aula 00 (diradm)estrategia

51
7/30/2019 Aula 00 (DirAdm)Estrategia http://slidepdf.com/reader/full/aula-00-diradmestrategia 1/51 Curso Teórico de Direito Administrativo para BACEN Profº. Cyonil Borges – aula DEMO Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 51 AULA 00: Princípios da Administração SUMÁRIO PÁGINA 1. Apresentação 2 2. Cronograma e Programa 3 3. Teoria 4 a 44

Upload: viviane-leitte

Post on 14-Apr-2018

240 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Aula 00 (DirAdm)Estrategia

7/30/2019 Aula 00 (DirAdm)Estrategia

http://slidepdf.com/reader/full/aula-00-diradmestrategia 1/51

Curso Teórico de Direito Administrativo para BACEN 

Profº. Cyonil Borges – aula DEMO 

Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 51 

AULA 00: Princípios da Administração

SUMÁRIO PÁGINA

1. Apresentação 2

2. Cronograma e Programa 3

3. Teoria 4 a 44

Page 2: Aula 00 (DirAdm)Estrategia

7/30/2019 Aula 00 (DirAdm)Estrategia

http://slidepdf.com/reader/full/aula-00-diradmestrategia 2/51

Curso Teórico de Direito Administrativo para BACEN 

Profº. Cyonil Borges – aula DEMO 

Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 51 

APRESENTAÇÃO

Concursandos de todo o Brasil,

Diretas já! Ops. BACEN central já! Que venha o concurso do BancoCentral. Medo só da Cuca, e olha lá!

Vamos dar início a mais um curso teórico de Direito Administrativo. Seráintercalado com exercícios, voltado à preparação dos concursos aserem realizados pela Esaf , pois, pelo que tudo indica, esta será ailustre organizadora. Se houver mudança de orientação, o curso terá umanova inclinação, isso não será um problema.

Estabeleça seu planejamento, suas metas, o resultado pretendido e o

tempo que pretenda usar para isso. Nossa experiência permite afirmarque algo que leva certamente ao insucesso é a falta de planejamento.Muitos bons alunos se deixam levar por um “tempo” que não existe. Vejaum exemplo disso: quantos cursos escritos você terá de ler para oconcurso do TCU: uns 10? Tá bom? Ok. Quantas páginas cada um tem?1500? Multiplicando por 10, vão QUINZE MIL PÁGINAS, só para começara conversa!!!! Dá pra ler? Claro que dá!

Se alguém consegue, você consegue, mas tem de se planejar. Exemplo:sua meta diária será de 100 páginas de leitura (não ache muito! Oscursos escritos são bem mais rápidos de ler que livros). Assim, em 150

dias você cumpre todo esse conteúdo. Supondo que você estude 5 diaspor semana, lerá tudo em 30 semanas (cerca de 7 meses). Para o BancoCentral, Receita, AFT, STN, e para o TCU e CGU, concursos de altíssimograu de dificuldade, está bom, não tá?

Agora, gente, numa boa, nós precisamos que vocês colaborem... Em quesentido? Estudando, ora! Nosso papel é trazer facilidade, informando demaneira objetiva, com o grau de detalhe que os concursos  “fortes” requerem. Vocês verão, por exemplo, que os livros tradicionais nãoseriam suficientes para fazer, realmente, a prova da Receita (a última, de

auditor). Do mesmo modo, TCU, CGU, vários tribunais, etc. Estamos logoafirmando isso, pois esses concursos mais novos avançaram emdificuldade de modo impensável! Daí a importância de os amigos terematenção nas informações do curso.

Grande abraço e bons estudos!

Cyonil Borges

Page 3: Aula 00 (DirAdm)Estrategia

7/30/2019 Aula 00 (DirAdm)Estrategia

http://slidepdf.com/reader/full/aula-00-diradmestrategia 3/51

Curso Teórico de Direito Administrativo para BACEN 

Profº. Cyonil Borges – aula DEMO 

Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 51 

CRONOGRAMA E PROGRAMA

Aula 00 (30/04/2013): Administração pública: princípios básicos.

Aula 01 (10/05/2013): Administração direta e indireta.

Aula 02 (15/05/2013): Ato administrativo. Conceito, requisitos eatributos. Da comunicação dos atos administrativos Anulação, revogaçãoe convalidação. Discricionariedade e vinculação.

Aula 03 (20/05/2013): Poderes administrativos. Espécies de poder:hierárquico, disciplinar, regulamentar e de polícia. Uso e abuso do poder.

Aula 04 (25/05/2013): Serviços Públicos: conceito e princípios.

Aula 05 (30/05/2013): Responsabilidade Civil do Estado.

Aula 06 (06/06/2013): Licitações e contratos administrativos.

Aula 07 (10/06/2013): Licitações e contratos administrativos.

Aula 08 (15/06/2013): Controle da Administração Pública: espécies decontrole e suas características.

Aula 09 (20/06/2013): Bens públicos: classificação e características.

Aula 10 (25/06/2013): Servidores públicos: cargo, emprego e funçãopúblicos.

Aula 11 (30/06/2013): Lei n.º 8.112/90 (Regime jurídico dos servidorespúblicos civis da União) e alterações.

Aula 12 (05/07/2013): Código de Ética Profissional do Servidor PúblicoCivil do Poder Executivo Federal (Decreto nº 1.171/94). Código deConduta da Alta Administração Federal.

Page 4: Aula 00 (DirAdm)Estrategia

7/30/2019 Aula 00 (DirAdm)Estrategia

http://slidepdf.com/reader/full/aula-00-diradmestrategia 4/51

Curso Teórico de Direito Administrativo para BACEN 

Profº. Cyonil Borges – aula DEMO 

Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 51 

Na aula demonstrativa, vamos avançar pelos princípios básicos daAdministração Pública. Abaixo, nosso sumário.

Sumário

2.  Regime Jurídico da Administração................................................................... 4

2.1. Regime Jurídico Administrativo............................................................... 9 

2.2. Princípios da Administração Pública................................................... 14

2.2.1. Princípios Expressos ........................................................................... 19

2.2.1.1. Legalidade .................................................................................... 20 

2.2.1.2 . Impessoalidade, final idade ou isonomia ......................................... 27 

2.2.1.3. Morali dade ................................................................................... 31

2.2.1.4. Publicidade ................................................................................... 39

2.2.1.5. E ficiência ..................................................................................... 45

Page 5: Aula 00 (DirAdm)Estrategia

7/30/2019 Aula 00 (DirAdm)Estrategia

http://slidepdf.com/reader/full/aula-00-diradmestrategia 5/51

Curso Teórico de Direito Administrativo para BACEN 

Profº. Cyonil Borges – aula DEMO 

Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 51 

2. REGIME JURÍDICO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Em alguns editais de concursos públicos, há a menção aos  “princípios daAdministração” . Porém, os manuais clássicos de Direito Administrativo,preliminarmente ao estudo de tal conteúdo, avançam pelo RegimeJurídico Administrativo. No caso de vocês, o Edital fez referência aprincípios da Administração.

De pronto, vamos definir a expressão “regime” isoladamente.

Regime quer dizer o conjunto de normas e de princípios aplicáveis auma determinada situação. Muitas vezes a expressão é conjugada comum qualificativo, um termo, que lhe trará adjetivação. Por exemplo:

- Regime  de  concurso público: para passar no concurso público,devemos seguir um conjunto de normas e de princípios, caso contrário, oresultado final (passar no concurso) não será facilmente alcançável.

- Regime  de peso: para emagrecer devemos seguir um conjunto deregras (caminhar uma hora/dia) e de princípios (evitar a gula), sob penade não alcançarmos o objetivo desejado.

- Regime  de escola  militar: para cumprir o estágio militar, devemosacordar cedo, malhar (natação, corridinha mixuruca que não dá nem pracansar), estudar, passar pela provação das refeições (carne de monstro, jacuba das cores mais variadas), enfim, cumprir uma série de princípios ede regras, sob pena de não alcançarmos a excelência na formação militar.

Trazendo agora para a nossa realidade, há, igualmente, regime  jurídico.

Há regime  jurídico de servidores. Há regime  jurídico de licitações.Nesses casos, a expressão diz respeito às normas principais aplicáveisaos servidores e às licitações, respectivamente. Enfim, aAdministração Pública convive com um conjunto de normas e deprincípios, no Regime Jurídico da Administração.

A expressão “regime jurídico da Administração” é o gênero, que comportacomo espécies o Regime de Direito Privado e o Regime JurídicoAdministrativo (normas e princípios de Direito Público). Para a ProfessoraMaria Sylvia Di Pietro, a expressão regime jurídico da AdministraçãoPública é utilizada para designar, em sentido amplo, os regimes de

direito público e de direito privado a que pode submeter-se a Administração Pública. Já a expressão regime-jurídico administrativoé reservada tão-somente para abranger o conjunto de traços, deconotações, que tipificam o Direito Administrativo, colocando a Administração Pública numa posição privilegiada, vertical, na relação jurídico-administrativa.

Fácil concluir, portanto, que o regime jurídico adotado pelaAdministração não é formado só por normas de Direito Público. Nemsempre a Administração acha-se em posição de verticalidade (unilateralidade, império) sobre os administrados. Vamos entender um

pouco melhor o assunto, ao velho estilo “Jack” (por partes).

Page 6: Aula 00 (DirAdm)Estrategia

7/30/2019 Aula 00 (DirAdm)Estrategia

http://slidepdf.com/reader/full/aula-00-diradmestrategia 6/51

Curso Teórico de Direito Administrativo para BACEN 

Profº. Cyonil Borges – aula DEMO 

Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 51 

Quem já ouviu falar em Caixa Econômica Federal (CEF)? 

Todos, obviamente. A CEF é empresa pública da União (é do Estado,portanto).

E o Banco do Brasil (BB), alguém já ouviu falar?

Claro que sim! O BB é sociedade de economia mista da União (é doEstado, em conclusão).

Será que tais entes são pessoas jurídicas de Direito Público ou deDireito Privado? Será que o regime é de Direito Público ou de DireitoPrivado?

Façamos, agora, a leitura do art. 173, §1º, da CF/1988:

 A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias  que 

explorem atividade econômica de produção ou comercializaçãode bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre: (Redaçãodada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

(...)

II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas , inclusive quanto aos direitos e obrigações civis,comerciais, trabalhistas e tributários;

Em síntese: a CF/1988 definiu, a priori, o regime das empresas governamentais como de Direito Privado ( próprio das empresas

 privadas, no dispositivo acima), não deixando, portanto, espaço para aadoção de regime jurídico distinto. Assim, temos que nem sempre oEstado se submete integralmente às normas de Direito Público.

Façamos a leitura, nesse instante, do art. 175 da CF/1988:

 Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ousob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação,a prestação de serviços públicos.

Parágrafo único. A lei disporá sobre:

I - o regime das empresas concessionárias e permissionáriasde serviços públicos , o caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização erescisão da concessão ou permissão;

(...).

Distintamente das empresas do Estado (CEF e BB, por exemplo), emque o regime é, primordialmente, de Direito Privado, nos termos daCF/1988, percebemos que a Lei disporá sobre o regime das empresasconcessionárias e permissionárias, logo, podendo ser: DireitoPúblico ou Direito Privado ou Híbrido (público e privado).

Page 7: Aula 00 (DirAdm)Estrategia

7/30/2019 Aula 00 (DirAdm)Estrategia

http://slidepdf.com/reader/full/aula-00-diradmestrategia 7/51

Curso Teórico de Direito Administrativo para BACEN 

Profº. Cyonil Borges – aula DEMO 

Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 51 

Em suma: a Administração Pública não é regida só por normas deDireito Privado, podendo o regime ser definido como de Direito Públicona própria CF/1988 ou pela legislação ordinária.

Essa submissão ora ao Direito Público, ora ao Direito Privado, ou a

ambos, levou parte dos doutrinadores à classificação de que existe algomaior que regime jurídico administrativo, é o Regime Jurídico DAADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (ou regime jurídico administrativo, em  sentido amplo). Responsável, assim, por englobar tanto as normas deDireito Público  (regime jurídico-administrativo), como as de DireitoPrivado  (regime jurídico de direito privado), aplicáveis à própriaadministração em situações específicas.

Chegamos à conclusão de que o conceito de “DA ADMINISTRAÇÃOPÚBLICA” é MAIOR  que “ADMINISTRATIVO”. Assim, regime jurídico DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA não abrange tão-somente o

regime JURÍDICO-ADMINISTRATIVO, como também o de  DIREITOPRIVADO.

No entanto, é no regime jurídico-administrativo (de Direito Público)que a Administração dispõe de  prerrogativas (de força, desupremacia sobre os particulares). Isso ocorre em razão dosignificado que o Estado possui na sociedade: a de ser responsável pelocumprimento dos interesses coletivos (públicos).

Em consequência, a Administração Pública dispõe de “poderesespeciais” que não são colocados à disposição do particular. Comoexemplos de tais prerrogativas: o exercício do poder de polícia, adesapropriação de bens, a possibilidade de aplicação de sançõesadministrativas independentemente da intervenção judicial.

Todavia, no regime jurídico-administrativo, não há só prerrogativas (autonomia). Jamais! Existem também as restrições (à liberdade),contrapartida das prerrogativas. Vamos mais um exemplo.

Imagine que a Administração Pública tenha de adquirir veículos e toma conhecimento que uma loja está com uma “promoção”  ,com preços bastante inferiores aos correntes no mercado. Poderia o Administrador livremente, ao seu arbítrio , adquirir os veículos? 

Sonoramente, NÃO! A razão disso que é Constituição Federal submete a Administração aodever de licitar suas aquisições (art. 37, inc. XXI), restringindo o quese poderia nominar de “liberdade” da Administração em realizarcontratos.

Portanto, o regime jurídico-administrativo poderia ser resumido emduas expressões: prerrogativas e sujeições do Estado, no desempenhode suas atividades Administrativas.

Ainda quanto aos regimes jurídicos aplicáveis à Administração, como já se

disse, a Administração Pública pode estar submetida,preponderantemente, a normas do Direito Privado. É o que

Page 8: Aula 00 (DirAdm)Estrategia

7/30/2019 Aula 00 (DirAdm)Estrategia

http://slidepdf.com/reader/full/aula-00-diradmestrategia 8/51

Curso Teórico de Direito Administrativo para BACEN 

Profº. Cyonil Borges – aula DEMO 

Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 51 

acontece, por exemplo, na exploração de atividades econômicas porparte do Estado.

Com efeito, como sobredito, o inc. II do §1º do art. 173 da CF/1988estabelece que as empresas públicas e sociedades de economia

mista que explorem atividades econômicas se submetem às mesmasnormas que valem para as empresas privadas quanto a direitos eobrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributárias.

Assim, o Banco do Brasil, sociedade de economia mista federal, ao atuarno mercado, submete-se às mesmas “regras do jogo” que valem para osbancos privados.

A doutrina clássica costuma firmar que, nestes casos, os órgãos ouentidades da Administração Pública se encontram em posição“horizontal” quando comparados ao particular.

Cuidado especial, no entanto, merece ser dado. Por mais que aAdministração Pública submeta-se predominantemente ao DireitoPrivado, esta submissão não é integral. Isso se dá porque, ao fim, opapel dos órgãos/entidades da Administração é o alcance do interessepúblico, independentemente  de qual regime jurídico é aplicável aocaso. Por exemplo: a CEF e o BB devem licitar, devem realizar concursospúblicos, ou seja, apesar de não gozarem de prerrogativas, contamcom restrições de Direito Público.

