revista viração - edição 84 - maio/2012

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ProUni: Estudantes beneficiados com bolsas de estudo enfrentam dificuldades para se manterem na universidade

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Page 1: Revista Viração - Edição 84 - Maio/2012

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Page 2: Revista Viração - Edição 84 - Maio/2012

Sexo e Saúde

Associação Imagem ComunitáriaBelo Horizonte (MG)

www.aic.org.br

Universidade Popular – Belém (PA)www.unipop.org.br

Rede Sou de Atitude MaranhãoSão Luís (MA)

www.soudeatitude.org.br

Avalanche Missões Urbanas UndergroundVitória (ES)

www.avalanchemissoes.org

Casa da Juventude Pe. Burnier – Goiânia (GO)www.casadajuventude.org.br

Centro de Refererência Integralde Adolescentes – Salvador (BA)

blogdocria.blogspot.com

Cipó Comunicação InterativaSalvador (BA)

www.cipo.org.br

Jornal O Cidadão – Rio de Janeiro (RJ)ocidadaonline.blogspot.com

Movimento de Intercâmbiode Adolescentes de Lavras – Lavras (MG)

Grupo Conectados de ComunicaçãoAlternativa GCCA - Fortaleza (CE)www.taconectados.blogspot.com

Instituto de Estudos SocioeconômicosBrasília (DF)

www.inesc.org.br

Ciranda – Curitiba (PR) Central de Notícias dos Direitos

da Infância e Adolescência www.ciranda.org.br

Catavento Comunicação e Educação Fortaleza (CE)

www.catavento.org.br Agência Fotec – Natal (RN)

Projeto Juventude, Educaçãoe Comunicação Alternativa

Maceió (AL)

União da Juventude Socialista – Rio Branco (AC)ujsacre.blogspot.com

Grupo Cultural EntrefaceBelo Horizonte (MG)

gcentreface.blogspot.com

Grupo Makunaima Protagonismo Juvenil (RR)

grupomakunaimarr.blogspot.com

Taba - Campinas (SP)www.espacotaba.org.br

Nossos parceirospelo Brasil

Apôitcha - Lucena (PB)www.apoitcha.org

Gira Solidário Campo Grande (MS)

www.girasolidario.org.br

Lunos - Boituva (SP)www.lunos.com.br

Projeto Araçá - São Mateus (ES)www.projetoaraca.org.br

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Page 3: Revista Viração - Edição 84 - Maio/2012

Apoio Institucional

Revista Viração • Ano 10 • Edição 84 03

Copie sem moderação! Você pode:

• Copiar e distribuir• Criar obras derivadas

Basta dar o crédito para a Vira!

Conteúdo

“Atualmente no Brasil existem formas mais diversificadas e

práticas para o ingresso no ensino superior. Com o Exame

Nacional do Ensino Médio, o Enem, o estudante pode participar

de processos seletivos para universidades públicas de todo o País por meio da

inscrição no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e também candidatar-se a uma

bolsa de estudos integral ou parcial pelo Programa Universidade para Todos, o

ProUni, que desde 2005, ofereceu um milhão de bolsas para estudantes brasileiros

de baixa renda. Mesmo isentos de pagar mensalidade, as dificuldades que

envolvem o estudo permanecem entre jovens recém-saídos do ensino médio.

Gastos com livros, transporte, alimentação, cópias e outras coisas

fazem parte da vida acadêmica. Na reportagem de capa Estudar é direito,

você confere casos em que apenas a concessão da bolsa não é capaz de

garantir o pleno exercício do direito ao estudo.

Nesta edição você ainda confere uma reportagem sobre a

Criatividade. É possível dizer que as nossas criações são

individuais? Tire suas conclusões com a matéria

“Nada de cria, nada se perde, tudo se

transforma”. Boa leitura!

AViração é um uma organização nãogovernamental (ONG), de educomunicação,

sem fins lucrativos, criada em março de 2003.Recebe apoio institucional do Fundo das NaçõesUnidas para a Infância (UNICEF), da Organizaçãodas Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), do Núcleo deComunicação e Educação da Universidade deSão Paulo e da ANDI - Comunicação e Direitos.Além de produzir a revista, oferece cursos eoficinas em comunicação popular feita parajovens, por jovens e com jovens em escolas,grupos e comunidades em todo o Brasil.

Para a produção da revista impressa e eletrônica (www.viracao.org),contamos coma participação dos conselhos editoriais jovensde 22 Estados, que reúnem representantes deescolas públicas e particulares, projetos emovimentos sociais. Entre os prêmiosconquistados nesses oito anos, estão PrêmioDon Mario Pasini Comunicatore, em Roma(Itália), o Prêmio Cidadania Mundial, concedidopela Comunidade Bahá'í. E mais: no ranking daAndi, a Viração é a primeira entre as revistasvoltadas para jovens. Participe você tambémdesse projeto. Veja, ao lado, nossos contatosnos Estados.

Paulo Pereira Lima

Diretor Executivo da Viração – MTB 27.300

Conheça os Virajovens em 22 Estadosbrasileiros e no Distrito Federal

Belém (PA) - [email protected] Horizonte (MG) - [email protected] Vista (RR) - [email protected] (SP) - [email protected]ília (DF) - [email protected] (SP) - [email protected] Campo Grande (MS) - [email protected] (PR) - [email protected] (CE) - [email protected]ânia (GO) - [email protected]ão Pessoa (PB) - [email protected] (SE) – [email protected] (MG) - [email protected] Duarte (MG) - [email protected]ó (AL) - [email protected] (AM) - [email protected] (RN) - [email protected] (ES) - [email protected] Velho (RO) - [email protected] (ES) - [email protected] Branco (AC) - [email protected] de Janeiro (RJ) - [email protected]á (MG) - [email protected] (BA) - [email protected]. Gabriel da Cachoeira (AM) - [email protected]ão Luís (MA) - [email protected]ão Mateus (ES) - [email protected]ão Paulo (SP) - [email protected] do Navio (AP) - [email protected] (PI) - [email protected]ória (ES) – [email protected]

Quem somos

Inclusão efetiva?

Associazione Jangada

Amanda Campos, do Virajovem Salvador(BA), fotografa o local onde aconteceuo 7º Fórum de Educação Ambiental,realizado entre os dias 28 e 31 demarço, na capital da Bahia.

Quem faz a ViraEmilae Senna, do Virajovem Salvador (BA)

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Page 4: Revista Viração - Edição 84 - Maio/2012

Sempre na ViraManda Vê . . . . . . . . . . . . . 06Imagens que Viram. . . . . . 18PCU (Plataforma dos Centros Urbanos) . 24No Escurinho . . . . . . . . . . 30Que Figura . . . . . . . . . . . . 31Sexo e Saúde . . . . . . . . . . 32Rango da Terrinha . . . . . . 33Parada Social . . . . . . . . . . 34Rap Dez . . . . . . . . . . . . . . 35

Preço da assinatura anualAssinatura Nova R$ 65,00Renovação R$ 55,00De colaboração R$ 80,00Exterior US$ 103,00

RG VÁLIDO EM TODO TERRITÓRIO NACIONAL

Revista Viração - ISSN 2236-6806

Conselho EditorialEugênio Bucci, Ismar de Oliveira, Izabel Leão,Immaculada Lopez, João Pedro Baresi, Mara

Luquet e Valdênia Paulino

Conselho FiscalEveraldo Oliveira, Renata Rosa e Rodrigo Bandeira

Conselho PedagógicoAlexsandro Santos, Aparecida Jurado,Isabel Santos, Leandro Nonato e Vera Lion

Presidente

Juliana Rocha Barroso

Vice-Presidente

Cristina Paloschi Uchôa

Primeiro-Secretário

Eduardo Peterle Nascimento

Direção ExecutivaPaulo Lima e Lilian Romão

EquipeAna Paula Marques, Bruno Ferreira, Carla Renieri,Elisangela Nunes, Eric Silva, Evelyn Araripe, GisellaHiche, Gutierrez de Jesus Silva, Ingrid Evangelista,Ionara Silva, Julia Dávila, Manuela Ribeiro,Mariana Matos, Mariana Rosário, RafaelStemberg, Sonia Regina e Vânia Correia

Administração/Assinaturas

Douglas Ramos e Norma Cinara Lemos

Mobilizadores da ViraAcre (Leonardo Nora), Alagoas (Jhonathan Pino),Amapá (Camilo de Almeida Mota), Amazonas(Cláudia Ferraz e Délio Alves), Bahia (EvertonNova), Ceará (Alcindo Costa e Rones Maciel),Distrito Federal (Danuse Queiroz e Pedro Couto),

Espírito Santo (Jéssica Delcarro e Leandra Barros),Goiás (Érika Pereira e Sheila Manço),Maranhão (Sidnei Costa), Mato Grosso doSul (Fernanda Pereira), Minas Gerais (EmíliaMerlini, Reynaldo Gosmão, Silmara Aparecidados Santos e Pablo Abranches), Pará (AlexPamplona), Paraíba (Niedja Ribeiro), Paraná(Juliana Cordeiro e Vinícius Gallon),Pernambuco (Edneusa Lopes), Piauí

(Anderson Ramos da Luz), Rio de

Janeiro (Gizele Martins), Rio Grande doNorte (Alessandro Muniz), Rondônia(Luciano Henrique da Costa), Roraima(Graciele Oliveira dos Santos) e São Paulo(Gutierrez de Jesus Silva e Tamires Ribeiro).

ColaboradoresAntônio Martins, Fernanda Forato, HeloísaSato, Márcio Baraldi, Natália Forcat, Novaes,

Rogério Zé e Sérgio Rizzo .

Projeto GráficoAna Paula Marques e Cristina Sayuri

Jornalista ResponsávelPaulo Pereira Lima – MTb 27.300

Divulgação

Equipe Viração

E-mail Redação e [email protected]@viracao.org

9 Conexão necessáriaProjeto propõe a integração de plataformas da internet para facilitara colaboração no desenvolvimento de soluções para as cidades

28 Cultura sustentávelJovens da periferia de Curitiba enxergam na reciclagemuma possibilidade de fazer instrumentos musicais einovar em manifestações culturais

26

8 Ocupando espaçosJuventude de Fortaleza participa de processos coletivos

de decisão para a melhoria de suas comunidades

20

10 Impulso criativoO mundo inspira o ser humano a recriar novas linguagense maneiras de comunicar o que vive e o que sente

29 Sensibilização lúdica Projeto de São Vicente (SP) conscientiza a juventude da cidadesobre a importância da participação cidadã por meio do voto

14 Amazônia e Hip HopVirajovens de Belém entrevistam o arte-educadorresponsável por articular uma rede do movimentoHip Hop nas regiões Norte e Nordeste

25 Transmissão onlineSaiba como promover reuniões e formações à distância

utilizando uma webcam e as redes sociais

Realidade dos BolsistasO ProUni é o sonho de muitos estudantes. Mas, mesmo como benefício, grande parte ainda enfrenta dificuldades paraarcar com gastos extras que a bolsa de estudos não cobre.

16 Cada um na suaJovens adeptos das chamadas tribos urbanas são desrespeitados

por adotarem um visual que foge dos padrões sociais

27

OpiniãoConfira o que pensa Iara Petricovsky, do Comitê Facilitador daSociedade Civil Brasileira, sobre os processos oficiais da Rio+20

Educação Ambiental7º Fórum Brasileiro de Educação Ambiental, que aconteceuem Salvador (BA), discute Rio+20 e sociedades sustentáveis

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A Vira pela igualdade. Diga lá. Todas e todos Mudança, Atitude e Ousadia jovem.

