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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS CURSO DE DIREITO – BALNEÁRIO CAMBORIÚ NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA - NPJ AS MODALIDADES DE ADOÇÃO NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO ALINE JASZEWSKI DA SILVA Balneário Camboriú, 22 de maio de 2014. DECLARAÇÃO DECLARO QUE A MONOGRAFIA ESTÁ APTA PARA DEFESA EM BANCA PÚBLICA EXAMINADORA BALNEÁRIO CAMBORIÚ, ____ DE ____________ DE 20__. ________________________________ Professor(a) Orientador(a) No ato da entrega na Secretaria do NPJ, o(a) aluno(a) deverá levar uma cópia do arquivo em formato PDF

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS CURSO DE DIREITO – BALNEÁRIO CAMBORIÚ NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA - NPJ

AS MODALIDADES DE ADOÇÃO NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

ALINE JASZEWSKI DA SILVA

Balneário Camboriú, 22 de maio de 2014.

DECLARAÇÃO

DECLARO QUE A MONOGRAFIA ESTÁ APTA PARA DEFESA EM BANCA PÚBLICA EXAMINADORA

BALNEÁRIO CAMBORIÚ, ____ DE ____________ DE 20__.

________________________________ Professor(a) Orientador(a)

No ato da entrega na Secretaria do NPJ, o(a) aluno(a) deverá levar

uma cópia do arquivo em formato PDF

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS CURSO DE DIREITO – BALNEÁRIO CAMBORIÚ NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA - NPJ

AS MODALIDADES DE ADOÇÃO NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

ALINE JASZEWSKI DA SILVA

Monografia submetida à Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel

em Direito. Orientador: Professor MSc. Marcelo Petermann

Balneário Camboriú, 22 de maio de 2014.

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AGRADECIMENTO

Agradeço primeiramente a Deus, por tudo que tem me permitido viver e realizar. Aos meus pais pelo

amor e dedicação, aos meus irmãos e amigos pela amizade e carinho. Ao orientador deste trabalho pela

ajuda nessa pesquisa. Muito obrigada a todos que de uma maneira direta ou indireta me ajudaram na

conclusão desse projeto.

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DEDICATÓRIA

A Deus, que nos deu o melhor e maior exemplo de adoção, nos escolhendo e permitindo que fossemos

feitos seus filhos, através de Jesus Cristo.

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TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo aporte

ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Vale do

Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o Orientador de

toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo.

Balneário Camboriú, 22 de maio de 2014.

Aline Jaszewski da Silva Graduanda

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PÁGINA DE APROVAÇÃO

A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade do Vale do

Itajaí – UNIVALI, elaborada pela graduanda Aline Jaszewski da Silva, sob o título As

modalidades de adoção no ordenamento jurídico brasileiro, foi submetida em junho

de 2014 à banca examinadora composta pelos seguintes professores: [Nome dos

Professores ] ([Função]), e aprovada com a nota [Nota] ([nota Extenso]).

Balneário Camboriú, junho de 2014.

Professor MSc. Marcelo Petermann Orientador e Presidente da Banca

Professor MSc. José Artur Martins Coordenação da Monografia

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ROL DE CATEGORIAS

Rol de categorias que a Autora considera estratégicas à

compreensão do seu trabalho, com seus respectivos conceitos operacionais.

Adoção

Uma ficção jurídica que cria o parentesco civil. É um ato jurídico bilateral que gera

laços de paternidade e filiação entre pessoas para as quais tal relação inexiste

naturalmente. 1

Adoção à Brasileira

Alguns casais, para burlar todas as formalidades exigidas para a regular adoção de

uma criança nascida de outros pais, simulam no ato de registro serem os seus

genitores, e registram como seu o filho alheio. Nesse caso, fica caracterizado o tipo

penal previsto no art. 242 do CP (“Dar parto alheio como próprio; registrar como seu

o filho de outrem; ocultar recém-nascido ou substituí-lo, suprimindo ou alterando

direito inerente ao estado civil”). 2

Adoção Bilateral

Em geral, contudo, os casados e conviventes adotam em conjunto. Para tanto, é

suficiente, mas necessária a comprovação da estabilidade da família. 3

Adoção de maiores

[...] sendo maior de 18 anos o adotado, a adoção dependerá da assistência efetiva

do Poder Público e de sentença judicial, aplicando-se subsidiariamente o ECA (CC,

1 WALD, Arnoldo; FONSECA, Priscila M. P. Corrêa. Direito civil: direito de família. 17. ed. São Paulo:

Saraiva, 2009. p. 315.v.5.

2 NEVES, Murilo Sechieri Costa, Direito civil 5: direito de família. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2007, p.109.

3 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil: família, sucessões.4.ed.São Paulo: Saraiva, 2011.p.184-185.v.5.

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7

art. 1.619). 4

Adoção do Nascituro

De fato, se o nascituro é pessoa, tendo direitos da personalidade (personalidade

jurídica formal), não há que se afastar a possibilidade de sua adoção. Nesse sentido,

repise-se que o nascituro tem direito aos alimentos, à imagem, à honra, à intimidade,

à investigação de paternidade (TARTUCE, Flávio. A situação jurídica..., Questões

controvertidas...., 2007, v. 6, p. 83-104). 5

Adoção filho de criação

Quem sempre foi chamado de “filho de criação”, ou seja, aquela criança-

normalmente carente- que passa a conviver no seio de uma família, ainda que

sabendo da inexistência de vínculo biológico, merece desfrutar de todos os direitos

atinentes à filiação. 6

Adoção Homoafetiva

O Código Civil não prevê a adoção por casais homessexuais porque a união estável

só é permitida entre homem e mulher (CC, art. 1,723; CF, art. 226, §3º) [...]. 7

Adoção Internacional

A adoção pode ser nacional (...) ou internacional (...), segundo o domicílio dos

adotantes se situe no Brasil ou no exterior. 8

4 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil: família, sucessões.4.ed.São Paulo: Saraiva,

2011.p.179.v.5. 5 TARTUCE, Flávio; SIMÃO, José Fernando. Direito civil: direito de família. 7.ed. São Paulo:

Método,2012,p. 386. 6 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias.7.ed.São Paulo: Revista dos tribunais,

2010.p.490. 7 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro.6.ed.São Paulo: Saraiva, 2009, p.348. 8 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil: família, sucessões.4.ed.São Paulo: Saraiva,

2011.p.181.v.5.

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8

Adoção Intuitu Personae

[...] aquela em que os pais dão consentimento para a adoção em relação à

determinada pessoa, identificada como pessoa certa ou para um casal específico

[...].9

Adoção Póstuma

Denomina-se adoção “post mortem” ou adoção póstuma aquela concedida após

inequívoca manifestação de vontade do adotante, mas concluída após o seu

falecimento (§6º, art. 42).

Trata-se, em nosso sentir, de uma medida de justiça, em respeito à pessoa que,

tendo iniciado o procedimento de adoção, segundo a sua livre manifestação de

vontade, teve a vida ceifada pelas mãos do destino, antes da prolação da

sentença.10

Adoção Unilateral

Qualquer pessoa física nessas condições pode adotar individualmente a criança ou

adolescente. Nada obsta a adoção pelo solteiro, viúvo, separado ou divorciado que

viva sozinho, hipótese em que se constituirá uma família monoparental.11

Direito de família

Constitui o direito de família o complexo de normas que regulam a celebração do

casamento, sua validade e os efeitos que dele resultam, as relações pessoais e

econômicas da sociedade conjugal, a dissolução desta, a união estável, as relações

entre pás e filhos, o vínculo do parentesco e os institutos complementares da tutela

e curatela.12

9 MADALENO, Rolf. Curso de direito de família. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2008, p. 485. 10 GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo curso de direito civil: direito de

família: as famílias em perspectiva constitucional.São Paulo: Saraiva, 2011.p.662-663. 11 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil: família, sucessões. 4.ed.São Paulo: Saraiva,

2011.p.184.v.5. 12 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: direito de família. 20.ed. São Paulo:

Saraiva, 2005.p.3.v.5.

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Filiação

Das relações de parentesco, a mais importante é aquela que existe em primeiro

grau, ou seja, aquela entre os pais e filhos: filiação-paternidade e filiação-

maternidade.13

13 NEVES, Murilo Sechieri. Direito civil: direito de família. 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2007.p. 93.

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SUMÁRIO

RESUMO........................................................................................... 13

INTRODUÇÃO .................................................................................. 14

CAPÍTULO 1 ..................................................................................... 16

DO DIREITO DE FAMÍLIA ................................................................ 16

1.1 DIREITO DE FAMÍLIA ................................................................................... 16

1.2 RELAÇÕES DE PARENTESCO .................................................................... 18

1.2.1 DA FILIAÇÃO .................................................................................................. 20

1.3 HISTÓRICO DA ADOÇÃO ............................................................................ 22

1.3.1 HISTÓRICO DA ADOÇÃO NO BRASIL ................................................................. 25

1.3.1.1 O regime da Lei n. 3.133/57 ...............................................................................26

1.3.1.2 Lei nº 4.655/65 “legitimação adotiva” ...............................................................28

1.3.1.3 Lei nº 6.667/79 ....................................................................................................29

1.3.1.4 Lei nº 8.069/90 ....................................................................................................30

CAPÍTULO 2 ..................................................................................... 33

A ADOÇÃO NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO ........... 33

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xi

2.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS DA ADOÇÃO .................................................. 33

2.2 CONCEITO DE ADOÇÃO .............................................................................. 35

2.3 REQUISITOS ................................................................................................. 37

2.3.1 INVIABILIDADE DA MANUTENÇÃO NA FAMÍLIA NATURAL OU EXTENSA ................... 38

2.3.2 VANTAGENS PARA O ADOTADO ....................................................................... 39

2.3.3 IDADE ........................................................................................................... 39

2.3.4 PROCESSO JUDICIAL ...................................................................................... 41

2.3.5 ESTÁGIO DE CONVIVÊNCIA .............................................................................. 42

2.3.6 ADOÇÃO POR DUAS PESSOAS ......................................................................... 44 2.3.6.1 Consentimento ...................................................................................................45

2.4 EFEITOS DA ADOÇÃO ................................................................................. 47

2.5 CADASTRO NACIONAL DA ADOÇÃO ........................................................ 49

2.6 IRREVOGABILIDADE DA ADOÇÃO ............................................................ 51

2.7 FUNÇÃO SOCIAL DA ADOÇÃO .................................................................. 55 CAPÍTULO 3 ..................................................................................... 57

DAS MODALIDADES DE ADOÇÃO ................................................. 57

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xii

3.1 ADOÇÃO DE MAIORES ................................................................................ 57

3.2 A ADOÇÃO UNILATERAL ............................................................................ 59

3.3 A ADOÇÃO BILATERAL ............................................................................... 62

3.4 ADOÇÃO À BRASILEIRA ............................................................................. 63

3.5 ADOÇÃO INTERNACIONAL ......................................................................... 65

3.6 ADOÇÃO DO NASCITURO ........................................................................... 68

3.7 ADOÇÃO INTUITU PERSONAE ................................................................... 71

3.8 ADOÇÃO HOMOAFETIVA ............................................................................ 73

3.9 ADOÇÃO PÓSTUMA .................................................................................... 74

3.10 ADOÇÃO DE FILHO DE CRIAÇÃO ............................................................ 77 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................. 78

REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS ........................................... 80

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RESUMO

A presente monografia trata-se de uma pesquisa destinada à obtenção do título

de Bacharel em Direito pela Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI. O objetivo

buscado foi de identificar e conceituar as modalidades de adoção no ordenamento

jurídico brasileiro, tendo se baseado na legislação atual do tema e

fundamentando-se nas obras dos mais renomados autores do direito e do

processo civil brasileiro. O objeto principal do trabalho é o estudo das

modalidades de adoção no atual ordenamento jurídico brasileiro. Já o método a

ser utilizado no desenvolvimento da pesquisa é o indutivo. Serão abordados no

primeiro capítulo o Direito de família, relações de parentesco e as considerações

históricas da adoção. No segundo capítulo tratar-se-á das considerações gerais

da adoção, seu conceito, requisitos, o cadastro nacional da adoção, a

irrevogabilidade de tal instituto, bem como, sua função social. No capítulo terceiro

serão abordadas as modalidades de adoção no ordenamento jurídico brasileiro.

Palavras-chave: Adoção. Estatuto da Criança e do Adolescente. Código Civil.

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho monográfico tem como objeto a análise do

instituto adoção no atual ordenamento jurídico brasileiro, com um enfoque em suas

modalidades.

O tema escolhido justifica-se em razão da importância na

atualidade, diante da constante evolução do instituto da adoção no Brasil.

O objetivo institucional, por sua vez, consiste na produção de

Monografia para a obtenção do título de Bacharel em Direito, pela Universidade do

Vale do Itajaí – Campus de Balneário Camboriú.

A investigação tem como objetivos investigatórios: geral,

analisar o instituto da adoção no atual ordenamento jurídico brasileiro; e,

específicos: a) identificar os tipos de filiação e relações de parentesco reconhecidas

no atual ordenamento jurídico brasileiro; b) conceituar adoção no atual sistema

jurídico brasileiro; c) identificar e conceituar as modalidades de adoção admitidas e

reconhecidas no atual ordenamento jurídico brasileiro.

Os problemas de pesquisa estabelecidos, em razão do

objetivo investigatório inicialmente traçado, são os seguintes:

a) Quais os tipos de relações de parentesco e de filiação

reconhecidas no atual ordenamento jurídico brasileiro?

b) Qual o conceito atual de adoção no sistema jurídico

brasileiro?

c) Quais as modalidades de adoção admitidas e reconhecidas

no atual ordenamento jurídico brasileiro?

Diante dos problemas formulados, foram aventadas as

seguintes hipóteses, podendo estas se confirmar ou não no decorrer da pesquisa a

ser realizada:

a) Entende-se que, as relações de parentesco podem ser

divididas em por afinidade, consangüinidade e civil (adoção). Ademais, a filiação se

divide em biológica (procriação) ou não biológica, podendo esta ser subdividida em

por substituição, socioafetiva e adotiva.

b) Entende-se que, adoção é um instituto que cria uma

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ligação jurídica de parentesco civil, de filiação, entre o adotante e o adotado.

c) Entende-se que, as modalidades de adoção admitidas e

reconhecidas no ordenamento jurídico brasileiro são: adoção de maiores, adoção

unilateral, adoção bilateral, adoção à brasileira, adoção internacional, adoção do

nascituro, adoção intuitu personae, adoção homoafetiva, adoção póstuma e adoção

de “filho de criação”.

Com o objetivo de alcançar respostas aos problemas da

pesquisa, com a confirmação ou não das hipóteses inicialmente traçadas, esta

Monografia será dividida em três capítulos distintos.

No primeiro estudar-se-á o Direito de família, as considerações

históricas e gerais da adoção.

No segundo capítulo tratar-se-á da adoção no ordenamento

jurídico brasileiro, onde será abordado o conceito de adoção, os requisitos para a

adoção, quais sejam: inviabilidade da manutenção na família natural ou extensa,

vantagens para o adotado, idade, processo judicial, estágio de convivência e

consentimento. Ademais, serão abordados nesse capítulo os efeitos da adoção, o

cadastro nacional da adoção, a irrevogabilidade deste instituto, bem como, sua

função social.

Finalmente, o terceiro capítulo será destinado a tratar do tema

central desta monografia, ou seja, das modalidades de adoção no ordenamento

jurídico brasileiro.

Nas considerações finais apresentam-se breves sínteses de

cada capítulo e se demonstram se as hipóteses básicas da pesquisa foram ou não

confirmadas.

Para encetar a investigação foi utilizado o método indutivo, a

ser operacionalizado com as técnicas do referente, das categorias, dos conceitos

operacionais e da pesquisa de fontes documentais, resultando em uma fonte de

pesquisa para os operadores do direito.

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CAPÍTULO 1

DO DIREITO DE FAMÍLIA

Para o desenvolvimento do presente trabalho é relevante a

análise do Direito de família, sendo que a adoção é um instituto do mesmo. Assim,

tratar-se-á a seguir sobre o Direito de Família, as relações de parentesco, bem como

uma breve apresentação das considerações históricas da adoção.

1.1 DIREITO DE FAMÍLIA

O Direito de família é um ramo do Direito Civil que trata das

relações entre as pessoas, sendo conceituado por alguns doutrinadores.

Diniz14 conceitua o Direito de Família:

Constitui o direito de família o complexo de normas que regulam a celebração do casamento, sua validade e os efeitos que dele resultam, as relações pessoais e econômicas da sociedade conjugal, a dissolução desta, a união estável, as relações entre pás e filhos, o vínculo do parentesco e os institutos complementares da tutela e curatela.

Assim, o Direito de Família é o Direito que regula todas as

relações de parentesco, de matrimônio, a união estável, seus efeitos, entre outros.

Para Venosa15 o Direito de Família estuda:

O direito de família estuda, em síntese, as relações das pessoas unidas pelo matrimônio, bem como daqueles que convivem em uniões sem casamento; dos filhos e das relações destes com os pais, da sua proteção por meio da tutela e da proteção dos incapazes por meio da curatela.

14 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: direito de família. 20.ed. São Paulo:

Saraiva, 2005.p. 3.v.5. 15 VENOSA,Sílvio de Salvo. Direito civil: direito de família. 9.ed.São Paulo: Saraiva, 2009.p.2-3.v.6.

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Para Rizzardo16 considera-se Direito de Família: “[...] o direito

com o qual se encontram mais acostumados os seres humanos, cujas regras se

difundem naturalmente, e que maior influência sofre na formalização das normas e

ditames legais.”

Ademais, Rizzardo17 trata sobre o conteúdo do Direito de

Família:

[...] o conteúdo que envolve o direito de família: cônjuges, prole, casamento, união estável, entidade familiar (conjunto de pessoas formado por um dos pais ou ascendentes e seus descendentes), separação, divórcio, parentes, adoção, filiação, alimentos, bem de família, tutela, curatela etc. [...]

