aquicultura meio ambiente e legislação

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO Segunda Edição Atualizada - 2007 GLAUCIO GONÇALVES TIAGO São Paulo 2007

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃOSegunda Edição Atualizada - 2007

GLAUCIO GONÇALVES TIAGO

São Paulo2007

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃOSegunda Edição Atualizada - 2007

E-bookISBN n° 978-85-906936-1-1

Todos os direitos reservados ao autor.Proibida a reprodução sem a devida autorização

Registrado na Biblioteca Nacional/Agência Brasileira do International Standard Book Number

Glaucio Gonçalves Tiago

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

GLAUCIO GONÇALVES TIAGO

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

Segunda Edição Atualizada - 2007

GLAUCIO GONÇALVES TIAGO

Editor

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 4: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

___________________________________________________________________________

Tiago, Glaucio Gonçalves

Aqüicultura, Meio Ambiente e Legislação – Segunda Edição Atualizada - 2007

/ Glaucio Gonçalves Tiago. – São Paulo: Glaucio Gonçalves Tiago (Editor), 2007.

201 p. : Digital.

ISBN 978-85-906936-1-1

Inclui Bibliografia

1. Aqüicultura – Sustentabilidade Ambiental – Legislação Ambiental 2. Meio

Ambiente – Direito - Gestão Ambiental. I Glaucio Gonçalves Tiago

CDD – 600

_____________________________________________________________________________

Coordenação Editorial, preparação de originais e editoração eletrônicaGlaucio Gonçalves Tiago

Revisão do TextoMárcia Navarro Cipolli

Assessoria JurídicaDra. Mirene Prieto Afonso_____________________

2ª edição: janeiro de 2007

© Glaucio Gonçalves Tiago

Rua. Professor Lourival Gomes Machado, 285,Santana . 02021-050 . São Paulo/SP . Brasil

Fone/Fax. 0 xx 55 11 6973-0193http://www.almalivre.org

[email protected]

Glaucio Gonçalves Tiago

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

À Mirene a ao João Pedro

À todos aqueles que, por exclusão social e educacional, não têm como auxiliar e compreender

ações que melhorem o meio ambiente.

Às expressões vivas da natureza.

Agradeço especialmente à:

Idalina Gonçalves Tiago e Armando Alexandre Tiago; Prof. Dr. Claudio Gonçalves Tiago; PqC. Dra. Heloisa Maria Godinho; Profa. Dra. Sônia Maria Flores Gianesella; Profa. Dra. Yara Schaeffer-Novelli; Msc. Marcia Navarro Cipolli; PqC. MSc. Alexandre Assis Bastos.

Pelo apoio à construção deste trabalho.

Glaucio Gonçalves Tiago

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

AQÜICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

PREFÁCIO........................................................................................................................... 7

APRESENTAÇÃO...............................................................................................................8

INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 9

DEFINIÇÕES DE IMPACTO AMBIENTAL ................................................................18Tipologia dos Impactos Ambientais................................................................................................. 20

IMPACTOS AMBIENTAIS NA AQÜICULTURA .......................................................22IMPACTO AMBIENTAL NA AQÜICULTURA POR SISTEMA DE CRIAÇÃO.......................24

IMPACTOS AMBIENTAIS GERADOS POR RESÍDUOS PRODUZIDOS PELA AQÜICULTURA 29

Impacto da Aqüicultura nos Recursos Hídricos............................................................................... 33

IMPACTOS AMBIENTAIS SOBRE A AQÜICULTURA............................................37

AQÜICULTURA SUSTENTÁVEL................................................................................. 44

A ABORDAGEM DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA LEGISLAÇÃO RELATIVA À AQÜICULTURA E AOS RECURSOS HÍDRICOS BRASILEIROS.......................50

LEGISLAÇÃO DE AQÜICULTURA E PESCA............................................................................52

LEGISLAÇÃO DE GESTÃO DO RECURSO ÁGUA (Correlata à atividade aqüícola)................70

INTER-RELAÇÃO ENTRE VALORES TÉCNICO-CIENTÍFICOS DAS CIÊNCIAS NATURAIS E AS NORMAS JURÍDICAS NA AQÜICULTURA..............................110

CONCLUSÕES ............................................................................................................... 127

BIBLIOGRAFIA..............................................................................................................129

TABELAS......................................................................................................................... 139

ANEXOS DE LEGISLAÇÃO......................................................................................... 159

AQÜICULTURA E RECURSOS HÍDRICOS (ADENDO)......................................... 178

Glaucio Gonçalves Tiago

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

PREFÁCIO

O compartilhamento de recursos naturais pelas atividades humanas é um processo

inevitável que tende a levar à sua degradação. Dentre estes recursos, a água é dos mais

fundamentais à sobrevivência do homem e à manutenção dos ecossistemas naturais. O

presente livro de Glaucio Gonçalves Tiago apresenta ao leitor, através de uma ótica

interdisciplinar, as relações existentes entre os indicadores de impacto ambiental mais

eficientemente desenvolvidos pela ciência até o momento, para uma atividade que utiliza

intensivamente o recurso água, a aqüicultura, e o modo pelo qual este conhecimento

alimenta duas distintas abordagens teóricas do Direito que constroem as normas jurídicas

brasileiras. Analise, de forma intensiva e ponderada, qual dessas perspectivas é capaz de

oferecer uma melhor solução para uma atividade pluridimensional como a aqüicultura,

objetivando sua sustentabilidade. O livro oferece, também, um anexo de grande utilidade

aos interessados no assunto e uma coletânea das principais normas brasileiras voltadas à

aqüicultura.

Dra. SÔNIA M. FLORES GIANESELLA

Universidade de São Paulo

Glaucio Gonçalves Tiago

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

APRESENTAÇÃO

É com grande satisfação que faço a apresentação deste livro, cujo autor, colega e

amigo, sempre esteve preocupado com os assuntos ligados ao meio ambiente. Sendo

biólogo e bacharel em Direito, tem o preparo suficiente para abordar os temas apresentados

nesta obra, tentando dar os subsídios necessários para o desenvolvimento da aqüicultura e

da gesta ambiental.

As populações humanas estão crescendo a uma taxa alarmante, de modo que existe

grande pressão para desenvolver a produção de recursos pesqueiros. Na década de 1990

houve grande expansão da aqüicultura e, principalmente no Brasil, apareceram vários

empresários rurais com grande interesse nesta atividade como sistema de produção

pesqueira, demonstrado pelo surgimento de vários pesque-pague.

Este livro permite, como o próprio autor relata, “uma reflexão sobre a questão do

gerenciamento ambiental de atividades aqüícolas procurando verificar a inter-relação entre

indicadores de impacto ambiental e normas jurídicas na gestão ambiental da aqüicultura”.

Esta obra terá grande contribuição ao pesquisador interessado no assunto, pois

contém importantes informações sobre impactos ambientais e socioeconômicos na

aqüicultura e apresenta, também, uma retrospectiva sobre legislação brasileira pertinente.

O pesquisador encontrará, ainda, excelentes citações bibliográficas para auxiliá-lo

em investigações sobre Aqüicultura, Meio Ambiente e Legislação.

Dra. HELOISA MARIA GODINHO

Instituto de Pesca – APTA/SAA/SP

Glaucio Gonçalves Tiago

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

AQÜICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

INTRODUÇÃO

O homem utiliza a natureza. Assim, como já expusera Roule (1914) no seu “Traité

Raisonné de la Pisciculture et des Pêches”, dentre os múltiplos recursos que a natureza

oferece, os recursos vivos aquáticos sempre fascinaram a humanidade no que diz respeito a

sua exploração. A criação destes organismos se destaca historicamente, sendo até os dias

atuais, ainda, experimentados novos e antigos métodos de criação pelos povos ao redor do

planeta. Atualmente as atividades aqüícolas apresentam escala planetária e muitas técnicas

de criação de organismos aquáticos já são amplamente dominadas. Entretanto a gestão

ambiental destes empreendimentos pode ser, ainda, desenvolvida sob normas jurídicas

elaboradas e consolidadas de maneira que assegurem a melhor gestão ambiental dos

recursos naturais e aqüícolas.

Segundo Huet (1970), historicamente, a prática da aqüicultura é muito antiga.

Pinturas egípcias mostram cenas de pesca e piscicultura; os romanos criavam organismos

aquáticos em viveiros; e depois de séculos, nos países da Região Indo-Pacífica

(primeiramente a China), apresentou-se crescente expansão da aqüicultura, em

conseqüência da demanda alimentar causada pelo grande aumento demográfico e, também,

de características hídricas propícias. A partir do século XV desenvolveu-se a aqüicultura

na Europa Central e Ocidental, na América do Norte, na África Central e, por fim, na

América Latina e no Oriente Médio.

Atualmente, a produção mundial de organismos aquáticos originados através de

técnicas de aqüicultura cresceu de 13.480.431 toneladas métricas em 1987 para 34.116.249

toneladas métricas em 1996, correspondentes a uma razão de crescimento de 2,53 no

período, perfazendo um montante comercializado de U$ 20.739.433.000,00 em 1987 e U$

46.548.092.000,00 em 1996, equivalente a uma razão de crescimento de 2,24 no período

(FAO, 1999; New, 1999) (Tabelas III, V e XII). No Brasil, segundo estimativas da Food

and Agriculture Organization of the United Nations/FAO, a produção anual total da

aqüicultura passou de 30.915 toneladas métricas em 1994 para 77.690 toneladas métricas

Glaucio Gonçalves Tiago

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

em 1996 (FAO, 2007) (Tabela X). Neste sentido, New (1999) (Tabela XII), baseado em

dados da FAO, apresenta uma razão de crescimento de 3,9 no volume produzido pela

aqüicultura brasileira no período de 1987 a 1996, crescendo de 13.140 toneladas métricas

em 1987, para 51.281 toneladas métricas em 1996, e uma razão de crescimento de 3,8 nos

valores negociados pela aqüicultura brasileira no período de 1987 a 1996, crescendo de U$

59.343.000,00 em 1987 para U$ 226.908.000,00 em 1996 (Tabela XII). Este autor

apresenta ainda, para o mesmo período, uma razão de crescimento total da aqüicultura na

América do Sul de 5,1 no volume produzido entre 1987 e 1996, crescendo de 103.911 para

528.599 toneladas métricas, e uma razão de crescimento de 3,1, nos valores negociados no

mesmo período, crescendo de U$ 633.251.000,00 para U$ 1.936.271.000,00 (Tabela XII).

Ainda, segundo dados de FAO (1996), são utilizadas pela aqüicultura mundial 102

espécies de peixes, 21 de crustáceos e 41 de moluscos (Tabela XIV). Este crescimento da

atividade aqüícola, com certeza, além de comprovar antigas predições, evidencia a

necessidade de reflexão sobre os impactos ambientais gerados e sofridos pelas atuais

práticas de aqüicultura existentes no planeta bem como sobre o conjunto da legislação que

disciplina estas atividades no Brasil.

Dentre as práticas zootécnicas em atividade no Brasil, a aqüicultura teve um grande

desenvolvimento, com aumento da oferta de produtos e ganhos de produtividade a partir

dos anos 80, assumindo características de atividade econômica. Essa nova posição é fruto

de uma série de fatores que possibilitaram sua real implantação. Pode-se citar como um

deles o desenvolvimento de tecnologia compatível com uma criação racional, viabilizando

diferentes processos de produção que permitem o escoamento da produção, tanto em larga

como em pequena escala (MARTIN et al., 1995). Neste contexto, o crescimento do número

de empreendimentos de aqüicultura no Brasil, de maneira desordenada e nos mais variados

corpos d’água, bem como nas zonas marítimas costeiras, muitas vezes sujeitos a alta

concentração de poluentes, acarreta um descontrole ocasionado pela falta de políticas e

instrumentos de gestão ambiental e de produção sustentada, potencializado pelo excesso de

normas legais sobrepostas em relação ao uso de recursos naturais (FUNDAP, 1989) e,

também, aos espaços e ambientes essenciais ao desenvolvimento da aqüicultura.

Glaucio Gonçalves Tiago

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

A aqüicultura tende, não somente à multiplicação quantitativa, mas também ao

melhoramento qualitativo de seus produtos, sendo estes destinados principalmente à

alimentação humana, mas também, ao repovoamento de corpos d’água. Segundo Huet:

Os organismos aquáticos possuem inúmeras vantagens para o estabelecimento

de seu cultivo através de técnicas de aqüicultura. Uma grande vantagem é a

proximidade entre a densidade dos peixes e dos crustáceos nadadores com a

densidade da água que eles habitam, proporcionando, assim, economia de

energia para suportarem seu próprio peso e, portanto, direcionando maior

proporção de energia para crescimento do que os animais terrestres. Outra

vantagem é que os peixes e os invertebrados, sendo animais de sangue frio,

não dispendem energia na termorregulação corporal. Estas propriedades,

inclusive, podem aumentar o potencial de razão de crescimento, por

determinarem uma maior plasticidade nestes animais do que nos vertebrados

superiores. A principal desvantagem desta atividade é a de que o meio

aquático apresenta as propriedades gerais dos líquidos e a água possui a

propriedade específica de solvente universal. Estas duas características

tornam mais difícil a prevenção e o controle das contaminações nos corpos

aquáticos (1970).

Vários tipos específicos de poluentes aquáticos têm sido prejudiciais ou mesmo

letais aos organismos aquáticos ou seus consumidores. Porém, poluentes como os

metabólitos animais, o calor gerado por estações de energia e as águas oriundas de

refrigeração industrial, podem tornar-se vantajosos à aqüicultura. Entretanto,

procedimentos que se utilizem desses recursos devem ser aplicados com estrito controle.

Outros poluentes, tais como pesticidas, metais pesados e vários outros compostos

químicos, são prejudiciais aos organismos aquáticos. De maneira geral, estes poluentes são

gerados em áreas densamente povoadas, industrializadas, ou onde grandes quantidades de

compostos químicos são empregadas na agricultura. Destas áreas, quando não sujeitos ao

devido controle, estes perigosos poluentes são disseminados pelos corpos aquáticos

podendo afetar regiões de aqüicultura (BARDACH et al., 1972).

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

Segundo Pillay:

Nas práticas atuais da aqüicultura, restrições arbitrárias foram impostas para

tentar conter esses efeitos através da extensão de regulamentos relativos a

agricultura, criação de animais terrestres ou desenvolvimento industrial,

mesmo que, entretanto, elas sejam claramente inaplicáveis ao meio aquático

(1992).

Esse autor considera, ainda, que no contexto global dos impactos ambientais das

interferências e atividades humanas, como a agricultura, habitação, indústria,

desenvolvimento de infra-estrutura, a contribuição da aqüicultura é indubitavelmente

pequena.

Todas as formas de produção de alimentos, como qualquer outra atividade humana,

afetam o meio ambiente de uma ou outra maneira. Distúrbios no equilíbrio natural

decorrentes destas atividades são fenômenos conhecidos, mas, enquanto as pressões sobre

o meio ambiente continuarem dentro de limites sustentáveis perceptíveis, problemas

maiores não serão reconhecidos

Reconhecendo-se a aqüicultura como potencial causadora de impactos ambientais,

pelo consumo de recusrsos naturais, poluições ou interferências em níveis de

biodiversidade, atenção especial deve ser dada à gestão ambiental dessa atividade, e

principalmente pelo seu desenvolvimento, atualmente acelerado, estar diretamente ligado a

um recurso de múltiplos usos e essencial à qualidade de vida, que é a água.

A questão ambiental e os padrões técnico-científicos exercem importante papel no

desenvolvimento da aqüicultura. Com o crescimento da produção aqüícola, em nível

mundial, a formulação de políticas ambientais tornou-se uma grande área de pesquisa

(BAILLY & PAQUOTTE, 1996). Em decorrência das similaridades entre os sistemas de

produção da agricultura tradicional e os sistemas de produção da aqüicultura, muitas

pessoas assumem que a produção aqüícola é capaz de alcançar, de maneira semelhante, o

sucesso da agricultura e da criação de animais terrestres. Entretanto, existem diferenças

importantes entre os cultivos terrestres e os aquáticos, que devem ser entendidas e

compatibilizadas anteriormente à realização desta predição.

Glaucio Gonçalves Tiago

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

Face à crescente atividade antrópica das sociedades modernas sobre o meio

ambiente e seus recursos, e à necessidade de elaboração e implantação de políticas para um

desenvolvimento sustentável, é ressaltada a necessidade de proteção e recuperação dos

recursos hídricos, superficiais ou subterrâneos, envolvendo a integração técnica,

administrativa e política de setores que utilizam a água diretamente como insumo, ou como

corpo receptor dos despejos de suas atividades (SÃO PAULO, 1992a e 1992b). Nesse

contexto, prevê-se a proteção e a administração dos recursos de água doce, objetivando à

melhor gestão ambiental através de ações que: melhorem o tratamento de esgoto e lixo

industrial; fiscalizem os grandes projetos de desenvolvimento que possam afetar os

suprimentos de água; racionalizem o uso de pesticidas e fertilizantes; possibilitem o uso de

água tratada ou de qualidade controlada, na agricultura, aqüicultura, indústria e em outros

setores produtivos; e utilizem tecnologia de economia e controle de qualidade da água para

a produção de alimentos, desde criações de gado até as de organismos aquáticos, para

consumo humano. É prevista, também, a salvaguarda dos recursos oceânicos, por

evidenciar-se a degradação do meio ambiente marinho pelas atividades antrópicas

terrestres, através do lançamentos nos rios de: efluentes urbanos; produtos químicos

agrícolas; compostos orgânicos sintéticos; lixo; plástico; substâncias radioativas;

hidrocarbonetos (ONU, 1993). Muitos desses produtos são tóxicos e se inserem na cadeia

alimentar marinha, comprometendo o desenvolvimento da aqüicultura marinha como

atividade produtora de alimentos e medida mitigadora da problemática ambiental

pesqueira, através da possibilidade de repovoamento com espécies marinhas ameaçadas de

extinção e do direcionamento da atividade antrópica pesqueira, feita sobre recursos

naturais sobre-explorados, para atividades de criação de organismos aquáticos.

Segundo Weston: “Com o crescimento da indústria aqüícola tem-se de reconhecer

que a aqüicultura pode alterar substancialmente as comunidades naturais”. Neste

contexto, cita que

os efeitos negativos potenciais da aqüicultura são: 1) enriquecimento orgânico

do substrato e alteração da macrofauna; 2) enriquecimento de nutrientes e

eutrofização; 3) efeitos nas comunidades de peixes nativos circundantes; 4)

utilização de produtos químicos; 5) introdução de espécies exóticas e

Glaucio Gonçalves Tiago

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

cruzamento entre populações cultivadas e nativas. A aqüicultura como

qualquer outra indústria gera resíduos que possuem um efeito significante nos

ambientes físico, químico e biológico. Com a expansão da atividade aqüícola e

dos avanços tecnológicos que permitiram um crescimento de produção por

unidade de área, está se tornando imperativos a consideração de que a

aqüicultura altera a estrutura e o funcionamento das comunidades naturais,

entretanto e afortunadamente muitos dos efeitos potencialmente adversos da

aqüicultura podem ser mitigados ou eliminados através de cuidados na

localização e operação das aqüiculturas (1991).

Beveridge et al. (1991) consideram que, na ausência de controles legais, existem

pequenas pressões sociais e econômicas para o tratamento dos resíduos as quais

influênciam a decisão de instalação de sistemas de tratamento em algumas aqüiculturas.

Esta situação, entretanto, está mudando, e em muitas partes do mundo estes sistemas estão

sendo introduzidos, embora ainda com pouca consistência em relação aos níveis

demandados e aos tipos de legislações aplicadas. Pillay (1992) pondera, entretanto, que nas

criações tradicionais de organismos aquáticos a qualidade da água lançada de volta ao

ambiente é, muitas vezes, melhor que a da água que é captada do recurso natural, e, assim,

muitos sistemas tradicionais de piscicultura funcionam como eficientes métodos de

reciclagem de efluentes domésticos e agrícolas, contribuindo para a diminuição da

poluição ambiental. Beveridge et al. (1991) destacam, ainda, que os resíduos das

aqüiculturas são ricos em nutrientes e podem ser utilizados em integração com outros

sistemas de produção de aqüicultura e agricultura.

Contrariamente à pesca extrativa, a aqüicultura envolve a consideração dos usos

múltiplos (alternativos e competitivos) dos recursos dos quais depende, além da

consciência de sua dimensão ambiental e a necessidade de garantir que seus segmentos

tanto respeitem o meio ambiente como sejam protegidos de danos ambientais (Proença,

1995). Assim¸ a aqüicultura como atividade produtiva revela intrincadas relações com

várias atividades humanas e com a gestão ambiental de recursos naturais. A começar pelo

meio onde é praticada, no ambiente aquático, passando pelas várias técnicas de produção e

manejo, e chegando aos seus fins, que variam da produção alimentar ao controle ambiental

Glaucio Gonçalves Tiago

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

da água e ao repovoamento de corpos aquáticos com espécies de organismos ameaçados de

extinção, a aqüicultura revela inter-relações com atividades como a agricultura, o direito, a

ciência, a gestão ambiental de recursos hídricos, a conservação e restauração do meio

ambiente, o comércio, a indústria, a educação, dentre outros.

No Brasil, a importância desta atividade tem gerado inúmeras inquietudes relativas

ao seu crescimento desordenado (GESPE, 1997) e aos possíveis riscos para si e para o meio

ambiente, como conseqüência da ausência de padronização de indicadores ambientais, e a

devida influência destes indicadores na adoção de medidas legais para as várias

modalidades de aqüicultura nos variados ambientes onde se desenvolvem, bem como da

falta de coordenação e sincronia entre os órgãos que administram e legislam esta atividade

produtiva. A necessidade de mudanças conceituais e estruturais já tem sido identificada

(BRASIL, 1996), tendo em vista que as ações hoje implementadas não vêm apresentando

respostas satisfatórias ou compatíveis com o potencial da aqüicultura no Brasil.

Inúmeros conflitos relativos ao ordenamento da aqüicultura, aos anseios e

necessidades técnicas e legais dos produtores, às necessidades dos consumidores de

produtos da aqüicultura, aos interesses difusos e coletivos da população em relação à

manutenção de um meio ambiente equilibrado e saudável e a uma melhor qualidade de

vida têm sido verificados. Proença (1995) já enfatizava que, a exemplo do que ocorre nos

demais ramos da zootecnia, a aqüicultura requer um conjunto de normas e instrumentos

legais que promovam seu desenvolvimento racional e compatível com as demais demandas

da sociedade e com o uso sustentável dos recursos naturais. Neste contexto evidencia-se a

pertinência do direcionamento de esforços que visem ao inter-relacionamento de aspectos

técnicos que auxiliem a compreensão e o ordenamento da aqüicultura brasileira.

O estágio atual de crescimento acelerado da aqüicultura em nível mundial deve

promover o redirecionamento institucional dessa atividade para um futuro com alta

eficiência de produção, mas, também, ambientalmente saudável e compatibilizado com as

necessidades de fornecimento de proteínas, face ao grande crescimento da população

mundial verificado nas últimas décadas. No Brasil, o melhoramento da capacidade

gerencial institucional da aqüicultura passa pela adequação e estabelecimento de legislação

sobre esta atividade produtiva e aquelas com as quais tem interface, de forma a fazer com

Glaucio Gonçalves Tiago

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

que o setor se desenvolva harmonicamente, compatibilizando-se o uso dos recursos

naturais com as demandas da sociedade. Neste sentido, segundo Marshall:

Seja qual for a perspectiva adotada acerca da norma jurídica, suas teorias,

suas características, planos, etc..., as normas jurídicas possuem como

essência, acima de tudo, um objeto ideal que variará e se comporá de acordo

com a cultura histórica de cada sociedade, evoluindo com ela e tendente a

expressar as conotações políticas, sociais, econômicas, institucionais, etc...

que a envolvem. Ressalte-se que o que variará será o seu conteúdo e não a

própria norma. Sua essência é ética e sua fonte o próprio homem (1994).

Assim, dada a complexidade social das atividades humanas, em muitas situações

observa-se que a legalidade estatal não consegue acompanhar as relações sociais em sua

acentuada dinamicidade. Mas não menos notável é a questão enfatizada por Souto (1997)

de que a normatividade codificada, em certas situações, pode vir a ser agente de mudança

mental e social.

Em perspectiva eminentemente interdisciplinar, este trabalho objetiva inventariar e

analisar os principais indicadores de impacto ambiental na aqüicultura, disponíveis na

literatura mundial sobre aqüicultura sustentavel, conjuntamente com as principais normas

jurídicas da gestão ambiental da aqüicultura, contidas na legislação brasileira de pesca e

aqüicultura (desde o início do período republicano brasileiro) e na legislação brasileira de

recursos hídricos correlata à atividade aqüícola, para, sob as perspectivas da “Teoria Pura

do Direito” proposta por Hans Kelsen (1998, 6º Ed. brasileira) e da “Teoria da Norma

Jurídica” de Tércio Sampaio Ferraz Jr. (1997a, 3º Ed.), verificar, através de uma análise

crítica integrada, a inter-relação entre estes indicadores e as normas jurídicas na gestão

ambiental da aqüicultura, contribuindo, neste sentido, para uma melhor reflexão sobre a

gestão ambiental desta atividade.

Glaucio Gonçalves Tiago

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

Em tempo, ressaltamos que, separados por décadas, os dois juristas considerados

neste trabalho apresentam diferentes pontos de vista em relação à norma jurídica. Hans

Kelsen, em sua “Teoria Pura do Direito”, uma teoria do Direito positivo publicada

originalmente em 1934, apresenta uma teoria monádica de norma jurídica, na qual as

normas de Direito, oriundas de uma "Norma Fundamental", apresentam um caráter linear e

extremamente formalista, não obrigatoriamente vinculado à realidade social. Ferraz Jr, por

sua vez, em sua “Teoria da Norma Jurídica”, publicada originalmente em 1978, apresenta

uma teoria pragmática que possui como base o principio da interação, entendendo o Direito

não como uma concepção monádica, mas sim como uma perspectiva que garanta a

possibilidade de confronto entre diferentes posições, inclusive naquelas em que o dogma se

sustenta, assumindo assim um caráter não-linear e pluridimensional.

Glaucio Gonçalves Tiago

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

DEFINIÇÕES DE IMPACTO AMBIENTAL

Para uma contextualização inicial, expomos algumas definições de impacto

ambiental encontradas na bibliografia disponível sobre meio ambiente:

1) Sachs (1972)

Alteração na qualidade ambiental resultante da modificação de processos naturais

ou sociais provocada por uma ação humana.

2) Munn (1975)

Mudança na saúde e bem-estar humanos (inclusive a saúde de ecossistemas dos

quais depende a sobrevivência do homem) que resulta de efeito ambiental e está ligada à

diferença na qualidade ambiental com e sem ação humana.

3) Canter (1977)

Qualquer alteração no sistema ambiental físico, químico, biológico, cultural e

sócio-econômico que possa ser atribuída a atividades humanas relativas às alternativas

em estudo para satisfazer as necessidades de um projeto.

4) Federal Environmental Assessment Review Office/FEARO (1979)

Impacto ambiental são processos que perturbam, descaracterizam, destroem

características, condições ou processos no ambiente natural; ou que causam modificações

nos usos instalados, tradicionais, históricos, do solo e nos modos de vida ou na saúde de

segmentos da população humana; ou que modifiquem, de forma significativa, opções

ambientais.

5) Wathern (1984)

A mudança em um parâmetro ambiental, num determinado período e numa

determinada área, que resulta de uma dada atividade, comparada com a situação que

ocorreria se essa atividade não tivesse sido iniciada.

Glaucio Gonçalves Tiago

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

6) Horberry (1984), apud Moreira (1992)

Estimativa e julgamento do significado e do valor de um efeito ambiental para os

receptores natural, sócio-econômico e humano. Efeito ambiental é a alteração mensurável

da produtividade dos sistemas naturais e da qualidade ambiental, resultante de uma

atividade econômica.

7) Dieffy (1985) apud Moreira (1992)

Impacto ambiental pode ser visto como parte de uma relação de causa e efeito. Do

ponto de vista analítico, o impacto ambiental pode ser considerado como a diferença entre

as condições ambientais que existiriam com a implantação de um projeto proposto e as

condições ambientais que existiriam sem essa ação.

8) Resolução CONAMA 001/86, de 23 de janeiro de 1986:

Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio

ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades

humanas que diretamente ou indiretamente afetem:

I - a saúde, a segurança e o bem estar da população;

II - as atividades sociais e econômicas;

III - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;

IV - a qualidade dos recursos ambientais.

9) ACIESP (1987)

Toda ação ou atividade, natural ou antrópica, que produz alterações bruscas em

todo o meio ambiente ou apenas em alguns de seus componentes. De acordo com o tipo de

alteração, pode ser ecológico, social ou econômico.

10) Moreira (1992)

Qualquer alteração no meio ambiente - em um ou mais de seus componentes -

provocada por uma ação humana.

Glaucio Gonçalves Tiago

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

11) Antunes (1998)

O impacto ambiental é o resultado da intervenção humana sobre o meio ambiente.

Pode ser positivo ou negativo, dependendo da qualidade da intervenção desenvolvida.

Nota-se no anteriormente exposto uma grande variação de conceitos e abordagens

nas definições de impactos ambientais encontradas na bibliografia sobre meio ambiente

consultada, ficando claro a dificuldade de se definir um fenômeno com abordagem

eminentemente sócio-cultural e cientificamente interdisciplinar. Ressaltamos ainda que a

grande variação de conceitos, segundo alguns autores que versam sobre sociologia

ambiental por nós consultados, está possivelmente vinculada às diferenças de percepção do

meio ambiente pelos vários atores envolvidos nas questões ambientais, bem como à multi e

interdisciplinariedade dos conhecimentos relativos a estas questões. Abordaremos ainda

esta questão na discussão deste trabalho.

Tipologia dos Impactos Ambientais

No que diz respeito à tipologia de impactos ambientais, Tommasi (1994) expõe

ainda que a deliberação CECA/RJ n.º 1078 de 25 de junho de 1987 determina os seguintes

tipos de impacto ambiental:

1) Impacto positivo ou benéfico - quando a ação resulta na melhoria da qualidade

de um fator ou parâmetro ambiental (e.g., deslocamento de uma população residente em

palafitas para uma nova área adequadamente localizada e urbanizada);

2) Impacto negativo ou adverso - quando a ação resulta em um dano à qualidade de

um fator ou parâmetro ambiental (e.g., lançamento de esgotos não tratados num lago);

3) Impacto direto - resultante de uma simples relação de causa e efeito (e.g., perda

de diversidade biológica pela derrubada de uma floresta);

4) Impacto indireto - resultante de uma relação secundária em relação à ação, ou

quando é parte de uma cadeia de reações (e.g., formação de chuvas ácidas);

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

5) Impacto local - quando a ação afeta apenas o próprio sítio e suas imediações

(e.g., mineração);

6) Impacto regional - quando o impacto se faz sentir além das imediações do sítio

onde se dá a ação (e.g., abertura de uma rodovia);

7) Impacto estratégico - quando o componente ambiental afetado tem relevante

interesse coletivo ou nacional (e.g., implantação de projetos de irrigação em áreas de seca);

8) Impacto imediato - quando o efeito surge no instante em que se dá a ação (e.g.,

mortandade de peixes devido ao lançamento de produtos tóxicos);

9) Impacto a médio ou longo prazo - quando o impacto se manifesta certo tempo

após a ação (e.g., bioacumulação de contaminantes na cadeia alimentar);

10) Impacto temporário - quando seus efeitos têm duração determinada (e.g.,

efeitos de um derrame de petróleo sobre um costão rochoso exposto e bem batido pelas

ondas);

11) Impacto permanente - quando, uma vez executada a ação, os efeitos não cessam

de se manifestar num horizonte temporal conhecido (e.g., derrubada de um manguezal);

12) Impacto cíclico - quando o efeito se manifesta em intervalos de tempo

determinados (e.g., anoxia devido à estratificação da coluna d’água no verão e reaeração

devido a mistura vertical no inverno, num corpo hídrico costeiro que recebe esgotos

municipais);

13) Impacto reversível - quando o fator ou parâmetro ambiental afetado, cessada a

ação, retorna às suas condições originais (e.g., poluição do ar pela queima de pneus).

Com Rodrigues (1988), acrescenta-se ainda que:

1) Impactos extensivos são aqueles caracterizados pela impossibilidade (ou grande

dificuldade) de delimitar sua área de abrangência, bem como seus possíveis efeitos

cumulativos, progressivos e crônicos.

2) Impactos intensivos são aqueles que abrangem uma área bem delimitável,

qualquer que seja sua extensão.

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

IMPACTOS AMBIENTAIS NA AQÜICULTURA

Através do levantamento de dados relativos a impactos e indicadores de impactos

ambientais efetuado na literatura disponível sobre aqüicultura sustentável, expomos a

seguir as informações obtidas.

Pillay considera que:

Em decorrência das exigências de qualidade de água e de outros padrões

ambientais nas criações de organismos aquáticos, aqüicultores raramente

reconhecem a possibilidade de a aqüicultura ser considerada como poluidora

do ambiente. Nos tipos de criação que se têm praticado, a qualidade de água

lançada ao meio ambiente pelas criações é freqüentemente melhor do que a

água captada do meio ambiente pelas criações e, assim, muitos sistemas

tradicionais de criações de peixes têm funcionado como eficientes sistemas de

reciclagem de resíduos domésticos e agrícolas e, portanto, contribuindo para

o decréscimo da poluição ambiental (1992).

Segundo Stickney:

É extremamente difícil determinar o impacto da aqüicultura no meio ambiente

de maneira isolada, pois a observação de conseqüências é, em muitos casos,

resultante do efeito cumulativo de vários fatores no meio ambiente. Os dados

disponíveis têm demonstrado que os efeitos da poluição da aqüicultura são,

comparativamente aos de outras atividades de cultivo, pequenos e altamente

localizados. Em sistemas extensivos de criação, a qualidade da água lançada

pelas criações não é muito diferente da água captada, especialmente quando o

tempo de retenção da água é longo. Em conseqüência disto, agências de

controle ambiental como a Agência de Proteção Ambiental dos EUA

(EPA/EUA), não apresentam nenhuma norma mais rígida para definição de

padrões de qualidade de efluentes oriundos de aqüiculturas dulcícolas (1979).

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

Pillay (1992) pondera, em relação às aqüiculturas marinhas, que agências de

controle ambiental na Europa, nos EUA, no Japão e em muitos outros países, já regulam a

instalação e operação destas aqüiculturas, considerando os conflitos do uso múltiplo do

solo e da água em áreas costeiras, e, assim, prevenindo a degradação ambiental .

Bardach diz-nos, ainda, que:

A Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (World

Commission on Environment and Development/WCED), estabelecida em 1983

pela Organização das Nações Unidas, também conhecida como Comissão

Brundtland, tem advogado que a aqüicultura é uma das medidas que pode

ajudar a aferir a implantação do desenvolvimento sustentável (1997b).

Finalmente, ponderamos que a “Convenção de Ramsar sobre Áreas Úmidas de

Importância Internacional” (concluída em 1971 e reconhecida pelo Brasil em 1993), na sua

"7º Reunião das Partes Contratantes" realizada em 1999, aprovou a “Resolução VII.21 para

Áreas Úmidas Intertidais”, determinando que:

Deve ser suspensa a promoção e a criação de novas infra-estruturas para

atividades de aqüicultura que não sejam sustentáveis e, portanto, daninhas

para as áreas úmidas costeiras, incluindo-se a expansão das já existentes, até

que se identifiquem, mediante avaliações de impacto ambiental e social, junto

com estudos apropriados, as medidas tendentes a estabelecer um sistema

sustentável de aqüicultura, que esteja em harmonia com o meio ambiente e

com as comunidades locais.

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

IMPACTO AMBIENTAL NA AQÜICULTURA POR SISTEMA DE CRIAÇÃO

Brune & Tomasso (1991b), apresentam as seguintes considerações sobre os

impactos ambientais na maioria dos sistemas de aqüicultura.

Quadro 1 - Considerações sobre impactos ambientais em sistemas de aqüicultura (BRUNE & TOMASSO, 1991)

Natureza do Sistema Considerações sobre os Impactos Ambientais

Tanques

- Ambiente projetado especificamente para aqüicultura. Oxigenação e nitrificação ocorrem principalmente por processos lênticos naturais.

- Grandes volumes de água são requeridos para atingir e manter os níveis de água requeridos. Efluentes podem impactar as águas receptoras.

Sistemas Recirculatórios

- A água retirada deste sistema fechado é filtrada e relançada ao sistema.

- Apresentam pouca probabilidade de produção de impactos.

Tanques-rede e Cercados em águas públicas

- Criação de organismos vivos através de tanques-rede e cercados em grandes corpos de água (lagos, baías, fiordes, etc...). A qualidade de água é mantida por processos naturais.

- Principais impactos são a matéria fecal produzida e a parcela de alimentos não ingerido pelos organismos cultivados, sobre a qualidade da água e do bentos local. Impactos estéticos negativos podem ser considerados em áreas altamente populosas.

Sistemas que usam derivações de águas lóticas

- Sistemas em que os organismos criados em açudes, tanques ou "raceways" são mantidos com um fluxo constante de água derivada de um ambiente aquático lótico. O efluente retorna ao sistema lótico.

- Requerem constante derivação de grandes quantidades de água superficial. A qualidade dos efluentes é usualmente pior do que da água recebida na captação.

Bardach esclarece, em relação aos dados a seguir apresentados, que:

Sistemas extensivos não necessitam da adição de alimento e fertilizante;

sistemas semi-intensivos necessitam de alguma adição de alimento e

fertilizante; sistemas intensivos são altamente dependentes de adição de

alimentos; possíveis conseqüências ao ambiente, devido à transferência de

espécies exóticas são possíveis em todos os sistemas descritos; e, aumentos de

Glaucio Gonçalves Tiago

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

produção pesqueira não foram incluídos devido à falta de exemplos oriundos

de países em desenvolvimento (1977b).

Assim, apresenta os seguintes impactos ambientais positivos e negativos das

aqüiculturas de países em desenvolvimento, por sistema de aqüicultura:

Quadro 2 - Impactos ambientais por sistema de aqüicultura (BARDACH, 1997)

Sistema Impacto ambiental negativo Impacto ambiental positivo

Aqüicultura Extensiva

1. Criação de algas macrófitas - Possibilidade de ocupar recifes vir-gens; perdas devido a tempestades; competição de mercado; conflitos sociais de uso.

- Lucro financeiro; geração de empregos; produção exportá-vel.

2. Criação de moluscos bivalves (ostras, vieiras, mexilhões, berbigões)

- Riscos à saúde pública e resistência ao consumo (doenças viróticas e mi-crobianas, marés vermelhas, poluição industrial); perdas devido a tempes-tades; diminuição de sementes; com-petição de mercado especialmente para exportação; conflitos sociais de uso.

- Lucro financeiro; geração de empregos; produção exportá-vel; aumento nutricional di-reto.

3. Tanques de aquicultura em áreas cos-teiras: tainhas; "milkfish"; camarões; tilápias

- Destruição de ecossistemas (especi-almente manguezais); perda de com-petitividade devido à intensificação dos sistemas de criação; perda de sustentabilidade com aumento de crescimento populacional; conflitos sociais de uso.

- Lucro financeiro; geração de empregos; produção exportá-vel (camarões); aumento nu-tricional direto.

4. Tanques-rede e cercados em águas eutróficas e/ou sobre o fundo

- Exclusão de pescarias tradicionais; riscos à navegação; conflitos sociais de uso; dificuldade de gerenciamen-to; consumo de madeira.

- Lucro financeiro; geração de empregos; aumento nutricio-nal.

continua

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 26: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

continuaçãoAqüicultura Semi-intensiva

1. Tanques de aqüicultura de águas doce e estuarina (camarões e pitus, carpas, bagres, "milkfish", tainhas, tilápias)

- Água doce: riscos à saúde dos aqüi-cultores por água contaminada com patógenos.- Água estuarina: salinização e/ou acidificação do solo e/ou aqüíferos.- Ambas: competição de mercado (es-pecialmente para exportação); con-flitos sociais de uso.

- Lucro financeiro; geração de empregos; produção exportá-vel (camarões); aumento nu-tricional direto. - Preços acessíveis para ali-mentação e fertilização dos tanques.

2. Aqüicultura e agricultura integradas (rizipiscicultura, gado com avipiscicul-tura; frutipiscicultura; outras combina-ções)

- Riscos à saúde dos aqüicultores por água contaminada com patógenos, resistência ao consumo de produtos criados com alimentação oriunda de excreções animais; competição pelo uso dos insumos de alimentação como excreção do gado e cereais, acumulação de substâncias tóxicas de rações para o gado (metais pesados) no sedimento dos tanques; acumula-ção de pesticidas em peixes.

- Lucro financeiro; geração de empregos; aumento nutricio-nal; interações sinergéticas entre agricultura, pecuária e aqüicultura; reciclagem de resíduos agrícolas e outros.

3. Piscicultura utilizando efluentes de outras atividades

- Riscos à saúde dos aqüicultores por água contaminada com patógenos; resistência ao consumo.

- Lucro financeiro; geração de empregos; aumento nutricio-nal direto; transformação de reservatórios de detritos em unidades produtivas e depura-doras.

4. Tanques-rede e cercados, especial-mente em águas eutróficas ou ricas em bentos (carpas, bagres, “milkfish”, tilá-pias)

- Exclusão de pescarias tradicionais; riscos à navegação; conflitos sociais de uso; dificuldade de gerencia-mento; consumo de madeira.

- Lucro financeiro; geração de empregos; aumento nutricio-nal direto.

Aqüicultura intensiva

1. Tanques de aqüicultura de águas doce, estuarina e marinha (camarões e pitus); peixes, especialmente carnívoros (bagres, enguias, garoupas, pargos, etc...)

- Drenagem/efluente com alta De-manda Bioquímica de Oxigênio (DBO) e sólidos em suspensão; com-petição de mercado, especialmente para exportação; conflitos sociais de uso.

- Lucro financeiro; geração de empregos; produção exportá-vel.

