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ASSOCIAÇÃO JUINENSE DE ENSINO SUPERIOR DO VALE DO JURUENA- AJES ISE - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA CURSO: ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EDUCAÇÃO INFANTIL – TEMPO DE BRINCAR, CRIAR RECRIAR MARCIA TATIANE FISCHER Orientador (a): ILSO FERNANDES DO CARMO ARIPUANÃ/2010

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Page 1: ASSOCIAÇÃO JUINENSE DE ENSINO SUPERIOR DO VALE DO … · Compreende-se que brinquedos e brincadeiras tradicionais como aqueles que fazem parte de uma tradição cultural, ou seja,

ASSOCIAÇÃO JUINENSE DE ENSINO SUPERIOR DO VALE DO JURUENA-

AJES

ISE - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA

CURSO: ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

EDUCAÇÃO INFANTIL – TEMPO DE BRINCAR, CRIAR RECRIAR

MARCIA TATIANE FISCHER

Orientador (a): ILSO FERNANDES DO CARMO

ARIPUANÃ/2010

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ASSOCIAÇÃO JUINENSE DE ENSINO SUPERIOR DO VALE DO JURUENA-

AJES

ISE - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA

CURSO: ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

EDUCAÇÃO INFANTIL – TEMPO DE BRINCAR, CRIAR RECRIAR

MARCIA TATIANE FISCHER

Orientador (a): ILSO FERNANDES DO CARMO

“Monografia apresentada como exigência parcial para obtenção do título de Especialização em Gestão e Praticas Pedagógica.”

ARIPUANÃ/2010

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ASSOCIAÇÃO JUINENSE DE ENSINO SUPERIOR DO VALE DO JURUENA-

AJES

ISE - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA

CURSO: ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________

___________________________________________

___________________________________________

ORIENTADOR

Prof. ILSO FERNANDES DO CARMO

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RESUMO

O que me motivou a realizar essa pesquisa foi que apesar de haver

tantas propostas e ações existentes como ferramentas auxiliares para a

aprendizagem ocorrida no âmbito da Educação Infantil, tais como projetos

educacionais, simpósios, seminários, programas de governo, infelizmente se

percebe que os resultados continuam os mesmos, o que evidencia a necessidade de

alterações no contexto educacional, ou seja, o educador torna-se a peça

fundamental dessa mudança. Portanto, tanto a formação, quanto a prática do

educador, têm sido motivos de estudos. E o educador que estiver realmente

interessado em promover mudanças, poderá descobrir na proposta do lúdico uma

importante ferramenta, que colaborará para suavizar os altos índices de fracasso

escolar e evasão verificada nas escolas. Isso porque o uso de atividades lúdicas na

Educação Infantil e nas escolas, pode contribuir para uma melhoria nos resultados

obtidos pelos alunos. No entanto, isso não significa que atividades de cunho lúdico

compreendam toda a complexidade que envolve o processo educativo. Para a

realização desta monografia utilizou-se pesquisas bibliográficas, buscando

compreender o lúdico como uma atividade mediadora do progresso educativo e ao

mesmo tempo cooperaria para transformar a sala de aula num ambiente alegre e

favorável à aprendizagem.

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SUMÁRIO

Introdução...................................................................................................................05

1. O prazer de brincar ao prazer de aprender......................................................08

1.1. O brincar da antiguidade aos dias de hoje....................................................10

1.2. O brincar e a aprendizagem.........................................................................12

2. O brincar e a construção do conhecimento no interior da escola...................17

2.1 Participar é fundamental! O papel do professor como iniciador,

mediador e co-autor das brincadeiras........................................................................19

3. O tempo e a freqüência de brincar..................................................................21

4. Tudo o que é e o que pode ser brinquedo......................................................24

5. Inventando, construindo, compartilhando regras............................................28

5.1 O faz-de-conta...............................................................................................29

5.2 Os jogos de construção.................................................................................30

6. Brincar e as múltiplas linguagens....................................................................32

7. O brincar e a matemática................................................................................34

8. O brincar com e por meio da linguagem.........................................................36

Considerações finais...........................................................................................38

Referências bibliográficas...................................................................................40

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INTRODUÇÃO

Esta pesquisa tem como foco de sua investigação os brinquedos e

brincadeiras que fazem parte do universo infantil no município de Aripuanã.

Compreende-se que brinquedos e brincadeiras tradicionais como

aqueles que fazem parte de uma tradição cultural, ou seja, que nossos pais e avós

brincaram na infância e que nos transmitiram. Brincadeiras que não foram tiradas de

livros, nem ensinadas por um professor, mas transmitidas por gerações anteriores.

O tema desperta interesse e, através de pesquisa da literatura,

conhecer o sentido do brinquedo, e da brincadeira, do jogo e da ação lúdica para a

criança a fim de compreender e sintetizar a cultura infantil. Apresenta também

alguns estudos que abordam os benefícios e a importância de se resgatar

brinquedos e brincadeiras.

Embasados neste tema procurou-se desenvolver esta pesquisa

partindo para a observação dos brinquedos e brincadeiras com as quais as crianças

brincam no seu dia-a-dia, tanto nas ruas, quanto na instituição de educação infantil

em que estão inseridas.

Para isso foi necessário conhecer quais os brinquedos e brincadeiras

que estão presentes no cotidiano das crianças atendidas nos centros educacionais,

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e como os profissionais da educação infantil conhecem e utilizam todo esse material

e qual a importância atribuída com os quais estão sendo trabalhado.

Através de dados coletados fez-se necessária a realização de análises

e reflexões, que foram realizadas com a contribuição da área de antropologia.

À medida que as crianças se familiarizam com os brinquedos que os

cercam e continuam suas experiências com eles, elas vão se interessando por juntá-

los e utilizá-lo em conjunto. Isso traz as crianças informações sobre a relação dos

brinquedos entre si e o modo como funcionam em conjunto.

Conforme constam nas Referenciais Curriculares Nacionais para a

Educação Infantil (BRASIL, 1998), ao brincar as crianças recriam e repensam os

acontecimentos que lhe deram origem. As brincadeiras auxiliam as crianças a

superar progressivamente suas aquisições de forma criativa, uma vez que estas

favorecem auto-estima às mesmas.

Pela necessidade que a criança tem de brincar é preciso criar

oportunidades na escola para que elas possam brincar livremente.

Para se alcançar o objetivo desta pesquisa é preciso utilizar a

metodologia qualitativa, realizando pesquisa de campo com o uso das técnicas de

observação e de entrevista. Assim podem-se observar os brinquedos as brincadeiras

das crianças do centro de educação infantil Albertina Felício dos Santos no

município de Aripuanã, sendo brincadeiras direcionadas e brincadeiras livres.

O Centro Educação Infantil, onde se desenvolveu a pesquisa, atende

aproximadamente 209 (duzentos e nove) crianças. Para realizar a pesquisa junto as

profissionais, utilizando como critério de escolha a faixa etária das crianças com

cada uma trabalha.

Para realizar a pesquisa com as profissionais foi utilizando a entrevista

não estruturada, uma vez que, este tipo de entrevista permite grande flexibilidade e

ampla liberdade para quem está sendo entrevistado se expressar.

Acredito que através destas técnicas consegui levantar dados para

poder desenvolver as reflexões a que foi proposto.

Apresentação final da pesquisa ficou assim distribuída:

1. O prazer de brincar ao prazer de aprender

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1.1. O brincar da antiguidade aos dias de hoje

1.2. O brincar e a aprendizagem

2. O brincar e a construção do conhecimento no interior da escola

2.1. Participar é fundamental!O papel do professor como iniciador, mediador e co-

autor das brincadeiras.

3. O tempo e a freqüência de brincar

4. Tudo o que é e o que pode ser brinquedo

5. Inventando, construindo, compartilhando regras

5.1. O faz-de-conta

5.2. Os jogos de construção

6. O brincar e as múltiplas linguagens

7. O brincar e a matemática

8. O brincar com e por meio da linguagem

Através destes temas acredito ser possível compreender mais sobre

mais sobre a cultura infantil, bem como conhecer melhor os brinquedos e

brincadeiras com as quais as crianças estão inseridas, podendo assim colaborar

com os profissionais desta área, com materiais para uma possível reflexão sobre as

contribuições que os brinquedos e brincadeiras podem oferecer para o

desenvolvimento infantil, ao inseri-los nos currículos educacionais.

