aula02 diradm teoria mpu2010

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 Curso teórico de Direito Administrativo para o concurso do MPU Cargos Técnicos e de Analistas – Professor Fabiano Pereira -  Olá! Eis a nossa terceira aula do curso teórico de Direito Administrativo. Em respeito ao cronograma anteriormente disponibilizado, na aula de hoje estudaremos os seguintes tópicos do edital: “3.  S erv i ç os Púb li c o s : conceito e princípios. 4.  A t o administrativo : conceito, requisitos e atributos; anulação, revogação e convalidação; discricionariedade e vinculação. Perceba que o conteúdo relativo aos tópicos acima está bastante resumido, pois o CESPE restringiu-se a incluir no edital as noções básicas, sequer exigindo, por exemplo, a classificação e espécies de atos administrativos. Em relação aos serviços públicos, o conteúdo é ainda mais reduzido, pois você não precisará estudar as regras sobre concessão de serviços públicos, permissões, autorização, PPP´s, entre outras. Desse modo, o nosso estudo estará vinculado aos termos do edital. Não iremos adentrar em temas que não serão cobrados em prova, pois sei que o seu tempo é precioso e você tem que aproveitá-lo racionalmente, maximizando-o! No mais, estou à sua disposição no fórum de dúvidas! Bons estudos! Fabiano Pereira [email protected] "É impossível avaliar a força que possuímos sem medir o tamanho do obstáculo que podemos vencer, nem o valor de uma ação sem sabermos o sacrifício que ela comporta." (H. W. Beecher)

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Olá! 

Eis a nossa terceira aula do curso teórico de DireitoAdministrativo. Em respeito ao cronograma anteriormentedisponibilizado, na aula de hoje estudaremos os seguintes tópicosdo edital:

 “3. Serv iços Públ icos : conceito e princípios. 4. At o 

a d m i n i s t r a t i v o  : conceito, requisitos e atributos; anulação,revogação e convalidação; discricionariedade e vinculação.

Perceba que o conteúdo relativo aos tópicos acima estábastante resumido, pois o CESPE restringiu-se a incluir no edital asnoções básicas, sequer exigindo, por exemplo, a classificação eespécies de atos administrativos. Em relação aos serviçospúblicos, o conteúdo é ainda mais reduzido, pois você nãoprecisará estudar as regras sobre concessão de serviços públicos,permissões, autorização, PPP´s, entre outras.

Desse modo, o nosso estudo estará vinculado aos termos do

edital. Não iremos adentrar em temas que não serão cobrados emprova, pois sei que o seu tempo é precioso e você tem queaproveitá-lo racionalmente, maximizando-o!

No mais, estou à sua disposição no fórum de dúvidas!

Bons estudos!

Fabiano Pereira

[email protected]

"É impossível avaliar a força que possuímos sem medir otamanho do obstáculo que podemos vencer, nem o valor de uma

ação sem sabermos o sacrifício que ela comporta."(H. W. Beecher)

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SERVIÇOS PÚBLICOS

1. Considerações iniciais . 03

2. Conceito .04

3. Classificação .06

3.1. Serviços públicos próprios e impróprios .06

3.2. Quanto aos destinatários ou à maneira como concorrem parasatisfazer ao interesse geral ............................................... 06

3.2.1. Serviços gerais ou u t i u n i v e r si  . 07

3.2.2. Serviços ind ividuais ou u t i singu l i  . 08

3.3. Quanto ao objeto . 08

3.3.1. Serviços administrativos . 08

3.3.2. Serviços comerciais ou industriais . 09

3.3.3. Serviço social . 09

4. Competência para a prestação de serviços públicos . 09

5. Requisitos ou princípios . 11

5.1. Princípio ou requisito da “continuidade” . 11

5.2. Princípio ou requisito da “generalidade” . 115.3. Princípio ou requisito da “eficiência” . 12

5.4. Princípio ou requisito da “modicidade” . 12

5.5. Princípio ou requisito da “atualidade” . 12

5.6. Princípio ou requisito da “mutabilidade” . 13

5.7. Princípio ou requisito da “cortesia” . 13

5.8. Princípio ou requisito da “segurança” . 13 

6. SUPER R.V.P. 14

7. Questões para fixação do conteúdo . 50

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1. Considerações iniciais

Se fosse possível resumir as atividades do Estado em umaúnica expressão, poderíamos restringi-las a “serviços públicos”.Basicamente, o Estado tem por obrigação prestar serviços públicosà coletividade, satisfazendo as necessidades gerais manifestadaspelos indivíduos, isolada ou coletivamente.

O artigo 175 da Constituição Federal de 1988 declaraexpressamente que “incumbe ao poder público, n a f o rm a d a l e i  ,diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre

através de licitação, a prestação de serviços públicos”.Conforme se constata no próprio texto constitucional, o Estado

poderá prestar serviços públicos diretamente, através de seusrespectivos órgãos públicos (neste caso teremos a centralizaçãodos serviços), ou indiretamente, mediante a transferência daexecução e/ou titularidade dos serviços para terceiros. Nesseúltimo caso, o Estado poderá optar por transferir a titularidade e aexecução do serviço para uma entidade da Administração Indireta(através de outorga), ou somente a execução do serviço aparticulares (delegação), valendo-se da concessão, permissão ouautorização.

A fim de regular e garantir condições mínimas de acesso equalidade na prestação dos serviços públicos, o parágrafo único doartigo 175 da CF/88 afirma que a lei será responsável pordisciplinar:

a) o regime das empresas concessionárias e permissionáriasde serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e desua prorrogação, bem como as condições de caducidade,fiscalização e rescisão da concessão ou permissão;

b) os direitos dos usuários;

c) política tarifária;

d) a obrigação de manter serviço adequado.

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2. Conceito

Não existe um consenso doutrinário sobre a definição de

serviços públicos, pois o seu conteúdo varia de acordo com o tempoe o espaço no qual ele seja aplicado. Nem mesmo o textoconstitucional ou a lei apresentam uma conceituação que possaservir de parâmetro para o desenvolvimento de uma teoria precisa.

No Brasil, o conceito de serviços públicos é formulado emconformidade com a corrente adotada por cada doutrinador, e asprincipais delas são:

1ª) Escola essencialista: Para os adeptos desta corrente,

serviço público é toda atividade que atenda direta eessencialmente ao interesse coletivo. Nesses termos, para queum serviço seja considerado automática e obrigatoriamentepúblico, é suficiente que estejam presentes determinadascaracterísticas essenciais que atendam ao interesse da coletividade.

Essa corrente não é adotada no Brasil, pois existem algunsserviços que, apesar de satisfazerem o interesse da coletividade,não podem ser considerados públicos.

Exemplo: Quando o serviço de saúde é prestado porparticulares, não pode ser considerado público (mesmo atendendoao interesse coletivo) e, portanto, será regido pelas regras dodireito privado.

2ª) Escola subjetivista: Neste caso, para que um serviçoseja considerado público, é suficiente que esteja sendo prestadopelas entidades da Administração Direta ou Indireta,

independentemente da atividade em si.Como não poderia ser diferente, essa corrente não é adotada

no Brasil, pois sabemos que pessoas jurídicas de direito privadoque não integram a Administração, a exemplo dos delegatários(concessionários e permissionários), também podem prestarserviços públicos. No mesmo sentido, existem entidades queintegram a Administração Indireta, mas que não prestam serviçospúblicos, como acontece com as empresas públicas e sociedades deeconomia mista exploradoras de atividades econômicas.

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3ª) Escola formalista: Defende o entendimento de que nãoé possível definir um serviço como público pela atividade em si,

pois existem atividades essenciais, como a saúde, que quandoprestadas por particulares não podem ser consideradas serviçopúblico. Sendo assim, para que um serviço seja consideradopúblico, é necessário que a lei ou o texto constitucional o definacomo tal. Essa é a corrente adotada no Brasil.

Para o professor José dos Santos Carvalho Filho, serviçopúblico “é toda atividade prestada pelo Estado ou por seusdelegados, basicamente sob regime de direito público, com vista àsatisfação de necessidades essenciais e secundárias da

coletividade”.Celso Antônio Bandeira de Mello apresenta um conceito mais

amplo, afirmando que pode ser considerado serviço público “todaatividade de oferecimento de utilidade ou comodidade materialfruível diretamente pelos administrados, prestado pelo Estado oupor quem lhe faça as vezes, sob um regime de direito público –portanto, consagrador de prerrogativas de supremacia e derestrições especiais – instituído pelo Estado em favor dos interesses

que houver definido como próprios no sistema normativo”.A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro, de forma bastante

elucidativa, apresenta algumas conclusões acerca do conceito deserviço público. Aconselho que você assimile todos os tópicos, poissão grandes as chances de cair uma assertiva na prova do MPUsobre o tema.

  “1. a noção de serviço público não permaneceu estática notempo; houve uma ampliação na sua abrangência, para incluir

atividades de natureza comercial, industrial e social;

2. é o Estado, p o r m e i o d a l e i  , que escolhe quais asatividades que, em determinado momento, são consideradasserviços públicos; no Direito brasileiro, a própria Constituiçãofaz essa indicação nos artigos 21, incisos X, XI, XII, XV EXXIII, e 25, § 2o, alterados, respectivamente, pelas EmendasConstitucionais 8 e 5, de 1995; isso exclui a possibilidade dedistinguir, mediante critérios objetivos, o serviço público da

atividade privada; esta permanecerá como tal enquanto oEstado não assumir como própria;

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3. daí outra conclusão: o serviço público varia não só notempo, como também no espaço, pois depende da legislação

de cada país a maior ou menor abrangência das atividadesdefinidas como serviços públicos (...)” 

3. Classificação

Apesar de não constar expressamente no edital, penso que énecessário que você estude a classificação dos serviços públicos,pois está intimamente relacionada ao tópico relativo ao conceito (éclaro que irei apresentar somente aquelas que são essenciais).

São várias as classificações de serviços públicos apresentadaspelos doutrinadores brasileiros. Toa, como o nosso objetivo éser aprovado no concurso do MPU, iremos focar apenas aquelas quetêm sido mais cobradas pelo CESPE.

3.1. Serviços públicos próprios e impróprios

A professora Maria Sylvia Zanela di Pietro afirma que serviços

públicos próprios são aqueles que visam à satisfação denecessidades coletivas e que são executados diretamente peloEstado (através de seus órgãos e agentes), a exemplo do serviço  jurisdicional (Poder Judiciário), ou indiretamente, através dedelegação a particulares (concessionários ou permissionários).

Por outro lado, os serviços públicos impróprios tambémvisam à satisfação de necessidades coletivas, mas não sãoexecutados ou assumidos pelo Estado, seja direta ou

indiretamente. Neste caso, o Estado somente autoriza,regulamenta e fiscaliza esses serviços. São atividades privadas,mas, em virtude de atenderem necessidades coletivas, exigem umamaior atenção por parte do Estado, a exemplo dos serviços deseguro e previdência privada (incisos I e II do artigo 192 daCF/88).

É importante destacar que o professor Hely Lopes Meirellestambém adota a classificação dos serviços púbicos em próprios eimpróprios, porém, em sentido um pouco diferente daquele

utilizado pela professora Maria Sylvia Zanela di Pietro.

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Para o saudoso professor, serviços públicos próprios “sãoaqueles que se relacionam intimamente com as atribuições do

Poder Público (segurança, polícia, higiene e saúde públicas) e paraa execução dos quais a Administração usa de sua supremacia sobreos administrados. Por essa razão só devem ser prestados porórgãos ou entidades públicas sem delegação aos particulares”.

Já os serviços públicos impróprios seriam aqueles “que nãoafetam substancialmente as necessidades da comunidade, massatisfazem a interesses comuns de seus membros e por isso aAdministração os presta remuneradamente, por seus órgãos, ouentidades descentralizadas (autarquias, empresas públicas,

sociedades de economia mista, fundações governamentais) oudelega a sua prestação a concessionários, permissionários ouautorizatários”.

ATENÇÃO: Alguns autores denominam os serviços públicospróprios como “se rv i ços púb l i cos p rop r i amen te es ta ta i s  ”,definindo-os como aqueles cujo Estado atua no exercício de suasoberania, sendo impossível a delegação a terceiros (a exemplo

do Judiciário). Sendo assim, caso você se depare com essaexpressão na prova, também está correta.

3.2. Quanto aos destinatários ou à maneira comoconcorrem para satisfazer ao interesse geral

3.2.1. Serviços gerais ou u t i u n i v e r si  

São serviços prestados indiscriminadamente à população,alcançando um número indeterminado ou indeterminável deusuários. Nesse caso, os serviços são indivisíveis, não sendopossível mensurar quais são os usuários que estão sendobeneficiados ou quanto cada usuário está utilizando do serviçoprestado.

