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1 As dificuldades ergonômicas do mundo moderno no cotidiano de idosos com mobilidade reduzida e cadeirantes paraplégicos dentro e fora de suas residências. Abdias Mota Barros ¹ e-mail:[email protected] Dayana Priscila Maia Mejia ² Pós-graduação em Ergonomia: Produtos e Processo Faculdade Ávila. Resumo O presente artigo propõe rever a bibliografia do perfil da acessibilidade das pessoas com deficiências e mobilidade reduzida, no mundo moderno, sob um olhar crítico da ergonomia, especificamente: os idosos com mobilidade reduzida e os cadeirantes paraplégicos. Apontando as dificuldades ergonômicas do mundo moderno, e como esta, influencia as interfaces idosos e cadeirantes paraplégicos, dentro e fora de suas residências, propondo também demonstrar como a visão do ergonomista oferece subsídios para a melhoria da sua qualidade de vida. Aborda como as leis vigentes sobre acessibilidade das pessoas com deficiência e mobilidade reduzida está amparando este público, em seu direito constitucional de ir e vir. E comenta como as barreiras arquitetônicas influenciam neste cotidiano. Os objetivos gerais e específicos foram atingidos com este artigo. Palavras-chave: Mobilidade Reduzida; Acessibilidade e Qualidade de Vida. Introdução Este artigo visa descrever sob o ponto de vista da ergonomia como está o perfil do idoso com mobilidade reduzida e do cadeirante paraplégico, no que diz respeito a sua acessibilidade, sendo esta a meta a ser alcançada pelo autor em seu objetivo geral. E de uma forma secundária dentro dos objetivos específicos, foram pesquisados: - Um perfil das principais dificuldades ergonômicas encontradas por idosos com mobilidade reduzida e cadeirantes paraplégicos, dentro e fora de suas residências; - Sobre acessibilidade de idosos com mobilidade reduzida e cadeirantes paraplégicos. - Como a visão do ergonomista pode influenciar na melhoria de qualidade de vida destes dois grupos, baseando-se em princípios de acessibilidade. _______________________ ¹ Pós-graduando em Ergonomia: Produtos e Processos. ² Orientadora. Graduada em Fisioterapia. Especialista em metodologia do ensino superior. Mestrando em bioética e direito em saúde.

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As dificuldades ergonômicas do mundo moderno no cotidiano de idosos

com mobilidade reduzida e cadeirantes paraplégicos dentro e fora de

suas residências.

Abdias Mota Barros ¹

e-mail:[email protected] Dayana Priscila Maia Mejia ²

Pós-graduação em Ergonomia: Produtos e Processo – Faculdade Ávila.

Resumo

O presente artigo propõe rever a bibliografia do perfil da acessibilidade das pessoas com

deficiências e mobilidade reduzida, no mundo moderno, sob um olhar crítico da ergonomia,

especificamente: os idosos com mobilidade reduzida e os cadeirantes paraplégicos. Apontando as

dificuldades ergonômicas do mundo moderno, e como esta, influencia as interfaces idosos e

cadeirantes paraplégicos, dentro e fora de suas residências, propondo também demonstrar como a

visão do ergonomista oferece subsídios para a melhoria da sua qualidade de vida. Aborda como

as leis vigentes sobre acessibilidade das pessoas com deficiência e mobilidade reduzida está

amparando este público, em seu direito constitucional de ir e vir. E comenta como as barreiras

arquitetônicas influenciam neste cotidiano. Os objetivos gerais e específicos foram atingidos com

este artigo.

Palavras-chave: Mobilidade Reduzida; Acessibilidade e Qualidade de Vida.

Introdução

Este artigo visa descrever sob o ponto de vista da ergonomia como está o perfil do idoso com

mobilidade reduzida e do cadeirante paraplégico, no que diz respeito a sua acessibilidade, sendo

esta a meta a ser alcançada pelo autor em seu objetivo geral. E de uma forma secundária dentro

dos objetivos específicos, foram pesquisados:

- Um perfil das principais dificuldades ergonômicas encontradas por idosos com mobilidade

reduzida e cadeirantes paraplégicos, dentro e fora de suas residências;

- Sobre acessibilidade de idosos com mobilidade reduzida e cadeirantes paraplégicos.

- Como a visão do ergonomista pode influenciar na melhoria de qualidade de vida destes dois

grupos, baseando-se em princípios de acessibilidade.

_______________________

¹ Pós-graduando em Ergonomia: Produtos e Processos. ² Orientadora. Graduada em Fisioterapia. Especialista em metodologia do ensino superior. Mestrando em bioética e direito em saúde.

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Em busca de alcançar estes objetivos, foi realizada uma revisão bibliográfica sobre o tema

proposto, e diverso são os fatores que delimitam a acessibilidade para o grupo em questão.

