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Universidade de Brasília JEAN CARLOS DE JESUS RIBEIRO DE SOUZA XADREZ: UMA EXPERIÊNCIA POSITIVA Rio Verde – GO 2007

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Universidade de Brasília

JEAN CARLOS DE JESUS RIBEIRO DE SOUZA

XADREZ:

UMA EXPERIÊNCIA POSITIVA

Rio Verde – GO

2007

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JEAN CARLOS DE JESUS RIBEIRO DE SOUZA

XADREZ:

Uma Experiência Positiva

Trabalho apresentado ao Curso de Especialização em Esporte Escolar do Centro de Educação à Distância da Universidade de Brasília em parceria com o Programa de Capacitação Continuada em Esporte Escolar do Ministério do Esporte para obtenção do título de Especialista em Esporte Escolar. Orientador: Prof. Ms. Mauro Felício Barbosa Mulati

Rio Verde – GO

2007

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SOUZA, Jean Carlos de Jesus Ribeiro de

Xadrez, Rio Verde – GO, 2007.

(Nº de páginas 38)

TCC (Especialização) – Universidade de Brasília. Centro de Ensino a Distância, 2007.

1. Xadrez 2. Raciocínio lógico 3. Jogo e Esporte.

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JEAN CARLOS DE JESUS RIBEIRO DE SOUZA

XADREZ:

Uma experiência positiva

Trabalho apresentado ao Curso de Especialização em Esporte Escolar do Centro de Educação à Distância da Universidade de Brasília em parceria com o Programa de Capacitação Continuada em Esporte Escolar do Ministério do Esporte para obtenção do título de Especialista em Esporte Escolar pela Comissão formada pelos professores:

Presidente: Professor Mestre MAURO FELÍCIO BARBOSA MULATI

Universidade de Rio Verde

Membro: Professor Mestre MARCELO DE BRITO

Universidade de Brasília

Rio Verde – GO, 11 de agosto de 2007.

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A Deus, pelas oportunidades oferecidas a minha pessoa. A meus familiares, pelo apoio dado durante toda a minha vida. A minhas filhas, pela compreensão de minhas ausências. A minha esposa, pela força e incentivo profissional.

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AGRADECIMENTOS

Agradece a todos aqueles que, direta ou indiretamente contribuíram para a elaboração deste relato de experiência e, de modo especial ao professor Ms. Mauro Felício Barbosa Mulati, pelo incentivo constante, pela orientação e pela paciência nas constantes leituras e correções para atingir o resultado final.

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“O futuro pertence aqueles que acreditam na beleza de seus sonhos”.

Eleanor Roosevelt

.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 10 2 LEITURA DA REALIDADE ........................................................................................ 12 3 LEITURA DA REALIDADE ESPECÍFICA.................................................................. 14 4 ASPECTOS POSITIVOS E NEGATIVOS OBSERVADOS NO PST

NA LOCALIDADE........................................................................................................ 21 5 ANÁLISES, CRÍTICAS E SUGESTÕES ...................................................................... 24 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................... 26

REFERÊNCIAS............................................................................................................... 28

APÊNDICES E ANEXOS............................................................................................... 30

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RESUMO

O presente estudo teve como ponto de partida a reflexão na ação, sobre a ação e sobre a reflexão na ação de um professor coordenador do Programa Segundo Tempo na modalidade de Xadrez. O Projeto foi implantado em uma Escola Estadual do interior de Goiás. Contou com a participação de alunos da 6º ao 9º ano do ensino fundamental de ambos os sexos. O trabalho perfez uma trajetória do aprendizado a competição e totalizou benefícios em toda a comunidade escolar. Porém por falta de incentivo do governo, tais como: o não repasse de verba, nem apoio necessário para a sua manutenção o trabalho tornou-se mais difícil. Tornando-se um dos tantos projetos que poderiam ficar sem continuidade. Com este trabalho pudemos concluímos que o xadrez nas escolas não é um fim em si mesmo, não é apenas um jogo a ser ensinado como passa-tempo ou um desporto para a disputa de prêmios em torneios escolares. Mas sim, um meio pedagógico rico e com múltiplas utilidades, se tornando em um elemento motivador da aprendizagem no enfoque interdisciplinar e transdisciplinar. No que tange a saber utilizar o xadrez como forma de aprendizado concreto este, requer sensibilidade, criatividade e preparação técnica pedagógico. Sensibilidade para perceber a simbologia do xadrez, que podem ser transferidas para a vida cotidiana do educando. Criatividade para utilizá-lo como elemento motivador no estudo das disciplinas convencionais do currículo escolar e preparação técnica pedagógico para bem tratar os aspectos inerentes a ele como regras, princípios gerais, arbitragem de torneios, entre outros e seus vínculos com o meio escolar.

PALAVRAS CHAVES: Xadrez ; Raciocínio lógico; Jogo e Esporte.

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1 INTRODUÇÃO

Inúmeras pesquisas apontam para a importância da aprendizagem via à prática do

xadrez na infância, na adolescência e mesmo na idade adulta (SILVA, 2004). A atividade

enxadrística favorece o desenvolvimento cognitivo do educando, além de se tornar de uma

disciplina atrativa, aumentando assim, a capacidade de cálculo, de raciocínio, de

concentração e também de um caráter sócio-cultural.

Além disso, quando o ensino e a prática desse jogo são introduzidos em classes de

baixo rendimento escolar, auxiliam no desenvolvimento da autoconfiança, por proporcionar

ao educando uma oportunidade de descobrir que ele tem capacidade para vencer desafios, o

que pode, paralelamente, contribuir para o seu progresso em outras disciplinas.

Assim, o xadrez, visualizado como: esporte para uns, arte e ciência para outros,

constitui-se em um recurso pedagógico, pois incrementa várias potencialidades intelectuais,

tais como: imaginação, atenção, concentração, espírito de investigação, criatividade e

memória. Desenvolve ainda, potencialidades psicológicas como: paciência, prudência

perseverança, autocontrole, autoconfiança e sublimação da agressividade. É ainda uma

atividade recreativa onde oportuniza não apenas a expressão de comportamentos individuais,

mas também, a integração em grupo social.

Percebemos com isso, uma grande necessidade de implantar esta modalidade no

contexto escolar de uma escola Pública Estadual do interior de Goiás. Este desejo ocorria

desde que praticávamos o xadrez, há algum tempo em nossas aulas de Educação Física.

Porém, não desenvolvíamos esta atividade de forma programada, pensada,

implementada, executada e elaborada nos moldes de um projeto com objetivos e metas a

serem alcançadas.

Surgiu a oportunidade de trabalharmos no Programa Segundo Tempo, em uma

Escola Estadual denominada Filhinho Portilho, no município de Rio Verde-GO.

O Projeto de Xadrez foi idealizado a princípio para atingir o ensino-aprendizagem

em forma de jogos esportivos, orientando o educador para a formação de um corpo de

conhecimento teórico e técnico que desenvolve-se no aluno/atleta sua individualidade e

melhora-se seu rendimento dentro do esporte.

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Com isso o educando deveria, com esta proposta do Programa Segundo Tempo,

primeiramente ter um aprendizado das regras do xadrez, para depois otimizar os objetivos

propostos, ou seja, que o aluno através das tarefas-problema busca-se solucionar as mesmas.

