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INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA- AJES ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA COM ÊNFASE EM EDUCAÇÃO INFANTIL 9.0 DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NAS SÉRIES INICIAIS MARIA DA COSTA LOURENÇO [email protected] Orientador: Prof. ILSO FERNANDES DO CARMO ALTA FLORESTA/2011

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INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA- AJES

ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA COM ÊNFASE EM EDUCAÇÃO

INFANTIL

9.0

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NAS SÉRIES INICIAIS

MARIA DA COSTA LOURENÇO

[email protected]

Orientador: Prof. ILSO FERNANDES DO CARMO

ALTA FLORESTA/2011

INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA- AJES

ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA COM ÊNFASE EM EDUCAÇÃO

INFANTIL

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NAS SÉRIES INICIAIS

MARIA DA COSTA LOURENÇO

Orientador: Prof. ILSO FERNANDES DO CARMO

“Trabalho apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Especialização em Psicopedagogia com Ênfase em Educação Infantil.”

ALTA FLORESTA/2011

AGRADECIMENTOS

A DEUS. Aos meus familiares e professores que estiveram presente nesta caminhada. E a todos que colaboraram direta ou indiretamente.

DEDICATÓRIA

Aos meus familiares, pela compreensão de Minha ausência e a todos que contribuíram para realização deste trabalho.

RESUMO

A dificuldade de aprendizagem se constitui como um dos principais

agravantes para o fracasso escolar do aluno. Sentindo a necessidades de saber se

é possível que uma criança não aprenda escrever e ler porque lhe faltam recursos

intelectuais, seguindo então o insucesso da aprendizagem escolar, num mesmo

sentido referindo a maneira pela qual, o fracasso escolar expresso dentro da

educação escolar percebendo a importância do lúdico na aprendizagem das

crianças nas séries iniciais, uma vez que jogos brincadeiras são excelentes

oportunidades entre os prazeres e o conhecimento historicamente constituído já que

o lúdico é eminentemente cultural e que o principal foco são aquelas com dificuldade

de aprendizagem ou com problemas muito carente emocionais graves.

Diante dessas reflexões propomos realizar pesquisa bibliográfica verificando

a importância do desenvolvimento da aprendizagem dos alunos das séries iniciais.

realizando uma pesquisa bibliográfica e observação para compreender o contexto

“Dificuldades de aprendizagem”, utilizando também o método de abordagem

hipotético-dedutivo, conforme o qual formulam-se hipóteses para então testar a

mesmas pelo processo de inferência dedutiva a partir dos dados analisados.

Nesta Perspectiva, o papel do professor, é na resolução de problemas

importantes é assim em todos os demais processo de aprendizagem é sempre como

de mediador tendo em vista a compreensão e o conhecimento da evolução dos

educandos traçar objetivos propondo com clareza e interação, ou seja, que as

crianças possa desenvolver através de atividades prazerosas.

Palavras-chave: transtorno de aprendizagem, desenvolvimento, sócio -

interacionismo, jogos e brincadeiras.

SUMÁRIO Introdução........................................................................................... .......................06

1.0- Aprendizagem: um conceito................................................................................08

1.1-Fundamentos da teoria Piagetiana......................................................................09

1.2-Fundamentos da teoria segundo Vygotsky..........................................................09

1.3-Sócio-interacionismo............................................................................................10

1.4-A teoria das inteligências múltiplas......................................................................12

2.0Fatores que interferem no processo de aprendizagem.........................................15

2.1-Fatores da diferença............................................................................................15

2.2- Definições de dificuldades de aprendizagem......................................................17

2.3-FaSes do desenvolvimento cognitivo segundo Piaget.........................................20

2.4-Desenvolvimento e jogos nas séries iniciais segundo Vygotsky.........................22

3.0- O papel da escola...............................................................................................24

3.1 O lúdico na educação: a brincadeira e o jogo......................................................25

3.2-Jogos e brincadeiras nas séries iniciais...............................................................26

3.3-Jogos na aprendizagem......................................................................................,31

3.4-Jogo, brinquedo e brincadeira..............................................................................32

3.5 – A importância do corpo na aprendizagem.........................................................35

Considerações finais..................................................................................................37

Referências Bibliografias............................................................................................39

INTRODUÇÃO

Os seres humanos, apesar de possuírem características semelhantes,

distinguem-se em diversos fatores, tanto de caráter físico quanto psicólogo, que

devem ser considerados em todos os momentos de sua vida, em especial no

processo de aprendizagem. Onde cada indivíduo possui uma característica diferente

no processo de ensino aprendizagem, ou seja, algumas crianças sofrem com as

dificuldades de aprendizagem.

Nesse sentido, a escola se depara com todos os graus de diferenças

individuais. A escola deve estar atenta a esse fato, respeitando as características de

cada um, na tentativa de efetivar a aprendizagem, apesar das diferenças. Desde a

Antiguidade, estudiosos tiveram o interesse em desvendar as causas das diferenças

individuais, desenvolvendo pesquisas, teorias e ferramentas que levassem a tal

descoberta, como testes de personalidade, de interesses, de aptidões, de

inteligência e de funções mentais.

Onde os professores se deparam com o problema, é possível que uma

criança não aprenda escrever e ler porque lhe faltam recursos intelectuais?

Lentadas algumas hipóteses a serem confirmadas, seguindo com falta de recursos

vinculada a privação cultural, ou um ambiente sem estimulo necessário ao

desenvolvimento intelectual, problemas motivacionais e estratégia de aprendizagem

seguida pela falta de apoio dos pais, ou ainda no ambiente escolar, essas

diversidades são geralmente percebidas pelos professores, mas nem sempre

consideradas, pois na ansiedade de ensinar os conteúdos o professor pensa que

não há tempo para brincadeiras e jogos.

Sendo necessário em certas situações ter como objetivo de análise apontar

as diferenças individuais para diferenciar determinadas características, estabelecer

perfis, possibilitar o conhecimento dos fatores agravantes no ensino e aprendizagem

identificando pesquisas desenvolvidas e suas aplicações no contexto, outras vezes,

para fazer um prognóstico do comportamento futuro do indivíduo, a fim de selecioná-

lo para uma vaga de emprego ou educativamente. Até mesmo com o objetivo de

diagnosticar possíveis dificuldades que o indivíduo possa apresentar no decorrer do

processo de aprendizagem, com o propósito de oferecer tratamento ou estimulações

adequadas, pra os mesmos assim estabelecer relação entre motivação e

aprendizagem, fazendo estudos e então conhecer e compreender a aplicação das

teorias psicológicas da aprendizagem e também identificar quais as dificuldades

enfrentadas pelos alunos das séries iniciais, pois a dificuldade de aprendizagem é

um dos principais agravantes para o fracasso escolar do aluno. Neste estudo os

termos dificuldades de aprendizagem, dificuldade escolar, problema de

aprendizagem serão empregados, num mesmo sentido referindo a maneira pela

qual, o fracasso escolar expresso dentro da educação escolar percebe a importância

do lúdico na aprendizagem das crianças nas séries iniciais, uma vez que jogos

brincadeiras são excelentes oportunidades entre os prazeres e o conhecimento

historicamente constituído já que o lúdico é eminentemente cultural. Percebendo

ainda que quando a criança faz e gosta e sente feliz ela aceita um desafio e resolve

os problemas com criatividade principalmente de aquelas com dificuldade de

aprendizagem ou com problemas muito carentes emocionais graves. Verificando a

importância do desenvolvimento da aprendizagem dos alunos das séries iniciais,

saberemos como as dificuldades de aprendizagem podem ser superadas pelo

educador.

Para tanto o conceito de aprendizagem será abordada, segundo o

pensamento de Piaget e Vygotsky, também sobre a teoria das inteligências múltiplas

segundo Gardner.

Os fatores que interferem no processo de aprendizagem junto com os

fatores da diferença verificando as definições de dificuldades de aprendizagem

trabalhando as fazem do desenvolvimento cognitivo segundo Piaget e o

desenvolvimento e jogos nas séries iniciais segundo Vygotsky, que será abordado

no segundo capitulo deste trabalho.

Ainda fala sobre o papel da escola e a importância atribuída a exposição das

informações pelo professor ou pelo livro didático, que considerada determinante

para o aprender, ainda aborda o lúdico na educação: a brincadeira e o jogo nas

séries iniciais. A importância do mesmo na aprendizagem. Também podemos

diferenciar a brincadeira do brinquedo e como a escola mediante a esse problema

pode estar refletindo, e junto o corpo docente da mesma resgatar as brincadeiras

infantis e levar a criança a brincar ”usar e abusar do corpo”, unindo o útil ao

agradável, indo além das brincadeiras na hora do recreio e as aulas de educação

física, colocando o corpo no centro do processo de aprendizagem.