2. Tanques-rede e cercados em corpos de águas doce, estuarina e marinha (especialmente peixes ósseos carnívoros - garoupas, pargos, etc..., mas também onívoros como a carpa comum)

- Acumulação de sedimento anóxico embaixo dos tanques-rede devido a fezes e restos de alimento; competi-ção de mercado, especialmente para exportação; conflitos sociais de uso; consumo de madeira e de outros ma-teriais.

- Lucro financeiro; produção exportável (carnívoros pos-suem alto preço); uso de pouca mão-de-obra.

3. Outros ("raceways", silos, tanques, etc...)

- Drenagem/efluente com alta De-manda Bioquímica de Oxigênio (DBO) e sólidos em suspensão; mui-tos problemas locacionais específicos.

- Lucro financeiro; produção exportável ; uso de pouca mão-de-obra.

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

Shang & Tisdell (1997) apresentam, de maneira genérica, os seguintes possíveis

impactos ambientais e sócio-econômicos gerados pelo desenvolvimento de atividades

aqüícolas:

Quadro 3 - Impactos ambientais e sócio-econômicos na aqüicultura (SHANG &TISDELL, 1997)

Atividades Impactos possíveis

1. Conversão de mangues em tanques para aqüicultura Redução de produtos do mangueRedução na produção pesqueiraErosão da costaDesemprego causado por falta de especialização de mão-de-obraCrescimento da oferta de produtos aqüícolas

2. Conversão de áreas agrícolas em tanques para aqüicultura

Redução da oportunidade de produção agrícolaDesemprego causado por falta de especialização de mão-de-obraEscassez de alimentos essenciaisCrescimento da oferta de produtos aqüícolas

3. Uso de água de superfície e subterrânea Redução na irrigação de plantaçõesrecalque do soloIntrusão de água salgada em corpos aquáticos e em áreas agrícolasSalinização de aqüíferos de água doce

4. Uso de descarga de efluentes Redução de produção aqüícola a jusanteAuto-poluiçãoPoluição de água

5. Uso de produtos químicos, antibióticos e hormônios Riscos à saúde pública

6. Introdução de espécies exóticas Alteração da biodiversidadeIntrodução de doenças

7. Aqüicultura intensiva em larga escala Conflitos com aqüicultores de pequena escalaDistribuição desigual de rendaDesemprego causado por falta de especialização de mão-de-obra

8. Aqüicultura em tanques-rede e cercados Redução de pressão sobre áreas terrestres e águaRedução da produção pesqueira na mesma área devido a poluiçãoConflitos relativos a pesca, navegação, recreação, paisagem, etc...

continua

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

continuação

9. Demanda por alimento e fertilizante Competição resultando em alta de preços destes insumos para outras atividadesCrescimento de empregos nas empresas produtoras destes insumos

10. Maricultura Preservação de estoques naturaisRedução de pressão sobre áreas terrestres e águaCrescimento de produção de espécies marinhas

11. Aqüicultura de peixes ornamentais Preservação de estoques naturaisAumento de exportaçõesAumento do número de empregos

12. Aumento da produção geral da aqüicultura Mais produtos aqüícolas e queda de preços destes produtosAumento do número de empregos nas áreas de produção, mercado, processamento, etc...Aumento de lucros em moedas estrangeirasConflitos com outras atividades econômicas

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

IMPACTOS AMBIENTAIS GERADOS POR RESÍDUOS PRODUZIDOS PELA AQÜICULTURA

Considerando-se os resíduos produzidos pelas atividades de aqüicultura,

identificam-se três principais fontes: restos de alimento, excreções e produtos químicos e

terapêuticos. Em estudo sobre a geração de resíduos na produção de animais aquáticos,

com especial atenção à importância ambiental, Beveridge et al. (1991) examinaram

métodos de cultura e espécies cultivadas, apresentando os seguintes resultados:

Quadro 4 - Estimativas de perda de alimentos em criações intensivas de salmonídeos (BEVERIDGE et al., 1991).

Sistema Espécie Tipo de Alimento

Método deAlimentação

% de perda Referência

Tanque Truta arco-íris Restos de peixes Manual 10 - 30 Warren-Hansen, 1982

Tanque Truta arco-íris "pellets" úmidos Automático 5 - 10 Warren-Hansen, 1982

Tanque Truta arco-íris "pellets" secos Automático 1 -5 Warren-Hansen, 1982

Tanque-rede de água doce

Salmão Atlântico

"pellets" úmidos e secos

* 30 Penczak et al., 1982

Tanque-rede marinho

Salmão Atlântico

"pellets" úmidos e secos

* 20 Braaten et al., 1983

Tanque-rede marinho

Salmão Atlântico

"pellets" secos * 15 - 20 Gowen & Bradbury, 1983

(*) Não mencionado

Nota-se com os dados anteriormente expostos que a produção de resíduos através

de restos de alimento nas criações é consideravelmente maior em tanques-rede do que em

tanques em terra firme.

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Page 30: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

Quadro 5 -Taxas de excreção de nitrogênio, amônia e uréia por espécie aquática cultivada (BEVERIDGE et al. 1991).

Espécies Composto Produção ReferênciasMoluscosMytilus edulis N total 0,07-3,8 mg N kg-1 h-1 Kautsky & Wallentinus (1980)

CrustáceosPenaeus esculentus N

NH3

17-27 µg N g-1dia-1

6-40 µg NH3 g-1dia-1

Dall & Smith (1986)

"

PeixesSalmo gairdneri NH3

NH3

Uréia

Total

20-78,5 g N kg food-1dia-1

433-895 mg NH3 kg-1dia-1

73-474 mg uréia kg-1dia-1

511-958 mg N kg-1dia-1

Meade (1985);

Kaushik (1980)

"

"Salvelinus fontinalis NH3 3,2-3,6 mg NH3-N kg-1h-1 Paulson (1980)Oncorhynchus nerka NH3 8,2-35 mg N kg-1h-1 Brett & Zala (1975)Anguilla anguilla NH3

Uréia

5-50 mg N kg-1h-1

0-25 mg N kg-1h-1

Knights (1985)

"Anguilla rostrata NH3 7-17 mg N kg-1h-1 Gallager & Mathews (1987)Gadus morhua NH3 12,3-41,2 mg N kg-1h-1 Ramnarine et al. (1987)Cyprinus carpio NH3 110-581 mg N kg-1dia-1 Kaushik (1980)Oreochromis mossambicus NH3 1,72 mg N kg-1h-1 Musisi (1984)Oreochromis niloticus NH3 1,7-9,4 mg N kg-1h-1 McKinney (pers. comn.)Sparus aurata NH3 25,2-70 mg N kg-1h-1 Porter et al. (1987)

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Page 31: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

Quadro 6 - Produtos químicos e terapêuticos usados na aqüicultura (BEVERIDGE et al.1991)

TIPO COMENTÁRIOS

TERAPÊUTICOS-Parasiticidas (e.g. neguvon ®, formalina, verde de

malaquita)-Antimicrobianos (e.g. exitetraciclina, furazolidona)

Amplamente utilizados, sendo que muitos são controlados por legislação.

VACINAS Muito comercializados e disponíveis para doenças de salmonídeos.

HORMÔNIOS(e.g. metiltestosterona, LHRH, HCG)

Amplamente utilizados em larviculturas de carpa e tilápia.

PIGMENTOS(e.g. carotenóides sintéticos)

Na Europa, o uso destes pigmentos está sendo revisto.

ANESTÉSICOS(e.g. MS222, benzocaína, CO2)

Amplamente utilizados em pequenas quantidades

DESINFETANTES(e.g. compostos de iodo, hipoclorito)

Amplamente utilizados.

QUÍMICOS PARA TRATAMENTO DE ÁGUA-Oxidantes (e.g. permanganato de potássio)

Não muito utilizado.

-Reguladores de pH(e.g. limão, ácidos)

Usado ocasionalmente na captação de água.

-Herbicidas e algicidas(e.g. sulfato de cobre)

Amplamente utilizado.

-Pesticidas(e.g. dipterex)

Usado em aqüicultura tropical.

-Controle de predadores(e.g. torta de sementes de chá, rotenona)

Usado em carcinicultura.

ANTI-INCRUSTANTES(e.g. tributyltin, cobre)

Usado em tanques-rede e cercados.

ADITIVOS PLÁSTICOS(e.g. estabilizantes, pigmentos, absorvedores de UV)

Presentes em plásticos e isopor.

Beveridge et al. consideram, ainda, que:

O uso de produtos químicos varia muito em função da espécie cultivada, da

intensidade de cultivo e da localização da aqüicultura. Embora esses produtos

sejam amplamente utilizados, existe, ainda, um pequeno número de estudos

voltados à quantificação de produtos químicos utilizados na aqüicultura

(1991).

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Page 32: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

Bardach (1997c) apresenta estudo de caso desenvolvido nas águas da Finlândia por

Roshental (1985), e, baseado em trabalho de Sumari (1982), os tipos de efeitos dos

efluentes oriundos de pisciculturas e o número de suas ocorrências:

Quadro 7 - Tipos de efeitos dos efluentes oriundos de pisciculturas e o número de suas ocorrências na Finlândia (BARDACH, 1997)

Efeitos Nº de ocorrências %

Eutrofização 22 24,4Aumento de compostos fosfóricos 15 16,7Crescimento de populações bacterianas 11 12,2Queda na quantidade de oxigênio 9 10,0Florações de algas 8 8,9Deposição de detritos de fungos e de sólidos 5 5,6Aumento de clorofila - a 4 4,4Aumento de macrófitas 3 3,3Aumento da turbidez da água 2 2,2Odores anormais 2 2,2Peixe com gosto ruim 2 2,2Água não potável 2 2,2Restrições no uso da água potável 1 1,1Mortandade de peixes 1 1,1Mudanças na fauna bêntica 1 1,1Poluição em armadilhas de pesca 1 1,1Deterioração de pescas 1 1,1

Total 90 100

A maioria dos empreendimentos utiliza grande quantidade de água, produzindo-se,

assim, efluentes em grande volume. Beveridge et al., entretanto, afirmam que:

Os efluentes da aqüicultura tendem a apresentar baixas concentrações de

resíduos quando comparados com efluentes de outras atividades, sendo que os

parâmetros tipicamente medidos em relação aos efluentes oriundos da

atividade aqüícola incluem sólidos em suspensão (SS), demanda bioquímica de

oxigênio (DBO), demanda química de oxigênio (DQO), amônia (NH3), fósforo

(P) e oxigênio dissolvido (OD). Níveis de bactéria e de produtos químicos ou

terapêuticos nos efluentes não são rotineiramente mensurados. Estudos

efetuados nas aqüiculturas européias demonstram que estes efluentes

apresentam cerca de 9 mg l-1 de sólidos em suspensão, 4 mg l-1 5-dias DBO, 18

mg l-1 de DQO, menos de 1,0 mg l-1 de amônia (NH3), 1,0 mg l-1 de nitrogênio

oxidado e 0,1 mg l-1 de fósforo fosfatado (1991).

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 33: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

Impacto da Aqüicultura nos Recursos Hídricos

A água é essencial para todas as formas de aqüicultura. Neste sentido, o

crescimento da demanda de água gerado pelo crescimento da indústria aqüícola está

resultando em um aumento de competição pelos limitados recursos hídricos.

Phillips et al. (1991) apresentam a produção aqüícola mundial (toneladas métricas)

por tipo de recurso hídrico no ano de1986.

Quadro 8 - Produção aqüícola mundial em toneladas métricas por tipo de recurso hídrico, no ano de 1986 (PHILLIPS et al. 1991)

Volume de água Produção aqüícola de 1986 em toneladas métricas

(1012 m3) Peixes Moluscos Crustáceos AlgasLagos de água doce 125,00 - - - -

Rios e Canais 1,25 4.820.880 9.682 117.200 -

Água subterrânea 8.250,00 - - - -

Lagos salinos e Mares internos

105,00 - - - -

Umidade do solo 65,00 - - - -

Atmosfera 13,00 - - - -

Calotas polares, geleiras e neve

29.200,00 - - - -

Mares e Oceanos 1.320.000,00 375.267 3.199.452 266.193 2.626.572

Os mesmos autores, através de compilação dos trabalhos referenciados no quadro a

seguir, apresentam as necessidades de água por produção (toneladas métricas) de várias

espécies e sistemas utilizados na aqüicultura.

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 34: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

Quadro 9 - Relação entre produção aqüícola em toneladas métricas e água requerida por espécies cultivadas e sistemas de produção (PHILLIPS et al. 1991)

Espécie e Sistema Produção(TM/ha/ano)

Água requerida(m3/TM)

Referências

Bagre Africano (Clarias batrachus) em sistema intensivo de tanques (Tailândia)

100-200 50-200 Muir (1981)

Tilápia (Oreochromis niloticus) em sistema extensivo de tanques

0,05-0,3 3.000-5.000 Muir & Beveridge (1987)

Tilápia (Oreochromis niloticus) em sistema de fluxo mínimo de água e alimentados com detritos (Tailândia)

6,8 1.500-2.000 Edwards et al. (1987)

Tilápia (Oreochromis niloticus) em sistema intensivo de tanques com aeração mecânica (Tailândia)

17,4 21.000 Hepher (1985)

Carpa comum, tilápia, tainha e carpa prateada em sistema extensivo de tanques (Israel)

3 12.000 Sarig (1988)

Carpa comum, tilápia, tainha e carpa prateada em sistema semi-intensivo de tanques (Israel)

9 5.000 Sarig (1988)

Carpa comum e tilápia em sistemas intensivos de tanques (Israel)

20 2.250 Sarig (1988)

Carpa comum em sistema intensivo de tanques de derivação (Japão)

1.443 740.000 Kawamoto (1957), apud Hepher (1985)

Bagre (Ictalurus punctatus) em sistema intensivo de tanques (USA)

3 6.470 Boyd (1982)

Bagre (Ictalurus punctatus) em sistema intensivo de tanques de derivação (USA)

- 14.500-29.000 Beleau (1985)

Aqüiculturas européias variadas - 15.768-5.544.029 Alabaster (1982)

Truta arco-íris (Salmo gairdneri) em sistema intensivo de tanques de derivação (USA)

150 210.000 Bardach et al. (1972)

Salmonídeos em sistema de tanques-rede e de tanques (Inglaterra)

- 252.000 Solbe (1982)

Salmonídeos em sistema de tanques-rede (Escócia)

40-200 2.260.000 Present study

Camarões peneídeos em sistema semi-intensivo de tanques (Taiwan)

4,2-11 11.000-21.430 Wickins (1986) e Chien et al. (1988)

Camarões peneídeos em sistema intensivo de tanques (Taiwan)

12,6-27,4 29.000-43.000 Wickins (1986) e Chien et al. (1988)

Camarões peneídeos em sistema intensivo de tanque de derivação (México)

11,8 55,125 Salser et al. (1978)

Phillips et al. (1991) apresentam quadro de comparação de necessidades de água

entre sistemas de produção aqüícola e sistemas de produção industrial e agropecuária,

Glaucio Gonçalves Tiago

34

Page 35: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

modificado de estudos originalmente desenvolvidos por Schwab et al. (1971) e Muir &

Beveridge (1987).

Quadro 10 - Água requerida por sistemas de produção aqüícola e sistemas de produção industrial e agropecuária com os respectivos valores de produto e de água (PHILLIPS et al. 1991).

Produto

Água requerida

(m3/TM e m3/m3)

Valor nominal do

produto (US $)

Valor da água

(US $/ m3)Álcool 125-170 2.000/m3 12-16Papel 9-450 300/TM 0,7-33Petróleo 21,6-810 500/m3 0,6-23Aço 8-250 200/TM 0,8-25Algodão 90-450 1.000/ TM 2,2-11Criação de gado 42 2.000/TM 48Criação de porco 54 2.000/TM 37AqüiculturaTanques de camarão 11.000-55.000 6.000-12.000/TM 0,1-1,1Salmonídeos 252.000 1.650-4.000/TM 0,006-0,018Tanques de bagres / Channel Catfish 6.470 1.650/TM 0,25Tanques de bagres Clarias 50-200 1.000/TM 5-20

Segundo Muir:

A densidade de estocagem em sistemas intensivos de aqüicultura pode ser

incrementada através de sistemas de tratamento de água, que podem ir de uma

simples aeração nos tanques até a reciclagem de água acompanhada de

filtragem biológica, remoção de sólidos e oxigenação (1982).

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 36: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

Como sistemas intensivos de aquicultura contribuem com a melhoria e a economia

dos recursos hídricos, Phillips et al. (1991) apresentam valores de necessidade de água

para sistemas intensivos de produção de salmonídeos, com diversos graus de reciclagem de

água.

Quadro 11 - Relação entre consumo de água e porcentagem de reciclagem de água em sistemas intensivos de produção de salmonídeos (PHILLIPS et al. 1991)

% de reciclagem de água Água requerida (m3/TM)0 200.00080 40.00090 20.00095 10.000

99 2.000

Conforme as várias informações por nós coletadas e aqui apresentadas, verificou-se

a existência de grande quantidade de dados disponíveis na literatura mundial sobre

aqüicultura sustentável, que podem fornecer parâmetros confiáveis para a consolidação de

padrões de indicadores de impactos ambientais gerados por atividades de aqüicultura.

Neste sentido, tais dados devem ser utilizados para o planejamento e regulamentação da

atividade aqüícola.

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 37: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

IMPACTOS AMBIENTAIS SOBRE A AQÜICULTURA

A questão dos impactos ambientais sobre a aqüicultura é tratada ainda de forma

incipiente na bibliografia específica sobre aqüicultura, sendo encontrada através de

trabalhos científicos que estabelecem e analisam padrões ótimos de produtividade para

organismos e sistemas utilizados na atividade.

Pillay, em seu livro “Aqüicultura e Meio Ambiente”, pondera que:

Embora se trate mais dos impactos que a aqüicultura infere ao meio ambiente,

é relevante considerar a informação disponível sobre os níveis mínimos de

qualidade de água necessários para a manutenção da aqüicultura. Nesse

sentido, os níveis mínimos de tolerância de qualidade de água dependem

muito, também, das espécies cultivadas, especialmente no que diz respeito à

temperatura e salinidade (1992).

Entratanto Neill & Bryan (1991) consideram que os limites de oxigênio e

temperatura que controlam o metabolismo de peixes são, juntos, as duas variáveis

ambientais determinantes e dominantes de cada nicho ambiental de peixes, sendo estes

nichos ativamente mantidos ou eliminados através de processos de comportamento de

regulação ambiental e de aclimatação fisiológica.

Em relação aos níveis de oxigênio dissolvido, Pillay afirma que:

Nas criações de salmonídeos e de crustáceos de águas quentes, o nível de

oxigênio dissolvido requerido não pode situar-se abaixo de 5 mg/l por muito

tempo. Criações de enguias, carpas e tilápias podem tolerar baixos níveis de

oxigênio dissolvido, variando entre 3 e 4 mg/l (1992).

Boyd (1981) considera que peixes de águas quentes podem sobreviver com níveis

de oxigênio dissolvido abaixo de 1 mg/l, mas seu crescimento é afetado negativamente por

uma exposição prolongada a estes níveis, pois os níveis de oxigênio dissolvido desejados

encontram-se acima de 5 mg/l.

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 38: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

O custo energético para manutenção do balanço interno de sal pode ser um fator

limitante para o crescimento quando a energia dos nutrientes é utilizada para a osmo-

regulação. Muitas espécies de peixes de água doce não toleram níveis moderados de

salinidade, mas níveis baixos de salinidade, entre 2 e 4 º/oo, podem melhorar a

performance de crescimento destes peixes (STICKNEY, 1991).

Stickney relata, ainda, que:

A prática da aqüicultura de peixes em águas estuarinas e marinhas exige

grande atenção aos níveis de salinidade apropriados a este tipo de produção.

Conte (1969) em revisão de literatura, mostra que a taxa de ingestão de água

por peixes teleósteos em ambientes marinhos varia de 0,3 a 1,5% do peso

corpóreo por hora (1991).

Algumas taxas de ingestão relatadas nesta revisão literária são as seguintes:

Quadro 12 - Taxa de ingestão de água por peixes teleósteos em ambientes marinhos (STICKNEY, 1991).

Espécie Taxa de ingestãoEnguia americana (Anguilla rostrata) 2,77 ml/h/kg

Truta arco-íris (Salmo gairdneri) 5,37 ml/h/kg

Linguado (Paralichthys lethotigma) 10,00 ml/h/kg

Tilápia (Tilápia mossambica) 234,00 ml/h/kg

A acumulação de amônia e dióxido de carbono e as mudanças associadas de pH na

água constituem sério problema na aqüicultura, especialmente em sistemas intensivos de

produção com recirculação de água. Peixes, em geral, não toleram níveis de pH da água

fora da amplitude 5,0-9,0, bem como não toleram grandes mudanças nos níveis corpóreos

de pH e amônia (Randall, 1991). Nesse sentido, Boyd (1981) determina que os níveis de

pH desejáveis para a criação de peixes de águas quentes estejam situados entre 6,5 e 9,0 ao

amanhecer, sendo os pontos de tolerância de pH máximos para a sobrevivência dos peixes

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 39: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

estão situados em 4,0, para o ponto ácido de morte, e em 11,0, para o ponto alcalino de

morte.

A amônia não ionizada (NH3) é tóxica para peixes, enquanto o íon amônia (NH4+)

não é tóxico (BOYD, 1981). De acordo com a European Inland Fisheries

Commission/EIFAC (1973), os níveis de toxicidade aguda para amônia não ionizada

situam-se usualmente entre 0,6 e 2,0 mg NH3/l. Amônia não ionizada torna-se mais tóxica

quando associada a baixa concentração de oxigênio dissolvido no ambiente aquático, mas

isto possui pouca importância em tanques de criação, pois a toxicidade decresce com o

aumento da concentração de dióxido de carbono (PILLAY, 1992). Embora a amônia seja

tóxica para os peixes, ela é um composto comum em muitos corpos aquáticos por ser um

produto de ocorrência natural proveniente da degradação metabólica. Adicionalmente, a

amônia é freqüentemente lançada aos corpos aquáticos por atividades industriais, urbanas e

agrícolas.

Russo & Thurston (1991), evidenciando a existência de alguma variação na

suscetibilidade de peixes aos efeitos tóxicos agudos da amônia, apresentam, através da

compilação de vários trabalhos científicos, e por espécie de peixe, a amplitude de valores

de toxicidade aguda, representativa para amônia (NH3) não-ionizada em valores de 96

horas de exposição a concentração letal média (96-h LC50), conforme apresentados

adiante.

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 40: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

Quadro 13 - Valores de toxicidade aguda representativa para amônia (NH3) por espécie de

peixe (RUSSO & THURSTON, 1991).

Espécies 96-h LC50(mg/l NH3)

Referência

Salmão rosa (Oncorhynchus gorbusha) 0,08-0,10 Rice & Bailey (1980)

"Mountain whitefish" (Prosopium williamsoni 0,14-0,47 Thurston & Meyn (1984)

Truta marrom (Salmo truta) 0,50-0,70 Thurston & Meyn (1984)

Truta arco-íris (Oncorhynchus mykiss) 0,16-1,10 Broderius & Smith (1979)DeGraeve et al. (1980)Calamari et al. (1981)Thurston & Russo (1983)

"Largemouth bass" (Micropterus salmonides) 0,90-1,40 Rosebomm & Richey (1977)

"Smallmouth bass" (Micropterus dolomieui) 0,69-1,80 Broderius et al. (1985)

Carpa comum (Cyprinus carpio) 2,20 Hasan & Macintosh (1986)

"Red Shiner" (Notropis lutrensis) 2,80-3,20 Hazel et al. (1979)

"Fathead minnow" (Pimephales promelas) 0,75-3,40 Thurston et al. (1983)

"Channel catfish" (Ictalurus punctatus) 0,50-3,80 Colt & Tchobanoglous (1976)Roseboom & Richey (1977)Arthur et al. (1987)

"Bluegill" (Lepomis macrochirus) 0,55-3,00 Emery & Welch (1969)Roseboom & Richey (1977)

Na estatística disponível, os salmonídeos aparecem como os mais sensíveis a

exposição aguda de amônia, enquanto os centrarquídeos, bagres e algumas outras espécies

de pequeno porte são mais tolerantes. Adicionalmente às diferenças de suscetibilidade

entre espécies de peixes, existem também diferenças de suscetibilidade relativas aos

diferentes estágios de vida de peixes de uma mesma espécie, ressaltando-se, ainda, que

muitos outros fatores podem afetar a toxicidade da amônia, como: pH do ambiente;

oxigênio dissolvido; temperatura; salinidade e composição iônica; aclimatação prévia e

exposição intermitente; e presença de outros tóxicos (RUSSO & THURSTON, 1991).

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 41: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

Os nitritos, também tóxicos aos peixes, não são comuns em concentrações tóxicas

nos corpos aquáticos naturais, entretanto, nos sistemas de aqüicultura, onde os níveis de

concentração de amônia são altos, os níveis de nitrito têm grande probabilidade de alcançar

valores tóxicos. Já os nitratos, que estão geralmente presentes na maioria das águas

oligotróficas superficiais, são relativamente não-tóxicos aos peixes e onde aparecem em

altas concentrações podem ocasionar problemas, por contribuir com a eutrofização do

ambiente, e não propriamente por sua toxicidade (RUSSO & THURSTON, 1991).

Russo & Thurston (op. cit.) apresentam, por espécie de peixe, as seguintes

amplitudes de valores de toxicidade aguda representativa para nitrito (NO2-N), em valores

de 48 ou 96 horas de exposição a concentração letal média (48 ou 96-h LC50), ressaltando

que os dados apresentados revelam variação muito grande na amplitude dos resultados não

só entre famílias diferentes de peixes, como entre peixes de mesma família:

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 42: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

Quadro 14 - Valores de toxicidade aguda representativa para nitrito (NO2-N) por espécie de peixe (RUSSO & THURSTON, 1991)

Espécie 48 ou 96-h LC50(mg/l NO2-N)

Referência

Truta arco-íris (Oncorhynchus mykiss) 0,19-0,39 Russo et al. (1974)Brown & MacLeay (1975)

Truta "cutthroat" (Salmo clarki) 0,48-0,56 Thurston et al. (1978)

Salmão "chinook" (Oncorhynchus tshawytscha) 0,88 Westin (1974)

Carpa comum (Cyprinus carpio) 2,60 Hasan & Macintosh (1986)

"Channel catfish" (Ictalurus punctatus) 7,10-13,00 Konikoff (1975)Colt & Tchobanoglous (1976)Palachek & Tomasso (1984)

"Labyrinth catfish" (Clarias lazera) 28,00-32,00 Hilmy et al. (1987)

"Fathead minnow" (Pimephales promelas) 2,30-3,0043,00

Russo & Thurston. (1977)Palachek & Tomasso (1984)

Peixe dourado (Carassius auratus) 52,00 Tomasso (1986)

"Bluegill" (Lepomis macrochirus) 80,00 Tomasso (1986)

"Largemouth bass" (Micropterus salmonides) 140,00 Palachek & Tomasso (1984)

"Smallmouth bass" (Micropterus dolomieui) 160,00 Tomasso (1986)

"Green sunfish" (Lepomis cyanellus) 160,00 Tomasso (1986)

"Guadalupe bass" (Micropterus treculi) 190,00 Tomasso & Carmichael(1986)

Russo & Thurston afirmam ainda que:

As grandes amplitudes de sensibilidade apresentadas podem ser atribuídas à

diferenças na química da água dos testes de bioensaio e às diferenças

fisiológicas das espécies estudadas. Conforme os dados apresentados, os

salmonídeos aparentam ser o grupo de peixes mais suscetível à toxicidade do

nitrito (1991).

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 43: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

Pillay (1992) considera que a informação disponível sobre os limites seguros de

nitritos (NO2) é muito limitada, e os níveis máximos sugeridos para exposições

prolongadas em corpos de água doce é 0,1 mg/l, enquanto que, para nitrato (NO3), os

níveis sugeridos encontram-se abaixo de 100 mg/l.

Ressaltando que o nitrato é relativamente não tóxico a peixes e que portanto, não

existem muitos trabalhos de sua toxicidade na literatura mundial, Russo & Thurston (1991)

apresentam, através de compilacões por espécie de peixe, as seguintes amplitudes de

valores de toxicidade aguda representativa para nitrato (NO3-N), em valores de 96 horas de

exposição a concentração letal média (48 ou 96-h LC50).

Quadro 15 - Valores de toxicidade aguda representativa para nitrato (NO3-N) por espécie de peixe (RUSSO & THURSTON, 1991).

Espécie 96-h LC50(mg/l NO3-N)

Referência

"Guppy" (Poecilia reticulata) 180,00-200,00 Rubin & Elmaraghy (1977)

"Guadalupe bass" (Micropterus treculi) 1260,00 Tomasso & Carmichael (1986)

Salmão "chinook" (Oncorhynchus tshawytscha) 1310,00 Westin (1974)

Truta arco-íris (Oncorhynchus mykiss) 1360,00 Westin (1974)

"Channel catfish" (Ictalurus punctatus) 1400,00 Colt & Tchobanoglous (1976)

"Bluegill" (Lepomis macrochirus) 420,00-2000,00 Trama (1954)

Os dados acima expostos demonstram a aparente incoerência entre os resultados

obtidos através de variadas condições experimentais e analíticas. Considerando-se as

diferenças encontradas nestes dados como impecílios à construção de uma legislação que

permita uma gestão ambiental responsável da aqüicultura, maiores estudos sobre estes

impactos e padronizações de métodos de análise são necessários.

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 44: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

AQÜICULTURA SUSTENTÁVEL

Dada a multiplicidade de definições e abordagens do que podemos entender como

“desenvolvimento sustentável”, primeiramente, para uma melhor contextualização

interpretativa, apresentamos algumas definições de desenvolvimento sustentado

encontradas na literatura atual sobre meio ambiente:

1) World Commission of Environment and Development - WCED (1987)

Desenvolvimento sustentado é o desenvolvimento que supre as necessidades do

presente sem o comprometimento da capacidade das futuras gerações em suprir suas

próprias necessidades.

2) Food and Agriculture Organization of the United Nations - FAO (1991)

Desenvolvimento sustentado é o gerenciamento e a conservação da base de

recursos naturais, e a orientação da mudança tecnológica e institucional na maneira

como assegurar a presente e contínua satisfação das necessidades humanas para a

presente e as futuras gerações. Este desenvolvimento sustentado (em agricultura, floresta

e pesca) conserva solo, água, recursos vegetais e animais, sendo não degradante do meio

ambiente, tecnicamente apropriada, economicamente viável e aceitável socialmente.

3) Costanza (1991)

Sistemas sustentáveis são aqueles que garantem: a continuação da vida humana

indefinidamente; a prosperidade dos indivíduos humanos; e o desenvolvimento das

culturas humanas, sendo que, ao mesmo tempo, os efeitos das atividades humanas

mantenham-se dentro de limites que não importem em riscos de destruição da diversidade,

da complexidade e das funções dos sistemas de suporte ecológico da vida.

4) Pillay (1992)

A definição de desenvolvimento sustentado proposta pela FAO (1990) parece ser

facilmente aplicável, também, ao desenvolvimento sustentável da aqüicultura.

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 45: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

5) Tundisi (1997)

O conceito de desenvolvimento sustentado implica em que a exploração dos

recursos naturais deve ser feita em condições tais, que as futuras gerações possam utilizar

esses recursos e beneficiar-se de um processo contínuo e equilibrado, no qual a redução

das desigualdades econômicas e sociais, a diminuição da pobreza, sejam metas

fundamentais. Além disso, a preservação e restauração dos ecossistemas naturais, a

reciclagem de materiais e o deslocamento das prioridades de um crescimento quantitativo

para um crescimento qualitativo tem um papel importante. O crescimento tecnológico

deve levar em conta, sem dúvida, o componente ambiental, e deve-se, insistentemente,

procurar uma conciliação permanente entre as duas tendências: o crescimento

quantitativo e o crescimento qualitativo.

6) Brasil / MMA (1997b)

As diretrizes para o desenvolvimento da aqüicultura responsável que se encontram

em FAO (1994) têm como objetivo facilitar a identificação das responsabilidades, deveres

e obrigações dos governos, das autoridade e das pessoas envolvidas com a atividade de

aqüicultura, e são essenciais para apoiar e garantir a contribuição sustentável desta

atividade para a segurança alimentar, a mitigação da pobreza e o bem estar sócio-

econômico das gerações futuras e atuais.

_______________________________________________________

No que diz respeito à bibliografia disponível sobre aqüicultura sustentável:

I) Lynam & Herdt consideram que:

“Sustentabilidade” é um conceito usual no desenvolvimendo de

planejamentos. Entretanto, e até certo ponto, “sustentabilidade” é um

conceito indefinido, apresentando diferentes significados sob óticas distintas.

Ambientalistas definem, como sistemas sustentáveis de agricultura e

aqüicultura, aqueles que sempre produzam mudanças não negativas nos

estoques de recursos naturais e na qualidade ambiental. Economistas, por sua

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 46: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

vez, definem, como sistemas sustentáveis de agricultura e aqüicultura, aqueles

que produzam tendências não negativas no fator total de produtividade social

(definida como o valor total da produção do sistema durante um ciclo

produtivo, dividido pelo valor total de todos os custos necessários à produção

durante este ciclo) (1989).

II) Leung & El-Gayar afirmam que:

Parece-nos óbvio que a sustentabilidade na produção de alimentos aquáticos

pode ser descrita usando ambos os princípios ecológicos e econômicos e

possivelmente conceitos sociais. Embora uma definição única integrando a

interdependência das questões ecológicas, econômicas e sociais seja difícil de

ser alcançada, existe uma acordância na qual, para um sistema de produção

aquático ser sustentável, ele deve ter a oportunidade de se implantar, produzir

e ser renovado sem impactos ambientais negativos. Em outras palavras,

sustentabilidade é uma meta através da qual um sistema aquático possa

produzir, de maneira continuada, pelas gerações vindouras. Uma aqüicultura

sustentável deve ser economicamente viável, ecologicamente (ambientalmente)

saudável e socialmente (politicamente) aceitável. Um empreendimento

aqüícola ambientalmente saudável, que falhar em proporcionar um padrão

aceitável de vida para o produtor, não terá longa duração, assim como,

similarmente, um empreendimento aqüícola que tiver alta produção através de

grande exploração e degradação ambiental estará destinado a falir

rapidamente. Nesse sentido, é claro que um empreendimento aqüícola

sustentável deve buscar suas metas econômicas, ambientais e sociais de

maneira simultânea (1997).

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 47: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

III) Corbin & Young consideram que:

As metas de desenvolvimento sustentável da expansão aqüícola providenciam

um entendimento de como as aqüiculturas existentes no mundo devem se

comportar e como as novas atividades aqüícolas devem ser planejadas e

gerenciadas. Uma aqüicultura sustentável deve possuir como metas, portanto:

a) Conservar os recursos naturais e a biodiversidade;

b) Buscar a menor degradação ambiental;

c) Utilizar técnicas e tecnologias apropriadas à sua localização e situação;

d) Gerar lucro ou benefícios econômicos;

e) Causar a menor degradação social e conflitos;

f) Contribuir com as necessidades das comunidades (1997).

IV) Insull & Shehadeh consideram que:

Para assegurar sustentabilidade e incrementar a contribuição da aqüicultura

à segurança alimentar, deve existir políticas que assegurem o desenvolvimento

sustentável da atividade aqüícola através de:

a) Proteção do meio ambiente e da biodiversidade;

b) Produção economicamente viável;

c)Utilização e gerenciamento responsável de recursos;

d) Eqüidade na distribuição dos benefícios desenvolvidos.

Sendo estas políticas endereçadas às seguintes macro-áreas políticas:

a) Gerenciamento integrado de recursos;

b) Meio ambiente;

c) Suporte institucional;

d) Desenvolvimento de recursos humanos (1996).

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 48: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

V) Em trabalho sobre os desafios da aqüicultura sustentável, Pillay diz que:

O mais importante desafio da aqüicultura, atualmente, é a necessidade de

assegurar sustentabilidade em uma base duradoura. Igualmente importante,

também, é a aqüicultura ser percebida como sustentável, e, isto, vinculado ao

fato de que a aqüicultura tem de ser, ao menos, economicamente lucrativa, se

não, a aqüicultura comercial não se desenvolverá. Entretanto acontece sempre

que o aqüicultor ou o empreendedor negligencia os benefícios de longo prazo

de suas atividades aqüícolas, as conseqüências de suas demandas sobre os

recursos naturais e os efeitos sociais de suas ações. Após a “Conferência das

Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento de 1992 / Rio-92”,

desenvolvimento sustentável tornou-se um termo essencial, apesar de as

maneiras de se alcançar isto não se encontrarem bem definidas ou

adequadamente entendidas (1996).

VI) Em artigo sobre a sustentabilidade da aqüicultura e as questões ambientais,

Boyd afirma que:

Sustentabilidade é uma palavra inútil dentro do contexto ambiental, porque

ninguém sabe exatamente o que ela significa. Devemos trabalhar arduamente

para substituir o termo sustentabilidade pelo termo gerenciamento ambiental.

O que precisamos para a aqüicultura é consolidar sistemas de gerenciamento

ambiental, para prevenir ou reduzir seus impactos ambientais negativos

(1999).

VII) Hopkins alerta que:

As práticas de aqüicultura variam amplamente entre espécies e áreas. O

gerenciamento e os impactos de criações intertidais de ostras , e. g., são

completamente diferentes em relação às criações de peixes em tanques de

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 49: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

terra. Indubitavelmente, alguns tipos de aqüicultura são mais sustentáveis do

que outros. Assim, reitera-se com a opinião de Insull & Shehadeh (1996) que:

O sistema para o desenvolvimento sustentável da aqüicultura (e, sem dúvida,

de todas as atividades de desenvolmimento) devem observar e incluir os

seguintes princípios:

- Manutenção dos sistemas ecológicos;

- Aumento do bem estar social e econômico;

- Eqüidade inter-geracional;

- Eqüidade intra-geracional;

- Adoção da abordagem precaucional (1996).

No contexto atual verificamos, através das várias abordagens anteriormente

expostas, que ainda é necessária a promoção de ampla discussão do que deve ser um

empreendimento aqüícola ambientalmente sustentável, iniciando-se talvez pelo

estabelecimento de fórum multi e interdisciplinar, específico e permanente, para discussão

da sustentabilidade aqüícola adequada a cada tipo de situação possível e que auxilie

abordagens legislativas heterológicas, participativas e pluridimensionais, que acompanhem

a dinamicidade da obtenção de dados (inclusive os científicos) relativos a esta atividade.

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 50: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

A ABORDAGEM DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA LEGISLAÇÃO RELATIVA À AQÜICULTURA E AOS RECURSOS HÍDRICOS BRASILEIROS

Conforme nossos procedimentos, para a análise da abordagem dos impactos

ambientais na legislação brasileira e em função da evolução desta legislação, foram

considerados os conjuntos de legislação de aqüicultura e pesca das décadas de vinte e

trinta, já revogados, quais sejam, o Decreto n° 16.184 (revogado), de 25 de outubro de

1923 (Aprova e manda executar o Regulamento da Pesca), o Decreto n.° 23.672

(revogado), de 02 de janeiro de 1934 (Aprova o Código de Caça e Pesca), e o Decreto n.°

794 (revogado), de 19 de outubro de 1938 (Aprova e baixa o Código de Pesca). A

legislação positivada de aqüicultura e pesca durante o recente período de 1997 e 1999, e já

revogada, quais sejam, a Portaria IBAMA nº 95-N (revogada), de 30 de agosto de 1993

(Estabelece Normas para o Registro de Aqüicultor), e o Decreto 2.869 (revogado), de 09

de dezembro de 1998 (Regulamenta a Cessão de Águas Públicas para Exploração de

Aqüicultura, e dá outras providências), e a legislação positivada da aqüicultura e pesca em

2006, quais sejam, o Decreto-Lei n.° 221, de 28 de fevereiro de 1967 (Dispõe sobre a

Proteção e Estímulos à Pesca e dá outras providências); a Portaria IBAMA Nº 136 / 1998

(Estabelece Normas para o Registro de Aqüicultor no âmbito do IBAMA); o Decreto Nº

4.895, de 25 de novembro de 2003 (Dispõe sobre a autorização de uso de espaços físicos

de corpos d’água de domínio da União para fins de aqüicultura, e dá outras providências)

(ANEXO 2); Instrução Normativa / SEAP nº 03, de 12 de maio de 2004 (Dispõe sobre

Operacionalização do Registro Geral de Pesca) (ANEXO 1); e o Instrução Normativa

Interministerial Nº 06, de 31 de maio de 2004 (Estabelece as normas complementares para

a autorização de uso dos espaços físicos em corpos d'água de domínio da União para fins

de aqüicultura, e dá outras providências) (ANEXO 3).

Glaucio Gonçalves Tiago

50

Page 51: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

Em relação às normas jurídicas da gestão do recurso água, que possuam maior

correlação com a atividade aqüícola, foram analisados os seguintes diplomas legais

vigentes: Decreto n.° 24.643, de 10 de julho de 1934 (Decreta o Código de Águas); Lei

9.433, de 08 de janeiro de 1997 (Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos e Cria o

Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos); e a Resolução CONAMA n.°

357, de 17 de março de 2005 (Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes

ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de

lançamento de efluentes, e dá outras providências).

Apresentamos a seguir, por diploma, conforme a escrituração jurídica original, os

dispositivos legais que abordam os aspectos da gestão ambiental da aquicultura contida no

nosso universo amostral referente a legislações bem como, também, comentários sobre os

dispositivos legais pertinentes de cada diploma.

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 52: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

LEGISLAÇÃO DE AQÜICULTURA E PESCA

Em 1923, o Decreto 16.184 (Revogado) já previa no seu corpo a possibilidade

embrionária de uma atuação participativa dos pescadores na gestão ambiental e abordava

aspectos da conservação de recursos naturais, através da regulamentação da atividade

voltada à exploração e cultivo de moluscos marinhos, conforme o transcrito a seguir:

Decreto 16.184, de 25 de outubro de 1923 (Aprova e manda executar o

Regulamento da Pesca - Arthur da Silva Bernardes) / Revogado

Regulamento da Pesca, a que se refere o Decreto 16.184 de25 de outubro de 1923.

