apostila estudos ambientais i-1

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APOSTILA DE ESTUDOS AMBIENTAIS I PROFESSORA: CAROLINA SANTOS GESSNER DE CASTRO SEM/2008 ESCOLA TÉCNICA DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL Rua Oliveira Lisboa, 41 - Barreiro de Baixo - BH/MG – 3384.8154

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APOSTILA DE ESTUDOS AMBIENTAIS I

PROFESSORA: CAROLINA SANTOS GESSNER DE CASTRO 2º SEM/2008

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CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO ÁS QUESTÕES AMBIENTAIS

HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

O tremendo impacto ambiental, decorrente do crescente processo de industrialização - iniciado com a Revolução Industrial e acelerado depois da Segunda Grande Guerra - estimulou uma ampla reflexão não só sobre a forma de operar da indústria como até sobre a estrutura e valores da sociedade contemporânea. Esse processo de revisão atingiu também os meios educacionais, como um importante elemento na luta pela preservação da Natureza e do próprio Homem.

Na esteira das discussões e conclusões da 1ª Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, celebrada em Estocolmo em junho de 1972, cresceu a convicção da necessidade de um esforço conjunto de elaboração de conceitos e critérios que norteassem a Educação Ambiental. Isto conduziu a algumas conclusões e recomendação, das quais destacamos o Princípio 19 e a recomendação 96, que estabelece:

"É indispensável um trabalho de educação em questões ambientais, dirigida tanto às gerações jovens como aos adultos e que preste a devida atenção ao setor da população menos privilegiada para ampliar as bases de uma opinião pública bem informada e de uma conduta dos indivíduos, das empresas e das coletividades inspirada no sentido de sua responsabilidade quanto a proteção e melhoria do meio em toda sua dimensão humana."

Com a Resolução 2997, a Assembléia Geral das Nações Unidas criou em 1974 o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), que logo adotou como uma de suas principais medidas o apoio a programas de informação pública e de educação sobre o meio ambiente. Para concretizar estes

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****A Educação Ambiental tem papel importante para tomadas de decisões, onde há envolvimento da sociedade civil. É preciso tornar possível à conscientização, a sensibilização e principalmente a mobilização de crianças e adolescentes para que no futuro possam agir de maneira consciente sobre os assuntos relacionados ao meio ambiente.

****A escola é um local adequado para que esse processo aconteça de forma significativa, porque podemos propor a Educação Ambiental visando o envolvimento de mais pessoas para futuras tomadas de decisões.

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propósitos, colaborou com a UNESCO na montagem do Programa Internacional de Educação Ambiental em 1975. A primeira etapa cobriu o período de 1975-79, durante o qual a UNESCO promoveu dois importantes eventos: o Seminário Internacional sobre Educação Ambiental em Belgrado (1975) e a Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental, em Tbilisi (1977). Essas reuniões representam um marco teórico e conceitual para a Educação Ambiental e destacam a preocupação internacional com a renovação da educação para fazer frente aos novos problemas contemporâneos.

As posições relativas à necessidade de se implantar a Educação Ambiental, dos congressos e conferências internacionais anteriores foram mantidas no documento Agenda 21, aprovado durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento - conhecida na mídia como ECO-92 -; evento marcante, autêntico divisor de águas, realizado em junho de 1992 no Rio de Janeiro.

POSTURA DO GOVERNO BRASILEIRO ANTE A EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Ainda que atrasado e mais timidamente, o poder público buscou institucionalizar a implantação da Educação Ambiental de uma forma orgânica. No plano federal merece destaque o artigo 225 da Constituição Federal, que no seu inciso VI afirma caber ao poder público a obrigação de promover a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino. A reboque da Constituição Federal, a Constituição de diversos estados da federação oficializaram a obrigatoriedade da promoção da Educação Ambiental.

CONCEITOS E OBJETIVOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Em seu documento final, a Conferência de Tbilisi define a Educação Ambiental como sendo: "o resultado de uma reorientação e articulação das diversas disciplinas e experiências educativas que facilitam a percepção integrada do meio ambiente fazendo possível uma ação mais racional e capaz e responder às necessidades sociais" (UNESCO, 1978).

O Seminário sobre Educação Ambiental organizado pela Comissão Nacional Finlandesa da UNESCO, realizado em 1974 na cidade de Jammi, propôs que a Educação Ambiental deveria ser entendida simplesmente como sendo "uma maneira de alcançar os objetivos da proteção ambiental".

A análise dos objetivos propostos à Educação Ambiental permite delinear melhor sua própria natureza, assim como vislumbrar os recursos metodológicos adequados para torná-la efetiva. A Carta de Belgrado propõe seis objetivos, conveniente resumidos por GIOLITTO (1984, p. 137): "1° Cobrar consciência. Conseguir que os indivíduos e os grupos constituídos adquiram uma consciência do meio ambiente global e dos problemas a ele relacionados, e mostrar-se sensíveis com respeito a ele. "2° O saber. Procurar que os indivíduos e grupos constituídos adquiram uma compreensão essencial do meio ambiente global, e dos problemas que a ele se refiram, assim como do lugar e papel que desempenha a responsabilidade crítica que o homem deve ter. "3° O comportamento. Fazer que os indivíduos e os grupos constituídos adquiram o sentido dos valores sociais, um sentido profundo de interesse para o meio ambiente e a vontade claramente sentida de contribuir com seus atos a sua proteção e a seu melhoramento. "4° A competência. Fazer que os indivíduos e os grupos constituídos adquiram a destreza necessária para a solução dos problemas do meio ambiente. "5° A capacidade de avaliação. Procurar que os indivíduos e os grupos constituídos consigam avaliar as medidas e os programas de formação relativos ao meio ambiente, em função de fatores de ordem ecológica, política, econômica, social, estética e educativa. "6° A participação. Conseguir que os indivíduos e os grupos constituídos se dêem conta de sua responsabilidade e da necessidade de atuar sem demora em matéria de meio ambiente, se requer tomar decisões para resolver os problemas colocados."

A Conferência de Tbilisi estabeleceu em sua Recomendação n° 1 das Declarações de Tbilisi que"o objetivo fundamental da Educação Ambiental consiste em conduzir os indivíduos e as coletividades à compreensão da complexidade do meio ambiente, tanto natural como criado pelo homem - complexidade enquanto a interação de seus aspectos biológicos, físicos, sociais, econômicos e culturais - e a aquisição de conhecimentos, valores, comportamentos e

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capacidade práticas necessárias para participar responsável e eficazmente na prevenção e solução dos problemas do meio ambiente e na gestão de sua qualidade" (UNESCO, 1978).

OUTROS CONCEITOS AMBIENTAIS

Inicialmente é importante conhecermos a definição de Meio Ambiente. O conceito de meio ambiente tem especial importância nos estudos de impacto ambiental. Isto porque o conteúdo e a abrangência de tais estudos variam de acordo com a noção de meio ambiente em que se fundamentam.

De acordo com BRANCO (1978), Meio Ambiente é o conjunto de condições que afetam a existência, desenvolvimento e bem-estar dos seres vivos. Não se trata de um lugar no espaço, mas de todas as condições física, químicas e biológicas que favorecem ou desfavorecem o desenvolvimento dos seres vivos.

Segundo a ISO 14000 “... circunvizinhança onde atua a organização (água, ar, solo, flora, fauna, seres humanos) e suas inter-relações, desde o interior das instalações até o sistema global.”.”

Já a Lei Federal 6.938/81, que trata da Política do Meio Ambiente, teve a modernidade de, ao conceituar o meio ambiente, inserir tudo aquilo que permite a vida, que abriga e rege. Assim, o seu art. terceiro, inciso I, preceitua que meio ambiente é ”o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. Além disso, na lei Federal, o meio ambiente é também considerado, “um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo”.

A noção de impacto ambiental é também fundamental para a sua avaliação, pois determina a abordagem metodológica, a abrangência dos estudos e até mesmo a utilização de seus resultados. A legislação federal (art.10, Resolução CONAMA 001/86) define impacto ambiental como toda alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetem: a segurança e o bem estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; a qualidade dos recursos ambientais.

Outras definições importantes são descritas a seguir de forma sucinta. Ecologia é a ciência ou o estudo dos organismos em "sua casa", isto é, em seu meio. Ecossistema é o sistema aberto que inclui, em uma certa área, todos os fatores físicos e biológicos

(elementos bióticos e abióticos) do ambiente e suas interações, o que resulta em uma diversidade biótica com estrutura trófica claramente definida e na troca de energia e matéria entre esses fatores.

