revista viração - edição 95 - abril/2013

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Razões para dizer não!

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Page 1: Revista Viração - Edição 95 - Abril/2013

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Page 2: Revista Viração - Edição 95 - Abril/2013

O Governo Federal leva Educação e Saúde às escolas públicas, promovendo a atenção e os cuidados com a visão, prevenindo a obesidade, estimulando a prática de atividades físicas e alertando sobre os riscos e danos

do uso de drogas; entre outras doenças.

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Page 3: Revista Viração - Edição 95 - Abril/2013

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Page 4: Revista Viração - Edição 95 - Abril/2013

Sexo e Saúde

Universidade Popular – Belém (PA)www.unipop.org.br

Rede Sou de Atitude MaranhãoSão Luís (MA)

www.soudeatitude.org.br

Avalanche Missões Urbanas UndergroundVitória (ES)

www.avalanchemissoes.org

Casa da Juventude Pe. Burnier – Goiânia (GO)www.casadajuventude.org.br

Cipó Comunicação InterativaSalvador (BA)

www.cipo.org.br

Jornal O Cidadão – Rio de Janeiro (RJ)ocidadaonline.blogspot.com

Movimento de Intercâmbiode Adolescentes de Lavras – Lavras (MG)

Grupo Conectados de ComunicaçãoAlternativa GCCA - Fortaleza (CE)www.taconectados.blogspot.com

Catavento Comunicação e Educação Fortaleza (CE)

www.catavento.org.br

Agência Fotec – Natal (RN)

União da Juventude Socialista – Rio Branco (AC)ujsacre.blogspot.com

Oi Kabum - Rio de Janeiro (RJ)www.oikabumrio.org.br

Nossos parceirospelo Brasil

Gira Solidário Campo Grande (MS)

www.girasolidario.org.br

Lunos - Boituva (SP)www.lunos.com.br

Amadora – Portugalwww.buefixe.org

Auçuba - Comunicação e EducaçãoRecife (PE)

aucuba.org.br

Mídia Periférica - Salvador (BA)www.midiaperiferica.blogspot.com.br

Coletivo Jovem - Movimento Nossa São LuísSão Luís (MA)

Idesca - Manaus (AM)www.idesca.org.br

Casa Pequeno DaviJoão Pessoa (PB)

Ciranda – Curitiba (PR) Central de Notícias dos Direitos

da Infância e Adolescência www.ciranda.org.br

Projeto Juventude, Educaçãoe Comunicação Alternativa

Maceió (AL)

Grupo Makunaima Protagonismo Juvenil (RR)

grupomakunaimarr.blogspot.com

Brava Gente - Porto Alegre (RS)www.bravagente.org.br

União Metropolitana dos EstudantesSecundaristas de Porto Alegre - (RS)

www.umespa.org.br

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Page 5: Revista Viração - Edição 95 - Abril/2013

Apoio Institucional

Revista Viração • Ano 11 • Edição 95 05

Copie sem moderação! Você pode:

• Copiar e distribuir• Criar obras derivadas

Basta dar o crédito para a Vira!

Conteúdo

“ Todos os dias, a grande imprensa noticia o

crime e a violência. Programas sensacionalistas na TV

enfatizam o derramamento de sangue, o tráfico de

drogas e os assaltos, sobretudo nos grandes centros urbanos. A juventude

está, em boa parte das vezes, associada a esses crimes. Dessa forma, o discurso

pela redução da maioridade penal parece encontrar respaldo entre os que se

posicionam indignados com o comportamento de alguns adolescentes.

No entanto, juízes e especialistas em direitos da criança e do adolescente,

além de movimentos sociais, refutam a ideia da redução, por inúmeras razões. As

principais delas é que essa possibilidade viola o Estatuto da Criança e do

Adolescente (ECA) e tratados internacionais dos quais o Brasil faz parte, além de

reforçar o encarceramento em massa, em vez de promover a ressocialização, que

promove uma verdadeira educação para o crime.

A nossa reportagem de capa, desta edição, traz a opinião de

especialistas que demonstram que a redução da maioridade penal não

reduz o crime, mas viola os direitos e agrava a política de

encarceramento, há muito ultrapassada. Nesta edição, você

ainda confere a angústia da juventude do sertão do

nordeste que não vê alternativas à seca e busca

novas oportunidades no meio urbano.

Boa leitura!

Quem somos

Associazione Jangada

Reynaldo Gosmão, o Dinho, virajovem deLavras (MG), aproveita a visita que fez à sededa Vira em São Paulo para fechar seu textopara a seção E eu com isso?! desta edição

Quem faz a ViraGutierrez de Jesus SilvaaViração é um uma organização não

governamental (ONG), de educomunicação,sem fins lucrativos, criada em março de 2003.Recebe apoio institucional do Fundo dasNações Unidas para a Infância (UNICEF), daOrganização das Nações Unidas para aEducação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), doNúcleo de Comunicação e Educação daUniversidade de São Paulo e da ANDI -Comunicação e Direitos. Além de produzir arevista, oferece cursos e oficinas emcomunicação popular feita para jovens, porjovens e com jovens em escolas, grupos ecomunidades em todo o Brasil.

Para a produção da revista impressa e eletrônica (www.viracao.org),contamos coma participação dos conselhos editoriais jovensde 20 Estados e no Distrito Federal, quereúnem representantes de escolas públicas eparticulares, projetos e movimentos sociais.Entre os prêmios conquistados nesses dezanos, estão Prêmio Don Mario PasiniComunicatore, em Roma (Itália), o PrêmioCidadania Mundial, concedido pela ComunidadeBahá'í. E mais: no ranking da Andi, a Viração é aprimeira entre as revistas voltadas para jovens.Participe você também desse projeto.

Paulo Pereira Lima

Diretor Executivo da Viração – MTB 27.300

Conheça os Virajovensem 20 Estados brasileirose no Distrito Federal

Belém (PA)Boa Vista (RR)Boituva (SP)Brasília (DF)Campo Grande (MS)Curitiba (PR)Fortaleza (CE)Goiânia (GO)Lagarto (SE)Lavras (MG)Lima Duarte (MG)Maceió (AL)Manaus (AM)Natal (RN)Picuí (PB)Porto Alegre (RS)Recife (PE)Rio Branco (AC)Rio de Janeiro (RJ)Salvador (BA)S. Gabriel da Cachoeira (AM)São Luís (MA)São Mateus (ES)São Paulo (SP)Vitória (ES)

Não é por aí...

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Page 6: Revista Viração - Edição 95 - Abril/2013

Sempre na ViraManda Vê . . . . . . . . . . . . . 08Quadrim . . . . . . . . . . . . . . 10Como se Faz . . . . . . . . . . 12Imagens que Viram . . . . . 14No Escurinho . . . . . . . . . . 30Que Figura . . . . . . . . . . . . 31Sexo e Saúde . . . . . . . . . . 32Rango da Terrinha . . . . . . 33Parada Social . . . . . . . . . . 34Rap Dez . . . . . . . . . . . . . . 35

RG VÁLIDO EM TODO TERRITÓRIO NACIONAL

Revista Viração - ISSN 2236-6806

Conselho EditorialEugênio Bucci, Ismar de Oliveira, Izabel Leão,Immaculada Lopez, João Pedro Baresi, Mara

Luquet e Valdênia Paulino

Conselho FiscalEveraldo Oliveira, Renata Rosa e Rodrigo Bandeira

Conselho PedagógicoAlexsandro Santos, Aparecida Jurado,Isabel Santos, Leandro Nonato e Vera Lion

Presidente

Juliana Rocha Barroso

Vice-Presidente

Cristina Paloschi Uchôa

Primeiro-Secretário

Eduardo Peterle Nascimento

Diretoria ExecutivaPaulo Lima e Lilian Romão

EquipeBruno Ferreira, Elisangela Nunes, Evelyn Araripe,Gutierrez de Jesus Silva, Ingrid Evangelista,Manuela Ribeiro, Marcos Vinícius Oliveira,Rafael Silva, Sonia Regina e Vânia Correia

Administração/Assinaturas

Douglas Ramos e Norma Cinara Lemos

Mobilizadores da ViraAcre (Leonardo Nora), Alagoas (JhonathanPino), Amazonas (Jhony Abreu e Claudia MariaFerraz), Bahia (Everton Nova e EndersonAraújo), Ceará (Alcindo Costa e Rones Maciel),

Distrito Federal (Webert da Cruz), Espírito Santo(Filipe Borges), Goiás (Érika Pereira e SheilaManço), Maranhão (Nikolas Martins e Maria doSocorro Costa), Mato Grosso do Sul (FernandaPereira), Minas Gerais (Emília Merlini, ReynaldoGosmão e Silmara Aparecida dos Santos), Pará(Diego Souza Teofilo), Paraíba (Manassés deOliveira), Paraná (Juliana Cordeiro e Vinícius

Gallon), Pernambuco (Edneusa Lopes), Rio de

Janeiro (Gizele Martins), Rio Grande do Norte(Alessandro Muniz), Rio Grande do Sul (EvelinHaslinger e Joaquim Moura), Roraima (GracieleOliveira dos Santos), Sergipe (Grace Carvalho) eSão Paulo (Luciano Frontelle, VerônicaMendonça e Vinícius Balduíno).

VoluntáriasJulia Dávila e Mariana Rosário

ColaboradoresAnais Quiroga, Antônio Martins, Heloísa

Sato, Márcio Baraldi, Natália Forcat, Novaes

e Sérgio Rizzo .

Projeto GráficoAna Paula Marques e Cristina Sayuri

RevisãoIzabel Leão

Jornalista ResponsávelPaulo Pereira Lima – MTb 27.300

Divulgação

Equipe Viração

E-mail Redaçã[email protected]

24

11

29 Escola comunicativaMais de cem escolas estaduais de Minas Gerais têmatividades extracurriculares voltadas para a Comunicação

18 Reduzir não resolveCresce a adesão da sociedade brasileira pela redução da

maioridade penal, mas juristas e especialistas alertam que

essa medida viola os direitos da criança e do adolescente

26

Cadê a chuva?Jovens do sertão do Nordeste se vêem obrigados amudar para a cidade, pois a seca não permite umavida plena nas comunidades rurais

Mês da mentiraEntenda a origem das brincadeiras do 1º de abril, data em que

muitos se aproveitam para pregar aquela peça nos amigos

16 Polêmica 2.0Equipe e fundador do Wikileaks falam sobre as polêmicasque envolvem o site e as represálias que tem sofrido

TV UniversitáriaEstudantes de Comunicação têm oportunidade de exercer

a criatividade na produção de programas televisivos

27 No começo era sonho...E hoje uma realidade consolidada há dez anos. JulianaBarroso escreve sobre quando a Vira não passava deuma ideia

28 Bonecos em cenaA riqueza artística do teatro de bonecos ainda

encontra resistência para se manter vivo na tradição

cultural da Paraíba

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Page 7: Revista Viração - Edição 95 - Abril/2013

A Vira pela igualdade. Diga lá. Todas e todos Mudança, Atitude e Ousadia jovem.