Título I

Da pesca

Capítulo IV

Dos direitos e deveres dos pescadores

...

Art. 21. Os pescadores que tiverem conhecimento de infracções à polícia da pesca e

de qualquer procedimentos à conservação das espécies de seres marinhos, os levarão

immediatamente ao conhecimento da autoridade naval competente.

...

Art. 27. Quando se fizer necessário tomar medidas de proteção ou outras para

conservação ou polícia da pesca, os pescadores, coletivamente ou por seus

representantes, fundamentando a representação, as solicitarão da Diretoria da Pesca.

...

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 53: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

Título II

Pescas Especiaes

Capítulo I

Da colheita dos molluscos

Art. 74. É proibida a exploração direta dos campos naturaes de ostras. Esta só poderá

ser permitida por meio de collectores.

Art. 75. Descoberta uma nova jazida, o pescador que a houver feito levará o facto ao

conhecimento da autoridade marítima do local mais próximo.

Art. 76. É prohibida a pesca com rêdes de arrasto, não só sobre os bancos naturaes de

ostras como também a menos de 500 metros dos locaes em que estejam dispostas

fachinas ou outros engenhos collectores.

Art. 77. É expressamente prohibida a pesca nos parques particulares de ostreicultura.

Art. 78 É prohibido largar ancora sobre os bancos de ostras devidamente demarcados

e, bem assim, lançar sobre os mesmos immundices, lastros de navios, varreduras de

porão, cinzas de fornalha e quaesquer outros detrictos.

Art. 79. Os capatazes verificarão as demarcações das ostreiras e si estão devidamente

determinados os seus limites extremos pelos interessados.

Art. 80. É permitido collocar fachinas e outros apparelhos collectores de ostras

pequenas, sobre os bancos e nas proximidades, para recolher as que dalli se destacam,

afim de serem levadas a viveiros especiaes, desde que não embaracem a navegação.

Art. 81. É prohibido extrahir para alimentação molluscos adherentes às carenas das

embarcações e ás estacas forradas de metal.

________________________________________________

Em 1934, o Decreto Nº 23.672 (Revogado) abordava aspectos da

conservação de recursos naturais, através da regulamentação da atividade voltada à

exploração e cultivo de moluscos marinhos, determinava a estimulação das atividades

aqüícolas interiores, por intermédio de estudos para repovoamento de corpos de águas

interiores e de espécies exóticas, conforme o transcrito a seguir:

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 54: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

Decreto Nº 23.672, de 02 de janeiro de 1934 (Aprova o Código de Caça e Pesca

que com este baixa - Getúlio Vargas) / Revogado

Código de Caça e Pesca

Título I

Pesca

Capítulo III

Deveres do Pescador

...

Art. 23. Constituem deveres do pescador:

f) zelar por todos os meios e modos pela defesa e conservação da fauna e flora

aquáticas.

...

Capítulo VII

Art. 64. A descoberta de uma jazida de moluscos, deverá ser communicada, no prazo

de 10 dias, ao Serviço de Caça e Pesca, descriminando-se sua situação e dimensões.

...

Art. 66. É permitido colocar faxina e outros apparelhos collectores de ostras nos

bancos naturaes e suas proximidades para collecta de material destinado á propagação

desses moluscos em outros lugares.

Art. 67. Os ostreicultores e mitilicultores poderão, em época conveniente, colher os

productos dos parques de sua propriedade, obedecidas as prescripções emanadas do

Serviço de Caça e Pesca.

Art. 68. O Serviço de Caça e Pesca permittirá o estabelecimento de parques para a

criacão de ostras e mexilhões, em lugares convenientes, desde que os mesmos não

embaracem a navegação.

Art. 69. Ao Serviço de Caça e Pesca compete a fiscalização sanitária dos campos

naturaes de ostras e mexilhões e dos parques artificiaes.

Parágrapho único - Verificada qualquer anormalidade no estado sanitário de um

campo ostreícola, o Serviço de Caça e Pesca suspenderá a colheita do molusco pelo

tempo que julgar conveniente.

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 55: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

Art. 70. É prohibido colher para alimentação moluscos adherentes aos corpos

capazes de lhes transmitir qualidades toxicas.

Art. 71. É prohibido fundear embarcações ou lançar detrictos de qualquer natureza

sobre os bancos de moluscos devidamente demarcados.

...

Art. 74. É proibido estabelecer parques ostreícolas nas proximidades de esgotos e

despejos de fábricas.

Parágrapho único - Os parques naturaes de ostras existentes nas condições deste

artigo não podem ser explorados para o consumo público.

Art. 75. A cultura das ostras em parques artificiaes convenientemente installados

poderá ser permitida pelo Serviço de Caça e Pesca.

...

Capítulo XI

Da Pesca Interior

Art. 109. O Serviço de Caça e Pesca promoverá o repovoamento dos lagos, rios e

outros cursos interiores, facilitando o fornecimento de ovos e alevinos necessários.

Art. 110. A acclimação de espécies exóticas ou das procedentes de outras regiões do

paiz só poderá ser feita com prévio conhecimento ou instrucções emanadas do Serviço

de Caça e Pesca, que a respeito fará os estudos necessários.

Art. 111. A installação de estações experimentaes de biologia ou de piscicultura, em

qualquer região do paiz, ficará a cargo do Serviço de Caça e Pesca.

Art. 112. As estações experimentaes de biologia e de piscicultura do Serviço de Caça

e Pesca, competirá:

a) realizar estudos referentes á biologia dos peixes, propagação e defesa da criação,

segundo as condições regionaes;

b) fornecer aos interessados que se queiram dedicar á piscicultura todos os elementos

e informações necessárias;

c) cuidar do povoamento ou repovoamento dos cursos de água, tanques ou açudes,

fornecendo ovos, alevinos ou adultos de espécie adaptáveis ás condições da região;

d) observar quaes as espécies que mereçam ser industrializadas e realizar os estudos

referentes aos processos mais aconselháveis à sua conservação e aproveitamento

industrial;

e) divulgar entre os industriaes instrucções concernentes ao melhor aproveitamento

do producto e sua consequente valorização comercial.

Glaucio Gonçalves Tiago

55

Page 56: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

Art. 113. A divulgação dos resultados dos estudos realizados nas estações de

biologia ou de piscicultura, assim como a contribuição dos serviços discriminados no

artigo anterior ficam sujeitas á previa approvação e autorização do Serviço de Caça e

Pesca.

...

Art. 184. Constituem crimes contra as leis de pesca e da caça:

...

e) damnos causados aos viveiros ou tanques de criação de qualquer natureza,

bem como aos parques de reserva e refugio - pena: prisão de seis mezes a um anno ou

multa de duzentos mil réis a um conto de réis

________________________________________________

Em 1938, o Decreto N. 794 (Revogado) abordava aspectos da conservação

de recursos naturais através da regulamentação da atividade voltada à exploração e cultivo

de moluscos marinhos. Este Decreto introduziu o registro de piscicultores, demonstrando a

preocupação das autoridades da época com a gestão da atividade aqüícola, e determinava a

autorização prévia para o comércio internacional de espécies cultivadas e a estimulação das

atividades aqüícolas interiores, por intermédio de estudos para repovoamento de corpos de

água interiores e de espécies exóticas, com enfoque ao apoio técnico da atividade aqüícola

e conforme o transcrito a seguir:

Decreto N. 794 de 19 de outubro de 1938 (Aprova e baixa o Código de Pesca -

Getúlio Vargas) / Revogado

Código de Pesca a que se refere o Decreto-Lei N. 794 de 19 de outubro de 1938

Capítulo III

Dos deveres do pescador

...

Art. 14. Constituem deveres do pescador:

d) zelar pela defesa e conservação da fauna e da flora;

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 57: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

...

Capítulo VII

Dos Moluscos, Crustáceos, Esponjas e Algas

Art. 43. A descoberta de um campo natural de moluscos ou esponjas deverá ser

comunicada, no prazo de 60 dias, ao Serviço de Caça e Pesca, descriminando-se sua

situação e dimensões.

Art. 44. É permitido colocar aparelhos coletores de ostras nos bancos naturais e suas

proximidades para coleta de material destinado à cultura desses moluscos em parques

artificiais.

Art. 45. O Serviço de Caça e Pesca regulamentará o estabelecimento de parques para

a cultura de ostras e mexilhões.

Art. 46. Ao Serviço de Caça e Pesca compete a fiscalização sanitária dos campos

naturais e parques artificiais de moluscos.

Art. 47. O Serviço de Caça e Pesca poderá suspender a exploração em qualquer

parque ou banco quando as condições tal justifiquem.

Art. 48. É proibido fundear embarcações ou lançar detritos de qualquer natureza

sobre os bancos de moluscos devidamente demarcados.

Art. 49. O Serviço de Caça e Pesca regulamentará a época e condições de exploração

dos bancos e parques de cultura de moluscos.

Art. 50. Quem desejar instalar parques de cultura de moluscos ou crustáceos deverá

submeter ao Serviço de Caça e Pesca o respectivo plano.

...

Capítulo X

Da piscicultura e comércio de peixes vivos

Art. 61. O Serviço de Caça e Pesca regulamentará as estações de piscicultura

federais, estaduais, municipais e particulares.

Art. 62. O Serviço de Caça e Pesca manterá um registro de piscicultores, cujas

condições de inscrição serão reguladas por instruções organizadas pelo mesmo

serviço.

Art. 63. É proibida a condução ou remessa para o exterior de peixes vivos ou ovos,

sem prévia autorização do Serviço de Caça e Pesca.

Art. 64. A importação, por particulares, de peixes vivos ou ovos, só será permitida

com autorização do Serviço de Caça e Pesca.

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 58: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

Art. 65. A criação e cultura de anfíbios comestíveis ou de adorno obedecerão à

mesma regulamentação do art. 62.

Art. 67. O Serviço de Caça e Pesca instalará estações experimentais de biologia,

tendo por fim:

a) realizar estudos referentes à biologia, propagação e defesa da fauna segundo as

condições regionais;

b) fornecer aos interessados que se queiram dedicar á piscicultura todos os elementos

e informações necessárias;

c) cuidar do povoamento ou repovoamento dos cursos d'água, tanques ou açudes,

fornecendo ovos, alevinos ou adultos de espécies adaptáveis ás condições da região;

d) observar quais as espécies que mereçam ser industrializadas e realizar os estudos

referentes aos processos mais aconselháveis à sua conservação e aproveitamento

industrial;

e) divulgar entre os industriais instruções concernentes ao melhor aproveitamento do

produto e à sua consequente valorização comercial.

Capítulo XI

Do repovoamento e defesa das águas interiores

Art. 68. As represas dos rios, ribeirões ou córregos devem ter, como complemento

obrigatório, obras que permitam a conservação da fauna fluvial, seja facilitando a

passagem dos peixes, seja instalando estações de piscicultura.

________________________________________________

Em 1993, a Portaria IBAMA nº 95-N (Revogada), regulamentando o

registro de aqüicultor, determinou a exigência de Licença Ambiental expedida por órgão

competente para a atividade aqüícola, isentando, concomitantemente, a exigência de

Licença Ambiental para várias modalidades de cultivo, conforme transcrito a seguir:

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 59: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

Portaria IBAMA nº 95-N, de 30 de agosto de 1993 (Estabelece normas para o

registro de aqüicultor. Simão Marrul Filho-Presidente do IBAMA) / Revogada

...

Art. 3º. O pedido de registro de Aqüicultor deverá ser encaminhado ao IBAMA,

mediante requerimento do interessado ou seu representante legal, em modelo próprio

adotado por este Instituto, com atendimento das seguintes condições:

d) apresentação de cópia da Licença Ambiental, expedida pelo órgão

competente;

Art. 4º. Ficam isentos da apresentação de Licença Ambiental para fins de obtenção

de registro de aqüicultor junto ao IBAMA os projetos de aqüicultura que não tenham

finalidade comercial ou que estejam enquadrados nas seguintes categorias:

a) criadores de trutas e salmões em bases fixas com área de espelho d'água total igual

ou inferior a 500 (quinhentos) metros quadrados;

b) criadores de rã touro-gigante (Rana catesbiana);

c) criadores de peixes tropicais não ornamentais em bases fixas e sistema extensivo,

com área de espelho d'água total igual ou inferior a 5 (cinco) hectares;

d) criadores de peixes tropicais não ornamentais em bases fixas e sistema semi-

extensivo, com área de espelho d'água total igual ou inferior a 3 (três) hectares;

e) criadores de peixes tropicais não ornamentais em bases fixas, com área de espelho

d'água total igual ou inferior a 1 (um) hectare;

f) criadores de peixes ornamentais;

g) criadores de camarões de água doce em bases fixas, com área de espelho d'água

total igual ou inferior a 2 (dois) hectares, em qualquer sistema;

h) criadores de camarões marinhos em bases fixas, com área de espelho d'água total

igual ou inferior a 10 (dez) hectares, em sistema extensivo ou semi-extensivo.

Parágrafo Único - Para efeito desta Portaria, entende-se por bases fixas as seguintes

instalações de cultivo:

1) viveiros de derivação;

2) viveiros de barragens;

3) tanques revestidos em alvenaria, concreto ou similar;

4) lagos, lagoas ou açudes que tenham toda a sua área utilizada para a aqüicultura.

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 60: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

Art. 5º. Estão sujeitos à apresentação de Licença Ambiental os aqüicultores que,

embora enquadrados em quaisquer das categorias relacionadas no ART. 4º se

dediquem também à produção de:

a) ovos, larvas, pós-larvas, ou alevinos de peixes não ornamentais;

b) pós-larvas de crustáceos;

c) sementes de moluscos bivalves.

________________________________________________

Em 1998, o Decreto Nº 2.869 (Revogado) determinou regras para a instalação de

aqüiculturas e para a criação de parques aqüícolas em águas públicas da União, através de

permissão do Ministério de Agricultura e Abastecimento e após consulta aos Ministérios

da Marinha, da Fazenda e do Meio Ambiente, proibindo a atividade aqüícola em áreas de

preservação permanente e a utilização de espécies alóctones que já não estejam

estabelecidas na bacia hidrográfica, conforme o transcrito a seguir:

Decreto Nº 2.869, de 09 de dezembro de 1998 (Regulamenta a Cessão de Águas

Públicas para Exploração de Aqüicultura, e dá outras providências. Fernando

Henrique Cardoso) / Revogado

Art 1º, Parágrafo único. Não será autorizada a exploração da aqüicultura em área de

preservação permanente definida na forma da legislação em vigor.

...

Art. 12. O Ministério da Agricultura e do Abastecimento encaminhará os projetos a

que trata o artigo anterior, aos Ministérios da Marinha, da Fazenda e do Meio

Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazonia Legal para manifestação conclusiva,

no prazo de até trinta dias, a respeito dos aspectos insertos nas suas competências.

...

Art. 15. Na exploração da aqüicultura em águas doces, será permitida somente a

utilização de espécies autóctones de bacia em que esteja localizado o empreendimento

ou de espécies exóticas que já estejam comprovadamente estabelecidas no ambiente

aquático.

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 61: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

...

Art. 20. A criação de parques e suas respectivas áreas aqüícolas se dará por ato

normativo conjunto dos Ministérios da Agricultura e do Abastecimento, da Marinha,

da Fazenda e do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazonia Legal, que

definirá seus limites, diretrizes, normas de utilização e estabelecerá sua capacidade de

suporte.

...

Art. 24. Na exploração da aqüicultura em reservatórios hidroelétricos, deverá ficar

resguardada a plena operação do respectivo reservatório e a preservação ambiental.

...

Art. 26. Os Ministérios da Agricultura e do Abastecimento, da Marinha, da Fazenda

e do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazonia Legal, baixarão, em

conjunto, as normas complementares de regulamentação deste Decreto no prazo de

sessenta dias, a contar da data de sua publicação.

________________________________________________

Em 1967, o Decreto-Lei nº 221, diminuindo a quantidade de dispositivos

legais específicos voltados diretamente à gestão ambiental da atividade aqüícola, ampliou a

idéia do registro de piscicultores para registro de aqüicultores e determinou a criação de

Estações de Biologia e Aqüicultura federais, estaduais e municipais, com enfoque ao apoio

técnico da atividade aqüícola, determinando ainda a proibição expressa da introdução de

espécies exóticas sem autorização prévia e da poluição de corpos aquáticos conforme o

transcrito a seguir:

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 62: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

Decreto-Lei nº 221, de 28 de fevereiro de 1967 (Dispõe sobre a Proteção e

Estímulos à Pesca e dá outras providências - Hugo Castelo Branco)

Capítulo IV

Das permissões, proibições e concessões

Título I

Das Normas gerais

...

Art. 34 - É proibida a importação ou a exportação de quaisquer espécies aquáticas,

em qualquer estágio de evolução, bem como a introdução de espécies nativas ou

exóticas, sem autorização da SUDEPE.

...

Art. 37. Os efluentes das redes de esgotos e os resíduos líquidos ou sólidos das

indústrias somente poderão ser lançados às águas, quando não as tornarem poluídas.

...

Título VI

Da aquicultura e seu comércio

Art. 50. O Poder Público incentivará a criação de Estações de Biologia e Aquicultura

federais, estaduais e municipais, e dará assistência técnica às particulares.

Art. 51. Será mantido registro de aqüicultores amadores e profissionais.

________________________________________________

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 63: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

Em 1998, a Portaria IBAMA N° 136, em caráter administrativo regulamentador,

estabelece procedimentos onerosos para o registro de aqüiculturas e pesque-pagues no

âmbito do IBAMA.

Portaria IBAMA Nº 136, de 14 de outubro de 1998 (Estabelece normas para

registro de Aqüicultor e Pesque-pague no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente

e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA. Locais e épocas de coleta –

Eduardo de Souza Martins)

...

Art. 4º - A efetivação do registro dar-se-á com a emissão pelo IBAMA do

"Certificado de Registro", em modelo próprio, o qual só terá validade após o

recolhimento da importância correspondente ao valor do registro prevista na legislação

em vigor.

...

Art. 8º - Animais abatidos oriundos de projetos de aqüicultura ou pesque-pague

deverão, em seu transporte e comercialização, ser acompanhados de documento

(modelo anexo) emitido na origem, quando:

a.Tratar-se de espécie nativa e os indivíduos encontram-se com tamanhos inferiores

aos mínimos estabelecidos na Legislação vigente para a pesca extrativa da espécie.

b.Tratar-se de espécie nativa que se encontra em período de defeso na pesca

extrativa.

Art. 9º - Na fiscalização de seus empreendimentos, o aqüicultor e o proprietário de

pesque-pague deverão apresentar os respectivos Certificados de Registro nos termo do

estabelecido no Art. 4º desta Portaria.

________________________________________________

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 64: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

Em 2003, o Decreto n° 4895 (ANEXO 2) estabeleceu critérios sobre a autorização

de uso de espaços físicos de corpos d’água de domínio da União para fins de aqüicultura,

com enfoque de comando e controle detalhadamente voltados a gestão ambiental dos

ecossistemas afetados e dos empreendimentos aqüícolas.

Decreto Nº 4.895, de 25 de novembro de 2003 (Dispõe sobre a autorização de uso

de espaços físicos de corpos d’água de domínio da União para fins de aqüicultura,

e dá outras providências – Luíz Inácio Lula da Silva)

Art. 1o Os espaços físicos em corpos d’água da União poderão ter seus usos

autorizados para fins da prática de aqüicultura, observando-se critérios de

ordenamento, localização e preferência, com vistas:

I - ao desenvolvimento sustentável;

II - ao aumento da produção brasileira de pescados;

III - à inclusão social; eIV - à segurança alimentar.

Parágrafo único. A autorização de que trata o caput será concedida a pessoas físicas

ou jurídicas que se enquadrem na categoria de aqüicultor, na forma prevista na

legislação em vigor.

...

Art. 4o A Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca da Presidência da República

delimitará a localização dos parques aqüícolas e áreas de preferência com prévia

anuência do Ministério do Meio Ambiente, da Autoridade Marítima, do Ministério do

Planejamento, Orçamento e Gestão e da ANA, no âmbito de suas respectivas

competências.

§ 1o A falta de definição e delimitação de parques e áreas aqüícolas não constituirá

motivo para o indeferimento liminar do pedido de autorização de uso de águas

públicas da União.

§ 2o A Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca solicitará reserva de

disponibilidade hídrica à ANA para cessão de espaços físicos em corpos d’água de

domínio da União, que analisará o pleito e emitirá a respectiva outorga preventiva.

§ 3o A outorga preventiva de que trata o § 2o será convertida automaticamente pela

ANA em outorga de direito de uso de recursos hídricos ao interessado que receber o

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 65: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

deferimento da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca para emissão da cessão de

espaços físicos para a implantação de parques, áreas aqüícolas e de preferência.

...

Art. 8o Na exploração da aqüicultura em águas continentais e marinhas, será

permitida a utilização de espécies autóctones ou de espécies alóctones e exóticas que

já estejam comprovadamente estabelecidas no ambiente aquático, onde se localizará o

empreendimento, conforme previsto em ato normativo específico do Instituto

Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA.

Parágrafo único. Para introdução de novas espécies ou translocação, será observada a

legislação pertinente.

Art. 9o A aqüicultura em unidade de conservação ou em seu entorno obedecerá aos

critérios, métodos e manejo adequados para garantir a preservação do ecossistema ou

seu uso sustentável, na forma da legislação em vigor.

Art. 10. O uso de formas jovens na aqüicultura somente será permitido:

I - quando advierem de laboratórios registrados junto à Secretaria Especial de

Aqüicultura e Pesca;

II - quando extraídas em ambiente natural e autorizados na forma estabelecida na

legislação pertinente;

III - quando obtidas por meio de fixação natural em coletores artificiais, na forma

estabelecida na legislação pertinente.

§ 1o A hipótese prevista no inciso II somente será permitida quando se tratar de

moluscos bivalves e algas macrófitas.

§ 2o A hipótese prevista no inciso III somente será permitida quando se tratar de

moluscos bivalves.

§ 3o O aqüicultor é responsável pela comprovação da origem das formas jovens

introduzidas nos cultivos.

Art. 11. O cultivo de moluscos bivalves nas áreas, cujos usos forem autorizados,

deverá observar, ainda, a legislação de controle sanitário vigente.

________________________________________________

Glaucio Gonçalves Tiago

65

Page 66: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

Em 2004, a Instrução Normativa N°03 (ANEXO 1), em caráter administrativo

regulamentador, estabeleceu procedimentos administrativos onerosos para o registro de

aqüiculturas no âmbito da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca/ SEAP.

Instrução Normativa Nº 03, de 12 de maio de 2004 (Dispõe sobre

operacionalização do Registro Geral da Pesca – José Fritsch).

O SECRETÁRIO ESPECIAL DE AQUICULTURA E PESCA DA

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 23 da

Lei nº 10.683, de 28 de maio de 2003 e tendo em vista o Decreto-Lei nº 221, de 28 de

fevereiro de 1967, e o que consta do Processo nº 21000.003095/2003-44,

RESOLVE

Art. 1º Estabelecer normas e procedimentos para operacionalização do Registro

Geral da Pesca – RGP, no âmbito da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca da

Presidência República – SEAP/PR

...

CAPÍTULO IISeção VII

Do Registro de Aqüicultor

Art. 21. Para obtenção do registro de Aqüicultor deverá ser apresentada pelo

requerente a seguinte documentação:

I - formulário de requerimento de registro devidamente preenchido e assinado pelo

interessado ou seu representante legal, conforme modelo adotado pela SEAP/PR;

II - quando pessoa física, cópia do documento de identificação pessoal do

interessado ou de seu representante legal;

III - quando pessoa jurídica, cópia de documento que comprove a existência jurídica

do interessado;

IV – cópia de comprovante de residência ou domicílio do interessado;

V - projeto detalhado da infra-estrutura existente ou que venha a ser implantada, com

especificações que permitam a identificação das características técnicas do

empreendimento;

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 67: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

VI – cópia da licença ambiental expedida pelo órgão ambiental competente, ficando

dispensado os casos previstos na legislação especifica; e

VII - comprovante de recolhimento do valor da taxa correspondente ao registro de

Aqüicultor prevista em lei.

Parágrafo único. Para projetos de aqüicultura em águas públicas de domínio da

União, o interessado deverá apresentar, ainda, a cópia do documento de Autorização

de Uso de Espaços Físicos de Corpos d’água, na forma prevista em legislação.

________________________________________________

Em 2004, a Instrução Normativa Interministerial n° 06 (ANEXO 3), estabeleceu

normas complementares para a autorização de uso dos espaços físicos em corpos

d'água de domínio da União para fins de aqüicultura, detalhando ainda mais o enfoque

de comando e controle detalhadamente voltados a gestão ambiental dos ecossistemas

afetados e dos empreendimentos aqüícolas por força do Decreto n° 4895.

Instrução Normativa Interministerial Nº 06, de 31 de maio de 2004 (Estabelece as

normas complementares para a autorização de uso dos espaços físicos em corpos

d'água de domínio da União para fins de aqüicultura, e dá outras providências –

Jose Fritsch, Marina Silva, Guido Mantega, Roberto de Guimarães Carvalho,

Jerson Kelman, e Marcos Luiz Barroso Barros).

CAPÍTULO I

Das Disposições Preliminares

Art. 1o A autorização de uso do espaço físico em corpos d'água de domínio da União

para fins de aqüicultura, de que trata o Decreto no 4.895, de 2003, é intransferível, não

sendo permitido ao titular o parcelamento ou o arrendamento da referida área.

Art. 2o Os interessados na prática da aqüicultura em corpos d'água de domínio da

União, relacionados no art. 3o do Decreto no 4.895, de 2003, deverão encaminhar, por

intermédio do Escritório Estadual na Unidade da Federação onde estiver localizado o

projeto, quatro vias do requerimento para a autorização de uso dos espaços físicos à

Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca - SEAP/PR, bem como do projeto

especifico elaborado por profissionais cadastrados no Cadastro Técnico Federal do

Glaucio Gonçalves Tiago

67

Page 68: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

IBAMA, de acordo com a atividade a ser desenvolvida, na forma dos Anexos a esta

Instrução Normativa.

CAPÍTULO II

Dos Parques Aqüícolas e Faixas ou Áreas de Preferência

Art. 3o A SEAP/PR promoverá a delimitação dos parques aqüícolas e faixas ou

áreas de preferência, de que tratam o art. 2o, incisos III e IV, e o art. 5o, inciso I, do

Decreto no 4.895, de 2003, utilizando as informações técnicas disponíveis nas

instituições envolvidas.

§1o A delimitação dos parques aqüícolas e faixas ou áreas de preferência citados no

caput dependerá da outorga preventiva a ser emitida pela ANA, no âmbito de sua

competência, do licenciamento ambiental, da manifestação da Autoridade Marítima,

da anuência da Secretaria do Patrimônio da União do Ministério do Planejamento

Orçamento e Gestão – SPU/MP e do cumprimento das exigências para a apresentação

de projeto, constantes dos Anexos I, II e V a esta Instrução Normativa.

CAPÍTULO III

Das Áreas Aqüícolas

Art. 4o Para a instalação dos projetos em áreas aqüícolas, previstas no art. 2o, inciso

II, do Decreto 4.895, de 2003, fora dos parques aqüícolas, deverão ser cumpridas as

exigências para a apresentação do projeto, constantes dos Anexos I e II a esta

Instrução Normativa.

§1o Verificada a adequação técnica do projeto, a SEAP/PR o submeterá à ANA,

quando couber, ao IBAMA e à Autoridade Marítima com jurisdição sobre a área onde

se pretende instalar o empreendimento, para análise e manifestação conclusiva.

...

§4o Caberá ao IBAMA, ou entidade por ele delegada, analisar o projeto no âmbito de

sua competência e emitir as devidas licenças ambientais, observando a Instrução

Normativa Interministerial no 08, de 26 de novembro de 2003, e demais instrumentos

legais vigentes, estabelecendo em ato normativo próprio a delegação de competência e

observando:

I - nos procedimentos de licenciamento ambiental, em função do potencial de

impacto ambiental do empreendimento, poderá ser solicitado estudo ambiental

Glaucio Gonçalves Tiago

68

Page 69: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

complementar, com maior nível de detalhamento contendo as informações do Anexo

VI a esta Instrução Normativa, bem assim outras que julgar pertinentes; e

...

CAPÍTULO IV

Das Unidades de Pesquisa

Art. 5o Para efeito desta Instrução Normativa, entende-se por Unidades de Pesquisa

aquelas destinadas ao desenvolvimento, à pesquisa, à avaliação e à adequação

tecnológica voltadas para as atividades aqüícolas.

§1o A autorização de uso de espaços físicos em corpos d’água de domínio da União

para implantação de Unidades de Pesquisa será aprovada pela SEAP/PR, em conjunto

com o IBAMA, para instituições nacionais de comprovado reconhecimento científico,

por intermédio de procedimento administrativo que contemple as questões técnicas,

científicas e ambientais na forma dos Anexos I, II e III a esta Instrução Normativa,

observada a respectiva outorga da ANA, quando couber, a anuência da Autoridade

Marítima e a permissão da SPU/MP.

...

§3o A instituição autorizada deverá encaminhar relatórios semestrais ou anuais de

avaliação e o relatório final da pesquisa à SEAP/PR e ao IBAMA, visando garantir

que os conhecimentos apurados serão de domínio público.

§4o É obrigatória a retirada de todos os equipamentos de aqüicultura e organismos

que estiverem sob cultivo, além de quaisquer resíduos resultantes da utilização do

espaço físico, no prazo de trinta dias, do término da pesquisa.

§5o A implantação de Unidades de Pesquisa em aqüicultura obedecerá a critérios

técnicos de dimensionamento máximo de área estabelecido em ato normativo da

SEAP/PR, com a anuência do IBAMA.

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 70: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

LEGISLAÇÃO DE GESTÃO DO RECURSO ÁGUA (Correlata à atividade aqüícola)

Em 1934, o Decreto Nº 24.643 determina a exigência de concessão

administrativa para aplicações de produção e de saneamento, a inspeção e autorização

administrativa das águas, a proibição da poluição dos corpos aquáticos e a devida

responsabilização dos agentes poluidores conforme o transcrito a seguir:

Decreto Nº 24.643, de 10 de julho de 1934 (Decreta o Código de Águas - Getulio Vargas)

CÓDIGO DE ÁGUAS

LIVRO II

Aproveitamento das Águas

TÍTULO II

Aproveitamento de águas públicas

Capítulo IV

Derivação

...

Art. 43. As águas públicas não podem ser derivadas para as aplicações da

agricultura, da indústria e da higiene, sem a existência de concessão administrativa, no

caso de utilidade pública e, não se verificando esta, de autorização administrativa, que

será dispensada, todavia, na hipótese de derivações insignificantes.

...

Art. 51. Em regulamento administrativo se disporá:

a) sobre as condições de derivação, de modo a se conciliarem quanto possível os

usos a que as águas se prestam;

b)sobre as condições da navegação que sirva efetivamente ao comércio, para os

efeitos do parágrafo único do artigo 48.

...

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 71: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

TÍTULO III

Aproveitamento das águas comuns e das particulares

Capítulo I

Disposições preliminares

Art. 68. Ficam debaixo da inspeção e autorização administrativa :

a) as águas comuns e as particulares, no interesse da saúde e da segurança pública;

b) as águas comuns, no interesse dos direitos de terceiros ou da qualidade, curso ou

altura das águas públicas.

...

TÍTULO IV

Águas subterrâneas

Capítulo Único

Art. 98. São expressamente proibidas construções capazes de poluir ou inutilizar,

para uso ordinário, a água do poço ou nascente alheia, a elas preexistentes.

...

TÍTULO VI

Águas nocivas

Capítulo Único

Art. 109. A ninguém é lícito conspurcar ou contaminar as águas que não consome,

com prejuízo de terceiros.

Art. 110. Os trabalhos para a salubridade das águas serão executados à custa dos

infratores, que, além da responsabilidade criminal, se houver, responderão pelas

perdas e danos que causarem e pelas multas que lhes forem impostas nos

regulamentos administrativos.

Art. 111. Se os interesses relevantes da agricultura ou da indústria o exigirem, e

mediante expressa autorização administrativa, as águas poderão ser inquinadas, mas os

agricultores ou industriais deverão providenciar para que elas se purifiquem, por

qualquer processo, ou sigam o seu esgoto natural.

Art. 112. Os agricultores ou industriais deverão indenizar a União, os Estados, os

Municípios, as corporações ou os particulares que pelo favor concedido no caso do

artigo antecedente, forem lesados.

Art. 113. Os terrenos pantanosos, quando, declarada a sua insalubridade, não forem

dessecados pelos seus proprietários, sê-lo-ão pela administração, conforme a maior ou

menor relevância do caso.

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 72: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

Art. 114. Esta poderá realizar os trabalhos por si ou por concessionários.

Art. 115. Ao proprietário assiste a obrigação de indenizar os trabalhos feitos, pelo

pagamento de uma taxa de melhoria sobre o acréscimo do valor dos terrenos saneados,

ou por outra forma que for determinada pela administração pública.

Art. 116. Se o proprietário não entrar em acordo para a realização dos trabalhos nos

termos dos dois artigos anteriores, dar-se-á desapropriação, indenizado o mesmo na

correspondência do valor atual do terreno, e não do que este venha a adquirir por

efeito de tais trabalhos.

________________________________________________

Em 1997, a Lei nº 9.433, instituindo a Política Nacional de Recursos

Hídricos, determina:

a) O reconhecimento e estabelecimento do valor (inclusive monetário) da água;

b) As prioridades para o uso da água;

c) A consolidação da Bacia Hidrográfica como unidade de gestão ambiental;

d) A gestão ambiental participativa do uso da água entre governo, usuários e sociedade

civil organizada;

e) A outorga de direitos de uso de recursos hídricos;

f) A cobrança do uso dos recursos hídricos sujeitos a outorga, com enfoque ambiental;

g) O estabelecimento do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos,

regulamentando-o com o enfoque de gestão ambiental participativa através de Comitês

de Bacia Hidrográfica, e;

h) Os tipos de infrações das normas de utilização dos recursos hídricos, conforme

transcrito a seguir:

Glaucio Gonçalves Tiago

72

Page 73: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997 (Institui a Política Nacional de Recursos

Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos,

regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da

Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de

dezembro de 1989 - Fernando Henrique Cardoso)

TÍTULO I

Da Política Nacional de Recursos Hídricos

Capítulo I

Dos Fundamentos

Art. 1º A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se nos seguintes

fundamentos:

I - a água é um bem de domínio público;

II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;

III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo

humano e a dessedentação de animais;

IX - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das

águas;

IV - a bacia hidrográfica e a unidade territorial para implementação da Política

Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de

Recursos Hídricos;

VI - a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a

participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades.

Capítulo II

Dos Objetivos

Art. 2º São objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos:

I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em

padrões de qualidade adequados aos respectivos usos;

II - a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte

aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável;

III - a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou

decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais.

Art. 3º Constituem diretrizes gerais de ação para implementação da Política Nacional

de Recurso Hídricos:

Glaucio Gonçalves Tiago

73

Page 74: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

I - a gestão sistemática dos recursos hídricos, sem dissociação dos aspectos de

quantidade e qualidade;

II - a adequação da gestão de recursos hídricos às diversidades físicas, bióticas,

demográficas, econômicas, sociais e culturais das diversas regiões do País;

III - a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental;

IV - a articulação do planejamento de recursos hídricos com o dos setores usuários e

com os planejamentos regional, estadual e nacional;

V - a articulação da gestão de recursos hídricos com a do uso do solo;

VI - a integração da gestão das bacias hidrográficas com a dos sistemas estuarinos e

zonas costeiras.

Art. 4º A União articular-se-á com os Estados tendo em vista o gerenciamento dos

recursos hídricos de interesse comum.

Capítulo IV

Dos Instrumentos

Art. 5º São instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos:

I - os Planos de Recursos Hídricos;

II - o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos

preponderantes da água,

III - a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos;

IV - a cobrança pelo uso de recursos hídricos;

V - a compensação a municípios;

VI - o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos.

...

SEÇÃO II

Do Enquadramento dos Corpos de Água em Classes,

Segundo os Usos Preponderantes da água

Art. 9º O enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos

preponderantes da água, visa a:

I - assegurar às águas qualidade compatível com os usos mais exigentes a que forem

destinadas;

II - diminuir os custos de combate à poluição das águas, mediante ações preventivas

permanentes.

Art. 10. As classes de corpos de água serão estabelecidas pela legislação ambiental.

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 75: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

SEÇÃO III

Da Outorga de Direitos de Uso de Recursos Hídricos

Art. 11. O regime de outorga de direitos de uso de recursos hídricos tem como

objetivos assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e o efetivo

exercício dos direitos de acesso à água.

Art. 12. Estão sujeitos a outorga pelo Poder Público os direitos dos seguintes usos de

recursos hídricos:

I - derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo de água para

consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo de processo produtivo;

II - extração de água de aqüífero subterrâneo para consumo final ou insumo de

processo produtivo;

III - lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos,

tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou disposição final;

IV - aproveitamento dos potenciais hidrelétricos;

V - outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água existente

em um corpo de água.

...

Art. 20. Serão cobrados os usos de recursos hídricos sujeitos a outorga, nos termos

do art. 12 desta Lei.

Art. 21. Na fixação dos valores a serem cobrados pelo uso dos recursos hídricos

devem ser observados, dentre outros:

I - nas derivações, captações e extrações de água, o volume retirado e seu regime de

variação;

II - nos lançamentos de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, o volume

lançado e seu regime de variação e as características físico-químicas, biológicas e de

toxidade do afluente.

...

Capítulo VI

Da Ação do Poder Público

Art. 29. Na implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, compete ao

Poder Executivo Federal:

II - outorgar os direitos de uso de recursos hídricos, e regulamentar e fiscalizar os

usos, na sua esfera de competência;

V - promover a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental.

Glaucio Gonçalves Tiago

75

Page 76: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

Art. 30. Na implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, cabe aos

Poderes Executivos Estaduais e do Distrito Federal, na sua esfera de competência:

I - outorgar os direitos de uso de recursos hídricos e regulamentar e fiscalizar os seus

usos;

IV - promover a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental.

Art. 31. Na implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, os Poderes

Executivos do Distrito Federal e dos municípios promoverão a integração das políticas

locais de saneamento básico, de uso, ocupação e conservação do solo e de meio

ambiente com as políticas federal e estaduais de recursos hídricos.

TÍTULO II

Do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos

Capítulo I

Dos Objetivos e da Composição

Art. 32. Fica criado o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos,

com os seguintes objetivos:

I - coordenar a gestão integrada das águas;

II - arbitrar administrativamente os conflitos relacionados com os recursos hídricos;

III - implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos;

IV - planejar, regular e controlar o uso, a preservação e a recuperação dos recursos

hídricos;

V - promover a cobrança pelo uso de recursos hídricos.

Art. 33. Integram o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos:

I - o Conselho Nacional de Recursos Hídricos;

II - os Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados e do Distrito Federal;

III - os Comitês de Bacia Hidrográfica;

IV - os órgãos dos poderes públicos federal, estaduais e municipais cujas

competências se relacionem com a gestão de recursos hídricos;

V - as Agências de Água.

Capítulo II

Do Conselho Nacional de Recursos Hídricos

Art. 34. O Conselho Nacional de Recursos Hídricos é composto por:

I - representantes dos Ministérios e Secretarias da Presidência da República com

atuação no gerenciamento ou no uso de recursos hídricos;

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 77: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

II - representantes indicados pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos;

III - representantes dos usuários dos recursos hídricos;

IV - representantes das organizações civis de recursos hídricos.

Parágrafo único. O número de representantes do Poder Executivo Federal não poderá

ceder à metade mais um do total dos membros do Conselho Nacional de Recursos

Hídricos.

...

Capítulo III

Dos Comitês de Bacia Hidrográfica

Art. 37. Os Comitês de Bacia Hidrográfica terão como área de atuação:

I - a totalidade de uma bacia hidrográfica;

II - sub-bacia hidrográfica de tributário do curso de água principal da bacia, ou de

tributário desse tributário; ou

III - grupo de bacias ou sub-bacias hidrográficas contíguas.

Parágrafo único. A instituição de Comitês de Bacia Hidrográfica em rios de domínio

da União será efetivada por ato do Presidente da República.

Art. 38. Compete aos Comitês de Bacia Hidrográfica, no âmbito de sua área de

atuação:

I - promover o debate das questões relacionadas a recursos hídricos e articular a

atuação das entidades intervenientes;

II - arbitrar, em primeira instância administrativa, os conflitos relacionados aos

recursos hídricos;

III - aprovar o Plano de Recursos Hídricos da bacia;

IV - acompanhar a execução do Plano de Recursos Hídricos da bacia e sugerir as

providências necessárias ao cumprimento de suas metas;

V - propor ao Conselho Nacional e aos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos as

acumulações, derivações, captações e lançamentos de pouca expressão, para efeito de

isenção da obrigatoriedade de outorga de direitos de uso de recursos hídricos, de

acordo com os domínios destes;

VI - estabelecer os mecanismos de cobrança pelo uso de recursos hídricos e sugerir

os valores a serem cobrados;

IX - estabelecer critérios e promover o rateio de custo das obras de uso múltiplo, de

interesse comum ou coletivo.

Glaucio Gonçalves Tiago

77

Page 78: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

Parágrafo único. Das decisões dos Comitês de Bacia Hidrográfica caberá recurso ao

Conselho Nacional ou aos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos, de acordo com

sua esfera de competência.

Art. 39. Os Comitês de Bacia Hidrográfica são compostos por representantes:

I - da União;

II - dos Estados e do Distrito Federal cujos territórios se situem, ainda que

parcialmente, em suas respectivas áreas de atuação;

III - dos Municípios situados, no todo ou em parte, em sua área de atuação;

IV - dos usuários das águas de sua área de atuação;

V - das entidades civis de recursos hídricos com atuação comprovada na bacia.

§ 1º O número de representantes de cada setor mencionado neste artigo, bem como

os critérios para sua indicação, serão estabelecidos nos regimentos dos comitês,

limitada a representação dos poderes executivos da União, Estados, Distrito Federal e

Municípios à metade do total de membros.

