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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA - UNOESC
ÁREA DAS CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS - ACHS
PROGRAMA DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO
AS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO DE COMUNICAÇÃO NA ESCO LA: O
CASO DO COLÉGIO MARISTA FREI ROGÉRIO (JBA/SC)
CARMEN YÔNE RAISER DA CRUZ
Orientador: Prof. Dra. Tânia Maria Hetkowski
Joaçaba
2006
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CARMEN YÔNE RAISER DA CRUZ
AS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO DE COMUNICAÇÃO NA ESCO LA: O
CASO DO COLÉGIO MARISTA FREI ROGÉRIO (JBA/SC)
Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Educação da Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC, Campus de Joaçaba, para obtenção do grau de Mestre em Educação, sob orientação do Prof. Dr. Tânia Maria Hetkowski.
Joaçaba
2006.
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CARMEN YÔNE RAISER DA CRUZ
AS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO DE COMUNICAÇÃO NA ESCO LA: O CASO DO COLÉGIO MARISTA FREI ROGÉRIO (JBA/SC)
Dissertação de Mestrado, apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Educação, do Curso de Mestrado em Educação da Universidade do Oeste de Santa Catarina.
Aprovado em 10 de novembro de 2006.
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. Lindomar Wessler Boneti Pontifícia Universidade
Católica do Paraná (PUC-PR)
Prof. Dr. Leda Scheibe Universidade do Oeste de Santa
Catarina (Unoesc)
Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC)
4
Declaração de Isenção
Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo
aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do
Oeste de Santa Catarina – UNOESC, a Coordenação do Curso de Pós-graduação
strictu senso em nível de mestrado em Educação, a Orientadora de toda e
qualquer responsabilidade acerca do mesmo.
CARMEN YÔNE RAISER DA CRUZ Pós-graduanda
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Senhor, Tu me sondas e me conheces Sabes quando me assento e quando me levanto;
De longe penetras os meus pensamentos. Esquadrinhas o meu andar e o meu deitar
E conheces os meus caminhos. Ainda a palavra não me chegou à língua,
E Tu Senhor já a conheces toda. Tu me cercas por trás e por diante
E sobre mim pões a mão Tal conhecimento é maravilhoso demais para mim:
É sobremodo elevado não o posso atingir. Como me ausentarei do Teu Espírito?
Para onde fugirei da tua face? Se subo aos céus, lá estás;
Se faço a minha cama no mais profundo abismo, Lá estás também;
Se tomo as asas da alvorada E me detenho nos confins dos mares, ainda lá me haverá de guiar a Tua mão,
E aTua destra me susterá. Se eu digo: as trevas, com efeito, me encobrirão,
e a luz ao redor de mim se fará noite, até as próprias trevas não te serão escuras:
as trevas e a luz são a mesma cousa. Pois Tu formaste o meu interior
Tu me teceste no seio de minha mãe. Graças te dou, visto que por modo assombrosamente maravilhoso me formaste;
as tuas obras são admiráveis, E a minha alma o sabe muito bem...
Sonda-me o Deus, E conhece o meu coração, prova-me
E conhece os meus pensamentos; Vê se há em mim algum caminho mau
E guia-me pelo caminho eterno. Salmo 139.
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DEDICATÓRIA
Para m eus A m ores: W atson, M aiara, M urilo e L éo Com vocês a v ida é: A m or. O A m or é a m inha v ida.
M inha M ãe M aria Cristina M eu Pai N atalício Jorge
M inha M estra D r.Tânia M aria H etkow ski
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AGRADECIMENTOS
AGRADEÇO...
A Deus pelo olhar vigilante e cuidadoso em todos os momentos da minha vida. A Boa Mãe Maria e São Marcelino Champagnat (minha inspiração). A faculdade de recordar é uma grande aliada no cultivo do sentimento de gratidão. Recordar é fazer retornar ao coração o que nele já esteve. Recordo os momentos vividos comigo mesma, as lutas oriundas das dúvidas quando a vontade nem sempre se fazia presente. Recordo o desprendimento de familiares, quando absorvida pelos estudos privava-os de minha presença. Sou eternamente grata aos meus pais Natalício Jorge e Maria Cristina, ter nascido para essa vida, é o maior benefício que pode receber o espírito humano. Meus pais me propiciaram essa oportunidade. Deus sabe o quanto eu os amo. Sou muito grata a Prof. Dr. Tânia Maria Hetkowski que me orientou nessa árdua etapa de aprender a fazer pesquisa. Com suas oportunas observações, com sua agudeza de educadora e pesquisadora soube dar a um conjunto de expectativas, dúvidas e incertezas a culminação feliz desse trabalho. Gratidão minha Mestra, por me desafiar a iniciar e acabar esta dissertação. O matrimônio, a mais transcendental de todas as alianças, é um grande desafio para os matemáticos. É um caso em que a divisão resulta sempre maior que, o que foi dividido. Dividir minha vida com meu marido Watson, ampliou-a muitas vezes, repartir meu coração com minha filha Maiara o fez ainda maior. Sou muito grata aos meus irmãos Cleuza e Antônio. Sou grata a Deus pela presença linda em minha vida da Nercy e do Ubirajara (Bira) e por acreditarem sempre em mim. Gratidão às amigas Marisa Balestrin, Tatiana Beal Dariva Comin e Nilva Ouriques presentes nas diferentes caminhadas, escutando e partilhando. A Drª Marinês Balestrin por acalentar meu coração, compartilhar as minhas alegrias, cuidar de mim e estar sempre presente nos dias ensolarados, nos dias nublados e principalmente nas tempestades. Gratidão aos Irmãos Maristas, Coordenações, Professores, Funcionários e alunos do Colégio Marista Frei Rogério, companheiros de caminhada que sempre apresentaram um aporte positivo para a conquista do objetivo final desse trabalho. Gratidão aos Professores do Mestrado, seres Iluminados, que muito me ensinaram.
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RESUMO
Com o advento das Tecnologias de Informação e de Comunicação – TIC, muitas discussões e preocupações surgiram no ambiente escolar, com destaque para as formas de utilização e redimensionamento deste instrumento, enquanto potencializador do processo ensino-aprendizagem para os alunos do Ensino Fundamental e Médio. O objetivo desta pesquisa foi investigar como os professores e alunos, do Ensino Fundamental e Médio, do Colégio Marista Frei Rogério – Joaçaba/SC, utilizaram e exploraram as potencialidades das TIC nas atividades curriculares e extracurriculares nos diversos espaços sociabilizadores da escola, durante o espaço da pesquisa. Para cercear o objeto investigado, utilizamos como procedimento metodológico, a investigação de natureza exploratória, através de um Estudo de Caso, uma vez que as TIC representam um elemento contemporâneo que exige inquirições empíricas junto aos sujeitos que as utilizam e incorporam-nas ao seu cotidiano e ao seu fazer pedagógico. Foram aplicados, como instrumentos de coleta de dados, a observação e a entrevista semi-aberta, tendo como amostra, de forma aleatória, dez professores e dez alunos do Ensino Fundamental e Médio. A análise da pesquisa determinou que professores e alunos utilizam e conhecem todas as potencialidades oferecidas pelo instrumento computador (com acesso à Internet), porém a utilização deste deixa a desejar, quando se refere ao redimensionamento dos processos de ensinar e aprender e de inter-relacionar conteúdos curriculares e extracurriculares. Assinala-se com isso, a necessidade dos professores repensarem a metodologia que utilizam em suas aulas, bem como é imperativo que a comunidade escolar avalie a constituição curricular-pedagógica, quando se refere a utilização das TIC nos espaços de sala de aula e revigore a proposta de formação de professores. Finalmente, este trabalho assinala algumas possibilidades para repensar as TIC como potencializadoras do processo ensino-aprendizagem no Colégio Frei Rogério – Jba/SC. Palavras Chave : TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO – POTENCIALIDADES - ENSINO-APRENDIZAGEM.
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ABSTRACT
With the advent of the Information and Communication Technologies - TIC, a great deal of discussions and concerns appeared in the school environment, with prominence to the use and redimensioning forms of this instrument, as a intensifier of the teaching-learning process for students of Elementary and High School. The objective of this research was to investigate how the teachers and students, studying on the Elementary and High School of Frei Rogério Marist School, in Joaçaba/SC, used and explored the potentialities of the TIC in the curricular and extracurricular activities in the diverse socializing spaces of the school, during the space of the research. In order to limit the investigated object, we use, as a methodological procedure, the inquiry of exploratory nature, through a Study of Case, once that the TIC represent a contemporary element which demands empirical inquiries to the subjects who use them and incorporate them to their daily activities and pedagogical constructions. As instruments of data collection, observation and half-open interview were applied, having as a sample of study, of random form, ten teachers and ten students of Elementary and High School. The analysis of the research determined that teachers and students use and know all the potentialities offered for the instrument computer (with access to the Internet), however the use of this tool is not complete, when it is mentioned to the redimensioning of the teaching and learning processes and to interrelate curricular and extracurricular contents. It is evidenced with this, the necessity of teachers to think the methodology which they use in their classes, as well as it is imperative that the school community evaluates its curricular-pedagogical constitution, when it comes to the use of the TIC in classroom, besides intensifying the proposal of formation of its teachers. Finally, this work reveals some possibilities of using the TIC as intensifiers of the teaching-learning process at Frei Rogério Marist School - Joaçaba/SC.
Key Words : INFORMATION AND COMMUNICATION TECHNOLOGIES –
POTENTIALITIES – TEACHING-LEARNING PROCESS.
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SUMÁRIO
RESUMO........................................................................................................ 08
ABSTRACT..................................................................................................... 09
INTRODUÇÃO................................................................................................
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CAPÍTULO I - POLÍTICAS DE IMPLEMENTAÇÃO DAS TECNOLIGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO – TIC, NA EDUCAÇÃO ............................................................................
23
1.1. AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO - TIC NA EDUCAÇÃO NO BRASIL: ALGUNS ASPECTOS DA SUA HISTÓRIA..............................................................................................
23
1.2. AS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO DAS COMUICAÇÕES NA ESCOLA: Colégio Marista Frei Rogério..................................................
39
1.2.1. A Pedagogia Marista ..........................................................................
40
1.2.2. Proposta Marista e a introdução das Tecnologias da Informação e Comunicação – TIC .........................................................................
44
1.2.3. Aspectos Cronológicos das Tecnologias de Informação e da Comunicação – TIC no Colégio Marista Frei Rogério - Joaçaba – SC.........................................................................................................
59
CAPÍTULO II - AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO (TIC) E A EDUC AÇÃO .............................
68
2.1. TECNOLOGIAS E TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO.....................................................................................
69
2.2. SOCIEDADE EM REDE E TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO - TIC: Hipertexto, não-linearidade e interatividade......
74
2.3. CIBERCULTURA E ESCOLA.................................................................. 87
2.4. AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO NA
EDUCAÇÃO: desafios ao professor.......................................................
91
11
CAPÍTULO III - ANÁLISE DOS DADOS: As trilhas realizadas pelos docentes do Colégio Marist a Frei Rogério no uso das Tecnologia de Informação e da Comunicação – TIC.........................................................................................
105
3.1. ANÁLISE DOS DADOS: As trilhas realizadas pelos alunos do Colégio Marista Frei Rogério no uso das TIC......................................................
119
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................
132
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................
137
ANEXOS.........................................................................................................
145
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SUMÁRIO DE GRÁFICOS
GRAFICO 1 - freqüência de uso das tecnologias....................................... 109
GRÁFICO 2 - serviços ofertados pela Internet............................................ 111
GRAFICO 3 - os instrumentos mais utilizados nas aulas............................ 113
GRAFICO 4 – a presença das TIC no Colégio Marista Frei Rogério.......... 116
GRAFICO 5 – serviços mais utilizados na internet..................................... 120
GRAFICO 6 – internet e seus recursos de auxílio na aprendizagem.......... 122
GRAFICO 7 – freqüência de uso da internet............................................... 124
GRAFICO 8 – uso da internet na sala de aula............................................ 127
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INTRODUÇÃO
Foi assim que se construiu a ciência: não pela prudência dos que marcham, mas pela ousadia dos que sonham. Todo conhecimento começa com o sonho. O conhecimento nada mais é que a aventura pelo mar desconhecido, em busca da terra sonhada. Mas sonhar é coisa que não se ensina. Brota das profundezas do corpo, como a água brota das profundezas da terra. Como mestre só posso então lhe dizer uma coisa: conte-me seus sonhos para que sonhemos juntos[...].
Rubem Alves
O anseio de conhecer, construir, aprender e analisar as experiências que
marcam o meu caminhar enquanto educadora preocupada em investigar o
processo de construção do conhecimento e agora, em especial, analisar como
acontece esse processo de interação com as Tecnologias de Informação e da
Comunicação - TIC1, fizeram surgir esta pesquisa. Os instrumentos tecnológicos,
neste caso, os computadores conectados à Internet, surgiram na trajetória como
mais um desafio profissional, pessoal e de comprometimento educacional.
Percebo que a parceria TIC, professor e aluno não se efetiva tranqüilamente,
pois vem desestabilizando posições confortáveis do professor, instalando, para
alguns desses sujeitos, uma espécie de tecnofobia, o medo de interagir com os
recursos eletro-eletrônicos, neste caso, computador. Ainda, é comum
encontrarmos educadores que personificam o papel de Carolina, da música de
Chico Buarque, “O tempo passou na janela/ E só Carolina não viu” e, apesar dos
1 Compreendemos Tecnologias de Informação e da Comunicação, aquelas relacionadas a microeletrônica, a informática e a telemática, as quais são potencializadas devido suas características básicas como: rapidez, tempo real, sincronia, assincronias, virtualização, hipertextualidade entre outras (LÉVY, 1996; MARQUES, 1996; OLIVEIRA, 2003; CASTELLS, 1999).
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constantes convites para adentrarem ao salão e dançarem a valsa da parceria,
esses professores preferem ficar como meros espectadores do processo.
As TIC caracterizam-se pela desmaterialização do tempo e do espaço,
substituindo os átomos pelos bits2, causando transformações significativas na
sociedade contemporânea, como, por exemplo, provocando um movimento rápido
na passagem da revolução industrial para a revolução na produção do
conhecimento, exigindo novas formas de ensinar e de aprender. Um elemento
marcante, deste período, é a presença intensa das redes que vêm transgredindo
as barreiras territoriais, os limites geográficos, construindo assim uma grande
aldeia global3.
Esta revolução científica e tecnológica, através das TIC ou Tecnologias da
Inteligência4, criam novas relações culturais e com elas novos estilos de vida,
novas formas abusivas de consumo, tanto de produtos como de informações.
Estas transformações também modificam a ação da escola e o papel da
educação na sociedade e na formação dos sujeitos-cidadãos.
A tecnologia informática para Lévy (1993, p.36), “é um campo de novas
tecnologias intelectuais, aberto, conflituoso e parcialmente indeterminado”.
Neste contexto, a questão da utilização dos instrumentos tecnológicos,
2 Bit – menor medida de informação que pode ser entendida por um computador. Um bit é um único digito, escrito através da utilização da linguagem binária de arquivamento e memória de um computador. Equivale a um caractere de informação. Em um computador pessoal, um byte é composto de uma seqüência de oito bits. (ALVES, 2004. p.15). 3 Aldeia global quer dizer simplesmente que o progresso tecnológico estava reduzindo todo o planeta à mesma situação que ocorre em uma aldeia, ou seja, a possibilidade de se intercomunicar diretamente com qualquer pessoa que nela vive.(http://.pt.wikipedia.org). 4 Segundo Lévy (1996), tecnologias da inteligência pressupõem que as possibilidades intelectuais humanas são o maior valor de uma sociedade. A apropriação desse princípio passa pela tomada de consciência de que todos os indivíduos humanos são inteligentes por possuírem um conjunto de capacidades para perceber, aprender, imaginar e raciocinar.
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particularmente na educação, ocupa uma posição privilegiada, e por isso faz-se
importante refletir sobre as mudanças educacionais provocadas pelo
surgimento delas, uma vez que estas mudanças estão relacionadas às práticas
docentes, à proposta curricular, às políticas da escola, às bases teóricas e à
formação de professores.
Em um colégio que visa à formação integral do homem, como o Colégio
Marista Frei Rogério (Joaçaba/SC), as mudanças ocorreram rapidamente, pois
precisava-se inserir as práticas escolares ao contexto em que viviam os
alunos. Esta inserção necessitava de incentivo, acompanhamento,
aparelhamento de um educador disposto a buscar esta informação.
Como educadora aceitei este desafio, mais um em minha vida, marcada
por mudanças e projetos que muitas vezes não pensei que conseguisse
enfrentar e realizar. Iniciei minha história na instituição em 1992, lecionando
para a segunda série do Ensino Fundamental. Já no ano seguinte, o primeiro
grande desafio: trabalhar com alfabetização. Durante os três anos em que
permaneci como alfabetizadora, senti que o computador estava começando a
influenciar a educação. Visando aperfeiçoar-me para a modernidade, em 1995,
cursei Especialização em Informática na Educação pela Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul (PUC/RS), onde o enfoque era utilização de
computadores e softwares como ferramentas educacionais.
Em 1996, mais um desafio: administrar o novo. Assumi a coordenação das
atividades no Laboratório de Informática. Nele utilizávamos softwares de uso geral
e poucos professores participavam do processo. A caminhada foi aos poucos se
estruturando, com o trabalho de aculturamento para alunos e professores.
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Durante dois anos, a equipe responsável pelos trabalhos no laboratório de
informática ministrava as aulas e os professores, acompanhavam. Em horários
extras, oferecíamos cursos de informática básica para os professores. Em 1998
tivemos acesso à rede, as atividades foram ampliadas, pois passamos a utilizar a
metodologia de projetos disciplinares e interdisciplinares nas aulas no laboratório,
em um primeiro momento os projetos aconteciam a nível local. Após dois anos,
esta pratica se estendeu para os demais colégios da Província Marista de Santa
Catarina - UCE5.
Dessa forma, completamos dez anos de inserção, experiência, vivência e
adequações para que as TIC possibilitem, cada vez mais, relações construtivas
entre alunos, professores, comunidade e conhecimento, na sala de aula e fora
dela.
Torna-se oportuno, após 10 anos, entender e compreender se os
movimentos provocados pelas TIC no cotidiano da sala de aula, do Colégio
Marista Frei Rogério (Jba/SC), envolveram, com uma aprendizagem significativa,
professores e alunos, bem como saber se os usos e redimensionamentos se
aproximam da proposta Educativa Marista desenvolvida nesta década.
Analisando o contexto da inserção das TIC na escola, permeado pelos ideais
neoliberais, globalizantes, onde as modernizações das atividades produtivas e
informações forjam modelos cruéis de empregabilidade, competitividade,
eficiência, eficácia entre outros, perguntamos-nos o que realmente significa inserir
as TCI no contexto educacional?
5 União Catarinense de Educação, com sede em Florianópolis – Santa Catarina.
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A introdução e o uso das TCI, no atual sistema educacional, requer uma re-
avaliação de princípios, noções, critérios, conceitos e valores decorrentes de um
novo paradigma científico que fragiliza o atual modelo de construção do
conhecimento.
Há um grande esforço da comunidade científica em sugerir, discutir,
conceituar e criar formas de incorporação das TIC nos processos educacionais,
superando o fascínio, a tecnofobia e os modelos ingênuos. Autores como Pierre
Levy, Mario Osório Marques, Arnaud de Lima Junior, Marcos Masetto, Nelson de
Lucca Preto, Lynn Rosalina Gama Alves, Marco silva, Tânia Maria Hetkowski
entre outros que destacam as tecnologias como processos humanos, as quais
geram, instrumentos tecnológicos potenciais de democratização quando
alicerçados pelas possibilidades do ciberespaço6.
Dessa forma, para que possamos investigar as potencialidades das TIC na
educação e compreender melhor o papel que elas poderão desempenhar,
precisamos entender com sensibilidade e clareza as políticas públicas de
implementação dos programas de informática educativa no Brasil e os cenários
criados/construídos ou idealizados pelas mesmas.
Através do entendimento da criação e definição das políticas públicas de
Informática nas escolas públicas, a rede privada pensando na sua condição
privilegiada devido a estabilidade financeira e a proposta pedagógica renovada,
avançou esmeradamente na relação educação e “era da informação” como
momento prenhe às discussões da sociedade do conhecimento e extrapolou os
6 Oferece objetos que rolam entre os grupos, memórias compartilhadas, hipertextos comunitários para a construção de coletivos inteligentes. (LÉVY. 1996, p.129).
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métodos de ensino tradicionais, estabelecendo novos caminhos congruentes
com o momento histórico. Esses aspectos implicaram repensar a escola, os
processos de ensino aprendizagem e o redimensionamento que os professores
precisam desempenhar na formação dos seus alunos. Isso sugere repensar o
Projeto Político Pedagógico (PPP) e oferecer formação contínua aos
professores.
[...] Não basta simplesmente o processo ensino-aprendizagem, na forma em que ocorre em sala de aula, para uma nova tecnologia, dando ares de modernidade à escola, sem alterações em profundidade. É preciso que os professores estabeleçam o quê, como, onde, por que, a quem e para quem servem as novas tecnologias (STHAL apud CANDAU, 1997, p. 302).
Diante dessa provocação da CANDAU (1997), percebemos que o professor
para ser um profissional comprometido e engajado com as necessidades da
educação, precisa aprofundar seus conhecimentos filosóficos, pedagógicos,
sociológicos, psicológicos e tecnológicos. Desta forma, poderá redimensionar o
uso das TIC na sala de aula, proporcionar novas relações, novas interações e
novas mediações7. Como afirma FREIRE (1996, p.115), “não posso ser professor
se não percebo cada vez melhor que, por não poder ser neutro, minha prática
exige de mim uma definição. Uma tomada de posição. Decisão”.
À luz dessa afirmação, elaborar novos conhecimentos por meio das TIC, faz-
se necessário:
[...] encontrar na tarefa docente cotidiana, um sentido para a tecnologia, um para quê. Este “para quê” significa idéia de criação, de dar luz, de produzir. Como docentes buscamos que os alunos construam os conhecimentos nas diferentes disciplinas, conceitualizem, participem nos processos de negociação e de recriação de significados de nossa cultura, entendam o modo de pensar e de pesquisar das diferentes disciplinas, participem de forma criativa na reelaboração pessoal e grupal da cultura, opinem com fundamentações que rompam com o senso comum, debatam com seus companheiros argumentando e contra-argumentando, elaborem produções índole diversa: um conto,
7 Mediatização: Relação sujeito-sujeito nas relações sociais e/ou de ensino aprendizagem.
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uma enquete, um mapa conceitual, um resumo, um quadro estatístico, um jornal escolar, um software8, etc. (LITWIN apud PROPOSTA CURRICULAR DE SANTA CATARINA, 1998, p.33).
Percebemos que é fundamental que a escola, o professor e o aluno sejam
comprometidos, conscientes e envolvidos nos processos e nos movimentos que
permeiam a formação, a realidade, a construção do conhecimento e ao respeito
mútuo e ético no uso de diferentes formas, metodologias, técnicas e instrumentos
no processo ensino e aprendizagem. Mas como garantir e como propiciar
condições à formação crítica e comprometida dos professores e alunos,
principalmente quando se trata da inserção e do uso das TIC nesse processo?
Estes questionamentos se fazem presentes na preocupação com
capacitação e formação continuada dos professores no Colégio Marista Frei
Rogério, pois o mesmo oferece ao professor estrutura física e laboratorial,
formação técnica e pedagógica, assessoria técnica e encontros regulares para
discutir o tratamento de conteúdos curriculares e extracurriculares. Com isso,
surge o questionamento: diante destas condições, os professores utilizam e
redimensionam as TIC no processo ensino aprendizagem com os alunos de
Ensino Fundamental e Médio? Considerando que os alunos, em decorrência das
condições sociais, têm acesso a diferentes instrumentos tecnológicos no seu dia-
a-dia.
Portanto, esta pesquisa tem como objetivo investigar como o Colégio Marista
Frei Rogério – Joaçaba – Santa Catarina, através de seus professores, explora as
potencialidades das TIC no processo de pesquisar, de ensinar e de relacionar os
conteúdos extracurriculares com as atividades de sala de aula. Mais amiúde, os 8 Software: São programas de computadores. Cada software pode conter um conjunto de programas.
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objetivos específicos pretendem descrever o cenário das políticas públicas de
informática educativa no Brasil; destacar as políticas de implementação de
informática educativa nos colégios Maristas, destacar as potencialidades das TIC
na educação e fazer uma pesquisa de campo.
Assim, a metodologia será de abordagem qualitativa, com ênfase no Estudo
de Caso, uma vez que este estudo é uma inquirição de um fenômeno
contemporâneo - as TIC na educação - dentro de um contexto real - Colégio
Marista Frei Rogério, que abrangem múltiplas fontes de evidência e
interpretações de contextos que circundam o fenômeno – cibercultura, sociedade
em rede, políticas públicas entre outros,
Entre os modos de ver e de fazer acontecer à inserção das TCI no cenário
educacional, o profissional em educação reconhece na pesquisa a fonte para os
seus programas e estratégias. Para a compreensão da relação que acontece
entre sujeitos da pesquisa (professores e alunos) realizamos uma pesquisa de
campo.
Para tanto, utilizamos entrevista (semi-estruturada) com professores para
entendermos como os mesmos redimensionam as TIC no processo de ensinar,
de pesquisar e como relacionam os conteúdos de sala de aula com as
informações extracurriculares. Também servimo-nos de um roteiro para
realizarmos observação das atividades desenvolvidas em sala de aula e no
laboratório de informática, a fim de verificarmos como é trabalhada a inter-relação
entre os conteúdos extracurriculares e os conteúdos de sala de aula.
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A coleta de dados, com os alunos foi realizada, mediante observações em
sala de aula, no laboratório de informática e culminou com aplicação de um
questionário com questões abertas e fechadas. Os recursos para coleta de dados
foram os seguintes: computador, câmera digital, roteiro para as observações. A
pesquisa envolveu alunos do Ensino Fundamental (5ª a 8ª série) e do Ensino
Médio, proveniente de classe média da cidade e de municípios circunvizinhos,
encontram-se na faixa etária de 10 a 17 anos, ou seja, estão na pré-adolescência
ou já adolescentes. Os professores são na grande maioria especialistas, são
formados nas suas áreas específicas, ministram cerca 20 horas semanais no
Colégio e moram na cidade ou em municípios próximos.
O universo da pesquisa foi de quatrocentos e setenta e quatro alunos (474)
regularmente matriculados e quarenta e três professores (43) professores. Sendo
que a amostragem, escolhida aleatoriamente, para responder as entrevistas e os
questionários foram dez (10) alunos e dez (10) professores. A análise de dados
será descritiva, com intuito de demonstrar como as TIC são redimensionadas
dentro do processo educacional, do Colégio Marista Frei Rogério (Jba/SC).
Para atender aos objetivos propostos, esta dissertação foi elaborada da
seguinte forma: o primeiro capítulo descreve sobre as Políticas de implementação
das TIC na Educação do Brasil, destaca aspectos históricos, mostra os principais
marcos da informática educacional no Brasil, localiza os programas e iniciativas
de democratização do conhecimento através das TIC nas escolas públicas,
também aborda sobre o ideário Marista no Brasil, aborda a proposta de
introdução e implementação das TIC no Colégio Marista Frei Rogério (Jba/SC) e
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descreve as experiências positivas e negativas das TIC no ensino e na pesquisa,
as quais demarcaram uma década (1996-2006).
