do prazo previsto no parágrafo anterior, não podendo ser inferior a sete nem superior a cento e oitenta dias. Nos contratos de adesão, a cláusula de prazo deverá ser convencionada em separado, por meio de manifestação expressa do consumidor. § 3° O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1° deste artigo sempre que, em razão da extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder comprometer a qualidade ou características do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial. § 4° Tendo o consumidor optado pela alternativa do inciso I do § 1° deste artigo, e não sendo possível a substituição do bem, poderá haver substituição por outro de espécie, marca ou modelo diversos, mediante complementação ou restituição de eventual diferença de preço, sem prejuízo do disposto nos incisos II e III do § 1° deste artigo. § 5° No caso de fornecimento de produtos in natura, será responsável perante o consumidor o fornecedor imediato, exceto quando identificado claramente seu produtor. § 6° São impróprios ao uso e consumo: I - os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos; II - os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados, corrompidos, fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as normas regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação; III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se destinam. Art. 19. Os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios de quantidade do produto sempre que, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, seu conteúdo líquido for inferior às indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou de mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: I - o abatimento proporcional do preço; II - complementação do peso ou medida; III - a substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo, sem os aludidos vícios;

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IV - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos. § 1° Aplica-se a este artigo o disposto no § 4° do artigo anterior. § 2° O fornecedor imediato será responsável quando fizer a pesagem ou a medição e o instrumento utilizado não estiver aferido segundo os padrões oficiais. Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível; II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; III - o abatimento proporcional do preço. § 1° A reexecução dos serviços poderá ser confiada a terceiros devidamente capacitados, por conta e risco do fornecedor. § 2° São impróprios os serviços que se mostrem inadequados para os fins que razoavelmente deles se esperam, bem como aqueles que não atendam as normas regulamentares de prestabilidade. Art. 21. No fornecimento de serviços que tenham por objetivo a reparação de qualquer produto considerar-se-á implícita a obrigação do fornecedor de empregar componentes de reposição originais adequados e novos, ou que mantenham as especificações técnicas do fabricante, salvo, quanto a estes últimos, autorização em contrário do consumidor. Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos. Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma prevista neste código. Art. 23. A ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por inadequação dos produtos e serviços não o exime de responsabilidade. Art. 24. A garantia legal de adequação do produto ou serviço independe de termo expresso, vedada a exoneração contratual do fornecedor. Art. 25. É vedada a estipulação contratual de cláusula que impossibilite, exonere ou atenue a obrigação de indenizar prevista nesta e nas seções anteriores.

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Direito do Consumidor para Analista do CNMP.

Professora: Aline Santiago

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§ 1° Havendo mais de um responsável pela causação do dano, todos responderão solidariamente pela reparação prevista nesta e nas seções anteriores. § 2° Sendo o dano causado por componente ou peça incorporada ao produto ou serviço, são responsáveis solidários seu fabricante, construtor ou importador e o que realizou a incorporação.

SEÇÃO IV Da Decadência e da Prescrição

Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em: I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis; II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis. § 1° Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou do término da execução dos serviços. § 2° Obstam a decadência: I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca; II - (Vetado). III - a instauração de inquérito civil, até seu encerramento. § 3° Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito. Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria. Parágrafo único. (Vetado).

SEÇÃO V Da Desconsideração da Personalidade Jurídica

Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração. § 1° (Vetado).

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§ 2° As sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades controladas, são subsidiariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código. § 3° As sociedades consorciadas são solidariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código. § 4° As sociedades coligadas só responderão por culpa. § 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores.

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