§ 2º Nos Comitês de Bacia Hidrográfica de bacias de rios fronteiriços e

transfronteiriços de gestão compartilhada, a representação da União deverá incluir um

representante do Ministério das Relações Exteriores.

§ 3º Nos Comitês de Bacia Hidrográfica de bacias cujos territórios abranjam terras

indígenas devem ser incluídos representantes:

I - da Fundação Nacional do Índio - FUNAI, como parte da representação da União;

II - das comunidades indígenas ali residentes ou com interesses na bacia.

§ 4º A participação da União nos Comitês de Bacia Hidrográfica com área de

atuação restrita a bacias de rios sob domínio estadual, dar-se-á na forma estabelecida

nos respectivos regimentos.

Art. 40. Os Comitês de Bacia Hidrográfica serão dirigidos por um Presidente e um

Secretário, eleitos dentre seus membros.

...

Capítulo VI

Das Organizações Civis de Recursos Hídricos

Art. 47. São consideradas, para os efeitos desta Lei, organizações civis de recursos

hídricos:

I - consórcios e associações intermunicipais de bacias hidrográficas;

II - associações regionais, locais ou setoriais de usuários de recursos hídricos;

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 79: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

III - organizações técnicas e de ensino e pesquisa com interesse na área de recursos

hídricos;

IV - organizações não-governamentais com objetivos de defesa de interesses difusos

e coletivos da sociedade;

V - outras organizações reconhecidas pelo Conselho Nacional ou pelos Conselhos

Estaduais de Recursos Hídricos.

Art. 48. Para integrar o Sistema Nacional de Recursos Hídricos, as organizações

civis de recursos hídricos devem ser legalmente constituídas.

TÍTULO III

Das Infrações e Penalidades

Art. 49. Constitui infração das normas de utilização de recursos hídricos superficiais

ou subterrâneos:

I - derivar ou utilizar recursos hídricos para qualquer finalidade, sem a respectiva

outorga de direito de uso;

II - iniciar a implantação ou implantar empreendimento relacionado com a derivação

ou a utilização de recursos hídricos, superficiais ou subterrâneos, que implique

alterações no regime, quantidade ou qualidade dos mesmos, sem autorização dos

órgãos ou entidades competentes;

IV - utilizar-se dos recursos hídricos ou executar obras ou serviços relacionados com

os mesmos em desacordo com as condições estabelecidas na outorga;

V - perfurar poços para extração de água subterrânea ou operá-los sem a devida

autorização;

VI - fraudar as medições dos volumes de água utilizados ou declarar valores

diferentes dos medidos;

VII - infringir normas estabelecidas no regulamento desta Lei e nos regulamentos

administrativos, compreendendo instruções e procedimentos fixados pelos órgãos ou

entidades competentes;

VIII - obstar ou dificultar a ação fiscalizadora das autoridades competentes no

exercício de suas funções.

________________________________________________

Glaucio Gonçalves Tiago

79

Page 80: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

Em 2004, a Resolução CONAMA Nº 357, de 17 de março de 2005 XXXX,

classificando as águas doces, salinas e salobras, e estabelecendo as definições necessárias à

compreensão desta regulamentação, determina:

a) A classificação dos corpos de água;

b) As condições e padrões de qualidade das águas;

c) Os indicadores de impactos ambientais específicos para os diversos usos de águas

doces, salinas e salobras na aqüicultura;

d) As condições e padrões de lançamento de efluentes;

e) O controle da poluição dos corpos aquáticos de forma detalhada;

f) Os métodos de coleta e análise de água;

g) As diretrizes ambientais para o enquadramento;

h) Os prazos para a adequação de empreendimentos e demais atividades poluidoras que

efetuem lançamento de efluentes aos corpos aquáticos às condições e padrões previstos

nesta Resolução, e;

i) A competência dos órgãos setoriais regionais de controle ambiental e de gestão de

recursos hídricos, para o cumprimento desta Resolução e para a aplicação das

penalidades administrativas previstas em legislações específicas, sem prejuízo do

sancionamento penal e da responsabilidade civil objetiva do poluidor, conforme o

transcrito a seguir.

Resolução CONAMA No 357, de 17 de março de 2005 (Dispõe sobre a

classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu

enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de

efluentes, e dá outras providências – Marina Silva.). *Revogou a Resolução

CONAMA Nº 20, de 18 de junho de 1986

Art. 1o Esta Resolução dispõe sobre a classificação e diretrizes ambientais para o

enquadramento dos corpos de água superficiais, bem como estabelece as condições e

padrões de lançamento de efluentes.

Glaucio Gonçalves Tiago

80

Page 81: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

CAPÍTULO I

DAS DEFINIÇÕES

Art. 2o Para efeito desta Resolução são adotadas as seguintes definições:

I - águas doces: águas com salinidade igual ou inferior a 0,5 ;

II - águas salobras: águas com salinidade superior a 0,5 e inferior a 30 ;

III - águas salinas: águas com salinidade igual ou superior a 30 ;

IV - ambiente lêntico: ambiente que se refere à água parada, com

movimento lento ou estagnado;

V - ambiente lótico: ambiente relativo a águas continentais moventes;

VI - aqüicultura: o cultivo ou a criação de organismos cujo ciclo de vida,

em condições naturais, ocorre total ou parcialmente em meio aquático;

...

CAPÍTULO II

DA CLASSIFICAÇÃO DOS CORPOS DE ÁGUA

Art.3o As águas doces, salobras e salinas do Território Nacional são

classificadas, segundo a qualidade requerida para os seus usos preponderantes, em

treze classes de qualidade.

Parágrafo único. As águas de melhor qualidade podem ser aproveitadas em

uso menos exigente, desde que este não prejudique a qualidade da água, atendidos

outros requisitos pertinentes.

Seção I

Das Águas Doces

Art. 4o As águas doces são classificadas em:

I - classe especial: águas destinadas:

a) ao abastecimento para consumo humano, com desinfecção;

b) à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas; e,

c) à preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de

proteção integral.

III - classe 2: águas que podem ser destinadas:

a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional;

b) à proteção das comunidades aquáticas;

c) à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e

mergulho, conforme Resolução CONAMA no 274, de 2000;

Glaucio Gonçalves Tiago

81

Page 82: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

d) à irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins, campos

de esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter contato direto; e

e) à aqüicultura e à atividade de pesca.

...

Seção II

Das Águas Salinas

Art. 5o As águas salinas são assim classificadas:

I - classe especial: águas destinadas:

a) à preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de

proteção integral; e

b) à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas.

II - classe 1: águas que podem ser destinadas:

a) à recreação de contato primário, conforme Resolução CONAMA no 274,

de 2000;

b) à proteção das comunidades aquáticas; e

c) à aqüicultura e à atividade de pesca.

Seção III

Das Águas Salobras

Art. 6o As águas salobras são assim classificadas:

I - classe especial: águas destinadas:

a) à preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de

proteção integral; e,

b) à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas.

II - classe 1: águas que podem ser destinadas:

a) à recreação de contato primário, conforme Resolução CONAMA n o 274,

de 2000;

b) à proteção das comunidades aquáticas;

c) à aqüicultura e à atividade de pesca;

d) ao abastecimento para consumo humano após tratamento convencional

ou avançado; e

e) à irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se

desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película, e à

irrigação de parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o público possa

vir a ter contato direto.

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 83: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

...

CAPÍTULO III

DAS CONDIÇÕES E PADRÕES DE QUALIDADE DAS ÁGUAS

Seção I

Das Disposições Gerais

Art. 7o Os padrões de qualidade das águas determinados nesta Resolução

estabelecem limites individuais para cada substância em cada classe.

Parágrafo único. Eventuais interações entre substâncias, especificadas ou

não nesta Resolução, não poderão conferir às águas características capazes de causar

efeitos letais ou alteração de comportamento, reprodução ou fisiologia da vida, bem

como de restringir os usos preponderantes previstos, ressalvado o disposto no § 3o do

art. 34, desta Resolução.

Art. 8o O conjunto de parâmetros de qualidade de água selecionado para

subsidiar a proposta de enquadramento deverá ser monitorado periodicamente pelo

Poder Público.

§ 1o Também deverão ser monitorados os parâmetros para os quais haja

suspeita da sua presença ou não conformidade.

§ 2o Os resultados do monitoramento deverão ser analisados

estatisticamente e as incertezas de medição consideradas.

§ 3o A qualidade dos ambientes aquáticos poderá ser avaliada por

indicadores biológicos, quando apropriado, utilizando-se organismos e/ou

comunidades aquáticas.

§ 4o As possíveis interações entre as substâncias e a presença de

contaminantes não listados nesta Resolução, passíveis de causar danos aos seres vivos,

deverão ser investigadas utilizando-se ensaios ecotoxicológicos, toxicológicos, ou

outros métodos cientificamente reconhecidos.

§ 5o Na hipótese dos estudos referidos no parágrafo anterior tornarem-se

necessários em decorrência da atuação de empreendedores identificados, as despesas

da investigação correrão as suas expensas.

§ 6o Para corpos de água salobras continentais, onde a salinidade não se dê

por influência direta marinha, os valores dos grupos químicos de nitrogênio e fósforo

serão os estabelecidos nas classes correspondentes de água doce.

Art. 9o A análise e avaliação dos valores dos parâmetros de qualidade de

água de que trata esta Resolução serão realizadas pelo Poder Público, podendo ser

Glaucio Gonçalves Tiago

83

Page 84: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

utilizado laboratório próprio, conveniado ou contratado, que deverá adotar os

procedimentos de controle de qualidade analítica necessários ao atendimento das

condições exigíveis.

§ 1o Os laboratórios dos órgãos competentes deverão estruturar-se para

atenderem ao disposto nesta Resolução.

§ 2o Nos casos onde a metodologia analítica disponível for insuficiente para

quantificar as concentrações dessas substâncias nas águas, os sedimentos e/ou biota

aquática poderão ser investigados quanto à presença eventual dessas substâncias.

Art. 10. Os valores máximos estabelecidos para os parâmetros relacionados

em cada uma das classes de enquadramento deverão ser obedecidos nas condições de

vazão de referência.

§ 1o Os limites de Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), estabelecidos

para as águas doces de classes 2 e 3, poderão ser elevados, caso o estudo da

capacidade de autodepuração do corpo receptor demonstre que as concentrações

mínimas de oxigênio dissolvido (OD) previstas não serão desobedecidas, nas

condições de vazão de referência, com exceção da zona de mistura.

§ 2o Os valores máximos admissíveis dos parâmetros relativos às formas

químicas de nitrogênio e fósforo, nas condições de vazão de referência, poderão ser

alterados em decorrência de condições naturais, ou quando estudos ambientais

específicos, que considerem também a poluição difusa, comprovem que esses novos

limites não acarretarão prejuízos para os usos previstos no enquadramento do corpo de

água.

§ 3o Para águas doces de classes 1 e 2, quando o nitrogênio for fator

limitante para eutrofização, nas condições estabelecidas pelo órgão ambiental

competente, o valor de nitrogênio total (após oxidação) não deverá ultrapassar 1,27

mg/L para ambientes lênticos e 2,18 mg/L para ambientes lóticos, na vazão de

referência.

§ 4o O disposto nos §§ 2o e 3o não se aplica às baías de águas salinas ou

salobras, ou outros corpos de água em que não seja aplicável a vazão de referência,

para os quais deverão ser elaborados estudos específicos sobre a dispersão e

assimilação de poluentes no meio hídrico.

Art. 11. O Poder Público poderá, a qualquer momento, acrescentar outras

condições e padrões de qualidade, para um determinado corpo de água, ou torná-los

mais restritivos, tendo em vista as condições locais, mediante fundamentação técnica.

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 85: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

Art. 12. O Poder Público poderá estabelecer restrições e medidas

adicionais, de caráter excepcional e temporário, quando a vazão do corpo de água

estiver abaixo da vazão de referência.

Art. 13. Nas águas de classe especial deverão ser mantidas as condições

naturais do corpo de água.

Seção II

Das Águas Doces

Art. 14. As águas doces de classe 1 observarão as seguintes condições e

padrões:

I - condições de qualidade de água:

a) não verificação de efeito tóxico crônico a organismos, de acordo com os

critérios estabelecidos pelo órgão ambiental competente, ou, na sua ausência, por

instituições nacionais ou internacionais renomadas, comprovado pela realização de

ensaio ecotoxicológico padronizado ou outro método cientificamente reconhecido.

b) materiais flutuantes, inclusive espumas não naturais: virtualmente

ausentes;

c) óleos e graxas: virtualmente ausentes;

d) substâncias que comuniquem gosto ou odor: virtualmente ausentes;

e) corantes provenientes de fontes antrópicas: virtualmente ausentes;

f) resíduos sólidos objetáveis: virtualmente ausentes;

g) coliformes termotolerantes: para o uso de recreação de contato primário

deverão ser obedecidos os padrões de qualidade de balneabilidade, previstos na

Resolução CONAMA no 274, de 2000. Para os demais usos, não deverá ser excedido

um limite de 200 coliformes termotolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais, de

pelo menos 6 amostras, coletadas durante o período de um ano, com freqüência

bimestral. A E. Coli poderá ser determinada em substituição ao parâmetro coliformes

termotolerantes de acordo com limites estabelecidos pelo órgão ambiental competente;

h) DBO 5 dias a 20°C até 3 mg/L O2;

i) OD, em qualquer amostra, não inferior a 6 mg/L O2;

j) turbidez até 40 unidades nefelométrica de turbidez (UNT);

l) cor verdadeira: nível de cor natural do corpo de água em mg Pt/L; e

m) pH: 6,0 a 9,0.

II - Padrões de qualidade de água:

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 86: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

TABELA I - CLASSE 1 - ÁGUAS DOCES

PADRÕESPARÂMETROS VALOR

MÁXIMOClorofila a 10 µg/LDensidade de

cianobactérias20.000 cel/mL ou

2 mm3/LSólidos dissolvidos totais 500 mg/LPARÂMETROS

INORGÂNICOSVALOR

MÁXIMOAlumínio dissolvido 0,1 mg/L AlAntimônio 0,005mg/L SbArsênio total 0,01 mg/L AsBário total 0,7 mg/L BaBerílio total 0,04 mg/L BeBoro total 0,5 mg/L BCádmio total 0,001 mg/L CdChumbo total 0,01mg/L PbCianeto livre 0,005 mg/L CNCloreto total 250 mg/L ClCloro residual total

(combinado + livre)0,01 mg/L Cl

Cobalto total 0,05 mg/L CoCobre dissolvido 0,009 mg/L CuCromo total 0,05 mg/L CrFerro dissolvido 0,3 mg/L FeFluoreto total 1,4 mg/L FFósforo total (ambiente

lêntico)0,020 mg/L P

Fósforo total (ambiente intermediário, com tempo de residência entre 2 e 40 dias, e tributários diretos de ambiente lêntico)

0,025 mg/L P

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 87: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

TABELA I - CLASSE 1 - ÁGUAS DOCES

Fósforo total (ambiente lótico e tributários de ambientes intermediários)

0,1 mg/L P

Lítio total 2,5 mg/L LiManganês total 0,1 mg/L MnMercúrio total 0,0002 mg/L HgNíquel total 0,025 mg/L NiNitrato 10,0 mg/L NNitrito 1,0 mg/L NNitrogênio amoniacal

total3,7mg/L N, para

pH ≤ 7,52,0 mg/L N, para

7,5 < pH ≤ 8,01,0 mg/L N, para

8,0 < pH ≤ 8,50,5 mg/L N, para

pH > 8,5Prata total 0,01 mg/L AgSelênio total 0,01 mg/L SeSulfato total 250 mg/L SO4

Sulfeto (H2S não dissociado)

0,002 mg/L S

Urânio total 0,02 mg/L UVanádio total 0,1 mg/L VZinco total 0,18 mg/L ZnPARÂMETROS

ORGÂNICOSVALOR

MÁXIMOAcrilamida 0,5 µg/LAlacloro 20 µg/LAldrin + Dieldrin 0,005 µg/LAtrazina 2 µg/LBenzeno 0,005 mg/LBenzidina 0,001 µg/LBenzo(a)antraceno 0,05 µg/L

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 88: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

TABELA I - CLASSE 1 - ÁGUAS DOCES

Benzo(a)pireno 0,05 µg/LBenzo(b)fluoranteno 0,05 µg/LBenzo(k)fluoranteno 0,05 µg/LCarbaril 0,02 µg/LClordano (cis + trans) 0,04 µg/L2-Clorofenol 0,1 µg/LCriseno 0,05 µg/L2,4-D 4,0 µg/LDemeton (Demeton-O +

Demeton-S)0,1 µg/L

Dibenzo(a,h)antraceno 0,05 µg/L1,2-Dicloroetano 0,01 mg/L1,1-Dicloroeteno 0,003 mg/L2,4-Diclorofenol 0,3 µg/LDiclorometano 0,02 mg/LDDT (p,p'-DDT +

p,p'-DDE + p,p'-DDD)0,002 µg/L

Dodecacloro pentaciclodecano

0,001 µg/L

Endossulfan (a + + sulfato)

0,056 µg/L

Endrin 0,004 µg/LEstireno 0,02 mg/LEtilbenzeno 90,0 µg/LFenóis totais

(substâncias que reagem com 4-aminoantipirina)

0,003 mg/L C6H5OH

Glifosato 65 µg/LGution 0,005 µg/LHeptacloro epóxido +

Heptacloro0,01 µg/L

Hexaclorobenzeno 0,0065 µg/L

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 89: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

TABELA I - CLASSE 1 - ÁGUAS DOCES

Indeno(1,2,3-cd)pireno 0,05 µg/LLindano (g-HCH) 0,02 µg/LMalation 0,1 µg/LMetolacloro 10 µg/LMetoxicloro 0,03 µg/LParation 0,04 µg/LPCBs - Bifenilas

policloradas0,001 µg/L

Pentaclorofenol 0,009 mg/LSimazina 2,0 µg/LSubstâncias tensoativas

que reagem com o azul de metileno

0,5 mg/L LAS

2,4,5-T 2,0 µg/LTetracloreto de carbono 0,002 mg/LTetracloroeteno 0,01 mg/LTolueno 2,0 µg/LToxafeno 0,01 µg/L2,4,5-TP 10,0 µg/LTributilestanho 0,063 µg/L TBTTriclorobenzeno (1,2,3-

TCB + 1,2,4-TCB)0,02 mg/L

Tricloroeteno 0,03 mg/L2,4,6-Triclorofenol 0,01 mg/LTrifluralina 0,2 µg/LXileno 300 µg/L

III - Nas águas doces onde ocorrer pesca ou cultivo de organismos, para

fins de consumo intensivo, além dos padrões estabelecidos no inciso II deste

artigo, aplicam-se os seguintes padrões em substituição ou adicionalmente:

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 90: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

TABELA II - CLASSE 1 - ÁGUAS DOCES

PADRÕES PARA CORPOS DE ÁGUA ONDE HAJA PESCA OU CULTIVO DE

ORGANISMOS PARA FINS DE CONSUMO INTENSIVOPARÂMETROS

INORGÂNICOSVALOR MÁXIMO

Arsênio total 0,14 µg/L AsPARÂMETROS ORGÂNICOS

VALOR MÁXIMO

Benzidina 0,0002 µg/LBenzo(a)antraceno 0,018 µg/LBenzo(a)pireno 0,018 µg/LBenzo(b)fluoranteno 0,018 µg/LBenzo(k)fluoranteno 0,018 µg/LCriseno 0,018 µg/LDibenzo(a,h)antraceno 0,018 µg/L3,3-Diclorobenzidina 0,028 µg/LHeptacloro epóxido +

Heptacloro0,000039 µg/L

Hexaclorobenzeno 0,00029 µg/LIndeno(1,2,3-cd)pireno 0,018 µg/LPCBs - Bifenilas

policloradas0,000064 µg/L

Pentaclorofenol 3,0 µg/LTetracloreto de

carbono1,6 µg/L

Tetracloroeteno 3,3 µg/LToxafeno 0,00028 µg/L2,4,6-triclorofenol 2,4 µg/L

Art 15. Aplicam-se às águas doces de classe 2 as condições e padrões

da classe 1 previstos no artigo anterior, à exceção do seguinte:

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 91: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

I - não será permitida a presença de corantes provenientes de fontes

antrópicas que não sejam removíveis por processo de coagulação, sedimentação e

filtração convencionais;

II - coliformes termotolerantes: para uso de recreação de contato primário

deverá ser obedecida a Resolução CONAMA no 274, de 2000. Para os demais usos,

não deverá ser excedido um limite de 1.000 coliformes termotolerantes por 100

mililitros em 80% ou mais de pelo menos 6 (seis) amostras coletadas durante o

período de um ano, com freqüência bimestral. A E. coli poderá ser determinada em

substituição ao parâmetro coliformes termotolerantes de acordo com limites

estabelecidos pelo órgão ambiental competente;

III - cor verdadeira: até 75 mg Pt/L;

IV - turbidez: até 100 UNT;

V - DBO 5 dias a 20°C até 5 mg/L O2;

VI - OD, em qualquer amostra, não inferior a 5 mg/L O2;

VII - clorofila a: até 30 g/L;

VIII - densidade de cianobactérias: até 50000 cel/mL ou 5 mm3/L; e,

IX - fósforo total:

a) até 0,030 mg/L, em ambientes lênticos; e,

b) até 0,050 mg/L, em ambientes intermediários, com tempo de residência

entre 2 e 40 dias, e tributários diretos de ambiente lêntico.

Art. 16. As águas doces de classe 3 observarão as seguintes condições e

padrões:

I - condições de qualidade de água:

a) não verificação de efeito tóxico agudo a organismos, de acordo com os

critérios estabelecidos pelo órgão ambiental competente, ou, na sua ausência, por

instituições nacionais ou internacionais renomadas, comprovado pela realização de

ensaio ecotoxicológico padronizado ou outro método cientificamente reconhecido;

b) materiais flutuantes, inclusive espumas não naturais: virtualmente

ausentes;

c) óleos e graxas: virtualmente ausentes;

d) substâncias que comuniquem gosto ou odor: virtualmente ausentes;

e) não será permitida a presença de corantes provenientes de fontes

antrópicas que não sejam removíveis por processo de coagulação, sedimentação e

filtração convencionais;

Glaucio Gonçalves Tiago

91

Page 92: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

f) resíduos sólidos objetáveis: virtualmente ausentes;

g) coliformes termotolerantes: para o uso de recreação de contato

secundário não deverá ser excedido um limite de 2500 coliformes termotolerantes por

100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 6 amostras, coletadas durante o período

de um ano, com freqüência bimestral. Para dessedentação de animais criados

confinados não deverá ser excedido o limite de 1000 coliformes termotolerantes por

100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 6 amostras, coletadas durante o período

de um ano, com freqüência bimestral. Para os demais usos, não deverá ser excedido

um limite de 4000 coliformes termotolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais de

pelo menos 6 amostras coletadas durante o período de um ano, com periodicidade

bimestral. A E. Coli poderá ser determinada em substituição ao parâmetro coliformes

termotolerantes de acordo com limites estabelecidos pelo órgão ambiental competente;

h) cianobactérias para dessedentação de animais: os valores de densidade

de cianobactérias não deverão exceder 50.000 cel/ml, ou 5mm3/L;

i) DBO 5 dias a 20°C até 10 mg/L O2;

j) OD, em qualquer amostra, não inferior a 4 mg/L O2;

l) turbidez até 100 UNT;

m) cor verdadeira: até 75 mg Pt/L; e,

n) pH: 6,0 a 9,0.

II - Padrões de qualidade de água:

...

Seção III

Das Águas Salinas

Art. 18. As águas salinas de classe 1 observarão as seguintes condições e

padrões:

I - condições de qualidade de água:

a) não verificação de efeito tóxico crônico a organismos, de acordo com os

critérios estabelecidos pelo órgão ambiental competente, ou, na sua ausência, por

instituições nacionais ou internacionais renomadas, comprovado pela realização de

ensaio ecotoxicológico padronizado ou outro método cientificamente reconhecido;

b) materiais flutuantes virtualmente ausentes;

c) óleos e graxas: virtualmente ausentes;

d) substâncias que produzem odor e turbidez: virtualmente ausentes;

e) corantes provenientes de fontes antrópicas: virtualmente ausentes;

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 93: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

f) resíduos sólidos objetáveis: virtualmente ausentes;

g) coliformes termolerantes: para o uso de recreação de contato primário

deverá ser obedecida a Resolução CONAMA no 274, de 2000. Para o cultivo de

moluscos bivalves destinados à alimentação humana, a média geométrica da

densidade de coliformes termotolerantes, de um mínimo de 15 amostras coletadas no

mesmo local, não deverá exceder 43 por 100 mililitros, e o percentil 90% não deverá

ultrapassar 88 coliformes termolerantes por 100 mililitros. Esses índices deverão ser

mantidos em monitoramento anual com um mínimo de 5 amostras. Para os demais

usos não deverá ser excedido um limite de 1.000 coliformes termolerantes por 100

mililitros em 80% ou mais de pelo menos 6 amostras coletadas durante o período de

um ano, com periodicidade bimestral. A E. Coli poderá ser determinada em

substituição ao parâmetro coliformes termotolerantes de acordo com limites

estabelecidos pelo órgão ambiental competente;

h) carbono orgânico total até 3 mg/L, como C;

i) OD, em qualquer amostra, não inferior a 6 mg/L O2; e

j) pH: 6,5 a 8,5, não devendo haver uma mudança do pH natural maior do

que 0,2 unidade.

II - Padrões de qualidade de água:

TABELA IV - CLASSE 1 - ÁGUAS SALINAS

PADRÕESPARÂMETROS

INORGÂNICOSVALOR MÁXIMO

Alumínio dissolvido 1,5 mg/L AlArsênio total 0,01 mg/L AsBário total 1,0 mg/L BaBerílio total 5,3 µg/L BeBoro total 5,0 mg/L BCádmio total 0,005 mg/L CdChumbo total 0,01 mg/L PbCianeto livre 0,001 mg/L CN

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 94: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

TABELA IV - CLASSE 1 - ÁGUAS SALINAS

Cloro residual total (combinado + livre)

0,01 mg/L Cl

Cobre dissolvido 0,005 mg/L CuCromo total 0,05 mg/L CrFerro dissolvido 0,3 mg/L FeFluoreto total 1,4 mg/L FFósforo Total 0,062 mg/L PManganês total 0,1 mg/L MnMercúrio total 0,0002 mg/L HgNíquel total 0,025 mg/L NiNitrato 0,40 mg/L NNitrito 0,07 mg/L NNitrogênio

amoniacal total0,40 mg/L N

Polifosfatos (determinado pela diferença entre fósforo ácido hidrolisável total e fósforo reativo total)

0,031 mg/L P

Prata total 0,005 mg/L AgSelênio total 0,01 mg/L SeSulfetos (H2S não

dissociado)0,002 mg/L S

Tálio total 0,1 mg/L TlUrânio Total 0,5 mg/L UZinco total 0,09 mg/L Zn

PARÂMETROS ORGÂNICOS

VALOR MÁXIMO

Aldrin + Dieldrin 0,0019 µg/LBenzeno 700 µg/LCarbaril 0,32 µg/LClordano (cis +

trans)0,004 µg/L

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 95: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

TABELA IV - CLASSE 1 - ÁGUAS SALINAS

2,4-D 30,0 µg/LDDT (p,p'-DDT+

p,p'-DDE + p,p'-DDD)0,001 µg/L

Demeton (Demeton-O + Demeton-S)

0,1 µg/L

Dodecacloro pentaciclodecano

0,001 µg/L

Endossulfan (a + + sulfato)

0,01 µg/L

Endrin 0,004 µg/LEtilbenzeno 25 µg/LFenóis totais

(substâncias que reagem com 4-aminoantipirina)

60 µg/L C6H5OH

Gution 0,01 µg/LHeptacloro epóxido +

Heptacloro0,001 µg/L

Lindano (g-HCH) 0,004 µg/LMalation 0,1 µg/LMetoxicloro 0,03 µg/LMonoclorobenzeno 25 µg/LPentaclorofenol 7,9 µg/LPCBs - Bifenilas

Policloradas0,03 µg/L

Substâncias tensoativas que reagem com o azul de metileno

0,2 mg/L LAS

2,4,5-T 10,0 µg/LTolueno 215 µg/LToxafeno 0,0002 µg/L2,4,5-TP 10,0 µg/LTributilestanho 0,01 µg/L TBT

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 96: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

TABELA IV - CLASSE 1 - ÁGUAS SALINAS

Triclorobenzeno (1,2,3-TCB + 1,2,4-TCB)

80 µg/L

Tricloroeteno 30,0 µg/L

III - Nas águas salinas onde ocorrer pesca ou cultivo de organismos, para

fins de consumo intensivo, além dos padrões estabelecidos no inciso II deste artigo,

aplicam-se os seguintes padrões em substituição ou adicionalmente:

TABELA V - CLASSE 1 - ÁGUAS SALINAS

PADRÕES PARA CORPOS DE ÁGUA ONDE HAJA PESCA OU CULTIVO DE ORGANISMOSPARA FINS DE CONSUMO INTENSIVO

PARÂMETROS INORGÂNICOS

VALOR MÁXIMO

Arsênio total 0,14 µg/L AsPARÂMETROS ORGÂNICOS

VALOR MÁXIMO

Benzeno 51 µg/LBenzidina 0,0002 µg/LBenzo(a)antraceno 0,018 µg/LBenzo(a)pireno 0,018 µg/LBenzo(b)fluoranteno 0,018 µg/LBenzo(k)fluoranteno 0,018 µg/L2-Clorofenol 150 µg/L2,4-Diclorofenol 290 µg/LCriseno 0,018 µg/L

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 97: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

TABELA V - CLASSE 1 - ÁGUAS SALINAS

Dibenzo(a,h)antraceno 0,018 µg/L1,2-Dicloroetano 37 µg/L1,1-Dicloroeteno 3 µg/L3,3-Diclorobenzidina 0,028 µg/LHeptacloro epóxido +

Heptacloro0,000039 µg/L

Hexaclorobenzeno 0,00029 µg/LIndeno(1,2,3-cd)pireno 0,018 µg/LPCBs - Bifenilas

Policloradas0,000064 µg/L

Pentaclorofenol 3,0 µg/LTetracloroeteno 3,3 µg/L2,4,6-Triclorofenol 2,4 µg/L

...

Seção IV

Das Águas Salobras

Art. 21. As águas salobras de classe 1 observarão as seguintes condições e

padrões:

I - condições de qualidade de água:

a) não verificação de efeito tóxico crônico a organismos, de acordo com os

critérios estabelecidos pelo órgão ambiental competente, ou, na sua ausência, por

instituições nacionais ou internacionais renomadas, comprovado pela realização de

ensaio ecotoxicológico padronizado ou outro método cientificamente reconhecido;

b) carbono orgânico total: até 3 mg/L, como C;

c) OD, em qualquer amostra, não inferior a 5 mg/ L O2;

d) pH: 6,5 a 8,5;

e) óleos e graxas: virtualmente ausentes;

f) materiais flutuantes: virtualmente ausentes;

g) substâncias que produzem cor, odor e turbidez: virtualmente ausentes;

h) resíduos sólidos objetáveis: virtualmente ausentes; e

i) coliformes termotolerantes: para o uso de recreação de contato primário

deverá ser obedecida a Resolução CONAMA no 274, de 2000. Para o cultivo de

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 98: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

moluscos bivalves destinados à alimentação humana, a média geométrica da

densidade de coliformes termotolerantes, de um mínimo de 15 amostras coletadas no

mesmo local, não deverá exceder 43 por 100 mililitros, e o percentil 90% não deverá

ultrapassar 88 coliformes termolerantes por 100 mililitros. Esses índices deverão ser

mantidos em monitoramento anual com um mínimo de 5 amostras. Para a irrigação de

hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam rentes ao solo e

que sejam ingeridas cruas sem remoção de película, bem como para a irrigação de

parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter

contato direto, não deverá ser excedido o valor de 200 coliformes termotolerantes por

100mL. Para os demais usos não deverá ser excedido um limite de 1.000 coliformes

termotolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 6 amostras

coletadas durante o período de um ano, com freqüência bimestral. A E. coli poderá ser

determinada em substituição ao parâmetro coliformes termotolerantes de acordo com

limites estabelecidos pelo órgão ambiental competente.

II - Padrões de qualidade de água:

TABELA VII - CLASSE 1 - ÁGUAS SALOBRAS

PADRÕESPARÂMETROS

INORGÂNICOSVALOR MÁXIMO

Alumínio dissolvido 0,1 mg/L AlArsênio total 0,01 mg/L AsBerílio total 5,3 µg/L BeBoro 0,5 mg/L BCádmio total 0,005 mg/L CdChumbo total 0,01 mg/L PbCianeto livre 0,001 mg/L CNCloro residual total

(combinado + livre)0,01 mg/L Cl

Cobre dissolvido 0,005 mg/L CuCromo total 0,05 mg/L CrFerro dissolvido 0,3 mg/L FeFluoreto total 1,4 mg/L F

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 99: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

TABELA VII - CLASSE 1 - ÁGUAS SALOBRAS

Fósforo total 0,124 mg/L PManganês total 0,1 mg/L MnMercúrio total 0,0002 mg/L HgNíquel total 0,025 mg/L NiNitrato 0,40 mg/L NNitrito 0,07 mg/L NNitrogênio

amoniacal total0,40 mg/L N

Polifosfatos (determinado pela diferença entre fósforo ácido hidrolisável total e fósforo reativo total)

0,062 mg/L P

Prata total 0,005 mg/L AgSelênio total 0,01 mg/L SeSulfetos (como H2S

não dissociado)0,002 mg/L S

Zinco total 0,09 mg/L ZnPARÂMETROS ORGÂNICOS

VALOR MÁXIMO

Aldrin + dieldrin 0,0019 µg/LBenzeno 700 µg/LCarbaril 0,32 µg/LClordano (cis +

trans)0,004 µg/L

2,4-D 10,0 µg/LDDT (p,p'DDT+

p,p'DDE + p,p'DDD)0,001 µg/L

Demeton (Demeton-O + Demeton-S)

0,1 µg/L

Dodecacloro pentaciclodecano

0,001 µg/L

Endrin 0,004 µg/LEndossulfan (a + + 0,01 µg/L

Glaucio Gonçalves Tiago

99

Page 100: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

TABELA VII - CLASSE 1 - ÁGUAS SALOBRAS

sulfato)Etilbenzeno 25,0 µg/LFenóis totais

(substâncias que reagem com 4-aminoantipirina)

0,003 mg/L C6H5OH

Gution 0,01 µg/LHeptacloro epóxido +

Heptacloro0,001 µg/L

Lindano (g-HCH) 0,004 µg/LMalation 0,1 µg/LMetoxicloro 0,03 µg/LMonoclorobenzeno 25 µg/LParation 0,04 µg/LPentaclorofenol 7,9 µg/LPCBs - Bifenilas

Policloradas0,03 µg/L

Substâncias tensoativas que reagem com azul de metileno

0,2 mg/L LAS

2,4,5-T 10,0 µg/LTolueno 215 µg/LToxafeno 0,0002 µg/L2,4,5-TP 10,0 µg/LTributilestanho 0,010 µg/L TBTTriclorobenzeno

(1,2,3-TCB + 1,2,4-TCB)

80,0 µg/L

III - Nas águas salobras onde ocorrer pesca ou cultivo de organismos, para

fins de consumo intensivo, além dos padrões estabelecidos no inciso II deste artigo,

aplicam-se os seguintes padrões em substituição ou adicionalmente:

Glaucio Gonçalves Tiago

100

Page 101: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

TABELA VIII - CLASSE 1 - ÁGUAS SALOBRAS

PADRÕES PARA CORPOS DE ÁGUA ONDE HAJA PESCA OU CULTIVO DE

ORGANISMOS PARA FINS DE CONSUMO INTENSIVOPARÂMETROS

INORGÂNICOSVALOR MÁXIMO

Arsênio total 0,14 µg/L AsPARÂMETROS ORGÂNICOS

VALOR MÁXIMO

Benzeno 51 µg/LBenzidina 0,0002 µg/LBenzo(a)antraceno 0,018 µg/LBenzo(a)pireno 0,018 µg/LBenzo(b)fluoranteno 0,018 µg/LBenzo(k)fluoranteno 0,018 µg/L2-Clorofenol 150 µg/LCriseno 0,018 µg/LDibenzo(a,h)antraceno 0,018 µg/L2,4-Diclorofenol 290 µg/L1,1-Dicloroeteno 3,0 µg/L1,2-Dicloroetano 37,0 µg/L3,3-Diclorobenzidina 0,028 µg/LHeptacloro epóxido +

Heptacloro0,000039 µg/L

Hexaclorobenzeno 0,00029 µg/LIndeno(1,2,3-cd)pireno 0,018 µg/LPentaclorofenol 3,0 µg/LPCBs - Bifenilas

Policloradas0,000064 µg/L

Tetracloroeteno 3,3 µg/LTricloroeteno 30 µg/L2,4,6-Triclorofenol 2,4 µg/L

...

Glaucio Gonçalves Tiago

101

Page 102: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

CAPÍTULO IV

DAS CONDIÇÕES E PADRÕES DE LANÇAMENTO DE EFLUENTES

Art. 24. Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser

lançados, direta ou indiretamente, nos corpos de água, após o devido tratamento e

desde que obedeçam às condições, padrões e exigências dispostos nesta Resolução e

em outras normas aplicáveis.

Parágrafo único. O órgão ambiental competente poderá, a qualquer

momento:

I - acrescentar outras condições e padrões, ou torná-los mais restritivos,

tendo em vista as condições locais, mediante fundamentação técnica; e

II - exigir a melhor tecnologia disponível para o tratamento dos efluentes,

compatível com as condições do respectivo curso de água superficial, mediante

fundamentação técnica.

Art. 25. É vedado o lançamento e a autorização de lançamento de efluentes

em desacordo com as condições e padrões estabelecidos nesta Resolução.

Parágrafo único. O órgão ambiental competente poderá, excepcionalmente,

autorizar o lançamento de efluente acima das condições e padrões estabelecidos no art.

34, desta Resolução, desde que observados os seguintes requisitos:

I - comprovação de relevante interesse público, devidamente motivado;

II - atendimento ao enquadramento e às metas intermediárias e finais,

progressivas e obrigatórias;

III - realização de Estudo de Impacto Ambiental-EIA, às expensas do

empreendedor responsável pelo lançamento;

IV - estabelecimento de tratamento e exigências para este lançamento; e

V - fixação de prazo máximo para o lançamento excepcional.

Art. 26. Os órgãos ambientais federal, estaduais e municipais, no âmbito de

sua competência, deverão, por meio de norma específica ou no licenciamento da

atividade ou empreendimento, estabelecer a carga poluidora máxima para o

lançamento de substâncias passíveis de estarem presentes ou serem formadas nos

processos produtivos, listadas ou não no art. 34, desta Resolução, de modo a não

comprometer as metas progressivas obrigatórias, intermediárias e final, estabelecidas

pelo enquadramento para o corpo de água.

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 103: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

§ 1o No caso de empreendimento de significativo impacto, o órgão

ambiental competente exigirá, nos processos de licenciamento ou de sua renovação, a

apresentação de estudo de capacidade de suporte de carga do corpo de água receptor.

§ 2o O estudo de capacidade de suporte deve considerar, no mínimo, a

diferença entre os padrões estabelecidos pela classe e as concentrações existentes no

trecho desde a montante, estimando a concentração após a zona de mistura.

§ 3o Sob pena de nulidade da licença expedida, o empreendedor, no

processo de licenciamento, informará ao órgão ambiental as substâncias, entre aquelas

previstas nesta Resolução para padrões de qualidade de água, que poderão estar

contidas no seu efluente.

§ 4o O disposto no § 1o aplica-se também às substâncias não contempladas

nesta Resolução, exceto se o empreendedor não tinha condições de saber de sua

existência nos seus efluentes.

Art. 27. É vedado, nos efluentes, o lançamento dos Poluentes Orgânicos

Persistentes-POPs mencionados na Convenção de Estocolmo, ratificada pelo Decreto

Legislativo no 204, de 7 de maio de 2004.

Parágrafo único. Nos processos onde possa ocorrer a formação de dioxinas

e furanos deverá ser utilizada a melhor tecnologia disponível para a sua redução, até a

completa eliminação.

Art. 28. Os efluentes não poderão conferir ao corpo de água características

em desacordo com as metas obrigatórias progressivas, intermediárias e final, do seu

enquadramento.

§ 1o As metas obrigatórias serão estabelecidas mediante parâmetros.

§ 2o Para os parâmetros não incluídos nas metas obrigatórias, os padrões

de qualidade a serem obedecidos são os que constam na classe na qual o corpo

receptor estiver enquadrado.

§ 3o Na ausência de metas intermediárias progressivas obrigatórias, devem

ser obedecidos os padrões de qualidade da classe em que o corpo receptor estiver

enquadrado.

Art. 29. A disposição de efluentes no solo, mesmo tratados, não poderá

causar poluição ou contaminação das águas.

Art. 30. No controle das condições de lançamento, é vedada, para fins de

diluição antes do seu lançamento, a mistura de efluentes com águas de melhor

Glaucio Gonçalves Tiago

103

Page 104: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

qualidade, tais como as águas de abastecimento, do mar e de sistemas abertos de

refrigeração sem recirculação.

Art. 31. Na hipótese de fonte de poluição geradora de diferentes efluentes

ou lançamentos individualizados, os limites constantes desta Resolução aplicar-se-ão a

cada um deles ou ao conjunto após a mistura, a critério do órgão ambiental

competente.

Art. 32. Nas águas de classe especial é vedado o lançamento de efluentes

ou disposição de resíduos domésticos, agropecuários, de aqüicultura, industriais e de

quaisquer outras fontes poluentes, mesmo que tratados.

§ 1o Nas demais classes de água, o lançamento de efluentes deverá,

simultaneamente:

I - atender às condições e padrões de lançamento de efluentes;

II - não ocasionar a ultrapassagem das condições e padrões de qualidade de

água, estabelecidos para as respectivas classes, nas condições da vazão de referência; e

III - atender a outras exigências aplicáveis.