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CAPÍTULO 1-APRENDIZAGEM: UM CONCEITO

Aprendizagem pode ser dividida em duas espécies gerais, dentro da mesma

continuidade de significação. Para CAMPOS (2001, p.30)

A aprendizagem é uma modificação sistemática do comportamento, por efeito, pratica e experiência, com um sentido de progressiva adaptação ou ajustamento essa modificação ocorre sob influencia do ambiente externo e interno.

Seguindo o raciocínio de CAMPOS a aprendizagem acontece durante toda

nossa vida, mas ainda temos a necessidade de saber como nossos alunos pensam

se desenvolvem e como adquirem o conhecimento do mundo.

Muitos psicólogos da educação vêm se dedicando ao estudo dos processos

de desenvolvimento e aprendizagem mas ainda não chegaram a um acordo sobre

os aspectos considerados importantes neste processo.

As diferentes teorias para explicar o desenvolvimento e o processo ensino

aprendizagem e procurar entender o ser humano a partir de diferentes pontos de

vista, ainda não se pode dizer que algum pesquisador chegou a uma resposta exata

sobre este assunto sedo assim nenhuma teoria pode ser considerada superior ou

inferior já que as mesma não chegaram a uma resposta exata. É importante que os

professores entendam, compreendam e analisem as diferentes concepções de

aprendizagem para que sua atuação tenha coerência educacional. O caminho a ser

escolhido deve ser baseado numa postura pedagógica consciente.

E para que esse processo da aprendizagem seja satisfatório, faz-se

necessário levarmos em consideração as experiências de vida dos nossos alunos,

suas características psicológicas, e ainda, socioculturais, que o transformam num

ser individual, único, um ser qualitativamente diferente dos outros, tanto pela sua

capacidade de assimilação, quanto pela apropriação das suas experiências

acumuladas no decurso da nossa história social, e ainda, na história de cada um.

Segundo VYGOTSKY (1984, p. 63 e 64), “o aprendizado humano pressupõe

uma natureza social especifica e um processo através do qual as crianças penetram

na vida intelectual daqueles que as cercam.”

Nesse sentido, a escola se depara com todos os graus de diferenças

individuais, social e cultural. A escola deve estar atenta a esse fato, respeitando as

características de cada um, na tentativa de efetivar a aprendizagem, apesar das

diferenças. Daí a importância de estudarmos esse assunto.

1.1-FUNDAMENTOS DA TEORIA PIAGETIANA

Para PIAGET (1982), a inteligência é um mecanismo de adaptação do

organismo a uma situação nova e, como tal, implica a construção continua de novas

estruturas. Essa adaptação refere-se ao meio exterior.

Dessa forma, os indivíduos desenvolvem-se intelectualmente a apartir de

exercícios e estímulos oferecidos pelo meio em que vivem. Consequentemente, o

comportamento de cada um de nós é construído em uma interação entre o meio e

nós.

Com o passar do tempo, a criança consegue sentar, segurar, andar, falar,

controlar os esfíncteres, ganhando mais autonomia e, assim, ampliando seu

universo (físico e mental) de exploração. Esse amadurecimento permite a ela maior

domínio sobre o meio para compreendê-lo melhor e dar respostas, para si mesma e

para o meio.

Essa teoria é chamada de interacionista, pois quanto mais complexa for a

interação do ser com o meio, mais “inteligente” será o individuo. (PIAGET, 2002).

A estrutura de maturação do individuo, segundo PIAGET (1982), sofre um

processo genético e a gênese depende de uma estrutura de maturação. Sua teoria

nos mostra que o individuo só recebe um determinado conhecimento se estiver

preparado para recebê-lo, ou seja, se puder agir sobre o objeto do conhecimento

para inseri-lo em um sistema de relações. A partir de resultados oriundos de suas

pesquisas biológicas, conclui que todas as espécies herdam duas tendências

básicas: organização e adaptação.

Então a partir das pesquisas de Piaget podemos compreender os processos

de aprendizagem da criança.

1.2-FUNDAMENTOS DA TEORIA SEGUNDO VYGOTSKY

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Para VYGOTSKY (1998), desenvolvimento e aprendizagem podem ser

discutidos do ponto de vista de três teorias. Na primeira o individuo tem que estar

“pronto” para aprender. É necessário certo nível de desenvolvimento para que a

aprendizagem seja possível, esta teoria também é defendida por Piaget. Na

segunda teoria, aprendizagem é desenvolvimento, ou seja, o desenvolvimento

ocorre simultaneamente á aprendizagem. A terceira teoria que pode ser considerada

para Vygotsky é que há uma interação entre desenvolvimento e aprendizagem,

embora sejam processos independentes: desenvolvimento causa aprendizagem, e a

aprendizagem causa desenvolvimento.

Quando VYGOTSKY (1998) questiona a interação entre desenvolvimento e

aprendizagem, ele mostra o papel da capacidade do ser humano de entender e

utilizar a linguagem, portanto ele vê a inteligência como habilidade para

aprendizagem, deixando de lado que inteligência é resultado de aprendizagens já

realizadas. Os testes psicológicos padronizados apontam apenas aquilo que a

criança é capaz de realizar sozinha. Para ele a relação que a criança tem com

parceiros mais experientes cria uma zona de desenvolvimento potencial se refere á

distancia entre o nível de desenvolvimento atual, quando a criança é capaz de

solucionar um problema sem ajuda do outro, e o nível potencial de desenvolvimento,

medido através da solução de problemas com a ajuda de crianças mais velhas.

O conceito de zona de desenvolvimento proximal é que nos possibilita

compreender a forma como a criança organiza uma informação e o modo como seu

pensamento opera.

O professor, em sala de aula, percebendo o que um aluno é capaz de

realizar com e sem ajuda, pode com isso planejar as situações de ensino e avaliar o

processo de cada criança. VYGOTSKY (1998), nos mostra o quanto é importante a

troca que se dá num plano verbal entre professor e aluno para a construção do

pensamento.

1.3-SÓCIO-INTERACIONISMO

VYGOTSKY (1998) busca entender a origem dos processos psicológicos ao

considerar a individualidade de cada ser. Procura também aplicar sua teoria nos

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processos educacionais, enfatizando sempre o papel do educador na construção do

individuo.

VYGOTSKY (1998), e seus colaboradores afirmam que o aprendizado

ocorre de as crianças irem para a escola e que, geralmente, quando elas se

deparam com alguém situação de aprendizado no ambiente escolar, tal situação já

tem uma história prévia.

Dessa forma, VYGOTSKY (1998), acredita que o aprendizado e o

desenvolvimento estão relacionados desde o nascimento da criança. E, para ele,

essa ralação é um aspecto necessário e universal do processo de desenvolvimento

das funções psicológicas culturalmente organizadas e especificamente humanas,

atreladas ao fato de que nós vivemos em um meio social.

Segundo LA TAILLE (1992), o sujeito, inicialmente, vê o mundo com

conceitos cotidianos ou espontâneos (construídos a partir de um conjunto de

informações informais), adquiridos na infância por meio de interações sociais

imediatas (produto do desenvolvimento ontogenético a partir de nossas

experiências). Mas as funções intelectuais que formam a base psicológica do

processo de formação de conceitos amadurecem e se desenvolvem apenas na

adolescência.

O entendimento do processo de formação de conceitos pelo sujeito é uma

das preocupações de VYGOTSKY. Suas considerações a respeito constituem

grande contribuição de seu pensamento para o ensino escolar. Na concepção de

VYGOTSKY (1998), não se ensina conceito aos alunos, pode-se, no máximo,

apresentar definições que deverão ser reproduzidas por eles.

Nesse sentido, a escola, juntamente com seus educadores, não pode deixar

de lado as experiências culturais e familiares do aluno. Deve considerar que ele traz

consigo uma riqueza de conhecimentos sobre o mundo que deve ser aceita para

que, gradualmente, evolua e seja substituída ou transformada.

Para VYGOTSKY (1998), a imitação não é meramente uma cópia do que o

outro está fazendo, mas um procedimento que contribui para a reconstrução

individual daquilo que é observado nos outros. Ele vê a imitação como uma

oportunidade de a criança realizar ações que estão além de suas próprias

capacidades, o que contribui para o seu desenvolvimento.

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A aprendizagem está relacionada com o processo de desenvolvimento do

individuo, mas os dois nunca são realizados em igual medida. O desenvolvimento da

criança jamais acompanha o aprendizado escolar. Para VYGOTSKY (1998) cada

assunto a ser tratado na escola tem de a sua própria relação especifica com o curso

de desenvolvimento da criança, uma vez que essa relação vai variar á medida que a

criança vai de estágio para o outro.