Para Neves18: “O direito de família é o ramo do direito civil que

trata das relações pessoais e patrimoniais entre pessoas da mesma família e dos

institutos assistenciais da tutela e da curatela”.

Flávio Tartuce e José Fernando Simão19 definiram o Direito de

Família:

O Direito de Família pode ser conceituado como sendo o ramo do Direito Civil que tem como conteúdo o estudo dos seguintes institutos jurídicos: a) casamento; b) união estável; c) relações de parentesco; d) filiação; e) alimentos; f) bem de família; g) tutela, curatela e guarda.

Lamartine Corrêa de Oliveira e Ferreira Muniz20 conceituam

direito de família:

É aquele setor do direito privado que disciplina as relações que se formam na esfera da vida familiar. São relações que têm origem no casamento, no fato natural da procriação e na adoção. [...] o Direito de Família é um conjunto de normas jurídicas que regulam as relações entre pessoas ligadas pelo vínculo do casamento, do parentesco, da afinidade ou da adoção.

16 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de família. 8.ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011.p.1. 17 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de família. 8.ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011.p.3. 18 NEVES, Murilo Sechieri. Direito civil: direito de família. 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2007.p.1. 19 TARTUCE, Flávio; SIMÃO, José Fernando. Direito civil: direito de família. 7.ed. São Paulo:

Método, 2012.p.1. 20OLIVEIRA, José Lamartine Corrêa; MUNIZ, Francisco José Ferreira. Curso de direito de

família.4.ed.Curitiba: Juruá, 2006. p. 11.

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Portanto, o Direito de Família faz parte do direito civil privado

que cuida das relações familiares, tendo origem ou no casamento, na procriação ou

na adoção.

1.2 RELAÇÕES DE PARENTESCO

As relações de parentesco são decorrentes do direito de

família, refere-se à ligação entre as pessoas da mesma família, entre parentes.

Murilo Sechieri Costa Neves21 assim dispõe: “O novo Código

Civil divide as relações de cunho pessoal decorrentes do direito de família em dois

grupos: o primeiro trata do casamento, e o segundo das relações de parentesco”.

O atual CC22 em suas disposições faz separação das relações

pessoais decorrentes do direito de família em casamento e em relações de

parentesco.

Flávio Tartuce e José Fernando Simão23 discorrem sobre esse

tema: “O direito parental ou relações de parentesco traz como conteúdo as relações

jurídicas estabelecidas entre pessoas que mantêm entre si um vínculo familiar,

sobretudo de afetividade.”

Para Rizzardo24 o direito parental abrange: “[...] o direito

parental, abrangendo as relações entre os cônjuges, a filiação legítima, a

legitimação, a adoção, o poder familiar, etc.”

Murilo Sechieri Costa Neves25 assim conceitua o parentesco:

No sentido estrito, parentesco é o vínculo entre duas ou mais pessoas que existe em razão de descenderem uma da outra ou de um ancestral comum.

21 NEVES, Murilo Sechieri. Direito civil: direito de família. 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2007.p.88. 22 CC: Código Civil. 23 TARTUCE, Flávio; SIMÃO, José Fernando. Direito civil: direito de família. 7.ed. São Paulo:

Método, 2012.p.321. 24 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de família. 8. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011. p. 4. 25 NEVES, Murilo Sechieri. Direito civil: direito de família. 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2007.p.88.

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19

Parentesco, no sentido amplo, engloba também vínculos decorrentes da afinidade e de outra causa que não a consangüinidade, como a adoção, por exemplo.

Portanto, o parentesco é o vínculo entre pessoas da mesma

família por descenderem uma das outras ou por terem algum ancestral em comum,

outrossim, pode ser considerado como o vínculo decorrente da afinidade, como

ocorre na adoção.

Sobre o parentesco assim escreve Wald26:

O parentesco pode ser consangüíneo, quando as diversas pessoas se originam de um tronco comum, ou civil, quando criado artificialmente pela lei em virtude de ato voluntário das partes (adoção). O parentesco consangüíneo pode ser legítimo, tratando-se de filhos procriados em justas núpcias, ou ilegítimo, quando é fruto de relações sexuais extramatrimoniais.

Quanto ao parentesco na adoção, assim também escreve o

autor27 acima referido:

O parentesco resultante da adoção limita-se ao adotante e ao adotado, não se estendendo aos parentes do adotante, salvo quando aos impedimentos matrimoniais, que existem entre o cônjuge do adotado e o adotante e, ainda, entre o adotado e o cônjuge do adotante e o adotado com o filho superveniente ao pai ou à mãe adotiva (arts. 376 e 183, III e V, do CC)”.

Monteiro28 escreve sobre o parentesco: “O parentesco sempre

foi havido em nosso ordenamento jurídico como resultante da consangüinidade, da

afinidade que liga os cônjuges aos parentes do outro cônjuge e da adoção”.

Clóvis Beviláquia apud Silvio Rodrigues29 que define

parentesco como: “a relação que vincula entre si as pessoas que descendem do

mesmo tronco ancestral”.

26 WALD, Arnoldo. O novo direito de família.13.ed.São Paulo: Saraiva, 2000.p. 33. 27 WALD, Arnoldo. O novo direito de família.13.ed.São Paulo: Saraiva, 2000.p. 202. 28 MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil: direito de família. 38.ed. São Paulo:

Saraiva, 2007.p.293.v.2. 29 RODRIGUES, Silvio. Direito civil direito de família. 28.ed. São Paulo: Saraiva, 2007. p.289.

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Ainda o autor Silvio Rodrigues30 distingue os tipos de

parentesco:

Parentesco por afinidade é o que liga uma pessoa aos parentes de seu cônjuge ou companheiro. [...] Parentesco natural resulta da consangüinidade (art.1.593). [...] Parentesco civil é o decorrente da adoção ou de outra origem (art. 1.593, segunda parte).

Washington de Barros Monteiro31 escreve que:

Com o novo Código, o parentesco não se restringe mais às relações de consangüinidade e de adoção, alcançando um novo tipo de parentesco, baseado nos avanços biotecnológicos, referentes à reprodução humana artificial ou assistida.

Demonstra-se, que o parentesco pode ser dividido em três: por

afinidade, natural ou civil, sendo o por afinidade o vínculo entre os cônjuges ou

companheiros, o natural aquele decorrente do vínculo consangüíneo e o civil o que

resulta do instituto da adoção. 32

1.2.1 Da filiação

A filiação é uma relação de parentesco entre pais e filhos, de

primeiro grau, podendo ser decorrente da procriação ou do instituto da adoção.

Murilo Sechieri Costa Neves33 escreve: “Das relações de

parentesco, a mais importante é aquela que existe em primeiro grau, ou seja, aquela

entre os pais e filhos: filiação-paternidade e filiação-maternidade”.

A filiação é a relação de parentesco mais importante, pois é

aquela que existe em primeiro grau, podendo ser materna e paterna.

30 RODRIGUES, Silvio. Direito civil direito de família. 28.ed. São Paulo: Saraiva, 2007. p.289-290. 31 MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil: direito de família. 38.ed. São Paulo:

Saraiva, 2007.p.293.v.2. 32 RODRIGUES, Silvio. Direito civil direito de família. 28.ed. São Paulo: Saraiva, 2007. p.289-290. 33 NEVES, Murilo Sechieri. Direito civil: direito de família. 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2007.p. 93

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Lamartine Corrêa de Oliveira e Francisco José Ferreira Muniz34

escrevem que “[...] de um ato jurídico nasce o vínculo de adoção. Esta relação legal

de filiação, portanto, difere do parentesco fundado no fato da procriação”.

Desse modo, nota-se a diferença entre a filiação decorrente da

procriação e a filiação por adoção, esta fundada na afinidade e aquela no vínculo

sanguíneo.

Ademais, José Lamartine Corrêa de Oliveira e Francisco José

Ferreira Muniz no livro Curso de Direito de Família35 assim escrevem:

Distingue o Direito entre a filiação decorrente da procriação e a filiação por adoção. A primeira repousa em princípio sobre dados de verdade biológica, [...]. A filiação adotiva, por definição, não repousa, ao contrário, em qualquer dado da natureza biológica. Repousa, isso sim, sobre dado psicológico e social.

Desse modo, entende Fábio Ulhoa Coelho36 sobre a divisão

das espécies de filiação:

Classifica-se atualmente a filiação em quatro espécies. A finalidade da classificação é ilustrativa, destina-se unicamente a delimitar a extensão do conceito, porque, independentemente do tipo de filiação, os direitos e deveres associados à relação vertical são absolutamente idênticos.

Atento a essa advertência, pode-se distinguir a filiação em biológica e não biológica, sendo esta última subdividida em filiação por substituição, socioafetiva e adotiva. Na filiação não biológica, ocorre vontade de ter certa pessoa como filha.

Assim, segundo este autor a filiação se divide em filiação

biológica e não biológica, sendo a não biológica ainda dividida em filiação por

substituição, socioafetiva e por adoção.

34OLIVEIRA, José Lamartine Corrêa de; MUNIZ, Francisco José Ferreira. Curso de direito de

família.4.ed.Curitiba: Juruá, 2006. p.11. 35OLIVEIRA, José Lamartine Corrêa; MUNIZ, Francisco José Ferreira. Curso de direito de

família.4.ed.Curitiba: Juruá, 2006. p. 39-40. 36 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil: família- sucessões. 4.ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

p.163.v.5.

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1.3 HISTÓRICO DA ADOÇÃO

A história da adoção é marcada fortemente pela religião,

cultura e política dos povos ancestrais, que viam nesse instituto um modo de

perpetuarem seus costumes. No começo da utilização da adoção a preocupação

preliminar era a família adotante e sua continuação, mas com o decorrer do

desenvolvimento desse instituto passou a ser o interesse daquele que era acolhido

na família, o adotado, ou seja, o melhor interesse da criança e do adolescente,

passando a ser a adoção mais um modo de ligação afetiva entre o adotante e

adotado, do que simplesmente um elo religioso ou político.37

Segundo Arnold Wald e Priscila M. P. Corrêa da Fonseca38:

[...] a adoção surgiu historicamente atendendo a imperativos de ordem religiosa. O homem primitivo acreditava, mais do que o homem moderno, que os vivos eram governados pelos mortos. Por esse motivo, apaziguava com preces e sacrifícios os ancestrais falecidos para que protegessem os seus descendentes. Somente o culto dos mortos, que encontramos em todas as religiões primitivas, explica a expansão do instituto da adoção e o papel que desempenhou no mundo antigo.

O instituto da adoção nasceu conforme o desenvolvimento da

sociedade junto à religião, sendo que tal instituição teve relevante importância e

influência na história, tanto social, econômica, política e religiosa assim como tem

atualmente.

Ainda continua Arnaldo Wald e Priscila M. P. Corrêa da

Fonseca 39:

37 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil: direito de família.16.ed. Rio de

Janeiro: Forense, 2006.p.387.v.5. 38 WALD, Arnoldo; FONSECA, Priscila M. P. Corrêa. Direito civil: direito de família. 17. ed. São

Paulo: Saraiva, 2009. p.315-316.v.5. 39 WALD, Arnoldo; FONSECA, Priscila M. P. Corrêa. Direito civil: direito de família. 17. ed. São

Paulo: Saraiva, 2009. p.316.v.5.

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Numa época em que a família era a unidade social, econômica, política e religiosa, constituindo um verdadeiro Estado dentro do Estado, com as suas próprias autoridades dentro dos limites do lar (domus), atua adoção permitiu a integração, na família, do estrangeiro que aderia à religião doméstica. Sendo então uma espécie de naturalização política e religiosa, uma modificação de culto permitindo a saída de uma família e o ingresso em outra, sendo considerada um dos grandes catalisadores do progresso e da civilização.

A família como fundamento da sociedade, sua continuação e

seus rituais foram o que permitiu o nascimento da adoção, foi a maneira que a

civilização criou para que se prosseguisse com os costumes criados durante a

história.

Murilo Sechieri Costa Neves40 escreve:

A adoção surgiu na antiguidade, por motivações religiosas. O culto doméstico, considerado indispensável para que os mortos tivessem paz na eternidade, só podia ser praticado pelos descendentes masculinos do morto. Assim, a adoção foi criada como solução para as pessoas que não tinham filhos homens, a fim de que houvesse quem perpetuasse a religião da família e praticasse os ritos fúnebres em sua memória.

Assim, a adoção surgiu como um meio de se perpetuar um rito

religioso, sendo uma solução para que àqueles que não tivessem descendentes

masculinos, pudessem ter os ritos fúnebres praticados em sua memória.

Segundo Arnaldo Rizzardo41: “Encontra a adoção sua origem

mais remota em épocas anteriores ao direito romano, com a finalidade de perpetuar

o culto dos antepassados. Assim, era entre os egípcios e os hebreus.”

Antes do direito romano (449 a.C até 530 d.C) a adoção tinha

como objetivo assegurar a continuação dos cultos aos antepassados, onde o filho

adotado perpetuaria o culto daquele pai que o adotou, mais tarde a adoção passou a

ter o objetivo de transmitir o patrimônio do adotante ao adotado. 42

40 NEVES, Murilo Sechieri Costa, Direito civil 5: direito de família. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2007,

p.108 41 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de família. 8. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011. p. 459. 42 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de família. 8. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011. p. 459.

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Ainda, segundo Arnaldo Rizzardo43:

No direito grego, onde preponderava o caráter de perpetuação do culto doméstico, ou da família, tinha-se como extrema desgraça e extinção da família.

Foi em Roma, no entanto, onde mais se desenvolveu o instituto, com a finalidade primeira de proporcionar prole civil àqueles que não tinham filhos, consangüíneos. Nos primórdios do direito conhecia-se duas espécies: a ad-rogação, significando que um pater famílias adotava uma pessoa e todos os seus dependentes, com a participação da autoridade pública, a intervenção de um pontífice e a anuência do povo, convocado por aquele; e a adoção no sentido estrito, pelo qual o adotado passava a integrar a família do adotante na qualidade de filho ou neto. O magistrado era quem processava o pedido e decidia sobre a concessão.

A adoção na antiguidade (449 a.C até 530 d.C) estava mais

ligada à religião, à economia, à sucessão do patrimônio e com a preocupação de

quem iria suceder nos cultos domésticos, do que a preocupação com a afetividade

entre a família adotante e o adotado.

Ensina Rizzardo44: “Por longo período entrou em declínio a

adoção, até que foi restaurada no tempo de Napoleão Bonaparte, que não tinha

herdeiros para a sucessão. Constatou introduzida no Código Civil francês.”

Conforme explica Arnoldo Wald e Priscila Corrêa45:

Coube a França ressuscitar o instituto, dando–lhe novos fundamentos e regulamentando-o no Código Napoleão, no início do século XIX, com interesse do próprio Imperador, que pensava adotar um dos seus sobrinhos. A lei francesa da época só conheceu a adoção em relação a maiores, exigindo por parte do adotante que tenha alcançado a idade de 50 anos e tornando a adoção tão complexa e as normas a respeito tão rigorosas que pouca utilidade passou a ter, sendo de rara aplicação. Leis posteriores baixaram a idade exigida e facilitaram a adoção, permitindo que melhor desenvolva o seu papel na sociedade moderna.

O instituto da adoção voltou na França, no Código de Napoleão

(1804), na época o próprio imperador tinha interesse de usar desse instituto, pois

43 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de família. 8. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011. p. 459. 44 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de família. 8. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011. p. 459 45 WALD, Arnoldo; FONSECA, Priscila M. P. Corrêa. Direito civil: direito de família. 17. ed. São

Paulo: Saraiva, p.317.v.5.

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como não tinha sucessores pensava em adotar um dos seus sobrinhos para

continuar no poder, porém por ser a lei francesa na época cheia de critérios

rigorosos para a adoção, tal instituto passou a ser de difícil aplicação, somente com

leis posteriores que facilitaram o tal uso, foi que a adoção passou a ter mais espaço

na sociedade.

1.3.1 Histórico da adoção no Brasil

A adoção no Brasil com o decorrer dos anos foi regulamentada

por várias leis, recebendo tal instituto, modificações no ordenamento jurídico

brasileiro.

Segundo Carlos Roberto Gonçalves46:

No Brasil, o direito pré-codificado, embora não tivesse sistematizado o instituto da adoção, fazia-lhe, no entanto, especialmente as Ordenações Filipinas, numerosas referências, permitindo, assim, a sua utilização. A falta de regulamentação obrigava, porém, os juízes a suprir a lacuna com o direito romano, interpretado e modificado pelo uso moderno.

O Código Civil de 1916 disciplinou a adoção com base nos princípios romanos, como instituição destinada a proporcionar a continuidade da família, dando aos casais estéreis os filhos que a natureza lhes negara. Por essa razão, a adoção só era permitida aos maiores de 50 anos, sem prole legítima ou legitimada, pressupondo-se que, nessa idade, era grande a probabilidade de não virem a tê-la.

Conforme Arnoldo Wald e Priscila M. P. Corrêa da Fonseca47:

“No sistema primitivo do Código Civil de 1916, o filho adotivo era equiparado ao

legítimo, mas não em relação à herança, já que, concorrendo com o filho natural

superveniente, recebia a metade da quota atribuída a este último.”

Assim, o Código Civil de 1916 preceituava algumas diferenças

entre os filhos naturais e adotivos, como exemplo na herança, onde o filho legítimo

recebia o dobro que o adotivo receberia por direito.

46 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: direito de família. 6.ed. São Paulo: Saraiva,

2009. p. 343 47 WALD, Arnoldo; FONSECA, Priscila M. P. Corrêa. Direito civil: direito de família. 17. ed. São

Paulo: Saraiva, p.318.v.5.

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Ainda explicam Arnoldo Wald e Priscila M. P. Corrêa da

Fonseca48 que: “O instituto estava em plena decadência, entre nós, quando a Lei

n.3.133/57 reformulou a adoção, permitindo um novo desenvolvimento e a sua

aplicação atendendo à função social que deve exercer em nosso meio.”

