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1 ASSOCIAÇÃO JUINENSE DE ENSINO SUPERIOR DO VALE DO JURUENA AJES INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA – ISE PÓS-GRADUAÇÃO EM MATEMÁTICA A MODELAGEM COMO RECURSO NO ENSINO DE MATEMÁTICA Acadêmico: ROGÉRIO DOS SANTOS Orientador: Ms. Eliana Walker ALTA FLORESTA-2010

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ASSOCIAÇÃO JUINENSE DE ENSINO SUPERIOR DO VALE DO JURUENA AJES

INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA – ISE

PÓS-GRADUAÇÃO EM MATEMÁTICA

A MODELAGEM COMO RECURSO NO ENSINO DE MATEMÁTICA

Acadêmico: ROGÉRIO DOS SANTOS

Orientador: Ms. Eliana Walker

ALTA FLORESTA-2010

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ASSOCIAÇÃO JUINENSE DE ENSINO SUPERIOR DO VALE DO JURUENA AJES

INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA – ISE

PÓS-GRADUAÇÃO EM MATEMÁTICA

A MODELAGEM COMO RECURSO NO ENSINO DE MATEMÁTICA

Acadêmico: ROGÉRIO DOS SANTOS

Orientador: Ms. Eliana Walker

“Monografia apresentada como exigência

parcial para obtenção do título em

Matemática”.

ALTA FLORESTA-2009

3

Dedico à minha família pelo apoio e

compreensão nos momentos em que estive

ausente e pela dedicação no decorrer deste

trabalho.

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ASSOCIAÇÃO JUINENSE DE ENSINO SUPERIOR DO VALE DO JURUENA AJES

INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA – ISE

PÓS-GRADUAÇÃO MATEMÁTICA

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________

ORIENTADOR: MSC. ELIANA WALKER

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO....................................................................................................... 07

1. Modelagem Matemática no Ensino da Matemática .......................................... 08

2. Como Utilizar a Modelagem em Sala de Aula...................................................... 19

CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................. 37

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS.................................................................. 38

6

RESUMO

A Matemática é base de quase todas as áreas do conhecimento humano, desenvolve os

níveis de conhecimento e de criatividade. Hoje, o grande desafio é fazer o aluno compreender

seu papel na sociedade, de agente ativo e transformador da sua realidade, e a importância da

matemática no seu dia-a-dia, pois a Modelagem Matemática tem como objetivo interpretar e

compreender os mais diversos fenômenos do nosso cotidiano, proporcionando através aplicações

dos conceitos matemáticos uma das alternativas para levar a realidade para sala de aula e

aumentar a motivação dos alunos para o estudo da Matemática.para que os mesmos possam

interpretar e compreender os mais diversos fenômenos do nosso cotidiano; e se trabalhada de

maneira criativa, motivadora e eficaz, ela pode proporcionar diversos benefícios, como por

exemplo, motivação, facilitação da aprendizagem, preparação para futuras profissões,

desenvolvimento do raciocínio, desenvolvimento do aluno como cidadão crítico, compreensão do

papel sócio-cultural da Matemática tornando-a mais agradável.

Palavras-chave: Modelagem matemática, Educação matemática, Ensino-aprendizagem

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INTRODUÇÃO

A Modelagem Matemática é bastante utilizada como método de pesquisa, na qual analisa

situações e fenômenos existentes na vida real tendo como um dos seus objetivos chegar a um

modelo que represente uma situação estudada.

Acredita-se que a exploração das questões relacionadas ao contexto do aluno e, desta

forma, dar significado aos conteúdos e também permitir um trabalho colaborativo e integrado

entre professor e alunos permitindo aos alunos a co-responsabilidade com a aprendizagem. Nesse

contexto o professor é um articulador da curiosidade do aluno oportunizando conhecimento,

pesquisa e busca de informações relevantes e também um coordenador do processo e da análise

crítica das soluções obtidas em conjunto.

Assim, a proposta deste trabalho consiste em intensificar pesquisas bibliográficas que

venham a revelar demais opiniões relacionadas à Modelagem Matemática, buscando também

aprofundamentos teóricos acerca da utilização desta metodologia de ensino especificamente em

nível médio. Pormenorizando, quer-se com este trabalho conhecer e divulgar propostas de

utilização efetiva da Modelagem Matemática como metodologia de ensino, almejando-se contudo

discernir possíveis prós e contras a respeito desta tendência atual no ensino da Matemática.

Neste estudo, analisaremos as dificuldades de relacionamento com as idéias matemáticas

com a preocupação centrada nas características do que poderia ser denominado de processo de

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ensino de Matemática situado na perspectiva da formação de conceitos e as implicações dessa

postura pedagógica para a prática docente em suas dimensões teórica e metodológica.

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1. MODELAGEM MATEMÁTICA NO ENSINO DA MATEMÁTICA

Vivemos em uma sociedade que passa por grandes transformações, seja no meio

econômico, social, meio ambientes, etc. Acredita-se na importância de investigar alternativas

para colocar o aluno frente a esses problemas, para que eles aprendam a discutí-los de forma

crítica, buscando meios para solucioná-los.

Segundo D’ Ambrosio (1986),

a Modelagem Matemática vem ocupando amplos espaços nas discussões a respeito das tendências da Educação Matemática. Ao oportunizar, por intermédio de práticas evidenciadas por muitos pesquisadores desta área do conhecimento, uma metodologia diferenciada de ensino que prima pela qualidade e melhoria efetiva do processo de ensino e aprendizagem da Matemática, a Modelagem Matemática consolida-se como uma alternativa dotada de muita criatividade, audácia e significância, visto que a criação de modelos matemáticos proporciona ao modelador um contato expressivo da Matemática com o meio em que ele está inserido cotidianamente.

Modelagem matemática tem sido reconhecida como uma alternativa pedagógica na

condução do processo de ensino e aprendizagem em cursos regulares submetidos à programas e

cronogramas preestabelecidos (ALMEIDA, 2001)

entende-se por modelagem matemática um conjunto de procedimentos que visam abstrair, da realidade a nossa volta, um modelo matemático representativo desta realidade, o qual nos permite compreender melhor a relação entre os acontecimentos e o mundo, através de: análises, reflexões, deduções, predições. Este modelo deverá ser testado de diferentes maneiras para verificar em que grau corresponde à realidade analisada. (MENDES, 2001)

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Skovsmose (1990), define Modelagem Matemática como o processo que envolve a

obtenção de um modelo. As vantagens em adotar a Modelagem Matemática no auxílio do

processo de ensino e aprendizagem da Matemática. Um modelo pode ser formulado utilizando-se

expressões numéricas ou fórmulas, diagramas, gráficos ou representações geométricas, equações

algébricas, tabelas, expressões que valham não apenas para uma solução particular, mas que

também sirvam, posteriormente, como suporte para outras aplicações e teorias. Ao trabalharmos a

Modelagem

Modelagem matemática é um processo dinâmico utilizado para obtenção e validação de modelos matemáticos. É uma forma de abstração e generalização com a finalidade de previsão de tendências. A modelagem consiste, essencialmente, na arte de transformar situações da realidade em problemas matemáticos cujas soluções devem ser interpretadas na linguagem usual (BASSANEZI, 2004).

No ensino tradicional da Matemática não tem havido, em geral, um respeito pela

criatividade do aluno. Skovsmose (1990), na prática de ensino de um grande número de

professores, alheios à preocupação com a criatividade matemática, há um desencontro entre esta e

a forma metódica como as idéias surgem em suas exposições de sala de aula. As soluções das

questões e as demonstrações são apresentadas de tal modo que não passam por ensaios e

tentativas de resolução e busca de novos caminhos. Esta forma de apresentação dos conteúdos,

empreende-se uma concepção de Matemática em que a criatividade é totalmente desfigurada,

induzindo os alunos à impotência frente à sabedoria do mestre, que aparentemente encontra de

imediato os melhores caminhos para a solução de questões matemáticas, em verdade, esse modo

de proceder só é possível porque o professor já conhece antecipadamente aquele conteúdo

A modelagem oferece uma maneira de colocar a aplicabilidade da Matemática em situações do cotidiano, no currículo escolar em conjunto com o tratamento formal que é predominante no modelo tradicional. Esta ligação da Matemática escolar com a Matemática da vida cotidiana do aluno faz um papel importante no processo de escolarização do indivíduo, pois dá sentido ao conteúdo estudado, facilitando sua aprendizagem e tornando-a mais significativa (BIEMBENGUT, 2003).