Desta forma, almejava-mos estimular a tomada de decisões. Somente assim, o aluno

teria condições de compreender sua participação no jogo, bem como os mecanismos técnicos

subjacentes nas diferentes formas do jogo. O aluno precisaria entender o jogo, sua dinâmica,

analisando sempre sua própria participação e sua importância dentro do esporte.

Por fim, o Programa Segundo Tempo na modalidade de Xadrez, poderia colaborar

para a inclusão social dos jovens no esporte, privilegiando a técnica, a elaboração de

estratégias, o raciocínio lógico e a interação social. Criando situações que levariam o

educando a pensar e resolver os eventuais problemas que surgiriam dentro do jogo e assim

estabeleceria uma interação professor-aluno dos conhecimentos teóricos e práticos.

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2 LEITURA DA REALIDADE

Rio Verde é uma cidade localizada no Sudoeste Goiano, no dorso dos chapadões de

terra vermelha, é caracterizada por vastos planaltos, com altitude média de 600 a 900 metros.

Possui nascentes perenes, rios e córregos de águas cristalinas como divisas naturais, e tem

como princípio histórico à expansão do território nacional no texto agro-pecuário. A cidade

tem se desenvolvido de forma muito acelerada devido à expansão agroindustrial.

Possui uma dinâmica definida quanto à estrutura sócio-econômica, com divisas bem

claras quanto à localização das classes sociais menos privilegiadas. O bairro Vila Renovação,

onde se localiza a Escola Estadual Filhinho Portilho. O colégio desde a década de 60, foi

estruturado para receber pessoas de baixa renda.

Hoje, no entanto, o bairro possui moradores com rendas variadas, sendo que a maior

parte destes são trabalhadores de agroindústrias, aposentados e assalariados.

A Escola Estadual Filhinho Portilho foi fundada em 1977, com estrutura de quatro

salas de aulas, com capacidade média de 35 alunos por sala, uma cozinha, um pequeno pátio

coberto, três salas para a área administrativa e 2 banheiros coletivos para atender essa

minoria, então, moradora do bairro. No entanto, em 1989, com o aumento populacional da

região, a unidade educacional passou por reforma onde adquiriu mais quatro salas de aula

passando para a capacidade média de 35 alunos cada sala, um banheiro para deficiente físico

que atualamente serve como banheiro para funcionários e uma quadra poli-esportiva.

A estrutura econômica do município é voltada para agroindústria e a clientela

atendida pela Escola Estadual Filhinho Portilho, vária entre filho de operários da

agroindústria, filhos de funcionários públicos municipais e estaduais e filhos de profissionais

liberais (pequenas empresas), o que nos da uma grande variação no aspecto sócio-econômico.

Boa parte do alunado é decorrente de famílias desestruturadas onde a maioria é criada por

avós e outros responsáveis.

A prática do xadrez em Rio Verde é pouco conhecida e divulgada, apenas duas

escolas públicas executam projetos voltados para o xadrez. Com isso, a divulgação e a pratica

do xadrez fica dificultada. Sua expansão, divulgação e a realização de jogos que buscam

interagir entre as escolas, na tentativa de um número maior de participações por parte dos

alunos em jogos amistosos e torneios internos são prejudicadas.

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Atualmente Rio Verde conta com um Clube de Xadrez que organiza torneios

mensalmente, voltados para clientelas mistas, ou seja, adultos e adolescentes participando

junto. Não tendo incentivo em particular pelas pessoas com idade inferior à18 anos.

O Clube incentiva a busca por premiações e mais nada, não havendo uma

preocupação pelas didáticas e metodologias de trabalho para com estes jovens que ingressam

em tal competição. Esta competição pontos para o campeonato goiano do estado e os

participantes adolescentes, são os filhos dos associados, que são levados pelos seus pais. Não

contamos no município com nenhum torneio organizado por este clube, voltado apenas para

jovens e adolescentes em faixa etária abaixo dos dezoito anos.

Outra escola particular de Rio Verde, também organiza aulas de xadrez para seus

alunos, através de projetos e torneios com premiações em dinheiro e bolsas de estudo uma

vez ao ano. São abertas inscrições para algumas escolas públicas, aonde, atualmente os

alunos das escolas públicas vêm conquistando estas premiações nos últimos anos.

Verificamos com todos estes aspectos descritos a necessidade de ampliar e divulgar

o xadrez através do PST, oportunizando esta prática para um número maior de crianças e

adolescentes, que vêem o esporte como forma de lazer e ocupação do tempo livre

desconhecendo outros pontos relevantes que o xadrez pode lhe proporcionar.

Na escola citada, optou-se por trabalhar com nossos alunos no PST as modalidades:

voleibol, futsal e xadrez. Sendo os dois primeiros muito procurados pelos alunos, por ser

incentivados pela cidade e pelo bairro. Necessitou-se de um grande empenho na implantação

do xadrez como programa de esporte nesta escola, por se tratar de uma modalidade

desconhecida até então, pela maioria dos alunos.

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3 LEITURA DA REALIDADE ESPECÍFICA

Ao se iniciar os trabalhos junto ao esporte escolar, nos deparamos com grande

dificuldade de adaptação, pois, tínhamos que exercer ao mesmo tempo a função de técnico e

educador. Para os alunos não era diferente, pois com poucas horas de aula o tempo de

aperfeiçoamento teórico e prático tornou-se mais árduo.

Em 2004, a Secretaria de Educação e Cultura do Estado de Goiás, em parceria com o

Ministério da Educação (MEC), implantou nas unidades escolares de Rio Verde o Programa

Segundo Tempo.

Quando da apresentação do PST, pelo coordenador responsável vindo de Goiânia, aos

professores de Educação Física e estagiários, houve grande foi o entusiasmo de todos e a

partir daí levamos a proposta apresentada, a gestora da unidade escolar para apreciação.

A idéia inicial era implantar o xadrez e esta foi aceita de pronto. A implementação foi

com grande euforia, por se tratar de uma proposta diferente de esporte, pois desde então não

se tinha relatos ou registros da prática do xadrez em unidades de ensino. Assim,

acreditávamos poder enfocar aspectos sociais que valorizassem a comunidade, e desta forma,

estarmos estimulando o alunado a agir dentro da ética e na busca de resgatar valores.

A Sub-Secretaria de Rio Verde, responsável pelos estágios, enviou um estagiário para

a unidade, que foi selecionado através de análise de currículo, o qual juntamente com o

professor coordenador do programa da unidade escolar, organizou as turmas para execução do

PST.

O Programa Segundo Tempo foi executado, com 20 alunos do sexo masculino e

feminino do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental, contou com a participação de um estagiário

da área de Educação Física, selecionado pela Sub Secretaria de Educação de Rio Verde, com

parceria com a Universidade de Rio Verde-FESURV, um professor coordenador da unidade

de ensino, também da área de Educação Física e o grupo gestor da escola, composto pela

diretora e coordenadores.

A formação das turmas ocorreu através de convite nas salas de aula, apresentando o

Programa Segundo Tempo. A partir daí os alunos foram inscritos por acessibilidade, de

acordo com a proposta que lhes foram apresentados, que seria duas modalidades, uma de

xadrez e outra de voleibol.

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Estas seriam executadas no contra turno, já que era uma das propostas do PST

trabalhar a freqüência dos alunos um maior tempo dentro das escolas. Por sua vez, o aluno

tinha a oportunidade de ocupar seu tempo livre, após terminar seu horário de estudos e assim,

o projeto foi executado em três dias da semana, incentivando assim, a participação na prática

esportiva.

