06. atos administrativos

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atos

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08 de maio de 2009ATOS ADMINISTRATIVOS

INTRODUO

Fatos so acontecimentos cotidianos que acontecem no mundo em que vivemos. Exemplo: nascimento de uma pessoa. Mas, quando este acontecimento atinge a rbita jurdica ele ganha o status de fato jurdico. Exemplo: do nascimento surge uma nova personalidade, que ter filiao, possuir direitos, se submeter a deveres.Dentro da rbita do direito, se o acontecimento atingir mais especificamente a seara do direito administrativo, se estar diante do fato administrativo. Exemplo: falecimento de um servidor pblico um fato administrativo. Extingue-se a relao do servidor com o Estado, abre-se a vaga do cargo, e em conseqncia um concurso pblico dever ser realizado para o preenchimento dele.Diferentemente do fato, o ato essencialmente uma manifestao de vontade. Exemplo: duas pessoas voluntariamente se casam. E, se esta exposio da vontade atingir a rbita do direito, esta manifestao de vontade ser chamada de ato jurdico. Exemplo: pessoa quer adquirir uma casa e celebra um contrato de compra e venda.Mudando o exemplo, sendo o Estado o sujeito que manifesta a vontade de adquirir uma casa, dever produzir este ente o ato da desapropriao. Neste caso, o ato de vontade atinge mais especialmente a seara do direito administrativo, sendo caracterizado como um ato administrativo.

FATOS E ATOS DO ESTADO/DA ADMINISTRAO

Todo ato praticado pelo Estado um ato administrativo? Nem todos os atos produzidos pelo Estado so considerados como atos administrativos. Existe categoria diversa de acontecimentos que no so caracterizados como atos administrativos.

Atos ajurdicos, denominados por Digenes Gasparini, so tambm conhecidos como fatos administrativos que se caracterizam por serem condutas materiais da administrao pblica, e por no conter qualquer manifestao de vontade, mas sendo na verdade meros trabalhos dos agentes pblicos (exemplo: aulas ministradas por um professor em uma escola pblica; dirigir um veculo da administrao, uma ambulncia; um ofcio digitado pela secretria). Apesar destas condutas no gerarem efeitos especficos, no significa que no possam gerar direitos. VERDADEIRO.Professora Fernanda Marinela diz que o simples dirigir, o simples digitar, o simples lecionar no manifesta vontade. Estas condutas so meros atos materiais, so acontecimentos, fatos desprovidos de vontade, sem qualquer contedo decisrio. E estes atos materiais geram sim direitos, no especficos, no obstante existirem outros direitos envolvidos. Exemplos: no caso do servidor que conduz o veculo da administrao, ultrapassar um sinal vermelho e depois colidir em um carro particular; de sua conduta (fato administrativo) advir para o lesado um direito indenizao decorrente do prejuzo; enquanto a secretria digita o ofcio (fato jurdico), est gerando o seu direito de ao final do ms auferir sua remunerao; etc.Estas condutas ajurdicas ou fatos administrativos no possuem finalidade prpria (vontade).

Se quem pratica o ato a administrao, ento este ato chamado de ato da administrao. ela quem manifesta a vontade na edio destes atos. Pode ser um ato regido pelo direito pblico ou pelo direito privado.

Todos os atos administrativos so praticados pela administrao? NO, existem atos administrativos que so produzidos fora da administrao pblica. Exemplo: ato de cortar a energia eltrica, por uma concessionria, empresa de direito privado, tambm considerado um ato administrativo regido pelo direito pblico.

Atos administrativosAtos da administraoOs atos da administrao, regidos pelo direito pblico so chamados de ATOS ADMINISTRATIVOS.Sero abordadas neste estudo apenas as caractersticas dos atos administrativos, ou seja, os atos realizados dentro ou fora da administrao que so regidos pelo direito pblico. Os atos da administrao regidos pelo direito privado so tratados pelo direito civil.

CONCEITO DE ATO ADMINISTRATIVO

Ato administrativo a manifestao de vontade do Estado ou de quem o represente (concessionrias e permissionrias) que tem o condo de criar, modificar ou extinguir direitos, sempre perseguindo o interesse pblico.Esta manifestao de vontade, por perseguir sempre o interesse pblico, dever ser regida pelo regime jurdico pblico.O ato administrativo est na base da pirmide do ordenamento jurdico, complementando a ordem legislativa. Todo ato administrativo passar pelo controle de legalidade do poder judicirio.Este conceito acima dado conceito amplo de ato administrativo, que consegue abarcar praticamente todos os atos administrativos. Pode ser o ato punitivo, complementar, geral, individual, etc.Hely Lopes Meirelles faz a diferenciao do conceito de ato administrativo em sentido estrito, dizendo o ato administrativo possuir duas caractersticas essenciais: concretude e unilateralidade.S ato administrativo em sentido estrito o ato que seja unilateral e concreto. Para Hely Lopes Meirelles, contratos (bilaterais), atos exercidos no poder regulamentar (abstratos), entre outros, no so considerados como atos administrativos em sentido estrito.

ELEMENTOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS Aqui sero expostos os elementos dos atos administrativos da doutrina majoritria. Mas, a doutrina minoritria, a exemplo de Celso Antonio Bandeira de Mello, ser exposta em certos tpicos (ver material de apoio com a comparao ainda no colocaram no site o esquema comparativo). A doutrina majoritria chama de elementos ou requisitos de validade do ato administrativo. H utilizao dos requisitos da lei da ao popular (art. 2, lei 4717/1965), que enumera as condies de validade: forma, motivo, finalidade, objeto e competncia. Art. 2, lei 4717/1965 - So nulos os atos lesivos ao patrimnio das entidades mencionadas no artigo anterior, nos casos de: a) incompetncia; b) vcio de forma; c) ilegalidade do objeto;d) inexistncia dos motivos;e) desvio de finalidade. Pargrafo nico. Para a conceituao dos casos de nulidade observar-se-o as seguintes normas: a) a incompetncia fica caracterizada quando o ato no se incluir nas atribuies legais do agente que o praticou; b) o vcio de forma consiste na omisso ou na observncia incompleta ou irregular de formalidades indispensveis existncia ou seriedade do ato; c) a ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato importa em violao de lei, regulamento ou outro ato normativo; d) a inexistncia dos motivos se verifica quando a matria de fato ou de direito, em que se fundamenta o ato, materialmente inexistente ou juridicamente inadequada ao resultado obtido; e) o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto, explcita ou implicitamente, na regra de competncia.

