aspectos da histÓria das instituiÇÕes escolares … · história das instituições escolares do...

40
ADRIELA STERCHILE ASPECTOS DA HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES ESCOLARES DE SANTA HELENA Trabalho apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em História da Educação Brasileira pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Campus de Cascavel, sob a Orientação do Prof. MSc. Ivo Oss Emer. CASCAVEL 2006

Upload: volien

Post on 12-Dec-2018

221 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

1

ADRIELA STERCHILE

ASPECTOS DA HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES ESCOLARES DE

SANTA HELENA

Trabalho apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em História da Educação Brasileira pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Campus de Cascavel, sob a Orientação do Prof. MSc. Ivo Oss Emer.

CASCAVEL

2006

2

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha mãe pelo incentivo e compreensão;

Ao meu marido Geraldo pela paciência e carinho; e

Aos meus colegas pelo apoio e torcida.

3

AGRADECIMENTOS

A Deus pelo amparo e forças;

Ao professor Orientador Ivo Oss Emer pela dedicação e orientação;

Aos meus familiares pela partilha e companheirismo.

4

EPÍGRAFE

Tudo está em movimento e nada dura para sempre.

O mundo está impregnado por constantes opostos.

Se nunca ficássemos doentes, não saberíamos o que é saúde.

Se nunca tivéssemos fome, não experimentaríamos a agradável

sensação de saciá-la depois de uma refeição.

Se nunca houvessem guerras, não saberíamos o valor da paz e,

se nunca houvesse inverno, não poderíamos assistir a chegada

da primavera.

Sem a constante interação dos opostos, o mundo deixaria de

existir.

HERÁCLITO

5

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................07

2 A EDUCAÇÃO NA SOCIEDADE .....................................................................08

2.1 EDUCAÇÃO E CULTURA .............................................................................08

3 O MUNICÍPIO DE SANTA HELENA.................................................................10

3.1 CARACTERIZAÇÃO GERAL DO MUNICÍPIO...............................................10

3.2 RESUMO HISTÓRICO ..................................................................................10

3.3 A PASSAGEM DA COLUNA PRESTES POR SANTA HELENA ..................12

3.4 A CRIAÇÃO DO MUNICÍPIO DE SANTA HELENA .......................................13

3.5 A CONSTRUÇÃO DA HIDRELÉTRICA DE ITAIPU ......................................15

4 A EDUCAÇÃO NO MUNICÍPIO.......................................................................17

4.1 HISTÓRICO DA SITUAÇÃO EDUCACIONAL DO MUNICÍPIO DE SANTA

HELENA ..............................................................................................................17

4.2 SANTA HELENA A CAMINHO DA EDUCAÇÃO FORMAL ...........................19

4.3. AS ESCOLAS NO MUNICÍPIO DE SANTA HELENA ..................................21

4.4 DESATIVAÇÃO DAS ESCOLAS MUNICIPAIS EM SANTA HELENA ..........28

4.5 CRIAÇÃO DE NOVAS ESCOLAS PARA ATENDER A DEMANDA ..............32

4.6 ENSINO SUPERIOR NO MUNICÍPIO DE SANTA HELENA ........................35

5 CONCLUSÃO ..................................................................................................37

6 REFERENCIAS ................................................................................................38

6

LISTA DE QUADROS

QUADRO 01 - Demonstrativo da Densidade Populacional do Município de Santa

Helena ................................................................................................................... 16

QUADRO 02 – Escolas que passaram a pertencer ao Município de São José das

Palmeiras .............................................................................................................. 23

QUADRO 03 – Escolas Estadualizadas a partir de 1983 ...................................... 24

QUADRO 04 - Relação das sessenta e seis escolas rurais autorizadas pela

Resolução nº140/82 .............................................................................................. 25

QUADRO 05 - Escolas Reativadas através da Resolução 140/82 ...................... 27

QUADRO 06 - Escolas com atividades suspensas pela da Resolução 3.360/83 ...29

QUADRO 07 - Escolas Cessadas a partir de 1984 .............................................. 30

QUADRO 08 – Escolas mantidas desde a década de 60 ..................................... 32

QUADRO 09 - Escolas Mun. criadas na Sede do Município a partir de 1987........ 33

QUADRO 10 - Criação dos Centros Municipais de Educação Infantil .................. 33

QUADRO 11 - Autorizações de funcionamento de Pré-Escola ............................. 34

7

1 INTRODUÇÃO

Este trabalho foi elaborado com o intuito de desvendar e relatar aspectos da

história das Instituições Escolares do Município de Santa Helena – PR, no extremo

Oeste do Paraná, ressaltando a importância dada à educação desde o início da

colonização e estruturação da comunidade, o modo de como foram criadas as

escolas, as lutas dos colonos pela escolarização de seus filhos e adversidades

encontradas.

Falar sobre o processo de implantação das escolas implica em recolher

informações sobre o passado, construído culturalmente, formação e organização da

sociedade. Nenhuma educação formal se produz sem estar em sintonia entre

identidade cultural e identidade social.

Cada comunidade, a partir do momento que se constitui tem suas

peculiaridades, a história do município de Santa Helena começa quando colonos

imigrantes decidiram deixar os campos do Rio Grande do Sul - em sua grande

maioria, por ser neste espaço geográfico em que se fixaram os imigrantes vindos da

Europa - buscando terras férteis onde pudessem melhorar suas condições de vida,

a maneira como se organizaram foi significativa para a construção da identidade do

município ressaltando traços que permanecem vivos na atualidade.

Entendemos que mesmo com todas as dificuldades enfrentadas a educação é

fator de prioridade em qualquer sociedade. Entre a classe dominante existia,

naquela época, uma visão específica da educação escolar: a escola deveria

desempenhar o papel de reprodutora da cultura de origem dos colonos e mantinha

um significado político na medida em que funcionasse tecnicamente bem.

Desta forma, relata-se neste trabalho a pesquisa realizada sobre a

implantação do Sistema de Ensino no município de Santa Helena, tendo como

fontes primárias de pesquisa os documentos da época, arquivados na Secretaria

Municipal de Educação e Cultura visando informar sobre os fatos históricos do

município de Santa Helena e da suas atividades educacionais e escolares desde a

colonização e agrupamento populacional, o desenvolvimento e organização como

comunidade até a atualidade.

8

2 A EDUCAÇÃO NA SOCIEDADE

2.1 EDUCAÇÃO E CULTURA

Educação significa a possibilidade de emancipação, inclusive da situação

atual onde as minorias cada vez mais, perdem o contato com a possibilidade do

exercício da auto-consciência, uma vez que se transformam em verdadeiras caixas

de ressonância dos comportamentos e valores impostos pelas elites

A educação possibilita aos indivíduos que à ela tem acesso, membros da

sociedade, o provimento de bem-estar e sustentação com boa condição da

qualidade de vida, significa também, desabrochar a capacidade plena de participar

da construção da sociedade implicando em deveres de cidadania.

A educação desde o princípio é preocupação constante do homem,

primeiramente na transmissão de experiências e da cultura. De acordo com

CLARKE (1948) apud FORQUIM (1993, p.125), “não se pode ser autenticamente

humano se não se tornou portador de uma cultura.”

O homem é resultado do meio cultural onde foi socializado. Ele é herdeiro de um longo processo acumulativo que reflete o conhecimento e a experiência adquiridos pelas numerosas gerações que o antecederam. A manipulação adequada e criativa deste patrimônio cultural permite as inovações e invenções. Estas não são, pois, o produto da ação isolada de um gênio, mas o esforço de toda uma comunidade (LARAIA, 1986, p.46)

Para que haja interesse na transmissão de uma cultura, seja ela qual for, é

necessário primeiramente, sentir-se parte desta cultura, pois, “se amamos nossa

cultura, queremos transmiti-la.” (GROSSI, 2003, p. 93)

A apropriação da cultura implica um processo simultâneo da construção de condições subjetivas. A integração cultural e a inserção cultural são duas dimensões do mesmo processo de emancipação ou devir humano. Portanto, de um lado, a educação tem função de contribuir para a integração social, a apropriação da cultura, no tempo e no espaço da existência das pessoas. De outro lado, tem a função de contribuir para a inscrição autônoma e original das pessoas na evolução histórica da humanidade. WITTMANN (2004, p. 15)

Acredita-se que a educação é uma das atividades básicas de todas as

sociedades humanas, pois elas dependem, para sobreviver, de sua herança cultural

9

aos mais jovens. Toda sociedade, portanto, utiliza os meios que julga necessário

para perpetuar sua herança cultural e treinar os mais jovens nas maneiras de ser e

de pensar do grupo.

Cada sociedade historicamente constituída tem uma peculiaridade na

construção da sua história formada pela contribuição pessoal de cada um dos seus

componentes e da cultura à qual pertencem.

De acordo com MENEZES (1999, p. 08), pertencer a uma identidade cultural,

significa descobrir-se, ser diferente dos comportamentos globais. Por isso,

patrimônios culturais intangíveis como as formas de manifestações lingüísticas, de

relacionamento, de trabalho com a terra e a tipificidade da culinária, o cultivo e o

preparo do vinho, os passos das danças tornaram-se patrimônios da cultura e

demonstram a riqueza da relação entre identidade e diversidade da cultura

brasileira.

