fatores motivacionais de consultoras natura
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MOTIVAO E SATISFAO DAS CONSULTORAS NATURA
Identificao da intensidade dos fatores motivacionais das
Consultoras Natura
Banca examinadora
Praf. Orientadora Ceclia Bergamini
Praf. Carlos Osmar Bertera
Praf. Roberto Coda
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FUNDAO GETLIO VARGAS
ESCOLA DE ADMINISTRAO DE EMPRESAS DE SO PAULO
ADRIANA DE QUEIROZ FERREIRA LEITE PINTO
OS FATORES DE MOTIVAO DAS CONSULTORAS NATURA
Identificao dos fatores motivacionais das Consultoras Natura
Dissertao apresentada ao Curso de Ps-Graduao da FGV/EAESP
rea de Concentrao: Organizao, Planejamento e Recursos Humanos
como requisito para obteno de ttulo de mestre em Administrao de
Empresas.
Orientadora: Ceclia Bergamini
SO PAULO
2001
Fundao Getulio Vargas
Escola de Administrao
dg Empm lUd dg SAo Psulo
. Biblioteca
1200101144
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NDICE
I. INTRODUO pg.03
1.1. Conceituao do tema pg.05
1.1.1.
Importncia do tema pg.05
1.1.2.
Caracterizao do problema pg.09
1.2.
Objetivo do trabalho pg.11
1.3.
Hiptese a ser testada
pg.13
1 1 . REFERNCIAL TERICO DO TRABALHO pg.14
11.1.1. Conceituao de Motivao pg.14
11.1.2.
Motivao extrnseca e condicionamento pg.17
11.1.3.
Condicionamento Operante pg.20
11.1.4. Teoria dos dois fatores de Herzberg pg.23
11.2.
Conceituao de Venda Direta pg.29
11.2.1.
Entendendo a Venda Direta pg.29
11.2.2. O papel do Canal de distribuio nas Empresas de
Venda Direta
pg.35
11.3. Um caso real: A Natura Cosmticos S.A.
pg.47
11.3.1.
Conhecendo a Natura atravs de sua histria
pg.47
. 11.3.2.
Valores e tica Natura
pg.53
11.3.3.
A Natura e o seu canal de distribuio
pg.57
1 1 1 .
CARACTERSTICAS DA PESQUISA
pg.63
111.1.
Metodologia da Pesquisa
pg.64
111.2.
Problemas enfrentados
pg.66
IV.
RESULTADOS OBTIDOS NA PESQUISA
pg.67
IV.1.
Resultados obtidos na 1 questo
pg.67
IV.2.
Resultados obtidos na 2 questo
pg.70
IV.3.
Resultados obtidos na 3' questo
pg.74
IV.4.
Resultados obtidos na 4 questo
pg.77
IV.S.
Resultados obtidos na 5 questo
pg.80
IV.6.
Resultados obtidos na 6 questo
pg.82
IV.7. Resultados obtidos na 7 questo pg.85
IV.S.
Resultados obtidos na S questo
pg.87
IV.9. Resultados obtidos na 9 questo
pg.90
V.
CONCLUSO FINAL
pg.92
VI.
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
pg.98
VII. ANEXOS
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I. INTRODUO
Ao longo de geraes o Homem vem se dedicando a estudos que facilitem o
entendimento dos fatores que levam os trabalhadores a desempenharem
melhor ou pior suas tarefas.
A complexidade desses estudos ocorre principalmente na identificao dos
fatores relevantes atravs da observao do comportamento humano, pois,
as aes humanas so impulsionadas, portanto motivadas, no s pelo
consciente, como tambm pelo inconsciente.
Apesar dos estudos sobre o conhecimento desses conceitos j estarem
avanados, ainda no foram bem divulgados, nem bem compreendidos no
meio empresarial. O impacto da falta de divulgao desses conceitos no
meio empresarial to grande que a todo momento notamos interpretaes
equivocadas, como se o funcionrio no est motivado, que tal
aumentarmos seu salrio . Isso, sem dvida, leva a aes administrativas
. errneas que no alcanaro os objetivos imaginados.
Com a preocupao de divulgar os conceitos corretos sobre motivao e
necessidades, Archer', inicia seu artigo
O Mito da Motivao,
descrevendo,
de forma clara e objetiva, as cinco principais interpretaes errneas que os
administradores cometem sobre o tema, que so:
uma pessoa pode motivar outra;
a pessoa motivada pela satisfao;
o que motiva a pessoa o que define sua direo positiva e
negativa;
motivao induz ao comportamento positivo e
fatores de motivao e de satisfao so as mesmas coisas
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com o intuito de disseminar mais os avanos nessa rea aos executivos
de empresas e entender melhor
O
impacto desses fatores nas organizaes
atuais, que o estudo em questo tentar aprofundar o entendimento das
reais motivaes das Consultoras Natura - tema de grande importncia aos
executivos da Natura pois poder gerar mudana no tipo do relacionamento
da Natura com suas Consultoras.
o trabalho compreende um estudo terico sobre motivao que abordar
no s o entendimento da psicodinmica da motivao, como tambm
identificar as diferenas entre motivao intrnseca e extrnseca.
importante ressaltar que este estudo terico no pretende exaurir o assunto
mas somente criar um quadro de referncia que ressalte os aspectos mais
importantes pesquisa, pois trata-se de um tema amplo demais.
Ser tambm realizado um estudo sobre o canal de distribuio utilizado
pela Natura Cosmticos, a Venda Direta. Neste ponto, ser aberto espao
para o entendimento da Natura Cosmticos, empresa nacional que ganhou
diversos prmios e que j entrou no ranking das maiores empresas de
Venda Direta de Cosmticos do mundo.
o trabalho apresentar, por ltimo e no menos importante, uma pesquisa
de campo que identificar os fatores de motivao comuns s Consultoras
Natura. Os resultados desta pesquisa serviro para os executivos da Natura
reverem e questionarem a estratgia de fortalecimento da relao com as
Consultoras.
1 ARCHER, E. R. in: BERGAMINI & CODA, O mito da motivao. Psicodinmica da Vida
Organizacional: motivao e Liderana. So Paulo: Biblioteca Pioneira de Administrao e
Negcios, 1990 p.3
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1.1. Conceituao do tema
1.1.1. Importncia do tema
Vive-se hoje uma nova realidade, num cenrio de grande competitividade e
de constante transformao, comparvel ao impacto causado pela revoluo
industrial, em sua poca.
Vivencia-se a Revoluo da informao, que devido a difuso dos Bits,
permite que a informao seja cada vez mais rapidamente difundida e se
torne acessvel a mais pessoas.
Na era Industrial surgiu o conceito de produo em massa, possibilitando
que os produtos se tornassem acessveis a muitas pessoas e as regras do
mercado de consumo fossem ditadas pelas grandes corporaes.
Atualmente, na era da Ps-informao, j notamos tendncias a
individualizao, onde as pessoas e no mais as empresas ditam as regras
da sociedade.
Negroponte, em seu livro A Vida Digital, descreve as principais mudanas
dessa revoluo: ''[. ..] a era industrial, fundamentalmente uma era dos
tomos, deu-nos o conceito de produo em massa [.. .]. A era da informao
e dos computadores mostrou-nos as mesmas economias de escala, mas
menos preocupadas com o espao e o tempo [ ...]. Na era ps-informao, o
pblico que se tem com freqncia, composto de uma nica pessoa. Tudo
feito por encomenda, e a informao extremamente personalizada. 2
Com todas essas mudanas a velocidade dos acontecimentos e as
descobertas aumentam rapidamente e, as organizaes, com a evoluo da
tecnologia de comunicao e transporte, perdem seus limites geogrficos.
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A competitividade e concorrncia que com o desenvolvimento da Era
Industrial a cada dia, a cada ano, se fortaleceram, agora, na Era da
Informao ou no incio da Era da Ps-informao, favoreceram a criao de
foras mais intensas pois praticamente so eliminadas as barreiras
geogrficas.
como se o mundo tenha encolhido.
Diante da expanso da difuso da informao e da acelerao da mesma, o
processo de comunicao e comercializao, que na Era industrial estava
baseado no sentido emissor-receptor ou empresa-consumidor, altera
significativamente passando para o sentido contrrio: receptor-emissor ou
consumidor-empresa. Consequentemente, as pessoas passam a ser mais
valorizadas e ter cada vez mais fora e poder, especialmente na sua
individualidade.
com o advento desse novo cenrio que as empresas'esto sendo foradas
a passar por um profundo processo de reviso de seus conceitos - reviso
de sua estrutura organizacional, de competncias bsicas, de suas relaes
com seu canal de distribuio, com seus clientes e com a sociedade - de
modo a criar diferencial e garantir sua presena nessa nova era.
Essa reviso geral vivenciada pelas empresas, acaba gerando grande
impacto nos conceitos da Administrao e nas prticas utilizadas nas
empresas. Os estudiosos em Administrao tm se dedicado muito aos
relacionamentos e tm reforado a importncia do relacionamento
personalizado com os diversos tipos de pblico, principalmente com os
clientes.
Este ambiente sem fronteiras, de rpidas mudanas e de concorrncia
acirrada aumenta a necessidade das empresas fortalecerem todas as suas
relaes - desde sua relao com acionistas, com clientes, com
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NEGROPONTE, N. A Vida Digital. So Paulo: Companhia das Letras, 1995. p.143
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colaboradores at com seu canal de distribuio, assim como sua relao
com a sociedade. Hoje j possvel notar algumas mudanas na forma das
empresas se relacionarem, pode-se observar que as empresas esto cada
vez mais atuantes nas questes sociais, ambientais, nas questes de bem
estar de seus colaboradores e na forma de se relacionarem com seus
clientes. Existe, por exemplo um rpido crescimento, quase um BOOM , do
interesse sobre o conhecimento de conceitos, como CRM (Customer
Relationship Management), que permite a utilizao de relacionamento
personalizado
com
clientes. Essas mudanas so tentativas de manter e
fortalecer tais relacionamentos, consequentemente aumentar a possibilidade
de identificao dos diversos tipos de grupos com a empresa e assim,
diminuir o efeito da forte concorrncia.