No mundo moderno, inúmeras são as barreiras arquitetônicas enfrentadas por idosos que possuem

mobilidade reduzida e cadeirantes paraplégicos, no seu cotidiano de vida; e que influenciam direta

e indiretamente em sua qualidade de vida, de um modo geral. Percebe-se que estas barreiras não

estão limitadas somente no ambiente externo de suas residências, pelo contrário, estas dificuldades

de acessibilidade iniciam no interior de suas próprias moradias e espalham-se por todos os outros

ambientes: ruas, edifícios públicos e privados, trabalho, escola, dentre outros. Esta situação

prejudica e muito a qualidade de vida destes cidadãos e vai de encontro ao direito de ir e vir

garantido na Constituição Federal de nosso país. Segundo Carvalho (2001), em vários segmentos

da sociedade é notória as inúmeras dificuldades sociais e econômicas enfrentadas pelo portador de

deficiências e de mobilidade reduzida. Sendo que as barreiras, principalmente físicas, encontradas

por grande parte destas pessoas estão presentes em suas próprias residências, e seguem para áreas

públicas e ambientes de trabalho. Segundo a Organização Mundial de Saúde, nos últimos anos

várias iniciativas, programas e planos de ação foram desenvolvidos com o intuito de melhorar a

qualidade de vida de pessoas com deficiências e mobilidade reduzida. Em relatório divulgado

recentemente, foi possível descrever um cenário geral da situação de pessoas com deficiência em

todo o mundo. Embora tenham sido identificados alguns progressos nesta área, em muitos casos,

a intenção de gerar melhorias é muito maior que a ação em si. Prova disto é visto no Brasil, aonde

o governo federal vem procurando criar planos de ação como o Minha casa minha Vida,

procurando oferecer recursos aos Estados onde a habitação dos cidadãos encontra-se em áreas de

Risco, mas isto ainda não é o suficiente para combater a acessibilidade no que diz respeito às

barreiras arquitetônicas dos idosos que possuem mobilidade reduzida , bem como os cadeirantes

paraplégicos , os quais ambos ficam a mercê de ajuda de terceiros para poderem se locomover com

dignidade. Já o panorama desta situação no Norte do País, especificamente o Estado do Amazonas,

vem se destacando no plenário do País, buscando oferecer políticas de Proteção e incentivo a

Qualidade de Vida destas pessoas. Um dos passos foi à criação recentemente da Secretaria de

Estado de Pessoas com Deficiência (SEPED - AM), e que recentemente está trabalhando em prol

deste publico, através de diversas ações, podendo citar como uma delas o Projeto Viver Melhor

Habitação, que se propõem a oferecer uma melhoria da Qualidade de Vida às pessoas com

Deficiência e com Mobilidade Reduzida, através de adaptações ergonômicas em suas moradias.

Mas como já citado anteriormente, isto ainda está longe de ser o ideal, pois esbarra nas diversas

barreiras arquitetônicas, criadas pelo próprio homem no decorrer da busca do Progresso, sem se

falar das barreiras naturais inerentes a este região, tanto na capital, a cidade de Manaus, como

principalmente nas cidades ribeirinhas do interior do Estado do Amazonas. Mas pelo menos, isto

é um começo de uma grande trajetória em busca de melhorias para estes cidadãos, a ser percorrida

por todos nós. Haja vista, que estas melhorias da acessibilidade, não ficam restritas a este público

em questão, pelo contrário, abrange toda a sociedade, propiciando a melhora da Qualidade de Vida

de todos, com a implantação deste tipo de Política Pública.

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1.0 Fundamentação teórica

No Brasil, o crescimento do número de idosos tem sido gradual e em ritmo similar à maioria

dos países subdesenvolvidos. Conforme dados do IBGE, a população com 65 anos e mais, em

1940, era de 2,38% (equivalente a 980 mil), e saltou em 1991 para 4,83% (7.086 milhões). A

projeção, segundo a mesma fonte, é que passe a 5,12% em 2000 (8.658 milhões

aproximadamente), 5,83% em 2010 (11.192 milhões) e 7,64% em 2020 (16.224 milhões).

(BERQUÓ, 1999).

O envelhecimento é um processo de modificações morfológicas, fisiológicas, bioquímicas e

psicológicas, que progressivamente acomete as capacidades de adaptação do indivíduo ao meio

ambiente. O envelhecimento é um processo dinâmico e progressivo, com o declínio das

funções orgânicas que por sua vez pode manifestar-se em ritmos variados em pessoas da

mesma idade por estar relacionada a condições de vida diferentes na população (PAPALÉO

2002). E juntamente com o envelhecimento vem à mobilidade reduzida, que é um fator

preocupante nos tempos modernos haja vista que a acessibilidade de nossas cidades estão

precárias para que idosos com mobilidade reduzida e cadeirantes paraplégicos possam se

locomover livremente a todos os lugares, e no momento que desejarem.

