aula 01 - direito administrativo

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  • Aula 01

    Direito Administrativo p/ MP-PB (Tcnico - Sem Especialidade e Diligncias e ApoioAdm)Professor: Herbert Almeida

  • Direito Administrativo p/ MP-PB Tcnico Ministerial Sem Especialidade e Diligncias e Apoio Administrativo

    Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Aula 1

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    AULA 1: Ato Administrativo

    Sumrio

    ATOS ADMINISTRATIVOS ................................................................................................................................. 2

    INTRODUO .......................................................................................................................................................... 2 CONCEITO .............................................................................................................................................................. 3 FATO ADMINISTRATIVO E CONCEITOS RELACIONADOS ...................................................................................................... 5 SILNCIO ADMINISTRATIVO ...................................................................................................................................... 11 REQUISITOS, ELEMENTOS OU ASPECTOS DE VALIDADE.................................................................................................... 15 ATRIBUTOS ........................................................................................................................................................... 27 CLASSIFICAO ...................................................................................................................................................... 34 ESPCIES DE ATOS ADMINISTRATIVOS ......................................................................................................................... 39 EXTINO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS ..................................................................................................................... 42 DECADNCIA ADMINISTRATIVA ................................................................................................................................. 46

    QUESTES FCC ................................................................................................................................................ 52

    QUESTES COMENTADAS NA AULA ................................................................................................................ 66

    GABARITO ....................................................................................................................................................... 76

    REFERNCIAS .................................................................................................................................................. 76

    Ol pessoal, tudo bem?

    1DDXODGHKRMHYDPRVHVWXGDURVVHJXLQWHV LWHQVGRHGLWDO Atos Administrativos: conceito; requisitos; atributos; classificao;

    espcies e extino dos atos administrativos Aos estudos, aproveitem!

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    ATOS ADMINISTRATIVOS

    Introduo

    O exerccio da funo executiva da Administrao Pblica se expressa por meio de uma espcie de ato jurdico denominada de ato administrativo. Portanto, o ato administrativo uma espcie do gnero ato jurdico.

    2DQWLJR&yGLJR&LYLOGHQRPLQDYDGHDWRMXUtGLFRRato licito, que tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar ou

    extinguir direitos&RQWXGRRQRYR&yGLJR&LYLO no apresenta mais essa definio, alinhando-se, portanto, doutrina moderna1. Nessa linha, o ato jurdico a manifestao unilateral humana voluntria que possui uma finalidade imediata ou direta de produzir determinada alterao no mundo jurdico2.

    Na teoria geral do direito, podemos definir como fato jurdico em sentido amplo fato jurdico lato sensu o elemento que d origem aos direitos dos sujeitos, impulsionando a criao da relao jurdica, concretizada pelas normas jurdicas3. Em termos mais simples, todo acontecimento que possui algum significado para o direito. O fato jurdico lato sensu abrange:

    a) fato jurdico em sentido estrito o acontecimento independente da vontade humana, que produz efeitos jurdicos. Por exemplo, nascimento, maioridade, decurso do tempo, catstrofe natural que ocasiona a destruio de bens, etc.;

    b) ato jurdico o evento, dependente da vontade humana, que possua a finalidade de realizar modificaes no mundo jurdico.

    No nos interessa aprofundar o conceito de ato jurdico, uma vez que o seu estudo cabe a outras disciplinas. Sabe-se, pois, que ele possui diversas classificaes e que se conceito no unanime na doutrina. Para a nossa aula, contudo, vamos interpret-lo como manifestao da vontade humana unilateral (por exemplo, promessa de recompensa, uma oferta de

    1 Para a doutrina moderna, no h mais a necessidade de um objetivo especfico ? ?adquirir, resguardar, transferir, modificar, e extinguir direitos ? ?, basta que exista a finalidade de produzir efeitos no mundo jurdico (e.g. Carvalho Filho, 2014, p. 101). Todavia, alguns autores, como Hely Lopes Meirelles (2014, p. 159), preservam, no conceito de ato administrativo ? conforme veremos adiante ?, os objetivos especficos previstos no antigo Cdigo Civil. 2 Alexandrino e Paulo, 2011. 3 Diniz, 2012, p. 557.

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    aes de uma sociedade annima, a assinatura de uma nota promissria), seguindo os ensinamentos de Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, deixando o YRFiEXOR FRQWUDWR SDUD H[SUHVVDU RV YtQFXORV MXUtGLFRV TXHdependem da manifestao de vontade de mais de uma pessoa para se aperfeioar.

    A partir da, podemos concluir que o ato administrativo uma espcie especfica de ato jurdico, caracterizando-se, principalmente, pela finalidade pblica.

    Conceito

    De acordo com Hely Lopes Meirelles, o conceito de ato administrativo fundamentalmente o mesmo do ato jurdico, diferenciando-se por ser uma categoria direcionada finalidade pblica.

    Jos dos Santos Carvalho Filho, por outro lado, apresentando uma diferenciao mais completa, aduz que existem trs pontos fundamentais para a caracterizao do ato administrativo:

    a) necessrio que a vontade emane de agente da Administrao Pblica ou de algum dotado das prerrogativas desta;

    b) seu contedo h de propiciar a produo de efeitos jurdicos com fim pblico;

    c) toda a categoria de atos deve ser regida basicamente pelo direito pblico.

    O primeiro ponto que os atos administrativos devem ser praticados por um agente da Administrao Pblica (como um servidor pblico) ou por aqueles que esto dotados das prerrogativas pblicas. Dessa forma, os atos administrativos tambm podem ser praticados por particulares que tenham recebido do Estado, por delegao, o dever de execut-los, ou seja, os particulares investidos da funo pblica. isso que ocorre na concesso, permisso e autorizao de servio pblico.

    Fato jurdico em sentido amplo

    Fato jurdico em sentido estrito

    Ato JurdicoAto

    administrativo

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    No entanto, o ato administrativo s ocorre quando a Administrao Pblica ou os particulares estejam atuando com o fim de atender a uma finalidade pblica. Neste caso, necessrio que eles estejam investidos das prerrogativas do regime-jurdico administrativo, agindo em situao de verticalidade perante o administrado. Por conseguinte, como o ato administrativo ocorre no exerccio das funes pblicas, eles so executados com predomnio do direito pblico.

    Nesse contexto, podemos analisar as definies de alguns de nossos principais doutrinadores:

    Jos dos Santos Carvalho Filho: >@a exteriorizao da vontade de agentes da Administrao Pblica ou de seus delegatrios, nessa condio, que, sob regime

    de direito pblico, vise produo de efeitos jurdicos, com o

    fim de atender ao interesse pblico Maria Sylvia Zanella Di Pietro,

    [...] pode-se definir ato administrativo como a declarao do Estado ou de quem o represente, que produz efeitos jurdicos

    imediatos, com observncia da lei, sob regime jurdico de direito

    pblico e sujeita a controle pelo Poder Judicirio

    Hely Lopes Meirelles, Ato administrativo toda manifestao unilateral de vontade da Administrao Pblica que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e

    declarar direitos, ou impor obrigaes aos administrados ou a si SUySULD

    Celso Antnio Bandeira de Mello, declarao do Estado (ou de quem lhe faa as vezes como, por exemplo, um concessionrio de servio pblico), no exerccio de prerrogativas pblicas, manifestada mediante providncias jurdicas complementares da lei a ttulo de lhe dar cumprimento, HVXMHLWDVDFRQWUROHGHOHJLWLPLGDGHSRUyUJmRVMXULVGLFLRQDO

    Apesar de alguns pontos divergentes, o conceito de ato administrativo, em geral, envolve a manifestao ou declarao da vontade da

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    Administrao Pblica, quando atua na qualidade de Poder Pblico, ou de particulares no exerccio das prerrogativas pblicas, com o objetivo direto de produzir efeitos jurdicos, tendo como finalidade o interesse pblico e sob regime jurdico de direito pblico.

    Acrescenta-se, que os atos administrativos sujeitam-se lei e so sempre passveis de controle judicial. Alis, importante mencionar que os particulares, quando realizam atos administrativos, equiparam-se s autoridades pblicas para fins de controle de legalidade por meio das aes especficas para o controle dos atos estatais, a exemplo do mandado de segurana (CF, art. 5, LXIX) e ao popular (CF, art. 5, LXXIII).

    Alm disso, conforme ensinamentos de Hely Lopes Meirelles, o exerccio da atividade pblica geral engloba trs tipos de atos inconfundveis entre si: (a) atos legislativos (elaborao de normas primrias); (b) atos judiciais (exerccio da jurisdio); (c) atos administrativos.

    Os dois primeiros se referem s funes tpicas dos Poderes Legislativo e Judicirio, enquanto o ltimo trata da funo tpica do Poder Executivo. Contudo, os rgos daqueles Poderes tambm realizam atos administrativos, em particular nos atos de gesto interna, nomeao de servidores, aquisio de material, etc.

    Fato administrativo e conceitos relacionados

    Este um tema bem controverso, uma vez que os principais doutrinadores apresentam conceitos diferentes para fato administrativo.

    Em uma primeira anlise, o fato administrativo tem o sentido de atividade material no exerccio da funo administrativa, que visa a efeitos de ordem prtica para a Administrao. So exemplos a apreenso de mercadorias, a disperso de manifestantes, a limpeza de uma rua.

    Muitas vezes, o fato administrativo a consequncia de um ato administrativo, isto , a operao material do ato administrativo. Dessa forma, aps o Estado manifestar a sua vontade, cumpre o dever de execut-la. Por exemplo, a demolio de um prdio (atividade material fato administrativo) resultante da ordem de servio da administrao (manifestao da vontade ato administrativo); a edio de um decreto

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    (ato administrativo) por ter como consequncia a desapropriao de um bem particular (fato administrativo)4.

