apostila - vitimas encarceradas i
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2010
VITIMAS PRESA NAS FERRAGENS
Atendimento de Acidentes Rodoviários
Envolvendo Vítimas Encarceradas
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“Uma emergência começa para nós, emergencialistas, não na hora do fato, mas a partir do momento que entramos de serviço, com a conferência de nosso
equipamento de trabalho.”
Instrutor
Sumário:
Objetivos
Capítulo 01 - Assumindo o plantão
– viaturas
- Materiais
Capítulo 02 - Segurança
02.1 – Código Nacional de trânsito
02.2 – Segurança no deslocamento
02.3 – Segurança no local
02.4 - Estacionamento da viatura
02.5 - Sinalização com cones
02.6 – Segurança do veículo
02.7 – Segurança no deslocamento para o hospital
02.8 – Contato com a vítima
02.9 – Dez regras para a sobrevivência na estrada
Capítulo 03 - VÍTIMAS RETIDAS
3.1 - Retirada de emergência
3.2 - Retirada rápida
3.3 – C.I.D. – colete de imobilização dorsal
Capítulo 04 - DESENCARCERAMENTO DE VÍTIMAS
4.1 – segurança o 4.1.1 - análise da cena: o 4.1.2 - estabilização do veículo: o 4.1.3 - acesso à vítima:
4.2 - materiais e equipamentos o 4.2.1 – moto bomba hidráulica o 4.2.2 - equipamentos de corte: o 4.2.3 - equipamentos de tração e alargamento o 4.2.4- arrombamento e entrada forçada - técnicas
Pontos de corte Retirada dos vidros Retirada das maçanetas Abertura e retirada das portas Rebatimento e retirada do teto Levantamento e rebatimento Remoção do volante Retração dos bancos Remoção dos pedais Veículos com blindagem
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ATENDIMENTO EMERGENCIAL EM RODOVIAS
OBJETIVOS DO CURSO: 1. Conhecer a rotina e os materiais de uso nas viaturas que prestam serviço de
atendimento emergencial em rodovias;
2. Demonstrar as técnicas de trabalho específico em acidentes rodoviários envolvendo vítimas presas nas ferragens;
3. Enfatizar os cuidados com a segurança no local e da equipe.
LEIS DO SOCORRISTA (Adaptação “Leis de Guerra na Selva” do Centro de Instrução de Guerra na Selva –
CIGS/ Manaus-AM)
1. Tenha iniciativa e confiança nos seus atos. Mantenha seus conhecimentos em constante reciclagem.
2. Esteja preparado para qualquer ocorrência. Não há acidente igual ao outro.
3. Sempre se preocupe com a segurança da equipe e da vítima. 4. Mantenha seu corpo, vestimentas e equipamentos sempre em boas condições. 5. Aprenda suportar o desconforto e a fadiga sem queixar-se e seja moderado em
suas necessidades. 6. Pense e aja como socorrista, não como provável vítima. 7. Atue sempre com inteligência e rapidez. O tempo é seu inimigo. 8. Empenhe-se ao máximo pela vítima. Você escolheu ser socorrista, sua vítima
não escolheu ser acidentado.
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Capítulo 01
ASSUMINDO PLANTÃO 01.1 – VIATURAS
A viatura operacional de emergência deve sempre estar pronta para entrar em serviço assim que for acionada. Ao assumir o plantão o socorrista deve conferir toda a viatura, quer seja sua parte mecânica (nível do óleo do Carter do motor, do freio, óleo hidráulico; água do radiador, tensionamento das correias; se tiver algum parafuso ou porca se soltando,
rachaduras, vazamentos, estado geral da funilaria, pneus, etc.), elétrica (bateria, luzes e faróis, limpadores do pára-brisa, luz interna, etc.). Ao ser detectado algum problema comunicar imediatamente a central do São Francisco para sanar o problema. A conferência deve ser efetuada toda vez que o socorrista assumir o plantão.
01.2 – MATERIAL
Todo material deve ser conferido através da lista de materiais (em anexo no final da apostila) verificando se estão todos conforme a lista ou se está faltando algum item. Além da quantidade devemos visualizar se o material/equipamento está funcional, limpo, abastecido (se for o caso) ou danificado.
Equipamentos com problemas devem ser identificados no check-up e não na hora da ocorrência. O acondicionamento correto do material também é importante. O material mais usado tem que estar em uma posição mais cômoda e rápida na hora de ser acessado. Equipamentos devem ser manuseados, ligados e testados em todo check-up. Ao manusear o desencarcerador, o socorrista deverá obrigatoriamente estar usando o E.P.I.
apropriado.
Conferência do material da viatura: Devem ser
checados todos os itens constando se conferem com a
lista de materiais, limpeza e se estão funcionando
corretamente e prontos para uso.
Uso do E.P.I. adequado no
manuseio do equipamento
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Capítulo 02
SEGURANÇA
2.1 - CÓDIGO DE TRÁNSITO BRASILEIRO Art.29 – parágrafo VII
Os veículos destinados a socorro de incêndio e salvamento, polícia, fiscalização, trânsito e as ambulâncias, além de prioridade de trânsito, gozam de livre circulação, estacionamento e paradas, quando em serviço de urgência e devidamente identificados por dispositivos regulamentares de alarme sonoro e iluminação vermelha intermitente, observada as seguintes disposições: A – Quando os dispositivos estiverem acionados, indicando a proximidade do veículo,
todos os condutores deverão deixar livre a passagem pela faixa da esquerda, indo para a direita
da via e parando, se necessário; B – Os pedestres, ao ouvir o alarme sonoro, deverão aguardar no passeio, só atravessando a via quando o veículo já estiver passado pelo local;
C – O uso dos dispositivos de alarme sonoro e de iluminação vermelha intermitente só poderá ocorrer quando da efetiva prestação de urgência; D – A prioridade de passagem na via e no cruzamento deverá se dar com velocidade reduzida e com os devidos cuidados de segurança, obedecidos as demais normas do Código.
