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PSICOLOGIA DA SAÚDE – DELIMITAÇÃO TEÓRICA E METODOLÓGICA

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PSICOLOGIA DA SAÚDE – DELIMITAÇÃO TEÓRICA E METODOLÓGICA

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Considerações iniciais

Esta parte da apostila foi composta para procurar compensar o fato de que as definições sobre o que cai ou não no concurso não estão claros, como se pode ver no item acima.

Desta forma a seguinte estratégia foi adotada. Em primeiro lugar a apresentação de questões a respeito do assunto em pauta elaboradas pela fundação que organizará o concurso. Elas se mostram muito mais interpretativas do que efetivamente valorativas de aspectos do conhecimento a respeito da psicologia da saúde.

A segunda parte da estratégia consiste em apresentar os conteúdos mais comuns que caem nos concursos da área como, por exemplo, o trabalho do psicólogo em equipes multiprofissionais, as questões sobre saúde mental, os conceitos a respeito da saúde, as formas de intervenção do psicólogo e os locais em que tais formas se dão na área.

Além das questões da FUNIVERSA ao final encontram-se também mais questões que visam complementar os estudos.

INÍCIO

Vamos iniciar vendo questões sobre a área já elaboradas pela Fundação Universa sobre o assunto aqui tratado:

1- (FUNIVERSO) O uso abusivo de drogas lícitas e ilícitas constitui um dos problemas que pode trazer da nos à saúde mental. O diagnóstico precoce pode ajudar no tratamento e prognóstico. No entanto, esse diagnóstico é difícil, uma vez que é difuso o conceito do alcoolismo e sua existência coabita com outros transtornos psíquicos, tendo, assim, uma etiologia diversificada. Diante desse contexto, o psicólogo deve, inicialmente, (A) buscar dados junto a uma equipe multiprofissional. (B) realizar um psicodiagnóstico com base, exclusivamente, em testes de personalidade. (C) fazer entrevista com os familiares. (D) apoiar-se nos dados do DMS-III para fazer o diagnóstico, pois é o método mais confiável. (E) diagnosticar a etapa da doença para avaliar a gravidade do transtorno e seu prognóstico.

O primeiro assunto que aparece nos engana inicialmente, pois dá a impressão de que será tratado o assunto do uso abusivo de drogas e seus impactos sobre a saúde mental. O cabeçalho da questão, que inicia sobre o uso abusivo de drogas lícitas e ilícitas e se transforma, sem qualquer aviso, numa questão que parece que irá tratar a respeito do alcoolismo. Não trata de nenhuma dessas coisas. Nenhuma das alternativas dá conta de qualquer parte da prática do psicólogo com dependentes ou usuários de drogas ou de álcool. Ao contrário, como nos parece de praxe para a fundação, as alternativas são superficiais e não tem muita relação com o comando.

Numa análise das alternativas, se iniciando pela “E”, parece que é aquela que poderia ser correta, porém, no mesmo comando da questão se afirma que essa questão do uso de drogas possui uma “etiologia diversificada” logo diagnosticar a etapa da doença, algo em si já muito difícil e que se constrói com o tempo, parece inadequado para uma primeira ação, que é o assunto da questão.

As alternativas “b” e “d” podem ser rapidamente excluídas por conter palavras que possuem significado absoluto e simplificador, como “exclusivamente” e “método mais confiável”. A psicologia raramente convive com tais expressões. A alternativa “c” trata do manejo com a família, que pode ocorrer, porém de forma muito circunstancial, inadequado para o contexto de prova. A alternativa correta, a letra “a”, é um assunto muito comum nas provas de psicologia ligadas à saúde, a equipe multiprofissional, que será tratado após análise da próxima questão.

2- (FUNIVERSO) As equipes multiprofissionais apresentam diversas dificuldades em atingir seus objetivos, quando as questões institucionais se sobrepõem às dimensões técnicas. Por isso, uma intervenção psicossocial nessa equipe deve ser guiada prioritariamente por princípios que valorizam(A) a competição e os conflitos entre as equipes de trabalho. (B) a inovação organizacional. (C) o fortalecimento do coletivo e da cooperação. (D) os índices de satisfação no trabalho. (E) as estratégias de gestão de pessoas.

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A intervenção psicossocial numa equipe multiprofissional é de difícil análise tendo em vista a ausência de parâmetros que o alcance da ação do profissional de psicologia teria dentro de tal equipe. Se o psicólogo é parte da equipe ele deve lidar também com as questões internas de conflito? Ou deve deixar essa tarefa para o profissional da área de Recursos Humanos? Em que medida o psicólogo pode se autorizar a realizar uma intervenção numa equipe em que ele próprio é membro?

Imaginando que, quando membro de uma equipe que trabalha com saúde o psicólogo não assuma funções que são próprias da área de psicologia do trabalho as alternativas “a”, “b”, “d” e “e” já podem ser imediatamente eliminadas por serem afeitas à área que não é de interesse do processo seletivo em questão. Desta forma sobra apenas à alternativa “c” como a correta.

Diante de tantas questões sobre o assunto vamos aproveitar para estudar um pouco a atuação do psicólogo com equipes multiprofissionais. A princípio vamos diferenciar o interdisciplinar, o multidisciplinar e o transdisciplinar, segundo o ponto de vista do filósofo Ivan Domingos, da UFMG. Para ele, grosso modo, a grande diferença entre os três é que o interdisciplinar e o multidisciplinar estão ainda presos às disciplinas. Ao passo que o transdisciplinar quer ir além. Na multi, várias disciplinas cooperam com um projeto, mas cada qual trabalhando um aspecto do objeto com o seu método. Na inter, há situações em que uma disciplina nova adota métodos de uma outra mais antiga. Na trans, a tentativa é a de instaurar uma metodologia unificada. A interdisciplinaridade é amiga da transdisciplinaridade. Não há nenhuma oposição. A base cultural da transdisciplinaridade é a interdisciplinaridade.Veja essa outra definição:

A interação é interdisciplinar quando alguns especialistas discutem entre si a situação de um paciente sobre aspectos comuns a mais de uma especialidade. É multidisciplinar quando existem vários profissionais atendendo o mesmo paciente de maneira independente. É transdisciplinar quando as ações são definidas e planejadas em conjunto. Na prática, poucos são os trabalhos que contemplam essa diferenciação. Independente do termo empregado, há expectativas de que

profissionais da saúde sejam capazes de ultrapassar o desempenho técnico baseado em uma única arte ou especialização. (TONETO e GOMES, 2007, p. 89-90).

