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1 UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA - UNOESC ÁREA DAS CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS - ACHS PROGRAMA DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO AS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO DE COMUNICAÇÃO NA ESCOLA: O CASO DO COLÉGIO MARISTA FREI ROGÉRIO (JBA/SC) CARMEN YÔNE RAISER DA CRUZ Orientador: Prof. Dra. Tânia Maria Hetkowski Joaçaba 2006

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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA - UNOESC

ÁREA DAS CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS - ACHS

PROGRAMA DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO

AS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO DE COMUNICAÇÃO NA ESCO LA: O

CASO DO COLÉGIO MARISTA FREI ROGÉRIO (JBA/SC)

CARMEN YÔNE RAISER DA CRUZ

Orientador: Prof. Dra. Tânia Maria Hetkowski

Joaçaba

2006

2

CARMEN YÔNE RAISER DA CRUZ

AS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO DE COMUNICAÇÃO NA ESCO LA: O

CASO DO COLÉGIO MARISTA FREI ROGÉRIO (JBA/SC)

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Educação da Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC, Campus de Joaçaba, para obtenção do grau de Mestre em Educação, sob orientação do Prof. Dr. Tânia Maria Hetkowski.

Joaçaba

2006.

3

CARMEN YÔNE RAISER DA CRUZ

AS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO DE COMUNICAÇÃO NA ESCO LA: O CASO DO COLÉGIO MARISTA FREI ROGÉRIO (JBA/SC)

Dissertação de Mestrado, apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Educação, do Curso de Mestrado em Educação da Universidade do Oeste de Santa Catarina.

Aprovado em 10 de novembro de 2006.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Lindomar Wessler Boneti Pontifícia Universidade

Católica do Paraná (PUC-PR)

Prof. Dr. Leda Scheibe Universidade do Oeste de Santa

Catarina (Unoesc)

Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC)

4

Declaração de Isenção

Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo

aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do

Oeste de Santa Catarina – UNOESC, a Coordenação do Curso de Pós-graduação

strictu senso em nível de mestrado em Educação, a Orientadora de toda e

qualquer responsabilidade acerca do mesmo.

CARMEN YÔNE RAISER DA CRUZ Pós-graduanda

5

Senhor, Tu me sondas e me conheces Sabes quando me assento e quando me levanto;

De longe penetras os meus pensamentos. Esquadrinhas o meu andar e o meu deitar

E conheces os meus caminhos. Ainda a palavra não me chegou à língua,

E Tu Senhor já a conheces toda. Tu me cercas por trás e por diante

E sobre mim pões a mão Tal conhecimento é maravilhoso demais para mim:

É sobremodo elevado não o posso atingir. Como me ausentarei do Teu Espírito?

Para onde fugirei da tua face? Se subo aos céus, lá estás;

Se faço a minha cama no mais profundo abismo, Lá estás também;

Se tomo as asas da alvorada E me detenho nos confins dos mares, ainda lá me haverá de guiar a Tua mão,

E aTua destra me susterá. Se eu digo: as trevas, com efeito, me encobrirão,

e a luz ao redor de mim se fará noite, até as próprias trevas não te serão escuras:

as trevas e a luz são a mesma cousa. Pois Tu formaste o meu interior

Tu me teceste no seio de minha mãe. Graças te dou, visto que por modo assombrosamente maravilhoso me formaste;

as tuas obras são admiráveis, E a minha alma o sabe muito bem...

Sonda-me o Deus, E conhece o meu coração, prova-me

E conhece os meus pensamentos; Vê se há em mim algum caminho mau

E guia-me pelo caminho eterno. Salmo 139.

6

DEDICATÓRIA

Para m eus A m ores: W atson, M aiara, M urilo e L éo Com vocês a v ida é: A m or. O A m or é a m inha v ida.

M inha M ãe M aria Cristina M eu Pai N atalício Jorge

M inha M estra D r.Tânia M aria H etkow ski

7

AGRADECIMENTOS

AGRADEÇO...

A Deus pelo olhar vigilante e cuidadoso em todos os momentos da minha vida. A Boa Mãe Maria e São Marcelino Champagnat (minha inspiração). A faculdade de recordar é uma grande aliada no cultivo do sentimento de gratidão. Recordar é fazer retornar ao coração o que nele já esteve. Recordo os momentos vividos comigo mesma, as lutas oriundas das dúvidas quando a vontade nem sempre se fazia presente. Recordo o desprendimento de familiares, quando absorvida pelos estudos privava-os de minha presença. Sou eternamente grata aos meus pais Natalício Jorge e Maria Cristina, ter nascido para essa vida, é o maior benefício que pode receber o espírito humano. Meus pais me propiciaram essa oportunidade. Deus sabe o quanto eu os amo. Sou muito grata a Prof. Dr. Tânia Maria Hetkowski que me orientou nessa árdua etapa de aprender a fazer pesquisa. Com suas oportunas observações, com sua agudeza de educadora e pesquisadora soube dar a um conjunto de expectativas, dúvidas e incertezas a culminação feliz desse trabalho. Gratidão minha Mestra, por me desafiar a iniciar e acabar esta dissertação. O matrimônio, a mais transcendental de todas as alianças, é um grande desafio para os matemáticos. É um caso em que a divisão resulta sempre maior que, o que foi dividido. Dividir minha vida com meu marido Watson, ampliou-a muitas vezes, repartir meu coração com minha filha Maiara o fez ainda maior. Sou muito grata aos meus irmãos Cleuza e Antônio. Sou grata a Deus pela presença linda em minha vida da Nercy e do Ubirajara (Bira) e por acreditarem sempre em mim. Gratidão às amigas Marisa Balestrin, Tatiana Beal Dariva Comin e Nilva Ouriques presentes nas diferentes caminhadas, escutando e partilhando. A Drª Marinês Balestrin por acalentar meu coração, compartilhar as minhas alegrias, cuidar de mim e estar sempre presente nos dias ensolarados, nos dias nublados e principalmente nas tempestades. Gratidão aos Irmãos Maristas, Coordenações, Professores, Funcionários e alunos do Colégio Marista Frei Rogério, companheiros de caminhada que sempre apresentaram um aporte positivo para a conquista do objetivo final desse trabalho. Gratidão aos Professores do Mestrado, seres Iluminados, que muito me ensinaram.

8

RESUMO

Com o advento das Tecnologias de Informação e de Comunicação – TIC, muitas discussões e preocupações surgiram no ambiente escolar, com destaque para as formas de utilização e redimensionamento deste instrumento, enquanto potencializador do processo ensino-aprendizagem para os alunos do Ensino Fundamental e Médio. O objetivo desta pesquisa foi investigar como os professores e alunos, do Ensino Fundamental e Médio, do Colégio Marista Frei Rogério – Joaçaba/SC, utilizaram e exploraram as potencialidades das TIC nas atividades curriculares e extracurriculares nos diversos espaços sociabilizadores da escola, durante o espaço da pesquisa. Para cercear o objeto investigado, utilizamos como procedimento metodológico, a investigação de natureza exploratória, através de um Estudo de Caso, uma vez que as TIC representam um elemento contemporâneo que exige inquirições empíricas junto aos sujeitos que as utilizam e incorporam-nas ao seu cotidiano e ao seu fazer pedagógico. Foram aplicados, como instrumentos de coleta de dados, a observação e a entrevista semi-aberta, tendo como amostra, de forma aleatória, dez professores e dez alunos do Ensino Fundamental e Médio. A análise da pesquisa determinou que professores e alunos utilizam e conhecem todas as potencialidades oferecidas pelo instrumento computador (com acesso à Internet), porém a utilização deste deixa a desejar, quando se refere ao redimensionamento dos processos de ensinar e aprender e de inter-relacionar conteúdos curriculares e extracurriculares. Assinala-se com isso, a necessidade dos professores repensarem a metodologia que utilizam em suas aulas, bem como é imperativo que a comunidade escolar avalie a constituição curricular-pedagógica, quando se refere a utilização das TIC nos espaços de sala de aula e revigore a proposta de formação de professores. Finalmente, este trabalho assinala algumas possibilidades para repensar as TIC como potencializadoras do processo ensino-aprendizagem no Colégio Frei Rogério – Jba/SC. Palavras Chave : TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO – POTENCIALIDADES - ENSINO-APRENDIZAGEM.

9

ABSTRACT

With the advent of the Information and Communication Technologies - TIC, a great deal of discussions and concerns appeared in the school environment, with prominence to the use and redimensioning forms of this instrument, as a intensifier of the teaching-learning process for students of Elementary and High School. The objective of this research was to investigate how the teachers and students, studying on the Elementary and High School of Frei Rogério Marist School, in Joaçaba/SC, used and explored the potentialities of the TIC in the curricular and extracurricular activities in the diverse socializing spaces of the school, during the space of the research. In order to limit the investigated object, we use, as a methodological procedure, the inquiry of exploratory nature, through a Study of Case, once that the TIC represent a contemporary element which demands empirical inquiries to the subjects who use them and incorporate them to their daily activities and pedagogical constructions. As instruments of data collection, observation and half-open interview were applied, having as a sample of study, of random form, ten teachers and ten students of Elementary and High School. The analysis of the research determined that teachers and students use and know all the potentialities offered for the instrument computer (with access to the Internet), however the use of this tool is not complete, when it is mentioned to the redimensioning of the teaching and learning processes and to interrelate curricular and extracurricular contents. It is evidenced with this, the necessity of teachers to think the methodology which they use in their classes, as well as it is imperative that the school community evaluates its curricular-pedagogical constitution, when it comes to the use of the TIC in classroom, besides intensifying the proposal of formation of its teachers. Finally, this work reveals some possibilities of using the TIC as intensifiers of the teaching-learning process at Frei Rogério Marist School - Joaçaba/SC.

Key Words : INFORMATION AND COMMUNICATION TECHNOLOGIES –

POTENTIALITIES – TEACHING-LEARNING PROCESS.

10

SUMÁRIO

RESUMO........................................................................................................ 08

ABSTRACT..................................................................................................... 09

INTRODUÇÃO................................................................................................

13

CAPÍTULO I - POLÍTICAS DE IMPLEMENTAÇÃO DAS TECNOLIGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO – TIC, NA EDUCAÇÃO ............................................................................

23

1.1. AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO - TIC NA EDUCAÇÃO NO BRASIL: ALGUNS ASPECTOS DA SUA HISTÓRIA..............................................................................................

23

1.2. AS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO DAS COMUICAÇÕES NA ESCOLA: Colégio Marista Frei Rogério..................................................

39

1.2.1. A Pedagogia Marista ..........................................................................

40

1.2.2. Proposta Marista e a introdução das Tecnologias da Informação e Comunicação – TIC .........................................................................

44

1.2.3. Aspectos Cronológicos das Tecnologias de Informação e da Comunicação – TIC no Colégio Marista Frei Rogério - Joaçaba – SC.........................................................................................................

59

CAPÍTULO II - AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO (TIC) E A EDUC AÇÃO .............................

68

2.1. TECNOLOGIAS E TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO.....................................................................................

69

2.2. SOCIEDADE EM REDE E TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO - TIC: Hipertexto, não-linearidade e interatividade......

74

2.3. CIBERCULTURA E ESCOLA.................................................................. 87

2.4. AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO NA

EDUCAÇÃO: desafios ao professor.......................................................

91

11

CAPÍTULO III - ANÁLISE DOS DADOS: As trilhas realizadas pelos docentes do Colégio Marist a Frei Rogério no uso das Tecnologia de Informação e da Comunicação – TIC.........................................................................................

105

3.1. ANÁLISE DOS DADOS: As trilhas realizadas pelos alunos do Colégio Marista Frei Rogério no uso das TIC......................................................

119

CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................

132

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................

137

ANEXOS.........................................................................................................

145

12

SUMÁRIO DE GRÁFICOS

GRAFICO 1 - freqüência de uso das tecnologias....................................... 109

GRÁFICO 2 - serviços ofertados pela Internet............................................ 111

GRAFICO 3 - os instrumentos mais utilizados nas aulas............................ 113

GRAFICO 4 – a presença das TIC no Colégio Marista Frei Rogério.......... 116

GRAFICO 5 – serviços mais utilizados na internet..................................... 120

GRAFICO 6 – internet e seus recursos de auxílio na aprendizagem.......... 122

GRAFICO 7 – freqüência de uso da internet............................................... 124

GRAFICO 8 – uso da internet na sala de aula............................................ 127

13

INTRODUÇÃO

Foi assim que se construiu a ciência: não pela prudência dos que marcham, mas pela ousadia dos que sonham. Todo conhecimento começa com o sonho. O conhecimento nada mais é que a aventura pelo mar desconhecido, em busca da terra sonhada. Mas sonhar é coisa que não se ensina. Brota das profundezas do corpo, como a água brota das profundezas da terra. Como mestre só posso então lhe dizer uma coisa: conte-me seus sonhos para que sonhemos juntos[...].

Rubem Alves

O anseio de conhecer, construir, aprender e analisar as experiências que

marcam o meu caminhar enquanto educadora preocupada em investigar o

processo de construção do conhecimento e agora, em especial, analisar como

acontece esse processo de interação com as Tecnologias de Informação e da

Comunicação - TIC1, fizeram surgir esta pesquisa. Os instrumentos tecnológicos,

neste caso, os computadores conectados à Internet, surgiram na trajetória como

mais um desafio profissional, pessoal e de comprometimento educacional.

Percebo que a parceria TIC, professor e aluno não se efetiva tranqüilamente,

pois vem desestabilizando posições confortáveis do professor, instalando, para

alguns desses sujeitos, uma espécie de tecnofobia, o medo de interagir com os

recursos eletro-eletrônicos, neste caso, computador. Ainda, é comum

encontrarmos educadores que personificam o papel de Carolina, da música de

Chico Buarque, “O tempo passou na janela/ E só Carolina não viu” e, apesar dos

1 Compreendemos Tecnologias de Informação e da Comunicação, aquelas relacionadas a microeletrônica, a informática e a telemática, as quais são potencializadas devido suas características básicas como: rapidez, tempo real, sincronia, assincronias, virtualização, hipertextualidade entre outras (LÉVY, 1996; MARQUES, 1996; OLIVEIRA, 2003; CASTELLS, 1999).

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constantes convites para adentrarem ao salão e dançarem a valsa da parceria,

esses professores preferem ficar como meros espectadores do processo.

As TIC caracterizam-se pela desmaterialização do tempo e do espaço,

substituindo os átomos pelos bits2, causando transformações significativas na

sociedade contemporânea, como, por exemplo, provocando um movimento rápido

na passagem da revolução industrial para a revolução na produção do

conhecimento, exigindo novas formas de ensinar e de aprender. Um elemento

marcante, deste período, é a presença intensa das redes que vêm transgredindo

as barreiras territoriais, os limites geográficos, construindo assim uma grande

aldeia global3.

Esta revolução científica e tecnológica, através das TIC ou Tecnologias da

Inteligência4, criam novas relações culturais e com elas novos estilos de vida,

novas formas abusivas de consumo, tanto de produtos como de informações.

Estas transformações também modificam a ação da escola e o papel da

educação na sociedade e na formação dos sujeitos-cidadãos.

A tecnologia informática para Lévy (1993, p.36), “é um campo de novas

tecnologias intelectuais, aberto, conflituoso e parcialmente indeterminado”.

Neste contexto, a questão da utilização dos instrumentos tecnológicos,

2 Bit – menor medida de informação que pode ser entendida por um computador. Um bit é um único digito, escrito através da utilização da linguagem binária de arquivamento e memória de um computador. Equivale a um caractere de informação. Em um computador pessoal, um byte é composto de uma seqüência de oito bits. (ALVES, 2004. p.15). 3 Aldeia global quer dizer simplesmente que o progresso tecnológico estava reduzindo todo o planeta à mesma situação que ocorre em uma aldeia, ou seja, a possibilidade de se intercomunicar diretamente com qualquer pessoa que nela vive.(http://.pt.wikipedia.org). 4 Segundo Lévy (1996), tecnologias da inteligência pressupõem que as possibilidades intelectuais humanas são o maior valor de uma sociedade. A apropriação desse princípio passa pela tomada de consciência de que todos os indivíduos humanos são inteligentes por possuírem um conjunto de capacidades para perceber, aprender, imaginar e raciocinar.

15

particularmente na educação, ocupa uma posição privilegiada, e por isso faz-se

importante refletir sobre as mudanças educacionais provocadas pelo

surgimento delas, uma vez que estas mudanças estão relacionadas às práticas

docentes, à proposta curricular, às políticas da escola, às bases teóricas e à

formação de professores.

Em um colégio que visa à formação integral do homem, como o Colégio

Marista Frei Rogério (Joaçaba/SC), as mudanças ocorreram rapidamente, pois

precisava-se inserir as práticas escolares ao contexto em que viviam os

alunos. Esta inserção necessitava de incentivo, acompanhamento,

aparelhamento de um educador disposto a buscar esta informação.

Como educadora aceitei este desafio, mais um em minha vida, marcada

por mudanças e projetos que muitas vezes não pensei que conseguisse

enfrentar e realizar. Iniciei minha história na instituição em 1992, lecionando

para a segunda série do Ensino Fundamental. Já no ano seguinte, o primeiro

grande desafio: trabalhar com alfabetização. Durante os três anos em que

permaneci como alfabetizadora, senti que o computador estava começando a

influenciar a educação. Visando aperfeiçoar-me para a modernidade, em 1995,

cursei Especialização em Informática na Educação pela Pontifícia Universidade

Católica do Rio Grande do Sul (PUC/RS), onde o enfoque era utilização de

computadores e softwares como ferramentas educacionais.

Em 1996, mais um desafio: administrar o novo. Assumi a coordenação das

atividades no Laboratório de Informática. Nele utilizávamos softwares de uso geral

e poucos professores participavam do processo. A caminhada foi aos poucos se

estruturando, com o trabalho de aculturamento para alunos e professores.

16

Durante dois anos, a equipe responsável pelos trabalhos no laboratório de

informática ministrava as aulas e os professores, acompanhavam. Em horários

extras, oferecíamos cursos de informática básica para os professores. Em 1998

tivemos acesso à rede, as atividades foram ampliadas, pois passamos a utilizar a

metodologia de projetos disciplinares e interdisciplinares nas aulas no laboratório,

em um primeiro momento os projetos aconteciam a nível local. Após dois anos,

esta pratica se estendeu para os demais colégios da Província Marista de Santa

Catarina - UCE5.

Dessa forma, completamos dez anos de inserção, experiência, vivência e

adequações para que as TIC possibilitem, cada vez mais, relações construtivas

entre alunos, professores, comunidade e conhecimento, na sala de aula e fora

dela.

Torna-se oportuno, após 10 anos, entender e compreender se os

movimentos provocados pelas TIC no cotidiano da sala de aula, do Colégio

Marista Frei Rogério (Jba/SC), envolveram, com uma aprendizagem significativa,

professores e alunos, bem como saber se os usos e redimensionamentos se

aproximam da proposta Educativa Marista desenvolvida nesta década.

Analisando o contexto da inserção das TIC na escola, permeado pelos ideais

neoliberais, globalizantes, onde as modernizações das atividades produtivas e

informações forjam modelos cruéis de empregabilidade, competitividade,

eficiência, eficácia entre outros, perguntamos-nos o que realmente significa inserir

as TCI no contexto educacional?

5 União Catarinense de Educação, com sede em Florianópolis – Santa Catarina.

17

A introdução e o uso das TCI, no atual sistema educacional, requer uma re-

avaliação de princípios, noções, critérios, conceitos e valores decorrentes de um

novo paradigma científico que fragiliza o atual modelo de construção do

conhecimento.

Há um grande esforço da comunidade científica em sugerir, discutir,

conceituar e criar formas de incorporação das TIC nos processos educacionais,

superando o fascínio, a tecnofobia e os modelos ingênuos. Autores como Pierre

Levy, Mario Osório Marques, Arnaud de Lima Junior, Marcos Masetto, Nelson de

Lucca Preto, Lynn Rosalina Gama Alves, Marco silva, Tânia Maria Hetkowski

entre outros que destacam as tecnologias como processos humanos, as quais

geram, instrumentos tecnológicos potenciais de democratização quando

alicerçados pelas possibilidades do ciberespaço6.

Dessa forma, para que possamos investigar as potencialidades das TIC na

educação e compreender melhor o papel que elas poderão desempenhar,

precisamos entender com sensibilidade e clareza as políticas públicas de

implementação dos programas de informática educativa no Brasil e os cenários

criados/construídos ou idealizados pelas mesmas.

Através do entendimento da criação e definição das políticas públicas de

Informática nas escolas públicas, a rede privada pensando na sua condição

privilegiada devido a estabilidade financeira e a proposta pedagógica renovada,

avançou esmeradamente na relação educação e “era da informação” como

momento prenhe às discussões da sociedade do conhecimento e extrapolou os

6 Oferece objetos que rolam entre os grupos, memórias compartilhadas, hipertextos comunitários para a construção de coletivos inteligentes. (LÉVY. 1996, p.129).

18

métodos de ensino tradicionais, estabelecendo novos caminhos congruentes

com o momento histórico. Esses aspectos implicaram repensar a escola, os

processos de ensino aprendizagem e o redimensionamento que os professores

precisam desempenhar na formação dos seus alunos. Isso sugere repensar o

Projeto Político Pedagógico (PPP) e oferecer formação contínua aos

professores.

[...] Não basta simplesmente o processo ensino-aprendizagem, na forma em que ocorre em sala de aula, para uma nova tecnologia, dando ares de modernidade à escola, sem alterações em profundidade. É preciso que os professores estabeleçam o quê, como, onde, por que, a quem e para quem servem as novas tecnologias (STHAL apud CANDAU, 1997, p. 302).

Diante dessa provocação da CANDAU (1997), percebemos que o professor

para ser um profissional comprometido e engajado com as necessidades da

educação, precisa aprofundar seus conhecimentos filosóficos, pedagógicos,

sociológicos, psicológicos e tecnológicos. Desta forma, poderá redimensionar o

uso das TIC na sala de aula, proporcionar novas relações, novas interações e

novas mediações7. Como afirma FREIRE (1996, p.115), “não posso ser professor

se não percebo cada vez melhor que, por não poder ser neutro, minha prática

exige de mim uma definição. Uma tomada de posição. Decisão”.

À luz dessa afirmação, elaborar novos conhecimentos por meio das TIC, faz-

se necessário:

[...] encontrar na tarefa docente cotidiana, um sentido para a tecnologia, um para quê. Este “para quê” significa idéia de criação, de dar luz, de produzir. Como docentes buscamos que os alunos construam os conhecimentos nas diferentes disciplinas, conceitualizem, participem nos processos de negociação e de recriação de significados de nossa cultura, entendam o modo de pensar e de pesquisar das diferentes disciplinas, participem de forma criativa na reelaboração pessoal e grupal da cultura, opinem com fundamentações que rompam com o senso comum, debatam com seus companheiros argumentando e contra-argumentando, elaborem produções índole diversa: um conto,

7 Mediatização: Relação sujeito-sujeito nas relações sociais e/ou de ensino aprendizagem.

19

uma enquete, um mapa conceitual, um resumo, um quadro estatístico, um jornal escolar, um software8, etc. (LITWIN apud PROPOSTA CURRICULAR DE SANTA CATARINA, 1998, p.33).

Percebemos que é fundamental que a escola, o professor e o aluno sejam

comprometidos, conscientes e envolvidos nos processos e nos movimentos que

permeiam a formação, a realidade, a construção do conhecimento e ao respeito

mútuo e ético no uso de diferentes formas, metodologias, técnicas e instrumentos

no processo ensino e aprendizagem. Mas como garantir e como propiciar

condições à formação crítica e comprometida dos professores e alunos,

principalmente quando se trata da inserção e do uso das TIC nesse processo?

Estes questionamentos se fazem presentes na preocupação com

capacitação e formação continuada dos professores no Colégio Marista Frei

Rogério, pois o mesmo oferece ao professor estrutura física e laboratorial,

formação técnica e pedagógica, assessoria técnica e encontros regulares para

discutir o tratamento de conteúdos curriculares e extracurriculares. Com isso,

surge o questionamento: diante destas condições, os professores utilizam e

redimensionam as TIC no processo ensino aprendizagem com os alunos de

Ensino Fundamental e Médio? Considerando que os alunos, em decorrência das

condições sociais, têm acesso a diferentes instrumentos tecnológicos no seu dia-

a-dia.

Portanto, esta pesquisa tem como objetivo investigar como o Colégio Marista

Frei Rogério – Joaçaba – Santa Catarina, através de seus professores, explora as

potencialidades das TIC no processo de pesquisar, de ensinar e de relacionar os

conteúdos extracurriculares com as atividades de sala de aula. Mais amiúde, os 8 Software: São programas de computadores. Cada software pode conter um conjunto de programas.

20

objetivos específicos pretendem descrever o cenário das políticas públicas de

informática educativa no Brasil; destacar as políticas de implementação de

informática educativa nos colégios Maristas, destacar as potencialidades das TIC

na educação e fazer uma pesquisa de campo.

Assim, a metodologia será de abordagem qualitativa, com ênfase no Estudo

de Caso, uma vez que este estudo é uma inquirição de um fenômeno

contemporâneo - as TIC na educação - dentro de um contexto real - Colégio

Marista Frei Rogério, que abrangem múltiplas fontes de evidência e

interpretações de contextos que circundam o fenômeno – cibercultura, sociedade

em rede, políticas públicas entre outros,

Entre os modos de ver e de fazer acontecer à inserção das TCI no cenário

educacional, o profissional em educação reconhece na pesquisa a fonte para os

seus programas e estratégias. Para a compreensão da relação que acontece

entre sujeitos da pesquisa (professores e alunos) realizamos uma pesquisa de

campo.

Para tanto, utilizamos entrevista (semi-estruturada) com professores para

entendermos como os mesmos redimensionam as TIC no processo de ensinar,

de pesquisar e como relacionam os conteúdos de sala de aula com as

informações extracurriculares. Também servimo-nos de um roteiro para

realizarmos observação das atividades desenvolvidas em sala de aula e no

laboratório de informática, a fim de verificarmos como é trabalhada a inter-relação

entre os conteúdos extracurriculares e os conteúdos de sala de aula.

21

A coleta de dados, com os alunos foi realizada, mediante observações em

sala de aula, no laboratório de informática e culminou com aplicação de um

questionário com questões abertas e fechadas. Os recursos para coleta de dados

foram os seguintes: computador, câmera digital, roteiro para as observações. A

pesquisa envolveu alunos do Ensino Fundamental (5ª a 8ª série) e do Ensino

Médio, proveniente de classe média da cidade e de municípios circunvizinhos,

encontram-se na faixa etária de 10 a 17 anos, ou seja, estão na pré-adolescência

ou já adolescentes. Os professores são na grande maioria especialistas, são

formados nas suas áreas específicas, ministram cerca 20 horas semanais no

Colégio e moram na cidade ou em municípios próximos.

O universo da pesquisa foi de quatrocentos e setenta e quatro alunos (474)

regularmente matriculados e quarenta e três professores (43) professores. Sendo

que a amostragem, escolhida aleatoriamente, para responder as entrevistas e os

questionários foram dez (10) alunos e dez (10) professores. A análise de dados

será descritiva, com intuito de demonstrar como as TIC são redimensionadas

dentro do processo educacional, do Colégio Marista Frei Rogério (Jba/SC).

