aquicultura e pesca

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1 Aquicultura e Pesca - Parte 1 Aquicultura e Pesca 6 Volume Desenvolvimento Regional Sustentável Série cadernos de propostas para atuação em cadeias produtivas

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Page 1: Aquicultura e Pesca

1Aquicultura e Pesca - Parte 1

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6Volume

Desenvolvimento Regional SustentávelSérie cadernos de propostas para atuação em cadeias produtivas

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Editorial

BANCO DO BRASIL

ROBSON ROCHAVice-Presidente Gestão de Pessoas e Desenvolvimento Sustentável

RODRIGO SANTOS NOGUEIRAGerente-Geral da Unidade Desenvolvimento Sustentável

Gerentes Executivos BENILTON COUTO DA CUNHA MAURÍCIO MESSIASWAGNER DE SIQUEIRA PINTO

RAIMUNDO NONATO SOARES LIMA Gerente de Divisão

Assessoras Seniores ANA PAULA MONDELO RATTOLUISA CRISTINA MEDEIROS DE SABÓIA E SOUZA

INSTITUTO INTERAMERICANO DE COOPERAÇÃO PARA A AGRICULTURA

Consultores LUIS ANDREA FAVEROROBERTO SOUZA ALVES

DiagramaçãoFABIANE DE ARAÚJO ALVES BARROSO

Fotos: Acervo IICA

Brasília, novembro de 2010

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4 Aquicultura e Pesca - Parte 1

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6Volume

Desenvolvimento Regional SustentávelSérie cadernos de propostas para atuação em cadeias produtivas

Page 5: Aquicultura e Pesca

A série cadernos de propostas para atuação em cadeias produtivas é uma iniciativa que integra a Cooperação entre a Fundação Banco do Brasil - FBB, o Banco do Brasil – BB e o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura – IICA para o Aprimoramento da Estratégia Negocial de Desenvolvimento Regional Sustentável – DRS do Banco do Brasil e outras parcerias.

Para fundamentar a publicação da série cadernos de propostas para atuação em cadeias produtivas o trabalho cuidadoso dos consultores buscou assegurar a continuidade da metodologia de intervenção proposta no Roteiro Orientador para a Qualificação dos Planos de Negócios DRS – PN DRS. Os PN DRS estão estruturados com os elos recursos naturais/insumos, produção, beneficiamento/processamento e comercialização considerando capacitação, saúde/segurança, infraestrutura, planejamento e controle como transversais a todos os elos. Como condicionantes de qualidade dos PN DRS são considerados os fatores: organização, assistência técnica, financiamento ou crédito e ações de inclusão social.

Os cadernos que compõem a Série estão assim organizados:

Volume 1 - Bovinocultura de Leite;

Volume 2 - Fruticultura: Açaí;

Volume 3 - Fruticultura: Banana;

Volume 4 - Fruticultura: Caju;

Volume 5 - Apicultura;

Volume 6 - Aquicultura e Pesca;

Volume 7 – Ovinocaprinocultura; e

Volume 8 – Reciclagem.

Apresentação

Page 6: Aquicultura e Pesca

Cada volume é composto por duas partes:

Parte 1 visão geral da cadeia e sugestões de atuação com base no trabalho realizado pelos consultores para as áreas rural e urbana.

Parte 2 proposta elaborada pela gerência de estratégia e metodologia DRS da Unidade Desenvolvimento Sustentável - UDS, a ser discutida e implementada pelas Superintendências Estaduais do Banco do Brasil e seus parceiros, nos Estados.

As publicações da Série devem ser entendidas e utilizadas como instrumento de orientação respeitando as particularidades regionais, locais e das unidades produtivas.

Page 7: Aquicultura e Pesca

SUMÁRIOAQUICULTURA E PESCA - PARTE 1

1. O BANCO DO BRASIL E A ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL SUSTENTÁVEL - DRS

2. AQUICULTURA E PESCA – VISÃO GERAL

2.1 Produçãonacionaldepescados

2.2 ProduçãoaquícolanoBrasil

2.3 Balançacomercialdepescados

2.4 Aquicultura

2.5 Pesca

2.6 ÁguasdaUnião

3. PESQUISA REALIZADA NOS ESTADOS DE ALAGOAS, PARAÍBA, PERNAMBUCO, E RIO GRANDE DO NORTE

4. SÍNTESE DA PISCICULTURA E DA PESCA EXTRATIVA NA REALIDADE PESQUISADA

4.1 Alagoas

4.2 Paraíba

4.3 Pernambuco

4.4 RioGrandedoNorte

5. PRINCIPAIS CONSTATAÇÕES E RECOMENDAÇÕES

5.1 Oportunidades

5.2 Desafios

5.3 Recomendações

6. GESTÃO E MONITORAMENTO

6.1 Gestão

6.2 Capitalsocial

6.3 Monitoramento

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APICULTURA - PARTE 2

PROPOSTA DE ATUAÇÃO DO BANCO DO BRASIL

1. PREMISSAS

2. OBJETIVO GERAL

2.1 ObjetivosEspecíficos

3. AÇÕES SUGERIDAS

3.1 OrganizaçãoSocialeCapacitação

3.2 Infraestrutura,InovaçãoeTecnologia

3.3 Comercialização

4. MODELO DE ATUAÇÃO

5. MODELO DE NEGÓCIOS

6. MODELO DE GOVERNANÇA

6.1 GestãoEstadual

6.2 GestãoLocal

7. RESULTADOS ESPERADOS

7.1 IndicadoresSugeridos

APÊNDICE 1 PLANOS DE NEGÓCIOS DRS DO BANCO DO BRASIL EM AQUICULTURA E PESCA

APÊNDICE 2 TECNOLOGIA SOCIAL - AGENTES DE DESENVOLVIMENTO DA AQUICULTURA E PESCA

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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9Aquicultura e Pesca - Parte 1

LISTA DE FIGURAS

Quadro 1- Estimativa dos potenciais de produção anual de pescado estuarino/marinho do Brasil, por regiões costeiras, considerando recursos pelágicos e demersais.

Tabela 1 Produção Nacional de Pescados - em toneladas, entre 2003 e 2009

Tabela 2 Variação da produção aquícola por espécies, entre 2003 e 2006

Tabela 3 Principais Destinos das Exportações em 2009

Tabela 4 Principais origens das importações em 2009

Quadro 2 Critérios adotados para a análise

Quadro 3 Alagoas em síntese – Pesca Continental

Quadro 3. 1 Alagoas em síntese – Piscicultura

Quadro 4 Paraíba em síntese – Piscicultura

Quadro 5 Pernambuco em síntese - Pesca Oceânica

Quadro 5. 1 Pernambuco em síntese - Piscicultura

Quadro 6 Rio Grande do Norte em síntese - Pesca

Quadro 6. 1 Rio Grande do Norte em síntese - Piscicultura

Quadro 7 Planos de Negócios DRS em Aquicultura e Pesca

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11Aquicultura e Pesca - Parte 1

AQUICULTURA E PESCAPARTE 1

1. O BANCO DO BRASIL E A ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL SUSTENTÁVEL - DRS1

Desenvolvimento Regional Sustentável - DRS é uma estratégia negocial do Banco do Brasil - BB, que busca impulsionar o desenvolvimento sustentável das regiões onde o BB está presente, por meio da mobilização de agentes econômicos, sociais e políticos, para apoio a atividades produtivas economicamente viáveis, socialmente justas e ambientalmente corretas, sempre observada e respeitada a diversidade cultural.

Propõe-se a:

Promover a inclusão social, por meio da geração de trabalho e renda;

Democratizar o acesso ao crédito;

Impulsionar o associativismo e o cooperativismo;

Contribuir para melhorar os indicadores de qualidade de vida;

Solidificar os negócios com micro e pequenos empreendedores rurais e urbanos.

A atuação do Banco do Brasil com a Estratégia Negocial DRS se dá por meio do apoio a atividades produtivas, com a visão de cadeia de valor, identificadas como potencialidades nas diferentes regiões onde o Banco do Brasil está presente. A Estratégia DRS apóia o desenvolvimento de atividades nas áreas rurais e urbanas (agronegócios familiares, comércio, serviço e indústria).

1 www.bb.com.br/docs/pub/sitesp/sustentabilidade/dwn/CartilhaDRS.pdf

Page 12: Aquicultura e Pesca

12 Aquicultura e Pesca - Parte 1

A metodologia de atuação prevê a sensibilização, mobilização e capacitação de funcionários do BB e de parceiros, e a elaboração de um diagnóstico participativo, abordando a cadeia de valor das atividades produtivas apoiadas e identificando pontos fortes, pontos fracos, oportunidades, ameaças e potencialidades, dentre outros.

Com base no diagnóstico, é elaborado o Plano de Negócios DRS, no qual são definidos os objetivos, as metas e as ações (por elo da cadeia produtiva) para implementação.

A metodologia prevê, ainda, o monitoramento das ações definidas nos Planos de Negócios e a avaliação de todo o processo2.

2. AQUICULTURA E PESCA - VISÃO GERAL

A produção de pescado marinho e estuarino está diretamente vinculada às condições ambientais naturais e antrópicas. A despeito do tamanho do litoral brasileiro, as condições ambientais das águas marinhas sob jurisdição nacional são típicas de regiões tropicais e subtropicais, ou seja, dominadas por águas de temperatura e salinidade elevadas, com baixas concentrações de nutrientes.

Existem locais com melhor produtividade, como onde ocorrem correntes marinhas ricas em nutrientes, associadas às zonas de ressurgência, nas Regiões Sudeste e Sul. Nesses casos, observa-se maior abundância de recursos pesqueiros. De forma similar, a boa produtividade identificada na Região Norte se dá em função da elevada quantidade de matéria orgânica oriunda da descarga do rio Amazonas, influenciando toda a zona oceânica daquela região.

Considerando essas particularidades Dias-Neto & Mesquita3 estimaram os potenciais de produção anual de pescado estuarino/marinho do Brasil, por regiões costeiras, considerando recursos pelágicos (espécies que ocorrem, principalmente, entre 0 e 200m e alimentam-se de partículas em suspensão), e demersais (vivem e/ou alimentam-se sobre ou próximo ao fundo, entre 0 e 200m). O Quadro 1 apresenta a estimativa dos potenciais de produção anual de pescado estuarino/marinho do Brasil, por regiões costeiras, considerando recursos pelágicos e demersais.

Quadro 1- Estimativa dos potenciais de produção anual de pescado estuarino/marinho do Brasil, por regiões costeiras, considerando recursos pelágicos e demersais

Regiões CosteirasPotenciais de Produção (103t)

Recursos Pelágicos Recursos DemersaisNorte 235 150 - 240Nordeste 100 100 - 175Sudeste 195 70 - 95Sul 370 100 - 290

São exemplos de pelágios: cação, bonito, cavala e tubarão, e de demersais piramutaba, camarão rosa da Região Norte e pargo.