Pergunta: Qual o montante que você utilizava de iluminaçãopública, nas boas épocas de criança, quando brincava de “estrear

toco novo” embaixo da iluminação do poste em frente a sua casa?rsss

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Difícil saber, né! Sendo assim, o serviço de iluminação públicapode ser considerado u t i u n i v e r s i, da mesma forma que o serviço

de limpeza urbana, de policiamento, de conservação de logradourospúblicos, etc.

É muito comum você encontrar em provas questões sobre otema. Portanto, fique atento!

( CESPE / OA B/ RN / 2 0 0 7 .3 ) A ca m p a n h a d e p re v en ç ão  

à dengue desenvo l v i da em todo o te r r i t ó r i o nac iona l  

pe lo Min is té r io da Saúde, i nc lus i ve com a u t i l i zação dos  

popu la res fumacês , pode ser c lass i f i cada como serv i ço  

púb l i co  a) social autônomo.b) uti singuli.c) social vinculado.d) uti universi.

Resposta: letra “d” 

3.2.2.

Serviços individuais ouu t i s in g u l i  

Serviços individuais ou uti singuli são aqueles prestados a umaquantidade determinada ou determinável de usuários, sendopossível mensurar quanto cada destinatário está usufruindo, aexemplo do serviço de coleta domiciliar de lixo, fornecimento deágua, telefonia, gás canalizado, etc.

Como é possível perceber, tais serviços são divisíveis e,portanto, podem ser remunerados mediante a cobrança de taxas(espécie de tributo) ou tarifa (preço público), mas nunca porimpostos (que normalmente são cobrados pela prestação deserviços que não podem ser mensuráveis em sua utilização).

3.3. Quanto ao objeto

3.3.1. Serviços administrativos

São aqueles executados pela Administração Pública com oobjetivo de satisfazer as suas necessidades internas ou preparar

outros serviços que serão prestados à coletividade, a exemplo daimprensa oficial.

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3.3.2. Serviços comerciais ou industriais

Nas palavras do professor Hely Lopes Meirelles, “são os que

produzem renda para quem os presta, mediante a remuneração dautilidade utilizada ou consumida, remuneração esta que,tecnicamente, se denomina tarifa ou preço público, por ser semprefixada pelo Poder Público, quer quando o serviço é prestado porseus órgãos ou entidades, quer quando por concessionários,permissionários ou autorizatários” .

Por outro lado, a professora Maria Sylvia Zanella di Pietroafirma que serviços públicos comerciais ou industriais são aqueles

assumidos pelo Estado como serviço público e que passam a ser deincumbência do poder público. Declara a autora que “a este não seaplica o artigo 173, mas o artigo 175 da Constituição, quedetermina a sua execução direta pelo Estado ou indireta, por meiode concessão ou permissão; é o caso dos serviços de transportes,energia elétrica, telecomunicações e outros serviços previstos nosartigos 21, XI e XII, e 25, parágrafo 2º. da Constituição, alterados,respectivamente, pelas Emendas Constitucionais 8 e 5, de 1995”.

3.3.3. Serviço social

Serviços sociais são aqueles de caráter predominantementeassistencial , que também são oferecidos pela iniciativa privada, aexemplo da educação, saúde, meio ambiente, cultura etc.

4. Competência constitucional para a prestação de serviçospúblicos

A Constituição Federal de 1988 outorgou a todos os entesestatais (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) aprerrogativa de prestar serviços públicos à coletividade. Entretanto,a fim de evitar conflitos federativos, estabeleceu em seu texto umadetalhada repartição de competências.

Sendo assim, é necessário que você conheça os dispositivosconstitucionais que enumeram as competências de cada entefederativo, bem como entenda as regras sobre a prestação dos

respectivos serviços, pois as bancas examinadoras frequentementecobram questões sobre o tema.

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Os serviços públicos outorgados constitucionalmente à Uniãoestão enumerados taxativamente no artigo 21, a exemplo dos

serviços de telecomunicações, transporte rodoviário interestadual einternacional de passageiros, serviço postal, exploração de portosmarítimos, fluviais e lacustres, etc.

Aos Municípios , nos termos do artigo 30 da CF/88, foramoutorgados serviços públicos de interesses locais, a exemplo dotransporte coletivo urbano (inciso V), que, em regra, é delegado aparticulares; o ensino fundamental (inciso VI); a promoção daproteção ao patrimônio histórico-cultural local (inciso IX), entreoutros.

Em relação ao Distrito Federal, é válido esclarecer que serãooutorgados serviços inerentes aos Estados e aos Municípios, já quese trata de um ente estatal atípico, conforme preceitua o § 2º doartigo 32 da CF/88.

Por último, é importante destacar que aos Estados aConstituição Federal outorgou competência remanescente ouresidual para a prestação de serviços públicos. Sendo assim, se aprestação do serviço público não é de competência da União ou dos

Municípios, certamente será do Estado. No texto constitucional,somente encontramos uma competência outorgada aos Estados, ade “explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviçoslocais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição demedida provisória para a sua regulamentação”.

ATENÇÃO: As competências para a prestação de serviçospúblicos, que acabei de relacionar, são privativas de cada um dosentes estatais (União, Estados, Distrito Federal e Municípios).

Entretanto, o artigo 23 da CF/88 estabelece um rol decompetências comuns, em que deverá existir uma atuaçãoconjunta e harmônica de todos os entes federativos.

Exemplo: O inciso VI do artigo 23 da CF/88 estabelece acompetência comum de todos os entes estatais com o objetivo de “proteger o meio ambiente”. Sendo assim, a atuação da União nãoexclui a dos Municípios e Estados, e vice-versa.

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5. Requisitos ou princípios

O artigo 6º da Lei 8.987/95 estabelece que toda a prestação

de serviço público deve assegurar aos usuários um serviçoadequado, isto é, que satisfaça as exigências estabelecidas na lei,nas normas pertinentes e no respectivo contrato. 

Para isso, foram estabelecidos alguns requ i s i tos  

(denominados por alguns autores de princípios) que devem serobrigatoriamente respeitados. 

5.1. Princípio ou requisito da “continuidade” 

Este princípio indica que os serviços públicos devem serprestados de forma contínua, evitando-se paralisações quepossam prejudicar o cotidiano dos seus destinatários ou até mesmocausar-lhes graves prejuízos.

Apesar da obrigatoriedade de prestação contínua, é válidoressaltar que os serviços públicos podem sofrer paralisações oususpensões, conforme previsto no § 3º do artigo 6º da Lei8.987/95, em situações excepcionais:

§ 3º. Não  se caracteriza como descontinuidade do serviço asua interrupção em s i tuação de em ergênc ia  ou após p rév io  

av iso  , quando:

I - motivada por razões de ordem técnica ou de segurança dasinstalações; e,

II - por inadimplemento do usuário, considerado o interesseda coletividade.

5.2. Princípio ou requisito da “ generalidade” 

Segundo o professor José dos Santos Carvalho Filho, “oprincípio da generalidade apresenta-se com dupla faceta. Significa,de um lado, que os serviços públicos devem ser prestados com amaior amplitude possível, vale dizer, deve beneficiar o maiornúmero possível de indivíduos”.

Por outro lado, afirma o eminente professor,   “é preciso dar

relevo também ao outro sentido, que é o de serem eles prestadossem discriminação entre os beneficiários, quando tenham estes as

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mesmas condições técnicas e jurídicas para a fruição. Cuida-se daaplicação do princípio da isonomia ou, mais especificamente, da

impessoalidade (art. 37, CF)”.

5.3. Princípio ou requisito da “ eficiência” 

O princípio da eficiência impõe à Administração Pública aobrigatoriedade de se atualizar e valer-se das inovaçõestecnológicas para garantir um serviço público de qualidade, semdesperdícios, e de baixo custo.

O próprio texto constitucional, no inciso IV do artigo 175,

declara expressamente a obrigação dos prestadores de serviçospúblicos manterem um serviço adequado, isto é, eficiente.

5.4. Princípio ou requisito da “modicidade” 

Em respeito ao princípio da modicidade, os serviços públicosnão devem ser prestados com lucros ou prejuízos, mas simmediante taxas ou tarifas justas, que proporcionem a remuneração

pelos serviços e garantam o seu aperfeiçoamento e expansão.Apesar de ser possível a exigência de pagamento para afruição de serviços públicos, destaca-se que a Constituição Federalassegurou a sua gratuidade em alguns casos, a exemplo do ensinofundamental (artigo 208, I) e do transporte coletivo urbano aosmaiores de 65 anos (artigo 230).

5.5. Princípio ou requisito da “ atualidade” 

O princípio da atualidade exige da Administração Pública e dosdelegatários de serviços públicos uma constante atualizaçãotecnológica dos instrumentos e técnicas utilizados na execução desuas atividades.

Nas palavras do professor Diógenes Gasparini, “a atualidadesignifica que a prestação dos serviços públicos deve acompanhar asmodernas técnicas de oferecimento aos usuários. Ademais, aatualidade exige a utilização de equipamentos modernos, cuidando-

se bem das instalações e de sua conservação, visando, sempre, àmelhoria e à expansão dos serviços públicos”.

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5.6. Princípio ou requisito da “mutabilidade” 

O princípio da mutabilidade, também denominado de princípio

da flexibilidade dos meios aos fins, permite alterações na forma deexecução dos serviços públicos com o objetivo de adaptá-lo aointeresse público e às possibilidades financeiras da Administração.

Sendo assim, é incorreto afirmar que existe direitoadquirido à permanência de uma determinada forma de regime deprestação de serviços públicos, sendo assegurada a revisão ourescisão unilateral dos contratos administrativos com o objetivo deadequá-lo ao interesse da coletividade.

5.7. Princípio ou requisito da “cortesia” 

O princípio da cortesia se traduz em bom atendimento e dignotratamento para com o público na fruição dos serviços públicos. Aprestação em tais condições não é um favor do agente ou daAdministração, mas sim uma obrigação legal.

5.8. Princípio ou requisito da “segurança” Nas palavras do professor Diógenes Gasparini, “o serviçopúblico deve ser prestado aos usuários com segurança, tendo emvista a natureza do serviço. Nada deve ser menosprezado se puder,por qualquer modo, colocar em risco os usuários do serviço públicoou terceiros ou, ainda, bens públicos e particulares. Não deve haverqualquer descuido ou omissão, por menor que seja, na execuçãodos serviços de manutenção dos equipamentos utilizados naprestação dos serviços públicos. As falhas devem ser

imediatamente corrigidas, substituindo-se as peças impróprias oupromovendo a renovação do próprio equipamento”.

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Curso teórico de Direito Administrativo para o concurso do MPU

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SUPER RVP

1º) O Estado poderá prestar serviços públicos diretamente,através de seus respectivos órgãos públicos (neste caso teremosa centralização dos serviços), ou indiretamente, mediante atransferência da execução e/ou titularidade dos serviços paraterceiros. Nesse último caso, o Estado poderá optar por transferir atitularidade e a execução do serviço para uma entidade daAdministração Indireta (através de outorga), ou somente aexecução do serviço a particulares (delegação), valendo-se da

concessão, permissão ou autorização;2º) A professora Maria Sylvia Zanela di Pietro afirma que serviçospúblicos próprios são aqueles que visam à satisfação denecessidades coletivas e que são executados diretamente peloEstado (através de seus órgãos e agentes), a exemplo doJudiciário, ou indiretamente, através de delegação a particulares(concessionários ou permissionários). Por outro lado, os serviçospúblicos impróprios também visam à satisfação de necessidadescoletivas, mas não são executados ou assumidos pelo Estado, sejadireta ou indiretamente. Neste caso, o Estado somente autoriza,regulamenta e fiscaliza esses serviços. São atividades privadas,mas, em virtude de atenderem necessidades coletivas, exigem umamaior atenção por parte do Estado, a exemplo dos serviços deseguro e previdência privada (incisos I e II do artigo 192 daCF/88);

3º) Alguns autores denominam os serviços públicos próprios como “se rv i ços púb l i cos p rop r i amen te es ta ta i s  ”, definindo-os como

aqueles cujo Estado atua no exercício de sua soberania, sendoimpossível a delegação a terceiros (a exemplo do Judiciário). Sendoassim, caso você se depare com essa expressão em prova, tambémestá correta;

4º) Serviços gerais ou u t i u n i v e r s i   são serviços prestadosindiscriminadamente à população, possuindo um númeroindeterminado e indetermináveis de usuários. Nesse caso, osserviços são indivisíveis , não sendo possível mensurar quais são

os usuários que estão sendo beneficiados ou quanto cada usuárioestá utilizando do serviço prestado;

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5º) Aos Estados a Constituição Federal outorgou competênciaremanescente ou residual para a prestação de serviços públicos.