No segundo capítulo, está sendo abordado conceitos de Tecnologias de
Informação e da Comunicação (TIC) na Educação, bem como contextualiza as
mudanças significativas no modo de produção da vida, redimensionando o
conceito de tempo, espaço e distância, sociedade em rede, hipertexto, não-
linearidade e Interatividade. O capítulo também destaca a cibercultura como uma
possibilidade de efervescência das comunidades virtuais de aprendizagem, as
quais colocam em evidência as sociabilidades partilhadas e estabelecem entre os
jovens uma nova lógica de comunicação e, aqui também é delineado algumas
idéias sobre a presença das TIC na Educação e os desafios para o professor,
para o aluno e, consequentemente, para o processo ensino e aprendizagem.
O terceiro capítulo apresentará a análise dos dados e as considerações
finais, onde não temos o intuito de finalizar os estudos iniciados, mas de apontar
caminhos possíveis a respeito da utilização das TIC e suas potencialidades
aplicabilidades no contexto educacional do Colégio Marista Frei Rogério.
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CAPÍTULO I
POLÍTICAS DE IMPLEMENTAÇÃO DAS TECNOLIGIAS DA INFOR MAÇÃO E
DA COMUNICAÇÃO – TIC, NA EDUCAÇÃO
Este capítulo descreve inicialmente, os principais marcos do
desenvolvimento da Informática na Educação no Brasil: Projetos Educação com o
Computador (EDUCOM), Programa Nacional de Informática Educativa
(PRONINFE), Programa Nacional de Informática na Educação (PROINFO),
Sociedade do Conhecimento (SOCINFO), Fundo de Universalização dos Serviços
de Telecomunicações (FUST) e do Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico
das Telecomunicações (FUNTTEL).
As ações previstas nos programas citados inserem-se num contexto político-
pedagógico amplo, envolvendo entre outras: livro didático, Parâmetros
Curriculares Nacionais, Tv-Escola, Educação a Distância, valorização do
magistério, descentralização de instrumentos para escolas do sistema público,
iniciando o processo de universalização do uso de tecnologia de ponta no sistema
público de ensino.
1.1. AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO - TIC NA
EDUCAÇÃO NO BRASIL: ALGUNS ASPECTOS DA SUA HISTÓRIA.
Até aqui, poderíamos dizer, os homens vivam ao mesmo tempo dispersos e fechados neles mesmos como passageiros acidentalmente reunidos no porão de um navio do qual não suspeitavam nem a natureza móvel, nem o movimento. [...] Eis que por acaso, ou melhor, pelo efeito normal da idade, nossos olhos acabam por se abrir. Os mais ousados dentre nós alcançaram a ponte. Eles viram a nave que nos levava. Eles perceberam a espuma ao longo da proa – e também um leme a governar. E sobre tudo eles viram flutuar nuvens, eles aspiraram o perfume das ilhas para além da linha do horizonte: não mais a agitação humana ali – não a deriva –, mas a viagem (CHARDIN, 2000, p.8).
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A informática educacional no Brasil surgiu no início da década de 1970, a
partir de algumas experiências na Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Universidade
Estadual de Campinas (UNICAMP). Em 1973, Núcleo de Tecnologia Educacional
para a Saúde e o Centro Latino-Americano de Tecnologia Educacional
(NUTES/CLATES) da UFRJ utilizaram o computador com experiências químicas
através de simulações. Nesse mesmo ano, realizaram-se algumas experiências,
também através de simulações, só que com alunos de graduação do curso de
Física da UFRGS.
Em 1974, a UNICAMP desenvolveu um software, tipo Computer Assisted
Instruction (CAI), para o ensino dos fundamentos de programação da linguagem
BASIC, usado com os alunos de pós-graduação em educação, produzido pelo
Instituto de Matemática, Estatística e Ciência da Computação, coordenado pelo
Professor Ubiratan D'Ambrósio e financiado pela Organização dos Estados
Americanos.
Em 1975, elaborou-se o documento Introdução de Computadores no Ensino
do 2° Grau, financiado pelo Programa de Reformulaçã o do Ensino (PREMEN) do
Ministério de Educação e Cultura (MEC) do Brasil e, nesse mesmo ano, ocorreu a
primeira visita de Seymour Papert e Marvin Minsky ao país, os quais lançaram as
primeiras sementes das idéias do Logo9.
9 O Logo foi desenvolvido no MIT, o Instituto de Tecnologia de Massachussets, por Seymour Papert, na década de 60. Segundo Valente (1998), a linguagem de programação Logo apresenta as seguintes características do ponto de vista computacional: exploração de atividades espaciais, fácil terminologia e capacidade de criar novos termos ou procedimentos. Uma das características importante do Logo é a de não possuir objetivo delimitado, isto é, pode ser utilizada em ampla gama de atividades. A “geometria da tartaruga”, que é utilizada no Logo, é um estilo diferente de geometria. Nesta geometria tem-se um cursor que é representado por uma tartaruga, que é dinâmica, possui uma posição e o que é muito importante, possui uma orientação. Esta “tartaruga” aceita ordens ou comandos que são fornecidos pelas crianças. A linguagem utilizada no LOGO é
25
Para Ramon (2000), a implantação do Programa de Informática na
Educação, no Brasil, inicia-se com o primeiro e o segundo Seminário Nacional de
Informática em Educação, realizados, respectivamente, na Universidade de
Brasília (UnB) em 1981 e na Universidade Federal da Bahia (UFBa) em 1982.
Esses seminários estabeleceram um programa de atuação que originou a
Educação com o Computador (EDUCOM) e uma metodologia diferenciada de
quaisquer outros programas educacionais (EAD, TV-Escola...) iniciados pelo
Ministério de Educação e Cultura. No caso da Informática na Educação, as
decisões e as propostas não eram totalmente centralizadas no MEC, surgiam a
partir de discussões e propostas feitas pela comunidade de técnicos e
pesquisadores da área educacional. A função do MEC era a de acompanhar,
viabilizar e assessorar essas decisões.
Desde o início do programa, a decisão da comunidade de pesquisadores foi
a de que as políticas a serem executadas deveriam ser fundamentadas com
pesquisas pautadas em experiências concretas, usando a escola pública e
prioritariamente, o ensino de 2° grau. Essas foram as bases do projeto EDUCOM,
tendo como centros-piloto cinco universidades do país: Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG),
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS) e Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).
Esse projeto contemplou ainda a diversidade de abordagens pedagógicas,
como desenvolvimento de software educativo e uso do computador como recurso
uma linguagem procedural, isto é, é fácil criar novos termos ou procedimentos. Os comandos básicos são termos do cotidiano da criança. O Logo é formado por comandos chamados de primitivos, que constituem a base de todos os procedimentos. Esses comandos são para frente (PF), para direita (PD), para esquerda (PE), para trás (PT).
26
para resolução de problemas. A expectativa era de que esses centros-piloto
desenvolveriam competência para assessorar abordagens e decisões políticas
para a área educacional, fossem centros de referências ou pólos de irradiação na
formação de instrumentos humanos e verificassem a ocorrência de possíveis
mudanças na estrutura dos sistemas de ensino público, encontrando uma solução
alternativa adequada às realidades social, política, econômica e cultural.
O projeto EDUCOM foi o primeiro projeto público a tratar da Informática
Educacional, agregou pesquisadores da área tecnológica e educacional, teve
como princípio o investimento em pesquisas educacionais. Esse projeto forneceu
as bases para a estruturação de outro plano, mais completo e amplo, denominado
Programa Nacional de Informática Educativa PRONINFE, criado em 13 de
outubro de 1989, instituído pelo Ministério da Educação e do Desporto, visando a
capacitação contínua e permanente de professores, técnicos e pesquisadores
para o domínio da tecnologia de informática educativa.
O PRONINFE constituiu-se em um centro de gerenciamento nacional,
composto pelo Conselho Consultivo, compostos dirigentes dos órgãos específicos
do Ministério; pelo Comitê Assessor de Informática Educativa, integrado por
especialistas; pela Coordenação Geral e pela Secretaria Executiva, que agrega
subprogramas permeadores de todos os níveis de ensino e modalidades de
educação integradas a uma estrutura produtiva de núcleos de informática
educativa vinculados às entidades federais de ensino de 1°, 2° e 3° graus e às
secretarias estaduais de educação (cf. Portaria nº 549, de 13 de outubro de
1989).
Com objetivo de se adaptar às características de nosso sistema escolar
público, e, de certa forma, fazê-los representado com a informática educativa em
27
suas diferentes esferas, essa estrutura produtiva de núcleos, limitados por
circunstâncias econômicas, foi distribuída geograficamente no país, em número
de 31 núcleos.
Os núcleos denominados de Centros de Informática na Educação na
concepção PRONINFE - MEC foram estruturados de acordo com as atividades,
clientelas e campos de atuação dos estabelecimentos ou características dos
sistemas de ensino em: Centros de Informática na Educação Superior (CIES);
Centros de Informática na Educação de 1º e 2º graus e Especial (CIEd); Centros
de Informática na Educação Tecnológica (CIET). O PRONINFE - ambiente
ensino-aprendizagem – é integrado por grupos interdisciplinares de educadores,
especialistas e técnicos, sistemas e programas computacionais de suporte ao uso
e de aplicação da informática na educação.
Mesmo com a existência de um número mínimo de docentes capacitados no
domínio da informática educativa e do desdobramento de alguns centros em
subcentros, a maioria dos laboratórios não possuía equipamentos compatíveis
para aplicações em multimídia e em rede telemática, potencializações
consideradas indispensáveis à nova proposta de informatização das escolas de 1º
e 2º graus da rede oficial.
Tentativas com vistas a ampliar o número de núcleos e atingir a esfera
municipal, bem como a intensificação das atividades de capacitação em geral, na
área, foram especificadas. O 1º Planinfe (Plano de Ação Integrada 1991-1993) e o
II Plano Nacional de Informática e Automação-Planin (Lei nº 8.244, de 16/10/91)10
detalharam objetivos e metas referentes, mas o PRONINFE deparou-se com a
10 Responsável por implantar núcleos de informática junto às universidades, secretarias de educação e escolas técnicas, no sentido de criar ambiente informatizado para atender à clientela de 1º, 2º e 3º graus (PORTARIA MINISTERIAL/GM nº 549, 1989, p.13).
28
falta de insumos, bem como a transitoriedade de gestões ministeriais, causando
descontinuidade de consecução.
A realidade é que a informática na educação brasileira desenvolveu-se
independentemente do estímulo ou das determinações do MEC. Mesmo as redes
de escolas com maiores possibilidades, necessitavam de critérios metodológicos
para a sua aplicação na produção de conhecimentos que satisfizessem
amplamente os objetivos educacionais, motivações individuais e os alvos
culturais. Assim, houve necessidade de ampliar o uso da informática nas escolas
da rede oficial, em uma plataforma computacional atualizada, considerando as
expectativas para a melhoria da qualidade do ensino; mudanças na cultura
educacional; atualização do ensino à modernidade científica e tecnológica;
acesso à informação ao maior número possível de usuários; expansão e
valorização da escola.
As oportunidades educacionais, através do uso da informática educativa,
podem desenvolver metodologias, oferecendo novas possibilidades à utilização
na educação à distância, bem como produzir materiais interativos adequados aos
currículos, contribuindo com estratégias que promovam mudanças na estrutura
cognitiva, haja vista que a sociedade do conhecimento enfrenta um sistema
educacional de mobilidade social competitiva.
As exigências e a necessidade de transformação econômica, social e cultural
demandam uma perspectiva de redesenhar um novo modelo de informatização da
rede pública de ensino brasileiro, pois O PRONINFE não conseguiu atingir seu
principal objetivo: disseminação da informática nas escolas da rede oficial.
Para dar continuidade ao programa de disseminação da informática nas
escolas, por iniciativa do MEC, através da Secretaria de Educação a Distância,
29
regido pela Portaria nº 522, de 09 de abril de 1997, e desenvolvido em parceria
com os governos estaduais e municipais, surge o programa Nacional de
Informática Educativa (PROINFO), contendo as diretrizes do Programa
estabelecidas pelo Ministério da Educação e pelo Conselho Nacional de
Secretários Estaduais de Educação.
Os objetivos principais do PROINFO eram promover o desenvolvimento e o
uso da telemática como ferramenta de enriquecimento pedagógico, visando
melhorar a qualidade do processo ensino-aprendizagem; propiciar uma educação
voltada para o progresso científico e tecnológico; preparar o aluno para o
exercício da cidadania em uma sociedade desenvolvida; valorizar o professor;
incorporar adequadamente novas tecnologias da informação nas escolas;
propiciar uma educação voltada para o desenvolvimento científico e tecnológico;
educar para uma cidadania global (PROINFO, 1997, p.5-6).
A finalidade de oportunizar o acesso das TIC aos indivíduos, visa a
resolução de situações problemas, tomada de posição e a comunicação, sendo o
computador uma forma de se alcançar tais objetivos, passar a utilizá-lo como
instrumento de investigação, de comunicação, de construção, de representação,
de analise, de divulgação e de produção de conhecimentos.
Em cada unidade da Federação, foi criada uma Comissão Estadual de
Informática na Educação cujo papel principal era o de introduzir as TIC nas
escolas públicas de Ensino Médio e Fundamental. Sua principal condição de
sucesso centrou-se na preparação de recursos humanos - os professores.
30
Os professores foram capacitados atendendo dois níveis: multiplicadores e
de escolas11. O professor-multiplicador era considerado o especialista em
capacitação de professores (de escolas) para o uso da telemática em sala de
aula, ou seja, o Programa adotou o princípio de professores capacitando
professores (PROINFO, 1997, p.11).
Os multiplicadores seriam os responsáveis para habilitar os professores das
escolas nas bases tecnológicas do Programa Nacional de Informática na
Educação nos estados e nos demais Núcleos de Tecnologia Educacional
(CNTEs) seriam as estruturas descentralizadas de apoio ao processo de
informatização das escolas, auxiliando tanto no processo de planejamento e
incorporação das novas tecnologias, quanto no suporte técnico e capacitação dos
professores e das equipes administrativas das escolas.
Para dar continuidade às atividades desenvolvidas pelo programa PROINFO,
através de Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), formou-se em Brasília um
grupo de discussão sobre os possíveis contornos e diretrizes de um programa de
ações rumo à Sociedade da Informação no Brasil (SOCINFO). O programa
traduziria, em projetos concretos, a iniciativa que fora aprovada pelo Conselho
Nacional de Ciência e Tecnologia, em dezembro de 1998, e refletida em diversas
ações propostas pelo MCT no Plano Plurianual (PPA) para o período de 2000-
2003. Nos primeiros estudos, ficou evidente para o Grupo, a dimensão do desafio
que o programa representaria, não somente em termos de conteúdo bem como à
necessidade de envolvimento de toda a sociedade na própria concepção da
iniciativa.
11 Profissionais cooperativos, criativos e críticos, comprometidos com uma aprendizagem permanente (PROINFO,1997,p.11).
31
O Grupo propôs ao MCT que um novo programa fosse concebido,
incorporando as ações em curso no âmbito do MCT e as ações propostas no
PPA, mas adotando um modelo de planejamento dividido em três estágios:
estudos preliminares conduzindo ao lançamento formal do Programa; proposta
detalhada a ser sintetizada no Livro Verde; ampla consulta à sociedade
culminando com o plano detalhado de execução do Programa, a ser descrito no
Livro Branco12. As sugestões foram aceitas, o MCT compôs um Grupo de
Implantação do Programa SOCINFO, que contou com envolvimento de mais de
trezentas pessoas no país e no exterior, constituído por representantes do
governo, setor privado, comunidade acadêmica e terceiro setor.
O Programa SOCINFO iniciou suas atividades em agosto de 1999, sendo
oficialmente lançado pela Presidência da República em 15 de dezembro, através
do Decreto nº 3.294/99. Lançado pelo MCT, com a intenção de viabilizar um novo
estágio da Internet e suas aplicações no Brasil, tanto na capacitação de
pesquisadores quanto na garantia de serviços avançados de comunicação e
informação e deveria, também, garantir a velocidade e a qualidade das conexões.
O Programa SOCINFO estruturou-se em oito linhas de ação e em nove áreas de
atuação. As linhas de ação indicam a direção dos projetos: pesquisa e
desenvolvimento em tecnologias-chave; prototipagem de aplicações estratégicas;
implantação de infra-estrutura avançada para pesquisa e ensino; fomento a
informações e conteúdos; fomento a novos empreendimentos; apoio à difusão
tecnológica; apoio a aplicações sociais e governança no mundo eletrônico. As
áreas de atuação estabelecem um conjunto de objetivos globais, com prioridade
para ciência, tecnologia, educação e cultura consideradas indutoras dos demais.
12 O livro Branco foi elaborado, mas nunca debatido pela Sociedade do conhecimento.
32
Segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
(INEP), o setor público brasileiro gasta 4,8% do Produto Interno Bruto (PIB) com
educação no Brasil. Os gastos públicos com educação reunindo todos os
programas de governo somaram R$ 43,3 bilhões em 1997.
A maioria das escolas brasileiras não está ainda conectada à Internet. De
acordo com o último censo escolar do MEC, em 1999, 7.695 escolas (3,5% do
total de escolas de educação básica) possuíam acesso à rede mundial de
computadores, das quais 67,2% são particulares. Ou seja, há conexão com a
Internet para alunos de apenas 2.527 das 187.811 escolas públicas brasileiras. O
censo revela ainda que cerca de 64 mil escolas do País não têm energia elétrica –
29,6% do total – e que menos de 11 em cada 100 estabelecimentos dispõem de
equipamentos para atividades pedagógicas, como laboratórios de ciências ou de
informática. Menos de um quarto (23,1%) das escolas possui biblioteca.
O mesmo censo aponta que as escolas particulares são mais bem
equipadas do que as públicas sejam em número de computador, conexão à
Internet, laboratório de ciências, bibliotecas ou acesso à energia elétrica e água.
O recorte regional mostra que a presença de equipamentos pedagógicos continua
proporcionalmente bem maior no Sul e Sudeste do que nas outras regiões do
país. Menos da metade (41,5%) das escolas do Sul e do Sudeste possuem
bibliotecas, proporção que cai a 11% no Norte e Nordeste; enquanto laboratórios
de ciências ou informática chegam a no máximo 3% dos estabelecimentos de
ensino. No Sul e no Sudeste, chegam a até 22%. No Norte, onde predominam
escolas rurais, 0,8% dos estabelecimentos de ensino têm acesso à Internet e só
37% possuem energia elétrica. No Sudeste, essas proporções são de 9% e 92%
33
respectivamente. Deve-se ressaltar que, em 1999, dos 217.362 estabelecimentos
de educação básica, 55% estavam localizados na zona rural.
Segundo a SOCINFO, a infra-estrutura de Informática e Redes para
Educação (LIVRO VERDE, 2000, p. 45) deveriam ser compostas por:
computadores, dispositivos especiais e software educacional nas salas de aula
e/ou laboratórios das escolas e outras instituições; conectividade em rede,
viabilizada por algumas linhas telefônicas e/ou um enlace dedicado por escola à
Internet. Porém, o problema fundamental para a disponibilização dessa infra-
estrutura foram essencialmente os custos, os quais envolvem significativo
dispêndio inicial para aquisição e, posteriormente, para manutenção e atualização
dos equipamentos instalados.
Recursos orçamentários previstos13 para aplicação do Programa SOCINFO –
para o período 2000 – 2003, são compostos por recursos orçamentários diretos
constantes no PPA do Governo Federal para o MCT no montante de R$ 3,4
bilhões, que incluem investimentos a fundo perdidos, linhas de crédito e
incentivos. Desses recursos, apenas 15% teriam como fonte o Tesouro Nacional.
Os recursos oriundos dos fundos setoriais seriam destinados à atividade de
pesquisa, inclusive para ampliar e recuperar instalações de laboratórios das
universidades e institutos públicos de pesquisa. Para o período de 2001 – 2005, a
previsão de recursos destinados pelo fundo de informática deveria atingir cerca de
R$ 1,19 bilhão e o de telecomunicações, o valor de R$ 880 milhões.
Diante destes pressupostos, faz-se mister tecer algumas considerações
quanto à continuidade do programa SOCINFO. Ao longo de 2000, foi elaborada
uma primeira versão detalhada do Programa, consubstanciada no Livro Verde da
13 Esses recursos, até hoje, não foram investidos, em Informática Educativa nas escolas públicas.
34
Sociedade da Informação, que tem servido de base para um processo de consulta
à sociedade. Ao final desse processo, já com as opiniões e sugestões
apresentadas, deveria consolidar o Livro Branco, com um plano definitivo de
atividades para o Programa (LIVRO VERDE, 2000).
Segundo Tadao (2000), coordenador da SOCINFO, "o Programa está em
plena execução, mesmo sem o Livro Verde devidamente elaborado e divulgado,
como se planejava originalmente" também destaca que o Programa havia
adotado o modelo Livro Verde – Livro Branco de planejamento e decolagem de
atividades. No entanto, tão logo o Livro Verde começou a ser debatido, várias
ações nele propostas foram adotadas ou aceleradas. "O próprio núcleo central do
Programa acabou por se envolver em execução de atividades em um nível de
engajamento concreto que, em princípio, não se vislumbrava” (TADAO apud
VALENTE, 2000, p. 75).
O programa SOCINFO começou a ser executado em 2001. A fase de
execução efetivou-se até 2003, compreendeu ações iniciais como contratações,
lançamento de editais, parcerias, início de novas ações e acompanhamento
daquelas que já estavam em curso. Em 2003, deveria acontecer uma avaliação
geral do progresso bem como elaborar um conjunto de propostas para o período
de 2004 em diante, à luz dos resultados alcançados até o momento. Tal avaliação
não aconteceu.
Para colocar em ação essas propostas, o SOCINFO foi incluído no PPA do
Governo Federal de 2000-2003, com orçamento de cerca de R$ 3,4 bilhões. No
entanto, para o ano de 2002, o MCT conseguiu aprovar no orçamento apenas R$
69,818 milhões - ao invés dos R$ 850 milhões por ano previsto no PPA (TADAO,
2000, p.12).
35
O Programa deveria contar com recursos oriundos do Fundo de
Universalização dos Serviços de Telecomunicações (FUST)14 e do Fundo para o
Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (FUNTTEL).
Basicamente, os recursos recebidos seriam aplicados no detalhamento e
articulação interna de ações externas de grande envergadura, como a conexão de
bibliotecas públicas e comunitárias à Internet, na contratação externa direta de
estudos e experimentos (no tocante a ações de viés mais tecnológico) e na
promoção de editais para a participação de interessados em geral, afirma Tadao
(2000), coordenador do SOCINFO. Diz também que, além dos recursos do Fust e
do Funttel, o Programa deverá contar também com recursos dos fundos setoriais
do MCT, principalmente o de informática. Ao longo dos próximos anos, esses
recursos serão usados pelo Programa.
14 Conforme indicação do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações – FUST, sua criação se deu em 2000 e, desde então, recolheu cerca de R$ 4 bilhões das empresas de telecomunicações. Esses recursos, no entanto, ainda não foram usados porque tanto o atual governo quanto o de Fernando Henrique não conseguiram emplacar um projeto que respeitasse as leis do projeto. São Paulo, 28 de abril de 2006, MC divulga a publicação em "Diário Oficial da União" da Portaria 263 que libera, pela primeira vez, R$ 7 milhões em recursos do fundo. Essa verba será usada para implantação de dois projetos que beneficiarão 3 milhões de portadores de deficiência auditiva e visual. Esta será a primeira vez desde 2000 que os recursos deste fundo serão utilizados. Desde a criação, entidades e associações de apoio aos portadores de deficiência reclamam da demora da liberação dos recursos para programas de acessibilidade. O governo prevê que 920 instituições entre elas, o Instituto Nacional de Surdos e o Instituto Benjamin Constant serão beneficiados pelos recursos do Fust. Atualmente, a legislação obriga "as operadoras de telefonia fixa a disponibilizar o acesso individual a qualquer instituição ou pessoa com deficiência para acessar os serviços de telecomunicações, desde que as mesmas tenham o equipamento". O problema é que a maior parte dessas entidades são carentes e não tem condições financeiras de adquirir os equipamentos. Nesse primeiro momento, serão investidos R$ 7 milhões em dois projetos, segundo o ministério, ambos em parceria com a Secretaria Especial de Direitos Humanos. Um deles se destinará à compra de equipamentos terminais de interface TDD (Telephone Deaf Device) para aproximadamente 800 instituições que atendem às pessoas surdas. Esse terminal telefônico possui teclado e visor que possibilita que os surdos se comuniquem através de linguagem escrita, aumentando assim o contato não só entre a comunidade surda, mas também com toda a sociedade. O segundo visa atender, além das entidades que atendem surdos e mudos, as destinadas às pessoas com deficiência visual. Serão cerca de 120 instituições que trabalham com objetivo de prepará-los para a inserção social e o mercado de trabalho. Neste caso, o dinheiro do Fust permitirá a aquisição de equipamentos com aplicações para comunicação de surdos e de pessoas com deficiência visual. Isto será feito por meio de computadores que se conectem a rede de telefonia fixa. Para os deficientes visuais, os computadores terão aplicativos para navegação e leitura de telas, utilizando técnica de síntese de voz.
36
As ações dos estados também têm sido importantes. Em geral, programas
similares têm concentrado foco em uma ou duas das frentes do Programa. Nesse
sentido, São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Amapá e Paraná, por exemplo,
apresentam um leque de ações bastante amplo, mas a atuação dos estados é
bem particular. Alguns estão mais direcionados para a área de educação, outros
para a de saúde e praticamente todos os estados possuem atividades na área de
serviços do governo. Em geral, as secretarias de planejamento e de fazenda,
possuem uma atividade relacionada à arrecadação e ao governo eletrônico.
Para Tadao (2000), o principal entrave encontrado até o momento -
considerado por ele a fase inicial do Programa - e a desarticulação
organizacional devida à falta de visão estratégica consolidada sobre o papel de
Tecnologias da Informação e Comunicação para o Desenvolvimento (TICs).
Mas, à medida que idéias, planos e mesmo experiências cheguem a ponto de
iniciar e ganhar escala concreta, o principal entrave tende a ser a insuficiência
de recursos. No caso do SOCINFO, a verba inicial prevista já sofreu alguns
cortes, o que afeta os planos, o coordenador salienta que o Programa está
chegando a uma etapa em que se espera a participação do setor privado.
"Estivemos dedicados a estabelecer relações com a alta direção de um
conjunto de empresas multinacionais em TIC que atuam no Brasil" (LIVRO
VERDE, 2000, p. 106).
Isso é importante porque o comitê do SOCINFO acredita que as matrizes
dessas multinacionais desempenham papel crucial nas decisões das filiais e que,
portanto, é melhor iniciar a discussão sobre ações de maior porte com as
matrizes, embora o caminho pareça mais longo e mais complexo.
37
Segundo Ferreira (2000), coordenador de comunicação do CDI, o Comitê
está caminhando na mesma direção que o Governo em relação à inclusão
digital, mas de forma mais ligeira. “[...] O programa do governo está muito lento.
Nem 10% das escolas do país foram atingidas pelo programa SOCINFO e falta
investimento no treinamento de professores” (TADAO, 2000).
Sem querer arriscar as causas da morosidade da implementação do
programa do MCT, o coordenador de comunicação do CDI acredita que entre
as razões esteja o excesso de burocracia, o problema na aquisição dos
computadores com o sistema da Microsoft15, a falta de clareza na aplicação
dos recursos do FUST e também às proporções de um programa que visa a
atingir um país do porte do Brasil. Nesse sentido, a atuação pontual do CDI, a
maior facilidade para fazer parcerias e obter recursos da iniciativa privada,
privilegia a Organização Civil.