Para atender aos objetivos propostos, esta dissertação foi elaborada da

seguinte forma: o primeiro capítulo descreve sobre as Políticas de implementação

das TIC na Educação do Brasil, destaca aspectos históricos, mostra os principais

marcos da informática educacional no Brasil, localiza os programas e iniciativas

de democratização do conhecimento através das TIC nas escolas públicas,

também aborda sobre o ideário Marista no Brasil, aborda a proposta de

introdução e implementação das TIC no Colégio Marista Frei Rogério (Jba/SC) e

22

descreve as experiências positivas e negativas das TIC no ensino e na pesquisa,

as quais demarcaram uma década (1996-2006).

No segundo capítulo, está sendo abordado conceitos de Tecnologias de

Informação e da Comunicação (TIC) na Educação, bem como contextualiza as

mudanças significativas no modo de produção da vida, redimensionando o

conceito de tempo, espaço e distância, sociedade em rede, hipertexto, não-

linearidade e Interatividade. O capítulo também destaca a cibercultura como uma

possibilidade de efervescência das comunidades virtuais de aprendizagem, as

quais colocam em evidência as sociabilidades partilhadas e estabelecem entre os

jovens uma nova lógica de comunicação e, aqui também é delineado algumas

idéias sobre a presença das TIC na Educação e os desafios para o professor,

para o aluno e, consequentemente, para o processo ensino e aprendizagem.

O terceiro capítulo apresentará a análise dos dados e as considerações

finais, onde não temos o intuito de finalizar os estudos iniciados, mas de apontar

caminhos possíveis a respeito da utilização das TIC e suas potencialidades

aplicabilidades no contexto educacional do Colégio Marista Frei Rogério.

23

CAPÍTULO I

POLÍTICAS DE IMPLEMENTAÇÃO DAS TECNOLIGIAS DA INFOR MAÇÃO E

DA COMUNICAÇÃO – TIC, NA EDUCAÇÃO

Este capítulo descreve inicialmente, os principais marcos do

desenvolvimento da Informática na Educação no Brasil: Projetos Educação com o

Computador (EDUCOM), Programa Nacional de Informática Educativa

(PRONINFE), Programa Nacional de Informática na Educação (PROINFO),

Sociedade do Conhecimento (SOCINFO), Fundo de Universalização dos Serviços

de Telecomunicações (FUST) e do Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico

das Telecomunicações (FUNTTEL).

As ações previstas nos programas citados inserem-se num contexto político-

pedagógico amplo, envolvendo entre outras: livro didático, Parâmetros

Curriculares Nacionais, Tv-Escola, Educação a Distância, valorização do

magistério, descentralização de instrumentos para escolas do sistema público,

iniciando o processo de universalização do uso de tecnologia de ponta no sistema

público de ensino.

1.1. AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO - TIC NA

EDUCAÇÃO NO BRASIL: ALGUNS ASPECTOS DA SUA HISTÓRIA.

Até aqui, poderíamos dizer, os homens vivam ao mesmo tempo dispersos e fechados neles mesmos como passageiros acidentalmente reunidos no porão de um navio do qual não suspeitavam nem a natureza móvel, nem o movimento. [...] Eis que por acaso, ou melhor, pelo efeito normal da idade, nossos olhos acabam por se abrir. Os mais ousados dentre nós alcançaram a ponte. Eles viram a nave que nos levava. Eles perceberam a espuma ao longo da proa – e também um leme a governar. E sobre tudo eles viram flutuar nuvens, eles aspiraram o perfume das ilhas para além da linha do horizonte: não mais a agitação humana ali – não a deriva –, mas a viagem (CHARDIN, 2000, p.8).

24

A informática educacional no Brasil surgiu no início da década de 1970, a

partir de algumas experiências na Universidade Federal do Rio de Janeiro

(UFRJ), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Universidade

Estadual de Campinas (UNICAMP). Em 1973, Núcleo de Tecnologia Educacional

para a Saúde e o Centro Latino-Americano de Tecnologia Educacional

(NUTES/CLATES) da UFRJ utilizaram o computador com experiências químicas

através de simulações. Nesse mesmo ano, realizaram-se algumas experiências,

também através de simulações, só que com alunos de graduação do curso de

Física da UFRGS.

Em 1974, a UNICAMP desenvolveu um software, tipo Computer Assisted

Instruction (CAI), para o ensino dos fundamentos de programação da linguagem

BASIC, usado com os alunos de pós-graduação em educação, produzido pelo

Instituto de Matemática, Estatística e Ciência da Computação, coordenado pelo

Professor Ubiratan D'Ambrósio e financiado pela Organização dos Estados

Americanos.

Em 1975, elaborou-se o documento Introdução de Computadores no Ensino

do 2° Grau, financiado pelo Programa de Reformulaçã o do Ensino (PREMEN) do

Ministério de Educação e Cultura (MEC) do Brasil e, nesse mesmo ano, ocorreu a

primeira visita de Seymour Papert e Marvin Minsky ao país, os quais lançaram as

primeiras sementes das idéias do Logo9.

9 O Logo foi desenvolvido no MIT, o Instituto de Tecnologia de Massachussets, por Seymour Papert, na década de 60. Segundo Valente (1998), a linguagem de programação Logo apresenta as seguintes características do ponto de vista computacional: exploração de atividades espaciais, fácil terminologia e capacidade de criar novos termos ou procedimentos. Uma das características importante do Logo é a de não possuir objetivo delimitado, isto é, pode ser utilizada em ampla gama de atividades. A “geometria da tartaruga”, que é utilizada no Logo, é um estilo diferente de geometria. Nesta geometria tem-se um cursor que é representado por uma tartaruga, que é dinâmica, possui uma posição e o que é muito importante, possui uma orientação. Esta “tartaruga” aceita ordens ou comandos que são fornecidos pelas crianças. A linguagem utilizada no LOGO é

25

Para Ramon (2000), a implantação do Programa de Informática na

Educação, no Brasil, inicia-se com o primeiro e o segundo Seminário Nacional de

Informática em Educação, realizados, respectivamente, na Universidade de

Brasília (UnB) em 1981 e na Universidade Federal da Bahia (UFBa) em 1982.

Esses seminários estabeleceram um programa de atuação que originou a

Educação com o Computador (EDUCOM) e uma metodologia diferenciada de

quaisquer outros programas educacionais (EAD, TV-Escola...) iniciados pelo

Ministério de Educação e Cultura. No caso da Informática na Educação, as

decisões e as propostas não eram totalmente centralizadas no MEC, surgiam a

partir de discussões e propostas feitas pela comunidade de técnicos e

pesquisadores da área educacional. A função do MEC era a de acompanhar,

viabilizar e assessorar essas decisões.

Desde o início do programa, a decisão da comunidade de pesquisadores foi

a de que as políticas a serem executadas deveriam ser fundamentadas com

pesquisas pautadas em experiências concretas, usando a escola pública e

prioritariamente, o ensino de 2° grau. Essas foram as bases do projeto EDUCOM,

tendo como centros-piloto cinco universidades do país: Universidade Federal de

Pernambuco (UFPE), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG),

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal do Rio

Grande do Sul (UFRGS) e Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

Esse projeto contemplou ainda a diversidade de abordagens pedagógicas,

como desenvolvimento de software educativo e uso do computador como recurso

uma linguagem procedural, isto é, é fácil criar novos termos ou procedimentos. Os comandos básicos são termos do cotidiano da criança. O Logo é formado por comandos chamados de primitivos, que constituem a base de todos os procedimentos. Esses comandos são para frente (PF), para direita (PD), para esquerda (PE), para trás (PT).

26

para resolução de problemas. A expectativa era de que esses centros-piloto

desenvolveriam competência para assessorar abordagens e decisões políticas

para a área educacional, fossem centros de referências ou pólos de irradiação na

formação de instrumentos humanos e verificassem a ocorrência de possíveis

mudanças na estrutura dos sistemas de ensino público, encontrando uma solução

alternativa adequada às realidades social, política, econômica e cultural.

O projeto EDUCOM foi o primeiro projeto público a tratar da Informática

Educacional, agregou pesquisadores da área tecnológica e educacional, teve

como princípio o investimento em pesquisas educacionais. Esse projeto forneceu

as bases para a estruturação de outro plano, mais completo e amplo, denominado

Programa Nacional de Informática Educativa PRONINFE, criado em 13 de

outubro de 1989, instituído pelo Ministério da Educação e do Desporto, visando a

capacitação contínua e permanente de professores, técnicos e pesquisadores

para o domínio da tecnologia de informática educativa.

O PRONINFE constituiu-se em um centro de gerenciamento nacional,

composto pelo Conselho Consultivo, compostos dirigentes dos órgãos específicos

do Ministério; pelo Comitê Assessor de Informática Educativa, integrado por

especialistas; pela Coordenação Geral e pela Secretaria Executiva, que agrega

subprogramas permeadores de todos os níveis de ensino e modalidades de

educação integradas a uma estrutura produtiva de núcleos de informática

educativa vinculados às entidades federais de ensino de 1°, 2° e 3° graus e às

secretarias estaduais de educação (cf. Portaria nº 549, de 13 de outubro de

1989).

Com objetivo de se adaptar às características de nosso sistema escolar

público, e, de certa forma, fazê-los representado com a informática educativa em

27

suas diferentes esferas, essa estrutura produtiva de núcleos, limitados por

circunstâncias econômicas, foi distribuída geograficamente no país, em número

de 31 núcleos.

Os núcleos denominados de Centros de Informática na Educação na

concepção PRONINFE - MEC foram estruturados de acordo com as atividades,

clientelas e campos de atuação dos estabelecimentos ou características dos

sistemas de ensino em: Centros de Informática na Educação Superior (CIES);

Centros de Informática na Educação de 1º e 2º graus e Especial (CIEd); Centros

de Informática na Educação Tecnológica (CIET). O PRONINFE - ambiente

ensino-aprendizagem – é integrado por grupos interdisciplinares de educadores,

especialistas e técnicos, sistemas e programas computacionais de suporte ao uso

e de aplicação da informática na educação.

Mesmo com a existência de um número mínimo de docentes capacitados no

domínio da informática educativa e do desdobramento de alguns centros em

subcentros, a maioria dos laboratórios não possuía equipamentos compatíveis

para aplicações em multimídia e em rede telemática, potencializações

consideradas indispensáveis à nova proposta de informatização das escolas de 1º

e 2º graus da rede oficial.

Tentativas com vistas a ampliar o número de núcleos e atingir a esfera

municipal, bem como a intensificação das atividades de capacitação em geral, na

área, foram especificadas. O 1º Planinfe (Plano de Ação Integrada 1991-1993) e o

II Plano Nacional de Informática e Automação-Planin (Lei nº 8.244, de 16/10/91)10

detalharam objetivos e metas referentes, mas o PRONINFE deparou-se com a

10 Responsável por implantar núcleos de informática junto às universidades, secretarias de educação e escolas técnicas, no sentido de criar ambiente informatizado para atender à clientela de 1º, 2º e 3º graus (PORTARIA MINISTERIAL/GM nº 549, 1989, p.13).

28

falta de insumos, bem como a transitoriedade de gestões ministeriais, causando

descontinuidade de consecução.

A realidade é que a informática na educação brasileira desenvolveu-se

independentemente do estímulo ou das determinações do MEC. Mesmo as redes

de escolas com maiores possibilidades, necessitavam de critérios metodológicos

para a sua aplicação na produção de conhecimentos que satisfizessem

amplamente os objetivos educacionais, motivações individuais e os alvos

culturais. Assim, houve necessidade de ampliar o uso da informática nas escolas

da rede oficial, em uma plataforma computacional atualizada, considerando as

expectativas para a melhoria da qualidade do ensino; mudanças na cultura

educacional; atualização do ensino à modernidade científica e tecnológica;

acesso à informação ao maior número possível de usuários; expansão e

valorização da escola.

As oportunidades educacionais, através do uso da informática educativa,

podem desenvolver metodologias, oferecendo novas possibilidades à utilização

na educação à distância, bem como produzir materiais interativos adequados aos

currículos, contribuindo com estratégias que promovam mudanças na estrutura

cognitiva, haja vista que a sociedade do conhecimento enfrenta um sistema

educacional de mobilidade social competitiva.

As exigências e a necessidade de transformação econômica, social e cultural

demandam uma perspectiva de redesenhar um novo modelo de informatização da

rede pública de ensino brasileiro, pois O PRONINFE não conseguiu atingir seu

principal objetivo: disseminação da informática nas escolas da rede oficial.

Para dar continuidade ao programa de disseminação da informática nas

escolas, por iniciativa do MEC, através da Secretaria de Educação a Distância,

29

regido pela Portaria nº 522, de 09 de abril de 1997, e desenvolvido em parceria

com os governos estaduais e municipais, surge o programa Nacional de

Informática Educativa (PROINFO), contendo as diretrizes do Programa

estabelecidas pelo Ministério da Educação e pelo Conselho Nacional de

Secretários Estaduais de Educação.

Os objetivos principais do PROINFO eram promover o desenvolvimento e o

uso da telemática como ferramenta de enriquecimento pedagógico, visando

melhorar a qualidade do processo ensino-aprendizagem; propiciar uma educação

voltada para o progresso científico e tecnológico; preparar o aluno para o

exercício da cidadania em uma sociedade desenvolvida; valorizar o professor;

incorporar adequadamente novas tecnologias da informação nas escolas;

propiciar uma educação voltada para o desenvolvimento científico e tecnológico;

educar para uma cidadania global (PROINFO, 1997, p.5-6).

A finalidade de oportunizar o acesso das TIC aos indivíduos, visa a

resolução de situações problemas, tomada de posição e a comunicação, sendo o

computador uma forma de se alcançar tais objetivos, passar a utilizá-lo como

instrumento de investigação, de comunicação, de construção, de representação,

de analise, de divulgação e de produção de conhecimentos.

Em cada unidade da Federação, foi criada uma Comissão Estadual de

Informática na Educação cujo papel principal era o de introduzir as TIC nas

escolas públicas de Ensino Médio e Fundamental. Sua principal condição de

sucesso centrou-se na preparação de recursos humanos - os professores.

30

Os professores foram capacitados atendendo dois níveis: multiplicadores e

de escolas11. O professor-multiplicador era considerado o especialista em

capacitação de professores (de escolas) para o uso da telemática em sala de

aula, ou seja, o Programa adotou o princípio de professores capacitando

professores (PROINFO, 1997, p.11).

Os multiplicadores seriam os responsáveis para habilitar os professores das

escolas nas bases tecnológicas do Programa Nacional de Informática na

Educação nos estados e nos demais Núcleos de Tecnologia Educacional

(CNTEs) seriam as estruturas descentralizadas de apoio ao processo de

informatização das escolas, auxiliando tanto no processo de planejamento e

incorporação das novas tecnologias, quanto no suporte técnico e capacitação dos

professores e das equipes administrativas das escolas.

Para dar continuidade às atividades desenvolvidas pelo programa PROINFO,

através de Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), formou-se em Brasília um

grupo de discussão sobre os possíveis contornos e diretrizes de um programa de

ações rumo à Sociedade da Informação no Brasil (SOCINFO). O programa

traduziria, em projetos concretos, a iniciativa que fora aprovada pelo Conselho

Nacional de Ciência e Tecnologia, em dezembro de 1998, e refletida em diversas

ações propostas pelo MCT no Plano Plurianual (PPA) para o período de 2000-

2003. Nos primeiros estudos, ficou evidente para o Grupo, a dimensão do desafio

que o programa representaria, não somente em termos de conteúdo bem como à

necessidade de envolvimento de toda a sociedade na própria concepção da

iniciativa.

11 Profissionais cooperativos, criativos e críticos, comprometidos com uma aprendizagem permanente (PROINFO,1997,p.11).

31

O Grupo propôs ao MCT que um novo programa fosse concebido,

incorporando as ações em curso no âmbito do MCT e as ações propostas no

PPA, mas adotando um modelo de planejamento dividido em três estágios:

estudos preliminares conduzindo ao lançamento formal do Programa; proposta

detalhada a ser sintetizada no Livro Verde; ampla consulta à sociedade

culminando com o plano detalhado de execução do Programa, a ser descrito no

Livro Branco12. As sugestões foram aceitas, o MCT compôs um Grupo de

Implantação do Programa SOCINFO, que contou com envolvimento de mais de

trezentas pessoas no país e no exterior, constituído por representantes do

governo, setor privado, comunidade acadêmica e terceiro setor.

O Programa SOCINFO iniciou suas atividades em agosto de 1999, sendo

oficialmente lançado pela Presidência da República em 15 de dezembro, através

do Decreto nº 3.294/99. Lançado pelo MCT, com a intenção de viabilizar um novo

estágio da Internet e suas aplicações no Brasil, tanto na capacitação de

pesquisadores quanto na garantia de serviços avançados de comunicação e

informação e deveria, também, garantir a velocidade e a qualidade das conexões.

O Programa SOCINFO estruturou-se em oito linhas de ação e em nove áreas de

atuação. As linhas de ação indicam a direção dos projetos: pesquisa e

desenvolvimento em tecnologias-chave; prototipagem de aplicações estratégicas;

implantação de infra-estrutura avançada para pesquisa e ensino; fomento a

informações e conteúdos; fomento a novos empreendimentos; apoio à difusão

tecnológica; apoio a aplicações sociais e governança no mundo eletrônico. As

áreas de atuação estabelecem um conjunto de objetivos globais, com prioridade

para ciência, tecnologia, educação e cultura consideradas indutoras dos demais.

12 O livro Branco foi elaborado, mas nunca debatido pela Sociedade do conhecimento.

32

Segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais

(INEP), o setor público brasileiro gasta 4,8% do Produto Interno Bruto (PIB) com

educação no Brasil. Os gastos públicos com educação reunindo todos os

programas de governo somaram R$ 43,3 bilhões em 1997.

A maioria das escolas brasileiras não está ainda conectada à Internet. De

acordo com o último censo escolar do MEC, em 1999, 7.695 escolas (3,5% do

total de escolas de educação básica) possuíam acesso à rede mundial de

computadores, das quais 67,2% são particulares. Ou seja, há conexão com a

Internet para alunos de apenas 2.527 das 187.811 escolas públicas brasileiras. O

censo revela ainda que cerca de 64 mil escolas do País não têm energia elétrica –

29,6% do total – e que menos de 11 em cada 100 estabelecimentos dispõem de

equipamentos para atividades pedagógicas, como laboratórios de ciências ou de

informática. Menos de um quarto (23,1%) das escolas possui biblioteca.

O mesmo censo aponta que as escolas particulares são mais bem

equipadas do que as públicas sejam em número de computador, conexão à

Internet, laboratório de ciências, bibliotecas ou acesso à energia elétrica e água.

O recorte regional mostra que a presença de equipamentos pedagógicos continua

proporcionalmente bem maior no Sul e Sudeste do que nas outras regiões do

país. Menos da metade (41,5%) das escolas do Sul e do Sudeste possuem

bibliotecas, proporção que cai a 11% no Norte e Nordeste; enquanto laboratórios

de ciências ou informática chegam a no máximo 3% dos estabelecimentos de

ensino. No Sul e no Sudeste, chegam a até 22%. No Norte, onde predominam

escolas rurais, 0,8% dos estabelecimentos de ensino têm acesso à Internet e só

37% possuem energia elétrica. No Sudeste, essas proporções são de 9% e 92%

33

respectivamente. Deve-se ressaltar que, em 1999, dos 217.362 estabelecimentos

de educação básica, 55% estavam localizados na zona rural.

Segundo a SOCINFO, a infra-estrutura de Informática e Redes para

Educação (LIVRO VERDE, 2000, p. 45) deveriam ser compostas por:

computadores, dispositivos especiais e software educacional nas salas de aula

e/ou laboratórios das escolas e outras instituições; conectividade em rede,

viabilizada por algumas linhas telefônicas e/ou um enlace dedicado por escola à

Internet. Porém, o problema fundamental para a disponibilização dessa infra-

estrutura foram essencialmente os custos, os quais envolvem significativo

dispêndio inicial para aquisição e, posteriormente, para manutenção e atualização

dos equipamentos instalados.

Recursos orçamentários previstos13 para aplicação do Programa SOCINFO –

para o período 2000 – 2003, são compostos por recursos orçamentários diretos

constantes no PPA do Governo Federal para o MCT no montante de R$ 3,4

bilhões, que incluem investimentos a fundo perdidos, linhas de crédito e

incentivos. Desses recursos, apenas 15% teriam como fonte o Tesouro Nacional.

Os recursos oriundos dos fundos setoriais seriam destinados à atividade de

pesquisa, inclusive para ampliar e recuperar instalações de laboratórios das

universidades e institutos públicos de pesquisa. Para o período de 2001 – 2005, a

previsão de recursos destinados pelo fundo de informática deveria atingir cerca de

R$ 1,19 bilhão e o de telecomunicações, o valor de R$ 880 milhões.

Diante destes pressupostos, faz-se mister tecer algumas considerações

quanto à continuidade do programa SOCINFO. Ao longo de 2000, foi elaborada

uma primeira versão detalhada do Programa, consubstanciada no Livro Verde da

13 Esses recursos, até hoje, não foram investidos, em Informática Educativa nas escolas públicas.

34

Sociedade da Informação, que tem servido de base para um processo de consulta

à sociedade. Ao final desse processo, já com as opiniões e sugestões

apresentadas, deveria consolidar o Livro Branco, com um plano definitivo de

atividades para o Programa (LIVRO VERDE, 2000).

Segundo Tadao (2000), coordenador da SOCINFO, "o Programa está em

plena execução, mesmo sem o Livro Verde devidamente elaborado e divulgado,

como se planejava originalmente" também destaca que o Programa havia

adotado o modelo Livro Verde – Livro Branco de planejamento e decolagem de

atividades. No entanto, tão logo o Livro Verde começou a ser debatido, várias

ações nele propostas foram adotadas ou aceleradas. "O próprio núcleo central do

Programa acabou por se envolver em execução de atividades em um nível de

engajamento concreto que, em princípio, não se vislumbrava” (TADAO apud

VALENTE, 2000, p. 75).

O programa SOCINFO começou a ser executado em 2001. A fase de

execução efetivou-se até 2003, compreendeu ações iniciais como contratações,

lançamento de editais, parcerias, início de novas ações e acompanhamento

daquelas que já estavam em curso. Em 2003, deveria acontecer uma avaliação

geral do progresso bem como elaborar um conjunto de propostas para o período

de 2004 em diante, à luz dos resultados alcançados até o momento. Tal avaliação

não aconteceu.

Para colocar em ação essas propostas, o SOCINFO foi incluído no PPA do

Governo Federal de 2000-2003, com orçamento de cerca de R$ 3,4 bilhões. No

entanto, para o ano de 2002, o MCT conseguiu aprovar no orçamento apenas R$

69,818 milhões - ao invés dos R$ 850 milhões por ano previsto no PPA (TADAO,

2000, p.12).

35

O Programa deveria contar com recursos oriundos do Fundo de

Universalização dos Serviços de Telecomunicações (FUST)14 e do Fundo para o

Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (FUNTTEL).

Basicamente, os recursos recebidos seriam aplicados no detalhamento e

articulação interna de ações externas de grande envergadura, como a conexão de

bibliotecas públicas e comunitárias à Internet, na contratação externa direta de

estudos e experimentos (no tocante a ações de viés mais tecnológico) e na

promoção de editais para a participação de interessados em geral, afirma Tadao

(2000), coordenador do SOCINFO. Diz também que, além dos recursos do Fust e

do Funttel, o Programa deverá contar também com recursos dos fundos setoriais

do MCT, principalmente o de informática. Ao longo dos próximos anos, esses

recursos serão usados pelo Programa.

14 Conforme indicação do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações – FUST, sua criação se deu em 2000 e, desde então, recolheu cerca de R$ 4 bilhões das empresas de telecomunicações. Esses recursos, no entanto, ainda não foram usados porque tanto o atual governo quanto o de Fernando Henrique não conseguiram emplacar um projeto que respeitasse as leis do projeto. São Paulo, 28 de abril de 2006, MC divulga a publicação em "Diário Oficial da União" da Portaria 263 que libera, pela primeira vez, R$ 7 milhões em recursos do fundo. Essa verba será usada para implantação de dois projetos que beneficiarão 3 milhões de portadores de deficiência auditiva e visual. Esta será a primeira vez desde 2000 que os recursos deste fundo serão utilizados. Desde a criação, entidades e associações de apoio aos portadores de deficiência reclamam da demora da liberação dos recursos para programas de acessibilidade. O governo prevê que 920 instituições entre elas, o Instituto Nacional de Surdos e o Instituto Benjamin Constant serão beneficiados pelos recursos do Fust. Atualmente, a legislação obriga "as operadoras de telefonia fixa a disponibilizar o acesso individual a qualquer instituição ou pessoa com deficiência para acessar os serviços de telecomunicações, desde que as mesmas tenham o equipamento". O problema é que a maior parte dessas entidades são carentes e não tem condições financeiras de adquirir os equipamentos. Nesse primeiro momento, serão investidos R$ 7 milhões em dois projetos, segundo o ministério, ambos em parceria com a Secretaria Especial de Direitos Humanos. Um deles se destinará à compra de equipamentos terminais de interface TDD (Telephone Deaf Device) para aproximadamente 800 instituições que atendem às pessoas surdas. Esse terminal telefônico possui teclado e visor que possibilita que os surdos se comuniquem através de linguagem escrita, aumentando assim o contato não só entre a comunidade surda, mas também com toda a sociedade. O segundo visa atender, além das entidades que atendem surdos e mudos, as destinadas às pessoas com deficiência visual. Serão cerca de 120 instituições que trabalham com objetivo de prepará-los para a inserção social e o mercado de trabalho. Neste caso, o dinheiro do Fust permitirá a aquisição de equipamentos com aplicações para comunicação de surdos e de pessoas com deficiência visual. Isto será feito por meio de computadores que se conectem a rede de telefonia fixa. Para os deficientes visuais, os computadores terão aplicativos para navegação e leitura de telas, utilizando técnica de síntese de voz.

36

As ações dos estados também têm sido importantes. Em geral, programas

similares têm concentrado foco em uma ou duas das frentes do Programa. Nesse

sentido, São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Amapá e Paraná, por exemplo,

apresentam um leque de ações bastante amplo, mas a atuação dos estados é

bem particular. Alguns estão mais direcionados para a área de educação, outros

para a de saúde e praticamente todos os estados possuem atividades na área de

serviços do governo. Em geral, as secretarias de planejamento e de fazenda,

possuem uma atividade relacionada à arrecadação e ao governo eletrônico.

Para Tadao (2000), o principal entrave encontrado até o momento -

considerado por ele a fase inicial do Programa - e a desarticulação

organizacional devida à falta de visão estratégica consolidada sobre o papel de

Tecnologias da Informação e Comunicação para o Desenvolvimento (TICs).

Mas, à medida que idéias, planos e mesmo experiências cheguem a ponto de

iniciar e ganhar escala concreta, o principal entrave tende a ser a insuficiência

de recursos. No caso do SOCINFO, a verba inicial prevista já sofreu alguns

cortes, o que afeta os planos, o coordenador salienta que o Programa está

chegando a uma etapa em que se espera a participação do setor privado.

"Estivemos dedicados a estabelecer relações com a alta direção de um

conjunto de empresas multinacionais em TIC que atuam no Brasil" (LIVRO

VERDE, 2000, p. 106).

Isso é importante porque o comitê do SOCINFO acredita que as matrizes

dessas multinacionais desempenham papel crucial nas decisões das filiais e que,

portanto, é melhor iniciar a discussão sobre ações de maior porte com as

matrizes, embora o caminho pareça mais longo e mais complexo.

37

Segundo Ferreira (2000), coordenador de comunicação do CDI, o Comitê

está caminhando na mesma direção que o Governo em relação à inclusão

digital, mas de forma mais ligeira. “[...] O programa do governo está muito lento.