Os idosos de acordo com o próprio processo natural da envelhescência, já por si só precisa de

um ambiente que o propicie melhor segurança, ausência de obstáculos, melhora da iluminação,

presença de barras de apoio em locais de rampas, bem como adequações em sua moradia,

como, por exemplo, barras de apoio no banheiro, próximo ao vaso sanitário e boxe, piso

antiderrapante, principalmente no banheiro, alargamento das portas do banheiro e quartos em

caso do mesmo necessitar de uma cadeira de rodas ou uma cadeira de higienização no banheiro,

pois se sabe que este tem também a diminuição do equilíbrio, e ou possui uma hipotrofia ou

hipotonia em seus músculos de uma forma geral, gerando também diminuição de força

muscular.

Com a valorização e reconhecimento da convivência com a diversidade, o termo acessibilidade

tem sido utilizado para garantir que todas as pessoas tenham acesso a todas as áreas do seu

convívio. Estas áreas estão relacionadas aos espaços mobiliários, equipamentos urbanos,

sistemas e meios de comunicação e informação (FERNANDES 2008).

Vale ressaltar para fins deste trabalho que segundo a NBR 9050, o termo deficiência significa

“redução, limitação ou inexistência das condições de percepção das características do ambiente

ou de mobilidade e de utilização de edificações, espaço, mobiliário, equipamento urbano e

elementos, em caráter temporário ou permanente”.

Sabe-se que diversos são os ambientes de interação do ser humano, no entanto a moradia pode

ser considerada como a principal. Neste espaço particular o homem se apropria do espaço,

impondo as sua necessidades, buscando encontrar sua identidade, fazendo prevalecer seu

direito a privacidade e ao convívio familiar (SANTOS apud CÍRICO, 2001).

A Lei da Acessibilidade, n° 10.098, de 2000, relata sobre as normas gerais e critérios básicos

com o intuito de promover a acessibilidade das pessoas com deficiência ou com mobilidade

reduzida. Para fins desta lei é dada a definição de acessibilidade: “Possibilidade e condição de

alcance para utilização, com segurança e autonomia, dos espaços, mobiliários e equipamentos

urbanos, das edificações, dos transportes e dos sistemas de comunicação, por pessoa portadora

de deficiência ou com mobilidade reduzida”.

Atualmente, a inclusão dos indivíduos com lesão medular na sociedade tem aumentado a cada

dia, tornando indispensável o uso de cadeiras de rodas como meio de locomoção e

independência. Assim, as transferências fazem parte do cotidiano dos paraplégicos

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independentes. Estes em média realizam aproximadamente 14 a 18 transferências por dia. Seja

ela da cadeira de rodas, da cama, do carro, de tablados, cadeiras de banhos e vasos sanitários

adaptados. 3

As lesões medulares são cada vez mais frequentes, devido

principalmente ao aumento da violência urbana. Dentre as causas o

acidente de trânsito e agressão por armas de fogo são as mais

comuns. Os pacientes acometidos, em sua maioria, são jovens, do

sexo masculino, solteiros e residentes em áreas urbanas1. Tais

lesões levam uma incapacidade de alto custo para o governo, e

acarretam importantes alterações no estilo de vida do paciente. Ela

causa perda parcial ou total da motricidade e sensibilidade, além de

comprometimento vasomotor, intestinal, vesical, sexual.

(JANAINA VALL, 2006).

Para ambos os públicos (idosos com mobilidade reduzida e cadeirantes paraplégicos), o que

vem se procurando com a acessibilidade no mundo moderno é a melhoria da qualidade de vida

da população.

Qualidade de vida é uma expressão de natureza muito questionada entre pesquisadores de

diferentes áreas, e tem um espaço cada vez maior dentre as políticas de intervenção pública da

saúde para a população como um todo. Apesar deste impacto nestas políticas, as pessoas não

conseguem ter uma definição ou conceito universal. Alguns autores defendem a teoria de que

todas as pessoas tem um plano para sua vida e a qualidade de vida seria a diferença entre as

esperanças e expectativas do indivíduo e a realidade presente; quanto menor esta diferença,

melhor a qualidade de vida4. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), qualidade de

vida é a percepção do indivíduo em relação a sua posição na vida, no contexto da cultura e do

sistema de valores nos quais vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e

preocupações. Essa definição inclui seis domínios principais: saúde física, estado psicológico,

níveis de independência, relacionamento social, características ambientais e padrão espiritual5.

2.1. Barreiras Arquitetônicas.

As barreiras arquitetônicas nos grandes centros urbanos é o que infelizmente dificulta a

acessibilidade para toda a sociedade, mas quem fica no prejuízo maior são os idosos que

possuem mobilidade reduzida e os cadeirantes. A fim de minimizar esta situação já se fala há

muito tempo que as cidades tenham em seus ambientes o desenho universal.

