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Atividade 3ª série

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Page 1: Atividade 3ª série...Minha’alma, meu coração! Que noite, que noite bela! Como é doce a viração! E entre os suspiros do vento Da noite ao mole frescor, Morrer contigo de amor!

Atividade 3ª série

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Link do clipe: https://www.youtube.com/watch?v=2GsBx_SmjOI

VARIABILIDADE LINGUÍSTICA

1. Qual é o tema abordado neste texto? 2. Como pode ser caracterizado o eu poético (ou eu lírico)? Ele é bem-sucedido em suas intenções? Por quê?

3. Embora evidentemente contemporânea, a letra da música apresenta uma importante característica romântica, que é a idealização da mulher.

Indique em que versos é possível observar essa idealização.

4. Na canção, predomina uma linguagem coloquial, em que o eu lírico lança mão de gírias

contemporâneas para se referir à amada: “mina”, “gata”, “musa”, por exemplo. Identifique outras marcas da linguagem coloquial no texto.

Mina do condomínio

Seu Jorge

Tô namorando aquela mina Mas não sei se ela me namora Mina maneira do condomínio Lá do bairro onde moro Seu cabelo me alucina Sua boca me devora Sua voz me ilumina Seu olhar me apavora Me perdi no seu sorriso Nem preciso me encontrar Não me mostre o paraíso Que se eu for, não vou voltar Pois eu vou Eu vou Eu digo “oi”, ela nem nada Passa na minha calçada ]dou bom dia, ela nem liga Se ela chega, eu paro tudo Se ela passa, eu fico doido Se vem vindo, eu faço figa Eu mando um beijo, ela não pega Pisco olho, ela se nega Faço pose, ela não vê Jogo charme, ela ignora Chego junto, ela sai fora Eu escrevo, ela não lê Minha mina, minha amiga Minha namorada Minha gata, minha sina Do meu condomínio Minha musa, minha vida Minha Monalisa Minha Vênus, minha deusa Quero seu fascínio Minha namorada Do meu condomínio Minha Monalisa Quero seu fascínio

Seu Jorge, como você sabe, nome artístico de Jorge Mário

da Silva (Belford Roxo, 8 de junho de 1970) é um ator, cantor, compositor e multi-

instrumentista brasileiro de MPB, R&B, samba e soul. Wikipédia

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MAS COMO O COMPOSITOR ELABORA SUAS IDEIAS... Observamos que, ao longo da canção, foram utilizadas diferentes figuras de linguagem. A aliteração é um recurso estilístico usado para imprimir musicalidade ao texto, é o que acontece em trechos como os seguintes: “Tô namorando aquela mina / Mas não sei se ela me namora / Mina maneira do condomínio / Lá do bairro onde eu moro”, em que ocorre a repetição da consoante bilabial [m]. A mesma figura de linguagem aparece em “Seu cabelo me alucina /Sua boca me devora/ Sua voz me ilumina/ Seu olhar me apavora”, em que ocorre a repetição do som consonantal representado pelas letras S e C. A anáfora é outra figura de linguagem recorrente no texto. Esta figura se caracteriza pela repetição da mesma palavra no início dos versos, como é possível observar a seguir:

“Minha mina, minha amiga Minha namorada

Minha gata, minha sina”

CURIOSIDADES...

O amor é um tema atemporal,

que perpassa gerações e

estilos literários.

Observe a diferença na forma

de retratar o amor nos dois

poemas destacados. O 1º é do

Romantismo (séc. XIX) e o 2º

do Modernismo (séc. XX).

Texto 1: Amor Amemos! Quero de amor Viver no teu coração! Sofrer e amar essa dor Que desmaia de paixão! Na tu’alma, em teus encantos E na tua palidez E nos teus ardentes prantos Suspirar de languidez! Quero em teus lábio beber Os teus amores do céu, Quero em teu seio morrer No enlevo do seio teu! Quero viver d’esperança, Quero tremer e sentir! Na tua cheirosa trança Quero sonhar e dormir! Vem, anjo, minha donzela, Minha’alma, meu coração! Que noite, que noite bela! Como é doce a viração! E entre os suspiros do vento Da noite ao mole frescor, Quero viver um momento, Morrer contigo de amor! (Álvares de Azevedo, “Lira dos Vinte Anos”)

A letra da música de Seu Jorge assemelha-

se às cantigas de amor medievais, em que

o eu lírico se coloca aos pés da amada,

declarando seu amor. Seu ideal amoroso é

o amor cortês. O amante vive sempre a

sofrer, pois não é correspondido, mas

mesmo assim dedica à mulher amada toda

fidelidade, respeito e submissão.

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Texto 2: Teresa

A primeira vez que vi Teresa

Achei que ela tinha pernas estúpidas

Achei também que a cara parecia uma perna

Quando vi Teresa de novo

Achei que os olhos eram muito mais velhos que o resto do corpo

(Os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando que o resto do corpo nascesse)

Da terceira vez não vi mais nada

Os céus se misturaram com a terra

E o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face das águas.

(Manuel Bandeira, “Libertinagem”)

5. O que você observa em relação à maneira como a mulher é retratada nos dois textos?

VOCÊ SABIA...