ESAF - AUFC/TCU/Controle Externo/Controle Externo/2006O regime jurídico-administrativo é entendido por toda a doutrina de

Direito Administrativo como o conjunto de regras e princípios quenorteiam a atuação da Administração Pública, de modo muitodistinto das relações privadas. Assinale no rol abaixo qual a situação jurídica que não é submetida a este regime.a) Contrato de locação de imóvel firmado com a AdministraçãoPública.b) Ato de nomeação de servidor público aprovado em concurso público.c) Concessão de alvará de funcionamento para estabelecimentocomercial pela Prefeitura Municipal.

d) Decreto de utilidade pública de um imóvel para fins dedesapropriação.e) Aplicação de penalidade a fornecedor privado da Administração.1 ESAF - Proc (BACEN)/BACEN/2002Tratando-se da relação jurídico-administrativa, assinale a opçãofalsa.a) Nesta relação, uma das partes está em posição de supremaciaem relação à outra.

1

A resposta é letra A. Em todas as alternativas há atos praticados pelo Estado e regidos pelo Direito Público,ou seja, pelo Regime Jurídico Administrativo. No entanto, na alternativa “A”, temos situação regida peloDireito Privado (contrato de locação).

Page 9: Aula 00 (DirAdm)Estrategia

7/30/2019 Aula 00 (DirAdm)Estrategia

http://slidepdf.com/reader/full/aula-00-diradmestrategia 9/51

Curso Teórico de Direito Administrativo para BACEN 

Profº. Cyonil Borges – aula DEMO 

Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 51 

b) A presunção de legitimidade dos atos administrativos decorre danatureza desta relação.c) Um ato de gestão de pessoal de uma fundação pública de direito público, quanto a seu servidor, insere-se nesta relação.d) O fundamento da ação administrativa nesta relação é,necessariamente, a realização do interesse público.e) Para se configurar esta relação, basta que uma das partes seja pessoa jurídica integrante da Administração Pública Direta ouIndireta.2 

2.1. REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO

Como esclarece a Professora Maria Sylvia Di Pietro, o DireitoAdministrativo nasceu e se desenvolveu baseado em duas ideias opostas:de um lado, a proteção aos direitos individuais frente ao Estado, queserve de fundamento ao princípio da legalidade, um dos pilares doEstado de Direito; de outro lado, a de necessidade de satisfação dosinteresses coletivos, que conduz à outorga de prerrogativas eprivilégios para a Administração Pública, quer para limitar o exercíciodos direitos individuais em benefício do bem-estar coletivo (poder depolícia), quer para a prestação de serviços públicos.

As liberdades dos indivíduos são, para estes, verdadeiros direitos, e,portanto, restrições para o Estado. Por outro lado, o Estado conta comautoridade, sintetizada nas prerrogativas que lhe permitem assegurar a

supremacia do interesse público sobre o particular.Para o autor Celso Antônio, o regime jurídico-administrativo é construído,fundamentalmente, em dois princípios básicos, dos quais os demaisdecorrem: o da supremacia do interesse público sobre o particular(prerrogativas) e o da indisponibilidade do interesse público(restrições). 

Portanto, relativamente ao estudo do regime jurídico-administrativo,percebemos que as prerrogativas são sinais de força (poderes) (p.ex.: a desapropriação), enquanto que as restrições representamsujeições (deveres) (p. ex: o cumprimento da finalidade pública),

binômio poder-dever ou dever-poder.As prerrogativas podem ser traduzidas no princípio da supremacia dointeresse público sobre o particular, enquanto que as restrições, noprincípio da indisponibilidade e da legalidade. Esses dois princípiossão informadores do regime jurídico administrativo.

O princípio da supremacia do interesse público, metaforicamente,quer significar que a Administração Pública é colocada em posiçãovertical (diferenciada) quando comparada aos particulares. Isso se

2

A resposta é letra “E”. A CEF e o BB são entidades integrantes da Administração Indireta, no entanto, pessoas jurídicas de Direito Privado. Não estão sujeitas, em estrito senso, ao regime jurídico-administrativo, assimentendido como conjunto de normas e princípios de Direito Público.

Page 10: Aula 00 (DirAdm)Estrategia

7/30/2019 Aula 00 (DirAdm)Estrategia

http://slidepdf.com/reader/full/aula-00-diradmestrategia 10/51

Curso Teórico de Direito Administrativo para BACEN 

Profº. Cyonil Borges – aula DEMO 

Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 51 

deve à prevalência do interesse público sobre o privado, que dá, porconseguinte, uma série de prerrogativas em favor da Administração.

No caso de confronto entre o interesse individual e o público, este é que,em regra, prevalecerá, tendo em conta ser mais amplo. Ou de outra

forma: o grupo é mais importante do que o indivíduo. Aprendemos issocedo, não é mesmo? Quantas vezes as nossas professoras do primárionos disseram isso...

Obviamente, não só de prerrogativas se faz um Estado. Emcontrapartida da supremacia do interesse público, a indisponibilidade desse mesmo interesse faz com que a Administração, por intermédio deseus agentes, não tenha “vontade própria”, por estar investida no papelde satisfazer a vontade de terceiros, quais sejam, o coletivo, a sociedade.

De fato, os agentes públicos têm o papel de levar as atribuições doEstado a efeito, Estado esse que, ao fim, é uma espécie de “tutor” dos

interesses públicos. Não pode o agente, dessa forma, atuar da forma quebem entender, mas sim conforme exigido pela coletividade por intermédiodo instrumento que é próprio para tal exigência: a lei.

Com efeito, o princípio da indisponibilidade guarda uma relaçãomuito estreita com o princípio da legalidade. Por este último, aAdministração só faz o que a norma determina ou autoriza, quandoe como permite, sendo, pois, bastante diferente da legalidade aplicadaaos particulares, que podem fazer tudo o que não é proibido pelanorma.

Percebe-se, por fim, significativa diferença quanto à vontadeadministrativa X vontade dos particulares, que pode ser assim resumida:enquanto os particulares possuem ampla liberdade de vontade,podendo realizar tudo aquilo que não lhes seja proibido, àAdministração só é lícito fazer o que lhe é determinado, ou aomenos autorizado pela norma.

ESAF - AFRFB/SRFB/Auditoria/2003O estudo do regime jurídico-administrativo tem em Celso AntônioBandeira de Mello o seu principal autor e formulador. Para o citado jurista, o regime jurídico-administrativo é construído,

fundamentalmente, sobre dois princípios básicos, dos quais osdemais decorrem. Para ele, estes princípios são:a) indisponibilidade do interesse público pela Administração esupremacia do interesse público sobre o particular.b) legalidade e supremacia do interesse público.c) igualdade dos administrados em face da Administração e controle jurisdicional dos atos administrativos.d) obrigatoriedade do desempenho da atividade pública e finalidade pública dos atos da Administração.e) legalidade e finalidade.3 

3 A resposta é letra A.

Page 11: Aula 00 (DirAdm)Estrategia

7/30/2019 Aula 00 (DirAdm)Estrategia

http://slidepdf.com/reader/full/aula-00-diradmestrategia 11/51

Curso Teórico de Direito Administrativo para BACEN 

Profº. Cyonil Borges – aula DEMO 

Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 51 

ESAF - AFT/MTE/2003O regime jurídico administrativo consiste em um conjunto de princípios e regras que balizam o exercício das atividades da Administração Pública, tendo por objetivo a realização do interesse público.Vários institutos jurídicos integram este regime. Assinale, entre assituações abaixo, aquela que não decorre da aplicação de tal regime.a) Cláusulas exorbitantes dos contratos administrativos.b) Autoexecutoriedade do ato de polícia administrativa.c) Veto presidencial a proposição de lei.d) Natureza estatutária do regime jurídico prevalente do serviço público.e) Concessão de imissão provisória na posse em processo

expropriatório.4 

ESAF - AFRFB/SRFB/Política e AdministraçãoTributária/2000No âmbito do regime jurídico-administrativo, não é considerada prerrogativa da Administração Pública:a) poder de expropriar b) realizar concurso público para seleção de pessoal c) alterar unilateralmente os contratos administrativosd) instituir servidão

e) impor medidas de polícia5

 

ESAF - APO (MPOG)/MPOG/Planejamento eOrçamento/2005 O seguinte instituto não se inclui entre os decorrentes das prerrogativas do regime jurídico-administrativo:a) presunção de veracidade do ato administrativo.b) autotutela da Administração Pública.c) faculdade de rescisão unilateral dos contratos administrativos.d) autoexecutoriedade do ato de polícia administrativa. e) equilíbrio

econômico-financeiro dos contratos administrativos.6

 Antes de passarmos para o próximo tópico, seguem breves consideraçõessobre o interesse público. O que é esse tal de interesse público?

4 A resposta é letra C. Excelente questão. Em todos os itens há prerrogativas da Administração Pública, enfim,sinal de força, de imperatividade, de verticalidade. Porém o “veto presidencial” nã o é praticado pelopresidente da República no exercício da função administrativa. O veto faz parte do processo legislativo, maispróximo, portanto, do conceito de atos de governo ou políticos.5  A resposta é letra “B”. Em todos os itens há prerrogativas, exceto na letra “B”. A realização de concurso

público não é um poder da Administração (prerrogativa), mas sim uma restrição (dever).6

 A resposta é letra “E”. As prerrogativas são os direitos da Administração. É que lhe asseguram a possibilidadede impor as medidas em desfavor dos administrados e em preservação ao interesse público. Perceba que, noitem “E”, há um dever do Estado, portanto, uma restrição.

Page 12: Aula 00 (DirAdm)Estrategia

7/30/2019 Aula 00 (DirAdm)Estrategia

http://slidepdf.com/reader/full/aula-00-diradmestrategia 12/51

Curso Teórico de Direito Administrativo para BACEN 

Profº. Cyonil Borges – aula DEMO 

Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 51 

O interesse público, por dizer respeito ao coletivo, sobrepõe-se aosinteresses individuais, daí ser dito  “supremo”. Claro que a prevalência dointeresse público não é um fim em si mesmo. Sob o pretexto de darcumprimento aos interesses públicos não pode o administrador públicosimplesmente fulminar os direitos e liberdades individuais, garantias

consagradas constitucionalmente.A “chave” então da melhor interpretação do princípio da supremaciado interesse público é a ponderação entre as prerrogativas estataisde um lado e os direitos/liberdades individuais de outro, entendidas estascomo verdadeiras restrições na atuação do Estado. Portanto, deve-sepreservar o equilíbrio, dado que não há poderes ilimitados concedidos àAdministração Pública.

Ainda que quase inviável precisar-se o que é “interesse público”, não sepode conceituar esse como sendo apenas o que diz respeito ao

Estado, em si, relacionado à entidade representante. Tampouco se podeconceituá-lo como resultante do somatório dos interesses individuais.Dessa forma, a doutrina costuma segmentar o interesse público em:

I) Primário – corresponde ao cumprimento da lei, e, portanto, aointeresse público propriamente dito ou finalístico. É visto dedentro para fora, exemplo da prestação de serviços públicos.

II)  Secundário  – entendido como a necessidade de aAdministração lograr vantagens para si. Ocorre internamente àAdministração (atividade-meio): finanças públicas e nomeaçãode servidores, por exemplo.

O Estado é uma instituição que age por intermédio de órgãos, entidades eagentes, mas que, ao fim, num plano extrajurídico, tem interesse de “maximizar” seus ganhos, e muitas vezes tende a privilegiar interessessecundários em detrimento dos primários (o que veremos não serpossível). Mais um exemplo para ilustrar o que se expõe.

O Estado pode, em determinado momento, querer elevar ao máximo asalíquotas dos impostos, almejando mais receita para cobrir dívidaspassadas. Neste caso, tenderia a agir como um particular: maximizarreceitas para cobrir despesas. Só que, evidentemente, não é isso que a

sociedade e a lei exigem do Estado.De outra forma, quer-se do Estado que a tributação seja feita nos limitesnecessários para se proporcionar o bem-estar social. Por conseguinte,pode-se afirmar que só é permitido ao Estado perseguir interessespúblicos secundários quando estes coincidirem com os interessespúblicos primários (os públicos, propriamente ditos).

Assim, é correto afirmar que o interesse público primário nãocoincide, necessariamente, com o do Estado (o secundário, odestinado para atender suas conveniências internas). De fato, em um

aspecto puramente “gerencial”, o Estado tentaria maximizar seus próprios

Page 13: Aula 00 (DirAdm)Estrategia

7/30/2019 Aula 00 (DirAdm)Estrategia

http://slidepdf.com/reader/full/aula-00-diradmestrategia 13/51

Curso Teórico de Direito Administrativo para BACEN 

Profº. Cyonil Borges – aula DEMO 

Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 51 

interesses, muitas vezes não condizentes com aqueles dispostos nanorma.

Por outro lado, a observância dos interesses públicos compete nãoaos órgãos e entidades da Administração em si, uma vez que estes

não passam de mera ficção jurídica. Para que os interesses públicossejam atingidos, são necessários agentes públicos, os quais tornarãoconcreta a atuação da Administração Pública.

Esses agentes, na busca dos interesses públicos, atuam não em razão devontade pessoal, mas daquilo que lhes impõe a norma, em sentidoamplo. A doutrina majoritária tem dito que “falta vontade” àquele queatua em nome do interesse público, o agente público. De outra forma,este se norteia por determinação ou autorização da norma, que torna ointeresse público indisponível ao agente em si.

ESAF - AFRFB/SRFB/Tributária e Aduaneira/2005  Assunto: Regime Jurídico AdministrativoTratando-se do regime jurídico-administrativo, assinale a afirmativafalsa.

a) Por decorrência do regime jurídico-administrativo não se toleraque o Poder Público celebre acordos judiciais, ainda que benéficos,sem a expressa autorização legislativa.

b) O regime jurídico-administrativo compreende um conjunto deregras e princípios que baliza a atuação do Poder 

Público, exclusivamente, no exercício de suas funções de realizaçãodo interesse público primário.

c) A aplicação do regime jurídico-administrativo autoriza que oPoder Público execute ações de coerção sobre os administrados sema necessidade de autorização judicial.

d) As relações entre entidades públicas estatais, ainda que demesmo nível hierárquico, vinculam-se ao regime jurídico-administrativo, a despeito de sua horizontalidade.

e) O regime jurídico-administrativo deve pautar a elaboração deatos normativos administrativos, bem como a execução de atosadministrativos e ainda a sua respectiva interpretação.7  

Melhores momentos:

I) regime jurídico é um conjunto de normas e de princípios aplicado à determinada situação;

7

A resposta é letra B. A realização de concursos públicos é ato interno da Administração. É o que a doutrinareconhece como interesse público secundário. Porém é induvidoso que, a despeito de secundário, deve serregido por princípios da Administração.

Page 14: Aula 00 (DirAdm)Estrategia

7/30/2019 Aula 00 (DirAdm)Estrategia

http://slidepdf.com/reader/full/aula-00-diradmestrategia 14/51

Curso Teórico de Direito Administrativo para BACEN 

Profº. Cyonil Borges – aula DEMO 

Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 51 

II) o regime jurídico aplicável à Administração pode ser tanto dedireito público (administrativo), como de direito privado (Regime Jurídico da Administração ou regime jurídico-administrativo, em sentido amplo);

III) o regime jurídico-administrativo é um conjunto deprerrogativas e sujeições concedido à Administração Pública,para melhor cumprimento dos interesses públicos;

IV) ainda que se sujeite predominantemente a normas dedireito privado, a Administração Pública nunca se submete deforma integral a normas de tal ramo jurídico. Por exemplo: asempresas estatais estão sujeitas às restrições legais econstitucionais (realização de concurso público e de licitações, porexemplo);

V) O interesse público primário representa a AdministraçãoPública no sentido finalístico, extroverso, com outras palavras,é o interesse público propriamente dito, pois dirigido diretamenteaos cidadãos (de dentro do Estado para fora – AdministraçãoExtroversa). Já o interesse público secundário diz respeito aosinteresses do próprio Estado, internos, introversos, portanto,inconfundíveis com os primários (propriamente ditos). Porexemplo: a locação de um galpão para guarnecer livros, enquanto abiblioteca passa por reforma. É ato interno, porém, visa à proteçãodo interesse público propriamente dito.

