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Sumário SUMÁRIO ............................................................................................................................................................. 2

APRESENTAÇÃO .................................................................................................................................................. 3

ATOS ADMINISTRATIVOS ..................................................................................................................................... 4

CONCEITO ............................................................................................................................................................................ 5

ATRIBUTOS ......................................................................................................................................................... 6

PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE ................................................................................................................................................. 7 IMPERATIVIDADE ................................................................................................................................................................. 10 AUTOEXECUTORIEDADE ....................................................................................................................................................... 12 TIPICIDADE ......................................................................................................................................................................... 14

ELEMENTOS ...................................................................................................................................................... 17

COMPETÊNCIA .................................................................................................................................................................... 18 FINALIDADE ........................................................................................................................................................................ 23 FORMA .............................................................................................................................................................................. 24 MOTIVO ............................................................................................................................................................................ 25 OBJETO ............................................................................................................................................................................. 32

VÍCIOS NOS ELEMENTOS DE FORMAÇÃO ........................................................................................................... 33

VÍCIOS DE COMPETÊNCIA ...................................................................................................................................................... 33 VÍCIOS DE FINALIDADE .......................................................................................................................................................... 35 VÍCIOS DE FORMA ................................................................................................................................................................ 35 VÍCIOS DE MOTIVO ............................................................................................................................................................... 36 VÍCIOS DE OBJETO ............................................................................................................................................................... 37

VINCULAÇÃO E DISCRICIONARIEDADE ............................................................................................................... 37

MÉRITO ADMINISTRATIVO ..................................................................................................................................................... 38

QUESTÕES DE CONCURSO COMENTADAS ......................................................................................................... 40

LISTA DE QUESTÕES .......................................................................................................................................... 72

GABARITO ......................................................................................................................................................... 85

RESUMÃO DIRECIONADO ................................................................................................................................... 86

REFERÊNCIAS .................................................................................................................................................... 89

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Apresentação Nesta aula, vamos estudar os seguintes assuntos que podem ser cobrados na prova de Guarda Municipal de Campo Grande.

DIREITO ADMINISTRATIVO: 00 - Atos administrativos I: conceito, atributos, elementos, vícios, vinculação e discricionariedade (1. Atos administrativos: conceito; elementos; características; mérito do ato administrativo; formação e efeitos; classificação e espécies; procedimento administrativo; extinção, invalidação e revogação dos atos administrativos.)

Este livro digital em PDF está organizado da seguinte forma:

1) Teoria permeada com questões, para fixação do conteúdo – estudo OBRIGATÓRIO, págs. 4 a 39;

2) Bateria de questões comentadas das bancas organizadoras, para conhecer o nível de cobrança das principais bancas de concurso – estudo obrigatório, págs. 40 a 71;

3) Lista de questões da banca sem comentários seguida de gabarito, para quem quiser tentar resolver antes de ler os comentários – estudo facultativo, págs. 72 a 85;

4) Resumo Direcionado, para auxiliar na revisão – estudo facultativo, págs. 86 a 88.

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Além disso, neste número, eu e a Prof. Érica Porfírio disponibilizamos dicas, materiais e informações sobre Direito Administrativo. Basta adicionar nosso número no seu WhatsApp e nos mandar a mensagem “Direito Administrativo”.

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Atos administrativos

No Direito, quando a manifestação da vontade humana produz efeitos jurídicos, é dito que se formou um ato jurídico. Se este ato resulta de manifestações da Administração Pública, o que se tem é um ato administrativo. Portanto, logo de cara, pode-se dizer que o ato administrativo é uma espécie do gênero ato jurídico.

Os atos administrativos constituem a forma básica pela qual a Administração Pública manifesta sua vontade. Tais atos materializam o exercício da função administrativa, a qual é típica do Poder Executivo, mas que também pode ser exercida pelos demais Poderes. Em outras palavras, os Poderes Legislativo e Judiciário também editam atos administrativos.

Todavia, os atos administrativos, por sua natureza, conteúdo e forma, não se confundem com os atos emanados do Legislativo e do Judiciário quando desempenham suas atribuições específicas de legislação (elaboração de normas primárias) e de jurisdição (decisões judiciais). Assim, na atividade pública geral, podem ser reconhecidas três categorias de atos inconfundíveis entre si: atos legislativos, atos judiciais e atos

administrativos1.

Questões para fixar A edição de atos administrativos é exclusiva dos órgãos do Poder Executivo, não tendo as autoridades

dos demais poderes competência para editá-los.

Comentário:

O quesito está errado. Os órgãos administrativos de todos os Poderes, e não apenas do Poder Executivo, exercem atividades administrativas e, portanto, editam atos administrativos. É o caso, por exemplo, de quando a Mesa do Senado promove concurso público para a seleção de novos servidores; de quando a Secretaria do STF realiza licitação para adquirir uma nova frota de veículos para o Tribunal; ou de quando o Presidente do TCU demite servidor do órgão.

Gabarito: Errado

Quando o juiz de direito prolata uma sentença, nada mais faz do que praticar um ato administrativo.

Comentário:

O quesito está errado. O juiz quando prolata sentença está no exercício da função jurisdicional, típica do Poder Judiciário; portanto, trata-se de um ato judicial, e não de um ato administrativo. De forma semelhante, quando os parlamentares votam um projeto de lei, estão praticando um ato legislativo, no exercício da função típica do Poder Legislativo, e não um ato administrativo. Com efeito, os Poderes Judiciário e Legislativo só editam atos administrativos quando estiverem no exercício da função administrativa (atípica para eles), como quando ordenam despesas próprias e concedem licenças aos seus servidores.

Gabarito: Errado

1 Hely Lopes Meirelles (2009, p. 152)

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Enfim, qual é então o conceito de ato administrativo? Quais as peculiaridades que o distinguem dos atos legislativos e judiciais? É isso que veremos em seguida.

Conceito

Para conceituar ato administrativo, vamos nos valer da definição proposta por Maria Sylvia Di Pietro, a qual é bastante similar à da maioria dos grandes administrativistas:

Ato administrativo - declaração unilateral do Estado ou de quem o represente que produz efeitos jurídicos imediatos, com observância da lei, sob o regime jurídico de Direito Público e sujeita a controle pelo Poder Judiciário.

Vamos destrinchar esse conceito.

Primeiramente, vale observar que a autora conceitua o ato administrativo como uma “declaração” da vontade do Estado. Ao usar a palavra “declaração”, ela deixa claro que deve haver uma exteriorização de pensamento para que exista um ato administrativo. Assim, o silêncio ou omissão da Administração não pode ser considerado um ato administrativo, ainda que possa gerar efeitos jurídicos (como no caso da decadência e da prescrição).

O conceito apresentado é restrito ao ato administrativo “unilateral”, ou seja, àquele que se forma com a vontade única da Administração, independente da concordância daqueles que serão atingidos por ele; o ato unilateral, segundo Hely Lopes Meirelles, é o ato administrativo típico. De outra parte, os atos bilaterais, que se aperfeiçoam com mais de uma declaração de vontade, constituem os contratos administrativos (ex: contrato de aquisição de bens celebrado pela Administração com um fornecedor particular), que serão estudados em aula

específica do curso2.

O ato administrativo é uma declaração unilateral do “Estado”. Estado, aqui, deve ser compreendido como todas as pessoas que, de alguma forma, exercem funções públicas. Abrange tanto os órgãos do Poder Executivo como os dos demais Poderes, que também podem editar atos administrativos. Além disso, compreende os dirigentes de autarquias e fundações e os administradores de empresas estatais.

Detalhe, porém, é que o surgimento do ato administrativo pressupõe que a Administração atue nessa qualidade, ou seja, “sob o regime jurídico de Direito Público”, usando de sua supremacia de Poder Público, com as prerrogativas e restrições próprias do regime jurídico-administrativo. Assim, não seria ato administrativo, por exemplo, a abertura de conta corrente por um banco estatal, pois, nesse caso, ele estaria praticando um ato privado, em igualdade de condições com o particular. Por outro lado, o edital de licitação ou de concurso público lançado por esse mesmo banco estatal seria um ato administrativo, eis que sujeito às normas de direito público.

O ato administrativo também é uma declaração unilateral de quem faça as vezes do Estado (“ou de quem o represente”). Significa, assim, que os particulares também podem praticar atos administrativos, desde que estejam investidos de prerrogativas estatais (agentes honoríficos, delegados e credenciados). Seria o caso, por exemplo, das concessionárias de serviço público, que podem sancionar administrativamente o cidadão em

2 Lucas Furtado ensina que, no Direito Privado, o conceito de ato jurídico compreende tanto as manifestações unilaterais de vontade quanto os negócios jurídicos, nestes incluídos os contratos. No Direito Administrativo, ao contrário, somente as manifestações unilaterais de vontade do Poder Público podem ser conceitualmente reconhecidas como atos administrativos.

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determinadas situações (ex: as concessionárias de transporte podem determinar a expulsão de passageiros que não se comportem adequadamente).

O ato administrativo produz efeitos jurídicos imediatos para os administrados, para a própria Administração ou para seus servidores, criando, modificando ou extinguindo direitos e obrigações.

Ao dizer que ele produz efeitos jurídicos “imediatos”, a autora busca distinguir o ato administrativo da lei, dado que esta, em razão de suas características de generalidade e abstração, não se presta, de regra, a gerar efeitos imediatos. Perceba que o conceito da autora, materialmente, não abrange os atos normativos (ex: decretos e regulamentos), visto que, quanto ao conteúdo, eles se assemelham às leis, ou seja, não produzem efeitos jurídicos imediatos. Ressalte-se, contudo, que os atos normativos, assim como os chamados atos enunciativos, embora não sejam atos administrativos em sentido material (ou seja, quanto ao conteúdo), são considerados atos administrativos formais, já que emanados da Administração Pública, com subordinação à lei.

Por falar em subordinação à lei, outro aspecto a destacar no conceito em estudo é que o ato administrativo deve ser editado “com observância da lei”, significando que os atributos e elementos do ato devem estar previstos em lei, a qual estabelece seus limites, formas, competência, abrangência, conteúdo, finalidade etc.

Por fim, há de se ressaltar que o ato administrativo é sempre passível de “controle pelo Poder Judiciário”, afinal, entre nós vige o princípio da inafastabilidade da tutela jurisdicional (CF, art. 5º, XXXV).

Delimitada a abrangência do conceito de ato administrativo, passemos a abordar os elementos e atributos que o distingue dos demais atos da Administração.

Atributos

O ato administrativo constitui exteriorização da vontade estatal e, por isso, é dotado de determinadas características não presentes nos atos jurídicos em geral. São características inerentes aos atos administrativos e

Ato administrativo

Exercício da função administrativa

Declaração unilateral

Realizado por agente público, inclusive particulares em colaboração

Regido pelo Direito Público

Produz efeitos jurídicos imediatos

Sujeito ao controle judicial

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que decorrem do regime de direito público ao qual se submetem, e que outorgam certas prerrogativas ao Poder Público.

Os atributos do ato administrativo apresentados pela doutrina são:

§ Presunção de legitimidade

§ Autoexecutoriedade

§ Tipicidade

§ Imperatividade

Para gravar, usamos o mnemônico “PATI”.

De cara, é importante saber que, segundo a doutrina, os atributos da presunção da legitimidade e da

tipicidade estão presentes em todos os atos administrativos3; já a autoexecutoriedade e a imperatividade não.

ATRIBUTOS DO ATO ADMINISTRATIVO

Presentes em todos os atos: Presentes em apenas alguns tipos de atos:

§ Presunção de legitimidade

§ Tipicidade

§ Autoexecutoriedade

§ Imperatividade

Vejamos.

Presunção de legitimidade

A presunção de legitimidade diz respeito à conformidade do ato com a lei; por esse atributo, presumem-

se, até prova em contrário, que os atos administrativos foram emitidos com observância da lei4.

Inerente à presunção de legitimidade, tem-se a presunção de veracidade, que diz respeito aos fatos; em decorrência desse atributo, presumem-se verdadeiros os fatos alegados pela Administração para a prática de um

ato administrativo, até prova em contrário5.

Essas presunções não existem por acaso. Várias são as razões que as fundamentam, a exemplo do princípio da legalidade, de status constitucional e que vincula toda a Administração, permitindo presumir que todos os atos praticados pelos agentes públicos tenham sido praticados em conformidade com a lei. Outra razão é que os atos administrativos, para serem produzidos, devem seguir uma série de procedimentos e formalidades, além de se submeterem a uma série de controles, sempre com a finalidade de garantir a observância à lei. Daí o art. 19, II da CF proclamar que não se pode “recusar fé aos documentos públicos”.

Como ensina Maria Sylvia Di Pietro, a presunção de legitimidade e veracidade acompanha todos os atos estatais, quer imponham obrigações, quer reconheçam ou confiram direitos aos administrados, e decorre da própria ideia de “Poder” que permite ao Estado assumir posição de supremacia perante os particulares.

3 Quanto à tipicidade, a doutrina informa que o atributo está presente apenas nos atos unilaterais, mas não nos bilaterais. Ora, os atos administrativos são, por definição, atos unilaterais e, portanto, sempre apresentam o atributo da tipicidade. 4 Maria Sylvia Di Pietro (2009, p. 197). 5 Idem (p. 198).

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Um dos efeitos da presunção de legitimidade e veracidade é o de permitir que o ato administrativo opere efeitos imediatamente, vinculando os administrados por ele atingidos desde a sua edição. Isso permite que a Administração exerça suas atribuições com agilidade, afinal, é o interesse público que está em jogo. Essa agilidade não existiria caso a Administração dependesse de manifestação prévia do Poder Judiciário toda vez que editasse seus atos.

Detalhe é que os atos administrativos produzem efeitos imediatamente, ainda que eivados de vícios ou defeitos aparentes. Nas palavras de Di Pietro, “enquanto não decretada a invalidade do ato pela própria Administração ou pelo Judiciário, o ato produzirá efeitos da mesma forma que o ato válido, devendo ser cumprido”. Ou seja, como os atos são presumivelmente legítimos, devem ser observados até que, depois de questionados, sejam declarados nulos por autoridade competente.

Detalhando um pouco mais... Lucas Furtado alerta que há uma única situação no Direito Administrativo em que a consequência do atributo da

presunção de legitimidade é afastada, isto é, em que o destinatário do ato administrativo não necessita esperar a declaração de invalidade do ato para poder negar-lhe cumprimento: trata-se de ordem manifestamente ilegal dada a servidor público por seu superior hierárquico.

Nessa hipótese, o servidor público tem não só o direito, mas o dever de negar cumprimento à ordem. É o que prescreve o art. 116, IV da Lei 8.112/1990, segundo o qual constitui dever do servidor cumprir as ordens superiores, “exceto quando manifestamente ilegais”.

Ressalte-se, contudo, que o que se afasta é o efeito da presunção de legitimidade de dar imediato cumprimento à ordem, e não a presunção em si, que constitui atributo de todos os atos administrativos.

Ressalte-se que a presunção de veracidade não é absoluta, e sim relativa (iuris tantum), ou seja, admite prova em contrário. Assim, o administrado que se sinta prejudicado pelo ato do Estado tem o direito de se socorrer junto à própria Administração (mediante a interposição de recursos administrativos) ou perante o Poder Judiciário, nos termos da lei.

Porém, um efeito importantíssimo do atributo em tela é a inversão do ônus da prova, vale dizer, quem deve demonstrar a existência de vício no ato administrativo não é a Administração, e sim o administrado.

Por exemplo: quando a pessoa recebe uma notificação de infração de trânsito, significa que a Administração está alegando que o indivíduo cometeu alguma falta; a princípio, essa “alegação” é legítima, mesmo que houvesse alguma irregularidade aparente no radar que flagrou o motorista. Ou seja, para todos os efeitos, deve-se tomar como verdadeiro que a infração indicada, de fato, foi mesmo cometida. Se o motorista quiser contestar a notificação, ele é que terá de provar o erro da Administração, caso contrário, será multado, em razão da presunção de veracidade do ato administrativo.

Em relação a esse ponto, cumpre anotar que, mesmo nos casos em que o ato da Administração contenha forte aparência de ilegalidade, o Judiciário não pode se pronunciar de ofício, devendo aguardar a provocação do administrado.

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Ademais, a inversão do ônus da prova não exime a Administração de, caso requisitada pelo Judiciário, apresentar informações e documentos que comprovem a correspondência do ato à realidade e a veracidade dos fatos

alegados6.

Questões para fixar Pelo atributo da presunção de veracidade, presume-se que os atos administrativos estão em

conformidade com a lei.

Comentário:

A presunção de legitimidade é que pressupõe que os atos administrativos estão em conformidade com a lei. A presunção de veracidade, por sua vez, indica que os fatos alegados pela Administração são verdadeiros. Essa distinção é feita por Maria Sylvia Di Pietro e, geralmente, também é adotada pelas bancas de concurso.

Contudo, vale saber que os demais administrativistas, de um modo geral, empregam a expressão “presunção de legitimidade” de forma abrangente, incluindo tanto a presunção de que os fatos apontados pela Administração efetivamente ocorreram quanto a presunção de que os atos administrativos foram praticados em conformidade com a lei. Como diz Hely Lopes Meirelles, a “presunção de veracidade é inerente à de legitimidade”.

Gabarito: Errada

Dada a imperatividade, atributo do ato administrativo, devem-se presumir verdadeiros os fatos declarados em certidão solicitada por servidor do MPU e emitida por técnico do órgão.

Comentário:

A assertiva descreve o atributo da presunção da veracidade, e não da imperatividade, daí o erro. Em razão da presunção de veracidade, os fatos alegados pela Administração para a prática de um ato administrativo presumem-se verdadeiros, até prova em contrário. Esse atributo tem o efeito de inverter o ônus da prova, ou seja, quem se sentir prejudicado é que deve provar o erro da Administração. Diz-se que o ônus da prova é invertido porque, no Direto Civil, ao contrário, quem alega é que deve provar os fatos (ex: se você denunciar que seu vizinho faz barulho além da conta, você, denunciante, é que terá de provar o que está dizendo; por outro lado, se a Administração alegar que você estacionou em local proibido, você, prejudicado, é que terá de provar o contrário).

Gabarito: Errada

Suponha que determinada secretaria de Estado edite ato administrativo cujo conteúdo seja manifestamente discriminatório. Nessa situação, podem os administrados recusar-se a cumpri-lo, independentemente de decisão judicial, dado que de ato ilegal não se originam direitos nem se criam obrigações.

Comentário:

O item está errado. Pelo atributo da presunção de legitimidade, os atos administrativos são tidos como legais desde sua origem e, por isso, vinculam os administrados por ele atingidos desde a edição. Por

6 Maria Sylvia DI Pietro (2009, p. 199).

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conseguinte, o particular é obrigado a cumprir as determinações do ato ainda que, aparentemente, ele esteja eivado de ilegalidade. É claro que o ato poderá ser questionado judicialmente ou perante a própria Administração. Porém, enquanto ele não for invalidado, continuará a produzir efeitos normalmente, obrigando os administrados, que não podem recusar-se a cumpri-lo. De outra parte, se o ato for invalidado judicialmente (ou pela própria Administração), aí sim deixará de originar direitos e obrigações. Abre-se um parêntese para destacar que é possível a sustação dos efeitos dos atos administrativos através de recursos internos ou de ordem judicial (medidas liminares ou cautelares); nesse caso, o ato permanece válido mas sem produzir efeitos, continuando assim até o pronunciamento final de validade ou invalidade do ato ou até a derrubada da liminar.

Gabarito: Errado

Há presunção imediata de legalidade de todo ato administrativo editado por autoridade pública competente.

Comentário: O quesito está correto. O atributo presunção de legitimidade está presente em todo ato administrativo. Isso porque vivemos num Estado Direito, no qual todos, especialmente o Poder Público, devem obediência à lei. No caso da Administração, o princípio da legalidade impõe que ela só atue quando a lei autoriza, ou seja, trata-se de um princípio rigoroso, o que permite deduzir (presumir) que tudo o que ela faz estará imediatamente em conformidade com a ordem jurídica.

Gabarito: Certo

Caso seja fornecida certidão, a pedido de particular, por servidor público, é correto afirmar que tal ato administrativo possui presunção de veracidade e, caso o particular entenda ser falso o fato narrado na certidão, inverte-se o ônus da prova e cabe a ele provar, perante o Poder Judiciário, a ausência de veracidade do fato narrado na certidão.

Comentário: O quesito está correto. Trata-se de situação que ilustra muito bem a aplicação concreta do atributo da presunção de veracidade dos atos administrativos.

Gabarito: Certo

A presunção de legitimidade é atributo de todos os atos da administração, inclusive os de direito privado, dada a prerrogativa inerente aos atos praticados pelos agentes integrantes da estrutura do Estado.

Comentário: Aqui, a banca adotou a posição de Maria Sylvia Di Pietro – autora que, aliás, é seguida por boa parte das bancas – que afirma textualmente:

Quanto ao alcance da presunção, cabe realçar que ela existe, com as limitações já analisadas, em todos os atos da Administração, inclusive os de direito privado, pois se trata de prerrogativa inerente ao Poder Público, presente em todos os atos do Estado, qualquer que seja a sua natureza. Esse atributo distingue o ato administrativo do ato de direito privado praticado pela própria Administração.

Gabarito: Certo

Imperatividade

Imperatividade é o atributo pelo qual os atos administrativos se impõem a terceiros, independentemente da sua concordância, criando obrigações ou impondo restrições.

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A imperatividade decorre do chamado “poder extroverso”, que é prerrogativa dada ao Poder Público de impor, de modo unilateral, obrigações a terceiros, inclusive a sujeitos que estão fora do âmbito interno administrativo, criando obrigações que extravasam a esfera jurídica do Estado. O atributo da imperatividade decorre diretamente do princípio da supremacia do interesse público sobre o particular.

Conforme ensina Maria Sylvia Di Pietro, a imperatividade não existe em todos os atos administrativos, mas apenas naqueles que impõem obrigações ou restrições.

Por outro lado, não existe imperatividade nos atos que conferem direitos solicitados pelo administrado (como na licença ou autorização de uso do bem público) ou nos atos apenas enunciativos (certidão, atestado, parecer), uma vez que, nesses casos, não há a criação de obrigações ou restrições a terceiros.

Por exemplo, a Administração, nos termos da lei, pode determinar a interdição de determinado estabelecimento comercial, independentemente da anuência do proprietário. Este ato é dotado de imperatividade. Diferentemente, o fornecimento de certidão de tempo de serviço requerida pelo servidor é ato administrativo despido de imperatividade, pois não impõe nenhuma obrigação ou restrição, mas apenas apresenta uma informação.

Está presente:Atos que impõemobrigações e restrições.

Não está presente:- Atos enunciativos;- Atos que conferemdireitos.

Imperatividade

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Questão para fixar Todos os atos administrativos são imperativos e decorrem do que se denomina poder extroverso, que

permite ao poder público editar provimentos que vão além da esfera jurídica do sujeito emitente, interferindo na esfera jurídica de outras pessoas, constituindo-as unilateralmente em obrigações.

Comentário:

Questão errada. Imperatividade é o atributo pelo qual os atos administrativos se impõem a terceiros, independentemente da sua concordância. Decorre, é verdade, do chamado poder extroverso, que é a prerrogativa dada ao Poder Público de impor, de modo unilateral, obrigações a terceiros, ou seja, a sujeitos que estão além da esfera jurídica do sujeito emitente.

Entretanto, nem todos os atos administrativos são imperativos. A imperatividade está presente apenas nos atos que impõem obrigações ou restrições, a exemplo da interdição de estabelecimentos comerciais; mas não está presente nos atos enunciativos (certidão, atestado, parecer) e nos atos que conferem direitos solicitados pelo administrado (licença, autorização de bem público).

Gabarito: Errado

Autoexecutoriedade

A autoexecutoriedade é a prerrogativa de que certos atos administrativos sejam executados imediata e diretamente pela própria Administração, inclusive mediante o uso da força, independentemente de ordem ou autorização judicial prévia.

A autoexecutoriedade é frequentemente utilizada no exercício do poder de polícia. Exemplos conhecidos do uso dessa prerrogativa são os da destruição de bens impróprios ao consumo e a demolição de obra que apresenta risco de desabamento. Verificada a situação que provoca a execução do ato, a autoridade administrativa

de pronto o executa, ficando, assim, resguardado o interesse público7.

Para Lucas Rocha Furtado, a autoexecutoriedade decorre da presunção de legitimidade, embora com esta não se confunda. Afinal, de nada valeria afirmar que os atos administrativos são presumivelmente legítimos caso a Administração precisasse de autorização judicial a cada ato praticado.

Assim como a imperatividade, a autoexecutoriedade não existe em todos os atos administrativos. Segundo Maria Sylvia Di Pietro, ela só é possível:

§ Quando expressamente prevista em lei (ex: retenção de garantias depositadas em caução para assegurar o pagamento de multas ou parcelas atrasadas em contratos; apreensão de mercadorias piratas; cassação de licença para dirigir; aplicação de penalidades disciplinares).

§ Mesmo se não expressamente prevista, quando tratar-se de medida urgente que, acaso não adotada de imediato, pode ocasionar prejuízo maior para o interesse público (ex: demolição de prédio que ameaça ruir; internamento de pessoa contagiosa).

7 Carvalho Filho (2014, p. 124)

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Um dos limites à autoexecutoriedade é o patrimônio do particular. Para satisfazer seus créditos decorrentes de multas ou prejuízos causados ao erário, a Administração Pública não pode invadir o patrimônio dos particulares

e, contra a vontade destes, privar-lhes da propriedade dos seus bens ou dos vencimentos8.