Nem 10% das escolas do país foram atingidas pelo programa SOCINFO e falta

investimento no treinamento de professores” (TADAO, 2000).

Sem querer arriscar as causas da morosidade da implementação do

programa do MCT, o coordenador de comunicação do CDI acredita que entre

as razões esteja o excesso de burocracia, o problema na aquisição dos

computadores com o sistema da Microsoft15, a falta de clareza na aplicação

dos recursos do FUST e também às proporções de um programa que visa a

atingir um país do porte do Brasil. Nesse sentido, a atuação pontual do CDI, a

maior facilidade para fazer parcerias e obter recursos da iniciativa privada,

privilegia a Organização Civil.

Porém, para o coordenador do SOCINFO, as ações das Organizações

Não-Governamentais (ONGs) ou Organização da Sociedade Civil de Interesse

Público (OSCIPs) e do Programa Nacional são distintas. Podem, se

complementarem, envolvendo as ações estaduais e as municipais, mas as

ações dessas entidades não solucionam os problemas em nível federal.

Durante o 50º painel Telebrasil, que aconteceu em Mangaratiba, no Rio de

Janeiro, o secretário-geral do Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência

da República, Oliva Neto (2006), informou que o órgão irá preparar um decreto

presidencial, com o intuito de liberar R$ 600 milhões, levando e consolidando

banda larga a 190 mil escolas públicas.

15 Hoje existem, no governo, discussões sobre o uso de software livre, como por exemplo, o Linux.

38

O projeto terá a participação do Ministério das Comunicações, que

elaborará as políticas públicas a serem executadas. A Agencia Nacional de

Telecomunicações fará as licitações necessárias para o projeto e o MEC

determinará quais serão as escolas beneficiadas. Segundo Neto, os

laboratórios serão montados de acordo com o tamanho da escola.

Oliva Neto (2006) afirma que: “...se conseguirmos os recursos prometidos

poderemos, enfim, levar de fato a banda larga para todos os municípios do

Brasil, num prazo máximo de cinco anos, que é a nossa meta para cumprir

essa etapa, até porque a banda larga também irá para bibliotecas públicas”

(Fonte: TI & Governo - 11.7.06 - ano 4, nº 163, pág. 01.TI & Governo

publicação). A decisão favorável do presidente Luís Inácio, em relação à

elaboração de um Decreto-Lei, ocorreu após ter conhecimento de uma

pesquisa realizada com o envio de mais de dois milhões de e-mails, onde se

constatou que a melhoria da educação básica é considerada prioritária. "O

Brasil precisa melhorar o ensino. A banda larga é um requisito essencial neste

processo de formação de mão-de-obra", reforçou o Secretário do Núcleo de

Assuntos Estratégicos (NAE). A expectativa é que a dotação de recursos do

projeto esteja no orçamento de 2007.

Com relação ao modelo de conexão, Oliva Neto (2006) enfatiza que não

há nenhuma preferência de tecnologia implementada - seja ela ADSL16, via

satélite, via WiMAX17 ou qualquer outra de banda larga. Essa parte será

gerenciada pela Anatel.

16 Assimetrical Digital Subscriber Line. 17 Worldwide Interoperability for Microwave Access/(Interoperabilidade Mundial para Acesso de Microondas).

39

Na sociedade do conhecimento, professor e aluno são elos do processo

de ensino, onde as experiências na aprendizagem estão relacionadas aos

interesses individuais e coletivos deles. O crescimento de informações

científicas e técnicas têm se tornado cada vez mais ágeis não pertencendo

apenas a pequenos grupos, pois a construção e disseminação das mesmas

acontecem através da troca e interação entre os indivíduos.

Diante da entrada dos novos meios de tecnologia em nosso cotidiano, a

Educação Marista não poderia distanciar-se deste contexto, pois a cada ano de

sua existência, abrange uma clientela seleta de alunos que trazem em sua

história as TIC, como instrumento de construção e apropriação de novos

conhecimentos. O conceito de ensino vem através do auxilio das TIC, passa

por uma transformação constante complementando e aperfeiçoando a

presença do aluno e professor na sala de aula. Desta forma, o educador

Marista não será apenas um propagador do conhecimento, mas um

incentivador, um mediador, orientando e propiciando trocas de saberes, de

experiências e de vivências.

1.2 . AS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO DAS COMUNICAÇÕES NA ESCOLA: Colégio Marista Frei Rogério

A tecnologia da informática e o computador podem ser ferramentas muito úteis ao educador em sala de aula ou em qualquer outro ambiente. No entanto, a decisão sobre o uso das tecnologias de [in] formação na escola, além de depender da visão que o educador tem sobre o que é ensinar, o que é aprender e como se constrói conhecimento, é sempre difícil, já que, além de envolver custo elevado, pode provocar mudanças no ambiente escolar. Os educadores e os alunos são inicialmente os mais atingidos, embora não sejam os únicos. Direta ou indiretamente toda a equipe pedagógica acaba sendo afetada de forma positiva ou negativa com a introdução na de novas tecnologias. (NETTO, 2005, p.27).

40

1.2.1. A Pedagogia Marista

Grandes personagens, geralmente, possuem a vida marcada por fatos

importantes. Marcelino Champagnat não fugiu a regra: nasceu quando, na

França, ocorria a maior transformação econômica, política e social da história do

país. Seus pais, Jean-Baptiste Champagnat e Marie-Thérèse Chirat eram

camponeses desprovidos de bens e de instrução; e nesse ambiente simples,

Marcelino nasceu em 20 de maio de 1789, em Marlhes. Aos dezesseis anos, foi

convidado a ingressar na vida religiosa e, em 22 de julho de 1816, com 27 anos,

ordenou-se sacerdote. Nomeado para trabalhar na pequena paróquia de La Valia,

não tardou a perceber o descaso com que as crianças eram tratadas, tanto pela

sociedade, como pela Igreja. Diante desse fato, Marcelino Champagnat mobilizou

os primeiros irmãos da ordem que fundou, a levar às crianças, mesmo dos

lugares mais distantes da sua paróquia, os ensinamentos da religião, leitura e

escrita. Aos 28 anos, em 02 de janeiro de 1817, Champagnat iniciou a fundação

de um Instituto religioso - Pequenos Irmãos de Maria - com a proposta de uma

comunidade de educadores para o atendimento aos meninos e jovens da região

campesina, com o objetivo de tornar Jesus Cristo conhecido e amado.

Os primeiros Irmãos acreditavam, assim como seu fundador, em uma

formação integral, com a presença constante dos educadores na vida dos estu-

dantes, física e moralmente, e dedicavam-se a essa tarefa. Em 06 de junho de

1840, Champagnat faleceu, deixando como sucessor Irmão Francisco Rivat.

Nesta época, a Congregação contava com 280 Irmãos, 48 estabelecimentos,

7000 alunos. Onze anos mais tarde, Charles Louis Napoléon Bonaparte (1808-

41

1873), sobrinho de Napoleão, presidente da França, no dia 20 de junho, assinou o

Decreto de autorização legal do Instituto dos Irmãozinhos de Maria - Irmãos

Maristas. Os Maristas expandiram-se gradativamente para o mundo todo. Vieram

para o Brasil em 1897 e começaram uma obra que hoje é de grande vulto e

reconhecimento.

Segundo Alves (2002), a missão dos Maristas não é propriamente a da

educação. A educação é apenas o meio privilegiado para conduzir os jovens à

experiência de fé. Como apóstolos dos jovens, eles desejam evangelizá-los pela e

para a vida, pelo testemunho e pelo ensino. A educação, neste sentido mais

amplo, é o marco de evangelização da Instituição Marista. A proposta da

Pedagogia Integral, tão marcada pela orientação do Pe. Marcelino Champagnat

pode ser compreendida como uma síntese que visa aliar as matérias de ensino

laico e a catequese ao ensino e prática da religião. Ao educador cabia unir, num

só ato, as duas práticas educativas: a conquista do saber à educação da fé, a

educação para a vida. As expressões "bom cristão" e "virtuoso cidadão" resumem

muito bem o perfil do ser a que Champagnat aspirava desde o início na educação

Marista. A proposta de educação integral que contempla a interligação

harmoniosa das diferentes dimensões da pessoa humana, incluindo a abertura à

transcendência.

Objetivando a missão de conhecer e amar a Jesus Cristo, a própria proposta

pedagógica oferece alguns caminhos para que se possa alcançá-la com efi-

ciência. Um dos caminhos é o de ter Maria, a Mãe de Jesus como modelo; outro é

o da educação baseada nos valores, principalmente os evangélicos,

apresentados como características essenciais que se deve propagar para a

vivência dessa proposta junto aos alunos, na comunidade educativa. Sobre esses

42

caminhos propostos é que iremos discorrer. O documento Missão Educativa

Marista destaca os valores fundamentais do Projeto Educativo Marista:

- a presença, atenta e acolhedora, junto aos jovens;

- a simplicidade, traduzida na relação de autenticidade, para com os

educandos;

- o espírito de família, que conduz os diferentes membros da comunidade

educativa a criar uma comunidade caracterizada por relações fraternas;

- o amor ao trabalho, como segredo para o êxito no estudo e para a

realização pessoal. Para finalizar, o documento ainda reitera que “é o conjunto

desses elementos e a sua interação que dão ao nosso estilo a sua originalidade

inspirada pelo Espírito Santo”. (IDEÁRIO MARISTA, 2003, p.49)

Para Alves (1999), a presença é a mais educativa e pedagógica das

características peculiares do espírito marista, constituindo-se no núcleo da ação

educativa. A presença do educador junto às crianças e jovens, compartilhando de

seu dia-a-dia, demonstrando preocupação, estando atento às suas necessidades,

dedicando-lhes tempo, buscando conhecer cada um pessoalmente, estabelecen-

do assim uma relação mais próxima, é uma das preocupações da proposta

Marista de educar. A presença do educador possibilita um clima favorável à

educação, à aprendizagem, ao convívio na instituição.

Uma outra característica da educação Marista, a simplicidade, expressa-se

na relação com as crianças e com os jovens, sobretudo pelas relações autênticas

e sinceras. A partir de uma maneira de educar pessoal, prática e enraizada na

vida real, ao molde de Marcelino Champagnat, a simplicidade é a expressão que

orienta a resposta às possibilidades e às exigências das obras educativas atuais.

Os jovens são orientados a adotar essa pratica como um valor para a vida

43

encorajados a serem autênticos em todas as situações, abertos, verdadeiros, fir-

mes em suas convicções.

A manifestação do espírito de família marca profundamente o espírito da

vida comunitária Marista e é compreendida, segundo Alves (2005, p.9) "[...] numa

partilha de nossos talentos, numa preocupação e atenção a cada um em particu-

lar, recusa de toda e qualquer massificação, e em empenho de, por amor,

ultrapassar todas as agressões e as fraquezas por parte dos outros." No ambiente

escolar, o espírito de família, o amor ao trabalho, perpassa as atividades educa-

cionais corriqueiras, como a correção de tarefas e projetos dos alunos; exige

dedicação, esforço pessoal, desenvolvimento de atividades criativas às

necessidades das crianças e dos jovens; a simplicidade, a capacidade de

percepção de que o educador é aquele que ensina e aprende com o educando. A

Proposta Marista de Educação convoca os pais para uma parceria na Missão de

educar as crianças e os jovens. Nesse sentido, expressa que "[...] unidos,

constituímos uma única comunidade educativa: professores, funcionários e pais,

apoiando-se mutuamente nos seus papéis complementares”. (IDEÁRIO MARISTA

2003, p.57). O documento também mostra que essa parceria, na Missão, ma-

nifesta-se num "processo de reciprocidade: ajudamo-nos uns aos outros, para

melhor entender as situações concretas e as necessidades educacionais dos

seus filhos”. (p.31). Quando se refere à tarefa escolar, a educação Marista

procura aliar-se aos pais, comunicando-os da importância desse trabalho através

de circulares, de reuniões periódicas e da conscientização dos educandos da

importância desse trabalho, inclusive acolhendo-os na Instituição para auxiliá-los.

Os elementos da educação Marista, como simplicidade e presença,

imprimem traços norteadores na vida dos seus alunos, na medida em que os

44

insere em um projeto de educação integral, com base nesses valores. Sobre essa

relação professor-aluno, Alves (1999, p.42) menciona que "Essa proximidade

pessoal funcionou, desde o início do projeto Marista, como o verdadeiro segredo

do sucesso". O professor titular da turma possui tempo contratual para exercer

essa atividade com o aluno e manter contato mais freqüente com a família. Nesse

sentido, engaje-se no processo de formação de seus alunos durante todo o

período letivo, instrumentalizando-se para exercer a sua função, procurando ir ao

encontro dessa proposta de educação integral, tão propagada e buscada por toda

a comunidade educativa.

1.2.2. Proposta Marista e a introdução das Tecnolog ias da Informação e Comunicação – TIC

O grande desenvolvimento tecnológico do século XX não encontrou no

ambiente escolar similaridade para inserção das TIC no processo ensino

aprendizagem caracterizando-se como um desafio a ser superado, não somente

pelo corpo docente, mas por toda a comunidade educativa, já que se faz

necessário uma nova postura do educador e do educando frente a este ambiente

educacional.

Segundo Netto (2005), as novas tecnologias oferecem a possibilidade

para ressignificar o ensino de crianças e jovens, para que possam relacionar-se

melhor, criar, questionar e produzir novos conhecimentos; sendo, autores da

elaboração e construção de sua história. É preciso sensibilizar para a emoção,

despertando no educando a necessidade de interagir com o meio e de resolver

situações problemas sem desvincular a aprendizagem do contexto social,

45

político e econômico em que está inserido. Desse modo, no processo de

construção do conhecimento, o educador deixa de ser um transmissor de

informações, aquele que detém o saber para assumir um papel de mediador,

orientador e co-aprendiz.

A inserção das tecnologias na educação lança um novo olhar para os

sujeitos envolvidos no universo–escola aponta novos caminhos onde o

educando assume uma postura de sujeito ativo, questionador, desenvolvendo

habilidades de sistematização, de pensamento reflexivo, de criação e de

aprendizagem individual e coletiva, uma vez que, ao desenvolvê-las, conquista

a autonomia na construção do próprio conhecimento, pois “é o aprendiz que

programa, escolhe os comandos necessários, organiza a relação entre eles, é

quem ordena os procedimentos, que reflete sobre seus ‘erros’ e acertos”.

(MORAES, 1998, p. 39).

Potencializar os serviços oferecidos pelas Tecnologias da Comunicação e

da Informação na área educacional implica mudanças nos pressupostos

epistemológicos, no planejamento didático pedagógico, nas formas de vivenciar

e gerenciar o ensino, na mudança de postura do professor e do aluno, nos

procedimentos metodológicos e nas intervenções dialógicas entre os sujeitos.

Portanto é necessária a motivação e o envolvimento dos professores com, uma

visão crítica, ética e comprometida, pautada na confiança e na reciprocidade

para enfrentar erros e socializar acertos.

A utilização das TIC no ensino, dessa forma, visualizando potencialidades,

tem despertado no imaginário coletivo o fascínio pelas possibilidades que as

46

mesmas oferecem na busca e na construção de conhecimento dos sujeitos nos

diferentes ambientes educacionais, sociais, culturais e políticos.

A tecnologia da informática constitui-se em uma realidade, na prática

pedagógica do Colégio Marista Frei Rogério, e como não poderia deixar de ser,

na sala de aula. Assim, há definições aos educadores Maristas quanto à

utilização efetiva das TIC, explorando suas potencialidades na formação e

construção de seus próprios conhecimentos e de seus alunos.

Com esse propósito, o objetivo geral das TIC no Colégio Marista Frei

Rogério é de integrar as Tecnologias de Informação e Comunicação no ensino

desenvolvendo aprendizagem curricular, oferecendo continuidade a um

processo de transformação no modo de apresentação e inserção dos

conteúdos, utilizando as ferramentas tecnológicas e criando um ambiente de

conhecimento, onde o educando, além de ter acesso a um vasto mundo da

informação, pode filtrar os dados e construir criticamente seu próprio saber.

Segundo a PROPOSTA EDUCATIVA MARISTA (2000, p. 23) a inserção das

TIC, no Colégio Marista Frei Rogério contemplam:

• uma motivação constante do educando através de instrumentos

tecnológicas de ensino, tornando a aquisição do conhecimento inovadora,

contextualizada e divertida;

• atualização periódica dos educadores, coordenadores e da equipe

administrativa, visando ao maior aproveitamento dos recursos disponibilizados;

• oportunidades ao educando de novas aprendizagens, acompanhado

com os instrumentos tecnológicos, para incremento dos projetos;

47

• o desenvolvimento de projetos interdisciplinares, contemplando todos

os níveis de ensino;

• o intercâmbio de experiências adquiridas em sala de aula, com o intuito

de desenvolver a sociabilidade;

• favorecimento da autonomia e da responsabilidade do educando pelo

próprio aprendizado, de forma a construir seu conhecimento. Muitas das

inserções citadas aparecem legitimadas nas propostas para a implementação das

Tecnologias da Informação e da Comunicação na Rede Oficial Pública, nas

políticas educacionais que regulamentam toda a educação brasileira.

A educação brasileira exige renovação contínua, permanente atualização

e adequação às demandas sociais, políticas e econômicas. Desde a fundação

do Instituto, os Irmãos Maristas atenderam às necessidades da realidade,

inspirados nos princípios de São Marcelino Champagnat para educar a

juventude. “Tornar Jesus Cristo conhecido e amado”; “Formar bons cristãos e

virtuosos cidadãos”; “Para bem educar as crianças e os jovens é preciso, antes

de tudo, amá-los, e amá-los igualmente”.

A sociedade contemporânea está marcada pela questão do conhecimento. E não é por acaso. O conhecimento tornou-se peça chave para entender a própria evolução das estruturas sociais, políticas e econômicas de hoje. Fala-se muito hoje em sociedade do conhecimento, às vezes com impropriedade. Mais do que a era do conhecimento, devemos dizer que vivemos a era da informação, pois percebemos com mais facilidade a disseminação da informação e de dados, muito mais do que de conhecimentos. O acesso ao conhecimento é ainda muito precário, sobretudo em sociedades com grande atraso educacional. (DEMO, 1998. p.109)

Sob o ponto de vista didático-pedagógico para educar, na sociedade do

conhecimento, é necessário extrapolar as questões dos métodos de ensino,

dos conteúdos curriculares, redefinindo alguns caminhos congruentes no

48

momento histórico em que estamos vivendo. Esses aspectos implicam o

repensar da escola, nos processos de ensino-aprendizagem e o

redimensionamento do papel que o professor deverá desempenhar na

formação dos sujeitos aprendizes.

Neste conjunto, a formação do profissional da educação está diretamente

relacionada ao enfoque, a perspectiva, a concepção que se tem de educação,

de sujeito e de ensino-aprendizagem, aspectos necessários e definidores aos

processos que envolvem as práticas pedagógicas e as experiências em sala de

aula. A formação continuada do professor deve ser concebida como reflexão,

pesquisa, ação, descoberta, organização, fundamentação, revisão e

construção teórica e não apenas como absorção de novas técnicas e de

conceitos, pedagógicos ou de breves discussões sobre as últimas inovações

tecnológicas.

Diante dessa afirmação, devemos destacar as competências de vida ou

os saberes de experiência feita. Há competências de vida que não se

enquadram nas competências dos campos profissionais específicos. A questão

das competências está ligada ao tema como aprendemos. Para Freire (1996)

aprender era conhecer melhor o que já se sabe para poder ter acesso a novos

conhecimentos. Essa não era apenas uma técnica pedagógica, mas um ato

pedagógico e uma concepção de vida que parte do acolhimento, com respeito,

de um ser que conhece e quer aprender mais.

Todavia, frente à disseminação e à generalização do conhecimento, é

necessário que a escola e o professor façam uma seleção crítica da

informação. Conhecer é importante porque a educação se funda no

49

conhecimento e este na atividade humana. Antes de conhecer, o sujeito se

interessa por... É curioso, é esperançoso (FREIRE, 1996). Daí a importância do

trabalho de “sedução” (Nietzsche) do professor, frente ao aluno. Seduzir no

sentido de encantar pela beleza e não como técnica de manipulação. Daí a

necessidade da motivação, do encantamento. Motivação que deve vir íntimo do

aluno. É preciso mostrar que “aprender é agradável, mas exige esforço”.

Certamente, para o professor conseguir êxito nessa sociedade aprendente, há

necessidade de conceitos bem claros sobre o que é conhecer, como se

conhecer, o que conhecer e porque conhecer. Na medida em que mudaram as

concepções, os paradigmas e as formas de comunicar, de interagir e de fazer

educação, houve a necessidade da Escola Marista de incorporar elementos

que possibilitassem redimensionar as formas de ensinar e aprender, para não

ficar alheia ou insensível às necessidades das crianças e dos jovens. Através

de uma concepção atual de educação, concretiza-se a proposta sonhada por

Marcelino Champagnat, a educação voltada para o ser humano, para a

solidariedade e para a fraternidade cristã, ampliando a sua ação na sociedade

e na Igreja.

O Projeto Educativo das Escolas da Província Marista do Brasil Centro-Sul

é o mesmo que Marcelino Champagnat e os primeiros Irmãos lançaram, há

quase dois séculos, ressignificado no documento Missão Educativa Marista:

Um Projeto para o nosso tempo (2000)18, que expressa a proposta educativa

desenvolvida em todas as Escolas Maristas espalhadas pelo mundo. Este

Projeto Educativo está alicerçado em um projeto universal, ao mesmo tempo

18 Documento Missão Educativa Marista: um projeto para o nosso tempo contempla toda ação didática pedagógica desenvolvida em todos os Colégios Maristas, distribuídos em cerca de 80 países.

50

em que apresenta uma flexibilidade que leva em consideração a realidade

brasileira e a regional, nas quais se encontram as escolas da Província Marista

do Brasil Centro Sul.

A tradição Marista, aliada à ousadia e à esperança, possibilitou

Champagnat fundar 48 escolas e formar 280 Irmãos, nos 23 anos da fundação

do Instituto até a morte do idealizador. Uma escola a cada seis meses –

significa acreditar no futuro, pensar grande, não com espírito triunfalista, mas

de educador uma vez que acreditava no valor e na importância da missão para

a Igreja e para a Nação (IDEÁRIO EDUCATIVO MARISTA, 1998, p.11).

A Proposta Marista de Educar foi sendo gestada pouco a pouco. Ela não surgiu do nada, tampouco nasceu pronta. Teve como ponto de partida as constituições, reflexões e práticas de Marcelino Champagnat e seus seguidores. Foi aos pouco sendo mais elaborada e tematizada por diversas gerações de educadores maristas e enriquecida pelos anos de experiência e de internacionalidade em sua aplicação (ALVES, 2000, p.25).

O mundo de hoje, o “mundo da técnica”, da tecnologia e da sociedade do

conhecimento é o contexto no qual estamos inseridos chamados a exercer a

Missão Educativa Marista. A Proposta destaca que, com perseverança e

determinação, seus co-participantes devem responder com fidelidade ao jeito

Marista de Educar. Um dos temas que chama a atenção no projeto é do

sentido de educar e formar através das vantagens e possíveis limites das TIC

no cenário educacional Marista (IDEÁRIO EDUCATIVO MARISTA, 1998, p. 4).

A Educação Marista não pode ficar alheia às tecnologias, estas são

elementos fundamentais para análise histórica do significado social e do

desenvolvimento da escrita, da leitura e das Tecnologias da Informação e da

Comunicação (TIC) à luz dos princípios Maristas. A aproximação entre o

51

mundo das TIC e o mundo da educação; exige enfrentar desafios das formas

de fazer Educação Marista, frente ao mundo da informação e do conhecimento

e frente aos desafios da cibercultura e da inteligência distribuída virtualmente.

Segundo a PROPOSTA EDUCATIVA MARISTA (2000), o uso das TIC,

faz parte da história, a tecnologia é um patrimônio da humanidade, como são o

conhecimento e a arte. O valor das TIC depende da maneira e dos fins para os

quais serão utilizados. Se as ações humanas devem ter limites éticos, as

máquinas também o têm. O uso das TIC na educação é uma nova forma das

informações proliferarem e uma nova forma dos sujeitos posicionarem-se. Isso

implica utilizá-las como instrumentos que possibilitam realizar tarefas

complexas, na busca de novas descobertas científicas e educacionais para o

processo ensino e aprendizagem em tempo real, superando as fronteiras dos

espaços delimitados e geográficos.

“Na escola Marista, [...] estamos convencidos de que ciência e fé não são

pólos dicotômicos ou antagônicos. A ciência sem a religião é manca; a religião

sem a ciência é cega” (MISSÃO EDUCATIVA MARISTA, 2000).

Alves (1986) alerta, que em alguns casos, a técnica, pode também se

transformar em adversária do homem, como sucede quando a mecanização do

trabalho suplanta o mesmo homem, tirando-lhe todo o gosto pessoal e o

estímulo para a criatividade e para a responsabilidade; igualmente, quando tira

o emprego a muitos trabalhadores que antes estavam empregados; ou ainda

quando, mediante a exaltação da máquina, reduz o homem a ser escravo da

mesma.

O educador Marista precisa ter consciência da influencia da técnica na vida das pessoas, de acordo com a tradição do humanismo cristão. A

52

atitude a ser despertada nos educandos deve ser não a da submissão cega e nem a do medo ou da repulsa aos novos recursos da tecnologia, mas a do uso equilibrado como instrumento de humanização (MISSÃO EDUCATIVA MARISTA, 2000, p. 123).

A educação precisa, fundamentalmente, recuperar o humanismo da

técnica e na técnica, assim a escola Marista deve ser compreendida cada vez

mais como “lugar de educação integral”, apoiada em um projeto educativo

voltado para o mundo da técnica e o mundo da educação.

A necessária educação apoiada pelos instrumentos tecnológicos não

pode ser entendida ou baseada em princípios tecnicistas os quais reduzem a

educação à conhecimentos e habilidades técnicas, em detrimento da formação

integral do educando. Isso nos leva a pensar em formas de aproveitar os

aspectos positivos, embalados pelo fascínio que os jovens, e também das

crianças e idosos, demonstram pelos instrumentos tecnológicos, exigindo do

professor uma postura de aprendiz permanente, tornando a aprendizagem

mais interativa e menos linear, pois a horizontalidade irá destacar-se nas

relações entre os sujeitos na sala de aula.

A marca do avanço tecnológico é definitiva em nossa civilização, o que

nos leva certamente a aceitar a idéia de que já não faz sentido refutá-lo, é mais

inteligente estar disposto a aprender a usá-lo, ainda que esta atitude considere

princípios éticos e morais diante da condição humana e da natureza, evitando a

fascinação de programas que incentivam a guerra e a violência entre sujeitos e

nações.

A Educação Marista destaca que é preciso lembrar que qualquer recurso

que o professor utilize, não passa apenas de um recurso auxiliar, o que faz

53

diferença no uso e nos processos pedagógicos é o ser, o educador, é a forma

como este utiliza os recursos. As novas tecnologias de transmissão e de

armazenamento da informação não podem jamais substituí-lo. O Ideário

Educativo Marista aponta para dois fenômenos do processo educativo os quais

reforçam a necessidade da presença do educador:

a) a aprendizagem é sempre re-construtiva;

b) a aprendizagem é sempre política, porque implica a atividade de

sujeito.

