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Universidade de Brasília Centro de Excelência em Turismo AS PROPRIEDADES DA PROTEÍNA DE SOJA NA ALIMENTAÇÃO HUMANA Vanessa Terra Papaleo Raquel Botelho Brasília, DF, abril 2004

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Universidade de Brasília

Centro de Excelência em Turismo

AS PROPRIEDADES DA PROTEÍNA DE SOJA NA ALIMENTAÇÃO HUMANA

Vanessa Terra Papaleo

Raquel Botelho

Brasília, DF, abril 2004

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Universidade de Brasília Centro de Excelência em Turismo

AS PROPRIEDADES DA PROTEÍNA DE SOJA NA ALIMENTAÇÃO HUMANA

Vanessa Terra Papaleo

Raquel Botelho

Monografia apresentada ao Centro de Excelência em Turismo da Universidade de Brasília como requisito parcial para a obtenção do certificado de Especialista em Qualidade em Alimentos

Brasília, DF, abril 2004

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

Centro de Excelência em Turismo Curso de Especialização em Qualidade em Alimentos

AS PROPRIEDADES DA PROTEÍNA DE SOJA NA ALIMENTAÇÃO HUMANA

Vanessa Terra Papaleo

Banca examinadora,

Raquel Botelho,Mestre Orientadora

Wilma Araújo, Doutor Membro da Banca

Brasília, DF, abril 2004

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Ficha Catalográfica Papaleo, Vanessa Terra As Propriedades da Proteína de Soja na Alimentação Humana/ Vanessa Terra Papaleo Brasília: UnB/CET, 2004. vi, 60pág. :il. Monografia Qualidade em alimentos – Universidade de Brasília, Centro de Excelência em Turismo, 2004. 1. Propriedades. 2. Processamento. 3. Benefícios. 4. Soja. – Monografia.

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VANESSA TERRA PAPALEO

Propriedades da Proteína de Soja na Alimentação Humana

Comissão Avaliadora

Raquel Botelho Professora Orientadora

Brasília, DF, 23 abril 2004

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Dedicatória

Dedico este trabalho as pessoas mais importantes da minha vida, Sandra,

minha mãe e Bibiana, minha irmã.

Por todo incentivo e apoio na vida, nos desejos e nos sonhos que aos

poucos vão se realizando.

Agradeço toda a força, energia, impulso e proteção, da minha mãe Sandra

Terra. A quem devo sempre agradecer os incentivos infinitos e apoio para que eu

nunca desistisse dos meus objetivos e dos meus sonhos.

Agradeço também a proteção iluminada do meu avô Luiz Francisco Terra,

que sempre estará presente no meu coração, pelo simples fato da sua existência

entre nós.

Agradeço também à Zaga, amigo especial que está em nossa vida, sempre

com muito afeto dedicação e atenção.

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Agradecimentos

Agradeço a minha orientadora Raquel Botelho, pela sua paciência,

orientação e ensinamentos, além da amizade que fizeram com que este trabalho

fosse possível.

Agradeço a Wilma Araújo, pela sua ajuda e esclarecimentos que facilitaram

na decisão de como deveria desenvolver meu trabalho.

Agradeço aos meus novos colegas e amigos, que me fizeram ver uma

nova Brasília, mostrando sua amizade e interação no grupo de trabalho e lazer.

Tornando possível e fácil minha adaptação.

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“O ato verdadeiro da descoberta não consiste em descobrir novos territórios,

mas sim vê-los com novos olhos”.

Marcel Proust

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Resumo

As descobertas dos conhecimentos da cultura da soja e dos benefícios dela

estão mudando a alimentação humana e a produção de alimentos.

São muitas as pesquisas e tecnologias para aplicar a soja na alimentação

atual. Projetos e adaptações dos diversos produtos da soja estão cada vez mais

presentes em técnicas dietéticas e inseridas em novos alimentos. As pesquisas

mostram a variedade de produtos já existentes e os benefícios deste alimento

funcional, que está se revelando uma verdadeira descoberta para saúde com baixo

custo e grande aumento no mercado.

Algumas das propriedades mais relevantes são observadas neste trabalho.

Todos os estudos direcionados a soja têm como principal objetivo promover a

variedade da alimentação e aperfeiçoamento do sabor.

Palavras-chave: 1. Propriedades. 2. Processamento. 3. Benefícios. 4. Soja. –

Monografia.

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Abstract

The discoveries of the knowledge of soy culture and their benefits are

changing human alimentation and food production.

There are many researches and technologies to apply soy in current feeding. Projects

and adaptation of diverse soy products are more and more present in dietetics

techniques and inserted in new food.

Researches show the variety of products already existent and benefits of this

workmanlike food, that is a truth discovery to healthy with low cost and great

increase in market.

Some of the most significant proprieties are watched in this work. All of the

studies about soy have like the highest objective to promote feeding variety and try

to make the perfect flavor.

Keywords : Property. 2. Proceedings. 3. Benefit. 4. Soya bean.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO............................................................................................................01

JUSTIFICATIVA..........................................................................................................03

2. OBJETIVO..................................................................................................................04

3. METODOLOGIA.........................................................................................................05

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 4. PROPRIEDADES DA SOJA................................................................................................06

4.1. Propriedades físico-químicas...................................................................................06

4.1.1. Propriedades Funcionais.......................................................................................09

4.1.2. Propriedades nutricionais......................................................................................11

4.2. PROCESSAMENTO.......................................................................................................13

4.3. BENEFÍCIOS NA PREVENÇÃO........................................................................................29

4.4. O MERCADO DA SOJA..................................................................................................36

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................39

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................40

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Composição centesimal dos vegetais..............................................................06

Tabela 2: Composição de micronutrientes presentes nos

vegetais...........................................................................................................................07

Tabela 3: Composição em ácidos graxos de óleo das principais cultivares de soja

produzidas no Estado de São Paulo...............................................................................08

Tabela 4: Composição em carboidratos da soja.............................................................08

Tabela 5: Composição em minerais da soja...................................................................09

Tabela 6: Teores de vitaminas na soja...........................................................................09

Tabela 7: Composição nutricional de alguns alimentos..................................................13

Tabela 8: Qualidade nutricional de algumas proteínas...................................................14

Tabela 9: Valores do coeficiente de utilização protéica de algumas proteínas..............14

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Tabela 10: Composição média de farinha de soja integral.............................................16

Tabela 11: Composição de um leite de soja...................................................................19

Tabela 12: Composição química de uma farinha de soja desengordurada....................21

Tabela 13: composição química de um concentrado protéico de soja...........................23

Tabela 14: Composição química de um isolado protéico de soja...................................25

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Quantidade de Proteínas.................................................................................07

Figura 2: Esquema de processamento da farinha integral de soja.................................16

Figura 3: Fabricação de Leite de soja.............................................................................18

Figura 4: Proteínas de Soja – Processo .........................................................................25

Figura 5: Processamento de farinha e farelo de soja.....................................................22

Figura 6: Esquematização da fabricação do concentrado de soja.................................23

Figura 7: Esquematização do processamento de Concentrado Protéico de soja..........24

Figura 8: Processamento do óleo bruto de soja.............................................................26

Figura 9: Processamento de óleos refinados de soja.....................................................27

Figura 10: Processo de extração da lecitina de soja......................................................28

Figura 11: Foto do grão de soja e soja texturizada.........................................................29

Figura 12: Grãos de soja.................................................................................................32

Figura 13: Queijo de soja................................................................................................35

Figura 14: Kibe de proteína texturizada de soja.............................................................35

Figura 15: Alimentos à base de soja...............................................................................35

Figura 16: Prateleira com variedades de produtos à base de soja.................................36

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1. INTRODUÇÃO

Durante séculos, o cultivo da soja permaneceu restrito apenas aos países

orientais, onde foi cultivada principalmente para a produção de grãos, usados na

preparação de grande variedade de alimentos frescos, fermentados e secos

(PROBST & JUDD, 1973).

O verdadeiro impulso na produção de soja ocorreu, porém na década de 60,

quando se iniciou o cultivo sucessivo trigo-soja no Rio Grande do Sul. A política

governamental visando a expansão da cultura do trigo resultou, portanto, no

incremento da área de produção de soja. Em conseqüência, a partir de uma

participação de 0,5% da produção total do mundo nos anos de 1954 a 1958, o Brasil

passou, em 1976, a ser responsável por 16% da produção mundial (BONETTI,

1981).