Recursos Naturais são os elementos naturais bióticos e abióticos de que dispõe o homem, para satisfazer suas necessidades econômicas, sociais e culturais.

CAPÍTULO 2

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RECURSOS HÍDRICOS

****A água é um recurso natural de valor inestimável. Mais

que um insumo indispensável à produção, é um recurso

estratégico para o desenvolvimento econômico, ela é vital

para a manutenção dos ciclos biológicos, geológicos e

químicos que mantêm em equilíbrio os ecossistemas. É,

ainda, uma referência cultural e um bem social indispensável

à adequada qualidade de vida da população.

CARACTERÍSTICAS E DISTRIBUIÇÃO DA ÁGUA

A água é encontrada na natureza de três formas: em estado sólido (nas geleiras); em estado gasoso (como vapor de água, nas altas camadas atmosféricas); e em estado líquido (nas camadas superficiais e nas camadas subterrâneas do planeta).

As mudanças de estado que ocorrem com a água na natureza, envolvendo principalmente o estado líquido e o gasoso, formam o chamado Ciclo da Água. As águas dos rios, lagos e mares estão em continuamente em evaporação, assim como a água proveniente da transpiração das plantas, processo que pode ser acelerado pela ação do sol (aquecimento). Os vapores então formados sobem à atmosfera e, em

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camadas altas, mais frias, condensam-se sob a forma de gotículas, constituindo as nuvens. Ao ocorrer grande diminuição da temperatura atmosférica (resfriamento), as gotículas das nuvens se juntam e formam gotas maiores, que caem sob a forma de chuva ou gelo (granizo), completando o ciclo.

A água da chuva é de boa qualidade, quase pura, mas pode se tornar impura por carregar poeira, fumaça, gases que flutuam na atmosfera ou sujeira dos telhados. Por isso, não deve ser usada, pois não é potável e não apresenta sais minerais.

As águas dos rios e lagos - águas superficiais - são as mais utilizadas para o abastecimento de populações, principalmente por serem mais encontradas. Qualitativamente, entretanto, são as mais perigosas, porque as enxurradas lavam o solo, arrastando restos de matéria orgânica vegetal, animal e humana para os lagos e rios. Na maioria das vezes, se não sempre, são poluídas e/ou contaminadas. Mesmo que as suas características físicas e químicas sejam satisfatórias, a possibilidade de contaminação é tão grande que toda água da superfície é considerada contaminada e exige tratamento para se usada.

Pela ação da gravidade e graças à porosidade e à permeabilidade do solo, há infiltração de parte das águas atmosféricas e superficiais. A infiltração é detida quando a água alcança uma camada de solo impermeável, onde ela forma os lençóis subterrâneos. Como as camadas impermeáveis do solo se superpõem e a infiltração ocorre em toda a superfície da terra, formam-se diversos lençóis, também superpostos, separados por camadas impermeáveis. O primeiro é o lençol freático, os demais são os lençóis profundos. Essas águas são chamadas águas de subsolo.

A utilização dessas águas é comum, como suplemento, em grandes cidades ou no abastecimento de aglomerados menores, através da perfuração de poços profundos. Se houver infiltração boa no solo, essas águas se tornam de qualidade melhor que as de superfície. Do ponto de vista biológico, a infiltração pelo solo é satisfatória e anula a contaminação da água. A exceção são as águas de terrenos fissurados, como os calcários, que penetram nas fendas e não sofrem filtração natural, necessitando, portanto, de tratamento antes do consumo. Com o perigo da contaminação, torna-se aconselhável a utilização de águas dos lençóis profundos que, além de mais puras, encontram-se em maior quantidade.

Em zonas rurais é comum o aproveitamento de fontes, minas e cisternas para o abastecimento de uma ou mais moradias. Contrariando a crença popular, a água desses locais nem sempre é pura. A aparência cristalina não significa que ela seja de boa qualidade. Além de estar sujeita a poluição e contaminações causadas por insetos, animais e enxurradas e pela proximidade de fossas, a água pode provir de terrenos fissurados, que impede a filtração do solo.

Em sua distribuição na Terra, a água é classificada em doce e salgada. A água salgada está presente nos oceanos, que cobrem cerca de 75% da superfície da terra, e representa 97,4% de toda a água. Do total de água doce existente, 90% não se aproveita, pois grande parte corresponde às geleiras e o restante está representado por rios, lagos e lençóis subterrâneos.

BACIA HIDROGRÁFICA

É um espaço geográfico limitado, que integra a maior parte das relações de causa-efeito a serem considerados na gestão dos recursos hídricos, aquelas especialmente que dizem respeito à contaminação por atividades antrópicas.

A água flui através das redes de drenagem da bacia hidrográfica, carreando os nutrientes da chuva e do solo através dos cursos de água. Algumas atividades poluidoras, mormente se praticadas a montante do rio, causam efeitos mais adiante, afetando a qualidade da água, apesar dos usuários da jusante tomarem o cuidado necessário para não poluírem as águas.

A figura a seguir é exemplo de Bacia Hidrográfica usada para elaboração de um Estudo de Impacto Ambiental e traz a seguinte legenda:ADA= Área Diretamente AfetadaAPP= Área de Proteção Permanente

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AE= Área do EntornoAI= Área de Influência

COMITÊS DE BACIAS HIDROGRÁFICAS

Os comitês têm como objetivo apresentar uma concepção política de gestão participativa, visando à promoção de uma “renegociação social através da constituição de um fórum no qual todos os interessados pelos recursos hídricos possam expor seus interesses e discuti-los de forma transparente e inequívoca”. Têm ainda a finalidade de resolver e conduzir negociações sociais, além de aprovar o Plano de Recursos Hídricos e acompanhar sua execução.

Esses planos devem conter metas de racionalização, aumento da quantidade e melhoria da qualidade, além de programas a serem desenvolvidos para preservação da bacia hidrográfica.Os Comitês são compostos por representantes:I – da União;II – dos Estados e do Distrito Federal, cujos territórios se situem, ainda que parcialmente, em suas respectivas áreas de atuação;III – dos Municípios situados, no todo ou em parte, em sua área de atuação;IV – dos usuários das águas de sua área de atuação. Ressaltando que o total de representantes do Poder Público está limitado à metade do total de membros do comitê da bacia hidrográfica. Essa limitação busca conferir maior participação e responsabilidade à sociedade civil organizada na implantação da Política Nacional de Recursos Hídricos.

AGUAS SUBTERRANEAS

As águas subterrâneas são a maior reserva brasileira de água doce facilmente acessível em quantidade, além de apresentar excelente qualidade. Encontradas em todas as regiões do país, as águas subterrâneas estão distribuídas em dez principais bacias hidrogeológicas.

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Mesmo dispondo da maior riqueza hídrica do planeta, o Brasil não pode se orgulhar da situação de suas águas, que vêm perdendo qualidade. Cerca de 70% dos rios em território brasileiro estão contaminados, isso porque dos 54,2 milhões de domicílios brasileiros, apenas 34,6 milhões contam com serviço de coleta de esgoto (63,9%) e, destes, em somente 35,3%, ou 12,1 milhões de domicílios, o esgoto recebe algum tipo de tratamento antes de ser despejado nos corpos hídricos, o que significa que 80% dos domicílios do país não contam com o serviço de tratamento de esgoto. O índice de esgoto tratado em relação ao volume de água distribuído é ainda menor, não chegando a 12%.

Outro entrave enfrentado pelo Brasil, que contradiz sua condição de detentor de grandes quantidades de recursos hídricos, é a má distribuição de suas águas. A densidade demográfica baixa em locais de maior produção hídrica, e muito alta em locais de menor produção, combinada com a degradação da qualidade das águas, agrava problemas de abastecimento. Ainda devem ser consideradas a falta de gerenciamento dos recursos hídricos e de ações de combate ao desperdício, bem como a grande demanda localizada, causada pela expansão desordenada dos processos de urbanização e industrialização verificados a partir de 1950.

Para se ter uma idéia, 80% do volume total das águas estão concentrados na região Norte, que registra a menor densidade populacional do país, 5% dos brasileiros. Ao restante dos habitantes, 95%, competem dividir os 20% das águas disponíveis em outras áreas. No Nordeste, a escassez crônica é resultado da alta demanda localizada, uma vez que abriga 29% da população do país, e menos de 2,5% da produção hídrica nacional, correspondente a toda água nacional, corresponde a toda a área encontrada nos rios da região.