Quando envolvido em trabalhos com equipes multi, inter ou transdisciplinares, uma condição importante para o trabalho multidisciplinar do psicólogo é ter clareza em atribuições e de suas expectativas concernentes a sua especificidade profissional, tanto de alcance como de técnica. Quando as atribuições do psicólogo estão esclarecidas, espera-se que ele seja capaz de se mostrar competente o suficiente para que sua prática seja vista como necessária (Chiattone, 2000; Moréet al., 2004).

Uma das dificuldades apontadas na relação do psicólogo com os membros deuma equipe que envolve vários tipos de profissionais é a ausência de uma linguagemclara e objetiva na comunicação e entendimento com os mesmos. Em contraste, Seidl e Costa (1999) informaram que tais dificuldades diminuem quando o psicólogo é pós-graduado, desenvolve atividades de pesquisa e participa de eventos científicos, o que iria ao encontro de uma perspectiva de um psicólogo em contínuo aprimoramento.

Tomemos um exemplo prático: em estudo realizado na Escócia, Wild et al. (2003) verificaram que o baixo índice de encaminhamento para tratamento psicológico estava mais relacionado à falta de compreensão da prática do que à uma efetiva desconfiança dos métodos. A partir desses resultados, os autores concluíram que há necessidade dos psicólogos que atuam na área da saúde investirem em canais de comunicação que permitam divulgar e esclarecer o trabalho que realizam ou podem realizar em tais ambientes, ou seja, a forma de diálogo é um ponto que necessita urgente de aperfeiçoamento.

Reconheça-se, contudo, que o interesse pelo trabalho em equipe multidisciplinar vem se fortalecendo, tendo como base a crescente aceitação do modelo biopsicossocial de saúde. Esse modelo têm ganho cada vez mais aceitação entre os profissionais da saúde pois estende imensamente a concepção de saúde.

Nesse modelo a saúde é definida como o bem-estar físico, mental e social, em contraste com o modelo biomédico tradicional para o qual saúde é a ausência de doença (Organização

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Panamericana da Saúde, 1996). Uma discussão mais completa sobre as concepções de saúde pode ser encontrada mais adiante.

A organização ou mobilização de equipes está associada à complexidade da demanda (Crepaldi, 1999). Nessas situações, os profissionais se deparam com seus próprios limites, o que pode gerar muita ansiedade no profissional, e encontram nos colegas de outras formações subsídios para a compreensão e atendimento dos casos em que estão atuando.

No entanto a atitude de buscar subsídios e estabelecer diálogos, apesar de necessária, não é uma conduta padrão, podendo variar conforme a tradição profissional, a característica do grupo de trabalho e o tipo de intervenção (Chiattone, 2000). Na verdade, o trabalho em equipe traz novos desafios inerentes à comunicação e a solidariedade dos profissionais, exigindo competências e habilidades que estão além de competências técnicas e conhecimentos teóricos e práticos. São competências voltadas para o trabalho em grupo e para a justificação clara e objetiva de procedimentos técnicos pertencentes à dada especialidade.

Os profissionais da equipe podem passar também por momentos e estresseantes e, por vezes, cai nas mãos dos psicólogos o manejo dessas situações.

Estudos indicam que os centros de saúde e os hospitais constituem ambientes de trabalho muito e estresseantes para os que neles trabalham, em particular, por terem doentes e seus familiares sob sua responsabilidade.

Os relatos indicam que a sobrecarga, a ambiguidade de papéis, os trabalhos de urgência, situações eticamente complexas e a exposição contínua a morte, dentre outros, constituem-se fatores relevantes na geração de estresse entre os membros da equipe.

Como consequência os profissionais apresentam ansiedade, depressão, pânico, além de altas taxas de suicídio e sintomas psicossomáticos, como náusea e taquicardia.

Esses problemas causam alto absenteísmo, redução da produtividade, falhas, invalidez, abandono da profissão, problemas familiares, e ainda pode interferir na relação dos profissionais com os usuários dos sistemas de saúde.

Neste contexto, é fundamental conhecer esta realidade para se poder prevenir consequências negativas, físicas e psicológicas, quer para quem trata, quer sobre quem é tratado. Assim, no campo da Psicologia da Saúde, têm sido propostas diversas estratégias a serem implementadas nas instituições de saúde e com cada profissional: a disponibilização de espaços privados para os Profissionais de Saúde, o treino de técnicas de relaxamento para redução do estresse, a criação de grupos de discussão entre colegas para compartilhar assuntos mais delicados (Garcia, 1997), tais como o confronto com a morte do doente, a formação dos Profissionais de Saúde relativamente aos aspectos psicológicos e comportamentais do doente, a promoção de competências de comunicação com o paciente e respectiva família, a identificação e o confronto com sinais e sintomas disfuncionais de estresse, o desenvolvimento de competências necessárias para o trabalho em equipe e a promoção de apoio social.