Grande foi o interesse dos alunos pelo projeto, que foi aceito por eles com grande

entusiasmo e prazer. Um destaque foi o fato de não se ter a obrigação de receber notas ou

coisa parecida (caráter da obrigatoriedade).

Após o convite os alunos preencheram uma ficha enviada pelo programa em um CD,

onde continha todos os dados necessários para sua inscrição, como: nome, altura, peso, nome

de seus pais, endereço, data de nascimento, renda familiar e o número de pessoas existentes

em sua casa.

Posteriormente esta ficha foi enviada via e:mail para o Coordenador do PST em

Brasília para cadastrar estes alunos em seus sistemas, possibilitando desta forma o controle de

freqüência e eventuais materiais esportivos que os alunos iriam estar adquirindo.

Sendo concluído todos os dados cadastrais, tanto dos alunos como da unidade escolar,

iniciaram-se as aulas, que foram realizadas em salas de aulas, no refeitório e na quadra de

esporte da escola, locais estes disponíveis para as aulas.

As aulas foram realizadas três vezes por semana com duração de 1 hora. Um dia da

semana foi destinado ao planejamento da modalidade individual xadrez e coletiva voleibol.

Em um primeiro momento, foi exposta aos alunos a proposta do Programa Segundo

Tempo. Proposta esta de estar oportunizando a prática de uma modalidade esportiva no contra

turno. Foi exposto também, à importância de sua participação e assiduidade no referido

projeto, pois o mesmo além de estar participando do projeto, iria representar a unidade escolar

em eventuais torneios e campeonatos, e desenvolver sua capacidade de raciocínio e

responsabilidade.

Buscava-se o incentivo de aprender uma modalidade esportiva nova, para isso, lanches

foram servidos e a participação em jogos e torneios representando a escola foram alcançadas.

Estes fatores foram de grande relevância para a permanência e assiduidade dos alunos,

que permaneceram e novos foram chegando para participarem do projeto.

Quanto à didática do projeto, em um primeiro momento, foi exposto o histórico do

xadrez e suas definições. Utilizou-se de transparências e exposição oral, enfatizando sua

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evolução histórica. Houve um grande interesse por parte dos mesmos ao descobrirem que o

xadrez é um jogo milenar que passou por transformações no decorrer dos tempos.

Com a supervisão do coordenador, o estagiário expôs as metodologias que seriam

usadas para a execução das aulas e os materiais que seriam utilizados a partir da confecção

pelos próprios alunos.

Foi solicitado para os alunos, que trouxessem de casa papelão, tampinha de garrafa

peti de cor vermelha e branca, tesoura e cola. Enquanto que a escola cederia o E.V.A e a

xerox dos símbolos que representam a figura das peças. Assim foram confeccionados os

tabuleiros e as peças do xadrez.

Os alunos confeccionaram outros tabuleiros como sendo sua primeira tarefa dentro

do projeto, cortamos o E.V.A em quadradinhos pretos e brancos, que foram colados em um

papelão. A motivação era grande, pois eles estavam confeccionando seu próprio tabuleiro, o

que incentivou ainda mais a participação durante a execução das aulas.

Logo em seguida, foram confeccionadas as peças que eram feitas de tampinha de

garrafas peti, sendo colados os desenhos das peças cedidos pelo professor, grande foi o

interesse em saber o porquê dos nomes das peças, os valores de cada peça, seus movimentos,

suas capturas e sua importância dentro do jogo.

O próximo passo foi apresentar dois tabuleiros de xadrez que a escola dispunha e que

foram manuseados pelos alunos. Os questionamentos apareciam aos montes quanto há: os

formatos e tamanhos das peças.

Adaptações ocorreram no decorrer das aulas, já que foram expostas aos alunos

algumas lendas e estórias de algumas peças do xadrez. Estas estórias referentes ao xadrez

antigo hoje não existem mais. Tais como: como era o xadrez na antiguidade e como é jogado

na atualidade.

Após a elaboração das peças e dos tabuleiros lhes foram apresentadas as regras do

xadrez, através de um mural de xadrez. As aulas eram expositivas e demonstrativas, através

de textos, transparências, mural de xadrez, tabuleiro e peças.

Após todas estas explicações durante o decorrer das aulas, foram realizados jogos

entre os alunos, simulações de jogadas, foram explicadas algumas curiosidades e feitas

algumas exposições sobre o xadrez.

Muitas dúvidas surgiram, pois os alunos perceberam a complexidade do jogo, tais

como: todas as peças ter o seu movimento próprio, a importância de capturar e ocupar o

território adversário e principalmente o momento de realizar o xeque e xeque-mate.

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Os alunos participaram de jogos amistosos com outras unidades de ensino e torneios

municipais e estaduais, aonde puderam demonstrar na prática todo aprendizado conquistado

durante as aulas.

Este momento foi tido como uma coisa nova para eles, houve nervosismos,

ansiedade, mas também, muita força de vontade, perseverança não desistindo após uma

derrota, apoiando e incentivando os demais colegas, em busca de aperfeiçoamento e estudos

referentes ao xadrez.

Houve algumas indagações referentes às regras, o porquê, de onde surgiram as

regras? E estas foram respondidas, voltando-se as respostas para a histórica do jogo, sua

evolução através dos tempos e a sua necessidade de mudança e de avanço rumo à

modernidade, além da necessidade de se universalizar estas regras para todo mundo.

Enquanto coordenador do projeto acompanhava, através a freqüência do estagiário e

suas ações na prática, sempre incentivando e buscando refletir os acertos e erros.

Após as reuniões com o estagiário era elaborado um relatório semanal de todas as

atividades realizadas, que foram preenchidas em uma ficha cedida pela subsecretaria. Esta

ficha continha todos os dados necessários para o acompanhamento, além da freqüência dos

alunos inscritos. Nesta ficha constava também, toda metodologia aplicada pelo estagiário,

seus objetivos, material utilizado, espaço físico utilizado, matérias didáticos como, retro

projetor, murais e cartazes sobre curiosidades do xadrez, número de participantes/alunos e

avaliação.

Neste momento foram discutidos os avanços e as dificuldades tais como:

desempenho de cada aluno no decorrer das aulas, a evolução dos jogos de xadrez nas disputas

com os colegas, detectava-se as dificuldades e buscava-se a solução dos mesmos, atuando

lado a lado, tirando as dúvidas e utilizando-se do mural de xadrez, já que assim, os alunos

podiam visualizar melhor os movimentos e jogadas que estavam fazendo.

Foram criadas disputas entre os alunos simulando um torneio, buscando integrar os

alunos e professores de outras escolas em jogos amistosos. Acontecendo duas vezes, uma com

outro colégio estadual, uma em nossa escola e outra retribuindo a visita.

Grande foi o entusiasmo de nossos alunos, pois tiveram a oportunidade de por em

prática seu aprendizado, já que o estagiário e o coordenador sentiram a necessidade de

interação entre a teoria e a prática com outras unidades de ensino, para realimentar e para

avaliar na prática o aprendizado adquirido.

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O contra ponto aqui se deve em função do que o esporte é em termos culturais para a

sociedade. Este é um processo de ensino-aprendizagem voltado para os jogos esportivos,

devendo ser orientado pelo educador, em busca de uma formação, que se privilegia um corpo

de conhecimento teórico e um corpo de conhecimento técnico. Tentava-se levar o aluno a

desenvolver tanto o lado atleta quanto o aluno indivíduo, e por seus vês, melhorar seu

rendimento dentro do esporte.