2.2.PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICAA palavra princípio quer significar o que vem antes ou depois?Claro que antes!

Os princípios são os vetores fundamentais que alicerçam o edifício jurídico das regras. Há quem diga que a não observância aos princípios émais grave que ignorar o comando legal8, afinal os princípios têmeficácia nomogenética, ou seja, na genética (DNA) das leisencontramos os princípios (consiste em dar fundamentosfinalístico-valorativos para a edição de novos preceitos e nelesreproduzir esse conteúdo).

Além da eficácia normogenética, socorre-se dos ensinamentos do autorDiogo de Figueiredo para enumerar outras formas de eficácia mediata dosprincípios. Vejamos:

 Axiológica: consiste em definir com clareza, na ordem jurídica, osvalores que a informam;

 Otimizadora: consiste em orientar a interpretação dos preceitos edos atos concretos que conformam uma ordem jurídica, conferindo-

 8 Celso Antônio Bandeira de Mello, por exemplo.

Page 15: Aula 00 (DirAdm)Estrategia

7/30/2019 Aula 00 (DirAdm)Estrategia

http://slidepdf.com/reader/full/aula-00-diradmestrategia 15/51

Curso Teórico de Direito Administrativo para BACEN 

Profº. Cyonil Borges – aula DEMO 

Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 51 

lhes a mais ampla, profunda e completa aplicação possível a seuconteúdo de valor;

 Sistêmica: consiste em interconectar todos os preceitos e atosconcretos informados pelo mesmo princípio, como que conformando

uma superestrutura abstrata, que lhes infunde unidade e coerência; Integrativa: consiste em preencher eventuais lacunas da ordem

 jurídica.

A doutrina [Cretella] classifica os princípios em:

a) onivalentes ou universais , comuns a todos os ramos do saber,como o da identidade e o da razão suficiente. Por exemplo: A não éB, logo B não é A (isso é universal);

b)  plurivalentes ou regionais , comuns a um  grupo de

ciências , informando-as nos aspectos em que se interpenetram.Exemplos: o princípio da causalidade, aplicável às ciências naturaise o próprio princípio do alterum non laedere (não prejudicar aoutrem), aplicável às ciências naturais e jurídicas;

c) monovalentes , que se referem a um só campo doconhecimento , há tantos princípios monovalentes quantas sejamas ciências cogitadas pelo espírito humano. É o caso dos princípiosgerais de direito, como o de que ninguém se escusa alegandoignorar a lei.

d) setoriais , que informam os diversos setores em que se dividedeterminada ciência. Por exemplo, na ciência jurídica, existem princípios que informam o Direito Civil, o Direito do Trabalho, oDireito Penal etc.

Com base nesta classificação, pode-se dizer [Maria Sylvia Zanella DiPietro] que o Direito Administrativo está informado por determinadosprincípios, alguns deles próprios também de outros ramos do DireitoPúblico e outros dele específicos e enquadrados como setoriais.

Se os princípios são normas que antecedem as regras, fácil perceber queos são dotados de carga normativa  mais perene do que as leis,principalmente porque não há hierarquia material entre princípios (por exemplo: princípio da eficiência é o mais recente dos princípiosexpressos, porém não apaga a legalidade. Tais postulados convivemharmonicamente).  A partir de  um exemplo, fica mais tranquilocompreender a ausência de hierarquização material entre princípios.

Imaginem a construção de um prédio. Começamos por onde? Pelasua base, claro, seus alicerces, que devem estar nivelados, paraque o prédio não corra risco de desmoronar. Se tivéssemos uma parte do alicerce mais elevada que as demais, nosso prédio

certamente tombaria.

Page 16: Aula 00 (DirAdm)Estrategia

7/30/2019 Aula 00 (DirAdm)Estrategia

http://slidepdf.com/reader/full/aula-00-diradmestrategia 16/51

Curso Teórico de Direito Administrativo para BACEN 

Profº. Cyonil Borges – aula DEMO 

Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 51 

Pois bem. Nosso “prédio”, daqui por diante, é a Administração Pública. Eseus pilares, seus princípios, dão suporte a toda atividade daAdministração, e as janelas são as regras (leis). Ah! Quebrar a janela émenos grave que derrubar um dos alicerces, concordam?

Alguns desses “pilares” são explícitos na Constituição, e constam, porexemplo, do caput  do art. 37 da CF/1988. Outros são encontradosimplicitamente no texto constitucional, são depreendidos do sistema jurídico-administrativo-constitucional.

Mas a CF não é o único repositório dos princípios. Há princípios expressos em textos legais (no campo infraconstitucional), como os doart. 2º da Lei 9.784/1999 (Lei de Processo Federal), e, por fim, adoutrina pátria “constrói” inúmeros princípios, a partir dainterpretação da ordem jurídica.

Abre-se um parêntese para esclarecer que há, na doutrina, quem defenda

a existência de hierarquia entre princípios. Por isso, citou-se, acima,ausência de hierarquia material entre os princípios. Para Diogo deFigueiredo, os princípios podem se hierarquizar formalmente,enciclopedicamente ou axiologicamente. Na ordem jurídica brasileira,hierarquizam-se, formalmente, os princípios constitucionais einfraconstitucionais. Enciclopedicamente, os princípios distinguem-seem fundamentais, gerais e setoriais. Por fim, axiologicamente, segundoa importância filosófica, política, econômica ou social que apresentam(preeminência da dignidade humana sobre o da publicidade, porexemplo).

Como dito, por serem orientativos, os princípios constitucionais nãopossuem, entre si, hierarquização conceitual: não há princípio maisou menos importante, TODOS  são de  igual importância. Vem apergunta:  se não há hierarquia material  , como resolver eventuaisconflitos? 

O quadro, a seguir, sintetiza as formas de resolução de conflitos das leis edos princípios. Perceba que são critérios distintos.

CONFLITO

LEIS PRINCÍPIOS

Hierarquia

Princípio da predominânciados valores

Cronológico

Especialidade

Para o conflito entre as leis, vale a norma superior sobre a inferior (critério da hierarquia  “lex superior derogat inferior ” ). Exemplo da

prevalência da CF sobre as normas infraconstitucionais); se equivalentesem termos de hierarquia, aplica-se a lei mais nova sobre a antiga (critério

Page 17: Aula 00 (DirAdm)Estrategia

7/30/2019 Aula 00 (DirAdm)Estrategia

http://slidepdf.com/reader/full/aula-00-diradmestrategia 17/51

Curso Teórico de Direito Administrativo para BACEN 

Profº. Cyonil Borges – aula DEMO 

Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 51 

cronológico ou da anterioridade “lex posterior derogat priori” ), e, por fim,o critério da especialidade, em que lei especial derroga lei geral.

Agora, tratando-se de princípios, o que acontece, em um casoconcreto, é que um ou mais princípios podem prevalecer  quando

comparado a outro. Aplica-se o princípio da preponderância deinteresses ou valores ou da ponderação.

Assim, devemos afastar a “velha” ideia de que o princípio da legalidadeestá além, acima, dos demais, em razão do estrito dever de aAdministração obedecer à lei, por intermédio de seus agentes. Oentendimento é equivocado. O princípio da legalidade precede (vem antes) aos demais, mas não é maior do que os demais princípios.

Com efeito, como dito, os princípios não possuem, entre si,hierarquização material: não há princípio mais ou menos importante,todos se equiparam. Explicando de uma forma mais “construtiva”.

Foi realizada uma comunicação anônima ao TCU ou ao MPF arespeito de fatos graves praticados no âmbito da AdministraçãoPública. Ora, o texto constitucional veda o anonimato (inc. IV doart. 5º), logo, deve o TCU ou o MP  determinar o arquivamentodo processo?  

Não é bem assim. Se, por um lado, a liberdade de expressão não éabsoluta, impedindo o abuso quanto à opinião, garantindo-se aidentificação do eventual denunciante; por outro, não háimpedimento para que o TCU e o MP adotem medidas de ofício (por 

iniciativa sua) para averiguação de fatos informados mediantedocumentos apócrifos.

 A Administração Pública não pode se furtar de atender o interesse público. Assim, imagine-se que os fatos comunicados ao Estadosejam extremamente graves e que possuam claros indícios deserem verdadeiros. Poderia o Estado simplesmente não apurar  por conta da sobredita vedação ao anonimato?   Claro quenão! Deveria apurar, mas não em um processo autuado comodenúncia, mas noutro, como, por exemplo, numa representação daUnidade Técnica.

Dessa forma, a denúncia não seria conhecida, mas a situação seriaapurada, se fundamentada estivesse. Pergunta-se: qual seria o princípio a amparar essa apuração de ofício?  Além dalegalidade, impessoalidade e moralidade , o  princípio daverdade real (ou material) determinaria a apuração.

Professor, o que é esse tal princípio da verdade real oumaterial? Não é o momento ideal para avançarmos nos pormenores doreferido princípio. Em todo caso, uma rápida “pincelada” acerca doprincípio da verdade material.

Page 18: Aula 00 (DirAdm)Estrategia

7/30/2019 Aula 00 (DirAdm)Estrategia

http://slidepdf.com/reader/full/aula-00-diradmestrategia 18/51

Curso Teórico de Direito Administrativo para BACEN 

Profº. Cyonil Borges – aula DEMO 

Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 51 

A busca pela verdade real orienta a atuação da Administração Pública.Isso se dá, em especial, porque, diferentemente dos processos judiciaiscomuns (da esfera cível), nos processos administrativos a relação jurídicaconstituída é bilateral e não trilateral.

Nos processos administrativos, de um lado, tem-se a Administração que,ao tempo que integra o processo como interessada, possui o dever debuscar as informações (provas, quando for o caso) para a tomada dedecisão.

Nos processos judiciais cíveis, a produção de provas compete às partes,com um terceiro isento, neutro (o Juiz ou Tribunal Judicial) responsávelpela decisão. Bem diferente, portanto, da natureza dos processosadministrativos, para os quais podem ser apontadas as seguintescaracterísticas básicas:

I) é uma relação bilateral: de um lado estará a Administração e de

outro, o interessado, que pode ser um particular ou mesmo um agentepúblico. Já os processos judiciais comuns constituem uma relaçãotrilateral;

II) cumpre à Administração movimentar o processoadministrativo, uma vez que o integra como interessada. Vale oprincípio do “impulso oficial”.

Assim, mesmo que não provocada, a Administração poderá instaurarum processo administrativo, desde que entenda necessário. Por isso, umdocumento apócrifo (anônimo), em casos concretos, poderá dar início a

um processo administrativo, ainda que tal processo não seja constituído apartir do expediente anônimo.

Nos processos judiciais comuns, o impulso (andamento) do processoincumbe às partes (de regra), as quais devem provocar a atuação jurisdicional para que o feito tenha andamento; e,

III) nos processos administrativos  prevalece a busca da verdadereal, assim entendida como aquela que se levanta dos fatos efetivamenteocorridos, ainda que não constantes formalmente de um processoadministrativo, por exemplo.

Nos processos judiciais cíveis, vale a verdade formal, ou seja, seuma informação não estiver formalmente contida nos autos doprocesso, para o Juiz ou Tribunal Judicial é como, de regra, nãohouvesse no mundo.

Dessa forma, ainda que a comunicação tenha sido anônima, poderia(e até deveria) o TCU instaurar um procedimento de ofício, visando aoesclarecimento dos fatos. A vedação ao anonimato, portanto, podeser relativizada, em casos específicos, a bem da preservação dointeresse público.

Outro exemplo de ponderação é colhido na jurisprudência do STJ (RMS24339). Na ocorrência de ilegalidade, é dever de a Administração (de

Page 19: Aula 00 (DirAdm)Estrategia

7/30/2019 Aula 00 (DirAdm)Estrategia

http://slidepdf.com/reader/full/aula-00-diradmestrategia 19/51

Curso Teórico de Direito Administrativo para BACEN 

Profº. Cyonil Borges – aula DEMO 

Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 51 

ofício ou por provocação) e o Judiciário (por provocação) anular o atoadministrativo. No entanto, é possível a legalidade ceder espaço para oprincípio da segurança jurídica, em que a manutenção do ato ilegalcausará menos prejuízos que a sua retirada (fenômeno da estabilizaçãodos efeitos do ato administrativo).

2.2.1. PRINCÍPIOS EXPRESSOS

Em termos de texto constitucional, o Capítulo VII, do Título III (Daorganização do Estado), da Constituição da República Federativa doBrasil, consagra as normas básicas regentes da Administração Pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos estados,do Distrito Federal e dos municípios; e proclama os princípiosconstitucionais essenciais para a probidade e transparência na gestão dacoisa pública. São princípios constitucionais expressos no caput do art.37 da CF (LIMPE):

Legalidade;Impessoalidade;

Moralidade;

Publicidade e

Eficiência.

Tais princípios valem para todos os Poderes, de todos os entesintegrantes da Federação Brasileira (União; estados; Distrito Federal,e municípios), e respectivas Administrações Direta e Indireta. Façamos a

leitura do teor do referido dispositivo constitucional:Art. 37 -  A administração pública direta e indireta dequalquer dos Poderes da União , dos Estados , do DistritoFederal  e dos Municípios obedecerá aos princípios del egalidade, i mpessoalidade, moralidade,  publicidade eeficiência e, também, ao seguinte: (...).

No momento adequado, veremos que a Administração Indireta dosEstados, também chamada de Descentralizada, é formada por entidadesadministrativas de Direito Público (Autarquias, por exemplo) e de Direito

Privado (Sociedades de Economia Mista, por exemplo).Importante: perceba que o comando constitucional, também, dirige-se atoda a Administração Indireta, independentemente da natureza jurídicada entidade. Assim, mesmo entidades da Administração Pública queexplorem atividades econômicas, como o Banco do Brasil e a Petrobras,submetem-se aos princípios constitucionais da Administração Pública.

Na verdade, além da Administração Pública, a carga normativa dosprincípios é cogente, coativa, obrigatória, inclusive, para os particulares.Como assim para os particulares? Nunca ouvi falar sobre isso! Vamosentender melhor, então.

Page 20: Aula 00 (DirAdm)Estrategia

7/30/2019 Aula 00 (DirAdm)Estrategia

http://slidepdf.com/reader/full/aula-00-diradmestrategia 20/51

Curso Teórico de Direito Administrativo para BACEN 

Profº. Cyonil Borges – aula DEMO 

Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 51 

Os particulares não são obrigados a manter qualquer vínculo especial coma Administração Pública. Porém não há impedimento de se submeterem,facultativamente, conforme o interesse, às regras de Direito Público. Porexemplo: tais particulares podem ser qualificados, discricionariamente,como Organizações Sociais (OSs), e podem, doravante, passar a receber

dinheiros públicos para operacionalizar eventual contrato de gestãocelebrado com Ministério Supervisor. Nos termos da Lei 9.637, de 1998(Lei das OSs), as OSs acham-se presas, em suas aquisições, aocumprimento dos princípios da Administração Pública.

Vendo o assunto sob outra ótica, pode se afirmar que os princípiosconstituem, ainda, direitos do cidadão. Com efeito, caso a Administraçãoatue em conformidade com os princípios isso garantirá que suas açõessejam legais, impessoais, morais, por exemplo. Por isso a afirmativa – aobservância dos princípios por parte Administração constituem verdadeirodireito do cidadão.

Deixando de lado, por enquanto, os princípios específicos contidos nas leis9.784/1999, 8.666/1993, e 8.987/1995 (os quais serão analisados nascenas das próximas aulas), serão comentados os princípiosconstitucionais e legais expressos, bem como implícitos oureconhecidos no direito positivo, igualmente informadores do DireitoAdministrativo. Evidentemente, as análises, a seguir procedidas, nãoesgotarão todos os princípios, já o número destes dependerá dodoutrinador utilizado como referência. Mas serão abordados aquelesconsiderados mais relevantes para o nosso objetivo: GABARITAR o

assunto em prova.2.2.1.1. Legalidade

Sabe-se que, no âmbito das relações privadas, vige a ideia de quetudo que não está proibido em lei está permitido. Nas relações

 públicas, contudo, o princípio da legalidade envolve a ideia de que a Administração Pública só pode atuar quando autorizada ou permitida pela lei. A norma deve autorizar o agir e o não agir dossujeitos da Administração Pública, pois ele é integralmentesubserviente à lei. (por Dirley Cunha)

Sabemos que os princípios da Administração possibilitam aresponsabilização dos agentes estatais, bem como visam garantir ahonestidade do emprego dos dinheiros públicos.