Diga láVia Facebook

1ª Educobertura dasConferências Estaduais do

Direito da Criança e doAdolescente! Pará

arrebentando com a Vira!

Thaís Chita

Via Facebook

Saudações, meu povo querido!Estou aqui para pedir uma

informação: como eu faço parareceber em casa a Revista Viração?

Desde já agradeço!

Manoel Edvanio Melo

Gestão de Projetos da AssociaçãoComunitária

Fortaleza (CE)

Fale com a gente!

A Viração estáacompanhando as coberturaseducomunicativas da etapa

preparatória da 9ª Conferência dosDireitos da Criança e do Adolescente

com adolescentes e jovens de 16Estados do Brasil. Estaremospresentes também na etapanacional, que acontece emBrasília (DF), entre os dias

11 e 14 de julho.

Oi, Manoel! Entre emcontato com a redaçãoda revista pelo e-mail

[email protected] ou pelotelefone (11) 3237-4091. Nossa

assinatura anual para 12edições custa 65 reais.

Um abraço!

Mande seus comentários sobre a Vira, dizendo o queachou de nossas reportagens e seções. Suassugestões são bem-vindas! Escreva para Rua Augusta,1239 - Conj. 11 - Consolação - 01305-100 - São Paulo(SP) ou para o e-mail: [email protected] -Aguardamos sua colaboração!

Parceiros de Conteúdo

Para garantir a igualdadeentre os gêneros na linguagem daVira, onde se lê “o jovem” ou “osjovens”, leia-se também “ajovem” ou “as jovens”, assimcomo outros substantivos comvariação de masculino e feminino.

Agora você pode acessar,de graça, as edições anterioresda revista na internet:www.issuu.com/viracao

Creditamos Alisson Rodrigues,do Virajovem São Paulo (SP), como autor da foto daseção Quem Faz a Vira da última edição. Mas aautoria é de Gutierrez de Jesus Silva, da Redação. Ena linha fina da seção No Escurinho, também daúltima edição (nº83), escrevermos de forma erradaa palavra roteirista. Pedimos desculpas pelos erros!

Ponto GOps! Erramos!Perdeu algumaedição da Vira?Não esquenta!

Siga a Vira no Twitter:@viracao_oficial.E também confiraa página e operfil da ViraçãoEducomunicaçãono Facebok.

A ViraçãoEducomunicação

não utilizamais o perfilno [email protected]

da nossa senha paradivulgar ações eideias que não sãoda organização.Convidamos a todospara seguir o nossonovo perfil@viracao_oficial.

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Page 6: Revista Viração - Edição 84 - Maio/2012

Manda Vê

*Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados do Paíse no Distrito Federal ([email protected] e [email protected])06 Revista Viração • Ano 10 • Edição 84

Jovens de baixa rendaestão tendo mais acesso

à universidade?

Jackson Oliveira deSantana, 20 anos, Colatina (ES)

“Eu creio que sim, estão tendo maisacesso, estão entrando cada vez maisnas federais. Mas a grande maioria que

entra é gente com uma renda melhor. Hojecom cotas pra negros, estudantes de

escolas públicas certamente já têm umavantagem a mais do que os de

classe média que estudaram emescolas particulares.”

Messias DídimoAndrade, 18 anos,Foz do Iguaçu (PR)

“Em minha visão sim, porém nãopor programas do governo oubolsas, mas porque tem mais

acesso ao crédito para afaculdade ou investem todo

o seu salário noensino.”

Íngrid Franca,18 anos, Pinheiros (ES)

“Sim, cada vez mais o governoestá criando programas para

facilitar a melhoria dos estudos,ProUni, Fies, Nossa bolsa. Mas nasuniversidades federais a maioriadas pessoas são de alta renda,

acho que nesse sentidofaltam melhorias.”

Jéssica Delcarro, do Virajovem São Mateus (ES)*; Juliana Cordeiro, do Virajovem Curitiba (PR)*;

Eric Silva e Bruno Ferreira da Redação

Há alguns anos, ter dinheiro era necessário para conseguir fazer faculdade, uma vez que o acesso à universidadepública sempre foi concorrido e difícil, o que fazia com que muitos estudantes recém-formados no ensino médiodesistissem de concorrer a vagas no ensino superior. Desde 2005, no entanto, o Programa Universidade Para Todos, oProUni, oferece bolsas para estudantes de baixa renda vindos de escolas públicas.

Além disso, o Sistema de Seleção Unificado (Sisu) seleciona alunos para cursos em universidades públicas de todo oPaís a partir da nota no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). No entanto, muitos ainda encontram dificuldade paraentrar na faculdade, até mesmo porque os candidatos ao ProUni e às universidades públicas passam por um processode escolha, no qual são aprovados apenas os que obtiverem melhores notas. Por isso, perguntamos:

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Page 7: Revista Viração - Edição 84 - Maio/2012

Jéssica Braga, 20anos, Mimoso do Sul (ES)

“Acredito que sim, por meiodos programas como ProUni,os jovens de baixa renda têm

a oportunidade deingressar na

universidade.”

Márcio Pestana,24 anos, Rio de Janeiro (RJ)

“Sim, principalmente pelo Fiesonde o estudante primeiro

estuda e paga a universidadesomente quando se formar.

Estão fazendo muitoisso aqui.”

Heverton CamposMartins, 22 anos,Montanha - (ES)

“Sim. Na maioria das vezes os jovens debaixa renda estudaram em escolas

públicas e tiveram um ensino marcado peladeficiência do investimento da educação.

Para garantir a inserção desta camadanas universidades, o governo criou oProUni e Sisu. Sem esses programas

federais nunca ingressariam noensino superior.”

Universidades públicas são a primeira opção paraquem deseja ingressar no ensino superior. Comoem outros países, no Brasil, o número decandidatos às cadeiras das universidades é bem

superior ao número de vagas ofertadas, assimcomo é maioria o número de estudantes vindos de

escolas particulares que conseguem ficar com essas vagas. Na tentativa de igualar direitos entre todos, o governofederal iniciou um processo de política afirmativa, no qualas universidades públicas designam uma cota para gruposespecíficos. A primeira a instalar esta política foi aUniversidade de Brasília, em 2004, que destinou 20% desuas vagas para estudantes negros com a implementaçãode cotas raciais.

Kleber Costa,25 anos, Almirante

Tamandaré (PR)

“Acho que é claro que hoje em diamuitas pessoas, não só jovens, estão

tendo mais acesso a uma universidade,através de programas governamentais

como o ProUni e até mesmo pelofinanciamento do Fies. Digamos que

são oportunidades, formas deacessos que antes

não tinham.”

FazParte

Priscila Plesley,20 anos, Nova Era (MG)

“Acho que nem tanto assim, porque seo jovem de baixa renda não puder fazer

um cursinho preparatório para o Enem, aschances dele acabam sendo baixas

também. O ensino da rede pública nãoprepara os estudantes de baixa rendapara um vestibular. Nas particulares,

através de bolsas, talvez elesestejam mesmo tendo

mais acesso.”

Universidade e Democracia – Experiências

alternativas para a ampliação do acesso à

Universidade pública brasileira

(Maria do Carmo de Lacerda Peixoto) Editora UFMG

O livro reúne artigos de pesquisadores ealunos da Universidade Federal de Minas

Gerais (UFMG) sobre o processodemocratização das universidades. Para os autores,um dos principais componentes da crise dauniversidade é justamente seu caráterantidemocrático, seja no plano do acesso deestudantes, professores e demais profissionais, sejano plano da produção e divulgação de conhecimentos, seja,ainda, em sua cisão com a sociedade de forma geral.

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08 Revista Viração • Ano 10 • Edição 84

Rones Maciel, do Virajovem Fortaleza (CE)*

Não é de hoje que a juventude busca e cria maneiras dedemarcar espaço e garantir seus direitos. A atuação, poucovista ou não mostrada pelos grandes meios de comunicação,

acontece por meio de grupos de jovens, fóruns, conferências e atéassembleias, nas quais são deliberadas as prioridades e o que éimportante para a convivência e melhoria social.

Em Fortaleza, por exemplo, crianças, adolescentes eadultos são convidados a participar do processo departicipação coletiva nas decisões das melhorias de vida para acidade. Por meio do Orçamento Participativo (OP), pode-seescolher a construção de uma quadra poliesportiva, reforma doposto de saúde ou ampliação da escola do bairro. Essaparticipação ocorre de forma democrática, por meio dasverbas destinadas a cadauma das sete regiõesdo município.

O jovem AntônioFerreira dos Santos, de 23anos, morador do GrandeBom Jardim, consideradoo bairro mais populoso dacapital cearense, acreditaque para mudar arealidade, é preciso seapropriar desses espaçosde participação para reivindicar seus direitos. “É preciso que asociedade e o poder público deem mais oportunidade a nós,jovens. E é por meio desses projetos que muitos têm saído domundo das drogas, por exemplo. É preciso oportunidade.”

Assim como o Antônio, outros jovens das diversas partes deFortaleza estão atuando e buscando maneiras de mudar asrealidades que demandam o acesso ao lazer, geração de renda,educação e cultura. Weberton Ribeiro Batista, o Papito, tem 27 e émorador da Sabiaguaba, bairro de preservação ambiental degrande extensão, situado no extremo-leste do litoral de Fortaleza.

Ele vêno esporteum viés departicipação quefaz com que ajuventude mostreque podecontribuir com odesenvolvimentolocal. “Eu atuoaqui no meubairro buscando formas de contribuir com aformação social, ambiental e cultural. A minha participaçãoaqui é buscar o grande sonho da minha comunidade que éuma praça, através do Orçamento Participativo.”

De olhoDesde 2005, a Rede Orçamento e Participação Ativa (OPA)

é uma articulação que integra adolescentes de Fortaleza naluta pela efetivação dos direitos do público infanto-juvenil.Com ela, adolescentes e jovens realizam o monitoramento doorçamento público e das políticas destinadas à infância,acompanhando a execução orçamentária e promovendomanifestações e outras formas de pressão para garantir odireito à participação e a aplicação dos recursos destinadosàs políticas sociais e à infância.

Se na sua comunidade não existem programas ou açõesde incentivo e valorização da juventude, procure a secretariaou órgãos de juventude do seu município e mobilize-se paraa construção de um País mais democrático e participativo.

Div

ulga

ção

Crianças e adolescentescomemoram a aprovaçãode demanda no OPCA

Em Fortaleza, crianças, adolescentes e jovens se apropriam

dos espaços de participação para melhoria de vida na cidade

Jovens durante ocredenciamento de espaçode participação em Fortaleza

Jovens se apropriam deespaços de lazer na cidade

V

juventude_e_participacao_84:Layout 1 26/4/2012 14:16 Page 10

Page 9: Revista Viração - Edição 84 - Maio/2012

Mídias Livres

Revista Viração • Ano 10 • Edição 84 09

Luciano Frontelle, do Virajovem Boituva (SP)*

Projeto propõe a criação de um vocabulário comum

entre plataformas de webcidadania no Brasil

Falando amesma lingua!

Para visualizar e contribuir com o projeto deconstrução do Vocabulário Comum, basta acessar

http://corais.org/vocabulariodaparticipacao

no Brasil seja ampliado. “Porque assim o cidadão nãoorganizado vai recuperar a sua capacidade deinfluenciar a política pública”, conclui.