Segundo RIBEIRO (1998), o Brasil é caracterizado como um país de

enorme diversidade cultural, essas diversidades são vivenciadas, ensinadas e

aprendidas em todos os aspectos: econômicos, sociais, culturais e afetivos.

A cultura entendida como forma de viver, trabalhar, a culinária e outros tipos

de aprendizagem que eram considerados importantes no contexto histórico e a

escola foi criada como um espaço sistematizado para a transmissão da cultura.

Isto pode ser comprovado pela observação da forma de agrupamento social

mais precisamente, na criação das aldeias ou vilarejos as pessoas preocupavam-se

primeiramente em providenciar um espaço para a cultura religiosa e um lugar para o

ensino das crianças, ou seja, uma escola ou um lugar onde o aprendizado poderia

acontecer, mesmo que este não fosse da forma como é realizado na atualidade.

Desta forma também aconteceu no município de Santa Helena no princípio da

sua criação, quando a preocupação com a religiosidade e a educação das crianças

foi fator de intensa luta e organização para o desenvolvimento da comunidade.

10

3 O MUNICÍPIO DE SANTA HELENA

3.1 CARACTERIZAÇÃO GERAL DO MUNICÍPIO

O Município de Santa Helena localiza-se a 640 Km da capital do estado -

Curitiba, na Microrregião Extremo Oeste do Paraná, numa altitude média de 347

metros acima do nível do mar. Segundo o IBGE, possui 758,23 km2, entre as

seguintes coordenadas geográficas: Latitude: 24º 51’ 37’’ Sul e Longitude 54º 19’

58’’ - W - GR.

Santa Helena limita-se ao Norte com o município de Entre Rios do Oeste, ao

Sul com Missal e Itaipulândia, ao Leste com São José das Palmeiras e Diamante do

Oeste, ao Oeste com a República do Paraguai através do Lago de Itaipu.

Os principais cursos de água do município são: o Rio Paraná, represado pela

barragem da Hidrelétrica de Itaipu; São Francisco; Morenão; São Vicente; Dois

Irmãos e Felicidade.

O clima é subtropical e a média da temperatura mais quente é superior a 22º

e dos meses mais frios é inferior a 18º. As tendências reveladas nos últimos anos é

de ligeiro período de estiagem nos meses de verão e geadas nos meses de inverno.

3.2 RESUMO HISTÓRICO

O espaço que compreende o Município de Santa Helena, como toda a Região

Oeste do Paraná, antes da colonização, era ocupados por vários grupos indígenas,

principalmente os Guaranis.

A partir de meados do século XIX (1850) argentinos de Corrientes e

Missiones assentaram seus interesses econômicos nessa região objetivando a

exploração da madeira e da erva-mate, as quais eram abundantes e não estavam

sendo exploradas pelos brasileiros. Esta região encontrava-se isolada do restante do

Paraná devido a falta de comunicação, pouco povoamento, falta de estradas para os

transportes e difícil acesso.

Segundo COLODEL (1988), iniciou-se, nesta época, um processo exploratório

baseado no extrativismo da madeira e da erva-mate. A Região Oeste foi dividida em

11

grandes propriedades rurais conhecidas como obrages1. Seus proprietários que

eram argentinos, haviam recebido do governo brasileiro o direito de concessão e

exploração de grandes áreas de terras desabitadas e cobertas de rica e variada

mata nativa. Porém, a idéia principal era a exploração intensiva, indiferente ao

esgotamento dessas reservas e sem qualquer tentativa de povoamento ou de

colonização.

Nas obrages, a atividade extrativa exigia grande contingente de

trabalhadores. Para tanto, a maioria da mão-de-obra empregada era formada por

paraguaios, os chamados “peões” ou “mensus” (mensalistas). Eles trabalhavam nas

obrages em regime de semi-escravidão, no meio da mata, onde derrubavam a

madeira e colhiam a erva-mate.

Segundo COLODEL (1988), no território onde atualmente localiza-se o

Município de Santa Helena, instalou-se a Companhia Domingos Barthe no ano de

1858. Segundo o pioneiro Antônio Francisco Bortolini tal data é considerada verídica

pelo fato de que no momento em que chegou com sua família no porto de embarque

encontrou uma pedra com a seguinte gravação: “Puerto de Santa Helena que foi

aberto dia 18-8-1858 pela Companhia Domingos Barthe”. O nome de Santa Helena

foi dado por esse obragero por ser o dia de Santa Helena, à qual o mesmo era

devoto.

A atividade obragera em território paranaense ainda estava no seu início na

época da fundação do Porto de Santa Helena, pois até então o sistema das obrages

em território argentino tinha grande força.

Com o desgaste das reservas nativas em terras argentinas os obrageros

passam a procurar com intensidade novas áreas que pudessem dar continuidade ao

rentável negócio da extração da erva-mate e da madeira. Assim, desde fins do

século XIX até as duas primeiras décadas do século XX é que as investidas das

companhias argentinas no Oeste do Paraná ganham todo o seu impulso e se

estabelecem na região.

É a partir de 1920, na busca de terras férteis, com preços baixos e a

possibilidade de aumentar os rendimentos, as primeiras famílias de colonos

oriundos, principalmente do Rio Grande do Sul, começavam a chegar na região de

1 Segundo José Augusto Colodel, o termo retirado do Castelhano passou a designar as propriedades e/ou explorações instaladas em regiões onde predominava a existência de uma flora tipicamente adequada ao clima sub tropical nos estados vizinhos da Argentina e Paraguai.

12

Santa Helena, através do Rio Paraná, trazidos pelos empreendimentos

colonizadores da Companhia Meyer, Annes & Cia. Essa empresa colonizadora havia

recebido do Governo do Estado do Paraná uma grande área de terras em Santa

Helena, com a obrigação de trazer famílias de agricultores que as colonizassem.

Nesse momento a Companhia Domingos Barthe desenvolvia suas atividades de

forma contundente.

Essas primeiras famílias de colonos fixaram-se em Santa Helena Velha e

estruturaram-se num regime de pequena propriedade, praticando inicialmente o

extrativismo (caça e pesca) e uma economia de subsistência auto-suficiente.

Somente após as necessidades familiares primárias terem sido satisfeitas, como por

exemplo, casas rudimentares e provimento alimentar, é que se iniciou um pequeno

comércio local com o excedente da produção.

De acordo com o memorial dos pioneiros, localizado em Santa Helena Velha,

as principais famílias que fizeram parte da colonização de Santa Helena foram: Ferri,

Prati, Gallo, Furlanetto, Tafarell, Thomé, Bertoncini, Fantinel, Bortolini, Noro,

Cristófoli, Basso, Federizzi, Galeano, Paredes, Nadai, Nichetti, Fochezatto, Martinez,

Agostini, Cattani, Chielli, Zanetti, Coppini, Colombelli, Pedretti, Castelli. É

Conveniente lembrar que podem haver outras famílias que por ventura não foram

citadas que também contribuíram para a construção do município, às quais pede-se

desculpas por não estar referenciadas.

3.3 A PASSAGEM DA COLUNA PRESTES POR SANTA HELENA

A região Oeste do Paraná, praticamente abandonada, chamou a atenção do

governo estadual e federal com a passagem da Coluna Prestes em 1924-1925. Os

revolucionários de Prestes que andavam em combates pela região, perseguidos

pelas tropas legalistas que tinham no comando o General Cândido Rondon, em

retirada, queimaram a ponte sobre o Rio São Francisco Falso, a qual foi construída

pela Companhia Domingos Barthe. Após o ocorrido, a ponte em questão ficou

conhecida como Ponte Queimada.

As tropas revolucionárias permaneceram por oito meses no Oeste

paranaense, após abandonaram a região. Foi em território santahelenense que Luiz

13

Carlos Prestes assumiu definitivamente o comando das tropas que ficou conhecida

como Coluna Prestes.

A passagem da Coluna Prestes provocou o enfraquecimento econômico da

empresa colonizadora Domingos Barthe e coincidiu com a falência da companhia

Meyer & Annes, que havia se instalado em Santa Helena recentemente. A

colonizadora Alegretti & Cia comprou a massa falida, porém vendeu as terras

adquiridas em 1952 para a Imobiliária Agrícola Madalozzo Ltda, a qual iniciou a

colonização da região que vai de Santa Helena até Sub Sede.

De acordo com EMER (1991), na segunda metade da década de 1950 foi a

época de mais intensa colonização do Oeste do Paraná, o país passava por grandes

transformações na sua economia com redefinições em seu desenvolvimento.

A partir de 1958 começa a estruturar-se então a cidade de Santa Helena,

tendo como marco inicial o atual Bairro da Vila Rica. A escolha desse local para a

edificação das Repúblicas2 deveu-se a água potável em abundância e de fácil

acesso que ali existia.

Em 1959 foi construída a primeira igreja cujo padroeiro escolhido foi Santo

Antônio por ter ficado Santa Helena a padroeira de Santa Helena Velha, e o Padre

Martinho Seitz foi o primeiro pároco. A presença evangélica em Santa Helena dá-se

já a partir de 1959, com a realização do primeiro culto, e até hoje as religiões

predominantes são a Católica e a Evangélica.