O instituto da adoção passou a ter pouca aplicação até que a

Lei n. 3.133/5749 veio a reformular tal instituto, regulando a adoção e dando

aplicação com base na sua função social.

1.3.1.1 O regime da Lei n. 3.133/57

A lei n. 3.133/57 foi um marco para a história da adoção no

país, pois ela estabeleceu nova regulamentação concernente a esse instituto. Tal lei

reformulou a adoção trazendo significativas mudanças para sua aplicação.

Uma das reformas que a lei n. 3.133/57 estabeleceu foi a

redução da idade do adotante, que antes com o Código Civil de 1916 deveria ser

superior a 50 anos, e advindo a lei n. 3.133/57 passou a idade do adotante a ser

superior a 30 anos. Ademais, houve redução também da idade estabelecida como

diferença entre o adotante e o adotado, o Código Civil de 1916 dispunha que o

adotante deveria ter 18 anos a mais do que o adotado, e com a reforma da adoção

pela referida lei o adotante deveria ser pelo menos 16 anos mais velho que o

adotado.50

Tendo vista as alterações feitas pelo regime da Lei n. 3.133/57

dispõe Arnoldo Wald e Priscila M. P. Corrêa da Fonseca51:

O parentesco resultante da adoção limitava-se ao adotante e ao adotado, não se estendendo aos parentes do adotante, salvo quanto aos impedimentos matrimoniais, que existiam entre o cônjuge do

48 WALD, Arnoldo; FONSECA, Priscila M. P. Corrêa. Direito civil: direito de família. 17. ed. São

Paulo: Saraiva, p.319.v.5. 49 BRASIL. Lei n. 3.133/57. 08 de maio de 1957. Atualiza o instituto da adoção prescrita no Código

Civil. Disponível em: <http://www3.dataprev.gov.br/sislex/paginas/42/1957/3133.htm>. Acesso 15 junho 2014.

50 WALD, Arnoldo; FONSECA, Priscila M. P. Corrêa. Direito civil: direito de família. 17. ed. São Paulo: Saraiva, p.319.v.5.

51WALD, Arnoldo; FONSECA, Priscila M. P. Corrêa. Direito civil: direito de família. 17. ed. São Paulo: Saraiva, p.319-320.v.5.

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adotado e o adotante e, ainda, entre o adotado e o cônjuge do adotante e o adotado com o filho superveniente ao pai e à mãe adotiva (arts. 376 e 183, III e V, do CC de 1916).

Como descreve Sílvio de Salvo Venosa52:

[...] a Lei n. 3.133/57 representa um divisor de águas na legislação e na filosofia da adoção no Direito pátrio. Esse diploma aboliu o requisito da inexistência de prole para possibilitar a adoção e diminuiu a idade mínima do adotante.

Carlos Roberto Gonçalves53 comenta que:

Com a evolução do instituto da adoção, passou ela a desempenhar papel de inegável importância, transformando-se em instituto filantrópico, de caráter acentuadamente humanitário, destinado não apenas a dar filhos a casais impossibilitados pela natureza de tê-los, mas também a possibilitar que um número de menores desamparados, sendo adotado, pudesse ter em um novo lar. Essa modificação nos fins e na aplicação do instituto ocorreu com a entrada em vigor da Lei nº 3.133, de 8 de maio de 1957, que permitiu a adoção pessoas de 30 anos de idade, tivessem ou não prole natural.

Desse modo, a adoção passou a ter finalidade humanitária, e

não somente a função de dar àqueles impossibilitados de terem filhos a

oportunidade de tê-los.54

A Lei nº 3.133/57 embora ampliasse a possibilidade da adoção,

não permitiu a equiparação dos filhos adotivos aos filhos legítimos, legitimados ou

reconhecidos, pois assim prescrevia o artigo 377 dessa referida lei:

Art. 377. Quando o adotante tiver filhos legítimos, legitimados ou reconhecidos, a relação de adoção não envolve a de sucessão hereditária.

Assim, esse foi alterado pelo artigo 277, §6º da Constituição

Federal do Brasil de 1988 que assim prescreve:

Art. 277...

52 VENOSA,Sílvio de Salvo. Direito civil: direito de família. 9.ed.São Paulo: Saraiva, 2009.p.275.v.6. 53 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: direito de família. 6.ed. São Paulo: Saraiva,

2009. p.343-344.v.6. 54 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: direito de família. 6.ed. São Paulo: Saraiva, 2009. p.343-344.v.6.

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§ 6º - Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.

A partir desse momento, passaram a ser os filhos adotivos

equiparados aos filhos legítimos, legitimados ou reconhecidos.

O CC de 1916 em seu artigo 378 dispunha:

Art. 378. Os direitos e deveres que resultam do parentesco natural não se extinguem pela adoção, exceto o pátrio poder, que será transferido do pai natural para o adotivo.

Portanto, o adotado permanecia ligado a sua família biológica,

aos seus parentes sanguíneos, existindo ainda direitos e deveres resultantes dessa

relação, pois essa ligação de parentesco natural não se extinguia com a adoção,

sendo transferido somente o pátrio poder, que era transferido do pai biológico para o

pai adotivo.

Segundo Carlos Roberto Gonçalves55 essa foi a razão do

nascimento da “adoção simulada” ou “adoção à brasileira”, assim escreve:

Essa situação pouco satisfatória, pela qual os adotantes se viam frequentemente na contingência de partilharem o filho adotivo com a família biológica, deu origem à prática ilegal de casais registrarem filho alheio como próprio, realizando um simulacro de adoção, denominada pela jurisprudência “adoção simulada” ou adoção à brasileira.

Refere-se acima, o surgimento da modalidade de adoção à

brasileira, também conhecida como irregular ou simulada, por essa situação de os

adotantes terem de partilhar seu filho adotivo com a família biológica.

1.3.1.2 Lei nº 4.655/65 “legitimação adotiva”

Em 02/06/1965 entrou em vigor a Lei nº 4.655/6556, que criou a

legitimação adotiva, sobre essa Lei escreve o autor Venosa57:

55 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: direito de família. 6.ed. São Paulo: Saraiva,

2009.p.344.v.6. 56 BRASIL. Lei n. 4.655/65. 02 de jun. de 1965. Dispõe sobre legitimação adotiva. Disponível em

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1950-1969/L4655.htm>. Acesso 14 junho 2014.

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A segunda nova inovação marcante em nosso ordenamento foi, sem dúvida, a introdução da legitimação adotiva, pela Lei nº 4.655/65. Pela legitimação adotiva estabelecia-se um vínculo profundo entre adotante e adotado, muito próximo da família biológica.

Carlos Roberto Gonçalves58 dispõe que:

A Lei n. 4.655, de 2 de junho de 1965, introduziu no ordenamento brasileiro a “legitimação adotiva”, como proteção ao menor abandonado, com a vantagem de estabelecer um vínculo de parentesco de primeiro grau, em linha reta entre adotante e adotado, desligando-se dos laços que o prendiam à família de sangue mediante inscrição da sentença concessiva da legitimação, por mandado, no Registro Civil, como se os adotantes tivessem realmente tido um filho natural e se tratasse de registro fora do prazo (art.6º).

Demonstra-se, com a legitimação adotiva o vínculo mais

estreito e parecido com o existente na família biológica, no qual se cortava a antiga

relação do adotado e sua verdadeira família biológica, surgindo um vínculo de

parentesco em primeiro grau entre o adotante e adotado.

1.3.1.3 Lei nº 6.667/79

A Lei n.6.667/79 conhecida como “Lei de menores” revogou

expressamente a Lei n. 4.655/65 “Lei da legitimação adotiva”59, essa nova Lei

admitia duas formas de adoção, a simples e a plena.60

Conforme escreve Carlos Roberto Gonçalves61:

Ao lado da forma tradicional do Código Civil, denominada “adoção simples”, passou a existir, com o advento do mencionado Código de Menores de 1979, a “adoção plena”, mais abrangente, mas aplicável somente ao menor em “situação irregular”. Enquanto a primeira dava origem a um parentesco civil somente entre adotante e adotado sem desvincular o último da sua família de sangue, era revogável pela

57 VENOSA,Sílvio de Salvo. Direito civil: direito de família. 9.ed.São Paulo: Saraiva, 2009.p.275-

276.v.6. 58 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: direito de família. 6.ed. São Paulo: Saraiva,

2009.p.344.v.6. 59 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil: direito de família.16.ed.Rio de

Janeiro: Forense,2006.p.391.v.5. 60 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de família. 8.ed. Rio de Janeio: Forense, 2011.p.460. 61 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: direito de família. 6.ed. São Paulo: Saraiva,

2009.p.345.v.6.

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vontade das partes e não extinguia os direitos e deveres resultantes do parentesco natural, como foi dito, a adoção plena, ao contrário, possibilitava que o adotado ingressasse na família do adotante como se fosse filho de sangue, modificando-se o seu assento de nascimento para esse fim, de modo a apagar parentesco com a família natural.

A adoção simples não desvinculava o adotado da sua família

biológica, permanecendo os direitos e obrigações referentes a tal relação, outra

característica era que a adoção simples podia ser revogada pela vontade das partes.

De outro lado, a adoção plena era mais abrangente, mas só era aplicável ao menor

em situação irregular, e esta integrava plenamente o adotado na sua família. 62

1.3.1.4 Lei nº 8.069/90

A adoção no Brasil recebeu nova regulamentação com a

entrada em vigor do ECA63, a Lei nº 8.06964, de 13 de julho de 1990.

Escreve Carlos Roberto Gonçalves65 que:

[...], com a entrada em vigor do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n. 8.069, de 13-7-1990), o instituto da adoção passou por nova regulamentação, trazendo como principal inovação a regra de que a adoção seria sempre plena para os menores de 18 anos. A adoção simples por outro lado, ficaria restrita aos adotando que já houvessem completado essa idade.

Com a entrada em vigor do Estatuto da Criança e do

Adolescente, esta lei passou a regular a adoção quanto aos menores de 18 anos, e

o Código Civil aplicável aos maiores de 18 anos.

62 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: direito de família. 6.ed. São Paulo: Saraiva,

2009.p.345.v.6. 63 ECA: Estatuto da Criança e do Adolescente. 64 BRASIL. Lei n. 8.069. 13 de jul. 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá

outras providências. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm>. Acesso 14 jun 2014.

65 GONÇALVES, Carlos Roberto, Direito civil brasileiro: direito de família.6.ed. São Paulo: Saraiva, p. 345.v. 6.

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Arnoldo Wald e Priscila M. P. Corrêa da Fonseca66 mencionam

que:

O Estatuto revogou as disposições do Código Civil de 1916 que se referem à adoção de menores. Esta haveria de se submeter às regras do Estatuto, continuando a adoção de maiores a ser regida pelo Código Civil de outrora.

Ainda Carlos Roberto Gonçalves67 escreve que:

Finalmente, com a entrada em vigor do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n. 8.069, de 13-7-1990), o instituto da adoção passou por nova regulamentação, trazendo como principal inovação a regra de que a adoção seria sempre plena para os menores de 18 anos. A adoção simples, por outro lado, ficaria restrita aos adotados que já houvessem completado essa idade.

Conforme explica Carlos Roberto Gonçalves68:

Passaram a ser distinguidas, assim, duas espécies legais de adoção: a civil e a estatutária. A adoção civil era a tradicional regulada no Código Civil de 1916, também chamada de restrita porque não integrava o menor totalmente na família adotante, permanecendo o adotado ligado aos seus parentes consangüíneos, como já mencionado, exceto no tocante ao poder familiar, que passava para o adotante, modalidade esta limitada aos maiores de 18 anos. A adoção estatutária era a prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente para os menores de 18 anos. Era chamada, também, de adoção plena, porque promovia a absoluta integração do adotado na família adotante, desligando-o completamente de seus parentes naturais, exceto no tocante aos impedimentos para o casamento.

Diante disso, passaram a existir dois tipos de adoção, a civil e

a estatutária, a adoção civil era aquela tradicional, prevista no Código Civil de 1916,

conhecida também como restrita, pois não integrava plenamente o adotado na

família e a adoção estatutária, aquela regulada agora pelo Estatuto da Criança e do

Adolescente para os menores de 18 anos. Esta última era também chamada de

adoção plena, porque integrava plenamente adotado na nova família, desligando as

66 WALD, Arnoldo; FONSECA, Priscila M. P. Corrêa. Direito civil: direito de família. 17. ed. São

Paulo: Saraiva, p. 321.v.5. 67 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: direito de família.6.ed. São Paulo:

Saraiva,p. 345.v. 6. 68 GONÇALVES, Carlos Roberto, Direito civil brasileiro: direito de família.6.ed. São Paulo: Saraiva,

p. 345.v. 6.

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relações com a família biológica, permanecendo somente a restrição quanto aos

impedimentos para o casamento. 69

A partir da entrada em vigor do atual Código Civil de 2002 foi

que a adoção foi mais detalhadamente regulada. Conforme comentam Arnoldo Wald

e Priscila M. P. Corrêa da Fonseca70:

Não obstante, consoante opinião generalizada da doutrina, permanecem em vigor os dispositivos do Estatuto da Criança e do Adolescente não incompatíveis com a nova legislação. Assim, como observa Silvio Rodrigues, “subsistem, por exemplo, para essa modalidade: a) a vedação de adoção por procuração; b) o estágio de convivência; c) a irrevogabilidade da perfilhação; d) a restrição à adoção de ascendentes e irmãos adotando; e) os critérios para a expedição de mandado e respectivo registro no termo de nascimento do adotado”. Prevalecem, outrossim, em razão de disposição expressa do art. 1.629 do CC, as normas para adoção por estrangeiro previstas nos arts. 50 e 51 da Lei n. 8.069/90.

A adoção é disciplinada pelo Estatuto da Criança e do

Adolescente nos arts. 39 a 52. No Código Civil de 2002, a matéria é tratada nos arts.

1.618 a 1.629.

Portanto, nesse capítulo tratou-se de uma análise das

considerações históricas da adoção, passando ao segundo capítulo que trata da

adoção no ordenamento jurídico brasileiro.

69 GONÇALVES, Carlos Roberto, Direito civil brasileiro: direito de família.6.ed. São Paulo: Saraiva,

p. 345.v. 6. 70 WALD, Arnoldo; FONSECA, Priscila M. P. Corrêa. Direito civil: direito de família. 17. ed. São

Paulo: Saraiva, 2009.p. 322-323.v.5.

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CAPÍTULO 2

A ADOÇÃO NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

Nesse capítulo será tratado sobre as considerações gerais da

adoção, serão apresentados os conceitos de tal instituto e seus requisitos, ademais,

serão abordados o cadastro nacional da adoção, a irrevogabilidade da adoção, bem

como, sua função social.

2.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS DA ADOÇÃO

Segundo Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho71: “A

evolução experimentada pela filiação adotiva, guindada, por justiça, a um âmbito de

dignidade constitucional, confunde-se com a evolução do próprio Direito de Família

Brasileiro”.

Com a evolução da sociedade e dos direitos que a dirigem se

evidenciou o progresso da adoção, importante instituto que pertence à história do

Direito de Família Brasileiro.

Ainda segundo os mesmos autores72:

A filiação adotiva, não apenas por um imperativo constitucional, mas por um ditame moral e afetivo equipara-se, de direito e de fato, à filiação biológica, não havendo o mínimo espaço para o estabelecimento de regras discriminatórias.

Tânia da Silva Pereira73, advogada, e professora de Direito da

PUC-RJ74 e da UERJ75 discorre:

71 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil: direito de

família. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 655. v.6. 72 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil: direito de

família. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 655. v.6. 73 PEREIRA, Tânia da Silva. Direito de família e o novo código civil. 4.ed. Belo Horizonte: Del Rey,

2006.p. 127.

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A família é o primeiro agente socializador do ser humano. [...]

O grau de desenvolvimento de uma nação está certamente relacionado com a capacidade de seus nacionais, autoridades ou comunidades ou, ainda, indivíduos, de privilegiar a infância, garantindo, de forma prática, o acesso a uma família que lhe permita a subsistência e o exercício dos demais direitos e garantias individuais.

Refere-se que, quanto maior a capacidade da sociedade em

garantir o direito às crianças e aos adolescentes à convivência familiar, permitindo-

lhe crescer de forma digna, bem como, tendo assegurado seu direito à infância, mais

evoluída e desenvolvida será considerada a sociedade.

Ainda afirma Tânia da Silva Pereira76:

A adoção destaca-se entre as medidas de colocação familiar. Dentro de uma nova perspectiva, o instituto se constitui na busca de uma família para a criança, abandonado a concepção tradicional civil, em que prevalecia sua natureza contratual e significava a busca de uma criança para uma família.

[...]

Esgotadas todas as possibilidades de permanência na família biológica, a adoção rompe com inúmeros preconceitos e representa a mais nobre iniciativa daqueles que se propõem assumir, com responsabilidade, crianças e adolescentes marcados pelo estigma do abandono e dos maus-tratos.

Portanto, demonstra-se que, a adoção é um instituto que visa

colocar a criança em uma família, dando a esta a possibilidade de conviver nesta e

ter garantido seu direito à infância, permitindo que esta se desenvolva da melhor

forma possível.

Belmiro Pedro Welter apud Tânia da Silva Pereira77:

74 PUC: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. 75 UERJ: Universidade do Estado do Rio de Janeiro. 76 PEREIRA, Tânia da Silva. Direito de família e o novo código civil. 4.ed. Belo Horizonte: Del Rey,

2006.p. 127. 77 PEREIRA, Tânia da Silva. Direito de família e o novo código civil. 4.ed. Belo Horizonte: Del Rey,

2006.p. 146.

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Portanto, a adoção, como a guarda e a tutela, não deve esgotar as possibilidades de acolhimento familiar no âmbito jurídico. Em nome do melhor interesse da criança, há de se reconhecer a existência de outras “famílias possíveis” como relações de paternidade e de convivência, aptas a produzir efeitos no mundo jurídico, como instrumento de proteção para aqueles que estão em plena fase de desenvolvimento.