Porém, para o coordenador do SOCINFO, as ações das Organizações
Não-Governamentais (ONGs) ou Organização da Sociedade Civil de Interesse
Público (OSCIPs) e do Programa Nacional são distintas. Podem, se
complementarem, envolvendo as ações estaduais e as municipais, mas as
ações dessas entidades não solucionam os problemas em nível federal.
Durante o 50º painel Telebrasil, que aconteceu em Mangaratiba, no Rio de
Janeiro, o secretário-geral do Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência
da República, Oliva Neto (2006), informou que o órgão irá preparar um decreto
presidencial, com o intuito de liberar R$ 600 milhões, levando e consolidando
banda larga a 190 mil escolas públicas.
15 Hoje existem, no governo, discussões sobre o uso de software livre, como por exemplo, o Linux.
38
O projeto terá a participação do Ministério das Comunicações, que
elaborará as políticas públicas a serem executadas. A Agencia Nacional de
Telecomunicações fará as licitações necessárias para o projeto e o MEC
determinará quais serão as escolas beneficiadas. Segundo Neto, os
laboratórios serão montados de acordo com o tamanho da escola.
Oliva Neto (2006) afirma que: “...se conseguirmos os recursos prometidos
poderemos, enfim, levar de fato a banda larga para todos os municípios do
Brasil, num prazo máximo de cinco anos, que é a nossa meta para cumprir
essa etapa, até porque a banda larga também irá para bibliotecas públicas”
(Fonte: TI & Governo - 11.7.06 - ano 4, nº 163, pág. 01.TI & Governo
publicação). A decisão favorável do presidente Luís Inácio, em relação à
elaboração de um Decreto-Lei, ocorreu após ter conhecimento de uma
pesquisa realizada com o envio de mais de dois milhões de e-mails, onde se
constatou que a melhoria da educação básica é considerada prioritária. "O
Brasil precisa melhorar o ensino. A banda larga é um requisito essencial neste
processo de formação de mão-de-obra", reforçou o Secretário do Núcleo de
Assuntos Estratégicos (NAE). A expectativa é que a dotação de recursos do
projeto esteja no orçamento de 2007.
Com relação ao modelo de conexão, Oliva Neto (2006) enfatiza que não
há nenhuma preferência de tecnologia implementada - seja ela ADSL16, via
satélite, via WiMAX17 ou qualquer outra de banda larga. Essa parte será
gerenciada pela Anatel.
16 Assimetrical Digital Subscriber Line. 17 Worldwide Interoperability for Microwave Access/(Interoperabilidade Mundial para Acesso de Microondas).
39
Na sociedade do conhecimento, professor e aluno são elos do processo
de ensino, onde as experiências na aprendizagem estão relacionadas aos
interesses individuais e coletivos deles. O crescimento de informações
científicas e técnicas têm se tornado cada vez mais ágeis não pertencendo
apenas a pequenos grupos, pois a construção e disseminação das mesmas
acontecem através da troca e interação entre os indivíduos.
Diante da entrada dos novos meios de tecnologia em nosso cotidiano, a
Educação Marista não poderia distanciar-se deste contexto, pois a cada ano de
sua existência, abrange uma clientela seleta de alunos que trazem em sua
história as TIC, como instrumento de construção e apropriação de novos
conhecimentos. O conceito de ensino vem através do auxilio das TIC, passa
por uma transformação constante complementando e aperfeiçoando a
presença do aluno e professor na sala de aula. Desta forma, o educador
Marista não será apenas um propagador do conhecimento, mas um
incentivador, um mediador, orientando e propiciando trocas de saberes, de
experiências e de vivências.
1.2 . AS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO DAS COMUNICAÇÕES NA ESCOLA: Colégio Marista Frei Rogério
A tecnologia da informática e o computador podem ser ferramentas muito úteis ao educador em sala de aula ou em qualquer outro ambiente. No entanto, a decisão sobre o uso das tecnologias de [in] formação na escola, além de depender da visão que o educador tem sobre o que é ensinar, o que é aprender e como se constrói conhecimento, é sempre difícil, já que, além de envolver custo elevado, pode provocar mudanças no ambiente escolar. Os educadores e os alunos são inicialmente os mais atingidos, embora não sejam os únicos. Direta ou indiretamente toda a equipe pedagógica acaba sendo afetada de forma positiva ou negativa com a introdução na de novas tecnologias. (NETTO, 2005, p.27).
40
1.2.1. A Pedagogia Marista
Grandes personagens, geralmente, possuem a vida marcada por fatos
importantes. Marcelino Champagnat não fugiu a regra: nasceu quando, na
França, ocorria a maior transformação econômica, política e social da história do
país. Seus pais, Jean-Baptiste Champagnat e Marie-Thérèse Chirat eram
camponeses desprovidos de bens e de instrução; e nesse ambiente simples,
Marcelino nasceu em 20 de maio de 1789, em Marlhes. Aos dezesseis anos, foi
convidado a ingressar na vida religiosa e, em 22 de julho de 1816, com 27 anos,
ordenou-se sacerdote. Nomeado para trabalhar na pequena paróquia de La Valia,
não tardou a perceber o descaso com que as crianças eram tratadas, tanto pela
sociedade, como pela Igreja. Diante desse fato, Marcelino Champagnat mobilizou
os primeiros irmãos da ordem que fundou, a levar às crianças, mesmo dos
lugares mais distantes da sua paróquia, os ensinamentos da religião, leitura e
escrita. Aos 28 anos, em 02 de janeiro de 1817, Champagnat iniciou a fundação
de um Instituto religioso - Pequenos Irmãos de Maria - com a proposta de uma
comunidade de educadores para o atendimento aos meninos e jovens da região
campesina, com o objetivo de tornar Jesus Cristo conhecido e amado.
Os primeiros Irmãos acreditavam, assim como seu fundador, em uma
formação integral, com a presença constante dos educadores na vida dos estu-
dantes, física e moralmente, e dedicavam-se a essa tarefa. Em 06 de junho de
1840, Champagnat faleceu, deixando como sucessor Irmão Francisco Rivat.
Nesta época, a Congregação contava com 280 Irmãos, 48 estabelecimentos,
7000 alunos. Onze anos mais tarde, Charles Louis Napoléon Bonaparte (1808-
41
1873), sobrinho de Napoleão, presidente da França, no dia 20 de junho, assinou o
Decreto de autorização legal do Instituto dos Irmãozinhos de Maria - Irmãos
Maristas. Os Maristas expandiram-se gradativamente para o mundo todo. Vieram
para o Brasil em 1897 e começaram uma obra que hoje é de grande vulto e
reconhecimento.
Segundo Alves (2002), a missão dos Maristas não é propriamente a da
educação. A educação é apenas o meio privilegiado para conduzir os jovens à
experiência de fé. Como apóstolos dos jovens, eles desejam evangelizá-los pela e
para a vida, pelo testemunho e pelo ensino. A educação, neste sentido mais
amplo, é o marco de evangelização da Instituição Marista. A proposta da
Pedagogia Integral, tão marcada pela orientação do Pe. Marcelino Champagnat
pode ser compreendida como uma síntese que visa aliar as matérias de ensino
laico e a catequese ao ensino e prática da religião. Ao educador cabia unir, num
só ato, as duas práticas educativas: a conquista do saber à educação da fé, a
educação para a vida. As expressões "bom cristão" e "virtuoso cidadão" resumem
muito bem o perfil do ser a que Champagnat aspirava desde o início na educação
Marista. A proposta de educação integral que contempla a interligação
harmoniosa das diferentes dimensões da pessoa humana, incluindo a abertura à
transcendência.
Objetivando a missão de conhecer e amar a Jesus Cristo, a própria proposta
pedagógica oferece alguns caminhos para que se possa alcançá-la com efi-
ciência. Um dos caminhos é o de ter Maria, a Mãe de Jesus como modelo; outro é
o da educação baseada nos valores, principalmente os evangélicos,
apresentados como características essenciais que se deve propagar para a
vivência dessa proposta junto aos alunos, na comunidade educativa. Sobre esses
42
caminhos propostos é que iremos discorrer. O documento Missão Educativa
Marista destaca os valores fundamentais do Projeto Educativo Marista:
- a presença, atenta e acolhedora, junto aos jovens;
- a simplicidade, traduzida na relação de autenticidade, para com os
educandos;
- o espírito de família, que conduz os diferentes membros da comunidade
educativa a criar uma comunidade caracterizada por relações fraternas;
- o amor ao trabalho, como segredo para o êxito no estudo e para a
realização pessoal. Para finalizar, o documento ainda reitera que “é o conjunto
desses elementos e a sua interação que dão ao nosso estilo a sua originalidade
inspirada pelo Espírito Santo”. (IDEÁRIO MARISTA, 2003, p.49)
Para Alves (1999), a presença é a mais educativa e pedagógica das
características peculiares do espírito marista, constituindo-se no núcleo da ação
educativa. A presença do educador junto às crianças e jovens, compartilhando de
seu dia-a-dia, demonstrando preocupação, estando atento às suas necessidades,
dedicando-lhes tempo, buscando conhecer cada um pessoalmente, estabelecen-
do assim uma relação mais próxima, é uma das preocupações da proposta
Marista de educar. A presença do educador possibilita um clima favorável à
educação, à aprendizagem, ao convívio na instituição.
Uma outra característica da educação Marista, a simplicidade, expressa-se
na relação com as crianças e com os jovens, sobretudo pelas relações autênticas
e sinceras. A partir de uma maneira de educar pessoal, prática e enraizada na
vida real, ao molde de Marcelino Champagnat, a simplicidade é a expressão que
orienta a resposta às possibilidades e às exigências das obras educativas atuais.
Os jovens são orientados a adotar essa pratica como um valor para a vida
43
encorajados a serem autênticos em todas as situações, abertos, verdadeiros, fir-
mes em suas convicções.
A manifestação do espírito de família marca profundamente o espírito da
vida comunitária Marista e é compreendida, segundo Alves (2005, p.9) "[...] numa
partilha de nossos talentos, numa preocupação e atenção a cada um em particu-
lar, recusa de toda e qualquer massificação, e em empenho de, por amor,
ultrapassar todas as agressões e as fraquezas por parte dos outros." No ambiente
escolar, o espírito de família, o amor ao trabalho, perpassa as atividades educa-
cionais corriqueiras, como a correção de tarefas e projetos dos alunos; exige
dedicação, esforço pessoal, desenvolvimento de atividades criativas às
necessidades das crianças e dos jovens; a simplicidade, a capacidade de
percepção de que o educador é aquele que ensina e aprende com o educando. A
Proposta Marista de Educação convoca os pais para uma parceria na Missão de
educar as crianças e os jovens. Nesse sentido, expressa que "[...] unidos,
constituímos uma única comunidade educativa: professores, funcionários e pais,
apoiando-se mutuamente nos seus papéis complementares”. (IDEÁRIO MARISTA
2003, p.57). O documento também mostra que essa parceria, na Missão, ma-
nifesta-se num "processo de reciprocidade: ajudamo-nos uns aos outros, para
melhor entender as situações concretas e as necessidades educacionais dos
seus filhos”. (p.31). Quando se refere à tarefa escolar, a educação Marista
procura aliar-se aos pais, comunicando-os da importância desse trabalho através
de circulares, de reuniões periódicas e da conscientização dos educandos da
importância desse trabalho, inclusive acolhendo-os na Instituição para auxiliá-los.
Os elementos da educação Marista, como simplicidade e presença,
imprimem traços norteadores na vida dos seus alunos, na medida em que os
44
insere em um projeto de educação integral, com base nesses valores. Sobre essa
relação professor-aluno, Alves (1999, p.42) menciona que "Essa proximidade
pessoal funcionou, desde o início do projeto Marista, como o verdadeiro segredo
do sucesso". O professor titular da turma possui tempo contratual para exercer
essa atividade com o aluno e manter contato mais freqüente com a família. Nesse
sentido, engaje-se no processo de formação de seus alunos durante todo o
período letivo, instrumentalizando-se para exercer a sua função, procurando ir ao
encontro dessa proposta de educação integral, tão propagada e buscada por toda
a comunidade educativa.
1.2.2. Proposta Marista e a introdução das Tecnolog ias da Informação e Comunicação – TIC
O grande desenvolvimento tecnológico do século XX não encontrou no
ambiente escolar similaridade para inserção das TIC no processo ensino
aprendizagem caracterizando-se como um desafio a ser superado, não somente
pelo corpo docente, mas por toda a comunidade educativa, já que se faz
necessário uma nova postura do educador e do educando frente a este ambiente
educacional.
Segundo Netto (2005), as novas tecnologias oferecem a possibilidade
para ressignificar o ensino de crianças e jovens, para que possam relacionar-se
melhor, criar, questionar e produzir novos conhecimentos; sendo, autores da
elaboração e construção de sua história. É preciso sensibilizar para a emoção,
despertando no educando a necessidade de interagir com o meio e de resolver
situações problemas sem desvincular a aprendizagem do contexto social,
45
político e econômico em que está inserido. Desse modo, no processo de
construção do conhecimento, o educador deixa de ser um transmissor de
informações, aquele que detém o saber para assumir um papel de mediador,
orientador e co-aprendiz.
A inserção das tecnologias na educação lança um novo olhar para os
sujeitos envolvidos no universo–escola aponta novos caminhos onde o
educando assume uma postura de sujeito ativo, questionador, desenvolvendo
habilidades de sistematização, de pensamento reflexivo, de criação e de
aprendizagem individual e coletiva, uma vez que, ao desenvolvê-las, conquista
a autonomia na construção do próprio conhecimento, pois “é o aprendiz que
programa, escolhe os comandos necessários, organiza a relação entre eles, é
quem ordena os procedimentos, que reflete sobre seus ‘erros’ e acertos”.
(MORAES, 1998, p. 39).
Potencializar os serviços oferecidos pelas Tecnologias da Comunicação e
da Informação na área educacional implica mudanças nos pressupostos
epistemológicos, no planejamento didático pedagógico, nas formas de vivenciar
e gerenciar o ensino, na mudança de postura do professor e do aluno, nos
procedimentos metodológicos e nas intervenções dialógicas entre os sujeitos.
Portanto é necessária a motivação e o envolvimento dos professores com, uma
visão crítica, ética e comprometida, pautada na confiança e na reciprocidade
para enfrentar erros e socializar acertos.
A utilização das TIC no ensino, dessa forma, visualizando potencialidades,
tem despertado no imaginário coletivo o fascínio pelas possibilidades que as
46
mesmas oferecem na busca e na construção de conhecimento dos sujeitos nos
diferentes ambientes educacionais, sociais, culturais e políticos.
A tecnologia da informática constitui-se em uma realidade, na prática
pedagógica do Colégio Marista Frei Rogério, e como não poderia deixar de ser,
na sala de aula. Assim, há definições aos educadores Maristas quanto à
utilização efetiva das TIC, explorando suas potencialidades na formação e
construção de seus próprios conhecimentos e de seus alunos.
Com esse propósito, o objetivo geral das TIC no Colégio Marista Frei
Rogério é de integrar as Tecnologias de Informação e Comunicação no ensino
desenvolvendo aprendizagem curricular, oferecendo continuidade a um
processo de transformação no modo de apresentação e inserção dos
conteúdos, utilizando as ferramentas tecnológicas e criando um ambiente de
conhecimento, onde o educando, além de ter acesso a um vasto mundo da
informação, pode filtrar os dados e construir criticamente seu próprio saber.
Segundo a PROPOSTA EDUCATIVA MARISTA (2000, p. 23) a inserção das
TIC, no Colégio Marista Frei Rogério contemplam:
• uma motivação constante do educando através de instrumentos
tecnológicas de ensino, tornando a aquisição do conhecimento inovadora,
contextualizada e divertida;
• atualização periódica dos educadores, coordenadores e da equipe
administrativa, visando ao maior aproveitamento dos recursos disponibilizados;
• oportunidades ao educando de novas aprendizagens, acompanhado
com os instrumentos tecnológicos, para incremento dos projetos;
47
• o desenvolvimento de projetos interdisciplinares, contemplando todos
os níveis de ensino;
• o intercâmbio de experiências adquiridas em sala de aula, com o intuito
de desenvolver a sociabilidade;
• favorecimento da autonomia e da responsabilidade do educando pelo
próprio aprendizado, de forma a construir seu conhecimento. Muitas das
inserções citadas aparecem legitimadas nas propostas para a implementação das
Tecnologias da Informação e da Comunicação na Rede Oficial Pública, nas
políticas educacionais que regulamentam toda a educação brasileira.
A educação brasileira exige renovação contínua, permanente atualização
e adequação às demandas sociais, políticas e econômicas. Desde a fundação
do Instituto, os Irmãos Maristas atenderam às necessidades da realidade,
inspirados nos princípios de São Marcelino Champagnat para educar a
juventude. “Tornar Jesus Cristo conhecido e amado”; “Formar bons cristãos e
virtuosos cidadãos”; “Para bem educar as crianças e os jovens é preciso, antes
de tudo, amá-los, e amá-los igualmente”.
A sociedade contemporânea está marcada pela questão do conhecimento. E não é por acaso. O conhecimento tornou-se peça chave para entender a própria evolução das estruturas sociais, políticas e econômicas de hoje. Fala-se muito hoje em sociedade do conhecimento, às vezes com impropriedade. Mais do que a era do conhecimento, devemos dizer que vivemos a era da informação, pois percebemos com mais facilidade a disseminação da informação e de dados, muito mais do que de conhecimentos. O acesso ao conhecimento é ainda muito precário, sobretudo em sociedades com grande atraso educacional. (DEMO, 1998. p.109)
Sob o ponto de vista didático-pedagógico para educar, na sociedade do
conhecimento, é necessário extrapolar as questões dos métodos de ensino,
dos conteúdos curriculares, redefinindo alguns caminhos congruentes no
48
momento histórico em que estamos vivendo. Esses aspectos implicam o
repensar da escola, nos processos de ensino-aprendizagem e o
redimensionamento do papel que o professor deverá desempenhar na
formação dos sujeitos aprendizes.
Neste conjunto, a formação do profissional da educação está diretamente
relacionada ao enfoque, a perspectiva, a concepção que se tem de educação,
de sujeito e de ensino-aprendizagem, aspectos necessários e definidores aos
processos que envolvem as práticas pedagógicas e as experiências em sala de
aula. A formação continuada do professor deve ser concebida como reflexão,
pesquisa, ação, descoberta, organização, fundamentação, revisão e
construção teórica e não apenas como absorção de novas técnicas e de
conceitos, pedagógicos ou de breves discussões sobre as últimas inovações
tecnológicas.
Diante dessa afirmação, devemos destacar as competências de vida ou
os saberes de experiência feita. Há competências de vida que não se
enquadram nas competências dos campos profissionais específicos. A questão
das competências está ligada ao tema como aprendemos. Para Freire (1996)
aprender era conhecer melhor o que já se sabe para poder ter acesso a novos
conhecimentos. Essa não era apenas uma técnica pedagógica, mas um ato
pedagógico e uma concepção de vida que parte do acolhimento, com respeito,
de um ser que conhece e quer aprender mais.
Todavia, frente à disseminação e à generalização do conhecimento, é
necessário que a escola e o professor façam uma seleção crítica da
informação. Conhecer é importante porque a educação se funda no
49
conhecimento e este na atividade humana. Antes de conhecer, o sujeito se
interessa por... É curioso, é esperançoso (FREIRE, 1996). Daí a importância do
trabalho de “sedução” (Nietzsche) do professor, frente ao aluno. Seduzir no
sentido de encantar pela beleza e não como técnica de manipulação. Daí a
necessidade da motivação, do encantamento. Motivação que deve vir íntimo do
aluno. É preciso mostrar que “aprender é agradável, mas exige esforço”.
Certamente, para o professor conseguir êxito nessa sociedade aprendente, há
necessidade de conceitos bem claros sobre o que é conhecer, como se
conhecer, o que conhecer e porque conhecer. Na medida em que mudaram as
concepções, os paradigmas e as formas de comunicar, de interagir e de fazer
educação, houve a necessidade da Escola Marista de incorporar elementos
que possibilitassem redimensionar as formas de ensinar e aprender, para não
ficar alheia ou insensível às necessidades das crianças e dos jovens. Através
de uma concepção atual de educação, concretiza-se a proposta sonhada por
Marcelino Champagnat, a educação voltada para o ser humano, para a
solidariedade e para a fraternidade cristã, ampliando a sua ação na sociedade
e na Igreja.
O Projeto Educativo das Escolas da Província Marista do Brasil Centro-Sul
é o mesmo que Marcelino Champagnat e os primeiros Irmãos lançaram, há
quase dois séculos, ressignificado no documento Missão Educativa Marista:
Um Projeto para o nosso tempo (2000)18, que expressa a proposta educativa
desenvolvida em todas as Escolas Maristas espalhadas pelo mundo. Este
Projeto Educativo está alicerçado em um projeto universal, ao mesmo tempo
18 Documento Missão Educativa Marista: um projeto para o nosso tempo contempla toda ação didática pedagógica desenvolvida em todos os Colégios Maristas, distribuídos em cerca de 80 países.
50
em que apresenta uma flexibilidade que leva em consideração a realidade
brasileira e a regional, nas quais se encontram as escolas da Província Marista
do Brasil Centro Sul.
A tradição Marista, aliada à ousadia e à esperança, possibilitou
Champagnat fundar 48 escolas e formar 280 Irmãos, nos 23 anos da fundação
do Instituto até a morte do idealizador. Uma escola a cada seis meses –
significa acreditar no futuro, pensar grande, não com espírito triunfalista, mas
de educador uma vez que acreditava no valor e na importância da missão para
a Igreja e para a Nação (IDEÁRIO EDUCATIVO MARISTA, 1998, p.11).
A Proposta Marista de Educar foi sendo gestada pouco a pouco. Ela não surgiu do nada, tampouco nasceu pronta. Teve como ponto de partida as constituições, reflexões e práticas de Marcelino Champagnat e seus seguidores. Foi aos pouco sendo mais elaborada e tematizada por diversas gerações de educadores maristas e enriquecida pelos anos de experiência e de internacionalidade em sua aplicação (ALVES, 2000, p.25).
O mundo de hoje, o “mundo da técnica”, da tecnologia e da sociedade do
conhecimento é o contexto no qual estamos inseridos chamados a exercer a
Missão Educativa Marista. A Proposta destaca que, com perseverança e
determinação, seus co-participantes devem responder com fidelidade ao jeito
Marista de Educar. Um dos temas que chama a atenção no projeto é do
sentido de educar e formar através das vantagens e possíveis limites das TIC
no cenário educacional Marista (IDEÁRIO EDUCATIVO MARISTA, 1998, p. 4).
A Educação Marista não pode ficar alheia às tecnologias, estas são
elementos fundamentais para análise histórica do significado social e do
desenvolvimento da escrita, da leitura e das Tecnologias da Informação e da
Comunicação (TIC) à luz dos princípios Maristas. A aproximação entre o
51
mundo das TIC e o mundo da educação; exige enfrentar desafios das formas
de fazer Educação Marista, frente ao mundo da informação e do conhecimento
e frente aos desafios da cibercultura e da inteligência distribuída virtualmente.
Segundo a PROPOSTA EDUCATIVA MARISTA (2000), o uso das TIC,
faz parte da história, a tecnologia é um patrimônio da humanidade, como são o
conhecimento e a arte. O valor das TIC depende da maneira e dos fins para os
quais serão utilizados. Se as ações humanas devem ter limites éticos, as
máquinas também o têm. O uso das TIC na educação é uma nova forma das
informações proliferarem e uma nova forma dos sujeitos posicionarem-se. Isso
implica utilizá-las como instrumentos que possibilitam realizar tarefas
complexas, na busca de novas descobertas científicas e educacionais para o
processo ensino e aprendizagem em tempo real, superando as fronteiras dos
espaços delimitados e geográficos.
“Na escola Marista, [...] estamos convencidos de que ciência e fé não são
pólos dicotômicos ou antagônicos. A ciência sem a religião é manca; a religião
sem a ciência é cega” (MISSÃO EDUCATIVA MARISTA, 2000).
Alves (1986) alerta, que em alguns casos, a técnica, pode também se
transformar em adversária do homem, como sucede quando a mecanização do
trabalho suplanta o mesmo homem, tirando-lhe todo o gosto pessoal e o
estímulo para a criatividade e para a responsabilidade; igualmente, quando tira
o emprego a muitos trabalhadores que antes estavam empregados; ou ainda
quando, mediante a exaltação da máquina, reduz o homem a ser escravo da
mesma.
O educador Marista precisa ter consciência da influencia da técnica na vida das pessoas, de acordo com a tradição do humanismo cristão. A
52
atitude a ser despertada nos educandos deve ser não a da submissão cega e nem a do medo ou da repulsa aos novos recursos da tecnologia, mas a do uso equilibrado como instrumento de humanização (MISSÃO EDUCATIVA MARISTA, 2000, p. 123).
A educação precisa, fundamentalmente, recuperar o humanismo da
técnica e na técnica, assim a escola Marista deve ser compreendida cada vez
mais como “lugar de educação integral”, apoiada em um projeto educativo
voltado para o mundo da técnica e o mundo da educação.
A necessária educação apoiada pelos instrumentos tecnológicos não
pode ser entendida ou baseada em princípios tecnicistas os quais reduzem a
educação à conhecimentos e habilidades técnicas, em detrimento da formação
integral do educando. Isso nos leva a pensar em formas de aproveitar os
aspectos positivos, embalados pelo fascínio que os jovens, e também das
crianças e idosos, demonstram pelos instrumentos tecnológicos, exigindo do
professor uma postura de aprendiz permanente, tornando a aprendizagem
mais interativa e menos linear, pois a horizontalidade irá destacar-se nas
relações entre os sujeitos na sala de aula.
A marca do avanço tecnológico é definitiva em nossa civilização, o que
nos leva certamente a aceitar a idéia de que já não faz sentido refutá-lo, é mais
inteligente estar disposto a aprender a usá-lo, ainda que esta atitude considere
princípios éticos e morais diante da condição humana e da natureza, evitando a
fascinação de programas que incentivam a guerra e a violência entre sujeitos e
nações.
A Educação Marista destaca que é preciso lembrar que qualquer recurso
que o professor utilize, não passa apenas de um recurso auxiliar, o que faz
53
diferença no uso e nos processos pedagógicos é o ser, o educador, é a forma
como este utiliza os recursos. As novas tecnologias de transmissão e de
armazenamento da informação não podem jamais substituí-lo. O Ideário
Educativo Marista aponta para dois fenômenos do processo educativo os quais
reforçam a necessidade da presença do educador:
a) a aprendizagem é sempre re-construtiva;
b) a aprendizagem é sempre política, porque implica a atividade de
sujeito.
A Proposta Educativa Marista (2000) sugere educar e promover os
desenvolvimentos integrais, cultivando todas as suas dimensões. No
pensamento do fundador Marcelino Champagnat, uma Escola Marista deverá,
através de suas potencialidades, facilitar à criança e ao jovem a consecução
dos valores que o humanizam e o personalizam, tais como a busca de novos
conhecimentos, a sociabilidade e a liberdade para novas descobertas no
contexto ao qual está inserido.