Exemplo clássico de ato sem autoexecutoriedade é a cobrança de multas administrativas não pagas pelos particulares; caso os devedores não paguem voluntariamente a sanção aplicada, haverá necessidade de inscrição dos devedores em dívida ativa e a execução da multa deverá ser feita pelo Poder Judiciário. Outro exemplo é o entendimento do STF de que a Administração Pública não pode descontar indenizações da folha de pagamento dos servidores sem que tenha a anuência do servidor ou autorização legal ou judicial.

A doutrina desdobra a autoexecutoriedade em dois outros atributos: a exigibilidade e a executoriedade.

A exigibilidade seria caracterizada pela obrigação que o administrado tem de cumprir o comando imperativo do ato. Graças à exigibilidade, a Administração pode usar meios indiretos de coação para que suas decisões sejam cumpridas, como, por exemplo, a aplicação de multas ou de outras penalidades administrativas impostas em caso de descumprimento do ato. Veja que, nesse caso, a coação é indireta: o sujeito cumpre a imposição do Poder Público porque tem receio de ser multado.

Já a executoriedade seria a possibilidade de a Administração, ela própria, praticar o ato, ou de compelir, direta e materialmente, o administrado a praticá-lo (coação material). Na executoriedade, a Administração emprega meios diretos de coerção, compelindo materialmente o administrado a fazer alguma coisa, utilizando-se inclusive da força. Exemplo: demolição de obra irregular; dissipação de passeata que perturbe a ordem pública, etc.

8 Lucas Furtado (2014, p. 218).

Está presente:- Quandro prevista em lei.- Medida urgente.

Não está presente:Atos que afetam opatrimônio do particular(ex: cobrança de multanão paga)

Autoexecutoriedade

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Segundo Maria Sylvia Di Pietro, na exigibilidade (coerção indireta), os meios de coerção vêm sempre

definidos na lei; já na executoriedade (coerção direta), podem ser utilizados independentemente de previsão legal, para atender situação emergente que ponha em risco a segurança, a saúde ou outro interesse da coletividade.

Para Celso Antônio Bandeira de Melo, nem todos os atos exigíveis são executórios.

Por exemplo: a multa administrativa é exigível pela Administração, sendo uma forma indireta de o Estado forçar que o particular cumpra a obrigação. Porém, a multa não é executória, já que a Administração não poderá compelir o particular a pagar o valor correspondente, devendo, para tanto, ir a juízo.

Outro exemplo: a intimação para que o administrado construa calçada defronte de sua casa ou terreno não apenas impõe esta obrigação, mas é exigível porque, se o particular desatender ao mandamento, poderá ser multado sem que a Administração necessite ir ao Judiciário para que lhe seja atribuído ou reconhecido o direito de multar. Entretanto, a determinação de construir a calçada não é um ato executório, eis que a Administração não pode, ela própria, fazer a calçada, tampouco obrigar direta e materialmente o particular a fazê-lo; ela só pode usar meios indiretos de coerção, a exemplo da aplicação da multa pelo descumprimento da ordem.

Tipicidade

Tipicidade é o atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a figuras definidas previamente

pela lei como aptas a produzir determinados resultados9.

Esse atributo decorre diretamente do princípio da legalidade, impedindo que a Administração pratique atos inominados, vale dizer, atos sem previsão legal. Afinal, para cada finalidade a ser perseguida pela Administração o ordenamento jurídico estabelece, previamente, o ato específico (típico).

A tipicidade impede, também, a prática de atos totalmente discricionários (que seriam, na verdade, arbitrários), pois a lei, ao prever o ato, já define os limites em que a discricionariedade poderá ser exercida.

Maria Sylvia Di Pietro ensina que a tipicidade só existe com relação aos atos unilaterais. Isso porque, nos contratos (atos bilaterais), não há imposição de vontade da Administração, que depende sempre da aceitação do particular. Segundo a autora, nada impede que as partes convencionem um contrato inominado (sem previsão legal), desde que atenda melhor ao interesse público e ao do particular. Não obstante, cumpre observar que, em alguns casos, o atributo da tipicidade se fará presente mesmo nos contratos administrativos, regidos pelo direito público, como nos contratos de concessão de serviços públicos, já nomeados, tipificados, na Lei 8.987/1995.

9 Di Pietro (2009, p. 201).

Autoexecutoriedade

Exigibilidade Coerção indireta

Executoriedade Coerção direta

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Questões para fixar Em decorrência da autoexecutoriedade, atributo dos atos administrativos, a administração pública

pode, sem a necessidade de autorização judicial, interditar determinado estabelecimento comercial.

Comentário: O quesito está correto. A autoexecutoriedade é a prerrogativa de que certos atos administrativos sejam executados imediata e diretamente pela própria Administração, independentemente de ordem ou autorização judicial. Permite-se até mesmo o uso da força física, se for necessária, mas sempre com meios adequados e proporcionais. A interdição de estabelecimento comercial é um típico exemplo de autoexecutoriedade.

Gabarito: Certo

O atributo da exigibilidade, presente em todos os atos administrativos, representa a execução material que desconstitui a ilegalidade.

Comentário: O quesito está errado. A execução material que desconstitui a ilegalidade refere-se ao atributo executoriedade (coerção direta, material), e não à exigibilidade. Por exemplo, a executoriedade permite à Administração demolir uma obra (execução material) para desconstituir a ilegalidade do empreendimento.

Já a exigibilidade diz respeito ao próprio dever imposto pela lei aos administrados, cujo cumprimento é garantido pela Administração mediante meios indiretos de coerção. Um bom exemplo é a retirada da CNH: a Administração exige a habilitação para poder dirigir (exigibilidade); se o motorista for pego sem carteira, ele poderá ser multado; a multa, portanto, é um meio indireto de obrigar o motorista a tirar a habilitação. Porém, a Administração não pode coagir materialmente o particular a obtê-la, ou seja, o ato não possui executoriedade.

Lembrando que tanto a exigibilidade como a executoriedade são desdobramentos do atributo autoexecutoriedade.

Gabarito: Errado

O IBAMA multou e interditou uma fábrica de solventes que, apesar de já ter sido advertida, insistia em dispensar resíduos tóxicos em um rio próximo a suas instalações. Contra esse ato a empresa impetrou mandado de segurança, alegando que a autoridade administrativa não dispunha de poderes para impedir o funcionamento da fábrica, por ser esta detentora de alvará de funcionamento, devendo a interdição ter sido requerida ao Poder Judiciário.

Em face dessa situação hipotética, julgue o item seguinte.

Um dos atributos do ato administrativo executado pelo IBAMA na situação em questão é o da autoexecutoriedade, que possibilita ao poder público obrigar, direta e materialmente, terceiro a cumprir obrigação imposta por ato administrativo, sem a necessidade de prévia intervenção judicial.

Comentário: O item está correto. Em razão do atributo da autoexecutoriedade, o Ibama pode, independentemente de autorização judicial, compelir materialmente o administrado a cumprir a lei (no caso, mediante a interdição da fábrica), bem como impor multa (nesse caso, trata-se de coerção indireta, visto que, se o particular não pagar, a cobrança deverá ser feita junto ao Judiciário).

Gabarito: Certo

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Em razão da característica da autoexecutoriedade, a cobrança de multa aplicada pela administração não necessita da intervenção do Poder Judiciário, mesmo no caso do seu não pagamento.

Comentário:

A questão está errada. A cobrança de multa inadimplida não possui o atributo da autoexecutoriedade, vale dizer, a Administração não pode cobrar o pagamento sem a intervenção do Poder Judiciário.

Gabarito: Errado

Um veículo oficial da Administração Pública, conduzido por um servidor do órgão, derrapou, invadiu a pista contrária e colidiu com o veículo de um particular. O acidente resultou em danos a ambos os veículos e lesões graves no motorista do veículo particular.

Com referência a essa situação hipotética, julgue o item que se segue.

Em caso de o servidor ser condenado administrativamente em decorrência do acidente, o ato de aplicação de penalidade a esse servidor será caracterizado pelo atributo da autoexecutoriedade.

Comentário:

O quesito está correto. Em razão do poder disciplinar, a Administração pode aplicar penalidades administrativas a seus servidores. E, para tanto, não precisa de autorização judicial, pois a lei atribui esse poder à própria Administração. Dessa forma, pode-se afirmar que o ato de aplicação de sanções disciplinares (da advertência à demissão) é autoexecutório.

Gabarito: Certo

A autoexecutoriedade dos atos administrativos ocorre nos casos em que é prevista em lei ou, ainda, quando é necessário adotar providências urgentes em relação a determinada questão de interesse público.

Comentário:

O quesito está correto. A autoexecutoriedade não existe em todos os atos administrativos. Conforme a doutrina, só há autoexecutoriedade quando expressamente prevista em lei ou quando tratar-se de medida urgente que, acaso não adotada de imediato, pode ocasionar prejuízo maior para o interesse público.

Gabarito: Certo

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Elementos

Os elementos do ato administrativo são as partes que o compõem, a sua infraestrutura. Também são chamados de requisitos ou pressupostos.

Os elementos do ato administrativo podem ser divididos em (i) essenciais e (ii) acidentais ou acessórios.

Os elementos essenciais são aqueles sem os quais o ato administrativo não existe, ou seja, são elementos

necessários à validade do ato. A doutrina, aproveitando-se do que está previsto na Lei de Ação Popular10, indica que os elementos essenciais dos atos administrativos são: competência, finalidade, forma, motivo e objeto.

Ao lado dos elementos essenciais, os atos podem contar com elementos acidentais, isto é, componentes que podem ou não estar presentes nos atos administrativos, ampliando ou restringindo os seus efeitos jurídicos; são eles: o termo, a condição e o modo ou encargo. Segundo Maria Sylvia Di Pietro, os elementos acidentais referem-se ao objeto do ato (elemento essencial) e só podem existir nos atos discricionários, porque decorrem da vontade das partes.

Elementos Essenciais (DEVEM existir)

COM - FI - FOR - M - OB

Elementos Acidentais (Podem ou não existir)

E C T

§ COMpetência

§ FInalidade

§ FORma

§ Motivo

§ Objeto

§ Encargo ou modo

§ Condição

§ Termo

Questões para fixar Competência, finalidade, forma, motivo e objeto são requisitos de validade de um ato administrativo.

Comentário:

O item está correto. Os elementos também são chamados de requisitos de validade de um ato administrativo. Afinal, determinados defeitos (vícios) em algum deles poderá levar à anulação ou revogação do ato, conforme o caso. Em suma, a competência refere-se ao sujeito a quem compete a prática do ato; finalidade diz respeito ao resultado final da produção do ato, que sempre deve ter como fim geral o interesse público; forma é o rito seguido para a produção do ato, bem como o meio de exteriorização do ato em si, sendo a escrita a forma mais comum; motivo é o pressuposto de fato e de direito que fundamenta a prática do ato; e objeto é o conteúdo do ato, ou seja, seu efeito jurídico.

Gabarito: Certo

Consoante a doutrina, são requisitos ou elementos do ato administrativo a competência, o objeto, a forma, o motivo e a finalidade.

10 Lei 4.717/1965, art. 2º: “São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo anterior, nos casos de: a) incompetência; b) vício de forma; c) ilegalidade do objeto; d) inexistência dos motivos; e) desvio de finalidade”.

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Comentário:

O quesito está correto. Ao tratar de requisitos ou elementos do ato administrativos, lembre-se do Com Fi For M Ob (competência, finalidade, forma, motivo e objeto).

Gabarito: Certo

Estudaremos cada um desses elementos em seguida.

Competência

Competência é o poder atribuído ao agente para a prática do ato. Refere-se, portanto, ao sujeito que, segundo a norma, é o responsável por praticar determinado ato (a doutrina, por vezes, refere-se ao elemento competência simplesmente como “sujeito” ou “sujeito competente”).

No nosso ordenamento jurídico, as competências para a prática de atos administrativos são atribuídas originariamente aos entes políticos (União, Estados, Municípios e DF). A partir daí, as competências são distribuídas entre os respectivos órgãos administrativos (como os Ministérios, Secretarias e suas unidades) e, dentro destes, entre seus agentes, pessoas físicas.

A competência deve decorrer de norma expressa, vale dizer, não há presunção de competência administrativa. Como dizem, não é competente quem quer, ou quem sabe fazer, mas sim quem a norma determinar que é.

A lei é a fonte normal da competência. É nela que se encontram os limites e a dimensão das atribuições

cometidas a pessoas administrativas, órgãos e agentes públicos11.

Mas a lei não é fonte exclusiva da competência administrativa. Determinados agentes retiram sua competência diretamente da Constituição, a exemplo do Presidente da República e dos Ministros de Estado. A competência pode, ainda, derivar de normas administrativas infralegais (atos de organização), como Regimentos Internos e Resoluções.

Assim, a competência pode ser:

§ Competência primária: é aquela prevista diretamente na lei ou na Constituição Federal.

§ Competência secundária: é aquela emanada de normas infralegais, como, por exemplo, atos administrativos organizacionais. Deriva da lei, a qual deve autorizar expressamente a normatização infralegal.

Geralmente ocorre o seguinte: a competência de determinado órgão provém da lei (competência primária) e a competência dos segmentos internos dele (competência secundária), caso a lei autorize, pode ser definida através de atos de organização.

11 Carvalho Filho (2014, p. 107).

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Questão para fixar A competência para a prática dos atos administrativos depende sempre de previsão constitucional ou

legal: quando prevista na CF, é denominada competência primária e, quando prevista em lei ordinária, competência secundária.

Comentário:

Tanto as competências previstas na CF quanto as previstas nas leis são denominadas competências primárias, daí o erro. São chamadas de competências secundárias aquelas previstas em normas infralegais.

Gabarito: Errado

Critérios definidores da competência

A norma define a competência dos agentes públicos segundo alguns critérios de distribuição e

organização, quais sejam12:

§ Matéria: a competência é definida segundo a especificidade da função a ser exercida. Por exemplo: na esfera federal, cada Ministério possui competência para tratar de determinada matéria (saúde, educação, cultura, economia etc.).

§ Hierarquia: as competências são escalonadas de acordo com seu nível de complexidade e responsabilidade. Assim, por esse critério, as competências mais complexas e de maior responsabilidade são atribuídas aos agentes de plano hierárquico mais elevado.

§ Lugar: a competência é distribuída entre órgãos localizados em pontos territoriais distintos. Inspira-se na necessidade de descentralização ou desconcentração territorial das atividades administrativas. Por exemplo: determinadas competências da Receita Federal são desempenhadas por Superintendências espalhadas nos Estados-membros.

§ Tempo: a competência é conferida por determinado período de tempo. Por exemplo: a competência do servidor público tem início a partir da investidura legal e término com o fim do exercício da função pública. Também é exemplo a proibição de certos atos em períodos definidos pela lei, como de nomear ou exonerar servidores em período eleitoral.

§ Fracionamento: a competência é distribuída por diversos órgãos ou agentes, cuja manifestação é imprescindível para a completa formação do ato. Trata-se dos chamados atos complexos. Por exemplo: a redução de alíquotas de IPI para alguns refrigerantes depende da aprovação do Ministério da Agricultura e do Ministério da Fazenda.

Características

A doutrina ensina que o elemento competência apresenta as seguintes características:

§ É de exercício obrigatório: trata-se de um poder-dever do agente público, não sendo exercido por sua livre conveniência, mas sim para a satisfação do interesse público.

12 Carvalho Filho (2014, p. 108)

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§ É irrenunciável: em respeito ao princípio da indisponibilidade do interesse público, o administrador atua em nome e interesse da coletividade, não podendo renunciar àquilo que não lhe pertence. Todavia, a irrenunciabilidade não impede que a Administração Pública transfira a execução de uma tarefa, isto é, delegue o exercício da competência para fazer algo. A delegação, de toda sorte, implica transferir apenas o exercício, eis que a titularidade da competência continua a pertencer a seu ‘proprietário’ (autoridade delegante).

§ É intransferível ou inderrogável: não se admite transação de competência, ou seja, a competência não pode ser transmitida por mero acordo entre as partes. Uma vez fixada em norma expressa, a competência deve ser rigidamente observada por todos. Mesmo quando se permite a delegação, é preciso um ato formal que registre a prática. Essa característica também decorre do princípio da indisponibilidade do interesse público.

§ É imodificável por mera vontade do agente: só quem pode modificar competência primária é a lei ou a Constituição.

§ É imprescritível: mesmo quando não utilizada, não importa por quanto tempo, o agente continuará sendo competente, ou seja, ele não perderá sua competência simplesmente pelo fato de não utilizá-la.

§ É improrrogável: o fato de um órgão ou agente incompetente praticar um ato não faz com que ele passe a ser considerado competente. Em outras palavras, o mero decurso do tempo não muda a incompetência em competência. Para a alteração da competência, registre-se, é necessária a edição de norma que especifique quem agora passa a dispor da competência.

§ Pode ser delegada ou avocada, desde que não haja impedimento legal.

Delegação e Avocação

Delegação consiste na transferência de funções de um agente a outro, normalmente de plano hierárquico inferior.

A Lei 9.784/1999, que cuida do processo administrativo no âmbito federal, trata da delegação de competência nos seguintes termos:

Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento legal, delegar parte da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.

Como se vê, a regra geral é a possibilidade de delegação, a qual não é admitida somente se houver

impedimento legal13.

O ato de delegação especificará as matérias e poderes transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração e os objetivos da delegação e o recurso cabível, podendo conter ressalva de exercício da atribuição delegada (Lei 9784/1999, art. 14, §3º).

13 Frise-se, porém, que parte da doutrina entende que a delegação de competência só é possível nos casos em que a norma expressamente autoriza (Carvalho Filho 2014, p. 109)

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Conforme assinalam Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino, a delegação deve ser de apenas parte da competência do órgão ou do agente, e não de todas as suas atribuições.

Poderão ser impostas condicionantes (ressalvas) ao exercício da competência delegada, por exemplo, determinação de que a autoridade delegante deverá ser previamente consultada em situações específicas.

Ressalte-se que a delegação geralmente é feita para órgãos ou agentes subordinados (ou de mesma hierarquia), mas também é possível mesmo que não exista subordinação hierárquica. É o que ocorre, por exemplo, na descentralização por colaboração, em que o Estado, mediante contrato, transfere (delega) a execução de determinado serviço público a uma pessoa jurídica de direito privado, conservando o Poder Público a titularidade do serviço (ex: concessões e permissões de serviço público).

Importante destacar que o ato de delegação é um ato discricionário, revogável a qualquer tempo pela autoridade delegante.

O ato de delegação não retira a competência da autoridade delegante, que continua competente

cumulativamente com o agente delegado14. Afinal, a delegação apenas transfere a responsabilidade pelo exercício de determinada tarefa; a titularidade permanece com quem delegou.

Segundo o art. 14, §3º da Lei 9.784/1999, “as decisões adotadas por delegação devem mencionar explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão editadas pelo delegado”. Ou seja, a responsabilidade pela prática do ato é do agente delegado.

O art. 13 da Lei 9.784/1999 dispõe que não podem ser objeto de delegação:

§ a edição de atos de caráter normativo;

§ a decisão de recursos administrativos;

§ as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.

Essas funções são indelegáveis e, acaso transferidas, acarretam a invalidade não só do ato de transferência, como dos praticados em virtude da delegação indevida. A doutrina também aponta que as competências de

ordem política15 não são passíveis de delegação, salvo se expressamente autorizada pela Constituição.

Avocação, por sua vez, é o ato pelo qual a autoridade hierarquicamente superior chama para si o exercício de funções que a norma originariamente atribui a um subordinado.

A doutrina é pacífica no sentido de que não é possível haver avocação sem que exista hierarquia entre os agentes envolvidos. Aliás, é isso que está previsto na Lei 9.784/1999:

Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados, a avocação temporária de competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior.

A lei informa, ainda, que a avocação é medida de caráter excepcional, devendo ser feita apenas “temporariamente” e “por motivos relevantes devidamente justificados”.

14 Carvalho Filho (2014, p. 109). 15 Por exemplo, competência para editar leis, para proferir decisões judiciais, para iniciar a ação penal pública, para julgar as contas dos administradores públicos etc.

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Vale destacar que a avocação não é possível quando se tratar de competência exclusiva do subordinado.

Por fim, deve ficar claro que a revogação de um ato de delegação não se confunde com a avocação. É que, na delegação, a titularidade da competência delegada é do delegante; já na avocação, a competência avocada é do subordinado.

Questões para fixar A competência administrativa pode ser transferida e prorrogada pela vontade dos interessados, assim

como pode ser delegada e avocada de acordo com o interesse do administrador.

Comentário:

O item está errado, eis que a competência administrativa é intransferível e improrrogável. De fato, como a competência decorre de norma expressa, somente a norma pode transferi-la ou autorizar a sua delegação ou avocação, e não mero acordo entre as partes. A competência administrativa também não pode ser prorrogada, vale dizer, um agente incompetente não passa a ser automaticamente considerado competente apenas pelo fato de ter praticado determinado ato. A prorrogação de competência é possível no Direito Civil, em que a lide, por uma série de razões, pode ser julgada em foro diverso daquele previsto na lei.

Lembrando que a competência também é irrenunciável, imodificável por mera vontade do agente e imprescritível. Todavia, a competência administrativa pode ser delegada e avocada de acordo com o interesse do administrador, como, aliás, corretamente registra o quesito.

Gabarito: Errado

Avocação:Atrai o exercício de competência pertencente aórgão ou agente subordinado (apenas).

Ato discricionário.

Medida excepcional.

Não é possível: atos de competência exclusiva.

Delegação:Transfere o exercício de competência a outro órgãoou agente, subordinado ou não.

Ato discricionário.

Delegar é regra, somente obstada se houverimpedimento legal (entendimento majoritário)

Não é possível: atos normativos, recursosadministrativos e atos de competência exclusiva.

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São critérios para a distribuição da competência, como requisito ou elemento do ato administrativo, dentre outros:

(A) delegação e avocação.

(B) conteúdo e objeto.

(C) matéria, forma e sujeito.

(D) tempo, território e matéria.

(E) grau hierárquico e conteúdo.

Comentário:

A resposta é a alternativa “d”, eis que apresenta, exclusivamente, critérios de distribuição de competência. Na opção “a”, delegação e avocação são características do elemento competência; na opção “b”, conteúdo e objeto são sinônimos e, assim como a competência, são elementos do ato administrativo; na opção “c”, matéria é critério para distribuição de competências, mas forma e sujeito são elementos do ato; já na alternativa “e”, hierarquia é critério de distribuição de competência, mas conteúdo é elemento.

Gabarito: alternativa “d”

Finalidade

Finalidade é o resultado pretendido pela Administração com a prática do ato administrativo.

A finalidade, como elemento do ato administrativo, decorre do princípio da impessoalidade, pelo qual o fim a ser buscado pelo agente público em suas atividades deve ser tão-somente aquele prescrito pela lei. Em última instância, o fim é a satisfação do interesse público, de forma geral e impessoal.

Como a finalidade do ato é sempre aquela prevista na lei, não há espaço para o administrador agir diferente, ou seja, a finalidade é sempre um elemento vinculado. Por exemplo: se a lei permite a remoção de ofício do servidor para atender a necessidade do serviço público, a Administração não pode se utilizar desse instituto com outra finalidade, como a punição.

A doutrina costuma confrontar a finalidade com os também elementos de formação do ato administrativo motivo e objeto.

Conforme esclarece Maria Sylvia Di Pietro, a finalidade distingue-se do motivo porque este antecede a prática do ato, correspondendo aos fatos, às circunstâncias, que levam a Administração a praticar o ato. Já a finalidade sucede à prática do ato, porque corresponde a algo que a Administração quer alcançar com a sua edição.

A finalidade também não se confunde com o objeto, pois este é o efeito jurídico imediato que o ato produz, o seu resultado prático (aquisição, transformação ou extinção de direitos), enquanto a finalidade é o efeito geral ou mediato (no futuro) do ato, que é sempre o mesmo, expresso ou implicitamente estabelecido na lei: a satisfação do interesse público.

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Sendo assim, pode-se perceber que o objeto é variável conforme o resultado prático buscado pelo agente da Administração, ao passo que a finalidade é invariável para qualquer espécie de ato (será sempre o interesse

público)16.

Por exemplo: numa nomeação de servidor aprovado em concurso público, o objeto é prover um cargo público vago; numa concessão de licença-gestante, o objeto é permitir o afastamento da servidora durante o período de proteção e lactância; numa licença de construção, o objeto é consentir que alguém edifique. O objeto, portanto, varia conforme o resultado prático buscado pela Administração. Entretanto, a finalidade é invariável, por ser comum a todos eles: o interesse público.

A doutrina também aborda esses conceitos dizendo que todos os atos administrativos devem obedecer a uma finalidade genérica, a satisfação do interesse público, e a uma finalidade específica, que seria o objeto do ato, ou seja, o resultado específico que cada ato deve produzir, conforme definido em lei (ex: o ato de remoção de ofício de servidor público tem a finalidade de suprir a necessidade de pessoal no local de destino).

Forma

A forma é o modo como o ato administrativo se exterioriza, isto é, o como ele sai da cabeça do agente e se mostra para o mundo. É a base física que permite aos destinatários o conhecimento do conteúdo do ato administrativo.

De regra, os atos administrativos devem ter a forma escrita. Diz-se que, no direito público, vale o princípio

da solenidade das formas, pelo qual o ato deve ser escrito, registrado (ou arquivado) e publicado17.