Para Eves (2004), Modelagem Matemática é o processo que envolve a obtenção de um

modelo. Este sob certa ótica, pode ser considerado um processo artístico, visto que, para se

elaborar um modelo, além de conhecimento apurado de matemática, o modelador deve ter uma

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dose significativa de intuição e criatividade para interpretar o contexto, saber discernir que

conteúdo matemático melhor se adapta e também ter senso lúdico para jogar com as variáveis

envolvidas. Pode-se dizer que Matemática e realidade são dois conjuntos disjuntos e a

Modelagem é um meio de fazê-la interagir. Essa interação, que permite representar uma situação

“real” com “ferramental” matemático (modelo matemático), envolvendo vários procedimentos.

A Modelagem Matemática é o processo que envolve a obtenção de um modelo, e este, sob certa óptica, pode ser considerado um processo artístico, visto que, para se elaborar um modelo, além de conhecimento de matemática, o modelador precisa ter uma dose significativa de intuição e criatividade para interpretar o contexto, saber discernir que conteúdo matemático melhor se adapta e também ter senso lúdico para jogar com as variáveis envolvidas (BIEMBENGUT,2003).

Skovsmose (1990), afirma que a Modelagem Matemática convida o aluno a atuar,

investigar, discutir e motivar. Ela desenvolve habilidades de exploração e compreensão da

Matemática no mundo e prepara para utilizá-la em diversas áreas do conhecimento. Através

disso, é preciso repensar as aulas de Matemática, não podemos mais associá-las somente a

conteúdos de alto nível de abstração e que não possuem ligação com a vida dos alunos. A

Modelagem Matemática está presente todo o tempo na situação problema em seu contexto social,

e através de experimentos, criava leis matemáticas (modelos matemáticos), embora muitas de

suas teorias não tenham sido provadas matematicamente.

Para Eves (2004), os Modelos Matemáticos foram desenvolvidos pelas civilizações, a

partir da necessidade de cada época e lugar, e de interesses, o que desvela sua não neutralidade.

Analisando nossa realidade nos dias de hoje, podemos perceber que temos inúmeras situações

problemas para serem solucionadas. Assim sendo, é necessário que participemos desta viagem

pelo universo das novas descobertas científico-matemáticas, que são experimentadas e

analisadas, para que possamos participar ativamente da sociedade. Para que isso ocorra, nós

professores devemos propor novas alternativas de ensino-aprendizagem, buscando tornar a

matemática significativa em nosso tempo. O desafio está em fazer parte dessa mudança no

âmbito das práticas na escola, o que exige muita iniciativa, criatividade e o querer fazer a

diferença.

Araújo (2000), considera que a Modelagem Matemática é, acima de tudo, uma

perspectiva, algo a ser explorado, o imaginável, no sentido de relacionar o aspecto científico da

matemática e a realidade. E ainda, responde a questões que podem ser inovadoras, que mudam

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com o tempo, obedecendo à cultura de cada sociedade; o que requer criatividade para ser

desenvolvido. Ela é livre e espontânea; surge de uma necessidade do homem em compreender os

fenômenos que o cercam, interferindo ou não em seu processo de desenvolvimento.

Skovsmose (2000), destaca que a Modelagem Matemática na Educação Matemática

percebe alguns pontos fundamentais: o de aliar o tema a ser escolhido à realidade de nossos

alunos e o de aproveitar as experiências extra-classe dos alunos, aliadas à experiência do

professor em sala de aula. No ensino fundamental, se tenta fazer certas experiências, com estas

características, buscando uma construção das idéias da matemática. Por exemplo, quase sempre

coloco situações-problema para os alunos ao introduzir um conteúdo, e busco construir com os

alunos as definições dos conceitos. Tais dificuldades dizem respeito a criar modelos para uma

situação desejada; ou seja, em geral não é uma dificuldade relacionada com a aprendizagem dos

alunos ou a falta de interesse na atividade matemática proposta. Para Bassanezi (2002), o

processo de modelagem consiste na arte de transformar problemas da realidade em problemas

matemáticos e de resolvê-los interpretando suas soluções na linguagem do mundo real.

para elaborar um modelo, além de conhecimento apurado de Matemática, o modelador deve ter uma dose significativa de intuição e criatividade para interpretar o contexto, discernir que conteúdo matemático melhor se adapta para descrevê-lo, além de senso lúdico para “jogar” com as variáveis envolvidas. (BIEMBENGUT, 1997)

Muitas vezes, os alunos propõem uma solução, mas não conseguem formalizar os

conceitos matemáticos (SKOVSMOSE, 2000) talvez seja a falta de interesse em aprofundar na

atividade matemática proposta. Durante a realização da atividade, os alunos questionam,

participam, buscando solucionar o problema proposto. Já no ensino superior os relatos de

experiências realizadas por outros professores. Acredito que se mudanças estão já acontecendo no

ensino fundamental e médio, em breve o ensino superior dará prosseguimento, propondo

alternativas para o ensino aprendizagem da matemática

Biembengut (1997), considera que a modelagem é como um meio para integrar dois

conjuntos aparentemente disjuntos: matemática e realidade. Isto sugere traduzir a linguagem do

mundo real para a linguagem do mundo matemático, ou seja, relacionar dois domínios ou

mundos distintos. Cury (2004), parece explicar e estar de acordo com esta visão de Biembengut

(1997) quando propõe que as entidades em foco no trabalho de Modelagem Matemática na

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Educação Matemática devem emergir a partir de "investigação de situações concretas trazidas por

outras áreas do conhecimento que não a matemática".

Bicudo (1993), comenta que o processo de Modelagem Matemática requer muito do

conhecimento matemático: não basta que os alunos vislumbrem demonstrações de Teoremas,

num nível superior, se não tiverem a habilidade de contextualizá-los e aplicá-los em situações

diversas. Para isso, acredito que seja essencial o desenvolvimento da sua criatividade, deve ser

trabalhada desde o inicio da vida acadêmica; talvez com metodologia semelhante, explorando

situações-problema vividas no contexto social do aluno, porém envolvendo questões menos

complexas.

Deste modo ao se utilizar à metodologia, o aluno terá ainda a oportunidade de criar

modelos, de forma criativa, modificando sua realidade, com a possibilidade de fazê-lo de forma

crítica. Bicudo (1993), em seu cotidiano, poderá ensaiar uma tradução dos fenômenos em

linguagem matemática, ou seja, poderá observar os aspectos no mundo cotidiano que de alguma

forma a refletir criticamente quando faz sentido ou não. Analisando os processos envolvidos no

desenvolvimento de uma modelagem matemática, percebe-se que o professor deve procurar

manter um clima de certa liberdade e descontração, estimulando a participação e a criatividade

individual.

Para Bicudo (1993), o ensino da Modelagem não é novidade, é tão antiga quanto a própria

Matemática em sendo aplicada desde os tempos primitivos, pelos povos em situações do seu

cotidiano. Seu conceito surge durante o Renascimento, para auxiliar na construção das idéias

iniciais da Física.

Atualmente a Matemática auxilia diversas áreas do conhecimento como: Biologia, Geografia, Economia, Engenharia e outros. Em face de seus pressupostos multidisciplinares, a Modelagem foi transposta para o terreno do ensino-aprendizagem e vem sendo empregada como metodologia nos últimos trinta anos, com objetivo de trabalhar problemas reais em sala de aula. (BIEMBENGUT; HEIN, 2003)

Para Borba (1999), a Modelagem “[...] pode ser vista como um esforço de descrever

matematicamente um fenômeno que é escolhido pelos alunos com o auxílio do professor”. (p.

76).

De acordo com Skovsmose (2000), chama de “cenário para investigação” um ambiente

que pode dar sustentação a um trabalho investigativo e apresenta diferentes ambientes de

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aprendizagem, em que há referências à Matemática pura, à semi-realidade (entendida como uma

realidade construída para efeitos didáticos) e à realidade propriamente dita.

Para Barbosa (2001), Modelagem “é um ambiente de aprendizagem no qual os alunos são

convidados a indagar e/ou investigar, por meio da matemática, situações oriundas de outras áreas

da realidade.”

Araújo (2002), por sua vez, entende ser a Modelagem “uma abordagem por meio da

matemática, de um problema não-matemático da realidade, escolhida pelos alunos reunidos em

grupos, de tal forma que as questões da Educação Matemática Crítica embasem o

desenvolvimento do trabalho”.

Planejar situações abertas de modo a levar o aluno buscar e se apropriar de estratégias

adequadas, não somente para solucionar as questões escolares, mas também as do seu cotidiano.