2 Ver Caderno da Universidade Corporativa para Aprimoramento dos Planos de Negócios, 2008

3 O diagnóstico da pesca extrativa no Brasil, www.mpa.gov.br/mpa/seap/html/diagnostico.htm

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13Aquicultura e Pesca - Parte 1

AS TRÊS CORRENTES OCEÂNICAS DETERMINANTES PARA A PESCA NO BRASIL

A Corrente da CostaNorte do Brasil, que fluipara nordeste; a Correntedo Brasil, que flui emdireção ao sul, ambasresultantes da CorrenteSul-Equatorial que vemda costa da África e, ao seencontrarcomocontinentebrasileiro,naalturadeJoãoPessoa,bifurca-senasduasdireções mencionadas;a Corrente das Malvinas,com baixa temperatura esalinidade,penetraaregiãocosteira do Rio Grande do Sul e, atingindo a altura do paralelo 34-36° S, encontra-se com a Corrente do Brasil,formandoaConvergênciaSubtropical.AcorrentedasMalvinaspossuialtaconcentraçãodesaisnutrientes.AsdacostanortedoBrasileacorrentedoBrasilapresentamcaracterísticascomuns,umavezquesãodetemperaturaesalinidadealtasepobresemsaisnutrientes.Estesparâmetros,associadosàaltaprofundidadedatermoclinanasáreas percorridas pelas correntes, não permitem que os sais nutrientes alcancem a zona trófica, para favorecer aproduçãoprimária,tornandoaprodutividadedomarbaixanestasregiões.

Fonte:GeoBrasil2002.OestadodomeioambientenoBrasil.Páginas132a147paraoestadodosrecursospesqueiros:pescaextrativaeaquicultura.

2.1 Produção Nacional de Pescados

De acordo com dados do Ministério da Pesca e Aquicultura - MPA (2009) para a série temporal da produção pesqueira e aquícola do Brasil de 1950 a 2009, o auge da produção pesqueira ocorreu em 1985, com 967.557 toneladas, apresentando uma queda na década de 1990 e mantendo-se estável até 2009, com 825.164 toneladas. Para a aquicultura só estão disponíveis dados a partir da década de 1990, e entre os anos de 2003 e 2009 verificou-se um aumento de 49%, com 415.649 toneladas produzidas.

A série temporal apresentada na Tabela 1 mostra o desempenho da produção do pescado nacional, proveniente da pesca marinha e continental, da piscicultura, da carcinicultura e de outras formas de cultivo aquícola no período de 2003 a 2009.

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14 Aquicultura e Pesca - Parte 1

Tabela 1 - Produção Nacional de Pescados em toneladas, entre 2003 e 2009

Pescado 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

Pesca Marinha 484.592,5 500.116,0 507.858,5 527.871,5 539.966,5 556.167,3 585.671,5

Pesca continental 227.551,0 246.100,5 243.434,5 251.241,0 243.210,0 261.282,8 239.492,6

Total Pesca 714.146,5 748.220,5 751.293,0 779.112,5 783.176,5 817.450,1 825.164,1

Piscicultura 177.125,5 180.730,5 179.746,0 191.183,5 210.644,5 282.008,4 337.353,0

Carcinicultura 90.196,5 75.895,0 63.134,0 65.000,5 65.000,0 70.251,2 65.189,0

Aquicultura Outros 11.433,0 13.693,0 15.530,0 16.161,0 13.405,0 13.107,4 13.107,4

Total Aquicultura 278.755,0 270.318,5 258.410,0 272.345,0 289.049,5 365.367,0 415.649,4

Total Geral 992.901,5 1.018.539,0 1.009.703,0 1.091.457,5 1.072.226,0 1.182.817,1 1.240.813,1

Fonte:MinistériodaPescaeAquicultura–MPA.EstatísticadaAquiculturaePescanoBrasil2008/2009

O mesmo documento registra, em 2009, a produção nacional de pescado (pesca e aquicultura) por unidade da federação, apontando o Estado de Santa Catarina em primeiro lugar com uma produção de 207.505 toneladas, seguido pelo Pará com 135.228 e pela Bahia com 119.601 toneladas, respectivamente. O Distrito Federal, com 1.308 toneladas, registrou a menor produção, formando um quadro muito semelhante à distribuição do ano anterior.

A distribuição da produção nacional de pescados por região aponta a Região Nordeste como a mais produtiva, com 34% do total, seguida pelas regiões Sul com 25%, Norte com 21%, Sudeste com 14% e Centro-Oeste com 6%. A produção brasileira é considerada insuficiente e voltada para o suprimento da demanda interna, que apresentou crescimento entre 1996 e 2009 de 7,8 kg para 9,03 kg per capita. No ano de 2008, 16% da oferta foi proveniente de importações, o que demonstra que há considerável espaço para o crescimento do setor no País4.

Como resultado da aquicultura e da pesca mundiais são produzidas 143 milhões de toneladas por ano, o que movimenta US$ 400 bilhões. Do total produzido, 47% é proveniente da aquicultura. O Brasil, especificamente, produz mais de um milhão de toneladas por ano, o que gera um PIB pesqueiro de R$ 5 bilhões. Desse total, as exportações representam cerca de 270 mil toneladas por ano. O cultivo e a pesca de organismos ornamentais e a cadeia da pesca amadora demonstram enormes potenciais de geração de divisas nacionais, ainda pouco explorados.

A aquicultura e a pesca, juntas, sustentam no mundo, diretamente, cerca de 2,6 bilhões de pessoas e têm papel estratégico na satisfação da demanda crescente por alimentos protéicos. No Brasil, são 3,5 milhões de empregos diretos e indiretos. Estima-se um aumento do consumo mundial de pescado, para 2022, dos atuais 16 kg/habitante/ano para 22,5 kg/habitante/ano, o que representa um aumento de consumo de mais de 100 milhões de toneladas/ano.5

4 Fonte: http://www.sae.gov.br/brasil2022/?p=272. Acesso em 06/12/2010.

5 Idem.

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15Aquicultura e Pesca - Parte 1

2.2 Produção Aquícola no Brasil

Mesmo considerando um crescimento negativo de menos 2,32% para o período 2003 -2006 a produção aquícola obteve importantes conquistas.

A pesquisa possibilitou o cruzamento do Tambaqui com o Pacu originando o Tambacu que obteve, no período em referência, um crescimento de 38,83% no volume produzido e carregando consigo o crescimento do Tambaqui e do Pacu.

Os mexilhões e as ostras tiveram a produção crescente em 40,36 e 55,44% respectivamente.

Tabela 2 – Variação da produção aquícola por espécies, entre 2003 e 2006

Espécies2003 2006 Crescimento %

2003/2006Volume (t) % Volume (t) %

Camarão 95.505,00 34,34 65.000,00 23,92 -31,94Tilápia 64.857,00 23,32 71.253,50 23,23 9,86Carpa 50.400,00 18,12 45.831,50 16,87 -9,06Tambamqui 20.833,50 7,49 26.662,00 9,81 27,98Mexilhões 8.608,50 3,1 12.082,50 4,45 40,36Tambacu 7.916,00 2,85 10.989,50 4,01 38,83Pacu 9.244,00 3,32 10.625,50 3,91 14,94Piau 2.451,50 0,88 3.542,50 1,35 44,5Ostras 2.196,00 0,79 3.413,50 1,26 55,44Outros 16.119,00 5,8 22.295,00 8,21 38,32Total 279.128,50 100 271.695,50 100 -2,32

Fonte:IBAMAinApresentaçãodoEngenheirodePescaDr.LuisTadeuAssadnaEncomex2009

2.3 Balança comercial de pescados

Em comparação ao ano de 2008, em 2009 houve redução de 18% em quantidade de pescado exportado e de 29% em termos de valores, o que representou cerca de 30 mil toneladas exportadas, no total de R$ 169 milhões. As importações, todavia, apresentaram um crescimento de 10 % em quantidade (total de 230 mil toneladas) e 5% em valores (R$ 688 milhões).

Desde 2006 a balança comercial tem apresentado déficits devido a uma conjunção de fatores, como a apreciação do câmbio, o aumento das barreiras sanitárias impostas por grandes compradores como os Estados Unidos e a União Européia (que levou alguns países exportadores de pescado a procurarem novos mercados e resultou na diminuição das exportações brasileiras devido à queda de vendas de camarão aos EUA e na tentativa de redirecionamento para a UE) e à ocorrência do vírus da mancha branca e da Necrose Idiopática Muscular - o que contribuiu para a diminuição do cultivo do camarão entre 2004 e 2006.

Para as exportações de 2009, a categoria peixes congelados representou 48% do total, seguida por crustáceos (29%), peixes frescos (28%), moluscos (4%), filés frescos (2%) e peixes ornamentais (1%).

Page 16: Aquicultura e Pesca

16 Aquicultura e Pesca - Parte 1

Os principais destinos das exportações brasileiras estão presentes na Tabela 3.

Tabela 3 - Principais Destinos das Exportações em 2009

Países2009

US$/KgUS$ Kg

Estados Unidos 71.001.160,00 7.064.308 10,09França 28.812.323,00 6.312.693 4,56Espanha 13.896.788,00 4.243.421 3,27Japão 7.036.634,00 424.532 16,58Coréia do Sul 5.514.955,00 2.014.145 2,74Reino Unido 5.436.589,00 1.389.269 3,91China 4.576.084,00 876.338 5,22Portugal 4.138.348,00 1.024.447 4,04Itália 3.602.032,00 391.371 9,2

Fonte:MPA(2009b)

Os principais produtos exportados foram a lagosta, com 51.796 toneladas, sendo os EUA o principal importador, seguidos por Japão, França, Austrália e Espanha; o camarão, com 29.500 toneladas, tendo como principais destinos a França, o Japão e a Espanha; o atum, com 3.235.071 toneladas, e os peixes ornamentais, com um mercado diferenciado e volume aproximado de 96,6 toneladas.

Na pauta de importação brasileira, os principais produtos são o pescado congelado e os produtos secos salgados/defumados, com destaque para o bacalhau. A importação de peixes vivos, filés frescos e crustáceos equivale a menos de 1% do valor total importado. Os principais fornecedores do Brasil são o Chile, a Noruega, a Argentina e o Uruguai, conforme Tabela 4.

Page 17: Aquicultura e Pesca

17Aquicultura e Pesca - Parte 1

Tabela 4 - Principais origens das importações em 2009

Países2009

US$ KgChile 192.611.807,00 44.532.800Noruega 154.492.024,00 29.753.821Argentina 143.726.917,00 60.331.212Uruguai 53.126.572,00 29.305.585Portugal 51.069.632,00 7.857.315Marrocos 28.769.206,00 31.380.234China 27.271.968,00 7.624.220Vietinã 6.302.650,00 3.283.000Espanha 5.919.253,00 2.609.023Fonte: MPA (2009b) com alterações.

Os principais produtos importados foram o salmão, basicamente importado do Chile, e o bacalhau, importado majoritariamente da Noruega e de Portugal.

2.4 Aquicultura 6

A aquicultura é uma atividade que depende fundamentalmente dos ecossistemas nos quais está inserida, e estes devem ser mantidos em equilíbrio para possibilitar a manutenção da atividade. É vital entender que a preservação ambiental é parte do processo produtivo. Visto por esse ângulo, o impacto da aquicultura sobre os ecossistemas é de primordial importância na avaliação de sua sustentabilidade, porque um ecossistema alterado reage sobre o sistema de produção e pode afetá-lo até sua inviabilização.