DOUTRINA MAJORITRIA

J o doutrinador Celso Antonio Bandeira de Mello diz que nem todos estes requisitos so verdadeiramente elementos do ato administrativo. Para ele, elemento algo indispensvel, como a condio de existncia para o ato jurdico. Menciona o autor apenas o ato jurdico pura e simplesmente. Exemplo: preciso que haja o sujeito capaz que exteriorize a sua vontade para haver um ato jurdico existente.Para que o simples ato jurdico se transforme em ato administrativo, para Celso Antonio, sero necessrios os preenchimentos dos pressupostos de existncia do ato administrativo. Exemplo: assunto da exteriorizao da vontade tem de ser ligada ao direito administrativo; o agente tem de ser um agente pblico porque a exteriorizao no vem de qualquer pessoa.Ademais, outros requisitos devero ser preenchidos depois de que o ato administrativo exista (preenchidos os pressupostos de existncia), devendo ser cumpridos os pressupostos de validade.

1) SUJEITO COMPETENTE/ COMPETNCIA

Para ser sujeito de ato administrativo, o indivduo dever ser o agente pblico, ou seja, dever exercer uma funo pblica. O exerccio da funo pblica poder ser temporrio ou permanente, com ou sem remunerao.O administrador s poder fazer o que a lei o autoriza ou determina. Deste modo, a fonte da competncia para todo sujeito que editar um ato administrativo ser a lei ou a Constituio.Exemplo: compete ao Prefeito do Municpio cuidar dos bens municipais. ele o competente para esta funo. H obrigao para o Prefeito em agir deste modo.O elemento da competncia administrativa possui uma srie de caractersticas, tais como:

1. Obrigatoriedade: H, junto competncia, a obrigao de exerccio do ato administrativo pelo agente pblico.

2. Irrenunciabilidade: como h previso de lei da regra de sua competncia, sendo ele um agente que visa sempre o interesse pblico, dever seguir as suas regras de competncia, sem possibilidade de renunciar delas.

3. Imodificvel: a competncia imodificvel pela vontade do administrador. No pode ele modificar qualquer regra de competncia e conseqentemente o seu exerccio.

4. No admite transao: como no esta competncia ligada ao seu prprio interesse, mas ao interesse da sociedade (interesse pblico) no poder o administrador transacionar sobre as regras de competncia.

5. Imprescritvel: no se pode pensar na configurao da prescrio em virtude do no exerccio da competncia para a edio do ato administrativo.

6. Improrrogvel: no se admite a prorrogao da competncia administrativa em virtude do princpio da legalidade. Se a autoridade no agir do determinado modo que a lei diz editando o ato administrativo, no poder outra autoridade angariar esta competncia no exercida.

Sero permitidas a delegao e a avocao da competncia administrativa. A delegao da competncia administrativa feita apenas de modo excepcional, e desde que seja justificada. A avocao tambm possvel, mas do mesmo modo que a delegao dever ser realizada de modo excepcional e tambm sempre que justificada.

Art. 11, lei 9784/1999 - A competncia irrenuncivel (regra) e se exerce pelos rgos administrativos a que foi atribuda como prpria, salvo os casos de delegao e avocao legalmente admitidos (excees). Art. 12, lei 9784/1999 - Um rgo administrativo e seu titular podero, se no houver impedimento legal, delegar parte da sua competncia a outros rgos ou titulares, ainda que estes no lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em razo de circunstncias de ndole tcnica, social, econmica, jurdica ou territorial. Pargrafo nico. O disposto no caput deste artigo aplica-se delegao de competncia dos rgos colegiados aos respectivos presidentes. Art. 13, lei 9784/1999 - No podem ser objeto de delegao: I - a edio de atos de carter normativo; II - a deciso de recursos administrativos; III - as matrias de competncia exclusiva do rgo ou autoridade. Art. 14, lei 9784/1999 - O ato de delegao e sua revogao devero ser publicados no meio oficial. 1o O ato de delegao especificar as matrias e poderes transferidos, os limites da atuao do delegado, a durao e os objetivos da delegao e o recurso cabvel, podendo conter ressalva de exerccio da atribuio delegada. 2o O ato de delegao revogvel a qualquer tempo pela autoridade delegante. 3o As decises adotadas por delegao devem mencionar explicitamente esta qualidade e considerar-se-o editadas pelo delegado. Art. 15, lei 9784/1999 - Ser permitida, em carter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados, a avocao temporria de competncia atribuda a rgo hierarquicamente inferior.Observao: no sero permitidas as delegaes de certas competncias administrativas (art. 13, lei 9784/1999), tais como:

a) Competncia exclusiva para a autoridade exercer alguma funo;b) Competncia para editar atos normativos;c) Competncia para a deciso e recurso dos atos administrativos.

2) FORMA

O ato administrativo dever obedecer a forma prevista em lei. O ato, como manifestao de vontade, dever ser exteriorizado. A exteriorizao da vontade de um ato administrativo tem de obedecer algumas formalidades especficas.Para os atos administrativos, em conseqncia deste elemento, valer o princpio da solenidade das formas. Nada mais que o cumprimento das formalidades especficas pelo ato administrativo.

possvel no Brasil ato administrativo verbal? Em regra, os atos administrativos so feitos por escrito, seguindo o princpio da solenidade. Exemplo: gestos do guarda de trnsito so caracterizados em um ato administrativo. H previso da lei para os atos administrativos feitos de modo verbal.

E contratos administrativos, podero ser verbais? Dever haver previso legal para tanto, sendo o maior exemplo o do pargrafo nico do art. 60, da lei 8666/1993.

Art.60, lei 8666/1993 -Os contratos e seus aditamentos sero lavrados nas reparties interessadas, as quais mantero arquivo cronolgico dos seus autgrafos e registro sistemtico do seu extrato, salvo os relativos a direitos reais sobre imveis, que se formalizam por instrumento lavrado em cartrio de notas, de tudo juntando-se cpia no processo que lhe deu origem.

Pargrafonico. nulo e de nenhum efeito o contrato verbal com a Administrao (regra), salvo o de pequenas compras de pronto pagamento (pronta entrega), assim entendidas aquelas de valor no superior a 5% (cinco por cento)do limite estabelecido no art. 23, inciso II, alnea "a" desta Lei, feitas em regime de adiantamento.