Elias (1996, p.99) destaca: é por intermédio das modificações
comportamentais da área afetiva que a escola pode contribuir para a fixação
dos valores e dos ideais que a justificam como instituição social.
O ser humano é social por natureza. Desde muito jovens vivemos em
sociedade, fazemos parte e formamos grupos com pessoas das mais
diversificadas crenças, origens e personalidades. Graças a esse convívio, no
decorrer de nossas vidas, vivemos situações que nos constrangem ou
enaltecem, sofremos desilusões, aprendemos com nossos erros e acertos e,
54
através de comparações, conseguimos construir a nossa personalidade e
interagir com o universo.
Nesse referencial, nossos melhores amigos, aqueles que com suas
críticas e conselhos, muitas vezes, melhoram certos aspectos e
comportamentos negativos que apresentamos, conseguem nos sensibilizar,
pois conquistaram nossa confiança, nosso respeito, são exemplos de
companheirismo e demonstram um sincero interesse pelo nosso bem-estar.
Se as relações humanas, embora complexas, são peças fundamentais na
realização de mudanças nos níveis profissional e comportamental, não
podemos ignorar a importância de tal interação entre professores, alunos e
tecnologias.
A relação estabelecida entre professores e alunos constitui o cerne do
processo pedagógico, pois é impossível desvincular a realidade escolar da
realidade de mundo vivenciada pelos alunos, uma vez que essa relação é um
movimento de trocas, pois ambos podem ensinar e aprender através de suas
experiências. Gadotti (1999, p.2) tão bem nos lembra:
O educador não pode colocar-se na posição ingênua de quem se pretende detentor de todo o saber; deve, antes, colocar-se na posição humilde de quem sabe que não sabe tudo, reconhecendo que o analfabeto não é um homem “perdido”, fora da realidade, mas alguém que tem toda a experiência de vida e por isso também é portador de um saber.
Se por um lado é importante a existência de afetividade, da confiança, da
empatia do respeito entre docentes e discentes para que se desenvolvam
habilidades como a leitura, a escrita, a reflexão, a aprendizagem e a pesquisa
autônoma; por outro, os educadores não podem permitir que tais sentimentos
interfiram no cumprimento ético de seu dever de professor.
55
Ser educador é cultivar, na própria vida, além do conhecimento, a
sapiência e despertar a sabedoria nos seus educandos. O educador possui o
compromisso de estar voltado para o futuro, pois será no futuro que os seus
alunos irão fazer mudar, melhorar e viver. A educação Marista situa-se frente
aos desafios do “mundo das TIC”, isto é, o Educador Marista não educa
partindo do nada. Toma como princípios alguns elementos destacados por
Marcelino Champagnat, bem como algumas contribuições pedagógicas: a
introdução de um moderno método de alfabetização; a adaptação do sistema
educacional para as escolas rurais; a iniciação do canto como elemento
educativo; o ingresso do esporte nas atividades da escola e a introdução do
livro didático.
A educação Marista está situada frente aos desafios do “mundo da
técnica” e sua pedagogia baseada na Educação Integral, não se interessa
somente pela aprendizagem, pela aquisição de informações, pelo
desenvolvimento de habilidades e de hábitos, mas pela pessoa, de forma
global. A questão fundamental é como garantir que as TIC tornem-se aliadas
em nosso empenho para construir uma Educação Integral nas Escolas
Maristas?
A tradição pedagógica Marista nutre-se da experiência e das reflexões
educativas, desenvolvidas desde o Pe. Marcelino Champagnat e os primeiros
Irmãos Maristas, quando da sua fundação em 2 de fevereiro de 1817, em La
Valla, Sudoeste da França, até os dias atuais. Nesta perspectiva, destaca-se
um tripé pedagógico que valoriza aspectos essenciais e peculiares do estilo da
Educação Marista:
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1- A pedagogia da Presença, a pedagogia do Espírito de Família ressalta
a importância da escola ser o prolongamento do lar, e do professor dedicar
amor a seus alunos, como requisitos indispensáveis para exercer influência
sobre eles.
2- A pedagogia do Amor ao Trabalho põe em destaque a necessidade do
esforço, da aplicação ao estudo, da disciplina, da organização e do método nas
atividades de aprendizagem.
3- A pedagogia do Testemunho Pessoal enfatiza o exemplo do mestre
como elemento fundamental de influência direta junto a seus alunos. Sabe-se
que os exemplos falam mais alto do que as palavras. O estilo Marista de
educar fundamenta-se em uma visão integral, que se propõe a comunicar
valores.
Aos educadores Maristas destaca-se que devam superar a tecnofobia, ou
seja, o temor de que os novos instrumentos tecnológicos venham alterar a sua
vida, seu status frente às outras pessoas e abalar sua autoconfiança e sua
visão de mundo (GUIA PEDAGÓGICO, 2003, p.7).
O educador precisa desenvolver a tecnofilia, isto é, a confiança nas
possibilidades latentes nas novas tecnologias e descobrir como estas podem
estar a serviço da construção de um mundo melhor, a partir da educação.
Precisamos aprender a conviver com o fascínio das novas tecnologias sem
correr o risco de cair no vazio metodológico. Precisamos ter consciência das
vantagens e das limitações do uso das TIC na educação.
Aprender a reencantar a educação implica aprender a superar a simples
utilização de novos instrumentos para a manutenção das velhas práticas
57
pedagógicas, ou seja, é preciso, introduzir, além dos novos meios eletrônicos,
novas formas de ensinar e de aprender, tornando a aprendizagem mais rápida,
intensa e atraente. Aprender sempre.
Também na área tecnológica, o professor deve ser um permanente
aprendiz e se convencer da necessidade de capacitação permanente. A
obsolescência dos equipamentos e dos programas deve nos incitar à
atualização constante, pois no “mundo da técnica”, o que é definitivo é apenas
a mudança.
Indicações aos educadores Maristas (MISSÃO EDUCATIVA MARISTA,
2000, p.62):
Ser, em primeiro lugar, bom professor - Precisamos entender que as TIC ampliam e valorizam os bons professores. Isto significa que é preciso ser bom antes mesmo de utilizar os novos recursos. Eles, por si mesmos, não fazem o bom professor. Crer que o bom professor jamais será substituído - Precisamos nos convencer de que o medo de o professor ser substituído pelo computador é um medo real apenas num caso: quando a sua função for simplesmente a de transmitir informações. Superar a simples transmissão de informações – A função educacional da escola não é apenas a de informar, mas a de formar. Deve-se desenvolver uma atitude de formação humana, de desenvolvimento de idéias, de sensibilidade para os valores, de estabelecimento de novos significados. Explorar o potencial da rede - É urgente superar a visão de que a Internet é apenas uma grande biblioteca. Precisamos descobri-la como um grande meio de comunicação. Assim, talvez, possamos desenvolver melhor a pedagogia da presença. O educador deve mostrar aos educandos que a Internet é ‘uma escola do tamanho do mundo’; todos fazemos parte da grande família humana.
Como sugestão aos educadores Maristas, cita-se a necessidade da
utilização dos recursos da Educação à Distância, as TIC e materiais
instrucionais hoje disponíveis e ao alcance dos professores e dos alunos, como
instrumentos poderosos para a democratização do saber e para a partilha do
conhecimento. Elas podem, e devem ser exploradas, tanto pelos professores
58
quanto pelos alunos, de maneira formal e informal. Há alguma coisa que uma
máquina não possa fazer? “Sim, há uma coisa que uma máquina não pode
fazer: educar sozinha, sem a presença de um educador” (PROPOSTA
EDUCATIVA MARISTA, 2000. p.142).
Educar é resignificar valores, não apenas conteúdos. As TIC podem nos
ajudar, mas não farão isso sem a participação atuante e consciente. Cada
professor de uma escola Marista deve, efetivamente, transformar-se em um
educador Marista empenhado em atualizar-se permanentemente e a incorporar
as TIC no seu cotidiano pedagógico.
A inserção das TIC, no Colégio Marista Frei Rogério visa oportunizar aos
professores e alunos, a partir da Missão Educativa Marista, novas
oportunidades no processo de ensino-aprendizagem, em todos os níveis e
modalidades da educação, como instrumento de mediação da construção do
conhecimento, buscando novas alternativas para ensinar e aprender.
Oferecendo aos professores novas oportunidades para a inovar na ação
pedagógica, atendendo às expectativas propostas na nova concepção Projeto
Político Pedagógico, de Educação Marista na Educação Infantil, Ensino
Fundamental e Ensino Médio (PPP, 1999). Através das potencialidades
oferecidas pelo uso das TIC buscamos:
Favorecer o desenvolvimento do senso crítico dos alunos através da socialização de informações; desenvolver o pensamento criativo e a capacidade da análise; integrar as TIC nas atividades escolares; orientar os alunos para a utilização das TIC como um recurso no processo de construção do conhecimento, ensino e aprendizagem; motivar constantemente professores e alunos através dos novos instrumentos tecnológicos de ensino, tornando o processo de aprendizagem inovador e contextualizado; desenvolvimento de projetos interdisciplinares, contemplando todos os níveis de ensino; potencializar o desenvolvimento do aluno a partir de desafios e estímulos constantes à sua curiosidade; favorecer a autonomia e responsabilidade do aluno pelo seu próprio aprendizado, de forma a construir seu conhecimento;
59
garantir o desenvolvimento da capacidade de aquisição de novos conhecimentos, bem como procurar transferir segurança aos alunos quanto o uso das TIC; desenvolver o raciocínio lógico, a capacidade de memorização, a comunicação, a colaboração entre alunos no processo de construção de novos conhecimentos; oportunizar aos alunos experimentar, pesquisar, descobrir e extrair informações referentes aos conteúdos estudados. (MISSÃO EDUCATIVA MARISTA, 2000, p. 59).
O mundo de hoje, o mundo da técnica, é o contexto que somos chamados
a exercer a Missão Educativa Marista. O que devemos buscar, com perseverança
e determinação, é perceber os sinais dos tempos e a eles responder com
fidelidade o jeito Marista de educar. (grifo nosso).
1.2.3. Aspectos Cronológicos das Tecnologias de Inf ormação e da Comunicação – TIC no Colégio Marista Frei Rogério – Joaçaba – SC
A utilização das TIC no Colégio Marista Frei Rogério, iniciou em 1990 no
setor administrativo, com a preocupação de fornecer um banco de dados
acadêmico, prático, eficiente, ágil e confiável. No decorrer deste processo,
diretores, professores, funcionários e alunos tiveram os primeiros contatos com
TIC.
No ano de 1996, houve a instalação dos laboratórios de informática nos
colégios da Província Marista de Santa Catarina, através da mantenedora
União Catarinense de Educação (UCE). Todos os laboratórios e setores
administrativos conectados a Internet. Oportunidade em que se firmou
convênio com a agência Futurekids de Florianópolis especializada em
consultoria na área da informática educacional, a qual oferecia treinamentos
aos responsáveis e facilitadores do laboratório de informática. As aulas no
laboratório eram ministradas através de currículos específicos com temáticas
60
relacionadas aos conteúdos ministrados em sala da aula diferenciando-se por
níveis (séries).
Procurou-se, através da parceria Futurekids e Colégio Marista Frei
Rogério, oportunizar aos alunos currículos temáticos, executados com
softwares específicos, que atendiam os objetivos propostos para aculturar os
alunos no uso das TIC, de forma motivadora, criativa, prazerosa e lúdica, não
havendo uma preocupação imediata em envolver diretamente os professores
para o uso dos instrumentos informáticos.
Os professores acompanhavam os alunos ao laboratório de informática e
participavam das aulas como ouvintes. Alguns começavam a motivarem-se
pela nova modalidade de ensino e ensaiavam os primeiros passos em direção
ao uso do computador, Internet e suas ferramentas, associadas às atividades
de sala de aula.
Ao executarem as atividades, os alunos recebiam noções básicas de
como usar o editor de textos, planilha eletrônica, software de autoria, noções
de como utilizar o computador e alguns de seus principais dispositivos (mouse,
teclado, mídias, cd-rom entre outros). Tratava-se do ensino da informática.
Em 1998, a direção e as coordenações optaram por oferecer capacitação
aos professores e funcionários, com cursos específicos, unindo teoria e prática,
o que resultou no término da parceria entre Colégio Marista Frei Rogério e
Futurekids. Após essa fase de capacitação, os professores, de forma orientada
e gradativa, começaram ministrar suas aulas no laboratório de informática com
acompanhamento e assessoria dos monitores do laboratório. Percebeu-se
assim, que o trabalho fluía de forma satisfatória, a cultura de informatização
61
estava sendo impregnada e as TIC surgindo como novos instrumentos para
auxiliar os professores e alunos na construção de novas formas de ensinar e
aprender.
Nesse mesmo ano foi definida a inserção das TIC no processo educativo
como proposta experimental. Percebeu-se que uma pequena parcela de
professores havia incorporado uso das TIC, porém os demais permaneceram
apáticos diante da possibilidade de usar o laboratório de informática
(computador) como potenciais didático-pedagógico. Essa dificuldade foi
encontrada em todas as escolas da Província Marista.
Diante da constatação, buscaram-se novos elementos para motivar e criar
a cultura em nossos professores de como usar as TIC em suas aulas.
Motivados por depoimentos dos professores: “não sei como ligar o
computador”; “fico insegura diante do computador”; “percebo que meus alunos
sabem mais”; “sempre utilizei o quadro, livro”; “mudar? Não gosto disso é muita
modernidade”.
Após inúmeros depoimentos, a direção, coordenações pedagógicas e
coordenação do laboratório junto ao Grupo de Tecnologias da Província, em
reunião de avaliação, sentiram a necessidade de buscar alternativas para não
perder de vista o foco principal; inserir as TIC no processo ensino
aprendizagem. Recomeçaram os cursos de informática básica (editor de textos,
editor de imagens, Internet, softwares de autoria), contemplando todas as
áreas e disciplinas em estudo.
Novamente buscou-se parceria de uma empresa especializada em
assessoria educacional na área das TIC aplicada à educação, porém com um
62
diferencial, a agência estaria prestando assessoria também na formação dos
professores capacitando-os a utilizar os instrumentos tecnológicos. O trabalho
de capacitação ocorreu durante os anos de 1999 e 2000, através de cursos
ministrados por instrutores da Complex Informática de Florianópolis/SC. Os
cursos aconteciam no laboratório de informática do Colégio Marista Frei
Rogério, trimestralmente com duração de dois períodos distribuídos em dois
dias, os professores faziam a opção do melhor horário, porém, todos
participavam.
As aulas no laboratório de informática começaram a se intensificar. Os
professores, motivados pelos assessores do laboratório, criaram uma rotina
com a pesquisa em softwares de referência e na rede Internet.
No ano de 2000, iniciaram-se projetos disciplinares envolvendo todas as
turmas utilizando as mais variadas mídias. Os resultados começaram ser
surpreendentes e, paralelamente, a realização dos projetos, aconteceu a
Gincana Virtual Tecnológica realizada com a 7ª série sobre o tema
“Olimpíadas”. A Gincana foi realizada em parceria entre a União Catarinense
de Educação e a Complex Informática, envolvendo todos os Colégios Maristas
da antiga Província. Essa experiência foi bastante positiva, suscitou inclusive
outra gincana no ano seguinte. Assim, em 2001 aconteceu a II Gincana Virtual
Tecnológica com a 7ª série, que desta vez teve como tema “Pátria e
Cidadania”.
Além das aulas que utilizavam softwares educacionais específicos,
pesquisa na Internet e softwares de autoria, o ano de 2002 também foi
marcado por projetos em toda Província. Os Jogos Colaborativos, realizados
63
com a 8ª série, aconteceram em maio e tiveram como tema a “Copa do
Mundo”. Em agosto, aconteceu a III Gincana Virtual Tecnológica, com a 7ª
série motivada pelo tema “Eleições”. No ano de 2003, iniciou-se o projeto de
Robótica Educativa com resultados surpreendentes, provocando um
investimento maciço em todos os colégios.
A robótica educacional é uma aplicação dos instrumentos tecnológicos na
área pedagógica, sendo mais um expediente que oportuniza aos professores e
alunos a vivência de experiências semelhantes às que realizaram na vida real,
oferecendo oportunidades para propor e solucionar problemas complexos mais
do que observar formas de solução.
A princípio, a robótica educacional, não tem como objetivo projetar robôs
inteligentes, mas permitir aos estudantes aprofundar conceitos estudados em
sala de aula, de maneira efetiva e prática. As atividades com robótica
possibilitam a participação do aluno na tomada de decisões, na resolução de
problemas, além de favorecerem atividades interdisciplinares envolvendo
diversas áreas do conhecimento.
Sempre que se discutem fórmulas para melhorar níveis de qualidade de
vida da sociedade, a importância da educação está presente. É preciso definir
que homem e sociedade a escola pretende formar, através de sua atuação
enquanto Instituição Educativa (MISSÃO EDUCATIVA MARISTA, 2000, p. 41).
Pensar as TIC como potencializadores pedagógicos que propiciam a
construção do conhecimento e de saberes é, antes de tudo, pensá-la vinculada
à realidade da educação de seus professores e alunos, bem como na busca e
64
superação dos problemas de ensino, procurando identificar formas de uso que
constituam soluções para os problemas educacionais.
A escola é o local onde os alunos criam e recriam conhecimentos, são
preparados para enfrentarem e ajudarem a construir o mundo onde vivem.
Sendo assim, as TIC e seus potenciais devem ser utilizados para interação
entre os sujeitos e para a construção e resignificação dos processos
educativos.
O computador aliado à Internet possibilita explorar diferentes áreas de
ensino e lazer. A rede oferece uma infinidade de serviços, é rica em conteúdos,
além de uma grande diversidade de novidades e informações. Assim um
laboratório de informática, conectado à Internet dentro de uma escola, não teria
sentido se não fosse para colaborar no ensino-aprendizagem dos alunos. A
preocupação dos Educadores Maristas é oportunizar aos alunos o contato com
as TIC, colaborando para o constante aperfeiçoamento, acompanhando os
avanços tecnológicos e construindo novas formas de resignificar os conteúdos
formais e de entrelaçá-los com as experiências, vivências e saberes informais.
No uso e na recepção dos novos instrumentos tecnológicos, tornam-se urgentes tanto uma ação educativa em ordem ao sentido crítico, como uma ação de defesa da liberdade, do respeito pela dignidade pessoal, da elevação da autêntica cultura dos povos, com a recusa, firme e corajosa, de toda forma de monopolização e de manipulação (MISSÃO EDUCATIVA MARISTA, 2000).
Os projetos educacionais apoiados pelas TIC propiciam aos discentes
condições de trabalhar a partir de temas, de atividades ou de ações as quais
podem ser desenvolvidas em sala de aula, pautadas na Proposta Marista, que
visa desenvolver valores de acordo com a concepção das finalidades da
educação, tendo convicção de que se necessita formar um indivíduo capaz,
65
culto, reflexivo, crítico e criativo. Os alunos, ao desenvolverem projetos e ao
utilizarem as TIC, podem contar com as facilidades da hipertextualidade,
superando espaço-tempo delimitados e cronológicos, buscando interlocutores
através da interatividade.
Assim o aluno terá participação ativa no processo de construção,
pesquisando, decidindo, selecionando a informação, transformando-a em
conhecimento para desenvolver a estrutura do seu trabalho. Constata-se, a
importância na busca de novos conhecimentos. O uso da Internet reforça o uso
das TIC, no processo ensino e aprendizagem, explora suas potencialidades
permite cumprir os objetivos propostos no Ideário Educativo Marista e na
Missão Educativa Marista: um projeto para o nosso tempo, documentos
norteadores da Proposta Educativa Marista.
Este recurso foi utilizado através de uma parceria entre a União
Catarinense de Educação e a Complex Informática, quando da realização
Gincana Virtual Tecnológica, evento via Internet que envolve equipes de alunos
da 7ª série de todas as escolas Maristas da Província do Brasil Centro-Sul. Em
três dias de desafios contínuos, incentivam-se os alunos a um aprofundamento
em temas relevantes ao contexto escolar.
A Gincana Virtual Tecnológica propicia a participação ativa e a interação, tanto dos alunos quanto dos professores. Também auxilia o aprendizado do aluno, pois oferece: bases da educação tecnológica; sensibiliza sobre o uso das TIC; favorece a interação com grande quantidade de informação de maneira atraente; motiva a utilização de procedimentos de pesquisa e a socialização das informações e conhecimentos; favorece a interação dos alunos e a colaboração no processo de construção do conhecimento (GUIA PEDAGÓGICO, 2003, p.13).
Um dos grandes fatores que contribuem para a aquisição do
conhecimento é a motivação. Há várias formas de motivar os educandos e o
66
advento da Internet neste universo aumentou-as. Neste contexto, a Equipe de
Informática Educativa da União Catarinense de Educação – UCE desenvolve
diversos projetos que utilizam este recurso e cujos principais elementos são a
motivação e o intercâmbio entre os educandos.
Os Jogos Colaborativos, recurso utilizado pela Complex Informática,
constituem-se em um conjunto de métodos e técnicas de aprendizagem para
utilização em grupos estruturados, onde cada membro é responsável, quer pela
sua aprendizagem, quer pela aprendizagem do restante dos componentes da
equipe.
As atividades são desenvolvidas através da Internet com equipes
compostas por alunos das 8ªs séries de diferentes Colégios Maristas, com o
objetivo de trocar informações via chat ou e-mail buscando encontrar as
respostas corretas para as questões apresentadas sobre um determinado
tema.
Além do conhecimento específico, os jogos colaborativos propiciam a
participação ativa e a interação, tanto dos alunos quanto dos professores.
Também auxilia o aprendizado do aluno a partir do momento que aumenta as
competências; desenvolve o pensamento crítico; adquire novas informações;
compartilha informações; diminui o isolamento; aumenta a segurança e auto-
estima; fortalece a solidariedade e respeito mútuo; desperta o interesse pela
pesquisa; possibilita desenvolver trabalho em equipe; oportuniza respeito às
diversas opiniões; auxilia na busca de novos conhecimentos e possibilita a
realização de trabalho cooperativo.
67
Os jogos colaborativos mostram-se como mais uma estratégia
interessante de aprendizagem por disponibilizar um maior intercâmbio
pedagógico entre as escolas, ampliar a utilização da tecnologia com uso da
Internet, propiciar a construção do conhecimento a partir de informações
procedentes de diferentes saberes disciplinares e proporcionar uma troca
afetiva e social, que permite a construção de novas amizades.
Os Colégios Maristas da Província Marista Brasil Centro-Sul, atualizam-
se, constantemente, quanto às tendências tecnológicas e pedagógicas que
despontam no contexto atual da sociedade.
O Colégio Marista Frei Rogério, utilizando-se do Laboratório de
Informática, objetiva a educação integral das crianças e jovens que desta
instituição fazem parte, não apenas preparando-as para as primeiras etapas da
vida, mas também para desempenharem papéis ativos na sociedade, como
uma massa crítica e pronta às mudanças, por toda vida.
Promovendo a participação e a criatividade no processo de aprendizagem,
a Proposta Pedagógica do Colégio Marista Frei Rogério contribuí para que o
aluno adquira autoconfiança. Através da utilização das TIC, procura-se não
apenas desenvolver conhecimentos e competências no aluno, mas possibilitá-
lo a aprender como trabalhar e pesquisar em equipe, a se comunicar
efetivamente e a se relacionar com grupos.
Lévy (2002) afirma, o maior desafio da educação e do professor na
contemporaneidade é mais do que nunca, articular as experiências e
conhecimentos prévios dos alunos e propiciar o desenvolvimento da autonomia
68
discente de forma a constituir uma inteligência coletiva que promova a
democratização do conhecimento e exercício pleno da cidadania.
O mundo contemporâneo apresenta mudanças que afetam todos os
setores da sociedade, inclusive a educação. Estas mudanças, irreversíveis,
estão relacionadas ao desenvolvimento das Tecnologias de Informação e
Comunicação (TIC), que instituem diferentes concepções de tempo e de
espaço e possibilitam ao professor desenvolver novas práticas pedagógicas. É
necessário, então, que os professores do século XXI, em primeiro lugar,
adquiram fluência tecnológica vinculada, principalmente, à reflexão e ao uso de
ferramentas digitais (para a comunicação e interação) no âmbito educacional
ampliando dessa forma à compreensão das TIC. A falta de fluência tecnológica
cria uma lacuna entre educadores preparados para utilizar mídias digitais, em
aulas presenciais e em cursos on-line, e aqueles que não estão habilitados
para fazer uso delas. O Colégio Marista Frei Rogério, busca capacitar seus
professores e alunos na utilização das TIC para que possam aprender a
conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e juntos aprender a ser.
CAPITULO II
AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO (TIC)
E A EDUCAÇÃO
A presença das tecnologias da informação e comunicação - TIC nos diversos
segmentos da sociedade provocou mudanças significativas no modo de produção
da vida, redimensionando o conceito de tempo, espaço e distância. O modo de
viver, de trabalhar e de interagir no mundo passa por transformações rápidas e
69
irreversíveis. O uso de tecnologia é sinônimo de desenvolvimento e de novos
paradigmas em detrimento de modelos tradicionais. Neste sentido, compete à
educação escolar rever seus processos de encaminhamento da prática docente,
em especial, no que diz respeito ao desenvolvimento de novas metodologias e
utilização adequada das TIC para a construção do conhecimento crítico-reflexivo.
2.1. TECNOLOGIAS E TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO
As TIC provocaram nas últimas décadas mudanças significativas na
sociedade, permitindo ao homem novas formas de viver, de trabalhar e de se
organizar. O debate sobre o uso das mesmas nos diversos segmentos da
sociedade tem merecido destaque em congressos e pesquisas científicas, bem
como ocupa lugar comum em conversas do dia-a-dia.
A vida do homem moderno tornou-se mais dinâmica com a presença dos
meios tecnológicos nas mais diversas áreas da atividade humana: deslocar os
filhos à escola, comprar virtualmente, pagar contas online, fazer diagnósticos por
imagem, trabalhar em casa, estudar online entre outros. Contudo o uso de vários
instrumentos eletrônicos, telemáticos e informáticos tem possibilitado e auxiliado o
homem no cumprimento de uma carga significativa de atividades diárias.
Gradativamente, as TIC invadem nosso mundo e, quando percebemos, já
estamos envolvidos. Dessa forma, é inegável a importância que os instrumentos
tecnológicos exercem em nossas vidas. Mas afinal, o que é tecnologia? Como ela
se origina?
De acordo com Medeiros e Medeiros (1983, p.8), "tecnologia é o conjunto de
conhecimentos, práticos e científicos, aplicados à obtenção, distribuição e
70
comercialização de bens e serviços". E mais: Técnica e tecnologia não são
sinônimos, embora mantenham relação de parentesco. A técnica está associada
à noção do 'fazer', isto é, habilidade ou arte inata ao homem. A tecnologia une
esta habilidade natural aos conhecimentos práticos ou científicos que foram
sendo acumulados ao longo dos anos. Os estudiosos afirmam que a técnica
resolve os problemas fundamentais do homem. A tecnologia satisfaz também
seus desejos (e sonhos).
Para Medeiros e Medeiros (1983, p. 9) A união do saber fazer com o
conjunto de conhecimentos apropriados pelo homem são capazes de desenvolver
produtos que satisfaçam nossas necessidades ao longo da vida. O
esclarecimento do termo tecnologia deixa explícito que os conhecimentos
construídos ao longo da história da humanidade estão representados na forma de
bens, serviços e produtos disponibilizados na sociedade e que assumem um pa-
pel muito importante para o desenvolvimento do ser humano.