NÚMEROS DO BRASIL

- 12% das reservas mundiais de água doce.- 72% dos recursos são produzidos na bacia do Amazonas- 70% dos rios estão contaminados- 80% dos esgotos domiciliares não recebem tratamento- 69% da população rural não contam com abastecimento de água potável.

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Detentor de 125 das reservas mundiais de água doce, o Brasil tem pela frente o desafio estratégico de liderar esforços para que a gestão e o uso sustentável dos recursos hídricos ganhem papel de destaque na agenda ambiental do planeta. Esta, aliás, foi a principal recomendação do Fórum Nacional das Águas, realizado em Poços de Caldas, Minas Gerais, entre 4 e 7 de junho de 2003. Na carta de Poços de Caldas, o Fórum adverte, contudo, que esta liderança só será bem sucedida na medida em que o país implemente, cada vez mais, ações efetivas para proteção de suas águas.

Com esse suplemento pretende-se trazer à tona os grandes desafios brasileiros para a gestão de seus recursos hídricos, a partir dos olhares e das experiências debatidas na cidade mineira. Que o alerta de Poços de Caldas e suas recomendações contribuam para as discussões sobre as águas e o futuro da humanidade, é a nossa esperança e a nossa convicção.

Se a situação do Brasil exige medidas urgentes, em outros pontos do planeta o quadro é ainda mais alarmante. Exatamente por isso, como água é vida, e vida é água, a agenda ambiental mundial deve estar centrada na gestão sustentável dos recursos hídricos.

O Fórum Nacional das Águas, realizado em Poços de Caldas, Minas Gerais, entre 4 e 7 de junho de 2003, entende que, pela dimensão inigualável de suas reservas de água doce, o Brasil deve assumir papel preponderante nesse debate, decisivo para o futuro da humanidade. Mas, para ocupar a liderança mundial na defesa das águas, o país precisa mostrar aos povos de todo o mundo que sabe cuidar do patrimônio que flui de seu imenso território.

Nesta perspectiva o Fórum Nacional das Águas, recomenda:1 - A gestão e uso sustentável dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos devem orientar toda agenda ambiental e social, no Brasil e no mundo.2 - A mobilização e a participação da sociedade devem orientar as ações para construção de políticas públicas de gestão democrática dos recursos hídricos.3 - A gestão das águas deve ser integrada e implementada de maneira articulada as outras políticas públicas.4 – Como bem social a água é de exclusivo domínio público e de responsabilidade da sociedade, cabendo aos comitês de bacias através das respectivas agências definirem e efetuarem a cobrança pela sua utilização.5 – Os recursos arrecadados pela cobrança devem ser investidos nas respectivas bacias hidrográficas.6 – Mesmo com os avanços das legislações de recursos hídricos no Brasil é urgente o estímulo a mobilização e a participação da sociedade para a gestão democrática das águas.7 - O fortalecimento dos comitês de bacias, garantindo representatividade equânime ao governo, sociedade civil e usuários são indispensáveis para a eficiência das políticas de desenvolvimento sustentável.8 - O fomento a realização da agenda 21 de desenvolvimento local, reforçando o planejamento estratégico participativo dos comitês de bacias.9- As leis brasileiras devem contemplar a notável diversidade dos nossos ecossistemas e a nossa singular cultura, considerando a soberania sobre a nossa biodiversidade.10 - O desenvolvimento e adoção de técnicas de apuração de custos econômicos dos impactos ambientais nas relações de mercado.

" Do rio que tudo arrasta, se diz violentas as margens que o comprimem " disse Bertold Brecht. E são os homens que moldam as margens dos rios e lagos. Moldam para matar ou para fazer brotar de suas águas o futuro do planeta e da humanidade. Água é vida!

Fórum Nacional das Águas - Poços de Caldas, 07 de junho de 2003.

POTABILIDADE DA ÁGUA E SUAS ALTERAÇÕES

A água potável, aquela que pode ser consumida sem risco para a saúde, tem que atender a determinados requisitos de natureza física, química e biológica.a) Requisitos físicos da potabilidadeOs requisitos físicos para que a água seja considerada potável são:* Ser inodora, isto é, sem cheiro;

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* Ser incolor, isto é, sem cor, quando em pequena quantidade, e azulada, quando em grande quantidade;* Ter sabor indefinível, mas que permite distinguí-la de qualquer outro líquido.

As alterações físicas da potabilidade da água podem ocorrer causadas pela poluição. Esta pode ser notada no cheiro, na limpeza, na cor ou no sabor da água:- as alterações de cheiro podem ser conseqüências da decomposição da matéria orgânica (isto é, animais ou plantas apodrecidas), lixo, esgoto, óleo queimado, carvão e detergentes (como creolina) que caem na água;- a alteração na limpeza da água é chamada de turvação ou turbidez. Quando a água é turva, pode conter argila, algas, matéria orgânica, etc.;- as alterações na coloração da água têm diversas causas: quando a água se apresenta verde escura, ela pode conter excesso de matéria orgânica. Quando é leitosa (esbranquiçada) ou muito escura (cinzenta), pode conter restos industriais. A água pode ainda, ao sair da torneira, apresentar coloração esbranquiçada, que nada mais é que o ar que ficou emulsionado na tubulação. Isto pode acontecer, por exemplo, quando há uma paralisação no sistema de abastecimento de água. Ao abrir a torneira, o ar ficou retido sob pressão expande, formando bolhas. Para que a água, nesse caso, volte à coloração normal, basta deixá-la em repouso por alguns segundos.

b) Requisitos químicos da potabilidade Para que a água seja potável do ponto de vista químico, ela necessita:- ser arejada, isto é, conter certa quantidade de oxigênio;- conter em pequena quantidade sais minerais, como cálcio e magnésio;- não conter nenhum sal tóxico;

c) Requisitos biológicos da potabilidadeBiologicamente, a água não pode conter organismos patogênicos, ou seja, causadores de doenças. A alteração biológica da potabilidade da água, denominada de contaminação, é causada pela presença de agentes patogênicos vivos. A água contaminada não é potável e, portanto, não deve ser usada.

SANEAMENTO

O saneamento abrange as diversas maneiras de modificar as condições do meio ambiente para permitir ao homem manter e melhorar sua saúde, evitando doenças. Deve-se entender o saneamento sob duas perspectivas:1 – Uma, o Saneamento Ambiental, que é a implantação de sistemas de abastecimento e tratamento de água, tratamento de esgoto, coleta de lixo e controle de vetores de doenças. O saneamento tem assim ligação direta com a saúde e o bem-estar da população. É reconhecido como um dos principais auxiliares da medicina preventiva e tem por objetivo maior promover condições ambientais necessárias à qualidade de vida e à proteção da saúde.2 - Outra, o Saneamento Domiciliar, que é o cuidado com a higiene da casa e das pessoas e envolve todas as medidas que proporcionem o bem-estar das famílias. Os indivíduos e suas famílias são diretamente responsáveis pelo saneamento domiciliar.

O saneamento pode ser encarado também pelo seu aspecto econômico. Sua implantação proporciona aumento sensível do número de horas de trabalho dos membros da comunidade e o conseqüente aumento da produção, pela diminuição da incidência de doenças. Outro aspecto é a grande capacidade que o saneamento tem de gerar empregos diretos e indiretos. O setor movimenta ainda grupos industriais envolvidos na produção de equipamentos utilizados. Por outro lado, uma boa estrutura de saneamento é fundamental para a implantação de qualquer tipo de parque industrial, principalmente aqueles em que a água é matéria-prima - como a indústria de bebidas - ou meio de operação - como a siderurgia.

ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTOS – ETE

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Toda água usada deve ser coletada e canalizada de maneira conveniente para que seja afastada das comunidades. Nas zonas rural e suburbana, devem-se usar recipientes (pias, bacias, lavatórios etc) e canalizações adequadas, que conduzam as águas usadas e os despejos à fossa séptica ou similares.

Essa água, já usada de várias maneiras, contém uma série de impurezas, inclusive matéria fecal, que pode transmitir muitas doenças ao homem. Essa água é chamada de esgoto, e o conjunto de elementos que a conduz a um destino correto é o sistema de esgotamento sanitário.