Para questionar, rever e fortalecer esse relacionamento necessrio
inicialmente entender as origens do mesmo, entender porque as pessoas
agem de certa maneira e no de outra, entender o porqu as pessoas optam
por uma empresa e no por outra.
necessrio entender e definir as reais
razes que levaram um grupo de pessoas a exibir determinado
comportamento, ou seja, preciso compreender o que sustenta cada uma
das relaes e as necessidades das pessoas de cada grupo em questo.
Se o fortalecimento de relaes passa a ser a forma mais utilizada pelas
empresas para diminuir a ao da concorrncia e sobreviver na nova
sociedade e, se para se relacionar necessrio entender as partes
envolvidas, o conhecimento se torna a palavra chave desta nova poca.
Falar de relacionamento, hoje em dia, implica falar sobre conhecimento,
porm para conhecer algo no se deve somente absorver o que se diz
conscientemente, necessrio saber ler nas entrelinhas, devendo-se
entender o que se passa na vida interior dos indivduos.
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Muito se tem pesquisado para conhecer os colaboradores, tambm
chamados de funcionrios, porm muito pouco se tem dedicado ao estudo
das relaes entre as empresas e seu canal de distribuio. No entanto,
esse segundo aspecto to importante e crucial para as empresas quanto a
caracterizao de suas relaes com seus funcionrios. Trata-se de um
processo de trocas, e como tal, envolve interao tica onde a atitude de um
deve ir ao encontro da expectativa do outro.
Este estudo representa um primeiro passo para o fortalecimento da relao
da Natura, uma empresa de Venda Direta, com seu canal de distribuio,
tendo como principal objetivo a busca de explicaes, e principalmente,
compreender a relao entre as pessoas que compe o canal de distribuio
das Empresas de Venda Direta e seu trabalho.
Segundo Corey e Kotler': Canal de distribuio, tambm denominado de
canal de comrcio ou canal de marketing, um recurso externo to
importante quanto os recursos internos das empresas, pois o elo de
ligao entre o fabricante e os consumidores.
atravs deste intermedirio
que o fabricante distribui seus bens no mercado.
Kotler utiliza a definio de Stern
EL-Ansary para Canal de Distribuio:
Os canais de Marketing podem ser vistos com um conjunto de organizaes
interdependentes, envolvidas no processo de tornar o produto ou servio
disponvel para uso ou
consumo.
Complementando a definio, Kotler ressalta a importncia do conhecimento
sobre o canal de distribuio: Estimular os participantes do Canal para um ':,
desempenho elevado deve comear com a compreenso do fabricante sobre
3 COREY, R. E.. in: KOTLER, P. Administrao de Marketing: Anlise, planejamento,
implementao e controle. 4' ed. So Paulo: Atlas, 1996. P. 592
4 STERN & EL-ANSARY. in: KOTLER, P. Op. Cit. p. 592
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as necessidade e desejos de seus intermedirios
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O mais importante que
tais necessidades e desejos encontrem seus fatores de satisfao.
Sendo assim, este estudo que procurar entender e identificar as
necessidades e desejos das pessoas que formam o canal da Natura - as
Consultoras Natura -, torna-se ainda mais crtico caso seja considerado que
abordar um setor empresarial, CFT - Cosmticos, Fragrncias e Toillet, e
um canal de distribuio, Venda Direta,
muito pouco estudados.
Pouqussima hoje a bibliografia existente a respeito de Venda Direta no
mundo. J no Brasil essa bibliografia se torna, ento, praticamente
inexistente.
1.1.2. Caracterizao do problema
A Natura Cosmticos est passando por um perodo de reviso de princpios
e conceitos que at ento eram considerados verdades inquestionveis,
assim como a maioria das organizaes, se viu diante da necessidade de
questionar aquilo que funcionara bem por muitos anos.
Hoje, a Empresa que foi fundada h 30 anos baseada em uma forma pouco
usual no Brasil de se distribuir produtos - Venda Direta - que nos ltimos
anos cresceu em um ritmo altssimo de 30% ao ano, depara-se com a
concorrncia crescente de empresas multinacionais que sem limites
geogrficos invadem o Brasil. Nos ltimos anos podemos observar a entrada
de outras organizaes, tais como Nu Skin, Mary Kay, Nature's Sunshines,
Yakult.
Essa concorrncia aliada a mudanas no comportamento econmico
mundial, onde as empresas j se preparam para se relacionar
5 KOTLER, P. Op. Cit. p. 604
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diferentemente com as pessoas, vm dificultando o relacionamento da
Natura com seu Canal de Distribuio.
Apesar da Natura Cosmticos ainda ser considerada mundialmente uma
das Empresas de Venda Direta - venda baseada no contato pessoal - com
maior ndice de reteno do canal, atualmente passa por um perodo de
diminuio constante desse ndice. Alm da diminuio de desempenho
desse indicador, a Empresa tambm se depara com uma queda visvel da
produtividade do Canal.
A queda de desempenho desses dois indicadores e o crescimento da
concorrncia no Brasil, especificamente o crescimento da concorrncia no
setor de Venda Direta e de cosmticos, em geral faz com que a Natura
recorra ao fortalecimento da relao da Natura - Consultoras, seu principal
canal de distribuio.
neste contexto .que este trabalho procura entender os fatores que
impulsionam as Consultoras Natura a optarem por revender seus produtos e
a permanecerem por anos vendendo esses produtos. Descobrindo quais so
esses fatores, a Natura poder rever sua estratgia de relacionamento com
o canal, de forma a melhorar os indicadores de desempenho do mesmo.
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1.2. Objetivo do Trabalho
o
objetivo central dessa pesquisa investigar a relao existente entre a
Natura e suas Consultoras procurando identificar fatores motivacionais
intrnsecos comuns a essas consultoras. Aquilo que se pretende encontrar
indicadores que permitam re-equacionar o vnculo empresa/consultoras.
Aquilo que se visa, portanto, no presente trabalho chegar ao conhecimento
to prximo quanto possvel do sentido que as consultoras Natura do ao
seu trabalho e aos produtos que representam junto aos seus clientes para se
tornar possvel a criao e desenvolvimento de uma estratgia de
fortalecimento da relao Natura-Consultora.
No intuito de alcanar seu objetivo central, o estudo se basear inicialmente
em uma reviso bibliogrfica sobre os principais temas relacionados ao
assunto e uma pesquisa emprica sobre o tema:
Estudo terico preliminar sobre Motivao;
Estudo terico sobre a Venda Direta , uma forma de distribuio de
produtos, e a importncia do seu canal;
Levantamento de informaes sobre a Natura, sua razo de ser, suas
crenas e valores;
Pesquisa estatstica que identifique os fatores motivacionais mais
freqentes das Consultoras Natura.
Para tanto, os objetivos secundrios desse trabalho so:
11. Entender os conceitos de motivao intrnseca e extrnseca
111. Explorar e analisar a teoria de motivao intrnseca de Herzberg
IV. Caracterizar e entender o funcionamento do Canal de distribuio
Venda Direta identificando seus principais elementos
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V. Caracterizar a Natura, uma empresa brasileira, que devido as suas
peculiaridades e seu sucesso vem atraindo a ateno do mercado
internacional
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1.3. Hiptese a ser testada
Uma vez decidido o objetivo central do estudo e o referencial terico que a
pesquisa utilizar, a teoria da motivao e higiene formulada por Herzberg, o
estudo procurar identificar a existncia de fatores motivacionaiscomuns s
Consultoras Natura.
Desta forma, a hiptese central deste estudo :
As consultoras Natura so intrinsecamente motivadas para o
trabalho.
o
estudo ainda contar com a seguinte hiptese secundria e
complementar:
Existem mais fatores motivacionais comuns s Consultoras Natura em
relao ao trabalho, do que fatores higinicos.
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11. REFERENCIAL TERICO DO TRABALHO
11.1. Conceituao de Motivao
Motivao um tema que h muito tempo vem despertando a curiosidade do
Homem: Apesar de grandes discusses em torno do assunto e de vrios
estudiosos j terem discorrido sobre o assunto, a nica certeza que se tem
que existe um grande espao para estudos neste ramo.
o ponto de partida para o entendimento do conceito de motivao
caracterizar que as pessoas so diferentes umas das outras. Cada um tem
uma experincia de vida nica e portanto necessidades, expectativas e
comportamentos tambm nicos.
a procura da satisfao das suas necessidades, menos atendidas e
portanto mais fortes, que faz com que cada pessoa tenha determinado
comportamento, por meio do qual buscar, de alguma forma, diminuir a
tenso causada por essas necessidades no atendidas e consequentemente
saci-Ias.
'Sendo assim, quando se estuda motivao, de alguma forma, estuda-se
tambm o comportamento humano energizado por suas necessidades.
Maslow em seu livro
Motivation and Personality
explica isso quando diz
que [...] o estudo da motivao precisa ser em parte o estudo das
necessidades ou' desejos do ser humano e no pode neglicenciar o
inconsciente das pessoas'
trad. por
Outro ponto fundamental para o estudo da motivao o entendimento e
conceituao das diferenas entre motivao, necessidade,
6 MASLOW, A. M. Motivation and Personality. New York: Harper
Row Publishers, 1970.
p.22
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condicionamento e satisfao. Sem esses conceitos no ser possvel
avanar no conhecimento das teorias e compreender os principais estudos
sobre o assunto, nem mesmo criar e interpretar pesquisas.
Os estudos sobre motivao, desta forma, procuram entender os
mecanismos que regem a motivao, ou seja, entender como as carncias
internas levam os indivduos a agirem de determinada maneira. Procuram,
sobretudo, responder a trs perguntas bsicas:
Como se d a psicodinmica motivacional;
Quais as necessidades internas que impulsionam o comportamento, ou
seja, o que direciona o comportamento;
Quais as reaes que os indivduos tem para saciar suas necessidade.
Archer' inicia a sua conceituao sobre motivao, recorrendo ao dicionrio
Webster's. Motivao, segundo ele, tem origem em um motivo que por sua
vez uma necessidade que atua sobre o intelecto e que faz com que a
pessoa aja . Assim, as aes das pessoas procuram sempre saciar uma
necessidade e quando isso ocorre as pessoas sem tornam satisfeitas.