Processo colaborativoDesde o ano passado o Cidade Democrática abre

o seu código para que qualquer um possa ter acesso.Esse foi mais um passo no caminho da colaboração,o que impulsionou a aproximação com o TransparênciaHacker e o Porto Alegre CC, que hoje compõem oespaço onde a proposta está sendo desenvolvida. Aplataforma que hospeda o trabalho é brasileira eaberta (software-livre), com isso a equipe quer abrirtoda a base de conhecimento e, com a comunidade departicipantes, construir o conteúdo e a forma destevocabulário, ajustando também as ações e etapasdo projeto.

O espaço é aberto à participação e uma articulaçãoestá sendo feita para envolver o movimento de CidadesSustentáveis e outras 30 iniciativas e projetos queserão convidadas a participar, construindo e validandocada etapa prevista.

Existem várias plataformas na internet que foramcriadas com a intenção de facilitar a vida de quemsonha em causar transformação social onde vive.

Mas e se todas elas fossem conectadas e, com um únicoperfil, você tivesse acesso a todas? É justamente issoque o projeto Vocabulário Comum para a ParticipaçãoSocial propõe. Ele está em fase de construção, de formadistribuída e colaborativa, coordenado pela equipe doCidade Democrática em parceria com o movimentoTransparência Hacker e Porto Alegre CC, contando como apoio da Fundação AVINA.

Segundo Henrique Parra, do Cidade Democrática, oprocesso existe desde 2010, na Conferência das CidadesInovadoras, em Curitiba. “Foi quando começamos afortalecer a interlocução com outros projetos einiciativas que usam mídias digitais para a promoção dacausa pública e da cidadania.” conta Henrique. Depoisdisso, durante o 1º Seminário Nacional de ParticipaçãoSocial, vários dos principais projetos de webcidadaniaauto-gestionaram uma mesa sobre o tema,impulsionando o projeto.

A criação de um Vocabulário Comum serve paraviabilizar o compartilhamento e reutilização deconhecimento de um domínio. “O que queremos épossibilitar a integração entre as diversas plataformasque já existem, bem como estabelecer uma referênciapara as que forem criadas”, afirma Henrique. O que seespera como produto natural é a criação de umEcossistema de Webcidadania o que garantirá, aindasegundo Henrique, que o processo de participação social

V

*Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados do País e no Distrito Federal ([email protected])

,

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Page 10: Revista Viração - Edição 84 - Maio/2012

10 Revista Viração • Ano 10 • Edição 84

Alessandro Muniz e Carolina Cunha

Lima, do Virajovem Natal (RN)*

Pra manter ou mudar(Móveis Coloniais de Acaju)

Tudo que eu queria dizerAlguém disse antes de mimTudo que eu queria enxergarJá foi visto por alguém(...)Tudo que eu queria fazerAlguém fez antes de mimTudo que eu queria inventarFoi criado por alguém(...)Tudo que irá existirTem uma porção de mimTudo que parece ser euÉ um bocado de alguém(...)Nada do que eu sou me diz o que seiNada do que eu sei de fato é meu(...)Tudo que eu sei me diz do que souTudo que eu sou também será seu...(...)Agora reinventoE refaço a roda, fogo, ventoE retomo o dia, sono, beijoE repenso o que já liRedescubro um livro, som, silêncio,Foguete, beija-flor no céu,Carrossel, da boca um denteEstrela cadente...

A criatividade é individual ou coletiva? Entenda como surge o nosso ímpeto criativo

Nada se cria, nada se perde,tudo se transforma!

“”

Nada se cria, nada se perde,tudo se transforma!

“”

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Page 11: Revista Viração - Edição 84 - Maio/2012

Revista Viração • Ano 10 • Edição 84 11

Amúsica Pra Manter ou Mudar, da bandabrasiliense Móveis Coloniais de Acaju,exemplifica a criatividade coletiva, a relação de

conexão entre todas as pessoas que permite, atravésda sociedade, que se crie, invente, revolucione asideias, a arte, a cultura, o modo de vida de cada ume de todo o coletivo.

O músico potiguar Pedras Leão, de 23 anos,comenta que “a arte surgiu da comunicação, daexpressão, da necessidade de você deixar na suacaverna que você matou um boi grande para quando aoutra tribo chegar poder ver. Os tambores foramconstruídos a partir de tronco de árvore com couro,que ao serem batidos avisavam ao outro povo queiriam entrar em guerra. Então, há uma comunicaçãosocial e foi algo construído coletivamente. É difícilpensar que quem inventou a roda foi um cara, queminventou o tambor foi um cara sozinho... Alguém podeter batido em um pau, outro veio e colocou o couroe outro começou a bater em cima do couro”.

O artista e ex-ministro da cultura Gilberto Gil,no documentário Rip! A Remix Manifesto (2008),afirma que “o compartilhamento é a próprianatureza da criação. Não há criação isolada,ninguém é um criador sozinho, ninguém cria nadano vácuo. Tudo vem de algo que foi criado antes.

É uma reação em cadeia”.“Quando eu crio, estou inspirado em tudo que eu

vejo, tudo que eu ando, estouaqui conversando com você ede repente eu vejo umdesenho na

Copiando, colando, recriandoNa história das artes o famoso e atual “ctrl c / ctrl v” (atalho do

teclado do computador para “copiar e colar”) sempre foi fundamental.Artistas de diferentes períodos se “inspiravam” em seus anteriorespara criar suas obras, tomando algum aspectoconsiderado interessante do outro e aplicar noseu. O Renascimento trouxe para os séculos 16e 17 os valores que eram afirmados durante aantiguidade clássica, na Grécia e Roma Antigas.

Com o passar do tempo, outros estilos foramsurgindo e os anteriores foram se transformando. AArte Moderna, no final do século 19 e boa parte do 20,passou a valorizar elementos culturais presentes em cadasociedade e deu início a uma busca por outras formas de beleza. OImpressionismo, Cubismo e Dadaísmo, por exemplo, que nadatinham de belo para os padrões da época, passaram a servir deinspiração estética para outros movimentos que vieram depois.

O texto Plágio Utópico, Hipertextualidade e Produção CulturalEletrônica, do coletivo Critical Art Ensemble, trata da criaçãorecombinante, ou seja, criar recombinando tudo o que existe, asreferências culturais, sociais, artísticas, filosóficas, infinitas. Aponta que“numa sociedade dominada por uma explosão de ‘conhecimentos’,explorar as possibilidades de significado naquilo que já existe é maispremente do que acrescentar informações redundantes”.

Como imaginar o mundo sem esse grande “crtl c / ctrl v”? Comopoderiam todos esses movimentos artísticos, inovações tecnológicas egenialidades humanas ter partido do nada ou de algo isolado, sem se“inspirar” no que a humanidade já fizera e estava fazendo? Talvez a

realidade mundial fosse mais pobre de conteúdo e de criatividade. Porém, tudo isso é impossível, pois “ninguém é uma ilha”. Quando

alguém assiste a um filme ou escuta uma música, formam-se ideias, quepodem ser inseridas naquilo que está sendo criado. Uma conversa em um

elevador pode resultar em um grande livro. Uma sirenede ambulância pode tornar-se um remix musical.Onde estaria a criatividade e a diversidade se não

existisse o coletivo e o infinito e incessantecompartilhamento?

E, se a criatividade é coletiva e para se criar éimprescindível ser e estar na sociedade, como

privatizar os benefícios da criatividade humana?Por que o que todos ajudaram a fazer só

será usufruído por poucos?

criatividade:Layout 1 26/4/2012 14:58 Page 17

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sua camiseta e esse desenho me inspira outro. Jáaconteceu de eu olhar uma imagem na internet, emtamanho reduzido e ver uma coisa, mas quandoampliada, aparenta diferente do que eu a percebi. Entãoeu posso fazer aquilo que eu enxerguei, a impressão queeu tive”, relata o artista plástico e professor doDepartamento de Artes da Universidade Federal do RioGrande do Norte (UFRN), Marcos Andruchak.

Pedras Leão afirma que seu processo criativo écompletamente experimental e completa que, segundo oalemão Hans-Joachim Koellreutter (1915-2005), músico eprofessor no Rio de Janeiro, “a experimentação e aintuição vêm da vivência, a intuição vai conectando asvivências. Você tem que vivenciar, experimentar, entrar etentar, senão você não vai saber o que vai acontecer”.

Afinal, algo se cria sozinho, seja um trabalhoartístico, intelectual, científico, inventivo? É possível criar“sem o outro”? A ideia de criação coletiva estáintimamente relacionada com a “memória coletiva”,termo utilizado no artigo Memória e Memória Coletiva,da educadora Zilda Kessel, (disponível na biblioteca dowww.museudapessoa.net).

“A rememoração individual se faz na tessitura dasmemórias dos diferentes grupos com que nosrelacionamos. Ela está impregnada das memórias dos quenos cercam, de maneira que, ainda que não estejamosem presença destes, o nosso lembrar e as maneirascomo percebemos e vemos o que nos cerca seconstituem a partir desse emaranhado de experiências,que percebemos qual uma amálgama, uma unidade queparece ser só nossa”, afirma Zilda.

Estamos impregnados “do outro”, dos outros, dassociedades que percorremos, que transitamos, quehabitamos, que concordamos ou discordamos, da história denosso povo, dos povos que nos fizeram, dos quais fazemosparte, da ancestralidade e da tradição e também da negaçãode tudo isso na tentativa de algo novo. E a criação é a formade expressar essas relações.

E a canção O Tudo é uma coisa só, da banda TeatroMágico, encerra:

Poeta, ouvidor, desenhista, músico, malabarista...Comediante, o que forTodo mundo procura um lugar pra poder compartilhar...Da dor e da alegria.

12 Revista Viração • Ano 10 • Edição 84

*Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22Estados do País e no Distrito Federal ([email protected])

O texto Plágio Utópico, Hipertextualidade eProdução Cultural Eletrônica, do coletivo CriticalArt Ensemble, está disponível em:www.eulalia.kit.net/textos/cae.pdf e foi publicadono livro Distúrbio Eletrônico (2001), editora Conrad.

Vídeo do Projeto Everything is a Remix(Tudo é um Remix), disponível em -http://vimeo.com/32677841 e no sitewww.everythingisaremix.info.

Ilustração: Manuela Ribeiro

V

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^

José Ronaldo Junior, Carlos Augusto Gouvêa de Oliveira, Uriel

Nobre da Costa, Lidia Santos, Aline Kelly, Amanda Campos Santos,

Maiara C. Ramos, Alan Dílson da Silva Nunes, Priscila Alves Magno,

Mailson Carlos e Alex Pamplona, do Virajovem Belém (PA)*

Galera

Preto Michel conhece o movimento negro e Hip Hope neles começa a militar na cidade de Belém

2000

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É convidado a mobilizar adolescentes e jovens para os projetosda Associação Paraense de Apoio das Comunidades Carentes(APACC), facilitando oficinas de grafite como arte-educador

2002

“AO movimento Hip Hop ganha cada vez mais força ena Amazônia não é diferente. No Pará, o arte-educador Michel Sarmento, conhecido como Preto

Michel, de 35 anos, é militante do movimento. Dedica-se aografite, escreve sobre a realidade da periferia do seu Estado emprosa e verso. Em conversa com os adolescentes e jovens doconselho virajovem Belém (PA), conta sua história, do despertarde sua consciência social ao final da adolescência até as açõesem rede que promove nas Regiões Norte e Nordeste do Brasil.