Especificamente as particularidades da região Norte, contribuem para aumentar mais ainda as

barreiras para a locomoção deste público. O grande número de rios, onde o transporte entre as

cidades se dão por vias aérea (mais caro) e fluviais, através de embarcações regionais que

trafegam por estes grandes rios (barcos, voadeiras, expresso, um tipo de lancha rápida) que é

mais em conta para a população de uma forma geral. No entanto nestes transportes a

acessibilidade para idosos com mobilidade reduzida e para cadeirantes paraplégicos é muito

precária, começando no principal porto popular da Capital Amazonense que se localiza na

Avenida Manaus Moderna Neste porto em particular temos vários problemas de acessibilidade:

local inadequado para estacionar os carros, ausência de rampas de acesso para este público,

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ausência de barras de apoio. Existem dois períodos típicos da região, a cheia do Rio (Inverno

Amazonense) e Vazante que ocorre no Verão Amazonense, em ambas as estações os

problemas são inúmeros no que diz respeito à acessibilidade.

Na cheia, apesar das embarcações ficarem mais próximas da Rua principal (Manaus Moderna),

os barcos ficam com a sua entrada muito alta e o trajeto até a embarcação é feita por tábuas

estreitas e com uma enorme inclinação, esta situação é bastante perigosa para as pessoas que

ali tramitam principalmente idosos os quais possuem mobilidade reduzida, diminuição do

equilíbrio, déficit de coordenação e alguns até vertigens, sem se falar no público cadeirante

que para chegar até a embarcação necessita ser carregado no colo de outra pessoa, pois sozinho

na cadeira é impossível chegar até o barco, e quando está dentro do mesmo fica limitado a ficar

no andar de baixo, se não quiser incomodar outra pessoa, sem se falar nas portas dos banheiros

das embarcações serem estreitas e não possuírem barras de apoio e sanitário adequados

ergonomicamente.

No período da vazante, todas as complicações descritas anteriormente no que diz respeito à

acessibilidade se multiplicam, pois nesta estação o rio está com seu volume de água abaixo do

normal, ocasionando o aparecimento de praias (areias) no trajeto até a embarcação. Esta

situação para os dois públicos em questão, idosos e cadeirantes, é muito delicada, pois ambos

terão dificuldade para chegar até a embarcação.

Esta situação das dificuldades de acessibilidade na cidade de Manaus, tanto no período do

inverno, como na vazante do Rio Negro (verão Amazonense), precisa ser encarada pela

administração pública, como um problema sério de Saúde Pública, pois estes fatos já são

conhecidos pela população amazonense, todos os anos, e os políticos sempre falam que vão

resolver, mas, no entanto o que se vê na prática, é a falta de compromisso com os cidadões que

vivem sendo prejudicados em todos os pontos, sendo destacado neste artigo o problema da

acessibilidade para os grupos de idosos e cadeirantes, mas que na verdade é um problema de

toda a sociedade. A seguir o autor colheu algumas figuras da realidade amazonense no que

diz respeito à acessibilidade nos períodos do inverno e verão, onde podemos destacar a cheia

do Rio Negro do ano de 2009 e a Vazante do Rio Negro e Solimões no ano de 2008.

1) Imagens da Cheia do Rio Negro na cidade de Manaus no ano de 2009.

Figura 01

Fonte: Figuras extraídas da internet, cheia do Rio Negro –

cidade de Manaus, 2009.

Perfil da Acessibilidade da Região da Praça da

Matriz no Relógio Central, em uma das cheias do

Rio Negro no ano de 2009. Neste período como

em todas as cheias do Rio Negro (Inverno

Amazonense) foram criadas pontes de madeira

para os pedestres trafegarem.

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Figura 02

Trajeto realizado pela população para chegar até

as embarcações no período de cheia do Rio

Negro em um dos principais portos populares da

Capital Amazonense. Pode ser observado a

presença de pontes improvisadas de madeira sem

nenhum tipo de corrimão, sendo um grande

perigo para as pessoas que precisam se

locomover por meio destas embarcações. Este

perigo aumenta consideravelmente quando nos

referimos à acessibilidade de cadeirantes

paraplégicos e idosos com mobilidade reduzida.

Figura 03.

Acessibilidade de bairros na região da zona

centro sul de Manaus no período da cheia do Rio

Negro.

Figura 04

Imagens da última cheia do Rio Negro na capital

Amazonense, demonstrando que ruas alagadas

na beira da Avenida Manaus Moderna, onde se

localiza um dos principais portos populares da

cidade. Exemplificando que isto é um que a

acessibilidade é um problema de Saúde Pública,

pois nestes períodos de cheia esta fica muito

prejudicada para todos os cidadãos,

independente do grupo sócio econômico que ele

participe.

Fonte: Figuras extraídas da internet, cheia do Rio Negro – cidade de Manaus, 2009.

2) Imagens da Vazante do Rio Negro na Cidade de Manaus em Outubro de 2008.

Figura 05Fonte: Figuras extraídas da internet, vazante do Rio

Negro – cidade de Manaus, 2008.

Somente embarcações pequenas

conseguem chegar mais próximo, mesmo

assim na vazante de outubro de 2008, a

situação chegou a este ponto, até as

pequenas embarcações encalhadas nas

praias do Rio.