    Assim, muitas vezes teremos o fato administrativo como a operao material de um ato administrativo.

    Entretanto, h fatos administrativos que no decorrem de um ato administrativo. Alguns decorrem das chamadas condutas administrativas, isto , as aes da Administrao no formalizadas em um ato administrativo. Por exemplo, a mudana de um departamento de local no , por si s, um ato administrativo. Entretanto, representa uma atuao material da Administrao.

    Alm disso, existem os atos materiais que decorrem dos fenmenos naturais que repercutem na esfera da Administrao. Como exemplos, podemos citar um raio que vier a destruir um bem pblico ou, ento, uma enchente que inutilizar equipamentos pblicos.

    Assim, a partir dos ensinamentos de Jos dos Santos Carvalho Filho, podemos constatar que os fatos administrativos se subdividem em dois grupos: voluntrios e naturais. Os fatos administrativos voluntrios podem se materializar por duas maneiras (a) por atos administrativos, que que formalizam a providncia desejada pelo administrador por meio da manifestao da vontade; (b) por condutas administrativas, que refletem os comportamentos e as aes administrativas. Por outro lado, os fatos administrativos naturais so aqueles que se originam de fenmenos da natureza, cujos efeitos venham a refletir na rbita administrativa.

    Numa segunda definio, apresentada por Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, os fatos administrativos so quaisquer atuaes da Administrao que produzam efeitos jurdicos, sem que esta seja a sua finalidade imediata. Essas atuaes no correspondem a uma manifestao de vontade da Administrao, porm trazem consequncias jurdicas.

    4 Exemplos retirados de Alexandrino e Paulo, 2011, p. 419.

    Fatos administrativos

    Voluntrios

    (a) Os que decorrem de atos administrativos

    (b) Os que decorrem de condutas administrativas

    NaturaisDecorrem de fenmenos da

    natureza

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    Os autores citam como exemplo a coliso de um veculo oficial da Administrao Pblica dirigido por um agente pblico, nesta qualidade, e um veculo particular. No caso, a coliso resultou de uma atuao administrativa e produzir efeitos jurdicos, porm no se trata de ato administrativo, pois no ocorreu uma manifestao de vontade com a finalidade de produzir efeitos jurdicos. Logo, trata-se de um fato administrativo.

    A atuao administrativa gerou consequncias jurdicas, todavia no podemos falar de ato administrativo, j que no houve manifestao de vontade direcionada a produzir esses resultados.

    Uma terceira aplicao vem dos ensinamentos de Maria Sylvia Zanella Di Pietro. Segundo a doutrinadora, o ato sempre imputvel ao homem, enquanto o fato decorre de acontecimentos naturais, que independem do homem ou dele dependem apenas indiretamente. Um exemplo de fato a morte, que algo natural5.

    Quando um fato corresponde a algum efeito contido em norma legal, ele um fato jurdico, pois produz efeitos no Direito. Se este fato produzir efeito no Direito Administrativo, trata-se de um fato administrativo. A morte de um servidor um fato administrativo, pois tem como efeito a vacncia do cargo.

    Dessa forma, Maria Di Pietro s considera como fato administrativo o evento da natureza cuja norma legal preveja algum efeito para o

    Direito Administrativo. Ainda segundo a autora, se o fato no produz efeitos jurdicos no Direito Administrativo, ele ser um fato da administrao.

    Apesar das vrias conceituaes, Alexandrino e Paulo

    apresentam algumas caractersticas comuns para as

    definies de fato administrativo6:

    a) no possuem como finalidade a produo de efeitos jurdicos (conquanto,

    eventualmente, possam decorrer efeitos jurdicos deles);

    b) no h manifestao ou declarao de vontade, com contedo jurdico, da

    administrao pblica;

    c) ? ? ? d) no existe revogao ou anulao de fatos administrativos;

    5 Di Pietro, 2014. 6 Alexandrino e Paulo, 2011, p. 420.

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    e) no faz sentido falar em fatos administrativos discricionrios e vinculados7.

    $WpDJRUDIDODPRVVHPSUHGHGHFODUDomRPDQLIHVWDomRFRQGXWDDWXDomR (QWUHWDQWR QmR IDODPRV FRPR VH FODVVLILFD D RPLVVmR GDAdministrao que possua efeitos jurdicos. Se a Administrao simplesmente no fizer nada e dessa omisso decorrer um efeito jurdico, estaramos fDODQGRHPDWRDGPLQLVWUDWLYR"

    Partindo dos ensinamentos de Bandeira de Mello e de Carvalho Filho, o silncio administrativo (omisso) que possua algum efeito jurdico no pode ser considerado ato jurdico e, portanto, tambm no ato administrativo. Dessa forma, os autores consideram o silncio - como um fato jurdico administrativo.

    Por exemplo, se um cidado requisitar o seu direito de obter certido em reparties pblicas, para a defesa de um direito seu (CF, art. 5, XXXIV), e a Administrao no atender ao pedido dentro do prazo, no teremos um ato administrativo, pois no houve manifestao de vontade. Contudo, a omisso, nesse caso, pode gerar diversos efeitos, pois viola o dever funcional do agente pblico. Alm disso, se a omisso gerar algum dano ao cidado, o Estado poder ser responsabilizado patrimonialmente. Ainda assim, como no houve manifestao, mas ocorreu um efeito jurdico, temos somente um fato jurdico administrativo.

    1. (Cespe ATA/MIN/2013) A construo de uma ponte pela administrao pblica caracteriza um fato administrativo, pois constitui uma atividade pblica material em cumprimento de alguma deciso administrativa.

    Comentrio: segundo o entendimento da banca, em que pese alguns doutrinadores trabalhem de forma distinta, o fato administrativo constitui uma atividade pblica material em cumprimento de alguma deciso administrativa. Gabarito: correto.

    2. (Cespe ATA/MIN/2013) Todos os atos da administrao pblica que produzem efeitos jurdicos so considerados atos administrativos, ainda que sejam regidos pelo direito privado.

    7 K ? ? ? ? ? discutidos ao longo desta aula.

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    Comentrio: nem todos os atos da administrao que produzem efeitos jurdicos so atos administrativos, mas somente aqueles regidos pelo direito pblico. Gabarito: errado.

    3. (Cespe AJ/TRT 10/2013) Os fatos administrativos no produzem efeitos jurdicos, motivo pelo qual no so enquadrados no conceito de ato administrativo. Comentrio: os fatos administrativos causam efeitos jurdicos, mas, diferentemente dos atos administrativos, independem do homem. Gabarito: errado.

    4. (Cespe AJ/TJDFT/2013) A designao de ato administrativo abrange toda atividade desempenhada pela administrao.

    Comentrio: a doutrina menciona a diferena entre atos da Administrao e atos administrativos. Estes ltimos so apenas os atos realizados pela Administrao em posio de superioridade perante os particulares, ou seja, so apenas os atos realizados sob regime jurdico de direito pblico. Os atos da Administrao, por outro lado, so os atos que no se revestem do regime jurdico administrativo, ou seja, so atos de Direito Privado, em que h igualdade entre as partes. Por exemplo, quando a Administrao emite um cheque ela no realiza um ato administrativo, mas um ato da Administrao, uma vez que no existe superioridade nesse tipo de ato. Nessa perspectiva, atos administrativos so aqueles realizados sob Direito Pblico (superioridade), enquanto os atos da Administrao so regidos pelo Direito Privado (horizontalidade). Cabe alertar, no entanto, que alguns doutrinadores referem-se aos atos da Administrao para designar qualquer ato formalizado pela Administrao Pblica. Assim, os atos da Administrao so gnero que abrangem: (a) os atos administrativos; (b) os atos de direito privado; (c) os atos polticos; (d) os atos normativos; (e) os atos materiais (fato administrativo); etc. Portanto, so os atos da Administrao que abrangem toda atividade desempenhada pela Administrao. Logo, o item est errado. Gabarito: errado.

    5. (Cespe ATA/MIN/2013) Quando o juiz de direito prolata uma sentena, nada mais faz do que praticar um ato administrativo.

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    Comentrio: quando um juiz prolata uma sentena, na verdade, ele est exercendo um ato judicial, por ser um ato tpico da funo jurisdicional. Esse o erro da questo. Hely Lopes Meirelles informa que existem trs categorias de atos na atividade pblica em geral: (a) atos legislativos; (b) atos judiciais; e (c) atos administrativos. A deciso do juiz enquadrou-se na categoria de ato judicial. Gabarito: errado.

    6. (Cespe - AA/IBAMA/2013) Ato administrativo corresponde, conceitualmente, a manifestao unilateral de vontade do Poder Executivo, com efeito jurdico imediato, exarada sob o regime jurdico de direito pblico. Comentrio: o ato administrativo a manifestao unilateral da vontade da Administrao Pblica com o objetivo direto de produzir efeitos jurdicos, tendo como finalidade o interesse pblico e sob regime jurdico de direito pblico. Gabarito: errado.

    7. (Cespe - Ana/BACEN/2013) Para concretizar a desapropriao de um imvel, a administrao toma providncia para tomar a posse desse imvel, situao que constitui exemplo de fato administrativo.

    Comentrio: a situao apresentada constitui um fato administrativo decorrente de um ato administrativo (operao material do ato administrativo). Dessa forma, aps o Estado manifestar a sua vontade, ele poder cumprir o seu dever e executar a desapropriao. Gabarito: correto.

    8. (Cespe - AnaTA/MIN/2013) A pavimentao de uma rua pela administrao pblica municipal representa um fato administrativo, atividade decorrente do exerccio da funo administrativa, que pode originar-se de um ato administrativo.