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1. O PRAZER DE BRINCAR AO PRAZER DE APRENDER

A criança ao brincar é como um mundo todo estivesse ali em um único

gesto, num fazer, num experimentar! Um ar, um sopro, um sonho, uma vontade, um

respirar! Ser criança é brincar, brincar é transformar!

De acordo com o autor WINNICOTT (1982):

“Etimologicamente, brincar vem de brinco mais ar, brinco vem do latim vinculu / vinculum, “laço”, “ligação”. Brincar é, portanto, uma atitude, um gesto de ligação ou vinculo com algo em si mesmo, com o outro e com o mundo. É uma ponte entre a criança e a realidade tanto interna como externa.” (p. 160).

Nesse sentido o brincar também é um ato de descoberta, e recreação.

Segundo WINNICOTT (1982)

“é no brincar, e talvez apenas no brincar, que a criança ou adulto fruem de sua liberdade de criação. As brincadeiras servem de elo entre, por um lado, a relação do individuo com a realidade externa e compartilhada”. (p. 161)

Através da fala do autor percebe-se que a atividade lúdica, nos

oferece a possibilidade de que nos tornemos mais humanos, abrindo uma porta para

sermos nós mesmos, poder se expressar, transformar-nos, curar, aprender, crescer.

E através das brincadeiras o professor pode discutir o papel do lúdico na vida das

crianças, apontando caminhos para que os professores possam integrar o brincar a

um projeto educativo e compreender a importância desta linguagem na construção

dos sujeitos e de sentidos.

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Nesse sentido o papel do brincar, segundo WINNICOTT (1982, p.

164):

“é fundamental na organização e preposição das situações didáticas, numa linguagem rica e significativa para poder explorar diferentes situações problemas, para refletir sobre os valores sociais, para aprender sobre regras de convivência, tomar decisões, levantar hipóteses, enfim, para aprender”.

Através do relato do autor percebe-se que o brincar, surge como

oportunidade para o resgate dos nossos valores mais essenciais como seres

humanos; como potencial na cura psíquica e física; como forma de comunicação

entre iguais e entre varias gerações; como instrumento de desenvolvimento e ponte

para a aprendizagem; como possibilidade de resgatar o patrimônio lúdico-cultural

nos diferentes contextos econômicos.

Sendo assim, as brincadeiras não são apenas propostas no material,

mas problematizada, ou seja, transformadas em contextos significativos para se

propor, inventar e explorar problemas interessantes e desafiadores aos alunos. Ao

realizar um jogo de regras, os alunos terão a oportunidade de refletir, levantar

hipóteses, buscar soluções, registrar idéias, mobilizar diferentes conhecimentos

habilidades e competências. O jogo funciona como um rico cenário no quais as

crianças terão suas idéias valorizadas, confrontadas e ampliadas por meio das

trocas efetuadas com os colegas e professor.

Nesse sentido, SZUNDY (2005, p. 33), diz que:

O brincar, uma ação privilegiada do desenvolvimento humano e particularmente da infância, norteou, portanto, a criação de diversas situações, uma delas é a criança vista como alguém que tem idéias e sentimentos próprios, que está inserida em uma cultura, que pode aprender e que precisa ter possibilidades de desenvolver, com prazer, suas diferentes competências cognitivas, afetivas e motoras.

É fundamental, portanto, assumir o brincar como primordial no trabalho

junto às crianças pequenas, mas, também, é preciso que essa postura seja

abraçada por toda equipe escolar. Neste sentido, faz-se necessário romper com

visões mais estreitas sobre o brincar, adotando uma concepção mais ampla que

permeie as praticas e, sobretudo, as atitudes do educador junto às crianças.

Brincar é viver; viver é aprender. Brincar e aprender, no nosso material,

anda junto, complementam-se. Daí a necessidade de refletir e, conseqüentemente,

de resgatar o brincar no cotidiano da Educação Infantil. Este é o desafio que os

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professores devem colocar o brincar em cena para que o prazer de ser, de viver e de

aprender se façam presentes.

1.1 O BRINCAR DA ANTIGUIDADE AOS DIAS DE HOJE

“A brincadeira, no panorama sócio-histórico é um tipo de atividade social humana que supõe contextos sociais e culturais. O lúdico como instrumento educativo já se fazia presente no universo criativo do homem desde dos primórdios da humanidade.” (SZUNDY, 2005, p.28).

Desde tempos imemoriais as crianças brincam. Há referencias ao uso

do jogo que remontam a Grécia e Roma antigas se tomar como marco apenas a

história mais recente. Mas tanto a concepção do ser criança como o brincar se

transforma no decorrer da historia e, para entender o porquê, nos dias de hoje,

atribuímos um valor tão positivo a brincadeira, acreditamos ser necessário rever toda

essa historia.

Segundo WAJSKOP (1999), Platão e Aristóteles já falavam da

importância do brincar para aprender, enfatizando a idéia do prazer em oposição ao

uso da violência e da opressão. Aristóteles sugeria que, para educar crianças, os

jogos deveriam imita atividades serias de ocupação adulta como forma de preparo

para a vida futura.

Posteriormente, já no inicio da nossa era, há indícios do uso de doces

e guloseimas em formas de letras e números que eram destinados ao aprendizado

das crianças. O interesse pelo jogo decresce na Idade Media, com o advento do

cristianismo. Há aqui uma educação mais disciplinadora e o jogo era visto como um

algo pecaminoso, sendo praticamente banido da educação. O que imperava era a

idéia de aprender aliada ao sofrimento, ao sacrifício.

No Renascimento, segundo BEZERRA (2007), o jogo volta a ser

valorizado e concebido como conduta livre que favorece o desenvolvimento da

inteligência e facilita o estudo. Tal forma de perceber o jogo esta relacionada com a

nova percepção da infância que começa a construir no Renascimento: a criança

dotada de valor positivo, de uma natureza boa, que se expressa espontaneamente

por meio do jogo, perspectiva que irá fixar-se com o Romantismo. Anteriormente, a

criança era concebida como um adulto em miniatura, o que revelava uma visão

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negativa da infância, ou seja, a criança era vista como um ser inacabado, sem nada

de especifico e original. Portanto, a imagem social da infância não concebia a

existência de comportamentos tipicamente infantis que pudessem ter algum valor em

si mesmo.

Como conseqüência, também o brincar passa a ser considerado como

algo natural, neutro, desinteressado e parte da “essência” infantil. Por isso mesmo, o

brincar era visto como desvinculado do contexto social e desprovido de razão, livre

de qualquer interesse ou imposição cultural. Havia a crença em uma educação

natural dos instintos infantis que fazia do brincar uma instancia do individuo isolado

das influencias do mundo.

O lúdico é considerado prazeroso, devido a sua capacidade de

absorver o indivíduo de forma intensa e total, criando um clima de entusiasmo. É

este aspecto de envolvimento emocional que o torna uma atividade com forte teor

motivacional, capaz de gerar um estado de vibração e euforia. Em virtude desta

atmosfera de prazer dentro da qual se desenrola, a ludicidade é portadora de um

interesse intrínseco, canalizando as energias no sentido de um esforço total para

consecução de seu objetivo. Portanto, as atividades lúdicas são muito prazerosa,

mas também requerem um esforço voluntário.

“As situações lúdicas mobilizam esquemas mentais. Sendo uma atividade física e mental, a ludicidade aciona e ativa as funções psico-neurológicas e as operações mentais, estimulando o pensamento. (...) As atividades lúdicas integram as várias dimensões da personalidade: afetiva, motora e cognitiva. Como atividade física e mental que mobiliza as funções e operações, a ludicidade aciona as esferas motora e cognitiva, e à medida que gera envolvimento emocional, apela para a esfera afetiva. Assim sendo, vê-se que a atividade lúdica se assemelha à atividade artística, como um elemento integrador dos vários aspectos da personalidade. O ser que brinca e joga é, também, o ser que age, sente, pensa, aprende e se desenvolve.” (TEIXEIRA, 1995, p. 23).