Em 1959 constrói-se o primeiro hotel (onde em 1969 passa a funcionar a

Prefeitura Municipal e Câmara de Vereadores). O arruamento da cidade inicia-se

com a abertura da Avenida Brasil, em 1960 também são abertas as ruas Argentina

e Paraguai e as Avenidas Rio Grande do Sul e Paraná.

3.4 A CRIAÇÃO DO MUNICÍPIO DE SANTA HELENA

Até 1960, quando foi criado o Município de Medianeira, Santa Helena

pertencia ao Município de Foz do Iguaçu. Em 20 de junho de 1962, dois anos após

da criação do município de Medianeira, Santa Helena é elevada para a categoria de

seu distrito administrativo, com direito de eleger um sub-prefeito. Nesse período o

2 Casas que davam abrigo as primeiras famílias de colonos que se instalaram na cidade de Santa Helena, mais especificamente no atual bairro da Vila Rica.

14

desenvolvimento da imobiliária Madalozzo foi muito produtivo, de forma que todas as

terras loteadas já haviam sido vendidas.

Santa Helena pertenceu inicialmente ao município de Foz do Iguaçu,

Medianeira e Marechal Cândido Rondon. Pela Lei nº 026/62, Santa Helena é

elevada a distrito do município de Medianeira e Distrito Judiciário de Foz do Iguaçu.

A exploração de madeira de lei, erva-mate, a fertilidade do solo vermelho e de

baixo preço atraiu à região grandes levas de famílias, notadamente agricultores

vindos dos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

No dia 02 de fevereiro de 1967, foi criado o Município de Santa Helena,

através da Lei nº 5.497/67. Porém, como houve falhas nas demarcações de suas

dimensões territoriais, somente em 26 de maio do mesmo ano, depois de corrigidas

tais falhas, seus verdadeiros limites foram reconhecidos e, finalmente, instalado o

município, através da aprovação da Lei nº 5.548/67, pelo então Governador do

Paraná Paulo Cruz Pimentel.

O território que passou a constituir o Município de Santa Helena foi formado,

ao norte, com terras de Marechal Cândido Rondon, município com o qual fazia

divisa, e, ao sul, com terras de Medianeira, município do qual se desmembrou.

Assim, os limites, nessa época, passaram a ser os municípios de Medianeira,

Matelândia, Toledo, Marechal Cândido Rondon e a República do Paraguai.

No dia 29 de dezembro de 1968 ocorre a instalação da Prefeitura e da

Câmara Municipal com a posse do primeiro prefeito e vice-prefeito, respectivamente,

Arnaldo Weisheimer e Orlando Webber, os quais foram eleitos no dia 15 de

novembro do mesmo ano. Os primeiros vereadores eleitos foram Paulo Sinval

Prates, Arcy João Panassolo, Vitalino Joaquim Soares, Arthur Schlitter, Agilio de

Oliveira, José Biesdorf, Ernesto Abrelino Thomé, Ariovaldo Luis Bier e Valter Edgar

Galle. Até os dias atuais a Câmara Municipal é composta por nove vereadores.

Neste ano foi inaugurado também o Cine Remonti no prédio localizado na

Avenida Brasil. Em 20 de setembro é exibido o filme “A morte comanda o cangaço” o

primeiro filme em 16 milímetros.

De 1971 a 1985, durante o Regime Militar, os prefeitos de Santa Helena,

passaram a ser nomeados pelo governador do Paraná, pois juntamente com outros

municípios esta região foi transformada em Área de Segurança Nacional pelo

Decreto Federal nº 1.170.

15

No ano de 1975 acontece a criação da Comarca de Santa Helena, através da

Lei Estadual nº 6.161. Início do asfaltamento da Avenida Brasil, a primeira rua a

receber camada asfáltica. Em 1976, a Telepar (Companhia de Telecomunicações do

Estado do Paraná) faz a ligação das primeiras linhas telefônicas na cidade de Santa

Helena.

Santa Helena foi um dos municípios que mais cresceu no Brasil na década de

1970. Conforme dados fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE), no ano de 1970 registrou-se no município uma população de 26.834

habitantes, aumentando em 1979 para 66.000 habitantes, conforme dados obtidos

em registros civis e outras fontes censitárias.

Pressupõe-se que o alto índice populacional da época foi devido ao cultivo do

café e hortelã na área de São José das Palmeiras, que era distrito administrativo de

Santa Helena nesse período. Porém, as fortes geadas ocorridas nessa década

acabaram com o cultivo desses produtos e muitas pessoas migraram, ocorrendo um

esvaziamento populacional.

Em 1980, dados do IBGE acusaram a existência de 34.884 habitantes em

Santa Helena, a diminuição da população deve-se pela procura por novas áreas de

terras nos Estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia pela oferta de

terras com preços muito baixos.

3.5 A CONSTRUÇÃO DA HIDRELÉTRICA DE ITAIPU

O anúncio da construção da Barragem da Hidrelétrica de Itaipu e a possível

inundação de grande parte do município, inclusive da própria sede só que não se

concretizou, gerou certa estagnação econômica que culminou a desapropriação de

267,18 km2 de terras férteis aproximadamente 31 % da área total do município,

segundo dados da Itaipu Binacional, ocasionando a migração de milhares de

colonos desalojados e outros desestimulados pelo desalento e falta de perspectivas.

Além disso, no ano de 1985 ocorreu emancipação política administrativa de

São José das Palmeiras, com isso Santa Helena perdeu mais 198km2 e 9.651

habitantes. Com esta redução territorial, o município passou a ter 758,23km2.

16

QUADRO 01 - Demonstrativo da Densidade Populacional do Município de Santa

Helena

Censo População urbana População Rural População Total

1970 2.082 24.752 26.834

1980 7.223 27.661 34.884

1991 6.478 12.303 18.781

2000 9.818 10.673 20.491

2004 População estimada 21.327

Fonte: censo populacional do IBGE

Na busca da recuperação econômica e social, o município empenhou-se no

incentivo a novas indústrias, principalmente a agroindústria, considerando a

abundância dos produtos agrícolas industrializáveis e a disponibilidade de mão-de-

obra; na construção e constante aparelhamento do Parque de Lazer objetivando o

Turismo e na viabilização do porto de navegação fluvial, aproveitando o potencial do

conhecido Lago Internacional de Itaipu.

Tais iniciativas surtiram efeito e nos permitem hoje afirmar que Santa Helena

desfruta de boas condições a nível sócio-econômico contando com 20.491

habitantes.

17

4 A EDUCAÇÃO NO MUNICÍPIO

4.1 HISTÓRICO DA SITUAÇÃO EDUCACIONAL DE SANTA HELENA

O processo educacional do Município de Santa Helena teve seu início já nos

primeiros anos de colonização. Analisando relatos históricos foi possível verificar que

a partir de 1921 instalaram-se descendentes de italianos na região do Município de

Santa Helena trazidos pelas primeiras empresas colonizadoras e a partir de 1926,

pela companhia Espéria.

Quando as primeiras famílias de colonos se instalaram, por sua cultura

extremamente religiosa seus interesses voltaram-se à assistência religiosa e em

1923 receberam, pela primeira vez, a visita de um pároco vindo do município de Foz

do Iguaçu. Em 1929, a Companhia Espéria concedeu o terreno e materiais para que

os colonos construíssem a primeira capela da comunidade.

Para a administração da capela foi constituída uma diretoria, para a qual,

segundo COLODEL:

...caberia a administração da capela e a promoção de festas para arrecadar recursos destinados à realização de obras complementares. A diretoria da capela, mesmo havendo reivindicação da escola por parte dos colonos, preferiu dar prioridade à construção do salão de festas por ser local de encontros de colonos tanto para lazer como para discussão e encaminhamentos de soluções para seus problemas coletivos. (COLODEL, 1988, p.245)

Neste período, havia em Santa Helena apenas um barracão da administração

da Companhia de Domingos Barthe e o porto. Os colonos viviam isolados em seus

lotes rurais, distanciados entre si. Este fator dificultou a escolarização de suas

crianças, por este motivo, acredita-se que os colonos optaram por direcionar suas

lutas para primeiramente conquistar uma paróquia e depois resolver o problema da

educação escolar no município de Santa Helena. Isso não quer dizer que não se

importavam com a educação, nas suas lutas, a escola sempre ocupou lugar de

destaque, mas em função das adversidades específicas do município, priorizaram

pela conquista da paróquia.

Segundo EMER (1991), mesmo não tendo uma escola no município, é sabido

que houve nesta época a instrução chamada de “doméstica”, realizada pela própria

18

família, na qual os pais alfabetizados, utilizando-se de carvão e tábuas ou lápis e

papel de embrulho, ensinavam as letras aos seus filhos, a escrever o próprio nome,

de forma esporádica e não sistematizada.

Segundo as pesquisas de José Augusto Colodel, as primeiras aulas foram

dadas pelo Padre José Winks na capela construída na localidade de Santa Helena

Velha. Além das atividades estritamente religiosas, era delegado ao padre dar aula

a “um grupo de crianças no salão de festas. Ensinava as primeiras letras e um pouco

de aritmética básica, além do ensino religioso.” (COLODEL, 1988, p. 248).