A própria natureza tem a capacidade de purificar a água quando esta recebe esgotos de diversos tipos. Essa purificação natural ocorre através do consumo de matéria orgânica dos esgotos pelos microorganismos, quando da presença de oxigênio na água. Entretanto, os cursos d’água tem uma capacitação limitada para isso. Se a carga orgânica for muito grande, os microorganismos demandarão todo o oxigênio da água, “matando” o curso d’água, que assim se torna impróprio a vida.

Por isso, ao longo dos cursos d’água, são construídas redes que interceptam o esgoto, chamadas de interceptores. Instalados ao longo dos córregos, lagos e rios, esses interceptores impedem o lançamento direto dos esgotos nesses mananciais. Esses esgotos são levados para as ETEs ( Estação de Tratamento de Esgoto), unidades que aceleram os processos de purificação existentes na própria natureza. Através de processos biológicos, é feita a decomposição da matéria orgânica antes de ele alcançar o curso d’água. O sistema convencional de coleta e tratamento de esgoto funciona da seguinte forma:1 – Coleta e transporte: o esgoto quando recolhido é transportado através de encanamentos, que são chamados redes coletoras, interceptores e emissários.2 _ Gradeamento: ao entrar na ETE, o esgoto passa através de grades que impedem a passagem de todos os materiais grosseiros nele contidos, como, por exemplo, pedaços de pano, madeiras, latas, plásticos etc.3 – Desarenação: Em seguida, o esgoto passa, em baixa velocidade, por canais, para que toda a areia nele contida seja sedimentada pela força da gravidade.4 – Oxidação biológica: pela adição de oxigênio, as bactérias encontradas no esgoto reproduzem-se em grande quantidade e alimentam-se da matéria orgânica presente nele, formando flocos biológicos.5 – Decantação: os flocos biológicos formados na fase anterior sedimentam-se no fundo de um tanque, formando o lodo. O líquido resultante dessa separação já está pronto para ser lançado num rio ou lago, sem prejuízo para o meio ambiente.6 - Recirculação do lodo para que o esgoto atinja o grau de purificação desejado, é necessário que as etapas de oxidação biológicas e decantação se realizem tantas vezes quantas forem necessárias. Isso se faz com um sistema de bombeamento que permite que o lodo circule várias vezes durante o processo.7 – Destino final do lodo: o lodo resultante, a parte sólida da poluição, será secado ou prensado e, após a desidratação, colocado em aterro sanitário.

O RIO TEM CAPACIDADE DE AUTODEPURAÇÃO

A capacidade homeostática de um ecossistema depende também do tipo de interferência que o ameaça. Os homens sempre despejaram nos rios os seus desejos, contando com o fato de que a água corrente irá dispersa-los rio abaixo. Na verdade, um rio é muito mais do que “ água de enxágüe ”: é um ecossistema que pode manter seu equilíbrio interno melhor do que as águas estagnadas de uma lagoa. De fato, apresenta a capacidade de depurar-se.

Se na cabeceira de um rio for descarregado o esgoto de uma região habitada, depois de um certo trecho do percurso não haverá mais traços do material fecal despejado na água. Esse processo se deve essencialmente ao fato de que os dejetos que chegam às águas são, em sua maior parte, orgânicos e servem como nutriente para os decompositores (fungos e bactérias ), que fazem parte da biocenose do rio e que vivem normalmente em ambiente que fornece pouco alimento, porque as águas correntes carregam os nutrientes rapidamente para longe. A comunidade biótica de um rio é tanto mais reduzida quanto mais velozes forem as águas.

Quando o material orgânico é despejado na água, os decompositores aproveitam imediatamente o alimento disponível e começam a decomposição das moléculas: ficam imersos nos nutrientes que decompõem, com a produção de CO2 , H2O, NH3. Consequentemente, os rejeitos despejados desaparecem mais rapidamente do que o esperado, seguindo-se apenas a sua dispersão rio abaixo.

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Para que a depuração aconteça de maneira eficiente, é necessária a água corrente, porque a atividade dos microorganismos requer oxigênio, e a água que corre em contato com o ar se enriquece desse gás.

Em Belo Horizonte foram criadas duas estações de tratamento de esgoto para realmente ficar resolvido o problema na cidade. Lixo deveria ser jogado na lixeira ou em outros recipientes adequados. Não é isso, infelizmente, que o tratamento preliminar da estação confirma todos os dias. Em suas grades grossas e finas fica cada coisa de impressionar. São preservativos, absorventes íntimos, tampas de toda espécie, óleos, quilos e quilos de cabelos, estopas e até trapos de roupas e pedaços de móveis e utensílios, totalizando 10 toneladas de lixo por dia.ETE ONÇA - BH

A COPASA tem feito um esforço para devolver a vida aos ribeirões e rios da Grande B.H., isto porém, fica além da construção das estações de tratamento de esgoto. Existe uma preocupação muito grande com o esgoto clandestino, por isto criou-se a operação Caça-Esgoto, com o objetivo de identificar e eliminar os lançamentos irregulares de esgoto nas bacias dos ribeirões Arrudas e Onça. Pois não adiantaria toda uma estrutura gigantesca armada para tratar o esgoto se ele não chegar até lá. Ao identificar os lançamentos irregulares, o programa providencia as obras necessárias para a correta interligação dos lançamentos no sistema coletor e, por conseqüência, nas respectivas estações de tratamento.

O trabalho da equipe do Caça-Esgoto é um tanto mais complexo que pode parecer a primeira vista. Ela está se debruçando

sobre um problema que começou a mais de 100 anos, no próprio planejamento de Belo Horizonte. O local onde se construiu a capital mineira é uma região de nascentes. Desrespeitando o traçado dos rios e ribeirões, foi adotado para a construção da cidade o mesmo traçado de Washington ( traçado geométrico ), construída numa planície. Na época, Saturnino de Brito propôs uma planta sanitária. O que era a solução para evitar problemas futuros foi visto como um estorvo pelos construtores da nova capital, e Aarão Reis “ sugeriu “ sua demissão.

Com a ocupação desordenada, o problema só foi se agravando, tornando-se uma bola de neve de difícil administração com custos elevados para resolver os problemas nas condições urbanísticas atuais.

Originariamente, Belo Horizonte tem uma concepção de coleta de esgoto separada da rede pluvial. Mas com a ocupação desordenada essa separação nem sempre é observada, e são muitos os moradores que ligam a rede interna de captação de rede pluvial na rede de esgoto. Ou então os esgotos são direcionados diretamente para o leito dos ribeirões, criando graves problemas de saúde pública.

Em ambos os casos o caos se instala. A água da chuva lançada nas redes de esgoto é motivo de transtorno para toda a cidade, uma vez que não são projetadas nem construídas para receber um volume excessivo e maiores pressões, provocando refluxo de esgoto ou mesmo rompimento.

Hoje a situação começa a mudar. De 1999 para cá a situação começa a mudar. Só nos oito primeiros meses de 2001, foram feitas 406 mil ligações de esgoto. De 85% de coletas de esgoto realizadas em 1999, Belo Horizonte alcançou em agosto de 2001 o índice de 92%.

Os resultados já podem ser medidos. Na Bacia do Arrudas, onde foi implantada a primeira fase do programa, o percentual de carga orgânica do ribeirão já diminuiu. Comparando-se com a situação do ribeirão de há seis meses, uma melhora visível a olho nu.

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CAPÍTULO 3

OS RESÍDUOS SÓLIDOS

****O lixo sempre acompanhou a história do homem. Na Idade Média acumulava-se pelas ruas e imediações das cidades, provocando sérias epidemias e causando a morte de milhões de pessoas. A partir da Revolução industrial iniciou-se o processo de urbanização, provocando um êxodo do homem do campo para as cidades. Observou-se um vertiginoso crescimento populacional, favorecido também pelo avanço da medicina e conseqüente aumento da expectativa de vida. A partir de então, os impactos ambientais passaram a ter um grau de magnitude alto, devido aos mais diversos tipos de poluição.

RESÍDUOS SÓLIDOS

“ Resíduo é tudo aquilo resta de qualquer atividade. “

Segundo Pedro Sérgio Fadini e Almerinda Barbosa Fadini, os resíduos gerados por aglomerações urbanas, processos produtivos e mesmo em estações de tratamento de esgoto são um grande problema, tanto pela quantidade quanto pela toxicidade de tais rejeitos. A solução para tal questão não depende apenas de atitudes governamentais ou decisões de empresas; deve ser fruto também do empenho de cada cidadão, que tem o poder de recusar produtos altamente impactantes, participar de organizações não governamentais ou simplesmente segregar resíduos dentro de casa, facilitando assim processos de reciclagem. O conhecimento da questão do lixo é a única maneira de se iniciar um ciclo de decisões e atitudes que possam resultar em uma efetiva melhoria de nossa qualidade de vida.