Para Maria Sylvia, sendo o Direito Administrativo de elaboraçãopretoriana e não codificado, os princípios representam papel relevantenesse ramo do direito, permitindo à Administração e ao Judiciárioestabelecer o necessário  equilíbrio entre os direitos dosadministradores e as prerrogativas da Administração.

Para concluir que a partir dos princípios da legalidade e da supremaciado interesse público sobre o particular se constroem os demais,enfim, tais princípios precedem os demais. Atenção: não confundir“preceder” com “prevalecer”. Prevalecer remete-nos a ideia dehierarquia, e, como sabemos, inexiste hierarquia material entre os

Page 21: Aula 00 (DirAdm)Estrategia

7/30/2019 Aula 00 (DirAdm)Estrategia

http://slidepdf.com/reader/full/aula-00-diradmestrategia 21/51

Curso Teórico de Direito Administrativo para BACEN 

Profº. Cyonil Borges – aula DEMO 

Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 51 

princípios. A precedência, portanto, é mais interpretativa: como osinteresses públicos são superiores (supremos) quando comparados aosparticulares e como a Administração só pode agir em conformidade com aLei, os princípios em referência servem à interpretação de tudo que vá serfeito pela Administração.

O princípio da legalidade é da essência do Estado de Direito e, por isso,fundamental para o Direito Administrativo, já que este nasce comaquele. É fruto da necessária submissão do Estado à Lei. Consagra aideia de que por meio da norma geral, abstrata e, portanto, impessoal,editada pelo Poder Legislativo, a atuação da Administração objetiva aconcretização da vontade geral (art. 1º, parágrafo único, daCF/1988).

De acordo com a acepção doutrinária clássica do princípio da legalidade, a

Administração Pública só pode fazer aquilo que a normadetermina, permite, autoriza, de modo expresso ou implícito.

De modo expresso ou implícito?! Com isso pode acontecerProfessor? Explico.

Quando a norma traça todos os pormenores, sem deixar espaço deatuação por parte dos administradores, ter-se-á atuação vinculada.Por exemplo: na esfera federal, a aquisição de bens e de serviçoscomuns, enquadrados como padronizados, devem ser adquiridos porPregão. Isso mesmo. Na esfera federal, o uso do Pregão é obrigatório,

uso vinculado.Já, quando a norma deixa escolha, opção aos administradores, enfim,uma maior margem de liberdade (mas sempre com limites postospela norma), verificar-se-á discricionariedade. Por exemplo: o Pregãopode ser presencial ou eletrônico. Apesar de o presencial, na esferafederal, ser obrigatório, o eletrônico permanece preferencial (leia-se: hácerta discricionariedade).

Mas vejam: mesmo que conte com certa liberdade (discricionariedade), aAdministração só faz o que lei estabelece. Por isso, pode-se afirmarque o princípio da legalidade “precede” todos os demais, isto é,vem na frente, para efeitos interpretativos. Obviamente, essa “precedência” não tem sentido hierárquico. Não é que o princípio dalegalidade seja mais importante que os demais, mas sim que todos estesoutros princípios devem ser interpretados à luz das leis.

O princípio da legalidade não é restrito à Administração, enfim,também vale para o particular, mas com outro enfoque (legalidadeconstitucional): se uma norma não proibir, o particular, dispondo deforma livre de sua vontade, pode agir da maneira que melhor entender.Pode-se, previamente, concluir que a Administração Pública só podeagir da maneira que a lei determinar ou autorizar, enquanto o

Page 22: Aula 00 (DirAdm)Estrategia

7/30/2019 Aula 00 (DirAdm)Estrategia

http://slidepdf.com/reader/full/aula-00-diradmestrategia 22/51

Curso Teórico de Direito Administrativo para BACEN 

Profº. Cyonil Borges – aula DEMO 

Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 51 

particular age do modo que julgue mais conveniente, desde que alei (não apenas a Constituição) não o proíba.

Isso significa que o agente público, responsável por tornar concreta amissão da Administração Pública, não pode fazer tudo o que não seja

proibido em lei, e sim só o que a norma autoriza ou determina. Parao particular, o princípio da legalidade terá caráter mais restritivo queimpositivo: não sendo proibido em norma, é possível ao particular fazer.Parafraseando o autor Hely Lopes, o princípio da legalidade para oadministrador significa “deve fazer assim”, enquanto para osparticulares, “pode fazer assim”. 

Referência doutrinária (Gustavo Scatolino):

O princípio da legalidade pode ser entendido em dois sentidos:legalidade em sentido amplo e em sentido estrito. A legalidadeem  sentido estrito significa atuar de acordo com a lei, ou seja,obedecer à lei feita pelo Parlamento. A legalidade em  sentidoamplo ou legitimidade significa obedecer não só à lei, mastambém obedecer aos princípios da moralidade e do interesse público. Dessa forma, a palavra legitimidade apresenta um conceitomais abrangente do que o conceito de legalidade, pois legalidadeseria obedecer à lei e a legitimidade obedecer à lei e aos demais princípios administrativos. 

Em síntese: o princípio da legalidade é bem mais amplo do que amera sujeição do administrador à lei  formal, pois se refere ao

ordenamento jurídico, às normas e aos princípios constitucionais, semfalar das normas regulamentares por ele mesmo editadas. Obviamente,algumas disciplinas são separadas pelas constituições à disciplina de leiformal (reserva de lei), ou seja, necessariamente resultante datramitação de norma no Poder Legislativo.

No entanto, os limites do princípio da legalidade devem ser bemcompreendidos. A doutrina registra que, em casos de prestações pessoaisou patrimoniais, o princípio tem força absoluta (estrita legalidade),decorrente da norma que estabelece que “ninguém é obrigado a fazer oudeixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. Sobre o tema,

vejamos trecho da ADI-STF 2075:O tema concernente à disciplina jurídica da remuneração funcional submete-se ao postulado constitucional da reserva absoluta de lei,vedando-se, em consequência, a intervenção de outros atos estataisrevestidos de menor positividade jurídica, emanados de fontesnormativas que se revelem estranhas, quanto à sua origeminstitucional, ao âmbito de atuação do Poder Legislativo,notadamente quando se tratar de imposições restritivas ou defixação de limitações quantitativas ao estipêndio devido aos agentes públicos em geral.

Page 23: Aula 00 (DirAdm)Estrategia

7/30/2019 Aula 00 (DirAdm)Estrategia

http://slidepdf.com/reader/full/aula-00-diradmestrategia 23/51

Curso Teórico de Direito Administrativo para BACEN 

Profº. Cyonil Borges – aula DEMO 

Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 51 

O princípio constitucional da reserva de lei formal traduz limitaçãoao exercício das atividades administrativas e jurisdicionais doEstado. A reserva de lei - analisada sob tal perspectiva - constitui  postulado revestido de função excludente, de caráter negativo, poisveda, nas matérias a ela sujeitas, quaisquer intervenções

normativas, a título primário, de órgãos estatais não-legislativos.Essa cláusula constitucional, por sua vez, projeta-se em umadimensão positiva, eis que a sua incidência reforça o princípio, que,fundado na autoridade da Constituição, impõe, à administração e à jurisdição, a necessária submissão aos comandos estataisemanados, exclusivamente, do legislador. Não cabe, ao Poder Executivo, em tema regido pelo postulado da reserva de lei, atuar na anômala (e inconstitucional) condição de legislador, para, emassim agindo, proceder à imposição de seus próprios critérios,afastando, desse modo, os fatores que, no âmbito de nosso sistema

constitucional, só podem ser legitimamente definidos peloParlamento. É que, se tal fosse possível, o Poder Executivo passariaa desempenhar atribuição que lhe é institucionalmente estranha (ade legislador), usurpando, desse modo, no contexto de um sistemade poderes essencialmente limitados, competência que não lhe pertence, com evidente transgressão ao princípio constitucional daseparação de poderes.

Já no que diz respeito ao processo administrativo, o entendimentodoutrinário é o de que a Administração não pode eximir-se de decidir ospedidos em razão de inexistirem normas de competência expressa, pois

ao processo administrativo foram dadas as mesmas garantiasconstitucionais do processo judicial (art. 5º, LV, da CF/1988). Assim, aoadministrador não é permitido lançar o administrado à via maisdificultosa: a judicial. Deve-se considerar que o ordenamento jurídicosupre suas próprias lacunas, mediante a aplicação/criação de normas.

Por fim, a doutrina aponta situações em que o princípio da legalidadesofrerá constrições (restrições) temporárias: medidas provisórias (espécies normativas efêmeras), estado de defesa e de sítio (oPresidente da República é quem decreta, não há lei formal). Para CelsoAntônio, as medidas provisórias não se confundem com as leis, têmforça de leis, mas com estas não se confundem. São espécies normativasefêmeras. Já o Estado de Defesa e o de Sítio são situaçõesexcepcionalíssimas regidas por Decreto do presidente da República.

CESGRANRIO - PB (BNDES)/Direito/2006 

 A doutrina aponta como restrições excepcionais ao princípio da legalidade:

I - as normas contidas nas medidas provisórias;

II - o estado de defesa;

III - o estado de sítio.

Está(ão) correta(s):

Page 24: Aula 00 (DirAdm)Estrategia

7/30/2019 Aula 00 (DirAdm)Estrategia

http://slidepdf.com/reader/full/aula-00-diradmestrategia 24/51

Curso Teórico de Direito Administrativo para BACEN 

Profº. Cyonil Borges – aula DEMO 

Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 51 

a) II, apenas.

b) III, apenas.

c) I e II, apenas.

d) I e III, apenas.

e) I, II e III.9 

2.2.1.2. Impessoalidade, finalidade ou isonomia

O princípio republicano e o dever, que nele se contém, de ser dar trato público à coisa pública, que nesta forma de governo seencarece, fundamentam a impessoalidade administrativa. É quenela a qualificação pessoal não conta, como não conta a situação

 pessoal daquele que detém o cargo público e que se deve manter neutro e objetivo em sua conduta, seja qual for a situação social,econômica ou político-partidária do cidadão sobre o qual incidirãoos efeitos do ato da Administração. (por Cármen Lúcia)

Como esclarece Lucas Rocha Furtado, o princípio da impessoalidadeadmite seu exame sob os seguintes aspectos:

 Dever de isonomia por parte da Administração Pública;

 Dever de conformidade ao interesse público;

  Imputação dos atos praticados pelos agentes públicos diretamenteàs pessoas jurídicas em que atuam.

Nesse contexto, pode-se dizer que o princípio da impessoalidade,expresso na CF, de 1988, e implícito na Lei Federal 9.784, de1999, tem uma “tripla formulação”, “três faces”. 

Numa primeira visão, para parte da doutrina, a impessoalidade comoprincípio significa que o administrador público só deve praticar atosvoltados à consecução do interesse público.

Por tal princípio, o tratamento conferido aos administrados em geral develevar em consideração não o “prestígio” social por estes desfrutado, massim suas condições objetivas em face das normas que cuidam dasituação, tendo em conta o interesse público, que deve prevalecer.

Para esses doutrinadores, a atuação impessoal determina umaatuação finalística da Administração, ou seja, voltada ao melhoratendimento dos interesses públicos. Desse modo, o princípio daimpessoalidade é sinônimo de finalidade pública. Sobre o tema,vejamos Ementa do Recurso Extraordinário (RE) 191.668, apreciado peloSTF:

1. O caput e o  parágrafo 1º do artigo 37  da Constituição Federal impedem que haja qualquer tipo de identificação entre a publicidadee os titulares dos cargos alcançando os partidos políticos a que

9 Letra E.

Page 25: Aula 00 (DirAdm)Estrategia

7/30/2019 Aula 00 (DirAdm)Estrategia

http://slidepdf.com/reader/full/aula-00-diradmestrategia 25/51

Curso Teórico de Direito Administrativo para BACEN 

Profº. Cyonil Borges – aula DEMO 

Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 51 

 pertençam. O rigor do dispositivo constitucional que assegura o princípio da impessoalidade vincula a publicidade ao caráter educativo, informativo ou de orientação social é incompatível coma menção de nomes, símbolos ou imagens, aí incluídos slogans, que caracterizem promoção pessoal ou de

 servidores públicos. A possibilidade de vinculação do conteúdo dadivulgação com o partido político a que pertença o titular do cargo público mancha o princípio da impessoalidade e desnatura o caráter educativo, informativo ou de orientação que constam do comando posto pelo constituinte dos oitenta.

Em outra interessante acepção do princípio da impessoalidade, os atos eprovimentos administrativos  são imputáveis não ao funcionário que os pratica, mas ao órgão ou entidade administrativa em nome doqual age o funcionário.

Por essa linha, pelos atos dos agentes responde a Administração Pública,em razão da impessoalidade de atuação daqueles. A tese é consagradaem diversos momentos da nossa atual Constituição Federal, como no art.37, §6º do texto constitucional:

 As  pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão  pelos danos que  seus agentes , nessa qualidade,causarem a terceiros , assegurado o direito de regressocontra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

Vê-se que a pessoa jurídica à qual é vinculado o agente respondepelo dano causado por este, nitidamente devido à impessoalidade daatuação funcional. Portanto, o agente tem sua atuação imputada aoórgão/entidade a que se vincula (teoria do órgão ou da imputaçãovolitiva).

Uma terceira face da impessoalidade pode ser encontrada no art. 37,inc. II, por exemplo. Ao se exigir concurso público para o acesso aoscargos públicos, o legislador prezou pelo mérito, sem criar discriminaçõesbenéficas ou detrimentosas, em observância ao princípio da isonomiaou igualdade. Obviamente, não significa dizer que as leis não possam

criar critérios para a seleção dos candidatos. Sobre o tema, o STF, no RE148.095, reconheceu que, em se tratando de concurso público paraagente de polícia, mostra-se razoável a exigência, por lei, de que ocandidato tenha altura mínima de 1,60m. A exigência de altura, por suavez, não é razoável para o cargo de escrivão de polícia, dado asatribuições do cargo, para as quais o fato altura é irrelevante (STF - AI518863).

Assim, a atividade administrativa deve se dar segundo critérios de bomandamento do serviço público, afastando-se favoritismo ou mesmodesfavoritismos. Sobre o tema, o STF, na ADI 1072/RJ, declarou a

inconstitucionalidade de lei estadual que dispensava os candidatosintegrantes do Quadro Permanente da Polícia Civil da prova de

Page 26: Aula 00 (DirAdm)Estrategia

7/30/2019 Aula 00 (DirAdm)Estrategia

http://slidepdf.com/reader/full/aula-00-diradmestrategia 26/51

Curso Teórico de Direito Administrativo para BACEN 

Profº. Cyonil Borges – aula DEMO 

Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 51 

capacitação física e de investigação social (“Não há razão para se tratar desigualmente os candidatos ao concurso público, dispensando-se, da prova de capacitação física e de investigação social, os que já integram oQuadro Permanente da Polícia Civil do Estado, pois a discriminaçãoimplica ofensa ao princípio da isonomia”).

Lúcia Figueiredo explica que a impessoalidade pode levar à igualdade,mas com ela não se confunde. É possível haver tratamento igual adeterminado grupo (que estaria satisfazendo o princípio da igualdade),porém, se ditado por conveniências pessoais do grupo e/ou doadministrador, estará infringindo a impessoalidade. É verdade que estãopróximos os princípios, mas certamente não se confundem.