Constata-se que, a adoção tem como meio proporcionar o

melhor interesse da criança, possibilitando que esta tenha a oportunidade de crescer

e viver numa nova família, garantindo seu desenvolvimento e crescimento de forma

saudável.

2.2 CONCEITO DE ADOÇÃO

A adoção segundo Caio Mário da Silva Nogueira78 é “[...] o ato

jurídico pelo qual uma pessoa recebe outra como filho, independentemente de existir

entre elas qualquer relação de parentesco consangüíneo ou afim”.

Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho79 apresentam

o conceito de adoção:

Podemos conceituar a adoção como um ato jurídico em sentido estrito, de natureza complexa, excepcional, irrevogável e personalíssimo, que firma a relação paterno ou materno-filial com o adotando, em perspectiva constitucional isonômica em face da filiação biológica.

Para Arnoldo Wald e Priscila M. P. Corrêa da Fonseca80

adoção é: [...] “uma ficção jurídica que cria o parentesco civil. É um ato jurídico

bilateral que gera laços de paternidade e filiação entre pessoas para as quais tal

relação inexiste naturalmente”.

78 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil: direito de família. 16.ed. Forense: Rio

de Janeiro, 2006.p. 392.v.5. 79 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil: direito de

família. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 656-657.v.6. 80 WALD, Arnoldo; FONSECA, Priscila M. P. Corrêa. Direito civil: direito de família. 17. ed. São

Paulo: Saraiva, 2009. p. 315.v.5.

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Ademais, preceituam Arnoldo Wald e Priscila M. P. Corrêa da

Fonseca81: [...] “que alguns autores têm definido a adoção como um instituto que dá

ao filho adotivo status idêntico ao filho biológico”.

Assim, entende-se que a adoção equipara a filiação adotiva

com a filiação biológica, permitindo e garantindo aos filhos adotivos os mesmos

direitos que possuem os filhos biológicos.

Arnaldo Rizzardo82 assim apresenta adoção: “Em termos

singelos, nada mais representa esta figura que o ato civil pelo qual alguém aceita um

estranho na qualidade de filho. Em última análise, corresponde à aquisição de um

filho através de ato judicial de nomeação.”

Outrossim, a autora Maria Berenice Dias83 conceitua tal

instituto:

O estado de filiação decorre de um ato (nascimento) ou de um ato jurídico: a adoção – ato jurídico em sentido estrito, cuja eficácia está condicionada à chancela judicial. A adoção cria um vínculo fictício de paternidade-maternidade-filiação entre pessoas estranhas, análogo ao que resulta da filiação biológica. [...] A adoção constitui um parentesco eletivo, pois decorre exclusivamente de um ato de vontade.

Para o autor Sílvio de Salvo Venosa84:

A adoção é modalidade artificial de filiação que busca imitar a filiação natural. [...] A filiação natural ou biológica repousa sobre o vínculo de sangue, genético ou biológico; a adoção é uma filiação exclusivamente jurídica, que se sustenta sobre a pressuposição de uma relação não biológica, mas afetiva. A adoção contemporânea é, portanto, um ato ou negócio jurídico que cria relações de paternidade e filiação entre duas pessoas. O ato da adoção faz com que uma pessoa passe a gozar do estado de filiação de outra pessoa, independentemente de vínculo biológico.85

81 WALD, Arnoldo; FONSECA, Priscila M. P. Corrêa. Direito civil: direito de família. 17. ed. São

Paulo: Saraiva, 2009. p. 315.v.5. 82 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de família. 8.ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011.p. 457. 83 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 7.ed. São Paulo: Revista dos tribunais,

2010. p. 472. 84 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: direito de família. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2009. p. 267.v.6. 85 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: direito de família. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2009. p. 267.v.6.

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Enquanto a filiação biológica se baseia no vínculo sanguíneo

entre os pais e o filho, a filiação adotiva tem como fundamento uma relação jurídica,

não baseada no vínculo sanguíneo, mas sim no vínculo afetivo. Além disso, segundo

esse autor a filiação adotiva permite que o adotado passe a gozar do estado de

filiação do adotante, independente do vínculo biológico.

Carlos Roberto Gonçalves86 conceitua adoção como: [...] “ato

jurídico solene pelo qual alguém recebe em sua família, na qualidade de filho,

pessoa a ela estranha”.

A autora Maria Helena Diniz87 define adoção:

A adoção é, portanto, um vínculo de parentesco civil, em linha reta, estabelecendo entre o adotante, ou adotantes, e o adotado um liame legal de paternidade e filiação civil. Tal posição de filho será definitiva ou irrevogável, para todos os efeitos legais, uma vez que desliga o adotado de qualquer vinculo com os pais de sangue, [...].

Fábio Ulhoa Coelho88 assim conceitua adoção:

A adoção é processo judicial que importa a substituição da filiação de uma pessoa (adotado), tornando-a filha de outro homem, mulher ou casal (adotantes). Ela está regida, no direito positivo brasileiro, pela Lei n. 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA), quando o adotado tem até 12 anos de idade incompletos (criança) ou entre 18 anos de idade (adolescente) (CC, art. 1.618).

Refere-se que, a adoção é um instituto que se processa por

meio judicial, tendo como finalidade substituir a filiação natural ou biológica pela civil.

2.3 REQUISITOS

No que tange aos requisitos oportunos do instituto da adoção,

Fábio Ulhoa Coelho89 escreve:

86 GONÇALVES, Carlos Roberto, Direito civil brasileiro: direito de família.6.ed. São Paulo: Saraiva,

p. 341.v. 6. 87 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: direito de família. 22.ed. São Paulo:

Saraiva, 2007.v.5.p.484. 88 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil: família- sucessões. 4.ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

p.179.v.5. 89 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil: família- sucessões. 4.ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

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Os requisitos para a adoção nacional de criança ou adolescente são cinco: a) inviabilidade da manutenção na família natural ou extensa; b) vantagens para o adotado e legitimidade dos motivos do adotante; c) consentimento dos pais do adotando e, sendo adolescente, também o dele; d) sentença deferindo a adoção, proferida em processo judicial, após o obrigatório estágio de convivência do requerente e o menor; e) capacidade e legitimidade do adotante.

Verifica-se que, existem alguns requisitos necessários à

efetivação da adoção, os quais serão detalhados a seguir.

2.3.1 Inviabilidade da manutenção na família natural ou extensa

Um dos requisitos para adoção é o da inviabilidade da

manutenção na família natural ou extensa, ou seja, não pode mais ser possível a

permanência da criança ou do adolescente, aquele que irá ser adotado, em sua

família natural ou biológica.

Quanto a esse requisito para adoção Fábio Ulhoa Coelho

escreve90:

A criança e o adolescente devem crescer e se preparar para a vida adulta no seio de sua família natural. É esta a melhor alternativa para a sua formação psicológica, por menos preparados que estejam os integrantes da família natural para a tarefa. Não se mostrando viável a manutenção das crianças e adolescentes no âmbito da família natural, deve-se priorizar a integração à família extensa (ou ampliada), assim considerada a constituída por parentes próximos, com os quais a criança ou o adolescente conviva e mantenha vínculos de afinidade e afetividade (ECA, art. 25, parágrafo único).

Ademais, o Fábio Ulhoa Coelho91 continua: “Somente depois

de demonstrada a inviabilidade da inserção da criança ou adolescente numa família

extensa, pode ser deferida a sua adoção por família substituta”.

Portanto, não se mostrando viável a continuidade da criança ou

adolescente em sua família natural, primeiramente deve se priorizar que esse seja

p.181.v.5.

90 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil: família- sucessões. 4.ed. São Paulo: Saraiva, 2011. p.181.v.5.

91 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil: família- sucessões. 4.ed. São Paulo: Saraiva, 2011. p.181.v.5.

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integrado na família extensiva, considerada aquela constituída pelos parentes

próximos, com os quais o adotado já tem algum laço e vínculo afetivo, assim

somente após demonstrada a impossibilidade desse ser inserido na família

extensiva, deve se tentar a inclusão do mesmo em uma nova família substituta.

2.3.2 Vantagens para o adotado

Outro requisito para a adoção é que ela permita que o adotado

seja beneficiado, que haja vantagens para este, sendo um dos requisitos mais

importantes presentes na adoção.

Sobre tal requisito Fábio Ulhoa Coelho92 comenta:

O requisito mais importante da adoção diz respeito às vantagens para o adotado e legitimidade dos motivos do adotante (ECA, art.43).

A criança ou adolescente deve experimentar, com a adoção uma mudança substancial de vida e para melhor. A mudança pode não ser econômica e patrimonial, mas desde que seja palpável, justifica-se a medida. Se o menor continuar desamparado ou piorar sua condição material, a adoção não poderá ser concedida.

Assim, a adoção somente será concedida quando contiver

presente o requisito de vantagem para o adotado, mudando sua vida para melhor,

não se referindo exclusivamente ao âmbito financeiro, que não é um dos requisitos

para a adoção.

2.3.3 Idade

O ECA acerca dos legitimados para adotar assim expõe no seu

artigo 42:

Art. 42 Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos, independentemente do estado civil.

No parágrafo 3º do mesmo dispositivo legal dispõe:

92 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil: família- sucessões. 4.ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

p.182.v.5.

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§ 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos mais velho do que o adotando.

Ante ao descrito na lei, deverá haver uma diferença etária

entre o adotado e o adotante sendo que o adotante deverá ser pelo menos 16 anos

mais velho que o adotado.

Consoante, dispõe Arnoldo Wald e Priscila M. P. Corrêa da

Fonseca93:

O Código Civil de 2002 reduziu a idade mínima do adotante para 18 anos. Contudo, valendo-se do parâmetro que visa aproximar a adoção do parentesco civil, manteve a antiga disposição que exige a diferença de 16 anos entre adotante e adotado.

Tratando-se os adotantes de cônjuges ou companheiros, a adoção apenas será formalizada se, além de um deles contar mais de 18 anos, ambos deverão comprovar a estabilidade da família.

Silvio Rodrigues94 escreve:

Como a adoção cria um parentesco, em linha reta, de primeiro grau, a lei estabelece essa diferença de dezesseis anos, que, ordinariamente, seria a menor concebível, no caso de parentesco consangüíneo. Com efeito, essa regra se inspira na idéia de que a adoção procura imitar a natureza e, assim, mister se faz estabelecer entre as partes, que vão assumir as posições de pai e filho, uma diferença que as situe em gerações diversas. [...]

Murilo Sechieri Costa Neves95 refere:

Só é possível a adoção por pessoa maior de idade. O limite foi reduzido pelo Novo Código Civil para 18 anos, prevalecendo sobre a previsão do ECA, que estipulava os 21 anos como idade mínima para adotar.

Ademais, esse mesmo autor96 escreve:

93 WALD, Arnoldo; FONSECA, Priscila M. P. Corrêa. Direito civil: direito de família. 17. ed. São

Paulo: Saraiva, 2009.p. 323.v.5. 94 RODRIGUES, Silvio. Direito civil: direito de família. 28.ed. São Paulo: Saraiva, 2007.p.344. 95NEVES, Murilo Sechieri Costa. Direito civil 5: direito de família. 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2007.

p.109 96 NEVES, Murilo Sechieri Costa. Direito civil 5: direito de família. 2.ed. São Paulo: Saraiva,

2007.p.109

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Admite-se, no entanto, a adoção pelos cônjuges ou companheiros, ainda que um deles seja menor, desde que o outro tenha completado os 18 anos, e seja demonstrada a estabilidade da família.

A adoção imita a natureza; logo, é necessário que haja uma diferença mínima de idade entre o adotante e o adotado, que a lei fixa de 16 anos.

Desse modo, só podem adotar os maiores de 18 anos,

podendo ser admitida quando um deles seja menor, desde que o outro seja maior de

18 anos, e que, seja demonstrada a estabilidade familiar. Ainda tem de existir a

diferença mínima de 16 anos entre o adotante e o adotado.

2.3.4 Processo Judicial

A adoção se dá por meio judicial, assim, quem deseja adotar,

deve através de processo judicial, considerado indispensável, buscar tal pretensão.97

Fábio Ulhoa Coelho98 escreve:

Quem pretende adotar certa pessoa, assim, deve propor a ação judicial correspondente, requerendo a adoção. O processo judicial é indispensável, segundo o direito brasileiro, para a constituição do vínculo de filiação entre adotante e adotado. Nele, os adotantes não poderão fazer-se representar por procurador, por ser vedada a adoção por mandatário (ECA, art. 39, §2º), devendo praticar os atos que lhes cabe pessoalmente.

Assim, aquele que quer adotar deve propor ação judicial

requerendo a adoção, sendo tal processo indispensável, não podendo os adotantes

se fazerem representar por procurador.

Continua o referido autor99: “Feito o requerimento, o juiz fixa,

em função das peculiaridades do caso, a duração do estágio de convivência entre as

partes”.

97 WALD, Arnoldo; FONSECA, Priscila M. P. Corrêa. Direito civil: direito de família. 17. ed. São

Paulo: Saraiva, 2009.p. 325.v.5. 98 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil: família- sucessões. 4.ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

p.183.v.5. 99 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil: família- sucessões. 4.ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

p.183.v.5.

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Explica Fábio Ulhoa Coelho100 que:

Tendo em mãos o relatório do estágio de convivência, e ouvindo as partes (adotante, adotado adolescente, pais ou representantes legais do adotado), o juiz, se convencido de que a adoção trará benefícios ao menor e são legítimos os motivos do requerente, profere a sentença constitutiva do vínculo de filiação. Os efeitos da adoção dão-se com o trânsito em julgado da sentença concessiva (ECA, art. 47, §7º).

Diante do exposto, depois de feito o requerimento de adoção, o

juiz irá fixar o prazo do estágio de convivência entre as partes. Concluído tal estágio,

o juiz ouvirá as partes e se convencido de que a adoção trará benefícios ao adotado

e que os motivos da outra parte são legítimos, este proferirá a sentença que

constituirá o vínculo de filiação entre as partes. Após o trânsito de tal sentença a

adoção passa a gerar efeitos.

Assim, explica o referido autor101 que: “Os nomes dos

adotantes e de seus ascendentes serão lançados no registro civil do adotado como

pais e avós, cancelando-se registro original (ECA, art.47, §7º)”.

Ou seja, depois do trânsito em julgado da sentença os nomes

dos adotantes e de seus ascendentes passarão a ser lançado no registro civil do

adotado, sendo assim, cancelado o registro original desse, passam agora os nomes

dos adotantes a fazer parte do registro do adotado.

2.3.5 Estágio de convivência

O estágio de convivência é um dos requisitos que permite a

análise de adaptação entre a família adotante e o adotado, garantindo as vantagens

para o futuro adotado.102

100 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil: família- sucessões. 4.ed. São Paulo: Saraiva,

2011. p.183.v.5. 101 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil: família- sucessões. 4.ed. São Paulo: Saraiva,

2011. p.183.v.5. 102 VENOSA,Sílvio de Salvo. Direito civil: direito de família. 9.ed.São Paulo: Atlas, 2009.p.288.v.6.

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Silvio Rodrigues escreve: “[...] torna a adoção mais completa, é

o estágio de convivência, a ser promovido obrigatoriamente se o adotado tiver mais

de um ano de vida”.

Esse estágio antes com a Lei n. 4.655/65 que o introduziu no

ordenamento jurídico, tinha o prazo estipulado de no mínimo 3 anos, porém com a

vinda do Código de Menores o período de estágio de convivência foi reduzido para

um ano, e com o ECA tal prazo passa a ser estipulado pelo Juiz.

Ademais, Silvio Rodrigues103 refere qual a finalidade desse

requisito:

A finalidade do estágio de convivência é comprovar a compatibilidade entre as partes e a probabilidade de sucesso da adoção. Dai determinar a lei sua dispensa em duas hipóteses: a) quando o adotando for infante de menos de um ano, pois nesse caso é extremamente provável o ajuste do menor com seu novo progenitor; b) qualquer que seja a idade do adotando, quando este já estiver na companhia do adotante durante tempo suficiente para se poder avaliar a convivência da constituição do vínculo.

Portanto, o objetivo desse estágio de convivência é perceber

se o adotado se acostumou e se adaptou com a nova família adotiva, para que este

tenha um pleno desenvolvimento e que a adoção ocorra com sucesso.

Fábio Ulhoa Coelho104 explica sobre esse requisito:

O objetivo dessa importante fase do processo de adoção é proporcionar uma mostra de como será a vida em família depois da adoção, de modo a verificar se há a compatibilidade entre as pessoas envolvidas que mostrem a convivência da medida. O estágio de convivência pode ser dispensado pelo juiz apenas se o adotando já estiver sob a tutela ou guarda legal do adotante durante tempo suficiente para que se avalie a conveniência da adoção (ECA, art. 42, § 6º).

Assim, esta fase visa analisar se irá ser possível a adoção, é

um período de ajuste para ser ver se existe compatibilidade entre o adotado e a

nova família. Esse período é dispensado quando o adotado já estiver convivendo

103 RODRIGUES, Silvio. Direito civil: direito de família. 28.ed. São Paulo: Saraiva, 2007.p.345. 104 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil: família- sucessões. 4.ed. São Paulo: Saraiva,

2011. p.183.v.5.

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com o adotante, assim já houve tempo suficiente para se avaliar tal convivência, não

sendo tal período necessário já que seu objetivo foi concluído.

2.3.6 Adoção por duas pessoas

A adoção pode ser realizada por duas pessoas, desse modo,

quando os adotantes forem dois, é necessário que cumpram com alguns requisitos

que a lei estabelece, os quais serão explicados a seguir.

O artigo 42 do ECA, parágrafo 2º, assim prevê:

§ 2o Para adoção conjunta, é indispensável que os adotantes sejam casados civilmente ou mantenham união estável, comprovada a estabilidade da família”.