Por ser um campo que abarca uma ampla variedade de conteúdos matemáticos, o desenvolvimento desse bloco pode favorecer o aprofundamento, a ampliação e a aplicação de conceitos e procedimentos como porcentagem, razão, proporção, ângulo, cálculos etc. Esse estudo também favorece o desenvolvimento de certas atitudes, como posicionar-se criticamente, fazer previsões e tomar decisões ante as informações veiculadas pela mídia, livros e outras fontes.(BRASIL, 1998).

De acordo com D’ Ambrosio (2002), na formação de professores de matemática o maior

desafio é fazer uma matemática integrada ao pensamento moderno, para tanto ele sugere como

estratégia a Modelagem Matemática a fim de criar oportunidades para a discussão de questões de

natureza social, cultural, política e econômica, visto que a modelagem contribui para as ciências

exatas, físicas e naturais.

De acordo com Bassanezi (2002), a Modelagem pode ser entendida como um método

científico ou como uma estratégia de ensino-aprendizagem, que envolve uma prática educativa

em matemática, em que o que interessa não é encontrar um modelo bem sucedido, mas caminhar

seguindo etapas a fim de que o conteúdo matemático seja sistematizado e aplicado.

Já para Barbosa (2001), a Modelagem é um ambiente de aprendizagem, no qual os alunos

são convidados a indagar, por meio da Matemática, situações provenientes de outras áreas. Essa

abordagem é denominada de Modelagem Matemática Sócio-crítica, as atividades desenvolvidas

neste ambiente de aprendizagem provocam elaboração de modelos matemáticos para a resolução

das situações reais que evidenciam o caráter social e cultural da matemática.

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Biembengut (2003), afirma que a Modelagem Matemática é a arte de expressar situações-

problema do nosso cotidiano através da linguagem Matemática. A pesquisadora considera a

modelagem como um ramo próprio que serve para orientar sobre como o professor pode fazer

para ensinar melhor.

Bicudo (1993), considerando as diferentes concepções sobre modelagem - método

científico ou como uma estratégia de ensino-aprendizagem, ambiente de aprendizagem e o

enfoque pedagógico apresentadas, é possível perceber que existe uma característica comum entre

as mesmas que é a resolução de problemas da realidade ou de outras áreas do conhecimento

utilizando a Matemática. Assim, ao partir de uma reflexão sobre uns problemas reais, que

aparentemente não envolve a matemática, o aluno pode se surpreender com a obtenção de um

modelo matemático que provoca a verificação da informação em questão, viabilizando o ensino

do conteúdo matemático.

Nesta investigação a concepção de modelagem está respaldada com ênfase na perspectiva

de Barbosa (2003), a modelagem pode ser materializada no espaço de sala de aula em três níveis:

o primeiro trata da problematização de algum episódio real, com os dados quantitativos e

qualitativos sendo fornecidos pelo professor, sendo a investigação feita pelos alunos; no segundo

nível o professor apresenta a problematização e as informações necessárias para a resolução são

coletadas e investigadas pelos alunos e no terceiro nível ocorre a partir de um tema não-

matemático, no qual os alunos são responsáveis pela formulação do problema, coleta e solução.

Matos e Carreira (1996), afirmam que a Modelagem Matemática é bastante utilizada

como método de pesquisa, na qual analisa situações e fenômenos existentes na vida real tendo

como um de seus objetivos chegar a um modelo que represente uma situação estudada.

Atualmente vem ganhando espaço nas discussões que permeiam o processo de ensino e

aprendizagem, pois discute-se que o processo para se chegar a um modelo pode contribuir para

um aprendizado diferenciado, no qual o aluno tem a oportunidade de aprender conceitos

matemáticos utilizando-os em um contexto social.

Para se ensinar matemática utilizando Modelagem Matemática como estratégia de ensino,

segundo Bassanezi (2002), um dos meios é envolver os alunos no processo de obtenção do

modelo e na sua validação, porém esta etapa pode não ser uma etapa prioritária. Franchi (2003),

também explica que o processo de construção do modelo é relevante, pois é nesse momento que é

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possível discutir os conceitos da matemática, modelando e analisando situações, e sabendo

criticar e verificar a solução encontrada.

Alguns educadores matemáticos entendem a Modelagem Matemática como estratégia de

ensino e aprendizagem e abordam essa perspectiva nos eventos educacionais. Franchi (2003), por

exemplo, defende que a modelagem na sala de aula pode contribuir para que os alunos fiquem

mais motivados, compreendam os conteúdos a partir das necessidades para o desenvolvimento

dos modelos.

Segundo Biembengut (2000), para trabalhar com Modelagem Matemática na sala de aula

é preciso que o professor reconheça o seu papel tanto no que concerne às estratégias utilizadas

como na forma de avaliar, pois quando inserido em tal ambiente não é coerente trabalhar os

conteúdos fragmentados e isolado de um contexto. É preciso que o professor também conheça a

matemática num contexto social.

Matos e Carreira (1996), ensinam que o uso da Modelagem Matemática como estratégia

de ensino proporciona que se trabalhem modelos e conceitos de forma integrada e gradativa, na

qual os alunos podem se envolver com as atividades e desenvolver assim os conceitos existentes

em cada modelo.

Com a Modelagem no currículo escolar a matemática pode-se tornar mais dinâmica e

interessante, englobando diversas áreas do interesse dos alunos, podendo assim tornar o conteúdo

proposto mais relevante a eles.

As experiências no Brasil possuem um forte viés antropológico, político e sócio-cultural, já que têm procurado partir do contexto sócio-cultural dos alunos e de seus interesses (FIORENTINI, 1996).

Esta pode ser considerada uma marca dos trabalhos brasileiros de Modelagem, ao contrário do movimento internacional que não apresenta esta preocupação de forma muito aparente (D’AMBRÓSIO, 1996)

Conforme Franchi (2003), as práticas escolares de Modelagem têm tido fortes influências

teóricas de parâmetros emprestados da Matemática Aplicada. A compreensão de Modelagem é

apresentada em termos do processo de construção do modelo matemático, traduzido em

esquemas explicativos. Um modelo matemático, segundo Bassanezi (1994), é quase sempre um

sistema de equações ou inequações algébricas, diferenciais, integrais, etc., obtido através de

relações estabelecidas entre as variáveis consideradas essenciais ao fenômeno sobre análise.

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Modelagem pode ser definida em termos dos propósitos e interesses subjacentes à sua

implementação, conduzindo a implicações conceituais e curriculares. Chaves (2000), aponta duas

visões gerais que predominam nas discussões internacionais sobre Modelagem: a pragmática e a

científica.

Para Franchi (2003), a corrente pragmática argumenta que o currículo deve ser organizado

em torno das aplicações, removendo os conteúdos matemáticos que não são aplicáveis em áreas

não-matemáticas. Os tópicos matemáticos ensinados na escola devem ser aqueles que são úteis

para sociedade. A ênfase é colocada no processo de resolução de problemas aplicados,

focalizando o processo de construção de modelos matemáticos.

Segundo Chaves (2000), a corrente científica, por sua vez, busca estabelecer relações com

outras áreas a partir da própria matemática. Ela considera a ciência matemática e sua estrutura

como um guia indispensável para ensinar matemática, a qual não pode ser abandonada (ibid.).

Modelagem, para os “científicos”, é vista como uma forma de introduzir novos conceitos.

Em suma, a corrente pragmática volta-se para aspectos externos da matemática enquanto

que a científica, para os internos. O foco permanece, portanto, na matemática e sua capacidade de

resolver problemas de outras áreas.

Matos e Carreira (1996), relatam que a Modelagem pode ser entendida em termos mais

específicos. Do nosso ponto de vista, trata-se de uma oportunidade para os alunos indagarem

situações por meio da matemática sem procedimentos fixados previamente e com possibilidades

diversas de encaminhamento. Os conceitos e idéias matemáticas exploradas dependem do

encaminhamento que só se sabe à medida que os alunos desenvolvem a atividade. Porém, alguns

casos podem ser mais propícios a alguns conceitos matemáticos – por exemplo, situações que

envolvem variação podem levar a idéias do Cálculo ou Pré-cálculo -, mas nada garante que os

alunos se inclinem por eles.