2.2 – SEGURANÇA NO DESLOCAMENTO Todo atendimento de ocorrência de emergência deve ser efetuado com os faróis da viatura acessos (durante o dia, faróis altos), sinais luminosos e sonoros ligados. A condução até
o local deve ser precedida de cautela observando os preceitos da direção defensiva e observando os limites de velocidades pertinentes a cada via. Atentar-se quando for transpor os sinais semafóricos vermelhos, se todos os veículos pararam para a passagem da viatura.
Cuidados especiais com motociclistas e ciclistas que trafegam entre os veículos. Cabe igual atenção a pessoas que trafegam com seus veículos e que podem assustar com a sirene e perder o controle do veículo causando um acidente. Convém em todos os casos, cautela na condução para que a viatura chegue ao local do socorro para prestar o atendimento necessário e também não causar novo acidente durante o percurso.
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2.3 – SEGURANÇA NO LOCAL
2.3.1 - VIA DE TRÁFEGO
VIA DE TRÁFEGO - PROCEDIMENTOS
1 CHEGADA Informar a central de operações
2 POSICIONAR A VIATURA
Posicionar corretamente a viatura de modo a proteger a equipe de trabalho. Manter todas as luzes e dispositivos luminosos
de alerta da viatura ligados. Estacionar de modo a garantir uma rápida saída do local para transporte. Obstruir o mínimo possível o fluxo de trânsito, sem comprometer a segurança da equipe.
3 VERIFICAR
RAPIDAMENTE
Presença de algum perigo iminente, afastando-o ou minimizando-o; Número de vítimas; Natureza da ocorrência, especialmente a cinemática do trauma para correlacionar com
possíveis lesões; Necessidade de apoio (Polícia Rodoviária, Militar, Bombeiros, Policiamento de Trânsito, guinchos, ambulâncias, etc).
4 SINALIZAR
O local informando aos condutores que transitam na via a presença de um acidente. Geralmente usam-se cones refletivos para sinalização.
A distância de sinalização dependerá: *Velocidade máxima permitida da via. *Topografia do local.
*Sentido de tráfego.
5 RELATAR Fazer relato prévio à central de operações.
A T E N Ç Ã O ! BLOQUEIE O TRÁFEGO EM TODOS OS SENTIDOS SE O LOCAL NÃO
OFERECE SEGURANÇA DE TRÂNSITO DE VEÍCULOS NOS DOIS LADOS. LIBERE A PISTA ASSIM QUE O LOCAL ESTIVER OFEREÇENDO
SEGURANÇA
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2.4 – ESTACIONAMENTO DA VIATURA
Estacionar a viatura de socorro entre a vítima e o fluxo de tráfego usando-a como
primeiro anteparo de proteção para a equipe de socorro. Posicionar a viatura em posição ligeiramente diagonal (conforme figura abaixo) ao
sentido do tráfego deixando visíveis com isso maior número de sinais luminosos acionados (maior visibilidade para informar aos veículos que transitam de que há um acidente no local). Deixar a frente da viatura voltada para o lado que, em caso de colisão de um veículo contra sua traseira, desloque-a para o lado que menos possa atingir pessoas ou outros veículos.
Ambulância: Primeira proteção dos socorristas
2.5 – SINALIZAÇÃO COM CONES Algumas dicas para a segurança do local, do socorrista e da equipe na sinalização com os cones: Nunca dê as costas ao trânsito, após a colocação dos cones (que começará sempre
próximo ao acidente e terminará com a sinalização mais distante) retorne andando de costas para o acidente sempre visualizando o tráfego que vem em sua direção.
Use os cones formando uma cunha (sempre abrindo o ângulo em direção do acidente)
observando que a lateral do acidente deve ser isolada pois os socorristas podem usar esta faixa para o atendimento da(s) vítima(s).
A distância do cone mais distante do acidente podemos tomar como base a velocidade máxima da via. Ex: Velocidade máxima permitida de 100 km/h – 100 metros no cone mais distante e assim por diante.
Atentar para a topografia local e as condições climáticas. Se houver problemas localizados nestas situações devemos aumentar a distância de sinalização como margem de segurança.
Ideal seria colocar-mos cones a cada 10(dez) metros de intervalo durante a sinalização. Porém cada viatura só dispõe de 05 a 06 cones. Até a chegada de apoio (outras VR, guinchos e a V.I.) podemos usar meios de fortuna tais como: galhos de árvores ou arbustos colocados no chão.
Na retirada dos cones devemos primeiro retirar as viaturas que estão no local, colocando-as em local seguro e só depois retirarmos os cones, começando pelo cone mais próximo até
o mais distante.
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2.6 – VEÍCULO
VEÍCULO - PROCEDIMENTOS
1 ISOLAR Isolar o local com fita zebrada. Somente a equipe de socorro estará próxima ao veiculo (ZONA QUENTE).
2 VERIFICAR Verificar possíveis vazamentos de combustíveis e contê-los, se possível.
3 BATERIA Eliminar fontes de ignição do veículo desligando a
bateria.
4 PREVENÇÃO
CONTRA
INCÊNDIO
Deixar próximo do atendimento um extintor portátil de incêndio ou outro sistema de extinção.
5 ESTABILIZAR Estabilizar o veiculo, deixando-o imóvel e seguro para o trabalho de retirada da vítima
6 VÍTIMA Após verificar que o local está totalmente seguro, libere a equipe para os procedimentos de estabilização e remoção de vítimas.
