artur de freitas araújo integração de plantas com espécies nativas

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Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas de peixes em sistema de aquaponia Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Aquicultura da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Aquicultura. Orientador: Dr. Alex Pires de Oliveira Nuñer. Florianópolis 2015

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Page 1: Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas

Artur de Freitas Araújo

Integração de plantas com espécies nativas de peixes em sistema de

aquaponia

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Aquicultura da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito

parcial para obtenção do título de Mestre em Aquicultura.

Orientador: Dr. Alex Pires de Oliveira Nuñer.

Florianópolis

2015

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais e a minha irmã por todo carinho e atenção;

A minha amada namorada Soraya (Sol) por iluminar o meu

caminho todos os dias, pelo amor, pelo incentivo, pelo apoio, pela

compreensão e paciência nos momentos mais difíceis;

A Ana Clara, novo membro da família por trazer esperança e

alegria;

Ao meu orientador Alex Pires de Oliveira Nuñer pela amizade,

orientação e confiança, acreditando e incentivando meus pensamentos e,

tranquilizando-me diante as atribulações e dificuldades que apareciam.

Ao CNPq pela concessão de uma bolsa de estudos vinculada ao

Programa de Pós-Graduação em Aquicultura da UFSC;

Ao Luciano, Fernando, Mayara, Bruno, Thales, Euler, Túlio,

Lula, John, Camila, Renatinha, Ronaldo, Patrick, Pedrão e os demais

colaboradores e corpo técnico do LAPAD pela parceria, aprendizado e

apoio durante o meu período de experiência e passagem pelo

laboratório;

Ao Prof. Dr. Evoy Zaniboni Filho pelo apoio e motivação; e

Ao Carlito pela prestatividade frente à secretaria do Programa

de Pós-Graduação em Aquicultura.

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Page 7: Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas

...tudo isso é muito fácil de entender.

O medo é o primeiro inimigo natural

que o homem tem de vencer em seu

caminho para o conhecimento... ...e há

de aprender a despeito de você

mesmo, é esta a regra.

(Carlos Castaneda)

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RESUMO

O desempenho zootécnico de espécies nativas de peixes em sistema de

aquaponia foi avaliado com objetivo de determinar a quantidade

removida de nitrogênio (N) e fósforo (P) do sistema e de encontrar a

relação ideal entre a taxa de alimentação dos peixes e área de

crescimento para as plantas. No primeiro estudo Leporinus obtusidens foram estocados com o peso de 83,0 ± 3,8g (média ± DP) e foram

alimentados com 1,0% da biomassa por tanque. Lactuca sativa e Canna indica foram as plantas utilizadas nas camas com substrato.

Aproximadamente 10,0% de N e 11,0% de P da entrada de alimentação

foram incorporados por L. obtusidens. O sequestro de nutrientes de L. sativa foi 3,7% para N e 4,3% para P e para C. indica foi 5,6% para N e

8,0% para P, com diferença significativa (p<0,05) apenas para o

sequestro de P, entre os tratamentos. No segundo estudo, diferentes

biomassas de juvenis Rhamdia quelen foram estocados nos tanques,

enquanto Solanum lycopersicum, var. cerasiforme foram alocados nas

camas com substrato. Os tratamentos T7, T12 e T18, foram utilizados,

de acordo com a quantidade diferente de ração oferecida para os peixes

(7, 12 e 18g) e ao final do estudo a produtividade de tomate-cereja foi

avaliada, tendo sido registrada diferença significativa (p<0,05) apenas

entre T7 e T12 na massa úmida final de frutos, e neste caso, T12

apresentou a melhor relação entre peixes plantas.

Palavras-chave: Aquicultura. Leporinus obtusidens. Nitrogênio.

Rhamdia quelen. Biomassas.

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Page 11: Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas

ABSTRACT

The growth performance of native fish species in aquaponics system

was evaluated in order to determine the removed amount of nitrogen (N)

and phosphorus (P) in the system and the ideal relationship between fish

feed rate and grow bed area for the cultivated plants. In the first study

Leporinus obtusidens were stocked weighing 83.0 ± 3.8g (mean ± SD)

and were fed 1.0% of the total biomass per tank. Lactuca sativa and

Canna indica plants were used in beds with substrate. About 10.0% N

and 11.0% P, from fed input, were incorporated by fish, while the

uptake of nutrients from L. sativa was 3.7% N and 4.3% P and the C.

indica was 5.6% N and 8.0% P, with a significant difference (p<0.05)

for the uptake of P, between treatments. In the second study, different

biomass of Rhamdia quelen juveniles were stocked in tanks, as Solanum

lycopersicum var. Cerasiforme were allocated in each grow bed. The

treatments T7, T12 and T18, were used, according to the different

amount of feed provided to fish (7, 12 and 18g) and the end of the study

cherry tomato productivity was evaluated and was found significant

difference ( p <0.05) between T7 and T12 in the wet mass end of fruit,

and in this case, T12 had the best relationship between fish plants.

Keywords: Aquacultere. Leporinus obtusidens. Nitrogen. Rhamdia quelen. Biomass.

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LISTA DE FIGURAS DA INTRODUÇÃO

Figura 1. Produção mundial de pescados (Pesca + Aquicultura) entre

1950 e 2012, em milhões de toneladas (FAO, 2014) ............................ 21

Figura 2. Utilização em milhões de toneladas e consumo per capita

mundial de pescados (Pesca + Aquicultura) e, população mundial em

bilhões (FAO, 2014) .............................................................................. 21

Figura 3. Técnica de construção de ilhas artificiais pelos Astecas,

para produção de alimentos. (Fonte: www.palomar.edu) ...................... 23

Figura 4. Modelo simplificado de sistema aquapônico

(SOMERVILLE, 2014) ......................................................................... 23

Figura 5. Fluxo de água geral em aquaponia (RAKOCY; MASSER;

LOSORDO, 2006) ................................................................................. 24

Figura 6. Aquaponia com manjericão (RAKOCY et al., 2004) ............ 27

Figura 7. Alface lisa e birí em sistema de aquaponia “grow bed”.

Laboratório de Biologia e Cultivo de Peixes de Água Doce, UFSC,

julho de 2014 ......................................................................................... 28

LISTA DE FIGURAS DO 1º CAPÍTULO

Figura 1. Apresentação esquemática da unidade experimental ............. 36

Figura 2. Início do estudo em junho de 2014: da esquerda para direita

os tratamentos controle, birí e alface ..................................................... 37

Figura 3. Remoção (média ± desvio padrão, n=3) de nitrogênio e

fósforo por Lactuca sativa e Canna indica (a) e sua biomassa (b), em

aquaponia .............................................................................................. 41

LISTA DE FIGURAS DO 2º CAPÍTULO

Figura 1. Peso médio (± desvio padrão, n=3) de Rhamdia quelen com

taxa de alimentação diária, por tratamento, de 7 (T7), 12 (T12) e 18 g

(T18) ...................................................................................................... 57

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LISTA DE TABELAS DA INTRODUÇÃO

Tabela 1. Consumo de água necessário para produção de diferentes

produtos (RAKOCY et al., 2004) .......................................................... 29

LISTA DE TABELAS DO 1º CAPÍTULO

Tabela 1. Variáveis de qualidade de água em sistema de aquaponia

com Leporinus obtusidens em 38 dias. Média ± desvio padrão

(Máximo e mínimo). Médias com letras iguais na mesma fileira

indicam que não houve diferenças significativas (P>0,05, n=3)

(ANOVA). Florianópolis, junho-julho de 2014 .................................... 40

Tabela 2. Leporinus obtusidens: ganho de massa úmida, taxa de

crescimento específico (TCE), conversão alimentar (CA) e oferta de

ração; tratamentos com plantas e controle no final do estudo de 38

dias. Lactuca sativa e Canna indica: ganho de massa úmida e

crescimento. Florianópolis, junho-julho de 2014 .................................. 42

Tabela 3. Balanço de massa final (média ± desvio padrão) do

nitrogênio (N) e fósforo (P) removidos no tratamento alface (a), no

tratamento birí (b) e no controle (c), em aquaponia durante 38 dias,

inverno de 2014 ..................................................................................... 43

LISTA DE TABELAS DO 2º CAPÍTULO

Tabela 1. Ganho de massa úmida, taxa de crescimento específico

(TCE), taxa de conversão alimentar (TCA), oferta de ração,

biomassa final e consumo de água em cultivo de Rhamdia quelen.

Ganho de massa úmida, quantidade de fruto e biomassa final de

Solanum lycopersicum, var. cerasiforme em 88 dias de cultivo em

sistema de aquaponia nos tratamentos T7, T12 e T18 ........................... 58

Tabela 2. Variáveis de qualidade de água em sistema de aquaponia

com Rhamdia quelen em 88 dias. Média ± desvio padrão (Máximo e

mínimo). Médias com letras diferentes na mesma fileira indicam que

não houve diferenças significativas (P<0,05, n=3) (Kruskal- Wallis)... 59

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Page 17: Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................ 19

2. OBJETIVOS DO ESTUDO .............................................................. 31

3. CAPÍTULO 1 – Sequestro de nitrogênio e fósforo em sistema de

Aquaponia com piava (Leporinus obtusidens) (Valenciennes, 1847

Actinopterygii, Anostomidae) ............................................................... 33

Resumo .............................................................................................. 33

1. Introdução...................................................................................... 34

2. Materiais e métodos....................................................................... 35

3. Resultados ..................................................................................... 39

4. Discussão ....................................................................................... 44

5. Conclusão ...................................................................................... 47

Referências ........................................................................................ 48

4. CAPÍTULO 2 – Diferentes biomassas de peixes em sistema de

Aquaponia com jundiá (Rhamdia quelen) (Quoy e Gaimard 1824; Siluriformes: Heptapteridae) ............................................................. 51

Resumo .............................................................................................. 51

Abstract ............................................................................................. 52

1. Introdução...................................................................................... 53

2. Materiais e métodos....................................................................... 54

3. Resultados ..................................................................................... 57

4. Discussão ....................................................................................... 60

5. Conclusão ...................................................................................... 63

Referências ........................................................................................ 64

5. CONCLUSÃO GERAL .................................................................... 67

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DA INTRODUÇÃO ............ 68

APÊNDICE A - Componentes do sistema de aquaponia ...................... 72

APÊNDICE B - Sistema de aquaponia com piava, alface e birí ........... 74

APÊNDICE C - Sistema de aquaponia com jundiá e tomate-cereja ..... 76

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Page 19: Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas

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1. INTRODUÇÃO

A população mundial está crescendo rapidamente e já

ultrapassa os sete bilhões de habitantes, podendo alcançar o número de

nove bilhões de pessoas na metade deste século (FAO, 2014).

Estimativas apontam para um aumento anual de 75 milhões de pessoas

no mundo, que aumentarão a demanda por alimento até 2050.

O aumento da população humana e as demandas por água,

energia e alimentos, tendem a exigir uma abordagem multidisciplinar e

intersetorial para o desenvolvimento e gestão dos recursos aquáticos.

Admitindo-se que a economia alimentar mundial se equilibre

entre a procura e a oferta, devemos aumentar a nossa capacidade de

produzir alimentos no ritmo em que a população aumenta.

A segurança alimentar e nutricional será mais difícil de ser

alcançada em muitas áreas rurais se os programas de desenvolvimento

de água e de gestão negligenciarem a pesca em águas interiores. Há uma

preocupação justificável que a gestão de água para as oportunidades

econômicas, como a produção de energia elétrica, colocará em risco a

segurança humana e da biodiversidade aquática (FAO, 2014).

A água é um recurso precioso que está se tornando

relativamente escasso para a demanda humana. Este cenário não ocorre

somente em países de climas áridos, onde já existe carência por água,

mas também na Europa, Sudoeste Ásiatico, Ásia Central, México e

Austrália, onde já ocorre uma considerável limitação da sua oferta.

Para se ter idéia, a agricultura utiliza aproximadamente 70% da

água doce tratada do Brasil, seguida pelo consumo industrial e

doméstico que apresentam consumos semelhantes entre si mesmos

(PINTO-COELHO; HAVENS, 2015). Um exemplo é a irrigação

agrícola um dos principais escoadouros da água doce no mundo, que

também contribui para a poluição dos cursos de água superficiais com

fósforo e nitrogênio (FITZSIMMONS, 1992).

O atual modelo de agricultura é totalmente dependente de

combustíveis fósseis baratos, água ilimitada e clima estável, tornando

esse tipo de sistema alimentar vulnerável devido à crise das águas, do

aumento do preço de petróleo e das alterações climáticas.

Neste contexto, a melhoria na utilização da água para produção

de alimentos é fundamental, estando ligada ao suprimento da demanda

por alimentos no futuro. No relatório sobre a Sustentabilidade

Ambiental (FAO, 2014) verifica-se que para o desenvolvimento humano

alcançar a sustentabilidade é fundamental o desenvolvimento integrado

das atividades rurais e urbanas.

Page 20: Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas

20

A investigação para soluções entre a gestão de água para

diversos usos deve considerar mais do que aspectos monetários. Um

exemplo é que mais de dois bilhões de pessoas estão subnutridas no

mundo por causa de dietas deficientes em nutrientes, nutrientes estes

que são fornecidos por peixes, na forma de proteínas, carboidratos,

minerais e lipídeos (FAO, 2014).

Considerando-se a produção de alimentos de origem aquática, a

produção mundial de pescados (pesca extrativa + aquicultura), segundo

a FAO (2014), atingiu aproximadamente 140 milhões de toneladas em

2007 e 158 milhões de toneladas em 2012 (Figura 1). Destas, 117

milhões de toneladas (86,5%) e 136 milhões de toneladas (85%) foram

destinadas à alimentação humana, em 2007 e 2012, respectivamente,

representando um consumo mundial de pescados de 19 kg per capita

(Figura 2).