Sendo assim, se a prestação do serviço público não é decompetência da União ou dos Municípios, certamente será doEstado. No texto constitucional, somente encontramos umacompetência outorgada aos Estados, a de “explorar diretamente, oumediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na formada lei, vedada a edição de medida provisória para a suaregulamentação”;

6º) Em respeito ao princípio da modicidade, os serviços públicosnão devem ser prestados com lucros ou prejuízos, mas sim

mediante taxas ou tarifas justas, que proporcionem a remuneraçãopelos serviços e garantam o seu aperfeiçoamento e expansão;

7º) O princípio da mutabilidade, também denominado deprincípio da flexibilidade dos meios aos fins, permite alterações naexecução dos serviços públicos com o objetivo de adaptá-lo aointeresse público e às possibilidades financeiras da Administração,não existindo, portanto, direito adquirido à permanência de umadeterminada forma de regime de prestação de serviços públicos;

8º) Nos termos do artigo 175 da Constituição Federal, asconcessões e permissões de serviços públicos sempre deverão serprecedidas de licitação. Não existem exceções a essa regra e amodalidade licitatória utilizada nas concessões seráobrigatoriamente a concorrência;

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ATOS ADMINISTRATIVOS

1. Considerações iniciais . 17

2. Ato administrativo, fato da administração e fato admin istrativo

2.1. Ato administrativo e fato da administração . 19

2.2. Fatos administrativos .21

2.2.1. Fato administrativo involuntário .21

2.2.2. Fato administrativo voluntário . 22

3. Conceito . 22

4. Elementos ou requisitos do ato administrativo .24

4.1. Competência . 24

4.2. Finalidade . 26

4.3. Forma .28

4.4. Motivo . 29

4.5. Objeto . 33

5. Atributos do ato administrativo . 33

5.1. Presunção de legitimidade . 34

5.2. Imperatividade . 355.3. Auto-executoriedade . 36

5.4. Tipicidade .38

6. Desfazimento dos atos administrativos .39

6.1. Anulação .

396.2. Revogação . 41

6.3. Cassação . 44

7. Convalidação de atos administrativos .

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1. Considerações iniciais

Ao exercer a função administrativa com o objetivo de

satisfazer as necessidades coletivas primárias, a AdministraçãoPública utiliza-se de um mecanismo próprio, que lhe assegura umconjunto de prerrogativas necessárias ao alcance das finalidadesestatais: o denominado regime jurídico-administrativo.

É o regime jurídico-administrativo que garante àAdministração Pública a possibilidade de relacionar-se com osparticulares em condição de superioridade, podendo impor-lhesdecisões administrativas independentemente da concordância ou da

aquiescência, pois são necessárias ao alcance das finalidadesestatais.

Com o intuito de materializar as funções administrativas, ouseja, para realmente colocar em prática a vontade da lei, aAdministração irá editar várias espécies de atos, cada um com umafinalidade específica, a exemplo de uma portaria, um decreto denomeação de servidor, uma ordem de serviço, uma certidãonegativa de débitos previdenciários, uma instrução normativa,uma circular, entre outros.

Apesar de ser regra geral, é válido esclarecer que nemsempre os atos editados pela Administração serão regidos pelodireito público, pois, a depender do fim ao qual se visalegalmente, alguns atos podem ser praticados sob o amparo dodireito privado.

Diante disso, é possível concluir que a Administração Públicaedita dois tipos de atos jurídicos:

1º) atos que são regidos pelo d i re i to púb l i co   e,consequentemente, denominados de atos administrativos;

2º) atos regidos pelo d i r e it o p r i v a d o  .

É importante esclarecer que os atos administrativoseditados pela Administração estão amparados pelo regime jurídico-administrativo e, portanto, expressam a suasuperioridade em face dos administrados. Por outro lado, nos atos

regidos pelo direito privado, a Administração apresenta-se emcondições isonômicas frente ao particular, como acontece, porexemplo, na assinatura de um contrato de aluguel.

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Quando a Administração deseja celebrar um contrato delocação (ato regido pelo direito privado, mais precisamente pelo

Direito Civil) com um particular (deseja alugar um imóvel parainstalar uma unidade administrativa da Polícia Federal, porexemplo), essa relação é bilateral, isto é, conseqüência de um “acordo de vontades” entre as partes.

No referido contrato, as cláusulas não foram definidas eelaboradas exclusivamente pela Administração, existiu umanegociação anterior até que se chegasse a um consenso sobre oque seria melhor para as partes e, somente depois, o contrato foiassinado.

Pergunta: Professor Fabiano, então é correto afirmar que,nos atos regidos pelo direito privado, a Administração jamaisgozará de qualquer prerrogativa ou “privilégio”?

Não. Tenha muito cuidado com a expressão “jamais”, “nunca”,  “exclusivamente”, “somente”, entre outras, pois excluem apossibilidade de exceções, existentes às “milhares” no Direito(principalmente nas provas do CESPE).

Como regra geral, entenda que, nos atos regidos pelodireito privado, a Administração encontra-se em uma relaçãohorizontal em face do particular, ou seja, uma relação isonômica,em igualdade de condições. Desse modo, não irá gozar deprerrogativas.

Entretanto, em situações excepcionais, tanto o direitoprivado como o Direito Administrativo (direito público) podemestabelecer prerrogativas (“privilégios”) à Administração, caso sejanecessário ao alcance do interesse público.

Exemplo: Como estudaremos adiante, todos os atos regidospela Administração, inclusive os regidos pelo direito privado,gozam do atributo denominado “presunção de legitimidade”. Sendoassim, da mesma forma que ocorre em relação aos atosadministrativos, os atos regidos pelo direito privado também sãopresumivelmente editados em conformidade com o direito. 

Pergunta: Professor, quando você afirma que aAdministração Pública pode editar atos regidos pelo direito

público e pelo direito privado, você está incluindo no conceito deAdministração também os poderes Legislativo e Judiciário?

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É claro que sim. Lembre-se de que a função administrativa étípica do Poder Executivo, mas não é exclusiva. Portanto, os

poderes Legislativo e Judiciário também poderão exercê-la,atipicamente .

Atenção: Essas informações sobre os atos regidos pelo direitoprivado são muito importantes para responder algumas questõesem prova. Contudo, o nosso foco de estudo neste capítulo são osatos administrativos, isto é, aqueles regidos pelo direito público.

2. Ato administrativo, fato da administração e fato

administrativo

Em respeito ao princípio da “cautela máxima” (princípio queacabei de criar), penso que é importante conhecer as diferençasconceituais existentes entre ato administrativo, fato daadministração e fato administrativo.

Digo isso porque ninguém sabe até onde o CESPE pode seaprofundar ao elaborar as questões para a prova do concurso do

Ministério Público da União, já que o Direito Administrativo édisciplina básica tanto para os cargos de Técnico quanto deAnalista.

Desse modo, antes “sobrar” do que “faltar” conhecimento nodia da prova!

2.1. Ato administrativo e fato da administração

Sem aprofundarmos neste momento, é necessário que vocêentenda que a edição de um ato administrativo tem por fimimediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir oudeclarar direitos, isto é, os atos administrativos necessariamenteproduzem efeitos jurídicos.

Por outro lado, os fatos da administração sãoacontecimentos provenientes da atuação da Administração, masque não produzem efeitos jurídicos, ou seja, não implicam

aquisição, extinção ou alteração de direitos, pois representam umamera execução ou materialização do ato administrativo.

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Atenção: lembre-se sempre de que o fato da administração éuma consequência do ato administrativo. Primeiro, edita-se o ato

administrativo e, posteriormente, no momento de colocá-lo emprática, de executá-lo, ocorre o fato da administração, quetambém é denominado de “ato material” da Administração.

Exemplo: Imagine que um servidor, ao se deparar com umcarregamento de produtos impróprios para o consumo (com prazode validade expirado), tenha que efetuar a apreensão dos mesmos.Nesse caso, a apreensão dos produtos é um ato material, ouseja, o servidor irá retirar os produtos do veículo que ostransportava e levá-lo para o depósito do órgão público. Entretanto,

a apreensão somente ocorreu em virtude da lavratura de um atoadministrativo de apreensão.

Perceba que primeiro ocorreu a lavratura do ato administrativode apreensão e, somente depois, as mercadorias foram  “transportadas” (fato da administração) para o depósito do órgãopúblico.

Ainda podemos citar como exemplos de fatos daadministração a limpeza de vias públicas, uma cirurgia médica

realizada em um Posto de Saúde do Município, a aula ministradapor um professor de Universidade Pública, a edificação de umaobra, entre outros.

Nem sempre será fácil responder questões sobre esse assunto,como podemos perceber na afirmativa abaixo, incluída na prova doconcurso do Superior Tribunal de Justiça, elaborada pelo CESPE:

(CESPE / Analista STJ/2008) Enquanto os atos administrativossão passíveis de anulação e revogação, de acordo com a

ordem jurídica, os f a tos da admin i s t ração   gozam depresunção de legitimidade e se enquadram nos ditames dadiscricionariedade ( ).

Resposta: Ora, se os fatos da administração não produzemquaisquer efeitos jurídicos, é claro que não poderei afirmar quegozam de presunção de legitimidade! Afirmativa errada.

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2.2. Fatos administrativos

Para facilitar a assimilação deste conceito, lembre-se de que

fato jurídico pode ser entendido como um acontecimento capaz decriar, extinguir ou alterar relações jurídicas.

Quando algum acontecimento é irrelevante para o Direito,pois não repercute na esfera jurídica, estaremos diante de um  “simples” fato, mas não “fato jurídico”, pois este repercute nomundo jurídico e o primeiro não.

Exemplo: Acabei de presenciar o meu filho de dois anos (queestá aqui ao meu lado, próximo ao computador, “malinando”) fazer

um risco na parede recém-pintada de meu escritório.Pergunta: Esse risco efetuado na parede do meu escritório é

simplesmente um fato ou um “fato jurídico”?

É apenas um fato, pois não repercutiu no Direito, não produziuefeitos jurídicos. Quais são as conseqüências jurídicas deste riscona parede? Nenhuma.

Sendo assim, quando algum fato jurídico acontece na órbitado Direito Administrativo, será denominado de fato

administrativo, que pode ser entendido como um acontecimentovoluntário ou involuntário que repercute no mundo jurídico.

2.2.1. Fato administrativo involuntário

É aquele que decorre de um evento natural que produziuconseqüências jurídicas no âmbito do Direito. Podemos citar comoexemplos a morte de um servidor, um raio que causou um

incêndio em uma repartição pública, ou, ainda, o nascimento dofilho de uma servidora.

Pergunta: Nos exemplos citados, quais as consequências  jurídicas (efeitos jurídicos) que a morte e o nascimento podemproduzir na Administração?

Bem, com o falecimento do servidor, ocorrerá a vacância docargo público e surgirá o direito de seus dependentes receberempensão. Por outro lado, como o nascimento do filho de uma

servidora, esta passará a usufruir da famosa “licença-maternidade”.

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2.2.2. Fato administrativo voluntário

Os fatos administrativos voluntários são consequência de atos

administrativos ou de condutas administrativas que refletemos comportamentos e as ações administrativas que repercutirãono mundo jurídico.

Segundo o professor José dos Santos Carvalho Filho, os fatosadministrativos voluntários se materializam de duas maneirasdistintas:

a)  p o r a to s a d m i n i s t r a t i v o s  , que formalizam a providênciadesejada pelo administrador através da declaração de vontade

do Estado;b ) p o r c o n d u ta s a d m i n i s t r a t i v a s  , que refletem oscomportamentos e as ações administrativas, sejam ou nãoprecedidas de ato administrativo formal.

Antes de você me perguntar se esse tópico pode ser cobradona prova do MPU, apresento-lhe abaixo uma afirmativa do CESPE,incluída na prova para Advogado da AGU, em 2004.

( CESPE / AGU / 2004 ) Os fatos administrativos voluntários sematerializam ou por meio de atos administrativos que exprimam amanifestação da vontade do administrador ou por meio de condutasadministrativas, as quais não são obrigatoriamente precedidas de um atoadministrativo formal; por sua vez, os fatos administrativos naturaisoriginam-se de fenômenos da natureza com reflexos na órbitaadministrativa.

Resposta: Afirmativa correta.

3. Conceito

São vários os conceitos de ato administrativo formulados pelosdoutrinadores brasileiros, cada um com as suas peculiaridades.Entretanto, percebe-se, nas provas de concursos, uma maiorinclinação pelo antigo conceito elaborado pelo professor Hely LopesMeirelles, que assim declara:

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 “Ato administrativo é toda manifestação unilateral de vontadeda Administração Pública que, agindo nessa qualidade, tenha

por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar,extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aosadministrados ou a si própria.” 

Analisando-se o conceito do saudoso professor, podemosconcluir que o ato administrativo possui algumas características quesão bastante peculiares e, consequentemente, muito exigidas emconcursos:

1ª) É uma manifestação unilateral de vontade daAdministração Pública: nesse caso, é suficiente esclarecer que aAdministração não está obrigada a consultar o particular antes deeditar um ato administrativo, ou seja, a edição do ato depende, emregra, somente da vontade da Administração (pense no caso daaplicação de uma multa de trânsito, por exemplo).