    Comentrio: isso ai. O fato administrativo tem o sentido de atividade material no exerccio da funo administrativa. Assim, a pavimentao de uma rua se enquadra na categoria de fato administrativo. Gabarito: correto.

    9. (Cespe Escrivo/PC-BA/2013) O contrato de financiamento ou mtuo firmado pelo Estado constitui ato de direito privado, no sendo, portanto, considerado ato administrativo.

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    Comentrio: um contrato de financiamento ou mtuo firmado pelo Estado regido pelas normas de direito privado. Neste caso, o Estado est atuando em situao de igualdade perante o administrado. Dessa forma, apenas um ato da administrao, mas no um ato administrativo. Gabarito: correto.

    10. (Cespe DP-DF/2013) A edio de atos administrativos exclusiva dos rgos do Poder Executivo, no tendo as autoridades dos demais poderes competncia para edit-los.

    Comentrio: da mesma forma que o Poder Executivo, os demais poderes tambm realizam atos administrativos. A nomeao de um servidor, por exemplo, pode ocorrer em qualquer um dos poderes e um exemplo de ato administrativo.

    Gabarito: errado.

    Silncio administrativo

    $WpDJRUDIDODPRVVHPSUHGHGHFODUDomRPDQLIHVWDomRFRQGXWDDWXDomR (QWUHWDQWR QmR IDODPRV FRPR VH FODVVLILFD D RPLVVmR GDAdministrao que possua efeitos jurdicos. Se a Administrao simplesmente no fizer nada e dessa omisso decorrer um efeito jurdico, HVWDUtDPRVIDODQGRHPDWRDGPLQLVWUDWLYR"

    Partindo dos ensinamentos de Bandeira de Mello e de Carvalho Filho, o silncio administrativo, isto , a omisso da Administrao quando lhe incumbe o dever de se pronunciar, quando possuir algum efeito jurdico, no poder ser considerado ato jurdico e, portanto, tambm no ato administrativo. Dessa forma, os autores consideram o silncio como um fato jurdico administrativo.

    Por exemplo, se um cidado requisitar o seu direito de obter certido em reparties pblicas, para a defesa de um direito seu (CF, art. 5, XXXIV), e a Administrao no atender ao pedido dentro do prazo, no teremos um ato administrativo, pois no houve manifestao de vontade. Contudo, a omisso, nesse caso, pode gerar diversos efeitos, pois viola o dever funcional do agente pblico. Alm disso, se a omisso gerar algum dano ao cidado, o Estado poder ser responsabilizado patrimonialmente. Ainda assim, como no houve manifestao, mas ocorreu um efeito jurdico, temos somente um fato jurdico administrativo.

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    Nesse sentido, vejamos os claros ensinamentos de Carvalho Filho8,

    Urge anotar, desde logo, que o silncio no revela prtica de ato administrativo, eis que inexiste manifestao formal de vontade; no h, pois, qualquer declarao do agente sobre a sua conduta. Ocorre, isto sim, um fato jurdico administrativo, que, por isso mesmo, h de produzir efeitos na ordem jurdica. (grifos nossos)

    Os efeitos do silncio dependem do que est previsto na lei. Assim, existem hipteses em que a lei descreve as consequncias da omisso da Administrao e outros em que no h qualquer referncia ao efeito decorrente do silncio.

    No primeiro caso quando a lei descrever os efeitos do silncio , poder existir duas situaes: 1) a lei prescreve que o silncio significa manifestao positiva (anuncia tcita); 2) a lei dispe que a omisso significa manifestao denegatria, ou seja, considera que o pedido foi negado.

    Por exemplo, o art. 12, 1, II, da Lei n 10.522/2000, descreve que o pedido de parcelamento de dvida junto Receita Federal do Brasil (RFB) VHUiFRQVLGHUDGRDXWRPDWLFDPHQWHGHIHULGRTXDQGRGHFRUULGRRSUD]RGH90 (noventa) dias, contado da data do pedido de parcelamento sem que a Fazenda Nacional WHQKDVHSURQXQFLDGR Nesse caso, temos uma anuncia tcita, ou seja, um efeito positivo do silncio administrativo.

    Outro exemplo consta no art. 8, pargrafo nico, da Lei n 9.507/1997 (Lei do Habeas Data), que apresenta hipteses em que o mero decurso do prazo, sem pertinente deciso da Administrao Pblica, implica o indeferimento do pedido. Aqui, temos um exemplo de efeito negativo do silncio, isto , uma manifestao denegatria.

    Porm, o certo que, na maior parte dos casos, as leis sequer dispem sobre as consequncias da omisso administrativa. O silncio administrativo, quando no h previso legal de suas consequncias, no possui efeitos jurdicos, sendo necessrio recorrer a outras instncias, como o Poder Judicirio, para que o juiz conceda o direito ou determine que a Administrao se manifeste.

    Em resumo, devemos entender que a omisso s possui efeitos jurdicos quando a lei assim dispuser (negando ou concedendo o pedido). Caso no haja previso legal das consequncias, o silencia no possuir efeitos jurdicos.

    8 Carvalho Filho, 2014, p. 103.

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    O silncio administrativo s possui efeitos

    jurdicos quando a lei assim dispuser

    (negando ou concedendo o pedido).

    Vejamos algumas questes sobre o tema.

    11. (Cespe Admin/SUFRAMA/2014) Caso a administrao seja suscitada a se manifestar acerca da construo de um condomnio em rea supostamente irregular, mas se tenha mantida inerte, essa ausncia de manifestao da administrao ser considerada ato administrativo e produzir efeitos jurdicos, independentemente de lei ou deciso judicial. Comentrio: a ausncia de manifestao da administrao representa um silencio administrativo, que no considerado ato administrativo pela doutrina majoritria. Ademais, o silncio s possuir efeitos quando a lei determinar. Da o erro da questo. Gabarito: errado.

    12. (Cespe ATA/MIN/2013) O silncio administrativo, que consiste na ausncia de manifestao da administrao pblica em situaes em que ela deveria se pronunciar, somente produzir efeitos jurdicos se a lei os previr. Comentrio: o silncio administrativo s possui efeitos jurdicos quando a lei determinar. Nesse caso, a norma dever esclarecer se a omisso possui efeito positivo (anuncia tcita) ou negativo (omisso denegatria). Gabarito: correto.

    13. (Cespe Procurador/Bacen/2013 adaptada) Quando a lei estabelece que o decurso do prazo sem a manifestao da administrao pblica implica aprovao de determinada pretenso, o silncio administrativo configura aceitao tcita, hiptese em que desnecessria a apresentao de motivao pela administrao pblica para a referida aprovao.

    Comentrio: existncia situaes em que a ausncia de manifestao da Administrao, dentro do prazo previsto na norma (decurso do prazo), significa que a pretenso (o pedido do administrado) foi concedida (aceitao tcita). Vimos o exemplo do art. 12, 1, II, da Lei n 10.522/2000, quando a ausncia de pronunciamento em at 90 dias sobre o pedido de parcelamento junto Receita Federal, ser considerada como deferimento do pedido.

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    Nesses casos, como sequer houve manifestao, por bvio no existir necessidade de motivao (apresentao dos motivos). Logo, o item est correto.

    Gabarito: correto.

    14. (Cespe Auditor/TCE-ES/2012) O silncio administrativo consiste na ausncia de manifestao da administrao nos casos em que ela deveria manifestar-se. Se a lei no atribuir efeito jurdico em razo da ausncia de pronunciamento, o silncio administrativo no pode sequer ser considerado ato administrativo.

    Comentrio: comeamos pela parte conceitual. Segundo Carvalho Filho, o VLOrQFLRDGPLQLVWUDWLYRpDRPLVVmRGD$GPLQLVWUDomRTXDQGROKHLQFXPEHPDQLIHVWDomR GH FDUiWHU FRPLVVLYR /RJR WUDWD-se da ausncia de manifestao quando, na verdade, a Administrao deveria ter se manifestado.

    Celso Antnio Bandeira de Mello e Jos dos Santos Carvalho Filho no consideram o silncio como ato administrativo, os autores destacam que se trata de fato jurdico administrativo. Maral Filho, por outro lado, dispe que o silncio, quando significar manifestao de vontade da Administrao, ou seja, quando a lei dispuser os efeitos dele decorrente, poder ser considerado ato administrativo. No d para extrair o entendimento da banca nesse caso, pois ela no afirmou categRULFDPHQWH TXH o silncio administrativo ser considerado ato administrativo quando a lei dispuser os seus efeitos3RUpPR IDWRpTXHsempre que a lei no dispuser sobre os efeitos, o silncio no ser ato administrativo. Assim, o item est correto. Gabarito: correto.

    15. (Cespe Notrios/TJDFT/2008) O silncio administrativo no significa ocorrncia do ato administrativo ante a ausncia da manifestao formal de vontade, quando no h lei dispondo acerca das conseqncias jurdicas da omisso da administrao.

    Comentrio: entendimento semelhante ao anterior. A banca fugiu da polmica, dispondo apenas que, quando a lei no dispuser sobre os efeitos jurdicos, o silncio administrativo no significa ocorrncia de ato administrativo. Assim, mais um item correto.

    Gabarito: correto.

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    Requisitos, elementos ou aspectos de validade

    A doutrina utiliza diversos termos para designar este ponto da nossa aula. Maral Justen Filho se refere aos aspectos dos atos administrativos; Maria Sylvia Zanella Di Pietro prefere falar em elementos; por fim, Hely Lopes Meirelles utiliza a designao de requisitos dos atos administrativos.