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Figura 06

Para se tiver acesso até as embarcações

maiores na vazante do Rio Negro em

outubro de 2008, um grande trajeto a ser

percorrido de areia, em baixo do sol

escaldante de Manaus, nas grandes praias

que se formaram em um dos principais

portos populares de Manaus localizado na

Avenida Manaus Moderna. Esta situação

de acessibilidade fica pior ainda para o

público discutido neste artigo (idosos e

cadeirantes paraplégicos).

Figura 07

Para chegar até a embarcação, depois de

percorrer o grande trajeto na areia, a

acessibilidade para o idoso e para o

cadeirante piora ainda mais, pois eles

precisam passar por pontes (tábuas sem

corrimão) com inclinação bastante

elevada, sem a menor estabilidade para

entrar nas embarcações). E co mo pode ser

observado na foto, às embarcações

possuem mais de um andar, e para acessar

os andares superiores só por meio de

escadas estreitas. Logo mais uma vez

estamos diante de um grave problema de

Saúde Público no contexto da

acessibilidade para idosos com mobilidade

reduzida e cadeirantes paraplégicos.

Figura 08

Grande trajeto percorrido por um cidadão

que deambula, e mesmo assim verificamos

as péssimas condições de acessibilidade,

mesmo para ele, imagine para um idoso e

um cadeirante paraplégico.

Fonte: Figuras extraídas da internet, vazante do Rio Negro – cidade de Manaus, 2008.

Este perfil de acessibilidade para o povo amazonense se repete todos os anos e no interior do

Estado da Amazonas, as cidades ribeirinhas, este problema ainda aumenta mais, pois nem sempre,

temos portos acessíveis para este público. E a situação de déficit de acessibilidade continua com

o principal meio de transporte destas cidades que são as motos e bicicletas, existem mais motos do

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que carros, e o Trânsito é um caos. Inúmeras motos circulando, em muitos casos não existe mão

e contra mão, ausência de sinais de trânsito, condutores inabilitados, que trafegam em alta

velocidade. Com este perfil o numero de acidentes de moto são grandes, e quando não é fatal o

mesmo leva a um aumento de paraplégicos e tetraplégico pós-acidente de trânsito, e infelizmente

a recuperação e retorno a sociedade deste indivíduo se torna precário pela falta de acessibilidade

do paciente em se tratar.

Além das Barreiras arquitetônicas inerentes a Região Amazônica, temos também as Barreiras

arquitetônicas das grandes metrópoles que cresceram de forma desordenada, sem se preocupar

com políticas de Planos de ação baseados em princípios da assebildade, como a colocação em

prática de um plano piloto da cidade, para que a mesma cresça em harmonia com a acessibilidade

de todos e preservando a natureza. No entanto ouvimos falar muito sobre isto em diversos

governos, mas a prática é diferente. O que encontramos são ruas esburacadas, ausência de

calçadas, e quando tem as mesmas possuem muitos desníveis e buracos, falta de rebaixamento

adequado de acordo as Normas da ABNT para as calçadas, grandes avenidas sem faixa de pedestre,

ou sem passarelas, falta de política para Educação de trânsito tanto para os motoristas como para

os pedestres, e fiscalização para que esta política seja cumprida tanto por pedestre como motoristas.

Podemos notar que inúmeras são as barreiras arquitetônicas que dificultam a acessibilidade destes

dois grupos. A ABNT nos reporta situações que devemos nos atentar como ergonomistas voltados

à área de acessibilidade.

A NBRA 9050 da ABNT recomenda o uso de placas de sinalização,

e outros instrumentos que tenham projeção sobre a faixa de

circulação, colocados a uma altura de dois metros do piso. As

informações visuais contidas nas placas devem ter textura,

dimensionamento e contrastes de cor dos textos e das figuras para

que sejam perceptíveis por pessoas com baixa visão. O Código de

Trânsito Brasileiro determina que as faixas de pedestres devam ser

colocadas onde houver demanda de travessia, junto a semáforos,

focos de pedestres, no prolongamento das calçadas e passeios. Um

dos critérios para a colocação das faixas é que em determinado

espaço urbano haja circulação acima de 25 pedestres por minuto. O

rebaixamento nas calçadas deve localizar-se nas esquinas, nos meios

de quadra e nos canteiros divisores de pistas, independente desses

locais terem, ou não, faixas ou semáforo. Não pode haver desnível

entre o término do rebaixamento da calçada e o leito carroçável.

Para que as PCD e as demais pessoas usufruam livre trânsito as

calçadas precisam ter largura mínima de 1,50 metro para circulação

de duas cadeiras de rodas. Havendo rebaixamento da guia, devesse

assegurar uma faixa livre no passeio, além do espaço ocupado pelo

rebaixamento, de no mínimo 0,80 m(6). A presença de calçadas

estreitas, com buracos, desnivelamento, árvores, entulho e lixeiras

atentando contra o livre trânsito e a segurança dos transeuntes

corrobora com outro relato em que a locomoção de pessoas obesas,

idosas e aquelas que fazem uso de cadeira de rodas, de muletas, de

bengalas são dificultadas devido às calçadas estarem ocupadas por

comércios informais, motocicletas e bicicleta. (França et all,2010).