1.4-A TEORIA DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS

De acordo com GAMA (1998), a Teoria das Inteligências Múltiplas e suas

implicações para Educação, no Brasil, nos meios acadêmicos, nas universidades

começaram a ganhar força por volta do inicio da década de 90 e só em meados da

década de 90 é que ela começa a ser utilizada na escola.

Essa teoria, segundo GARDNER (1995), tem como bases como

fundamentam a pluralidade da mente: a ideia de que as pessoas têm muitas

inteligências e não apenas duas inteligências.

O professor GARDNER (1995), já trabalhava há muito tempo nas suas

pesquisas na área da inteligência ele começou a trabalhar com pessoas de

síndromes, portadores de lesões cerebrais graves começaram a perceber uma

pessoa que era altista era incapaz de comunicar com o mundo, mas possuía

determinada habilidade de lidar com os números, de pensar logicamente. Um outro

não conseguia entender nada do pensar lógico, mas possuía habilidade em lidar

com pessoas, perceber humor e sentimentos nos outros. Tinha outro que, pensando

do ponto de vista da linguagem, era alguém que não se comunicava, mas era um

músico talentoso.

Sendo assim, não podemos deixar de considerar a importância da teoria das

inteligências múltiplas para a educação.

Para GARDNER (1995), todas as inteligências fazem parte da herança

genética humana e independente da educação e da cultura:

1. Inteligência lógico-matemática: Determina a habilidade para o raciocínio

dedutivo, capacidade de solucionar problemas ligados aos elementos matemáticos e

ao pensamento cientifica.

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2. Inteligência musical: É a capacidade de organizar sons de maneira

criativa, a partir de tons, timbres e temas.

3. Inteligência linguística: Os jogos linguísticos visam desenvolver a

propriedade da fala na criança, buscando aprimorar a construção de sentenças, a

racionalidade, nessa forma de expressão e, por que não dizer, até mesmo certa

beleza e uma certa influencia nesta forma do dizer.

4. Inteligência espacial: É a capacidade de formar modelos mentais precisos

e utilizar esses modelos para orientar-se entre objetos em determinado espaço.

5. Inteligência corporal-sinestésica: Habilidade de utilização total do corpo.

Envolve controle corporal e destreza para manipular objetos.

6. Inteligência interpessoal: Capacidade de relacionamento social,

percebendo as motivações ou inibições das pessoas á sua volta e a habilidade de

satisfazer suas expectativas emocionais.

7. Inteligência intrapessoal: É a competência para conhecer-se e estar bem

consigo mesmo, administrando seus sentimentos e emoções a favor de seus

projetos.

8. Inteligência pictórica (identificada por Kátia Smole, estudiosa da teoria): É

a capacidade de reproduzir, através do desenho, objetos e situações reais ou

mentias. Inclui a organização de elementos visuais, de forma harmônica,

estabelecendo relações estéticas entre eles.

Segundo GARDNER (1985), todos os elementos das competências

apresentadas interagem entre si, sugerindo que o contexto escolar tenha uma visão

pluralista, na qual possa reconhecer as diferenças nas possibilidades cognitivas de

cada aluno, permitindo assim, o desenvolvimento dentro de suas competências

especifica.

Levando se em conta as pesquisa de Gardner, podemos dizer que as

crianças que tem dificuldades de aprendizagem possuem alguma das inteligências

que deve ser priorizada e estimulada para que a mesmo se identifique e consiga

superar as dificuldades, cabendo ao professor criar situações em sala de aula

abrindo debates sobre as semelhanças e diferenças. Dessa forma, eles também

terão a oportunidade de reconhecer que somos pessoas únicas para que possam

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valorizar essas diferenças humanas respeitando o próximo, para que fiquem mais

preparados para lidar com as diversidades dos seus colegas.

A mais importante contribuição trazida pela teoria das inteligências múltiplas

á educação é permitir ao professor um olhar sobre a imensa diversidade desse

aluno. Aquele aluno que era visto apenas pela sua competência em escrever ou

fazer contas, com esta nova teoria pode ser percebido por uma infinidade de

linguagem e, assim expressar seus conhecimentos através do seu desenho, de sua

exposição, através da construção de figuras eventualmente mesmo através da

dança da música e de todas outras linguagens que essa nova teoria veio

demonstrar.

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2-CAPITULO II - FATORES QUE INTERFEREM NO PROCESSO DE

APRENDIZAGEM.

A dificuldade em aprender refere-se às situações difíceis encontradas pela

criança, adolescentes ou adultos na aprendizagem.

Essas dificuldades de aprendizagem são consideradas “os sintomas”, e é

pela intensidade com que se apresentam esses sintomas e comportamentos e pela

duração que eles têm na vida escolar que se faz necessária a busca das causas dos

sintomas apresentados.

Existem vários fatores que podem desencadear uma dificuldade no processo

de aprender.

Os pedagogos se referem ao método de ensino e as defasagens de séries

anteriores. Entre os funcionais seria identificar a maneira como a criança age, a

maneira de funcionamento como um todo. Cada um de nós tem um jeito próprio de

fazer ou agir sobre algo, por exemplo: Nós dirigimos um carro, porém cada um tem

uma maneira, um jeito próprio de dirigir, que às vezes pode ser prejudicial de

alguma maneira.

Detectar a causa que interfere no desempenho escolar, principalmente da

criança, é fundamental para o seu bom rendimento escolar, desde que as causas

sejam trabalhadas.

2.1-FATORES DA DIFERENÇA

Sara Paín (1992), psicopedagoga e estudiosa dos problemas de

aprendizagem, cita como quesitos fundamentais para que haja aprendizagem os

seguintes fatores:

a) Fatores orgânicos- uma criança com transtornos físicos terá mais

dificuldade em aprender. Se o sistema nervoso estiver comprometido, haverá

interferências tanto na assimilação de conteúdos, quanto no ritmo de aprendizagem.

Entre outras causas, cita-se: hipoacusia (diminuição do sentido de audição), baixa

visão, deficiências glandulares (mau funcionamento renal ou hepático, por exemplo),

distrofias generalizadas, etc.

b) Fatores específicos- referem-se aos transtornos perceptomotores ligados

à área da linguagem (articulação e escrita). Essas desordens podem estar correlatas

às noções de lateralidade. É comum encontrarmos crianças com problemas de

aprendizagem sem dominância lateral ou indefinida. PAÍN (1992), ressalta que a

criança destra (dominância direita de mãos e olhos) apresenta uma grafia mais

uniforme em relação à canhota. No entanto, cabe aqui uma ressalva: apesar dessas

considerações, não se deve determinar a dominância manual da criança,

principalmente para a canhota, pois ela deve amadurecer seu domínio lateral.

c) Fatores psicógenos- os problemas de aprendizagem podem a

manifestam-se em decorrências de perturbações neuróticas (satisfação pelo

afastamento da realidade e pelo excessivo contentamento na fantasia ou, ainda,

pela fixação com a parada de crescimento na criança).

Segundo Freud, apud PAÍN (1992), a inibição do ato de aprender pode estar

ligada à diminuição de função.

d) Fatores ambientais- esses fatores relacionam-se ao meio ou ao ambiente

físico e material da criança, às condições de moradia,ao acesso ao lazer e

esporte,aos meios de comunicação,ou às expectativas de futuro. Tais aspectos são

decorrentes das ligações imediatas da criança, como família, amigos e outras

situações que a envolvem diretamente.

e) Fatores hereditários- gênero (masculino,feminino), idade, condições

fisiológicas e capacidade intelectual;

Nessa perspectiva, devemos abordar essas características e diferenças dos

nossos alunos, nas situações de aprendizagem, com o propósito de criar estratégias

para que os professores possam lidar com as diferentes formas nas quais as

informações são apresentadas e organizadas pelos alunos.

Considerando que a criança está disponível à aprendizagem e se isso não

acontece pelas possíveis causas apresentadas, há, também, de se considerar as

condições, capacidades e habilidades necessárias ao ato de aprender.

Então o educador tem uma grande missão, por ser mediador nesse

processo de amenizar as possíveis dificuldades apresentadas, contornando as

incompatibilidades entre as formas como os alunos recebem as informações e

adaptando-as às situações de aprendizagem.

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2.2- DEFINIÇÕES DE DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

Encontram-se na literatura atual muitas definições e terminologias referentes

às dificuldades de aprendizagem. O termo “dificuldade de aprendizagem” tem sido

recomendado por diversos autores, como FONSECA (1995); GUERRA (2002);

BOSSA (2000); DOCKRELL e MCSHANE (2000), entre outros, que elegeram essa

terminologia pela abrangência de significados e situações compreendidas por ela.