Entretanto, existem atos administrativos praticados de forma não escrita, a exemplo de ordens verbais, gestos, apitos, sinais sonoros ou luminosos (semáforos de trânsito), placas (proibido fumar, proibido estacionar, etc.). Esses elementos não escritos expressam uma ordem da Administração Pública (uma manifestação de vontade) e, como tais, são considerados atos administrativos. Frise-se, porém, que são meios excepcionais de exteriorização do ato, que atendem a situações especiais.

Para Maria Sylvia Di Pietro, o elemento forma também pode ser visto a partir de uma concepção ampla, abrangendo não só a exteriorização do ato, mas também todas as formalidades que devem ser observadas durante o processo de formação da vontade da Administração, e até os requisitos concernentes à publicidade do ato.

No Direito Administrativo, o aspecto formal do ato possui grande relevância, pois representa uma garantia jurídica para o administrado e para a própria Administração; é pelo respeito à forma que se possibilita o controle

do ato administrativo pelos seus destinatários, pela própria Administração ou pelos demais Poderes18.

Não obstante, a doutrina tem evoluído no sentido de se moderar as exigências quanto às formalidades. O entendimento que se busca é que, para a prática de qualquer ato administrativo, devem ser exigidas tão somente as formalidades estritamente essenciais, desprezando-se procedimentos meramente protelatórios. É o chamado formalismo moderado.

Nessa linha, o art. 22 da Lei 9.784/1999 dispõe que “os atos do processo administrativo não dependem de forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir”.

16 Carvalho Filho (2014, p. 121). 17 Carvalho Filho (2014, p. 112). 18 Maria Sylvia Di Pietro (2009, p. 208).

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Não obstante, como regra, a forma ainda é vista pela doutrina como um elemento vinculado do ato administrativo, visto que ele deve ser exteriorizado na forma que a lei exigir. Por exemplo, a própria Lei 9.784/1999 (art. 22, parágrafo único), exige que os “atos do processo devem ser produzidos por escrito, em vernáculo, com a data e o local de sua realização e a assinatura da autoridade responsável”. Outras normas prescrevem formas específicas, como decreto, resolução, portaria etc.

Por outro lado, quando a lei não exigir forma determinada para o ato administrativo, a Administração pode pratica-lo com a forma que lhe parecer mais adequada. Nesse caso, a forma seria um elemento discricionário do ato. Ressalte-se, porém, que a forma escolhida pela Administração deve sempre assegurar segurança jurídica e, na hipótese de atos restritivos de direitos e sancionatórios, possibilitar o exercício do contraditório e da ampla defesa.

Questão para fixar Incorre em vício de forma a edição, pelo chefe do Executivo, de portaria por meio da qual se declare

de utilidade pública um imóvel, para fins de desapropriação, quando a lei exigir decreto.

Comentário:

O quesito está correto. No caso, o decreto é a forma prevista na lei para que ocorra a exteriorização da vontade do Chefe do Poder Executivo. Assim, o ato de declaração de utilidade pública para fins de desapropriação deveria ser emitido mediante decreto, e não portaria. Logo, houve vício de forma.

Gabarito: Certo

Motivo Motivo é o pressuposto de fato e de direito que serve de fundamento ao ato administrativo19. Ou seja, são as razões que justificam a prática do ato.

§ Pressuposto de fato é o conjunto de circunstâncias, de acontecimentos, de situações ocorridas no mundo real que levam a Administração a praticar o ato.

§ Pressuposto de direito é o dispositivo legal em que se baseia o ato.

Por exemplo: na concessão de licença paternidade, o motivo é o nascimento do filho do servidor; no tombamento, é o valor histórico-cultural do bem; na exoneração de funcionário estável, o motivo é o pedido por ele formulado; no ato de punição de servidor público, o motivo é a infração que ele praticou.

Vamos detalhar mais. Tomando o último caso como exemplo, o pressuposto de fato (o que aconteceu) é a própria conduta do servidor (que se ausentou do serviço durante o expediente, sem autorização do chefe imediato, por exemplo) e o pressuposto de direito (a hipótese descrita em norma legal) é a Lei 8.112/1990, que proíbe tal conduta e estabelece que a respectiva violação será punida com advertência (art. 117, inciso I c/c art. 129).

Todo ato administrativo deve ter um motivo lícito, ou seja, baseado na lei. Não é permitido que um ato seja feito por mero capricho do agente público, sem nenhum fundamento.

O motivo, ademais, deve guardar congruência, isto é, relação lógica com o objeto e a finalidade do ato; caso contrário, o ato será nulo.

19 Di Pi

etro (2009, p. 210)

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Por exemplo: suponha que a Administração revogou várias autorizações de porte de arma invocando como motivo o fato de um dos autorizados ter se envolvido em brigas; nessa hipótese, o ato só será válido em relação ao indivíduo que se envolveu nas brigas; em relação aos demais, que não tiveram esse envolvimento, o ato será

nulo, pois o motivo não guarda compatibilidade lógica com o resultado do ato20.

Motivo vinculado e discricionário

O motivo é um dos elementos que permitem verificar se o ato administrativo é vinculado ou discricionário.

Se a situação de fato que fundamenta a prática do ato já está delineada na norma legal, ao agente nada mais cabe senão praticar o ato tão logo ela seja configurada. Trata-se de ato vinculado, por haver estrita vinculação do motivo ao objeto do ato.

Por exemplo: a Lei 8.112/1990 diz que o servidor que tenha filho tem direito a licença paternidade, com

duração de cinco dias21. Portanto, a lei estabelece que o “motivo” do ato de concessão de licença paternidade é o nascimento do filho. Assim, se um servidor apresenta requerimento de licença paternidade provando o nascimento do filho (pressuposto de fato), a Administração, verificando que a situação fática de enquadra na hipótese descrita na lei (pressuposto de direito), terá que praticar o ato, exatamente com o conteúdo descrito na lei: concessão da licença pelo prazo de cinco dias (a Administração não poderá conceder licença por prazo inferior, tampouco negar a licença).

Por outro lado, quando a lei não descreve a situação fática, mas, ao contrário, transfere ao agente a responsabilidade de avaliar os motivos que justificam a prática do ato segundo critérios de conveniência e oportunidade, tem-se um ato discricionário.

Por exemplo: a Lei 8.112/1990 diz que a Administração, a seu critério, poderá conceder licenças para o trato de assuntos particulares ao servidor ocupante de cargo efetivo, desde que não esteja em estágio probatório, pelo prazo de até três anos consecutivos. A rigor, o motivo para a concessão dessa licença é o requerimento do servidor que atenda ao requisito legal. Mas perceba que a lei não enumera uma situação fática que, uma vez ocorrida no mundo real, dá direito ao servidor de gozar a licença (trata-se de motivo discricionário). Assim, se um servidor que preencha os requisitos legais apresentar requerimento de licença para tratar de interesses particulares, a Administração irá avaliar os motivos que podem influenciar na apreciação do pedido (ex: impacto da ausência do servidor no bom andamento dos trabalhos da repartição) e, segundo seu exclusivo critério de conveniência e oportunidade, irá definir o conteúdo do ato, importando dizer que, mesmo que o servidor cumpra os requisitos legais, poderá ter seu pedido negado.

Segundo Maria Sylvia Di Pietro, o motivo será discricionário quando:

§ a lei não o definir, deixando-o ao inteiro critério da Administração, como no exemplo acima, em que não há qualquer motivo previsto na lei para justificar a prática do ato.

§ a lei definir o motivo utilizando noções vagas, imprecisas, empregando palavras que podem ter vários significados, os chamados conceitos jurídicos indeterminados; é o que ocorre quando a lei manda punir o servidor que praticar “falta grave”, “procedimento irregular” ou “conduta escandalosa na repartição”, sem definir em que consistem; ou quando a lei prevê o tombamento de bem que tenha valor artístico ou

20 Carvalho Filho (2014, p. 120) 21 O Decreto 8.737/2016 estende tal prazo por mais 15 dias ao servidor que requeira o benefício no prazo de 2 dias úteis após o nascimento ou a adoção, totalizando, assim, 20 dias de licença paternidade.

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cultural, também sem estabelecer critérios objetivos que permitam o enquadramento do bem nesses conceitos.

No caso dos conceitos jurídicos indeterminados de valor, a Administração, em regra, usará sua discricionariedade para definir se o fato concreto se enquadra ou não na hipótese prevista na norma (por exemplo, definir se a conduta do servidor é ou não escandalosa ou, ainda, se o bem possui ou não valor artístico).

Contudo, a discricionariedade poderá ficar afastada nos casos em que a lei usa conceitos técnicos, que podem ser confirmados mediante laudos e pareceres (ex: para concessão de aposentadoria por “invalidez”, a Administração deve se fundamentar em laudo médico), ou conceitos de experiência ou empíricos, que podem ser objetivamente extraídos da experiência comum (ex: expressões como “caso fortuito e força maior”, “jogos de azar” e “bons antecedentes”).

Detalhando um pouco mais... Vale ressaltar que parte (minoritária) da doutrina entende que a valoração de conceitos jurídicos indeterminados

não constitui, em hipótese alguma, uma atividade discricionária, mas sim uma atividade de interpretação que deve levar a uma única solução válida possível. Por essa corrente, o conceito jurídico indeterminado permite interpretação, e não discricionariedade. A discricionariedade somente existe quando a lei deixa ao administrador a possibilidade de optar por uma dentre várias soluções.

Por exemplo, no caso da punição do servidor por “falta grave”, a interpretação estaria na liberdade que tem o agente em avaliar se a atuação de fato configurou a hipótese estabelecida em lei; se o resultado dessa interpretação levar ao entendimento de que o servidor, de fato, cometeu “falta grave”, só haveria uma única solução possível: puni-lo. A discricionariedade, neste caso, não existiria, pois, configurada a hipótese da lei, o agente não teria liberdade para decidir se puniria ou não o servidor.

Motivo versus Motivação

Motivo e motivação não se confundem.

Di Pietro ensina que motivação é a exposição dos motivos, ou seja, é a demonstração, por escrito, do que levou a Administração produzir determinado ato administrativo.

Por exemplo, para punir, a Administração precisa demonstrar, comprovar que o servidor realmente praticou a conduta proibida pela norma. Assim, a motivação do ato deve descrever a conduta do servidor, apresentar evidências e demonstrar que o fato se enquadra na previsão da norma legal (ou seja, expor os motivos do ato).

A motivação, regra geral, deve ser prévia ou concomitante à expedição do ato. Assim, não é admissível a motivação apresentada a posteriori, ou seja, após a prática do ato, especialmente nos casos em que a motivação é apresentada apenas após a validade do ato ser contestada.

Carvalho Filho esclarece ser possível distinguir duas formas de exteriorização do motivo, vale dizer, de motivação:

§ Motivo contextual: a motivação é expressa no próprio ato, como é o caso de atos cujo preâmbulo apresenta justificativas iniciadas por “considerando” (ex: considerando que o servidor fez isso, isso e aquilo, decido aplicar a punição tal).

§ Motivo aliunde ou per relationem: a motivação se aloja fora do ato, como é o caso de justificativas constantes de processos administrativos ou em pareceres prévios que serviram de base para o ato

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decisório, hipótese em que o ato faz remissão a esses atos precedentes (ex: no ato de punição, a motivação pode estar no relatório da comissão apuradora; assim, a autoridade julgadora poderá afirmar que os motivos da sua decisão estão expostos no referido relatório).

Em regra, a Administração tem o dever de motivar seus atos, discricionários ou vinculados. Afinal, todo ato administrativo tem que ter um motivo, sob pena de nulidade (seja pela não ocorrência do fato, seja pela inexistência da norma). A motivação é importante para que haja um controle mais eficiente da prática administrativa, tanto pela sociedade como pelos demais Poderes e pela própria Administração.

Todavia, podem existir atos administrativos em que os motivos não precisam ser declarados, ou seja, atos que não estão sujeitos à regra geral de obrigatoriedade de motivação.

Com efeito, só se poderá considerar a motivação obrigatória se houver normal legal expressa nesse

sentido22.

Por exemplo, a Lei 9.784/1999 enumera expressamente atos administrativos que exigem motivação. Vejamos:

Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:

I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;

II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;

III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública;

IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório;

V - decidam recursos administrativos;

VI - decorram de reexame de ofício;

VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais;

VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo.

§ 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato.

§ 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser utilizado meio mecânico que reproduza os fundamentos das decisões, desde que não prejudique direito ou garantia dos interessados.

§ 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e comissões ou de decisões orais constará da respectiva ata ou de termo escrito.

A doutrina assevera que, ao indicar expressamente os atos que necessitam ser motivados, a Lei 9.784/1999, ainda que implicitamente, reconhece que pode haver atos que dispensem motivação.

22 Carvalho Filho (2014, p. 116)

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Exemplo clássico de ato que não precisa ser motivado é a nomeação/exoneração para cargos em comissão.

Ressalte-se, todavia, que a lista de atos que exigem motivação apresentada na referida lei é bastante ampla. É só observar que ela contém, por exemplo, os atos que afetem “direitos e interesses” (inciso I), abrangendo, assim, praticamente todos os tipos de atos. Ademais, a boa prática administrativa recomenda a motivação de todos os atos administrativos, a fim de garantir a transparência e de aumentar as possibilidades de controle pelos cidadãos e órgãos competentes.

Detalhando um pouco mais... A doutrina apresenta alguma divergência sobre a obrigatoriedade ou não da motivação dos atos administrativos.

Uma corrente defende que os atos vinculados devem ser obrigatoriamente motivados, para que se possa confirmar se o motivo daquele ato se enquadra nos limites legais impostos, por não haver liberdade administrativa na sua edição.

Outra corrente, de forma contrária, defende que os atos discricionários é que devem ser obrigatoriamente motivados, para que se possa verificar a legitimidade do motivo alegado.

Não obstante, atualmente a melhor doutrina é aquela que defende que, como regra, todos os atos administrativos, vinculados ou discricionários, devem ser motivados, justamente para dar transparência à atuação administrativa e para proteger os administrados contra eventuais atos abusivos e arbitrários23.

23 Knoplck (2013, p. 263)

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Teoria dos motivos determinantes

A teoria dos motivos determinantes estipula que a validade do ato está adstrita aos motivos indicados como

seu fundamento, de maneira que, se os motivos forem inexistentes ou falsos, o ato será nulo24.

Por outras palavras, quando a Administração motiva o ato (fosse ou não obrigatória a motivação), ele só será válido se os motivos forem verdadeiros. Caso seja comprovada a não ocorrência da situação declarada (pressuposto de fato), ou a inadequação entre a situação ocorrida e o motivo descrito na lei (pressuposto de direito), o ato será nulo.

O exemplo clássico da aplicação da teoria dos motivos determinantes é a exoneração de cargo em comissão, ato que prescinde de motivação. Todavia, se a autoridade competente praticar esse ato e expressamente motivar sua decisão, por exemplo, afirmando que exonerou o servidor por conta da sua inassiduidade habitual, a validade do ato ficará vinculada à veracidade do motivo indicado. Assim, caso o ex-comissionado

venha a comprovar que jamais faltou um dia de trabalho, a exoneração será nula por vício quanto ao motivo (inexistência do motivo declarado como determinante do ato de exoneração).

No entanto, esclareça-se, que, ao motivar o ato, não significa que a Administração esteja “transformando” um ato discricionário em um ato vinculado. Não é isso. O ato continua com a natureza de origem: se o ato é discricionário, permanece discricionário; não é a motivação que o torna vinculado. Acontece, tão-somente, que a

Administração ficará vinculada à existência e legitimidade dos motivos declarados25.

24 Di Pietro (2009, p. 211). 25 Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (2014, p. 499).

A teoria dos motivos determinantes se aplica mesmo nos casos em que a motivação do ato não é obrigatória,

mas tenha sido efetivamente realizada pela Administração.

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Questões para fixar O motivo do ato administrativo não se confunde com a motivação estabelecida pela autoridade

administrativa. A motivação é a exposição dos motivos e integra a formalização do ato. O motivo é a situação subjetiva e psicológica que corresponde à vontade do agente público.

Comentário:

O quesito está errado. Estava indo bem, mas se perdeu no final. Com efeito, é correto que motivo e motivação não se confundem. Também é verdade que motivação é a exposição dos motivos e integra a formalização do ato. Porém, motivo não diz respeito à situação subjetiva e psicológica, ou seja, à vontade do agente; isto é o que a doutrina chama de móvel. O motivo, por outro lado, é a realidade objetiva e externa ao agente, consubstanciada nos pressupostos de fato e de direito que fundamentam a expedição do ato.

Gabarito: Errado

Define-se o requisito denominado motivação como o poder legal conferido ao agente público para o desempenho específico das atribuições de seu cargo.

Comentário:

O poder legal conferido ao agente público para o desempenho específico das atribuições de seu cargo é a definição de competência, e não de motivação. Esta é a declaração expressa dos motivos que justificaram a prática do ato.

Gabarito: Errado

O ato de exoneração do ocupante de cargo em comissão deve ser fundamentado, sob pena de invalidade por violação do elemento obrigatório a todo ato administrativo: o motivo.

Comentário:

O quesito está errado. O ato de exoneração do ocupante de cargo em comissão é exemplo clássico de ato que não precisa ser previamente motivado. Isso porque, segundo o art. 37, II da CF, tais cargos são de livre nomeação e exoneração.

Gabarito: Errado

Josué, servidor público de um órgão da administração direta federal, ao determinar a remoção de ofício de Pedro, servidor do mesmo órgão e seu inimigo pessoal, apresentou como motivação do ato o interesse da administração para suprir carência de pessoal. Embora fosse competente para a prática do ato, Josué, posteriormente, informou aos demais servidores do órgão que a remoção foi, na verdade, uma forma de nunca mais se deparar com Pedro, e que o caso serviria de exemplo para todos. A afirmação, porém, foi gravada em vídeo por um dos presentes e acabou se tornando pública e notória no âmbito da administração.

À luz dos preceitos que regulamentam os atos administrativos e o controle da administração pública, julgue o item seguinte, acerca da situação hipotética acima.

Ainda que as verdadeiras intenções de Josué nunca fossem reveladas, caso Pedro conseguisse demonstrar a inexistência de carência de pessoal que teria ensejado a sua remoção, por força da teoria

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dos motivos determinantes, o falso motivo indicado por Josué como fundamento para a prática do ato afastaria a presunção de legitimidade do ato administrativo e tornaria a remoção ilegal.

Comentário:

A questão está correta. Pela teoria dos motivos determinantes, a validade de um ato está vinculada aos motivos indicados como fundamento de sua prática, de maneira que, se inexistentes ou falsos os motivos, o ato será nulo. Mesmo se a lei não exigir motivação, caso a Administração a realize, estará vinculada aos motivos expostos.

Na situação apresentada, o motivo declarado por Josué para a remoção de Pedro foi a carência de pessoal; assim, caso fique provado que o motivo indicado é falso, ou seja, que não há carência alguma de pessoal na unidade de destino, a remoção torna-se ilegal, devendo o ato ser anulado. No caso, a anulação independeria das intenções de Josué com a prática do ato; importaria, tão-somente, a realidade objetiva da falsidade do motivo apontado.

Gabarito: Certo

Considere que um servidor público tenha sido removido de ofício pela administração pública, com fundamento na alegação de excesso de servidores no setor em que atuava. Nessa situação, provando o servidor que, em realidade, faltavam funcionários no setor em que trabalhava, o ato de remoção deverá ser considerado inválido.

Comentário:

O item está certo. Pela teoria dos motivos determinantes, se os motivos da prática do ato forem expostos, deverão ser existentes e verdadeiros, sob pena de invalidação do ato. Na situação apresentada, a remoção do servidor foi amparada em motivo falso, por isso é certo que deverá ser considerada nula.

Gabarito: Certo

Objeto Objeto é o efeito jurídico imediato que o ato produz26. Em outras palavras, o objeto compreende os

direitos nascidos, transformados ou extintos em decorrência do ato administrativo.

O objeto do ato identifica-se com o seu conteúdo. Para encontrar esse elemento, basta verificar o que o ato

enuncia, prescreve, dispõe27, indagando: “para que serve o ato?” Por exemplo, no ato de demissão de servidor público, o objeto é a própria demissão, ou seja, o desfazimento da relação jurídico-funcional entre o servidor e a Administração; na concessão de alvará de construção, o objeto é a própria autorização para edificar, e assim por diante.

Segundo Maria Sylvia Di Pietro, o objeto do ato administrativo deve ser lícito (conforme a lei), possível (realizável no mundo dos fatos e do direito), certo (definido quanto ao destinatário, aos efeitos, ao tempo e ao lugar), e moral (em consonância com os padrões comuns de comportamento, aceitos como corretos, justos, éticos).

26 Di Pietro (2009, p. 206) 27 Idem

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Objeto vinculado e discricionário

Assim como o motivo, o objeto é um dos elementos que permitem verificar se o ato administrativo é vinculado ou discricionário.

Com efeito, nas atividades vinculadas, o objeto do ato deve ser exatamente aquele que a lei estabeleceu. Trata-se, portanto, de objeto vinculado.

Por exemplo: se o indivíduo preenche todos os requisitos legais para a obtenção de licença para exercer determinada profissão em todo o território nacional, o objeto do ato de concessão da referida licença deve ser exatamente este; dessa forma, o agente não pode, ao concedê-la, restringir o âmbito do exercício da profissão a

determinado Estado, porque tal se põe em contrariedade com a lei28.

Já nas atividades discricionárias, admite-se a escolha do objeto, dentre os possíveis autorizados na lei, mediante a avaliação dos critérios de conveniência e oportunidade. Constitui a parte variável do ato, sendo admissível a fixação de encargos, condições e termos. Trata-se, aqui, de objeto discricionário,

Por exemplo: no ato de suspensão do servidor, há liberdade de escolha do conteúdo específico (número de dias da suspensão), dentro do limite legal de 90 dias, conforme a valoração da gravidade da falta cometida. Outro exemplo: a autorização para funcionamento de um circo em praça pública pode fixar o limite máximo de horário, ainda que o interessado tenha formulado pedido para funcionamento em horário mais elástico; no caso, a Administração irá avaliar as circunstâncias envolvidas (impacto na vizinhança, normas locais de silêncio, efetivo disponível para promover a segurança pública etc.) e moldar o objeto do ato conforme sua discricionariedade.

Vícios nos elementos de formação

Os elementos de formação (competência, finalidade, forma, motivo e objeto) podem apresentar defeitos (vícios) capazes de acarretar, em alguns casos, a invalidação do ato administrativo. É possível, porém, que determinados vícios sejam sanados.

Em seguida, vamos conhecer os principais vícios apresentados pela doutrina, com base nas lições de Maria Sylvia Di Pietro.

Vícios de competência

Em relação ao elemento competência, os vícios do ato administrativo podem ser decorrentes de incompetência ou de incapacidade.

A incompetência fica caracterizada quando o ato não se inclui nas atribuições legais do agente que o praticou e também quando o sujeito o pratica exorbitando de suas atribuições. Decorre de:

§ Usurpação de função.

§ Excesso de poder.

§ Função de fato.

A usurpação de função pública ocorre quando alguém se apodera das atribuições dos agentes públicos, sem que, no entanto, tenha sido investido no cargo, emprego ou função.

28 Carvalho Filho (2014, p. 111).

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Seria o caso, por exemplo, de um particular que adquire uma farda de policial e passa a fazer patrulhas nas ruas, apreender mercadorias e aplicar multas de trânsito. Na hipótese de usurpação de função, os atos praticados pelo usurpador são considerados inexistentes, afinal, o sujeito competente simplesmente não existe.

A usurpação de função é capitulada no Código Penal como crime de particular contra a Administração.

O excesso de poder ocorre quando o agente público excede os limites de sua competência estabelecida em lei. Ou seja, o agente é competente até tal ponto, mas pratica atos além desse limite.

Lembrando que o excesso de poder é uma das modalidades de abuso de poder (a outra modalidade é o desvio de poder, que corresponde a vício no elemento finalidade).

Ocorre excesso de poder, por exemplo, quando a autoridade competente para aplicar a pena de suspensão impõe a penalidade de demissão (mais grave), que não é de sua atribuição; ou quando a autoridade policial se excede no uso da força para praticar ato de sua competência (uso de meios desproporcionais).

O excesso de poder pode configurar crime de abuso de autoridade, hipótese em que o agente ficará sujeito à responsabilidade administrativa e à penal.

Todavia, o excesso de poder nem sempre acarreta a nulidade do ato: em regra, o vício admite

convalidação29, ou seja, a autoridade que detém a competência pode ratificar o ato praticado pelo agente incompetente, exceto quando se tratar de competência em razão da matéria ou de competência exclusiva, hipóteses em que o ato deverá ser anulado.

Por exemplo: seria nulo um ato praticado pelo Ministro da Saúde em matéria de competência do Ministro da Fazenda, ou, ainda, um ato praticado por Ministro de Estado em matéria de competência exclusiva do Presidente da República. Por outro lado, caso um Auditor da Receita pratique ato de competência não exclusiva do seu superior hierárquico, este poderá convalidar o ato, ao invés de anulá-lo, simplesmente apondo sua assinatura embaixo da do Auditor.

A função de fato ocorre quando a pessoa que pratica o ato está irregularmente investida no cargo, emprego ou função, mas a sua situação tem toda a aparência de legalidade.

Exemplos: falta de formação universitária para a função que a exige; idade inferior ao mínimo legal; o mesmo ocorre quando o servidor está suspenso do cargo, ou exerce suas funções depois de vencido o prazo de sua contratação, ou continua em exercício após a idade-limite para aposentadoria compulsória.