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Nas tabelas abaixo são demonstradas a visão atual da acessibilidade na vertente acesso as

Unidades Básicas de Saúde e que facilmente pode ser vivenciada em diversas áreas de nossas

cidades no Brasil.

DEMONSTRATIVO DE AMBIENTE NÃO ACESSÍVEL PARA PCD NO TECIDO

URBANO DE ACESSO ÀS UBS.

ITENS OBSERVADOS ÍTEN

PRESENTE

%

ÍTEN

AUSENTE %

Acesso urbano n % n %

Semáforos com ou sem botoeiras de start para PCD Física. xxx xxx 20 100

Dispositivo sonoro específico para PCD visual. xxx xxx 20 100

Ruas com sinalização indicando o local da UBS 02 10 18 90

Ruas com rebaixamento de calçada em pontos estratégicos 02 10 18 90

Faixas para pedestres 02 10 18 90

Calçadas esburacadas, desniveladas. 18 90 02 10

Calçadas com largura mínima de 1,5m 18 90 02 10

Árvore, entulho ou lixeira na calçada. 17 85 03 15

Estacionamento privativo para PCD xxx xxx 20 100 Tabela 1. Demonstrativo de Ambiente Não acessível para PCD no tecido urbano de acesso às UBS.

Brasil. 2009.

DEMONSTRATIVO DE AMBIENTE NÃO ACESSÍVEL PARA PCD NO

INTERIOR DAS UBS. ITENS OBSERVADOS ÍTEN

PRESENTE %

ÍTEN

AUSENTE%

ACESSO AO PRÉDIO. n % n %

Escadaria de entrada do prédio 04 20 16 80

Acesso ao interior do prédio 12 60 08 40

ACESSO AO INTERIOR DO PRÉDIO n % n %

Porta de entrada com largura inferior a 80 cm. 06 30 14 70

Piso interno superfície regular, estável, firme e

antiderrapante.

05 25 15 75

Sinalização de acesso aos setores de assistência. xxx xxx 20 100

Espaços reservados para pessoas em cadeiras de rodas. 11 55 09 45

MÓVEIS E EQUIPAMENTOS. n % n %

Balcãos e mesas de trabalho tem altura de 80 cm do piso. 16 80 04 20

Bebedouros com os bicos a uma altura de 80 cm do piso. 09 45 11 55

Filtro de água em mobiliário que dificulta a utilização por

cadeirante.

14 70 06 30

Não disponibiliza bebedouros ou filtros aos usuários 03 15 17 85

Telefones instalados obedecendo à altura entre 80 cm e 100

cm do piso.

09 45 11 55

Disponibilidade de telefone público para os usuários. 12 60 08 40

Recursos digitais, em Braille, para uso por PCD visual. xxx xxx 20 100

INSTALAÇÕES SANITÁRIAS. n % n %

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Sanitários individualizados: feminino, masculino. 07 35 13 65

Sanitário com espaço físico para manobras em linha reta e

rotação de 90 e 180 graus no interior dessas dependências.

07 35 13 65

Porta do sanitário com largura igual ou maior que 70 cm. 01 04 19 96

Sanitário com barras horizontais instaladas. 05 25 15 75

ÁREA DE APROXIMAÇÃO DA BACIA E DO

LAVATÓRIO.

n % n %

Sanitário com dimensão do piso equivalente a um retângulo

de 1,10 por 0,80m junto às peças sanitárias.

06 30 14 70

Bacia sanitária instalada a uma altura de 46 cm do piso 06 30 14 70

Papelaria instalada a uma altura de 40 cm do piso. 08 40 12 60

Disponibilidade de papeleira 05 75 15 25

Válvulas de descarga a 1,0 m do piso. 12 60 08 40

Torneiras do lavatório funcionam sob monocomando. xxx xxx 20 100

Sanitário não possui toalheiro ou saboneteira. 06 30 14 70

Espelhos nas instalações sanitárias. xxx xxx 20 100

Tabela 2. Demonstrativo de Ambiente Não acessível para PCD no interior das UBS. Brasil. 2009.

Figura 5. . Medidas de corredores para locomoção da cadeira de rodas

Fonte: ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas (2004 p. 15)

Analisando estas imagens pode se observar que o espaço mínimo para um corredor em qualquer

situação que se respeite a acessibilidade, quer seja em corredores das residências, repartições

públicas e privadas e até mesmo nas embarcações que trafegam no Rio Amazonas necessitam ter

no mínimo 0,90 cm e o ideal seria de 1,50 a 1,80 de comprimento para que duas cadeiras de rodas

pudessem trafegar sem problemas uma ao lado da outra. Mas a realidade que vemos nos dias

atuais não é esta. Oxalá que pelo menos consigamos que estes corredores tenham pelo menos de

1,20 a 1,50 de comprimento, pois já iria melhorar bastante, pois com estas medições pelo menos

poderia tramitar uma cadeira de rodas e um não cadeirante ao lado sem maiores problemas.