A falta de resposta, o silncio da administrao, significa o qu? Significa um nada jurdico, no corresponde a uma resposta positiva ou negativa. Mas, se a lei disser que a falta de resposta corresponder a determinado efeito, deste modo, segundo a lei que ser aplicada a disposio do silncio da administrao.

possvel ir at ao judicirio pedir que se resolva a questo que ficou sem resposta dada pela administrao? Sim, possvel, impetrando-se um mandado de segurana, baseado o mandamus no direito lquido e certo de petio.

E o Juiz poder julgar sobre a questo administrativa? O Juiz no poder, para a maioria da doutrina, substituir a resposta do administrador, no entanto, poder determinar um prazo para que a administrao d a resposta sobre a questo para o particular.

Observao: alguns doutrinadores, a exemplo de Celso Antonio Bandeira de Mello, dizem que em se tratando de um ato vinculado, havendo a mera conferncia de requisitos, o Juiz poderia verific-los para de pronto resolver a questo administrativa.

O ato administrativo resultado de um processo administrativo, do mesmo modo que a sentena em decorrncia de um processo judicial. Exemplo: ato de demisso decorre de um processo administrativo disciplinar.O processo administrativo prvio condio de forma para o ato administrativo. E no poder ser um processo qualquer, dever segundo o STF ser um processo constitucional, obedecido o contraditrio e a ampla defesa. Mas o processo administrativo pode ter mitigado o contraditrio e a ampla defesa se houver urgncia. O processo deve ocorrer, mas de forma resumida (STF).O processo, nada mais , que um mecanismo de documentao do ato administrativo. Serve ele tambm para legitimar a conduta do administrador. Exemplo: emergncia que culmina na dispensa de licitao dever estar descrita no processo administrativo para legitimar/fundamentar a conduta do administrador.A doutrina majoritria tambm inclui como forma do ato administrativo o dever de motivao. Motivao, nada mais que a justificao, a fundamentao para a prtica do ato. o raciocnio lgico que decorre na tomada de deciso do administrador. Motivao a correlao lgica entre os elementos do ato e a previso legal.

A motivao, em regra, obrigatria. VERDADEIRO, para a maioria da doutrina e tambm para o STF.

O dever de motivar os atos administrativos encontra-se consagrado de forma implcita ou explcita na Constituio Federal? E h previso da motivao na lei infraconstitucional?Jos dos Santos Carvalho Filho diz que a motivao no obrigatria para os atos administrativos. Diz o doutrinador que, o constituinte e o legislador quando quis, expressamente disps no art. 93, IX, CF e tambm no art. 50, lei 9784/1999 quais atos em que a motivao se faria obrigatria. No estendeu esta regra a todos os atos administrativos.

Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, dispor sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princpios:(...)IX todos os julgamentos dos rgos do Poder Judicirio sero pblicos, e fundamentadas todas as decises, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presena, em determinados atos, s prprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservao do direito intimidade do interessado no sigilo no prejudique o interesse pblico informao; (Redao dada pela Emenda Constitucional n 45, de 2004) ()

Art. 50, lei 9784/1999 - Os atos administrativos devero ser motivados, com indicao dos fatos e dos fundamentos jurdicos, quando: I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanes; III - decidam processos administrativos de concurso ou seleo pblica; IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatrio; V - decidam recursos administrativos; VI - decorram de reexame de ofcio; VII - deixem de aplicar jurisprudncia firmada sobre a questo ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatrios oficiais; VIII - importem anulao, revogao, suspenso ou convalidao de ato administrativo. 1o A motivao deve ser explcita, clara e congruente, podendo consistir em declarao de concordncia com fundamentos de anteriores pareceres, informaes, decises ou propostas, que, neste caso, sero parte integrante do ato. 2o Na soluo de vrios assuntos da mesma natureza, pode ser utilizado meio mecnico que reproduza os fundamentos das decises, desde que no prejudique direito ou garantia dos interessados. 3o A motivao das decises de rgos colegiados e comisses ou de decises orais constar da respectiva ata ou de termo escrito.

Mas, a maioria da doutrina diz que os atos administrativos praticados pelo Poder Judicirio devem ser motivados e a regra est explcita na Constituio, no art. 93, IX, CF. Para os demais atos administrativos, do Poder Executivo e do Poder Legislativo, esta obrigatoriedade da motivao para os seus atos encontra-se de forma implcita na Constituio.A doutrina majoritria diz que o prprio art. 93, IX, CF serve como argumento: se o prprio Poder Judicirio edita seus atos administrativos fundamentados por exceo, mais ainda dever haver preenchimento da motivao para os atos administrativos dos rgos que tipicamente fazem a edio destes atos, especialmente no Poder Executivo. Se quem edita os atos administrativos por exceo deve fundament-los, mais ainda dever acompanhar os motivos dos atos de quem os edita tipicamente.O dono/titular de todo poder, segundo a Constituio Federal o povo. justo que o povo tome contato com as razes e os motivos, ou seja, os fundamentos que levaram as autoridades a editar os atos administrativos de seu interesse. H disposio no art. 1, p. nico, CF.Tambm no art. 1, II, CF h meno cidadania que dever ser garantia e exercitada por todos. A doutrina diz que tambm est um argumento para a necessidade de fundamentao a garantia de cidadania para que cada pessoa do povo, que dever saber dos fundamentos dos atos administrativos.

Art. 1 A Repblica Federativa do Brasil, formada pela unio indissolvel dos Estados e Municpios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrtico de Direito e tem como fundamentos:I - a soberania;II - a cidadania;III - a dignidade da pessoa humana;IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;V - o pluralismo poltico.Pargrafo nico. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituio.

A doutrina indica tambm dois incisos dentro do art. 5, CF que carregam implicitamente este dever de motivao dado quanto aos atos administrativos editados pelo Poder Executivo e pelo Poder Legislativo:

Art. 5, CF(...)XXXIII - todos tm direito a receber dos rgos pblicos informaes de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que sero prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindvel segurana da sociedade e do Estado (garantia do dever de informao); (Regulamento)(...)XXXV - a lei no excluir da apreciao do Poder Judicirio leso ou ameaa a direito (a apreciao feita pelo poder Judicirio dever ser fundamentada por razo do art. 93, IX, CF); (...)

Na norma infraconstitucional h meno expressa sobre a regra de motivao, junto ao rol de princpios do art. 2, lei 9784/1999. Para o rol dos atos administrativos trazidos pelo art. 50, da lei 9784/1999, segundo a doutrina est obrigatria a fundamentao/motivao. E esta lista to abrangente que todos os atos administrativos esto inseridos na lista (artigo logo acima transcrito).