Diga lá

Mande seus comentários sobre a Vira, dizendo o queachou de nossas reportagens e seções. Suassugestões são bem-vindas! Escreva para Rua Augusta,1239 - Conj. 11 - Consolação - 01305-100 - São Paulo(SP) ou para o e-mail: [email protected] -Aguardamos sua colaboração!

Parceiros de Conteúdo

Para garantir aigualdade entre osgêneros na linguagemda Vira, onde se lê“o jovem” ou “osjovens”, leia-setambém “a jovem”ou “as jovens”, assimcomo outrossubstantivos comvariação de masculinoe feminino.

Na edição nº 92, de fevereiro deste ano,publicamos um infográfico sobre o número deadolescentes dos Estados Unidos adeptos dosexting. Informamos que 15% conhecem alguémque já aderiu a essa prática. No entanto, o

número correto é 85%. Pedimos desculpas pelo engano. E naedição de março creditamos uma das fotos em preto e branco dapágina 27, publicadas no contexto da reportagem Por um legadopositivo como sendo de Webert Cruz, mas ambas são de CarolinaLima. Pedimos desculpas pelos equívocos!

Ponto G

E também confiraa página daViraçãoEducomunicaçãono Facebok.

A ViraçãoEducomunicaçãorecuperou o seuperfil original noTwitter. Volte anos seguir pelo@viracao.

Via E-mail

Graças à Viração, hoje tenhograndes amizades e uma grande

experiência, que está me ajudandomuito profissionalmente. Amei tudo

e a todos! E é com muito orgulho quehoje estou fazendo faculdade dejornalismo e vou me especializarem educomunicação! Obrigada

a todos da Vira.

Thalita Moreira

Agora você pode acessar,de graça, as edições anterioresda revista na internet:www.issuu.com/viracao

Ops! Erramos!

Lucas, será ótimocontar com a sua

colaboração e dos seuscolegas! Mande os conteúdosque vocês produzirem [email protected].

Esperamos a colaboraçãode vocês!

Via E-mail

Eu me chamo Lucas e estou cursandoPublicidade e Propaganda. Meus colegas de

classe e eu estamos pensando em criar um blogcom conteúdo diverso, porém, queríamos

participar, primeiramente, de algo que já estivessefuncionando para termos feedback do que

escrevemos. Como eu já conheço a Viração há algumtempo, e o conteúdo de vocês se encaixa bastante

no que estávamos pensando em fazer, resolvientrar em contato para saber como

podemos participar da Agência Jovem.

Lucas Galdino

Fale com a gente!

Que ótima notícia,Thalita! Parabéns pelaconquista e boa sorte

nessa nova etapa da suavida! E continue

participando da Vira!

Perdeu algumaedição da Vira?Não esquenta!

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Page 8: Revista Viração - Edição 95 - Abril/2013

Manda Vê

08 Revista Viração • Ano 11 • Edição 95

A publicidade infantilincentiva o consumismo

sem regras?

Refrigerantes, salgadinhos e muito tempo diante do computador e da TV. Cada vez mais, crianças e adolescentesadotam hábitos alimentares e estilos de vida pouco saudáveis. Muitos são os fatores que contribuem para que issoaconteça. Alguns atribuem a culpa aos apelos midiáticos, sobretudo da publicidade dirigida ao público infanto-juvenil.No entanto, governos, organizações, escolas, pesquisadores já demonstram preocupação com este fato e estão semexendo, criando oportunidades para o debate da questão.

Em março, por exemplo, aconteceu em Brasília (DF) o Seminário Internacional Infância e Comunicação, em quejornalistas, pesquisadores, representantes de ONGs, da UNESCO, da Rede Andi e de outras entidades compareceram paradiscutir alternativas para a publicidade dirigida à criança. Além da opinião de especialistas, quisemos ouvir o que ajuventude pensa sobre o assunto. Por isso, perguntamos pra galera:

Reynaldo Azevedo Gosmão e Maria de Fátima Ribeiro, do Virajovem Lavras (MG)*

*Virajovens presentes em 20 Estados do País e no Distrito Federal

Gustavo Góis, 14anos, Maringá (PR)

“Acredito que incentiva muito.Criança gosta de coisa diferente,

gosta do que está na moda e se vêalguém com uma coisa diferente vaiquerer também. E elas vão insistircom os pais para comprarem e

enquanto não tiverem o queestá na moda não vão

ficar felizes.”

Helena Patto Oliveira,20 anos, RibeirãoVermelho (MG)

“A publicidade influencia sim, porquesão colocados desenhos e nomes de

personagens em alimentos. Isso chamamuito a atenção das crianças, quepreferem algumas marcas, muitasvezes devido ao brinquedo que é

vinculado a um determinadoproduto.”

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Page 9: Revista Viração - Edição 95 - Abril/2013

A preocupação com o aumento de casos deobesidade infantil é tema de discussão entre juristas,escolas, entidades não governamentais, empresas e

mesmo em alguns lares que já cultivam hábitossaudáveis. Lançado recentemente, o documentário Muito

Além do Peso discute a obesidade infantil, mostrando diferentesrealidades no Brasil e nos Estados Unidos com histórias que confirmama influência da propaganda na vida de meninos e meninas. A produção,dos mesmos autores de Criança, a Alma do Negócio, tem duração de84 minutos e direção de Estela Renner e produção executiva deMarcos Nisti. Recebe patrocínio do Instituto Alana, organização nãogovernamental que discute e atua encontrando caminhos para atransformação de formas de viver das crianças. Para saber mais,acesse: www.muitoalemdopeso.com.br e www.alana.org.br.

FazParte

André WilliamCosta, 21 anos,Luminárias (MG)

“As crianças não estão interessadasem saber quantas calorias um

produto tem, se faz mal ou não, masestão interessadas em saber qualbrinde vão ganhar e a publicidade

influencia diretamente aoconsumo sem regras.”

Evandro de AndradeFurtado, 19 anos,

Lavras (MG)

“É muito relativo, porque quando euera criança eu nunca fui influenciado acomprar uma bolacha, para ganhar um

adesivo. Mas é interessante que apublicidade seja fiscalizada, paranão ser abusiva e fazer com que

se incentive o consumismoinfantil.”

Israel Victor deMelo, 18 anos, Brasília (DF)

“A publicidade infantil direcionaao consumismo precoce. A criançajá quer um tablet, um computador,e isso leva a consequências como

o consumo compulsivo quehoje é tratado, infelizmente,

como algo normal.”

Valéria Afonso20 anos, Lavras (MG)

“Incentiva pelo fato de apublicidade colocar em

destaque os brindes e não aqualidade e benefícios que

o produto oferece ounão.”

Josimar Luiz daSilva, 23 anos,Macuco (MG)

“Geralmente a publicidade teminfluência, porque a criança vê um

produto na televisão ou comamigos e ela sente interesse

em ter também.”

Laissa Ferreira,21 anos, VoltaRedonda (RJ)

“Sim, a publicidade estimulaconsumismo. As crianças

geralmente são levadas aoconsumo sem consciência, efuturamente vão continuar

consumindo devido aoreflexo que causa.”

Uma publicação do Instituto Alanadisponível para download, aborda aquestão dos malefícios da

publicidade na vida daCriança. Por que a publicidade

faz mal para as crianças? elencaas consequências das mensagenscomerciais dirigidas a esse público,como erotização precoce, transtornosalimentares e obesidade, e estressefamiliar; além de expor o que a legislaçãobrasileira prevê com relação à publicidade voltadaao público infantil. A publicação está disponívelpara download no site: http://migre.me/dJH7T

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Page 10: Revista Viração - Edição 95 - Abril/2013

Nobu Chinen, crítico de quadrinhos

Mauricio de Sousa é o mais bem sucedido autor dehistórias em quadrinhos do Brasil. Não há quem nãoconheça seus gibis com a Turma da Mônica e tantos

personagens como Chico Bento, Astronauta, Horácio e muitosoutros. Desde que estreou, há mais de 50 anos com a tirinhado cachorro Bidu, Mauricio foi ampliando sua produção e hojeconta com uma grande equipe de colaboradores que compõeo maior estúdio de quadrinhos do Brasil.

Em 2009, ele começou a convidar quadrinhistas parafazerem histórias com seus personagens. Cada artista podiareinterpretar aquele que quisesse, no seu próprio estilo, do jeitoque achasse melhor, desde que, obviamente, respeitasse ascaracterísticas básicas. Esse projeto, denominado MSP já geroutrês álbuns de muito sucesso.

Com a mesma proposta foi lançado o livro Ouro da Casa.A diferença é que, dessa vez, os convidados são os própriosfuncionários do estúdio, ou seja, profissionais que passam o diaescrevendo roteiros, esboçando cenas, passando a tinta,letreirando e colorindo as histórias dos personagens do Mauricio.

Com liberdade para criar, eles puderam experimentar de tudo:de traços mais simples a efeitos de computação e até bonecosmodelados em massinha, técnica utilizada em animação.

O resultado é uma coletânea rica e com estilosdiversificados que oferece uma visão alternativa dospersonagens, mas de pessoas que os conhecem íntima eprofundamente. Entre os autores há pessoas com 20, 30 e até40 anos de estúdio. Por isso, em vez do termo “prata da

casa”, usado para designar os

ib

kQuadrim

V

O toque de Midasde Mauricio de Sousa

10 Revista Viração • Ano 11 • Edição 95

talentos internos de uma empresa, para valorizar essa turmao título escolhido foi Ouro da Casa.