De acordo com EMER (1991), o Padre José Winks, apesar de ter

estabelecido residência em Santa Helena, por não ter havido acordos entre o grupo

colonial e autoridades da Igreja com a Companhia Espéria, esta negou-se a fornecer

a Escritura do terreno ocupado pela capela e salão de festas, desta foram, tornou-se

inviável a criação da paróquia. Em outubro do mesmo ano, o padre recebeu ordens

superiores e retornou ao município de Foz do Iguaçu.

Em 1936, o porto de Santa Helena e a Companhia de Domingos Barthe foram

desativados. Em 1942, em razão da guerra, italianos e alemães forma expulsos da

fronteira, reduzindo ainda mais a pequena população de Santa Helena. Nesta

mesma data, a Companhia Espéria foi encampada pelo governo do Estado. Esta

entrou na justiça, mediante recurso. O caso só foi resolvido em 1950. Depois de

solucionado o caso na justiça, as terras que pertenceram à companhia Espéria

foram compradas por empresas colonizadoras do sul do país.

A colonização de Santa Helena só foi retomada na década de 1950, já no

contexto do amplo movimento de colonização do Oeste do Paraná. Antes de

conseguir a paróquia, Santa Helena conseguiu sua escola, em 1956.

De acordo com SAATKAMP (1985), houve, antes de 1956 a escolarização

informal e a escola era mantida sem nenhum ato oficial, era assegurada pelo próprio

grupo colonial que, coletivamente, construiu a capela. A professora instruía as

crianças dentro das suas possibilidades, utilizando os recursos didáticos existentes

no local, substituindo o quadro e giz, por papelão e carvão.

Cabe ressaltar que os professores que iriam dar aula na escola eram

escolhidos pela comunidade, de acordo com EMER:

O professor na escola dos colonos era escolhido pela comunidade colonial que tinha construído a escola para seus filhos. Essa escolha envolvia uma série de questões

19

importantes para o próprio grupo; afinal, seria a quem confiariam seus filhos para formar homens e mulheres nas suas perspectivas de vida. Segundo diversos depoimentos, os professores eram escolhidos por consenso do grupo colonial, a partir de critérios por eles estabelecidos. Dentre os critérios citados ou traços comuns deduzíveis, ficam evidentes o saber, a responsabilidade, entendida como dar aula mesmo, todos os dias e no horário; ensinar tudo que soubesse; autoridade; não só no sentido de se fazer obedecer mas no sentido moral, de fazer-se respeitar pela própria respeitabilidade pessoal e de “ser de bem”, conceito que incluía conduta social considerada adequada, exemplar, envolvendo aspectos éticos-religiosos, freqüentar a igreja, ter bons modos nos encontros sociais da comunidade (EMER, 1991, p. 254)

Havia a reivindicação da instalação de uma escola oficial para as crianças e

após alguns anos, nesta comunidade construiu-se uma sala de aula.

Posteriormente, outra sala foi construída na comunidade de Dois Irmãos. Nessa

época, Santa Helena pertencia a Foz do Iguaçu e somente mais tarde passou a

pertencer a Medianeira.

No local onde atualmente é a cidade de Santa Helena, segundo COLODEL:

A primeira escola a funcionar na cidade de Santa Helena, em 1960, teve como instalações provisórias as dependências da Igreja Católica, na praça Antonio Thomé. Os Alunos ali estudaram até que o vendaval derrubou a igreja, em 1962. Naquele mesmo ano foram construídas duas salas de aula. Santa Helena pertencia a Medianeira naquele tempo e foi a prefeitura de lá quem construiu. (COLODEL, 2000, p.75).

Esta escola começou a funcionar depois que a colonizadora efetivou os

trabalhos de infra-estrutura para os serviços básicos exigidos pelos colonos e na

perspectiva de atrair novos compradores de terrenos. Além dos serviços públicos foi

planejada e medida toda a área urbana e em seguida construído o primeiro Grupo

Escolar. Após a emancipação política do município é que foram criadas as escolas

municipais rurais, a municipalidade responsabilizava-se pela manutenção do prédio

escolar e pelo pagamento dos professores.

4.2 SANTA HELENA À CAMINHO DA EDUCAÇÃO FORMAL

Nos anos que antecederam e nos posteriores à Emancipação Política

Administrativa de Santa Helena, que ocorreu em 1967, a situação educacional do

20

município estava bem diferente dos primeiros anos da colonização. Em 1959

iniciaram-se as atividades escolares do Grupo Escolar Marechal Deodoro, o qual

teve sua autorização de funcionamento concedida pelo Decreto nº 17.855/70, de 05

de janeiro de 1970, ofertando ensino de 1ª a 4ª séries.

Em 02 de fevereiro de 1967, as Irmãs da Divina Providência iniciaram em

Santa Helena as aulas na Escola Nossa Senhora da Assunção oferecendo o ensino

pré-escolar e o curso primário, autorizados a funcionar através do Decreto nº

8.280/67, de 29 de dezembro de 1967.

No ano de 1976 foram desativadas as séries do curso primário devido ao

surgimento das escolas estaduais e municipais e a necessidade das Irmãs

participarem de atividades pastorais junto à Igreja.

A escola passa a funcionar somente com as turmas da pré-escola até 1991,

quando ocorre a abertura do 1º Grau completo, autorizado a funcionar através do

Decreto nº 4.061/92, de 12 de novembro de 1992 e posteriormente o 2º Grau –

Educação Geral, autorizado pelo Decreto nº 674/96, de 16 de fevereiro de 1996,

tendo neste momento mudado a nomenclatura da escola para Colégio Nossa

Senhora da Assunção.

Em 2003 o colégio passou a denominar-se Colégio Integral, mantido por

empresa privada, pois as Irmãs da Divina Providência, no final de 2002, requisitaram

a cessação do Colégio Nossa Senhora da Assunção. A partir de 2004 a Mitra

Diocesana de Foz do Iguaçu assumiu as atividades do colégio, que a partir de então

se denominou Colégio Santo Antônio.

No ano de 1968, é criada a primeira Escola Cenecista do município, situada

na sede, ofertando ensino ginasial, denominada Ginásio Comunitário Santa Helena,

o qual em 1969 mudou sua nomenclatura para Ginásio Rocha Pombo. Em 15 de

dezembro de 1970, através do Decreto nº 21864/70 o Ginásio Rocha Pombo é

estadualizado passando a chamar-se Ginásio Graciliano Ramos.

Nesse período a população de Santa Helena passa a reivindicar a criação do

então 2º Grau e que veio a concretizar-se com a criação do Colégio Estadual

Humberto de Alencar Castelo Branco, através da Resolução nº 362/75, de 21 de

fevereiro 1975. Porém, a autorização de funcionamento só ocorre através do

Decreto nº 4549/78, de 13 de janeiro de 1978, com o curso de Assistente de

Administração.

21

No ano de 1969, iniciam as atividades escolares da Escola Evangélica

Bremem, a qual manteve-se ativa até 1972.

Parte do dinheiro para a sua construção veio da Alemanha, da cidade de Bremen. Daí vem o nome da escola. O restante do dinheiro foi arrecadado junto à comunidade. Sua inauguração ocorreu no ano de 1968. Seus primeiros professores foram Armindo e Alzira Peisen e Renate Pabloski. Ela foi construída onde atualmente funciona a Escola Inês Mocellin e atendia alunos de todas as religiões, tanto da cidade como do interior. (COLODEL, 2000, p. 76)

Esta escola foi autorizada a funcionar pelo Decreto nº 17696/69, com o jardim

de infância e o primário, tendo como entidade mantenedora a Comunidade

Evangélica Luterana de Santa Helena.

Ainda no final da década de 70, todo o processo escolar e todos os

documentos relativos às escolas de Santa Helena permaneciam em Medianeira, e

nesta época houve um grande incêndio na Prefeitura Municipal de Medianeira,

queimando muitos documentos relativos às escolas mantidas no município de Santa

Helena e outros municípios da região que também estavam sob sua

responsabilidade, gerando transtornos pela perda de documentos referentes às

escolas e à vida escolar dos alunos.

4.3. AS ESCOLAS NO MUNICÍPIO DE SANTA HELENA

Fazendo primeiramente um levantamento do número de escolas existentes no

município e seu referido número de alunos.

Constata-se que em 1972 a população escolar de 1ª a 4ª série era de 4998

alunos distribuídos em 62 escolas sendo uma escola Estadual e o restante das

escolas municipais.

Com o crescimento da população do município, também cresceu a população

escolar, até 1976 os alunos estavam distribuídos em 86 escolas. A partir de 1977,

em função da construção a Usina Hidrelétrica de Itaipu, a população escolar

começou a decair gradativamente até 1986.

Foi no ano de 1976 que o município de Santa Helena teve o maior número de

matrículas na rede escolar de 1ª a 4ª série. Neste mesmo ano começou a

22

propaganda da formação do Lago de Itaipu, com muita ênfase, mas a população

ficou bastante preocupada, principalmente a do interior do município, onde ficavam

as terras mais próximas do Rio Paraná, e que no futuro seriam o grande Lago de

Itaipu, que não demorou a começar as visitas de engenheiros, topógrafos

agrimensores e as terras começaram a ser demarcadas e muitas famílias sentiram-

se ameaçadas com a formação do Lago e começaram a sair da região.