A aquicultura brasileira, com exceção do setor da carcinicultura, é sustentada principalmente por pequenos produtores. Longe de ser um problema, esse fato pode ser encarado como positivo, pois a maioria dos grandes produtores mundiais de organismos aquáticos cultivados é de países cuja produção é realizada em pequenas propriedades (Valenti, apud IBAMA, 2001).

Quanto ao número de espécies cultivadas, ao contrário do que ocorre nos principais países produtores, onde é cultivado um reduzido número de espécies, pelo menos 62 espécies vêm sendo utilizadas comercialmente ou experimentalmente na aquicultura brasileira, sendo peixes (51), crustáceos (5), moluscos

6 Geo Brasil 2002. Brasíla, IBAMA, 2002. O estado do meio ambiente no Brasil. Páginas 132 a 147 para o estado dos recursos pesqueiros: pesca extrativa e aquicultura.

Aquicultura é a produção de organismos comhábitatpredominantementeaquático,emcativeiro,emqualquerumdeseusestágiosdedesenvolvimento.

Tambéméocultivooucriaçãodeorganismoscujociclo de vida, em condições naturais, ocorre total ouparcialmente em meio aquático. Definição do Decreto 4895/2003.

Pode ser realizado no mar (maricultura) ou emáguascontinentais(aquiculturacontinental).

Page 18: Aquicultura e Pesca

18 Aquicultura e Pesca - Parte 1

(4), anfíbios (1) e algas (1) (Bernardino, apud IBAMA, 2001). Por outro lado, segundo esse autor, a geração e adaptação de tecnologias apropriadas para as diferentes espécies cultivadas exige um trabalho observacional e experimental complexo, composto por inter-relações que devem ser conhecidas com o máximo de detalhamento em todos os elos da cadeia produtiva, e isto só ocorrerá com seleção de espécies prioritárias, disponibilidade de infraestrutura laboratorial, recursos humanos capacitados e programas de aquicultura regionais e bem gerenciados.

Não é por acaso que as espécies mais cultivadas no Brasil - carpas, tilápias, trutas, camarões marinhos e ostras - são as mesmas mais cultivadas em todo o mundo. São também as espécies mais estudadas e portanto que têm tecnologia de produção definida. Isso evidencia o ponto fundamental para não se introduzir ou transladar espécies e concentrar esforços e recursos para que se definam quais os peixes brasileiros mais adequados à piscicultura. Deve-se considerar, ainda, além do potencial zootécnico intrínseco das espécies, as preferências do mercado e as condições regionais.

2.5 Pesca 7

A pesca extrativa é caracterizada pela retirada de organismos aquáticos da natureza, podendo ser em escala artesanal ou industrial. Quando ocorre no mar é denominada pesca extrativa marinha, quando em águas continentais é denominada pesca extrativa continental. O artigo 8 da Lei nº 11.959, de 29 de junho de 20098 ao tratar da natureza da pesca, assim a classifica:

I - comercial:

a) artesanal: quando praticada diretamente por pescador profissional, de forma autônoma ou em regime de economia familiar, com meios de produção próprios ou mediante contrato de parceria, desembarcado, podendo utilizar embarcações de pequeno porte;

b) industrial: quando praticada por pessoa física ou jurídica e envolver pescadores profissionais, empregados ou em regime de parceria por cotas-partes, utilizando embarcações de pequeno, médio ou grande porte, com finalidade comercial;

II - não comercial:

a) científica: quando praticada por pessoa física ou jurídica, com a finalidade de pesquisa científica;

b) amadora: quando praticada por brasileiro ou estrangeiro, com equipamentos ou petrechos previstos em legislação específica, tendo por finalidade o lazer ou o desporto;

c) de subsistência: quando praticada com fins de consumo doméstico ou escambo sem fins de lucro e utilizando petrechos previstos em legislação específica.

7 A pesca foi objeto de pesquisa com enfoque nos PN DRS nos Estados de AL, PB, PE e RN.

8 A Lei 11959/09 Dispõe sobre a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável da Aquicultura e da Pesca, regula as ativi-dades pesqueiras revoga a Lei no 7.679, de 23 de novembro de 1988, dispositivos do Decreto-Lei no 221, de 28 de fevereiro de 1967, e dá outras providências.

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19Aquicultura e Pesca - Parte 1

A pesca extrativista no Brasil é dominada pela pesca marinha, e as estatísticas de produção pesqueira ainda são alvos de controvérsia (como demonstrado pela falta de continuidade dos dados principalmente para a produção pesqueira), mas uma análise temporal da contribuição do peixe proveniente da pesca continental mostra sua importância no cenário nacional. Dados estatísticos do IBGE e IBAMA no período de 1960 a 2003 mostram uma queda do volume capturado na pesca marinha a partir de 1985, acompanhada pelo aumento do total de pescado advindo de águas continentais, porém com flutuação do volume capturado para dados a partir da década de 19909.

Grande parte da deficiência estrutural do setor pesqueiro artesanal está relacionada às dificuldades de acesso aos meios de conservação do pescado, principalmente ao gelo, com carência de unidades de beneficiamento, armazenamento e comercialização. Sua relação com o mercado é caracterizada pela presença de intermediários, apresentando grande dificuldade de comercialização direta dos produtos. Via de regra, o escoamento do pescado ocorre de maneira informal, havendo perdas substanciais da produção ao longo do processo. O pescado oriundo da atividade artesanal abastece, principalmente, o mercado interno.

A pouca organização do setor pesqueiro artesanal e outros problemas inerentes a este segmento acentuam as consequências do aparelhamento estrutural: produtos finais encarecidos, de pouca variedade e qualidade - inclusive sanitária – e valor agregado baixo, e em geral, unidades produtivas e de comercialização relegadas ao baixo rendimento e à informalidade.

9 Fonte: http://www.cpap.embrapa.br/publicacoes/online/DOC82.pdf . Acesso em 07/12/2010.

PESCA ARTESANAL

Grandepartedopescadodeboaqualidadequechegaàmesadobrasileiroéfrutodotrabalhodospescadoresprofissionaisartesanais.Sãoelesosresponsáveispor60%dapescanacional,resultandoemumaproduçãodemais500miltoneladasporano.

Apescaartesanalémuitoimportanteparaaeconomianacional.Elaéresponsávelpelacriaçãoemanutençãode empregos nas comunidades do litoral e também naquelas localizadas à beira de rios e lagos. Os pescadoresprofissionaisartesanaistêmpapelfundamentalnodesenvolvimentosustentáveldopaís,edomar,rioselagostiramoseualimentoerenda.

São milhares de brasileiros, mais de 600 mil, que sustentam suas famílias e geram renda para o país,trabalhandonacapturadospeixesefrutosdomar,nobeneficiamentoenacomercializaçãodopescado.

ApescaartesanaltambémtemgrandevalorculturalparaoBrasil.Delanasceramesãopreservadasatéhojediversastradições,festastípicas,rituais,técnicaseartesdepesca,alémdelendasdofolclorebrasileiro.Tambémdeuorigemàscomunidadesquesimbolizamtodaadiversidadeeriquezaculturaldonossopovo,comooscaiçaras(RiodeJaneiro,SãoPauloeParaná),osaçorianos(SantaCatarina),osjangadeiros(RegiãoNordeste)eosribeirinhos(regiãoAmazônica).

Fonte:MinistériodaPescaeAquicultura(www.mpa.gov.br)

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20 Aquicultura e Pesca - Parte 1

2.6 Águas da União10

As águas da União são aquelas que banham mais de um Estado da Federação, fazem fronteira entre estados nacionais e com outros países. Também estão nesta condição as águas acumuladas em represas construídas com aporte de recursos da União e o Mar Territorial brasileiro, incluindo baías, enseadas e estuários, além das zonas de mar aberto que podem ser utilizadas para cultivo offshore (longe da praia ou da costa).

Constitucionalmente, apenas o Governo Federal pode autorizar a implantação de projetos aquícolas em águas da União, através da cessão das águas, ou promover licitações para o aproveitamento destas águas em diferentes usos, entre eles a aquicultura.

A cessão das águas é necessária porque a água é um recurso natural de domínio público, de valor econômico, essencial à vida. Para que todos tenham acesso à água e a usem de forma sustentável, cabe ao Poder Público a regulação desse bem.

São exemplos de mananciais cujas águas são de domínio da União:

• Rio Paraná (Brasil, Paraguai e Argentina);

• Rio Paraíba do Sul (São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro);

• Rio São Francisco (Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe);

• Lagoa Mirim (Brasil e Uruguai), entre outros.

Nos reservatórios construídos pelo Governo Federal, a exemplo dos reservatórios da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (CODEVASF), do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), do extinto Departamento Nacional de Obras e Saneamento (DNOS), da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (CHESF), entre outros, as águas são também de domínio da União.

Mas atenção: são de domínio dos Estados e do Distrito Federal as águas de rios e de bacias que se encontrem apenas em seus limites. São exemplos disso:

• Rio Tietê (São Paulo);

• Lagoa dos Patos (Rio Grande do Sul);

• Rio das Velhas (Minas Gerais);

• Rio Jaguaribe (Ceará);

• Rio Paraguaçu (Bahia).

3. PESQUISA REALIZADA NOS ESTADOS DE ALAGOAS, PARAÍBA, PERNAMBUCO, E RIO GRANDE DO NORTE

Para a realização da pesquisa foi considerada como pressuposto uma realidade caracterizada por unidades produtivas em diferentes situações: com baixo, médio ou alto grau de inserção no mercado e nas cadeias de valor do agronegócio, seja regional, nacional ou global.

10 Ministério da Pesca e Aquicultura. www.mpa.gov.br

Page 21: Aquicultura e Pesca

21Aquicultura e Pesca - Parte 1

Foram consideradas atividades produtivas que em seu estágio atual combinam:

• Sistemas de Produção de subsistência;

• Produção de subsistência e comercialização de excedentes;

• Produção para a subsistência e de certos produtos para o mercado;

• Produção para o mercado (especializada ou com certo nível de processamento);

• Atividades agroindustriais, artesanato e de serviços.

Foi adotada a visão sistêmica como modelo metodológico com encadeamento interdependente, partindo do geral para o particular e de jusante a montante para a identificação da cadeia de valor considerando os seguintes elementos:

{Econômico

Social

Ambiental

Diversidade Cultural

Desenvolvimento Sustentável

Privilegiar estas estruturas e atividades nos territórios menos desenvolvidos não significa desconsiderar outras egruposmaisorganizados,ousistemasprodutivosmaisespecializadoscomgrandeinserçãonomercado.Paraestescasos,umamelhorianoencadeamentoouoadensamentodasuapresençanasrespectivascadeiasprodutivasseriaametaaalcançar.

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22 Aquicultura e Pesca - Parte 1

Quadro2 - Critérios adotados para a análise

Para cada um dos macroindicadores foram identificados pontos fracos, fortes, ameaças e oportunidades com enfoque pré-determinado.

MacroindicadoresPontos Fracos e Pontos Fortes

Ameaças e Oportunidades

1-GovernançaeAspectosOrganizacionaisLocais ComooBBapresentaaestratégiaDRS,suacapacidadedecoordenaçãoterritorialjuntoaosparceirosInstitucionais,beneficiárioseoambienteexterno.