2.7 – SEGURANÇA NO DESLOCAMENTO ATÉ A CHEGADA NO HOSPITAL
PROCEDIMENTOS: 1) Antes de deslocar-se, estabilizar a vítima com tirantes na maca, verificando se a mesma
está devidamente fixada. 2) Se necessário pedir a triagem (para qual hospital da rede SUS) da(s) vítima(s) a C.C.O.
transmitindo os seguintes dados para a central de operações:
Sexo e idade da vítima. Resultado da análise primária/ secundária, fornecendo obrigatoriamente pressão arterial, freqüência cardíaca e respiratória e escala de coma de Glasgow.
3) Manter a vítima aquecida e oxigenada.
4) Manter observação contínua da vítima, incluindo sinais vitais e nível de consciência; qualquer alteração no quadro, comunicar a central de operações.
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES: 1. Em caso de várias vítimas, enumerá-las, informando o prefixo da viatura que irá socorrer
cada uma. 2. Estar preparado para ocorrência de VÔMITOS. 3. Deslocamento deve obedecer aos critérios de urgência/ emergência de acordo com o estado da vítima. Se a mesma apresentar um quadro estável, poderá ocorrer o deslocamento da
viatura somente com faróis e sinais luminosos ligados, devendo obedecer todas as normas de trânsito como qualquer veículo transitando pela via. Caso o quadro da vítima necessite de um atendimento hospitalar urgente, a viatura deverá deslocar-se com faróis, sinais luminosos e
sonoros ligados até o hospital, observando:
Curvas; Melhor percurso devido a horários de congestionamentos; Pistas irregulares que podem agravar as lesões existentes, além de dificultar o monitoramento da vítima e; Normas de direção defensiva.
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2.8 - CONTATO COM A VÍTIMA Adotar a seguinte postura no contato com a vítima: Apresentar-se de forma adequada; Identificar-se como socorrista;
Controlar o vocabulário e hábitos; Inspirar confiança; Resguardar a intimidade da vítima; Evitar comentários desnecessários sobre a gravidade das lesões; Coibir qualquer forma de discriminação ou segregação no atendimento de uma vítima; Permitir a presença de um acompanhante da vítima, desde que não prejudique o
atendimento.
2.9 - DEZ REGRAS PARA A SOBREVIVÊNCIA NA ESTRADA
É triste que lesões graves e mortes constituam uma realidade comum para bombeiros,
policiais e socorristas. O aumento geral na velocidade das rodovias e auto-estradas, o incremento do número de motoristas dirigindo sob efeito do uso abusivo de bebidas alcoólicas e drogas e a proliferação de acidentes relacionados com a má conservação da via, contribuem para um número de acidentes rodoviários também cada vez maiores. As dez regras listadas abaixo devem ajudar a aumentar a sua proteção, contra os perigos específicos relacionados com as operações em vias urbanas e rurais e com a
sobrevivência nesta que é uma área de atividade profissional cada vez mais perigosa. Lembre-se: A segurança é responsabilidade de todos, especialmente de nós que trabalhamos numa atividade de alto risco.
1. Estacione a uma distância segura, aproximando-se lentamente da cena de emergência e utilizando seu veículo como um escudo de proteção para a equipe de socorro.
2. Sinalize a cena utilizando cones de sinalização, luzes de advertência e
dispositivos luminosos. 3. Trate de estabilizar todos os veículos envolvidos no acidente antes de iniciar as operações de resgate e salvamento. 4. Avalie a necessidade de isolar e evacuar a área para garantir a segurança dos envolvidos na emergência.
5. Cuidado, os motoristas que passam estão olhando para você, não para onde estão se dirigindo. 6. Indique um responsável pela segurança no local e feche a via sempre que isso se mostrar necessário para sua proteção.
7. Observe o tipo de veículo envolvido no acidente, a existência de símbolos indicativos de produtos perigosos, as condições da carga e riscos de incêndio, explosão, vazamento, derrame, fuga, etc.
8. Nunca atenda uma emergência sem proteção. Use sempre equipamentos de proteção individual e coletiva.
9. Acione caso necessário, socorro adicional sem demora, pois pessoal sobrecarregado constitui-se em uma grave deficiência de segurança.
10. Reavalie toda a cena e nunca descuide da segurança durante a prestação do socorro.
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Capítulo 03
VÍTIMAS RETIDAS
RETIRADA DE EMERGÊNCIA RETIRADA RÁPIDA
USO DO K.E.D./C.I.D.
Vítimas de acidentes automobilísticos dentro de veículos são, na maioria das vezes, difíceis de serem acessadas, estabilizadas e retiradas. Devemos movimentá-la o menos possível e para isso demonstraremos abaixo algumas técnicas usadas para o atendimento da(s) vítima(s).
3.1 - RETIRADA DE EMERGÊNCIA
É quando a situação, o local ou o veiculo em que se encontra a vitima oferece risco real
e iminente ao socorrista e/ou ao acidentado. Não há tempo suficiente para tentar controlar a situação ou estabilizar a vítima.
Com a necessidade da extração imediata da vítima do interior do veiculo, o socorrista não dispõe de tempo para efetuar a análise primária nem tampouco usar o colar cervical. TÉCNICA DA CHAVE DE ‘RAUTECK “ Empregar este procedimento somente quando:
For imprescindível para acessar a vítima mais grave. Local de risco iminente para a vítima e/ou socorrista. Houver risco à vida da vítima que exija o transporte imediato e houver apenas um
socorrista.
PROCEDIMENTOS:
(VÍTIMA SENTADA DO LADO ESQUERDO, DENTRO DO VEÍCULO).
Abordar a vítima lateralmente e inicia a estabilização da coluna cervical apoiando com a mão direita a região occipital;
Estabiliza a coluna cervical da vítima, passando sua mão esquerda sob a axila esquerda, segurando a mandíbula, deixando a coluna em posição neutra;
Apóia a região occipital contra seu corpo e com a sua mão direita passa atrás do tronco da vítima e agarra o punho esquerdo dela;
Gira a vítima, retirando-a de forma a manter a estabilização da coluna e conduzindo-a até
um local seguro; Abaixa a vítima ao solo, apoiando inicialmente a pelve; Apóia a região occipital com a mão direita e as costas com seu braço, afastando seu corpo
lateralmente; Deita a vítima ao solo mantendo o alinhamento cervical.