Art. 2o, lei 9784/1999 - A Administrao Pblica obedecer, dentre outros, aos princpios da legalidade, finalidade, motivao, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditrio, segurana jurdica, interesse pblico e eficincia. (...)

A doutrina diz que a motivao dever ser feita antes ou durante a prtica do ato administrativo. No ser possvel que seja dada a motivao supervenientemente.

Todo defeito de forma compromete a validade do ato. FALSO. Existem trs espcies de vcios de forma dentro de um ato administrativo, que possuem conseqncias diferenciadas:

3) MOTIVO

Motivo um elemento objetivo, onde se indica o fato e o fundamento jurdico do ato administrativo. J a motivao a indicao do fundamento, como j visto anteriormente, e um elemento da forma do ato administrativo.Exemplo 1: poder pblico pode fechar uma empresa poluente atravs de um ato administrativo. Poluio o motivo para que se feche a empresa.Exemplo 2: ordem de dissoluo de passeata tumultuosa. O motivo o tumulto que gera esta passeata.Exemplo 3: ato de demisso dado no motivo da prtica de uma infrao funcional grave pelo servidor pblico.Exemplo 4: ato de remoo do servidor. Forma de deslocamento baseado no motivo para a necessidade do servio daquele servidor especfico.Para que o motivo seja um motivo legal, ele precisar obedecer legalidade junto ao motivo exposto pelo administrador. O motivo legal deve obedecer a trs condies:

a. Motivo verdadeiro;

Mesmo que o administrador d motivo quando no precisaria (exonerao ad nutum do servidor em comisso), dever este motivo ser verdadeiro, nunca sendo dado um motivo falso.

b. Motivo compatvel com o motivo previsto em lei

Alm de verdadeiro, o motivo dever ser compatvel com o que est previsto em lei. Dever haver compatibilidade entre o motivo declarado e o motivo dado pela lei. Exemplo: no possvel que seja aplicada a demisso com motivo da prtica da infrao leve.

c. Motivo compatvel com o resultado do ato

O motivo declarado pelo administrador dever ser compatvel com o resultado disposto em lei.

TEORIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES

Esta teoria diz que uma vez declarado o motivo, o administrador dever obedec-lo at o final. Vincula o administrador aos motivos declarados. Mesmo que o ato necessariamente no precise de motivao (exemplo: demisso ad nutum), se vier o administrador a declar-lo, dever cumpri-lo at o final.Para aplicar a teoria dos motivos determinantes preciso que este motivo seja legal, verdadeiro e compatvel com o resultado do ato. Se o motivo declarado for ilegal, no preciso que seja obedecida a teoria dos motivos determinantes.Poder pblico desapropria imvel para construir um hospital. Mas, depois resolve construir uma escola um instituto autorizado e chamado de TREDESTINAO. Ser possvel a mudana de motivo que enseja o ato desde que seja mantido o motivo de interesse pblico. uma mudana de motivo legal e autorizada, no comprometendo a teoria dos motivos determinantes.

4) OBJETO

Objeto o resultado prtico do ato administrativo. o que o ato faz em si mesmo. Exemplos: dissoluo de passeata tumultuosa. Objeto a dissoluo. Concesso de aposentadoria. Objeto a concesso.Para que cumpra as exigncias legais, o objeto dever ser lcito, possvel e determinado. O objeto lcito para o direito administrativo analisado sob o vrtice da subordinao lei. No basta no estar proibido para que possa ser efetuado o ato, como ocorre no direito civil, mas dever o objeto lcito estar previsto em lei.Objeto possvel o objeto faticamente possvel. Exemplo: falecendo o administrador, o vnculo se extingue e ele no ser promovido, por ser faticamente possvel.Objeto determinado o objeto claro e preciso. Exemplo: deve-se indicar o servidor pblico que ser promovido; deve-se indicar determinadamente a propriedade que sofrer a desapropriao.

25 de maio de 2009

5) FINALIDADE

Finalidade do ato administrativo corresponde ao ato de proteo, isto , ao ato que culminar na satisfao de interesse do poder pblico. Sempre se quer proteger com a edio de um ato administrativo uma razo de interesse pblico.Todo ato administrativo possui uma finalidade de interesse pblico. Mas, so diferentes as razes de cada ato.Exemplo: passeata tumultuosa.

Passeata tumultuosa

Caso o ato administrativo seja praticado com outra finalidade, que no a voltada para o interesse pblico, haver configurao do vcio do desvio de finalidade. O desvio um defeito, um vcio, junto finalidade, elemento do ato administrativo.O desvio de finalidade vcio ideolgico, vcio subjetivo, defeito ligado vontade do autor do ato administrativo.

(CESPE) Desvio de finalidade vcio no motivo e na finalidade. VERDADEIRO. Na maioria das vezes, o desvio de finalidade configura vcio na finalidade, mas tambm vcio no motivo, por estar o administrador mentindo dentro deste requisito para adequar sua fundamentao finalidade que ele gostaria. muito difcil comprovar na prtica o desvio de finalidade por esta razo, pela conduta do administrador em mentir, encobrindo as reais razes da edio do ato administrativo.

A finalidade um elemento vinculado ou discricionrio dentro dos atos administrativos? O quadro abaixo estabelece as diferenciaes entre os elementos do ato administrativo:

CRITRIOSATO VINCULADOATO DISCRICIONRIO

ConceitoQuando preenchidos os requisitos legais de certa situao, o administrador obrigado a praticar o ato. Ele vinculado a praticar o ato. No h verificao de convenincia, oportunidade, juzo de valor ou qualquer margem de liberdade para o exercente da atividade pblica.No ato discricionrio existe a observncia dos critrios da convenincia e da oportunidade, isto , o juzo de valor realizado por parte do administrador. O exerccio discricionrio tem de ser praticado nos limites da lei. Toda a liberdade e o juzo de valor devem obedecer aos liames legais. Normalmente o legislador apresenta alternativas na letra da lei, haver uma margem de manobra por parte do administrador.

CompetnciaVinculadaVinculada

FormaVinculada*Vinculada*

MotivoVinculadoDiscricionrio

ObjetoVinculadoDiscricionrio

FinalidadeVinculado*Vinculado*

Exemplo de ato vinculado: concesso de aposentadoria de servidor pblico, com 60 anos de idade e 35 de contribuio (motivos/requisitos) e conseqente determinao da aposentadoria (objeto do ato de concesso da aposentadoria). Neste caso, tanto o motivo quanto o objeto so vinculados. Preenchidos os requisitos, o administrador obrigado a conceder a aposentadoria, vinculadamente. No ato vinculado, tanto o objeto quanto o motivo dever ser vinculado.

