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O JORNALZINHO ESCOLAR: ORIENTAÇÕES PARA AS EDUCADORAS NA REVISTA DO ENSINO/RS (1950- 1960) Tatiane de Freitas Ermel (Escola Monteiro Lobato/Porto Alegre/RS) [email protected] Palavras-chave: Imprensa Pedagógica; instituições escolares; jornal escolar Introdução O estudo analisa os artigos publicados na Revista do Ensino/RS (1950-1960) referentes às orientações didático-pedagógicas para a criação e implementação do jornal escolar. A Revista do Ensino/RS 1 (1951-1978), como dispositivo de finalidades educativas, procurou ser um guia à educadora jovem e idealista, encontrando em suas páginas “a solução para resolver os árduos, porém sublimes, problemas do seu mister” e orientações/sugestões sobre como desempenhar suas funções. Buscou ser um instrumento técnico-pedagógico de atualização permanente dos professores em serviço e dos alunos das escolas normais, através da divulgação de experiências pedagógicas, da realidade da educação e do ensino, como apoio ao conteúdo das diferentes áreas que compunham o currículo do ensino. Como instâncias de produção e de circulação dos saberes escolares, o periódico é uma fonte privilegiada. Entre as instituições complementares à escola, estimuladas pelos protagonistas da escola nova, desde as primeiras décadas do século XX, destaca-se o jornal escolar elaborado pelos alunos, como atividade de sala de aula ou extra-classe, pois desenvolve um “trabalho social em comum na Escola ou para a Escola”, orientando-se no sentido cívico-cultural de construção da identidade nacional pela formação de hábitos e atitudes: auto-educação, iniciativa, cordialidade, respeito mútuo, gosto pela vida ao ar livre, observação direta, pontualidade e assiduidade, dedicação ao trabalho, zelo pelos instrumentos de trabalho, sentimento de responsabilidade, de sociabilidade e de cooperação 2 . Os jornais escolares, objeto de estudos no campo da história da educação, têm sido um importante instrumento para investigar a cultura escolar das instituições, em seus mais variados níveis de ensino 3 . Com formas e conteúdos variados, o jornal escolar registra em suas páginas elementos do cotidiano escolar, tornando possível compreender os discursos e as relações estabelecidas entre os alunos, professores, comunidade e Estado. Segundo Catani e Bastos (1997), a imprensa oferece muitas perspectivas para a compreensão da história da educação,

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O JORNALZINHO ESCOLAR: ORIENTAÇÕES PARA AS EDUCADORAS NA REVISTA DO ENSINO/RS (1950-

1960)

Tatiane de Freitas Ermel(Escola Monteiro Lobato/Porto Alegre/RS)

[email protected]

Palavras-chave: Imprensa Pedagógica; instituições escolares; jornal escolar

Introdução

O estudo analisa os artigos publicados na Revista do Ensino/RS (1950-1960)

referentes às orientações didático-pedagógicas para a criação e implementação do jornal

escolar. A Revista do Ensino/RS1 (1951-1978), como dispositivo de finalidades educativas,

procurou ser um guia à educadora jovem e idealista, encontrando em suas páginas “a solução

para resolver os árduos, porém sublimes, problemas do seu mister” e orientações/sugestões

sobre como desempenhar suas funções. Buscou ser um instrumento técnico-pedagógico de

atualização permanente dos professores em serviço e dos alunos das escolas normais, através

da divulgação de experiências pedagógicas, da realidade da educação e do ensino, como apoio

ao conteúdo das diferentes áreas que compunham o currículo do ensino. Como instâncias de

produção e de circulação dos saberes escolares, o periódico é uma fonte privilegiada.

Entre as instituições complementares à escola, estimuladas pelos protagonistas da

escola nova, desde as primeiras décadas do século XX, destaca-se o jornal escolar elaborado

pelos alunos, como atividade de sala de aula ou extra-classe, pois desenvolve um “trabalho

social em comum na Escola ou para a Escola”, orientando-se no sentido cívico-cultural de

construção da identidade nacional pela formação de hábitos e atitudes: auto-educação,

iniciativa, cordialidade, respeito mútuo, gosto pela vida ao ar livre, observação direta,

pontualidade e assiduidade, dedicação ao trabalho, zelo pelos instrumentos de trabalho,

sentimento de responsabilidade, de sociabilidade e de cooperação2.