Portanto, segundo o dispositivo em comento, entende-se que

é necessário que quando a adoção for conjunta o casal adotando seja casado

civilmente ou mantenham união estável, comprovando assim, a estabilidade familiar.

Assim, dispõe Arnoldo Wald e Priscila M. P. Corrêa da

Fonseca105 sobre este assunto:

Ninguém poderá ser adotado por duas pessoas, salvo se forem estas casadas, separadas, divorciadas ou conviventes. Os divorciados, as pessoas judicialmente separadas e, por analogia, os ex-conviventes somente poderão adotar, em conjunto se estiverem concordes sobre a guarda e regime de visitas, e desde que o estágio de convivência tenha sido iniciado na constância do casamento.

Murilo Sechieri Costa Neves106 refere que:

A adoção por duas pessoas, ou adoção cumulativa, só é admitida em relação a marido e mulher que convivam em união estável. Além disso, caso tenha sido iniciado o período de convivência na constância da sociedade conjugal, será admitida a adoção pelo casal mesmo após o divórcio ou separação judicial (também após a dissolução da união estável), desde que haja acordo sobre a guarda e o regime de visitas (art.1.622).

105 WALD, Arnoldo; FONSECA, Priscila M. P. Corrêa. Direito civil: direito de família. 17. ed. São

Paulo: Saraiva, 2009.p. 323.v.5. 106NEVES, Murilo Sechieri Costa. Direito civil 5: direito de família. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2007.

p.110

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Portanto, a adoção por duas pessoas, só será admitida quando

for em relação a marido e mulher que convivam em união estável, podendo ser

admitida, mesmo após ao divórcio e a separação judicial, no caso em que se tenha

iniciado o período de convivência na constância da sociedade conjugal, desde que

haja acordo entre eles quanto a guarda e o regime de visitas.

No artigo 1.624 do CC em seu parágrafo 2º assim expõe:

§ 2o Para adoção conjunta, é indispensável que os adotantes sejam casados civilmente ou mantenham união estável, comprovada a estabilidade da família.

Portanto, segundo o dispositivo em comento, entende-se que é

necessário quando a adoção for conjunta que o casal adotando seja casado

civilmente ou mantenham união estável, comprovando assim, a estabilidade familiar.

Assim, sobre a estabilidade familiar Adauto Tomaszewski apud

Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho107 pensa:

A estabilidade da família, a ambiência onde o adotando será criado – elementos que podem ser colhidos, não apenas mediante depoimentos testemunhais para que o juiz possa, com segurança, deferir a adoção, na perspectiva da proteção integral da criança e do adolescente.

Refere-se que, a estabilidade familiar na adoção conjunta é

comprovada por elementos que podem ser colhidos, por exemplo, através de

depoimentos testemunhais. Ademais, a estabilidade familiar visa a proteção integral

da criança e do adolescente.

2.3.6.1 Consentimento

Outro requisito para adoção é o consentimento, que é a

concordância por parte do adotado, às vezes de seus pais ou de seu representante

legal para que a adoção se realize. Fábio Ulhoa Coelho108 escreve sobre tal

requisito:

107 GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Pamplona Rodolfo.Novo curso de direito civil: direito de

família. 2.ed.São Paulo: Saraiva, 2012. p.672.v.6. 108COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil: família- sucessões. 4.ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

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Se for o adotando adolescente (tiver mais de 12 anos), o seu consentimento também será obrigatório (ECA, art.45, §2º). A partir da adolescência, a vontade do menor passa a ser decisiva para a constituição do vínculo de filiação por adoção.

Portanto, para a adoção de maiores de 12 anos é necessário o

consentimento desses na adoção.

O mesmo argumenta Silvio Rodrigues109: “Outro requisito para

a adoção diz respeito à concordância por parte do adotando, de seus pais ou

representante legal”.

Ademais, o referido autor110 acima escreve que:

O consentimento do adotando é requerido se ele contar com mais de 12 anos.

O consentimento dos pais é sempre reclamado, a menos que eles hajam sido destituídos do poder familiar. Aqui parece que a medida é de grande alcance, pois essa concordância equivale à renúncia voluntária do poder familiar. [...]

Inovação trazida pelo legislador de 2002 neste particular consiste na previsão de que o consentimento dos pais ou representante legal do adotando pode ser revogado até a publicação da sentença constitutiva da adoção (art. 1.621, §2º).

Assim, para a adoção de maiores de 12 anos é necessário o

consentimento do mesmo adotando, e para os menores de 12 anos se faz

necessário o consentimento dos pais deste que irá ser adotado, com exceção,

quando aqueles são destituídos do poder familiar, ou quando tais forem

desconhecidos.

O autor Fábio Ulhoa Coelho111 escreve no que tange ao

consentimento dos pais biológicos ou do representante legal do adotado:

p.182.v.5.

109 RODRIGUES, Silvio. Direito civil direito de família. 28.ed. São Paulo: Saraiva, 2007.p.346. 110 RODRIGUES, Silvio. Direito civil direito de família. 28.ed. São Paulo: Saraiva, 2007.p.346. 111 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil: família- sucessões. 4.ed. São Paulo: Saraiva,

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Os pais biológicos da criança ou adolescente, ou seu representantes legais, devem consentir com a adoção. Se os dois genitores estão mortos, o consentimento deve ser dado pelo tutor da criança ou do adolescente, observada a ordem legal de nomeação. Dispensa-se o consentimento dos pais ou dos representantes legais em duas hipóteses somente: se forem desconhecidos ou tiverem sido destituídos do poder familiar sem a nomeação de tutor (ECA, art. 45).

Diante disso, conclui-se que somente pode haver a adoção

com o consentimento dos pais biológicos ou dos representantes legais ou ainda, do

tutor, porém tal consentimento é dispensado nos casos em que os dois primeiros, já

citados, foram destituídos do poder familiar e quanto ao último, o tutor legal, não

houve sua nomeação.

2.4 EFEITOS DA ADOÇÃO

Com a entrada em vigor do Estatuto da Criança e do

Adolescente que visou incorporar o adotado à família adotante este passou a ter os

mesmos direitos do filho consangüíneo, como nos direitos sucessórios.

Assim escreve Sílvio Rodrigues112:

A adoção do Estatuto da Criança e do Adolescente foi sucessora desse instituto (adoção plena), sendo, por meio dela, apagados os traços do parentesco natural, colocando o filho adotivo no mesmo lugar de um filho consangüíneo.

Continua Rodrigues113: “Tendo em vista a posição de filho do

adotante, ele desfruta de todos os direitos que a lei confere aos descendentes, entre

eles e no campo econômico os direitos sucessórios e alimentícios”.

Ademais, o autor114 mencionado acima explica: “A adoção

enseja condição de filho ao adotando em sua plenitude. Desse modo, gera o vínculo

com todos os parentes do adotante (CC, art. 1.628, §2ª parte), até para efeitos

sucessórios”.

2011.p.182.v.5.

112 RODRIGUES, Silvio. Direito civil: direito de família. 28.ed. São Paulo: Saraiva, 2007.p.348. 113 RODRIGUES, Silvio. Direito civil: direito de família. 28.ed. São Paulo: Saraiva, 2007.p.348. 114 RODRIGUES, Silvio. Direito civil: direito de família. 28.ed. São Paulo: Saraiva, 2007.p.349.

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Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho115 escrevem

que:

[...], a adoção atribui ao adotado a condição de filho, para todos os efeitos de direito, pessoais e patrimoniais, inclusive sucessórios, em regime de absoluta isonomia em face dos filhos biológicos, desligando-o dos seus pais naturais, tão somente, as restrições decorrentes dos impedimentos matrimoniais.

Ademais, escrevem os referidos autores116 que:

O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial, que será inscrita no registro civil mediante mandado do qual não se fornecerá certidão (art. 47, ECA), como decorrência da própria garantia constitucional da preservação da intimidade e da vida privada.

Pelo fato de a adoção apenas produzir os seus efeitos a partir do trânsito em julgado da sentença constitutiva – ressalvada, claro, a hipótese da adoção póstuma [...] – é forçoso concluir que os pais, os representantes legais ou mesmo o adotando poderão se arrepender, revogando o consentimento dado, e prejudicando a medida, no curso do processo.

Portanto, verifica-se que a adoção produz efeitos após o

trânsito em julgado da sentença, que será escrita no registro civil mediante

mandado.

Destacam Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho117

que:

Então, observamos dois efeitos decorrentes dessa sentença: a desconstituição do vínculo anterior (ressalvada a hipótese de o poder familiar dos pais biológicos já não mais existir) e a criação do novo vínculo parental entre o adotante e o adotado.

Diante disso, observa-se que surgem dois efeitos decorrentes

da sentença que constitui a adoção, o que desconstitui o vínculo do adotado com

seus pais biológicos e a criação do novo vínculo do adotado com o adotante.

115 GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Pamplona Rodolfo. Novo curso de direito civil: direito de

família. São Paulo: Saraiva, 2011.p.666-667.v.6. 116 GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Pamplona Rodolfo. Novo curso de direito civil: direito de

família. São Paulo: Saraiva, 2011.p.667-668.v.6. 117 GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Pamplona Rodolfo. Novo curso de direito civil: direito de

família. São Paulo: Saraiva, 2011.p.668.v.6.

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2.5 CADASTRO NACIONAL DA ADOÇÃO

A Constituição Federal de 1988 em seu artigo 227 estabeleceu

os deveres da família, da sociedade e do Estado, assegurando às crianças e aos

adolescentes vários direitos importantes, ademais, consagrou o direito a estes à

convivência familiar, como sendo um direito fundamental, assim dispõe tal

dispositivo:

Art. 227 É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

Além do mais, o ECA (Lei nº 8.069/90) em seu artigo 19,

também consagra e assegura o direito de convivência familiar às crianças e aos

adolescentes.

Art. 19. Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes.

Assim dispõe o ECA em seu artigo 50:

Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou foro regional, um registro de crianças e adolescentes em condições de serem adotados e outro de pessoas interessadas na adoção.

Maria Berenice Dias118 discorre sobre a importância da lista de

inscrição para adoção:

A finalidade das listas é agilizar o processo de adoção. Isto porque, se, primeiro, fosse necessário esperar a destituição do poder familiar para inserir a criança no rol dos adotáveis e, depois, se partisse em busca de alguém que a quisesse, para só então proceder à habilitação do candidato à adoção, muito tempo passaria, deixando-se de atender ao melhor interesse da criança.

118DIAS, Maria Berenice. Adoção e a espera de amor. Disponível em:

<http://www.mbdias.com.br/himpressao.aspx?HArtigos,28>. Acesso 11 maio 2014

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Assim, para melhor gerenciamento desses dados o Conselho

Nacional de Justiça através da Resolução 54/2008 criou o Cadastro Nacional da

Adoção. Assim comenta Maria Berenice Dias119 sobre esse tema:

O Conselho Nacional de Justiça por meio da Resolução 54/08, dispõe sobre a implantação e funcionamento do Cadastro Nacional da Criança e do Adolescente. Com isso, há a possibilidade de uma criança de um Estado ser adotada por alguém do outro extremo.

Conforme se subtrai da Cartilha do Cadastro Nacional da

adoção120, tal cadastro foi criado com o objetivo de auxiliar no processo de adoção,

contendo informações, que organizam de um lado aqueles que tem a vontade de

adotar e de outro aquelas crianças e adolescentes que estão em condições de

serem adotados.

A partir da edição do Estatuto da Criança e do Adolescente, implementaram-se, em caráter local ou regional, sistemas de informações que reúnem, de um lado, pretendentes a adoção e, de outro, crianças e adolescentes em condições de serem adotados.

O Conselho Nacional de Justiça, diante da missão conferida pelo artigo 103-B da Constituição Federal, desenvolveu o Cadastro Nacional de Adoção - CNA, banco de dados, único e nacional, composto de informações sobre crianças e adolescentes aptos a serem adotados e pretendentes a adoção.

O Cadastro Nacional da Adoção foi criado pelo Conselho

Nacional de Justiça para ser um banco de dados e informações, com o objetivo de

auxiliar os juízes das varas da infância e da juventude na condução do procedimento

de adoção. Ademais, se extrai do livro de Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo

Pamplona Filho121:

O Cadastro Nacional de Adoção é uma ferramenta criada para auxiliar os juízes das varas da infância e da juventude na condução dos procedimentos de adoção. Lançado em 29 de abril de 2008, o CNA tem por objetivo agilizar os processos de adoção por meio do mapeamento de informações unificadas. O Cadastro irá possibilitar

119 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito de famílias. 7.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,

2010.p.495-496. 120Cartilha do cadastro nacional de adoção. Disponível em:

<https://docs.google.com/file/d/0B07dBjrvRMbIYTUyZDIyZWYtZGFiMS00YWExLWFmMjMtZmQwZmRjMDlmODE5/edit?hl=en_US&pli=1>. Acesso 11 maio 2014.

121 GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Pamplona Rodolfo. Novo curso de direito civil: direito de família. 2.ed.São Paulo: Saraiva, 2012.p.668.v.6.

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ainda a implantação de políticas públicas na área.(Fonte Conselho Nacional de Justiçahttp://www.cnj.jus.br/index.php?option=com_content&view=article5165:sobre-o-cna&catid=176:geral&Itemid=818. Acesso em 23 set. 2010).

Desse modo, o cadastro nacional de adoção facilita os juízes

das varas da infância e da juventude nos processos de adoção.

Importante salientar, o que assevera os mencionados autores

acima122: “Entretanto, é de ressaltar, à guisa de arremate deste tópico, que a

existência de cadastro de adoção não prevalece em face do princípio da

afetividade.”

Assim, ressalta-se que, o cadastro nacional de adoção não

supera o princípio da afetividade.

2.6 IRREVOGABILIDADE DA ADOÇÃO

A adoção é irrevogável, conforme exposto no art.39, §1º do

ECA, o qual dispõe:

Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger-se-á segundo o disposto nesta Lei.

§ 1o A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de manutenção da criança ou adolescente na família natural ou extensa, na forma do parágrafo único do art. 25 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

Desse modo, o ECA estabelece que a adoção é medida

excepcional e é irrevogável, sobre esse tema assevera a autora Maria Berenice

Dias123:

A morte dos adotantes não restabelece o poder familiar dos pais naturais (ECA 49). Como a adoção é irrevogável (ECA 39, §1º),

122 GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Pamplona Rodolfo. Novo curso de direito civil: direito de

família. 2.ed.São Paulo: Saraiva, 2012.p.668.v.6. 123 DIAS, Maria Berenice. Manual de direitos das famílias. 7.ed. São Paulo: Revistas do tribunais,

2010.p.473-474.

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rompe todos os laços com a família biológica. Ainda assim, com certa freqüência simplesmente os adotantes evolvem as crianças que adotaram. Tal situação não está prevista na lei, mas infelizmente é algo que existe e há a necessidade de disponibilizar a criança novamente à adoção. Nesses casos, vem a jurisprudência impondo aos adotantes o dever de pagar alimentos, ao menos para subsidiar o acompanhamento psicológico de quem teve maus uma perda, até ser novamente adotado. De qualquer forma, há a possibilidade de haver a suspensão ou a destituição do poder familiar do adotante (CC 1.635 e 1.638).

Verifica-se que, a adoção é irrevogável, porém ainda existem

aqueles adotantes que devolvem as crianças que adotaram, sendo tal situação não

prevista em lei. Ademais, menciona-se que a jurisprudência vem impondo

indenização de alimentos aos adotantes àquele que foi adotado, até nova adoção.

Ademais, assevera a autora acima mencionada que existe a

possibilidade de haver suspensão ou a destituição do poder familiar do adotante,

sobre esse tema entendem Farias e Rosenvald124 que: “O desligamento do vínculo

estabelecido pela adoção, entre o adotante e o adotado, somente poderá ocorrer

pela regular destituição do poder familiar, nos casos previstos em lei, respeitado o

devido processo legal.”

No artigo 15 do Estatuto da Criança e do Adolescente expõe:

Art.15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis.

Juntamente com o art.18 do mesmo diploma legal:

Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.

Fica claro, a necessidade pela prioridade da dignidade da

criança e do adolescente, também com fundamento nos demais princípios que

regem o interesse do menor, no que se trata sobre a irrevogabilidade da adoção.

124 FARIAS, Cristiano Chaves; ROSENVALD, Nelson. Direito das famílias. 2.ed. Rio de Janeiro:

Lumen juris, 2010.p. 935.

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Hildeliza Lacerda Tinoco Boechat Cabral e Nilda Siqueira

Andrade125 sobre a irrevogabilidade da adoção asseveram:

A irrevogabilidade da adoção fundamenta-se na necessidade de se resolver uma questão que se mostra insustentável, expondo a criança ou adolescente a riscos emocionais, psicológicos e do ponto de vista do próprio direito. Salienta-se que deverá ser sempre resolvido de acordo com a técnica de ponderação de interesses, sendo excepcionalíssima e segundo os princípios do melhor interesse da criança, da proteção integral, respeito, liberdade (art. 15 do ECA) e da dignidade da pessoa humana, direitos indisponíveis, na qualidade de pessoas em desenvolvimento que são.126

Com o Decreto Legislativo n. 60 de junho de 1996 que aprova

o texto da Convenção Interamericana sobre Conflitos de Leis em Matéria de Adoção

de menores, celebrada em La Paz, em 24 de maio de 1984, que foi aprovado pelo

Congresso Nacional127, em seu artigo 12, expõe:

Art.12 As adoções a que se refere o Artigo 1º serão irrevogáveis. A revogação das adoções a que se refere o Artigo 2º reger-se-á pela lei da residência habitual do adotado no momento da adoção.

Como mencionado anteriormente as adoções à que se referem

o artigo 1º128, são irrevogáveis, que assim expõe:

Art.1º Esta Convenção aplica-se-à adoção de menores sob as formas de adoção plena, legitimação adotiva e outras formas afins que equiparem o adotado à condição de filho cuja filiação esteja legalmente estabelecida, quando o adotante (ou adotantes) tiver seu domicílio num Estado-Parte e o adotado sua residência habitual noutro Estado-Parte.