Para efeito de concursos públicos, é costumeiro as organizadoras exigiremas aplicações práticas dos princípios. Assim, vejamos abaixo algumas dasmais importantes aplicações:

§1º do art. 37 da CF/1988:  A publicidade dos atos, programas, obras, serviços ecampanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo,informativo ou de orientação social, dela não podendoconstar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.

Art. 18 da Lei 9.784/1999 (Lei de Processo AdministrativoFederal): regras de impedimento e de suspeição. Responda rápido: se

você fosse o julgador de processo administrativo em que o acusado é suasogra, o resultado seria favorável? Não precisa responder! No casoconcreto, para evitar a parcialidade no julgamento, é conveniente que oagente público se reconheça impedido, evitando-se, inclusive, eventualresponsabilização administrativa.

 Atos praticados por agente de fato (putativo ou necessário):é, por exemplo, o particular que ingressou na Administração Pública, noentanto, de forma irregular (agente putativo). É o agente “denorex” ( parece que é, mas não é), e, de acordo com a teoria da aparência,seus atos praticados serão considerados válidos perante terceiros deboa-fé. O agente necessário, por sua vez, é aquele que atua em casos deemergência, fazendo as vezes do agente público, como, por exemplo, ocidadão que orienta o trânsito, haja vista o mau funcionamento dosemáforo.

Art. 100 da CF/1988: o regime célere e eficaz de pagamento dedívidas do Estado - precatórios. A inscrição em precatórios observa, deregra, uma ordem cronológica  de apresentação, sendo proibida adesignação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias.

Page 27: Aula 00 (DirAdm)Estrategia

7/30/2019 Aula 00 (DirAdm)Estrategia

http://slidepdf.com/reader/full/aula-00-diradmestrategia 27/51

Curso Teórico de Direito Administrativo para BACEN 

Profº. Cyonil Borges – aula DEMO 

Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 51 

2.2.1.3. Moralidade

 A ilegalidade mais grave é a que se oculta sob a aparência delegitimidade. A violação maliciosa encobre os abusos de direito coma capa de virtual pureza (por Caio Tácito).

O princípio da moralidade é “velho” conhecido da doutrina. No entanto,passou a ser explícito, em termos constitucionais, a partir de 1988.

Na doutrina francesa, Maurice Hauriou, depois de diferenciar a moralcomum da moral jurídica, define a moralidade jurídica como oconjunto de regras de conduta tiradas da disciplina interior da Administração.

Portanto, a conduta da Administração deve ser mais exigente do quesimples cumprimento da frieza das leis. Deve-se divisar o justo doinjusto, o lícito do ilícito, o honorável do desonorável, o conveniente doinconveniente. A moralidade passa a ser pressuposto de validade dos atos

do Estado, sendo que em toda a atuação estatal deverão estar presentesprincípios da lealdade, da boa-fé, da fidelidade funcional, dentre outros,atinentes à moralidade.

Lúcia de Figueiredo esclarece que a anulação de atos provenientes doexcesso de poder é fundada tanto na noção de moralidadeadministrativa quanto na legalidade, de tal sorte que a Administração éligada, em certa medida, pela moral jurídica, particularmente no queconcerne ao desvio de poder.

Lealdade, boa-fé, honestidade são preceitos éticos desejados pela

sociedade que nos remunera direta ou indiretamente. Por isso, oprincípio da moralidade pode ser considerado a um só tempo dever doadministrador e direito público subjetivo.

O legislador constitucional, sensibilizado com a moralidade, traz algumasaplicações práticas. Vejamos:

Art. 5º, LXXIII (ação popular) - a proteção  da moralidadeadministrativa, nesse caso, depende de iniciativa exclusiva de qualquercidadão (não é qualquer particular, cuidado); 

Art. 37, § 4º, e 85, V, (atos de improbidade

administrativa);A probidade é um aspecto da moralidade. De acordo com o DicionárioAurélio (eletrônico), probidade diz respeito à integridade de caráter,honradez, ou seja, conceito estreitamente correlacionado com o demoralidade administrativa, tal como gosta de afirmar o examinadorem provas do CESPE. Vejam aí o exemplo:

Art. 70 (princípios da legitimidade e economicidade, dasquais irradia a moralidade);

Os amigos são sabedores de que a Constituição Federal vigente consagra

os controles interno e externo, este, em termos parlamentares, a

Page 28: Aula 00 (DirAdm)Estrategia

7/30/2019 Aula 00 (DirAdm)Estrategia

http://slidepdf.com/reader/full/aula-00-diradmestrategia 28/51

Curso Teórico de Direito Administrativo para BACEN 

Profº. Cyonil Borges – aula DEMO 

Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 51 

cargo das Casas Legislativas com o auxílio técnico dos Tribunais deContas.

O controle parlamentar está previsto, ainda, no art. 50 e seusparágrafos, além do § 3º do art. 58 da CF, de 1988, que dá poderes de

investigação próprios das autoridades judiciais às ComissõesParlamentares de Inquérito – CPIs. A esses órgãos incumbe controlar osatos da Administração, inclusive sob o aspecto da moralidade.

Art. 129, III (ação civil pública);

Então, prontos para definir moralidade administrativa?

O conceito talvez não, mas as aplicações vocês já estão treinados. Oconceito de moralidade é um conceito  jurídico indeterminado, taiscomo “bem comum” e “interesse público”.

De fato, o Direito contém um sem-número de conceitos indeterminados,

elásticos, plurissignificativos, equívocos, os quais levam à loucura alguns,sobretudo aqueles da área das ciências mais precisas (as ditas “exatas”).

Nós temos amigos de engenharia, matemática e outras, que sempredizem assim: mas que ciência ‘doida’ esse tal de direito, hein?Como é que pode uma situação concreta ter um monte deinterpretação? Nossa resposta: o Direito é uma ciência do social, e suasinterpretações irão mudar junto com a sociedade, resultando essa “multiplicidade” de interpretações. Com a mudança social, muda-se ainterpretação...

Realmente, a moralidade é um conceito indeterminado, como muitosoutros. Mas qual seria a razão de o legislador utilizar essa “técnica” deconceitos indeterminados?

Quando o legislador lança mão de conceitos vagos, indeterminados, fazcom que uma norma tenha maior “longevidade”, ou seja, viva por maistempo. Um exemplo torna mais claro.

O art. 1º da Lei 10.520/2002 diz que o pregão, uma das modalidades delicitação, serve à aquisição de bens e serviços “comuns”. Vem aindagação: mas o que são ‘bens e serviços comuns’? Esse conceitoé vago demais! De fato, o conceito é bastante “aberto”, ou, abstrato.Porém, isso é positivo, faz com que a norma “viva” mais tempo.Por exemplo, o Pregão, há trinta anos, não serviria à aquisição de bens eserviços de informática, pois não eram comuns (no sentido de padronizados). Hoje, no entanto, o Pregão servirá, sim, para boa partedestas aquisições, uma vez que muitos bens e serviços de informática sãopadronizados no mercado. É isso que quero dizer com “a norma vive maistempo”, ao se utilizar conceitos indeterminados.

Apesar de tratar-se de um conceito vago, a moralidade administrativa não está imune ao controle judicial. Basta ver o que diz o inc. XXXV do

art. 5º da CF/1988 para chegar a essa conclusão. Relembremos o

Page 29: Aula 00 (DirAdm)Estrategia

7/30/2019 Aula 00 (DirAdm)Estrategia

http://slidepdf.com/reader/full/aula-00-diradmestrategia 29/51

Curso Teórico de Direito Administrativo para BACEN 

Profº. Cyonil Borges – aula DEMO 

Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 51 

dispositivo: a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ouameaça a direito.

Notem, nem mesmo a lei excluirá da apreciação judicial um ato que, aomenos potencialmente, possa causar prejuízos. A simples utilização de

um conceito indeterminado, como a moralidade, não impede aatuação do Poder Judiciário de exercer o legítimo controle do ato.

Mesmo que tal conceito seja empregado em sua “acepção pura”, ou seja,em seu sentido filosófico, entendida, portanto, como um conjunto deregras de conduta consideradas como válidas, quer de modo absoluto para qualquer tempo ou lugar, quer para grupo ou pessoa determinada (conceito extraído do Dicionário Aurélio Eletrônico), estará a salvo docontrole judicial.

E, agora, prontos para separar a moralidade da legalidade? E amoralidade comum da jurídica?

É de interesse a distinção entre a legalidade e moralidade, enquantoprincípios, os quais, por razões óbvias, não podem ser entendidoscomo sinônimos perfeitos.

Pelo princípio da legalidade, a Administração Pública só pode atuar deacordo com o que a lei estabelece ou autoriza. Já a moralidade é um dosconceitos que conta com um dos maiores graus de abstração no mundo jurídico: o que seria a “moral”?

Ainda que o conceito seja passível de inúmeras interpretações, é claroque sua definição perpassa por uma noção muito subjetiva, influenciada,

ainda, pelo momento histórico vivido. Exemplo disso é o nepotismo,tratado mais à frente.

Há dez, vinte anos, seria impensável alguma autoridade judicial dizer quea prática do nepotismo não se alinhava ao princípio da moralidade. Hoje,felizmente, nosso direito evoluiu, e a nomeação de parentes para cargosde chefia passou a ser refutada pela sociedade, bem como por tribunais judiciais.

O princípio da moralidade tem profunda relação com o “padrão decomportamento” desejável dos agentes públicos, estreitando-se com o

que poderia nominar, sinteticamente, por ética.Por dizer respeito a “comportamento”, nota-se extrema dificuldade emtentar se “isolar” uma moral essencialmente administrativa, ou seja, doEstado. De fato, para se chegar ao conceito de padrão, o intérprete da leiserá certamente influenciado pela noção de moral “comum”, queprevalece no seio da sociedade em determinado momento histórico.

Em síntese: a “moralidade” administrativa e a comum sãoindissociáveis, não havendo como se falar de uma sem se abordar aoutra.

É fácil observar a consagração do princípio da moralidade administrativa,mesmo em âmbito constitucional. Dessa maneira, cabe aos órgãos

Page 30: Aula 00 (DirAdm)Estrategia

7/30/2019 Aula 00 (DirAdm)Estrategia

http://slidepdf.com/reader/full/aula-00-diradmestrategia 30/51

Curso Teórico de Direito Administrativo para BACEN 

Profº. Cyonil Borges – aula DEMO 

Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 51 

competentes e aos cidadãos em geral diligenciar aos órgãos judiciais paraque invalidem atos ofensivos à moral, com a consequente aplicação dasdevidas punições aos responsáveis.

Nesse contexto, cabe ao Judiciário o controle do ato administrativo,

tanto sob o aspecto da legalidade quanto sob o aspecto damoralidade. Exemplo disso é a prática do nepotismo, a qual é vistacomo imoral por diversos tribunais judiciais, como o próprio STF.

Por fim, ressalto que legal e moral são qualificativos próximos, masnão idênticos. Ambos têm origem em um mesmo conceito: a conduta,mas possuem círculos de abrangência diferenciados. Vejamos umexemplo concreto.

Imagina que um servidor do Fisco passe a namorar a filha doMinistro ou Secretário da Fazenda, que é muito ciumento. Tão logodescobre o relacionamento, o Ministro/Secretário remove o

servidor, transferindo-o para um distante rincão de nosso país, nointuito de separar o casal.

Pergunta-se: a conduta da autoridade seria legal? A princípio, sim.Todavia, no aspecto do comportamento esperado da autoridade, oato não se alinharia à moral, daí porque deveria ser anulado, umavez que conteria um desvio de finalidade , ou seja, praticadovisando fins outros, que não o interesse público. 

Ainda sobre o tema, vejamos jurisprudência do STJ, que demarca, comclareza, a autonomia do princípio da moralidade em face do princípio da

legalidade:

 A constituição de nova sociedade, com o mesmo objeto social, comos mesmos sócios e com o mesmo endereço, em substituição aoutra declarada inidônea para licitar com a Administração PúblicaEstadual, com o objetivo de burlar a aplicação da sançãoadministrativa, constitui abuso de forma e fraude à Lei deLicitações, Lei n.º 8.666/93, de modo a possibilitar a aplicação dateoria da desconsideração da personalidade jurídica paraestenderem-se os efeitos da sanção administrativa à nova

sociedade constituída. A Administração Pública pode, em observância ao princípio damoralidade administrativa e da indisponibilidade dos interesses públicos tutelados, desconsiderar a personalidade jurídica desociedade constituída com abuso de forma e fraude à lei, desde quefacultado ao administrado o contraditório e a ampla defesa em processo administrativo regular.

Ainda que se trate de conceitos concêntricos (ou secantes) (origem emidêntico conceito: a conduta), moralidade e legalidade distinguem-se:cumprir aparentemente a lei não implica necessariamente aobservância da moral.

Page 31: Aula 00 (DirAdm)Estrategia

7/30/2019 Aula 00 (DirAdm)Estrategia

http://slidepdf.com/reader/full/aula-00-diradmestrategia 31/51

Curso Teórico de Direito Administrativo para BACEN 

Profº. Cyonil Borges – aula DEMO 

Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 51 

Por exemplo: nos termos da Lei 8.666, de 1993, o chefe da divisãode Licitações não pode participar da licitação, mas, a rigor, não háimpedimento de o filho participar da licitação, certo? 

 Acontece que o filho tem 16 anos, porém, na condição de

empresário, pode ser emancipado. Abre a empresa e, por coincidência do destino, vence a licitação no órgão em que o pai échefe do setor de licitações.

Durante um trabalho de fiscalização pela Controladoria-Geral daUnião ou pelo TCU detecta-se o fato acima. Então, há ilegalidade? Claro que não! Há imoralidade? Difícil, não é verdade.

 Acontece que todas as notas fiscais de serviços da empresa foramemitidas, durante 6 anos, exclusivamente para o referido órgão. E agora? Induvidosamente houve imoralidade.

Vamos trabalhar, agora, as regras sobre o nepotismo, tema de maiorincidência nos últimos concursos, logo, toda a atenção.

Nepotismo funciona como uma espécie de favoritismo, preferência,por alguns. No direito administrativo brasileiro, o nepotismo tem sidoidentificado pela nomeação de parentes para cargos de chefia.

Não há uma LEI que vede, expressamente, o nepotismo no âmbitode todas as esferas federativas. Não obstante prática indesejável, onepotismo não seria, então, uma ilegalidade explícita, por falta delei que assim estabeleça.

Todavia, além do princípio da legalidade, cabe observar e aplicar outrosprincípios constitucionais na produção de atos administrativos. Onepotismo  precisa ser combatido, integrando todos os princípiosconstitucionais, o que, por sorte da moralidade e da eficiência, já foifeito pelo Supremo Tribunal Federal - STF.

Ao apreciar a Ação Declaratória de Constitucionalidade 12/2006 – ADC12, em que se discutia Resolução do CNJ, a qual vedava a nomeação deparentes dentro do Poder Judiciário, a Corte Constitucional entendeuque o nepotismo é uma afronta a princípios de AdministraçãoPública constantes do art. 37 da CF/1988, principalmente aos princípios

da impessoalidade, moralidade, eficiência e igualdade.Os amigos concursandos mais atualizados se questionam: é verdadeque só o Poder Judiciário está sujeito à vedação do nepotismo?Não é verdade! Vejamos. 

Com base no princípio da eficiência, da moralidade, e em outrosfundamentos constitucionais, o STF, por meio da SúmulaVinculante 13, entendeu que viola a Constituição a nomeação decônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou porafinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de

servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefiaou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de

Page 32: Aula 00 (DirAdm)Estrategia

7/30/2019 Aula 00 (DirAdm)Estrategia

http://slidepdf.com/reader/full/aula-00-diradmestrategia 32/51

Curso Teórico de Direito Administrativo para BACEN 

Profº. Cyonil Borges – aula DEMO 

Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 51 

confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública diretae indireta10.

