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MARIA DO SOCORRO PEREIRA DO NASCIMENTO AS CONSEQÜÊNCIAS PROVOCADAS PELA REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL, CONSIDERANDO A FALÊNCIA DO SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO Monografia apresentada como exigência à Conclusão do Curso de Direito, ofertado pelo Centro de Ensino Superior do Amapá -CEAP, sob a orientação do Prof. Agnaldo Alves Ferreira. MACAPÁ 2008

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MARIA DO SOCORRO PEREIRA DO NASCIMENTO

AS CONSEQÜÊNCIAS PROVOCADAS PELA REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL, CONSIDERANDO A FALÊNCIA DO SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO

Monografia apresentada como exigência à Conclusão do Curso de Direito, ofertado pelo Centro de Ensino Superior do Amapá -CEAP, sob a orientação do Prof. Agnaldo Alves Ferreira.

MACAPÁ 2008

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MARIA DO SOCORRO PEREIRA DO NASCIMENTO

AS CONSEQÜÊNCIAS PROVOCADAS PELA REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL, CONSIDERANDO A FALÊNCIA DO SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO

BANCA EXAMINADORA:

Orientador

Membro

Membro

Apresentado em: ____/____/____. Conceito: ______.

MACAPÁ 2008

3

Dedico este estudo aos meus filhos Gille Simonne, Gilmário e Germânio, que entenderam meus motivos e seguem meus ensinamentos, e a Ighor Gabriel, Victor Luccas e Henrique Nascimento, pequenas estrelas em forma de netos, bálsamo para minha existência.

4

AGRADECIMENTOS

Aos meus filhos Gille Simonne, Gilmário e Germânio, pela

compreensão durante as ausências.

Ao Professor e orientador Agnaldo Alves Ferreira.

Aos meus ilustres amigos e colaboradores: Ademir Alves de Sousa,

Fabrício Sena, Francisca Carvalho de Albuquerque e Perpétua Campos Mourão.

5

¨A maneira mais segura, porém ao mesmo

tempo mais difícil de tornar os homens

menos propensos à prática do mal, é

aperfeiçoar a educação¨.

Cesare Beccaria

6

RESUMO

O objetivo deste instrumento acadêmico é contribuir com as discussões

polêmicas existentes em relação às propostas de Emenda à Constituição Federal,

que tratam da redução da maioridade penal, de dezoito para dezesseis anos de

idade, que estão sendo analisadas pelo Poder Legislativo. Aborda-se a situação em

que vivem os detentos do Instituto de Administração Penitenciária do Amapá –

IAPEN, na cidade de Macapá, Estado do Amapá, considerando a decadência do

sistema prisional brasileiro, bem como as dificuldades e as contradições dos

programas de ¨ressocialização¨ aplicados aos detentos que ali se encontram

trancafiados nos muros da insensatez, à disposição da Justiça deste Estado.

Palavras-chave: Redução da maioridade penal; Sistema prisional; Sistema prisional brasileiro.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...........................................................................................................09

CAPITULO I - MAIORIDADE CIVIL ........................................................................12

1.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA.....................................................................................12

1.2 ACEPÇÃO JURÍDICA DO TERMO PESSOA......................................................13

1.2.1 Pessoa natural.................................................................................................14

1.2.2 Personalidade jurídica....................................................................................14

1.2.3 Estado da pessoa humana.............................................................................14

1.3 CAPACIDADE......................................................................................................15

1.3.1 Capacidade de direito e capacidade de fato.................................................15

1.4 INCAPACIDADE..................................................................................................16

1.4.1 Incapacidade absoluta....................................................................................17

1.4.2 Incapacidade relativa......................................................................................17

CAPÍTULO II – O CÓDIGO CIVIL DE 2.002..............................................................18

2.1 NOÇÕES HISTÓRICAS.......................................................................................18

2.2 ALTERAÇÕES DA MAIORIDADE EM RELAÇÃO AO CÓDIGO CIVIL DE

1.916...........................................................................................................................19

CAPÍTULO III - MAIORIDADE PENAL......................................................................21

3.1 CONTEXTUALIZAÇÃO........................................................................................21

3.2 A MAIORIDADE PENAL À LUZ DO NOVO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO.........22

3.3 IMPUTABILIDADE PENAL...................................................................................22

3.4 ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - ECA (LEI NO. 8.069/90)....23

3.4.1 Das Medidas Sócio-Educativas......................................................................24

3.4.2 Das Medidas Especificas de Proteção..........................................................26

3.5 LEI DE EXECUÇÃO PENAL – LEP (LEI Nº 7.210/84).........................................27

3.5.1 Os tipos de Estabelecimentos Penais...........................................................27

3.5.2 Aspectos relevantes sobre o Instituto de Administração Penitenciária do

Estado do Amapá – IAPEN......................................................................................29

3.6 DIREITO ESTRANGEIRO....................................................................................30

3.7 PROPOSTAS DE EMENDAS À CONSTITUIÇÃO FEDERAL (PEC´S)...............31

3.8 CORRENTES CONTRÁRIAS E CORRENTES A FAVOR DA REDUÇÃO DA

MAIORIDADE PENAL ...............................................................................................33

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3.9 PAPEL DA FAMÍLIA, DA SOCIEDADE (INCLUINDO ESCOLA) E DO

ESTADO.....................................................................................................................37

CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................41

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................45

ANEXOS ...................................................................................................................47

9

INTRODUÇÃO

Com a promulgação da Constituição Federal Brasileira em 1988, o texto inicial

nos demonstra que a sua finalidade é instituir um Estado Democrático, destinado a

assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o

bem-estar, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade

fraterna, igualitária e sem preconceitos, fundada na harmonia social e

comprometida, na ordem internacional, com a solução pacífica das controvérsias.

O art. 227 de nossa Carta Magna, conhecida como ¨Constituição Cidadã¨,

seus parágrafos e incisos são intocáveis, em decorrência de alegarem direitos e

garantias individuais que a exemplo do que dispõe o art. 5º do mesmo diploma legal,

são tidos como ¨cláusulas pétreas¨, que vem a ser a preservação dos princípios

constitucionais por ela estabelecido, conforme explicitados no art. 60, parágrafo 4º:

¨Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:¨

Inciso IV ¨os direitos e garantias individuais¨.

Ademais, no art. 227, CF está claramente definido como princípio basilar dos

pais, da família, da sociedade e do Estado, o desafio de passar da democracia

representativa para uma democracia participativa, atribuindo-lhes a responsabilidade

de definir políticas públicas, controlar ações, arrecadar fundos e administrar recursos

em beneficio de crianças e de adolescentes, priorizando o direito à vida, à saúde, à

educação ao lazer à profissionalização, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à

convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de

discriminação, exploração, violência crueldade e opressão.

Estes princípios e direitos são a expressão da Normativa Internacional pela

Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança, promulgada pela

Assembléia Geral em novembro de 1989 e ratificada pelo Brasil, mediante voto do

Congresso Nacional, portanto, passou a integrar a lei e a fazer parte do Sistema de

Direitos e Garantias, por força do parágrafo 2º do art. 5º da Constituição Federal que

diz: ¨os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros

decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados

internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte¨.

Outro diploma legal criado para atender as necessidades da criança e do

adolescente, trata-se do Estatuto da Criança e do Adolescente-ECA (Lei nº

8.069/90). Antes, não existia em nossa legislação uma política voltada às

10

necessidades dessa massa juvenil, haja vista a Política Nacional de ¨Bem Estar do

Menor¨ (1964 a 1984) ter cunho assistencialista e paternalista.

Com o advento do ECA, essa doutrina foi totalmente substituída pela doutrina

¨sócio-jurdico de proteção integral¨, proposta pela Organização das Nações Unidas e

firmada pelo nosso país.

Assim, o processo de reforma constitucional propondo a redução da

maioridade penal de 18 para 16 anos, deve exigir atenção permanente e vigilância

constante dos setores organizados da sociedade, a fim de garantir mobilização em

defesa dos direitos conquistados.

No decorrer deste instrumento de pesquisa, pretende-se contribuir com as

discussões em relação às propostas de Emenda à Constituição Brasileira, que

tratam da redução da maioridade penal e as conseqüências que irão provocar, caso

essas propostas sejam aprovadas, considerando a falência do sistema prisional em

diversas unidades da Federação, inclusive no Estado do Amapá. Fato este,

comprovado através de dados coletados junto ao Instituto de Administração

Penitenciaria do Amapá - IAPEN, no município de Macapá, o qual foi projetado para

abrigar 756 (setecentos e cinqüenta e seis) presos, e, hoje encontra-se com mais de

1.800 (mil e oitocentos), de acordo com o censo penitenciário realizado naquele

Instituto no ano 2007.

No primeiro momento, farei um apanhado histórico da origem da acepção

maioridade, objetivando compreender melhor o processo evolutivo desse fenômeno,

levando-se em consideração que o Imperador do Brasil, D. Pedro I, quando

renunciou o poder, o príncipe herdeiro contava apenas com seis anos de idade.

Além da acepção da maioridade, será feita abordagem sobre a personalidade

e a capacidade da pessoa civil, bem como da pessoa jurídica, com base nos

fundamentos legais.

Posteriormente, o objetivo será focar a maioridade no âmbito do Código Civil

de 2002, fazendo um paralelo com o Código Civil de 1916, por este código ter sido

elaborado em uma época em que o jovem não dispunha das mínimas condições de

conhecimento, por absoluta inexistência de meios de comunicação que pudessem

influenciá-los, tais como televisão, internet, etc.., razão pela qual foi considerado

rigoroso, formal, individualista e patrimonial.

Ao tratar sobre a redução da Maioridade Penal, essência deste instrumento

acadêmico, darei ênfase ao Estatuto da Criança e do Adolescente-ECA, doutrina

11

suficiente para a garantia dos direitos dos adolescentes em conflito com a lei,

focando as principais Medidas Sócio-Educativas aplicadas aos maiores de 12 e

menores de 18 anos, e as Medidas Especificas de Proteção. Será abordado ainda,

neste capitulo, a Lei de Execuções Penais-LEP (Lei nº 7.210/84), cujo objetivo é

proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do

internado, destacando-se os principais tipos de estabelecimentos penais previstos

na LEP (art. 82 a 104).

E por fim, far-se-á, considerações sobre as principais propostas de emenda à

Constituição Federal; as correntes contrárias e a favor à redução da maioridade

penal; o papel da Família; da Sociedade (incluindo a Escola) e o papel do Estado.

Considerando para o feito, o apoio das doutrinas jurídicas de renomados juristas e

operadores de direito, dentro de uma visão não só legalista, mas, em especial uma

análise histórica e sociológica do fenômeno da criminalidade envolvendo o infanto-

juvenil.

12

CAPITULO I - MAIORIDADE CIVIL

1.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA

Com base nos anais da História do Brasil, o termo ¨maioridade¨ surgiu quando

D. Pedro I, após sucessivos conflitos com a crescente oposição liberal e setores da

elite, abdicou o Trono de Imperador do Brasil em 1831 em favor de seu filho, o

príncipe Pedro Alcântara, que contava apenas com 06 anos de idade.

À partir daí, e em cumprimento ao que determinava a Constituição, o Brasil

passou a ser governado inicialmente por uma Regência Trina Provisória, ainda em

1831, depois por uma Regência Trina Permanente, eleita pela Assembléia-Geral,

visto que o príncipe herdeiro (D. Pedro II) era menor de idade.

Após a renúncia de D. Pedro I, instalou-se uma crise política institucional e a

única saída de se alcançar a salvação nacional seria conduzir o príncipe ao trono,

processo este nada fácil, levando-se em consideração a crise institucional instalada.

A Constituição outorgada em 1824, determinava que para ocupar o trono

brasileiro o imperador deveria ter 18 anos ou então o país deveria ser governado por

um príncipe da família imperial de no mínimo 25 anos. Esta disposição foi

modificada, antecipando-se a emancipação de D. Pedro II para 18 anos, durante o

Ato Adicional, mas era preciso rebaixar ainda mais.

O projeto da maioridade foi se tornando realidade. A ala dos progressistas,

conhecidos como liberais, instituíram uma associação denominada Clube da

Maioridade, e suas reuniões giravam em torno da melhor forma de se aclamar a tão

desejada maioridade de D. Pedro II. E foi graças à atuação desse clube que este

episódio chegou mais cedo. (KOSHIBA, 2006).

E assim, apesar das divergências políticas entre as alas dos liberais e dos

conservadores o Senado antecipou a maioridade de D.Pedro II ao proclamá-lo

imperador aos 14 anos, sendo oficialmente coroado como Imperador do Brasil no dia

18/07/1841, na cidade do Rio de Janeiro, com quinze anos de idade. Fato este

denominado ¨golpe parlamentar da maioridade¨.

Alguns historiadores defendem a idéia de que a maioridade não foi uma

manobra traiçoeira do parlamento, mas sim um “assentimento” por parte do jovem

príncipe, que se encontrava pronto e ansioso para assumir o que era seu de direito.

O reinado de D. Pedro II foi considerado um dos mais longo governo da

13

história brasileira, estendendo-se até a proclamação da República, em 1889.

1. 2 ACEPÇÃO JURIDICA DO TERMO PESSOA

Antes de adentrar no tema central, Redução da Maioridade Penal, objeto

deste instrumento acadêmico, faz-se necessário saber o significado da acepção

jurídica do termo pessoa. Para a doutrina tradicional, o vocábulo "pessoa", indica

que a palavra vem do latim persona, que, significa a máscara que os atores usavam

antigamente para que suas vozes pudessem ser ampliadas.

Na ciência jurídica, a pessoa vem a ser o primeiro elemento da relação

jurídica, como afirma Giusti (2004).

Segundo a mesma autora, e com base nos materiais de apoio pesquisados a

respeito do assunto, analisamos que o termo "pessoa" recebeu três acepções

distintas, a saber:

a. acepção vulgar – este tipo torna-se incompatível com a linguagem jurídica,

porque as pessoas jurídicas não são pessoas consideradas humanas, mas possuem

uma conotação que lhes dá a conformação de pessoa;

b. acepção jurídica – esta tem aptidão genérica para adquirir direitos e

contrair obrigações. Nesta modalidade, existe um sujeito que tem a função de

exercer a titularidade, podendo tanto ser o homem (pessoa física ou pessoa natural)

ou um agrupamento de homens ligados a um interesse comum (pessoa jurídica ou

pessoa coletiva).

c. acepção filosófica - considera a pessoa como o indivíduo agindo de modo

consciente na realização da finalidade moral, circunstância esta em que se destaca

o homem ou uma coletividade no sentido amplo de pessoa.

Ressalta-se que, na linguagem jurídica, as expressões "sujeito de direito" e

"pessoa" são semelhantes e desdobram-se em duas realidades fundamentais: os

seres humanos, denominados pessoas físicas, pessoas naturais, ou ainda pessoas

de existência visível. E as instituições (públicas ou privadas), denominadas pessoas

jurídicas, pessoas coletivas, pessoas morais, ou pessoas de existência ideal.