Skovsmose (2000), apresenta a noção de ambiente de aprendizagem para se referir às

condições nas quais os alunos são estimulados a desenvolverem determinadas atividades. O

termo “ambiente” diz respeito a um lugar ou espaço que cerca, envolve. O ensino tradicional é

um ambiente de aprendizagem, pois estimula os alunos a desenvolverem certas atividades; a

história da matemática como recurso didático, também; e assim por diante. Modelagem, como

entendemos, estimula os alunos a investigarem situações de outras áreas que não a matemática

por meio da matemática. Podemos, agora, falar no ambiente de aprendizagem de Modelagem.

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Apesar da possibilidade de definir uma outra terminologia para qualificar a Modelagem como a

palavra método vindo da Matemática Aplicada nos termos que se queira, preferimos procurar

uma que traduza nosso entendimento sobre esta temática.

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2. COMO UTILIZAR A MODELAGEM EM SALA DE AULA

Conforme Matos e Carreira (1996), sabe-se que os alunos constroem ativamente o seu

conhecimento, logo o modelo de ensino não pode ser baseado na transmissão do conhecimento

por parte do professor. O conhecimento matemático resulta de um processo que envolve a

imaginação, os contra-exemplos, as conjecturas, as críticas, os erros e acertos, cabendo ao

professor explorar essas condições para que o aluno possa ter um aprendizado pleno, tendo uma

participação ativa no que se refere à construção do seu próprio aprendizado, colaborando para

que tenha uma assimilação mais profunda dos conteúdos da disciplina.

Skovsmose (2000), a pesquisa como Modelagem Matemática acaba atendendo os

princípios de desenvolvimento cognitivo defendido por vários autores em relação ao processo de

aquisição de conhecimento, demonstrando assim o significado e a importância que a interação do

educando com os conteúdos matemáticos têm para seu aprendizado pleno.

Para o ensino de Matemática se tornar coerente com esses processos, convém observar os preceitos de Vygotsky, onde ensinar o que o aluno já sabe é pouco desafiador e ir além do que ela pode aprender é ineficaz. O ideal é partir do que ela domina para ampliar seu conhecimento. (PELLEGRINI, 2001).

Vygotsky (1994), acredita que se o indivíduo não entrar em contato com um determinado

ambiente, então o aprendizado não ocorre. Para ele, é impossível pensar o indivíduo fora de sua

cultura.

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A sociedade é, como toda organização, um sistema de interações nas quais cada indivíduo constitui um pequeno setor, biológico e social ao mesmo tempo em que a criança assimila o alimento social na mediada em que se encontra ativa e não passiva ou puramente receptiva. (VYGOTSKY, 1994)

Para Borba (1999), é impossível pensar o indivíduo fora da sociedade e a escola

representa um recurso indispensável ao desenvolvimento da criança. “É da sociedade que o

indivíduo recebe suas determinações: elas são para ele um complemento necessário – ele tende

para a vida social como para seu estado de equilíbrio”.

Matos e Carreira (1996), também consideram que o grupo de referência é um fator muito

importante, são as interações no grupo que encorajam o indivíduo a fazer coisas novas e enfrentar

desafios. percebeu que a interação com o conhecimento é que permite a sua assimilação, fato

que, durante muito tempo, foi ignorado no ensino da Matemática, onde a memorização se

constituía a única forma de apreensão dos conteúdos desta disciplina. Nessa concepção educativa,

havia uma aproximação entre a Matemática escolar e a Matemática pura, o que acabava

distanciando os pressupostos matemáticos da realidade, dificultando a aprendizagem do aluno.

O ensino da Matemática tinha preocupações excessivas com as abstrações internas à

própria Matemática, mais voltada à teoria do que a prática, inviabilizando a experimentação, fator

importantíssimo à aprendizagem matemática. Para ele, o papel da escola é o de ativador do

conhecimento e a função do professor é a de buscar nos alunos os conhecimentos e experiências

para, a partir dessa realidade, orientar e estimular os mesmos.

Conforme Oliveira (1994), o construtivismo é uma teoria cognitivista que diz respeito ao

modo como o indivíduo constrói o conhecimento. Essa construção se dá pela ação do sujeito

sobre o objeto do conhecimento, também é importante destacar que para essa ação ele traz suas

experiências e seu conhecimento prévio Ausubel centraliza-se no processo de aprendizagem

significativa. Quando ele recomenda que se determine o que o aprendiz já sabe e que se ensine de

acordo, ele está se referindo a prontidão do aprendiz para a aprendizagem significativa, ou seja, o

que significa para o aluno.

O papel do professor, nessa perspectiva, é buscar nos alunos os conhecimentos e

experiências prévias e encaminhar as orientações a partir dessa realidade.

Nesse sentido, Ausubel (1976), revela que o aprendizado dos conteúdos da disciplina da

Matemática dos alunos que freqüentam a escola ocorre a partir do momento que o professor

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considera que a experiência do individuo e do grupo é algo fundamental, permitindo que o

conhecimento seja adquirido por meio da interação e não por meio da simples memorização,

revelando que a Modelagem Matemática, pelo potencial que possui, contribui efetivamente para

o aprendizado do educando.

O aluno faz experiências com o objeto que ela deseja conhecer. Ele não teme errar, nem busca uma resposta única e certa, como é a expectativa do ensino convencional. Uma experiência, um experimento, qualquer que seja, deixa uma marca indelével e é com essas marcas que a criança constrói seu conhecimento. O aprendizado se dá pelo tateamento experimental (AUSUBEL, in OLIVEIRA, 1994).

Para Mathias (1990), a Modelagem Matemática também adota os princípios do sócio

interacionismo, pelo fato de investigar temas relacionados à cultura do grupo também se nota que

na durante o processo da pesquisa, as relações interpessoais afetivas vão se aguçando- pois

permite a aproximação dos envolvidos e as trocas sócio-culturais - e ao passo que o tema de

escolha do grupo vai sendo e explorado por todos, ele passa a fazer parte das situações-problema

do grupo, podendo se estender à comunidade local e as respostas (soluções) encontradas se

tornam um meio de melhorar a vida de todos os envolvidos no processo.

Barbosa (2001), apresenta cinco argumentos para a inclusão da modelagem no currículo:

• Motivação: os alunos sentir-se-iam mais estimulados para o estudo de atemática,

já que vislumbrariam a aplicabilidade do que estudam na scola; • Facilitação da aprendizagem: os alunos teriam mais facilidade em o comprimir

idéias matemáticas, já que poderiam conectá-las a outros assuntos; • Preparação para utilizar a matemática em diferentes áreas: os alunos criam a

oportunidade desenvolver a capacidade de aplicar matemática em diversas situações, o que é desejável para moverem-se no dia-dia e no mundo do trabalho;

• Desenvolvimento de habilidades gerais de exploração: os alunos desenvolveriam habilidades gerais de investigação;

• Compreensão do papel sócio-cultural da matemática: os alunos analisariam como a matemática é usada nas práticas sociais.

Umas séries de pontos podem ser levantadas para destacar a relevância da modelagem

matemática quando utilizada como estratégia de ensino-aprendizagem

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• Argumento formativo: enfatiza... a performance da modelagem matemática ... para desenvolver capacidades em geral e atitudes dos estudantes, tornando-os explorativos, criativos e habilidosos na resolução de problemas;

• Argumento de competência critica: focaliza a preparação dos estudantes para a vida real como cidadãos atuantes na sociedade, competentes para ver e formar juízos próprios, reconhecer e entender exemplos representativos de aplicações de conceitos matemáticos;

• Argumento de utilidade: ... pode preparar o estudante para utilizar a matemática como ferramenta para resolver problemas em diferentes situações e áreas;

• Argumento intrínseco: considera que a inclusão de modelagem ... fornece ao estudante um rico arsenal para entender e interpretar a própria matemática em todas suas facetas;

• Argumento de aprendizagem: garante que os processos aplicativos facilitam ao estudante compreender melhor os argumentos matemáticos, guardar os conceitos e os resultados, e valoriza a própria matemática. (BASSANEZI, 2002)

Para Mathias (1990), o processo da Modelagem Matemática no ensino da Matemática

contribui de forma significativa para reflexões, não só relativas a “matematização” do modelo em

estudo e na escolha das técnicas para a resolução destes modelos incluindo as tecnologias

disponíveis, mas também -e talvez principalmente- para interpretações das soluções encontradas

na linguagem do mundo real, possibilitando o ensino. A Modelagem Matemática é um ambiente

de aprendizagem no qual os alunos são convidados a indagar e/ou investigar, por meio da

matemática, situações oriundas de outras áreas da realidade, em que problematiza indagar refere-

se “ao ato de criar perguntas e/ou problemas” e investigar, refere-se à busca, seleção, organização

e manipulação de informação e reflexão, na perspectiva de resolver os problemas.