Os atos praticados pelos funcionários de fato, segundo a teoria da aparência, são considerados válidos e eficazes, perante terceiros de boa-fé, precisamente pela aparência de legalidade de que se revestem.

Fique atento!! Função de fato e usurpação de função não se confundem: nesta, a pessoa não foi investida no cargo (os

atos praticados por ela são considerados inexistentes); naquela a pessoa foi investida, mas existe alguma ilegalidade em sua investidura ou algum impedimento legal para a prática do ato (os atos são considerados válidos e eficazes).

Além dos vícios de incompetência, ainda existem os de incapacidade.

29 Estudaremos o que vem a ser convalidação na próxima aula.

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A Lei 9.784/1999 prevê duas hipóteses de incapacidade do sujeito que pratica o ato administrativo: o impedimento e a suspeição

O impedimento refere-se a situações objetivas, facilmente constatáveis, por exemplo, grau de parentesco. O impedimento gera uma presunção absoluta de incapacidade, razão pela qual a autoridade fica impedida de atuar no processo.

Por exemplo: o servidor X é cônjuge da servidora Y. O servidor X responde a processo administrativo disciplinar, o qual será julgado pela servidora Y. Então, no caso, a servidora Y é competente, mas certamente incapaz de atuar no processo, devendo declarar o seu impedimento.

A suspeição, por sua vez, refere-se a situações subjetivas, discutíveis, por exemplo, grau de amizade ou inimizade. Por não ser de fácil detecção, a suspeição gera uma presunção relativa de incapacidade, razão pela qual o vício inexiste se não for arguido pelo interessado no momento oportuno (o agente não é obrigado a se declarar suspeito).

Por exemplo: imagine que, no exemplo anterior, o servidor X, ao invés de cônjuge, fosse amigo da servidora Y. A lei registra que a amizade, para ser motivo de suspeição, deve ser íntima. Ora, não é tão simples assim afirmar, categoricamente, se a amizade entre os dois é ou não uma amizade íntima. Nesse caso, se a suspeição não for alegada e provada, o processo segue seu rumo normalmente.

Vícios de finalidade

Trata-se do desvio de poder ou desvio de finalidade, que ocorre quando o agente pratica ato visando a fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na lei.

Ocorre desvio de finalidade quando o agente pratica ato com inobservância do interesse público (finalidade geral) ou com objetivo diverso daquele previsto na lei para o tipo de ato praticado (finalidade específica).

Em qualquer caso, o vício de finalidade configura vício insanável, ou seja, não pode ser convalidado, devendo ser sempre anulado.

Vícios de forma

O vício de forma consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de formalidades indispensáveis, essenciais à existência ou seriedade do ato.

Incompetência

• Usurpação de função: ato inexistente.• Função de fato: atos válidos e eficazes• Excesso de poder: admite convalidação, exceto nos

casos de competência em razão da matéria oucompetência exclusiva.

Incapacidade • Impedimento: presunção absoluta (situações objetivas).• Suspeição: presunção relativa (situações subjetivas).

O vício de finalidade é insanável, sendo obrigatória

a anulação do ato.

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Em outras palavras, o ato é ilegal, por vício de forma, quando a lei expressamente estabelece determinada forma como essencial à validade do ato e essa forma não é observada na prática do ato.

Por exemplo: o decreto é a forma que a lei estabelece para os atos do Chefe do Poder Executivo (ele não pode emitir uma portaria, por exemplo); o edital é a única forma possível para convocar os interessados em participar de licitação na modalidade concorrência (a convocação não pode ocorrer por carta-convite, por exemplo).

O ato emitido com forma diversa da estabelecida na lei como essencial à validade do ato deve ser anulado; nas demais hipóteses, em que a forma não é essencial, o vício de forma pode ser convalidado, isto é, pode ser corrigido sem obrigar a anulação do ato.

Detalhe interessante é que a falta de motivação (declaração escrita dos motivos que ensejaram a prática do ato), quando obrigatória,

representa vício de forma, acarretando a nulidade do ato.

Por exemplo: determinado servidor praticou falta disciplinar grave e foi demitido (portanto, existe motivo para a demissão); no entanto, a autoridade competente, ao emitir o ato de demissão, não declarou de forma expressa as razões que a levaram a tomar aquela decisão; nesse caso, o ato de demissão sem motivação expressa é um ato com vício de forma.

Vícios de motivo

O vício de motivo ocorre quando a matéria de fato ou de direito em que se fundamenta o ato é materialmente inexistente. Diz-se, então, que o motivo é inexistente.

Além da hipótese de inexistência, o vício também pode ocorrer pela falsidade do motivo, ou pela incongruência entre o fato e a norma, ou seja, o motivo é ilegítimo ou juridicamente inadequado ao resultado obtido.

Por exemplo: se a Administração pune servidor, mas este não praticou qualquer infração, o motivo é inexistente; por outro lado, se ele praticou infração diversa da apontada, o motivo é falso; finalmente, se ele realmente praticou a conduta apontada, mas essa conduta não é definida na lei como infração disciplinar, o motivo é ilegítimo ou juridicamente inadequado.

Em qualquer hipótese, o vício de motivo acarreta a invalidade do ato, sendo obrigatória a sua anulação.

Vícios de motivo

• Motivo inexistente• Motivo falso• Motivo ilegítimo ou juridicamente inadequado• Leva à anulação do ato

Quando a forma é essencial, o vício de forma é insanável, sendo

obrigatória a anulação do ato. Nos demais casos, o vício é passível de convalidação.

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Vícios de objeto

Como visto, o objeto é o efeito jurídico imediato produzido pelo ato. Ocorrerá vício do objeto quando este for:

§ Proibido pela lei; por exemplo, um Município que desaproprie bem imóvel da União.

§ Com conteúdo diverso do previsto na lei para aquela situação; por exemplo, a autoridade aplica a pena de suspensão, quando cabível a advertência; a autoridade suspende servidor por 120 dias, quando a lei prevê que a suspensão será por, no máximo, 90 dias.

§ Impossível, porque os efeitos pretendidos são irrealizáveis, de fato ou de direito; por exemplo, a nomeação para um cargo inexistente; a instalação de antena de

concessionária em terreno pantanoso; a desapropriação de terras produtivas pela União para fins de Reforma Agrária.

§ Imoral; por exemplo, a emissão de parecer sob encomenda, contrário ao entendimento de quem o elabora.

§ Incerto em relação aos destinatários, às coisas, ao tempo, ao lugar; por exemplo, desapropriação de bem não definido com precisão.

O vício de objeto é insanável, ou seja, invariavelmente acarreta a nulidade do ato.

Vinculação e discricionariedade

Por conta do princípio da legalidade, a atuação da Administração Pública deve sempre respeitar os limites da lei.

Em alguns casos, os atos administrativos são vinculados, pois a lei estabelece uma única solução possível de atuação para a Administração, não lhe concedendo nenhum grau de liberdade para manifestação de sua vontade.

Em outras hipóteses, a lei deixa certa margem de liberdade de decisão diante do caso concreto, de tal modo que a autoridade poderá optar por uma dentre várias soluções possíveis, podendo também decidir o momento mais apropriado para agir. Nesses casos, os atos administrativos são discricionários, e são editadas em decorrência do poder discricionário que a Administração detém.

Nos atos administrativos vinculados, todos os elementos (competência, finalidade, forma, motivo e objeto) são vinculados, não restando ao agente público nenhuma liberdade para avalia-los, justamente porque estão todos rigidamente previstos na legislação.

Por outro lado, nos atos administrativos discricionários somente são estritamente vinculados os

elementos competência, finalidade e forma30. Já motivo e objeto serão discricionários.

ELEMENTOS Com Fi For Mo Ob

30 Quanto ao elemento forma, há de se ressalvar que algumas leis permitem certo grau de discricionariedade, admitindo mais de uma forma possível para praticar o mesmo ato. Por exemplo, a comunicação de determinado ato ao interessado pode, quando a lei permite, ser dada por meio de publicação ou de notificação direta; nesse caso, existe discricionariedade com relação à forma.

O vício de objeto é insanável, sendo obrigatória a anulação do ato.

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Ato vinculado V V V V V Ato discricionário V V V D D

Analisando o quadro acima, pode-se afirmar que não existe ato administrativo inteiramente discricionário, afinal, nos atos discricionários os elementos competência, finalidade e forma são sempre vinculados; a discricionariedade ocorre apenas no motivo e no objeto, elementos que, juntos, constituem o chamado mérito administrativo.

Mérito administrativo

O mérito do ato administrativo reside na possibilidade estabelecida em lei para valoração do motivo e escolha do objeto do ato, segundo critérios de conveniência e oportunidade. O mérito administrativo é, portanto, conceito restrito aos atos administrativos discricionários.

Questão interessante diz respeito à possibilidade de controle do Poder Judiciário sobre o mérito do ato administrativo.

O entendimento geral é que o Poder Judiciário não pode efetuar controle de mérito dos atos administrativos discricionários. Ou seja, o Judiciário não pode decretar se o ato foi ou não conveniente e oportuno, avaliando se a decisão foi boa ou má e dizendo que administrador deveria ter agido desta ou daquela maneira. Caso contrário, o Judiciário estaria tomando o lugar da Administração e também do próprio legislador – que conferiu discricionariedade ao agente público – ofendendo, assim, o princípio da separação dos Poderes.

Não se deve, todavia, confundir a vedação a que o Judiciário aprecie o mérito administrativo com a possibilidade de aferição judicial da legalidade ou legitimidade dos atos discricionários. São coisas completamente distintas.

O controle de mérito é sempre controle de oportunidade e conveniência, só podendo ser realizado pela própria Administração. O controle de mérito resulta na revogação ou não do ato, e nunca em sua anulação; o Poder Judiciário, no exercício da função jurisdicional, não revoga atos administrativos, somente os anula, se

houver ilegalidade ou ilegitimidade31.

Assim, a rigor, pode-se dizer que, com relação ao ato discricionário, o Judiciário pode apreciar os aspectos de legalidade e legitimidade dos elementos competência, finalidade e forma. Quanto aos elementos motivo e objeto, o Judiciário pode verificar se a Administração ultrapassou ou não os limites de discricionariedade; nesse caso, o controle judicial também é de legalidade e legitimidade (e não de mérito), afinal, se a autoridade ultrapassou o espaço livre deixado pela lei, ela invadiu o campo da legalidade, o que pode levar à anulação do ato.

Atualmente, observa-se uma tendência de ampliação do alcance do controle judicial sobre os atos administrativos discricionários. De fato, são admitidas várias razões que podem configurar uso indevido dos critérios de conveniência e oportunidade, por exemplo:

§ Desvio de poder, que ocorre quando a autoridade usa o poder discricionário para desviar-se da finalidade de persecução do interesse público;

§ Teoria dos motivos determinantes, pela qual quando a Administração indica os motivos que a levaram a praticar o ato, este somente será válido se os motivos forem verdadeiros;

31 Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (2014, p. 494).

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§ Princípios da moralidade e da razoabilidade, segundo os quais a valoração subjetiva dos atos discricionários tem que ser feita em consonância com aquilo que, para o senso comum, seria considerado moral, razoável, proporcional.

Todos esses quesitos têm sido usados pelo Poder Judiciário como fundamento para decretar a anulação de atos administrativos discricionários. Isso, contudo, não implica invasão na discricionariedade administrativa; o que se procura é colocar essa discricionariedade em seus devidos limites, impedindo arbitrariedades que a

Administração Pública pratica sob o pretexto de agir discricionariamente32.

Questões para fixar Embora tenha competência para analisar a legalidade dos atos administrativos, o Poder Judiciário não

a tem relativamente ao mérito administrativo desses atos.

Comentário: O item está correto. O controle judicial sobre os atos administrativos se restringe à aferição da legalidade e da legitimidade. O Poder Judiciário não pode entrar no mérito do ato, quer dizer, não pode fazer juízo de conveniência e oportunidade em relação a atos discricionários praticados dentro dos limites da lei e com observância aos princípios administrativos. Caso a Administração ultrapasse esses limites, o Judiciário poderá invalidar ato, sem que isso caracterize controle de mérito; uma vez rompidos os limites da lei, o controle passa a ser de legalidade.

Gabarito: Certo

Mérito administrativo é a margem de liberdade conferida por lei aos agentes públicos para escolherem, diante da situação concreta, a melhor maneira de atender ao interesse público.

Comentário:

Definição correta. O mérito administrativo consiste na avaliação da conveniência e da oportunidade relativas ao motivo e ao objeto dos atos discricionários. Ressalte-se que essa liberdade é limitada, pois o agente público deve observar os contornos da lei e os princípios da Administração Pública.

Gabarito: Certo

*****

Pronto, chegamos ao fim do conteúdo teórico da aula de hoje.

Vamos agora resolver algumas questões de prova!

32 Di Pietro (2009, p. 219).

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Questões de concurso comentadas

1. (Cespe – PRF 2019)

Tanto a inexistência da matéria de fato quanto a sua inadequação jurídica podem configurar o vício de motivo de um ato administrativo.

Comentários:

O elemento motivo dos atos administrativos é formado pelos fundamentos de fato e de direito que justificam a prática do ato. Logo, o vício de motivo surge quando há algum problema nesses fundamentos, a exemplo da não ocorrência do fundamento de fato informado ou da inadequação jurídica do fundamento de direito.

Gabarito: Certa

2. (Cespe – Sefaz/RS 2018)

Assinale a opção que indica o atributo conforme o qual o ato administrativo deve corresponder a uma figura definida previamente pela lei como apta a produzir determinados resultados.

a) tipicidade

b) presunção de legitimidade

c) autoexecutoriedade

d) imperatividade

e) coercibilidade

Comentário:

Segundo a doutrina da professora Maria Sylvia Di Pietro a tipicidade é o atributo pelo qual o ato administrativo

deve corresponder a figuras definidas previamente pela lei como aptas a produzir determinados resultados, sendo

um corolário do princípio da legalidade, afastando a possibilidade de a administração praticar atos inominados.

Vejamos agora os demais atributos trazidos pelas alternativas da questão:

Presunção de legitimidade: é um atributo que decorre da própria natureza dos atos administrativos e garante a

execução do ato administrativo de forma imediata, desde a sua edição, mesmo que contenha vícios ou defeitos

enquanto não for anulado ou sustado pela administração ou pela Poder Judiciário. Em outras palavras, presumem-

se legítimos os atos administrativos desde a sua edição até a sua eventual suspensão ou anulação, sendo

desnecessária prévia declaração de legitimidade para a sua aplicação.

Autoexecutoriedade: não é um atributo presente em todos os atos administrativos e, em relação aos atos em que

está presente, consiste na possibilidade de implementação material pela administração de atos executórios,

diretamente, inclusive mediante o uso da força, sem que seja necessária prévia autorização judicial. Não se

esqueça que esse atributo jamais afasta a apreciação judicial do ato, servindo apenas para dispensar a necessidade

de ordem judicial prévia para a sua prática.

Imperatividade: traduz a possibilidade de a administração pública criar obrigações para os administrados, ou

impor-lhes restrições, unilateralmente.

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Coercibilidade: é um atributo do poder de polícia e consiste na possibilidade de as medidas adotadas pela

administração pública serem impostas coativamente ao administrado, inclusive mediante o emprego da força.

Considerando a doutrina de Maria Sylvia Di Pietro, assim como Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, temos que a

coercibilidade é indissociável da autoexecutoriedade.

Gabarito: Alternativa “a”.

3. (Cespe – Sefaz/RS 2018)

Assinale a opção que apresenta o atributo pelo qual determinados atos administrativos podem ser executados direta e imediatamente pela própria administração pública, independentemente de intervenção do Poder Judiciário.

a) presunção de legitimidade

b) imperatividade

c) autoexecutoriedade

d) tipicidade

e) presunção de veracidade

Comentário:

Estamos diante da Autoexecutoriedade, que possibilita a implementação material pela administração de atos

executórios, diretamente, inclusive mediante o uso da força, sem que seja necessária prévia autorização judicial,

não sendo um atributo presente em todos os atos administrativos.

Relembrando outros atributos, temos:

Presunção de legitimidade: é um atributo que decorre da própria natureza dos atos administrativos e garante a

execução do ato administrativo de forma imediata, desde a sua edição, mesmo que contenha vícios ou defeitos

enquanto não for anulado ou sustado pela administração ou pela Poder Judiciário. Em outras palavras, presumem-

se legítimos os atos administrativos desde a sua edição até a sua eventual suspensão ou anulação, sendo

desnecessária prévia declaração de legitimidade para a sua aplicação.

Imperatividade: traduz a possibilidade de a administração pública criar obrigações para os administrados, ou

impor-lhes restrições, unilateralmente.

Tipicidade é o atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a figuras definidas previamente pela lei

como aptas a produzir determinados resultados, sendo um corolário do princípio da legalidade, afastando a

possibilidade de a administração praticar atos inominados.

Presunção de veracidade: decorre do desmembramento do atributo da presunção de legitimidade por Maria

Sylvia Di Pietro, e significando que os fatos alegados pela administração presumem-se verdadeiros. Dessa forma,

para a referida autoria, a presunção de legitimidade fica reservada para a interpretação e aplicação da norma

jurídica pela Administração Pública.

Gabarito: Alternativa “c”.

4. (Cespe – MP/PI 2018)

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Ao fazer uso de sua supremacia na relação com os administrados, para impor-lhes determinada forma de agir, o poder público atua com base na autoexecutoriedade dos atos administrativos.

Comentário:

Ao fazer uso de sua supremacia na relação com os administrados, para impor-lhes determinada forma de agir, o poder público atua com base na imperatividade dos atos administrativos. Lembrando que a imperatividade é o atributo dos atos administrativos que permite à Administração executa-los independentemente da concordância dos administrados. É um atributo de decorre diretamente do princípio da supremacia do interesse público sobre o privado.

Por sua vez, o atributo da autoexecutoriedade informado na questão, permite que os atos administrativos sejam executados independentemente de autorização judicial.

Note, portanto, a diferença, e tome cuidado para não confundir:

Gabarito: Errado

5. (Cespe – PC/MA 2018)

É possível a convalidação de atos administrativos quando apresentarem defeitos relativos aos elementos

a) objeto e finalidade.

b) motivo e competência.

c) motivo e objeto.

d) competência e forma.

e) finalidade e forma.

Comentário:

Primeiramente precisamos notar que a convalidação é possível em relação aos atos maculados por vícios sanáveis, que são aqueles decorrentes de nulidade relativa. Existindo nulidade absoluta não é possível a convalidação.

Nesse sentido, os defeitos nos elementos: competência e forma são sanáveis.

Os vícios de competência são convalidáveis, desde que não se trate de competência exclusiva. Exemplo de saneamento desse vício: Ministro de Estado dispõe mediante decreto autônomo sobre a extinção de cargos públicos vagos sem prévia delegação do Presidente da República. Como a atribuição descrita é delegável, o presidente poderá ratificar o ato (art. 84, VI, ‘b’ e parágrafo único, CF/88).

Os vícios de forma são convalidáveis, desde que a forma não seja essencial à validade do ato. A ausência de decreto na expropriação é um exemplo de formalidade essencial ao ato, não podendo esse ser convalidado na sua falta.

Atos maculados com vícios relativos a objeto, motivo e finalidade não podem ser convalidados.

Autoexecutoriedade

• Atos podem ser executados sem necessidade de autorização

judicial

Imperatividade

• Atos podem ser executados sem necessidade de concordância

dos administrados

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Gabarito: alternativa “d”

6. (Cespe – PC/MA 2018)

De acordo com a doutrina majoritária, os elementos fundamentais do ato administrativo são o(a)

a) forma, a competência, a atribuição, a finalidade e o objeto.

b) objeto, a finalidade, o motivo, a competência e a tipicidade.

c) competência, a forma, o objeto, o motivo e a finalidade.

d) motivo, o objeto, a finalidade, a autoexecutoriedade e a força coercitiva.

e) objeto, o motivo, a competência, a finalidade e a abrangência.

Comentário:

Os cinco elementos dos atos administrativos, que são a base constitutiva da manifestação da vontade da Administração, são: competência, forma, objeto, motivo e finalidade.

A doutrina majoritária adota esse entendimento, que está consagrada no direito positivo brasileiro na Lei de Ação Popular, art. 2º (Lei 4.717/65). Isso porque ao tratar de atos nulos, a lei menciona os vícios presentes nos elementos acima.

Gabarito: alternativa “c”

7. (Cespe – CGM/JP 2018)

A execução, de ofício, pela administração pública de medidas que concretizem o objeto de um ato administrativo caracteriza o atributo da imperatividade.

Comentário:

O item está incorreto. A prerrogativa de que certos atos administrativos sejam executados imediata e diretamente pelo próprio Poder Público consiste na autoexecutoriedade. A imperatividade é o atributo pelo qual os atos administrativos se impõem a terceiros independentemente de sua concordância, criando obrigações ou impondo restrições.

Gabarito: Errado

8. (Cespe – PC/MA 2018)

De acordo com a doutrina majoritária, os elementos fundamentais do ato administrativo são o(a)

a) forma, a competência, a atribuição, a finalidade e o objeto.

b) objeto, a finalidade, o motivo, a competência e a tipicidade.

c) competência, a forma, o objeto, o motivo e a finalidade.

d) motivo, o objeto, a finalidade, a autoexecutoriedade e a força coercitiva.

e) objeto, o motivo, a competência, a finalidade e a abrangência.

Comentário:

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Os cinco elementos dos atos administrativos, que são a base constitutiva da manifestação da vontade da Administração, são: competência, forma, objeto, motivo e finalidade.

A doutrina majoritária adota esse entendimento, que está consagrada no direito positivo brasileiro na Lei de Ação Popular, art. 2º (Lei 4.717/65). Isso porque ao tratar de atos nulos, a lei menciona os vícios presentes nos elementos acima.

Gabarito: alternativa “c”

9. (Cespe – STJ 2018)

Todos os fatos alegados pela administração pública são considerados verdadeiros, bem como todos os atos administrativos são considerados emitidos conforme a lei, em decorrência das presunções de veracidade e de legitimidade, respectivamente.

Comentário:

A questão apresenta corretamente as definições dos atributos da presunção de veracidade e de legitimidade dos atos administrativos.

Gabarito: Certa

10. (Cespe – STJ 2018)

A motivação do ato administrativo pode não ser obrigatória, entretanto, se a administração pública o motivar, este ficará vinculado aos motivos expostos.

Comentário:

Trata-se da teoria dos motivos determinantes, que vincula a validade dos atos administrativos à veracidade e à legitimidade dos motivos apresentados para a sua prática.

Gabarito: Certa

11. (Cespe – STJ 2018)

A legislação autoriza a avocação de competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior, desde que tal avocação seja excepcional, temporária e esteja fundada em motivos relevantes devidamente justificados.

Comentário: O item praticamente reproduz o art. 15 da Lei 9.784/1999:

Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados, a avocação temporária de competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior.

Gabarito: Certa

12. (Cespe – CGM/JP 2018)

A execução, de ofício, pela administração pública de medidas que concretizem o objeto de um ato administrativo caracteriza o atributo da imperatividade.

Comentário:

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O item está incorreto. A prerrogativa de que certos atos administrativos sejam executados imediata e diretamente pelo próprio Poder Público consiste na autoexecutoriedade. A imperatividade é o atributo pelo qual os atos administrativos se impõem a terceiros independentemente de sua concordância, criando obrigações ou impondo restrições.

Gabarito: Errado

13. (Cespe – CGM/JP 2018)

As multas de trânsito, como expressão do exercício do poder de polícia, são dotadas de autoexecutoriedade.

Comentário:

O item está incorreto. A autoexecutoriedade é um dos atributos do poder de polícia que consiste na possibilidade de que certos atos administrativos sejam executados de forma imediata e direta pela própria Administração. Embora as multas de trânsito sejam expressão do poder de polícia, não se pode dizer que são dotadas de autoexecutoriedade, porque se trata justamente de uma exceção. No caso das multas, sua cobrança forçada, caso não sejam pagas pelo particular, somente poderá ocorrer por meio de uma ação judicial.

Gabarito: Errado

14. (Cespe – STJ 2018)

A indicação dos fundamentos jurídicos que determinaram a decisão administrativa de realizar contratação por dispensa de licitação é suficiente para satisfazer o princípio da motivação.

Comentário:

Conforme o art. 50 da Lei 9.784/99, os atos administrativos dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório deverão ser motivados com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos. Assim, a indicação dos fundamentos jurídicos não é suficiente, sendo também necessário indicar os fundamentos fáticos.

Gabarito: Errada

15. (Cespe – TCE/PB 2018)

Em geral, os atos administrativos são dotados, entre outros, dos atributos de

a) disponibilidade, presunção de legitimidade e imperatividade.

b) consensualidade, autoexecutoriedade e a presunção de legitimidade.

c) consensualidade, discricionariedade e disponibilidade.

d) discricionariedade, imperatividade e autoexecutoriedade.

e) presunção de legitimidade, imperatividade e autoexecutoriedade.

Comentário:

Os atos administrativos são dotados dos seguintes atributos: presunção de legitimidade, imperatividade, autoexecutoriedade e tipicidade. A única alternativa que menciona corretamente três desses atributos é a alternativa “e”, que é o gabarito da questão.

Gabarito: alternativa “e”

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16. (Cespe – IPHAN 2018)

A imperatividade do ato administrativo prevê que a administração pública, para executar suas decisões, não necessita submeter sua pretensão ao Poder Judiciário.

Comentário:

A descrição da questão aborda a autoexecutoriedade, que possibilita a implementação material pela

administração de atos executórios, diretamente, inclusive mediante o uso da força, sem que seja necessária prévia

autorização judicial, não sendo um atributo presente em todos os atos administrativos.