No Brasil, a aquicultura segue crescendo diante do ótimo

desempenho das vendas no setor de insumos e o visível aumento na

oferta de peixes cultivados no nosso dia a dia. O subsetor de maior

destaque foi o da piscicultura de água doce com uma produção

aproximada de 392.492 mil toneladas de pescado, avaliadas em R$ 2,02

bilhões; seguido por 64.669 mil toneladas de camarões (água doce e

salgada), avaliadas em R$ 765 milhões; e 19.360 toneladas de moluscos,

avaliadas em R$ 58 milhões (CARVALHO, 2014).

A piscicultura é uma atividade que tem crescido

ininterruptamente no Brasil e em relação aos números de produção,

mesmo com a grande diversidade de espécies nativas de peixes

existentes no país (em torno de três mil) a produção da piscicultura é

dominada por espécies exóticas (BALDISSEROTTO; GOMES, 2010).

A tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus) foi a espécie mais

produzida pelos piscicultores brasileiros no ano de 2013, tendo sido

despescadas 169.306 mil toneladas (43,1% do total), seguida pelo

tambaqui (Colossoma macropomum) com 88.718 mil toneladas (22,6%)

e dos híbridos tambacu (Colossoma macropomum x Piaractus

mesopotamicus) e tambatinga (Colossoma macropomum x Piaractus brachpomus), que somaram 60.463 mil toneladas (15,4%)

(CARVALHO, 2014).

Em relação à produção de peixes de água doce nos estados

brasileiros, Santa Catarina ocupa a 4ª posição, com 40.272 mil

toneladas, ficando atrás do Paraná, do Ceará e do Mato Grosso, que

produzem 51.494, 64.620 e 76.630 mil toneladas, respectivamente

(CARVALHO, 2014).

Page 21: Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas

21

Figura 1. Produção mundial de pescados (Pesca + Aquicultura) entre 1950 e 2012, em milhões de toneladas (FAO, 2014).

Figura 2. Utilização em milhões de toneladas e consumo per capita mundial de

pescados (Pesca + Aquicultura) e, população mundial em bilhões (FAO, 2014).

Atualmente, o setor é estimulado a desenvolver e implementar

inovações tecnológicas para enfrentar as questões ambientais e diminuir

as cargas de poluição (utilizando os resíduos de aquicultura) de maneira

econômica e benéfica. O Conselho Nacional do Meio Ambiente

(CONAMA) apresenta, na Resolução nº 413, de 26 de junho de 2009, as

normas e os critérios para o licenciamento ambiental da aquicultura e

dispensa a obrigatoriedade do licenciamento para os empreendimentos

Pop

ula

çã

o (

Bilh

ões)

Consum

o d

e p

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e (

Kg/c

apita)

ton

(m

ilhões

)

População

(Bilh

ões)

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mo d

e peix

e

(Kg/cap

ita)

ton

(m

ilhões

)

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22

considerados de pequeno porte, cujo potencial de severidade da espécie

seja considerado baixo e que não sejam potencialmente causadores de

significativa degradação do meio ambiente.

Está em tramite no Senado Federal o Projeto de Lei do Senado

nº 341, de 2013, que pretende alterar a lei nº 11.959, de 29 de junho de

2009, que dispõe sobre a Política Nacional do Desenvolvimento

Sustentável da Aquicultura e da Pesca, incentivando o uso de integrado

dos recursos naturais na atividade da aquicultura conjugada com a

agricultura.

Desta forma, o produtor poderá ainda se beneficiar com a

prioridade na concessão e renovação de outorga de direitos de uso de

recursos hídricos, na isenção da cobrança pelo uso dos recursos hídricos,

fornecedor preferencial de produtos aquícolas e agrícolas ao Programa

de Aquisição de Alimentos – PAA do Governo Federal, crédito rural

diferenciado e incentivo fiscal, tudo com base na lei.

Neste contexto, encontra-se a Aquaponia, uma tecnologia

milenar já utilizada pelos antigos povos babilônios em seus jardins

suspensos e pela civilização asteca com suas cidades flutuantes, onde

eram produzidos alimentos de origem animal e vegetal. Na Aquaponia

utilizam-se conceitos agroecológicos definidos que apontam em direção

a uma agricultura sustentável, onde a preservação do solo, dos recursos

hídricos e a garantia de segurança alimentar são critérios para a

sustentabilidade do sistema.

1.1. AQUAPONIA

Expulsos de regiões privilegiadas, o povo mexica, que

pertenceu às antigas civilizações mesoamericanas, peregrinava pelas

imediações do lago Texcoco cerca de 1.200 d.C. onde iniciou uma

expansão territorial na superfície de lagos e lagoas do Vale do México,

originando uma cidade flutuante.

A “chinampa” (Figura 3) foi o método utilizado no

desenvolvimento da agricultura e na expansão territorial, que consiste

em uma espécie de canteiro flutuante construído de madeira trançada,

preenchido por lama, folhas e galhos retirados do fundo das margens

dos lagos e coberto por camadas de terra fina (JENNINGS, 2002).

Os jardins flutuantes, como eram chamados as chinampas,

proporcionavam um ambiente perfeito para o cultivo de plantas, pois se

mantinham sempre úmidos e ricos em matéria orgânica: além disso,

acabavam sendo formados canais de água em torno delas, onde cresciam

peixes que também serviam de alimento para o povo mexica.

Page 23: Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas

23

Figura 3. Técnica de construção de ilhas artificiais, pelos Astecas, para produção de alimentos. (Fonte: www.palomar.edu)

O termo Aquaponia está sendo utilizado atualmente para

designar a produção de alimentos em um modelo de sistema mais

integrado, onde os desafios ambientais, sociais, econômicos, territoriais

e tecnológicos, são tratados de modo assegurar uma agricultura

sustentável com o mínimo de impactos ambientais e com retornos

econômico-financeiros adequados e justos para o produtor.

Aquaponia significa a união entre o cultivo de organismos

aquáticos (Aquicultura) com o cultivo de plantas na água (Hidroponia)

(Figura 4), e tem sido proposta como tecnologia eficiente, dentro do

contexto de reuso de água, de mínima produção de resíduos e, de

utilização dos espaços e recursos naturais (RAKOCY, 2007).

Figura 4. Modelo simplificado de sistema aquapônico (SOMERVILLE, 2014).

Page 24: Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas

24

Sistemas de produção em aquicultura podem fornecer uma

fonte orgânica consistente de nutrientes para plantas cultivadas em

hidroponia, ou seja, sem o uso de solo.

Desta forma, a Aquaponia e a integração de fazendas agrícolas,

podem reduzir os impactos ambientais provenientes da agricultura e da

aquicultura convencional.

Existem diferentes conceitos e definições impostas aos sistemas

de aquaponia, devido à possibilidade de se desenhar diferentes sistemas.

De modo geral, a aquaponia pode ser caracterizada como um sistema de

recirculação em aquicultura (SRA) acoplado a um sistema de hidroponia

em um mesmo sistema de produção. Neste contexto, um sistema

aquapônico geralmente circula a água, de modo que os resíduos sólidos

são filtrados e tratados biologicamente para que as plantas utilizem os

nutrientes disponíveis (Figura 5).

Figura 5. Fluxo de água geral em aquaponia (RAKOCY; MASSER; LOSDORDO, 2006).

Os nutrientes acumulam-se em sistemas de recirculação para

aquicultura e podem atingir concentrações prejudiciais para os peixes.

Na aquaponia, os resíduos sólidos que são removidos por filtros

mecânicos ou clarificadores (removedor de resíduos sólidos), sofrem um

processo natural chamado de mineralização, via bactérias aeróbias (com

oxigênio) e anaeróbias (sem oxigênio), o qual consiste em quebrar os

sólidos e liberar nutrientes para as plantas (LENNARD, 2013).

Em seguida ocorre o processo de nitrificação por bactérias

nitrificantes, nos biofiltros, que processam os resíduos dissolvidos.

Page 25: Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas

25

Essas, chamadas de Nitrossomonas e Nitrobacter, transformam

a amônia (NH3), em nitrito (NO2-) e este em nitrato (NO3

-),

respectivamente, (LOSORDO, 1998).

A amônia não ionizada (NH3) e o NO2- são tóxicos para os

peixes, porém o NO3- é relativamente inofensivo ao sistema de

aquaponia, sendo a forma de nitrogênio preferida pelos vegetais de

folhas verdes (alface e manjericão). Entretanto o excesso de crescimento

vegetativo em plantas frutíferas, como o tomate e a berinjela pode

acarretar na diminuição da produtividade dos frutos (RAKOCY, 2007).

Apesar do potencial menos tóxico do NO3-, ele se acumula

rapidamente no SRA, podendo atingir níveis que prejudicam o

desempenho dos peixes durante o cultivo (LOSORDO, 1998). À medida

que a água contendo os nutrientes circula nas camas com plantas, esses

são absorvidos, possibilitando que a reposição de água na aquaponia

seja apenas para repor o que foi perdido por evapotranspiração do

sistema (AL-HAFEDH; ALAM; BELTAGI, 2008).

Este processo permite que os peixes, as plantas e as bactérias

prosperem simbioticamente e atuem harmonicamente, criando um

ambiente saudável para o crescimento de todos, desde que o sistema

esteja sempre equilibrado e, desta forma, o efluente não é liberado para

o meio ambiente, servindo como fonte de nutrientes para as plantas.

A integração de peixes e plantas controla o acúmulo de

nutrientes e de resíduos provenientes do cultivo de peixes, além de

produzir culturas adicionais com valor econômico que podem ser

comercializadas (RAKOCY; HARGREAVES, 1993; BLIDARIU;

GROZEA, 2011), levando à redução do consumo de água, pois neste

sistema a renovação diária é inferior a 5,0% e com 320 litros de água se

produz 1 kg de peixe (RAKOCY, 1994), enquanto que em sistemas

tradicionais a renovação diária é entre 20-25% e são necessários 2.500

litros de água para produzir 1 kg de peixe (AL-HAFEDH; ALAM;

BELTAGI, 2008).

A produção simultânea de peixes e plantas é possível, pois os

nutrientes essenciais para o crescimento dos peixes são similares aos

nutrientes exigidos pelas plantas para o seu desenvolvimento

(RAKOCY et al., 1993; RAKOCY et al., 1997; DIVER, 2006).

Para o crescimento ideal as plantas necessitam de 16 nutrientes

essenciais, sendo que carbono (C), oxigênio (O) e hidrogênio (H) são

disponibilizados pela água (H2O) e pelo dióxido de carbono (CO2),

enquanto que outros macronutrientes incluindo o nitrogênio (N),

potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg), fósforo (P) e enxofre e, sete

micronutrientes incluindo cloro (Cl), ferro (Fe), manganês (Mn), boro

Page 26: Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas

26

(B), zinco (Zn) e cobre (Cu) precisam estar balanceados em proporções

ótimas, pois níveis altos de um nutriente podem influenciar na

biodisponibilidade de outros (GERBER, 1985 apud RAKOCY, 2007).

Os níveis de nitratos (NO3-), fosfatos (PO4

-) e sulfatos (SO4

-2)

são geralmente suficientes para o bom crescimento das plantas,

entretanto K+, Ca

+2 e Mg

+2 são insuficientes e precisam ser

disponibilizados (RAKOCY et al., 2006). Dos micronutrientes apenas o

ferro (Fe+2

) é preciso ser disponibilizado através de quelato de Fe

+2, que

pode ser administrado diretamente na água ou nas folhas.

Foram obtidos resultados positivos com alimentos populares

como alface, manjericão, tomates e morangos usando apenas o efluente

dos peixes como fertilizante para as plantas (RAKOCY et al., 2004;

SAVIDOV, 2005; AL-HAFEDH; ALAM; BELTAGI, 2008).

Diversos estudos mostraram que os nutrientes e os resíduos

contidos na água dos peixes são absorvidos por plantas em sistemas

hidropônicos (NAEGEL, 1977; WATEN; BUSCH, 1984; RAKOCY et

al., 2006; TRANG; BRIX, 2014), utilizando geralmente um recipiente

com areia/cascalho/agregado, como componente do sistema hidropônico

(LEWIS et al., 1978; MCMURTRY et al., 1993).

A união da piscicultura com o cultivo de plantas hidropônicas é

mais produtiva do que os sistemas agrícolas convencionais atuais, pois

enquanto se produz entre 8-15 kg de peixe/m³ de água nos modelos

produção de peixes semi-intesivos, na aquaponia se produz até 45 kg de

peixes/m³ (RAKOCY et al., 1997).

1.2. PESQUISAS EM AQUAPONIA

Diversos estudos avaliaram os aspectos positivos dos sistemas

aquapônicos com diferentes peixes e plantas. Na Universidade das Ilhas

Virgens, tilápia e manjericão foram cultivados integradamente para

determinar se era melhor produzir os vegetais em lotes (plantas em

estágios de crescimento iguais) ou de forma escalonada (plantas em

estágios de crescimento diferentes) (RAKOCY et al., 2004).

Esses pesquisadores foram capazes de produzir 4,37 toneladas

de tilápia por ano em qualquer um dos métodos utilizados em sistema de

aquaponia, lote ou escalonada, para a produção de plantas.

O cultivo de tilápias foi conectado a uma cama hidropônica de

500 m², o rendimento de manjericão (Figura 6) foi de 2,0 e 1,8 kg/m²

usando a produção de lotes e a escalonada, respectivamente, com uma

densidade de 0,6 kg/m² de plantas cultivadas regularmente.

Page 27: Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas

27

Figura 6. Produção de manjericão em aquaponia (RAKOCY et al., 2004).