No final do volume, há uma pequena biografia de cada autore sua respectiva foto. Uma bela homenagem a uma equipe queao longo dos anos, anonimamente, tem ajudado a transformarMauricio de Sousa, em um verdadeiro Midas, o mitológico rei quetransformava em ouro tudo o que tocava.

Por que é legal ler?É interessante apreciar os

personagens de Mauricio de Sousaem estilos e técnicas totalmente

diferentes do que estamosacostumados a ver nos gibis.

Por que é importante ler? Muitos dos autores vêm

trabalhando há décadas no estúdio deMauricio de Sousa. Curtir suas históriasé uma maneira de prestigiar o trabalho

desses profissionais anônimos.

Para ler e refletirEsse álbum é importante

para pensar sobre o conceito deautoria e para entender que por trásda assinatura de um autor famoso,

muitas vezes há toda uma equipe deprofissionais, cada um com sua

individualidade e seu estilo.

Imagens: D

ivulgação

-

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Page 11: Revista Viração - Edição 95 - Abril/2013

Mídias Livres

*Uma das virajovens presentes em 20 Estados do País e no Distrito Federal

Izabela Silva, do Virajovem Vitória (ES)*

Experimentarna TV

TV universitária permite que alunos de comunicação

criem novos formatos, diferentes dos grandes meios

V

Um local onde o jovem tem liberdade pra criar, um espaço legalpra fazer suas ideias saírem do papel, um lugar onde cria-se laçosque vão além dos acadêmicos e ainda adquire-se experiência para

o mercado de trabalho. Essa é a TV Faesa, que tem 15 anos e é umprojeto da Faculdade Faesa, localizada em Vitória (ES).

Marcelo Castanheira, que já foi aluno da faculdade, teve a ideiade criar um dos programas que hoje é uma das principais atraçõesda TV Universitária. Trata-se do programa Na Garagem, sobremúsica, feito por jovens e para jovens. O programa é reproduzidopor uma das emissoras do Espírito Santo e já contou com aparticipação de nomes reconhecidos da música, como Gilberto Gil,Zeca Pagodinho e a banda Matanza. Com ideia de fazer um som deensaio, o programa gira em torno dos músicos convidados.

Além do programa Na Garagem, a TV tem mais duas novasideias: Bitola e Drops, e o melhor de tudo é que todo feito poralunos da faculdade, desde as pautas, a produção até a edição. Oúnico profissional da equipe é o professor Marcelo Castanheira, quetrabalha como orientador de um grupo que varia de dez a 15 alunos.

Pra participar do projeto TV Faesa deve-se primeiro ser aluno daFaculdade Faesa, dos cursos de Publicidade e Jornalismo, depoispassar pelo processo de seleção que avalia o nível de criatividadedos alunos. Em caso de ser aprovado, o aluno vira voluntário doprojeto por um determinado tempo e depois se torna estagiário.

O objetivo da TV é trazer para o meio acadêmico a prática daprofissão sem que o aluno precise ter experiência na área, “osalunos não precisam ser experts em edição, mas precisam decriatividade, o resto se aprende na prática”, diz o professor Marcelo.

Alguns ditos populares afirmam que é na prática que se aprende.O aluno do 5º período do curso de Comunicação Wing Costa, de 22anos, afirma que aprendeu muito mais na TV do que com oconteúdo teórico dado em sala de aula. Hoje Wing foi chamado paratrabalhar em um meio de comunicação do Estado, o que comprovaque experiências práticas na TV funcionam como espaços dedivulgação do trabalho realizado por jovens que precisam de umlugar no mercado de trabalho.

Você pode encontrar novidades sobreos programas no Facebook:www.facebook.com/nagaragem

www.facebook.com/programabitola

Revista Viração • Ano 11 • Edição 95 11

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Page 12: Revista Viração - Edição 95 - Abril/2013

V

Como se faz

Com uma câmera fotográfica, você pode fazeruma das animações mais antigas do cinema

Stop-Motion

Passo a passo

1. Um objeto, uma pessoa ou um desenho é posicionadoem um determinado ângulo e é tirada uma foto.

2. Depois deverá ser feita uma pequena alteração demilímetros no objeto e tirada novamente outra foto.Para conseguir o efeito de stop-motion é preciso fazeralterações mínimas. A câmera não deverá ser movidado lugar, nem deverá ser mudado o zoom dela.

3. Após ter repetido esses primeiros dois passos,várias e várias fotos deverão ser colocadas ereproduzidas em sequência. A troca acelerada deuma foto a outra causará a ilusão de que o objetoestá se mexendo. Dependendo da velocidade dereprodução dos quadros que você escolher, asimagens passarão a impressão de movimento. Paraisso, o recomendado são aproximadamente 24 a 26quadros por segundo. Quer dizer que serãoreproduzidas 24 a 26 imagens em um só segundo.

Anais Quiroga e Ingrid Evangelista, da Redação

Ostop-motion é uma das técnicas mais antigas da

história do cinema. Ele foi criado em 1908 pelo

desenhista Emil Cohl. O desenhista introduziu o

stop-motion na América, técnica que na verdade surgiu

na França. O primeiro stop-motion do qual temos

conhecimento chamava-se The Humpty-Dumty Circus

(1898), um curta-metragem feito por Albert Smith e

Stuart Blacktone. Na época eles utilizavam brinquedos

dos seus filhos para fazerem as animações. O maior

desafio de um stop-motion é colocar vida em objetos.

Muitos dos filmes que conhecemos ou que vimos

quando crianças, por exemplo, A fuga das galinhas foi

construído com base nessa técnica. Um dos filmes mais

famosos que utilizou o efeito stop-motion foi King Kong

(1933), dirigido por Willis O ‘Brian. Este diretor é

considerado o criador dos efeitos especiais do cinema. A

forma criativa de uso da técnica de O ‘Brian inspirou muitas

gerações e pessoas, que hoje em dia são consideradas

ídolos do cinema, como Ray Harryhausen, Steven

Spielberg, George Lucas, Peter Jackson e Tim Burton.

A pequena diferença de uma filmagem e de

um stop-motion é que a filmagem consegue

capturar vários quadros de uma vez, enquanto a

fotografia captura um único movimento simulado

quadro por quadro.

Hoje em dia a técnica de animação stop-motion se

tornou muito popular na produção de vídeos, clipes e

programas, e é muito usada para fazer desenhos

infantis. Lamentavelmente, essa técnica tão antiga

está sendo menos usada e substituída por animações.

Porém, continua sendo uma forma muito divertida e

criativa de efeitos especiais.

Ana

is Q

uiro

ga

como_se_faz_95:Layout 1 18/4/2013 13:12 Page 11

Page 13: Revista Viração - Edição 95 - Abril/2013
Page 14: Revista Viração - Edição 95 - Abril/2013

F ragmentosda�N atureza

IMAGENS QUE VIRAM

Ingrid Evangelista, da Redação

Palavra tupi que significa Pedra Chata,Itapeva tem uma população de maisde 87 mil habitantes, e fica a 460

km de Belo Horizonte, capital de MinasGerais. Num território em que o cerradoprevalece, a agricultura, a pastagem, acriação de gado e a plantação deeucalipto são as principais atividadeseconômicas de boa parte da região.

Composta por paisagens belas e aomesmo tempo assustadoras, por conta dodesmatamento, a zona rural da cidadeencanta pela presença de moradoressimples e muito receptivos. Itapeva é umexcelente lugar para quem procuratranquilidade e paz que as grandes cidadesnão fornecem, principalmente por causa dapiscina natural formada em cima de umarocha, da qual brota água corrente de umamina próxima da região. Além da piscina,localizada no Sítio da Pedra Chata, épossível apreciar as montanhas da cidade,ponto turístico de Itapeva.

Natureza é o que não falta nessacidade interiorana, onde foi possívelfotografar alguns fragmentos quecompõem a paisagem local. Confiraalgumas imagens! V

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Page 15: Revista Viração - Edição 95 - Abril/2013

Revista Viração • Ano 11 • Edição 95 15

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Page 16: Revista Viração - Edição 95 - Abril/2013

público. Uma de nossas atividades mais importantes é publicaro material de forma original, junto com a notícia, para queassim os leitores possam ver a evidência de verdade.

O trabalho de vocês tem sofrido represálias? Equipe: Sim. O que mais tem chamado nossa atenção

ultimamente é o bloqueio que sofremos dos bancos. Visa,Mastercard e Paypal congelaram nossas contas, isso semnenhum processo jurídico, oficial ou transparente. Ficamossem poder receber doações.

Se não há razões oficiais, o que pode ser então?Equipe: Esses bloqueios aconteceram dez dias depois da

publicação de mais de 250 mil documentos confidenciais dosEstados Unidos, conhecida como Cablegate. Além disso, àépoca, senadores, políticos de outras esferas e até o vice-presidente do país declararam publicamente que o Wikileaks eJulian Assange deveriam ser considerados terroristas.

O soldado Bradley Manning é acusado por cooperar como Wikileaks na época que esses documenos vazaram?

José Ankalao (Chile), Tinja Zerzer (Áustria) e Luciano Frontelle (Brasil)

Galera

O Wikileaks começa suas atividadesoficialmente com o objetivo de publicarnotícias e informações que acompanhemsuas fontes para manter a autenticidadee neutralidade da informação

2007

16 Revista Viração • Ano 11 • Edição 95

Em abril o vídeo Collateral Murder é publicado,revelando o assassinato de civis no Iraque porparte do exército americano. Em novembro,mais de 250 mil documentos confidenciais dosEstados Unidos são publicados

2010

No dia 7 de dezembro, dez dias depoisdos documentos confidenciais serempublicados, os bancos congelam ascontas do Wikileaks, e 95% da rendada organização é perdida

Em um encontro em Londres, capital da Inglaterra, membros do Wikileaks e

seu idealizador, Julian Assange, falam sobre as polêmicas que envolvem o site

Repórter

Linha do Tempo

2010

Oque acontece quando se começa a publicar o quealguém não gostaria que fosse publicado? Basta olhar atrajetória do Wikileaks, organização internacional de

mídia que não visa o lucro, para se ter uma noção. Bloqueiosbancários, apoiadores presos sem julgamento, perseguições econspirações... Tudo isso vem acontecendo com o Wikileaks,fundado por Julian Assange, que começou a funcionaroficialmente em 2007.