    Independentemente da nomenclatura utilizada, o que os autores querem se referir com estes termos sobre os pressupostos de validade dos atos administrativos. Nas lies de Carvalho Filho, isso significa dizer que estar contaminado por vcio de legalidade o ato praticado sem a observncia de qualquer desses pressupostos, sujeitando-o, em regra, anulao.

    Os autores costumam se basear no art. 2 da Lei 4.717/19659 (Lei da Ao Popular) para apresentar os seguintes elementos dos atos administrativos: competncia; finalidade; forma; motivo; e objeto10. Esse posicionamento dominante, prevalecente, portanto, nas bancas de concurso.

    O art. 2 da Lei da Ao Popular dispe que so nulos os

    atos lesivos ao patrimnio nos casos de:

    a) incompetncia; b) vcio de forma; c) ilegalidade do objeto; d) inexistncia

    dos motivos; e) desvio de finalidade.

    Cumpre registrar, porm, que Maria Sylvia Zanella Di Pietro, Maral Justen Filho e Celso Antnio Bandeira de Mello preferem utilizar o termo sujeito no lugar da competncia.

    Em rpidas palavras, podemos definir cada um desses elementos da seguinte forma:

    a) competncia: poder legal conferido ao agente para o desempenho de suas

    atribuies;

    b) finalidade: o ato administrativo deve se destinar ao interesse pblico (finalidade

    geral) e ao objetivo diretamente previsto na lei (finalidade especfica);

    c) forma: o modo de exteriorizao do ato;

    9 10 Nesse sentido: Meirelles (2013, p. 161); Carvalho Filho (2014, pp. 106-121); Alexandrino e Paulo (2011, p. 442).

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    d) motivo: situao de fato e de direito que gera a vontade do agente que pratica

    o ato;

    e) objeto: tambm chamado de contedo, aquilo que o ato determina, a

    alterao no mundo jurdico que o ato se prope a processar, ou seja, o efeito

    jurdico do ato.

    Para facilitar a compreenso, vamos detalhar cada um desses elementos dos atos administrativos.

    Competncia

    Segundo Hely Lopes Meirelles, a competncia administrativa o poder atribudo ao agente para o desempenho especfico de suas funes. As competncias resultam de lei e por ela so delimitadas. Logo, de forma simples, podemos entender as competncias como o poder legal conferido aos agentes pblicos para o desempenho de suas

    atribuies.

    Como j informado, alguns autores preferem utilizar o termo sujeitoUHIHULQGR-se ao agente a quem a lei atribui a competncia legal.

    Alm de ser um poder, a competncia um dever, isso porque o agente competente obrigado a atuar nas condies que a lei o determinou. Quem titulariza uma competncia tem o poder-dever de desempenh-la. No se pode renunciar a competncia, tendo em vista a indisponibilidade do interesse pblico. Portanto, a competncia sempre um elemento vinculado do ato administrativo.

    O Prof. Celso Antnio Bandeira de Mello faz uma anlise

    sobre as caractersticas das competncias, informando

    que elas so11:

    a) de exerccio obrigatrio para os rgos e agentes pblicos;

    b) irrenunciveis, por conseguinte, quem possui as competncias no pode abrir

    mo delas enquanto as titularizar. Admite-se apenas que o exerccio da competncia

    seja, temporariamente, delegado. Porm, nesses casos, a autoridade delegante

    11 Bandeira de Mello, 2014, pp. 149-150.

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    permanece apta a exercer a competncia e pode revogar a delegao a qualquer

    tempo, logo continua com a sua titularidade;

    c) intransferveis, ou seja, no podem ser objeto de transao para repass-las a

    terceiros. Aqui, valem as mesmas observaes feitas acima;

    d) imodificveis pela vontade do prprio titular, uma vez que os seus limites so

    estabelecidos em lei. Ningum pode dilatar ou restringir uma competncia por sua

    prpria vontade, devendo sempre observar as determinaes legais;

    e) imprescritveis, isto , mesmo que a pessoa fique por um longo tempo sem utilizar

    a sua competncia, nem por isso ela deixar de existir.

    De forma semelhante, Carvalho Filho ensina que a competncia inderrogvel, isto , no se transfere a terceiros por acordo entre as partes ( o mesmo que intransfervel); e improrrogvel, ou seja, no se ganha com o tempo pela simples prtica do ato. A improrrogabilidade significa que a incompetncia no se transmuda em competncia ao longo do tempo. Dessa forma, se um agente no tiver competncia para certa funo, no poder vir a t-la pela simples ausncia de questionamento dos atos que praticou, a no ser que a antiga norma seja modificada.

    Aps essa exposio inicial, vamos detalhar alguns pontos importantes da competncia: a delegao e a avocao.

    Avocao e delegao

    A Lei 9.784/1999 (Lei do Processo Administrativo) um importante parmetro quando se fala em delegao e avocao de competncias. Apesar de ser uma lei destinada apenas ao Governo Federal, a norma incorporou o pensamento doutrinrio e, por conseguinte, fonte de estudo para qualquer situao.

    A delegao de competncia envolve a transferncia da execuo ou da incumbncia da prestao do servio, sendo que a titularidade permanece com o delegante, que poder, a qualquer momento, revogar a delegao (Lei 9.784, art. 14, 212). Nesse contexto, o art. 11 da Lei do Processo Administrativo estabelece que a competncia irrenuncivel e se exerce pelos rgos administrativos a que foi atribuda como prpria, salvo os casos de delegao e avocao legalmente admitidos.

    12 Art. 14. [...] 2o O ato de delegao revogvel a qualquer tempo pela autoridade delegante.

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    A delegao, desde que no exista impedimento legal, pode ocorrer para rgos ou agentes, subordinados ou no, ou seja, possvel delegar uma atribuio, ainda que no haja hierarquia entre o delegante (aquele que delega a atribuio) e o delegado (aquele que recebe a atribuio). Quando existir hierarquia, a delegao se efetivar por meio de ato unilateral, efetivando-se independentemente do consentimento ou concordncia do rgo ou autoridade delegada. Por outro lado, se no houver hierarquia, a delegao depender de concordncia do rgo ou agente que recebe a delegao, ou seja, ocorrer por ato bilateral. Por exemplo, os DETRANs estaduais que so autarquias podem delegar competncias s polcias militares rgos da administrao direta dos estados por meio de convnio para o exerccio das funes da polcia de trnsito, inclusive para a aplicao de multas13.

    Dessa forma, conforme dispe a Lei 9.784/1999 (art. 12), um rgo administrativo e seu titular podero, se no houver impedimento legal,

    delegar parte da sua competncia a outros rgos ou titulares, ainda que

    estes no lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for

    conveniente, em razo de circunstncias de ndole tcnica, social,

    econmica, jurdica ou territorial. possvel, inclusive, que os rgos colegiados (tribunais, conselhos,

    etc.) efetuem delegao de competncias aos seus respectivos presidentes (art. 12, pargrafo nico). Por exemplo, um tribunal poderia delegar uma competncia administrativa, como a homologao de promoo de um servidor, ao seu respectivo presidente.

    Dessa forma, podemos concluir que a regra a possibilidade de delegao, isto , s no ser possuir delegar uma competncia se houver algum impedimento em lei. Nessa linha, o art. 13 da Lei estabelece os casos que no podem ser objeto de delegao:

    a) a edio de atos de carter normativo;

    b) a deciso de recursos administrativos uma vez que os recursos administrativos decorrem da hierarquia e, portanto, devem ser decididos por instncias diferentes, sob pena de perder o sentido14;

    13 Furtado, 2012, p. 209. 14 Di Pietro, 2014, p. 214.

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    c) as matrias de competncia exclusiva do rgo ou autoridade como a competncia exclusiva, se ocorrer delegao, ocorrer tambm uma ilegalidade.

    No podem ser objeto de delegao (a) a

    edio de atos de carter normativo; (b) a

    deciso de recursos administrativos; e (c) as

    matrias de competncia exclusiva do rgo

    ou autoridade .

    Ademais, algumas formalidades devem ser observadas para que a delegao seja efetiva (art. 14): (a) o ato de delegao e sua revogao devero ser publicados em meio oficial; (b) o ato de delegao deve especificar as matrias e poderes transferidos, os limites da atuao do delegado, a durao e os objetivos da delegao e o recurso cabvel, podendo conter ressalva de exerccio da atribuio delegada.

    A Lei dispe, ainda, que as decises adotadas por delegao devem mencionar explicitamente esta qualidade. Por exemplo, se o Presidente da Repblica delegar uma atribuio a um ministro de Estado, quando o ministro editar o ato, dever informar, de forma expressa, que o est fazendo por meio de delegao.

    Alm disso, quando ocorre delegao, considera-se que o ato praticado pelo delegado. No nosso exemplo, a realizao dos atos ser imputada ao ministro de Estado e, portanto, a responsabilidade recair sobre ele (art. 14, 3).

    Quanto avocao, cujo contedo no foi to detalhado pela Lei como IRLDGHOHJDomRpGHILQLGDSRU+HO\/RSHV0HLUHOOHVFRPRchamar para si funes originalmente atribudas a um subordinado15. Dessa forma, a avocao o contrrio da delegao, porm com algumas particularidades. Enquanto a delegao pode ser feito com ou sem hierarquia, a avocao s possvel se existir hierarquia entre os rgos ou agentes envolvidos.

    De acordo com a Lei 9.784/1999 (art. 15), ser permitida, em carter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados, a avocao

    temporria de competncia atribuda a rgo hierarquicamente inferior.

    15 Meirelles, 2013, p. 131.

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    Do dispositivo acima, possvel perceber que a avocao uma medida de exceo, que s poder ocorrer por motivos relevantes, devidamente justificados e somente de forma temporria. Conforme saliente Meirelles, a avocao s deve ser adotada quando houver motivos relevantes, eis que a avocao sempre desprestigia o inferior e, muitas vezes, desorganiza o normal funcionamento do servio.