Durante o período do Romantismo, a figura

feminina foi fonte de inspiração e marcou

presença fundamental em muitas obras, de

acordo com Proença Filho (1995, p.224), “a

mulher, entre os românticos, aparece

convertida em anjo, em figura poderosa,

inatingível, capaz de mudar a vida do próprio

homem”.

CURIOSIDADE...

O poeta Manuel Bandeira,

considerado como parte

da geração de 1922 do

modernismo no Brasil, foi

professor de literatura do

CPII de 1938 a 1943.

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Agora observe os poemas abaixo, os três de Oswald de Andrade, escritor modernista.

VOCÊ SABIA...

VARIABILIDADE LINGUÍSTICA:

Toda língua está sujeita a modificações em seu uso, já que sofre inúmeras influências. Pessoas de diferentes idades usam a Língua Portuguesa todos os dias, em várias regiões do Brasil e do mundo; algumas possuem mais prestígio social, mais estudo, mais vivência, outras usam a língua para serem reconhecidas por um grupo ou, até mesmo, para diferenciarem-se de outras associações.

Variação diafásica → variação situacional: ocorre em função do contexto comunicativo, influenciando e determinando a maneira como as pessoas se dirigem ao interlocutor, adotando uma linguagem formal ou informal.

Variação diatópica → variação geográfica ou regional: ocorre quando a mesma Língua é falada de forma diferente (diferentes dialetos), a depender de determinada localidade (país, estado, cidade). Diz respeito tanto ao significado das palavras quanto à sintaxe.

Variação diastrática → variação social: ocorre em virtude da convivência entre determinados grupos sociais que, por questões culturais, preferências, atividades ou profissões em comum adotam um linguajar próprio (especialmente jargões e gírias)

PRECONCEITO LINGUÍSTICO é,

segundo o professor, linguista e

filólogo Marcos Bagno, todo juízo

de valor negativo (de reprovação,

de repulsa ou mesmo de

desrespeito) às variedades

linguísticas de menor prestígio

social.

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o capoeira

- Qué apanhá sordado?

- O quê?

- Qué apanhá?

Pernas e cabeças na calçada.

6. Considerando que, para os modernistas, a

questão da língua fazia parte de um projeto

cultural mais amplo, qual a posição desse autor

em relação à norma gramatical?

7. De acordo com “pronominais”, o que é ser um

“bom brasileiro”?

8. Você acha que ao usar o substantivo “vício” no

título do poema, o autor está sendo

preconceituoso? Justifique.

9. Em “Vício na fala”, como pode ser interpretado

o verso “E vão fazendo telhados”, que fecha o

poema?

10. Qual a relação do título com o desfecho do

poema “o capoeira”?

pronominais

Dê-me um cigarro Diz a gramática Do professor e do aluno E do mulato sabido Mas o bom negro e o bom branco Da Nação Brasileira Dizem todos os dias Deixa disso camarada Me dá um cigarro

Vício na fala Para dizerem milho dizem mio Para melhor dizem mió Para pior pió Para telha dizem teia Para telhado dizem teiado E vão fazendo telhados.

Linguagem modernista

A nova concepção da linguagem artística, o caráter nacional e o sentido de atualidade reivindicado pelos escritores modernistas trouxeram uma linha de ruptura bastante acentuada em relação à literatura tradicional do país A descontração foi uma grande marca da literatura que se fez no primeiro momento modernista. Muita ironia, sarcasmo e irreverência caracterizam os poemas, que satirizam costumes passadistas e velhas escolas literárias. A subversão das regras gramaticais também foi marcante. A nova postura nacionalista também se manifesta no plano da linguagem. Mario de Andrade e Oswald de Andrade lançam mão de uma “língua “brasileira” nos textos literários, optando por escrever algumas palavras de modo mais semelhante à forma como são faladas pelo povo.

Sendo assim, eles se aproximaram da linguagem coloquial, subjetiva, original, crítica, sarcástica e irônica.

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A letra de música a seguir, de Adoniran Barbosa, também retratar uma experiência amorosa.

11. É possível observar marcas da linguagem oral na letra dessa música? Exemplifique.

12. Se a música fosse escrita de acordo com a linguagem padrão o seu sentido seria modificado. Neste caso a linguagem padrão é mais adequada que a coloquial? Justifique.

Tiro ao Álvaro

De tanto leva frechada do teu olhar

Meu peito até parece sabe o quê?

Táubua de tiro ao Álvaro

Não tem mais onde furar

(Não tem mais)

De tanto leva frechada do teu olhar Meu peito até parece sabe o quê? Táubua de tiro ao Álvaro Não tem mais onde furar

Teu olhar mata mais do que bala de carabina Que veneno estriquinina Que peixeira de baiano Teu olhar mata mais que atropelamento de automóver

Mata mais que bala de revórver

De tanto leva frechada do teu olhar Meu peito até parece sabe o quê? Táubua de tiro ao Álvaro Não tem mais onde furar

Não tem mais

De tanto leva frechada do teu olhar…

Adoniran Barbosa, nome artístico de João Rubinato, foi um compositor, cantor, humorista e ator brasileiro. Rubinato representava em

programas de rádio diversas personagens, entre as quais, Adoniran Barbosa, que acabou por

se confundir com seu criador dada a sua grande popularidade. Wikipédia

Link para a música com Adoniran Barbosa e Elis Regina https://youtu.be/eUJ8YNkMOBI

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13. O que seria, de fato, “tiro ao Álvaro”/ Explique o título da canção

14. No contexto da composição, o verbo matar desvia de sua significação literal para assumir outra conotação no momento em que o autor o associa a um instrumento sem poder de letalidade. Que associação é essa?