Essa mudança na visão de criança e, consequentemente, da

brincadeira foi um importante marco para a educação, pois as crianças passaram a

ser respeitadas enquanto seres mais ativos. No entanto essas antigas concepções

apresentam a limitação de não levar em conta à dimensão social da atividade

humana, que o brincar, tanto quanto outros comportamentos não podem descartar.

Segundo WAJSKOP (1999), se a criança está imersa, desde o seu

nascimento, em um contexto social que a identifica enquanto ser histórico e que

pode ser modificado é importante superar as teses biológicas e inatistas da

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brincadeira que idealizam a criança e suas possibilidades educacionais. Não há, na

criança, uma brincadeira institiva, que possa surgir sem a intervenção da cultura.

A criança se desenvolve por meio das interações que estabelece com

os adultos e com o mundo por eles criados. Sendo assim, a brincadeira é uma

atividade humana na quais as crianças são introduzidas, constituindo-se em um

modo de compreender, agir, criar, e recriar a experiência sociocultural dos adultos.

É fundamental romper com as praticas e visões espontâneas

relacionadas ao brincar no interior da escola, como condição essencial para o

desenvolvimento e a aprendizagem das crianças. Segundo WAJSKOP (1999, p.

104)

“Organizada em torno da brincadeira, a escola de Educação Infantil pode cumprir sua função pedagógica, ampliando o repertorio vivencial e de conhecimentos das crianças, rumo á autonomia e a cooperação (...) A garantia de espaço da brincadeira na pré-escola é a garantia de uma possibilidade de educação da criança em uma perspectiva criadora, voluntária e consciente.”

O importante é ter consciência do papel que a brincadeira pode e deve

ocupar no cotidiano e no currículo da Educação Infantil, desenvolvendo a

consciência acerca de suas múltiplas potencialidades, usos e funções, do prazer em

si, de servir ao desenvolvimento infantil, de possibilitar a construção de

conhecimentos e de ser elemento de apropriação da cultura. Portanto, é

indispensável questionar: como o brincar pode se vincular com a construção de

conhecimentos.

1.2 O BRINCAR E A APRENDIZAGEM

Segundo BROUGÉRE (1998), a primeira relação do brincar com a

aprendizagem é que a criança aprende a brincar, ou seja, não há, na criança, uma

brincadeira natural. Toda brincadeira humana supõe contexto social e cultural,

sendo, portanto, uma atividade social. Segundo este mesmo autor (2004, p. 97-98):

“A criança está inserida, desde seu nascimento, num contexto social e seus comportamentos estão impregnados por essa imersão inevitável. Não existe na criança uma brincadeira natural. A brincadeira é um processo de relações interindividuais, portanto de cultura. É preciso partir dos elementos que ele vai encontrar em seu ambiente imediato, em parte estruturado por seu meio, para se

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adaptar as suas capacidades. A brincadeira pressupõe uma aprendizagem social. Aprende-se a brincar.”

É de extrema importância compreender o brincar como atividade social,

que garante a interação e a construção da realidade peã criança, rompendo, desta

forma, com o mito da brincadeira natural. Longe de ser, portanto, a expressão de um

comportamento natural e espontâneo, é o produto de múltiplas interações sociais e

isso desde a sua emergência na vida da criança. É necessária a existência de

significações a partilhar, de possibilidades de interação, portanto de cultura, para

haver jogo. Segundo WAJKOP (1999, p. 28 ), “a brincadeira é um fato social, espaço

privilegiado de interação infantil, de constituição do sujeito criança como sujeito

humano, produto e produtor de história e cultura.”

A brincadeira do faz de conta de conta se constitui num exemplo de

uma atividade na qual a criança poderia ser vista como se estivesse num mundo de

fantasia, suspensa da realidade. Porem, ao brincar, as crianças estão engajadas

umas com as outras construindo e compartilhando significados sobre a realidade

que as circunda. Toda brincadeira é uma imitação transformada, no plano das idéias

e das emoções, de uma realidade anteriormente vivenciada.

A brincadeira tem, pois, uma natureza social que advém da

necessidade que as crianças têm, desde muito cedo, de se comunicar e compartilhar

de uma vida simbólica com os adultos e com outras crianças.

Enfim, o brincar é uma atividade sociocultural: originam-se nos valores,

hábitos normas de uma determinada comunidade ou grupo social. Sua natureza é

sócio cultural, a medida que as crianças brincam com aquilo que elas já sabem ou

imaginam que sabem sobre as formas de se relacionar, de amar, de interagir com a

natureza e com os fenômenos físicos, sociais, etc., de um determinado grupo social

que pode ser sua família, a comunidade a qual pertencem ou outras realidades.

Conceber o brincar como elemento de cultura, ou seja, atividade

construída socialmente que oferece ás crianças a possibilidade de criar e recriar a

cada nova brincadeira a realidade que cerca é que nos faz estabelecer um vinculo

com a função pedagógica da Educação Infantil. A brincadeira vincula-se com a

possibilidade de aprender de forma significativa e com o acesso á cultura e,

portanto, com o objetivo maior da Educação Infantil, que é fazer com cada aluno

possa conhecer o mundo em que vive conhecer a si mesmo e outras pessoas de

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maneira ativa, construtiva e baseada nas interações que estabelece com seus pares

e com os adultos.

Para VYGOTSKY (1991), a brincadeira é entendida como uma

atividade social da criança, cuja natureza e origem especificam são elementos

fundamentais para a construção de sua personalidade e compreensão da realidade

na qual esta inserida. Ele entende que brincar permite e favorece a criação de um

espaço entre o que a criança já realiza de forma independente e o que ela pode vir a

realizar desde que tenha ajuda de outra criança mais experiente ou de um adulto.

Segundo ele:

“No brinquedo, a criança sempre se comporta além do comportamento habitual de sua idade, além de seu comportamento diário; no brinquedo é como se ela fosse maior do que a realidade. Como no foco de uma lente de aumento, o brinquedo contém todas as tendências de desenvolvimento sob forma condensada, sendo ele mesmo uma grande fonte de desenvolvimento.” (p.134)

É, portanto, no brincar, que as crianças se colocam desafios e

questões que vão alem do seu comportamento diário, levantando hipóteses na

tentativa de compreender os problemas que lhes são propostos pelas pessoas e

pela realidade com a qual interagem. Ao brincar, a criança se sente motivada e

desafiada tanto a dominar o que é familiar, quanto a responder ao desconhecido

para obter informações, habilidades, conhecimentos. Ela se abre ao imprevisível, ao

novo, a possibilidade de descobrir, inventar, agir e imaginar.

Para este pesquisador, brinquedo fornece estrutura básica para

mudanças das necessidades e da consciência da criança. Segundo ele, a ação na

esfera imaginativa, numa situação imaginária, a criação de propósitos voluntários e a

formação de planos de vidas reais e impulsos volitivos aparecem ao longo do

brinquedo, fazendo do mesmo o ponto mais elevado do desenvolvimento infantil.

Ele deixa claro que não é a natureza espontânea da atividade lúdica

que impulsiona o desenvolvimento das crianças, mas sim a possibilidade de

exercitar, no plano imaginário, capacidades de planejar, imaginar situações,

representar papeis e situações cotidianas, ou seja, o caráter social das situações

lúdicas, seus conteúdos e os procedimentos e estratégias que sugere o

desenvolvimento do próprio brinquedo, que supõe regras socialmente construídas.

VYGOTSKY também chama a atenção para a interação que as

brincadeiras possibilitam, provocam. Para ele, brincar é uma ação de extrema

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importância para a aprendizagem das crianças, pois nela ocorre uma mediação

interpsíquica, que facilita e torna mais efetiva a aprendizagem. Isto porque todas as

funções no desenvolvimento da criança aparecem duas vezes: primeiro, no nível

social, e, depois, no nível individual; primeiro entre as pessoas e, depois, no interior

da criança. O brincar é a fonte de interação social e de construção de

conhecimentos. A brincadeira possibilita à criança a aquisição de novas

experiências, principalmente quando ela, sozinha ou em grupo, cria e recriam novos

brinquedos, novos mundos. Segundo WAJSKOP (1999, p.32):

“A brincadeira pode ser um espaço privilegiado de interação e confronto de diferentes crianças com diferentes pontos de vista. Nesta experiência elas tentam resolver a contradição da liberdade de brincar no nível simbólico em contradição do ás regras por elas estabelecida, assim como o limite da realidade ou das regras do próprio jogo aos desejos colocados. Na vivencia desses conflitos, as crianças podem enriquecer a relação com seus coetâneos, na direção da autonomia e cooperação, compreendendo e agindo de forma ativa e construtiva.”