Outros termos sugeridos são “desordens de aprendizagem” ou “distúrbios de

aprendizagem, utilizados por MORAIS (2003); CIASCA (2003),etc.

MORAIS (2003), em uma abordagem psicopedagógica acerca das causas

das dificuldades utiliza o termo “distúrbio de aprendizagem” e aponta a falta de

desenvolvimento de habilidades básicas (perceptivas, motoras, lingüísticas,

cognitivas), além de fatores emocionais, como responsáveis pelos prejuízos de

aprendizagem principalmente na fase da alfabetização o autor recomenda

procedimentos terapêuticos para superação destes obstáculos e,simultaneamente,o

empenho do professor no sentido de promover a aquisição das habilidades

necessárias à aprendizagem.

O fato é que, se a criança não apresenta problemas clínicos comprovados

que possam sugerir ou refletir na sua aprendizagem, deve ser consideradas outras

possibilidades de interferências que resultam em fracasso escolar.

A aprendizagem está ligada intimamente à criança e, também, ao adulto. O

ato de aprender é inerente a todo o ser humano. Ao observar uma criança durante

seu desenvolvimento, percebe-se que constantemente ela procura aprender algo.

Nesse sentido, pode-se dizer que a busca pelo conhecimento se configura em um

ato de prazer, principalmente para a criança. A aprendizagem tem caráter individual;

ninguém aprende por ninguém e a construção do conhecimento, apesar de ter a

contribuição do coletivo e do social, não se concretiza se houver obstáculos que

interfiram em seu processo, que é gradual e cumulativo.

Segundo GUERRA (2002), as dificuldades de aprendizagem se estabelecem

quando a criança encontra problemas em se perceber, perceber seu mundo e

relacionar-se com outras pessoas. A verbalização espontânea e um bom equilíbrio

emocional podem mascarar os transtornos de aprendizagem decorrentes da

Dislexia, Hiperlexia, Discalculia ou Disgrafia, que devem ser diagnosticados

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precocemente, evitando maiores prejuízos na aprendizagem ou em fases

subseqüentes.

Deve-se ressaltar que as dificuldades de aprendizagem resultantes destes

transtornos não são causadas pela falta de inteligência, tampouco pela deficiência

visual ou aditiva, mas se devem, principalmente, pelo recebimento de informações

dos canis sensoriais (visão ou audição), em que a criança não consegue processar

devidamente a mensagem recebida. Dislexia, apud GUERRA (2002, p.46)

Entende que a dislexia se refere à dificuldade de aprendizagem de leitura, que deve ser compreendida como um transtorno especifico que alguma pessoas possuem para processar a informação procedente da linguagem escrita, e de um déficit no desenvolvimento do raciocínio de reconhecimento e compreensão dos textos escritos.

É importante destacar nessas duas descrições dos autores que o transtorno

da dislexia não pode ser atribuído à deficiência intelectual ou à escolarização

inadequada.

Estes autores, apud MORAIS (2003), identificam dois tipos de dislexia.

DISLEXIA AUDITIVA

A dislexia auditiva caracteriza-se pela dificuldade em distinguir semelhanças

e diferenças entre sons acusticamente próximos. O processo de ouvir corretamente

tem grande influencia na capacidade de ler e escrever, e uma dificuldade, por mais

sutil que seja na recepção do som, pode prejudicar a grafia das palavras dos

conceitos básicos de leitura e escrita.

DISLEXIA VISUAL

Conforme GUERRA (2002), na dislexia visual a dificuldade está em

discriminar visualmente as letras (grafemas), que não são reconhecidas, mesmo não

havendo problemas de acuidade visual.

Dificuldade com ralação ao tamanho e à forma, além disso, ainda não se

consegue fazer linhas retas ou curvas e ângulos, e pode-se ter dificuldades com a

orientação vertical ou horizontal.

HIPERATIVIDADE

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É um distúrbio de atenção que, segundo GUERRA (2002), atinge cerca de

cinco por cento das crianças e adolescentes de todo o mundo. Embora prejudique a

capacidade de concentração e atenção, a hiperatividade é facilmente tratável. Além

de medicamentos, a reorientação pedagógica na escola ajuda a não perder

rendimento. A hiperatividade só fica evidente no período escolar quando é

necessário aumentar o nível de concentração para aprender, embora o diagnóstico

deva ser feito com base na história da criança.

A origem do distúrbio pode ser de origem genética, segundo algumas

pesquisas, e os seus portadores produzem menos dopamina, um neurotransmissor

responsável pelo controle motor e pelo de concentração.

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

Dificuldades de aprendizagem estão sempre presentes no dia-a-dia de quem

se dedica as atividades de sala de aula. É preciso olhar para elas com atenção e

muito cuidado para que possam ser superadas. Uma das primeiras tarefas do

educador é diagnosticar exatamente onde esta a dificuldade e em seguida é preciso

muita proximidade, afetividade e entusiasmo para que as barreiras possam ser

superadas.

“Aprender é uma tarefa árdua, na qual se convive o tempo inteiro com o que não é conhecido. Para o sucesso da empreitada, é fundamental que exista uma relação de confiança e respeito mútuo entre professor e aluno, de maneira que a situação escolar possa dar conta de todas as questões de ordem afetiva. Mas isso não fica garantido apenas e exclusivamente pelas ações do professor, embora sejam fundamentais dada a autoridade que ele representa, mas também deve ser conseguido nas relações entre os alunos. O trabalho educacional inclui as intervenções para que os alunos aprendam a respeitar diferenças, a estabelecer vínculos de confiança e uma pratica cooperativa e solidária.” (BRASIL, 1997, p.101)

Historicidade, os alunos que apresentam dificuldades para aprender como

os métodos tradicionais de ensino recebem diferentes rótulos, por que são

percebidos como deficientes e incapazes. Os atores que participam do processo de

educação escolar criam em torno deles representações estereotipadas e

preconceituosas esquecendo-se muitas vezes da responsabilidade da própria escola

na origem e perpetuação da dificuldade.

Para que uma aprendizagem significativa possa acontecer, é necessário a disponibilidade para o envolvimento do aluno na aprendizagem, o empenho em estabelecer relações entre o que já sabe e o que esta aprendendo em

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usar os instrumentos adequados que conhecem e dispõe para alcançar a maior compreensão possível. (BRASIL, 1997, p.99).

A escola tem como desafio desenvolver uma pedagogia centrada nos alunos

buscando meios eficazes para combater atitudes discriminatórias, criando um

ambiente acolhedor. O educando não pode a auto-estima por sentir-se atrasado em

relação aos demais da turma. Os educandos desdobrar-se na criação de atividades

capazes de tornar o aprendizado mais prazeroso.

A aprendizagem significativa depende uma motivação intrínseca, isto é, o aluno precisa tomar para si a necessidade e a vontade de aprender. Aquele que estuda apenas para passar de ano, ou para tirar notas, não terá motivos suficientes para empenhar-se em profundizagem na aprendizagem. A disposição para a aprendizagem não depende exclusivamente do aluno, demanda que a pratica didática garanta condições para que essa atitude favorável se prevaleça. (BRASIL, 1997, p.99).

É importante observar o caminho utilizado no passado para lidar com

dificuldades de aprendizagem. São formulas desgastadas que mesmo com a melhor

nas intenções de quem as aplicava, demonstraram não contribuir de forma afetiva

para a superação dos problemas.

“Se o professor espera uma atitude curiosa e investigativa, deve propor

prioritariamente atividades que exijam essa postura, e não a passividade. Deve

esperar criativas e originais e não a mesma resposta de todos.” (PCN-BRASIL,

1997, p.100)

O educador que entender a construção do conhecimento como algo, que se

dá na totalidade apresentara um tipo de ração. Se ele enxergar que o

desenvolvimento com o aluno passando pelos laços de afetividade é fundamental,

assim como a compreensão do conhecimento como desafio e descoberto terão

maior facilidade em trabalhar com as dificuldades de aprendizagem que forem

surgindo pelo caminho.

2.3-FASES DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO SEGUNDO PIAGET

Segundo PIAGET, apud PAREDES e TANUS (2004, p. 41-57), o

desenvolvimento intelectual da criança foi dividido em quatro estágios: sensório-

motor, pré-operacional, operações concretas e operações formais. Onde no estágio

sensório-motor (0 a 2 anos), atinge cerca de cinco por cento das crianças e

adolescentes de a atividade intelectual da criança é de natureza sensorial e motora

20

e desenvolve comportamento adaptativo que não é acompanhado por situações

mentais, O estágio sensório-motor é marcado inicialmente por comportamentos,

reflexões hereditários, que vão preparando a criança para adaptar-se ao meio.