Várias foram às razões para esse aumento: possibilidades de mecanização

total da cultura, participação de cooperativas nos processos de produção e

comercialização, condições favoráveis do mercado externo, geração de tecnologias

adaptadas às diferentes condições do país, além da sua utilização como cultura

sucessória ao trigo, possibilitando o aproveitamento da mesma área, das máquinas

e dos equipamentos (BONATO, 1987).

A utilização da soja teve, no mundo ocidental, progressão diversa da

observada no Oriente. Nos Estados Unidos, por exemplo, o seu uso inicial foi como

cultura forrageira (PROBST & JUDD, 1973). Ao contrário do ocorrido nos países

orientais, foram industrializados, inicialmente, o óleo e a farinha. O primeiro

devidamente processado para margarinas, maionese, óleo de cozinha etc.

Atualmente, 30% do óleo consumido no mundo são de soja; no Brasil este índice é

de 90%(PROBST & JUDD, 1973). A proteína foi aproveitada pelo homem de forma

indireta porque a farinha e o farelo de soja foram usados quase exclusivamente para

alimentação animal, especialmente de suínos e aves domésticas.

No continente africano, a soja foi introduzida em 1910, em áreas restritas, e

geralmente tem rendimento mais baixo. Na Austrália vem sendo cultivada há mais

de 50 anos, mas somente nos últimos dez anos assumiu maior importância

(BONETTI, 1981). Sua aceitação como alimento natural é pequena, devido ao odor e

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sabor desagradáveis. Só posteriormente tornou-se componente importante de vários

alimentos industrializados, geralmente sem identificação em suas fórmulas, para

evitar rejeição.

Vários alimentos naturais (Santos 1978) podem ser obtidos da soja para uso

na alimentação humana, podendo ser agrupados em:

- Fermentados: shoyu, misso, natto, tempeh e sufu.

- Não fermentados: leite de soja, tofu, kori-tofu, yuba e kinako.

Os mais importantes são o shoyu, misso, tempeh e tofu. Os dois primeiros

são mais usados como flavorizantes e os últimos, em função de seu alto conteúdo

de proteínas e gorduras, têm grande valor como nutrientes.

Com o aparecimento de proteínas texturizadas, processadas como alimentos

tradicionais, como carne, bacon etc., seu consumo aumentou; e, mais recentemente,

a influência de imigrantes tem estimulado o uso de alimentos naturais.

Estes alimentos em forma texturizada, ou em forma de leite, ou sucos, estão

aumentando o mercado da soja, pois as pesquisa têm demonstrado os benefícios na

alimentação. As propriedades da proteína de soja na alimentação estão

influenciando na prevenção de doenças e nos hábitos da população.

A avaliação das propriedades da soja na alimentação é utilizada para

identificar a influência na ingestão humana, observando a composição, as

propriedades funcionais, propriedades nutricionais e as formas de processamento

para que sua aceitação continue crescendo.

Nos três últimos anos o mercado de novos produtos de soja cresceu mais que 11%

ao ano, no mercado norte-americano. Deste crescimento, 24% foram produtos

substitutos de refeição e suplementos, 21% barras energéticas, 14% substitutos

cárneos, 7,5% tofu. Soyfoods, (2002).

O “Leite” de soja é a categoria de maior crescimento na história da indústria

de alimentos de soja, passando de 100 milhões de dólares em vendas em 1995 para

550 milhões de dólares em 2001.

O crescimento anual foi de 26% em 1997 e 63 % em 2000, já o crescimento

do leite refrigerado foi de 100% em 2001.

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JUSTIFICATIVA

A importância da soja demonstra seu valor nutricional e a expansão de sua

cultura. Sua alta produtividade e facilidade de adaptação em quase todas as regiões

fazem com que a soja seja uma grande descoberta que deve continuar suas

pesquisas. Traduz-se a soja como um ingrediente alimentar que, além de suas

propriedades nutricionais, pode acarretar benefícios à saúde, quando consumido

como parte de uma dieta saudável. Inúmeros estudos científicos comprovam os

benefícios da soja à saúde das pessoas.

A tendência será a de que cada vez mais pessoas conscientes da importância

de uma alimentação correta, procurem alimentos que auxiliem em seu bem-estar

físico e contribuam para melhor funcionamento do organismo e mesmo para a

prevenção de certas doenças. A soja, alimento de consumo universal, preenche esta

condição, pois além da nutrição apresenta uma contribuição extra para a saúde;

dentro do conceito de alimento funcional, ela abre as perspectivas das indústrias

alimentícias para desenvolver diversas formulações alimentares. (Bianchi, 1986).

A soja pode ser considerada um alimento funcional, pois contém substâncias

fisiologicamente ativas (Childs, 1994) capazes de atuar como moduladores dos

processos metabólicos, melhoria das condições de saúde e do bem-estar e

prevenção no surgimento de doenças degenerativas. A utilização biológica dos

componentes da soja na dieta traduz-se em processos específicos no organismo,

tais como prevenção de certas enfermidades e melhoria dos mecanismos de defesa,

retardamento do processo de envelhecimento e ajuda no controle físico e mental do

indivíduo.

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2. OBJETIVO GERAL

Avaliar as propriedades da soja para a alimentação humana, identificando

qual a influência na ingestão.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• AVALIAR A SOJA COMO FONTE ÚNICA DE PROTEÍNAS;

• VERIFICAR SUA UTILIZAÇÃO COMO FORTIFICANTE DE OUTROS ALIMENTOS E COMO

SUBSTITUTO PARCIAL DE OUTRAS PROTEÍNAS;

• DISCUTIR OS BENEFÍCIOS DA SOJA NA PREVENÇÃO E TRATAMENTO DA

ATEROSCLEROSE E NA PREVENÇÃO DO CÂNCER;

• AVALIAR O VALOR NUTRICIONAL DAS FIBRAS DA SOJA.

Excluído: ¶

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3. METODOLOGIA

A pesquisa baseou-se em um estudo bibliográfico, onde foram selecionados

fontes que continham dados já estudados sobre a composição, propriedades

funcionais, propriedades nutricionais, processamento, uso e produtos contendo soja.

Através de tabelas comparativas foram demonstradas as diferenças dos teores de

proteína, vitaminas, lipídios e carboidratos entre a soja, seus derivados e outras

fontes protéicas consumidas pela população.

Os textos foram selecionados baseando-se na confiabilidade dos estudos e nas

fontes utilizadas. Através de dados estatísticos foi possível demonstrar o impacto da

soja no mercado mundial e o crescimento do setor com as novas tecnologias

desenvolvidas.

Excluído: ¶

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4. PROPRIEDADES DA SOJA 4.1. Propriedades físico-químicas

A composição da soja varia, principalmente, com o genótipo e os fatores

climáticos. Coqueiro (1972) concluiu que, destes últimos, são mais importantes as

temperaturas, umidade do solo e luminosidade. Sallans (1964) encontrou aumento

do conteúdo protéico e lipídico, apesar do baixo rendimento, em presença de baixa

precipitação ou reduzida umidade do solo. Tango et al (1973/1974), estudando a

composição da soja em vários anos agrícolas, observaram variação significativa nos

teores de proteínas e lipídios, e também na composição dos ácidos graxos,

especialmente palmíticos, esteáricos e linoléico. Deve-se enfatizar que as condições

climáticas repercutem mais nas taxas de proteínas, pois o desenvolvimento do

conteúdo de lipídios é mais precoce.

Quanto à soja cultivada no Brasil, Castro et al (1973) verificaram que a

quantidade de proteína varia de 29,2 a 57,9%, com média de 41,2%.

A tabela 1 demonstra a composição centesimal dos vegetais, enquanto a

tabela 2 apresenta a composição em micronutrientes.

Tabela 1:

Excluído: ¶

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Tabela 2:

A figura 1 demonstra a quantidade de proteínas em farinha desengordurada e

em produtos intermediários da soja. (Trindade, 2004).

Figura 1. Conteúdo protéico da soja. (Trindade, 2004)

Na primeira figura – 50% de proteína = Proteína Texturizada da Farinha

desengordurada de soja;

Na segunda figura – 70% de proteína = Proteína concentrada de soja;

Na terceira figura – 90% de proteína = Proteína Isolada de soja.