Os jornais escolares, objeto de estudos no campo da história da educação, têm sido um

importante instrumento para investigar a cultura escolar das instituições, em seus mais

variados níveis de ensino3. Com formas e conteúdos variados, o jornal escolar registra em

suas páginas elementos do cotidiano escolar, tornando possível compreender os discursos e as

relações estabelecidas entre os alunos, professores, comunidade e Estado. Segundo Catani e

Bastos (1997), a imprensa oferece muitas perspectivas para a compreensão da história da

educação,

jornais, boletins, revistas, magazines – feitas por professores para professores, feitas para alunos por seus pares ou professores, feitas pelo Estado ou outras instituições como sindicatos, partidos políticos, associações de classe, Igrejas – contêm e oferecem muitas perspectivas para a compreensão da história da educação e do ensino. Sua análise possibilita avaliar a política das organizações, as preocupações sociais, os antagonismos e filiações ideológicas, além das práticas educativas e escolares. A imprensa é um corpus documental de vastas dimensões, pois se constitui em um testemunho vivo dos métodos e concepções pedagógicas de uma época e da ideologia moral, política e social de um grupo profissional. É um excelente observatório, uma fotografia da ideologia que preside. Nessa perspectiva, é um guia prático do cotidiano educacional e escolar, permitindo ao pesquisador estudar o pensamento pedagógico de um determinado setor ou de um grupo social a partir da análise do discurso veiculado e da ressonância dos temas debatidos, dentro e fora do universo escolar (CATANI; BASTOS, 1997).

A Revista do Ensino/RS publica reportagens sobre as instituições escolares, que

segundo o Relatório da Secretaria de Educação e Cultura do Estado do Rio Grande do Sul

(1940-1943), compreendia: “Caixa Escolar, Merenda Escolar, Círculo de Pais e Mestres,

Clube Agrícola, Cooperativa Escolar, Biblioteca, Clube de Leitura, Grêmio Cívico, Liga da

Bondade, Pelotão da Saúde, Clube de ex-alunos, Jornal da Escola, Museu, Grêmio Esportivo,

Clube Musical, Liga de Boas Maneiras, Grupo de Escoteiros e outras instituições”4.

Nas orientações sobre estas instituições, Olga B. Maciel, orientadora da Educação

Primária do Estado do Rio Grande do Sul, destaca que

as instituições escolares vão ao encontro das necessidades infantis, porque delas participam ativamente as crianças, ao viverem situações reais (…) Desenvolvimento pleno e harmônico da personalidade, auto-confiança. Trabalho disciplinado, coletivo. Tornar o indivíduo útil a si próprio, ao seu grupo social e a própria nação. (MACIEL. Revista do Ensino/RS; set.1958, p 9).

Na intenção de que as instituições escolares fizessem parte do programa de ensino,

Maria Therezia Butzen Boni enaltece as funções destas instituições, a fim de construir

“Escolas de Vida” e despertar vocações e canalizar tendências; trazer a família junto à escola;

socializar o aluno, ensinando-o a viver em grupo, a ser sócio, a desempenhar cargos; despertar

e desenvolver espírito de solidariedade, cooperação e senso de responsabilidade; auxiliar no

desenvolvimento do programa de ensino e nas atividades de classe” (BONI. Revista do

Ensino/RS junho de 1955, p.43). Ainda, é salientado que as instituições, cada uma com suas

finalidades específicas, deveriam ser organizadas e dirigidas pelas próprias crianças e somente

orientadas pelos professores. As instalações não precisariam ser “pomposas” poderiam ser até

improvisadas, estimulando o esforço, individual e coletivo, para o funcionamento das

instituições.

A escola primária vista como instituição socializadora, deveria preparar as crianças

para a vida e o estímulo as lideranças para o melhoramento da coletividade: “descobrindo

líderes, ajudá-los a se salientarem sem jactância, como verdadeiros guias, que procurem uma

situação melhor, mais sã, de acordo com os princípios cristãos, não para si, mas para a

coletividade” (MACEDO. Revista do Ensino/RS; mai.jun. 1956, p.13). Era enfatizado às

educadoras que a criança deveria fazer parte ativa nos trabalhos de organização e

desenvolvimento das instituições escolares, pois, não sendo assim, a função das instituições

seria apenas de “auferir lucros materiais que de nada valem na educação integral do

indivíduo” que deveriam ser calcadas nos valores do trabalho, responsabilidade, vencer

dificuldades, aprender com o fracasso, confiança, desempenhar obrigações de uma instituição

escolar.