Sinais de deficiência de nutrientes foram comuns em cultivos

de lote, devido aos diferentes níveis de alimentação fornecidos em cada

método. Quando os peixes foram alimentados até a saciedade, a taxa de

alimentação relacionada com a área de produção das plantas no sistema

em lote foi 81,4 g/dia/m², enquanto que no sistema escalonado foi 99,6

g/dia/m² (RAKOCY, 2004).

Luther (1990, 1993) apresentou várias evidências que indicaram

que o desenvolvimento saudável de uma planta também depende de uma

variedade de compostos orgânicos no ambiente das raízes. Estes

compostos, produzidos por compostos biológicos complexos

relacionados com a decomposição microbiológica da matéria orgânica,

incluem vitaminas, auxinas, giberelinas, antibióticos, enzimas,

coenzimas, aminoácidos, ácidos orgânicos, hormônios e outros.

Tais compostos metabólitos, que podem estar presentes, e livres

nos efluentes de piscicultura, são absorvidos diretamente e assimilados

pelas plantas, estimulando o crescimento, ajudando na produção,

aumentando o conteúdo vitamínico e mineral, melhorando o sabor e

retardando o desenvolvimento de patógenos (LUTHER, 1990, 1993).

Lennard e Leonard (2006) avaliaram a remoção de nutrientes

nitrogenados e fosfatados pela hortaliça Lactuca sativa, em diferentes

tipos de sistema de aquaponia (cama com substrato, cultivo flutuante e

NFT), e indicaram diferenças significativas entre a remoção de nitratos.

O sistema em NFT (do inglês Nutrient Film Technique ou

Técnica do filme de nutrientes) foi 20% menos eficiente em relação aos

outros tratamentos. Enquanto, para a remoção de fosfatos não houve

diferença significativa entre os tratamentos com o sistema em cama com

substrato para as plantas (Grow Bed) (Figura 7) e o cultivo flutuante,

Page 28: Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas

28

também conhecido como DWC (do inglês Deep Water Culture ou

Cultivo em água profunda) onde as plantas estão suspensas acima da

lâmina de água, usando uma bandeja flutuante (LENNARD;

LEONARD, 2006).

Figura 7. Alface lisa e birí em sistema de aquaponia “grow bed”. Laboratório de

Biologia e Cultivo de Peixes de Água Doce, UFSC, julho de 2014.

Em relação à viabilidade comercial de um sistema de aquaponia

foi desenvolvido em Alberta, Canada, um sistema com tilápias, pepinos

e tomates por Savidov et al. (2005) para avaliar no clima temperado da

região norte da América do Norte.

Os rendimentos de tomates e pepinos atingiram 20,7

kg/planta/ano e 33,4 kg/planta/ano, respectivamente, que ultrapassaram

os rendimentos médios produzidos em sistemas hidropônicos comerciais

na mesma área geográfica, que era 16,8 kg/planta/ano e 28,1

kg/planta/ano de tomates e pepinos, respectivamente.

Neste estudo, a tilápia foi cultivada em 24,8ºC em um período

de 24 semanas. A conversão alimentar (CA) foi 1,3 e os peixes foram

cultivados até o peso de 400 gramas. Neste estudo, no início do ciclo,

quando iniciou a oferta por alimento para os peixes, as concentrações de

nutrientes na água eram baixas (SAVIDOV et al., 2005).

Tilápia (Oreochromis niloticus) foi cultivada em sistema de

aquaponia no Instituto de Pesquisa em Recursos Naturais e Meio

Ambiente (IPRNMA) na Arábia Saudita e foi determinada uma

proporção ideal de ração por área de crescimento para as plantas de 56

g/dia/m², em sistema de cultivo flutuante na unidade hidropônica (AL-

HAFEDH; ALAM; BELTAGI, 2008).

Page 29: Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas

29

O principal conceito dentro da Aquaponia é equilibrar os

nutrientes dentro de um determinado sistema. Os nutrientes são

entregues ao sistema através de uma fonte de entrada, neste caso a

alimentação dos peixes. Estudos realizados por Quilleré et al. (1995)

revelaram que é possível recuperar cerca de 60% do nitrogênio (31% em

peixes e 28% em tomates) em sistemas de aquaponia.

Considerando-se apenas o uso da água, a aquaponia é a

atividade mais eficiente em sistema de produção de alimentos, em

termos de quantidade de produtos produzidos por volume de água

(Tabela 1). São necessários 500 litros de água para produzir 100 dólares

em produtos (peixe e alface), enquanto na produção de bovinos é preciso

100 vezes mais de água (RAKOCY et al., 2004). Tabela 1. Consumo de água para se obter o valor de 100 dólares em produtos (RAKOCY et al., 2004).

Produto Litros de água

Arroz 470.000

Leite 147.000

Açúcar 123.000

Gado 81.200

Legumes e frutas 37.900

Trigo 24.500

Hidroponia 600

Aquaponia com alface 500

Aquaponia com manjericão 173

1.3. AQUAPONIA vs ESPÉCIES NATIVAS

A utilização de espécies nativas em sistemas de aquaponia tem

sido pouco utilizada no Brasil e no mundo. Neste contexto, as espécies

de tilápias e carpas que são mais cultivadas em pisciculturas brasileiras,

são também os peixes mais utilizados no desenvolvimento da tecnologia

de aquaponia a nível nacional e mundial.

Leporinus obtusidens, a piava, está distribuída principalmente

nas Bacias do Rio São Francisco, do Paraná e Uruguai (e nas regiões Sul

e Sudeste do Brasil). Apesar da escassez de informações sobre a espécie,

os poucos dados existentes comprovam a possibilidade de cultivo semi-

intensivo e intensivo de produção. Além de aceitar a oferta de ração e

Page 30: Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas

30

tolerar manejo no ambiente de cultivo, o gênero Leporinus apresenta a

primeira maturação gonadal entre o primeiro e segundo ano de vida,

garantindo melhores valores de conversão alimentar e de crescimento

corporal. (REYNALTE-TATAJE; ZANIBONI-FILHO, 2010).

O gênero Leporinus é onívoro micrófago, variando a ocorrência

dos itens alimentares de acordo com as características do ambiente,

podendo alimentar-se de vegetais superiores (sementes de gramíneas,

folhas, etc.), de insetos aquáticos, de fitoplâncton, de zoobentos e até

mesmo de sedimento (ZANIBONI-FILHO, 2003).

Outra espécie que está amplamente distribuída na região Sul do

Brasil é o jundiá Rhamdia quelen. Diante a sua tolerância a baixas

temperaturas, resistência ao manejo e a boa aceitação pelos

consumidores (GOMES et al., 2000; AMARAL-JUNIOR, 2013) e pela

intensificação de pesquisas científicas para o desenvolvimento de

tecnologias para o cultivo da espécie (AMARAL-JUNIOR, 2013), o

cultivo da espécie tem apresentado um bom interesse pelos setores

públicos e privados.

Considerando-se que não foram encontradas pesquisas que

avaliaram o uso de espécies de peixes nativas em sistemas de aquaponia,

faz-se necessário inicialmente identificar quais são os níveis de

tolerância para os parâmetros de cultivo destas espécies, principalmente

a quantidade de alimento ofertada relacionada à área de plantas.

A dissertação está dividida em três partes, uma introdução geral

e dois capítulos na forma de artigo científico, escrito segundo as normas

da revista “Aquaculture Engineering”. O registro fotográfico

relacionado aos estudos está apresentado em forma de apêndice ao final

deste trabalho.

Page 31: Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas

31

2. OBJETIVOS DO ESTUDO

2.1. OBJETIVO GERAL

Avaliar um sistema de aquaponia com as espécies piava

(Leporinus obtusidens) e jundiá (Rhamdia quelen), utilizando alface lisa

(Lactuca sativa), birí (Canna indica) e tomate-cereja (Solanum lycopersicum, var. cerasiforme) como vegetais cultivados.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1. Avaliar o desempenho zootécnico da piava e do jundiá em

sistema de aquaponia.

2. Avaliar a produção de biomassa e a composição centesimal

da piava, da alface lisa e da birí.

3. Quantificar o balanço de massas (Nitrogênio e Fósforo) no

cultivo aquapônico com piava, alface lisa e birí.

4. Avaliar diferentes taxas de alimentação para os jundiás em

relação área da cama de crescimento de tomate-cereja.

HIPÓTESE 1:

As plantas utilizadas no biofiltro, alface lisa (Lactuca sativa) e a

piriquiti (Canna indica), são eficientes no sequestro de nitrogênio e

fósforo.

HIPÓTESE 2:

As diferentes taxas de alimentação para o jundiá (Rhamdia quelen),

relacionadas com a área de crescimento para as plantas, interferem a

quantidade de tomates cereja produzidos no sistema de aquaponia.

Page 32: Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas

32

Page 33: Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas

33

3. CAPÍTULO 1:

Sequestro de nitrogênio e fósforo em sistema de aquaponia com

Leporinus obtusidens (Valenciennes 1847; Actinopterygii:

Anostomidae)

Artur de Freitas Araújo a, Alex Pires de Oliveira Nuñer

a *

a Laboratório de Biologia e Cultivo de Peixes de Água Doce,

Departamento de Aquicultura, Universidade Federal de Santa Catarina

(UFSC), Florianópolis, SC, Brasil.

* Autor para correspondência: Laboratório de Biologia e Cultivo de

Peixes de Água Doce, Rodovia Francisco Thomaz dos Santos n◦3532,

Florianópolis, SC CEP 88066-260, Brasil.

E-mail: [email protected] (A.P. de Oliveira Nuñer).

Resumo

Este estudo avaliou o desempenho zootécnico da piava Leporinus

obtusidens em sistema de aquaponia, com diferentes plantas, com

objetivo de determinar a quantidade removida de nitrogênio (N) e

fósforo (P) do sistema. Juvenis de L. obtusidens com o peso de 83,0 ±

3,8g (média ± desvio padrão) em tanques de 0,105m³ foram alimentados

com 1% da biomassa total por tanque. Os tratamentos foram divididos

entre alface lisa (T-Lactuca sativa) e birí (T-Canna indica), hortaliça e

planta ornamental, respectivamente, alocadas em camas com substrato

de 0,37 m², em triplicatas, além do controle, sem plantas. O ganho de

massa úmida, a taxa de crescimento específica e a conversão alimentar

para L. obtusidens não apresentaram diferença significativa (p>0,05)

entre os tratamentos. Aproximadamente 10,0% de N e 11,0% de P, da

entrada de alimentação, foram incorporadas pelos peixes, sem diferença

significativa entre os tratamentos (p>0,05). Enquanto a remoção pela

alface foi 3,7% de N e 4,3% de P para a birí foi 5,6% de N e a 8,0% de

P, tendo sido registrada diferença significativa (p<0,05) apenas para a

remoção de P. A reposição de água, devido à evapotranspiração, foi

mantida com adição média de 15 litros (10%) do volume total, do

sistema por semana. Não houve mortalidades no sistema de aquaponia,

onde a qualidade de água foi mantida em níveis aceitáveis pelas espécies

envolvidas.

Palavras-chave: Piava. Cama com substrato. Nitrogênio. Fósforo.

Lactuca sativa. Canna indica.

Page 34: Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas

34

1. Introdução

Aquaponia significa a união entre o cultivo de organismos aquáticos

(Aquicultura) com o cultivo de plantas terrestres sem a utilização de

solo (Hidroponia), e tem sido proposta como tecnologia eficiente, dentro

do contexto de reuso de água, de mínima produção de resíduos e, de

utilização dos espaços e recursos naturais (Rakocy, 2007).

A união da piscicultura com o cultivo de plantas hidropônicas é mais

produtiva do que os sistemas agrícolas convencionais atuais, pois

enquanto se produz entre 8-15 kg de peixe/m³ de água, nos modelos

produção de peixes semi-intesivos, na aquaponia se produz até 45 kg de

peixes/m³ (Rakocy, 2004).

A integração de peixes e plantas controla o acúmulo de nutrientes e

de resíduos provenientes do cultivo de peixes, além de produzir culturas

adicionais com valor econômico que podem ser comercializadas

(Rakocy et al., 1997; Blidariu e Grozea, 2011), levando à redução do

consumo de água, pois neste sistema a renovação diária é inferior a

5,0% e, com 320 litros de água se produz 1 kg de peixe (Rakocy, 2004),

enquanto que em sistemas tradicionais a renovação diária é entre 20-

25% e são necessários 2.500 litros de água para produzir 1 kg de peixe

(Al-Hafedh et al., 2008).

A produção simultânea de peixes e plantas é possível, pois os

nutrientes essenciais para o crescimento dos peixes são similares aos

nutrientes exigidos pelas plantas para o seu desenvolvimento

(Diver, 2006; Rakocy, 2007). Neste contexto, diversos estudos

mostraram que os nutrientes e os resíduos contidos na água dos peixes

são absorvidos por plantas em sistemas hidropônicos (Naegel, 1977;

Waten e Busch, 1984; Trang e Brix, 2014), utilizando geralmente um

recipiente com areia/cascalho/agregado (Lewis et al., 1978; McMurtry et

al., 1993; Lennard e Leonard, 2004) ou um recipiente onde bandejas

flutuam sobre a água, como componente do sistema hidropônico (Al-

Hafedh et al., 2008).

As camas com substrato para plantas acabam servindo como biofiltro

para a colonização de bactérias nitrificantes, responsáveis pela

transformação de formas tóxicas de nitrogênio como a amônia (NH3) e o

nitrito (NO2), presentes nos cultivos de peixes, para a forma de

nitrogênio em nitrato (NO3), menos tóxico para os peixes e assimilável

pelas plantas para o seu crescimento (Bernstein, 2011). Os nutrientes

acumulam-se em sistemas de recirculação em aquicultura e podem

atingir concentrações que são prejudiciais para os peixes. Apesar do

potencial menos tóxico do nitrato, em relação amônia e nitrito, ele

Page 35: Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas

35

acumula-se rapidamente em sistemas de recirculação fechado, podendo

atingir níveis que prejudicam o desempenho dos peixes durante o

cultivo (Timmons e Ebeling, 2010).