A presente Súmula só faz reafirmar o entendimento do STF: a vedaçãoao nepotismo não exige edição de lei formal  , visto que a proibição é

extraída diretamente dos princípios constitucionais que norteiam aatuação administrativa.

Com a edição dessa Súmula (a de número 13), a regra do nepotismo,antes só existente no Poder Judiciário (Resolução do CNJ), foiestendida para qualquer dos poderes da União, dos Estados, doDistrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediantedesignações recíprocas (o que a doutrina chama de nepotismocruzado).

No entanto, duas exceções à Súmula merecem destaque.

A primeira diz respeito aos servidores já admitidos via concursopúblico, os quais, na visão do STF, não podem ser prejudicados emrazão do grau de parentesco, inclusive porque tais servidores passarampor rigorosos concursos públicos, tendo, portanto, o mérito de assumirum cargo de chefia, de direção. Se entendêssemos diferente disso, algunsservidores seriam punidos eternamente, apesar de competentes paragalgarem postos mais elevados. No entanto, esclareça-se que permaneceem vigor a diretriz contida na Lei Federal 8.112, de 1990, em que seproíbe ao servidor público manter sob sua chefia imediata cônjuge ouparentes até o 2º grau civil.

A segunda exceção consta da Reclamação 6650 – PR, na qual o STFreafirmou seu posicionamento no sentido de que a Súmula 13 não seaplica às nomeações para cargos de natureza política (SecretárioEstadual de Transporte, no caso da decisão).

Relativamente aos membros dos Tribunais de Contas, o STFrecentemente afirmou, categoricamente, que os tais agentes são simplesauxiliares do Legislativo (os legítimos políticos), não podendo,portanto, serem enquadrados como políticos (são cargosadministrativos, de natureza técnica) (Reclamação/STF nº 6702).Logo, a nomeação de parentes não constituirá exceção à vedação

do nepotismo (fiquem de olho!). Vejamos:Considerou-se que a natureza do cargo de Conselheiro do Tribunal de Contas não se enquadraria no conceito de agente político, umavez que exerce a função de auxiliar do Legislativo no controle da Administração Pública, e que o processo de nomeação do irmão doGovernador, ao menos numa análise perfunctória dos autos,sugeriria a ocorrência de vícios que maculariam a sua escolha por  parte da Assembleia Legislativa do Estado.

10 Acrescenta-se que, no Código Civil, o parentesco por afinidade é limitado ao 2º Grau.

Page 33: Aula 00 (DirAdm)Estrategia

7/30/2019 Aula 00 (DirAdm)Estrategia

http://slidepdf.com/reader/full/aula-00-diradmestrategia 33/51

Curso Teórico de Direito Administrativo para BACEN 

Profº. Cyonil Borges – aula DEMO 

Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 51 

E, na mesma reclamação, o STF considerou desnecessária a edição de Leipara que se tenha de observar o dever de conduta moral, como já ditoanteriormente. Observemos, mais uma vez:

(...) A vedação do nepotismo não exige a edição de lei formal  

 para coibir a prática, uma vez que decorre diretamente dos princípios contidos no art. 37, caput, da CF. O cargo de Conselheirodo Tribunal de Contas do Estado do Paraná reveste-se, à primeiravista, de natureza administrativa, uma vez que exerce a função deauxiliar do Legislativo no controle da administração pública. Aparente ocorrência de vícios que maculam o processo de escolha por parte da Assembleia Legislativa paranaense.”  

Além dessas duas exceções, os concursandos da área de Tribunais judiciais devem ficar atentos para as Resoluções do CNJ, o qual excluiu,ainda, da vedação à prática do nepotismo: os servidores admitidos, sem

concurso público, antes da CF, de 1988; os parentes de juízesaposentados ou falecidos; e servidores casados com magistrado depois danomeação para os cargos em comissão.

Não faltam instrumentos de combate a condutas e atos ofensivos aoprincípio da moralidade administrativa. Cabe aos órgãos competentes eaos cidadãos em geral diligenciar para que todos estejam realmente maisenvolvidos com os valores morais que devem inspirar uma sociedade justa e igualitária.

2.2.1.4. Publicidade

Ultimamente, tem-se desenvolvido a ação administrativadenominada “chamada pública”, por meio da qual a Administração publica edital com o objetivo de divulgar a adoção de certas providências específicas e convocar interessados para participar dainiciativa, indicando, quando for o caso, os critérios objetivosnecessários à seleção. (por Carvalho Filho)

O quarto princípio constitucional de previsão expressa é o da publicidade.Por este, a Administração Pública deve  tornar públicos seus atos,na forma prevista na norma.

A publicidade é um princípio democrático, republicano, por assim dizer,que faz com que se possibilite o controle da Administração, porrazões que são dotadas de obviedade: sem se dar transparência aos atosda Administração, inviável pensar-se no controle desta. A transparência é exigência, por exemplo, do devido processo legal (art. 5º, inciso LV, daConstituição Federal), afinal os princípios da ampla defesa e docontraditório só podem ser efetivados se existente a publicidade.

A publicidade, apesar de não ser elemento de formação dos atos,constitui-se requisito de sua moralidade e eficácia, entendida estaúltima como aptidão do ato para produção dos seus efeitos. Sobre otema, façamos a leitura do §1º do art. 61 da Lei 8.666, de 1993:

Page 34: Aula 00 (DirAdm)Estrategia

7/30/2019 Aula 00 (DirAdm)Estrategia

http://slidepdf.com/reader/full/aula-00-diradmestrategia 34/51

Curso Teórico de Direito Administrativo para BACEN 

Profº. Cyonil Borges – aula DEMO 

Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 51 

Parágrafo único. A publicação resumida do instrumento de contratoou de seus aditamentos na imprensa oficial, que é condiçãoindispensável para sua eficácia , será providenciada pela Administração até o quinto dia útil do mês seguinte ao de suaassinatura, para ocorrer no prazo de vinte dias daquela data,

qualquer que seja o seu valor, ainda que sem ônus, ressalvado odisposto no art. 26 desta Lei.

Publicidade não é elemento de formação? O que issosignifica? Vejamos.Os atos administrativos contam com cinco elementos de formação, sãoeles: Competência (sujeito, agente); Finalidade; Forma; Motivo; eOb jeto (conteúdo). Perceba que não há elemento publicidade, sinal deque não é elemento formativo do ato, em si. É, como dito, requisito

de eficácia e não de validade. Mas vamos por outro caminho.Responda rápido: o edital de licitação foi “encomendado” por determinadaempresa, a qual, por questões lógicas, sagrou-se vencedora do certame.Com a publicação (publicidade) do extrato do contrato a licitação deilícita passa à lícita? Obviamente não! Para Hely Lopes, os atosirregulares não se convalidam com a publicação , nem os regulares a dispensam para sua exequibilidade, quando a lei ou o regulamento aexige.

Além da transparência, maior visibilidade, para Diógenes Gasparini osseguintes objetivos podem ser cumpridos por meio da publicidade:

I) permitir o  controle dos atos da Administração Pública,dando, inclusive, oportunidade ao controle social, assim entendido aquelerealizado pela própria coletividade. Este fim possui estreita correlaçãocom a transparência e com o princípio democrático: compreendendo-sedemocracia como governo do povo, é preciso que o povo saiba o que éfeito com os recursos entregues à Administração Pública, por meio dostributos que paga.

II) desencadear o decurso dos prazos de interposição derecursos, que são contados a partir do momento em que o ato se torna

público. Lembramos que se o ato alcança estranhos aos quadros daAdministração deverá, salvo exceções, ser publicado;

III) marcar o início dos prazos de decadência e prescriçãoadministrativas.

No entanto, há exceções ao dever de a Administração tornarpúblicos seus atos, desde que assim necessário. Nesse sentido, aCF/1988 estabelece no inc. XXXIII do art. 5º:

todos têm direito  a receber  dos órgãos públicosinformações de seu interesse particular, ou de interesse

coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo

Page 35: Aula 00 (DirAdm)Estrategia

7/30/2019 Aula 00 (DirAdm)Estrategia

http://slidepdf.com/reader/full/aula-00-diradmestrategia 35/51

Curso Teórico de Direito Administrativo para BACEN 

Profº. Cyonil Borges – aula DEMO 

Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 35 de 51 

 seja imprescindível à segurança da sociedade e doEstado. 

Os critérios para definição das informações essenciais à segurança dasociedade encontram-se regulamentados pela Lei de Acesso à

Informação. Carvalho Filho registra que o princípio da publicidade deveser harmonizado, no entanto, com os princípios da proporcionalidade erazoabilidade. Sobre o tema, o STF declarou inconstitucional dispositivode lei que previa a obrigatoriedade de publicação dos custos dos atos doExecutivo efetuados em jornais ou veículos similares (ADI 2472).

Outro dispositivo do texto constitucional que permite certa restrição  ànecessidade de a Administração dar publicidade a seus atos é o inc.LX do art. 5º, com a seguinte redação: a lei  só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ouo interesse social o exigirem.

Em síntese: ainda que a publicidade seja um princípio para os atos da Administração Pública, não se reveste de caráter absoluto ,encontrando exceções no próprio texto da CF/1988. 

Importante: não confundir publicidade com publicação. A última éum dos meios de se dar cumprimento à primeira. Mas, antes deprosseguir, façamos uma distinção entre a publicidade geral e a restrita.

Como o nome denuncia, a publicidade geral é a que requer apublicação dos atos em órgãos oficiais; a restrita, por sua vez, é a queocorre no interior da Administração, em seus boletins internos, ou por

meio de intimações, citações e notificações aos destinatários.Pelo que se viu, é possível atender o princípio da publicidade mesmo sempublicação do ato administrativo, entendida esta como divulgação do atoem meios da imprensa escrita, como diários oficiais ou jornais contratados com essa finalidade. Vejamos, por exemplo, a modalidade delicitação convite, tratada no §3º do art. 22 da Lei nº 8.666/1993:

Convite é a modalidade de licitação entre interessados doramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não,escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três) pela

unidade administrativa, a qual  afixará, em local apropriado , cópia do instrumento convocatório e oestenderá aos demais cadastrados na correspondenteespecialidade que manifestarem seu interesse comantecedência de até 24 (vinte e quatro) horas daapresentação das propostas (o grifo não é do original).

Conforme o dispositivo, o Estado tem por obrigação enviar a carta-convite11 para, no mínimo, três interessados do ramo, bem como afixá-loem local público. A lei não exigiu, portanto, a publicação do convite.

11 Nome recebido pelo instrumento convocatório na modalidade convite.

Page 36: Aula 00 (DirAdm)Estrategia

7/30/2019 Aula 00 (DirAdm)Estrategia

http://slidepdf.com/reader/full/aula-00-diradmestrategia 36/51

Curso Teórico de Direito Administrativo para BACEN 

Profº. Cyonil Borges – aula DEMO 

Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 36 de 51 

Conclui-se que podem existir outras formas de se cumprir com apublicidade, mesmo que não haja publicação do ato. São exemplos:notificação direta do interessado, afixação de avisos, e divulgaçãona internet .

Lembre-se, ainda, de que nos municípios em que não exista imprensaoficial, admite-se a publicação dos atos por meio de afixação destes nasede da prefeitura ou da câmara de vereadores. Esse trecho revela que,além dos Diários Oficiais e jornais contratados, outros meios servem paraa produção dos efeitos jurídicos desejados pela Administração.

Para saber quais os atos necessitam ser publicados, deve-se vasculhar oinstrumento básico orientador da atuação do Estado: a lei. Na falta dedisposição legal específica, a regra é que atos externos ou internos(com efeitos externos), por alcançarem particulares estranhos aoserviço público, devam ser divulgados por meio de publicação em

órgão oficial (diários oficiais).Atos interna corporis  dos órgãos/entidades administrativos tambémnecessitam ser divulgados, mas não demandam publicação emdiários oficiais. Por isso, muitos órgãos acabam criando boletinsinternos, cuja função principal é exatamente dar publicidade aos atosinternos da instituição. Sobre o tema, o STF, no MS 25022/DF, registrouque, tratando-se de instrução interna, visando aos trabalhosadministrativos, descabe a exigência de publicidade via Diário Oficial.

Professor, o órgão oficial, tão falado, é apenas o Diário

Oficial?Para Diógenes Gasparini, órgão oficial é o jornal, público ou privado,destinado à publicação dos atos estatais. Atualmente, tem sido corrente oDiário Oficial na forma eletrônica pela Internet. No Recurso Extraordinário71.652, por exemplo, o STF registrou que a publicidade não é atendidacom a mera notícia, veiculada pela imprensa falada, escrita ou televisivado ato praticado pela Administração Público, mesmo que seja divulgadapela Voz do Brasil .

Referência doutrinária (Edmir Neto Araújo):

 A  publicidade geral  , produtora de efeitos, é a publicação, noórgão oficial (...). Em princípio todo ato administrativo deve ser  publicado, só se admitindo a decretação de sigilo nos casosespeciais de segurança nacional, investigações policiais ou interessesuperior da Administração (...). Já a  publicidade restrita , que pode constituir-se do conhecimento pessoal dos interessadosdiretos, por notificação, citação ou intimação, ou ainda por afixaçãoem local próprio da repartição, ou mesmo por franquear-se a presença do público ou interessados no local onde o ato e ou será praticado (...).

A seguir, uma questão de ESAF, bem recente e, certamente, que seráobjeto de cobrança por todas as ilustres bancas organizadoras.

Page 37: Aula 00 (DirAdm)Estrategia

7/30/2019 Aula 00 (DirAdm)Estrategia

http://slidepdf.com/reader/full/aula-00-diradmestrategia 37/51

Curso Teórico de Direito Administrativo para BACEN 

Profº. Cyonil Borges – aula DEMO 

Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 37 de 51 

(2012/ESAF  – MDIC) Determinado município da federaçãobrasileira, visando dar cumprimento a sua estratégiaorganizacional, implantou o programa denominado Administração Transparente.

Uma das ações do referido programa consistiu na divulgação daremuneração bruta mensal, com o respectivo nome de cadaservidor da municipalidade em sítio eletrônico da internet.

 A partir da leitura do caso concreto acima narrado, assinale a opçãoque melhor exprima a posição do Supremo Tribunal Federal  – STF acerca do tema.

a) A atuação do município encontra-se em consonância com o princípio da publicidade administrativa.

b) A atuação do município viola a segurança dos servidores.

c) A atuação do município fere a intimidade dos servidores.d) A remuneração bruta mensal não é um dado diretamente ligadoà função pública.

e) Em nome da transparência, o município está autorizado a proceder a divulgação da remuneração bruta do servidor e dorespectivo CPF.

Comentários:

Questão excelente.

O princípio da publicidade impõe a divulgação dos atos da Administração Públicaem diários oficiais, em jornais contratados, e, mais recentemente, na internet,conforme o caso.

Segundo esse princípio, há, ainda, o dever de a Administração franquear aosparticulares o acesso às informações públicas que não foram objeto depublicação.

No entanto, a aplicação do princípio, em estudo, não é irrestrita. A ConstituiçãoFederal de 1988 (CF, de 1988), por exemplo, restringe o conteúdo da informaçãoquanto a assuntos atinentes à Segurança Nacional, à intimidade, à honra e àimagem. Vejamos (incisos X e XXXIII do art. 5º da CF, de 1988):

 X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das

 pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

 XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações deseu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão

 prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadasaquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e doEstado;

Vencidas essas considerações preliminares, será que a divulgação daremuneração bruta mensal dos servidores, em sítio eletrônico da internet, é umadas vedações ao princípio da publicidade? Até onde a divulgação pode serconsiderada eventual ofensa à intimidade ou à vida privada do servidor?

Sobre o tema, o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu aconstitucionalidade da divulgação na internet da remuneração paga a cada um

Page 38: Aula 00 (DirAdm)Estrategia

7/30/2019 Aula 00 (DirAdm)Estrategia

http://slidepdf.com/reader/full/aula-00-diradmestrategia 38/51

Curso Teórico de Direito Administrativo para BACEN 

Profº. Cyonil Borges – aula DEMO 

Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 38 de 51 

dos ministros (ativos e aposentados) bem como de seus servidores, ativos einativos, além de pensionistas. Para a Corte, a decisão atende ao comando danova Lei de Acesso à Informação (Lei 12.527/2011).