ATENÇÃO: PARA VÍTIMAS SENTADAS DO LADO DIREITO, PROCEDE-SE DA MESMA FORMA
ATENTANDO-SE A INVERSÃO DAS MÃOS.
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3.2 - RETIRADA RÁPIDA Usar esta técnica quando: A vítima está em parada cardio-respiratória. Apresenta sinais de choque.
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Para tal, é necessário que o socorrista avalie a vítima (ABC) para se constatar a gravidade
da situação. O que ocorre aqui é que o local pode estar seguro, porém a vítima necessita de cuidados e/ou transporte imediatos e não há tempo hábil para uma retirada com o colete imobilizador (C.I.D.).
PROCEDIMENTOS: (VÍTIMA SENTADA DO LADO ESQUERDO, DENTRO DO VEÍCULO). Abordar a vítima lateralmente e inicia a estabilização da coluna cervical apoiando com a
mão direita a região occipital; Outro socorrista posiciona atrás da vítima e apóia a cabeça da vítima estabilizando a coluna
cervical; Efetua a análise primária na vítima constatando a necessidade da retirada rápida e
comunica a equipe para início do procedimento; Aplica-se o colar cervical e reassume a manobra de Rauteck; Apóia a região occipital contra seu corpo e a mão direita passa atrás do tronco da vítima e
agarra o punho esquerdo dela;
O socorrista que apoiava a cabeça da vítima sai do carro e abraça as pernas na altura do joelho da vítima para apoiar na retirada da vítima;
Gira a vítima e após contagem de três retire-a de forma a manter a estabilização da coluna e conduzindo-a até a prancha longa;
Abaixa a vítima na prancha longa, apoiando inicialmente a pelve; Apóia a região occipital com a mão direita e as costas com seu braço, afastando seu corpo
lateralmente;
Deita a vítima na prancha mantendo o alinhamento cervical.
ATENÇAO:
PARA VÍTIMAS SENTADAS DO LADO DIREITO, PROCEDE-SE DA MESMA FORMA ATENTANDO-SE À INVERSÃO DAS MÃOS.
3.3 - C.I.D. – COLETE DE IMOBILIZAÇÃO DORSAL O colete de imobilização dorsal articulado (C.I.D.), conhecido como K.E.D. (Kendrick Extrication Device), é usado para estabilização de vítimas politraumatizadas onde não há espaço
suficiente para a passagem direta da vítima para a prancha longa. Geralmente usa-se o C.I.D. em vítimas em interiores de veículos, podendo estabilizá-las sentadas no assento do veículo. Para que possa efetuar a imobilização com o C.I.D., a vítima deverá estar com ABC estável.
A estabilização correta da vítima no equipamento requer trabalho criterioso em equipe e demanda um tempo maior de trabalho. Como a finalidade é a estabilização correta da coluna
vertebral da vítima, devemos nos atentar para a correta colocação do equipamento.
Colete de Imobilização Dorsal (C.I.D.)
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COLOCAÇÃO DO COLETE IMOBILIZADOR DORSAL: Identificar-se à vítima Efetuar a análise primária e constatar a necessidade do uso do K.E.D./ C.I.D. Tranqüilizar a vítima. Explicar a vítima da necessidade da imobilização. Aplicar o colar cervical. Monitorar sempre seus sinais vitais
Preparar o colete imobilizador. Preparar os tirantes da virilha, soltar os tirantes da cabeça e queixo. Posiciona o corpo da vítima para permitir a colocação do colete.
Afasta a vítima do banco criando abertura para a colocação do equipamento entre as costas da vítima e o assento do veículo. Passar a mão nas costas da vítima procurando por ferimentos, vidros, metais, armas: Deixar as costas da vítima livre para a colocação do equipamento.
Atentar para materiais cortantes que podem rasgar suas luvas e feri-lo.
Atento a armas que a vítima pode estar portando. Colocar o imobilizador entre a vítima e o encosto, com as abas laterais sob as axilas e
corrigir a distância da cabeça/encosto com a almofada. As abas laterais inferiores devem ajustar-se logo abaixo das axilas da vítima. Atentar para a postura da vítima, pois a coluna vertebral não poderá alinhar-se com o
equipamento. Para tal usamos uma almofada ou lençol para apoiar a coluna e encaixá-la ao equipamento.
Ajustar os tirantes na seqüência: Abdome; Pélvico; Torácico; Membros inferiores;
Testa e; Queixo.
Retirada da vítima:
Retirar a vítima preferencialmente com as costas voltada para a prancha longa.
Caso o movimento para a manobra seja dificultado pelos obstáculos do veiculo, girar a vítima posicionando as pernas voltadas para a prancha longa.
Retirada com KED / CID - vítima estável, melhor imobilização da coluna da vítima
ATENÇÃO:
Antes da retirada da vítima verifique se todos os tirantes do colete imobilizador estão ajustados.
O colete imobilizador não é feito para carregar a vítima sentada e sim para apoiar e imobilizar a sua coluna, por isso, após imobilizá-la fazer o giro e deitá-la sobre a prancha
longa.
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Capítulo 04
DESENCARCERAMENTO DE VÍTIMAS
VÍTIMAS PRESAS NAS FERRAGENS
O princípio básico no atendimento em vítimas politraumatizadas presas nas ferragens de veículos é afastar as ferragens da vítima e não o contrário. Local seguro, veículo acidentado estabilizado, estabilização da vítima e desencarceramento é a seqüência de atendimento aplicada na ocorrência. Técnicas de desencarceramento devem ser aplicadas com eficácia.
Neste capítulo abrangeremos um a um os itens citados, explicando passo a passo os
procedimentos corretos.