2-GraudeaderênciadosatoresàestratégiaDRS AestratégiaDRSestásendoabsorvidapelosatoreslocais.Comoelespercebemeseinseremnaestratégia.

3-InteraçãoesinergiaentreDRSeatores Formasdeinteração,redescolaborativas,trocasdeexperiênciasentreosprojetosnoespaçodoterritórioounoplanoestadualenacional.

4-DinâmicadedesenvolvimentodoDRS:pontoscríticos,oportunidadeseperspectivasinovadoras

Possibilidadesdedesenvolvimento,consolidação,sustentabilidade,novosprodutos,inovaçãoedinâmicasinovadoras.

5-Principaiscanaisdecomercialização,estruturadacadeia

Mecanismosdecomercializaçãoexistentes,agentesqueatuamnoscanaisprincipais,atoresdacadeiaprodutiva,segmentosefluxodosprodutos.

6-InserçãodosatoresnaCadeiaProdutivaenadeValoremníveislocal,regional,nacionaleglobal

Formasdecolaboraçãoecompetiçãonacadeiaprodutiva,graudeinserçãoecapacidadedecoordenaçãonastransações.

7-Infra-estruturaprodutiva,pastagens,benfeitorias,tecnologiasdeprodução

Meiosdeprodução,níveltecnológico,tecnologiadeprodutoeprocesso,capacidadedeinovação.

8-Questõesambientaiseculturais ÁreasdereservalegaledePreservaçãoPermanente,matasciliares,capacidadedaspastagens,usodaágua,destinodosresíduos,usosecuidadoscomagrotóxicos.

Valoresculturaisnaprodução(queimadas,plantionasencostas,resistênciaàinovação).Manifestaçõesculturaistradicionais,novasformasdemanifestação,envolvimentoeparticipaçãodosatores.

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23Aquicultura e Pesca - Parte 1

4. SÍNTESE DA PISCICULTURA E DA PESCA EXTRATIVA NA REALIDADE PESQUISADA

Obedecendo aos critérios determinados para pesquisa os PN DRS estão apresentados, de forma sintética, para os elos da cadeia: sistema de produção, beneficiamento/transformação e comercialização

4.1 Alagoas

No município de Traipu, a Colônia de Pescadores Z-18 Comandante Álvaro Calheiro conta com 350 pescadores cadastrados que pescam em média 10 kg de peixes por dia, totalizando uma produção mensal de 105 toneladas de pescados. Dessa produção 20% é consumida pelos próprios pescadores e o restante é destinado às feiras-livres do município por ação dos intermediários.

A comunidade de pescadores do município de Jequiá da Praia gira em torno de 3.000 pescadores, sendo que 1.000 pescadores são associados à Colônia Z-13, que possui sinais de organização.

Quadro 3 - Alagoas em síntese – Pesca Continental

Sistemasde

produção

Beneficiamento/transformaçãoCanais de comercialização

Inserção na cadeiaNenhumMínimo

(evisceração)Resfriamentoembalagem

JequiádaPraia

ExtrativaContinental

Produçãocomercializadain natura

Produção

-Artesanalcombaixaprodutividade,apetrechostradicionais;

-AssoreamentodocanalqueligaalagoaaomarimpossibilitandoamigraçãonaturaleareproduçãodospeixesdiminuindooestoquepesqueirodaLagoadoJequiá;

-Irregularidadedaprodução,dadaascaracterísticasintrínsecasdapescaextrativa;

-Pescapredatória;

-Baixoníveleducacionaldospescadores;

-Inexistênciadeassistênciatécnica.

Beneficiamento

-Inexistênciadeestruturaspúblicasouprivadasdebeneficiamento,sendoaproduçãovendidainnatura.

Comercialização

-Mercadolocalebaixainserçãonacadeia,canaiscurtosecomintermediários.

Traipu

ExtrativaContinental

ReservaExtrativistaMarinhadaLagoadoJequiá,noMunicípiodeJequiádaPraia,EstadodeAlagoas,criadapeloDecretos/nºdesetembrode2001.

Amãodeobraempregadanapescaétodafamiliaregeralmenteotrabalhoéfeitoemsistemadeparceria.ArendamédiadeumpescadorchegaaR$500,00pormês,eécomplementadacomosprogramasBolsaFamíliaePROJOVEM(ondeonúmerodefamíliasdepescadoresquetêmessestiposdebenefíciossãode40%e30%,respectivamente).

Page 24: Aquicultura e Pesca

24 Aquicultura e Pesca - Parte 1

Quadro 3. 1 - Alagoas em síntese – Piscicultura

Sistemasde

produção

Beneficiamento/transformação

CanaisdecomercializaçãoInserçãonacadeiaNenhum

Mínimo(evisceração)

Resfriamentoembalagem

PãodeAçúcar

PisciculturaIntensiva(açudeDNOCS)

Produçãocomercializadain natura

Produção-Extrativaartesanalcombaixaprodutividade,uso

deapetrechostradicionais;-Atividadesujeitaainundações,situadaemárea

dereservatóriosdaCHESF;-AusênciadeLicençaAmbiental,Outorgade

Águaeassistênciatécnica;-Manejoirregular.

Beneficiamento-Inexistênciadeestruturaspúblicasouprivadas

debeneficiamento,sendoaproduçãovendidain natura;

-UnidadedeProduçãoimplantadapelaChesfsemfuncionar.

Comercialização-Comercializaçãonomercadolocal;-Intermediáriosescoamaproduçãoparaoutras

cidades;-Canaiscurtosdecomercializaçãoepredomínio

deintermediários.

Olhod’ÁguadoCasado

Piscicultura

Intensiva

(entornodabarragemdoXingó)

OArranjoProdutivoLocalPiscicultura(tambaqui)noDeltadoSãoFranciscoenvolve15municípiosdoBaixoSãoFranciscoAlagoanonasregiõesdaZonadaMata,AgresteeAltoSertãodeAlagoas:DelmiroGouveia,Olho D’Água do Casado, Pão de Açúcar(ambosnosemiárido),Piranhas,Traipu,BeloMonte,SãoBrás,PortoRealdoColégio,IgrejaNova,SãoSebastião,Penedo,Piaçabuçu,FelizDeserto,CoruripeeJequiádaPraia.

O município de Jequiá da Praia conta com a primeira reserva extrativa marinha do Brasil e as liberações das licenças ambientais, segundo os pescadores, se apresentam complexas. A Secretaria de Agricultura, Pesca e Meio Ambiente auxilia nas tramitações legais.

Para a preservação ambiental, a colônia realiza uma competição para premiar o pescador que mais recolher lixo do rio e das lagoas da cidade. Esse mutirão de limpeza foi a forma encontrada pela colônia para promover a consciência ambiental. Mas, apesar dessa preocupação, ainda ocorrem vários tipos de pesca predatória inclusive no período do defeso.

Os problemas ambientais mais significativos são o assoreamento dos canais de acesso às lagoas, causados pela urbanização não controlada e por aspectos mais profundos ligados a todo o manejo sustentável da região litorânea com a implantação do Polo Cloroquímico de Maceió.

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25Aquicultura e Pesca - Parte 1

4.2 Paraíba

Um projeto piloto coordenado pela CINDEAS – Cooperativa de Industrialização e Desenvolvimento do Alto Sertão envolve oito municípios. Cada um deles recebeu 168 tanques-rede de 6m3.

A instituição que aglutina os pescadores em Sapé é a Colônia de Pescadores e Aquicultores Z-22. A barragem de Acauã permite uma produção mensal de 6,5 t /mês de pescado, mas tem problemas para o escoamento da produção. Em Juazeirinho a atividade teve algum sucesso, mas hoje os piscicultores encontram-se em dificuldades, endividados, sem assistência técnica e com uma produção pequena, gerando um ciclo de problemas.

SPU/AL ENTREGA ESPELHO D’ÁGUA

Maceió,25/05/2010–ASuperintendênciadoPatrimôniodaUniãonoestadodeAlagoas(SPU/AL),realizou,ontem,aprimeiraentrega,aoMinistériodaPescaeAquicultura,deumespaçofísicoemáguasdedomíniodaUnião,caracterizadocomofraçãodoespelhod’águadoReservatóriodaUsinaHidroelétricadoXingó,noRioSãoFrancisco,localizadonoMunicípiodeOlhoD’ÁguadoCasado/AL.

ConformeoconstantenoTermodeEntrega,esseespaçoobjetivaaexpansãodeáreaaquícolaparaaproduçãodetilápias,comautilizaçãodeestruturasdotipotanques-rede,emsistemaintensivo.

Tilápiassãopeixescriadosemreservatóriosdeáguadoceecaracterizam,atualmente,umnegócioviávelàpisciculturatendoemvistaosbaixoscustosutilizadosdesdeacriaçãoatéavendaeexportaçãodoproduto.

EmrequerimentoanexadoaoprocessodeEntrega,JoséBeneditoAlves,presidentedaAssociaçãodeTrabalhadoresRuraisdaFazendaNovaEsperança2, integrantedoAssentamentoNovaEsperança,29famíliasdeassentadospescadorese/oupequenosagricultores serão favorecidas pela geração de trabalho e renda, recebendo capacitação, assistência técnica da Prefeitura einstituiçõesparceiras,assimcomoumarendamensaldeaproximadamenteR$1.000,00(milreais).

Fonte:http://patrimoniodetodos.gov.br/pastanoticia.2009-07-02.8239097967/spu-al-entrega-espelho-d2019agua

Page 26: Aquicultura e Pesca

26 Aquicultura e Pesca - Parte 1

Quadro 4 - Paraíba em síntese - Piscicultura

Sistemasde

produção

Beneficiamento/transformaçãoCanais de comercialização

Inserção na cadeiaNenhumMínimo

(evisceração)Resfriamentoembalagem

Sapé

PisciculturaIntensiva

Vendadoprodutoin natura

ConabemJuazeirinho

Produção

-EmSapéaproduçãoparoudevidoà

contaminaçãodaáguadoaçudeSãoSalvador

pelasatividadescanavieirasocasionandoforte

índicedemortalidadedosalevinos;

-Juazeirinhoapresentabaixorendimento;

-Problemasdemanejoequalidadedaágua

impedemoaumentodaprodução.

Beneficiamento

-Omunicípionãodispõedeestruturaspúblicas

ouprivadasdebeneficiamento,sendoa

produçãovendidatotalmentein natura.

Canais de Comercialização

-AbastecimentodomercadolocaledeJoão

Pessoa.-Mercadocombompotencial;

-Conab:programadecompradealimentos

(Juazeirinho);

-Intermediáriosescoamaproduçãoparacidades

próximas.Parteévendidaparaosprogramas

governamentais.