O uso das tecnologias imprime alterações substanciais no modo de
produção da vida, redimensionando o conceito de tempo, espaço e distância,
abrindo, assim, um número muito grande de possibilidades de intercâmbio de
informações, contribuindo para a construção de uma vida melhor. A produção
científica permitiu ao homem desenvolver invenções cada vez mais sofisticadas,
que deram outros rumos para a sociedade, entre elas a energia elétrica, que veio
subsidiar e colocar em funcionamento vários recursos eletrônicos indispensáveis
para o desenvolvimento da vida humana. O rádio foi uma das grandes invenções
produzidas em nossa sociedade, trazendo muita alegria e satisfação à população.
Desde muito tempo, ele se tornou um aparelho praticamente obrigatório dentro de
71
casa, no carro, no campo de futebol, representa, para maioria dos seus ouvintes,
um companheiro de todas as horas, levando muita informação, ultrapassando bar-
reiras e chegando aos lugares mais distantes.
Outra grande conquista social foi a televisão, causando deslumbramento
entre as pessoas. Composta de som e imagem em movimento permite a
transmissão, em tempo real, de diversos programas, colocando-nos em contato
com os grandes acontecimentos políticos, econômicos e sociais ocorrido em nos-
sa cidade, estado, país e mundo. Além disso, tem exercido uma outra função que
é divertir as pessoas com a transmissão de telenovelas, filmes, desenhos, etc.
A possibilidade que temos hoje de transmitir informações em tempo real, de
manter contato com pessoas que estão localizadas geograficamente do outro lado
do mundo, de assistir a fatos ocorridos na sociedade praticamente no momento
em que os mesmos ocorrem, é fruto do avanço tecnológico que tem derrubado
barreiras rumo a um mundo cada vez mais globalizado. Vejamos, por exemplo, o
caso do telefone, até tempos atrás, a única forma de conversar com as pessoas
era por meio de um aparelho fixo, ligado a uma rede física.
Com o desenvolvimento da telefonia celular, podemos localizar as pessoas
em quaisquer pontos em que estiverem, permitindo maior mobilidade no processo
comunicacional. "O telefone celular vem dando-nos uma mobilidade inimaginável
alguns anos atrás. Posso ser alcançado, se quiser, ou conectar-me com qualquer
lugar sem depender de ter um cabo ou rede física por perto" (MORAN, 2005, p.
128).
72
Esse recurso provocou uma revolução no mundo da comunicação e virou
uma febre entre pessoas de diversas idades. As tecnologias produzidas ao longo
da história foram muitas e estão presentes nos mais diversos campos do
conhecimento. Elas são utilizadas na área da saúde, da engenharia, da
agricultura e em muitas outras, auxiliando cientistas na busca de novas
informações e soluções para a construção de recursos necessários à população.
A rede mundial de computadores promoveu uma grande revolução social,
permitindo o acesso rápido e fácil a um verdadeiro mar de informações
provocando, concomitantemente, mudanças extraordinárias na área da
comunicação. Com a Internet, podemos enviar e receber mensagens, docu-
mentos, fotos em tempo real. Temos a possibilidade de dialogar com pessoas que
estão a quilômetros de distância. A rede permite-nos, ainda, entrar em contato
com culturas diferentes, ter acesso a bibliotecas virtuais, fazer transações
bancárias, evitando filas e perda de tempo.
De acordo com Moran (2005) a rede nos permite executar uma série de
atividades consideradas inimagináveis em outros períodos históricos, es-
tabelecendo um elo de comunicação muito grande entre as pessoas. No século
XV, as caravelas portuguesas, depois de muitos dias e noites, aportaram aqui.
Pêro Vaz de Caminha, o “repórter” de confiança da Coroa portuguesa, mandou a
notícia. Ele escreveu: 'Esta terra, senhor [...] em tal maneira é graciosa que,
querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem”. Essa
notícia chegou imediatamente a Portugal. Meses depois. Esse era o tempo do
'imediatamente' que a tecnologia da época permitia (BACCEGA, 2005, p. 8-9).
73
A citação ilustra um período da história em que as mensagens enviadas não
chegavam até o destinatário com a mesma rapidez dos tempos atuais. Como bem
afirma a autora, nos dias de hoje, provavelmente, Pêro Vaz de Caminha faria
essa informação chegar a Portugal em questão de segundos, utilizando, para tal,
o recurso do correio eletrônico. Contudo, aproveitamos o exemplo para
acrescentar outras considerações.
Imaginemos Pêro Vaz de Caminhas realizando tal viagem e tendo em sua
bagagem um notebook, uma filmadora e uma câmera digital. Tal seria a alegria do
navegante em poder compartilhar as descobertas aqui feitas ao enviar, em tempo
real, vídeos, fotos e textos sobre a terra prometida, permitindo à Coroa
portuguesa não só tomar conhecimento deste país por intermédio de texto, mas
ter a possibilidade de ver, em fotos e vídeos, as coisas belas aqui encontradas.
Por outro lado, a sociedade depara-se com vários crimes que são praticados
na rede mundial de computadores. São muitos os casos em que utilizam as
facilidades e os instrumentos da rede eletrônica para a realização de delitos,
como: roubar documentos importantes de grandes empresas; retirar dinheiro de
conta corrente; distribuir vírus que atacam e destroem as informações armaze-
nadas em computadores do mundo inteiro. Levar esses fatos ao conhecimento de
todos tem como finalidade mostrar que as novas tecnologias de informação e
comunicação trazem muitos benefícios à população. Porém, é necessário
esclarecer que os meios eletrônicos podem ser utilizados para promover o bem
ou o mal, temos que ser críticos e saber avaliar as vantagens e desvantagens
propiciadas pela tecnologia de comunicação e informação. Desta forma, a edu-
cação é o caminho para a construção e organização de valores éticos e morais,
74
que poderão orientar, de forma consciente, a prática adequada de utilização dos
instrumentos tecnológicos.
2.2. SOCIEDADE EM REDE E TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E
COMUNICAÇÃO - TIC: Hipertexto, não-linearidade e interatividade
Estamos interconectados com o mundo. É essa a sensação que temos ao
sermos bombardeados por informações que são veiculadas pelas diferentes
mídias impressas, sonoras, televisivas e telemáticas. A presença dos elementos
tecnológicos na sociedade transformam o modo dos indivíduos comunicarem-se,
relacionarem-se e construírem conhecimentos. Uma breve observação, no dia-a-
dia das pessoas, é suficiente para que se constate que o homem forma-se e
informa-se através da interação com as tecnologias de informação e comunicação
(TIC). Cinema, televisão, vídeo, Internet, cd-rom, simuladores visuais, telas
interativas... São as diversas mídias interagindo no universo afetivo e cognitivo
dos indivíduos.
Tudo isso faz parte de um processo mais amplo que é conduzido, em boa
medida, pelo desenvolvimento tecnológico em relação ao qual tem vivido a
humanidade, especialmente nos últimos cinqüenta anos, nas instâncias da
comunicação e da informação. Esse processo engloba uma série de
transformações em setores variados do viver humano, do econômico ao político,
do social ao simbólico, do cultural ao psíquico, que trazem profundas implicações
também para os domínios da educação. Isso nos faz assistir a um movimento de
rápidas transformações no cenário educacional, de amplitudes ainda
desconhecidas, que necessitam ser analisadas. Pouco a pouco, percebe-se que
75
as políticas públicas educacionais, em praticamente todos os países ocidentais, já
começam a definir posicionamentos mais claros e detalhados sobre o assunto,
incentivando, muitas vezes, o surgimento de programas de introdução das TIC na
educação, assim como regulamentando limites para os mesmos. Do ponto de
vista acadêmico, o volume da produção também tem crescido significativamente.
Já faz parte do senso comum se afirmar que a transmissão da informação
não é mais um privilégio da educação. Alves (1998, p.35) contribui com esta
afirmação: “já se foi o tempo em que a escola era o principal lugar de aquisição
das informações. Com a difusão acelerada das informações através das TIC,
estas deixaram de ser privilégio de poucos e transformaram-se em parte
integrante da cultura mundial”.
Em determinada medida, esse processo colocou em crise certo modelo de
educação, estruturado no Ocidente, no século XIX, cujo objetivo era prover os
alunos do saber acumulado pela humanidade. Esse saber era, na verdade, a
sistematização de informações concebidas pela ciência da época como
fundamentais, acabadas e verdadeiras, num período histórico em que o acesso a
estas informações era de fato muito restrito. Um modelo que implicava, por sua
vez, em um tempo e em um espaço de aprendizagem bastante rígido.
A sociedade em rede congrega uma estrutura social construída em torno de
redes de informação, a partir do desenvolvimento de tecnologias e
microeletrônicas que resultaram no aperfeiçoamento de sistemas computacionais
que, por sua vez, estruturaram redes que conectam o mundo, com destaque para
a Internet. Nesse sentido, Castells (2003) argumenta que a Internet é muito mais
76
que uma simples tecnologia, é o meio de comunicação que constitui a forma
organizativa de nossas sociedades.
A Internet é o coração de um novo paradigma sócio técnico, que constitui na realidade a base material de nossas vidas e de nossas formas de relação, de trabalho e de comunicação. O que a Internet faz é processar a virtualidade e transformá-la em nossa realidade, constituindo a sociedade em rede, que é a sociedade em que vivemos. (CASTELLS, 2003, p. 287).
Seguindo essa mesma linha de pensamento, Lemos (2006) enfatiza que o
ponto de partida para compreender o comportamento social que marca uma
determinada época é ter consciência que existe sempre uma relação simbiótica
entre o homem, a natureza e a sociedade, sendo que em cada período da história
da humanidade prevalece uma cultura técnica particular.
Nesse caso, a cultura contemporânea passa a ser caracterizada pelo uso
crescente de tecnologias digitais, cria-se uma nova relação entre a técnica e a
vida social e, ao mesmo tempo, proporciona o surgimento de novas formas de
agregação social, de maneira espontânea, no ambiente virtual, com práticas
culturais específicas que constitui a chamada cibercultura19.
O fato curioso e até paradoxal desse período é que, embora a sociedade
esteja conectada mundialmente via redes de computador e o próprio contato ou
interação social possa acontecer em intervalo de segundos, o homem cada vez
mais sente a necessidade de integrar-se a grupos sociais, de envolver-se com
pessoas que compartilhem algo em comum, com as quais tenha certa
identificação. Enfim, há um retorno à busca de características que lhe forneçam
19 Lévy (1999, p.17) conceitua cibercultura como “conjunto de técnicas (materiais e intelectuais) de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço”.
77
uma identidade, uma forma de reconhecer-se diante dos outros, acontecimento
que, segundo Castells (1999), é uma conseqüência direta do nosso tipo de
sociedade, que perdeu a ilusão de poder viver num mundo mais justo e com
melhores condições de vida para todos e que teve sua base estrutural
completamente deslocada.
Entretanto, compreendemos que tal necessidade vem sendo suprida de
modo satisfatório por meio da formação de comunidades virtuais, potencializadas
pela existência de redes de computadores, surgidas nos Estados Unidos antes
mesmo da consolidação da Internet, por volta dos anos 70. É o caso da rede
Usenet, considerada uma das formas eletrônicas mais populares de organização
social nas redes. A Usenet é um sistema telemático que permite o contato entre
as pessoas e à promoção de fóruns de conversação, organizados a partir de
grupos temáticos, os newsgroups. Outra ferramenta que se destaca é o Bulletin
Board System (BBS), redes de computadores comunitárias e independentes de
uma grande rede telemática (LEMOS, 2006).
Os relacionamentos sociais, originados em redes de computação,
desenvolvem-se no ciberespaço, que pode ser compreendido como um lugar de
circulação de informação, um espaço de comunicação, espaço virtual, que não
existe em oposição ao real. Para Lemos (2002), o ciberespaço20 pode ser tanto o
lugar onde estamos quando entramos num ambiente simulado de realidade
virtual, como o conjunto de redes de computadores, interligadas ou não, em todo
20 Ciberespaço é para Lévy (1999, p.17) o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores. O termo especifica não apenas a infra-estrutura material da comunicação digital, mas também o universo de informações que abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo”.
78
o planeta. O ciberespaço é o ambiente simbólico onde as comunidades virtuais
se constituem.
As comunidades virtuais foram definidas inicialmente por Rheingold (1998)
como “(...) agregações sociais que emergem na Internet quando uma quantidade
significativa de pessoas promove discussões públicas num período de tempo
suficiente com emoções suficientes, para formar teias de relações pessoais no
ciberespaço”.
Lemos (2002), por sua vez, contribui para o debate, ao afirmar que nem toda
forma agregadora da Internet pode receber o rótulo de comunitária, pois existem
certos agrupamentos sociais em que os participantes não guardam qualquer
vínculo afetivo e/ou temporal, são apenas formas de agregação eletrônica.
De qualquer modo, o ciberespaço potencializa o surgimento de comunidades
virtuais e de agregações eletrônicas em geral, que estão delineadas em torno de
interesses comuns, de traços de identificação, pois ele é capaz de aproximar, de
conectar indivíduos que talvez nunca tivessem oportunidade de se encontrar
pessoalmente. Ambiente que ignora definitivamente a noção de tempo e espaço
como barreiras.
Como há muitos mitos em torno da Internet, é necessário esclarecer que a
Internet não modifica o comportamento dos internautas, na verdade, as pessoas
se apropriam da Internet e das suas potencialidades e, assim, amplificam a
capacidade de se comunicar e de criar. Os comportamentos são amplificados
pelos meios tecnológicos, fazendo com que indivíduos, localizados em diferentes
79
partes do globo e munidos de equipamentos adequados, possam conectar idéias,
crenças, valores, e emoções.
Neste aspecto, a tecnologia empregada funciona como força impulsionadora
da criatividade humana, da imaginação, devido à visibilidade e à disponibilidade
de material que circula na rede, permitindo que a comunicação se intensifique, ou
seja, as ferramentas promovem o convívio, o contato, uma maior aproximação
entre as pessoas.
A partir das idéias expostas, constatamos que o envolvimento crescente das
TIC, no meio social, provoca alterações consideráveis em diversos aspectos que
compõem a base material da sociedade, entre os quais se destaca a estruturação
de um novo tipo de organização social, sustentado em redes computacionais e
que dá origem à sociedade em rede.
A formação de comunidades virtuais na rede configura-se numa estratégia
para o homem que se relaciona no ciberespaço de se fazer reconhecer como
diferente diante dos outros indivíduos, sendo à busca de mecanismos de
identificação uma prática constante na história da humanidade.
A característica diferencial dessa nova possibilidade de estabelecer
relacionamentos sociais no ciberespaço está na forma de se adquirir traços de
identificação, pois o próprio indivíduo escolhe o grupo que pretende fazer parte,
de acordo com seu interesse particular, tendo a chance de participar de quantas
comunidades quanto desejar. Na verdade isso só é possível, graças a uma
mudança profunda na compreensão do conceito de identidade, que deixou de ser
visto como algo fixo, para estar em constante elaboração. Além disso, com o
80
advento do período da alta modernidade ou modernidade tardia, os indivíduos
desempenham uma série de papéis, conseqüentemente, apresentam uma
multiplicidade de identidades que caracteriza a chamada hibridização cultural.
Ao contrário das características das identidades nacionais, que eram
impostas pelo Estado-Nação como permanentes, hoje, o próprio indivíduo
seleciona suas marcas identitárias a partir do que se é e, do que se quer ser, com
o auxílio de redes mundiais, como a Internet, que ultrapassam os limites físicos do
cotidiano, seja na residência ou no trabalho, gerando redes de afinidades
consolidadas por meio de comunidades virtuais.
A formação de comunidades virtuais é resultado tanto do impacto das novas
tecnologias de comunicação na estrutura da sociedade, a partir da consolidação
de uma cibercultura, quanto do processo de fragmentação das identidades
culturais, que é reflexo direto do efeito da globalização como característica
inerente à modernidade.
Torna-se ainda importante esclarecer que o ambiente virtual é visto como um
espelho da sociedade, que apenas reflete as práticas sociais e, portanto, não é
melhor e nem pior. Nesse sentido, acreditamos que a Internet, assim como as
demais técnicas e tecnologias, não muda as atitudes e comportamentos sociais,
na verdade, as pessoas apropriam-se das tecnologias disponíveis na rede.
O uso de qualquer tecnologia está associado diretamente à capacidade e
competência do internauta, para poder se beneficiar ou não dela. Com isso,
afastamos qualquer visão de endeusamento da tecnologia que sozinha não
promove nenhuma comunidade, nesse caso, a Internet oportuniza o contato
81
social, mas depende do interesse e da iniciativa das pessoas o estabelecimento
de relações sociais.
Partindo-se do pressuposto que mudanças em aspectos íntimos da vida
pessoal estão intrinsecamente ligadas ao estabelecimento de conexões sociais de
grande amplitude, afirma-se que a constituição de comunidades virtuais
representa uma busca de identidades no ciberespaço naturalmente globalizado.
As mudanças geradas pelas TIC estão relacionadas ao fato de que estas
ressignificam a qualidade da vida e dos ambientes humanos, tendo em vista seu
elevado nível de concentração e de poder, que se potencializa cada vez mais nas
possibilidades futuras do vir a ser. Lima Jr (2005, p. 7). Destaca:
A constituição da tecnologia (vinculando-a a noção de teckné) e da técnica é humana, pois é conseqüência da ação imaginativa, reflexiva e motora do ser humano, então, inerentemente, é humanizada; bem como, por outro lado, o ser humano é tecnologizado, uma vez que se ressignifica, recria-se e se transforma a si mesmo no processo de criação e utilização de recursos e instrumentos para atuar no seu contexto vivencial.
Diante desses pressupostos faz-se necessário entender, a necessidade de
discutir sobre como o sujeito interage, de forma sistemática e significativa, no
locus denominado ciberespaço, participando ativamente da construção de um
texto móvel, maleável, aberto, que lança profundos desafios ao leitor e que se lhe
apresenta de várias formas: sonora, pictórica, textual, numérica. Dessa forma,
confere-lhe autonomia, no sentido de lhe permitir alterar o texto, o que transforma
o leitor num co-autor, participante da mensagem, pois nesse processo
desaparece a atribuição dos textos ao nome de seu autor, já que estão
constantemente modificados por umas escrituras coletivas, múltiplas, polifônicas
(CHARTIER, 2002, p. 25).
82
Para compreensão desse processo, torna-se imprescindível discutir
questões basilares como as concepções de leitor, leitura, texto, hipertexto e
ciberespaço, entendendo-os nas dinâmicas das relações, mergulhados no
processo e no movimento do mundo digital.
A concepção de leitura, do ponto de vista de sua mecânica, perpassa pela
materialidade do livro e se estende à tela – não mais página – do computador.
Assim, ler é atualizar as significações de um texto e leituras intertextuais
sensoriais. “[...] ler, escutar, é começar a negligenciar, a desler ou desligar o
texto” (LÉVY, 1996, p. 35), porque o leitor transforma o texto, torna-se ele próprio
autor, ao passo que a leitura vai exigindo dele, sobretudo, uma posição ativa, e
constitui-se em um ato criativo de sentidos. Esta é concebida no desdobramento
de sentidos que ocorre pelo rasgamento do texto, pelo ato de dar sentido; “é uma
atualização das significações de um texto” (LÉVY, 1996, p. 41).
Sob esta perspectiva, o texto é visto como um objeto complexo, relacionado
a um contexto que o torna coerente, indistinto, com tantas e variadas dimensões
que não se sabe por onde iniciar a sua apreensão; é “construído na interação
texto-sujeitos”.
No contexto atual, o texto configura-se como um espaço de leitura e escrita
aberto, sem margens e sem fronteiras, que exige a revisão das estratégias de
lidar com o escrito, constituindo-se num movimento que implica posicionamento
crítico. Nessa ótica, o texto se apresenta como um meio de pensar o mundo e de
vê-lo utilizando-se de uma nova sensibilidade. Envolve, porquanto, um exercício
de contínuo de agir para buscar novos saberes, propondo respeito aos saberes
83
dos outros; provocando inquietações, exigindo posturas críticas, indagações e
soluções para os desafios que, incessantemente, apresentam-se.
Chartier, (2002, p. 24), afirma que:
[...] a textualidade eletrônica permite desenvolver argumentações e demonstrações segundo uma lógica que já não é necessariamente linear nem dedutiva, tal como dá a entender a inscrição de um texto sobre uma página, mas pode ser aberta, clara e racional graças à multiplicação dos vínculos hipertextuais.
O texto, revitalizado pelas imagens, sons e outros suportes que envolvem
uma dinâmica hiperrelacional, porque permite ao leitor desenvolver suas
habilidades de gerar idéias, ser criativo; de assimilar conhecimentos novos,
avaliar situações inusitadas, lidar com o inesperado, exercitando, assim, a
criatividade e criticidade.
Há, portanto, uma nova textualidade que se insinua na produção escrita,
promovendo uma interatividade, pois na construção textual o leitor agora se
depara com o trabalho de dinamizar sua leitura, instalando um espaço de
produção significativa que concretize as possibilidades que já se insinuavam no
texto impresso. Dessa forma, chega-se a dialetização da distinção entre texto de
leitor e texto de escritor, à subversão dessa relação. O leitor agora pode decidir o
início e o fim da leitura; eleger links entre os vários disponíveis, decidir o rumo de
sua leitura, recriar o seu texto individual. Tem-se agora um texto construído na
interação texto-sujeitos: o hipertexto.
Lévy (1993, p. 33) estabelece um conceito de hipertexto que não se limita à
forma digital:
84
Hipertexto é um conjunto de nós ligados por conexões. Os nós podem ser palavras, imagens, gráficas ou parte de gráficos, seqüências sonoras, documentos complexos que podem eles mesmos ser hipertextos. Os itens de informação não são ligados linearmente, como em uma corda com nós, mas cada um deles, ou a maioria, estende suas conexões em estrela, de modo reticular. Navegar em um hipertexto significa, portanto, desenhar um percurso em uma rede que pode ser tão complicada quanto possível. Porque cada nó pode, por sua vez, conter uma rede inteira.
O autor faz referência antes a uma forma de produção textual em teia,
portanto multilinear. Um corpo constituído pela fragmentação e pela multiplicidade
de percursos de leitura, possibilitando a visualização de textos na obra e não
apenas sugeridos por referências, pois, os entrelaces estão visíveis e instigam,
aproximam o leitor, convidando-o a participar. “[...] a hipertextualização multiplica
as ocasiões de produção de sentido e permite enriquecer consideravelmente a
leitura” (LÉVY, 1996, p. 43). Desse modo, pode-se afirmar que a construção
hipertextual torna manifesta a intertextualidade, presentificando os textos com os
quais o autor dialoga e que em uma obra impressa geralmente estão apenas
intuídos.
Na medida em que o hipertexto gera associações com outras leituras,
entende-se que nele a relação de intertextualidade é uma constante, visto ser
esta uma interação, um diálogo entre textos de signos diferentes, entre épocas
diferentes: “A idéia da intertextualidade permite pensar no diálogo entre épocas
diferentes e entre diversos pontos de vista. Não se trata de negar o passado nas
vozes do futuro, mas sim encontrar pontos de contato, que se enriqueçam
mutuamente”. (RAMAL, 2002, p. 126).
Entende-se, portanto, que da cultura do papel à cultura digital, a concepção
de leitura/leitor/texto sofre significativas transformações, visto que, sendo uma
estrutura menos formalizada que o texto impresso e configurando-se como uma
nova linguagem que, por sua vez, consolida uma nova forma textual, o hipertexto
85
adquire uma lógica/semântica própria, que o espaço digital oferece. Isto significa
que a mudança das formas e dos dispositivos por meio dos quais um texto é
exposto pode criar novos públicos e novos usos para ele.
Lévy (1996, p. 39) salienta que:
O leitor de um livro ou de um artigo no papel se confronta com um objeto físico sobre o qual certa visão do texto está integralmente manifesta. Certamente ele pode anotar nas margens, fotocopiar, recortar, colar, proceder a montagens, mas o texto inicial está lá, preto no branco, já realizado integralmente. Na leitura em tela, essa presença extensiva e preliminar à leitura desaparece. O suporte digital (disquete, disco rígido, disco ótico) não contém um texto legível por humanos, mas uma série de códigos informáticos que serão eventualmente traduzidos por um computador em sinais alfabéticos para um dispositivo de apresentação. A tela apresenta-se então como uma pequena janela a partir da qual o leitor explora uma reserva potencial.
A interface da escrita foi sendo aperfeiçoada e evoluiu em dobras
imagináveis, formadas por variáveis e encaixes que se enredam formando uma
rede, podendo ser transformadas pelo leitor. A cada nova conexão, o leitor
recompõe a configuração semântica da rede à qual está conectado. Nessa
perspectiva, o tempo do hipertexto é o do desdobramento: o tempo-presente que
se desdobra ao mesmo tempo como passado-presente-futuro, criando uma ilusão
tridimensional que vai caracterizar as experiências temporais da
contemporaneidade.
A linguagem linear e seqüencial não permite mais entender esta rede cada
vez mais complexa, onde não há mais centro, porque qualquer elemento pode
ocupar esse lugar-espaço-tempo. Cada signo funciona como janela, entrada para
outro texto. Assim, espaço e tempo passam a ter dobras e não podem ser mais
reduzidos a algo contínuo, dados a possibilidade de neles conviverem diferentes
pontos de vista, diferentes sentidos, sujeitos e situações.
86
Neste contexto surge um universo infinito e crescente de possibilidades,
formando uma rede vertiginosa de tempos divergentes, convergentes e paralelos,
constando todas as combinações possíveis, onde há um sempre “por fazer”,
constantemente refeito: o hipertexto só é construído no momento único de sua
leitura, nas travessias labirínticas que se entrecruzam e que, ao mesmo tempo em
que ocorrem, vão apagando rastros, porque não deixam atrás de si vestígios de
ações com começo, meio e fim.
É preciso entender, porém, que:
Um hipertexto só se concretiza a partir do click do mouse; um link só tem sentido se for acessado pelo usuário. O novo texto é naturalmente dialógico, construído para a polifonia, o diálogo entre diversas vozes e só tem sentido se a comunicação se estabelecer (...) os percursos são pessoais, o espaço é vasto e tantos serão os textos (re)criados quantos forem os novos navegadores dessa imensa rede (...) (RAMAL, 2003, p. 251).
Nessa direção, a interatividade é caracterizada pela possibilidade crescente
com a evolução dos dispositivos técnicos de transformar os envolvidos na
comunicação, ao mesmo tempo, em emissores e receptores da mensagem.
A profundeza das relações interativas está no fato de que os envolvidos na
relação interativa são agentes, isto é, sujeitos ativos que participam de uma
comunicação que pressupõe troca, comunhão, uma relação que é estabelecida
com possibilidade de verdadeiro diálogo, de resposta autônoma, criativa, não
restrita a uma pequena gama de possibilidades planejadas a priori, isto é, não
prevista. O esquema emissor-receptor seria substituído pela idéia de agentes
intercomunicadores. Nesse sentido, nos ambientes interativos mediados por
computador, os processos de negociação são importantes para a evolução do
relacionamento entre os agentes. Assim, “o sentido remete sempre aos
87
numerosos filamentos de uma rede, é negociado nas fronteiras, na superfície, ao
acaso dos encontros". (LÉVY, 1993, p. 180).