Hortaliças folhosas como a alface lisa (Lactuca sativa) (Lennard e

Leonard, 2004; Trang e Brix, 2014) e plantas ornamentais como a birí

(Canna glauca) (Konnerup et al., 2011), podem ser cultivados com

sucesso em sistemas de aquaponia, atuando no sequestro de nitrogênio

e fósforo e reduzindo o uso de água dentro do sistema de recirculação

(Zachritz et al., 2008; Sikawa e Yakupitiyage, 2010). Entretanto, a

utilização de espécies nativas em sistemas de aquaponia tem sido pouco

utilizada no Brasil. Neste contexto, espécies de tilápias e carpa, que são

as mais cultivadas em pisciculturas brasileiras, são as mais cultivadas

também em aquaponia.

Leporinus obtusidens, a piava, está distribuída principalmente nas

Bacias do Rio São Francisco, do Paraná e Uruguai (e nas regiões Sul e

Sudeste do Brasil). O gênero Leporinus é onívoro micrófago, variando a

ocorrência dos itens alimentares de acordo com as características do

ambiente, podendo alimentar-se de vegetais superiores (sementes de

gramíneas, folhas, etc.), de insetos aquáticos, de fitoplâncton, de

zoobentos e até mesmo de sedimento (Zaniboni-Filho, 2003).

Importantes características qualificam a piava como uma espécie

adequada para piscicultura de água doce, como o hábito alimentar

onívoro, a aceitação de alimentos inertes, adaptação ao ambiente de

cultivo, excelente qualidade de carne e a sua importância para a pesca

comercial e recreativa, o que indica a existência de um mercado

consumidor já consolidado (Zaniboni-Filho, 2003). Além de aceitar bem

a oferta de ração e tolerar manejo no ambiente de cultivo, o gênero

Leporinus apresenta a primeira maturação gonadal apenas entre o

primeiro e segundo ano de vida, garantindo melhores valores de

conversão alimentar e de crescimento corporal (Reynalte-Tataje e

Zaniboni-Filho, 2010). O presente estudo teve por objetivos avaliar o

desempenho zootécnico da piava L. obtusidens e a produção de

biomassa Lactuca sativa e Canna indica, além de quantificar o

sequestro de nutrientes (nitrogênio e fósforo) em um sistema de

aquaponia.

2. Material e métodos

2.1. Sistema de aquaponia

O estudo foi conduzido no Laboratório de Biologia e Cultivo de

Peixes de Água Doce – LAPAD (27º43’44.13”S) e (48º30’32.56”W), ao

Page 36: Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas

36

ar livre, em nove sistemas de aquaponia modelo cama com substrato,

servindo de unidades experimentais.

Cada unidade experimental foi composta por um reservatório de

plástico com volume de 60L (395 mm x 320 mm x 650 mm;

comprimento x largura x altura) onde foi instalada uma bomba submersa

(vazão de 2.000 L h–1

), a cama de crescimento para as plantas com

volume de 118 L (880 mm x 420 mm x 250 mm), preenchida com 75%

de argila expandida (22-32 mm) e 25% de brita nº 3 (25-50mm) e um

tanque de fibra de vidro com volume de 105 L (700 mm x 300 mm x

500 mm), onde foram criados os peixes. O sistema aquapônico

implantado foi desenhado com base no modelo proposto por Lennard

(2004), com por algumas modificações, sendo uma delas, a presença de

um sifão na cama das plantas.

A água do reservatório foi distribuída através de tubos PVC 25 mm

de diâmetro para a caixa das plantas em fluxo contínuo. Em cada

unidade experimental, cama de crescimento para as plantas, foi instalado

um sifão tipo sino que drenava a água da caixa das plantas para o tanque

de peixes, com descargas em intervalos de tempo entre 2-3 minutos.

Ao sair do tanque de peixes, o fluxo de água continua para baixo até

chegar ao reservatório bombeamento por gravidade, através de tubos

PVC 20 mm de diâmetro (Figura 1).

Figura 1. Representação esquemática da unidade experimental em aquaponia.

Tanque de peixe

Cama com substrato e sifão

Reservatório

Fluxo da água

Bomba submersa

Page 37: Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas

37

Para a proteção contra intempéries foi construída uma barreira lateral

com filme plástico transparente de 100 micra de espessura e um telhado

de caibro, coberto por uma tela com 50 % de sombreamento.

2.2. Delineamento experimental

O delineamento experimental foi totalmente casualizado ao acaso

com dois tratamentos, um utilizando a hortaliça alface lisa (Lactuca sativa) e outro a planta ornamental birí (Canna indica) na cama de

crescimento de planta. Não havia plantas no controle e todos os

tratamentos tiveram três repetições. A espécie nativa de peixe piava

(Leporinus obtusidens) foi escolhida para o cultivo em sistema de

aquaponia e o período do estudo teve uma duração de 38 dias.

No tratamento alface lisa, foram cultivadas 18 plantas de alface

Lactuca sativa por repetição e no tratamento birí foram cultivadas 5

plantas de birí Canna indica por repetição. As plantas foram

transplantadas para as camas com substrato (0,37 m²) com o peso médio

igual a 1,62 e 120,4 g para a Lactuca sativa e a Canna indica,

respectivamente, e com área ocupada pelas plantas de 0,35 m². Nas

camas com substrato, as plantas foram alocadas com a distância, entre

uma e outra, de 10 e 20 cm para a hortaliça L. sativa e a planta

ornamental C. indica, respectivamente (Figura 2).

Figura 2. Início do estudo em junho de 2014: da esquerda para direita os tratamentos controle, birí e alface.

A densidade média foi 10,7 peixes e a biomassa média inicial, por

tanque, foi 893,7±38,5g (média ± desvio padrão) por 0,1 m³, em todos

os tratamentos. A vazão média de entrada na cama de plantas foi 9,16 L

min–1

em todas as unidades (taxa de fluxo total através da cama de

Page 38: Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas

38

plantas foi de 13,2 m3 dia

–1). A taxa de carregamento hidráulico (TCH)

médio foi de 38 m dia–1

, enquanto que a taxa de retenção hidráulica

(TRH) média na cama das plantas de 0,035 h, ou 2,25 min.

Para o cálculo da TCH e TRH foi utilizado o estudo de Lin et al.

(2004), onde TCH (m/dia) = Q (m³/dia) / A (m²) e TRH (horas) =

V (m³) / Q (m³/h).

As camas de crescimento para as plantas foram

pré-condicionadas antes do estudo com adição de cloreto de amônio

(NH4 Cl) a uma taxa de 9 mg L–1

(0,9 g por tanque), a metade da taxa

utilizada por Lennard (2004) e, a colonização das bactérias nitrificantes

foi estabilizada após 40 dias, mediante ao aparecimento de nitratos e a

diminuição nos valores de amônia e nitrito.

Durante o experimento foram utilizados carbonato de cálcio

(CaCO3) e hidróxido de potássio (KOH), em uma única dose de 5,0 e

2,5 g por semana, respectivamente, em cada unidade experimental,

visando corrigir a acidez do pH e a deficiência nutricional de Ca e K

existente em sistemas de aquaponia. Rakocy et al. (2006), em escala de

produção comercial em aquaponia, adiciona entre 500-1000 g por

semana de bases fracas (Ca(OH)2 e KOH) para manter o pH em 7,0.

Os juvenis de Leporinus obtusidens, geração F1, foram estocados

nos tanques com peso médio (± desvio padrão) 81,3±3,8 g.

Os peixes foram alimentados uma vez ao dia, durante 30 dias, com

1% da biomassa inicial e com ração comercial (composição: 43,0% de

proteína bruta, 6,4% de gordura bruta, 11,0% de cinza em bruto, 11,1%

de fibra bruta, 6,8% de nitrogênio, 1,8% de fósforo e 7,3% de umidade).

A taxa de ração diária, diante todo o tempo do estudo, relacionada com

área de crescimento das plantas foi em média 9g/dia/0,35m², ou

21g/dia/m².

O crescimento dos peixes foi avaliado pela taxa de crescimento

específico (TCE; %/dia), pela taxa de sobrevivência (S; %) e pela

conversão alimentar (CA) foram estimadas utilizando-se as seguintes

equações, respectivamente: TCE % = 100 × (lnPf - lnPi) / t ; S % =

(Nfp/Nip) × 100 e CA = Psr/Gbu, onde Pi, Pf, t, Nfp, Nip, Psr e Gbu são

os pesos úmidos iniciais (g), o peso úmido final (g), o tempo (dias), o

número final de peixes, o número inicial de peixes estocados, o peso

seco da ração (g) e o ganho de biomassa úmida final (g),

respectivamente.

O monitoramento da qualidade da água foi realizado seis vezes por

semana, com a temperatura, a concentração de oxigênio dissolvido

(OD), o pH, a condutividade elétrica (CE) e a salinidade da água sendo

Page 39: Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas

39

medidas em todos os tanques de peixes às 09:00h e às 16:00h,

utilizando-se um oxímetro YSI Pró-Plus portátil.

Não foi realizada a troca de água durante o tempo do estudo, apenas

a reposição aproximada de 2,14 L dia–1

da água perdida por

evapotranspiração.

Amostras de água foram coletadas e analisadas imediatamente, três

vezes por semana, no laboratório com a utilização de um

fotocolorímetro AT-01(Alpha Tecnoquímica – SC – Brasil), para as

concentrações de amônia total (ANT), o nitrito (NO2--N) e o nitrato

(NO3--N) mg

–1.

No final do estudo, todas as plantas de cada unidade experimental

foram colhidas e enxaguadas em água. Em seguida as plantas foram

fraccionados em folhas, caules e raízes para determinação da massa

fresca e seca, colocadas para secar a 55°C durante três dias. As plantas

foram secas, moídas e analisadas para N e P.

2.3. Sequestro de nutrientes

O sequestro de nutrientes para nitrogênio (N) e fósforo (P) no

sistema de aquaponia foi estimado com base na fração correspondente a

quantidade de ração fornecida, na fração incorporada pelos peixes e na

quantidade assimilada pelas plantas. As porcentagens iniciais de N, P e

matéria seca foram obtidas respectivamente, pelo método de Kjeldahl

(AOAC, 1999), por precipitação em solução alcalina seguido de

titulação (Moretto et al., 2002) e pelo método gravimétrico a 105ºC.

A quantidade de N e P removidas pelas plantas e pelos peixes foi

estimada com base na diferença entre as porcentagens finais e iniciais

encontradas nos tecidos e na biomassa produzida.

2.4. Análise estatística

O crescimento, a absorção de nutrientes e a produção de biomassa

foram analisados através da ANOVA (one-way), considerando-se os

pré-requisitos de distribuição normal e homogeneidade de variâncias,

analisados pelos testes de Shapiro-Wilk e de Levene, respectivamente

(Zar, 2010). Para comparação das médias foi aplicado o teste Tukey ao

nível de probabilidade de 5,0%.

3. Resultados

3.1. Qualidade da água

Page 40: Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas

40

O valor médio (± desvio padrão) de pH e oxigênio dissolvido, nos

tanques de peixes, foi respectivamente de 7,1±0,3 e 8,1±0,7 mg L–1

.

A salinidade aumentou durante o início do estudo ultrapassando o

valor de 6,0 g L–1

, devido à adição de sal (NaCl), a fim de diminuir o

potencial aparecimento de parasitas nos peixes, mantendo a

condutividade média (± desvio padrão) em 6,2±0,9 mS cm–1

, durante o

estudo. A temperatura média (± desvio padrão) da água foi 19±2,2ºC,

flutuando entre 14-24ºC. Os valores médios das variáveis da qualidade

de água não apresentaram diferenças significativas (P>0,05) durante

todo o período de estudo, entre os diferentes tratamentos (Tabela 1).

Tabela 1. Variáveis de qualidade de água em sistema de aquaponia com Leporinus obtusidens em 38 dias. Média ± desvio padrão (Máximo e mínimo).

Médias com letras iguais na mesma fileira indicam que não houve diferenças significativas (P>0,05, n=3) (ANOVA). Florianópolis, junho-julho de 2014.