A organização é conhecida por publicar suas notícias einformações juntamente com suas fontes, normalmentedocumentos oficiais, que foram classificados comoconfidenciais. No dia 21 de setembro de 2012 estivemosdentro da embaixada do Equador em Londres (onde Assange éasilado político até hoje) e conversamos com Julian e suaequipe sobre o que eles fazem e a relação entre as acusaçõesao fundador do Wikileaks e o trabalho feito pela organização.As perguntas a seguir foram respondidas por membros daequipe do Wikileaks e por Julian Assenge. Confira!

Qual o objetivo do Wikileaks?

Equipe: Trazer notícias e informações importantes para o

Ameaçaao poder

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Equipe: Sim. É acusado e já se passaram 855 dias (21/09/2012) que ele está preso semjulgamento. Durante os primeiros nove meses ele passou por condições subumanas e o governoamericano tem tentado coagi-lo para ser uma testemunha contra Assange. Os documentospossuíam muitas informações sobre a guerra no Iraque, entre elas o vídeo (Collateral Murder), noqual soldados americanos matam a sangue-frio mais de uma dúzia de civis iraquianos, incluindodois jornalistas trabalhando para a Reuters.

E quanto às acusações de estupro feitas contra Julian Assange, na Suécia?Equipe: Assange não foi acusado de crime algum. Seu estado é de um suspeito que ainda

não foi ouvido em relação a uma alegação de “estupro menor”. As duas mulheres haviamido até a delegacia para conseguir informações sobre Assange, mas a polícia acaboutransformando o assunto em uma acusação. Julian ficou sabendo pelos jornais que estavasendo acusado e, depois de ouvido, foi liberado pela promotoria para sair do país. Umtempo depois a promotoria voltou atrás e ordenou que ele voltasse, após um mandado deprocurado internacional com seu nome. O governo da Suécia permitiu que a Interpolcolocasse um aviso de alerta vermelho no seu estado de procurado e que deveria serextraditado. Depois de perder a apelação no supremo tribunal do Reino Unido para evitarsua extradição, Julian pediu asilo político na embaixada do Equador.

O que você tem feito aqui dentro, nesses meses, Julian?Julian Assenge: Há muito a ser feito. Nós publicamos milhares de documentos todos os dias,

temos apoiadores e jornalistas espalhados pelo mundo que fazem contato diariamente, alémdaqueles que nós temos que garantir a segurança, por também estarem sendo perseguidospoliticamente. O governo do Equador tem sido muito solícito desde o inicio, garantindo queconsigamos continuar trabalhando mesmo daqui de dentro. Há uma perseguição política, ogoverno do Equador reconheceu isso.

O que os apoiadores do Wikileaks têm feito a favorda organização?

Equipe: Estamos recebendoataques de todos os lados, aorganização não pode com isso.Por isso, os apoiadores sãoessenciais, conscientizando aspessoas sobre o direito àliberdade de expressão e que oWikileaks é um rival da grandeimpressa e compartilhandoinformações sobre os fatos paraconfrontar manchetes.

Revista Viração • Ano 11 • Edição 95 17

V

2012

“Somos uma organização que tem

usado a internet para passar a

informação sem censura e como

ela vem, de forma neutra.”

Saiba mais sobre o Wikileaks e sobre oCollateral Murder nos links: www.wikileaks.orge http://bradleymanning.org

Depois de perder a última apelação no supremotribunal do Reino Unido, Assange pede asilo político naembaixada do Equador, em Londres. Se deportadopara a Suíça, há o risco de ser enviado para os EstadosUnidos, onde sua vida foi ameaçada publicamente

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Capa

A redução da maioridade penal ganha destaque na mídia, mas especialistas em direitos

da criança e do adolescente afirmam que ela não diminui os índices de violência

apelo à

“Tá com dó? Leva pra casa”. Essa foi a frase que circuloupelo Facebook em uma peça de comunicação quedefendia a redução da maioridade penal e obteve

milhares de curtidas. Movida pela sensação de impunidade, parte dasociedade brasileira se revolta a partir das notícias diariamenteveiculadas pelos meios de comunicação de massa que envolvemjuventude, crime e violência. Por isso, acredita que a redução damaioridade penal é uma alternativa adequada. Além disso, outrasfrases como: “Se pode votar, pode responder pelos crimes”também fazem parte do repertório de quem defende a redução.

Muitos afirmam que adolescentes em conflito com a lei nãosofrem as consequências de seus atos. No entanto, a partir dos 12anos, qualquer adolescente é responsabilizado pelo ato cometidocontra a lei, por meio de medidas socioeducativas. Medidasprevistas no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) tem oobjetivo de “ajudá-lo a recomeçar e a prepará-lo para uma vidaadulta de acordo com o socialmente estabelecido”.

Juízes e especialistas em direitos da criança e do adolescenteargumentam que a redução da idade penal não é adequada. “De umlado, a prisão não atinge nenhum dos objetivos declarados: nãoevita crimes – pelo contrário, aumenta os ciclos de violência a queas pessoas que superlotam os cárceres já estão submetidas.Também não ressocializa – pelo contrário, há consenso, e a própriaLei de Execução Penal o admite em sua exposição de motivos, de

Evelin Haslinger, Joaquim Moura e Letícia Moreira, do Virajovem

Porto Alegre (RS); Emilae Sena, do Virajovem Salvador (BA)*;

Elisangela Nunes Cordeiro e Bruno Ferreira, da Redação;

colaboração do Movimento 18 Razões*

Ilustrações: Anais Quiroga

razão

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que a prisão é criminógena, ou seja, suas condições sãopropícias para incentivar novas condutas criminosas. Porúltimo, não supera o conflito expresso na condutacriminalizada”, argumenta Rodolfo Valente, coordenador doInstituto Práxis de Direitos Humanos.

Boa parte das pessoasque defendem a redução damaioridade penal enxergao Sistema Nacional deAtendimentoSocioeducativo (Sinase)de forma generalizada,acreditando que muitasinstituições são prisõesdisfarçadas de escolas.Muitos adolescentes quesão privados da sualiberdade, de fato, nãoficam em instituições

preparadas para sua reeducação, reproduzindo o ambiente deuma prisão comum.

Mas se nem tudo são flores, é importante destacar quenem tudo são espinhos. Instituições como a Fundação Fé &Alegria, ligada à Prefeitura Municipal de Vitória (ES), envolvemseus adolescentes em atividades culturais e profissionalizantese a eles oferece acompanhamento psicossocial.

Hieverson Caser, mais conhecido como Leto, foicoordenador de acolhimento institucional da Fundação. Eleconta que os adolescentes que cumprem medidasocioeducativa no local são, geralmente, pobres, sem muitainstrução, revoltados com a sociedade por não terem tidooportunidades de estudo e trabalho.

Esse também é o perfil de adolescentes que chegam àFundação da Criança e do Adolescente da Bahia (Fundac/BA),que oferece medidas socioeducativas em regime de internaçãoe semiliberdade. A diretora Ariselma Pereira afirma que osadolescentes da Fundação estudam em um turno e, no outro,participam de atividades artísticas e cursos profissionalizantes,como o de padeiro, costura, gráfica e informática. “Elesadoram participar das oficinas, dos cursos profissionalizantes,até porque a maioria entra no mundo do crime por falta deoportunidade. Setenta por cento dos nossos adolescentesafirmam que não frequentam a escola, e os que frequentampossuem um nível bem baixo de escolaridade”, diz Ariselma.

De acordo com os dados do Censo de 2010, o Brasil tem 21milhões de adolescentes de 12 a 18 anos, que representam11% da população brasileira. O número de adolescentes emcumprimento de medidas socioeducativas não chega à margemde um por cento da população adolescente do País.

GBA, hoje com 18 anos, fazia parte dessa estatística há trêsmeses. Ele cumpriu medida socioeducativa em algumasinstituições do Espírito Santo. Aos 16 anos, participou de umassalto à mão armada e ficou quase dois anos em regime de

internação. O jovem passou por entidades que, segundo ele,eram como hospícios, onde ele e outros adolescentes ficavamtrancafiados “como bichos”.

O adolescente afirma que esse tratamento alimentou suarevolta. “Sentia como se cada passo fosse o último. Ninguémsabe o que se passa na cabeça de ninguém lá dentro. A gentenão demonstrava sentimento, a não ser ódio”, desabafa. Noentanto, sua realidade muda quando começa a participar deoficinas de cidadania e cursos profissionalizantes na últimadas instituições por onde passou.

“Pensava que, roubando, eu ia bater de frente com essasociedade capitalista que só nos faz querer mais. Mas, hoje,luto de uma forma diferente. Só tem três meses que saí detudo, estou trabalhando como técnico de panificação econfeitaria, tirando a minha carteira [profissional] e vou voltara estudar no ano que vem”, afirma.

Leto, que hoje é assistente social de um Centro deReferência Especializado de Assistência Social (CREAS) emVitória, posiciona-se contra a redução da maioridade penal,pois percebe que a juventude precisa ser tratada comdignidade. Ele conta o caso de um adolescente arredio erevoltado com o qual trabalhou e que o processo educativodas oficinas e cursos o sensibilizou. “Fez com que eleretornasse para a sua vida anterior com mais qualidade.”Atualmente, esse jovem tem 19 anos e “sempre que me vê,vem ao meu encontro para conversar e falar com orgulhosobre suas novas conquistas”, emociona-se o educador.

GBA também não acredita que a redução da maioridadepenal seja positiva. “É uma forma de varrer a sujeira paradebaixo do tapete. O governo tem milhões para investir em ummonte de coisa, mas não dá pra investir em educação, né? Émais fácil criar bichos e, depois, quando não dá mais conta decontrolar, isola todos do resto do mundo e deixa pra lá.”

“Os adultos relatam que os adolescentes não sãodevidamente punidos por seus delitos, mas eu pergunto:quantos assassinos e traficantes adultos estão soltos mesmodepois de julgados e condenados? O que temos que melhoraré a educação e a rede de proteção social para promovercidadania e equidade social”, diz Leto.

