arquitetura colonial

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No Brasil, a Arquitetura colonial é definida como a arquitetura realizada no atual território brasileiro desde 1500, ano do descobrimento pelos portugueses, até a independência, em 18! "urante o per#odo colonial, os colonizadores importaram as correntes estil#sticas $uropa % col&nia, adaptando'as %s condi()es materiais e sócio'econ&micas locais! $ncontram'se no Brasil edif#cios coloniais com tra(os arquitet&nicos renascentista maneiristas, barrocos, rococós e neocl*ssicos, porém a transi(+o entre os estilos realizou de maneira progressi a ao longo dos séculos e a classifica(+o dos per#odo estilos art#sticos do Brasil colonial é moti o de debate entre os especialistas! A import-ncia do legado arquitet&nico e art#stico colonial no Brasil é atestada pe con.untos e monumentos desta origem que foram declarados /atrim&nio undial pela N$234! $stes s+o os centros istóricos de 2al ador, 4uro /reto, 4linda, "iamantina, 2+o 6u#s do aran +o, 7oi*s el o, o 2antu*rio do Bom 9esus de atosin os em 3ongon as do 3ampo e as ru#nas das iss)es 9esu#ticas 7uarani em 2+o iguel das iss)es! A ati idade arquitet&nica no Brasil colonial inicia'se a partir da década de 15:0, quando a coloniza(+o gan a impulso com a cria(+o das 3apitanias ;eredit*rias <15:=> e a funda(+o das primeiras ilas, como ?gara(u e 4linda, fundadas por "uart 3oel o /ereira cerca de 15:5, e 2+o icente fundada por artim Afonso de 2ousa em 15:! ais tarde, em 15=@, é fundada a cidade de 2al ador por omé de 2ousa como sede do 7o erno'7eral! 4 arquiteto trazido por omé de 2ousa, 6u#s "ias, desen a ent+o a capital da col&nia, incluindo o pal*cio do go ernador, igre.as e as primei ruas, largos e casas, além da indispens* el fortifica(+o ao redor do po oamento!1 A parte mais nobre da cidade de 2al ador, que inclu#da o pal*cio do go ernador, residências e a maioria das igre.as e con entos, foi constru#da sobre um terreno ele ado, a 0 metros sobre o n# el da praia, enquanto .unto % ba#a foram constru#da as infraestruturas dedicadas %s ati idades comerciais! 4utras cidades fundadas no século C ?, como 4linda <15:5> e o Dio de 9aneiro <15E5>, caracterizam'se por tere sido fundadas perto do mar mas sobre ele a()es do terreno, di idindo'se o po oamento em uma cidade alta e uma cidade baiFa! "e maneira geral a cidade alta abriga a a parte abitacional e administrati a e a parte baiFa as *reas comercial e portu*ria, lembrando a organiza(+o das principais cidades portuguesas, como 6isboa /orto e 3oimbra, de origem na Antiguidade e época medie al! $ssa disposi(+o obedeceu a considera()es de defesa, uma ez que nos primeiros tempos os assentamentos coloniais corriam constante risco de ataques de ind#genas e europeus de outras na()es! "e fato, quase todas as primeiros po oados fundados pelos portugueses conta am com muros, pali(adas, baluartes e portas que controla am o acesso ao interior!= 4 urbanismo colonial no Brasil se caracterizou frequentemente pela adapta(+o do tra(ado das ruas, largos e mural as ao rele o do terreno e posi(+o de edif#cios importantes, como con entos e igre.as! Apesar de n+o seguirem o r#gido padr+o de tabuleiro de Fadrez das funda()es espan olas no No o undo, atualmente se considera que muitas cidades coloniais, come(ando por 2al ador, ti eram suas ruas tra(adas com relati a regularidade!5 E "urante o per#odo da ni+o ?bérica <1580' 1E=0>, as cidades fundadas no Brasil ti eram maior regularidade, como é o caso de Gelipeia da /ara#ba <atual 9o+o /essoa>, fundada em 1585, e 2+o 6u#s do aran +o, tra(ada em 1E15 por Grancisco Grias de esquita, sendo que a tendência % regularidade dos tra(ados de centros urbanos aumentou ao longo do século C ??!!= "estacam'se também as grandes obras urban#sticas realizadas no Decife durante o go erno do 3onde 9o+o aur#cio de Nassau <1E: '1E=:>, que com o aterramento e constru(+o de pontes, canais e fortes transformou o antigo porto de 4linda em cida

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No Brasil

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No Brasil, a Arquitetura colonial definida como a arquitetura realizada no atual territrio brasileiro desde 1500, ano do descobrimento pelos portugueses, at a independncia, em 1822.