Uma realidade diferente constata-se no 2º grau, que iniciou em 1975, com

apenas um curso o de Assistente de Administração, o número era relativamente

baixo com 86 alunos, vindo a aumentar gradativamente ano após ano.

Não sofreu grande influência com a formação do Lago de Itaipu. O número

baixo de alunos que chegam ao 2º grau, demonstra um afunilamento no ensino,

onde um alto número de alunos iniciam os estudos e poucos conseguem concluir o

2º grau.

Os dados obtidos do 2º grau vem comprovar as teorias de evasão escolar

defendida por muitos autores e retratar a realidade excluente no nosso país.

Em 1983, foi criado o Curso de Magistério, mas isto não veio ao encontro

para o aumento de matrículas no 2º grau, pois de 338 alunos, no ano anterior, com o

novo curso as matrículas diminuíram para 307 alunos. Comprova-se que um dos

grandes problemas enfrentados pelos estudantes do 2º grau no município está no

fato de que a sua maioria necessita estudar a noite, mas com as desapropriações e

a formação do Lago de Itaipu, as estradas ficaram bastante deficientes agravando

ainda mais os problemas de acesso a escola já que o transporte naquela época era

precário.

Pela necessidade de suprir a demanda de energia elétrica para o país,

iniciaram-se as negociações entre o governo do Brasil e do Paraguai para a

construção da Hidrelétrica de Itaipu. Desta forma, os munícipes da região sentiram-

se ameaçados procurando novas áreas de terra e com a desapropriação realizada

pela própria Itaipu, desencadeou a diminuição da população do município e

consequentemente a população escolar que no ano de 1982, perfazia o total de

5.287 alunos distribuídos em 56 escolas.

Algumas dessas escolas já estavam programadas a não dar atendimento no

próximo ano, devido ao pequeno número de alunos algumas foram extintas e em

1985, houve a emancipação do Município de São José da Palmeiras.

Com a emancipação, parte do território foi desmembrado do município de

23

Santa Helena, 09 das escolas passaram a pertencer ao novo município com 1181

alunos, no ano de 1986, o município de Santa Helena só entrou em atividade no ano

letivo com 43 casas escolares; dando atendimento a 3258 alunos, de 1ª à 4ª série.

QUADRO 02 – Escolas que passaram a pertencer ao Município de São José das

Palmeiras

Escola Municipal Carlos Gomes

Escola Municipal Coelho Neto

Escola Municipal Cristóvão Colombo

Escola Municipal Dom João VI

Escola Municipal José Bonifácio

Escola Mun. José P. Santos Andrade

Escola Municipal Padre Alois Mann

Escola Mun. Pedro V. P. de Souza

Escola Mun. Zacarias de Góes de

Vasconcelos.

Fonte: Secretaria Municipal de Educação e Cultura (2005)

Também foi feito um levantamento de pesquisas para obter dados sobre o

número de alunos de 5ª à 8ª série, que em 1972 registravam 477 alunos

matriculados nas referidas séries.

Fazendo uma análise da situação do município na época, pode-se concluir

que o baixo número de alunos matriculados se devia aos seguintes fatos: falta de

transporte escolar; a existência de somente uma escola neste nível situada na sede

do município.

Desta forma, não havia grande interesse, nem incentivo para as pessoas

continuarem estudando. Por outro lado o alto custo do estudo nas escolas

particulares fez com que muitos não continuassem a estudar.

Somente em 1977, foi iniciada a criação de Escolas Ceenecistas, que se

denominavam Campanha Nacional de Escolas da Comunidade (CNEC), no interior

do município, sendo que a maioria da população era formada de filhos de

proprietários rurais que viviam da agricultura. Estas escolas são estadualizadas a

partir de 1983 e ao longo dos anos têm passado por mudanças nas nomenclaturas

dos estabelecimentos:

24

QUADRO 03 – Escolas Estadualizadas a partir de 1983

Escola Cenecista Resolução

de Func. Nome Atual

Resolução de

Func.

Escola Érico Veríssimo Nº 2179/80 Col. Est. Santa Helena- Ens.

Fund. e Médio Nº 257/84

Esc. Profª Verônica

Zimermann Nº 136/76

Col. Est. Profª Verônica Z. –

Ens. Fund. e Médio Nº 4193/83

Escola General Osório Nº 2.892/80 Col. Est. José Biesdorf - Ens.

Fund. Nº 5433/86

Escola Cristo Rei Nº 136/79 Es. Est. São Francisco – Ens.

Fund. Nº 4191/83

Escola Padre Anchieta Nº 2178/80 Col. Est. S. Dumont – Ens.

Fund. e Médio Nº 259/84

Fonte: Secretaria Municipal de Educação e Cultura (2005)

Em 1985 foi criada a Escola Estadual São Miguel, através do Decreto nº

5.596/85, com autorização de funcionamento nº 758/90, ofertando ensino de 5ª a 8ª

séries.

Em 14 de julho de 1981, através da resolução nº 1945/81, fica autorizado a

funcionar o Complexo Escolar Marechal Deodoro – Ensino de 1º e 2º Graus, mantido

pelo Governo do Estado do Paraná, resultante da reorganização do Ginásio

Estadual Graciliano Ramos, Grupo Escolar Marechal Deodoro e da inclusão do

Colégio Humberto de Alencar Castelo Branco. Porém, a partir de 1983 desfaz-se o

Complexo de forma que o Ginásio Estadual Graciliano Ramos e o Grupo Escolar

Marechal Deodoro passam a constituir um único estabelecimento, sob a

denominação de Escola Graciliano Ramos - Ensino de 1º Grau e o Colégio Estadual

Humberto de Alencar Castelo Branco passa a denominar-se Colégio Humberto de

Alencar Castelo Branco - Ensino de 2º Grau. Em 1983 é criado o Magistério e

cessado no ano de 1999.

Em 1989, é criado o Curso de Educação Geral – atual Curso de Ensino

Médio. No interior do município o então Ensino de 2º Grau se desenvolve a partir de

1992 nas seguintes escolas: Colégio Estadual Santa Helena de São Roque, Colégio

Estadual Santos Dumont de Moreninha e Colégio Estadual Professora Verônica

Zimermann de São Clemente.