A Proposta Educativa Marista (2000) sugere educar e promover os

desenvolvimentos integrais, cultivando todas as suas dimensões. No

pensamento do fundador Marcelino Champagnat, uma Escola Marista deverá,

através de suas potencialidades, facilitar à criança e ao jovem a consecução

dos valores que o humanizam e o personalizam, tais como a busca de novos

conhecimentos, a sociabilidade e a liberdade para novas descobertas no

contexto ao qual está inserido.

Elias (1996, p.99) destaca: é por intermédio das modificações

comportamentais da área afetiva que a escola pode contribuir para a fixação

dos valores e dos ideais que a justificam como instituição social.

O ser humano é social por natureza. Desde muito jovens vivemos em

sociedade, fazemos parte e formamos grupos com pessoas das mais

diversificadas crenças, origens e personalidades. Graças a esse convívio, no

decorrer de nossas vidas, vivemos situações que nos constrangem ou

enaltecem, sofremos desilusões, aprendemos com nossos erros e acertos e,

54

através de comparações, conseguimos construir a nossa personalidade e

interagir com o universo.

Nesse referencial, nossos melhores amigos, aqueles que com suas

críticas e conselhos, muitas vezes, melhoram certos aspectos e

comportamentos negativos que apresentamos, conseguem nos sensibilizar,

pois conquistaram nossa confiança, nosso respeito, são exemplos de

companheirismo e demonstram um sincero interesse pelo nosso bem-estar.

Se as relações humanas, embora complexas, são peças fundamentais na

realização de mudanças nos níveis profissional e comportamental, não

podemos ignorar a importância de tal interação entre professores, alunos e

tecnologias.

A relação estabelecida entre professores e alunos constitui o cerne do

processo pedagógico, pois é impossível desvincular a realidade escolar da

realidade de mundo vivenciada pelos alunos, uma vez que essa relação é um

movimento de trocas, pois ambos podem ensinar e aprender através de suas

experiências. Gadotti (1999, p.2) tão bem nos lembra:

O educador não pode colocar-se na posição ingênua de quem se pretende detentor de todo o saber; deve, antes, colocar-se na posição humilde de quem sabe que não sabe tudo, reconhecendo que o analfabeto não é um homem “perdido”, fora da realidade, mas alguém que tem toda a experiência de vida e por isso também é portador de um saber.

Se por um lado é importante a existência de afetividade, da confiança, da

empatia do respeito entre docentes e discentes para que se desenvolvam

habilidades como a leitura, a escrita, a reflexão, a aprendizagem e a pesquisa

autônoma; por outro, os educadores não podem permitir que tais sentimentos

interfiram no cumprimento ético de seu dever de professor.

55

Ser educador é cultivar, na própria vida, além do conhecimento, a

sapiência e despertar a sabedoria nos seus educandos. O educador possui o

compromisso de estar voltado para o futuro, pois será no futuro que os seus

alunos irão fazer mudar, melhorar e viver. A educação Marista situa-se frente

aos desafios do “mundo das TIC”, isto é, o Educador Marista não educa

partindo do nada. Toma como princípios alguns elementos destacados por

Marcelino Champagnat, bem como algumas contribuições pedagógicas: a

introdução de um moderno método de alfabetização; a adaptação do sistema

educacional para as escolas rurais; a iniciação do canto como elemento

educativo; o ingresso do esporte nas atividades da escola e a introdução do

livro didático.

A educação Marista está situada frente aos desafios do “mundo da

técnica” e sua pedagogia baseada na Educação Integral, não se interessa

somente pela aprendizagem, pela aquisição de informações, pelo

desenvolvimento de habilidades e de hábitos, mas pela pessoa, de forma

global. A questão fundamental é como garantir que as TIC tornem-se aliadas

em nosso empenho para construir uma Educação Integral nas Escolas

Maristas?

A tradição pedagógica Marista nutre-se da experiência e das reflexões

educativas, desenvolvidas desde o Pe. Marcelino Champagnat e os primeiros

Irmãos Maristas, quando da sua fundação em 2 de fevereiro de 1817, em La

Valla, Sudoeste da França, até os dias atuais. Nesta perspectiva, destaca-se

um tripé pedagógico que valoriza aspectos essenciais e peculiares do estilo da

Educação Marista:

56

1- A pedagogia da Presença, a pedagogia do Espírito de Família ressalta

a importância da escola ser o prolongamento do lar, e do professor dedicar

amor a seus alunos, como requisitos indispensáveis para exercer influência

sobre eles.

2- A pedagogia do Amor ao Trabalho põe em destaque a necessidade do

esforço, da aplicação ao estudo, da disciplina, da organização e do método nas

atividades de aprendizagem.

3- A pedagogia do Testemunho Pessoal enfatiza o exemplo do mestre

como elemento fundamental de influência direta junto a seus alunos. Sabe-se

que os exemplos falam mais alto do que as palavras. O estilo Marista de

educar fundamenta-se em uma visão integral, que se propõe a comunicar

valores.

Aos educadores Maristas destaca-se que devam superar a tecnofobia, ou

seja, o temor de que os novos instrumentos tecnológicos venham alterar a sua

vida, seu status frente às outras pessoas e abalar sua autoconfiança e sua

visão de mundo (GUIA PEDAGÓGICO, 2003, p.7).

O educador precisa desenvolver a tecnofilia, isto é, a confiança nas

possibilidades latentes nas novas tecnologias e descobrir como estas podem

estar a serviço da construção de um mundo melhor, a partir da educação.

Precisamos aprender a conviver com o fascínio das novas tecnologias sem

correr o risco de cair no vazio metodológico. Precisamos ter consciência das

vantagens e das limitações do uso das TIC na educação.

Aprender a reencantar a educação implica aprender a superar a simples

utilização de novos instrumentos para a manutenção das velhas práticas

57

pedagógicas, ou seja, é preciso, introduzir, além dos novos meios eletrônicos,

novas formas de ensinar e de aprender, tornando a aprendizagem mais rápida,

intensa e atraente. Aprender sempre.

Também na área tecnológica, o professor deve ser um permanente

aprendiz e se convencer da necessidade de capacitação permanente. A

obsolescência dos equipamentos e dos programas deve nos incitar à

atualização constante, pois no “mundo da técnica”, o que é definitivo é apenas

a mudança.

Indicações aos educadores Maristas (MISSÃO EDUCATIVA MARISTA,

2000, p.62):

Ser, em primeiro lugar, bom professor - Precisamos entender que as TIC ampliam e valorizam os bons professores. Isto significa que é preciso ser bom antes mesmo de utilizar os novos recursos. Eles, por si mesmos, não fazem o bom professor. Crer que o bom professor jamais será substituído - Precisamos nos convencer de que o medo de o professor ser substituído pelo computador é um medo real apenas num caso: quando a sua função for simplesmente a de transmitir informações. Superar a simples transmissão de informações – A função educacional da escola não é apenas a de informar, mas a de formar. Deve-se desenvolver uma atitude de formação humana, de desenvolvimento de idéias, de sensibilidade para os valores, de estabelecimento de novos significados. Explorar o potencial da rede - É urgente superar a visão de que a Internet é apenas uma grande biblioteca. Precisamos descobri-la como um grande meio de comunicação. Assim, talvez, possamos desenvolver melhor a pedagogia da presença. O educador deve mostrar aos educandos que a Internet é ‘uma escola do tamanho do mundo’; todos fazemos parte da grande família humana.

Como sugestão aos educadores Maristas, cita-se a necessidade da

utilização dos recursos da Educação à Distância, as TIC e materiais

instrucionais hoje disponíveis e ao alcance dos professores e dos alunos, como

instrumentos poderosos para a democratização do saber e para a partilha do

conhecimento. Elas podem, e devem ser exploradas, tanto pelos professores

58

quanto pelos alunos, de maneira formal e informal. Há alguma coisa que uma

máquina não possa fazer? “Sim, há uma coisa que uma máquina não pode

fazer: educar sozinha, sem a presença de um educador” (PROPOSTA

EDUCATIVA MARISTA, 2000. p.142).

Educar é resignificar valores, não apenas conteúdos. As TIC podem nos

ajudar, mas não farão isso sem a participação atuante e consciente. Cada

professor de uma escola Marista deve, efetivamente, transformar-se em um

educador Marista empenhado em atualizar-se permanentemente e a incorporar

as TIC no seu cotidiano pedagógico.

A inserção das TIC, no Colégio Marista Frei Rogério visa oportunizar aos

professores e alunos, a partir da Missão Educativa Marista, novas

oportunidades no processo de ensino-aprendizagem, em todos os níveis e

modalidades da educação, como instrumento de mediação da construção do

conhecimento, buscando novas alternativas para ensinar e aprender.

Oferecendo aos professores novas oportunidades para a inovar na ação

pedagógica, atendendo às expectativas propostas na nova concepção Projeto

Político Pedagógico, de Educação Marista na Educação Infantil, Ensino

Fundamental e Ensino Médio (PPP, 1999). Através das potencialidades

oferecidas pelo uso das TIC buscamos:

Favorecer o desenvolvimento do senso crítico dos alunos através da socialização de informações; desenvolver o pensamento criativo e a capacidade da análise; integrar as TIC nas atividades escolares; orientar os alunos para a utilização das TIC como um recurso no processo de construção do conhecimento, ensino e aprendizagem; motivar constantemente professores e alunos através dos novos instrumentos tecnológicos de ensino, tornando o processo de aprendizagem inovador e contextualizado; desenvolvimento de projetos interdisciplinares, contemplando todos os níveis de ensino; potencializar o desenvolvimento do aluno a partir de desafios e estímulos constantes à sua curiosidade; favorecer a autonomia e responsabilidade do aluno pelo seu próprio aprendizado, de forma a construir seu conhecimento;

59

garantir o desenvolvimento da capacidade de aquisição de novos conhecimentos, bem como procurar transferir segurança aos alunos quanto o uso das TIC; desenvolver o raciocínio lógico, a capacidade de memorização, a comunicação, a colaboração entre alunos no processo de construção de novos conhecimentos; oportunizar aos alunos experimentar, pesquisar, descobrir e extrair informações referentes aos conteúdos estudados. (MISSÃO EDUCATIVA MARISTA, 2000, p. 59).

O mundo de hoje, o mundo da técnica, é o contexto que somos chamados

a exercer a Missão Educativa Marista. O que devemos buscar, com perseverança

e determinação, é perceber os sinais dos tempos e a eles responder com

fidelidade o jeito Marista de educar. (grifo nosso).

1.2.3. Aspectos Cronológicos das Tecnologias de Inf ormação e da Comunicação – TIC no Colégio Marista Frei Rogério – Joaçaba – SC

A utilização das TIC no Colégio Marista Frei Rogério, iniciou em 1990 no

setor administrativo, com a preocupação de fornecer um banco de dados

acadêmico, prático, eficiente, ágil e confiável. No decorrer deste processo,

diretores, professores, funcionários e alunos tiveram os primeiros contatos com

TIC.

No ano de 1996, houve a instalação dos laboratórios de informática nos

colégios da Província Marista de Santa Catarina, através da mantenedora

União Catarinense de Educação (UCE). Todos os laboratórios e setores

administrativos conectados a Internet. Oportunidade em que se firmou

convênio com a agência Futurekids de Florianópolis especializada em

consultoria na área da informática educacional, a qual oferecia treinamentos

aos responsáveis e facilitadores do laboratório de informática. As aulas no

laboratório eram ministradas através de currículos específicos com temáticas

60

relacionadas aos conteúdos ministrados em sala da aula diferenciando-se por

níveis (séries).

Procurou-se, através da parceria Futurekids e Colégio Marista Frei

Rogério, oportunizar aos alunos currículos temáticos, executados com

softwares específicos, que atendiam os objetivos propostos para aculturar os

alunos no uso das TIC, de forma motivadora, criativa, prazerosa e lúdica, não

havendo uma preocupação imediata em envolver diretamente os professores

para o uso dos instrumentos informáticos.

Os professores acompanhavam os alunos ao laboratório de informática e

participavam das aulas como ouvintes. Alguns começavam a motivarem-se

pela nova modalidade de ensino e ensaiavam os primeiros passos em direção

ao uso do computador, Internet e suas ferramentas, associadas às atividades

de sala de aula.

Ao executarem as atividades, os alunos recebiam noções básicas de

como usar o editor de textos, planilha eletrônica, software de autoria, noções

de como utilizar o computador e alguns de seus principais dispositivos (mouse,

teclado, mídias, cd-rom entre outros). Tratava-se do ensino da informática.

Em 1998, a direção e as coordenações optaram por oferecer capacitação

aos professores e funcionários, com cursos específicos, unindo teoria e prática,

o que resultou no término da parceria entre Colégio Marista Frei Rogério e

Futurekids. Após essa fase de capacitação, os professores, de forma orientada

e gradativa, começaram ministrar suas aulas no laboratório de informática com

acompanhamento e assessoria dos monitores do laboratório. Percebeu-se

assim, que o trabalho fluía de forma satisfatória, a cultura de informatização

61

estava sendo impregnada e as TIC surgindo como novos instrumentos para

auxiliar os professores e alunos na construção de novas formas de ensinar e

aprender.

Nesse mesmo ano foi definida a inserção das TIC no processo educativo

como proposta experimental. Percebeu-se que uma pequena parcela de

professores havia incorporado uso das TIC, porém os demais permaneceram

apáticos diante da possibilidade de usar o laboratório de informática

(computador) como potenciais didático-pedagógico. Essa dificuldade foi

encontrada em todas as escolas da Província Marista.

Diante da constatação, buscaram-se novos elementos para motivar e criar

a cultura em nossos professores de como usar as TIC em suas aulas.

Motivados por depoimentos dos professores: “não sei como ligar o

computador”; “fico insegura diante do computador”; “percebo que meus alunos

sabem mais”; “sempre utilizei o quadro, livro”; “mudar? Não gosto disso é muita

modernidade”.

Após inúmeros depoimentos, a direção, coordenações pedagógicas e

coordenação do laboratório junto ao Grupo de Tecnologias da Província, em

reunião de avaliação, sentiram a necessidade de buscar alternativas para não

perder de vista o foco principal; inserir as TIC no processo ensino

aprendizagem. Recomeçaram os cursos de informática básica (editor de textos,

editor de imagens, Internet, softwares de autoria), contemplando todas as

áreas e disciplinas em estudo.

Novamente buscou-se parceria de uma empresa especializada em

assessoria educacional na área das TIC aplicada à educação, porém com um

62

diferencial, a agência estaria prestando assessoria também na formação dos

professores capacitando-os a utilizar os instrumentos tecnológicos. O trabalho

de capacitação ocorreu durante os anos de 1999 e 2000, através de cursos

ministrados por instrutores da Complex Informática de Florianópolis/SC. Os

cursos aconteciam no laboratório de informática do Colégio Marista Frei

Rogério, trimestralmente com duração de dois períodos distribuídos em dois

dias, os professores faziam a opção do melhor horário, porém, todos

participavam.

As aulas no laboratório de informática começaram a se intensificar. Os

professores, motivados pelos assessores do laboratório, criaram uma rotina

com a pesquisa em softwares de referência e na rede Internet.

No ano de 2000, iniciaram-se projetos disciplinares envolvendo todas as

turmas utilizando as mais variadas mídias. Os resultados começaram ser

surpreendentes e, paralelamente, a realização dos projetos, aconteceu a

Gincana Virtual Tecnológica realizada com a 7ª série sobre o tema

“Olimpíadas”. A Gincana foi realizada em parceria entre a União Catarinense

de Educação e a Complex Informática, envolvendo todos os Colégios Maristas

da antiga Província. Essa experiência foi bastante positiva, suscitou inclusive

outra gincana no ano seguinte. Assim, em 2001 aconteceu a II Gincana Virtual

Tecnológica com a 7ª série, que desta vez teve como tema “Pátria e

Cidadania”.

Além das aulas que utilizavam softwares educacionais específicos,

pesquisa na Internet e softwares de autoria, o ano de 2002 também foi

marcado por projetos em toda Província. Os Jogos Colaborativos, realizados

63

com a 8ª série, aconteceram em maio e tiveram como tema a “Copa do

Mundo”. Em agosto, aconteceu a III Gincana Virtual Tecnológica, com a 7ª

série motivada pelo tema “Eleições”. No ano de 2003, iniciou-se o projeto de

Robótica Educativa com resultados surpreendentes, provocando um

investimento maciço em todos os colégios.

A robótica educacional é uma aplicação dos instrumentos tecnológicos na

área pedagógica, sendo mais um expediente que oportuniza aos professores e

alunos a vivência de experiências semelhantes às que realizaram na vida real,

oferecendo oportunidades para propor e solucionar problemas complexos mais

do que observar formas de solução.

A princípio, a robótica educacional, não tem como objetivo projetar robôs

inteligentes, mas permitir aos estudantes aprofundar conceitos estudados em

sala de aula, de maneira efetiva e prática. As atividades com robótica

possibilitam a participação do aluno na tomada de decisões, na resolução de

problemas, além de favorecerem atividades interdisciplinares envolvendo

diversas áreas do conhecimento.

Sempre que se discutem fórmulas para melhorar níveis de qualidade de

vida da sociedade, a importância da educação está presente. É preciso definir

que homem e sociedade a escola pretende formar, através de sua atuação

enquanto Instituição Educativa (MISSÃO EDUCATIVA MARISTA, 2000, p. 41).

Pensar as TIC como potencializadores pedagógicos que propiciam a

construção do conhecimento e de saberes é, antes de tudo, pensá-la vinculada

à realidade da educação de seus professores e alunos, bem como na busca e

64

superação dos problemas de ensino, procurando identificar formas de uso que

constituam soluções para os problemas educacionais.

A escola é o local onde os alunos criam e recriam conhecimentos, são

preparados para enfrentarem e ajudarem a construir o mundo onde vivem.

Sendo assim, as TIC e seus potenciais devem ser utilizados para interação

entre os sujeitos e para a construção e resignificação dos processos

educativos.

O computador aliado à Internet possibilita explorar diferentes áreas de

ensino e lazer. A rede oferece uma infinidade de serviços, é rica em conteúdos,

além de uma grande diversidade de novidades e informações. Assim um

laboratório de informática, conectado à Internet dentro de uma escola, não teria

sentido se não fosse para colaborar no ensino-aprendizagem dos alunos. A

preocupação dos Educadores Maristas é oportunizar aos alunos o contato com

as TIC, colaborando para o constante aperfeiçoamento, acompanhando os

avanços tecnológicos e construindo novas formas de resignificar os conteúdos

formais e de entrelaçá-los com as experiências, vivências e saberes informais.

No uso e na recepção dos novos instrumentos tecnológicos, tornam-se urgentes tanto uma ação educativa em ordem ao sentido crítico, como uma ação de defesa da liberdade, do respeito pela dignidade pessoal, da elevação da autêntica cultura dos povos, com a recusa, firme e corajosa, de toda forma de monopolização e de manipulação (MISSÃO EDUCATIVA MARISTA, 2000).

Os projetos educacionais apoiados pelas TIC propiciam aos discentes

condições de trabalhar a partir de temas, de atividades ou de ações as quais

podem ser desenvolvidas em sala de aula, pautadas na Proposta Marista, que

visa desenvolver valores de acordo com a concepção das finalidades da

educação, tendo convicção de que se necessita formar um indivíduo capaz,

65

culto, reflexivo, crítico e criativo. Os alunos, ao desenvolverem projetos e ao

utilizarem as TIC, podem contar com as facilidades da hipertextualidade,

superando espaço-tempo delimitados e cronológicos, buscando interlocutores

através da interatividade.

Assim o aluno terá participação ativa no processo de construção,

pesquisando, decidindo, selecionando a informação, transformando-a em

conhecimento para desenvolver a estrutura do seu trabalho. Constata-se, a

importância na busca de novos conhecimentos. O uso da Internet reforça o uso

das TIC, no processo ensino e aprendizagem, explora suas potencialidades

permite cumprir os objetivos propostos no Ideário Educativo Marista e na

Missão Educativa Marista: um projeto para o nosso tempo, documentos

norteadores da Proposta Educativa Marista.

Este recurso foi utilizado através de uma parceria entre a União

Catarinense de Educação e a Complex Informática, quando da realização

Gincana Virtual Tecnológica, evento via Internet que envolve equipes de alunos

da 7ª série de todas as escolas Maristas da Província do Brasil Centro-Sul. Em

três dias de desafios contínuos, incentivam-se os alunos a um aprofundamento

em temas relevantes ao contexto escolar.

A Gincana Virtual Tecnológica propicia a participação ativa e a interação, tanto dos alunos quanto dos professores. Também auxilia o aprendizado do aluno, pois oferece: bases da educação tecnológica; sensibiliza sobre o uso das TIC; favorece a interação com grande quantidade de informação de maneira atraente; motiva a utilização de procedimentos de pesquisa e a socialização das informações e conhecimentos; favorece a interação dos alunos e a colaboração no processo de construção do conhecimento (GUIA PEDAGÓGICO, 2003, p.13).

Um dos grandes fatores que contribuem para a aquisição do

conhecimento é a motivação. Há várias formas de motivar os educandos e o

66

advento da Internet neste universo aumentou-as. Neste contexto, a Equipe de

Informática Educativa da União Catarinense de Educação – UCE desenvolve

diversos projetos que utilizam este recurso e cujos principais elementos são a

motivação e o intercâmbio entre os educandos.

Os Jogos Colaborativos, recurso utilizado pela Complex Informática,

constituem-se em um conjunto de métodos e técnicas de aprendizagem para

utilização em grupos estruturados, onde cada membro é responsável, quer pela

sua aprendizagem, quer pela aprendizagem do restante dos componentes da

equipe.

As atividades são desenvolvidas através da Internet com equipes

compostas por alunos das 8ªs séries de diferentes Colégios Maristas, com o

objetivo de trocar informações via chat ou e-mail buscando encontrar as

respostas corretas para as questões apresentadas sobre um determinado

tema.

Além do conhecimento específico, os jogos colaborativos propiciam a

participação ativa e a interação, tanto dos alunos quanto dos professores.

Também auxilia o aprendizado do aluno a partir do momento que aumenta as

competências; desenvolve o pensamento crítico; adquire novas informações;

compartilha informações; diminui o isolamento; aumenta a segurança e auto-

estima; fortalece a solidariedade e respeito mútuo; desperta o interesse pela

pesquisa; possibilita desenvolver trabalho em equipe; oportuniza respeito às

diversas opiniões; auxilia na busca de novos conhecimentos e possibilita a

realização de trabalho cooperativo.

67

Os jogos colaborativos mostram-se como mais uma estratégia

interessante de aprendizagem por disponibilizar um maior intercâmbio

pedagógico entre as escolas, ampliar a utilização da tecnologia com uso da

Internet, propiciar a construção do conhecimento a partir de informações

procedentes de diferentes saberes disciplinares e proporcionar uma troca

afetiva e social, que permite a construção de novas amizades.

Os Colégios Maristas da Província Marista Brasil Centro-Sul, atualizam-

se, constantemente, quanto às tendências tecnológicas e pedagógicas que

despontam no contexto atual da sociedade.

O Colégio Marista Frei Rogério, utilizando-se do Laboratório de

Informática, objetiva a educação integral das crianças e jovens que desta

instituição fazem parte, não apenas preparando-as para as primeiras etapas da

vida, mas também para desempenharem papéis ativos na sociedade, como

uma massa crítica e pronta às mudanças, por toda vida.

Promovendo a participação e a criatividade no processo de aprendizagem,

a Proposta Pedagógica do Colégio Marista Frei Rogério contribuí para que o

aluno adquira autoconfiança. Através da utilização das TIC, procura-se não

apenas desenvolver conhecimentos e competências no aluno, mas possibilitá-

lo a aprender como trabalhar e pesquisar em equipe, a se comunicar

efetivamente e a se relacionar com grupos.

Lévy (2002) afirma, o maior desafio da educação e do professor na

contemporaneidade é mais do que nunca, articular as experiências e

conhecimentos prévios dos alunos e propiciar o desenvolvimento da autonomia

68

discente de forma a constituir uma inteligência coletiva que promova a

democratização do conhecimento e exercício pleno da cidadania.

O mundo contemporâneo apresenta mudanças que afetam todos os

setores da sociedade, inclusive a educação. Estas mudanças, irreversíveis,

estão relacionadas ao desenvolvimento das Tecnologias de Informação e

Comunicação (TIC), que instituem diferentes concepções de tempo e de

espaço e possibilitam ao professor desenvolver novas práticas pedagógicas. É

necessário, então, que os professores do século XXI, em primeiro lugar,

adquiram fluência tecnológica vinculada, principalmente, à reflexão e ao uso de

ferramentas digitais (para a comunicação e interação) no âmbito educacional

ampliando dessa forma à compreensão das TIC. A falta de fluência tecnológica

cria uma lacuna entre educadores preparados para utilizar mídias digitais, em

aulas presenciais e em cursos on-line, e aqueles que não estão habilitados

para fazer uso delas. O Colégio Marista Frei Rogério, busca capacitar seus

professores e alunos na utilização das TIC para que possam aprender a

conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e juntos aprender a ser.

CAPITULO II

AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO (TIC)

E A EDUCAÇÃO

A presença das tecnologias da informação e comunicação - TIC nos diversos

segmentos da sociedade provocou mudanças significativas no modo de produção

da vida, redimensionando o conceito de tempo, espaço e distância. O modo de

viver, de trabalhar e de interagir no mundo passa por transformações rápidas e

69

irreversíveis. O uso de tecnologia é sinônimo de desenvolvimento e de novos

paradigmas em detrimento de modelos tradicionais. Neste sentido, compete à

educação escolar rever seus processos de encaminhamento da prática docente,

em especial, no que diz respeito ao desenvolvimento de novas metodologias e

utilização adequada das TIC para a construção do conhecimento crítico-reflexivo.

2.1. TECNOLOGIAS E TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO

As TIC provocaram nas últimas décadas mudanças significativas na

sociedade, permitindo ao homem novas formas de viver, de trabalhar e de se

organizar. O debate sobre o uso das mesmas nos diversos segmentos da

sociedade tem merecido destaque em congressos e pesquisas científicas, bem

como ocupa lugar comum em conversas do dia-a-dia.

A vida do homem moderno tornou-se mais dinâmica com a presença dos

meios tecnológicos nas mais diversas áreas da atividade humana: deslocar os

filhos à escola, comprar virtualmente, pagar contas online, fazer diagnósticos por

imagem, trabalhar em casa, estudar online entre outros. Contudo o uso de vários

instrumentos eletrônicos, telemáticos e informáticos tem possibilitado e auxiliado o

homem no cumprimento de uma carga significativa de atividades diárias.

Gradativamente, as TIC invadem nosso mundo e, quando percebemos, já

estamos envolvidos. Dessa forma, é inegável a importância que os instrumentos

tecnológicos exercem em nossas vidas. Mas afinal, o que é tecnologia? Como ela

se origina?

De acordo com Medeiros e Medeiros (1983, p.8), "tecnologia é o conjunto de

conhecimentos, práticos e científicos, aplicados à obtenção, distribuição e

70

comercialização de bens e serviços". E mais: Técnica e tecnologia não são

sinônimos, embora mantenham relação de parentesco. A técnica está associada

à noção do 'fazer', isto é, habilidade ou arte inata ao homem. A tecnologia une

esta habilidade natural aos conhecimentos práticos ou científicos que foram

sendo acumulados ao longo dos anos. Os estudiosos afirmam que a técnica

resolve os problemas fundamentais do homem. A tecnologia satisfaz também

seus desejos (e sonhos).