Nesta perspectiva, satisfao no pode nunca ser confundida com
motivao, pois em ltima anlise seu oposto, ou seja, fator de satisfao
justamente o que finaliza a motivao: [...] um motivador nada mais do
que um motivo - uma necessidade, por definio. Por outro lado, fator de
satisfao alguma coisa que satisfaz uma necessidade. Satisfao o
atendimento de uma necessidade ou sua eliminao. Dentro do contexto
destas definies, um motivador e um fator de satisfao, em lugar de serem
a mesma coisa, so a anttese um do outro (ArcherB).
7 ARCHER.
o
mito da motivao in: BERGAMINI CODA. Psicodinmica da vida
Organizacional: motivao e liderana. So Paulo: Livraria Pioneira Editora, 1990. p. 4
6 ARCHER. O mito da motivao in: BERGAMINI & CODA. Op. Cit. p. 43
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A sede, como exemplifica Archer, leva uma pessoa a buscar gua. Quando a
pessoa toma gua, a sede acaba. Se a pessoa no est com sede ela no
agir de forma a conseguir gua. Com este exemplo Archer mostra, de forma
muito clara, que satisfao e necessidade so conceitos opostos: sede a
necessidade/motivo e gua o fa~orde satisfao, que em ltima instncia
elimina a motivao/necessidade.
Leboyer' ao descrever e conceituar motivao prope que motivao seja
um processo que implica vontade de efetuar um trabalho ou de atingir um
objetivo. Sendo assim, para a autora motivao uma questo de vontade
interior de fazer algo.
Reforando esta posio, Bergamini, em seu livro
Psicologia Aplicada
Administrao de Empresas, segue pelo mesmo caminho, dizendo que
''[...] a motivao humana; como fenmeno psicolgico, caracteriza-se por
um conjunto de fatores dinmicos existentes na personalidade, que
determinam a conduta de cada urn.? . Para a autora, o comportamento
motivacional impulsionado tanto pelo consciente como pelo inconsciente.
De acordo com esses trs autores , Bergamini, Leboyer e Archer, motivao
surge ento somente das necessidade internas do ser humano. por isso
que pessoas que realizam o mesmo trabalho tm diferentes desempenhos -
so diferentes entre si, possuindo diferentes norteadores do comportamento
motivacional
Maslow , um dos principais estudiosos sobre necessidades, tambm
compartilha dessa idia quando diz que o indivduo pode perceber
conscientemente sua necessidade ou no, porm ela sempre ser algo que
9 LEBOYER, C. L. A crise das Motivaes. So Paulo: Atlas,
1994.
10 BERGANIMI, C. W. Psicologia aplicada Administrao de Empresas: psicologia do
comportamento humano na empresa. So Paulo: Atlas,
1973.
p. 85
11 MASLOW, A. M. Motivation and Personality. New York: HarperS Row Publishers,
1970,
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surge dentro do indivduo. H, dessa forma, sempre uma necessidade
impulsionando a pessoa rumo a um fator de satisfao, ou melhor, a um
objetivo motivacional.
Para ele a necessidade que estiver mais fortemente presente no indivduo
ser aquela que aparecer, ou melhor, definir o comportamento. Assim que
esta necessidade totalmente ou parcialmente saciada, sua tenso diminui
e uma nova necessidade passa a determinar a orientao do
comportamento. Este estudo j identificou que Motivao, surge de um
motivo ou necessidade interna ao indivduo, que gera uma tenso, que por
sua vez impulsiona a pessoa a agir de forma a minimizar essa tenso e
consequentemente satisfaz-Ia.
Para a compreenso mais completa de motivao falta ainda conceituar e
diferenciar motivao intrnseca e extrnseca, definir condicionamento e, por
ltimo, explorar os tipos de motivos e suas conseqncias no
comportamento humano, ou seja, aprofundar o entendimento de motivao
e as formas que os motivos/necessidades so saciados.
11.1.1.Motivao extrnseca e condicionamento
A diferenciao de motivao extrnseca e intrnseca inicia-se com a
percepo de que o comportamento humano influenciado tanto por fatores
internos aos indivduos como por fatores externos.
Por exemplo, uma criana que no gosta de determinado alimento, pode
com-lo simplesmente porque seus pais prometeram um brinquedo e uma
outra criana que tambm no gosta de tal alimento pode com-lo porque
tem fome. A ao da primeira criana foi influenciada por um fator externo,
enquanto o comportamento da segunda, por um fator interno.
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Segundo Berqarnini , o comportamento resultante a um estmulo externo,
no deve ser confundido nunca com o comportamento que tem origem a
estmulos internos, pois por serem qualitativamente diferentes, tambm tem
explicaes diferentes. O primeiro comportamento, para a autora, deve ser
chamado de ato motivacional, enquanto o segundo, de condicionamento.
Alm de identificar as diferenas entre os dois tipos de fatores que levam os
indivduos a agir, preciso entender que esses fatores levaro a
comportamentos aparentemente iguais mas em sua essncia muito
diferentes. Os fatores externos levam a comportamentos com a ateno
voltada ao objetivo final, enquanto os fatores internos geram um
comportamento intenso concentrado na prpria ao. Assim, no exemplo
anterior, podemos concluir que o ato de comer da primeira criana est
voltado ao brinquedo, enquanto , a segunda criana est voltada
comida
ao prprio ato de comer. Pode-se notar que o comportamento gerado por um
fator externo leva
manipulao por alguma outra pessoa, enquanto o
segundo jamais, pois est vinculado aum motivo, necessidade interna
pessoa.
Para Bergamini, fundamental distinguir os dois tipos de comportamento,
pois o comportamento condicionado acaba no momento em que seu
condicionante desaparece, portando deve ser constantemente alimentado. O
comportamento, neste caso precisa ser entendido como um reforador que
no tem o poder de aumentar a satisfao. Por outro lado, o comportamento
gerado por um estmulo interno s acaba quando a necessidade satisfeita
e consequentemente tem o poder de gerar satisfao.
Ao observar a dinmica das organizaes, tambm possvel notar que
pessoas que tm a mesma funo a desempenham de maneiras muito
diferentes: umas podem ser motivadas por determinado fator, por exemplo
12 BERGAMINI, C. W. Motivao nas organizaes, 4
a
. Ed. So Paulo: Atlas, 1997. p. 24
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gosto pelo prprio trabalho, outras por vencer desafio, e outras
simplesmente por um condicionante externo; por exemplo, promessa de
aumento de salrio. Pode-se ainda perceber que se o aumento salarial no
ocorrer, a ltima pessoa deixar de desempenhar a funo com o
envolvimento anterior e que as demais pessoas continuaram a
desempenhando normalmente, pois esto intrinsecamente motivadas.
Tanto Bergamini, em Motivao
13
,
como Archer, no seu artigo
O Mito da
Motivao
14
apresentam a questo de que muitas pessoas confundem
motivao com condicionamento e utilizam as palavras como se fossem
sinnimos. Para ambos, isso
um erro crucial pois esta confuso tem
profundas conseqncias na forma das empresas agirem com as pessoas,
uma vez que influenciam o comportamento com condicionantes externos e
tm como expectativa encontrar comportamentos motivados.
Pavlov, prmio Nobel em medicina de 1904, foi o responsvel pelos estudos
sobre o comportamento condicionado, Em seu livro
Reflexos
Condicionados e
lnibies ,
o autor descreve um dos seus estudos que
demonstra que o comportamento de um co pode ser condicionado ao som
de uma campanhia.
Neste experimento, Pavlov mostrou que o co condicionado mesmo no
vendo ou sentindo o cheiro da comida salivava ao tocar da campanhia pois
estava condicionado a receber comida sempre aps o soar da mesma.
Neste experimento, a campanhia
o fator externo que dispara o
comportamento. O autor ainda conclui que A condio fundamental para
13 BERGANIMI, C. W. Op. Cit., 1997.
14
ARCHER, E. R. in: BERGAMINI, C. W. Psicodinmica da Vida Organizacional: motivao
e liderana. So Paulo: Biblioteca Pioneira de Administrao e Negcios, 1990.
15 PAVLOV, I. P. Reflexos Condicionados e Inibies. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1972.
19
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que se forme um reflexo condicionado a coihcidncia [do estmulo] no
tempo, uma ou vrias vezes seguidas [...
] 1 6
Neste experimento com o co, pode-se observar a principal caracterstica
que diferencia condicionamento de motivao: o fator que impulsiona o
comportamento condicionado externo pessoa, a campainha, enquanto
que o fator que impulsiona um comportamento motivado intrnseco.
Assim, como o co do exemplo de Pavlov, as pessoas tambm so
condicionveis. Nota-se a todo momento que os pais, a escola, as empresas
e demais organizaes agarram-se a fatores condicionantes para controlar o
comportamento dos indivduos. Os pais fazem caras feias ou do broncas
nas crianas, as empresas, do prmios e bnus. Mas o que nenhum dos
dois consegue fazer gerar um comportamento intrinsecamente motivado -
por mais que os pais se esforcem, no conseguem fazer com que uma
criana que no gosta de determinada tarefa a faa bem feita e com
dedicao total; as empresas por mais aumento salarial que dem a
determinado funcionrio, se o colocar desempenhando uma tarefa que no
goste no conseguir um excelente resultado.
11.1.2.Condicionamento Operante
Skinner , elaborou uma experincia com ratos onde os mesmos so
condicionados a se comportarem de forma a acionar um certo dispositivo
para receber alimento. Com o passar do tempo os ratos aprenderam a
repetir o comportamento para serem recompensados. Os mesmos ratos em
um segundo momento passam receber um choque eltrico, punio, toda a
vez que acionam o dispositivo. Com o tempo, os mesmos deixam de acionar
o dispositivo.
16 PAVLOV, I. P. Op. Cit. p.186,187
20
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fcil perceber que nesta experincia, os animais estavam a todo momento
sendo condicionados. Para o autor do experimento, quando o rato era
recompensado por uma ao, recebia um reforo positivo, que fazia com que
ele aumentasse a freqncia de tal comportamento. Por outro lado, quando
recebia uma punio estava recebendo um reforo negativo que levava a
diminuio da freqncia da ao.