As interações no brincar, permitem, também, por meio de oferta de

objetos e brinquedos que os adultos fazem ás crianças, que elas entrem em contato,

precocemente, com as propriedades e os usos sociais dos objetos, aproximando-se

das múltiplas formas de ser e pensar da sociedade a qual pertencem.

Portanto a brincadeira é uma situação privilegiada de aprendizagem

infantil em que o desenvolvimento pode alcançar níveis cada vez mais complexos,

exatamente pela interação entre os pares em uma situação imaginaria e pela

negociação de regras de convivência e de conteúdos temáticos.

Podemos destacar, do ponto de vista do desenvolvimento e da

aprendizagem das crianças, inúmeras conquistas e vantagens sociais, cognitivas e

afetivas advinham por meio do brincar, que, segundo BEZERRA (2007), promove:

A compreensão e a apropriação de conhecimentos e sentimentos;

Contextos significativos para explorar e resolver problemas. No brincar,

as crianças são continuamente confrontadas com a possibilidade de pensar e buscar

respostas para os mais diferentes tipos de problemas;

• O desenvolvimento da imaginação e da linguagem;

• A criatividade;

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• A expressividade em diferentes modalidades de linguagem associadas ao

brincar;

• A interação social;

• O intercambio de diferentes pontos de vista;

• A imitação, entendida aqui como reconstrução interna e não como uma cópia;

• A motivação e o desafio tanto para dominar o que é familiar quanto para

responder o desconhecido;

• A oportunidade de aprender sem ameaças a partir das coisas que dão errado;

• O exercício da iniciativa e da decisão;

• O desenvolvimento da auto-estima e da autoconfiança;

• A possibilidade de construir uma identidade autônoma, cooperativa e criativa.

Todas essas características e possibilidades vinculadas ao brincar

podem transformá-lo em um espaço singular de educação. Propiciando o brincar,

cria-se um espaço no quais as crianças podem experimentar o mundo, interpretar,

significar e compreender de maneira ativa e própria os comportamentos, usos,

costumes e sentimentos do ser humano.

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2. O BRINCAR E A CONSTRUÇÃO DE CONHECIMENTOS NO INTERIOR DA

ESCOLA

Diante tudo isso, fica clara a intensa relação que existe entre o brincar

e a possibilidade de aprender. Aprender sobre si, sobre o outro e sobre o mundo. Ao

brincar, as crianças exploram, perguntam e refletem sobre as culturas nas quais

vivem e sobre a realidade circunda mente desenvolvendo-se psicológica e

socialmente. O brincar é, pois, uma das atividades fundamentais para o

desenvolvimento e a educação das crianças pequenas. No ato de brincar, ocorrem

trocas, as crianças convivem com suas diferenças, dá-se o desenvolvimento da

imaginação e da linguagem, da compreensão e apropriação de conhecimentos e

sentimentos, do exercício da iniciativa e da decisão.

Porém é fundamental analisar como brincar pode contribuir para a

construção de conhecimentos e para a apropriação. Porém, é fundamental analisar

como o brincar pode contribuir para a construção de conhecimentos e para a

apropriação da cultura pelos alunos no interior da escola, bem como analisar como o

brincar deve ser incorporado ao cotidiano escolar e com que objetivos,

Tal reflexão é importante, pois se existe certo consenso quanto à

importância do brincar para a aprendizagem das crianças, ações e concepções

contraditórias revelam divergências quanto ao seu significado e à sua presença no

espaço escolar.

O brincar é, muitas vezes, visto como uma atividade menos importante,

não séria, que os alunos só podem se envolver depois de realizar seus trabalhos;

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aqui o brincar é concebido como um mero passatempo, os professores não tomam o

brincar como parte de seu papel de ensinar e, em geral, não se envolvem neste tipo

de atividade. A vivência dos alunos em jogos e brincadeiras dá-se na “hora do

parque”, ao final das aulas ou no início, ou seja, o brincar e os momentos de brincar

e de trabalhar são claramente divididos, separados.

O aparecimento do jogo e do brinquedo como fator do desenvolvimento

infantil proporcionou um campo amplo de estudos e pesquisas e hoje é questão de

consenso a importância do lúdico. Dentre as contribuições mais importantes destes

estudos, segundo NEGRINE (1994, p. 41), podemos destacar:

“As atividades lúdicas possibilitam o desenvolvimento integral da criança, já que através destas atividades a criança se desenvolve afetivamente, convive socialmente e opera mental-mente.

O brinquedo e o jogo são produtos de cultura e seus usos permitem a inserção da criança na sociedade;

Brincar é uma necessidade básica assim como é a nutrição, a saúde, a habitação e a educação;

Brincar ajuda a criança no seu desenvolvimento físico, afetivo, intelectual e social, pois, através das atividades lúdicas, a criança forma conceitos, relaciona idéias, estabelece relações lógicas, desenvolve a expressão oral e corporal, reforça habilidades sociais, reduz a agressividade, integra-se na sociedade e constrói seu próprio conhecimento.”

A criança jamais brinca sem aprender, pois é no brincar que a criança

se apropria da realidade, atribuindo-lhe significado e vislumbrando a possibilidade,

também, de transformar essa realidade.

É importante destacar que, sem livre escolha, ou seja, sem a

possibilidade real de decidir, não existe brincadeira. A brincadeira aparece como

uma sucessão de decisões a serem tomadas. Brincar implica ser livre para decidir,

fazer escolhas. Acredita -se que tanto o brincar livre quanto o dirigido precisam estar

presente na escola e não porque uma brincadeira é proposta pelo professor, que os

alunos deixam de pensar, elaborar estratégias, tomar decisões.

Vale ressaltar também que nem o brincar livre nem o dirigido dispensa

a ação do professor, pois, para que o brincar livre aconteça, é necessário, por

exemplo, organizar o tempo, o espaço e os materiais adequados, ou seja, é preciso

criar as condições para brincá-lo entrar em cena.

Segundo MOYLES (2002), o acesso ao livre brincar, a oportunidade de

explorar e investigar materiais e situações sozinhos e entre pares pode ser o

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precursor do brincar dirigido, mais desafiador. Entretanto, ele também pode ser sua

conseqüência. Trata-se de um processo cíclico, uma espécie de espiral do brincar

livre enriquecido, permitindo assim novas experiências para as crianças e a

aquisição de novos conhecimentos e habilidades.

O jogo livre oferece à criança a oportunidade inicial e a mais importante

para atrever-se a pensar, a falar, a ser ela mesma. Com isso a intervenção do

professor, as possibilidades de descobertas e aprendizagens são ampliadas.

2.1 PARTICIPAR É FUNDAMENTAL ! O PAPEL DO PROFESSOR COMO

INICIADOR, MEDIADOR E CO-AUTOR DAS BRINCADEIRAS.

Considerando que a brincadeira ocupa um espaço central na Educação

Infantil, entende-se que o professor é figura fundamental para que isso aconteça,

criando os espaços, oferecendo material e partilhando das brincadeiras das

crianças. É, portanto, de extrema importância o papel do professor tanto na garantia

quanto no enriquecimento da brincadeira como atividade social da infância.