Para Medeiros e Medeiros (1983, p. 9) A união do saber fazer com o

conjunto de conhecimentos apropriados pelo homem são capazes de desenvolver

produtos que satisfaçam nossas necessidades ao longo da vida. O

esclarecimento do termo tecnologia deixa explícito que os conhecimentos

construídos ao longo da história da humanidade estão representados na forma de

bens, serviços e produtos disponibilizados na sociedade e que assumem um pa-

pel muito importante para o desenvolvimento do ser humano.

O uso das tecnologias imprime alterações substanciais no modo de

produção da vida, redimensionando o conceito de tempo, espaço e distância,

abrindo, assim, um número muito grande de possibilidades de intercâmbio de

informações, contribuindo para a construção de uma vida melhor. A produção

científica permitiu ao homem desenvolver invenções cada vez mais sofisticadas,

que deram outros rumos para a sociedade, entre elas a energia elétrica, que veio

subsidiar e colocar em funcionamento vários recursos eletrônicos indispensáveis

para o desenvolvimento da vida humana. O rádio foi uma das grandes invenções

produzidas em nossa sociedade, trazendo muita alegria e satisfação à população.

Desde muito tempo, ele se tornou um aparelho praticamente obrigatório dentro de

71

casa, no carro, no campo de futebol, representa, para maioria dos seus ouvintes,

um companheiro de todas as horas, levando muita informação, ultrapassando bar-

reiras e chegando aos lugares mais distantes.

Outra grande conquista social foi a televisão, causando deslumbramento

entre as pessoas. Composta de som e imagem em movimento permite a

transmissão, em tempo real, de diversos programas, colocando-nos em contato

com os grandes acontecimentos políticos, econômicos e sociais ocorrido em nos-

sa cidade, estado, país e mundo. Além disso, tem exercido uma outra função que

é divertir as pessoas com a transmissão de telenovelas, filmes, desenhos, etc.

A possibilidade que temos hoje de transmitir informações em tempo real, de

manter contato com pessoas que estão localizadas geograficamente do outro lado

do mundo, de assistir a fatos ocorridos na sociedade praticamente no momento

em que os mesmos ocorrem, é fruto do avanço tecnológico que tem derrubado

barreiras rumo a um mundo cada vez mais globalizado. Vejamos, por exemplo, o

caso do telefone, até tempos atrás, a única forma de conversar com as pessoas

era por meio de um aparelho fixo, ligado a uma rede física.

Com o desenvolvimento da telefonia celular, podemos localizar as pessoas

em quaisquer pontos em que estiverem, permitindo maior mobilidade no processo

comunicacional. "O telefone celular vem dando-nos uma mobilidade inimaginável

alguns anos atrás. Posso ser alcançado, se quiser, ou conectar-me com qualquer

lugar sem depender de ter um cabo ou rede física por perto" (MORAN, 2005, p.

128).

72

Esse recurso provocou uma revolução no mundo da comunicação e virou

uma febre entre pessoas de diversas idades. As tecnologias produzidas ao longo

da história foram muitas e estão presentes nos mais diversos campos do

conhecimento. Elas são utilizadas na área da saúde, da engenharia, da

agricultura e em muitas outras, auxiliando cientistas na busca de novas

informações e soluções para a construção de recursos necessários à população.

A rede mundial de computadores promoveu uma grande revolução social,

permitindo o acesso rápido e fácil a um verdadeiro mar de informações

provocando, concomitantemente, mudanças extraordinárias na área da

comunicação. Com a Internet, podemos enviar e receber mensagens, docu-

mentos, fotos em tempo real. Temos a possibilidade de dialogar com pessoas que

estão a quilômetros de distância. A rede permite-nos, ainda, entrar em contato

com culturas diferentes, ter acesso a bibliotecas virtuais, fazer transações

bancárias, evitando filas e perda de tempo.

De acordo com Moran (2005) a rede nos permite executar uma série de

atividades consideradas inimagináveis em outros períodos históricos, es-

tabelecendo um elo de comunicação muito grande entre as pessoas. No século

XV, as caravelas portuguesas, depois de muitos dias e noites, aportaram aqui.

Pêro Vaz de Caminha, o “repórter” de confiança da Coroa portuguesa, mandou a

notícia. Ele escreveu: 'Esta terra, senhor [...] em tal maneira é graciosa que,

querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem”. Essa

notícia chegou imediatamente a Portugal. Meses depois. Esse era o tempo do

'imediatamente' que a tecnologia da época permitia (BACCEGA, 2005, p. 8-9).

73

A citação ilustra um período da história em que as mensagens enviadas não

chegavam até o destinatário com a mesma rapidez dos tempos atuais. Como bem

afirma a autora, nos dias de hoje, provavelmente, Pêro Vaz de Caminha faria

essa informação chegar a Portugal em questão de segundos, utilizando, para tal,

o recurso do correio eletrônico. Contudo, aproveitamos o exemplo para

acrescentar outras considerações.

Imaginemos Pêro Vaz de Caminhas realizando tal viagem e tendo em sua

bagagem um notebook, uma filmadora e uma câmera digital. Tal seria a alegria do

navegante em poder compartilhar as descobertas aqui feitas ao enviar, em tempo

real, vídeos, fotos e textos sobre a terra prometida, permitindo à Coroa

portuguesa não só tomar conhecimento deste país por intermédio de texto, mas

ter a possibilidade de ver, em fotos e vídeos, as coisas belas aqui encontradas.

Por outro lado, a sociedade depara-se com vários crimes que são praticados

na rede mundial de computadores. São muitos os casos em que utilizam as

facilidades e os instrumentos da rede eletrônica para a realização de delitos,

como: roubar documentos importantes de grandes empresas; retirar dinheiro de

conta corrente; distribuir vírus que atacam e destroem as informações armaze-

nadas em computadores do mundo inteiro. Levar esses fatos ao conhecimento de

todos tem como finalidade mostrar que as novas tecnologias de informação e

comunicação trazem muitos benefícios à população. Porém, é necessário

esclarecer que os meios eletrônicos podem ser utilizados para promover o bem

ou o mal, temos que ser críticos e saber avaliar as vantagens e desvantagens

propiciadas pela tecnologia de comunicação e informação. Desta forma, a edu-

cação é o caminho para a construção e organização de valores éticos e morais,

74

que poderão orientar, de forma consciente, a prática adequada de utilização dos

instrumentos tecnológicos.

2.2. SOCIEDADE EM REDE E TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E

COMUNICAÇÃO - TIC: Hipertexto, não-linearidade e interatividade

Estamos interconectados com o mundo. É essa a sensação que temos ao

sermos bombardeados por informações que são veiculadas pelas diferentes

mídias impressas, sonoras, televisivas e telemáticas. A presença dos elementos

tecnológicos na sociedade transformam o modo dos indivíduos comunicarem-se,

relacionarem-se e construírem conhecimentos. Uma breve observação, no dia-a-

dia das pessoas, é suficiente para que se constate que o homem forma-se e

informa-se através da interação com as tecnologias de informação e comunicação

(TIC). Cinema, televisão, vídeo, Internet, cd-rom, simuladores visuais, telas

interativas... São as diversas mídias interagindo no universo afetivo e cognitivo

dos indivíduos.

Tudo isso faz parte de um processo mais amplo que é conduzido, em boa

medida, pelo desenvolvimento tecnológico em relação ao qual tem vivido a

humanidade, especialmente nos últimos cinqüenta anos, nas instâncias da

comunicação e da informação. Esse processo engloba uma série de

transformações em setores variados do viver humano, do econômico ao político,

do social ao simbólico, do cultural ao psíquico, que trazem profundas implicações

também para os domínios da educação. Isso nos faz assistir a um movimento de

rápidas transformações no cenário educacional, de amplitudes ainda

desconhecidas, que necessitam ser analisadas. Pouco a pouco, percebe-se que

75

as políticas públicas educacionais, em praticamente todos os países ocidentais, já

começam a definir posicionamentos mais claros e detalhados sobre o assunto,

incentivando, muitas vezes, o surgimento de programas de introdução das TIC na

educação, assim como regulamentando limites para os mesmos. Do ponto de

vista acadêmico, o volume da produção também tem crescido significativamente.

Já faz parte do senso comum se afirmar que a transmissão da informação

não é mais um privilégio da educação. Alves (1998, p.35) contribui com esta

afirmação: “já se foi o tempo em que a escola era o principal lugar de aquisição

das informações. Com a difusão acelerada das informações através das TIC,

estas deixaram de ser privilégio de poucos e transformaram-se em parte

integrante da cultura mundial”.

Em determinada medida, esse processo colocou em crise certo modelo de

educação, estruturado no Ocidente, no século XIX, cujo objetivo era prover os

alunos do saber acumulado pela humanidade. Esse saber era, na verdade, a

sistematização de informações concebidas pela ciência da época como

fundamentais, acabadas e verdadeiras, num período histórico em que o acesso a

estas informações era de fato muito restrito. Um modelo que implicava, por sua

vez, em um tempo e em um espaço de aprendizagem bastante rígido.

A sociedade em rede congrega uma estrutura social construída em torno de

redes de informação, a partir do desenvolvimento de tecnologias e

microeletrônicas que resultaram no aperfeiçoamento de sistemas computacionais

que, por sua vez, estruturaram redes que conectam o mundo, com destaque para

a Internet. Nesse sentido, Castells (2003) argumenta que a Internet é muito mais

76

que uma simples tecnologia, é o meio de comunicação que constitui a forma

organizativa de nossas sociedades.

A Internet é o coração de um novo paradigma sócio técnico, que constitui na realidade a base material de nossas vidas e de nossas formas de relação, de trabalho e de comunicação. O que a Internet faz é processar a virtualidade e transformá-la em nossa realidade, constituindo a sociedade em rede, que é a sociedade em que vivemos. (CASTELLS, 2003, p. 287).

Seguindo essa mesma linha de pensamento, Lemos (2006) enfatiza que o

ponto de partida para compreender o comportamento social que marca uma

determinada época é ter consciência que existe sempre uma relação simbiótica

entre o homem, a natureza e a sociedade, sendo que em cada período da história

da humanidade prevalece uma cultura técnica particular.

Nesse caso, a cultura contemporânea passa a ser caracterizada pelo uso

crescente de tecnologias digitais, cria-se uma nova relação entre a técnica e a

vida social e, ao mesmo tempo, proporciona o surgimento de novas formas de

agregação social, de maneira espontânea, no ambiente virtual, com práticas

culturais específicas que constitui a chamada cibercultura19.

O fato curioso e até paradoxal desse período é que, embora a sociedade

esteja conectada mundialmente via redes de computador e o próprio contato ou

interação social possa acontecer em intervalo de segundos, o homem cada vez

mais sente a necessidade de integrar-se a grupos sociais, de envolver-se com

pessoas que compartilhem algo em comum, com as quais tenha certa

identificação. Enfim, há um retorno à busca de características que lhe forneçam

19 Lévy (1999, p.17) conceitua cibercultura como “conjunto de técnicas (materiais e intelectuais) de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço”.

77

uma identidade, uma forma de reconhecer-se diante dos outros, acontecimento

que, segundo Castells (1999), é uma conseqüência direta do nosso tipo de

sociedade, que perdeu a ilusão de poder viver num mundo mais justo e com

melhores condições de vida para todos e que teve sua base estrutural

completamente deslocada.

Entretanto, compreendemos que tal necessidade vem sendo suprida de

modo satisfatório por meio da formação de comunidades virtuais, potencializadas

pela existência de redes de computadores, surgidas nos Estados Unidos antes

mesmo da consolidação da Internet, por volta dos anos 70. É o caso da rede

Usenet, considerada uma das formas eletrônicas mais populares de organização

social nas redes. A Usenet é um sistema telemático que permite o contato entre

as pessoas e à promoção de fóruns de conversação, organizados a partir de

grupos temáticos, os newsgroups. Outra ferramenta que se destaca é o Bulletin

Board System (BBS), redes de computadores comunitárias e independentes de

uma grande rede telemática (LEMOS, 2006).

Os relacionamentos sociais, originados em redes de computação,

desenvolvem-se no ciberespaço, que pode ser compreendido como um lugar de

circulação de informação, um espaço de comunicação, espaço virtual, que não

existe em oposição ao real. Para Lemos (2002), o ciberespaço20 pode ser tanto o

lugar onde estamos quando entramos num ambiente simulado de realidade

virtual, como o conjunto de redes de computadores, interligadas ou não, em todo

20 Ciberespaço é para Lévy (1999, p.17) o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores. O termo especifica não apenas a infra-estrutura material da comunicação digital, mas também o universo de informações que abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo”.

78

o planeta. O ciberespaço é o ambiente simbólico onde as comunidades virtuais

se constituem.

As comunidades virtuais foram definidas inicialmente por Rheingold (1998)

como “(...) agregações sociais que emergem na Internet quando uma quantidade

significativa de pessoas promove discussões públicas num período de tempo

suficiente com emoções suficientes, para formar teias de relações pessoais no

ciberespaço”.

Lemos (2002), por sua vez, contribui para o debate, ao afirmar que nem toda

forma agregadora da Internet pode receber o rótulo de comunitária, pois existem

certos agrupamentos sociais em que os participantes não guardam qualquer

vínculo afetivo e/ou temporal, são apenas formas de agregação eletrônica.

De qualquer modo, o ciberespaço potencializa o surgimento de comunidades

virtuais e de agregações eletrônicas em geral, que estão delineadas em torno de

interesses comuns, de traços de identificação, pois ele é capaz de aproximar, de

conectar indivíduos que talvez nunca tivessem oportunidade de se encontrar

pessoalmente. Ambiente que ignora definitivamente a noção de tempo e espaço

como barreiras.

Como há muitos mitos em torno da Internet, é necessário esclarecer que a

Internet não modifica o comportamento dos internautas, na verdade, as pessoas

se apropriam da Internet e das suas potencialidades e, assim, amplificam a

capacidade de se comunicar e de criar. Os comportamentos são amplificados

pelos meios tecnológicos, fazendo com que indivíduos, localizados em diferentes

79

partes do globo e munidos de equipamentos adequados, possam conectar idéias,

crenças, valores, e emoções.

Neste aspecto, a tecnologia empregada funciona como força impulsionadora

da criatividade humana, da imaginação, devido à visibilidade e à disponibilidade

de material que circula na rede, permitindo que a comunicação se intensifique, ou

seja, as ferramentas promovem o convívio, o contato, uma maior aproximação

entre as pessoas.

A partir das idéias expostas, constatamos que o envolvimento crescente das

TIC, no meio social, provoca alterações consideráveis em diversos aspectos que

compõem a base material da sociedade, entre os quais se destaca a estruturação

de um novo tipo de organização social, sustentado em redes computacionais e

que dá origem à sociedade em rede.

A formação de comunidades virtuais na rede configura-se numa estratégia

para o homem que se relaciona no ciberespaço de se fazer reconhecer como

diferente diante dos outros indivíduos, sendo à busca de mecanismos de

identificação uma prática constante na história da humanidade.

A característica diferencial dessa nova possibilidade de estabelecer

relacionamentos sociais no ciberespaço está na forma de se adquirir traços de

identificação, pois o próprio indivíduo escolhe o grupo que pretende fazer parte,

de acordo com seu interesse particular, tendo a chance de participar de quantas

comunidades quanto desejar. Na verdade isso só é possível, graças a uma

mudança profunda na compreensão do conceito de identidade, que deixou de ser

visto como algo fixo, para estar em constante elaboração. Além disso, com o

80

advento do período da alta modernidade ou modernidade tardia, os indivíduos

desempenham uma série de papéis, conseqüentemente, apresentam uma

multiplicidade de identidades que caracteriza a chamada hibridização cultural.

Ao contrário das características das identidades nacionais, que eram

impostas pelo Estado-Nação como permanentes, hoje, o próprio indivíduo

seleciona suas marcas identitárias a partir do que se é e, do que se quer ser, com

o auxílio de redes mundiais, como a Internet, que ultrapassam os limites físicos do

cotidiano, seja na residência ou no trabalho, gerando redes de afinidades

consolidadas por meio de comunidades virtuais.

A formação de comunidades virtuais é resultado tanto do impacto das novas

tecnologias de comunicação na estrutura da sociedade, a partir da consolidação

de uma cibercultura, quanto do processo de fragmentação das identidades

culturais, que é reflexo direto do efeito da globalização como característica

inerente à modernidade.

Torna-se ainda importante esclarecer que o ambiente virtual é visto como um

espelho da sociedade, que apenas reflete as práticas sociais e, portanto, não é

melhor e nem pior. Nesse sentido, acreditamos que a Internet, assim como as

demais técnicas e tecnologias, não muda as atitudes e comportamentos sociais,

na verdade, as pessoas apropriam-se das tecnologias disponíveis na rede.

O uso de qualquer tecnologia está associado diretamente à capacidade e

competência do internauta, para poder se beneficiar ou não dela. Com isso,

afastamos qualquer visão de endeusamento da tecnologia que sozinha não

promove nenhuma comunidade, nesse caso, a Internet oportuniza o contato

81

social, mas depende do interesse e da iniciativa das pessoas o estabelecimento

de relações sociais.

Partindo-se do pressuposto que mudanças em aspectos íntimos da vida

pessoal estão intrinsecamente ligadas ao estabelecimento de conexões sociais de

grande amplitude, afirma-se que a constituição de comunidades virtuais

representa uma busca de identidades no ciberespaço naturalmente globalizado.

As mudanças geradas pelas TIC estão relacionadas ao fato de que estas

ressignificam a qualidade da vida e dos ambientes humanos, tendo em vista seu

elevado nível de concentração e de poder, que se potencializa cada vez mais nas

possibilidades futuras do vir a ser. Lima Jr (2005, p. 7). Destaca:

A constituição da tecnologia (vinculando-a a noção de teckné) e da técnica é humana, pois é conseqüência da ação imaginativa, reflexiva e motora do ser humano, então, inerentemente, é humanizada; bem como, por outro lado, o ser humano é tecnologizado, uma vez que se ressignifica, recria-se e se transforma a si mesmo no processo de criação e utilização de recursos e instrumentos para atuar no seu contexto vivencial.

Diante desses pressupostos faz-se necessário entender, a necessidade de

discutir sobre como o sujeito interage, de forma sistemática e significativa, no

locus denominado ciberespaço, participando ativamente da construção de um

texto móvel, maleável, aberto, que lança profundos desafios ao leitor e que se lhe

apresenta de várias formas: sonora, pictórica, textual, numérica. Dessa forma,

confere-lhe autonomia, no sentido de lhe permitir alterar o texto, o que transforma

o leitor num co-autor, participante da mensagem, pois nesse processo

desaparece a atribuição dos textos ao nome de seu autor, já que estão

constantemente modificados por umas escrituras coletivas, múltiplas, polifônicas

(CHARTIER, 2002, p. 25).

82

Para compreensão desse processo, torna-se imprescindível discutir

questões basilares como as concepções de leitor, leitura, texto, hipertexto e

ciberespaço, entendendo-os nas dinâmicas das relações, mergulhados no

processo e no movimento do mundo digital.

A concepção de leitura, do ponto de vista de sua mecânica, perpassa pela

materialidade do livro e se estende à tela – não mais página – do computador.

Assim, ler é atualizar as significações de um texto e leituras intertextuais

sensoriais. “[...] ler, escutar, é começar a negligenciar, a desler ou desligar o

texto” (LÉVY, 1996, p. 35), porque o leitor transforma o texto, torna-se ele próprio

autor, ao passo que a leitura vai exigindo dele, sobretudo, uma posição ativa, e

constitui-se em um ato criativo de sentidos. Esta é concebida no desdobramento

de sentidos que ocorre pelo rasgamento do texto, pelo ato de dar sentido; “é uma

atualização das significações de um texto” (LÉVY, 1996, p. 41).

Sob esta perspectiva, o texto é visto como um objeto complexo, relacionado

a um contexto que o torna coerente, indistinto, com tantas e variadas dimensões

que não se sabe por onde iniciar a sua apreensão; é “construído na interação

texto-sujeitos”.

No contexto atual, o texto configura-se como um espaço de leitura e escrita

aberto, sem margens e sem fronteiras, que exige a revisão das estratégias de

lidar com o escrito, constituindo-se num movimento que implica posicionamento

crítico. Nessa ótica, o texto se apresenta como um meio de pensar o mundo e de

vê-lo utilizando-se de uma nova sensibilidade. Envolve, porquanto, um exercício

de contínuo de agir para buscar novos saberes, propondo respeito aos saberes

83

dos outros; provocando inquietações, exigindo posturas críticas, indagações e

soluções para os desafios que, incessantemente, apresentam-se.

Chartier, (2002, p. 24), afirma que:

[...] a textualidade eletrônica permite desenvolver argumentações e demonstrações segundo uma lógica que já não é necessariamente linear nem dedutiva, tal como dá a entender a inscrição de um texto sobre uma página, mas pode ser aberta, clara e racional graças à multiplicação dos vínculos hipertextuais.

O texto, revitalizado pelas imagens, sons e outros suportes que envolvem

uma dinâmica hiperrelacional, porque permite ao leitor desenvolver suas

habilidades de gerar idéias, ser criativo; de assimilar conhecimentos novos,

avaliar situações inusitadas, lidar com o inesperado, exercitando, assim, a

criatividade e criticidade.

Há, portanto, uma nova textualidade que se insinua na produção escrita,

promovendo uma interatividade, pois na construção textual o leitor agora se

depara com o trabalho de dinamizar sua leitura, instalando um espaço de

produção significativa que concretize as possibilidades que já se insinuavam no

texto impresso. Dessa forma, chega-se a dialetização da distinção entre texto de

leitor e texto de escritor, à subversão dessa relação. O leitor agora pode decidir o

início e o fim da leitura; eleger links entre os vários disponíveis, decidir o rumo de

sua leitura, recriar o seu texto individual. Tem-se agora um texto construído na

interação texto-sujeitos: o hipertexto.

Lévy (1993, p. 33) estabelece um conceito de hipertexto que não se limita à

forma digital:

84

Hipertexto é um conjunto de nós ligados por conexões. Os nós podem ser palavras, imagens, gráficas ou parte de gráficos, seqüências sonoras, documentos complexos que podem eles mesmos ser hipertextos. Os itens de informação não são ligados linearmente, como em uma corda com nós, mas cada um deles, ou a maioria, estende suas conexões em estrela, de modo reticular. Navegar em um hipertexto significa, portanto, desenhar um percurso em uma rede que pode ser tão complicada quanto possível. Porque cada nó pode, por sua vez, conter uma rede inteira.

O autor faz referência antes a uma forma de produção textual em teia,

portanto multilinear. Um corpo constituído pela fragmentação e pela multiplicidade

de percursos de leitura, possibilitando a visualização de textos na obra e não

apenas sugeridos por referências, pois, os entrelaces estão visíveis e instigam,

aproximam o leitor, convidando-o a participar. “[...] a hipertextualização multiplica

as ocasiões de produção de sentido e permite enriquecer consideravelmente a

leitura” (LÉVY, 1996, p. 43). Desse modo, pode-se afirmar que a construção

hipertextual torna manifesta a intertextualidade, presentificando os textos com os

quais o autor dialoga e que em uma obra impressa geralmente estão apenas

intuídos.

Na medida em que o hipertexto gera associações com outras leituras,

entende-se que nele a relação de intertextualidade é uma constante, visto ser

esta uma interação, um diálogo entre textos de signos diferentes, entre épocas

diferentes: “A idéia da intertextualidade permite pensar no diálogo entre épocas

diferentes e entre diversos pontos de vista. Não se trata de negar o passado nas

vozes do futuro, mas sim encontrar pontos de contato, que se enriqueçam

mutuamente”. (RAMAL, 2002, p. 126).

Entende-se, portanto, que da cultura do papel à cultura digital, a concepção

de leitura/leitor/texto sofre significativas transformações, visto que, sendo uma

estrutura menos formalizada que o texto impresso e configurando-se como uma

nova linguagem que, por sua vez, consolida uma nova forma textual, o hipertexto

85

adquire uma lógica/semântica própria, que o espaço digital oferece. Isto significa

que a mudança das formas e dos dispositivos por meio dos quais um texto é

exposto pode criar novos públicos e novos usos para ele.

Lévy (1996, p. 39) salienta que:

O leitor de um livro ou de um artigo no papel se confronta com um objeto físico sobre o qual certa visão do texto está integralmente manifesta. Certamente ele pode anotar nas margens, fotocopiar, recortar, colar, proceder a montagens, mas o texto inicial está lá, preto no branco, já realizado integralmente. Na leitura em tela, essa presença extensiva e preliminar à leitura desaparece. O suporte digital (disquete, disco rígido, disco ótico) não contém um texto legível por humanos, mas uma série de códigos informáticos que serão eventualmente traduzidos por um computador em sinais alfabéticos para um dispositivo de apresentação. A tela apresenta-se então como uma pequena janela a partir da qual o leitor explora uma reserva potencial.

A interface da escrita foi sendo aperfeiçoada e evoluiu em dobras

imagináveis, formadas por variáveis e encaixes que se enredam formando uma

rede, podendo ser transformadas pelo leitor. A cada nova conexão, o leitor

recompõe a configuração semântica da rede à qual está conectado. Nessa

perspectiva, o tempo do hipertexto é o do desdobramento: o tempo-presente que

se desdobra ao mesmo tempo como passado-presente-futuro, criando uma ilusão

tridimensional que vai caracterizar as experiências temporais da

contemporaneidade.

A linguagem linear e seqüencial não permite mais entender esta rede cada

vez mais complexa, onde não há mais centro, porque qualquer elemento pode

ocupar esse lugar-espaço-tempo. Cada signo funciona como janela, entrada para

outro texto. Assim, espaço e tempo passam a ter dobras e não podem ser mais

reduzidos a algo contínuo, dados a possibilidade de neles conviverem diferentes

pontos de vista, diferentes sentidos, sujeitos e situações.

86

Neste contexto surge um universo infinito e crescente de possibilidades,

formando uma rede vertiginosa de tempos divergentes, convergentes e paralelos,

constando todas as combinações possíveis, onde há um sempre “por fazer”,

constantemente refeito: o hipertexto só é construído no momento único de sua

leitura, nas travessias labirínticas que se entrecruzam e que, ao mesmo tempo em

que ocorrem, vão apagando rastros, porque não deixam atrás de si vestígios de

ações com começo, meio e fim.

É preciso entender, porém, que:

Um hipertexto só se concretiza a partir do click do mouse; um link só tem sentido se for acessado pelo usuário. O novo texto é naturalmente dialógico, construído para a polifonia, o diálogo entre diversas vozes e só tem sentido se a comunicação se estabelecer (...) os percursos são pessoais, o espaço é vasto e tantos serão os textos (re)criados quantos forem os novos navegadores dessa imensa rede (...) (RAMAL, 2003, p. 251).

Nessa direção, a interatividade é caracterizada pela possibilidade crescente

com a evolução dos dispositivos técnicos de transformar os envolvidos na

comunicação, ao mesmo tempo, em emissores e receptores da mensagem.

A profundeza das relações interativas está no fato de que os envolvidos na

relação interativa são agentes, isto é, sujeitos ativos que participam de uma

comunicação que pressupõe troca, comunhão, uma relação que é estabelecida

com possibilidade de verdadeiro diálogo, de resposta autônoma, criativa, não

restrita a uma pequena gama de possibilidades planejadas a priori, isto é, não

prevista. O esquema emissor-receptor seria substituído pela idéia de agentes

intercomunicadores. Nesse sentido, nos ambientes interativos mediados por

computador, os processos de negociação são importantes para a evolução do

relacionamento entre os agentes. Assim, “o sentido remete sempre aos

87

numerosos filamentos de uma rede, é negociado nas fronteiras, na superfície, ao

acaso dos encontros". (LÉVY, 1993, p. 180).