Parâmetros T - Alface T – Birí Controle

Temperatura (°C) - Manhã 18,7a ± 2,1

(13,5 - 21,7) 18,7a ± 2,1

(13,7 - 21,8) 18,6a ± 2,2

(13,5 - 21,7)

Temperatura (°C) - Tarde 21,1a ± 1,7

(17,7 - 24,8)

20,1a ± 2,0

(13,9 - 24,9)

20,8a ± 1,7

(17,8 - 25,8)

Oxigênio Dissolvido (mg L-1)

Manhã

8,2a ± 0,5

(6,5 - 9,1)

8,2a ± 0,5

(6,8 - 9,8)

8,3a ± 0,5

(6,8 - 10,0)

Oxigênio Dissolvido (mg L-1)

Tarde

7,8a ± 0,6

(5,5 - 9,0)

7,9a ± 0,5

(6,0 - 9,0)

8,0a ± 0,5

(6,1 - 9,0)

Ph 7,1a ± 0,3

(6,1 - 8,0)

7,1a ± 0,3

(6,3 - 7,8)

7,1a ± 0,3

(5,9 - 8,1)

Condutividade (mS cm-1) 6,1a ± 0,9

(2,6 - 7,3)

6,2a ± 0,8

(2,9 - 7,4)

6,3a ± 0,9

(2,7 - 7,5)

Salinidade (g L-1) 3,7a ± 0,8 (0,1 - 6,3)

3,8a ± 0,8 (0,1 - 6,6)

3,9a ± 0,8 (0,1 - 6,7)

Amônia total (mg AMT L-1) 0,1a ± 0,2

(0,0 - 1,1)

0,1a ± 0,2

(0,0 - 1,5)

0,07a ± 0,1

(0,0 - 0,8)

Nitrito (mg NO2--N L-1)

0,08a ± 0,07

(0,0 - 0,3)

0,08a ± 0,07

(0,0 - 0,3)

0,08a ± 0,08

(0,0 - 0,3)

Nitrato (mg NO3--N L-1)

1,3a ± 0,6

(0,0 - 2,4)

1,4a ± 0,6

(0,0 - 2,4)

1,3a ± 0,5

(0,0 - 2,3)

As concentrações de amônia total (AMT), nitrito (NO2--N) e nitrato

(NO3--N) foram relativamente baixas sendo 0,09±0,17 mg L

–1,

0,08±0,07 mg L–1

e 1,36±0,6 mg L–1

(média ± desvio padrão),

respectivamente, sem diferenças significativas (P>0,05), entre os

diferentes tratamentos. Observou-se um comportamento constante em

Page 41: Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas

41

relação aos compostos nitrogenados no sistema (Tabela 1), entretanto, o

nitrato (NO3--N) apresentou a maior oscilação (0,02-2,21 mg L

–1).

A reposição de água foi realizada apenas para repor a

evapotranspiração dentro do sistema. A quantidade de água necessária

para produzir aproximadamente 1,0 kg de peixe no presente estudo foi,

de 0,25m³, significativamente menor em comparação com a quantidade

de 2,5m³ e 5,0m³ utilizada para produzir 1,0 kg de peixe em sistema

semi-intensivo e extensivo em aquicultura, respectivamente (Al-Hafedh

et al., 2008). Segundo Rakocy et al. (2006) foram necessários 250L de

água, enquanto Al-Hafedh utilizou 350L, para se produzir 1,0 kg de

peixe em sistema comercial de aquaponia. Isto evidencia a alta

eficiência no uso de água pelos sistemas em recirculação integrada, no

modelo de sistema em aquaponia (McMurtry et al., 1997).

3.2. Plantas

A maior quantidade de N e P sequestrada no sistema foi registrada

para planta ornamental C. indica, entretanto apenas a remoção de

fósforo foi significativamente diferente (P<0,05) entre as plantas

estudadas (Figura 3a). A estimativa de produtividade durante o inverno,

em projeção anual, de Lactuca sativa e C. indica (com base na Figura

3b) foi 12,5 e 31,5 kg de biomassa úmida m–2

ano–1

, respectivamente.

a) b)

Figura 3. Remoção diária (média ± desvio padrão, n=3) de nitrogênio e fósforo por Lactuca sativa e Canna indica (a) e sua biomassa úmida após transplante

em sistema de aquaponia, durante o período de 38 dias(b)

Page 42: Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas

42

A taxa de crescimento específico (TCE) (média ± desvio padrão)

para L. sativa e C. indica foi 7,4 e 1,5, respectivamente, com diferença

significativa (p<0,05) durante o tempo do estudo. O peso úmido médio

no final do estudo, por repetição para os tratamentos L. sativa e C. indica foi 433,23 e 1092,56 g, entretanto o ganho de massa úmida não

foi significativamente diferente (p>0,05). (Tabela 2)

3.3. Peixes

No total cada tanque recebeu em média 270g de ração durante o

tempo do estudo e, neste período não foi registrada mortalidade de

peixes plantas. A taxa de crescimento específico (TCE) média dos

peixes foi baixa, devido às baixas temperaturas durante o tempo do

estudo, com a porcentagem de 0,46% do peso dia-1

e a taxa de conversão

alimentar (CA) foi 1,9±0,6 (média ± desvio padrão) (Tabela 2). O peso

final da piava foi 95,5±5,5 g (média ± desvio padrão) por repetição.

Tabela 2. Leporinus obtusidens: ganho de massa úmida, taxa de crescimento

específico (TCE), conversão alimentar (CA) e oferta de ração; tratamentos com plantas e controle no final do estudo de 38 dias. Lactuca sativa e Canna indica:

ganho de massa úmida e crescimento. Florianópolis, junho-julho de 2014.

Parâmetros T–L. sativa T–C. indica Controle

L. obtusidens

Ganho de massa1 (g rep.

-1) 127,52

a ± 29,1 131,46

a ± 38,6 151,2

a ± 44,7

TCE1 (% rep.

-1 dia

-1) 0,43

a ± 0,1 0,43

a ± 0,1 0,52

a ± 0,1

CA1 (g dia

-1) 2,1

a ± 0,4 2,1

a ± 0,6 1,7

a ± 0,2

Ração (g rep.-1

) 270 270 270

Uso de água (L rep.-1 dia

-1) 2,17 2,17 2,17

L. sativa e C. indica

Ganho de massa1 (g rep.

-1) 403,92

a ± 33,86 490,53

a ± 99,38

TCE1 (% rep.

-1 dia

-1) 7,4

b ± 0,3 1,5

a ± 0,5

1 Valores médios ± D.P.

a, b Valores que mostram a mesma letra não são significativamente diferentes

(P> 0,05, n=3) (ANOVA). TCE: Taxa de Crescimento Específico (% dia-1) =

[(ln peso final - ln peso inicial) / (tempo (dias))] x 100. CA: Taxa de Conversão Alimentar: ração oferecida/ganho de peso.

Page 43: Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas

43

3.4. Sequestro de nutrientes

Para a piava, birí e alface as porcentagens iniciais encontradas para

matéria seca foram de 27,47; 6,45 e 5,95%; nitrogênio 10,99; 6,42 e

2,68% e fósforo 1,01; 0,44 e 0,16%, respectivamente. O sequestro de

nutrientes em relação ao N e P foi baseado na quantidade de ração

oferecida aos peixes durante o estudo. Verificou-se que em média 9,9%

e 10,9% de N e P, respectivamente, foram incorporados pelas piavas,

enquanto a alface lisa sequestrou 3,7% e 4,1% e a birí 5,6% e 8,0% de

N e P, respectivamente, durante o período do estudo (Tabela 3).

Tabela 3. Balanço de massa final (média ± desvio padrão) do nitrogênio (N) e fósforo (P) removidos no tratamento alface (a), no tratamento birí (b) e no

controle (c), em aquaponia durante 38 dias.

N (g-total ) N (g/dia) P (g-total) P (g/dia)

Entrada

Ração 18,57 0,619 4,86 0,162

a) Saída

Alface 0,69c ± 0,08 0,018

c ± 0,002 0,20

c ± 0,01 0,0050

c ± 0,0005

Piava 1,98e ± 1,68 0,05

e ± 0,04 0,48

e ± 0,13 0,01

e ± 0,003

Total 2,67a ± 1,60 0,06

a ± 0,05 0,68

a ± 0,13 0,01

a ± 0,002

b) Saída

Birí 1,04c ± 0,27 0,027

c ± 0,007 0,39

d ± 0,05 0,01

d ± 0,001

Piava 2,20e ± 1,35 0,05

e ± 0,03 0,64

e ± 0,18 0,01

e ± 0,004

Total 3,24a ± 1,25 0,07

a ± 0,02 1,03

b ± 0,14 0,02

a ± 0,003

c) Saída

Piava 1,36e ± 1,46 0,03

e ± 0,03 0,47

a ± 0,02 0,01

e ± 0,003

Total 1,36a ± 1,46 0,03

a ± 0,03 0,47

a ± 0,02 0,01

a ± 0,003

a, b, A mesma letra indica valores sem diferença significativa entre tratamentos.

c, d, A mesma letra indica valores sem diferença significativa entre tratamentos,

quanto ao sequestro por plantas. e, f,

A mesma letra indica valores sem diferença significativa entre tratamentos, quanto ao sequestro pelos peixes.

Não houve diferença significativa (p>0,05) na incorporação de N e P

entre peixes nos tratamentos com plantas ou sem plantas. Entretanto, no

quesito planta, o sequestro de P pela birí Canna indica foi

Page 44: Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas

44

significativamente maior (p<0,05) do que o sequestro de P pela alface

lisa Lactuca sativa, enquanto para o sequestro de N não houve diferença

significativa (p>0,05) entre as plantas (Tabela 3).

Uma parte dos resíduos nitrogenados e fosfatados ficou na água

como alimento não consumido, fezes e excretas. No total, somando o

sequestro de peixes e plantas, não houve diferença significativa (p>0,05)

para o sequestro de N entre os tratamentos com plantas e o controle.

Entretanto, para o sequestro de P, o tratamento birí foi

significativamente maior (p<0,05) do que o tratamento alface lisa e o

controle que apresentaram sequestros semelhantes entre si (p>0,05).

Neste contexto, foram sequestrados aproximadamente 14,3% de N e

13,9% de P no tratamento Lactuca sativa, 17,4% de N e 21,2% de P no

tratamento Canna indica e, 7,3% de N e 9,6% de P no controle, do total

de N e P adicionados ao sistema na forma de ração (Tabela 3).

4. Discussão

4.1. Desempenho dos peixes

Em relação ao desempenho zootécnico dos peixes, o valor médio

entre os tratamentos, em sistema de aquaponia (escala experimental),

para taxa de crescimento específico (TCE) de Leporinus obtusidens foi

0,46% dia-1

(Tabela 1), inferior aos valores encontrados para o bacalhau

do rio australiano, Maccullochella peelii, que foi 0,85% dia-1

e 1,00%

dia-1

(Lennard e Leonard, 2004 e 2006).

Em sistema de aquaponia (escala piloto), o bagre híbrido (Clarias macrocephalus × Clarias gariepinus) (Sikawa e Yakupitiyage, 2010) e

a tilápia (Oreochromis niloticus L.) (Trang e Brix, 2014), apresentaram

a mesma TCE (1,56% dia-1

) em seus estudos e, superiores ao presente

estudo. Durante o estudo, foram observados valores de temperatura

entre (14-24ºC), diferentes dos limites ideias, entre (22-25ºC), para o

crescimento ótimo de Leporinus obtusidens (Parma de Croux, 1980) e

este fato pode ter prejudicado o crescimento da espécie.

A conversão alimentar (CA) média entre os tratamentos para L.

obtusidens foi (1,9) superior aos valores encontrados para o bacalhau do

rio australiano Maccullochella peelii que foi 1,1 e 0,9 (Lennard e

Leonard, 2004 e 2006), e inferior quanto ao resultado de CA para o

bagre híbrido, Clarias macrocephalus × Clarias gariepinus que foi 2,2

(Sikawa e Yakupitiyage, 2010).

A qualidade da água ficou dentro dos limites para o crescimento de

peixes em sistemas de recirculação com valores adequados de oxigênio

Page 45: Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas

45

dissolvido, pH em torno do neutro e baixas concentrações de amônia e

nitrito (Timmons e Ebeling, 2010).

A temperatura oscilou consideravelmente (13-24ºC), mas mesmo

diante as baixas temperaturas ocorridas no período do inverno, as

plantas apresentaram resultados satisfatórios quanto ao consumo de

nitrogênio e fósforo no sistema de aquaponia, em relação a outros

estudos (Sikawa e Yakupitiyage, 2010; Konnerup et al., 2011; Trang e

Brix, 2014).

A adição de NaCl na concentração de até 0,2%, ou 2 g L-1

em

sistemas de recirculação para aquicultura é benéfica não somente pelos

os íons cloreto bloqueiam a toxicidade do nitrito, mas também porque o

sódio e os íons cloreto aliviam o estresse osmótico dos peixes (Masser et

al., 1999). Entretanto a adição de sal em sistemas de recirculação para

aquicultura pode diminuir a eficiência do biofiltro (Masser et al., 1999).

4.2. Desempenho de plantas

Assim, em relação ao cultivo de plantas, o peso médio final da alface

lisa no tratamento Lactuca sativa foi 24g, sem diferença significativa

(p>0,05), semelhante com o valor de 22,5g obtido no estudo de Sikawa

e Yakupitiyage (2010) e maior em relação ao estudo de Trang e Brix

(2014). Entretanto, o valor obtido no presente estudo é inferior aos

resultados de outros estudos Lennard e Leonard (2004 e 2006), que

foram de 119 e 131g, respectivamente, utilizando a mesma biomassa de

peixes (1000g) e a mesma espécie de planta, mas com a área da unidade

crescimento de plantas (0,5 m²) maior e alocando 40 unidades de alfaces

por m².

Al Hafedh et al. (2008) produziram alface lisa (L. sativa) com peso

final entre 157-289g em um densidade de 42 unidades por m² de área

para o crescimento das plantas. Entretanto, os autores acreditam que a

densidade de plantas pode ser diminuída entre 25-30 unidades de alface

por m², segundo Rakocy (2007), para que se obtenha uma produção de

alfaces com maior crescimento e qualidade.

No presente estudo, a produtividade aproximada por m² foi 1,3 kg de

alface lisa, com a densidade de 54 unidades de alface por m². Devido ao

fato de as hortaliças terem ficado bem aglomeradas, após seu

crescimento, no final do estudo, é possível que com a redução da

densidade de alface lisa, do presente estudo, para um valor entre 25-30

unidades por m², a produtividade e o seu peso final possa ser maior.