14

1.2.1 Pessoa natural

O Ordenamento Jurídico Pátrio classifica a pessoa em duas categorias, a

saber: pessoa natural e pessoa jurídica. Na visão de Diniz (2006 p. 514) ¨toda

pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil¨, emprega o termo ¨pessoa¨ na

acepção de todo ser humano, sem qualquer distinção de sexo.

Como dispõe o art. 2º do Código Civil vigente, a pessoa natural somente

adquire personalidade depois do nascimento com vida, ou seja, desde que a pessoa

tenha respirado, tornando-se suscetível de direitos e deveres no âmbito da vida civil,

concepção essa adotada pela Doutrina Majoritária, bem como pela legislação

infraconstitucional supracitada.

Quanto ao fim da personalidade, esta se dá com a morte, como prevê o art.

6º, CC, tal como dispusera o artigo 10 do Código Civil de 1916, in verbis: "A

existência da pessoa natural termina com a morte".

A lei ainda prevê casos especiais, como a morte presumida (ausentes e

desaparecidos) e a comoriência, que ocorre com a morte simultânea de duas ou

mais pessoas.

1.2.2 Personalidade jurídica

As pessoas jurídicas são entidades sociais que objetivam alcançar um

determinado propósito, portanto, sujeito de direitos e obrigações, como estabelece o

art. 40,CC. A personalidade jurídica deriva do registro de seus atos constitutivos nos

órgãos competentes, razão pela qual não deve ser confundido com os direitos da

personalidade, pois os direitos da personalidade, como estabelecido no

ordenamento jurídico, são direitos subjetivos da pessoa de defender o que lhe é

próprio, ou seja, a identidade, a liberdade, a reputação, a honra, a autoria e outros.

1.2.3 Estado da pessoa humana

Com base em fundamentos legais, pode-se afirmar que o estado da pessoa

natural representa a posição jurídica que ela ocupa no meio social, isto é, seu modo

15

particular de existir. Esta posição pode se dar de três formas: estado individual ou

físico; familiar e político.

Estado individual ou físico: caracteriza-se pela condição física da pessoa

natural; atinge, portanto, sua capacidade em razão da idade, p.ex.: saúde ou sexo.

Estado familiar: decorre da posição que o individuo ocupa dentro da entidade

familiar; dele advém o vinculo conjugal e o parentesco, não havendo qualquer

distinção quanto à consangüinidade ou afinidade.

Estado político: advém da posição que a pessoa ocupa em uma sociedade

politicamente organizada.

Em síntese, estado da pessoa humana, é a maneira, o modo de ser da

pessoa no que se refere à idade, sexo, saúde mental, saúde física, etc, intimamente

ligados à capacidade civil.

1.3 CAPACIDADE

Como já observado, qualquer pessoa tem personalidade jurídica, ou seja,

aptidão para ser sujeito de direitos, sem qualquer discriminação. Porém, nem todas,

podem exercer por si mesmas os atos da vida civil. Assim sendo, pode-se concluir

que a capacidade é atribuição de uma pessoa que possui aptidão para contrair

obrigações e exercer direitos, por si mesma.

Sob o ponto de vista jurídico todos são igualmente dotados de personalidade

civil, mas nem todos têm a mesma capacidade jurídica.

Segundo Diniz, ¨a capacidade é a determinação de um âmbito pessoal de

validade relacionada com um âmbito material normado¨ (2006, p.513).

Para ilustrar este conceito, faz-se necessário saber os dois sentidos previstos

na legislação sobre a capacidade, quais sejam: capacidade de direito e capacidade

de fato, cujas finalidades veremos a seguir.

1.3.1 Capacidade de direito e capacidade de fato

A capacidade de fato ou de exercício, como alguma doutrina denomina,

representa a aptidão da pessoa para praticar pessoalmente os atos da vida civil.

16

Assim, embora o ser humano tenha capacidade para ser titular de direitos e

obrigações na ordem civil, isto não significa a possibilidade de todos, pessoalmente,

exercerem tais direitos.

Quanto à capacidade de direito ou de gozo, entende-se que seja aquela que

representa a aptidão para adquirir direitos e contrair obrigações, sem imposição de

limitações pelo ordenamento jurídico, garantindo ao cidadão o exercício pessoal

desses direitos. Ao contrário da capacidade de fato, que fica condicionada a

requisitos legais que prevejam casos de incapacidade.

Salienta-se que as pessoas que a lei impõe limitações são classificadas

incapazes, como prevê os artigos 3º e 4º do Código Civil. Estas pessoas dependem

de requisitos legais que regulam situações de incapacidade, a exemplo de um

menor de idade não responde pelos seus atos, necessita de representante legal.

1.4 INCAPACIDADE

Levando-se em consideração que toda incapacidade decorre de previsão

legal, não se incluem como tais eventuais limitações ao exercício de direitos

provenientes de ato jurídico inter vivos ou causa mortis, assim como a proibição

legal de se contrair determinados negócios jurídicos. A exceção desta afirmativa,

destaca-se como exemplo o caso do doador que, gravando o bem doado de

inalienabilidade, deixará o donatário proibido de dele dispor. Outro exemplo: quando

se proíbe ao ascendente vender bens ao descendente sem o consentimento dos

demais descendentes.

As hipóteses de incapacidade previstas em lei podem ser de dois tipos:

incapacidade absoluta (art. 3º, CC) ou relativa (art. 4º, CC). O aspecto diferenciador

de uma e outra está relacionado à idade imatura e às deficiências de ordem física ou

mental. Tal é a situação do menor, desprovido do discernimento e maturidade para

fazer seu próprio juízo; do pródigo, que não possui o senso preciso para preservar

seu patrimônio; do amental, carecedor da faculdade para decidir o que lhe convém.

17

1.4.1 Incapacidade absoluta

A incapacidade absoluta , conforme previsto no art. 3º do Código Civil vigente,

é a proibição total para a prática dos atos da vida civil, em razão da presunção

absoluta de que o sujeito não tem condições para fazê-lo, seja em razão de sua

imaturidade presumida, de enfermidade ou deficiência mental, seja em razão da

impossibilidade, ainda que temporária, de discernimento, como preceitua (DINIZ,

2006).

1.4.2 Incapacidade relativa

Como determina o art. 4º do Código Civil as pessoas relativamente incapazes

a exercer certos atos, devem ser assistidas ou representadas, ou seja, são àquelas

que podem praticar, por si, os atos da vida civil, desde que assistidas por quem de

direito os represente, sob pena de anulabilidade, como determina o art. 171, inciso I,

do CC.

Assim, o mecanismo pelo qual é suprida a incapacidade relativa é a

assistência de seus representantes legais, ou seja, o negócio é praticado em

conjunto pelo relativamente incapaz e pelo representante (pais, tutor ou curador).

18

CAPÍTULO II – O CÓDIGO CIVIL DE 2.002.

2.1 NOÇÕES HISTÓRICAS

Este diploma legal, criado através da Lei nº 10.406, de 10/01/2002, substituiu

o Código Civil de 1.916, que vigeu durante oitenta e seis anos. Quando da vigência

desse ordenamento jurídico, o mundo atravessava uma escala de transformações

em quase todos os setores das atividades conhecidas. No Brasil ocorriam mudanças

no sistema político, na organização social, no modelo econômico, enfim, na própria

cultura política e jurídica, hoje em constante dinamismo.

Mediante estudos realizados sobre este assunto, observou-se que o Brasil

passou por significativas transformações, tais como: a derrubada das oligarquias, a

implantação do Estado Novo, tendo como conseqüência a “Era Vargas”, o governo

desenvolvimentista de Juscelino Kubistchek, o parlamentarismo interrompido de

Jânio Quadros, que culminou com o Golpe Militar de 1.964, enfim, várias

transformações cujas conseqüências deu-se com a implantação da ditadura que

perdurou por duas décadas.

Constatou-se ainda, que o Código Civil de 1.916 adotava uma forma

rigorosamente fechada, formal, individual e patrimonial, cuja elaboração deu-se em

uma época em que o jovem com vinte e um anos de idade não dispunha das

mínimas e rudimentares condições de conhecimento, por absoluta inexistência dos

meios de comunicação (jornais, revistas, TVs, rádio e Internet). Acredita-se que o

legislador tenha adotado o critério biológico para a determinação da idade limite da

maioridade civil em vinte e um anos, com fundamento de que os fatores ligados à

pouca experiência e insuficiência mental, eram circunstâncias impeditivas de sua

plena participação na vida civil.

Com o advento do novo Código Civil/2002, foi abandonado o rigorismo formal

e individualista do Código Civil de 1916, para dar lugar a uma concepção voltada ao

espírito de valorização da pessoa humana, ligado aos aspectos sociais do direito.

Tais inovações deveram-se mais aos progressos e às ideologias acumuladas

nas últimas décadas, quando a maior parte das constituições dos países

contemporâneos ao Brasil passaram a defender a bandeira dos interesses sociais e

fundamentais como um de seus pilares, a exemplo do que ocorrera com a

Constituição de 1988, cujo pressuposto principal é a valorização da pessoa humana.

19

2.2. ALTERAÇÕES DA MAIORIDADE EM RELAÇÃO AO CÓDIGO CIVIL DE

1.916.

Após a criação do novo código civil, a população brasileira passou a ter mais

afinidade com as mudanças ocorridas no território pátrio, principalmente porque este

diploma legal visa a valorização da pessoa humana, preceito intimamente ligado aos

aspectos sociais do direito, diferentemente do caráter individualista e patrimonial do

Código Civil de 1.916.

Esta legislação rigorosa reduziu a incapacidade do jovem maior de 16 e

menor de 21 anos, em razão de fatores ligados à pouca experiência, e insuficiente

desenvolvimento mental, circunstância impeditiva de sua plena participação civil,

conforme já delineado nesta pesquisa.

As hipóteses de incapacidade absoluta prevista no art. 5º do Código Civil, de

1916, eram as seguintes:

Art. 5o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: I - os menores de 16 (dezesseis) anos; II - os loucos de todo o gênero; III - os surdos-mudos, que não puderem exprimir a sua vontade; IV - os ausentes, declarados tais por ato do juiz.,

Presume-se que até certa idade o homem não possuía o discernimento

indispensável ao exercício pessoal dos direitos.

De acordo com o artigo 6º do mesmo diploma legal, eram relativamente

incapazes:

Art. 6o - São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: I - os maiores de 16 e os menores de 21 anos; II - os pródigos; III - os silvícolas.

Desse modo, o menor entre dezesseis e vinte e um anos podia livremente

praticar os seguintes atos:

a) servir de testemunha, inclusive em testamentos; b) testar; c) equiparar-se ao maior nas obrigações resultantes de atos ilícitos; d) alistar-se como eleitor, facultativamente entre dezesseis e dezoito anos.

Podia também, o menor entre dezoito e vinte e um anos:

20

a) casar (para mulher a idade é de dezesseis anos, conforme artigo 183, XII do CC); b) requerer pessoalmente e isento de multa o registro de seu nascimento; c) pleitear perante a justiça do trabalho, sem assistência de pai ou tutor; d) exercer o direito de queixa, renúncia e perdão no Juízo criminal (artigos 34, 50, par. único, e 52 do Código Penal);

Para muitos operadores de direito, o Código Civil de 2.002 representa mais a

consolidação de mudanças legislativas e sociais verificadas nas oito últimas

décadas do que propriamente uma inovação no nosso ordenamento jurídico, a

exemplo do Estatuto da Criança e do Adolescente, do Código de Defesa do

Consumidor, das leis sobre a união estável, dentre outras.

As inovações com relação à Constituição Federal de 1988, também são

destacadas e consideradas de grande porte, eis que a família passou a se constituir

pelo casamento civil ou religioso e também pela união estável. Outras inovações

assinaladas dizem respeito a alteração do regime de casamento, a possibilidade de

guarda dos filhos com um dos cônjuges, que detiver condições de criá-los, enfim.

21

CAPITULO III - MAIORIDADE PENAL

3.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

A maioridade penal, também conhecida como "idade da responsabilidade

criminal", é a idade a partir da qual o indivíduo pode ser penalmente

responsabilizado. Esta é a idade em que o jovem torna-se inteiramente responsável

pelos seus atos, como cidadão adulto.

De acordo com o ordenamento jurídico vigente, considera-se alcançada a

maioridade penal a partir do primeiro minuto do dia em a pessoa completará os 18

anos. É a regra do art. 10 do Código Penal Brasileiro.

Essa norma jurídica doravante tratada, encontra-se descrita em três Diplomas

Legais:

1) artigo 27 do Código Penal Brasileiro dispõe:

¨Os menores de dezoito anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial¨.

2) artigo 104 caput do Estatuto da Criança e do Adolescente que prevê:

¨São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos à medidas previstas nesta Lei. Parágrafo único – Para efeitos desta lei, deve ser considerada a idade do adolescente à data do fato¨.

3) e artigo 228 da Constituição Federal:

¨São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial¨.

Como já observado, o legislador adotou o critério biológico, justificando que o

menor de 18 anos não tem personalidade formada, pois ainda não alcançou a

maturidade de caráter, por isso acredita-se que a sua incapacidade para

compreender a ilicitude do comportamento e para receber sanção penal.

Com relação ao art. 104, ECA é o mesmo preceito constitucional, o que

significa dizer que o menor envolto em situação de risco sujeitar-se-á às normas

estabelecidas na legislação especial, cuja aplicação compete ao Juízo da Vara da

Infância e da Juventude.

O art. 228, CF, atribui aos indivíduos menores de dezoito anos posição

jurídica subjetiva de inimputáveis perante o sistema penal brasileiro. Este direito vem

a ser um direito à não-eliminação de uma posição jurídica. E quando se fala em

22

direito à não-eliminação de posições jurídicas está patente a interligação com um

direito fundamental, portanto, a posição que se pretende perpetuar não é qualquer

posição, mas sim uma posição jurídica fundamental, alicerçada no princípio da

dignidade humana. No caso especifico da inimputabilidade penal entende-se que

esta se constitui em um a dimensão particular do direito de personalidade.

3.2 A MAIORIDADE PENAL À LUZ DO NOVO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO

O art. 5º do Novo Código Civil diz que a menoridade civil cessa aos dezoito

anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida

civil. Já o Código Penal Brasileiro (art. 27), fixou o limite de dezoito anos para que se

dê à imputabilidade penal, assim considerada a capacidade de entender o caráter

ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. E o Código de

Processo Penal exige a nomeação de curador para acompanhar o réu menor de

vinte e um anos durante a persecução penal.

Resta saber se, em face de redução do limite de idade para atingir a

maioridade civil, perdura a necessidade de nomear curador ao menor de vinte e um

anos, conforme exige a lei processual penal, ou se a maioridade no processo penal

foi reduzida juntamente com a maioridade civil, descabendo, assim, tal exigência.

Alguns doutrinadores entendem a questão como resolvida, conforme

expressa Gomes (2007):

Todos os dispositivos processuais penais que enfocavam o menor de vinte e um anos como relativamente capaz foram afetados pelo novo Código Civil. Todos têm por base a capacidade do ser humano para praticar atos civis e, por conseguinte, processuais. Para o novo Código Civil essa capacidade é plena aos dezoito anos. Logo, todos os artigos citados acham-se revogados ou derrogados (lei nova que disciplina um determinado assunto revoga ou derroga a anterior).