No hipertexto, o leitor circula entre textos, os quais, pela imagem e sentido

se valem e se potencializam da multiplicidade, ao mesmo tempo em que, nessa

aventura, já se impregnam da possibilidade de instituir o novo; e orientados pela

idéia de labirinto, iniciam e acabam em diferentes pontos a cada leitura. Nessa

perspectiva, o hipertexto digital vai dissolvendo as fronteiras entre leitor e escritor,

“onde a interatividade se constitui numa participação coletiva, de forma intuitiva e

sensório-motora na mega rede de comunicação e de conhecimento” (LIMA JR.,

1997, p. 92).

Diante desse contexto Saramago observa:

Há quem leve a vida inteira a ler sem nunca ter conseguido ir mais além da leitura, ficam pregados à página, não percebem que as palavras são apenas pedras postas a atravessar a corrente de um rio, se estão ali é para que possamos chegar à outra margem, a outra margem é que importa a não ser, que esses tais rios não tenham duas margens, mas muitas, que cada pessoa que lê seja, ela, a sua própria margem, e que seja sua, e apenas sua, a margem a que terá de chegar (2000, p. 77).

O hipertexto, por seu caráter não-linear, potencializa a interatividade do leitor

para determinar qual dos diferentes caminhos através da informação disponível

ele vai tomar a cada momento. Outro fato é que o leitor interage, ainda que só até

certo ponto, montando, lendo ou interpretando um texto, uma narrativa da

maneira que preferir, pois a obra é aberta.

2.3. CIBERCULTURA E ESCOLA

Vivemos um desses raros momentos em que, a partir de uma nova configuração técnica, quer dizer, de uma nova relação com o cosmos, um novo estilo de humanidade é inventado. (LÉVY, 1993, p.17)

88

A cibercultura21, que emergiu, sobretudo a partir dos anos 90, é fruto do

processo de informatização da sociedade e reflete uma “tribalização” da

tecnologia. Estudar a cibercultura é uma forma de tentar compreender de que

modo o processo tecnológico em que vivemos influencia e é simultaneamente

influenciado pela comunicação e a sociabilidade, presentes na cultura

contemporânea. A efervescência da Internet e as suas comunidades virtuais

colocam em evidência uma espécie de sociabilidade partilhada através das

tecnologias digitais. O paradigma digital e a informação disponível na rede

começam a delinear-se como a “espinha dorsal” da contemporaneidade (LÉVY,

1993).

Com o aparecimento da cibercultura podemos perceber que a maioria das

competências adquiridas por uma pessoa no processo de construção do saber

constitui-se em mecanismos para a busca de novos significados para sua

edificação profissional. Outra constatação refere-se à nova natureza do trabalho,

na qual a parte de transação de conhecimentos não pára de crescer. Trabalhar

equivale cada vez mais a aprender, transmitir saberes e produzir conhecimentos.

O ciberespaço suporta tecnologias intelectuais que ampliam, exteriorizam e

alteram muitas funções cognitivas humanas: a memória, a imaginação, a

percepção e os raciocínios (inteligência artificial).

A conexão simultânea dos atores da comunicação a uma mesma rede traz

uma relação totalmente nova com os conceitos de contexto, espaço e

21 A cibercultura estuda as relações sociais e a formação de comunidades em ambientes de rede, que estão sendo ampliadas frente a popularização da Internet e de outras tecnologias que possibilitam a interação entre pessoas. Ela se interessa pela dinâmica política e filosófica dos assuntos vividos por seres humanos em rede bem como na emergência de novas formas de comportamento e expressão. (LÉVY, 1999, p.18).

89

temporalidade. Do horizonte do eterno retorno das narrativas e da linearidade das

culturas letradas, passamos a uma percepção do tempo, mais do que como

linhas, como pontos ou segmentos da imensa rede pela qual nos movimentamos.

Vivemos num ritmo de velocidade pura; como afirma Lévy (1993), não há

horizonte, nem ponto-limite, um "fim" no término da linha. Ao contrário, vivemos

uma fragmentação do tempo, numa série de presentes ininterruptos, que não se

sobrepõem uns aos outros, como páginas de um livro, mas há simultaneamente,

em tempo real, com intensidades múltiplas que variam de acordo com o

momento. Enquanto na era da escrita a questão é "construir o futuro", hoje vale o

que ocorre neste preciso momento.

O hipertexto constitui-se em uma nova forma de escrita e de comunicação da

sociedade da informação, é também uma espécie de metáfora que vale para as

outras dimensões da realidade. Interessa-me estudá-lo nessa perspectiva, e aí

está uma de suas conexões com o campo educacional. A internalização da

estrutura do hipertexto como mediação para a produção de conhecimento implica

novas formas de ler, escrever, pensar e aprender.

Logo a hipertextualidade não é um mero produto da tecnologia, e sim um

modelo relacionado com as formas de produzir e de organizar o conhecimento,

substituindo sistemas conceituais fundados nas idéias de margem, hierarquia,

linearidade, por outros de multilinearidade, links22 e redes.

22Conexão entre um elemento de um documento de hipertexto, como uma palavra, expressão, símbolo ou imagem, e outro elemento do documento, outro documento de hipertexto, um arquivo ou um script. O usuário ativa o vínculo dando um clique sobre o elemento vinculado, que é geralmente sublinhado ou apresentado em uma cor diferente do restante do documento para indicar que o elemento está vinculado. (LÉVY, 1993 p. 35).

90

O que é um hipertexto23? Como o próprio nome diz, é algo que está numa

posição superior à do texto, que vai além do texto. Dentro do hipertexto há vários

links, que permitem tecer o caminho para outras janelas, conectando algumas

expressões com novos textos, fazendo com que estes se distanciem da

linearidade da página e se pareçam mais com uma rede. Na Internet, cada site é

um hipertexto, clicando em certas palavras, vamos para novos trechos e vamos

construindo, nós mesmos, uma espécie de texto. As partes de um hipertexto

podem ser agrupadas e reagrupadas pelo leitor.

Cada uma das páginas da rede é construída por vários autores: designers,

projetistas gráficos, programadores, autores do conteúdo do texto. Cada percurso

textual é tecido de maneira original e única pelo leitor cibernético. Não há,

portanto, um único autor, seria mais adequado falar de um sujeito coletivo, uma

reunião e interação de consciências que produzem conhecimento e navegam

juntas.

Diante destes pressupostos, compreendemos que assim como reconfigura o

papel do autor-escritor e do usuário-leitor, alterando a idéia de posse e de autoria

de um texto fisicamente ilhado, com significado único e hierarquicamente superior

aos comentários e notas que dizem respeito a ele, o hipertexto pode afetar,

também, a forma de atuação do professor e do aluno. O professor tem parte de

sua autoridade e poder transferido ao aluno, tornando-se mais um colaborador no

processo de ensino e aprendizagem, que assume características de parceria. O

23 "Conjunto de nós por conexões. Os nós podem ser palavras, páginas, imagens, gráficos, ou parte de gráficos, seqüências sonoras, documentos complexos que eles mesmos podem ser hipertextos. Navegar em um hipertexto significa, portanto, desenhar um percurso em uma rede que pode ser tão complicada quanto possível. Porque cada nó pode por sua vez, conter uma rede inteira”. (LÉVY, 1993 p.33).

91

aluno, tal como o leitor do hipertexto, torna-se um participante ativo em relação ao

processo de aquisição de conhecimentos, pelo fato de lhe ser facultado elaborar

livremente, sob a sua responsabilidade, trajetos de seu interesse, acessando,

derivando significados novos e acrescentando comentários pessoais às

informações que lhe possam ser apresentadas.

Sem nos deixarmos atrair pelo deslumbramento das TIC, podemos ainda

citar mais algumas vantagens do uso do hipertexto, quando cuidadosamente

planejado: sistemas de hipertexto, enquanto ferramentas de ensino e

aprendizagem facilitam um ambiente no qual esta acontece de forma incidental e

por descoberta, pois ao tentar localizar uma informação, os usuários de

hipertexto, participam ativamente de um processo de busca e construção do

conhecimento, forma de aprendizagem considerada como mais duradoura e

transferível do que aquela direta e explícita.

Uma sala de aula onde se trabalha com hipertextos, transforma-se em um

espaço transacional apropriado ao ensino e a aprendizagem colaborativa, mas

também adequado ao atendimento de diferenças individuais, quanto ao grau de

dificuldades, ritmo de trabalho e interesse.

Para os professores, hipertextos constituem-se instrumentos importantes

para organizar material de diferentes disciplinas ministradas simultaneamente ou

em ocasião anterior e para recompor colaborações preciosas entre diferentes

turmas de alunos.

2.4. AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO NA

EDUCAÇÃO: desafios ao professor

92

Vivemos em uma sociedade em que o processo de disseminação da

informação acontece em um ritmo cada vez mais acelerado. Com isso, a cada dia

que passa, o homem possui uma maior flexibilidade de acesso à informação, uma

vez que a mesma desloca-se e chega com muita facilidade aos mais diversos es-

paços sociais. Por outro lado, o uso de instrumentos tecnológicos, de última

geração, permite uma atualização constante dessas informações Este fato

provoca preocupações no campo da educação, pois além de passar nos últimos

anos por mudanças de paradigmas significativos, fica evidente que as TIC

permitem forma diversificada de acesso à informação e também interferem no

modo de aprender e de ensinar.

Tradicionalmente, a escola era vista como o único lugar capaz de propiciar

formação intelectual. Era somente neste ambiente que se poderia entrar em

contato com a informação e o conhecimento transmitidos pelo professor,

considerado um sujeito sábio. O mestre era o único capaz de realizar tal proeza:

era uma vez um lugar para o qual as crianças e os jovens se dirigiam,

encaminhados por seus pais, em busca de informações e graças às pessoas

privilegiadas, como professores, recebiam diariamente uma carga de datas,

acontecimentos e fatos para memorizar.

O bom aluno ouvia com atenção o que os mestres diziam, copiava o que

escreviam, lia os livros que recomendavam. Ao chegar a casa, contava aos pais o

que aprendera. Constatava-se que o tal lugar cumpria o papel social (e exclusivo)

a que era destinado: guiar crianças e jovens pela estrada do conhecimento

(RIZZO, 2005, p. 35) A visão de que crianças, jovens e até mesmo adultos teriam

possibilidade de acesso à informação e conhecimento somente na escola foi

93

superada diante dos meios de comunicação de massa disponibilizados pela

sociedade moderna.

De acordo com Lima (1971, p. 8), “as crianças podem aprender mais rapida-

mente ao manter contato com o mundo exterior, do que somente no recinto

escolar”. Segundo o autor, este processo muda, substancialmente, o papel do

professor que era considerado transmissor do conhecimento. Por vezes, as

crianças e jovens que mantêm permanente, intenso e prolongado contato como

os meios de comunicação de massa, são mais bem informados que os

professores absorvidos pelas tarefas profissionais. O professor atual não é mais

um informador: a informação vem através do rádio, televisão, cinema, revistas,

livros, cartazes.

Partindo desse pressuposto, é preciso iniciar um processo de

conscientização, junto aos professores, em relação à sua postura e aos

procedimentos metodológicos a serem utilizados para o encaminhamento da

prática pedagógica que prevê a utilização das TIC em sala de aula.

Primeiramente, é preciso ter claro que as TIC devem ser utilizadas como um

recurso de comunicação efetiva, fazendo-se valer de linguagens diversas para a

construção e socialização de novos conhecimentos (GÓMEZ, 1995). Os

instrumentos tecnológicos não podem ser considerados como salvadores da

pátria no processo da aprendizagem, eles são instrumentos potencializadores na

busca e apreensão das informações.

A sociedade tecnológica trouxe ao professor uma nova situação, um novo

ambiente, um novo mundo a ser explorado, no qual ele não é mais o dono do

94

conhecimento. Pressupõe que esteja em um processo constante de busca, de

indagação e de pesquisa. Nesse sentido, assume, junto ao aluno, uma situação

de pesquisador, conhecendo e desbravando novos horizontes, diante de um

dilúvio de informações, como destaca Levy (1996).

O trabalho diário, com as TIC na educação, exige do professor, novos

comportamentos à sua prática pedagógica, destacando a posição de orientador,

animador e mediador da aprendizagem, estimulando os alunos à prática

permanente de pesquisa, oferecendo a eles desafios a serem superados.

Desenvolver uma nova maneira de trabalhar exige ressignificar tudo aquilo

em que acreditava, bem como migrar da posição de detentor do conhecimento

para um maestro do diálogo permanente com seus alunos, abrindo as portas para

questionamentos e, muitas vezes, para novas descobertas. A nova postura

exigida gera uma situação de desconforto e insegurança (MASETTO, 2003).

Desta forma, o trabalho pedagógico mediado pelas TIC, na maioria das

vezes, não é bem aceito por um número significativo de professores, porque os

mesmos sentem-se ameaçados diante do novo, do desconhecido. Neste caso, o

educador prefere manter sua postura tradicional ao invés de adotar as TIC às

suas metodologias para o desenvolvimento do ensino e da aprendizagem. Com

certeza, este não é o melhor caminho para solucionar o problema. De acordo com

Gómez (1995, p. 58), "atualmente já não é possível prescindir das novas

tecnologias. Fazê-lo significaria um retrocesso histórico de proporções

incalculáveis". Portanto, o professor deve procurar associar, em suas práticas

pedagógicas, os instrumentos de tecnologias com a finalidade de superar o

desenvolvimento de trabalhos anacrônicos.

95

Na sociedade atual ou sociedade do conhecimento, como tem sido

chamada, processa-se a informação de modo seqüencial, hipertextual24 ou

multimídico25. O tipo de processamento varia conforme a cultura, idade ou

objetivos pretendidos. O multimídico torna-se o mais presente, devido ao fato de

convivermos em uma sociedade em que a disseminação e atualização das

informações ocorrem muito rapidamente. Portanto, utilizar esse tipo de

processamento facilita cada vez mais o contato com o imenso universo de

informações disponíveis, principalmente na rede mundial de computadores.

De acordo com Lévy (2005), na internet, tudo é muito dinâmico e aberto,

possibilitando a navegação não-hierarquizada. Não há uma regra definida de

como podemos acessar as informações. No mesmo momento que estamos num

texto, basta clicar em um link que terá acesso a um outro mar de informações. Há

livre arbítrio para atuar neste cenário de imagens, textos e sons. É preciso,

todavia, utilizar-se de mecanismos e metodologias de trabalho para evitar

confusão. É neste contexto em que se localizam as crianças e os jovens de hoje,

que utilizam cada vez mais as novas tecnologias de informação e comunicação

para suprir suas necessidades, quer sejam elas de lazer, quer de conhecimento.

O procedimento de contato hipertextual com as informações é, sem dúvida, muito

dinâmico e fácil, contudo pode causar uma indigestão diante da quantidade

enorme de informação disponível na Internet.

24 “Hipertextual é a comunicação “linkada”, através de nós intertextuais. A leitura hipertextual é feita em ondas, em que uma leva a outra, acrescentando novas significações. A construção é lógica, coerente sem seguir uma única trilha previsível. Seqüencial, mas que vai se ramificando em diversas trilhas possíveis” (MORAN, 2003, p.19). 25 “Multimídico é a junção de textos de várias linguagens supostas simultaneamente, que compõe um mosaico impressionista, na mesma tela, e que se conectam com outras telas multimídia. A leitura é cada vez menos seqüencial” (MORAN, 2003, p.19).

96

O mundo de hoje tem permitido às crianças e jovens um nível de

interatividade muito grande. Atualmente, é comum, encontrar crianças da mais

tenra idade com um celular na mão, mantendo contato com seus amigos e

familiares, ou utilizando-o para jogos. Jovens conectam-se, constantemente, à

Internet, para realizar pesquisas, verificar e-mails, jogar ou participar de con-

versas online. É neste ambiente social que nossos estudantes estão sendo

formados e que experimentam, a cada dia, uma nova situação de interatividade

com o mundo que os cerca.

Desta forma, um novo perfil de aluno constrói-se ao longo da história, fruto

da presença maciça das novas tecnologias de informação e comunicação no

meio. Neste sentido, a relação professor/aluno assume uma nova configuração,

pois o comportamento passivo dos alunos cede lugar a uma atitude ativa,

exigindo dos educadores o desenvolvimento de novas metodologias de trabalho.

Partindo desse pressuposto, cabe aos educadores superarem a aversão e

resistência em relação as TIC de modo a desenvolver um trabalho de mediação

pedagógica junto a seus alunos. Utilizá-las de forma adequada para o desenvolvi-

mento da aprendizagem, é o desafio contemporâneo da educação. O caminho

mais seguro para a superação desse problema é o desenvolvimento de uma

política de formação continuada desses profissionais, permitindo-lhes o acesso

constante aos instrumentos tecnológicos, como meio de conhecê-los para bem

aplicá-los em suas práticas pedagógicas. O projeto de formação continuada de

uso das TIC deve ter como estrutura a prática docente, para que se desenvolva

uma atividade formativa de integração entre a teoria e a prática para que os

professores não utilizem os instrumentos tecnológicos de maneira tradicional.

97

É com base nesta perspectiva de trabalho que se alcançará uma orientação

efetiva para a mudança e inovação. De acordo com Almeida (2005) a formação

deve ser entendida como: uma atividade educativa entre educadores em exercício

de suas funções, os quais assumem efetiva participação nas ações de formação,

contribuindo com suas experiências, competências e representações.

Nessa perspectiva, uma ação de formação corresponde a um conjunto de

interações entre educadores e educandos com a intencionalidade de mudança e

inovação. Possibilitar aos educadores uma análise crítica de suas metodologias

tem como finalidade desenvolver a consciência de que a discussão, a reflexão, a

pesquisa colaborativa é o caminho que deve orientar a busca de referenciais

teórico-metodológicos que servirão de instrumentos para a superação das

dificuldades quando da utilização de TIC na educação.

Este exercício desenvolve, no educador, capacidades e habilidades para a

construção e reconstrução de encaminhamentos norteadores a práticas

pedagógicas que favoreçam a construção de conhecimentos, utilizando as TIC

como mediadoras dos processos de ensino e aprendizagem, permitindo ao

mesmo, buscar teorias de apoio à reelaboração de suas práticas, bem como

refletir sobre suas ações à reconstrução de outras modernas teorias pedagógicas.

Esse movimento dialético de análise, em que a teoria orienta a prática e a refle-

xão sobre esta reconstrói a teoria, torna o professor um agente transformador de

suas ações. Isso tudo contribui para a construção de uma educação de qualidade

à medida que buscam, no uso das TIC, as facilidades de acesso ao conhecimento

crítico.

98

A cultura escolar resiste bravamente às mudança e percebe-se que os

modelos de ensino focados no professor ainda predominam, apesar dos avanços

teóricos em busca de mudanças do foco de ensino para o de aprendizagem. Tudo

isto mostra que, não será fácil mudar esta cultura escolar tradicional, que as

inovações serão mais lentas, que muitas instituições reproduzirão no virtual o

modelo centralizador no conteúdo e no professor do ensino presencial.

No entender de Martínez (2004, p. 95), os sistemas educativos dos países

em desenvolvimento enfrentam atualmente não só o desafio de responder à

demanda de acesso universal à educação – sem levar em consideração, a

condição econômica, o tamanho ou a situação geográfica a que estendam seus

serviços, mas também de oferecer uma educação que considere a diversidade

cultural, bem como as necessidades de desenvolvimento econômico e social.

Para isso, as TIC vêm adquirindo um papel relevante.

Não se deve cometer o erro de imaginar que a mudança educacional será guiada pelas novas tecnologias da informação e da comunicação, por mais poderosas que estas sejam. A educação é muito mais que seus suportes tecnológicos; encarna um principio formativo, é uma tarefa social e cultural que, sejam quais forem as transformações que experimentem, continuará dependendo, antes de tudo, de seus comportamentos humanos, de seus ideais e valores. A história nos ensina que as tecnologias da palavra são cumulativas e não substitutivas, e que dependem dos fins sociais e não o contrário. (BRUNNER, 2001 p. 77)

Diante das potencialidades das TIC, a educação passa por uma verdadeira

revolução, onde a esperança se mistura à incerteza. Assim, depara-se com a

criação de novos conceitos e iniciativas interativas e mobilizadoras às políticas

educacionais e, consequentemente, as novas práticas26. As esperanças

misturam-se com as frustrações, com as utopias e com as diferentes realidades.

26 Comunidades virtuiais e blogs que os alunos criam na Internet para trocar informações.

99

Os governos medem seu grau de sintonia com a sociedade da informação

baseando-se no número de escolas conectadas a rede e na proporção de

computadores por aluno. Os especialistas avaliam e criticam e, os professores

têm que se adaptar a exigência até então desconhecidas.

A introdução de TIC na educação não resolverá, certamente, os problemas

educacionais, mas poderá introduzir melhorias no âmbito de uma reforma

educacional. As inúmeras preocupações, no que se refere ao papel do professor

e as TIC na escola, remetem a alguns questionamentos: no meio de tantas

possibilidades, como ficam as interrelaçoes entre alunos e professores, os quais

estão envolvidos diretamente no processo de construção do saber? Estarão aptos

a utilizar as TIC como potencialidades no processo de ensino-aprendizagem? E

os professores sentem-se preparados a explorar as TIC como novas

possibilidades interativas?

Pode-se perceber que os alunos estão prontos para a utilização das TIC,

mas os professores, em geral, não. Os professores sentem, cada vez mais

intensamente, o descompasso no domínio das tecnologias e, em geral, tentam

manter o ritmo, fazendo pequenas concessões, mas sem atingir o essencial.

Percebem a necessidade de mudanças, mas não sabem bem como fazê-los e

não estão preparados para experimentá-las com segurança. Em decorrência

disso e pelo hábito mantêm uma estrutura repressiva, controladora e repetidora.

Muitas instituições exigem mudanças na postura metodológica dos

professores sem dar-lhes condições para que eles as efetuem. Freqüentemente

algumas instituições instalam computadores, conectam a Internet e esperam que

somente, através da máquina, melhore o cenário educacional. Os administradores

100

e assessores frustram-se ao ver que os investimentos financeiros não se

traduzem em mudanças significativas na metodologia em sala, nas atitudes do

corpo docente e, principalmente, na constituição e consolidação do conhecimento

significativo à formação do sujeito-aluno.

Convém que as escolas, hoje, concentrem, nos cursos de formação, à

construção do conhecimento e a interação; o equilíbrio entre o individual e o

grupal, a interação entre conteúdo e aprendizagem cooperativa e; a mediação

entre TIC-professores-alunos. Os professores que ministram suas aulas limitando

à transmissão de informação, de conteúdo, mesmo que estejam brilhantemente

produzidos, correm o risco da desmotivação de seus alunos e, principalmente,

porque a ênfase está pautada nos conteúdos, distante da relação teoria/prática.

As mudanças na educação dependem, mais do que a introdução das TIC, da

presença dos educadores, do preparo e esmero dos gestores. Precisam juntos

fazer uma educação ética, onde se valoriza o emocional, a curiosidade, as

iniciativas, os diálogos e que saibam aprender a viver e conviver coletivamente,

integrando a vivência, a experiência e a teoria.

Os educadores criativos atraem, não só pelas suas idéias, mas pelo contato

pessoal. Transmitem bondade e competência, tanto no plano pessoal, familiar

como no social, dentro e fora da aula, no presencial ou no virtual. Há sempre algo

surpreendente, diferente no que diz nas relações que estabelecem na sua forma

de olhar, na forma de comunicar-se, de agir. E eles, numa sociedade cada vez

mais complexa e virtual, tornam-se referências necessárias.

101

Entender o binômio TIC e Educação é ter em vista o fato de que as TIC,

representadas aqui pelo instrumento computador, tornou-se uma potencialidade à

aprendizagem, capaz de desenvolver novas habilidades intelectuais e cognitivas,

levando o indivíduo ao desabrochar das suas potencialidades, de sua criatividade,

de sua inventividade e através desse processo espera-se que os alunos

aprendem por si mesmo e aprendem na relação com o outro.

Por isso as TIC na escola são potencialidade, tanto para alunos quanto para

professores. E o recurso comptuador, tornou-se um importante meio de estudo e

pesquisa. Os alunos, ao utilizarem-no inserem-se em um ambiente multidisciplinar

e interdisciplinar, ou seja, ao invés de apenas receberem informações, também

constroem conhecimentos, exigindo que o professor oriente-os e ao orientar, traça

um diálogo com os alunos de forma mais comunicacional, com a finalidade de

mais interação e de novas ressignificações a aprendizagem e ao conhecimento.

Cada geração inventa, cria, inova e a educação tem seu processo também

de criação, invenção e inovação, principalmente no que se refere as formas de

construir conhecimentos. É preciso evoluir e a aplicação das TIC envolve

discussões com a aplicabilidade de uma metodologia alternativa27, o que muitas

vezes auxilia o processo de aprendizagem.

As TIC propiciam condições aos alunos de trabalharem a partir de temas,

projetos ou atividades extracurriculares e o computador é apenas um meio onde

desenvolvemos inteligência, flexibilidade, criatividade e inteligências mais críticas.

27 Os softwares educacionais e os softwares de autoria constituem-se em metodologia alternativa. O ensino à distância (EAD) apresenta-se como uma metodologia alternativa de aprendizagem, inserido no vasto domínio da Sociedade da Informação e do Conhecimento (SANTOS, 2000, p.132).

102

Em educação, deparamo-nos na maioria das vezes com atividades que

exigem muita criatividade e para isso é preciso ter coragem de enfrentar novos

desafios e, principalmente, não ter medo de errar. Ser criativo depende, antes de

tudo, de autoconfiança e confiança no outro. Isso tem sido feito por meio de

projetos.

Nogueira (2002, p.59) afirma: “aprender por projetos é uma forma inovadora

de romper com as tradições educacionais, dando um formato mais ágil e

participativo ao trabalho de professores e educadores”. Trata-se mais do que,

uma estratégia fundamental de aprendizagem, sendo um modo de ver o ser

humano construir, aprendendo pela experimentação. Ao elaborar projetos, o

professor conduz seus alunos a um conjunto de interrogações, quer sobre si

mesmo, quer sobre o mundo à sua volta, levando o aluno a interagir com o

desconhecido ou com novas situações, buscando soluções para os problemas.

Nogueira (2002, p.63), alerta: “não podemos confundir aprender por projetos

com ensino por projetos. Aprender por projetos é levar o aluno a construir seus

conhecimentos, despertar sua curiosidade, seu desejo, sua vontade de cada vez

mais aprender”. O ensino por projetos é transmitir conhecimento ao aluno

possibilitando questionar, formular problemas, pois aluno só aprende por projetos,

tornando-se um pesquisador, quando indaga, investiga e levanta hipóteses para

solução de seus problemas.

Um dos projetos realizados no colégio, onde se pode observar a criatividade

e o fluir da imaginação, foi o realizado com alunos da 6ª série na disciplina de

matemática, com o tema: "Construindo Figuras Geométricas". No referido projeto,

103

observamos a construção de imagens e aquisição de conhecimentos, por parte

dos alunos.

Após explicações introdutórias em sala de aula, os alunos foram para o

laboratório de informática onde, auxiliados pelo professor, realizaram pesquisas

em cd-rom específicos e sites da Internet, previamente pesquisados pelo

professor. De posse das primeiras informações, utilizaram-se do computador para

construir sua aprendizagem. Registraram os dados pesquisados no Word, após

utilizaram ferramentas do Paint em alguns casos do CorelDraw para representar

em forma de desenhos as figuras geométricas em estudo. Finalizando o trabalho

os alunos construíram maquetes para melhor representar as figuras geométricas.