O óleo de soja contém cerca de 15% de ácidos graxos saturados e 85% de

insaturados. É grande seu conteúdo de ácidos graxos essenciais. Trabalho realizado

por Costa (1973/1974), com matéria-prima do Estado de São Paulo, mostrou os

componentes lipídicos de diferentes cultivares de soja (tabela 3).

50% Proteína

90% Proteína 70% Proteína

Excluído: on

Excluído: ¶

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Tabela 3: Composição em ácidos graxos do óleo das principais cultivares de soja

produzidas no Estado de São Paulo, na safra de 1973. (Costa, 1973/1974). CULTIVARES DE SOJA

ÁCIDOS GRAXOS SANTA ROSA VIÇOJA MINEIRA Saturados Mirístico 0,08 0,07 0,09 Palmítico 11,60 11,25 10,81

Palmitoléico 0,12 0,12 0,05 Esteárico 8,21 4,37 3,35

Insaturados

Oléico 21,38 21,86 20,59 Linoléico 57,27 55,63 58,01

Linolênico 6,16 6,27 6,61 Behênico 0,19 0,42 0,48

Os lipídios da soja incluem, ainda, 1 a 3% de substâncias não saponificáveis:

esteróides (colesterol, estimasterol, camposterol e sistosterol), tocoferóis e a

vitamina A.

A soja contém, aproximadamente, 34% de carboidratos, porém proporção

considerável dos mesmos, como galactanas, pentosanas, hemicelulose e celulose, é

pouco utilizada. Segundo Hymowitz (1972), os açúcares livres correspondem a 8%

do total, sendo que destes há 60% de sacarose, 4% de rafinose e 36% de

estaquinose. O amido é encontrado em sementes verdes, mesmo assim em

pequena quantidade. A composição em carboidratos da soja, de acordo com os

estudos de Kawamura (1967), encontra-se na Tabela 4.

Tabela 4: Composição em carboidratos da soja. (Kawamura, 1967).

CARBOIDRATOS TEOR MÉDIO (%) Celulose 4,0

Hemicelulose 15,0 Estaquiose 3,8 Rafinose 1,1 Sacarose 5,0

Outros açúcares 5,1

A soja é rica em muitos minerais, em especial magnésio, fósforo, ferro, cobre

e zinco; é uma fonte moderada de cálcio.

A disponibilidade desses componentes é maior quando se ingerem os brotos

da soja. O teor de fósforo é proporcional à quantidade de lecitina. Costa et al Excluído: ¶

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(1973/1974) observaram que Santa Rosa, uma das variedades mais cultivadas no

Brasil, possui o menor conteúdo desse mineral dentre as cultivares testadas.

Shurpalekar (1961) descreveu a composição da soja em minerais, como relacionado

na Tabela 5.

Tabela 5: Composição em minerais da soja. (Shurpalekar, 1961).

MINERAIS TEOR (mg/100g) Cálcio 220-280 Fósforo 590-660 Ferro 8-18 Potássio 340-380 Sódio 1670-2090 Magnésio 220-240 Enxofre 410 Iodo* 0,01 Cobre* 12 * Teores em ppm (partes por milhão)

A soja é deficiente em muitas vitaminas. Enquanto verde é boa fonte de

riboflavina, niacina e ácido ascórbico. Quando madura é ótima fonte das vitaminas E

e K; boa fonte de tiamina, riboflavina e ácido fólico; pobre em vitamina A; não

contém vitaminas D e B12 como mostra a tabela 6.

Tabela 6: Teores de vitaminas na soja. (Shurpalekar, 1961).

VITAMINAS TEOR (µ/g DE SOJA) Tiamina 11,0-17,5 Riboflavina 3,4-3,6 Niacina 21,4-23,0 Piridoxina 7,1-12,0 Biotina 0,8 Ácido pantotênico 13,0-21,5 Ácido fólico 1,9 Inositol 2300 Colina 3400 Caroteno 0,18-2,43 Vitamina E 1,4 Vitamina K 1,9

Dintzis et al (1979) relataram que a casca da soja contém 87% das fibras,

sendo 0 a 5% de celulose, 14 a 33% de hemicelulose e 1 a 3% de linina. Costa et al

(1973/1974) estudaram sete variedades cultivadas no Brasil, encontraram um Excluído: ¶

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conteúdo de fibras que variou de 6,13 a 7,06%, sendo que a IAC-1 apresentou maior

quantidade. O conteúdo de fibras dos polissacarídeos é de aproximadamente

75g/100g. A relação entre fibras solúveis e insolúveis varia com o método analítico.

Utilizando-se o método da AOAC (Association of Official Analytical Chemists) foram

obtidos 5% de fibras solúveis e 95% de insolúveis; com ENGLYST, 27% de solúveis

e 73% de insolúveis. Não existe relação entre o teor de fibras e outros componentes

da soja.

Excluído: ¶

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4.1.1. Propriedades funcionais

Para os autores Morais e Lázaro da Silva, (1996) o estudo crítico dessas

propriedades é difícil porque não há testes padronizados para medi-las; eles

proporcionam diferentes resultados quando se varia o processamento. São

empregados: NSI (índice de solubilidade do nitrogênio), PDI (índice de

dispersibilidade da proteína) e PSI (índice de solubilidade da proteína). Todos eles

indicam a percentagem de nitrogênio solúvel, demonstrando que a solubilidade

constitui o principal fator que gera sua funcionalidade. Além disso, a solubilidade da

proteína em água mede o grau de tratamento pelo calor (aquecimento leve

determina solubilidade de 60 a 80%, e aquecimento intenso, de 10 a 20%).

Dentre as principais propriedades, destacam-se: segundo Morais e Lázaro da

Silva, (1996).

Emulsificação

Essa capacidade existe porque as proteínas são superfícies ativas que

atuam, provavelmente, de duas maneiras: formando emulsões de óleo em água ou

estabilizando emulsões já formadas.

A estabilidade da emulsão é muito importante, pois o sucesso do

emulsificador depende de sua habilidade para manter a emulsão em processos

subseqüentes, por exemplo, durante o aquecimento.

Absorção de Gordura

Talvez seja um aspecto da emulsificação, e seu mecanismo ainda não é

explicado. A matriz gelatinosa formada parece estabilizar a emulsão, impedindo que

a gordura migre para a superfície. Em panquecas e bolos, previne uma excessiva

absorção de gordura durante a fritura, o que parece envolver desnaturação de

proteínas, formando uma barreira resistente à gordura.

Absorção de Água

As proteínas contêm numerosas cadeias laterais polares, tornando-se hidrofílicas.

Alguns desses grupos polares são ionizáveis, daí a variação do pH alterar essa Excluído: ¶

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propriedade. A farinha de soja consegue uma retenção mínima de água em pH 4,5 e

aumenta com elevação ou redução do pH.

Textura

Constitui uma de suas principais propriedades. É muito importante na

produção de derivados texturizados, simulando frutas, vegetais etc. A textura da

Proteína Texturizada da Soja (PTS), assemelha-se muito a da carne, depois de

preparada.

Controle de Cor

A farinha de soja pode atuar como agente branqueador em pães brancos,

através de suas lipoxigenases que oxidam gorduras poliinsaturadas que agem sobre

os carotenóides da farinha de trigo; pode promover a formação de cor, resultando

produtos de padaria com aspecto tostado.

Formação de Filme

Quando a farinha de soja, dissolvida em água, é autoclavada, forma-se um

filme na superfície que atua como uma barreira à água e solventes aquosos.

Excluído: ¶

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4.1.2. Propriedades Nutricionais

A soja tem composição quase completa, incluindo proteínas, lipídios,

carboidratos e muitos minerais. Seu valor calórico é alto, com a vantagem de não

resultar de grande quantidade de amido; é, todavia, deficiente na maioria das

vitaminas e suas fibras estão contidas quase totalmente em sua casca. Para

demonstrar seu valor nutritivo, Dutra de Oliveira (1981) comparou-a com alguns

alimentos apresentados na Tabela 7.

Tabela 7: Composição nutricional de alguns alimentos. (Dutra de Oliveira, 1981)

ALIMENTO ENERGIA Kcal

PROTEÍNA g GORDURA g CÁLCIO mg FERRO mg

Feijão (vermelho)

343 22,5 1,5 110,0 6,9

Soja 398 33,4 16,4 222,0 11,5 Carne magra 113 21,4 2,4 16,0 4,0 Ovo 163 12,9 11,5 54,0 2,3 Leite 65 3,5 3,5 118,0 traços *Valores por 100 gramas.

