artigo 3 amantes do belo - md ed 51

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Deus tem a música em Sua essência e a plantou no coração do ser humano para que ele pudesse louvá-Lo AMANTES DO BELO louvai 54 REVISTA MAIS DESTAQUE IMAGENS: CANSTOCKPHOTO A música foi colocada na mente como uma poderosa ferramenta para expressão ou representação de nossos pensamentos e vontades Társis Iraídes é pastor e Conselheiro Espiritual da Escola Bíblica da Rede Novo Tempo de Comunicação

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Page 1: Artigo 3   amantes do belo - md ed 51

Deus tem a música em Sua essência e a plantou no coração do ser humano para que ele pudesse louvá-Lo

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louvai

54 ReVIsta maIs destaQUeIMAGeNS: CANSToCKPHoTo

A música foi colocada na mente como uma poderosa ferramenta para expressão ou representação de nossos pensamentos e vontades

társis Iraídes é pastor e Conselheiro espiritual da escola bíblica da Rede Novo Tempo de Comunicação

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A primeira e mais importante verdade que a Bíblia nos ensina sobre música é que Deus, além de ser um esteta por excelência (veja Êxodo 26 e Ezequiel 43), tem músicaem Sua essência

Seus ritmos e estilos são variados e há gosto para todos os tipos. Como é bom ouvir música. Esse será o tema das próximas edições de Louvai. Particularmente, con-sidero esse o mais desafiador dos assuntos, devido à

quantidade de posições, estudos e discussões que o permeiam. Nesse primeiro artigo da série, quero apresentar a harmonia que existe entre estética e teologia, de acordo com o que está escrito na Bíblia Sagrada e no Espírito de Profecia.

Estética Divina

Existem três fatores que são considerados imediatos na felicidade humana: o bem, a verdade e o belo. Já a lógica, a moral e a estética são as ciências normativas que nasceram do estudo desses três fatores. Em seu livro “Introdução à estética musical”, Mário de Andrade diz o seguinte: “Quando o homem, buscando a felicidade, se serve do belo para agir, cria a Arte, que é o objeto da Estética” (p. 40). Portanto, a estética é a disciplina do saber que estuda a beleza, especialmente em suas manifestações humanas, a arte. De forma específica, ela estuda a música, suas manifestações e influência sobre a mente humana.

Pela obra de Andrade, alguns estetas afirmam que “Deus e o caos não são nem belos, nem bons, nem verdadeiros” (p. 87). Esse é um conceito contrário aos ensinos bíblicos. Deus é bom e é a perfeição da beleza (em Isaías 53:2, o profeta afirmou que o Messias não era tão belo. Isso ocorre porque, ao se tornar hu-mano, Cristo tomou nossa forma degradada pelo pecado. Veja Salmos 24:4, 50:2; Isaías 33:17 e Zacarias 9:17). Ele também é a plenitude da bondade (leia Salmos 23:6, 107:8 e Isaías 63:7) e a verdade personificada em Jesus (João 14:6). Na visão bíblica, o bem, a verdade e o belo são aspectos do caráter e criatividade inerentes de Cristo, estampados em toda Sua criação, aos quais podemos nomear de Estética Divina.

Vejamos importantes afirmações do Espírito de Profecia sobre tal estética: “Aquele que pôs as pérolas no oceano e a ametista e o crisólito entre as rochas é um amante do belo… Todo esplendor e beleza que adornam a Terra e abrilhantam os Céus falam de Deus” (A Ciência do Bom Viver, p. 412). “Um dos principais elementos da beleza física é a simetria, a harmônica proporção de suas várias partes. (...) Ele é o autor de toda a beleza, e unicamente ao nos conformarmos com Seus ideais, havemos de aproximar-nos da verdadeira norma de beleza” (Idem, p. 292).

A musicalidade de Cristo

No livro “Educação”, Ellen White escreveu algo que deve fa-zer parte constantemente da nossa rotina de estudos. “A glória de Deus nos céus, os incontáveis mundos nas suas sistemáticas revoluções, o ‘equilíbrio das grossas nuvens’ (Jó 37:16), os mis-térios da luz e do som, do dia e da noite” (p. 21). Diante dessas premissas, podemos afirmar que Jesus é o maior músico do universo por ser o criador da música (leia João 1:3, Efésios 3:9 e Apocalipse 10:6) e por estar acima dela e de todo e qualquer músico (Neemias 9:5). Vejamos isso de forma mais específica: “Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido e com

voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro” (I Tessalonicenses 4:16).

A primeira e mais importante verdade que a Bíblia nos ensina sobre música é que Deus, além de ser um esteta por excelência (veja Êxodo 26 e Ezequiel 43), tem música em Sua essência (Salmos 47:5 e Efésios 5:27) e este é um aspecto de Sua natureza criativa. Em “Este dia com Deus”, Ellen White o denomina muito propriamente de “O Grande Artista-Mestre” (p. 101). Na ocasião em que nos deu Sua santa lei no monte Sinai, Jesus apareceu em uma nuvem ao som de trombetas. Pos-teriormente, ordenou a Moisés que fizesse esses instrumentos usando a prata. Eles seriam a extensão de Sua própria voz ou daqueles que o representassem, e tinham a função de emitir significados distintos, que modificavam-se à medida em que os sons eram alterados.