25

QUADRO 04 - Relação das sessenta e seis escolas rurais autorizadas pela

Resolução nº140/82

Escola Rural Almirante Tamandaré

Escola Rural Aluisio de Azevedo

Escola Rural Antônio Castro Alves

Escola Rural Barão do Rio Branco

Escola Rural Bento Munhoz da Rocha

Escola Rural Campos Sales

Escola Rural Carlos Gomes

Escola Rural Castelo Branco

Escola Rural Coelho Neto

Escola Rural Cristóvão Colombo

Escola Rural Bom Bosco

Escola Rural Dom João XXIII

Escola Rural Dom José Camargo de Barros

Escola Rural Dom Luiz Felipe de Nadal

Escola Rural Dom Pedro I

Escola Rural Dom Pedro II

Escola Rural Duque de Caxias

Escola Rural Emiliano Perneta

Escola Rural Emílio Ribas

Escola Rural Epitácio Pessoa

Escola Rural Euclides da Cunha

Escola Rural Eusébio de Queiroz

Escola Rural Gabriel de Lara

Escola Rural Getúlio Vargas

Escola Rural Gonçalves Dias

Escola Rural Graça Aranha

Escola Rural Ellen Keller

Escola Rural Jocó Madalozzo

Escola Rural João Teixeira Soares

Escola Rural João XXIII

Escola Rural Joaquim Nabuco

Santa Helena Velha

São Miguel

Linha Becker

Linha São Paulo

Linha São Jorge

Rio Pedras Verdes

Serrinha

Linha Novo Paraíso

Linha São Joaquim

Linha São Cristóvão

Linha Vista Alta

Codal

Linha São Luiz

Linha Chielli

Linha Navegantes

Fazenda Sestak

Fazenda Rainha

Linha União

Novo São Clemente

Linha Bela Vista

Linha Porto Verde

Linha Gaúcha

Linha Aparecida

Linha Bom Sucesso

Porto de Areia

São Brás

Nova Esperança

Linha Buricá

IBC

Linha Vera Cruz

Sanga Natal

26

Escola Rural José de Alencar

Escola Rural José Bonifácio

Escola Rural Pereira Santos Andrade

Escola Rural Júlia Wanderlei Petrich

Escola Rural Júlio de Castilhos

Escola Rural Luiz de Camões

Escola Rural Machado de Assis

Escola Rural Manoel Ribas

Escola Rural Marechal Hermes

Escola Rural Mateus Leme

Escola Rural Monteiro Lobato

Escola Rural Nereu Ramos

Escola Rural Olavo Bilac

Escola Rural Osvaldo Cruz

Escola Rural Padre Alois Mann

Escola Rural Padre Anchieta

Escola Rural Padre Manoel da Nóbrega

Escola Rural Paulo VI

Escola Rural Pedro Viriato Parigot de Souza

Escola Rural Pio XII

Escola Rural Quintino Bocaiuva

Escola Rural Rocha Pombo

Escola Rural Rui Barbosa

Escola Rural Salgado Filho

Escola Rural Santa Tereza

Escola Rural Santos Dumont

Escola Rural São Gabriel

Escola Rural Sete de Setembro

Escola Rural Silveira Neto

Escola Rural Tereza Cristina

Escola Rural Viana Mogg

Escola Rural Victor Meirelles

Escola Rural Visconde de Mauá

Santa Clara

Barra Funda

Linha São Caetano

Linha Santo Antonio

São Vicente Chico

Linha Santa Cruz

Santa Terezinha

Esquina Rosa

Linha São João

Esquina Bela Vista

Morenão

Esquina Céu Azul

Aparecidinha

Rio Verde

Linha Santa Quitéria

Linha Dona Oliva

Linha Correia Porto

Linha Boava

Linha Gameleira

Arroio Feliz

Linha Felicidade

Cascalho

Linha São Vicente Grande

Rio do Moinho

Linha Vinitú

Lageado Paca

Linha São Gabriel

Linha Sete de setembro

Linha Coroados

Linha Guarani

Cabeceira da Moreninha

Pacuri

Braço do Norte

27

Escola Rural Willy Barth

Escola Rural Zacarias Góes de Vasconcelos

Linha Salete

Baixadão

Fonte: Secretaria Municipal de Educação e Cultura (2005)

Segundo a Resolução nº 140/82, de 26 de janeiro de 1982, estavam

autorizadas a funcionar 66 escolas rurais com ensino correspondente às quatro

primeiras séries de 1º Grau, pelo prazo de 05 anos a contar do início de 1981.

Ficava também declarado através da mesma Resolução, a regularização de

funcionamento desses estabelecimentos no ano de 1980. Ainda, tal Resolução

regularizava o funcionamento de mais 20 escolas que haviam sido desativadas a

partir do ano de 1981.

QUADRO 05 - Escolas Reativadas através da Resolução 140/82

Escola Rural Benjamin Constant

Escola Rural Casimiro de Abreu

Escola Rural Costa e Silva

Escola Rural Duarte da Costa

Escola Rural Emílio Médici

Escola Rural Ipiranga

Escola Rural Manoel Bandeira

Escola Rural Marechal Eurico Gaspar Dutra

Escola Rural Vicente Machado

Escola Rural N. Senhora Aparecida

Escola Rural Nossa Senhora do Carmo

Escola Rural Padre João Fernandes Vieira

Escola Rural Princesa Isabel

Escola Rural Rodrigues Alves

Escola Rural Santa Rita de Cássia

Escola Rural Santo Antônio

Escola Rural São Francisco

Escola Rural São José

Escola Rural Sebastião Paraná

Escola Rural Telêmaco Borba

Linha Pratti

Linha Bela União

Linha Verde

Ponte Dois Irmãos

Linha São Martins

Linha Vergueira

Linha São Pedro

Linha São Domingos

Linha Miguelito

Linha Progresso

Serraria Pancera

Linha Independência

Linha Dois Irmãos

Linha Flor da Serra

Fazenda Santa Helena

Linha da Balsa

Linha Maraskim

Linha Mauricio Cardoso

Linha São Francisco

Linha Fontana

Fonte: Secretaria Municipal de Educação e Cultura (2005)

28

Através da Resolução Nº 182/82, de 27 de janeiro de 1982, as Escolas Rurais

passaram a denominar-se Escolas Rurais Municipais. Em 30 de setembro de 1983,

através da Resolução Nº 3.360/83, ficaram suspensas, em caráter definitivo,

dezessete das sessenta e seis escolas, já mencionadas anteriormente.

4.4 DESATIVAÇÃO DAS ESCOLAS MUNICIPAIS EM SANTA HELENA

Historicamente foi observado que a partir de 1980, a população escolar

começou a diminuir gradativamente, o que refletia em grande parte disso era o futuro

Lago de Itaipu e suas desapropriações a retiradas das famílias que aos poucos foi

se transferindo para outros municípios.

Em 1985 as escolas Ceenecistas foram estadualizadas, porém, isto não

significou um grande aumento na população escolar, tendo em vista que a

população do município já havia diminuído com a formação do reservatório do Lago

de Itaipu.

Através do Decreto n.º 34/85, de 20 de junho de 1985, extingue as unidades

escolares constantes do Decreto n.º 125/79 de 04 de dezembro de 1979.

Considerando que além da evasão escolar ocasionada pela formação do Lago de

Itaipu, a mecanização agrícola que acontecia em todo o Brasil, também foi fator que

intensificou e ocasionou o esvaziamento escolar.

QUADRO 06 - Escolas com atividades suspensas através da Resolução 3.360/83

Escola Rural Mun. Antônio C. Alves

Escola Rural Mun. Campos Sales

Escola Rural Mun. Castelo Branco

Escola Rural Mun. D. Luiz F. de Nadal

Escola Rural Mun. Epitácio Pessoa

Escola Rural Mun. Euclides da Cunha

Escola Rural Mun. Gabriel de Lara

Escola Rural Mun. Gonçalves Dias

Escola Rural Mun. Osvaldo Cruz

Escola Rural Mun. Pio XII

Escola Rural Mun. Rocha Pombo

Escola Rural Mun. Rui Barbosa

Escola Rural Mun. Salgado Filho

Escola Rural Mun. Santa Tereza

Escola Rural Mun. Santos Dumont

Escola Rural Mun. Tereza Cristina

Escola Rural Mun. Willy Barth

Fonte: Secretaria Municipal de Educação e Cultura (2005)

29

Restaram 49 Escolas Rurais Municipais, que atendiam em sistema

multisseriado, com autorização de funcionamento prorrogada por cinco anos, a partir

do início de 1985, através da Resolução nº 4.384/85.

Dessas escolas, nove passaram para o Município de São José das Palmeiras,

emancipado em 1985; permanecem na ativa até os dias atuais a Escola Municipal

Nereu Ramos e a Escola Municipal Aluísio de Azevedo e as demais foram cessadas

a partir de 1984 tendo como causa o êxodo rural provocado pela formação do Lago

de Itaipu ou por tratar-se de comunidades pequenas com poucas famílias. As

crianças dessas comunidades passaram a freqüentar o Núcleo Escolar mais

próximo.

Como as escolas municipais que se encontravam no terreno de futuro

reservatório do Lago de Itaipu, estas também foram desapropriadas, mas como nem

todas as escolas se encontravam construídas em terreno da prefeitura algumas

delas tinha termo de cessão de direito possessório autorizado pelos proprietários e

se comprometendo a legalizar a área quando a prefeitura fosse procurá-los; mas o

Poder Legislativo juntamente com o poder Executivo entraram em acordo comum

para que se desistisse das doações e foi autorizado que o Executivo realiza-se as

negociações necessárias com a Itaipu Binacional.

Haviam também escolas que estavam construídas em terrenos sem que

tivessem termo de cessão de direito Possessório, para estas escolas o Executivo

designou uma comissão para avaliação dos imóveis que pertenciam a Prefeitura

para fins de desapropriação.

Foram encontrados arquivos na Secretaria Municipal de Educação que a

Itaipu também comprou, na época da desapropriação, outras oito escolas que

funcionavam neste município, porém sem registro de funcionamento. Os terrenos

onde foram construídas estas escolas haviam sido doados pelos agricultores, sendo

suas atividades suspensas pela lei 374/85, a qual retroagiu seu efeito a partir de

junho de 1983.

Através do Decreto n.º 34/85, de 20 de junho de 1985, extingue as unidades

escolares constantes do Decreto n.º 125/79 de 04 de dezembro de 1979.

Considerando que além da evasão escolar ocasionada pela formação do Lago de

Itaipu, a mecanização agrícola ocasionou o esvaziamento escolar.