Modelagem Matemática tem sido proposta como um dos ambientes de ensino aprendizagem possíveis para a Educação Matemática. Alunos motivados para aprender matemática e aprendê-la em um nível suficiente para ser aplicada em problemas de outras áreas, sobretudo, saber utilizá-la para compreender a sua realidade (CHAVES, 2005)

E o mesmo autor continua afirmando que a construção matemática pode ser entendida,

neste contexto, como uma atividade em busca de sintetizar idéias concebidas a partir de situações

empíricas que estão quase sempre, escondidas em num emaranhado de variáveis. Fazer

matemática, nesta perspectiva, ´e aliar, de maneira equilibrada, a abstração e a formalização não

perdendo de vista a fonte originaria do processo. Barbosa (2001), desse modo, numa retomada

aos fundamentos, o caminho tomado pela matemática aplicada, em especial pela modelagem

matemática, se aproxima da concepção no que se refere `a construção do conhecimento, pois é

23

como se o modelo já estivesse lá, em algum lugar da Matemática a Modelagem tem se

apresentado como uma alternativa para o ensino da Matemática. Percebendo o conflito vivido

pelos alunos do curso de Tecnologia em Gerência de Obras, em não conhecer exatamente o seu

campo de trabalho, buscou-se uma alternativa de abordagem dos conteúdos matemáticos para que

os mesmos se tornassem significativos

.

Modelagem Matemática colocada em termos de um ambiente de ensino e de aprendizagem, onde o professor através do desenvolvimento e acompanhamento de atividades de ensino, oportuniza ao aluno a construção de conhecimento matemático, nos sugere o estabelecimento de uma prática, no mínimo diferenciada da que comumente vem sendo praticada, pois, acreditamos que, ao fornecer ao aluno o conhecimento matemático, pronto e acabado, através de conceitos e regras que devem ser memorizadas, reproduzidas e aplicadas quando necessário, estamos dando pouca ou nenhuma oportunidade para que os alunos construam qualquer significado ou sentido mais útil ao conhecimento matemático escolar do que o simplesmente ser aprovado na escola. (CRITELLI,1980)

Modelagem Matemática, segundo Barbosa (1999), “é vista como um método pelo qual se

podem abordar as diversas situações da vida. Aliada a essa visão pragmática, junta-se a crença

em que dessa maneira os alunos aprenderiam e se interessariam pelo estudo da disciplina”.

Assim, sendo a Modelagem Matemática uma possibilidade de desenvolver os conteúdos, tratando

de assuntos reais, e dada a necessidade de despertar o interesse e a participação dos alunos,

apresentaremos sugestões de módulos de ensino, com diferentes atividades e orientaremos a

elaboração de um terceiro módulo que utiliza a Modelagem Matemática como estratégia

Para Miguel e Miorim (2004), as novas tecnologias da informação e comunicação estão

sendo um fator chave para novos processos, já que ditam as ações e atividades cotidianas,

alterando a cultura social, o modo de viver, de se relacionar, de aprender e de ensinar. O processo

de ensino e aprendizagem também passa por um grande processo de renovação, não apenas

enfocando o seu conteúdo, mas, sobretudo em relação a seus objetivos e de suas metodologias. A

aprendizagem já não é entendida como processo de transmissão-recepção de informação, mas sim

como processo de construção cognitiva que se favorece mediante incentivo à investigação pelos

alunos.

Segundo Dante (1995), hoje devido a avançados programas de computador, grandes

cálculos são feitos em fração de segundos, tarefa que o ser humano levaria horas para realizar

manualmente. Muitas das atividades do cotidiano passaram a ser executada por máquinas; com a

24

chegada da informática, as informações se espalharam em grande escala, revolucionando o modo

de vida de grande parte da humanidade.

Para Miguel e Miorim (2004), com essa “facilidade” que a informática proporciona,

houve uma desmatematização natural das pessoas em geral, ocasionando, desse modo, uma

desvalorização dos conhecimentos matemáticos. Atualmente, questiona-se: para que decorar

fórmulas ou teoremas, se, no computador, elas já estão armazenadas?

Outro ponto a ser destacado refere-se ao poder que pode advir do domínio da Matemática.

Segundo Barbosa (1999), a Matemática pode servir como instrumento de controle social: afinal,

os números governam o mundo; decisões são tomadas a partir de fórmulas, de cálculos, de

estatísticas; planejamentos de governo são decididos com auxílio da Matemática. Essas e outras

decisões afetam as vidas de todos aqueles que a elas se submetem.

Dante (1995), afirma que talvez a Modelagem Matemática possa se constituir uma

resposta para essa questão, uma vez que ela tem, como objetivo, interpretar e compreender os

mais diversos fenômenos do cotidiano. A Modelagem proporciona facilidade para interpretar os

conceitos matemáticos. É de grande importância descrever esses fenômenos, analisá-los e

interpretá-los, gerando assim discussões reflexivas sobre tais acontecimentos que cercam os

homens. Por fim, entende-se como apropriado apresentar o entendimento de SCHEFFER (1995),

a modelagem matemática se constitui na representação do mundo real levando a uma

interpretação significativa do mesmo.

Para Assaf Neto (1998), o Modelo Matemático compreende o resultado de uma série de

relações, situações e interpretações do mundo real que envolve o cotidiano. Essas situações que o

mundo real apresenta relacionam-se tanto com a natureza, sociedade ou cultura, como com os

conteúdos escolares das diferentes disciplinas. Esse contexto envolve a resolução de problemas,

possível de ser matematizado objetivando descrever, explicar e compreender partes do mundo.

Modelagem Matemática é, acima de tudo, uma proposta alternativa que vem para auxiliar

o educador em suas perspectivas; é algo a ser explorado e aprofundado. A Modelagem

Matemática é livre e espontânea e surge da necessidade do homem em compreender os

fenômenos que o cercam para interferir ou não em seu processo de construção.

Ao trabalhar Modelagem Matemática, dois pontos são fundamentais: aliar o tema a ser

escolhido com a realidade dos alunos e aproveitar as experiências extraclasse, interligando-as

com as experiência realizada em sala de aula. Para Severino (1996), a modelagem matemática

25

segue etapas: formulação do problema, construção de um modelo matemático, busca e testes de

uma solução modelo, por fim, a validação da solução. Continuam os autores afirmando que a

informação, questões e critérios de avaliação são pré-requisitos à construção de um problema de

modelagem.

Há registros de que a Modelagem Matemática traz inúmeros benefícios

• Motivação por parte de educando e educador. • Facilidade de aprender – o conteúdo matemático passa de abstrato a concreto • Devido à interatividade de conteúdos, preparação para futuras profissões nas

mais diversas áreas do conhecimento. • Desenvolvimento do raciocínio lógico. • Oportuniza o aluno a ser um cidadão crítico e transformador de sua realidade. • Compreensão do papel sócio-cultural da Matemática, tornando-a assim, mais

importante. (GAZETTA, 1989)

Para Assaf Neto (1998) a Modelagem Matemática não deve ser usada como uma única e

exclusiva metodologia de ensino. O professor, no exercício das suas atividades, deve sempre

procurar a melhor metodologia de ensino, envolvendo jogos, brincadeiras, enfim, usar todos os

seus recursos para obter o melhor resultado possível no ensino da Matemática. No entanto, são

indiscutíveis os argumentos favoráveis à Modelagem: motivação, facilitação da aprendizagem,

preparação para utilizar a Matemática em diferentes áreas, desenvolvimento de habilidades e

compreensão do papel sociocultural da Matemática.

Barbosa (1999), defende que as atividades de Modelagem podem ser consideradas como

uma forma de educar matematicamente os alunos para exercerem a cidadania, desafiando, assim,

a ideologia. Entende-se, portanto, que o ambiente de Modelagem esteja associado à

problematização ato de criar perguntas ou problemas e à investigação busca seleção, organização

e manipulação de informações. Nesse ambiente, além de aplicar em situações reais os

conhecimentos já construídos, há a possibilidade de novos conhecimentos serem adquiridos

durante o trabalho de modelagem.

Segundo Scheffer (1995), Modelagem é um ambiente de aprendizagem no qual os alunos

são convidados a problematizar e investigar, por meio da Matemática, situações com referência

na realidade. Atende-se dessa forma um dos grandes desafios deste século, que é fazer o aluno

compreender a importância do seu papel na sociedade, como agente ativo e transformador, e da

importância da Matemática no seu dia-a-dia.