Itatuba/AçudeAcauã

Piscicultura

Intensiva

Juazeirinho

Piscicultura

Intensiva

ColôniadePescadorese

AquicultoresZ-21de

Juazeirinho

4.3 Pernambuco

A comunidade de Atapuz no município de Goiana congrega em torno de mil famílias que se dedicam à pesca e à coleta de mariscos. A comunidade tem uma produção aproximada de 20 t/mês de Majubão, de março a setembro, que é vendido a um preço médio de R$ 1,30/kg, já seco/salgado. A sardinha, de novembro a fevereiro, com 20 t/mês vendida a R$ 1,30/kg eviscerada e sem cabeça. Com menor produção, o Budião e o Bodó. O siri (coleta de 2,5 t/mês) tem o “filé” vendido a R$ 15,00/kg e 09 t/mês de mariscos são vendidas a R$ 6,00/kg. Tanto o siri quanto os mariscos são coletados e comercializados no período de alta estação, entre os meses de outubro a fevereiro. Toda a produção é comprada diretamente pelos intermediários que revendem nas feiras-livres e mercadinhos das cidades vizinhas como Itambé, Condado e Aliança. Em alguns anos, quando ocorre uma produção elevada de Xaréu, a renda se eleva significativamente.

Page 27: Aquicultura e Pesca

27Aquicultura e Pesca - Parte 1

Quadro 5 - Pernambuco em síntese - Pesca Oceânica

Sistemas

de

produção

Beneficiamento/transformaçãoCanais de comercialização

Inserção na cadeiaNenhumMínimo

(evisceração)

Resfriamento

embalagem

Goiana(Atapuz)

Pescaextrativaoceânica

Vendadoprodutoin naturaouseco/salgado

X

Produção

-Baixaprodutividadedapesca,barcos/

apetrechostradicionais;

-Irregularidadedaprodução,dadaas

característicasintrínsecasdapescaextrativa;

-Pescapredatória;

-Espéciesdepeixesdebaixovalorcomercial;

-Ausênciadeassistênciatécnica.

Beneficiamento

-Inexistênciadeestruturaspúblicasouprivadas

debeneficiamento,sendoaproduçãovendida

innatura;

-UnidadedebeneficiamentodaAntigaColônia

estádesativada.

Comercialização

-Comercializaçãonomercadolocal;

-Intermediárioscomercializamaproduçãopara

outrascidades;

-Baixainserçãonacadeiaecurtoscanaisde

comérciocompredomíniodeintermediários.

A estrutura física da colônia conta com ambiente para reunião e uma pequena unidade de

beneficiamentocomfábricadegelo,freezereserraparafazerpostas,queestáfechada.

Partedospescadoresnãopossui“baiteiras”,trabalhamparaterceirosqueoferecemas“baiteiras”

(barcos)eredes.Nobarco,trabalhamde3a5pescadores,quepartilhamopescadoentresie

comodonodobarco,comcritériosdiferenciadosparaodonoeomestre.

Algumas“baiteiras”sãofabricadasnaprópriacomunidade.Asdetamanhopadrão(6metros)

custamdeR$1.000,00aR$1.200,00easredessãocompradasemOlindaouRecife.

Page 28: Aquicultura e Pesca

28 Aquicultura e Pesca - Parte 1

Quadro 5. 1 - Pernambuco em síntese - Piscicultura

Sistemasde

produção

Beneficiamento/transformaçãoCanais de comercialização

Inserção na cadeiaNenhumMínimo

(evisceração)Resfriamentoembalagem

Catende

Pisciculturaintensiva

VendadoConsumo

in natura

SemProdução

Produção

-Nofinaldadécadade90aUsinaCatendefaliu.

Noseuentorno,trabalhadoresdacanados

inúmerosengenhosficaramemsituaçãocrítica.

Produzirpeixe(emtanques)paraconsumoe

oexcedenteparacomercialização,foiasaída

encontrada.Hoje,ascomunidadesde26

engenhosproduzempeixeparaoconsumo

familiar.

Comercialização

-Produçãoparaoautoconsumoepequenaparte

comercializadadiretamentenomercadolocal

BomConselho

Pisciculturaintensiva

Começaa ressurgir,noEstado,aatividadedecriaçãodecamarãoMacrobrachium rosenbergii

destinada,predominantemente,aosassentadosemBrejo(Tamandaré),VilaVelha(Itamaracá)e

naCooperativadaUsinaHarmonia(Catende),sobaassistênciatécnicadoInstitutoAgronômico

dePernambuco-IPAnosdoisprimeirosedoCentroJosuédeCastroemCatende.Quemcria

tilápiapoderátrabalharcomopolicultivotilápiaecamarão.

4.4 Rio Grande do Norte

A Colônia de Pescadores Z-41 na comunidade de Diogo Lopes no município de Macau, é responsável por 70% da produção do pescado de Macau, são 650 pescadores, 550 ativos e 100 inativos e cerca de 150 barcos de pesca em mar aberto e mais uns 100 de pesca na costa (barcos menores). Além da atividade da pesca cerca de 5% dos pescadores criam caprinos totalizando um rebanho de 300 animais.

Page 29: Aquicultura e Pesca

29Aquicultura e Pesca - Parte 1

Quadro 6 - Rio Grande do Norte em síntese - Pesca

Sistemasde

produção

Beneficiamento/transformaçãoCanais de comercialização

Inserção na cadeiaNenhumMínimo

(evisceração)Resfriamentoembalagem

Macau

Extrativaoceânica

Caraúbas

Extrativacontinental

Produçãovendida

in natura

Beneficiamentomínimo(com

poucoscuidadoshigiênicos)

ondesãoretiradasacabeçae

asvíscerasdasardinha.

Caraúbas terá

capacidade para beneficiar

5.000 kg em 8 h/dia, com

máquinas para filetar o

peixe e beneficiar sua pele

ecarcaça;

Caminhão frigorífico

paraotransporte.

Produção

-Extrativaartesanal;

-Baixaprodutividade,apetrechos

tradicionais;

-Baixoníveleducacionaldos

pescadores;

-Irregularidadedaprodução,dadas

ascaracterísticasintrínsecasda

pescaextrativa;

-Pescapredatória;

-Ausênciadeassistênciatécnica.

Beneficiamento

-Inexistênciadeestruturaspúblicas

ouprivadasdebeneficiamento,

sendoaproduçãovendida in

natura.

-Caraúbas:omunicípiodispõede

estruturafísicadeunidadede

beneficiamentoqueseencontra

semmaquinário.Aprodução

vendidatotalmenteinnatura.

Comercialização

-Comercializaçãonomercadolocal,

canaiscurtosepredomíniode

intermediários.

Redeseosprópriosbarcossãofabricadosnacomunidade.Amão-de-obrautilizadanapescaétodafamiliar

oupormeiodeparceria.Geralmenteapartilhadaproduçãoéfeitademodoqueodonodobarcoficacom

50%eorestanteédivididoempartesproporcionaisaonúmerodepescadoresqueestivernobarco.

Arendadeumpescador,segundoopresidentedaColôniaZ41giraemtornodeR$650,00pormês.Do

total de sócios da colônia, 50% recebem transferência governamental, como Bolsa Família, e 20% das

famíliastêmalgumtipodeaposentadoriaoupensão.

EmCaraúbasosinvestimentosforamrealizadoscomrecursosdaentãoSecretariadeAquiculturaePesca–

SEAP.OcaminhãofoiadquiridocomrecursosFundaçãoBancodoBrasil–FBB.

Em Diogo Lopes são pescados vários tipos de peixes, mas os principais comercializados são a Sardinha com produção de 80 t/mês, vendida a R$ 0,70/kg; o Voador com 80 t/mês, vendido a R$ 170,00 o milheiro; a Tainha com produção de 6 t/mês vendida a R$ 3,00/ kg e o Dourado com produção de 10 t/mês e vendido a R$ 7,00 o kg. O período de pesca e comercialização da Sardinha vai de julho a dezembro, do Voador e do Dourado de abril a julho, dezembro e janeiro e da Tainha, durante todo o ano. Toda a produção da Colônia é vendida a intermediários locais, que impõem o preço aos pescadores.

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30 Aquicultura e Pesca - Parte 1

No município de Caraúbas, a Colônia de Pescadores Z-49 conta com cerca de 250 sócios e a comunidade Apanha Peixe é formada por 120 famílias ocupando uma área de aproximadamente 1200 ha. Além da pesca a comunidade tem como atividades agropecuárias o cultivo de milho, feijão, arroz e a criação de bovinos e ovinos. A mão-de-obra utilizada nessas atividades é toda familiar.

As principais espécies de peixes pescadas são a Curimatã - 05 t/mês, a Tilápia - 1,5 t/mês, a Traíra - 01t/mês, o Tucunaré - 01t/mês e o Piau - 500 kg/mês. A produção é toda escoada via intermediários para os municípios vizinhos. O período de comercialização vai de abril a novembro; entre os meses de dezembro a março os pescadores recebem o seguro defeso.

A renda de um pescador gira em torno de R$ 350,00/mês. Na comunidade 90% das famílias têm um aposentado/pensionista e 70% recebe o Bolsa-Família.

Os principais insumos utilizados nas pescarias são canoas, que custam em média R$ 600,00, e redes. Cerca de 80% dos pescadores têm os seus próprios barcos e apetrechos de pesca.

Page 31: Aquicultura e Pesca

31Aquicultura e Pesca - Parte 1

Quadro 6. 1 - Rio Grande do Norte em síntese - Piscicultura

Sistemasde

produção

Beneficiamento/transformaçãoCanais de comercialização

Inserção na cadeiaNenhumMínimo

(evisceração)Resfriamentoembalagem

CearáMirim

Semi-intensiva

piscicultura

X

Postasefiletagem Produção

-Baixaqualidadedosalevinosdaregião;

-Manejodocultivonãorenovado.

Beneficiamento

-Omunicípionãodispõede

estruturaspúblicasouprivadasde

beneficiamento,sendoamaiorparte

daproduçãovendidatotalmente

in naturanomercadolocal;

-Paraossupermercadosexisteum

beneficiamentoartesanalempostase

filetagem.

Comercialização:

- Nãoexistemintermediáriospara

opescadoproduzidonaAgrovila

Canudos.

AagrovilaCanudosnomunicípiodeCearáMirimtem11anosdefundaçãoeocupaumaáreade1.622

ha,daqual20%édestinadaparareservaflorestale,dorestante,15hasãoutilizadosemlavouras,

sendo 7,5 ha para mamão e 7,5 ha para banana. Outros 2,25 ha são utilizados para piscicultura

distribuídosem12tanquesqueproduzem20,4toneladasporciclodeseismeses.

A criação de peixes da agrovila, assim como todo o sistema, é coletiva. E a tilápia foi o peixe escolhido por apresentar boa aceitação de mercado e ter melhor adaptação ao clima, solo e água da região. Estão no ramo há três anos e praticam a piscicultura intensiva, realizando biometria, calagem dos tanques, limpeza e análise de água, além do fornecimento integral de ração balanceada, do alevino até a despesca. Os agricultores formaram a Cooperativa dos Produtores de Canudos - COPEC e também a Associação da Agrovila Canudos.

São produzidos 2,4 toneladas a cada seis meses, dos quais se destina parte para a feira-livre local, onde o peixe é vendido a R$ 5,00/kg vivo, e outra parte para uma rede de supermercados em Natal, onde o peixe é vendido a R$ 5,00/kg desviscerado, R$ 8,00/kg em posta e a R$ 15,00/kg o filé.