O processo de ensino esteve ligado à mudanças no comportamento dos alunos,

enquanto a técnica exigiu nos jogos uma permanente adaptação às novas formas.

O lado técnico esteve mais voltado para a melhoria do resultado, a aprendizagem do

esporte estava mais voltada para o processo de aprender a interpretar o jogo em busca da

formação do caráter do enxadrista.

O Programa Segundo Tempo priorizou, primeiramente ao aluno a obtenção de um

aprendizado das regras do xadrez, para depois otimizar os objetivos propostos tais como:

Que o aluno através das tarefas-problema buscassem solucionar as mesmas,

estimulando-se assim a tomada de decisões. Acreditava-se que assim, o aluno teria condições

de compreender sua participação no jogo, bem como os mecanismos técnicos subjacentes nas

diferentes formas do jogo. O aluno precisava entender o jogo e sua dinâmica, analisando

sempre sua própria participação.

Pensando nisto, foram promovidos exercícios que buscassem desenvolver de forma

gradativa a aprendizagem à prática do xadrez escolar, exercícios estes como, movimentos

isolados de peças para memorização dos movimentos específicos da peças, jogos entre os

alunos, utilizando as regras aprendidas e exercícios de simulação de jogadas usando os

números e letras do tabuleiro.

Sabemos que o esporte representa uma forma de cultura e de socialização dos povos,

que auxilia na autonomia do aluno em seus atos e decisões através de uma maior compreensão

do jogo e de um aumento de conhecimento teórico e prático, por meio da prática do próprio

jogo de xadrez, através de suas estruturas funcionais.

O Programa Segundo Tempo na modalidade xadrez, buscou colaborar à inclusão

social dos jovens no esporte, através de jogos amistosos e torneios, privilegiou a técnica, pois

tivemos grandes avanços em se tratando de vitórias e empates.

As estratégias foram elaboradas, dentro de nossas aulas, de acordo com a evolução de

cada grupo de alunos, novas jogadas foram acontecendo, modificando suas formas anteriores

de praticar o xadrez com apenas movimentos isolados das peças, o raciocínio lógico e a

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interação social acontecia a todo o momento no decorrer das aulas de xadrez e nas aulas de

outros professores, ou seja, a participação e a organização de pensamento favoreceram

resultados positivos dentro das aulas ministradas.

Através destas evoluções, procuramos desenvolver dentro de nossas aulas situações

que levassem o educando a pensar e resolver os eventuais problemas que surgiam dentro do

jogo e desta forma houve a interação professor-aluno. Sentia-mos nos alunos uma grande

evolução do jogo, que eram demonstrada através de jogadas desenvolvidas.

Avaliações dos níveis de cada participante com simulações de jogos e principalmente

o nível de conteúdo e regras do xadrez que eram discutidas a todo o momento, foi um dos

pontos fortes do programa.

Toda esta percepção da evolução de nossos alunos foi percebida durante as aulas,

jogos amistosos, torneios, através de conversas informais, no interesse do aluno em aprender

novas jogadas, nos números de empates, vitórias, derrotas e assiduidade nas aulas.

Estes foram os desafios que tivemos ao iniciar o trabalho, lidar com crianças com

dificuldade de aceitar a autoridade, regras e limites. Logo, os desafios que nortearam a nossa

visão, voltaram-se à necessidade de auxiliarmos os alunos na leitura de uma sociedade com

direitos e responsabilidades.

Neste aspecto a atividade esportiva pode dar resultado, uma vez que auxiliou na

construção de regras, que seriam criadas em parceria com os alunos e ao mesmo tempo

evoluiríamos para os aspectos limite e respeito, todos do grupo participavam da construção

destas regras e por sua vez da fiscalização das mesmas.

Porém, os incentivos prometidos tais como: materiais para a prática do xadrez e as

bolas para os esportes coletivos, deixaram de vir, pois no início eram cedidas apenas 4 bolas

de voleibol, e eram substituídos todo mês. Para o xadrez nada foi cedido. A falta de verbas

para pagamento dos profissionais envolvidos no programa, o não envio de material e a falta

de lanche para o aluno, por 2 meses seguidos, além do espaço físico com pouca sonorização

para as práticas do xadrez, impediu que o PST continuasse a acontecer.

Grande foi nossa preocupação quanto a isso, procuramos a Sub-Secretaria de Rio

Verde, mas sempre sem resposta.

No ano de 2005 o convênio não foi renovado. No decorrer deste ano letivo, vários

alunos solicitaram o retorno das atividades com a modalidade xadrez, para dar continuidade

às atividades além, de suas participações em campeonatos e torneios, o que só aconteceu em

2006 através do Projeto de Atividades Extra Curriculares (PRAEC), já que o projeto só foi

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analisado e aprovado no início do ano letivo 2006, com datas e cronograma a serem

cumpridos.

Este para ter início se fez necessário a participação em um Curso de Iniciação

Enxadrística, realizado na cidade de Goiânia com parceria da Secretaria Estadual de Educação

e Ministério da Educação, curso este ministrado pelo Professor Doutor Antonio Villar Marque

de Sá (UnB), onde foi feito o convite pela Sub-Secretaria de Rio Verde, para preencher

apenas duas vagas, designadas para Rio Verde, sendo representado pelo professor

coordenador e por outra professora do Colégio Estadual Martins Borges.

O curso teve como conteúdo a iniciação enxadristica, com os temas: história do

xadrez, movimento das peças, xeque, mate e afogamento, prática I (partidas livres),

movimentos especiais, casos de empate, conceitos básicos, prática II (partidas livres),

anotação algébricas e partidas históricas, fases da partida e temas táticos, organização de

competições, prática III (partidas livres), finais básicos, metodologia de ensino I, metodologia

de ensino II, prática IV (pré-jogos).

Quem terminava o curso estava habilitado a ministrar aulas nas determinadas unidades

de ensino, tendo como incentivo uma carga horária de 07 aulas para desenvolver o projeto.

Fomos cobrados para que organizasse-mos um projeto para a escola, com todos os

passos necessários, e assim envia-mos à Goiânia para aprovação, esta aconteceu de imediato.

A execução iniciada, foram feitos os convites nas salas de aula, para a formação das

turmas, grande foi o interesse, já que desta vez já havia se criado a prática do xadrez

anteriormente na escola.

Os objetivos propostos no projeto foram alcançados, já que nossa participação em

eventos foi boa com relação a nossa metodologia empregada durante nossas exposições.

Com a nova possibilidade de se ensinar xadrez na escola pública, passamos a

incentivar a participação dos alunos em torneios municipais e intercolegiais.

Foi oportunizado aos alunos o filiamento junto ao Clube de Xadrez de Rio Verde, 5 de

nossos alunos tiveram interesse na participação, na categoria infantil masculino, já que eram

alunos do 7º a 9º ano.

Houve participação nos jogos intercolegiais do Estado de Goiás, que foram realizados

todos os anos, com a participação de 6 meninos e 4 meninas também na categoria infantil,

sendo todos vencedores e ganhadores do direito de participar da próxima fase destes jogos.

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4 ASPECTOS POSITIVOS E NEGATIVOS OBSERVADOS NO PST NA LOCALIDADE.