No hipertexto, o leitor circula entre textos, os quais, pela imagem e sentido
se valem e se potencializam da multiplicidade, ao mesmo tempo em que, nessa
aventura, já se impregnam da possibilidade de instituir o novo; e orientados pela
idéia de labirinto, iniciam e acabam em diferentes pontos a cada leitura. Nessa
perspectiva, o hipertexto digital vai dissolvendo as fronteiras entre leitor e escritor,
“onde a interatividade se constitui numa participação coletiva, de forma intuitiva e
sensório-motora na mega rede de comunicação e de conhecimento” (LIMA JR.,
1997, p. 92).
Diante desse contexto Saramago observa:
Há quem leve a vida inteira a ler sem nunca ter conseguido ir mais além da leitura, ficam pregados à página, não percebem que as palavras são apenas pedras postas a atravessar a corrente de um rio, se estão ali é para que possamos chegar à outra margem, a outra margem é que importa a não ser, que esses tais rios não tenham duas margens, mas muitas, que cada pessoa que lê seja, ela, a sua própria margem, e que seja sua, e apenas sua, a margem a que terá de chegar (2000, p. 77).
O hipertexto, por seu caráter não-linear, potencializa a interatividade do leitor
para determinar qual dos diferentes caminhos através da informação disponível
ele vai tomar a cada momento. Outro fato é que o leitor interage, ainda que só até
certo ponto, montando, lendo ou interpretando um texto, uma narrativa da
maneira que preferir, pois a obra é aberta.
2.3. CIBERCULTURA E ESCOLA
Vivemos um desses raros momentos em que, a partir de uma nova configuração técnica, quer dizer, de uma nova relação com o cosmos, um novo estilo de humanidade é inventado. (LÉVY, 1993, p.17)
88
A cibercultura21, que emergiu, sobretudo a partir dos anos 90, é fruto do
processo de informatização da sociedade e reflete uma “tribalização” da
tecnologia. Estudar a cibercultura é uma forma de tentar compreender de que
modo o processo tecnológico em que vivemos influencia e é simultaneamente
influenciado pela comunicação e a sociabilidade, presentes na cultura
contemporânea. A efervescência da Internet e as suas comunidades virtuais
colocam em evidência uma espécie de sociabilidade partilhada através das
tecnologias digitais. O paradigma digital e a informação disponível na rede
começam a delinear-se como a “espinha dorsal” da contemporaneidade (LÉVY,
1993).
Com o aparecimento da cibercultura podemos perceber que a maioria das
competências adquiridas por uma pessoa no processo de construção do saber
constitui-se em mecanismos para a busca de novos significados para sua
edificação profissional. Outra constatação refere-se à nova natureza do trabalho,
na qual a parte de transação de conhecimentos não pára de crescer. Trabalhar
equivale cada vez mais a aprender, transmitir saberes e produzir conhecimentos.
O ciberespaço suporta tecnologias intelectuais que ampliam, exteriorizam e
alteram muitas funções cognitivas humanas: a memória, a imaginação, a
percepção e os raciocínios (inteligência artificial).
A conexão simultânea dos atores da comunicação a uma mesma rede traz
uma relação totalmente nova com os conceitos de contexto, espaço e
21 A cibercultura estuda as relações sociais e a formação de comunidades em ambientes de rede, que estão sendo ampliadas frente a popularização da Internet e de outras tecnologias que possibilitam a interação entre pessoas. Ela se interessa pela dinâmica política e filosófica dos assuntos vividos por seres humanos em rede bem como na emergência de novas formas de comportamento e expressão. (LÉVY, 1999, p.18).
89
temporalidade. Do horizonte do eterno retorno das narrativas e da linearidade das
culturas letradas, passamos a uma percepção do tempo, mais do que como
linhas, como pontos ou segmentos da imensa rede pela qual nos movimentamos.
Vivemos num ritmo de velocidade pura; como afirma Lévy (1993), não há
horizonte, nem ponto-limite, um "fim" no término da linha. Ao contrário, vivemos
uma fragmentação do tempo, numa série de presentes ininterruptos, que não se
sobrepõem uns aos outros, como páginas de um livro, mas há simultaneamente,
em tempo real, com intensidades múltiplas que variam de acordo com o
momento. Enquanto na era da escrita a questão é "construir o futuro", hoje vale o
que ocorre neste preciso momento.
O hipertexto constitui-se em uma nova forma de escrita e de comunicação da
sociedade da informação, é também uma espécie de metáfora que vale para as
outras dimensões da realidade. Interessa-me estudá-lo nessa perspectiva, e aí
está uma de suas conexões com o campo educacional. A internalização da
estrutura do hipertexto como mediação para a produção de conhecimento implica
novas formas de ler, escrever, pensar e aprender.
Logo a hipertextualidade não é um mero produto da tecnologia, e sim um
modelo relacionado com as formas de produzir e de organizar o conhecimento,
substituindo sistemas conceituais fundados nas idéias de margem, hierarquia,
linearidade, por outros de multilinearidade, links22 e redes.
22Conexão entre um elemento de um documento de hipertexto, como uma palavra, expressão, símbolo ou imagem, e outro elemento do documento, outro documento de hipertexto, um arquivo ou um script. O usuário ativa o vínculo dando um clique sobre o elemento vinculado, que é geralmente sublinhado ou apresentado em uma cor diferente do restante do documento para indicar que o elemento está vinculado. (LÉVY, 1993 p. 35).
90
O que é um hipertexto23? Como o próprio nome diz, é algo que está numa
posição superior à do texto, que vai além do texto. Dentro do hipertexto há vários
links, que permitem tecer o caminho para outras janelas, conectando algumas
expressões com novos textos, fazendo com que estes se distanciem da
linearidade da página e se pareçam mais com uma rede. Na Internet, cada site é
um hipertexto, clicando em certas palavras, vamos para novos trechos e vamos
construindo, nós mesmos, uma espécie de texto. As partes de um hipertexto
podem ser agrupadas e reagrupadas pelo leitor.
Cada uma das páginas da rede é construída por vários autores: designers,
projetistas gráficos, programadores, autores do conteúdo do texto. Cada percurso
textual é tecido de maneira original e única pelo leitor cibernético. Não há,
portanto, um único autor, seria mais adequado falar de um sujeito coletivo, uma
reunião e interação de consciências que produzem conhecimento e navegam
juntas.
Diante destes pressupostos, compreendemos que assim como reconfigura o
papel do autor-escritor e do usuário-leitor, alterando a idéia de posse e de autoria
de um texto fisicamente ilhado, com significado único e hierarquicamente superior
aos comentários e notas que dizem respeito a ele, o hipertexto pode afetar,
também, a forma de atuação do professor e do aluno. O professor tem parte de
sua autoridade e poder transferido ao aluno, tornando-se mais um colaborador no
processo de ensino e aprendizagem, que assume características de parceria. O
23 "Conjunto de nós por conexões. Os nós podem ser palavras, páginas, imagens, gráficos, ou parte de gráficos, seqüências sonoras, documentos complexos que eles mesmos podem ser hipertextos. Navegar em um hipertexto significa, portanto, desenhar um percurso em uma rede que pode ser tão complicada quanto possível. Porque cada nó pode por sua vez, conter uma rede inteira”. (LÉVY, 1993 p.33).
91
aluno, tal como o leitor do hipertexto, torna-se um participante ativo em relação ao
processo de aquisição de conhecimentos, pelo fato de lhe ser facultado elaborar
livremente, sob a sua responsabilidade, trajetos de seu interesse, acessando,
derivando significados novos e acrescentando comentários pessoais às
informações que lhe possam ser apresentadas.
Sem nos deixarmos atrair pelo deslumbramento das TIC, podemos ainda
citar mais algumas vantagens do uso do hipertexto, quando cuidadosamente
planejado: sistemas de hipertexto, enquanto ferramentas de ensino e
aprendizagem facilitam um ambiente no qual esta acontece de forma incidental e
por descoberta, pois ao tentar localizar uma informação, os usuários de
hipertexto, participam ativamente de um processo de busca e construção do
conhecimento, forma de aprendizagem considerada como mais duradoura e
transferível do que aquela direta e explícita.
Uma sala de aula onde se trabalha com hipertextos, transforma-se em um
espaço transacional apropriado ao ensino e a aprendizagem colaborativa, mas
também adequado ao atendimento de diferenças individuais, quanto ao grau de
dificuldades, ritmo de trabalho e interesse.
Para os professores, hipertextos constituem-se instrumentos importantes
para organizar material de diferentes disciplinas ministradas simultaneamente ou
em ocasião anterior e para recompor colaborações preciosas entre diferentes
turmas de alunos.
2.4. AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO NA
EDUCAÇÃO: desafios ao professor
92
Vivemos em uma sociedade em que o processo de disseminação da
informação acontece em um ritmo cada vez mais acelerado. Com isso, a cada dia
que passa, o homem possui uma maior flexibilidade de acesso à informação, uma
vez que a mesma desloca-se e chega com muita facilidade aos mais diversos es-
paços sociais. Por outro lado, o uso de instrumentos tecnológicos, de última
geração, permite uma atualização constante dessas informações Este fato
provoca preocupações no campo da educação, pois além de passar nos últimos
anos por mudanças de paradigmas significativos, fica evidente que as TIC
permitem forma diversificada de acesso à informação e também interferem no
modo de aprender e de ensinar.
Tradicionalmente, a escola era vista como o único lugar capaz de propiciar
formação intelectual. Era somente neste ambiente que se poderia entrar em
contato com a informação e o conhecimento transmitidos pelo professor,
considerado um sujeito sábio. O mestre era o único capaz de realizar tal proeza:
era uma vez um lugar para o qual as crianças e os jovens se dirigiam,
encaminhados por seus pais, em busca de informações e graças às pessoas
privilegiadas, como professores, recebiam diariamente uma carga de datas,
acontecimentos e fatos para memorizar.
O bom aluno ouvia com atenção o que os mestres diziam, copiava o que
escreviam, lia os livros que recomendavam. Ao chegar a casa, contava aos pais o
que aprendera. Constatava-se que o tal lugar cumpria o papel social (e exclusivo)
a que era destinado: guiar crianças e jovens pela estrada do conhecimento
(RIZZO, 2005, p. 35) A visão de que crianças, jovens e até mesmo adultos teriam
possibilidade de acesso à informação e conhecimento somente na escola foi
93
superada diante dos meios de comunicação de massa disponibilizados pela
sociedade moderna.
De acordo com Lima (1971, p. 8), “as crianças podem aprender mais rapida-
mente ao manter contato com o mundo exterior, do que somente no recinto
escolar”. Segundo o autor, este processo muda, substancialmente, o papel do
professor que era considerado transmissor do conhecimento. Por vezes, as
crianças e jovens que mantêm permanente, intenso e prolongado contato como
os meios de comunicação de massa, são mais bem informados que os
professores absorvidos pelas tarefas profissionais. O professor atual não é mais
um informador: a informação vem através do rádio, televisão, cinema, revistas,
livros, cartazes.
Partindo desse pressuposto, é preciso iniciar um processo de
conscientização, junto aos professores, em relação à sua postura e aos
procedimentos metodológicos a serem utilizados para o encaminhamento da
prática pedagógica que prevê a utilização das TIC em sala de aula.
Primeiramente, é preciso ter claro que as TIC devem ser utilizadas como um
recurso de comunicação efetiva, fazendo-se valer de linguagens diversas para a
construção e socialização de novos conhecimentos (GÓMEZ, 1995). Os
instrumentos tecnológicos não podem ser considerados como salvadores da
pátria no processo da aprendizagem, eles são instrumentos potencializadores na
busca e apreensão das informações.
A sociedade tecnológica trouxe ao professor uma nova situação, um novo
ambiente, um novo mundo a ser explorado, no qual ele não é mais o dono do
94
conhecimento. Pressupõe que esteja em um processo constante de busca, de
indagação e de pesquisa. Nesse sentido, assume, junto ao aluno, uma situação
de pesquisador, conhecendo e desbravando novos horizontes, diante de um
dilúvio de informações, como destaca Levy (1996).
O trabalho diário, com as TIC na educação, exige do professor, novos
comportamentos à sua prática pedagógica, destacando a posição de orientador,
animador e mediador da aprendizagem, estimulando os alunos à prática
permanente de pesquisa, oferecendo a eles desafios a serem superados.
Desenvolver uma nova maneira de trabalhar exige ressignificar tudo aquilo
em que acreditava, bem como migrar da posição de detentor do conhecimento
para um maestro do diálogo permanente com seus alunos, abrindo as portas para
questionamentos e, muitas vezes, para novas descobertas. A nova postura
exigida gera uma situação de desconforto e insegurança (MASETTO, 2003).
Desta forma, o trabalho pedagógico mediado pelas TIC, na maioria das
vezes, não é bem aceito por um número significativo de professores, porque os
mesmos sentem-se ameaçados diante do novo, do desconhecido. Neste caso, o
educador prefere manter sua postura tradicional ao invés de adotar as TIC às
suas metodologias para o desenvolvimento do ensino e da aprendizagem. Com
certeza, este não é o melhor caminho para solucionar o problema. De acordo com
Gómez (1995, p. 58), "atualmente já não é possível prescindir das novas
tecnologias. Fazê-lo significaria um retrocesso histórico de proporções
incalculáveis". Portanto, o professor deve procurar associar, em suas práticas
pedagógicas, os instrumentos de tecnologias com a finalidade de superar o
desenvolvimento de trabalhos anacrônicos.
95
Na sociedade atual ou sociedade do conhecimento, como tem sido
chamada, processa-se a informação de modo seqüencial, hipertextual24 ou
multimídico25. O tipo de processamento varia conforme a cultura, idade ou
objetivos pretendidos. O multimídico torna-se o mais presente, devido ao fato de
convivermos em uma sociedade em que a disseminação e atualização das
informações ocorrem muito rapidamente. Portanto, utilizar esse tipo de
processamento facilita cada vez mais o contato com o imenso universo de
informações disponíveis, principalmente na rede mundial de computadores.
De acordo com Lévy (2005), na internet, tudo é muito dinâmico e aberto,
possibilitando a navegação não-hierarquizada. Não há uma regra definida de
como podemos acessar as informações. No mesmo momento que estamos num
texto, basta clicar em um link que terá acesso a um outro mar de informações. Há
livre arbítrio para atuar neste cenário de imagens, textos e sons. É preciso,
todavia, utilizar-se de mecanismos e metodologias de trabalho para evitar
confusão. É neste contexto em que se localizam as crianças e os jovens de hoje,
que utilizam cada vez mais as novas tecnologias de informação e comunicação
para suprir suas necessidades, quer sejam elas de lazer, quer de conhecimento.
O procedimento de contato hipertextual com as informações é, sem dúvida, muito
dinâmico e fácil, contudo pode causar uma indigestão diante da quantidade
enorme de informação disponível na Internet.
24 “Hipertextual é a comunicação “linkada”, através de nós intertextuais. A leitura hipertextual é feita em ondas, em que uma leva a outra, acrescentando novas significações. A construção é lógica, coerente sem seguir uma única trilha previsível. Seqüencial, mas que vai se ramificando em diversas trilhas possíveis” (MORAN, 2003, p.19). 25 “Multimídico é a junção de textos de várias linguagens supostas simultaneamente, que compõe um mosaico impressionista, na mesma tela, e que se conectam com outras telas multimídia. A leitura é cada vez menos seqüencial” (MORAN, 2003, p.19).
96
O mundo de hoje tem permitido às crianças e jovens um nível de
interatividade muito grande. Atualmente, é comum, encontrar crianças da mais
tenra idade com um celular na mão, mantendo contato com seus amigos e
familiares, ou utilizando-o para jogos. Jovens conectam-se, constantemente, à
Internet, para realizar pesquisas, verificar e-mails, jogar ou participar de con-
versas online. É neste ambiente social que nossos estudantes estão sendo
formados e que experimentam, a cada dia, uma nova situação de interatividade
com o mundo que os cerca.
Desta forma, um novo perfil de aluno constrói-se ao longo da história, fruto
da presença maciça das novas tecnologias de informação e comunicação no
meio. Neste sentido, a relação professor/aluno assume uma nova configuração,
pois o comportamento passivo dos alunos cede lugar a uma atitude ativa,
exigindo dos educadores o desenvolvimento de novas metodologias de trabalho.
Partindo desse pressuposto, cabe aos educadores superarem a aversão e
resistência em relação as TIC de modo a desenvolver um trabalho de mediação
pedagógica junto a seus alunos. Utilizá-las de forma adequada para o desenvolvi-
mento da aprendizagem, é o desafio contemporâneo da educação. O caminho
mais seguro para a superação desse problema é o desenvolvimento de uma
política de formação continuada desses profissionais, permitindo-lhes o acesso
constante aos instrumentos tecnológicos, como meio de conhecê-los para bem
aplicá-los em suas práticas pedagógicas. O projeto de formação continuada de
uso das TIC deve ter como estrutura a prática docente, para que se desenvolva
uma atividade formativa de integração entre a teoria e a prática para que os
professores não utilizem os instrumentos tecnológicos de maneira tradicional.
97
É com base nesta perspectiva de trabalho que se alcançará uma orientação
efetiva para a mudança e inovação. De acordo com Almeida (2005) a formação
deve ser entendida como: uma atividade educativa entre educadores em exercício
de suas funções, os quais assumem efetiva participação nas ações de formação,
contribuindo com suas experiências, competências e representações.
Nessa perspectiva, uma ação de formação corresponde a um conjunto de
interações entre educadores e educandos com a intencionalidade de mudança e
inovação. Possibilitar aos educadores uma análise crítica de suas metodologias
tem como finalidade desenvolver a consciência de que a discussão, a reflexão, a
pesquisa colaborativa é o caminho que deve orientar a busca de referenciais
teórico-metodológicos que servirão de instrumentos para a superação das
dificuldades quando da utilização de TIC na educação.
Este exercício desenvolve, no educador, capacidades e habilidades para a
construção e reconstrução de encaminhamentos norteadores a práticas
pedagógicas que favoreçam a construção de conhecimentos, utilizando as TIC
como mediadoras dos processos de ensino e aprendizagem, permitindo ao
mesmo, buscar teorias de apoio à reelaboração de suas práticas, bem como
refletir sobre suas ações à reconstrução de outras modernas teorias pedagógicas.
Esse movimento dialético de análise, em que a teoria orienta a prática e a refle-
xão sobre esta reconstrói a teoria, torna o professor um agente transformador de
suas ações. Isso tudo contribui para a construção de uma educação de qualidade
à medida que buscam, no uso das TIC, as facilidades de acesso ao conhecimento
crítico.
98
A cultura escolar resiste bravamente às mudança e percebe-se que os
modelos de ensino focados no professor ainda predominam, apesar dos avanços
teóricos em busca de mudanças do foco de ensino para o de aprendizagem. Tudo
isto mostra que, não será fácil mudar esta cultura escolar tradicional, que as
inovações serão mais lentas, que muitas instituições reproduzirão no virtual o
modelo centralizador no conteúdo e no professor do ensino presencial.
No entender de Martínez (2004, p. 95), os sistemas educativos dos países
em desenvolvimento enfrentam atualmente não só o desafio de responder à
demanda de acesso universal à educação – sem levar em consideração, a
condição econômica, o tamanho ou a situação geográfica a que estendam seus
serviços, mas também de oferecer uma educação que considere a diversidade
cultural, bem como as necessidades de desenvolvimento econômico e social.
Para isso, as TIC vêm adquirindo um papel relevante.
Não se deve cometer o erro de imaginar que a mudança educacional será guiada pelas novas tecnologias da informação e da comunicação, por mais poderosas que estas sejam. A educação é muito mais que seus suportes tecnológicos; encarna um principio formativo, é uma tarefa social e cultural que, sejam quais forem as transformações que experimentem, continuará dependendo, antes de tudo, de seus comportamentos humanos, de seus ideais e valores. A história nos ensina que as tecnologias da palavra são cumulativas e não substitutivas, e que dependem dos fins sociais e não o contrário. (BRUNNER, 2001 p. 77)
Diante das potencialidades das TIC, a educação passa por uma verdadeira
revolução, onde a esperança se mistura à incerteza. Assim, depara-se com a
criação de novos conceitos e iniciativas interativas e mobilizadoras às políticas
educacionais e, consequentemente, as novas práticas26. As esperanças
misturam-se com as frustrações, com as utopias e com as diferentes realidades.
26 Comunidades virtuiais e blogs que os alunos criam na Internet para trocar informações.
99
Os governos medem seu grau de sintonia com a sociedade da informação
baseando-se no número de escolas conectadas a rede e na proporção de
computadores por aluno. Os especialistas avaliam e criticam e, os professores
têm que se adaptar a exigência até então desconhecidas.
A introdução de TIC na educação não resolverá, certamente, os problemas
educacionais, mas poderá introduzir melhorias no âmbito de uma reforma
educacional. As inúmeras preocupações, no que se refere ao papel do professor
e as TIC na escola, remetem a alguns questionamentos: no meio de tantas
possibilidades, como ficam as interrelaçoes entre alunos e professores, os quais
estão envolvidos diretamente no processo de construção do saber? Estarão aptos
a utilizar as TIC como potencialidades no processo de ensino-aprendizagem? E
os professores sentem-se preparados a explorar as TIC como novas
possibilidades interativas?
Pode-se perceber que os alunos estão prontos para a utilização das TIC,
mas os professores, em geral, não. Os professores sentem, cada vez mais
intensamente, o descompasso no domínio das tecnologias e, em geral, tentam
manter o ritmo, fazendo pequenas concessões, mas sem atingir o essencial.
Percebem a necessidade de mudanças, mas não sabem bem como fazê-los e
não estão preparados para experimentá-las com segurança. Em decorrência
disso e pelo hábito mantêm uma estrutura repressiva, controladora e repetidora.
Muitas instituições exigem mudanças na postura metodológica dos
professores sem dar-lhes condições para que eles as efetuem. Freqüentemente
algumas instituições instalam computadores, conectam a Internet e esperam que
somente, através da máquina, melhore o cenário educacional. Os administradores
100
e assessores frustram-se ao ver que os investimentos financeiros não se
traduzem em mudanças significativas na metodologia em sala, nas atitudes do
corpo docente e, principalmente, na constituição e consolidação do conhecimento
significativo à formação do sujeito-aluno.
Convém que as escolas, hoje, concentrem, nos cursos de formação, à
construção do conhecimento e a interação; o equilíbrio entre o individual e o
grupal, a interação entre conteúdo e aprendizagem cooperativa e; a mediação
entre TIC-professores-alunos. Os professores que ministram suas aulas limitando
à transmissão de informação, de conteúdo, mesmo que estejam brilhantemente
produzidos, correm o risco da desmotivação de seus alunos e, principalmente,
porque a ênfase está pautada nos conteúdos, distante da relação teoria/prática.
As mudanças na educação dependem, mais do que a introdução das TIC, da
presença dos educadores, do preparo e esmero dos gestores. Precisam juntos
fazer uma educação ética, onde se valoriza o emocional, a curiosidade, as
iniciativas, os diálogos e que saibam aprender a viver e conviver coletivamente,
integrando a vivência, a experiência e a teoria.
Os educadores criativos atraem, não só pelas suas idéias, mas pelo contato
pessoal. Transmitem bondade e competência, tanto no plano pessoal, familiar
como no social, dentro e fora da aula, no presencial ou no virtual. Há sempre algo
surpreendente, diferente no que diz nas relações que estabelecem na sua forma
de olhar, na forma de comunicar-se, de agir. E eles, numa sociedade cada vez
mais complexa e virtual, tornam-se referências necessárias.
101
Entender o binômio TIC e Educação é ter em vista o fato de que as TIC,
representadas aqui pelo instrumento computador, tornou-se uma potencialidade à
aprendizagem, capaz de desenvolver novas habilidades intelectuais e cognitivas,
levando o indivíduo ao desabrochar das suas potencialidades, de sua criatividade,
de sua inventividade e através desse processo espera-se que os alunos
aprendem por si mesmo e aprendem na relação com o outro.
Por isso as TIC na escola são potencialidade, tanto para alunos quanto para
professores. E o recurso comptuador, tornou-se um importante meio de estudo e
pesquisa. Os alunos, ao utilizarem-no inserem-se em um ambiente multidisciplinar
e interdisciplinar, ou seja, ao invés de apenas receberem informações, também
constroem conhecimentos, exigindo que o professor oriente-os e ao orientar, traça
um diálogo com os alunos de forma mais comunicacional, com a finalidade de
mais interação e de novas ressignificações a aprendizagem e ao conhecimento.
Cada geração inventa, cria, inova e a educação tem seu processo também
de criação, invenção e inovação, principalmente no que se refere as formas de
construir conhecimentos. É preciso evoluir e a aplicação das TIC envolve
discussões com a aplicabilidade de uma metodologia alternativa27, o que muitas
vezes auxilia o processo de aprendizagem.
As TIC propiciam condições aos alunos de trabalharem a partir de temas,
projetos ou atividades extracurriculares e o computador é apenas um meio onde
desenvolvemos inteligência, flexibilidade, criatividade e inteligências mais críticas.
27 Os softwares educacionais e os softwares de autoria constituem-se em metodologia alternativa. O ensino à distância (EAD) apresenta-se como uma metodologia alternativa de aprendizagem, inserido no vasto domínio da Sociedade da Informação e do Conhecimento (SANTOS, 2000, p.132).
102
Em educação, deparamo-nos na maioria das vezes com atividades que
exigem muita criatividade e para isso é preciso ter coragem de enfrentar novos
desafios e, principalmente, não ter medo de errar. Ser criativo depende, antes de
tudo, de autoconfiança e confiança no outro. Isso tem sido feito por meio de
projetos.
Nogueira (2002, p.59) afirma: “aprender por projetos é uma forma inovadora
de romper com as tradições educacionais, dando um formato mais ágil e
participativo ao trabalho de professores e educadores”. Trata-se mais do que,
uma estratégia fundamental de aprendizagem, sendo um modo de ver o ser
humano construir, aprendendo pela experimentação. Ao elaborar projetos, o
professor conduz seus alunos a um conjunto de interrogações, quer sobre si
mesmo, quer sobre o mundo à sua volta, levando o aluno a interagir com o
desconhecido ou com novas situações, buscando soluções para os problemas.
Nogueira (2002, p.63), alerta: “não podemos confundir aprender por projetos
com ensino por projetos. Aprender por projetos é levar o aluno a construir seus
conhecimentos, despertar sua curiosidade, seu desejo, sua vontade de cada vez
mais aprender”. O ensino por projetos é transmitir conhecimento ao aluno
possibilitando questionar, formular problemas, pois aluno só aprende por projetos,
tornando-se um pesquisador, quando indaga, investiga e levanta hipóteses para
solução de seus problemas.
Um dos projetos realizados no colégio, onde se pode observar a criatividade
e o fluir da imaginação, foi o realizado com alunos da 6ª série na disciplina de
matemática, com o tema: "Construindo Figuras Geométricas". No referido projeto,
103
observamos a construção de imagens e aquisição de conhecimentos, por parte
dos alunos.
Após explicações introdutórias em sala de aula, os alunos foram para o
laboratório de informática onde, auxiliados pelo professor, realizaram pesquisas
em cd-rom específicos e sites da Internet, previamente pesquisados pelo
professor. De posse das primeiras informações, utilizaram-se do computador para
construir sua aprendizagem. Registraram os dados pesquisados no Word, após
utilizaram ferramentas do Paint em alguns casos do CorelDraw para representar
em forma de desenhos as figuras geométricas em estudo. Finalizando o trabalho
os alunos construíram maquetes para melhor representar as figuras geométricas.