Para que isso ocorra, no entanto, é preciso que exista uma intervenção

educativa intencional do adulto junto ao brincar infantil, ou seja, as situações lúdicas

deverão ser planejadas e orientadas o pelo professor visando a uma finalidade de

aprendizagem, isto é proporcionar às crianças algum tipo de conhecimento relação

ou atitude. Valem ressaltar que não se trata de didatizar as situações de jogo, mas,

sim, de clareza da importância destes momentos e das idéias, conhecimentos,

habilidades, valores, etc., que podem ser explorados, vivenciados, ampliados. Ouso

do brincar de modo intencional requer um plano de ação, ou seja, um planejamento

que priorize e destaque o brincar como eixo norteador do trabalho com as mais

diferentes áreas do conhecimento. Não existe educação espontânea, mas, sim, a

construção de situações educativas por parte do adulto, pois a educação é

inseparável da intencionalidade, seja ela implícita. Segundo FANTIN (2000, p. 91),

“é preciso acabar com o mito da “não intervenção”, pois, mesmo não propondo nada, se educa e propõe pela ausência, pela falta intencionalizada, mas não revelada, pela negação, que é também uma forma de intervenção”.

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O importante e necessário é ter claro as diferentes abordagens

relativas ao brincar e colocar em pratica uma estratégia coerente que conduzirá o

uso e a presença desta linguagem no espaço escolar.

A participação do professor, nas situações de brincar, deve orientar-se

pela escuta, observação e solicitação de ajuda das crianças. Quanto mais o

professor conhecer seus alunos, suas culturas lúdicas, seus interesses e

motivações, mais condições terá para propor brincadeiras que os envolvam, bem

como para participar do brincar das crianças. O professor desempenha um

importante papel no transcorrer das brincadeiras se consegue discernir os

momentos em que deve só observar, em que intervir na coordenação da brincadeira

ou em que deve integrar-se como participante das mesmas. Segundo WAJSKOP

(1999, p. 38):

“O professor deve ser um elemento integrante das brincadeiras, ora como observador e organizador, ora como personagem que explicita, questiona e enriquece o desenrolar da trama, ora como elo entre as crianças e o conhecimento. E, como elemento mediador entre as crianças e o conhecimento, o adulto deve estar sempre junto as primeiras, acolhendo suas brincadeiras e auxiliando-as nas suas reais necessidades na busca por compreender e agir sobre o mundo em que vivem.”

É de extrema importância criar uma modalidade de interação que

acolhe e enriquece as brincadeiras das crianças, bem como um espaço que instiga e

convida a brincar. A intervenção intencional, baseada na observação do brincar das

crianças, oferecendo-lhes material adequado, assim como espaço estruturado

permite o enriquecimento das competências imaginativas e organizacionais infantis.

Garantir o espaço da vivencia e troca simbólica de experiências é fundamental.

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3. O TEMPO E A FREQUENCIA DE BRINCAR

É necessário que estejam previstos na rotina escolar períodos de

tempo consideráveis destinados à brincadeira. Ela precisa se fazer presente e o

professor não podem ter pressa em esgotar estes momentos, pois o importante é

que as crianças possa realmente interagir entre si e com os objetivos de forma livre

e enriquecida, devido, em especial, às possíveis intervenções do professor.

A oportunidade de jogar mais de uma vez o mesmo jogo é que faz com

que a criança modifique substancialmente as competências que são por ele

estimuladas. Por isso, o jogo é para ser explorado quantas vezes for necessário,

dando tempo e apoio às ações das crianças.

Segundo BENJAMIM (1984), há uma lei fundamental que, antes de

todas as regras e leis particulares, rege a totalidade do mundo do brinquedo: a lei da

repetição. Sabemos que, para a criança, ela é a alma do jogo, que nada a alegra

mais do que o “mais uma vez”. É que ela quer saborear de novo a vitória da

aquisição de um saber-fazer, incorporá-lo.

Segundo BEZERRA (2007, p. 8):

“A criação de espaços e tempos para os jogos é uma das tarefas mais importantes do professor, principalmente na escola de educação infantil. Cabe-lhe organizar os espaços de modo a permitir as diferentes formas de jogos, de forma, por exemplo, que as crianças que estejam realizando um jogo mais sedentário não sejam atrapalhadas por aquelas que realizam uma atividade que exige mais mobilidade e expansão de movimentos.”

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Espaços para brincar na escola, incluem, desde o espaço enquanto

oportunidade para brincar oferecido e garantido pelo professor em sua rotina diária,

bem como, o espaço enquanto lugar, materiais e ambiente.

É fundamental criar um ambiente favorável, estimulante e desafiador

aos alunos, de maneira a propiciar, ao máximo, o brincar e a escolha de atividades

por parte das crianças, dentro de um padrão de segurança. A criança ao estar em

um ambiente colorido, simbólico e agradável, se aventuram, experimenta, e

descobrem seu corpo, suas possibilidades motoras e tantos outros conhecimentos e

habilidades.

A criança gosta de brincar de andar, pular, subir, descer, pôr e tirar, de

empilhar e derrubar, fazer e desfazer, criar e destruir.

Segundo BEZERRA (2007, p. 8):

“O educador tem como papel ser um facilitador das brincadeiras, sendo necessário mesclar momentos onde orienta e dirige o processo, com outros momentos onde as crianças são responsáveis pelas suas próprias brincadeiras”.

“É papel do educador observar e coletar informações sobre as brincadeiras das crianças para enriquecê-las em futuras oportunidades. Sempre que possível o educador deve participar das brincadeiras e aproveitar para questionar com as crianças sobre as mesmas. É importante organizar e estruturar o espaço de forma a estimular na criança a necessidade de brincar, também visando facilitar a escolha das brincadeiras”.

O importante é que tanto as crianças quanto os professores se sintam

à vontade para criar espaços onde se possa brincar, com um alto nível de

interatividade e invenção. Ter espaços já estruturados para brincar, como o canto da

casinha, por exemplo, é tão importante quanto criar com as crianças, cenários,

usando sucatas, os móveis da sala ou outros materiais para brincar de cabana,

casinha, navio, marinheiro, etc.

A organização do espaço transforma as interações das crianças com

as outras crianças e com os adultos e interfere, substancialmente, na riqueza e na

presença do brincar.

Segundo WAJSKOP (1995, p 51-53), os espaços devem:

“Propiciar e acolher as necessidades de fabulação das crianças;

Permitir a livre expressão e exploração de todo repertório simbólico corpora;

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Proporcionar a experiência sensorial e a diversidade de emoções nas crianças;

Utilizar os mais variados materiais, de forma a que tenham também elementos móveis que possam ser manipulados por crianças e adultos.

O espaço traduz a cultura, a linguagem, o tratamento dado ao brincar. Espaços que provocam desafios, movimentos, que instigam o fazer e o pensar são indispensáveis, pois valorizar a brincadeira não é apenas permiti-la, é suscitá-la no tempo e no espaço do viver e do aprender das crianças.”

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4. TUDO O QUE É E O QUE PODE SER BRINQUEDO

Segundo BROUGÈRE (2004, p. 64),

“a criança não brinca numa ilha deserta. Ela brinca com as substancias materiais e imateriais que lhe são propostas. Ela brinca com o que tem à Mão e com o que tem na cabeça. Os brinquedos orientam a brincadeira, trazem-lhe a matéria”.

Neste sentido, é fundamental refletir acerca do significado do brinquedo

e de suas representações, pois os materiais são os suportes para a imaginação da

criança e trazem, em suas formas, sentidos e significados diferenciados que revelam

toda uma concepção de criança e de brincadeira.

Segundo este mesmo autor, olhar o brinquedo é se confrontar com o

que se é ou, ao menos, com a imagem do mundo e da cultura que se quer mostrar à

criança. O brinquedo é um objeto que carrega em si uma realidade cultural, uma

visão de mundo e de criança.

De acordo com BEZERRA (2007, (p.7): “Brinquedo é um tipo de

treinamento divertido para a criança, através dele é que ela começa a aprender,

conhecer e compreender o mundo que a rodeia”.

O brinquedo estimula a imaginação e desenvolve a criatividade.

Brinquedos que ensinam apenas a repetir mecanicamente o que os outros fazem

são prejudiciais, irritantes e monótonos. Criança gosta de brinquedos que

possibilitem ação e movimento, com isso, aprende a coordenar olhos, mãos e o

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corpo, garantindo com naturalidade e prazer uma maior saúde física e mental no

futuro.

De acordo com BEZERRA (2007, p.3): Brinquedo sério é aquele que

educa a criança para uma vida saudável, livre, solidária, onde o companheirismo e a

amizade sejam os pilares básicos”.