3.3 IMPUTABILIDADE PENAL

O modelo brasileiro da imputabilidade dos menores de 18 anos, embora

tradicional na nossa doutrina, é na atualidade uma decorrência da norma incluída no

art. 228 da Constituição Federal Brasileira/88. Como já assinalado, o Código Penal

de 1940, fixou o limite de 18 anos para que se dê a imputabilidade penal, assim

23

considerada a capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se

de acordo com esse entendimento. Adotou-se, assim, por razões de políticas

criminais, o critério biológico, defendendo o pensamento de que o menor de dezoito

anos seria inimputável, por presunção absoluta de que antes desse limite ele não

estaria preparado psicologicamente para decidir acerca de condutas ilícitas,

sujeitando-se à legislação especial, no caso, o Estatuto da Criança e do

Adolescente-ECA.

Para se ter uma idéia, a Lei Federal 6.691/79, que instituiu o chamado

¨Código de Menores¨ consignava três limites de idade: com quatorze anos o infrator

era inimputável; de quatorze até dezesseis anos ainda era considerado

irresponsável, mas instaurava-se um processo para apurar o fato com possibilidade

de cerceamento de liberdade, e finalmente entre dezesseis anos, o menor poderia

ser considerado responsável, sofrendo pena.

Esta legislação reafirmou o teor do Código Penal Brasileiro quando classificou

o menor de dezoito anos como absolutamente inimputável.

3.4 ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – ECA (LEI Nº. 8.069/90)

Este diploma legal, criado em 1990, instituiu a responsabilidade penal a partir

dos dezoito anos de idade. Este marco foi estipulado por critérios políticos que se

articula a um processo de maturação neurológica e psicológica que depende muito

do ambiente social onde se vive.

O Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA tem por finalidade subsidiar

as discussões das propostas das emendas constitucionais, visto que, antes da sua

criação não existia em nossa legislação uma política de atendimento que pudesse

atender integralmente às necessidades de crianças e adolescentes. Hoje, tornou-se

real a existência de uma política de Proteção Especial que atende as reivindicações

da sociedade civil organizada em prol dos menores púberes e impúberes.

Vale ressaltar ainda que o ECA não se restringe ao menor em situação de

risco, visa principalmente a proteção integral à criança e ao adolescente. A proteção

integral há de ser entendida como aquela que abrange as necessidades de um ser

humano para o pleno desenvolvimento de sua personalidade. Assim, às crianças e

aos adolescentes devem ser prestadas a assistência material, moral e jurídica, cujo

24

objetivo, como está expresso, é prevenir o crime e orientar o retorno à convivência

em sociedade.

Ademais, toda assistência deve ser, de preferência, ofertada no seio de sua

família, se possível à biológica (arts. 25 a 27, ECA). Se não for, em uma família

substituta (arts. 28 a 52,ECA).

O critério adotado pelo legislador, protegendo a pessoa até os dezoito anos,

foi baseado no art. 1º da Convenção sobre os Direitos da Criança, adotada pela

Assembléia Geral das Nações Unidas, em 26/01/1989, assinada pelo governo

brasileiro em 26/01/1990. A responsabilidade penal também encontra respaldo no

art. 228 da Constituição Federal de 1988, bem como no art. 27 do Código Penal

Brasileiro.

Em caso de eventual modificação da idade penal mínima, estará o Brasil a

descumprir o que foi estabelecido no tratado que se comprometeu a cumprir. E o

descumprimento implica a responsabilização internacional do Estado violador.

É oportuno destacar os três sistemas considerados basilares para

sustentação do Estatuto da Criança e do Adolescente:

1. Sistema primário - trata das Políticas Públicas de Atendimento a

criança e ao adolescente;

2. Sistema secundário - cuida das medidas de proteção dirigidas às

crianças e adolescentes em situação pessoal ou social, enquanto vítimas que têm

direitos violados;

3. Sistema terciário - trata das medidas sócio-educativas, aplicáveis aos

adolescentes em conflito com a lei que passam à condição de vitimizadores.

3.4.1 Das medidas sócio-educativas

As medidas sócio-educativas vão desde a advertência (Prestação de

Serviços à Comunidade, Liberdade Assistida, Semi-Liberdade), até a privação de

liberdade, exigindo-se flagrante ou ordem escrita e fundamentada do Juiz da Vara

da Infância e da Juventude. Tais medidas são públicas, dadas pela sociedade

através do Estado; individuais, pois cada sócio-educando deverá receber a medida

de acordo com a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da

infração¨(art. 112, § 1º, ECA); não cumulativas, não se somam aritmeticamente no

25

caso do adolescente cometer mais de um ato infracional, porém influenciam na

medida a reiteração de atos e/ou o grau de violência do ato; e não há uma

correlação entre o fato e a medida, ou seja, a um ato infracional não se corresponde

uma quantidade de medida aplicável, isto dá ao juiz, maior liberdade, que pode usar

critérios mais plásticos podendo-se dizer, mais objetivo.

E como determina o art. 3º do ECA, ato infracional é toda ¨a conduta descrita

como crime ou contravenção penal¨.

Pois bem, É forçoso indagar: qual a diferença entre prisão prevista no CP e a

internação descrita no ECA?

A medida de internação tem uma grande diferença em comparação à prisão

propriamente dita aplicada ao maior de dezoito anos. A circunstância que distingue

fundamentalmente uma da outra, segundo Figueiredo (2002) o Juiz Saraiva nos diz

que esta ação está relacionada com local do cumprimento da sanção. Enquanto o

maior de idade cumpre pena no sistema penitenciário, onde se misturam criminosos

de graus de comprometimento e espécies diferentes, a internação aplicável ao

menor é cumprida em estabelecimento próprio para adolescentes, dentro de um

programa especial de educação escolar, profissionalização, com assistência

pedagógica e psicoterápica, tudo em consonância com critérios previamente

analisados dentro dos padrões internacionalmente definidos.

Na verdade, a diferença entre a Justiça da Infância e da Juventude e a Justiça

Penal é puramente de competência de jurisdição, pois ¨elevar¨ adolescentes à

categoria de ¨presidiários¨ não acrescenta nada no caminho da evolução da

segurança pública.

Assim, o ECA privilegia as medidas restritivas de direitos, deixando a privação

de liberdade para os casos mais graves, permitindo e incentivando a participação da

família na recuperação dos menores infratores, o que certamente não ocorre no

regime atinente ao sistema penitenciário.

Para ilustrar esta pesquisa é de bom alvitre destacar as Medidas Sócio-

Educativas contidas no ECA:

Art. 112 - Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas:

I - advertência; II - obrigação de reparar o dano; III - prestação de serviços à comunidade; IV - liberdade assistida; V - inserção em regime de semi-liberdade; VI - internação em estabelecimento educacional;

26

VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI. § 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da infração. § 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação de trabalho forçado. § 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental receberão tratamento individual e especializado, em local adequado às suas condições.

3.4.2 Das medidas especificas de proteção

As principais características da Doutrina da Proteção Integral estabelecem

que é dever da família, da sociedade, da comunidade e do estado restabelecer o

exercício do direito da criança que é ameaçado ou violado; que a política pública em

beneficio da criança deve ser descentralizada e focalizada no município, e que as

crianças já não são mais pessoas incompletas, mas sim pessoas completas que

possuem a particularidade de encontrarem-se em desenvolvimento.Como

estabelece art. 101, ECA:

Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a autoridade competente poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas: I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade; II - orientação, apoio e acompanhamento temporários; III - matrícula e freqüência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental; IV - inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança e ao adolescente; V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial; VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; VII - abrigo em entidade; VIII - colocação em família substituta. Parágrafo único. O abrigo é medida provisória e excepcional, utilizável como forma de transição para a colocação em família substituta, não implicando privação de liberdade.

Apesar das criticas de alguns juristas em afirmar que o ECA é muito tolerante

com os infratores, que não intimida os que pretendem transgredir a lei, diríamos que

o ECA quer proteger a criança excluída socialmente, pois o menor é vitima de uma

sociedade de consumo desumano e muitas vezes cruel. Daí a necessidade de ser

tratado e amparado por políticas fortes, e não apenas punido do ponto de vista

penal.

27

3. 5 LEI DE EXECUÇÃO PENAL – LEP (LEI Nº 7.210/84)

A Lei de Execução Penal – LEP, criada pela Lei nº 7.210/84, tem por objetivo

efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições

para a harmônica integração social do condenado e do internado.

Dentro do sistema prisional brasileiro existem vários tipos de

estabelecimentos penais, destinados o cada cumprimento de sentença judicial

(art.82,LEP), os quais passamos a identificar:

3.5.1 Tipos de estabelecimentos penais:

De acordo com Marcão (2007), os tipos de estabelecimentos penais são os seguintes:

a) PENITENCIÁRIA – É o estabelecimento penal em que se recolhem às

pessoas condenadas a pena de privação da liberdade, para que aí as cumpram.

Conforme os art. 87 e 88 da LEP destinam-se ao condenado à pena de reclusão, em

regime fechado, que contenha o mínimo de condições necessárias.

Os condenados serão alojados em celas, pavilhões; suas acomodações

devem ser edificadas correspondendo às necessidades humanas de aeração,

insolação e condicionamento térmico adequado à existência humana.

Para as mulheres, a penitenciária terá que assegurar acomodações e

instalações adequadas, distintos, de acordo com a natureza, a idade e sexo, e o que

dispõe a Constituição Federal/88, em seu artigo Art. 5º, XLVIII e no inciso L - às

presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus

filhos durante o período de amamentação. Por isso esse direito previsto tanto na

LEP (art. 89) como na CF, deve ser obedecido.

Independente de sexo, a CF, XLIX - assegura aos presos o respeito à

integridade física e moral, sendo que o Art. 90 refere ao direito de visitação.

b) COLONIA AGRÍCOLA, INDUSTRIAL OU SIMILAR - É um tipo de

estabelecimento, prédio ou local que se destina ao cumprimento, pagamento da

pena no regime semi-aberto, isto é, lugar onde o condenado e apenado pratica

atividades agropecuárias, tais como horticultura, piscicultura etc., ou atividades

fabris, industriais ou manufaturadas (artesanato) pequenos fabricos de peças

variadas (a exemplo de bolas de couro para futebol), marcenaria, serralheria dentre

28

outros aprendizados edificadores do reeducando. As acomodações poderão ser em

cela coletiva, desde que atendidos os requisitos do parágrafo único do art. 88 desta

LEP.

c) CASA DO ALBERGADO - Como prevê o art. 93 da LEP, a Casa do

Albergado é um tipo de estabelecimento, prédio ou local que possuem acomodações

e instalações adequadas para ministrar palestras, localizado na área urbana,

destinado aos detentos que cumpram pena privativa de liberdade, em regime aberto,

e da pena de limitação de fim de semana. Esses não precisam permanecer em

tempo integral por se tratar de regime aberto, é um tipo de compromisso que têm em

comparecer a todas as reuniões que sirvam de orientação sócio-educativa e

retornarem para pousar nos finais de semana. Não se trata de uma prisão e sim de

um local de ¨ressocialização¨ do apenado estando ele livre durante a semana para

trabalhar fora.

d) CENTRO DE OBSERVAÇÃO - Todo Complexo Penitenciário deveria

possuir um Centro de Observação, autônomo ou anexo para realização de exames

gerais tais como, de sangue, de urina ou até mesmo de insanidade mental quando

necessário, e pesquisas criminológicas. Na falta desse Centro, os Exames poderão

ser realizados pela Comissão Técnica de Classificação, como estabelece o art. 96

da LEP.

e) HOSPITAL DE CUSTÓDIA E TRATAMENTO PSIQUIÁTRICO - Aos

apenados, inimputáveis ou semi-inimputáveis, são destinados, a internação em

Hospital de custódia ou em tratamento psiquiátrico, obedecendo às condições

mínimas de ambiente, assim como o clima e espaço adequado (art. 88, par. Único,

LEP). Todos os internados deverão se submeter ao exame psiquiátrico e a

tratamento. Quanto ao tratamento ambulatorial deve ser realizado no mesmo local,

na necessidade de outro local, deve ter dependência médica adequada para recebê-

lo, por questão de segurança.

f) CADEIA PÚBLICA - O Art. 102 da LEP é explícito ao afirmar que as

cadeias públicas são destinadas aos presos provisórios, que estão aguardando uma

decisão quanto ao seu destino, possui cadeias públicas em delegacias, comarcas,

juizados. Cada local, os presos permanecem por pouco tempo com o intuito de

atender e resguardar o interesse da justiça. As instalações devem atender as

exigências mínimas referidas no Art. 88 e seu parágrafo único desta Lei.

29

Como podemos observar, a Lei de Execução Penal garante a todos os

apenados/sentenciados estabelecimentos apropriados, conforme as penas que lhes

foram impostas. Porém, na realidade, o que se vê são amontoados de pessoas

trancafiadas nas unidades prisionais, as quais não oferecem condições mínimas de

ressocialização, diante da falta de compromisso e responsabilidade na execução

dos projetos sociais elaborados para este fim, além de outros fatores que culminam

para essa realidade.

3.5.2 Aspectos relevantes sobre o Instituto de Administração Penitenciária do

Amapá – IAPEN

O Instituto de Administração Penitenciária do Estado do Amapá, foi criado

para abrigar, 756 (setecentos e cinqüenta e seis) presos, mas de acordo com o

censo penitenciário realizado em 2007, totalizam 1.800 (mil e oitocentos), ou seja,

ultrapassa a população carcerária em 1.044 presos, amontoados sem condições de

higiene, trocando experiências entre os mais diversificados criminosos ali existentes.

Esta realidade é fruto de uma sociedade desprovida de programas culturais e

ambientes saudáveis que estimule o jovem a sentir-se mais motivado para enfrentar

a vida de forma consciente, e com responsabilidade.

Com base nesses resultados, questiona-se: Será que a redução da

maioridade é uma opção plausível, tendo em vista o que acontece nas

penitenciárias, isto é, pessoas (detentos) brigando por um espaço físico, vivendo em

condições sub-humanas?

Em nosso Estado a realidade não é diferente, notadamente porque a

demanda é muito superior à oferta de espaço, ocasionando, por via de

conseqüência, amontoados de seres humanos. Para se ter uma idéia, em média são

encaminhados diariamente ao IAPEN cinco detentos, os quais são colocados juntos

aos demais, independentemente do crime que cometera. E mais, muitos destes

presos nem deveriam estar ali, mas por razões diversas, alguns em regime

provisórios continuam encarcerados, em perfeito desrespeito ao regime legal pátrio.

Vale ressaltar que o custo de um preso no sistema penitenciário amapaense

está em torno de R$ 1.053,00 (hum mil e cinqüenta e três reais), por mês. Se

levarmos em conta a total deficiência material que sofre o IAPEN, com tão falada e

30

repetida falta de recursos, somos obrigados a questionar: de onde virão os recursos

para ampliar as instalações para abrigar os novos detentos menores de idade?