A diretora da Fundac/BA afirma que os adolescentesegressos do sistema socioeducativo do Estado saem comesperança em um futuro melhor. No entanto, a porta das

Jovens em medida socieducativa duranteatividade cultural em unidade de atendimento D

ivul

gaçã

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Medidassocioedu-cativas

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oportunidades permanece fechada para muitos deles. “O empresário não dá emprego pormedo do jovem que cumpriu medidas, a sociedade o discrimina. Nós percebemos que asaída não é tratar a juventude como caso de polícia, e sim, de políticas públicas. Colocarmais cedo crianças e jovens nas cadeias, não é o caminho para que a gente tenha umasociedade menos violenta”, conclui Ariselma.

O Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) também nãoaprova a proposta de redução da maioridade penal, pois isso "reforça o descompromissodo Estado em encarar a situação da violação de direitos das crianças e dos adolescentesde forma responsável e inteligente. Inquestionável é a essência higienista e reacionária [daproposta]. É lamentável perceber que o Estado que se omite da garantia dos direitospretende ser o mesmo que, covardemente, busca a punição", afirma Diego Vale deMedeiros, conselheiro do Conanda.

Um olhar positivo

sobre as medidas

socioeducativasNo final do ano passado, durante a 2ª Semana de Arte e

Cultura da Fundação de Atendimento Socioeducativo do RioGrande do Sul (Fase/RS), manifestações artísticas de dança emúsica, grafite, artesanato e capoeira fizeram parte daprogramação do evento. As apresentações foram criadas eproduzidas por adolescentes que cumprem medida socioeducativaprivados de liberdade nas unidades da Fase da capital e decidades do interior do Estado do Rio Grande do Sul.

Iniciativas como essa deveriam fazer parte do dia a dia dasinstituições de atendimento socioeducativo do nosso País. Mas, namaioria das vezes, não é essa a realidade.

O mais marcante foi poder dialogar, dançar e participar dolanche coletivo com os adolescentes. A troca entre visitantes e osadolescentes possibilitousentir as dificuldades quepassam dentro e fora daunidade da Fase. Osinternos são jovens comooutros quaisquer, que têmseus talentos, sonhos,problemas, necessidades.Por falta de políticaspúblicas, desigualdadesocial e desestruturafamiliar, em boa parte doscasos, se deparam comsituações de violência.

Virajovens de Porto Alegre posam com bannerde divulgação da Semana de Arte da Fase/RS

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O Estatuto daCriança e doAdolescente (ECA) prevêseis tipos de medidassocioeducativas:advertência, obrigaçãode reparar o dano,

prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida,semiliberdade e internação. Recomenda-se que a medidaseja aplicada de acordo com a capacidade de cumpri-la, ascircunstâncias do fato e a gravidade da infração. Noentanto, de acordo com o relatório O Direito de SerAdolescente – A situação da Adolescência no Brasil,publicado em 2011 pelo UNICEF, 92% das unidades existentesno País não estão adequadas aos padrões arquitetônicos ede capacidade fixados pelo Sistema Nacional deAtendimento Socioeducativo (Sinase).

O juiz de direito da infância e juventude Sérgio Mazinaafirma que há dificuldades orçamentárias e operacionais,além de uma desintegração de vários órgãos responsáveispor compor o sistema de atendimento, o que muitas vezesdistancia o formato da medida socioeducativa do seumodelo ideal.

“Os técnicos comumente estão desorientados e nãodispõem de redes de atendimento adequadas para comporestratégias mais amplas de atuação em favor das criançasque recebem. O sistema educacional público sucateou-sedefinitivamente e mal está aparelhado para propiciar ensinoe, quanto mais, educação em um sentido mais amplo”,afirma Sérgio, que também é membro da Associação deJuízes para a Democracia e professor de Direito Penal daUnifieo, de São Paulo.

Ele acredita que as medidas socioeducativas não devamser substituídas pelo encarceramento, para ele um sistemainadequado. “É preciso repensar o Estado brasileiro a partirda perspectiva de educador dessa infância. Quando se tratade lidar com os segmentos mais populares da sociedade,nosso Estado exercita apenas os verbos cobrar, expulsar eprender, mas não executa o mais reclamado de todos osverbos e aquele que haveria de ser o mais cotidiano, ou seja,conversar”, diz.

Apesar da precariedade e de uma série de irregularidadesno Sinase, a taxa de reincidência de adolescentes egressosde medidas socioeducativas está abaixo de 20%, enquantosob o Sistema Penitenciário, voltado para o adulto, é de 70%.

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ECa

Atividade cultural reúne adolescentes emmedida socioeducativa da Fundac da Bahia

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V

Quando crimeshediondos ganhamdestaque nos meios decomunicação demassa, é natural queparentes das vítimasexijam justiça. Frases

como: “O que eu esperoé justiça, que ele vá pra

cadeia” são comuns emtodas essas situações.

Familiares sentem-se um poucomais aliviados quando o algoz de seus entes queridos écondenado a muitos anos de prisão. Justiça e puniçãopossuem a mesma conotação nos dias de hoje.

A Proposta de Emenda Constitucional 33 (PEC), porexemplo, de autoria do Senador Aloysio Nunes (PSDB-SP),defende a redução em casos de crimes hediondos, tráfico dedrogas, tortura e terrorismo. A PEC está na Comissão deConstituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal. Se aprovada,será inconstitucional no entendimento de vários juristasbrasileiros, pois os artigos de defesa dos direitos da criança edo adolescente são considerados cláusulas pétreas, ou seja,que não podem ser modificadas.

O Estado que deveria garantir direitos converte-se em umtipo de Estado Penal, que administra a panela de pressão deuma sociedade desigual. Deve-se mencionar ainda aineficiência do Estado para emplacar programas de prevençãoda criminalidade e de assistência social eficazes, junto àscomunidades mais pobres, além da deficiência generalizadaem nosso sistema educacional.

Dessa forma, opta-se pelo encarceramento, medidaprópria do contexto sócio-político do capitalismo. De acordocom Rodolfo Valente, com o neoliberalismo das décadas de1970 e 1980, a prisão passa a ser a principal forma de puniras pessoas que infringem a Lei. No Brasil, a partir dos anos1990, a política de encarceramento em massa édesencadeada, a exemplo do que acontecia no restante domundo. “Hoje, a função do cárcere é menos disciplinar emais a de gerir a pobreza que se reproduz e se aprofundacom as inúmeras desigualdades geradas pelo capitalismoneoliberal, marcado pelo desmonte dos serviços sociais epela ascensão dos aparatos de segurança pública”, afirma.

Para a antropóloga e advogada Bruna Angotti, a reduçãoda maioridade penal reforça a política de encarceramentoem massa, numa tentativa de lidar com a criminalidade comuma resposta punitiva em vez de alternativas de composiçãosocial. “A política de encarceramento atual é extremamenteineficaz: investe na abertura de vagas como forma de lidarcom a questão criminal, enquanto deveria fazer exatamenteo contrário, ou seja, encarcerar menos, reduzir a populaçãoprisional e investir em formas realmente eficazes deresolução de conflitos”, declara Bruna.

Prisãoque

deseduca

Rodolfo Valente vai na mesma linha: “As tentativas dereduzir a maioridade penal andam de mãos dadas com a políticade encarceramento em massa e, mais recentemente, com apolítica de privatização de presídios. Também no sistema infanto-juvenil, prevalece a lógica da seletividade: são os jovens negros,pobres e periféricos que são usualmente processados e julgadospela Justiça da Infância e da Juventude.”

Algumas pessoas contrárias à redução da maioridade penalficam balançadas quando o tema é crime hediondo praticado poradolescentes. Há os que defendam a redução para esse caso. Noentanto, o juiz Sérgio Mazina adverte: “o que se está em debatenão é o crime cometido, mas a idade de quem o praticou”.

“Não podemos nos esquecer de que a própria ideia dehediondez é, em si, bastante equivocada, inclusive no que tocaao tratamento penal do adulto. Hediondo não é o tipo de crime,mas, comumente, o modo como um dado tipo de crime pode serou não cometido. Estender esse equívoco para o tratamento dascrianças em adolescência é aumentar, e não diminuir, esse erroda lei brasileira aplicável aos adultos.”

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Em 1990, o Brasilassinou a Convençãosobre os Direitos daCriança e do Adolescenteda Organização das

Nações Unidas (ONU),assumindo tratamento

diferente em relação aosadultos, em atos infracionais

envolvendo crianças e adolescentes.“Se tomarmos o direito internacional como base, veremos quea maioria dos países que ratificaram a convenção mantém aidade penal nos 18 anos”, afirma Propercio Rezende, consultorem direitos da Criança e do Adolescente.

De uma lista de 54 países analisados, a maioria deles adotaa idade de responsabilidade penal absoluta aos 18 anos deidade, como é o caso brasileiro.

Alguns países que adotam a maioridade penal aos 18 anossão: Alemanha, Áustria, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Espanha,Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria e Inglaterra.

Esta fixação majoritária decorre das recomendaçõesinternacionais que sugerem a existência de um sistema dejustiça especializado para julgar, processar e responsabilizarautores de delitos abaixo dos 18 anos.

Cenáriointerna-cional

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articulados contra

a redução

Depois da movimentação a favor, no Senado e na sociedadecivil, de que adolescentes em ato infracional a partir dos 16 sejampresos em celas comuns, militantes preparam reação em todos osEstados, por meio do Movimento 18 Razões para a não redução damaioridade penal. Ele foi articulado inicialmente por 16 entidadesdefensoras dos direitos da criança, do adolescente e da juventude,inclusive a Viração Educomunicação.

O 18 Razões entende que a redução da maioridade penal nãovai diminuir a violência e acredita que somente as ações realizadascom a sociedade civil organizada e governos nas instânciaspsíquicas, sociais, políticas e econômicas serão capazes de reduzira criminalidade.

O movimento elencou e divulgou ao longo de março, em suapágina do Facebook 18 razões que entendeu necessárias paraqualificar o debate sobre a redução da maioridade penal, até entãomarcado por um discurso agressivo.

A proposta da redução também tem o repúdio de diversasorganizações como recentemente se manifestaram a Ordem dosAdvogados do Brasil (OAB), o Fundo das Nações Unidas para aInfância (UNICEF) e a Fundação Abrinq. O Conselho Nacional dosDireitos da Criança e do Adolescente também é contrário à redução.