125 CABRAL, Hildeliza Lacerda Tinoco Boechat; ANDRADE, Nilda Siqueira. Ponderação de

interesses e (irrevogabilidade) da adoção. Disponível em: <http://www.mp.ce.gov.br/orgaos/CAOCC/dirFamila/artigos/Pond.Interesses.e.Irrevog.Adocao.pdf>. Acesso 13 de set 2013

126 CABRAL, Hildeliza Lacerda Tinoco Boechat; ANDRADE, Nilda Siqueira. Ponderação de interesses e (irrevogabilidade) da adoção. Disponível em: <http://www.mp.ce.gov.br/orgaos/CAOCC/dirFamila/artigos/Pond.Interesses.e.Irrevog.Adocao.pdf>. Acesso 13 de set 2013

127Ministério Público do Rio Grande do Sul. Disponível em: <http://www.mprs.mp.br/infancia/documentos_internacionais/id120.htm>. Acesso 11 maio 2014.

128Ministério Público do Rio Grande do Sul. Disponível em: <http://www.mprs.mp.br/infancia/documentos_internacionais/id120.htm>. Acesso 11 maio 2014.

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Sendo que no artigo 14 da referida Convenção129, segue:

Art.14 A anulação da adoção será rígida pela lei de sua outorga. A anulação somente será decretada judicialmente, valendo-se pelos interesses do menor de acordo com o Artigo 19 desta Convenção.

Os interesses do menor devem prevalecer, trata o artigo 19130,

da mesma Convenção:

Art.19 Os termos desta Convenção e as leis aplicáveis de acordo com ela serão interpretados harmonicamente e em favor da validade da adoção em benefício do adotado.

Segue um trecho do artigo escrito pela advogada e professora

Regiane Sousa de Carvalho Presot131:

A adoção deverá ser assistida pelo poder público, sendo que se constitui por sentença judicial e somente poderá ser anulada no caso de ofensa ao princípio da proteção integral do menor e nunca na conveniência dos adotantes, pois neste caso haverá uma destituição do pátrio poder, permanecendo todos os direitos decorrentes da filiação tais como alimentos e herança.

Ademais, sobre a irrevogabilidade da adoção a autoria Maria

Helena Diniz132 escreve:

A adoção é irreversível, entrando o adotado definitivamente para a família do adotante; por isso só se deve recorrer a essa medida excepcional apenas quando se esgotados os recurso de manutenção da criança ou adolescente na família natural ou extensa (art. 39, §1º, 2ª parte, da Lei n. 8.069/90). A morte do adotante não restabelecerá o poder familiar dos pais naturais (ECA, art. 49).

Assim, a adoção é irrevogável, não sendo ainda no caso de

morte do adotante o poder familiar restabelecido aos pais biológicos.

129Ministério Público do Rio Grande do Sul. Disponível em:

<http://www.mprs.mp.br/infancia/documentos_internacionais/id120.htm>. Acesso 11 maio 2014. 130Ministério Público do Rio Grande do Sul. Disponível em:

<http://www.mprs.mp.br/infancia/documentos_internacionais/id120.htm>. Acesso 11 maio 2014. 131 PRESOT, Regiane Sousa de Carvalho. A irrevogabilidade da adoção: um direito humano.

Disponível em: <http://www.reid.org.br/?CONT=00000306>. Acesso 11 maio 2014. 132 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: direito de família. 28.ed. São Paulo:

Saraiva, 2013.p.584.v.5.

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Ainda nesse sentido, refere Aroldo Rizzardo133:

Nesta concepção inútil estabelecer normas sobre a não cessação da adoção com a morte do adotado ou dos adotantes, ou sobre a permanência do vínculo. Se alguma regra se editasse, estar-se-ia fazendo a distinção entre filhos. Assim como não cessa o vínculo de filiação com a morte dos pais naturais, o mesmo acontece no caso da adoção. Tanto não se tolera abdicar da filiação natural como da nascida da adoção.

Desse modo, assim como não é admitida a revogação da

filiação natural, quando da morte dos pais legítimos, sanguíneos, também não é

aceita a revogação daquela filiação que decorre do vínculo de adoção.

2.7 FUNÇÃO SOCIAL DA ADOÇÃO

A função social da adoção trata do objetivo que este instituto

tem perante a sociedade, frente as suas responsabilidades e suas finalidades.

Sobre esse tema o autor Arnoldo Wald134 assim escreve: “Hoje

a adoção superou a fase individualista e egoísta para ser um instituto de

solidariedade social, de auxilio mútuo, um meio de repartir por maior número de

famílias os encargos de proles numerosas”.

Portanto, não mais somente focado no interesse individual da

família, a adoção passou a ser um modo solidário, com o objetivo social de

promover melhor enquadramento de crianças e adolescentes em famílias dispostas

a garantir o melhor interesse e sobrevivência dessas.

Refere-se que Murilo Sechieri Costa Neves135 escreve:

Hoje a adoção tem a finalidade de satisfazer o instinto paternal, além de representar um instituto ligado ao sentimento de solidariedade humana. De qualquer forma, só pode ser admitida quando representar efetivo benefício para o adotado (art. 1.625).

133 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de família. 8.ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011.p. 474. 134 WALD, Arnoldo; FONSECA, Priscila M. P. Corrêa. Direito civil: direito de família. 17. ed. São

Paulo: Saraiva,2009.p.200. 135 NEVES, Murilo Sechieri Costa. Direito civil 5: direito de família. 2. ed. São Paulo: Saraiva,

2007.p.108.

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Desse modo, com base na idéia do autor referida acima, a

função social da adoção é baseada na solidariedade humana, prevalecendo o bem

estar e demais benefícios àquele adotado.

Assim, inicialmente a adoção tinha função direcionada ao

interesse do adotante e atualmente sua função passou a ser conduzida pelo

interesse do adotado.136

Ainda, o autor Arnaldo Rizzardo137, resume a evolução social

da adoção:

Basicamente, o instituto da adoção evoluiu, nos últimos tempos, no sentido de amparar as crianças abandonadas, ou cujos pais não possuem condições de criá-las e educá-las. Principalmente está sendo dirigido o instituto a atender os reclamos de uma infância surgida de classes sociais onde a tendência é a marginalização, sem as condições mínimas de uma criação e formação psicológica razoáveis [...].

Assim sendo, a adoção tornou-se além de um instituto que

ampara crianças e adolescentes que foram abandonadas ou que vieram de famílias

que não possuem condições de sustentá-las educacional e economicamente, como

também uma forma de promover uma infância digna a essas.

Esse capítulo tratou da análise do instituto da adoção num

sentido amplo, como seus conceitos, seus requisitos, ademais, foram abordados o

cadastro nacional da adoção, a irrevogabilidade do instituto e sua função social. O

próximo capítulo estudará sobre as modalidades de adoção presentes no

ordenamento jurídico brasileiro.

136 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de família. 8.ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011.p. 505. 137 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de família. 8.ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011.p. 505.

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CAPÍTULO 3

DAS MODALIDADES DE ADOÇÃO

Esse capítulo tem como análise e estudo das modalidades de

adoção presentes no ordenamento jurídico brasileiro, no qual serão abordadas as

seguintes modalidades: adoção de maiores, adoção unilateral, adoção bilateral,

adoção à brasileira, adoção internacional, adoção do nascituro, adoção intuitu

personae, adoção homoafetiva, adoção póstuma e adoção “filho de criação”.

3.1 ADOÇÃO DE MAIORES

Na adoção de maiores são aplicadas as normas do Código

Civil e referente à adoção de menores, o Estatuto da Criança e do Adolescente,

sendo considerados menores aqueles que possuem até 18 anos. Entretanto,

também é aplicável à adoção de maiores as normas do ECA, conforme o art. 1.619

do Código Civil138, que dispõe:

Art. 1.619. A adoção de maiores de 18 (dezoito) anos dependerá da assistência efetiva do poder público e de sentença constitutiva, aplicando-se, no que couber, as regras gerais da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente.

A autora Maria Berenice Dias139 escreve que:

No que concerne à adoção de adultos, limita-se o Código Civil a exigir a assistência efetiva do poder público, o que torna necessária a via judicial, aplicando-se no que couber, as regras do ECA (CC 1.619).

É o que também refere o autor Fábio Ulhoa Coelho140 “sendo

maior de 18 anos o adotado, a adoção dependerá da assistência efetiva do Poder

138 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de família. 8.ed.Rio de Janeiro: Forense, 2011.p.463. 139 DIAS, Maria Berenice. Manual de direitos de famílias. 7.ed.São Paulo: Revista dos Tribunais,

2010.p.481. 140 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil: família, sucessões.4.ed.São Paulo: Saraiva,

2011.p.179.v.5.

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Público e de sentença judicial, aplicando-se subsidiariamente o ECA (CC, art.

1.619)”.

O autor Arnaldo Rizzardo141 explica sobre as modificações que

sobrevieram com a Lei nº 12.010142:

Com o Código Civil de 2002, passou a adoção a submeter-se às suas regras, ficando o Estatuto derrogado nos assuntos que aquele diploma disciplinasse. Isto até o advento da Lei nº 12.010, que revitalizou o Estatuto, pois revogou os artigos 1.620 a 1.629 que tratavam da adoção, e ficando em vigor apenas os artigos 1.618 e 1.619.

Assim, o referido autor dispõe143 que:

Unicamente quanto aos maiores de dezoito anos, o procedimento para a adoção é mais de jurisdição voluntária, mas havendo o interesse público, e seguindo também as linhas da Lei nº 8.069, nos termos do art. 1619 do Código Civil, na redação que lhe deu a Lei nº 12.010. Assim, em ambas as modalidades, o caminho é judicial, com a constituição do ato por meio de sentença.

Portanto, mesmo para a adoção de maiores, tem-se necessária

a via judicial, sendo esta constituída através da sentença.

Quando em vigor o Código Civil de 1916, existiam várias

dúvidas quanto à forma da realização da adoção de maiores, porém, o a nova lei

Civil de 2002 veio estabelecer algumas modificações144.

O autor Arnaldo Rizzardo145 assevera:

A interpretação que perfilou é de que o Código Civil modificou sensivelmente o regime de adoção para maiores de 18 anos. Antes, poderia ser realizada conforme vontade das partes, por meio de escritura pública. Hoje, contudo, dada a importância da matéria e as conseqüências decorrentes da adoção, não apenas o adotante e adotado, mas também para terceiros, faz-se necessário o controle

141 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de família. 8.ed.Rio de Janeiro: Forense, 2011.p.463. 142 BRASIL. Lei n. 12.010. 03 de ago. 2009. Dispõe sobre adoção. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l12010.htm>. Acesso 14 jun. 2014.

143 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de família. 8.ed.Rio de Janeiro: Forense, 2011.p.463. 144 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de família. 8.ed.Rio de Janeiro: Forense, 2011.p.464-465. 145 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de família. 8.ed.Rio de Janeiro: Forense, 2011.p.464-465.

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jurisdicional que se dá pelo preenchimento de diversos requisitos, verificados em processo judicial próprio.

Assim, antes do novo Código Civil de 2002, a adoção de

maiores podia ser realizada de acordo com a vontade das partes, através de

escritura pública, e após tal lei é necessário que se realize o processo judicial.

Verifica-se que na adoção de maiores é desnecessário o

estágio de convivência; ainda é vedada a adoção por ascendentes ou entre irmãos;

e é necessária o consentimento do cônjuge ou companheiro do adotante, caso

aquele não queira adotar conjuntamente146.

3.2 A ADOÇÃO UNILATERAL

A adoção unilateral é a adoção realizada individualmente, não

necessariamente constituída por solteiros ou viúvos, mas onde existe somente um

adotante, assim, como a família é formada por apenas um pai ou mãe, é conhecida

como família monoparental.147

Sobre a família monoparental Maria Berenice Dias148 escreve:

É reconhecida como família natural (ECA 25) a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes. A adoção por solteiro constitui uma alternativa justa, quebrando-se as discriminações que existiam contra as famílias monoparentais a uma criança. Pode adotar aquele que tem condições de oferecer sustento, educação e afeto a uma criança.

Assim, pela adoção unilateral, origina-se a família

monoparental.

Carlos Roberto Gonçalves149 assevera que “Se a adoção se

efetuar por pessoa solteira ou que não tenha companheiro, constituir-se-á a entidade

familiar denominada família monoparental.”

146 DIAS, Maria Berenice. Manual de direitos de famílias. 7.ed.São Paulo: Revista dos Tribunais,

2010.p.481-482. 147 DIAS, Maria Berenice. Manual de direitos de famílias. 7.ed.São Paulo: Revista dos Tribunais,

2010.p.209.

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Ademais, o autor Fabio Ulhoa Coelho150 menciona que

“Qualquer pessoa física nessas condições pode adotar individualmente a criança ou

adolescente. Nada obsta a adoção pelo solteiro, viúvo, separado ou divorciado que

viva sozinho, hipótese em que se constituirá uma família monoparental”.

Ou seja, qualquer pessoa que tenha capacidade e legitimidade

para adotar, conforme o art. 42, §§1º e §3º do ECA, pode adotar individualmente

criança ou adolescente, constituindo a chamada família monoparental.

Ainda assevera Fábio Ulhoa Coelho151 que:

Aliás, mesmo que o adotante seja casado ou viva em união estável, admite-se a adoção unilateral. Precisará, contudo, nesse caso, da anuência do outro cônjuge ou convivente (ECA, art. 165, I). O marido pode adotar individualmente com a concordância da mulher, assim como essa o pode fazer se autorizada por aquele, do mesmo modo que os conviventes. O adotante, portanto, não precisa ser solteiro, viúvo, separado ou divorciado para habilitar-se à adoção unilateral, desde que apresente a expressa anuência do cônjuge ou companheiro.

Portanto, mesmo que o adotante não seja solteiro, viúvo,

separado ou divorciado, este poderá adotar, porém é necessária a autorização

expressa do outro cônjuge ou convivente.

O referido autor152 ainda explica quanto ao rompimento da

sociedade conjugal:

Ocorrendo o desfazimento da sociedade conjugal, como o filho não é comum, não há que se falar em disciplina da guarda. O adotado continuará necessariamente com o adotante. O outro cônjuge terá apenas o direito de visita, se o requerer.

148 DIAS, Maria Berenice. Manual de direitos de famílias. 7.ed.São Paulo: Revista dos Tribunais,

2010.p.209. 149 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. 6.ed.São Paulo: Saraiva, 2009,p.350. 150 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil: família, sucessões. 4.ed.São Paulo: Saraiva,

2011.p.184.v.5. 151 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil: família, sucessões. 4.ed.São Paulo: Saraiva,

2011.p.184.v.5. 152 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil: família, sucessões. 4.ed.São Paulo: Saraiva,

2011.p.184.v.5.

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Assim, se caso a sociedade conjugal do adotante se romper,

este ainda permanecerá com o adotado, pois o mesmo não é filho comum, ademais,

caso o outro cônjuge queira pode requerer o direito de visita.

Sobre a adoção unilateral Silvio de Salvo Venosa153 escreve:

Trata-se de adoção por um dos cônjuges ou companheiros, quando adota o filho do outro. O cônjuge ou companheiro do adotante não perde o pátrio poder. Desse modo, o padrasto ou a madrasta passa à condição de pai ou mãe do filho de seu cônjuge ou companheiro.

Ademais, Fábio Ulhoa Coelho154 também menciona que:

Se um dos cônjuges ou conviventes adotar filho do outro, os vínculos de filiação entre o adotado e o cônjuge, ou companheiro, e de parentes com entre os respectivos parentes (Lei n. 8.069/90, art. 41, §1º) serão mantidos. Ter-se-á, aqui, uma adoção unilateral (...).

Conforme mencionam esses dois autores acima, ter-se-á a

adoção unilateral quando apenas um dos cônjuges, conviventes ou companheiros

adotar o filho do outro. É o que está expresso no §1º, do art. 41 do ECA, que assim

dispõe:

Art. 41 A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos matrimoniais.

§ 1º Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do outro, mantêm-se os vínculos de filiação entre o adotado e o cônjuge ou concubino do adotante e os respectivos parentes.

Constata-se que, se apenas um dos cônjuges ou concubinos

adotar o filho do outro, ainda existirá o vínculo de filiação entre cônjuge ou

concubino deste que adotou com aquele adotado.

153 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil: direito de família.9.ed. São Paulo: Atlas, 2009.p.296. 154 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil: família, sucessões. 4.ed.São Paulo: Saraiva,

2011.p.185.v.5.

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3.3 A ADOÇÃO BILATERAL

Sobre a adoção bilateral assevera Fábio Ulhoa Coelho155: “Em

geral, contudo, os casados e conviventes adotam em conjunto. Para tanto, é

suficiente, mas necessária a comprovação da estabilidade da família.”

Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho156 ressaltam

que: “para a adoção conjunta, nos termos do dispositivo sob comento, é

indispensável que os adotantes sejam casados civilmente ou mantenham união

estável, comprovada a estabilidade da família”.

Assim, para adoção bilateral, os adotantes devem ser

civilmente casados ou estarem em união estável, devendo a família ser estável.

Referente à estabilidade familiar os autores citados no

parágrafo anterior157, explicam:

A estabilidade da família, a ambiência onde o adotando será criado – elementos que podem ser colhidos, não apenas mediante depoimentos testemunhais, mas também por meio de relatório ou estudo social- são fundamentais para que o juiz possa, com segurança, deferir a adoção, na perspectiva da proteção integral da criança e do adolescente.

Portanto, a estabilidade familiar é elemento fundamental para o

juiz deferir tal adoção com segurança, para melhor interesse da criança ou

adolescente, podendo a estabilidade da família ser revelada através de

testemunhas, relatório ou de estudo social.