A resposta é taxativa: não virão, dar-se-á um “jeitinho” de acomodá-los,

incentivando a “união” entre os reeducandos, apertando-os em celas pequenas,

imundas e anti-higiênicas, em total afronta os direitos da dignidade da pessoa

humana.

É nesse cenário que se deseja incluir os delinqüentes menores de dezoito

anos, caso a maioridade penal venha a ser aprovada? Acredita-se que em um

sistema assim, caótico e ineficaz, a pena não pode jamais significar ressocialização,

como se apresenta no discurso político do Estado, mas sim a certeza de

reincidência, posto que dificilmente um condenado que ali permaneça por um

determinado período conseguirá reabilitar-se para o convívio social saudável, sem

voltar praticar mais crimes.

Outro questionamento: De que adianta reduzir os índices de idade para

efeitos penais se não se buscar reduzir os índices de analfabetismo que vigoram no

País? Será que ao reduzir a maioridade penal para dezesseis anos, a sociedade

ficará mais tranqüila e segura? Estaremos livres de novos crimes? Obviamente que

não, tendo em vista que o efeito será apenas o de prender e punir mais pessoas,

especificamente os menores infratores.

A única certeza que se poderá ter dessa medida que prega a redução da

maioridade penal é de que ocorrerá um aumento significativo do número de

sentenciados a cumprir pena nos presídios de todo o País, em especial em nosso

Estado, pois se este adotasse uma política de prevenção eficaz, certamente evitaria

o “engaiolamento” de pessoas em presídios que retratam a retórica fracassada de

seus governantes que somente se lembram que o sistema criminal existe quando

ocorrem fugas ou rebeliões.

3.6 DIREITO ESTRANGEIRO

Como o foco deste trabalho é a redução da maioridade penal, torna-se

necessário fazer um paralelo com alguns países que adotam legislações específicas

para evitar a impunidade penal. Na França, por exemplo, a maioridade penal é de

dezoito anos, mas jovens a partir dos treze e até os dezoito podem ser penalizados.

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Na Inglaterra, a maioridade penal é de vinte e um anos para crimes comuns.

Tratando-se de crimes hediondos o infrator é penalizado a partir dos dez anos.

Em Portugal o jovem pode ser condenado a partir dos dezesseis anos, o

mesmo ocorrendo na Argentina, Espanha, Bélgica e Israel. Na Alemanha e Haiti, a

partir dos quatorze anos.

O quadro seguinte ilustra o limite para a imputabilidade penal, em crimes mais

graves em alguns países do mundo.

Quadro nº 01

Colômbia 18 anos

Peru 18 anos

Brasil 18 anos

Etiópia 09 anos

Escócia 08 anos

Itália 14 anos

Polônia 13 anos

Japão 14 anos

Egito 15 anos

Estados Unidos Varia conforme a legislação estadual. Apenas 13 estados fixaram uma idade mínima legal, a qual varia entre 6 e 12 anos.

Irã 09 para mulheres e 15 para homens.

Fonte: Elaboração Própria

3.7 PROPOSTAS DE EMENDAS À CONSTITUIÇÃO FEDERAL (PEC´s)

De acordo com os termos do art. 356 do Regimento Interno do Senado

Federal, a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania é competente para

apreciar a matéria sobre as Propostas de Emenda à Constituição nº 18 e 20/1999, nº

03/2001, 26/2002, 90/2003 e 09/2004, que alteram o art. 228 da Constituição

Federal/88 para reduzir a maioridade penal.

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Além dessas PEC`s existem no Congresso Nacional aproximadamente 50

propostas de emenda à Constituição-PEC, sob a falsa crença de que essa seria uma

eficiente medida no combate à criminalidade no país. Na Câmara, a mais antiga

PEC tramita na Casa desde 1993, ou seja, há quinze anos.

As seis PEC´s referidas passaram a tramitar em conjunto no Senado Federal

em razão da aprovação do requerimento nº 743/2004, fundamentado no art. 258 do

Regimento Interno do Senado Federal – RISF.

De acordo com o voto da Comissão a PEC nº 20/1999, de autoria do Senador

José Roberto Arruda foi aprovada com a seguinte emenda:

Dê-se ao art. 228 da Constituição Federal, de que trata o art. 1º da Proposta de Emenda à Constituição nº 20, de 1999, a seguinte redação:

Art 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezesseis anos, sujeitos às normas da legislação especial. Parágrafo único. Os menores de dezoito e maiores de dezesseis anos: I - somente serão penalmente imputáveis quando, ao tempo da ação ou omissão, tinham plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato e de determinar-se de acordo com esse entendimento, atestada por laudo técnico, elaborado por junta nomeada pelo juiz; II – cumprirão pena em local distinto dos presos maiores de dezoito anos; III – terão a pena substituída por uma das medidas sócio-educativas, previstas em lei, desde que não estejam incursos em nenhum dos crimes referidos no inciso XLIII, do art. 5º, desta Constituição.

Eis as PEC´s analisadas pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania

de Justiça do Senado Federal:

- PEC nº 18/1999, prevê que nos casos de crimes contra a vida ou o

patrimônio cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, são imputáveis os

infratores com dezesseis anos ou mais de idade;

- PEC nº 20/1999, torna imputáveis, para quaisquer infrações penais, os

infratores com dezesseis anos ou mais de idade, com a condição de que, se menor

de dezoito anos, seja constatado seu amadurecimento intelectual e emocional;

(Autoria: Senador José Roberto Arruda);

- PEC nº 03/2001, também torna imputáveis, para quaisquer infrações

penais, os infratores com dezesseis anos ou mais de idade, com a condição de que,

se menor de dezoito anos, seja constatado seu amadurecimento intelectual e

emocional e o agente seja reincidente;

33

- PEC nº 26/2002, estabelece que os maiores de dezesseis e os

menores de dezoito anos de idade são imputáveis, em caso de crime hediondo ou

qualquer crime contra a vida, se ficar constatado, por laudo técnico elaborado por

junta nomeada pelo juiz competente, a capacidade do agente de entender o caráter

ilícito de seu ato;

- PEC nº 90/2003, torna imputáveis os maiores de treze anos em caso

de prática de crime hediondo;

- PEC nº 09/2004, prevê a imputabilidade para o menor de dezoito anos,

desde que tenha praticado crime hediondo ou de lesão corporal grave e seja

constatado que possui idade psicológica igual ou superior a dezoito anos, com

capacidade para entender o ato ilícito cometido e determinar-se de acordo com esse

entendimento.

O assunto da redução da maioridade penal voltou a ser destaque quando

ocorreu a morte atroz do garoto João Hélio, de seis anos, após ser arrastado por

sete quilômetros nas ruas do Rio de Janeiro no dia 08/02/2007, cujos acusados

envolveram menores de idade.

A grande indagação é a seguinte: vale a pena reduzir o limite temporal da

imputabilidade? E no que a sociedade seria beneficiada ou prejudicada com tal

medida?

Sabe-se que o sistema brasileiro, dentre os existentes, é um dos piores, por

uma série de razões e motivos que não merecem ser analisados neste momento. As

prisões encontram-se abarrotadas, não se observam as regras mínimas de higiene,

de espaço, enfim, de dignidade da pessoa humana, limitando-se tais presídios em

meros depósitos onde se guardam pessoas, com o único objetivo de mantê-las

longe do convívio social, e com a certeza de que lá não sairão até que suas penas

sejam integralmente cumpridas.

3.8 CORRENTES CONTRÁRIAS E CORRENTES A FAVOR DA REDUÇÃO DA

MAIORIDADE PENAL

a) Correntes Contrárias:

As propostas visando à diminuição de responsabilidade penal devem ser

examinadas com serenidade, buscando atingir todos os aspectos básicos da

34

questão, sem deixar de considerar as circunstancias individuais e sociais, sem

perder de vista os valores éticos implícitos na condição humana e as razões pelas

quais se confere tratamento legal diferente às crianças e os adolescentes.

Barbato (2004), nos diz que no artigo publicado na Gazeta Mercantil dia

29/04/2001 ¨A razão para manter a maioridade penal aos dezoito anos¨, o professor

Dalmo de Abreu Dallari assim afirma:

¨...não há justificativa para que se proceda ao rebaixamento da idade de responsabilidade penal. Tal medida seria uma violência ética, sobretudo porque, como é publico e notório, na quase totalidade dos casos que são divulgados pela imprensa com estardalhaço, os adolescentes infratores são pobres¨.

Acrescenta ainda: a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos trará

mais prejuízos dos que benefícios à sociedade, pois jogará definitivamente no

mundo da criminalidade adolescentes que, se receberem a aplicação das medidas

sócio-educativas, inclusive privação de liberdade nas condições previstas em lei,

estará sendo preparada para a convivência pacifica e respeitosa.

O ilustre Professor Miguel Reale Junior, durante a Audiência Pública realizada

em 10/11/1999, na cidade de São Paulo-SP também falou sobre o assunto dizendo:

O mito de que o Brasil está entregue a um alarmante crescimento da criminalidade grave praticada por adolescentes não corresponde à realidade dos números¨. E diz mais: “no Brasil, não é a pobreza a produtora de atos delituosos, mas sim a imensa desorganização social, por isso há que se voltar a atenção para as políticas públicas e sociais muito mais do que para a resolução de questões dessa grandeza por mera alteração constitucional ou legal”. (2001, p. 170)

O Presidente da República Luís Inácio Lula da Silva, manifestou-se contra

qualquer redução na maioridade penal, alegando que ¨o problema não é só social,

mas advém de um conjunto de fatores¨ Disse ainda que “o Estado não pode tomar

decisões com base na emoção¨, se ¨a gente aceitar a diminuição da idade para 16

anos, amanhã estarão pedindo 15, depois para 10, depois para 9, quem sabe algum

dia queiram punir até o feto se souberem o que vai acontecer no futuro”

O governador de São Paulo, José Serra também declarou-se contrário à

redução da maioridade penal, porém defende o aumento da pena máxima para

punição de menores infratores, prevista no ECA, de 3 para 10 anos. Na reunião de

governadores do Sudeste ocorrida em 09/01/2007, Serra incluiu esta idéia entre as

35

12 propostas que apresentou para reduzir a criminalidade, sendo a pena máxima de

10 anos “no caso de infrações praticadas com violência ou com grave ameaça à

pessoa, como estupro e latrocínio”.

Como podemos observar, os defensores dessas propostas são categóricos

em afirmar que o problema não está na redução da maioridade, pura e

simplesmente, argumentam que antes de se pensar na alteração das leis, deveriam

primar pela efetividade das regras existentes, através da correta e eficaz aplicação

das diretrizes constantes do Estatuto da Criança e do Adolescente em todos os seus

níveis, com interligação de sociedade e Estado. Considerar que o adolescente

causador de ato infracional seja o responsável pela onda crescente da criminalidade,

com reflexos danosos no seio da população, é um tremendo equívoco.

Acredita-se que as causas são maiores, complexas e transcendem o

entendimento mediano da população, que clama por justiça em sua sede de

vingança, como na época remota da antiguidade onde imperava as regras da

vingança privada. Isto se deve em grande parte à desigualdade social que assola o

país, associada à negligência do Estado e à mudança de fatores culturais e

comportamentais que se inseriram no meio urbano com o advento da modernização.

Além da extensa gama de instrumentos de cidadania e responsabilização de

que dispõe o ECA, outro caminho que pode-se perseguir é o do combate à miséria

e a desigualdade social, seguramente a origem da crescente criminalidade, cujo

empenho deve partir principalmente de parte do Estado, de modo a reintegrar o

jovem infrator à sociedade, utilizando-se de ações preventivas, que, como se sabe,

custa menos aos cofres públicos.

Acrescenta-se ainda, se o problema fosse à idade, o sistema prisional para os

maiores de dezoito anos não estaria tão sobrecarregado como se encontra.

Nesse sentido, independente da delinqüência que o jovem possa ter

cometido, deve ser oferecida uma segunda chance de reintegração social, passando

por um processo de sanção sócio-educativa, ao invés de deixá-los sob posição de

plena responsabilidade criminal aos dezesseis anos, esquecendo-se, assim, os

direitos que o próprio ECA estabeleceu em seus artigos.

Por isso, antes de debater a redução da maioridade penal como tratamento

da insegurança pública, deve-se examinar o motivo pelo o qual esses jovens caíram

nas malhas do crime, já que como é sabido as crianças nascem puras e desprovidas

de toda e qualquer maldade.

36

b) Correntes a favor:

Os defensores da redução da maioridade penal, em linhas gerais, consideram

que:

• o atual Código Penal brasileiro, aprovado em 1940, reflete a imaturidade

juvenil daquela época, e que hoje, passados 68 anos, a sociedade mudou

substancialmente, seja em termos de comportamento (delinqüência juvenil,

vida sexual mais ativa, uso de drogas), seja no acesso do jovem à informação

pelos meios de comunicação modernos (televisão, Internet, celular, etc), seja

pelo aumento em si da violência urbana. Não quer dizer que os adolescentes

de hoje são mais bem informados que os do passado;

• que o adolescente de hoje, a partir de certa idade, geralmente proposta como

16 anos, tem plena consciência de seus atos, ou pelo menos já tem o

discernimento suficiente para a prática do crime; algumas vezes, este

argumento é complementado pela comparação com a capacidade (ainda que

facultativa) para o voto a partir dos 16 anos, instituída pela Constituição

Federal de 1988. O argumento da votação aos 16 anos é bastante infundado,

já que nesta idade o adolescente tem voto facultativo e não pode candidatar-

se aos cargos.;

• que justificar a não redução da maioridade pela não resolução de problemas

sociais é um raciocínio meramente utilitarista e que a lei deve ser construída

de forma justa, a fim de inocentar os realmente inocentes e responsabilizar os

realmente culpados, na medida correta e proporcional em cada caso.

Os defensores dessa corrente acreditam que o Estatuto da Criança e do

Adolescente-ECA falha por não punir com a desejável medida os delitos praticados

pelos adolescentes, fazendo com que, pela sua brandura e condescendência, seja

estimulada a prática criminosa. A pena que se aplica em casos extremos é a da

internação em instituições apropriadas por um período de, no máximo, três anos, a

partir do que o infrator passa a ser encarado sem nenhuma restrição, ou seja, sem

antecedentes, não importando a gravidade do crime praticado.

Segundo Coutinho (2003), no artigo intitulado "O menor delinqüente", o

Professor Leon Frejda Szklarowski afirma que “não se justifica que o menor de

dezoito anos e maior de quatorze anos possa cometer os delitos mais hediondos e

graves, nada lhe acontecendo senão a simples sujeição às normas da legislação

especial”.

37

A questão da maioridade eleitoral é também um dos motivos a que se apega

a corrente defensora da redução da idade penal. A propósito, o mesmo legislador

constituinte que concluiu pela maturidade do jovem para escolher um presidente da

república deixa de considerar o mesmo jovem como responsável pela prática de

condutas delituosas, enquadrando o menor de dezoito anos como inimputável, tal

como expresso no artigo 228 da Constituição Federal.