“No brincar espontâneo podemos registrar as ações lúdicas a partir da: observação, registro, análise e tratamento. Com isso, podemos criar para cada ação lúdica um banco de dados sobre o mesmo, subsidiando de forma mais eficiente e científica os resultados das ações. É possível também fazer o mapeamento da criança em sua trajetória lúdica durante sua vivência dentro de um jogo ou de uma brincadeira, buscando dessa forma entender e compreender melhor suas ações e fazer intervenções e diagnósticos mais seguros ajudando o indivíduo ou o coletivo.” (BEZERRA, 2007, p. 4).

Com isso podemos definir, a partir de uma escolha criteriosa, as ações

lúdicas mais adequadas para cada criança envolvida, respeitando assim o princípio

básico de individualidade de cada ser humano.

“Já no brincar dirigido pode-se propor desafios a partir da escolha de jogos, brinquedos ou brincadeiras determinadas por um adulto ou responsável. Estes jogos orientados podem ser feitos com propósitos claros de promover o acesso a aprendizagens de conhecimentos específicos como: matemáticos, lingüísticos, científicos, históricos, físicos, estéticos, culturais, naturais, morais etc. E um outro propósito é ajudar no desenvolvimento cognitivo, afetivo, social, motriz, lingüístico e na construção da moralidade (nos valores).” (BEZERRA, 2007, p. 4).

É fundamental, portanto, refletir acerca dos brinquedos que a escola

oferece aos alunos, levando em conta seus significados. O acervo de brinquedos da

escola deve fazer parte de uma proposta pedagógica mais ampla, que concebe

tanto o brincar quanto os brinquedos como fonte de descobertas e aprendizagens

sobre o que é ser criança, adulto, pai, mãe, conhecimento sobre as propriedades

físicas dos objetos, suas funções, seus usos, etc.

Enfim, conhecimentos sobre si, sobre o outro e sobre a realidade social

que circunda a criança. Isto é importante porque, segundo BEZERRA (2007):

“muitos são os brinquedos que transmitem imagens estereotipadas. A cor rosa, por exemplo, foi associada, culturalmente, ao gênio feminino e panelas nessa cor sugerem que esse tipo de brinquedo e, indiretamente, o ato de cozinhar se destinam somente às meninas.” (p. 9).

Neste caso, a cor reforça valores que devem ser questionados. Uma

proposta lúdica no contexto escolar deve considerar os significados inscritos nos

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brinquedos e como estes objetos lúdicos podem chegar às mãos das crianças, de

modo a proporcionar as mais diversas experiências.

O brinquedo recheia de conteúdos as brincadeiras das crianças e as

relações delas com os adultos e com o mundo. No entanto segundo BROUGÈRE

(2004), a brincadeira permite:

decidir, pensar, sentir emoções distintas, competir, cooperar, construir, experimentar, descobrir, aceitar limites, surpreender-se. Brinquedos ricos em possibilidade e diversidade são fundamentais para o surgimento do brincar, pois, enquanto objeto, o brinquedo é sempre o suporte da brincadeira; é o estimulante material que faz fluir o imaginário infantil.” (p. 64).

Vale ressaltar que os brinquedos podem ser de vários tipos,

estruturados ou não, artesanais ou industriais, feitos pelas crianças ou pelos

professores. Não há a necessidade de se ter uma quantidade enorme de brinquedos

caros e industriais na escola para se garantir a qualidade do brincar. É claro que a

quantidade e a qualidade dos materiais oferecidos ás crianças influem na riqueza e

nas possibilidades das brincadeiras; porém, o mais importante é o uso que se faz

destes objetos lúdicos no espaço escolar.

Para a criança, qualquer objeto, situação ou ambiente pode se

transformar em objeto, situação ou ambiente de brincadeira. Aos olhos de uma

criança, tudo é brinquedo. BENJAMIM (1984), coloca que as crianças se sentem

irresistivelmente atraídas pelos destroços que surgem da construção, do trabalho, do

jardim ou em casa, da atividade do alfaiate ou do marceneiro. Nesses restos que

sobram, elas reconhecem o rosto que o mundo das coisas volta exatamente para

elas e só para elas. Com isso, elas fazem histórias com o lixo da história.

Destaca-se aqui a importância de proporcionar aos alunos a

possibilidade de construir seus próprios brinquedos, a partir de materiais alternativos

e naturais, como sucatas, pedaços de madeira, galhos, folhas de árvores, etc. Uma

caixa de papelão vira uma casa ou um barco, um cabo de vassoura se transforma

em um cavalo, as folhas das árvores, comida para as bonecas!

Outra questão fundamental é a necessidade premente de se resgatar e

valorizar os brinquedos regionais. Como diz FRIEDMANN (2003, p. 16),

“âmbito cultural, é imprescindível divulgar e trocar as diversidades culturais das varias regiões que traduzem seus respectivos valores através da linguagem transmitida pelos brinquedos e pelas brincadeiras.”

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Portanto, o valor do brinquedo não esta nele mesma, mas na reação

que provoca na criança, na imaginação que desperta na sua potencialidade de

revelar os desejos e as necessidades infantis. E, como diz BROUGÈRE, “só

podemos compreender o que o brinquedo faz á criança ao olhar o que a criança faz

com seu brinquedo.” (2004, p.251).

Sendo assim, tão importante quanto colocar as crianças em contato

com diversos objetos lúdicos, é partilhar com elas desses momentos de criação,

invenção e descobertas. Para a criança, o grande brinquedo, a grande brincadeira é

a convivência.

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5. INVENTANDO, CONSTRUINDO, COMPARTILHANDO REGRAS

Segundo BEZERRA (2007, p. 23):

“Nos jogos de regras o professor não precisa estimular os valores competitivos, e sim tentar desenvolver atitudes cooperativas entre as crianças. Que o mais importante no brincar é participar das brincadeiras e dos jogos”.

Estimular a imaginação infantil, para isso o professor deve oferecer

materiais dos mais simples aos mais complexos, podendo estes brinquedos ou jogos

ser estruturados (fabricados) ou serem brinquedos e jogos confeccionados com

material reciclado (material descartado como lixo), por exemplo: pedaço de madeira;

papel; folha seca; tampa de garrafa; latas secas e limpas; garrafa plástica; pedaço

de pano etc. Todo e qualquer material cria para a criança uma possibilidade de

fantasiar e brincar. Como o faz de conta.

A imaginação, a imitação e a regra são características que estão

presentes em todas as modalidades de brincadeiras. Cada uma dessas

características pode aparecer de forma mais evidente em um tipo ou outro de

brincadeira; o que diferencia é o uso do material ou dos recursos

predominantemente implicados.

Para brincar, sempre há um acordo sobre as regras ou uma construção

das regras, como nas brincadeiras simbólicas, que supõem um acordo sobre os

papéis e as ações a serem desempenhadas. Não existe, portanto, brincadeira sem

regra, pois, como diz WAJSKOP (1999), a brincadeira depende de regras de

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convivência e de regras imaginarias que são discutidas e negociadas

incessantemente pelas crianças que brincam.

Quanto à imaginação e à imitação, sabemos que as brincadeiras são o

reflexo o que as crianças vêem e ouvem dos maiores, mas elas não se limitam a

recordar experiências vividas, mas, sim, reelaboram criativamente, combinando-as

entre si edificando com elas novas realidades de acordo com seus desejos e

necessidades.

5.1 O FAZ-DE-CONTA

Por meio da brincadeira do faz-de-conta e por causa de seu caráter

sociocultural, as crianças podem recriar situações cotidianas, explicitando o

conhecimento que têm sobre os objetos, sobre as convenções sociais, etc.

O brincar funciona como um cenário no qual a criança busca, imaginar,

representar e comunicar de uma forma especifica que uma coisa pode ser outra, que

uma pessoa pode ser um personagem, que uma criança pode ser um animal ou um

objeto, que um lugar faz-de-conta que é outro. Apoiadas em gestos ou em objetos

transformados, as crianças assumem diversos papéis sociais que conhecem ou

experimentam em sua própria vivencia ou por meio de historias, filmes, programas

televisivos, etc. Podem, com isso, experimentar outras formas de ser e pensar,

ampliando suas concepções sobre as coisas e as pessoas.