Preto Michel é prova viva da superação das dificuldadesenfrentadas por crianças, adolescentes e jovens de todas ascomunidades empobrecidas do Brasil. “Criamos nossas própriasgrifes, nossos próprios programas de rádio para tocarmos

Educador utiliza a cultura Hip Hop para promover debates

sobre a situação social da juventude amazônica

Repórter

Linha do Tempo

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AmazonIaHip hop

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Ajuda a criar uma rede de movimentos Hip Hop naRegião Norte e ajuda a fortalecer o Movimento Hip Hopda Floresta (MHF), em defesa da Amazônia

2005 2010

Revista Viração • Ano 10 • Edição 84 15

nossas músicas, temos nossas próprias revistas, fazemos nossaspróprias festas, hoje temos uma identidade, somos jovensorganizados nas periferias. Esse foi e é um grande impacto emnossas vidas”, afirma Preto Michel, na entrevista que vocêconfere a seguir, na íntegra.

Como você iniciou sua trajetória política?

No ano de 1997, eu já tinha 20 anos e tinha passado todaminha adolescência e começo da juventude entre brigas, comgangues de rua, pichação e prisões. Foi então que decidi escutarmeus pais e, principalmente minha irmã Michele, que meconvidou para participar da Igreja Católica. Comecei a militar naPastoral da Juventude (PJ), em especial no Movimento JovemSanto Antonio do Tapanã (MOJOSAT). Com meus amigos dacomunidade comecei a trabalhar pela evangelização dos jovens,mas por problemas com o novo pároco saí da Pastoral daJuventude e também do grupo de jovens e fiquei na militância daPJ até o ano de 2005.

Você acredita que o Hip Hop contribui na politização

da juventude?

Sim, porque a cultura Hip Hop trabalha com quatro ou maislinguagens artísticas, que dialogam direto com crianças,adolescentes e jovens da periferia. Geralmente introduzimos emnossas atividades temas importantes, com o objetivo deresgatar a autoestima desses jovens. Com o Rap, grafite nosmuros, performances e danças, procuramos debater o dia a diadeles. Aqui na Amazônia sempre debatemos as questõesambientais. Isso tudo ajuda os jovens a debaterem, dialogaremcom outros atores, o que faz da cultura Hip Hop um movimentode jovens diferenciado.

O que é a Rede Hip Hop da Floresta?

Em 2005, junto com outros parceiros, ajudei a criar umarede de movimentos Hip Hop na Região Norte e em encontro nacidade de Macapá fortalecemos o Movimento Hip Hop daFloresta (MHF), totalmente ambientalista que tinha a propostade unificar as ações em defesa da Amazônia já realizadaspontualmente com os movimentos nas capitais da Região Norte.A partir daí comecei a viajar por toda a Região para ajudar earticular a rede do MHF. Comecei a viajar, participando edivulgando a rede em outras cidades do Brasil, e em toda aRegião Nordeste.

Qual o impacto do Hip Hop na vida das pessoas?

V

Começa a produzir contos, poesias e crônicas e no anoseguinte, seu conto O Assovio da Matintaperera é publicadono 4º volume da coletânea literária Pelas Periferias do Brasil

Ajudar a todos os envolvidos a melhorar suas condições devida. Promover atos e eventos culturais nas comunidades daAmazônia nos ajuda a conhecer nossa própria história comoseres amazônicos e a lutar para a preservação da nossa floresta.Os jovens da cultura Hip Hop aprenderam a sobreviver sem apoiode ninguém. Criamos nossas próprias grifes, nossos própriosprogramas de rádio para tocarmos nossas músicas, temosnossas próprias revistas, fazemos nossas próprias festas, hojetemos uma identidade, somos jovens organizados nas periferias.Esse foi e é um grande impacto em nossas vidas.

Como iniciou o seu trabalho na área de produção de literária?

Foi em 2006, quando comecei a ministrar oficina defanzines, e um projeto com crianças e adolescentes pelogoverno do Estado. Depois disso comecei a ministrar oficinas deproduções literárias como: poesias, contos e crônicas em outroprojeto do Ministério da Cultura. Então comecei a produzirminhas coisas, tipo o zine de literatura marginal O Lado Pretoda Poesia, que eu trabalho minhas poesias e outras de amigosmeus aqui de Belém e de outros Estados, e também juntos comoutros escritores de literatura marginal criamos o selo literárioLado B que lançaremos em maio. Produzo também contosperiféricos para distribuir em eventos e em outras açõesculturais aqui em Belém.

Qual o maior desafio da juventude hoje?

A juventude periférica precisa redescobrir o seu mundo. Aperiferia sempre foi linda, com problemas complicados, mas nãoimpossíveis de resolver. A juventude precisa também saber sobresuas histórias, a luta de seus ancestrais. Precisam entender quenosso País não pode viver só do capital. Ser individualista nos fazter uma juventude só preocupada com seu net ou notebook,iphone e as outras coisas que a deixa alienada.

“A juventude periférica precisa redescobrir o seu mundo.

A periferia sempre foi linda, com problemas complicados,

mas não impossíveis de resolver. A juventude precisa

entender que nosso País não pode viver só do capital.”

Preto Michel

*Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22Estados do País e no Distrito Federal ([email protected])

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16 Revista Viração • Ano 10 • Edição 84

Otaku, emo, funkeiro, surfista, rockeiro seja qual for a tribo há semprealguma característica que torna diferente o visual de seusrepresentantes: cabelos, roupas, acessórios, entre outros

componentes. O corpo e a aparência costumam demonstrar a personalidadeda pessoa, mas não é só quem faz parte de uma tribo que pode ter umvisual que foge do padrão.

Geralmente esses estilos sofrem influência de outras pessoas ou grupos.Os jovens de cabelo comprido, da década de 1970, foram influenciados pelabanda The Beatles. Quando esses estilos nascem, muitas vezes, eles sãocriticados, mas com o tempo acabam virando até parte do padrão.

Assim, o que é normal hoje provavelmente foi visto com outros olhosem determinada região ou momento histórico. A matéria sobre Plus Size daedição 81 da Viração mostra que, no passado, as mulheres gordinhas eramconsideradas as mais bonitas.

A pessoa que segue um estilo diferente pode encontrar seguidores efazer parte de um grupo onde ela é aceita, mas, muitas vezes, sofre repúdioe discriminação da maioria da sociedade. “Todas as sociedades funcionamdentro de um padrão normal. O que foge da norma é sempre consideradodesviante. Isso faz parte da estrutura de todas as sociedades e, de certaforma, é necessário para o funcionamento e organização delas mesmas”,explica a psicóloga Rita de Cássia Almeida.

Navegando pela internet, é possível perceber que quem tem um estilodiferente é, em alguns casos, taxado de “ridículo”, “anormal”, “sem ter oque fazer”, “drogado”, “sem dignidade” e “com menos direitos sociais”. Opior de tudo é que, para ser diferente, até mesmo em casa, há resistências.Os próprios pais ou responsáveis alteram a forma de tratar os filhos e,muitas vezes, os discriminam.

Mariana Pailley Pacheco, do Virajovem Lima Duarte (MG)*

Fora do padraoJovens adeptos de estilos e tribos urbanas diversas

ainda são vítimas de preconceito e hostilidade

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Revista Viração • Ano 10 • Edição 84 17

*Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22Estados do País e no Distrito Federal ([email protected])

Rita explica que “ao mesmo tempo em que associedades buscam um padrão, também é normalque alguns busquem afirmar suas diferenças.Fazer coisas fora do padrão é uma forma deimpor sua subjetividade, sua personalidade, umaforma de se dizer que não é igual a todos”. Ela

acrescenta que “os jovens são mais impetuosos emsua necessidade de serem diferentes dos adultos”.

Imaculada Conceição da Silva, professoraaposentada, conta que, na sua época, eram

vistos com maus olhos os homens quetinham cabelos compridos. Mônica

Pacheco, também aposentada,lembra que na sua juventude

havia discriminação contrapessoas com cabelos black

power; contra as garotasque usavam calças de

cintura baixa (elaseram chamadaspejorativamente de“cocotas”); e quenão se aceitavamos hippies. Eladisse que essaspessoas, porseremdiferentes dasdemais, eramagredidas e atéassassinadas.

Katlyn Melo,pernambucana de

18 anos, afirma que– por ter cabelo

colorido – teve queenfrentar sua família, a

sociedade e a si mesma.“Muitos me criticavam e

demorou para seacostumarem. Como benefício,

lutei contra a minha timidez epelo que eu gostava. Colorir o

cabelo parece simples, mas écomplicado lidar com uma sociedade

ainda preconceituosa. Não mudei apenas ocabelo, mudei o conceito de muita coisa

também”, explica ela.Para Rita, “as sociedades modernas e democráticas

têm procurado, pela evolução de suas leis e normas sociais,acolher as diversidades próprias de cada indivíduo. Baseada nosprincípios da liberdade e igualdade, as pessoas têm lutado pelo

direito de manifestar suas diferenças, e as leis estão prontas alhes garantir esse direito”. Para ela, “infelizmente, algumaspessoas ainda veem estas manifestações diferentes como umaameaça aos seus costumes ou uma ameaça moral, o que leva agerar conflitos, que podem ter como consequências agressõesverbais ou físicas”.

Mas até que ponto vale a pena investir num estilo diferente?Rita explica que “o fato de uma sociedade valorizar ou reforçardeterminado padrão, não impede que ela aceite e acolha aquiloque é desviante, especialmente quando esse desvio não incorreem nenhuma ameaça social”. Para a psicóloga, as sociedadesevoluídas devem aprender não só a conviver com as diferenças,mas a acolhê-las também. Essas diferenças não podem servistas como ameaça, mas compreendidas como manifestaçõesdo estilo de cada pessoa. Para ela, ao tentar modificar ospadrões, a humanidade tem evoluído nas artes, na política, nafilosofia, na ciência e na cultura.

Assim, apesar de várias pessoas ainda não aceitarem asdiferenças, visuais ou da personalidade, é importante que oscidadãos possam se apresentar do modo como se sentem bem.Anderson Moura, professor de matemática, de 22 anos, diz queacha interessante as diversas tribos que existem e diz que “oque vale é o que se tem dentro, o de fora pra mim não fazdiferença!” Acreditamos que é assim que um dia as pessoas irãopensar se todos continuarem se mostrando como realmente sãoe como se sentem bem. Afinal de contas, o que seria de ummundo em que as pessoas fossem todas iguais? Pense nisso e –sem prejudicar os outros – não julgue, não descrimine e simbusque fazer o que te faz feliz! V

Cabelos coloridos fizeram jovem

enfrentar preconceito e piadas

Arquivo pessoal

É também nas escolas que os jovens sofrem preconceitopor conta de seu estilo. Algumas proí bem que os alunostenham determinados estilos, e em outros casos, professorese funcionários fazem chacota dos alunos. Isso já aconteceucomigo várias vezes. Eu tinha cabelo azul e, agora, tenhocabelo cor de rosa. Já ouvi muita piadinha de professor, talcomo: “seu cabelo é cabelo de velha”, “está parecendo maiscom uma espiga de milho com aqueles cabelinhosqueimados”, dentre outros comentários nada carinhosos.

Depoimento da autora da matéria

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IMAGENS QUE VIRAM

18 Revista Viração • Ano 10 • Edição 84

V

Com spray se fazmobilização

Criado em 2009 o

Movimento Sama

Jovem é a união de

diversos grupos de artistas

independentes ligados à cultura,

educação, esporte, lazer e arte

promovendo participação juvenil.