Exemplo de ato discricionrio: no pedido dirigido para a Prefeitura de uso de bem pblico, requerido pelo particular para colocar mesas na calada de seu bar. O administrador dever analisar se a rua perigosa ou no ( discricionrio o motivo) e o deferimento ou o indeferimento (objeto discricionrio) tambm variar discricionariamente de acordo com a constatao do motivo. No ato discricionrio, seguindo este exemplo, tanto o objeto quanto o motivo so elementos discricionrios.

Onde est a discricionariedade do ato administrativo discricionrio? Est no MRITO DO ATO ADMINISTRATIVO; isto , mrito a juno dos elementos motivo e objeto. Mrito a discricionariedade, a convenincia e a oportunidade (convenincia do administrador em praticar o ato).

Mrito do ato administrativo o motivo e o objeto. FALSO. Mrito a discricionariedade do administrador, a sua liberdade, seu juzo de valor. Mas, o mrito do ato administrativo se encontra dentro do motivo e do objeto. Mas os conceitos no so coincidentes.

No pode ser revisto pelo Poder JudicirioMRITO EST DENTRO DESTES ELEMENTOS

O poder judicirio pode rever o mrito do ato administrativo. FALSO. O Poder Judicirio poder rever a legalidade, em sentido amplo (observncia da lei e dos princpios administrativos), do ato administrativo.

Quando o Poder Judicirio faz o controle de proporcionalidade ou de razoabilidade dentro do ato administrativo, acaba por atingir o mrito, ou seja, a liberdade do administrador. Por vias tortas, acaba fazendo o controle de mrito. Mas, tecnicamente este controle guiado pela observncia dos princpios na verdade um controle de legalidade em sentido amplo.O Poder Judicirio pode rever o motivo e o objeto do ato administrativo? Se o ato for vinculado poder claramente fazer o controle de legalidade de seu motivo e de seu objeto; e no ato discricionrio, o motivo e o objeto podero ser controlados se forem considerados como ilegais. A discricionariedade deve obedecer aos limites da lei. Se desrespeitados estes limites legais, o Poder Judicirio poder fazer o controle de legalidade em sentido amplo.

*Observao: A doutrina reconhece que a regra de que os elementos forma e finalidade devam ser vinculados tanto para atos vinculados como para atos discricionrios (vide quadro acima). Mas, excepcionalmente sero considerados elementos discricionrios, quando a lei instituir a discricionariedade do elemento. Exemplo: art. 62, lei 8666/1993 possui a previso de que, quando for a modalidade de licitao convite, haver discricionariedade, para o administrador realizar a contratao administrativa:

Art.62, lei 8666/1993 -O instrumento de contrato obrigatrio nos casos de concorrncia e de tomada de preos, bem como nas dispensas e inexigibilidades cujos preos estejam compreendidos nos limites destas duas modalidades de licitao, e facultativo nos demais em que a Administrao puder substitu-lo por outros instrumentos hbeis (na modalidade de licitao convite), tais como carta-contrato, nota de empenho de despesa, autorizao de compra ou ordem de execuo de servio.

ATRIBUTOS DO ATO ADMINISTRATIVO

1) PRESUNO DE LEGITIMIDADE

A presuno de legitimidade para o ato administrativo corresponde ao preenchimento da legalidade e da veracidade. Desta forma, o ato obedece moral, lei e verdade.At que se prove o contrrio, o ato est compatvel com a moralidade, com a legalidade e com a verdade. Por este modo, a presuno relativa, ou tambm chamada de iuris tantum, podendo o ato ser questionado e a presuno de legitimidade conseqentemente afastada.

A quem cabe o nus da prova? Normalmente o nus da prova do administrado. Em regra, o nus da prova caber a quem alega, mas na seara do direito administrativo e de seus atos, provavelmente o nus do administrado.

Qual a conseqncia prtica da presuno de legitimidade dos atos administrativos? a aplicao imediata do ato administrativo, at que se prove contrariamente que o ato administrativo desviado.

2) AUTO-EXECUTORIEDADE

Este segundo atributo da auto-executoriedade conseqncia do primeiro, da presuno de legalidade do ato administrativo. Pela auto-executoriedade entende-se que o administrador pode executar seu ato administrativo sem que haja a autorizao ou controle do Poder Judicirio.O controle do Poder Judicirio poder ocorrer, mas a regra de que a execuo do ato acontea sem qualquer condicionamento deste rgo.

Todo ato executivo auto-executvel. FALSO. Exemplo: sano pecuniria. Se o poder pblico impe uma multa ao particular (exige a multa), e este no paga, no poder a administrao de pronto penhorar os bens do administrado para executar sua multa no paga. Neste caso dever buscar o auxlio do Judicirio.

So elementos da auto-executoriedade para a doutrina majoritria de direito administrativo:

a) Exigibilidade: possibilidade de decidir sem a interferncia do poder judicirio. A doutrina diz que todo ato administrativo tem o poder de exigibilidade. Exemplo: poder pblico pode impor sua multa administrativa.- coero indireta

b) Executoriedade: uma vez tomada a deciso, o poder pblico ir executar seu ato administrativo. Neste caso, no poder executar o particular como bem entender. Exemplo: no pode executar o particular que no paga a multa sem a interferncia do judicirio. coero direta

Observao: So excees, em que os atos administrativos sero passveis de executoriedade sem que necessariamente exista a presena do Poder Judicirio, quando houver:

1. Previso em lei;2. Urgncia.

Desta forma, todo ato possui exigibilidade (poder de deciso para a edio do ato administrativo), mas, nem todo ato administrativo possui executoriedade sem a presena do Poder Judicirio.

Alguns doutrinadores chegam a afirmar que o atributo da auto-executoridade corresponderia liberdade de forma. Mas no uma afirmao verdadeira. A auto-executoriedade libera da condio da presena do Poder Judicirio, mas no libera da observncia das formalidades exigidas por lei.

O poder pblico est desconfiado que o ato administrativo no ser cumprido pelo particular; poder o poder pblico requisitar o poder da polcia? Professora Fernanda Marinella diz que no h consenso na doutrina, mas a maioria entende que o poder administrativo poder requisitar o poder de polcia, mas que no poder realizar a executoriedade de seu ato como bem entender.

3) IMPERATIVIDADE

A imperatividade a obrigatoriedade, a coercibilidade do ato administrativo.