Encerrada a discussão sobre equipes, vamos ver agora uma outra questão da fundação que organizará o nosso concurso:

3- (FUNIVERSA) O desenvolvimento de política e programas de prevenção de saúde mental requer do psicólogo a realização de(A) pesquisas epidemiológicas. (B) atendimento das equipes de saúde multiprofissionais. (C) atendimento psicológico e acompanhamento da família. (D) realização de psicoterapia breve. (E) atendimentos psicossociais à comunidade.

Esta questão está mais próxima da parte da prova que fala sobre o SUS, porém, foi encontrada no conteúdo específico de uma prova de Psicologia. Políticas e programas de prevenção à saúde, para poderem ser bem executados, certamente precisam de atendimentos psicossociais à comunidade, como vemos na alternativa “e”. A atuação em equipes com vários tipos de profissionais também parece ser algo extremamente relevante, como nos indica a alternativa “b” (apesar da ambiguidade da redação da alternativa). A alternativa “c” revela algo

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indispensável à prática do psicólogo na área da saúde.

Aparentemente esta é uma questão difícil porque apresenta várias alternativas que parecem viáveis à primeira vista. Porém esta questão possui uma pegadinha comum às questões da Fundação Universa: utiliza certas palavras-chave na questão e coloca alternativas aparentemente relacionadas com o interesse da pergunta, porém não respondem à pergunta em si, além de explorarem uma redação ambígua. A questão é sobre o “desenvolvimento de política” (sic), e não sobre a execução da mesma, deixando a alternativa “a” como a única possível.

4- (FUNIVERSO) Quanto à problemática da saúde mental, assinale a alternativa incorreta. (A) O estresse pode causar doença mental. (B) As doenças psicossomáticas são sintomas de doença mental. (C) A saúde mental depende da eficácia das defesas do ego. (D) O esgotamento emocional é um sintoma de sofrimento psíquico grave. (E) A organização familiar é uma variável antecedente das doenças mentais.

SAÚDE MENTALO conceito de loucura é uma construção

historicamente determinada. Antes do século XIX não havia o conceito de doença mental nem uma divisão entre razão e loucura. Evidentemente não havia também saberes técnico-científicos sobre o assunto e a loucura foi tratada de diversas formas. O trajeto histórico do Renascimento até a atualidade tem o sentido da progressiva separação e exclusão da loucura do seio das experiências sociais. No momento em que a loucura se torna alvo, objeto de saber de determinada ciência a loucura passa a ser submetida a instrumentos de análise científica e passa a justificar a exclusão social, o preconceito e o encarceramento forçado. Nesse momento também nasce à categoria do “normal”, que é muito bem trabalhada na obra de Michel Foucault (ver “Os Normais” e “História da Loucura”, só para ficar no começo.

No Brasil, segundo Medeiros (2004), Os alienados, os idiotas e os imbecis foram tratados de acordo com suas posses. Os abastados e relativamente tranquilos eram tratados em

domicílio e às vezes enviados para a Europa quando as condições físicas dos doentes o permitiam e nos parentes, por si ou por conselho médico, se afigurava eficaz a viajem. Se agitados punham-nos em algum cômodo separado, soltos ou amarrados, conforme a intensidade da agitação. Os mentecaptos pobres, tranquilos, vagueavam pela cidade, aldeias ou pelo campo entregues às chufas da garotada, mal nutridos pela caridade pública. Os agitados eram recolhidos às cadeias onde, barbaramente amarrados ou piormente alimentados, muitos faleceram mais ou menos rapidamente (apud COSTA-ROSA, 2005).

Com o nascimento da Psiquiatria científica, no século XIX, o saber sobre a loucura torna-se instância de controle social, passando a ser incorporada pelo governo como forma de controle e exclusão da população. Nessa perspectiva, o louco passou a ser considerado doentio e, como consequência, passível de tratamento. A partir do princípio do isolamento, o hospício Pedro II foi o primeiro lugar de exercício da ação terapêutica da psiquiatria, recentemente estabelecida. Daí a sua organização especial, com vigilância, regulação de tempo e repressão. Constituiu-se, assim, o Modelo Asilar respaldado na proposta de tratamento moral formulada por Pinel e Esquirol.

Em 1886 entra em vigor a Lei Brasileira do Alienado que;

[...] faz do hospício o único lugar apto a receber loucos, subordina sua internação ao parecer médico, estabelece a guarda provisória dos bens do alienado, determina a declaração dos loucos que estão sendo tratados em domicílio, regulamenta a posição central da psiquiatria no interior do hospício. (...) Esta lei faz do psiquiatra a maior autoridade sobre a loucura, nacional e publicamente reconhecido (Machado et al, 1978, p. 484).

Em 1901 se inicia o segundo momento da Psiquiatria Científica no Brasil com a fundação do Juqueri, com a proposta de “Asilamento Científico” sob a influência da Psiquiatria Alemã e seus conceitos fundamentais, a degenerescência e eugenia.

O modelo de colônias passou a ser copiado em várias capitais pelo Brasil fazendo proliferar hospitais psiquiátricos e colônias agrícolas para

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doentes mentais com a ideia de tratar e reeducar pelo trabalho, fornecendo um ambiente calmo e regrado. Porém, os serviços criados, a princípio, para tratamento daqueles reconhecidos como doentes mentais incharam com o recolhimento de toda gama de excluídos (órfãos, mendigos, prostitutas, etc.), para os quais não havia quaisquer outras estruturas fora do Hospício. O local passa então a ser apenas um “depósito” de gente mal quista ou vista na sociedade.

Nos anos 70 dá-se início do processo de Reforma Psiquiátrica no Brasil, um processo contemporâneo ao “movimento sanitário”, em favor da mudança dos modelos de atenção e gestão nas práticas de saúde, defesa da saúde coletiva, equidade na oferta dos serviços, e protagonismo dos trabalhadores e usuários dos serviços de saúde nos processos de gestão e produção de tecnologias de cuidado.