4.1 – SEGURANÇA
Estacionar a viatura de modo que se proteja as equipes e a cena do acidente. Promover a sinalização do local mantendo assim a segurança das equipes, vítimas e
usuários. Isolar a área.
4.1.1 - ANÁLISE DA CENA: Analise a cena, informe a central de operações. Avalie os riscos oferecidos, fios energizados, transporte de produtos perigosos, veiculo
instável, tanto na posição em que se encontra, quanto ao terreno, se movido a gás. Solicite apoio de viaturas e órgãos necessários como bombeiros, cetesb, C.P.F.L., etc...
4.1.2 - ESTABILIZAÇÃO DO VEÍCULO: Antes de acessar a vitima estabilize o veículo
de modo a minimizar a transferência de
impactos e movimentos desnecessários a vítima.
Avalie o terreno se plano e estável, ou se o veículo encontra-se em posição instável.
Estabilize o veículo utilizando cordas e amarrando em pontos fixos como árvores, postes, ou na própria viatura.
Utilize calços de madeira, cunhas, macacos hidráulicos ou mecânicos, almofadas pneumáticas nos pontos de apoio do chassi tornando assim o veiculo estável e seguro.
Calçar o veículo antes de acessar a(s) vítima(s)
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4.1.3 - ACESSO À VÍTIMA: Geralmente o acesso à vítima pode ser efetuado de maneira bem simples, apenas abrindo as portas pelas suas maçanetas evitando assim, provocar maiores danos nos bens da vítima; ou acessando pelas janelas do veículo que porventura tenham sido destruídas no
acidente. Não sendo possível o acesso pelos meios mais simples, teremos então de lançar mão de atitudes mais agressivas como a retirada dos vidros, arrombamento, corte, alargamento.
4.2 - MATERIAIS E EQUIPAMENTOS
4.2.1 – MOTO BOMBA HIDRÁULICA Bomba hidráulica acionada por um motor a combustão monocilíndrica de 04 tempos e
04 HPs e autonomia de trabalho de aproximadamente 70 min, pressão de trabalho de 9.135 PSI e peso entre 29 e 33 kg dependendo do fabricante.
Moto gerador hidráulico Lukas Mod. GS-6R com mangueiras.
Conjunto desencarcerador LUKAS do VS 31
4.2.2 - EQUIPAMENTOS DE CORTE:
TESOURA HIDRÁULICA Tesoura hidráulica possui lâminas em forma de meia lua que deslizam paralelamente,
permitindo o corte, em dois tamanhos. Também
conhecida como “formigão”, tem função somente para corte e sua força é destinada ao fechamento da ferramenta.
Tesoura hidráulica Lukas LS 200 EN
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Corte de coluna usando tesoura hidráulica
Abaixo comparação entre tesouras hidráulicas LUKAS:
LUKAS
Modelo LS 200
Modelo LS 300
FORÇA DE CORTE 22.000
kgf
22.000
kgf
CURSO DE
ABERTURA
100 mm
150 mm
PESO 12,5 Kg 14 Kg
PRESSÃO DE
TRABALHO
9.100
PSI
9.100
PSI
CORTA VERGALHÃO HIDRÁULICO
Conjunto de bomba hidráulica e ferramenta
de corte com acionamento manual através de alavanca. Freqüentemente usado para cortar os
pedais de embreagem, freio e acelerador do veículo onde as ferramentas do desencarcerador não alcançam.
Corta pedal Lukas LSH-3
TIPO Lukas LSH-3
PRESSÃO DE TRABALHO
9.100 PSI
CAPACIDADE DO RESERVATÓRIO
1,3 LITROS
PESO 8,7 KG
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SERRAS MANUAIS
Serras usadas manualmente para corte de metais
ou madeiras onde os equipamentos hidráulicos não são indicados (exemplo: ferragem muito próxima aos pés da vítima e os equipamentos hidráulicos não alcançam o local).
Arco-de-serra
TALHADEIRAS / PUNÇÃO
Ponteiras metálicas com objetivo de furar a lataria do veículo ou efetuar pequenos cortes.
Talhadeira CORTA-FRIO
Alicate manual para cortar correntes, cabos de bateria, cadeados, etc.
Alicate Corta-frio
4.2.3 - EQUIPAMENTOS DE TRAÇÃO E ALARGAMENTO
ALARGADOR OU EXPANSOR HIDRÁULICO
Ferramenta com ponteiras resistentes para execução de trabalhos de expansão e retração com carga. Não tem função de corte, funciona como macaco hidráulico, expansor e alavanca. Força de abertura e fechamento iguais. Podendo ser acompanhada de correntes em trabalhos de tracionamento.
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Alargador hidráulico Lukas LSP 40 - EN
Alargador em uso em abertura total
Tabela comparativa entre alargadores hidráulicos modelos LUKAS LSP 40, 44 e 80:
LUKAS LSP 40 LSP 44 LSP 80
FORÇA DE AFASTAMENTO 4.000 kgf 4.400 kgf 8.000 kgf
FORÇA DE TRAÇÃO C/ CORRENTE 3.500 kgf 4.000 kgf 4.500 kgf
CURSO DE AFASTAMENTO 630 mm 620 mm 820 mm
CURSO DE TRAÇÃO 510 mm 510 mm 680 mm
PESO 17,8 Kg 23
Kg 28,0 kg
EXTENSOR HIDRÁULICO
Ferramentas que funcionam como um macaco hidráulico, mas com acionamento por um motor, utilizado para alargamento e expansão, produzidos em três tamanhos suas
características são:
Extensor hidráulico aberto
Lukas LZR
300 LZR 550
LZR
750 FORÇA
DE TRABALHO
12.000 kgf
12.000 kgf
12.000 kgf
CURSO DO
ÊMBOLO
300 mm + 250
550 mm 750mm
COMP. MÁXIMO
750 mm 1.300 mm 1.700mm
COMP.