Este trabalho não foi realizado somente no ambiente computacional, e sim

também fora dele. Realizaram passeios de estudos, experiências, pesquisaram a

cerca do objeto em estudos dentre outras atividades, vivenciando um mundo de

descobertas e imaginações.

Durante as aulas observamos a expansão da criatividade e da imaginação

das crianças. Isso se manifestou através do interesse, da participação, da

cooperação e da motivação dos alunos na realização das atividades propostas,

como podemos notar pelos desenhos e pelas maquetes.

Constatamos que o uso do computador, mesmo para as tarefas mais

simples, como desenhar na tela, escrever um texto, são suficientemente ricas e

complexas, permitindo o desenvolvimento de habilidades que ajudam na solução

de problemas, levando o aluno aprender a aprender. Isto contribui

significativamente, para o desenvolvimento de sua autoconfiança, ou seja, dar a

104

capacidade da criança viver em uma sociedade cada vez mais permeada pela

tecnologia, crescendo com o sentido que são elas que devem controlar as

máquinas e não o inverso.

Os projetos oferecem a possibilidade de ruptura por se colocarem como

espaço corajoso, onde é possível relacionar uma matéria com a outra, facilitar a

atividade, a ação, a participação do aluno no seu processo de produzir fatos

sociais, de trocar informações, de construir novos conhecimentos.

Trabalhar com projetos e utilizar as TIC como recurso, é romperem com as

limitações, muitas delas auto-impostas, no cotidiano, convidando os alunos à

reflexão sobre questões importantes da vida real, da sociedade em que vivem,

propiciando a solidariedade, criação e cooperação. Nesta modalidade de projetos

durante o processo de ensino/aprendizagem os alunos são desafiados a construir

novos conhecimentos a partir da imaginação, interação, criatividade buscando

soluções para os desafios propostos. E isto, não é simples para nós, professores,

pois implica ter participação ao mesmo tempo (aula) em diversas construções de

aprendizagens, em um mesmo tema gerador. Fica explicito que deixamos de

fornecer as informações prontas e, passamos a ser facilitadores, mediadores do

processo de construção do saber e resolução de situações problemas,

incentivando a análise e reflexão crítica dos alunos. Nesse contexto os alunos

deixam de ser espectadores e lançam-se na busca do novo. (Professor I. F ).

A prática pedagógica como possibilidade de alterar função do professor

implica compreender o contexto propriamente pedagógico formado pelas diversas

práticas cotidianas. Essas práticas orientam e constituem as ações dos

105

professores e imprimem significados na vida profissional desses professores, bem

como representam a interação professor e aluno, ensino e aprendizagem.

CAPÍTULO III

ANÁLISE DOS DADOS: As trilhas realizadas pelos doce ntes do Colégio Marista Frei Rogério no uso das Tecnologia de Infor mação e da

Comunicação – TIC

A pesquisa tem como objetivo investigar a utilização e as potencialidades

das TIC introduzidas, há uma década (1996-2006), nas atividades curriculares e

extracurriculares dos alunos, do Ensino Fundamental e Ensino Médio e dos

professores do Colégio Marista Frei Rogério – Joaçaba/SC.

Nos processos investigativos, teve-se a preocupação de redimensionar

qualitativamente o uso das TIC e o que elas podem oferecer à educação e, em

particular, à proposta pedagógica das disciplinas curriculares do Colégio,

embasadas pelas teorias interacionistas28, as quais objetivam destacar o

desenvolvimento intelectual e cognitivo dos sujeitos, aliados ao uso e as

potencialidades de múltiplos meios de comunicação às mensagens cognitivas.

28 Concepção Interacionista: O sujeito não é apenas ativo, mas interativo, porque forma conhecimentos e se constitui a partir de relações intra e interpessoais. É na troca com outros sujeitos e consigo próprio que se vão internalizando conhecimentos, papéis e funções sociais, o que permite a formação de conhecimentos e da própria consciência. Trata-se de um processo que caminha do plano social – relações interpessoais - para o plano individual interno - relações intrapessoais. Assim, a escola é o lugar onde a intervenção pedagógica intencional desencadeia o processo ensino-aprendizagem. (SILVA, 2000, p.153).

106

A investigação é de natureza exploratória, através de um Estudo de Caso por

tratar-se de uma "uma inquirição empírica que investiga um fenômeno

contemporâneo dentro de um contexto da vida real", no qual os comportamentos

relevantes não podem ser manipulados, mas onde é possível se fazer

observações diretas e entrevistas sistemáticas. Caracteriza-se pela "capacidade

de lidar com uma completa variedade de evidências – documentos, artefatos,

entrevistas e observações" (YIN, 2000, p. 19-23)

Segundo Creswel (1994 apud COUTINHO& CHAVES, 2002, p. 224), o

Estudo de Caso apresenta cinco características: a) é um sistema limitado e tem

fronteiras em termos de tempo, eventos ou processos e que nem sempre são

claras e precisas; b) é um caso sobre algo, que necessita ser identificado para

conferir foco e direção à investigação; c) é preciso preservar o caráter único,

específico, diferente, complexo do caso; d) a investigação decorre em ambiente

natural e; e) o investigador recorre a fontes múltiplas de dados e a métodos de

coleta diversificados: observações diretas e indiretas, entrevistas, questionários,

narrativas, registros de áudio e vídeo, diários, cartas, documentos, entre outros.

Foi utilizado como instrumentos de pesquisa o questionário, com dez

questões abertas e fechadas, e a observação assistemática29 de algumas aulas

que ocorreram no laboratório de informática do Colégio Marista Frei Rogério. A

dinâmica da investigação, nas relações com os sujeitos e na flexibilidade das

questões abordadas, estabeleceu um diálogo dialético entre pesquisador e

pesquisados, bem como as etapas da pesquisa foram coerentes com o método

escolhido.

29 Observação assistemática: não tem controle e nem usa instrumentos pré-estabelecidos no momento da coleta de dados. É uma técnica que se adequa perfeitamente aos pressupostos da pesquisa qualitativa. (http://www2.metodista.br/unesco/GCSB).

107

Neste estudo e segundo as características aqui apontadas, a pesquisa visa a

investigar apenas o Colégio Marista Frei Rogério de Joaçaba/SC no que se refere

ao uso e as potencialidades das TIC em sala de aula. O caso está direcionado às

TIC e às práticas dos professores junto aos alunos no redimensionamento das

atividades curriculares e extracurriculares, envolvendo a complexidade única do

sistema educativo e normativo dos pressupostos marista, incluindo, naturalmente,

os professores que atuam no Ensino Fundamental e Ensino Médio e seus

respectivos alunos, focalizando e desvendando o objeto através de observações,

questionários e outros instrumentos como os serviços da Internet.

Os resultados obtidos na investigação indicam que as TIC constituem fontes

de informações com grande penetração entre os professores e, que muitos deles

envolvem seus alunos no uso e no redimensionamento das TIC, embora tal uso

esteja sendo feito, na maioria das vezes, fora das salas de aula. Também ficou

evidenciado que os professores reconhecem a convergência pedagógica das TIC

e apresentam muitas propostas quanto as suas potencialidades em um futuro

próximo.

Os professores, entretanto, esbarram em limitações como: tempo disponível

para atualizarem-se frente às novas exigências; falta de um projeto pedagógico

institucional integrador das intenções e; carência de conhecimentos para a

exploração dos benefícios e das possibilidades inovadoras e interativas das TIC.

Ao longo desse trabalho, muitas foram às questões que surgiram e percebemos

que grande parte delas ficou sem resposta, mesmo porque a idéia não é

respondê-las, mas suscitar perguntas, provocando um movimento de dilatação de

idéias; ruptura com os padrões determinados e buscas para reconstituição de

108

novos pilares educacionais maristas; dispersão e reunião de dados que nos

afastam da comodidade que as "verdades" nos ajustam.

Todos esses comentários aqui destacados reforçam a premissa de que o

uso das TIC, no atual contexto educacional, não consiste numa "absoluta

novidade" e que não se concretiza somente com a operação mediadora da

máquina. Em um primeiro momento, causou uma tensão e certo desconforto à

medida que acenaram um momento de ruptura nas práticas tradicionais de

ensinar e aprender, devido à facilidade de combinar utilização dos mais variados

instrumentos ofertados. Segundo, porque desconstruiu com as formas

curriculares tradicionais do ensino formal, pois o mesmo estende-se às atividades

extracurriculares não formais, a novas situações de ensino e aprendizagem, não

controláveis pelo professor.

Diante desses pressupostos, faz-se mister tecer alguns comentários acerca

dos dados coletados a partir do instrumento de pesquisa30, aplicado aos docentes

do Colégio Marista Frei Rogério. As questões que surgiram, em cada etapa deste

estudo, apontaram elementos que permitem uma melhor compreensão do uso e

aplicabilidade das TIC no dia-a-dia dos professores e alunos, bem como no

contexto educacional.

A primeira questão direcionada aos professores referia-se à freqüência de

uso das tecnologias em geral. As respostas foram as seguintes, uma vez que os

recursos tecnológicos têm oferecido as mais variadas situações no cotidiano e na

vida escolar dos professores do Colégio Marista Frei Rogério.

Gráfico 01

30 Instrumento de Pesquisa aplicado com os professores encontra-se anexo a esta dissertação.

109

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Nunca Algumasvezes

MuitasVezes

Sempre

Cursos capacitação

Atividades de pesquisae/ou ensino

Atividades em sala de aula

Uso pessoal (bancos,casa, outros...)

Podemos perceber que os professores utilizam muito e sempre para uso

pessoal e algumas vezes nos cursos de capacitação, mas também se percebe a

grande inserção do uso destes instrumentos quando se refere à atividade de sala

de aula e de pesquisa. Isso evidencia explorar, mesmo que timidamente, as

potencialidades das TIC nos processos pedagógicos.

A utilização das TIC constitui-se, através das respostas dos professores,

como um ponto de partida e não de chegada, evidenciando o desafio colocado

permanentemente aos “professores-atores” do processo de ensinar e aprender e

de associar às suas atividades de sala de aula, o compromisso com a construção

do conhecimento curricular e extracurricular.

Essa análise supõe, ao mesmo tempo, um novo olhar para a escola, pois o

saber acontece também fora do espaço escolar, uma vez que a diversidade e a

sofisticação presentes nos instrumentos tecnológicos favorecem a qualidade de

vida e o bem-estar de uma parcela significativa de pessoas que têm acesso a

estes recursos.

110

Podemos rever o gráfico apresentado: 80% dos professores utilizam as TIC

para desenvolverem atividades de pesquisa e atividades em sala de aula. O uso

cada vez mais freqüente aponta possibilidades com as quais os educadores se

depararam diariamente, 100% dos pesquisados possuem computador com

acesso à Internet. O que cabe ressaltar a Internet como um poderoso

instrumento gerador de informações às práticas pedagógicas, pois ela é:

[...] um novo sistema de comunicação que fala cada vez mais uma língua digital tanto para promover a integração global da produção de distribuição de palavras, sons e imagens de nossa cultura. As redes interativas de computadores estão crescendo exponencialmente, criando novas formas e canais de comunicação, moldando a vida, ao mesmo tempo, sendo moldados por ela (CASTELLS, 1999 apud HETKOWSKI, 2004, p.25).

Complementando, uma professora entrevistada diz: “a Internet é um

mecanismo ideal para incentivar os alunos assumirem responsabilidade pelo seu

aprendizado. Tendo a oportunidade de acessar recursos de aprendizagem na

Internet, os alunos tornam-se participantes ativos na sua busca pelo

conhecimento”. (Depoimento professora A).

Quando questionados sobre serviços ofertados pela Internet, os professores,

surpreendentemente, deram-nos as seguintes respostas:

Gráfico 02

111

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Foto log M sn Orkut B log Chats Fórum E-mail

Serviços de Internet que usa e conhece

Fotolog

Msn

Orkut

Blog

Chats

Fórum

E-mail

Diante do gráfico podemos perceber que os professores conhecem os

diferentes serviços oferecidos pela Internet, bem como utilizam-nos, de forma

mais intensa ou menos intensa, porém o ápice de utilização é o e-mail, uma vez

que este serviço se configura em um meio potencial, rápido e eficaz para qualquer

situação cotidiana ou escolar.

Em segundo lugar fica o MSN - como um instrumento potencializador de

interatividade síncrona - em tempo real, já vez que este serviço é bastante

utilizado por alunos jovens e adolescentes. Poderíamos afirmar que os

professores tentam se aproximar desta nova cultura, baseada e ancorada pelas

TIC.

Já o orkut, fórum e chats ficam em terceiro lugar, mas não menos

valorizados, superam a escala de 50%, o que significa redimensionamento da

tecnologia como constitutiva do trabalho e da convivência escolar do Colégio

Marista Frei Rogério. O papel essencial para os professores é introduzir os alunos

e ser seduzido às possibilidades comunicativas dessa nova cultura.

112

Os serviços oferecidos pela Internet são motivadores em potencial para

inserir as TIC na educação como recurso didático-pedagógico capaz de

proporcionar mudanças significativas na forma de ensinar e aprender. Para os

professores, integrar as TIC nas suas aulas é desafiador e, às vezes frustrante,

manter-se atualizado diante da velocidade em que as informações trafegam na

Internet. À escola enquanto espaço onde se cultiva a cultura e a busca de novos

conhecimentos cabe oferecer, oportunizar aos alunos habilidades que eles

precisarão para ter sucesso no ambiente de trabalho que, cada vez mais se

baseia nas informações.

Essas habilidades incluem saber utilizar as TIC, Stilborne (2000, p.27)

destaca que “a utilização da Internet em sala de aula já é realidade. Um conjunto

de estatísticas indica que cresceu assombrosos 23.000% e que muito desse

crescimento ocorreu em escolas de Ensino Fundamental e Médio”. É evidente

que o papel do professor na sala de aula mudará e as tecnologias não estão no

centro do processo de ensino-aprendizagem, mas deve-se assegurar que

professores e alunos, juntos, explorem e utilizem as potencialidades das TIC.

Com o acesso às TIC, a sala de aula torna-se um ambiente de

aprendizagem cooperativa, onde o professor é o motivador do processo e o ato

de aprender constitui-se em uma ação dinâmica e prazerosa.

Hoje, mais do que nunca, precisamos de professores que sejam capazes e estejam dispostos a tornarem-se aprendizes que acompanham seus alunos. Esses professores precisam saber como utilizar várias tecnologias para formar, processar e gerenciar as informações. Precisamos de professores que entendam que o aprender no mundo atual não é só uma questão de dominar um corpo estático de conhecimento, mas ser capaz de reconhecer a rápida mudança da própria noção do conhecimento. (STILBORNE, 2000, p.28)

113

Diante destas necessidades destacadas por Stilborne (2000), perguntamos

aos professores quais eram os instrumentos mais utilizados nas aulas para

auxiliá-los metodologicamente, dentre eles destacamos vídeo, Tv, Dvd, software e

Internet.

Gráfico 03

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Internet Vídeo Tv Dvd Softw are

Os três recursos mais utilizados

Percebemos que 90% dos entrevistados usam a Internet, uma vez que o

instrumento computador é resultado de uma simbiose de técnicas anteriores e

resultado de um processo cultural e humano, envolvendo muitos agentes que

produzem e que inserem na sociedade novos artefatos, que sucedem os demais,

mas não o substituem. As potencialidades do computador são inúmeras, uma

delas a rede Internet, agrega características muito próprias como

bidirecionalidade, interatividade, flexibilidade, diálogo em tempo real entre

inúmeras outras.

A utilização do vídeo (80%) e do Dvd (70%) indicam que os professores

valorizam os meios de comunicação nas suas práticas escolares. Estes meios

114

são comumente utilizados nas escolas. Percebemos que apenas 15% dos

professores utilizam a Tv e o software, isso nos leva a questionar o

redimensionamento das informações extracurriculares, pois a televisão é, e

continuará por mais alguns anos, representando o meio de comunicação de

massa mais assistido e acessível a cerca de 95% da população brasileira.

Alava (2002, p.13), afirma: “estamos presos a um verdadeiro discurso que

argumenta largamente que o fim da escola está próximo e que, graças às novas

tecnologias e à Internet, a era da autonomia do aluno já começou”. Porém,

quando se examinam mais de perto as inovações pedagógicas decorrentes da

introdução dessas tecnologias no campo escolar, o que se constata é que ainda é

muito comum e freqüente “fazer o velho com o novo”.

Também, não há como negar que as TIC estabelecem uma relação de

proximidade entre aluno e professor, superando as relações verticalizadas e

centradas neste último. Hoje, o sistema educacional deve convidar o aluno a

sugerir, decidir e participar nas discussões sobre o que estudar como aprender e

de que maneira fazer, ou seja, inserir-se cooperativamente e colaborativamente.

Para Stilborne (2000, p. 27):

Para termos alunos exploradores, precisamos de professores que estimulem a exploração. Para lidar com a era da informação dentro da sala de aula, precisamos de professores que possam ensinar os alunos a gerenciar as informações por meio das tecnologias disponíveis e que possam ajudá-los a transformar informações em conhecimento.

Os conhecimentos ofertados pelas TIC facilitam a construção e a elaboração

de novas metodologias. Quanto à utilização das TIC no Colégio Marista Frei

Rogério os professores afirmam que, estes recursos tecnológicos estão inseridos

no contexto educacional, uma vez que os mesmos contribuem com o conteúdo

115

trabalhado em sala de aula e possibilitam uma visão diferente aos professores e

alunos. O Colégio pesquisado oferece acesso rápido (banda larga), equipamentos

(computadores) de última geração, biblioteca, projetor multimídia e circuito de Tv

e Dvd integrado em todas as salas de aulas. O que possibilita aos professores

uma maior diversificação metodológica. Diante dessa realidade, que não é

comum às demais escolas particulares e, muito menos as escolas públicas,

precisamos tecer alguns comentários sobre as inúmeras possibilidades com as

quais os alunos se depararam no uso das TIC: ampliação do universo da

pesquisa em todas as áreas do conhecimento; interesse nas atividades

desenvolvidas; trocas bidirecionais com alunos de todas as partes do mundo;

riqueza imagética e simulação de fenômenos naturais; aproximação e

conhecimentos de outras culturas; composição e reconstituição de cenários

históricos e culturais entre outras potencialidades apresentadas pelas TIC.

O advento das TIC (presença do computador, acesso a Internet, vídeo, Dvd,

Tv e softwares) propicia aprendizagem colaborativa31. Essa concepção de

aprendizagem colaborativa nos levou a questionar os professores entrevistados,

como as TIC poderiam ser entendidas dentro do processo das escolas e como se

poderiam abrir portas para um novo saber e para novas formas de aprender e

construir conhecimentos.

Diante do exposto Silva (2003, p.153) afirma:

A aprendizagem colaborativa oferece princípios de transformações os quais contribuem para uma mudança na postura do educador e do educando. O contrato que se estabelece com a colaboração e

31 A aprendizagem colaborativa é um processo de criação compartilhada: dois ou mais indivíduos, com habilidades complementares, interagem para criar um conhecimento compartilhado que nenhum deles tinha previamente ou poderia obter por conta própria. A colaboração cria um significado compartilhado sobre um processo, um produto ou um evento. (http://www.abed.org.br/seminario2006).

116

cooperação torna os alunos mais ativos, inventivos, críticos, [que] tomam iniciativas, assumem responsabilidades.

Gráfico 04

0

1

2

3

4

5

6

7

8

Positiva, há construçãode novos

conheciementos

Pro fessor e alunoaprendem juntos

M ais um recurso didáticopedagógico

A presença das TIC no Colégio Marista Frei Rogério

As respostas foram as seguintes: 80% dos professores afirmam que a

presença das TIC no processo de ensino e aprendizagem constitui-se em

oportunidade e parceria onde a cumplicidade entre professor e aluno resulta na

construção de novos conhecimentos; 60% afirmam que professor e aluno

aprendem juntos; 70% vêem as TIC como mais um “recurso” didático pedagógico.

Ou seja, todos os professores, de alguma forma ou de outra, destacam que a

escola, contextualizada nesta sociedade do conhecimento, deverá ser dinâmica,

oportunizado e aproximando o aluno e professor como aprendizes permanentes,

explorados de outras realidades e ancorados pelas diversidades de informações

que os instrumentos propiciam32.

Nesta perspectiva, as TIC, têm:

32 Estamos nos reportando a este contexto e localizando a realidade do Colégio Marista Frei Rogério, sabemos que as pesquisas sobre a realidade educacional de maneira geral não tem acesso aos modernos instrumentos e muito menos acesso a rede Internet.

117

Uma gênese histórica e, como tal, é inerente ao ser humano que a cria dentro de um complexo-humano-coisas-instituições-sociedade, de modo que não se restringe aos suportes materiais nem aos métodos (formas) de consecução de finalidades e objetivos produtivos, muito menos ainda, não se limita à assimilação e a reprodução de modos de fazer (saber fazer) predeterminados, estanques e definitivos, mas, ao contrário, podemos dizer que consiste em:um processo criativo através do qual o ser humano utiliza-se de recursos materiais e imateriais, ou os cria a partir do que está disponível na natureza e no seu contexto vivencial, a fim de encontrar respostas para os problemas de seu contexto, superando-os (LIMA JUNIOR, 2005, p.15).(grifo do autor)

Neste processo, o ser humano transforma a realidade da qual participa e, ao

mesmo tempo, transforma a si mesmo, descobre formas de atuação, constrói

conhecimentos sobre elas e interfere na mesma quando sente-se preparado.

Portanto, nesta acepção, a presença das TIC, no contexto educacional do Colégio

Marista Frei Rogério, estão alinhadas às teorias atuais de educação, bem como a

tecnologia.

Não se pode perder de vista os avanços tecnológicos que todo discurso

revela, ou traz de maneira implícita, um gesto que denuncia uma prática

democrática ou autoritária. Os meios de comunicação têm a capacidade de

exercer forte influência nas formas de comunicação e de influenciar normas

sociais e comportamentais. Além disso, é importante salientarmos que ao mesmo

tempo em que as descobertas técnico-científicas libertam o homem de inúmeros

limites, elas não oferecem facilidades para atingir metas sociais, reforçando a

exclusão de muitos dos segmentos da sociedade que não conseguem aderir à

modernização.

Ao mesmo tempo em que os avanços tecnológicos colaboram para a

democratização da cultura, apresentam o seu reverso, as dificuldades de acesso,

118

principalmente à Internet. Um meio de comunicação cujo acesso doméstico e

público ainda é privilégio de poucos.

Dessa forma, à escola cabe tornar menor a distância entre os

tecnologicamente providos e aqueles sem acesso a tais recursos, não somente

oferecendo sua entrada nessa nova modalidade de conhecimento, mas

promovendo um refletir criticamente sobre seu uso e aplicabilidade no contexto

educacional e social ao qual está inserido. O sucesso da inserção de recursos

tecnológicos na educação, não é só questão de acesso a equipamentos de última

geração. Mesmo algumas unidades de ensino bem equipadas enfrentam

resistência por parte dos docentes que possuem pouco domínio da técnica. Para

estes a tecnologia causa grande impacto. Além disso, não são todos os indivíduos

que se mantêm abertos para novas experiências; repetir práticas de ensino

cristalizadas é uma via facilitadora.

É certo que a escola é uma instituição que há milhares de anos se baseia no

falar ditar do professor, na escrita manuscrita do aluno. Uma verdadeira

integração das TIC supõe o abandono de um hábito antropológico, mais que

milenar, o que não pode ser feito em alguns anos. Neste contexto Alava (2002)

salienta: o educador, agente catalisador de transformações para atuar usando as

TIC, primeiramente deve estar ambientado nesse ciberespaço. Assim, o

ciberespaço poderia ser considerado uma roupagem mais ou menos moderna de

uma política educacional que se propõe auxiliar na formação do educador. Com o

uso das TIC a construção do conhecimento acontece de forma diferenciada dos

moldes atuais, pois as estratégias e métodos de aprendizagem conduzem o

aprendiz a uma experiência mais autônoma. É inegável que a utilização dos

119

recursos tecnológicos aliados ao universo da Internet com seus conteúdos

atraentes, globais e interdisciplinares alterou a rotina escolar proporcionando um

re-encantamento desse ambiente, de seus agentes e de seus usuários. A luz

desse pensamento Assmann (1998, p.29) afirma:

O ambiente pedagógico tem de ser lugar de fascinação e inventividade. Não inibir, mas propiciar, aquela dose de alucinação consensual entusiástica requerida para que o processo de aprender aconteça como mixagem de todos os sentidos. Porque a aprendizagem é, antes de mais nada um processo corporal.

A educação (escola) confronta-se com a apaixonante tarefa: formar seres

humanos para os quais a criatividade e a ternura constituem-se em necessidades

vivenciais e elementos definidores dos sonhos de felicidade individual e social. O

uso das TIC como recurso didático-pedagógico oferece um ambiente escolar

sadio para trocas de informações, auxiliando e alterando os processos de

pesquisa, comunicação, troca de experiências. A pesquisa é uma das formas de

busca e construção de conhecimento cuja elaboração de saberes faz-se em

resposta aos questionamentos do aluno/pesquisador, com a utilização de

recursos tecnológicos, passa por um processo de renovação e torna-se uma

prática fundamental na construção do conhecimento.

3.1. ANÁLISE DOS DADOS: As trilhas realizadas pelos alunos do Colégio Marista

Frei Rogério no uso das TIC

Para compreender a complexidade dos fatos que envolvem este Estudo de

Caso e para ouvir o que os alunos têm a nos dizer sobre o uso e o

redimensionamento das TIC no cotidiano escolar e nas suas vidas, elaboramos

120

um questionário33 com dez questões abertas e fechadas, com a intenção de

complementar, traçar associações e dar ‘voz’ as experiências, anseios e

necessidades dos alunos, uma vez que o interesse da direção do Colégio, bem

como do Ideário Marista é ampliar e utilizar, com mais consciência, as TIC no

processo ensino e aprendizagem.

A primeira pergunta referia-se se os entrevistados tinham computador e

acesso à Internet em casa, a resposta foi de que 100% dos alunos possuem este

instrumento, nas suas casas com acesso a Internet. Quando questionados para

quê a utilizavam a Internet, as respostas foram:

Gráfico 05

0

1

2

3

4

5

6

7

Pesquisa Orkut Mp3 Msn Jogos

Serviços mais utilizados da Internet

33 Instrumento de Pesquisa aplicado com os alunos encontra-se anexo a esta dissertação.

121

Surpreendentemente, os alunos utilizam menos MSN (68%) que os

professores (78%), seguido do Orkut34 (50%), em terceiro a pesquisa (40%) e,

finalmente, Mp335 e jogos com 30% de acesso. Também podemos perceber que

os serviços oferecidos pela Internet, que os alunos usam, os professores também

apontam que conhecem e que o utilizam muito.

Santos (apud SILVA, 2003, p.147), vem destacar que as TIC redimensionam

novas formas de pensar, de conhecer e de se relacionar, bem como novas

reflexões em relação aos exageros e equilíbrio de usos de modernos

instrumentos na escola.

Estes instrumentos tecnológicos - que preferimos denominar de elementos tecnológicos para diferenciá-los de uma perspectiva instrumental e mecanicista - que vem possibilitando uma nova razão cognitiva, um novo pensar, novos caminhos para construir o conhecimento de forma prazerosa e lúdica. Tal constatação provoca muitos questionamentos por parte de vários segmentos da sociedade, inclusive dos professores, que vêem, de um lado, estas tecnologias com certa desconfiança e, de outro, com expectativas exageradas que fogem à realidade, uma vez que acreditam que estes elementos tecnológicos, por si só, possam resolver os problemas do sistema educacional. Vivemos esta oscilação constante entre estes pólos e pensamos ser urgente, neste momento, construir uma postura de equilíbrio, percebendo as possibilidades e limites destas tecnologias no ambiente escolar.