Foi baseado neste estudo que Skinner escreveu a teoria do
Condicionamento Operante
que define o conceito do reforo positivo e
negativo.
Para o autor, os reforos positivos e negativos so fatores condicionantes,
que no s condicionam e determinam o comportamento de seus ratos,
como tambm podem influenciar o comportamento humano.
No livro
Cincia e Comportamento Humano,
o autor diz O reforo
operante faz mais que modelar um repertrio comportamental. Aumenta a
eficincia do comportamento e o mantm fortalecido muito tempo, depois
que a aquisio ou a eficincia j tenham perdido o
interesse? . O
autor
ainda completa dizendo que: ''[...] quando o reforo j no estiver sendo
dado, a resposta torna-se menos e menos freqente, o que denomina
extino operante. 19
Segundo, sua teoria, atravs do condicionamento possvel controlar o
comportamento humano, fazendo com que outras pessoas faam o que se
deseja, independentemente de sua vontade. Basta, para tanto, premiar os
comportamentos desejveis e punir os indesejveis.
17 SKINNER, B. F. Cincia e Comportamento Humano. So Paulo: Livraria Martins Fontes
Editora Ltda, 1989.
16 SKINNER, B. F. Op. Cit. p.74
19SKINNER, B. F. Op. Cit. p. 77
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Diferente da linha dos defensores da teoria de Skinner, os defensores da
teoria da motivao, acreditam que por mais que se condicione uma pessoa
ela pode no querer fazer algo simplesmente por que no sente necessidade
para tanto. Alm disso, se tal pessoa tem uma necessidade intrnseca, a
mesma no cessa como no caso de um fator externo, que um reforo
positivo.
o
ponto fundamental destes estudos, no entanto, est concentrado no
entendimento da forma como a pessoa se comporta quando est motivada e
quando est condicionada. Deseja-se entender como e quanto ela se
envolve na atividade.
justamente este ltimo ponto que no pode ser explicado pelo
condicionamento, uma teoria baseada em estmulo-resposta, pois pessoas
condicionadas da mesma maneira acabam apresentando comportamentos
diferentes.
Para Berqarnini=, como as pessoas so diferentes e nicas, nenhuma
pessoa reage a um fator externo da mesma maneira que outra, afinal cada
uma tem uma histria de vida e, consequentemente, necessidades prprias.
Essas necessidades, fatores intrnsecos s pessoas, determinam seu
comportamento diferenciado, sendo assim, a motivao que determina que
pessoas tenham comportamentos to diferentes a condicionantes to
similares.
A autora tambm chama ateno para a questo do condicionamento no
trabalho. Para ela, muitos executivos valorizam fatores externos aos
trabalhadores como fatores motivacionais, por exemplo, no difcil escutar
nas empresa o mito de que salrio motiva. Essa anlise simplista e errnea,
22
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segundo Bergamini, pode gerar grandes problemas, pois as empresas
passam a oferecer inmeros condicionantes acreditando que conseguiro
motivar seus funcionrios. No entanto o que se percebe que o
desempenho se mantm igual, pois outras variveis importantes que esto
em jogo esto sendo deixadas de lado.
mais fcil condicionar do que
conseguir trabalhar como pessoas intrinsecamente motivadas.
11.1.3.Teoria dos dois fatores de Herzberg
Com o objetivo de investigar as fontes de felicidade e infelicidade no trabalho
que poderiam influenciar a relao dos indivduos na vida profissional,
Herzberq , um dos mais importantes estudiosos da motivao na atualidade,
realizou uma pesquisa com funcionrios, contadores e engenheiros, de
empresas de Pittsburg.
Com esta pesquisa, observou que realmente existia uma correlao entre os
fatores ligados ao trabalho e a vida profissional dos funcionrios, na qual os
entrevistados relacionavam a sua felicidade no trabalho a alguns tipos de
fatores e sua infelicidade a outros. Desta maneira, Herzberg identificou que
existem dois tipos de fatores que influenciam a relao do Homem com seu
trabalho: os fatores que influenciam a satisfao no trabalho, mas que no
geram insatisfao e fatores que geram insatisfao e que no interferem na
satisfao.
A pesquisa ainda pde identificar que os entrevistados relacionavam sua
felicidade no trabalho com fatores intrnsecos, inerentes a sua pessoa, e a
sua infelicidade, com fatores extrnsecos. Foi a partir destas descobertas que
o pesquisador formulou a teoria dos dois fatores.
20 BERGAMINI, C. W. Motivao nas organizaes. 4
a
ed. So Paulo: Atlas; 1997. p. 49
23
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De acordo com essa teoria, o comportamento humano influenciado por
duas categorias distintas de fatores: os fatores que influenciam na
satisfao, denominados por Herzberg de fatores motivacionais e os fatores
que influenciam a insatisfao, chamados de higinicos, ou de manuteno.
Enquanto os fatores higinicos so extrnsecos pessoa e se referem s
condies ambientais em que se d o trabalho, tais como, ambiente,
contexto, condies de trabalho e outros fatores externos tarefa em si, os
fatores motivacionais dizem respeito a tudo que se refere prpria tarefa e a
relao da pessoa com a mesma tais como, gosto pela tarefa, vontade de
yencer desafios, entre outros.
Herzberg no livro Motivation to work 22explica seu entendimento pelos
fatores de higiene e motivacionais dizendo:
Entre os fatores de higiene pode-se incluir superviso, relaes interpessoais,
condies fsicas de trabalho, salrio, polticas da empresa [...] Os fatores que
levam atitudes positivas de trabalho satisfazem as necessidade de auto atualizao .
no trabalho. O conceito de auto atualizao, ou auto realizao, assim como os
mais profundos desejos/objetivos vem sendo estudados por vrios pesquisadores.
Op cit
Desta forma, para o autor, os fatores motivacionais tambm esto
relacionados realizao pessoal, ao trabalho em si, ao reconhecimento,
responsabilidade e possibilidade de crescimento pessoal, pois atende s
necessidades internas do ser humano.
Por sua vez, os fatores higinicos, so externos pessoa e esto
relacionados salrios, polticas da organizao, condies de trabalho,
relacionamento com outras pessoas do trabalho e competncia dos
supervisores.
21 HERZBERG et ai (orgs.). Motivation to work. 2
a
ed. New York: John Wiley & Sons Inc,
1964.
24
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Para Herzberg, esses dois tipos de fatores geram comportamentos
totalmente diferentes. Os fatores higinicos servem somente para criar
condies sustentveis de trabalho e o fatores motivacionais fazem com que
as pessoas se satisfaam, se realizem na tarefa.
O ponto nevrlgico, crtico, da teoria de Herzberg que o oposto de
satisfao no insatisfao e sim nenhuma satisfao, da mesma forma, o
oposto de insatisfao no satisfao, mas nenhuma insatisfao.
Para o pesquisador, a existncia positiva dos fatores higinicos no gera
satisfao, enquanto a no realizao ou inexistncia dos mesmos gera
insatisfao. O oposto acontece com os fatores motivacionais, quando no
existentes no geram insatisfao, mas quando existentes e bem sucedidos
geram satisfao.
Reforando o pensamento de Herzberg, Bergamini afirma que necessrio
entender que os fatores higinicos devem ser garantidos para que a .
insatisfao no trabalho seja reduzida, porm para gerar motivao ser
necessrio oferecer os fatores motivacionais.
O quadro I, a seguir, relaciona os principais fatores identificados e
classificados por Herzberg com satisfao e insatisfao. Atravs dele
possvel observar claramente quais os principais fatores que impactam na
satisfao no trabalho e quais que diminuem a insatisfano mesmo.
22
HERZBERG, Mausner, Snyderman. Motivation to work. 2 ed. New York::John Wiley
Sons Inc., 1964.
pg.
113
25
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Fatores que geram insatisfao
Fatores que geram satisfao
30
_ _Wj
191
1_~m W _H< f f i_
20
o
10
20 30
Condies de Trabalho
I
I
Reconhecirrento ~ L = = ; < L = J ~ ~ : : I : m : , :. . ,~ : ; , : : ~ : : ; : : ~
ealizao
I I I L I L
~=,~, m- fm, c
=
I
~~~~~._,' W'~ __ ~ __ > I
I
10
26
40
Quadro I - Diferericiao entre fatores higinicos e motivacionais - adaptado de McGREGOR, D. Motivao e
Liderana. So Paulo 1973 p. 221
Relaes interpessoais
Salrio
Superviso Tecnica
Pol tica e adn inist rao da errpresa
Progresso
Responsabilidade
Trabalho emsi
40
Ainda segundo Herzberg, os fatores motivacionais tornam as pessoas
realizadas com seu trabalho porque atendem s necessidades do homens
relacionadas com crescimento psicolgico e de vencer desafios. Os fatores
de higiene no esto relacionados com esse crescimento, mas por descrever
a relao do homem com seu ambiente, previne a insatisfao no trabalho,
.~
tornando sua vida higienicamente limpa e consequentemente evitando
aborrecimentos.
Essa concluso
fundamental para o entendimento de motivao e para a
construo de novas relaes entre empresas e funcionrios pois aponta
quase que uma hierarquia entre os fatores.
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Torna-se interessante observar que
vivel comparar a teoria de Herzberg
com a teoria da necessidades de Maslow. Se for feita essa comparao,
ser possvel notar que existe uma relao dos fatores higinicos com os
fatores dos trs primeiros nveis da pirmide tais como, necessidades
fisiolgicas, segurana e sociais e que os fatores motivacionais podem ser
comparados com os nveis superiores tais como auto-estima, realizao.
MASLOW
Hierarquia das
Necessidades
HERZBERG
Motivao e
higinie
Auto -realizao
I
Auto-estima
I
Sociais
r . . . .. .
Fisiolgicas I
Segurana I
Fatores
motivacionais
Fatores
higinicos
Quadro 1/ - Comparativo entre a teoria de Maslow e a de Herzberg -
adaptado de HAMPTON. D.
Administrao:
comportamento organizacional.