Qualidade da Proteína

A qualidade nutricional de uma proteína pode ser avaliada através de

métodos químicos, biológicos e microbiológicos.

Os métodos químicos baseiam-se na análise dos aminoácidos da proteína e

na comparação de seus aminoácidos essenciais com os aminoácidos essenciais de

uma proteína de referência, geralmente a proteína do ovo ou a “Proteína Provisional

da FAO” (Organização das Nações unidas para Alimentação e Agricultura – FAO). A

composição em aminoácidos indica a potencialidade da proteína, mas não revela,

obrigatoriamente, que um aminoácido em particular seja utilizável pelo organismo.

Vanburen et al (1964), trabalhando com animais, demonstraram que nem toda a

lisina encontrada nas amostras de soja é metabolizada. Para suplantar essas

deficiências, empregam-se então os ensaios biológicos, que se baseiam na resposta

de um organismo à ingestão da proteína em estudo. Dentre estes destacam-se:

• Coeficiente de utilização protéica – CUP (o mesmo que “ PER – Protein

efficiency ratio”). Trata-se do processo mais usado, definido como o ganho de

Excluído: ¶

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peso animal em crescimento (geralmente o rato), dividido pela proteína

ingerida. O resultado é comparado com aquele obtido com a utilização da

caseína, padronizado em 2,5;

• Valor biológico. É a relação entre o nitrogênio absorvido e o retido pelo

organismo;

• Digestibilidade. É a relação entre o nitrogênio absorvido pelo organismo.

Mede, portanto, a disponibilidade de um aminoácido;

Além do Valor Protéico Relativo, Razão Protéica Líquida. Utilização Protéica

Líquida. Outros resultados de ensaios biológicos são apresentados encontram-se

na Tabela 8, segundo Mattar Filho (1980).

Conclui-se, baseando-se nesses métodos tradicionais, que a soja é rica em

proteínas, apresenta como aminoácidos limitantes apenas os sulfurados, porém sua

qualidade é inferior à das proteínas animais.

Tabela 8: Qualidade nutricional de algumas proteínas. (Mattar Filho, 1980).

ALIMENTO DIGESTIBILIDADE CUP/PER VALOR BIOLÓGICO (%) Ovo 99 3,92 94 Leite 97 3,09 84 Peixe 98 3,65 83 Carne de vaca 99 2,30 74 Soja 90 2,32 73 Feijão 73 1,48 58 Milho 79 0,60 22 A tabela 9 publicada por Del Vale (1981) mostra o CUP (o mesmo que “PER –

Protein efficiency ratio”) de várias proteínas.

Tabela 9: Valores do coeficiente de utilização protéica de algumas proteínas. (Del Valle,

1981).

ORIGEM DA PROTEÍNA CUP/PER Origem animal Ovo 3,8 Leite de vaca 2,5 Carne de vaca 3,2 Origem vegetal Soja crua 0,7 Soja processada 1,8 Arroz 1,9 Trigo 1,0 Excluído: ¶

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4.2. PROCESSAMENTO

Pelas investigações científicas já realizadas, ficou demonstrado serem as

sementes de soja superiores, como alimento, às de qualquer outra leguminosa. Para

o emprego da soja na indústria e em nutrições humana e animal há necessidade de

submetê-la a procedimentos que visam inativar fatores antinutricionais presentes,

reduzir agentes causadores de flatulência, e melhorar sabor e odor. Alguns

tratamentos básicos, como remoção da casca, moagem fina para liberação do

material digestível e aquecimento úmido, usados na obtenção dos derivados da soja,

contribuem para a inativação da maioria dos fatores antinutricionais. Porém,

enquanto os inibidores da tripsina, hemaglutinas, fator bocígeno, antivitaminas e

fitatos são termolábeis, as saponinas, estrógenos, fatores flatulentos, lisinoalanina e

alérgenos são termoestáveis.

Morales et al (1981) demonstraram que o tempo de cozimento da soja reduz

muito quando se adiciona solução alcalina ao produto, antes do tratamento térmico.

O aquecimento por 20 minutos, após imersão por seis a 10 horas em solução com

0,25 a 0,50% de bicarbonato de sódio, inativa mais de 60% da atividade antitríptica.

De acordo com a esquematização de Cabral & Modesta (1981), os derivados

da soja podem ser divididos em quatro grupos:

• Produtos não desengordurados

• Produtos do farelo desengordurado

• Produtos do óleo bruto

• Produto de tradição oriental

Produtos não Desengordurados

A Farinha é uma fração fina, que passa por uma peneira de 100 “mesh”. A

farinha integral de soja é um produto obtido diretamente dos grãos de soja e contém,

no mínimo, 40 % de proteína e 20% de lipídios. O fluxograma de processamento

está apresentado na figura.

Excluído: ¶

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Figura 2: Esquema de processamento da farinha integral de soja

Em algumas situações essa seqüência é alterada. Por exemplo, quando a

farinha de soja for utilizada para branqueamento de farinha de trigo destinada à

fabricação de pães, não deve ocorrer o tratamento térmico, já que as enzimas

presentes na soja devem permanecer ativas até o final do tratamento da farinha de

trigo.

A composição química da farinha integral de soja é muito variável,

dependendo da variedade, das condições de cultura, do armazenamento, e do

processamento.

A tabela 10 apresenta composição de uma farinha de soja, de acordo com dados

de Pringle (1974).

Tabela 10: Composição média de farinha de soja integral. (Pringle, 1974).

COMPONENTES % Proteínas 40,5 Óleo (incluindo lecitinas) 20,5 Umidade 6,6 Fibras 2,3 Cinzas 4,5 Carboidratos 25,6

FARINHA

SELEÇÃO DOS GRÃOS

LAVAGEM

TRATAMENTO TÉRMICO

SECAGEM

DESCASCAMENTO

MOAGEM

REMOÇÃO DA CASCA

Excluído: ¶

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Ainda classificados como farinha integral, tem-se:

• Farinha de soja micropulverizada. Produto muito dispersível em água,

destinado, principalmente, ao preparo de bebidas protéicas instantâneas à

base de soja;

• Farinha integral pelo processo “Promo”. Fabricada pela firma Promo Ltda., da

Inglaterra, destinada a usos nutricionais. Em seu tratamento, omite-se o

descascamento e adiciona-se um cozimento com água. Sua composição é a

seguinte: proteína bruta, 49%; lipídios, 22%; umidade, 5% fibras, 5%;

carboidrato, 19% e calorias, 460 por 100g;

• Farinha de soja com alto teor de gordura. Adiciona-se óleo de soja à farinha

desengordurada, ao redor de 15%.

Leite de Soja

O extrato solúvel de soja (leite de soja) é o produto obtido por extração

aquosa dos grãos de soja. A fase aquosa consiste numa suspensão – emulsão – solução. Em

suspensão encontram-se proteínas, carboidratos e algum material em pequenas

partículas; em emulsão encontram-se os lipídios e, formando uma solução, alguns

minerais e açúcares.

Recentemente, foram lançados no mercado brasileiro alguns equipamentos

compactos, destinados à produção do extrato hidrossolúvel de soja. Um deles,

denominada “Vaca Mecânica”, é produzido pela vanguarda Mecânica de Campinas –

SP; outro é fabricado pela firma CEIL (Caldeiras e Equipamentos Ltda.), Fortaleza –

CE, denominado “Unidade de Produção de Hidrossolúveis, Modelo Amélia”. Já

existe, também no mercado, o extrato de soja em pó: Provesol, da Olvebra AS,

Guaíba – RS, e Novale, da Noval Produtos Alimentícios Ltda, Guaíba – RS. Os

métodos mais comuns de secagem são a pulverização com ar quente (spray dryer

ou secagem por atomização) e a evaporação da água por contato com um tambor

aquecido (drum dryer ou em pó, de boa qualidade, com cerca de 41,5% de proteínas

e 13,8% de gordura). Excluído: ¶

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Os procedimentos básicos para obtenção do extrato solúvel são: trituração

dos grãos, seguida de tratamento térmico, e depois, filtração para remoção dos

sedimentos. Entretanto, para eliminar o sabor e o odor desagradáveis, provocados

pelo sistema de enzimas lipoxigenases, usam-se outros tratamentos, tais como

remoção completa da casca, trituração com água quente, maceração dos grãos com

álcali, trituração dos grãos com ácidos, adição de flavorizantes etc.