Dentre as diferentes instituições escolares, a Revista do Ensino/RS traz em suas

páginas orientações específicas para a criação, organização, forma e conteúdo dos jornais

escolares. Durante a pesquisa foram identificados os seguintes artigos, relacionados

diretamente ao tema: “O Jornal Infantil”, de Maria de Lourdes Moraes, Técnica em

Educação/SP, (1953); “Jornal Escolar: Trabalho de Grupo”, organizado pelo Setor de

Bibliotecas e Auditórios da Secretaria Geral de Educação e Cultura do Distrito Federal,

(1960); “O Jornal Escolar: A Voz da Escola do Grupo Escolar Professor Ivo Courseuil”, de

autoria de Júlia Helena Kroeff Petry (1960); “O Jornal na Escola Primária: notícia de livro”,

de Ophélia Coelho dos Santos, funcionária do Setor de Bibliotecas e Auditórios do DEP/RJ,

(1961) “O Jornal na Escola Primária”, também de Ophélia Coelho dos Santos, (1962) e, por

último, “Jornal Mural”, de Lenice Bezerra Moura, (1968). A partir da análise qualitativa

destas reportagens, apresentadas ao longo das décadas de 1950 e 1960, na Revista do

Ensino/RS, desenvolvemos a pesquisa.

Os Jornais escolares na Revista do Ensino/RS

O jornal infantil é salientado por Maria de Lourdes Moraes (Técnica de Educação –

São Paulo), como um “poderoso instrumento de educação, um elemento eficiente da educação

ativa, contanto que ponha de fato em jogo a iniciativa das crianças” (Revista do Ensino/RS;

set.1953, p.54). O professor deveria apenas sugerir a ideia da fundação do jornal e

orientar/coordenar esta atividade, mas caberiam as crianças que se mostrassem mais

entusiasmadas sua organização,

Elas [as crianças] é que irão dirigir, isto é, encomendar, recolher e selecionar o material, contatar a impressão, cuidando de todas as demais providências que a feitura de um jornal requer. Assim também, convém deixar às próprias crianças a escolha de seus dirigentes, a qual poderá ser feita por aclamação ou votação. Esta, preparada e organizada pelas crianças, será outro grande elemento de educação. (MORAES. Revista do Ensino/RS; set.1953, p. 54)

Aos professores, seguia a orientação de não impor temas, nem formatar sentenças ou

coisas semelhantes. Deveriam apenas auxiliar na resolução de dificuldades e nunca retirar a

iniciativa da criança. Outra questão destacada era referente aos elementos que deveriam

compor o jornal, cabendo aos trabalhos literários e as ilustrações um papel central. Outras

sugestões são a seção charadística, palavras cruzadas e cartas enigmáticas, com torneiros e

prêmios aos vencedores e ainda, notícias sociais, notícias de competições e jogos, atualidades

e etc.

A orientação quanto a confecção do jornal é a de que a escola providencie a tiragem

do primeiro número e, com a renda, as crianças contratem as impressões posteriores. O ideal,

segundo Moraes (1953), é o jornal impresso pelas próprias crianças, pelo “processo

hectográfico”, pois além de mais econômico, exigiria a participação mais ativa das crianças.

A reportagem traz as recomendações para a confecção das cópias pelo processo sugerido e as

fórmulas para fazer a pasta gelatinosa e para a fabricação de tinta hectográfica,

As cópias por este processo poderão ser obtidas por meio de:a) papel acetinado escrito a mão, ou a máquina com tinta hectográfica. Pode-se substituir a tinta por papel carbono hectográfico posto por detrás do original com face voltada para ele. b) pasta gelatinosa destinada a absorver a tinta e colocada em forma de zinco de mais ou menos 0,02 m de altura. Esta forma poderá, também, ser substituída por uma lata grande e rasa (lata vazia de goiabada, marmelada, etc…)c) Folhas de papel ligeiramente absorventesFórmulas para fazer a pasta gelatinosa:1º Água …………..400gGlicerina …………400gGelatina …………..250gCaulim …………….50g2º Caulim ………….50gÁgua …………….1000gGelatina …………..200gGlicerina …………..50gFórmula para a fabricação de tinta hectográfica10 partes de anilina de qualquer cor (de preferência violeta ou preta)10 partes de álcool10 partes de goma arábica70 partes de água (MORAES. Revista do Ensino/RS; set.1953, p. 54)