Resíduos são o resultado de processos de diversas atividades da comunidade de origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e ainda da varrição pública. Os resíduos apresentam-se nos estados sólido, gasoso e líquido.

Ficam incluídos nesta definição tudo o que resta dos sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d'água, ou aqueles líquidos que exijam para isto soluções técnicas e economicamente viáveis de acordo com a melhor tecnologia disponível.

Chamamos “lixo” a uma grande diversidade de resíduos sólidos de diferentes procedências, dentre eles o resíduo sólido urbano gerado em nossas residências. A taxa de geração de resíduos sólidos urbanos está relacionada aos hábitos de consumo de cada cultura, onde se nota uma correlação estreita entre a produção de lixo e o poder econômico de cada população. O lixo faz parte da história do homem, já que a sua produção é inevitável. O fato é que o lixo passou a ser encarado como um problema, o qual deveria ser combatido e escondido da população. A solução para o lixo naquele momento não foi encarada como algo complexo, pois bastava simplesmente afastá-lo, descartando-o em área mais distantes dos centros urbanos, denominados “lixões”.

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Nos dias atuais, com a maioria das pessoas vivendo nas cidades e com o avanço mundial da indústria provocando mudanças nos hábitos de consumo da população, vem-se gerando lixo diferente em quantidade e diversidade. Até mesmo nas zonas rurais encontram-se frascos e sacos plásticos acumulando-se devido a forma inadequadas de eliminação. Nos EUA há elevada produção. Isso ocorre devido a alta industrialização encontrada neste país, e ainda, aos bens de consumo descartáveis produzidos e amplamente utilizados pela maioria da população. No Brasil, a geração do lixo ainda é, na sua maioria, de procedência orgânica; contudo nos últimos anos vem se incorporando o modo de consumo de países ricos, o que tem levado a uma intensificação do uso de produtos descartáveis. Porém, essa “modernidade” não está sendo acompanhada das medidas necessárias para dar ao lixo gerado um destino adequado. Segundo dados estatísticos, a destinação final do lixo no Brasil ocorre da seguinte forma:

Disposição a céu aberto...................................76%

Aterro controlado.............................................13%

Aterro sanitário.................................................10%

Usina de compostagem....................................0,9%

Incineração......................................................0,1%

Para a maioria dos administradores o lixo é encarado como um problema e uma preocupação meramente higiênica. Porém, o problema maior são as medidas paliativas e impactantes adotadas, como a de afastar dos olhos e narinas esse incômodo e apresentar uma falsa solução a população.

Para o Manual de Gerenciamento Integrado, gerenciar o lixo é adotar um conjunto articulado de ações normativas, operacionais, financeiras e de planejamento, com base em critérios sanitários, ambientais e econômicos para coletar, tratar e dispor o resíduo sólido municipal urbano. A execução de ações planejadas, de forma racional e integrada, leva ao gerenciamento adequado do lixo, assegurando saúde, bem-estar e economia de recursos públicos, além de ir ao encontro de um desejo maior que é a melhoria da qualidade de vida das gerações atuais e futuras.

GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NO BRASIL

No Brasil, o serviço sistemático de limpeza urbana foi iniciado oficialmente em 25 de novembro de 1880, na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, então capital do Império. Nesse dia, o Imperador D. Pedro II assinou o decreto nº. 3024, aprovando o contrato de “ limpeza e irrigação “ da cidade, que foi executado por Aleixo Gary e, mais tarde, por Luciano Francisco Gary, de cujo sobrenome origina-se a palavra gari, que hoje denomina-se os trabalhadores da limpeza urbana em muitas cidades brasileiras.

Dos tempos imperiais aos atuais, os serviços de limpeza urbana vivenciaram momentos bons e ruins. Hoje, a situação da gestão dos resíduos sólidos se apresenta em cada cidade brasileira de forma diversa, prevalecendo, entretanto, uma situação nada alentadora. O problema da disposição final assume uma magnitude alarmante. Considerando apenas os resíduos urbanos e públicos, o que se percebe é uma ação generalizada das administrações públicas locais ao longo dos anos em apenas afastar das zonas urbanas o lixo coletado, depositando-o por vezes em locais absolutamente inadequados, como encostas florestais, manguezais, rios, baias e vales. Mais de 80% dos municípios vazam seus resíduos em locais a céu aberto, em cursos d’água ou em áreas ambientalmente protegidas, a maioria com presença de catadores – entre eles crianças -, denunciando os problemas sociais que a má gestão do lixo acarreta.

A participação de catadores na segregação informal do lixo, seja nas ruas ou nos vazadouros e aterros, é o ponto mais agudo e visível da relação do lixo com a questão social. Trata-se do elo perfeito entre o inservível - lixo – e a população marginalizada da sociedade que, no lixo, identifica o objeto a ser trabalhado na condução de sua estratégia de sobrevivência.

Uma outra relação delicada encontra-se na imagem do profissional que atua diretamente nas atividades operacionais do sistema. Embora a relação do profissional com o objeto lixo tenha evoluído nas últimas décadas, o gari convive com o estigma gerado pelo lixo de exclusão de um convívio harmônico na sociedade. Em outras palavras, a relação social do profissional dessa área se vê abalada pela associação do objeto de suas atividades com o inservível, o que o coloca como elemento marginalizado no convívio social.

Gerenciar o lixo de forma integrada demanda trabalhar integralmente os aspectos sociais com o planejamento das ações técnicas e operacionais do sistema de limpeza urbana.

CLASSIFICAÇÃO, ORIGEM E CARACTERÍSTICAS DOS RESÍDUOS            

CLASSIFICAÇÃO DO LIXO

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1 - Quanto às características físicas: Seco: papéis, plásticos, metais, couros tratados, tecidos, vidros, madeiras, guardanapos e tolhas de papel, pontas de cigarro, isopor, lâmpadas, parafina, cerâmicas, porcelana, espumas, cortiças. Molhado: restos de comida, cascas e bagaços de frutas e verduras, ovos, legumes, alimentos estragados, etc...

2 - Quanto à composição química: Orgânico: é composto por pó de café e chá, cabelos, restos de alimentos, cascas e bagaços de frutas e verduras, ovos, legumes, alimentos estragados, ossos, aparas e podas de jardim. Inorgânico: composto por produtos manufaturados como plásticos, vidros, borrachas, tecidos, metais (alumínio, ferro, etc.), tecidos, isopor, lâmpadas, velas, parafina, cerâmicas, porcelana, espumas, cortiças, etc.

3 - Quanto à origem: Domiciliar: originado da vida diária das residências, constituído por restos de alimentos (tais como cascas de frutas, verduras, etc.), produtos deteriorados, jornais, revistas, garrafas, embalagens em geral, papel higiênico, fraldas descartáveis e uma grande diversidade de outros ítens. Pode conter alguns resíduos tóxicos.

Comercial: originado dos diversos estabelecimentos comerciais e de serviços, tais como supermercados, estabelecimentos bancários, lojas, bares, restaurantes, etc.

Serviços Públicos: originados dos serviços de limpeza urbana, incluindo todos os resíduos de varrição das vias públicas, limpeza de praias, galerias, córregos, restos de podas de plantas, limpeza de feiras livres, etc, constituído por restos de vegetais diversos, embalagens, etc.

Hospitalar: descartados por hospitais, farmácias, clínicas veterinárias (algodão, seringas, agulhas, restos de remédios, luvas, curativos, sangue coagulado, órgãos e tecidos removidos, meios de cultura e animais utilizados em testes, resina sintética, filmes fotográficos de raios X). Em função de suas características, merece um cuidado especial em seu acondicionamento, manipulação e disposição final. Deve ser incinerado e os resíduos levados para aterro sanitário.

Portos, Aeroportos, Terminais Rodoviários e Ferroviários: resíduos sépticos, ou seja, que contém ou potencialmente podem conter germes patogênicos. Basicamente originam-se de material de higiene pessoal e restos de alimentos, que podem hospedar doenças provenientes de outras cidades, estados e países.