So Paulo: McGraw-HiII. 1990. P. 173
A comparao entre as duas teorias identifica que existe uma hierarquia
entre os fatores e que todos os tipos de fatores so importantes, pois alguns
quando no atendidos no permitem que outros se tornem latentes. As
coincidncias entre as teorias ressaltam a importncia daqueles fatores que
so comuns entre elas, embora no motivem.
Enquanto Maslow em sua teoria mostra que existe hierarquia das
necessidades, que a necessidade que impulsiona o comportamento a que
est menos atendida e que somente aps a satisfao das necessidades
bsicas possvel buscar as necessidades mais altas da pirmide, Herzberg
afirma que os fatores de higiene so fundamentais para criar um ambiente
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propcio ao desenvolvimento da motivao e que quando inexistentes geram
insatisfao.
Segundo Herzberg, a grande questo em discusso na sua teoria no est
no fato das empresas utilizarem fatores higinicos com seus funcionrios,
pois no h nada de errado quando as empresas oferecerem s pessoas
com quem se relacionam vantagens extrnsecas, uma vez que elas reduziro
a insatisfao e consequentemente deixaro o ambiente propcio ao
desenvolvimento das reais motivaes desses indivduos, isto , um
ambiente de bem estar.
o
erro ocorre no fato das empresas praticamente s utilizarem fatores
extrnsecos esperando elevar a motivao de seus funcionrios. As
empresas esquecem de utilizar os fatores motivacionais, aqueles que
realmente podem fazer com que as pessoas se relacionem de maneira
eficaz e intensa, envolvendo-se no que fazem. Nesse tipo de relacionamento
com a empresa ou em seu trabalho, aflorem seus sentimentos de realizao,
prazer pelo trabalho, crescimento, responsabilidade e tudo aquilo que
realmente gera satisfao rnotivaclonal.
Ser com esta viso, que este estudo procurar identificar os fatores
motivacionais e higinicos das consultoras Natura em relao ao trabalho.
Com o conhecimento desses fatores, a Natura e seus executivos podero
diminuir a nfase nos principais fatores higinicos e criar condies ou
facilitar para que as necessidades motivacionais sejam atendidas e,
consequentemente, a relao da Natura com suas Consultoras seja
fortalecida.
28
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11.2.
Conceituao de Venda Direta
11.2.1. Entendendo a Venda Direta
Venda Direta definida como um sistema de distribuio de bens de
consumo ou servios - um canal de distribuio - movimentado do fabricante
para o consumidor atravs de um grupo de revendedores autnomos. Nela a
distribuio do produto/servio ocorre atravs do contato pessoal entre
vendedor e comprador fora de estabelecimento comercial fixo, geralmente
nos domiclios dos consumidores.
A Venda Direta inicia-se com a explicao e demonstrao do produto e o
desenvolvimento de uma relao pessoal entre o vendedor e o consumidor
final e, se concretiza na entrega do produto que se d, normalmente, pela
mesma pessoa que fez a venda.
Os vendedores diretos, revendedores autnomos, so indivduos que
representam as empresas de Venda Direta, que compram os produtos e os
revendem aos consumidores. Eles no tm vnculo empregatcio com as
empresas dos produtos que distribuem e operam seus negcios com total
independncia.
Normalmente estes revendedores tambm so consumidores dos produtos
que distribuem - alm de os comprar mais barato, o uso ajuda na divulgao
e legitima a indicao dos produtos. Por outro lado, consumidores que
consomem muitos produtos, muitas vezes, se tornam revendedores para
terem acesso com desconto aos produtos e para financiarem suas compras
com suas vendas.
Uma vez que o produto entregue diretamente por um revendedor
autnomo, que em ltima instncia tambm consumidor, e que o
29
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consumidor muitas vezes se torna um revendedor, este canal de distribuio
diminui significativamente a
distncia
entre o fabricante e o consumidor,
eliminando os intermedirios - seus intermedirios so seus clientes, seus
clientes podem se tornar seus intermedirios. Essa forma peculiar de
distribuio que faz com que a Venda Direta se diferencie dos canais
tradicionais de distribuio.
Segundo diversos estudiosos, entre eles Bartlett=, a grande diferena entre
os canais de distribuio tradicionais e a Venda Direta est na forma em que
se leva os produtos aos consumidores. No varejo de loja o sucesso est
concentrado na capacidade de atrair o consumidor aos estabelecimentos de
venda, de empurrar e o induzir a comprar o produto. Em contrapartida, na
Venda Direta, os produtos que so levados ao consumidor.
David e Gerrish destacam que os fabricantes de canais tradicionais de
distribuio direcionam seus produtos aos pontos de venda, pontos de
varejo, atravs de inmeros nveis de intermedirios. Esses fabricantes
contam com uma enorme carga de propaganda para sensibilizar o
consumidor sobre a importncia e os benefcios dos produtos e, finalmente,
lev-lo aos pontos de venda. Segundo eles, na Venda Direta no existe a
necessidade de altos investimentos em propaganda, afinal o consumidor no
precisa se deslocar at o ponto de venda, o ponto de venda
revendedores autnomos - que se desloca e leva os produtos at o
consumidor.
Reforando a idia acima, Rochon= descreve que ''[...] As empresas de
varejo so organizadas primeiramente para dar suporte a venda de produtos
23 BARTLEIT, R. C. The Direct Option. Ed. Texas: Texas A
University Press, 1994.
24 FRANK, D & GERRISH, S. Marketing tradicional e o MLM in: MARKS, W.
Marketing de
Rede:
O guia definitivo do MLM - multi-levei Marketing. So Paulo: Makron Books, 1996.
25 ROCHON, J. in: BARTLEIT, R. C. The Direct Option. Ed. Texas: Texas A University
Press, 1994. p 32
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nas lojas, lugar onde as pessoas se direcionam quando desejam comprar o
produto. O sucesso do varejo atrair - ou 'pull' - os consumidores para as
lojas para comprar produtos [...] e ''[. ..] A Venda Direta, contrariamente, pula
a fase 'pull' e vai direto para a fase 'push'. Op cit.
Nessa estratgia, os revendedores funcionam como mini-lojas ambulantes
que levam os produtos at os consumidores.
Em 1998, Bartlett comenta que a Venda Direta uma das melhores formas
de agregar valor aos consumidores, pois entrega-lhes mais do que produtos,
entrega-lhes comodidade e atendimento personalizado.
David e Gerrish ainda enfatizam a questo do ponto de venda e da
propaganda escrevendo: [. ..] a propaganda cria a conscincia do
consumidor quanto disponibilidade dos produtos de uma companhia. As
compras somente so feitas por meio das vendas tradicionais se os
consumidores tiverem 'conscincia' do produto e entenderem os benefcios
do uso do produto? , Sendo assim, todos os anos as empresas de varejo
gastam milhes em propaganda. Para os autores, como as empresas que
adotam a Venda Direta no precisam atrair o consumidor s lojas, elas no
investem muito em propaganda ou mdia, e sim no treinamento e
desenvolvimento dos revendedores, pois sero eles que garantiro a
propaganda boca a boca. 27
No artigo
Esta
a Hora para uma Revoluo do
M L M 2 8 ,
Kramer apresenta
uma linha do tempo sobre a fundao das principais empresas de Venda
Direta. Nela registra o surgimento da Venda Direta com a criao da
26 MARKS, W. Marketing de Rede: O guia definitivo do MLM - multi-levei Marketing. So
Paulo: Makron Books, 1996. p. 61.
27
MARKS, W. Op. Cit. p. 62.
2 8
KRAMER in:. MARKS, W. Op. Cit.
31
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empresa Fuller Brush em 1905. N entanto para Kotler= e Bartlett , a Venda
Direta praticada h vrios sculos, mesmo antes de formalmente existir,
pelos mascates e vendedores itinerantes que realizavam a venda pessoal,
de porta a porta. Desta maneira, h anos atrs as pessoas j adquiriam
produtos de locais distantes.
Atualmente a Venda Direta est presente em todo mundo e praticada de
diversas formas - pessoa a pessoa, sistemas de reunies, marketing de
rede ... - envolve os mais diversos setores da economia, desde cosmticos
at produtos de limpeza de casa.
A Venda Direta pode ser subdividida em grupos de acordo com a forma em
que esto organizados seus revendedores. Existem as empresas chamadas
de single-Ievel, que mantm em sua estrutura somente um nvel de
revendedores entre ela e o consumidor , como exemplos de empresas que
trabalham neste sistema temos a Avon, a Natura e a Tupperware; e as
empresas multi-levei, ou tambm chamadas de network companies , que
mantm diversos nveis de revendedores entre elas e seus consumidores.
32
Como exemplo temos a Mary Kay, Nuskin e a Amway. Segundo pesquisa
realizada pela DOMUS, em 1998/99, 77% da receita das empresas de
Venda Direta do Brasil vm de empresas single-Ievel e somente 23% de
multi-leveI.
Muitas vezes a Venda Direta confundida com Marketing Direto, mas so
conceitos totalmente diferentes. O Marketing Direto uma ferramenta
promocional, enquanto a Venda Direta uma forma de distribuio de bens
e servios.
29
KOTLER, P. Administrao de Marketing: Anlise, planejamento, implementao e
controle. 4' ed. So Paulo: Atlas, 1996. p. 623.
30 BARTLETT, R. G. The Direct Option. Ed. Texas: Texas A & University Press, 1994. p. 33.
31 BARTLETT, R. G. Op. cu . 1994. p. 53.
32 BARTLETT, R. G. Op. Git. 1994. p. 54,55.
32
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Segundo Kotler=, Marketing Direto um sistema interativo de marketing que
usa uma ou mais mdias de propaganda para efetuar uma oferta e/ou
transao mensurvel em qualquer local. Para ele, o Marketing Direto tenta
envolver a propaganda, a promoo de vendas e outros fatores para atrair o
consumidor e consequentemente realizar uma venda. Por outro lado, a
Venda Direta se utiliza de um grupo de revendedores para levar o produto ou
o servio para o cliente praticando a venda porta a porta e em reunies
domsticas 34.
A confuso sobre esses dois conceitos reforada pelo fato de que as
empresas de Venda Direta utilizam-se de ferramentas de Marketing Direto,
como catlogos, e de Marketing de relacionamento para se relacionar com o
seu canal, revendedores, e com os consumidores finais.