Contudo, a adoção poderá ainda ser deferida para duas

pessoas que não sejam mais casadas ou que não mantenham ainda a união estável

se, o estágio de convivência com o adotado tiver começado quando esses detinham

a qualidade de casados ou estavam em união estável, devendo ser comprovado os

vínculos de afetividade e afinidade com aquele que não ficou com a guarda,

155 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil: família, sucessões. 4.ed.São Paulo: Saraiva,

2011.p.184-185.v.5. 156 GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo curso de direito civil: direito de

família: as famílias em perspectiva constitucional.São Paulo: Saraiva, 2011.p.662. 157GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo curso de direito civil: direito de

família: as famílias em perspectiva constitucional.São Paulo: Saraiva, 2011.p.662.

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ademais, devem os adotantes fazer acordos sobre a guarda do adotado e sobre o

regime de visitas. 158

É o que explica Fábio Ulhoa Coelho159:

Se forem casados (os divorciados ou separados) ou mantinham união estável podem adotar em conjunto se o estágio de convivência iniciou-se na constância da sociedade conjugal. Desse modo, separados ou divorciados podem ser adotantes da mesma criança ou adolescente (ECA, art. 42,§4º).

Desse modo, existe a possibilidade dos separados ou

divorciados adotarem a mesma pessoa, desde que o estágio de convivência tenha

se iniciado durante o casamento ou união estável daqueles.

3.4 ADOÇÃO À BRASILEIRA

Esse tipo de adoção consiste em registrar filho alheio como se

fosse próprio160, assim, quanto à essa modalidade de adoção Murilo Sechieri Costa

Neves161 escreve:

Alguns casais, para burlar todas as formalidades exigidas para a regular adoção de uma criança nascida de outros pais, simulam no ato de registro serem os seus genitores, e registram como seu o filho alheio. Nesse caso, fica caracterizado o tipo penal previsto no art. 242 do CP (“Dar parto alheio como próprio; registrar como seu o filho de outrem; ocultar recém-nascido ou substituí-lo, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil”). A lei penal, no entanto, prevê a possibilidade de o juiz deixar de aplicar a pena caso o crime tenha sido praticado por motivo de reconhecida nobreza, quando, por exemplo, tiver havido plena anuência dos pais biológicos, ou se tratar de criança abandonada. Nesse caso, além de ficar afastada a punição criminal do agente, pode ser mantido o registro feito quando do nascimento, ainda que não corresponda à verdade, em razão do reconhecimento da paternidade socioafetiva, como se tivesse adoção

158 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: direito de família. 28.ed.São Paulo:

Saraiva, 2013.p.573-574. 159 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil: família, sucessões. 4.ed.São Paulo: Saraiva,

2011.p.184-185.v.5. 160 GRANATO, Eunice Ferreira Rodrigues. Adoção: doutrina e prática, 1.ed. Curitiba: Juruá, 2005.

p.130 161 NEVES, Murilo Sechieri Costa, Direito civil: direito de família. 2. ed. São Paulo: Saraiva,

2007.p.109.v.5.

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(JTJ, 239/246; RTJ, 61/745). Daí por que essa situação é também chamada de adoção simulada.

Desse modo, a adoção irregular ou adoção simulada é aquela

que não segue os requisitos formais para a adoção legal.

Caio Mário da Silva Pereira162, referente à conduta da adoção à

brasileira, de “registrar” filho que não é seu, com se fosse, escreve:

O Código Penal faz ainda referência à figura criminal conhecida como “adoção à brasileira”, que era identificada, anteriormente, como “crime de falsidade ideológica”. Pela Lei nº 6.868, de 30 de março de 1981, foi objeto de definição legal “dar parto alheio como próprio, registrar como seu filho de outrem” (art. 242 do CP). Quando o crime é praticado por motivo de reconhecida nobreza, admite-se o perdão judicial como forma de extinção de punibilidade.

Ademais, Eunice Ferreira163 assevera que:

Com efeito, a Lei 6.898, de 30.03.1981, passou a tipificar o “registrar como seu o filho de outrem” como crime do art. 242 do Código Penal, com pena de dois a seis anos de reclusão, mas excepcionando, no parágrafo único: “se o crime é praticado por motivo de reconhecida nobreza: Pena – detenção de um a dois anos, podendo o juiz deixar de aplica a pena”

Desse modo, a modalidade de adoção à brasileira é

considerada crime, e definida pelo Código Penal em seu art. 242 como dar parto

alheio como próprio ou registrar como seu filho de outrem. Podendo o autor desse

crime receber o perdão judicial e ter extinta sua punibilidade quando a adoção

ocorrer por motivo de reconhecida nobreza.

Assevera Eunice Ferreira Rodrigues Granato164 que existem

vários motivos que levam alguém a praticar a adoção à brasileira ou afetiva, pelo

qual argumenta:

162 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito: civil direito de família. 16.ed. Rio de

Janeiro: Forense, 2006.p.400.v.5. 163 GRANATO, Eunice Ferreira Rodrigues. Adoção: doutrina e prática. 1.ed. Curitiba: Juruá, 2005.

p.133. 164 GRANATO, Eunice Ferreira Rodrigues. Adoção: doutrina e prática. 1.ed. Curitiba: Juruá, 2005.

p.133.

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Os motivos que levam alguém a registrar filho alheio como próprio, por esse método, são os mais variados, mas de fácil é intuir que, dentre eles, estão a esquiva a um processo judicial de adoção demorado e dispendioso, mormente quando se tem que contratar advogado; o medo de não lhe ser concedida a adoção pelos meios regulares e, pior ainda, de lhe ser tomada a criança, sob o pretexto de atender a outros dependentes há mais tempo “na fila” ou melhor qualificados; ou ainda, pela intenção de se ocultar à criança a sua verdadeira origem.

Assim, diante dos vários obstáculos e circunstâncias surgem os

diversos motivos pelos quais algumas pessoas escolhem buscar a adoção pela via

ilegal e irregular, pela adoção à brasileira.

3.5 ADOÇÃO INTERNACIONAL

Outra modalidade de adoção é a chamada adoção

internacional, que está regulamentada nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Criança e

do Adolescente e nos princípios presentes no Decreto nº 3.087/99, o qual ratificou a

“Convenção Relativa à Proteção e Cooperação Internacional em Matéria de Adoção

Internacional” que foi aprovada em Haia 17ª Seção da Conferência de Leis Privadas

Internacionais de maio de 1993.165

O Código Civil não faz menção sobre esse tipo de adoção,

assim são aplicáveis, de maneira geral, as disposições deste como regras

programáticas, já que não existem regras específicas sobre esta determinada

modalidade.166

O autor Fábio Ulhoa Coelho167 menciona que “A adoção pode

ser nacional (...) ou internacional (...), segundo o domicílio dos adotantes se situe no

Brasil ou no exterior”. Portanto, o domicílio dos autores revela se esta adoção será

nacional ou internacional.

165 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil: direito de família. Rio de Janeiro:

Forense, 2006.p. 408. 166 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de família. Rio de Janeiro:Forense, 2012.p. 525. 167 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil: família, sucessões. 4.ed. São Paulo: Saraiva,

2011.p.181.v.5.

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Existe ampla discussão quanto à adoção internacional, onde há

aqueles que se manifestam favoravelmente e outros contra. Aqueles que se

manifestam contra se baseiam que deve-se estimular a adoção nacional,

reportando-se aos riscos de “adoções irregulares” e de tráfico de crianças, ademais,

argumentam principalmente que tal modalidade fere o direito à identidade da

criança, como por exemplo o direito ao nome e a nacionalidade. Opostamente,

aqueles que apóiam a adoção internacional visam priorizar a vontade dos

estrangeiros em proporcionar carinho e amparo aquelas crianças e adolescentes

que deles necessitam.168

Conforme expõe o artigo 31 do ECA169 a colocação de criança

ou adolescente em família substituta estrangeira constitui medida excepcional,

sendo admitida somente pela via de adoção.

Nesse sentido de ser adoção internacional medida excepcional

Fábio Ulhoa Coelho170 escreve que:

A adoção internacional somente pode ser deferida após consulta aos cadastros de pessoas ou casais habilitados à adoção (da comarca, de Estado e nacional) e não se encontrar neles nenhum interessado em adotar aquela criança ou adolescente. Em outros termos, a lei manifesta sua preferência pela adoção nacional. Se esta for viável, não terá cabimento a adoção internacional.

Constata-se que, somente após realizadas as consultas nos

cadastros de pessoas ou casais habilitados à adoção e inexistindo qualquer

interessado a adotar tal criança ou adolescente, é que poderá ser deferida a adoção

internacional, visto essa ser uma medida excepcional.

A adoção por estrangeiro também exige os mesmos requisitos

comuns a adoção por brasileiro171. Porém, esta possui alguns requisitos específicos

que estão estabelecidos nos incisos do §1º do art. 51 do ECA, o qual dispõe:

168 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil: direito de família. Rio de Janeiro:

Forense, 2006.p. 408. 169 Art. 31. A colocação em família substituta estrangeira constitui medida excepcional, somente

admissível na modalidade de adoção. 170 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil: família, sucessões.4.ed.São Paulo: Saraiva,

2011.p.186.v.5.

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§1º A adoção internacional de criança ou adolescente brasileiro ou domiciliado no Brasil somente terá lugar quando restar comprovado: I – que a colocação em família substituta é a solução adequada ao caso concreto; II- que foram esgotados todas as possibilidades de colocação da criança ou adolescente em família substituta brasileira, após consulta aos cadastros mencionados no art. 50 desta Lei; III- que, em se tratando de adoção de adolescente, este foi consultado, por meios adequados ao seu estágio de desenvolvimento, e que se encontra preparado para a medida, mediante parecer elaborado por equipe interprofissional, observado o disposto nos §§ 1º e 2º do art.. 28 desta Lei.

Ainda, preceitua o §2º do art. 51 do ECA que:

§2º Os brasileiros residentes no exterior terão preferência, nos casos de adoção internacional de criança ou adolescente brasileiro.

Assim sendo, os brasileiros que residem no exterior tem

preferência para adotar crianças ou adolescentes que são brasileiros.

A adoção internacional é muito complexa, conforme expõe

Arnaldo Rizzardo:

Extensas as normas introduzidas pela Lei nº 12.010, tornando-se extremamente complexa a adoção, até porque exige a habilitação, por primeiro, em país de onde procede o adotante, como se depreende do inc. I do art. 52, estabelecendo: “A pessoa ou casal estrangeiro, interessado em adotar criança ou adolescente brasileiro, devera formular pedido de habilitação à adoção perante a Autoridade Central em matéria de adoção internacional no país de acolhida, assim entendido aquele onde está situada sua residência habitual.”

Portanto, para os adotantes que são estrangeiros estarem

habilitados a adotar um brasileiro é previamente necessário que estes estejam

habilitados perante a Autoridade Central que trata sobre a adoção internacional no

respectivo país em que residem habitualmente.

Ademais, referente às adoções internacionais de pessoas

estrangeiras por brasileiros, ou seja, onde os adotantes são brasileiros e o adotado é

estrangeiro, devem-se respeitar também as regras gerais da adoção estabelecida no

país.172

171 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de família.8.ed.Rio de Janeiro: Forense, 2012.p. 527. 172 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de família.8.ed.Rio de Janeiro: Forense, 2012.p. 528.

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Além do mais, quanto ao tipo de adoção exposta no parágrafo

acima, merece destaque algumas regras, tais quais: que os documentos que irão

instruir o pedido e que são de origem do exterior, devem ser traduzidos e estarem

em língua nacional e ainda autenticados pelas autoridades consulares (inc. V, art.

52); que somente após transitar em julgado a sentença que deferiu a adoção

internacional é que pode o adotado sair do país (§8º, do art. 52), quando será

fornecido alvará de autorização (§9º, art. 52); realização de estágio indispensável de

30 dias, que será feito antes da sentença173.

Hélio Borghi (A nova adoção no Direito Civil Brasileiro) apud

Arnaldo Rizzardo174:

Agora, a adoção por estrangeiros será irrevogável (o que já ocorria com a adoção plena anteriormente, mas proibida a estrangeiros). Entretanto, com a exigência de vasta documentação que agora é ordenada pela nova lei, e com a obrigatoriedade de estágio a ser cumprido em território nacional, pretende-se evitar os abusos anteriores, com a indiscriminada saída de crianças nacionais para outros países, sem maiores garantias.

Portanto, assim como a adoção nacional é irrevogável a

adoção internacional também o é. Ainda, visando dar mais segurança à adoção

internacional e impedir o tráfico de crianças é que constata-se a complexidade dessa

modalidade de adoção.

3.6 ADOÇÃO DO NASCITURO

Sobre o conceito de nascituro e sobre a corrente

concepcionista, descrevem Flávio Tartuce e José Fernando Simão175:

[...] Como se sabe, o nascituro é aquele que foi concedido, mas ainda não nasceu, sendo certo que o consideramos como pessoa humana, já que estes autores seguem a corrente concepcionista. Assim sendo, somos totalmente favoráveis à tese de Silmara Juny Chinellato pela possibilidade dessa adoção, como forma de tutela

173 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de família.8.ed.Rio de Janeiro: Forense, 2012.p. 528- 529. 174 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de família.8.ed.Rio de Janeiro: Forense, 2012,p.529-530. 175 TARTUCE, Flávio; SIMÃO, José Fernando. Direito civil: direito de família. 7.ed. São Paulo:

Método,2012.p. 386.

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dos direitos de quarta geração da pessoa humana (Adoção..., 2003, p. 355).

Diante do exposto, refere-se que considerando a corrente

concepcionista, o nascituro que já foi concedido, mas ainda não nasceu, tem a

possibilidade de ser adotado. Assim, referidos autores referem que se o nascituro é

considerado pessoa, este também possui direitos, não podendo ter afastado seu

direito de ser adotado, conforme escrevem176:

De fato, se o nascituro é pessoa, tendo direitos da personalidade (personalidade jurídica formal), não há que se afastar a possibilidade de sua adoção. Nesse sentido, repise-se que o nascituro tem direito aos alimentos, à imagem, à honra, à intimidade, à investigação de paternidade (TARTUCE, Flávio. A situação jurídica..., Questões controvertidas...., 2007, v. 6, p. 83-104).

Assim, sobre esta modalidade de adoção destacam Flávio

Tartuce e José Fernando Simão177:

Concluindo, não há como concordar com o entendimento ainda majoritário de que a adoção a nascituro não seria possível, pois não há norma autorizadora para tanto. Ora, a norma autorizadora é o ECA, conforme defende a Professora Silmara Chinelato. Eis aqui um sério cochilo de esquecimento do legislador da Lei 12.010/2009, que deveria ter regulamentado a questão, deixando-a a mercê da variação doutrinária e jurisprudencial.

Então, diante da falta de norma pelo ECA à regulamentar a

adoção do nascituro, deve este ficar sob os cuidados da doutrina e da

jurisprudência.

176 TARTUCE, Flávio; SIMÃO, José Fernando. Direito civil: direito de família. 7.ed. São Paulo:

Método,2012.p. 386. 177 TARTUCE, Flávio; SIMÃO, José Fernando. Direito civil: direito de família. 7.ed. São Paulo:

Método,2012.p.386.

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Os autores Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho178

sobre tal tema asseveram que: “No que toca à adoção do nascituro, a matéria

experimenta um grau de complexidade maior, após a entrada em vigor do Código

Civil de 2002, que não reproduziu o art. 372 do Código Revogado.179”

Assim, é o autor Carlos Teixeira Giorgis apud pelos autores

Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho180:

O catálogo protetivo dos infantes recomenda um estágio de convivência entre o adotante e o adotado, o que se revela incompatível em relação a um ser enclausurado no corpo feminino; ademais, sendo a sobrevivência do nascituro mera cogitação, a adoção não pode se atrelada a acontecimento incerto, o que conflitaria com a própria natureza do regime que aspira um parentesco definitivo e irrevogável. Como o legislador não quis reproduzir o alcance imaginado pelo decreto revogado, não cabe ao intérprete dar amplitude ao que foi restringido. A adoção do nascituro, então, não se encontra mais autorizada pelo sistema jurídico em vigor.181

Assim, refere os autores pela inadmissibilidade da adoção do

nascituro frente à impossibilidade de providenciar a este o tão importante e

fundamental estágio de convivência182.

Ademais, a autora Maria Berenice Dias183 complementa: “Não

há mais, como sustentar a possibilidade de adoção antes mesmo do nascimento. Às

claras configuraria uma adoção intuitu personae.”

Assim, destacam esses últimos autores acima, pela

inadmissibilidade da adoção do nascituro.

178 GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo curso de direito civil: direito de

família: as famílias em perspectiva constitucional.São Paulo: Saraiva, 2011.p.663. 179 CC-16, art. 373. “Não se pode adotar sem o consentimento do adotado ou de seu representante

legal se for incapaz ou nascituro”. 180 GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo curso de direito civil: direito de

família: as famílias em perspectiva constitucional.São Paulo: Saraiva, 2012.p.674. 181GIORGIS, José Carlos Teixeira, A adoção do nascituro. Disponível em:

<http://www.ibdfam.org.br/?artigos&artigo=306>. Acesso em: 23 set. 2010. 182GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo curso de direito civil: direito de

família. São Paulo: Saraiva, 2011.p.664.v.6. 183 DIAS, Maria Berenice. Manual de direitos de famílias. 7.ed.São Paulo: Revista dos Tribunais,

2010.p.490.

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3.7 ADOÇÃO INTUITU PERSONAE

A adoção intuitu personae, também conhecida como direta ou

dirigida é aquela em que os pais biológicos, expressam sua vontade de que seu

filho(a), seja adotado por pessoa(s) específicas, indicadas por aqueles.184

A autora Maria Berenice Dias185 define tal tipo de adoção:

“Chama-se de adoção intuitu personae quando há desejo da mãe de entregar o filho

a determinada pessoa. Também é assim chamada a determinação de alguém em

adotar uma certa criança”.