    Apesar de ser uma medida de exceo, a Lei 9.784/1999 no dispe expressamente quando poder ou no ocorrer a delegao. A doutrina enfatiza apenas que no poder ocorrer avocao quando a competncia exclusiva do subordinado, uma vez que um ato administrativo no pode se sobrepor Lei.

    Finalidade

    A finalidade o objetivo de interesse pblico a atingir. Todo ato administrativo deve ser praticado com o fim pblico. Dessa forma, a finalidade um elemento vinculado do ato administrativo, pois no se concebe a atuao dos rgos e agentes pblicos fora do interesse pblico ou da finalidade expressamente prevista em lei.

    Nesse contexto, a finalidade divide-se em finalidade geral (sentido amplo) e finalidade especfica (sentido estrito). A finalidade geral sempre a satisfao do interesse pblico, pois nisso que se pauta toda a atuao da Administrao Pblica. A finalidade especfica, por sua vez, aquele que a lei elegeu para o ato.

    Vale dizer novamente, em sentido amplo, a finalidade sinnimo de interesse pblico, pois todo ato administrativo deve ser realizado para alcanar o interesse pblico. Em sentido estrito, por outro lado, significa a finalidade especfica do ato, que aquela que decorre da lei.

    Enquanto a finalidade geral comum a todos os atos administrativos, a finalidade especfica difere-se para cada ato, conforme dispuser as normas legais.

    Por exemplo, a remoo de ofcio de servidor pblico, prevista na Lei 8.112/1990, possui como finalidade geral o interesse pblico e como finalidade especfica adequar a quantidade de servidores dentro de cada unidade administrativa. Imagine que um servidor tenha cometido uma infrao (por exemplo, faltou injustificadamente ao servio) e, por causa disso, a autoridade competente tenha determinado a sua remoo de ofcio para uma localidade distante, com a finalidade de punir o agente pblico.

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    Nesse caso, a punio do agente atende ao interesse pblico, pois interesse da coletividade punir um agente no desempenhe suas atribuies de maneira correta. Contudo, a finalidade especfica da remoo de ofcio no a punio do agente, mas adequar o quantitativo de servidores em cada unidade. Por consequncia, o ato ser invlido.

    Portanto, os atos administrativos, sob pena de invalidao, devem atender, concomitantemente, a finalidade geral e a finalidade especificamente prevista em lei.

    Desvio de finalidade

    Segundo a Lei 4.717/1965, o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto, explcita ou

    implicitamente, na regra de competncia. 3RU UHJUD GH FRPSHWrQFLDdevemos entender a lei que atribuiu a competncia ao agente. Dessa forma, se o ato for praticado com finalidade distinta daquele prevista em lei, teremos a ocorrncia do chamado desvio de finalidade.

    A anlise do desvio de finalidade deve ocorrer em conjunto com a competncia. Isso porque, no desvio de finalidade, o agente competente para desempenhar o ato, porm o faz com finalidade diversa. Por consequncia, o ato sofre de vcio insanvel. Trata-se de ato nulo, no sujeito convalidao.

    Assim como existem dois tipos de finalidade (geral e especfica), existem tambm dois tipos de desvio de finalidade16:

    a) quando o agente busca finalidade distinta do interesse pblico (por exemplo, realizar uma desapropriao com o objetivo exclusivo de favorecer ou prejudicar algum);

    b) quando o agente realiza um ato condizente com o interesse pblico, mas com finalidade especfica diferente da prevista em lei (o exemplo da remoo de ofcio enquadra-se perfeitamente neste caso).

    Por fim, vale mencionar podem existir atos realizados com o objetivo de atender aos interesses privados, desde que tambm atendam s finalidades geral e especfica do ato administrativo. Por exemplo, os atos de permisso e autorizao de servio pblico (atos negociais) atendem os interesses particulares (das pessoas que desejam explorar os servios),

    16 Alexandrino e Paulo, 2011, p. 449.

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    mas sero vlidos desde que satisfaam os dois sentidos de finalidades mencionadas.

    Forma

    A forma o revestimento exteriorizador do ato administrativo, constituindo um elemento vinculado, pelo menos na doutrina dominante. Podemos analisar a forma em dois sentidos:

    a) sentido estrito: demonstra a forma como o ato se exterioriza, isto , como a declarao de vontade da Administrao se apresenta. Fala-se, nesse caso, em forma escrita ou verbal, de decreto, portaria, resoluo, etc. Por exemplo a autorizao para dirigir se apresenta na forma da Carteira Nacional de Habilitao - CNH;

    b) sentido amplo: representa todas as formalidades que devem ser observadas durante o processo de formao da vontade da Administrao, incluindo os requisitos de publicidade do ato. Voltando ao exemplo da CNH, o sentido amplo representa o processo de concesso da autorizao (requerimento do interessado, realizao dos exames, das provas, dos testes, at a expedio da Carteira).

    Dessa forma, podemos perceber que a forma representa tanto a exteriorizao quanto as formalidades para a formao da vontade da Administrao.

    Princpio da solenidade

    Os atos administrativos devem ser apresentados em uma forma especfica prevista na lei. Todo ato administrativo, em regra, formal. Assim, enquanto no direito privado a formalidade a exceo, no direito pblico ela a regra.

    A forma predominante sempre a escrita, mas os atos administrativos podem se apresentar por gestos (p. ex. de guardas de trnsito), palavras (p. ex. atos de polcia de segurana pblica) ou sinais (p. ex. semforos ou placas de trnsito)17. Ressalta-se, contudo, que esses meios so exceo, pois buscam atender a situaes especficas.

    Como exemplo, podemos trazer o caso previsto no art. 60, pargrafo nico, da Lei 8.666/1993, que determina nulo e de nenhum efeito o contrato verbal com a Administrao, salvo o de pequenas compras de

    17 Exemplos de Carvalho Filho, 2014, p. 112.

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    pronto pagamento, assim entendidas aquelas de valor no superior R$ 4.000,00 (quatro mil reais), feitas em regime de adiantamento. Percebe-se, pois, que a regra a formalizao escrita dos atos administrativos, admitindo-se, em carter excepcional, a forma verbal.

    Vcios de forma

    Uma vez que a forma dos atos administrativos definida em lei, a sua inobservncia representa a invalidao do ato por vcio de legalidade (especificamente, vcio de forma). No entanto, Carvalho Filho dispe que a mencionada regra deve ser analisada sobre o aspecto da razoabilidade por parte do intrprete.

    Em algumas situaes, o vcio de forma representar mera irregularidade sanvel. Isso ocorre quando o vcio no atinge a esfera de direito do administrado, podendo ser corrigido por convalidao. Por exemplo, quando a lei determina que um ato administrativo seja IRUPDOL]DGRSRUXPDRUGHPGHVHUYLoRPDVRDJHQWHVHXWLOL]RXGHXPDportaria, no h qualquer violao de direito, podendo ser feita a correo deste ato.

    Contudo, o vcio de forma ser insanvel quando afetar o ato em seu prprio contedo. Portanto, podem gerar a invalidao, em decorrncia de vcio da forma, defeitos considerados essenciais para a prtica do ato administrativo, inclusive quanto ao procedimento especfico em atos que afetem direitos dos administrados. Por exemplo, uma resoluo que declare de utilidade pblica um imvel para fins de desapropriao, quando a lei exige decreto do chefe do Poder Executivo (art. 6, DL 3.365/1941); a demisso de um servidor estvel, sem observar o procedimento disciplinar (CF, art. 41, 1, II); a contratao de uma empresa para prestar servios sem o devido procedimento licitatrio (CF, art. 37, XXI).

    Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo chamam a ateno que a motivao declarao escrita dos motivos que levaram a prtica do ato integra a forma do ato. Assim, a ausncia de motivao quando ela obrigatria, acarretar a nulidade do ato.

    Motivo

    O motivo, tambm chamado de causa, a situao de direito ou de fato que determina ou autoriza a realizao do ato administrativo. O pressuposto de direito do ato o conjunto de requisitos previsto na

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    norma jurdica (o que a lei determina que deva ocorrer para o ato ser realizado). O pressuposto de fato a concretizao do pressuposto de direito. Assim, o pressuposto de direito encontrado na norma, enquanto RSUHVVXSRVWRGHIDWRpDRFRUUrQFLDQRPXQGRUHDO

    Por exemplo, o Cdigo de Trnsito Brasileiro estabelece como uma das hipteses de aplicao de multa dirigir sob a influncia de lcool ou de qualquer outra substncia psicoativa que determine dependncia (CTB, art.165), esse o pressuposto de direito. Se um agente de trnsito constatar uma pessoa embriagada dirigindo um veculo automotor em via pblica, estaremos diante de um pressuposto de fato.

    O motivo pode estar previsto em lei, caso em que ser um elemento vinculado; ou pode ser deixado a critrio do administrador, quando teremos um ato discricionrio.

    Conforme ensinam Alexandrino e Paulo, quando o ato vinculado, a lei descreve, de forma completa e objetiva, a situao de fato, que, uma vez ocorrida no mundo real, determina obrigatoriamente prtica de ato administrativo cujo contedo dever ser o exatamente previsto em lei.

    Por outro lado, quando se trata de ato discricionrio, a lei autoriza a prtica do ato, quando ocorrer determinado fato. Caso se constate o fato, a Administrao pode ou no praticar o ato. Por exemplo, a Lei 8.112/1990 estabelece que, a critrio da Administrao, podero ser concedidas ao servidor ocupante de cargo efetivo, desde que no esteja em estgio probatrio, licenas para o trato de assuntos particulares pelo prazo de at trs anos consecutivos, sem remunerao (art. 91). Caso o agente pblico apresente o requerimento solicitando a licena (motivo), a autoridade far a anlise de convenincia e oportunidade, concedendo ou no a licena.