Em março de 1986 foi inaugurado na cidade de São Paulo o primeiro CAPS do Brasil: Centro de Atenção Psicossocial Professor Luiz da Rocha Cerqueira, conhecido como CAPS da Rua Itapeva (BRASIL, 2004). A criação do primeiro CAPS marca o início de uma nova forma de atendimento e atenção em saúde mental.

Em 1987 aconteceu em Bauru, SP o II Congresso Nacional do Movimento dos Trabalhadores da Saúde Mental, que adotou o lema “Por uma sociedade sem manicômios”. Neste mesmo ano, é realizada a I Conferência Nacional de Saúde Mental no Rio de Janeiro (BRASIL, 2005). Esses eventos marcam o pensamento dos profissionais ligados à área, bem como dos usuários do serviço, de que os manicômios, existentes há décadas, eram um modelo ultrapassado, ineficiente e desumano de tratamento das doenças mentais, e se iniciou uma luta por uma sociedade livre dessas instituições. Importante mostrar que, apesar dessa reivindicação existir há anos a grande dificuldade era propor um modelo em substituição. Agora o modelo dos CAPS era a estrela do movimento.

Os NAPS/CAPS foram criados oficialmente a partir da Portaria GM 224/92, que regulamentou o funcionamento de todos os serviços de saúde mental em acordo com as diretrizes das Leis Orgânicas do Sistema Único de Saúde: descentralização e hierarquização. Essa Portaria define os NAPS/CAPS como unidades de

saúde locais/regionalizadas que contam comum a população definida pelo nível local e que oferecem atendimento de cuidados intermediários entre o regime ambulatorial e a internação hospitalar; podem constituir-se também em porta de entrada da rede de serviços para as ações relativas à saúde mental e atendem também a pacientes referenciados de outros serviços de saúde, dos serviços de urgência psiquiátrica ou egressos de internação hospitalar.

A Portaria GM 224/92 proíbe a existência de espaços restritivos e exige que seja resguardada a inviolabilidade da correspondência dos pacientes internados e feito o registro adequado dos procedimentos diagnósticos e terapêuticos efetuados nos pacientes.

A Portaria/GM 336 de 19 de fevereiro de 2002 estabeleceu as modalidades dos Centros de Atenção Psicossocial• CAPS I - são serviços para cidades de pequeno porte, que devem dar cobertura para toda clientela com transtornos mentais severos durante o dia (adultos, crianças e adolescentes e pessoas com problemas devido ao uso de álcool e outras drogas). • CAPS II - são serviços para cidades de médio porte e atendem durante o dia clientela adulta. • CAPS III – são serviços 24h, geralmente disponíveis em grandes cidades, que atendem clientela adulta.• CAPSi – são serviços para crianças e adolescentes, em cidades de médio porte, que funcionam durante o dia.• CAPS ad – são serviços para pessoas com problemas pelo uso de álcool ou outras drogas, geralmente disponíveis em cidades de médio porte. Funciona durante o dia.

Todos os tipos de CAPS são compostos por equipes multiprofissionais, com presença obrigatória de psiquiatra, enfermeiro, psicólogo e assistente social, aos quais se somam outros profissionais do campo da saúde. A estrutura física dos CAPS deve ser compatível com o acolhimento, desenvolvimento de atividades coletivas e individuais, realização de oficinas de reabilitação e outras atividades necessárias a cada caso em particular.

A Portaria/GM nº 251 de 31 de janeiro de 2002 estabelece diretrizes e normas para a assistência hospitalar em psiquiatria, reclassifica

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os hospitais psiquiátricos, define e estrutura a porta de entrada para as internações psiquiátricas na rede do SUS. Estabelece ainda que os hospitais psiquiátricos integrantes do SUS deverão ser avaliados por meio do PNASH – Programa Nacional de Avaliação do Sistema Hospitalar/Psiquiatria.

Um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) ou Núcleo de Atenção Psicossocial é um serviço de saúde aberto e comunitário do Sistema Único de Saúde (SUS). Ele é um lugar de referência e tratamento para pessoas que sofrem com transtornos mentais, psicoses, neuroses graves e demais quadros, cuja severidade e/ou persistência justifiquem sua permanência num dispositivo de cuidado intensivo, comunitário, personalizado e promotor de vida.

O objetivo dos CAPS é oferecer atendimento à população de sua área de abrangência, realizando o acompanhamento clínico e a reinserção social dos usuários pelo acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários. É um serviço de atendimento de saúde mental criado para ser substitutivo às internações em hospitais psiquiátricos.Os CAPS visam:•prestar atendimento em regime de atenção diária;•gerenciar os projetos terapêuticos oferecendo cuidado clínico eficiente e personalizado;•promover a inserção social dos usuários através de ações intersetoriais que envolvam educação, trabalho, esporte, cultura e lazer, montando estratégias conjuntas de enfrentamento dos problemas. Os CAPS também têm a responsabilidade de organizarar e de deserviços de saúde mental de seu território;•dar suporte e supervisionar a atenção à saúde mental na rede básica, PSF (Programade Saúde da Família), PACS (Programa de Agentes Comunitários de Saúde); •regular a porta de entradada rede de assistência em saúde mental de sua área;•coordenar junto com o gestor local as atividades de supervisão de unidades hospitalares psiquiátricas que atuem no seu território;•manter atualizada a listagem dos pacientes de sua região que utilizam medicamentos para a saúde mental.

As práticas realizadas nos CAPS se caracterizam por ocorrerem em ambiente aberto, acolhedor e inseridona cidade, no bairro. Os projetos desses serviços, muitas vezes, ultrapassam a própria estrutura física, em busca da rede de suporte social, potencializadora de suas ações, preocupando-secom o sujeito e sua singularidade, sua história, sua cultura e sua vida quotidiana.