Durante o perodo colonial, os colonizadores importaram as correntes estilsticas da Europa colnia, adaptando-as s condies materiais e scio-econmicas locais. Encontram-se no Brasil edifcios coloniais com traos arquitetnicos renascentistas, maneiristas, barrocos, rococs e neoclssicos, porm a transio entre os estilos se realizou de maneira progressiva ao longo dos sculos e a classificao dos perodos e estilos artsticos do Brasil colonial motivo de debate entre os especialistas.

A importncia do legado arquitetnico e artstico colonial no Brasil atestada pelos conjuntos e monumentos desta origem que foram declarados Patrimnio Mundial pela UNESCO. Estes so os centros histricos de Salvador, Ouro Preto, Olinda, Diamantina, So Lus do Maranho, Gois Velho, o Santurio do Bom Jesus de Matosinhos em Congonhas do Campo e as runas das Misses Jesuticas Guarani em So Miguel das Misses.A atividade arquitetnica no Brasil colonial inicia-se a partir da dcada de 1530, quando a colonizao ganha impulso com a criao das Capitanias Hereditrias (1534) e a fundao das primeiras vilas, como Igarau e Olinda, fundadas por Duarte Coelho Pereira cerca de 1535, e So Vicente fundada por Martim Afonso de Sousa em 1532. Mais tarde, em 1549, fundada a cidade de Salvador por Tom de Sousa como sede do Governo-Geral. O arquiteto trazido por Tom de Sousa, Lus Dias, desenha ento a capital da colnia, incluindo o palcio do governador, igrejas e as primeiras ruas, largos e casas, alm da indispensvel fortificao ao redor do povoamento.1 2 3

A parte mais nobre da cidade de Salvador, que includa o palcio do governador, residncias e a maioria das igrejas e conventos, foi construda sobre um terreno elevado, a 70 metros sobre o nvel da praia, enquanto junto baa foram construdas as infraestruturas dedicadas s atividades comerciais. Outras cidades fundadas no sculo XVI, como Olinda (1535) e o Rio de Janeiro (1565), caracterizam-se por terem sido fundadas perto do mar mas sobre elevaes do terreno, dividindo-se o povoamento em uma cidade alta e uma cidade baixa. De maneira geral a cidade alta abrigava a parte habitacional e administrativa e a parte baixa as reas comercial e porturia, lembrando a organizao das principais cidades portuguesas, como Lisboa, Porto e Coimbra, de origem na Antiguidade e poca medieval. Essa disposio obedeceu a consideraes de defesa, uma vez que nos primeiros tempos os assentamentos coloniais corriam constante risco de ataques de indgenas e europeus de outras naes. De fato, quase todas as primeiros povoados fundados pelos portugueses contavam com muros, paliadas, baluartes e portas que controlavam o acesso ao interior.4

O urbanismo colonial no Brasil se caracterizou frequentemente pela adaptao do traado das ruas, largos e muralhas ao relevo do terreno e posio de edifcios importantes, como conventos e igrejas. Apesar de no seguirem o rgido padro de tabuleiro de xadrez das fundaes espanholas no Novo Mundo, atualmente se considera que muitas cidades coloniais, comeando por Salvador, tiveram suas ruas traadas com relativa regularidade.5 6 Durante o perodo da Unio Ibrica (1580-1640), as cidades fundadas no Brasil tiveram maior regularidade, como o caso de Felipeia da Paraba (atual Joo Pessoa), fundada em 1585, e So Lus do Maranho, traada em 1615 por Francisco Frias de Mesquita, sendo que a tendncia regularidade dos traados de centros urbanos aumentou ao longo do sculo XVII..4 Destacam-se tambm as grandes obras urbansticas realizadas no Recife durante o governo do Conde Joo Maurcio de Nassau (1637-1643), que com o aterramento e construo de pontes, canais e fortes transformou o antigo porto de Olinda em cidade.Tela de Leandro Joaquim (c. 1790) que mostra o Aqueduto da Carioca do Rio de Janeiro. V-se tambm o Convento de Santa Teresa, implantado cenograficamente sobre o morro. A lagoa em primeiro plano foi aterrada para a construo do Passeio Pblico.