Este trabalho não foi realizado somente no ambiente computacional, e sim
também fora dele. Realizaram passeios de estudos, experiências, pesquisaram a
cerca do objeto em estudos dentre outras atividades, vivenciando um mundo de
descobertas e imaginações.
Durante as aulas observamos a expansão da criatividade e da imaginação
das crianças. Isso se manifestou através do interesse, da participação, da
cooperação e da motivação dos alunos na realização das atividades propostas,
como podemos notar pelos desenhos e pelas maquetes.
Constatamos que o uso do computador, mesmo para as tarefas mais
simples, como desenhar na tela, escrever um texto, são suficientemente ricas e
complexas, permitindo o desenvolvimento de habilidades que ajudam na solução
de problemas, levando o aluno aprender a aprender. Isto contribui
significativamente, para o desenvolvimento de sua autoconfiança, ou seja, dar a
104
capacidade da criança viver em uma sociedade cada vez mais permeada pela
tecnologia, crescendo com o sentido que são elas que devem controlar as
máquinas e não o inverso.
Os projetos oferecem a possibilidade de ruptura por se colocarem como
espaço corajoso, onde é possível relacionar uma matéria com a outra, facilitar a
atividade, a ação, a participação do aluno no seu processo de produzir fatos
sociais, de trocar informações, de construir novos conhecimentos.
Trabalhar com projetos e utilizar as TIC como recurso, é romperem com as
limitações, muitas delas auto-impostas, no cotidiano, convidando os alunos à
reflexão sobre questões importantes da vida real, da sociedade em que vivem,
propiciando a solidariedade, criação e cooperação. Nesta modalidade de projetos
durante o processo de ensino/aprendizagem os alunos são desafiados a construir
novos conhecimentos a partir da imaginação, interação, criatividade buscando
soluções para os desafios propostos. E isto, não é simples para nós, professores,
pois implica ter participação ao mesmo tempo (aula) em diversas construções de
aprendizagens, em um mesmo tema gerador. Fica explicito que deixamos de
fornecer as informações prontas e, passamos a ser facilitadores, mediadores do
processo de construção do saber e resolução de situações problemas,
incentivando a análise e reflexão crítica dos alunos. Nesse contexto os alunos
deixam de ser espectadores e lançam-se na busca do novo. (Professor I. F ).
A prática pedagógica como possibilidade de alterar função do professor
implica compreender o contexto propriamente pedagógico formado pelas diversas
práticas cotidianas. Essas práticas orientam e constituem as ações dos
105
professores e imprimem significados na vida profissional desses professores, bem
como representam a interação professor e aluno, ensino e aprendizagem.
CAPÍTULO III
ANÁLISE DOS DADOS: As trilhas realizadas pelos doce ntes do Colégio Marista Frei Rogério no uso das Tecnologia de Infor mação e da
Comunicação – TIC
A pesquisa tem como objetivo investigar a utilização e as potencialidades
das TIC introduzidas, há uma década (1996-2006), nas atividades curriculares e
extracurriculares dos alunos, do Ensino Fundamental e Ensino Médio e dos
professores do Colégio Marista Frei Rogério – Joaçaba/SC.
Nos processos investigativos, teve-se a preocupação de redimensionar
qualitativamente o uso das TIC e o que elas podem oferecer à educação e, em
particular, à proposta pedagógica das disciplinas curriculares do Colégio,
embasadas pelas teorias interacionistas28, as quais objetivam destacar o
desenvolvimento intelectual e cognitivo dos sujeitos, aliados ao uso e as
potencialidades de múltiplos meios de comunicação às mensagens cognitivas.
28 Concepção Interacionista: O sujeito não é apenas ativo, mas interativo, porque forma conhecimentos e se constitui a partir de relações intra e interpessoais. É na troca com outros sujeitos e consigo próprio que se vão internalizando conhecimentos, papéis e funções sociais, o que permite a formação de conhecimentos e da própria consciência. Trata-se de um processo que caminha do plano social – relações interpessoais - para o plano individual interno - relações intrapessoais. Assim, a escola é o lugar onde a intervenção pedagógica intencional desencadeia o processo ensino-aprendizagem. (SILVA, 2000, p.153).
106
A investigação é de natureza exploratória, através de um Estudo de Caso por
tratar-se de uma "uma inquirição empírica que investiga um fenômeno
contemporâneo dentro de um contexto da vida real", no qual os comportamentos
relevantes não podem ser manipulados, mas onde é possível se fazer
observações diretas e entrevistas sistemáticas. Caracteriza-se pela "capacidade
de lidar com uma completa variedade de evidências – documentos, artefatos,
entrevistas e observações" (YIN, 2000, p. 19-23)
Segundo Creswel (1994 apud COUTINHO& CHAVES, 2002, p. 224), o
Estudo de Caso apresenta cinco características: a) é um sistema limitado e tem
fronteiras em termos de tempo, eventos ou processos e que nem sempre são
claras e precisas; b) é um caso sobre algo, que necessita ser identificado para
conferir foco e direção à investigação; c) é preciso preservar o caráter único,
específico, diferente, complexo do caso; d) a investigação decorre em ambiente
natural e; e) o investigador recorre a fontes múltiplas de dados e a métodos de
coleta diversificados: observações diretas e indiretas, entrevistas, questionários,
narrativas, registros de áudio e vídeo, diários, cartas, documentos, entre outros.
Foi utilizado como instrumentos de pesquisa o questionário, com dez
questões abertas e fechadas, e a observação assistemática29 de algumas aulas
que ocorreram no laboratório de informática do Colégio Marista Frei Rogério. A
dinâmica da investigação, nas relações com os sujeitos e na flexibilidade das
questões abordadas, estabeleceu um diálogo dialético entre pesquisador e
pesquisados, bem como as etapas da pesquisa foram coerentes com o método
escolhido.
29 Observação assistemática: não tem controle e nem usa instrumentos pré-estabelecidos no momento da coleta de dados. É uma técnica que se adequa perfeitamente aos pressupostos da pesquisa qualitativa. (http://www2.metodista.br/unesco/GCSB).
107
Neste estudo e segundo as características aqui apontadas, a pesquisa visa a
investigar apenas o Colégio Marista Frei Rogério de Joaçaba/SC no que se refere
ao uso e as potencialidades das TIC em sala de aula. O caso está direcionado às
TIC e às práticas dos professores junto aos alunos no redimensionamento das
atividades curriculares e extracurriculares, envolvendo a complexidade única do
sistema educativo e normativo dos pressupostos marista, incluindo, naturalmente,
os professores que atuam no Ensino Fundamental e Ensino Médio e seus
respectivos alunos, focalizando e desvendando o objeto através de observações,
questionários e outros instrumentos como os serviços da Internet.
Os resultados obtidos na investigação indicam que as TIC constituem fontes
de informações com grande penetração entre os professores e, que muitos deles
envolvem seus alunos no uso e no redimensionamento das TIC, embora tal uso
esteja sendo feito, na maioria das vezes, fora das salas de aula. Também ficou
evidenciado que os professores reconhecem a convergência pedagógica das TIC
e apresentam muitas propostas quanto as suas potencialidades em um futuro
próximo.
Os professores, entretanto, esbarram em limitações como: tempo disponível
para atualizarem-se frente às novas exigências; falta de um projeto pedagógico
institucional integrador das intenções e; carência de conhecimentos para a
exploração dos benefícios e das possibilidades inovadoras e interativas das TIC.
Ao longo desse trabalho, muitas foram às questões que surgiram e percebemos
que grande parte delas ficou sem resposta, mesmo porque a idéia não é
respondê-las, mas suscitar perguntas, provocando um movimento de dilatação de
idéias; ruptura com os padrões determinados e buscas para reconstituição de
108
novos pilares educacionais maristas; dispersão e reunião de dados que nos
afastam da comodidade que as "verdades" nos ajustam.
Todos esses comentários aqui destacados reforçam a premissa de que o
uso das TIC, no atual contexto educacional, não consiste numa "absoluta
novidade" e que não se concretiza somente com a operação mediadora da
máquina. Em um primeiro momento, causou uma tensão e certo desconforto à
medida que acenaram um momento de ruptura nas práticas tradicionais de
ensinar e aprender, devido à facilidade de combinar utilização dos mais variados
instrumentos ofertados. Segundo, porque desconstruiu com as formas
curriculares tradicionais do ensino formal, pois o mesmo estende-se às atividades
extracurriculares não formais, a novas situações de ensino e aprendizagem, não
controláveis pelo professor.
Diante desses pressupostos, faz-se mister tecer alguns comentários acerca
dos dados coletados a partir do instrumento de pesquisa30, aplicado aos docentes
do Colégio Marista Frei Rogério. As questões que surgiram, em cada etapa deste
estudo, apontaram elementos que permitem uma melhor compreensão do uso e
aplicabilidade das TIC no dia-a-dia dos professores e alunos, bem como no
contexto educacional.
A primeira questão direcionada aos professores referia-se à freqüência de
uso das tecnologias em geral. As respostas foram as seguintes, uma vez que os
recursos tecnológicos têm oferecido as mais variadas situações no cotidiano e na
vida escolar dos professores do Colégio Marista Frei Rogério.
Gráfico 01
30 Instrumento de Pesquisa aplicado com os professores encontra-se anexo a esta dissertação.
109
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Nunca Algumasvezes
MuitasVezes
Sempre
Cursos capacitação
Atividades de pesquisae/ou ensino
Atividades em sala de aula
Uso pessoal (bancos,casa, outros...)
Podemos perceber que os professores utilizam muito e sempre para uso
pessoal e algumas vezes nos cursos de capacitação, mas também se percebe a
grande inserção do uso destes instrumentos quando se refere à atividade de sala
de aula e de pesquisa. Isso evidencia explorar, mesmo que timidamente, as
potencialidades das TIC nos processos pedagógicos.
A utilização das TIC constitui-se, através das respostas dos professores,
como um ponto de partida e não de chegada, evidenciando o desafio colocado
permanentemente aos “professores-atores” do processo de ensinar e aprender e
de associar às suas atividades de sala de aula, o compromisso com a construção
do conhecimento curricular e extracurricular.
Essa análise supõe, ao mesmo tempo, um novo olhar para a escola, pois o
saber acontece também fora do espaço escolar, uma vez que a diversidade e a
sofisticação presentes nos instrumentos tecnológicos favorecem a qualidade de
vida e o bem-estar de uma parcela significativa de pessoas que têm acesso a
estes recursos.
110
Podemos rever o gráfico apresentado: 80% dos professores utilizam as TIC
para desenvolverem atividades de pesquisa e atividades em sala de aula. O uso
cada vez mais freqüente aponta possibilidades com as quais os educadores se
depararam diariamente, 100% dos pesquisados possuem computador com
acesso à Internet. O que cabe ressaltar a Internet como um poderoso
instrumento gerador de informações às práticas pedagógicas, pois ela é:
[...] um novo sistema de comunicação que fala cada vez mais uma língua digital tanto para promover a integração global da produção de distribuição de palavras, sons e imagens de nossa cultura. As redes interativas de computadores estão crescendo exponencialmente, criando novas formas e canais de comunicação, moldando a vida, ao mesmo tempo, sendo moldados por ela (CASTELLS, 1999 apud HETKOWSKI, 2004, p.25).
Complementando, uma professora entrevistada diz: “a Internet é um
mecanismo ideal para incentivar os alunos assumirem responsabilidade pelo seu
aprendizado. Tendo a oportunidade de acessar recursos de aprendizagem na
Internet, os alunos tornam-se participantes ativos na sua busca pelo
conhecimento”. (Depoimento professora A).
Quando questionados sobre serviços ofertados pela Internet, os professores,
surpreendentemente, deram-nos as seguintes respostas:
Gráfico 02
111
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Foto log M sn Orkut B log Chats Fórum E-mail
Serviços de Internet que usa e conhece
Fotolog
Msn
Orkut
Blog
Chats
Fórum
Diante do gráfico podemos perceber que os professores conhecem os
diferentes serviços oferecidos pela Internet, bem como utilizam-nos, de forma
mais intensa ou menos intensa, porém o ápice de utilização é o e-mail, uma vez
que este serviço se configura em um meio potencial, rápido e eficaz para qualquer
situação cotidiana ou escolar.
Em segundo lugar fica o MSN - como um instrumento potencializador de
interatividade síncrona - em tempo real, já vez que este serviço é bastante
utilizado por alunos jovens e adolescentes. Poderíamos afirmar que os
professores tentam se aproximar desta nova cultura, baseada e ancorada pelas
TIC.
Já o orkut, fórum e chats ficam em terceiro lugar, mas não menos
valorizados, superam a escala de 50%, o que significa redimensionamento da
tecnologia como constitutiva do trabalho e da convivência escolar do Colégio
Marista Frei Rogério. O papel essencial para os professores é introduzir os alunos
e ser seduzido às possibilidades comunicativas dessa nova cultura.
112
Os serviços oferecidos pela Internet são motivadores em potencial para
inserir as TIC na educação como recurso didático-pedagógico capaz de
proporcionar mudanças significativas na forma de ensinar e aprender. Para os
professores, integrar as TIC nas suas aulas é desafiador e, às vezes frustrante,
manter-se atualizado diante da velocidade em que as informações trafegam na
Internet. À escola enquanto espaço onde se cultiva a cultura e a busca de novos
conhecimentos cabe oferecer, oportunizar aos alunos habilidades que eles
precisarão para ter sucesso no ambiente de trabalho que, cada vez mais se
baseia nas informações.
Essas habilidades incluem saber utilizar as TIC, Stilborne (2000, p.27)
destaca que “a utilização da Internet em sala de aula já é realidade. Um conjunto
de estatísticas indica que cresceu assombrosos 23.000% e que muito desse
crescimento ocorreu em escolas de Ensino Fundamental e Médio”. É evidente
que o papel do professor na sala de aula mudará e as tecnologias não estão no
centro do processo de ensino-aprendizagem, mas deve-se assegurar que
professores e alunos, juntos, explorem e utilizem as potencialidades das TIC.
Com o acesso às TIC, a sala de aula torna-se um ambiente de
aprendizagem cooperativa, onde o professor é o motivador do processo e o ato
de aprender constitui-se em uma ação dinâmica e prazerosa.
Hoje, mais do que nunca, precisamos de professores que sejam capazes e estejam dispostos a tornarem-se aprendizes que acompanham seus alunos. Esses professores precisam saber como utilizar várias tecnologias para formar, processar e gerenciar as informações. Precisamos de professores que entendam que o aprender no mundo atual não é só uma questão de dominar um corpo estático de conhecimento, mas ser capaz de reconhecer a rápida mudança da própria noção do conhecimento. (STILBORNE, 2000, p.28)
113
Diante destas necessidades destacadas por Stilborne (2000), perguntamos
aos professores quais eram os instrumentos mais utilizados nas aulas para
auxiliá-los metodologicamente, dentre eles destacamos vídeo, Tv, Dvd, software e
Internet.
Gráfico 03
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Internet Vídeo Tv Dvd Softw are
Os três recursos mais utilizados
Percebemos que 90% dos entrevistados usam a Internet, uma vez que o
instrumento computador é resultado de uma simbiose de técnicas anteriores e
resultado de um processo cultural e humano, envolvendo muitos agentes que
produzem e que inserem na sociedade novos artefatos, que sucedem os demais,
mas não o substituem. As potencialidades do computador são inúmeras, uma
delas a rede Internet, agrega características muito próprias como
bidirecionalidade, interatividade, flexibilidade, diálogo em tempo real entre
inúmeras outras.
A utilização do vídeo (80%) e do Dvd (70%) indicam que os professores
valorizam os meios de comunicação nas suas práticas escolares. Estes meios
114
são comumente utilizados nas escolas. Percebemos que apenas 15% dos
professores utilizam a Tv e o software, isso nos leva a questionar o
redimensionamento das informações extracurriculares, pois a televisão é, e
continuará por mais alguns anos, representando o meio de comunicação de
massa mais assistido e acessível a cerca de 95% da população brasileira.
Alava (2002, p.13), afirma: “estamos presos a um verdadeiro discurso que
argumenta largamente que o fim da escola está próximo e que, graças às novas
tecnologias e à Internet, a era da autonomia do aluno já começou”. Porém,
quando se examinam mais de perto as inovações pedagógicas decorrentes da
introdução dessas tecnologias no campo escolar, o que se constata é que ainda é
muito comum e freqüente “fazer o velho com o novo”.
Também, não há como negar que as TIC estabelecem uma relação de
proximidade entre aluno e professor, superando as relações verticalizadas e
centradas neste último. Hoje, o sistema educacional deve convidar o aluno a
sugerir, decidir e participar nas discussões sobre o que estudar como aprender e
de que maneira fazer, ou seja, inserir-se cooperativamente e colaborativamente.
Para Stilborne (2000, p. 27):
Para termos alunos exploradores, precisamos de professores que estimulem a exploração. Para lidar com a era da informação dentro da sala de aula, precisamos de professores que possam ensinar os alunos a gerenciar as informações por meio das tecnologias disponíveis e que possam ajudá-los a transformar informações em conhecimento.
Os conhecimentos ofertados pelas TIC facilitam a construção e a elaboração
de novas metodologias. Quanto à utilização das TIC no Colégio Marista Frei
Rogério os professores afirmam que, estes recursos tecnológicos estão inseridos
no contexto educacional, uma vez que os mesmos contribuem com o conteúdo
115
trabalhado em sala de aula e possibilitam uma visão diferente aos professores e
alunos. O Colégio pesquisado oferece acesso rápido (banda larga), equipamentos
(computadores) de última geração, biblioteca, projetor multimídia e circuito de Tv
e Dvd integrado em todas as salas de aulas. O que possibilita aos professores
uma maior diversificação metodológica. Diante dessa realidade, que não é
comum às demais escolas particulares e, muito menos as escolas públicas,
precisamos tecer alguns comentários sobre as inúmeras possibilidades com as
quais os alunos se depararam no uso das TIC: ampliação do universo da
pesquisa em todas as áreas do conhecimento; interesse nas atividades
desenvolvidas; trocas bidirecionais com alunos de todas as partes do mundo;
riqueza imagética e simulação de fenômenos naturais; aproximação e
conhecimentos de outras culturas; composição e reconstituição de cenários
históricos e culturais entre outras potencialidades apresentadas pelas TIC.
O advento das TIC (presença do computador, acesso a Internet, vídeo, Dvd,
Tv e softwares) propicia aprendizagem colaborativa31. Essa concepção de
aprendizagem colaborativa nos levou a questionar os professores entrevistados,
como as TIC poderiam ser entendidas dentro do processo das escolas e como se
poderiam abrir portas para um novo saber e para novas formas de aprender e
construir conhecimentos.
Diante do exposto Silva (2003, p.153) afirma:
A aprendizagem colaborativa oferece princípios de transformações os quais contribuem para uma mudança na postura do educador e do educando. O contrato que se estabelece com a colaboração e
31 A aprendizagem colaborativa é um processo de criação compartilhada: dois ou mais indivíduos, com habilidades complementares, interagem para criar um conhecimento compartilhado que nenhum deles tinha previamente ou poderia obter por conta própria. A colaboração cria um significado compartilhado sobre um processo, um produto ou um evento. (http://www.abed.org.br/seminario2006).
116
cooperação torna os alunos mais ativos, inventivos, críticos, [que] tomam iniciativas, assumem responsabilidades.
Gráfico 04
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Positiva, há construçãode novos
conheciementos
Pro fessor e alunoaprendem juntos
M ais um recurso didáticopedagógico
A presença das TIC no Colégio Marista Frei Rogério
As respostas foram as seguintes: 80% dos professores afirmam que a
presença das TIC no processo de ensino e aprendizagem constitui-se em
oportunidade e parceria onde a cumplicidade entre professor e aluno resulta na
construção de novos conhecimentos; 60% afirmam que professor e aluno
aprendem juntos; 70% vêem as TIC como mais um “recurso” didático pedagógico.
Ou seja, todos os professores, de alguma forma ou de outra, destacam que a
escola, contextualizada nesta sociedade do conhecimento, deverá ser dinâmica,
oportunizado e aproximando o aluno e professor como aprendizes permanentes,
explorados de outras realidades e ancorados pelas diversidades de informações
que os instrumentos propiciam32.
Nesta perspectiva, as TIC, têm:
32 Estamos nos reportando a este contexto e localizando a realidade do Colégio Marista Frei Rogério, sabemos que as pesquisas sobre a realidade educacional de maneira geral não tem acesso aos modernos instrumentos e muito menos acesso a rede Internet.
117
Uma gênese histórica e, como tal, é inerente ao ser humano que a cria dentro de um complexo-humano-coisas-instituições-sociedade, de modo que não se restringe aos suportes materiais nem aos métodos (formas) de consecução de finalidades e objetivos produtivos, muito menos ainda, não se limita à assimilação e a reprodução de modos de fazer (saber fazer) predeterminados, estanques e definitivos, mas, ao contrário, podemos dizer que consiste em:um processo criativo através do qual o ser humano utiliza-se de recursos materiais e imateriais, ou os cria a partir do que está disponível na natureza e no seu contexto vivencial, a fim de encontrar respostas para os problemas de seu contexto, superando-os (LIMA JUNIOR, 2005, p.15).(grifo do autor)
Neste processo, o ser humano transforma a realidade da qual participa e, ao
mesmo tempo, transforma a si mesmo, descobre formas de atuação, constrói
conhecimentos sobre elas e interfere na mesma quando sente-se preparado.
Portanto, nesta acepção, a presença das TIC, no contexto educacional do Colégio
Marista Frei Rogério, estão alinhadas às teorias atuais de educação, bem como a
tecnologia.
Não se pode perder de vista os avanços tecnológicos que todo discurso
revela, ou traz de maneira implícita, um gesto que denuncia uma prática
democrática ou autoritária. Os meios de comunicação têm a capacidade de
exercer forte influência nas formas de comunicação e de influenciar normas
sociais e comportamentais. Além disso, é importante salientarmos que ao mesmo
tempo em que as descobertas técnico-científicas libertam o homem de inúmeros
limites, elas não oferecem facilidades para atingir metas sociais, reforçando a
exclusão de muitos dos segmentos da sociedade que não conseguem aderir à
modernização.
Ao mesmo tempo em que os avanços tecnológicos colaboram para a
democratização da cultura, apresentam o seu reverso, as dificuldades de acesso,
118
principalmente à Internet. Um meio de comunicação cujo acesso doméstico e
público ainda é privilégio de poucos.
Dessa forma, à escola cabe tornar menor a distância entre os
tecnologicamente providos e aqueles sem acesso a tais recursos, não somente
oferecendo sua entrada nessa nova modalidade de conhecimento, mas
promovendo um refletir criticamente sobre seu uso e aplicabilidade no contexto
educacional e social ao qual está inserido. O sucesso da inserção de recursos
tecnológicos na educação, não é só questão de acesso a equipamentos de última
geração. Mesmo algumas unidades de ensino bem equipadas enfrentam
resistência por parte dos docentes que possuem pouco domínio da técnica. Para
estes a tecnologia causa grande impacto. Além disso, não são todos os indivíduos
que se mantêm abertos para novas experiências; repetir práticas de ensino
cristalizadas é uma via facilitadora.
É certo que a escola é uma instituição que há milhares de anos se baseia no
falar ditar do professor, na escrita manuscrita do aluno. Uma verdadeira
integração das TIC supõe o abandono de um hábito antropológico, mais que
milenar, o que não pode ser feito em alguns anos. Neste contexto Alava (2002)
salienta: o educador, agente catalisador de transformações para atuar usando as
TIC, primeiramente deve estar ambientado nesse ciberespaço. Assim, o
ciberespaço poderia ser considerado uma roupagem mais ou menos moderna de
uma política educacional que se propõe auxiliar na formação do educador. Com o
uso das TIC a construção do conhecimento acontece de forma diferenciada dos
moldes atuais, pois as estratégias e métodos de aprendizagem conduzem o
aprendiz a uma experiência mais autônoma. É inegável que a utilização dos
119
recursos tecnológicos aliados ao universo da Internet com seus conteúdos
atraentes, globais e interdisciplinares alterou a rotina escolar proporcionando um
re-encantamento desse ambiente, de seus agentes e de seus usuários. A luz
desse pensamento Assmann (1998, p.29) afirma:
O ambiente pedagógico tem de ser lugar de fascinação e inventividade. Não inibir, mas propiciar, aquela dose de alucinação consensual entusiástica requerida para que o processo de aprender aconteça como mixagem de todos os sentidos. Porque a aprendizagem é, antes de mais nada um processo corporal.
A educação (escola) confronta-se com a apaixonante tarefa: formar seres
humanos para os quais a criatividade e a ternura constituem-se em necessidades
vivenciais e elementos definidores dos sonhos de felicidade individual e social. O
uso das TIC como recurso didático-pedagógico oferece um ambiente escolar
sadio para trocas de informações, auxiliando e alterando os processos de
pesquisa, comunicação, troca de experiências. A pesquisa é uma das formas de
busca e construção de conhecimento cuja elaboração de saberes faz-se em
resposta aos questionamentos do aluno/pesquisador, com a utilização de
recursos tecnológicos, passa por um processo de renovação e torna-se uma
prática fundamental na construção do conhecimento.
3.1. ANÁLISE DOS DADOS: As trilhas realizadas pelos alunos do Colégio Marista
Frei Rogério no uso das TIC
Para compreender a complexidade dos fatos que envolvem este Estudo de
Caso e para ouvir o que os alunos têm a nos dizer sobre o uso e o
redimensionamento das TIC no cotidiano escolar e nas suas vidas, elaboramos
120
um questionário33 com dez questões abertas e fechadas, com a intenção de
complementar, traçar associações e dar ‘voz’ as experiências, anseios e
necessidades dos alunos, uma vez que o interesse da direção do Colégio, bem
como do Ideário Marista é ampliar e utilizar, com mais consciência, as TIC no
processo ensino e aprendizagem.
A primeira pergunta referia-se se os entrevistados tinham computador e
acesso à Internet em casa, a resposta foi de que 100% dos alunos possuem este
instrumento, nas suas casas com acesso a Internet. Quando questionados para
quê a utilizavam a Internet, as respostas foram:
Gráfico 05
0
1
2
3
4
5
6
7
Pesquisa Orkut Mp3 Msn Jogos
Serviços mais utilizados da Internet
33 Instrumento de Pesquisa aplicado com os alunos encontra-se anexo a esta dissertação.
121
Surpreendentemente, os alunos utilizam menos MSN (68%) que os
professores (78%), seguido do Orkut34 (50%), em terceiro a pesquisa (40%) e,
finalmente, Mp335 e jogos com 30% de acesso. Também podemos perceber que
os serviços oferecidos pela Internet, que os alunos usam, os professores também
apontam que conhecem e que o utilizam muito.
Santos (apud SILVA, 2003, p.147), vem destacar que as TIC redimensionam
novas formas de pensar, de conhecer e de se relacionar, bem como novas
reflexões em relação aos exageros e equilíbrio de usos de modernos
instrumentos na escola.
Estes instrumentos tecnológicos - que preferimos denominar de elementos tecnológicos para diferenciá-los de uma perspectiva instrumental e mecanicista - que vem possibilitando uma nova razão cognitiva, um novo pensar, novos caminhos para construir o conhecimento de forma prazerosa e lúdica. Tal constatação provoca muitos questionamentos por parte de vários segmentos da sociedade, inclusive dos professores, que vêem, de um lado, estas tecnologias com certa desconfiança e, de outro, com expectativas exageradas que fogem à realidade, uma vez que acreditam que estes elementos tecnológicos, por si só, possam resolver os problemas do sistema educacional. Vivemos esta oscilação constante entre estes pólos e pensamos ser urgente, neste momento, construir uma postura de equilíbrio, percebendo as possibilidades e limites destas tecnologias no ambiente escolar.