O movimento faz parte do

projeto Graffiticidade com Break

por meio do Sama CalibriBreak.

Atualmente conta com 15

grupos artístico-culturais

associados que trabalham com

jovens de baixa renda do

município de São Mateus (ES).

O Sama Jovem é um

movimento aberto e

democrático que procura

fortalecer a juventude com

ações comunitárias. Esta

edição do Imagens que Viram

apresenta o trabalho do

grafiteiro Vinicius Gomes, um

dos criadores do projeto.

Texto: Jéssica Delcarro, do

Virajovem São Mateus (ES)*

Fotos: arquivo pessoal de

Vinícius Gomes

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Confira o site do Movimento Sama

Jovem: www.vix.com/samajovem/sm

*Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22

Estados do País e no Distrito Federal ([email protected])

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20 Revista Viração • Ano 10 • Edição 84

Conheça histórias de jovens que, mesmo beneficiados com a bolsa de

estudos do ProUni, enfrentam dificuldades para permanecerem na faculdade

Capa

Estudaré�direito

Fazer faculdade não é privilégio, como muitos pensam! Aaquisição de conhecimento é um direito humano. Por isso, oacesso à universidade não deveria ser restrito. Todos os que

sentem vontade de cursar uma faculdade podem fazê-lo, na teoria,mas na prática, as coisas não funcionam como deveriam. Aindasão muitos os estudantes excluídos do ensino superior e oprincipal motivo não é a falta de grana. Mas, se estudar é umdireito, dificuldades financeiras não deveriam justificar aimpossibilidade de estudar.

Muitas vezes, para realizar o sonho de obter um diploma,estudantes oriundos de escolas públicas sentem a necessidade decomeçar cedo a trabalhar para terem condições de pagar asmensalidades da faculdade particular. Por outro lado, a maior partede jovens que estudaram em colégios particulares encontra menosdificuldades em ingressar numa universidade pública, pois os quepagam para estudar são preparados para os vestibulares maisconcorridos do País desde o primeiro ano do ensino médio, o quenão ocorre com grande parte dos estudantes da rede pública.

Para contornar essa realidade, em 2004, o governo federal lançouo Programa Universidade Para Todos, o ProUni, que concede bolsasno ensino superior para estudantes que concluíram o ensino médioem escolas públicas ou que foram bolsistas de colégios particulares.Por conta desta iniciativa, um milhão de estudantes brasileiros comrenda familiar de até três salários mínimos conseguiram entrar emuniversidades particulares de todo o País.

O programa conseguiu fazer com que muitos jovensconseguissem realizar o grande sonho de passar e concluir um cursouniversitário. Sessenta e sete por cento desses estudantes cursarama faculdade com bolsas integrais, segundo o site do ProUni.

HistóriasMesmo com o benefício da bolsa, jovens estudantes do

ensino superior conciliam uma jornada de trabalho cansativacom os estudos, como forma de viabilizar os gastos commaterial, transporte e alimentação. A estudante deAdministração Mayra Queiroz, de 19 anos, diz que trabalhar eestudar exige muito. Desgastada, encontra dificuldades paradescansar e fazer seus trabalhos acadêmicos. "Eu vou para otrabalho e fico até às 17h, depois vou direto para a faculdadee saio às 23h. Quando chego em casa à 0h, preciso arrumar ascoisas. Quando consigo dormir já é madrugada, e no outro diatem que fazer tudo de novo. É bem complicado" conta.

Ex-bolsistas, hoje formados, entendem o programa comouma ótima iniciativa, capaz de promover mudança social,viabilizando o direito ao estudo. Débora Silva, de 24 anos,moradora de Nova Iguaçu (RJ) é formada em Marketing pelaUniverCidade. Na instituição particular teve a oportunidade deestudar graças ao benefício da bolsa cedida pelo governo."Este é um projeto super válido porque deu a oportunidadepara muita gente fazer faculdade, principalmente, aqueles quenão tinham nenhuma perspectiva com relação a isso. Digo issopelo fato da universidade pública ser muito concorrida e asparticulares serem muito caras", diz Débora.

A pedagoga Girlane da Costa, que já foi bolsista peloprograma, afirma que já sofreu preconceito dentro de umauniversidade por ser pobre. “Já sofri preconceito sim. No início,eu também tinha vergonha em dizer que era bolsista, mas depoispassou”, afirma. Para o estudante de jornalismo e prounistaFlavio Santos, de 28 anos, o maior problema é a comprovação

Gizele Martins, Danielle Andrade, Maisa Ferreira, Thayanna Cunha e Douglas

Baptista, do Virajovem Rio de Janeiro (RJ)*; Amanda Campos e Emilae Senna,

do Virajovem Salvador (BA)*; Mariana Rosário e Bruno Ferreira, da Redação

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Revista Viração • Ano 10 • Edição 84 21

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um terço dos 58 casos analisados enfrentou dificuldades parase manter na faculdade. Parte desses estudantes foi reprovadano decorrer do curso, desistiu ou optou por alongar suapermanência na universidade. Por isso, ela acredita que asimples oferta da bolsa não é suficiente.

“Para os alunos pagantes, alongar o tempo de estudopode ser bom. De livre e espontânea vontade, fazem umcurso fora do País, por exemplo. Além disso, todos os alunosdo ProUni são filhos de pais de baixa escolaridade e, porisso, não recebem capital cultural. Com isso, a qualidade dodiploma acaba sendo diferente e na hora de exercer aprofissão haverá um diferencial”, analisa a professora, queacredita que o governo está descomprometido com aeducação básica.

Outro aspecto da pesquisa destacado pela professora é amédia de idade predominante entre os bolsistas. Pelolevantamento, constatou-se que os bolsistas beneficiados como ProUni em média entram na universidade aos 23 anos.“Considerando que geralmente os estudantes do ensinosuperior iniciam na faculdade aos 18 anos, há cinco anos dediferença. São alunos mais velhos, o que demonstra quetiveram uma escolaridade com rupturas e interferências”.

da renda todos os semestres, mas reconhece o quanto o programaé importante. "Todos os anos tenho que comprovar renda, nãoadianta somente fazer a prova, tem que passar por uma avaliaçãofinanceira. Mas acredito muito no ProUni".

Outra ex-bolsista, a jornalista Glaucia Marinho, de 27 anos,afirma que havia um pouco de segregação dentro dauniversidade. “Não sofri nenhum tipo de preconceito, mas erasegregado sim. Bolsistas andavam só com bolsistas, não haviauma política de integração destes estudantes”, disse a jornalista.

Estudo de casosNa Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), um

acompanhamento dos estudantes beneficiados com a bolsa doProUni é realizado desde 2005, o primeiro ano letivo em que oprograma entrou em vigor. A pesquisa foi realizada com umgrupo de 58 estudantes bolsistas do ProUni dos cursos dePedagogia, Ciências Sociais, Direito, Fonoaudiologia e Psicologiada universidade particular. Com esse levantamento, constatou-seque muitos beneficiados com o Programa desistem dos estudospor outros fatores, como cultural e financeiro.

De acordo com Leda Maria de Oliveira Rodrigues, professorada Faculdade de Educação e responsável pela pesquisa, mais de

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Capa

Além da bolsaOs beneficiados com a bolsa do ProUni ficam isentos de pagar

a mensalidade, mas estudar envolve custos que a isenção damensalidade não é capaz de cobrir. Um bolsista do ProUni daBahia, que não quis se identificar, disse que já teve que passar umsemestre inteiro indo para a faculdade a pé, pois se fosse deônibus, não teria como frequentar as aulas, pois o máximo que asua família conseguia ajudar dava apenas para uma passagem pordia. Ele também relata que percebia situação semelhante comoutros colegas bolsistas que enfrentam dificuldades financeiraspara tirar cópias, comprar livros e fazer um lanche.

"Esses estudantes, como todas as pessoas, têmnecessidades em relação à saúde, alimentação, lazer, moradia,para falar só do básico. Os cursos, em geral, duram quatroanos e não é nada fácil se manter com carências durante todoesse tempo. As demandas dos estudantes vão muito além daescola", afirma Cilene Canôas, professora da Faculdade Paulistade Serviço Social.

Jacqueline Pitanguy, diretora da instituição Cidadania,Estudo, Pesquisa, Informação e Ação (Cepia), acredita que osurgimento do ProUni ajudou o Brasil a caminhar para umamudança de padrão de mobilização social. "A universidadepública sempre foi restrita. Foi necessário fazer um programa

especial para ampliar o acesso àuniversidade. E a realidade é que a

massa da população nãochegava na universidade

pública", afirma.

Ela comenta, no entanto, sobre os problemas enfrentadospelos mais pobres dentro de uma universidade: passagem cara,livros caros, a dificuldade de conciliar trabalho e estudos, issosem falar no preconceito. “Temos agora uma diversidade socialmaior. Antes era como um castelo frequentado só pela corte, emque todos se reconheciam como iguais. E, de repente, naquelecastelo, entram várias outras pessoas que não faziam partedaquela corte. E o que está tendo agora é um tipo de reação,que por um lado existe na rejeição”, afirmou a diretora.

Para a professora Leda Maria de Oliveira Soares, o ProUnipromove a democratização da vaga, mas não do conhecimento.“Infelizmente, há uma falsa democratização, mas o problemanão está no ProUni e sim na educação de base, que não é dequalidade. Os alunos são prejudicados por isso, são diferenciadosnão pela sala de aula, mas pelo conjunto de conhecimento queos colegas têm por serem de uma classe social diferente”.

Em cima da horaAlguns estudantes do ProUni acabam chegando na faculdade

com as turmas já formadas e depois do início das aulas, tendoque acompanhar um processo em andamento. Por vezes perdemas primeiras aulas do curso, o que pode, inclusive, dificultar oentrosamento com os outros estudantes.

"Confesso que o começo foi bem difícil, porque os alunosbolsistas demoram muito para começar as aulas. Eu, por exemplo,comecei só em março, porque meus documentos tinham que seraprovados e até a faculdade resolver toda a burocracia necessáriaperdi aula, o que me atrapalhou muito, porque muitas disciplinas jáestavam bem avançadas. Peguei DP (dependência) em uma matériapor não conseguir acompanhar o ritmo", diz Mayra Queiroz, de 19anos, estudante bolsista de Administração.

A documentação avalia se o aluno realmente não temcondições de custear a sua mensalidade, porém a lista de

aprovados do ProUni, por vezes, sai depois do inicio dasaulas, e até a análise dos documentos o tempo de

espera é muito grande, o que se torna mais umapreocupação para o calouro na universidade.

"Sinceramente a pior parte é a pressãode manter as notas elevadas. Muitos

dizem que qualquer coisinha a bolsa jáera", comenta Caroline Leonardo, de 18

anos, estudante de Jornalismo. O critério de avaliação dos alunos

bolsistas, assim como a reapresentação dedocumentos cabe a cada universidade definir. Esse

rigor é necessário para que não haja fraude, mastambém é necessária rapidez no processo, para não

prejudicar o estudante. Já no Sistema de SeleçãoUnificado (Sisu), que seleciona alunos para as

universidades públicas federais brasileiras, há prazos maiscondizentes com o inicio das aulas dessas universidades.

Geralmente apenas os selecionados da lista de esperacomeçam a estudar depois do início das aulas. V

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Revista Viração • Ano 10 • Edição 84 23

Outras políticas públicas para o ensino

O que são as Cotas?