Quando foi apresentado o Programa Segundo Tempo, grande foi a nossa satisfação,

pois, se tratava de mais um incentivo ao esporte. Nossa visão enquanto coordenador, era que

este projeto daria oportunidade às crianças. Esta oportunidade poderia auxiliar os alunos a

desenvolverem suas capacidades e habilidades junto ao projeto, com isso vieram pontos

positivos e negativos que estaremos detalhando a seguir.

Dentre os aspectos positivos podemos citar que: Os alunos no início tinham um

esporte a ser praticado ocupando seu horário livre; O grande objetivo foi conseguirmos

resgatar estes alunos para nosso convívio, fugindo assim, de possíveis contratempos da

sociedade moderna, tais como: as drogas e a violência.

Desta forma, pudemos mostrar que o esporte poderia levá-lo para uma vida em

sociedade sem precisar optar por outros meios que fosse não o estudo, o esporte, a família, os

amigos e, sobretudo os ideais de uma sociedade democrática.

Durante o projeto, era servido um lanche, as aulas eram de qualidade, tínhamos todo

material necessário para as aulas, cada 2 alunos um tabuleiro de jogo, o conteúdo era bem

explicado, tinha uma seqüência lógica e objetiva, sempre procurando acompanhar as

necessidades de aprendizado, tínhamos textos exemplificando o exposto, sempre respeitando

a individualidade de cada educando, eles tinha um caderno para registro das aulas, pois os

mesmos poderiam estudar e rever o que foi dado em casa.

Foram expostas as regras de forma clara e objetiva. A comunidade de uma forma ou

de outra contribuía para o desenvolvimento do projeto e da criança, participando

efetivamente, através de visitas a escola, nos dias de torneios, procurando se interar um pouco

sobre este jogo que para tantos era novidade.

Havia a participação dos pais e do grupo gestor na escola e em torneios, durante a

execução do projeto, presenciando as vitórias dos alunos nestes torneios e em contra partida

incentivando os perdedores para a luta constante da superação.

As premiações em medalhas e até mesmo em dinheiro de um torneio realizado por

um Colégio Particular de Rio Verde, no valor de R$ 200,00 além de uma bolsa de estudo

integral, na instituição que promoveu o evento, sendo uma conquista da escola, pois, o aluno

do PST conquistou esta premiação, onde houve uma procura maior por parte dos alunos em

estar participando das aulas de xadrez, não apenas pelas premiações mais sim pelo

reconhecimento da importância de estar representando sua escola e interagindo com outras na

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busca de conquistar novas amizades e assim, terem seu reconhecimento, enquanto atleta e

cidadão.

Houve incentivo financeiro no início para o estagiário e o professor coordenador,

para a execução do Programa Segundo Tempo, além de oferecer curso de capacitação para o

estagiário e uma especialização em Esporte Escolar para o coordenador da unidade escolar,

que teve a oportunidade através dos estudos dos módulos de aperfeiçoar seu método de

trabalho, e planejamento das aulas de forma criativa e atrativa.

Novos métodos foram adquiridos através dos módulos e temas estudados, sugestões

foram apresentadas, com isso procurei modificar dentro dos temas propostos para nossas

aulas, utilizando recursos didáticos, aulas práticas mais direcionadas ao tema proposto,

confecção junto com os alunos de murais, cartazes e pesquisas sobre determinados assuntos e

discussões de temas polêmicos dentro dos esportes.

Com este Projeto de xadrez, o rendimento dos alunos melhorou, tanto no aspecto

emocional como físico, a auto-estima, a concentração, a tomada de decisões e o raciocínio.

Ao mesmo tempo os alunos tornaram-se mais responsáveis, havendo um resgate de seus

valores quanto cidadão, até então esquecidos, como respeito, dignidade, amor ao próximo,

companheirismos entre outros.

Foi observada uma melhora no comportamento destes alunos, a participação nas

tarefas escolares e nas responsabilidades com as normas da unidade de ensino, sentida por

todos os membros da escola, professores, diretor e coordenadores.

A todo o momento era comentado por professores de outras áreas como, por

exemplo, Língua Portuguesa e Matemática, a melhora de alunos que antes não tinha

paciência, raciocínio e concentração, que após ter iniciado as aulas de xadrez começaram a

existir, pois era cobrada destes alunos a melhora nas questões de notas e participação das

aulas para permanência no programa. Falas do tipo: “Nossa como o aluno (nome do aluno)

esta mais calmo, tornando-se até um líder de sala!” , “ O aluno (nome do aluno) melhorou

suas notas, quando passo alguma tarefa para casa eles trazem”, “Os alunos não tem presa em

entregar as provas”. Com isso verificamos a necessidade de ampliar nosso programa para

quem quisesse participar.

Dentre os aspectos negativos destacamos: No início do Programa tínhamos todo

apoio necessário para a sua execução, mas com o passar do tempo este apoio passou a não

existir mais. Os incentivos financeiros tanto do estagiário e do coordenador foram cortados,

vindo o estagiário a faltar várias vezes das aulas.

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A sub-secretaria foi comunicada de suas faltas, a mesma entrou em contato com

estagiário, explicando a falta de pagamento, o estagiário então retornou as aulas, mas pouco

confiante que o pagamento fosse efetuado e realmente não foi efetuado.

O material dos esportes coletivos como bolas eram de baixa qualidade, mantinha

uma durabilidade menor que esperada, sem contar que o incentivo para o xadrez não chegou

nenhum. Os tabuleiros, as peças e os relógios específicos para o xadrez prometidos nunca

chegaram e tivermos que confeccionar os tabuleiros e as peças como descrevemos.

Se por um lado, confeccionar era positivo, o desejo de jogar com peças e relógios

estipulados pela regra do xadrez foi de uma forma geral uma grande frustração para o grupo.

A verba destinada ao lanche também não foi mais repassada. E o uniforme que nos

foram prometidos para distribuição aos alunos não foi providenciado. Ficamos sem respostas

aos problemas que era repassado para o órgão competente, a Sub-Secretaria de Rio Verde.

Com todos estes aspectos negativos, o Programa foi se afastando de seu objetivo,

grande foi o nosso empenho para que o PST continuasse, procuramos varias vezes a sub-

secretaria, mas sem sucesso, ligamos em Goiânia, mas não tivemos resposta, até e:mail foi

enviado a Brasília pelo coordenador contando a realidade do projeto. Sem resposta nenhuma.

Os professores não tiveram mais interesse na participação do mesmo que com o

passar do tempo deixou de existir na cidade de Rio Verde. Hoje não há uma única unidade

escolar, dentro de Rio Verde, que possua o PST.

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5 ANÁLISES, CRÍTICAS E SUGESTÕES (QUE PODEM SER AMPARADOS EM COLETA DE DADOS).

Percebemos durante nossos relatos, vários aspectos positivos, mas também aspectos

negativos, em que um projeto pode ter avanços ou dificuldades, infelizmente o resultado a

princípio esperado não foi dos melhores, algo deixou a desejar, com relação aos nossos

governantes, já que a proposta do PST buscava um desenvolvimento e um aprendizado

voltado para a formação da criança enquanto cidadão, oportunizando uma prática esportiva,

prevenindo e até mesmo tirando-as do mundo das drogas e da marginalidade, ocupando seu

tempo livre.