MÍNIMO 450 mm 750mm 950mm
PESO 13,5 Kg 19,5 Kg 24,0 Kg
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CORTADOR E ALARGADOR HIDRÁULICO
Ferramenta combinada para corte,
alargamento e tracionamento com o uso de correntes, tem como características:
LUKAS LKS 35 EN
Ferramenta combinada Lukas LKS 35 EN
Lukas LKS 35 EN com jogo de correntes
CORRENTES
Acessórios para as ferramentas hidráulicas
de alargamento, os conjuntos de correntes que possibilitam o tracionamento são eles: conjunto de correntes KSS-10, adaptável as ferramentas LSP44 e 88, e KSV –10 adaptável às ferramentas LSP 40 e 44 suas características têm capacidades de carga
ideal de 3.200 Kgf e carga de ruptura de 12.500 Kgf e o conjunto KSS 8/35 adaptável à ferramenta LKS 35 que tem como característica capacidade de carga ideal de 2.500 Kgf e carga de ruptura de 10.000 Kgf.
Correntes Lukas KSS 20
FORÇA DE CORTE (IDEAL) 22.000
kgf
FORÇA DE
AFASTAMENTO/TRAÇÃO 3.600 kgf
CURSO DE
AFASTAMENTO/TRAÇÃO 320 mm
PESO 14,5 Kg
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ALMOFADAS PNEUMÁTICAS Utilizadas para forçar portas, levantar colunas de direção combinando-as com conjunto de correntes, estancar vazamento de tanques etc...
Almofada pneumática usada para levantar um vagão de trem
Composição do conjunto: regulador de pressão, divisor de pressão com válvula de
alívio, mangueiras e almofadas, a fonte de alimentação deste equipamento e o ar comprimido, suas características técnicas são:
Conjunto para almofadas pneumáticas Hurst
MODELOS KPI
12
KPI
17
KPI
22
KPI
32
KPI
74 Capacidade de
elevação (Toneladas)
12 17 21,8 31,8 63.7
Comprimento (mm)
381 533 508 609 910
Largura (mm) 381 381 508 609 910
Espessura (mm) 17,8
Altura de elevação
(mm) 208 233 282 333 510
Pressão de trabalho (lbs)
118
Pressão de teste (lbs)
236
Pressão de ruptura
(lbs) 700
Consumo de ar (litros a 118 lbs)
84 138 208 309 435
Peso (kg)
2,7 4,1 5,5 8,2 18,6
Tempo de elevação (seg)
3 4 7 11 16
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CALÇOS PARA ESTABILIZAÇÃO
Confeccionados em madeira e utilizados para estabilização de veículos acidentados, aumentando a segurança e facilitando o trabalho na extração e retirada de vítimas do veículo, sendo usado também como base de extensores ou após o uso dos extensores e alargadores.
Calços de madeira para estabilização do veículo
Estabilização de veículo tombado
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Estabilização de veiculo tombado lateralmente
Estabilização de veiculo tombado
OUTROS MATERIAIS Alavancas
Machados
Chaves de fenda Alicates Macaco hidráulico manual e mecânico
Macaco manual e hidráulico
Alavancas Cyborg Alicate
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4.2.4- ARROMBAMENTO E ENTRADA FORÇADA - TÉCNICAS
PONTOS DE CORTE
É importante sabermos que não podemos simplesmente executar os cortes onde bem
quisermos, já que existem equipamentos como: os tencionadores de cinto e air-bags, os condutores de combustíveis e energia que percorrem ou estão instalados nas colunas e
batentes do veículo. As colunas dianteiras (A), centrais (B) e traseiras (C) deverão ser cortadas na sua porção superior mais próxima do teto do veiculo evitando assim os reforços de impacto utilizados nas colunas travessas do teto e piso e reforço do painel, confeccionado em aço HSLA que suportam de 40 a 70.000 PSI de pressão ou aço Micro Alloy/ Baron utilizado nas barras de proteção lateral (interior das portas) e reforço do painel que suportam até 75.000 PSI de pressão.
Os air-bags são acionados por sensores e ao dispararem são inflados por gás (argon,
Helio ou nitrogênio) a uma pressão entre 1.400 e 3.000 PSI. O tencionador de cinto de segurança é outro item que pode provocar acidentes, já que seu acionamento pode se dar por dispositivos de explosão combinados com os air–bags ou por mola espiral muito potente.
VIDROS
RETIRADA DOS VIDROS
Contamos com três tipos de vidros atualmente linha automotiva tradicional.
Temperados: Tem como característica rigidez e quando quebrado se fragmenta em milhares de pedaços, poderão ser retirados utilizando a seguinte técnica:
Quebra de um dos cantos com um punção ou artefato rígido e conseqüente estilhaçamento do mesmo criar um acesso ao interior do veículo e retirar os estilhaços para fora batendo levemente com a mão do interior para o exterior.
Laminados: Como características além da rigidez têm uma película plástica prensada entre duas lâminas de vidro através de alta temperatura e pressão, estes oferecem uma resistência superior, também se fragmentam em vários pedaços, mas dado à película
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plástica no seu interior não tem seus fragmentos espalhadas, deverão ser retirados da
seguinte forma: Corte a borracha de fixação do vidro em toda sua extensão, golpeie com firmeza o vidro para deslocá-lo e retire-o como um bloco, poderá haver um friso metálico que protege a borracha, retire com uma chave de fenda antes de cortar a borracha ou
quebre todo o perímetro do vidro com um material rígido e corte com uma lâmina a película plástica retire-o inteiramente.
Policarbonato: Sua característica principal e que não pode ser quebrado e tem alto poder
de torção, confeccionado em material sintético ele pode ser cortado com uma serra manual ou com a ferramenta de corte hidráulico; suas propriedades visam a segurança dos usuários, contudo dificultam o acesso do socorro.