Todo ato administrativo goza de imperatividade. FALSO. Nem todo ato administrativo dotado de imperatividade; no possuem o atributo da imperatividade os atestados e as certides (atos enunciativos, sem carga decisria, certificam e atestam uma situao j existente). Existem atos que no constituem obrigaes, no possuem esta fora de imperatividade.

4) TIPICIDADE

Atributo formulado por Maria Sylvia di Pietro e consagrado posteriormente pela doutrina. Cada ato administrativo tem uma aplicao determinada. Exemplo: no se pode impor uma advertncia para o servidor para o caso do cometimento de uma infrao grave.Cada ato administrativo corresponde a uma situao concreta, a uma aplicao determinada, uma utilizao especfica. Exemplo: no possvel que se utilize do ato de revogao para terminar com um ato ilegal; e nem o ato de anulao para um ato inconveniente.

CLASSIFICAO DE ATOS ADMINISTRATIVOS

Existem muitos critrios de classificao, especialmente para atos administrativos. Aqui sero estudadas as classificaes que mais aparecem em concurso:

A) ATOS ADMINISTRATIVOS QUANTO AOS DESTINATRIOS

1. Ato Geral

Ato geral o ato erga omnes, atinge a todos aqueles que esto na mesma situao. O destinatrio indeterminado. Exemplo: controle de velocidade por radar em uma avenida.

2. Ato Individual ou Especfico

O ato individual ou especfico atinge uma determinada pessoa que ser atingida pelo ato administrativo editado. Exemplo: tombamento de imvel determinado, atingindo determinadamente o dono do imvel.

2.1) Ato individual singular: atinge apenas uma pessoa determinada o ato administrativo. Exemplo: nomeao de um particular para assumir um cargo do servio pblico.

2.2) Ato individual plrimo: o ato que atinge mais de um particular, determinadamente. Existem vrios destinados determinados. Exemplo: tombamento de todo um bairro, atingindo vrios donos das casas envolvidas.

B) ATOS ADMINISTRATIVOS QUANTO AO ALCANCE

1. Ato Interno

Ato administrativo interno aquele que produz efeitos somente dentro da administrao, dentro de um rgo, uma repartio. Exemplo: circular que veicula a determinao do uniforme que ser utilizado pelos servidores da repartio.

2. Ato Externo

o ato administrativo que atinge indivduos fora da administrao, mas tambm dispe que internamente ser atingida a administrao. Exemplo: modificao do horrio de funcionamento da repartio. Atinge tanto o horrio de trabalho dos servidores como o horrio para o atendimento dos particulares.

C) ATOS ADMINISTRATIVOS QUANTO AO GRAU DE LIBERDADE

1. Ato Vinculado2. Ato Discricionrio

D) ATOS ADMINISTRATIVOS QUANTO FORMAO

1. Ato Simples

o ato que j est perfeito, acabado e produzindo efeitos. o ato proveniente de uma nica manifestao de vontade.

2. Ato Composto

Depende de mais de uma manifestao de vontade. Duas manifestaes, sendo a primeira vontade principal e a segunda vontade secundria; sendo ambas ocorridas dentro do mesmo rgo. Exemplo: atos que dependem da confirmao do chefe, realizados pelo subordinado. Em geral, os atos de ratificao, de visto, de confirmao.

3. Ato Complexo

Depende de mais de uma manifestao de vontade. Esto as duas vontades em mesmo patamar de igualdade, com mesma fora, embora ocorram em rgos diferentes. Exemplo: Presidente da Repblica (rgo executivo) nomeia dirigente de agncia reguladora, mas ter este ato somente se completado com a prvia aprovao do Senado Federal (rgo legislativo).

MODALIDADES DE ATO ADMINISTRATIVO

A) ATO NORMATIVO

Ato normativo aquele que vai regulamentar ou disciplinar, complementando a previso legal, buscando a sua fiel execuo. exerccio de qual dos poderes da administrao? Corresponde ao exerccio do poder normativo ou regulamentar, mas tambm possvel que sejam editados atos normativos no exerccio do poder de polcia.

B) ATO ORDINATRIO

Ato ordinatrio aquele que vai organizar, estruturar, escalonar os quadros da administrao. exerccio de qual dos poderes da administrao? o ato ordinatrio o exerccio do poder hierrquico.

C) ATO ENUNCIATIVO

O ato enunciativo no decide nada; ele apenas certifica, atesta, emite opinio, mas nunca possui contedo decisrio. Exemplo de atos enunciativos: certido, atestado e parecer.Os pareceres so atos administrativos de administrao consultiva (editados quando utilizada a via de consulta). Se a lei conferir carter obrigatrio ao parecer e a deciso precisar se basear em regras tcnicas para sua fundamentao - a autoridade que vai julgar fica vinculada ao parecer? Exemplo: na licitao, na elaborao do edital h previso para que seja emitido um parecer. Mas a comisso licitante no concorda com o parecer. Para a maioria da doutrina, ao emitir a opinio, no vincula a autoridade, nem a deciso que ser dada por ela. Via de regra o parecer no vincula, mesmo que seja sua apresentao obrigatria. O parecer apenas uma orientao, uma opinio. D) ATO NEGOCIAL

O ato negocial aquele que apresenta uma coincidncia de vontades entre a vontade do poder pblico e a vontade do particular. No significa necessariamente que com a conjugao de vontades firmou-se um negcio jurdico. Exemplos de atos negociais: permisso, autorizao, licena; so atos unilaterais e no bilaterais e no so considerados como negcios jurdicos (que pressupe ato bilateral).

E) ATO PUNITIVO

Ato punitivo aquele que tem em seu contedo uma pena, uma punio. exerccio de qual dos poderes da administrao? Poder disciplinar edita atos punitivos, mas podem tambm ser editados no exerccio do poder de polcia.

FORMAO, VALIDADE E EFICCIA DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

1. ATO PERFEITO

O ato administrativo ser perfeito quando j percorreu todo seu ciclo de formao. Ex: nomeao de dirigente de agncia reguladora. O Senado Federal se manifesta, o Presidente da Repblica se manifesta e o ato se torna perfeito. No interessa se preencheu ou no requisitos. Basta ter concludo, percorrido seu ciclo de formao.Para Hely Lopes esse ato perfeito diferente, o ato que no tem qualquer defeito. Hoje, inclusive para a doutrina moderna, o ato perfeito aquele que concluiu o seu ciclo de formao.

2. ATO VLIDO

O ato vlido quando preencheu os requisitos requeridos pela lei. Significa que atendeu s condies de validade para a edio do ato administrativo.