Grande foi nosso empenho, contribuímos de uma forma ou de outra em alguns

aspectos, que foi primordial para continuarmos nossos projetos, após o termino deste projeto

em nossa cidade, busquei junto a Sub-secretaria um outro projeto conhecido como PRAEC

(Projeto de Atividades Extra Curriculares), com a modalidade voleibol e xadrez, já que a

procura, e a ansiedade de nossos alunos alimentava nossa vontade de continuar no projeto, já

que a primeira semente foi plantada em nossa unidade escolar, com o PST.

Percebemos a importância de atualizar nossos conhecimentos, através do curso de

especialização oferecido pelo PST, mesmo com a interrupção do projeto na cidade de Rio

Verde-GO, continuamos em busca de aprendizado, tivemos total apoio dos tutores, a

oportunidade de estudar e refletir temas relevantes e importantes, para que o educando possa

também desenvolver e aprender algo que satisfaça suas necessidades enquanto aluno ou atleta.

Observei no decorrer de nossos estudos a discussão e a exploração de vários

assuntos ligados á aprendizagem, ao jogo e ao esporte, e principalmente da formação do

individuo como um ser crítico, capaz de resolver situações problemas em seu dia-a-dia e na

sua vida esportiva.

De acordo com Delors e colaboradores (1998), existem quatro pilares fundamentais

do conhecimento humano: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e

aprender a ser.

Observamos pela prática do xadrez, as crianças e os jovens estarão aprendendo os

procedimentos de como aprender. Ao desenvolverem o raciocínio lógico e a habilidade da

organização do pensamento, compreendendo a metodologia para a investigação e a solução de

problemas. Estarão, portanto, desenvolvendo o aprender a conhecer.

Já o aprender a fazer, pode ser estimulado pelas situações concretas em um tabuleiro

de xadrez, nas quais efetuar um lance representa mais do que um simples fazer, trata-se de

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uma ação consciente. Isto porque o jogador é conduzido a refletir e compreender sobre o

contexto do jogo, pautado no conhecimento técnico e em sua experiência anterior. Assim,

com criatividade e imaginação, é capaz de inovar e executar o seu lance.

O aprender a ser para melhor aprender a viver juntos pode ser incentivado pelo

estudo e pela aprendizagem do xadrez, e pela convivência com outros jogadores. O

pensamento autônomo e crítico necessário para concluir uma partida com sucesso,

harmonizando o movimento das peças, propiciam a percepção da interdependência.

Percebemos então, a importância de uma implantação pedagógica do xadrez, da

atuação de profissionais com plena capacidade da compreensão desse instrumento. Não basta

saber jogar bem o xadrez para bem utiliza-lo. Antes um profissional da educação preparado

pedagogicamente para o xadrez escolar a um bom jogador de xadrez, sem essa devida

preparação.

O xadrez nas escolas não é um fim em si mesmo, não é apenas um jogo a ser

ensinado como passa-tempo ou um desporto para a disputa de prêmios em torneios escolares.

Mas sim um meio pedagógico com múltiplas utilidades, um elemento motivador da

aprendizagem interdisciplinar. Saber utilizar esta potencialidade requer sensibilidade,

criatividade e preparação técnico pedagógico.

Sensibilidade para perceber a simbologia do xadrez, que podem ser transferidas para

a vida cotidiana do educando. Criatividade par utilizá-lo como elemento motivador no estudo

das disciplinas convencionais do currículo escolar e preparação técnica pedagógico para bem

tratar os aspectos inerentes a ele como regras, princípios gerais, arbitragem de torneios, entre

outros e seus vínculos com o meio escolar.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pudemos perceber que o cotidiano nos revela nuances que são ou podem ser

modificados de acordo com a realidade que se apresenta. O pensamento reflexivo norteia a

prática de qualquer profissional e deve assim informar o futuro andamento nas ações e

tomadas de novas perspectivas.

Detectamos que o profissional que reflete em busca de mudanças tem maiores

oportunidade de êxito. É impossível acreditarmos que existam profissionais que não refletem,

porém a pesquisa da prática e do cotidiano aliada a reflexão sistemática reverte o caminho

espinhoso em caminho mais saudável.

O xadrez é um dos elementos que levam as pessoas a refletirem com maior

consistência e desta forma torna a sua utilização no meio pedagógico mais eficiente, eficaz e

prazeroso.

O Programa Segundo Tempo tem a necessidade de ser criado e gerido em seu próprio

cerne, ou seja, a escola. O profissional que atua junto às escolas com este projeto deve

estruturar a sua prática a partir de sua clientela e é para esta, que os projetos são criados. A

partir das necessidades pedagógicas de uma clientela, a partir das necessidades de lazer,

esportiva, culturais e sociais que devem ser criados, geridos, implementados e executados.

Os órgãos administrativos deveriam dar o suporte, financeiro, técnico e material tanto

bens de consumo quanto permanentes para o bom andamento das atividades. Este fato não foi

totalmente constatado uma vez que após a implementação a escola foi abandonada, passando

a ser mais um número estatístico que agrada a minoria e desagrada a grande maioria os

alunos.

Consideramos iniciativas deste porte muito válida, porém, a falta de continuidade dos

projetos é seu descaso e seu desrespeito a população educacional uma atitude a ser banida do

mundo educacional.

Podemos concluir então com esta descrição, que projetos que tem o seu início em

gabinetes e que descrevem uma curva descendente e que não amparados pelas pessoas que o

concebem cria uma falta de respeito com alunos interessados em desenvolver-se e crescer

dentro de um determinado esporte.

Cria também junto aos professores comprometidos com uma educação de qualidade,

que buscam valorizar a criança como cidadão, que tenta dar oportunidade de desenvolver um

ser crítico e pensante um estado de pura indignação.

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Quando foi nos apresentado o programa, deu-se a entender que teríamos todo apoio

necessário para o desenvolvimento PST. Mas o que foi realmente concretizado foi à falta de

respeito com os profissionais engajados na proposta do projeto, o que mostra o desrespeito

com a Educação no Brasil.

Fala-se tanto que a educação é o caminho para a construção de um país democrático,

na valorização do esporte como resgate de cidadania e, no entanto este é um discurso que não

é colocado em prática.

Acreditamos, por fim, que a busca pela “estatística positiva” hoje em dia,

supervaloriza o ego de poucos, justamente aqueles que querem com números comprovar uma

realidade falsa e mesquinha. Uma realidade que vai trazer mais verbas e para que estas

verbas? Se elas não chegam às unidade de ensino.

Percebemos então que o sucesso dessa ampliação dependerá, em grande parte, de

incentivos a estas práticas, através de projetos educacionais, lembrando que o xadrez nas

escolas não pode ser considerado como a redenção da educação nacional, mas sim como um

relevante colaborador da melhoria da qualidade do processo educacional.

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APÊNDICES E ANEXOS Origem do Xadrez

Conta à lenda que o tabuleiro do xadrez é dividido em 64 casas pretas e brancas, e

foi empregado, pelos sábeis, no interessante jogo que possivelmente o hindu chamado Lahur

Sesa, inventou, há muitos séculos, para recrear um rei da índia.

A lenda descreve que um rei chamado Ladava senhor da província da Talignana,

viu-se forçado a empunhar a espada para repelir, à frente de pequeno exército, um ataque

insólito e brutal do aventureiro Varangul, que se dizia príncipe de Cáliã.