As 18 Razões publicadas no Facebook foram construídas apartir de estudos das entidades que compõem o movimento, alémdo UNICEF (Porque dizer não à redução da idade penal / 2007);Campanha 10 Motivos Não à Redução, do Conselho Regional dePsicologia; Manifesto Projeto Não-Violência (10 Razões porquesomos contra a redução da MP – Sobre a Cultura de Paz);Campanha em Defesa da Vida, a Juventude quer Viver (10 das 1000razões para dizer não a redução da MP – Casa da Juventude Pe.Burnier); Mapa da Violência 2012 – Crianças e Adolescentes doBrasil, da Flacso-Brasil. Esta reportagem foi construída com muitasdas informações publicadas pelo 18 Razões.

Saiba mais sobre o 18 Razões:www.facebook.com/18razoes e www.twitter.com/18razoes

*Virajovens presentes em 20 Estadosdo País e no Distrito Federal

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24 Revista Viração • Ano 11 • Edição 95

Rones Maciel, Virajovem de Fortaleza (CE)*

Tom Jobim cantou os versos: “São as águas demarço fechando o verão/ É a promessa de vida noteu coração” (Águas de Março). Março chegou e

com ele a chuva não caiu ainda na comunidade de SãoJoão Velho, que fica no sertão central do Ceará, nomunicípio de Quixeramobim, a 240 km de Fortaleza.Assim como em muitos municípios do Estado que estãocom seus níveis dos reservatórios de água abaixo doesperado para esta época, a comunidade sofre com a

estiagem. Porisso, tem sidoabastecida porcarro-pipa.

Dos 184municípioscearenses, 174declararam noano passadoestado deemergênciadevido à secaque afeta tanto aprodução de alimentos na agricultura familiar quanto à criação de animais,que sofrem, e em alguns casos, estão morrendo por falta de água.

Se a chuva não vem, muitos agricultores se agarram à fé e esperam,segunda a crença religiosa, que chova até 19 de março, data em que secelebra o dia de São José, santo padroeiro do Ceará. Segundo a tradição,se não chover até esse dia, não se terá um inverno chuvoso. Mito oureligiosidade, o certo é que choveu em mais de cem municípios do Estado.Com isso, se renova a esperança que a chuva venha a cair com maisvontade nos próximos meses.

Não são apenas os adultos que sentem os efeitos da seca, os jovenstambém começam a sentir a ausência de água e de políticas públicas decombate aos problemas causados pela estiagem, que faça com que ajuventude permaneça no campo. A falta de expectativa faz com que osjovens deixem a sua comunidade, provocando um intenso êxodo rural.

Para muitos jovens da comunidade de São João Velho, assim comomuitas outras, o êxodo rural sazonal “forçado”, acaba sendo uma formade ter alimento na mesa durante o período de estiagem. O jovemEverilton Saraiva, de 20 anos, está indo morar na cidade deQuixeramobim para trabalhar em uma cooperativa de calçados – a únicaopção para muitos jovens da região. Deixar família, amigos e acomunidade onde cresceu não é fácil, mas não tem opção. “Por falta detrabalho, e melhores oportunidades, tive que ir embora. A falta de chuvaprejudica o único meio de sobrevivência do campo, que é a plantação”,ressalta o jovem.

A presença de meninas é bem maior que a de meninos em São JoãoVelho. Elas também estão deixando o campo em busca de renda na zona

Sertao a esperade chuva Jovens são ‘forçados’ a deixarem suas

comunidades em busca de outras

oportunidades nos centros urbanos

VReservatório de água em Quixeramobimestá quase seco por causa da falta dechuva no último mês de março

-

Fotos: Rones Maciel

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urbana. A jovem Gerliane Neres, de 18 anos, deixou as raízes deonde nasceu e correu para buscar outras oportunidades na cidade.“Por falta de um ganho, estou indo morar na cidade em busca detrabalho. O que sinto mais falta é dos amigos, da liberdade de sairà noite, e principalmente, do sossego do campo”, diz ela, jásentindo as dificuldades da vida urbana.

Segundo a Fundação Cearense de Meteorologia e RecursosHídricos (Funceme), a previsão climática para os meses de março aabril no Ceará aponta para a probabilidade de 40% dasprecipitações de chuva ficarem abaixo do normal. O Ceará, assimcomo outros Estados que fazem parte do bioma da Caatinga, naregião semiárida, atravessam a pior seca dos últimos 40 anos,segundo especialistas e registros históricos.

A canção Súplica Cearense, interpretada por Luiz Gonzaga, quetão bem cantou nas suas diversas músicas a riqueza, a beleza etambém o sofrimento do homem e da mulher sertaneja, traduz aangústia que a seca ainda promove no sertão do nordeste.

Eu não deixo o meu SertãoO “tempo bonito pra chover”, como se fala nosertão, faz com que a esperança na chuva venha,molhe a terra, que há meses não vê água, vaimovendo os sonhos dos sertanejos. A chuvapode até não vir, mas a luta continua e nemtodo mundo está disposto a deixar suas raízes econvivências para se arriscar na cidade. Confiradois depoimentos que atestam o desejo dajuventude de permanecer no sertão.

“Estou cursando Pedagogia etrabalho na sede dodistrito de Lacerda, como projeto Mais Educação,na única escola de nívelfundamental II dodistrito. Acho que a secafaz com que muitos jovensque trabalham na roça comseus pais, para poder no fim domês ter uma renda mensal, procuraremtrabalho na cidade. Uma forma de ter uma vidadigna no campo seria cursar uma faculdade deagronegócio ou de veterinária, mas o governotambém teria que investir, criando projetospara manter os jovens no campo”. RaianeMaciel, 21 anos

“Continuo morando na minhacomunidade, porque ondeeu moro tenho umemprego digno, que dápara ajudar a minhafamília e não preciso irmorar em outro lugar. Aseca pode sim ser um dosmotivos que faz com quejovens como eu possam deixar acomunidade. Muitos vivem da agricultura,ajudando os pais, e com a falta de chuvaprecisam procurar outros meios desobrevivência. O estudo seria a melhor formade nos manter aqui, fazendo uma faculdadeque nos ensine a trabalhar com o campo e teros mesmos prazeres que a cidade oferece”.Karliane Alves, 21 anos.

“Oh! Senhor,Pedi pro sol se esconder um pouquinho,Pedi pra chover,Mas chover de mansinho,Pra ver se nascia uma planta no chao,Planta no chao.””

VA seca fez com que o jovem EveriltonSaraiva deixasse sua comunidade àprocura de oportunidades de emprego

VAs cisternas da cidadeestão à espera de chuva

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26 Revista Viração • Ano 11 • Edição 95

Há várias versões sobre o 1º de abril ter se transformado no “dia da mentira”.

A informação mais difundida é que começou na França, no século 16

É verdadeou mentira?

Emilae Sena, Andressa Salles, Evelyn Karine Silva, Thalysson

Vinicius, do Virajovem Salvador (BA)*, e Alan Passos, historiador

Dia dos tolos, dos bobos ou Dia daMentira. O 1º de abril ainda é lembradopor muitos dessa forma. E muita gente

não perde a oportunidade de fazer umapegadinha, de contar uma mentirinha paraos amigos nesse dia. A informação maisdifundida sobre a origem das brincadeiras

do 1º de abril surgiu na França, no século16. Naquela época, na Europa, o calendáriomais adotado era o Juliano, criado no ano 45antes de Cristo, pelo general romano Caio JúlioCésar (101 – 44 a.C).

Mas esse calendário não era seguido portodos e muitas aldeias e paróquias celebravamo ano novo na festa da Anunciação

(celebração cristã lembrandoquando o Arcanjo Gabriel anuncioua Maria que ela seria mãe de JesusCristo), em 25 de março. Algunsesticavam o ano velho até 31 de

março e só comemoravam oréveillon em 1º de abril, data que

aconteciam trocas de presentes eanimados bailes noites adentro.

O calendário Juliano apresentava algunserros na contagem dos dias. Por isso, em 24

de fevereiro de 1582 foi promulgado pelo PapaGregório 13 um novo calendário que, por suainiciativa, passou a ser conhecido comocalendário Gregoriano, que instituiu que o anonovo se iniciaria em 1º de janeiro.

A França foi um dos primeiros países aadotarem o calendário Gregoriano, mas comresistência (ou confusão) da população, quecontinuou a comemoração do ano novo naantiga data, em 1º de abril. É nesse ponto que

está a questão do surgimento do chamado“Dia da Mentira”. Alguns gozadorescomeçaram a ridicularizar esse apego,enviando aos adeptos do antigo calendárioJuliano, apelidados de “bobos de abril”,presentes estranhos e convites para festasinexistentes. Com o tempo a galhofa difundiu-se por todo o país a ponto de hoje estarespalhada por todo o mundo ocidental.

Entretanto, há outra hipótese para explicaro “Dia da Mentira”. Segundo o historiadorJoseph Boskin, professor da Universidade deBoston, a data seria reminiscência de umaantiga festa romana, em que era costume ostrotes durante o equinócio de primavera. Nessaperspectiva, os trotes do 1º de abril seriamanteriores às mudanças realizadas pelocalendário Gregoriano.

Dia da mentira no BrasilNão há consenso sobre a origem da

brincadeira do Dia da Mentira no Brasil. Mas aoque parece, começou a ser difundida emPernambuco, onde circulou o periódico chamadoA mentira, lançado em 1º de abril de 1828, com anotícia do falecimento de Dom Pedro, desmentidano dia seguinte. A última edição do periódico saiuem 14 de setembro de 1849, convocando todosos credores para um acerto de contas no dia 1ºde abril do ano seguinte, dando como referênciaum local inexistente. V

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Page 27: Revista Viração - Edição 95 - Abril/2013

Vale

Juliana Rocha Barroso*

Quando tudo ainda nãopassava de uma ideia

10

*Juliana Rocha Barroso é co-fundadora da Viração,jornalista e educomunicadora

Como toda boa ideia, a Viração nasceu como resposta aum espaço vazio, a uma conexão solta, a uma vontadecoletiva que já ressoava e pulsava em mentes e

corações. Uma ideia pode ser entendida como a soma de tudoisso, elaborada e materializada por um alguém que conseguiucaptar e expressar o que os outros não conseguiram.