O autor Rolf Madaleno186 assim a define:

[...] aquela em que os pais dão consentimento para a adoção em relação à determinada pessoa, identificada como pessoa certa ou para um casal específico [...].

Problema que mantém íntima relação com a “adoção à brasileira”, é o do prévio acerto entre os adotantes e os pais do adotado, para que este seja dado em adoção àqueles, procedimento esse que vamos denominar de adoção intuitu personae..

Observa-se que, na adoção intuitu personae não há a prévia

inscrição no cadastro nacional da adoção, sendo esta adoção uma exceção a tal

requisito legal.187

Refere-se que, a Lei nº 12.010/09188 alterou o ECA no art. 50,

acrescentando neste o §13:

184 DIAS, Maria Berenice. Manual de direitos de famílias. 7.ed.São Paulo: Revista dos Tribunais,

2010.p.486-487. 185 DIAS, Maria Berenice. Manual de direitos de famílias. 7.ed.São Paulo: Revista dos Tribunais,

2010.p.486-487. 186 MADALENO, Rolf. Curso de direito de família. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2008.p. 485. 187 COELHO, Bruna Fernandes, A adoção intuitu personae sob a égide da lei nº 12.010/09.

Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=9265>. Acesso em: 20 maio 2014.

188 BRASIL. Lei n. 12.010. 03 ago. 2009. Dispõe sobre adoção. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l12010.htm>. Acesso 14 jun. 2014.

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§ 13 Somente poderá ser deferida adoção em favor de candidato domiciliado no Brasil não cadastrado previamente nos termos desta Lei quando:

I - se tratar de pedido de adoção unilateral;

II - for formulada por parente com o qual a criança ou adolescente mantenha vínculos de afinidade e afetividade;

III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda legal de criança maior de 3 (três) anos ou adolescente, desde que o lapso de tempo de convivência comprove a fixação de laços de afinidade e afetividade, e não seja constatada a ocorrência de má-fé ou qualquer das situações previstas nos arts. 237 ou 238 desta Lei.

Assim, reduziu as hipóteses legais para a realização da adoção

intuitu personae, admitindo a quando se tratar de adoção unilateral; quando o

adotante for parente e o adotado já tiver vínculos de afinidade e afetivos com aquele;

bem como, quando o adotante for o detentor da tutela ou da guarda legal do adotado

e este já for maior de 3 anos, e demais requisitos.

Maria Berenice Dias189assevera quanto aos motivos da adoção

intuitu personae:

As circunstâncias são variadas. Há quem busque adotar o recém-nascido que encontra no lixo. Também há esse desejo quando surge um vínculo afetivo entre quem trabalha ou desenvolve serviço voluntário com uma criança abrigada na instituição.

Portanto, tantos são os motivos para a adoção intuitu

personae, sempre ligada ao vínculo afetivo que existe entre o adotante e adotado.

A autora Maria Berenice Dias190, argumenta favoravelmente à

esse tipo de adoção, conforme expõe:

E nada, absolutamente nada, deveria impedir a mãe de escolher a quem entregar o seu filho. Às vezes é a patroa, às vezes uma vizinha, em outros casos é um casal de amigos, que têm certa

189 DIAS, Maria Berenice. Manual de direitos de famílias. 7.ed.São Paulo: Revista dos Tribunais,

2010.p.487. 190 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 8. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,

2011.p. 498.

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maneira de ver a vida, ou uma retidão de caráter, que a mãe acha que seriam os pais ideais para o seu filho.

Portanto, refere a autora que se faz importante essa escolha

direita dos pais biológicos em escolher a quem querem que crie seu filho(a).

3.8 ADOÇÃO HOMOAFETIVA

A adoção homoafetiva, ou seja, a adoção realizada por duas

pessoas do mesmo sexo, ainda continua causando polêmicas, ante o entendimento

de que como os adotantes não se tratam de uma entidade familiar como estabelece

a lei, tal adoção deveria ser indeferida, entendimento esse que vem sendo alterado

nos últimos anos.191

O autor Carlos Roberto Gonçalves192 escreve que: “O Código

Civil não prevê a adoção por casais homessexuais porque a união estável só é

permitida entre homem e mulher (CC, art. 1,723; CF, art. 226, §3º) [...].”

As lições de Roger Raupp Rios apud Flávio Tartuce e José

Fernando Simão193:

Dado que a finalidade da adoção é propiciar ao adotado as melhores condições de desenvolvimento humano e de realização pessoal, rejeitar esta possibilidade por casais homossexuais é restringir de modo injustificado o instituto da adoção. Esta diminuição das chances de encontrar ambiente familiar positivo viola frontalmente os deveres de cuidado e de proteção que a Constituição exige do Estado e da sociedade. Mais grave ainda: invoca-se a proteção da criança como pretexto para, em prejuízo dela mesma, fazer prevalecer mais uma das manifestações do preconceito heterossexista (Adoção..., Jornal Carta...2009. Disponível em: HTTP://www.cartaforense.com.br/Materia.aspx?id=4233. Acesso em: 11 nov. 2009)

Portanto, como exposto acima, o indeferimento da adoção por

casal homoafetivo, é um modo de fazer prevalecer o preconceito, ainda restringindo

191 TARTUCE, Flávio; SIMÃO, José Fernando. Direito civil: direito de família. 7.ed. São Pulo:

Método, 2012.p.374. 192 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro.6.ed.São Paulo: Saraiva, 2009.p.348. 193 TARTUCE, Flávio; SIMÃO, José Fernando. Direito civil: direito de família. 7.ed. São Pulo:

Método, 2012.p.377.

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sem justificativa a adoção, impossibilitando a finalidade desta, qual seja, de propiciar

aquele que for adotado melhores condições de vida.

Maria Berenice Dias194 menciona que:

Começou de forma tímida a ser concedida a adoção, sem haver a necessidade de o candidato ocultar sua orientação sexual quando da habilitação. O curioso é que não se questiona ao pretendente se ele mantém relacionamento homoafeitvo. Não é feito o estudo social com o parceiro, deixando-se de atentar para o fato de que a criança irá viver em lar constituído por pessoas do mesmo sexo. Logo, a habilitação é deficiente e incompleta, deixando de atentar aos prevalentes interesses do adotando.

Desse modo, a autora referida acima constata que há falha no

processo da adoção homoafetiva, já que não é realizado o estudo social com o

parceiro, concluindo que por ser incompleta, à vezes não se atenta pela prevalência

do melhor interesse do adotado.

3.9 ADOÇÃO PÓSTUMA

Essa modalidade de adoção trata sobre a adoção após a morte

do adotante, já que evidenciado, em quanto vivo, o firme propósito que este tinha em

adotar195. Este tipo de adoção está previsto no art. 42, §6º do ECA, que assim

dispõe:

Art. 42...

§6º A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer no curso do procedimento, antes de prolatada a sentença.

Fábio Ulhoa Coelho196 assevera que:

Se o adotante, depois de manifestar inequivocamente a vontade de adotar, vier a falecer antes do fim do processo judicial, o juiz poderá

194 DIAS, Maria Berenice. Manual de direitos de famílias. 7.ed.São Paulo: Revista dos Tribunais,

2010.p.487-488. 195 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de família.8.ed.Rio de Janeiro: Forense, 2011.p.530. 196 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil: família, sucessões.4.ed.São Paulo: Saraiva,

2011.p.184.v.5.

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deferir a adoção. Nesse caso, retroagem à data os seus efeitos (ECA, arts. 42, §6º, e 47, §7º).

No mesmo sentido Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona

Filho197 conceituam a adoção “post mortem”:

Denomina-se adoção “post mortem” ou adoção póstuma aquela concedida após inequívoca manifestação de vontade do adotante, mas concluída após o seu falecimento (§6º, art. 42).

Trata-se, em nosso sentir, de uma medida de justiça, em respeito à pessoa que, tendo iniciado o procedimento de adoção, segundo a sua livre manifestação de vontade, teve a vida ceifada pelas mãos do destino, antes da prolação da sentença

Carlos Roberto Gonçalves198 ainda escreve sobre esse tipo de

adoção:

A adoção post mortem, introduzida no nosso ordenamento jurídico pelo §5º do art. 42 do Estatuto da Criança e do Adolescente, também foi contemplada na primeira parte do art. 1.628 do Código Civil de 2002, verbis: “Os efeitos da adoção começam a partir do trânsito em julgado da sentença, exceto se o adotante vier a falecer o curso do procedimento, caso em que terá força retroativa à data do óbito”.

Refere-se que com o advindo da Lei nº 12.010/09, o antigo §5º

do art. 42 do ECA, passou a ser o §6º, dispondo a mesma redação, ademais, o art.

1.628 do CC trata sobre os efeitos da adoção, que começam a partir da sentença do

trânsito em julgado, com exceção à adoção póstuma que terá seus efeitos

retroativos à data da morte do adotante.

Afirma Rizzardo199 que é necessário para se caracterizar a

adoção póstuma a análise e presença de alguns elementos:

O primeiro deles consiste, justamente, na prova do intento revelado pela pessoa à qual se busca outorgar o estado de adotante, em adotar, e que não se efetuou essa pretensão em razão de circunstância ou fato alheio à sua vontade, como a morte inesperada.

197 GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo curso de direito civil: direito de

família: as famílias em perspectiva constitucional.São Paulo: Saraiva, 2011.p.662-663. 198 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro.6.ed.São Paulo: Saraiva, 2009.p.355. 199 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de família.8.ed.Rio de Janeiro: Forense, 2011.p.530.

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Assim, faz-se necessária a comprovação de que aquele que

veio a falecer, possuísse o interesse em adotar, não se realizando tal pretensão

frente à morte.

Aponta-se como meio de prova a revelação da ligação

socioafetiva que existia antes da morte do adotante, e o que tem interesse em ser

adotado, quais sejam o tratamento de filho que era dado ao pretenso adotado, pela

assistência, dependência econômica, convivência familiar, servindo isso como

evidência da vontade que detinha o adotante falecido em adotar200.

Sobre esse tema Maria Berenice Dias201 escreve:

A sentença de adoção possui eficácia constitutiva e seus efeitos começam a fluir a partir do trânsito em julgado da sentença (ex nunc), não produzindo efeito retroativo. Contudo, a lei abre exceção na hipótese do falecimento do adotante, no curso do processo: o efeito da sentença retroage à data do falecimento.

Ademais, sobre a ação de adoção póstuma assevera

Rizzardo202:

A ação de adoção póstuma será proposta por quem pretende ser adotado, assistido ou representado pelo outro progenitor, ou por quem exerce a tutela ou tem a guarda. Mesmo o inventariante do inventário de bens da pessoa falecida, a quem se quer nomear adotante, tem legitimidade ativa para a ação. No pólo passivo ficam os pais ou o pai natural, devendo sempre se encontrar presente o Ministério Público.

No pólo ativo da ação de adoção póstuma podem se

apresentar o pretenso adotado, assistido ou representado, o inventariante dos bens

do falecido, e no pólo passivo os pais ou o pai biológico, sempre com a presença do

Ministério Público.

200 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de família. 8.ed.Rio de Janeiro: Forense, 2011.p.530. 201 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 5.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,

2009.p.443. 202 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de família. 8.ed.Rio de Janeiro: Forense, 2011.p.530-531.

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3.10 ADOÇÃO DE FILHO DE CRIAÇÃO

Outra modalidade de adoção é a chamada filho de “criação”,

sobre esse tema Belmiro Welter apud Maria Berenice Dias203 menciona que:

Quem sempre foi chamado de “filho de criação”, ou seja, aquela criança- normalmente carente- que passa a conviver no seio de uma família, ainda que sabendo da inexistência de vínculo biológico, merece desfrutar de todos os direitos atinentes à filiação.

Entendesse que, aquela criança ou adolescente que passou a

conviver com uma família normalmente e foi assim criado por esta, sendo como filho

fosse, também tem direito aos direitos inerentes à filiação adotiva.

Sobre a consideração da adoção do “filho de criação” a autora

Maria Berenice Dias204 assevera:

A perjorativa complementação “de criação” está mais que na hora de ser abolida. Ainda resiste a jurisprudência em admitir a quem foi criado como filho – daí filho “de criação”- que proponha ação de declaratória de paternidade afetiva, o que nada mais é do que uma forma de buscar a adoção. Ao menos já foi reconhecido o direito do pai “de criação” de receber a indenização pela morte de quem criava como filho.

Assim, o filho de “criação” caso queira poderá propor a

chamada ação declaratória de paternidade afetiva, para que seja considerada a

adoção entre este e o pai/mãe de criação.

Esse capítulo analisou e identificou as modalidades de adoção

constantes no ordenamento jurídico brasileiro, apresentando seus conceitos e suas

peculiaridades, as modalidades de adoção abordadas foram: adoção de maiores,

adoção unilateral, adoção bilateral, adoção à brasileira, adoção internacional,

adoção do nascituro, adoção intuitu personae, adoção homoafetiva, adoção póstuma

e adoção “filho de criação”.

203DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 7.ed.São Paulo: Revista dos tribunais,

2010.p.490. 204 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias.7.ed.São Paulo: Revista dos tribunais,

2010.p.490.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho monográfico que ora se encerra, teve como tese

central de análise o instituto da adoção, com um enfoque em suas modalidades no

ordenamento jurídico brasileiro.

Constatou-se que a temática escolhida justificou-se em razão

da importância do tema, bem como da sua aplicabilidade na atualidade no direito

civil brasileiro, diante da constante evolução do instituto da adoção no Brasil.

Assim, e de acordo com o desenvolvimento do trabalho, no

primeiro capítulo, fez-se o estudo sobre o conceito de Direito de Família, as

considerações históricas e gerais sobre o instituto da adoção.

Já no segundo capítulo tratou-se da adoção no ordenamento

jurídico brasileiro, o conceito da adoção, seus requisitos quais sejam: inviabilidade

da manutenção na família natural ou extensa, vantagens para o adotado, idade,

processo judicial, estágio de convivência e consentimento. Ademais, foram

abordados nesse capítulo os efeitos da adoção, o cadastro nacional da adoção, a

irrevogabilidade deste instituto, bem como, sua função social.

No terceiro e último capítulo, tratou-se das modalidades de

adoção no ordenamento jurídico brasileiro, tais quais: adoção de maiores, adoção

unilateral, adoção bilateral, adoção à brasileira, adoção internacional, adoção do

nascituro, adoção intuitu personae, adoção homoafetiva, adoção póstuma e adoção

de “filho de criação”.

Diante dos problemas formulados na introdução do presente

trabalho, e retomando-se as hipóteses de pesquisa, quais sejam:

a) Entende-se que, as relações de parentesco podem ser

divididas em por afinidade, consangüinidade e civil (adoção). Ademais, a filiação se

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divide em biológica (procriação) ou não biológica, podendo esta ser subdividida em

por substituição, socioafetiva e adotiva;

b) Entende-se que, adoção é um instituto que cria uma ligação

jurídica de parentesco civil, de filiação, entre o adotante e o adotado;

c) Entende-se que, as modalidades de adoção admitidas e

reconhecidas no ordenamento jurídico brasileiro são: adoção de maiores, adoção

unilateral, adoção bilateral, adoção à brasileira, adoção internacional, adoção do

nascituro, adoção intuitu personae, adoção homoafetiva, adoção póstuma e adoção

de “filho de criação”; contatou-se que todas as hipóteses foram confirmadas no

decorrer da pesquisa.

Assim, a presente considerações finais desta monografia traz

pontos conclusivos acerca das modalidades de adoção presentes no ordenamento

jurídico brasileiro. Essa pesquisa pretendeu analisar tal instituto no âmbito jurídico

brasileiro, a qual identificou as seguintes modalidades de adoção: adoção de

maiores, adoção unilateral, adoção bilateral, adoção à brasileira, adoção

internacional, adoção do nascituro, adoção intuitu personae, adoção homoafetiva,

adoção póstuma e adoção de “filho de criação”.

Ademais, visou-se trazer as definições e conceitos, bem como

as características e peculiaridades das modalidades de adoção identificadas no

atual ordenamento jurídico brasileiro, a fim de analisar tal instituto de forma ampla e

geral.

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REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS

BRASIL. Lei n. 3.133/57. 08 de maio de 1957. Atualiza o instituto da adoção prescrita no Código Civil. Disponível em: <http://www3.dataprev.gov.br/sislex/paginas/42/1957/3133.htm>. Acesso 15 junho 2014.

BRASIL. Lei n. 4.655/65. 02 de jun. de 1965. Dispõe sobre legitimação adotiva. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1950-1969/L4655.htm>. Acesso 14 junho 2014.

BRASIL. Lei n. 8.069. 13 de jul. 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm>. Acesso 14 jun 2014.

BRASIL. Lei n. 12.010. 03 de ago. 2009. Dispõe sobre adoção. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l12010.htm>. Acesso 14 jun. 2014.

CABRAL, Hildeliza Lacerda Tinoco Boechat; ANDRADE, Nilda Siqueira. Ponderação de interesses e (irrevogabilidade) da adoção. Disponível em: <http://www.mp.ce.gov.br/orgaos/CAOCC/dirFamila/artigos/Pond.Interesses.e.Irrevog.Adocao.pdf>. Acesso 13 de set 2013.

Cartilha do cadastro nacional de adoção. Disponível em: <https://docs.google.com/file/d/0B07dBjrvRMbIYTUyZDIyZWYtZGFiMS00YWExLWFmMjMtZmQwZmRjMDlmODE5/edit?hl=en_US&pli=1>. Acesso 11 maio 2014.

COELHO, Bruna Fernandes. A adoção intuitu personae sob a égide da lei nº 12.010/09. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=9265>. Acesso 20 maio 2014.

COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil: família- sucessões. 4.ed. São Paulo: Saraiva, 2011.v.5.

DIAS, Maria Berenice. Adoção e a espera de amor. Disponível em: <http://www.mbdias.com.br/himpressao.aspx?HArtigos,28>. Acesso 11 maio 2014.

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