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ATIVIDADE 1 Inicialmente em relação ao tempo utilizado pelo empregado para troca de uniforme e alimentação, a jurisprudência dominante, concomitante a súmula 366 do TST, tem entendido que o empregado fica à disposição do patrão enquanto se uniformiza dentro das dependências da empresa. Nesse sentido as empresas de grande porte assim como na de médio, é muito comum que os empregados, principalmente da linha operacional, se utilizem do uniforme em suas atividades laborais. A grande questão está justamente no tempo despendido pelo empregado para fazer a troca do uniforme e que pode estar gerando um passivo trabalhista por conta de se considerar horário extraordinário à disposição do empregador. A CLT dispõe no § 2º do artigo 74, que para as empresas com mais de 10 (dez) trabalhadores, será obrigatória a anotação do horário de entrada e saída, em registro manual, mecânico ou eletrônico, devendo haver pré-assinalação de período de repouso intrajornada. O Tribunal Superior do Trabalho fixa, através dos incisos I e III da Súmula 338, a obrigatoriedade de cartão ponto para que o mesmo faça prova contrária às alegações: "I - É ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez) empregados o registro da jornada de trabalho na forma do art. 74, § 2º, da CLT. A não-apresentação injustificada dos controles de freqüência gera presunção relativa de veracidade da jornada de trabalho, a qual pode ser elidida por prova em contrário." III - Os cartões de ponto que demonstram horários de entrada e saída uniformes são inválidos como meio de prova, invertendo-se o