Diante dessa contradição cometida pelo próprio poder constituinte, muitos

defensores indagam se seria mais complexo para o jovem de dezesseis anos

entender toda a importância dos poderes executivo, legislativo e judiciário dentro do

contexto maior da república, com as funções específicas do processo eleitoral, ou ter

conhecimento de que atos como matar, roubar, seqüestrar, etc.

Aos olhos do cidadão comum o processo eleitoral é o mais complicado, daí a

necessidade da revisão do ponto de vista constitucional no que concerne à

maioridade penal. Para Junior (2001), o responsável maior pela criação do Novo

Código Civil, já afirmava, em 1.990, que a necessidade da mudança na área penal,

relacionando-a com a recente novidade que o legislador-constituinte houvera

inserido na Constituição de 1.988 ao abreviar a idade eleitoral do brasileiro.

Ainda pesa contra a atual idade penal o fato de criminosos estarem usando,

na prática de assaltos seguidos de morte, menores entre quatorze a dezoito anos,

na certeza de que estes não vão para a cadeia. É comum a imprensa noticiar, em

escala sempre crescente, a participação de menores em crimes hediondos, desde

homicídio qualificado, tráfico de entorpecentes, extorsão mediante seqüestro,

estupro, até latrocínio, quase sempre em concurso com maiores de idade, que lhes

servem de mentores e aos quais acabam se tornando uma espécie de escudo, na

medida em que assumem sua parcela de culpa.

3.9 PAPEL DA FAMÍLIA, DA SOCIEDADE (INCLUINDO ESCOLA) E DO

ESTADO

O papel da família não é só ensinar, mas educar. Educar com amor, com

respeito, dignidade, impondo limites na relação, para que as crianças cresçam com

base em princípios fundamentais de valorização da vida.

38

É notório que a criança sofre influência das pessoas que a cercam. Essa

influência acontece de forma natural, e, geralmente, inconsciente. Para as crianças,

os adultos são vistos como referenciais que modelam seus comportamentos, e a

forma como esses adultos agem diante de situações boas, prazerosas ou situações

difíceis, servem de parâmetro para as crianças conduzirem as suas vidas.

Fundamentalmente, o papel da família influencia muito a criança a escolher

seu futuro, ser um cidadão de bem, dotado de valores. Em muitos casos a falta de

tempo dos pais causa graves problemas dentro do lar. Alguns não sabem nada

sobre seus filhos, vivem ausentes de casa, devido as atividades que ocupam fora do

lar. Outros, não têm tempo para conversar com as crianças. Os filhos também não

percebem a casa como um lar, apenas moram nela, sem dar importância.

A questão da proteção também influencia na formação da criança, pois esta

atitude deixa os filhos totalmente dependentes, precisando de atenção e ajuda

constante de outras pessoas, pois não conseguem andar sozinhos.

Os pais considerados autoritários, dominadores, exigentes ajudam a criar filhos

impulsivos e agressivos, desenvolvendo neles uma personalidade insegura e

instável.

Enfim, a família, mesmo que esteja desestruturada é considerada o alicerce

para a garantia de um futuro brilhante e promissor.

A sociedade tem um papel de grande relevância nesse aspecto, tratando a

criança com respeito e dignidade, como previsto na legislação especial, e neste

contexto inclui-se a escola. Sabe-se que o Direito a Educação é um direito de todos,

está expresso no Estatuto da Criança e do Adolescente ECA, e na Constituição

Federal Brasileira, assunto este intimamente relacionado com o adolescente infrator.

Quando se trata do envolvimento do adolescente em um ato infracional a

escola possui dois papéis: O primeiro é de caráter preventivo, com a promoção de

uma cultura de paz e tolerância, por meio de uma sólida formação para os valores.

O segundo é receber o adolescente que já se tornou um infrator e retorna à vida e

aos estudos. A atitude básica da escola nesse caso deve ser de inclusão. O sistema

de ensino precisa se preparar para lidar melhor com esse jovens e os problemas

que trazem consigo.

Como frisamos anteriormente, a educação é um direito de todos, sem

exceção, e o adolescente que tenha um conflito com a lei não pode ser excluído

dessa realidade. Se olharmos a realidade atual, percebe-se claramente que as

39

crianças e adolescentes em situação de risco fazem parte da clientela da educação,

ou seja, professores, diretores, supervisores e orientadores não recebem

capacitação especifica para lidar com essa clientela. Essa é uma grande falha das

redes públicas e particulares de ensino, por não acolher o aluno e sua realidade

familiar, comunitária ou cultural.

Nesse contexto de extrema exclusão social, observa-se o fenômeno da

marginalização que é o contingente populacional não integrado, não participante do

sistema produtivo, e a conseqüência dessa realidade provoca o deslocamento de

amplas massas humanas do meio rural à procura de melhores condições de vida e

de trabalho nas áreas urbanas. Com isso, acarreta crescimento demográfico que

resulta no processo de industrialização e modernidade, razão pela qual a

marginalidade torna-se uma prática moldadas pelas condições sociais e históricas

em que os homens vivem.

Quanto ao papel do Estado na formação do cidadão, sabe-se que o menor

marginalizado não surge por acaso. Ele é fruto de um estado de injustiça social

crônico que gera e agrava a miséria em que sobrevive a maior parte da população.

Na medida em que a desigualdade econômica e a decadência moral foram

crescendo nesses últimos anos, o número de menores empobrecidos também foi

aumentando. E a explicação para tudo isso?

A causa real deste fenômeno acredita-se que vem do próprio modelo

econômico adotado pelo governo que apresenta um sistema educacional fragilizado,

com professores desmotivados, em face das condições de trabalho e por políticas

de remuneração inexpressivas.

A realidade encontrada pelo menor em casa, também pode contribuir para

sua inclusão no mundo do crime. Não que todo menor desprovido economicamente,

necessariamente tenha que se envolver com a criminalidade, mas é forçoso

asseverar que diante das condições precárias vivenciadas em casa, o menor possa

se ver tentado a praticar os chamados atos infracionais na busca da satisfação de

seu desejo através de um bem material, por exemplo.

Sob os aspectos sociológicos, percebe-se que o menor é vitima de uma

sociedade de consumo desumana e muitas vezes cruel, razão pela qual precisa ser

tratado e amparado por políticas sociais fortes e não apenas punido do ponto de

vista penal. Cabe ao Estado, responsável pela elaboração e aplicação das leis,

chamar para si a responsabilidade pelo crescimento do número de menores

40

infratores, e certamente perceberá a flagrante omissão e a total falta de políticas

sociais que propiciem condições dignas às famílias de menor poder aquisitivo.

E mais, que a vida social requeira mais do que qualquer lei punitiva, exige

solidariedade, fraternidade e igualdade de oportunidade para todos.

Portanto, cada segmento necessita fazer a sua parte, a família com o papel

basilar, a sociedade (inserindo a escola), e principalmente o Estado que

fundamentalmente possa criar programas sociais sérios que garantam moradia,

saúde, educação e trabalho, ou seja, políticas de inclusão séria, eficientes, capazes

de envolver a grande massa dos desfavorecidos. Assim, evita-se que um grande

número de adolescentes sejam encarcerados dentro de um sistema prisional que

intensifica a cada dia os problemas que os levaram para lá.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Há quem argumente que a redução da maioridade seria plenamente

justificável em face da capacidade de entendimento do menor de dezesseis anos,

pois, a ele é dado o direito de votar. Tal argumento não merece respaldo, pois além

do fato de o voto para eles não ser obrigatório, também estão sujeitos às medidas

do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA, inclusive à medida máxima da

internação, que equivale à prisão para os adultos.

Defender a postura de redução da maioridade penal de dezoito para

dezesseis anos, é andar na contramão da história, pois se sabe da falência do

sistema prisional brasileiro. As pessoas pouco informadas, que tendem a defender a

redução, e isto o fazem impulsionadas pelo calor dos acontecimentos, por mero

casuísmo, com sede de vingança, deveriam examinar com atenção quais seriam as

medidas mais justas para conter a criminalidade.

Conforme noticiários dos telejornais, os dois maiores grupos de criminosos

que atualmente aterrorizam as maiores cidades do Brasil nasceram dentro de

nossos presídios: o Comando Vermelho, no Rio, e o Primeiro Comando da Capital,

em São Paulo. Isso reforça a idéia da ineficiência dos nossos presídios para a

recuperação ou ressocialização dos criminosos, pois dificilmente um condenado que

ali permaneça por um determinado período conseguirá reabilitar-se para o convívio

social, sem praticar mais crimes.

No contexto deste trabalho, analisamos as duas correntes que se posicionam

de maneira sólidas, argumentadas e patrocinadas por juristas renomados no cenário

penal brasileiro quanto as propostas de emendas à Constituição. Aqueles que

defendem a redução alegam que o jovem com dezesseis anos já se encontra

maduro em todos os sentidos, de modo a entender claramente o caráter ilícito de

sua conduta e a determinar-se de acordo com esse entendimento. Outros entendem

que o amadurecimento ainda não é pleno e que a redução da idade penal traria um

retrocesso, pois, o sistema penitenciário aplicado ao maior de dezoito anos é ainda

arcaico e rudimentar.

Questiona-se: Se o menor hoje com dezesseis anos tem o senso de

discernimento mínimo para saber com segurança o que é uma ilicitude, e o mais

importante, reconhecendo o caráter errado de sua atuação (matar, roubar, estuprar,

etc.), saber que tais atos lhe sujeitará a ir para a cadeia?

42

Diante dos avanços verificados na sociedade e do progresso intelectual vivido

pelo jovem com dezesseis anos, não há dúvida que a resposta é afirmativa,

principalmente levando-se em consideração que nessa idade, é permitido exercer o

direito soberano do voto. No entanto, existe um grande abismo entre a aptidão à

maioridade plena, ou seja, estar apto a assumir a responsabilidade por um crime

praticado, e a estrutura de que dispõe o sistema penitenciário brasileiro para

albergar criminosos, hoje corrompido, cruel, e, o que é mais grave, dissociado do

princípio basilar do estado de direito.

Nesse sentido, a idade penal não deve ser reduzida enquanto existir a atual

estrutura, pois como já ocorre com os criminosos, a cadeia de hoje, longe de cumprir

com sua função ressocializadora, funciona como uma espécie de escola para

formação de delinqüentes. Inserir nessa estrutura menores de dezoito anos seria

uma agressão à sociedade e um retrocesso às funções do Estado que em última

análise tem o dever constitucional de prover o bem estar e a dignidade da pessoa

humana, princípios, excessivamente enfatizados e valorizados no novo Código Civil.

A única certeza que se poderá ter dessa medida que prega a redução da

maioridade penal é a de que ocorrerá um aumento considerável do número de

sentenciados a cumprir penas no País. E nada mais. O efeito intimidativo da medida

de segurança é nenhum, já que os delitos continuarão a ocorrer, sejam eles

classificados como hediondos, qualificados, agravados, enfim, os crimes existirão

independentemente de aumento das penas ou da criação de novos tipos penais ou

ainda em razão da redução do limite temporal.

A solução para o problema da violência entre crianças e jovens é a prevenção

primária, por meio das estratégias cientificamente comprovadas, facilmente

replicáveis e definitivamente muito mais baratas do que a recuperação de crianças e

adolescentes que cometem atos infracionais graves contra a vida.

A prevenção primária da violência inicia-se com a construção de um tecido

social saudável e promissor, que começa antes do nascer, com um bom pré-natal,

parto de qualidade, aleitamento materno exclusivo até seis meses e o complemento

até mais de um ano, vacinação, educação infantil, principalmente propiciando o

desenvolvimento e o respeito à fala da criança, a oração, o brincar, o andar, o jogar;

uma educação para a paz e a não-violência.

A segunda área da maior importância nessa prevenção primária da violência

envolvendo crianças e adolescentes é a educação, a começar pelas creches,

43

escolas infantis e de educação essencial e de nível médio, que devem valorizar o

desenvolvimento do raciocínio e a matemática, a música, a arte, o esporte e a

prática da solidariedade humana, princípio fundamental para o crescimento

intelectual do ser humano.

Sabe-se que a construção da paz e a prevenção da violência dependem de

como promovemos o desenvolvimento físico, social, mental, espiritual e cognitivo

das crianças e adolescentes, dentro do contexto familiar e comunitário. Trata-se,

portanto, de uma ação envolvendo todos os segmentos sociais, e que esta ação seja

realizada de maneira integrada, inteligente e responsável. Com a participação das

famílias, mesmo que estas estejam incompletas ou desestruturadas. Com

participação do Estado e da sociedade civil, envolvendo escola, igreja, enfim.

O sistema vigente garante ao adolescente autor de ato infracional diversas

medidas capazes de assegurar sua ressocialização. O que está em jogo é assegurar

a boa qualidade na execução dessas medidas. Afinal de contas, o sistema jurídico

direcionado aos jovens deve sempre visar efeitos pedagógicos e garantir que eles

não tornem a delinqüir, não fazendo sentido a simples punição pela punição. Desta

forma, se a análise for feita no sentido de se saber o que o legislador objetiva com a

mudança na lei, chega-se à conclusão de nada adiantará reduzir a idade de

imputação para dezesseis anos ou para qualquer idade. Compromissos com os

resultados implicam em implantação dos programas sócio-educativos para os que já

infringiram a lei, programas preventivos para aqueles que ainda não inflacionaram e,

obviamente, políticas sociais básicas e políticas compensatórias para corrigir as

desigualdades sociais.

Se ao tentar transferir o adolescente de um sistema que recupera a maioria

dos infratores para colocá-los nos presídios, somente vai agravar o problema,

porque transfere-se apenas o local do cumprimento das sentenças, ou seja, das

Casas dos Menores Infratores para as Penitenciárias Estaduais, mas o problema vai

continuar, principalmente em si tratando da nossa realidade, eis que o IAPEN foi

projetado para ¨alojar¨ setecentos e cinqüenta e seis presos, hoje já ultrapassam dos

mil e novecentos, com um custo para o Estado de R$ 1.160,00 cada, por mês. Isto

demonstra que o legislador insiste na concepção de que atacando-se os efeitos, as

causas estariam solucionadas.

Vale ressaltar que as medidas urgentes para aplacar o clamor popular,

resultam em legislações com imperfeições que podem complicar em vez de dirimir

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conflitos. Alem do mais, como já mencionado, o sistema prisional já enfrenta graves

problemas de superlotação, como poderá absorver novos presos? Se o problema

fosse meramente à idade, o sistema prisional para maiores de dezoito anos não

estaria sobrecarregado como se encontra.

Por esses motivos, as propostas de redução da maioridade penal

apresentam-se eivadas de inconstitucionalidade, tanto por afrontar os princípios e

racionalidades constitucionais, como também por violar cláusulas pétrea consagrada

pela Constituição Federal, regra do art. 228, que o Estado Brasileiro se

comprometeu a cumprir por ocasião da Convenção sobre os Direitos da Criança,

ratificada pelo Brasil em 1990.