No estágio pré-operacional (2 a7 anos), segundo PIAGET (1982), aparece o

desenvolvimento da capacidade simbólica da criança como principal característica

da criança , onde ela representa um objeto pelo outro.

Além de suas sensações e movimento, ela utiliza a imagem, a palavra

desenvolvendo a forma ativa a linguagem sem limite, quando é utilizado o jogo

simbólico, a limitação, as brincadeiras, que são formas riquíssimas para o

desenvolvimento da linguagem.

No estágio de operações concreta (2 a 7 anos), segundo PIAGET (1982),

citado por PAREDES e TANUS (2004, p. 41-57), a criança pensa vendo, fazendo e

olhando, ou seja ,pensa no que faz, pensa fazendo e faz pensando, a criança usa a

lógica ,quando manipula objetos concretos em situações reais, mas não consegue

pensar em termos abstratos.

A criança já possui um tipo de assimilação mais rica, integrada e articulada

com o mecanismo de acomodação.

Os processos equilibrativos entre assimilação e acomodação se apresentam

dentro ou sob o cômodo de um sistema cognitivo coerente e integrado. A inteligência

se torna representativa, o que quer dizer que cada objeto pode ser evocado em

imagem.

Não há mais necessidade de presença do objeto. Há uma imagem mental

que permite à criança evocar esses objetivos em sua ausência.

Embora a criança, neste estágio seja capaz de representar objetos ausentes

pela sua imagem mental, segundo PIAGET (1982), é importante ressaltar que na

fase da operação concreta, uma criança usa a lógica e o raciocínio de um modo

elementar, mas unicamente os aplica na manipulação de objetos concretos, não em

proposições verbais.

Neste tempo o egocentrismo diminui e a criança começa a perceber que é

um ser distinto e separando do resto do universo já é capaz de se colocar no lugar

de outra pessoa e efetuar julgamentos morais.

21

O estágio das operações formais (12 anos em diante), segundo PIAGET

(1982), na adolescência, se caracteriza sobre tudo por grande desenvolvimento da

inteligência, tanto na sua capacidade assimilativa quando acomodação o

adolescente é capaz de desempenhar, fatores de aprendizagem que ira ser mudada

conforme sua maturação.

2.4-DESENVOLVIMENTO E JOGOS NAS SÉRIES INICIAIS SEGUNDO

VYGOTSKY

Na interação do pessoal com o social, o brincar tem um papel importante,

uma vez que contribui decisivamente na construção da autonomia e da convivência

autentica. Para VYGOTSKY (1998), é o social que vai decodificando a realidade

para a criança, denotando-a e conotando-a segundo sua história de vida cultural e

desta maneira, as decisões e atribuições de valor da criança pequena dependem

muito do que ela observa ao seu redor.

O brincar, segundo VYGOTSKY (1998) faz parte do processo evolutivo

neuropsicológico saudável da criança. Manifesta a forma como a criança está

organizando sua realidade e lidando com suas possibilidades, limitações e conflitos.

Também introduz a criança de forma gradativa, prazerosa e eficiente no universo

histórico-cultural. Através de representações simbólicas, a criança aprende a

expressar a forma como ela vê sua realidade, e também como imagina esta é ou

como poderia ser.

É na brincadeira que a criança se humaniza. No brincar casam-se

espontaneidade a criatividade com a aceitação das regras sociais e morais.

A atividade lúdica oferece oportunidade para criança experimentar

comportamentos que, em situações normais jamais aconteceriam, devido ao medo

do erro e da punição.

O brincar, segundo VYGOTSKY (1998), embasa o processo de ensino

/aprendizagem favorecendo a construção da reflexão, da autonomia e ainda da

criatividade.

A escola enquanto instituição que tem uma função social a desempenhar na

organização da sociedade participante do processo de constituição do homem,

22

torna-se um espaço possível e privilegiado onde a brincadeira e o jogo sejam

concretizados.

A experiência do jogo na escola pode ser uma experiência fundamental ao

indivíduo, já que possibilita maior intimidade com o conhecimento, construção de

resposta, interpretação e assimilação do mundo por meio de um trabalho lúdico.

Porém para muitos professores, a ideia em relação ás brincadeiras na

escola está associada a disfarce, prontidão e passatempo, utilizando-se delas

apenas como recurso didático de sedução.

Quando perde sua dimensão lúdica, sufocada por um uso didático que a

restringe a seu papel técnico, segundo VYGOTSKY (1998), a brincadeira esvazia-

se: a criança explora rapidamente o material. Isso se dá quando, em vez de

aprender brincando, a criança é levada a usar o brinquedo para aprender.

O conteúdo dos jogos pode ser incorporado em projetos pedagógicos: o

professor deve observar participar, enriquecer e incorporar o conteúdo do jogo

espontâneo, sendo que todos os jogos devem ser valorizados.

23

3-CAPITULO III-O PAPEL DA ESCOLA

Na pedagogia tradicional que herdamos do século XIX, onde vários eram os

conceitos em que não considerava o saber que a criança trás de casa, em que o

professor transmite e os educando memoriza todos os conceitos que pelo professor

for passado.

Grandes partes das nossas escolas ainda trabalham baseando-se nessa

concepção, ensinando as crianças através de definições. Essas definições são

utilizadas em uma serie de exercícios para treinamento e memorização. Nas series

inicias a quantidade de informações é menor, mas cada etapa o mesmo conjunto de

informações vai sendo retomado e complementado. Nesse modo de considerar o

ensino, está fixado na língua e se impõe ao individuo. Daí a importância atribuída a

exposição das informações pelo professor ou pelo livro didático, considerada

determinante para aprendê-lo.

A expressão da criança e suas elaborações não são levadas em conta.

Sendo a brincadeira uma atividade fundamental da criança, através do

lúdico, segundo VYGOTSKY (1998), a criança elabora conceitos, fala se expressa,

relaciona-se com seus companheiros, e com eles, num movimento partilhado, dá

sentido às coisas da vida.

Muitas são as concepções sobre o lugar e a importância da brincadeira na

pratica pedagógica: “a criança vai à escola para aprender e não para se divertir”.

Para essa visão a concepção “é preciso separar a brincadeira de tarefa séria”. O

tempo ocupado pelas brincadeiras é determinado pela idade das crianças e pelo

andamento da programação pedagógica.

Existe, porém, a concepção segundo o qual “brincando a criança aprende”

que pode ser traduzida em métodos educacionais que valorizam a brincadeira e

procuram evitar uma distinção rígida entre o jogo e tarefas sérias, podendo o lúdico

ser introduzido como importante recurso didático, ou especialmente nas series

iniciais, todo o trabalho pedagógico baseado na brincadeira FRIEDMAN afirma que:

O jogo não é somente um divertimento ou uma recreação. Não é necessário provar que os jogos em grupo são uma atividade natural e que satisfazem à atividade humana: o que é necessário é justificar seu uso dentro da sala de aula. As crianças muitas vezes aprende mais por meio dos jogos em grupo do que de lições de exercícios. (1996, p.35).

Logo, a atividade lúdica é essencial para o desenvolvimento da criança

principalmente nas séries iniciais.

Brincar na escola não é mesma coisa que brincar em casa ou na rua. O

cotidiano escolar é marcado pelas características, pelas funções e pelo modo de

funcionamento das instituições. É um lugar destinado à apropriação e elaboração

pela criança de determinados conteúdos, do saber construído, e a brincadeira é

negada, secundarizada ou vinculada aos objetivos didáticos. Na escola existe o

professor, que conduz intencionalmente as brincadeiras (quando elas acontecem),

procurando alcançar seu objetivo de “diversificar” a metodologia de ensino. Brincar

é, sem duvida, uma forma de aprender, mas é muito mais que isso.

Brincar é experimentar-se, relacionar-se, expressar-se, ser. Quando a

brincadeira perde sua dimensão lúdica, sufocada por um só didático que as restringe

a seu papel técnico, a brincadeira esvazia-se: a criança explora rapidamente o

material, esgotando-se, isso se dá, quando, ao invés de aprender brincando, a

criança é levada a usar o brinquedo para aprender.

As brincadeiras têm sido incentivadas e consideradas atividades

fundamentais para as crianças, permitindo-nos conhecer seus modos e percursos de

apropriação do mundo, podendo voltar ao nosso olhar não apenas para aquilo que

elas fazem mas para o “como” elas fazem. Assim, podemos buscar um novo sentido

para nosso trabalho pedagógico: conhecer criança para trabalhar com ela, para

brincar com ela, para aprender com ela.