Em outra reportagem, o tema central abordado é a relação entre a biblioteca e o jornal

escolar: “O livro recém chegado à Biblioteca é notícia para o jornal” (SANTOS. Revista do

Ensino/RS; nº 76; mai. 1961). É recomendada a elaboração de uma coluna por um “aluno

comentarista” que deve ser, naturalmente, “um estudante que revela um gosto definido pela

leitura, facilidade de expressão e escrita e um razoável conhecimento sobre o assunto”. São

ainda sugeridos títulos, tais como “Vitrina da Biblioteca”, “Novidades” ou “Novas Atrações”,

onde o aluno deve comentar um livro que acabou de ler, realizando um fichamento a partir

das três perguntas: “1º - Qual o assunto do livro? 2º - é bom? 3º - eu vou gostar?”.

Recomendam-se também algumas notas biográficas sobre o autor e um comentário sobre se o

assunto é novidade ou uma matéria antiga (SANTOS. Revista do Ensino/RS; nº 76; mai.

1961).

Pensando no intercâmbio entre leitores e a redação do jornal escolar, recomenda-se

que o comentarista abra sua coluna aos interessados, solicitando que sejam enviadas ao jornal

as apreciações de livros lidos, um concurso entre as apreciações e a seleção de algumas para a

publicação e fazer sua publicação, de vez em quanto, substituindo o próprio comentarista da

coluna. Santos (1961), salienta as diferenças entre os tipos de jornais escolares e sugere que

esta atividade de intercâmbio é mais oportuna para o jornal mural, pois este permite uma

maior variedade num espaço de tempo limitado. Já os jornais mensais, do tipo circulante, não

ofereceriam o mesmo grau de oportunidade. Para estes últimos, sugere-se uma coluna ao lado,

com títulos como: “A opinião do leitor” ou “O leitor também escreve”, “Como o leitor aprecia

o livro”, etc. Segundo as orientações de Casassanta (1939), o jornal escolar seria “o

instrumento eficiente não só de propaganda da biblioteca, como lugar indispensável para a

colheita das informações (...). O jornal escolar dará resumo de leituras, movimento da

biblioteca, intercâmbio de livros, etc” (p. 195-198).

Outra sugestão da reportagem é a organização de um concurso de “frases pitorescas”

encontradas nos livros de histórias ou revistas infantis, citando o título do livro, as páginas

onde foram encontradas as frases e o nome do aluno que as enviou. Estas recomendações,

como salienta a autora, serve para relacionar o “assunto dos livros e despertar mais vivo

interesse pelo seu jornal” (SANTOS. Revista do Ensino/RS; nº 76; mai. 1961).

Na reportagem intitulada “Jornal Escolar, Trabalho em Grupo”5 (Revista do

Ensino/RS, nº 68, mai. 1960, p. 48) segue a mesma ênfase sobre participação infantil no

planejamento, direção, organização e execução do jornal. O texto sugere uma série de

perguntas e respostas relacionadas, especificamente, ao planejamento e a direção do jornal. A

primeira orientação é de que as crianças tenham a necessidade de divulgação de seus

trabalhos para toda a escola. A partir de então, pensada a possibilidade de um jornal, surge

então um problema: como será o jornal e se a direção da escola concordará com sua

realização. Com o aceite da direção da escola, começam os questionamentos sobre:

Quem reunirá os trabalhos dos colegas das outras turmas? E em cada turma? Haverá um secretário de turma e também vários redatores. Mas só estes escreverão? Não, não podemos perder para tão poucos, tão precioso incentivo para uma redação: o trabalho deve ser feito por todos, o melhor deles será aproveitado (Revista do Ensino/RS, nº 68, mai. 1960, p. 48)

As notícias da escola deveriam estar presentes no jornal, responsabilidade designada

aos repórteres. Outra questão importante corresponde a organização, assim como a maneira

como será escolhida a direção do jornal. Quanto à escolha, deveria ser feita, “naturalmente”,

pelo processo democrático, ou seja, através de eleições, que procurariam: dar maior número

de oportunidade ao maior número possível de alunos; aproveitar todos os valores; fazer com

que os alunos escolha de acordo com as capacidades necessárias a cada cargo” (Revista do