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3. Metodologia

A elaboração deste trabalho se baseou em pesquisa exploratória, classificando-se como uma

revisão de literatura. Foi realizada uma revisão bibliográfica, com pesquisas em livros e artigos

científicos e bases de dados da saúde, foram utilizados livros e artigos de revistas indexadas, em

sites de busca como Scielo, Bireme, Pubmed, Medline, utilizando para a busca as palavras

Acessibilidade mundo moderno; Idoso; Mobilidade Reduzida; Cadeirante Paraplégico; Ergonomia

e Qualidade de Vida.

Os trabalhos pesquisados tiveram como abordagens a acessibilidade e como esta vertente está

interferindo no dia a dia dos idosos com mobilidade reduzida e dos cadeirantes paraplégicos dentro

das grandes cidades brasileiras.

Foi utilizado também como parâmetros para a elaboração deste artigo a experiência prática sob

um olhar crítico do autor, fisioterapeuta pós-graduado em Fisioterapia Cinética Funcional e

ergonomista, no contexto de acessibilidade para deficientes cadeirantes e idosos com mobilidade

reduzida nas visitas técnicas do Projeto Viver Melhor Habitação no período de junho de 2012 a

maio de 2013, associado também à vivência prática das dificuldades referidas por idosos com

mobilidade reduzida atendidos no setor de Fisioterapia/ Hidroterapia do CAIMI Dr. Paulo Lima

para o autor, colhidas no decorrer das diversas conversas entre o mesmo com os idosos desde

outubro de 2008 até maio de 2013, a respeito de acessibilidade para este público ora em questão.

4. Resultados e Discussão

Para fins deste estudo foi realizada uma revisão literária, no período entre Maio de 2011 e Maio

de 2013, sendo selecionados artigos científicos, revista e livros correlacionados com o tema nos

últimos 10 anos, a partir de livros e das bases de dados da Literatura Latino-Americana e do Caribe

em Ciências da Saúde (LILACS) e Literatura Internacional em Ciências da Saúde (MEDLINE),

de pesquisa em bibliotecas e situações extraídas da experiência profissional do autor neste tema,

em seu dia a dia de trabalho. Os resultados alcançados com este artigo servem para oferecer

subsídios necessários para que a sociedade possa conhecer a realidade do cotidiano do público em

questão, com o intuito de intervir na melhoria da sua qualidade de vida, lançando mão da

ergonomia. Este artigo também contribui no que diz respeito da conscientização da sociedade

sobre estes fatos, não ficando esta a par da situação, bem como enfatizar que estas melhorias vão

ser para todos, não se restringindo somente ao público das pessoas discutidas neste artigo, bem

como demonstrar como a ergonomia pode intervir na melhoria da qualidade de vida dos

cadeirantes paraplégicos e idosos com mobilidade reduzida.

Siqueira et al(2007) cita que as barreiras arquitetônicas impostas às pessoas com limitações

temporárias, aos idosos e aos portadores de deficiência são formadas por todas e qualquer barreira

relacionada às construções urbanas ou às edificações. As barreiras impedem o exercício do mais

básico dos direitos de qualquer cidadão, o de deslocar-se livremente. A presença de escadas,

degraus altos, banheiros não adaptados, transporte público inadequado, buracos nas vias públicas,

embarcações ( barcos regionais) com acessos precários, falta de um compromisso maior das

autoridades com as vias públicas e os acessos aos principais portos populares da capital

amazonense. Constitui parte dos inúmeros exemplos que podemos citar como barreiras

arquitetônicas. Esta mesma dificuldade é experimentada nos espaços destinados aos cuidados à

saúde, com prédios adaptados e inadequados às necessidades dos usuários.

Simone Bezerra Alves (2012) destaca que Estudo prévio sobre a acessibilidade de pessoas com

deficiência, realizado pelo seu grupo, constatou que em população maior de 18 anos, incluindo

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idosos, há grande prevalência de pessoas com deficiência física (40%) e mobilidade reduzida

(15,3%), entretanto em menor proporção que quando isolada a amostra de idosos (respectivamente

49,2% e 20,5%)32. Tal fato pode estar relacionado com o aparecimento de doenças crônico-

degenerativas, como diabetes, hipertensão, obesidade, doenças reumáticas, doenças

cardiovasculares, entre outras comuns nessa população30. Essas patologias possuem um longo

período de evolução e provocam limitações funcionais, restrição de movimentos e dificuldades de

deambulação.

A acessibilidade sob a ótica da convenção, o qual foi um tratado internacional, aprovado em

Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) em dezembro de 2006; é um texto dedicado a pessoas

com deficiência assinado pelo Brasil em 30 de março de 2007, ratificado pelo Congresso Nacional

com força de Emenda Constitucional em julho de 2008 sendo Promulgado através do Decreto

Federal 6.949 de 25 de agosto de 2009. (Página 22 da Cartilha da CVM- AM, abril de 2012).