2ª) É necessário que o ato administrativo tenha sidoeditado por quem esteja na condição de AdministraçãoPública: é importante destacar que, além dos órgãos e entidadesque integram a Administração Pública direta e indireta, tambémpodem editar atos administrativos entidades que estão fora daAdministração, como acontece com as concessionárias epermissionárias de serviços públicos, desde que no exercício deprerrogativas públicas.

3ª) O ato administrativo visa sempre produzir efeitos nomundo jurídico: segundo o professor, ao editar um atoadministrativo, a Administração visa adquirir, resguardar,transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou, ainda, imporobrigações aos administrados ou a si própria.

Além das características que foram apresentadas acima,lembre-se ainda de que, ao editar um ato administrativo, aAdministração Pública encontra-se em posição de superioridade

em relação ao particular, pois está amparada pelo regime jurídico-administrativo.

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4. Elementos ou requisitos do ato administrativo

Os elementos ou requisitos do ato administrativo nada maissão que “componentes” necessários para que o ato sejaconsiderado inicialmente válido, editado em conformidade com alei.

Não existe uma unanimidade doutrinária sobre a quantidade eas características de cada requisito ou elemento do atoadministrativo. Portanto, como o nosso objetivo é ser aprovado noconcurso do MPU, adotaremos o posicionamento do professor Hely

Lopes Meirelles (que é o mais cobrado em provas do CESPE), queentende serem cinco os elementos dos atos administrativos:competência, finalidade, forma, motivo e objeto.

4.1. Competência

O ato administrativo não “cai do céu”. É necessário quealguém o edite para que possa produzir efeitos jurídicos. Essealguém é o agente público, que recebe essa competência

expressamente do texto constitucional, através de lei (que é aregra geral) ou, ainda, segundo o professor José dos SantosCarvalho Filho, através de normas administrativas.

Neste último caso, o ilustre professor informa que “em relaçãoaos órgãos de menor hierarquia, pode a competência derivar denormas expressas de atos administrativos organizacionais. Nessescasos, serão tais atos editados por órgãos cuja competênciadecorre de lei. Em outras palavras, a competência primária do

órgão provem da lei, e a competência dos segmentos internos dele,de natureza secundária, pode receber definição através dos atosorganizacionais”.

Sobre a competência, além de saber que se trata de umrequisito sempre vinculado do ato, é importante que vocêentenda ainda quais são as principais características enumeradaspela doutrina, pois é muito comum encontrarmos questões emprova sobre o assunto.

1ª) É irrenunciável: já que prevista em lei, a competência éde exercício obrigatório pelo agente público sempre que ointeresse público assim exigir. Não deve ser exercida ao livre

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arbítrio do agente, mas nos termos da lei, que irá definir os seusrespectivos limites.

2ª) É inderrogável: os agentes públicos devem sempreexercer a competência nos termos fixados e estabelecidos pela lei,sendo-lhes vedado alterar, por vontade própria ou por atosadministrativos, o alcance da competência legal.

3ª) Pode ser considerada improrrogável: quando a agentepúblico edita um ato que inicialmente não era de suacompetência, isso não significa que, a partir de então, ele se tornao único competente legalmente para exercê-lo, pois,

provavelmente, o ato foi editado em razão de avocação oudelegação, ambos estudados anteriormente.

4ª) É intransferível: como a avocação e a delegação estãorelacionadas exclusivamente com o exercício da competência, éválido destacar que a sua titularidade permanece com aautoridade responsável pela delegação, que poderá ainda continuareditando o ato delegado, por exemplo.

5ª) É imprescritível: o exercício de determinadacompetência pelo seu titular não prescreve em virtude do lapsotemporal, independentemente do tempo transcorrido. A obrigaçãode exercer a competência subsiste sempre que forem preenchidosos requisitos previstos em lei.

Além das características apresentadas, atente-se ainda paraas regras básicas previstas na Lei 9.784/99 (Lei do processoadministrativo federal), que também está incluída no edital doconcurso do MPU:

1ª) Um órgão administrativo e seu titular poderão, se nãohouver impedimento legal, delegar parte da sua competência aoutros órgãos ou titulares, a inda que es tes não lhe se jam 

h i e ra rq u i c a m e n te s u b o rd i n a d o s  , quando for conveniente,em razão de circunstâncias de índole técnica, social,econômica, jurídica ou territorial;

2ª) Não pode ser objeto de delegação a edição de atos decaráter normativo; a decisão de recursos administrativos; asmatérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade;

3ª) O ato de delegação e sua revogação deverão serpublicados no meio oficial;

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4ª) O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pelaautoridade delegante;

5ª) As decisões adotadas por delegação devem mencionarexplicitamente esta qualidade e considerar-se-ão editadas pelodelegado;

6ª) Será permitida, em ca rá te r excepc iona l   e por motivosrelevantes devidamente justificados, a avocação temporária decompetência atribuída a órgão hierarquicamente inferior.

4.2. Finalidade

Trata-se de requisito sempre vinculado (previsto em lei) queimpõe a necessidade de respeito ao interesse público nomomento da edição do ato administrativo. A finalidade do atoadministrativo deve ser observada tanto em sentido amploquanto em sentido estrito para que o ato seja considerado válido.

Em sentido amplo, significa que todos os atos praticadospela Administração devem atender ao interesse público. Emsentido estrito, significa que todo ato praticado pela

Administração possui uma finalidade específica, prevista em lei.Apenas para reforçar o que foi afirmado anteriormente e

facilitar a assimilação do conteúdo, apresento a questão abaixo,que, apesar de ter sido elaborada pela ESAF, é freqüente emconcursos públicos (inclusive do CESPE).

( Advogado I RB/ 2006 - ESAF) Tíc io , se rv ido r pú b l i co de um a  

Autarqu ia Federa l , aprovado em concurso púb l ico de p rovas e  

t í tu los , ao tom ar posse , descobr e que ser ia che f iado pe lo Sr . Abe l ,pessoa com quem sua famí l ia hav ia cor tado re lações , desde a  

época de seus avós , sem que T íc io soubesse sequer o mot ivo .

Depo is de sua p r ime i ra semana de t raba lho , apesa r da  

ind i fe rença de seu che fe , T íc io sen t ia -se fe l i z , e ra seu p r ime i ro  

t raba lho depo is de tan to es tuda r pa ra o concu rso ao qua l se  

submete ra . Qua l não fo i sua su rp resa ao descob r i r , em sua  

segunda semana de t raba lho , que hav ia s ido remov ido pa ra a  

c idade de São Pau lo , devendo, em t r in ta d ias , adapta r -se para se  

apresenta r ao seu novo che fe , naque la loca l idade . Cons iderando 

essa s i tuação h ipo té t ica e os p rece i tos , a dou t r ina e a    j u r i sp rudênc ia do D i re i to Admin is t ra t i vo B ras i l e i ro , ass ina le a  

ún ica opção cor r e ta .

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Curso teórico de Direito Administrativo para o concurso do MPU

Cargos Técnicos e de Analistas – Professor Fabiano Pereira

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a ) A condu ta do S r . Abe l não merece repa ros , pos to que  

am parada pe la l e i.

b ) O Sr . Abe l ag iu com excesso de poder , razão pe la qua l seu a t o  

padece de v íc io .c ) O Sr . Abe l ag iu cor re t am ent e , na m ed ida em que T íc io ainda se  

encon t rava em es tág io p roba tó r io .

d ) O Sr . Abe l inc id iu em desv io de f ina l idade , razão pe la qua l o  

a to po r e le p ra t i cado m erece ser anu lado .

e ) Cons iderando que o a to do Sr . Abe l padece de v íc io , o mesmo 

deve rá ser revogado .

Resposta: letra “d”.

Na citada questão, apesar de não ter constado expressamente,é possível supor que o Sr. Abel apenas removeu o servidor para acidade de São Paulo em virtude de desavenças familiares, pois oservidor ainda estava em sua segunda semana de trabalho.

Na verdade, o objetivo do Sr. Abel foi se vingar do novoservidor e, para isso, editou um ato administrativo removendo-opara outra localidade.

Pergunta: Qual é a finalidade, em sentido amplo, de um atoadministrativo de remoção de servidor?

Satisfazer o interesse público, assim como todo e qualquerato editado pela Administração.

Outra pergunta: E qual seria a finalidade, em sentidoestrito, do mesmo ato de remoção de servidor?

Suprir a carência de servidores em outra localidade. Toa, oque se verifica na referida questão é que o Sr. Abel não editou oato administrativo para suprir a carência de servidores na

localidade de destino, mas sim para “ficar livre” daquele servidor, já que existiam desavenças familiares.

Como o ato editado pelo Sr. Abel não foi editado com afinalidade específica de suprir a carência de servidores no localde destino, sendo editado apenas para satisfazer o seu interessepessoal, deverá ser anulado por desvio de finalidade.

Apesar de a Administração ter por objetivo a satisfação dointeresse público, é válido ressaltar que, em alguns casos, poderão

ser editados atos com o objetivo de satisfazer o interesseparticular, como acontece, por exemplo, na permissão de uso deum certo bem público (quando o Município, por exemplo, permite

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ao particular a possibilidade de utilizar uma loja do Mercadomunicipal para montar o seu estabelecimento comercial).

Nesse caso, o interesse público também será atendido, mesmoque secundariamente. O que não se admite é que um atoadministrativo seja editado exclusivamente para satisfazer ointeresse particular.

Sendo assim, o requisito denominado finalidade tem queresponder à seguinte pergunta: p a ra q u e  foi editado o ato?

4.3. Forma

A forma, que também é um requisito vinculado do atoadministrativo, a exemplo dos requisitos da competência efinalidade, também pode ser compreendida em sentido estrito eem sentido amplo. 

Em sentido estrito, a forma pode ser entendida como orevestimento exterior do ato administrativo, o “modelo” do ato,o modo pelo qual ele se apresenta ao mundo jurídico.

Em regra, o ato administrativo apresenta-se ao mundo jurídicopor escrito. Entretanto, existe a possibilidade de determinadosatos surgirem verbal, gestual, ou, ainda, virtualmente.

Exemplo: Quando o guarda de trânsito emite “dois silvosbreves” com o seu apito, ocorre a edição de um ato administrativoinformal, pois ele está determinando que você pare o veículo paraque seja fiscalizado. Da mesma forma, quando o semáforo detrânsito apresenta a cor vermelha, está sendo editado um atoadministrativo informal, também determinando que você pare o

veículo.Ao contrário do princípio da liberdade das formas, que

vigora no direito privado, segundo o qual os atos podem serpraticados por qualquer forma idônea para atingir o seu fim, vigorano Direito Administrativo, em regra, o princípio da solenidadedas formas. Este princípio estabelece que na edição de um atoadministrativo devem ser respeitados procedimentos especiais eforma prevista em lei.

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O princípio da solenidade das formas está consagrado no §1º do artigo 22 da Lei Federal 9.784/99, ao estabelecer que “os

atos do processo devem ser produzidos po r escr i t o  , em vernáculo,com a data e o local de sua realização e a assinatura da autoridaderesponsável”.

Desse modo, em âmbito federal existe norma expressa queimpõe a regra da forma escrita para o exercício das competênciaspúblicas, o que nos leva a entender que, em regra, os atosadministrativos devem ser formais.

Em sentido amplo, a forma pode ser entendida como a

formalidade ou procedimento a ser observado para a produçãodo ato administrativo. Em outras palavras, entenda que a lei podedeterminar expressamente outras exigências formais que nãofazem parte do próprio ato administrativo, mas que lhe sãoanteriores ou posteriores (exigência de várias publicações domesmo ato no Diário Oficial, por exemplo, para que possa produzirefeitos).

Ao contrário do que ocorre em relação ao princípio dasolenidade das formas, que impõe a necessidade da vontade

administrativa se exteriorizar por escrito, em relação àformalidade ou procedimento, somente será exigida uma dadaformalidade se a lei expressamente determinar. Inexistindo leiimpondo uma exigência formal além da exteriorização escrita, nãohá que ser requerer qualquer procedimento complementar.

Esse é o teor do caput do artigo 22 da Lei 9.784/99, aodeclarar que “os atos do p rocesso admin i s t ra t i vo  não dependemde forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir”.

4.4. Motivo

O motivo, que também é chamado de “causa”, é opressuposto de fato e de direito que serve de fundamento para aedição do ato administrativo.

O motivo se manifesta através de ações ou omissões dosagentes públicos, dos administrados ou, ainda, de necessidades daprópria Administração, que justificam ou impõem a edição de umato administrativo.