Ensino/RS, nº 68, mai. 1960, p.49). Quanto as exigências comuns para todos os candidatos,

faz-se indispensável, o “senso de responsabilidade, iniciativa, continuidade de trabalho, boas

notas nas aulas” (Revista do Ensino/RS, nº 68, mai. 1960, p.76). Para cada cargo, em

particular, deveria ser considerado as seguintes habilidades aos candidatos,

O diretor – senso de liderança, visão larga, imaginação, iniciativa, energia, capacidade de trabalho, capacidade de planejamento e organização, habilidade; Os secretários – boa dicção, boa leitura, julgamento rápido, senso de organização, cortesia, habilidade, atenção; Os Redatores – boa redação, atenção, ordem e capricho natural; Os Revisores – observação, paciência; Os repórteres – vivacidade, observação, habilidade, julgamento rápido. (Revista do Ensino/RS, nº 68, mai. 1960, p.49)

Para verificar estas qualidades nos colegas, a sugestão compreende além da

observação infantil, que constituiria um “bom princípio na educação para a cidadania”, a

elaboração de provas específicas para os candidatos a cada cargo.

Neste mesmo número da Revista do Ensino/RS temos a história da fundação de um

jornal, contada pela professora Júlia Helena Kroeff Petry, do “Grupo Escolar Professor Ivo

Courseul”, localizado em Porto Alegre/RS. O jornal chama-se “A Voz da Escola”6 e foi

organizado pela professora que, dentre as demais instituições escolares, entendeu o jornal

como a que melhor poderia ser atendida, devido às deficiências do prédio escolar,

Depois de estudar comparativamente diversas instituições, cheguei à conclusão de que a que melhor se prestava era o jornalzinho escolar e decidi-me por ele. Revisei em “Extra-Curricular Activities”, de Harry C. Mac Kown, a organização de um jornal, seus objetivos dentro da escola, suas características, constituição das notícias de jornais, trabalhos que devem aparecer nos mesmos, etc, etc. Estudei as condições em que poderíamos fazer a tiragem do jornal. Dispúnhamos de um hectógrafo e tiraríamos as cópias nele. O jornal seria escrito à mão pelas crianças, o que serviria de estímulo à boa caligrafia. (PETRY. Revista do Ensino/RS, nº 68, mai. 1960, p.50)

Segundo a professora, todo o processo de organização foi realizado por meio de

votação, desde o nome do jornal até a escolha da comissão, formada por um gerente, dois

redatores e um repórter para cada turno. Em relação à elaboração dos artigos para o primeiro

número do jornal, coube a professora orientar a composição cada classe, desenvolvido a partir

de um tema “dado”, para depois selecionar os melhores trabalhos. Ainda, o artigo de fundo

era realizado sempre pelos redatores e “se enquadra nos objetivos da escola, encaminhado, em

geral, pela direção” (PETRY. Revista do Ensino/RS, nº 68, mai. 1960, p.50).

Segundo Casassanta (1939, p.62), as sugestões, assim escolha do nome do jornal

deveria partir das crianças7, sendo comum alguns nomes que não faziam parte do universo

infantil, como por exemplo, em certa escola, o jornal tinha o nome da professora. Ainda

salienta, que os nomes de aves e animais são do gosto das crianças, como: “O Colibri, O

Beija-Flor; O Papagaio; O Bem-te-vi; O Grilo; O Sabiá; A Andorinha; Borboleta; O Melro (o

nome de pássaros foi de 43 na primeira exposição de imprensa escolar8)”.

Figura 1: Exemplos de jornais escolares. (Fonte: RIELLI, Adelmo. O pequeno jornalista. Livrinho para escolares e colegiais. Capa de Hamilton de Souza. Gráfica Biblos Limitada. São Paulo, 1957, p.30 )

Em relação à escrita do jornal são salientadas as dificuldades, que mesmo escolhendo

os alunos de melhor caligrafia, não se conseguia uma “letra boa” e “uniforme” com a

utilização da pena de aço, devido ao fato dos alunos utilizarem a caneta automática ou caneta

esferográfica. Outro problema seria a “nova tinta hectográfica (única que se encontrava na

praça)”, que tornava as cópias fracas e quase ilegíveis. Como saída, a professora optou por

elaborar o jornal à máquina, condição que concretizou de forma considerada satisfatória. O

pedido da diretora de um mimeógrafo emprestado para a confecção dos jornais tornou-o ainda

melhor, “mais rápido, mais nítido e cópias sempre iguais” (PETRY. Revista do Ensino/RS, nº

68, mai. 1960, p.50).