Outro fato que pode ter influenciado na produtividade das plantas foi

a salinidade da água, que durante o período do estudo esteve com média

Page 46: Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas

46

(± desvio padrão) de 3,8±0,8 g L-1

. Soares et al. (2010) observaram que

o aumento da salinidade em cultivo hidropônico levou a redução linear

do rendimento das plantas de alface. Rakocy et al. (2006) comenta que a

condutividade elétrica da água para o cultivo de alface hidropônico fica

normalmente entre 1,5-3,5 mS cm-1

, enquanto na aquaponia entre 0,3-

0,6 mS cm-1

. No nosso estudo a condutividade média (± desvio padrão)

foi 6,2 ± 0,8 mS cm-1

.

A produção de biomassa úmida de Canna indica

(3,2 kg m-2

dia-1

) foi maior que a obtida por Konnerup et al. (2011) com

Canna x generalis (1,3 kg m-2

dia-1

). C. indica apresentou crescimento

constante durante todo o estudo, mesmo em condição de água salobra.

A produção de biomassa úmida foi maior do que a de Lactuca sativa,

pois o peso úmido inicial de C. indica também foi consideravelmente

maior que o de L. sativa. Entretanto a taxa de crescimento específico

(TCE) de L. sativa foi sete vezes maior que a de C. indica.

4.3. Sequestro de nutrientes

Aproximadamente 10,0% de N e 11,0% de P disponibilizados na

entrada de ração no sistema foram removidos pelas piavas Leporinus obtusidens. Esta absorção foi significativamente menor para N e P de

acordo com o estudo de Trang e Brix (2014), que relataram que a tilápia

(Oreochromis niloticus L.) captura em média de 45,0% de nitrogênio e

76,0% de fósforo da ração de entrada durante o cultivo por 25 dias. Em

outro estudo, um policultivo entre tilápia-do-Nilo (Oreochromis niloticus; 85%) e carpa comum (Cyprinus carpio; 15%) incorporaram

em biomassa 31,0% de N e 34,0 % de P (Konnerup et al., 2011).

O sequestro de N e P da Lactuca sativa (3,7% de N e 4,3% de P) e da

Canna indica (5,6 % de N e 8,1% de P) foram maiores do que os 0,05%

de N e 0,13% de P e 5,2% de N e 4,4% de P absorvidos por

L. sativa e pela Canna glauca no estudo de Trang e Brix (2014).

Em média 87,0% de N e 85,0% de P não foram contabilizados no

estudo ficando acumulado e possivelmente incorporado pelos sólidos,

biofilmes, no substrato, na água e liberado do sistema pela nitrificação e

desnitrificação. Trang e Brix (2014) mostraram que o lodo originado

dentro do sistema pode remover 2,0% N e 3,0% P da entrada pela

alimentação e 2,0% N e 5,0% P foram incorporados na água, enquanto

45,0% N e 9,0% P não foram contabilizados.

Neste contexto, de acordo com van Rijn et al. (2006), a perda de N

dos sistemas de recirculação para aquicultura (SRA) ocorre

principalmente devido à desnitrificação em zonas com baixa

Page 47: Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas

47

concentração de oxigénio e pode ser responsável por até 21% da perda

de nitrogênio em alguns SRA. Schneider et al. (2005) mostraram que o

cultivo intensivo de peixes pode reter entre 20-50% de N e 15-65% de P

disponibilizados pela ração e a conversão de nutrientes em biomassa

bacteriana pode contribuir com a retenção de até 7% de N e 6% de P da

ração ofertada para os peixes.

Em relação a remoção de fósforo do sistema de aquaponia, peixes e

plantas sequestraram em média 15% do P disponibilizado através da

ração. Rakocy et al. (2006) apontaram que o orto-fosfato é acumulado

ao longo do tempo na água devido à degradação biológica do fósforo, e

que as variações nas concentrações de nutrientes da água são causadas

por três fatores: a excreção de nutrientes a partir dos peixes, os

nutrientes absorvidos pelas plantas e pela adição de água da torneira

para compensar a água perdida por evaporação. Entretanto, a absorção

de orto-fosfato em excesso por algumas bactérias desnitrificantes, diante

suas necessidades metabólicas, pode resultar em uma redução

considerável de orto-fosfato na água (van Rijn et al., 2006).

Em nosso estudo, o cálculo do balanço de massa mostrou que

absorção de N e P pelos peixes e plantas, constituiu apenas uma fração

da quantidade de nutrientes removidos da água, indicando que outra

fração considerável possa ter sido consumida pelo processo de

desnitrificação presente nas raízes das plantas e no substrato.

5. Conclusão

Este estudo demonstrou que hortaliças folhosas e plantas

ornamentais podem ser utilizadas junto ao biofiltro (cama com substrato

e sifão sino) em sistemas de aquaponia. Leporinus obtusidens incorporou aproximadamente em média 10,0% de N e 11,0% de P,

disponibilizados através da entrada de ração no sistema, enquanto

Lactuca sativa sequestrou 3,7% de N e 4,3% de P e Canna indica 5,6%

de N e 8,0% de P. O cultivo de plantas integradas ao cultivo de peixes

tem potencial em purificar a água do sistema. Entretanto o estudo foi

realizado por um curto período de 38 dias e os peixes não atingiram o

tamanho de mercado, sendo necessárias mais pesquisas com período

maior para que seja avaliado a disponibilidade e o sequestro de

nutrientes de sistemas de aquaponia com a piava L. obtusidens, alface

lisa L, sativa e a birí C. indica.

Agradecimentos

Page 48: Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas

48

Os autores agradecem ao Laboratório de Biologia e Cultivo de

Peixes de Água Doce, ao Departamento de Aquicultura da Universidade

Federal de Santa Catarina (Brasil) pela infraestrutura e recursos

disponíveis; a CAPES, pela bolsa de mestrado para o primeiro autor.

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Zar, J.H., 2010. Biostatistical Analysis, 5. ed. Prentice Hall, New Jersey.

Page 51: Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas

51

5. CAPÍTULO 2

Crescimento de Solanum lycopersicum, var. cerasiforme em sistema

de aquaponia com diferentes biomassas de Rhamdia quelen (Quoy e

Gaimard 1824; Siluriformes: Heptapteridae)

Artur de Freitas Araújo a, Alex Pires de Oliveira Nuñer

a *

a

Laboratório de Biologia e Cultivo de Peixes de Água Doce,

Departamento de Aquicultura, Universidade Federal de Santa Catarina

(UFSC), Florianópolis, SC, Brasil.

* Autor para correspondência. Laboratório de Biologia e Cultivo de

Peixes de Água Doce, Rodovia Francisco Thomaz dos Santos n◦3532,

Florianópolis, SC CEP 88066-260, Brasil.

E-mail: [email protected] (A.P. de Oliveira Nuñer).

Resumo

Um experimento com jundiá (Rhamdia quelen) e tomate-cereja

(Solanum lycopersicum, var. cerasiforme) foi conduzido por 88 dias em

sistema fechado contendo 0,15 m³ de água, em cada unidade

experimental. Os peixes foram divididos em três tratamentos (T7; T12 e

T18) onde a quantidade de ração (7; 12 e 18g|) dia-1

foi avaliada diante a

área de 0,37 m-2

para o crescimento das plantas. A taxa de alimentação

foi 2,0% da biomassa úmida por tanque. A reposição de água foi

realizada apenas para repor a evapotranspiração dentro do sistema. A

taxa de sobrevivência dos peixes foi 100% e o crescimento específico

médio entre os tratamentos foi 0,63 g dia-1

, sem diferença significativa

(p>0,05). Para os tratamentos T7, T12 e T18 a biomassa média final

(± desvio padrão) de peixes, por 0,1m³ de água, foi 0,63 ± 0,05; 1,1 ±

0,02 e 1,70 ± 0,70 kg e o peso úmido final (± desvio padrão) de frutos,

por 0,37m² de área de plantas foi 602,0 ± 100,0; 895,8 ± 109,0 e 843,7 ±

93,7 g, respectivamente. Em relação ao peso úmido de frutos T7 e T12

apresentaram diferença significativa (p<0,05), porém não houve

diferença (p>0,05) entre T18 e os demais tratamentos. A taxa de 12g de

ração por 0,37m² de área para as plantas utilizada em T12 foi

considerada ideal para cultivo de R. quelen e S. lycopersicum var.

cerasiforme diante a maior produtividade de tomate-cereja no sistema

aquapônico.

Palavras-chave: Jundiá. Tomate-cereja. Sistema fechado. Peso úmido

de frutos.

Page 52: Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas

52

Abstract

An experiment with catfish (R. quelen) and cherry tomato (Solanum

lycopersicum, var. Cerasiforme) was conducted for 88 days in a closed

system containing 0.15m³ of water in each experimental unit. The fish

were divided into three treatment (T7; T12 and T18) where the amount

of fed (7,12 and 18g) day-1

was evaluated on the area of 0.37m-2

the

grow beds. The feed rate offered was 2.0% of wet biomass of each tank.

Water replacement was carried out only to replace the

evapotranspiration within the system. The fish survival rate was 100%

and the average specific growth between treatments was 0.63 g day-1

, no

significant difference (p>0.05). For treatments T7, T12 and T18 average

final biomass (± SD) of fish, for 0.1m³ of water was 0.63 ± 0.05; 1.10 ±

0.02 and 1.70 ± 0.70kg, and the final wet weight (± SD) of fruits of each

grow bed 0,37m² area was 602.0 ± 100.0; 895.8 ± 109.0 and 843.7 ±

93.7g, respectively. Regarding the wet weight of fruit T7 and T12

showed significant differences (p<0.05), but there was no difference

(p>0.05) between T18 and the other treatments. The feed rate of 12g of

each 0.37m² area grow beds in T12 was considered optimum for

cultivation R. quelen and S. lycopersicum var. cerasiforme the largest

cherry tomatoes productivity in aquaponic system.

Keywords: Jundiá, Cherry tomatoes, Closed system, Fruits wet weight.

Page 53: Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas

53

1. Introdução

Sistemas de Recirculação em Aquicultura (SRA) podem produzir

peixes de forma intensiva e produzir mais peixes por litro de água do

que qualquer outro tipo de sistema de aquicultura

(Timmons e Ebeling, 2007). Estes tipos de sistema são muito utilizados

em países industrializados, mas o seu potencial de aplicação em regiões

tropicais e subtropicais é muito favorável, devido às condições

climáticas nestes locais.

A união da piscicultura com o cultivo de plantas hidropônicas é mais

produtiva e sustentável do que os sistemas agrícolas convencionais

atuais (Rakocy et al., 1997; Al-Hafedh et al., 2008). Apenas com a

utilização de efluentes da criação dos peixes como fertilizante para as

plantas foram obtidos resultados positivos com alface e manjericão

(Rakocy et al., 2006; Trang e Brix, 2014), e com tomates e morangos

(McMurtry et al., 1997; Savidov, 2005A).

Uma consideração muito importante em sistemas de aquaponia é a

relação entre a alimentação dos peixes e a área destinada para o cultivo

de plantas. Uma relação ideal deve ser mantida para evitar o acúmulo de

nutrientes ou a deficiência de algum deles. Existem diferentes sistemas

aquapônicos que variam no desenho, no custo, na operação e na

capacidade de produção (Lennard e Leonard, 2006; Rakocy, 2007;

Lennard, 2012).

Na Universidade das Ilhas Virgens (UIV) as pesquisas de aquaponia

feitas nas últimas duas décadas foram realizadas para facilitar o

dimensionamento dos sistemas de aquaponia em escala comercial. Os

estudos visavam estabelecer uma proporção ótima de ração oferecida

para os peixes, em relação com a área disponível para o cultivo de

plantas.

Desta forma, algumas proporções foram indicadas como ideais para

o cultivo de hortaliças folhosas (ex: alface e manjericão) e para

hortaliças frutíferas (ex: tomate e pimentão), com 60 e 100g de ração

dia-1

m-2

de área de crescimento para as plantas, respectivamente. E a

tilápia (Oreochromis spp.) foi o peixe cultivado, utilizando o cultivo em

bandejas flutuantes, também conhecido como “floating” ou cultivo em

águas profundas (CAP) na unidade hidropônica (Rakocy, 2007).

Em outro trabalho, Al-Hafedh et al. (2008) cultivaram Tilápia

(Oreochromis niloticus) em sistema de aquaponia na Arábia Saudita e

determinaram uma proporção ideal de 56 g de ração dia-1

m-2

de área de

crescimento para as plantas, em sistema de cultivo flutuante.

Page 54: Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas

54

Lennard (2012) apresenta uma abordagem diferenciada para

dimensionar sistemas de aquaponia utilizando camas com substrato para

o crescimento das plantas. Neste modelo de sistema as proporções ideais

encontradas o bacalhau do rio australiano, Maccullochella peelii, foi

foram 16 e 26 g de ração dia-1

m-2

de área para o crescimento de

hortaliças folhosas e hortaliças frutíferas, respectivamente.

Endut et al. (2010) cultivaram o bagre africano (Clarias gariepinus)

com espinafre d’água (Ipomoea aquatica) em sistema de aquaponia, em

cama com substrato, na Malásia e estabeleceu uma proporção entre 15-

42 g dia-1

m-2

de área para o crescimento das plantas.

Estudos anteriores mostraram que as hortaliças, como o tomate

(Solanum lycopersicum) e suas variedades são cultivadas com sucesso

em sistemas de aquaponia apresentando resultados semelhantes aos

obtidos em cultivos hidropônicos convencionais purificando a água do

cultivo de peixes e reduzindo o seu uso dentro do sistema de

recirculação (Lewis et al., 1978; Watten e Busch, 1984; McMurtry et al.,

1997; Savidov, 2005B; Castro et al., 2006).

Considerando-se que a busca por alimentos saudáveis e livres de

contaminação por agrotóxicos tem crescido mundialmente, e que dentre

as hortaliças o tomate (Solanum lycopersicum) é uma das culturas com

maior uso de produtos fitossanitários no sistema de produção

convencional, a sua utilização em sistema de aquaponia apresenta

grande potencial.