Cuidado! No geral, quando o Cespe cita a ausência de necessidade de autorização do Poder Judiciário, estamos

diante da autoexecutoriedade. Por outro lado, se uma questão abordar a ausência de necessidade de

concordância do administrado, então estaremos diante da imperatividade.

Gabarito: Errado

17. (Cespe – ABIN 2018)

Na discricionariedade administrativa, o agente possui alguns limites à ação voluntária, tais como: o ordenamento jurídico estabelecido para o caso concreto, a competência do agente ou do órgão. Qualquer ato promovido fora desses limites será considerado arbitrariedade na atividade administrativa.

Comentário:

Correta a questão. Nos atos administrativos discricionários, somente são estritamente vinculados os elementos competência, finalidade e forma. Assim, quando a questão fala em ordenamento jurídico para o caso concreto, nos remete à finalidade e à forma do ato. Além disso, quando fala em competência do agente ou do órgão, nos remete à competência do ato. Respeitando esses elementos, o agente poderá praticar atos discricionários, atuando de acordo com a sua própria conveniência e oportunidade, respeitando ainda os limites que a lei impõe para os elementos motivo e objeto. Por outro lado, se um ato discricionário não respeitar esses limites, então podemos entendê-lo como um “ato arbitrário”, isto é, um ato que não seguiu as normas e que, portanto, seria ilegal.

Gabarito: Certo

18. (Cespe – ABIN 2018)

A inexistência do motivo no ato administrativo vinculado configura vício insanável, devido ao fato de, nesse caso, o interesse público determinar a indicação de finalidade.

Comentário:

O motivo é um dos elementos que permitem verificar se o ato administrativo é vinculado ou discricionário. No caso de ato vinculado, temos a situação de que o fato que fundamenta a prática deste ato está delineado de maneira precisa na norma legal e, portanto, ao agente nada mais cabe senão praticar o ato quanto o fato ocorrer. Logo, se estivermos diante de uma situação em que o motivo indicado para a prática do ato é inexistente, o ato como um todo deve ser anulado, pois o fundamento que teria levado o agente a praticar o ato de forma obrigatória (vinculado) nem sequer existiu, de modo que o próprio ato também não deveria ter existido.

De qualquer forma, lembre-se que o vício de motivo é insanável, seja para o ato vinculado ou discricionário.

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Gabarito: Certo

19. (Cespe – TCE/PE 2017)

Entre os elementos constitutivos do ato administrativo, o motivo é caracterizado pela consequência visada pelo ato, ao passo que a finalidade é a causa legalmente prevista.

Comentário: Ocorre o contrário: a finalidade seria a consequência visada pelo ato (interesse público) e o motivo seria a causa legalmente prevista (pressuposto de direito).

Gabarito: Errada

20. (Cespe – INSS 2016)

A autoexecutoriedade é atributo restrito aos atos administrativos praticados no exercício do poder de polícia.

Comentário:

A autoexecutoriedade é atributo geral dos atos administrativos, não restrito aos atos praticados no exercício do poder de polícia.

Gabarito: Errado

21. (Cespe – TCU 2015)

A exoneração dos ocupantes de cargos em comissão deve ser motivada, respeitando-se o contraditório e a ampla defesa.

Comentário:

A doutrina cita a exoneração dos ocupantes de cargos em comissão como uma exceção ao princípio da motivação, uma vez que a Constituição (art. 37, II) afirma que esses cargos são de livre nomeação e exoneração.

Assim, a autoridade competente pode, livremente, tanto nomear como exonerar pessoas para os cargos em comissão, sem que para tanto tenha que apresentar os motivos que fundamentaram a escolha.

Gabarito: Errado

22. (Cespe – TCU 2015)

Conforme a teoria dos motivos determinantes, a validade do ato administrativo vincula-se aos motivos que o determinaram, sendo, portanto, nulo o ato administrativo cujo motivo estiver dissociado da situação de direito ou de fato que determinou ou autorizou a sua realização.

Comentário:

A teoria dos motivos determinantes estipula que a validade do ato está adstrita aos motivos indicados como seu fundamento, de maneira que, se os motivos forem inexistentes ou falsos, o ato será nulo.

Gabarito: Certo

23. (Cespe – TCU 2015)

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Ao delegar a prática de determinado ato administrativo, a autoridade delegante transfere a titularidade para sua prática.

Comentário:

O ato de delegação não retira a competência da autoridade delegante, que continua competente cumulativamente com o agente delegado. A delegação apenas transfere a responsabilidade pelo exercício de determinada tarefa; a titularidade permanece com quem delegou.

Tanto é verdade que o ato de delegação é um ato discricionário, revogável a qualquer tempo pela autoridade delegante.

Gabarito: Errado

24. (Cespe – TCU 2015)

É proibido delegar a edição de atos de caráter normativo.

Comentário:

O item está correto. O art. 13 da Lei 9.784/1999 dispõe que não podem ser objeto de delegação:

§ a edição de atos de caráter normativo;

§ a decisão de recursos administrativos;

§ as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade. Gabarito: Certo

25. (Cespe – MIN 2013)

O conceito de ato administrativo não se confunde com o conceito legal de ato jurídico.

Comentário:

Ato jurídico é toda manifestação da vontade humana que produz efeitos jurídicos, como o casamento e a adoção de uma criança. Por sua vez, ato administrativo é o ato jurídico decorrente de manifestações da Administração Pública, a exemplo da nomeação de um servidor público e da adjudicação de uma licitação. Logo, a assertiva está incorreta, pois o ato administrativo é uma espécie do gênero ato jurídico.

Gabarito: Errado

26. (Cespe – MIN 2013)

A construção de uma ponte pela administração pública caracteriza um fato administrativo, pois constitui uma atividade pública material em cumprimento de alguma decisão administrativa.

Comentário:

É certo que a construção de uma ponte é um fato administrativo, pois representa uma atividade administrativa material, isto é, trata-se de um “fazer algo” no seio da Administração, no caso, a realização de uma obra.

De regra, o fato administrativo, como operação material, ocorre como consequência de um ato administrativo (ou de uma decisão administrativa, como diz o quesito). Por exemplo, a construção da ponte (fato administrativo) foi precedida da ordem de serviço (ato administrativo) que determinou a realização da obra. Daí, portanto, a correção do item. Ressalte-se, contudo, que o fato administrativo não se consuma sempre em virtude de algum ato

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administrativo. Por exemplo, um raio que destrói um bem público ou uma enchente que inutiliza equipamentos pertencentes ao serviço público são fatos administrativos decorrentes de fenômenos natureza, e não de atos administrativos. Em outras situações, ainda, é o fato administrativo que precede o ato: é o caso da apreensão de bens, em que o agente primeiro produz a operação material de apreender, e depois é que a descreve no auto de apreensão, este sim o ato administrativo.

Gabarito: Certo

27. (Cespe – MIN 2013)

Todos os atos da administração pública que produzem efeitos jurídicos são considerados atos administrativos, ainda que sejam regidos pelo direito privado.

Comentário:

Nem todos os atos praticados pela Administração Pública são atos administrativos, a exemplo dos atos regidos pelo direito privado, como a permuta e a doação de bens. Tais atos são chamados de atos da Administração, pelo simples fato de serem emanados da Administração Pública. Não são atos administrativos porque atos administrativos são regidos pelo direito público.

Gabarito: Errado

28. (Cespe – Ibama 2013)

Ato administrativo corresponde, conceitualmente, a manifestação unilateral de vontade do Poder Executivo, com efeito jurídico imediato, exarada sob o regime jurídico de direito público.

Comentário:

O ato administrativo não é privilégio do Poder Executivo: o Legislativo e o Judiciário, assim como o Tribunal de Contas e o Ministério Público, também editam atos administrativos. E fazem isso quando exercem sua função administrativa, ou, no jargão da Administração, suas “atividades-meio”. Assim, corrigindo o item: “ato administrativo corresponde, conceitualmente, a manifestação unilateral de vontade do Poder Executivo da Administração Pública, com efeito jurídico imediato, exarada sob o regime jurídico de direito público”.

Gabarito: Errado

29. (Cespe – Bacen 2013)

Para concretizar a desapropriação de um imóvel, a administração toma providência para tomar a posse desse imóvel, situação que constitui exemplo de fato administrativo.

Comentário:

O procedimento administrativo de desapropriação é composto, basicamente, de duas fases distintas: fase declaratória e fase executória. Na fase declaratória, o Poder Público, por meio de um ato administrativo (decreto do chefe do Executivo), declara a existência de utilidade pública ou interesse social para a desapropriação de determinado bem; na fase executória, são adotadas as providências para consumar a transferência do bem do patrimônio particular para o Poder Público, incluindo, por exemplo, a negociação do valor da indenização com o proprietário e a formalização de escritura pública junto ao registro de imóveis. Tais providências para efetivar a desapropriação são classificadas pela doutrina como fatos administrativos, pois são despidas das características

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dos atos administrativos (ex: a negociação, em si, não produz um efeito jurídico imediato; o registro da escritura é um ato de direito privado).

Gabarito: Certo

30. (Cespe – Suframa 2014)

Caso a administração seja suscitada a se manifestar acerca da construção de um condomínio em área supostamente irregular, mas se tenha mantida inerte, essa ausência de manifestação da administração será considerada ato administrativo e produzirá efeitos jurídicos, independentemente de lei ou decisão judicial.

Comentário:

A ausência de manifestação da administração em situações em que deve pronunciar-se, conhecida como silêncio administrativo, não é considerada pela doutrina majoritária como um ato administrativo. Afinal, uma das características que definem o ato administrativo é justamente a declaração de vontade, isto é, a exteriorização do pensamento. Inclusive, Maria Sylvia Di Pietro, ao invés de dizer que ato administrativo é “manifestação unilateral”, prefere usar “declaração unilateral”, para reforçar a necessidade de que a manifestação seja exteriorizada para configurar um ato administrativo. O silêncio administrativo é o oposto disso, ou seja, é a completa ausência de declaração, por isso não é considerado um ato administrativo. Quando muito, o silêncio é considerado um fato administrativo, nas hipóteses em que a ausência de declaração provoca efeitos jurídicos, como a decadência e a prescrição, ou nos casos em que a lei fixa um prazo, findo o qual o silêncio da Administração significa concordância (anuência tácita) ou discordância.

Gabarito: Errado

31. (FCC – TRT/PE 2018)

Considere hipoteticamente um ato administrativo exarado por autoridade incompetente. Em relação aos denominados atributos dos atos administrativos, o referido ato

a) não produzirá efeitos, tampouco obrigará terceiros, independentemente da sua invalidação, ante o princípio que desobriga o cumprimento de ordens manifestamente ilegais.

b) não produzirá efeitos, tampouco obrigará terceiros, independentemente da sua invalidação, o que se denomina imperatividade.

c) produzirá efeitos e deverá ser cumprido, a menos que decretada, pelo Poder Judiciário, sua invalidade, sendo vedada a autotutela na hipótese, o que se denomina executoriedade.

d) produzirá efeitos e deverá ser cumprido, enquanto não decretada, pela própria Administração ou pelo Poder Judiciário, sua invalidade, o que se denomina presunção de legitimidade ou veracidade.

e) produzirá efeitos e deverá ser cumprido, enquanto não decretada, pela própria Administração ou pelo Poder Judiciário, sua invalidade, o que se denomina autoexecutoriedade.

Comentário:

a) ERRADO. Essa questão e a letra ‘a’, aborda uma dúvida muito comum entre os alunos que é a possibilidade de atos inválidos produzirem efeitos antes da sua anulação ou sustação.

Frequentemente, a fonte das dúvidas é o fato de o servidor público não ser legalmente obrigado a cumprir ordens manifestamente ilegais (art. 116, IV, Lei 8.112/90), o que é exceção a necessidade de obediência hierárquica. A

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referida regra não retira a eficácia dos atos administrativos ilegais, mas vemos que os termos usados pela banca “o princípio que desobriga o cumprimento de ordens manifestamente ilegais” possivelmente confundiriam os candidatos.

De qualquer forma, o importante para a resolução da questão é saber, que entre os atributos dos atos administrativos, encontra-se a presunção de legitimidade que autoriza a imediata execução de um ato administrativo ainda que esse sofra de vícios ou defeitos aparentes, produzindo efeitos como se fosse válido até a sua anulação ou sustação pela Administração ou pelo Poder Judiciário.

Esse atributo é muito importante, pois garante à Administração o exercício célere das suas atribuições, o que seria travado se fosse necessária a manifestação prévia do Poder Judiciário sobre a validade dos atos administrativos para que esses tivessem eficácia. Da mesma forma, o funcionamento do poder público seria obstado se coubesse aos administrados juízo de valor sobre a legalidade dos atos.

Deve ficar claro que o ato ilegal não apenas é passível de anulação pela Administração ou pelo Poder Judiciário, mas, em caso de flagrante ilegalidade, os seus efeitos podem ser suspensos, existindo instrumentos para tanto, como o mandado de segurança, ou mesmo tutelas de urgência nas ações judiciais. A presunção de legitimidade é relativa.

b) ERRADO. Conforme explicação da alternativa anterior, a letra ‘b’ está igualmente errada. Acrescente-se que a imperatividade traduz, na realidade, a possibilidade de a Administração Pública criar obrigações para os administrados, ou impor restrições unilateralmente, e é observada em determinadas espécies de atos administrativos.

c) ERRADO. A Administração Pública, como decorrência da autotutela, pode rever os seus próprios atos. Isso significa, nos termos da Súmula 473 do STF, que a administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.

A executoriedade trazida na alternativa não tem relação com a autotutela e é simplesmente a possibilidade de a administração praticar diretamente um ato administrativo, ou compelir direta e materialmente o administrado a praticá-lo. Trata-se de um atributo descrito por Celso Antônio Bandeira de Mello.

d) CERTO. A alternativa está correta, conforme todas as explicações anteriores.

e) ERRADO. O fragmento final macula a letra “e”, já que o atributo descrito é a presunção de legitimidade. A autoexecutoriedade é o atributo que permite a implementação material direta pela administração do ato administrativo, sendo dividido, por vezes, entre exigibilidade e executoriedade do ato.

Gabarito: alternativa “d”

32. (FCC – TRT/PE 2018)

Considere os itens:

I. Ato vinculado;

II. Ato discricionário.

No que concerne aos itens apresentados,

a) ambos se submetem a controle interno e externo, este exercido tanto pelo Poder Legislativo, por meio do Tribunal de Contas, como pelo Poder Judiciário.

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b) o item I submete-se a controle interno e externo; o item II a controle interno apenas, que é denominado autotutela.

c) ambos se submetem a controle externo e interno, sendo o controle interno de menor amplitude e extensão que o externo, pois limitado a questões de conveniência e oportunidade.

d) o item I submete-se a controle externo; o item II não, pois os atos discricionários, por envolverem juízo de conveniência e oportunidade, afastam o controle de legalidade pelo Poder Judiciário.

e) o item II submete-se a controle externo; o item I não, pois os atos vinculados, por envolverem juízo de conveniência e oportunidade, afastam o controle de legalidade pelo Poder Judiciário.

Comentário:

A questão trata do controle externo e interno dos atos administrativos de forma bem superficial. Sobre esse tópico, temos simplificadamente que controle interno é aquele exercido dentro de um mesmo Poder. O controle externo, por outro lado, é exercido por um Poder sobre os atos administrativos praticados por outro Poder.

Vamos a análise de cada espécie de ato:

I. Ato vinculado. Essa espécie de ato não depende de análise da conveniência e oportunidade da Administração, pois a norma determina prática precisa diante de determinada configuração fática.

Esses atos têm a sua legalidade controlada tanto de forma interna pelo mesmo Poder em que foi praticado, quanto externamente pelo Poder Judiciário e pelo Tribunal de Contas, por exemplo. Sobre esse ponto não há dúvidas.

II. Ato discricionário. Esses atos contam com margem de liberdade conferida à Administração, sendo praticados em obediência a um juízo de conveniência e oportunidade do mérito administrativo.

A impossibilidade de interferência externa do Poder Judiciário no mérito dos atos discricionários provoca comumente dúvidas sobre a possibilidade de controle desses atos, por isso é necessário frisar que: a discricionariedade da Administração não pode ser substituída por discricionariedade do Poder Judiciário e modificada externamente, mas a legalidade dos atos pode e deve ser controlada tanto internamente quanto externamente.

Ou seja, o Poder Judiciário, por exemplo, não avaliará a conveniência e oportunidade do ato discricionário, mas exercerá controle sobre a legalidade do ato. O controle interno praticado pelo mesmo Poder será mais amplo a abrangerá a legalidade e o mérito do ato administrativo, detendo a prerrogativa não só de anulá-lo, mas também de revogá-lo em exercício da autotutela.

De qualquer forma, temos controle interno e externo sobre atos discricionários.

Com as observações acima é possível concluir que a letra ‘a’ está correta. Abro um parêntese para ressaltar que a referida alternativa afirma que o Poder Legislativo exerce controle externo por meio do Tribunal de Contas, dando a entender que o Tribunal de Contas faz parte de tal Poder. Essa é uma questão polêmica já que a doutrina classifica o Tribunal de Contas como um órgão independente, que não integra nenhum dos Poderes, e a própria Constituição Federal determina que o controle externo será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas (art. 71, CF/88).

Gabarito: alternativa “a”

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33. (FCC – TRT/PE 2018)

Um particular interessado em obter porte de arma solicitou à Administração consentimento para tanto. Nesta hipótese, a manifestação positiva da Administração, que demanda análise de aspectos subjetivos do requerente, consistirá em um ato administrativo

a) unilateral e vinculado, que faculta o uso, sem restrições, quando o particular preencher as condições objetivas necessárias e previstas em lei.

b) vinculado, de natureza bilateral, que se denomina licença.

c) discricionário e precário, que se denomina licença e se fundamenta no poder disciplinar.

d) discricionário, mas não precário, bilateral, podendo denominar-se licença ou autorização, indistintamente.

e) unilateral, discricionário e precário, que se denomina autorização.

Comentário:

Precisamos determinar nesta questão quais são as características do ato administrativo que permite ao particular o porte de arma e consequentemente qual é a classificação de tal ato quanto ao seu conteúdo.

Vamos por partes.

O particular possivelmente tem interesse, mas não possui direito subjetivo ao porte de arma, por isso apenas se a Administração julgar oportuno e conveniente no caso concreto terá o seu pedido concedido. Isso porque cabe ao poder público avaliar se a segurança da coletividade e o interesse público de forma genérica estão sendo ameaçados em cada situação, o que também leva a possibilidade de revogação do ato conforme o interesse público.

Com base nisso, a obtenção do porte de arma é resultado de um ato unilateral e discricionário da Administração com natureza precária e faculta ao particular o desempenho de atividade material ou a prática de ato que, sem esse consentimento, seria legalmente proibido. Perceba que o fundamento desse ato é o exercício do poder de polícia.

Por todas essas razões fica claro que o ato é materialmente uma autorização, que tem uma das suas acepções perfeitamente descrita no parágrafo anterior.

Uma possível fonte de dúvida nesta questão é o uso impróprio e corriqueiro do termo licença para descrever a autorização para porte de arma e o próprio Decreto-Lei 3.688/41 que dispõe sobre as contravenções penais comete essa impropriedade em seu art. 19. Tecnicamente a concessão de porte de arma é necessariamente uma autorização.

Lembre-se que a licença é o ato administrativo unilateral e vinculado pelo qual a Administração faculta àquele que preencha os requisitos legais o exercício de uma atividade, não havendo espaço para juízo de oportunidade e conveniência e, por isso, a letra ‘e’ é a alternativa correta.

Gabarito: alternativa “e”

34. (FCC – Sefaz/SC 2018)

Quando a Administração pública atua executando atos materiais, como a edificação de um muro, realização da poda de árvores ou, direta ou indiretamente, promovendo o recolhimento do lixo, pratica

a) atos administrativos desprovidos de objeto decisório, mas passíveis de controle externo.

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b) fatos administrativos, que não têm conteúdo que expresse manifestação de vontade decisória, não obstante possam gerar efeitos e consequências na esfera de direitos dos administrados.

c) atos e fatos administrativos desprovidos de conteúdo constitutivo, declaratório ou decisório, o que restringe o poder de revisão ao controle interno.

d) fatos administrativos, desprovidos de conteúdo decisório, o que impede a incidência da responsabilidade objetiva constitucionalmente prevista.

e) atos jurídicos desprovidos de caráter administrativo, incidindo em sua execução o regime jurídico de direito privado, ainda que com certa mitigação em razão da aplicação dos princípios constitucionais.

Comentário:

O enunciado trata de fatos administrativos, por isso é preciso deixar claro que atos administrativos e fatos

administrativos são coisas distintas. No próprio Direito Civil, por exemplo é comum a distinção entre atos e fatos

jurídicos, o que também é feito no Direito Administrativo.

Os diferentes doutrinadores trazem definições distintas de fatos administrativos, mas podemos afirmar, em

resumo, que seja qual for a definição adotada, os fatos administrativos não estão sujeitos à teoria geral dos atos

administrativos e, além disso, não têm como finalidade a produção de efeitos jurídicos, embora possam deles

eventualmente decorrer efeitos jurídicos e não há manifestação ou declaração de vontade, com conteúdo

jurídico, da administração pública.

Os chamados atos materiais correspondem a uma das definições possíveis de atos administrativos e são os atos

de mera execução de determinações administrativas (portanto, não têm como conteúdo uma manifestação de

vontade), a exemplo da varrição de uma praça, da dissolução de uma passeata, da pavimentação de uma

estrada, da demolição de um prédio que esteja ameaçando ruir.

Repare que podem decorrer efeitos jurídicos dos fatos administrativos, como definido acima, inclusive a

responsabilidade civil objetiva do Estado que tem como pressuposto os danos que seus agentes, nessa qualidade,

causam a terceiros e não um ato administrativo (art. 37, §6º, CFRB 1988).

Com base nisso, podemos concluir que apenas a alternativa ‘b’ está certa, eliminando todas as demais que fazem

referência a atos administrativos ou ao impedimento da incidência da responsabilidade objetiva da administração.

Gabarito: alternativa “b”.

35. (FCC – ALESE 2018)

Os atos administrativos veiculam manifestações de vontade da Administração pública de diversas naturezas, podendo conceder e extinguir direitos ou apenas reconhecê-los. No exercício dessas funções, pode variar a margem de liberdade decisória conferida à Administração pública pela lei, o que permite analisar se o ato

a) é discricionário, cuja edição permite que a Administração se submeta ou não aos parâmetros legais, desde que haja relevantes razões de interesse público.

b) é vinculado, cujos requisitos de edição estão expressamente constantes da lei, não cabendo à Administração conferir o atendimento pelo administrado.

c) tem força de lei, no caso da delegação ao Executivo ter sido da competência legislativa, podendo substituí-la, observados os princípios que regem a Administração.

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d) é discricionário, que possibilita ao administrador, na análise do caso concreto e sem se afastar da previsão legal, exercer juízo de conveniência e oportunidade.

e) recomenda homologação judicial, nos casos em que implicar a extinção de direitos anteriormente concedidos a administrados ou servidores em processos administrativos regulares, em razão da relevância.

Comentário:

A margem de liberdade decisória conferida à Administração Pública pela lei diz respeito a discricionariedade ou vinculação do ato, praticado com base no poder discricionário ou vinculado da administração. Então a primeira coisa a se fazer é identificar entre as alternativas quais são aquelas que tratam desse tópico, pois as demais não respondem a pergunta formulada pelo enunciado (podemos excluir as letras ‘c’ e ‘e’).

Em seguida devemos nos atentar a caracterização de atos discricionários e vinculados para encontrar a alternativa correta.

Em relação aos atos vinculados, não cabe à administração considerar a sua oportunidade e conveniência, nem escolher seu conteúdo. O ato vinculado é executado nas estritas hipóteses legais, observando o conteúdo rigidamente estabelecido na lei. Podemos excluir a letra ‘b’, que apesar de indicar características da vinculação do ato, afirma que não cabe à Administração conferir o atendimento pelo administrado, o que não faz sentido.

Os atos discricionários, por outro lado, são executados com certa liberdade (dentro dos limites legais) quanto à valoração dos motivos e à escolha do objeto (conteúdo), segundo critérios de oportunidade e conveniência administrativas. Apenas a letra ‘d’ descreve corretamente a discricionariedade dos atos, sendo a opção correta.

Gabarito: alternativa “d”

36. (FCC – Sefaz/SC 2018)

Quando um determinado administrador público edita um ato administrativo, mas este só começa a produzir efeitos após ratificação ou homologação por outra autoridade, está-se diante de ato administrativo

a) condicionado, cuja validade e vigência somente se iniciam após a ratificação ou homologação.

b) bilateral, considerando que sua existência se consuma com a manifestação de vontade da segunda autoridade.

c) composto, pois embora já exista e seja válido, não é exequível antes da manifestação da segunda autoridade.

d) complexo ou composto, considerando que dependem da conjugação de vontade de uma ou mais autoridades para sua validade e eficácia, embora já sejam considerados existentes.

e) subordinado, tendo em vista que, embora existente, válido e eficaz, só se aperfeiçoa com a manifestação de vontade de outra autoridade, que pode, inclusive, revogá-lo.

Comentário:

Os atos jurídicos são classificados segundo diversos critérios, como quanto: as prerrogativas com que atua a

Administração, a função da declaração da vontade, a formação da vontade, aos destinatários, à exequibilidade,

aos efeitos e outros.

A questão aqui estudada trata da classificação dos atos administrativos quanto a formação da vontade e,

considerando tal critério, os atos podem ser simples, compostos ou complexos.