Ao contrário do que muitos pensam as cotas não são uma forma de privilegiar, mas sim de promoverigualdade para as pessoas que não estão nessa condição. As cotas para negros, por exemplo, é uma reparaçãohistórica dos séculos de escravidão que têm consequências sociais até hoje na sociedade. Hoje a igualdade dedireitos é prevista em leis, mas para que seja efetivada é preciso que hajam políticas públicas que ajudem algunssetores sociais a alcançarem esse patamar de igualdade com outros segmentos. E a cota é uma dessas políticas,destinadas também a indígenas e a pessoas com deficiência e de baixa renda.

O que é o Fies?

O Fundo de Financiamento Estudantil, mais conhecido como Fies, é uma realização do Ministério daEducação. Tem como objetivo financiar os estudos de pessoas matriculadas em instituições de ensino superiorprivadas. Mais informações sobre o programa: http://sisfiesportal.mec.gov.br.

Tente você também!

Para concorrer a uma bolsa pelo ProUni é necessário prestar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Em2011, o critério para o estudante se candidatar ao programa era atingir no mínimo 400 pontos na média das cinconotas do exame (Ciências da Natureza e suas Tecnologias; Ciências Humanas e suas Tecnologias; Linguagens,Códigos e suas Tecnologias; Matemática e suas Tecnologias e Redação), além de ter pontuado na Redação.

De acordo com o site do ProUni, o programa oferece bolsas integrais e meia bolsa para estudantes quetenham renda familiar, por pessoa, de até três salários mínimos e satisfaça uma das condições abaixo:

• Ter cursado o ensino médio completo em escola da rede pública; • Ter cursado o ensino médio completo em instituição privada, na condição de bolsista integral da

respectiva instituição;• Ter cursado todo o ensino médio parcialmente em escola da rede pública e parcialmente em instituição

privada, na condição de bolsista integral na instituição privada; • Ser pessoa com deficiência; • Ser professor da rede pública de ensino, no efetivo exercício do magistério da educação básica, integrando

o quadro de pessoal permanente de instituição pública e concorrer a bolsas exclusivamente nos cursos delicenciatura, normal superior ou pedagogia. Nesses casos não é exigida a comprovação de renda.

Para saber mais sobre o ProUni, acesse:http://siteprouni.mec.gov.br/

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Uma câmera na mão evárias ideias na cabeça

V

Rafael Stemberg e Gutierrez de Jesus Silva, da Redação

Adolescentes da PCU aprendem a produzir vídeos para

apresentar os trabalhos dos três anos do projeto

A Plataforma dos Centros Urbanos (PCU) é uma iniciativa

do Fundo das Nações Unidades para a Infância (UNICEF)

voltada para a garantia dos direitos de crianças e

adolescentes. O objetivo é reduzir as iniquidades garantindo

que as crianças e adolescentes, de regiões periféricas das

cidades, possam crescer e se desenvolver integralmente

como previsto no ECA.

A iniciativa é desenvolvida em ciclos com duração de

quatro anos (2008 a 2011) e está sendo implementada

inicialmente nas cidades de São Paulo e Itaquaquecetuba

(SP) e Rio de Janeiro (RJ).

A Viração Educomuncação é parceira técnica do

UNICEF nessa ação, atuando diretamente na formação de

adolescentes que, por meio da comunicação, mobilizam

as comunidades em torno de seus direitos.

Plataforma dosCentros Urbanos

Jefferson e Gutierrez durante produção do

documentário sobre as atividades da PCU

Quando finalizado, o documentário será apresentado duranteo evento de encerramento da PCU, em maio, com a participaçãode representantes das comunidades participantes e convidados.“Eles estão conseguindo se apropriar de outros espaços, entãoisso é muito bom”, finaliza Jefferson.

Talvez não exista frase melhor, como a que dá o título a estamatéria (uma paráfrase do cineasta brasileiro Glauber Rocha),para explicar a experiência de uma das atividades realizadas

pelos jovens participantes da Plataforma dos Centros Urbanos (PCU): aoficina de audiovisual. Iniciada há dois meses, adolescentes e jovenstêm a oportunidade de conferir de perto como se produz um filme.

A ideia surgiu durante reunião da Viração com o Cieds, duasorganizações parceiras do UNICEF em São Paulo, que atuam junto àPCU. No encontro, foi levada uma proposta dos jovens, quecomentaram ter o desejo de produzirem um vídeo com um resumodos três anos de projeto. “Não havia recurso no começo, mas comoera algo que gosto de fazer, acabei ficando com isso na cabeça ebuscando formas de viabilizar a ideia. Foi quando o Cieds conseguiuum recurso e a Viração topou fazer a mobilização e ceder o espaço”,conta Jefferson Santos, educador do Cieds que facilita as oficinas.

A produção, com cerca de cinco minutos, trará depoimentos dealguns participantes sobre os trabalhos realizados em suascomunidades, além de pequenas dramaturgias que contarão umpouco do cotidiano dos jovens.

“Tem sido muito legal! Os jovens se envolveram bastante. Agente teve um trabalho de compartilhamento. O mais legal é quetodas as ideias partiram dos jovens, a criação, o roteiro, e este era opropósito: para falar da PCU com a integração dos própriosparticipantes da PCU”, diz Novaes, educomunicador da Viração, quetambém facilita as oficinas.

Lucas Ruiz, de 19 anos, diz que apesar de todas as dificuldadesde produção, como casar agenda de todos os participantes, aoportunidade é boa para se aprofundar numa área na qual sempreteve interesse. Além disso, acredita que por meio do audiovisual, amensagem da PCU poderá atingir outras pessoas. “É bom ver opessoal se mobilizando para produzir o documentário. E o mais legalé que o vídeo é uma forma de comunicação rápida que atinge muitomais gente”, conta o jovem, que estuda também Teatro.

Já a jovem Linderlane Pereira, de 17 anos, brinca que a oficinaserviu para saber que não é o que ela deseja. “Sempre tivecuriosidade de saber como funciona a produção de um documentárioe vi que é muito trabalhosa, principalmente a parte técnica, daí acabogostando mais da área de História (curso que pretende fazer)”. Aadolescente também comenta ter valido muito a pena participar dainiciativa, já que “conhecimento nunca é demais”.

24 Revista Viração • Ano 10 • Edição 84

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Revista Viração • Ano 10 • Edição 84 25

V

Como se faz

Formações e reuniões podem ser feitas à distância, atémesmo pelas redes sociais, com transmissão online

Transmissão Online

Passo a passo

No Facebook há a opção “Iniciar chamada por vídeo com alguém” na janela de chat com um amigo,exatamente como no MSN Messenger. “É melhor se comunicar através do vídeo. Ele aproxima quemestá do outro lado”, afirma a estudante Emy Gallant.

Na Twittcam é possível realizar uma transmissão para muitas pessoas com um link. No sitetwitcam.livestream.com, você se conecta com seu usuário e clica em Broadcast Live (transmitir aovivo!). É super fácil compartilhar o link de sua transmissão. A ocupação da Câmara Municipal deNatal, pelo Movimento #ForaMicarla, transmitiu via twittcam muitas das atividades da ocupação.

O Skype (www.skype.com) é um programa que permite realizar chamadas telefônicas do computador(pagando) e chamadas de áudio e vídeo para outros computadores (gratuito). Basta instalar o Skype,criar um usuário e começar a adicionar os seus amigos.

No site www.ustream.tv, realizando um cadastro gratuito, você pode criar canais (channels), nosquais você transmite o que você quiser. A rede de comunicação alternativa Articulação Vira Nordeste(AVN) criou o canal www.ustream.tv/channel/intercambioavn para transmitir várias viagens que farápelo Nordeste conhecendo iniciativas de Comunicação e Educação Alternativas.

Alessandro Muniz e Carolina Cunha Lima, do Virajovem Natal (RN)*

Você não está mais limitado ao lugar em que mora, nem às

pessoas que vê na rua, escola, universidade ou trabalho.

Não está mais limitado pelo espaço, pela diferença de

culturas, pela possibilidade de estar

presente. Agora você pode participar

de algo que acontece a muitos

quilômetros de você, tudo graças à

internet, que nos permite transmitir

ao vivo, via streaming, em tempo

real, o que quisermos, de uma

reunião, uma palestra, um evento,

apresentação cultural, tudo.

*Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal ([email protected])

Streaming em portuguêssignifica “fluxo de mídia”.Já em “tecnologês”, é umamaneira de permitir queinformações sejam enviadaspor meios de pacotes dedados, que chegam aoscomputadores atravésda internet.

Plenária da Ocupação da Câmara Municipalde Natal, em junho de 2011, sendo exibida aovivo pela twittcam pra centenas de pessoas

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26 Revista Viração • Ano 10 • Edição 84

Já estou neste processo de acompanhamento das

conferências da ONU desde a Rio 92. Há vinte anos,

vivíamos um momento importante. Estávamos

inaugurando uma nova década na luta por direitos. Havia muita

excitação no ar, grande ilusão e excesso de esperança. Estávamos

estabelecendo princípios e convenções que estruturaram um

marco jurídico internacional da maior relevância para aqueles que

acreditam nos direitos humanos.

O chamado Ciclo Social das Nações Unidas foi feito com muita

luta política e se apresenta hoje como a melhor parte desta cultura

ocidental, fragmentada e assolada por um modo de produção que

constrói e destrói coisas belas. Bem, acredito que hoje, destrói

muito mais do que constrói. O drama civilizatório é que alguma

dessas coisas belas nunca mais retornaram. Estamos perdendo

biodiversidade, fauna, flora. Também estamos perdendo na luta

contra a mudança climática e, tão terrível quanto, estamos em

sério risco de perder também todo este marco jurídico

internacional e nacional afirmado durante as conferências da ONU.

Chego em Nova Iorque neste março de 2012 e vou direto para

nosso QG, que é o Café Viena das Nações Unidas, depois de passar

por uma burocracia de crachás e raio X. A cena é um pouco

deprimente. Estamos todos e todas por lá, faces conhecidas,

cabelos grisalhos e alguns com clara expressão de desânimo.

Outros, mais jovens, mais animados, querendo conhecer o

processo. O Café Viena tem cadeiras e mesas que as ONGs

ocupam, cada uma fazendo seu próprio centro de operações. No

passado, éramos mais rebeldes, pelo menos assim me parecia.

Hoje, é evidente um acomodamento à burocracia. O sistema

agradece. ONGs e

movimentos

comportados é muito

bom. Claro que não se

pode generalizar e nem

olhar para isso de forma

destrutiva, mas acredito

que precisaríamos

chacoalhar este

processo.

Iara Pietricovsky, colaboradora da Vira*

Se existe um

papel que me parece

importante para a

estratégia dentro e fora da

Cúpula dos Povos, é poder

chacoalhar, constranger os processos oficiais por dentro e

por fora. Não podemos ficar alheios ao que está passando

nos debates internos. Estamos correndo sério risco de perder

todas as conquistas do campo dos direitos e ver o marco

jurídico internacional ser destruído para poder adequar uma

outra visão mais conservadora, desumana, predatória sobre

os recursos naturais e sobre os que são, na visão destes,

menos humanos, ou seja: mulheres, pobres, negros,

indígenas, homossexuais, deficientes e quem mais lute por

afirmação dos direitos.

Sem ilusão, mas com esperança de que possamos de fato

marcar a diferença neste contexto de risco, perda de direitos

e de dificuldade para compor uma força política para se

confrontar com esta lógica instalada, burocratizada,

elitizada de debater e fazer política. Temos

que inaugurar uma nova era, de

afirmação dos direitos e mais que

isso, implementação efetiva. Caso

contrário, a perda da ilusão se

seguirá a uma perda de

esperança. Aí sim,

estaremos com um grande

problema nas mãos.