3.1 O LÚDICO NA EDUCAÇÃO: A BRINCADEIRA E O JOGO

A palavra lúdico, segundo AUTOR (ANO), vem de ludos, de origem latina,

derivada de ludere, além disso, ela significa aquela capacidade do ser humano de

dar outro sentido a uma situação, uma ação ou um objeto.

Através do brinquedo a criança compreende o mundo em que vive e é

chamada a mudá-lo agindo sobre ele.

O brincar, segundo SILVA (2005), é reconhecido amplamente como

atividade importante para o desenvolvimento infantil. É brincando que a criança

mergulha na vida, podendo ajustar-se ás expectativas sociais e familiares. A

25

autoestima muito significante é fortalecida e, através de experiências emocionais e

cognitivas que o brincar oferece, as crianças podem se beneficiar em seu

crescimento pessoal.

O prazer não pode ser visto como uma característica definidora do

brinquedo. Brinquedo, segundo KISHIMOTO (2001), preenche as necessidades da

criança, pois ao brincar a criança age e é essa ação que é o ponto fundamental do

brinquedo.

Para agir a criança faz uso da imaginação, desenvolvendo-se, não existe

brinquedo sem regras. A situação imaginaria de qualquer forma de brinquedo,

segundo SILVA (2005), já contem regras de comportamento, embora não possa ser

um jogo com regras formais, mas, de forma implícita, sempre haverá regras.

A ação numa situação imaginária ensina a criança a dirigir seu

comportamento não somente pela percepção imediata dos objetivos, mas pelo

significado dessa situação.

No brinquedo, segundo KISHIMOTO (2001), a criança é livre para

determinar suas próprias ações. No entanto, me outro sentido, é uma liberdade

ilusória, pois suas ações são de fato subordinadas aos significados dos objetivos e a

criança age de acordo com eles.

Brincar não é “passar tempo”, mas ter oportunidade para agir e desenvolver-

se, daí a importância do brinquedo e do estimulo de brincar.

O processo de aprender através de jogos e brincadeiras incluem ação e

sistematização de conhecimento. Esse processo varia de acordo com o

desenvolvimento cognitivo da criança.

3.2-JOGOS E BRINCADEIRAS NAS SÉRIES INICIAIS.

A ludicidade é uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não

pode ser vista apenas como uma diversão.

O jogo vai além da diversão, da interação humana, extrapola esse campo de

sentido e vivencia humana para além desta condição, pois na pratica de jogos existe

emoção, subjetividade além de emoção.

26

...O joga é uma atividade natural do desenvolvimento dos processos psicológicos básicos supõe um fazer sem obrigações externas e imposta, embora demande exigências, normas e controle... No jogo mediante a articulação entre o conhecido e o imaginário, desenvolve-se o auto-conhecimento dos outros o que se pode esperar e em que circunstancias. (BRASIL,2001,p.48)

A brincadeira é um espaço de aprendizagem onde a criança atua além do

seu comportamento cotidiano e das de sua idade.

Para a criança a brincadeira é a melhor maneira de se comunicar, é um meio

para perguntar e explicar. É um instrumento que ela tem para se relacionar com

outras crianças.

Segundo VYGOTSKY (1989), citado por LA TAILLE (1992, p.29), “as

maiores aquisições de uma criança são conseguidas no brinquedo, aquisições que

no futuro torna-se ao seu nível básico de ações real e na moralidade... é no

brinquedo que a criança aprende agir numa esfera cognitiva”.

Segundo o autor, a criança comporta-se de forma mais avançada do que

nas atividades de vida real, tanto pela vivencia de uma situação imaginaria quanto

pela capacidade de subordinação as regras.

Brincar, jogar, são atividades fundamentais na vida da criança, isto é ela faz

na rua, em casa, enfim, em seu cotidiano. Nas escolas, a brincadeira e o lúdico não

podem ser encarados de uma forma diferente, pois são estímulos importantes ao

desenvolvimento e a aprendizagem da criança. Segundo ANTUNES,

Toda criança vive agitada em intenso processo de desenvolvimento corporal e mental. Nesse desenvolvimento se expressa a própria natureza da evolução e esta exige a cada instante uma nova função e exploração de nova habilidade. Essas funções e essas habilidades, ao entrarem em ação impedem a criança a buscar um tipo de atividade que lhe permita manifestar-se de forma mais completa. A imprescindível “linguagem” dessa atividade e o brincar e o jogo. Portanto a brincadeira infantil está muito relacionada a estímulos inteiros que a continência exterior. A criança não é atraída por um jogo por formas externas inerentemente ao jogo e sim por uma força interna, pela chama acesa de sua evolução. É por essa chama que busca meio exterior os jogos que lhe permitem satisfazer a necessidade imperiosa posta por seu crescimento. (2002, p.37).

É importante que os educadores reconheçam a necessidade de adotar jogos

e brincadeiras na prática pedagógica, bem como ser capaz de diferenciar o lúdico-

lúdico do lúdico pedagógicos, pois ambos são indispensáveis no processo ensino

aprendizagem, cada qual com sua função específica.

... o elemento que separa um jogo pedagógico de um outro de caráter apenas lúdico que os jogos e brinquedos pedagógicos são desenvolvidos

27

com intenção implícita de provocar uma aprendizagem significativa, estimular a construção de um novo conhecimento e, principalmente, despertar o desenvolvimento de uma habilidade operatória. (ANTUNES, 2000, p.38).

A utilização de jogos e brincadeiras no processo pedagógico faz despertar o

gosto para vida, além de levar as crianças a enfrentarem os desafios que lhes

surgirem.

Portanto é da responsabilidade de cada professor motivar suas aulas,

tornando as atividades prazerosas, preparando a criança para que esta se constitua

um sujeito critico de sua própria ação e do meio em que vive.

Jogos e brincadeiras são excelentes oportunidades de medição entre o

prazer e o conhecimento.

Segundo Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997, p.48)

Por meio de jogos as crianças não apenas vivenciam situações e repetem, mas aprendem a lidar com símbolos e a pensar por analogias (jogos simbólicos) os significados das coisas passam a ser imaginados por elas. Ao criarem essas analogias tornam-se produtoras de linguagem, criadores de convenções, capacitando-se para submeter as regras e dar explicações.

Ao dar importância aos saberes dos jogos e brincadeiras a escola pode

contribuir para a superação do medo que alguma criança revele ao relatar de certas

disciplinas.

Muitos jogos infantis fazem parte do folclore brasileiro tornando-se assim

parte da cultura dos alunos, onde cada região tem sua própria cultura. Os jogos

populares, ao lado dos acalantos, parlendas, adivinhas e cantigas de roda, estão

reunidos sob o titulo de “Folclore Infantil”. Os jogos tradicionais, como amarelinha, o

esconde-esconde, a queimada, a cabra cega, etc., são encontrados, nas diferentes

regiões do mundo: Portugal, Espanha, França, Itália e outros.

Estudos mostram que as áreas da inteligência podem ser estimuladas

através de utilização de um jogo de natureza material ou até mesmo, verbal, incluem

as dimensões: linguística, lógico-matemática, espacial, musical, sinestésico-

corporal, naturalista, intrapessoal e interpessoal. Já na área de inteligência temos

como exemplo o jogo da forca, bingo gramatical e telefone sem fio. Na inteligência

lógico-matemática e dominó, jogos das tampinhas, jogo das formas e baralho de

contas. Nas inteligências espaciais temos o jogo da sucessão, jogo da memória e

damas.

28

É importante destacar também as brincadeiras de rodas que além de ser um

passatempo para as crianças torna se uma parte integrante para o aprendizado da

mesma já que estará desenvolvendo varias áreas do aprendizado tais como, a

coordenação motora, a oralidade, e o ritmo.

Essas brincadeiras podem ser usadas em sala de aula, como métodos de

aprendizagem, bastando apenas que o professor faça as adaptações necessárias de

acordo com os conteúdos trabalhados, a qual não deve ser pensada como um

momento estanque, separado de outras atividades, mas sim como parte integrante

do contexto.

Adivinhas e parlendas são atividades que caem muito bem para a sala de

aula, são brincadeiras populares e contribuírem para o enriquecimento da

aprendizagem.

O jogo de bingo apresenta características bastante significativas na sala de

aula por satisfazer uma necessidade de jogar em dupla, tendo estas aliadas formas

de comunicação.

O jogo da memória contribui para o processo de aprendizagem, uma vez

que através deste jogo a criança amplia seu universo de conhecimento, além de

proporcionar momentos de muito prazer. PETRY e QUEVEDO (1994), afirmam que

o jogo da memória para a criança proporciona momentos de muito prazer, porque

nele está presente o encanto da descoberta.