DEFINIÇÕES ESSENCIAIS SOBRRE A PSICOLOGIA DA SAÚDE

O que é a Psicologia da saúde? Vamos observar duas definições distintas:

A psicologia da saúde é a aplicação dos conhecimentos e das técnicas psicológicas à saúde, às doenças e aos cuidados de saúde (Marks, Murray, Evans &Willig, 2000; Ogden, 2000).

O Conjunto das contribuições específicas, educacionais, científicas e práticas da disciplina Psicologia, para a promoção e manutenção da saúde, prevenção e tratamento da doença e disfunções relacionadas (Matarazzo, 1980).

A Psicologia da Saúde estuda o papel da psicologia como ciência e como profissão nos domínios da saúde, da doença e da própria prestação dos cuidados de saúde, focalizando nas experiências, comportamentos e interações. Sua prática leva em consideração os contextos, tanto sociaiscomo culturais onde a saúde e as doenças ocorrem, visto que as significações e os discursos sobre a saúde e as doenças são diferentes conforme o aspecto socioeconômico, o gênero e a diversidade cultural.

Essa área vai unir várias contribuições específicas de diversas áreas do conhecimento psicológico (psicologia clínica, psicologia comunitária, psicologia social, psicobiologia, psicologia do desenvolvimento) tanto para a promoção e manutenção da saúde como para a prevenção e tratamento das doenças (Simon, 1993). A psicologia da saúde tem como objetivo compreender como é possível, através de intervenções psicológicas, contribuir para a melhoria do bem-estar dos indivíduos e das comunidades em contextos de saúde. Assim podemos chamar de psicólogos da saúde aqueles psicólogos que se direcionam para a compreensão da forma como os fatores biológicos,

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comportamentais e sociais influenciam a saúde e a doença.

Mas como funciona a prática de tal profissional? Muitas são as possíveis ações do psicólogo da saúde. Como primeiro exemplo pode-se citar aquelas ações que atuam na promoção da saúde e prevenção da doença, trabalhando com os fatores psicológicos que fortalecem a saúde e que reduzem o risco de adoecer. Um exemplo prático muito interessante vem da atuação do psicólogo na área da Atenção Primária, ocorrido no município de Itambé, no Paraná (BOARINI, 2009). Naquela localidade os psicólogos organizaram reuniões com a comunidade para esclarecer aspectos sobre transtornos mentais, procurou entrar dentro das famílias para orientar os familiares dos enfermos, além do tradicional auxílio diagnóstico e acompanhamento individual.

Além dessas ações existem também as que disponibilizam serviços clínicos a indivíduos saudáveis ou doentes em diferentes contextos, conforme as demandas dos clientes/pacientes. Outros psicólogos estão envolvidos no ensino e formação, e na investigação da área, trabalhando em centros de pesquisa e universidades.

A intervenção de psicólogos na saúde, para além de contribuir para a melhoria do bem-estar psicológico e da qualidade de vida dos usuários dos serviços de saúde, pode também contribuir para a redução de internamentos hospitalares, diminuição da utilização de medicamentos e utilização mais adequada dos serviços e recursos de saúde (APA, 2004a). É também do âmbito da aplicação da psicologia da saúde a análise e melhoria do sistema de cuidados de saúde, potenciando a atuação dos outros técnicos, contribuindo para a melhoria das relações entre os técnicos e os pacientes e para a melhoria das relações interprofissionais e promovendo uma utilização mais adequada dos serviços e recursos de saúde (Godoy, 1999), participando em atividades de humanização dos serviços e melhoria da qualidade dos cuidados. O olhar do psicólogo se direciona a múltiplos espaços, múltiplas formas de atuação e procura constantemente aplicar seus conhecimentos onde se mostram potencialmente úteis.

O corpo teórico da psicologia da saúde comporta atualmente 2 perspectivas diferentesde acordo com Crossley (2000):- Perspectiva tradicional – Modelo biopsicossocial, assente em metodologias quantitativas, investiga os comportamentos saudáveis e os comportamentos de risco, focalizando nos seus determinantes psicológicos e no seu valor preditivo.- Perspectiva crítica – Modelo fenomenológico-discursivo, assente em metodologiasqualitativas de análise do discurso, investiga as significações relacionadas com a saúde e as doenças, focalizando nas experiências de saúde e doença.

A adoção de alguma perspectiva implica necessariamente do uso de uma metodologia adequada aos métodos a serem empregados pelo psicólogo. A investigação de comportamentos saudáveis e de risco implica em metodologias quantitativas de mensuração e predição do comportamento, bem como o desenvolvimento de estratégias em que o psicólogo tenha condições de realizar uma mudança nesse comportamento. Nesse sentido o trabalho de Grilo e Pedro (2005) podem em muito auxiliar.

A Psicologia tem investigado, exaustivamente, os fatores subjacentes de não adesão aos comportamentos de saúde, procurando jogar luz a uma grande gama de barreiras que lhes estão subjacentes, entre as quais, destaca-se:1- o papel dos modelos parentais, uma vez que por volta dos onze anos, as crianças já adquiriram, por observação dos pais uma base estável de crenças e de comportamentos de saúde, que tendem a converter-se em hábitos. Ou seja, os dados revelam que pais fumantes, por exemplo, têm uma maior probabilidade de ter filhos que fumam ou ainda pais obesos têm, com maior frequência, crianças obesas; 2- motivação reduzida para praticar bons hábitos de saúde, uma vez que em idade precoce, momento em que os comportamentos de saúde são adquiridos, os indivíduos são geralmente saudáveis. Assim adotar tais comportamentos é de difícil treinamento pois sua prática não implica num efeito imediato e notório sobre o bem-estar, podendo através deles apenas diminuir, mas não eliminar, o risco de doença (Taylor, 1999), por exemplo, uma alimentação saudável pode reduzir, mas não suprimir, a probabilidade de um

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indivíduo vir a desenvolver cancro do intestino; por outro lado, as crianças/jovens com comportamentos prejudiciais, como fumar, beber, sedentarismo, não sentem, imediatamente, os respectivos efeitos negativos sobre o seu bem-estar físico, verificando-se os mesmos, devido à sua ação cumulativa, bastante mais tarde, e;3- o otimismo irrealista dos indivíduos quando estimam a probabilidade de vir a adoecer de uma doença grave. Além disso é comum um conjunto de crenças que dão uma noção exagerada da capacidade para controlarem a sua saúde, negligenciando, por isso, a ameaça que os seus comportamentos prejudicais podem ter sobre a mesma.