§ 2o No corpo de água em processo de recuperação, o lançamento de

efluentes observará as metas progressivas obrigatórias, intermediárias e final.

Art. 33. Na zona de mistura de efluentes, o órgão ambiental competente

poderá autorizar, levando em conta o tipo de substância, valores em desacordo com os

estabelecidos para a respectiva classe de enquadramento, desde que não comprometam

os usos previstos para o corpo de água.

Parágrafo único. A extensão e as concentrações de substâncias na zona de

mistura deverão ser objeto de estudo, nos termos determinados pelo órgão ambiental

competente, às expensas do empreendedor responsável pelo lançamento.

Art. 34. Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser

lançados, direta ou indiretamente, nos corpos de água desde que obedeçam as

condições e padrões previstos neste artigo, resguardadas outras exigências cabíveis:

§ 1o O efluente não deverá causar ou possuir potencial para causar efeitos

tóxicos aos organismos aquáticos no corpo receptor, de acordo com os critérios de

toxicidade estabelecidos pelo órgão ambiental competente.

§ 2o Os critérios de toxicidade previstos no § 1o devem se basear em

resultados de ensaios ecotoxicológicos padronizados, utilizando organismos aquáticos,

e realizados no efluente.

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 105: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

§ 3o Nos corpos de água em que as condições e padrões de qualidade

previstos nesta Resolução não incluam restrições de toxicidade a organismos

aquáticos, não se aplicam os parágrafos anteriores.

§ 4o Condições de lançamento de efluentes:

I - pH entre 5 a 9;

II - temperatura: inferior a 40ºC, sendo que a variação de temperatura do

corpo receptor não deverá exceder a 3ºC na zona de mistura;

III - materiais sedimentáveis: até 1 mL/L em teste de 1 hora em cone

Imhoff. Para o lançamento em lagos e lagoas, cuja velocidade de circulação seja

praticamente nula, os materiais sedimentáveis deverão estar virtualmente ausentes;

IV - regime de lançamento com vazão máxima de até 1,5 vezes a vazão

média do período de atividade diária do agente poluidor, exceto nos casos permitidos

pela autoridade competente;

V - óleos e graxas:

1 - óleos minerais: até 20mg/L;

2- óleos vegetais e gorduras animais: até 50mg/L; e

VI - ausência de materiais flutuantes.

§ 5o Padrões de lançamento de efluentes:

TABELA X - LANÇAMENTO DE EFLUENTES

PADRÕESPARÂMETROS

INORGÂNICOSVALOR MÁXIMO

Arsênio total 0,5 mg/L AsBário total 5,0 mg/L BaBoro total 5,0 mg/L BCádmio total 0,2 mg/L CdChumbo total 0,5 mg/L PbCianeto total 0,2 mg/L CNCobre dissolvido 1,0 mg/L CuCromo total 0,5 mg/L CrEstanho total 4,0 mg/L SnFerro dissolvido 15,0 mg/L Fe

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 106: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

TABELA X - LANÇAMENTO DE EFLUENTES

Fluoreto total 10,0 mg/L FManganês dissolvido 1,0 mg/L MnMercúrio total 0,01 mg/L HgNíquel total 2,0 mg/L NiNitrogênio

amoniacal total20,0 mg/L N

Prata total 0,1 mg/L AgSelênio total 0,30 mg/L SeSulfeto 1,0 mg/L SZinco total 5,0 mg/L Zn

PARÂMETROS ORGÂNICOS

VALOR MÁXIMO

Clorofórmio 1,0 mg/LDicloroeteno 1,0 mg/LFenóis totais

(substâncias que reagem com 4-aminoantipirina)

0,5 mg/L C6H5OH

Tetracloreto de Carbono

1,0 mg/L

Tricloroeteno 1,0 mg/L

Art. 35. Sem prejuízo do disposto no inciso I, do § 1o do art. 24, desta

Resolução, o órgão ambiental competente poderá, quando a vazão do corpo de água

estiver abaixo da vazão de referência, estabelecer restrições e medidas adicionais, de

caráter excepcional e temporário, aos lançamentos de efluentes que possam, dentre

outras conseqüências:

I - acarretar efeitos tóxicos agudos em organismos aquáticos; ou

II - inviabilizar o abastecimento das populações.

Art. 36. Além dos requisitos previstos nesta Resolução e em outras normas

aplicáveis, os efluentes provenientes de serviços de saúde e estabelecimentos nos

Glaucio Gonçalves Tiago

106

Page 107: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

quais haja despejos infectados com microorganismos patogênicos, só poderão ser

lançados após tratamento especial.

Art. 37. Para o lançamento de efluentes tratados no leito seco de corpos de

água intermitentes, o órgão ambiental competente definirá, ouvido o órgão gestor de

recursos hídricos, condições especiais

...

CAPÍTULO V

DIRETRIZES AMBIENTAIS PARA O ENQUADRAMENTO

Art. 38. O enquadramento dos corpos de água dar-se-á de acordo com as

normas e procedimentos definidos pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos-

CNRH e Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos.

§ 1o O enquadramento do corpo hídrico será definido pelos usos

preponderantes mais restritivos da água, atuais ou pretendidos.

§ 2o Nas bacias hidrográficas em que a condição de qualidade dos corpos

de água esteja em desacordo com os usos preponderantes pretendidos, deverão ser

estabelecidas metas obrigatórias, intermediárias e final, de melhoria da qualidade da

água para efetivação dos respectivos enquadramentos, excetuados nos parâmetros que

excedam aos limites devido às condições naturais.

§ 3o As ações de gestão referentes ao uso dos recursos hídricos, tais como

a outorga e cobrança pelo uso da água, ou referentes à gestão ambiental, como o

licenciamento, termos de ajustamento de conduta e o controle da poluição, deverão

basear-se nas metas progressivas intermediárias e final aprovadas pelo órgão

competente para a respectiva bacia hidrográfica ou corpo hídrico específico.

§ 4o As metas progressivas obrigatórias, intermediárias e final, deverão ser

atingidas em regime de vazão de referência, excetuados os casos de baías de águas

salinas ou salobras, ou outros corpos hídricos onde não seja aplicável a vazão de

referência, para os quais deverão ser elaborados estudos específicos sobre a dispersão

e assimilação de poluentes no meio hídrico.

§ 5o Em corpos de água intermitentes ou com regime de vazão que

apresente diferença sazonal significativa, as metas progressivas obrigatórias poderão

variar ao longo do ano.

§ 6o Em corpos de água utilizados por populações para seu abastecimento,

o enquadramento e o licenciamento ambiental de atividades a montante preservarão,

obrigatoriamente, as condições de consumo.

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 108: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

CAPÍTULO VI

DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 39. Cabe aos órgãos ambientais competentes, quando necessário,

definir os valores dos poluentes considerados virtualmente ausentes.

Art. 40. No caso de abastecimento para consumo humano, sem prejuízo do

disposto nesta Resolução, deverão ser observadas, as normas específicas sobre

qualidade da água e padrões de potabilidade.

Art. 41. Os métodos de coleta e de análises de águas são os especificados

em normas técnicas cientificamente reconhecidas.

Art. 42. Enquanto não aprovados os respectivos enquadramentos, as águas

doces serão consideradas classe 2, as salinas e salobras classe 1, exceto se as

condições de qualidade atuais forem melhores, o que determinará a aplicação da classe

mais rigorosa correspondente.

Art. 43. Os empreendimentos e demais atividades poluidoras que, na data

da publicação desta Resolução, tiverem Licença de Instalação ou de Operação,

expedida e não impugnada, poderão a critério do órgão ambiental competente, ter

prazo de até três anos, contados a partir de sua vigência, para se adequarem às

condições e padrões novos ou mais rigorosos previstos nesta Resolução.

§ 1o O empreendedor apresentará ao órgão ambiental competente o

cronograma das medidas necessárias ao cumprimento do disposto no caput deste

artigo.

§ 2o O prazo previsto no caput deste artigo poderá, excepcional e

tecnicamente motivado, ser prorrogado por até dois anos, por meio de Termo de

Ajustamento de Conduta, ao qual se dará publicidade, enviando-se cópia ao Ministério

Público.

§ 3o As instalações de tratamento existentes deverão ser mantidas em

operação com a capacidade, condições de funcionamento e demais características para

as quais foram aprovadas, até que se cumpram as disposições desta Resolução.

§ 4o O descarte contínuo de água de processo ou de produção em

plataformas marítimas de petróleo será objeto de resolução específica, a ser publicada

no prazo máximo de um ano, a contar da data de publicação desta Resolução,

ressalvado o padrão de lançamento de óleos e graxas a ser o definido nos termos do

art. 34, desta Resolução, até a edição de resolução específica.

Glaucio Gonçalves Tiago

108

Page 109: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

Art. 44. O CONAMA, no prazo máximo de um ano, complementará, onde

couber, condições e padrões de lançamento de efluentes previstos nesta Resolução.

Art. 45. O não cumprimento ao disposto nesta Resolução acarretará aos

infratores as sanções previstas pela legislação vigente.

§ 1o Os órgãos ambientais e gestores de recursos hídricos, no âmbito de

suas respectivas competências, fiscalizarão o cumprimento desta Resolução, bem

como quando pertinente, a aplicação das penalidades administrativas previstas nas

legislações específicas, sem prejuízo do sancionamento penal e da responsabilidade

civil objetiva do poluidor.

§ 2o As exigências e deveres previstos nesta Resolução caracterizam

obrigação de relevante interesse ambiental.

Art. 46. O responsável por fontes potencial ou efetivamente poluidoras das

águas deve apresentar ao órgão ambiental competente, até o dia 31 de março de cada

ano, declaração de carga poluidora, referente ao ano civil anterior, subscrita pelo

administrador principal da empresa e pelo responsável técnico devidamente habilitado,

acompanhada da respectiva Anotação de Responsabilidade Técnica.

§ 1o A declaração referida no caput deste artigo conterá, entre outros dados,

a caracterização qualitativa e quantitativa de seus efluentes, baseada em amostragem

representativa dos mesmos, o estado de manutenção dos equipamentos e dispositivos

de controle da poluição.

§ 2o O órgão ambiental competente poderá estabelecer critérios e formas

para apresentação da declaração mencionada no caput deste artigo, inclusive,

dispensando-a se for o caso para empreendimentos de menor potencial poluidor.

Art. 47. Equiparam-se a perito, os responsáveis técnicos que elaborem

estudos e pareceres apresentados aos órgãos ambientais.

Art. 48. O não cumprimento ao disposto nesta Resolução sujeitará os

infratores, entre outras, às sanções previstas na Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de

1998 e respectiva regulamentação.

Art. 49. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 50. Revoga-se a Resolução CONAMA no 020, de 18 de junho de 1986.

MARINA SILVA

Presidente do CONAMA

Glaucio Gonçalves Tiago

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

INTER-RELAÇÃO ENTRE VALORES TÉCNICO-CIENTÍFICOS DAS CIÊNCIAS NATURAIS E AS NORMAS JURÍDICAS NA AQÜICULTURA

A rápida expansão da aqüicultura durante as décadas de 70, 80 e 90 provavelmente,

não será mantida, e um crescente número de problemas começa a surgir, limitando a

continuidade desse crescimento nas taxas atuais. Segundo Welcomme:

O até agora, rápido crescimento econômico do setor, baseado na criação de

espécies finas de peixes carnívoros e de crustáceos, tem sido limitado pelo

suprimento de alimentos que estas espécies exigem. Espécies de cadeia

alimentar curta, como a carpa e a tilápia são as que apresentam maior

potencial para a aqüicultura. Entretanto esse tipo de cultivo não tem se

desenvolvido devido às preferências de consumo e às circunstâncias sócio-

econômicas não favoráveis em muitas regiões tropicais que apresentam o

melhor potencial para a aqüicultura (1996).

Entretanto, Pillay (1992) pondera que a aqüicultura não é considerada, por

enquanto e comparativamente, uma atividade de grande potencial ambientalmente

impactante, e, por sua obrigatória inter-relação como receptora potencial de resíduos de

outras atividades humanas por vias hídricas (principalmente), a aqüicultura torna-se

merecedora de especial atenção por, dentre outras possibilidades de gestão ambiental

integrada, poder transformar-se em um sistema de verificação e controle de impactos

ambientais oriundos de outras atividades que, por um lado, é imprescindível à produção e à

sanidade aqüícola e, por outro lado, vincula as atividades aqüícolas a um melhor

gerenciamento ambiental de produção de seus resíduos e consumo de recursos hídricos,

possibilitando uma melhor percepção e discussão de padrões técnico-científicos que

auxiliem a produção de medidas legais eficazes na gestão da aqüicultura e dos recursos

hídricos.

Conforme o demonstrado nos dados apresentados, conceitualmente, as várias

definições de impacto ambiental encontradas na literatura mundial possuem, ainda, um

Glaucio Gonçalves Tiago

110

Page 111: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

grande grau de imprecisão possivelmente vinculado às diferenças de percepção do meio

ambiente pelos vários atores envolvidos nas questões ambientais bem como à multi e

interdisciplinariedade dos conhecimentos relativos a estas questões. Da mesma maneira, as

discussões e as tentativas de conceituação relativas a um desenvolvimento de atividades

humanas sob bases sustentáveis enfrentam uma multiplicidade de definições relativa às

mesmas diferenças de percepção do meio ambiente verificadas no caso das definições de

impacto ambiental. Neste sentido, Trepl (1994), no trabalho “O que pode significar

Impacto Ambiental ?” diz que: Os ecossistemas ou comunidades de seres vivos não

passam de abstrações dos cientistas, pois é o observador que traça seus limites e, isso, de

modo sempre diferente, conforme o ponto de vista. Tommasi considera que:

A percepção do ambiente por uma comunidade é freqüentemente diferente

daquela das autoridades locais ou nacionais. Por isso, parece-nos importante

que, face a um dado projeto, a entidade de controle ambiental envolvida

realize um inquérito entre a população da região onde se pretende que o

mesmo seja implantado, a fim de verificar quais aspectos são considerados

relevantes, pois nem sempre o grau de importância atribuído a um impacto

pela comunidade será o mesmo, tanto dos técnicos que realizarão os estudos,

como daqueles que o julgarão (1994).

Ainda, Boyd, em trabalho sobre a sustentabilidade da aqüicultura e as questões ambientais,

reflete que:

A maior parte das informações que escutamos e lemos sobre meio ambiente

representam opiniões. As pessoas usam dados oriundos de estudos ou

observações científicas na avaliação de questões ambientais, mas suas

conclusões são freqüentemente opiniões. Há, ainda, grande diversidade na

maneira como as pessoas percebem o meio ambiente e o uso correto de

recursos naturais e de ecossistemas, de tal forma, que pessoas com

sentimentos arraigados freqüentemente anulam a objetividade (requerida

pelos processos científicos) para chegarem rapidamente às conclusões. Desta

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 112: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

maneira, as questões ambientais são voláteis, pois são afetadas por opiniões e

fortes sentimentos. Além do mais, estilo de vida e aspectos econômicos são

fatores que freqüentemente também interferem em questões ambientais.

Conseqüentemente, discordâncias sobre questões ambientais são,

potencialmente, tão explosivas quanto discordâncias sobre questões

espirituais (1999).

Cadwell já alertava na década de 70 que:

Através dos conflitos do futuro-orientado de nossa sociedade tecnocientífica, o

pensamento ecológico é fragmentado e tratado de maneira contraditória, no

qual o homem não aprendeu a perceber o mundo como um complexo de

sistemas dinâmicos inter-relacionados (1972).

As diferenças de percepção do meio ambiente pelos seres humanos bem como

temas correlatos à ilusão cognitiva do pensamento humano têm sido reportados na

literatura atual sobre meio ambiente. Assim, Soper diz que:

Quando atentamos para a conceitualização de natureza, nós pensamos,

primariamente, somente no meio ambiente natural como totalmente estranho e

independente dos processos humanos, mas do qual a humanidade é também

um componente. Natureza é, neste senso, aquilo onde nós não estamos e

aquilo onde nós estamos implícitos. O conceito que prevalece desde a idade

média, baseado na psico-teologia e nos princípios neoplatônicos de plenitude,

concebe a natureza como a Grande Cadeia da Existência. “Natureza”, então,

é concebida, em termos cosmológicos, como a totalidade da existência, onde a

humanidade não é oposta a isto, nem é vista como separada disto, mas sim faz

parte de uma composição da imensidão de infinitas interligações dentro de

uma hierárquica ordem de escassos tipos de existência. As limitações do

pensamento de “natureza”, como aquilo que é independente de nós, e externo

a nós, estão presentes na visão, quando nós consideramos a maneira pela qual

Glaucio Gonçalves Tiago

112

Page 113: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

nós usamos este termo como referência para nós mesmos. Para nós, também,

isto é dito pelo fato que somos possuídos pela natureza e devemos nos

comportar de maneira relativamente natural. Entretanto, quando falamos

sobre natureza humana, isto não implica necessariamente que a existência

humana participa da natureza que nós atribuímos à animalidade ou da

finalidade de continuidade da existência em relação ao mundo natural. Em

sentido contrário, nós precisamente designamos estes modelos para marcar o

que é concebido na natureza como modelo de animalidade. Certamente, é

verdadeira a idéia de que o conceito de natureza humana é muito utilizado

para enfatizar nossa diferença em relação às demais espécies naturais, e,

quando, por exemplo, isto é dito, a existência humana é vista pela razão da

natureza racional e moral, as quais não são verificadas nas espécies naturais,

e é contrário à idéia do comportamento natural animal destas outras espécies,

percebendo, assim, a natureza como um modelo que precisamente renega o

que é verdadeiramente inerente a nós mesmos. A história das maneiras pelas

quais a idéia ou modelo de natureza se demonstra através de nossas próprias

concepções humanas é extraordinariamente complexa e permite uma

variedade de abordagens que passam pelas mais diferentes análises sob os

pontos de vista sociológico, cultural, ético, político, biológico, histórico e

filosófico, dentre outros (1995).

Redclif & Woodgate dizem que:

As Estratégias para obtenção do desenvolvimento sustentado estão situadas

em contextos estruturais de economias e sociedades, pelos quais interesses de

grupo e individuais freqüentemente divergem. Seus sucessos dependem da

eficácia de atos intencionais de agentes humanos, e, neste sentido, muita

atenção tem sido dada à reavaliação da natureza no curso do desenvolvimento

econômico. Quanto mais a sociedade se desenvolve economicamente, mais

aprecia a natureza e menos a civilização. Movimentos de motivação romântica

embasados na percepção das áreas selvagens, e através do início do

Glaucio Gonçalves Tiago

113

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

desaparecimentos destas áreas, têm propulsionado uma nova visão do valor

da natureza (1994).

Assim, estes autores, expondo a distinção das perspectivas históricas da dominação e

domesticação das áreas naturais e do Movimento Romântico na Europa e EUA durante os

dois últimos séculos, consideram que a visão de perda das áreas selvagens não representa a

criação do Jardim do Éden, mas sim a expulsão dos humanos do Jardim do Éden. Estas

contradições acerca do nosso gerenciamento e uso da natureza são evidentes na nossa visão

de perda do campo, das áreas selvagens e das paisagens naturais e estão intimamente

relacionadas com o sentimento de perda que acompanha a civilização industrial moderna.

Redclif & Woodgate (1994) consideram ainda que o discurso acerca de meio ambiente e

desenvolvimento não é um neutro discurso convergente, mas um reflexo de divergentes

experiências históricas e de diferentes interpretações destas experiências. Diegues, neste

sentido, afirma que:

Por mais que a sociedade urbano-industrial e o avanço das ciências tenham

dessacralizado o mundo e enfraquecido os mitos, a imagem de parque

nacional e outras áreas protegidas como um paraíso em que a natureza

virgem se expressa em toda a sua beleza, transformando-se num objeto de

reverência do homem urbano, ressalta a idéia de que as mitologias têm vida

longa e podem renascer à sombra da racionalidade (1996).

Gómez-Pompa & Kaus acrescentam que:

A validade das convicções ambientais amplamente aceitas deve ser

questionada - desde a nossa crença na natureza virgem das florestas tropicais

até nossos novos pensamentos, ainda se desenvolvendo, sobre o aquecimento

global. Descobertas científicas, muitas vezes, são aceitas como se fossem

verdade absoluta. Uma verdade científica, porém, é uma conclusão tirada de

um conjunto limitado de dados. É uma explicação do que os cientistas

conhecem até o momento, sobre o assunto, baseados em suas próprias

Glaucio Gonçalves Tiago

114

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

qualificações e na interpretação das informações disponíveis. Pode ser

substituída por uma outra verdade à luz de novas informações que não cabem

no velho paradigma (1992).

E, ainda:

Necessitamos desafiar algumas de nossas crenças mais fundamentais e

contraditórias, relacionadas com o meio ambiente natural: a suposta

capacidade científica e o conhecimento de que dispomos para controlar e

fazer o manejo da natureza, da forma que consideramos correta e a percepção

de pureza que possuímos acerca do estado original de regiões não habitadas.

Ambas as crenças, combinadas com o conceito de equilíbrio da natureza,

conduziram a doutrinas não realistas e contraditórias em nossas políticas de

manejo dos recursos naturais. Do lado utilitário, essas políticas são

permeadas pela aceitação de práticas destrutivas, geradas por uma crença de

que medidas mitigantes podem interromper ou reverter a espoliação ambiental

e sua degradação. Do lado preservacionista, políticas convencionais de

manejo dos recursos também incluem práticas baseadas na crença de que, ao

se reservarem extensões de terra tidas como virgens, automaticamente se

preservará sua integridade biológica. Nenhuma dessas crenças leva em

consideração as possibilidades de manejo dos recursos naturais, que podem

surgir de uma integração de percepções alternativas do meio ambiente e de

informações científicas atuais (1992).

Rouanet (1990), em trabalho versado sobre o tema do cativeiro da razão humana,

pondera ainda que: “A história da epistemologia é ao mesmo tempo a história das várias

tentativas de refletir o tema da ilusão cognitiva e o tema correlato das estratégias para

evitar essa ilusão”.

A questão da sustentabilidade ambiental da aqüicultura, pela multiplicidade de

temas que aborda, em relação, principalmente, ao uso de recursos naturais e à destinação

sócio-econômica de suas atividades, e pela relativa variabilidade de conceitos de impactos

Glaucio Gonçalves Tiago

115

Page 116: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

ambientais relativos ao seu desenvolvimento, encontra, também, dificuldade de precisão

conceitual. Assim, Muir afirma que

A noção de sustentabilidade e de termos associados, como “desenvolvimento

sustentável”, são, atualmente, amplamente utilizados na discussão de

desenvolvimento econômico, em questões de conservação ambiental e em

gerenciamento social e econômico de sistemas de produção, especialmente

aqueles que possuem correlação direta com recursos naturais, portanto, sendo

aplicados de maneira crescente na aqüicultura. Entretanto existem,

particularmente nestas noções, uma ampla e pública consciência dos conflitos

entre as percepções da necessidade de conservação e proteção ambiental e do

desenvolvimento agrícola e industrial e crescimento econômico, onde a

riqueza de capital pode ser gerada através do uso da riqueza natural (1996).

Veiga pondera, ainda, que o conceito de desenvolvimento é recente, tendo nascido

após a Segunda Guerra Mundial, na discussão do Primeiro Mundo a respeito do Terceiro

Mundo, e as elites lidam com esta noção há pouco tempo, e assim:

É preciso qualificar o desenvolvimento, antes de afirmar que é sustentável.

Hoje estamos falando muito em desenvolvimento sustentável, mas não houve

alteração substancial nas sociedades que estão lidando com esse conceito. No

entanto, há uma motivação muito séria para que a humanidade troque o nome

daquilo que é o seu modelo anterior. Conceitos de desenvolvimento sustentado

existem, e muitos. Quando se fala de desenvolvimento sustentável, deve-se

antes perguntar quais são as razões que levaram a este qualitativo. O

desenvolvimento, tal como se deu no padrão industrial, está mostrando os seus

limites. Aos poucos as sociedades que avançaram mais no modelo industrial e

graças à produção em massa, conseguiram um aumento brutal de

produtividade, e supuseram que aquela velha questão dos limites naturais

tinha sido superada. Ou que o desenvolvimento tecnológico poderia superá-

los. Neste final de século, de uma maneira ou de outra, seja qual for o setor, as

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 117: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

pessoas estão se dando conta disto. Não se quer dizer com isso que o modelo

da produção em massa entrou em crise nos anos 70, por causa dos limites

naturais. Mas o fato de estarem muito presentes fez emergir , principalmente

na década de 70, essa ênfase na necessidade de outro conceito, menos

produtivista, e que levasse mais em conta a necessidade de um convívio de

certos limites impostos pela natureza. Acho que é isso que leva a essa

aceitação tão generalizada e, de certa forma, tão rápida da noção de

desenvolvimento sustentável (1995).

Corbin & Young (1997) afirmam que a aqüicultura está amadurecendo como

ciência e negócio. Isto influencia, de maneira consistente, mudanças ambientais em países

em desenvolvimento e modifica os enfoques de gerenciamento de recursos aquáticos em

países desenvolvidos. Assim, para o século 21 é previsto grande crescimento e

diversificação, já que novas tecnologias e espécies encontram-se disponíveis. A captura de

peixes continua a declinar conjuntamente com um aumento de demanda por produtos

aquáticos, e vários governos nacionais têm dirigido sua atenção para a aqüicultura como

produtora de alimentos e de negócios. Os padrões de desenvolvimento mundial percebidos

nestes anos recentes tornam claro que, para um crescimento produtivo, será necessária uma

grande destinação de recursos naturais para uso da aqüicultura. Dentre estes recursos

incluem-se áreas costeiras, águas subterrâneas, rios, lagos e hábitats marinhos costeiros, e,

muito provavelmente, também haverá descuido governamental em relação à questão do

uso destes recursos para a atividade aqüícola. Experiências recentes indicam que o

crescimento desordenado da aqüicultura pode causar sérios danos ao meio ambiente e,

também, impactos sociais, econômicos e culturais, não desejáveis e desconhecidos, sobre

comunidades.

Para Corbin & Young (1997), a estrutura política e regulamentadora e os

programas públicos de suporte que implementam esforços para o desenvolvimento

aqüícola constituem a visão nacional geral para expansão da aqüicultura. Historicamente, é

importante notar que países “desenvolvidos” e “em desenvolvimento” possuem visões

diferentes sobre as atividades aqüícolas e as expectativas de contribuição social relativas a

estas atividades. Assim, nota-se uma diferença de temas ou problemas, entre países

Glaucio Gonçalves Tiago

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

desenvolvidos e países em desenvolvimento, endereçado à atuação governamental,

conforme o quadro a seguir.

Quadro 16 - Temas ou problemas referentes a atuação governamental relativa à aqüicultura em países desenvolvidos e em desenvolvimento (Corbin & Young, 1997)

Categoria Tema ou ProblemaPaíses

desenvolvidosPaíses

em desenvolvimento

BiofísicaEliminação de manguezais - XEliminação de áreas úmidas - XDegradação da qualidade da água e do substrato X XExtinção de águas subterrâneas e salinização do solo X X“Blooms” de algas tóxicas X XContaminação por doenças oriundas das aqüiculturas X XRedução da capturas de espécies nativas X XDiluição genética dos estoques nativos X X

continuacontinuação

Introdução de espécies exóticas X XUso de antibióticos - XImpactos na vida natural X -

EconômicaConflitos pelo uso múltiplo de recursos X XDeslocamento de atividades tradicionais de subsistência e de ganho X XInsumos para a aqüicultura (e.g. ingredientes alimentares) - XModelos de desenvolvimento empresarial inapropriados - XExportação de produção - X

Sócio-culturalCompetição por recursos financeiros - XPoluição visual X -Aceite de novas tecnologias - XAlteração nos padrões familiares de trabalho - XAumento de desemprego e de subemprego - XDegradação nutricional humana - XTabus culturais e religiosos - X

Do ponto de vista dos indicadores de impacto ambiental previstos para a

aqüicultura, os dados apresentados neste nosso trabalho demonstram a existência de grande

quantidade de informação disponível na literatura mundial que, mesmo não plenamente

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 119: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

concordantes ou devidamente avalizados pelos componentes de uma cadeia produtiva de

aqüicultura, podem ser utilizados, de maneira geral, como subsídio para a discussão e o

gerenciamento das atividades aqüícolas, com vistas a um desenvolvimento consciente e

cuidadoso desta cadeia produtiva em relação ao meio ambiente. Assim como, para o

estabelecimento de um regime legal regulamentador da atividade aqüicola, orientado para a

consideração multi e interdisciplinar de fatores e elementos que a constituem, do ponto de

vista ambiental. Nota-se também, através dos resultados obtidos, que não há, na literatura

mundial sobre aqüicultura, uma abordagem de indicadores de impactos ambientais

específicos para cultivos de espécies nativas do Brasil, o que pode ser explicado pela

grande importância produtiva das espécies exóticas criadas no Brasil. Neste sentido, a FAO

(1996) demonstra que, na América do Sul, a aqüicultura baseada em peixes exóticos

representa 96,2 % da produção anual total de peixes, sendo que, segundo New (1999), no

Brasil, no ano de 1996, as criações de salmonídeos e outros peixes de água doce atingiram

40.800 toneladas métricas/TM (79,56%), enquanto as criações de crustáceos representaram

4.461 TM (8,70 %), as criações de moluscos 5.820 TM (11,35 %), e outras criações

(peixes de água salgada e estuarina, algas, dentre outros) 200 TM (0,39 %).

No que diz respeito à legislação regulamentadora da aqüicultura, Edeson (1996)

pondera que, embora a aqüicultura venha sendo praticada já há muitos séculos,

surpreendentemente o regime legal que a governa só tem merecido atenção detalhada

recentemente. Este fato é surpreendente, uma vez que muito da atividade aqüícola interfere

em matérias que se situam no centro da maioria dos sistemas legais. Assim, por exemplo, a

aqüicultura é diretamente afetada por leis de solo, de água, de meio ambiente, de

conservação de recursos naturais, de caça e pesca, de sanidade animal. De maneira

genérica, a aqüicultura é afetada por leis de saúde pública, leis sanitárias, leis de

exportação e importação, leis tributárias, dentre outras. Neste sentido, Van Houtte (1996)

comenta que em muitos países os processos para o licenciamento de atividades aqüícolas

são usualmente complexos e envolvem muitas e diferentes instituições. A centralização

desses processos, integrados a um processo de assessoramento, pode indubitavelmente

ajudar a reduzir as complexidades burocráticas, assim como reduzir custos para

aqüicultores e governo. Um dos maiores problemas em relação aos licenciamentos, é o fato

de que faltam instrumentos específicos, incentivadores ou desincentivadores, que auxiliem

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 120: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

e assegurem um desenvolvimento sustentável da aqüicultura e promovam a proteção

ambiental. Novas ferramentas ambientais têm sido e estão sendo criadas e testadas em

muitos países do hemisfério oeste, como suplemento aos regimes legais existentes para a

aqüicultura e para auxiliar e alcançar um gerenciamento sustentável dos recursos naturais

em conformidade com planos de proteção ambiental. Alguns deles são os “acordos

voluntários” ou “ecocontratos” (e.g., Dinamarca) ou “compromissos” (e.g., Paises Baixos)

entre instituições governamentais e organizações industriais, que podem ser, também,

aplicados à atividade aqüícola. A razão de aplicação destes acordos e compromissos é que

um controle efetivo e integrado da poluição não tem como ser alcançado sem uma

participação próxima e ativa do setor produtivo.

Insull & Shehadeh (1996) afirmam ainda que, em nível nacional, o direcionamento

das intervenções políticas governamentais (onde existem políticas) para dar suporte à

aqüicultura varia de acordo com as necessidades individuais e as condições específicas de

cada país. De maneira geral, entretanto, os países devem ter a expectativa de possuírem

políticas com as quais se otimize a contribuição do setor aqüícola para o bem estar

econômico e social (incluídos os valores nutricionais e ambientais). Este objetivo é,

certamente, sinônimo da procura pela melhor contribuição de longo prazo, por este setor,

de suprimento alimentar.

No conjunto da legislação brasileira analisada neste trabalho, verifica-se a larga

utilização de atos administrativos normativos regulamentadores (Decretos, Portarias,

Resoluções e Deliberações) para a regulamentação da atividade aqüícola brasileira.

No que diz respeito à legislação voltada ao estabelecimento e

desenvolvimento de pesca e de aqüicultura, verifica-se, primeiramente, que a abordagem

de aspectos ambientais relativos à aqüicultura, presente na legislação revogada das décadas

de 1920 e 1930, foi relegada na legislação da década de 1960 (Decreto-Lei nº 221, de 28 de

fevereiro de 1967) e na legislação revogada da década de 1990, voltando a ser melhor

abordada na legislação positivada sobre a autorização de uso de espaços físicos de corpos

d’água de domínio da União para fins de aqüicultura da década de 2000.

No que diz respeito ao conjunto de legislação voltado à água e ao gerenciamento de

recursos hídricos analisados, encontra-se uma abordagem de aspectos ambientais bastante

presente na legislação: Decreto Nº 24.643, de 10 de julho de 1934, Lei nº 9.433, de 8 de

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Page 121: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

janeiro de 1997, e Resolução CONAMA n.° 357, de 17 de março de 2005. Estes diplomas

legais apresentam determinação de padrões ambientais precisos para o estabelecimento e

desenvolvimento de aqüiculturas (Resolução CONAMA n.° 357, de 17 de março de 2005)

e inserção de participação social para definição e gestão dos usos de recursos hídricos (Lei

nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997). Assim, mesmo o Decreto Nº 24.643, de 10 de julho de

1934, que cuida básica e principalmente da propriedade e do aproveitamento da água, em

detalhado ordenamento lógico, apresenta muitos dispositivos legais que abordam aspectos

ambientais correlatos à atividade aqüícola e que se encontram explicitados nos dados

obtidos no presente estudo.

Nota-se também que, mesmo existindo padrões ambientais definidos para o

estabelecimento e desenvolvimento de aqüiculturas no conjunto de legislação e voltados à

água e ao gerenciamento de recursos hídricos, este conjunto de legislação não é

diretamente recebido, utilizado ou vinculado ao conjunto de legislação voltado ao

estabelecimento e desenvolvimento de pesca e de aqüicultura.

O ponto de vista jurídico-normativo proposto por Hans Kelsen (1979, 1986, 1998),

no qual se baseia a maior parte das legislações brasileiras circunscritas no universo

amostral deste trabalho, de postura extremamente positivista e formalista, com certeza não

auxilia abordagens multi e interdisciplinares necessárias ao estabelecimento de um regime

legal da atividade aqüícola, que contemple um desenvolvimento desta atividade sob bases

ambiental e socialmente toleráveis. Entretanto, a teoria de Kelsen, embora apresentando,

como fundamentos de validade da norma jurídica, simplesmente a existência de uma

norma jurídica anterior que a valide, possibilita que valores técnico-científicos essenciais

ao crescimento econômico-produtivo da aqüicultura brasileira, baseado em princípios

ambientais, sejam agregados às normas jurídicas através do uso de atos administrativos

normativos regulamentadores (Decretos, Portarias, Resoluções, Deliberações).

Deve-se ressaltar, entretanto, que tais atos, além de não contemplarem,

necessariamente, uma plena discussão social por serem atos de vontade de autoridades do

poder Executivo, não poucas vezes causam conflitos entre si, como, e. g., Resoluções de

competência estadual que versam sobre temas já disciplinados por Portarias de

competência federal, mas com diferentes determinações legais.

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 122: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

Destaque-se, ainda, que a utilização de atos administrativos normativos

regulamentadores fortalece, na verdade, um caráter homológico e linear do discurso

jurídico que, por si só, afeta negativamente a inserção de uma ampla discussão da gestão

ambiental da atividade aqüícola e ressalta um caráter monádico de postura kelseniana,

postura esta que se baseia, principalmente, na necessidade de todo o sistema jurídico ser

vinculado a uma norma superior e suprema, a norma fundamental, a qual, por sua vez,

estabelece a unicidade de todo o sistema jurídico, ilegitimando qualquer outro tipo de

possibilidade normativa desvinculado (não linear) de uma norma superior, que

previamente outorgue à norma jurídica validade e vigência.

Ressalte-se, em tempo, que o grande objetivo da obra de Hans Kelsen foi discutir e

propor os princípios e métodos da teoria jurídica, e suas preocupações neste sentido

inseriam-se no contexto específico dos debates metodológicos oriundos do final do século

XIX e que repercutiam intensamente no começo do século XX. A presença avassaladora

do positivismo jurídico de várias tendências, somada à reação dos teóricos da livre

interpretação do direito, punha em questão a própria autonomia da ciência jurídica. Para

alguns, o caminho dessa metodologia indicava um acoplamento com outras ciências

humanas, como a sociologia, a psicologia, e até com princípios das ciências naturais. Para

outros, a liberação da Ciência Jurídica deveria desembocar em critérios de livre valoração,

não faltando os que recomendavam uma volta aos parâmetros do direito natural. Nesta

discussão, o pensamento de Kelsen seria marcado pela tentativa de conferir à ciência

jurídica um método e um objeto próprios, capazes de superar as confusões metodológicas e

de dar ao jurista uma autonomia científica (FERRAZ JR., 1997b). Reale (1996) diz ainda,

que:

Como neokantiano, Hans Kelsen concebera, inicialmente, as normas como

esquema de interpretação da experiência social possível, experiência que só é

propriamente jurídica enquanto referida a normas de Direito, cuja validez não

resulta de sua correspondência aos fatos, nem do conteúdo que possam ter,

mas tão somente de sua situação no interior do sistema, ligando-se uma norma

à superior, por nexos puramente lógicos, e assim sucessivamente, até se

alcançar a "norma fundamental" recebida como pressuposto da ordem

Glaucio Gonçalves Tiago

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

jurídica positiva, ou fonte comum da validade de todas as normas pertencentes

a um mesmo ordenamento.

A perspectiva comunicativa acerca da norma jurídica apresentada por Ferraz Jr.

(1997a), dentro de uma ótica pragmática, e baseada na percepção da interatividade das

várias partes que se situam nos contextos sociais e jurídicos, parece possibilitar o

estabelecimento de um regime legal da atividade aqüícola que melhor contemple um

desenvolvimento desta atividade sob bases ambiental e socialmente toleráveis,

possibilitando, assim, estruturações variadas de cadeias normativas válidas, que possam

basear-se em diferentes sistemas de discussão e de organização da cadeia produtiva da

aqüicultura e captar as mudanças de padrões técnico-científicos no dinamismo da

atividade.

Destaco na teoria proposta por Ferraz Jr. a possibilidade da existência de várias

normas-origem dentro de um mesmo ordenamento jurídico, o que possibilita uma melhor

inserção de valores oriundos da discussão técnica e social relativa à gestão ambiental da

atividade aqüícola, bem como uma melhor possibilidade de participação social efetiva na

tomada de decisões sobre o estabelecimento e funcionamento de aqüiculturas. Neste

sentido, Ferraz Jr. considera que:

O exemplo mais comum (sobretudo entre os publicistas) de análise da

validade encontra-se em Kelsen, que considera "validade" o modo de

existência específico das normas. A norma só é válida, se promulgada por um

ato legítimo de autoridade, não tendo sido revogada. Mas a qualidade válida

da norma não depende deste ato de autoridade, que é apenas sua condição,

mas não fundamento de existência. O fundamento da validade da norma está

sempre em outra norma, o que o leva até a hipótese complicada da norma

fundamental. Alguns autores costumam dizer, assim, que Kelsen reduz a noção

de validade à de vigência formal, acrescentando, porém, que a posição

reducionista é insustentável. O próprio Kelsen parece dar-se conta do

problema, quando estuda a relação entre validade e efetividade. Na verdade,

Kelsen parece insistir, sem o perceber claramente, que validade para ele é

Glaucio Gonçalves Tiago

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

uma qualidade puramente sintática quando se trata de normas derivadas, mas

uma qualidade semântica, quando fala da norma fundamental, dizendo, por

exemplo, que uma norma só é válida no sistema, mas que o sistema, como todo

(referência à unidade proporcionada pela norma fundamental), só é válida se

eficaz. É verdade que Kelsen procura dar à efetividade um sentido até certo

ponto formal, quando fala em "efetividade no sentido jurídico", distinguindo

entre a mera correspondência entre a norma e o comportamento exigido

(sentido não-jurídico) e a aplicação efetiva da norma quando da ocorrência

do comportamento delituoso (sentido jurídico), mas mesmo assim o conceito

de efetividade continua a ter por matéria um fato real e não uma relação entre

fatos lingüísticos, donde há insuficiência da identificação da validade com

efetividade no todo do sistema (1997a).

Conclui ainda que:

Não constituindo um corpo, algumas regras que estabelecem hierarquia estão

"espalhadas" pelo sistema. Elas permitem determinar, em cada caso, a

relação de autoridade, a meta-complementaridade, fazendo com que o sistema

normativo, como um todo, mantenha sua capacidade de terminar conflitos,

pondo-lhes um fim. Neste sentido, é preciso romper com o pressuposto de que

o ordenamento jurídico constitui um sistema enquanto ordem linear, unitária e

hierárquica, que culmina numa única norma fundamental, reconhecendo, ao

contrário, que o "sistema" normativo admite a presença de várias cadeias com

diversas "normas-origem", até mesmo entre si incompatíveis (FERRAZ JR.,

1997a).

E afirma:

Para Kelsen, se uma norma é válida (obrigatória), significa que os indivíduos

devem comportar-se como a norma estipula, e se a norma mesma, pelo seu

conteúdo imediato, expressa o que os indivíduos devem fazer, caímos numa

Glaucio Gonçalves Tiago

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

curiosa redundância, segundo a qual "os indivíduos devem fazer o que devem

fazer !". Esta redundância esconde uma forma de jusnaturalismo. As

explicações de Kelsen pecam por obscuras. Mas mostram, de qualquer modo,

que o caminho positivista nos conduz a um momento de "irracionalidade"

(“sensu” positivista da palavra) no sentido de fazer a imperatividade das

normas repousar não num "conhecimento", nem num reconhecimento, mas

num ato de crença (FERRAZ JR., 1997a).