Assim, na brincadeira do faz-de-conta, vivenciam concretamente a

elaboração e a negociação de regras de convivência, assim como a elaboração de

um sistema de representação dos diversos sentimentos, das emoções e das

construções humanas.

Para que as crianças sejam ativas e criativas no brincar, demonstrando

seus interesses e necessidades, segundo BEZERRA (2007, p. 23): “é imprescindível

que haja riqueza e diversidade nas demais situações didáticas propostas pelo

professor”. Quanto mais às crianças virem, ouvirem, sentirem e experimentarem,

quanto mais aprenderem e assimilarem, quanto mais elementos reais tiverem em

suas experiências, tanto mais poderosa e criativa será a atividade de sua

imaginação.

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O papel do educador, segundo BEZERRA (2007, p. 23):

“é ser um facilitador das brincadeiras, sendo necessário mesclar momentos onde orienta e dirige o processo, com outros momentos onde as crianças são responsáveis pelas suas próprias brincadeiras.”

Ou seja, o educador deverá estimular a imaginação das crianças.

Isto significa que o educador deve despertar as idéias das crianças e

não impor as suas, ou seja, instigá-las a racionar e a buscar procedimentos para as

soluções para seus problemas por meio de comparação, contraposição, tirando suas

próprias conclusões.

Para enriquecer e ampliar o repertório simbólico das crianças, segundo

o autor acima citado é importante:

“Propor, criar e compartilhar com as crianças brincadeiras compostas de vários papéis complementares, que se organizam e interagem em torno de um enredo comum”, tais como: o circo, a casinha, uma viagem à Lua, uma pescaria, o mar, a floresta, uma caverna de morcegos, etc.

Dispor de objetos reais cujo significado é modificado em função dos enredos com os quais se brinca, como, por exemplo, na utilização de uma mesa virada de cabeça para baixo fazendo de conta que é um barco;

Ter trajes e acessórios para caracterização dos papéis, tais como: fantasias, chapéus, luvas, panos, carteiras, vestidos, etc.;

Mudar o espaço em função dos enredos com os quais se brinca, criando cenários, tais como: um palco para um circo, um salão de cabeleireiro, o fundo do mar, etc.

Favorecer a manipulação de bonecos, fantoches, para a criação de historias e brincadeiras simbólicas;

Construir objetos, brinquedos, para brincar;

Discutir sobre a brincadeira para o aperfeiçoamento dos papéis e dos enredos criados;

Propor agrupamentos baseados na ajuda mútua e na complementaridade de ações simbólicas e reais.

5.2. OS JOGOS DE CONSTRUÇÃO

"A esperança de uma criança, ao caminhar para a escola é encontrar um amigo, um guia, um animador, um líder - alguém muito consciente e que se preocupe com ela e que a faça pensar, tomar consciência de si de do mundo e que seja capaz de dar-lhe as mãos para construir com ela uma nova história e uma sociedade melhor". (ALMEIDA, 1987, p.195).

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O fascínio que os objetos e suas propriedades criam nas crianças

assim como a curiosidade que têm em descobrir como são e como funcionam as

coisas segundo BEZERRA (2007, p. 24): “propicia o desenvolvimento de atividades

de construção”. Apesar de estarem intrinsecamente associados ao processo de

desenvolvimento do faz-de-conta, brincar com materiais de construção permite uma

exploração mais aprofundada das propriedades e características associativas dos

objetos, assim como, de seus usos sociais e simbólicos.

As crianças podem utilizar, para suas construções, os mais diversos

materiais, tais como: areia, massinha, pedras, ossinhos, folhas, pequenos troncos de

árvores, etc. Além destes, usam também materiais concebidos intencionalmente

para a construção, tais como, os blocos geométricos das mais diversas formas,

espessuras, volumes e tamanhos; blocos imitando tijolos ou ainda pequenos ou

grandes blocos plásticos contendo estruturas de encaixe.

Estas atividades propiciam não somente o conhecimento das

propriedades de volumes e formas geométricas como desenvolvem nas crianças

capacidades relativas à construção com proporcionalidade, auxiliando-as a

desenvolver seu pensamento antecipatório, a iniciativa e a solução de problemas no

âmbito das relações entre espaço e objetos.

Neste tipo de brincadeira, a intervenção do professor é vital, tanto para

apoiar afetiva e intelectualmente as tentativas dos alunos quanto para propor novas

possibilidades de uso e transformação dos materiais. O professor poderá sugerir a

construção de formas novas ou ampliar para todas as crianças a descoberta.

Os jogos de construção são considerados de grande importância por

enriquecer a experiência sensorial, estimular a criatividade e desenvolver várias

habilidades nas crianças. Ao construir, juntar materiais, empilhar, montar, etc., a

criança desenvolve a capacidades para medir, imaginar, planejar e antecipar suas

ações.

Para propiciar e enriquecer o brincar com jogos de construção na

escola, segundo BEZERRA (2007, p. 39), o educador deve:

• “Favorecer a manipulação e a exploração de objetos e brinquedos, em situações organizadas de forma a que haja quantidades individuais suficientes para que cada criança possa descobrir as características e propriedades principais destes materiais

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(sons, cores, texturas, cheiros, formas) e suas possibilidades associativas: empilhar, rolar, transvasar, encaixar, etc.; • Propor jogos, tais como: diferentes tipos de quebra-cabeças, jogos de montar e encaixar, como o Lego e outros. • Utilização dos materiais para construção de cenários temáticos de brincadeiras; • Garantir que os materiais não sejam utilizados apenas sobre as mesas, mas espalhe-se pelo chão da sala ou dos espaços externos disponíveis, possibilitando a construção de cidades, pontes, parques, rios, etc.”

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6. O BRINCAR E AS MULTIPLAS LINGUAGENS

Já foi destacada a importância do professor inserir o brincar em um

projeto educativo, o que supõe ter objetivo e consciência da importância desta

linguagem em relação ao desenvolvimento e à aprendizagem das crianças. O

brincar precisa, portanto, ser visto como um eixo norteador do trabalho com as

demais áreas do conhecimento, o que implica numa intensa relação e diálogo entre

as múltiplas linguagens que a criança utiliza para expressar suas idéias sobre si e

sobre o mundo, bem como para entrar em contato com ele.

Segundo GOULART (2002, p. 61):

“A participação das crianças no mundo de cultura vai requerer a habilidade de compreensão de todo o simbolismo inerente a ele. Através de um processo de interação com o mundo adulto, o grupo de crianças constrói diferentes linguagens, que dão acesso a diversos significados. Essas linguagens constituem-se como instrumentos culturais de apreensão do mundo, de maneira a dar forma ás diversas aprendizagens infantis. Cada uma delas, a sua maneira, vai contar ás crianças um pouco da cultura, do modo de ser e ver a realidade a qual pertencem.”

É fundamental, portanto, favorecer a integração entre as linguagens e

assumir uma conduta lúdica, brincante diante dos modos de aprender e expressar

conhecimentos. Desta forma, o sentido e o significado de casa conhecimento se

farão presentes e o aluno é concebido como ser integral, complexo e plural.

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7. O BRINCAR E A MATEMÁTICA

Os jogos proporcionam contextos nos quais as idéias matemáticas

podem ser exploradas de forma significativa e interessante. A criança se sente mais

à vontade para rever suas ações, quando se é livre de pressões e imposições e

busca soluções para superar obstáculos tanto cognitivos quanto emocionais.

O jogo estimula a exploração e a solução de problemas, criando um

clima propício para a investigação, a compreensão e a descoberta de idéias

matemáticas.

As soluções de jogo promovem, também, segundo BEZERRA (2007, p.

25), oportunidade para a criança se “descentrar, coordenar pontos de vista e

compreender o sentido e o porquê das regras”.

No jogo, as ações das crianças devem ser cooperativas e

complementares (o fazer e compreender de um depende do fazer e compreender do

outro). Neste sentido, as crianças estarão sempre comunicando suas idéias,

buscando consensos e negociações. Isto porque um jogo não pode começar, a não

ser que os jogadores concordem com as regras, e, uma vez começado, não pode

continuar, a não ser que os jogadores concordem com a interpretação destas regras

e as sigam.