A figura 3 apresenta um fluxograma de fabricação de leite de soja para a

obtenção do “Vital”.

Figura 3: Fabricação de Leite de soja (Campinas – VITAL)

DESCASCAMENTO

HIDRATAÇÃO

DESINTEGRAÇÃO ACIMA DE

HOMOGENEIZAÇÃO

ADIÇÃO DE AÇÚCAR E SAL

FLAVORIZANTE

RESFRIAMENTO

CENTRIFUGAÇÃO E

REMOÇÃO DO RESÍDUO

TRATAMENTO TÉRMICO

PASTEURIZAÇÃO

EMPACOTAMENTO

Excluído: ¶

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Na tabela 11 encontra-se a composição de um leite de soja, apresentado por

Cabral & Modesta (1981).

Tabela 11: Composição de um leite de soja. Cabral & Modesta (1981).

COMPONENTES % Proteínas 3,5 Gorduras 2,2 Sólidos totais 6,5

O rendimento na obtenção do leite de soja é de 1:6-9, ou seja, um quilo de

soja fornece cerca de seis a nove litros de leite, restante 700g de resíduo com alto

teor protéico.

A figura 4 apresenta um fluxograma para a elaboração dos produtos

intermediários da soja, segundo (Trindade Pesquisadora - Bunge Alimentos

(Trindade Pesquisadora - Bunge Alimentos) <Disponível na Internet em:

www.cozinhanet.com.br >, acesso em 30/03/2004.

Excluído: ¶

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Láminas Desengordu-radas

Moagem, Classificação

Remoçãodo solvente

Soja quebrada

Limpeza, Moagem

Remoção de cascas

Condicionamento Laminação Cascas de

soja Lâminas

de soja

Grãos de Soja

Precipitação da Proteina

Extração

da Proteína

Proteina Isolada de Soja

Secagem

Fibra de Soja

Carboidratos Solúveis

Farinha Desengor-

durada

Óleo Refinado

Degomagem Extração com solvente Óleo

Bruto Refinação e

Hidrogenação

Lecitinas Secagem e cozimento

Proteina Texturizada

de Soja

Mistura, Texturização,

Secagem, Classificação

Proteina Concentrada

de Soja

Remoção dos carboidratos solúveis

Proteina Concentrada

Texturização, Secagem, Classificação

Figura 4: Proteínas de Soja – Processo (Trindade, 2004). Excluído: ¶

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Outros Produtos Não Desengordurados

A soja integral pode ser ainda utilizada tostada, frita ou cozida. São produtos

de obtenção exclusivamente caseira.

O extrato solúvel de soja, assim como os resíduos insolúveis obtidos de sua

fabricação, podem ser utilizados em alimentos caseiros tradicionais, como mingau,

angu, farofa, bolinhos, recheio para sanduíches, pé-de-moleque, etc.

Produtos do Farelo Desengordurado

Farinha e Farelo

A farinha e o farelo são os produtos menos refinados das proteínas da soja.

Têm a mesma composição, variando apenas o tamanho da partícula:

Farelo grosso – 10 a 20 “mesh”

Farelo médio – 20 a 40 “mesh”

Farelo fino – 40 a 80 “mesh”

Farinha – 100 “mesh” ou mais, sendo a maioria acima de 200.

Esses são os produtos industrializados mais importantes, pois são usados

tanto para enriquecer alimentos como na obtenção de concentrados e isolados

protéicos. Quando empregada para o uso humano, necessita de procedimentos

especiais, com objetivo de produzir mínima desnaturação de proteínas, o que resulta

em cor leve. (Horan, 1974).

A composição varia com o procedimento, porém valores médios de uma boa

farinha são descritos na Tabela 12. A maioria das farinhas contém de 40 a 50% de

proteínas.

Tabela 12: Composição química de uma farinha de soja desengordurada. (Horan, 1974).

COMPONENTES % Proteínas 56,0 Gorduras 1,0 Fibras 3,5 Cinzas 6,0 Carboidratos solúveis 14,0 Carboidratos insolúveis 19,5 Excluído: ¶

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Segue na Figura 5, o procedimento realizado com a soja para a obtenção da

Farinha e do Farelo de Soja, (Horan, 1974).

Figura 5: Processamento de farinha e farelo de soja. (Morais e Lázaro da Silva, 1996).

Na floculação, os grãos quebrados são comprimidos em flocos, rompendo as

células. O solvente mais utilizado é o hexano. O farelo que não recebe aquecimento

depois da dessolventização é denominado farelo desengordurado cru; quando o

produto recebe aquecimento úmido moderado, chama-se farelo cozido; quando

recebe grande quantidade de calor úmido, farelo tostado. (Horan, 1974).

SELEÇÃO

LAVAGEM

QUEBRA DESCASCAMENTO

TRATAMENTO TÉRMICO

FLOCULAÇÃO

EXTRAÇÃO DO ÓLEO COM SOLVENTE

DESSOLVENTIZAÇÃO

FARINHA E FARELO

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Concentrado Protéico Os concentrados protéicos de soja são obtidos a partir da farinha

desengordurada por lavagem com álcool etílico, água fervente ou água ligeiramente

acidificada a pH 4,5. Contêm no mínimo 70% de proteínas. Nesse processo de

lavagens, componentes como açúcares, alguns minerais e ácido fítico são

arrastados, deixando as proteínas e os carboidratos. São utilizados na indústria de

alimentos, na composição de produtos cárneos, sopas e farinhas especiais. A figura

6 mostra o fluxograma de produção do concentrado de soja (utilizando na extração

material não protéico) de acordo com Horan (1974), enquanto a tabela 4 apresenta

sua composição química.

Figura 6: Esquematização da fabricação do concentrado de soja

Tabela 13: Composição química de um concentrado protéico de soja. (Horan, 1974)

COMPONENTES % Proteínas 72,0 Gorduras 1,0 Fibras 4,5 Cinzas 5,0 Carboidratos solúveis 2,5 Carboidratos insolúveis 15,0 O método interfere na cor do produto final. A extração com água determina

cor mais escura.

EXTRAÇÃO DE MATERIAL NÃO PROTÉICO

COMPONENTES SOLÚVEIS

(açúcares, cinzas, componentes menores)

COMPONENTES INSOLÚVEIS (proteínas e polissacarídeos)

NEUTRALIZAÇÃO

SECAGEM

CONCENTRADO

Excluído: <sp>

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Isolado Protéico

Os isolados protéicos de soja também são produtos provenientes da farinha

desengordurada de soja. São obtidos pela extração aquosa das proteínas e

recuperação delas por precipitação, seguida de secagem. Esses produtos contêm,

no mínimo, 90% de proteína. Têm ampla aplicação na indústria de alimentos.

O isolado antes de seu uso pode ser tratada química, enzimática ou

termicamente para proporcionar funções específicas, tais como gelatinização,

solubilidade, emulsificação e absorção de água.

O resíduo de substâncias insolúveis é seco e vendido para alimentação

animal, contêm carboidratos solúveis, materiais nitrogenados e outros.

A figura 7 mostra o fluxograma de produção do concentrado de soja

(utilizando na extração Álcali Diluído) de acordo com Horan (1974) enquanto a

tabela 5 apresenta respectivamente sua composição química.

Figura 7: Esquematização do processamento de Concentrado Protéico de Soja

FARINHA DE SOJA DESENGORDURADA

EXTRAÇÃO COM ÁLCALI DILUÍDO

RESÍDUO INSOLÚVEL SEPARAÇÃO EXTRATO SOLÚVEL

CLARIFICAÇÃO

PRECIPITAÇÃO COM SOLUÇÃO ÁCIDA (pH = 4,5)

SEPARAÇÃOPRECIPITADO PROTÉICO

LAVAGEMSOBRENADANTE

SECAGEM NEUTRALIZAÇÃO

SECAGEMISOLADO PROTEINADO

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Tabela 14. Composição química de um isolado protéico de soja. (Horan, 1974)

COMPONENTES % Proteínas 96,0 Gorduras 0,1 Fibras 0,1 Cinzas 3,5 Carboidratos solúveis 0 Carboidratos insolúveis 0,3

Proteínas Texturizadas (Morais e Lázaro da Silva, 1996).