Ou ainda podem ser arrancados com uma alavanca, pelas suas bordas presas às borrachas de fixação.
MAÇANETAS
RETIRADA DAS MAÇANETAS Com uma marreta ou martelo e pelo orifício acessar ao mecanismo de trava das portas e com uma chave de fenda, alicate ou com as próprias mãos, se for possível, acione os mecanismos de trava das portas.
ABERTURA E RETIRADA DAS PORTAS Possibilita o acesso dos socorristas com materiais para retirada da vitima do interior do
veículo, assim como a prancha longa, K.E.D., materiais para imobilização e a manipulação adequada. Inicie pela porta mais próxima da vitima.
Evite bater com as ferramentas para criar espaços. Com o alargador aberto pince o pára-lama dianteiro do veículo (1), esse procedimento deverá criar uma abertura na área das dobradiças da porta, criando espaço. Introduza o alargador fechado na abertura e aumente o espaço ou pince a lateral da porta, forçando a abertura de espaços.
Aproxime ao máximo a ferramenta da parte superior da dobradiça e acione a
ferramenta para abrir, essa é a área de menor resistência da porta. Se a dobradiça não romper, você já criou espaço suficiente para introduzir o cortador hidráulico, corte as dobradiças (1-abaixo), com a ferramenta levemente inclinada para a parte externa do veículo.
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Outro método consiste em utilizar uma alavanca e criar espaços para introdução do alargador entre a porta e o batente; repita o procedimento anterior.
Evite procedimentos próximos à fechadura (2), pois é a área de maior resistência e onde
se encontram equipamentos de segurança do veiculo tipo tracionadores de cinto de segurança e air-bags laterais na coluna B (central).
Extração da porta - acesso à vítima
TETO
REBATIMENTO E RETIRADA DO TETO Possibilitam o acesso dos socorristas com os materiais necessários para retirada da
vítima do interior do veiculo, assim como a prancha longa, K.E.D. (C.I.D.), materiais para
imobilização e a manipulação adequada bem como a procura de outras vítimas que por ventura estejam ocultas.
REBATIMENTO Após os vidros já terem sido retirados, com a ferramenta de corte inicie os cortes pelas colunas “A” (dianteiras), próximos do painel, corte as colunas “B” próximo do capô, a seguir faça cortes no capô próximo às colunas “C” (traseira), na direção dos cortes faça um vinco com
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uma batida firme com a prancha longa ou alavanca, para quebra a resistência do capô, levante
o capô, sem, contudo soltá-lo rapidamente, evitando o retorno repentino.
Rebatimento do teto do veículo para acesso à vítima
RETIRADA
O procedimento é o mesmo do rebatimento, contudo deverá ser efetuado o corte das colunas “C” (traseira) próximas do capô, evitando-se assim o corte dos amortecedores da tampa do porta-malas, que são pressurizados e oferecem riscos aos socorristas. O corte da
coluna “C” (traseira) oferece uma maior dificuldade no corte dada a sua largura que maior do que as outras colunas, sendo necessário aplicar dois cortes para o corte total da coluna. Cuidado para que o teto não venha a cair em cima da vítima ao ser completado o corte na última coluna.
Devemos proteger as pontas das colunas com panos (ou garrafas pets cortadas) tomando cuidado com estas pontas para não ferirem os socorristas.
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PAINEL
LEVANTAMENTO E REBATIMENTO Possibilitam a liberação da vitima que tem seu tórax ou abdômen comprimido entre o volante (direção) do veiculo e o banco ou ainda a liberação dos membros inferiores que poderão estar presos ou comprimidos pelo painel, barra de direção e ter acesso aos pedais do veiculo.
Levantamento do painel usando extensor hidráulico
LEVANTAMENTO
Efetua se um corte na base da coluna “A” (dianteira), para quebrar a resistência (2) e utilizando o extensor (1) apoiado na base da coluna “B” (central) e na parte inferior do painel aciona–se a ferramenta estendendo-a, esse movimento fará com que o painel levante, para
evitar que o painel retroceda utilizar os calços de madeira e assim pode se utilizar o extensor em outra manobra.
Após corte da coluna o extensor efetua o levantamento do painel Pistões na posição aberta criando espaço para
acesso à vítima
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Alargador “pinçado” na calha do veículo como apoio do extensor quando não houver lugar para apoiá-lo.
REBATIMENTO Efetue cortes em “V” na coluna “A” (dianteira), para quebrar a resistência.
Utilizando o alargador na posição aberta, com os adaptadores e correntes presos e
ajustados na coluna de direção e chassis do veículo usando como anteparo calços de madeira, no capô, painel e frente do veiculo.
O uso dos calços evita que a corrente prenda a lataria do veículo. Acione a ferramenta para fechar, o movimento rebaterá todo o painel, antes de ajustar novamente as correntes, escore o painel com os calços ou com o extensor para que ele não retroceda, ajuste as correntes e efetue a operação novamente ate atingir a distância necessária.
A mesma operação pode ser efetuada utilizando-se as almofadas pneumáticas, correntes presas e ajustadas na coluna de direção e chassi do veículo, sobre as almofadas que devem estar protegidas por calços de madeira na sua porção superior e inferior; ao inflá-las irão rebater o painel do veiculo.
Lukas LSP 40 EN com correntes acopladas
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L
ukas LKS 35-EN com jogo de correntes acopladas
Uso de correntes para o rebatimento do painel. Acima temos o expansor hidráulico com correntes acopladas e o
adaptador para correntes. È necessário o uso de calços de madeira para apoio das correntes na lataria do carro.
Corrente presa na coluna do volante
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VOLANTE
REMOÇÃO DO VOLANTE Quando a elevação do painel ou o rebatimento não forem suficientes sendo necessário
um maior espaço para liberação da vitima, deve ser feito o corte e a remoção do volante. Com um corta frio ou corta vergalhão hidráulico é possível a remoção da porção do volante que prende a vitima.