Com base nessa visão, acredita-se que a redução do índice de delinqüência

da massa juvenil somente será alcançada mediante a concretização de uma efetiva

justiça social, com melhor distribuição de renda, respeito aos direitos e garantias

individuais, mediante a sintonia de todos os segmentos da sociedade (família,

sociedade, incluindo a escola) e estado fortalecendo a idéia daqueles que acreditam

e apostam no potencial da nova geração, sem rótulos ou estigmas, apenas jovens

brasileiros.

Portanto, admiti-se que a cadeia não é a solução, pois, não adianta reduzir o

limite de idade para efeitos penais se não se buscar reduzir, principalmente, os

índices de analfabetismo e desigualdades que vigoram no país.

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A N E X O S

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A N E X O A

SSEENNAADDOO FFEEDDEERRAALL GGaabbiinneettee ddoo SSeennaaddoorr DDEEMMÓÓSSTTEENNEESS TTOORRRREESS

PARECER Nº , DE 2007

Da COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO, JUSTIÇA E CIDADANIA, sobre as Propostas de Emenda à Constituição nºs18 e 20/1999, 03/2001, 26/2002, 90/2003, e 09/2004, que alteram o art. 228 da Constituição Federal para reduzir a maioridade penal.

RELATOR: Senador DEMÓSTENES TORRES

I – RELATÓRIO

Vem a esta Comissão para exame as Propostas de Emenda à Constituição-PEC nºs 18 e 20/1999; 03/2001; 26/2002; 90/2003; e 09/2004, que alteram o art. 228 da Constituição Federal para reduzir a maioridade penal.

A PEC nº 18/1999, prevê que nos casos de crimes contra a vida ou o

patrimônio cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, são imputáveis os infratores com dezesseis anos ou mais de idade.

A PEC nº 20/1999, torna imputáveis, para quaisquer infrações penais,

os infratores com dezesseis anos ou mais de idade, com a condição de que, se menor de dezoito anos, seja constatado seu amadurecimento intelectual e emocional.

A PEC nº 03/2001, também torna imputáveis, para quaisquer infrações

penais, os infratores com dezesseis anos ou mais de idade, com a condição de que, se menor de dezoito anos, seja constatado seu amadurecimento intelectual e emocional e o agente seja reincidente.

A PEC nº 26/2002, estabelece que os maiores de dezesseis e os

menores de dezoito anos de idade são imputáveis, em caso de crime hediondo ou qualquer crime contra a vida, se ficar constatado, por laudo técnico elaborado por junta nomeada pelo juiz competente, a capacidade do agente de entender o caráter ilícito de seu ato.

A PEC nº 90/2003, torna imputáveis os maiores de treze anos em caso

de prática de crime hediondo. Por fim, a PEC nº 09/2004, prevê a imputabilidade para qualquer

menor de dezoito anos, desde que tenha praticado crime hediondo ou de lesão corporal grave e seja constatado que possui idade psicológica igual ou superior a

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dezoito anos, com capacidade para entender o ato ilícito cometido e determinar-se de acordo com esse entendimento.

As seis PECs referidas passaram a tramitar em conjunto em razão da

aprovação do Requerimento nº 743/2004, fundamentado no art.258 do Regimento Interno do Senado Federal (RISF).

O Senador Amir Lando, em parecer às PECs nºs 18 e 20/1999, e

03/2001, que tramitam em conjunto por força dos Requerimentos nºs 284/1999, e 125/2001, concluiu pela rejeição das PECs nºs 18/1999, e 03/2001, e pela aprovação da PEC nº 20/1999.

A matéria foi retirada de pauta a requerimento do próprio Senador Amir

Lando para reexame dos relatórios. Em virtude de seu afastamento para exercer o cargo de Ministro de Estado da Previdência Social em 23 de janeiro de 2004, as referidas PECs foram a mim redistribuídas.

Após lido o novo Relatório, foram apresentadas 4 emendas. Emenda nº 1, de autoria do Senador Tasso Jereissati, propõe que lei

infraconstitucional poderá, excepcionalmente, desconsiderar a imputabilidade penal aos dezoito anos, e definirá as condições e circunstâncias para tanto.

Emenda nº 2, de autoria do Senador Antonio Carlos Valadares, propõe

que a maioridade penal aos dezesseis anos seja confirmada ou não pela sociedade por meio de referendo. A emenda foi retirada em 28 de fevereiro de 2007.

Emenda nº 3, de autoria do Senador Almeida Lima, propõe a redução

da imputabilidade até os doze anos de idade, a ser aferida pelo juiz no caso concreto e após a realização de exame criminológico.

Emenda nº 4, de autoria do Senador Magno Malta pretende criar um

parágrafo único ao art. 228 prevendo que “os menores de dezoito anos que cometerem crimes hediondos são penalmente imputáveis”.

II – ANÁLISE

Esta Comissão, nos termos do art. 356 do Regimento Interno do

Senado Federal, é competente para apreciar a matéria. As PECs não ofendem cláusulas pétreas (art. 60, § 4º) e observam a

exigência constitucional quanto à iniciativa (art. 60, I). Não se identificam óbices relativos à constitucionalidade, juridicidade e regimentalidade.

Quanto ao mérito, alguns apontamentos mostram-se necessários. O

Código Penal Brasileiro, que data de 1940, adotou um critério puramente biológico e naturalístico ao estabelecer que “os menores de dezoito anos são penalmente irresponsáveis” (art.23), o que foi mantido na reforma do Código de 1984, que alterou a redação para “os menores de dezoito anos são penalmente inimputáveis”

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(art. 27), critério que foi recepcionado pelo legislador constituinte de 1988, ao redigir o art. 228 da Constituição Federal, objeto das PECs em comento.

Com efeito, a idade acima dos dezoito anos é condição necessária e

sine qua non para a imputabilidade penal. O que significa dizer que um menor de dezoito anos não é dotado, por força de lei, de capacidade de culpabilidade, ou seja, não pode responder por seus atos, e contra isso não se admite prova em contrário, tratando-se, portanto, de presunção absoluta, juris et de jure. Observa-se que estamos diante de uma ficção jurídica, uma construção abstrata e apriorística da lei, sem ligação necessária com a realidade concreta, e que desconsidera se o agente era ou não capaz de entender o caráter ilícito do fato e de determinar-se de acordo com tal entendimento – que são os dois requisitos biopsicológicos adotados pela nossa lei e doutrina penais para as outras hipóteses de definição da inimputabilidade, como deficiência mental, embriaguez completa e dependência química.

A PEC nº 18, de 1999, prevê maioridade penal aos dezesseis anos

apenas nos casos de crimes contra a vida ou contra o patrimônio cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa. Tal estratégica legislativa desconsidera os dois elementos supracitados que devem ser considerados para a imputabilidade penal: o entendimento da ilicitude do fato e a autodeterminação de acordo com tal entendimento. Não faz sentido presumir essa dupla capacidade, que é do agente, olhando-se para a natureza do crime.

A PEC nº 26, de 2002, incorre no mesmo erro. Desta vez, escolhendo

os crimes hediondos e os crimes contra a vida. Além disso, esquece de incluir, em sua parte final, que o laudo técnico examine também a capacidade de autodeterminação do agente, e não apenas de entendimento.

As PECs nº 90, de 2003, e nº 09, de 2004, também vinculam a

presunção biopsicológica do discernimento à natureza do crime: na primeira, crime hediondo; na segunda, crime hediondo e de lesão corporal grave.

As outras duas PECs trazem melhor redação. PEC nº 20, de 1999,

estabelece a imputabilidade aos dezesseis anos, para quaisquer infrações penais, com a condição de que seja constatado o amadurecimento intelectual e emocional. A PEC nº 03/2001, segue o mesmo exemplo, apenas acrescentando novo requisito: que o agente seja reincidente. Não se percebe a utilidade prática dessa adição, pois condiciona a produção de efeitos jurídicos penais da constatação técnica do discernimento a um dado objetivo, a repetição delituosa. Ora, não há qualquer relação necessária entre ambos, e punir o reincidente e livrar o primário, tendo ambos discernimento necessário para entender e autodeterminar-se, seria uma ofensa ao princípio da igualdade, que ensina que todos devem ser formalmente iguais perante a lei.

As justificações das PECs sob exame trazem, de uma forma geral, o

argumento de que o desenvolvimento mental dos jovens dos dias de hoje é muito superior aos de seis décadas atrás, principalmente em virtude da revolução tecnológica nos meios de informação, e sublinham o aumento exponencial da criminalidade.

51

É oportuno mencionar que Tobias Barreto, o maior penalista do Império

brasileiro, em sua obra “Menores e Loucos em Direito Criminal”, escrita em 1884, e reeditada em 2003 pelo Senado Federal, já clamava por um direito penal que estabelecesse uma relação direta entre a maioridade penal e o discernimento do agente. Tobias Barreto já elogiava, nessa época, o Código Penal francês, que trazia a maioridade penal aos dezesseis anos.

Passados praticamente cem anos até a Constituição Federal de 1988,

hoje vige no Brasil uma maioridade penal de 18 anos. Ou seja, decidiu-se ignorar o desenvolvimento cultural e intelectual do povo de um século. Na verdade, ignorou-se o progresso social de quase um século e meio, já que o Código Criminal do Império previa maioridade penal aos quatorze anos (art. 10, § 1º), maioridade esta que foi mantida pelo Código Penal da República, de 1890 (art. 27, § 2º).

O legislador constituinte de 1988 decidiu simplesmente suspender a

História, e um dos resultados é o aumento da criminalidade em meio aos jovens e o uso crescente de menores por parte de quadrilhas organizadas, que apenas procuram formar um escudo protetor contra o Poder Judiciário, beneficiando-se da lei.

No Rio de Janeiro e em São Paulo, estima-se que mais de 1% da população trabalha para o tráfico de drogas, o qual ocupa, majoritariamente, mão-de-obra jovem ou adolescente. Nos últimos cinco anos, o dinamismo do comércio ilegal de drogas e o rejuvenescimento dos seus quadros têm impressionado a polícia. É um fator que se soma ao fenômeno do rejuvenescimento das vítimas de homicídios, observado nas últimas duas décadas, e com tendência preocupante nos últimos anos. Na década de 1980, a maior incidência de vítimas concentrava-se na faixa entre 22 e 29 anos. Nos anos 90, entre 18 e 24 anos.

Esses números demonstram claramente que os jovens são o grupo populacional que mais se envolve com o crime nos dias de hoje, e o direito penal constitucional não pode permanecer inerte e suspenso diante dessa realidade.

Urge, portanto, atualizar a maioridade penal no Brasil.

Todas as PECs aqui analisadas inspiram um sistema de imputabilidade no seguinte sentido: a previsão abstrata de uma idade que represente a maioridade penal e a possibilidade de, no caso concreto, tornar o agente inimputável caso constatado que ainda não possui o necessário discernimento.

A emenda nº 1 traz solução intermediária inteligente: a de deixar que

lei infraconstitucional estabeleça condições para excepcionalizar a maioridade penal aos dezoito anos. Todavia, julgo que a matéria deve ser conformada pelo próprio texto constitucional, para se evitar alterações posteriores mais fáceis e tornar a maioridade penal instrumento banalizado de política criminal.

Em consulta ao ilustre Senador Tasso Jereissati, foi possível construir

entendimento no sentido de que a maioridade entre os 16 e 18 anos de idade somente deve ser reconhecida após a realização de exame por equipe multidisciplinar para averiguação da plena capacidade biopsicológica do agente. Incorporo, portanto, tal providência através de emenda.

52

A emenda nº 3 propõe que a maioridade seja decidida no caso concreto, pelo Poder Judiciário. Essa medida, apesar de meritória, acarretaria uma maior lentidão aos processos criminais, pois está criando um novo incidente processual. Acredito que agravar o problema da morosidade do Judiciário não seria o melhor caminho.

A emenda nº 4, também meritória já está contemplada, de forma mais

ampla, na emenda que apresento. Entendo que a melhor saída, diante das propostas analisadas, e do

grave quadro de insegurança hoje Vivido, e para não incorrer nos vícios anteriormente citados, e a redução da maioridade penal para os dezesseis anos, prevendo-se, contudo, aplicação de pena com rigor penitenciário apenas aos maiores de dezesseis anos que cometerem crimes eivados de hediondez.

O legislador constituinte de 1987/1988 fez constar em nossa Lei Maior,

no inciso XLIII do Art. 5º, no capítulo dos direitos e deveres individuais e coletivos, que a lei “considerará inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos”. Esse dispositivo constitucional indica um norte valorativo para o tratamento da questão, e nele busquei a solução que ora apresento.

III – VOTO

Diante do exposto, voto pela rejeição das Propostas de Emenda à Constituição nºs 18/1999; 03/2001; 26/2002; 90/2003; 09/2004, assim como das emendas nºs 1, 3 e 4, e pela aprovação da PEC nº 20, de 1999, com a seguinte emenda:

EMENDA Nº __ CCJ

Dê-se ao art. 228 da Constituição Federal, de que trata o art. 1º da

Proposta de Emenda à Constituição nº 20, de 1999, a seguinte redação:

Art 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezesseis anos, sujeitos às normas da legislação especial. Parágrafo único. Os menores de dezoito e maiores de dezesseis anos: I - somente serão penalmente imputáveis quando, ao tempo da ação ou omissão, tinham plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato e de determinar-se de acordo com esse entendimento, atestada por laudo técnico, elaborado por junta nomeada pelo juiz; II – cumprirão pena em local distinto dos presos maiores de dezoito anos; III – terão a pena substituída por uma das medidas sócio-educativas, previstas em lei, desde que não estejam incursos em nenhum dos crimes referidos no inciso XLIII, do art. 5º, desta Constituição.

Sala da Comissão,

, Presidente

, Relator

53

ANEXO B

Presidência da República Casa Civil

Subchefia para Assuntos Jurídicos

LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990.

Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Omissis

Livro II

Parte Especial

Título II

Das Medidas de Proteção

Capítulo I

Disposições Gerais

Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados:

I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável; III - em razão de sua conduta.

Capítulo II

Das Medidas Específicas de Proteção

Art. 99. As medidas previstas neste Capítulo poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a qualquer tempo.

Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em conta as necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que visem ao fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.

54

Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a autoridade competente poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas: I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade; II - orientação, apoio e acompanhamento temporários; III - matrícula e freqüência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental; IV - inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança e ao adolescente; V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial; VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; VII - abrigo em entidade; VIII - colocação em família substituta. Parágrafo único. O abrigo é medida provisória e excepcional, utilizável como forma de transição para a colocação em família substituta, não implicando privação de liberdade. Art. 102. As medidas de proteção de que trata este Capítulo serão acompanhadas da regularização do registro civil. § 1º Verificada a inexistência de registro anterior, o assento de nascimento da criança ou adolescente será feito à vista dos elementos disponíveis, mediante requisição da autoridade judiciária. § 2º Os registros e certidões necessários à regularização de que trata este artigo são isentos de multas, custas e emolumentos, gozando de absoluta prioridade.