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ATIVIDADE 1

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ATIVIDADE 1

Inicialmente em relao ao tempo utilizado pelo empregado para troca de uniforme e alimentao, a jurisprudncia dominante, concomitante a smula 366 do TST, tem entendido que o empregado fica disposio do patro enquanto se uniformiza dentro das dependncias da empresa.Nesse sentido as empresas de grande porte assim como na de mdio, muito comum que os empregados, principalmente da linha operacional, se utilizem do uniforme em suas atividades laborais.A grande questo est justamente no tempo despendido pelo empregado para fazer a troca do uniforme e que pode estar gerando um passivo trabalhista por conta de se considerar horrio extraordinrio disposio do empregador.A CLT dispe no 2 do artigo 74, que para as empresas com mais de 10 (dez) trabalhadores, ser obrigatria a anotao do horrio de entrada e sada, em registro manual, mecnico ou eletrnico, devendo haver pr-assinalao de perodo de repouso intrajornada.O Tribunal Superior do Trabalho fixa, atravs dos incisos I e IIIda Smula 338, a obrigatoriedade de carto ponto para que o mesmo faa prova contrria s alegaes:"I - nus do empregador que conta com mais de 10 (dez) empregados o registro da jornada de trabalho na forma do art. 74, 2, da CLT. A no-apresentao injustificada dos controles de freqncia gera presuno relativa de veracidade da jornada de trabalho, a qual pode ser elidida por prova em contrrio."III - Os cartes de ponto que demonstram horrios de entrada e sada uniformes so invlidos como meio de prova, invertendo-se o nus da prova, relativo s horas extras, que passa a ser do empregador, prevalecendo a jornada da inicial se dele no se desincumbir."A controvrsia gerada nesta situao que o empregado realiza a troca de uniforme antes da marcao do ponto e o entendimento dos Tribunais, que a troca deve ser feita aps a marcao do ponto, computando este tempo como jornada de trabalho, sob pena do empregador arcar com eventuais horas extras.Da mesma forma o entendimento ao final da jornada de trabalho, onde o empregado deve fazer a troca do uniforme ao final do dia e s aps, efetuar a marcao do ponto.Ademais, o artigo 4 da CLT dispe que considera-se como tempo de servio efetivo o perodo em que o empregado esteja disposio do empregador, aguardando ou executando ordens, salvo disposio especial expressamente consignada.Se o artigo 2 da CLT obriga o empregador a cumprir com as obrigaes, tambm lhe d, em contrapartida, o poder de dirigir a prestao de servios, ou seja, a ele dado todo o poder disciplinador sobre o empregado, estabelecendo normas, procedimentos e exigindo que estes sejam cumpridos.Assim, cabe ao empregador se organizar logstica e procedimentalmente de forma que, dentro do tempo de tolerncia de marcao do ponto estabelecido por lei, antes do incio e ao final da jornada de trabalho, o empregado realize a troca de uniforme.A lei estabelece um tempo de tolerncia de marcao de ponto de 5 (cinco) minutos antes e 5 (cinco) minutos aps o trmino da jornada de trabalho, observado o limite mximo de dez minutos dirios, o que, uma vez disciplinado, suficiente para a troca de uniforme.Para que o empregador no corra risco de ter que arcar com horas extraordinrias, h basicamente duas exigncias a serem atendidas:Local apropriado para a troca de uniforme, que atenda a demanda de funcionrios e que seja prximo ao posto de trabalho;Que o tempo despendido pelo funcionrio, para a marcao de ponto e o posto de trabalho para incio da atividade laboral, possa ser realizado dentro do limite de tolerncia estabelecido por lei.Outra possibilidade para o empregador se socorrer de acordo ou conveno coletiva de trabalho, a qual poder estabelecer condies e tempos diferentes dos previstos em lei.No entanto, deve se ponderar quanto utilizao deste instituto, pois, embora o mesmo seja reconhecido constitucionalmente (art. 7, XXXVI CF/88), o acordo ou conveno coletiva no pode contrariar frontalmente uma garantia j estabelecida pela legislao trabalhista.Entretanto, h entendimento jurisprudencial de que as normas coletivas devem ser consideradas em seu conjunto de direitos (teoria do conglobamento) e no de forma isolada. Neste sentido, o empregador poder se utilizar da conveno coletiva para estabelecer um tempo maior para troca de uniformes (tanto na entrada quanto na sada), desde que, no conjunto de direitos, possa comprovar o no prejuzo aos empregados.Nesse sentido vejamos algumas jurisprudncias:DECISO. Por unanimidade, conhecer do recurso de revista por violao do art. 7, inciso XXVI, da Constituio Federal e, no mrito, dar-lhe provimento para, reformando o v. acrdo de origem, determinar a aplicao da norma coletiva que instituiu a clusula em que os 10 minutos dirios utilizados entre a troca de uniforme e o registro do ponto no sero considerados como tempo disposio da empresa, e o que sobejar deve ser pago como hora extraordinria. Processo RR - 214/2007-020-12-00.0. Ministro Relator Ministro Aloysio Corra da Veiga. Data Publicao 12/09/2008.HORAS EXTRAS. MINUTOS QUE ANTECEDEM E SUCEDEM JORNADA DE TRABALHO. DECISO MOLDADA JURISPRUDNCIA UNIFORMIZADA PELO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO. Minutos que antecedem e sucedem a jornada de trabalho. Tempo utilizado para uniformizao, lanche e higiene pessoal. O tempo gasto pelo empregado com troca de uniforme, lanche e higiene pessoal, dentro das dependncias da empresa, aps o registro de entrada e antes do registro de sada, considera- se tempo disposio do empregador, sendo remunerado como extra o perodo que ultrapassar, no total, a dez minutos da jornada de trabalho diria." PROC. N TST-AIRR-1269/2004-028-03-40.9. Relator MINISTRO ALBERTO BRESCIANI. Braslia, 28 de maro de 2007.EMENTA - MINUTOS RESIDUAIS " De acordo com o pargrafo 1 do art. 58 da CLT e Smula 366/TST, o tempo disposio do empregador considerado, em fico legal, como tempo efetivo de trabalho, sendo irrelevante para o deslinde da lide a situao ftica vivenciada pelo reclamante e a destinao dos minutos residuais registrados nos cartes de ponto, vez que estes so considerados disposio do empregador por fico legal, independentemente de o empregado trabalhar ou exercer quaisquer outras atividades, como troca de uniforme, caf ou lanche. Relator - Desembargadora Maria Lcia Cardoso de Magalhes Revisor Desembargador Bolvar Vigas Peixoto. PROC. TRT - 01470-2006-142-03-00-8 RO. Belo Horizonte, 11 de abril de 2007.EMENTA: TEMPO DISPOSIO. TROCA DE UNIFORME. Sendo praxe na empresa, por orientao dela emanada, no sentido de se proteger os seus empregados, que faam a troca dos uniformes nas suas dependncias, o tempo despendido para tanto considerado disposio do empregador e, como tal, sujeito devida e correlata contraprestao salarial. PROC. TRT - 00390-2006-037-03-00-1 RO. Relator Desembargador Hegel de Brito Boson. Belo Horizonte, 05 de maro de 2007

BIBLIOGRAFIA

DELGADO, Maurcio Godinho. Curso de Direito de Trabalho. So Paulo: LTr, 2009

GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa.Curso de Direito do Trabalho. 7 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2013.

MARTINS, Srgio Pinto.Direito do Trabalho. 24 ed. So Paulo: Atlas, 2008.