30

QUADRO 07 - Escolas Cessadas a partir de 1984

Estabelecimento de Ensino

Cessação Definitiva

Escola Rural Municipal Emílio Ribas a partir de 1984

Escola Rural Municipal Sete de Setembro a partir de 1987

Escola Rural Municipal Paulo VI a partir de 1987

Escola Rural Municipal Dom Bosco a partir de 1989

Escola Rural Municipal Almirante Tamandaré a partir de 1998

Escola Rural municipal Barão do Rio Branco a partir de 1998

Escola Rural Municipal Bento Munhoz da Rocha a partir de 1998

Escola Rural Municipal Dom José Camargo Barros a partir de 1998

Escola Rural Municipal Dom Pedro I a partir de 1998

Escola Rural Municipal Duque de Caxias a partir de 1996

Escola Rural Municipal Emiliano Perneta a partir de 1996

Escola Rural Municipal Euzébio de Queiroz a partir de 1998

Escola Rural Municipal Getúlio Vargas a partir de 1990

Escola Rural Municipal Graça Aranha a partir de 1998

Escola Rural Municipal Helen Keller a partir de 1998

Escola Rural Municipal Jacó Madalozzo a partir de 1998

Escola Rural Municipal João Teixeira Soares a partir de 1998

Escola Rural Municipal João VI a partir de 1998

Escola Rural Municipal Joaquim Nabuco a partir de 1998

Escola Rural Municipal José de Alencar a partir de 1998

Escola Rural Municipal Júlia W. Petrich a partir de 1990

Escola Rural Municipal Júlio de Castilho a partir de 1998

Escola Rural Municipal Luiz de Camões a partir de 1998

Escola Rural Municipal Machado de Assis a partir de 1997

Escola Rural Municipal Manoel Ribas a partir de 1998

Escola Rural Municipal Marechal Hermes a partir de 1998

Escola Rural Municipal Mateus Leme a partir de 1996

Escola Rural Municipal Monteiro Lobato a partir de 1998

Escola Rural Municipal Padre Anchieta a partir de 1998

Escola Rural Municipal Padre Manoel da Nóbrega a partir de 1998

31

Escola Rural Municipal Quintino Bocaiúva a partir de 1998

Escola Rural Municipal São Gabriel a partir de 1997

Escola Rural Municipal Silveira Neto a partir de 1998

Escola Rural Municipal Viana Moog a partir de 1997

Escola Rural Municipal Victor Meirelles a partir de 1998

Escola Rural Municipal Visconde de Mauá a partir de 1998

Escola Rural Municipal Olavo Bilac a partir de 1998

Fonte: Secretaria Municipal de Educação e Cultura (2005)

Registros encontrados em arquivos da Secretaria Municipal de Educação,

bem como em históricos dos estabelecimentos revelam que além das Escolas

Rurais Municipais, desde meados da década de 1960, existiam as Escolas

Municipais, localizadas nos povoados com maior concentração de moradores, em

sistema seriado, ofertando ensino de 1ª a 4ª séries, as quais mantém-se ativas até

hoje, conforme demonstra o quadro abaixo:

QUADRO 08 – Escolas mantidas desde a década de 60

Nome atual da Escola

Início das

atividades

escolares

Decreto de

Criação

Autorização de

Funcionamento

Escola Municipal Anita Garibaldi – Ed.

Infantil e Ensino Fundamental. 1965 012/69 3842/82

Escola Municipal José Engel – Ed.

Infantil e Ensino Fundamenta.l 1965 012/69 3842/82

Escola Municipal João Pessoa – Ed.

Infantil e Ensino Fundamental. 1966 012/69 3842/82

Escola Municipal Tiradentes – Ed.

Infantil e Ensino Fundamental. 1962 012/69 3842/82

Escola Municipal Pedro Álvares

Cabral – Ed. Infantil e Ensino

Fundamental.

1969 012/69 3842/82

Fonte: Secretaria Municipal de Educação e Cultura (2005)

32

As escolas acima citadas ainda se encontram ativas e atendem os alunos da

comunidade na qual estão situadas, tendo sido reformadas e atendidas suas

necessidades na medida do possível pela Secretaria Municipal de Educação e

Cultura do município.

4.5 CRIAÇÃO DE NOVAS ESCOLAS PARA ATENDER A DEMANDA

A partir de 1987 criam-se novas escolas na sede do município devido ao

crescimento da população urbana. Segundo dados do IBGE a população urbana de

Santa Helena em 1980 era de 7.223 habitantes, já em 1989 o censo acusava a

existência de 12.101 habitantes.

Esse aumento significativo deu-se por várias razões, dentre elas, o êxodo

rural provocado pela mecanização da agricultura desde o início da década de 1970 e

posteriormente pela formação do Lago de Itaipu em 1982.

QUADRO 09 - Escolas Municipais criadas na Sede do Município a partir de 1987

Nome da Escola Autorização de Funcionamento

Escola Mun. Inês Mocellin – Ed. Infantil e

Ensino Fundamental Resolução nº 850/87

Escola Mun. Tancredo Neves – Ed. Infantil

e Ensino Fundamental Resolução nº 841/87

Escola Municipal Recanto da Criança –

Educação Infantil e Ensino Fundamental Resolução nº 3.806/96

Escola Municipal Criança Esperança –

Educação Infantil e Ensino Fundamental Resolução nº 3.808/96

Fonte: Secretaria Municipal de Educação e Cultura (2005)

Desde 1985, pelo projeto Casulo, na antiga LBA, atendia-se crianças de 0 a 6

anos. No ano de 1988 é construída a primeira creche no município de Santa Helena,

localizada no Bairro Vila Rica.

A partir de então são construídas mais 4 creches, 2 na sede e 2 no interior,

pertencendo a Secretaria de Ação Social. Em 1999, as creches passam a pertencer

33

a Secretaria Municipal de Educação, denominando-se Centros Municipais de

Educação Infantil, priorizando a partir daí a área pedagógica.

QUADRO 10 - Criação dos Centros Municipais de Educação Infantil

NOME DO CENTRO LOCALIZAÇÃO DECRETO DE

CRIAÇÃO

ATENDIMENTO

ATUAL

Infância Feliz Bairro São Luiz Nº 353/01 77

Pedacinho do Céu Sub Sede Nº 353/01 80

Pequeno Príncipe São Clemente Nº 353/01 70

Meu Cantinho Bairro Baixada Amarela Nº 348/01 118

Lar da Criança Bairro Vila Rica Nº 348/01 160

Fonte: Secretaria Municipal de Educação e Cultura (2005)

Em 1987, segmentos da sociedade do município de Santa Helena,

sensibilizados com as necessidades e as diferenças nas habilidades físicas,

intelectuais, sensoriais e nas adaptações sociais de algumas crianças, realizam uma

ação conjunta, fazendo com que se concretizasse a fundação da entidade –

Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Santa Helena, porém o

Estatuto da Fundação é registrado somente em abril do ano seguinte.

No ano de 1988 é criada a Escola Especial, denominada “Criança Feliz”, a

qual somente a partir de 1995 passa a ter sede própria e atualmente oferece os

seguintes programas: Educação Infantil; Escolaridade; Educação para o Trabalho, e

ainda presta atendimento nas áreas de Fisioterapia, Fonoaudiologia, Psicologia e

Terapia Ocupacional.

A partir de 1992 ocorre a municipalização de ensino de 1ª a 4ª séries, através

da Lei Municipal nº 685/92, que cria a Escola Municipal Marechal Deodoro da

Fonseca – Ensino de 1º Grau, a qual desmembrou-se da Escola Estadual Graciliano

Ramos – Ensino de 1º Grau. Atualmente as referidas escolas denominam-se: Escola

Estadual Graciliano Ramos – Ensino Fundamental e Escola Municipal Marechal

Deodoro da Fonseca – Educação Infantil e Ensino Fundamental.

Em 1995, conforme demonstra o quadro abaixo, autorizou-se o

funcionamento de Educação Infantil nas Escolas Municipais, atendendo crianças de

04 a 06 anos. As autorizações de funcionamento foram dadas de forma gradativa,

porém algumas escolas já ofertavam o ensino Pré-Escolar, em anos anteriores.

34

QUADRO 11 - Autorizações de funcionamento de Pré-Escola

NOME DA ESCOLA RESOLUÇÃO

Escola Municipal João Pessoa Nº 3.788/95

Escola Municipal Professor José Engel Nº 3.788/95

Escola Municipal Anita Garibaldi Nº 3.788/95

Escola Munic. Marechal Deodoro da Fonseca Nº 3.788/95

Escola Municipal Professora Inês Mocellin Nº 3.788/95

Escola Municipal Pedro Álvares Cabral Nº 3.788/95

Escola Municipal Tancredo Neves Nº 3.788/95

Escola Municipal Nereu Ramos Nº 3.786/95

Escola Municipal Tiradentes Nº 3.788/95

Escola Municipal Aluisio de Azevedo Nº 3.786/95

Escola Municipal Recanto da Criança Nº 3.854/96

Escola Municipal Criança Esperança Nº 3.853/96

Fonte: Secretaria Municipal de Educação e Cultura (2005)

No ano de 1996, através da Resolução nº 610/96 é autorizado o

funcionamento de mais um estabelecimento de ensino estadual, ofertando de 5ª a 8ª

séries, denominada Escola Estadual Teotônio Vilela, localizada na Esquina Céu

Azul.

Também, em 1996, iniciam-se as aulas do Centro de Estudos Supletivo de

Santa Helena – CESLENA, que teve sua autorização de funcionamento concedida

através da Resolução nº 4.808/95, atendendo alunos de 1ª a 8ª séries. A instituição

atualmente denomina-se Centro Estadual de Educação Básica Para Jovens e

Adultos de Santa Helena – CEEBJA, mantida pelo Governo do Estado do Paraná.

4.6 ENSINO SUPERIOR NO MUNICÍPIO DE SANTA HELENA

Com a demanda de novas tecnologias e a necessidade de formação

contínua, exigida pela sociedade atual, a Municipalidade também preocupou-se com

o Ensino Superior, visando proporcionar aos munícipes a oportunidade de estudar

sem ter que se deslocar para outros municípios da região.