Omissis

Títiulo III

Capítulo IV

Das Medidas Sócio-Educativas

Seção I

Disposições Gerais

Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas:

I - advertência; II - obrigação de reparar o dano; III - prestação de serviços à comunidade; IV - liberdade assistida; V - inserção em regime de semi-liberdade;

55

VI - internação em estabelecimento educacional; VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI. § 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da infração. § 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação de trabalho forçado. § 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental receberão tratamento individual e especializado, em local adequado às suas condições. Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o disposto nos arts. 99 e 100. Art. 114. A imposição das medidas previstas nos incisos II a VI do art. 112 pressupõe a existência de provas suficientes da autoria e da materialidade da infração, ressalvada a hipótese de remissão, nos termos do art. 127. Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada sempre que houver prova da materialidade e indícios suficientes da autoria.

Seção II

Da Advertência

Art. 115. A advertência consistirá em admoestação verbal, que será reduzida a termo e assinada.

Seção III

Da Obrigação de Reparar o Dano

Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da vítima.

Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a medida poderá ser substituída por outra adequada.

Seção IV

Da Prestação de Serviços à Comunidade

Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período não excedente a seis meses, junto a entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em programas comunitários ou governamentais.

Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as aptidões do adolescente, devendo ser cumpridas durante jornada máxima de oito horas semanais, aos sábados, domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a não prejudicar a freqüência à escola ou à jornada normal de trabalho.

56

Seção V

Da Liberdade Assistida

Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que se afigurar a medida mais adequada para o fim de acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente.

§ 1º A autoridade designará pessoa capacitada para acompanhar o caso, a qual poderá ser recomendada por entidade ou programa de atendimento.

§ 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por outra medida, ouvido o orientador, o Ministério Público e o defensor.

Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a supervisão da autoridade competente, a realização dos seguintes encargos, entre outros:

I - promover socialmente o adolescente e sua família, fornecendo-lhes orientação e inserindo-os, se necessário, em programa oficial ou comunitário de auxílio e assistência social; II - supervisionar a freqüência e o aproveitamento escolar do adolescente, promovendo, inclusive, sua matrícula; III - diligenciar no sentido da profissionalização do adolescente e de sua inserção no mercado de trabalho; IV - apresentar relatório do caso.

Seção VI

Do Regime de Semi-liberdade

Art. 120. O regime de semi-liberdade pode ser determinado desde o início, ou como forma de transição para o meio aberto, possibilitada a realização de atividades externas, independentemente de autorização judicial.

§ 1º São obrigatórias a escolarização e a profissionalização, devendo, sempre que possível, ser utilizados os recursos existentes na comunidade.

§ 2º A medida não comporta prazo determinado aplicando-se, no que couber, as disposições relativas à internação.

Seção VII

Da Internação

Art. 121. A internação constitui medida privativa da liberdade, sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.

§ 1º Será permitida a realização de atividades externas, a critério da equipe técnica da entidade, salvo expressa determinação judicial em contrário.

57

§ 2º A medida não comporta prazo determinado, devendo sua manutenção ser reavaliada, mediante decisão fundamentada, no máximo a cada seis meses.

§ 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de internação excederá a três anos.

§ 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior, o adolescente deverá ser liberado, colocado em regime de semi-liberdade ou de liberdade assistida.

§ 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos de idade.

§ 6º Em qualquer hipótese a desinternação será precedida de autorização judicial, ouvido o Ministério Público.

Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada quando: I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência a pessoa; II - por reiteração no cometimento de outras infrações graves; III - por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta. § 1º O prazo de internação na hipótese do inciso III deste artigo não poderá ser superior a três meses. § 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada a internação, havendo outra medida adequada. Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade, compleição física e gravidade da infração. Parágrafo único. Durante o período de internação, inclusive provisória, serão obrigatórias atividades pedagógicas.

Art. 124. São direitos do adolescente privado de liberdade, entre outros, os seguintes:

I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do Ministério Público; II - peticionar diretamente a qualquer autoridade; III - avistar-se reservadamente com seu defensor; IV - ser informado de sua situação processual, sempre que solicitada; V - ser tratado com respeito e dignidade; VI - permanecer internado na mesma localidade ou naquela mais próxima ao domicílio de seus pais ou responsável; VII - receber visitas, ao menos, semanalmente; VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos; IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio pessoal; X - habitar alojamento em condições adequadas de higiene e salubridade; XI - receber escolarização e profissionalização; XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer: XIII - ter acesso aos meios de comunicação social; XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e desde que assim o deseje;

58

XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de local seguro para guardá-los, recebendo comprovante daqueles porventura depositados em poder da entidade; XVI - receber, quando de sua desinternação, os documentos pessoais indispensáveis à vida em sociedade. § 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade. § 2º A autoridade judiciária poderá suspender temporariamente a visita, inclusive de pais ou responsável, se existirem motivos sérios e fundados de sua prejudicialidade aos interesses do adolescente.

Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade física e mental dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas adequadas de contenção e segurança.

Capítulo V

Da Remissão

Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para apuração de ato infracional, o representante do Ministério Público poderá conceder a remissão, como forma de exclusão do processo, atendendo às circunstâncias e conseqüências do fato, ao contexto social, bem como à personalidade do adolescente e sua maior ou menor participação no ato infracional.

Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão da remissão pela autoridade judiciária importará na suspensão ou extinção do processo.

Art. 127. A remissão não implica necessariamente o reconhecimento ou comprovação da responsabilidade, nem prevalece para efeito de antecedentes, podendo incluir eventualmente a aplicação de qualquer das medidas previstas em lei, exceto a colocação em regime de semi-liberdade e a internação.

Art. 128. A medida aplicada por força da remissão poderá ser revista judicialmente, a qualquer tempo, mediante pedido expresso do adolescente ou de seu representante legal, ou do Ministério Público.

omissis:

Art. 267. Revogam-se as Leis n.º 4.513, de 1964, e 6.697, de 10 de outubro de 1979 (Código de Menores), e as demais disposições em contrário.

Brasília, 13 de julho de 1990; 169º da Independência e 102º da República.

FERNANDO COLLOR Bernardo Cabral Carlos Chiarelli Antônio Magri Margarida Procópio

59

ANEXO C

Presidência da República Casa Civil

Subchefia para Assuntos Jurídicos

LEI Nº 7.210, DE 11 DE JULHO DE 1984.

Institui a Lei de Execução Penal.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Omissis

TÍTULO IV

Dos Estabelecimentos Penais

CAPÍTULO I

Disposições Gerais

Art. 82. Os estabelecimentos penais destinam-se ao condenado, ao submetido à medida de segurança, ao preso provisório e ao egresso.

§ 1° A mulher e o maior de sessenta anos, separadamente, serão recolhidos a estabelecimento próprio e adequado à sua condição pessoal. (Redação dada pela Lei nº 9.460, de 04/06/97)

§ 2º - O mesmo conjunto arquitetônico poderá abrigar estabelecimentos de destinação diversa desde que devidamente isolados.

Art. 83. O estabelecimento penal, conforme a sua natureza, deverá contar em suas dependências com áreas e serviços destinados a dar assistência, educação, trabalho, recreação e prática esportiva.

§ 1º Haverá instalação destinada a estágio de estudantes universitários. (Renumerado pela Lei nº 9.046, de 18/05/95)

§ 2º Os estabelecimentos penais destinados a mulheres serão dotados de berçário, onde as condenadas possam amamentar seus filhos. (Incluído pela Lei nº 9.046, de 18/05/95)

60

Art. 84. O preso provisório ficará separado do condenado por sentença transitada em julgado.

§ 1° O preso primário cumprirá pena em seção distinta daquela reservada para os reincidentes.

§ 2° O preso que, ao tempo do fato, era funcionário da Administração da Justiça Criminal ficará em dependência separada.

Art. 85. O estabelecimento penal deverá ter lotação compatível com a sua estrutura e finalidade.

Parágrafo único. O Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária determinará o limite máximo de capacidade do estabelecimento, atendendo a sua natureza e peculiaridades.

Art. 86. As penas privativas de liberdade aplicadas pela Justiça de uma Unidade Federativa podem ser executadas em outra unidade, em estabelecimento local ou da União.

§ 1o A União Federal poderá construir estabelecimento penal em local distante da condenação para recolher os condenados, quando a medida se justifique no interesse da segurança pública ou do próprio condenado. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)

§ 2° Conforme a natureza do estabelecimento, nele poderão trabalhar os liberados ou egressos que se dediquem a obras públicas ou ao aproveitamento de terras ociosas.

§ 3o Caberá ao juiz competente, a requerimento da autoridade administrativa definir o estabelecimento prisional adequado para abrigar o preso provisório ou condenado, em atenção ao regime e aos requisitos estabelecidos. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)

CAPÍTULO II

Da Penitenciária

Art. 87. A penitenciária destina-se ao condenado à pena de reclusão, em regime fechado.

Parágrafo único. A União Federal, os Estados, o Distrito Federal e os Territórios poderão construir Penitenciárias destinadas, exclusivamente, aos presos provisórios e condenados que estejam em regime fechado, sujeitos ao regime disciplinar diferenciado, nos termos do art. 52 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)

Art. 88. O condenado será alojado em cela individual que conterá dormitório, aparelho sanitário e lavatório.

61

Parágrafo único. São requisitos básicos da unidade celular:

a) salubridade do ambiente pela concorrência dos fatores de aeração, insolação e condicionamento térmico adequado à existência humana;

b) área mínima de 6,00m2 (seis metros quadrados).

Art. 89. Além dos requisitos referidos no artigo anterior, a penitenciária de mulheres poderá ser dotada de seção para gestante e parturiente e de creche com a finalidade de assistir ao menor desamparado cuja responsável esteja presa.

Art. 90. A penitenciária de homens será construída, em local afastado do centro urbano, à distância que não restrinja a visitação.

CAPÍTULO III

Da Colônia Agrícola, Industrial ou Similar

Art. 91. A Colônia Agrícola, Industrial ou Similar destina-se ao cumprimento da pena em regime semi-aberto.

Art. 92. O condenado poderá ser alojado em compartimento coletivo, observados os requisitos da letra a, do parágrafo único, do artigo 88, desta Lei.

Parágrafo único. São também requisitos básicos das dependências coletivas:

a) a seleção adequada dos presos; b) o limite de capacidade máxima que atenda os objetivos de individualização da pena.

CAPÍTULO IV

Da Casa do Albergado

Art. 93. A Casa do Albergado destina-se ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime aberto, e da pena de limitação de fim de semana.

Art. 94. O prédio deverá situar-se em centro urbano, separado dos demais estabelecimentos, e caracterizar-se pela ausência de obstáculos físicos contra a fuga.

Art. 95. Em cada região haverá, pelo menos, uma Casa do Albergado, a qual deverá conter, além dos aposentos para acomodar os presos, local adequado para cursos e palestras.

Parágrafo único. O estabelecimento terá instalações para os serviços de fiscalização e orientação dos condenados.

62

CAPÍTULO V

Do Centro de Observação

Art. 96. No Centro de Observação realizar-se-ão os exames gerais e o criminológico, cujos resultados serão encaminhados à Comissão Técnica de Classificação.

Parágrafo único. No Centro poderão ser realizadas pesquisas criminológicas.

Art. 97. O Centro de Observação será instalado em unidade autônoma ou em anexo a estabelecimento penal.

Art. 98. Os exames poderão ser realizados pela Comissão Técnica de Classificação, na falta do Centro de Observação.

CAPÍTULO VI

Do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico

Art. 99. O Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico destina-se aos inimputáveis e semi-imputáveis referidos no artigo 26 e seu parágrafo único do Código Penal.

Parágrafo único. Aplica-se ao hospital, no que couber, o disposto no parágrafo único, do artigo 88, desta Lei.

Art. 100. O exame psiquiátrico e os demais exames necessários ao tratamento são obrigatórios para todos os internados.

Art. 101. O tratamento ambulatorial, previsto no artigo 97, segunda parte, do Código Penal, será realizado no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico ou em outro local com dependência médica adequada.

CAPÍTULO VII

Da Cadeia Pública

Art. 102. A cadeia pública destina-se ao recolhimento de presos provisórios.

Art. 103. Cada comarca terá, pelo menos 1 (uma) cadeia pública a fim de resguardar o interesse da Administração da Justiça Criminal e a permanência do preso em local próximo ao seu meio social e familiar.

Art. 104. O estabelecimento de que trata este Capítulo será instalado próximo de centro urbano, observando-se na construção as exigências mínimas referidas no artigo 88 e seu parágrafo único desta Lei.

63

Omissis

Art. 204. Esta Lei entra em vigor concomitantemente com a lei de reforma da Parte Geral do Código Penal, revogadas as disposições em contrário, especialmente a Lei nº 3.274, de 2 de outubro de 1957.

Brasília, 11 de julho de 1984; 163º da Independência e 96º da República.

JOÃO FIGUEIREDO Ibrahim Abi-Ackel

64

ANEXO D

RELATÓRIO DO CENSO PENITENCIÁRIO REALIZADO NO IAPEN em 2007

Quadro 01

CENSO PENITENCICENSO PENITENCIÁÁRIO RIO 20072007

65

Quadro 02

WALCYR ALBERTO COSTA WALCYR ALBERTO COSTA SANTOSSANTOS

DiretorDiretor--Presidente do IAPENPresidente do IAPEN

SELMA VIANASELMA VIANAChefe de GabineteChefe de Gabinete

CoordenaCoordenaçção, elaboraão, elaboraçção e ão e ananáálise do Censolise do Censo

Emerson Barbosa de BarbosaEmerson Barbosa de BarbosaSociSocióólogo logo

66

Quadro 03

NOVIDADES DO NOVIDADES DO CENSO 2007CENSO 2007

1.1. Comparativos com os Comparativos com os censos anteriores;censos anteriores;

2.2. Comparativo do Comparativo do nnúúmero de habitantes mero de habitantes no Estado com a no Estado com a populapopulaçção carcerão carceráária;ria;

3.3. EvoluEvoluçção de crimes;ão de crimes;4.4. ProjeProjeçções;ões;5.5. Outros.Outros.

67

Quadro 04

NO ESTADO AMAPNO ESTADO AMAPÁÁ

Ano de 2007: 587.311hab.Ano de 2007: 587.311hab.Ano de 2006: 576.711hab.Ano de 2006: 576.711hab.Ano de 2005: 566,559hab.Ano de 2005: 566,559hab.

POPULAPOPULAÇÇÃOÃO

FONTE: IBGE 2007FONTE: IBGE 2007

Aumento de 3,66%Nos últimos 3 anos

68

Quadro 05

POPULAPOPULAÇÇÃO ÃO CARCERCARCERÁÁRIARIA

HOMENS

Ano de 2007: 1.800Ano de 2007: 1.800Ano de 2006: 1.625Ano de 2006: 1.625Ano de 2005: 1.361Ano de 2005: 1.361

MULHERES

Ano de 2007:Ano de 2007: 69mulheres69mulheresAno de 2006: 57Ano de 2006: 57 mulheresmulheresAno de 2005: 60Ano de 2005: 60 mulheresmulheres

Aumento de 15%Nos últimos 3 anos

Aumento de 32,2%Nos últimos 3 anos

ATENÇÃO! DE 1800 PRESOSAPENAS 15OO ESTÃO RECLUSOS

FONTE: Estatística IAPEN 2007

69

Quadro 06

POPULAPOPULAÇÇÃO CARCERÃO CARCERÁÁRIA REGIME X SEXORIA REGIME X SEXO

REGIREGIMEME

20200505

20020066

20020077

FECHADOFECHADO 481481 479479 456456

SEMISEMI--ABERTOABERTO

230230 311 311 386386

ABERTOABERTO 148148 236 236 366366

PROVISOPROVISORIOSRIOS

502502 599 599 592592

FECHADOFECHADO 3333 2727 2121

SEMISEMI--

ABERTOABERTO22 22 1111

ABERTOABERTO 00 00 00

PROVISORPROVISOR

IOSIOS2525 2828 3737

FONTE: Estatística IAPEN 2007 OBS: as colunas referem-se aos anosde 2005, 2006 e 2007, respectivamente.