26

Entretanto, a Modelagem Matemática é que não faz sentido o professor interromper sua

seqüência de conteúdos para fazer uma atividade de Modelagem só porque ouviu falar que é

interessante. Para Borba (1999), é preciso ter clareza do entendimento de como se propõe um

modelo, para não gerar trabalho desnecessário para o professor, prejudicando o andamento dos

conteúdos. Sempre que planejar a Modelagem Matemática, o professor deve ter em vista

valorizar o motivo pelo qual o aluno deve aprender Matemática e para ressaltar a importância que

isso representa na sua formação como cidadão responsável e participativo na sociedade.

Assaf Neto (1998), afirma que a retomada e a melhoria da qualidade do ensino da

Matemática têm constituído uma procura constante para todos aqueles que se voltam para o

ensino desta área do conhecimento. Nesta busca, tem-se encontrado a Modelagem Matemática

como alternativa para mostrar a Matemática de uma forma mais clara e ligada à realidade,

possuidora da propriedade de conectar esforços, pesquisas e debates, propriedades ainda não

muito conhecidas e usadas.

Para Borba (1999), torna-se crucial para todos aqueles que crêem na validade da

construção de modelos, que se dê a eles toda configuração condizente com a sua aplicabilidade,

utilidade, grandeza histórica e dimensão social que possuem. Recai, sobre o professor, a tarefa de

buscar instrumentos para, primeiro ele se inteirar de suas inúmeras faces e, após, levar aos alunos

esse cabedal de possibilidades possíveis que derivam da Modelagem Matemática. Percebendo sua

importância no contexto escolar, torna-se fundamental desenvolver uma estratégia para ministrar

essa prática na escola.

Para Assaf Neto (1998), a Modelagem Matemática passa a ser uma metodologia de ensino

quando o professor tem um embasamento teórico e está ciente de que o aluno pode atuar como

um facilitador da aprendizagem dessa disciplina e relacioná-la com as outras ciências. Ao abordar

o contexto, o aluno tem entusiasmo para a aprendizagem, além de possibilitar a tomada de

decisão em situações do cotidiano que envolve aspectos socioculturais.

tal mudança deverá ter lugar na prática de sala de aula, pois neste labor está à possibilidade da busca de atividades mais positivas tanto de alunos como de professores, não só com relação ao ensino da matemática como também com relação ao ensino e sua aprendizagem (RABELO LORENZATO, 1994)

Para D’ Ambrosio (2002), a Modelagem Matemática é uma prática que propõe mudanças

e superação de algumas ações pedagógicas tradicionais, bem como se constitui um eixo que se

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situa numa perspectiva progressiva da Educação Matemática. A Modelagem, no ensino, pode ser

um caminho para despertar, no aluno, o interesse por tópicos matemáticos que ainda desconhece.

Segundo Ramos (2005), muitas circunstâncias do cotidiano apresentam problemas que

necessitam soluções. Alguns destes problemas têm aspectos matemáticos relativamente simples,

elementares, como, por exemplo, o tempo necessário para chegar a um determinado local, o juro

cobrado pelos estabelecimentos comerciais, medições de terra, e outras. Reforço que, seja qual

for o caso, a solução de um problema requer uma formulação matemática detalhada.

Para D’ Ambrosio (2002), uma das situações que define Modelo Matemático são as

relações que traduzem de alguma forma, um fenômeno ou problema da situação real. Na Ciência,

a noção de modelo é fundamental; em especial, a Matemática, com sua arquitetura, permite a

elaboração de modelos matemáticos, possibilitando uma melhor compreensão, simulação e

previsão do fenômeno estudado.

Um modelo pode ser formulado em termos familiares, tais como as expressões ou

fórmulas, os diagramas, as tabelas, os gráficos, os cálculos estatísticos, as representações

geométricas, os programas computacionais e outros. Quando se propõe um modelo, ele é

proveniente de aproximações realizadas para se poder entender melhor um fenômeno.

Para Assaf Neto (1998), modelagem Matemática é, pois, uma arte em formular, resolver e

elaborar expressões que resolvam não apenas uma solução particular, mas que também sirvam,

posteriormente, como suporte para outras aplicações e teorias.

Já Bassanezi (2002), ao definir a Modelagem Matemática como um processo de traduzir a

linguagem do mundo real para o mundo matemático, aponta três etapas que devem ser

desenvolvidas.

A criação de Modelos Matemáticos vem ao encontro da necessidade de que se desenvolva uma técnica de acesso ao conhecimento e, tal conhecimento, acumulado e depositado, deverá ser acessível a vários níveis de necessidade. E que haja uma forma de ensino mais dinâmica, mais realista e menos formal, mesmo no ensino tradicional, permitindo atingir objetivos mais adequados a nossa realidade (D’AMBROSIO, 1986)

Para Ramos (2005), a Modelagem Matemática é uma metodologia alternativa para o

ensino de Matemática, que pode ser utilizada tanto no ensino fundamental como no ensino

médio. A partir de conceitos gerais, procura-se mostrar a importância da Matemática para o

conhecimento e compreensão da realidade onde se vive. Este trabalho busca demonstrar que é

28

possível estabelecer um paralelo entre o ensino tradicional e o ensino através da modelagem

matemática, abordando aspectos como a pedagogia adotada, a criatividade, o interesse pelo

estudo de matemática, a motivação e o entusiasmo por parte dos alunos, e a avaliação do que eles

realmente aprenderam com a modelagem matemática, levando o professor a refletir sobre sua

metodologia de ensino da Matemática.

A Modelagem Matemática é, acima de tudo, uma perspectiva, algo a ser explorado, o

imaginável, no sentido de relacionar o aspecto científico da matemática e a realidade. E ainda,

responde a questões que podem ser inovadoras, que mudam com o tempo, obedecendo à cultura

de cada sociedade; o que requer criatividade para ser desenvolvido. (ASSAF NETO, 1998)

Para Borba (1999), no ensino tradicional da Matemática não tem havido, em geral, um

respeito pela criatividade do aluno. Na prática de ensino de um grande número de professores,

alheios à preocupação com a criatividade matemática, há um desencontro entre esta e a forma

metódica como as idéias surgem em suas exposições de sala de aula. As soluções das questões e

as demonstrações são apresentadas de tal modo que não passam por ensaios e tentativas de

resolução e busca de novos caminhos. Esta forma de apresentação dos conteúdos, despreende-se

uma concepção de Matemática em que a criatividade é totalmente desfigurada, induzindo os

alunos à impotência frente à sabedoria do mestre, que aparentemente encontra de imediato os

melhores caminhos para a solução de questões matemáticas, em verdade, esse modo de proceder

só é possível porque o professor já conhece antecipadamente aquele conteúdo.

A dificuldade em relação ao ensino da Matemática é que, na realidade, o dia-dia do trabalho na sala de aula é uma tentativa de transmissão de um conhecimento deslocado dos interesses dos alunos e que, para grande parte dos educadores, é motivo de frustração. Isso se dá pelo fato de que a Matemática acaba se constituindo num conjunto de técnicas passadas aos alunos de forma mecânica e a crítica, como um conhecimento pronto e acabado. Com freqüência, considera-se Matemática uma ciência desligada do mundo real dos alunos (ABDELNUR, 1994).

Desse modo a Modelagem Matemática é o processo que envolve a obtenção de um

modelo. Este sob certa ótica, pode ser considerado um processo artístico, visto que, para se

elaborar um modelo, além de conhecimento apurado de matemática, o modelador deve ter uma

dose significativa de intuição e criatividade para interpretar o contexto, saber discernir que

conteúdo matemático melhor se adapta e também ter senso lúdico para jogar com as variáveis

envolvidas. Para D’ Ambrosio (2002), a grosso modo, pode-se dizer que Matemática e realidade

29

são dois conjuntos disjuntos e a Modelagem é um meio de faze-la interagir. Essa interação, que

permite representar uma situação “real” com “ferramental” matemático (modelo matemático),

envolvendo vários procedimentos.