A agrovila11 conta com maquinário para o beneficiamento do peixe (despolpadeira, freezer, máquina para corte em posta e de moagem das espinhas). Dessa forma se consegue agregar valor ao pescado através do corte em posta e da filetagem. Há praticamente o aproveitamento total dos resíduos da piscicultura. As espinhas são moídas e utilizadas como ração animal, abastecendo a princípio o rebanho da agrovila, mas a pretensão é que com o aumento da produção se expanda, atingindo o mercado. Quanto ao aproveitamento

11 O Assentamento Rosário está localizado no município de Ceará-Mirim, nordeste do Estado do Rio Grande do Norte. Este é constituído por duas agrovilas denominadas Rosário e Canudos, distando 1 km de uma para outra. A área disponível para o uso dos assentados, excluída as áreas de reservas é 994,1468 hectares. O Tamanho médio disponível para cultivo por família é de 8,28 hectares. O Assentamento Rosário possui 120 famílias e tem uma população total de 605 pessoas. A piscicultura é desenvolvida em Canudos e envolve 16 famílias.

Page 32: Aquicultura e Pesca

32 Aquicultura e Pesca - Parte 1

da pele do peixe, está em andamento um projeto para capacitar mulheres da comunidade para que possam fazer peças de artesanato, bolsas e material decorativo com a pele do peixe.

Os insumos utilizados na atividade derivam em sua totalidade da capital Natal, para ração e equipamentos, e da microrregião de Macaíba, para os alevinos. Por não existir intermediação do pescado, ficando a própria agrovila responsável pela comercialização, parte da venda é realizada diretamente ao consumidor na feira-livre local e a parte beneficiada (postas e filés) é destinada a uma rede de supermercados na capital Natal.

A cadeia produtiva da piscicultura do município está inserida dentro do Projeto de Piscicultura na Região do Mato Grande, que envolve 15 municípios.

5. PRINCIPAIS CONSTATAÇÕES E RECOMENDAÇÕES

Nenhuma das considerações aqui apresentadas deverá ser vista separadamente, pois são de ocorrência simultânea e sistêmica.

Ao longo da pesquisa foi crescente a constatação de que a organização dos pescadores atingiu um ponto crítico: ou inexiste, ou estão organizados em associações pouco representativas, sendo mais comum a organização em colônias.

Da palestra Aspectos Regionais da Pesca Artesanal, proferida por Eliane Lobo da Costa12 , foi extraído este trecho:

…Utilizarei a base de dados do Diagnóstico da Pesca Artesanal Costeira (no prelo), estudo coordenado por mim enquanto estive na SEAP.

É importante dizer que, de uma maneira geral, os pescadores se organizam em torno das Colônias de Pescadores, que são estruturas criadas a partir de 1919 pela Marinha, que teve como objetivo relacionar os pescadores e comunidades pesqueiras para eventuais necessidades bélicas. As Colônias existem até hoje e ainda são formadas, estimando-se um número em torno de 600 colônias existentes hoje no Brasil. Não se sabe ao certo quantos pescadores estão nelas inscritos, pois a forma de controle existente é muito precária. Muitas colônias não são presididas por pescadores e envolvem muitas pessoas que não exercem a pesca como profissão. Também, em grande parte, não exercem uma função de defesa ou organização da categoria, sendo em muitos casos somente um espaço para despacho de documentos. Da mesma forma que não têm um controle dos pescadores profissionais não têm controle da produção local e tampouco do número e tipo de embarcações existentes, com raras exceções.

Por conta deste vácuo organizativo, recentemente têm se formado um número grande de associações e outras formas de organização, para confrontar com o poder instalado nos espaços das colônias, que não raro passam de pai para filho, ou de compadre para compadre, sem o necessário exercício da democracia e participação.

É preciso ter presente a importância dos recursos pesqueiros como importante fonte de proteínas para a segurança alimentar e nutricional, o que torna necessário vincular às decisões e ações a prática de desenvolvimento sustentável nos setores produtivos pesqueiro extrativista e da aquicultura, com abordagens

12 Médica Veterinária, MsC Educação Ambiental, Extensionista Rural da EMATER\RS – Brasil.

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33Aquicultura e Pesca - Parte 1

sociológicas, históricas, políticas, de educação ambiental, científicas e técnicas que indiquem a dimensão e a importância sócio-econômica-ambiental das atividades de pesca e aquicultura.

Para isso, é fundamental conhecer e fazer conhecer documentos importantes como o Programa Nacional REVIZEE (Avaliação do Potencial Sustentável de Recursos Vivos na Zona Econômica Exclusiva) e o Código de Conduta para a Pesca Responsável e a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos do Mar, por exemplo. A Lei 11959/09 dispõe sobre a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável da Aquicultura e da Pesca e regula as atividades pesqueiras, o calendário do defeso por espécies marinhas e o da piracema nas bacias hidrográficas.

Os atores principais desta complexa cadeia produtiva são os pescadores artesanais e os aquicultores, que com o seu trabalho fazem crescer as estatísticas da pesca e da aquicultura.

5.1 Oportunidades

• A relevância da participação dos produtos pesqueiros no contexto da alimentação humana;

• O reconhecido papel de viabilizadora de oportunidades de negócios, empregos e renda para a grande massa de pescadores artesanais e trabalhadores rurais litorâneos e ribeirinhos;

• O mercado à espera de ofertas;

• A Unidade da Embrapa Pesca e Aquicultura, localizada em Palmas (TO), com a responsabilidade de capitanear os processos de geração e disponibilização de soluções tecnológicas para garantir o crescimento da pesca e aquicultura no país, visando atendimento dos mercados nacional e internacional;

• Estruturação do Consórcio Nacional de Pesca e Aquicultura, que será decisivo para o alinhamento da programação de pesquisa, desenvolvimento e transferência de tecnologia nas instituições brasileiras para as demandas setoriais. A atuação do Consórcio será pautada pelos direcionamentos estratégicos por parte do governo federal (MAPA e MPA), Embrapa e SNPA. Será composto por instituições de Pesquisa e Desenvolvimento - P&D e Assistência Técnica e Extensão Rural – ATER.

5.2 Desafios

• Desconhecimento do processo da cadeia produtiva;

• Pouco investimento aplicado em inovação tecnológica devido às condições financeiras dos produtores (unidades familiares), limitando a expansão da produção, bem como da comercialização e a melhoria das condições de vida;

• Revitalização dos mercados e feiras com atendimento às normas da legislação sanitária;

• Ausência de apoio técnico para os pequenos produtores;

• Capacitar pescadores(as) e aquicultores(as) em associativismo, tecnologia e gestão (aproveitamento de resíduos, legislação ambiental, educação ambiental);

• Modernizar e fortalecer as organizações;

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34 Aquicultura e Pesca - Parte 1

• Número elevado de jovens ociosos e inexistência de atividades culturais e de entretenimento;

• A dependência dos donos de barcos e a consequente exploração;

• Predomínio de intermediários na comercialização e distribuição;

• Comercialização primordialmente in natura.

5.3 Recomendações

• Colocar as pessoas no centro da atividade;

• Fortalecer as organizações;

• Capacitar de forma cidadã, técnica, gerencial e empreendedora;

• Tratar aspectos sanitários e a qualidade do produto;

• Ter presente as limitações da pesca oceânica.

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35Aquicultura e Pesca - Parte 1

6 GESTÃO E MONITORAMENTO

6.1 Gestão

6.2 Capital Social13

A confiança como forma de capital social é o fator mais inclusivo no que se refere à participação e à cooperação voluntária. As outras formas de capital social contribuem, quase sempre, para a ação coletiva exitosa, por desenvolver a confiança entre os atores. Em outras palavras, vemos as três formas amplas de capital social vinculadas à ação coletiva exitosa tal como mostra a figura. (Tradução livre)

Variables contextuales

Confianza y reciprocidad

Redes

Instituciones

Logro de la acción colectiva

13 Capital Social Y acción colectiva - Elinor Ostrom. Apostila do Curso Acesso a mercados dinâmicos – REDCAPA 2009.

Gestão Participativa

Nuncaduvidedaforçadepequenogrupodepessoasparatransformararealidade.Naverdadeelassãoaúnicaesperançadequeissopossaacontecer.MargaretMead

OPlanodeNegóciosDRSenvolveaimplementaçãodeaçõesestratégicasparaofortalecimentodacadeiaprodutivaenecessitadeumacompanhamentosistemáticoporpartedosatoressociaisenvolvidosnoprocesso.

O aprimoramento dos Planos de Negócios DRS passa necessariamente pela estruturação de um modelo de gestãoparticipativa capaz de promover a eficiência e a efetividade das ações programadas, o que conduz a um processo deempoderamentodosatoressociaisedeação-reflexãosobreapráticasocial,nosentidodedesenvolveracapacidadeeahabilidadecoletivasdetransformararealidade.

Nagestãoparticipativapretende-sequeosatoressociaisestejampresentesemtodososmomentosdoprocesso,desdeamobilizaçãoeasensibilizaçãodaquelesqueprecisamserenvolvidos,atéoposterioracompanhamentoecontrolesocialsobreasaçõespactuadas.ParamelhoraraeficáciadagestãodosPlanosdeNegóciosDRS,propõe-seacriaçãodeumComitêGestor,compostoporrepresentanteslocais,cujasatribuiçõesestarãorelacionadasaoacompanhamentoeàimplementaçãodasaçõesterritoriais.

Fonte:Caderno orientador 2 – Consultoria FBB/IICA 2009

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36 Aquicultura e Pesca - Parte 1

6.3 Monitoramento

____________________14 Para criar competitividade no agregado de produção, há que reconsiderar os conceitos, as formas, os métodos e os meios operativos com os quais se trata a atividade do agricultor: o produtor tem que entrar nas estruturas de geração e retenção de riqueza para vencer as estruturas de pobreza. A estrutura de pobreza se caracteriza pela incapacidade crônica de expandir o potencial produ-tivo e a criatividade do grupo familiar agrícola para atividades complementares dentro ou fora da propriedade. A agregação de valor se faz simultaneamente na força de trabalho e no produto agrícola. (GIOVENARDI. Eugênio em Os Pobres do Campo. TOMO Editorial. Porto Alegre, 2003).

Respostas afirmativas são consequência de boa gestão

OPlanodeNegóciosDRSenvolveaimplementaçãodeaçõesestratégicasparaofortalecimentodeumacadeiaprodutiva.Nadefiniçãodecritériosqueidentifiquemumaexperiênciaexitosa(casodesucesso)épercorridoocaminhodaqualidade,daparticipação,daconstruçãocoletiva,doselosdacadeiaprodutiva,daorganizaçãoedagestão.ParaobterasegurançadequeoPNDRSéumaexperiênciaexitosa,quepoderáservirdemodeloparaareaplicaçãodametodologiaedosresultados,éinteressantequesejaanalisadosobdoisaspectos:processoseresultados,universaisparaPlanosdeNegóciosDRSruraisouurbanos,sejamindividuaisouintegrados.