Industrial: originado nas atividades dos diversos ramos da indústria, tais como: o metalúrgico, o químico, o petroquímico, o de papelaria, da indústria alimentícia, etc.O lixo industrial é bastante variado, podendo ser representado por cinzas, lodos, óleos, resíduos alcalinos ou ácidos, plásticos, papel, madeira, fibras, borracha, metal, escórias, vidros, cerâmicas. Nesta categoria, inclui-se grande quantidade de lixo tóxico. Esse tipo de lixo necessita de tratamento especial pelo seu potencial de envenenamento.

Radioativo: resíduos provenientes da atividade nuclear (resíduos de atividades com urânio, césio, tório, radônio, cobalto), que devem ser manuseados apenas com equipamentos e técnicos adequados.

Agrícola: resíduos sólidos das atividades agrícola e pecuária, como embalagens de adubos, defensivos agrícolas, ração, restos de colheita, etc. O lixo proveniente de pesticidas é considerado tóxico e necessita de tratamento especial.

Entulho: resíduos da construção civil: demolições e restos de obras, solos de escavações. O entulho é geralmente um material inerte, passível de reaproveitamento.

CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DO LIXO Chorume: é o líquido que escoa de locais de disposição final de lixo. É resultado da umidade presente nos

resíduos, da água gerada durante a decomposição dos mesmos e também das chuvas que percolam através da massa do material descartado. É um líquido com alto teor de matéria orgânica e que pode apresentar metais pesados provenientes da decomposição de embalagens metálicas e pilhas. A decomposição final do chorume é fruto do tipo de lixo depositado e do seu estado de degradação. Historicamente, os lixões têm sido construídos em vales, nas proximidades ou dentro de leitos de cursos d’água, o que torna o chorume um agente de comprometimento de recursos hídricos. Os lixões, por serem na verdade uma mera disposição de resíduos a céu, são construídos sobre terrenos que permitem não apenas o escoamento do chorume, mas também a sua infiltração no solo, levando a contaminação das águas subterrâneas. Ao contrário dos lixões, os aterros sanitários, que recebem resíduos sólidos municipal urbano e os aterros industriais, que recebem resíduos sólidos industriais, têm as suas construções pautadas em normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que prevê impermeabilização de terreno e o tratamento do chorume gerado. Poços de monitoração abertos nas proximidades do aterro permitem a avaliação constante da qualidade das águas subterrâneas e a tomada de decisões em caso de eventuais infiltrações.

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CLASSES DOS RESÍDUOS             

Classe 1 - Resíduos Perigosos: são aqueles que apresentam riscos à saúde pública e ao meio ambiente, exigindo tratamento e disposição especiais em função de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade.

Classe 2 - Resíduos Não-inertes: são os resíduos que não apresentam periculosidade, porém não são inertes; podem ter propriedades tais como: combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade em água. São basicamente os resíduos com as características do lixo doméstico.

Classe 3 - Resíduos Inertes: são aqueles que, ao serem submetidos aos testes de solubilização (NBR-10.007 da ABNT), não têm nenhum de seus constituintes solubilizados em concentrações superiores aos padrões de potabilidade da água. Isto significa que a água permanecerá potável quando em contato com o resíduo. Muitos destes resíduos são recicláveis. Estes resíduos não se degradam ou não se decompõem quando dispostos no solo (se degradam muito lentamente). Estão nesta classificação, por exemplo, os entulhos de demolição, pedras e areias retirados de escavações.

RESÍDUOS TÓXICOS            

São considerados resíduos tóxicos as pilhas não-alcalinas, baterias, tintas e solventes, remédios vencidos, lâmpadas fluorescentes, inseticidas, embalagens de agrotóxicos e produtos químicos, as substâncias não biodegradáveis estão presentes nos plásticos, produtos de limpeza, em pesticidas e produtos eletroeletrônicos, e na radioatividade desprendida pelo urânio e outros metais atômicos, como o césio, utilizados em usinas, armas nucleares e equipamentos médicos. O cádmio, níquel, mercúrio e chumbo são os principais contaminantes. A separação adequada desses materiais é muito importante para evitar a contaminação do solo e dos lençóis freáticos. As pessoas devem tomar alguns cuidados básicos para embalar este tipo de resíduo: acondicionar em sacos plásticos bem fechados, guardá-los em local arejado e protegido do sol, das crianças e dos animais. Os materiais que podem ser reciclados são encaminhados a Centrais de Tratamento específicas. Os medicamentos vencidos, restos de tinta e verniz, e embalagens de inseticidas, que ainda não podem ser reciclados, ficam armazenados no aterro industrial em condições adequadas, para evitar a contaminação do meio ambiente. Esses resíduos são tratados por meio de encapsulamento.

Citamos abaixo alguns contaminantes que conferem periculosidade aos resíduos:

METAIS PESADOS São metais quimicamente altamente reativos e bio-acumulativos, ou seja, o organismo não é capaz de

eliminá-los. São definidos como um grupo de elementos situados entre o cobre e o chumbo na tabela periódica.

Os seres vivos necessitam de pequenas quantidades de alguns desses metais, incluindo cobalto, cobre, manganês, molibdênio, vanádio, estrôncio, e zinco, para a realização de funções vitais no organismo. Porém, níveis excessivos desses elementos podem ser extremamente tóxicos. Outros metais pesados como o mercúrio, chumbo e cádmio não possuem nenhuma função dentro dos organismos e a sua acumulação pode provocar graves doenças. Quando lançados como resíduos industriais, na água, no solo ou no ar, esses elementos podem ser absorvidos pelos vegetais e animais das proximidades, provocando graves intoxicações ao longo da cadeia alimentar.

Metal pesado é um termo geral aplicado para um grupo de metais que possuem densidade maior de 6 gramas por centímetro cúbico. Eles não são degradáveis, permanecendo no meio ambiente por vários anos, tornando-se sempre um problema ambiental. Geralmente são produzidos e lançados pelas indústrias. Entre eles podemos citar:

Mercúrio: é cumulativo; possui meia vida de 80 a 100 anos no tecido nervoso; dose fatal fica entre 20 a 30 mg para o homem; é encontrado na mineração, nos inseticidas, na metalurgia; sua intoxicação pode ser com náuseas, dores abdominais, tremores musculares, inflamação na boca.

Cromo: em alta concentração atua destruindo enzimas metabólicas do nosso organismo; pode provocar câncer; é usado na industrialização de tintas, cromagens.

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Chumbo: atua no sistema nervoso provocando irritabilidade, na medula óssea causando anemia e na musculatura pode provocar paralisia; é usado em fábricas de tintas, baterias, cerâmicas, metalurgias e mineração.

Cádmio: provoca o deslocamento do cálcio dos ossos; em quantidades cumulativas provoca o encolhimento dos ossos o que é muito doloroso; é encontrado em galvanoplastia e metalurgia de zinco.

Arsênio: produz efeitos nos sistemas respiratório, cardiovascular, nervoso e hematopoiético. Tem sido observada também a relação carcinogênica do arsênico com o câncer de pele e brônquios. É utilizado como agente de fusão para metais pesados, em processos de soldagens e na produção de cristais de silício e germânio. O arsênico é usado na fabricação de munição, ligas e placas de chumbo de baterias elétricas. Na forma de arsenito é usado como herbicida e como arsenato, é usado nos inseticidas.

COLETA E DISPOSIÇÃO FINAL DO LIXO

O lixo é coletado ou pelas prefeituras ou por uma companhia particular e levado a um depósito, juntamente com o lixo de outras residências da área. Lá pode haver uma certa seleção - sobras de metal, por exemplo, são separadas e reaproveitadas. O resto do lixo é enterrado em aterros apropriados. A grande São Paulo descarta 59% de seu lixo por esse processo e para os lixões seguem 23%. Além dos aterros sanitários existem outros processos na destinação do lixo, como, por exemplo, as usinas de compostagem, os incineradores e a reciclagem.

ATERROSAterro é a disposição ou aterramento do lixo sobre o

solo e deve ser diferenciado, tecnicamente, em aterro sanitário, aterro controlado e lixão ou vazadouro.

ATERRO SANITÁRIO

É um processo utilizado para a disposição de resíduos sólidos no solo, particularmente, lixo domiciliar que fundamentado em critérios de engenharia e normas operacionais específicas, permite a confinação segura em termos de controle de poluição ambiental, proteção à saúde

pública; ou, forma de disposição final de resíduos sólidos urbanos no solo, através de confinamento em camadas cobertas com material inerte, geralmente, solo , de acordo com normas operacionais específicas, e de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança, minimizando os impactos ambientais.