Assim, em 18 de junho de 1996, a UNIOESTE – Universidade do Oeste do

35

Paraná e a Prefeitura Municipal de Santa Helena firmam Convênio de Cooperação

Técnica, Científica e Cultural, com objetivo da criação, em Santa Helena, do núcleo

Avançado de Pesquisas, Pesqueiros, Biológicos e do Meio Ambiente, cujo intuito

inicial era dar apoio ao curso de Engenharia de Pesca do Campus de Toledo.

Nestes cinco anos, foram muitos os frutos gerados deste convênio, dentre os quais

citamos:

- Em 05 de junho de 1997, assinatura do Convênio entre a UNIOESTE e

a Prefeitura Municipal de Santa Helena, objetivando a cooperação mútua para a

administração do Viveiro Florestal da Itaipu, cedido à UNIOESTE em regime de

comodato.

- Em 05 de maio de 1998, assinatura do Convênio entre a UNIOESTE,

Prefeitura Municipal de Santa Helena e o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento

do Ensino Fundamental - FUNDEF, com o objetivo de estimular a realização de

programas de cooperação em assuntos técnicos, científicos, educacionais, sociais,

culturais e esportivos.

- Em 01 de outubro de 1999, assinatura do Convênio entre a UNIOESTE

e a Prefeitura Municipal, o qual previa a implantação e manutenção de cursos de

nível superior e pós-graduação na cidade de Santa Helena. Neste mesmo ano é

realizado o primeiro Concurso Vestibular da Unioeste em Santa Helena. O curso

ofertado foi de pedagogia.

- Em 16 de dezembro de 1999, assinatura dos Termos Aditivos I e II,

que implantavam em Santa Helena os cursos superiores de Pedagogia e Ciências

Biológicas – extensões de Cascavel.

- Em 23 de junho de 2000, inaugurado o Complexo do Núcleo Avançado

de Pesquisas Pesqueiras, Biológicas e do Meio Ambiente, com terreno de 57.000m2

de área e mais de 1.200m2 de área construída.

- Em março de 2000, iniciam-se as aulas do curso de Pedagogia –

extensão de Cascavel, o qual encontra-se atualmente com três turmas de 50

alunos.

- Em junho de 2000, iniciam-se as aulas do curso de Ciências Biológicas

– extensão de Cascavel, com turmas de 40 alunos.

- Paralelamente, foram realizados no Núcleo de Santa Helena três

cursos de pós-graduação, sendo: Pós-Graduação em Metodologia de Ensino para a

Educação Básica, Turismo e Ensino Religioso.

36

- Em maio de 2001, é assinado o convênio com a UNIOESTE – Campus

de Marechal Cândido Rondon, que prevê a realização do curso de Pós-Graduação

em Administração com ênfase em Recursos Humanos e Marketing, a ser realizado

no Núcleo de Santa Helena a partir de agosto de 2001.

- Em junho de 2001, o Conselho Universitário da UNIOESTE aprova a

criação de dois novos cursos em Santa Helena: Administração de Empresas e

Educação Física, ambos extensões do Campus de marechal Cândido Rondon.

- Em dezembro de 2001 é assinado o protocolo de intenções para a

criação destes dois novos cursos.

- Em 14 de setembro de 2001 tem início a Pós-Graduação em

Administração com ênfase em Recursos Humanos e Marketing, tendo vinte e nove

acadêmicos, sendo esta concluída em 27 de outubro de 2002.

- Inicia em 26 de julho de 2002 a Pós-Graduação - especialização em

Organização do Trabalho Pedagógico, curso realizado através de parceria firmada

entre a UNIOESTE – Universidade estadual do Oeste do Paraná e a Prefeitura

Municipal de Santa Helena, com término previsto para 30 de junho de 2003,

formando quarenta e cinco acadêmicos.

- Em novembro de 2002 é realizado vestibular especial com a criação

dos cursos de Educação Física e Administração de Empresas, com as aulas

iniciando-se no mesmo mês.

- Em março de 2003 é realizado o vestibular na instituição, através do

qual mais 140 acadêmicos ingressam na extensão de Santa Helena nos cursos de

Administração de Empresas (noturno), Pedagogia (noturno) e Ciências Biológicas

(diurno).

Atualmente, a extensão da UNIOESTE – Santa Helena conta com cerca de

470 acadêmicos, e em abril de 2004 aconteceu a primeira formatura no Curso de

Pedagogia. Conforme descrito acima, muito se realizou, demonstrando o sucesso da

parceria da UNIOESTE com o município de Santa Helena, buscando a melhoria da

qualidade da educação dos santaelenenses.

37

5 CONCLUSÃO

A história do município de Santa Helena começa nos anos de 1920, quando

colonos decidiram deixar os campos do Sul do Brasil em busca de terras férteis onde

pudessem melhorar suas condições de vida.

O franco desenvolvimento da região culminou na emancipação política

administrativa do município. Antes da emancipação política houve a preocupação

constante com a educação das crianças e a criação de escolas.

O grande fluxo imigrantes vindos dos estados de Santa Catarina e Rio

Grande de Sul, fez com que a cidade se expandisse rapidamente e que estruturasse

o sistema de ensino, pois haviam famílias numerosas e que reivindicavam estudo

para seus filhos.

Através do estudo, pode-se verificar que durante a colonização do Oeste do

Paraná, mais precisamente o município de Santa Helena, por ser colonizada

principalmente por descendentes de italianos e alemães, os quais tinham uma

cultura diferenciada quanto aos demais povos colonizadores e designavam grande

importância a educação, foram travadas muitas lutas para que esta fosse concebida

de forma oficial. Mas, mesmo antes de acontecer oficialmente, a escolarização

domiciliar existiu e constituía-se de uma forma de aprendizagem.

Com desapropriação de terras na região pela construção da Usina

Hidrelétrica de Itaipu na década de 70 e ainda com a diminuição do uso de mão-de-

obra por causa da mecanização das terras, muitas pessoas saíram de Santa Helena

e foram para outras regiões do país, provocando a diminuição da população muitas

escolas foram desativadas e o município passou por sérias dificuldades pela perda

de quase metade da sua população gerando a diminuição dos alunos que culminou

na desativação de muitas escolas.

Apesar de todas as adversidades ocorridas no processo histórico que vivencia

o município, pode-se afirmar que a educação nunca deixou de ser preocupação e

prioridade, mesmo com a falta de recursos financeiros ou humanos, de alguma

forma houve a escolarização. A escola como sistema está ligado às demais

estruturas sociais, adaptando-se ao contexto na qual está inserida, visando a

formação do homem com ser integral.

38

6 REFERENCIAS

COLODEL, José Augusto. Obrages & Companhias Colonizadoras: Santa Helena na história do Oeste paranaense até 1960. Cascavel : Assoeste, 1988. COLODEL, José Augusto. História de Santa Helena: descobrindo e aprendendo: ensino fundamental. Santa Helena: Prefeitura Municipal, Secretaria de Educação e Cultura, 2000. EMER, Ivo Oss. Desenvolvimento histórico do Oeste do Paraná e a construção da Escola. Dissertação de Mestrado. Instituto de Estudos Avançados em Educação. Departamento de Administração de Sistemas Educacionais – Fundação Getúlio Vargas. Rio de Janeiro, 1991. FORQUIN, Jean-Claude. Escola e Cultura: as bases sociais e epistemológicas do conhecimento escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993. GROSSI, Esther Pillar.(org). Por que ainda há quem não aprende. Petrópolis: Vozes, 2003 IBGE, Resultados da Amostra do Censo Demográfico 2000. ITAIPU BINACIONAL. Relatório Financeiro – março de 2003. Foz do Iguaçu, 2003. LARAIA, Roque de B. Cultura de conceito Antropológico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. Ed.,1986.

MENEZES, Ulpiano T. Bezzerra. Contribuição para uma abordagem crítica das práticas e políticas culturais. In: YÁZIGI, Eduardo, CARLOS, Ana Fabri Alessandri, CRUZ, Rita de Cássia Ariza da. Turismo. São Paulo, Hucitec, 1999. MÜLLER, Arnaldo Carlos. Hidrelétricas, meio ambiente e desenvolvimento. SãoPaulo: Makron Books, 1995. RIBEIRO, Darcy. O Povo Brasileiro. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. SAATKAMP, Venilda. Desafios, lutas e conquistas: História de Marechal Candido Rondon. Cascavel: Assoeste. 1985, SAATKAMP, Venilda. Desafios, lutas e conquistas: história de Marechal Candido Rondon. Cascavel: Assoeste, 1985, 31p. WACHOWICZ, R.C. História do Paraná. 6 ed. Curitiba : Editora Gráfica Vicentina Ltda. , 1988. WACHOWICZ, R.C. Obrageros, mensus e colonos: história do Oeste paranaense. 2 ed. Curitiba : Editora Gráfica Vicentina Ltda., 1987.

39

WESTPHALEN, C. M. et alii. História do Paraná. Curitiba : Grafipar, 1969. WITTMANN, Lauro. Gestão Democrática. Curitiba: IBPEX, 2004, 59 p. ZAAR, Mirian H., Trabalhando com Mapas do Município de Santa Helena. Santa Helena: Prefeitura Municipal, Secretaria de Educação e Cultura, 2004.

40

ADRIELA STERCHILE

A HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES ESCOLARES DE SANTA HELENA

CASCAVEL

2006