A partir da farinha, concentrado ou isolado, através de processos especiais,

conseguem-se produtos finais com pouco sabor e grande amplitude de propriedades

funcionais. É possível obter-se um produto para cada necessidade individual.

Existem dois procedimentos básicos:

• Texturização por fiação. A proteína de um isolado é solubilizada em meio

alcalino e passada através de uma chapa com pequenos orifícios. Por eles

saem fibras que serão coaguladas em banho ácido e estiradas por meio de

rolos, girando em velocidade crescente. Este processo é utilizado, mais

freqüentemente, para produzir os chamados análogos da carne. Exige um alto

capital de investimento. Os produtos finais são vendidos congelados.

• Texturização por extrusão. A proteína texturizada de soja é proveniente da

extrusão termoplástica da farinha desengordurada, proveniente da extração

de óleo. Na extrusão, esta farinha é submetida a condições de temperatura,

pressão e atritos elevados, produzindo um material texturizado, com camadas

superpostas e aparência semelhança a um tecido muscular. É muito utilizada

na indústria de carnes, principalmente em salsichas e hambúrgueres.

PROTEÍNA TEXTURIZADA DE SOJA (PTS) Por apresentar cor e textura semelhantes às da carne, a proteína - produto

feito a partir de grãos de soja submetidos a um processo de tritura, cozimento e

secagem - é conhecida como "carne de soja".

Por isso, é usada na indústria alimentícia como ingredientes de salsichas,

lingüiças, mortadelas, almôndegas, salames, patês, hambúrgueres, molhos, massas

e pães, entre outros. Por aí você já percebeu que anda comendo muita mais soja do

que imaginava. Altamente concentrada, apresenta teor protéico mais elevado do que

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a carne. Pode ser usada ao natural ou adicionada a carne moída (na proporção de

70% de carne para 30% de PTS, ou 80% a 20% respectivamente) no preparo de

almôndega e hambúrguer.

Além da farinha de soja, usa-se também farelo ou flocos (primeira geração),

ou concentrados (segunda geração) como elemento inicial. Na grande maioria das

vezes, emprega-se a farinha. Outras proteínas provenientes de oleaginosas e

cereais podem ser tratadas por esse processo, isoladas ou combinadas com a soja.

É possível ainda acrescentarem-se proteínas animais, o que requer processamentos

especiais.

Produtos do Óleo Bruto

Por extração com solvente ou prensagem, obtém-se do grão uma fração que

contém o óleo de soja; este extrato é chamado óleo bruto de soja.

O óleo cru apresenta uma série de impurezas solúveis em gordura, cuja

remoção é indispensável para proporcionar adequado sabor, odor, aparência e

estabilidade. Estão presentes no óleo cru, como impurezas: fosfolipídios, lecitina,

metais (ferro, cobre, magnésio), ácidos graxos livres, peróxidos e seus derivados e

pigmentos. Na figura 8, o processamento para obtenção do óleo cru.

Figura 8: Processamento do óleo bruto de soja (Morais e Lázaro da Silva, 1996).

SELEÇÃO

QUEBRA DESCASCAMENTO

FLOCULAÇÃO

EXTRAÇÃO COM SOLVENTES

DESSOLVENTIZAÇÃO

ÓLEO CRU

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Óleos Refinados

Por processos de refinação, a partir do óleo bruto obtém-se o óleo refinado de

soja. Os subprodutos dessa refinação têm bom valor comercial. A industrialização

segue a seguinte rotina, demonstrada na figura 9.

Figura 9: Processamento de óleos refinados de soja. (Álvaro Armando Carvalho de Morais

e Alcino Lázaro da Silva, 1996).

A degomação consiste em adicionar água no óleo quente e, a seguir, remover

a goma por centrifugação. Gomas são fosfatídios hidratados e o objetivo

fundamental dessa etapa é retirá-las. Os fosfolipídios prejudicam a hidrogenação e

transferem íons que diminuem a estabilidade, por serem pró-oxidantes como o ferro

e o cobre.

No refinamento, adiciona-se hidróxido de sódio e, a seguir, centrifuga-se para

remover os sabões formados. A hidrogenação constitui fase muito importante. Seu

objetivo é saturar duplas pontes de ácidos graxos, uma vez que a instabilidade do

óleo de soja decorre de seu alto conteúdo de ácido linolênico. Usa-se, geralmente, o

níquel como catalisador. Com isso, aumenta-se a resistência à oxidação, à

ÓLEO BRUTO

DEGOMAÇÃO

REFINAMENTO

CLAREAMENTO

HIDROGENAÇÃO

DESODORIZAÇÃO

RESFRIAMENTO

INTERESTERIFICAÇÃO

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plasticidade e a ponto de fusão, além de estabilizar o sabor e o odor. Empregado

para margarinas e óleo de cozinha, suas condições de temperatura, pressão e

tempo variam com o índice de solidez da gordura que se deseja.

A remoção dos odores ocorre em várias etapas, quando os gases voláteis são

retirados, a vácuo, após aquecimento.

O resfriamento é usado para alguns óleos (salada), pois melhora sua

qualidade. Com ele, removem-se, por filtração, resinas, ceras, triglicerídeos com alto

ponto de fusão e triglicerídeos di e trisaturados, capazes de precipitar se

refrigerados.

A última etapa é utilizada para as margarinas. O produto é aquecido com

pequena quantidade de álcali, o que determina hidrólise e esterificação. O objetivo é

mudar as características físicas do óleo.

Lecitina

A lecitina é obtida através da hidratação e separação a partir do óleo cru, como

mostra o fluxograma 10 de acordo com (Santos, 1978).

Figura 10: Processo de extração da lecitina de soja

ÓLEO BRUTO

HIDRATAÇÃO

CENTRIFUGAÇÃO

ÓLEO DEGOMADO GOMAS

REFINAÇÃO

ÓLEO REFINADO

DESODORIZAÇÃO

ÓLEO DESODORIZADO

SECAGEM

LECITINA BRUTA

FLUIDIFICAÇÃO

LECITINA COMERCIAL

BORRAS

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4.3. BENEFÍCIOS NA PREVENÇÃO

O consumo diário de soja tem sido associado, também, à prevenção e ao

tratamento de algumas doenças, como a osteoporose, doenças cardiovasculares e

algumas formas de câncer. A presença, na soja, de certas substâncias com ação

preventiva no organismo, faz da mesma um excelente alimento funcional, podendo

atuar até mesmo na prevenção dos sintomas da menopausa e evitar o

desenvolvimento de alguns tipos de câncer na mulher. Os alimentos à base de soja

podem ajudar a prevenir ou tratar várias enfermidades crônicas não transmissíveis

(Cerutti 1991), fato este muito importante, pois devido às suas utilidades pode ser

incorporada facilmente à dieta dos consumidores. A soja, além das substâncias

fisiologicamente ativas, contém em teores variáveis os elementos benéficos e

essenciais à saúde, como as proteínas, vitaminas, ácidos graxos poliinsaturados e

minerais.

Hipócrates, filósofo que viveu por volta de 2.500 AC., já sabia que o hábito

alimentar poderia afetar significamente as condições de saúde das pessoas,

afirmando que “alimentos poderiam atuar como remédio” (Childs 1995).

Nos Estados Unidos, em 1999, o “Food and Drug Administration” (FDA),

órgão que regulamenta o comércio de alimentos e medicamentos, emitiu um

documento enfatizando o potencial da soja na prevenção das doenças cardíacas e

autorizando as indústrias a informar nos rótulos as propriedades do produto para a

saúde. No Brasil, a Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias – EMBRAPA

está desenvolvendo variedades de soja próprias para o consumo humano com

melhor sabor, alto teor de proteína, redução de fatores antinutricionais e melhoria

Figura 11: Foto do grão de soja e soja texturizada

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dos aspectos físicos dos grãos, tais como tamanho e hilo claro, o que evita o

escurecimento do produto quando processado. Da mesma forma, os Institutos de

Pesquisas e Universidades, com o objetivo de obter produtos mais saudáveis, sem

toxinas, colesterol, com menos gordura. Têm procurado desenvolver produtos à

base de proteína de soja, que possam suceder vantagens, aos convencionais à

base de proteína animal.