Opinião

V

*Iara Pietricovsky é do INESC e faz parte do Comitê

Facilitador da Sociedade Civil Brasileira (CFSC) para a Rio+20.

artigo_84:Layout 1 27/4/2012 12:57 Page 10

Page 27: Revista Viração - Edição 84 - Maio/2012

Revista Viração • Ano 10 • Edição 84 27

Amanda Campos e Emilae Senna,

do Virajovem Salvador (BA)*

7º Fórum Brasileiro de Educação Ambiental discute

importância da Rio+20 e das Sociedades Sustentáveis

Os conteúdos produzidos pelos adolescentes e jovensparticipantes da cobertura podem ser acessados no blog:

www.coberturaeducomviifbea.blogspot.com.br

Cerca de três mil pessoas reuniram-se entre os dias 28 e 31 demarço de 2012 no Centro de Convenções da Bahia paraparticiparem do 7º Fórum Brasileiro de Educação Ambiental

(7º FBEA), um evento organizado pela Rede de Educação Ambientalda Bahia junto com a Rede Brasileira de Educação Ambiental(REBEA). O Fórum é o mais importante acontecimento sobreEducação Ambiental do País, que teve como tema desta ediçãoEducação Ambiental Rumo à Rio+20 e às Sociedades Sustentáveis.

As atividades foram elaboradas nas temáticas ambiental,cultural, social,econômica e visão demundo, em minicursos,mesas redondas, paineis,encontros paralelos,rodas de conversa,atividades culturais,oficinas, jornadastemáticas, trilha da vida,vídeos no Ecocine,poesias, artes, danças e aprodução de documentosessenciais para o avanço no campo socioambiental, além dosestandes onde era possível encontrar peças para comprar ougrupos ou organizações fazendo divulgação de projetos e ações.

O 7º FBEA proporcionou espaços para que novos militantesingressem nas discussões sobre Educação Ambiental efortaleceu a reflexão crítica de quem já atua na área. Redes ecoletivos tiveram um momento para fazerem o seu encontropresencial, do qual outras pessoas interessadas tambémpoderiam participar e interagir.

Os acordos, pautas e políticas sobre Educação Ambientaldebatidas durante os quatro dias de encontro serão levadas àRio+20 para que cada vez mais jovens tenham acesso ainformações sobre formas de proteger o planeta. V

Diálogos sobreeducação emeio ambiente

Rio+20 e sociedadessustentáveis foram os temasdiscutidos durante o Fórum

EDUCOM EM LEI AMBIENTAL

Um momento marcante do Fórum foi o lançamento, no dia29 de março, da Política Estadual de Educação Ambiental daBahia, prevista na lei 12.056/11, que aborda em um capítulosobre educomunicação. Confira alguns trechos:

CAPÍTULO VI

DA EDUCOMUNICAÇÃO SOCIOAMBIENTAL

Art. 21

A Educomunicação Socioambiental é a inter-relação dacomunicação e da educação com a utilização de práticascomprometidas com a ética da sustentabilidade, através daconstrução participativa, da democratização dos meios eprocessos de comunicação e informação, da articulação entresetores e saberes, e da difusão do conhecimento, promovendoo pleno desenvolvimento da cidadania.

Art. 22

São objetivos da Educomunicação Socioambiental:I - promover a produção interativa e a divulgação ampla de

programas setoriais e campanhas educativas socioambientaisinclusivas;

II - apoiar e fortalecer as redes de educação ecomunicação ambiental de forma participativa e democrática;

III - promover a formação em educomunicaçãosocioambiental como parte do programa de formação deeducadores ambientais;

*Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22Estados do País e no Distrito Federal ([email protected])

7°_FBEA:Layout 1 25/4/2012 17:26 Page 1

Page 28: Revista Viração - Edição 84 - Maio/2012

Juliana Cordeiro,

do Virajovem Curitiba (PR)*

28 Revista Viração • Ano 10 • Edição 84

Faz Cultura

“A gente compara muito a periferiacom os quilombos de antigamente,porque hoje ela é o refúgio daclasse social um pouco mais baixa,então dentro da comunidadetrabalhamos esta dança afro e osinstrumentos de percussão comoforma de resgatar os nossosantepassados, que também iamse refugiar dentro dosquilombos “, afirma Joel.

Se sustentabilidade é algo que vira e mexe a sociedade discute, principalmentecom a realização da Conferência sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), aação de pessoas para a preservação do meio ambiente não pode ficar fora dodebate. Na comunidade do Parolin, periferia de Curitiba, um grupo de sete jovensvem transformando materiais recicláveis em instrumentos de percussão. É oprojeto Ginga Bate Lata, que produz sons com latas, litros de refrigerante e outrosmateriais domésticos que estariam jogados no lixo. Os ritmos são baseados nacultura africana e torna possível o acesso à cultura para moradores da periferia.“O que eles pensavam que era lixo, virou instrumento musical”, relata Adilto José dePaula, um dos idealizadores do projeto.

Os instrumentos de percussão, como tambores,triângulo, chocalhos, têm um único som e sãoexecutados com a utilização da mão ou debaquetas. O projeto Ginga Bate Lata faz parte dotrabalho do Grupo de DançaAfro Pop Ginga Total, que fazum trabalho de pesquisa sobredanças africanas e depois asmisturas comdanças populares.Nas apresentaçõesculturais, o grupomistura osinstrumentos depercussão junto com a dança,proporcionando um resgate dacultura dos negros.

Para saber mais acesse sobre oProjeto Ginga Bate Lata acesse:.http://gtafropop.arteblog.com.br/tag/Ginga+Bate+Lata/

RECICLANDO SONS

As ações culturais doGrupo Ginga Total,acontecem com mais de50 crianças eadolescentes. Elesaprendem a elaborarinstrumentos com osmateriais recicláveis,dança afro pop, e oensinamento sobrealgumas tradiçõesculturais dos negros.

Materiais recicláveis viram instrumentos paracrianças e adolescentes da periferia de Curitiba

V

A comunidade do Parolin é uma região afastada,com falta de políticas públicas. Quando o Ginga BateLata iniciou o seu trabalho em 2009, conseguiu diminuiros danos causados por lixos jogados nos bueiros.“Visando misturar a música e a percussão, a gente viuque poderia resgatar jovens com a reciclagem, um

resgate social que vai impactar diretamente na vivência deles”,conta Joel Almeida, responsável por coordenar o projeto.

faz_cultura_84:Layout 1 26/4/2012 16:46 Page 1

Page 29: Revista Viração - Edição 84 - Maio/2012

Luciano Frontelle, do Virajovem Boituva (SP)*

E eu com isso?!

Acada dois anos a população brasileira é convocada paraparticipar do processo democrático de decidir quem serãonossos representantes. Estamos em um desses anos e é

possível identificar que além de simplesmente votar, tem muitacoisa que pode ser feita a fim de influenciar os momentos dedecisão, especialmente dentro das cidades. Em uma delas, SãoVicente, localizada no litoral do Estado de São Paulo, o projetoVota Juventude sensibiliza jovens sobre a importância daparticipação cidadã por meio de charges animadas.

Falar sobre política não é algo que é recebido com muitaanimação, mas os organizadores do projeto encontraram um jeitode driblar essa barreira corriqueira. Por meio de charges e umalinguagem mais próxima da realidade do jovem, o projeto vai até asescolas públicas de ensino médio para fazer um bate-papo provocadorcom os estudantes.

Segundo Danilo Otto, diretor de juventude em São Vicente, esse momento servepara situar o jovem dentro de uma sociedade que possui dependências em comum,como educação, trabalho e saúde. “Nós demonstramos que a falta da garantia dessesdireitos causa problemas como desigualdade social e violência e os provocamos nosentido de que as soluções não virão por meio de um milagre, mas do trabalho emconjunto deles”, comenta Otto. Os grêmios estudantis são citados como exemplosdessa união dentro da escola e os conselhos de direitos, como o de juventude, osespaços para participar na cidade.

A conversa serve também para convidar o jovem de 16 anos a tirar o título deeleitor e, graças à parceria com a Justiça Eleitoral, no dia seguinte ao bate-papo, éfeito pré-cadastro e a entrega do título na própria escola até um dia depois docadastramento. “O título é um grande instrumento de transformação, já que é a nossaforma de exercer o poder”, afirma Danilo, que conclui: “só votar não resolve, tem quevotar e cobrar o governo, participar das ações”.

A ação, que é realizada pela segunda vez e agora é lei na cidade, é promovida pelaprefeitura de São Vicente por meio da Diretoria de Juventude, em parceria com aDiretoria Regional de Ensino, a Ordem de Advogados e Brasil, Justiça Eleitoral e oConselho de Juventude Municipal. Abrange 22 escolas, chegando a 14 mil estudantesdurante o período de um mês de projeto. Em sua primeira edição mais de 1.500 títulosforam retirados. Para esse ano a previsão é de manter o mesmo número.

*Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22Estados do País e no Distrito Federal ([email protected])

ParticipaçãoCidadã

V

Iniciativa em São Vicente (SP) demonstra que a participação

tem que ser consciente para poder causar impactos positivos

Revista Viração • Ano 10 • Edição 84 29

Jovens fazem o cadastramento erecebem o título na própria escola

Caro

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Page 30: Revista Viração - Edição 84 - Maio/2012

No Escurinho

Mentiras de família

V

Produções cinematográficas abordam a infância

em meio à complexidade de contextos políticos

Sérgio Rizzo, crítico de cinema*

Em O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias (2006), dirigido por CaoHamburger (o mesmo do recém-lançado Xingu), um menino é deixadoaos cuidados do avô em São Paulo, às vésperas da Copa do Mundo

de futebol de 1970. Seus pais precisaram se esconder das forças derepressão do regime militar, mas ele não tem ideia do que estáacontecendo com o País.

História semelhante, que adota o ponto de vista infantil parareconstituir um cotidiano sob a ditadura, é a do argentino Kamchatka(2002), de Marcelo Piñeyro, com Ricardo Darín (O Segredo dos Seus Olhos,Abutres) e Cecilia Roth (Tudo Sobre Minha Mãe, Ninho Vazio) no papel deum casal que omite dos filhos a razão da família agir de determinadamaneira depois do golpe de 1976.

Anterior a ambos, o drama iugoslavo Quando Papai Saiu em Viagem deNegócios (1985) – só agora lançado em DVD no Brasil – é um exemploadmirável nessa mesma linha, ao combinar um pano de fundosociopolítico com uma trama intimista em torno dos mistérios do mundo,segundo o olhar de uma criança.

Sucesso internacional, o filme valeu ao diretor sérvio Emir Kusturica a suaprimeira Palma de Ouro de melhor filme no Festival de Cannes (a segunda viria,dez anos depois, por Underground - Mentiras de Guerra, outro polêmicomergulho na história iugoslava) e ajudou a pavimentar uma carreira em quecinema e política se encontram quase o tempo todo (e até mesmo em umdocumentário como Maradona por Kusturica).

Em 1948, o marechal croata Josip Broz Tito, líder comunista daIugoslávia, resistiu à tentativa da União Soviética em fazer do país umestado-satélite e rompeu com Moscou. A manobra criou problemas paraos integrantes de facções comunistas iugoslavas identificadas com ossoviéticos, como um dos personagens de Quando Papai Saiu em Viagemde Negócios, que é preso.