Neste choque violento das forças rivais, juncou de mortos os campos de Dacsina e tingiu de

sangue as águas sagradas do Rio Sandhu. O rei Ladava possuía invulgar talento para a arte

militar, sereno em face da invasão iminente, elaborou um plano de batalha, e tão hábil e feliz

foi em executá-lo, que logrou vencer e aniquilar por completo os pérfidos perturbadores da

paz do seu reino.

O triunfo sobre os fanáticos de Varangul custou-lhe, infelizmente, pesados

sacrifícios; muitos jovens quichatrias (militares) pagaram com a vida a segurança de um trono

para prestígio de uma dinastia, entre os mortos, com o peito varado por uma flecha, lá ficou

no campo de combate o príncipe Adjamir, filho do rei Ladava, que patrioticamente se

sacrificou no mais acesso da refrega, para lavar a posição que deu aos seus a vitória final.

Encerrado em seus aposentos, só aparecia para atender aos ministros e sábios

brâmanes quando algum grave problema nacional o chamava a decidir, como chefe de estado,

no interesse e para felicidade de seus súditos.

As peripécias da batalha em que pereceu o príncipe Adjamir não lhe saiam do

pensamento.

Um dia, afinal, foi o rei informado de que um moço brâmane, pobre e modesto,

solicitava uma audiência que vinha pleiteando havia já algum tempo. Como estivesse, no

momento, com boa disposição de ânimo, mandou o rei que trouxessem o desconhecido à sua

presença.

Conduzido a grande sala do trono, foi o brâmane interpelado, conforme as

exigências da praxe, por um dos vizires do rei.

O jovem se apresentou como sendo Lahur Sessa (significa natural de Lahur). E foi

dizendo que ao recanto em que vivia chegou à notícia de que o nosso bondoso rei arrastava os

dias em meio de profunda tristeza, amargurado pela ausência de um filho que a guerra viera

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roubar-lhe. Deliberei, pois, inventar um jogo que pudesse distraí-lo e abrir em seu coração as

portas de novas alegrias. É esse o desvalioso presente que desejo neste momento oferecer ao

nosso rei Ladava.

O que Sessa trazia ao rei Ladava consistia num grande tabuleiro quadrado, dividido

em sessenta e quatro quadradinhos, ou casas, iguais. Sobre esse tabuleiro colocavam-se não

arbitrariamente, duas coleções de peças, que se distinguiam, uma da outra, pelas cores branca

e preta, repetindo, porém, simetricamente, os engenhosos formatos e subordinados a curiosas

regras que lhes permitiam movimentar-se por vários modos.

Sessa foi logo explicando: Cada um dos partidos dispõe de oito peças pequeninas (os

peões). Representam a infantaria, que ameaça avançar sobre o inimigo para desbaratá-lo.

Secundando a ação dos peões vêm os elefantes de guerra (cavalos) representados por peças

maiores e mais poderosas (a cavalaria), indispensável no combate, aparece, igualmente, no

jogo, simbolizada por duas peças que podem saltar, como dois corcéis, sobre as outras, e, para

representar os guerreiros cheios de nobreza e prestígio, os vizires (bispos) do rei.

Outra peça, dotada de amplos movimentos, mais eficiente e poderosa do que as

demais representara o espírito de nacionalidade do povo e será chamada a rainha. Completa a

coleção uma peça que isolada pouco vale, mas se torna muito forte quando amparada pelas

outras o rei.

O rei logo se interessou pelas regras do jogo, perguntando por que a rainha era a

peça mais poderosa que o próprio rei. Porque respondeu Sessa: a rainha representa nesse jogo

o patriotismo do povo. A maior força do trono reside, principalmente, na exaltação de seus

súditos. Como poderia o rei resistir ao ataque dos adversários, se não contasse com o espírito

de abnegação e sacrifício daqueles que o cercam e zelam pela integridade da pátria?

O rei então disse ao brâmane: aprendi que um rei nada vale sem o auxílio e a

dedicação constante de seus súditos. E que, ás vezes, o sacrifício de um simples peão vale

mais, para a vitória, do que a perda de uma poderosa peça.

Conto retirado do livro o Homem que calculava de Malba Tahan.

História do Xadrez

Conta à história que há aproximadamente mil e quinhentos anos, na Índia, surgiu o

Chaturanga, que se transformou no atual jogo de xadrez.

Por intermédio de muitas guerras e na busca por novas rotas comerciais, o xadrez foi

introduzido nos países ocidentais e na Idade Média passou por algumas metamorfoses que o

conduziram à forma atual.

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A característica principal do xadrez praticado na Idade Média era a profunda

elitização que sofria, sendo chamado “jogo dos reis e rei dos jogos”.

Uma mudança importante se deu no século XV quando Gutenberg criou o tipo

móvel, possibilitando a impressão de livros de xadrez, como é o caso do Arte breve y

introduccion muy, necessária para saber jugar el Axedrez (LUCENA, 1497).

A biblioteca Nacional do Rio de Janeiro possui um dos poucos exemplares deste

livro existente no mundo. Com a proliferação dos livros de xadrez ocorreu a primeira

democratização significativa do jogo.

A segunda democratização ocorreu na Europa do leste, já no início deste século,

quando a recém-formada URSS adotou-o como complemento à educação, tornando-se

hegemônica nesse esporte.

A terceira democratização iniciou-se com a revolução dos computadores e o advento

da internet, na segunda metade desse século. A partir da década de 50, na busca por construir

maquinas inteligentes, ciências como Psicologia e inteligência artificial apresentaram estudos

que aceleraram a produção de enxadristas eletrônicos culminando com o Deep Blue, que

derrotou Garry Kasparov. Os softwares e hardwares a cada dia tornam-se mais poderosos e

imprescindíveis aos enxadristas de alto nível.

A internet representa o panagio dessa terceira revolução por possibilitar o acesso

quase instantâneo às informações referentes às partidas jogadas em torneios no mundo todo.

Após esta introdução abordaremos a historia do xadrez mais detalhada focalizando

escolas de pensamento, fatos e enxadristas mais importantes de cada período.

Período antigo (até 1600) Período Moderno (de 1600 até hoje)

1 – Primitivo – até 500 dc 1 – Clássico ou Romântico – de 1600 a 1886

2 – Sânscrito – de 500 a 600 2 – Cientifico – de 1886 a 1916

3 – Persa – de 600 a 700 3 – Hipermoderno – de 1916 a 1946

4 – Árabe – de 700 a 1200 4 – Eclético de 1946 até 1996

5 – Europeu – de 1200 a 1600 5 – Informático de 1996 até hoje Tabela 1 – Divisão da história do xadrez por períodos.

PERÍODO ANTIGO – até 1600 Período primitivo – até 500 dc

O período Primitivo da história do xadrez não pode ser estudado sem um

conhecimento prévio de outros jogos de tabuleiro. É necessário observar os jogos que

existiam antes do xadrez aparecer, e somente depois é possível entender as fontes e razões que

fizeram o xadrez. Hoje, historiadores do xadrez como Yuri Averbach, acreditam na

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possibilidade do xadrez ter evoluído de um jogo de corrida, embora essa questão esteja longe

de ser consensual.