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Para que um ato administrativo seja validamente editado, faz-se necessário que esteja presente o pressuposto de fato e de

direito que autoriza ou determina a sua edição.a) Pressuposto de fato: É um acontecimento real, umacircunstância fática concreta, externa ao agente público e queensejou a edição do ato.

Exemplos: a circunstância fática concreta que enseja aedição de um ato administrativo de desapropriação para fins dereforma agrária é a improdutividade de um latifúndio rural; acircunstância fática concreta que enseja a edição do ato que

concede a licença-maternidade a uma servidora é o nascimento dofilho; a circunstância fática concreta que enseja a edição do atoconcessivo da aposentadoria compulsória é o implemento da idadede setenta anos, etc.

b) P ressuposto de direito: é o dispositivo legal em que sebaseia a edição do ato. Em outras palavras, são os requisitosmateriais estabelecidos na lei e que autorizam (nos atosdiscricionários) ou determinam (nos atos vinculados) a edição doato.

Exemplos:

1º) No ato de desapropriação para fins de reforma agrária, opressuposto de direito para a edição do ato está no artigo 184da CF/88, que assim declara: “Compete à União desapropriar porinteresse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural quenão esteja cumprindo sua função social”[...] . Foi o artigo 184 daCF/88 que fundamentou juridicamente a edição do ato.

2º) No ato concessivo de licença-maternidade, em âmbitofederal, o pressuposto de direito que autoriza a edição do ato é oartigo 207 da lei 8.112/90, ao declarar que “será concedida licençaà servidora gestante por 120 (cento e vinte) dias consecutivos, semprejuízo da remuneração”.

3º) No ato concessivo da aposentadoria compulsória, opressuposto de direito, em âmbito federal, é o artigo 186 da Lei8.112/90, ao afirmar que “o servidor será aposentadocompulsoriamente, aos setenta anos de idade, com proventos

proporcionais ao tempo de serviço”.

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4.4.1. Motivo e motivação

É necessário que você tenha muita atenção ao responder às

questões de prova para não confundir as expressões “motivo”  e “motivação” , que possuem significados diferentes.

O motivo, conforme acabei de expor, pode ser entendido comoo pressuposto de fato e de direito que serve de fundamentopara a edição do ato administrativo. Por outro lado, a motivaçãonada mais é que exposição dos motivos, por escrito, no corpo doato administrativo.

Exemplo: Na concessão de licença à servidora gestante por

120 (cento e vinte) dias consecutivos, já sabemos que onascimento do filho corresponderá ao pressuposto de fato e oartigo 186 da Lei 8.112/90 corresponderá ao pressuposto dedireito (ambos formando o motivo).

Entretanto, a motivação somente passará a existir a partir domomento que o agente público do setor de recursos humanosdeclarar expressamente, por escrito, o pressuposto de fato ede direito que justificará a edição do ato.

4.4.2. Teoria dos motivos determinantes

Segundo a teoria dos motivos determinantes, o motivoalegado pelo agente público, no momento da edição do ato, devecorresponder à realidade, tem que ser verdadeiro. Caso contrário,comprovando o interessado que o motivo informado não guardaqualquer relação com a edição do ato ou que sequer existiu, o atodeverá ser anulado pela própria Administração ou pelo Poder

Judiciário.O professor Celso Antônio Bandeira de Mello, ao explicar a

teoria dos motivos determinantes, afirma que “os motivos quedeterminam a vontade do agente, isto é, os fatos que serviram desuporte à sua decisão, integram a validade do ato. Sendo assim, ainvocação de ´motivos de fato´ falsos, inexistentes ouincorretamente qualificados vicia o ato mesmo quando, conforme jáse disse, a lei não haja estabelecido, antecipadamente, os motivosque ensejariam a prática do ato. Uma vez enunciados pelo agenteos motivos em que se calçou, ainda quando a lei não haja

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expressamente imposto a obrigação de enunciá-los, o ato só seráválido se estes realmente ocorreram e o justificavam”.

Exemplo: Suponhamos que o Prefeito de um determinadoMunicípio tenha decidido exonerar o Secretário Municipal deTurismo, ocupante de cargo em comissão. Entretanto, por sercolega do Secretário e temer inimizades políticas, decidiu motivaro ato alegando a necessidade de reduzir a despesa com pessoalativo (motivo) em virtude da queda no montante de recursosrecebidos do Fundo de Participação dos Municípios.

Porém, três meses após a exoneração do ex-Secretário de

Turismo, imaginemos que o Prefeito tenha decidido nomear a suairmã para ocupar o mesmo cargo, mas sem motivar o ato.

Pergunta: No referido exemplo, ocorreu algum vício(irregularidade) na exoneração do Secretário Municipal de Turismo,  já que o Prefeito sequer era obrigado a motivar o ato deexoneração?

Sim. Realmente o Prefeito não era obrigado a motivar o atode exoneração, pois se trata de cargo de confiança (em comissão),de livre nomeação e exoneração. Contudo, já que decidiu motivar oato, a motivação deveria corresponder à realidade, serverdadeira e real, o que não aconteceu no caso.

Como o motivo alegado (redução de despesas) foideterminante para a edição do ato de exoneração, mas,posteriormente, ficou provado que ele não existia, deverá seranulado o ato por manifesta ilegitimidade, seja pela própriaAdministração ou pelo Poder Judiciário.

Para que fique mais fácil visualizar a forma de cobrança dessetópico nas provas de concursos, apresento abaixo uma questãorecente do CESPE, aplicada no exame da OAB/SP, no fim de 2008.

( CESPE/ OAB-SP-135 º / 2008 ) Com re lação aos d i ve rsos aspectos  

que r egem os a tos admin is t r a t i vos , assina le a opção co r re ta .

A) Segundo a teoria dos motivos determinantes do ato administrativo, omotivo do ato deve sempre guardar compatibilidade com a situação defato que gerou a manifestação de vontade, pois, se o interessadocomprovar que inexiste a realidade fática mencionada no ato comodeterminante da vontade, estará ele irremediavelmente inquinado de

vício de legalidade.B) Motivo e motivação do ato administrativo são conceitos equivalentesno Direito Administrativo.

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C) Nos atos administrativos discricionários, todos os requisitos sãovinculados.D) A presunção de legitimidade dos atos administrativos é uma

presunção jure et de jure, ou seja, uma presunção absoluta.

Resposta: letra “a”.

4.5. Objeto

O quinto requisito do ato administrativo, que pode serdiscricionário ou vinculado, é o objeto, entendido como a coisaou a relação jurídica sobre a qual recai o ato.

Segundo a professora Maria Sylvia Zanella di Pietro, o objeto éo efeito jurídico que o ato produz. O que o ato faz? Ele cria umdireito? Ele extingue um direito? Ele transforma? Quer dizer, oobjeto vem descrito na norma, ele corresponde ao próprioenunciado do ato.

Para os professores Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino, oobjeto do ato administrativo identifica-se com o seu próprioconteúdo, por meio do qual a Administração manifesta sua

vontade, ou atesta simplesmente situações pré-existentes.Assim, continuam os professores, é objeto do ato de

concessão de alvará a própria concessão do alvará; é objeto do atode exoneração a própria exoneração; é objeto do ato de suspensãodo servidor a própria suspensão (neste caso há liberdade deescolha do conteúdo específico – número de dias de suspensão –dentro dos limites legais de até noventa dias, conforme a valoraçãoda gravidade da falta cometida); etc.

Bem, analisados os requisitos ou elementos dos atosadministrativos, passemos agora ao estudo de seus atributos, quetambém são muito comuns nas provas elaboradas pelo CESPE.

5. Atributos do ato administrativo

Como consequência do regime jurídico-administrativo, queconcede à Administração Pública um conjunto de prerrogativasnecessárias ao alcance do interesse coletivo, os atos

administrativos editados pelo Poder Público gozarão dedeterminadas qua l i dades  (atributos) não existentes no âmbito doDireito privado.

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Não existe um consenso doutrinário sobre a quantidade deatributos inerentes aos atos administrativos, mas, para responder

às questões da prova do MPU, é necessário que estudemos apresunção de legitimidade, a imperatividade, a auto-executoriedadee a tipicidade.

5.1. Presunção de legitimidade

Todo e qualquer ato administrativo é presumivelmentelegítimo, isto é, considera-se editado em conformidade com odireito (leis e princípios). Essa presunção é consequência da

confiança depositada no agente público, pois se deve partir dopressuposto de que todos os parâmetros e requisitos legais foramrespeitados pelo agente no momento da edição do ato.

A presunção de legitimidade dos atos administrativos tem oobjetivo de evitar que terceiros (em regra, particulares) criemobstáculos insensatos ou desprovidos de quaisquer fundamentos,que possam inviabilizar o exercício da atividade administrativa.

Atenção: É importante que você saiba que a presunção de

legitimidade alcança todos os atos administrativos editados pelaAdministração, independentemente da espécie ou classificação.

Entretanto, não é correto afirmar que a presunção delegitimidade dos atos administrativos seja   j u r i s e t de j u re  

(absoluta), pois o terceiro que se sentir prejudicado pode provar ailegalidade do ato para que não seja obrigado a cumpri-lo.

Na verdade, a presunção de legitimidade será sempre   j u r i s  

t a n t u m   (relativa) , pois é assegurado ao interessado recorrer à

Administração, ou mesmo ao Poder Judiciário, para que nãoseja obrigado a submeter-se aos efeitos do ato (que considerailegítimo ou ilegal).

É importante esclarecer que, enquanto o Poder Judiciário ou aprópria Administração não reconhecerem a ilegitimidade do atoadministrativo, todos os seus efeitos continuam sendoproduzidos normalmente, portanto, o interessado deverá cumpri-lo integralmente.

Atenção: A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro afirmaque, além de serem presumivelmente legítimos, os atosadministrativos também são presumivelmente verdadeiros.

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Segundo a professora, a presunção de veracidade assegura queos fatos alegados pela Administração são presumivelmente

verdadeiros, assim como ocorre em relação a certidões, atestados,declarações ou informações por ela fornecidos, todos dotados de fépública.

Lembre-se sempre de que é do particular a obrigação dedemonstrar e provar a ilegalidade ou possível violação aoordenamento jurídico causada pela edição do ato. Enquanto issonão ocorrer, o ato continua produzindo todos os seus efeitos.

Esse é o posicionamento do professor Hely Lopes Meirelles, ao

afirmar que essa presunção “autoriza a imediata execução ou aoperatividade dos atos administrativos, mesmo que argüidos devícios ou defeitos que os levem à invalidade. Enquanto, porém, nãosobrevier o pronunciamento de nulidade, os atos administrativossão tidos por válidos e operantes, quer para a Administração, querpara os particulares sujeitos ou beneficiários de seus efeitos”.

5.2. Imperatividade

A imperatividade é o atributo pelo qual os atos administrativosse impõem a terceiros, independentemente de sua concordânciaou aquiescência.

Ao contrário do que ocorre na presunção de legitimidade, quenão necessita de previsão em lei, a imperatividade exige expressaautorização legal e não pode ser aplicada a todos os atosadministrativos.

O professor José dos Santos Carvalho Filho considera os

termos coercibilidade e imperatividade expressões sinônimas,ao declarar que “significa que os atos administrativos são cogentes,obrigando a todos quantos se encontrem em seu círculo deincidência (ainda que o objetivo a ser por ele alcançado contrarieinteresses privados), na verdade, o único alvo da AdministraçãoPública é o interesse público”.

É o atributo da imperatividade que permite à Administração,por exemplo, aplicar multas de trânsito, constituir obrigaçãotributária que vincule o particular ao pagamento de imposto derenda, entre outros.

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Em virtude da unilateralidade, a Administração Pública nãoprecisa consultar o particular, antes da edição do ato

administrativo, para solicitar a sua concordância ou aquiescência,mesmo que o ato lhe cause prejuízos.

A doutrina majoritária entende que a imperatividade decorredo poder extroverso do Estado, que pode ser definido como opoder que o Estado tem de constituir, unilateralmente, obrigaçõespara terceiros, com extravasamento dos seus próprios limites.

O poder extroverso pode ser encontrado, por exemplo, nacobrança e fiscalização dos impostos, no exercício do poder de

polícia, na fiscalização do cumprimento de normas sanitárias, nocontrole do meio ambiente, entre outros.

5.3. Auto-executoriedade

A auto-executoriedade é o atributo que garante ao PoderPúblico a possibilidade de obrigar terceiros ao cumprimento dosatos administrativos editados, sem a necessidade de recorrer aoPoder Judiciário.

O referido atributo garante à Administração Pública apossibilidade de ir além do que simplesmente impor um dever aoparticular (consequência da imperatividade), mas também utilizar aforça no sentido de garantir que o ato administrativo sejaexecutado.

Entretanto, é necessário esclarecer que a auto-executoriedadenão está presente em todos os atos administrativos (atos negociaise enunciativos, por exemplo), pois somente ocorrerá em duas

hipóteses:1ª) Quando existir expressa pr ev isão lega l  ;

2ª) Em situações emergenciais em que apenas se garantirá asatisfação do interesse público com a utilização da forçaestatal.