De acordo com Ferraz Jr. (op. cit.), o sujeito normativo não é puramente o sujeito

passivo de um monólogo, mas também um sujeito reativo do diálogo. Nestes termos, ao

contrário do que ocorre para Kelsen (para quem as situações subjetivas são apenas relações

entre normas) do ângulo pragmático elas são também comportamentos discursivos

fundamentantes dos sujeitos, que podem ser mais ou menos persuasivos. Por exemplo, a

noção de obrigação jurídica não se reduz (como para Kelsen, que nos fala em dever

jurídico, enquanto o comportamento que evita a sanção) à posição do sujeito perante a

ameaça de sanção, mas se refere concomitantemente ao estabelecimento da relação meta-

complementar que não é produzida pela sanção. Assim, é possível reconhecer, neste

sentido, que a noção de obrigação tem, além de uma dimensão sintática (conexão entre

normas) e de uma dimensão semântica (relação entre comportamentos exigidos e

sancionados com a realidade), uma dimensão pragmática (imposição de relação

complementar). Kelsen, neste sentido, define o delito como o comportamento que provoca

a sanção e o cumprimento do dever, como o que evita.

Como reflexão à utilização de teses aplicadas à formulação e estabelecimento de

normas jurídicas essencialmente formalistas, e muito provavelmente insustentáveis quando

pragmaticamente aplicadas à realidade sócio-cultural de populações e setores produtivos,

Branco pondera que:

No Brasil, uma das grandes dificuldades que os poderes públicos encontraram

para impedir a poluição dos rios pelas indústrias está na deficiência dos

dispositivos legais criados especificamente com essa finalidade, sendo que

uma lei não deve ser demasiado rígida para não se tornar inaplicável (1970).

Glaucio Gonçalves Tiago

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

Van Houtte deixa claro que:

A FAO reconhece que fazendeiros, pescadores e povos das florestas, como os

últimos usuários de vários recursos marinhos e terrestres, precisam ser

envolvidos diretamente, ou através de organizações, em esforços que

assegurem sustentabilidade ao uso de recursos, incluindo práticas de pesca e

de aqüicultura. O artigo 9º (e 6º) do “Código de Conduta Para a Pesca

Responsável” da FAO (1995) endossa fortemente este princípio. Todas as

iniciativas tomadas sob os dispostivos deste Código raramente surtirão efeito,

se não levarem em conta as populações envolvidas pela atividade, as quais

serão, também, os juízes dos procedimentos escolhidos. Tendo em vista a

necessidade de regulamentação da aqüicultura, os legisladores devem

desenhar e adotar leis talhadas pelas circunstâncias específicas de cada país

(1996).

As reflexões contidas neste trabalho evidenciam a atual necessidade do

estabelecimento de mecanismos que possibilitem o mútuo reconhecimento e o inter-

relacionamento das variadas interfaces sócio-ambientais que representam a aqüicultura,

para que seja possível a construção e consolidação de uma gestão ambiental aqüícola

efetiva e duradoura.

Glaucio Gonçalves Tiago

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

CONCLUSÕES

Através do desenvolvimento deste trabalho, no qual buscamos a

interdisciplinariedade necessária ao tema proposto, concluímos que a literatura mundial

contempla grande quantidade de informações sobre indicadores de impacto ambiental, que

podem auxiliar diretamente na organização e gestão ambiental da aqüicultura brasileira.

Entretanto, não pudemos perceber a existência de consenso teórico sobre definições

precisas de “impacto ambiental”, “desenvolvimento sustentado” e “sustentabilidade”, entre

os autores que abordam esses temas.

No que diz respeito à legislação analisada, percebemos que o conjunto de

legislação brasileira revogada de pesca e aqüicultura abordava os indicadores de impacto

ambiental relacionados à aqüicultura e à participação social, mesmo que de maneira

genérica. Já, a legislação brasileira positivada de pesca e aqüicultura é estruturada através

de atos normativos administrativos, que, não exigindo reflexão participativa por serem,

principalmente, emanados de autoridades do poder executivo, abordam os aspectos

ambientais da aqüicultura de forma tímida (incipiente) e descoordenada, sendo ignorados

os indicadores de impacto ambiental relacionados à aqüicultura.

O conjunto de legislação brasileira positivada voltada à água e ao gerenciamento de

recursos hídricos apresenta abordagem de aspectos ambientais relacionados diretamente à

aqüicultura, inclusive com determinação de padrões ambientais precisos para o

estabelecimento e desenvolvimento de aqüiculturas, com inserção de participação social

para definição do uso de recursos hídricos. Notamos ainda que, mesmo existindo padrões

ambientais definidos para o estabelecimento e desenvolvimento de aqüiculturas no

conjunto de legislação voltado à água e ao gerenciamento de recursos hídricos, este

conjunto de legislação não é diretamente recebido, utilizado, ou vinculado ao conjunto da

legislação voltado ao estabelecimento e desenvolvimento de pesca e de aqüicultura. Nesse

sentido, concluímos, ainda, em razão da grande diferença de repertório temático e de

configuração estrutural entre o conjunto de legislação de pesca e aquicultura e o conjunto

de legislação de gestão do recurso água analisados, que os indicadores de impactos

Glaucio Gonçalves Tiago

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Page 128: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO

ambientais não são de fato considerados pela legislação brasileira de pesca e de

aqüicultura.

A abordagem positivista adotada por Hans Kelsen não auxilia, por seu rigor e

formalismo baseado em uma ordem jurídica homológica originada linearmente de uma só

norma, discussões que abordem conceitos ambientais, discussões de dados técnico-

científicos, discussões pluridimensionais, e inter-relação entre conjuntos de legislação

originariamente distintos. Já, a abordagem proposta por Ferraz Jr. possibilita a inserção da

discussão ambiental sob forma pluridimensional e heterológica na gestão de atividades que

necessitem de critérios técnico-científicos e de ampla participação social.

Assim, evidenciamos como necessário o estabelecimento de um novo sistema de

formulação e formalização de normas legais, que, pela inter e multidisciplinariedade das

questões ambientais e pela grande imprecisão que se encontra nas tentativas de definição

de conceitos fundamentais, como impacto ambiental, desenvolvimento sustentado e

sustentabilidade, possibilite maior rapidez e solidez nas tomadas de decisão em relação à

gestão ambiental da aqüicultura brasileira, através de processos participativos como os que

se desenvolvem em câmaras setoriais, comitês de bacias hidrográficas e outras formas de

organização social.

Glaucio Gonçalves Tiago

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TABELAS

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139

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO 140

TABELA I

Produção Pesqueira Mundial, Destinação e Suprimento per capita 1998 1999 2000 2001 2002 20031

(Milhões de toneladas)

PRODUÇÃO PESQUEIRA MUNDIAL

CONTINENTAL

Captura 8,1 8,5 8,7 8,7 8,7 9,0

Aqüicultura 18,5 20,2 21,3 22,5 23,9 25,2

Sub Total / Continental 26,6 28,7 30,0 31,2 32,6 34,2

MARINHA

Captura 79,6 85,2 86,8 84,2 84,5 81,3

Aqüicultura 12,0 13,3 14,2 15,2 15,9 16,7

Sub Total / Marinha 91,6 98,5 101,0 99,4 100,4 98,0

Total capturado 87,7 93,8 95,5 92,9 93,2 90,3

Total aqüicultivado 30,6 33,4 35,5 37,8 39,8 41,9

Total Mundial de Pescado 118,2 127,2 131,0 130,7 133,0 132,2

Glaucio Gonçalves Tiago

Page 141: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO 141

DESTINAÇÃO

Consumo Humano 93,6 95,4 96,8 99,5 100,7 103,0

Usos não alimentícios 24,6 31,8 34,2 31,1 32,2 29,2

SUPRIMENTO per capita

População (bilhões) 5,9 6,0 6,1 6,1 6,2 6,3

Suprimento de pescado per capita (kg)

15,8 15,9 15,9 16,2 16,2 16,3

Nota: Esta estatística exclui as plantas aquáticas. - 1 Estimativa preliminar.

Fonte: FAO - World Review of Fisheries and Aquaculture – 2004 (SOFIA). Disponível em:<http://www.fao.org/docrep/007/y5600e/y5600e04.htm>. Acesso em 19 jan. 2007.

Glaucio Gonçalves Tiago

Page 142: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO 142

TABELA II

Produção Pesqueira Mundial, Destinação e Suprimento per capita: Excluindo China 1998 1999 2000 2001 2002 20031

(Milhões de toneladas)

PRODUÇÃO

CONTINENTAL

Captura 5,8 6,2 6,5 6,5 6,5 6,5

Aqüicultura 5,3 6,0 6,1 6,6 6,9 7,5

Sub Total / Continental 11,1 12,2 12,6 13,1 13,4 14,0

MARINHA

Captura 64,7 70,3 72,0 69,8 70,1 67,0

Aqüicultura 4,4 4,7 4,8 5,1 5,1 5,5

Sub Total / Marinha 69,1 75,0 76,8 74,9 75,2 72,5

Total capturado 70,4 76,5 78,5 76,3 76,6 73,5

Total aqüicultivado 9,8 10,7 10,9 11,7 12,0 13,0

Total Mundial de Pescado 80,2 87,2 89,4 88,1 88,7 86,5

Glaucio Gonçalves Tiago

Page 143: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO 143

DESTINAÇÃO

Consumo Humano 62,3 62,9 63,7 65,6 65,5 66,8

Usos não alimentícios 17,9 24,3 25,7 22,5 23,2 19,7

SUPRIMENTO per capita

População (bilhões) 4,7 4,7 4,8 4,9 5,0 5,0

Suprimento de pescado per capita (kg)

13,3 13,2 13,2 13,4 13,2 13,3

Nota: Esta estatística exclui as plantas aquáticas. - 1 Estimativa preliminar.

Fonte: FAO - World Review of Fisheries and Aquaculture – 2004 (SOFIA). Disponível em:<http://www.fao.org/docrep/007/y5600e/y5600e04.htm>. Acesso em 19 jan. 2007.

Glaucio Gonçalves Tiago

Page 144: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO 144

TABELA III

PRODUÇÃO MUNDIAL DA AQÜICULTURA POR AMBIENTE

Aqüicultura 1987 1988 1994 1995 1996 1997

Total de Org. Aquáticos

Q*V*

13.480.43120.739.433

15.544.64024.431.879

27.310.89341.054.743

30.760.54743.829.161

34.116.24946.548.092

36.050.16850.369.096

Águas Continentais

Q*V*

6.617.1619.789.259

7.170.99811.112.368

12.108.93517.157.190

13.860.52218.548.330

15.606.98020.750.492

17.619.07823.774.227

Águas Marítimas

Q*V*

6.863.27010.950.174

8.373.64213.319.511

15.201.95823.897.553

16.900.02525.280.831

18.509.26925.750.492

18.431.09026.594.869

Peixes e Moluscos

Q*V*

10.635.18718.384.639

11.700.23021.215.111

20.310.89335.990.079

24.276.39839.060.418

26.384.58341.546.015

28.808.41445.468.467

Águas Continentais

Q*V*

6.616.3159.787.518

7.170.11211.110.335

12.108.93517.156.762

13.860.14818.547.582

15.606.60420.749.740

17.618.77323.773.586

Águas Marítimas

Q*V*

4.018.8728.597.121

4.530.11810.104.776

8.666.02618.833.317

10.416.25020.512.836

10.777.97920.796.275

11.189.64121.694.881

Fonte: FAO (1998, 1999).* Q (quantidade produzida/peso vivo em Toneladas Métricas), V (valor econômico em milhares de US dólares)

Glaucio Gonçalves Tiago

Page 145: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO 145

TABELA IV

PRODUÇÃO MUNDIAL DA AQÜICULTURA POR AMBIENTE

Aqüicultura 1998 2000 2001 2002 2003 2004

Total de Org. Aquáticos

Q*V*

39.083.47649.947.140

45.657.77356.687.909

48.555.04158.689.246

51.971.88261.103.567

55.183.01365.298.295

59.408.44470.302.473

Águas Continentais

Q*V*

18.462.94023.158.629

21.212.00525.874.781

22.486.70226.802.028

23.911.13727.444.109

25.417.31031.142.129

27.212.28334.483.425

Águas Marítimas

Q*V*

20.620.53626.788.510

24.445.76830.813.127

26.068.33931.887.218

28.060.74533.659.458

29.765.70334.156.167

32.196.16135.819.048

Fonte: FAO 2007 Fisheries Global Information System. Disponível em http://www.fao.org/figis/servlet/static?dom=root&xml=tseries/index.xml. Acesso em 19 jan. 2007.

* Q (quantidade produzida/peso vivo em Toneladas Métricas), V (valor econômico em milhares de US dólares)

Glaucio Gonçalves Tiago

Page 146: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO 146

TABELA V

PRODUÇÃO MUNDIAL DA AQÜICULTURA POR CONTINENTE

Aqüicultura 1987 1988 1994 1995 1996 1997

Total de Org. Aquáticos

Q*V*

13.480.43120.739.433

15.554.64024.431.879

27.310.89341.054.743

30.760.54743.829.161

34.116.24946.548.092

36.050.16850.369.096

AFRICA Q*V*

58.40467.781

70.567102.259

95.806206.068

105.339217.261

120.722292.709

121.905321.859

AMÉRICA DO NORTE

Q*V*

490.720660.891

424.477715.615

575.2061.348.523

602.5721.284.664

603.2421.320.678

647.7581.493.533

AMÉRICA DO SUL

Q*V*

103.911633.251

133.136756.374

341.9671.325.193

397.9931.628.015

528.5991.936.271

642.9982.200.023

ÁSIA Q*V*

11.360.44816.533.322

13.404.38619.485.585

24.714.96634.080.500

27.945.44936.404.507

31.071.23138.855.275

32.770.37042.048.422

EUROPA Q*V*

1.088.2072.283.366

1.150.5142.618.389

1.354.8263.552.754

1.487.7203.781.612

1.589.3963.651.969

1.655.2623.800.308

OCEANIA Q*V*

29.91749.967

41.87779.480

71.286163.775

92.881197.589

99.256221.300

102.012226.314

ÄREA DAEx URSS

Q*V*

348.824510.855

319.683674.177

156.836377.930

128.533315.513

103.803269.890

109.863278.637

Fonte: FAO (1998, 1999). * Q (quantidade produzida/peso vivo em Toneladas Métricas), V (valor econômico em milhares de US dólares)

Glaucio Gonçalves Tiago

Page 147: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO 147

TABELA VI

PRODUÇÃO MUNDIAL DA AQÜICULTURA POR CONTINENTE

Aqüicultura 1998 2000 2001 2002 2003 2004

Total de Org. Aquáticos

Q*V*

39.083.47649.947.140

45.657.77356.687.909

48.555.04158.689.246

51.971.88261.103.567

55.183.01365.298.295

59.408.44470.302.473

AFRICA Q*V*

191.515453.404

408.064967.986

414.332920.585

463.376855.453

531.306831.183

570.113893.218

AMÉRICA DO NORTE

Q*V*

654.0141.427.673

711.1761.675.332

783.1201.871.998

834.4641.708.528

887.7321.837.754

955.1781.994.194

AMÉRICA DO SUL

Q*V*

676.0362.384.249

743.9922.636.119

973.0333.125.142

1.006.2853.247.221

1.045.0873.877.075

1.137.8254.563.171

ÁSIA Q*V*

35.507.53041.204.542

41.604.22246.423.112

44.150.89347.977.871

47.420.45850.382.018

50.384.05053.102.611

54.367.37256.821.135

EUROPA Q*V*

1.927.6094.277.399

2.056.1834.655.642

2.097.1504.448.468

2.102.5624.528.974

2.203.8025.133.523

2.238.6835.583.532

OCEANIA Q*V*

126.772199.873

134.136329.717

136.513345.184

144.737381.374

131.036516.150

139.273447.224

Fonte: FAO (1998, 1999). * Q (quantidade produzida/peso vivo em Toneladas Métricas), V (valor econômico em milhares de US dólares)

Glaucio Gonçalves Tiago

Page 148: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO 148

TABELA VII

PRODUÇÃO MUNDIAL DA AQÜICULTURA POR PRODUTORES PRINCIPAIS

TotalPeixes e moluscos

1China

2Índia

3Japão

4Indonésia

5Tailândia

6USA

7Bangladesh

1994 Q*V*

20.774.75435.990.079

10.612.47310.826.475

1.527.7962.078.217

781.0274.047.665

597.5221.823.180

514.0061.877.587

390.801701.630

269.560479.861

1995 Q*V*

24.276.39839.060.418

12.792.02112.401.439

1.608.9382.138.813

820.1244.221.660

611.4101.851.944

464.2241.894.300

413.431729.097

321.506595.206

1996 Q*V*

26.384.58341.546.015

17.714.57017.886.099

1.768.4221.979.604

829.3543.891.963

672.1302.020.197

509.6561.836.725

393.331736.423

390.088806.451

8Coréia/Rep

9Filipinas

10Noruega

11França

12Taiwan

13Espanha

14Chile

OUTROSPAISES

1994 Q*V*

342.785602.612

380.4801.257.341

218.082848.531

280.867639.506

281.6861.262.379

180.040240.167

117.960453.424

1.863.2836.342.589

1995 Q*V*

368.155617.364

346.2711.224.928

282.4711.037.189

280.685663.399

277.9591.371.655

226.165287.326

157.083561.737

1.919.8666.453.097

1996 Q*V*

358.003685.618

342.6781.195.661

324.5431.026.421

285.559582.726

262.2761.177.528

233.833286.858

217.903787.102

2.082.1376.646.639

Fonte: FAO (1997b, 1998).* Q (quantidade produzida/peso vivo em Toneladas Métricas), V (valor econômico em milhares de US dólares)

Glaucio Gonçalves Tiago

Page 149: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO 149

TABELA VIII

Dez Principais Produtores Aqüicolas Mundiais em Quantidade e em Porcentagem de Crescimento

Produtores 2000 2002 APR

(Milhares de toneladas) (Milhares de toneladas) (Porcentagem de crescimento)

Dez Principais Produtores Aqüicolas Mundiais em Quantidade

China 24.580,7 27.767,3 6,3

India 1.942,2 2.191,7 6,2

Indonesia 788,5 914,1 7,7

Japão 762,8 828,4 4,2

Bangladesh 657,1 786,6 9,4

Tailandia 738,2 644,9 -6,5

Noruega 491,2 553,9 6,2

Chile 391,6 545,7 18,0

Vietnam 510,6 518,5 0,8

Estados Unidos 456,0 497,3 4,4

Glaucio Gonçalves Tiago

Page 150: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO 150

Dez principais produtores / Subtotal 31.318,8 35.248,4 6,1

Resto do mundo 4.177,5 4.550,2 4,4

Total 35.496,3 39.798,6 5,9

Dez Principais Produtores Aqüicolas Mundiais em Porcentagem de Crescimento

Irã 40,6 76,8 37,6

Ilhas Faraó 32,6 50,9 25,0

Laos 42,1 59,7 19,1

Brasil 176,5 246,2 18,1

Chile 391,6 545,7 18,0

Russia 74,1 101,3 16,9

México 53,9 73,7 16,9

Taiwan 243,9 330,2 16,4

Canadá 127,6 172,3 16,2

Myanmar 98,9 121,3 10,7

Nota: Esta estatística exclui as plantas aquáticas. APR significa a razão média de crescimento anual para o período 2000-02

Fonte: FAO - World Review of Fisheries and Aquaculture – 2004 (SOFIA). Disponível em:<http://www.fao.org/docrep/007/y5600e/y5600e04.htm>. Acesso em 19 jan. 2007.

Glaucio Gonçalves Tiago

Page 151: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO 151

TABELA IX

Produção Aqüícola Mundial: Razão Media de Crescimento Anual por Diferentes Grupos Animais

Período Crustáceos Moluscos Peixes de Água Doce

Peixes Diádromos

Peixes Marinhos Total Geral

(Porcentagem de crescimento)

1970–2002 18,1 7,8 9,6 7,4 10,5 8,9

1970–1980 23,9 5,6 6,0 6,5 14,1 6,3

1980–1990 24,1 7,0 13,1 9,4 5,3 10,8

1990–2000 9,9 5,3 7,8 7,9 12,3 10,5

2000–2002 11,0 4,6 5,8 6,7 9,5 5,9

Fonte: FAO - World Review of Fisheries and Aquaculture – 2004 (SOFIA). Disponível em:<http://www.fao.org/docrep/007/y5600e/y5600e04.htm>. Acesso em 19 jan. 2007.

Glaucio Gonçalves Tiago

Page 152: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO 152

TABELA X

PRODUÇÃO DA AQÜICULTURA / AMERICA DO SUL

TotalOrg. Aquáticos

Argentina Bolívia Brasil Chile Colômbia Equador Paraguai Peru Uruguai Venezuela

1994 / Q*V*

7634.893

6171.734

30.915 F134.885 F

183.747479.739

25.652106.966

89.096536.071

100 F144 F

5.90337.941

1070

4.15318.004

1995 / Q*V*

1.4749.220

6161.783

46.202171.896

206.266583.869

36.630161.043

105.597633.582

190 F300 F

5.77144.140

20 F106

5.71921.660

1996 / Q*V*

1.3328.737

3801.092

77.690 F298.379 F

323.115829.187

29.900137.862

107.920647.520

350 F560 F

7.72460.775

21145

7.36223.873

1997 / Q*V*

1.3348.497

3871.165

87.674319.427

375.113959.759

43.710189.793

134.497678.894

350 F623 F

7.93149.887

19134

8.95029.935

Fonte: FAO (2007).* Q (quantidade produzida/peso vivo em Toneladas Métricas), V (valor econômico em milhares de US dólares)/ F = Estimado

Glaucio Gonçalves Tiago

Page 153: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO 153

TABELA XI

PRODUÇÃO DA AQÜICULTURA / AMERICA DO SUL

TotalOrg. Aquáticos

Argentina Bolívia Brasil Chile Colômbia Equador Paraguai Peru Uruguai Venezuela

2000 / Q*V*

1.78410.395

4051.229

172.450684.396

425.0581.266.241

61.786257.612

61.311321.567

103 F218 F

6.52337.277

85798

13.50552.825

2001 / Q*V*

1.3408.163

320672

203.710750.044

631.6341.754.905

57.660 F242.180 F

52.428 F267.445 F

570 F1.200 F

7.64045.349

17156

16.64750.627

2002 / Q*V*

1.4577.677

418916

242.590879.225

617.3031.688.157

57.160 F246.580 F

55.638 F291.573 F

1.000 F1.800 F

11.61471.399

1793

18.02055.413

2003 / Q*V*

1.6477.152

375842

277.640979.452

603.4852.169.882

60.895269.201

65.227 F306.681 F

1.300 F1.950 F

13.76880.886

24159

19.82158.262

2004 / Q*V*

1.8489.951

4501.084

269.699965.628

694.6932.814.837

60.072277.036

63.579 F292.077 F

2.100 F3.258 F

22.199130.555

21115

22.21065.785

Fonte: FAO (2007).* Q (quantidade produzida/peso vivo em Toneladas Métricas), V (valor econômico em milhares de US dólares)/ F = Estimado

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO 154

TABELA XII

CRESCIMENTO DA AQÜICULTURA NO PERÍODO 1987 - 1996

Aqüicultura 1987 1996 Razão de crescimento

Global Total Q*V*

13.480.43120.739.433

34.116.24946.548.092

2,532,24

Global (sem China)

Q*V*

7.469.32813.106.865

10.981.72925.394.133

1,471,94

América do Sul Q*V*

103.911633.251

528.5991.936.271

5,113,11

Brasil Q*V*

13.14059.343

51.281226.908

3,903,80

Fonte: New (1999) * Q (quantidade produzida/peso vivo em Toneladas Métricas), V (valor econômico em milhares de US dólares)

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO 155

TABELA XIII

CRESCIMENTO DA AQÜICULTURA NO PERÍODO 1994 - 2004

Aqüicultura 1994 2004 Razão de crescimento

Global Total Q*V*

27.310.89341.054.743

59.408.44470.302.473

2,181,71

Global (sem China)

Q*V*

10.668.12124.389.897

18.074.22134.288.298

1,701,40

América do Sul Q*V*

341.1671.320.932

1.137.8254.563.171

3,343,45

Brasil Q*V*

30.915134.885

269.699965.628

8,727,16

Fonte: FAO, 2007.* Q (quantidade produzida/peso vivo em Toneladas Métricas), V (valor econômico em milhares de US dólares)

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO 156

TABELA XIV

QUANTIDADE DE ESPÉCIES UTILIZADAS NA AQÜICULTURA MUNDIAL

Grupo Animal N° de Espécies utilizadas na aqüicultura mundial

N° e % de espécies responsáveis por 95% da produção aqüícola mundial

n.º %

Peixes 102 17 16,7

Crustáceos 21 6 28,6

Moluscos 41 8 19,5

Total 164 31 18,9

Fonte: FAO (1996)

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO 157

TABELA XV

Dez Principais Grupos de Espécies na Produção Aquícola Mundial

em Quantidade e Porcentagem de Crescimento

Grupo de Espécies 2000 2002 Participação relativa a 2002 APR

(Toneladas) (Porcentagem de crescimento)

Dez Principais Grupos de Espécies na Produção Aquícola Mundial em Quantidade

Carpas e outros ciprinídeos 15.451.646 16.692.147 41,9 3,9

Ostras 3.997.394 4.317.380 10,8 3.9

Moluscos Marinhos (miscelânea 1) 2.864.199 3.739.702 9,4 14,3

Berbigões (Clams, Cockles, Arkshells) 2.633.441 3.430.820 8,6 14,1

Salmões, Trutas, Eperlanos 1.545.149 1.799.383 4,5 7,9

Tilápias e outros ciclídeos 1.274.389 1.505.804 3,8 8,7

Mexilhões 1.370.953 1.444.734 3,6 2,7

Moluscos Marinhos (miscelânea 2) 1.591.813 1.348.327 3,4 -8,0

Camarões e Pitus 1.143.774 1.292.476 3,2 6,3

Vieiras, Pectens 1.154.470 1.226.568 3,1 3,1

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Dez Principais Grupos de Espécies na Produção Aquícola Mundial em Porcentagem de Crescimento

Bacalhaus, Merlúcios, Haddocks 169 1.445 192,4

Peixes Demersais (miscelânea) 8.701 15.302 32,6

Crustáceos Marinhos (miscelânea) 34.202 52.377 23,7

Linguados, Halibuts 26.309 38.909 21,6

Atuns, Bonitos, Agulhões, Espadartes 6.447 9.445 21,0

Crustáceos de água doce 411.458 591.983 19,9

Caranguejos, Aranhas do Mar 140.235 194.131 17,7

Moluscos de água doce 10.220 13.414 14,6

Peixes de água doce (miscelânea) 2.864.199 3.739.702 14,3

Berbigões (Clams, cockles, arkshells) 2.633.441 3.430.820 14,1

Nota: Esta estatística exclui as plantas aquáticas. APR significa a razão média de crescimento anual para o período 2000-2002

Fonte: FAO - World Review of Fisheries and Aquaculture – 2004 (SOFIA). Disponível em:<http://www.fao.org/docrep/007/y5600e/y5600e04.htm>. Acesso em 19 jan. 2007.

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ANEXOS DE LEGISLAÇÃO

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ANEXO 1

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 03, DE 12 DE MAIO DE 2004.

Dispõe sobre operacionalização do Registro Geral da Pesca

O SECRETÁRIO ESPECIAL DE AQUICULTURA E PESCA DA PRESIDÊNCIA DAREPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 23 da Lei nº 10.683, de 28 de maio de 2003 e tendo em vista o Decreto-Lei nº 221, de 28 de fevereiro de 1967, e o que consta do Processo nº 21000.003095/2003-44,

R E S O L V E:Art. 1º Estabelecer normas e procedimentos para operacionalização do Registro Geral da Pesca – RGP, no âmbito da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca da Presidência República – SEAP/PR.

CAPÍTULO IDAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARESArt. 2º As pessoas físicas ou jurídicas só poderão exercer atividade de pesca e aqüicultura com fins comerciais, se previamente inscritas no RGP, na forma do disposto na presente Instrução Normativa.Parágrafo único. As pessoas físicas estrangeiras portadoras de autorização para o exercício de atividade profissional no país deverão, também, ser inscritas no RGP.Art. 3º O RGP contemplará as seguintes categorias de registro:I - Pescador Profissional, devendo ser classificado como:a) Pescador Profissional na Pesca Artesanal; eb) Pescador Profissional na Pesca Industrial.II – Aprendiz de Pesca;III - Armador de Pesca;IV - Embarcação Pesqueira;V -Indústria Pesqueira;VI -Aqüicultor; eVII - Empresa que Comercia Organismos Aquáticos Vivos.Parágrafo único. O registro de que trata o caput poderá ser precedido de permissões de pesca e autorizações, conforme disposto na presente Instrução Normativa ou previsto em legislação.Art. 4º Para os fins da presente Instrução Normativa, entende-se por:I - Pescador Profissional: pessoa física maior de dezoito anos e em pleno exercício de sua capacidade civil, que faz da pesca sua profissão ou meio principal de vida podendo atuar no setor pesqueiro artesanal ou industrial:a) Pescador Profissional na Pesca Artesanal: aquele que, com meios de produção próprios, exerce sua atividade de forma autônoma, individualmente ou em regime de economia familiar ou, ainda, com auxilio eventual de outros parceiros, sem vínculo empregatício; eb) Pescador Profissional na Pesca Industrial: aquele que, com vínculo empregatício, exerce atividade relacionadas com a captura, coleta ou extração de recursos pesqueiros em embarcações pesqueiras de propriedade de pessoas físicas ou jurídicas inscritas no RGP na categoria correspondente.II – Aprendiz de Pesca: pessoa física maior de quatorze e menor de dezoito anos, que exerce a atividade pesqueira de forma desembarcada ou embarcada como tripulante em embarcação de pesca, conforme previsto em legislação;

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III - Armador de Pesca: a pessoa física ou jurídica que, em seu nome ou sob a sua responsabilidade, apresta para sua utilização uma ou mais embarcações pesqueiras, cuja arqueação bruta totalize ou ultrapasse 10 toneladas;IV - Embarcação Pesqueira: a embarcação de pesca que se destina exclusiva e permanentemente à captura, coleta, extração ou processamento e conservação de seres animais e vegetais que tenham na água seu meio natural ou mais freqüente habitat;V - Indústria Pesqueira: pessoa jurídica que, direta ou indiretamente, exerce atividade de captura, extração, coleta, conservação, processamento, beneficiamento, ou industrialização de seres animais ou vegetais que tenham na água seu meio natural ou mais freqüente habitat;VI – Aqüicultor: pessoa física ou jurídica que se dedica ao cultivo, criação ou manutenção em cativeiro, com fins comerciais, de organismos cujo ciclo de vida, em condições naturais, ocorre total ou parcialmente em meio aquático, incluindo a produção de imagos, ovos, larvas, pós-larvas, náuplios, sementes, girinos, alevinos ou mudas de algas marinhas; eVII - Empresa que Comercia Organismos Aquáticos Vivos: a pessoa jurídica que, sem produção própria, atua no comércio de organismos animais e vegetais vivos oriundos da pesca extrativa ou da aqüicultura, destinados à ornamentação ou exposição, bem como na atividade de pesque-pague.Parágrafo único. Para efeito do disposto no inciso VI do caput, excetuam-se do referido conceito os grupos ou espécies tratados em legislação ambiental específica.

CAPÍTULO IIDOS PROCEDIMENTOS PARA O REQUERIMENTO DE AUTORIZAÇÕES, PERMISSÕES E REGISTROSArt. 5º As autorizações, permissões e registros mencionados nesta Instrução Normativa serão requeridos junto aos Escritórios Estaduais da SEAP/PR, na Unidade da Federação em que o interessado esteja domiciliado, na forma desta Instrução Normativa e demais procedimentos adotados por esta Secretaria.Parágrafo único. Quando o interessado residir em municípios localizados em outra Unidade da Federação, limítrofes ou próximos de um determinado Escritório Estadual, este poderá receber e protocolar a documentação pertinente e encaminhar ao Escritório Estadual da Unidade da Federação de origem do interessado, para fins de efetivação da autorização, permissão ou registro requerido.Seção IDo Registro de Pescador Profissional e de Aprendiz de PescaArt. 6º Para obtenção do registro de Pescador Profissional deverá ser apresentada pelo requerente a seguinte documentação:I – formulário de requerimento devidamente preenchido e assinado pelo interessado ou seu representante legal, conforme modelo adotado pela SEAP/PR;II – cópia do documento de identificação pessoal;III – cópia do comprovante de residência do interessado;IV – cópia do documento de inscrição no CPF;V – cópia do documento de inscrição no PIS/PASEP, quando não se tratar do registro inicial;VI – duas fotos 3 x 4;VII – comprovação da data da inscrição inicial no RGP como Pescador Profissional em órgão competente à época, quando for o caso; eVIII - comprovante de recolhimento do valor da taxa correspondente à expedição da Carteira de Pescador Profissional, quando prevista em lei.Art. 7º Para obtenção do registro de Pescador Profissional estrangeiro, com visto temporário no Brasil, deverá ser apresentado pelo requerente a seguinte documentação:I – formulário de requerimento devidamente preenchido e assinado pelo interessado ou seu representante legal, conforme modelo adotado pela SEAP/PR;II – cópia do passaporte, especificamente das folhas onde consta o visto temporário e data de entrada no país;III – duas fotos 3 x 4;

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IV – cópia da Autorização de Trabalho que permite o exercício da atividade profissional no país, expedido pelo Ministério do Trabalho e Emprego; eV - comprovante de recolhimento do valor da taxa correspondente à expedição da Carteira de Pescador Profissional, quando prevista em lei.Parágrafo único. A Carteira de Pescador Profissional será emitida com a mesma validade da autorização, mencionada no inciso IV do caput, sem prejuízo do disposto no art. 28.Art. 8º Para obtenção do registro de Aprendiz de Pesca deverá ser apresentada pelo requerente a seguinte documentação:I – formulário de requerimento de registro devidamente preenchido e assinado pelo interessado ou seu representante legal, conforme modelo adotado pela SEAP/PR;II – autorização de um dos pais ou representante legal;III – cópia do documento de identificação pessoal;IV – duas fotos 3 x 4;V – comprovante de matrícula em Instituição de ensino regular, quando for o caso; eVI - comprovante de recolhimento do valor da taxa correspondente à expedição da Carteira de Aprendiz de Pesca, quando prevista em lei.Parágrafo único. O Aprendiz de Pesca que exerce a atividade pesqueira de forma embarcada deverá apresentar, ainda, a devida autorização do juiz competente.Seção IIDo Registro de Armador de PescaArt. 9º Para obtenção do registro de Armador de Pesca deverá ser apresentada pelo requerente a seguinte documentação:I - formulário de requerimento de registro devidamente preenchido e assinado pelo interessado ou seu representante legal, conforme modelo adotado pela SEAP/PR;II - quando pessoa física, cópia de documento de identidade ou qualificação pessoal;III - quando pessoa jurídica, cópia de documento que comprove a existência jurídica da empresa;IV – cópia de comprovante de residência ou domicílio do interessado;V - cópia de Certificado de Armador, expedido pelo órgão competente da Autoridade Marítima, quando o somatório da arqueação bruta das embarcações totalize ou ultrapasse cem toneladas; eVI - comprovante de recolhimento do valor da taxa correspondente ao registro de Armador de Pesca, prevista em lei.Seção IIIDas Permissões de Pesca e do Registro de Embarcação PesqueiraSubseção IDas Permissões de PescaArt. 10. Para fins da presente Instrução Normativa entende-se por:I – Permissão Prévia de Pesca: é o ato administrativo discricionário e precário, condicionado ao interesse público, pelo qual é facultado ao interessado construir, importar, adquirir ou converter embarcação de pesca, devidamente identificada, sem prejuízo da obrigatoriedade de obtenção das licenças de construção ou importação junto aos órgãos competentes, conforme o caso;II – Permissão de Pesca: é o ato administrativo discricionário e precário condicionado ao interesse público pelo qual é facultado ao proprietário, armador ou arrendatário operar com embarcação de pesca, devidamente identificada, nas atividades de captura, extração ou coleta de recursos pesqueiros.Parágrafo único. Ficam dispensadas da Permissão Prévia de Pesca e da Permissão de Pesca, sem prejuízo do registro, as embarcações que operam exclusivamente nas atividades de conservação, beneficiamento, processamento de pescados, desde que não participem da atividade de captura, coleta ou extração.Art. 11. Na Permissão Prévia de Pesca, bem como na Permissão de Pesca deverão estar especificados todos os métodos de pesca, todas as espécies a capturar, bem como a respectiva zona de operação.Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo entende-se como:I – método de pesca: processo pelo qual as atividades de captura, extração ou coleta se realizam considerando os equipamentos, as artes ou petrechos de pesca utilizados podendo ser:

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a) pesca de arrasto: a que se realiza com o emprego de rede de arrasto tracionada por embarcação pesqueira, com recolhimento manual ou mecânico;b) pesca de linha: a que se realiza com o emprego de linha simples ou múltipla com anzóis ou garatéias, com ou sem o auxilio de caniço ou vara;c) pesca de espinhel ou “long-line”: a que se realiza com o emprego de linha mestra da qual saem linhas secundárias, onde são fixados anzóis;d) pesca de rede-de-espera: a que se realiza com o emprego de rede-de-emalhar não tracionada, fixa ou a deriva, seja de superfície, de meia água ou de fundo;e) pesca de armadilha: a que se realiza com o emprego de petrechos do tipo “armadilhas”;f) pesca de cerco: a que se realiza com o emprego de rede de cercar, com o auxílio de embarcação;g) pesca de tarrafa ou rede de caída: a que se realiza com o emprego de rede circular lançada manualmente; eh) outros: qualquer outro método não mencionado nas alíneas anteriores, devendo ser especificado pelo interessado.*Retificação publicada no Diário Oficial da União de 16 de junho de 2004, seção 1, pág.06II – espécie: grupo de indivíduos objeto das atividades de captura, extração ou coleta, conforme definido nas respectivas permissões de pesca; eIII – zona de operação: área de ocorrência da espécie a ser permissionada para o exercício da pesca.Art. 12. Para obtenção da Permissão Prévia de Pesca deverão ser informadas pelo interessado as características básicas da embarcação pesqueira a construir, importar, adquirir, ou converter apresentando os seguintes documentos:I – formulário de requerimento de Permissão Prévia de Pesca devidamente preenchido e assinado pelo interessado ou seu representante legal, conforme modelo adotado pela SEAP/PR;II - quando pessoa física, cópia de documento de identidade ou qualificação pessoal;III - quando pessoa jurídica, cópia de documento que comprove a existência jurídica da empresa;IV – cópia de comprovante de residência ou domicílio do interessado;V – memorial descritivo contendo as características básic as da embarcação, com identificação e assinatura do responsável pelo projeto, quando for o caso;VI – planta baixa ou arranjo geral do convés contendo legenda e as características básicas da embarcação, com identificação e assinatura do responsável pelo projeto, quando for o caso; eVII - comprovante de recolhimento do valor da taxa correspondente à expedição da Permissão Prévia de Pesca, quando prevista em lei.§ 1º A planta baixa ou arranjo geral do convés exigida no inciso VI poderá ser substituída por um “croqui”, quando se tratar de embarcação até doze metros de comprimento.§ 2º No caso de importação ou nacionalização de embarcação pesqueira, o interessado deverá atender, também, as exigências dispostas em norma específica.Art. 13. A Permissão Prévia de Pesca terá validade de dois anos, contados a partir da data de sua expedição, para fins de inscrição da embarcação pesqueira permissionada no RegistroGeral da Pesca.§ 1º O prazo de validade da Permissão Prévia de Pesca poderá ser prorrogado, até por igual período, considerando-se justificativa a ser apresentada pelo interessado até trinta dias antes do final do prazo de vigência estabelecido no caput.§ 2º Findo o prazo de vigência e não sendo prorrogada, a Permissão Prévia de Pesca fica cancelada automaticamente.Art. 14. A Permissão Prévia de Pesca e a Permissão de Pesca são vinculadas à embarcação na forma concedida e ficarão automaticamente sem efeito no caso de venda, arrendamento, transferência, alteração ou substituição da embarcação, sem anuência da SEAP/PR, na forma disposta no art. 12.Art. 15. É vedada uma mesma embarcação obter mais de uma Permissão de Pesca para explotação de recursos pesqueiros com esforço de pesca limitado ou sob controle.Art. 16. Nas áreas de ocorrência de espécies com esforço de pesca limitado, não será concedida Permissão de Pesca para embarcação pesqueira que não seja integrante da respectiva frota controlada, cuja Permissão de

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Pesca indique ou permita a utilização de métodos ou petrechos utilizados por estas frotas ou que possam capturar tais espécies.Parágrafo único. Ficam dispensadas desta restrição, as modalidades, métodos ou petrechos considerados seletivos, a critério da SEAP/PR.Subseção IIDo Registro de Embarcações PesqueirasArt. 17. O registro de Embarcação Pesqueira é o ato administrativo que contém os elementos inerentes à Permissão de Pesca outorgada à embarcação, bem como os dados relativos à sua posse e propriedade, além de suas características físicas.Art. 18. Para obtenção do registro de Embarcação Pesqueira brasileira deverá ser apresentada pelo requerente a seguinte documentação:I – formulário de requerimento devidamente preenchido e assinado pelo interessado ou seu representante legal, conforme modelo adotado pela SEAP/PR;II – quando pessoa física, cópia do documento de identificação pessoal do interessado;III - quando pessoa jurídica, cópia de documento que comprove a existência jurídica do interessado;IV – comprovante de residência ou domicilio do interessado; eV – documento que comprove a propriedade da embarcação, contendo suas características físicas básicas, emitido ou ratificado pela instituição competente da Autoridade Marítima;VI – original da Permissão Prévia de Pesca outorgada à embarcação ou o original do Certificado de Registro anteriormente concedido;VII – certidão negativa de débitos do interessado, inclusive no que se refere à embarcação, expedida pelo IBAMA; eVIII – comprovante de recolhimento do valor da taxa correspondente ao registro da Embarcação Pesqueira prevista em lei.Parágrafo único. No caso de Embarcação Pesqueira brasileira arrendada, o requerente, deverá apresentar, além do previsto nos incisos de I a VIII, cópia do contrato de arrendamento, com identificação do proprietário e do arrendatário.Art. 19. Para obtenção do registro de Embarcação Pesqueira estrangeira, em regime de arrendamento, deverá ser apresentada pelo requerente a seguinte documentação:I – formulário de requerimento devidamente preenchido e assinado pelo interessado ou seu representante legal, conforme modelo adotado pela SEAP/PR;II – cópia de documento que comprove a existência jurídica do interessado;III – comprovante do domicílio do interessado;IV – atestado de Inscrição Temporária de Embarcação Estrangeira, emitido pela instituição competente da Autoridade Marítima;V – cópia da Autorização de Arrendamento emitida pela SEAP/PR;VI – certidão negativa de débitos do arrendatário expedida pelo IBAMA; eVII – comprovante de recolhimento do valor da taxa correspondente ao registro da embarcação e do interessado na categoria de Indústria Pesqueira, prevista em lei.Parágrafo único. Quando do encerramento, no Brasil, das atividades de captura, extração ou coleta de recursos pesqueiros de uma Embarcação Pesqueira estrangeira, o seu arrendatário deverá, obrigatoriamente, comunicar o fato ao Escritório Estadual requerendo o cancelamento do registro e da Permissão de Pesca da respectiva embarcação, na forma estabelecida no art. 33.Seção VIDo Registro de Indústria PesqueiraArt. 20. Para obtenção do registro de Indústria Pesqueira deverá ser apresentada pelo requerente a seguinte documentação:I - formulário de requerimento de registro devidamente preenchido e assinado pelo interessado ou seu representante legal, conforme modelo adotado pela SEAP/PR;II - cópia de documento que comprove a existência jurídica do interessado;III – cópia de comprovante do domicílio do interessado;

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IV - cópia do Certificado de Registro emitido pela Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento, ou do Serviço de Inspeção Estadual, ou Serviço de Inspeção Municipal, ou certidão de tramitação do processo de registro por ela fornecida, ficando dispensada a empresa que atue apenas na modalidade de captura;V - cópia da licença ambiental expedida pelo órgão competente, ficando dispensadas as que atuam apenas na modalidade de captura;VI - memorial descritivo das instalações, equipamentos e processo produtivo;VII – listagem nominal das embarcações de sua propriedade, quando se tratar de empresa que atue na captura; eVIII - comprovante de recolhimento do valor da taxa correspondente ao registro da Industria Pesqueira prevista em lei.§ 1º Quando o objeto da solicitação de registro configurar pedido de autorização para utilização dos estoques naturais de invertebrados aquáticos, bem como algas marinhas, a pessoa jurídica requerente será enquadrada na categoria de Indústria Pesqueira.§ 2º Nos casos previstos no § 1º, o requerente deverá apresentar, também, cópia da licença ou autorização de exploração expedida pelo órgão ambiental competente.Seção VIIDo Registro de AqüicultorArt. 21. Para obtenção do registro de Aqüicultor deverá ser apresentada pelo requerente a seguinte documentação:I - formulário de requerimento de registro devidamente preenchido e assinado pelo interessado ou seu representante legal, conforme modelo adotado pela SEAP/PR;II - quando pessoa física, cópia do documento de identificação pessoal do interessado ou de seu representante legal;III - quando pessoa jurídica, cópia de documento que comprove a existência jurídica do interessado;IV – cópia de comprovante de residência ou domicílio do interessado;V - projeto detalhado da infra-estrutura existente ou que venha a ser implantada, com especificações que permitam a identificação das características técnicas do empreendimento;VI – cópia da licença ambiental expedida pelo órgão ambiental competente, ficando dispensado os casos previstos na legislação especifica; eVII - comprovante de recolhimento do valor da taxa correspondente ao registro de Aqüicultor prevista em lei.Parágrafo único. Para projetos de aqüicultura em águas públicas de domínio da União, o interessado deverá apresentar, ainda, a cópia do documento de Autorização de Uso de Espaços Físicos de Corpos d’água, na forma prevista em legislação.Art. 22. O pagamento do valor da taxa do registro de Aqüicultor será calculado com base no somatório das áreas de todas as unidades de aqüicultura de propriedade do requerente, na forma prevista em lei.Seção VIIIDo Registro de Empresa que Comercia Organismos Aquáticos VivosArt. 23. Para obtenção do registro da Empresa que Comercia de Organismos Aquáticos Vivos deverá ser apresentada pelo requerente a seguinte documentação:I - formulário de requerimento de registro devidamente preenchido e assinado pelo interessado ou seu representante legal, conforme modelo adotado pela SEAP/PR;II - cópia de documento que comprove a existência jurídica do interessado;III – cópia de comprovante de domicílio do interessado;IV – informações da infra-estrutura existente ou que venha a ser implantada, com especificações que permitam a identificação das características do empreendimento;V – informações sobre a origem dos organismos a sere m comercializados; eVI - comprovante de recolhimento do valor da taxa correspondente ao registro prevista em lei.