As dietas japonesas contem 10 vezes mais soja que as dos norte-americanos

e os japoneses são em todo mundo os mais longevos e com a mais baixa incidência

de câncer e doenças cardíacas. “Tofu”, “leite” de soja, iogurte à base de “leite” de

soja, “carne” de soja, “tempeh”, “misô”, isolado protéico e farinha de soja são alguns

produtos fontes de isoflavonas, antioxidantes e estrógenos miméticos benéficos para

a saúde (Boatright, 1999; Childs 1994; Fotsis, 1997 e Fuller, 1994).

Todos os componentes da soja começam a ser vistos como elementos que

além da nutrição adequada, podem ajudar na prevenção de certas doenças.

Ingredientes elaborados a partir da soja podem desempenhar um importante

papel na produção de alimentos para o mercado de idosos. A importância da soja

em prevenir e tratar doenças crônicas está se tornando um importante assunto para

o momento e, atualmente, já é possível identificar nos produtos à base de soja, o

composto com estrutura semelhante ao estrógeno, responsável em diminuir o risco

de câncer em mulheres.

A utilização da soja na dieta como fonte de antioxidantes naturais pode ser

um importante mecanismo de defesa contra os radicais livres, pois os compostos

antioxidantes naturais atuam como um dos mecanismos de defesa.

Uma ampla definição desses antioxidantes seria qualquer substância que,

presente em baixas concentrações quando comparada a do substrato oxidável,

atrasaria ou inibiria a sua oxidação eficazmente (Sies, 1993).

A inclusão de antioxidantes pela soja na dieta é de grande importância por

estar relacionada com a diminuição do risco do desenvolvimento de doenças

associadas ao acúmulo de radicais livres (Pompella, 1997).

A oferta insuficiente e o alto custo de proteínas de origem animal tornam a

soja um potencial substituto destas proteínas nos alimentos. O seu valor nutritivo é

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cerca de 80-90% do leite de vaca, sendo fonte de proteínas de alta qualidade

adequada para a alimentação humana.

A soja, na sua forma natural não modificada, é relativamente indigesta.

Nenhum alimento é nutricionalmente perfeito. O leite, por exemplo, considerado um

dos mais nutritivos, é deficiente em ferro e vitamina C. A proteína da soja tem um

valor nutritivo menor que a do leite de vaca, mas seu valor biológico pode ser

suplementado pela adição de leite de vaca (Food Tecnology, 1998).

A oferta insuficiente de alimentos ricos em proteínas e de baixo custo é uma

das principais causas da má nutrição nos países em desenvolvimento. É possível

aumentar a produção de alimentos protéicos processados de baixo custo e de boa

qualidade para a alimentação humana, com uso da soja, pois não existe no mundo

nenhuma alternativa que seja tão viável quanto esta. Ademais é notório, tanto pela

comunidade científica quanto pelas indústrias de alimentos, que nenhuma parte do

planeta Terra pode mais depender exclusivamente de proteínas de origem animal.

As proteínas de soja já estão profundamente arraigadas na indústria

alimentícia como um novo tipo de matéria-prima alimentícia como um tipo de

matéria-prima de alto valor nutritivo e de baixo custo, reconhecidas como benéficas

para a saúde, de acordo com as conclusões de inúmeros estudos científicos feitos

no campo da nutrição (Polloni, 2000; Pszezola, 1999; e Riley 1994).

A soja e seus derivados são considerados dentre os vegetais, um excelente

substituto dos alimentos de origem animal. Principalmente devido à qualidade e

quantidade de sua proteína.

VALOR NUTRICIONAL

Seu alto valor nutricional, contendo proteínas, algumas vitaminas e minerais

em quantidades superiores a outros grãos, desde que devidamente processada e

ingerida em quantidade adequada, proporciona resultados semelhantes aos das

proteínas animais. A quantidade de proteína presente no grão de soja (cerca de 30 a

40%) é bastante superior às demais leguminosas (como feijão, ervilhas etc).

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A qualidade da proteína da soja não se iguala totalmente à qualidade das

proteínas animais (carnes, ovos, leite e derivados), devendo ser complementada

com outras fontes protéicas vegetais, como o arroz, o milho e o trigo. Ou seja, uma

refeição à base de soja deve sempre conter um outro cereal para que a proteína da

soja possa ser bem utilizada pelo organismo humano. Isso ocorre devido ao

aminograma da soja ser complementado pelo dos cereais. Leguminosas são

carentes em metionina e os cereais em lisina.

A quantidade de gordura presente na soja é também superior a de outros

grãos, embora seja isenta de colesterol e não contribua para a elevação das taxas

de gordura do sangue. Vale ressaltar, entretanto, que o consumo exagerado de

gorduras, de qualquer tipo, pode aumentar o risco de obesidade e de doenças

cardiovasculares.

De acordo com Thorne et alii (1983), a menor resposta glicêmica dos

alimentos ricos em fibras está relacionada com a redução do esvaziamento gástrico

e da capacidade absortiva intestinal.

Embora seja muito recomendado para casos de intolerância ao leite de vaca

em crianças, o leite de soja não contém a mesma quantidade de cálcio presente nos

leites de vaca e cabra. Assim sendo, crianças que recebem exclusivamente o leite

de soja devem receber uma suplementação de cálcio, na forma de suplementos

(medicamentos) ou de alimentos enriquecidos com esse nutriente.

A quantidade de ferro presente na soja, embora seja razoável, não é bem

absorvido pelo organismo quanto o ferro presente nas carnes. Por isso, a soja pode

ser um bom substituto para a carne quando se pensa no valor protéico da mesma,

porém deve ser suplementada ou associada com outros alimentos para que os

Figura 12: Grãos de soja

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33

outros nutrientes estejam sendo fornecidos ao organismo de maneira adequada.

Esta diferença acontece, pois na soja, o ferro é não heme e nas carnes é ferro

heme.

FIBRAS DA SOJA As fibras de soja têm sido muito utilizadas, geralmente com bons resultados,

com uma característica importante – sua ação assemelha-se àquelas das fibras

solúveis e das insolúveis. (Scrimshaw, 1981). Elas são capazes de reduzir o

colesterol (Goldberg, 1982). Podem ser empregadas para diminuir a glicemia,

embora sejam menos eficazes do que a goma ágar e a pectina (Anderson, 1987).

São acrescidas às dietas enterais por determinar mínimo efeito na viscosidade,

mantendo ou recuperando a função intestinal, reduzindo a incidência de diarréia e

da constipação (Evans, 1992) mantendo o trofismo do trato digestivo. (Frakenfield,

1991).

O efeito das fibras da soja no tratamento da constipação intestinal é menor do

que o de outras fibras, como o farelo de trigo. Seus resultados no tratamento da

constipação de pacientes neurológicos são contraditórios; usando 25g/dia, Liebel

(1990) obteve aumento do peso das fezes e da freqüência das evacuações.

PREVENÇÃO E TRATAMENTO DA ATEROSCLEROSE

Descovich (1980), usando proteínas texturizadas de soja em 127 pacientes

não internados com hipercolesterolemia tipo II encontrou redução do colesterol total,

porém com manutenção das taxas de triglicerídeos e lipoproteínas de alta

densidade. Admite que a substituição parcial da proteína da dieta por proteína

texturizada de soja é capaz de manter níveis baixos de colesterol. Refere-se que o

isolado protéico não possui essa capacidade, mas Sugano (1982) conseguiu

diminuição de colesterol e de triglicerídeos, empregando esse derivado da soja em

ratos.

Sirtori (1979), também utilizando proteína texturizada de soja em 42 pacientes

internados e 18 externos, encontrou redução do colesterol em todos os enfermos,

atingindo nível médio de 20% após três semanas de tratamento. Os resultados

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foram satisfatórios mesmo quando não havia resposta com outros esquemas

dietéticos. Sua ação foi mais significativa nos doentes internados e predominou nas

lipoproteínas de baixa densidade.

Alguns trabalhos referem que essa ação hipocolesterolemiante ocorre apenas

nos pacientes com aumento do nível sérico de colesterol. Moriguchi e Santos (1984)

empregando leite de soja em jovens normais conseguiram redução do colesterol

total, do LDL-colesterol e dos triglicerídeos, com aumento do HDL-colesterol.