1. Esta acessibilidade visa proporcionar meios que estas pessoas

com deficiência possam viver de forma independente, bem com

o que as mesmas participem também de todos os aspectos da

vida, comprometendo-se os Estados partes a tomarem medidas

apropriadas para assegurar as pessoas com deficiência o acesso

em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, ao meio

físico, ao transporte, à informação e comunicação, inclusive aos

sistemas e tecnologia da informação e comunicação, bem como

a outros serviços e instalações aberto ao público ou de uso

público, tanto na zona urbana como na zona rural. Essas

medidas, que incluirão a identificação e a eliminação de

obstáculos e barreiras ã acessibilidade, serão aplicadas entre

outros a:

a. Edifícios, rodovias, meios de transporte e outras

instalações internas e externas, inclusive escolas,

residências, instalações médicas e locais de trabalho;

b. Informações, comunicações e outros serviços, inclusive

serviços eletrônicos e serviços de emergência;

2. Os Estados Partes também tomarão medidas apropriadas para:

a. Desenvolver, promulgar e monitorar a implementação de

normas e diretrizes mínimas para a acessibilidade das

instalações e dos serviços abertos ao público ou de uso

público;

b. Assegurar que as entidades privadas que oferecem

instalações e serviços abertos ao público ou de uso público

levem em consideração todos os aspectos relativos à

acessibilidade para pessoas com deficiência. (Convenção

ONU 2009, extraída das páginas 30 e 31 do livro Quebrando

barreiras da Cartilha da CVM-Am de SASSAKI, Romeu, 2012).

5.0 Conclusão

O tema discutido neste artigo sobre acessibilidade é muito amplo e atual, e infelizmente pouco

pesquisado. Fazendo parte hoje em dia de um problema que devemos considerá-lo como de Saúde

Pública. Haja vista que a partir do momento que um cidadão se enclausura em suas casas, por estar

na situação de ser um idoso com mobilidade reduzida, ou por ser um cadeirante paraplégico, esta

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situação de saúde passa a Pública, pois se hoje em dia se tem a visão que existem poucos

cadeirantes circulando nas ruas é porque estes estão se privando do seu direito Constitucional

garantido na Constituição Federal da República Federativa do Brasil, que é o de ir e vir. E esta

privação do seu direito é porque o Estado não lhe dá condições dignas de acessibilidade para

transitar livremente, sem depender de terceiros, ou da sorte de não esbarrar com uma barreira

arquitetônica das grandes metrópoles. E esta situação também se repete com o grupo de idosos

que tem mobilidade reduzida. Temos duas opções, acreditar que é possível, transformar esta

sociedade mais humana promovendo este diálogo por não estarmos preparados para lidar com as

adversidades inerentes da envelhescência e das sequelas decorrentes do cadeirante paraplégico e

proporcionar a estes cidadãos as mesmas condições de qualidade de vida ou, calar-se.

Parafraseando o escritor amazonense Thiago de Mello:...“Não tenho caminho novo. O que eu

tenho de novo é o jeito de caminhar.”... “O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a

caminhada.”

Oxalá que as autoridades públicas em todos os âmbitos de Assistência tenham o desejo de mudar

e realmente encarar a Acessibilidade como um Problema de Saúde Pública, tomando medidas

preventivas em seus planos de ação, e implantando também o processo PDCA de melhoria

contínua( planejar, executar, checar e avaliar) de forma constante como todas as grandes empresas

privadas de renome certificadas com ISSO 9001, fazem para lidar com os problemas dentro de

seus estabelecimentos. A partir do momento que isto for uma prática frequente em nossa

sociedade, visando melhorar a acessibilidade para os idosos com mobilidade reduzida e para os

cadeirantes paraplégicos consequentemente trará melhorias da qualidade de vida para todos os

cidadãos.

Espero também que esta revisão bibliográfica sobre este tema possa incentivar outras pessoas a

estudarem mais sobre acessibilidade e também se comprometerem junto ao poder público de

cobrar mudanças, tendo em vista que a população do nosso país já não é mais jovem e o número

de idosos e pessoas que necessitam deambular com cadeiras de rodas por diversos motivos entre

eles à paraplegia vem aumentando e muito nos últimos anos, levando em conta que devemos partir

do princípio que todos são iguais perante a Lei, e não devemos deixar este grupo a par da nossa

sociedade. E finalmente deixo uma reflexão para que todos possam saber que a acessibilidade não

se combate de uma maneira individualista, ela é constituída de um conjunto de soluções que estão

inter-relacionadas com as barreiras arquitetônicas, da comunicação, metodologia, programas e

atitudes de cada um. Por isso acessibilidade possui uma forte relação entre independência e

autonomia, escrita por Albert Einstein, este nos ensina que “Nem tudo que se enfrenta pode ser

modificado, mas nada pode ser modificado até que seja enfrentado.

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