Quadro 07

CAPACIDADE DE OCUPAÇAO X POPULAÇAO CARCERÁRIA

FEMININO11%

MASCULINO89%

O IAPEN TEM CAPACIDADE PARA ALOJAR APENAS 756 HOMENS E 96 MULHERES.

O NÚMERO DE VAGAS DA

PENITENCIÁRIA MASCULINA

ESTÁ ULTRAPASSADO EM

138% DE SUA CAPACIDADE

DE LOTAÇÃO. ISTO É, HOJE

TEMOS 1.044 PRESOS A

MAIS.

JÁ A PENITENCIÁRIA FEMININA TEM VAGASSOBRANDO. OU SEJA,AINDA HÁ OFERTA DE

28% DE SUA CAPACIDADEDE LOTAÇÃO.

FONTE: Estatística IAPEN 2007

70

Quadro 08

6%11%

54%

13%

10%5%

1%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

ESCOLARIDADE ANALFABETOS

ALFABETIZADOS

1º GRAU INCOMPLETO

PRIMEIRO GRAU COMPLETO

2º GRAU INCOMPLETO

2º GRAU COMPLETO

SUPERIOR INCOMPLETO

. EXATAMENTE 94% DOS PRESOS NÃO POSSUEM O 2º GRAU.

. APENAS 13% POSSUEM O 1º GRAU

. O PERCENTUAL DE ANALFABETOS É IGUAL AOS QUE POSSUEM O 2º GRAU E SUPERIOR INCOMPLETO. MAIS DA METADE DOS PRESOS SEQUER POSSUEM O 1º GRAU.

FONTE: Estatística IAPEN 2007

Quadro 09

22%

12%

56%

3% 7%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

COR DE PELE / ETNIA

BRANCA

NEGRA

PARDA

AMARELA

OUTRAS

FONTE: Estatística IAPEN 2007

NEGROS E PARDOS SOMAM 68% DO TOTAL DOS PRESOS. ISSO QUER DIZER QUE DE CADA 10 PRESOS,

MAIS DE 7 SÃO AFRODESCENDENTE.

SE CRUZARMOS DADOS, 9 DE CADA 10 DE PRESOS TEM ESCOLARIDADE INFERIOR AO 1º GRAU, E 7 DE CADA 10

SÃONÃO-BRANCOS.

71

Quadro 10

31%

22%

11%

15%

21%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

FAIXA ETÁRIA

18 A 24 ANOS

25 A 29 ANOS

30 A 34 ANOS

35 A 45 ANOS

ACIMA DE 46 ANOS

.53% DA POPULAÇÃO CARCERÁRIA TEM IDADE VARIÁVELENTRE 18 E 29 ANOS. OU SEJA, 5 EM CADA 10 PRESOS.

.ENTRE 30 E 45 ANOS TEMOS 26%..ACIMA DOS 46 ANOS APARECEM 21% DOS PRESOS.

FONTE: Estatística IAPEN 2007

Quadro 11

MAIS DA METADE DOSCONDENADOS CUMPREMPENA DE ATÉ 8 ANOS DEPRISÃO.

CONSEQUENTEMENTEESSA MASSA É JOVEM:ENTRE 18 E 30 ANOS DEIDADE. E COM ESTUDOREDUZIDO.

TEMPO DE PENA A SER CUMPRIDO NA PENITENCIÁRIA

4 ANOS20%

5 E 8 ANOS31%

16 E 20 ANOS4%

21 E 30 ANOS2%

9 E 15 ANOS7%

FONTE: Estatística IAPEN 2007

64% DOS PRESOS DA PENITENCIÁRIA SÃO CONDENADOS.

TEMOS ENTÃO 36% DE PRESOS AINDAAGUARDANDO SENTENÇA JUDICIAL, SÃOOS PRESOS PROVISÓRIOS.

72

Quadro 12

7,6%

12%

5%

9%

PRISÃO: FURTOS E ROUBOS

FURTO QUALIFICADO

FURTO SIMPLES

ROUBO QUALIFICADO

ROUBO SIMPLES

FONTE: Estatística IAPEN 2007

DE 1.869 PRESOS, 33.6% COMETERAM CRIMES DE FURTOS E/OU ROUBOS. OU SEJAQUASE 4 DE CADA 10 PRESOS.

Quadro 13

PRISÃO: HOMICIDIO E TRÁFICO DE DROGAS (HOMENS)

HOMICIDIO QUALIFICADO

12%

TRÁFICO DE ENTORPECENTES

14%

HOMICIDIO SIMPLES

17%

PRISÃO: HOMICÍDIO E TRÁFICO DE DROGAS (MULHERES)

HOMICIDIO SIMPLES

16%

TRÁFICO DE ENTORPECENTES

61%

HOMICIDIO QUALIFICADO

2%

HOMENS COMETEM MAIS HOMICÍDIOQUE AS MULHERES. DO TOTAL DE PRESOS, 29% SÃO HOMICIDAS. ISTO É, DE CADA 10 PRESOS, 3 COMETERAM HOMICIDIO.

APENAS 14% SÃO TRAFICANTES.

MULHERES COMETEM MENOS HOMICIDIO QUE OS HOMENS. PORÉM, 61% SÃO TRAFICANTES.OU SEJA, DE CADA 10 MULHERES PRESAS, 6 SÃO TRAFICANTES.

Outros crimes somam 21%.

FONTE: Estatística IAPEN 2007

73

Quadro 14

35%

17%12%

36%

REGIME PRISIONAL EM 2005

FECHADO

SEMI-ABERTO

ABERTO

PROVISORIO 30%

19%

14%

37%

REGIME PRISIONAL 2006

FECHADO

SEMI-ABERTO

ABERTO

PROVISORIO

25%

21% 20%

34%

REGIME PRISIONAL 2007

FECHADO

SEMI-ABERTO

ABERTO

PROVISORIO

COMPARATIVO ENTRE REGIME PRISIONAL (HOMENS): 2005

71% DA POPULAÇÃO CARCERÁRIA ESTAVACONCENTRADA NOS REGIMES FECHADO E PROVISÓRIO OS PRESOS DOS REGIMES ABERTO E

SEMI-ABERTO CRESCEM EM 4% EM RELAÇÃO A 2005.

OS REGIMES ABERTO, SEMI-ABERTO E FECHADO TERMINARAM ESTÁVEIS EM2007.

NOS ULTIMOS 3 ANOS A POPULADE PRESOS PROVISÓRIOS PERMANECEU ESTÁVEL.

FONTE: Estatística IAPEN 2007

Quadro 15

3% 3%

5%

4%

1%

TRABALHO (INTERNO E EXTERNO)

ADM. DIRETA

ADM. INDIRETA

ARTESANATO

APOIOESTABELECIMENTOPENALATIVIDADE RURAL

FONTE: Estatística IAPEN 2007

DOS 1.800 PRESOS DO SEXOMASCULINO, APENAS 16% ESTÃO OCUPADOS COM

TRABALHO

3% 2%

42%39%

TRABALHO (INTERNO E EXTERNO)

ADM. DIRETA

ADM. INDIRETA

ARTESANATO

APOIOESTABELECIMENTO

ATIVIDADE LABORAL

HOMENS MULHERES

ENTRE AS MULHERES ESSE NUMERO AUMENTA. DAS69 DETENTAS, 86% MANTEM-SEOCUPADAS COM TRABALHO

74

Quadro 16

PROJETOS E PARCERIASPROJETOS E PARCERIAS

�� Projeto Pintando a Liberdade Projeto Pintando a Liberdade

�� MarcenariaMarcenaria

�� Limpeza, artesanato, manutenLimpeza, artesanato, manutençção da bomba, ão da bomba, corte de cabelo, reforma, oficinas e pinturacorte de cabelo, reforma, oficinas e pintura

�� Projeto Costurando a LiberdadeProjeto Costurando a Liberdade

�� Trabalho Externo Trabalho Externo -- Liberdade e Cidadania Liberdade e Cidadania

�� Trabalho Externo Trabalho Externo -- PolPolíícia Militarcia Militar

�� Trabalho Externo Trabalho Externo -- Projeto ADVProjeto ADV

�� Trabalho Externo Trabalho Externo –– EMBRAPAEMBRAPA

�� Trabalho Externo Trabalho Externo -- Juizado EspecialJuizado Especial

�� Trabalho Externo Trabalho Externo –– UNIFAPUNIFAP

�� Trabalho Externo Trabalho Externo -- Procuradoria da RepProcuradoria da Repúúblicablica

�� Trabalho Externo Trabalho Externo -- PMMPMM

Quadro 17

121

49

136

ENTRADA DETENTO IAPEN (MÊS)

ano 2005

ano 2006

ano 2007

EM 2007 O IAPEN RECEBEU UM PERCENTUAL MENSAL DE 177% PRESOS A MAIS DO QUE EM 2006.

ENTÃO, SE ENTROU MAIS PRESOS, A POPULAÇÃO CARCERÁRIA DEVERIA TER CRESCIDO, CERTO ?ABAIXO DA MÉDIA DOS ANOS ANTERIORES ?

FONTE: Estatística IAPEN 2007

429

1.1101.345

SAIDA DE PRESO (ALVARÁ)

ANO DE 2005

ANO DE 2006

ANO DE 2007

OBS: FICA CLARO QUE EM 2007 ENTRARAMMAIS PRESOS NA CADEIA DO QUE NOS ANOSANTERIORES.

TAMBÉM É EVIDENTE QUE EM 2007 O PERCENTUAL DE ALVARÁS DE SOLTURASAUMENTOU EM 21% EM RELAÇÃOA 2006 E, 213% A MAIS QUE EM 2005.

75

Quadro 18

$ CUSTO DO PRESO $$ CUSTO DO PRESO $(de acordo com crit(de acordo com critéérios do MJ)rios do MJ)

�� O custo mensal de um detento para os O custo mensal de um detento para os cofres pcofres púúblicos em 2007 foi de blicos em 2007 foi de R$ 1053,00 (um mil e cinqR$ 1053,00 (um mil e cinqüüenta e enta e

três reais)três reais)

ObsObs: estão inclu: estão incluíídos gastos com: dos gastos com: alimentaalimentaçção;ão;salsaláários de funcionrios de funcionáários;rios;didiáárias referentes a escoltas;rias referentes a escoltas;

Quadro 19

QUANTITATIVO DE FUNCIONÁRIOS POR PRESO

490 funcionários, distribuídos da seguinte forma:. 362 Agentes Penitenciários;. 83 Educadores Penitenciários;. 45 Servidores de outras origens.

A segurança conta diretamente com:

267 Agentes Penitenciários e 24 Policiais Militares distribuídos em 4 plantões.

Temos uma média de 1 Agente Envolvido diretamente na Segurança para cada 5,3 presos.

Fonte: Estatística/IAPEN/2007

76

Quadro 20

ÁREA CONSTRUIDA(em metros quadrado)

� Cadeião: 65. 572m � Semi-Aberto: 11.250m � Feminino: 4.906m � Oiapoque: 1.200m� OBS: 81.728m apenas na capital

e, 1.200m no interior.

� TOTAL: 82. 928m

FONTE: Engenharia Prisional

Quadro 21

ÁREA CONSTRUIDA(em metros quadrado)

� Cadeião: 65. 572m � Semi-Aberto: 11.250m � Feminino: 4.906m � Oiapoque: 1.200m� OBS: 81.728m apenas na capital

e, 1.200m no interior.

� TOTAL: 82. 928m

FONTE: Engenharia Prisional

77

Quadro 22

COMPARATIVO DO NCOMPARATIVO DO NÚÚMERO DE MERO DE HABITANTES DO ESTADO DO HABITANTES DO ESTADO DO AMAPAMAPÁÁ COM O QUANTITATIVO COM O QUANTITATIVO DE PRESOS NA PENITENCIDE PRESOS NA PENITENCIÁÁRIA RIA

NOS NOS ÚÚLTIMOS 11 ANOSLTIMOS 11 ANOS

1997 1997 –– 20072007

Quadro 23

587.311

1.869

HABITANTES X PRESOS (2007)

HABITANTES

PRESOS

CRESCIMENTO DE 1,9% NA POPULAÇÃO DO ESTADO E,O NÚMERO DE PRESOS CRESCEU NA CASA DE 11%.

78

Quadro 24

NNÚÚMERO DE HABITANTES X NMERO DE HABITANTES X NÚÚMERO DE MERO DE PRESOSPRESOS

Ano de 1997: 756

presos

Ano de 2007: 1.869

presos

Crescimento da População carcerária em 11 anos

ano de 1997; 401.916,00

ano de 2007: 587.311,00

Habitantes no Estado em 11 anos

Fonte: Estatística/IAPEN/2007

. Entre 1997 e 2007, o número de habitantes do Estado do

Amapá cresceu 46%;

Fonte: Estatística/IAPEN/2007

A população carcerária, cresceu 153% em 11 anos.

Quadro 25

CONCLUSÕESCONCLUSÕES

�� A populaA populaçção carcerão carceráária ria masculina cresceu em ritmo masculina cresceu em ritmo acelerado nos acelerado nos úúltimos 11 ltimos 11 anos, tendo ultrapassado o anos, tendo ultrapassado o nnúúmero de mero de vagasvagas ofertadas ofertadas pelo Sistema prisional pelo Sistema prisional Local, gerando um dLocal, gerando um dééficit ficit em torno de em torno de 140%.140%.

�� Este fenômeno de Este fenômeno de crescimento tem crescimento tem acompanhado a macompanhado a méédia dia nacional.nacional.

79

Quadro 26

Primeiro estudo Primeiro estudo COMPARATIVO SOBRE COMPARATIVO SOBRE

EVOLUEVOLUÇÇÃO DE CRIMES no ÃO DE CRIMES no sistema penal amapaensesistema penal amapaense

2000 2000 -- 20052005

Quadro 27

Os grOs grááficos a seguir ficos a seguir demonstram a evoludemonstram a evoluçção de ão de crimes no Estado do Amapcrimes no Estado do Amapáá

em 6 anos. em 6 anos.

Foram consideramos apenas Foram consideramos apenas crimes com maior incidênciacrimes com maior incidência

80

Quadro 28

HOMICÍDIO SIMPLES (2000/2005)

Fonte: Estatística/IAPEN/2007

Quadro 29

TRÁFICO DE DROGAS (2000/2005)

Fonte: Estatística/IAPEN/2007