3. ATO INEFICAZ

H eficcia quando existe a condio para a produo de efeitos do ato administrativo. O ato eficaz quando est pronto para produzir efeitos.

possvel que seja o ato administrativo perfeito, vlido e ineficaz? SIM. Exemplo de ato vlido, perfeito e ineficaz: art. 61, p. nico, da lei 8666/1993 publicao a condio de eficcia do contrato. Desta forma, um contrato administrativo pode ser perfeito (quando cumpriu a sua trajetria), ser vlido (quando cumpriu os seus requisitos) mas, no ser eficaz enquanto no for publicado.

Art. 61, lei 8666/1993Pargrafonico.A publicao resumida do instrumento de contrato ou de seus aditamentos na imprensa oficial, que condio indispensvel para sua eficcia, ser providenciada pela Administrao at o quinto dia til do ms seguinte ao de sua assinatura, para ocorrer no prazo de vinte dias daquela data, qualquer que seja o seu valor, ainda que sem nus, ressalvado o disposto no art. 26 desta Lei. (Redao dada pela Lei n 8.883, de 1994)

possvel que seja o ato administrativo perfeito, invlido e eficaz? SIM. Exemplo: no caso de o Poder Pblico nomear particular para um cargo de Juiz sem que ele tenha prestado concurso pblico. Particular assume o cargo, pratica atos em virtude deste ato, recebe salrio por eles. At serem declarados como invlidos, reconhecida a ilegalidade de seus atos e de sua nomeao, os atos produzem efeitos at a declarao de invalidade. um ato que no cumpre os requisitos legais de investidura de cargo, mas produz efeitos, enquanto perfeito, at que seja declarada a sua invalidade.

E tambm possvel que seja o ato administrativo perfeito, invlido e ineficaz? SIM. Exemplo: quando o administrador assina o contrato administrativo sem licitao (no percorreu o caminho e os requisitos sendo, portanto, invlido) e tambm no publicou o contrato para que fossem os efeitos surtidos (sendo ele tambm ineficaz).

Efeitos do ato administrativo

Dentro de um mesmo ato administrativo possvel que sejam produzidos tanto efeitos tpicos como efeitos atpicos. a) Efeitos tpicos

O efeito principal o efeito tpico do ato administrativo. So os efeitos esperados e desejados pela administrao quando da edio do ato administrativo. Exemplo: na investidura de um servidor, o efeito tpico o preenchimento de cargo; na demisso do servidor, o efeito tpico a vacncia do cargo.

b) Efeitos atpicos

Mas, o ato administrativo tambm produzir juntamente com os efeitos tpicos tambm seus efeitos atpicos. Os efeitos atpicos podero ser sub-divididos em efeitos atpicos reflexos/secundrios e efeitos atpicos preliminares/ prodrmicos.

b.1) Efeitos atpicos reflexos/secundrios

O efeito atpico reflexo/secundrio atinge terceiros sem que haja a vontade do Estado em proceder deste modo. o efeito secundrio, que no esperado e nem desejado pela administrao.Exemplo: desapropriao pelo poder pblico do imvel de Jos. Mas, Jos tinha locado o seu imvel para Maria por muito tempo. Quando o Estado desapropria o imvel do Jos, o objeto principal era atingir Jos, o efeito tpico era da desapropriao do imvel. Mas, a desapropriao atinge tambm Maria, indiretamente, mesmo sem o Estado querer. E a acontece o efeito atpico do ato administrativo.

b.2) Efeitos atpicos preliminares/prodrmicos Mas possvel que o efeito atpico seja preliminar. Exemplo: nomeao de dirigente de agncia reguladora pr-aprovao do Senado Federal e nomeao do Presidente da Repblica do indicado. A perfeio ocorre depois da manifestao do Chefe do Executivo.

O Presidente da Repblica ter de se manifestar sobre a escolha do Senado Federal? Surge para o Presidente a obrigao de manifestar-se sobre a aprovao ou no sobre a indicao feita pelo Senado Federal. Acontece esta manifestao antes da perfeio do ato de nomeao do dirigente. E um efeito atpico preliminar.

Manifestao do Presidente (efeito atpico)

Preenchimento do cargo (efeito tpico)

O ato estar perfeito com as duas manifestaes de vontade dadas. Tudo o que acontecer antes do aperfeioamento do ato administrativo chamado de efeito atpico preliminar. Esta obrigao de manifestao ocorre no ato composto e no ato complexo, segundo a doutrina. Mas ocorre de modo muito mais aparente no aperfeioamento de atos complexos.O efeito atpico preliminar possui o sinnimo de EFEITO PRODRMICO (baseado na doutrina de Celso Antonio Bandeira de Mello).

Os efeitos prodrmicos do ato administrativo so espcies de efeitos tpicos do ato. FALSO. Os efeitos prodrmicos so espcies de efeitos atpicos, como visto anteriormente.

Nos atos administrativos podem-se identificar dois efeitos: tpicos e os prodrmicos; os tpicos so aqueles especficos de determinados atos; e os prodrmicos so aqueles contemporneos emanao do ato. VERDADEIRO. Entende-se contemporneo como dentro da trajetria/ dentro do crculo de formao da edio do ato administrativo.

Os efeitos no tpicos que se produzem independentemente da vontade do agente emissor, tambm denominados efeitos prodrmicos, no seriam suprimveis. VERDADEIRO. O efeito prodrmico no pode ser modificado e nem deve/pode ser suprido pelo agente emissor.

EXTINO DE ATOS ADMINISTRATIVOS

1. Cumprimento do objeto ou cumprimento dos efeitos do ato

O cumprimento do objeto ou dos efeitos do ato administrativo ensejar a extino do ato administrativo. Exemplo: trmino de construo da escola pela construtora contratada atravs de um contrato administrativo.

2. Desaparecimento do objeto/sujeito do ato administrativo

Existem alguns exemplos clssicos de desaparecimento do objeto do ato administrativo:

a. Enfiteuse de terrenos de marinha: os terrenos de marinha foram demarcados por volta de 1850. Independente do que ocorre com o mar ou com a mar, o terreno ficou demarcado daquela forma. Se por acaso o mar avanar sobre o terreno onde tinha a casa de um enfiteuta, h extino da enfiteuse por desaparecimento do objeto.

b. Morte do servidor pblico: servidor pblico morre e haver extino da relao, do ato administrativo com a administrao, pelo desaparecimento do sujeito.

