arte em barro, raízes quilombola, uma cultura viva no sertão paraibano

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Fevereiro/2015 Pombal - PB Ano 7 . nº 1892 No alto Sertão Paraibano, aproximadamente 20 quilômetros do município de Pombal, na comunidade Quilombola Os Rufino, vivem várias famílias afrodescendentes. Entre elas, se destacam algumas que usam o barro em forma de artesanato, para expressar sua criavidade e contar a história e sua cultura, e ainda comercializam as peças para fortalecer a renda familiar. Essa arte vem sendo preservada desde seus antepassados até os dias de hoje. Usando apenas água, barro, areia, os objetos vão ganhando formas, aos poucos viram bonecas, animais ou miniaturas de panelas e potes; nas mãos das crianças se tornam uma diversão, nas dos adultos objetos de decoração, entre outros que são de muita ulização, como potes para reservatório de água, além das panelas, que já viraram tradição por toda região. Dona Josefa Edite da Silva, de 45 anos, é umas das artesãs da comunidade, com mais de 30 anos de trabalho. Ela conta que aprendeu tudo com a mãe, dona Edite Maria, uma arte que vem passando de geração a geração. Nessa trajetória, já passaram netas e bisnetas; e nos dias atuais a cultura ainda vive nas mãos talentosas das irmãs e irmãos. Como Edinice Edite, de 43 anos, que começou a se interessar pela arte, vendo sua avó e sua mãe fazendo. Logo depois, o irmão José Nilson da Silva de 38 anos, agricultor, vivendo rodeado de uma família de artesãs, observando o trabalho delas, resolveu fazer suas próprias peças. Dona Josefa diz que faz potes de barro, panelas grandes e pequenas, já Edinice gosta mais das miniaturas, cada um com suas parcularidades. Fazendo planos para o futuro, Edinice pensa em alugar ou comprar, um pequeno ponto comercial na cidade, onde possa expor e comercializar todas as peças produzidas por ela e sua família. Ainda na mesma comunidade reside o senhor Manoel Silva Santos de 41 anos, que começou seu Arte em barro, raízes quilombola, uma cultura viva no sertão paraibano. trabalho como artesão ainda quando criança, vendo sua mãe fazer panelas e potes de barro, resolveu fazer seus próprios brinquedos. Suas primeiras peças foram miniaturas de boi, com o passar do tempo a brincadeira foi se tornando mais séria, as peças que eram apenas para diversão, foram ganhando outras formas e aperfeiçoamento. Hoje ele faz do artesanato um meio de distração, que já lhe trouxe algumas graficações, como a de ser monitor em um curso de artesanato que aconteceu na própria comunidade, nos anos de 2013 e 2014. Foi parcipando desses cursos que Eva da Silva Barbosa Santos de 45 anos, cunhada de seu Manoel, e Isabel da Silva Santos de 29 anos irmã de Manoel, resolveram fazer o curso e assim despertaram seu talento pela arte. Isabel tem pouco tempo de experiência, porém já faz lindas peças: bonecas, noivas, baianas, reis e rainhas, tudo com capricho, o que a deixa bem entusiasmada para fazer novos cursos e se aperfeiçoar cada vez mais, principalmente na pintura das peças. Tudo produzido pelas famílias é vendido na própria comunidade e na feira livre que acontece sempre aos sábados, na cidade de Pombal, algumas vezes elas fazem trabalho por encomenda. As peças e o jeito como trabalham, alcança um significado enorme para cada um deles adquirindo e repassando o conhecimento, tornando a cultura e as raízes de um povo, mais valorizada.

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No alto Sertão Paraibano, aproximadamente 20 quilômetros do município de Pombal, na comunidade Quilombola Os Rufino, vivem várias famílias afrodescendentes. Entre elas, se destacam algumas que usam o barro em forma de artesanato, para expressar sua criatividade e contar a história e sua cultura, e ainda comercializam as peças para fortalecer a renda familiar. Essa arte vem sendo preservada desde seus antepassados até os dias de hoje.

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Page 1: Arte em barro, raízes quilombola, uma cultura viva no sertão paraibano

Fevereiro/2015

Pombal - PB

Ano 7 . nº 1892

No alto Sertão Paraibano, aproximadamente 20 quilômetros do município de Pombal, na comunidade Quilombola Os Rufino, vivem várias famílias afrodescendentes. Entre elas, se destacam algumas que usam o barro em forma de artesanato, para expressar sua cria�vidade e contar a história e sua cultura, e ainda comercializam as peças para fortalecer a renda familiar. Essa arte vem sendo preservada desde seus antepassados até os dias de hoje.

Usando apenas água, barro, areia, os objetos vão ganhando formas, aos poucos viram bonecas, animais ou miniaturas de panelas e potes; nas mãos das crianças se tornam uma diversão, nas dos adultos objetos de decoração, entre outros que são de muita u�lização, como potes para reservatório de água, além das panelas, que já viraram tradição por toda região.

Dona Josefa Edite da Silva, de 45 anos, é umas das artesãs da comunidade, com mais de 30 anos de trabalho. Ela conta que aprendeu tudo com a mãe, dona Edite Maria, uma arte que vem passando de geração a geração. Nessa trajetória, já passaram netas e bisnetas; e nos dias atuais a cultura ainda vive nas mãos talentosas das irmãs e irmãos. Como Edinice Edite, de 43 anos, que começou a se interessar pela arte, vendo sua avó e sua mãe fazendo. Logo depois, o irmão José Nilson da Silva de 38 anos, agricultor, vivendo rodeado de uma família de artesãs, observando o trabalho delas, resolveu fazer suas próprias peças. Dona Josefa diz que faz potes de barro, panelas grandes e pequenas, já Edinice gosta m a i s d a s m i n i a t u ra s , c a d a u m c o m s u a s par�cularidades. Fazendo planos para o futuro, Edinice pensa em alugar ou comprar, um pequeno ponto comercial na cidade, onde possa expor e comercializar todas as peças produzidas por ela e sua família.

Ainda na mesma comunidade reside o senhor Manoel Silva Santos de 41 anos, que começou seu

Arte em barro, raízes quilombola, uma cultura viva no sertão paraibano.

trabalho como artesão ainda quando criança, vendo sua mãe fazer panelas e potes de barro, resolveu fazer seus próprios brinquedos. Suas primeiras peças foram miniaturas de boi, com o passar do tempo a brincadeira foi se tornando mais séria, as peças que eram apenas para diversão, foram ganhando outras formas e aperfeiçoamento. Hoje ele faz do artesanato um meio de distração, que já lhe trouxe algumas gra�ficações, como a de ser monitor em um curso de artesanato que aconteceu na própria comunidade, nos anos de 2013 e 2014.

Foi par�cipando desses cursos que Eva da Silva Barbosa Santos de 45 anos, cunhada de seu Manoel, e Isabel da Silva Santos de 29 anos irmã de Manoel, resolveram fazer o curso e assim despertaram seu talento pela arte. Isabel tem pouco tempo de experiência, porém já faz lindas peças: bonecas, noivas, baianas, reis e rainhas, tudo com capricho, o que a deixa bem entusiasmada para fazer novos cursos e se aperfeiçoar cada vez mais, principalmente na pintura das peças.

Tudo produzido pelas famílias é vendido na própria comunidade e na feira livre que acontece sempre aos sábados, na cidade de Pombal, algumas vezes elas fazem trabalho por encomenda. As peças e o jeito como trabalham, alcança um significado enorme para cada um deles adquirindo e repassando o conhecimento, tornando a cultura e as raízes de um povo, mais valorizada.