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CAPÍTULO IIIDO DEFERIMENTO E EFETIVAÇÃO DAS PERMISSÕES E REGISTROSArt. 24. O deferimento dos pedidos de Permissão Prévia de Pesca, Permissão de Pesca e Registros e a conseqüente inscrição no RGP serão precedidas de avaliação e análise técnica pelos setores competentes da SEAP/PR, com base em critérios técnicos e científicos disponíveis na bibliografia existente e em conformidade com legislação especifica.§ 1º Os requerimentos de Permissão Prévia de Pesca, Permissão de Pesca e Registros de embarcações pesqueiras integrantes de frotas com esforço de pesca sob controle deverão ser encaminhados pelos respectivos Escritórios Estaduais à Diretoria de Ordenamento, Controle e Estatística da Aqüicultura e Pesca - DICAP, da SEAP/PR, para apreciação quanto a sua viabilidade, devolvendo-os à origem para emissão da permissão de pesca requerida e respectivo certificado de registro ou, se for o caso, arquivamento do processo.§ 2º Aplica-se, também, o disposto no § 1º, quando se tratar de Permissão de Pesca ou Registro de embarcações pesqueiras com comprimento total superior a dezesseis metros, independentemente da modalidade de pesca ou espécie a capturar.§ 3º Ficam dispensados de remessa à DICAP, os pedidos que tratem de renovação ou alteração de registro, se mantida a Permissão de Pesca originalmente concedida.§ 4º A SEAP/PR, conforme procedimento administrativo da unidade competente, fará publicar no Diário Oficial da União a relação das embarcações pesqueiras inscritas, pelos Escritórios Estaduais, no Registro Geral da Pesca.Art. 25. A efetivação da Permissão Prévia de Pesca e do Registro das categorias mencionadas no art. 3º se dará com a emissão pelo respectivo Escritório Estadual da SEAP/PR, do Certificado de Permissão Prévia, do Certificado de Registro, ou das Carteiras de Pescador Profissional e de Aprendiz de Pesca, conforme modelos adotados por esta Secretaria.Parágrafo único. Os certificados de que trata o caput serão numerados seqüencialmente, conforme procedimentos do sistema de processamento de dados adotado pela SEAP/PR.Art. 26. O proprietário ou arrendatário da embarcação pesqueira deverá indicar, de forma visível, no casco de sua embarcação o respectivo número de inscrição no RGP, respeitados os critérios ou padrões dispostos na legislação da Autoridade Marítima, ou norma especifica complementar.Art. 27. As Carteiras, de Pescador Profissional e Aprendiz de Pesca, e os Certificados de Registro das categorias especificadas nos incisos III a VII do art. 3º servirão de instrumento comprobatório da autorização, permissão ou registro para o exercício da atividade pesqueira neles especificados.

CAPÍTULO IVDA REVALIDAÇÃO E DA RENOVAÇÃOArt. 28. A Carteira de Pescador Profissional e a Carteira de Aprendiz de Pesca deverão ser revalidadas a cada dois anos, com apostilamento no verso por meio da expressão “Visto Bienal” do Escritório Estadual da SEAP/PR, conforme modelo adotado por esta Secretaria, condicionado à comprovação de pagamento de taxa, quando prevista em lei.§ 1º Quando se tratar de registro inicial na categoria de Pescador Profissional, a primeira revalidação deverá ser efetivada ao final do período de um ano, contado a partir da data de expedição da respectiva Carteira, com apostilamento no verso da Carteira por meio da expressão “Visto Anual”.§ 2º Após o vencimento da segunda revalidação, por meio do respectivo “Visto Bienal” mencionado no caput, a Carteira de Pescador Profissional perderá sua validade e terá que ser devidamente substituída, mediante comprovação do pagamento de taxa correspondente à sua expedição, quando prevista em lei.Art. 29. Os Certificados de Registro das categorias dispostas nos incisos III a VII do art. 3º deverão ser renovados anualmente, mediante apostilamento no verso do respectivo Certificado, por meio de “Visto Anual” do Escritório Estadual da SEAP/PR responsável pela emissão, conforme modelo adotado por esta Secretaria, condicionado à comprovação de pagamento da devida taxa anual de registro, prevista em lei.Parágrafo único. A renovação do Certificado de Registro de Embarcação Pesqueira estrangeira, com respectivo “Visto Anual”, fica condicionada a apresentação pelo requerente da cópia de Autorização de Arrendamento ou de sua Prorrogação.

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Art. 30. A revalidação ou renovação dos Certificados de Registros e das Carteiras de Pescador Profissional ou Aprendiz de Pesca, bem como de emissão de novo Certificado de Registro ou de Certificado de Permissão Prévia de Pesca, concedidos nos termos desta Instrução Normativa, devem ser requeridas até trinta dias antes da data de seu vencimento, mediante apresentação do requerimento e comprovação do pagamento prévio de quaisquer débitos porventura existentes com a SEAP/PR.Art. 31. Na revalidação da Carteira de Pescador Profissional e na renovação do Certificado de Registro de Armador de Pesca, deverão ser observadas, ainda, as seguintes condições:I – se Pescador Profissional na Pesca Artesanal:a) apresentação de “Relatório de Desempenho Anual de Atividade”, conforme modelo adotado pela SEAP/PR;b) comprovação de inscrição na Previdência Social como segurado especial ou autônomo ou comprovação da aposentadoria nessas categorias;c) quando filiado: declaração da entidade representativa da categoria, cadastrada ou registrada no órgão competente, atestando que o pescador profissional faz da pesca sua profissão ou meio principal de vida;d) quando não filiado: o “Atesto” de dois pescadores já inscritos no RGP da SEAP/PR.;e) cópia do documento de inscrição no PIS/PASEP; ef) quando pescador profissional embarcado, apresentar cópia do Certificado de Registro da embarcação utilizada na pesca, se de sua propriedade, ou declaração do proprietário de que faz uso da embarcação de pesca, se esta for de terceiros.II – se Pescador Profissional na Pesca Industrial:a) apresentação de cópia da Carteira de Trabalho da Previdência Social - CTPS, especificamente das folhas onde comprova o vínculo emp regatício como Pescador Profissional ou o respectivo contrato de trabalho;b) comprovação de inscrição na Previdência Social; ec) cópia do documento de inscrição no PIS/PASEP.III – se Armador de Pesca:a) apresentação da relação nominal das embarcações pesqueiras que possui ou que estejam sob sua responsabilidade; eb) apresentação do “Mapa Anual de Produção Pesqueira”, para cada embarcação, conforme modelo adotado pela SEAP/PR.Art. 32. No caso de perda ou extravio do Certificado de Permissão Prévia, do Certificado de Registro, das Carteiras de Pescador Profissional ou de Aprendiz de Pesca, poderá ser emitida a segunda via do respectivo documento, pelo Escritório Estadual da SEAP/PR, mediante solicitação e justificativa do interessado, bem como pagamento da respectiva taxa de emissão, quando prevista em lei, mantido o prazo de validade original.

CAPÍTULO VDAS ALTERAÇÕES E DO CANCELAMENTOArt. 33. Qualquer modificação ou alteração das condições ou dados constantes das Permissões de Pesca, bem como do Registro concedido, deverá ser comunicada pelo interessado, no prazo máximo de sessenta dias contados após sua ocorrência, ao Escritório Estadual da SEAP/PR, na Unidade da Federação que o emitiu, por meio de requerimento instruído com a respectiva documentação comprobatória, para fins de atualização do registro originalmente concedido, inclusive quando se tratar de pedido de cancelamento.Parágrafo único. O requerimento decorrente de incorporação de nova unidade de aqüicultura deverá ser encaminhado ao Escritório Estadual da SEAP/PR, na Unidade da Federação onde se localiza o empreendimento, para fins de averiguação, atualização do registro originalmente concedido ou emissão de novo Certificado de Registro.Art. 34. Os registros, carteiras e permissões de que trata esta Instrução Normativa deverão ser cancelados nos seguintes casos:I - a pedido do interessado;II – quando não comprovado o exercício da atividade de pesca como profissão ou meio principal de vida, no caso da Carteira de Pescador Profissional;

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III – de ofício, quando infringir qualquer dispositivo constante da presente Instrução Normativa; eIV - a pedido do órgão fiscalizador competente.§ 1º A efetivação do cancelamento se dará por ato administrativo, do Escritório Estadual da SEAP/PR que emitiu o respectivo registro, a ser formalizado junto ao interessado.§ 2º Todas as formas de cancelamento constantes neste artigo implicarão, conforme o caso, na devolução à SEAP/PR do Certificado de Registro, Certificado de Permissão Prévia ou Carteira de Pescador Profissional ou de Aprendiz de Pesca, sem prejuízo das penas previstas em lei.

CAPÍTULO VIDAS DISPOSIÇÕES FINAISArt. 35. Os Escritórios Estaduais da SEAP/PR poderão averiguar, a qualquer tempo, as informações constantes do respectivo registro, mediante:I - solicitação de documentação complementar; eII – realização de vistorias ou auditorias técnicas.Parágrafo único. A solicitação de documentação complementar prevista no inciso I fica condicionada a aprovação prévia da DICAP, da SEAP/PR.Art. 36. Os Certificados de Registros e as Carteiras de Pescador Profissional e de Aprendiz de Pesca, emitidos pelos órgãos anteriormente responsáveis pelo RGP, deverão ser substituídos, por solicitação do interessado, no prazo máximo de um ano, contado a partir da data de publicação desta Instrução Normativa, ficando isentos do pagamento de taxas de expedição ou registro, quando estiverem dentro do prazo de validade.Art. 37. As cópias dos documentos exigidos na presente Instrução Normativa terão que ser autenticadas, podendo ser realizadas pelos servidores dos respectivos Escritórios Estaduais da SEAP/PR mediante apresentação dos originais, na forma prevista em legislação.Art. 38. Caberá a Subsecretaria de Desenvolvimento da Aqüicultura e Pesca da SEAP/PR o estabelecimento de procedimentos administrativos complementares relativos às concessões de permissões e registros de que trata esta Instrução Normativa, bem como decidir sobre os casos considerados omissos.Art. 39. Aos infratores das normas disciplinadas pela presente Instrução Normativaserão aplicadas, conforme a categoria, as penalidades previstas na Lei n. º 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, na Lei n. º 7.679, de 23 de novembro de 1988, no Decreto-Lei n. º 221, de 28 de fevereiro de 1967 e no art.18 do Decreto nº 4.810, de 19 de agosto de 2003 e em legislação complementar.Art. 40. Ficam revogadas a Instrução Normativa nº 2, de 9 de fevereiro de 1999, a Instrução Normativa nº 14, de 29 de outubro de 1999, a Instrução Normativa nº 5, de 18 de janeiro de 2001, e a Instrução Normativa nº 33, de 27 de março de 2002, todas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.Art. 41. Esta Instrução Normativa entra em vigor após decorridos quarenta e cinco dias de sua publicação oficial.

JOSE FRITSCH

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ANEXO 2

DECRETO Nº 4.895, de 25 de novembro de 2003

Dispõe sobre a autorização de uso de espaços físicos de corpos d’água de domínio da União para fins de aqüicultura, e dá outras providências

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista as disposições da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, da Lei no 9.433, de 8 de janeiro de 1997, da Lei no 9.636, de 15 de maio de 1998, da Lei no 9.984, de 17 de julho de 2000, do Decreto no 3.725, de 10 de janeiro de 2001, e do Decreto no 4.670, de 10 de abril de 2003,DECRETA:Art. 1o Os espaços físicos em corpos d’água da União poderão ter seus usos autorizados para fins da prática de aqüicultura, observando-se critérios de ordenamento, localização e preferência, com vistas:I - ao desenvolvimento sustentável;II - ao aumento da produção brasileira de pescados;III - à inclusão social; eIV - à segurança alimentar.Parágrafo único. A autorização de que trata o caput será concedida a pessoas físicas ou jurídicas que se enquadrem na categoria de aqüicultor, na forma prevista na legislação em vigor.Art. 2o Para os fins deste Decreto, entende-se por:I - aqüicultura: o cultivo ou a criação de organismos cujo ciclo de vida, em condições naturais, ocorre total ou parcialmente em meio aquático;II - área aqüícola: espaço físico contínuo em meio aquático, delimitado, destinado a projetos de aqüicultura, individuais ou coletivos;III - parque aqüícola: espaço físico contínuo em meio aquático, delimitado, que compreende um conjunto de áreas aqüícolas afins, em cujos espaços físicos intermediários podem ser desenvolvidas outras atividades compatíveis com a prática da aqüicultura;IV - faixas ou áreas de preferência: aquelas cujo uso será conferido prioritariamente a determinadas populações, na forma estabelecida neste Decreto;V - formas jovens: sementes de moluscos bivalves, girinos, imagos, ovos, alevinos, larvas, pós-larvas, náuplios ou mudas de algas marinhas destinados ao cultivo;VI - espécies estabelecidas: aquelas que já constituíram populações em reprodução, aparecendo na pesca extrativa;VII - outorga preventiva de uso de recursos hídricos: ato administrativo emitido pela Agência Nacional de Águas - ANA, que não confere direito de uso de recursos hídricos e se destina a reservar a vazão, passível de outorga, possibilitando aos investidores o planejamento para os usos requeridos, conforme previsão do art. 6o

da Lei no 9.984, de 17 de julho de 2000;VIII - outorga de direito de uso de recursos hídricos: ato administrativo mediante o qual a ANA concede ao outorgado o direito de uso de recurso hídrico, por prazo determinado, nos termos e nas condições expressas no respectivo ato.Parágrafo único. Excetuam-se do conceito previsto no inciso I os grupos ou espécies tratados em legislação específica.Art. 3o Para fins da prática da aqüicultura de que trata este Decreto, consideram-se da União os seguintes bens: I - águas interiores, mar territorial e zona econômica exclusiva, a plataforma continental e os álveos das águas públicas da União;

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II - lagos, rios e quaisquer correntes de águas em terrenos de domínio da União, ou que banhem mais de uma Unidade da Federação, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham; eIII - depósitos decorrentes de obras da União, açudes, reservatórios e canais, inclusive aqueles sob administração do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas - DNOCS ou da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba – CODEVASF e de companhias hidroelétricas. Art. 4o A Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca da Presidência da República delimitará a localização dos parques aqüícolas e áreas de preferência com prévia anuência do Ministério do Meio Ambiente, da Autoridade Marítima, do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e da ANA, no âmbito de suas respectivas competências. § 1o A falta de definição e delimitação de parques e áreas aqüícolas não constituirá motivo para o indeferimento liminar do pedido de autorização de uso de águas públicas da União.§ 2o A Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca solicitará reserva de disponibilidade hídrica à ANA para cessão de espaços físicos em corpos d’água de domínio da União, que analisará o pleito e emitirá a respectiva outorga preventiva.§ 3o A outorga preventiva de que trata o § 2o será convertida automaticamente pela ANA em outorga de direito de uso de recursos hídricos ao interessado que receber o deferimento da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca para emissão da cessão de espaços físicos para a implantação de parques, áreas aqüícolas e de preferência.Art. 5o A autorização de uso referida neste Decreto nos espaços físicos decorrentes de áreas de preferência ou de fronteira, inclusive em áreas e parques aqüícolas já delimitados, será concedida a pessoas físicas ou jurídicas, observado o seguinte:I - nas faixas ou áreas de preferência, a prioridade será atribuída a integrantes de populações tradicionais, atendidas por programas de inclusão social, com base em critérios estabelecidos em ato normativo de que trata o art. l9 deste Decreto;II - na faixa de fronteira, a autorização de uso será concedida de acordo com o disposto na legislação vigente.Art. 6o A União poderá conceder às instituições nacionais, com comprovado reconhecimento científico ou técnico, a autorização de uso de espaços físicos de corpos d’água, de seu domínio, para a realização de pesquisa e unidade demonstrativa em aqüicultura .Parágrafo único. Os critérios e procedimentos para a autorização de uso de que trata o caput serão estabelecidos em conformidade com o art. 19 deste Decreto. Art. 7o A edificação de instalações complementares ou adicionais sobre o meio aquático ou na área terrestre contígua sob domínio da União, assim como a permanência no local, de quaisquer equipamentos, desde que estritamente indispensáveis, só será permitida quando previamente caracterizadas no memorial descritivo do projeto e devidamente autorizada pelos órgãos competentes. Art. 8o Na exploração da aqüicultura em águas continentais e marinhas, será permitida a utilização de espécies autóctones ou de espécies alóctones e exóticas que já estejam comprovadamente estabelecidas no ambiente aquático, onde se localizará o empreendimento, conforme previsto em ato normativo específico do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA.Parágrafo único. Para introdução de novas espécies ou translocação, será observada a legislação pertinente. Art. 9o A aqüicultura em unidade de conservação ou em seu entorno obedecerá aos critérios, métodos e manejo adequados para garantir a preservação do ecossistema ou seu uso sustentável, na forma da legislação em vigor.Art. 10. O uso de formas jovens na aqüicultura somente será permitido:I - quando advierem de laboratórios registrados junto à Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca; II - quando extraídas em ambiente natural e autorizados na forma estabelecida na legislação pertinente;III - quando obtidas por meio de fixação natural em coletores artificiais, na forma estabelecida na legislação pertinente.§ 1o A hipótese prevista no inciso II somente será permitida quando se tratar de moluscos bivalves e algas macrófitas.§ 2o A hipótese prevista no inciso III somente será permitida quando se tratar de moluscos bivalves.

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§ 3o O aqüicultor é responsável pela comprovação da origem das formas jovens introduzidas nos cultivos.Art. 11. O cultivo de moluscos bivalves nas áreas, cujos usos forem autorizados, deverá observar, ainda, a legislação de controle sanitário vigente.Art. 12. A sinalização náutica, que obedecerá aos parâmetros estabelecidos pela Autoridade Marítima, será de inteira responsabilidade do outorgado, incumbindo-lhe a implantação, manutenção e retirada dos equipamentos. Art. 13. A autorização de uso de áreas aqüícolas de que trata este Decreto será efetivada no âmbito do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, após aprovação final do projeto técnico pela Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca. Parágrafo único. O pedido de autorização, instruído na forma disposta em norma específica, será analisado pela Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca, pela Autoridade Marítima, pelo IBAMA, pela ANA e pela Secretaria do Patrimônio da União do Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão.Art. 14. Verificada a existência de competição entre empresas do setor, a autorização de uso será onerosa e seus custos deverão ser fixados mediante a instauração de processo público seletivo.§ 1o Os critérios de julgamento do processo seletivo público, referido no caput deste artigo, deverão considerar parâmetros objetivos que levem ao alcance das finalidades previstas nos incisos I a IV do art. 1o

deste Decreto.§ 2o Para fins de classificação no processo seletivo público, a administração declarará vencedora a empresa que oferecer maiores indicadores dos seguintes resultados socais, dentre outros:I - empreendimento viável e sustentável ao longo dos anos;II - incremento da produção pesqueira;III - criação de novos empregos; eIV - ações sociais direcionadas a ampliação da oferta de alimentação.Art. 15. O instrumento de autorização de uso de que trata este Decreto deverá prever, no mínimo, os seguintes prazos:I - seis meses para conclusão de todo o sistema de sinalização náutica prevista para a área cedida, bem como para o início de implantação do respectivo projeto;II - três anos para a conclusão da implantação do empreendimento projetado; eIII - até vinte anos para o uso do bem objeto da autorização, podendo ser prorrogada a critério da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca. Parágrafo único. Os prazos serão fixados pelo poder público outorgante, em função da natureza e do porte do empreendimento. Art. 16. O uso indevido dos espaços físicos de que trata este Decreto ensejará o cancelamento da autorização de uso, sem direito a indenização.Art. 17. O outorgado de espaço físico de que trata este Decreto, inclusive de reservatórios de companhias hidroelétricas, garantirá o livre acesso de representantes ou mandatários dos órgãos públicos, bem como de empresas e entidades administradoras dos respectivos açudes, reservatórios e canais às áreas cedidas, para fins de fiscalização, avaliação e pesquisa. Art. 18. Os proprietários de empreendimentos aqüícolas atualmente instalados em espaços físicos de corpos d’água da União, sem o devido termo de outorga, deverão requerer sua regularização no prazo de seis meses, contado da data de publicação deste Decreto. Art. 19. A Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca, o Ministério do Meio Ambiente, o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, a ANA, o IBAMA e a Autoridade Marítima, de forma articulada ou em conjunto, no âmbito de suas competências, editarão as normas complementares no prazo de noventa dias, contado da publicação deste Decreto.Art. 20. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.Art. 21. Fica revogado o Decreto nº 2.869, de 09 de dezembro de 1998 Brasília, 25 de novembro de 2003; 182o da Independência e 115o da República.LUIZ INÁCIO LULA DA SILVAJosé Dirceu de Oliveira e SilvaEste texto não substitui o publicado no D.O.U. de 26.11.2003

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ANEXO 3

INSTRUÇÃO NORMATIVA INTERMINISTERIAL Nº 06, de 31 de maio de 2004

Estabelece as normas complementares para a autorização de uso dos espaços físicos em corpos d'água de domínio da União para fins de aqüicultura, e dá outras providências.

O SECRETÁRIO ESPECIAL DE AQÜICULTURA E PESCA e os MINISTROS DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE, DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO, no uso das atribuições que lhes confere o art. 87, parágrafo único, inciso II, da Constituição Federal, o COMANDANTE DA MARINHA, o DIRETOR-PRESIDENTE DA AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS e o PRESIDENTE DO INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS - IBAMA, no uso de suas atribuições, e tendo em vista o disposto no Decreto no 4.895, de 25 de novembro de 2003, resolvem:

CAPÍTULO IDas Disposições Preliminares

Art. 1o A autorização de uso do espaço físico em corpos d'água de domínio da União para fins de aqüicultura, de que trata o Decreto no 4.895, de 2003, é intransferível, não sendo permitido ao titular o parcelamento ou o arrendamento da referida área.

Art. 2o Os interessados na prática da aqüicultura em corpos d'água de domínio da União, relacionados no art. 3o do Decreto no 4.895, de 2003, deverão encaminhar, por intermédio do Escritório Estadual na Unidade da Federação onde estiver localizado o projeto, quatro vias do requerimento para a autorização de uso dos espaços físicos à Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca - SEAP/PR, bem como do projeto especifico elaborado por profissionais cadastrados no Cadastro Técnico Federal do IBAMA, de acordo com a atividade a ser desenvolvida, na forma dos Anexos a esta Instrução Normativa.

§1o Cada pedido de uso de espaço físico deverá contemplar apenas uma área aqüícola.§2o Caberá ao Escritório Estadual da SEAP/PR conferir, no ato do protocolo dos pedidos de uso

dos espaços físicos, as informações e documentos solicitados nesta Instrução Normativa, requisitar os que faltarem e emitir o Registro do Aqüicultor após a aprovação final do projeto.

§3o A interlocução entre o empreendedor e os órgãos envolvidos nesta Instrução Normativa será realizada por intermédio da SEAP/PR.

§4o Caberá ao interessado o pagamento de todas as despesas decorrentes do processo de aprovação do projeto, bem como o fornecimento de informações adicionais que eventualmente sejam necessárias às análises desenvolvidas pelos órgãos citados nesta Instrução Normativa.

CAPÍTULO IIDos Parques Aqüícolas e Faixas ou Áreas de Preferência Art. 3o A SEAP/PR promoverá a delimitação dos parques aqüícolas e faixas ou áreas de

preferência, de que tratam o art. 2o, incisos III e IV, e o art. 5o, inciso I, do Decreto no 4.895, de 2003, utilizando as informações técnicas disponíveis nas instituições envolvidas.

Glaucio Gonçalves Tiago

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§1o A delimitação dos parques aqüícolas e faixas ou áreas de preferência citados no caput dependerá da outorga preventiva a ser emitida pela ANA, no âmbito de sua competência, do licenciamento ambiental, da manifestação da Autoridade Marítima, da anuência da Secretaria do Patrimônio da União do Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão – SPU/MP e do cumprimento das exigências para a apresentação de projeto, constantes dos Anexos I, II e V a esta Instrução Normativa.

§2o Quando solicitadas para programas de inclusão social ou de segurança alimentar de órgãos da Administração Pública ou de entidades sem fins lucrativos que tenham como objetivo ações de assistência social a populações tradicionais, as faixas ou áreas de preferência deverão ter área suficiente para atender ao número de pessoas que forem objeto da solicitação.

§3o Caberá à SEAP/PR, ou à entidade por ela delegada, delimitar as áreas aqüícolas, suas subdivisões e espaços intermediários dentro dos parques aqüícolas.

§4o A administração dos parques aqüícolas e das faixas ou áreas de preferência será de responsabilidade da SEAP/PR ou de entidade por ela delegada, devendo contemplar o monitoramento e o controle ambiental, obedecendo aos critérios definidos na outorga de direito de uso de recursos hídricos emitida pela ANA, quando couber, no licenciamento ambiental e na autorização de uso dos espaços físicos em águas de domínio da União, emitida pela SPU/MP.

CAPÍTULO IIIDas Áreas AqüícolasArt. 4o Para a instalação dos projetos em áreas aqüícolas, previstas no art. 2o, inciso II, do Decreto

4.895, de 2003, fora dos parques aqüícolas, deverão ser cumpridas as exigências para a apresentação do projeto, constantes dos Anexos I e II a esta Instrução Normativa.

§1o Verificada a adequação técnica do projeto, a SEAP/PR o submeterá à ANA, quando couber, ao IBAMA e à Autoridade Marítima com jurisdição sobre a área onde se pretende instalar o empreendimento, para análise e manifestação conclusiva.

§2o Caberá à ANA, quando solicitada pela SEAP/PR, emitir outorga preventiva para fins de reserva de disponibilidade hídrica que possibilite aos investidores o planejamento do uso requerido, conforme previsão do art. 6o da Lei no 9.984, de 17 de julho de 2000.

§3o A outorga preventiva será automaticamente convertida pela ANA em outorga de direito de uso de recursos hídricos após a aprovação do projeto pela SEAP/PR.

§4o Caberá ao IBAMA, ou entidade por ele delegada, analisar o projeto no âmbito de sua competência e emitir as devidas licenças ambientais, observando a Instrução Normativa Interministerial no

08, de 26 de novembro de 2003, e demais instrumentos legais vigentes, estabelecendo em ato normativo próprio a delegação de competência e observando:

I - nos procedimentos de licenciamento ambiental, em função do potencial de impacto ambiental do empreendimento, poderá ser solicitado estudo ambiental complementar, com maior nível de detalhamento contendo as informações do Anexo VI a esta Instrução Normativa, bem assim outras que julgar pertinentes; e

II - que as licenças ambientais poderão ser emitidas isoladas ou sucessivamente.§5o Caberá à Capitania dos Portos encaminhar à SEAP/PR o parecer conclusivo emitido pelo

representante da Autoridade Marítima para a segurança do tráfego aquaviário, conforme a Norma da Autoridade Marítima que trata dos procedimentos para a realização de obras sob, sobre e às margens das águas sob jurisdição brasileira.

CAPÍTULO IVDas Unidades de Pesquisa Art. 5o Para efeito desta Instrução Normativa, entende-se por Unidades de Pesquisa aquelas

destinadas ao desenvolvimento, à pesquisa, à avaliação e à adequação tecnológica voltadas para as atividades aqüícolas.

§1o A autorização de uso de espaços físicos em corpos d’água de domínio da União para implantação de Unidades de Pesquisa será aprovada pela SEAP/PR, em conjunto com o IBAMA, para

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instituições nacionais de comprovado reconhecimento científico, por intermédio de procedimento administrativo que contemple as questões técnicas, científicas e ambientais na forma dos Anexos I, II e III a esta Instrução Normativa, observada a respectiva outorga da ANA, quando couber, a anuência da Autoridade Marítima e a permissão da SPU/MP.

§2o Para receber a autorização a que se refere §1o, a instituição deverá apresentar à SEAP/PR projeto científico detalhado justificando o pleito com a devida caracterização da área onde será implantada a unidade, juntados os currículos dos pesquisadores envolvidos e documento de responsabilidade técnica.

§3o A instituição autorizada deverá encaminhar relatórios semestrais ou anuais de avaliação e o relatório final da pesquisa à SEAP/PR e ao IBAMA, visando garantir que os conhecimentos apurados serão de domínio público.

§4o É obrigatória a retirada de todos os equipamentos de aqüicultura e organismos que estiverem sob cultivo, além de quaisquer resíduos resultantes da utilização do espaço físico, no prazo de trinta dias, do término da pesquisa.

§5o A implantação de Unidades de Pesquisa em aqüicultura obedecerá a critérios técnicos de dimensionamento máximo de área estabelecido em ato normativo da SEAP/PR, com a anuência do IBAMA.

§6o O prazo máximo de autorização de uso de espaços físicos de corpos d'água de domínio da União, para fins de realização de pesquisa científica em aqüicultura, é de até três anos.

CAPÍTULO VDas Unidades DemonstrativasArt. 6o Para efeito desta Instrução Normativa entende-se por Unidade Demonstrativa a estrutura de

cultivo destinada ao treinamento, capacitação e transferência de tecnologias em aqüicultura.§1o A implantação de Unidades Demonstrativas será aprovada pela SEAP/PR, quando não por ela

executada, para instituições nacionais com comprovado reconhecimento científico ou técnico, por intermédio de procedimento administrativo que contemple as questões técnicas e ambientais na forma dos Anexos I, II e IV a esta Instrução Normativa, observada a respectiva outorga da ANA, quando couber, e a anuência da Autoridade Marítima e da SPU/MP.

§2o A instituição autorizada deverá encaminhar relatórios semestrais de avaliação e o relatório final à SEAP/PR, detalhando o cumprimento das metas estabelecidas no projeto técnico.

§3o É obrigatória a retirada, no prazo de trinta dias, de todos os materiais e equipamentos ao término da demonstração, bem como dos estoques de organismos sob cultivo.

§4o O produto auferido da Unidade Demonstrativa deverá ser doado e destinado a instituições sociais ou a programa de segurança alimentar.

§5o A implantação de unidade demonstrativa de aqüicultura obedecerá a critérios técnicos de dimensionamento máximo de área estabelecidos em ato normativo da SEAP/PR com a anuência das demais instituições envolvidas.

§6o Observados os procedimentos previstos nesta Instrução Normativa, a SEAP/PR poderá instalar, de forma direta, Unidades Demonstrativas.

§7o O prazo máximo de autorização de uso de espaços físicos de corpos d'água de domínio da União para a implantação de Unidade Demonstrativa em aqüicultura é de até três anos.

CAPÍTULO VIDa Competição OnerosaArt. 7o Verificada a existência de competição entre os interessados, a autorização de uso será

onerosa e seus custos deverão ser fixados mediante a abertura de processo seletivo público.§1o Os critérios de julgamento do processo seletivo público, deverão considerar parâmetros

objetivos que levem ao alcance das finalidades previstas nos incisos I a IV do art. 1o, do Decreto no 4.895, de 2003.

§2o Para fins de classificação no processo seletivo público, a administração declarará vencedor o empreendedor que oferecer maiores indicadores dos seguintes resultados sociais, dentre outros:

I - empreendimento viável e sustentável ao longo dos anos;

Glaucio Gonçalves Tiago

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO 175

II - incremento da produção pesqueira;III - criação de novos empregos; eIV - ações sociais direcionadas a ampliação da oferta de alimentação.

CAPÍTULO VIIDas Autorizações de Uso dos Espaços Físicosem Corpos D'água de Domínio da UniãoArt. 8o Os pedidos de autorização de uso de espaços físicos em corpos d’água de domínio da

União serão instruídos e analisados na forma prevista no art. 13, parágrafo único, do Decreto no 4.895, de 2003.

§1o Após a aprovação do projeto técnico pela SEAP/PR, esta o encaminhará à SPU/MP para a autorização de uso do espaço físico em corpo d’água de domínio da União.

§2o Para autorização de uso do espaço físico em corpo d’água de domínio da União, a SPU/MP deverá observar os prazos previstos no art. 15 do Decreto no 4.895, de 2003.

§3o O projeto técnico não aprovado será restituído pela SEAP/PR ao proponente por meio de expediente contendo a devida justificativa.

Art. 9o Expedido o ato de autorização de uso pela SPU/MP, a SEAP/PR informará a decisão ao interessado por intermédio do Escritório no Estado onde está prevista a implantação do projeto e por meio do seu endereço eletrônico.

Parágrafo único. Caberá à SEAP/PR informar às instituições governamentais envolvidas no processo de autorização de uso de áreas aqüícolas os atos autorizativos ou denegatórios para que cada instituição possa tomar as providências de sua alçada.

CAPÍTULO VIIIDa Renovação da Autorização de UsoArt. 10. O autorizado poderá requerer a renovação da autorização de uso, conforme o disposto no

art. 15, inciso III, do Decreto no 4.895, de 2003, desde que a solicitação seja protocolada nos escritórios estaduais da SEAP/PR, com antecedência de um ano do término da autorização em vigor.

§1o Renovada a autorização de uso, com a devida anuência das demais entidades envolvidas, terá prazo de validade estabelecido pelo poder público outorgante.

§2o A partir da segunda renovação, a autorização de uso do espaço físico estará sujeita a processo seletivo público.

Art. 11. É vedada a renovação das autorizações de uso das Unidades de Pesquisa e das Unidades Demonstrativas de que tratam os Capítulos IV e V desta Instrução Normativa.

CAPÍTULO IXDa DesistênciaArt. 12. Em caso de desistência, o autorizado deverá informar esta decisão, por escrito, no prazo

de trinta dias, à SEAP/PR, que comunicará o fato às demais entidades ou órgãos envolvidos no processo de autorização.

Parágrafo único. Todos os equipamentos de aqüicultura e organismos que estiverem sob cultivo, além de quaisquer resíduos resultantes do uso do espaço físico em corpos d’água, deverão ser retirados pelo autorizado no prazo de trinta dias, contado a partir da data da comunicação à SEAP/PR.

CAPÍTULO XDo Falecimento do AutorizadoArt. 13. Em caso de falecimento do autorizado e havendo interesse de continuidade da atividade

pelo ascendente, descendente, cônjuge ou convivente, este deverá requerer nova autorização para a manutenção do projeto para o período remanescente da autorização.

§1o O requerente da nova autorização deverá apresentá-la à SEAP/PR no prazo máximo de sessenta dias, contados a partir da data do falecimento do autorizado.

Glaucio Gonçalves Tiago

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO 176

§2o Expirado o prazo estabelecido no §1o, a área poderá ser requerida na forma estabelecida nesta Instrução Normativa.

CAPÍTULO XIDas Infrações e PenalidadesArt. 14. Verificado o descumprimento, a qualquer tempo, de um ou mais requisitos que levaram à

aprovação final do projeto técnico, as instituições governamentais relacionadas nesta Instrução Normativa deverão adotar os procedimentos administrativos e de fiscalização cabíveis, bem como comunicar à SEAP/PR eventuais irregularidades no uso do espaço físico em corpos d’água de domínio da União, para fins de cumprimento do estabelecido no projeto aprovado.

Art. 15. Por infração de qualquer disposição legal ou regulamentar, ou pelo não atendimento das solicitações feitas, o infrator, a critério da autoridade competente, ficará sujeito às penalidades cabíveis e a SEAP/PR solicitará à SPU/MP o cancelamento da autorização de uso sem aviso prévio ao autorizado, ficando este impedido de obter novas autorizações.

§1o Recebida a comunicação de que trata o art. 14, a SEAP/PR adotará seqüencialmente os seguintes procedimentos administrativos:

I - notificação ao autorizado para que cumpra o estabelecido no prazo de quinze dias, contado a partir da data de recebimento da notificação;

II - solicitação à SPU/MP para cancelamento da autorização de uso do espaço físico em caso de persistência da infração; e

III - comunicação ao autorizado e às demais entidades relacionadas nesta Instrução Normativa, informando sobre o efetivo cancelamento da autorização de uso pela SPU/MP.

§2o Em caso de cancelamento da autorização, todos os equipamentos de aqüicultura e organismos que estiverem sob cultivo, além de quaisquer resíduos resultantes do uso do espaço físico autorizado, deverão ser retirados pelo proprietário no prazo de trinta dias, contado a partir do recebimento da notificação de cancelamento da autorização.

§3o O descumprimento do estabelecido no parágrafo anterior implicará, sem aviso prévio, após a quantificação e cadastramento, na remoção dos materiais e equipamentos, pelo órgão competente de acordo com a natureza da infração, bem como dos estoques de organismos sob cultivo, dando a estes o destino estabelecido na legislação pertinente.

§4o Todos os custos decorrentes das operações descritas no §3o serão cobrados, administrativa ou judicialmente, do infrator.

§5o Em caso de reincidência, a qualquer tempo, em faltas da mesma natureza, no descumprimento de um ou mais requisitos que levaram à aprovação final do projeto técnico, a SEAP/PR solicitara à SPU/MP o cancelamento da autorização de uso, sem aviso prévio ao autorizado, ficando o mesmo impedido de obter novas autorizações.

§6o As providências descritas no parágrafo primeiro não impedem a aplicação das sanções cíveis, administrativas e penais previstas em lei.