Os atos administrativos simples decorrem de uma única manifestação de vontade de um único órgão, unipessoal

ou colegiado.

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Os atos administrativos complexo necessitam, para sua formação, da manifestação de vontade de dois ou mais

órgãos ou autoridades diferentes.

Por fim, os atos administrativos compostos resultam da manifestação de um só órgão, mas a sua edição ou a

produção de seus efeitos depende de um outro ato que o aprove. O ato acessório não altera o conteúdo do ato

principal e, conforme o caso, esse ato acessório recebe a denominação de aprovação, autorização, ratificação,

visto, homologação, dentre outras. Essa é exatamente a hipótese trazida no enunciado, indicando a correção da

letra ‘c’. Vejamos as demais alternativas:

a) ERRADA. Os atos administrativos não são classificados como condicionados e, ademais, estamos diante de um

ato composto, como afirmado acima. Ademais, como informado pelo próprio enunciado, o ato é editado e

ratificado ou homologado posteriormente, o que significa que estamos diante de um ato composto em que o ato

acessório tem a função de conferir eficácia, exequibilidade ao ato principal.

b) ERRADA. Os atos administrativos stricto sensu não são bilaterais, o que temos nos atos compostos é um ato

principal e um ato acessório, com uma única manifestação de vontade.

c) CERTA. Como explicamos introdutoriamente essa é a alternativa correta.

d) ERRADA. O ato não pode ser complexo e composto ao mesmo tempo.

e) ERRADA. Não temos a classificação de um “ato subordinado”, ademais o ato composto depende do ato

acessório para a sua eficácia, não havendo propriamente revogação do ato caso esse não seja editado.

Gabarito: alternativa “c”.

37. (FCC – TRT SP – 2018)

Os atos administrativos discricionários são passíveis de controle judicial no que concerne

a) exclusivamente a eventual desvio de finalidade, quando evidenciado que a Administração praticou o ato visando a fim ilícito.

b) às condições de conveniência e oportunidade para sua prática, com base nos princípios aplicáveis à Administração Pública.

c) ao seu mérito, avaliando-se a aderência do mesmo ao interesse público que justificou a sua edição e às finalidades colimadas.

d) a vícios de legalidade, o que inclui também a avaliação da inexistência ou falsidade dos motivos declinados pela Administração para a edição do ato.

e) apenas a vícios de competência, cuja convalidação poderá ser feita, contudo, mediante ratificação administrativa ou judicial.

Comentário:

a) ERRADA. De fato, o ato administrativo discricionário praticado com desvio de finalidade está sujeito a controle judicial, pois é um ato ilegal. Contudo, não é apenas neste caso que um ato discricionário poderá ser objeto do controle judicial. Com efeito, sempre que um ato discricionário apresentar alguma ilegalidade, poderá ser anulado pelo Poder Judiciário. Isso pode ocorrer, por exemplo, quando algum de seus elementos vinculados (competência, finalidade e forma) for praticado em desconformidade com a lei, ou mesmo quando seus elementos discricionários (motivo e objeto) extrapolarem os limites da lei ou não observarem os princípios da Administração. Em todas essas

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hipóteses teremos a configuração de uma ilegalidade capaz de atrair o controle judicial. Assim, a palavra “exclusivamente” torna o item errado. Ressalte-se, contudo, que o Poder Judiciário não pode mudar o mérito de um ato administrativo discricionário que tenha sido praticado conforme a lei e com observância dos princípios.

b) ERRADA. O Poder Judiciário, no exercício do controle judicial, não pode invalidar as condições de conveniência e oportunidade para a prática de atos discricionários, pois tais requisitos são próprios do mérito do ato. Caso contrário, teríamos uma invasão indevida da função jurisdicional sobre o exercício da função administrativa. Essa é a razão pela qual somente a própria Administração pode revogar, isto é, exercer controle de mérito sobre seus atos. O Judiciário somente exerce controle de legalidade.

c) ERRADA. Conforme comentado anteriormente, o mérito dos atos administrativos discricionários não é passível de controle judicial. A avaliação da aderência do ato ao interesse público, desde que respeitados os limites da lei e os princípios administrativos, é uma prerrogativa da Administração Pública, própria do exercício da função administrativa.

d) CERTA. Conforme comentado, os atos administrativos discricionários estão sujeitos ao controle de legalidade do Poder Judiciário. Além das possibilidades já apresentadas na alternativa “a”, outra ilegalidade passível de ser verificada nos atos discricionários é o vício de motivo, que ocorre quando os motivos indicados para a prática do ato são falsos, ilegítimos ou inexistentes. Esse é o fundamento da chamada “teoria dos motivos determinantes”, segundo a qual a validade dos atos administrativos está condicionada à veracidade e legitimidade dos motivos apontados para a sua prática. Assim, com base nessa teoria, o Poder Judiciário pode anular atos administrativos discricionários com base na avaliação da inexistência ou falsidade dos motivos declinados pela Administração para a edição do ato.

e) ERRADA. Não são apenas os vícios de competência que podem submeter um ato administrativo discricionário ao controle judicial, conforme amplamente comentado nas alternativas anteriores. Outro erro do item é que a convalidação de atos administrativos somente pode ser feita pela própria Administração, e não pelo Poder Judiciário (não pode haver uma “ratificação judicial”, portanto).

Gabarito: alternativa “d”

38. (FCC – TRT SP – 2018)

Suponha que determinada autoridade pública tenha concedido a particular permissão de uso de “box” em um Mercado Municipal. Posteriormente, foi constatado que a autoridade que praticou o ato não detinha a competência legal e tampouco houve delegação para a sua prática. Diante de tal situação, o ato em questão

a) é nulo, devendo ser revogado administrativa ou judicialmente.

b) é passível de convalidação pela autoridade competente.

c) pode ser mantido, pela mesma autoridade, se verificado o interesse público na sua edição.

d) não é passível de ratificação, dado o seu caráter discricionário, sendo nulo de pleno direito.

e) ostenta vício de competência, insanável por se tratar de ato vinculado, cuja competência é sempre indelegável.

Comentário:

Estamos diante de um clássico caso de vício de ato administrativo, sendo necessário identificar se esse vício é sanável ou não e, consequentemente, quais as providências podem ser adotadas pela administração.

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Passando a questão propriamente, estamos diante de uma hipótese de vício de competência. Sobre esse vício, o enunciado informa que a autoridade que praticou o ato não tinha competência para tanto e tampouco houve delegação para a sua prática. A menção da delegação demonstra que esta era possível, mas não ocorreu na prática, então não se trata de competência exclusiva. Caso tratasse de competência exclusiva, esse detalhe seria indicado.

O que precisamos saber para resolver a questão: o vício de competência é sanável? Sim, pois são sanáveis o vício de competência quanto à pessoa, exceto no caso de competência exclusiva, e o vício de forma, a menos que se trate de forma exigida pela lei como condição essencial à validade do ato. Então estamos diante de um ato anulável e não de um ato nulo. Assim, é possível a convalidação do ato.

Com essas informações já é possível chegar ao gabarito da questão. Veja que aqui não discutimos a vinculação ou discricionariedade do ato, pois o vício de competência independe dessas características, e que o ato anulável pode ser convalidado ou anulado, não sendo caso de revogação, como inferido pela letra ‘a’, ou de manutenção pela mesma autoridade com base no interesse público, como inferido pela letra ‘c’.

Gabarito: alternativa “b”

39. (FCC – Sefaz/GO 2018)

Assemelha-se em características ou extensão o controle exercido pelos Tribunais de Contas com o exercido pela própria Administração pública sobre os atos por esta praticados porque

a) compreende, com limites, a possibilidade de verificação da adequação e pertinência da discricionariedade dos referidos atos.

b) pode suspender os atos e contratos ilegais ou inconstitucionais, mas demanda intervenção de terceiros a depender da natureza do ato.

c) configura forma de controle externo, permitindo análise de mérito das decisões tomadas pelos agentes públicos, inclusive para fins de revogação.

d) configura forma de controle interno, abrangendo o poder de revisão dos atos diante de constatação de vício de legalidade ou juízo de conveniência e oportunidade em prol do interesse público.

e) não abrange o poder de rever referidos atos, apenas de anular, sob fundamento em vício de legalidade ou de economicidade.

Comentário:

Vamos analisar cada alternativa:

a) CERTA. Tanto a própria Administração como os Tribunais de Contas podem apreciar a discricionariedade dos atos administrativos. Quanto à Administração, não há dúvida em relação ao seu poder de revogar seus próprios atos inoportunos ou inconvenientes. Quanto aos Tribunais de Contas, a análise de discricionariedade se materializa no controle da legitimidade, economicidade e eficiência dos atos administrativos, próprio das chamadas “auditorias operacionais”, controle que toma como base não apenas os limites da lei, mas também parâmetros técnicos, boas práticas e ponderações de razoabilidade e proporcionalidade (daí o cuidado do item em fazer o destaque “com limites”), podendo resultar em recomendações para melhoria de procedimentos no âmbito da Administração.

b) ERRADA. Trata-se da competência dos Tribunais de Contas para assinar prazo para a adoção de providências com vistas ao exato cumprimento da lei quando identifica ilegalidade em ato ou contrato em execução. Se não

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atendido, o Tribunal de Contas pode sustar (ou seja, suspender) a execução do ato impugnado ou, no caso de contrato, informar ao Poder Legislativo para que promova a sustação. Esse procedimento está previsto no art. 71, IX e X, §§1º e 2º da CF. O erro é que a necessidade de intervenção de terceiros ocorre no caso de contrato, e não de ato.

c) ERRADA. O Tribunal de Contas não pode promover a revogação de atos administrativos, pois esse tipo de controle é privativo da própria Administração.

d) ERRADA. O controle exercido pelo Tribunal de Contas é classificado como controle externo.

e) ERRADA. O Tribunal de Contas também não pode anular atos administrativos. Como efeito, quando verifica ilegalidade em ato sob sua jurisdição, o que o Tribunal de Contas faz é assinar prazo para que a Administração adote providências com vistas ao exato cumprimento da lei. Ou seja, não é o próprio Tribunal quem vai anular o ato: ele apenas determina que a Administração o faça. Se a Administração não tomar essa providência, o Tribunal poderá “sustar”, e não anular, o ato.

Gabarito: alternativa “a”

40. (FCC – Sefaz/SC 2018)

A anulação de um ato administrativo pela autoridade superior do servidor que o praticou, constatada a existência de vício de legalidade,

a) configura regular exercício de controle externo, tendo em vista que o controle interno se restringe à revisão dos atos praticados dentro do mesmo órgão na organização administrativa.

b) enseja reconhecimento automático de responsabilização objetiva da Administração pública, tendo em vista a constatação de ilegalidade praticada por servidor público.

c) deve observar o lapso prescricional legalmente previsto para tanto, que não se aplica às hipóteses de revogação, por se inserir em juízo discricionário do Administrador.

d) não afasta a possibilidade de responsabilização objetiva do Estado se o administrado demonstrar o nexo de causalidade entre a atuação do servidor e os danos que comprovar ter sofrido.

e) somente enseja responsabilização do Estado se restar demonstrado o nexo de causalidade e a conduta dolosa por parte do servidor, hipótese em que este também sofrerá imputação de responsabilidade objetiva.

Comentário:

Vamos comentar cada uma das alternativas abaixo:

a) ERRADA. Controle externo é o controle quando exercido por um Poder sobre os atos administrativos praticados

por outro Poder. Alguns autores também consideram como externo o controle exercido pela Administração Direta

sobre entidades da Administração indireta, mas o caso apresentado trata de controle realizado por superior

hierárquico, sendo clássico exemplo de controle interno.

Note que existe contradição interna na alternativa, já que a revisão operada foi feita dentro da mesma organização

administrativa pela autoridade superior, o que a própria afirmativa traz como controle interno.

b) ERRADA. A responsabilidade da administração pública é objetiva, mas não automática, já que depende de dano

e nexo causal entre esse e a conduta do agente público. Ademais, o ato ilícito não é um elemento da

responsabilidade objetiva estatal.

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c) ERRADA. Existem aqui duas interpretações possíveis. Em primeiro lugar o prazo a que a alternativa faz

referência é decadencial, pois trata da extinção do direito de extinguir o ato, e não prescricional, o que pressupõe

pretensão condenatória. Essa diferenciação é suficiente para justificar o erro da letra ‘c’.

Tenha mente que a anulação obedece o prazo decadencial previsto no art. 54 da Lei 9.784/1999 de cinco anos. A

referida lei não dispõe expressamente sobre um lapso temporal para a revogação de atos e a doutrina

tradicional não aborda essa possibilidade. As limitações para a revogação dos atos expressamente defendidas pela

doutrina refere-se a atos vinculados, preservação dos direitos adquiridos, atos consumados, que já exauriram seus

efeitos e outros casos específicos.

d) CERTA. Exatamente como descrito a anulação de um ato não afasta a responsabilidade estatal desde que os

seus pressupostos estejam presentes, sendo eles a conduta do agente público, o dano e o nexo causal entre ambos.

e) ERRADA. Não é necessária conduta dolosa do servidor para a configuração da responsabilidade da

administração, na realidade não é necessário nem a culpa do agente. O direito de regresso, entretanto, é

condicionado a culpa em sentido amplo do servidor, sendo a sua responsabilidade sempre subjetiva.

Gabarito: Alternativa “d”.

41. (FCC – TRE/PR 2017)

A distinção entre ato administrativo vinculado e discricionário pode se fazer presente em diversas situações e âmbitos de análise jurídica. Quanto aos efeitos, predicar um ato administrativo como discricionário ou vinculado

a) interfere no nível de autonomia conferido ao administrador, na medida em que os atos vinculados estão expressamente previstos em lei e os atos discricionários não encontram previsão normativa, fundamentando-se apenas na competência para emiti-lo.

b) impacta na existência ou não de controle judicial sobre o mesmo, tendo em vista que os atos vinculados estão sujeitos à análise judicial, enquanto os discricionários apenas admitem controle interno da própria Administração pública.

c) impede considerar aspectos externos do caso concreto na análise, tendo em vista que nos dois casos deve haver previsão normativa específica sobre qual ato deve ser praticado e em que grau e medida, ainda que nos atos discricionários a norma deva elencar as soluções possíveis.

d) possibilita inferir a extensão do controle judicial de determinado ato, posto que nos atos vinculados todos os aspectos estão contemplados pela norma, cabendo ao administrador subsumir um determinado caso concreto ao ato a ele atribuído pela lei.

e) permite que os atos discricionários sejam alterados com maior agilidade, sem necessidade de previsão legal, enquanto para os vinculados é obrigatória autorização Judicial.

Comentário:

a) ERRADA. De fato, a diferença básica entre atos vinculados e discricionários reside no nível de autonomia que um e outro conferem ao agente público. Apesar disso, ambos são previstos em lei, com a diferença apenas do grau de liberdade conferido pelo legislador.

Isso decorre da forma como o princípio da legalidade se aplica à Administração Pública. Enquanto ao particular é permitido fazer tudo o que a lei não proíbe; para a Administração pública somente é lícito fazer o que a lei autoriza. Logo, tanto atos vinculados quanto discricionários estão cobertos pela lei.

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b) ERRADA. Tanto os atos discricionários quanto os vinculados sujeitam-se ao controle do Poder Judiciário, dado o mandamento constitucional da inafastabilidade da jurisdição.

c) ERRADA. A alternativa erra apenas na informação de que se deve desconsiderar os aspectos particulares do caso concreto, pois não haveria justiça se se tratassem todas as situações de forma igual, ainda quando dotadas de características particulares que recomendem tratamentos distintos. Quanto ao restante, como já dito, a norma deve sim apresentar a atuação possível à Administração, ainda que conferindo maior liberdade nos atos discricionários.

d) CERTA. Como o ato vinculado tem receituário completo na lei (o passo a passo é dado sem margem para escolha), o controle judicial cobre todos os elementos do ato administrativo (competência, forma, finalidade, motivo e objeto), ao passo que, nos atos discricionários, não cabe ao Poder Judiciário substituir o juízo de conveniência e oportunidade da Administração (mérito administrativo) pelo seu próprio. O mérito administrativo ocorre pela flexibilidade conferida pela lei nos elementos motivo e objeto.

Apesar disso, o Poder Judiciário pode controlar também os atos discricionários, sob alguns aspectos, sempre buscando verificar se são legais e legítimos, mas nunca em um juízo de conveniência e oportunidade. São exemplos dessa possibilidade as seguintes situações:

Desvio de poder, que ocorre quando a autoridade usa o poder discricionário para desviar-se da finalidade de persecução do interesse público;

Teoria dos motivos determinantes, pela qual quando a Administração indica os motivos que a levaram a praticar o ato, este somente será válido se os motivos forem verdadeiros;

Princípios da moralidade e da razoabilidade, segundo os quais a valoração subjetiva dos atos discricionários tem que ser feita em consonância com aquilo que, para o senso comum, seria considerado moral, razoável, proporcional.

e) ERRADA. A alteração dos dois tipos de atos independe de atuação do Poder Judiciário, já que pode ocorrer por iniciativa da Administração. Além disso, ambos têm previsão legal.

Gabarito: alternativa “d”

42. (FCC – TRT 24ª Região 2017)

Considere:

I. O atributo da presunção de legitimidade dos atos administrativos depende de lei expressa.

II. A imperatividade significa que os atos administrativos são cogentes, obrigando a todos quantos se encontrem em seu círculo de incidência, ainda que o objetivo por ele alcançado contrarie interesses privados.

III. Em alguns atos administrativos, como as permissões e autorizações, está ausente o cunho coercitivo.

IV. A presunção de legitimidade dos atos administrativos é juris et de jure, ou seja, presunção relativa.

No que concerne aos atributos dos atos administrativos, está correto o que se afirma APENAS em

a) I, II e IV.

b) III e IV.

c) II e III.

d) I e III.

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e) II.

Comentário:

I. ERRADA. A presunção de legitimidade diz respeito à conformidade do ato com a lei; por esse atributo, presumem-se, até prova em contrário, que os atos administrativos foram emitidos com observância das normas de regência. Por ser atributo inerente a todos os atos administrativos, dispensa previsão específica em lei.

Em realidade, uma das justificativas para esse atributo é justamente a forma como se aplica o princípio da legalidade à Administração Pública. Nesse campo, enquanto ao particular é lícito fazer tudo que a lei não proíbe; à Administração só é autorizado fazer o que a lei autoriza. Dessa forma, presume-se que a sua atuação está pautada em um receituário próprio, ditado pelas leis, que leva à legitimidade dos atos praticados.

II. CERTA. Como dito, o atributo da imperatividade é caracterizado pela possibilidade de os atos administrativos invadirem a esfera jurídica de terceiros, ainda que sem sua concordância.

III. CERTA. Como exemplos de atos negociais, caracterizados pela convergência de interesses entre a Administração e o interessado, as permissões e autorizações não têm cunho coercitivo.

IV. ERRADA. A presunção de legitimidade tem caráter relativo, ou seja, admite prova em contrário, quer seja na via judicial, quer seja na administrativa. A alternativa apenas trocou o termo em latim usado para designar tal situação, já que juris et de jure indica presunção absoluta e juris tantum, presunção relativa.

Gabarito: alternativa “c”

43. (FCC – TRT 11ª Região 2017)

Rodrigo é servidor público federal e chefe de determinada repartição pública. Rodrigo indeferiu as férias pleiteadas por um de seus subordinados, o servidor José, alegando escassez de pessoal na repartição. No entanto, José comprovou, que há excesso de servidores na repartição pública. No caso narrado,

a) há vício de motivo no ato administrativo.

b) o ato deve, obrigatoriamente, permanecer no mundo jurídico, vez que sequer exigia fundamentação.

c) inexiste vício no ato administrativo, no entanto, o ato comporta revogação.

d) o ato praticado por Rodrigo encontra-se viciado, no entanto, não admite anulação, haja vista a discricionariedade administrativa na hipótese.

e) o objeto do ato administrativo encontra-se viciado.

Comentário:

a) CERTA. A inexistência do motivo é uma das formas de vício desse elemento do ato administrativo.

b) ERRADA. O vício de motivo, por não admitir convalidação, obriga a anulação do ato administrativo, retirando-o, portanto, do mundo jurídico.

c) ERRADA. Existe vício, já que o motivo inexiste.

d) ERRADA. Todo ato viciado não só admite, como impõe a sua anulação ou, quando cabível, a sua convalidação.

e) ERRADA. Não há vício do objeto (negativa de férias) porque esse é uma resposta admitida para a alegação do gestor (escassez de pessoal). O problema é que a escassez (motivo) não existe. Se existisse, a utilização do objeto (que é lícita) seria admitida.

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Gabarito: alternativa “a”

44. (FCC – TRE/SP 2017)

Os atos administrativos são dotados de atributos que lhe conferem peculiaridades em relação aos atos praticados pela iniciativa privada. Quando dotados do atributo da autoexecutoriedade

a) não podem ser objeto de controle pelo judiciário, tendo em vista que podem ser executados diretamente pela própria Administração pública.

b) submetem-se ao controle de legalidade e de mérito realizado pelo Judiciário, tendo em vista que se trata de medida de exceção, em que a Administração pública adota medidas materiais para fazer cumprir suas decisões, ainda que não haja previsão legal.

c) dependem apenas de homologação do Judiciário para serem executados diretamente pela Administração pública.

d) admitem somente controle judicial posterior, ou seja, após a execução da decisão pela Administração pública, mas a análise abrange todos os aspectos do ato administrativo.

e) implicam na prerrogativa da própria Administração executar, por meios diretos, suas próprias decisões, sendo possível ao Judiciário analisar a legalidade do ato.

Comentário:

A autoexecutoriedade é a prerrogativa de que certos atos administrativos sejam executados imediata e diretamente pela própria Administração, inclusive mediante o uso da força, independentemente de ordem ou autorização judicial prévia. Tendo isso em conta, passemos às alternativas.

a) ERRADA. Mesmo os atos dotados de autoexecutoriedade estão sujeitos ao exame do Poder Judiciário, dada a inafastabilidade da jurisdição que vigora em nosso país.

b) ERRADA. O controle judicial dos atos administrativos não entra em seu mérito (conveniência e oportunidade), ficando só no exame da legalidade/legitimidade.

c) ERRADA. Não há dependência de homologação do Poder Judiciário para que atos dotados de autoexecutoriedade gerem seus efeitos.

d) ERRADA. O controle da atividade administrativa pode dar-se, regra geral, a qualquer momento, mesmo antes da produção de determinado ato administrativo, mas a análise judicial não alcança todos os elementos da decisão, já que, por vezes, há aspectos discricionários que se inserem no campo de escolhas que a lei outorgou à Administração.

e) CERTA. Conforme preâmbulo dos comentários e alternativas anteriores.

Gabarito: alternativa “e”

45. (FCC – CNMP 2015)

Ato administrativo é:

a) manifestação bilateral de poder da Administração pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir, declarar direitos e impor obrigações aos administrados.

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b) manifestação unilateral de vontade da Administração pública que visa impor obrigações aos administrados ou a si própria ou alguma realização material em cumprimento a uma decisão de si própria.

c) manifestação unilateral de vontade da Administração pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si própria.

d) realização material da Administração em cumprimento de alguma decisão administrativa.

e) sinônimo de fato administrativo.

Comentário:

O autor Hely Lopes Meirelles apresenta o seguinte conceito para ato administrativo:

Ato administrativo é toda manifestação unilateral de vontade da Administração pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si própria.

Como se nota, a alternativa “c” reproduz literalmente o conceito do autor, por isso está correta.

Na alternativa “b”, o erro é dizer que o conceito de ato administrativo compreende alguma “realização material” em cumprimento a uma decisão da Administração. Na verdade, as realizações materiais estão dentro do conceito de fato administrativo, conforme ensina Hely Lopes Meirelles:

Fato administrativo é toda realização material da Administração em cumprimento de alguma decisão administrativa, tal como a construção de uma ponte, a instalação de um serviço público etc.

O fato administrativo não se confunde com o ato administrativo, ainda que estejam intimamente relacionados. Como regra, o fato administrativo resulta de um ato administrativo. Por exemplo, a construção de uma ponte com recursos públicos (fato administrativo) resulta da ordem de serviço emitida pela autoridade administrativa competente (ato administrativo).

Uma diferença fundamental entre fato e ato administrativo é que o primeiro só interessa ao Direito de forma reflexa, em razão das consequências jurídicas que dele possam advir. A construção de uma ponte, por exemplo, é mais afeta às ciências da Arquitetura e da Engenharia. O Direito, como ciência autônoma, não contribui para a ocorrência do fato em si, pois não se ocupa de técnicas de construção. Em relação à construção da ponte, o interesse do Direito incide apenas sobre questões secundárias que tenham consequências jurídicas, a exemplo da propriedade do bem, tributos incidentes, relações contratuais etc. Daí, portanto, o erro das alternativas “d” e “e”.

Quanto à alternativa “a”, o erro é que o ato administrativo constitui manifestação unilateral da Administração, e não bilateral.