Exemplo: Imagine que a Administração Pública se depare

com a existência de um imóvel particular em péssimas condições,prestes a desabar e que ainda é habitado por uma família de cincopessoas.

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Nesse caso, a Administração não precisará recorrer aoPoder Judiciário para retirar obrigatoriamente as pessoas do

local, utilizando a força se preciso for, pois está diante de umasituação emergencial, na qual a integridade física de várias pessoasestá em risco.

Também podem ser citados como exemplos de manifestaçãoda auto-executoriedade a destruição de medicamentos com prazode validade vencido e que foram recolhidos em farmácias e ademolição de obras construídas em áreas de risco (zonasproibidas).

Atenção: Conforme já informei, nem sempre os atosadministrativos irão gozar de auto-executoriedade e, para fins deconcursos públicos, a multa (ato administrativo) é o exemplo maiscobrado em relação à ausência de auto-executoriedade.

Nesse caso, apesar da aplicação da multa ser decorrente doatributo da imperatividade , se o particular não efetuar o seupagamento, a Administração somente poderá recebê-la se recorrerao Poder Judiciário.

Conforme nos informam os professores Marcelo Alexandrino eVicente Paulo, a única exceção ocorre na hipótese de multaadministrativa aplicada por adimplemento irregular, pelo particular,de contrato administrativo em que tenha havido prestação degarantia. Nessa hipótese, a Administração pode executardiretamente a penalidade, independentemente do consentimentodo contratado, subtraindo da garantia o valor da multa (Lei nº8666/1993, artigo 80, inciso III).

É necessário deixar bem claro que os atos praticados sob o

amparo do atributo da auto-executoriedade podem ser revistos peloPoder Judiciário, sempre que provocado pelos interessados. Paratanto, basta que os interessados demonstrem, por exemplo, quetais atos foram praticados de forma arbitrária, desproporcional,desarrazoada ou abusiva para que o judiciário possa anulá-losretroativamente.

Por último, fique atento às questões de prova, pois aprofessora Maria Sylvia Zanella di Pietro desmembra o atributo da

autoexecutoriedade em dois: executoriedade e exigibilidade.

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Para a citada professora, o atributo da autoexecutoriedade “échamado, pelos franceses, de privilége d’ action ou privilége du

préable; porém, alguns autores o desdobram em dois: aexigibilidade, que corresponde ao privilége du préable, pelo qual aAdministração toma decisões executórias criando obrigação para oparticular sem necessitar ir preliminarmente a juízo; e aexecutoriedade, que corresponde ao privilége d’ action d’ Office(privilégio de ação de ofício), que permite à Administração executardiretamente a sua decisão pelo uso da força.” 

Informa ainda a professora que “em ambas as hipóteses, aAdministração pode auto-executar as suas decisões, com meios

coercitivos próprios, sem necessitar do Poder Judiciário. Adiferença, nas duas hipóteses, está apenas no meio coercitivo; nocaso da exigibilidade, a Administração se utiliza de meiosindiretos de coerção, como a multa ou outras penalidadesadministrativas impostas em caso de descumprimento do ato. Naexcutoriedade, a Administração emprega meios diretos decoerção, compelindo materialmente o administrado a fazer algumacoisa utilizando-se inclusive da força”.

Na primeira hipótese, os meios de coerção vêm sempredefinidos na lei; na segunda, podem ser utilizados, independente deprevisão legal, para atender situação emergente que ponha emrisco a segurança, a saúde ou outro interesse da coletividade.

5.4. Tipicidade

Não existe um consenso doutrinário sobre a possibilidade deincluir a tipicidade como um dos atributos do ato administrativo.

Toa, como as bancas examinad oras gostam muito de utilizar olivro da professora Maria Sylvia Zanella di Pietro como base para aelaboração de questões, é bom que o conheçamos.

Segundo a ilustre professora, podemos entender a tipicidadecomo “o atributo pelo qual o ato administrativo deve correspondera figuras definidas previamente pela lei como aptas a produzirdeterminados resultados” .

Como é possível observar, o princípio da tipicidade decorre da

aplicação do princípio da legalidade e, segundo o entendimento daprofessora di Pietro, para cada finalidade que a administração

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Curso teórico de Direito Administrativo para o concurso do MPU

Cargos Técnicos e de Analistas – Professor Fabiano Pereira

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pretende alcançar existe um ato definido em lei, logo, o atoadministrativo deve corresponder a figuras definidas previamente

pela lei como aptas a produzir determinados resultados.Resumidamente falando, a professora entende que, para cadafinalidade que a Administração deseja alcançar, existe uma espéciedistinta de ato administrativo e, portanto, é inadmissível que sejameditados atos inominados.

6. Desfazimento dos atos administrativos

Todo ato administrativo, após ter sido editado, deve

necessariamente ser respeitado e cumprido, pois goza do atributoda presunção de legitimidade, que lhe assegura a produção deefeitos jurídicos até posterior manifestação da AdministraçãoPública ou do Poder Judiciário em sentido contrário.

Os atos administrativos não são eternos, pois podem serdesfeitos após a sua edição em virtude da existência deilegalidade (anulação), em razão de conveniência ou oportunidadeda Administração (revogação) ou, simplesmente, em virtude de

seu destinatário ter deixado de cumprir os requisitos previstos emlei (cassação).

6.1. Anulação

Quando o ato administrativo é praticado em desacordo com oordenamento jurídico vigente, é considerado ilegal e, portanto,deve ser anulado pelo Poder Judiciário ou pela própriaAdministração, com efeitos retroativos .

Para que você possa responder às questões de concursospúblicos “sem medo de ser feliz”, lembre-se sempre de que um atoilegal (contrário ao ordenamento jurídico) deve ser sempreanulado, nunca revogado.

Além disso, lembre-se ainda de que a anulação desse atoilegal pode ser efetuada pelo Poder Judiciário (quandoprovocado) ou pela própria Administração (de ofício ou medianteprovocação).

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Sendo assim, sempre que você se deparar com uma questãode prova afirmando que o ato administrativo foi anulado em razão

de conveniência e oportunidade, certamente estará incorreta.( Pro c u ra d o r d o Di st r i t o Fe d era l / 2 0 0 4 ) O a to  

a d m i n i s t r a t i v o :  

a ) pode se r anu lado pe la Admin i s t ração , po r mo t i vo de  

conven iência , a qua lque r t em po .

b) só pode ser anulado por meio de ação popular.c) pode ser anulado, no prazo de cinco anos, quando viciadopor ilegalidade.d) pode ser revogado, em cinco anos, sem que as partes

possam invocar direito adquirido.e) uma vez praticado, não pode ser revogado.

Resposta: letra “c”.

Além disso, é importante destacar que a anulação de um atoadministrativo opera-se com efeitos retroativos (ex tunc), ouseja, o ato perde os seus efeitos desde o momento de suaedição (como se nunca tivesse existido), pois não origina direitos.

Esse é o teor da súmula 473 do Supremo Tribunal Federal aoafirmar que a “Administração pode anular os seus próprios atos,quando eivados de vícios que os tornem ilegais, porque de les não  

s e o r i g in a m d i r e it o s  ”.

Sendo assim, é necessário ficar bem claro que os atos ilegaisnão originam direitos para os seus destinatários. Entretanto,devem ser preservados os efeitos já produzidos em face deterceiros de boa-fé (que não têm nenhuma relação com o atonulo).

Exemplo: os professores Vicente Paulo e Marcelo Alexandrinocitam o caso de um servidor cujo ingresso no serviço públicodecorre de um ato nulo (a nomeação ou a posse contém vícioinsanável). Imagine-se que esse servidor emita uma certidãonegativa de tributos para João e, no dia seguinte, seja eleexonerado em decorrência da nulidade de seu vínculo com aAdministração. Os efeitos dos atos praticados entre ele e a

Administração devem ser desfeitos. Mas João, que obteve acertidão, é um terceiro. Sua certidão é válida.

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Grave bem as informações abaixo sobre a anulação dos atosadministrativos para que você jamais erre uma questão em prova

(e tem sido cobrado demais esse tema nos concursos):1ª) A anulação é consequência de uma i l ega l idade  , de umato que foi editado contrariamente ao direito;

2ª) A anulação de um ato administrativo pode ser feita peloPoder Jud ic iá r io  , quando for provocado pelo interessado, oupela própria Admin i s t ração  , de ofício ou também medianteprovocação do interessado;

3ª) A anulação possui e fei t o s r e t r o a t i v o s  (ex tunc) , ou seja,

deixa de produzir efeitos jurídicos desde o momento de suaedição (como se nunca tivesse existido);

4ª) A anulação não des faz   os efeitos jurídicos já produzidosperante terceiros de boa-fé;

6.2. Revogação

A revogação ocorre sempre que a Administração Pública

decide retirar, parcial ou integramente do ordenamento jurídico,um ato administrativo válido, mas que deixou de atender aointeresse público em razão de não ser mais conveniente ouoportuno.

Ao revogar um ato administrativo a Administração Públicaestá declarando que uma situação, até então oportuna econveniente ao interesse público, não mais existe, o que justificaa extinção do ato.

Para responder às questões de concursos, seguindo o mesmoentendimento que apresentei em relação à anulação, lembre-sesempre de que um ato ilegal jamais será revogado, mas simanulado. Da mesma forma, se a questão de prova afirmar que umato inconveniente ou inoportuno deve ser anulado, certamenteestará incorreta, pois conveniência e oportunidade estãointimamente relacionadas com a revogação .

A revogação de um ato administrativo é consequência diretado   juízo de valor (mérito administrativo) emitido pela

Administração Pública (que é responsável por definir o que é bomou ruim para coletividade, naquele momento), e, portanto, é

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vedado ao Poder Judiciário revogar ato administrativo editado pelaAdministração.

Atenção: o Poder Judiciário, no exercício de suas funçõesatípicas, também pode editar atos administrativos (publicação deum edital de licitação, por exemplo). Sendo assim, posteriormente,caso interesse público superveniente justifique a revogação doedital licitatório, o próprio Poder Judiciário poderá fazê-lo.

Neste caso, é importante destacar que o edital estaria sendorevogado pelo próprio Poder Judiciário, pois ele foi o responsávelpela edição do referido ato administrativo. O que não se admite é

que o Poder Judiciário efetue a revogação de atos editados pelaAdministração Pública, pois estaria invadindo a seara do méritoadministrativo .

Nos mesmos moldes, quando o Poder Legislativo editar um atoadministrativo no exercício de sua função atípica, também poderáefetuar a sua revogação, sendo proibido ao Poder Judiciáriomanifestar-se em relação ao mérito desse ato.

Ao contrário do que ocorre na anulação, que produz efeitos  “ex tunc” , na revogação os efeitos serão sempre  “

e x n u n c  ” 

(proativos). Isso significa dizer que a revogação somente produzefeitos prospectivos, ou seja, para frente, conservando-se todos osefeitos que já haviam sido produzidos.

Exemplo: imagine que um determinado servidor públicofederal esteja em pleno gozo (no terceiro mês) de licença paratratar de interesses particulares, que foi deferida pelaAdministração pelo prazo de 02 anos (artigo 91 da Lei 8.112/90).Neste caso, mesmo restando ainda 21 (vinte e um) meses para o

seu término, a Administração poderá revogá-la a qualquermomento, desde que presente o interesse público.

Da mesma forma que agiu discricionariamente aAdministração no momento de concessão de licença para tratar deassuntos particulares, nos termos do artigo 91 da Lei 8.112/90,será discricionária também a revogação da licença, caso assim justifique o interesse público.

O ato de revogação possuirá efeitos “ex nunc”  (para frente),

ou seja, o servidor irá retornar ao trabalho somente após a edição

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do ato revocatório, sendo considerado como de efetivo gozo operíodo de três meses que usufruiu da licença.

Pergunta: professor, o que preciso saber para não errarnenhuma questão de prova sobre revogação?

Anote aí:

1º) Que a revogação é consequência da d isc r i c ionar iedade 

administrativa (conveniência e oportunidade);

2º) Que os atos inválidos ou ilegais   j ama is   serão revogados,mas sim anulados;

3º) Que s o m e n t e   a Administração Pública pode revogar osseus próprio atos administrativos;

4º) Que a revogação produz efeitos e x n u n c  , enquanto naanulação os efeitos são e x t u n c  .

Pergunta: professor, é ilimitado o poder conferido àAdministração para revogar os seus atos administrativos?