O primeiro jornal do Grupo Escolar Ivo Courseuil saiu relativo ao mês de maio e foi

composto com três páginas. Logo, sairia o segundo em junho e, no momento da publicação da

reportagem (maio de 1960), o terceiro. A professora salienta a participação mais espontânea

das crianças ao longo da confecção dos primeiros exemplares, tanto para a venda como para

as colaborações. A professora do 1º ano do Grupo Escolar também fez sugestões, como

trabalhos de atenção, de observação, de discriminação visual, de direção.

A reportagem “O Jornal na Escola Primária” (Revista do Ensino, v. 11, nº 83 mai. de

1962), escrita por Ophélia Coelho dos Santos, inicia com a valorização do jornalista,

sintetizada na seguinte frase de Albert Camus “O jornalista é o historiador do momento”. A

partir de então, o artigo apresenta, em 4 páginas, todo o processo organizacional do jornal

escolar, desatacando os aspectos da técnica jornalística e todas as oportunidades para a escrita

do jornal,

É um visitante ilustre que chega à escola – eis o momento para a entrevista; é uma excursão que a turma realiza – momento oportuno para preparar uma reportagem; é um livro novo que chega à biblioteca – momento para redigir uma notícia; é um dia nublado que faz escorrer pingos de chuva pela vidraça – eis o momento de escrever uma crônica. São inúmeros os acontecimentos, diversos os motivos que fazem notícia para o jornal. (SANTOS. Revista do Ensino/RS, v. 11, nº 83 mai. de 1962, p.76)

Assim, como já colocado em outras reportagens, são dadas orientações para a

formação da equipe responsável e os requisitos necessários para a elaboração do jornal:

diretor-presidente, diretor-artístico, repórter, secretário, redator, revisor e tesoureiro. Ainda,

deve ser observada a divisão de tarefas, que requerem habilidades de “desenhistas e

datilográficos e ainda o auxílio de copistas, paginadores, grampeadores e distribuidores”.

Após a escolha da diretoria do jornal e da equipe, seguem as recomendações muito

semelhantes às reportagens anteriores: tipo de jornal, material escolhido para a elaboração, o

conteúdo, notícias selecionadas, comentários, seções, reportagens, entrevistas, conto da

semana, ilustrações, disposições da matéria. Temos também as orientações sobre as técnicas

jornalísticas: “Escrever é em parte arte, e em parte ofício. Como arte é um dom natural, como

ofício, aprende-se e aperfeiçoa-se. A redação jornalística é ofício” (PLACER. In: Revista do

Ensino, v. 11, nº 83 mai. de 1962). A reportagem traz um dos elementos sobre o ofício do

jornalista, embasados obra de Xavier Placer, intitulada “Jornalzinho Escolar” de 1959,

Às vezes, é clara a intenção de fazer jornal. Evidencia-se, porém, a confusão de tipos de redação e técnicas jornalísticas: descrições à guisa de reportagens; diálogos sem objetivo definido, por entrevistas. Confirma-se, então, o pensamento de Xavier Placer: é imprescindível que os pequenos jornalistas aprendam o seu ofício – redigir para um jornal. (SANTOS. Revista do Ensino/RS, v. 11, nº 83 mai. de 1962, p.78)

São destacadas ao longo da reportagem algumas noções prévias que os alunos

deveriam aprender e distinguir quanto ao significado de: tópico, editorial, notícia,

reportagem, entrevista e crônica. Após a apresentação e um breve resumo de todos os

assuntos, Santos (1962) declara a dificuldade em resumir toda a complexidade jornalística

e salienta a importância do desenvolvimento do jornal, “pelo seu valor social e

pedagógico”, na escola primária (SANTOS. Revista do Ensino/RS, v. 11, nº 83 mai. de

1962, p.79).

A última reportagem analisada nesta pesquisa é referente a um tipo específico de

jornal, o “Jornal Mural”, de autoria da professora Lenice Bezerra Moura (1968).