Nessa mesma linha, existe ainda um trabalho ligado à área da Psicologia Social. Com o intuito de avaliar as atitudes dos indivíduos relativamente a comportamentos de saúde, ou a outro objeto de atitude associado ao contexto de saúde, a Psicologia tem construído escalas de atitudes, ou seja, listas de crenças e emoções possíveis sobre o objeto de atitude, em relação às quais os sujeitos manifestam o seu grau de concordância.

Assim, as escalas de atitudes permitem conhecer e reconhecer as atitudes favoráveis ou desfavoráveis dos pacientesface a assuntos pertinentes para atuação dos técnicos, facilitando, na fase de programação das campanhas de promoção da saúde, a tarefa de selecionar a informação que seja relevante transmitir à população, no sentido de modificar os comportamentos de saúde.

O trabalho dentro de uma perspectiva crítica os contextos, relatos e vivências dos pacientes se mostra um material de trabalho mais adequado exigindo, conforme a metodologia fenomenológica, a adoção de estratégicas específicas para cada caso e para cada conjuntura.

O contexto de trabalho do Psicólogo da Saúde é bastante amplo. Nos centros de saúde e nos hospitais o psicólogo pode trabalhar com os pacientes, com seus familiares, com os técnicos e trabalhadores desses ambientes ou intervir na própria organização.

Os psicólogos podem participar na prestação de cuidados de saúde em programas de cuidados de saúde primários, unidades de internamento hospitalar, serviços de saúde mental,

unidades de dor, oncologia, serviços de saúde pública, serviços de saúde ocupacional, consultas de supressão sobre o tabagismo, centros de alcoolismo e serviços de reabilitação, entre outros. Podem ainda participar em programas de promoção da saúde e de prevenção nas escolas, locais de trabalho e comunidade, com base em serviços de saúde e/ou em organizações comunitárias.

Cada dia mais o psicólogo precisa ter uma visão integral da saúde e compreensão do fenômeno saúde-doença como eventos que são, essencialmente, multifatoriais. Com base nisso um importante movimento de redefinição das ações de saúde vem sendo implementado já há três décadas. Esses novos paradigmas têm um grande impacto no que se refere à presença e participação do Psicólogo da Saúde nas diferentes propostas de atenção à saúde da população, posto que os elementos participantes do processo de instalação das doenças pontuados como “enfermidade” e “anormalidade” são indubitavelmente de cunho psicossocial.

A Psicologia da Saúde vem sendo solicitada a dar sua parcela de contribuição a essa nova abordagem, e é imperativo que os psicólogos se mobilizem para responder a esses pedidos, e que nós nos organizemos, cada vez mais, para que nossa inserção sócio-sanitária seja cada vez mais eficiente e reconhecida (SEBASTIANI).

Um dos primeiros desafios da psicologia na área da saúde é o desenvolvimento de uma construção teórica sobre a saúde, o que implica superar sua definição em termos de normalidade, equilíbrio e ausência de sintomas. Isto supõe definir a saúde em termos do sistema que a caracteriza; o organismo humano. Em termos de organismo humano a saúde deve ser considerada como um processo permanente que expressa à qualidade do desenvolvimento do sistema, a qual estará. referida tanto aos elementos biológicos, como aos elementos subjetivos e sociais.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde não apenas como a ausência de doença, mas como a situação de perfeito bem-estar físico, mental e social. Essa definição vem sendo acusada por alguns pesquisadores como sendo irreal, ultrapassada e unilateral. Esta definição seria uma definição irreal por que, aludindo ao “perfeito bem-estar”,colocaumautopia.O

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queé“perfeitobem-estar?”É por acaso possível caracterizar-se a “perfeição”?

A definição de saúde da OMS está ultrapassada ainda por que faz uma separação forçada entre o físico, o mental e o social. Mesmo a expressão “medicina psicossomática” encontra-se superada, pois se percebe a inexistência de uma separação entre mente e soma, sendo o social também interagente, ainda que nem sempre de forma muito clara. A continuidade entre o psíquico e somático tem sido objeto de uma série de investigações. Se o psíquico responde ao corporal e vice-versa, fala-se, então, de um sistema onde não se delineia uma nítida divisão entre ambos.

Etimologicamente, saúde procede do latim sanitas, referindo-se à integridade anátomo-funcional dos organismos vivos (sanidade). Saúde pode querer dizer atividade sanitária consubstanciada nas ações e serviços de saúde; na atividade dos trabalhadores e dos estabelecimentos

ou agências de saúde, nos programas e planos de saúde e nas ações de saúde públicas ou privadas. Quando se diz: a saúde é direito do cidadão e dever do Estado, funcionário da saúde, profissional da saúde ou orçamento da saúde, é com o sentido de assistência ou cuidado com a saúde que o termo é utilizado.

A saúde não se pode identificar com um estado de normalidade, pois a nível individual é um processo único e com manifestações próprias. A saúde não é uma "média", é uma integração funcional que a nível individual se alcança por múltiplas e diversas alternativas. A saúde também não é um estado estático do organismo, é um processo que constantemente se desenvolve, onde participa de forma ativa e consciente o indivíduo como sujeito do processo.