Não! Existem alguns atos administrativos que não podem serrevogados, são eles:

1 º ) o s ato s j á c o n s u m a d o s , q u e e x a u r i r a m s eu s e fei t o s  :suponhamos que tenha sido editado um ato concessivo deférias a um servidor e que todo o período já tenha sidogozado. Ora, neste caso, não há como revogar o ato queconcedeu férias ao servidor, pois todos os efeitos do ato jáforam produzidos;

2 º ) o s ato s v i n cu l a d os  : se a lei é responsável pela definiçãode todos os requisitos do ato administrativo, não é possívelque a Administração efetue a sua revogação com base naconveniência e oportunidade (condição necessária para arevogação);

3 º ) o s a to s q u e j á g e ra ra m d i r e i t o s a d q u i r i d o s p a ra o s  

pa r t i cu l a res  : trata-se de garantia constitucional asseguradaexpressamente no inciso XXXVI do artigo 5º da CF/88;

4 º ) o s a t o s q u e i n t e g r a m u m p r o c e d i m e n t o  , pois, neste

caso, a cada ato praticado surge uma nova etapa, ocorrendo apreclusão de revogação da anterior.

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5 º ) o s d e n o m i n a d o s m e ro s a to s a d m i n i s t r a t i v o s  , pois,neste caso, os efeitos são estabelecidos diretamente na lei;

6.3. Cassação

A cassação é o desfazimento de um ato válido em virtude doseu destinatário ter descumprido os requisitos necessários paraa sua manutenção em vigor. Sendo assim, deve ficar bem claro queo particular, destinatário do ato, é o único responsável pela suaextinção.

Exemplo: se a Administração concedeu uma licença para o

particular construir um prédio de 03 (três) andares, mas esteconstruiu um prédio com 05 (cinco) andares, desrespeitou osrequisitos inicialmente estabelecidos e, portanto, o ato serácassado.

7. Convalidação de atos administrativos

Segundo a professora Maria Sylvia Zanella di Pietro, “convalidação é o ato administrativo através do qual é suprido ovício existente em um ato ilegal, com efeitos retroativos à data emque este foi praticado”.

Na verdade, a convalidação nada mais é que a “correção” doato administrativo portador de defeito sanável de legalidade, comefeitos retroativos.

A lei 9.784/99 (Lei de processo administrativo federal)

estabelece expressamente que:Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretaremlesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atosque apresentarem defeitos sanáveis pode rão  ser convalidadospela própria Administração.

Art. 54. O direito da Administração de anular os atosadministrativos de que decorram efeitos favoráveis para osdestinatários decai em c inco anos  , contados da data em que

foram praticados, salvo comprovada má-fé.

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§ 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo dedecadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento.

§ 2o Considera-se exercício do direito de anular qualquermedida de autoridade administrativa que importe impugnaçãoà validade do ato.

Inicialmente, é necessário esclarecer que a convalidação deum ato administrativo somente pode ocorrer em relação aos víciossanáveis, pois, caso o ato apresente vícios insanáveis, deverá sernecessariamente anulado.

Além disso, o prazo que a Administração possui para anular osatos ilegais é de 05 (cinco) anos. Ultrapassado esse prazo,considera-se que o ato foi tacitamente (automaticamente)convalidado, salvo comprovada má-fé do beneficiário.

Por último, é necessário que você entenda que somente épossível convalidar um ato administrativo se o vício de legalidadeestiver restrito aos requisitos competência ou forma (desde quenão seja obrigatória), pois, caso a ilegalidade esteja presente nos

demais requisitos (finalidade, motivo e objeto), o ato seráconsiderado nulo, não sendo passível de correção.

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SUPER R.V.P.

1º) A Administração Pública edita dois tipos de atos jurídicos: a)

atos que são regidos pelo Di re i to Púb l i co   e, consequentemente,denominados de atos administrativos e b) atos regidos pelo Di re i to  

Pr i vado  ;

2º) Fique atento ao conceito de ato administrativo formulado peloprofessor Hely Lopes Meirelles, pois ele é muito cobrado emquestões de concursos: “ato administrativo é toda manifestaçãounilateral de vontade da Administração Pública que, agindo nessaqualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir,

modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aosadministrados ou a si própria.” 

3º) São elementos ou requisitos do ato administrativo acompetência, a finalidade, a forma, o motivo e o objeto. Os trêsprimeiros são sempre vinculados e os dois últimos podem servinculados ou discricionários;

4º) O motivo, que também é chamado de “causa”, é opressuposto de fato e de direito que serve de fundamento para a

edição do ato administrativo. O motivo se manifesta através deações ou omissões dos agentes públicos, dos administrados ou,ainda, de necessidades da própria Administração, que  justificamou impõem a edição de um ato administrativo;

5º) Cuidado para não confundir as expressões “motivo” e “motivação”. O motivo pode ser entendido como o pressuposto defato e de direito que serve de fundamento para a edição do atoadministrativo. Por outro lado, a motivação nada mais é queexposição dos motivos, por escrito, no corpo do atoadministrativo;6º) Segundo a teoria dos motivos determinantes, o motivoalegado pelo agente público no momento da edição do ato devecorresponder à realidade, tem que ser verdadeiro, pois, casocontrário, comprovando o interessado que o motivo informado nãoguarda qualquer relação com a edição do ato ou que simplesmentenão existe, o ato deverá ser anulado pela própria Administraçãoou pelo Poder Judiciário;

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7º) Não existe um consenso doutrinário sobre a quantidade deatributos inerentes aos atos administrativos, mas, para responder

às questões de provas, lembre-se da presunção de legitimidade,a imperatividade , a auto-executoriedade e a tipicidade;

8º) Todo e qualquer ato administrativo é presumivelmentelegítimo, ou seja, considera-se editado em conformidade com a lei,alcançando todos os atos administrativos editados pelaAdministração, independentemente da espécie ou classificação;

9º) A presunção de legitimidade será sempre   j u r i s t a n tu m  

(relativa), pois é assegurado ao interessado recorrer à

Administração, ou mesmo ao Poder Judiciário, para que nãoseja obrigado a submeter-se aos efeitos do ato, quando formanifestamente ilegal;

10º) A imperatividade é o atributo pelo qual os atos administrativosse impõem a terceiros, independentemente de sua concordânciaou aquiescência. Ao contrário do que ocorre na presunção delegitimidade, que não necessita de previsão em lei, aimperatividade exige expressa autorização legal e não pode seraplicada a todos os atos administrativos;

11º) A auto-executoriedade é o atributo que garante ao PoderPúblico a possibilidade de obrigar terceiros ao cumprimento dosatos administrativos editados, sem a necessidade de recorrer aoPoder Judiciário;

12º) Nem sempre os atos administrativos irão gozar de auto-executoriedade e o exemplo mais comum em provas é o dasmultas. Nesse caso, apesar da aplicação de a multa ser decorrentedo atributo da imperatividade, se o particular não efetuar o seu

pagamento, a Administração somente poderá recebê-la se recorrerao Poder Judiciário, não sendo possível gozar da auto-executoriedade;

13º) Não existe um consenso doutrinário sobre a possibilidade deincluir a tipicidade como um dos atributos do ato administrativo,mas, como as bancas examinadoras gostam muito de utilizar o livroda professora Maria Sylvia Zanella di Pietro como base para aelaboração de questões, é bom que você o conheça. Segundo a

ilustre professora, podemos entender a tipicidade como “o atributopelo qual o ato administrativo deve corresponder a figuras definidas

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previamente pela lei como aptas a produzir determinadosresultados” .

14º) Para que você possa responder às questões de concursospúblicos sem medo de ser feliz, lembre-se sempre de que um atoilegal (contrário ao ordenamento jurídico) deve ser sempreanulado, nunca revogado. Além disso, lembre-se ainda de que aanulação desse ato ilegal pode ser efetuada pelo Poder Judiciário(quando provocado) ou pela própria Administração (de ofício oumediante provocação);

15º) A anulação de um ato administrativo opera-se com efeitos

retroativos (ex tunc), ou seja, o ato perde os seus efeitos desdeo momento de sua edição (como se nunca tivesse existido), poisnão origina direitos;

16º) A revogação ocorre sempre que a Administração Públicadecide retirar, parcial ou integramente do ordenamento jurídico,um ato administrativo válido e legal, mas que deixou de atenderao interesse público em razão de não ser mais conveniente ouoportuno.

17º) O Poder Judiciário, no exercício de suas funções atípicas,também pode editar atos administrativos (publicação de um editalde licitação, por exemplo). Sendo assim, posteriormente, casointeresse público superveniente justifique a revogação do editallicitatório, o próprio Poder Judiciário poderá fazê-lo;

18º) Ao contrário do que ocorre na anulação, que produz efeitos  “ex tunc” , na revogação os efeitos serão sempre  “e x n u n c  ” (proativos). Isso significa dizer que a revogação somente produzefeitos prospectivos, ou seja, para frente, conservando-se todos os

efeitos que já haviam sido produzidos;19º) Não podem ser revogados os atos já consumados, queexauriram seus efeitos; os atos vinculados; os atos que jágeraram direitos adquiridos para os particulares; os atosque integram um procedimento e os denominados meros atosadministrativos;

20º) A cassação é o desfazimento de um ato válido em virtude doseu destinatário ter descumprido os requisitos necessários para

a sua manutenção em vigor. Sendo assim, deve ficar bem claro que

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o particular, destinatário do ato, é o único responsável pela suaextinção;

21º) A convalidação (correção) de um ato administrativo somentepode ocorrer em relação aos vícios sanáveis, pois, caso o atoapresente vícios insanáveis, deverá ser necessariamente anulado.Além disso, o prazo que a Administração possui para anular os atosilegais é de 05 (cinco) anos. Ultrapassado esse prazo, considera-seque o ato foi tacitamente (automaticamente) convalidado, salvocomprovada má-fé do beneficiário.

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QUESTÕES PARA FIXAÇÃO DO CONTEÚDO

01. (Analista de Regulação/ ANEEL 2010/ CESPE - adaptada)Sobre os princípios e conceito de serviços públicos, julgue o itemseguinte.

I. Aplica-se ao serviço público o princípio da mutabilidade doregime jurídico, segundo o qual é possível a ocorrência demudanças no regime de execução do serviço para adequá-lo aointeresse público, que pode sofrer mudanças com o decurso dotempo.

02. (Analista Técnico-Administrativo/ Ministério da Saúde2010/ CESPE) Em relação ao serviço público, julgue o itemsubseqüente.

I. Os serviços públicos podem ser classificados, quanto ao objeto,em exclusivos e não exclusivos do Estado.

03. (Delegado/ Polícia Civil PB 2008/ CESPE) Em relação ao

serviço público, julgue o item subseqüente.I. O dispositivo constitucional que preceitua caber ao poderpúblico, na forma da lei, diretamente ou sob o regime deconcessão ou permissão, sempre mediante licitação, a prestaçãode serviços públicos, demonstra que o Brasil adotou umaconcepção subjetiva de serviço público.

04. (ACE/ TCU 2007/ CESPE) Julgue o item subseqüente, relativo

aos serviços públicos.I. Os requisitos do serviço público identificam-se com o conteúdodos princípios da permanência ou continuidade, da generalidade,da eficiência, da modicidade e da cortesia.

05. A respeito dos serviços públicos, julgue os seguintes itens.

I. Serviços públicos propriamente ditos são os que aAdministração presta diretamente à comunidade, devido à sua

essencialidade, sendo exemplos os de defesa nacional e depolícia.

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II . Serviços de utilidade pública são os que a Administração, porreconhecer sua conveniência, presta-os diretamente ou por meiode terceiros, sendo exemplos os de transporte coletivo, energiaelétrica e telefone.III. Serviços u t i u n i ve r s i   ou gerais são aqueles prestados parausuários indeterminados, para atender à coletividade no seutodo, sendo exemplos os de polícia e de iluminação pública. Porserem gerais, devem ser custeados pela espécie tributária taxaou por tarifa (preço público).

IV. Serviços u t i s in g u l i  , divisíveis ou individuais são aqueles quetêm usuários determinados e utilização particular e mensurável

para cada destinatário, devendo, por isso, ser custeados por meiode impostos. São exemplos os serviços de telefone e energiaelétrica domiciliares.

06. (Técnico Judiciário / TRE 2009 / CESPE - ADAPTADA) Quantoao conceito e aos princípios inerentes ao regime jurídico dosserviços públicos, julgue os itens abaixo:

I. O conceito de serviço público compreende não somente aexecução de determinada atividade, como também sua gestão,que deve ser desempenhada pelo Estado por intermédio daatuação exclusiva da administração centralizada.

II. Todo serviço público tem por finalidade atender anecessidades públicas, razão pela qual toda atividade deinteresse público constitui serviço público.

II I. Os serviços públicos, em qualquer hipótese, estão sujeitos aoregime jurídico público.

IV. O princípio da mutabilidade do regime jurídico é aplicável ao

serviço público, motivo pelo qual são autorizadas mudanças noregime de execução do serviço para adaptações ao interessepúblico, o que implica ausência de direito adquirido quanto àmanutenção de determinado regime jurídico.