A formação do cidadão que a sociedade atualmente exige, a escola precisa, primeiramente

despertar o interesse e a participação dos alunos, e a adoção de novas metodologias de ensino é

uma forma de contribuir para que isto aconteça. (ABDELNUR, 1994)

A Modelagem Matemática, segundo Borba (1997), “é vista como um método pelo qual

se podem abordar as diversas situações da vida. Aliada a essa visão pragmática, junta-se a crença

em que dessa maneira os alunos aprenderiam e se interessariam pelo estudo da disciplina”.

a relevância da Matemática em diversas atividades sociais e profissionais, hoje fortemente estabelecida, e a sua contribuição para uma cidadania informada e consciente, fazem com que a Modelagem Matemática seja percebida como uma perspectiva importante em busca de melhorias no processo de ensino e aprendizagem da matemática visando o desenvolvimento de um, pensamento mais crítico e reflexivo no estudante (ALMEIDA, 2009)

Segundo Ramos (2005), a Modelagem Matemática uma possibilidade de desenvolver os

conteúdos, tratando de assuntos reais, e dados a necessidade de despertar o interesse e a

participação dos alunos, apresentaremos sugestões de módulos de ensino, com diferentes

atividades e orientaremos a elaboração de um terceiro módulo que utiliza a Modelagem

Matemática como estratégia.

Para Borba (1999), um modelo matemático pode ser entendido como um conjunto de

símbolos e relações matemáticas que representa uma situação, um fenômeno ou um objeto real a

ser estudado. Os modelos matemáticos podem ser expressos através de gráficos, tabelas,

equações, sistemas de equações

Ramos (2005), ensina que a Modelagem Matemática “consiste na arte de transformar

problemas da realidade em problemas matemáticos e resolvê-los interpretando suas soluções na

linguagem do mundo real”. Ela permite a realização de previsões e tendências e é eficiente a

partir do momento que tomamos consciência de que estamos trabalhando sobre representações de

um sistema ou parte dele. É um processo dinâmico, onde, partindo-se de um problema real,

associado a um conjunto de hipóteses, é obtido um modelo que forneça possíveis soluções para o

problema.

Para Almeida (2003), a essência de um processo de Modelagem consiste na transposição

de um problema real para um universo matemático. No entanto, quando o processo de construção

30

e utilização de modelos se desenvolve em sala de aula, deve-se atribuir atenção especial ao

cenário pedagógico, isto é, as questões relativas ao ensino e à Matemática do currículo escolar

ocupam um lugar de destaque.

A Modelagem Matemática tem sido reconhecida como uma alternativa pedagógica na

condução do processo de ensino e aprendizagem em cursos regulares submetidos à programas e

cronogramas preestabelecido. A formulação do problema matemático foi realizada pelos alunos

em conjunto com a professora: determinar um modelo matemático que descreva o

comportamento da corrente que flui em um circuito, em relação à tensão aplicada e ao resistor do

equipamento. (BORBA, 1999)

Almeida (2003), afirma que a contextualização dos conteúdos, em qualquer disciplina,

existem problemas, pois muitos educadores têm uma idéia equivocada de contexto ao suporem

que seja trabalhar apenas o que faz parte do dia-a-dia dos alunos. Embora as situações cotidianas

sejam fundamentais para conferir significado a muitos conteúdos a serem estudados, é importante

considerar que estes podem ser explorados em outros contextos. Tomando a Matemática como

exemplo, é possível contextualizar com questões internas da mesma, além de lançar mão dos

problemas históricos.

A aprendizagem significativa preconiza que as idéias novas sejam relacionadas às

informações previamente adquiridas pelos discentes através de uma relação não arbitrária e

substantiva.

A aprendizagem significativa pressupõe ainda que o aluno manifeste uma disposição para

tal, caso contrário ocorrerá uma aprendizagem mecânica dos conteúdos estudados. Para Micotti

(1999), a ocorrência da aprendizagem significativa de um conceito está condicionada a

observações de regularidades ou das diferenças e semelhanças existentes entre o novo e o antigo

conhecimento.

grande parte das informações adquiridas pelos alunos, tanto dentro como fora da escola, é apresentada preferencialmente por descoberta. No entanto, grande parte do material de aprendizagem é apresentado de forma receptiva. O importante é observar que a aprendizagem, quer seja por descoberta ou recepção, pode apresentar tanto caráter mecânico quanto significativo. (AUSUBEL, 1980)

Segundo Almeida (2003), a leitura da linguagem matemática também não opera num

processo de número por número ou símbolo por símbolo. Supõe estratégias de conexão do

31

significado com a representação, de forma a integrar os diferentes símbolos num todo coerente,

permitindo assim a extração do significado da mensagem. O ato de ler a linguagem matemática,

assim como o da leitura na língua materna, deve ser concebido de forma que seus símbolos

representem realidades.

O uso dos recursos da comunicação nas aulas de Matemática justifica se porque ao

comunicar idéias e maneiras de agir, os alunos precisam refletir sobre o que fizeram ou pensaram,

construir esquemas mais elaborados de pensamento, organizar mentalmente pensamentos e ações,

para avançar com competência no processo de conhecimento. (KRULIK, 2005)

Para Micotti (1999), é importante lembrarmos também que na prática pedagógica com

jogos, a construção e aquisição de conhecimentos por parte dos alunos acontecem de forma mais

lenta, pois estes necessitam de tempo para se familiarizar, aprofundar e analisar o jogo. Dos

professores, exige maior dedicação na preparação de materiais, atentando para as diferentes fases

do jogo e suas possibilidades, sendo ele o mediador da construção do conhecimento pelos alunos,

proporcionando a estes ambientes de aprendizagem nos quais possam criar, ousar, comprovar.

Almeida (2003), comenta que a Modelagem Matemática tem sido reconhecida como uma

alternativa pedagógica na condução do processo de ensino e aprendizagem em cursos regulares

submetidos à programas e cronogramas preestabelecido sA formulação do problema matemático

foi realizada pelos alunos em conjunto com a professora: determinar um modelo matemático que

descreva o comportamento da corrente que flui em um circuito, em relação à tensão aplicada e ao

resistor do equipamento

uma única História da Matemática da qual se possa fazer uso e abuso e que devesse ser recortada e inserida homeopaticamente no ensino. Eles entendem que histórias podem e devem constituir pontos de referência para a problematização pedagógica da cultura escolar e, mais particularmente, da cultura matemática e da educação matemática escolar, desde que sejam devidamente constituídas com fins explicitamente pedagógicos e organicamente articulados com as demais variáveis que intervêm no processo de ensino aprendizagem escolar da matemática (MENDES, 2001)

Para Pellegrini (2001), o grande problema é que muitos professores não sabem favorecer a

aprendizagem, não sabem ou não querem. É mais cômodo chegar na sala e mandar os alunos

abrirem o livro na página tal e fazerem os exercícios. Só que a postura passiva não é digna de

alguém que se diz educador. É preciso mostrar ao aluno a utilidade do que ele vai aprender, a

importância que terá tal aprendizagem para sua vida. É preciso partir também, da realidade e das

dificuldades do aluno e que seja explicado determinado conteúdo quantas vezes forem necessário

32

O que caracteriza uma aprendizagem como sendo significativa é o fato dela envolver o

indivíduo como um todo. Esta deve ir ao encontro de suas necessidades, gerando assim um

desequilíbrio para o mesmo, o que resulta em uma energia impulsora para que vá à busca daquilo

que necessita aprender. de extrema importância que haja vínculos desafiadores entre o aluno e a

matéria de ensino, para que assim o mesmo perceba o desnível entre si e o conteúdo a ser

estudado. Se isso não ocorrer, o educando não será impulsionado a estudar aquilo a que está

sendo submetido. Não havendo motivação, o aluno não se porta de maneira ativa diante da

matéria e sem iniciativa e curiosidade em descobrir, não ocorre o processo de conhecimento.

(KRULIK, 2005)

Para Almeida (2003) com relação à contextualização dos conteúdos, em qualquer

disciplina, existem problemas, pois muitos educadores têm uma idéia equivocada de contexto ao

suporem que seja trabalhar apenas o que faz parte do dia-a-dia dos alunos. Embora as situações

cotidianas sejam fundamentais para conferir significado a muitos conteúdos a serem estudados, é

importante considerar que estes podem ser explorados em outros contextos. Tomando a

Matemática como exemplo, é possível contextualizar com questões internas da mesma, além de

lançar mão dos problemas históricos.

Matos e Carreira (1996), comenta que o educador deve deter habilidades e recursos

técnicos de ensino suficientes para possibilitar aos alunos a sua elevação cultural, através da

apropriação da cultura elaborada. Ensinar não significa simplesmente ir a uma sala de aula onde

se fazem presentes uma turma de alunos e despejar sobre ela uma quantidade de conteúdos.

Ensinar é dar possibilidades aos alunos construírem seu conhecimento, de uma forma agradável,

prazerosa da forma mais eficaz possível. Para tanto, será preciso que o professor detenha

recursos, técnicas e habilidades de comunicação, que facilite a apropriação do que se comunica.