Observe a seguir um quadro que mostra o funcionamento dos conceitos mais modernos de saúde:

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O conceito de qualidade de vida também é essencial para a compreensão do trabalho do Psicólogo da Saúde, tanto quanto o próprio conceito de saúde. Não é fácil definir qualidade de vida, contudo, podemos afirmar que setrata de um conceito dinâmico e que varia com o tempo, além de ser multidimensional e subjetivo.

A multidimensionalidade refere-se à necessidade da qualidade de vida ultrapassar o bem-estar físico para abarcar outras dimensões (e.g., psicológica, espiritual, social, ambiental, entre outras). Assim, por exemplo, a melhoria dossintomas físicos (como a atenuação dos efeitos secundários da quimioterapia ea consequente regressão de um tumor) não significa uma melhoria equivalentedo estado psicológico (como os sentimentos negativos em relação à doença e àprobabilidade de voltar a piorar) nem da satisfação social da pessoa doente(como o grau de apoio recebido por parte dos familiares ao longo do processode doença).

A subjetividade reflete o caráter pessoal do conceito de qualidade devida; a avaliação pessoal do indivíduo relativamente à satisfação com a suavida, segundo critérios estritamente pessoais. Um exemplo do estudo de Jachucket al. (1982), mostra que apesar de 100% dos médicos entrevistados no estudo considerarem quetodos os seus pacientes tinham melhorado a qualidade de vida depois damedicamentação, só metade dos pacientes concordavam com esta melhoria enenhum familiar considerou ter havido um aumento de qualidade na vida dodoente.

Muitas pessoas leigas em matéria de saúde possuem representações de doença, bem organizadas e estáveis, com

importantesimplicações na interpretação que os indivíduosfazem da informação sobre adoença, nas estratégias de coping que utilizam para lidar com ela e na avaliação que efetuam a respeito da eficácia do confronto que fizeram com a situação. Assim, um sintoma não é analisado objetivamente mas integrado emesquemas de doença pré-existentes, conduzindo a representações de doençadistintas, de indivíduo para indivíduo.

Desta forma, torna-se claro que as pessoas que recorrem aos Profissionais de Saúde não são seres passivos, limitados a responder a estímulos e a assimilar aquilo que o técnico lhes diz; pelo contrário, os pacientes são agentes ativos na pesquisa e no tratamento da informação referente à (sua) saúde/doença.

A Psicologia tem procurado estratégias de facilitação para aceitação por parte do doente sobre a presença de doenças crônicas, como no caso da AIDS, por exemplo. Assim a psicologia pode auxiliar o sujeito a manter comportamento saudável, compreender sua doença e aceita-la de forma mais tranquila. As questões relativas à adaptação à doença incluem ainda aspectos como o controle da dor e a reação aos exames complementares de diagnóstico.

Em relação ao controle da dor, vale mencionar que a Psicologia tem contribuído não apenas com estudos que salientam a importância do carácter subjetivo da dor e, consequentemente, a importância da sua avaliação, mas também com programas que propõem formas de controlo da dor, como o relaxamento e o biofeedback.

Observe no quadro a seguir diferenças básicas entre a Psicologia da Saúde e a Psicologia Hospitalar:

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QUESTÕES 5- (FUNIVERSA) O Brasil prepara-se para viver, neste ano de 2010, a Conferência Nacional de Saúde Mental, tendo como temática de destaque redes e intersetorialidade. A respeito das características das redes como forma de coordenação política, assinale a alternativa correta. (A) As redes tendem a criar processos decisórios com maior nível de centralização, operando por meio da votação em maioria absoluta entre os participantes e da centralização da informação como recurso estratégico para as decisões. (B) Ao contrário das hierarquias em que uma falha de desempenho em uma instância hierárquica pode bloquear a organização, as redes conseguem lidar melhor com possíveis falhas nos centros de gestão porque a diversidade de conexões possibilita a substituição de funções. (C) Os membros da rede são beneficiados pela diversidade nela presente, a qual é propícia para propostas ou idéias individuais. Por esse motivo, as redes são desfavoráveis a casos de calamidade pública, desastres, epidemias ou outras situações de elevado risco social. (D) As redes são ambientes pouco favoráveis à manifestação da pluralidade de valores e interesses; portanto, impedem a construção da cidadania plural. (E) As redes não apresentam versatilidade em termos de aproveitamento de atores e recursos.

6- (FUNIVERSA-adaptado) Como membro da equipe interdisciplinar da instituição de internação onde um adolescente em conflito com a lei se encontra internado, o psicólogo deverá apresentar, em reunião de equipe, um estudo de caso completo sobre o adolescente. O estudo de caso, em psicologia, apresenta-se estruturado a partir dos seguintes tópicos: (A) identificação do adolescente, história familiar, diagnóstico, encaminhamento. (B) identificação do adolescente, impressões pessoais sobre o entrevistado, fator desencadeante, histórico infracional, parecer conclusivo sobre a medida socio educativa indicada. (C) apresentação do adolescente, história de internação, avaliação da periculosidade, prognóstico. (D) genograma, contexto familiar atual, histórico infracional, fatores de risco e fatores de proteção no contexto socio-familiar.

(E) identificação do adolescente, impressões pessoais do entrevistador, situações de coleta de informações, histórico infracional, histórico familiar, evolução do caso, compreensão diagnóstica, conclusão, encaminhamento.