Primeiro, seguem as orientações organizativas do jornal, como o seu espaço dentro da

escola “deve ser colocado num lugar bem visível, de preferência em um corredor de

passagem, onde seja possível parar para ler”. Ainda, destaca que este tipo de jornal não

deve conter palavras-cruzadas, charadas ou artigos e reportagens grandes demais e a

matéria e seções dever ser esteticamente distribuídas e apresentadas sempre no mesmo

lugar. Quem organiza o jornal deveria ter “em mente” que a principal função do jornal é

informação, atualização, recreação e comunicação (MOURA. Revista do Ensino/RS,

nº116, 1968, p.47).

Seguindo as recomendações, uma série de assuntos que poderiam interessar o jornal

mural escolar:

a) Relativos a vida escolar: festas da escola, datas cívicas, matéria dada em classe, excursões feitas pela escola, material novo adquirido pela cooperativa, chega e saída de professores.b) Relativos ao que vai pelo Brasil – ou pelo nosso Estado: notícias selecionadas de jornais e revistas, dispostas ao redor de um mapa e ligadas por um fio de lá ao local onde se deu o fatoc) Relativos a biblioteca – livros recém-chegados, o livro que eu li, gráficos de atendimento mensal, fotografias com dados bibliográficos, de escritores, vultos brasileiros, etc.d) Relativos a alimentação – cardápio da semana (merenda escolar), valor nutritivo dos alimentos , receitas de fácil execução, etc.

e) Relativos a vida social – aniversários (de alunos, professores, funcionários), nascimentos (de irmãozinhos, filhos de professores), casamentos, falecimentos, doenças, fatos ocorridos nos bairrosf) Relativos ao “porquê” das coisas: pergunta pode ser lançada numa semana e respondida na outra. (MOURA. Revista do Ensino/RS, nº116, 1968, p.47).

Ao longo da reportagem são realizadas sugestões que estruturam toda a organização

do jornal. Este, deveria compreender notícias relativas à escola, como festas, merenda e

biblioteca, assim como as notícias do Brasil ou do Estado do Rio Grande do Sul. Para

finalizar, a reportagem traz como exemplo uma figura de jornal mural, distribuindo as

reportagens e seções, assim como os assuntos sugeridos na parte textual.

Considerações finais

Entre as instituições complementares à escola, estimuladas pelos protagonistas da

escola nova, desde as primeiras décadas do século XX, destaca-se o jornal escolar elaborado

pelos alunos, como atividade de sala de aula ou extra-classe, pois desenvolve um “trabalho

social em comum na Escola ou para a Escola”, orientando-se no sentido cívico-cultural de

construção da identidade nacional pela formação de hábitos e atitudes: auto-educação,

iniciativa, cordialidade, respeito mútuo, gosto pela vida ao ar livre, observação direta,

pontualidade e assiduidade, dedicação ao trabalho, zelo pelos instrumentos de trabalho,

sentimento de responsabilidade, de sociabilidade e de cooperação.

Em sua proposta, o jornal escolar busca dinamizar a ação educativa e estimular a

participação do aluno. Como recurso de ensino ou instituição escolar, oportuniza numerosas

atividades, oferece ambiente propício para a criança aprender fazendo, realizando ela própria

o aprendizado de conhecimentos e técnicas, a aquisição de hábitos e atitudes desejáveis, como

o espírito de iniciativa, direção e solidariedade, hábito de trabalho em grupo e cultivo do amor

à língua materna. Como trabalho de equipe, contribui para a formação do espírito de

cooperação, de coletividade, além de expressar o trabalho realizado, sendo uma “fonte

preciosa para a história da vida da Escola”

As reportagens analisadas na Revista do Ensino/RS trazem uma série de orientações às

educadoras, buscando incentivar a produção do jornal escolar pelos próprios alunos, sendo

tarefa dos professores apenas a supervisão desta atividade. Trazendo conteúdos semelhantes,

as autoras enfatizam a importância da escolha dos membros e do nome do jornal através do

processo eleitoral. Mesmo assim, é clara a existência da meritocracia na escolha destes

membros, devido às chamadas “exigências” necessárias para o exercício das atividades no

jornal, através da observação infantil e de provas específicas. No caso do jornal escrito, fica

evidente que aluno o escolhido seria aquele que apresentasse uma melhor caligrafia, ou seja,

uma “letra boa e legível”.