O presente estudo avaliou diferentes taxas diárias de ração para o

jundiá (Rhamdia quelen), com a área de produção de tomate-cereja

(Solanum lycopersicum var. cerasiforme).

2. Material e métodos

2.1. Sistema de aquaponia

O estudo foi conduzido no Laboratório de Biologia e Cultivo de

Peixes de Água Doce – LAPAD (27º43’44.13”S) e (48º30’32.56”W), ao

ar livre, em nove sistemas de aquaponia modelo cama com substrato,

servindo de unidades experimentais.

Cada unidade experimental foi composta por um reservatório de

plástico com volume de 60L (395 mm x 320 mm x 650 mm;

comprimento x largura x altura) onde foi instalada uma bomba submersa

(vazão de 2.000 L h–1

), a cama de crescimento para as plantas com

volume de 118 L (880 mm x 420 mm x 250 mm), preenchida com 75%

de argila expandida (22-32 mm) e 25% de brita nº 3 (25-50mm) e um

Page 55: Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas

55

tanque de fibra de vidro com volume de 105 L (700 mm x 300 mm x

500 mm), onde foram criados os peixes.

O sistema aquapônico implantado foi desenhado com base no

modelo proposto por Lennard (2004), com por algumas modificações,

sendo uma delas, a presença de um sifão na cama das plantas.

Este sistema aquapônico foi desenhado com base no modelo

proposto por Lennard (2004), com algumas modificações, como a

presença de um sifão, que favorece o fluxo alternado de alagamento e

drenagem da água, na cama das plantas e a presença de um reservatório

individual para a bomba submersa. A água do reservatório foi

distribuída através de tubos de PVC com 25 mm de diâmetro para a

caixa das plantas, onde foi instalado o sifão que drenava a água da caixa

das plantas para o tanque de peixes, com descargas em intervalos de

tempo entre 2-3 minutos.

Ao sair do tanque de peixes, o fluxo de água continua para baixo até

chegar ao reservatório bombeamento por gravidade, através de tubos

PVC 20 mm de diâmetro. Para a proteção contra intempéries foi

construída uma barreira lateral com filme plástico transparente de

100 micra de espessura e um telhado de caibro, coberto por uma tela

com 50 % de sombreamento.

2.2. Delineamento experimental

O experimento foi inteiramente casualizado com três tratamentos

(T7; T12 e T18) onde foram avaliadas diferentes taxas de alimentação

diária, 7, 12 e18g, para a espécie nativa de peixe jundiá (Rhamdia quelen) pela área de crescimento para a hortaliça de tomate-cereja

(Solanum lycopersicum var. cerasiforme) em um sistema de aquaponia.

O estudo foi conduzido pelo período de 88 dias e o número do

tratamento corresponde à quantidade de ração ofertada em grama.

As camas de crescimento para as plantas foram

pré-condicionadas antes do estudo com adição de cloreto de amônio

(NH4 Cl) a uma taxa de 9 mg L–1

(0,9 g por tanque), a metade da taxa

utilizada por Lennard (2004) e, a colonização das bactérias nitrificantes

foi estabilizada após 40 dias, mediante ao aparecimento de nitratos e a

diminuição nos valores de amônia e nitrito.

Durante o experimento foram utilizados carbonato de cálcio

(Ca(CO)3) e hidróxido de potássio (KOH), em uma única dose de 5,0 e

2,5 g por semana, respectivamente, em cada unidade experimental,

visando corrigir a acidez do pH e a deficiência nutricional de Ca e K

existente em sistemas de aquaponia. Rakocy et al. (2006), em escala de

Page 56: Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas

56

produção comercial em aquaponia, adiciona entre 500-1000 g por

semana de bases fracas (KOH e Ca(OH)2), respectivamente para manter

o pH do sistema em torno de 7,0.

A vazão média de entrada na cama de plantas foi 9,16 L min–1

em

todas as unidades (taxa de fluxo total através da cama de plantas foi de

13,2 m3 dia

–1). A taxa de carregamento hidráulico (TCH) médio foi de

37,90±8,30 m dia–1

, enquanto que a taxa de retenção hidráulica (TRH)

média na cama das plantas de 0,03±0,01 h, ou 2,25±0,50 min.

Para o cálculo da TCH e da TRH foi utilizado o estudo de Lin et al.

(2004), onde TCH (m/dia) = Q (m³/dia) / A (m²) e a

TRH (horas) = V (m³) / Q (m³/h).

2.3. Peixes e plantas

Os juvenis de jundiá (Rhamdia quelen) foram transferidos para os

tanques com o peso médio (± desvio padrão, n=3) de 85,1±34,4 g (T7),

61,2±19,0 g (T12) e 91,8±47,8 g (T18), na densidade média de 4,3

peixes em T7 e 10,3 peixes em T12 e T18, em um volume de 0,105 m-3

.

Em cada cama com substrato de 0,37 m², foram transplantadas cinco

plantas de tomate-cereja com média de 5,5 g e 0,25 cm para peso e

comprimento, respectivamente, por planta, e a área ocupada por cada

cama, pelas plantas, foi de 0,30 m².

Nestas camas de crescimento foram alocadas plantas a uma distância

de 25 cm entre as que estavam nas extremidades e 15 cm para as que

estavam no meio. Ao final do estudo, todas as plantas tiveram seus

frutos colhidos e avaliados quanto ao número e biomassa úmida.

Durante o estudo, os peixes foram alimentados uma vez ao dia, seis

dias por semana, com ração comercial (composição: 43,0% de proteína

bruta, 6,4% de gordura bruta, 11,0% de cinza em bruto, 11,1% de fibra

bruta, 6,8% de nitrogênio, 1,8% de fósforo e 7,3% de umidade)

oferecida manualmente a uma taxa de 2,0% do peso corporal estimado

dos peixes por dia, em cada tanque.

Durante o período do estudo a reposição de água foi

aproximadamente de 2,14 L dia -1

. A temperatura, o oxigênio dissolvido

(OD), pH, condutividade elétrica (CE) e a salinidade da água em todos

os tanques de peixes foram medidos seis vezes por semana às 09:00-

16:00 horas, utilizando o oxímetro polarográfico YSI Pró-Plus portátil.

Amostras de água foram coletadas e analisadas imediatamente, três

vezes por semana, no laboratório com a utilização de um

fotocolorímetro AT-01(Alpha Tecnoquímica – SC – Brasil), para as

Page 57: Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas

57

concentrações de amônia total (ANT), o nitrito (NO2--N) e o nitrato

(NO3--N) mg

–1.

2.4. Análise estatística

Os dados foram testados para a distribuição normal e homogeneidade

de variâncias, analisados pelos testes de Shapiro-Wilk e de Levene,

respectivamente (ZAR, 2010). Crescimento, absorção de nutrientes e

produção de biomassa entre as espécies cultivadas foram avaliados por

ANOVA (one-way). Para comparação das médias foi aplicado o teste

Tukey ao nível de probabilidade de 5,0%, quando necessário. Os

parâmetros de qualidade de água foram analisados com teste de Kruskal-

Wallis, para dados não paramétricos.

3. Resultados

3.1. Peixes

O peso médio final (± desvio padrão) dos jundiás não apresentou

diferença significativa (p>0,05, n=3) entre T7, T12 e T18 (Figura 3). O

valor médio (± desvio padrão), entre os tratamentos, para a taxa de

crescimento específico (TCE) foi 0,63 ± 0,03% do peso dia-1

e para a

conversão alimentar (TCA) foi 1,82±0,21, sem diferença significativa

(p>0,05, n=3) entre os tratamentos. (Figura 1).

Figura 1. Peso médio (± desvio padrão, n=3) de Rhamdia quelen com taxa de

alimentação diária, por tratamento, de 7 (T7), 12 (T12) e 18 g (T18).

T7 T12 T18

Page 58: Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas

58

Uma sobrevivência de 100% de peixes foi registrada durante 88 dias

de estudo. A quantidade média de ração ofertada para os peixes foi 7, 12

e 18g tanque-1

dia-1

por 0,37 m² de área de crescimento para as plantas

nos tratamentos 1, 2 e 3, respectivamente (Tabela 1).

Tabela 1. Ganho de massa úmida, taxa de crescimento específico (TCE), taxa de conversão alimentar (TCA), oferta de ração, biomassa final e consumo de

água em cultivo de Rhamdia quelen. Ganho de massa úmida, quantidade de fruto e biomassa final de Solanum lycopersicum var. cerasiforme em 88 dias de

cultivo em sistema de aquaponia nos tratamentos T7, T12 e T18.

Parâmetros

R. quelen T7 T12 T18

Ganho de massa1 (g) 260,3

a ± 34,0 469,5

b ± 71,6 760,2

c ± 48,7

TCE1 (% dia

-1) 0,60

a ± 0,1 0,63

a ± 0,1 0,67

a ± 0,3

TA1 (g dia

-1) 1,9

a ± 0,2 1,8a ± 0,2 1,7

a ± 0,1

Ração (g) 504 864 1296

Biomassa total (kg m-3) 6,2

a ± 0,05 11,0

b ± 0,03 17,0

c ± 0,07

Uso de água (L dia-1) 2,2

a ± 0,3 2,55

b ± 0,5 2,9

c ± 0,7

L. esculentum var.

cerasiforme T7 T12 T18

Ganho de massa1 (g) 602,0

a ± 100,0 895,8

b ± 109,7 843,7

ab ± 93,7

Frutos1 (unid) 96,3

a ± 16,0 143,3

b ± 17,5 135

ab ± 15

Biomassa total1 (Kg m

-2) 1,8

a ± 0,1 2,6

b ± 0,15 2,5

ab ± 0,15

1 Valor médio ± D.P.

a, b, c Valores que mostram a mesma letra não são significativamente diferentes

(P> 0,05, n=3) (ANOVA) TCE: Taxa de Crescimento Específico (% dia

-1)

[(ln peso final - ln peso inicial) / (tempo (dias))] x 100 TCA: Taxa de Conversão Alimentar: ração oferecido/ganho de peso

3.2. Plantas

Com 25 dias de cultivo as plantas de tomate-cereja apresentavam

uma boa adaptação em relação ao ambiente de cultivo, na cama de

substrato aquapônica, sem ocorrência de doenças, fungos ou parasitas.

Para condução dos tomates, diante seu rápido crescimento em altura, foi

instalado um varal de cordas, onde as plantas foram tutoradas

individualmente.

Page 59: Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas

59

Com 60 dias de cultivo, após o transplante para as camas com

substrato, as plantas já apresentavam frutos próximos ao

amadurecimento e conforme as plantas de tomates foram adensando

ocorreu a incidência do fungo oídio (Oidium sp) nas folhas, o qual foi

controlado com a poda das folhas fungadas.

A estimativa de produtividade anual de Solanum lycopersicum var.

cerasiforme (com base na tabela 1) foi 7,2; 10,7 e 10,1 kg de frutos m-2

ano-1

, para os tratamentos T7, T12 e T18 , onde os peixes foram

alimentados com 7, 12 e 18g de ração por dia, respectivamente.

3.3. Qualidade de água

A concentração média de oxigênio dissolvido (± desvio padrão)

durante o estudo foi 7,4±0,8 e não foi inferior a 6,5 mg L-1

. Ao longo do

tempo ocorreu uma leve redução nos valores de oxigênio. A temperatura

média (± desvio padrão) da água foi 20,1±2,8ºC, flutuando entre

14-24ºC. Não houve diferença (p>0,05) entre os tratamentos para os

parâmetros de temperatura e oxigênio dissolvido (Tabela 2). Tabela 2. Variáveis de qualidade de água em sistema de aquaponia com

Rhamdia quelen em 88 dias. Média ± desvio padrão (Máximo e mínimo). Médias com letras diferentes na mesma fileira indicam que não houve

diferenças significativas (P<0,05, n=3) (Kruskal- Wallis).

Parâmetros T7 T12 T18

Temperatura (°C) 20,5

a ± 2,0

(14,3-25,7)

20,3a ± 2,1

(14,0-26,1)

20,2a ± 2,0

(14,6-25,2) Oxigênio Dissolvido

(mg L-1

)

7,6a ± 0,7

(6,0-10,2)

7,3b ± 0,9

(6,0-10,3)

7,2b ± 0,8

(5,6-10,2)

pH 7,4

a ± 1,0

(6,3-8,3)

7,3b ± 0,7

(5,6-8,0)

6,8c ± 1,1

(5,1-8,1) Condutividade

(mS cm-1

)

10,4a ± 1,7

(7,0-14,0)

9,7b ± 1,3

(6,8-13,8)

11,1c ± 1,5

(6,8-15,0)

Salinidade (g L-1

) 6,3

a ± 1,0

(4,33-8,4)

5,9b ± 0,9

(4,1-8,7)

6,8c ± 0,9

(4,1-8,8) Amônia total

(mg AMT L-1

)

0,1a ± 0,1

(0,0-0,4)

0,1a ± 0,1

(0,0-0,5)

0,5b ± 0,6

(0,0-3,0) Nitrito

(mg NO2--N L

-1)

0,02a ± 0,03

(0,0-0,2)

0,02ab

± 0,03

(0,0-0,2)

0,03b ± 0,06

(0,0-0,3) Nitrato

(mg NO3--N L

-1)

0,1a ± 0,1

(0,0-1,46)

0,1a ± 0,1

(0,0-0,4)

0,2a ± 0,3

(0,0-3,0)

Page 60: Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas

60

Com a adição de carbonato de cálcio e hidróxido de potássio, o valor

médio (± desvio padrão, n=3) de pH nos tanques de peixes, entre os

tratamentos, se manteve em torno de 7,2±0,96. Entretanto o valor médio

(± desvio padrão, n=3) de pH no T18 (6,8±1,18) foi, significativamente

diferente (p<0,05) dos demais (Tabela 2).