O jogo de dominó e quebra-cabeça são atividades que proporcionam

exercícios que desenvolvam varias habilidades. Ainda através deste tipo de jogo as

crianças são capas de realizar outras diversas atividades que exijam esforço

cognitivo.

Os jogos requer concentração de atenção e mobilização de habilidades, são

muito úteis, pois através deles, as crianças exercitam-se e aprendem alegremente.

Segundo ANTUNES (2000, p.39),

Existem dois aspectos cruciais no emprego dos jogos como instrumentos de uma aprendizagem significativa. Em primeiro lugar o jogo ocasional, distante de uma cuidadosa e planejada programação, é tão ineficaz quanto um único momento de exercícios aeróbicos para quem pretende ganhar maior mobilidade física e, em segundo lugar, uma grande quantidade de jogos reunidos em um manual somente tem valida afetiva quando rigorosamente selecionados e subordinados à aprendizagem que se tem em meta.

29

Constata-se que os jogos e brincadeiras só tem valor quando empregados

na hora certa e com objetivos traçados.

Os jogos devem ser utilizados somente quando a programação possibilitar e somente quando se constituírem em um auxilio eficiente ao alcance de um objetivo dentro dessa programação. De uma certa forma, a elaboração do programa deve ser precedida do conhecimento dos jogos específicos e na medida em que estes aparecem na proposta pedagógica,é que devem ser aplicados, sempre com o espírito critico para mantê-los, alterá-lo, substituí-los por outros ao se perceber que ficaram distantes desses objetivos. Assim, o jogo somente tem validade se usado pelo seu caráter desafiador, pelo interesse do aluno e pelo objetivo proposto. Jamais deve ser introduzido antes que o aluno revele maturidade para superar seu desafio e nunca quando o aluno revelar cansaço pela atividade ou tédio por seus resultados. (ANTUNES, 2000, p.40).

Cabe ao professor, tendo em vista a compreensão e o conhecimento da

evolução dos educandos traçar objetivos propondo com clareza de interação, ou

seja, que as crianças, possam desenvolver com as atividades propostas.

ANTUNES (2002, p.37) reforça:

Jamais pense em usar os jogos pedagógicos sem um rigoroso e cuidadoso planejamento, e jamais avalie sua qualidade de professor pela quantidade de jogos que emprega e sim pela quantidade d jogos que se preocupou em pesquisar e selecionar.

Para várias modalidades de jogos, existem alguns critérios que devem ser

seguido exemplo são os jogos que devem ser para dois ou mais jogadores, ou seja,

não pode ser um jogo solitário, nesse caso já não é mais jogo e sim brincadeira.

Essa formação facilita a troca de informação, a colaboração das conclusões e

contribui para as dedicações das estratégias entre os alunos participantes também

facilita o trabalho de questões por parte do professor.

O jogo deve ter regras pré-estabelecidas que não possam ser modificadas

no decorrer de uma rodada.

As regras devem ser formuladas de modo que, ao final só haja um vencedor.

O jogo não deve ser apenas mecânico e sem significado para os alunos.

O jogo deve permitir que cada jogador possa fazer a jogada dentro das

regras.

É importante ressaltar que a capacidade e o interesse das crianças na

execução de jogos e brincadeiras muitas vezes nos surpreendem, principalmente

quando fazemos uma comparação entre outras atividades paralelas ou ainda

30

quando transferimos nossas dificuldades ou nossos interesses para estas

atividades.

De acordo com PCN,

Um aspecto relevante nos jogos é o desafio genuíno que eles provocam ao aluno, que gera interesse e prazer. Por isso, é importante que os jogos façam parte da cultura escolar, cabendo ao professor analisar e avaliar a potencialidade educativa dos diferentes jogos e o aspecto curricular que se deseja desenvolver. (BRASIL 2001, p.49).

Cabe ressaltar, no entanto, que o uso das brincadeiras e dos jogos deve

abranger todas as áreas, pois se constitui num elemento interdisciplinar. O professor

deve utilizar-se de variedades de jogos e brincadeiras em todas as áreas de ensino,

pois, os alunos não conseguem concentrar-se numa atividade mais do que uma

limitada parcela de tempo, assim prestem atenção e se entusiasme com a aula,

consequentemente aprendam o conteúdo.

3.3- JOGOS NA APRENDIZAGEM

A dinâmica cultural das brincadeiras atua sobre os jogos desde o inicio da

criação humana, fazendo-se evoluir a cada época, cabendo ao ser humano adapta-

las aos tempos atuais, sem perder os elos tradicionais.

Sabemos que hoje as crianças quase não brincam, estão trocando as

brincadeiras tradicionais pelos brinquedos eletrônicos. Até mesmo a escola hoje se

preocupa mais com o conteúdo do que com as brincadeiras, muitas vezes sem

imaginar que educar brincando, desenvolve a criatividade infantil.

Portanto, é importante que se mostre ao educando o quanto às brincadeiras

e os jogos são divertidos e importantes na aprendizagem. Sabemos que as

brincadeiras não são fórmulas mágicas que solucionam os problemas, porém

ajudam no desenvolvimento intelectual do aluno, facilitando a aprendizagem.

De acordo com ANTUNES (2002, p.36),

Durante muito tempo confundiu-se nesse contexto, o aluno era um agente passivo da aprendizagem e o professor um transmissor não necessariamente presente nas necessidades do aluno. Acredita-se que toda aprendizagem ocorrida pela repetição e que os alunos que não aprendam eram responsáveis por essa deficiência e, portanto merecedores do castigo da reprovação... sabe-se que não existe ensino sem aprendizagem, e esta não acontece senão pela transformação, pela ação facilitadora do professor no processo de busca do conhecimento que deve sempre partir do aluno.

31

Portanto, cabe aos professores esmolar essa atividade junto aos educandos

criando sempre oportunidades para que eles possam brincar exigindo do professor

muito desprendimento, pois os mesmos possuem singularidades.

As atividades lúdicas são essências no ensino aprendizagem elas constroem

um rico aprendizado, envolvendo as varas dimensões da personalidade: afetiva

motora e cognitiva com atividades física e mental que mobiliza as funções e

operações a ludicidade aciona as esteiras motora e cognitiva e à medida que gera

envolvimento emocional apela para a esfera afetiva.

Assim sendo vê-se que atividade lúdica se assemelha a atividade artística

como um elemento integrador dos vários aspectos da personalidade. O ser que

brinca e joga é também o ser que age sente pensa aprende e se desenvolve.

As brincadeiras podem contribuir significativamente para o processo de

construção do conhecimento da criança como mediador da aprendizagem. Sabemos

que a criança vive um intenso processo de desenvolvimento.

O lúdico é um fato didático importante e indispensável no processo de

ensino aprendizagem, o mesmo tem como objetivo, motivar os alunos.

As brincadeiras devem ser utilizadas como propostas pedagógicas, com a

intenção especa de promover uma aprendizagem significativa, desenvolver

habilidades em toda e qualquer área do conhecimento, possibilitando a

compreensão e a intervenção do aluno nos fenômenos culturais.

Sendo assim é indispensável a aplicação de atividades de cultura local nas

escolas, porque é brincando que o educando se sentira motivado a aprender ao

mesmo tempo que brinca.

3.4- JOGO, BRINQUEDO E BRINCADEIRA

A recreação é de suma importância no mundo infantil, sendo que todo ser

humano tem necessidade de alguma coisa, quer seja de ordem física e emocional. A

criança tem suas necessidades peliculares, assim como o adolescente, o adulto e o

idoso. Para a criança essa necessidade é muito importante, porque o limite de

conhecimento é pouco e a medida que vão descobrindo, o mundo que o cercam, e

vão compreendendo o que querem realmente.

32

A recreação deve ser bem escolhida e dosada de modo a satisfazer ambos

os sexos em todas as idades. Isso de acordo com os interesses varados idade das

crianças.

De acordo com a autora KISHIMOTO (1999), definir o jogo não é tarefa fácil,

pois a palavra pode ser entendida de vários modos. Pode-se estar falando de jogos

políticos, amarelinha, xadrez, adivinhas, contar infinidade de outros. Embora os

jogos recebam a mesma dominação, cada um tem a sua especialidade, como por

exemplo, no Faz-de-conta é necessário o uso da manipulação dos objetos, outros

requerem a habilidade manual de operacionalização. Nos jogos políticos estão

sempre presentes as estratégias e a astúcia.

A variedade de fenômenos considerados como jogos mostra a complexidade

da tarefa de defini-lo.