    Em outros casos, a lei faculta que a Administrao escolha ente diversos objetos, conforme a valorao dos motivos que se apresentam. Exemplificando, a Estatuto dos Servidores Pblicos do Governo Federal prev a aplicao de suspenso em caso de reincidncia das faltas punidas com advertncia, no podendo exceder de 90 (noventa) dias. Constatada situao como essa, a autoridade far a valorao dos motivos (a gravidade da infrao, os prejuzos decorrentes, a reputao do agente pblico, etc.) e poder escolher a pena a ser aplicada (objeto), limitando-se a no exceder os noventa dias.

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    Teoria dos motivos determinantes

    Motivo e motivao so coisas distintas. Aquele corresponde aos pressupostos de fato e de direito do ato administrativo, enquanto esta se refere exposio ou declarao por escrito do motivo da realizao do ato.

    Por exemplo, a lei diz que o motivo para a aplicao da multa o estacionamento em local proibido. Se o agente de trnsito fundamentar o ato, escrevendo em seu boletim o motivo da aplicao da multa, estar motivando o ato.

    A motivao obrigatria em todos os atos vinculados e na maioria dos atos discricionrios. Porm, se o gestor decidir motivar seu ato quando a lei no obrigou, estar se vinculando motivao apresentada.

    Exemplificando: o ato de exonerao de um secretrio municipal discricionrio do prefeito e no precisa ser motivado. Caso o prefeito motive a exonerao do secretrio de educao em decorrncia de falta injustificada por dez dias, e, mais tarde, ficar comprovado que essa falta no ocorreu e que o motivo da exonerao foi outro, o ato estar sujeito anulao.

    16. (Cespe - AnaTA MJ/2013) O motivo do ato administrativo no se confunde com a motivao estabelecida pela autoridade administrativa. A motivao a exposio dos motivos e integra a formalizao do ato. O motivo a situao subjetiva e psicolgica que corresponde vontade do agente pblico.

    Comentrio: o item comea muito bem, porm o motivo o pressuposto de fato e de direito que determina ou autoriza a realizao do ato administrativo, no se trata se uma situao subjetiva ou psicolgica. Gabarito: errado.

    17. (Cespe - Tec/BACEN/2013) Define-se o requisito denominado motivao como o poder legal conferido ao agente pblico para o desempenho especfico das atribuies de seu cargo.

    Comentrio: a definio de motivao se refere exposio ou declarao por escrito do motivo da realizao do ato.

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    O que foi apresentado na assertiva no corresponde motivao, mas sim competncia. Gabarito: errado.

    Objeto

    O objeto o contedo do ato administrativo. o que efetivamente cria, extingue, modifica ou declara, isto , o efeito jurdico que o ato produz. Vejamos alguns exemplos: na concesso de licena ao servidor, o objeto a prpria licena; na emisso de uma Carteira Nacional de Habilitao, o objeto a licena para dirigir; na exonerao de um servidor, o objeto a prpria exonerao.

    Assim como o motivo, o objeto pode ser vinculado ou discricionrio. Ser vinculado quando a lei estabelecer exatamente o contedo do ato. No caso da licena paternidade prevista na Lei 8.112/1990, a durao de cinco dias consecutivos. No h margem de escolha, uma vez que o motivo (nascimento ou adoo de filhos) e o seu objeto (licena de cinco dias consecutivos) esto expressamente previstos em lei.

    Por outro lado, a lei pode no definir exatamente o objeto, deixando uma margem de escolha ao agente. Por exemplo, se uma lei determinar que a Administrao poder aplicar sano ao administrado que infringir uma norma de construo, estabelecendo a possibilidade de aplicao de multa entre os valores de R$ 500,00 (quinhentos reais) at R$ 10.000,00 (dez mil reais), ou a aplicao de suspenso da obra. Caber ao agente pblico, respeitando os princpios administrativos, decidir pela suspenso ou multa, inclusive quanto ao valor desta ltima.

    Requisitos de validade

    Existem trs requisitos para que o objeto do ato administrativo seja vlido (CC, art. 104, II):

    a) licitude: o objeto do ato administrativo deve ser lcito. No caso da atuao administrativa, tendo em vista o princpio da legalidade, o objeto deve ser permitido em lei, vez que o administrador s pode atuar quando h lei determinando ou autorizando;

    b) possibilidade: o objeto deve ser possvel, ou seja, suscetvel de ser realizado (por exemplo, no se pode conceder licena a um servidor falecido, uma vez que este objeto no possvel);

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    c) determinao: o objeto deve ser definido, determinado ou, ao menos, determinvel (uma licena, um ato de autorizao de servio pblico deve definir o que se est autorizao, as condies de prestao do servio, etc.).

    18. (Cespe AJ/TRT-10/2013) Consoante a doutrina, so requisitos ou elementos do ato administrativo a competncia, o objeto, a forma, o motivo e a finalidade. Comentrio: esses so os requisitos dos atos administrativos. Lembrando que competncia, finalidade e forma so sempre vinculados, enquanto motivo e objeto podem ser discricionrios. Gabarito: correto.

    Atributos

    Os atributos, tambm chamados de caractersticas, dos atos administrativos so as qualidades que os diferem dos atos privados. So, portanto, as caractersticas que permitem afirmar que o ato se submete o ao regime jurdico de direito pblico.

    Apesar das divergncias, existem quatro atributos dos atos administrativos:

    a) presuno de legitimidade ou veracidade;

    b) imperatividade;

    c) autoexecutoriedade;

    d) tipicidade (Maria Sylvia Zanella Di Pietro).

    Segundo Alexandrino e Paulo18, os atributos de imperatividade e autoexecutoriedade so observveis apenas em alguns tipos de atos administrativos.

    Presuno de legitimidade ou veracidade

    Apesar de serem tratados em conjunto, legitimidade e veracidade apresentam aspectos distintos. Pela legitimidade pressupe-se, at que

    18 Alexandrino e Paulo, 2011, p. 464.

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    se prove o contrrio, que os atos foram editados em conformidade com a lei. A veracidade, por sua vez, significa que os fatos alegados pela Administrao presumem-se verdadeiros (por exemplo, quando um agente de trnsito aplica uma multa por ter visto um motorista dirigindo falando ao celular, presume-se que de fato isso ocorreu, cabendo ao motorista provar contrrio).

    7RGDYLD p XVXDO XWLOL]DU RV WHUPRV SUHVXQomR GH OHJLWLPLGDGH RXSUHVXQomRGHOHJDOLGDGHSDUDVHUHIHULUWDQWRjFRQIRUPDomRGRDWRFRPa lei, quanto veracidade dos fatos alegados. Assim, de agora em diante, vamos tratar a veracidade e legitimidade como um nico atributo, utilizando os termos indistintamente.

    A presuno de legitimidade decorre de vrios fundamentos, em particular pela necessidade de assegurar celeridade no cumprimento dos atos administrativos, uma vez que eles tm como fim atender ao interesse pblico, predominando sobre o particular. Imagine se a legitimidade de todos os atos administrativos dependesse de avaliao prvia do Poder Judicirio, o desempenho da funo administrativa se tornaria excessivamente lenta.

    Por conseguinte, a presuno de veracidade, gera trs consequncias:

    a) enquanto no se for decretada a invalidade, os atos produziro os seus efeitos e devem ser, portanto, cumpridos. Assim, enquanto a prpria Administrao ou o Poder Judicirio no invalidarem o ato, ele dever ser cumprido. A Lei 8.112/1990 apresenta uma exceo, permitindo que um servidor deixe de cumprir uma ordem quando for manifestamente ilegal;

    b) inverso do nus da prova: a presuno de legitimidade relativa (iuris tantum), pois admite prova em contrrio. Porm, a decorrncia deste atributo a inverso do nus da prova, uma vez que caber ao administrado provar a ilegalidade do ato administrativo;

    c) a nulidade s poder ser decretada pelo Poder Judicirio quando houver pedido da pessoa: aqui, vamos apresentar os ensinamentos de Maria Sylvia Zanella Di Pietro19:

    [...] o Judicirio no pode apreciar ex officio a validade do ato; sabe-se que, em relao ao ato jurdico privado, o artigo 168 do CC determina que as nulidades absolutas podem ser alegadas por qualquer interessado ou pelo Ministrio Pblico, quando lhe couber intervir, e devem ser pronunciados pelo juiz, quando conhecer do ato ou dos seus efeitos; o mesmo no ocorre

    19 Di Pietro, 2014, p. 208.

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    em relao ao ato administrativo, cuja nulidade s pode ser decretada pelo Judicirio a pedido da pessoa interessada;

    19. (Cespe Agente Administrativo/DPF/2014) H presuno de legitimidade e veracidade nos atos praticados pela administrao durante processo de licitao.

    Comentrio: a presuno de legitimidade e veracidade uma das quatro caractersticas dos atos administrativos. Alm dela, temos ainda a imperatividade, a autoexecutoriedade e a tipicidade. Gabarito: correto.

    20. (Cespe AA/Anac/2012) O atributo da presuno de legitimidade o que autoriza a ao imediata e direta da administrao pblica nas situaes que exijam medida urgente.

    Comentrio: a afirmao contida na assertiva versa sobre o atributo da autoexecutoriedade.

    A presuno de legitimidade, por sua vez, se refere conformao do ato com a lei, enquanto que a veracidade afirma que os fatos alegados pela Administrao presumem-se verdadeiros. Gabarito: errado.