15. Localize no texto algumas passagens que ilustrem recursos próprios da linguagem poética, como a metáfora e a hipérbole.

Ai! Se sêsse!… Zé da Luz

Se um dia nós se gostasse; Se um dia nós se queresse; Se nós dois se impariásse, Se juntinho nós dois vivesse! Se juntinho nós dois morasse Se juntinho nós dois drumisse; Se juntinho nós dois morresse! Se pro céu nós assubisse? Mas porém, se acontecesse qui São Pêdo não abrisse as portas do céu e fosse, te dizê quarqué toulíce? E se eu me arriminasse e tu cum insistisse, prá qui eu me arrezorvesse e a minha faca puxasse, e o buxo do céu furasse?… Tarvez qui nós dois ficasse tarvez qui nós dois caísse e o céu furado arriasse e as virge todas fugisse!!!

O poema a lado é do paraibano Zé da Luz, caracterizado como um autor que apresenta aspectos do romantismo, do lirismo, buscando, para além da crítica, uma estética para a sua construção literária. O lirismo desta obra composta por Zé da Luz vem justamente de seus erros ortográficos. Vemos que para falar de ou sobre amor, não se precisa ser rico, erudito, letrado. Por outro lado, vimos também que transformar uma refutação em música requer tempo, estudo e paciência. As boas melodias não nascem numa linha de produção.

Severino de Andrade Silva, nasceu em 29 de março de 1904; é considerado um dos maiores poetas populares do Brasil. Mais conhecido como Zé da Luz, marcou o imaginário nordestino com a genialidade de seus poemas.

Escute o poema declamado no link abaixo. https://www.youtube.com/watch?v=-SV47bqozcg

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16. O poema foi composto numa modalidade não padrão da língua. Isso fica evidente na

ortografia de certas palavras, como buxo (bucho), tarvez (talvez), entre outras. Mas essa

variedade pode também ser percebida quando observamos a conjugação dos verbos.

a) Qual o modo que predomina no texto? Em que tempo ele está conjugado? b) Que efeitos de sentido esse modo e tempo produzem no poema?

17. Observe o título do poema "Aí,se sesse". Que verbo seria este, cujo subjuntivo é "sesse"?

Como é, na modalidade padrão, o subjuntivo desse verbo?

18. Qual seria o efeito de uma possível adaptação do poema de Zé da Luz às regras da gramática normativa?

VOCÊ SABIA... A literatura de cordel foi popularizada no Brasil por volta do século 18 e também ficou conhecida como poesia popular, porque contava histórias com os folclores regionais de maneira simples, A literatura de cordel foi trazida pelos portugueses e remonta o período renascentista. Entretanto, este jeito de se fazer poesia ganhou muito mais força no Brasil, sobretudo no Nordeste. Usualmente, o cordel fala sobre o cotidiano nordestino, os problemas e as alegrias do sertanejo e é recheado de xilogravuras, que são desenhos feitos em uma madeira e impressos no papel. Cordel é sinônimo de trabalho em dobro, pois há uma mistura de simplicidade com métrica.

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Assista ao clipe da música no vídeo indicado a seguir, no qual é retratada a fala de uma mulher escravizada. Observe o emprego de variantes linguística como recurso estético.

PARA PENSAR...

Você acha que a modalidade padrão (da gramática

normativa) é mais apropriada e melhor do que a

coloquial em todas as situações?

***

A partir das leituras feitas e das questões apresentadas, o que é possível refletir sobre “certo” e “errado” em

relação à variação na linguagem?

Negra, periférica e poeta: Kimani defende o Brasil em Copa do Mundo de Poesia . A poeta Cynthia Santos, nascida no Grajaú, zona sul de São Paulo, é conhecida na cena da poesia marginal de São Paulo, pelo codinome Kimani. Vencedora do Slam BR 2019, Kimani (nome de origem africana, que significa “meiga e doce”) transforma raiva em versos e vai representar o Brasil no campeonato mundial de poesia falada na França

https://www.youtube.com/watch?v=5Wg1NO0Ksbk

Kimani - Não tiram parda da minha identidade - Slam da Guilhermina | FLIP

CURIOSIDADE Escrito e falado por Kimani, o manifesto “Mostra Para Eles, Mulher” que fez parte do lançamento da série britânica “The Handmaid’s Tale” no Brasil, em fevereiro, viralizou. Já são 16 milhões de pessoas que pararam um minutinho para ouvir a palavra dela.

https://www.instagram.com/kimani_poeta/

Se quiser trocar uma ideia: [email protected]