Período Sânscrito - de 500 a 600

É geralmente aceito que é o ancestral do xadrez mais antigo conhecido surgiu na

Índia entre os séculos VI e VII na era cristã e chamava-se Chaturanga (jogo dos quatro

elementos). Era praticado tanto por duas como por quatro pessoas. Descreveremos a forma

para quatro pessoas. Cada jogador possuía oito peças: um ministro (hoje dama), um Cavalo,

um Elefante (hoje Bispo), um Navio (mais tarde uma Carruagem e hoje a Torre) e quatro

Soldados (atualmente os Peões). O tabuleiro era monocromático (de uma só cor) e as peças

dos quatro jogadores deferenciavam-se pelas cores vermelha, verde, negra e amarela. A peça

a ser movimentada era definida por um lance de dados.

Aos poucos os dados foram eliminados e a forma dominante de praticar este jogo

acabou sendo a de duas pessoas.

Período Persa – de 600 a 700

Por volta do século VII o xadrez chegou à Pérsia e passou a ser chamado Chatrang,

sendo mensionado em muitos textos deste período. As primeiras peças de xadrez descobertas

também datam desta época.

Período Árabe de 700 a 1200

Com a Pérsia sendo conquistada pelos árabes o jogo passou a ser chamado de

Shatranj. Logo se tornou muito popular no mundo árabe e surgiram os primeiros grandes

jogadores que desenvolveram a teoria e chegaram inclusive a praticá-lo às cegas. Os árabes

difundiram o xadrez pelo norte da África e Europa, através da invasão da Espanha.

Período Europeu – de 1200 a 1600

Por volta do século IX o xadrez foi introduzido na Europa pela invasão da Espanha

pelos Mouros, e no século XI já era amplamente conhecido no velho mundo.

No século XIII as casas do tabuleiro passaram a ser divididas em duas cores pra

facilitar a visualização dos enxadristas.

Por volta de 1561 o padre espanhol Ruy Lopes de Segura, que foi o melhor jogador

deste período, propôs a utilização do roque. Esta alteração seria aceita na Inglaterra, França e

Alemanha somente 70 anos depois. O movimento em Passant já era usado em 1560 por Ruy

Lopez, embora não se conheça seu criador. O duplo avanço do peão em sua primeira jogada

surgiu em 1283, em um manuscrito europeu.

Mas uma das principais alterações aconteceu aproximadamente em 1485, na

renascença italiana, surgindo o xadrez da “rainha enlouquecida”. Até esta época não existia

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ainda a peça rainha, e em seu lugar havia uma chamada Ferz, que era uma espécie de

Ministro. Ele, que só podia deslocar-se uma casa por vez pelas diagonais, transformou-se em

Dama (rainha) ganhando o poder de mover-se para todas as direções.

Os Bispos, que se moviam em diagonais duas casas, passaram a ter também mais

liberdade movendo-se por todas as casas livres da diagonal. Os Peões que chegaram a última

fila seriam promovidos a uma peça já capturada. Atualmente os Peões podem ser promovidos

a Dama, Torre, Bispo ou Cavalo.

PERÍODO MODERNO – de 1600 até hoje

Período Clássico ou Romântico – de 1600 a 1886

Este período é caracterizado principalmente por uma predominância do elemento

criativo, sobre o esportivo. Não bastava ganhar, mas tinha que ser feito com estilo. O jogo

aberto, com ataque rápido e fulminante cheio de belas combinações, foi marca registrada do

movimento.

Nomes como Greco, Stamma, Philidor, Deschapelles e Laboudonnais, são alguns

dos precursores do movimento, mas é através de Staunton, Anderssen e Morphy que o

movimento chegou à maturidade.

Em 1851 foi realizado o primeiro torneio internacional durante a Exposição

Universal de Londres, e foi vendido pelo alemão Adolf Anderssen. Morphy foi o melhor

jogador deste período.

Período Cientifico – de 1886 a 1946

Este período foi marcado pelas idéias de Wilhelm Steinitz que lançou as bases do

xadrez moderno. Suas idéias estão incorporadas no que chamamos hoje de o xadrez

posicional, e por isso é considerada uma espécie de Aristóteles do xadrez.

Steinitz foi campeão mundial por 28 anos, de 1866 a 1894. Emanuel Lasker, que

derrotou Steinitz, foi também uma figura singular do xadrez. Doutor em filosofia e

matemático via o xadrez como uma constante luta de duas vontades.

Após manter-se como campeão mundial por 27 anos de 1894 a 1921, Lasker perdeu

o titulo para o cubano José Raul Capablanca.

Capablanca, mestre do xadrez posicional, foi um dos melhores jogadores de todos os

tempos. Aprendeu o jogo aos quatro anos e demonstrou uma aptidão natural para o xadrez

jamais vista. Era praticante imbatível e não perdeu nenhuma partida oficial de 1915 a 1924,

mas enfim perdeu o título mundial em 1927 para Alexander Alekhine.

Para Capablanca cada partida era único e cada lance que executiva tinha significado

particular. Ao contraio do princípio de Morphy que estabelecia para a abertura o

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desenvolvimento de uma peça em cada lance, sua teoria era que uma peça deve ser jogada

quando e onde seu desenvolvimento se encaixe no plano de jogo que o enxadrista tem em

mente.

Período Hipermoderno - de 1916 a 1946

Com a descoberta das leis que governam o jogo posicional o xadrez passou por um

período um pouco engessado, onde os dogmas clássicos deveriam ser sempre observados.

Em 1924, foi fundada em Paris a Fédération Internationale des Échces (FIDE). Com

156 federações nacionais filiadas representando mais de cinco milhões de jogadores

registrados é uma das maiores organizações esportivas mundiais reconhecidas pelo

Internacional Olympic Committee (IOC).

Período Eclético – de 1946 a 1996

Este período é caracterizado pela incorporação e refinamento dos princípios

descobertos anteriormente. Os grandes mestres deste período são exímios tanto na

táticaquanto na estratégia, embora muitas vezes seu estilo possa pender para o jogo posicional

ou tático.

Com a morte de Alekhine em 1946 o titulo mundial ficou vago e a FIDE passou a

regulamentar a disputa pelo título, sendo que a primeira aconteceu em 1948 e foi vencida por

Mikhail Botvinnik (Rússia). Os campeões a partir daí foram os seguintes: Vasily Smyslov

(Rússia), Mikhail Thal (Letônia), Tigran Petrossian (Armênia), Boris Spassky (Rússia),

Bobby Fischer (EUA), Anatoly Karpor (Rússia), Garry Karparov (Azerbaijão), Alexander

Khalifman (Rússia), Viswanathan Anand (Índia), Ruslan Ponomariov (Ucrânia) que é o mais

jovem campeão mundial da história.

Período informático

A tentativa de construir uma máquina que fosse capaz de vencer os melhores humanos

no xadrez remonta ao século XVIII, quando Kempelem criou o autômato chamado Turco, que

na verdade era uma fraude, pois no seu interior havia um enxadrista escondido.

Desde o surgimento dos primeiros computadores eletrônicos já havia programas para jogar

xadrez, o que levou Herbert Simon, ganhador do premio Nobel em 1978, a firmar que nos

próximos 10 anos um computador digital seria capaz de bater o campeão mundial. Esta

previsão levou 38 anos para se realizar, pois em 10 de fevereiro de 1996 o campeão mundial

de xadrez Garry Kasparov foi derrotado pelo supercomputador Deep Blue. A partir desta data

praticamente todos os jogadores de alto nível utilizam os recursos de informática e internet na

preparação e análise de suas partidas.