Um aspecto determinante no urbanismo colonial era a implantao de igrejas e conventos. Frequentemente a construo de edifcios religiosos era acompanhada pela criao de um adro ou uma praa junto ao edifcio, assim como uma malha de ruas de acesso, organizando o espao urbano. Em Salvador, por exemplo, a construo do Colgio dos Jesutas no sculo XVI, fora dos muros da cidade, deu origem a uma praa - o Terreiro de Jesus - e fez da rea um plo de expanso da cidade. Outro exemplo notvel de espao urbano colonial o Ptio de So Pedro, surgido a partir da construo da Concatedral de So Pedro dos Clrigos do Recife (depois de 1728). No Rio de Janeiro, a principal rua colonial, a Rua Direita (atual Rua Primeiro de Maro), surgiu como ligao entre o Morro do Castelo, onde havia sido fundada a cidade, e o Mosteiro de So bento, localizado sobre o morro de mesmo nome. Outro aspecto importante era a implantao de monumentos religiosos em lugares altos, s vezes precedidos por escadarias, o que criava paisagens cenogrficas de forte carter barroco. No Rio, por exemplo, muitos mosteiros e igrejas foram construdos sobre morros, com suas fachadas voltadas para o mar, oferecendo um magnfico cenrio para os viajantes que adentravam a Baa da Guanabara. A relao privilegiada entre topografia e igrejas tambm marcante nas cidades mineiras, especialmente Ouro Preto e no Santurio de Congonhas. Nesta ltima a igreja de peregrinao se encontra no alto de um morro, precedido por um conjunto de capelas com a via sacra e uma escadaria decorada com esttuas de profetas.

No sculo XVIII, reformas realizadas pelo governo do Marqus de Pombal, ligadas em parte necessidade de ocupar os limites com a Amrica espanhola, levaram a uma maior presena de engenheiros militares na colnia e fundao de vrias vilas planejadas, nas quais estavam previstos os lugares para os edifcios administrativos, igrejas e smbolos do poder pblico. Assim, ao longo do sculo XVIII, muitas vilas foram criadas com urbanismo planificado nos atuais estados do Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Gois, Roraima, Amazonas e outros. Alm disso, em alguns lugares se adotaram padres comuns de fachadas para edifcios com o objetivo de criar um conjunto urbano harmnico, como se observa na cidade baixa de Salvador em meados do sculo XVIII.4 Em Minas Gerais, onde o Ciclo do Ouro favoreceu o rpido crescimento de vilas em terrenos acidentados sem nenhum planejamento, tambm houve algumas importantes intervenes urbansticas. O traado da cidade de Mariana, localizada em um terreno relativamente plano, foi reformada com regularidade em 1745 por Jos Fernandes Pinto Alpoim. Na mesma poca, vrias casas foram demolidas no centro de Ouro Preto para a criao de uma monumental praa, a atual Praa Tiradentes, onde foram implantados a Casa da Cmara e o Palcio dos Governadores. Melhoramentos urbansticos foram mais frequentes medida que avanou a colonizao. Em Salvador, grandes aterros no sculo XVIII permitiram o desenvolvimento da cidade baixa, antes restrita a uma estreita faixa de terra. No Rio de Janeiro, lagoas e pntanos foram aterrados para permitir a expanso e melhorar a salubridade da cidade.Entrada do Passeio Pblico do Rio em pintura annima do final do sculo XVIII.

Tambm no Rio foi construda talvez a maior obra de infraestrutura realizada no Brasil colonial: o Aqueduto da Carioca, inaugurado definitivamente em 1750. O aqueduto trazia gua do rio de mesmo nome ao centro da cidade, alimentando vrios chafarizes, alguns dos quais ainda existem. Um deles se localizava no Largo do Pao (atual Praa XV), urbanizado no incio dos anos 1740 por Jos Fernandes Pinto Alpoim imagem da Praa da Ribeira de Lisboa. O cais do largo ganharia mais tarde um monumental chafariz, projetado por Mestre Valentim e terminado em 1789.

O Rio de Janeiro, capital da colnia desde 1767, foi o principal foco de intervenes urbansticas entre os sculos XVIII e XIX. A mais importante foi a criao do Passeio Pblico entre 1789 e 1793. O desenho do parque, realizado segundo um projeto de Mestre Valentim, incluiu alamedas geomtricas arborizadas, fontes e esttuas. Para construir o parque foi necessrio uma grande interveno urbanstica, com a destruio de um morro e o aterro de uma lagoa. Mais tarde, com a chegada da Famlia Real Portuguesa em 1808, o Rio ganhou ainda o Jardim Botnico, o primeiro no Brasil colnia.