Sendo assim o jogo, passa a ter um sentido que cada parte pertencente

sociedade. Dependendo do lugar e da época, os jogos passam a ter significados

parecidos. Conforme os valores e costumes e crenças na qual vive o individuo na

sociedade.

Quando alguém joga, executa as regras do jogo e, ao mesmo tempo

desenvolve uma atividade lúdica.

O brinquedo é visto como objeto, que dá suporte ás brincadeiras. É o

estimulante material para fazer fluir o imaginário infantil.

A brincadeira é a ação que a criança desenvolve ao mergulhar na ação

lúdica.

Porém, vários autores referem-se ao lúdico (jogos, brincadeiras e diversões)

como jogos desde cantigas de roda tradicionais aos jogos que envolvam números e

regras, como xadrez, bingo, etc.

O jogo é reconhecido como meio de fornecer à criança um ambiente

agradável, motivador, planejado e enriquecido, que possibilita a aprendizagem de

varas habilidades. A aprendizagem é o processo de modificação da conduta por

treinamento e experiências, varando da simples aquisição de hábito as complexas.

Por desenvolvimento a designação do ato de desenvolver progredir crescimento

33

paulatino. A brincadeira infantil é um importante mecanismo para o desenvolvimento

da aprendizagem da criança.

PIAGET (1976), diz que a atividade lúdica é o berço obrigatório das

atividades intelectuais da criança. Estas não são apenas uma forma de desafogo ou

entretenimento para gastar energia das crianças, mas meios que enriquecimento e

desenvolvimento intelectual. Ele afirma: que O jogo é, portanto, sob suas duas

formas essenciais de exercícios sensório-motor e de simbolismo, uma atividade

própria, fornecendo a esta seu alimento necessário e transformando o real em

função das necessidades múltiplas do eu.

Sendo assim quando o professor traz subsídios que estimulem a criança

como os jogos elas chegam a uma aprendizagem com significados e estímulos a

inteligência.

Sabemos que o jogo é um fator importante, ele é um elemento indispensável

para o processo de ensino e aprendizagem. Mas a educação pelo jogo deve ser

preocupação básica de todos os professores.

O professor precisa necessariamente, possuir conhecimentos, deve ser

capaz de refletir sobre esses conhecimentos didáticos avaliando suas próprias

práticas.

No aspecto pedagógico, o professor deve compreender as transformações

educacionais por que passa a sociedade atual e reconhecer que já não são lineares,

pois a influência da tecnologia são muitas.

Nos últimos tempos, vem se desenvolvendo grande interesse, muitos

projetos e trabalhos acadêmicos envolvendo métodos lógicos que mas se

identificam como o universo infantil os jogos e os brinquedos.

O aparecimento do jogo e do brinquedo como fator de desenvolvimento

infantil proporcionou em campo amplo de estudo a pesquisa. Já que através dessas

atividades as crianças se desenvolvem afetivamente, convive socialmente e opera

mentalmente. Como bem observa QUEVEDO (1994, p.92):

... O jogo é uma forma de expressar-se; nele ocorrem situações complexas acarretando mobilizações em muitos aspectos da criança. É também durante o jogo que as crianças investigam, formulando seu aspecto moral.

34

O brinquedo e o jogo são produtos de cultura e seu uso permite a inserção

da criança na sociedade.

Brincar é uma necessidade básica, assim como é a nutrição, a saúde, a

habilitação e a educação.

O jogo é essencial a saúde física e mental, segundo ANTUNES (1999, p.46):

”Os jogos produzem uma excitação mental agradável e exercem uma influência

altamente fortificante.”

O jogo permite à criança vivência do mundo adulto e isto possibilita a

medição entre o real e o imaginário.

A simbolização através dos objetos funciona como precondição para o

aparecimento do jogo de papes ou soco dramático.

Este tipo de jogo tem várias denominações: jogo imaginário, jogo de papéis

ou sócio-dramático. A importância desses é ressaltada por pesquisa que mostra sua

eficácia na promoção do desenvolvimento cognitivo e afetivo social da criança.

3.5 – A IMPORTÂNCIA DO CORPO NA APRENDIZAGEM

Estudos mostram que os movimentos corporais, fazem parte do aprendizado

do ser humano e estão ajudando a definir novos princípios para o ensino. De acordo

com CAMPOS, (2001,p.51)

a coordenação motora auxilia muito na aprendizagem do ser humano. Portanto o professor deve aproveitar a agitação da criança e explorá-la em beneficio da sua alfabetização em todas as áreas do conhecimento, pois o ser humano já nasce utilizando-se da linguagem corporal.

Sabemos que a descoberta através do corpo é significativa e de grande

valor que guardamos para sempre. Partindo desse pressuposto percebemos que o

ensino deverá estar totalmente ligado aos movimentos corporais. Para que a criança

possa estar sempre em movimento e não esteja apenas se envolvendo ao mundo

eletrônico.

Hoje a televisão o computador e brinquedos eletrônicos ocupam a maior parte do tempo da criança e sabemos que isso é prejudicial e não proporciona a interação física e afetiva que envolve um aprendizado interativo. Somos conhecedores de que a escola tem um papel fundamental na formação social afetiva e cultural do ser humano. Até mesmo dos problemas que envolvem a família com a relação a criação dos filhos. Sabemos que a cada dia que passa com o corre-corre do dia -a- dia as

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famílias estão deixando de brincar com seus filhos, suprindo sua ausência com brinquedos. (CIASCA, 2003,p.74).

Para COLL, C, PALACIOS, J, MARCHESI, (1996, p.58)

na escola, cabe a mesma resgatar as brincadeiras infantis e levar a criança a brincar ”usar e abusar do corpo”, unindo o útil ao agradável, indo além das brincadeiras na hora do recreio e as aulas de educação física, colocando o corpo no centro do processo de aprendizagem.

Deixar o imaginário fluir para que ocorra uma aprendizagem com

significados tanto para a criança como para o educador, que terá seus objetivos

alcançados quando o lúdico for bem fundamentado fazendo com que a criança

tenha uma formação para chegar a ser um adulto feliz.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os seres humanos, apesar de possuírem características semelhantes,

distinguem-se em diversos fatores, tanto de caráter físico quanto psicológicos, que

devem ser considerados em todos os momentos de sua vida, em especial no

processo de aprendizagem.

A educação ou processo educativo é um processo social que se desenvolve

como um sistema, através da qual se busca ao ato de provocar ou produzir

mudanças comportamentais naqueles indivíduos que se encontram em atividades

educativas.

A família tem papel preponderante no desenvolvimento da criança e as

informações advindas do ambiente familiar podem responder às questões favoráveis

ou desfavoráveis em seu desempenho escolar.

Outras questões também devem ser analisadas, como: pessoas que

convivem com o aluno, relações afetivas, qualidades de comunicações e

oportunidade desenvolvimento e de conquista da autonomia.

Essas situações podem ter interferência direta na aprendizagem. Para atingir

o objetivo proposto é importante que o professor possa fazer uma reflexão de como

se percebe e encara as diferenças individuais de cada discente. E como aceita elas

com suas limitações e características.

A aprendizagem converte-se num fundamento psicológico da educação

porque é essencialmente uma atividade psicológica, através da qual a aquisição de

conhecimento dá-se pela a formação de ações mentais. Faz-se imperioso, é

necessário para tal procedimento, a determinação dos processos de assimilação do

conhecimento com vista do alcance das particularidades de capacitações ou

habilitação da criança para que ocorra a aprendizagem.

Toda criança é capaz de aprender o processo de aprender e fazer de uma

vida escolar. Ela necessita apenas ser motivada, sentir prazer em tudo que a escola

possa lhe oferecer. Para que isso realmente ocorra o professor é peça fundamental

dessa ação deve ser criativo, pois a criatividade é ferramenta importante dentro do

processo educacional. Partindo desse pressuposto, vê-sê estratégia insubstituível a

ser usada como estimula dentro do processo ensino aprendizagem, facilitando assim

a inclusão.

Os jogos e brincadeiras enquanto função educativa propicia a aprendizagem

do educando, seu saber, sua compreensão de mundo, seu conhecimento, tornando-

se uma ferramenta essencial no processo ensino aprendizagem de qualquer

disciplina.

Com base nos resultados conclui-se que os jogos e brincadeiras são

elementos fundamentais e benefícios no processo educativo em geral, no combate a

exclusão e dificuldade de aprendizagem.

O lúdico é um fator importante no processo de ensino-aprendizagem, o

mesmo tem como objetivo, motivar os alunos.

Portanto cabe aos professores das series iniciais estimular essa atividade

junto aos educando criando sempre oportunidades para que eles possam brincar.

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