O espaço vazio da voz e da força da juventude, a conexãosolta entre o direito humano à comunicação e o seu efetivoexercício, o desejo coletivo de expressão e acesso aos meiosde se expressar deixaram o mundo abstrato para sematerializar num projeto social impresso. Ao longo dos seusdez anos, a ideia, viva, somou-se a outras vontades, lugares econexões e ganhou novas formas, de projeto a movimento deação sociopolítica e educacional. Criou e promoveu espaçosde diálogo e construção coletiva, colaborativa e participativa ese descobriu rica pelo processo, pela caminhada e não peloque se espera encontrar no destino. Afinal, entendeu que acomunicação é mesmo um meio e não um fim.

E para contar essa importante parte da história daViração, a parte de quando tudo não passava de uma ideia,aproveito o gancho do meu próprio desafio: fazer isso emapenas 2.500 caracteres com espaços, agora já 2.000.

Logo eu, que olho pro papel virgem, pro novo arquivo, coma caneta inclinada a 45 graus ou o cursor piscando na tela e osdedos ansiosos pela largada... Mas por um instante sequer tiveem mente que esses 2.500 caracteres seriam limitantes proque estaria prestes a escoar da mente, pro que ia deixar o talcampo das ideias e se materializar na tela, no papel, ou emquaisquer outras mídias. Sempre acreditei que o meio não élimitador, ainda que apresente em si algumas restrições.

A princípio temos o impulso de traduzir qualquer restriçãocomo limite ou barreira. Mas a ideia Viração, uma ideia demudança, atitude e ousadia, germinou em campo onde não seconhece limites pra criar, ver além. A semente brotou e emseu crescimento fez de cada restrição uma oportunidade, decada desafio, motivação. Ganhou forma, se expandiu emultiplicou num ecossistema educomunicativo.

Ressoa, se modifica e só faz crescer em mim essa ideia,que ilumina e transforma mentes de forma real no presentede cada pessoa que se conecta e a reconstrói, desde quandotudo ainda não passava de uma ideia. V

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Page 28: Revista Viração - Edição 95 - Abril/2013

José Carlos Santos Lima e Joelma Oliveira,

do Virajovem João Pessoa (PB)*

Faz Cultura

Mamulengo, Babau, João Redondo e Cassimiro Coco são alguns nomesdados ao teatro de bonecos, uma manifestação artística tipicamente brasileira,com maior presença na Região Nordeste do Brasil. Apesar de significativa, essaforma de expressão cultural ainda é muito desvalorizada pelas políticas públicasde cultura do País. No entanto, grupos e entidades nordestinas procuramresgatar e difundir a arte do teatro de bonecos em todas as suas técnicas elinguagens. Esse é o caso da Cia. Boca de Cena, de João Pessoa (PB).

De acordo com Amanda Viana, coordenadora da organização, o grupo nãotem parcerias financeiras, mas tem um diálogo com vários outros grupos,principalmente de outras regiões do Brasil, presentes em Brasília, Paraná e SãoPaulo, por exemplo. A Cia. Boca de Cena surgiu no ano de 1996, inicialmentecomo uma proposta de grupo artístico, mas anos depois, com a ampliação desuas atividades, passou a ser uma ONG com propósito educativo e cultural.

A riqueza cultural do teatro de bonecos aindaencontra dificuldade para se manter na tradiçãocultural da Paraíba

Na Paraíba, outros grupos debonequeiros populares sedestacam. Um deles é o Babau daParaíba, composto por pessoassimples e humildes, algumasanalfabetas, mas detentores deuma sabedoria única.

A Cia. Boa de Cena acredita que oreconhecimento do Teatro de BonecosPopular do Nordeste como patrimônioImaterial do Brasil, pelo Iphan, representaum avanço na política de cultura emâmbito nacional, além da ampliação devários festivais específicos de teatro debonecos. “A realização do projetoBenedito e João Redondo pelas ruas dacidade, proposto por nós, estácontribuindo com as discussões em tornode um plano de salvaguarda para essebem cultural”, afirma Amanda Viana.

V

Bonequeirosfazem arte

Atualmente, a Boca de Cenadesenvolve dois projetos: o IêMalungo, que propõe o trabalho comjovens que já foram alunos daentidade, a fim de estimular osurgimento de mais atoresmanipuladores, que manuseiam osbonecos, na capital paraibana; e oBenedito e João Redondo pelas ruasda cidade, projeto ganhador doPrêmio Artes Cênicas na Rua,concedido pela Funarte em 2012,que tem como principal objetivoproporcionar um diálogo cultural,entre o teatro de bonecostradicional e o contemporâneo. Oprojeto está sendo desenvolvido emoito municípios da Paraíba, com aparticipação de mestres bonequeirosdas cidades participantes.

A principal dificuldade é a falta de interesse das gestões pública em relação à criação eimplantação de políticas públicas de cultura, que visem à sustentabilidade dessa artepopular em nosso Estado. “Nosso projeto está sendo divulgado e conhecido através denossa assessoria de comunicação e redes sociais, recebendo votos de aplausos pelainiciativa. E a nossa mídia local não faz qualquer referência ao trabalho que está sendodesenvolvido”, explica Amanda.

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Revista Viração • Ano 11 • Edição 95 29

Empreendedorismo e Gestão, Meio Ambiente e RecursosNaturais, Estudos Avançados em Ciências, Estudos Avançadosem Linguagens, Comunicação, Tecnologia e Turismo são

alguns dos temas que fazem parte do projeto Reinventado aEscola, determinado pela Resolução Estadual nº 2252/2013, queconsidera a Lei de Diretrizes e Bases de 1996. O projeto tem comoobjetivo reformular o currículo escolar convencional, com a inclusãoe a integração de áreas de empregabilidade ao Currículo BásicoComum (CBC) do estudante. Atualmente, o projeto atinge 122 escolasda rede estadual de ensino de Minas Gerais, com a perspectiva deuniversalizar e ampliar para todas as escolas do Estado.

Em Lavras (MG), a Secretaria Regional de Ensino implementou oprojeto nas temáticas do eixo de Comunicação, Tecnologia e MeioAmbiente na escola Estadual Firmino Costa. Os estudantes do primeiroano do ensino médio recebem formação e participam de atividades doprojeto em um horário extra-classe.

Josélia Teixeira, vice-diretora da escola e professora do eixo deComunicação, fala sobre a importância da comunicação para o sensocrítico do aluno. “O projeto vai acrescentar muito para eles. Quando háessas disciplinas dinâmicas, os alunos têm mais interesse e começama rever o mundo, desconstruindo estereótipos de adolescências que aprópria mídia impõe e se sentem mais autônomos.”

Para os estudantes do primeiro ano, o trabalho com comunicaçãoé uma grande novidade. A temática foge ao currículo básicotradicional, o que fascina os estudantes. “É muito interessante porquesaímos da mesmice, e nos conectamos a outras disciplinas etemáticas. Somos muito instigados a conhecer o novo e a repensar omundo a nossa volta”, disse a aluna Saori Vargas Rezende, de 15 anos,que participa do projeto.

O Reinventando a Escola é uma iniciativa de reverter otradicionalismo na educação, pois representa, mesmo que ainda demodo tímido, a desconstrução do formato verticalizado de ensino,avançando para aulas mais dinâmicas, com espaços para troca deconhecimentos, reflexões e com os alunos e as alunas adquirindosenso crítico.

*Um dos virajovens presentes em 20Estados do País e no Distrito Federal

Escolas públicas de Minas Gerais adotam a Comunicação como

atividade extracurricular para estudantes do ensino médio

E eu com isso?!

Reinventar comComunicação

V

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) definee regulariza o sistema de educação brasileiro combase nos princípios presentes na Constituição.A primeira LDB foi criada em 1961, seguida por umaversão em 1971, que vigorou até a promulgação damais recente em 1996. (Informações da Wikipedia.Veja o texto na íntegra em: http://migre.me/dMB60)

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Page 30: Revista Viração - Edição 95 - Abril/2013

No Escurinho

V

A produção argentina Elefante Branco trata da luta de padres e

comunidade para a conclusão de uma obra pública inacabada pelo Estado

Sérgio Rizzo, crítico de cinema*

Na produção argentina Elefante Branco, a história é ambientadana periferia de Buenos Aires. Não faria muita diferença,contudo, se fosse em São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador ou

Recife. No Brasil e também na Argentina, a expressão usada notítulo refere-se a algo que (infelizmente) conhecemos bem: umaobra pública que queimou dinheiro do Estado e continua inacabada,ou então ficou pronta, mas sem funcionar direito.

O tal "elefante branco" do filme é o "esqueleto" de umhospital no coração de um assentamento popular semelhante àsfavelas brasileiras. Com o descaso do Estado, boa parte doamparo aos moradores vem de padres católicos cuja presença éapenas tolerada pelas milícias locais – que, por sua vez, estãoem permanente conflito. Nos bastidores da política, os padres seesforçam para obter a liberação dos recursos necessários àconclusão do hospital, mas o problema é complicado.

O papel de Julián, o padre que lidera a ação social noassentamento, é interpretado por Ricardo Darín, que se tornou orosto mais conhecido do cinema argentino contemporâneo noexterior por sua presença em filmes como Nove Rainhas (2000) eO Segredo dos seus Olhos (2009). O belga Jérémie Renier (ACriança, O Silêncio de Lorna) faz o padre estrangeiro que Juliánquer ver como o seu sucessor. Desnecessário observar que muitagente lembrará do Papa Francisco ao ver Julián e seus colegas.

O diretor e corroteirista Pablo Trapero (Do Outro Lado daLei, Leonera) costuma se dedicar a temas sociais. Desta vez,ele mantém a preocupação política, ao expor os fatores queafetam a população do assentamento, e acrescenta ao pacoteuma dose de humanismo de fundo cristão. Por causa disso,Elefante Branco quase transforma alguns personagens emheróis. Mas o tamanho de suas angústias e dúvidas os caracterizacomo homens, apenas.

30 Revista Viração • Ano 11 • Edição 95

Humanismo cristão naArgentina do papa

* www.sergiorizzo.com.br

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Que Figura!

Hugo Chávez em toda sua história dividiu opiniões. De um lado, osque acreditavam ser ele um carrasco irremediável, um vilão àliberdade venezuelana. De outro, os que o tinham como um herói

defensor da igualdade e independência do seu país. Julgamentos aparte, Chávez entrou para história por suas medidas que priorizavamos venezuelanos e pela busca por um país melhor e também por suapostura, compreendida muitas vezes como polêmica, que foi pautapara diversas discussões.