Kotler no livro
Administrao de
Marketing
35
sugere que o futuro da Venda
Direta questionvel e incerto pois, alm de seu canal ser composto
principalmente por mulheres que antigamente no participavam da economia
formal e que agora, a cada dia mais, esto conquistando seus lugares na
economia, esse sistema pode ser facilmente substitudo pela venda
eletrnica.
Contradizendo a posio de Kotler, o que se pode observar em pesquisas e
artigos publicados pela WFDSA (Word Federation of Direct Selling
Associations) que as empresas de Venda Direta so as que mais vm
crescendo nos ltimos anos.
33
KOTLER, P. Administrao de Marketing: Anlise, planejamento, implementao e
controle. 4 ed. So Paulo: Atlas, 1996. p. 710.
34
KOTLER, P. Op. Cit. 1996. p. 623
35
KOTLER, P. Op. Cit. 1996. p.623
33
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Mas o que ento tm levado empresas de Venda Direta a crescerem
tanto?
Ao se analisar atentamente as diferenas entre a Venda Direta e os canais
tradicionais de vendas pode-se perceber que, contrariamente a posio de
Kotler, a sociedade est passando por um momento mudana - temos
constante diminuio da jornada de trabalho e um alto ndice de desemprego
- e a Venda Direta vem ao encontro dessas mudanas.
Com a crise do desemprego, a Venda Direta tornou-se uma forma de
integrao econmica para minorias que no encontram espao na
economia formal e uma opo de reforo da renda familiar para aqueles que
j participam. Sendo assim, a Venda Direta, uma grande protetora da
economia mundial pois estende os benefcios econmicos a grupos que no
participam da economia formal.
Os autores de
Venda Direta no Brasil - Desafios e
Tendncias ,
defendem que uma das grandes oportunidades da Venda Direta est no fato
dela pregar a total autonomia dos revendedores, a flexibilidade de horrio e
o trabalho em casa, pois esses requisitos so fatores que esto sendo cada
vez mais importantes na tendncia mundial de mudanas no relacionamento
entre o empregado e o empregador.
.Alm de integrao econmica no se pode esquecer da integrao social.
Para alguns a Venda Direta mais uma oportunidade de integrao social
pois estimula a convivncia e o relacionamento entre as pessoas - afinal, ela
baseada na relao pessoal entre conhecidos o que integra e refora
relacionamentos. Com a tendncia da diminuio da importncia do trabalho
e da quantidade de tempo dedicada ao mesmo, surge a necessidade de
36
ARAJO, M
SAICALI, D. Venda Direta, desafios e Tendncias. 2000. Endereo
eletrnico: www.domus.org.br
34
http://www.domus.org.br/http://www.domus.org.br/ -
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novas formas de intensificao dos relacionamentos. A Venda Direta
possibilita o aumento do relacionamento pois pressupe o contado fsico
entre pessoas.
A Venda Direta, entre outras coisas, impe, ento, flexibilidade para rapidez
nas respostas e adaptao. Hoje a Venda Direta se destaca principalmente
por sua capilaridade e capacidade de expandir-se geograficamente, pois os
investimentos iniciais de um revendedor so baixssimos e s dependem de
duas pessoas, o revendedor e um comprador.
A WFDSA, World Federation of Direct Selling Associations, fundada em
1978, j conta com 1300 associados que atendem 500 milhes de
consumidores. Suas Vendas so realizadas em 53 pases e j superam
US$62 bilhes.
o
Brasil tem demonstrado ser um mercado promissor, sendo o quinto pas
em vendas direta do mercado mundial. Com a abertura da economia vrias
empresas vislumbraram um mercado alvo e carente de novidades. Outra
grande influncia para o avano no Brasil deste canal, o fato da renda
familiar ser baixa, tornando as vendas diretas uma fonte alternativa de lucro.
11.2.2. O papel do canal de distribuio nas empresas de Venda Direta
Conforme anteriormente analisado, canal de distribuio definido pelos
estudiosos no assunto como um conjunto de agentes que so envolvidos no
processo de venda e compra para levar ou disponibilizar os produtos aos
consumidores. Mason no seu livro
Modern Retailing - Theory and
Practice,
diz que o principal objetivo dos canais de distribuio facilitar o
processo de troca, superando as barreiras que as empresas tm para levar e
37 MASON et ai (Orgs). Modern Retailing - Theory anda Practice - 6
th
Ed. Boston: IRWIN,
1993. p.514,515.
35
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disponibilizar os produtos aos consumidores. Apesar do autor centralizar sua
abordagem no varejo de loja, a viso deste conceito ampla possibilitando
que seja aplicado em outros negcios e tipos de distribuio, como a Venda
Direta.
Na citao abaixo, Corey complementa a idia de Mason:
Sistema de distribuio [ ...] um recurso externo importante. Normalmente, leva
anos para ser construdo e no mudado facilmente. Ele to importante quanto
os recursos internos da empresa, como fabricao, pesquisa, engenharia, fora de
vendas e instalaes. Ele representa um compromisso significativo para um grande
.nmero de empresas independentes, cujo negcio distribuio. Ele representa,
tambm, um compromisso para um conjunto de polticas e prticas que constituem
a estrutura bsica atravs da qual construdo um conjunto de relaes a longo
prazo.?
Do ponto de vista de canais de distribuio, a Venda Direta, assim como a
venda por mquina e a venda eletrnica, classificada por Kotler= como
uma Venda de varejo sem lojas. O varejo sem loja um subgrupo do varejo,
portanto, tem o mesmo objetivo: disponibilizar produtos aos consumidores
finais de forma que agregue valor ao mesmo.
A grande diferena do varejo sem loja dos demais tipos de varejo est na
forma em que o canal se organiza para atingir o objetivo - enquanto o varejo
com loja se organiza atravs das lojas, pontos de venda fixos, o varejo sem
loja se organiza atravs de outros meios, meio diretos, como a internet,
mquinas de venda e revendedores autnomos, como o caso da Venda
Direta.
Segundo Kotler , hoje o varejo sem loja representa 12% da venda pelo
varejo e at o final do sculo representar um tero das vendas de varejo,
38
COREY, E R in: KOTLER, P. Administrao de Marketing. So Paulo: Atlas, 1996. p.592.
39 KOTLER, P. Administrao de Marketing: Anlise, planejamento, implementao e
controle.
4
ed. So Paulo: Atlas, 1996. p.622,623.
40 KOTLER, P. Op. cu 1996. p.622.
36
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sendo que o grande crescimento ser conseqncia principalmente da
venda eletrnica que deve expandir rapidamente.
o
autor complementa sua explanao afirmando que no passado as
empresas e seus canais de distribuio se diferenciavam e atraiam os
consumidores pela exclusividade de produtos, oferta de melhores servios e
financiamentos. No entanto, atualmente a maioria desses fatores j no so
percebidos pelos consumidores como diferenciais - os fabricantes preferem
distribuir seus produtos por toda parte, atingindo uma quantidade maior de
consumidores e os financiamentos esto cada vez mais populares e atingem
grande parte dos consumidores.
Diante desse cenrio, as empresas de varejo, que inicialmente se
organizaram em lojas comeam a procurar novas estratgias para atrair e
manter os consumidores. Consequentemente, os tipos de varejo que no
so em lojas comeam a crescer - observa-se um crescimento rpido da
venda pela Internet, por mquinas, por franquias e por Venda Direta.
Assim como cada um dos canais de distribuio, a Venda Direta tem
algumas peculiaridades que definem seu funcionamento, suas
caractersticas, sua complexidade, enfim, sua essncia. Essas
peculiaridades, se do principalmente por dois fatores que esto totalmente
inter-relacionados: perfil das pessoas que compe o canal - suas
expectativas, forma de relacionamento, vnculo com a empresa... - e a forma
com que a empresa e o canal se comunica e se relaciona com o consumidor
final - comunicao boca a boca com baixssimos investimentos nas mdias
tradicionais e altos investimentos em treinamento e capacitao do canal.
A distribuio dos produtos das empresas de Venda Direta realizada por
pessoas autnomas, denominadas de consultores ou revendedores, que no
tm vnculo empregatcio. Essas pessoas tm total autonomia para se
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relacionar, representar outras empresas e estabelecer condies comerciais
com seus clientes.
Segundo Kotler e Bartlett , a criao da Avon Cosmticos foi um marco
para a Venda Direta pois direcionou a comunicao e o marketing na
atividade de revenda das mulheres. Este sem dvida nenhuma foi um
grande avano pois fez com que essas empresas passassem a encarar a
revenda de produtos como um dos seus negcios mais importantes e,
encontrou nas mulheres um enorme pblico potencial para a atividade -
afinal naquela poca elas ainda no haviam conquistado seu espao no
mercado de trabalho - o que facilitou seu crescimento e estruturao.
Para Kotler=, a Tupperware, empresa que vende utenslios para a cozinha,
tambm contribuiu significativamente, pois tambm ajudou a popularizar a
Venda Direta entre as mulheres.
Atualmente as mulheres ainda predominam a atividade de revenda de
produtos de empresas
dei
Venda Direta. A maioria se dedica
atividade
parcialmente, ou seja, divide sua ateno e tempo com outra atividade.
Porm algumas delas se destacam ao se dedicar integralmente e ao encarar
a atividade como seu principal negcio e fonte de renda.
Atravs da pesquisa realizada em 1992 pela Nathan Associates , nos EUA,
possvel identificar e detalhar um pouco mais o perfil das pessoas que
compe o canal das empresas de Venda Direta.
41
KOTLER, P. Administrao de Marketing: Anlise, planejamento, implementao e
controle. 4' ed. So Paulo: Atlas, 1996 p. 623
42
BARTLETT, R. C. The Direct Option. 1
st
Ed. Texas: Texas A
University Press, 1994 p.
54,55
43
KOTLER, P. Administrao de Marketing: Anlise, planejamento, implementao e
controle. 4' ed. So Paulo: Atlas, 1996. p.623.
44
Nathan Associates, A profile of Direct Salespeople: Survey for the Direct Selling
Association in: BARTLETT, R. C. The Direct Option. 1
st
Ed. Texas: Texas A University
Press, 1994 , Apendix B
38
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Segundo a pesquisa, 90% dos revendedores so mulheres (grfico 1).