Carrol (1991) fez uma análise crítica do papel da proteína da soja na redução

do colesterol, enfatizando alguns pontos:

• A adição da proteína da soja à dieta diminui o colesterol total e o LDL (em

média, 20%), em pacientes com hipercolesterol total e o LDL (em média,

20%), em pacientes com hipercolesterolemia. A redução é mais significativa

quando a ingestão de proteínas é alta, em torno de 20% do total de calorias.

Os triglicerídeos também diminuem, porém em menor intensidade.

• O retorno, após suspensão da dieta, é lento.

• O mecanismo de ação é ainda desconhecido. Parece que a proteína da soja

aumenta a atividade do receptor do LDL, o oposto do que ocorre com a

caseína. Apesar de tratar-se de uma ação específica da proteína da soja, o

isolado é menos eficiente.

Curiosamente, resultados expressivos são descritos pelos europeus, o mesmo

não acontecendo com os pesquisadores americanos.

Dois fatos merecem destaque: o efeito no lipidograma independe do acréscimo

de colesterol, possibilitando bons resultados, mesmo quando a soja faz parte de uma

dieta inadequada; a proteína texturizada conserva essa propriedade, facilitando seu

emprego.

PREVENÇÃO DO CÂNCER

Existem confirmações de efeitos anticancerígenos de alguns componentes da

soja em animais, mas resultados no homem ainda não foram confirmados.

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Estudos epidemiológicos revelam baixa incidência de câncer do cólon e da

mama nas regiões em que o consumo da soja é elevado, como na China e no

Japão. Messina e Barnes (1991), relatando as conclusões de um encontro

patrocinado pelo Instituto Nacional do Japão, referem que as evidências para o valor

da soja para a prevenção do câncer da mama são pequenas, elas são maiores para

os cânceres colorretais.

Carvalho (1995), em análise crítica sobre o papel da alimentação na

oncogênese, refere-se à discordância dos levantamentos epidemiológicos e alerta

para o perigo das práticas nutricionais ineficazes e suplementos nutritivos na falsa

esperança de prevenir o câncer.

CAPÍTULO IV

Figura 13: Tofu – Queijo de soja Figura 14: Kibe de proteína texturizadade soja

Figura 15: Alimentos à base de soja

Excluído:

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4.4. O MERCADO DA SOJA A soja é encontrada no mercado em diferentes formas, como soja em grão,

farinha de soja (para o preparo de bolos e pães), extrato de soja (“leite de soja” em

pó ou fluido), proteína texturizada (a chamada “carne de soja”), além de estar

presente em uma série de outros produtos, como margarinas, óleos vegetais,

massas e biscoitos.

Proteína texturizada de soja (PTS)

Por apresentar cor e textura semelhantes às da carne, a proteína - produto

feito a partir de grãos de soja submetidos a um processo de tritura, cozimento e

secagem - é conhecida como "carne de soja". Por isso, é usada na indústria

alimentícia como ingredientes de salsichas, lingüiças, mortadelas, almôndegas,

salames, patês, hambúrgueres, molhos, massas e pães, entre outros. Altamente

concentrada, apresenta teor protéico mais elevado do que a carne.

Considera-se, comumente, que a proteína da soja tem valor biológico inferior

ao das proteínas animais. (Tórun, 1981), comparando isolado protéico de soja e leite

de vaca, verificaram que a qualidade do primeiro é de 20% inferior. Mas, avaliando-

se através do PDCAAS (Digestibilidade protéica corrigida pelo escore de

aminoácidos) observa-se que sua qualidade assemelha-se à das proteínas animais. Outra indicação importante ocorre com a carne. Experimentando em ratos,

Steinke (1980) observou qualidade protéica muito próxima à da caseína quando

substituíram 50% da carne de vaca por proteína texturizada da soja. Citam Kies e

Fox (1980), que referem diminuição do valor nutricional quando a soja, em forma

Figura 16: Prateleira com variedades de produtos à base de soja

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texturizada, substitui mais de 25% da carne, particularmente quando ingerida em

níveis fisiológicos mínimos.

Shoyu Pode-se obter três tipos de condimentos da soja fermentada: condimentos

sólidos, pastosos e molhos. O shoyu está incluído na categoria dos molhos, que são

produzidos por fermentação dos grãos de soja em mistura com cereais.

Resulta da fermentação de soja e trigo pelo Aspergillus oryzae. Adiciona-se

sal e, no final, o produto é pasteurizado, filtrado e ensacado. O resíduo é utilizado

como torta para o gado. No Japão, produzem-se cinco tipos de molho: shoyu,

usukuchi, tamari shoyu, soiiishikomi shoyu e shiro shoyu.

Misso Obtido pela fermentação de soja e cereais pelo Aspergillus oryrae,

adicionando-se sal, o produto é pastoso e salgado, sendo utilizado em sopas e como

tempero. Na China, é preparado em casa (Chiang) e usado como molho; no Japão,

é manufaturado comercialmente em larga escala e empregado, principalmente,

como sopa. Existem três tipos: misso de arroz (arroz, soja e sal), misso de cevada

(cevada, soja e sal) e misso de soja (soja e sal). O primeiro é o preferido,

representando cerca de 85% do consumido no mundo.

Natto É menos consumido que os dois primeiros. Obtido pela fermentação da soja

cozida, pelo Bacillus subtilis ou Bacillus natto. Trata-se de um produto muito barato.

Dois tipos são encontrados: hama natto, mais popular e produzido em grande

escala, e o Ito-hiki-natto, usado em poucas regiões.

Tempeh Este produto é muito consumido na Indonésia, nas Filipinas e na Malásia, não

sendo usado no Japão. É empregado frito, em óleo vegetal ou em sopas. Resulta da

fermentação da soja descascada e cozida por diversas linhagens de Rhizopus.

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Sufu Também denominado queijo chinês, é produzido pela ação do fungo

Actinomucor elegans sobre cubos de leite de soja.

Tofu Trata-se de um alimento não fermentado da soja. Suas proteínas são

coaguladas e precipitadas por adição de sais de cálcio e magnésio, geralmente o

sulfato de cálcio. O tipo mais comum é uma coalhada branca, mole e frágil. É usado

em sopas ou frito em óleo.

Kori-Tofu É um produto desidratado. Sua fabricação consiste em coagular proteínas

com cloreto de cálcio, a partir do leite de soja.

Yuba Obtido de uma película que se forma na superfície do leite de soja, quando

aquecido à temperatura próxima da ebulição.

Kinako Trata-se de farinha finíssima, que se obtém moendo a soja torrada, em

tambores rotativos, até conseguir o aroma desejado. Usada, principalmente, no

preparo do grão de soja.

Os produtos de soja já ganharam o mercado e a tendência é o crescimento

tanto de variedades de produtos como de aumento de adeptos consumidores. As

pessoas estão hoje cada vez mais exigentes e conscientes do que devem comer e

como é sábio utilizar os alimentos para a prevenção da saúde.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Reconhece-se há muito tempo à importância da soja, seja por seu valor

nutricional, seja por suas propriedades funcionais. A soja poderá auxiliar e muito, em

função de seu valor nutricional, alta produtividade, facilidade de adaptação em

quase todas as regiões ecológicas do mundo e baixo custo.

Muitas informações já existem; muitas pesquisas, em diversas linhas, estão

em andamento, ambas objetivando:

Aumentar a produção e melhorar a produtividade, pois, em pouco mais de 15

anos ela se espalhou desde o Rio Grande do Sul até o Maranhão, colocando o

Brasil em segundo lugar no mundo em volume de produção de grãos.

Melhorar a qualidade, que é o que vários pesquisadores estão fazendo,

através o mapeamento genético da soja, melhorando assim sua composição. Um

dos principais fatores que explicam a baixa aceitação é o sabor da soja. Com isso

abriu-se amplo campo para pesquisa já que se definiu que depende de poucos

genes, de moderada herbabilidade, podendo ser geneticamente melhorado.

Estimular o consumo, especialmente na melhoria da qualidade dos produtos

derivados. Seu uso na medicina e também de maneira ordenada a expansão e a

exportação da soja.

Dados apontam que a soja continua sendo a cultura geneticamente mais

plantada em todo o mundo, com um aumento de aproximadamente 13% de área

plantada e alcançando a marca de 41,4 milhões de hectares - 55% da soja mundial.

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