V. O princípio da igualdade dos usuários não é aplicável aoserviço público, na medida em que devem ser considerados,como regra, aspectos de caráter pessoal de cada usuário naprestação do serviço público.

07. (ACE/ TCU 2007/ CESPE) Julgue os itens subseqüentes,relativos aos atos administrativos.

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I. Os atos praticados pelo Poder Legislativo e pelo PoderJudiciário devem sempre ser atribuídos à sua função típica, razãopela qual tais poderes não praticam atos administrativos.

II . São exemplos de atos administrativos relacionados com a vidafuncional de servidores públicos a nomeação e a exoneração. Jáos atos praticados pelos concessionários e permissionários doserviço público não podem ser alçados à categoria de atosadministrativos.

II I. O ato administrativo não surge espontaneamente e por contaprópria. Ele precisa de um executor, o agente públicocompetente, que recebe da lei o devido dever-poder para o

desempenho de suas funções.

08. (Analista Técnico-Administrativo / Ministério da Saúde 2010 / CESPE) Com relação aos atos administrativos, aos poderes e aocontrole da administração, julgue os próximos itens.

I. Conforme afirma a doutrina prevalente, o ato administrativoserá sempre vinculado com relação à competência e ao motivo doato.

II. Os atos administrativos gozam de presunção i u r i s e t de i u re  de legitimidade.

III. Existe liberdade de opção para a autoridade administrativaquanto ao resultado que a administração quer alcançar com aprática do ato.

IV. Para se chegar ao mérito do ato administrativo, não basta aanálise in abstrato da norma jurídica, é preciso o confronto destacom as situações fáticas para se aferir se a prática do ato ensejadúvida sobre qual a melhor decisão possível. É na dúvida que

compete ao administrador, e somente a ele, escolher a melhorforma de agir.

09. (Inspetor de Controle Externo/ TCE RN 2009/ CESPE) Comrelação à teoria dos atos administrativos, julgue os próximositens.

I. Os atos administrativos são presumidamente verdadeiros econformes ao direito, militando em favor deles uma presunção  j u r i s e t de j u re  de legitimidade. Trata-se, assim, de uma

presunção absoluta, que não depende de lei expressa, mas quedeflui da própria natureza do ato administrativo, como atoemanado de agente integrante da estrutura do Estado.

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II. Como requisito do ato administrativo, a competência é, emprincípio, intransferível, só podendo ser objeto de delegação seestiver estribada em lei.

III. O que fundamenta a anulação (ou invalidação) do atoadministrativo é a inconveniência ou inoportunidade do ato ou dasituação gerada por ele.

10. (Procurador/ PGE-CE 2008/ CESPE - adaptada) Com relaçãoaos atos administrativos, julgue os itens seguintes.

I. A revogação do ato administrativo tem efeitos e x t u n c  .

II. Somente a administração pública possui competência pararevogar os atos administrativos por ela praticados.

III. O ato administrativo discricionário é insuscetível de examepelo Poder Judiciário.

11. (Polícia Civil ES / CESPE 2009) Julgue os itens seguintes,acerca da competência administrativa e de sua avocação edelegação.

I. A competência é requisito de validade do ato administrativo ese constitui na exigência de que a autoridade, órgão ou entidadeadministrativa que pratique o ato tenha recebido da lei aatribuição necessária para praticá-lo.

II. Na delegação de competência, a titularidade da atribuiçãoadministrativa é transferida para o delegatário que prestará oserviço.

III. Para que haja a avocação não é necessária a presença demotivo relevante e justificativa prévia, pois esta decorre darelação de hierarquia existente na administração pública.

12. (P rocurador/ AGU 2010/ CESPE) Julgue os seguintes itens,acerca do ato administrativo.

I. A anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie ointeressado, nos processos que tramitem no TCU, deve respeitaro contraditório e a ampla defesa, o que se aplica, por exemplo, àapreciação da legalidade do ato de concessão inicial de

aposentadoria, reforma e pensão.

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II. Os atos do processo administrativo dependem de formadeterminada apenas quando a lei expressamente a exigir.

II I. Se um parecer obrigatório e vinculante deixar de ser emitidono prazo fixado, o processo pode ter prosseguimento e serdecidido com sua dispensa, sem prejuízo da responsabilidade dequem se omitiu no atendimento.

IV. Interposto recurso administrativo, a autoridade julgadorafederal, que não pode ter recebido essa competência pordelegação, pode, desde que o faça de forma necessariamentefundamentada, agravar a situação do recorrente.

13. (Advogado/ CETURB 2010/ CESPE) Julgue os itenssubseqüentes, a respeito dos poderes da administração pública.

I. Segundo entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), aaposentadoria seria exemplo de ato composto mesmo nos casosem que o tribunal de contas, no exercício do controle externoconstitucionalmente previsto, aprecia a legalidade da própriaconcessão.

II. Atos praticados pela administração valendo-se de suas

prerrogativas e regidos por normas de direito público sãoexemplos de atos administrativos, não podendo ser classificados,portanto, como atos da administração.

14. (Administração/ MCT- FINEP 2009/ CESPE - adaptada) Acercada administração pública direta e indireta, julgue os itens abaixo:

I. Veda-se a prática de nepotismo em todas as esferas daadministração pública, federal, estadual e municipal, razão pela

qual um governador não pode nomear o seu irmão para o cargode secretário estadual de transporte.

II . A administração pode anular os próprios atos, quando eivadosde vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originamdireitos, ou revogá-los, por motivo de conveniência ouoportunidade, respeitados os direitos adquiridos. A anulação ou arevogação do ato pela administração impede a apreciação judicialda situação por falta de interesse do administrado.

II I. Cabe ao Poder Judiciário verificar a regularidade dos atos

normativos e de administração do poder público em relação àscausas, aos motivos e à finalidade que os ensejam.

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15. (Analista de Atividades/ IBRAM 2009/ CESPE) A Lei n.º4.717/ 1965, ao regular a ação popular, estabelece, em seu art.2.º, as hipóteses de nulidade de atos lesivos ao patrimônio dasentidades definidas em seu art. 1.º. A doutrina administrativistamajoritária utiliza aquele dispositivo como norteador da definiçãodos elementos dos atos administrativos e das situações deinvalidade. A respeito dos atos administrativos, invalidade econtrole, julgue os próximos itens. 

I . Consoante disposto na Lei n.º 9.784/ 1999, que regula oprocesso administrativo, a administração tem o dever de anularos atos administrativos eivados de vício de legalidade, noexercício de sua autotutela, podendo convalidar aqueles queapresentem defeitos sanáveis, desde que não acarretem lesão aointeresse público e nem prejuízo a terceiros.

II . Conforme entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ),o controle jurisdicional a respeito do ato administrativo queimpõe sanção disciplinar restringe-se aos seus aspectosmeramente formais.

16. (Analista Judiciário/ TRE MA 2009/ CESPE - adaptada) No

tocante aos atos administrativos, julgue os itens abaixo:I. A imperatividade é atributo presente em todos os atosadministrativos, inclusive naqueles que conferem direitossolicitados pelos administrados e nos atos enunciativos.

II. A tipicidade é atributo do ato administrativo constanteunicamente nos atos unilaterais, razão pela qual não se fazpresente nos contratos celebrados pela administração pública.

III. A permissão é ato administrativo bilateral e vinculado pelo

qual a administração faculta ao particular a execução de serviçopúblico ou a utilização privativa de bem público.

IV. A revogação do ato administrativo produz efeitos ex tunc.

V. O ato administrativo se sujeita ao regime jurídico de direitopúblico ou de direito privado.

17. (Técnico Judiciário/ TRE MA 2009/ CESPE) Acerca dos atosadministrativos, julgue os itens que se seguem.

I. A imperatividade é a característica do ato administrativo quefaz com que esse ato, tão logo seja praticado, possa ser

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imediatamente executado e seu objeto, imediatamentealcançado.

II. A presunção de legitimidade dos atos administrativos é i u r i s  t a n t u m  .

II I. Todo ato administrativo é autoexecutável.

IV. São atributos dos atos administrativos a presunção delegitimidade, a imperatividade, a exigibilidade e aautoexecutoriedade.

Estão certos apenas os itens(A) I e III.(B) II e IV.(C) II I e IV.(D) I, II e III .(E) I, II e IV.

18. (Analista Administrativa/ ANATEL 2009/ CESPE) Lucas foiaprovado em concurso público de provas e títulos para o cargo deanalista administrativo da ANATEL. Considerando que o prazo devalidade do concurso expirará em julho de 2009, compossibilidade de prorrogação por mais um ano, ou seja, julho de2010, Lucas resolveu encaminhar um e-mail para a ouvidoria daagência, indagando se o presidente prorrogaria ou não ocertame. A ouvidoria da ANATEL respondeu a Lucas que acontratação de pessoal nas agências, por meio de concursopúblico, é um ato de gestão e não de império e que a prorrogaçãodo concurso constitui um ato discricionário.

Com base na situação hipotética acima apresentada, julgue ositens subsequentes, acerca da classificação dos atosadministrativos. 

I. As informações prestadas pela ouvidora estão corretas, pois acontratação de pessoal por meio de concurso público paracomposição de quadro funcional é caracterizada como ato degestão, não intervindo a vontade dos administrados para suaprática.

II. Na situação considerada, a informação da ouvidoria, quanto àprorrogação do concurso público constituir ato discricionário,está correta, embora não tenha atendido objetivamente à

indagação de Lucas.

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19. (Analista Judiciário/ TRE GO 2009/ CESPE - adaptada) Julgueos itens abaixo a respeito da discricionariedade administrativa,como prerrogativa do agente público e do seu controle peloPoder Judiciário.I. A discricionariedade administrativa decorre da ausência de leipara reger determinada situação.

II. Não só a escolha do ato a ser praticado, como também aescolha do melhor momento para praticá-lo, revela hipótese dediscricionariedade da administração.

III. Nas situações em que o Poder Judiciário anula atodiscricionário, o juiz pode determinar providência que defina o

conteúdo do novo ato a ser praticado.

20. (Técnico Judiciário/ TRT 5ª 2008/ CESPE) A respeito de atosadministrativos, julgue os itens seguintes.

I. O Poder Judiciário pode revogar seus próprios atosadministrativos e anular os atos administrativos praticados peloPoder Legislativo.

II . O ato administrativo de remoção de servidor público ocupante

de cargo efetivo com o intuito de puni-lo caracteriza desvio depoder.

III. A administração tem o ônus de provar a legalidade do atoadministrativo sempre que ela for questionada judicialmente.

IV. A aposentadoria de cargo de provimento efetivo, porimplemento de idade, é um ato administrativo discricionário.

21. (Analista Judiciário/ TRT 5ª 2008/ CESPE) Julgue os itens quese seguem, acerca dos atos administrativos e do procedimentoadministrativo disciplinado no âmbito da administração federal.

I. É dispensável a motivação para o ato administrativo quandoeste se destinar apenas a suspender outro ato anteriormenteeditado.

II . A revogação de ato administrativo por motivo de conveniênciae oportunidade deve respeitar os direitos eventualmenteadquiridos.

II I. O prazo decadencial para a administração pública anular atosadministrativos de efeitos patrimoniais contínuos renova-seperiodicamente.

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22. (Oficial de Inteligência/ ABIN 2008/ CESPE) Na segunda fasedo concurso para provimento de cargo de policial, Fláviomatriculou-se no curso de formação, já que tinha sido aprovadonas provas objetivas, no exame psicotécnico e no teste físico,que compunham a chamada primeira fase. No entanto, aadministração pública anulou o teste físico, remarcando novadata para a sua repetição, motivo pelo qual foi anulada ainscrição de Flávio no curso de formação. Acerca dos atosadministrativos referentes à situação hipotética apresentada,

 julgue os itens subseqüentes.

I. A anulação do exame físico está inserida no poder deautotutela da administração, não sendo imprescindível que hajacontraditório e ampla defesa, pois o ato em si não trouxequalquer prejuízo para Flávio - já que ele irá refazer o teste físico- nem para os demais candidatos.

II. Considerando que a motivação apresentada pelaadministração não seja a medida mais adequada para anular oteste físico de Flávio, o juiz poderá aplicar a teoria dos motivosdeterminantes para anular o ato anulatório.

GABARITO

1) I.E 2) I.E 3) I.E 4) I.C 5) I.C II .CIII.E IV.E

6) I.E II .EIII.E IV.C V.E

7) I.E II.EIII.C

8) I.E II.EIII.E IV.C

9) I.E II.CIII.E

10) I.E II .CIII.E

11) I.C II.EIII.E

12) I.E II.CIII.E IV.C

13) I.E II .E 14) I.E II .EIII.C

15) I.C II.E

16) I.E II .CIII.E IV.E V.E

17) B 18) I.E II .C 19) I.E II .CIII.E

20) I.C II.CIII.E IV.E

21) I.E II .CIII.E

22) I.E II.C