    Imperatividade

    Pela imperatividade os atos administrativos impem obrigaes a terceiros, independentemente de concordncia. Com efeito, a imperatividade depende, sempre, de expressa previso legal.

    A imperatividade pode ser chamada de poder extroverso do Estado, significando que o Poder Pblico pode editar atos que vo alm da esfera jurdica do sujeito emitente, adentrando na esfera jurdica de terceiros, constituindo unilateralmente obrigaes.

    Lgico que a imperatividade no est presente em todos os atos administrativos, mas to somente naqueles que imponham obrigaes aos administrados. Portanto, no possuem esse atributo os atos que concedem

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    direitos (concesso de licena, autorizao, permisso, admisso) ou os atos enunciativos (certido, atestado, parecer)20.

    Autoexecutoriedade

    A autoexecutoriedade consiste na possibilidade que certos atos ensejam de imediata e direta execuo pela Administrao, sem necessidade de ordem judicial. Permite, inclusive, o uso da fora para colocar em prtica as decises administrativas.

    No se est dizendo que a autoexecutoriedade afasta a apreciao judicial, algo que seria inadmissvel segundo a Constituio Federal (art. 5, XXXV). Deve-se lembrar que alguns atos administrativos podem gerar graves prejuzos ao administrado. justamente por isso que o particular possui diversas medidas para socorrer ao Poder Judicirio buscando as medidas liminares para suspender a eficcia do ato administrativo, tenha ele iniciado ou no21. Assim, sempre que se sentir prejudicado, o particular poder recorrer ao Poder Judicirio para impedir a execuo do ato administrativo.

    Dessa forma, a autoexecutoriedade refere-se possibilidade de a Administrao fazer valer suas decises sem ordem judicial, mas no afasta o direito do administrado de buscar o socorre no Poder Judicirio se achar que seus direitos esto sendo prejudicados indevidamente.

    A autoexecutoriedade no est presente em todos os atos administrativos. Ela existe em duas situaes: (a) quando estiver expressamente prevista em lei; (b) quando se tratar de medida urgente.

    Na primeira situao, podemos exemplificar com as diversas medidas autoexecutrias previstas para os contratos administrativos, como a possibilidade de reteno da cauo, a utilizao das mquinas e equipamentos para dar continuidade aos servios pblicos, a encampao, etc.; quando se trata do exerccio do poder de polcia, podemos mencionar a apreenso de mercadorias, a cassao de licena para dirigir, etc.

    As medidas urgentes, por outro lado, ocorrem quando a medida deve ser adotada de imediato, sob pena de causar grande prejuzo ao interesse pblico. Um exemplo a destruio de um imvel com risco iminente de

    20 Di Pietro, 2014, p. 209. 21 Carvalho Filho, 2014. P. 124.

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    desabamento. Caso se depare com uma situao como essa, a autoridade administrativa poder determinar, de imediato, a demolio.

    O Prof. Celso Antnio Bandeira de Mello no fala em autoexecutoriedade. Para o doutrinador, existem, na verdade, dois atributos distintos: a exigibilidade e a executoriedade. Pela primeira, a Administrao impele o administrado por meios indiretos de coao. Por exemplo, se a Administrao determinar que o particular construa uma calada, mas ele se recusar a faz-la, o Poder Pblico poder aplicar-lhe uma multa, em precisar socorrer ao Poder Judicirio para isso. A multa um meio indireto de coao, mas no obriga materialmente o particular a construir a calada.

    Na executoriedade, por outro lado, a Administrao, por seus prprios meios, compele o administrado. Verifica-se a executoriedade, por exemplo, na dissoluo de uma passeata, na apreenso de medicamentos vencidos, na interdio de uma fbrica, na internao compulsria de uma pessoa com molstia infectocontagiosa em perodo de epidemia, etc. Nesses casos, a Administrao poder utilizar at mesmo a fora para obrigar o particular a cumprir a sua determinao.

    Em sntese, a exigibilidade ocorre somente por meios indiretos, enquanto a executoriedade mais forte, possibilitando a coao direta ou material para a observncia da lei.

    Outro exemplo bem interessante apresenta pelo Prof. Bandeira de Mello, vejamos22:

    Ainda um exemplo: a Administrao pode exigir que o administrado demonstre estar quite com os impostos municipais relativos a um dado terreno, sem o qu no expedir o alvar de construo pretendido pelo particular, o que demonstra que os impostos so exigveis, mas no pode obrigar coercitivamente, por meios prprios, o contribuinte a pagar os impostos. A fim de obt-lo necessitar mover ao judicial.

    Logo, no exemplo apresentado, os impostos so exigveis pelos meios indiretos (como exigncia para expedir o alvar), todavia, se ainda assim o particular se recusar a efetuar o pagamento, a Administrao precisar mover a ao judicial para efetuar a cobrana.

    22 Bandeira de Mello, 2014, p. 424.

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    21. (Cespe - AAmb/IBAMA/2013) O IBAMA multou e interditou uma fbrica de solventes que, apesar de j ter sido advertida, insistia em dispensar resduos txicos em um rio prximo a suas instalaes. Contra esse ato a empresa impetrou mandado de segurana, alegando que a autoridade administrativa no dispunha de poderes para impedir o funcionamento da fbrica, por ser esta detentora de alvar de funcionamento, devendo a interdio ter sido requerida ao Poder Judicirio. Em face dessa situao hipottica, julgue o item seguinte. Um dos atributos do ato administrativo executado pelo IBAMA na situao em questo o da autoexecutoriedade, que possibilita ao poder pblico obrigar, direta e materialmente, terceiro a cumprir obrigao imposta por ato administrativo, sem a necessidade de prvia interveno judicial. Comentrio: perfeito! A autoexecutoriedade consiste na possibilidade que certos atos ensejam de imediata e direta execuo pela Administrao, sem necessidade de ordem judicial. Existe, inclusive, a possibilidade de uso da fora para que as decises sejam estabelecidas. Gabarito: correto.

    22. (Cespe - AJ/TRT 10/2013) Em razo da caracterstica da autoexecutoriedade, a cobrana de multa aplicada pela administrao no necessita da interveno do Poder Judicirio, mesmo no caso do seu no pagamento.

    Comentrio: a primeira parte da questo est correta. possvel efetuar a cobrana de uma multa, desde que enquadrada nos casos especficos para a autoexecutoriedade, sem recorrer ao Poder Judicirio. Contudo, no caso de no pagamento da multa, apenas uma ao judicial poder obrigar a quitao da dvida.

    Gabarito: errado.

    23. (Cespe - Tec/BACEN/2013) A autoexecutoriedade um atributo presente em todos os atos administrativos.

    Comentrio: essa caracterstica poder ser aplicada em situaes pontuais, quais sejam, x quando prevista expressamente em lei; ou x quando se tratar de medida de urgncia.

    Afora essas situaes, no estar presente o atributo da autoexecutoriedade.

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    Gabarito: errado.

    Tipicidade

    O atributo da tipicidade descrito na obra de Maria Sylvia Zanella Di Pietro. De acordo com a doutrinadora, a tipicidade o atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a figuras previamente definidas em lei como aptas a produzir determinados resultados.

    Este atributo est relacionado com o princpio da legalidade, determinando que a Administrao s pode agir quando houver lei determinando ou autorizando. Logo, para cada finalidade que a Administrao pretenda alcanar, deve existir um ato definido em lei.

    Di Pietro apresenta uma dupla aplicao da tipicidade: (a) impede que a Administrao pratique atos dotados de imperatividade e executoriedade, vinculando unilateralmente o particular, sem que exista previso legal; (b) afasta a possibilidade de ser praticado ato totalmente discricionrio, vez que a lei, ao prever o ato, j define os limites em que a discricionariedade poder ser exercida.

    Por fim, a tipicidade s existe em relao aos atos unilaterais, ou seja, nas situaes em que h imposio de vontade da Administrao. Logo, no existe nos contratos, que dependem sempre da aceitao do particular.

    24. (Cespe TJ/TRT-10/2013) Segundo a doutrina, os atos administrativos gozam dos atributos da presuno de legitimidade, da imperatividade, da exigibilidade e da autoexecutoriedade.

    Comentrio: dispensa comentrios. Poderamos incluir ainda a tipicidade, mas como a questo no disse que so apenas esses, no deixa de estar correta.

    Gabarito: correto.

    25. (Cespe Adm/MIN/2013) O atributo da imperatividade no est presente em todos os atos administrativos.

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    Comentrio: a imperatividade requer expressa previso legal. Assim, no est presente em todos os atos administrativos. Alm disso, os atos enunciativos e negociais no gozam desse atributo. Gabarito: correto.

    26. (Cespe - Tec/MPU/2013) Dada a imperatividade, atributo do ato administrativo, devem-se presumir verdadeiros os fatos declarados em certido solicitada por servidor do MPU e emitida por tcnico do rgo.

    Comentrio: devido ao atributo da presuno de legitimidade ou veracidade, deve-se acreditar que os fatos alegados em certido so verdadeiros. A imperatividade, no entanto, afirma que os atos administrativos impem obrigaes a terceiros, independentemente de concordncia. Gabarito: errado.

    Classificao

    Vamos adotar a classificao de Hely Lopes Meirelles para apresentar a classificao dos atos administrativos.

    Atos gerais e individuais

    Os atos gerais ou normativos so aqueles que no possuem destinatrios determinados. Eles apresentam hipteses genricas de aplicao, que alcanar todos os sujeitos que nelas se enquadrarem. Tendo HPYLVWDDJHQHUDOLGDGHHDEVWUDomRTXHSossuem, esses atos so tambm chamados de atos normativos. Podemos trazer como exemplos de atos gerais os regulamentos, portarias, resolues, circulares, instrues, deliberaes, regimentos, etc.