Antes de se projetar o aterro, são feitos estudos geológico e topográfico para selecionar a área a ser destinada para sua instalação não comprometa o meio ambiente. É feita, inicialmente, impermeabilização do solo através de combinação de argila e lona plástica para evitar infiltração dos líquidos percolados, no solo. Os líquidos percolados são captados (drenados) através de tubulações e escoados para lagoa de tratamento. Para evitar o excesso de águas de chuva, são colocados tubos ao redor do aterro, que permitem desvio dessas águas, do aterro.

A quantidade de lixo depositado é controlada na entrada do aterro através de balança. Os gases liberados durante a decomposição são captados e podem ser queimados com sistema de purificação de ar ou ainda utilizados como fonte de energia (aterros energéticos).

Segundo a Norma Técnica NBR 8419 (ABNT, 1984), o aterro sanitário não deve ser construído em áreas sujeitas à inundação. Entre a superfície inferior do aterro e o mais alto nível do lençol freático deve haver uma camada de espessura mínima de 1,5 m de solo insaturado. O nível do solo deve ser medido durante a época de maior precipitação pluviométrica da região. O solo deve ser de baixa permeabilidade (argiloso).

O aterro deve ser localizado a uma distância mínima de 200 metros de qualquer curso d´água. Deve ser de fácil acesso. A arborização deve ser adequada nas redondezas para evitar erosões, espalhamento da poeira e retenção dos odores.

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Devem ser construídos poços de monitoramento para avaliar se estão ocorrendo vazamentos e contaminação do lençol freático: no mínimo quatro poços, sendo um a montante e três a jusante, no sentido do fluxo da água do lençol freático. O efluente da lagoa deve ser monitorado pelo menos quatro vezes ao ano.

ATERRO CONTROLADO

É uma técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar danos ou riscos à saúde pública e a sua segurança, minimizando os impactos ambientais. Este método utiliza princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos, cobrindo-os com uma camada de material inerte na conclusão de cada jornada de trabalho.

Esta forma de disposição produz, em geral, poluição localizada, pois similarmente ao aterro sanitário, a extensão da área de disposição é minimizada. Porém, geralmente não dispõe de impermeabilização de base (comprometendo a qualidade das águas subterrâneas), nem sistemas de tratamento de chorume ou de dispersão dos gases gerados. Este método é preferível ao lixão, mas, devido aos problemas ambientais que causa e aos seus custos de operação, a qualidade é inferior ao aterro sanitário.

Na fase de operação, realiza-se uma impermeabilização do local, de modo a minimizar riscos de poluição, e a proveniência dos resíduos é devidamente controlada. O biogás é extraído e as águas lixiviantes são tratadas. A deposição faz-se por células que uma vez preenchidas são devidamente seladas e tapadas. A cobertura dos resíduos faz-se diariamente. Uma vez esgotado o tempo de vida útil do aterro, este é selado, efetuando-se o recobrimento da massa de resíduos com uma camada de terras com 1,0 a 1,5 metro de espessura. Posteriormente, a área pode ser utilizada para ocupações "leves" (zonas verdes, campos de jogos, etc.).

LIXÃO

É um local onde há uma inadequada disposição final de resíduos sólidos, que se caracteriza pela simples descarga sobre o solo sem medidas de proteção ao meio ambiente ou à saúde pública. É o mesmo que descarga de resíduos a céu aberto sem levar em consideração:- a área em que está sendo feita a descarga;- o escoamento de líquidos formados, que percolados, podem contaminar as águas superficiais e subterrâneas;- a liberação de gases, principalmente o gás metano que é combustível;- o espalhamento de lixo, como papéis e plásticos, pela redondeza, por ação do vento;- a possibilidade de criação de animais como porcos, galinhas, etc. nas proximidades ou no local.

Os resíduos assim lançados acarretam problemas à saúde pública, como proliferação de vetores de doenças (moscas, mosquitos, baratas, ratos etc.), geração de maus odores e, principalmente, a poluição do solo e das águas superficiais e subterrâneas através do chorume (líquido de cor preta, mau cheiroso e de elevado potencial poluidor produzido pela decomposição da matéria orgânica contida no lixo), comprometendo os recursos hídricos.

Acrescenta-se a esta situação, o total descontrole quanto aos tipos de resíduos recebidos nesses locais, verificando-se, até mesmo, a disposição de dejetos originados dos serviços de saúde e das indústrias.

Comumente, os lixões são associados a fatos altamente indesejáveis, como a criação de porcos e a existência de catadores (que, muitas vezes, residem no próprio local).

INCINERAÇÃO

A incineração é um processo de decomposição térmica, onde há redução de peso, do volume e das características de periculosidade dos resíduos, com a conseqüente eliminação da matéria orgânica e características de patogenicidade (capacidade de transmissão de doenças) através da combustão controlada. A redução de volume é geralmente superior a 90% e em peso, superior a 75%.

Para a garantia do meio ambiente a combustão tem que ser continuamente controlada. Com o volume atual dos resíduos industriais perigosos e o efeito nefasto quanto à sua disposição incorreto com

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resultados danosos à saúde humana e ao meio ambiente, é necessário todo cuidado no acondicionamento, na coleta, no transporte, no armazenamento, tratamento e disposição desses materiais.

Segundo a ABETRE (Associação Brasileira de Empresas de Tratamento, Recuperação e Disposição de Resíduos Especiais) no Brasil, são 2,9 milhões de toneladas de resíduos industriais perigosos produzidos a cada 12 meses e apenas 600 mil são dispostas de modo apropriado. Do resíduo industrial tratado, 16% vão para aterros, 1% é incinerado e os 5% restantes são co-processados, ou seja, transformam-se, por meio de

queima, em parte da matéria-prima utilizada na fabricação de cimento.

O extraordinário volume de resíduo não tratado segue para lixões, conduta que acaba provocando acidentes ambientais bastante graves, além dos problemas de saúde pública. Os 2 milhões de resíduos industriais jogados em lixões significam futuras contaminações e agressões ao meio ambiente, comenta Carlos Fernandes, presidente da Abetre. No Estado de São Paulo, por exemplo, já existem, hoje, 184 áreas contaminadas e outras 277 estão sob suspeita de contaminação.

A recente Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB) realizada pelo IBGE colheu dados alarmantes quanto ao destino das 4.000 toneladas de resíduos produzidos pelos serviços de saúde, coletadas diariamente e provenientes dos 5.507 municípios brasileiros. Apenas 14% das prefeituras pesquisadas afirmaram tratar do lixo de saúde de forma adequada. Este tipo de lixo “é um reservatório de microorganismos potencialmente perigosos, afirma documento da OMS (Organização Mundial da Saúde).

Para os resíduos de saúde classificados como patogênicos, por exemplo, uma das alternativas consideradas adequadas pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) é a incineração. A redução de passivos ambientais constituídos por resíduos perigosos tem encontrado na incineração em alta temperatura, a melhor técnica disponível e mais segura, confirma engenheiro químico de uma empresa.

No Brasil, a destruição de resíduos pela via do tratamento térmico pode contar com os incineradores industriais e com o co-processamento em fornos de produção de clinquer (cimenteiras). A Resolução Conama 264/99 não permite que os resíduos domiciliares brutos e certos resíduos perigosos venham a ser processados em cimenteiras, tais como os provenientes dos serviços de saúde, os rejeitos radioativos, os explosivos, os organoclorados, os agrotóxicos e afins.

COMPOSTAGEMA compostagem é o processo de reciclagem da matéria orgânica

formando um composto. A compostagem propicia um destino útil para os resíduos orgânicos, evitando sua acumulação em aterros e melhorando a estrutura dos solos. Esse processo permite dar um destino aos resíduos orgânicos domésticos, como restos de comidas e resíduos do jardim.

A compostagem é largamente utilizada em jardins e hortas, como adubo orgânico devolvendo à terra os nutrientes de que necessita, aumentando sua capacidade de retenção de água, permitindo o controle de

erosão e evitando o uso de fertilizantes sintéticos.Quanto maior a variedade de matérias existentes em uma compostagem, maior vai ser a variedade de

microorganismos atuantes no solo.Para iniciantes, a regra básica da compostagem é feita por duas partes, uma animal e uma parte de

resíduos vegetais.Os materiais mais utilizados na compostagem são cinzas, penas, lixo doméstico, aparas de grama,

rocha moída e conchas, feno ou palha, podas de arbustos e cerca viva, resíduos de cervejaria, folhas, resíduos de couro, jornais, turfa, acículas de pinheiro, serragem.