CAPÍTULO XIIDo Sistema de Informação das Autorizações deUso das Águas de Domínio da União – SINAUArt. 16. Fica instituído o Sistema de Informação das Autorizações de Uso das Águas de Domínio

da União para fins de Aqüicultura - SINAU, vinculado à SEAP/PR, com as seguintes finalidades:I - cadastrar e controlar os projetos aqüícolas;II - referenciar geograficamente as faixas ou áreas de preferência, os parques e áreas aqüícolas e as

unidades demonstrativas e de pesquisa;III - criar e manter o banco de dados das autorizações de uso; eIV - subsidiar o ordenamento das atividades aqüícolas em águas de domínio da União.

Glaucio Gonçalves Tiago

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO 177

CAPÍTULO XIIIDas Disposições FinaisArt. 17. Ao final do prazo estabelecido no ato autorizativo, o proprietário deverá retirar, no prazo

de trinta dias, todos os equipamentos de aqüicultura e organismos que estiverem sob cultivo, além de quaisquer resíduos resultantes do uso do espaço físico em corpos d’água da União.

Art. 18. A ocupação de espaços físicos em corpos d’água de domínio da União sem autorização, e sem a observância do disposto nesta Instrução Normativa e no Decreto no 4.895, de 2003, sujeitará o infrator às cominações legais previstas para os casos de esbulho de áreas públicas de uso comum e às sansões penais.

Art. 19. A autorização de uso de espaços físicos de corpos d'água de domínio da União não exime o autorizado do cumprimento da legislação em vigor.

Art. 20. Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação.Art. 21. Fica revogada a Instrução Normativa Interministerial no 9, de 11 de abril de 2001.

JOSÉ FRITSCHMARINA SILVAGUIDO MANTEGAROBERTO DE GUIMARÃES CARVALHOJERSON KELMANMARCUS LUIZ BARROSO BARROS

Glaucio Gonçalves Tiago

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO 178

AQÜICULTURA E RECURSOS HÍDRICOS (ADENDO)

O Uso da água pela aqüicultura: estratégias e ferramentas de implementação de

gestão[The use of water by aquaculture: strategies and tools for management implementation]

Glaucio Gonçalves TIAGO 1 ; Sônia Maria Flores GIANESELLA 2

1 Pesquisador Científico - Instituto de Pesca da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios - SAA/SP; tel. (11) 3871-7518; fax.(11) 3871-7568; Av. Francisco Matarazzo, 455, Água Branca, São Paulo/SP, CEP 05001-900; e-mail: [email protected];2 Professora Dra. - Instituto Oceanográfico e PROCAM/USP; tel. (11) 3091-6551; fax.(11) 3091-6607; Praça do Oceanográfico, 191, Cidade Universitária, São Paulo/SP, CEP 05508-900; e-mail: [email protected].

Resumo Neste estudo se analisa conceitualmente a questão do uso da água pela aqüicultura com base na assunção de modelos de gestão ambiental voltados a essa atividade e no arcabouço legal vigente. São analisadas especificamente algumas estratégias e instrumentos relativos à política de uso e consumo da água, técnicas de manejo, instrumentos de gestão e legislação. Verifica-se a existência de divergências semânticas e técnicas, internas e externas ao setor produtivo, que indicam uma distensão sobre a questão da consuntividade da aqüicultura. Conseqüentemente, a codificação de regulamentos voltados ao uso da água, que já tem sido ampliado em seu repertório legal e temático, também deve contemplar características pluridimensionais e participativas, objetivando a aplicação eficaz da norma jurídica e a utilização racional e cuidadosa desse recurso, prevendo concomitantemente sua manutenção quantitativa, qualitativa e ecologicamente funcional.Palavras-chave: aquicultura; água; recurso hídrico; gestão ambiental.

AbstractThis study analyzes conceptualy the question of water use by aquaculture based on the assumption of environmental management models directed to this activity and to the in force legal structure. Specifically, some strategies and tools referring to the policy of use and consumption of water, handling techniques, paticipative management and legislation aiming the maintenance the quality and quantity of water available to the society are analysed.The existence of semantic and technical divergences, inner and outer to the productive sector, that indicate strain about the subject of aquaculture consumptivity, is verified. Consequently, the codification of rules focusing the water use, that has been enlarged in its legal and thematic repertoire, also must to comprise pluridimiensional and participative characteritics aiming the optimization of the legal enforcement and the rational and carefull use of this resource, including its quality, quantity and functional maintenance.

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO 179

Key words: aquaculture; water; hydrological resource; environmental management.Introdução

A água é um recurso natural renovável, mas com reservas limitadas. É imprescindível à

civilização humana, mas tem sido utilizada de forma inadequada e sua demanda crescente fará com

que se torne em breve um recurso esgotável em quantidade e qualidade. Em análise da evolução do

uso nos últimos 100 anos, TELLES (2002) afirma que "na média mundial, cerca de 70% da água

hoje disponíveis são destinados ao aproveitamento agrícola". Segundo os dados apresentados por

este autor, aproximadamente 20% da água são destinados a indústria, e menos de 10%, para

abastecimento da população (higiene e consumo direto).

A aqüicultura, que tem tido grande desenvolvimento nas últimas décadas, é uma atividade

altamente consumidora de água e mais uma a competir com outras atividades humanas por este

recurso. O desenvolvimento deste tipo de atividade produtiva, entretanto, apresenta riscos de

deteriorar a qualidade e quantidade da água, podendo contribuir com o declínio da qualidade

ambiental, social e econômica.

Dados comparativos de uso e/ou consumo de água pela aqüicultura demonstram os grandes

volumes necessário às práticas aqüícolas (Quadro 1) e remetem à proposição de uma maior e

melhor discussão dos tipos de ações de comando e controle necessários à gestão ambiental da

aqüicultura.

Quadro 1 - Água requerida por sistemas de produção aqüícola e sistemas de produção industrial e agropecuária com os respectivos valores de produto e de água (PHILLIPS; BEVERIDGE & CLARK, 1991).

Produto

Água requerida

(m3/TM e m3/m3)

Valor nominal do

produto (US $)

Valor da água

(US $/ m3)Álcool 125-170 2.000/m3 12-16Papel 9-450 300/TM 0,7-33Petróleo 21,6-810 500/m3 0,6-23Aço 8-250 200/TM 0,8-25Algodão 90-450 1.000/ TM 2,2-11Criação de gado 42 2.000/TM 48Criação de porco 54 2.000/TM 37AqüiculturaTanques de camarão 11.000-55.000 6.000-12.000/TM 0,1-1,1Salmonídeos 252.000 1.650-4.000/TM 0,006-0,018Tanques de bagres / channel catfish 6.470 1.650/TM 0,25m3: metro cúbico e TM: tonelada métrica

Glaucio Gonçalves Tiago

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO 180

Correntes técnicas, científicas e representativas da aqüicultura brasileira têm advogado que

a aqüicultura não consome, mas sim usa a água, e esta característica de não consuntivade poderia

mudar enfoques e estratégias relativos à gestão do recurso hídrico voltado às criações aquáticas,

distanciando-as, e.g., das atividades industriais.

Metodologia

A partir das bases conceituais voltadas à gestão ambiental da água pela aqüicultura, sob

perspectivas metodológicas e marcos conceituais interdisciplinares propostos por LEFF (2000) ,

SILVA (2000) e PHILIPPI Jr. (2000), e do levantamento e coleta de dados sobre o uso da água pela

aqüicultura, na atual literatura mundial e nas normas jurídicas brasileiras da gestão do recurso água,

que possuem maior correlação com a atividade aqüícola, foram analisadas criticamente estratégias

e instrumentos de implementação institucional de gestão ambiental encontrados nas organizações

aqüícolas voltadas ao recurso água.

Resultados e Discussão

No sentido de direcionar a análise proposta, a questão prioritária diz respeito à definição do

tipo de uso e consumo da água. CHRISTOFIDIS (2002), em análise da característica de consumo

de água pela atividade aqüícola, pondera que: "A piscicultura tem sido considerada como atividade

não consuntiva. Entretanto, se introduzimos a questão da qualidade no conceito de consuntivo,

então a aquicultura pode passar a ser consuntiva, posto que o efluente não pode ser utilizado

diretamente para abastecimento (no caso de águas continentais) e pode gerar problemas

ambientais (marés vermelhas tóxicas, entre outros) no caso de águas marinhas".

De qualquer maneira, a reflexão sobre atividades antrópicas que utilizem recursos naturais

de domínio coletivo leva-nos a posturas como as apresentadas em PHILIPPI Jr. (2000): “A

necessidade de se estabelecer novos métodos para o conhecimento das questões ambientais faz

com que sejam fixadas as bases que deverão provocar mudanças e transformações nas pesquisas

científicas e tecnológicas. Na verdade, estando a natureza profundamente marcada por ações

humanas, muitas delas de caráter predatório, é imperioso encontrar meios de diminuir ou

Glaucio Gonçalves Tiago

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO 181

minimizar os impactos negativos interferindo especialmente em muitos processos industriais que

ainda desprezam as conseqüências nefastas de suas linhas de produção para o meio ambiente”.

Ainda que a aqüicultura não possa ser fidedignamente equiparada ao tipo de atividade

industrial citada por PHILIPPI Jr., devemos ressaltar a necessidade do pensamento e da prática de

uma ciência ambiental interdisciplinar para o desenvolvimento de uma aqüicultura sustentável,

incentivadora e promotora de uma melhor gestão dos sistemas de recursos hídricos a ela

vinculados.

- Uso e consumo de água pela aqüicultura: qualidade X quantidade.

Em razão dos grandes volumes do recurso hídrico exigidos pela aqüicultura, torna-se

imperioso discutir as relações de uso e/ou consumo de água sob a ótica da gestão do recurso hídrico

instrumentalizado por controles quantitativos ou qualitativos. A opção de mecanismos de gestão

ambiental do recurso hídrico para a aqüicultura deve eleger qual aspecto do uso da água deva ser

considerado como padrão de controle. A aqüicultura usa grande quantidade de água, mas, em

termos absolutos, consome menos água do que, e.g., atividades de agricultura irrigada, conforme

pode ser verificado nas várias resoluções de outorga de uso de água já concedidas pela Agência

Nacional de Águas/ANA (2003). Fatores como área, volume de evaporação e permeabilidade do

solo podem ser agregados a esta discussão, como forma de induzir à verificação o consumo real de

recursos hídricos pela aqüicultura. Por exemplo, estima-se que cerca de 80% da água utilizada para

consumo humano/industrial e 30% da derivada para irrigação retornam, alimentando os cursos

d’água ou aqüíferos subterrâneos (CHRISTOFIDIS, 2002).

A outorga e a cobrança pelo uso do recurso hídrico pela aqüicultura tornam-se mais

pertinentes quando evidenciam aspectos de qualidade de água captada e lançada à fonte hídrica, em

detrimento de aspectos que envolvem basicamente o uso de grandes volumes d’água PHILLIPS;

BEVERIDGE & CLARK (1991) consideram que o maior impacto da utilização da água pela

aqüicultura é o impacto sobre a qualidade da água.

Um modelo objetivo e consistente de outorga e cobrança pelo uso de água para a

aqüicultura remete a métodos voltados aos diferenciais de qualidade, possivelmente calcados em

medições de demanda bioquímica de oxigênio (D.B.O.) e de níveis de nitrogênio (N) e fósforo (P),

na água captada e naquela devolvida à sua fonte ou curso original. Outros fatores, como área do

Glaucio Gonçalves Tiago

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO 182

espelho d’água, projeto escolhido ou técnicas de manejo, podem interferir em um maior consumo

real de água e podem também ser levados em conta nos modelos de outorga e cobrança pelo uso de

recursos hídricos para as atividades de aqüicultura.

- Instrumentos de gestão do recurso hídrico para a aqüicultura.

A partir da assunção de modelos de gestão ambiental para aqüicultura, no que diz respeito

à utilização de água, baseados em ações individuais e/ou coletivas dos conjuntos de produtores e

respectivas unidades produtivas, deve-se observar a capacidade associativa de produtores com

vistas à adequação de regras formais e informais que otimizem formas de gestão ambiental

participativa de baixo custo transacional. No caso da legislação específica do desenvolvimento

produtivo e ambiental da aqüicultura, é necessária a estrita observação da adequação de teorias de

norma jurídica, que permitam ou auxiliem a produção legislativa de dispositivos legais

incentivadores e promotores da gestão ambiental participativa, no sentido da maior garantia das

práticas ambientais e socialmente saudáveis, pelo setor produtivo, e do menor custo de aplicação

legal e da fiscalização das atividades.

A adoção de práticas responsáveis de administração e manejo de recursos aqüícolas deve

sempre ser considerada na busca por instrumentos de gestão do recurso hídrico adequado para a

aqüicultura. Instrumentos de gestão que considerem aspectos contidos em códigos de conduta

técnica e empresarial responsáveis, em relação ao meio ambiente e à sociedade, além de melhor

contemplar aspectos técnicos voltados à economicidade da natureza, serão sempre baseados em

processos interacionais e decisórios de ações coletivas, especificamente destinadas à produção de

documentos técnicos voltados ao desenvolvimento sustentável. Destaque-se que,

contemporaneamente, empresas com preocupação na economia do uso de recursos naturais

(escassos ou não) e em questões de responsabilidade social, podem ser melhor posicionadas no seu

mercado de atuação, agregando valores a seus produtos finais e possibilitando, e. g., maior

amplitude de ações de marketing institucional.

Eqüidade no tratamento dos vários usuários de recursos hídricos deve ser equacionada e

aplicada através de instrumentos de gestão como a outorga e a cobrança pelo uso do recurso, uma

vez que características particulares de organizações inter e intra setores produtivos tendem a ser

relevadas na decisão de índices de valores de cobrança pelo uso de recursos, bens e serviços, e, ao

Glaucio Gonçalves Tiago

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO 183

mesmo tempo, não totalmente aceitas por organizações que se percebem fora de enquadramentos e

padrões determinados para a execução das exigências e cobranças. Tais instrumentos, entretanto,

devem levar em conta a quantidade e a qualidade da água, uma vez que atividades, tal como a

aqüicultura, apresentam características de uso e consumo de água diferentes daquelas apresentadas

pela agricultura irrigada, abastecimento doméstico, produção industrial, geração de energia, dentre

outras atividades.

Considerando que a cobrança pelo uso da água não deve ser vista como instrumento de

gestão isolado e capaz de resolver todas as questões relacionadas com o planejamento e gestão de

recursos hídricos, BARTH (2000) ressalta que: “não é a definição do modelo econômico-

financeiro da cobrança o maior desafio, mas sim, a aceitação de sua implementação pelas

comunidades das bacias hidrográfica”.

Práticas internacionais em cobrança pelo uso da água já existem e produzem resultados

variáveis de acordo com os objetivos declarados e o universo institucional existente nos países de

implantação desse sistema (Quadro 2).

Glaucio Gonçalves Tiago

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO 184

Quadro 2 - Características principais das Experiências Internacionais em Cobrança pelo Uso da Água Bruta

(AZEVEDO; BALTAR; & FREITAS, 2000, baseado em Asad et al., 1999, e Seroa da Motta, 1998).

País Tipo de Cobrança

Aplicação da Renda Regulamentação e Gerenciamento

Critério de Cobrança

Resultados

França QT e QL Financiamento de obras de saneamento para as bacias

Comitês/Agência de bacias

Preços públicos e padrões ambientais

Consolidação da bacia como a unidade principal de gerenciamento e geração / distribuição de receita

Holanda QT e QL Financiamento de obras de saneamento nos municípios

Governos estadual e federal

Preços públicos e padrões ambientais

Níveis de cobrança altos e crescentes forçaram práticas de controle e geraram elevadas receitas

Alemanha QL Financiamento de obras de saneamento nos municípios

Governos estadual e federal

Preços públicos e padrões ambientais

Isenções de cobrança para atendimento a padrões mais restritivos aumentou o controle de poluição mas reduziu a receita

México QL Coletada pelo Tesouro Nacional e parcialmente adicionada ao orçamento das agências de gerenciamento de água

Governo federal Padrões ambientais

Aumento da receita, porém frágil capacidade institucional para implementação

Colômbia QT e QL Finaciamento das agências de gerenciamento de água

Governos estadual e federal

Danos ambientais

A complexidade dos critérios de cobrança e a frágil capacidade institucional dificultam a implementação

Índia QT e QL_______

Governos estadual e federal

Danos ambientais

Associações de usuários de água criadas e enormes aumentos de preços implementados

África do Sul QT Financiamento de gerenciamento de recursos hídricos; desenvolvimento e uso de sistemas hidráulicos; e alcance de alocação eqüitativa e eficiente de água

Agências federais, locais ou de bacias

Infra-estrutura, gerenciamento de bacias e cobrança que reflete a escassez relativa da água

_________

EUA QT Financiamento das agências de gerenciamento de água

Agências federais, locais ou de bacias ________

Subsídios para irrigação

QT = cobrança por quantidade; QL = cobrança por qualidade

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO 185

- Recursos hídricos e a aqüicultura brasileira: aspectos institucionais e contingenciais

Historicamente, a legislação brasileira de recursos hídricos apresenta a perspectiva

ambiental de gestão, com dispositivos legais explicitamente direcionadores à gestão participativa

do recurso e à cobrança pelo uso da água. Destaca-se neste sentido, a importância da criação e

adoção de estruturas legais e institucionais que minimizem o potencial de conflitos.

No Brasil, a Lei 9433, de 08 de janeiro de 1997, que institui a Política Nacional dos

Recursos Hídricos e o Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos, inovou ao

prever a gestão descentralizada e integrada das águas através da criação do Conselho Nacional de

Recursos Hídricos/CNRH e dos Comitês de Bacia Hidrográfica. Em conjunto com a Agência

Nacional de Águas/ANA, criada pela Lei 9984, de 17 de julho de 2000, estes instrumentos legais

de política e gestão ambiental, socialmente participativos, devem verificar a possibilidade de

certificar a água recebida pela aqüicultura, uma vez que, de maneira geral, a aqüicultura apresenta

características específicas de uso e consumo do recurso.

Apesar de vários esforços, regulamentação da aqüicultura brasileira carece, ainda, de

instituições que produzam normas socialmente participativas e setorialmente aceitas, que, não

sendo baseadas em atos normativos regulamentadores, tendam a consolidar a proteção do meio

ambiente. Sob nossa ótica, tais atos, pela característica eminentemente estatal, calcada apenas na

autoridade do poder executivo, obstam e/ou contingenciam a consolidação da proteção do meio

ambiente, prejudicando a correta gestão do recurso hídrico.

No que diz respeito ao licenciamento ambiental da aqüicultura, tem-se enfatizado que um

dos maiores problemas em relação aos licenciamentos é o fato de que faltam instrumentos

específicos, incentivadores ou desincentivadores, que auxiliem e assegurem um desenvolvimento

sustentável da aqüicultura e promovam a proteção ambiental (TIAGO, 2002).

Assim, métodos legislativos em que os discursos tendem a ser desqualificados por uso de

reputação e de exclusão de discursos contrários ao dogma, comumente encontradas em sistemas

jurídicos sintáticos, lineares e homológicos, devem ser evitados.

Conforme estudos conceituais por nós desenvolvidos, métodos legislativos que contribuam

para o aumento do repertório discursal ou legal e que utilizem transmissão de performances

seletivas entre atores sociais, comumente encontrados em sistemas jurídicos semânticos,

pluridimensionais, heterológicos e participativos, devem ser eleitos para a melhor adequação do

Glaucio Gonçalves Tiago

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO 186

conjunto de legislação voltada à manutenção quantitativa, qualitativa e ecologicamente funcional

dos recursos hídricos (TIAGO, 2002).

- Estratégias de gestão ambiental para a proteção de recursos hídricos utilizados pela

aqüicultura brasileira: perspectivas e possibilidades

A gestão ambiental de aqüiculturas deve estabelecer estratégias e ações para

implementação de políticas que visem direcionar a atividade produtiva para a aplicação de

tecnologias que prevejam utilização racional, proteção de poluição e reciclagem de recursos

hídricos, neste último caso, em especial, de água doce. Tais estratégias e ações devem ser

amplamente discutidas com a sociedade e com os setores envolvidos, para que possibilitem

mudanças nas políticas institucionais e na legislação aqüícola e de recursos hídricos, com vista à

melhor gestão deste recurso vital.

Os “loci” da reflexão sobre as atitudes relativas à gestão ambiental dos recursos hídricos

regionais e microrregionais devem ser os Comitês de Bacias Hidrográficas, desde que

paritariamente constituídos pelos atores deste tipo de arena.

Pelos condicionantes técnicos de produção, os métodos e técnicas de reciclagem de água

apresentam-se como extremamente desejáveis para sistemas intensivos de criações aquáticas

(Quadro 3), enquanto métodos de controle estrito da qualidade de água poderiam ser aplicados às

criações extensivas e semi-intensivas. Obviamente, a reciclagem do recurso hídrico mostra-se

como uma solução técnica melhor incorporada a uma tendência orientada à nulidade de impactos

ambientais sobre os recursos hídricos. Entretanto, métodos com menor aporte tecnológico podem,

principalmente em criações extensivas, ser eficazes no tratamento dos efluentes das aqüiculturas.

Opções de estratégias de proteção aos recursos hídricos que tendam a menor interferência no

aumento da composição de custos dos produtos aqüícolas e maior participação intra-setorial,

podem obter maior aplicabilidade e justificar a aplicação eficaz dos instrumentos legais pelas

instituições responsáveis na fiscalização das medidas tomadas e nos resultados alcançados pelas

organizações que devam praticá-las.

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO 187

Quadro 3 - Relação entre consumo/uso de água e porcentagem de reciclagem de água em sistemas intensivos de produção de salmonídeos (PHILLIPS; BEVERIDGE & CLARK, 1991)

% de reciclagem de água Água requerida (m3/TM)0 200.00080 40.00090 20.00095 10.000 99 2.000

- Conclusões

Atualmente, o repertório de estratégias e ações voltadas à implementação de políticas que

visam ao uso responsável dos recursos hídricos tem aumentado, e questões globais e setoriais têm

sido melhor identificadas. TUCCI (2000) acredita que dentro da atualidade dos problemas da

sociedade, a questão dos recursos hídricos é interdisciplinar por natureza, e para a sociedade e o

ambiente “não interessam as querelas corporativistas das disciplinas e dos profissionais”, pois,

“para buscar soluções adequadas e produtivas é necessário transitar e interagir nas diferentes

disciplinas sem preconceitos e com linguagem comum, que, infelizmente, ainda é muito limitada”.

A aqüicultura é uma atividade produtiva humana que utiliza de maneira intensiva os

recursos hídricos, sendo uma competidora importante na disputa pela água disponível para a

população e para as outras atividades produtivas. Por sua característica zootécnica, parece-nos que

os controles e cobranças voltados à manutenção da qualidade da água devam ser reforçados.

Entretanto, ao contrário de outras atividades, como aquelas industriais, a aqüicultura pode

colaborar com sistemas de controle de qualidade de água, pela necessidade de monitoramento

constante deste recurso, com vistas ao sucesso de sua capacidade produtora de alimentos para os

humanos. Esta característica pode ensejar também, conforme disposições contidas na Agenda 21

(ONU, 1993), uma necessidade de certificação da qualidade da água destinada às criações

aquáticas, o que, com certeza, demandará ainda um amplo esforço institucional na discussão destes

tipos de medidas técnicas e legais.

WELLCOME (1996) explicita que os limites impostos à aqüicultura pela demanda de

recursos hídricos implicarão em uma adequação do número de empreendimentos aqüícolas por

bacias hidrográficas e/ou corpos d’água e em um aumento dos custos marginais de produção,

impostos por regras mais rígidas em relação ao controle da qualidade de água. Neste sentido e

segundo a ótica econômica de BUCHANAM (1991), seria ilegítimo qualificar uma determinada

Glaucio Gonçalves Tiago

Page 188: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO 188

estrutura econômica como sendo injusta, não eqüitativa ou ineficiente, sem demonstrar que um

regime alternativo pode gerar distribuições ou alocações que solucionem tais problemas.

Ontologicamente, deve ser ampliada a discussão sobre a utilização da água pela

aqüicultura, pois existem divergências semânticas e técnicas, internas e externas ao setor produtivo,

que indicam uma distensão sobre a questão “se a aqüicultura usa ou consome o recurso hídrico”, e

o que esta distinção de consuntividade implica na sua contribuição para a melhor gestão ambiental

dos recursos hídricos.

Embora muito ainda precise ser modelado, construído e submetido a testes empíricos, os

instrumentos, mecanismos de atuação e as regras formais e informais necessários à mudança

institucional dos sistemas de gestão dos recursos hídricos brasileiros deverão, sob nosso ponto de

vista, ser gerados através de processos heterológicos e participativos, jurídicos ou não, em que a

ação individual possa ser decodificada e transformada em ações coletivas que possibilitem a

aplicação eficaz de regras que diminuam custos de transação, incertezas e assimetrias,

possibilitando, assim, uma melhor transmissão de performances seletivas entre as organizações

e/ou instituições aqüícolas (e demais grupos de interesse), que favoreçam suas relações político-

econômicas, em concomitância com outros setores dependentes do aporte e apropriação comunal

de recursos hídricos.

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Artigo Científico publicado originalmente no Boletim do Instituto de Pesca:

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Glaucio Gonçalves Tiago

Page 191: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO 191

Instrumentos de Gestão Ambiental e Abordagem Jurídico-Teórica dos Recursos

Hídricos Brasileiros

Glaucio Gonçalves Tiago

Instituto de Pesca / APTA-SAA.SP

E-mail.: [email protected];

Abordagem Jurídico-Teórica dos Recursos Hídricos Brasileiros

Dentre todos os finitos recursos naturais a água, por suas características vitais e funcionais

e em virtude do agravamento relativo a sua escassez, tem merecido especial atenção de todas as

áreas do conhecimento humano, em um esforço extremo para a solução dos crescentes problemas

relacionados à gestão responsável e cuidadosa deste recurso que assegure o suficiente

abastecimento de água para todas as atividades humanas. Atualmente, já é bastante discutido o

caráter pluridimensional que envolve a questão do uso dos recursos hídricos voltados à atividades

como o abastecimento humano doméstico, a geração de energias, a indústria, a agricultura, as

criações terrestres e aquáticas, dentre outras atividades possíveis, mas, ainda é necessário a

proposição e a formulação de mecanismos e instrumentos sociais e tecnológicos, que assegurem

uma gestão adequada da água pelas sociedades humanas.

No Brasil a legislação circunscrita ao universo regulatório e gerencial dos recursos hídricos

apresenta, historicamente, caráter multidimensional com direcionamento explícito à gestão

participativa deste recurso. Entretanto e logicamente, quanto mais afastada dos dias atuais, a

perspectiva participativa desta legislação aparece de forma mais incipiente em estratégias e

instrumentos de gestão.

Apesar dos aspectos positivos apresentados pela legislação dos recursos hídricos

brasileiros, muito trabalho ainda há de ser dispendido na resolução de problemas institucionais

fundamentais, como por exemplo o conflito e o confronto entre competências legislativas e

autoridades do Poder Executivo.

A legislação brasileira de uso da água é constituída principalmente pelos seguintes

diplomas legais: Decreto n.° 24.643, de 10 de julho de 1934 (Decreta o Código de Águas);

Glaucio Gonçalves Tiago

Page 192: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO 192

Resolução CONAMA Nº 357, de 17 de março de 2005 (Dispõe sobre a classificação dos

corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as

condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências – Marina Silva); Lei

9.433, de 08 de janeiro de 1997 (Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos e Cria o Sistema

Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos); Lei 9.984, de 17 de julho de2000 (Cria a

Agência Nacional de Águas - ANA, para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos

e coordenação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos); e Decreto nº 2.612,

de 03 de junho de 1998 (Regulamenta o Conselho Nacional de Recursos Hídricos). Diplomas

legais de aspecto geral oriundos do ramo do Direito Ambiental devem também ser observados

conjuntamente à legislação brasileira de uso da água, como por exemplo: Lei nº 6.938, de 31 de

agosto de 1981 (Institui a Política Nacional do Meio Ambiente); Resolução CONAMA nº 237, de

08 de janeiro de 1997 (Disciplina o Licenciamento Ambiental); e Lei nº 9.605 (Dispõe sobre as

sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente),

dentre outras legislações correlatas à atividades produtivas específicas.

Outorga de Direito de Uso e Cobrança pelo uso da água

Segundo Gisler et al. (2002), a partir da remessa à ANA do pedido de outorga de direito de

uso da água, o procedimento técnico para análise do pedido segue as seguintes etapas: 1- Avaliação

da compatibilidade entre a demanda apresentada pelo usuário e os usos para os quais se destinam;

2- Avaliação da disponibilidade hídrica em termos quantitativos e qualitativos no local do

empreendimento; 3- avaliação do impacto do novo uso no recurso hídrico; e, 4- elaboração de

recomendações para o uso a serem expressas na outorga. Os limites de prazo, segundo a Lei nº

9.984/00 é de até: a) dois anos, para início da implantação do empreendimento objeto de outorga;

b) seis anos para conclusão da implantação do empreendimento projetado; e c) trinta e cinco anos

para a vigência da outorga de direito de uso.

Para uma melhor percepção da questão, é interessante acompanhar a primeira experiência

brasileira de cobrança pelo uso da água que ora acontece na Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do

Sul (criada pelo Decreto Federal nº 1.842, de 22 de março de 1996), regulamentada pela Resolução

CEIVAP nº08, de 06 de dezembro de 2001, e pode ser encontrada em http://www.cnrh.gov.br .

No estado de São Paulo, a Lei nº 7.663, de 30 de dezembro de 1991 (Institui a Política

Estadual de Recursos Hídricos) já previa a cobrança do uso da água e possibilitou o início da

Glaucio Gonçalves Tiago

Page 193: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO 193

criação e instalação dos Comites de Bacia Hidrográficas correspondentes às 22 Unidades de

Gerenciamento de Recursos Hídricos do estado. A implementação dos mecanismos desta cobrança,

depende ainda da aprovação do PL 676/2000 pela Assembléia Estadual paulista, para a remessa e

sanção do chefe do poder executivo. A discussão legislativa tem se estendido desde o ano de 2000,

em função de discordâncias geradas através de pleitos efetuados por setores da agricultura,

indústria, e consumidores domésticos, principalmente, visando benefícios relativos ao

estabelecimento de teto financeiro para cobrança, carências e isenções.

Maiores informações sobre o pedido de outorga de direito de uso podem ser obtidos

virtualmente através de http://www.ana.gov.br e http://www.cnrh-srh.gov.br .

Instrumentos de Gestão do Recurso Hídrico: Reflexões.

A partir da assunção de modelos de gestão ambiental para atividades produtivas, no que diz

respeito à utilização de água baseados em ações individuais e/ou coletivas dos conjuntos de

produtores e respectivas unidades produtivas, deve ser observada a capacidade associativa de

produtores com vistas a adequação de regras formais e informais que otimizem formas de gestão

ambiental participativa de baixo custo transacional. No caso da legislação específica ao

desenvolvimento produtivo, é necessário a estrita observação da adequação teórico jurídica

normativa que permita ou auxilie a produção legislativa de dispositivos incentivadores e

promotores da gestão ambiental participativa, no sentido da maior garantia das práticas ambiental e

socialmente saudáveis pelo setor produtivo, e do menor custo de aplicação legal e da fiscalização

de atividades.

A adoção de práticas responsáveis de administração e manejo de recursos oriundos de

criações, deve sempre ser realçada na busca por instrumentos de gestão dos recursos hídricos

adequados para a aqüicultura. Instrumentos de gestão que considerem aspectos contidos em

códigos de conduta técnica e empresarial responsáveis em relação ao meio ambiente e a sociedade,

além de melhor contemplar aspectos técnicos voltados à economicidade da natureza, serão sempre

baseados em processos interacionais e decisórios de ações coletivas especificamente destinadas a

produção de documentos técnicos voltados ao desenvolvimento sustentável, o que, com certeza,

resulta em uma economia de processos decisórios e possibilita saltos qualitativos benéficos às

práticas de gestão. Destaque-se que, contemporaneamente, empresas com preocupação na

economia do uso de recursos naturais (escassos ou não) e em questões de responsabilidade social,

Glaucio Gonçalves Tiago

Page 194: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO 194

podem ser melhor posicionadas no seu mercado de atuação, agregando valores a seus produtos

finais e possibilitando, e. g., maior amplitude de ações de marketing institucional.

Eqüidade no tratamento dos vários usuários de recursos hídricos deve ser equacionada e

aplicada através de instrumentos de gestão como a outorga e cobrança do uso do recurso, uma vez

que características particulares de organizações inter e intra setores produtivos tendem a ser

relevadas na decisão de índices de valores de cobrança de uso de recursos, bens e serviços, e ao

mesmo tempo, tendem a não serem totalmente aceitas por organizações que se percebam fora de

enquadramentos e padrões determinados para a execução das exigências e cobranças. Tais

instrumentos, entretanto, devem levar em conta a quantidade e a qualidade da água, uma vez que

atividades como, e. g., a aqüicultura, apresentam características de uso e consumo de água

diferentes daquelas apresentadas pela agricultura irrigada, abastecimento doméstico, produção

industrial, geração de energia, dentre outras atividades.

Wellcome (1996) explicita que os limites impostos à aqüicultura pela demanda de recursos

hídricos implicará em uma adequação do número de empreendimentos aqüícolas por bacias

hidrográficas e/ou corpos de água, e em um aumento dos custos marginais de produção, impostos

por regras mais rígidas em relação ao controle da qualidade de água.

Considerando que a cobrança pelo uso da água não deve ser vista como um instrumento de

gestão isolado e capaz de resolver todas as questões relacionada com o planejamento e gestão de

recursos hídricos, Barth (2000) ressalta que: “não é a definição do modelo econômico-financeiro

da cobrança o maior desafio, mas sim, a aceitação de sua implementação pelas comunidades das

bacias hidrográfica”.

Recursos Hídricos e a Aqüicultura Brasileira: aspectos institucionais e contingenciais.

Historicamente, a legislação brasileira de recursos hídricos apresenta a perspectiva

ambiental de gestão, com dispositivos legais explicitamente direcionadores à gestão participativa

do recurso e a cobrança pelo uso da água.

No Brasil, a Lei 9.433, de 08 de janeiro de 1997, que institui a Política Nacional dos

Recursos hídricos e o Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos, inovou ao

prever a gestão descentralizada e integrada das águas através da criação do Conselho Nacional de

Recursos Hídricos/CNRH e dos Comitês de Bacia Hidrográfica. Em conjunto com a Agência

Nacional de Águas/ANA, criada pela Lei 9.984, de 17 de julho de2000, estes instrumentos legais

Glaucio Gonçalves Tiago

Page 195: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO 195

de política e gestão ambiental socialmente participativos para a gestão dos recursos hídricos

brasileiros, devem verificar a possibilidade de certificar a água recebida pela aqüicultura, uma vez

que de maneira geral, a aqüicultura apresenta características específicas de uso e consumo.

No Brasil, a regulamentação da aqüicultura carece de instituições que produzam normas

não baseadas em atos normativos regulamentadores, o que, pela característica eminentemente

estatal calcada na autoridade do poder executivo, obsta e/ou contigencia a melhor produção de

normas socialmente participativas e setorialmente aceitas para a consolidação de uma proteção do

meio ambiente através da melhor gestão do recurso hídrico pelas atividades aqüícolas.

No que diz respeito ao licenciamento ambiental da aqüicultura, Tiago (2002) evidencia que

um dos maiores problemas em relação aos licenciamentos, é o fato de que faltam instrumentos

específicos, incentivadores ou desincentivadores, que auxiliem e assegurem um desenvolvimento

sustentável da aqüicultura e promovam a proteção ambiental

Conforme estudos conceituais desenvolvidos por Tiago (2002), métodos legislativos que

contribuam com um aumento de repertório discursal ou legal e com utilização de transmissão de

performances seletivas entre atores sociais, comumente encontrados em sistemas jurídicos

semânticos, pluridimensionais heterológicos e participativos, devem ser eleitos para a melhor

adequação do conjunto de legislação voltada a regulamentação da gestão ambiental da aqüicultura,

com vistas à manutenção quantitativa, qualitativa e ecologicamente funcional dos recursos hídricos.

Assim, métodos legislativos onde os discursos tendem a ser desqualificados por uso de reputação e

de exclusão de discursos contrários ao dogma, comumente encontradas em sistemas jurídicos

sintáticos, lineares e homológicos, devem ser evitados.

Considerações Finais

Políticas, programas e instrumentos de gestão isolados, não são capazes de resolver todas as

questões relacionadas com a gestão responsável dos recursos hídricos. Muito esforço deve ainda

ser direcionado para a organização das sociedades humanas, no sentido da eqüalização de

diferenças materiais e intelectuais que permita a perspectiva da organização dos conflitos

acarretados por uso e direito de uso de recursos naturais comunais, que, com o passar do tempo,

tendem a ser agravados. Mesmo com grande esforço de todos os equipamentos sociais, nenhuma

sociedade que não seja minimamente organizada e justa, conseguirá promover a instalação de

sistemas integrados de gestão de bens coletivos (como os recursos naturais) eficazes, e que

Glaucio Gonçalves Tiago

Page 196: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO 196

permitam a organização e a solução de conflitos. Nosso trabalho é árduo e deve ser direcionado a

uma compreensão de todos os aspectos globais da interdisciplinar problemática ambiental, para que

consigamos gerar a substância social capaz de nos equipar para ações de gestão integradas, e

socialmente justas, dos finitos recursos naturais.

Com o aumento já observado no seu repertório legal e temático, a codificação de regulamentos

voltados ao uso da água deve apresentar características semânticas e heterológicas que indiquem

um maior esforço regulador na transmissão de performances seletivas favoráveis ao uso racional e

cuidadoso da água, prevendo concomitantemente, a manutenção quantitativa, qualitativa e

ecologicamente funcional dos recursos hídricos. Tal direcionamento, com certeza, produzirá

respostas cooperativas positivas pelas organizações dos setores produtivos brasileiros no que diz

respeito ao uso compartilhado da água, com performances seletivas favoráveis à melhor gestão dos

recursos hídricos nacionais e da produção animal.

No plano da organização e das articulações inter e intrasetoriais das atividades de produção

animal brasileira e das ações organizacionais reais, é importante a forte atuação das unidades de

produção junto aos seus Comitês de Bacia Hidrográfica para cooparticiparem no controle e na

aplicação das melhores ações de gestão dos recursos hídricos locais e, principalmente, nos

processos de instalação das Agências de Bacia que deterão o poder executivo de recebimento e

redistribuição dos montantes auferidos pela cobrança do uso da água e de outros possíveis

benefícios ou investimentos governamentais e/ou privados.

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Glaucio Gonçalves Tiago

Page 198: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO 198

Glaucio Gonçalves Tiago

Autor dedicado às complexas questões contemporâneas da sociedade de consumo, e do seu poder de interferir nos espaços sócio-ambientais, desempenha, de maneira formal e alternativa, ações voltadas à construção do pensamento filosófico-científico interdisciplinar e a promoção da liberdade humana, através da responsabilidade das ações individuais e do respeito às variedades culturais humanas.

Possui titulação acadêmica formal como:- Bacharel em Ciências Biológicas.- Bacharel em Ciências Jurídicas.- Especialista em Ciência Pesqueira pelo Kanagawa International

Fisheries Training Centre da Japan International Cooperation Agency (JICA) / Japão.

- Mestre (MSc) em Ciência Ambiental pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental da Universidade de São Paulo – PROCAM/USP.

- Doutor (PhD) em Ciência Ambiental pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental da Universidade de São Paulo – PROCAM/USP.

No campo da ciência e da construção do saber atua, institucionalmente, como:- Pesquisador Científico do Instituto de Pesca da APTA-Secretaria de

Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

Glaucio Gonçalves Tiago

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO 199

- Autor dos Livros Científicos: "Meio Ambiente, Legislação e Aqüicultura";"Meio Ambiente, Legislação e Aqüicultura – Segunda Edição atualizada – 2007"; e“Governança e Sustentabilidade Ambiental: A Aqüicultura na Região Metropolitana de São Paulo”.

-Autor de vários Capítulos de Livro e Trabalhos Científicos nacionais e internacionais na área de Meio Ambiente e Ciência Pesqueira e Aqüícola.

- Consultor Técnico-Científico de organizações empresariais e governamentais, com trabalhos desenvolvidos nas áreas de Licenciamento Ambiental, Biologia Marinha, Pesca, Aquicultura, Recursos Hídricos, Meio Ambiente e Legislação Ambiental..

No campo da atuação social é:-Membro do Rotary Club de São Paulo.-Voluntário independente, dedicado a apresentar palestras sobre Meio

Ambiente para estudantes de escolas públicas.-Idealizador e Fundador do “Movimento Cultural Alma Livre – Free

Soul” (http://www.almalivre.org).-Autor do “Ideário para a Sobrevivência Social Humana” (Disponível em

http://www.almalivre.org).-Autor do trabalho “Mitos das Águas: A cultura haliêutica e seus

poderosos significantes ancestrais” (Disponível em http://www.fflch.usp.br/df/geral3/glaucio2.html).

Glaucio Gonçalves Tiago

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AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO 200

Motociclista com experiência de 30 anos atua, ainda, como:-Consultor Independente em: motociclismo; mercado de motocicletas; e

história motociclística.-Autor do ensaio “História da Motocicleta” (Disponível em

http://www.almalivre.org).-Membro do Grupo Internacional de Motociclistas do Rotary

Internacional:“International Fellowship of Motorcyling Rotarians/IFMR”.-Membro do Harley Owners Group/HOG, Nacional e Internacional..-Membro do PHD-BR.-Membro do BMW Rio Motoclube.-Membro do Grupo de Motociclismo do “Movimento Cultural Alma Livre

– Free Soul”.

Glaucio Gonçalves Tiago

Page 201: aquicultura meio ambiente e legislação

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO 201

AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃOSegunda Edição Atualizada - 2007

E-bookRegistrado na Biblioteca Nacional/Agência Brasileira do International Standard Book Number

Sob o n° ISBN 978-85-906936-1-1

Todos os direitos reservados ao autor.Proibida a reprodução sem a devida autorização

Prestigie os autores editores e acelere a construção do saber

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