Os jogos, segundo BEZERRA (2007), promovem desafios, geram

prazer e novos conhecimentos. Mas, para que isso aconteça, é importante criar um

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ambiente propicio para o uso do jogo em sala de aula e explorá-lo em toda a sua

riqueza e possibilidades.

O papel do professor neste processo é fundamental. Conhecer o jogo,

criar e propor problemas desafiadores aos alunos é uma de suas tarefas, bem como

observar as tentativas dos alunos ao jogar, apoiando-os em suas dificuldades e

estimulando-as em suas potencialidades. É importante não dar a resposta, mas, sim,

levantar novos problemas que suscitem novos caminhos, novas idéias, ou seja,

estimular a reflexão por meio de questionamentos que levem o aluno a pensar sobre

sua ação, transformando-a quando necessário.

Os resultados de alguns jogos deverão, ser registrados pelo professor

e isso pode ser feito das mais diferentes formas (por meio de desenhos, gráficos,

tabelas, etc.).

Por meio de tais procedimentos, segundo BEZERRA (2007), estará

assim promovendo o processo de construção da linguagem matemática, o qual não

pode ser reduzido nunca a uma atividade individual. Trata-se, pois, de uma atividade

de comunicação e, sendo assim, a importância do aluno comentar a respeito da

brincadeira que realiza e receber do professor a mediação necessária para ampliar

seus conhecimentos a respeito dessa linguagem, é fundamental.

Cabe ao professor, portanto, assegurar a cada participante dos jogos o

direito de pensar, expressar seu pensamento, de negociar suas idéias, de criar

outras a partir das discussões realizadas, ou seja, o direito de viver intensamente o

jogo, de forma prazerosa e aprendente.

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8. O BRINCAR COM E POR MEIO DA LINGUAGEM

A linguagem no brincar é uma presença marcante e constante, pois ao

combinarem regras, imaginarem enredos, explicitarem idéias, a criança tem a

oportunidade para se expressar oralmente, ou seja, por meio do brincar criam-se

contextos significativos de sentidos.

O brincar com e por meio da linguagem aparece, portanto, em todas as

brincadeiras das crianças, desde que elas tenham oportunidade para conversar

entre si e com um adulto cooperativo, que escuta, valoriza e instiga suas idéias.

Para enriquecer e favorecer esse brincar com e por meio da linguagem,

segundo CEREJA e MAGALHÃES (2008), é fundamental criar situações nas quais

os alunos possam ouvir, falar, imaginar, inventar histórias, ampliar seu repertorio de

imagens, de palavras, de vivencias, de conhecimento. Uma das formas de se fazer

isso é promover, de forma rica e prazerosa, o contato das crianças com o livro e,

conseqüentemente, com a leitura de histórias.

A escola é o espaço de alargar, conhecer e adentrar novos universos,

que possam dar significados à vida, contribuindo para que se compreenda a

realidade de muitas maneiras possíveis. A realidade, segundo CEREJA e

MAGALHÃES (2008), poderá ser vivida, compreendida, imaginada por meio da arte

que se faz com a palavra, a literatura. Trabalhar com os livros de literatura infantil é

descobrir a passagem para um mundo não só de fantasias, mas também de

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realidades, mobilizando nas crianças a sensibilidade, a imaginação, o conhecimento

de si e do mundo que a cerca.

As palavras são portas e janelas que se abrem para novos mundos e

universos. Se nos debruçarmos na janela e repararmos, nós nos inscrevemos na

paisagem. Se destrancarmos as portas, o enredo do universo nos visita. Segundo

Contar histórias para as crianças inaugura, promove e amplia o

imaginário infantil e como conseqüência, enriquece o repertorio simbólico e de

brincadeiras das crianças. Quanto mais oportunidades elas tiverem para ouvir,

contar, ler, brincar com o livro, mais asas darão á sua imaginação, mais alto elas

voarão por mundos reais e fantásticos.

Conviver de forma lúdica e prazerosa com o livro e com as palavras é,

pois, segundo CEREJA e MAGALHÃES (2008), para brincar com e por meio da

linguagem e essa convivência precisa ser garantida pelo professor que deve levar

aos alunos livros de qualidade, diversidade e gêneros textuais e de formas de ler e

contar histórias.

Compartilhando brincadeiras as crianças têm a oportunidade de viver

diferentes experiências, como disputar, aprender, perder, ganhar e compreender seu

papel no grupo e ir entendendo e como é a relação entre as pessoas e assim

socializando-se no mundo da cultura. Segundo pesquisas, as vantagens são ainda

maiores quando se tratam de brincadeiras tradicionais.

Quando observado as brincadeira das crianças de hoje, com relação às

brincadeiras de séculos anteriores, pode-se constatar uma grande diferença, uma

vez que as invenções tecnológicas favorecem o esquecimento e o relativo

desaparecimento das brincadeiras infantis tradicionais, que tanto enriqueceram a

cultura popular.

O que se percebe na atualidade, segundo CEREJA e MAGALHÃES

(2008):

“é que as opções de brinquedos industrializados, que hoje fazem parte do universo infantil, tiram da criança o prazer da construção e da descoberta de seus brinquedos personalizados, que antes eram produzidos por elas mesmas. Conforme estudos, a criança construindo seus próprios brinquedos desenvolve ainda mais a inteligência, a criatividade e as habilidades psicomotoras.” (p.25).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa teve como objetivo de investigar o universo infantil e

como o brincar se torna importante no desenvolver a imaginação através dos

brinquedos e brincadeiras que são considerados um suporte de ação e manipulação

na conduta lúdica infantil e que o resgate as brincadeiras tradicionais é tratado como

parte do currículo e da pratica destes profissionais. A partir da contribuição dos

autores pesquisados foi possível compreender melhor a cultura infantil e as

contribuições que o brincar proporciona à criança.

Nas observações realizadas junto ao Centro de Educação Infantil

Albertina Felício dos Santos, ficou contatado que as professoras brincam com suas

crianças de cantiga de roda; ciranda-cirandinha, Terezinha de Jesus, ovo-choco e

brincadeiras como: pula corda, pula saco, pular obstáculos, pega-pega, esconde-

esconde entre varias outras brincadeiras. Ao brincarem livremente, as crianças,

principalmente as meninas, brincam muito de casinha, já os meninos preferem jogar

futebol. Pela a analise dos dados levantados nesta pesquisa, pode se perceber com

os brinquedos e brincadeiras com os quais as crianças brincam são livres e criativos.

As brincadeiras para as crianças são em que elas podem representar

as experiências que vivem entre os adultos. E através das brincadeiras que as

crianças ampliam os conhecimentos sobre si e sobre o mundo e sobre tudo,

exploram objetivos, comunica-se com outras crianças e adultos, desenvolvem suas

múltiplas linguagens, organizando seus pensamentos, descobrem regras, tomam

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decisões. Porem, mesmo reconhecendo que as crianças ao brincar são criativas, e

que brincando elas estão interagindo com outros muitas vezes a brincadeira não é

valorizado.

Sendo que o trabalho da Educação Infantil deve estar centrado em

projetos que possibilitem as crianças diferenciar suas próprias experiências das

outras pessoas, e que favoreça a construção de habilidades e competências

necessárias à construção de conhecimentos e socialização de saberes.

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SZUNDY, P.T.C. A construção do conhecimento do jogo e sobre o jogo, ensino e aprendizagem de LE e formação reflexiva. São Paulo: Laboratório de Estudos da Linguagem. PUC, 2005. (Tese de Doutorado em Lingüista Aplicada e Estudos da Linguagem). TEIXEIRA, C.E.J. A ludicidade na escola. São Paulo: Loyola, 1995. VYGOTSKY, Lev Semenovich. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. São Paulo: Martins Fontes, 1991. WAJSKOP, Gisela. Brincar na pré-escola. São Paulo: Cortez, 1999. WINNICOTT, D. W. A criança e seu mundo. Rio de Janeiro: LTC, 1982.

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