A família precisa se virar sozinha na sua ausência, tomando cuidadopara não se envolver em novos problemas políticos, e o seu filho menoracredita na versão fantasiosa que lhe contam para explicar por onde andao pai. A partir desses elementos, Kusturica cria uma fábula sobre o fim dainocência – de uma criança, e também de uma sociedade.

30 Revista Viração • Ano 10 • Edição 84

* www.sergiorizzo.com.br

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Capa do DVD do drama iugoslavoQuando Papai Saiu em Viagemde Negócios, de Emir Kusturica

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Page 31: Revista Viração - Edição 84 - Maio/2012

Que Figura!

Conhecida pelas suas interpretações das obras de Chopin eSchumann (dois compositores de música clássica), a pianistabrasileira Guiomar Novaes construiu sólida carreira no exterior, em

especial nos Estados Unidos. Ela nasceu em São João da Boa Vista (SP),em 28 de fevereiro de 1894, e morreu no dia 7 de março 1979, nacapital paulista. Ainda aos quatro anos demonstrou interesse pelo pianoao acompanhar as aulas de suas irmãs. Foi aluna de Luigi Chiaffarelli, ummestre italiano, responsável pelo seu desenvolvimento artístico e pelafama internacional que ela e outros pianistas conseguiram.

Guiomar foi vizinha do escritor Monteiro Lobato, que idealizou aobra O Sítio do Picapau Amarelo. Inspirado na então aprendiz depianista, o escritor cria a famosa personagem Narizinho, a menina donariz arrebitado.

Apresentou-se em público pela primeira vez em 1902, quando tinhaoito anos de idade. Aos 15, foi para Paris para dar continuidade aosestudos. Na ocasião, apresentou-se para a Princesa Isabel. De volta aoBrasil, em 1913, a pianista permanece por dois anos no País. O mundovivia a Segunda Guerra Mundial, o que inviabilizou que assumissecompromissos no exterior. Apresentou-se nos teatros municipais de SãoPaulo e Rio de Janeiro e, em 1915, retoma sua agenda internacional,iniciando uma turnê pelos Estados Unidos, onde foi aclamada pela crítica.

Guiomar Novaes consagrou-se internacionalmente como a melhor pianista do mundo

V

*Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados do País e no Distrito Federal ([email protected])

Talento apartir dos dedos

Guiomar perde a mãe em 1919 e no ano seguinte oficializaseu noivado com o namorado Octávio Pinto, arquiteto ecompositor, com quem se casa e tem dois filhos. Em 1922, anoda Semana de Arte Moderna, inclui em seus recitais as obrasde Villa-Lobos, tornando-se uma assídua divulgadora do seutrabalho.

Em 1938, a pianista recebe novamente um grandereconhecimento internacional. Quando toca para o entãopresidente estadunidense Franklin Roosevelt, é considerada pelacrítica da nação norteamericana a melhor pianista do mundo.

Em 1950, morre o marido e maior incentivador da carreira dapianista. Abalada, chegou a cogitar deixar os palcos, mas o amorpela música a fortaleceu para dar continuidade às apresentações.Superada a crise causada pela viuvez, é convidada pela rainhaElizabeth II, em 1967, para inaugurar o Queen Elizabeth Hall, emLondres, tamanho era o seu prestígio.

Aos 85 anos, a saúde de Guiomar passa a ficar frágil. Sofre umderrame cerebral, seguido de um infarto do miocárdio, que levouà sua morte em março de 1979. O fato foi manchete em diversosjornais do exterior. Seu corpo está enterrado no Cemitério daConsolação, em São Paulo.

“”Eu sempre toco uma peca de maneira

diferente, pois descubro alguma coisa

nova e me surpreendo. Arte e a coisa

mais sutil que existe, nem sempre

conseguimos compreende-la.”

Guiomar Novaes

-

-

^

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Page 32: Revista Viração - Edição 84 - Maio/2012

Para os meninos emeninas, faz bem amasturbação?

A masturbação éde suma importânciapara ambos os sexos, porproporcionar um melhorreconhecimento do corpo, dasreações químicas e físicas ocorridasdurante o ato. O reconhecimento docorpo é bom para o crescimento da vidasexual e não tem contra indicação.

Como as meninas percebem queestão grávidas? Quais os sintomas?

O ato de se tocar ou mesmo deauto avaliar-se, proporciona às meninasmelhor percepção das mudançasocorridas no corpo, levando a descobertamuito mais precoce de uma gravidez.Os primeiros sintomas de uma gravidez são:ausência da menstruação, náuseas, sonolência etc.

É possível engravidar sem penetração?

Sim, é possível engravidar sem penetração, porémé muito mais difícil. O mais importante é se protegerusando camisinha para evitar além da gravidez, asDSTs/aids – doenças sexualmente transmissíveis.

O diafragma pode evitar gravidez?

Sim, é um método anticonceptivo usado para evitargravidez, porém não evita DST, por isso ele é mais utilizadopara casais estáveis. E não é um método de primeira escolhapela saúde pública brasileira como anticonceptivo.

Cláudia Maria Ferraz, do Virajovem São Gabriel da Cachoeira (AM)*

Sexo e Saúde

Amasturbação pode representar o início da descoberta da sexualidade de meninos e meninas. O esclarecimento sobre esse eoutros assuntos é fundamental para que adolescentes e jovens conheçam seu corpo, e na hora da relação sexual propriamentedita não enfrentem as consequências do sexo praticado sem proteção. Por isso, os virajovens de São Gabriel da Cachoeira (AM)

levaram algumas questões elaboradas por adolescentes da Associação BemVindo para o enfermeiro-sanitarista Hernane Santos Jr, daSecretaria Municipal de Saúde da cidade. Confira as respostas!

32 Revista Viração • Ano 10 • Edição 84

Mande suas dúvidas sobre Sexo e Saúde, quea galera da Vira vai buscar as respostas paravocê! O e-mail é [email protected]

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ália

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V

*Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22Estados do País e no Distrito Federal ([email protected])

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Page 33: Revista Viração - Edição 84 - Maio/2012

Niedjha Ribeiro, do Virajovem João Pessoa (PB)*

Rango da terrinha

CUPOM DE

ASSINATURAC

abeça-de-galo é um prato típico da culinária de João Pessoa (PB). Ninguém sabe doporquê do nome do prato, também não há registros precisos sobre sua origem, masacredita-se que é uma contribuição dos escravos do período colonial da história

brasileira. Seus ingredientes são de fácil aquisição em feiras populares. O cabeça-de-galotem suas variações de acordo com o Estado em que é feito. Está presente em praticamentetodas as regiões brasileiras, mas principalmente nos estados da região nordestina.

Essa iguaria é um pirão ralo de ovo e farinha de mandioca, considerado pelo meiopopular, um restaurador de energias após as bebedeiras ou um dia de trabalho intenso. Nacapital paraibana, o prato é também conhecido como caldo da caridade ou simplesmentesopa de cabeça-de-galo.

anual e renovação 12 edições

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OBS: O comprovante do depósitotambém pode ser enviado por fax.

3. VALE POSTAL em favor daVIRAÇÃO, pagável na AgênciaAugusta – São Paulo (SP), código72300078

4. BOLETO BANCÁRIO(R$2,95 de taxa bancária)

+V

Modo de preparoColoque a água para ferver com uma colher de sopa de azeite (ou óleo de soja) em

uma panela, de preferência refratária, e aguarde levantar fervura.Depois, adicione três cubos de caldo de galinha, três tomates grandes picados, duas

cebolas grandes picadas, duas colheres de sopa de cebolinha picada, um pimentãoverde grande picado, pimenta-do-reino a gosto e duas colheres de chá de colorau emexa devagar, deixando cozinhar por três minutos.

Em seguida, quebre os cinco ovos grandes, quedevem permanecer inteiros, adicionando-osindividualmente ao caldo, sem mexer. Deixecozinhar por mais dois minutos.

Adicione, com uma das mãos, a farinha demandioca, soltando-a devagar e mexendo o caldopor cerca de cinco minutos até que a mistura atinjaa consistência de um mingau fino. Sirva quente.

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Ingredientes1 litro e meio de água;1 colher (sopa) de azeite (ou de óleo de soja);3 cubos de caldo de galinha;3 tomates grandes picados;2 cebolas grandes picadas;2 colheres (sopa) de cebolinha picada;1 pimentão verde grande picado;Pimenta-do-reino a gosto;2 colheres (chá) de colorau para dar cor ou extrato de tomate;5 ovos grandes inteiros;150 g de farinha de mandioca (o suficiente para dar ponto de mingau fino);1 xícara de coentro fresco picado.

*Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados do País e no Distrito Federal ([email protected])

Pirão conhecido como Cabeça-de-galo é

popular nos Estados do Nordeste brasileiro

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Page 34: Revista Viração - Edição 84 - Maio/2012

Parada Social

Ajuventude não se contenta com pouco.

Sempre se movimenta em busca de

sonhos, perspectivas e desejos que,

muitas vezes, são potencializados em alguma

ação. Exatamente por compreender esse

comportamento, o Programa Juventude,

Participação e Autonomia (JPA), do Instituto

Universidade Popular (Unipop), lançou em

2011, o Projeto Amazônia: Juventude Urbana

Fazendo sua Opção pela Vida. “Contamos

com parcerias locais de instituições,

organizações e empresas nos três municípios

em que o projeto está sendo implementado,

que são Marabá, Santarém e Belém. O projeto

tem o patrocínio do Programa Petrobras,

Desenvolvimento e Cidadania”, enfatiza

Dayana Souza, coordenadora pedagógica.

A iniciativa vai ao encontro de um dos

principais anseios dos jovens, principalmente

na faixa etária de 18 a 25 anos, que é a

inserção no mercado de trabalho. Para

atender a esta demanda, a equipe do projeto

desenvolveu processos formativos de

qualificação social e profissional com os

jovens, com o intuito de

transformá-los em agentes da

mudança, exercitando a cidadania

e contribuindo para a efetivação

de políticas públicas. E claro, foi

necessário muito esforço para

concretizar tudo isso.

“A ação está de parabéns,

principalmente pela coragem em

colocar em prática um projeto de

tamanha responsabilidade, já que a

juventude é bastante esquecida

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Breno Mendes e Dayana Souza, do Virajovem Belém (PA)*

*Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados do País e no Distrito Federal ([email protected])

Lugar ao solPrograma de qualificação profissional, do Pará,

transforma jovens em agentes de mudança

hoje, principalmente a que está na periferia e

meninas como eu que têm filho pra cuidar e

não têm tempo nem oportunidade para se

qualificar para o mundo do trabalho”, diz Rita

de Kassia, de 26 anos.

“Analisamos dados do Departamento

Intersindical de Estatística e Estudos do Pará

(DIEESE/PA) e constatamos que as pessoas

entre 18 e 29 anos de idade estão, em sua

maioria, sendo inseridos no mercado de

trabalho pelo comércio. Por isso, o projeto

optou por ofertar uma formação em promotor

de vendas”, ressaltou Selli Rosa, coordenadora

do projeto.

O projeto também vem rendendo outros

frutos positivos. O mais destacado é a

realização da campanha Que Cidade Queremos

para Viver?, que dá visibilidade às necessidades

da juventude no acesso aos espaços e serviços

públicos com qualidade necessária e digna e

busca fortalecer ações de pressão sobre o

poder público para garantir políticas voltadas

pelo direito à cidade. V

Jovens participam de processode qualificação profissional

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