Perfil Sexual
10%
O homens
A composio etria do canal muito semelhante a distribuio etria do
pas, porm a pesquisa identifica que a dedicao
atividade varia de
acordo com a idade - 37% das pessoas entre 25 e 34 anos dedicam-se
atividade menos de 5 horas por semana e 23%, mais que 20 horas; j 49%
dos revendedores entre 35 e 64 anos dedicam-se menos de 5 horas por
semana e 66% ,mais que 20 horas por semana (grfico 1 1 ) .
Grfico I - Perfil sexual do canal - adaptado de Nathan Associates, A
prefile of Direct Salespeople: Survey for the Direct Selling Association
in: BARTLETT, R. C. 1994, Op. Cit. Apendix B
Dedicao atividade versus faixa etria
70
r
60% .f-----------I
50% .f--------------,
40% .f---------I
30%
20%
10%
0%
+----1=='--_L----:-_-
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Outra caracterstica peculiar apresentada pela pesquisa a quantidade de
dependentes que as pessoas que compe o canal possuem, 63% dos
revendedores tem dependentes (grfico 111).
Nmero de dependentes
o
no tem
dependentes
tem 1f ilho
11 tem 2 filhos
.tem3 ou
filhos
Grfico 1 1 1 - Nmero de dependentes - adaptado de Nathan
Associates, A profile of Direct Salespeople: Survey for the Direct
Selling Association in: BARTLETT, R. C. 1994, Op. Cit. Apendix B
Por ltimo, atravs da mesma pesquisa possvel identificar que a maioria
dos revendedores se dedicam exclusivamente atividade de revenda, ou
seja, somente a minoria divide a ateno dada
atividade com algum outro
trabalho (grfico IV).
Tipo de dedicao - exclusiva ou no
44%
l i I i l possui outro trabalho
o
no possui outro trabalho
Grfico IV- Grau de dedicao atividade de revenda - adaptado
de Nathan Associates, A profile of Direct Salespeople: Survey for
the Direct Sell ing Association in: BARTLETT, R. C. 1994, Op. Cit.
Apendix B
56%
Infelizmente no Brasil no existe uma pesquisa completa a respeito do perfil
das empresas de Venda Direta, portanto no possvel detalhar neste ponto
40
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as caractersticas do canal de distribuio das empresas de Venda Direta no
Brasil.
o perfil das pessoas que compem o canal das empresas de Venda Direta
o mais diverso possvel - tm pessoas da casse A, B, C, D e E, estudantes,
aposentados, mulheres donas de casa, secretrias que querem
complementar renda, manicures, jovens que querem uma fonte de renda que
possa ser conciliada com seus estudos, entre outros.
Da mesma forma que o perfil, pesquisas demonstram que as expectativas
em relao
atividade de revenda tambm so muito diferentes - existem
pessoas que encaram a Consultoria como atividade principal, outras que a
vem como uma oportunidade de interao social, complemento de renda,
valorizao profissional...
Assim como acontece com as empresas tradicionais, o gerenciamento eo
relacionamento das empresas de Venda Direta com seu canal de
distribuio so fatores extremamente estratgicos e fundamentais
parao
sucesso da mesma. No entanto, como o canal a principal fonte de
comunicao dessas empresas com seus consumidores, a importncia e
relevncia do relacionamento das empresas de Venda Direta com o mesmo
passa a ter significado e importncia estratgica enormes.
As empresas de Venda Direta conhecendo as peculiaridades com que
desenvolve seu negcio, as caractersticas e perfil do seu canal e, tendo
conscincia da sua dependncia em relao a ele - o canal o nico elo
com seus consumidores e a grande propaganda dessas empresas -
procuram envolver ao mximo seus revendedores. Investem muito na
captao de pessoas para o crescimento do canal, em comunicao, em
treinamento e em reconhecimento. Busca-se, assim, fortalecer as relaes
Empresa-Canal e Canal-Consumidor e minimizar o risco de que a dedicao
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atividade seja compartilhada com outra empresa. Desta forma, acabam
encarando a atividade do canal como um dos produtos mais importantes da
mesma e considerando o revendedor como o principal consumidor deste
produto.
S assim, tratando esse servio, a revenda de produtos, como mais um
produto da empresas e tratando o consultor como o principal consumidor
deste produto, que as empresas de Venda Direta conseguem dar a
ateno necessria a este grupo, que vital para sua sobrevivncia e
sucesso. Com isso, conseguem envolver e comprometer um grupo maior de
consultores, fazendo com que eles se dediquem mais a essa empresa e no
a outra.
Percebendo a importncia deste fato, as empresas de Venda Direta
estabelecem cuidadosas relaes com seus revendedores. Se por um lado,
elas os consideram seus clientes e parceiros, por outro elas agem como se
essas mesmas pessoas, que fazem parte desse canal de distribuio,
fossem colaboradores internos que devem ser qualificados e desenvolvidos
para melhor atender s necessidades e expectativas dos consumidores
finais. Afinal essas pessoas, chamadas de revendedores ou consultores, so
seus cartes de visita , tanto podem reforar a fidelidade do consumidor de
forma positiva ou negativas, com bom ou mau vnculo
Um outro fato que aumenta a complexidade da opo pela Venda Direta
de que a mesma pessoa que compra um servio da empresa vende um
outro servio - compra a oportunidade de revender produtos e de se realizar
como profissional e vende os produtos fsicos e dicas de sua utilizao para
os consumidores. Isso faz com que, em uma manobra de malabarismo, as
empresas de Venda Direta administrem o seu canal hora o tratando como
clientes e hora o tratando como colaboradores - o desenvolvendo e
42
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cobrando desempenho. Resumindo, a Empresa de Venda Direta luta
constantemente pelo envolvimento d suas equipe de Consultores.
As empresas de Venda Direta no acreditam que oferecem aos seus
revendedores somente a oportunidade de revender produtos e ganhar
dinheiro, na verdade oferecem muito mais do que isso. Oferecem
oportunidades de ganhos proporcional sua dedicao, desafio e
independncia, flexibilidade de horrio, formao e treinamentos,
capacitao, realizao profissional e pessoal, interao social com pessoas
e oportunidade de trabalho para as minorias. Com este ponto de vista, o
produto revenda, passa a ter mil faces cada uma de acordo com as
motivaes intrnsecas da pessoa que est sendo abordada.
Do ponto de vista do consumidor, o canal tambm oferece benefcios:
comodidade de comprar e receber produtos onde desejar, sem ter que se
deslocar at um ponto de venda e atendimento personalizado que so
potencializados com confiana e compromisso gerados pela relao pessoal.
Segundo a Federao Mundial de Associados de Venda Direta , a fora
deste canal de distribuio est no atendimento personalizado aos
consumidores e na independncia dos revendedores que determinam o grau
de dedicao que desejam dar ao trabalho.
ntido que o relacionamento entre as empresas de Venda Direta e seu
canal crtico. No entanto, na maioria das vezes, os nicos contatos
pessoais desse canal com a empresa acontecem atravs de centrais de
atendimento e reunies peridicas com a fora de vendas.
45
LA FEDERACIN MUNDIAL DE ASOCIACIONES DE VENTAS DIRECTAS. Venta Directa,
Un documento de discusin. 1999. Endereo eletrnico:
http://www.wfdsa.org/pposspanish.stm
43
http://www.wfdsa.org/pposspanish.stmhttp://www.wfdsa.org/pposspanish.stm -
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As Centrais de Atendimento so cobradas pelo tempo de atendimento, tm
alto giro de mo de obra e para otimizar seu servio no possvel
direcionar ligao de determinado revendedor sempre para o mesmo
atendente, o que dificulta o fortalecimento da relao e principalmente a
interao com os revendedores que necessitam e procuram maior ateno.
ogrande desafio e a questo estratgica das empresas de Venda Direta fica
ento nas mos da fora de vendas, que quem administra e gerencia o
canal e quem realmente consegue desenvolver um relacionamento com ele.
So as promotoras, ltimo escalo da fora de venda, que recrutam pessoas
para formar seu canal e que com o tempo conhecem pessoalmente cada
membro de seu grupo. Procuram, assim, adequar o enfoque e a linguagem
caracterstica, necessidade e motivao de cada um e desenvolver um
relacionamento de cumplicidade e comprometimento. Em ltima instncia,
fortalecem o relacionamento do canal com a empresa.
Grande parte das empresas se dedicam muito ao treinamento e
desenvolvimento da sua fora de vendas, no entanto, tm pouca informao
sobre o perfil dos revendedores, tcnica e instrumentos para o
desenvolvimento de relacionamento personalizado passado para a fora
de venda para que ela consiga maximizar seus esforos com o mesmo.
A fora de venda, que na maioria das vezes no possui instrumentos
necessrios para basear o relacionamento personalizado, em muitas
empresas acaba fazendo todo embasamento de sua abordagem
simplesmente na sua intuio. Para dificultar ainda mais o trabalho destes
colaboradores, os grupos de revendedores so muito heterogneos,
exigindo um atendimento mais individualizado e diferenciado.
44
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Para o Kottler , a Venda Direta muito cara pois, alm de terem que
investir na comisso dos revendedores, tambm gastam com a contratao
e desenvolvimento dos mesmos.
Com ponto de vista diferente de Kottler, Bartlett em
Direct Option
compara
a alocao dos gastos das empresas de Venda Direta com a das empresas
de varejo tradicional. Para ele s existe alocaes diferentes, enquanto as
empresas de varejo de loja se dedicam e alocam grandes esforos e custos
na localizao e no ponto de venda, as empresas de Venda Direta
direcionam seus recursos principalmente no reconhecimento de seu canal.
Desta forma no h grandes diferenas quanto aos custos e sim quanto a
alocao dos mesmos.
No se deve deixar de abordar tambm a importncia que os canais de
distribuio das empresas de Venda Direta tm para a economia e
sociedade dos pases em que esto agindo. Como a atividade de revenda
envolve um grupo muito grande de pessoas e possibilita ganhos financeiros
s mesmas, pode-se dizer que ela uma forma de economia quase informal
- no possibilita emprego formal, mas por outro lado, legalmente
reconhecida, participando da economia formal de uma maneira muito
especial.