7-(FUNIVERSA) O uso abusivo de drogas lícitas e ilícitas constitui um dos problemas que pode trazer danos à saúde mental. O diagnóstico precoce pode prognóstico. No entanto, esse diagnóstico é difícil, uma vez que é difuso o conceito do alcoolismo e sua existência coabita com outros transtornos psíquicos, tendo, assim, uma etiologia diversificada. Diante desse contexto, o psicólogo deve, inicialmente, (A) buscar dados junto a uma equipe multiprofissional. (B) realizar um psicodiagnóstico com base, exclusivamente, em testes de personalidade. (C) fazer entrevista com os familiares. (D) apoiar-se nos dados do DMS-III para fazer o diagnóstico, pois é o método mais confiável. (E) diagnosticar a etapa da doença para avaliar a gravidade do transtorno e seu prognóstico.

8- (FUNIVERSA) As equipes multiprofissionais apresentam diversas dificuldades em atingir seus objetivos, quando as questões institucionais se sobrepõem às dimensões técnicas. Por isso, umaintervençãopsicossocialnessaequipedeveserguiada prioritariamente por princípios que valorizam(A) a competição e os conflitos entre as equipes de trabalho. (B) a inovação organizacional. (C) o fortalecimento do coletivo e da cooperação. (D) os índices de satisfação no trabalho. (E) as estratégias de gestão de pessoas.

9- (FUNIVERSA) Acerca dos efeitos do relatório citado no texto VI nas políticas de saúde e nos novos modos de atendimento em saúde mental, assinale a alternativa correta. (A) Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) tornam-se estratégicosparaaorganizaçãodeumarede complexa, diversificada e de base territorial. (B) O mais importante para o funcionamento da política de saúde mental é o financiamento do Ministério da Saúde para criação, expansão, consolidação e fortalecimento da rede de atenção em saúde mental.

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(C) Sem treinamento, desenvolvido pelas secretarias de saúde, os profissionais em saúde mental não conseguem prestar a assistência eficaz aos pacientes do CAPS. (D) A família dos pacientes no CAPS participa ativamente do tratamento. (E) A reforma psiquiátrica deve ter sustentabilidade cultural harmonizada com as ações terapêuticas oferecidas aos pacientes no atendimento domiciliar.

10- (FUNIVERSA) O CAPS integra-se à reforma psiquiátrica. Acerca desse fato, assinale a alternativa incorreta. (A) A sustentabilidade social do CAPS baseia-se no princípio da equidade, no desenvolvimento de dispositivos inclusivos, como moradia, trabalho,renda, convivência, locomoção e escolarização.(B) CAPSI deve prover atenção a uma população de 50.000 habitantes. (C) CAPS III deve prover a atenção a uma população de 150.000 habitantes. (D) CAPS ad (álcool e outras drogas) e Café (infanto-juvenil) devem prover a atenção a uma população de 100.000 habitantes. (E) CAPS especiais devem atender a qualquer caso, sem considerar o número de habitantes da comunidade.

11- (FUNIVERSA) Quanto à problemática da saúde mental, assinale a alternativa incorreta. (A) O estresse pode causar doença mental. (B) As doenças psicossomáticas são sintomas de doença mental. (C) A saúde mental depende da eficácia das defesas do ego. (D) O esgotamento emocional é um sintoma de sofrimento psíquico grave. (E) A organização familiar é uma variável antecedente das doenças mentais.

12- (FUNIVERSA) O desenvolvimento de política e programas de prevenção de saúde mental requer do psicólogo a realização de(A) pesquisas epidemiológicas. (B) atendimento das equipes de saúde multiprofissionais. (C) atendimento psicológico e acompanhamento da família. (D) realização de psicoterapia breve. (E) atendimentos psicossociais à comunidade.

13- (UFSC) Identifique se sãoverdadeiras (V) ou falsas (F) as afirmativas comrelação à Psicologia da Saúde. ( ) A saúde é apreendida de forma global e por meio das diferentes situações de vida, tais como as etapas do desenvolvimento, o trabalho, a educação. ( ) A Psicologia da Saúde se interessa pelos aspectos da saúde que afetam tanto a integridade física quanto a integridade psicológica dos indivíduos. ( ) A Psicologia da Saúde considera a saúde de forma independente da doença, com o objetivo de tornar sua intervenção mais adequada ao sofrimento do indivíduo. ( ) A Psicologia da Saúde leva em consideração o impacto dos fatores psicossociais sobre a saúde e a doença.Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA, de cima para baixo. (A) V – F – V – F(B) V – V – F – V(C) F – V – V – F(D) V – F – F – F(E) F – V – F – V

14-(UFMT) Sobre Psicologia da Saúde, marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.

( ) Restringe-se aos ambientes hospitalares. ( ) Também tem como ambiente de trabalho os centros de saúde e outros ambientes que enfoquem a saúde coletiva. ( ) Abarca apenas os aspectos da saúde mental. ( ) Pode trabalhar com atendimento na saúde pública nos níveis primário, secundário e terciário. Assinale a sequência CORRETA. (A) V, F, F, V (B) F, V, F, V (C) F, V, V, F (D) V, V, F, F(E) N.D.A.

15- (UFMT) Um Psicólogo que atua na área de saúde deverá elaborar um plano de trabalho que norteie suas atuações. Qual proposta NÃO pode constar de seu plano por ser incoerente com a Psicologia da Saúde? (A) No PSF, desenvolver com os pacientes práticas individualistas, curativas e centradas na atenção terciária do SUS, com ênfase na doença.

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(B) No hospital, trabalhar com a equipe multidisciplinar da saúde, visando fortalecer a visão psicossocial dos processos saúde e doença da comunidade atendida por essa instituição. (C) No hospital, dirigir grupos de familiares de pacientes, abordando temas como saúde-doença, morte, subjetividade. (D) Nos postos de saúde, trabalhar com ações de promoção e prevenção, desenvolvendo ações de controle e de educação à saúde a grupos da população.(E) N.D.A.

GABARITO1-A2-C3-B4-A 5-B 6-E 7-A 8-C 9-A 10-E 11-B 12-A 13-B 14-B 15-A