Para Almeida (2003), a aprendizagem representacional refere-se à aprendizagem inicial

cuja característica principal é a assimilação de símbolos e seus significados particulares.

Inicialmente podemos compará-la à aprendizagem mecânica, no entanto as proposições de

equivalência que são feitas entre os símbolos e seus significados são obviamente relacionáveis e,

portanto significativas. Por conseguinte a representação do objeto quadrado, nesta fase, passa a

significar o próprio conceito de quadrado.

33

A interpretação de um texto histórico ao qual solicitamos que o aluno realize

procedimentos que o auxiliem na compreensão de algoritmos a partir das proposições enunciadas

no texto. (KRULIK, 2005)

Para (BORBA, 1999) a aquisição do conhecimento matemático não se inicia quando o

aluno ingressa num sistema educacional. Grande parte dos cálculos realizados fora da escola

verifica-se a partir de situações práticas e são realizados mentalmente utilizando diferentes

maneiras de calcular que anteriormente já se demonstravam confiáveis. Entendendo que uma aula

é uma atividade social, cujo formato deve contemplar a interação entre seus participantes em

diversas linguagens, considerando e respeitando diferentes lógicas e variadas formas de pensar, é

imperioso que o professor compreenda as especificidades da linguagem matemática.

Para Moreira (1982), a linguagem matemática não pode ser enunciada oralmente, ela

depende da língua materna. A ausência de uma oralidade própria não permite que a escrita

matemática possa ser concebida, nem num primeiro momento, como a transcrição gráfica das

unidades sonoras. Se, de um lado, a estratégia fonológica não pode ser usada, de outro, é através

da oralidade emprestada da língua materna que se começa a elaboração de textos orais que

relatam estratégias de raciocínio e comunicam resultados.

Matos e Carreira (1996), dizem que a leitura da linguagem matemática também não opera

num processo de número por número ou símbolo por símbolo. Supõe estratégias de conexão do

significado com a representação, de forma a integrar os diferentes símbolos num todo coerente,

permitindo assim a extração do significado da mensagem. O ato de ler a linguagem matemática,

assim como o da leitura na língua materna, deve ser concebido de forma que seus símbolos

representem realidades.

Para Borba (1999), escrever um texto sobre matemática é saber utilizar simultaneamente

os códigos numéricos e ortográficos. A conquista da escrita matemática, assim como a escrita na

língua materna, pressupõe percurso longo que exige vários anos de esforços escolares para que

sua aprendizagem seja significativa.

Para Krulik (2005), a linguagem é adquirida espontaneamente e uma criança, em tenra

idade, já possui todo o sistema de sua língua com o qual é capaz de se comunicar de forma

suficiente em conformidade com suas necessidades. Essa situação não parece aplicar-se à

matemática, embora não haja dúvidas de que o conhecimento lógico-matemático também

pressupõe um componente inato que independe de convenções. Assim, a inexistência de uma

34

oralidade própria não permite pensar-se no ensino da Matemática sem uma perfeita articulação

com o ensino da Língua Materna. Dessa forma, é importante a compreensão de que a

aprendizagem da língua materna e da matemática deve se desenvolver simultaneamente,

impedindo a desarticulação do aprendizado escolar com a vida, de modo a possibilitar que a

linguagem dos números possa ser utilizada de forma tão natural quanto à linguagem escrita.

Nesse sentido, a aprendizagem proposicional pode ser evidenciada no seguinte caso: dado

um círculo de diâmetro unitário, podemos supor que o comprimento da circunferência do círculo

situa-se entre o perímetro de qualquer polígono regular inscrito e a de qualquer polígono regular

circunscrito. Desta forma, podemos calcular os perímetros dos hexágonos regulares inscritos e

circunscritos, obtendo assim aproximações para π. Considerando que são conhecidas para

obtenção dos perímetros dos polígonos regulares inscritos e circunscritos com o dobro do

número de lados. E por aplicações sucessivas desse processo, podemos. (MATOS e CARREIRA,

1996)

calcular os perímetros dos polígonos regulares inscritos e circunscritos de doze, vinte e quatro, quarenta e oito, e noventa e seis lados e, dessa forma, obter limites cada vez mais próximos de π. Foi isso que essencialmente fez Arquimedes, chegando à conclusão de que π está entre ou que, até a segunda casa decimal, MATOS e CARREIRA , 1996).

Através da oralidade, o professor terá oportunidade, não só de avaliar se o desinteresse e

desestimulo por determinado assunto foi motivado por absoluta incompreensão do conteúdo

abordado, como também em que momento a tensão discursiva assume níveis alto, médio e baixo.

Para Borba, (1999) a percepção desses níveis será determinante para a realização de um trabalho

específico envolvendo a desmistificação do medo e da ansiedade ante a Matemática.

Para Krulik, (2005), é inegável que a Matemática é um dos fatores de exclusão não só

acadêmico como também social. Não é novidade a afirmação de que, para muitos professores das

séries iniciais, a Matemática se constitui como um código indecifrável e, por isso, as dificuldades

com a escrita da linguagem matemática passam a ser natural. Idéias pré-concebidas sobre a

natureza da Matemática apenas à luz de uma convicção pessoal podem determinar reações

desfavoráveis ao aprendizado da disciplina e interferir negativamente nas práticas pedagógicas do

educador.

Dessa forma, conforme Severino, (1996), torna-se imperioso o rompimento com o

modelo tradicional e conservador que permeia a prática docente na maioria das nossas escolas.

35

Tal ruptura só ocorrerá se for possível fazer chegar ao professor, através de uma Formação

Continuada de qualidade, os trabalhos que vêm sendo desenvolvidos em diversas áreas do

conhecimento.

A aprendizagem significativa de proposições novas que não apresentam uma relação

subordinativa ou super ordenada com idéias particulares relevantes na estrutura cognitiva, ou

seja, não estão subordinadas a determinadas proposições e não podem condicionar o

aparecimento de determinadas idéias é denominada de aprendizagem combinatória. (MATOS e

CARREIRA, 1996)

Severino (1996), ensina que a aprendizagem significativa apresenta alguns princípios

peculiares que podem favorecer a aquisição do conhecimento escolar. Os discentes podem

realizar aprendizagem significativa dos conceitos estudados, quando os mesmos estiverem

organizados segundo uma seqüência lógica, denominada diferenciação progressiva. Além de

sugerir uma dinâmica que permite constante retomada de conceitos já desenvolvidos,

proporcionando revisões freqüentes, caracterizando a reconciliação integrativa. Durante o

desenvolvimento das ações contidas nas tarefas potencialmente significativas, o que

provavelmente facilitará a assimilação dos conceitos .

36

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Uma análise atenta do fazer pedagógico cotidiano revelará que as crianças que chegam à

escola normalmente gostam de Matemática. Entretanto, não será difícil constatar também que

esse gosto pela Matemática decresce proporcionalmente ao avanço dos alunos pelos diversos

ciclos do sistema de ensino, processo que culmina com o desenvolvimento de um sentimento de

aversão, apatia e incapacidade diante da Matemática.

Diversos autores têm defendido a necessidade de professores desenvolverem intervenções

inovadoras em suas salas de aulas através de apoio mútuo ou acompanhado de investigadores à

luz das questões postas neste trabalho, trata-se de propor aos professores de Matemática que

desenvolvam intervenções em suas salas de aula baseadas em Modelagem Matemática. Assim,

ele pode experimentar como o contexto de sua própria sala de aula reage a esta ação,

desenvolvendo seus conhecimentos práticos sobre a Modelagem e, com efeito, questionar suas

próprias concepções.

Através deste trabalho de reflexão teórica sobre o conceito, os procedimentos para

elaboração de um modelo e algumas vantagens em adotar a Modelagem Matemática no auxílio

do processo de ensino e aprendizagem da Matemática, foram efetuadas pesquisas em literatura

específica, para que o professor tenha a oportunidade de melhor compreensão das técnicas que

envolvem o processo da Modelagem.

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Esta nova maneira de olhar a Matemática vinculada a um contexto sócio-cultural-

político, contribui significativamente na atividade escolar. A Modelagem Matemática convida o

aluno a atuar, investigar, discutir e motivar. Ela desenvolve habilidades de exploração e

compreensão da Matemática no mundo e prepara para utilizá-la em diversas áreas do

conhecimento. Através disso, é preciso repensar as aulas de Matemática considerando que não

pode-se mais associá-las somente a conteúdos de alto nível de abstração e que não possuem

ligação com a vida dos alunos

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