Como bem registrou o ministro Ayres Britto, a folha de pagamento será divulgadaintegralmente, com os nomes dos servidores, os cargos que ocupam e a

remuneração bruta mensal que recebem, afinal o contribuinte é o empregadordos servidores, tendo, por conseguinte, o direito de saber quanto paga.

No entanto, a questão, ora analisada, teve por fundamento a decisão do STF, no julgamento de Agravo Regimental na Suspensão de Segurança (SS) 3902,interposto por um sindicato e uma associação de servidores do Município de SãoPaulo (SP) contra decisão do presidente do STF, tendo por objeto a Lei municipal14.720/2008.

Na ocasião, o argumento do sindicato foi a preservação da intimidade financeirados servidores. Para o STF:

Sua remuneração bruta, cargos e funções por eles titularizados, órgãos de suaformal lotação, tudo é constitutivo de informação de interesse coletivo ou geral.

Expondo-se, portanto, à divulgação oficial.Na oportunidade, o STF afastou, ainda, a questão da exposição ao risco pessoal efamiliar, isso porque proibida a revelação do endereço residencial, do CPF e do RGde cada servidor. Daí, inclusive, a incorreção da alternativa E.

Por todo o exposto, concluímos pela correção da letra A [a divulgação está deacordo com o princípio da publicidade].

2.2.1.5. Eficiência

O núcleo do princípio é a procura de produtividade e economicidadee, o que é mais importante, a exigência de reduzir os desperdíciosde dinheiro público, o que impõe a execução dos serviços públicos

com presteza, perfeição e rendimento funcional (por FernandaMarinela).

Chegamos ao princípio constitucional mais “moderninho”, o da eficiência (não eficácia ou efetividade), também chamado de princípio daqualidade dos serviços públicos, inserido no texto da CF/1988 pormeio da Emenda Constitucional 19/1998, a denominada emenda da“Reforma Administrativa”, assunto importante não só para a nossamatéria, o Direito Administrativo, mas, sobretudo, para a matéria deAdministração Pública.

Entre parênteses, informou-se “não eficácia ou efetividade” . Sim, mas

o que são eficácia e efetividade? E em que medida tais conceitosdistinguem-se da eficiência? Vejamos.

Ação administrativa eficaz é aquela que alcançou a meta prevista. Porsua vez, na efetividade, dá-se relevo aos resultados sociais planejados.E, por fim, na eficiência, atém-se à relação custo versus benefício, istoé, menor volume de recursos públicos para o alcance dos resultadosprevistos.

Por exemplo: o governo do Estado “X” propõe a inclusão na Lei Orçamentária Anual de R$ 10 milhões de reais para a construção de

30 escolas públicas. O Legislativo aprova o crédito orçamentário. Asreceitas previstas para amparar as despesas fixadas são realizadas.

Page 39: Aula 00 (DirAdm)Estrategia

7/30/2019 Aula 00 (DirAdm)Estrategia

http://slidepdf.com/reader/full/aula-00-diradmestrategia 39/51

Curso Teórico de Direito Administrativo para BACEN 

Profº. Cyonil Borges – aula DEMO 

Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 39 de 51 

O governo executa a construção de 30 escolas, dentro da vigênciado crédito orçamentário, utilizando-se de R$ 9 milhões de reais. Asescolas, no entanto, ficam abandonadas, porque não se planejou acontratação de novos Professores e pessoal administrativo. No caso,a ação foi eficaz (alcançou a meta prevista), foi eficiente (os

recursos foram suficientes para o resultado pretendido), porém nãofoi efetiva (o resultado social não foi alcançado).

Referência doutrinária (Carvalho Filho): a eficiência não seconfunde com a eficácia nem com a efetividade. A eficiênciatransmite sentido relacionado ao modo pelo qual se processa odesempenho da atividade administrativa; a ideia diz respeito, portanto, à conduta do agente. Por outro lado, a eficácia temrelação com os meios e instrumentos empregados pelos agentesno exercício de seus misteres na administração; o sentido aqui étipicamente instrumental. Finalmente, a efetividade é voltada paraos resultados obtidos com as ações administrativas, sobrelevanesse aspecto a positividade dos objetivos.

O princípio da eficiência pode ser analisado em confronto com o art. 70da Constituição Federal, no qual está disciplinado o controle daAdministração Pública Federal, realizado pelo Congresso Nacional,com o auxílio do TCU (art. 70 da CF/1988).

No âmbito da Corte de Contas Federal, é firme o entendimento de que ocontrole da Administração Pública deve considerar não só aspectosrestritos de legalidade. De outra forma, devem ser levados em

consideração aspectos relacionados à otimização do gasto público,ou seja, a eficiência na utilização de tais valores.

É o que se conclui a partir do citado art. 70 da CF/1988, ao estabelecer ocontrole da Administração também quanto à legitimidade eeconomicidade, enfim, se houve eficiência ou não no dispêndio dosrecursos públicos.

Em outra ótica, o dever de eficiência corresponde ao “dever de boaadministração” , já consagrado entre nós desde a ReformaAdministrativa Federal em 1967 (Decreto Lei 200). Essa  “antiga” norma

submete toda atividade do  Executivo Federal ao controle deresultado (art. 13 e inc. V do art. 25), fortalece o sistema de mérito (art. 25, VII), sujeita a Administração indireta à supervisão ministerial quanto à eficiência administrativa (art. 26, III) e recomenda a demissãoou dispensa do servidor comprovadamente ineficiente ou desidioso (art.100).

O princípio ou dever de eficiência  impõe-se a toda AdministraçãoPública (art. 37, caput , da CF/1988). Parte da doutrina entende que,caso atue eficientemente, o agente público exercerá suas atribuiçõescom perfeição, rendimento funcional, rapidez, em síntese, deve

ser eficiente. Sobre o tema, vejamos, abaixo, manifestação do STJ(Recurso Especial 1044158):

Page 40: Aula 00 (DirAdm)Estrategia

7/30/2019 Aula 00 (DirAdm)Estrategia

http://slidepdf.com/reader/full/aula-00-diradmestrategia 40/51

Curso Teórico de Direito Administrativo para BACEN 

Profº. Cyonil Borges – aula DEMO 

Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 40 de 51 

1. Ao processo administrativo devem ser aplicados os princípiosconstitucionais insculpidos no artigo 37 da Carta Magna. 2. É dever da Administração Pública pautar seus atos dentro dos princípios constitucionais, notadamente pelo princípio da eficiência,que se concretiza também pelo cumprimento dos prazos legalmente

determinados.3. Não demonstrados óbices que justifiquem a demora na concessãoda aposentadoria requerida pela servidora, restam malferidos os princípios constitucionais elencados no artigo 37 da Carta Magna. 4. Legítimo o pagamento de indenização, em razão dainjustificada demora na concessão da aposentadoria.5. No caso, como a lei fixa prazo para a Administração Públicaexaminar o requerimento de aposentadoria, o descumprimentodesse prazo impõe ao administrador competente o dever de justificar o retardamento, o que gera uma inversão do ônus

 probatório a favor do administrado. Assim, cabe ao Estado- Administração justificar o retardo na concessão do benefício. Se nãoo faz, há presunção de culpa, que justifica a indenização proporcional ao prejuízo experimentado pelo administrado.

De fato, o que temos é uma conjugação de fatores, sendo o princípio daeficiência bifrontal - não adianta o servidor ser rápido, se não alcança aperfeição (fazer duas vezes não é ser eficiente, é gerar retrabalho edispêndios desnecessários); não adianta ter ótimo rendimento funcional,se demora três anos para concluir o trabalho; e não adianta ser perfeito,se do trabalho efetuado não decorre qualquer utilidade.

Sobre o tema, o Tribunal de Contas da União, no Acórdão 277, de 2003,considerou legal a realização de licitação na modalidade pregão paraaquisição de veículos, dando como parte do pagamento bens inservíveisda Administração. Perceba que, nesse caso, a Administração agiu comeficiência, evitando-se a realização de duplo procedimento de licitação(pregão para a aquisição de novos veículos, e leilão para a alienação dosantigos).

Vamos retomar e esclarecer, mais claramente, o conceito de princípiobifrontal.

Na realidade, o princípio da eficiência deve ser compreendido, a um só tempo, emrelação à forma de estruturação, de organização, da Administração, bem comorelativamente a seus servidores. Por exemplo:

- o concursando “X”, formado em engenharia eletrônica no ITA, commestrado em Harvard, toma posse em órgão municipal. Ao entrar emexercício,  “cheio de gás” para o trabalho, depara-se com a situação deinexistência de computadores. Em síntese: do que adianta um servidoreficiente, se a Administração não se aparelhou para tanto?;

- agora, o mesmo concursando passa em concurso federal,deparando-se com excelentes estruturas, ótimos computadores etc.Logo no primeiro dia, o servidor aventura-se na missão de descobrir asbombas no jogo “campo minado”. Vencida essa primeira etapa, com o

Page 41: Aula 00 (DirAdm)Estrategia

7/30/2019 Aula 00 (DirAdm)Estrategia

http://slidepdf.com/reader/full/aula-00-diradmestrategia 41/51

Curso Teórico de Direito Administrativo para BACEN 

Profº. Cyonil Borges – aula DEMO 

Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 41 de 51 

suor do árduo trabalho, aventura-se no jogo “paciência”. Em síntese: doque adianta a Administração encontrar-se estruturada, se o servidor nãoestá nem aí...

Então, agora entenderam o motivo de o princípio da eficiência deve ser

considerado em dupla acepção?Alguns ainda entendem a eficiência como o mais “moderno” princípio deAdministração Pública, que já não se contenta em dar cumprimentoestrito à norma, mas exige de si resultados positivos para osserviços que presta, atendendo de forma satisfatória os cidadãosdestinatários das ações públicas, que deixam de ser vistos comomeros contribuintes e passam a ser reconhecidos como clientes.

Essa noção de “cidadão-cliente” é um dos principais valores da NovaAdministração Pública (ou Administração Gerencial), e pode serentendida como um movimento teórico que preceitua a mudança de

orientação nos valores centrais da Administração Pública: doformalismo impessoal da Administração Burocrática para aeficiência da Administração Gerencial. Cabem algumas colocaçõesquanto a essas duas linhas de pensamento.

A Administração Pública Burocrática surge, conceitualmente, na 2ªmetade do séc. XIX, em conjunto com o Estado Liberal. Constituiu,inicialmente, numa forma de combater determinadas mazelas, como acorrupção e o nepotismo, próprios da forma de Administração Públicaaté então predominante: o patrimonialismo (a figura do soberanoconfundia-se com a do próprio Estado).

Além do princípio da legalidade, outros princípios estão ligadosintrinsecamente à burocracia: profissionalização, hierarquia funcional,impessoalidade, formalismo, em resumo, o poder racional legal,defendido por Max Weber.

Os controles burocráticos, em regra, são a priori , com foco nos processos,nos procedimentos. Para a burocracia, a observância das normasrelacionadas aos processos já garantiria o resultado a ser atingido. Em talmodelo existe uma “desconfiança prévia” com relação aosadministradores. Desse modo, são sempre necessários controles

rígidos, que constituem a própria razão de ser do agente público.O Estado volta-se para si mesmo, autorreferenciando-se, tornando-se,com o tempo, inoperante com relação ao atendimento das demandas dasociedade, uma das relevantes disfunções burocráticas. De todaforma, esses defeitos ou disfunções, como preferem alguns, nãoemergem de pronto, em face das não variadas atribuições do Estado àépoca.

A Administração Pública Gerencial emerge na 2ª metade do séc. XX,como que em resposta à expansão das funções econômicas e sociais do

Estado, bem como ao desenvolvimento tecnológico e à globalização daeconomia mundial.

Page 42: Aula 00 (DirAdm)Estrategia

7/30/2019 Aula 00 (DirAdm)Estrategia

http://slidepdf.com/reader/full/aula-00-diradmestrategia 42/51

Curso Teórico de Direito Administrativo para BACEN 

Profº. Cyonil Borges – aula DEMO 

Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 42 de 51 

Os valores da eficiência, a relação custo versus benefícios e aqualidade dos serviços, com o cidadão tomado como cliente,ganham relevo.

Apesar de, sem dúvida, constituir um avanço com relação ao modelo

burocrático, a Administração Gerencial aproveita boa parte dasideias daquele, tais como a admissão segundo critérios de mérito,adotados com rigidez, um sistema estruturado e universal deremuneração, as carreiras, a avaliação de desempenho e otreinamento sistemático, dentre outros.

Quanto ao controle da Administração preceituado pelos gerencialistas,o diferencial básico diz respeito ao foco: deixa de ser o processo(burocrático) e passa a ser o resultado (gerencial), induzindo-se amaior participação dos agentes privados e/ou das organizações dasociedade civil para o desempenho dessa tarefa, o sonhado controle

social, que deve ser levado a efeito pelos próprios cidadãos.Há uma necessidade clara de definição dos objetivos, com a consequenteautonomia do administrador, para que se possam cobrar resultados.Descentralização e redução de níveis hierárquicos são inerentes ao modelo gerencial.

Algumas outras comparações úteis podem ser feitas entre a BurocraciaX Gerencialismo, sobretudo no que diz respeito ao cumprimento dointeresse público.

O que difere é a concepção de tal interesse. Para a Administração

Pública Burocrática, o interesse público é frequentementeidentificado com a afirmação de poder do próprio Estado. Dessemodo, boa parte das ações estatais volta-se para satisfação de seuspróprios interesses, ou seja, da burocracia, haja vista que esta passa aser identificada como o próprio Estado. As políticas públicas ficamrelegadas a um segundo plano.

Já para Administração Pública Gerencial, o interesse públicorelaciona-se com o interesse da coletividade, os interessespúblicos primários, portanto. É nesse sentido que o cidadão passa aser visto como cliente, contribuindo com os impostos que são de sua

incumbência, mas cobrando resultados por parte da Administração. Noentanto, o princípio da eficiência não pode (deve) deixar emsegundo plano o princípio da legalidade, os princípios, como vimos,devem conciliar-se.

Acrescente-se que, para o alcance da propalada eficiência, aAdministração Pública, por razões óbvias, deve buscar alterações emsua própria estrutura. Com efeito, podem ser citados alguns exemplosconstitucionais:

O inciso LXXVIII do art. 5º, inserido pela Emenda 45/2004

(Reforma do Poder Judiciário), estabelece que a todos, no âmbito

Page 43: Aula 00 (DirAdm)Estrategia

7/30/2019 Aula 00 (DirAdm)Estrategia

http://slidepdf.com/reader/full/aula-00-diradmestrategia 43/51

Curso Teórico de Direito Administrativo para BACEN 

Profº. Cyonil Borges – aula DEMO 

Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 43 de 51 

 judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração doprocesso e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.

O §3º do art. 37 dispõe que a lei disciplinará as formas departicipação do usuário na administração pública direta e indireta,

regulando especialmente as reclamações relativas à prestação dosserviços públicos em geral, asseguradas a manutenção de serviços deatendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, daqualidade dos serviços (princípio da participação popular).

Esse dispositivo deixa patente ser possível o controle jurisdicional (art.5º, XXXV, da Constituição Federal) em relação aos atos administrativostambém sob o aspecto do princípio da eficiência.

O §8º do art. 37 garante a celebração de contratos de gestãoentre órgãos/entidades públicos para incremento da autonomiagerencial, orçamentária e financeira, com a fixação de metas de

desempenho. O §2º do art. 39 da CF/1988 estabelece a obrigatoriedade de a

União, de os Estados e de o Distrito Federal manterem escolas degoverno para a formação e o aperfeiçoamento dos servidorespúblicos, constituindo-se a participação nos cursos um dos requisitospara a promoção na carreira, facultada, para isso, a celebração deconvênios ou contratos entre os entes federados.