Para Lévy (1993) esses elementos tecnológicos, são tecnologias da

inteligência, na medida em que possibilitam uma transformação no ato de ensinar

e aprender. As tecnologias da inteligência reorganizam, de uma forma ou de

outra, a visão de mundo de seus usuários e modificam suas aprendizagens

quando potencializadas pela rede, ou seja, a cibercultura, instaura uma nova

34 O orkut é uma comunidade virtual afiliada ao Google, criada em 22 de Janeiro de 2004 com o objetivo de ajudar seus membros a criar novas amizades e manter relacionamentos.Seu nome é originado no projetista chefe, Orkut Büyükkokten, engenheiro do Google. Sistemas como o adotado pelo projetista, também são chamados de rede social. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Orkut). 35 MP3 é um formato que permite armazenar músicas e arquivos de áudio no computador em um espaço relativamente pequeno, mantendo a qualidade do som. (http://musica.uol.com.br/mp3)

122

forma se relacionar, de construir conhecimentos hipertextuais e de estabelecer

novas sociabilidades,

Questionando aos alunos, se a incomensurabilidade de informações

disponíveis na Internet, constitui-se em recursos que auxiliam a aprendizagem ou

que a confundem, atrapalham-na ou dificultam-na, obtivemos como respostas:

Gráfico 06

0

1

2

3

4

5

6

7

Facilitam a aprendizagem Dificultam a aprendizagem

Multiplicidade de Informações na Internet

Para 70% dos alunos, a grande gama de informações que circulam na

Internet facilita a aprendizagem, ou seja, a aprendizagem, mediada e ancorada

pelas potencialidades da Internet no Colégio Marista Frei Rogério (Joaçaba/SC),

estão redimensionando as experiências das salas de aula de várias formas, ou

seja, estão ampliando o conteúdo dos livros didáticos; tornando as metodologias

mais interessantes e; especialmente, estão ampliando os debates sobre o tema

em estudo e as atividades práticas além das paredes da sala de aula, isso

123

significa estar fazendo links com outras informações da rede e com outras

pessoas, estudantes, pesquisadores que circulam na rede.

Constatado que 30% dos alunos consideram que o uso da Internet e seus

serviços atrapalham o processo de aprendizagem, percebe-se que as dificuldades

estão na escolha e seleção das informações e estão associadas as facilidades

para “copiar e colar” textos, informações e pesquisas. Estes posicionamentos são

justificados pelos alunos das seguintes formas: “muitas vezes os alunos nem lêem

e só copiam” (aluna C); “fica tudo muito fácil é só copiar e colar e, ainda posso

utilizar as teclas de atalho. Crtl + C para copiar e Ctrl + V para colar” (aluno B); “as

pessoas não lêem o que está escrito e, com isso não aprendem” (aluno C).

O segredo do uso dos instrumentos tecnológicos não está na novidade

instituída por eles, nem na quantidade e na acessibilidade, como vimos acima,

mas na metodologia adotada pelo professor, nos redimensionamentos das

práticas pedagógicas em sala de aula e no entendimento do papel do professor

no uso das TIC. O instrumento computador não faz diferença nenhuma em sala

de aula, o que faz a diferença é como ele será utilizado no processo de ensinar e

aprender.

As falas são preocupantes porque os alunos percebem que as pesquisas,

tendo como fonte a Internet, não estão sendo acompanhadas com o devido

cuidado e com a devida responsabilidade pelos professores. Percebemos que o

mesmo espaço, Internet, que possibilita construir novas sociabilidades e novas

relações, também pode ser utilizado como espaços para reproduzir de forma

muita mais “frágil” as velhas práticas do “fazer de conta”.

124

Na seguinte questão perguntamos com que freqüência eles (alunos)

utilizavam os computadores na realização de trabalhos escolares:

Gráfico 07

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Sim Não Esporadicamente

Uso do computador para fazer trabalhos escolares

As respostas foram: 90% dos alunos utilizam o computador para realizar os

trabalhos escolares, sendo que 50% percebem que o uso das TIC, quando

orientado, facilita a aprendizagem, apenas 30% concordam que a aprendizagem

acontece com o auxílio das TIC e 20% entendem que as TIC podem “mais ou

menos” auxiliar.

Citamos duas justificativas muito interessantes: - “Não são todos que utilizam

as informações que trafegam na Internet de forma correta” (aluna K). - “A Internet

tem uma grande variedade de conteúdos, se não soubermos como utilizá-los

acabamos dificultando a aprendizagem e, devemos usar também outras

referências como livros” (aluna M. F). Ou seja, ainda encontramos problemas

125

relacionados às metodologias de pesquisa em ambientes interativos. Não basta o

professor apresentar uma programação para acessar aos ambientes

informatizados, deve incluir uma gama de outras fontes que possam subsidiar o

aluno na clarificação e no entendimento profundo dos temas e dos conteúdos

curriculares bem como conteúdos extracurriculares. Através das observações

realizadas em ambientes informatizados foi possível constatar que os conteúdos

extracurriculares não se encontram presentes no cotidiano das aulas mediadas

pelas TIC.

A análise da pesquisa determinou que professores e alunos utilizam e

conhecem todos as potencialidades oferecidas pelo instrumento computador (com

acesso à Internet), porém a utilização deste deixa a desejar, quando se refere ao

redimensionamento dos processos de ensinar e aprender e de inter-relacionar

conteúdos curriculares e extracurriculares.

Utilizar os recursos disponíveis na Internet, como qualquer iniciativa de

aprendizagem, mas ter em mente que o sucesso depende da capacidade de

dominar o básico e selecionar as informações, contextualizando-as com a

realidade educacional. O advento das TIC produziu uma geração de alunos que

cresceu com fontes de mídia interativa e que desenvolveram uma criticidade

muito aguçada em relação à nova lógica da cibercultura. Babin (1989) já

destacava que os jovens aprendem de outras formas, ou seja, eles possuem

capacidades hipertextuais e bidirecionais, estão abertos para o meio

comunicacional, diferentes das habilidades que a geração de seus professores

teve e que ainda, em muitos casos, não conseguem incorporar e redimensionar

os usos.

126

Esta nova geração constrói expectativas e visões de mundo que diferem

daqueles que a precedeu, por isso é necessário um repensar das práticas

curriculares dentro da escola marista, através dos depoimentos dos alunos e dos

professores.

Adentrando nas discussões sobre o redimensionamento do laboratório de

informática e sua inserção no contexto educacional, perguntamos a opinião dos

alunos sobre o que achavam das aulas neste ambiente, uma vez que os

computadores possuem configurações atuais, acesso a rede - banda larga e

todos os acessórios necessários.Com relação a esta questão, obtivemos as

seguintes percentagens: 70% dos alunos compreendem que as aulas são mais

motivadoras e mais dinâmicas, já 30% dos alunos consideram que as aulas são

sempre iguais, como justifica esta aluna: - “Muita pesquisa. Quando chegamos

tem uma lista conteúdos para pesquisarmos, às vezes não dá tempo de ler e

entender, aí fica tudo muito corrido. Sugestão: Duas aulas dão mais tempo e a

aprendizagem será maior”. (aluna C. B).

Essa não é a função educacional mais sublime do computador. Ele pode e

deve ser utilizado primariamente como a excelente ferramenta de aprendizagem

que é (e não como uma mera máquina de ensinar), ferramenta essa que pode ser

de inestimável valia para ajudar na pesquisa no seu desenvolvimento intelectual.

Com essa finalidade é possível destacar que a tela do computador constitui-se

numa janela eletrônica, onde a trilogia homem-mundo-máquina deparam-se,

informam-se e constroem suas arquiteturas cognitivas através dos pixeis36, onde

o lugar não tem território determinado, ele é ilimitado, vasto e desafiador"

36 Pixel: picture element, menor unidade da arte numérica. Estes pequenos pontos formam uma imagem.

127

(HETKOWSKI, 1997, p.79). É uma relação diferente com a informação, uma

relação que é perpassada pela interatividade, na qual nos é permitido ouvir e

sermos ouvidos, ainda que por partícipes seletos; é permitido deixar a nossa

marca.

Para verificar esta afirmativa da autora e perceber, na fala dos alunos, como

os professores redimensionam tais usos:

Gráfico 08

0

1

2

3

4

5

6

Excelente Bom Satisfatório Fraco Muito Fraco

O uso que os professores fazem do computador nas au las

Não obtivemos dos alunos nenhuma resposta “excelente”, isto é muito

intrigante, uma vez que 90% dos professores, acima, destacam que utilizam o

computador e as potencialidades da Internet. Percebemos que 60% das

respostas referem-se que as aulas laboratório de informática são consideradas

boas; 40% demonstram ser satisfatória. Mesmo considerando que o uso pelos

professores é “bom”, a percentagem “satisfatória” demonstra-se relevante.

128

Não resta dúvida, pelos dados acima, que os questionamentos e as

incursões realizadas no referencial teórico desta dissertação, quando afirmamos

que as TIC são potenciais, mas devem ser muito bem planejadas quando

inseridas dentro de ambiente de aprendizagem. Estas metodologias interativas

sugerem superar os modelos instrucionistas e lineares, uma vez que o professor,

no contexto da educacional do Colégio Marista Frei Rogério, deveria ser um

mediador e um provocador de informações e de conhecimentos, estimulando a

criatividade e explorando os conteúdos extracurriculares. Estes posicionamentos

dos alunos suscitam dos professores e comunidade escolar reverem e repensar

esse novo contexto como um desafio constante.

De acordo com Santos (2003, p. 227), professor e aluno “nas suas

diferenças podem expressar e produzir saberes, desenvolver suas competências

comunicativas, contribuindo para e construindo a comunicação e o conhecimento

coletivamente”.

É inegável que a presença das TIC e os serviços da Internet permitem ao

aluno e ao professor o contato com um universo de informações e com a

realidade e as novidades do mundo todo e através das potencialidades

(velocidade, bidirecionalidade, não-linearidade), o aluno torne-se mais

independente e ativo, porém é necessário que o professor saiba como fazer isso,

como mediar estas necessidades e como utilizar as potencialidades dos

instrumentos que tem acesso e que sempre utiliza (segundo dados desta

pesquisa).

As aulas tornar-se-ão mais interessantes quando bem planejadas, pois a

rede Internet tanto pode ser uma biblioteca como um passatempo, pode ser

129

potencializadora de uma comunidade virtual de aprendizagem, como um espaço

de vulgaridade e de falta de ética. As informações podem ser ressignificadas pelo

aluno como podem ser apenas copiadas, conforme depoimento desta pesquisa.

Os professores necessitam de formação contínua, devem ser conscientes do

papel que desempenham e ouvirem os reclames de seus alunos, bem como ter

uma escuta sensível às necessidades individuais e coletivas dos alunos.Precisam

estar atualizado sobre os melhores e os piores sites, os conteúdos, as imagens e

outras informações que estejam atreladas as suas disciplinas. Não basta fazer

cursos técnicos, constantemente, é necessário saber para que os cursos servirão

e como poderão ser úteis às práticas pedagógicas e as necessidades formativas

dos alunos. Planejar é a palavra chave, incentivar o aluno a ter uma participação

mais ativa, trazer os conteúdos extracurriculares para a sala de aula constitui-se

em um desafio a ser superado pelos professores.

Diante desse contexto, observe-se que:

O computador em rede permite tanto aos alunos quanto aos professores, a possibilidade de publicação de textos, gráficos, animações, sons e atividades interativas como discussões em painéis, simpósios, competições entre equipes de estudantes. O ensino passa a ser mais atraente graças à riqueza de informações e variedade de estratégias de designer de multimídia existentes. (SILVA, 2003, p.153).

Complementando a fala de Moran (1997 apud SILVA, 2003, p. 176) destaca

que:

Mais que a tecnologia o que facilita o processo de ensino-aprendizagem é a capacidade de comunicação autêntica do professor, de estabelecer relações de confiança com os seus alunos, pelo equilíbrio, competência e simpatia com que atua.

Constatamos, através das análises, dos questionamentos com os alunos e

professores, que as TIC chegaram às escolas para ficar e que os alunos têm e

demonstram necessidades individuais e coletivas, que os plágios fazem parte do

130

cotidiano escolar e que os planejamentos devem ser repensados coletivamente

na comunidade escolar para evitar tudo que não favoreça o pensamento científico

ou os objetivos traçados pelo professor.

Também percebemos que as preocupações centram-se no encaminhamento

das metodologias e das práticas em sala de aula, ou seja, a inquietação envolve

reflexão acerca dos novos paradigmas educacionais, da utilização dos novos

meios na educação, do uso e do redimensionamento das TIC na sala de aula, dos

conteúdos extracurriculares muito ricos, porém, pouco, ou quase nada,

explorados e da compreensão da nova lógica que permeia a movimentação entre

os saberes e as TIC no Colégio Marista Frei Rogério.

Lima Jr, (2005), afirma que a presença das TIC na escola constitui-se como

parte de uma cultura baseada em uma configuração hipertextual e virtual. Neste

contexto, não foi possível deixar de abordar a forma como as redes

comunicacionais se desenvolveram ao longo da história e as transformações

pelas quais foram responsáveis para compreender o impacto que as TIC,

incorporadas pela Internet (rede mundial de computadores - interligados) têm

sobre a educação e mais especialmente as possibilidades de interação na

formação de professores e alunos para a utilização desses novos recursos

tecnológicos, disponibilizados pelas TIC.

Há inúmeras possibilidades de redimensionamentos das TIC no Colégio

Marista Frei Rogério, porém faz-se necessário repensar que a realidade desta

escola implica novas atitudes dos professores em relação ao uso dos meios;

exige interdisciplinaridade dos conteúdos curriculares com os extracurriculares,

uma vez que 100% dos alunos têm acesso a rede Internet e condições

131

econômicas à aquisição de outras fontes de pesquisa impressa; ensejam novas

práticas e novas formas de tratar a comunicação individual e coletiva, atendendo

as demandas de socialização cultural, pois os alunos acompanham seus pais em

viagens e passeios nacionais e internacionais; estar atendo nas necessidades dos

alunos e embasados na proposta pedagógica do Colégio.

São ações que permitem um olhar atendo e sensível e quando associadas

as potencialidades das TIC, tornam-se poderosas práticas pedagógicos, pois

efetivar mudanças, na prática, exige que o sujeito seja sonhador, idealista e

desejoso em transgredir, mas também consciente sobre sua condição humana. E

para que haja condição humana o homem depende de três atividades

fundamentais: o labor, o trabalho e a ação, as quais constituem a vida ativa

(HETKOWSKI, 2004).

Assim, a vida ativa imprime sentidos à vida do sujeito, bem como são

responsáveis pelas atitudes e pelas práticas individuais e coletivas. Desta forma,

Hetkowski (2004) afirma que o tripé possibilita a capacidade humana de vida no

mundo e implica transcender os processos da própria vida, pois os homens se

dispõem a buscar e efetivar, sempre, diferentes e novas experiências, as quais

instalam processos coletivos únicos. Isto demonstra que as dinâmicas interativas

desinstalam saberes instituído e conduzem o sujeito a interrelacionar-se com o

meio e com os outros, mobilizando-se, posicionando-se, relacionando-se,

expressando-se e atuando no mundo.

132

CONSIDERAÇÕES FINAIS

É incrível a força que as coisas parecem ter quando elas precisam acontecer.

(Caetano Veloso)

Ao me questionarem se sinto que cumpri todos objetivos a que me propus,

responderei que este é o inicio de uma longa etapa que apenas começou, pois o

objeto investigado é amplo, permite muitas interlocuções, devendo considerar-se

ainda que neste momento ou em qualquer outro, será impossível tratá-lo até a

exaustão, já que é uma temática evolutiva, incomensurável. Assim sendo, vejo-o

como uma abertura a novas propostas que, espero, possam ser retrabalhadas

dentro dos espaços do Colégio Marista Frei Rogério (Jba/SC).

Depois de percorrer muitos caminhos durante a pesquisa, apoiando-me em

estudos teóricos e empíricos para a sua realização, faz-se necessário tecer

algumas considerações que forneçam elementos para melhor compreender o uso

das TIC na educação, no contexto educacional citado.

O presente estudo oportunizou uma longa viagem na busca de

conhecimentos referentes às TIC na educação, desde aspectos históricos dos

programas destinados à inserção das Tecnologias de Informação e da

Comunicação na educação a uma análise na utilização desses instrumentos, à

aplicabilidade e potencialidades das TIC no cotidiano escolar dos professores e

alunos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio da instituição acima citada.

133

Há necessidade de registrar aspectos importantes. Vivemos em um período

de constante transição, que não permite verdades absolutas, já que, a todo o

momento, novos saberes emergem, destituindo ou ressignificando os antigos.

Concluir uma dissertação de mestrado, analisando um estudo de caso implica

cometer enganos, prescrever ou antecipar fatos, pois o envolvimento do

pesquisador (eu sujeito subjetivo) não é neutro, mas atinge e é atingido social,

político, cultural e educacionalmente, consequentemente, capaz e autorizado a

contradições diante do espaço vivenciado.

Acredito que o processo de construção do conhecimento é a grande forma

espiral que, continuamente, vai se metamorfoseando e que me conduz ser “essa

metamorfose ambulante... Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”37.

Esta pesquisa não se conclui, mas marca um novo momento na minha vida

acadêmica, em busca de novos saberes, mediados pela interlocução dos seres,

dos professores e alunos envolvidos e influenciados pelo uso das TIC, de modo

que pude ressiginificar conceitos, repensar as metodologias de aplicação das TIC

na escola, de lançar um olhar mais crítico de como são utilizadas no contexto

educacional do Colégio Marista Frei Rogério e acima de tudo, perceber, ao

enfrentar meus limites, que preciso respeitar os limites dos meus co-participes

deste espaço educativo.

Relembrando as palavras de Alves (2005, p. 145), “as crianças que

nasceram no mundo tecnológico compreendem que podem ocupar diferentes

lugares ao mesmo tempo, diminuindo as distâncias geográficas”. Porém, é

necessário oportunizar a todas as crianças (pequenas e grandes – professores e

37 Trecho da música Metamorfose ambulante de Raul Seixas.

134

alunos) consciência de que são atores e autores do processo de aprendizagem,

que podem superar o relógio mecanicista e cartesiano da sociedade racionalista.

Para driblar, dentro da escola, este tempo despótico, é preciso criar novos

espaços de saberes e de conhecimentos que não neguem as potencialidades das

TIC e todos os seus serviços. Nesta pesquisa ficou evidenciado que os

professores e os alunos têm acesso as TIC em casa e na escola, conhecem todos

os serviços da rede, disponibilizam de infra-estrutura adequada e de formação

continuada, mas ainda ficam acentuadas as necessidades de repensar os

processos de potencialização das TIC e de seus usos associados aos conteúdos

das disciplinas.

Foi possível constatar que a Internet faz com que os conceitos de ensinar e

aprender adquiram novos significados, instituem novas formas de se relacionar e

de encontrar-se virtualmente, bem como, possibilitam acesso a diferentes

culturas, contextos históricos, econômicos, culturais políticos e sociais em tempo

real. Mas ainda um problema se sobressai: como evitar a síndrome da fadiga de

informações38?

Este é um questionamento que relativiza as minhas certezas e que indica a

busca de novos espaços de entendimento, de propostas e de novas metodologias

para o processo de formação continuada dos professores do Colégio Marista Frei

Rogério.

38 Síndrome da Fadiga da informação se refere ao excesso, ao estafamento do sujeito em relação as informações, as quais são excessivamente criadas, recriadas e “atiradas” aos telespectadores como coisas necessárias e importantes, mas que representam apenas apelos consumistas e mercadológicos. (PCN, 1995)

135

Mediante análise das respostas dos sujeitos envolvidos, compreendo que é

necessário discutir com todos os alunos as suas necessidades e construir

coletivamente um plano de ação para o uso efetivo das TIC no processo

educacional, caso contrário a cultura do “Ctrl C Ctrl V” será definidora no fracasso

das TIC dentro dos espaços educacionais.

Entendo ser necessário, professor e aluno compreenderem como se efetiva

uma inteligência coletiva no ambiente escolar, uma vez que a mesma pressupõe

ouvir todas as vozes que ecoam e que silenciam; redefinir o papel da escola

enquanto espaço de aprendizagem e de produção de conhecimento e cultura,

incorporar as TIC como potencializadoras e valorizar os conteúdos

extracurriculares dos alunos.

Essas sugestões constituem-se em possíveis caminhos a serem trilhados

pela comunidade escolar do Colégio Marista Frei Rogério, destacando a formação

crítica dos professores e dos alunos aliada ao prazer e ao desejo de ensinar e

aprender coletivamente, atendendo as demandas individuais.

Para concluir quero destacar a frase de Alves (apud HETKOWSKI, 1998, p.

04), quando se refere ao uso das TIC,

apesar das recentes discussões em torno das novas tecnologias, como elementos estruturantes de um novo pensar, ainda há educadores que reduzem estes elementos a meros instrumentos ou ferramentas que apenas ajudam na condução da aula, ilustram, animam, enfim, o mesmo modelo de educação.

Da mesma forma Hetkowski (2004, p. 102) enfatiza que:

aparecem dois pontos importantes nessa discussão: por um lado o professor tem dificuldades efetivas de considerar as TIC como novo pensar porque não passou por um processo de incorporação e; por outro lado, quando o professor as utiliza como ferramenta para animar as aulas, porque não teve oportunidade, nem espaço para debater a significância das TIC no processo ensino-aprendizagem.

136

Segundo estas afirmativas, faz-se necessário pensar em um planejamento

para a implementação de ações para a inserção das TIC na pratica pedagógica

dos professores do Colégio Marista Frei Rogério:

a) Definir no Projeto Político Pedagógico o lugar das TIC no processo ensino

e aprendizagem, destacando as suas potencialidades;

b) proporcionar formação continuada ao corpo docente à incorporação das

TIC na sua prática pedagógica, considerando que os alunos têm acesso às

mesmas no seu dia a dia, possui domínio dos serviços oferecidos pela rede e

conhecem inúmeras formas de driblar e plagiar;

c) definir critérios de avaliação dos alunos no redimensionamento das TIC

relacionadas aos conteúdos curriculares e extracurriculares, bem como criar

formas de avaliação, pelos alunos, do uso que os professores fazem das TIC nas

suas aulas;

d) intensificar a metodologia de projetos interdisciplinares, inserindo as TIC

como instrumentos disponíveis à elaboração e construção de novas

aprendizagens e de instituição de novas comunidades virtuais de aprendizagem.

Dessa forma, valer-se das TIC como um meio para o desenvolvimento de

uma educação integral voltada às exigências atuais e futuras, implica conhecê-

las. Essa aproximação e apropriação só acontecem pelo conhecimento. Há

necessidade de conhecer a teoria para visualizar as possibilidades de

aplicabilidade prática.

137

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ANEXOS

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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA - UNOESC ÁREA DAS CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS - ACHS

PROGRAMA DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO INSTRUMENTO DE PESQUISA

NOME: (NÃO É OBRIGADO COLOCAR) ...................................................................................................

DISCIPLINA QUE MINISTRA AULAS: ...................................................................SÉRIE(S)...........................

Caros amigos de trabalho sou aluna do Mestrado em Educação do Programa de Pós-Graduação da Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC-Joçaba) e estou realizando uma pesquisa sobre as potencialidades das Tecnologias de Informação e da Comunicação (TIC) na Educação, assim venho solicitar sua participação e sua colaboração no preenchimento deste pequeno questionário. Outrossim, lembramos que os dados aqui mencionados serão utilizados somente para a pesquisa citada, ressaltamos que os mesmos serão eticamente analisados. 1.Marque X para cada item abaixo sua freqüência de uso da tecnologia em geral:

2. Você tem computador em casa? ( ) Sim ( ) Não 3.Você utiliza a Internet? ( ) Sim ( ) Não 4. Quais são os serviços da Internet que você usa e conhece?

5. Você utiliza as TIC em suas aulas? ( ) Sim ( ) Não Se sua resposta foi SIM: Cite os três recursos mais utilizados em suas aulas: ...........................................,............................................,..................................................... 6. Como você analisa a utilização das TIC no Colégio Marista Frei Rogério? ( ) Inserida no contexto educacional. ( ) Fora do contexto educacional. Porque: 7. O computador, a Internet, os softwares educacionais são recursos que estão disponíveis para os nossos alunos, como você avalia esta “invasão tecnológica”. ( ) Positiva, há construção de novos conhecimentos ( ) Professor e aluno aprendem juntos ( ) Desestrutura a pratica diária do professor ( ) Mais um recurso didático pedagógico 8. A cada ano percebemos que fica mais “intensa” a preocupação da direção e coordenações para que os professores utilizem as TIC’s (tv, computador, Dvd, vídeo, outros...), em suas aulas. Como você entende essa solicitação? ( ) de forma positiva ( ) invasão de espaço ( ) indiferente ( ) atrapalha o planejamento de suas aulas Dê sua opinião:

Eu Carmen Yône Raiser agradeço sua disponibilidade e sua atenção.

Situação de uso Nunca Algumas vezes

Muitas vezes Sempre

Uso pessoal (em casa, bancos, outros...)

Atividades em sala de aula.

Atividades de pesquisa e/ou ensino

Cursos capacitação

( ) Fotolog ( ) Chats

( ) MSN ( ) Fórum

( ) Orkut ( ) E-mail

( ) Blog ( ) Outro. Qual?........................................

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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA - UNOESC

ÁREA DAS CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS - ACHS

PROGRAMA DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO INSTRUMENTO DE PESQUISA

Caros colegas sou aluna do Mestrado em Educação do Programa de Pós-Graduação da Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC-Joçaba) e estou realizando uma pesquisa sobre as potencialidades das Tecnologias de Informação e da Comunicação (TIC) na Educação, assim venho solicitar sua participação e sua colaboração no preenchimento deste pequeno questionário. Outrossim, lembramos que os dados aqui mencionados serão utilizados somente para a pesquisa citada, ressaltamos que os mesmos serão eticamente analisados. NOME: (se desejar se identificar).............................................................................................................. SEXO: ( ) Masculino ( ) Feminino SÉRIE: ...................... 1. Você tem computador em casa? ( ) Sim ( ) Não 2.Você utiliza Internet? ( ) Sim ( ) Não ( ) As vezes 2.1. Se a sua resposta foi SIM, fale como e para que utiliza a Internet? ............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................ 3. Em relação à multiplicidade de informações que circulam na Internet: em sua opinião elas auxiliam na aprendizagem ou dificultam, devido à facilidade de “copiar” e “colar”. ( ) Facilitam a aprendizagem ( ) Atrapalham a aprendizagem Porque: ............................................................................................................................................... 4. Você utiliza o computador para fazer seus trabalhos escolares? Com que freqüência? ( ) Sim ( ) Não ( ) Esporadicamente 5. Você percebe que o uso das modernas tecnologias, como o computador, falicitam a aprendizagem? ( ) Sim ( ) Não ( ) Mais ou menos ( ) Quando orientado Porque: 6. Qual é sua opinião em relação às aulas no laboratório de informática? ( ) São motivadas ( ) Aulas cansativas ( ) Sempre iguais O que você sugere: 7. O uso que seus professores fazem do computador nas aulas é: ( ) Excelente ( ) Bom ( ) Satisfatório ( ) Fraco ( ) Muito fraco Porque:

Eu Carmen Yône Raiser agradeço sua colaboração.