Gabarito: alternativa “c”

46. (FGV – ISS Niterói 2016)

Os atos administrativos emanam de agentes dotados de parcela do poder público e estão revestidos de certas características que os distinguem dos atos privados em geral, a fim de que possam alcançar a finalidade que atenda ao interesse público. Dentre tais características ou atributos, destaca-se a autoexecutoriedade, segundo a qual o ato administrativo:

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a) traz em si, quando editado, a presunção de legitimidade, ou seja, a presunção de que nasceu em conformidade com as devidas normas legais;

b) pode ser, tão logo praticado, em regra, imediatamente executado e seu objeto imediatamente alcançado, sem prévia intervenção do Poder Judiciário;

c) é cogente, obrigando a todos quantos se encontrem em seu círculo de incidência, ainda que o objetivo a ser por ele alcançado contrarie interesses privados;

d) é executado pela autoridade administrativa por motivos de conveniência e oportunidade, observado o devido procedimento legal;

e) é de observância e execução obrigatória a todos os administrados, tão logo haja a intimação pessoal daqueles que tiverem sua esfera jurídica afetada pelo ato.

Comentários:

Pelo atributo da autoexecutoriedade, os atos administrativos podem ser imediatamente colocados em prática, independentemente de autorização do Poder Judiciário.

Gabarito: alternativa “b”

47. (FGV – TJ/RO 2015)

O ato administrativo é espécie de ato jurídico e, por ser emanado de agentes dotados de parcela do poder público, possui certos atributos que o distinguem dos atos de direito privado, ou seja, características que permitem afirmar que ele se submete a um regime jurídico administrativo ou a um regime jurídico de direito público. Nesse contexto, destaca-se o atributo da:

a) imperatividade, segundo o qual o ato administrativo se impõe e cria obrigações para determinada pessoa, desde que haja sua prévia intimação e concordância, respeitado o contraditório;

b) presunção de legitimidade, segundo o qual existe presunção absoluta de que o ato administrativo foi praticado em conformidade com os ditames legais;

c) autoexecutoriedade, segundo o qual o ato administrativo pode ser posto em execução pela própria Administração Pública, sem necessidade de intervenção do Poder Judiciário;

d) discricionariedade, segundo o qual o particular pode aferir a oportunidade e a conveniência de aderir a determinado ato administrativo que gere efeitos em sua esfera jurídica;

e) atipicidade, segundo o qual a Administração Pública pratica, em regra, atos inominados, em decorrência do princípio da autonomia da vontade, desde que não haja proibição legal.

Comentários:

Vamos analisar cada alternativa:

a) ERRADA. Pelo atributo da imperatividade, o ato administrativo se impõe e cria obrigações para determinada pessoa independentemente de sua concordância. Logicamente, especialmente nos casos em que o ato possa de certa forma prejudicar os interesses da pessoa, é necessário respeitar o devido processo legal, concedendo-lhe o direito ao contraditório e à ampla defesa.

b) ERRADA. Pelo atributo da presunção de legitimidade, existe presunção relativa (e não absoluta) de que o ato administrativo foi praticado em conformidade com os ditames legais.

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c) CERTA. O atributo da autoexecutoriedade permite que o ato administrativo seja posto em execução pela própria Administração Pública, sem necessidade de intervenção do Poder Judiciário.

d) ERRADA. Pelo atributo da imperatividade dos atos administrativos, o particular não possui espaço para aferir a oportunidade e a conveniência de aderir a determinado ato administrativo que gere efeitos em sua esfera jurídica. O particular deve se submeter ao ato independentemente de sua concordância.

e) ERRADA. O atributo correto é tipicidade, e não atipicidade. Pelo atributo da tipicidade, a Administração Pública não pratica atos inominados, mas apenas atos expressamente previstos em lei.

Gabarito: alternativa “c”

48. (FGV – Procurador Niterói 2014)

Sobre ato administrativo, assinale a afirmativa correta.

a) A edição de atos administrativos cabe somente aos órgãos do Executivo.

b) Avocação é o deslocamento de competências e ocorre quando um órgão ou autoridade, titular de determinados poderes e atribuições, transfere a outro órgão ou autoridade uma parcela desses poderes e atribuições.

c) Objeto do ato administrativo significa o efeito prático pretendido com a edição do ato administrativo ou a modificação por ele trazida ao ordenamento jurídico.

d) Autoexecutoriedade ou autoridade da coisa decidida consiste na força obrigatória do ato administrativo em relação àqueles a que se destina.

e) Os atos administrativos já nascem com a presunção de legalidade, o que exime a administração de motivá-los.

Comentários:

Vamos analisar cada alternativa:

a) ERRADA. Os órgãos de todos os Poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário – exercem a função administrativa e, consequentemente, editam atos administrativos, ainda que de forma atípica (caso do Legislativo e do Judiciário).

b) ERRADA. O item apresenta o conceito de delegação. Avocação, por sua vez, ocorre quando a autoridade superior atrai para si o exercício de competência orginalmente pertencente a um subordinado.

c) CERTA. Objeto é o efeito jurídico imediato que o ato produz. Em outras palavras, o objeto compreende os direitos nascidos, transformados ou extintos em decorrência do ato administrativo, ou seja, os efeitos práticos do ato.

d) ERRADA. A força obrigatória do ato administrativo em relação àqueles a que se destina corresponde à imperatividade, e não à autoexecutoriedade. Esta, por sua vez, implica que os atos administrativos podem ser colocados em prática imediatamente, pela própria Administração, independentemente de manifestação prévia do Poder Judiciário.

e) ERRADA. De fato, os atos administrativos já nascem com a presunção de legalidade, mas isso não exime a Administração de motivá-los.

Gabarito: alternativa “c”

49. (FGV – SSP/AM 2015)

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Os atos administrativos são emanados de agentes dotados de parcela do Poder Público e, por isso, estão revestidos de certas características que os tornam distintos dos atos privados em geral. Nesse contexto, é correto citar o atributo da:

a) retroatividade, que faz com que o ato retroaja à data em que ocorreu o fato que motivou sua edição;

b) imperatividade, que faz com que o ato seja cogente somente em relação às pessoas que forem intimadas do ato;

c) autoexecutoriedade, por meio do qual o ato administrativo pode ser posto em execução pela própria Administração Pública, sem necessidade de intervenção do Poder Judiciário;

d) autotutela, por meio do qual o ato administrativo somente pode ser imputado ao particular a partir de decisão judicial que ratifique a legalidade do ato;

e) continuidade, por meio do qual o ato administrativo não pode sofrer interrupção a partir do momento em que o administrado for intimado de sua prática.

Comentários:

Vamos analisar cada alternativa:

a) ERRADA. A retroatividade não é um atributo do ato administrativo. Ademais, como regra, os efeitos dos atos administrativos não são retroativos.

b) ERRADA. A imperatividade faz com que o ato seja cogente tanto em relação às pessoas que forem intimadas do ato quanto em relação a terceiros não diretamente intimados, mas que, de forma reflexa, sejam atingidos pelo ato. Ademais, os atos administrativos se impõem à própria Administração Pública.

c) CERTA. O item apresenta a correta definição do atributo da autoexecutoriedade.

d) ERRADA. A autotutela não é um atributo do ato administrativo. Ademais, pelo atributo da autoexecutoriedade, os atos administrativos podem ser imputados ao particular independentemente de ordem judicial que ratifique a legalidade do ato.

e) ERRADA. A continuidade não é um atributo do ato administrativo. Ademais, regra geral, não há impedimento para que o ato administrativo seja interrompido a partir do momento em que o administrado for intimado de sua prática.

Gabarito: alternativa “c”

50. (FGV – TJ/GO 2014)

Os atos administrativos são praticados por agentes dotados de parcela do Poder Público e, por isso, estão revestidos de certas características ou atributos que os tornam distintos dos atos de direito privado em geral. É exemplo de atributo do ato administrativo, a:

a) presunção de legitimidade, segundo a qual existe presunção absoluta de que o ato foi praticado em conformidade com a lei;

b) imperatividade, segundo a qual o ato administrativo se impõe à própria Administração Pública, incluindo seus agentes e excluindo terceiros particulares que não tenham expressamente concordado;

c) autoexecutoriedade, segundo a qual o ato administrativo pode ser posto em execução pela própria Administração Pública, sem necessidade de intervenção do Poder Judiciário;

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d) autotutela, segundo a qual o ato administrativo se impõe de forma coercitiva à própria Administração Pública e a todos os administrados;

e) discricionariedade, segundo a qual todos os elementos do ato administrativo estão previstos em lei e o agente público não possui liberdade para aferir a oportunidade e conveniência na escolha do momento da prática do ato.

Comentários:

Vamos corrigir os erros de cada alternativa:

a) ERRADA. Presunção de legitimidade, segundo a qual existe presunção absoluta relativa de que o ato foi praticado em conformidade com a lei.

b) ERRADA. Imperatividade, segundo a qual o ato administrativo se impõe à própria Administração Pública, incluindo seus agentes e excluindo incluindo terceiros particulares que não tenham expressamente concordado.

c) CERTA. O item apresenta a correta definição do atributo da autoexecutoriedade.

d) ERRADA. Autotutela Imperatividade, segundo a qual o ato administrativo se impõe de forma coercitiva à própria Administração Pública e a todos os administrados.

e) ERRADA. Discricionariedade, segundo a qual todos nem todos os elementos do ato administrativo estão previstos em lei e o agente público não possui liberdade para aferir a oportunidade e conveniência na escolha do momento da prática do ato.

Gabarito: alternativa “c”

51. (FGV – TJ/RJ 2014)

Mariana, ocupante de cargo efetivo de analista judiciário, especialidade Assistente Social do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, presenciou determinada situação no corredor do fórum, em frente à sala de audiências da Vara de Família, envolvendo as partes que aguardavam a próxima audiência. Por ordem do meritíssimo juiz, Mariana lavrou termo de informação circunstanciada narrando o que presenciou. Esse ato administrativo de cunho declaratório é revestido de presunção relativa de que os fatos ali constantes são verdadeiros e de que tal ato foi praticado de acordo com a lei. Tal atributo ou característica do ato administrativo é chamado pela doutrina de Direito Administrativo como presunção de:

a) veracidade e legitimidade;

b) imperatividade e legalidade;

c) autoexecutoriedade e legitimidade;

d) tipicidade e imperatividade;

e) coercibilidade e legalidade.

Comentários:

O atributo que cria a presunção relativa de que os fatos constantes no ato administrativo declaratório são verdadeiros e de que tal ato foi praticado de acordo com a lei é chamado pela doutrina de Direito Administrativo como presunção de veracidade e legitimidade, ou simplesmente presunção de legitimidade.

Gabarito: alternativa “a”

52. (FGV – ISS Recife 2014)

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Um dos atributos do poder de polícia permite que haja a atuação direta da Administração, sem prévia intervenção do Poder Judiciário diretamente ou mediante autorização.

Assinale a opção que o indica.

a) Autoexecutoriedade

b) Imperatividade

c) Discricionariedade

d) Coercitividade

e) Oficialidade

Comentários:

O atributo que permite que haja a atuação direta da Administração, sem prévia intervenção do Poder Judiciário diretamente ou mediante autorização, é chamado de autoexecutoriedade.

Gabarito: alternativa “a”

53. (ESAF – ATRFB 2006)

Entre os requisitos ou elementos essenciais à validade dos atos administrativos, o que mais condiz, com o atendimento da observância do princípio fundamental da impessoalidade, é o relativo à / ao

a) competência.

b) forma.

c) finalidade.

d) motivação.

e) objeto lícito.

Comentário:

Um dos aspectos do princípio da impessoalidade é o dever de conformidade aos interesses públicos. Nessa acepção, o princípio da impessoalidade se confunde com o elemento finalidade dos atos administrativos, afinal, o resultado pretendido pela Administração com a prática do ato administrativo, em última instância, é a satisfação do interesse público, de forma geral e impessoal.

Gabarito: alternativa “c”

54. (ESAF – AFRFB 2009)

Quanto à competência para a prática dos atos administrativos, assinale a assertiva incorreta.

a) Não se presume a competência administrativa para a prática de qualquer ato, necessária previsão normativa expressa.

b) A definição da competência decorre de critérios em razão da matéria, da hierarquia e do lugar, entre outros.

c) A competência é, em regra, inderrogável e improrrogável.

d) Admite-se, excepcionalmente, a avocação e a delegação de competência administrativa pela autoridade superior competente, nos limites definidos em lei.

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e) Com o ato de delegação, a competência para a prática do ato administrativo deixa de pertencer à autoridade delegante em favor da autoridade delegada.

Comentários: Vamos analisar cada alternativa:

a) CERTA. A competência deve decorrer de norma expressa, vale dizer, não há presunção de competência administrativa. Como dizem, “não é competente quem quer, ou quem sabe fazer, mas sim quem a norma determinar que é”. Todavia, há de ressaltar que Maria Sylvia Di Pietro salienta a possibilidade de omissão do legislador quanto à fixação da competência para a prática de determinados atos. Segundo a autora, a rigor, não havendo lei, entende-se que é competente o Chefe do Poder Executivo.

b) CERTA. No nosso ordenamento jurídico, as competências para a prática de atos administrativos são atribuídas originariamente aos entes políticos (União, Estados, Municípios e DF). A partir daí, as competências são distribuídas entre os respectivos órgãos administrativos (como os Ministérios, Secretarias e suas unidades) e, dentro destes, entre seus agentes, pessoas físicas. Para a distribuição das competências são utilizados vários critérios, dentre eles: matéria, hierarquia, lugar, tempo e fracionamento.

c) CERTA. A competência é inderrogável (intransferível), pois não pode ser transmitida por mero acordo entre as partes; também é improrrogável, pois não pode ser assumida por agente incompetente sem a autorização de norma expressa.

d) CERTA. A autoridade administrativa pode, a seu critério, delegar o exercício de competências de sua titularidade ou avocar o exercício de competências da titularidade de seu subordinado. A doutrina majoritária entende que a possibilidade de delegação é regra, não sendo admitida apenas se houver impedimento legal. Porém, parte da doutrina entende que a delegação de competência só é possível nos casos em que a norma expressamente autoriza, ou seja, tratar-se-ia de medida excepcional, como afirma o item. Quanto à avocação não há dúvida: constitui medida de caráter excepcional, devendo ser feita apenas “temporariamente” e “por motivos relevantes devidamente justificados”.

e) ERRADA. Para dar a assertiva como errada, a banca deve ter considerado que, ao afirmar que a “competência para a prática do ato administrativo deixa de pertencer à autoridade delegante”, o item se referiu à transferência da titularidade da competência, e não do seu exercício. De fato, a delegação transfere apenas o exercício, mas não a titularidade da competência, a qual permanece com a autoridade delegante.

Gabarito: alternativa “e”

55. (ESAF – ATRFB 2012)

É incorreto afirmar, quanto ao regime do ato administrativo:

a) a presunção de legitimidade diz respeito à conformidade do ato com a lei.

b) a auto-executoriedade é a possibilidade de o ato ser posto em execução pela própria Administração Pública.

c) a discricionariedade configura a completa liberdade de atuação do agente público na prática do ato administrativo.

d) a imperatividade é a capacidade do ato de se impor a terceiros independente de sua concordância.

e) o motivo é o pressuposto de fato e de direito que serve de fundamento para a prática do ato administrativo.

Comentários:

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Todas as alternativas apresentam conceitos exatos, exceto a alternativa “c”. Com efeito, a discricionariedade presente num ato administrativo nunca é total, pois, em geral, ao menos a competência, a forma e a finalidade são elementos definidos em lei e, portanto, vinculados. Ademais, mesmo em relação aos elementos discricionários, motivo e objeto, a lei impõe limites para o exercício da liberdade administrativa, ou seja, o agente público jamais é inteiramente livre para atuar conforme bem entender, caso contrário, haveria espaço para arbitrariedades.

Gabarito: alternativa “c”

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Lista de questões

1. (Cespe – PRF 2019)

Tanto a inexistência da matéria de fato quanto a sua inadequação jurídica podem configurar o vício de motivo de um ato administrativo.

2. (Cespe – Sefaz/RS 2018)

Assinale a opção que indica o atributo conforme o qual o ato administrativo deve corresponder a uma figura definida previamente pela lei como apta a produzir determinados resultados.

a) tipicidade

b) presunção de legitimidade

c) autoexecutoriedade

d) imperatividade

e) coercibilidade

3. (Cespe – Sefaz/RS 2018)

Assinale a opção que apresenta o atributo pelo qual determinados atos administrativos podem ser executados direta e imediatamente pela própria administração pública, independentemente de intervenção do Poder Judiciário.

a) presunção de legitimidade

b) imperatividade

c) autoexecutoriedade

d) tipicidade

e) presunção de veracidade

4. (Cespe – MP/PI 2018)

Ao fazer uso de sua supremacia na relação com os administrados, para impor-lhes determinada forma de agir, o poder público atua com base na autoexecutoriedade dos atos administrativos.

5. (Cespe – PC/MA 2018)

É possível a convalidação de atos administrativos quando apresentarem defeitos relativos aos elementos

a) objeto e finalidade.

b) motivo e competência.

c) motivo e objeto.

d) competência e forma.

e) finalidade e forma.

6. (Cespe – PC/MA 2018)

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De acordo com a doutrina majoritária, os elementos fundamentais do ato administrativo são o(a)

a) forma, a competência, a atribuição, a finalidade e o objeto.

b) objeto, a finalidade, o motivo, a competência e a tipicidade.

c) competência, a forma, o objeto, o motivo e a finalidade.

d) motivo, o objeto, a finalidade, a autoexecutoriedade e a força coercitiva.

e) objeto, o motivo, a competência, a finalidade e a abrangência.

7. (Cespe – CGM/JP 2018)

A execução, de ofício, pela administração pública de medidas que concretizem o objeto de um ato administrativo caracteriza o atributo da imperatividade.

8. (Cespe – PC/MA 2018)

De acordo com a doutrina majoritária, os elementos fundamentais do ato administrativo são o(a)

a) forma, a competência, a atribuição, a finalidade e o objeto.

b) objeto, a finalidade, o motivo, a competência e a tipicidade.

c) competência, a forma, o objeto, o motivo e a finalidade.

d) motivo, o objeto, a finalidade, a autoexecutoriedade e a força coercitiva.

e) objeto, o motivo, a competência, a finalidade e a abrangência.

9. (Cespe – STJ 2018)

Todos os fatos alegados pela administração pública são considerados verdadeiros, bem como todos os atos administrativos são considerados emitidos conforme a lei, em decorrência das presunções de veracidade e de legitimidade, respectivamente.

10. (Cespe – STJ 2018)

A motivação do ato administrativo pode não ser obrigatória, entretanto, se a administração pública o motivar, este ficará vinculado aos motivos expostos.

11. (Cespe – STJ 2018)

A legislação autoriza a avocação de competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior, desde que tal avocação seja excepcional, temporária e esteja fundada em motivos relevantes devidamente justificados.

12. (Cespe – CGM/JP 2018)

A execução, de ofício, pela administração pública de medidas que concretizem o objeto de um ato administrativo caracteriza o atributo da imperatividade.

13. (Cespe – CGM/JP 2018)

As multas de trânsito, como expressão do exercício do poder de polícia, são dotadas de autoexecutoriedade.

14. (Cespe – STJ 2018)

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A indicação dos fundamentos jurídicos que determinaram a decisão administrativa de realizar contratação por dispensa de licitação é suficiente para satisfazer o princípio da motivação.

15. (Cespe – TCE/PB 2018)

Em geral, os atos administrativos são dotados, entre outros, dos atributos de

a) disponibilidade, presunção de legitimidade e imperatividade.

b) consensualidade, autoexecutoriedade e a presunção de legitimidade.

c) consensualidade, discricionariedade e disponibilidade.

d) discricionariedade, imperatividade e autoexecutoriedade.

e) presunção de legitimidade, imperatividade e autoexecutoriedade.

16. (Cespe – IPHAN 2018)

A imperatividade do ato administrativo prevê que a administração pública, para executar suas decisões, não necessita submeter sua pretensão ao Poder Judiciário.

17. (Cespe – ABIN 2018)

Na discricionariedade administrativa, o agente possui alguns limites à ação voluntária, tais como: o ordenamento jurídico estabelecido para o caso concreto, a competência do agente ou do órgão. Qualquer ato promovido fora desses limites será considerado arbitrariedade na atividade administrativa.

18. (Cespe – ABIN 2018)

A inexistência do motivo no ato administrativo vinculado configura vício insanável, devido ao fato de, nesse caso, o interesse público determinar a indicação de finalidade.

19. (Cespe – TCE/PE 2017)

Entre os elementos constitutivos do ato administrativo, o motivo é caracterizado pela consequência visada pelo ato, ao passo que a finalidade é a causa legalmente prevista.

20. (Cespe – INSS 2016)

A autoexecutoriedade é atributo restrito aos atos administrativos praticados no exercício do poder de polícia.

21. (Cespe – TCU 2015)

A exoneração dos ocupantes de cargos em comissão deve ser motivada, respeitando-se o contraditório e a ampla defesa.

22. (Cespe – TCU 2015)

Conforme a teoria dos motivos determinantes, a validade do ato administrativo vincula-se aos motivos que o determinaram, sendo, portanto, nulo o ato administrativo cujo motivo estiver dissociado da situação de direito ou de fato que determinou ou autorizou a sua realização.

23. (Cespe – TCU 2015)

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Ao delegar a prática de determinado ato administrativo, a autoridade delegante transfere a titularidade para sua prática.

24. (Cespe – TCU 2015)

É proibido delegar a edição de atos de caráter normativo.

25. (Cespe – MIN 2013)

O conceito de ato administrativo não se confunde com o conceito legal de ato jurídico.

26. (Cespe – MIN 2013)

A construção de uma ponte pela administração pública caracteriza um fato administrativo, pois constitui uma atividade pública material em cumprimento de alguma decisão administrativa.

27. (Cespe – MIN 2013)

Todos os atos da administração pública que produzem efeitos jurídicos são considerados atos administrativos, ainda que sejam regidos pelo direito privado.

28. (Cespe – Ibama 2013)

Ato administrativo corresponde, conceitualmente, a manifestação unilateral de vontade do Poder Executivo, com efeito jurídico imediato, exarada sob o regime jurídico de direito público.

29. (Cespe – Bacen 2013)

Para concretizar a desapropriação de um imóvel, a administração toma providência para tomar a posse desse imóvel, situação que constitui exemplo de fato administrativo.

30. (Cespe – Suframa 2014)

Caso a administração seja suscitada a se manifestar acerca da construção de um condomínio em área supostamente irregular, mas se tenha mantida inerte, essa ausência de manifestação da administração será considerada ato administrativo e produzirá efeitos jurídicos, independentemente de lei ou decisão judicial.

31. (FCC – TRT/PE 2018)

Considere hipoteticamente um ato administrativo exarado por autoridade incompetente. Em relação aos denominados atributos dos atos administrativos, o referido ato

a) não produzirá efeitos, tampouco obrigará terceiros, independentemente da sua invalidação, ante o princípio que desobriga o cumprimento de ordens manifestamente ilegais.

b) não produzirá efeitos, tampouco obrigará terceiros, independentemente da sua invalidação, o que se denomina imperatividade.

c) produzirá efeitos e deverá ser cumprido, a menos que decretada, pelo Poder Judiciário, sua invalidade, sendo vedada a autotutela na hipótese, o que se denomina executoriedade.

d) produzirá efeitos e deverá ser cumprido, enquanto não decretada, pela própria Administração ou pelo Poder Judiciário, sua invalidade, o que se denomina presunção de legitimidade ou veracidade.

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e) produzirá efeitos e deverá ser cumprido, enquanto não decretada, pela própria Administração ou pelo Poder Judiciário, sua invalidade, o que se denomina autoexecutoriedade.

32. (FCC – TRT/PE 2018)

Considere os itens:

I. Ato vinculado;

II. Ato discricionário.

No que concerne aos itens apresentados,

a) ambos se submetem a controle interno e externo, este exercido tanto pelo Poder Legislativo, por meio do Tribunal de Contas, como pelo Poder Judiciário.

b) o item I submete-se a controle interno e externo; o item II a controle interno apenas, que é denominado autotutela.

c) ambos se submetem a controle externo e interno, sendo o controle interno de menor amplitude e extensão que o externo, pois limitado a questões de conveniência e oportunidade.

d) o item I submete-se a controle externo; o item II não, pois os atos discricionários, por envolverem juízo de conveniência e oportunidade, afastam o controle de legalidade pelo Poder Judiciário.

e) o item II submete-se a controle externo; o item I não, pois os atos vinculados, por envolverem juízo de conveniência e oportunidade, afastam o controle de legalidade pelo Poder Judiciário.

33. (FCC – TRT/PE 2018)

Um particular interessado em obter porte de arma solicitou à Administração consentimento para tanto. Nesta hipótese, a manifestação positiva da Administração, que demanda análise de aspectos subjetivos do requerente, consistirá em um ato administrativo

a) unilateral e vinculado, que faculta o uso, sem restrições, quando o particular preencher as condições objetivas necessárias e previstas em lei.

b) vinculado, de natureza bilateral, que se denomina licença.

c) discricionário e precário, que se denomina licença e se fundamenta no poder disciplinar.

d) discricionário, mas não precário, bilateral, podendo denominar-se licença ou autorização, indistintamente.

e) unilateral, discricionário e precário, que se denomina autorização.

34. (FCC – Sefaz/SC 2018)

Quando a Administração pública atua executando atos materiais, como a edificação de um muro, realização da poda de árvores ou, direta ou indiretamente, promovendo o recolhimento do lixo, pratica

a) atos administrativos desprovidos de objeto decisório, mas passíveis de controle externo.

b) fatos administrativos, que não têm conteúdo que expresse manifestação de vontade decisória, não obstante possam gerar efeitos e consequências na esfera de direitos dos administrados.

c) atos e fatos administrativos desprovidos de conteúdo constitutivo, declaratório ou decisório, o que restringe o poder de revisão ao controle interno.