    Os atos individuais ou especiais so aqueles que se dirigem a destinatrios certos, determinveis. So aqueles que produzem efeitos jurdicos no caso concreto, a exemplos da nomeao, demisso, tombamento, licena, autorizao, etc.

    A Prof. Maria Di Pietro apresenta as seguintes

    caractersticas dos atos gerais ou normativos quando

    comparados com os individuais:

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    a) o ato normativo no pode ser impugnado, na via judicial, diretamente pela

    pessoa lesada (somente as pessoas legitimadas no art. 103 da CF podem propor

    inconstitucionalidade de ato normativo);

    b) o ato normativo tem precedncia hierrquica sobre o ato individual (por

    exemplo, existindo conflitos entre um ato individual e outro geral produzidos por

    decreto, dever prevalecer o ato geral, pois os atos normativos prevalecem

    sobre os especficos);

    c) o ato normativo sempre revogvel; ao passo que o ato individual sofre uma

    srie de limitaes em que no ser possvel revog-los (por exemplo, os atos

    individuais que geram direitos subjetivos a favor do administrado no podem ser

    revogados23);

    d) o ato normativo no pode ser impugnado, administrativamente, por meio de

    recursos administrativos, ao contrrio do que ocorre com os atos individuais,

    que admitem recursos administrativos.

    Atos internos e externos

    Os atos internos so aqueles que se destinam a produzir efeitos no interior da Administrao Pblica, alcanando seus rgos e agentes.

    Esses atos, em regra, no geram direitos adquiridos e podem, por conseguinte, ser revogados a qualquer tempo. Tambm no dependem de publicao oficial, bastando a cientificao direta aos destinatrios ou a divulgao regulamentar da repartio. Segundo Hely Lopes Meirelles, esses atos vm sendo utilizados de forma errnea para atingir destinatrios externos. Nessas ocasies, a divulgao externa ser obrigatria.

    So exemplos de atos internos uma portaria que determina a formao de um grupo de trabalho, a expedio de uma ordem de servio interna, etc.

    Os atos externos, por outro lado, so todos aqueles que alcanam os administrados, os contratantes ou, em alguns casos, os prprios servidores, provendo sobre os seus direitos, obrigaes, negcios ou conduta perante a Administrao. Esses atos devem ser publicados oficialmente, dado o interesse pblico no seu conhecimento.

    23 Nesse sentido, a Smula 473 do STF determina que a revogao dos atos administrativos deve respeitar os direitos adquiridos.

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    Hely Lopes Meirelles assevera que devem se incluir na condio de atos externos aqueles que, apesar de no atingir diretamente o administrado, possuem efeitos jurdicos externos repartio. Incluem-se, ainda, os atos que onerem o patrimnio pblico, vez que no podem permanecer unicamente no interior da Administrao, pois repercutem no interesse da coletividade.

    Atos de imprio, de gesto e de expediente

    Os atos de imprio so aqueles praticados com todas as prerrogativas e privilgios de autoridade e impostos de maneira unilateral e coercitivamente ao particular, independentemente de autorizao judicial. Os atos decorrentes do exerccio do poder de polcia so tpicos exemplos de atos de imprio.

    Os atos de gesto so aqueles praticados em situao de igualdade com os particulares, para a conservao e desenvolvimento do patrimnio pblico e para a gesto de seus servios. So atos desempenhados para a administrao dos servios pblicos. Pode-se elencar a compra e venda de bens, o aluguel de automveis ou equipamentos, etc. o tipo de ato que se iguala com o Direito Privado e, por conseguinte, devem ser enquadrados no grupo de atos da administrao e no propriamente nos atos administrativos.

    Por fim, os atos de expediente so atos internos da Administrao Pblica que se destinam a dar andamentos aos processos e papis que se realizam no interior das reparties pblicas. Caracterizam-se pela ausncia de contedo decisrio, pelo trmite rotineiro de atividades realizadas nas entidades e rgos pblicos. Temos como exemplo a expedio de um ofcio para um administrado, a entrega de uma certido, o encaminhamento de documentos para a autoridade que pode tomar a deciso sobre o mrito, etc.

    Atos vinculados e discricionrios

    Os atos vinculados so aqueles praticados sem margem de liberdade de deciso, uma vez que a lei determinou, o nico comportamento possvel a ser obrigatoriamente adotado sempre aquele em que se configure a situao objetiva prevista na lei24.

    24 Alexandrino e Paulo, 2011, pp. 420-421.

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    Nos atos vinculados, no h margem de escolha ao agente pblico, cabendo-lhe decidir com base no que consta na lei. Por exemplo, a concesso de licena paternidade (Lei 8.112/1990) ser concedida quando nascer o filho ou ocorrer a adoo pelo agente pblico, sendo que a Lei determina a durao de cinco dias corridos. Ocorrendo os seus pressupostos, a autoridade pblica no possui escolha, devendo conceder a licena de cinco dias.

    Os atos discricionrios, por outro lado, ocorrem quando a lei deixa uma margem de liberdade para o agente pblico. Enquanto nos atos vinculados todos os requisitos do ato esto rigidamente previstos (competncia, finalidade, forma, motivo e objeto), nos atos discricionrios h margem para que o agente faa a valorao do motivo e a escolha do objeto, conforme o seu juzo de convenincia e oportunidade.

    $VVLPKiGLVFULFLRQDULHGDGHTXDQGRDOHLGLVS}HTXHRDJHQWHSRGHRXTXHDFULWpULRGD$GPLQLVWUDomRRXDLQGDTXDQGRGHWHUPLQDDDSOLFDomRGHXPDPXOWDHQWUH;H

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    SURUURJDUGHWHUPLQDGRSUD]RSRUDWpTXLQ]HGLDVRXTXHQRH[HUFtFLRdo poder disciplinar ou de polcia administrativa, o ato a ser praticado SRGHUiWHUFRPRREMHWRFRQWH~GRHVWDRXDTXHODVDQomRHDVVLPpor diante;

    b) quando a lei emprega conceitos jurdicos indeterminados na descrio do motivo determinante da prtica de um ato administrativo e, no caso concreto, a administrao se depara com uma situao em que no existe possibilidade de afirmar, com certeza, se o fato est ou no abrangido pelo contedo da norma; nessas situaes, a administrao, conforme o seu juzo privativo de oportunidade e convenincia administrativas, tendo em conta o interesse pblico, decidir se considera, ou no, que o fato est enquadrado no contedo do conceito indeterminado empregado no antecedente da norma e, conforme essa deciso, praticar, ou no, o ato previsto no respectivo consequente.

    Simples, complexo e composto

    Quanto formao de vontade, o ato administrativo pode ser simples, complexo e composto.

    O ato simples que aquele que resulta da manifestao de vontade de um nico rgo, seja ele unipessoal ou colegiado. No importa o nmero de agentes que participa do ato, mas sim que se trate de uma vontade unitria. Dessa forma, ser ato administrativo simples tanto o despacho de um chefe de seo como a deciso de um conselho de contribuintes.

    O ato complexo, por sua vez, o que necessita da conjugao de vontade de dois ou mais diferentes rgos ou autoridades. Apesar da conjugao de vontades, trata-se de ato nico.

    Dessa forma, o ato no ser considerado perfeito com a manifestao da vontade de um nico rgo ou agente. Por conseguinte, o ato tambm s poder ser questionado judicialmente aps a manifestao da vontade de todos os rgos ou agentes competentes.

    Tambm no se confunde ato complexo com processo administrativo. Este ltimo formado por um conjunto de atos que so coordenados e preordenados para um resultado final. Dessa forma, todos os atos intermedirios desempenhados ao longo do procedimento podem ser impugnados autonomamente, ao passo que o ato complexo s ser atacado como um ato, aps a sua concluso.

    Por fim, o ato composto aquele produzido pela manifestao de vontade de apenas um rgo da Administrao, mas que depende de outro ato que o aprove para produzir seus efeitos jurdicos (condio de exequibilidade).

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    Assim, no ato composto teremos dois atos: o principal e o acessrio ou instrumental. Essa uma diferena importante, pois o ato complexo um nico ato, mas que depende da manifestao de vontade de mais de um rgo administrativo; enquanto o ato composto formado por dois atos.

    Cumpre frisar que o ato acessrio pode ser prvio (funcionando como uma autorizao) ou posterior (com a funo de dar eficcia ou exequibilidade ao ato principal).

    Vlido, nulo, anulvel e inexistente

    Quanto eficcia, o ato administrativo pode ser vlido, nulo, anulveis e inexistente.

    O ato vlido aquele praticado com observncia de todos os requisitos legais, relativos competncia, forma, finalidade, ao motivo e ao objeto.

    O ato nulo, ao contrrio, aquele que sofre de vcio insanvel em algum dos seus requisitos de validade, no sendo possvel, portanto, a sua correo. Logo, ele ser anulado por ato da Administrao ou do Poder Judicirio.

    O ato anulvel, por sua vez, aquele que apresenta algum vcio sanvel, ou seja, que passvel de convalidao pela prpria Administrao, desde que no seja lesivo ao patrimnio pblico nem cause prejuzos a terceiros.

    Por fim, o ato inexistente aquele que possui apenas aparncia de manifestao de vontade da Administrao, mas no chega a se aperfeioar FRPRDWRDGPLQLVWUDWLYReRH[HPSORGRDWRSraticado por um usurpador de funo pblica, sem que estejam presentes os pressupostos da teoria da aparncia. Exemplo de ato inexistente aquele praticado por uma pessoa que se passe por auditor da Receita Federal e, com base nisso, lavre um auto de infrao. O ato ser inexistente e, para fins de impugnao, ser