O aumento do Produto Interno Bruto (PIB) e do nível deescolaridade no país justificam toda a adoração que o presidenterecebia de eleitores fervorosos. Chávez foi responsável por umarenovação na Venezuela, que conseguiu melhorar os indicadores depobreza e de saneamento básico, tornando-se um grande destaque emtoda a América Latina.

O presidente venezuelano nasceu em Sabanete, no Estado venezuelanode Barinas, em 28 de julho de 1954. Filho de professores, cresceu em umambiente humilde. Aos 17 anos, ingressa na Academia Militar da Venezuela,pela qual forma-se em engenharia. Foi casado por duas vezes e teve quatrofilhos, três do primeiro casamento; e uma filha do segundo.

Durante seu governo, “el comandante”, como era conhecido,enfrentou diversas polêmicas, inclusive um golpe de Estado que o tiroudo poder por um dia. Mas, a importância do seu governo não apenasestá relacionada com relações problemáticas e problemas de Estado.Em 2002, mudanças administrativas feitas por Chávez na CompanhiaEstatal de Petróleos provocaram grandes desconfortos e muitascríticas à medida tomada.

Seu jeito polêmico desagradou aogoverno dos Estados Unidos, quedesaprovavam as atitudes de Chávez.Mas ele não poupava críticas à políticaexterna norte-americana e negou-se aaceitar o seu imperialismo. Bolivariano,era um crítico do neoliberalismo.

Assim que assumiu a presidência,tomou medidas para mudar aConstituição Venezuelana. Chávezconseguiu aprovar uma emenda dereeleição ilimitada para o cargo de presidente que duraria, no máximo, 12anos, além de outros cargos públicos. Isso acabou reforçando a ideia deque a democracia, com seu mandato, não era legitima.

Em 2011, Chávez foi diagnosticado com um tumor cancerígeno. Opresidente lutou contra a doença por dois anos, passando por váriascirurgias e temporadas de tratamento em Cuba. Em 5 de março de 2013,

Hugo Chávez fez história ao enfrentar o imperialismo dos

Estados Unidos e ao governar para os mais pobres na Venezuela

El comandante

"O neoliberalismo é o caminhoque conduz ao inferno."

Hugo Chávez

Hugo Chávez morre, deixando o legado de uma Venezuelarenovada. Nesta data, diversos seguidores desolados saíram às ruasem sua homenagem, tristes pela perda de seu grande herói.

Bolivarianos são os seguidoresde Simón Bolívar, militar e líderpolítico da Venezuela, quelutou pela independência devários países latino-americanos, onde estabeleceuas bases para a democracia.(Informações da Wikipédia)

V

Revista Viração • Ano 11 • Edição 95 31

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Page 32: Revista Viração - Edição 95 - Abril/2013

Sexo e Saúde

32 Revista Viração • Ano 11 • Edição 95

Como a diabetes pode afetar a vida sexual do paciente?

Existe alguma restrição?

Em média, 25% das mulheres e 50% doshomens apresentam algum tipo deproblema sexual decorrente dadiabetes. No homem, pode causarimpotência sexual parcial ou total,não conseguindo ereção ou nãopodendo mantê-la por muitotempo. Em longo prazo podecomprometer o sistema devasos sanguíneos e o sistemaneurológico periférico. Namulher, podem ocorrerinfecções na vagina que causamdor, ardência e muitas vezescoceira. O sexo torna-sedesconfortável, diminuindo o desejosexual.

Quais transtornos e disfunções

a diabetes pode provocar?

Quando o índice glicêmico estáacima do esperado, para cadapaciente pode ocorrer complicaçõesque dividem-se em dois grupos. Oprimeiro refere-se à elevação bruscada glicose no sangue (hiperglicemia),em que o paciente pode urinarexcessivamente, sentir muita sede,emagrecer, desidratar e até perder aconsciência, chegando ao coma diabético. Osegundo grupo de complicações é o decorrenteda glicemia aumentada e mantida durante mesesou anos, o que pode causar alterações vasculares no

No Brasil, 7,5 milhões de pessoas são diagnosticadas com a diabetes, doença que apresenta dois tipos: DM1, predominante na infância

e na adolescência; e DM2, que ocorre quando o nível de glicose (açúcar) no sangue fica muito alto, quando não há produção

suficiente de insulina pelo pâncreas ou porque o corpo se torna menos sensível à insulina que é produzida. Mas a diabetes pode

influenciar a vida sexual de alguma forma? Para tratar desse tema, conversamos com a nutricionista Sandra Maria Ribeiro. V

Mande suas dúvidas sobre Sexo e Saúde, que a galera da Vira vai buscar as respostas para você! O e-mail é [email protected]

Reynaldo de Azevedo Gosmão, do Virajovem Lavras (MG)*

*Um dos Virajovens presentes em 20 Estados do País e no DF

coração, nos olhos, rins e nos nervos.

Há tratamentos para que a

pessoa com diabetes possa ter

uma vida sexual ativa e

saudável?

Manter um estilo de vidasaudável é essencial para seconseguir qualidade de vida,ter cuidado com a dieta,práticas de atividade física,não ter o hábito de fumarnem consumir bebidasalcoólicas, perder peso sehouver necessidade eutilizar-se dosmedicamentoscorretamente, seguindoorientação médica. Acrença e o amor à vida ecertas potencialidades,que a pessoa certamentepossui, devem ser sempreestimulados, pois é dasua atitude positivaque dependerá,fundamentalmente, aqualidade de vida.

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Conheça o site Na Biroskinha: www.nabiroskinha.com

Acaldeirada é um prato típico das praias de Pernambuco. A sua procura nosbares é constante pela deliciosa mistura de frutos do mar, cozidos comtemperos variados e leite de coco. É imperdível experimentar este prato nos

bares e restaurantes especializados da cidade, que cai super bem com arrozbranco. Não dispense um refrigerante ou suco bem gelado para acompanhar.

Luiz Felipe Bessa, do Virajovem Recife (PE)*

Rango da terrinha

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3. VALE POSTAL em favor daVIRAÇÃO, pagável na AgênciaAugusta – São Paulo (SP), código72300078

4. BOLETO BANCÁRIO(R$2,95 de taxa bancária)

+

*Um dos virajovens presentes em 20 Estados do País e no Distrito Federal

Prato à base de frutos do mar é um dos mais

pedidos por turistas nas praias pernambucanas

MISTURA BOADE PERNAMBUCO

Ingredientes1,5 quilo de frutos do mar diversos, como camarão, mexilhões e linguado;Sal e limão pra temperar;3 colheres de sopa de azeite de oliva;3 colheres de sopa de azeite de dendê;3 dentes de alho;2 cebolas picadas;1/2 lata de tomate pelado, picados;1 pimentão vermelho picado;200 ml de leite de coco;1 colher de chá de páprica;1 colher de chá de açafrão-da-terra(cúrcuma);Sal e pimenta a gosto;1/2 xícara do coentro picado.

Modo de preparoPrimeiro, tempere os frutos do mar com sal e limão. Depois, numa panela grande,

doure os frutos do mar no azeite de oliva, que devem ser retirados da panela e reservadosnum refratário. Na mesma panela onde os frutos do mar foram dourados, acrescente oazeite de dendê e refogue a cebola, o alho, o tomate pelado e o pimentão. Adicione oleite de coco, a páprica e o açafrão. Prove e tempere com sal e pimenta a gosto. Depoisdisso, junte os frutos do mar à panela, tampe e cozinhe por cerca de dez minutos.Acrescente o coentro antes de servir. Coma com arroz. Deu água na boca, né? V

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Page 34: Revista Viração - Edição 95 - Abril/2013

Parada Social

Em 2008 foi criado o grupo Extremer

Action, grupo missionário de João Pessoa

que, desde seu surgimento, vem fazendo

um importante trabalho no Estado com

crianças e adolescentes. A ideia de criar o

grupo veio de um casal de jovens que

participaram de um encontro de artes na

cidade do Conde, interior da Paraíba, que durou

por volta de cinco anos, e mostrou um novo

jeito de atrair a atenção da comunidade para

uma sociedade melhor.

Atualmente, o grupo é formado por

mais de 40 jovens que dedicam o seu

tempo para exercer a cidadania,

promovendo apresentações culturais e

oficinas como: percussão, teatro, street

dance, artes circenses, skate, culinária,

corte de cabelo e biscuit para darem um

dia diferente a milhares de adolescentes.

As apresentações são adaptadas

para locais públicos, tendo como palco

as ruas, praças, escolas e até mesmo

hospitais da capital paraibana, onde

envolvem crianças em diversas atividades.

O grupo já passou por várias cidades

paraibanas, entre elas Juripiranga, Conde,

Cubati, além de Mangabeira VII e a

comunidade Timbó, no bairro Bancários,

ambos na capital.

“Queremos promover uma ação

extrema sob nossa atual sociedade,

onde as drogas e a violência se

tornaram um caos. Assim tivemos a

iniciativa de atrair a atenção de jovens

adolescentes para um mundo melhor por meio

de estratégias artísticas com as quais eles

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Karolyne Canuto, Virajovem de João Pessoa (PB)*

*Uma das virajovem presentes em 20Estados do País e no Distrito Federal

Jovens de João Pessoa promovem um

dia de lazer para a sociedade paraibana

podem se identificar”, afirma Adelson

Azevedo, coordenador do Extremer Action.

“A melhor coisa na vida de um cristão é

saber que está fazendo as pessoas felizes,

podendo dar o melhor de si mesmo, além de

atuar nas áreas em que os outros mais

precisam. Nós procuramos oferecer o melhor

que verdadeiramente vai fazer toda a

diferença”, acredita José Bruno, de 23 anos,

voluntário do Exetermer Action.

V

Estremecendocomunidades

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Projeto realizaatendimento de saúdeem João Pessoa

Integrantes do ExtremerAction posam para fotodurante ação

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Page 36: Revista Viração - Edição 95 - Abril/2013

A FACE DAS MUDANÇASCLIMÁTICAS

DIA DA TERRA 2013

WWW.EARTHDAY.ORG

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