A Venda Direta se destaca tambm por ser uma resposta a um dos maiores
problemas da sociedade contempornea, a reduo de emprego
convencional, pois oferece a seus revendedores oportunidade de ganhos
financeiros sem a obrigao do emprego formal. Ela vem ao encontro das
grandes tendncias do futuro - o crescimento da importncia da
46
KOTLER, P. Administrao de Marketing: Anlise, planejamento, implementao e
controle. 4' ed. So Paulo: Atlas, 1996. p. 623.
47 BARTLETT, R. C. The Direct Option. Ed. Texas: Texas A
University Press, 1994.
p.54,55.
45
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empregabilidade e do trabalho livre em casa, em contrapartida a queda do
emprego formal e fixo .
Diante de todo este cenrio, como fazer ento para que revendedores com
perfis e necessidades individuais to diferentes se relacionem e se envolvam
ainda mais com a Empresa, garantindo s mesmas um fortalecimento na sua
relao e, consequentemente, diminuio do risco de perda do canal.
Ao caracterizar a motivao intrnseca e os fatores de insatisfao das
Consultoras Natura ser possvel por um lado realizar ajustes em alguns
processos que criam insatisfao, os minimizando e, por outro, desenvolver
atitudes que vo ao encontro das expectativas do canal, aumentando e
fortalecendo a sua relao com o canal e a relao entre o canal e o trabalho
e consequentemente aumentando o ndice de reteno do canal e o
desempenho do mesmo.
Estabelecendo relaes mais harmoniosas, entre empresa e Canal e o canal
e o trabalho o relacionamento do canal e da empresa com o consumidor se
fortalecer.
A grande questo identificar as motivaes intrnsecas dos revendedores e
criar uma forma de relacionamento baseado nelas procurando, assim,
aumentar a satisfao dos revendedores e consequentemente sua
produtividade e fidelidade .
46
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11.3. Um caso real: A Natur Cosmticos S.A.
11.3.1.Conhecendo a Natura atravs de sua histria
A Natura surgiu em 1969 fruto de uma parceria entre o Sr. Luiz Seabra e
Jean Pierre Berjeuaut e guiada por dois grandes sonhos - a paixo pelas
relaes humanas e pelo produto cosmticos como importante veculo de
auto conhecimento.
Desde sua fundao, a Natura propunha muito mais do que a venda de
shampoos e cremes, propunha o relacionamentos ideal do Ser com seu
prprio corpo atravs da utilizao de produtos baseados em princpios
naturais e tratamentos coordenados prescritos atravs de atendimento
personalizado.
No seu incio, instalada em uma pequena loja da Rua Oscar Freire,Luiz
Seabra, atravs de consultas personalizada, atendia e acompanhava o
desenvolvimento de cada cliente, tendo como principal objetivo ajudar as
pessoas se conhecerem melhor e a serem felizes.
O Sr. Luiz examinava a pele, o cabelo[ ...]Arrancava uns foicinhos de
cabelo, examinava ...Ele indicava o produto de acordo com a necessidade da
gente depoimento da cliente Ana Zilda V.
Pezzeta
Apesar dos primeiros anos terem sido marcados por dificuldades financeiras,
e da Natura logo ter perdido seu principal cliente, o Laboratrio Pierre, as
consultas personalizadas se tornaram um mtodo eficaz.
48 PEZZET A, A Z V . maio de 1994 in: NATU RA. Sinais do Tempos, Sinais de Vida - livro
comemorativo dos 25 anos de Natura. 1994. p. 13
47
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De acordo com o depoimento de Luiz Seabra, pode-se constatar que as
consultas personalizadas eram grandes aliadas da Cosmetologia
teraputica: liA base das consultas era muito mais do que a indicao de um
cosmtico. Era a abertura de um espao para as pessoas se expressarem e,
J
assim, se relacionarem melhor consigo prprias, num constante cultivo da
auto estima. 49
Aps identificar a Consulta personalizada como um excelente mtodo
compatvel com a empresa, a Natura se deparou com um novo desafio:
identificar um modelo comercial que fosse compatvel com a filosofia Natura
e que perpetuasse o atendimento personalizado.
Segundo o Livro Uma Experincia Natura , foi s em 1974 que a Natura
encontrou no sistema de Venda Direta uma alternativa natural para expandir
o atendimento personalizado a mais pessoas, de
consequentemente crescer e divulgar seus conceitos.
gerar escala e
Nesta poca, Luiz Seabra e Vara do Amaral Pricoli uniram foras e criaram a
Pr-esttica, empresa que distribuiria produtos Natura no sistema de Venda
Direta. Inicialmente a Pr-Esttica distribua produtos para a Grande So
Paulo, todavia, se deparou com um grande crescimento e rapidamente
passou a atender todo o estado de So Paulo.
Com o sucesso do novo modelo comercial, a Venda Direta, a loja da rua
Oscar Freire perdeu sua importncia e logo foi fechada.
49
SEABRA, L. in: NATURA. Op. Cit. 1994. p. 13
50 NATURA. Uma Experincia Natura. 2000. Sem numerao de pgina
48
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Em 1974, a opo pela Venda direta surge como a alternativa que
viabilizaria o crescimento da empresa apoiado na fora das relaes
pessoais. Nascia a Consultoria Natura.?
o
grande sucesso da Pr-esttica deixou claro aos scios que o modelo de
Venda Direta tinha grande sinergia com os conceitos que a Natura pregava e
que, entre os modelos que conheciam, era o mais adequado para expandir a
empresa.
Desta forma, impulsionado pelo sucesso da Pr-esttica, Jean Pierre Berjeu
e mais dois novos scios, Guilherme Peiro Leal e Ronuel Macedo de
Mattos, fundaram em 1979 uma nova empresa, Meridiana, que atravs da
venda direta, distribuiria produtos Natura para todo o pas, sempre
respeitando as caractersticas de cada regio e de cada pessoa.
Assim, no final de 1979, aps 10 anos de fundao, a Natura, melhor
dizendo, o sistema Natura formado pela Natura, Pr-esttica e Meridiana,
pde atingir um faturamento de US$ 5
milhes=
e contar com 1.000
consultoras=.
Enfim, a dcada de 70 para a Natura foi uma poca de grandes desafios e
grandes conquistas - expanso da empresa e de seus ideais:
Seguiu-se uma dcada de forte expanso e aprendizado, superando o desafio de
apoiar e reforar relaes cada vez mais distantes geograficamente,
medida que
expandamos nossa atuao por todo o Brasil. 54
51NATURA. Nossa histria. 2000. Endereo eletrnico:
http://www.natura.netlportluniverso/institucional/nossa_historia.htm
52NATURA. Ser Natura colaborador especia/30 anos. 1999. si numerao de pgina
53NATURA. Op. Cit. 1999. sI numerao de pgina
54NATURA. Op. Clt. 1999.51 numerao de pgina
49
http://www.natura.netlportluniverso/institucional/nossa_historia.htmhttp://www.natura.netlportluniverso/institucional/nossa_historia.htm -
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o esprito empreendedor unido a vontade de crescer e ao sucesso das
aes anteriores levaram os scios a apostarem cada vez mais na qualidade
e diferenciao de seus produtos.
Procurando ento levar os conceitos de seus produtos e conquistar um novo
nicho de mercado, em 1981, foi criada a L'Arc em Ciel que complementaria
o sistema Natura lanando as linhas de maquilagem e perfumaria.
Inicialmente a L'Arc em Ciel foi formada por Vara, Guilherme e Anizio Pinotti.
Mais tarde a empresa contou com um novo scio, Pedro Luiz Passos e
passou ser chamada de YGA.
Entrar em um novo nicho de mercado e complementar sua linha de produtos
era o que faltava para a Natura ganhar espao no mercado brasileiro e ter o
desempenho que teve na dcada de 80.
Desta forma, nos anos 80, a Natura ganhou foras com a adio de novos
empresrios, novas empresas, novos produtos e novos mercados, gerando
condies para uma grande expanso. Ao contrrio do que ocorreu com a
maior parte das empresas durante aquela dcada, a Natura ampliou seu
negcio vertiginosamente:
.. O Sistema Natura se transformou, durante os anos 80, em um dos maiores
complexos nacionais de produo e distribuio de cosmticos, competindo com
marcas multinacionais, de longa tradio no mercado brasileiro.
Neste perodo, multiplicou sua receita em mais de 34 vezes. em 1980, contava com
200 Colaboradores e 2 mil Consultoras, movimentando US$ 7 milhes. No final da
dcada, alcanou a marca de US$ 247 milhes, reunindo 1.800 Colaboradores e 50
mil Consultoras, passando a lder nas faixas a e B de consurnidores.?
o forte sucesso e crescimento da empresa fizeram com que a Natura, no
final da dcada, se preparasse para a abertura de mercado que estaria por
55 NATURA. Sinais do Tempos, Sinais de Vida - livro comemorativo dos 25 anos de Natura.
1994.p.23
50
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vir nos anos 90 e enfrentasse o maior desafio de sua histria: fortalecer e
perenizar sua identidade diante da complexidade de empresas que
formavam o sistema Natura.
Foi assim que em 1989 as 4 empresas que formavam o Sistema Natura se
fundiram e, aps superarem s dificuldades naturais de uma profunda
transio, alteraram seu modelo de gesto para crescer ainda mais e
conquistar outros pases.
Alm de um novo modelo de gesto, mais capacitado, moderno e
profissionalizado, a Natura neste perodo investiu fortemente no resgate e
reforo de suas crenas.
A Fuso do sistema Natura representou a unio de esforos e talentos numa
nica empresa. A consolidao definitiva da Razo de Ser Natura refletiu-se no
lanamento de produtos que unem tecnologia de ponta a conceitos inovadores, e
na crescente participao da empresa no mercado tnternaconal.?
Aps alguns anos dessa fuso alguns scios se separaram e a empresa
passou a ter como principais acionista: Luiz Seabra, Guilherme Leal e Pedro
Passos. At hoje, a Natura mantm como principais acionistas os trs,
conti