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d) fatos administrativos, desprovidos de conteúdo decisório, o que impede a incidência da responsabilidade objetiva constitucionalmente prevista.

e) atos jurídicos desprovidos de caráter administrativo, incidindo em sua execução o regime jurídico de direito privado, ainda que com certa mitigação em razão da aplicação dos princípios constitucionais.

35. (FCC – ALESE 2018)

Os atos administrativos veiculam manifestações de vontade da Administração pública de diversas naturezas, podendo conceder e extinguir direitos ou apenas reconhecê-los. No exercício dessas funções, pode variar a margem de liberdade decisória conferida à Administração pública pela lei, o que permite analisar se o ato

a) é discricionário, cuja edição permite que a Administração se submeta ou não aos parâmetros legais, desde que haja relevantes razões de interesse público.

b) é vinculado, cujos requisitos de edição estão expressamente constantes da lei, não cabendo à Administração conferir o atendimento pelo administrado.

c) tem força de lei, no caso da delegação ao Executivo ter sido da competência legislativa, podendo substituí-la, observados os princípios que regem a Administração.

d) é discricionário, que possibilita ao administrador, na análise do caso concreto e sem se afastar da previsão legal, exercer juízo de conveniência e oportunidade.

e) recomenda homologação judicial, nos casos em que implicar a extinção de direitos anteriormente concedidos a administrados ou servidores em processos administrativos regulares, em razão da relevância.

36. (FCC – Sefaz/SC 2018)

Quando um determinado administrador público edita um ato administrativo, mas este só começa a produzir efeitos após ratificação ou homologação por outra autoridade, está-se diante de ato administrativo

a) condicionado, cuja validade e vigência somente se iniciam após a ratificação ou homologação.

b) bilateral, considerando que sua existência se consuma com a manifestação de vontade da segunda autoridade.

c) composto, pois embora já exista e seja válido, não é exequível antes da manifestação da segunda autoridade.

d) complexo ou composto, considerando que dependem da conjugação de vontade de uma ou mais autoridades para sua validade e eficácia, embora já sejam considerados existentes.

e) subordinado, tendo em vista que, embora existente, válido e eficaz, só se aperfeiçoa com a manifestação de vontade de outra autoridade, que pode, inclusive, revogá-lo.

37. (FCC – TRT SP – 2018)

Os atos administrativos discricionários são passíveis de controle judicial no que concerne

a) exclusivamente a eventual desvio de finalidade, quando evidenciado que a Administração praticou o ato visando a fim ilícito.

b) às condições de conveniência e oportunidade para sua prática, com base nos princípios aplicáveis à Administração Pública.

c) ao seu mérito, avaliando-se a aderência do mesmo ao interesse público que justificou a sua edição e às finalidades colimadas.

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d) a vícios de legalidade, o que inclui também a avaliação da inexistência ou falsidade dos motivos declinados pela Administração para a edição do ato.

e) apenas a vícios de competência, cuja convalidação poderá ser feita, contudo, mediante ratificação administrativa ou judicial.

38. (FCC – TRT SP – 2018)

Suponha que determinada autoridade pública tenha concedido a particular permissão de uso de “box” em um Mercado Municipal. Posteriormente, foi constatado que a autoridade que praticou o ato não detinha a competência legal e tampouco houve delegação para a sua prática. Diante de tal situação, o ato em questão

a) é nulo, devendo ser revogado administrativa ou judicialmente.

b) é passível de convalidação pela autoridade competente.

c) pode ser mantido, pela mesma autoridade, se verificado o interesse público na sua edição.

d) não é passível de ratificação, dado o seu caráter discricionário, sendo nulo de pleno direito.

e) ostenta vício de competência, insanável por se tratar de ato vinculado, cuja competência é sempre indelegável.

39. (FCC – Sefaz/GO 2018)

Assemelha-se em características ou extensão o controle exercido pelos Tribunais de Contas com o exercido pela própria Administração pública sobre os atos por esta praticados porque

a) compreende, com limites, a possibilidade de verificação da adequação e pertinência da discricionariedade dos referidos atos.

b) pode suspender os atos e contratos ilegais ou inconstitucionais, mas demanda intervenção de terceiros a depender da natureza do ato.

c) configura forma de controle externo, permitindo análise de mérito das decisões tomadas pelos agentes públicos, inclusive para fins de revogação.

d) configura forma de controle interno, abrangendo o poder de revisão dos atos diante de constatação de vício de legalidade ou juízo de conveniência e oportunidade em prol do interesse público.

e) não abrange o poder de rever referidos atos, apenas de anular, sob fundamento em vício de legalidade ou de economicidade.

40. (FCC – Sefaz/SC 2018)

A anulação de um ato administrativo pela autoridade superior do servidor que o praticou, constatada a existência de vício de legalidade,

a) configura regular exercício de controle externo, tendo em vista que o controle interno se restringe à revisão dos atos praticados dentro do mesmo órgão na organização administrativa.

b) enseja reconhecimento automático de responsabilização objetiva da Administração pública, tendo em vista a constatação de ilegalidade praticada por servidor público.

c) deve observar o lapso prescricional legalmente previsto para tanto, que não se aplica às hipóteses de revogação, por se inserir em juízo discricionário do Administrador.

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d) não afasta a possibilidade de responsabilização objetiva do Estado se o administrado demonstrar o nexo de causalidade entre a atuação do servidor e os danos que comprovar ter sofrido.

e) somente enseja responsabilização do Estado se restar demonstrado o nexo de causalidade e a conduta dolosa por parte do servidor, hipótese em que este também sofrerá imputação de responsabilidade objetiva.

41. (FCC – TRE/PR 2017)

A distinção entre ato administrativo vinculado e discricionário pode se fazer presente em diversas situações e âmbitos de análise jurídica. Quanto aos efeitos, predicar um ato administrativo como discricionário ou vinculado

a) interfere no nível de autonomia conferido ao administrador, na medida em que os atos vinculados estão expressamente previstos em lei e os atos discricionários não encontram previsão normativa, fundamentando-se apenas na competência para emiti-lo.

b) impacta na existência ou não de controle judicial sobre o mesmo, tendo em vista que os atos vinculados estão sujeitos à análise judicial, enquanto os discricionários apenas admitem controle interno da própria Administração pública.

c) impede considerar aspectos externos do caso concreto na análise, tendo em vista que nos dois casos deve haver previsão normativa específica sobre qual ato deve ser praticado e em que grau e medida, ainda que nos atos discricionários a norma deva elencar as soluções possíveis.

d) possibilita inferir a extensão do controle judicial de determinado ato, posto que nos atos vinculados todos os aspectos estão contemplados pela norma, cabendo ao administrador subsumir um determinado caso concreto ao ato a ele atribuído pela lei.

e) permite que os atos discricionários sejam alterados com maior agilidade, sem necessidade de previsão legal, enquanto para os vinculados é obrigatória autorização Judicial.

42. (FCC – TRT 24ª Região 2017)

Considere:

I. O atributo da presunção de legitimidade dos atos administrativos depende de lei expressa.

II. A imperatividade significa que os atos administrativos são cogentes, obrigando a todos quantos se encontrem em seu círculo de incidência, ainda que o objetivo por ele alcançado contrarie interesses privados.

III. Em alguns atos administrativos, como as permissões e autorizações, está ausente o cunho coercitivo.

IV. A presunção de legitimidade dos atos administrativos é juris et de jure, ou seja, presunção relativa.

No que concerne aos atributos dos atos administrativos, está correto o que se afirma APENAS em

a) I, II e IV.

b) III e IV.

c) II e III.

d) I e III.

e) II.

43. (FCC – TRT 11ª Região 2017)

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Rodrigo é servidor público federal e chefe de determinada repartição pública. Rodrigo indeferiu as férias pleiteadas por um de seus subordinados, o servidor José, alegando escassez de pessoal na repartição. No entanto, José comprovou, que há excesso de servidores na repartição pública. No caso narrado,

a) há vício de motivo no ato administrativo.

b) o ato deve, obrigatoriamente, permanecer no mundo jurídico, vez que sequer exigia fundamentação.

c) inexiste vício no ato administrativo, no entanto, o ato comporta revogação.

d) o ato praticado por Rodrigo encontra-se viciado, no entanto, não admite anulação, haja vista a discricionariedade administrativa na hipótese.

e) o objeto do ato administrativo encontra-se viciado.

44. (FCC – TRE/SP 2017)

Os atos administrativos são dotados de atributos que lhe conferem peculiaridades em relação aos atos praticados pela iniciativa privada. Quando dotados do atributo da autoexecutoriedade

a) não podem ser objeto de controle pelo judiciário, tendo em vista que podem ser executados diretamente pela própria Administração pública.

b) submetem-se ao controle de legalidade e de mérito realizado pelo Judiciário, tendo em vista que se trata de medida de exceção, em que a Administração pública adota medidas materiais para fazer cumprir suas decisões, ainda que não haja previsão legal.

c) dependem apenas de homologação do Judiciário para serem executados diretamente pela Administração pública.

d) admitem somente controle judicial posterior, ou seja, após a execução da decisão pela Administração pública, mas a análise abrange todos os aspectos do ato administrativo.

e) implicam na prerrogativa da própria Administração executar, por meios diretos, suas próprias decisões, sendo possível ao Judiciário analisar a legalidade do ato.

45. (FCC – CNMP 2015)

Ato administrativo é:

a) manifestação bilateral de poder da Administração pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir, declarar direitos e impor obrigações aos administrados.

b) manifestação unilateral de vontade da Administração pública que visa impor obrigações aos administrados ou a si própria ou alguma realização material em cumprimento a uma decisão de si própria.

c) manifestação unilateral de vontade da Administração pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si própria.

d) realização material da Administração em cumprimento de alguma decisão administrativa.

e) sinônimo de fato administrativo.

46. (FGV – ISS Niterói 2016)

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Os atos administrativos emanam de agentes dotados de parcela do poder público e estão revestidos de certas características que os distinguem dos atos privados em geral, a fim de que possam alcançar a finalidade que atenda ao interesse público. Dentre tais características ou atributos, destaca-se a autoexecutoriedade, segundo a qual o ato administrativo:

a) traz em si, quando editado, a presunção de legitimidade, ou seja, a presunção de que nasceu em conformidade com as devidas normas legais;

b) pode ser, tão logo praticado, em regra, imediatamente executado e seu objeto imediatamente alcançado, sem prévia intervenção do Poder Judiciário;

c) é cogente, obrigando a todos quantos se encontrem em seu círculo de incidência, ainda que o objetivo a ser por ele alcançado contrarie interesses privados;

d) é executado pela autoridade administrativa por motivos de conveniência e oportunidade, observado o devido procedimento legal;

e) é de observância e execução obrigatória a todos os administrados, tão logo haja a intimação pessoal daqueles que tiverem sua esfera jurídica afetada pelo ato.

47. (FGV – TJ/RO 2015)

O ato administrativo é espécie de ato jurídico e, por ser emanado de agentes dotados de parcela do poder público, possui certos atributos que o distinguem dos atos de direito privado, ou seja, características que permitem afirmar que ele se submete a um regime jurídico administrativo ou a um regime jurídico de direito público. Nesse contexto, destaca-se o atributo da:

a) imperatividade, segundo o qual o ato administrativo se impõe e cria obrigações para determinada pessoa, desde que haja sua prévia intimação e concordância, respeitado o contraditório;

b) presunção de legitimidade, segundo o qual existe presunção absoluta de que o ato administrativo foi praticado em conformidade com os ditames legais;

c) autoexecutoriedade, segundo o qual o ato administrativo pode ser posto em execução pela própria Administração Pública, sem necessidade de intervenção do Poder Judiciário;

d) discricionariedade, segundo o qual o particular pode aferir a oportunidade e a conveniência de aderir a determinado ato administrativo que gere efeitos em sua esfera jurídica;

e) atipicidade, segundo o qual a Administração Pública pratica, em regra, atos inominados, em decorrência do princípio da autonomia da vontade, desde que não haja proibição legal.

48. (FGV – Procurador Niterói 2014)

Sobre ato administrativo, assinale a afirmativa correta.

a) A edição de atos administrativos cabe somente aos órgãos do Executivo.

b) Avocação é o deslocamento de competências e ocorre quando um órgão ou autoridade, titular de determinados poderes e atribuições, transfere a outro órgão ou autoridade uma parcela desses poderes e atribuições.

c) Objeto do ato administrativo significa o efeito prático pretendido com a edição do ato administrativo ou a modificação por ele trazida ao ordenamento jurídico.

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d) Autoexecutoriedade ou autoridade da coisa decidida consiste na força obrigatória do ato administrativo em relação àqueles a que se destina.

e) Os atos administrativos já nascem com a presunção de legalidade, o que exime a administração de motivá-los.

49. (FGV – SSP/AM 2015)

Os atos administrativos são emanados de agentes dotados de parcela do Poder Público e, por isso, estão revestidos de certas características que os tornam distintos dos atos privados em geral. Nesse contexto, é correto citar o atributo da:

a) retroatividade, que faz com que o ato retroaja à data em que ocorreu o fato que motivou sua edição;

b) imperatividade, que faz com que o ato seja cogente somente em relação às pessoas que forem intimadas do ato;

c) autoexecutoriedade, por meio do qual o ato administrativo pode ser posto em execução pela própria Administração Pública, sem necessidade de intervenção do Poder Judiciário;

d) autotutela, por meio do qual o ato administrativo somente pode ser imputado ao particular a partir de decisão judicial que ratifique a legalidade do ato;

e) continuidade, por meio do qual o ato administrativo não pode sofrer interrupção a partir do momento em que o administrado for intimado de sua prática.

50. (FGV – TJ/GO 2014)

Os atos administrativos são praticados por agentes dotados de parcela do Poder Público e, por isso, estão revestidos de certas características ou atributos que os tornam distintos dos atos de direito privado em geral. É exemplo de atributo do ato administrativo, a:

a) presunção de legitimidade, segundo a qual existe presunção absoluta de que o ato foi praticado em conformidade com a lei;

b) imperatividade, segundo a qual o ato administrativo se impõe à própria Administração Pública, incluindo seus agentes e excluindo terceiros particulares que não tenham expressamente concordado;

c) autoexecutoriedade, segundo a qual o ato administrativo pode ser posto em execução pela própria Administração Pública, sem necessidade de intervenção do Poder Judiciário;

d) autotutela, segundo a qual o ato administrativo se impõe de forma coercitiva à própria Administração Pública e a todos os administrados;

e) discricionariedade, segundo a qual todos os elementos do ato administrativo estão previstos em lei e o agente público não possui liberdade para aferir a oportunidade e conveniência na escolha do momento da prática do ato.

51. FGV – TJ/RJ 2014)

Mariana, ocupante de cargo efetivo de analista judiciário, especialidade Assistente Social do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, presenciou determinada situação no corredor do fórum, em frente à sala de audiências da Vara de Família, envolvendo as partes que aguardavam a próxima audiência. Por ordem do meritíssimo juiz, Mariana lavrou termo de informação circunstanciada narrando o que presenciou. Esse ato administrativo de cunho declaratório é revestido de presunção relativa de que os fatos ali constantes são

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verdadeiros e de que tal ato foi praticado de acordo com a lei. Tal atributo ou característica do ato administrativo é chamado pela doutrina de Direito Administrativo como presunção de:

a) veracidade e legitimidade;

b) imperatividade e legalidade;

c) autoexecutoriedade e legitimidade;

d) tipicidade e imperatividade;

e) coercibilidade e legalidade.

52. (FGV – ISS Recife 2014)

Um dos atributos do poder de polícia permite que haja a atuação direta da Administração, sem prévia intervenção do Poder Judiciário diretamente ou mediante autorização.

Assinale a opção que o indica.

a) Autoexecutoriedade

b) Imperatividade

c) Discricionariedade

d) Coercitividade

e) Oficialidade

53. (ESAF – ATRFB 2006)

Entre os requisitos ou elementos essenciais à validade dos atos administrativos, o que mais condiz, com o atendimento da observância do princípio fundamental da impessoalidade, é o relativo à / ao

a) competência.

b) forma.

c) finalidade.

d) motivação.

e) objeto lícito.

54. (ESAF – AFRFB 2009)

Quanto à competência para a prática dos atos administrativos, assinale a assertiva incorreta.

a) Não se presume a competência administrativa para a prática de qualquer ato, necessária previsão normativa expressa.

b) A definição da competência decorre de critérios em razão da matéria, da hierarquia e do lugar, entre outros.

c) A competência é, em regra, inderrogável e improrrogável.

d) Admite-se, excepcionalmente, a avocação e a delegação de competência administrativa pela autoridade superior competente, nos limites definidos em lei.

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e) Com o ato de delegação, a competência para a prática do ato administrativo deixa de pertencer à autoridade delegante em favor da autoridade delegada.

55. (ESAF – ATRFB 2012)

É incorreto afirmar, quanto ao regime do ato administrativo:

a) a presunção de legitimidade diz respeito à conformidade do ato com a lei.

b) a auto-executoriedade é a possibilidade de o ato ser posto em execução pela própria Administração Pública.

c) a discricionariedade configura a completa liberdade de atuação do agente público na prática do ato administrativo.

d) a imperatividade é a capacidade do ato de se impor a terceiros independente de sua concordância.

e) o motivo é o pressuposto de fato e de direito que serve de fundamento para a prática do ato administrativo.

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Gabarito 1. C

2. A

3. C

4. E

5. D

6. C

7. E

8. C

9. C

10. C

11. C

12. E

13. E

14. E

15. E

16. E

17. C

18. C

19. E

20. E

21. E

22. C

23. E

24. C

25. E

26. C

27. E

28. E

29. C

30. E

31. d

32. a

33. e

34. b

35. d

36. c

37. d

38. b

39. a

40. d

41. d

42. c

43. a

44. e

45. c

46. b

47. c

48. c

49. c

50. c

51. a

52. a

53. c

54. e

55. c

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RESUMÃO DIRECIONADO

ATOS ADMINISTRATIVOS: praticados por todos os Poderes, quando exercem função administrativa.

Ø Principais aspectos do conceito de ato administrativo:

§ Produzido no exercício da função administrativa;

§ Declaração de vontade unilateral;

§ Realizado por agente público, inclusive particulares em colaboração;

§ Regido pelo Direito Público;

§ Produz efeitos jurídicos imediatos;

§ Sujeito ao controle judicial.

ATOS DA ADMINISTRAÇÃO ≠ ATOS ADMINISTRATIVOS

§ Atos da Administração são todos aqueles praticados pela Administração Pública.

§ Exemplos de atos da administração: atos de direito privado (ex: locação e abertura de conta corrente); atos materiais da Administração (ex: demolição de prédio; limpeza de ruas); contratos administrativos e convênios.

FATOS ADMINISTRATIVOS ≠ ATOS ADMINISTRATIVOS

§ Fatos administrativos são produzidos independentemente de manifestação de vontade.

§ Inclui o silêncio administrativo e os atos materiais da Administração.

§ Fatos administrativos produzem efeitos jurídicos para a Administração (ex: morte de servidor)

§ Fatos da Administração não produzem efeitos jurídicos (ex: servidor que se machuca sem gravidade)

ELEMENTOS (Com Fi For M Ob) e ATRIBUTOS (PATI) do ato administrativo

ELEMENTOS: partes do ato ATRIBUTOS: características do ato

§ COMpetência: poder atribuído

§ FInalidade: interesse público (resultado mediato)

§ FORma: como o ato vem ao mundo

§ Motivo: pressupostos de fato e de direito

§ OBjeto: conteúdo (resultado imediato)

§ Presunção de legitimidade: conformidade do ato com a ordem jurídica e veracidade dos fatos (sempre existe).

§ Autoexecutoriedade: permite que a Administração atue independente de autorização judicial

§ Tipicidade: vem sempre definido em lei.

§ Imperatividade: faz com que o destinatário deva obediência ao ato, independente de concordância.

ATRIBUTOS

Presunção de

legitimidade

§ Presunção de legitimidade: presume-se que o ato foi praticado conforme a lei. § Presunção de veracidade: presume-se que os fatos alegados pela Adm são verdadeiros.

§ Permite que os atos produzam efeitos de imediato, ainda que apresentem vícios aparentes.

§ O administrado terá que se submeter ao ato, até que ele seja invalidado.

§ Presunção relativa (admite prova em contrário).

§ Inverte o ônus da prova (o administrado é que deve provar o erro da Administração)

§ Presente em todos os atos administrativos.

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Imperatividade

§ Imposição de restrições e obrigações ao administrado sem necessidade de sua concordância.

§ Decorre do poder extroverso (poder de impor obrigações a terceiros, de modo unilateral)

§ Está presente apenas nos atos que impõem obrigações ou restrições.

§ Não está presente nos atos enunciativos (ex: certidão, parecer) e nos atos que conferem direitos (ex: licença ou autorização de bem público).

Autoexecutoriedade

§ Certos atos administrativos podem ser executados pela própria Administração, sem necessidade de intervenção judicial.

§ Desdobra-se em:

o Exigibilidade: coerção indireta (ex: aplicação de multas);

o Executoriedade: coerção direta (ex: demolição de obra irregular)

§ Está presente apenas quando:

o expressamente prevista em lei (ex: poder de polícia; penalidades disciplinares).

o tratar-se de medida urgente.

§ Não está presente quando envolve o patrimônio do particular (ex: cobrança de multa não paga; desconto de indenização ao erário nos vencimentos do servidor).

Tipicidade § Cada espécie de ato administrativo requer a devida previsão legal.

§ Impede a prática de atos inominados (atos sem previsão legal).

ELEMENTOS

Competência

§ Conjunto de atribuições de um agente órgão ou entidade pública. § Decorre sempre de norma expressa (CF e lei = fontes primárias; infralegais = secundárias)

§ Critérios de distribuição: matéria, hierarquia, lugar, tempo e fracionamento.

§ É irrenunciável, imodificável, improrrogável e intransferível.

§ Delegação: transfere o exercício da competência a agente subordinado ou não.

o Delegar é regra, somente obstada se houver impedimento legal.

o Não é possível: atos normativos, recursos administrativos e competência exclusiva.

§ Avocação: atrai o exercício de competência pertencente a agente subordinado (apenas).

o Medida excepcional.

o Não é possível: atos de competência exclusiva

§ Vícios de competência:

o Incompetência: excesso de poder (em regra, pode ser convalidado, exceto competência em razão da matéria e competência exclusiva); usurpação de função (ato inexistente); função de fato (ato é considerado válido e eficaz)

o Incapacidade: impedimento (situações objetivas) e suspeição (situações subjetivas)

Finalidade

§ Resultado pretendido pela Administração com a prática do ato administrativo.

§ Finalidade genérica (satisfação do interesse público) e específica (própria de cada ato = objeto)

§ Decorre do princípio da impessoalidade.

§ Vício de finalidade: desvio de finalidade (insanável, ato deve ser anulado).

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Forma

§ Modo de exteriorização do ato e procedimentos para sua formação e validade.

§ A regra é a forma escrita, mas atos podem ser produzidos na forma de ordens verbais, gestos, apitos, sinais sonoros e luminosos (semáforos de trânsito), placas.

§ Os atos não dependem de forma determinada exceto quando a lei expressamente a exigir (formalismo moderado)

§ Vício de forma: não observância de formalidades essenciais à existência do ato (insanável, ato deve ser anulado); quando a forma não é essencial, o vício pode ser convalidado.

§ A falta de motivação, quando obrigatória, é vício de forma, acarretando a nulidade do ato.

Motivo

§ Fundamentos de fato e de direito que justificam a prática do ato.

§ Motivo ≠ motivação.

§ Motivação é a exposição dos motivos. Deve ser prévia ou concomitante.

§ Em rega, a Administração tem o dever motivar seus atos, discricionários ou vinculados.

§ A motivação é obrigatória se houver normal legal expressa nesse sentido (ex: atos que neguem, limitem ou afetem direitos, que imponham deveres, que decidam recursos etc.)

§ Ex. de ato que não precisa de motivação: nomeação e exoneração para cargo em comissão.

§ Motivo (realidade objetiva, o que aconteceu) ≠ Móvel (realidade subjetiva, intenção do agente)

§ Teoria dos motivos determinantes: o ato administrativo somente é válido se sua motivação for verdadeira, ainda que feita sem ser obrigatória.

§ Vícios de motivo: quando o motivo for falso, inexistente, ilegítimo ou juridicamente falho (insanável, ato deve ser anulado).

Objeto

§ Efeitos jurídicos imediatos do ato administrativo.

§ Identifica-se com o conteúdo do ato (demissão, autorização para edificar, desapropriação etc).

§ Deve ser lícito, possível, certo e moral.

§ Objeto acidental: encargo/modo (ônus imposto ao destinatário do ato), termo (início e fim da eficácia do ato) e condição (suspensiva e resolutiva).

§ Vícios de objeto: quando é proibido, impossível, imoral e incerto (insanável, ato deve ser anulado).

VINCULAÇÃO e DISCRICIONARIEDADE

§ Ato vinculado: todos os elementos são vinculados.

§ Ato discricionário:

o Motivo e objeto: discricionários (mérito administrativo)

o Competência, finalidade e forma: vinculados.

o Não existe ato totalmente discricionário!

Ø Poder Judiciário não aprecia o mérito administrativo: caso a Administração ultrapasse os limites da discricionariedade, o Judiciário poderá anular o ato (jamais convalidar), sem que isso caracterize controle de mérito; uma vez rompidos os limites da lei, o controle passa a ser de legalidade.

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Di Pietro, M. S. Z. Direito Administrativo. 28ª ed. São Paulo: Editora Atlas, 2014.

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Knoplock, G. M. Manual de Direito Administrativo: teoria e questões. 7ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.

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