A imprensa e o ofício do jornalista seria o modelo a ser seguido pelas crianças de

diferentes níveis de ensino. O jornal escolar seguiria a estrutura de um jornal de grande

circulação, com alteração apenas os temas abordados, que seria do universo escolar. Também

são sugeridas alternativas para o trabalho ser concretizado mesmo em situações consideradas

não adequadas ou “precárias”, esperando a intervenção ideal do diretor/professora, que não

deveria passar do estímulo e da ajuda na confecção do jornal. Entretanto, esta medida nem

sempre era conseguida, já que professoras acabavam, muitas vezes, fazendo quase todo o

trabalho.

Reconhecendo suas peculiaridades, assim como a importância de uma análise

conjuntural, significativos estudos estão em andamento sobre este tema. Apesar do

esquecimento e, em muitos casos, o descarte constante da imprensa, alguns jornais escolares

foram conservados e aguardam pesquisas que contribuam com a escrita da história da

educação.

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1 Sobre a Revista do Ensino/RS, ver Bastos (1997 e 2005). 2 Recentemente, os alunos do 2º ano do Colégio Marista São Pedro/Porto Alegre lançaram o jornal Florestal Mirim. O conteúdo mostra as principais atividades feitas pelos estudantes durante o ano. As reportagens são escritas pelas crianças e supervisionadas pelas professoras (Jornal Zero Hora, Porto Alegre 13 de dezembro de 2012, p.3). Os alunos do 5º ano do Colégio Bom Conselho/Porto Alegre também vem desenvolvendo as atividades de confecção de um jornal. Neste caso, o trabalho realizado pelos alunos foi divulgado em um jornal de grande circulação no Estado do Rio Grande do Sul. Algumas seções do jornal produzido pelos alunos: “Cabeção, nosso mascote; Bom Conselho Urgente; Auxílio aos Estudos; Antes e Depois; Noite de Luz; Baile da Primavera; Esportes; Direitos Humanos (Zero Hora, Porto Alegre 03 de janeiro de 2013, p. 4 e 5)3 Entre os estudos que investigam jornais escolares, podemos destacar: Almeida (2009, 2010a, 2010b) Amaral (2002), Bastos e Ermel (2010), Cunha (2010), Fraga (2012), Pinheiro (2000), Rabelo (2012), Renk (2011), entre outros. 4 Entre os anos de 1940, 1941 e 1942, temos um significativo aumento na produção de jornais escolares no Estado do Rio Grande do Sul, sendo 6, 32 e 54, respectivamente. Fonte: RS/SEC. Relatório de maio de 1943, p. 52.5 Essa reportagem é assinada pelo Setor de Bibliotecas e Auditórios da Secretaria Geral de Educação e Cultura do Distrito Federal.6 Foram encontrados, nas décadas de 1930 e 1940, exemplares com esse mesmo nome no Colégio Elementar Souza Lobo, localizado também em Porto Alegre/RS. Sobre, ver Bastos e Ermel (2010).7 Os exemplos citados pelo autor de nomes de jornais que parecem não ser escolha das crianças: “Fonte de Luz; O Indiscreto; Céu de Minas; Horizonte infantil; O Instrutivo; Porta-voz infantil; Rumo do Saber; Folha de trevo; Riso Juvenil; O porvir; O Crisol; Pena Infantil” (Casassanta, 1939, p. 62). Outros exemplos de nomes de jornais de instituições escolares: Primavera (Florianópolis); Voz do Gerb (Orgão do Grêmio Estudantil Ruy Barboza), O Mérito (órgão oficial do ginásio Alcântara), Nossa Escola, O Centenário (Órgão Cultural – alunos do Ginásio e Escola Técnica do Comércio “Vitor Viana”) SP., Folha Acadêmica, A Gazeta (edição infantil, SP), O Ratinho (manuscrito – 4º ano), Netuno (órgão oficial do corpo docente da escola técnica de comércio da Faculdade de Ciências Econômicas de Pernambuco, Colibrí (Jornal da Quarta Série, SP), O Ginasiano (órgão oficial do Ginásio Olavo Bilac de Londrina), O Tico-Tico, O Cooperador Paulino, O Jornalizinho, O XI de Agosto (órgão oficial do centro acadêmico XI de agosto), Dom Bosco (revista mensal). Rielli (1957, p.29-34).8 A exposição a que o autor faz referência é a primeira exposição sobre imprensa escolar, organizada em dezembro de 1933, no Rio de Janeiro, pela Sociedade Amigos de Alberto Torres. Nesta exposição, segundo o autor, “foram apresentados cerca de 500 jornalzinhos, de todos os recantes de Minas” (CASASSANTA, 1939, p.38).