Para Lévy (1993) esses elementos tecnológicos, são tecnologias da
inteligência, na medida em que possibilitam uma transformação no ato de ensinar
e aprender. As tecnologias da inteligência reorganizam, de uma forma ou de
outra, a visão de mundo de seus usuários e modificam suas aprendizagens
quando potencializadas pela rede, ou seja, a cibercultura, instaura uma nova
34 O orkut é uma comunidade virtual afiliada ao Google, criada em 22 de Janeiro de 2004 com o objetivo de ajudar seus membros a criar novas amizades e manter relacionamentos.Seu nome é originado no projetista chefe, Orkut Büyükkokten, engenheiro do Google. Sistemas como o adotado pelo projetista, também são chamados de rede social. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Orkut). 35 MP3 é um formato que permite armazenar músicas e arquivos de áudio no computador em um espaço relativamente pequeno, mantendo a qualidade do som. (http://musica.uol.com.br/mp3)
122
forma se relacionar, de construir conhecimentos hipertextuais e de estabelecer
novas sociabilidades,
Questionando aos alunos, se a incomensurabilidade de informações
disponíveis na Internet, constitui-se em recursos que auxiliam a aprendizagem ou
que a confundem, atrapalham-na ou dificultam-na, obtivemos como respostas:
Gráfico 06
0
1
2
3
4
5
6
7
Facilitam a aprendizagem Dificultam a aprendizagem
Multiplicidade de Informações na Internet
Para 70% dos alunos, a grande gama de informações que circulam na
Internet facilita a aprendizagem, ou seja, a aprendizagem, mediada e ancorada
pelas potencialidades da Internet no Colégio Marista Frei Rogério (Joaçaba/SC),
estão redimensionando as experiências das salas de aula de várias formas, ou
seja, estão ampliando o conteúdo dos livros didáticos; tornando as metodologias
mais interessantes e; especialmente, estão ampliando os debates sobre o tema
em estudo e as atividades práticas além das paredes da sala de aula, isso
123
significa estar fazendo links com outras informações da rede e com outras
pessoas, estudantes, pesquisadores que circulam na rede.
Constatado que 30% dos alunos consideram que o uso da Internet e seus
serviços atrapalham o processo de aprendizagem, percebe-se que as dificuldades
estão na escolha e seleção das informações e estão associadas as facilidades
para “copiar e colar” textos, informações e pesquisas. Estes posicionamentos são
justificados pelos alunos das seguintes formas: “muitas vezes os alunos nem lêem
e só copiam” (aluna C); “fica tudo muito fácil é só copiar e colar e, ainda posso
utilizar as teclas de atalho. Crtl + C para copiar e Ctrl + V para colar” (aluno B); “as
pessoas não lêem o que está escrito e, com isso não aprendem” (aluno C).
O segredo do uso dos instrumentos tecnológicos não está na novidade
instituída por eles, nem na quantidade e na acessibilidade, como vimos acima,
mas na metodologia adotada pelo professor, nos redimensionamentos das
práticas pedagógicas em sala de aula e no entendimento do papel do professor
no uso das TIC. O instrumento computador não faz diferença nenhuma em sala
de aula, o que faz a diferença é como ele será utilizado no processo de ensinar e
aprender.
As falas são preocupantes porque os alunos percebem que as pesquisas,
tendo como fonte a Internet, não estão sendo acompanhadas com o devido
cuidado e com a devida responsabilidade pelos professores. Percebemos que o
mesmo espaço, Internet, que possibilita construir novas sociabilidades e novas
relações, também pode ser utilizado como espaços para reproduzir de forma
muita mais “frágil” as velhas práticas do “fazer de conta”.
124
Na seguinte questão perguntamos com que freqüência eles (alunos)
utilizavam os computadores na realização de trabalhos escolares:
Gráfico 07
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Sim Não Esporadicamente
Uso do computador para fazer trabalhos escolares
As respostas foram: 90% dos alunos utilizam o computador para realizar os
trabalhos escolares, sendo que 50% percebem que o uso das TIC, quando
orientado, facilita a aprendizagem, apenas 30% concordam que a aprendizagem
acontece com o auxílio das TIC e 20% entendem que as TIC podem “mais ou
menos” auxiliar.
Citamos duas justificativas muito interessantes: - “Não são todos que utilizam
as informações que trafegam na Internet de forma correta” (aluna K). - “A Internet
tem uma grande variedade de conteúdos, se não soubermos como utilizá-los
acabamos dificultando a aprendizagem e, devemos usar também outras
referências como livros” (aluna M. F). Ou seja, ainda encontramos problemas
125
relacionados às metodologias de pesquisa em ambientes interativos. Não basta o
professor apresentar uma programação para acessar aos ambientes
informatizados, deve incluir uma gama de outras fontes que possam subsidiar o
aluno na clarificação e no entendimento profundo dos temas e dos conteúdos
curriculares bem como conteúdos extracurriculares. Através das observações
realizadas em ambientes informatizados foi possível constatar que os conteúdos
extracurriculares não se encontram presentes no cotidiano das aulas mediadas
pelas TIC.
A análise da pesquisa determinou que professores e alunos utilizam e
conhecem todos as potencialidades oferecidas pelo instrumento computador (com
acesso à Internet), porém a utilização deste deixa a desejar, quando se refere ao
redimensionamento dos processos de ensinar e aprender e de inter-relacionar
conteúdos curriculares e extracurriculares.
Utilizar os recursos disponíveis na Internet, como qualquer iniciativa de
aprendizagem, mas ter em mente que o sucesso depende da capacidade de
dominar o básico e selecionar as informações, contextualizando-as com a
realidade educacional. O advento das TIC produziu uma geração de alunos que
cresceu com fontes de mídia interativa e que desenvolveram uma criticidade
muito aguçada em relação à nova lógica da cibercultura. Babin (1989) já
destacava que os jovens aprendem de outras formas, ou seja, eles possuem
capacidades hipertextuais e bidirecionais, estão abertos para o meio
comunicacional, diferentes das habilidades que a geração de seus professores
teve e que ainda, em muitos casos, não conseguem incorporar e redimensionar
os usos.
126
Esta nova geração constrói expectativas e visões de mundo que diferem
daqueles que a precedeu, por isso é necessário um repensar das práticas
curriculares dentro da escola marista, através dos depoimentos dos alunos e dos
professores.
Adentrando nas discussões sobre o redimensionamento do laboratório de
informática e sua inserção no contexto educacional, perguntamos a opinião dos
alunos sobre o que achavam das aulas neste ambiente, uma vez que os
computadores possuem configurações atuais, acesso a rede - banda larga e
todos os acessórios necessários.Com relação a esta questão, obtivemos as
seguintes percentagens: 70% dos alunos compreendem que as aulas são mais
motivadoras e mais dinâmicas, já 30% dos alunos consideram que as aulas são
sempre iguais, como justifica esta aluna: - “Muita pesquisa. Quando chegamos
tem uma lista conteúdos para pesquisarmos, às vezes não dá tempo de ler e
entender, aí fica tudo muito corrido. Sugestão: Duas aulas dão mais tempo e a
aprendizagem será maior”. (aluna C. B).
Essa não é a função educacional mais sublime do computador. Ele pode e
deve ser utilizado primariamente como a excelente ferramenta de aprendizagem
que é (e não como uma mera máquina de ensinar), ferramenta essa que pode ser
de inestimável valia para ajudar na pesquisa no seu desenvolvimento intelectual.
Com essa finalidade é possível destacar que a tela do computador constitui-se
numa janela eletrônica, onde a trilogia homem-mundo-máquina deparam-se,
informam-se e constroem suas arquiteturas cognitivas através dos pixeis36, onde
o lugar não tem território determinado, ele é ilimitado, vasto e desafiador"
36 Pixel: picture element, menor unidade da arte numérica. Estes pequenos pontos formam uma imagem.
127
(HETKOWSKI, 1997, p.79). É uma relação diferente com a informação, uma
relação que é perpassada pela interatividade, na qual nos é permitido ouvir e
sermos ouvidos, ainda que por partícipes seletos; é permitido deixar a nossa
marca.
Para verificar esta afirmativa da autora e perceber, na fala dos alunos, como
os professores redimensionam tais usos:
Gráfico 08
0
1
2
3
4
5
6
Excelente Bom Satisfatório Fraco Muito Fraco
O uso que os professores fazem do computador nas au las
Não obtivemos dos alunos nenhuma resposta “excelente”, isto é muito
intrigante, uma vez que 90% dos professores, acima, destacam que utilizam o
computador e as potencialidades da Internet. Percebemos que 60% das
respostas referem-se que as aulas laboratório de informática são consideradas
boas; 40% demonstram ser satisfatória. Mesmo considerando que o uso pelos
professores é “bom”, a percentagem “satisfatória” demonstra-se relevante.
128
Não resta dúvida, pelos dados acima, que os questionamentos e as
incursões realizadas no referencial teórico desta dissertação, quando afirmamos
que as TIC são potenciais, mas devem ser muito bem planejadas quando
inseridas dentro de ambiente de aprendizagem. Estas metodologias interativas
sugerem superar os modelos instrucionistas e lineares, uma vez que o professor,
no contexto da educacional do Colégio Marista Frei Rogério, deveria ser um
mediador e um provocador de informações e de conhecimentos, estimulando a
criatividade e explorando os conteúdos extracurriculares. Estes posicionamentos
dos alunos suscitam dos professores e comunidade escolar reverem e repensar
esse novo contexto como um desafio constante.
De acordo com Santos (2003, p. 227), professor e aluno “nas suas
diferenças podem expressar e produzir saberes, desenvolver suas competências
comunicativas, contribuindo para e construindo a comunicação e o conhecimento
coletivamente”.
É inegável que a presença das TIC e os serviços da Internet permitem ao
aluno e ao professor o contato com um universo de informações e com a
realidade e as novidades do mundo todo e através das potencialidades
(velocidade, bidirecionalidade, não-linearidade), o aluno torne-se mais
independente e ativo, porém é necessário que o professor saiba como fazer isso,
como mediar estas necessidades e como utilizar as potencialidades dos
instrumentos que tem acesso e que sempre utiliza (segundo dados desta
pesquisa).
As aulas tornar-se-ão mais interessantes quando bem planejadas, pois a
rede Internet tanto pode ser uma biblioteca como um passatempo, pode ser
129
potencializadora de uma comunidade virtual de aprendizagem, como um espaço
de vulgaridade e de falta de ética. As informações podem ser ressignificadas pelo
aluno como podem ser apenas copiadas, conforme depoimento desta pesquisa.
Os professores necessitam de formação contínua, devem ser conscientes do
papel que desempenham e ouvirem os reclames de seus alunos, bem como ter
uma escuta sensível às necessidades individuais e coletivas dos alunos.Precisam
estar atualizado sobre os melhores e os piores sites, os conteúdos, as imagens e
outras informações que estejam atreladas as suas disciplinas. Não basta fazer
cursos técnicos, constantemente, é necessário saber para que os cursos servirão
e como poderão ser úteis às práticas pedagógicas e as necessidades formativas
dos alunos. Planejar é a palavra chave, incentivar o aluno a ter uma participação
mais ativa, trazer os conteúdos extracurriculares para a sala de aula constitui-se
em um desafio a ser superado pelos professores.
Diante desse contexto, observe-se que:
O computador em rede permite tanto aos alunos quanto aos professores, a possibilidade de publicação de textos, gráficos, animações, sons e atividades interativas como discussões em painéis, simpósios, competições entre equipes de estudantes. O ensino passa a ser mais atraente graças à riqueza de informações e variedade de estratégias de designer de multimídia existentes. (SILVA, 2003, p.153).
Complementando a fala de Moran (1997 apud SILVA, 2003, p. 176) destaca
que:
Mais que a tecnologia o que facilita o processo de ensino-aprendizagem é a capacidade de comunicação autêntica do professor, de estabelecer relações de confiança com os seus alunos, pelo equilíbrio, competência e simpatia com que atua.
Constatamos, através das análises, dos questionamentos com os alunos e
professores, que as TIC chegaram às escolas para ficar e que os alunos têm e
demonstram necessidades individuais e coletivas, que os plágios fazem parte do
130
cotidiano escolar e que os planejamentos devem ser repensados coletivamente
na comunidade escolar para evitar tudo que não favoreça o pensamento científico
ou os objetivos traçados pelo professor.
Também percebemos que as preocupações centram-se no encaminhamento
das metodologias e das práticas em sala de aula, ou seja, a inquietação envolve
reflexão acerca dos novos paradigmas educacionais, da utilização dos novos
meios na educação, do uso e do redimensionamento das TIC na sala de aula, dos
conteúdos extracurriculares muito ricos, porém, pouco, ou quase nada,
explorados e da compreensão da nova lógica que permeia a movimentação entre
os saberes e as TIC no Colégio Marista Frei Rogério.
Lima Jr, (2005), afirma que a presença das TIC na escola constitui-se como
parte de uma cultura baseada em uma configuração hipertextual e virtual. Neste
contexto, não foi possível deixar de abordar a forma como as redes
comunicacionais se desenvolveram ao longo da história e as transformações
pelas quais foram responsáveis para compreender o impacto que as TIC,
incorporadas pela Internet (rede mundial de computadores - interligados) têm
sobre a educação e mais especialmente as possibilidades de interação na
formação de professores e alunos para a utilização desses novos recursos
tecnológicos, disponibilizados pelas TIC.
Há inúmeras possibilidades de redimensionamentos das TIC no Colégio
Marista Frei Rogério, porém faz-se necessário repensar que a realidade desta
escola implica novas atitudes dos professores em relação ao uso dos meios;
exige interdisciplinaridade dos conteúdos curriculares com os extracurriculares,
uma vez que 100% dos alunos têm acesso a rede Internet e condições
131
econômicas à aquisição de outras fontes de pesquisa impressa; ensejam novas
práticas e novas formas de tratar a comunicação individual e coletiva, atendendo
as demandas de socialização cultural, pois os alunos acompanham seus pais em
viagens e passeios nacionais e internacionais; estar atendo nas necessidades dos
alunos e embasados na proposta pedagógica do Colégio.
São ações que permitem um olhar atendo e sensível e quando associadas
as potencialidades das TIC, tornam-se poderosas práticas pedagógicos, pois
efetivar mudanças, na prática, exige que o sujeito seja sonhador, idealista e
desejoso em transgredir, mas também consciente sobre sua condição humana. E
para que haja condição humana o homem depende de três atividades
fundamentais: o labor, o trabalho e a ação, as quais constituem a vida ativa
(HETKOWSKI, 2004).
Assim, a vida ativa imprime sentidos à vida do sujeito, bem como são
responsáveis pelas atitudes e pelas práticas individuais e coletivas. Desta forma,
Hetkowski (2004) afirma que o tripé possibilita a capacidade humana de vida no
mundo e implica transcender os processos da própria vida, pois os homens se
dispõem a buscar e efetivar, sempre, diferentes e novas experiências, as quais
instalam processos coletivos únicos. Isto demonstra que as dinâmicas interativas
desinstalam saberes instituído e conduzem o sujeito a interrelacionar-se com o
meio e com os outros, mobilizando-se, posicionando-se, relacionando-se,
expressando-se e atuando no mundo.
132
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É incrível a força que as coisas parecem ter quando elas precisam acontecer.
(Caetano Veloso)
Ao me questionarem se sinto que cumpri todos objetivos a que me propus,
responderei que este é o inicio de uma longa etapa que apenas começou, pois o
objeto investigado é amplo, permite muitas interlocuções, devendo considerar-se
ainda que neste momento ou em qualquer outro, será impossível tratá-lo até a
exaustão, já que é uma temática evolutiva, incomensurável. Assim sendo, vejo-o
como uma abertura a novas propostas que, espero, possam ser retrabalhadas
dentro dos espaços do Colégio Marista Frei Rogério (Jba/SC).
Depois de percorrer muitos caminhos durante a pesquisa, apoiando-me em
estudos teóricos e empíricos para a sua realização, faz-se necessário tecer
algumas considerações que forneçam elementos para melhor compreender o uso
das TIC na educação, no contexto educacional citado.
O presente estudo oportunizou uma longa viagem na busca de
conhecimentos referentes às TIC na educação, desde aspectos históricos dos
programas destinados à inserção das Tecnologias de Informação e da
Comunicação na educação a uma análise na utilização desses instrumentos, à
aplicabilidade e potencialidades das TIC no cotidiano escolar dos professores e
alunos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio da instituição acima citada.
133
Há necessidade de registrar aspectos importantes. Vivemos em um período
de constante transição, que não permite verdades absolutas, já que, a todo o
momento, novos saberes emergem, destituindo ou ressignificando os antigos.
Concluir uma dissertação de mestrado, analisando um estudo de caso implica
cometer enganos, prescrever ou antecipar fatos, pois o envolvimento do
pesquisador (eu sujeito subjetivo) não é neutro, mas atinge e é atingido social,
político, cultural e educacionalmente, consequentemente, capaz e autorizado a
contradições diante do espaço vivenciado.
Acredito que o processo de construção do conhecimento é a grande forma
espiral que, continuamente, vai se metamorfoseando e que me conduz ser “essa
metamorfose ambulante... Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”37.
Esta pesquisa não se conclui, mas marca um novo momento na minha vida
acadêmica, em busca de novos saberes, mediados pela interlocução dos seres,
dos professores e alunos envolvidos e influenciados pelo uso das TIC, de modo
que pude ressiginificar conceitos, repensar as metodologias de aplicação das TIC
na escola, de lançar um olhar mais crítico de como são utilizadas no contexto
educacional do Colégio Marista Frei Rogério e acima de tudo, perceber, ao
enfrentar meus limites, que preciso respeitar os limites dos meus co-participes
deste espaço educativo.
Relembrando as palavras de Alves (2005, p. 145), “as crianças que
nasceram no mundo tecnológico compreendem que podem ocupar diferentes
lugares ao mesmo tempo, diminuindo as distâncias geográficas”. Porém, é
necessário oportunizar a todas as crianças (pequenas e grandes – professores e
37 Trecho da música Metamorfose ambulante de Raul Seixas.
134
alunos) consciência de que são atores e autores do processo de aprendizagem,
que podem superar o relógio mecanicista e cartesiano da sociedade racionalista.
Para driblar, dentro da escola, este tempo despótico, é preciso criar novos
espaços de saberes e de conhecimentos que não neguem as potencialidades das
TIC e todos os seus serviços. Nesta pesquisa ficou evidenciado que os
professores e os alunos têm acesso as TIC em casa e na escola, conhecem todos
os serviços da rede, disponibilizam de infra-estrutura adequada e de formação
continuada, mas ainda ficam acentuadas as necessidades de repensar os
processos de potencialização das TIC e de seus usos associados aos conteúdos
das disciplinas.
Foi possível constatar que a Internet faz com que os conceitos de ensinar e
aprender adquiram novos significados, instituem novas formas de se relacionar e
de encontrar-se virtualmente, bem como, possibilitam acesso a diferentes
culturas, contextos históricos, econômicos, culturais políticos e sociais em tempo
real. Mas ainda um problema se sobressai: como evitar a síndrome da fadiga de
informações38?
Este é um questionamento que relativiza as minhas certezas e que indica a
busca de novos espaços de entendimento, de propostas e de novas metodologias
para o processo de formação continuada dos professores do Colégio Marista Frei
Rogério.
38 Síndrome da Fadiga da informação se refere ao excesso, ao estafamento do sujeito em relação as informações, as quais são excessivamente criadas, recriadas e “atiradas” aos telespectadores como coisas necessárias e importantes, mas que representam apenas apelos consumistas e mercadológicos. (PCN, 1995)
135
Mediante análise das respostas dos sujeitos envolvidos, compreendo que é
necessário discutir com todos os alunos as suas necessidades e construir
coletivamente um plano de ação para o uso efetivo das TIC no processo
educacional, caso contrário a cultura do “Ctrl C Ctrl V” será definidora no fracasso
das TIC dentro dos espaços educacionais.
Entendo ser necessário, professor e aluno compreenderem como se efetiva
uma inteligência coletiva no ambiente escolar, uma vez que a mesma pressupõe
ouvir todas as vozes que ecoam e que silenciam; redefinir o papel da escola
enquanto espaço de aprendizagem e de produção de conhecimento e cultura,
incorporar as TIC como potencializadoras e valorizar os conteúdos
extracurriculares dos alunos.
Essas sugestões constituem-se em possíveis caminhos a serem trilhados
pela comunidade escolar do Colégio Marista Frei Rogério, destacando a formação
crítica dos professores e dos alunos aliada ao prazer e ao desejo de ensinar e
aprender coletivamente, atendendo as demandas individuais.
Para concluir quero destacar a frase de Alves (apud HETKOWSKI, 1998, p.
04), quando se refere ao uso das TIC,
apesar das recentes discussões em torno das novas tecnologias, como elementos estruturantes de um novo pensar, ainda há educadores que reduzem estes elementos a meros instrumentos ou ferramentas que apenas ajudam na condução da aula, ilustram, animam, enfim, o mesmo modelo de educação.
Da mesma forma Hetkowski (2004, p. 102) enfatiza que:
aparecem dois pontos importantes nessa discussão: por um lado o professor tem dificuldades efetivas de considerar as TIC como novo pensar porque não passou por um processo de incorporação e; por outro lado, quando o professor as utiliza como ferramenta para animar as aulas, porque não teve oportunidade, nem espaço para debater a significância das TIC no processo ensino-aprendizagem.
136
Segundo estas afirmativas, faz-se necessário pensar em um planejamento
para a implementação de ações para a inserção das TIC na pratica pedagógica
dos professores do Colégio Marista Frei Rogério:
a) Definir no Projeto Político Pedagógico o lugar das TIC no processo ensino
e aprendizagem, destacando as suas potencialidades;
b) proporcionar formação continuada ao corpo docente à incorporação das
TIC na sua prática pedagógica, considerando que os alunos têm acesso às
mesmas no seu dia a dia, possui domínio dos serviços oferecidos pela rede e
conhecem inúmeras formas de driblar e plagiar;
c) definir critérios de avaliação dos alunos no redimensionamento das TIC
relacionadas aos conteúdos curriculares e extracurriculares, bem como criar
formas de avaliação, pelos alunos, do uso que os professores fazem das TIC nas
suas aulas;
d) intensificar a metodologia de projetos interdisciplinares, inserindo as TIC
como instrumentos disponíveis à elaboração e construção de novas
aprendizagens e de instituição de novas comunidades virtuais de aprendizagem.
Dessa forma, valer-se das TIC como um meio para o desenvolvimento de
uma educação integral voltada às exigências atuais e futuras, implica conhecê-
las. Essa aproximação e apropriação só acontecem pelo conhecimento. Há
necessidade de conhecer a teoria para visualizar as possibilidades de
aplicabilidade prática.
137
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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA - UNOESC ÁREA DAS CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS - ACHS
PROGRAMA DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO INSTRUMENTO DE PESQUISA
NOME: (NÃO É OBRIGADO COLOCAR) ...................................................................................................
DISCIPLINA QUE MINISTRA AULAS: ...................................................................SÉRIE(S)...........................
Caros amigos de trabalho sou aluna do Mestrado em Educação do Programa de Pós-Graduação da Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC-Joçaba) e estou realizando uma pesquisa sobre as potencialidades das Tecnologias de Informação e da Comunicação (TIC) na Educação, assim venho solicitar sua participação e sua colaboração no preenchimento deste pequeno questionário. Outrossim, lembramos que os dados aqui mencionados serão utilizados somente para a pesquisa citada, ressaltamos que os mesmos serão eticamente analisados. 1.Marque X para cada item abaixo sua freqüência de uso da tecnologia em geral:
2. Você tem computador em casa? ( ) Sim ( ) Não 3.Você utiliza a Internet? ( ) Sim ( ) Não 4. Quais são os serviços da Internet que você usa e conhece?
5. Você utiliza as TIC em suas aulas? ( ) Sim ( ) Não Se sua resposta foi SIM: Cite os três recursos mais utilizados em suas aulas: ...........................................,............................................,..................................................... 6. Como você analisa a utilização das TIC no Colégio Marista Frei Rogério? ( ) Inserida no contexto educacional. ( ) Fora do contexto educacional. Porque: 7. O computador, a Internet, os softwares educacionais são recursos que estão disponíveis para os nossos alunos, como você avalia esta “invasão tecnológica”. ( ) Positiva, há construção de novos conhecimentos ( ) Professor e aluno aprendem juntos ( ) Desestrutura a pratica diária do professor ( ) Mais um recurso didático pedagógico 8. A cada ano percebemos que fica mais “intensa” a preocupação da direção e coordenações para que os professores utilizem as TIC’s (tv, computador, Dvd, vídeo, outros...), em suas aulas. Como você entende essa solicitação? ( ) de forma positiva ( ) invasão de espaço ( ) indiferente ( ) atrapalha o planejamento de suas aulas Dê sua opinião:
Eu Carmen Yône Raiser agradeço sua disponibilidade e sua atenção.
Situação de uso Nunca Algumas vezes
Muitas vezes Sempre
Uso pessoal (em casa, bancos, outros...)
Atividades em sala de aula.
Atividades de pesquisa e/ou ensino
Cursos capacitação
( ) Fotolog ( ) Chats
( ) MSN ( ) Fórum
( ) Orkut ( ) E-mail
( ) Blog ( ) Outro. Qual?........................................
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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA - UNOESC
ÁREA DAS CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS - ACHS
PROGRAMA DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO INSTRUMENTO DE PESQUISA
Caros colegas sou aluna do Mestrado em Educação do Programa de Pós-Graduação da Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC-Joçaba) e estou realizando uma pesquisa sobre as potencialidades das Tecnologias de Informação e da Comunicação (TIC) na Educação, assim venho solicitar sua participação e sua colaboração no preenchimento deste pequeno questionário. Outrossim, lembramos que os dados aqui mencionados serão utilizados somente para a pesquisa citada, ressaltamos que os mesmos serão eticamente analisados. NOME: (se desejar se identificar).............................................................................................................. SEXO: ( ) Masculino ( ) Feminino SÉRIE: ...................... 1. Você tem computador em casa? ( ) Sim ( ) Não 2.Você utiliza Internet? ( ) Sim ( ) Não ( ) As vezes 2.1. Se a sua resposta foi SIM, fale como e para que utiliza a Internet? ............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................ 3. Em relação à multiplicidade de informações que circulam na Internet: em sua opinião elas auxiliam na aprendizagem ou dificultam, devido à facilidade de “copiar” e “colar”. ( ) Facilitam a aprendizagem ( ) Atrapalham a aprendizagem Porque: ............................................................................................................................................... 4. Você utiliza o computador para fazer seus trabalhos escolares? Com que freqüência? ( ) Sim ( ) Não ( ) Esporadicamente 5. Você percebe que o uso das modernas tecnologias, como o computador, falicitam a aprendizagem? ( ) Sim ( ) Não ( ) Mais ou menos ( ) Quando orientado Porque: 6. Qual é sua opinião em relação às aulas no laboratório de informática? ( ) São motivadas ( ) Aulas cansativas ( ) Sempre iguais O que você sugere: 7. O uso que seus professores fazem do computador nas aulas é: ( ) Excelente ( ) Bom ( ) Satisfatório ( ) Fraco ( ) Muito fraco Porque:
Eu Carmen Yône Raiser agradeço sua colaboração.