CARACTERÍSTICAS DO COMPOSTO HÚMICO

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- O composto é biologicamente estável e pouco agressivo aos organismos do solo e plantas, e é utilizado para melhorar as características do solo e aumentar a produção de vegetais, por exemplo em hortas.

- O composto maturado tem aspecto marrom, com pouca umidade e cheiro de terra mofada.- Ao esfregá-lo com as mãos, elas se sujam, porém o composto se solta facilmente.- O composto deixa o solo mais "fofo" e leve, possibilitando que as raízes utilizem água e nutrientes mais facilmente.- As substâncias húmicas existentes no composto têm a capacidade de reter água e nutrientes, agindo

assim, como uma esponja. Desta forma, as plantas podem utilizar a água e nutrientes, favorecendo o seu desenvolvimento. Por isso o composto é chamado também de fertilizante do solo.

- A água e os nutrientes retidos tornam o solo melhor estruturado, necessitando de menos irrigação, economizando energia e tornando-se mais resistente a erosão.

- Aumenta a capacidade de troca de nutrientes.- Ajuda na fertilidade do solo devido à presença de nutrientes minerais (N, K, Ca, Mg, S e

micronutrientes). Para o nitrogênio, potássio e fósforo (NKP) encontram-se valores médios de 1%, 0,8% e 0,5%, respectivamente.

USO DO COMPOSTO

O composto é usado em solo como corretivo orgânico, principalmente de solos argilosos e arenosos, pobres em matéria orgânica. A matéria orgânica deixa o solo mais fofo e leve, possibilitando que as raízes utilizem a água e os nutrientes mais facilmente. Aplicando o composto uma ou duas vezes por ano, a produtividade do solo aumenta.

USINAS DE COMPOSTAGEM DE LIXO NO BRASIL

Segundo dados do IBGE referente a 1989, publicados em 1992, existem 80 usinas de compostagem no Brasil, mas infelizmente a maioria delas está desativada por falta de uma política mais séria, além da falta de preparo técnico no setor. Inclusive, na maioria dessas usinas, as condições de trabalho são precárias, o aspecto do local é muito sujo e desorganizado e não existe controle de qualidade do sistema de compostagem e nem do composto a ser utilizado em solo destinado à agricultura.

Muitas usinas de compostagem estão acopladas ao sistema de triagem de material reciclável. Por isso é comum as usinas possuírem espaços destacados para esteiras de catação, onde materiais como papel, vidro, metal, plástico são retirados, armazenados e depois vendidos.

A qualidade do composto produzido na maioria das vezes é ruim tato no grau de maturação, quanto na presença de material que compromete o aspecto estético e material poluente como metais pesados.

A compostagem no Brasil vem sendo tratada apenas sob perspectiva de "eliminar o lixo doméstico" e não como um processo industrial que gera produto, necessitando de cuidados ambientais, ocupacionais, marketing, qualidade do produto, etc. Tanto isso é verdade que quando as usinas são terceirizadas, as empreiteiras pagam por lixo que entra na usina e não por composto que é vendido e o preço, que muitas usinas cobram, é simbólico. A compostagem no Brasil precisa ser encarada mais seriamente.

RECICLAGEM

É o resultado de uma série de atividades através das quais materiais que se tornariam lixo ou estão no lixo são desviados, sendo coletados, separados e processados para uso como matéria-prima na manufatura de bens, feitos anteriormente apenas com matéria-prima virgem. Como benefícios da reciclagem podemos citar:

Diminui a quantidade de lixo a ser aterrado (consequentemente aumenta a vida útil dos aterros sanitários);

Preserva os recursos naturais; Economiza energia; Diminui a poluição do ar e das águas; Gera empregos, através da criação de indústrias recicladoras.

PROFª: CAROLINA S. G. DE CASTRO 2º SEM/2008 20

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A reciclagem, no entanto, não pode ser vista como a principal solução para o lixo. É uma atividade econômica que deve ser encarada como um elemento dentro de um conjunto de soluções. Estas são integradas no gerenciamento do lixo, já que nem todos os materiais são técnicas ou economicamente recicláveis. A separação de materiais do lixo aumenta a oferta de materiais recicláveis. Entretanto, se não houver demanda de produtos reciclados por parte da sociedade o processo é interrompido, os materiais abarrotam os depósitos e, por fim, são aterrados ou incinerados como rejeitos.

Apenas quando estiverem esgotadas as alternativas de redução de consumo, reuso e reciclagem é que se deve fazer a opção pelo tratamento, levando-se em consideração o ônus ambiental de cada alternativa que possa vir a ser adotada. O mesmo raciocínio vale para o setor produtivo, onde a busca por tecnologias menos impactantes, chamadas também “limpas” , é essencial para a manutenção da qualidade de vida do planeta. Tais tecnologias devem ser avaliadas dentro de uma ótica do ciclo de vida dos produtos, ou seja, levando-se em conta todos os impactos ambientais envolvidos desde a primeira etapa de obtenção de matéria-prima, passando-se pela fabricação, utilização, alternativa de reuso, reciclagem e alternativas de disposição final do produto quando o mesmo não se prestar mais a fim algum.

COLETA SELETIVA

É um sistema de recolhimento de materiais recicláveis, tais como papéis, plásticos, vidros, metais e orgânicos, previamente separados na fonte geradora. Estes materiais são vendidos às indústrias recicladoras ou aos sucateiros.

As quatro principais modalidades de coleta seletiva são: domiciliar, em postos de entrega voluntária, em postos de troca e por catadores.

TEMPO DE DECOMPOSIÇÃO DO LIXO NA NATUREZA

- PAPEL DE 3 A 6 MESES- PANO DE 6 A 1 ANO      - FILTRO DE CIGARRO 5 ANOS  - CHICLETES 5 ANOS     - MADEIRA PINTADA 13 ANOS   - NYLON MAIS DE 30 ANOS    

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- PLÁSTICO MAIS DE 100 ANOS        - METAL MAIS DE 100 ANOS    - BORRACHA TEMPO INDETERMINADO - VIDRO 1 MILHÃO DE ANOS              

CURIOSIDADES

TÉCNICAS DE DESTINAÇÃO DO LIXOTÉCNICAS VANTAGENS DESVANTAGENSATERRO SANITÁRIO - Respeitadas as rigorosas normas

de instalação e funcionamento constitui uma técnica ambientalmente confiável;- Baixo custo operacional;

- Comprometimento físico de áreas extensas;- Se não for rigorosamente administrado, ele pode transforma-se num foco e difundir todo tipo de organismo patogênicos (baratas, ratos, insetos);- Explorada isoladamente, não há reciclagem de vários materiais de interesse;

INCINERAÇÃO - Reduz significativamente o volume original;- Produz um resíduo sólido estéril;- Processo em si é higiênico quanto a proliferação de organismos patogênicos;- Apropriado para lixo hospitalar;- Pode-se obter energia;

- A heterogeneidade do lixo pode trazer sérios problemas ao incinerador;- Pode se tornar uma fonte de poluição atmosférica;- Sem separação do lixo, há desperdício de materiais reaproveitáveis;

COMPOSTAGEM - Reduz o volume do lixo;- O produto final (composto) pode ser usado como adubo e como cobertura de aterros sanitários;- Obrigatoriamente há uma classificação do lixo, podendo esta se constituir uma fonte de renda;

- Relativa as técnicas há baixa taxa (velocidade) de processamento;- Emissão de gases malcheirosos para a atmosfera;

RECICLAGEM - Minimização do impacto ambiental;- Reaproveitamento de diversos materiais;- Desenvolvimento de Know-how em recuperação de papel, plástico e metal;

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• Cinqüenta quilos de papel reciclado poupam o corte de uma árvore de eucalipto se seis anos de idade.• Reciclando metais e alumínio, evita-se a retirada de cinco toneladas de bauxita para fabricar uma tonelada de alumínio.

Este é o símbolo internacional da reciclagem. As três setas representam os três grupos que precisam trabalhar em conjunto para que a reciclagem funcione:- as empresas que fabricam o produto;- os consumidores que irão utilizar o produto;- e as usinas de reciclagem que irão trabalhar o produto e recoloca-lo no mercado.