A celebração de convênios deve alcançar principalmente municípios, afinaltais entes sequer foram obrigados a constituírem escolas de governo. E

mais: não há óbice de grandes municípios facultativamente aderirem àideia de aumentar a eficiência da Administração Pública, criando suaspróprias escolas de governo.

O §7º do art. 39 dispõe que Lei da União, dos Estados, doDistrito Federal e dos Municípios disciplinará a aplicação de recursosorçamentários provenientes da economia com despesas correntes emcada órgão, autarquia e fundação, para aplicação no desenvolvimento deprogramas de qualidade e produtividade, treinamento edesenvolvimento, modernização, reaparelhamento e racionalização doserviço público, inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de

produtividade. O § 4º do art. 41 da CF/1988 previu como condição

obrigatória para a aquisição da estabilidade, além do decurso doprazo de três anos, a avaliação especial de desempenho porcomissão instituída para essa finalidade.

Enfim, o princípio da eficiência poderia ser resumido como o do “cobertorcurto”: é cabeça ou pé! Não há recursos ilimitados. É precisoaperfeiçoar as escolhas da Administração, é dizer, ampliar asquantidade e qualidade das atividades prestadas pela Administração,

em contrapartida à redução de custos.

Page 44: Aula 00 (DirAdm)Estrategia

7/30/2019 Aula 00 (DirAdm)Estrategia

http://slidepdf.com/reader/full/aula-00-diradmestrategia 44/51

Curso Teórico de Direito Administrativo para BACEN 

Profº. Cyonil Borges – aula DEMO 

Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 44 de 51 

(2012/FCC/TRE-SP/Analista Administrativo) - Para atender ao princípio constitucional básico da eficiência o agente público devea) reduzir ao máximo os custos dos serviços públicos,independentemente da qualidade 

b) sempre utilizar a tecnologia mais avançada, independentementedo seu custo.c) alcançar o melhor resultado possível no menor tempo e aomenor custo.d) atender a todos de forma idêntica, independente das demandasindividuais dos cidadãos.e) prestar conta das atividades realizadas com clareza e prestezaaos órgãos de controle12. 

12 Gabarito: Letra C.

Page 45: Aula 00 (DirAdm)Estrategia

7/30/2019 Aula 00 (DirAdm)Estrategia

http://slidepdf.com/reader/full/aula-00-diradmestrategia 45/51

Curso Teórico de Direito Administrativo para BACEN 

Profº. Cyonil Borges – aula DEMO 

Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 45 de 51 

Abaixo, uma lista de questões, todas de 2012, das mais diversas organizadoras.Teste o seu conhecimento.

Questão 1: ESAF - ACE/MDIC/Grupo 1/2012

Assunto: Princípios da Administração Pública

Determinado município da federação brasileira, visando dar cumprimentoa sua estratégia organizacional, implantou o programa denominadoAdministração Transparente. Uma das ações do referido programaconsistiu na divulgação da remuneração bruta mensal, com o respectivonome de cada servidor da municipalidade em sítio eletrônico da internet.

A partir da leitura do caso concreto acima narrado, assinale a opção quemelhor exprima a posição do Supremo Tribunal Federal - STF acerca dotema.

a) A atuação do município encontra-se em consonância com o princípio da

publicidade administrativa.b) A atuação do município viola a segurança dos servidores.

c) A atuação do município fere a intimidade dos servidores.

d) A remuneração bruta mensal não é um dado diretamente ligado àfunção pública.

e) Em nome da transparência, o município está autorizado a proceder adivulgação da remuneração bruta do servidor e do respectivo CPF.

Questão 2: FCC - AJ TRE SP/TRE SP/Administrativa/"SemEspecialidade"/2012

Assunto: Princípios da Administração Pública

De acordo com a Constituição Federal, constituem princípios aplicáveis àAdministração Pública os da legalidade, impessoalidade, moralidade,publicidade e eficiência. Tais princípios aplicam-se às entidades:

a) de direito público, excluídas as empresas públicas e sociedades deeconomia mista que atuam em regime de competição no mercado.

b) de direito público e privado, exceto o princípio da eficiência que édirigido às entidades da Administração indireta que atuam em regime decompetição no mercado.

c) integrantes da Administração Pública direta e indireta e às entidadesprivadas que recebam recursos ou subvenção pública.

d) integrantes da Administração Pública direta e indireta,independentemente da natureza pública ou privada da entidade.

e) públicas ou privadas, prestadoras de serviço público, ainda que nãointegrantes da Administração Pública.

Page 46: Aula 00 (DirAdm)Estrategia

7/30/2019 Aula 00 (DirAdm)Estrategia

http://slidepdf.com/reader/full/aula-00-diradmestrategia 46/51

Curso Teórico de Direito Administrativo para BACEN 

Profº. Cyonil Borges – aula DEMO 

Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 46 de 51 

Questão 3: FCC - AJ TRE SP/TRE SP/Administrativa/"SemEspecialidade"/2012

Assunto: Princípios da Administração Pública

Para atender ao princípio constitucional básico da eficiência o agente

público deve:a) reduzir ao máximo os custos dos serviços públicos, independentementeda qualidade.

b) sempre utilizar a tecnologia mais avançada, independentemente do seucusto.

c) alcançar o melhor resultado possível no menor tempo e ao menorcusto.

d) atender a todos de forma idêntica, independente das demandasindividuais dos cidadãos.

e) prestar conta das atividades realizadas com clareza e presteza aosórgãos de controle.

Questão 4: ESAF - AFC (CGU)/CGU/Auditoria e Fiscalização/Geral/2012

Assunto: Princípios da Administração Pública

O princípio que instrumentaliza a Administração para a revisão de seuspróprios atos, consubstanciando um meio adicional de controle da suaatuação e, no que toca ao controle de legalidade, representando potencialredução do congestionamento do Poder Judiciário, denomina-se:a) Razoabilidade.

b) Proporcionalidade.

c) Autotutela.

d) Eficiência.

e) Eficácia.

Questão 5: FCC - ACE TCE AP/TCE-AP/ControleExterno/Contabilidade/2012

Assunto: Princípios da Administração Pública

De acordo com a Constituição Federal, os princípios da AdministraçãoPública aplicam-se:

a) às entidades integrantes da Administração direta e indireta de qualquerdos Poderes.

b) à Administração direta, autárquica e fundacional, exclusivamente.

c) às entidades da Administração direta e indireta, exceto às sociedadesde economia mista exploradoras de atividade econômica.

Page 47: Aula 00 (DirAdm)Estrategia

7/30/2019 Aula 00 (DirAdm)Estrategia

http://slidepdf.com/reader/full/aula-00-diradmestrategia 47/51

Curso Teórico de Direito Administrativo para BACEN 

Profº. Cyonil Borges – aula DEMO 

Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 47 de 51 

d) à Administração direta, integralmente, e à indireta de todos os poderese às entidades privadas que recebem recursos públicos, parcialmente.

e) à Administração direta, exclusivamente, sujeitando-se as entidades daAdministração indireta ao controle externo exercido pelo Tribunal de

Contas.

Questão 6: FCC - DP SP/DPE SP/2012

Assunto: Princípios da Administração Pública

Com relação aos princípios constitucionais da Administração Pública, estáem conformidade com a:

a) moralidade o ato administrativo praticado por agente público emfavorecimento próprio, desde que revestido de legalidade.

b) eficiência a prestação de serviço público que satisfaça em parte àsnecessidades dos administrados, desde que realizados com rapidez eprontidão.

c) publicidade o sigilo imprescindível à segurança da sociedade e doEstado ou o indispensável à defesa da intimidade.

d) impessoalidade a violação da ordem cronológica dos precatórios para opagamento dos créditos de natureza comum.

e) legalidade a inobservância a quaisquer atos normativos que não sejamlei em sentido estrito e provindos de autoridades administrativas.

Questão 7: FEMPERJ - ACE TCE RJ/TCE-RJ/ControleExterno/Administração em Saúde/2012

Assunto: Princípios da Administração Pública

O ordenamento jurídico brasileiro assegura a incidência de diversosprincípios quando do manejo do ato administrativo. No que toca àaplicação do contraditório e da ampla defesa, é correto afirmar que:

a) a partir da Constituição Federal de 1988, foi erigido à condição de

garantia constitucional do cidadão que se encontre na posição de litiganteem processo judicial, excluída a posição de mero interessado, o direito aocontraditório e à ampla defesa;

b) qualquer ato da Administração Pública capaz de repercutir sobre aesfera de interesses do cidadão deve ser precedido de procedimento emque se assegure ao interessado o efetivo exercício do contraditório e daampla defesa;

c) à luz do poder de autotutela da Administração Pública, a anulação deato administrativo cuja formalização tenha repercutido no campo deinteresses individuais demanda instauração de procedimentoadministrativo formal, com obediência aos princípios do contraditório e daampla defesa;

Page 48: Aula 00 (DirAdm)Estrategia

7/30/2019 Aula 00 (DirAdm)Estrategia

http://slidepdf.com/reader/full/aula-00-diradmestrategia 48/51

Curso Teórico de Direito Administrativo para BACEN 

Profº. Cyonil Borges – aula DEMO 

Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 48 de 51 

d) nos processos perante o Tribunal de Contas da União, asseguram-se ocontraditório e a ampla defesa quando da apreciação de legalidade do atode concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão;

e) viola o princípio da separação dos poderes o controle pelo Poder

Judiciário da observância do contraditório e da ampla defesa nos atosadministrativos, sem a prévia realização da autotutela pela AdministraçãoPública.

Questão 8: FEMPERJ - ACE TCE RJ/TCE-RJ/Organizacional/Organizacional/2012

Assunto: Princípios da Administração Pública

A Fundação de Educação e Cultura do Estado de Clarear vai contratarserviço de limpeza e conservação dos espaços culturais públicos. O

técnico responsável pela elaboração do Edital deseja incluir a exigência deque os produtos de limpeza, fornecidos pelo contratado, obedeçam àsclassificações e especificações determinadas pela Agência de VigilânciaSanitária (ANVISA). Essa exigência esta:

a) correta, pois é politicamente aceitável que no ano da Rio + 20 seinclua esse tipo de exigência nos Editais de licitação;

b) incorreta, pois esse tipo de exigência restringe a participação deinteressados, ferindo o princípio da isonomia;

c) incorreta, pois a Lei de Licitações e Contratos veda estabelecer critérios

de tratamento diferenciados entre os licitantes;d) incorreta, pois o critério de julgamento a prevalecer é o daeconomicidade e essa exigência pode encarecer a contratação;

e) correta, pois a exigência esta alinhada com os critérios desustentabilidade de licitações e contratações públicas.

Questão 9: CESPE - AJ TRE RJ/TRE RJ/Administrativa/"SemEspecialidade"/2012

Assunto: Princípios da Administração PúblicaJulgue o item que se segue, relativo ao direito administrativo.

No âmbito da administração pública, a correlação entre meios e fins éuma expressão cujos sentido e alcance costumam ser diretamenteassociados ao princípio da eficiência. (Certo/Errado)

Questão 10: ESAF - ATRFB/SRFB/Geral/2012

Assunto: Princípios da Administração Pública

Page 49: Aula 00 (DirAdm)Estrategia

7/30/2019 Aula 00 (DirAdm)Estrategia

http://slidepdf.com/reader/full/aula-00-diradmestrategia 49/51

Curso Teórico de Direito Administrativo para BACEN 

Profº. Cyonil Borges – aula DEMO 

Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 49 de 51 

A Súmula n. 473 do Supremo Tribunal Federal – STF enuncia: "Aadministração pode anular seus próprios atos, quando eivados de víciosque os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitosadquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial" . Por

meio da Súmula n. 473, o STF consagrou:a) a autotutela.

b) a eficiência.

c) a publicidade.

d) a impessoalidade.

e) a legalidade.

Questão 11: ESAF - AFRFB/SRFB/2012Assunto: Princípios da Administração Pública

A possibilidade jurídica de submeter-se efetivamente qualquer lesão dedireito e, por extensão, as ameaças de lesão de direito a algum tipo decontrole denomina-se:

a) Princípio da legalidade.

b) Princípio da sindicabilidade.

c) Princípio da responsividade.

d) Princípio da sancionabilidade.e) Princípio da subsidiariedade.

Questão 12: COPS UEL - AF (SEFAZ PR)/SEFAZ PR/2012

Assunto: Princípios da Administração Pública

A Constituição Federal consagra normas básicas regentes daAdministração Pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União,dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e proclama os princípios

constitucionais essenciais para a probidade e a transparência na gestãoda coisa pública.

Com relação aos Princípios Constitucionais da Administração Pública,considere as afirmativas a seguir.

I. A regra do princípio da publicidade vem reforçada pela ConstituiçãoFederal, que declara o direito de receber informações dos órgãos públicose prevê o habeas data como garantia do direito de conhecer e retificarinformações pessoais constantes de entidades governamentais ou de

caráter público.

Page 50: Aula 00 (DirAdm)Estrategia

7/30/2019 Aula 00 (DirAdm)Estrategia

http://slidepdf.com/reader/full/aula-00-diradmestrategia 50/51

Curso Teórico de Direito Administrativo para BACEN 

Profº. Cyonil Borges – aula DEMO 

Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 50 de 51 

II. Pelo princípio da moralidade, deve o Poder Judiciário, ao exercer ocontrole jurisdicional, não se restringir ao exame estrito da legalidade doato administrativo, mas entender por legalidade não só a conformação doato com a lei, como também com a moral administrativa e com ointeresse coletivo.

III. O princípio da eficiência compõe-se de características comodirecionamento da atividade e dos serviços públicos à efetividade do bemcomum, imparcialidade, neutralidade, transparência, participação eaproximação dos serviços públicos à população, eficácia,desburocratização e busca da qualidade.

IV. O princípio do controle administrativo deverá pautar a atuaçãodiscricionária do Poder Público, garantindo-lhe a constitucionalidade desuas condutas, com o dever de atuar em plena conformidade com

critérios racionais, sensatos e coerentes, impedindo a prática dearbitrariedades.

Assinale a alternativa correta.

a) Somente as afirmativas I e II são corretas.

b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.

c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.

d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.

e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

Questão 13: CESPE - JE TJBA/TJ BA/2012

Assunto: Princípios da Administração Pública

Após a edição da CF, havia controvérsia sobre a obrigatoriedade deconcurso público para o provimento de cargos nas empresas públicas esociedades de economia mista. A questão foi pacificada pelo STF, no anode 1993, em decisão que confirmou a obrigatoriedade do concurso

público. Posteriormente, avaliando contratações sem concurso públicoocorridas no período entre 1988 e 1993, o STF assim decidiu: "(…) Aexistência de controvérsia, à época das contratações, quanto à exigênciade concurso público no âmbito das empresas públicas e sociedades deeconomia mista, questão dirimida somente após a concretização doscontratos, não tem o condão de afastar a legitimidade dos provimentos,realizados em conformidade com a legislação então vigente." Nessadecisão, fica evidenciada a aplicação do princípio da:

a) juridicidade.

b) recepção.

c) segurança jurídica.

Page 51: Aula 00 (DirAdm)Estrategia

7/30/2019 Aula 00 (DirAdm)Estrategia

http://slidepdf.com/reader/full/aula-00-diradmestrategia 51/51

Curso Teórico de Direito Administrativo para BACEN 

Profº. Cyonil Borges – aula DEMO d) continuidade do serviço público.

e) supremacia do interesse público.

Gabarito Organizado:

1) A 2) D 3) C 4) C 5) A 6) C 7) Anulada 8) E 9) Errado 10) A 11) B12) D 13) C

Bom, pessoal, espero encontrá-las(los) no curso Teórico.

Abraço forte a todos, excelente semana e bons estudos!

Cyonil Borges.