Oscritérios de processosrelacionam-secomasatividadesdesenvolvidasparaaimplementaçãodoPlanodeNegóciosDRS.Assim,processoestáconceituadocomoumconjuntodeatividadesdetrabalhointer-relacionadasquesecaracterizaporrequerercertosinsumosetarefasparticulares,implicandoumvaloragregadocomvistasaobterresultadoscommelhoriadaqualidadedevida.Sãoelas:

AestratégiadeDesenvolvimentoRegionalSustentável–DRSmobilizaforçassociais,econômicasepolíticasparaosucessodoPNDRS;

O Banco do Brasil, com a estratégia Desenvolvimento Regional Sustentável – DRS, potencializa ações de umaexperiênciaemcurso;

Ocorre a permanente ação do Banco do Brasil na sensibilização dos atores e na animação do processo deimplementaçãodoPNDRS;

AestratégiadeDesenvolvimentoRegionalSustentável–DRS,comaimplementaçãodePlanosdeNegóciosDRS,fazemergiroutrasatividades,quedemandamnovosPNDRS;

Existeacapacidadedemanutençãodasredesdeparceriaseapossibilidadedeinserçãodenovosparceiros;

Ocorreoempoderamentodosatoressociais(produtores/beneficiários):

o Comarepresentatividadeexpressivanosespaçosdegestão;

o Com a condução dos espaços de gestão do PN DRS (equipe gestora local e comitê gestor) pelos própriosprodutores/beneficiários.

Os critérios de resultadosexaminamarelaçãocomosrecursosnaturais,aspessoaseasociedade,aeconomiaeasfinanças,osprocessosdonegócioeoconhecimentogerado.Envolvem:

Autilizaçãodosrecursosnaturaisnaatividadeprodutiva(preservação,recuperaçãoemanejo);

Melhoriadarendacomgeraçãodepoupançaeinvestimento14eoacessoabenseserviços;

Apropriaçãodenovastecnologias;

Capacidadedepagamentodoprodutor;

AmpliaçãodaofertadefinanciamentonoTerritório(surgimento/interessedeoutrasinstituições).

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38 Aquicultura e Pesca - Parte 1

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Aquicultura e Pesca - Parte 2 39

Proposta de atuação do Banco do BrasilPARTE 2

Considerando aspectos como o grau de organização das cadeias, o potencial de geração de renda e as características da demanda nos mercados interno e externo, o Banco do Brasil apresenta proposta de atuação nas cadeias produtivas da Aquicultura e da Pesca, a ser discutida, pactuada e implementada com os parceiros locais por suas Superintendências Estaduais, por meio da estratégia negocial DRS.

1. PREMISSAS

Esta proposta está assentada nas seguintes premissas:

• Atuar com visão territorial - Territórios como instâncias de planejamento, gestão e controle social das ações implementadas no âmbito das ações intersetoriais e intergovernamentais;

• Atuar em cadeia de valor (produção, beneficiamento, armazenamento, transporte e comercialização);

• Promover o fortalecimento da organização social (cooperativismo/associativismo);

• Apoiar a gestão compartilhada dos recursos pesqueiros e dos princípios da economia solidária, concatenados por efetivos planos de trabalho e negócios sustentáveis;

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40 Aquicultura e Pesca - Parte 2

• Incentivar o fortalecimento do capital humano e social – Formação, capacitação e reconhecimento dos princípios da gestão social do desenvolvimento;

• Promover a manutenção e a conservação dos recursos naturais;

• Respeitar a identidade cultural.

2. OBJETIVO GERAL

Contribuir para a estruturação e o fortalecimento das cadeias produtivas da Aquicultura e Pesca no Brasil, por meio do desenvolvimento sustentável e do aprimoramento das capacidades de governança, favorecendo a inserção dos produtores no mercado e a gestão sustentável dos recursos aquícolas e pesqueiros.

2.1 Objetivos Específicos

• Promover o desenvolvimento local das comunidades, protagonizado por pescadores artesanais e aquicultores familiares;

• Fomentar a organização de empreendimentos de economia solidária e de redes sociais;

• Promover a inclusão no mercado, inclusive institucional, com a finalidade de garantir a viabilidade econômica dos empreendimentos;

• Promover a adequação física e sanitária dos empreendimentos, com o objetivo de gerar produtos seguros para o consumo;

• Diminuir a distância entre a produção e o consumo;

• Considerar, sempre que possível, os investimentos realizados pela Fundação Banco do Brasil;

• Difundir Tecnologias Sociais (produtos, técnicas ou metodologias reaplicáveis, desenvolvidas na interação com a comunidade e que representam efetivas soluções de transformação social), propiciando desenvolvimento social em escala;

• Apoiar o funcionamento de estruturas públicas ou de interesse público de comercialização do pescado.

3. AÇÕES SUGERIDAS

3.1 Organização Social e Capacitação

A organização social com finalidade econômica apresenta-se como uma proposta de real desenvolvimento, em oposição à de crescimento apenas, das comunidades ligadas à pesca e à aquicultura.

Pretende-se que pescadores artesanais e aquicultores familiares sejam protagonistas do seu próprio processo de desenvolvimento e possam influenciar a dinâmica econômica do setor pesqueiro ou aquícola na localidade em questão.

Este protagonismo é alcançado ao longo de um processo de desenvolvimento de consciência crítica e do aumento da autoestima gerado pela elevação do nível de entendimento da realidade e de conhecimento, em diversos âmbitos.

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Aquicultura e Pesca - Parte 2 41

Para tanto, é necessário um processo de capacitação e acompanhamento contínuo dos pescadores artesanais e dos aquicultores familiares. Alguns temas se mostram imprescindíveis para serem trabalhados visando ao desenvolvimento de empreendimentos econômicos solidários (EES), constituídos de cooperativas, na sua maioria. São eles:

• Fortalecimento do Associativismo e do Cooperativismo;

• Autogestão de empreendimentos embasados em conhecimentos contábeis e de administração;

• Formação cidadã;

• Princípios de contabilidade e administração.

Além da capacitação, o processo de desenvolvimento requer um acompanhamento contínuo no sentido de articular as diversas entidades envolvidas nas localidades, bem como todos os elos das cadeias produtivas. Desse modo, a organização social não se dá apenas na unidade básica de produção (a cooperativa, por exemplo), mas sim, na formação de redes e na estruturação da própria cadeia produtiva, no território. Para isso, sugerimos a atuação de Agentes de Desenvolvimento da Aquicultura e Pesca (vide apêndice 2), e, também, quando o município estiver compreendido dentro de um Território da Cidadania ou um Território da Pesca e da Aquicultura, a colaboração de Articuladores Territoriais, com o objetivo de:

º Promover a capacitação em Associativismo e Cooperativismo;

º Assessorar a formalização de entidades;

º Incentivar a organização de pescadores e aquicultores;

º Contribuir com a assistência técnica e extensão rural para a organização da produção e o fortalecimento do associativismo na organização social;

º Construir com os parceiros, aquicultores e pescadores uma grade de formação geral e de disponibilização de novas tecnologias;

º Realizar difusão tecnológica (eventos, publicação de materiais didáticos etc).

3.2 Infraestrutura, Inovação e Tecnologia

As ações deverão ser focalizadas no objetivo de adequar as estruturas de beneficiamento, melhorar os meios de transporte e armazenamento da produção, bem como estimular a adoção de novas tecnologias, novos conceitos de organização e de gerenciamento dos empreendimentos, implementação de regimes de manejo adequados para a promoção da qualidade de vida dos aquicultores e pescadores, em consonância com as recomendações das organizações internacionais em relação ao Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

º Promover o acesso às tecnologias de produção e processamento mínimo para melhorar a oferta do produto (Produção/ Qualidade/ Regularidade);

º Melhorar ou implantar infraestrutura produtiva;

º Instalar ou adequar estruturas de beneficiamento;

º Estruturar as etapas de transporte e armazenamento;

º Estabelecer parâmetros e controle de qualidade para os produtos.

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42 Aquicultura e Pesca - Parte 2

3.3 Comercialização

O aumento da produção deverá ocorrer junto com o estímulo ao consumo de pescado. Entre as ações voltadas para o consumidor, está o desenvolvimento de políticas que facilitem o escoamento da produção e promoção da comercialização direta pelos pescadores artesanais e aquicultores familiares aos consumidores finais, visando oferecer produtos de melhor qualidade e a um custo menor para a maioria da população.

As ações deverão ser focalizadas em contribuir para estruturar o processo de comercialização, adequar as estruturas de beneficiamento, melhorar os meios de transporte e armazenamento da produção, bem como estimular a venda direta, por exemplo, por meio de mecanismos governamentais como o Programa de Aquisição de Alimentos, coordenado pela CONAB-Companhia Nacional de Abastecimento.

A colaboração e a cooperação entre os pescadores e aquicultores e as indústrias de processamento, visando à integração da cadeia produtiva, a certificação de origem ou indicação geográfica deverão ser priorizadas como estratégias de segurança do alimento e agregação de valor ao pescado. Para isso é preciso:

º Agregar valor aos produtos na etapa de beneficiamento com técnicas de processamento mínimo;

º Implantar um Programa PQR - Produção/ Qualidade/ Regularidade;

º Ampliar parcerias institucionais de compras de alimentos da agricultura familiar;

º Desenvolver parcerias colaborativas ou estabelecer contratos com grandes empresas de produção e distribuição agroalimentar;

º Criar canais de vendas diretas com empresas de refeições coletivas, restaurantes e distribuidores de Food Service para produtos certificados;

º Utilizar infraestrutura e expertise de grandes empresas para melhorar o produto e acessar os canais globais;

º Ampliar parcerias com empresas que atuam no mercado de produtos éticos: Fair Trade, produtos agroecológicos e orgânicos;

º Apoiar as associações e cooperativas que já demonstraram eficiência e longevidade na compra de insumos e comercialização dos produtos;

º Fomentar modelos flexíveis e eficientes, baseados na participação colaborativa e complementar dos diferentes agentes na concretização de negócios;

º Estimular a venda direta;

º Prospectar novas redes e canais de comercialização de âmbito local e territorial;

º Promover a colaboração e cooperação entre os pescadores e aquicultores e as indústrias de processamento, visando à integração da cadeia produtiva;

º Criar certificação de origem ou indicação geográfica de modo a agregar valor ao produto.

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Aquicultura e Pesca - Parte 2 43

4. MODELO DE ATUAÇÃO

Em atendimento à premissa de “elaborar formas de atuação particularizada para as atividades por elos da cadeia produtiva”, a proposta de atuação na cadeia produtiva deve privilegiar, entre os focos citados, aquele mais adequado a cada território, observadas suas especificidades e o estágio de evolução da atividade produtiva na região.

5. MODELO DE NEGÓCIOS

Estruturar a utilização dos produtos e serviços do Banco do Brasil.

6. MODELO DE GOVERNANÇA

A estrutura de governança tem como pressupostos o alinhamento e a convergência de atuação entre os parceiros, além do apoio à implementação e à gestão das ações definidas. As instâncias de governança têm o intuito de contribuir e acompanhar a execução dessas ações, propondo soluções e disseminando boas práticas. Outras instâncias poderão ser definidas conforme avaliação dos parceiros.