A condutividade elétrica média (± desvio padrão, n=3) durante o

estudo foi 10,4±1,7; 9,7±1,3 e 11,1±1,5 mS cm-1

para os tratamentos T7,

T12 e T18, respectivamente (Tabela 2), devido à incorporação de NaCl

na água no início do estudo, que ultrapassou o valor de 4 g L -1

.

As concentrações de amônia total (AMT) foram significativamente

diferentes (p<0,05) em relação ao T18 e os demais tratamentos (T7 e

T12) que não apresentaram diferença significativa (p>0,05) (Tabela 2).

Para as concentrações de nitrito (NO2--N) não houve diferença

significativa (p>0,05) entre T12 e os demais tratamentos. Por outro lado,

T7 e T18 apresentaram diferenças significativas (p<0,05) (Tabela 2).

Em relação às concentrações de nitrato (NO3--N), o valor médio (±

desvio padrão) para T7 e T12 foi 0,16±0,2 e 0,16±0,1 mg L-1

,

respectivamente, sem diferença significativa (p>0,05) e com T18

significativamente diferente (p<0,05), com valor de 0,25±0,6 (Tabela 2).

A água foi reposta apenas para compensar a evapotranspiração do

sistema. A reposição média de água (Tabela 1) entre todos os

tratamentos foi 2,3 L dia-1

. No geral, o total de água em média utilizado

foi 193, 224 e 255L tanque-1

em T7, T12 e T18, respectivamente. Houve

diferença significativa entre todos os tratamentos (p<0,05).

A relação entre a taxa de alimentação dos peixes com a área de

cultivo das plantas, em projeção para m² foi 21,0; 36,0 e 54,0g dia-1

m-2

,

nos tratamentos T7, T12 e T18, respectivamente.

4. Discussão

4.1. Qualidade de água

Processos vitais que ocorrem no sistema radicular de tomateiros, tais

como absorção da água e de nutrientes, envolvem gasto de energia, que

é produzida a partir da respiração radicular, a qual depende da

disponibilidade de oxigênio dissolvido (Martinez et al., 1997). Neste

contexto, pelo menos 5,0 mg L-1

de oxigênio dissolvido devem

oferecidos, no nosso estudo, constantemente para o sistema de

aquaponia, a fim de suprir a demanda, de peixes plantas, dentro de um

sistema de recirculação segundo Timmons e Ebeling (2007).

Page 61: Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas

61

No presente estudo foi disponibilizado oxigênio em níveis ideais

para as bactérias nitrificantes, para as funções fisiológicas dos peixes e

para o crescimento vegetativo e desenvolvimento das plantas. A

temperatura da água variou inversamente aos valores de oxigênio

dissolvido.

A faixa de pH oscilou constantemente entre todos os tratamentos

durante o estudo, atingindo sua maior oscilação (5,8-7,8) no tratamento

T18, apresentando diferença significativa (p<0,05) entre os outros

tratamentos. Mesmo assim, o equilíbrio do pH foi mantido com a adição

de bases fracas, mantendo os valores entre 7,2±0,96 (média ± desvio

padrão). Diante a disponibilidade de nitrogênio em forma de nitrato

(NO3--N) dentro do sistema de aquaponia, as bactérias nitrificantes

estavam trabalhando em suas condições ideais de pH, entre 7,0-8,0,

segundo Rakocy (2007).

A disponibilidade de nitrato (NO3--N) não esteve entre

5-10 mg L-1

durante o estudo, faixa ideal para sistemas de aquaponia

(Bernstein, 2011), fator que pode ter influenciado negativamente na

produtividade dos tomates em todos os tratamentos. Neste contexto, a

baixa produtividade de Solanum lycopersicum var. cerasiforme em T18,

pode ter sido ocasionada diante a maior disponibilidade de amônia total

no sistema e possivelmente em sua forma de NH4+.

A faixa de concentração de nitrito (NO2--N) entre os tratamentos

esteve abaixo do nível tóxico (<1mg L-1

) para espécies de peixes

(Timmons e Ebeling, 2007).

O nitrogênio é absorvido pelas plantas em forma de amônio (NH4+) e

nitrato (NO3-). As raízes das plantas liberam H

+, se os cátions são

absorvidos, e HCO3- ou OH

- com absorção de ânions. Quando os cátions

são absorvidos mais rapidamente do que os ânions, o meio se acidifica e

o inverso ocorre, se os ânions são absorvidos mais rapidamente do que

os cátions (Martinez et al., 1997).

As adições de Ca(CO)3 e KOH favoreceram o equilíbrio tampão do

pH da água e ainda disponibilizaram Ca e K para as plantas,

possibilitando a produção de frutos de qualidade, entretanto as razões

entre Ca:K e a concentração salina da água, pode ter prejudicado na

absorção desses íons pelo tomateiro, reduzindo sua produtividade

A quantidade de água necessária para produzir aproximadamente

1,0 kg de peixe no presente estudo foi 2,84 L dia-1

(0,25m³), semelhante

aos 3 L dia-1

(Watten e Busch, 1984) e os 2,64 L dia-1

(Lennard e

Leonard, 2004) e, significativamente menor em comparação com os

2,5m³ e 5,0m³ para produzir 1,0 kg de peixe em sistema semi-intensivo

e extensivo em aquicultura, respectivamente (Al-Hafedh et al., 2008).

Page 62: Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas

62

Neste contexto, para Rakocy et al. (2006) foram necessários 250L de

água, para se produzir 1,0 kg de peixe em sistema comercial de

aquaponia. Isto evidencia a alta eficiência no uso de água pelos sistemas

em recirculação integrada, no modelo de sistema em aquaponia

(McMurtry et al., 1997).

4.2. Peixes e plantas

McMurtry et al. (1997) conduziram um estudo de aquaponia onde a

produtividade do tomate-cereja (Lycopersicum esculentum Mill.) foi

29,2 e 59,6 kg m-2

ano-1

, com quatro e catorze plantas, respectivamente,

no biofiltro de 4 m², enquanto a tilápia híbrida (Oreochromis mossambicus x O. niloticus L.) foi cultivada na biomassa de

0,350 kg m-3

e produziu 41,5 e 51,4 kg m-3

ano-1

. A produtividade

média, em projeção anual, para o jundiá (Rhamdia quelen) foi 7,2; 13,7

e 20,4 kg m-3

ano-1

e 7,2; 10,4 e 10,0 kg m-2

ano-1

para o tomate-cereja

Solanum lycopersicum var. cerasiforme, nos tratamentos T7, T12 e T18

respectivamente.

O jundiá é um excelente peixe para utilização em sistema de

aquaponia, uma vez que aceita bem a ração oferecida, é tolerante a alta

densidade de peixes e a ampla variação térmica, sendo assim facilmente

criado em ambiente de cultivo.

Neste contexto, a taxa de crescimento específico (TCE) e a

conversão alimentar (CA) de Rhamdia quelen (Tabela 1) foram baixas e

semelhantes, respectivamente, comparadas com a do bagre híbrido

(Clarias macrocephalus × C. gariepinus) e da tilápia (Oreochromis niloticus L.), que apresentaram a mesma TCE de 1,56g % rep.

-1 dia

-1 e

CA de 2,29 g dia-1

e 1,4 g dia-1

, respectivamente, em sistema de

aquaponia (Sikawa e Yakupitiyage, 2011; Trang e Brix, 2014).

Em cultivo hidropônico, o fornecimento inadequado de Ca, o

potencial hídrico, a disponibilidade elevada de N, K, Mg ou Na e o uso

de N-NH4+ podem afetar no desenvolvimento do tomateiro prejudicando

sua produtividade e a qualidade dos frutos (Martinez et al., 1997;

Genuncio et al., 2010). E neste sentido, a sensibilidade das diversas

espécies e variedades de plantas à salinidade é diferente, sendo que em

tomateiro, a porcentagem de material seco dos frutos parece aumentar

quando a condutividade está em torno de 10 mS cm-1

, muito embora o

número e o tamanho dos frutos possam reduzir (Martinez et al., 1997).

Em nosso estudo a condutividade média (± desvio padrão), entre os

tratamentos, foi 10,4±1,5 mS cm-1

, podendo ter influenciado

negativamente o número e o tamanho final dos frutos produzidos.

Page 63: Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas

63

Mesmo com a ocorrência de danos consideráveis à folhagem do

tomateiro pelo fungo oídio, foram produzidos frutos de alta qualidade.

O florescimento e por sequência a frutificação da variedade de

tomate escolhida responderam bem, em relação ao clima frio, no período

em que o estudo foi conduzido.

Estudos anteriores em aquaponia utilizando o efluente de peixes

(Lewis et al., 1978; Watten e Busch, 1984; McMurtry et al., 1997;

Savidov, 2005A; Castro et al., 2006) ou de camarão (Mariscal-Lagarda

et al., 2012), mostraram que a água destes cultivos pode ser utilizada

como fertilizante para irrigação de plantas de tomate.

A união de tomates hidropônicos em sistemas de recirculação para

peixes apresentou maior produtividade do que tomates produzidos em

sistemas convencionais (Lewis et al., 1978; Watten e Busch, 1984) e o

crescimento de tomate em sistema de aquaponia foi significativamente

maior do que em sistema de hidroponia (Savidov, 2005B).

A relação entre a taxa de alimentação dos peixes com a área de

cultivo das plantas, em projeção para m2 foi 21,0; 36,0 e 54,0g dia

-1 m

-2,

nos tratamentos T7, T12 e T18, respectivamente.

Como a maior produtividade de tomate-cereja foi obtida em T12, e

considerando-se que em T18 a taxa de 54,0g de ração dia-1

por m2 de

área para as plantas prejudicou produção, verificou-se que a taxa de

36,0g de ração dia-1

por m2 de área disponível para as plantas foi a ideal,

condição semelhante à encontrada por Lennard (2012), que encontrou

como ótima a taxa de 26,0g de ração dia-1

por m2 de área disponível para

as plantas.

5. Conclusão

O estudo mostrou que diferentes taxas de ração para o jundiá

Rhamdia quelen interferem na produtividade de Solanum lycopersicum var. cerasiforme. Diante a maior produtividade de tomate-cereja em

T12, a taxa de 12,0g de ração dia-1

por 0,37m2 de área disponível para as

plantas, ou 36,0g dia-1

m-2

, foi indicada como a ideal para as espécies

envolvidas.

Agradecimentos

Os autores agradecem ao Laboratório de Biologia e Cultivo de

Peixes de Água Doce, ao Departamento de Aquicultura da Universidade

Federal de Santa Catarina (Brasil) pela infraestrutura e recursos

disponíveis, e a CAPES, pela bolsa de mestrado para o primeiro autor.

Page 64: Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas

64

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Page 67: Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas

67

6. CONCLUSÃO GERAL

O estudo demonstrou que Leporinus obtusidens incorporou

10,0% de N e 60,0% de P, da entrada de ração, enquanto L. sativa

sequestrou 3,71% de N e 4,25% de P e C. indica 5,6% de N e a 8,0% de

P. O cultivo de plantas integradas ao cultivo de peixes tem potencial

para purificar a água do sistema, mantendo um ambiente de cultivo

confortável para o crescimento das diferentes culturas envolvidas.

É possível cultivar o jundiá (Rhamdia quelen) em sistema de

aquaponia com diferentes taxas de alimentação. Em projeção para m2,

com 21,0; 36,0 e 54,0g de ração dia-1

m-2

de área de crescimento para as

plantas tomate-cereja (Solanum lycopersicum var. cerasiforme), foram

obtidos resultados satisfatórios de crescimento e de produtividade de

frutos, para o jundiá e o tomate-cereja, respectivamente. Diante da maior

produtividade de tomate-cereja e a melhor qualidade da água, em

relação aos compostos nitrogenados em T12, a taxa de 12,0g de ração

dia-1

por 0,37 m2 de área disponível para as plantas foi indicada como a

ideal para as espécies envolvidas.

Page 68: Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas

68

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Page 72: Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas

72

APÊNDICE A – Componentes do sistema de aquaponia

a) Travesseiros com brita b) Argila expandida

c) Componentes do sifão sino d) Sifão sino montado

e) Local do estudo e materiais do sistema de aquaponia.

Page 73: Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas

73

f) Reservatório para reposição de água.

g) Vista frontal do 1º estudo.

h) Filme plástico para proteção contra intempéries após o 1º estudo.

Fotos: Artur Araújo

Page 74: Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas

74

APÊNDICE B – Sistema de aquaponia com piava, alface e birí

a) Lactuca sativa 28 de maio. b) Canna indica 28 de maio.

c) Lactuca sativa 16 de junho. d) Canna indica 16 de junho.

e) Lactuca sativa 28 de junho. f) Canna indica 28 de junho.

Page 75: Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas

75

g) Lactuca sativa 07 de julho. h) Canna indica 07 de julho.

i) Peso final da piava. j) Peso final de 2 alface. k) Peso final de 2 birí.

l) Secagem das plantas em estufa. m) Plantas após secagem.

Page 76: Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas

76

n) Plantas em sistema de aquaponia em cama com substrato.

Fotos: Artur Araújo

APÊNDICE C – Sistema de aquaponia com jundiá e tomate-cereja

a) Biometria inicial das plantas. b) Distribuição das plantas.

c) Com 25 dias após transplante. d) Com 45 dias de crescimento.

Page 77: Artur de Freitas Araújo Integração de plantas com espécies nativas

77

e) Com 60 dias de cultivo.

f) Fungo Oídio.

g) Com 80 dias, 15 dias após poda de folhas fungadas.

Fotos: Artur Araújo