3. Renncia

A extino do ato administrativo poder dar-se pela renncia do direito que o embasava. Exemplo: particular fecha seu bar e renuncia sua permisso de uso de bem pblico, do ato administrativo, para colocar cadeiras na calada.

4. Extino por ato do poder pblico

a. Cassao

a retirada de um ato administrativo pelo descumprimento das condies inicialmente nele acordadas. Exemplo: proibio de construo de Motel dentro do Municpio. Se inicialmente o particular acordar com o Poder Pblico para construir um Hotel e posteriormente utilizar o prdio para que seja utilizado como Motel, ter sua licena cassada.

b. Caducidade

Caducidade a retirada do ato administrativo pela supervenincia de uma norma jurdica que com ele incompatvel. Exemplo: Prefeitura concede um local, atravs de uma permisso de uso de bem pblico, destinado instalao de Parques e Circos. Mas, com a supervenincia de um novo plano diretor da cidade, haver impedimento para que a permisso de uso continue persistindo quando incompatvel.

c. Contraposio

Na contraposio existem dois atos administrativos de competncias diferentes e o segundo elimina os direitos do primeiro. Exemplo: ato de nomeao e um segundo ato de demisso/exonerao que elimina os efeitos do primeiro.Diferena da contraposio com a caducidade: Na caducidade h uma lei superveniente que se torna incompatvel com a existncia do ato administrativo; enquanto na contraposio existem dois atos administrativos incompatveis entre si.

d. Anulao

O motivo para retirar um ato administrativo pela anulao repousa em sua ilegalidade. A administrao poder rever o seu ato ilegal. Consistente no princpio da autotutela (vide smulas 346 e 473, STF).

Smula 346, STF - A ADMINISTRAO PBLICA PODE DECLARAR A NULIDADE DOS SEUS PRPRIOS ATOS.

Smula 473, STF - A ADMINISTRAO PODE ANULAR SEUS PRPRIOS ATOS, QUANDO EIVADOS DE VCIOS QUE OS TORNAM ILEGAIS, PORQUE DELES NO SE ORIGINAM DIREITOS; OU REVOG-LOS, POR MOTIVO DE CONVENINCIA OU OPORTUNIDADE, RESPEITADOS OS DIREITOS ADQUIRIDOS, E RESSALVADA, EM TODOS OS CASOS, A APRECIAO JUDICIAL.

O poder judicirio poder anular um ato administrativo? Sim. Poder o poder judicirio fazer um controle de legalidade em sentido amplo (analisado junto s leis e princpios) do ato administrativo.O prazo para que a administrao reveja os seus prprios atos de 05 anos (regramento da anulao e da revogao est nos artigos 53 e seguintes da lei 9784/1999). A lei fala em prazo decadencial quanto a estes 05 anos. A jurisprudncia confirma que prazo decadencial; no entanto a doutrina discute se realmente decadncia.

Art. 54, lei 9784/1999 - O direito da Administrao de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favorveis para os destinatrios decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada m-f. 1o No caso de efeitos patrimoniais contnuos, o prazo de decadncia contar-se- da percepo do primeiro pagamento. 2o Considera-se exerccio do direito de anular qualquer medida de autoridade administrativa que importe impugnao validade do ato.

Para o poder judicirio, em prazo no h tese, para sejam revistos os atos administrativos ilegais.

Precisa este segundo ato ser editado em obedincia s regras do processo administrativo? Sim, para que seja editado este segundo ato administrativo, ainda mais quando incidem efeitos quanto aos direitos dos interessados, devem-se ser cumpridas todas as condies do ato administrativo. A formalidade do processo, quanto ao contraditrio e ampla defesa tambm dever ser observada.

Este ato administrativo de anulao produz efeitos ex nunc ou ex tunc? Geralmente os atos que anulam outros atos produzem efeitos ex tunc, retirando o ato ilegal desde a sua origem.

Mas qual a exceo, quando o ato de anulao produzir efeitos ex nunc? Se o ato para conceder algum direito (efeitos ampliativos), o efeito ser ex tunc; e se o ato para retirar algum direito e prejudicar (efeitos restritivos), o efeito ser ex nunc.

Existem algumas espcies de vcios possveis dentro dos atos administrativos:

1. Mera irregularidade

Se um ato administrativo vlido possui um vcio, sendo ele de mera irregularidade, possuindo problema com forma, ser considerado ainda vlido, por ser um vcio/defeito de padronizao.

2. Vcio sanvel

O vcio ser sanvel quando for o ato administrativo passvel de anulao e de convalidao. Isso quando o defeito for de forma ou de competncia. Com a correo do ato h validao do ato.

3. Vcio insanvel

Se o vcio for insanvel, o ato ser nulo, devendo ser retirado do ordenamento, atravs da anulao do ato administrativo. A anulao um dever do administrador.

Observao: se existem dois princpios na balana, a serem ponderados, deve-se averiguar o caso concreto. Hoje, muitas vezes a legalidade fica prejudicada em nome dos princpios da boa-f e da segurana jurdica.STJ j declarou a ilegalidade, 20 anos depois, de um ato de nomeao dos servidores pblicos. Decidiu-se que o ato no poderia ser anulado, porque a anulao seria mais arriscada: aplica-se a ESTABILIZAO DOS EFEITOS. melhor manter o ato ilegal em nome da segurana jurdica. Melhor manter o ato administrativo. STF no possui posicionamento firme sobre o assunto (ver material de apoio da professora).

e. Revogao

O ato administrativo ser retirado via revogao quando houver inconvenincia que ele permanea. Somente a administrao poder analisar a convenincia de suas decises e de seus atos.

Jamais o poder judicirio poder revogar ato administrativo. FALSO. Se o poder judicirio editar um ato seu administrativo, poder ele revog-lo quando age nesta sua funo atpica.

O poder judicirio pode revogar ato administrativo em sede de controle judicial? NO, neste caso, como o judicirio revendo os atos dos outros, a revogao no permitida para ele.

Quanto tempo possui a administrao para revogar seus atos administrativos? No existe prazo, qualquer limite temporal para que seja feita a revogao dos atos administrativos. Mas, possui a revogao limites materiais, de contedo. No se admite revogao, por exemplo:

a. Ato vinculado (com todos os elementos vinculados). b. Ato que j produziu direito adquirido. c. Atos que j exauriram seus efeitos.

A revogao produz efeitos ex nunc. Com a mudana da convenincia, os efeitos da revogao no retroagiro para a poca de edio do ato administrativo em que havia a convenincia e a oportunidade preenchida.