Outra sugestão é o tratamento do tema nas instâncias em funcionamento, a exemplo de Câmaras Técnicas ou Setoriais, Fóruns, Conselhos, entre outras, que atendam às necessidades de discussão ampla e representativa entre os agentes da atividade, além de facilitar a convergência de atuação e o encaminhamento das questões levantadas.

As funções sugeridas podem ser alteradas conforme as características locais da atividade e das parcerias existentes.

6.1 Gestão Estadual

Para gerir a estratégia de atuação na cadeia produtiva no Estado, é recomendável a constituição de um Comitê Estadual composto por representantes dos parceiros e do Banco do Brasil, tendo como principais objetivos convergir ações e estabelecer condições e ambiente institucional para sua execução, buscando assegurar o envolvimento dos parceiros locais e regionais na estruturação, execução e avaliação de um plano de desenvolvimento sustentável da cadeia produtiva. Pode ter, entre outras, as seguintes funções:

• Identificar oportunidades relativas à comercialização (compradores, novos mercados, programas de governo, verticalização da cadeia e agregação de valor aos produtos);

• Promover a expansão da atividade produtiva para outros municípios ou localidades;

FinanciamentoCusteio e

InvestimentoPreço

Assistência Técnica

Produção Empresas,Cooperativase Associações

Estratégia de Comercialização

Produtores

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44 Aquicultura e Pesca - Parte 2

• Promover e fomentar a organização produtiva;

• Auxiliar no processo de fortalecimento da organização social;

• Incentivar a aquisição de insumos e a venda da produção em conjunto;

• Buscar soluções, por meio de parcerias, para a assistência técnica;

• Identificar demandas de crédito não atendidas;

• Articular e promover a integração entre os Planos de Negócios DRS e os agentes das cadeias apoiadas;

• Promover a gestão da implementação dos Planos de Negócios DRS.

6.2 Gestão Local

Para Arns1 , a gestão tem como função definir e garantir a realização de objetivos por meio de uso de recursos, sendo necessária a integração sistêmica das suas quatro funções básicas, que são:

a) Planejamento: decisões sobre o futuro, objetivos, ações e recursos necessários para realizar os objetivos;

b) Organização: decisões sobre divisão de tarefas, responsabilidades dos componentes e divisão de recursos para realizar essas tarefas, onde cada ator desempenha um papel específico;

c) Coordenação: mobilização dos componentes para atingir os objetivos;

d) Controle: decisões sobre a compatibilidade entre os objetivos esperados e os resultados alcançados.

1 Mestre em Gestão e Políticas Ambientais e Doutor em Ciência Política (UFPE), consultor em desenvolvimento local e estra-tégias de desenvolvimento territorial.

Comitê Estadual

Atores locaisAtores locaisAtores locais

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Aquicultura e Pesca - Parte 2 45

Essas funções podem ser desdobradas em diversos processos. Veja um exemplo:

Para o fortalecimento da gestão local, sugerimos a utilização de gestores, que poderiam ter as seguintes atribuições:

º Capacitar produtores e agentes locais para uma participação mais ativa no processo de desenvolvimento de suas comunidades;

º Apoiar a realização de reuniões dos representantes dos principais atores envolvidos, promovendo a participação e o diálogo público/privado e considerando a perspectiva de território e dos agentes presentes;

º Sensibilizar parceiros locais e produtores beneficiários para o trabalho conjunto, a geração de confiança e a formação de equipes e redes;

º Incorporar as visões de território e de cadeia de valor às ações definidas;

º Identificar e apresentar propostas visando o fortalecimento de aspectos sociais, ambientais e econômicos, como, por exemplo, a incorporação de novas tecnologias ou a integração com políticas públicas e ações de desenvolvimento em curso no território, que deverão ser acordadas com os demais atores envolvidos;

º Identificar as necessidades de capacitação em gestão e verificar as possibilidades de atendimento, com recursos disponíveis dos parceiros ou contratação de terceiros;

º Capacitar grupos de beneficiários, para atuar como multiplicadores por meio da transferência dos conhecimentos adquiridos;

º Avaliar o modelo de gestão atual e propor alterações para uma gestão participativa, caso necessário, contemplando as especificidades de cada território e garantindo a participação dos beneficiários;

º Realizar capacitação dos técnicos ou beneficiários para a utilização do modelo de gestão;

º Realizar oficinas relacionadas à gestão e à comercialização, com a participação de beneficiários e parceiros;

Articulação dePolíticas Públicas

Monitoramentoe Avaliação

Sensibilização e Mobilização

Direção

Sensibilizaçãoe Mobilização

Visão deFuturo

Planificação

OrganizaçãoDiagnóstico

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46 Aquicultura e Pesca - Parte 2

º Organizar o cronograma de reuniões com participantes;

º Fazer o relacionamento com todos os intervenientes e responsáveis pelas ações programadas e acompanhar a execução das ações;

º Identificar a necessidade de repactuação de ações ou inclusão de ações;

º Identificar a necessidade e propor a inclusão de parceiros ou beneficiários;

º Avaliar os resultados previstos e alcançados e os impactos na atividade;

º Identificar necessidades da comunidade nos eixos que compõem o DRS (saúde, educação, inclusão social, organização, inovação tecnológica etc.) trazendo o assunto para as reuniões de concertação;

º Identificar as parcerias necessárias à promoção do desenvolvimento do território.

7 RESULTADOS ESPERADOS

º Contribuir para a estruturação da cadeia produtiva do pescado em nível local, regional e nacional (quando for o caso);

º Promover a atuação em rede de cooperação;

º Aumentar a produção, a produtividade e a rentabilidade dos empreendimentos;

º Inserir o pescado na alimentação escolar;

º Aumentar a renda dos produtores;

º Difundir novas tecnologias;

º Melhorar a organização social;

º Promover a participação da comunidade nas políticas governamentais federais, estaduais e municipais.

7.1 Indicadores Sugeridos

Os indicadores devem ser definidos de acordo com as especificidades locais. Os aqui sugeridos consideram as dimensões econômica, social, ambiental e cultural:

º Número de organizações fortalecidas ou criadas;

º Número de pessoas inseridas na atividade;

º Renda mensal dos aquicultores e pescadores;

º Produtividade dos empreendimentos;

º Evolução da escolaridade dos aquicultores, pescadores e familiares;

º Acesso ou reforma de moradias e instalações produtivas;

º Acesso a saneamento básico;

º Evolução da saúde dos aquicultores, pescadores e familiares (incidência de doenças, mortalidade infantil etc);

º Número de empreendimentos com outorga de água e licenciamento ambiental concedidos.

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Aquicultura e Pesca - Parte 2 47

Apêndice 1Planos de Negócios DRS do Banco do Brasil em Aquicultura e Pesca

A área de atuação do Banco do Brasil em Planos de Negócios DRS de Aquicultura e Pesca está apresentada no Quadro a seguir.

Quadro 7 - Planos de Negócios DRS em Aquicultura e Pesca

UFQuantidade(no)

PN Beneficiários Municípios

Acre 2 405 1

Alagoas 6 746 7

Amazonas 4 2.915 6

Bahia 9 2.198 10

Ceará 2 472 2

EspíritoSanto 4 252 5

Goiás 2 218 4

Maranhão 7 2.025 11

MatoGrosso 5 626 12

Sul 4 445 4

MinasGerais 1 110 3

Pará 4 1.241 4

Paraíba 8 293 8

Paraná 2 609 2

Pernambuco 2 33 2

Piauí 3 313 5

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48 Aquicultura e Pesca - Parte 2

RiodeJaneiro 2 162 2

Norte 6 1.776 15

RioGrandedoSUl 5 688 10

Rondônia 6 889 7

Roraima 1 127 1

SantaCatarina 10 1.670 12

SãoPaulo 10 1.463 13

Sergipe 2 248 5

Total 107 19.924 151

Fonte:BB/UDSnovembrode2010

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Aquicultura e Pesca - Parte 2 49

Apêndice 2Tecnologia Social - Agentes de Desenvolvimento da Aquicultura e Pesca

Desenvolvida para promover a mobilização social dos aquicultores e pescadores, a tecnologia social dos Agentes de Desenvolvimento da Aquicultura e Pesca – ADAP visa trabalhar junto aos atores da atividade, no apoio à organização social e à cadeia produtiva, com foco na comercialização.

Os Agentes de Desenvolvimento da Aquicultura e Pesca – ADAP exercem o papel de articuladores locais, atuando em um ou mais municípios do território.

Perfil

São considerados para o perfil do ADAP os seguintes critérios: nível médio; vínculo com a comunidade e conhecimento da região de atuação; conhecer a atividade, com experiência adquirida como pescador, produtor, vínculo familiar ou experiência profissional; conhecer e de preferência residir na comunidade atendida; ter capacidade de deslocamento para realizar visitas às propriedades ou comunidades; demonstrar capacidade para articular, mobilizar, organizar, comunicar, adquirir e disseminar conhecimentos e possuir conhecimento básico na área de informática para a elaboração de relatórios, textos e planilhas.

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50 Aquicultura e Pesca - Parte 2

Atribuições

• Atuar junto aos empreendimentos para disseminar informações e apoiar a construção e a aprendizagem por parte dos atores sociais de conhecimentos sobre a aquicultura ou a pesca;

• Orientar e acompanhar os produtores na gestão dos empreendimentos;

• Fomentar, quando possível, o cooperativismo, o associativismo e a economia solidária;

• Monitorar a produção e a venda de pescado;

• Coletar e enviar sugestões e dados sobre os indicadores ao colegiado territorial (quando houver) e aos Articuladores Territoriais, visando à melhoria dos processos empregados na atividade;

• Melhorar a produtividade e a qualidade da cadeia produtiva, por meio da introdução de tecnologias apropriadas;

• Consolidar e ampliar a organização social;

• Contribuir para a formação de lideranças;

• Disseminar conhecimentos sobre políticas de crédito;

• Contribuir para o acesso a tecnologias e mercados.

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Aquicultura e Pesca - Parte 2 51

Bibliografia Consultada

IInstituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis . Relatório Perspectivas do Meio Ambiente para o Brasil – GEO Brasil. Brasília: IBAMA, 2001.

Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA). Produção pesqueira e aquicola. Estatística 2008 e 2009. Brasília: MPA, 2009. Disponível em http://www.mpa.gov.br/#imprensa/2010/AGOSTO/nt_AGO_19-08-Producao-de-pescado-aumenta. Acesso em 06/12/2010._______________________. Balança comercial do pescado 2009. Brasília: MPA, 2009. Disponível em http://www.mpa.gov.br/mpa/seap/Jonathan/mpa3/docs/Balan%C3%A7a%20Comercial%20do%20Pescado%202009.doc. Acesso em 06/12/2010.

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ROCHA, Itamar Piva e ROCHA, Diego Maia - Panorama da Produção Mundial e Brasileira de Pescados, com ênfase para o Segmento da Aquicultura. Documento preparado a partir da palestra apresentada no VII SIMPÓSIO BRASILEIRO DE MELHORAMENTO ANIMAL, promovido pela Sociedade Brasileira de Melhoramento Animal e realizado em São Carlos (SP), de 10 a 12 de Julho de 2008 (www.sbma.com.br).

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Desenvolvimento Regional SustentávelSérie cadernos de propostas para atuação em cadeias produtivas

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