Corte parcial do volante - aumento do espaço de trabalho
BANCOS
RETRAÇÃO DOS BANCOS Proporciona espaço suficiente para o acesso das ferramentas e liberação dos membros inferiores que podem estar presos ou comprimidos pelo painel e barra de direção do veiculo e ainda para a possível liberação dos pés que podem estar presos ou retidos pelos pedais. Se os trilhos de avanço e recuo dos bancos não estiverem danificados, apenas liberando a alavanca da trava de ajuste do banco e empurrando com as mãos aumenta-se o espaço.
Caso os trilhos estejam danificados, utilize o extensor apoiado na coluna “A” (dianteira) e na estrutura próximo aos trilhos do banco e acionando a ferramenta iremos afastá-lo para trás. Outro recurso que pode ser utilizado é o de reclinar o encosto do banco manualmente, contudo esse movimento só deverá ser utilizado se descartado a possibilidade de trauma em coluna e quadril.
PEDAIS
REMOÇÃO DOS PEDAIS
Na área dos pedais os espaços são reduzidos e é muito comum encontrarmos vitimas com os pés presos entre os pedais, e o pequeno espaço existente não permite o uso de ferramentas como o alargador, macacos hidráulicos ou mecânicos e ou extensores. Sendo assim a técnica mais simples é a de levantar o pedal usando a porta como alavanca.
Fixe uma corda na extremidade do pedal, passe sobre a barra de direção e fixe a outra ponta da corda na porta do veiculo que deverá estar parcialmente fechada.
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Num movimento brusco abra a porta, fazendo com que o pedal se eleve livrando o membro
preso. Ou segundo sua avaliação e sendo disponível a ferramenta corte o pedal com um corta vergalhão hidráulico.
Corta pedal LUKAS
BLINDAGEM VEÍCULOS COM BLINDAGEM
Acidente com veículo blindado
Com o aumento da violência urbana está mais comum o uso de veículos com blindagens
visando aumentar a segurança contra assaltos e seqüestros. São veículos dotados de blindagens de vários tipos e formas. Cabe-nos no socorro atentar para o possível contato com estes
materiais e de como acessaremos as vítimas no interior do veículo.
O condutor do veiculo blindado que cumprir diversas exigências legais para a aquisição deste tipo de veículo inclusive fazer um curso orientando sobre direção no dia-dia e em situações de risco. O socorrista deve procurar sinais de blindagem e ter cuidados especiais na hora de desencarcerar a vítima para que não danifique a ferramenta nem se machuque.
Não é novidade que o medo da violência tornou o Brasil um eldorado para a indústria da blindagem. Em 1995, receberam a proteção extra 388 carros; no ano passado, foram 3.123. Mas, do mesmo modo que as espessas janelas já salvaram diversas vidas, elas também
escondem um perigo. O bandido, nesse caso, é a própria carroceria reforçada. Em um acidente frontal, a
deformidade da cabine de um blindado é bem menor do que em um modelo convencional.
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Com isso, a energia do impacto não se propaga pela carroceria, e a força da pancada é
transferida diretamente para o corpo dos ocupantes. Os passageiros são projetados para frente com mais força, e os ferimentos, quase sempre, são graves.
Os ocupantes de um veículo que tenha proteção reforçada correm mais risco em um acidente frontal. Por outro lado, no caso de um impacto lateral ou em um capotamento a cabine
protege com mais eficiência. Aventurar-se a não usar o cinto de segurança --ainda que seja em percursos pequenos-
- potencializa o risco de um blindado. De acordo com os especialistas, bater a cabeça nas grossas janelas acarretará ferimentos mais graves. Compara o ato de dirigir sem cinto com uma roleta-russa. O pára-brisa é tão duro quanto uma coluna.
A carroceria mais forte diminui o impacto em caso de capotamento e de atropelamento.
Além de afivelar o cinto, o motorista pouco pode fazer em caso de acidentes. Por isso, ao pegar a estrada com um blindado, é preciso destravar as portas. O que parece um contra-senso - na cidade, elas devem estar religiosamente trancadas-é apoiado por fabricantes e equipes de resgate. O salvamento em um carro blindado é muito mais complicado que num convencional.
Devido ao reforço estrutural, não é possível quebrar o vidro com facilidade nem usar uma
simples serra para abrir a porta. TIPOS DE BLINDAGEM: Existem vários níveis de blindagem e vários materiais tais como o aço overlap (superposições), mantas de aramida (Kevlar ou Twarosa), cerâmicas balísticas (dyneema), fibra carbono reforçada com aço. Comumente encontramos abaixo da lataria uma manta de absorção de impacto de projéteis. Esta manta é cortada ou serrada pelas nossas ferramentas de desencarceramento. Outros veículos são blindados com aço balístico,
como a Mercebens-Benz (E430 Gard) e a Audi (A6 Security) que blindam seus veículos na própria fábrica. A lataria externa é comum a todos os veículos podendo ser deformada e cortada. Cuidado com os vidros blindados e pesados (como exemplo os vidros blindados de um Omega pesam 164 Kg (21 mm) podendo cair em cima da vítima ou socorrista se for deslocado de seu habitáculo). PONTOS DE CORTE: São os mesmos do veículo não blindado. Os cortes nas colunas
serão na parte mais alta. Atentar para os itens de segurança (air-bags, tensionador de cinto),
pois nos veículos blindados também existem itens de segurança passiva como nos carros comuns. As dobradiças das portas não são blindadas e são também os pontos iniciais de abertura da porta do veículo. Os vidros blindados também são cortados como os comuns, quebrando-os com machado, martelo, ou outra ferramenta pelos cantos, que geralmente é menos espesso para o encaixe nas canaletas da lataria.
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