As trombetas eram utilizadas para convocação, reunião de todo o povo e dos príncipes de Israel, bem como de todos os Seus escolhidos para a salvação (Isaías 18:3), para as partidas dos arraiais, nas guerras contra os inimigos, para a alegria e regozijo nas convocações e nas festas solenes. As trombetas também eram parte efetiva da adoração e estavam intimamente associadas ao sacrifício do cordeiro. Somente os sacerdotes poderiam tocá-las (Números 10:8).

As trombetas representam a musicalidade divina, Sua bondade, justiça e juízo (Isaías 58:1), bem como Seu poder, inclusive para recriar (I Coríntios 15:52). Da mesma forma, ao criar-nos à sua imagem e semelhança, Deus nos deu o dom da música, assim como também o deu a todos os seres que criou na vasta imensidão do universo (Jó 38:7).

Estética humana e musicalidade

Nos livros “Atos dos Apóstolos” (p. 523) e “Mensagens aos Jovens” (p. 364 e 365) vemos que, além de ser um “amante do belo”, Deus “implantou no coração de Seus filhos o amor ao

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belo” e que “é justo amá-lo e desejá-lo”. Ele escolheu a música como um meio de expressão dos nossos louvores. A voz humana é sagrada, pois foi feita para louvá-Lo. “O cântico de louvor e as palavras proferidas pelos ministros de Cristo são os meios indi-cados por Deus para preparar um povo para a igreja lá de cima, para aquela mais elevada adoração” (Cuidado de Deus, p. 66).

A palavra de Deus ainda nos apresenta outra importante verdade: a musicalidade humana (veja Gênesis 4:21 e II Samuel 19:35). A música foi colocada na mente como uma poderosa ferramenta para expressão ou representação de nossos pensa-mentos, vontades, crenças, fé e visão de vida e mundo. A arte da comunicação com música é uma das maiores diferenças entre seres humanos e animais, e uma das maiores semelhanças que temos com Deus.

Essa musicalidade faz parte de um ser completo e inte-ligente, emocional, mas também racional, que tem direito à liberdade tanto de expressão quanto de escolha. Deus criou o homem com cinco sentidos e percepções muito aguçadas, com capacidade para alterar, recriar e interagir com as ma-nifestações de Seu amor. Somente pode cantar e louvar quem tem escolha própria. Por isso, agora entendemos porque Deus nos ordena a cantar com inteligência (Salmos 47:7), mas não condena nossas emoções (Provérbios 25:20), mesmo porque a música é expressão de Sua misericórdia e Seu profundo amor por todos os seres humanos.

Recentes pesquisas científicas descobriram que o cérebro, quando estimulado pela música, ativa mais regiões do que se imaginava há pouco tempo. O psicólogo Emmanuel Bigand afirma o seguinte: “Quando bebês de alguns meses ouvem uma melodia, manifestam forte reação de surpresa no momento em que uma nota é substituída por outra que infrinja as regras musicais… Deduzimos que os circuitos neuronais envolvidos nas atividades musicais se organizam bem antes e indepen-dentemente de qualquer aprendizagem explícita da música” (O Poder da Música: “Ouvido Afinado”, p. 61)

Deus escreveu música em nossas entranhas. Se retirássemos

todas as músicas do mundo e apagássemos toda a memória musical do homem, essa peculiaridade ainda existiria dentro de nós e, possivelmente, os músicos iriam compor as mesmas melodias e recriariam os mesmos estilos e instrumentos.

O Príncipe de nossa adoração

“Porque convinha que aquele, para quem são todas as coisas, e mediante quem tudo existe, trazendo muitos filhos à glória, consagrasse pelas aflições o príncipe da salvação deles. Porque, assim o que santifica, como os que são santificados, são todos de um; por cuja causa não se envergonha de lhes chamar irmãos, dizendo: Anunciarei o teu nome a meus irmãos, cantar-te-ei louvores no meio da congregação” (Hebreus 2:10-12).

“Antes de deixar o cenáculo, o Salvador dirigiu os discípulos num hino de louvor. Sua voz se fez ouvir, não nos acentos de uma dolorosa lamentação, mas nas jubilosas notas da aleluia pascoal” (O Desejado de Todas as Nações, p. 672 e 673). Cristo restaura a adoração na raça humana escrevendo o louvor em seu próprio corpo. Um corpo como o nosso, sujeito a falhas e pecados. Veio revelar-se a nós cantando louvores no meio da congregação. Nesse sentido, é um Deus mais que excelente, pois revestiu-se de nossa natureza e das características que Ele mesmo escreveu em nós, como nossa musicalidade e propensão à adoração. Tornou-se o maior dos músicos levitas, executando com a sua própria vida e morte o mais perfeito sacrifício de louvor a Deus.

O Senhor Jesus foi revelado como a maior referência mu-sical de Sua igreja. Por isso, podemos abrir-lhe a alma com hinos e cânticos espirituais adorando-O com prazer, santidade e reverência, reconhecendo humildemente Sua grandeza. Esse é o mais sublime e alto privilégio. “Entoai-lhe um novo cântico, tocai com arte e com alegria” (Salmos 33:3).

Com grande voz, cantemos: “Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e ações de graças” (Apocalipse 5:12).

Recentes pesquisas científi cas descobriram que o cérebro, quando estimulado pela música, ativa mais regiões do que se imaginava há pouco tempo